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Ectoparasitas e mordeduras de animais
Dados epidemiológicos no que diz respeito ás doenças da pele (DP) em zona tropical MS: micoses superficiais
Tipo de dados
País (ano estudo)
Conjunto DP (%)
Piodermite (%)
Sarna (%)
MS (%)
Eczema (%)
Prevalência na criança
Consultas
por DP
Brasil (1975) Mali (2001)
21-87
6-14
12-16
42-80
1-24
0-30
10-21 -
0,2-1 -
Epidemiologia
Dermatoses infeciosas banais Doenças específicas regionais
Principais afeções em função do sinal dermatológico presente
Sinal Causas frequentes Causas raras
Ferida infeciosa Celulite do membro inferior Prurido difuso Hipocromia localizada (pele negra) Exantema febril Lesões bolhosas Úlcera da perna Linfangite nodular Pigmentação palmar ou plantar Queratodermia palmar ou plantar Onicopatia
Piodermite Erisipela Sarna, Toxidermia... Pitiríase versicolor Dermite seborreica Vitiligo Viroses, rickettsiose Impétigo, toxidermia Piodermite, úlcera de Buruli Leishmaniose Nevus Idiopática, Eczema, Psoríase Candidose, dermatofitia
Carbúnculo, difteria, herpes Piomiosite Oncocercose, loíase Lepra, micose Primo-infeção VIH Má nutrição Carcinoma Esporotricose Melanoma, sífilis - Líquen plano
Frequência das infeções tropicais cutâneas
Frequência de observação Afeções
Corrente Menos frequente Excepcional
Larva migrans cutânea Ancilostomíase Leishmaniose Loíase Tungose Míases furunculóides Arboviroses
Lepra, tuberculose, rickettsiose, noma, úlcera de Buruli, treponematose, oncocercose, bilharziose, cromomicose, micetoma, criptococose, histoplasmose Rino-esclerose, amebíase cutânea, larva currens, dracunculose, cisticercose, esporotricose...
Ectoparasita
Parasita que vive durante certo tempo sob a pele do seu hospedeiro, onde efetua uma parte do seu desenvolvimento
Principais ectoparasitas Pulgas
Pulicidae ou pulgas propriamente ditas
Tungicidae
Piolhos
Ácaros
Ectoparasitoses
Dermatoses frequentes, cosmopolitas e muito contagiosas, ligadas ao parasitismo da pele e mucosas por diferentes artrópodes da classe dos ácaros, Sarcoptes (agentes da sarna) ou da classe dos insetos ou dos piolhos (agentes da pediculose)
Estes incómodos têm uma ação local mais incomodativa que realmente grave, sendo o prurido a principal manifestação
Sarna Epidemiologia
Adultos e formas larvares causam a sarna humana.
Outros sarcoptes animais raramente causam sarna localizada e benigna /Sarcoptes scabiei var: canis, ovis, cati, cameli...)
Repartição geográfica Doença endemo-epidémica mundial de grande frequência. Atualmente recrudescência do número de casos
Sarna Epidemiologia Reservatório natural
Único reservatório é o homem
Modo de transmissão Estritamente interhumano por contatos cutâneos diretos
Papel do vestuário e roupa interior é contingente.
Alta contagiosidade (um único contato pode ser suficiente)
Fatores de risco Promiscuidade (mais que a falta de higiene)
Epidemias/Surtos onde há concentração de pessoas (família, escolas, creches, asilos...)
Sarna Fisiopatologia
Fêmea do sarcopte cava um túnel na camada córnea da pele e aí faz a postura dos ovos
A sua saliva histolítica origina reação urticariforme muito pruriginosa
Arranhar origina frequentemente superinfeções
Sarna Clínica – forma comum Prurido queixa principal, por vezes único tanto mais evocador quanto mais coletivo ou familiar começo progressivo de intensidade variável com
frequente recrudescência noturna Localizações típicas: espaços interdigitais, face
anterior dos punhos e antebraços, pregas dos cotovelos, auréolas das mamas, cintura, nádegas...
Pequenos trajetos sinuosos nas zonas de eleição Vesículas cor de pérola Lesões de arranhadelas
Sarna Clínica – outras formas clínicas Pauci-sintomática Recém-nascido: localizações palmoplantares frequentes Hiperqueratósica: debilitados e imunodeprimidos Complicações
Superinfecção (das arranhadelas) Com eczema atópico
Diagnóstico
Clínico (prurido noturno e localizações caraterísticas) Epidemiológico (prurido na vizinhança do caso)
Sarna Diagnóstico = clínica Prurido
muito evocador em si mesmo principalmente se coletivo ou familiar recrudescência noturna localização caraterística
Observação
sulcos epidérmicos nas zonas de prurido + vesículas cor de pérola + lesões de arranhadura
Podemos visualizar o parasita na extremidade do sulco cutâneo ao dermatoscópio (sensibilidade > 90%) Diagnóstico por boa resposta ao tratamento como prova
Sarna Terapêutica Princípios
Individuais vigiar e curar o doente, tratar as eventuais complicações
Coletivas tratar casos anexos e romper a transmissão
Benzoato de benzilo
contraindicado no recém-nascido
Piretrinóides de síntese em aerossol (única pulverização)
Ivermectina duas tomas orais com 7 a 10 dias de intervalo
Sarna Clínica - terapêutica
Dois tratamentos tópicos Benzoato de benzilo: aplicação dupla com 24
horas de intervalo
Esdepaletrina (piretróide sintético em aerossol)
Tratamento oral Ivermectina per os
Criança: se mais de 15 kg (200 μ/kg)
Adulto: 4 cp de 3 mg cada em dose única
Sarna Clínica - terapêutica
Condições indispensáveis de sucesso Aplicação local de produtos antisarna sempre
depois de um banho prolongado
Produto em contacto durante recomendação exigida
Banho prolongado no fim do tratamento
Tratar todos os membros da família ou coletividade
Tratar vestuário e roupa de cama (máquina 60ºC)
Superinfeções exigem também antibiótico
Sarna Prevenção
Em meio escolar
Retirar a criança com sarna do contacto com as outras até à cura
Lavar frequentemente as mãos
Uso de luvas obrigatório
Pediculoses Agente causal: piolho
Três tipos de piolho Pediculus humanus var. corporis: piolho do corpo
Pediculus humanus var. capitis: piolho do couro cabeludo
Phtirus pubis (Phtirus inguinalis): piolho do púbis
Picada do piolho provoca reação de arranhar por prurido (que pode infetar)
Pediculus humanus capitis
Pediculose Agente causal: piolho do corpo Dois sexos são hematófagos
Lesões cutâneas (dermatose pruriginosa)
Pode também ser vetor de: tifo exantemático (Rickettsia prowazekii),
febre das trincheiras (Bartonella quintana)
febre recorrente cosmopolita (Borrelia recurrentis)
Doença ubiquitária muito contagiosa
Transmissão Interhumana direta ou indireta, muito contagiosa
Do púbis: venérea ou através do vestuário ou roupa de cama
Pediculoses Epidemiologia Repartição geográfica
Corporal: rara nos países com desenvolvimento de instalações sanitárias Favorecida pela falta de higiene, pobreza e promiscuidade Do couro cabeludo: frequente nas comunidades de crianças em todos os países e diferentes meios sociais
Reservatório natural Homem é único reservatório Piolho do corpo vive nas pregas do vestuário Piolho do couro cabeludo: postura dos ovos ou lêndeas fixadas à base dos cabelos Piolho do púbis vive nos pelos púbicos mas pode surgir noutras zonas pilosas
Pediculoses Fisiopatologia e clínica
Fisiopatologia
Só têm contacto com a pele para se alimentarem
Picada, desagradável, provoca uma pápula de cor rosa, pruriginosa, com lesões de arranhadela que podem infetar
Clínica
Corporal Prurido violento responsável por escoriações e erupção máculopapulosa das costas
Do couro cabeludo Prurido
Adenopatias cervicais
Ptirose (do púbis) Prurido permanente
Escoriações
Pediculoses Diagnóstico Corporal
Prurido intenso
Escoriações com erupção máculopapulosa
costas e tórax, ombros
Leucomelanodermia se for uma infestação crónica
Observação de lêndeas ou piolhos
Couro cabeludo
Prurido no couro cabeludo
Lesões de arranhadura não acompanhadas de adenopatias cervicais
Lêndeas e piolhos castanhos, alongados, visíveis
Diagnóstico clínico
Pediculoses corporal Tratamento
Individual e coletivo lavagem frequente, terapêutica específica
tratar eventuais complicações e casos anexos para romper cadeia de transmissão
Deve-se tomar duche com sabão
Pediculicidas (piretrinóides) particularmente ao nível das zonas poluídas
Obrigatório mudar diariamente de vestuário e de roupa de cama, seguida da sua desinfestação
Tratar eventual sarna associada
Pediculose do couro cabeludo tratamento Tratamento deve ser individual (lavando muitas vezes, instituindo terapêutica específica e
tratando as eventuais complicações) e coletivo (tratando os casos anexos e a rompendo a cadeia de transmissão)
Malatião em solução é preferível aos piretróides no tratamento da primeira intenção, secundarizando o champô
Após tratamento, eliminar o produto com champô doce e pentear com pente de dentes finos para eliminar as lêndeas
Repetir tratamento 7 a 10 dias depois
Tratamento químico obriga ao tratamento das roupas de cama, lavadas a 60ºC
Ptirose púbica Piolhos do púbis (Phtirius inguinalis)
Diagnóstico
Baseia-se na descoberta do piolho adulto e lêndeas: diagnóstico clínico
Prurido é local geralmente com lesões de arranhadura que geralmente infetam e são acompanhadas de adenopatias inguinais
Visualização de lêndeas acinzentadas de pequeno tamanho e de piolhos imóveis na base dos pelos é diagnóstico
Piolhos Tratamento
Tratamento
Sempre da roupa
Pediculose corporal
Boa higiene
Pediculose do couro cabeludo
Tratamento local
Ptirose
Tratamento com aerossol que associa piretrina com piperonilo
Piolhos - tratamento
Inseticidas clorados Lindano + amileína (creme)
Organofosforados Malatião (loção)
Piretrinas naturais ou de síntese
Fenotrina (champô, loção)
Permetrina (creme)
Associações Piretrina + pipenolide
Depaletrina + piperolina
Permetrina + piperolina + enoxolone
Esdepalétrina + piperolina
Malatião + permetrina + piperolina
Diversos Cromaticon
Piolhos no couro cabeludo
Tratamento
Rapar a cabeça
Ivermectina 200 μg/kg em toma única com uma segunda cura 10 dias depois
Prevenção
Desinfetar vestuário
Tratar contactos
Pulgas propriamente ditas
Postura dos ovos no solo após uma refeição sanguínea > larvas móveis que vivem nas zonas húmidas e escuras.
Picada pruriginosa ou pápulo-vesiculosa caraterísticas pela sua localização coberta e de reagrupamento linear.
Homem: Pulex irritans
Rato: Xenopsylla cheopis
Cão: Ctenocephalides canis
São vetores da peste, do tifo murino e de duas ténias: Dipsylidium caninum e Hymenolepsis diminuta
Pulgas = tungose
Deve-se há penetração na epiderme da fêmea da Tunga penetrans Persiste na América intertropical, África negra, Antilhas, Seicheles, Paquistão, e na costa ocidental da Índia. Adultos vivem na areia, e entrando em contacto com um animal (porco, cão, homem) penetra em profundidade e aumenta de peso. No homem penetração cutânea é pruriginosa e em 4 a 5 dias surge uma lesão nodular do tamanho de uma ervilha, com um ponto negro central correspondente ao orifício da postura. Geralmente contraída por marchar com pés descalços. Tratamento
extração assepticamente a pulga, sem ferir, com uma pequena agulha. Em caso de infeção múltipla: Niridazol.
Lepra: definição Doença crónica granulomatosa da pele, mucosas e nervos periféricos causada
Mycobacterium leprae
micobactéria intracelular obrigatória também chamada de bacilo de Hansen
Tem uma velocidade de replicação muito lenta (de 26 a 30 dias)
cresce preferencialmente a baixas temperaturas (27 a 30ºC)
Lepra: epidemiologia A incidência da lepra diminuiu depois que a OMS lançou o seu programa de erradicação com a poliquimioterapia (PQT) em 1981. O número de novos casos no mundo evoluiu da seguinte forma: 1985: 5.200.000
2001: 763.262
2004: 407.791
A lepra é a primeira causa mundial de neuropatia periférica
Lepra: distribuição em 2004 Total de novos casos recenseados de lepra: 407.791. Cerca de 84 % destes novos casos concentrados em 9 países:
Índia (260.063 novos casos: 63,8 %) Brasil (49.484 novos casos: 12,1 %)
República Democrática do Congo Nepal
República Unida da Tanzânia Moçambique
Madagáscar Angola República Centro-Africana
Lepra
Modo de transmissão não completamente estabelecido
Via aérea será a principal forma de
contaminação
Formas lepromatosas presença de grande nº de bacilos nas
mucosas nasais
Lepra: transmissão
Presume-se que os bacilos penetrem o hospedeiro nas mucosas nasais e vias respiratórias superiores, donde se
disseminam por via hematogénea para a pele e nervos, onde se multiplicam
regiões mais frescas do corpo (queixo, regiões malares, lobos da orelha, nádegas, joelhos, extremidades distais),
nervos motores e sensitivos que passam sob a pele, testículos, câmara anterior do olho, periósteo e gânglios
Lepra: transmissão Outras vias de transmissão
Contacto pele a pele
sobretudo em caso de ferida aberta
Transplacentar (congénita) Se a grávida é atingida por forma lepromatosa não tratada (eritema nodoso
leproso)
Contactos familiares têm um risco acrescido de desenvolver a doença
8 vezes mais elevado se o caso índice for multibacilar e 4 vezes mais elevado se o caso índice for paucibacilar
Lepra: transmissão Recomendado o tratamento profiláctico dos
contactos familiares
pelo maior risco de desenvolver a doença
porque formas subclínicas são frequentes (DNA do bacilo encontrado PCR nas secreções nasais de um bom número de contactos)
Reservatórios animais Armadilho nos Estados Unidos e na América Central Chimpanzé em África e macaco na África Oriental
A infecção pelo VIH não aumenta o risco de lepra contrariamente às outras
micobactérias
Lepra: manifestações clínicas Desenvolvimento da lepra depende grandemente da reacção imunitária do
hospedeiro (imunidade celular)
Existe também susceptibilidade genética para a desenvolver
Só uma parte ínfima das pessoas expostas desenvolve a doença
Período de incubação = 2 a 5 anos (pode ir até 20 ou mesmo 40 anos)
Antes do aparecimento das lesões, alguns indivíduos apresentam prurido e parestesias
Lepra: classificações Classificação clínica da lepra da OMS
Lesão única Paucibacilar (PB): índice bacilar é igual a zero ou a apresentação clínica indica a presença de 2 a 5 lesões cutâneas. Multibacilar (MB): índice bacilar é superior a zero ou a apresentação clínica indica a presença de 6 lesões cutâneas ou mais.
Classificação de Ridley-Jopling (categoriza lesões segundo o aspecto das lesões e do índice bacilar): Indeterminada e
TT: forma tuberculóide BT: forma borderline tuberculóide
BB: forma borderline BL: forma borderline lepromatosa
LL: forma lepromatosa
Lepra – clínica: forma indeterminada
É o começo da doença
Cura espontaneamente (maioria dos casos) ou permanece inalterada durante vários anos ou evolui para a forma
tuberculóide ou lepromatosa.
Lesões cutâneas têm o aspecto de uma ou várias máculas ± bem definidas
pele negra: máculas hipopigmentadas - pele branca: ligeiramente eritematosas.
Textura da pele, sensibilidade e sudação estão alteradas e as manifestações são difíceis de detectar clinicamente. Os nervos periféricos estão normais.
Esfregaços das lesões são negativos ou fracamente positivos, sendo o diagnóstico histiopatológico.
Lepra clínica – forma tuberculóide (TT)
Lesões cutâneas pouco numerosas
uma ou várias máculas hipopigmentadas e eritematosas com bordos nítidos por vezes papular
Tamanho das lesões entre < 1 cm a grandes extensões que cobrem uma grande
superfície de uma região do corpo (face, ombro, nádega).
Interior da lesão cutânea com perda de sensação, baixa da sudação e perda de pilosidade, podendo curar ou aumentar.
Lesão cutânea por vezes associada a compromisso de um nervo palpável ao lado
da lesão.
Um nervo hipertrofiado ou sensível deve sempre fazer suspeitar de lepra.
O compromisso neurológico é precoce, assimétrico, severo e bem limitado a uma zona circunscrita.
Lepra clínica – formas borderline (BB, BT, BL)
Também chamadas de intermediária ou dimórfica
Características das formas tuberculóide e lepromatosa, podendo evoluir para qualquer destas formas
Lesões são mais numerosas e vários nervos podem estar atingidos
Compromisso neurológico é importante e surge mais cedo que a LL
Lepra clínica – forma lepromatosa (LL)
Bacilos de Hansen multiplicam-se e disseminam-se livremente (bacteriémia antes do aparecimento das lesões cutâneas)
No início, máculas sem compromisso sensitivo. Pele com aparência oleosa.
Progressivamente, as lesões infiltram e hipertrofiam-se para gerar nódulos no rosto - fácies leonino, nádega, sobrancelha
Lepra clínica – forma lepromatosa (LL)
Perda da pilosidade
Alterações sensitivas das mãos e dos pés.
Compromisso dos nervos é lenta, tardia (surge após uma longa evolução) e mais difusa (por exemplo em luva e em meia)
Atrofia testicular com orquite seguida de infiltração do testículo por
bacilos, pode causar azoospermia e ginecomastia
Forma juvenil
difícil de diagnosticar
Vagas de máculas com bordos indistintos, sem bacilos, histiopatologia confirma o diagnóstico
É importante o diagnóstico precoce e a classificação correcta (tratamento)
Habitualmente, repousa
nas lesões cutâneas anestésicas na hipertrofia dos nervos periféricos
na observação dos bacilos nos esfregaços cutâneos e na histiopatologia
Por vezes, os doentes consultam o ORL por causa da congestão nasal.
PCR feito na biópsia ou serologia são positivo em metade dos casos.
Lepra - diagnóstico
Exame físico Pesquisa de nervos atingidos: hipertrofia, perda de sensibilidade (dolorosa e termo-álgica), perda de motricidade.
Esfregaço
Da mucosa nasal (escovar ou amostra cutânea nos bordos das máculas e nódulos, ou sobre os lobos das orelhas). Material recolhido em lâmina, fixado e depois colorado pelo método de Ziehl-Neelsen
Biópsia e histologia cutâneas
Permite identificar os bacilos e classificar a doença Serologia PCR Estudos da condução nervosa
Lepra - diagnóstico
Objectivo : curar a lepra, prevenir e tratar as complicações. OMS recomenda poliquimioterapia (PQT): Lesão única. Uma dose única da combinação ROM se o esfregaço cutâneo é negativo e na ausência de compromisso de um tronco nervoso:
rifampicina 600 mg, ofloxacina 400 mg e minociclina 100 mg. Lepra paucibacilar. Duração do tratamento é de 6 meses:
dapsona 100 mg, 1 vez por dia e rifampicina 600 mg, 1 vez por mês. Lepra multibacilar. A duração do tratamento é de 1 ano:
dapsona 100 mg, 1 vez por dia e clofazimina 50 mg, 1 vez por dia rifampicina 600 mg e clofazimina 300 mg a tomar 1 vez por mês sob supervisão.
A fisioterapia precoce permite melhorar a função e reduzir as contracturas.
Lepra - Tratamento
É preciso explicar aos doentes que se devem auto-examinar, tratar as lesões cutâneas (lavagem e penso próprio) e consultar precocemente para evitar lesões crónicas e mutilantes. É recomendado trazer luvas e meias adequadas para bem proteger mãos e pés. A lavagem dos pés, seguida de aplicação de vaselina para prevenir fissuras cutâneas, também está recomendada. É preciso lavar as úlceras cutâneas com água e sabão, e administrar antibióticos em caso de supuração. A fisioterapia precoce permite melhorar a função e reduzir as contracturas. É preciso corrigir deformidades pela cirurgia. Uma oclusão protectora do olho ou um unguento, são recomendados para proteger contra a queratite de exposição.
Lepra – Prevenção das complicações neurotrópicas
Acesso gratuito ao diagnóstico e ao tratamento contra a lepra nos serviços de saúde. Formação de cada agente de saúde para reconhecer e tratar a lepra. Educação das populações para reduzir o medo da lepra, e para os indivíduos serem capazes de reconhecer as manifestações precoces da doença e que consultem para receber um tratamento precoce. Estratégia de tratamento repousa sobre uma poliquimioterapia eficaz. Vacinas mostraram uma certa eficácia nos contactos dos casos de lepra
Lepra – prevenção e controlo programa de erradicação da OMS
Ácaros
Larvas de Thrombicula autumnalis
Pradarias e florestas temperadas
Na pele geram o eritema outonal
Tratamento
Pomadas antihistamínicas
Profilaxia: inseticidas ou repulsivos (dimetilftalato)
Escabiose
Bem conhecida das tropas de Napoleão
Ácaro Scarcoptes scabiei
Prurido noturno
Pápulas vermelhas, edematosas, escoriações entre os dedos, ombros, nádegas, pénis e escroto
Carraças
Hematófagas, com picada geralmente dolorosa
Algumas espécies são vetoras de
Borrelioses
Rickettsioses
Arboviroses
Outras espécies: paralisia ascendente
Míases Larvas de mosca
Míases epicutâneas
Míases planas
Míases subcutâneas
Míases das cavidades e canais naturais da face, intestinais ou urinárias
Limpeza e extração manual ou asfixia larvar com vaselina, óleo de parafina...) + tiabendazol
Por vezes anestesia da larva com clorofórmio)
Herpes genital
Vírus do herpes simples é a causa mais frequente de úlcera genital
Como não é de declaração obrigatória os dados existentes não são rigorosos
Primeiros episódios são mais graves e estão associados a sintomas sistémicos e locais genitais múltiplos
Caraterísticas das úlceras genitais em DST Herpes Sífilis Cancróide Linfogranuloma
venéreo Granuloma inguinal
Lesão primária Vesículas Pápula, cancro Pápula ou pústula eritematosa
Pápula, pústula ou vesícula
Pápula
Número de lesões Múltiplas (podem coalescer)
Geralmente uma
Geralmente uma a três
Geralmente uma
Uma ou múltiplas
Bordos Eritematosos Bem definidos Eritematosos Variáveis Roliços e salientes
Profundidade Superficial Superficial Escavada Superficial Saliente
Base Vermelha e lisa
Vermelha e lisa com rigidez de cartão
Amarela e cinzenta
Variável Vermelha e irregular
Secreção Serosa Serosa Purulenta e hemorrágica
Variável Rara, pode ser hemorrágica
Enduração Nenhuma Fixa Rara, macia Nenhuma Fixa
Dor Comum Rara Frequente Variável Rara
Adenopatias Moles, fixas Não moles, fixas Moles, podem supurar
Moles, podem supurar
Pseudo-adenopatias
Molluscum contagiosum
Poxvirus
Múltiplas pápulas de tonalidade pérola, moles, serosas e umbilicadas
Associada a outras DST em 67% dos casos
Autoinoculação é comum
....
Sanguessugas
Atacam pele e mucosas
Mordedura pode ser dolorosa
Ferida sangra muito tempo
Tratamento
Queimada
Anestesiado (cloreto de etilo)
Incomodativos
Percevejos
Baratas
MORDEDURA HUMANA
• Feridas contusas e lacerações
• Orelha, nariz, pénis e tendões da mão - GRAVES -
• Feridas muito contaminadas
• Lavagem com soro fisiológico abundante e desinfeção
• Cobertura antibiótica
• Encerramento primário tardio das feridas ou por 2ªintenção
• VAT (SORO ANTITETÂNICO)
Mike Tyson arranca a orelha de Evander Holyfield durante o combate
do boxe
MORDEDURAS E PICADAS DE ANIMAIS VENENOSOS
MORDEDURA
MAMÍFEROS (CÃO, GATO…)
raiva, infecção fúngica e bacteriana
COBRA
PICADA ARANHA ABELHA CENTOPEIA ESCORPIÃO PEIXE-ARANHA MEDUSAS (“ALFORRECA”)
MORDEDURAS DE ANIMAIS NÃO VENENOSOS
Mordedura de gato • Lavagem das feridas com solução detergente e abundante soro fisiológico
• Não suturar as feridas
• Profilaxia antibiótica
• VAT
• Aplicar PROTOCOLO DA RAIVA
• “Doença da arranhadura do gato”
– Edema local duro
– Adenopatia regional
– Febre
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordedura de mamífero (homem, cão, gato, morcego…) – feridas contusas e lacerações
• GRAVES: orelha, nariz, pénis e tendões da mão
• Feridas muito contaminadas
• Lavagem das feridas com solução detergente/desinfectante e abundante soro fisiológico
• Não suturar as feridas se não estiverem bem limpas (encerramento tardio ou por 2ªintenção)
• Cobertura antibiótica e VAT e aplicar PROTOCOLO DA RAIVA
RAIVA
Antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico, contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, arranhadura ou lambedura Caracteriza-se por sintomatologia nervosa (encefalite) que acomete animais (cão, gato, rato, bovino, equino, suíno, macaco, morcego, animais selvagens... e seres humanos). É geralmente mortal depois de declarada.
• Tratamento pós-exposição = vacinação, eventualmente associada à imunoglobulina específica
• Doença de declaração obrigatória e profissional. • Em Portugal há casos esporádicos de raiva animal e o
morcego pode transmiti-la.
Propriedade antigénicas, patogenia e epidemiologia
Vírus rábico possui dois antigénios principais: interno (nucleoproteína): grupo-específico , identifica mas não protege
externo (glicoproteína): responsável por formar anticorpos neutralizantes
Porta de entrada principal via transcutânea: vírus presente nas glândulas salivares do animal raivoso é neurotrópico, progride ao longo dos nervos - axônio e bainhas envolventes - de modo centrípeto.
Duas formas epidemiológicas
urbana, propagada principalmente pelo cão e pelo gato; selvagem, cujos reservatórios e transmissores são carnívoros e selvagens,
principalmente felídeos, canídeos e mustelídeos raposa, lobo, chacal, texugo, mangusto, morcegos
SINTOMAS E SINAIS NOS ANIMAIS
Alterações de comportamento
Fotofobia (medo do claro)
Incoordenação muscular
Mordidas no ar
Salivação excessiva
Ataxia e paralisia dos membros posteriores
Morte por paragem respiratória
SINTOMAS E SINAIS NO HOMEM
Independente da forma de penetração, o vírus dirige-se sempre para o sistema nervoso central.
Período de incubação varia com o local da inoculação e a quantidade inoculada (cabeça, pescoço ou membros superiores = período de incubação mais breve)
febre com cefaleia e depressão nervosa
Inquietação e agitação
Espasmos dolorosos na laringe e faringe
• Dificuldade respiratória
• Qualquer tipo de excitação pode provocá-los (luminosa, sonora, aérea, etc.)
• Hidrofobia: espasmos violentos quando vê ou tenta beber água
• Ataques de terror tendência à vociferação, gritaria e agressividade, com alucinações visuais e auditivas, baba e delírio.
• Paralisia flácida da face, da língua, músculos da deglutição e oculares
PROFILAXIA
Vacinar os animais de estimação a partir de 3 meses de idade e depois anualmente
Capturar cães de rua
Controlar transmissores (morcegos)
Se animal suspeito:
Deve ser isolado e ficar em observação ou sofrer eutanásia, para ser realizado um exame do cérebro e tronco cerebral em busca do vírus
Se houver sintomas clínicos sugestivos de raiva >>> inoculação em camundongos
Cão e gato imunizados e foram mordidos por animal comprovadamente raivoso: devem ser revacinados e observados durante 90 dias.
MORDEDURAS DE SERPENTES
Mordeduras de cobra
– Citotóxicos
– Neurotóxicos
– Hematotóxicos
Padrão de picada na pele
Pupilas elípticas
Venenosa
Pupilas redondas
Não venenosa
Maioria inofensiva
Entre as 2.500 espécies conhecidas, 500 são venenosas e destas, 30 serão as responsáveis por 100.000 mortes por ano Maioria caça de noite e
mais ativas na estação das chuvas em meio tropical
> 5 milhões de mordeduras com 125.000 mortes/ano
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de cobra com veneno citotóxico
Lesão local dos tecidos e do endotélio vascular provocando Dor local intensa
Edema marcado Equimoses, flictenas
Aumento dos gânglios regionais Sintomas gerais: náuseas, vómitos, tonturas
Cuspideira Surucucu
Mordeduras de cobra com veneno citotóxico
Dor local intensa - Edema marcado - Equimoses, flictenas
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de cobra com veneno hematotóxico (Viperídeas)
Sintomas desenvolvem-se algumas horas depois da mordedura (síndromas hemorrágico e local)
Hemólise
Coagulação Intravascular Disseminada
Equimoses
Epistáxis
Hemoptises
Hematúria
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
• O veneno causa paralisia dos músculos esqueléticos sem afectar a musculatura lisa e o SNC
• Podem ocorrer efeitos cardiotóxicos
• Não há dor significativa nem edema no local da mordedura
• Sintomas têm inicio após 15-30 minutos
• Paralisia dos músculos respiratórios e falência respiratória
• Oftalmoplegia por paralisia dos músculos oculares
• Fala e deglutição são afectadas
Mordeduras de cobra - tratamento
Primeiros socorros (atenção pré-hospitalar)
Lavagem da ferida com água abundante Penso compressivo (ligadura elástica) em todo o membro a
partir da extremidade distal Imobilização do membro Doente em repouso absoluto
Não usar torniquetes nem fazer sucção da ferida
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de cobra - tratamento
Medidas Gerais Internamento hospitalar Manter o doente em decúbito Obter história e pesquisar sinais locais e sistémicos de envenenamento Lavagem da ferida com Clorhexidina a 0,05% VAT
Correcção da anemia e tendência à hemorragia
Realizar provas de coagulação Transfundir sangue total (ou plasma congelado ou concentrado de plaquetas consoante as necessidades) Vitamina K1
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
LESÃO CARDIOVASCULAR Isquémia miocárdio- arritmias
RABDOMIÓLISE Típica das serpentes marinhas – mialgias e contracturas musculares
INSUFICIÊNCIA RENAL Desidratação – estado de choque – hemólise – diuréticos podem agravar IR
PROJEÇÕES OCULARES Dores oculares intensas – blefarosespasmo – edema palpebral – midríase -
cegueira
OUTROS SINTOMAS Não específicos digestivos – cefaleias – acufenos – convulsões –
broncoconstrição – edema agudo do pulmão – síndroma febril...
MORDEDURA DE COBRA – TRATAMENTO
Soro anti-ofídio de contexto geográfico
Conservar a função respiratória
Hemorragias com imunoterapia adaptada
Via venosa permeável – tratamento antiálgico (paracetamol,
morfina) – repouso absoluto – oxigenoterapia – adrenalina no
choque anafilático
Contraindicados sedativos e salicilatos
Hospitalizar
MORDEDURA DE COBRA – TRATAMENTO
Mordeduras de cobra - tratamento
Verificar necessidade de ventilação assistida (Sat O2, dificuldade respiratória) Excluir necessidade de fasciotomia (Síndrome de compartimento) ou desbridamento cirúrgico Administrar fluidos para tratar e/ou prevenir o Choque Administrar Prometazina (0,5 mg/kg diluída em soro e.v. lento - dose única) Analgesia Cobertura antibiótica largo espectro Corticóides ????
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de cobra - tratamento
Soro anti-ofídio
Reacções de hipersensibilidade podem ser graves Realizar sempre provas de sensibilidade Estar preparado para manobras de reanimação
Prova de sensibilidade: 0,1 ml de SAO diluído em 1 ml de soro fisiológico sc Administrar o SAO polivalente ou específico (se identificada a cobra) conforme as indicações do fabricante
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Vipera ammodytes
África
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de abelha Produz uma pápula dolorosa que pode ir
aumentar nas 48 horas seguintes
Pode haver reacções alérgicas graves
Tratamento sintomático (anti-histamínicos e corticóides)
Deve retirar-se o “ferrão”
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de centopeia
Edema e dor local que geralmente não persistem mais de 48 horas
Pode haver manifestações sistémicas na criança
Os “mil patas” não mordem mas produzem uma secreção irritante (olhos)
Tratamento sintomático
Corticóides locais
• QUASE TODAS SÃO VENENOSAS
• MAIOR PERIGO PARA AS CRIANÇAS
• Sintomas e Sinais
– Náuseas, vómitos
– Sudação
– Ansiedade
– Astenia marcada
– Edema palpebral
– Rash cutâneo
– Aumento da produção de saliva
– Insuficiência renal (rara)
Mordeduras de aranha
Dor local de intensidade variável Formação de bolhas e flictenas Áreas de necrose local
Tratamento
– Lavagem e desinfecção
– Tratamento das úlceras tardias
– Tratamento sintomático
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS - ARACNÍDEOS
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de aranha
Phoneutria Loxosceles Mygales
MORDEDURAS DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordeduras de escorpião
CAÇAM DE NOITE E DE DIA REFUGIAM-SE EM BURACOS, BOTAS... ALGUMAS ESPÉCIES MATAM MAS 95% SÓ DOR LOCAL ATINGEM PRINCIPALMENTE CRIANÇAS USO DE SORO AINTIEXCORPIÓNICO É CONTROVERSA (SÓ RECOMENDADA NA AMÉRICA LATINA MAS NÃO EM ÁFRICA) CORTICOTERAPIA É INEFICAZ
Algumas espécies produzem venenos muito activos Particularmente perigoso em crianças Dor
Edema local Flictenas
Movimentos anormais da cabeça e globo ocular
Aumento da salivação
Astenia marcada
Dificuldade respiratória
Analgésicos Corticóides Anti-histamínicos Cuidados locais da lesão em função da evolução
MORDEDURA DE ANIMAIS VENENOSOS
Mordedura de peixe-aranha
Veneno num espículo da barbatana dorsal Risco de infecção aumenta na presença de
fragmentos do espículo
Dor intensa imediata
Náuseas Vómitos
Sudação
Ansiedade
Dificuldade respiratória (rara)
Veneno inactivado pelo calor - Membro em água muito quente
Tratamento sintomático
Desinfecção da ferida e extracção de espículas
Scorpaenidae e Raia
Cada tentáculo contem milhões de nematocistos
A gravidade da lesão depende da espécie
Rash cutâneo com prurido e dor
Formação de vesículas que podem infectar
Náuseas, vómitos, espasmos musculares
Lavagem com vinagre (solução de acido acético)
Corticóides, anti-histamínicos e analgésicos
CONTACTO COM MEDUSAS