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HISTÓRIA Os 400 anos do primeiro Tribunal de Justiça do Brasil ENCONTRO Tocantins vai receber o 98º Encontro do Colégio ARTIGO Des. José Renato Nalini fala das perspectivas para o Judiciário EDIÇÃO 1 ANO I MARÇO DE 2014 UM NOVO TEMPO PARA O JUDICIÁRIO ESTADUAL

EDIÇÃO 1 ANO I MARÇO DE 2014 - colegiodepresidentes.jus.br do... · ROWILSON TEIXEIRA Tribunal de Justiça de Roraima Desa. TÂNIA MARIA V. DIAS DE SOUZA CRUZ Tribunal de Justiça

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HISTÓRIAOs 400 anos do primeiro

Tribunal de Justiça do Brasil

ENCONTROTocantins vai receber o

98º Encontro do Colégio

ARTIGODes. José Renato Nalini fala das perspectivas para o Judiciário

EDIÇÃO 1 ANO I MARÇO DE 2014

UM NOVO TEMPO PARA OUM NOVO TEMPO PARA O

JUDICIÁRIOESTADUAL

O PAPEL DO JUIZ É RECONHECER O SEU DIREITO

“Conheça seus direitos. Você pergunta e a Amepa responde” é um programa radiofônico diário produzido pela Associação

dos Magistrados do Estado do Pará que busca levar a Magistratura para mais perto do cidadão, procurando

orientá-lo no conhecimento de seus direitos.

A Diretoria da AMEPA entende que, além da defesa dos interesses da classe, é fundamental a parceria

com a sociedade.

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MARÇO DE 2014

A ideia de lançar esta Revista foi germina-da desde o primeiro dia em que, surpreendido pela honrosa convocação dos eminentes cole-gas Presidentes, me senti no dever de assumir a elevada responsabilidade de conduzir a Co-missão Executiva do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil.

Confesso, porém, que não se tratou de um propósito surgido por acaso, mas sim lastrea-do na experiência reveladora de que qualquer instituição nos dias atuais, além dos símbolos e formalidades que a distinguem, necessita de veículos de comunicação não apenas virtuais para maior divulgação do que fazem e a difu-são do pensamento dos seus integrantes.

O Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça, por preencher a lacuna re-sultante do fato de a Constituição da República não ter dotado os Judiciários dos Estados de um Conselho próprio, nas suas duas décadas de existência, tem um grande acervo de rele-vantes serviços prestados à Justiça Brasileira que foi construído a partir de haver se fi rmado como um espaço de salutar e necessária convi-vência dos Presidentes dos Tribunais de Justi-ça, de troca de informações e de conhecimen-tos a respeito de iniciativas bem-sucedidas na busca da otimização da prestação jurisdicional nos mais longínquos rincões do país.

No exercício dessa função de suprir, na medida do possível, a falta de um Conselho da Justiça Estadual à semelhança do que o constituinte de 1988 criou para as Jus-tiças Federal e do Trabalho, o Colégio de Presidentes tem auxiliado os Tribunais de Justiça na intermediação política que anu-almente se faz necessária, junto aos demais Poderes dos Estados, à obtenção de recursos orçamentários adequados a boa prestação ju-risdicional e, inclusive, por força de convênio com as Cortes Estaduais, tem atuado como amicus curie nos processos em tramitação no Supremo Federal, quando a matéria pode ter

repercussão comum de natureza institucional.Por tudo isso, salta aos olhos a importância

de um órgão de divulgação como este, em es-pecial considerando que os Judiciários dos Estados da nossa imensa Federação não possuíam nenhum veículo de divulgação conjunta de assuntos de interesse geral e de notícias do mais antigo e maior segmento da Justiça Brasileira.

Essa falta, aliás, parece justifi car em gran-de parte o fato de proliferarem certos juízos negativos sobre o desempenho da Justiça dos Estados, os quais, fundados em casos isolados, ganham divulgação generalizadora e, sobretu-do, se prestam a comparações esdrúxulas com outros ramos do Judiciário Brasileiro, uma vez que estes, além de contarem com mais recursos para investimento e custeio, sequer possuem escala de comparação com o Judiciário Esta-dual, na medida em que têm um número bem menor de magistrados, maior contingente de pessoal de apoio, menos instalações e capilari-dade territorial no país, competência em nível mais especializado e com amplitude inferior, bem como respondem por apenas cerca de 30% da prestação jurisdicional.

A carência de divulgação conjunta pelos Tribunais de Justiça das inovações, das boas práticas e dos avanços de qualidade da Justiça Estadual brasileira faz com que, inclusive, fatos relevantes, como o de ser o ramo mais premia-do nas edições do prêmio INOVARE e o que mais tem avançado em número de processos baixados, terminem pulverizados no esqueci-mento ou empanados por um pequeno núme-ro de senões no grande universo das atividades sob o encargo da Justiça Estadual.

É, pois, com grande satisfação que, na quali-dade de Presidente do CPPTJ, apresento o pri-meiro número deste periódico, revelando a certeza do meu empenho para que tenha sua continuidade garantida e preste bons servi-ços ao Judiciário e ao País.

A PROPOSTADESTA REVISTA

Desembargador Milton NobrePresidente do CPPTJB

“O Colégio tem um grande acervo de serviços prestados à Justiça”

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MARÇO DE 2014

Tribunal de Justiça do Acre Des. ROBERTO BARROS DOS SANTOS(2013-2015)

Tribunal de Justiça de AlagoasDes. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Amazonas Des. ARI JORGE MOUTINHO DA COSTA (2012-2014)

Tribunal de Justiça do Amapá Des. LUIZ CARLOS GOMES DOS SANTOS (2013-2015)

Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Ceará Des. LUIZ GERARDO DE PONTES BRÍGIDO (2013-2015)

Tribunal de Justiça do DF e Territórios Des. DÁCIO VEIRA (2013-2014)

Tribunal de Justiça do Espírito Santo Des. SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Goiás Des. NEY TELES DE PAULA(2013-2015)

Tribunal de Justiça do Maranhão Desa. CLEONICE SILVA FREIRE (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso Des. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul Des. JOENILDO DE SOUSA CHAVES (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais Des. JOAQUIM HERCULANO RODRIGUES (2012-2014)

Tribunal de Justiça do Pará Desa. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (2013-2015)

Tribunal de Justiça da Paraíba Desa. MARIA DE FÁTIMA MORAES CAVALCANTI (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Paraná Des. GUILHERME LUIZ GOMES (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Pernambuco Des. FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Piauí Desa. EULÁLIA MARIA RIBEIRO G N PINHEIRO (2012-2014)

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Desa. LEILA MARIA CARRILO C R MARIANO (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Des. ADERSON SILVINO DE SOUZA (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Des. JOSÉ AQUINO FLÔRES CAMARGO (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Rondônia Des. ROWILSON TEIXEIRA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Roraima Desa. TÂNIA MARIA V. DIAS DE SOUZA CRUZ (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Santa Catarina Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (2014-2016)

Tribunal de Justiça de São Paulo Des. JOSÉ RENATO NALINI (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Sergipe Des. CLÁUDIO DINART DÉDA CHAGAS (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Tocantins Desa. ÂNGELA MARIA RIBEIRO PRUDENTE (2013-2015)

COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL

COMISSÃO EXECUTIVA COM MANDATO ATÉ MARÇO DE 2016

Presidente: Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE (TJPA)

Membros:Des. MARCUS ANTONIO DE SOUZA FAVER (TJRJ)

Des. MARCELO BANDEIRA PEREIRA (TJRS)Des. MIGUEL KFOURI NETO (TJPR)

Des. CAIO OTÁVIO REGALADO DE ALENCAR (TJRN)Des. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES (TJAM)

Desa. MARILZA MAYNARD SALGADO DE CARVALHO (TJSE)Des. OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA (TJDFT)

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MARÇO DE 2014

Ouvidorias ganham destaqueMinistro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), exalta o papel relevante das ouvidorias judiciárias. PÁGINAS 12 E 13.

Incentivo à mediação judicialDocumento elaborado no 97º Encontro do Colégio de Presidentes, “Carta de Maceió” prega o estímulo à mediação para solucionar confl itos.PÁGINAS 17

Tocantins sedia 98º EncontroTribunal de Justiça do Estado do Tocantins comemora 25 anos e abre as portas para a reunião do Colégio de Presidentes. PÁGINAS 26 A 37

MILTON NOBRE ASSUME O COLÉGIONo discurso de posse, desembargador Milton Nobre defende debate amplo e aberto para solucionar os problemas da justiça brasileira. PÁGINAS 8 A 11.

CNJ faz audiência pública sobre efi ciência no 1º grauPÁGINA 20.

Des. Fernandes Filho relembra conquistas do ColégioPÁGINAS 38 E 39.

NESTA EDIÇÃONESTA

EDIÇÃONESTA

EXPEDIENTEEditor responsável

WALBERT MONTEIRO DRT 1095/PA

TextosSOCORRO COSTA

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MARÇO DE 2014

Eleito para assumir o cargo de Presiden-te do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil por oca-sião do 96º Encontro realizado na cidade de Gramado (RS), em setembro de 2013, o decano do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, foi empossado durante a solenidade de abertura do 97º Encontro deste Colegiado, no dia 28 de novembro do ano passado, realizada na Sala de Ses-sões do Pleno do Tribunal de Justiça de

Alagoas, na aprazível cidade de Maceió.A sessão solene foi prestigiada pelo Go-

vernador do Estado, Teotônio Vilela Filho, e a ela compareceram as principais autori-dades alagoanas e a quase totalidade dos integrantes do Tribunal Pleno de Alagoas, além do Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins e do então presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, desembargador Nelson Calan-dra. A reunião foi aberta pelo anfi trião, de-sembargador José Carlos Malta, presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, que deu as boas-vindas a todos os presentes, seguindo-se o ritual de ingresso de cada um dos demais Presidentes de Tribunais, acompanhados de suas respectivas bandeiras, conduzidas por cadetes da Polícia Militar.

DESEMBARGADOR MILTON NOBRE ASSUME DURANTE A ABERTURA DO 97º ENCONTRO EM MACEIÓ

COLÉGIO EMPOSSANOVO PRESIDENTE

Solenidade de abertura do 97º Encontro, em Maceió

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“Ao desafi o que me foi lançado, só me resta uma resposta: dedicação”

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O governador Teotônio Vilela Filho fez o seu pronunciamento de saudação, em nome do povo alagoano, convidando os participantes do Encontro e seus acom-panhantes a desfrutarem dos encantos proporcionados pelas belezas naturais e pela cultura de Maceió. O desembarga-dor Marcus Faver, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, fez suas despedidas na condição de presidente do Colégio Per-manente em emocionado discurso, no qual procurou fazer uma breve retros-pectiva de seu mandato e das conquistas alcançadas pelo colegiado. Em seguida passou a presidência ao desembargador Milton Nobre, a quem enalteceu as vir-tudes: “O desembargador traz uma baga-gem cultural e de administrador excepcio-nal. Fez um serviço altamente elogiado no Tribunal do Pará quando foi presidente. A reformulação que ele fez naquele Tribunal é algo para ser admirado por todos”.

Em seu discurso de posse, o novo pre-sidente agradeceu aos integrantes do co-légio pela “inequívoca demonstração de confi ança”. Para Milton Nobre, o Brasil e o mundo vivem um momento histórico de “transição paradigmática” no campo dos valores éticos e também jurídicos, contex-to que eleva a importância da atuação do Poder Judiciário.

Foram destacados o equilíbrio e a pru-dência com que o desembargador Marcus Faver conduziu o colegiado. “Não preten-do me afastar da trilha traçada pelos meus antecessores, mas tenho a minha forma própria de caminhar”, afi rmou Nobre, anunciando, ainda, que apresentará, du-rante o Encontro em Maceió, uma agen-da mínima a ser desenvolvida no exercício de 2014. Agradeceu também ao desem-bargador José Carlos Malta Marque pela hospitalidade, sempre gentil e generosa. “Adiei meus planos pessoais para atender ao chamado dos colegas. Ao desafi o que me foi lançado, só me resta uma resposta: dedicação”, frisou o desembargador, ao concluir o discurso.

Mesa que presidiu o Encontro.Ao lado, a desembargadora

Luzia Nadja Nascimento

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Minhas senhoras e meus senhores:O cotidiano não nos reserva apenas

surpresas boas e más. Lança-nos também desafi os de toda ordem. O inesperado, por mais paradoxal que possa parecer, em alguns momentos de refl exão, apresenta-se como única certeza. Porque dele ninguém escapa e não há remédio ou medida pre-ventiva que possa evitá-lo. Assim é a vida.

DISCURSO REFORÇA PAPEL

DO JUDICIÁRIO“O inesperado apresenta-se como única certeza e dele ninguém escapa”

No discurso de posse, Milton Nobre destacou a confi an-ça que recebe do Colégio de Presi-dentes

E, por isso mesmo, todos os planos, inclusive os de natureza pessoal, são inevitavelmente mutáveis e permitem adiamentos.

Começo, assim, esta breve oração de agradecimento aos Presidentes dos Tribu-nais de Justiça do Brasil, pela inequívoca e honrosa demonstração de confi ança que me alçou à presidência deste Colégio Per-manente, porque jamais esteve dentre os

LEIA A ÍNTEGRA:

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meus anseios assumir tão distinguido car-go. Ao contrário, embora ainda distante do termo constitucional de permanência em atividade, já tendo sido presidente do meu Tribunal e exercido um mandato no Conselho Nacional de Justiça, pretendia me aposentar durante o fl uir do próximo ano de 2014 e conviver de modo mais pre-sente com a minha família, especialmente com a minha mulher, Olga Maria, compa-nheira de uma jornada que já ultrapassou 40 anos, meus fi lhos, noras e netos.

Contudo, ao ser indicado para presidir este Colegiado pelo Desembargador Mar-cus Faver, com o aplauso de aprovação de todos os representantes dos Tribunais Justiça presentes ao Encontro de Grama-do, realizado nos dias 12 e 13 do último mês setembro, naquela bela e acolhedora cidade do Rio Grande do Sul, senti-me obrigado a aceitar o elevado encargo por um princípio que sempre procurei cum-prir no exercício da magistratura e que

“Sou, com toda humildade e sem vitupério, um fi lho do norte, herdeiro do povo Tupi e que, portanto, jamais desiste dos ideais”

seguramente consegui esculpir de modo indelével na legenda que redigi para o Brasão d’Armas do Tribunal de Justiça do meu Estado: non sibi, ad justitiam semper fi delis (não para si, à justiça sempre fi el).

Em outras palavras, ao responder po-sitivamente à inopinada convocação dos eminentes colegas Presidentes, apenas objetivei manter a coerência que qual-quer pessoa, especialmente a que possui alguma dimensão de vida pública, deve preservar entre o seu discurso e as suas práticas, vale dizer, entre a retórica que emprega e os testemunhos que concreti-za, o que também me impõe, desde logo, proclamar que aquele meu plano pessoal está somente suspenso, ou melhor, adia-do por algum tempo, cujo limite fi nal e improrrogável está determinado na ata que registrou minha eleição.

Feitas essas considerações iniciais, devo confessar que fui assaltado por duas grandes preocupações ao aceitar a missão de dirigir este colegiado: a primeira de-corrente do fato de estar sendo chamado a substituir o meu amigo Marcus Faver, cujo equilíbrio de prudência e de cora-gem, sempre demonstrado nos anos em que exerceu a presidência, aliado à fi dalga amabilidade que distingue o seu modo bem carioca de ser, garantiram, sem qualquer trepidação, a continuidade da sólida obra construída pelo Desembar-gador José Fernandes - o grande artífi ce da consolidação deste órgão - no longo tempo em que esteve à frente do Colégio; e a segunda, vinculada aos cenários pre-sente e futuro do Judiciário brasileiro, os quais demandam atenta e fi rme atuação no cumprimento das nossas fi nalidades estatutárias de defender os princípios, prerrogativas e funções institucionais do Poder Judiciário Estadual.

No que se refere à primeira dessas pre-ocupações, destaco ter sido tranquilizado de imediato pelo irrestrito apoio que re-cebi dos demais integrantes da Comissão Executiva e da Presidente do Tribunal de

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Justiça do Estado do Pará, Desembarga-dora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, aos quais dirijo publicamente a minha ma-nifestação de agradecimento e aproveito para anunciar que, por iniciativa dessa emi-nente colega, o Colégio já conta com ser-vidores cedidos e instalações condignas no meu Estado, cujo endereço será divulgado na próxima semana no site da instituição.

Creio que não se faz demasiado men-cionar que minha tranquilidade também deita raízes no propósito de não afastar-me da trilha aberta pelos meus antecesso-res, embora ressalte o meu jeito próprio de caminhar, pois, como homem da Ama-zônia, tenho o andar cauteloso dos povos da fl oresta, mas, tomando por emprésti-mo algumas palavras de um dos cantos poéticos mais belos do maranhense Gon-çalves Dias, sou, com toda humildade e sem nenhum vitupério, um fi lho do norte, herdeiro necessário do povo Tupi e que, portanto, jamais desiste dos ideais pelos quais luta ou deixa de cumprir seu dever, dedicando todas as suas forças para bem servir aos objetivos daquilo que assume.

Quanto à minha segunda preocupação, ou seja, com os cenários presente e futuro do Judiciário brasileiro, como reconheço que este não é um momento apropriado para tratar, na sua inteireza, de um assunto tão vasto quanto complexo, mesmo por-que seria imperdoável retribuir o prestí-gio da gentil presença das autoridades e amigos diletos nesta solenidade com um discurso longo, recheado de números ou observações técnicas e, em consequência, enfadonho, permito-me apenas algumas observações de índole geral que trago à refl exão de todos.

Boaventura de Souza Santos leciona que “a transição paradigmática é um período histórico e uma mentalidade. É um perío-do histórico que não se sabe bem quando começa e muito menos quando acaba. É uma mentalidade fracturada entre lealda-des inconsistentes e aspirações despro-porcionadas entre saudosismos anacró-nicos e voluntarismos excessivos. Se, por um lado, as raízes ainda pesam, mas já não

sustentam, por outro, as opções parecem simultaneamente infi nitas e nulas.”

E arremata: “A transição paradigmáti-ca é, assim, um ambiente de incerteza, de complexidade e de caos que se repercute nas estruturas e nas práticas sociais, nas instituições e nas ideologias, nas repre-sentações sociais e nas inteligibilidades, na vida vivida e na personalidade”.

Sem qualquer pretensão de corrigir ou complementar essas agudas observações do notável pensador português sobre o nosso tempo, acentuo que a humanidade, a partir do fi nal da Segunda Grande Guer-ra, mais exatamente da derradeira metade dos anos sessenta, e o Brasil, da década de oitenta para cá, vivem um longo período de transição paradigmática, no qual a re-lativização dos conceitos e dos valores éti-co-socias e - por que não dizer? - jurídicos terminou trazendo para o colo do Poder Judiciário uma avassaladora e variada série de questões, muitas das quais de alta com-plexidade e de relevância política.

Essa nova realidade se explica, dentre ou-tras razões, por ser o Judiciário, em um tal quadro de incertezas ou de certezas move-diças, o único Poder legitimado para, com a última palavra, decidir o fi m das contro-vérsias sociais, isto porque constrói todas as suas decisões, de modo fundamentado e transparente, através de um processo con-traditório, o qual, especialmente no Brasil, encontra-se disponibilizado à participação de todos os interessados, na medida em que a Constituição consagra que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

Ora, ao lado disso, como a nossa Cons-tituição, além de analítica, foi avançada no tratamento e nas garantias dos direi-tos fundamentais, mesmo reconhecendo a existência de outras razões de importância semelhante (v.g.: a recorribilidade excessiva admitida pelas nossas leis processuais) e, em consequência, correndo o risco da mi-nha análise ser qualifi cada de simplista ou superfi cial, pelos nunca ausentes críticos de plantão, creio não estar cometendo ne-nhum pecado mortal, de natureza técnica,

“O Judiciário é o único Poder legitimado para decidir o fi m das controvérsias sociais”

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ao afi rmar que desse conjunto de razões resultaram os 92,2 milhões de processos em tramitação no Judiciário brasileiro du-rante o corrente ano, segundo informa o Relatório Justiça em Números, de 2013, do Conselho Nacional de Justiça.

Acontece que, objetivando meios para satisfazer de modo efi ciente essa demanda gigantesca de justiça e que, por certo, sur-preende qualquer magistrado estrangeiro, ecoam hoje por todo o país discursos so-bre desjudicialização, reengenharia do Po-der Judiciário ou simplesmente em favor de alterações na composição dos tribunais como, por exemplo, os que deram supor-te à inconstitucional PEC nº 31, que visa atribuir nova composição aos Tribunais Regionais Eleitorais e cuja única virtude reside vincular a indicação dos seus inte-grantes recrutados na classe de juristas à formação de uma lista sêxtupla pela Or-dem dos Advogados.

São exatamente discursos como esses e iniciativas neles baseadas que realmente me preocupam em relação ao presente e ao futuro do Poder Judiciário porque, não raro louvados apenas em números não in-teiramente refi nados e sem uma meditação mais profunda - a respeito do que existiu recente alerta do douto Ministro Gilson Dipp, durante o Encontro Nacional pro-movido pelo CNJ em Belém -, terminam produzindo soluções, ao fi m e ao cabo, apenas baseadas em achismos de toda or-dem, algumas das quais, lamentavelmente, chegam a obter adesão de segmentos da própria magistratura e de outros operado-res do direito.

Longe de mim, negar a importância da estatística ou pretender diminuir o signifi -cado dos números para a consistência de um bom planejamento. Não se entenda, pois, além do que estou a dizer. Ou seja: que as soluções para aperfeiçoar a efi ciên-cia da justiça brasileira, dando-lhe maior qualidade, no tempo adequado e custos compatíveis, devem ser precedidas de de-bates mais amplos e abertos, não apenas formalmente, à audiência de todos.

Mas, evidentemente, não só isto!

É imprescindível, segundo penso, am-pliar, em qualquer reforma que se queira promover, a efetiva participação contribu-tiva dos Tribunais Estaduais, uma vez que o Judiciário brasileiro, mesmo sendo na-cional, como já proclamou a Corte Supre-ma, possui uma organização constitucional federativa, respondendo os Judiciários dos Estados por cerca de 70% de toda a distri-buição de justiça no país e, não obstante, inclusive no CNJ, órgão maior de plane-jamento e de construção das políticas pú-blicas judiciais, possui uma representação esmagadoramente minoritária.

Autoridades presentes, colegas, amigos, senhoras e senhores:

Disse que pretendia ser breve e já me alonguei demais. Penso, portanto, que, para merecer algum aplauso, está na hora de terminar.

Antes, porém, renovando meu agradeci-mento a todos os Presidentes dos Tribu-nais de Justiça pela distinguida manifesta-ção de confi ança, anuncio que nas reuniões de trabalho a serem realizadas amanhã vou submeter à análise do colegiado pontos de uma agenda mínima de trabalho para o ano de 2014.

Por fi m, agradeço às dignas autoridades e diletos amigos que prestigiam este ato. E faço dois agradecimentos especiais: o pri-meiro, ao Desembargador José Carlos Malta Marques, digno Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, nosso gentil anfi trião, pela atenciosa e cortês recepção que todos recebemos e que bem representa generosidade do povo alagoano; e o segun-do, mas certamente não por último, a minha mulher que sintetiza todo o amor e a solida-riedade dos meus familiares.

Deixei claro, ao iniciar, que adiei meus planos pessoais para atender a convoca-ção dos colegas Presidentes. Encerrando, renovo o compromisso de bem servir a nossa instituição com o mesmo empenho que dedicaria para realizar aqueles planos. Afi nal, aos desafi os da espécie do que me foi lançado só admite uma resposta: dedi-cação.

Muito obrigado!

“Soluções para aperfeiçoar a justiça devem ser precedidas de debates abertos”

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MARÇO DE 2014

“As ouvidorias foram criadas no sentido de

proporcionar melhorias ao

Judiciário, e não punições”

UM INSTRUMENTO DA CIDADANIAMinistro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), destaca a relevância das ouvidorias judiciárias na defesa do cidadão

As reuniões de trabalho do 97º Encontro do Colégio de Presidentes foram iniciadas na manhã da sex-ta-feira, 29 de novembro, no Hotel Ponta Verde, com a abertura ofi cial pelo presidente do colegiado, desem-bargador Milton Nobre, e a fala do desembargador anfi trião, José Carlos Malta Marques, presidente do Tribu-nal de Alagoas.

Convidado especial do colegiado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e diretor da Ouvidoria daquela Corte, o alagoano Hum-berto Martins, dissertou sobre o tema “Ouvidoria e Cidadania – Ins-trumentos de Participação Social”, onde procurou destacar o papel das ouvidorias como instrumentos de participação social imprescindíveis para a consolidação do Estado De-mocrático de Direito. “Magistratura forte é cidadania forte”, sustentou Humberto Martins, no começo de sua apresentação. Ele explicou que a fi gura da ouvidoria no judiciário bra-sileiro começou a se desenhar com a Constituição Federal de 1988, onde fi cou determinado o disciplinamen-to, por lei, da existência de mecanis-mos capazes de registrar e apurar as reclamações da sociedade. Posterior-mente, a Emenda Constitucional 45,

de 2004, consagrou explicitamente que as reclamações e denúncias relativas ao Poder Judiciário fi cariam a cargo das ouvidorias.

O ministro do STJ defendeu o traba-lho realizado pelos magistrados brasi-leiros e esclareceu qual o papel das ou-vidorias: “Sabemos o trabalho hercúleo de cada magistrado na defesa do estado brasileiro. Somos criticados muitas ve-zes injustamente, quando o judiciário está fazendo o seu papel de defesa da democracia e da cidadania. As ouvido-rias foram criadas no sentido de pro-porcionar melhorias ao Judiciário, e não punições”, enfatizou.

No encerramento de sua palestra, o ministro Humberto Martins revelou sua satisfação de estar em Alagoas e alegria de reencontrar os presidentes, atual e anterior, do Colégio de Presidentes: “Fico feliz de retornar a minha terra, para debater ideias e ao mesmo tempo conviver com os amigos. Fico também feliz porque o desembargador Marcus Faver transmitiu o cargo com a missão cumprida. E o presidente Milton No-bre já mostrou o seu valor, atuando no Tribunal de Justiça do Pará e no Conselho Nacional de Justiça”. (Com

informações do site do Tribunal de Justiça de

Alagoas – Isaac Neves (DICOM/TJ) e fotos de Caio

Loureiro).

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MARÇO DE 2014

Ministro do STJ, Humberto Martins destacou: “Magis-tratura forte, é cidadania forte”

Ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), destaca a relevância das ouvidorias judiciárias na defesa do cidadão

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MARÇO DE 2014

“Nelson Calandra

sempre foi solidário à

atuação dos juízes”

VALORIZAÇÃO DO

MAGISTRADOPresidentes do Colégio Permanente reconhecemo trabalho de Nelson Calandra à frente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

O então presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Nelson Calandra, despediu-se de seus colegas, por ocasião da realização do 97º Encon-tro do Colégio Permanente de Pre-sidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, ao palestrar sobre legislação e emendas constitucionais em favor da atuação e segurança da magistra-tura estadual e federal. Nessa oca-sião, os presidentes dos Tribunais de Justiça reconheceram a qualidade de seu trabalho em defesa da magis-tratura brasileira.

Nelson Calandra destacou que as propostas de emenda constitucio-nal, feitas durante sua gestão como presidente da AMB, no triênio de 2011 a 2013, foram apresentadas com base no contato direto com os magistrados brasileiros e diálogo franco com o Colégio de Presiden-tes, entendendo como sendo a me-lhor forma de colaborar para a so-lução dos problemas e o avanço nas questões que afetam o desempenho

do Poder Judiciário.A exposição de Nelson Calandra

suscitou interessantes debates entre os Presidentes sobre as propostas de im-portantes PECs ora em tramitação no Poder Legislativo, entre as quais as PEC nº 63/2013, que trata do Adicional de Valorização do Tempo de Serviço da Magistratura e Ministério Público, e a PEC nº 15/2013, que determina que os julgamentos e sentenças proferidas por juízes sejam cumpridos, sem que precise se alongar com o julgamento de recursos posteriores.

Exaltando a atuação do então pre-sidente da AMB, o presidente do Tri-bunal de Justiça de Alagoas, Desem-bargador José Carlos Malta Marques, foi enfático: “Nelson Calandra sempre foi muito solidário à magistratura e à atuação dos juízes. Suas propostas só contribuiram para aperfeiçoar o serviço Judiciário, seja ele estadual ou federal, e, principalmente, fazer com que as ativi-dades sejam exercidas com motivação”.

(Com informações do Tribunal de Justiça de

Alagoas, Sâmia Laços – DICOM/TJ).

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MARÇO DE 2014

Nelson Calandra foi homenageado por sua atuação em defesa da magistratura

Presidentes do Colégio Permanente reconhecemo trabalho de Nelson Calandra à frente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

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Os servidores Gilberto Pitágoras, co-ordenador do Centro de Custódia de Ar-mas e Munições (CCAM) do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), e Gilderto Miguel, um dos que projetaram o Centro, proferiram palestra sobre a inciativa ino-vadora do TJ/AL. A exposição ocorreu durante o 97º Encontro do Colégio Per-manente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, em Maceió.

O Centro de Custódia funciona no Fórum da Capital, no Barro Duro, e tem por objetivo garantir que nenhuma arma seja furtada ou roubada, voltan-do para mãos criminosas. Implantado pela Corregedoria-Geral da Justiça, o CCAM aboliu a vulnerabilidade na guarda das armas e munições, que eram armazenadas nas dependências das Va-ras e Juizados Criminais. Alagoas é um dos primeiros Estados do Brasil a enca-minhar as armas a um centro de custó-dia. Essa é uma das razões para o Centro ter concorrido na edição de 2013 do Prê-mio Innovare, na categoria Tribunal. A premiação incentiva práticas inovadoras realizadas por magistrados.

O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, desembargador José Car-los Malta Marques, fez adendos à apre-sentação dos servidores. “Da forma em que as armas estavam sendo guardadas, havia muita vulnerabilidade. Hoje temos armas de grande potência armazenadas no Centro de Custódia, além de quase 4

mil cartuchos apreendidos. A estrutura é toda blindada, as paredes são todas refor-çadas”, explanou José Carlos.

O desembargador esclareceu ainda que após aberto o inquérito policial, a arma é encaminhada ao Centro, e durante o andamento do processo, o juiz pode re-quisitar o item, localizado facilmente por sistema informatizado.

JUSTIÇA ALAGOANA APRESENTA CENTRO DE CUSTÓDIA DE ARMAS, NO FÓRUM DA CAPITAL, EM MACEIÓ. PROJETO INOVADOR JÁ CONCORREU AO PRÊMIO INNOVARE, EDIÇÃO DE 2013.

TRIBUNAL DE ALAGOAS AMPLIA SEGURANÇA

CARTAZ mostra o Centro de Cus-tódia de Armas, projeto premiado em Alagoas

Centro tem paredes reforçadas e estrutura blindada

TJ-

AL

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Veja a íntegra da “Carta de Maceió”

1 Ressaltar a existência de acentu-adas diferenças conceituais entre funções correicionais e de ouvi-doria, consoante dispõe a Emen-da nº 45/04, razão pela qual deve ser, em qualquer hipótese, ouvido previamente o reclamado sobre as alegações do reclamante, em res-peito aos princípios da paridade e isonomia, antes da instauração de procedimento administrativo;

2 Estimular a implantação permanente nos Tribunais da media-ção judicial e extrajudicial, bem assim reforçar a prática da conci-liação, como formas de resolução dos con� itos;

3 Reiterar o posicionamento contrário à aprovação da PEC nº 31/2013, por implicar em alterações na composição dos Tribu-nais Regionais Eleitorais tendentes a abolir o sistema federativo;

4 Manifestar preocupação com a interferência do Conselho Na-cional de Justiça (CNJ) na administração � nanceira dos Tribunais de Justiça, impondo-lhes despesas não previstas em Lei.

O Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, reunido na cidade de Maceió (AL), durante o 97º Encontro, no período de 28 a 29 de novembro de 2013, em atenção à realidade da Justiça Brasileira, especialmente no que pertine ao exercício das competências constitucionais dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, torna públicas as seguintes conclusões, aprova-das por unanimidade:

Estimular a prática da mediação judicial e ex-trajudicial para solucionar confl itos foi uma das propostas aprovadas por unanimidade no 97º En-contro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, que aconteceu nos dias 28 e 29 de novembro de 2013, em Maceió, capital de Alagoas. Após uma série de debates sobre o atual cenário da Justiça no Brasil, os magistrados elabora-ram a “Carta de Maceió”, documento que contém as propostas aprovadas pelos integrantes do Colégio.

O encontro dos presidentes de Tribunais de Justiça, que acontece quatro vezes ao ano em di-ferentes cidades, com o objetivo de melhorar o gerenciamento da Justiça e da prestação jurisdi-cional à sociedade.

No calendário de 2014, os encontros aconte-cerão no Tocantins, em março; no Pará, na pri-meira semana de junho, e na Bahia, em setem-bro. O Colégio ainda decidirá o local e o período da última reunião do ano.

DOCUMENTO ELABORADO NO 97º ENCONTRO DO COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES PREGA O ESTÍMULO ÀS PRÁTICAS JUDICIÁRIAS PARA RESOLVER CONFLITOS

PRESIDENTES DEFENDEM

MEDIAÇÃO JUDICIAL

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PERSPECTIVASPARA O

JUDICIÁRIODes. José Renato Nalini

Presidente do TJSP

A Escola de Direito de São Paulo da FGV - Funda-ção Getúlio Vargas - divulgou o ICJ Brasil - Índice de Confi ança na Justiça, versão primeiro semestre de 2013. As Forças Armadas receberam a primeira colocação, com 63% dos pesquisados, a Igreja Ca-tólica em segundo com 47%, o Ministério Público ocupa o terceiro lugar com 44%. Em seguida vêm a Imprensa Escrita - 38% -, Grandes Empresas - 36% - e o Poder Judiciário, com 34%. A lentidão continua a ser o maior defeito da Justiça: 90% dos entrevistados a indicaram.

Não há novidade na pesquisa. Ao contrário, a sen-sação de que o Judiciário tem um défi cit no atendi-mento à população tem sido crônica nas últimas dé-cadas. Talvez isso possa inspirar os responsáveis pelas políticas públicas da Justiça a ousar no sentido de re-duzir o desalento.

O CNJ contribui para cobrar performance dos jul-gadores. As metas por ele estabelecidas já não me-recem resistência, pois resultam de uma constatação inafastável: a Justiça tem um ritmo que não se compa-tibiliza com o da sociedade contemporânea.

Inconvincente a invocação do dilema: celeridade ou segurança jurídica, para justifi car decisões maturadas, fruto de longa refl exão e percuciente análise. Todos sabem que no excessivo demandismo que acometeu a cidadania brasileira, existem lides repetitivas, insus-cetíveis de gerar produção jurisprudencial sofi sticada. Basta responder, objetiva e diretamente, à pretensão formulada. Os confl itos que mais levaram o cidadão a acessar o Poder Judiciário sugerem que é desneces-sária a elaboração de tratados doutrinários ao deci-dir. Na mesma pesquisa da FGV, apurou-se que as questões capazes de levar o entrevistado à Justiça não constituem novidade: direito do consumidor - 94%, Relações com o Poder Público - 92% e Di-reito de Família - 91%. Temas de rotina para a maior parte dos julgadores.

O desafi o maior do Judiciário é superar o acúmulo

SOBRE O AUTOR Aos completar 38 anos de magistratura, o Desembar-gador José Renato Nalini assume a presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo coroando uma carreira iniciada em 1976, quando foi nomeado para a 13ª Circunscrição Judiciária, na cidade de Bar-retos, no interior paulista.E foi em Jundiaí, outra cidade do interior do mais rico Estado da Federação, que José Renato Nailini nasceu, em 1945. Em Campinas, ele concluiu, em 1970, o cur-so de Direito, na Universidade Católica.Em quase quatro décadas de trabalho, José Renato Nailini foi titular nas comarcas de Monte Azul, Itu e Jundiaí, e na cidade de São Paulo. Em 2004 tornou-se desembargador, e de 2012 a 2013 foi o corregedor-ge-ral do TJ de São Paulo, instituição que agora preside.É autor de inúmeras obras jurídicas publicadas, es-pecialmente no campo da ética e da filosofia, sendo, também, ex-presidente da Academia Paulista de Le-tras (2007/2010) e professor consagrado.

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de processos - 93 milhões em curso - e desa-fogar as estruturas, para que se alcance o nível ótimo de litigância. Produtividade é a palavra de ordem, hoje equivalente a efi ciência, valor reclamado para toda a Administração Pública brasileira, da qual o Judiciário faz parte.

O Judiciário ainda não chegou a fi xar pa-drões de performance das unidades judiciais. Inexiste um paradigma de cartório considera-do ideal para oferecer a mais adequada pres-tação jurisdicional. Não se sabe o número de profi ssionais necessário, nem existe uma Es-cola do Servidor que os capacite. O concur-so público é insufi ciente para dotar a Justiça de pessoal apto ao melhor desempenho, até porque o mérito aferido na capacidade mne-mônica nem sempre corresponde às reais ne-cessidades do quadro.

Bem por isso, o Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior em número e em problemas, propôs à Escola Paulista da Magistratura a urgente implantação da Escola do Servidor. Ouvi de inúmeros funcionários que “palestra não é curso”. Eles têm carência de algo mais consistente. De uma formação que os habi-lite ao exercício de uma atividade proativa, criativa e polivalente. Sem prejuízo, consoli-daram-se as parcerias iniciadas no âmbito da Corregedoria Geral da Justiça, com o IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, para elaborar prognóstico da demanda junto à Segunda Instância nos próximos anos. Com a FGV de São Paulo, para auxiliar na seleção de estratégias de gestão que propiciem fru-tos imediatos, com a Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas do Rio, para replicar o trabalho do Núcleo de Análi-se e Modelagem de Dados que conferiu tra-tamento inovador aos dados jurídicos. Com isso, ter-se-á quadro confi ável do tempo de andamento dos processos, da evolução da quantidade de processos por região, investir-se-á em estudos de multilitigância, em iden-tifi cação de indícios de conduta antiética e trabalhar-se-á no conceito de “forum shop-ping”. São análises que permitirão identifi -car o perfi l dos maiores litigantes, estimar a evolução de demandas, a evolução dos objetos das petições e a evolução estatís-tica de petições primárias. Tudo conferirá

“O desafi o do Judiciário é superar o acúmulo de processos para que se alcance o nível ótimo de litigância”

subsídio ao planejamento da administração judiciária para o futuro.

A Jurimetria já está atuando para prover o Judiciário de condições de fazer as melhores escolhas e foram chamados atores externos, representantes de setores privilegiados, para que um olhar alheio auxilie a Justiça a de-tectar funis, estrangulamentos, formalismos estéreis e indesejável laivo burocrático em nossos fl uxos.

No âmbito interno, todo o quadro pesso-al foi conclamado a atuar, de forma efetiva, na busca de alternativas para superar as ca-rências já conhecidas. A autonomia admi-nistrativa e fi nanceira do Poder Judiciário é proclamação que o artigo 99 da Constitui-ção da República, replicado no artigo 55 da Constituição de São Paulo, não conseguiu implementar. Inicia-se o ano judiciário com elevado défi cit, a ser administrado com pru-dência e natural desconforto.

Inúmeras Comissões e Assessorias foram instituídas, para auxiliar no traçado geral da gestão, que se pretende intensamente parti-cipativa. É intenção da Presidência realizar um Censo Administrativo Paulista, para che-gar ao ajuste entre inúmeras estatísticas e os números reais detectados em visitas corre-cionais e também propor um Pacto entre o Judiciário e a Sociedade, num envolvimento que ultrapasse as tradicionais parcerias, mas envolva representantes de todos os setores, mesmo aqueles considerados alheios ou dis-tanciados das questões judiciais.

Os dez anos da Emenda Constitucional 45 precisam merecer serena análise, para que o papel de planejamento do Poder Judi-ciário mereça a ênfase imprescindível a rede-fi nir o papel da Justiça neste século XXI que começa com inúmeras perplexidades e com turbulências tendentes a inibir a elaboração de uma verdadeira fi losofi a da operaciona-lidade do equipamento estatal encarregado de solucionar confl itos.

O importante é reiterar que ninguém está liberado de rediscutir a Justiça, cuja profun-da reforma estrutural ainda não se fez. Sem Judiciário efi ciente, não haverá Democracia Participativa, nem se avançará rumo ao verda-deiro Estado de Direito.

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EM AUDIÊNCIA PÚBLICA, REALIZADA EM BRASÍLIA, CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ) DISCUTE MECANISMOS PARA AMPLIAR A EFICIÊNCIA NOS JULGAMENTOS DE PRIMEIRO GRAU

CNJ DISCUTE EFICIÊNCIA EAPERFEIÇOAMENTO

A audiência pública promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na se-gunda-feira dia 17 de fevereiro, em Brasí-lia, teve uma extraordinária participação de praticamente todas as Instituições ligadas à distribuição da Justiça e de expressivo nú-mero de operadores do Direito represen-

tando outras entidades com interesse no tema da melhoria de desempenho da pri-meira instância do Judiciário.

Algumas das reivindicações apresenta-das relacionam-se com a democratização da gestão, criação de mais mecanismos de trans-parência e redistribuição de maneira equita-

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tiva dos cargos e funções comissionadas. O presidente do Supremo Tribunal Federal

(STF) e Conselho Nacional de Justiça, minis-tro Joaquim Barbosa, declarou ser dever da administração pública garantir efi ciência nos serviços prestados pelo primeiro grau da ju-risdição. “A efi ciência do primeiro grau não é um desejo, não é um sonho, é uma obrigação que advém de um dos princípios constitucio-nais da administração pública. Não há direito à inefi ciência”, disse o presidente, em seu pro-nunciamento na abertura da primeira audiência pública realizada pelo CNJ sobre a Efi ciência do 1º Grau de Jurisdição e Aperfeiçoamento Legislativo Voltado ao Poder Judiciário.

De acordo com as declarações do presi-dente do CNJ, a expressividade dos números

embasa a necessidade de ter sido convo-cada a audiência, porque, na atualidade, 90% dos processos em trâmite estão concentrados na primeira instância, regis-trando taxa média de congestionamento na ordem de 20 pontos percentuais supe-rior aos índices do segundo grau. No en-tendimento do ministro Joaquim Barbosa todos os debates sobre mecanismos de distribuição racional do Judiciário devem ser feitos objetivando o interesse do ci-dadão em receber um serviço célere e de qualidade. Em outro trecho do seu pro-nunciamento afi rmou: “Na atual quadra histórica, esbarra na improbidade a apli-cação desordenada ou não planejada de dinheiro público em iniciativas, projetos, bens ou estruturas que não traduzam o investimento em resultados reais para o serviço judiciário e para o jurisdicionado. Daí a importância da descentralização administrativa e da construção coletiva dos destinos da instituição judiciária. A governança colaborativa não é apenas uma técnica de gestão, mas, sobretudo, uma prática democrática de fomento à efi ciência”.

Presente na audiência, onde teve in-tensa participação, o desembargador Milton Nobre, falando como presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, ratifi -cou o apoio às medidas de priorização da Justiça do 1º grau, lembrando que esta é uma meta que foi consagrada por todos os Presidentes de Tribunais, por ocasião do último Encontro Nacional do Judici-ário, realizado em Belém. Mesmo assim, Nobre chamou a atenção para algumas peculiaridades relativas à Justiça Estadual. Em seu entendimento, é muito importan-te que se elogie a postura democrática do Conselho Nacional de Justiça na convo-cação de uma audiência pública em que se pretenda estabelecer uma política na-cional voltada à priorização do primeiro

Reunião do CNJ, presidida pelo ministro Joaquim Barbosa

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grau de jurisdição dos tribunais brasi-leiros, lembrando que a ex-ministra El-len Gracie, que presidiu o CNJ e STF no biênio 2006/2008, sempre dizia que não se deveria fazer “mais do mesmo”. O ineditismo dessa iniciativa não pode deixar de merecer aplausos, aduziu.

Milton Nobre assegurou que as dis-cordâncias porventura elencadas pelo Colégio de Presidentes deveriam ser recebidas como proposições visando à construção de consensos mais sóli-dos para ampliar a efi ciência da Justiça Brasileira, sob a necessária perspectiva da integralidade, de modo a assegurar que as medidas dirigidas a fortalecer os órgãos jurisdicionais de primeiro grau – inegavelmente mais carentes de re-cursos humanos e meios materiais para

responder à demanda, o que tem como um dos indicadores a sua maior taxa de congestionamento – não terminem por ocasionar a transferência desse re-presamento aumentado para o segundo grau e, por via de consequência, fazen-do com que as medidas propostas não alcancem a otimização na efetiva pres-tação jurisdicional almejada por todos.

O presidente do Colégio destacou, também, a necessidade de revisão das competências materiais das Varas da Justiça Estadual, que são muito dife-rentes das estabelecidas nas esferas da Justiça do Trabalho e Federal. Em ou-tras palavras, Milton Nobre acentuou que a realidade da justiça estadual re-fl ete uma amplitude de competência, diversifi cação de matérias e complexi-

Justiça estadual refl ete amplitude e tem o maior segmento do Judiciário

Desembargador Milton Nobre fala durante a reunião do CNJ, em Brasília

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dade das relações jurídicas controvertidas que lhe compete dirimir com baixo índice de repetitividade, distinguindo-se muito, quanto a este último particular, do que acontece com a justiça federal e, sobremo-do, a do trabalho.

Outro ponto considerado, que na concep-ção do desembargador Milton Nobre deve ser de conhecimento geral e que, por isso, dispensa maior esforço de argumentação, demonstra que os órgãos do Poder Ju-diciário Estadual integram o mais antigo (muitos com mais de um século de exis-tência) e maior segmento do nosso Judi-ciário quer em número de magistrados, quer de servidores, ou quer, sobretudo, em volume de processos em tramitação, não sendo, pois, nada surpreendente que apresentem maior necessidade de ajustes, quando comparado aos demais.

Um terceiro ponto levantado pelo repre-sentante dos Tribunais Estaduais pôs em relevo que as Unidades Federativas, em re-gra, e por muitos anos, destinam recursos orçamentários insufi cientes para os respec-tivos Judiciários, havendo registro de que, em alguns casos, em tempo recente, o pró-prio CNJ teve que interferir para evitar a desativação de Comarcas ou o fechamento de unidades funcionais, inclusive mediante contatos com autoridades integrantes da área econômica de Executivos estaduais.

O quarto ponto abordado por Milton Nobre, embora destacasse a sua obvieda-de, é que a lotação dos servidores da Justiça dos Estados depende de leis aprovadas nas respectivas Assembleias Legislativas, sen-do que, não raro, os provimentos iniciais em cargos de carreira se dão em decorrên-cia de concursos públicos setorizados por microrregiões ou instâncias, o que pode difi cultar ou mesmo inviabilizar movi-mentações funcionais por simples atos ad-ministrativos.

O presidente do Colégio Permanente de Presidentes, falando da necessidade

Conselho entende que a via para o sucesso da justiça está nas ações efi cientes no primeiro grau

de reavaliação das causas da disparidade nos altos índices de congestionamento revelados na primeira instância e nos Tribunais de Justiça dos Estados, assim se posicionou: “Embora seja correto o registro de que a realidade do judiciário brasileiro revela uma taxa de congestio-namento altíssima de 72% em primei-ra instância, a constatação de que essa mesma taxa está no patamar de 46% no âmbito se segundo grau obriga a percepção de ser a última apenas me-nor pior, impondo-se, portanto, con-cluir que qualquer medida corretiva deve ser precedida de uma análise holística do que causou esse cenário surpreendentemente negativo, que, diga-se de passagem, com pequenas variações, para mais ou para menos, têm-se repetido ao longo do tempo”. É ainda Milton Nobre quem destaca: “Com efeito, embora seja imperioso o reconhecimento da existência de dese-quilíbrios na distribuição de recursos fi nanceiros, tecnológicos e humanos entre a primeira instância e os Tribunais de Justiça de alguns Estados, não menos necessária é a constatação de que a taxa de congestionamento na Justiça Estadu-al de primeiro grau em muito decorre, sobretudo no caso das Comarcas dota-das de diversas Varas, de instalações su-cessivas dessas unidades com a mesma competência material, quando as mais novas terminam apresentando carga processual inferior, ou de má divisão da competência em razão da matéria entre as Varas existentes, a qual não raro obedeceu a critérios pouco téc-nicos para determinação da demanda da prestação jurisdicional localizada. Objetivando maior clareza, é realidade corrente no Judiciário Estadual a exis-tência de desequilíbrios entre a carga processual distribuída entre as diver-sas Varas de uma mesma Comarca,

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fato que se constata entre as Varas mais antigas e as instaladas em datas mais re-centes ou decorre de atribuição de com-petência em razão da matéria mal feita ou com especialização equivocada, vezos que não são corrigíveis com mais recur-sos fi nanceiros, tecnológicos e humanos, porém, sim, com um amplo trabalho de revisão das atuais competências das uni-dades judiciárias de primeira instância a ser procedida, antes de qualquer outra medida, pelos Tribunais de Justiça”.

No encerramento dos trabalhos da au-diência pública, no dia 18/2, o conselhei-ro Rubens Curado declarou que o Con-selho Nacional de Justiça vai, a partir de agora, examinar todas as críticas e suges-tões apresentadas para transformá-las em ações concretas destinadas ao aperfeiço-amento do Poder Judiciário. “Os senho-res deixaram ao Conselho uma grande responsabilidade: a responsabilidade de

trabalhar esse material, debruçar sobre as propostas a fi m de transformá-las em melhoria para o primeiro grau de jurisdição e para a sociedade como um todo”, complementou. Os dois dias de debates, segundo Rubens Curado, foram apenas o “pontapé inicial” na política de priorização da Justiça de primeiro grau, que deve ser permanente. Durante a au-diência pública, cerca de 60 autoridades manifestaram-se, abordando diversos temas de interesse do Poder Judiciário, mas todos concordaram com a necessi-dade de dar maior efetividade à Justiça do primeiro grau. “Temos um consen-so que é a importância de voltarmos os olhos para a primeira instância”, afi r-mou o conselheiro. O desafi o, apontou ele, é fazer que as iniciativas cheguem de fato a cada uma das varas ou das co-marcas do país. (Com informações do site do

Conselho Nacional de Justiça - CNJ).

Milton Nobre defende análise holística para aplicar medidas corretivas em prol da efi ciência

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O Colégio Permanente de Presiden-tes dos Tribunais de Justiça do Brasil promoveu uma reunião extraordinária na segunda-feira, 10/2, na sede do Tribunal de Justiça do Distrito Fede-ral e dos Territórios. Na pauta, ques-tões relacionadas à Audiência Pública sobre a Eficiência do 1º Grau que foi promovida pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, na segunda-feira, 17/2.

A reunião foi presidida pelo Pre-sidente do Colégio, Desembargador Milton Nobre, do Tribunal de Justiça do Pará. Estiveram presentes presi-dentes e representantes de 20 Tribu-nais de Justiça do país.

Durante o encontro o Ministro João Otávio de Noronha, Diretor-Geral da Escola Nacional de Formação e Aper-feiçoamento de Magistrados – EN-FAM, falou sobre a importância das escolas da magistratura estaduais para a formação de juízes.

Em seguida, a reunião contou com a presença dos juízes federais Saulo José Casali Bahia (Justiça Federal) e Rubens Curado da Silveira (Justiça do Trabalho), que integram o Conselho Nacional de Justiça. Na oportunida-de, foram debatidas propostas que objetivam o descongestionamento de processos no 1º Grau de Jurisdição.

Ministro João Otávio

Noronha falou da

importância das escolas

para os magistrados

Presidentes de 20 tribunais

participaram de reunião do Colégio,

em Brasília

REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA, NA CAPITAL FEDERAL, COM A PRESENÇA DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS, FOI PREPARATÓRIA PARA A AUDIÊNCIA DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ)

EM PAUTA, A POSIÇÃO DOSTRIBUNAIS ESTADUAIS

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA TOCANTINENSE COMEMORA 25 ANOSDE EXISTÊNCIA E ABRE AS PORTAS PARA O 98º ENCONTRO DO

COLÉGIO DE PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL

TOCANTINS RECEBE COLÉGIO

DE PRESIDENTES

Há 25 anos o Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO) atua para garantir justiça e cidadania à população de uma região historicamente conheci-da como o corredor da miséria. Tocan-tins, o mais novo Estado da Federação, é hoje um Estado pujante em que ho-mens e mulheres se uniram para cons-truir um Judiciário forte na distribuição

de uma justiça célere e efi caz. Este ano, em que comemora seu Jubileu de Pra-ta, será o anfi trião do 98º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil.

A realização em Palmas foi defi nida durante o último Encontro, realizado em Maceió–AL, no mês de novem-bro de 2013. A 98ª edição, primeira

FOTOS: HÉBER FIDELIS E ARQUIVO TJ-TO

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a ocorrer em 2014, será presidida pelo desembargador Milton Nobre, do Tri-bunal de Justiça do Pará, recém-empos-sado como presidente do Colégio.

Criado em 1992, o Colégio Permanen-te de Presidentes dos Tribunais de Jus-tiça do Brasil tem entre seus objetivos a defesa dos princípios, prerrogativas e funções institucionais do Poder Judici-ário, especialmente do Poder Judiciário Estadual; a integração dos Tribunais de Justiça em todo o território nacional; o intercâmbio de experiências funcionais e administrativas; o estudo e o apro-fundamento dos temas jurídicos e das questões judiciais que possam ter reper-cussão em mais de um Estado da Fe-

deração, buscando a uniformização de entendimentos, respeitadas a autonomia e peculiaridades locais.

O TJTO comemora seus 25 anos com uma programação intensa desen-volvida ao longo de 2014, celebrando seu Jubileu de Prata. A realização do 98º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Jus-tiça do Brasil abrilhantará ainda mais as atividades comemorativas. Agendado para ocorrer durante os dias 27, 28 e 29 de março, em Palmas, possibilitará aos representantes dos 26 estados da Fe-deração conhecerem um pouco mais a estrutura do Judiciário Tocantinense e nosso acolhedor Estado.

Encontro do Colégio de Presidentes será nos dias 27, 28 e 29 de março, em Palmas

Desembargadora Ângela Prudente,

anfi triã do 98º Encontro

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O TOCANTINS E SUAS BELEZAS NATURAIS

O ano de 1988 trouxe muitas mudanças para a região Norte do Brasil. A Assembleia Nacional Constituinte, coordenada pelo então deputado federal Ulisses Guimarães, decidiu pela divisão do Estado de Goiás e criação do Tocantins.

O Tocantins é o mais novo dos vinte e seis estados do Brasil e é um dos nove es-tados que formam a região Amazônica. Sua vegetação de cerrado (87% do território) divide espaço, sobretudo, com a fl oresta de transição amazônica Mais da metade do território do Tocantins (50,25%) são áreas de preservação, unidades de conservação e bacias hídricas, onde se incluem santuários naturais como a Ilha do Bananal (a maior ilha fl uvial do mundo) e os parques estadu-ais do Cantão, do Jalapão, do Lajeado e o Monumento Nacional das Árvores Fossili-zadas, entre outros. No Cantão, três impor-tantes ecossistemas chegam a se encontrar: o amazônico, o pantaneiro e o cerrado. Só em reservas indígenas, totalizam-se dois mi-lhões de hectares protegidos, onde uma popu-lação de dez mil indígenas preserva suas tradi-ções, seus costumes e crenças. No Tocantins existem sete etnias (Karajá, Xambioá, Javaé, Xerente, krahô Canela, Apinajè e Pankararú), distribuídas em oitenta e duas aldeias.

O Jalapão, um deserto no meio do cerrado, é um dos pontos mais visitados do Tocantins, já tendo recebido turistas de várias partes do mundo. A região guarda, além das dunas, ca-choeiras e fervedouros, sendo ainda a casa do capim dourado, matéria prima de peças arte-sanais que brilham naturalmente.

O Tocantins é reconhecido por suas be-lezas naturais surpreendentes e por estar em ritmo acelerado de desenvolvimento econômico e social, com índices de cresci-mento em diversos setores (PIB, rodovias estaduais asfaltadas, produção agrícola) que superam as médias nacionais.

Praias de rio são atrações turísticas na

região do Tocantins

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O TOCANTINS EM NÚMEROSPopulação: 1.243.627 habitantes(2007 – IBGE)Área: 277.620,914km²Número de municípios: 139Clima: tropical semiúmidoTemperatura média anual: 25ºC a 29ºCPrincipais rios: Tocantins, Araguaia (que jun-tos formam a maior bacia hidrográfica intei-ramente situada em território brasileiro), do Sono, das Balsas, Paranã e Manuel Alves. To-dos são rios perenes, o que contribui para que o Tocantins seja considerado um dos cinco es-tados mais ricos em água do país.Limites: Maranhão e Pará, ao Norte;Goiás, ao Sul;Maranhão, Piauí e Bahia, ao Leste;Pará e Mato Grosso, a Oeste.FONTE: WWW.TO.GOV.BR (SITE OFICIAL DO GOVERNO DO TOCANTINS)

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Com a criação do novo Estado, implan-tou-se o Poder Judiciário do Estado do Tocantins, cuja função era resolver confl itos entre cidadãos, entidades e Estado e garantir os direitos individuais, coletivos e sociais.

Em janeiro de 1989, foi instalado o Tri-bunal de Justiça que contou com uma com-posição de sete desembargadores, vinte comarcas e apenas cinco juízes. Esses sete membros foram responsáveis pela implan-tação do Poder Judiciário.

Essa realidade foi mudada logo nos seus

O PODER JUDICIÁRIO primeiros meses de existência. Ainda em 1989, quarenta e nove novos juízes ingressaram na magistratura tocantinense, por meio do pri-meiro concurso público, e outras nove novas comarcas foram criadas, dando início a uma trajetória de muitas realizações que consolida-ram o Judiciário do Estado do Tocantins.

Para isso, foi preciso criar um sistema Ju-diciário forte e respeitado que contribuiu, de forma decisiva, para a construção de uma so-ciedade democrática, onde a justiça prevale-ceu e a cidadania foi garantida.

Prédio donovo Tribunaldo Tocantins, sinônimo de modernidade

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Ao longo desses 25 anos de criação do Tocantins, a Justiça se fez presente. A igualdade e a garantia dos direitos acompanharam o desenvolvimento crescen-te do mais novo Estado da Federação. Durante esse período, foi necessário dedicar-se a solidifi car a base de sustentação do Poder Judiciário Tocantinense, evoluir em estrutura física, ampliar o corpo de magistrados e de servidores, investir em qualifi cação e, sobretudo, em tecnologia. E assim foi feito.

Atualmente, a alta Corte de Justiça conta com doze desembargadores, quarenta e duas comarcas de Nor-te a Sul do Estado, e cento e vinte e cinco juízes atu-am nas Varas Cíveis, Criminais, da Família, Fazenda,

Precatórias e Juizados Especiais, dentre outras. “Supe-ramos todas as barreiras apresentadas ao Judiciário To-cantinense, nesses 25 anos, e hoje comemoramos uma Justiça cada vez mais célere e efi caz, que vem atendendo aos anseios do cidadão”, comemora a atual presidente do TJTO, desembargadora Ângela Prudente.

Para a presidente, o Judiciário Estadual está cada vez mais próximo da sociedade. “O perfil do Judici-ário está mudando, estamos acompanhando a muta-ção da nossa sociedade, assim, mais presentes no cotidiano do cidadão. Não podemos mais apenas julgar, precisamos ser agentes transformadores de realidades”, afirma a desembargadora.

25 ANOS DE HISTÓRIA E CONQUISTAS

Acima, imagens do antigo prédio onde funcionava o Judiciário do Tocantins

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VIVENCIANDO UMA NOVA ERA

Com a carreira profi ssional construída na magistratura, passou por várias co-marcas do interior do Estado e esteve à frente da Corregedoria Geral de Justiça, a desembargadora Ângela conhece a re-alidade da Justiça de 1º Grau e entende que, para haver mais crescimento e de-senvolvimento, é preciso ter os olhos voltados para a porta de entrada da Jus-tiça e, para isso, há de se fortalecer o pri-meiro grau de jurisdição. Antes mesmo de ser política do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que recentemente iniciou ações de valorização da 1ª Instância, logo no início da sua Gestão, instituiu o Nú-cleo de Apoio as Comarcas (NACOM), com vistas a oferecer ao Primeiro Grau o suporte humano necessário à resolu-ção de entraves locais e ao congestio-namento de processos, consequência da falta de estrutura humana capaz de dar vazão aos inúmeros processos protoco-lados diariamente, ao longo de 25 anos de existência do Judiciário Tocantinense. Sua atuação abrange análise de proces-sos, realização de mutirões, organização cartorial, digitalização de processos e in-clusão dos processos físicos no Sistema de Processo Eletrônico. “Nosso foco é a interiorização da Justiça, para garantir apoio às comarcas, oferecer melhor es-trutura, proporcionar mais celeridade aos processos e, consequentemente, uma melhor resposta à população”, explica a desembargadora Ângela Prudente.

O Judiciário praticamente se reinven-tou. Com a substituição do processo fí-sico, pelo processo eletrônico, foram es-tabelecidas novas rotinas de trabalho, o que demandou muito mais agilidade dos

Nacom oferece o suporte necessário ao bom

atendimento judiciário

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magistrados, em resposta ao protocolo de processos que pode ser realizado a qual-quer hora e de qualquer lugar.

Diante de tamanha evolução, o Tribunal de Justiça estabeleceu uma postura inova-dora, baseada no apoio às comarcas, para que todas se adaptem aos novos paradig-mas impostos pela tecnologia.

O comprometimento e compromisso do Judiciário para com os cidadãos fazem com que haja maior aproximação e ágil atendimento aos clamores sociais. A Justi-ça Tocantinense, hoje, proporciona maior acessibilidade à sociedade ao se moderni-zar, com o Sistema de Processo Eletrônico (e-Proc). Os processos agora são eletrô-nicos, o que facilita o acompanhamento e o acesso à informação. Hoje, todas as co-marcas recebem novos processos somente pelo sistema eletrônico, e já são inúmeras varas e quatro comarcas com 100% de seu acervo processual digitalizado: Alvorada, Wanderlândia, Goiatins e Taguatinga.

O Judiciário também avança em sua es-trutura física. Os esforços estão sendo concentrados para garantir instalações dignas e humanizadas. Em 2013, três novos fóruns foram entregues: Filadélfi a, Augustinópolis e Araguatins, todos loca-lizados no Norte do Tocantins. Outras unidades foram reformadas e totalmente informatizadas e mobiliadas, a exemplo do Fórum de Tocantínia e do segundo anexo da comarca de Araguaína. Estão também em andamento três importantes obras, sendo duas de grande porte: Fórum de Porto Nacional (4ª maior comarca do Estado), com entrega prevista para o fi m do 1º semestre de 2014; Fórum de Ara-guaína (2ª maior comarca), que ainda está em fase inicial; e, ainda, o Fórum da Comarca de Xambioá.

Fóruns de Augustinópolis e

Araguatins: prédios novos para

a população

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Desembargadora Ângela Prudente inaugurou prédios que garantem efi ciência

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PALMAS, SEDEDO ENCONTRO DE PRESIDENTES Palmas, capital do Tocantins, é a última cidade brasileira a ser criada e planejada no século 20. Inaugurada em 20 de maio de 1989 e instalada em 1º de janeiro de 1990, a cidade, erguida do nada no meio do cerrado, foi considerada por muitos anos, um grande canteiro de obras, atraindo brasileiros de todos os estados. O nome de Palmas foi escolhido em homenagem à Comarca de São João da Palma (registra-se que o nome Palmas estava ligado ao Judiciário), sede do primeiro movimento separatista do norte goiano, e também pela grande quantidade de palmeiras na região.

Possui uma arquitetura arrojada, com avenidas largas dotadas de completo tra-balho paisagístico e divisão urbanística ca-racterizada por grandes quadras comerciais e residenciais; é conhecida, ainda, como a Capital das oportunidades. Além da sua arquitetura, Palmas conta com um lago de 8km de largura, formado pela instalação da UHE Luis Eduardo Magalhães. A cidade é propícia ao desenvolvimento do turismo de negócios, a eventos e ao ecoturismo.

O lago proporcionou a instalação de praias de água doce às suas margens, a exemplo das praias da Graciosa, Prata e das Arnos, que possuem infraestrutura de bares e restaurantes.

Subindo a serra, no distrito de Taquaru-çu, distante 32km do centro da Capital, a 622m do nível do mar, pode ser apreciada a beleza de mais de oitenta cachoeiras, ideais para a prática de esportes como o rappel.

Região central de Palmas, cidade

planejada do Tocantins

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PALMAS EM NÚMEROSLocalização: região central;Área: 2.219 Km²;População: 178.386 habitantes (2007 – IBGE);Aniversário do município: 20 de maio;Padroeiro: São José (19 de março).Fonte: www.to.gov.br (site oficial do Governo do Tocantins)/Guia Turístico Palmas e Cidades do Lago – 2014

DISCUSSÕESHONRAM OJUDICIÁRIOEsta é a segunda vez que Palmas sedia o Encontro de Presidentes; a primeira foi em 2004. Para a anfi triã da 98ª edição, desembargadora Ângela Prudente, o Encontro retorna ao To-cantins num momento especial para o Judiciário Tocantinense, ano em que comemora seu Jubileu de Prata. “É uma grande honra para nós sediarmos esse Encontro. Temos certeza de que as discussões aqui realizadas engran-decerão a Justiça Brasileira, além de abrilhantar ainda mais nossas come-morações pelos 25 anos do Tribunal de Justiça do Tocantins”, reforça a desembargadora.

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JOSÉ FERNANDES FILHO, EX-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS E DO COLÉGIO DE PRESIDENTES, FALA DE CONQUISTAS DA MAGISTRATURA

CONCILIAÇÃO GARANTEA PAZ SOCIAL

A fi delidade às origens e a luta perma-nente contra a opressão e a injustiça são as diretrizes defendidas pelo desembargador José Fernandes Filho, para que o Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil continue sua missão com independência, e ao lado da socieda-de. Ex-presidente da Comissão Executiva do Tribunal de Justiça do Estado de Mi-nas Gerais, José Fernandes Filho ajudou a criar, há 20 anos, uma das mais sólidas instituições do Judiciário nacional, sendo um dos fundadores e o primeiro presiden-te do Colégio Permanente de Presidente de Tribunais de Justiça.

Uma história que começou na capital

mineira, Belo Horizonte, em 9 de outu-bro de 1992, ao lado do desembargador Odyr Porto, então presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e de presidentes de outros Tribunais de Justi-ça. A presidência da Comissão Executiva foi entregue a José Fernandes, que em sua gestão viu a promulgação da Constituição Federal de 1988. E foi nesse período que começaram a ser travadas diversas lutas para manter a força do Poder Judiciário.

“Editaram-se diversas Emendas Consti-tucionais, entre elas a de nº 19, conhecida como Reforma Administrativa; as de nº 20, 41 e 47, que modifi caram o sistema de Previdência Social; a de nº 45, dita Re-

Fernandes Filho destaca a integração do Judiciário entre as conquistas do Colégio Permanente

Desembargador Fernandes Filho recebendo homena-gem do governadorde Minas Gerais Antônio Anastasia

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AS

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forma do Poder Judiciário, com a criação do Conselho Nacional de Justiça. Todas, induvidosamente, fragilizando o Poder Judiciário e sua magistratura”, avalia o de-sembargador.

À frente do Colégio de Presidentes, José Fernandes Filho dedicou-se a “conven-cer, esclarecer e informar” os consti-tuintes. E o esforço foi recompensado. “Evitou-se o pior, sem embargo de sig-nificativas perdas”.

No cenário de profundas mudanças ocorridas no Judiciário brasileiro nos últi-mos 20 anos, José Fernandes Filho destaca como uma conquista a integração entre os Tribunais. Naquela época, relembra, “éra-mos 27 ilhas, que não se comunicavam. O Colégio de Presidentes irmanou os Tribu-nais de Justiça. Arejou-os, convocando-os ao planejamento e a ações de âmbito na-cional. Foi semente fecunda para a criação de outros órgãos congêneres no Judiciá-rio, no Ministério Público, e até em sítios do Poder Executivo”, ressalta.

Apesar dos vários avanços ocorridos, o Judiciário ainda é visto como uma insti-tuição morosa, principalmente no âmbito estadual. Sobre os problemas que ainda persistem, os quais impedem a celeridade processual, o desembargador faz um parâ-metro com a antiga formação dos profi s-sionais do Direito. “Nossa formação, nas Escolas de Direito, sempre homenageava o litígio. Sem litigiosidade não haveria lu-tas, e nem advogados. O culto à demanda foi elevado ao altar. Para isso, fornadas de bacharéis em Direito eram colocadas no mercado. Hoje, impera outra visão: A da conciliação, presente nos Juizados Espe-ciais, abençoado segmento do Judiciário brasileiro. Entre nós, hoje, etapa obriga-tória nos processos judiciais, salvo se há direitos indisponíveis. A homenagem hoje é à paz social, buscada avidamente por todos os povos civilizados. No dia em que se instalar, efetivamente, a cultura da conciliação, o Judiciário estará salvo, com tempo para aprofundar as relevan-tes questões que lhe sobejarem”, frisa

José Fernandes Filho.Conquistas – Sobre os avanços regis-

trados pelo Colégio Permanente em sua gestão, o desembargador destaca, sem pestanejar, a “fi delidade aos princípios que inspiraram a criação do Colégio: Testemu-nho, desassombro, crítica enérgica e civi-lizada. Nada de louvação, estimulante do culto à personalidade”.

Segundo ele, ao se pronunciar, por meio de Cartas, o Conselho se fazia ouvir por toda a sociedade brasileira. “Sua voz destemida merecia editoriais dos principais jornais do País. Abominava-se o galanteio fácil, o cor-tejo ao poder. Por isso, sempre estávamos de pé, nunca agachados. Ninguém ousava usar o Colégio para fi ns pessoais ou subalternos”, garante o magistrado.

Com toda a sua experiência no Judiciário brasileiro, José Fernandes Filho avalia que é preciso dar continuidade ao trabalho ini-ciado e desenvolvido nas duas últimas dé-cadas pelo Conselho Permanente. Segun-do ele, “para o homem público as ações institucionais nunca estão acabadas. Todas requerem continuidade, prosseguimento e aperfeiçoamento”, pois a construção da Justiça é “uma obra de muitas mãos”.

FernandesFilho destaca as

conquistas do Judiciário

“As ações nunca estão acabadas. A construção da justiça é uma obra de muitas mãos.”

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NASCE NA BAHIAO PRIMEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO BRASIL

Encontramos, no belíssimo álbum “400 ANOS FAZEN-DO HISTÓRIA”, editado pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, ao ense-jo das comemorações do IV Centenário de sua instalação no Brasil – é o mais antigo do país – uma interessantíssima contribuição ao conhecimen-to das origens do nosso Poder Judiciário, a partir dos textos escritos por Erika Werneck e Samira Valente para essa im-portante publicação.

A história da implantação do sistema de justiça em ter-

ras brasileiras está intimamen-te ligada à própria história do Brasil. Descoberto por Pedro Álvares Cabral, em 1500, nos-so país ficaria sujeito evidente-mente à organização judiciária do Reino de Portugal que, em seus primórdios conferia ao Rei a função de administrar a Justiça, no que era coadjuvado por juízes denominados Ou-vidores do Cível e Ouvidores do Crime, constituindo a cha-mada Casa da Justiça da Cor-te. Nessa época, era vigente as Ordenações Afonsinas, que seriam substituídas, 14 anos

HISTÓRIA

FOTOS: TJ-BA

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O PRIMEIRO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO BRASIL

depois, pelas Ordenações Manuelinas. Essas Ordenações do Reino eram uma espécie de leis gerais que regiam a me-trópole e que mudavam de denomina-ção, conforme o monarca que estivesse no poder e se constituíam a fonte prin-cipal do direito português.

Em 1530, Martim Afonso de Souza desembarca no Brasil tendo, entre ou-tras atribuições, a função de distribuir a Justiça civil e criminal, prerrogativas, até então, exclusivas do rei de Portugal. Dois anos depois, com a implantação da primeira divisão administrativa da colônia portuguesa, o sistema de Ca-pitanias Hereditárias, a justiça começa a ser aplicada em nosso território, com uma estrutura jurídica que incluía juí-zes ordinários e vereadores, que apli-cavam a lei. Nesse ano é criada a Mesa de Consciência e Ordens, destinada a resolver questões jurídicas e adminis-trativas ligadas às Ordens Militares e Religiosas. Aos chamados Ouvidores de Comarca, designados pelos Dona-tários, competia julgar as apelações e avaliar as listas eleitorais de juízes e vereadores, das quais podiam excluir

os nomes que não fossem de agrado dos donatários. Muitos desses “todo-poderosos”, com direito, inclusive, de criar cargos de governo e de Justiça, exorbitaram de suas funções judiciais e acabaram contribuindo para acelerar a estruturação do Judiciário que esta-va a caminho.

Não dando certo o sistema de Ca-pitanias Hereditárias, Portugal de-cidiu pela criação de um Governo Geral para a administração de toda a colônia, instalando-o na Capitania da Bahia. Esse fato é um marco inicial da estruturação do Judiciário brasileiro. O primeiro a ocupar o cargo foi Tomé de Sousa.

Foi por ele criado o cargo de Ouvi-dor Geral, com poderes mais amplos do que os de ouvidor da capitania, no-meando para exercê-lo Pero Borges, desembargador da Casa da Suplicação em Portugal. A Casa da Suplicação era o nome pelo qual era chamado o Su-premo Tribunal de Justiça da metró-pole. A ela cabia julgar os pleitos em primeira instância, controlar a atuação dos juízes da Bahia e fazer correições

Prédio do TJ da Bahia guarda 400 anos de história do Judiciário

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em todas as capitanias do governo, re-visando as sentenças dos seus ouvido-res. Suas decisões, embora enfrentas-sem reações no início, pois colocavam fim a privilégios concedidos anterior-mente aos donatários, acabaram por ser aceitas como forma inevitável de controlar a anarquia existente então nas capitanias.

Dessa forma, originariamente, a ad-ministração da Justiça no Brasil, es-tava a cargo do Ouvidor Geral, que ficava na Bahia e a quem se poderia recorrer das decisões dos ouvidores das comarcas, que ficavam nas capi-tanias, com a tarefa de solucionar as disputas jurídicas locais. Estes, contu-do, não estavam sozinhos nessa mis-são, em razão da complexidade e às características das funções judiciais na época (elas se confundiam com as administrativas e policiais), pois havia outros profissionais atuando nas co-marcas: chanceleres, contadores e ve-readores, que formavam os Conselhos ou Câmaras Municipais.

Foi nessa ocasião, na medida em que a colonização foi se ampliando e exigindo uma estrutura burocrática e administrativa mais sofisticada, que começaram a surgir, no Brasil, figuras próprias da Justiça portuguesa: corre-gedores, juízes de fora, juízes ordiná-rios e almotacés.

Devido à enorme extensão territo-rial do Brasil, a prestação jurisdicional no Século XVI era lenta e, mais do que isso, os abusos do poder continuaram. Apesar de bem sucedida, a Ouvidoria Geral não foi suficiente para contê-los. A população exigia a instalação de uma Corte Coletiva que, nos moldes da época, eram Tribunais de segunda instância, denominados, em Portugal, de Relação, origem do Tribunal de Justiça como nós o conhecemos hoje.

Em 1586, para diminuir os poderes

Felipe II instituiuo primeiro tribunal do Brasil

dos ouvidores no Brasil, o monarca da União Ibérica Felipe II (na época Por-tugal estava sob o domínio espanhol, período que durou de 1580 a 1640), decidiu dar à Justiça na colônia um ór-gão colegiado, instituindo o primeiro

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tribunal do Brasil, o Tribunal de Relação do Estado do Brasil, também chamado de Relação da Bahia, efetivamente instalado vinte anos depois, em 1609, mas suprimi-do, em razão da ocupação holandesa, pelo alvará de 5 de abril de 1626, pois feria os interesses dos governadores-gerais, que ti-nham maior controle sobre os ouvidores.

A supressão durou pouco, já que a nova forma de administração colegiada da Justiça era uma conquista irreversível como fator de segurança. Pelo Regimen-to de 12 de setembro de 1652, a Relação da Bahia é reinstalada, desta feita como Corte Superior Brasileira e na primeira sede própria, o Palácio da Relação. Era composta por dez Desembargadores, formados em Coimbra.

A população brasileira crescia e o terri-tório nacional começava a experimentar, pela ação dos bandeirantes, uma expan-são sem fronteiras tornando imperiosa a necessidade de adaptar os serviços da Justiça, já insuficientes e precários. Era praticamente impossível que a Relação da Bahia pudesse atender a demanda de processos e julgar com rapidez os re-cursos que lhes eram interpostos.

Em função de tudo isso, a partir de 1733, levantou-se a questão da criação de uma nova Relação no Brasil, com sede no Rio de Janeiro, já que a cida-de, por sua geografia privilegiada, havia sido eleita para ser o porto e o entre-posto do comércio de metais preciosos brasileiros para a metrópole. Essa ins-talação se deu, oficialmente, através do Alvará de 13 de outubro de 1751, que criou o Tribunal de Relação do Rio de Janeiro, com jurisdição sobre Minas Ge-rais, São Paulo e regiões ao sul do Bra-sil. Com isso, Portugal foi levado a, em 1763, transferir de Salvador para o Rio de Janeiro, a sede do Governo Geral.

Por essa época, as dificuldades enfren-tadas pelas províncias mais distantes do norte para fazer com que os recursos

chegassem à Relação da Bahia, tam-bém levaram à diversificação da Jus-tiça, com a criação de um órgão re-cursal colegiado, de nível inferior às Relações, que foi a Junta de Justiça do Pará. Esta passou a adotar uma forma processual sumária e levou à criação de juntas semelhantes nos lu-gares mais distantes da Colônia.

A JUSTIÇA AO LONGO DA HISTÓRIA

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Os dez letrados desembargadores portugueses que vieram instalar a Relação da Bahia chegaram a Salva-dor no dia 5 de junho de 1609. Todos eram bacharéis em Direito, formados pela Universidade de Coimbra. Do quadro funcional constavam os seguintes cargos: juiz dos Feitos da Coroa, da Fazenda e do Fisco; pro-curador dos Feitos da Coroa, da Fazenda e do Fisco; promotor da Justiça; provedor de defuntos e resídu-os; desembargadores extravagantes; desembargado-res de agravo; chanceler e ouvidor geral. Também faziam parte do quadro funcional um escrivão, um meirinho, um recebedor do dinheiro das custas, um distribuidor, um guarda-menor, um sangrador, um cirurgião e um carcereiro.

Os desembargadores dos agravos eram, em geral, os mais experientes entre seus pares. Os extravagan-tes, pelo contrário, eram desembargadores iniciantes, que cumpriam tarefas auxiliares, enquanto ganhavam o tirocínio necessário para atingir outras funções.

Estes foram os desembargadores nomeados em 1609:

AFONSO GARCIA TINOCO Ao ser indicado para a Relação do Estado do Brasil, pediu para ser dispensado, alegando do-enças e idade avançada (tinha 53 anos) e, no caso de lhe ser negada a dispensa, que fosse enviado como desembargador de agravos por um prazo de quatro anos. Seu pedido não foi aceito, tendo ficado no Brasil por 14 anos. Ao voltar a Portu-gal foi promovido, por unanimidade, à Casa de Suplicação.

ANTÂO DE MESQUITA DE OLIVEIRA Inicialmente assumiu o cargo de desembargador extravagante mas, pouco depois, foi promovido a desembargador de agravos. Em 1622 foi de-signado Ouvidor Geral e, em 1623, chanceler da Relação. Esteve à frente da resistência contra os holandeses, em 1624, função assumida, pouco depois, pelo bispo Marcos Teixeira. Em 1630, foi designado para a Casa da Suplicação, da qual foi membro até morrer, em 1936.

ANTÔNIO DAS PÓVOASFoi designado embaixador extravagante da Rela-ção do Estado do Brasil.. Permaneceu no cargo durante sete anos. Ao voltar a Portugal foi, su-cessivamente, membro da Relação do Porto, da Casa da Suplicação e do Conselho da Fazenda.

FRANCISCO DA FONSECA LEITÃO Tentou ser dispensado da Relação do Brasil, ale-gando ser casado, mas não foi atendido. Foi no-meado desembargador extravagante, mas tomou posse no cargo de desembargador de agravo. Ao voltar a Portugal, foi membro da Relação do Porto e, mais tarde, da Casa da Suplicação.

GASPAR DA COSTATido como o mais qualifi cado dos primeiros desembargadores, foi o primeiro chanceler da Relação do Brasil. Sua nomeação garantia à Relação um início alicerçado na experiência. Foi compensado com benefícios salariais e a promessa de proteção à sua família, que ficou em Portugal. Foi escolhido, por unanimidade, para o cargo de chanceler. Faleceu no Brasil, em 1611. Foi substituído no cargo por Ruy Mendes de Abreu.

MANOEL JÁCOME BRAVO Ficou na Bahia por seis anos, retornando a Portugal por licença especial da Coroa. Lá, foi membro da Relação do Porto e da Casa da Suplicação, vereador da Câmara de Lisboa e guarda-mor da Torre do Tombo.

MANOEL PINTO DA ROCHANomeado para o cargo de desembargador de agravos da Relação do Brasil, tomou posse como ouvidor geral, sendo o primeiro a assumir este cargo na Relação. Manteve-se nele por mais de dez anos. Em 1620, substituiu Ruy Mendes de Abreu na chancelaria. Faleceu um ano depois, em pleno exercício da função.

A QUADRISSECULAR JUSTIÇA BAIANA

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MEMBROSDesª. SILVIA Carneiro Santos ZARIF

Desª. LICIA de Castro Laranjeira CARVALHODesª. TELMA Laura Silva BRITTO

Des. MARIO ALBERTO HIRSDesª. IVETE CALDAS Silva Freitas Muniz

Desª. SARA SILVA DE BRITO Desª. MARIA DO SOCORRO BARRETO SANTIAGO

Desª. ROSITA FALCÃO DE ALMEIDA MAIA Des. LOURIVAL Almeida TRINDADE

Des. CLÉSIO RÔMULO CARRILHO ROSA Desª. MARIA DA GRAÇA OSÓRIO PIMENTEL LEAL

Desª. DAISY LAGO Ribeiro Coelho Des. JOSÉ CÍCERO LANDIN NETO

Des. GESIVALDO NASCIMENTO BRITTO Des. CARLOS ROBERTO SANTOS ARAÚJO

Desª. MARIA MARTA KARAOGLAN MARTINS ABREU Des. NILSON SOARES CASTELO BRANCO

Desª. HELOISA PINTO DE FREITAS VIEIRA GRADDIDesª. CYNTHIA MARIA PINA RESENDE

Des. JEFFERSON ALVES DE ASSIS Desª. NÁGILA MARIA SALES BRITO

Desª. INEZ MARIA BRITO SANTOS MIRANDADesª. GARDÊNIA PEREIRA DUARTE

Des. EMÍLIO SALOMÃO PINTO RESEDÁDes. AUGUSTO DE LIMA BISPO

Des. JOSÉ ALFREDO CERQUEIRA DA SILVADes. JOSÉ EDIVALDO ROCHA ROTONDANO

Des. PEDRO AUGUSTO COSTA GUERRADesª. MÁRCIA BORGES FARIADes. ALIOMAR SILVA BRITTO

Des. JOÃO AUGUSTO ALVES DE OLIVEIRA PINTO Desª. DINALVA GOMES LARANJEIRA PIMENTEL

Desª. LISBETE MARIA TEIXEIRA ALMEIDA CÉZAR SANTOSDes. LUIZ FERNANDO LIMA

Des. Edmilson JATAHY Fonseca JÚNIORDes. MOACYR MONTENEGRO SOUTO

Des. ROBERTO MAYNARD FRANKDesª. ILONA MÁRCIA REIS

Desª. IVONE RIBEIRO GONÇALVES BESSA RAMOSDes. OSVALDO ALMEIDA BOMFIM

Desa. RITA DE CÁSSIA MACHADO MAGALHÃES FILGUEIRAS NUNESDes. JOÃO BÔSCO DE OLIVEIRA SEIXAS

COMPOSIÇÃODO MAIS ANTIGOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PAÍS

TRIBUNAL PLENOMesa Diretora

Des. ESERVAL ROCHAPresidente

Desª. VERA LÚCIA FREIREDE CARVALHO

1º Vice-Presidente

Desª. MARIA DA PURIFICAÇÃO DA SILVA

2ª Vice-Presidente

Des. JOSÉ OLEGÁRIO MONÇÃO CALDASCorregedora-Geral

Desª. VILMA COSTA VEIGA Corregedora das Comarcas do

Interior

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1609-1626PRIMEIROS ANOS

Nos seus primeiros anos de instalado, o Tribunal de Relação na Bahia não con-tava com uma sede específica para os trabalhos da Justiça. As sessões plená-rias, chamadas de relações, eram realiza-das no palácio do governador-geral. Os despachos mais simples, porém, aconte-ciam nas casas pertencentes ou alugadas pela Coroa, segundo determinava o Re-gimento de 1609. Nessas mesmas casas eram hospedados os desembargadores, todos eles vindos de Portugal. Ficavam à disposição da Justiça nesta época em Salvador um grupo de imóveis na Praça Municipal e um certo número de casas próximas à Igreja da Ajuda.

1654-1871PALÁCIO DA RELAÇÃO

Construído entre 1624 e 1627, o Pa-lácio do Tribunal da Relação foi a pri-meira sede própria da Justiça baiana, sendo ocupado pelos desembargadores somente em 1654, após o fim das inva-sões holandesas. Passou por diversas re-formas e ampliações, a maior das quais no governo de João de Lencastre (1694-1702). O Palácio da Relação sediou a Justiça baiana durante todo o período colonial e boa parte da fase do impé-rio. O palácio teve as estruturas abala-das pelas obras de construção do atual Elevador Lacerda sendo desativado em 1871. Sem o palácio, a Justiça volta a funcionar, durante décadas, em sedes provisórias.

1871-1949 SEDES PROVISÓRIAS

O Tribunal funcionou em prédios alugados, na Ladeira da Praça e na Rua Chile, entre 1871 e 1904, quando pas-

sou para uma ala exclusiva do Senado Provincial, na Piedade, onde ficou até 1912. Devido à demolição de parte do Senado, para construção da Avenida 7 de Setembro, a Corte perde sua ala, mas permanece no prédio até 1930, ano em que ele é desativado pela Re-volução, mudando-se para a sede do Poder Legislativo. Em 1923, no cen-tenário da Independência, surge a idéia da construção de um fórum, no Campo da Pólvora, para reunir todas as instâncias da Justiça. A pedra ini-cial foi colocada, mas nenhuma pro-vidência tomada.

1949-2000FÓRUM RUY BARBOSA

Em 1934, o então presidente do Tribunal, Desembargador Pedro Ri-beiro de Araújo Bittencourt, destina o produto das taxas e custas judiciá-rias à construção do novo fórum, que passaria a abrigar todas as instâncias

SEDES DO TRIBUNAL

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da Justiça baiana. A licita-ção foi aprovada, mas, com a instauração do Estado Novo, as obras ficaram pa-radas por mais de dez anos. Em 1947 foram retomadas e no dia 5 de novembro de 1949, o então o governador Otávio Mangabeira inaugu-rou o prédio com o nome de Fórum Ruy Barbosa, que passou a abrigar o Tribunal, denominado, à época, de Corte de Apelação. Funcio-nou como sede do Tribunal de Justiça até março do ano 2000.

2000 – Sede no Centro Administrativo

O fórum, com os restos mortais do jurista baiano Ruy Barbosa, trazidos do

Rio de Janeiro e colocados em um mausoléu trabalha-do pelos escultores Ismael de Barros e Mário Cravo Filho, abriga diversas uni-dades judiciárias da Comar-ca de Salvador, e deixou de ser a sede do Poder Judici-ário baiano. Desde o dia 27 de março de 2000, o Tribu-nal de Justiça do Estado da Bahia está instalado em um prédio moderno, construí-do pelo próprio Tribunal de Justiça. Todos os serviços do 2º Grau estão sediados neste novo prédio, situado no número 560 da 5ª Ave-nida do Centro Administra-tivo da Bahia, onde também estão as sedes dos Poderes Executivo e Legislativo.

BRASÃO Após a nova denominação de Tribu-

nal de Justiça do Estado da Bahia, em 1957, o judiciário baiano necessitava de um brasão próprio. O trabalho foi encomendado ao artista Victor Hugo

C. Lopes, que fez, desta forma, a apresentação do brasão:

ESCUDOMantelado de azul e vermelho. Sobre este uma balança ajustada a um sa-

bre abatido de prata surmontada por uma estrela de cinco raios do mesmo

metal.

INSÍGNIASTrês feixes de lictor, de prata, laçados

de azul e dispostos em pala.

LEMA“Suum cuique tribuere”

ESTA SERÁ UMASEÇÃO PERMANENTE

NA REVISTA, SOBRE A HISTÓRIA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL. A PRÓXIMA MATÉRIA SERÁ SOBRE

O DO RIO DE JANEIRO.

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MAIS DE 3 MIL ATENDIMENTOS FORAM EFETUADOS EM COMUNIDADES DISTANTES NO MUNICÍPIO

DE ALMEIRIM, NO BAIXO AMAZONAS

PROJETO “RIBEIRINHO CIDADÃO”

INCLUIU ALDEIAS

Instituído pela atual gestão da desembargadora Luzia Nadja Gui-marães Nascimento, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará desen-volve um inovador projeto de cida-dania, que objetiva levar a presta-ção jurisdicional aos mais distantes rincões daquela extensa unidade federativa. Agora, em março de 2014, em viagem que durou seis dias, o projeto “Ribeirinho Cida-dão” percorreu comunidades situ-adas às margens do Rio Jari e a al-deia indígena Bona, no Município de Almeirim, localizado na mesor-região do Baixo Amazonas, onde realizou 3.350 atendimentos, entre

serviços jurisdicionais, médicos e emissão de documentos, além de palestras e atividades lúdicas com crianças ribeirinhas.

O projeto está na sua quarta versão e conta com a parceria de várias instituições públicas e en-tidades, como Funai, OAB-PA, Prefeitura de Almeirim e Governo do Estado. Considerando as três etapas anteriores, o “Ribeirinho Cidadão” já realizou cerca de 10 mil atendimentos desde 2013.

Nesta quarta etapa, realizada no início deste mês de março, o projeto visitou as comunidades de Bom Jardim, Santa Maria do Ca-

racuru, Vila São Miguel e a aldeia indígena Bona, para onde se deslo-caram índios de outras seis aldeias localizadas no Rio Paru D’este.

Além de serviços jurisdicionais, incluindo audiências, sentenças e casamentos, o projeto leva às co-munidades ribeirinhas avaliação e atendimento odontológico e de saúde, com vacinação e exames; emissão de carteira de identidade; serviços de previdência social e até atendimento psicológico. O projeto já faz parte do banco de boas práti-cas do TJPA e em 2013 realizou cer-ca de sete mil atendimentos.

O coordenador do projeto,

(TEXTO: NARA PESSOA / COORDENADORIA DE IMPRENSA / FOTOS: TJ-PA)

BOAS PRÁTICAS NO JUDICIÁRIO

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Márcio Teixeira Bittencourt, juiz titular da Comarca de Almeirim afi rma com entusiasmo que “O Ribeirinho Cidadão não é uma mera itinerância. Ele chega a lugares de difícil acesso. Se as pessoas não conseguem se deslocar ate à sede do município, o projeto vai até eles levando os serviços básicos, mas imprescindíveis, para que possam exercer de forma plena os seus direitos e não fi quem à margem da sociedade por não possuírem documentos e conhecimento sobre determinados direi-tos”.

Temas como a violência doméstica e familiar contra a mulher e a Lei Maria da Penha foram abordados em caráter informativo e preventivo por meio de palestras, apresentações teatrais e vídeos. Também foram realizadas audiências so-bre as violações de direitos e as vítimas encaminhadas a psicólogos e assistentes sociais do Centro de Referência Especia-lizado em Assistência Social da Prefeitu-ra Municipal (CREAS) e do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

Nas palestras ministradas aos indíge-nas, os temas fora abordados de forma a não interferir na cultura local. As comu-nidades indígenas atendidas são da aldeia

Arawaka, Iriwa, Maxiporimo, Murey, Ta-pauku, Tawaikuru.

Os parceiros do projeto são: Tribunal Regional Eleitoral (TRE); Associação dos Magistrados do Pará (AMEPA), Ordem dos Advogados do Pará (OAB-PA); Car-tório Extrajudicial de Almerim, Ministé-rio Público do Pará (MPE) Polícias Civil e Militar do Pará; Câmara Municipal de Al-meirim; Prefeitura Municipal de Almerim; Secretaria Municipal de Saúde, Educação, Promoção Social e Meio Ambiente; Con-selho Tutelar; Cadastro Único do Gover-no Federal; Fundação Nacional do Índio ( FUNAI); Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI); Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); Centro de Re-ferência Em Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS)

Projeto – “O Ribeirinho Cidadão” faz parte da agenda da Justiça Itinerante do TJPA que tem o objetivo de levar o Poder Judiciário a diversas comarcas, municípios não sede de Comarca, distritos, vilas e al-deias Indígenas, alcançando 1,2 milhões de pessoas residentes em comunidades carentes de difícil acesso ou não servidas de unidades judiciárias permanentes.

Ribeirinhosreceberam assistência judiciária do TJ-PA

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COMARCA DE MARABÁ PARTICIPA DE CONVÊNIO ENTRE PREFEITURA E SUSIPE

JUDICIÁRIO PARAENSE FAZ PARCERIA

PARA RESSOCIALIZARO Poder Judiciário do Estado

do Pará, por meio da 7ª Vara de Execuções Penais da Comarca de Marabá, intermediou no último dia 17 de março, convênio fi rma-do entre a prefeitura de Marabá e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe). O projeto, denominado Libertação (Liberdade, Trabalho e Ação) prevê a contratação de ape-nados do regime semiaberto para atuar em áreas diversas da admi-nistração municipal e tem a fi na-

lidade de incentivar a ressocializa-ção através do trabalho.

O convênio tem validade de 12 meses e a contratação de até 30 internos do sistema prisional que cumprem pena no regime semia-berto. A carga horária será de seis horas diárias e 30 horas semanais. A remuneração será equivalente a ¾ do salário mínimo vigente.

A solenidade de assinatura do convênio foi prestigiada com a presença de várias autoridades, en-tre elas a juíza titular da 7ª Vara de

Execuções Penais da Comarca de Marabá, Elaine Neves de Oliveira, a promotora de justiça Daniella dos Santos Dias, que também atua junto à 7ª Vara de Execuções Penais do município; o juiz da Vara Agrá-ria da Comarca de Marabá, Jonas da Conceição Silva; o prefeito de Marabá, João Salame Neto; o supe-rintende da Susipe, tenente coronel André Luiz de Almeida e Cunha; a presidente da Câmara Municipal de Marabá, vereadora Júlia Rosa, além de outros vereadores.

(TEXTO: ANNA CARLA RIBEIRO / COORDENADORIA DE IMPRENSA / FOTO: TJ/PA)

Assinatura de convênio para ressocialização de apenados

Restauração da escola centenária Antônio Lemos, em Santa Izabel

Obras da Escola Anísio Teixeira, Marabá

Escola Liberdade, Marabá

Escola Deuzuita Pereira de Queiroz, Redenção

Escola N. Senhora de Fátima, Abaetetuba

Escola Tecnológica

de Vigia

260 escolas sendo reformadas em todo o estado. Escolas prontas e ampliadas. Novas escolas sendo construídas. Seis escolas indígenas entregues e mais sete em construção. Onze escolas tecnológicas com obras avançando. Profes-sores com Plano de Cargos e Carreira, recebendo um dos cinco maiores pisos salariais do Brasil.

Prédios históricos sendo restaurados e ganhando acessibilidade, como o Barão do Rio Branco e o Instituto de Educação do Pará - IEP, em Belém, e o Antônio Lemos, em Santa Izabel.

Para fazer o maior investimento já realizado na nossa Edu-cação, o Pará fez o que nenhum outro estado brasileiro havia feito: foi ao Banco Interamericano de Desenvolvimento buscar recursos para melhorar a qualidade do ensino. O desafio é ter uma escola boa, professores capacitados e uma gestão escolar eficiente. É ter cada vez mais empresas, professores, pais e alunos, unidos num grande Pacto pela Educação do Pará. Todos juntos para elevar os resultados do IDEB em 30%, num prazo de cinco anos. Também na Educação, o Pará está em obras. E a maior delas, com certeza, é construir um futuro de muitas oportunidades para nossas crianças e jovens.

Quadra de esportes na Escola Mário Brasil, Garrafão do Norte

Escola Estadual Rio Tapajós, Santarém

Escola Marivalda Pantoja, Ananindeua

Escola Barão do Rio Branco, em Belém, está sendo restaurada

ESCOLA MELHORA A VIDA, MELHORA O MUNDO.O GOVERNO DO ESTADO QUER MELHORAR A ESCOLA.

em obras. E a maior delas, com certeza, é construir um futuro de muitas oportunidades para nossas crianças e jovens.

TRABALHO EM TODO CANTOPRA TODA NOSSA GENTE.

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