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A Saúde da População e a

Poluição Atmosférica

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I. Energia e Poluição 3II. Poluentes do Diesel 4

2.1 Propriedades tóxicas dos poluentes gasosos 42.2 Propriedade tóxica dos poluentes particulados 5

III. A Poluição do Ar e a Saúde Pública 83.1 Mortalidade 83.2 Morbidade 10

IV. A Redução dos Níveis Ambientais de Material Particulado e seu Impacto na Saúde Pública – uma experiência paulistana 11V. Avaliação dos Ganhos Econômicos de Saúde através da redução nos níveis de material particulado ambientais 18VI. Considerações finais 20

sumário

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Motores a diesel têm ajudado a movimentar a economia mundial por mais de um século. À bem da verdade, nosso mundo tem sido movido a diesel, desde então. Motores a diesel tendem a ser mais potentes e duráveis, oferecen-do vantagens sobre aqueles a gasolina. A popularidade das máquinas a diesel deve-se, principalmente, à eficiência do diesel como combustível em relação à gasolina, ou mesmo com relação a outros combustíveis simples ou misturados. Além disso, o preço do diesel tem se mostrado bastante inferior ao de outros combustíveis, no Brasil, refletindo na sua ampla utilização na frota veicular co-letiva e de carga nas grandes cidades. Os moto¬res a diesel apresentam ainda uma excepcional durabilidade. É comum um motor diesel para veículos de carga pesada ter maior vida útil do que aquela apresentada pelos motores do ciclo Otto a gasolina.

Pensando apenas em perspectivas econômicas e operacionais mundiais, existem poucas razões para que esse cenário mude. No entanto, a combustão do diesel não gera apenas energia em qualidade, gera também poluição em quantidade. Sendo assim, extrapola os domínios econômicos e produtivos pas-sando a se tornar, também, uma questão de saúde pública.

A preocupação com a fumaça preta produzida pela queima do óleo diesel e suas conseqüências na saúde humana está fundamentada em cres-centes estudos científicos, iniciados há 50 anos, que alertam para os efei-tos adversos na população

I. a saúde da população e a poluição atmosférica

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A forma mais evidente de poluição do ar que encontramos rotineiramente em grandes centros urbanos, onde há grande concentração de pessoas, são os resí-duos produzidos pela combustão do diesel que movimenta a frota de caminhões e ônibus e que são lançados no ar que respiramos. A fumaça preta que sai dos escapamentos dos veículos a diesel é formada pela mistura de poluentes gasosos e particulados nocivos à saúde humana. E por que são tóxicos?

2.1. Propriedades tóxicas dos poluentes gasosos

Dentre os poluentes gasosos emitidos por motores a diesel alguns se desta-cam, tais como: óxidos de carbono (CO e CO2), óxidos sulfúricos (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos aromáticos (HA).

O monóxido de carbono (CO) é um gás inodoro, incolor, insípido produ-zido por queima incompleta de combustíveis que contém átomos de carbono. Es-sencialmente, trata-se de uma substância que prejudica a oxigenação dos tecidos e, por isso, é classificada como um asfixiante sistêmico. A hemoglobina, substância que está dentro dos glóbulos vermelhos do sangue, carrega o oxigênio (O2) dos pulmões aos diversos setores do organismo. No entanto, a hemoglobina tem tam-bém afinidade pelo monóxido de carbono (CO), ligando-se a ele quando disponível nos pulmões e, conseqüentemente, diminuindo a oxigenação do organismo.

Os óxidos de nitrogênio são formados, principalmente, nas câmaras de combustão de motores de veículos onde, além do combustível, há ar que contém grandes quantidades de nitrogênio e oxigênio que, devido à altíssima temperatura existente, combinam formando os NOx. o dióxido de nitrogênio (NO2) é um deles. Apresenta-se como um gás invisível, de odor característico e muito irritante, provocando ardência nos olhos, no nariz e nas mucosas em geral. A inalação do gás, de forma crônica (tempo prolongado) e em doses nocivas, provocam doenças respiratórias desde inflamações (traqueites e bronquites crônicas) até enfisema pulmonar e broncopneumonias químicas ou infecciosas. Uma vez lançado na at-mosfera, o NO2 ainda tem a propriedade de se transformar em outro composto secundário. Por ação da luz de oxidações químicas formam ozônio.

O ozônio (O3) forma-se, de forma bem simplificada, segundo as reações abaixo:

NO2 + Luz Solar ---> NO + OO + O2 + Luz Solar ---> O3 (ozônio), e é considerado o oxidante fotoquímico

mais importante. Sua ação tóxica deve-se, principalmente, à capacidade de oxidar proteínas, lipídios e outras substâncias químicas integrantes das células, lesando ou matando as mesmas, dependendo da concentração e do tempo de exposição. Assim, os oxidantes fotoquímicos agravam a ação irritante dos outros poluentes e intensificam as inflamações e infecções do sistema respiratório.

II. poluentes do diesel

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O dióxido de enxofre (S02) é um gás amarelado, com o odor característico do enxofre e ter-rivelmente irritante. As quantidades de SO2 lançados no ar, sobretudo pelos canos de escapamentos de ônibus e caminhões, provocam irritações discretas, mas importantes a longo prazo. O gás SO2 é muito solúvel e ao chegar na mucosa respiratória, sabidamente úmida, transforma-se em ácido sulfúrico que, mesmo em quantidades muito pequenas, ao longo do tempo lesam células de defesa do trato respiratório predispondo o indivíduo a infecções respiratórias.

Os Hidrocarbonetos (HCs) constituem uma grande família de substâncias orgânicas com-postas de hidrogênio e carbono. Os combustíveis fósseis, a gasolina e o óleo diesel, têm centenas de HCs. Entre eles estão os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), que possuem núcleo benzê-nico (benzeno) com propriedade carcinogênica, capacidade de induzir a formação de câncer.

2.2. Propriedade tóxica dos poluentes particulados

A fração particulada constitui uma grande parte da massa da exaustão que caminhões e ônibus a diesel lançam ao ar. Cerca de 80% desse material Particulado (PM) é fuligem, a fumaça negra que se vê saindo pelos canos de escapamento. Essa fuligem é composta de partículas muito pequenas com diâmetro medido em micrometros, ou seja, a milésima parte de 1 milímetro. As par-tículas com dimensões menores que 10 μm (PM10) são chamadas inaláveis, pois possuem a capaci-dade de serem depositadas nas superfícies de trocas gasosas do pulmão – os alvéolos.

O material particulado é o poluente atmosférico mais consistentemente associado a efeitos ad-versos à saúde humana. Tem por composição básica um núcleo de carbono elementar onde estão agregados gases, compostos orgânicos, sulfatos, nitratos e metais. Assim, ao seu núcleo de carbono estão adsorvidos inúmeros poluentes presentes no ar, cuja ação irritante, tóxica ou cancerígena é facilitada pelo transporte destes compostos para a intimidade do organismo pela inalação do material particulado. As partículas inaláveis se mantém por longo tempo junto às células do tecido pulmonar, permitindo que pequenas quantidades de tóxicos causem danos graças à sua prolongada permanência.

Quanto menor é a partícula, maior é a sua absorção nas trocas gasosas efetuadas pelo pulmão, carregando consigo compostos nocivos que podem se manifestar causando lesões não só locais, no sis-tema respiratório, mas também de ordem sistêmica, manifestada em qualquer outro órgão ou sistema de organismo. A Figura1 mostra as diferentes composições e diâmetros do material particulado.

solo e resuspensão

veículos e indústrias

nitrato

sulfato

MP 10

MP 2,5

ultrafinas

0.001 0.01 0.1 1 10

figura 1. Esquema representando os diâmetros aerodinâmicos do material particulado e sua composição origem mais provável.

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A toxicidade das partículas é determinada pelos compostos presentes naquelas que depositam na luz dos alvéolos, dentro dos pulmões, onde se inicia a transfe-rência de espécies tóxicas das partículas para todo nosso organismo, através da circulação sanguínea (Figura 2).

componentes hidrosolúveis e gases

hidrocarbonetos

compostos absorvidos no núcleo de carbono

alVÉolos

fluido alveolar

tecido pulmonar e corrente sanguínea

figura 2. Representação esquemática da absorção de compostos tóxicos contidas nas partículas depositadas nos alvéolos.

As partículas inaladas contêm substâncias adsorvidas à sua superfície ou ab-sorvidas na intimidade do seu núcleo de carbono. Os componentes adsorvidos possuem diferentes graus de volatilidade ou de solubilidade em meio líquido. Os compostos extremamente voláteis adsorvidos podem retornar à fase gasosa, dado que a temperatura do ambiente alveolar é de 37oC, sendo transferidos para o meio interno por difusão. Alguns compostos extremamente hidrossolúveis (sulfatos, ni-tratos e alguns metais), podem dissolver-se no fluido aquoso da superfície alveolar, podendo atravessar a barreira alveolar e atingir a circulação. As partículas também podem ser, de certa forma, aprisionadas pelas células do tecido pulmonar, impreg-nando o pulmão de manchas pretas (antracose). De modo geral, quanto menor a partícula, maior a possibilidade de acesso dos seus compostos ao meio interno do organismo.

figura 3. Material poluente (partículas) acumulado no pulmão humano – Antracose.

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O material particulado produto da exaustão do diesel pertence à classe de partículas inaláveis com diâmetros inferiores a 2,5 μm (PM2,5). Cerca de 80 a 95% dessa emissão são formados por partículas entre 0,05 e1,0 μm de diâme-tro (média de 0,2 μm).

A legislação brasileira não prevê padrões de qualidade do ar para a con-centração de partículas inferiores a 2,5 μm (PM2,5). No entanto, as normas e padrões visando à proteção do meio ambiente e ao controle da poluição do ar, estabelecidos pela agência de proteção ambiental federal norte-americana (EPA), determina concentração máxima de exposição ao PM2,5 na atmosfera de até a 15 μm/m³ para a média anual ) e de até 65 μm/m³ de concentração média diária (exposição 24h), como níveis ambientais seguros à saúde humana.

Os índices de material particulado permissíveis pela legislação brasileira es-tão baseados nos padrões e recomendações internacionais (Organização Mun-dial de Saúde) para o material particulado entre 2,5 e 10. São considerados aceitáveis à saúde humana os valores médios de concentrações de até 150 μg/m3 para níveis ambientais diários (amostragem 24h) e de até 50 μg/m3 para níveis ambientais anuais de PM10 (Resolução CONAMA Nº3 de 28/06/1990).

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Considerando que o material particulado (MP) é uma mistura composta que inclui a maioria dos poluentes primários da combustão do diesel, serão abordadas as evidências que suportam o conceito de que a poluição do ar por material particulado afeta a saúde humana, em termos de mortalidade e de capacidade de causar doenças (morbidade).

3.1. MortalidadeDiversos grupos de todo o mundo têm demonstrado associações entre variações agudas de

níveis ambientais de MP e mortalidade e apontam para alguns pontos comuns na relação entre MP e mortalidade:

os efeitos do MP sobre a contagem de óbitos ocorrem antes que os limites atuais de qualida-de do ar sejam ultrapassados;

o tempo de latência para que ocorra o aumento de mortalidade é bastante curto, não ultra-passando poucos dias;

não parece existir uma dose de segurança em que possa ocorrer um aumento na concentra-ção de MP na atmosfera, sem que o mesmo se reflita em aumento de mortalidade. Em outras palavras, mesmo pequenas variações de MP são traduzidas por aumentos correspondentes de mortalidade;

os grupos populacionais mais significativamente afetados pelo material particulado são fe-tos, crianças abaixo dos 5 anos de vida e idosos.

algumas doenças predispõem a uma maior suscetibilidade aos efeitos adversos do MP: doen-ça pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca e infarte;

fatores sócio-econômicos influenciam a suscetibilidade ao MP, dados que o seu impacto em termos de mortalidade será tanto maior quanto menor o índice de desenvolvimento social e econômico da população exposta;

os mecanismos que regulam as mortes respiratórias e cardiovasculares são aparentemente distintos. A mortalidade por doenças respiratórias parece depender da indução de um esta-do inflamatório pulmonar, com prejuízo das defesas respiratórias contra agentes infecciosos inalados. A mortalidade por doenças cardiovasculares está mais associada a distúrbios do controle autonômico do coração ou alterações dos fatores de coagulação.

Os eventos patológicos, acima citados, que levam a uma redução da expectativa de vida são, mais provavelmente, relacionados à exposição crônica aos poluentes atmosféricos e não o resultado de exposições eventuais. Uma analogia neste sentido pode ser feita com o tabagismo, onde a expo-sição prolongada aos poluentes derivados da queima do tabaco é a base para ocorrência de doenças que aumentam a mortalidade entre fumantes.

Assumindo-se como reais os efeitos agudos associados à inalação de MP, é esperado que ocor-ram efeitos crônicos (longas exposições) conseqüentes a estas múltiplas agressões agudas (expo-sições curtas). Na verdade, diversos estudos têm relacionado a exposição continuada aos níveis ambientais de PM, com a redução da expectativa de vida.

Os efeitos crônicos, de exposição prolongada, têm sido demonstrados a partir da detecção de alterações estruturais dos pulmões de indivíduos que habitam regiões com concentrações de MP. A primeira demonstração clara de que os níveis de MP promovem alterações inflamatórias difusas do trato respiratório em humanos veio de estudos onde foram detectados aumento da secreção mucosa, remodelamento com fibrose (enrigecimento) das pequenas vias aéreas e lesão de pulmão de jovens falecidos por causas externas e habitantes da região metropolitana de São Paulo. Neste

III. a poluição do ar e a saúde pública

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mesmo estudo, as lesões observadas estavam em íntima relação anatômica com focos de deposição e retenção de material carbonáceo do material particulado (antracose), sugerindo uma relação de causa e efeito.

Os estudos realizados em pulmões de humanos também foram claros em determinar que a quan-tidade de MP retido nos pulmões parece ser um indicador preciso da dose acumulada de exposição a este material, constituindo-se em um “banco de memória” das fontes poluidoras que produziram os elementos tóxicos acumulados. Mais ainda, é fato conhecido que as parte das partículas de antraco-se inaladas são transferidas para outros compartimentos (linfático, sanguíneo e outros tecidos).

Os componentes solúveis aderidos ao MP proveniente da fumaça do tabaco alcançam a circu-lação e estão associados ao desenvolvimento de neoplasias em diversos órgãos além dos pulmões. Desta forma, é plausível postular que o MP sirva de veículo transportador para que elementos tó-xicos a ele aderidos penetrem nos espaços aéreos distais e sejam liberados, a partir dos pulmões, para diferentes compartimentos do organismo humano, favorecendo o desenvolvimento de doenças crônicas na espécie humana.

A Tabela 1. mostra os coeficientes que relacionam exposição crônica a material particulado (au-mento de 10 μg/m3 de MP2,5) e mortalidade por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer do pulmão, obtidos pelo estudo de seguimento de cerca de 500.000 pessoas de diferentes regiões da América do Norte.

mortalidade % de aumento (ic)

Todas as Causas 1,06 (1,02 - 1,4)

Cardiopulmonar 1,09 (1,03 - 1,16)

Câncer do Pulmão 1,14 (1,04 - 1,23)

Outras Causas 1,01 (0,95 - 1,04)

tabela 1. Coeficientes relacionando aumento de mortalidade por diferentes causas a exposição crônica a MP2,5. Os coeficientes foram calculados para um aumento de 10 µg/m3 de MP2,5 (Pope e colaboradores, 2002). IC- Intervalo de confiança.

A mortalidade por doenças cárdio-respiratórias e o câncer do pulmão está associada à exposição prolongada ao material particulado, especialmente a sua fração mais fina (MP2,5). Como resultado do aumento destas doenças ocorre uma redução da expectativa de vida, como demonstrado pelo estudo das seis cidades Norte-Americanas (Figura 3).

70

71

72

73

74

10 20 30

figura 3. Expectativa de vida em 6 cidades americanas que exibem diferentes níveis ambientais de MP 2,5 (Dockery e colaboradores, 1996).

PM 2.5 (ug/m3)

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Os dados demonstrados indicam que a expectativa de vida decresce em aproximadamente um ano e meio para cada 10 μg/m3 de MP2,5, devido a doenças cárdio-pulmonares e câncer do pul-mão.

3.2. Morbidade Assim como ocorre com a mortalidade, diferentes grupos de diversos países também eviden-

ciaram associações entre MP e admissões hospitalares, tanto para crianças como para adultos. As associações mais sólidas ficam por conta de eventos relacionados à asma, doença pulmonar obs-trutiva crônica, pneumonias, infecções do trato respiratório superior, descompensação de quadros de insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas diversas e quadros isquêmicos coronarianos. Os efeitos do MP para morbidade são maiores do que aqueles observados em termos de mortalidade, porém obedecem ao mesmo perfil descrito anteriormente: curta latência, dependência de dose e ausência de uma concentração abaixo da qual não são observados efeitos sobre a saúde da população.

A Tabela 2 revela os coeficientes dos estudos de múltiplas cidades ou de meta-análise relacio-nando variações de morbidade respiratória e cardiovascular frente a incrementos de 10 μg/m3 de MP10.

morbidade % de incremento (ic) referência

Respiratória

1.3 (0.1-2.5)* Künzli, 2000

1.0 (0.4-1.5)* Atkinson, 2001

1.5 (1.0-1.9)* Zanobetti, 2000

Cardiovascular

1.3 (0.7-1.9)* Künzli, 2000

0.5 (0.2-0.8)* Le Tertre, 2002

1.1 (0.9-1.3)* Zanobetti, 2000

0.7 (0.4-1.0)* Morris, 2001

tabela 2. Incrementos de morbidade respiratória e cardiovascular relacionado a variações de 10 µg/m3 de MP10, calculados por meio de estudos realizados em diferentes cidade ou meta-análises.

As informações acima são bastante consistentes quanto aos prejuízos na saúde humana cau-sados pela poluição do ar por material particulado produzido pelas emissões veiculares. Assim, é fundamental que sejam tomadas medidas eficazes de redução e controle das emissões da poluição veicular. Neste sentido é que se pode perceber o grande benefício de atividades e programas como o Projeto Economizar em nosso país.

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Com o objetivo de reduzir e controlar a contaminação atmosférica por fontes móveis (veículos automotores) o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA criou os Programas de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores: PROCONVE, fixando prazos, limites máximos de emissão e estabelecendo exigências tecnológicas para veículos automotores, nacionais e importados.

O Proconve foi eficiente no sentido de reduzir significativamente os níveis dos poluentes atmos-féricos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Para avaliar o impacto estimado do Proconve sobre a saúde da população da Região Metropolitana de São Paulo, as parâmetros utilizados foram baseados em efeitos de exposição crônica aos poluentes, e não aqueles derivados de exposição aguda, pelo fato de que os efeitos crônicos traduzem de forma mais adequada os efeitos da poluição atmosférica sobre os habitantes dos grandes centros urbanos. O poluente utilizado como referência para os estudos do Proconve foi o material particulado.

A Região Metropolitana de São Paulo é um conglomerado urbano (19 milhões de habitantes) em contínuo processo de aumento populacional.

Somente o crescimento da população, e suas demandas por transporte e consumo de energia e insumos já faria prever o aumento das emissões de fontes poluidoras e, conseqüentemente, o au-mento das concentrações ambientais de poluentes atmosféricos. No entanto, a Figura 4. revela um quadro ainda mais preocupante, quando se evidencia que o aumento relativo da frota automotiva é mais intenso do que o crescimento populacional.

1.7

1.6

1.5

1.4

1.3

1.2

1.1

1.0

.996 97 98 99 00 01 02 03 04 05

figura 4. Variação relativa da população e da frota automotiva na Região Metropolitana de São Paulo nos últimos 10 anos. Neste período, o incremento da população foi da ordem de 15%, enquanto a frota teve um aumento de cerca de 60%. Esta taxa distinta de comportamento temporal evidencia que (sai) uma acentuada e progressiva motorização da população.

IV. a redução dos níveis ambientais de material particulado e seu impacto na saúde pública - uma experiência paulistana

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Tendo em vista a importância das emissões automotivas como fonte de deterioração da quali-dade do ar, seria de se esperar que a progressiva motorização de São Paulo conduzisse a uma piora substantiva dos níveis de poluição atmosférica. Esta previsão, felizmente, não se materializou. A Figura 5. apresenta a evolução temporal dos níveis de MP10 medidos pela CETESB na Região Me-tropolitana.

90

80

70

60

50

40

30

95 97 99 01 03 0593918987858381

PM10

tendência PM10

Figura 5. Médias anuais (período de 1981 a 2005) das concentraões de material particulado com diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm, fornecidas pela CETESB. A linha pontilhada mostra uma função de “alisamento” dos dados brutos, de forma a traduzir de forma mais visível a tendência histórica das concentrações deste poluente. O ano de 1986 (linha de referência no eixo X), marca o início do Proconve.

A análise da Figura 5. mostra uma evolução positiva da qualidade do ar em termos de material particulado ao longo da série histórica. A partir do Proconve, é possível identificar um patamar, compreendido entre os anos de 1986 a 2005, onde as concentrações de material particulado não aumentaram, a despeito do aumento da frota automotiva. A partir do ano de 1985, nota-se uma progressiva diminuição dos níveis de material particulado, graças ao efeito de medidas de controle de emissões.

Este comportamento, com duas fases distintas - discreta redução com estabilização entre 1986 a 1995, com posterior redução a partir de então - fez com que o presente estudo focalizasse o seu interesse para a fase onde o decréscimo de poluição foi mais intenso (1996 a 2005), como demons-trado na Figura 6.

pm10

(ug/

m3 )

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03 0599 0183 85 87 89 91 93 95 978130

40

50

60

70

80

90

PM10

tendência PM10

figura 6. Representação ilustrativa da definição do período de estudo. Devido ao fato de que a redução dos níveis de material particulado foi mais intensa após 1996, este período foi considerado como sendo o resultado das políticas de controle das emissões implementadas na Região Metropolitana de São Paulo. O padrão de referência de concentração de material particulado foi definido como a média de material particulado dos 5 anos precedentes (barra de referência do eixo Y).

Definida a variação de poluição, restava definir os desfechos de saúde a serem utilizados como indicadores de efeito. Inicialmente, foi definido que dados de mortalidade seriam os mais adequados. A escolha de mortalidade obedeceu aos seguintes critérios:

a. Existência de estudos de exposição crônica relacionando PM2.5 com mortalidade;

b. A disponibilidade de excelentes dados de mortalidade em São Paulo. O Programa de Aprimo-ramento das Informações de Mortalidade (Proaim) da Prefeitura de São Paulo é um modelo a ser seguido em nosso País, e fornece dados atualizados de mortalidade já codificados por tipo de causa.

Entre as causas de mortalidade escolhidas, foram definidas aquelas provocadas por doenças cardiovasculares, por doença pulmonar obstrutiva crônica (bronquite crônica, asma e enfisema pul-monar) e por câncer do pulmão. Estas causas de óbito foram selecionadas pela existência de coefi-cientes sólidos relacionando as suas variações frente a exposições prolongadas a PM2.5. Há também que se considerar a plausibilidade biológica da associação entre PM2.5 e mortalidade pelas causas acima apontadas, fornecida pela literatura toxicológica disponível.

Como o Proaim fornece dados de mortalidade apenas para o Município de São Paulo, o número de mortes anual pelas causas de interesse para o nosso estudo foi expandida para a Região Metro-politana de São Paulo, através da relação média (1996 a 2005) para o período de entre as popula-ções da Capital e de toda a Região a Região Metropolitana. Neste período a população da Capital representou cerca de 60% da população da Região Metropolitana (Tabela 3.).

PM10

(ug/

m3)

período de análiseinicio proconve

PM 10 2001 a 2005

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cardioVascular dPoc câncer do Pulmão total

mÉdia 34918,67 4113,17 2223,33 41255,17

total 349187 41132 22233 412552

Tabela 3. Número estimado de mortes em adultos (acima de 25 anos de idade) ocorridos na Região Metropolitana de São Paulo no período de 1996 a 2005, expresso tanto em termos de média anual ou de total acumulado para o período.

Os dados de mortalidade pelas causas acima definidas foram obtidos para todos os anos do período de interesse, e subdivididos nas seguintes faixas etárias: 25 a 34, 35 a 44, 45 a 54, 55 a 64, 65 e 75, e igual ou acima de 75 anos.

Com os níveis de redução de PM2.5 atribuídos ao Proconve e os coeficientes relacionando au-mento porcentual de mortalidade frente a incrementos de PM2.5, foi possível determinar o número de mortes evitadas pelo Proconve entre 1996 a 2005. Os resultados são apresentados na Tabela 4.

mortes eVitadas Pelo ProconVe na região metroPolitana de são Paulo (1996 a 2005)

cardioVasculares dPoc câncer do Pulmão total

mÉdia anual 1188.95 139.61 120.91 1449.48

total 11890 1396 1209 14495

tabela 4. Número estimado de mortes evitadas pelo Proconve na Região Metropolitana de São Paulo, no período compreendido entre 1996 a 2005. Os resultados são apresentados em termos de média anual, como também pelo total acumulado ao longo dos 10 anos de análise.

Como foram levantas as mortes para diferentes segmentos de faixa etária, é possível estabelecer uma estimativa do número de mortes por faixa etária, para cada um dos eventos de mortalidade analisados. Estes resultados são apresentados na Figura 7.

25 a 34 35 a 44 45 a 54 55 a 64 65 a 74 75 +0

10

20

30

40

50

60

porc

enta

gem

de

mor

tes

cardiovascular

DPOC

câncer de pulmão

figura 7. Distribuição porcentual estimada das mortes evitadas pelo Proconve na Região Metropolitana de São Paulo durante o período de 1996 a 2005, separadas por tipo de causa mortis e por faixa etária.

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Como se pode observar da Figura 7., o nosso modelo projeta que o maior ônus dos efeitos crôni-cos da poluição recai sobre as faixas etárias mais elevadas. No entanto, há que notar que a poluição também cobra um preço alto de indivíduos abaixo dos 65 anos de idade, com uma boa expectativa de vida pela frente.

Os resultados acima são o produto da aplicação de modelos teóricos. No entanto, é lícito ques-tionar sobre a real validade dos números obtidos. Em outras palavras, como foi o comportamento da relação entre poluição do ar e mortalidade para a Região Metropolitana, tendo por base os números reais de eventos e a concentração de PM2.5.

Para tentar elucidar esta questão, foram calculados os coeficientes ajustados de mortalidade (mortes/100.000 habitantes), para cada uma das causas de morte a para cada faixa de idade. Houve uma nítida associação positiva e significativa entre níveis anuais de PM2.5 para todas as faixas etárias para a mortalidade por doenças cardiovasculares, o mesmo ocorrendo para as doenças pul-monares obstrutivas crônicas (com exceção da faixa etária entre 25 a 34 anos). No caso das mortes por câncer de pulmão, houve uma associação positiva e significativa para a faixa etária entre 55 a 64 anos. Isto parece indicar que nos pacientes mais idosos e portadores de câncer, os efeitos da poluição (se houver) foram anteriores à janela de tempo avaliada. Há argumentos em favor desta última po-sição, como será visto a seguir. Um exemplo do tipo de correlação entre mortalidade e PM2.5, com base em dados reais do estudo, pode ser visto na Figura 8.

18 20 22 24 26 28 30 32 34370

380

390

400

410

420

430

440

médias anuais de PM 2.5 (ug/m3)

mor

talid

ade

por d

oenç

as c

ardi

ores

pira

tória

s / 1

00.0

00 h

abita

ntes

figura 8. Relação entre taxa de mortalidade ajustada (mortes/100.000 habitantes) por doenças cardio-respiratórias e médias anuais de PM2.5 na Região Metropolitana de São Paulo, ao longo do período 1996 a 2005.

A associação positiva entre os dados reais dos níveis anuais de PM2.5 e os indicadores de mor-talidade empregados neste estudo, fez com que se tentasse obter coeficientes relacionando estes dois parâmetros (Tabela 5.).

tiPo de morteaumento Porcentual de mortes Por 10μg/

m3 de Pm2.5

Cardiovascular 12 (9 a 17)

DPOC 15 (8 a 24)

Câncer do Pulmão (55 a 64 anos) 19 (9 a 35)

Cardiorespiratória (Pope e cols, 2002) 9 (3 a 16)

Câncer do Pulmão (Pope e cols, 2002) 14 (4 a 23)

tabela 5. Coeficientes estimados de relacionando aumento porcentual de mortes a incrementos de 10 µg/m3 de PM2.5 a partir de dados de São Paulo (1996 a 2005) e aqueles descritos por Pope e cols (2002).

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Vê-se que a estimativa feita para São Paulo tem a mesma ordem de magnitude da relatada por Pope e cols (2002),mostrando uma relação positiva entre mortalidade e PM2.5 e dá suporte à hipó-tese de que a associação entre exposição crônica a PM2.5 e mortalidade é real.

Uma vez sendo realistas as estimativas empregadas para calcular os efeitos do PM2.5 sobre a mortalidade, uma questão se impõe: Caso sejam implementadas medidas de controle de emissões de material particulado, em que escala de tempo os efeitos destas medidas seriam sentidos em ter-mos de benefícios à saúde da população?

Os resultados apresentados na Tabela 5. sugerem que medidas que resultem em melhoria da qualidade do ar terão resultados positivos em médio prazo em termos de mortalidade pelas causas avaliadas neste trabalho. Os efeitos “residuais” da poluição tenderiam a desaparecer após dois anos para as doenças cardiovasculares, em três anos para a doença pulmonar obstrutiva crônica e cinco anos para o câncer de pulmão.

Outro ponto a merecer consideração é a estimativa de quantas pessoas ainda morrem na Região Metropolitana de São Paulo pela exposição crônica a PM2.5 devido às doenças consideradas no pre-sente documento. Reformulando a questão, tendo por balisamento os dados atuais, quantas mortes poderiam ser evitadas por medidas de redução dos níveis ambientais de PM2.5?

Para tentar abordar a questão acima, deve-se perguntar qual o nível de redução de PM2.5 seriam realistas? A tendência internacional para o padrão anual de PM2.5 é que este seja estabelecido ao redor de 10 μg/m3. É importante ressalvar que este é um patamar que não assegura a proteção absoluta da população, dado que existe um consenso de que não há uma concentração de PM2.5 que não tenha efeitos adversos à saúde humana, sob o prisma populacional. Melhor explicando, cada um dos indivíduos de uma determinada população possue um limiar acima dos quais os efeitos adversos da poluição começam a se manifestar. No entanto, como a variabilidade individual de cada um dos indivíduos expostos varia em função de fatores sócio econômicos, idade e co-morbidades, a soma destes limiares individuais desaparece quando a população (e não o indivíduo) é o objeto de estudo. Resumindo, do ponto de vista de saúde pública, quanto menor for a concentração de PM2.5 melhor.

As concentrações atuais de PM2.5 em São Paulo estão em torno de 20 μg/m3 (média anual). Des-ta forma, há ainda um bom caminho a percorrer para que se possa adequar a Região Metropolitana de São Paulo aos novos padrões a serem recomendados em futuro breve. Neste cenário, utilizando os mesmos critérios já descritos, foi feita uma projeção atual das mortes provocadas pela exposição crônica a PM 2.5, estimando-se um excesso de 10 μg/m3 deste poluente (concentração anual atual - o padrão a ser implementado), bem como o comportamento das mortes causadas pelo excesso de PM2.5 para os próximos 20 anos, a se manter a situação como está. Estas estimativas foram feitas em termos de doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão. Foram também feitas projeções dos mesmos parâmetros caso fosse obtida uma redução de 3 e 5 μg/m3 em relação aos níveis atuais. Os resultados destas projeções encontram-se na Tabela 6.

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ANOS CVBAU EVCV3 EVCV5 DPOCBAU EVDPOC3 EVDPOC5 NEOBAU EVNEO3 EVNEO5

tabela 6. Projeção da evolução das mortes atribuídas ao excesso de PM2.5 na Região Metropolitana de São Paulo ao longo de um período de 20 anos. Os dados estão expressos em termos de estimativas anuais e como total acumulado ao longo do período. CVBAU, DPOCBAU e NEOBAU: mortalidade por doenças cardiovasculares, doença pulmonar obstrutiva crônica e neoplasias pulmonares atribuíveis ao excesso de PM2.5 em se mantendo a situação atual (10 µg/m3 acima dos padrões internacionais). EV3 e EV5 correspondem aos valores estimados de mortalidade mortes evitadas em havendo uma redução de 3 µg/m3 e 5 µg/m3de PM2.5, respectivamente.

A análise da Tabela 6. mostra que o número de mortes anuais de adultos atribuídas à exposição crônica a concentrações de PM2.5 em concentrações acima de 10 μg/m3 é de 2840 para doenças cardiovasculares, 309 para doença pulmonar obstrutiva crônica e 289 por câncer de pulmão, perfa-zendo um total de 3438 mortes, ou seja, pouco mais de 9 mortes por dia. Estes valores indicam a importância da adoção de medidas de controle das emissões de poluentes, dada a magnitude dos seus efeitos.

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A estimativa realizada do número de mortes evitadas devido ao Proconve nos leva a considerar qual seria o montante em termos de benefícios econômicos do impacto na saúde. Entre as aborda-gens que podem ser empregadas para esse tipo de avaliação uma das mais utilizadas é a estimativa em termos do total de anos de vida ganhos devido à redução das concentrações de material parti-culado obtidas pelo Proconve. Essa metodologia, chamada DALY (Disability Adjusted Life Years) foi desenvolvida conjuntamente pela Organização Mundial de Saúde e Banco Mundial na universidade de Harvard e tem sido adotada em análises de custo-efetividade de intervenções. Ela utiliza um modelo que calcula o número de anos de vida perdidos devido a algum fator (neste caso, a poluição atmosférica) em função da expectativa de vida da população objeto de estudo.

A presente análise considerou o número de mortes evitadas por faixa etária e por doença devido à redução dos níveis de material particulado ambiental e a expectativa de vida estimada pelo IBGE para as populações de ambos os sexos da região sudeste do Brasil (73,4 anos). A Tabela 7. apresenta os resultados finais desta análise.

doenças cardioVascularesdoenças Pulmonares obstrutiVas crônicas

doenças neoPlásicas total

anos de Vida ganHos

153.451,78 16.789,84 16.584,45 186.826,07

tabela 7. Anos de Vida Ganhos devido a redução de material particulado na Região Metropolitana de São Paulo (1996 a 2005)

A fim de obter uma estimativa monetária da magnitude desse impacto, quantificou-se uma va-loração econômica (custos) equivalente aos anos de vida ganhos com a redução de material parti-culado (Tabela 8).

anos de Vida ganHos

us$aumento relatiVo na exPectatiVa de Vida

us$

186.826,07 1.321.018.116,64 12,9 anos 1.516.053,79

tabela 8. Valoração Econômica dos Anos de Vida Ganhos e do Aumento de Expectativa de Vida devido a redução das emissões de material particulado (1996 a 2005)

Os resultados acima apontam para ganhos de saúde em termos de anos de vida ganhos de US$ 1,321 bilhões no período analisado, correspondendo à cerca de US$ 132 milhões anuais. Esse valor é da mesma ordem de grandeza com outro resultado obtido para estimativa de ônus da poluição atmosférica na cidade de São Paulo, cujo dano foi estimado em US$ 208 milhões anuais para os níveis médios de concentração de poluentes.

Em função da projeção realizada de mortes evitadas por doenças cardiovasculares, pulmonares obstrutiva crônicas e neoplasias, estimou-se o montante potencial de redução de perdas monetárias devido aos óbitos associados ao PM2.5 em uma redução de 5% na concentração deste poluente (Tabela 9.).

V. avaliação dos ganhos econômicos de saúde através da redução nos níveis de material particulado ambientais

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Período2005 – 2024

causas

cardioVascularPulmonar obstruti-

Va crônicaneoPlasias

número de mortes eVitadas

33.166 3.605 3.377

ganHos econômi-cos de saúde* – us$

17.213.154.000 1.870.995.000 1.752.663.000

tabela 9. Avaliação dos Ganhos Econômicos de Saúde da Redução Projetada de PM2.5 (2005-2024). * = a partir de VVE de Bowland and Beghin, 1998

Conforme se pode inferir da tabela acima, a redução projetada de 5% do PM2.5 resultaria em 40.148 mortes evitadas por doenças cardiovasculares, pulmonares e neoplásicas no período de 2005 a 2024, totalizando US$ 20,837 bilhões de ganhos econômicos de saúde. Deve-se destacar que em uma possível análise de custo-eficiência de programas visando alcançar esta redução, o montante relativo aos ganhos deverá ser mais elevado em função de outros benefícios de saúde que serão atingidos, mas aqui não considerados (por exemplo: redução de internações hospitalares, gastos com medicamentos, absenteísmo, entre outros) que muito provavelmente resultarão em uma relação positiva, garantindo retornos financeiros e de qualidade de vida para a sociedade.

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O cenário atual de degradação ambiental do ar que respiramos tem efeitos severos na saúde pública, apontados pela comunidade científica em termos de mortalidade e morbidade. A pesquisa científica desempenha um papel de agen-te de alerta do problema de saúde pública, devendo subsidiar o poder público na definição de políticas efetivas na redução da poluição do ar, que certamente salvariam vidas.

O CONPET, através de suas atividades relacionadas ao Projeto Economizar vem reduzindo as emissões de Material Particulado, de origem da queima do diesel, em praticamente todos os estados brasileiros. O grande esforço deste sintético documento foi o de apresentar a magnitude dos impactos associados à emissão de poluentes atmosféricos, e, assim, demonstrar a grande importân-cia que deve ser dada ao CONPET, através do Projeto Economizar, como um programa, também, de saúde pública. Os resultados e benefícios das atividades do Projeto Economizar são significativos e devem ser mensuradas de maneira que possa ser percebida toda a sua contribuição. Assim como os resultados do PROCONVE na região metropolitana de São Paulo, é possível a mensuração dos benefícios gerados pelo Projeto Economizar atuando em grandes cidades do país. Este objetivo haverá de ser alcançado por todos aqueles que de algum modo estão envolvidos com a eficiência energética das frotas do transporte de carga e de passageiros, no Brasil, e em especial o CONPET.

VI. considerações finais

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