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ECUMENISMO: SERÁ POSSÍVEL QUE O MOVIMENTO ECUMÊNICO VENHA SE TORNAR REALIDADE? Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. João 10:16 CLIQUE NO VÍDEO: O Trem do Ecumenismo. NOTA: A Bíblia é o meu Manual de Vida, por isto, com base não somente no versículo básico acima, particularmente, não tenho a menor dúvida de que todas as tentativas objetivando tornar realidade o Ecumenismo do mundo serão frustradas, mormente quando presenciamos constantes dissidências de membros e divisões de igrejas da mesma denominação cristã. Contudo, para que não sejamos medíocres e estigmatizados como “Maria vai com as outras ou Maria vai com todas”, vamos compartilhar esse tema para reflexão de meus Irmãos em Cristo. O que é Ecumenismo? Ecumenismo é a busca da unidade entre todas as igrejas cristãs. É um processo de entendimento que reconhece e respeita a diversidade entre as igrejas. A ideia de ecumenismo é exatamente reunir o mundo cristão. Na prática, porém, o movimento compreende diversas religiões inclusive aquela não cristã. O ecumenismo procura estabelecer boas relações de amizade entre pessoas e igrejas diferentes. Realiza trabalhos em conjunto para ajudar os necessitados e lutar por justiça. Realiza celebrações e orações em conjunto para causa da unidade, e realiza estudos sobre as doutrinas das várias igrejas, em busca de métodos novos para tratar as divergências. O termo ecumenismo teve origem no grego “oikoumene” que significava “o mundo civilizado”. Na Bíblia a palavra oikoumene é traduzida como “todo” e “universal”. Origem do ecumenismo No período de formação da Igreja uma de suas principais características era a união, a solidariedade e o amor fraternal, porém, ao longo dos séculos esse ideal foi se desintegrando. A grande divisão teve início entre cristãos latinos e gregos, que teve seu cume no século XI. Mais tarde, no século XVI houve a separação entre católicos e protestantes, em seguida outras divisões foram surgindo ao longo da história.

ECUMENISMO: SERÁ POSSÍVEL QUE O MOVIMENTO ECUMÊNICO VENHA SE TORNAR REALIDADE?

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ECUMENISMO: SERÁ POSSÍVEL QUE O MOVIMENTO ECUMÊNICO VENHA SE TORNAR REALIDADE?

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  • ECUMENISMO: SER POSSVEL QUE O MOVIMENTO

    ECUMNICO VENHA SE TORNAR REALIDADE? Ainda tenho outras ovelhas que no so deste aprisco; tambm me convm agregar estas,

    e elas ouviro a minha voz, e haver um rebanho e um Pastor. Joo 10:16

    CLIQUE NO VDEO: O Trem do Ecumenismo.

    NOTA: A Bblia o meu Manual de Vida, por isto, com base no somente no versculo bsico acima,

    particularmente, no tenho a menor dvida de que todas as tentativas objetivando tornar realidade o

    Ecumenismo do mundo sero frustradas, mormente quando presenciamos constantes dissidncias de

    membros e divises de igrejas da mesma denominao crist. Contudo, para que no sejamos medocres

    e estigmatizados como Maria vai com as outras ou Maria vai com todas, vamos compartilhar esse tema para reflexo de meus Irmos em Cristo.

    O que Ecumenismo?

    Ecumenismo a busca da unidade entre todas as igrejas crists. um processo de entendimento que

    reconhece e respeita a diversidade entre as igrejas. A ideia de ecumenismo exatamente reunir o mundo

    cristo. Na prtica, porm, o movimento compreende diversas religies inclusive aquela no crist.

    O ecumenismo procura estabelecer boas relaes de amizade entre pessoas e igrejas diferentes. Realiza

    trabalhos em conjunto para ajudar os necessitados e lutar por justia. Realiza celebraes e oraes em

    conjunto para causa da unidade, e realiza estudos sobre as doutrinas das vrias igrejas, em busca de

    mtodos novos para tratar as divergncias.

    O termo ecumenismo teve origem no grego oikoumene que significava o mundo civilizado. Na Bblia a palavra oikoumene traduzida como todo e universal.

    Origem do ecumenismo

    No perodo de formao da Igreja uma de suas principais caractersticas era a unio, a solidariedade e o

    amor fraternal, porm, ao longo dos sculos esse ideal foi se desintegrando. A grande diviso teve incio

    entre cristos latinos e gregos, que teve seu cume no sculo XI. Mais tarde, no sculo XVI houve a

    separao entre catlicos e protestantes, em seguida outras divises foram surgindo ao longo da histria.

  • Na Europa e nos Estados Unidos foram criadas vrias sociedades que reuniam presbiterianos, metodista,

    batistas e episcopais, que se reuniam em prol da mesma causa. O precursor do ecumenismo foi o

    missionrio Carey, que em 1810 sonhava com uma conferncia missionria internacional, que no se

    realizou. O movimento missionrio que se conhece hoje surgiu a partir de 1910, em Edimburgo, na

    Esccia. A principal expresso desse movimento o Conselho Mundial de Igrejas, criado na Holanda em

    1948.

    Os Perigos do Ecumenismo

    FONTE: Pastor Waldir Ferro - Igreja Batista Livre de Sud Mennucci. Sud Mennucci, So Paulo (018) 756-

    1328. www.solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/ Introduo

    Este estudo nasce da preocupao de que, isoladas umas das outras, nossas igrejas possam entrar

    na corrente geral, influenciadas por agentes deste grande mal que o Ecumenismo. Ele no

    uma novidade, mas vem sendo introduzido lentamente e suas estratgias adaptadas s novas situaes

    encontradas atravs dos anos. Isto pode fazer com que no o reconheamos. como um menino que

    cresceu longe de ns e por isso no o reconhecemos ao v-lo tempos depois, por sua aparncia mudada.

    O significado do termo "Ecumnico" curioso e importante para que saibamos com o que estamos

    lidando. Segundo os dicionrios, Ecumnico "mundial, geral ou universal", tendo sua raiz etimolgica no

    grego oikoumene (oicumene) termo este que, na Bblia traduzido por J.F. de Almeida por "Mundo", expressando todo o "Universo de pessoas conhecido" ou o "conjunto de todas as coisas existentes". (Veja

    Mat. 24:14; Lc 4:5 e At. 17:31)

    Sua origem e seu promotor

    Sem dvida, espiritualmente falando, sua origem e promoo reside em Satans, o "Pai da mentira",

    pois o Ecumenismo depende da mentira para existir. Mas, quem est sendo usado para introduzi-lo e

    difundi-lo no mundo? Quem so os mordomos de Satans que cuidam de seus interesses com relao a

    esse assunto?

    Para chegarmos resposta a isto, precisamos antes, desmitificar a ideia de que existe mais de um

    tipo de ecumenismo ou, o lado "bom" e o lado "ruim". Ele nico, e todo ruim. Ele no nasceu com este

    nome e difcil datar seu nascimento. No entanto, fica claro, historicamente, que desde a Grande Reforma

    Protestante de 1520, no faltaram episdios que demonstrassem interesses em uma aproximao entre

    o catolicismo e seus dissidentes diretos (anglicanismo, luteranismo e ortodoxos). Entre os evanglicos

    em 1846 surgiu em Londres, um movimento chamado Aliana Evanglica. J no nosso sculo, em l908,

    vrias igrejas protestantes tentaram uma aproximao em torno de uma organizao com fins sociais,

    abrindo mo de posies doutrinarias. Organizaram, ento, o Conselho Federal das Igrejas de Cristo na

    Amrica. Com o clima sombrio que antecedia a primeira Guerra Mundial, esta organizao uniu-se a igrejas

    protestantes europeias, fundando assim em agosto de 1914, a Aliana Mundial para Promover a Amizade

    Internacional atravs das igrejas.

    Aps a Guerra, em 1919, esta organizao interdenominacional voltou a se reunir e mudou seu nome

    para Confederao Mundial Crist de Vida e Ao. J em 1937, quando voltaram a se reunir em Oxford,

    na Inglaterra, participavam dela a igreja anglicana e ortodoxa (catlicos dissidentes). Um outro movimento

    surgido em 1910 na Esccia, o F e Constituio, que visava unidade doutrinaria, uniu-se em 1938 ao Vida

    e Ao e, em 1948 deram origem ao Concilio Mundial de Igrejas com sede em Amsterd na Holanda.

    Antes mesmo que se reunissem em sua III Assembleia em Nova Dlhi na ndia (1961), ao observar a

    facilidade e rapidez com que se uniram igrejas em um ideal unicionista, o Vaticano adotou a ideia e , em

    junho de 1959 o papa Joo XXIII ( 58 63) na sua encclica "Ad Petri Cathedram", lanou as bases do

  • movimento ecumnico, convidando todos os "irmos separados" a unirem-se a "Igreja Me". Durante seu

    reinado, o papa Paulo VI (63-78) visou amplamente este ideal, fortemente demonstrado no Conclio

    Ecumnico Vaticano II, em seu decreto "Unitatis Redintegratio" cujo, 1 captulo intitula-se: "Os princpios

    Catlicos do Ecumenismo".

    Assim, a partir da dcada de 60 vimos o monstro ganhar nome. E o seu nome Ecumenismo (que

    como o termo Catlico, vindo do latim, quer dizer Universal). Desde ento, quem tomou as rdeas do

    movimento foi o Vaticano, o seu maior interessado, como "me de todas as prostituies", contando ainda,

    com a colaborao de muitas organizaes, como o Conclio Mundial de igrejas e as Sociedades Bblicas.

    A razo de ser do ecumenismo

    Uma igreja acostumada a prevalecer, no pela razo, mas pela imposio de uma religio estatal,

    desde o tempo de Constantino em 313, nunca pode ver com bons olhos a perda da influncia e de poder,

    o que a levou a terrveis perseguies como a "Santa Inquisio" na Idade Mdia ( ou a "idade das trevas"

    como melhor lhe convm), onde quem no era Catlico Apostlico Romano, no era cristo ,quem no

    era cristo deveria ser morto e ainda, quem os matasse, receberia recompensa em indulgncias ( perdo

    de pecados)..

    No sec. XX, principalmente aps os horrores da II Guerra Mundial, era preciso uma outra reforma,

    que no pela fora, para conter a constante e grande perda de adeptos. Eram anos de forte impulso

    missionrio por parte das igrejas evanglicas e o prprio movimento Anabatista (ou Batista) retomava

    grande fora aps terem sido expulsos da Europa catolicizada e, revigorados na Amrica do Norte, de

    onde partiam muitas misses.

    O movimento Unionista tornou-se o melhor meio de enfraquecer e derrubar o inimigo ou trazer de

    volta para si, os catlicos que, por motivos no dogmticos, haviam-se separado. No se pode dizer que

    o movimento foi um sucesso completo, pois trouxe apenas parte dos resultados ambicionados. O

    enfraquecimento dos batistas e de algumas outras denominaes tradicionais um fato inquestionvel e

    a desacelerao da perda de adeptos tambm ocorreu. Agora, o movimento comea a conseguir maior

    sucesso no que se refere recuperao de adeptos e o retorno dos dissidentes protestantes. O papa Joo

    Paulo II est propiciando uma sequncia ao Concilio Vaticano II com um excelente trabalho, a ponto de

    ser chamado por alguns como a resposta de Deus ao Vaticano II. Apesar de ser tido como extremamente

    conservador, ele est permitindo uma abertura a liberdade de ao para o clero, de forma que a

    "multifacetada Igreja Una" possa atuar da maneira que mais se aproxima do povo, com grupos de linhas

    muito diferentes como os da Teologia da Libertao, os Carismticos, os Tradicionais, etc. ... Com isto,

    consegue-se manter o catlico tradicional, o catlico que entende que a igreja precisa atuar mais nas reas

    sociais e na poltica e os que querem uma modernizao da missa, chegando mais perto do que o povo

    tem buscado naqueles que mais tem proselitado o povo catlico que so os pentecostais e

    neopentecostais.

    Seus Mtodos

    Nos anos que se seguiram ao Conclio Ecumnico Vaticano II, o padre Anibal Pereira Reis, converteu-

    se ao evangelho, desvinculando-se definitivamente da igreja romana em l965 e, em exame criterioso e

    imparcial, sem influncias externas, pessoalmente encontrou na Igreja Batista, aquela que defendia e

    praticava os ensinamentos neotestamentarios e, nela pediu batismo e serviu at o fim de seus dias. Porm,

    antes de abandonar a batina, este padre teve a oportunidade de ser "treinado", sobre como agir em suas

    relaes com outras denominaes e pode ver mudanas dentro das estratgias de trabalho da igreja,

    visando atender as diretrizes do Vaticano II. Num brado de alerta, o irmo Anbal desnudou estas coisas

    em alguns de seus livros (O Ecumenismo; O Ecumenismo e os Batistas e o Papa escravizar os Cristos?).

    Vamos resumi-los como segue:

  • A. Antigamente o Vaticano muito investia em escolas, por serem elas formadoras de pensamentos,

    podendo assim, influenciar fortemente a sociedade na base da formao de jovens, No entanto, a tendncia

    mundial (e no Brasil no foi diferente) de o Estado assumir o ensino e, ainda a consolidao dos meios de

    comunicao de massa (jornal, rdio e TV) fizeram com que se fechassem a maioria das escolas e se

    investisse em emissoras de rdio e TV e tambm jornais e revistas para ter acesso direto sociedade e

    poder vender seu peixe.

    B. A atitude de oposio e conflito com os evanglicos e seus lderes, antigamente uma regra, foi

    mudada por orientao de Roma. A partir do treinamento dado aos padres nos anos 60, a atitude passou

    a ser de afabilidade, para conquistar a simpatia do povo e do pastor (inclusive batistas). Com essa

    mudana, conseguiu-se confundir a cabea de muitos... Afinal, o "seu padre" agora "amigo" do pastor

    !??!

    C. Os clrigos foram tambm orientados a cativar especialmente os pastores, pessoas geralmente

    simples, prestigiando-os na sociedade, se possvel, at com cargos em entidades sociais, para o que os

    padres poderiam indic-los. Isto surtiria grandes efeitos, especialmente nas pequenas cidades do interior.

    D. Com um terreno devidamente preparado, seria muito conveniente, buscar ocasies para trabalhos

    em conjunto na sociedade e, principalmente, com ajuntamentos de cunho religioso, o que configurou

    os cultos ecumnicos, que hoje vemos, no raramente. Um detalhe que constava nas orientaes e no

    treinamento, o de que, embora devesse dar-se a palavra a cada um dos lderes religiosos presentes, que

    o representante catlico se colocasse de forma a transparecer sua superioridade sobre os demais, como

    representante da "igreja me".

    E. A pregao da ideia de que todos os cristos so irmos, filhos de um mesmo Deus, e que apenas

    estavam alguns separados da igreja me (Catlica Romana) por divergncias a respeito de pontos de

    menos importncia deveria levar a intimidar aqueles que, antes eram combativos. Tornou-se ento,

    ultrapassado, fora de moda, feio mesmo, resistir a um unionisno (o outro nome do ecumenismo). Criou-

    se a ideia de que no se deve dividir, polarizar, separar, combater, contestar, mas sim, unir, ajuntar,

    misturar, acomodar, evitar os pontos de discrdia. "TUDO PELO AMOR" que mentira.

    F. A ttica ecumensta sabia que, nem todos aceitariam facilmente e abertamente este ajuntamento.

    Mas, existem bons disfarces e meios-termos que poderiam satisfazer, quebrando o gelo para passos

    maiores no futuro. Se, por exemplo, o Batista no aceitasse uma atividade conjunta com o Catlico, talvez

    com o Presbiteriano ele o fizesse. (J que "so muito parecidos"). Como o Presbiteriano se mostrasse

    mais aberto ao dilogo ecumnico, (veja apndice) com o tempo, por meio deste intermedirio, menos

    radical, alcanar-se-ia o objetivo final. As reunies interdenominacionais so uma abertura que funciona

    como intermediao do Ecumenismo Pleno.

    Os tipos de prtica ecumensta

    Basicamente, encontramos dois tipos de prtica:

    A. Ampla, geral e irrestrita

    B. Interdenominacional (s vezes restrita s a um grupo como "tradicionais", "pentecostais/

    carismticos", "fundamentalistas", etc.)

    Mesmo que restrita a sua prtica entre um destes grupos, ou mesmo entre "evanglicos" em geral,

    entende-se que, quando se mistura povos de doutrinas diferentes, isto uma "generalizao" ou

    "universalizao", o que vem a ser Ecumenismo. Muitos pensam que quando os evanglicos se renem,

    mostram sua fora "contra" o catolicismo. Isto no verdade, porque esto abrindo mo de suas posies

    doutrinarias e, embora se mostrem com pujana no tamanho, nmero e muitas vezes no "barulho",

    mostram tambm fraqueza em contedo. Se abrem mo de suas crenas para se ajuntar entre si, at

    quando no abriro mo delas para juntar-se ao Romanismo? Alis, se o fazem com um, por que no com

    o outro???

  • Os seminrios, acampamentos, passeatas, congressos e cultos interdenominacionais, assim como

    os shows e consertos e os barzinhos e boates "Gospel" (evanglicos) grandemente contribuem para tais

    coisas. No se iluda: "interdenominacional" tambm quer dizer e ECUMENISMO --!!!

    Por que o ecumenismo perigoso?

    Ele perigoso porque no Bblico nem Cristo. afronta a Deus, Sua Palavra, Seu Filho e Sua Igreja

    e ao Esprito Santo tambm. Por isso no devemos entrar na onda e termos medo ou vergonha de sermos

    considerados sectaristas ou Separatistas!

    O Ecumenismo no bblico, pois no podemos concordar com as denominaes sem discordar da

    Bblia. HIPOCRISIA no dar importncia as diferenas doutrinarias ou dizer "ele cr errado, mas isto no

    tem importncia...Est bem para mim deste jeito", se sabemos que Deus no pensa assim. Se ele o fizesse,

    no haveria necessidade da Bblia e Deus aceitaria a todos de qualquer maneira (esprita, budista,

    macumbeiro, catlico, evanglico...) e desta forma Cristo teria morrido em vo...Se de qualquer jeito est

    bom, para que Cristo e para que Bblia???

    O Ecumenismo no Cristo, pois seu promotor no Cristo e seus parceiros tambm no o so.

    Ser CRISTO crer que S CRISTO SALVA. Ele o nico Deus, Salvador, Senhor do universo, O Todo-

    Poderoso (v. IS 43.11/At 4.12; Rm 3.24; I Jo 5.10-13 e 20...Gl 1.6-10). Se o promotor do ecumenismo e

    seus parceiros creem na salvao por Jesus, mas com a necessidade de complementar com obras boas,

    cumprimento de Sacramentos, auxlio de santos, etc., no creem em Cristo

    como NICO e exclusivo SALVADOR e portanto no so CRISTOS! Como partilhar um culto a deus com

    um povo que nem confia Nele? O Ecumenismo no Cristo!

    O Ecumenismo afronta a Deus porque prega o ajuntamento igual de todas as pessoas diante de

    Deus, indistintamente de usas crenas e prticas. J que todos ns bem sabemos que dentro do

    chamado cristianismo h todo o tipo de crena, e "cristos" que nada sabem e nada fazem do que Cristo

    ordenou, logo, podemos concluir, que isto seria afrontar a Deus, que quer e tem "um povo seu especial,

    zeloso de boas obras" (Tt 2:14) e "uma gerao eleita...nao santa, um povo adquirido (comprado...pelo

    sangue...) para anunciar as Suas Virtudes" (I Pe 2:9). O Ecumenismo afronta a Deus porque Deus no

    quer todo mundo de qualquer jeito, Ele quer o Seu povo comprado por Ele com seu prprio sangue (At

    20.28) e separado (santo).

    O Ecumenismo afronta Palavra de Deus porque, se doutrina no importante, a Bblia (Palavra

    de Deus) cai em descrdito. Se doutrina no importante, logo a Bblia no importante. Nossos irmos

    no passado no pensavam assim. Os apstolos e muitos depois deles, foram presos, torturados e mortos,

    porque insistiam em pregar a verdade (no parcial, mas total). Se estes tivessem cedido, hoje no

    teramos mais nada do que chamamos A BBLIA. No se trata de meros detalhes, mas sim de pontos de

    suma importncia que geram e justificam uma separao (II Co 10: 5; Jd 3). No uma guerra ou um

    conflito entre pessoas e igrejas que pregamos, mas a separao entre o falso e o verdadeiro, o que vem

    de Deus e o que vem do homem. Alis, o apstolo Pedro j disse: "Mais importa obedecer a Deus do que

    aos homens"(At 5. 29) . O jeito de obedecer a Deus guardar o que ele diz em sua palavra e, atender aos

    apelos ecumenstas deixar isto de lado e, portanto, obedecer aos homens. O Ecumenismo

    afronta Bblia!

    O Ecumenismo afronta ao Senhor Jesus porque Ele perde a sua posio de Cabea

    (chefe/dono/governante) da Igreja, (Ef 5:23; Cl 1: 18) pois o Vaticano diz que a me de todas as igrejas

    crists a Catlica Romana e que o seu cabea (como chefe e detentor da prerrogativa da infalibilidade)

    o Papa. Ele pode mudar at o que Jesus e seus apstolos ensinaram (e como tem mudado !?!). O

    Ecumenismo afronta ao Senhor Jesus tambm porque o depe de sua posio de nica fonte de

    salvao. Se uma igreja que cr e prega que s a F em Cristo que salva, misturar-se a outra que cr e

    prega que algo mais necessrio para "completar, assegurar ou garantir" a salvao, como podero

  • conciliar as duas posies? S h duas alternativas: ou a Segunda reconhece a Cristo como o bastante

    pela Sua Graa (Jo 5.24/14.6/Ef 2. 8-9/Rm 3.23-24/I Tm 2.5-6...) ou a primeira deixa esta verdade

    fundamental do evangelho de lado. O que voc acha que vai acontecer neste caso? O Ecumenismo uma

    afronta total ao Senhor Jesus!

    O Ecumenismo uma afronta Igreja de Jesus Cristo porque ela perde a sua identidade

    de anunciadora do Evangelho de Arrependimento e F, misso esta que Jesus destinou a ela na grande

    comisso (Mt 28. 18-20), e de defensora da verdade como "coluna e firmeza" dela (I Tm 3.15). Jesus

    comprou e resgatou a sua igreja do pecado com seu sangue, mas, ser que Ele comprou todas? Imagine

    que ao nascer um filho seu voc fosse v-lo no berrio da maternidade e que quando chegasse l,

    procurando o "seu" filho, enfermeira lhe dissesse que todos so to parecidos que no faz diferena qual

    seria o seu beb. Na verdade, todos poderiam ser seus. Voc aceitaria isto? No, claro! S um deles

    "sangue do teu sangue e carne da tua carne". Por que vai Ter que aceitar todas se s uma foi gerada do

    Seu Sangue e da Sua Doutrina? As outras foram geradas por homens rebeldes, insatisfeitos que

    se desviaram da verdade ou que protestaram contra sabe-se l o que. A Igreja de Jesus Cristo pode ser

    reconhecida porque tem a "Sua Cara" como dizemos. No "protestante" e nem precisou se "renovar"

    porque a mesma com a mesma doutrina desde que Ele a gerou quando chamou seus primeiros

    discpulos e comeou seu ministrio na terra. O Ecumenismo uma afronta a esta igreja de Jesus.

    O Ecumenismo uma afronta ao Esprito Santo porque, embora tanto se fale Nele neste meio, seu

    papel inconcebvel no meio do ecumenismo. Basta olharmos rapidamente para o discurso de Jesus aos

    seus discpulos, feito para explicar-lhes sobre a vinda do Esprito e o que Ele faria na Igreja e no mundo.

    Este discurso encontra-se em Jo 16. Vamos ver algumas coisas:

    O Esprito convence do pecado (v.8) - Num encontro ecumnico, como o pecado pode ser combatido

    se o que pecado para uns no para outros? Uns tm seu santo de devoo mas outros vem nisto a

    idolatria; uns praticam a poligamia mas outros vem nisto adultrio; uns creem que pecado a mulher se

    maquiar ou usar joias mas outros nada vem nisto. O que ocorre ento nos encontros ecumnicos que

    o pecado no atacado (pelo contrrio, muitas vezes incentivado). Portanto, o Esprito no vai convencer

    ningum ali. O servo de Deus prega e o Esprito convence o pecador.

    O esprito guia em TODA A VERDADE (v.13) Num aglomerado de igrejas com doutrinas diferentes e onde cada um tem a sua verdade, iluso pensar-se que atravs de debates e convivncia vo-se todos

    achegar verdade divina. Na verdade, nos encontros ecumnicos, j no se tenta fazer isto, pois isto os

    afastaria. Ento, fica cada um na sua prpria mentira e tudo bem... O Esprito no est l, pois ele est

    onde possa estar guiando os servos de Deus em TODA VERDADE e no somente em ALGUMAS

    VERDADES.

    Ainda no captulo 14 do mesmo evangelho, quando Jesus prometeu a vinda do Seu Esprito

    Consolador, ele diz que o que O ama guarda e cumpre a Sua Palavra e que o mesmo Esprito

    os ensinaria (fazer entender) e faria lembrar de tudo o que Ele ensinou. (v.21-26). Mesmo que algum

    queira restringir esta obra do Espirito Santo como dirigida somente aos apstolos, no se pode negar que

    seria uma bobagem envi-lo com esta finalidade, caso no fosse importante que a Igreja de Jesus Cristo

    guardasse TUDO o que Ele ensinou. Obviamente, no ecumenismo no se pode falar de tudo que Jesus

    ensinou, pois isto causaria faco entre as partes. Os ecumenstas NO SE LEMBRAM, se que algum

    dia APRENDERAM o que o Senhor ensinou. Portanto, o Espirito no est no meio deles e se algum que

    est l, tem o Espirito, logo entender que no possvel continuar com aquela farsa e sair de l para

    servir FIELMENTE ao Senhor. O Ecumenismo, uma afronta ao Espirito Santo.

    As consequncias de uma Igreja de Cristo envolver-se no ecumenismo

  • Precisamos pensar seriamente e medir as consequncias, o custo de nos deixarmos ser envolvidos

    e engolidos por este estratagema de Satans. O que acontece quando uma igreja adere ao movimento

    ecumensta?

    A. Somos colocados em IGUALDADE COM OS DEMAIS, fazendo parecer que TUDO A MESMA

    COISA, quando no e no deve ser. Somos colocados como "mais uma igreja crente, evanglica ou

    protestante" (e o Batista ou mesmo o estudioso mais dedicado, sabe muito bem que os batistas no so

    protestantes pois no "saram de" nem "protestaram contra" ningum. Colocados como "cristos separados

    da Una e verdadeira igreja me Catlica Apostlica Romana". No, no podemos deixar parecer isto, se sabemos que a Igreja Batista a verdadeira Igreja de Jesus, identificada histrica e doutrinariamente com

    a igreja primitiva, sobre a qual as portas do inferno no prevalecem jamais, a qual prega o verdadeiro

    Evangelho da Graa e tem em Jesus o seu NICO SENHOR!

    B. Perdemos a fora evangelstica, acomodando o nosso prprio povo ideia de que toda essa gente

    que se diz crist j salva e ns no temos a necessidade ou tanta urgncia de evangelizar (afinal, todo

    mundo crente...). Esta a maior causa de nosso atual estado de acomodao. Satans tem vencido esta

    batalha, enganando-nos e causando-nos este relaxamento. O crente verdadeiramente Batista precisa ver

    que a grossa maioria dos que se dizem cristos ao nosso redor, precisam ainda ouvir o verdadeiro

    evangelho do Arrependimento e f na Graa de Deus em Jesus Cristo.

    C. Trazemos indiferena e confuso doutrinaria para a Igreja, quando deveramos promover a firmeza

    e zelo dela. Isto, porque em torno da fidelidade doutrina (os ensinos) de Jesus Cristo que a igreja

    fortalecida, no em encontros sociais e espetculos em aglomeraes. Uma Igreja que comea a se

    misturar com outras denominaes acaba por no saber em que crer, e comea a confundir tudo o que

    diz a "multido de vozes" com que Jesus ensinou. O ecumenismo traz confuso. confuso de lnguas

    diferentes...lembra muito bem o episdio da Torre de Babel. No esquea que BABEL (ou Babilnia) quer

    dizer confuso.

    Infelizmente, a Conveno Batista Brasileira que, em seus primeiros congressos na dcada de setenta

    manifestou-se contra o ecumenismo, na prtica, tem-se deixado enredar quase que irremediavelmente na

    onda ecumensta. At mesmo em formaturas em suas escolas tem realizado missas e cultos ecumnicos

    e, muitas vezes tem-se ligado mais a outras denominaes do que a sua prpria. Uma das consequncias

    graves disto, tem sido a infiltrao de Pentecostalismo e outras heresias em suas igrejas, a ponto de dividir

    e desfigurar a igreja. So muitas as que tm literalmente rachado.

    Ns, independentes, devemos estar unidos e firmes no propsito de no misturar o Falso e o

    Verdadeiro (um pouco de fermento leveda toda a massa) e assumir a responsabilidade de levar o

    Evangelho de Cristo tambm aos que pensam ser Cristos e no o so.

    Pastor Waldir Ferro - Igreja Batista Livre de Sud Mennucci. Sud Mennucci, So Paulo (018) 756-1328. www.solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/

    O Conselho Mundial de Igrejas e a Trajetria do Ecumenismo no Brasil1

    Artigo de Elizete da Silva2

    Resumo: Em 1948 foi fundado o Conselho Mundial de Igreja (CMI) com o propsito de estabelecer uma aliana ecumnica com o objetivo de trabalhar pelo Reino de Deus. Alm das denominaes protestantes, compunha o CMI a Igreja Ortodoxa. J na primeira assembleia realizada em Amsterd, as reflexes sobre

    a realidade social e poltica fez parte da agenda desse rgo internacional. A repercusso da criao do

    CMI no Brasil foi imediata. Entre os protestantes houve resistncias e adeses, os que aderiram ao CMI

    passaram a formar um setor ecumnico e engajado com os problemas sociais do Pas.

    Palavras-chave: Conselho Mundial de Igrejas, Ecumenismo, Protestantismo, Brasil

  • Abstract: In 1948 the World Council of Churches (WCC) was founded with the intention to establish an ecumenical alliance which aimed to work for the Kingdom of God. Besides the protestant denominations, the Orthodox Church composed the WCC. In the first assembly carried out in Amsterdam, reflections on the social

    reality and politics were part of the agenda of this international agency (WCC). The repercussion of the creation

    of the WCC in Brazil was immediate. Among the protestants there were some adhesions and resistence. Those

    who joined the WCC and ended being an ecumenical and sector engaged with the social problems of the country.

    Key words: World Council of Churches, Ecumenism, Protestantism, Brazil.

    Introduo

    A relao entre religio e poltica tem sido destacada por diversos estudiosos a exemplo de Franois

    Houtart quando ressaltou o papel das utopias religiosas nos movimentos messinicos e na Teologia da

    Libertao. (HOUTART, 1994) Na perspectiva de Pierre Bourdieu (1974), o conceito de campo religioso,

    preconizou as correlaes entre a religio e as estruturas sociais. As instituies religiosas e os seus

    agentes buscam a transcendncia, a salvao e as prticas espirituais, porm vivem as injunes do

    cotidiano e das disputas de poder que ocorrem em qualquer grupo social.

    No mbito do protestantismo, os vnculos com o contexto histrico e as estruturas polticas tm

    ocorrido desde os primrdios do Sculo XVI, nas origens da f reformada. A radicalidade da leitura do

    texto bblico serviu de inspirao e fora motriz para o movimento campons anabatista na Europa,

    especialmente na Alemanha. Discorrendo sobre a Inglaterra no sculo XVII, em seu magistral trabalho a

    Bblia Inglesa e as revolues do sculo XVII, Hill (2003, p.283) analisou criteriosamente toda a literatura

    revolucionria e como a mesma estava baseada no texto bblico, no livre exame dos protestantes radicais,

    no da ortodoxia anglicana.

    Nesta comunicao analisamos a influncia do Conselho Mundial de Igrejas na organizao do Setor

    Igreja e Sociedade da Confederao Evanglica do Brasil, em 1955 e as conferncias realizadas com o

    objetivo de analisar e intervir na realidade brasileira. Em um segundo momento tratamos dos setores

    ecumnicos do protestantismo brasileiro, os quais juntamente com representantes da Igreja Catlica, em

    1973, fundaram a Coordenadoria Ecumnica de Servios(CESE), sob os auspcios do Conselho Mundial

    de Igrejas, com a finalidade de desenvolver projetos sociais de combate pobreza.

    Construindo a unidade crist

    Desde o incio do sculo XIX alguns setores protestantes j propunham a reunio de todos os cristos.

    William Carey, considerado o pai das misses modernas, props uma reunio de dez em dez anos, visando

    construir a unidade das diversas denominaes crists. Na poca, a proposta de Carey foi considerada

    um sonho. Em 1888, em Londres, ocorreu a Primeira Conferncia Missionria Mundial.

    Ainda no sculo XIX, o Movimento de Oxford, no seio da Igreja Anglicana, prestou uma contribuio

    relevante ao ecumenismo, aproximando-se da Igreja Catlica Romana. Desenvolveu-se uma ala ecumnica

    que chegou ao sculo XX ativa e organizadamente. Demonstraram um esprito de encontro, uma grande capacidade de dilogo, uma paixo pela unidade crist, que souberam traduzir em aes significativas. Sem

    eles no se pode compreender o processo que levou formao do Conselho Mundial de Igrejas (SANTA ANA, 1987, p. 229).

    Em 1910, em Edimburgo, Esccia, aconteceu uma conferncia mundial missionria, com o objetivo

    de discutir uma agenda comum para a evangelizao do mundo, promovida pelas diversas denominaes

    protestantes. Os missionrios haviam compreendido que era necessrio conjugar todos os esforos na

    tarefa da evangelizao e que as aes isoladas das diversas organizaes religiosas estavam fadadas ao

    fracasso. Em 1916 aconteceu a Conferncia do Panam, na qual participaram alguns brasileiros, como o

  • Reverendo presbiteriano Erasmo Braga, o qual escreveu um denso relatrio intitulado Pan-Americanismo:

    Aspecto Religioso.

    No s os protestantes manifestaram interesse em organizaes ecumnicas. A Igreja Ortodoxa de

    Constantinopla, por razes polticas internas na Turquia, decidiu, em 1919, formar uma liga de igrejas, que resolveria o problema de seu isolamento em meio a uma poltica nacionalista e de um retorno ao

    islamismo.

    Na dcada de 1920 foram criados vrios movimentos interdenominacionais na Europa, visando

    cooperao entre os protestantes. Destacam-se o Movimento de Vida e Ao e o de F e Constituio. Foi uma

    tarefa complexa juntar protestantes de vrias denominaes com ortodoxos orientais, com uma tradio crist

    to peculiar. W. Vissert Hooft, o primeiro presidente do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em seu livro The genesis and formation of the World Council of Churches, relatou as origens histricas do rgo ecumnico e

    registrou suas dificuldades.

    A primeira assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) estava prevista para 1941, porm com a

    ecloso da Segunda Guerra Mundial os planos foram adiados. Um pequeno escritrio, em Genebra, comeou

    a funcionar sob a coordenao de W. Vissert Hooft. Passada a guerra, onde cristos mataram cristos nos lados opostos, o rgo ecumnico teria uma herclea tarefa religiosa e, ao mesmo tempo poltica, de vencer

    os conflitos e as barreiras ideolgicas. Em 1948, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) realizou a sua primeira

    assembleia em Amsterd, Holanda, com o significativo tema: A desordem humana e o desgnio de Deus.

    A assembleia inaugural do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) reuniu cento e quarenta igrejas com o

    firme propsito de uma aliana ecumnica que tem seu fundamento na f crist e que se manifesta no compromisso de trabalhar concretamente pelo Reino de Deus. No entanto, as tenses e conflitos ideolgicos se apresentavam j naquele conclave, como um fruto da conjuntura do ps-guerra e da guerra

    fria que se avizinhava.

    Ecos do Conselho Mundial de Igrejas no Brasil

    A repercusso da criao do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) no Brasil foi imediata. Algumas

    denominaes histricas, como os Batistas bem como a Assembleia de Deus, permaneceram hostis ao

    rgo ecumnico. Outras prontamente aderiram, a exemplo da Igreja Metodista, a qual havia mandado

    representantes s conferncias de Vida e Trabalho, em Oxford, e F e Ordem, em Edimburgo. Em 1942, o

    conclio geral formalizou a adeso da igreja, aceitando convite que o CMI lhe dirigiu. A Igreja Evanglica

    de Confisso Luterana do Brasil foi admitida ao rgo ecumnico em 1950. Em 1966, a Igreja Episcopal

    Anglicana do Brasil oficializou o seu ingresso, com uma clara adeso ao ecumenismo. Em 1968, a Igreja

    Evanglica Pentecostal O Brasil para Cristo, sob a liderana do missionrio Manoel de Mello, tambm se filiou ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

    No que se refere aos presbiterianos, apesar da tradio ecumnica de alguns setores, e de ter mandado

    representantes Assembleia de Amsterd, no se filiaram ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Uma onda

    conservadora agitada pelo fundamentalista Carl MacIntire, que havia criado o Conselho Americano de Igrejas,

    e pelo Reverendo Israel Gueiros, em Recife, foi preponderante e o Supremo Conclio em 1949 negou qualquer

    filiao, alegando no querer as ideias modernistas do conclio mundial de igrejas, se que ele as tem [...] (REILY, 1984, p. 244).

    Embora a hierarquia eclesistica presbiteriana desejasse equidistncia do modernismo do CMI j na

    II Assembleia, realizada em Evaston - EUA, 1954, um ldimo representante da sua juventude participou

    ativamente dos trabalhos. Waldo Cesar, como presidente da Unio Latino-americano da Juventude

    Evanglica (ULAJE), esteve no conclave e ainda escreveu uma srie de reportagens relatando-o e

    analisando a situao dos protestantes no Brasil, na Revista Cruz de Malta da Igreja Metodista.

  • Nesta segunda assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) cujo tema foi Jesus Cristo, a

    esperana do Mundo, alm de ratificar o compromisso ecumnico, afirmou-se no plano poltico a necessidade de contribuir para a formao de democracias plenamente humanas; no plano internacional, a resoluo convergia com aquele processo que poucos anos depois ficou conhecido como coexistncia pacfica. Na situao interna de cada pas, recomendava-se a necessidade de conjugar liberdade e justia, para o que era imprescindvel consolidao de instituies estatais onde fosse possvel a

    participao do povo na vida poltica (SANTANA ANA, 1987, p. 241).

    Na terceira reportagem escrita por Waldo Csar ficou clara a sua concordncia com as resolues do

    Conselho Mundial de Igrejas (CMI), bem como a sua opinio sobre a situao eclesistica no seio do

    protestantismo nacional. Criticou o excessivo denominacionalismo vigente no Pas e preconizou que

    evangelizao sem unidade a fraqueza do protestantismo brasileiro. Tocava no ponto mais caro da mentalidade protestante local que era a primazia da evangelizao, da divulgao da mensagem

    doutrinria. Foi mais alm: apesar de criticar a nfase nas estatsticas, afirmou que mais do que os protestantes, crescem os espritas, certamente porque no esto divididos como ns estamos. E quanto

    aos catlicos, comearam a reagir [...] (CESAR, in: CRUZ DE MALTA, 1955, p.32).

    Na perspectiva de Waldo Cesar, o conceito de evangelizao dos protestantes brasileiros era equivocado

    e parcial, propunha uma nova leitura dos profetas veterotestamentrios, um pouco de teologia, de conhecimento contextualizado da prpria Bblia. No um Evangelho apenas para salvar a alma, mas que fosse

    capaz de responder os desafios hodiernos, como pensavam os defensores do Evangelho Social e os telogos

    da neo-ortodoxia, Jorge Cesar Mota ou o prprio Shaull que o acompanhou e compartilhou ideias e aes at

    os ltimos momentos da vida.

    A realidade brasileira na agenda protestante

    Em 1953, Waldo Cesar, Richard Shaull e mais dois professores batistas, Lauro Bretones e Alberto

    Mazoni de Andrade, organizaram um ncleo ecumnico para estudar o tema da responsabilidade social

    dos cristos. Nesse mesmo ano, o Conselho Mundial de Igrejas criou a seco Igreja e Sociedade, dirigida

    por Paul Abrecht, um norte-americano que contatou com Shaull, solicitando que escrevesse um

    documento com reflexes acerca da situao da Amrica Latina. Escrito o documento e enviado diretoria

    em Genebra, o CMI informou ao Reverendo Shaull o interesse em realizar uma conferncia na Amrica

    latina, enfocando as questes sociais e a responsabilidade das igrejas.

    Foi criado o Setor de Responsabilidade Social da Igreja, em 1955, vinculado ao Conselho Mundial de

    Igrejas (CMI), tendo como comisso organizadora o Reverendo Benjamin Mores, Waldo Cesar como

    secretrio executivo e mais R. Shaull. Com a denominao de Comisso de Igreja e Sociedade, o setor foi

    incorporado Confederao Evanglica do Brasil (CEB), certamente graas a gestes de Waldo Cesar, que

    naquele momento respondia pelo Departamento de Juventude da prpria Confederao Evanglica do Brasil

    (CEB).

    A comisso organizou quatro conferncias nacionais com o objetivo de compreender a realidade do

    Pas e oferecer perspectivas a partir da viso protestante. Shaull, em suas memrias, avaliou: Waldo Cesar e eu desempenhamos um papel chave no desenvolvimento desse projeto, trabalhando em parceria cada um

    com sua contribuio especfica. Continuamos a participar no programa de estudos do CMI enquanto

    articulvamos gradualmente nossa prpria perspectiva brasileira (SHAULL, 2003, p. 178s).

    A Primeira Conferncia aconteceu em 1955, em So Paulo, com o ttulo de Consulta sobre a

    Responsabilidade Social da Igreja. Os temas debatidos se vinculavam diretamente s questes nacionais

    vividas naquele momento, que faziam parte das preocupaes do grupo progressista: orientao e educao dos evanglicos para participao na vida poltica; a igreja evanglica em face da ao social e poltica da Igreja

    Romana; a Igreja em face ao Comunismo; campos de ao social da Igreja; a igreja e o proletariado industrial;

  • a Igreja e os problemas das zonas rurais. (DOCUMENTOS AVULSOS DA CONFEDERAO EVANGLICA DO BRASIL (CEB)).

    Waldo Cesar, como coordenador do Setor de Responsabilidade Social da Confederao Evanglica

    do Brasil (CEB), organizou cuidadosamente o evento. Pessoas representativas das diversas denominaes

    evanglicas, entre pastores e leigos, foram previamente convidadas e ao preencherem a ficha de inscrio

    marcavam as comisses de estudo que gostariam de participar, conforme os temas supra citados. Richard

    Shaull, alm de cooperar na organizao, foi um dos conferencistas.

    Eram batistas, congregacionais, episcopais anglicanos, metodistas, luteranos e da Igreja Evanglica

    Armnia. Buscando um equilbrio entre clrigos e leigos, certamente para evitar o centralismo dos reverendos,

    participaram dezenove pastores e vinte e um leigos. Estiveram na primeira Consulta quarenta pessoas, entre

    elas, apenas uma mulher, Dra. Carmem Escobar Pires, da Igreja Presbiteriana Independente, os demais

    cavalheiros das denominaes e representantes da UCEB, como Reverendo Jorge Cesar Mota e Richard Shaull.

    O Reverendo Richard Shaull introduziu, de forma sistemtica, entre a juventude universitria e no mbito

    dos estudantes de teologia, novas perspectivas teolgicas e de aes prticas dos protestantes. Um

    movimento que ia frontalmente contra a teologia fundamentalista e omisso dos evanglicos brasileiros,

    frente aos problemas sociais do Pas. A primeira Conferncia do Setor Social abria um espao privilegiado de

    reflexo e debates das novas propostas do missionrio presbiteriano.

    Alm de Shaull, foi conferencista Dr. Wilhelm Hahn, professor de Teologia Prtica da Universidade de

    Heidelberg, o qual ministrou um curso preparatrio sobre A Nossa Responsabilidade Crist na Esfera

    Poltico-Social, em So Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Para essa atividade, os pastores foram

    especialmente convidados pelo secretrio geral da Confederao Evanglica do Brasil (CEB), Reverendo

    Rodolfo Anders, conforme os documentos da CEB. Destacam-se os deputados: Rui Ramos; Dr. Antnio

    Gueiros e Dr. Lauro Cruz, presbiterianos.

    O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), alm de financiar o conclave, enviou seus representantes dos

    setores sociais e Amrica Latina: Paul Abrecht e Egbert de Vries. A presena do CMI na conferncia era

    um claro sinal de que a Confederao Evanglica do Brasil (CEB) e esse setor progressista seguiam as

    suas diretrizes polticas, reafirmadas na Conferncia de Evaston, em 1954, onde Waldo Cesar representou

    a Unio dos Jovens Evanglicos da Amrica Latina.

    A influncia do Conselho Mundial de Igrejas na criao do Setor de Responsabilidade Social da Igreja foi

    marcante. A Comisso de Igreja e Sociedade deu continuidade s suas atividades com vistas a formar um

    pensamento social e poltico no cenrio protestante brasileiro. Em fevereiro de 1957, realizou-se a II Reunio

    de Estudos sobre a Responsabilidade Social da Igreja, na cidade de Campinas, So Paulo. A segunda

    conferncia foi planejada e organizada criteriosamente, alm da programao geral, havia um regimento

    interno, que explicitou sua finalidade claramente: dar continuidade aos planos iniciados na I Reunio de

    Consulta sobre a Responsabilidade Social da Igreja, realizada em novembro de 1955; estudar, por meio

    de prelees e debates, os fundamentos bblicos e teolgicos da responsabilidade crist na esfera poltico-

    social; estudar a responsabilidade social da Igreja atravs dos quatro setores em que se divide o trabalho

    da CIS (Comisso Igreja e Sociedade): Setor Industrial, Poltico, Rural e Servio Social. (RELATRIO DA

    II CONFERNCIA. DOCUMENTOS AVULSOS DA CONFEDERAO EVANGLICA DO BRASIL (CEB)).

    A conferncia de abertura, a cargo do Reverendo Richard Shaull que discorreu sobre o tema:

    Implicaes Poltico Sociais do Amor Cristo. Prelees especficas para cada setor, a cargo de

    conferencistas evanglicos ou tcnicos no evanglicos que foram convidados para os debates,

    compunham a programao. Na sesso plenria, foram apresentadas as concluses e recomendaes

    dos diversos setores. Apresentamos a sntese do que consideramos de maior relevncia.

    O cristo deve assumir, em face das duas soberanias, a de Deus e a do Estado as seguintes posies:

    a tarefa do cristo, no Estado, no pode reduzir-se mera ao eleitoral, isto , no ato de votar, deixando de

    lado a ao positiva e organizadora no seio dos partidos; ele poder atuar no seio dos partidos, aos quais

  • dever filiar-se convictamente e no por meros interesses passageiros, estritamente eleitorais, nas vsperas

    das eleies; dever igualmente participar dos movimentos e organizaes oficiais e oficiosas, dos rgos

    de cooperao interdenominacional, que estejam visando estudar o problema poltico do Pas, no intuito de

    descobrir as inspiraes crists para a sua soluo. Esse dever particularmente crucial para a mocidade,

    tanto a que estuda nas escolas superiores, quanto a que trabalha nas oficinas (RELATRIO DA II

    CONFERNCIA CONFEDERAO EVANGLICA DO BRASIL (CEB)).

    Visando a atuao coletiva dos evanglicos, recomendava-se a criao de ncleos de estudos em

    nvel local, contemplando os setores sociais, poltico e econmicos, alm de estimular a preparao de uma literatura adequada para a orientao do povo evanglico. Quanto a participao em partidos polticos, que pelo menos at a dcada de 1940 era rara entre os protestantes, sugeria-se uma adeso

    consciente, conforme o relatrio: [...] estimular os evanglicos a participarem da vida poltica do Pas por meio da filiao partidria e atuao dentro dos partidos existentes. Em oposio ao absentesmo pietista que considerava a poltica como coisa do mundo e que a vocao protestante era sobretudo a evangelizao, ofereciam uma nova perspectiva: educar os evanglicos no sentido de considerarem a vocao poltica dos crentes como uma vocao nobre e digna de estmulos (RELATRIO DA II CONFERNCIA. CONFEDERAO EVANGLICA DO BRASIL (CEB)).

    No que tange ao problema das relaes ecumnicas desde a realizao da I Consulta Sobre

    Responsabilidade Social que havia um setor especfico para estudar o problema, fulcro de outras tantas

    questes e desdobramentos. Os participantes da II Conferncia recomendaram realisticamente: Que se promova o encontro de elementos evanglicos e catlicos romanos, para o estudo de problemas sociais

    e polticos comuns no obstante as dificuldades que possam aparecer (RELATRIO DA II CONFERNCIA. CONFEDERAO EVANGLICA DO BRASIL (CEB)).

    Quanto aos problemas rurais, as recomendaes foram tmidas e assistencialistas. Reconheceram os

    problemas do campo, mas as propostas de solues falavam em auxlios e empreendimentos evanglicos.

    Conforme a recomendao: considerar a possibilidade das igrejas obterem reas adequadas para utilizao agrcola e dirigirem experincias de famlias em vida comunitria. Essa recomendao foi posta em prtica anos depois com o Projeto Gurupi, no Maranho, e Apodi, no Rio Grande do Norte, sustentados pelo setor de

    Projetos da Confederao Evanglica do Brasil (CEB) e financiados pelo Conselho Mundial de Igrejas. Eles no

    deram o resultado esperado pelas lideranas protestantes, nem poderia, o problema agrrio no Brasil

    demandava solues radicais, isto , era necessrio atingir, inicialmente, a raiz do problema.

    No que se refere aos participantes, compareceram em torno de cinquenta pessoas, representando as

    diversas denominaes protestantes presentes na primeira conferncia, alm de catlicos. O nmero de

    mulheres aumentou, significativamente para seis. O nmero de pastores diminuiu para sete e o de leigos

    aumentou para quarenta.

    A terceira Conferncia Sobre a Responsabilidade Social da Igreja, organizada pela Confederao

    Evanglica do Brasil (CEB), ocorreu em fevereiro de 1960, em So Paulo. Precedeu a conferncia vrias

    reunies de estudos dos setores temticos, bem como a elaborao de boletins informativos e um

    questionrio, visando eleger os principais temas para os debates. Um questionrio, divulgado na

    comunidade evanglica, em setembro de 1959, compunha-se de seis questes bsicas que os

    participantes da conferncia deveriam responder breve ou longamente.

    O questionrio tratava de questes candentes do cenrio brasileiro naquele momento. Era a pauta da

    agenda social do Pas que os evanglicos se debruariam durante quatro dias. O tema geral da III Conferncia

    foi a Presena da Igreja na Evoluo da Nacionalidade. Os subtemas abrangiam os aspectos gerais da

    poltica, economia e cultural. As conferncias inaugurais foram pronunciadas pelo presidente do Conselho

    Mundial de Igrejas (CMI), Dr. W. A. Vissert Hooft, sob o ttulo Responsabilidade Crist na Sociedade: imperativos bblicos e pelo assessor para assuntos polticos do Conselho Mundial de Igrejas, Dr. Robert S.

    Bilheimer, com o tema As Igrejas no meio da rpida transformao social de nossa poca.

  • Desde a conferncia anterior, a Comisso de Igreja e Sociedade resolveu convidar cientistas no

    evanglicos para colaborarem nos debates. Para discorrer sobre a Evoluo da Nacionalidade Brasileira, foi

    convidado o historiador Srgio Buarque de Holanda, o qual no compareceu, e no ficou registrado o motivo.

    Em seu lugar palestrou o socilogo Florestan Fernandes.

    Reverendo Aharon Sapsezian discorreu sobre a Presena da Igreja na Evoluo da Nacionalidade. Italino

    Peruffo palestrou sobre a Evoluo Poltica do Brasil e Richard Shaull, mais uma vez conferencista, porm no

    esteve presente, ao que parece enviou por escrito o texto intitulado Presena da Igreja na Evoluo Poltica de

    um Povo. Sobre os aspectos econmicos, os conferencistas foram o professor Paulo Hugon e o Reverendo

    Almir dos Santos. Falando sobre Educao, para uma Sociedade em Transformao, estava previsto o

    Professor Ansio Teixeira porm, o mesmo no compareceu e foi substitudo pelo Professor Walter Schtzer.

    A presena dos cientistas e intelectuais nas Conferncias denota que esse setor protestante queria

    sair do gueto, da recorrente tese individualista de que salvando o homem, fatalmente a sociedade se transformaria pela ao benfica e moralizadora do Evangelho. Ao mesmo tempo, demonstra a seriedade

    com que esse grupo se debruava para estudar os problemas do Pas, queria aprender e, dialogar, no

    havia uma frmula/dogma pronto. Na introduo dos anais da terceira conferncia, justificou-se tal

    cooperao entre os cientistas e os religiosos:

    No estudo sobre a necessidade da presena ativa do Protestantismo na evoluo da nacionalidade

    brasileira, principalmente nos campos da poltica, da economia e da cultura, deveremos sempre ter em

    mente o esforo honesto e persistente que cientistas sociais (cristos e no cristos) tm feito.

    Precisamos ouvi-los, aprender com eles, como homens de cincia e de estudo. Ao mesmo tempo e muitas vezes como consequncia preciso que a Igreja faa ouvir a sua voz. Os resultados do seu estudo e trabalho devem ser comunicados ao mundo. Se necessitamos dos cientistas para a compreenso

    dos fenmenos sociais, tambm eles necessitavam da Igreja e da sua palavra proftica. (ANAIS DA III

    CONFERNCIA DA COMISSO DE IGREJA E SOCIEDADE, 1960, p. 67).

    A conjuntura do Pas naquele momento, pautada pelo nacional desenvolvimentismo e a euforia

    industrializante dos anos de Juscelino Kubitschek, encobria, de fato, as profundas desigualdades sociais

    j analisadas por vrios autores. Os lderes protestantes tinham conscincia dessa realidade.

    No podemos afirmar que a mudana das estruturas sociais defendidas pela Comisso de Igreja e

    Sociedade fosse idntica s transformaes sociais preconizadas pelo Partido Comunista do Brasil ou

    pelos marxistas em geral, mas com certeza as proposies eram um grande avano no interior do

    protestantismo brasileiro, j que criticava a crise nacional e apontava solues polticas e a criativa

    participao eclesistica.

    A magistral conferncia do Professor Florestan Fernandes fazia uma anlise circunstanciada da formao da sociedade de classes no Brasil, ressaltando a debilidade econmica desde o perodo colonial, passando pelo Imprio e o perodo republicano. Citando Mannheim e seu livro Freedom, Power and

    Democratic Planning onde faz reflexes sobre a liderana religiosa, recomendou que o sacerdote deve

    acompanhar as alteraes histricas da sociedade brasileira e ser til na sua misso sacerdotal.

    A terceira conferncia contou com a participao de sessenta e uma pessoas de treze denominaes

    diferentes. No entanto, alm das denominaes que participaram das anteriores, houve a representao

    da Igreja Holiness, Batistas e Exrcito da Salvao. As mulheres estavam representadas apenas por oito

    pessoas, inclusive uma representante do Conselho Mundial de Igrejas. Manteve-se o equilbrio entre

    clrigos e leigos: trs deputados compareceram, professores, mdicos, assistentes sociais, militares,

    advogados, estudantes da UCEB e o seu secretrio Paulo Stuart Wright. Do exterior, os representantes do

    Conselho Mundial de Igrejas (CMI), um jovem colombiano e outro argentino, os quais posteriormente

    lideraram a criao da Comisso de Igreja e Sociedade da Amrica Latina (ISAL) do CMI, conforme se

    verifica em documentos desse evento.

  • Entre os anos 1960 a 1962 houve uma reestruturao administrativa: a Comisso Igreja e Sociedade

    passou a se designar Setor de Responsabilidade Social da Igreja com uma diretoria ampliada, divulgao

    de um boletim peridico, reunies de estudos sistemticos, enfim, tentativas de dar continuidade ao

    trabalho das conferncias bianuais, bem como expandir a sua atuao, deslocando-se do eixo Rio So Paulo.

    Seguindo as diretrizes traadas, a IV Conferncia, do Setor de Responsabilidade Social da Igreja da

    Confederao Evanglica do Brasil (CEB) reuniu-se em Recife, Pernambuco, de 22 a 29 de julho de 1962.

    O tema geral da conferncia foi Cristo e o Processo Revolucionrio Brasileiro, a qual foi precedida de

    estudos preparatrios dos vrios subtemas relacionados ao temrio geral que deveria subsidiar os

    delegados e os interessados, com textos especficos de autores nacionais e internacionais.

    A IV conferncia ficou conhecida como a Conferncia do Nordeste, regio escolhida em decorrncia

    dos conflitos e inquietaes sociais que ocorriam no campo e na cidade naquela conjuntura, agravada por

    problemas estruturais e seculares. Foi a conferncia melhor documentada e estudada.

    No primeiro dia da Conferncia, ocorreu o V Encontro de lderes da Mocidade Evanglica, quando

    alm dos louvores e devocionais, discutiram-se os Fundamentos Teolgicos da Responsabilidade Social

    da Igreja em preleo do Reverendo Del Nero e o Nordeste Frente Realidade Brasileira. Observamos que

    o setor da Mocidade da Confederao Evanglica do Brasil (CEB) estava muito afinado como a temtica

    da IV Conferncia, obviamente a maioria dos participantes, os jovens, transitavam nos dois setores.

    Ocorreram seis palestras que abordavam sobre os princpios bblicos e o cenrio poltico-econmico

    do Pas: Reverendo Joaquim Beato conferenciou sobre Os Profetas numa poca de transformaes

    sociais; Reverendo Joo Dias Arajo tratou do Contedo Revolucionrio do ensino de Jesus sobre o Reino

    de Deus; Reverendo Edmond Sherrill discorreu a respeito da Misso total da Igreja numa Sociedade em

    crise. Os cientistas convidados trataram da situao nacional: Professor Paul Singer conferenciou sobre

    As mudanas sociais da sociedade contempornea; Professor Juarez Alves fez sua preleo sobre

    Resistncias s Transformaes sociais no Brasil e Doutor Celso Furtado discorreu sobre O Nordeste no

    processo revolucionrio brasileiro.

    O grupo ecumnico e progressista se cercava e buscava dialogar com estudiosos brasileiros que

    representavam os setores mais avanados das Cincias Sociais. Seguindo o conselho barthiano, faziam

    teologia e vida eclesistica entre a Bblia e os jornais. Ao mesmo tempo em que refletiam sobre os profetas judaicos do sculo VI a.C., discutiam a ebulio nordestina com o mentor intelectual da

    Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).

    A IV Conferncia se propunha a estudar as vinculaes dos cristos com o processo revolucionrio

    brasileiro, o qual os protestantes tinham como iminente e o contexto scio-poltico referendava tal opinio,

    as vsperas do golpe militar de 1964 que interrompeu um amplo processo de reformas de base, de politizao da sociedade brasileira em torno dos seus problemas sociais. Reverendo Arajo trouxe como

    contribuio ao debate uma doutrina central do cristianismo, em particular do protestantismo, isto , o

    Reino de Deus. Nas vises sobre o Reino de Deus, tanto catlicos quanto protestantes pautaram a sua

    tica, bem como a escatologia. J na introduo do texto, Reverendo Arajo declarou que a revoluo que Jesus trouxe ao mundo estava revelada no seu ensino sobre o Reino de Deus. O Reino de Deus o

    primeiro e mais essencial dogma da f crist.

    Em oposio aos fundamentalistas conservadores que postergavam o Reino de Deus para o ps-morte,

    nos cus que os escolhidos iro morar, o jovem professor do Seminrio Presbiteriano do Norte asseverou

    que o Reino de Deus era atual, prximo: O Reino de Deus chegado, est presente, est sobre os homens, entre os homens, dentro dos homens. No se confundia com as estruturas eclesisticas nem com as instituies dos poderosos: O Reino de Deus pertence s crianas, aos pobres aos humildes de esprito e aos perseguidos por causa da justia. S podero entrar no Reino os que se fizerem como crianas, o que

    nasceram de novo.

  • Sobre a dimenso social da misso da Igreja, o Reverendo Sherril apresentou como um imperativo a

    participao dos cristos para solucionar os problemas sociais vividos no Brasil:

    Torna-se um imperativo relativo e moral o associarmo-nos de mesma maneira positiva ao processo

    histrico e revolucionrio da nossa poca. Como cristo, podemos divergir sobre as medidas a serem

    tomadas, pois a situao de fato extremamente complexa, mas no podemos, ao nosso ver, nem mesmo

    pensar em divorciar-nos da luta pela justia e bem-estar sociais. Pela providncia de Deus, temos chegado

    a este momento histrico, e, se pretendemos obedec-lo, precisamos usar a capacidade que ele nos

    proporcionou, a fim de que os bens que presentemente mui poucos desfrutam passem disposio de

    todos os nossos irmos.

    A Igreja, como proclamadora do Reino de Deus, da soberania de Deus na Histria, precisa cotidianamente viver os valores do Reino de Deus, pensar a evangelizao com uma tarefa total: pregao e humanizao, isto , observar o homem como um ser total e a mensagem evangelizadora atingir tambm os problemas vividos pelos homens em sociedade. De forma contundente, Reverendo Arajo

    condenou as distores dicotomizadoras.

    Uma das maiores heresias afirmadas abertamente por muitos cristos chamados ortodoxos e

    fundamentalistas que a Igreja nada tem a ver com os problemas sociais. Dizer isto mutilar o evangelho

    de Cristo e a mensagem do Reino de Deus. Mas os cristos que caem nessa heresia secular da igreja

    partem do princpio pago da dicotomia da natureza humana que d valor extremo alma e despreza o

    corpo. No sabem esses cristos que Jesus no ensinou essa dicotomia, essa separao hertica. Mas

    ensinou sim, que o homem uma unidade, um todo que ele veio salvar... Por isso a evangelizao que

    no considera o corpo e a realidade integral do homem est incompleta e errada. (ANAIS IV CONFERNCIA

    DA COMISSO IGREJA E SOCIEDADE,1962)

    Duas dcadas depois, o Reverendo Joo Dias Arajo permanecia fiel aos seus princpios teolgicos

    quando props corajosamente uma Teologia da Terra e criou a Comisso Ecumnica dos Direitos da Terra,

    (CEDITER) na Bahia. Reverendo Arajo continuou sua preleo discutindo o avano do atesmo. Ao final,

    reportou-se situao de misria em que viviam os nordestinos, flagelados pela seca e embalados pela

    esperana messinica colorida com as tintas do sonho mais exaltado de felicidade e de fartura. Apresentou a Nova Jerusalm dos nordestinos sofredores, representada no poema Viagem ao Pas de So Saru do poeta popular Manuel Camilo dos Santos.

    Tratava-se de uma revoluo proftica que mudaria as estruturas sociais, no pela fora ou violncia

    das armas, mas pela via institucional parlamentar, usando o discurso e realizando aes prticas, a partir

    de uma utopia religiosa: os valores do Reino de Deus e a soberania de Deus na Histria. Era um processo

    revolucionrio baseado na teologia poltica.

    A Conferncia do Nordeste contou com a participao expressiva de cento e oitenta e oito pessoas

    entre clrigos, leigos das mais variadas profisses, nove mulheres, quinze denominaes, inclusive

    batistas, Igreja do Evangelho Quadrangular e Igreja Evanglica Pentecostal O Brasil para Cristo. Representando os estudantes da Unio Crist dos Estudantes do Brasil, Paulo Writh estava presente, mas

    se declarou como pescador e no como secretrio da entidade estudantil protestante; representantes da

    UNE, da JUC, da Associao Crist de Moos e do Conselho Mundial de Igrejas.

    Oposio conservadora ao Conselho Mundial de Igrejas

    As consultas da Confederao Evanglica cessaram aps o golpe civil-militar de 1964. Foram apenas

    quatro eventos que tiveram uma forte repercusso na comunidade protestante, tanto positivamente ao

    ampliar o raio de ao dos progressistas, tanto negativamente ao se observar a reao conservadora dos

    fundamentalistas. O povo protestante estava cindido e o ponto da divergncia era a questo da tica e do

    ecumenismo. Segundo Shaull, (2003, p. 179).

  • As conferncias do Setor Social tambm repercutiram entre os catlicos, em meio a setores

    significativos como a Juventude Universitria Catlica, que teve representao oficial na Conferncia do

    Nordeste. O jornal catlico Brasil Urgente, mais tarde censurado e fechado, dedicou as pginas nobres ao

    evento, reafirmando que o protestantismo brasileiro tinha duas grandes fases: antes e depois da

    Conferncia do Nordeste.

    O novo discurso progressista desse setor evanglico e ecumnico tambm repercutiu negativamente

    e a reao conservadora foi imediata. Nas pginas do Jornal Brasil Presbiteriano, o debate entre os dois

    grupos fez-se de forma intensa, pelo menos at abril de 1964. O editor do jornal presbiteriano certamente,

    j sofrendo presses da hierarquia presbiteral, reverberou num editorial o clima que se vivia na

    comunidade presbiteriana:

    No tirem do jornalista a liberdade democrtica de deixar a cada qual dizer o que bem entende, desde

    que faa em termos. A hora revolucionria. Precisamos ajudar a revoluo com o Evangelho e dentro da democracia, antes que a revoluo seja feita sem o Evangelho e sem democracia (cit. ARAJO, Brasil

    Presbiteriano, agosto de 1963).

    A luta de representaes entre os dois grupos continuou acirrada e tomou feies polticas tpicas

    daquele perodo de conturbao poltica e fermentao ideolgica. Os protestantes traziam para a arena

    eclesistica a polarizao em que vivia a sociedade brasileira. Em julho de 1964, no ambiente de caa s bruxas instaurado pelo governo militar, comeou o expurgo de professores dos seminrios presbiterianos e conflitos entre seminaristas e as autoridades da hierarquia presbiteral.

    A represso externa ao grupo progressista tambm foi muito forte. Convm salientar que a

    movimentao da Comisso de Igreja e Sociedade, desde os anos 1960, levantou a suspeita dos rgos

    militares de represso, afinal de contas os crentes deixavam de ser respeitosos e submissos s autoridades constitudas. Recordou um dos organizadores da comisso: A visita de um agente do Departamento de Ordem Poltica e Social (DOPS) e o interrogatrio a que submeteu Waldo Cesar indicavam o quanto nosso

    trabalho ultrapassara os limites eclesisticos e instigava as autoridades da chamada segurana nacional (SHAULL, 2003, p. 180).

    Com o golpe civil-militar de 1964, a represso se intensificou no s pelo alinhamento tradicional do

    protestantismo aos governos de planto, mas tambm pelas relaes e vnculos de alguns ilustres

    protestantes ao regime. Arajo (1985) sugeriu que a Igreja Presbiteriana foi a mais envolvida e a mais comprometida com a revoluo de 1964 por causa das ligaes dessa Igreja com a classe mdia e por

    causa do prestgio poltico que ela gozava nos meios polticos e militares Vrios presbiterianos ocuparam cargos durante a ditadura militar.

    Os desencontros e as desavenas entre progressistas e a hierarquia presbiterial aconteceu em vrias

    regies do Pas. Rubem Alves, (1987, p. 31) na poca pastor presbiteriano no interior de Minas Gerais,

    alm de sofrer as acusaes e punies do Supremo Conclio da Igreja Presbiteriana, foi denunciado como

    subversivo aos militares. Havia um dossi com denncias dos prprios irmos, inclusive da direo do Instituto Gammom, escola protestante.... Quanto s acusaes do Conclio Presbiteral, eram mais de quarenta, graves e virulentas no s do ponto de vista religioso quanto poltico.

    Amedrontado pelos militares e cansado de lutar nas estruturas eclesisticas, Alves aceitou um convite da

    Igreja Presbiteriana dos EUA para fazer um doutorado no Seminrio Teolgico de Princeton, tradicional

    instituio presbiteriana, onde o seu mestre Richard Shaull era professor.

    Em 1969, o jornal evanglico ecumnico Cristianismo publicou um longo artigo relatando a deposio

    do Reverendo Gerd Wenzel do Presbitrio do Rio Doce MG. O pastor foi acusado de assumir uma posio contrria aos princpios da IPB. Entretanto, esta acusao nunca foi provada, nem tampouco denunciada,

    como manda o artigo 42 2 do Cdigo de Disciplina. Com os pastores do Presbitrio de Salvador aconteceu de forma semelhante. Quanto aos princpios contrrios, certamente se referiam ao ecumenismo e s

    preocupaes sociais.

  • Os setores mais conservadores, especialmente a hierarquia das referidas comunidades, condenaram o

    pensamento progressista de forma bastante agressiva. Em 1966, na Igreja Presbiteriana, o grupo inovador era

    denominado de a esquerda que caminha pelo Evangelho Social. Em um artigo publicado no Brasil Presbiteriano, acusavam o grupo de facilitar a licenciosidade teolgica e de ceder s tentaes do sincretismo programado pela Igreja Romana e o Conselho Mundial de Igrejas. Utilizando-se de uma prtica comum aos que tm o poder de definir a ortodoxia, satanizam o pensamento divergente: hora de dizermos no ao enganador e como discpulos de Jesus Cristo importa ergamos alto o brado de represso: vai-te satans. (O Brasil Presbiteriano no 14/16,1966, p. 08) Lanaram mo de uma representao do bem x mal, Deus x satans,

    para marginalizar e condenar o que consideravam uma heresia.

    A delao transformou-se num ato de servio ptria e a Deus. Aqueles que pertenciam a partidos

    de linha socialista passaram a compor as listas dos irmos. Na Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB),

    proporcionalmente mais politizada e atuante, a questo foi aberta no prprio Supremo Conclio. Durante

    a reunio do Supremo Conclio em Fortaleza (1966), falou-se em regime de exceo dentro da Igreja. Um

    presbtero general do exrcito props que nenhum pastor podia pertencer a um partido poltico de

    orientao socialista. Essa proposta no foi aceita. Outro presbtero, tambm oficial do exrcito, dizia aos

    delegados, nos corredores, que era soldado de Cristo e soldado da ptria e como soldado da ptria tinha o dever de denunciar s autoridades qualquer irmo suspeito de subverso (ARAJO, 1985, p. 53).

    Na Confederao Evanglica do Brasil (CEB), logo aps o golpe de 1964, o Presidente em exerccio

    Amantino Vasso imprimiu uma linha mais conservadora, perdendo aquela viso social dos anos anteriores.

    O Setor de Responsabilidade Social no deu continuidade aos planos previstos para o trinio ps 1963. O

    discurso e as prticas conservadores ganharam o debate: tanto o Setor da Mocidade quando o Setor de

    Responsabilidade Social foram fechados e os seus lderes demitidos. As causas apontadas para o fechamento

    do Setor de Responsabilidade Social, juntamente com outros que eram dirigidos por pessoas progressistas

    como o socilogo Jether Ramalho e o Reverendo Domcio de Matos, tinham um contedo puramente

    ideolgico.

    Como ocorreu no interior das denominaes protestantes, o grupo progressista foi expurgado tambm

    da CEB. O escritrio de Waldo Cesar foi invadido pela polcia em 1967; o mesmo foi preso pelos militares

    acusados de subverso, na poca ele era editor da Revista Paz e Terra, a qual tinha uma proposta ecumnica e humanista. Os delatores foram os irmos presbiterianos.

    O Conselho Mundial de Igrejas e a Ao Social dos Protestantes Ecumnicos

    Em Feira de Santana em 1970, sob os auspcios do Conselho Mundial de Igrejas, foi realizada uma

    pr-consulta, na qual, se discutiram os problemas sociais do Pas, especialmente os nordestinos.

    Participaram do evento vrias denominaes evanglicas, a Igreja Catlica, representada pelo Padre

    Albertino Carneiro, na poca um atuante clrigo progressista na regio e vinculado Teologia da

    Libertao (CORRESPONDNCIA DA CEB, 26/02/1970 E ENTREVISTA AOS AUTORES EM 15/12/2006).

    Do final de julho a quatro de agosto de 1972 realizou-se em Salvador uma Consulta do Conselho

    Mundial de Igrejas com a finalidade de se fixarem orientaes para ajuda de Igrejas ou entidades estrangeiras s Igrejas Evanglicas no seu trabalho de ao social (DOCUMENTOS AVULSOS DA CESE CONCLUSES DO ENCONTRO SOBRE CONSULTA ECUMNICA). A coordenao do conclave ficou sob a

    responsabilidade de Enilson Rocha, (presbiteriano e posteriormente membro da Igreja Evanglica

    Pentecostal O Brasil para Cristo) Frei Felix Neefjes (catlico) e os Reverendos presbiterianos Josu Mello

    e Celso Dourado, atuantes lderes ecumnicos e vinculados a projetos sociais como o Servio de

    Integrao do Migrante, localizado em Feira de Santana, Bahia, alm de fiis discpulos de R. Shaull da

    dcada de 1950.

    Participaram ainda da Consulta representantes das igrejas membros do CMI no Brasil, isto , a Igreja Evanglica de Confisso Luterana, Igreja Metodista do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a Igreja

  • Evanglica Pentecostal O Brasil Para Cristo, alm do clrigo catlico citado representando a CNBB, o Arcebispo

    Primaz do Brasil D. Avelar Brando Vilela participou ativamente. Representaram o CMI o Rev. Allan Brash e o

    Rev. Joo D. Parahyba da Silva, lder metodista atuante desde a dcada de 1950, que inaugurou a Consulta

    com uma palestra sobre o avano da pobreza no mundo e no Brasil quando criticou duramente as formas de

    ajuda.

    Aps quatro dias de intensos debates, crticas e apresentao dos projetos Gurupi, Apodi e do SIM,

    quando seus diretores discorreram sobre o alcance social e poltico dos mesmos, a plenria da Consulta

    Ecumnica decidiu: Recomendar s quatro Igrejas-membros do CMI a criao de uma Comisso de

    Projetos, localizada numa cidade nordestina. Indicar quatro nomes, a ser referendado um entre estes,

    pelas igrejas-membros, como coordenador geral da Comisso de Projetos (DOC. AVULSOS DA CESE,

    SALVADOR, 1972).

    Conforme o secretrio para a Amrica Latina do Conselho Mundial de Igrejas, os pobres precisavam

    de auxlio, porm numa perspectiva de dignidade, de respeito humano. A linha de ao do CMI poderia

    ser assim entendida: A palavra ajuda no est conseguindo mais transmitir relao de solidariedade humana, porque existe nestas relaes entre os povos algo fundamentalmente errado: faltam justia, amor

    e humildade. E nenhuma dessas trs coisas se compra no mercado (JORNAL A TARDE, 01/08/1972).

    Ao final da sua conferncia o Rev. Parahyba da Silva conclamou as igrejas a inclurem na sua agenda

    Justia, amor e humildade como frutos do Esprito, frente ao desafio do aumento do nmero de necessitados no mundo, segundo a Comisso de Desenvolvimento da ONU (JORNAL A TARDE,

    01/08/1972).

    Nas fontes consultadas ficou claro que a linha de atuao seguida pelo CMI norteou desde as origens

    a Coordenadoria Ecumnica de Servio. Em junho de 1973 as igrejas nacionais que participavam do CMI

    organizaram formalmente a Coordenadoria Ecumnica de Servio(CESE) com uma proposta corajosa de

    cooperao, recusando o assistencialismo e o proselitismo dominante entre as instituies eclesisticas

    evanglicas. Buscava-se um servio social aos empobrecidos, com uma viso ecumnica de respeito

    diversidade religiosa reinante no Pas.

    A entidade foi criada e sediada no Nordeste, em Salvador, por razes muito claras. As desigualdades

    e as distores regionais que assolavam o territrio brasileiro adentraram tambm nos arraiais

    protestantes, especialmente na diviso do bolo da ajuda financeira que era enviada pelas instituies eclesisticas da Europa e dos EUA. Os nordestinos ficavam sempre com a menor fatia. Segundo Enilson

    Rocha, primeiro secretrio executivo da CESE, a escolha da sede em terras soteropolitanas foi uma forma

    de reverter o pecado da m distribuio dos recursos cooperantes aportados no Pas. Cerca de 82% desses recursos eram destinados na dcada de sessenta Regio Sul (DOC. CESE.SOUZA, ENILSON

    ROCHA IN. ECONOMIA POPULAR VIABILIDADE E ALTERNATIVOS. P. 43, CESE, 1997).

    Embora sediada no Nordeste brasileiro e priorizando essa regio bem como a Norte, a CESE ao longo

    de sua trajetria tambm tem apoiado projetos oriundos das demais regies do Pas. Enquanto instituio de amplitude nacional, a CESE no poderia nem pode propor-se a apoiar apenas o Norte-Nordeste

    deixando o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste de lado (DOC. CESE.SOUZA, ENILSON ROCHA IN. ECONOMIA POPULAR VIABILIDADE E ALTERNATIVOS. P. 431, CESE, 1997).

    Convm ressaltar que episcopais anglicanos, presbiterianos e metodistas j tinham uma trajetria de

    engajamento na resoluo das questes sociais e experincias ecumnicas desde a dcada de 50, como

    analisamos anteriormente. Portanto, no seria novidade a participao dos mesmos na CESE. A presena

    ativa da Igreja Evanglica Pentecostal O Brasil Para Cristo, fundada por brasileiros em 1956 se constitua em algo inusitado, especialmente pelo carter conservador e fechado s inovaes teolgicas, que o

    pentecostalismo clssico assumiu no territrio brasileiro. Certamente que a liderana nacional, o peso do

    carisma do Missionrio Manoel de Mello, um nordestino imigrante em So Paulo, e que tinha uma viso

    social do Evangelho, muito contribuiu para sua aproximao CESE e ao CMI. Outro fator relevante foi a

    capacidade de articulao de Enilson Rocha, presbiteriano de origem, e que posteriormente se tornaria

  • membro da Igreja Evanglica Pentecostal O Brasil Para Cristo, certamente entusiasmado com essa comunidade evanglica totalmente nacional e que crescia vertiginosamente nas dcadas de 70 e 80 do

    sculo passado.

    Compunham a diretoria da entidade: Presidente, Vice-presidente, Secretrio, Tesoureiro e um Vogal.

    A mesma era responsvel pela execuo e encaminhamento de todas as atividades internas e articulaes

    externas com outras instituies congneres. A primeira diretoria foi assim constituda: Presidente Bispo

    Sady Machado da Silva (metodista); Vice Presidente Bispo Jesus Teixeira Gurgel (catlico romano);

    Secretrio Jaime Wright (pastor presbiteriano); Tesoureiro Bispo Arthur Kratz (episcopal); vogal

    missionrio Manoel de Mello Silva pastor da Igreja Evanglica Pentecostal O Brasil para Cristo.

    A primeira assembleia da CESE ocorreu em 13 de junho de 1973, sob a coordenao do Missionrio

    Manoel de Mello, instalada em Salvador, nas dependncias do Retiro So Francisco (dirigido por catlicos).

    Tambm participaram dessa assembleia outras pessoas ligadas aos projetos sociais desenvolvidos por

    evanglicos naquele momento e representantes do setor catlico. A exemplo de: Rev. Josu Mello

    representando o projeto Servio de Integrao do Migrante (SIM), sediado em Feira de Santana, Bahia; Pastor

    Diomdio Alves da Silva representando o projeto Apodi, Rio Grande do Norte; Enilson Rocha Souza

    representando o Projeto Gurupi, sediado no Maranho e o Frei Neefjes, representando o Arcebispo de Salvador

    D. Avelar Brando Vilela (LIVRO DE ATAS DAS ASSEMBLIAS DA CESE, NO 1, P. 10-12).

    Era uma assembleia ecumnica, com representao de diversos grupos cristos, em p de igualdade com

    direito a voz e voto. Esta perspectiva ecumnica foi uma caracterstica forte ao longo da trajetria da CESE.

    Diramos a marca diferenciadora da entidade em meio a um campo religioso baiano e brasileiro marcado pela

    intolerncia religiosa e as disputas proselitistas.

    Consideraes finais

    O Conselho Mundial de Igrejas, criado aps a Segunda Guerra Mundial, com sua atuao ecumnica

    e engajada aos problemas sociais e polticos foi de fundamental importncia para a articulao de um

    setor ecumnico do protestantismo brasileiro, o qual organizou a Comisso de Igreja e Sociedade. Essa

    Comisso empreendeu esforos e promoveu quatro grandes conferncias nacionais com o objetivo de

    tomar posio frente aos problemas sociais vividos pela populao brasileira.

    Com o golpe civil-militar em 1964 a Confederao Evanglica que havia criado o Setor Igreja e

    Sociedade sofreu interveno de militares e seus dirigentes chegaram a responder processo. No interior

    das Denominaes Protestantes os membros ecumnicos e progressistas foram excludos e perseguidos

    pelas lideranas eclesisticas conservadoras.

    Em 1972, um grupo remanescente da gerao de 1950 fundou em Salvador a Coordenadoria

    Ecumnica de Servios (CESE) com o total apoio do Conselho Mundial de Igrejas, tendo como objetivo

    precpuo desenvolver projetos sociais para combater a pobreza e organizar diversos movimentos sociais

    que pautaram problemas sociais candentes, a exemplo de questes de gnero, combate ao racismo, luta

    por moradia, combate s secas e fome, alm de apoio a segmentos sociais em situao de risco.

    Em meio a um campo religioso em que diversos grupos religiosos vivem em permanente disputa e

    intolerncia, a atuao do Conselho Mundial de Igrejas e da Coordenadoria Ecumnica de Servios foram

    imprescindveis na construo de um dilogo ecumnico e o envolvimento do protestantismo nacional

    com as demandas sociopolticas do Pas. Atualmente o pndulo da Histria aponta para o crescimento de

    instituies eclesisticas que disputam o mercado religioso com um perfil fundamentalista, em

    contrapartida com o descenso do setor ecumnico e progressista no cenrio evanglico nacional.

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    Colaborao Ir. Paulo Afonso R. Costa

    1Trabalho apresentado no XII Simpsio da ABHR, 31/05 03/06 de 2011, Juiz de Fora (MG), GT 02: Evanglicos

    protestantes e o ecumenismo.

    2 Professora Plena da Universidade Estadual de Feira de Santana.