24
Assis Melo, líder do protesto na Randon: “Fui preso no exercício do trabalho” | Roberto Hunoff conta que há 1,5 mil vagas à espera de profissionais capacitados em Caxias | Um guia das primeiras atrações da Festa da Uva Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 11 | R$ 2,50 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. |S13 |D14 |S15 |T16 |Q17 |Q18 |S19 Maicon Damasceno/O Caxiense DILEMA NA CATRACA Prefeitura tenta decidir se corta benefícios ou concede 13,63% de reajuste nos ônibus ESTÁ CHEGANDO A FESTA DA UVA Há 100 anos, Caxias recebia o trem e se tornava cidade. A partir de quinta-feira, a agora metrópole reverencia o passado, celebra o presente e antecipa o futuro em sua maior festa Pare, olhe, escute e vibre:

Edição 11

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Há 100 anos, Caxias recebia o trem e se tornava cidade. A partir de quinta-feira, a agora metrópole reverencia o passado, celebra o presente e antecipa o futuro em sua maior festa

Citation preview

Page 1: Edição 11

Assis Melo, líder do protesto na Randon: “Fui preso no exercício do trabalho” | Roberto Hunoff conta que há 1,5 mil vagas à espera de profissionais capacitados em Caxias | Um guia das primeiras atrações da Festa da Uva

Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 11 | R$ 2,50Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

|S13 |D14 |S15 |T16 |Q17 |Q18 |S19

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

DILEMA NA CATRACA

Prefeitura tenta decidir se corta benefícios

ou concede 13,63% de reajuste nos ônibus

ESTÁ CHEGANDOA FESTA DA UVA

Há 100 anos, Caxias recebia o trem e se tornava cidade. A partir de quinta-feira, a agora metrópole reverencia o passado, celebra o presente e antecipa o futuro em sua maior festa

Pare, olhe, escute e vibre:

Page 2: Edição 11

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Da falta de mão de obra especializada à falta de aço, o que atrapalha a recuperação da indústria

Festa da Uva| 5Cheia de datas e motivos para comemorar, nossa maior festa reconta a história de Caxias

Guia da Festa | 8Muito pagode, danças folclóricas variadas, um musical local e atores recebendo os visitantes

Festa da Uva | 10Atrações culturais para levar todos os públicos aos Pavilhões

Guia de Cultura | 11É Carnaval, monstros e heróis chegam às telas e trajes históricos estão à mostra

Artes | 13As pavonices da vida e as vivas cores dos beija-flores

Quem vai pagar? | 14No dilema da tarifa de ônibus, só uma coisa é certa: a conta vai sobrar para alguém

Destaque científico | 16A principal enzima na pesquisa brasileira do bioetanol é desenvolvida na UCS

Guia de Esportes | 18Pilotos saltam do Ninho das Águias e a dupla CA-JU define se voará mais longe no Gauchão

Estetoscópio alviverde | 19Dr. Iran Cercato, o homem que cuida da saúde do Ju

Estrategista grená | 21Júlio Soster, o professor que planeja o futuro do Caxias

Renato Henrichs | 23Assis Melo fala de detenção, repressão, mobilização e repercussão

VÍDEO(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

TWITTER(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

@cianamoraes @ocaxiense Parabéns pelas 10 edições!!!! E parabéns pelo trabalho!Ciana Moraes, às 7h58 de 10 de fevereiro

@lianecastilhos Lindas e criativas as capas de @ocaxiense.Liane Castilhos, às 15h03 de 9 de fevereiro

@Djbigus O @ocaxiense está matando a pau na cobertura dos jogos da dupla CA-JU!! Parabéns !!Rodrigo Bueno, às 12h17 de 9 de fevereiro

@Donanas @ocaxiense Está muito bacana o jornal por aqui! Sucesso! Ana Ruzzarin, às 19h14 de 5 de fevereiro

COMENTÁRIO NO SITE(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

Paralisação na Randon | Deveriam ficar sem salário e sem emprego. Na hora de trabalhar são

gatinhos, mas na hora de receber são leões.Carlos Alberto Bordin, às 10h07 de 11 de fevereiro

Concordo com o leitor Carlos Bordin! A economia no ano passado teve uma retração, mas o Sindicato não consegue visualizar isso por-que não lhe convém! Olha que se não querem trabalhar, muitas pessoas querem uma oportunidade.

André Dalathéa, às 11h34 de 2 de fevereiro

Agradecemos | Juliano Agostini de Morais (maquinista), João Carlos Farias (foguista), Valmor Marasca (músico), Evandra Stringhi-ni e demais funcionários da Giordani Turismo, que realiza o Passeio de Maria Fumaça entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa (na capa, a estação de Garibaldi). A propósito, O CAXIENSE RECOMENDA: agende seu passeio pelo telefone (54) 3455-2788 ou se informe pelo site www.giordaniturismo.com.br.

O Caxiense na Festa da Uva | Surpresas aguardam os visitantes do nosso estande, a partir de quinta-feira, dia 18. Estaremos no pri-meiro piso do Centro de Eventos.

www.OCAXIENSE.com.br

l Quatro vídeos mostram como foi o conflito entre Sindica-to dos Metalúrgicos, Randon e Brigada Militar. O momento da prisão de Assis Melo, o confronto entre manifestantes e brigadianos e uma entrevista do líder sindical logo após ser liberado estão entre as cenas reunidas no nosso site.

l O Caxiense completou 10 edições de bom jornalismo e co-memora mostrando aos leitores como são produzidas suas capas. Feli-pe Boff, editor, Maicon Damasceno, fotógrafo, e Marcelo Aramis, re-pórter e diagramador, contam as ideias e os bastidores de cada criação.

l Filmamos o trabalhoso processo de produção da capa des-ta 11ª edição – que tem reportagem sobre a chegada do trem a Caxias, tema da Festa da Uva 2010 – na Maria Fumaça, em Garibaldi. Veja como chegamos ao resultado final.

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro TrintinagliaCirculação/Assinaturas: Tatyany RodriguesAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

2 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .13 a 19 de fevereiro de 2010O Caxiense

Fot

os: M

aico

n D

amas

ceno

/O C

axie

nse

Page 3: Edição 11

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 313 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

A SemAnAPiquete na Randon se transformou em conflito violento com a Brigada Militar

SEGUNDA | 8 de fevereiro

SEXTA | 12 de fevereiro

UCSObras não estarão prontas para a volta às aulas

A segunda etapa das obras do novo acesso à Universidade de Caxias do Sul vai atrasar muito por causa das chuvas. Prevista para estar pronta no final de fevereiro, a obra, que consiste em melhorias na rótula em frente ao quiosque de informações da UCS e na construção de uma nova via de saída, terá, no mínimo, três meses e meio de atraso. Ela custará em torno de R$ 1,2 milhão.

A Secretaria Municipal da Saúde de Caxias do Sul pretende aumentar em 20% a quantidade de preservativos distribuídos nas unidades básicas de saúde este mês. No total, serão mais de 50 mil unidades, enviadas pelo Ministério da Saúde. A partir da próxima semana, com a realização da Festa da Uva, os preservativos também estarão à disposição jun-to aos Pavilhões do Parque Mário Bernardino Ramos e nas ações de agentes em vários pontos da cidade.

QUARTA | 10 de fevereiro

Economia Trem regional

Escola técnica

Randon

Ano inicia com inflação elevada na cidade

Estudos começam em março

Aulas não iniciarãono mês que vem

Confronto com detenções e feridos marca paralisação

O Índice de Preços ao Consumi-dor de Caxias do Sul apresentou elevação de 0,75% em janeiro, acima dos 0,60% de dezembro e da média de 0,44% dos últimos 12 meses. É o maior aumento do período anu-alizado. A inflação anual de 5,35% está acima da meta central de 4,5% estabelecida pelas autoridades monetárias para o ano de 2010.

Uma equipe da Universidade Fe-deral de Santa Catarina (UFSC) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) se reuniu com a prefeitura de Caxias na quinta-feira. No encontro foram discutidas as estratégias para o estudo de viabilida-de técnica que será realizado a partir de março para a implantação do trem regional. Essa avaliação custará R$ 400 mil e está sendo financiada pelo governo federal. Ainda não há prazo para a sua conclusão, mas ao final dos trabalhos deve ser apresentado um diagnóstico definitivo sobre a viabilidade do trem para a Serra.

As aulas na unidade de Caxias do Sul do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), conhecido como Escola Técnica, não iniciarão mais em março, como pretendia a diretora do campus, Giselle Ribeiro de Souza. A causa da mudança de planos é um atraso na publicação de uma autorização do governo federal para a nomeação dos pro-fessores que lecionarão na escola.

Funcionários da Randon paralisa-ram a produção desde quarta-feira, dia 10. O motivo do protesto é o descontentamento com o percentual recebido pelo Programa de Participa-ção de Resultados (PPR). Na sexta-

TERÇA | 9 de fevereiro

SaúdeMais de 50 mil preservativos serão distribuídos

QUINTA | 11 de fevereiro

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Már

cio

Sche

natt

o, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Már

cio

Sche

natt

o, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

BM prendeu o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, que depois de ser liberado voltou para a frente da Randon e, à tarde, se reuniu com a empresa

feira, houve conflito entre o Sindicato dos Metalúrgicos e Brigada Militar. O presidente do sindicato e vereador do PCdoB, Assis Melo, foi detido. “Foi humilhação, ficar de pé. Fiquei uma hora com as algemas, o braço arrochado. Precisou a Comissão de Direitos Humanos ir lá para eles tirarem as algemas”, contou Assis.

“A ação nunca é suave. Ela sempre vai criar um tipo de trauma. Mas o clima foi criado pelo sindicato”, disse o comandante do 12º BPM, tenente-coronel Júlio César Maro-bin. “Como presidente da Comissão dos Direitos Humanos, vou entrar em contato com o comandante Marobin e exigir uma resposta deste ato de violência”, reclamou o vereador Renato Oliveira (PRB).

Segundo Maria Tereza Casa-grande, gerente administrativa da Randon, a empresa vai manter sua posição, já que está seguindo as normas do seu PPR. “Vamos cum-prir o que está acordado com nos-sos funcionários. Acho que, entre aspas, não devemos nada aos nossos funcionários. É a regra do jogo”

Na tarde de sexta-feira, o Sindi-cato dos Metalúrgicos e a Randon se reuniram na Justiça do Tra-balho, mas não chegaram a um acordo. A empresa não aumentará o PPR e o sindicato promete con-tinuar paralisando a produção.

Page 4: Edição 11

Com base no desempenho atual, o consumo de aço em Caxias do Sul deve subir para 850 mil toneladas neste ano, alta de 51% sobre o volume de 2009, que representou queda de 21% na relação com o exercí-cio anterior. Concretizada esta projeção a cidade terá consumido 58% do aço que vem para o Estado, três pontos acima do registrado em 2009. O Brasil deve produzir em torno de 31 milhões de toneladas para uma capacidade instalada de 41,5 milhões de tone-ladas.

Ganhando espaço

Roberto [email protected]

A NC2, empresa criada a partir da associação da Navistar e Caterpillar, confirmou que terá fábrica para a produção de caminhões no Brasil. Tudo indica que será em Guaíba, ocupando par-te da área de 900 hectares desapropriada para o projeto da Ford, que não se consumou no início da década de 90. Os detalhes do projeto serão anunciados em março. Atualmente a Internatio-nal Caminhões, controlada da Navistar, mantém parceria com a Agrale, que monta os veículos para exportação.

Com a fábrica própria desdobram-se duas situações. É pouco provável que a parceria com a Agrale se mantenha além de 2012, quando se espera que a fábrica esteja pronta. A não ser que por aqui se concentre a produção de caminhões para exportação. Em compensação, abre-se um novo e potencial cliente para a indústria de auto-peças de Caxias e região, que precisa, desde já, se preparar para este momento.

A Universidade de Caxias do Sul, em parceria com PUC-RS, lançou o primeiro curso de Doutorado em Administração na modalida-de Associação Ampla de Institui-ções de Ensino Superior. O pro-cesso seletivo está com inscrições abertas até o dia 22 de fevereiro, com início das aulas previsto para março. O doutorado tem como li-nha de pesquisa Gestão da Inova-ção e Competitividade. O número está limitado a oito participantes.

A Tone Derme, empresa caxien-se focada na fabricação de equipa-mentos para a medicina, estética, genética e fisioterapia, registrou crescimento de 34% no seu fatu-ramento em relação a 2008. Para 2010, a expansão projetada é de 70%. Parte virá de ações no exterior, como a busca de novos mercados na Europa e no Japão. A empresa já tem distribuidores na Colômbia, na República Dominicana, Venezuela, no Equador, Panamá, Peru e nos Estados Unidos, além do Brasil. A meta é abrir 20 novos distribuido-res no ano. Na linha de produtos as novidades estarão centradas na biologia molecular. A empresa de Caxias do Sul é pioneira na fabri-cação nacional de termocicladores, usados para exames de DNA. E pre-para novidades para este segmento.

No ano passado, nesta mesma época, as preocupações estavam centradas em buscar soluções para minimizar ao máximo os impactos da crise financeira mundial, princi-palmente quanto à manutenção dos quadros funcionais. A flexibilização de jornada, adotada por quase 30 empresas da cidade, com aval dos trabalhadores, poupou o emprego de muita gente. Houve quem projetasse até 15 mil demissões sem a medida. Mesmo assim, seis mil ficaram sem emprego na indústria metalúrgica.

Neste ano a situação é comple-tamente oposta. São empresas em busca de mão de obra qualificada, dispensada durante a crise passa-da, e que buscou outras formas de sobrevivência. Criou seu negócio, migrou para outros setores da eco-nomia, o comércio em especial, ou voltou para suas cidades de origem. Na indústria metalúrgica de Caxias do Sul existem mais de 1,5 mil vagas à disposição de pessoal capacitado, como prenseiros, soldadores, ferra-menteiros, todos para chão de fábrica.

Problema nacionalEncontrar este pessoal não será

tarefa fácil, porque o problema é na-cional. Na catarinense Joinville, por exemplo, a indústria plástica tem 500 vagas em aberto. A MVC, empresa do Paraná, onde a Marcopolo tem participação acionária, são mais 100. Isto tudo tem se refletido em outro fato: para reter ou contratar este trabalhador a empresa precisa elevar os salários. Para agravar o quadro, a notícia de que a Escola Técnica Fede-ral só iniciará as aulas na metade do ano. A saída tem sido a capacitação emergencial dos novos trabalhadores, embora gere custo elevado para as indústrias, com reflexos na renta-bilidade. Exemplo clássico vem da Randon. Seu diretor corporativo de operações, Erino Tonon, lembrou em recente encontro público que a em-presa investiu, no ano de 2009, mais de R$ 4,3 milhões em treinamento, num total de quase 640 mil horas ou 80h/aula por trabalhador.

Aço também preocupaOutro obstáculo à recuperação é

a oferta de aço, principal matéria-prima da indústria metalúrgica de Caxias do Sul. Desde dezembro as empresas enfrentam instabilidade no abastecimento e, em alguns casos, a falta total, obrigando-as a investir na compra de insumos mais caros e nobres. É o caso do aço revestido, básico para os segmentos de ôni-bus, moveleiro e construção civil, e fornecido por uma única usina. Nos demais a falta é menos preocupante. O problema é o aumento que deve vir por aí. Para contrapor a política das usinas nacionais, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul já acionou o Ministério do Desenvolvimento cobrando medi-das compensatórias, caso ocorram reajustes. Entre elas, isenção da taxa de importação. Calcula-se que o aço asiático custe, hoje, de 30% a 35% menos que o nacional.

Respingos aqui Especialização

Tecnologia avançada

Obstáculo à recuperação

4 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Mar

iana

Gra

nzot

to, D

iv./O

Cax

iens

e

A empresa que teve aumento no seu Seguro Acidente de Trabalho (SAT), por conta do FAP (Fator Acidentário de Prevenção), tem prazo até o dia 20, sexta-feira, para ingressar com ação judicial, con-testando o aumento. Instrumento que flexibiliza a alíquota para acidentes laborais, o FAP prevê redução ou multiplicação do SAT das empresas a partir de índices resultantes de um cálculo previ-denciário. O mecanismo entrou em vigor em janeiro deste ano e, ainda que preveja a redução do seguro acidente, gerou mais custos às empresas. Em alguns casos, segundo especialistas, de até 100%. A ação judicial objetiva pleitear a suspensão da aplicação dos novos valores da alíquota antes do venci-mento da primeira parcela.

A indústria metalúrgica da região fechou o ano passado com retração de 11% em seu faturamen-to, que chegou a R$ 14,3 bilhões – Caxias do Sul participa com 82%. Todos os mercados apre-sentaram queda, mas foi nas exportações que a crise se acentuou. O volume de negócios com o exterior caiu quase 40%, pouco mais de R$ 1,2 bilhão, e 10% de representatividade no fatura-mento total de Caxias do Sul. A lembrar que este índice foi de 20% em 2005. Para 2010 reina o otimismo, com expectativa de reverter o quadro ainda no primeiro semestre. Mas o recado do presidente do Simecs, Oscar de Azevedo, é claro: tenhamos cautela, porque freadas e acelerações bruscas, como as recentes, são perigosas na economia.

Por duas semanas, a contar de segunda-feira, dia 15, a loja Volpato de Caxias do Sul estará fechada para a realização de uma ampla reforma. O atendimento será feito em sala localizada no Shopping Triches ou pelo SAC 0800 6453300. O investimento será na troca de todo mobiliário, adoção de sistemas modernos de vendas e cria-ção de ambiente mais confortável.

A Vonpar Refrescos, franqueada da Coca-Cola e distribuidora do portfólio da Femsa Cerveja Brasil no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, bateu recorde de faturamento em 2009. Ultra-passou a casa de R$ 1,6 bilhão, crescimento de 14% sobre 2008, e atingiu 60,3% de participação no mercado gaúcho e catarinense, de acordo com pesquisa de dezembro último da Nielsen. O índice é cinco pontos acima do que tinha no final de 2008. Em 2009 a empresa investiu R$ 150 milhões, dos quais R$ 120 milhões em marketing para ações de relacionamento com o consumi-dor, trade e promoção de novos produtos.

Contestação

Otimismo cauteloso

Repaginação

Sem queixas

A Duroline, fabricante de materiais de fricção para o mercado de reposição, conquistou a certifica-ção ISO 9001, versão 2008. A audito-ria foi realizada pela Det Norske Veri-tas (DNV).

A L&R Pedroni é a mais nova agroindústria em funcionamento na cidade. Localizada em São Marcos da Linha Feijó, comercializará ovos. A iniciativa é de Laércio e Roseli Pe-droni.

Curtas

48,9

20082009

JAN. ABR.FEV. MAI.MAR. JUN. JUL. AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

48,3 48,5 49,7 50,2 50,7 51,3 51,8 50,651,6 51,9 49,9

47,9 47,6 45,9 45,0 44,2 43,7 43,2 43,9 45,943,4 44,7

46,5

Número de empregos formaisFonte: Simecs

Page 5: Edição 11

por GRAZIELA [email protected]

compasso do trem vai ditar o ritmo da Festa da Uva que começa na próxima quinta-feira com a promessa de fazer turistas e caxienses viajarem pelo tem-po e pela história de Caxias do Sul. O tema da edição deste ano, Nos trilhos da história, a estação da colheita, deve estar presente em tudo: nos Pavilhões, nos desfiles de carros alegóricos, na de-coração das lojas e nas muitas histórias que as pessoas irão ouvir e conhecer se decidirem assistir às 941 apresenta-ções, realizadas em 12 locais fixos do parque, entre 18 de fevereiro e 7 de março.

É que este ano a Festa da Uva co-memora os 135 anos de imigração italiana, os 120 anos de município e o centenário da chegada do trem e da elevação à categoria de cidade. O trem, aliás, tem tudo para dividir o estrelato dessa Festa com a uva, rainha absolu-ta das 27 edições anteriores do evento que acontece desde 1931 com o obje-tivo principal de festejar a vindima. E não é para menos. “Duas iniciativas levaram Caxias ao que ela é hoje: a es-trada de ferro e a Festa da Uva”, resume o jornalista caxiense Jimmy Rodrigues, 84 anos, que dedicou quase toda a vida a descrever os fatos e a história da ci-dade.

Jimmy não é descendente de italia-nos, como a maioria das pessoas que viviam aqui quando ele nasceu. “Por parte do meu pai, sou gaúcho de bota e bombacha. E por parte da mãe, sou Villas Boas, sobrenome português”, orgulha-se. A primeira recordação

que ele tem da Festa da Uva também não tem nada de italiana. E está direta-mente ligada ao trem. A avó de Jimmy morava perto da Estação e era funcio-nária da rede ferroviária – numa época em que as mulheres trabalhavam ape-nas como professoras, enfermeiras ou domésticas. “Meu avô era maquinista, mas ele morreu prematuramente e a viação, com pena da minha avó, que ficou com cinco filhos para criar, deu a ela um emprego”, relata.

A avó de Jimmy tinha função pesada para uma mulher. um pouco difícil de se compreender hoje, mas muito im-portante para a época. Ela alimentava com lenha uma espécie de fornalha, que produzia o vapor usado no motor que bombeava a água de um poço até a caixa d’água da estação, localizada em um ponto bem mais alto. O poço não existe mais, mas o reservatório perma-nece no mesmo lugar e pode ser visto ainda hoje de diversos pontos do bair-ro São Pelegrino. Ele servia para abas-tecer os trens que, em época de Festa da Uva, chegavam sem parar.

“Eu era pequeno e lembro da mi-nha avó trabalhando a noite toda para manter acesa a fornalha que bombeava água para a caixa, já que a Festa da Uva fazia aumentar o movimento de trens e, consequentemente, era preciso ter mais a água. Lembro-me ainda da ima-gem dela sentada ao lado da fornalha lendo a Bíblia em alemão. Fez isso por muitas Festas da Uva. Até morrer.”

A Estação Férrea de São Pelegrino foi totalmente abandonada após a de-sativação do trem. Mas começou a ser restaurada em 2006. Foram recupe-rados o prédio da Estação, onde hoje

funciona a Secretaria da Cultura, e o Depósito de Cargas, que é usado por projetos da Secretaria. Ainda falta re-cuperar a Oficina e a Casa do Admi-nistrador da estação, que hoje é usada como moradia particular.

Dos 13 quilômetros de estrada de ferro do perímetro de Caxias, a maio-ria não existe mais. O secretário da Cultura, Antonio Feldmann, diz que um estudo que será realizado a partir de março pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deverá apontar o que restou do patrimônio férreo. “Acredito que para um veículo leve sobre trilhos nem seria possível mais aprovei-tar essa estrutura. Mas é importante saber o que existe e o que pode ser aproveitado.”

Feldmann conta que o estudo foi encomen-dado pelo governo fe-deral com o objetivo de avaliar a viabilidade de uma linha de passageiros ligando Caxias a Bento Gonçalves. “O patrimônio é do gover-no federal. Mas a prefeitura contribui-rá com os pesquisadores no que for possível. A reativação desse tipo de transporte seria muito importante para a região.”

O jornalista Jimmy Rodrigues conta que demorou para entender a importância do trem. Ele lembra que o barulho do apito o irritava e que as estações tinham outros atrativos mui-to mais interessantes aos olhos de uma

criança travessa. “Esse poço que abas-tecia o trem ficava no meio de um açu-de onde eu adorava brincar. Ali havia também um campinho de futebol e dois jacarés, sendo que um deles mor-reu atropelado pelo trem e outro aca-bou desaparecendo. O trem era só um dos lugares onde eu fazia molecagens”, diverte-se o jornalista, que costumava entrar escondido nos vagões quando eles faziam a volta na estação.

Quando fez a primeira viagem lon-ga, ele já era adulto e recém-casado. “Foi minha viagem de núp-cias a Porto Alegre. Viajamos o dia inteiro e tínhamos que usar um tipo de guarda-pó branco para proteger a roupa da fumaça e até evitar que uma cinza ainda quente pudesse queimá-la.”

Mais tarde, como jornalista, Jimmy pôde compreender a impor-

tância da estrada de ferro e do que ela trazia e levava da cidade. E era muito mais do que passageiros. “Na Rádio Caxias se dizia ZYF3, Rádio Caxias, a voz da metrópole do vinho.” Até hoje, ele não se conforma com o fim des-se meio de transporte. “Enquanto na Europa se cavava um túnel para ligar a França e a Inglaterra por trens, aqui se acabava com eles. Ainda não enten-di qual foi a inteligência que teve essa ideia.”

O trem foi um dos marcos do de-senvolvimento de Caxias e também um dos fatores determinantes para que

Festa da Uva

“Duas iniciativas levaram Caxias ao que ela é hoje: a estrada de ferro e a Festa da Uva”, resume o jornalista Jimmy Rodrigues

O

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 513 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Estú

dio

Man

cuso

e F

onin

i, A

cerv

o A

rqui

vo H

istó

rico

Mun

icip

al Jo

ão S

pada

ri A

dam

i/O C

axie

nse

A partir de quinta-feira, Caxias celebra o centenário de dois marcos: a chegada do trem e a elevação à categoria de cidade

Em 1º de junho de 1910, boa parte das “trinta e duas mil almas” que habitavam Caxias compareceu à Estação Férrea

HISTÓRIAQUE TRILHAMOS

UMA FESTA PARA A

Page 6: Edição 11

fosse elevada à categoria de cidade. Ela havia deixado de ser uma colônia de São Sebastião do Caí ainda em 1890, quando recebeu a distinção de vila e se tornou uma unidade autônoma. Já fazia 15 anos desde o início da imigra-ção italiana na região, e Caxias já era independente, com produção agrícola, casas de comércio e um princípio de indústria. Mas ainda faltava o reco-nhecimento oficial de sua importância, que só veio com o decreto assinado em 1º de junho de 1910.

O texto da época era bastante re-buscado: “O Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, considerando que o movimento commercial e industrial da villa de Caxias cada vez avulta mais, principalmente, após a sua ligação férrea a outros centros; considerando também que esse municipio conta ac-

tualmente população superior a trinta e duas mil almas; resolve, no uso da at-tribuição que lhe confere o artigo 7º da Constituição, decretar: Artigo 1º - fica elevada à categoria de cidade a villa de Caxias (...)”.

O diretor da Secretaria Municipal da Cultura, João Tonus, explica que a Festa da Uva decidiu comemorar os marcos mais importantes da cidade na Festa da Uva de 2010 por uma coinci-dência, já que todas elas completariam datas redondas este ano. “Mas foi uma oportunidade que tivemos de poder contar a história da cidade através do tempo.”

O coordenador de projetos especiais da Secretaria, Eduardo Dall’Alba, co-mandou a equipe que elaborou o tema da Festa com a atenção voltada para essas datas e para a importância que os caxienses dão a itens como a tradição, o resgate das origens, a integração e o desenvolvimento da cidade. “Nos tri-lhos da história, a estação da colheita tem inúmeros significados. Mas uma das leituras que se pode fazer é que essa cidade, na qual o desenvolvimen-to passou pelos trilhos do trem, hoje pode colher seus frutos, que são muito mais do que apenas a uva”.

Essa passagem do tempo, que parece tão grande para muita gente, poderá ser revisitada de múltiplas ma-neiras nessa Festa. Imagens, sons e ob-jetos que integram esses pouco mais de

100 anos de Caxias vão estar represen-tados nas estações temáticas dos pavi-lhões, nos desfiles de carros alegóricos e nas recordações de pessoas que vive-ram, se não toda, pelo menos a maior parte da trajetória da cidade.

É o caso de Olívia Itália Zanol, ou simplesmente tia Itália, como é mais conhecida. “Se eu morrer e me cha-marem de Olívia não aparece ninguém no velório”, brinca. Com 100 anos completados no ano passado, ela viu a evolução de Caxias acontecer diante de seus olhos e até participou de alguns episódios importantes, na maioria das vezes como coadjuvante, mas sempre

presente. O que para muitos será uma novidade, para ela será apenas o resga-te de um conjunto de situações que ela vivenciou.

Tia Itália é uma senhora franzina e sorridente, com uma memória impres-sionante. Sofre de catarata, seu único problema de saúde, que não lhe deixa enxergar direito, mas também não lhe impede de lembrar das cenas que pre-senciou quando ainda via tudo com nitidez. Ela trabalhou na roça, plantou uva e ajudou a produzir vinho desde pequena. “As crianças eram encarre-gadas de esmagar as uvas com os pés. Não era tão divertido assim quanto parece, porque era trabalho sério, em-bora fôssemos muito jovens. A gente acabava de esmagar uma cesta e já des-pejavam outra.”

Mais tarde, tia Itália ficou encarre-

gada de capinar e cuidar dos legumes, desde a plantação até a comercializa-ção, o que a colocou em contato com a área urbana e permitiu que pudesse acompanhar seu desenvolvimento. “Todas as noites, preparava uma cesta para, de manhã cedo, ir para a cidade vender de casa em casa. Eu percorria quase toda Caxias”.

A cidade não era grande como hoje. Mas também não era tão pequena. Itá-lia morava em Santa Corona, onde vive hoje. Ou seja, a caminhada era longa. “Não tinha ônibus na época. A Aveni-da São Leopoldo tinha capoeira e um potreiro, que eles roçaram mais tarde

para passar a rua. E a Sinimbu era um matagal cheio de buraco. Eu ia visitar meu irmão, que morava em São Pele-grino, e passava por essa rua a pé. Só mais tarde colocaram transporte.”

Da Festa da Uva, Itália tem princi-palmente duas lembranças. A primeira é de 1933. “Lembro que a rainha era uma filha do Eberle”, diz, referindo-se a Adélia Eberle (ninguém menos do que a primeira soberana da Festa). Sua outra recordação é da visita que o pre-sidente Getúlio Vargas fez à cidade em 1954, ano em que inaugurou o Monu-mento ao Imigrante. Ele se hospedou na casa do presidente da Festa da Uva daquele ano, Júlio Ungaretti, onde Itá-lia trabalhou como doméstica. “Lem-bro do Getúlio tomando chimarrão no jardim. É como se eu pudesse vê-lo ainda hoje. Querido, era gordo”.

Itália viu chegar o rádio e a tevê – e gostou dos dois. Pescou lambaris no Arroio Pinhal e já teve como princi-pal diversão ir à missa aos domingos, como faziam todas as famílias de ori-gem italiana.

Hoje, sua principal ocupação é orar. Reza cinco terços por dia, “un pò per i santi, un pò per la gente” (um pouco para os santos, um pouco para as pes-soas). Um deles, no entanto, é dedicado especialmente ao presidente Lula, de quem é fã. “Ler, não posso mais; nada, não faço; então eu rezo”, simplifica.

A tradição italiana continua sendo seguida à risca na casa dessa senhora

6 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

A primeira lembrança que o jornalista Jimmy Rodrigues, 84 anos, tem da Festa da Uva está relacionada ao trem – e, para ele, não há como separar as duas coisas

ESCLARECIMENTO À SOCIEDADE

A FIRMA ESTÁ RECONHECIDA NA FORMA DA LEI Diretoria das Empresas Randon

A Randon S.A Implementos e Participações vem a público para lembrar que sua trajetória de 60 anos de atividades foi construída com base no trabalho, na verdade, na seriedade e principalmente no respeito aos seus funcionários para quem mantém diferenciados programas de valorização. No recente episódio do Programa de Participação nos Resultados (PPR), que motivou o questionamento de alguns funcionários, através de seu sindicato de classe, a empresa reafirma que pagou o valor calculado conforme estabelecido no Programa PPR, fruto do resulta-do aferido no segundo semestre de 2009, e que é do conhecimento dos funcionários que acompanharam o desempenho mensalmente. A cada semestre, a empresa distribui até 8% do lucro, o que está acima do proposto no projeto da nova lei, que tende a estabelecer um percentual de 5%. Também é do conhecimento de todos que o PPR não é corporativo. Cada uma das empresas que integram o grupo Randon conta com o seu PPR específico e com diferentes resultados em função de indicadores, metas e lucro. Esta forma de remuneração variável adicional foi ins-tituída na Randon em 1994, antes da vigência da lei que instituiu a participação nos lucros, sendo revisada periodicamente por comissões de representantes dos funcionários e da empresa e com a participação do sindicato da categoria, portanto, conhecedor dos critérios previamente estabelecidos. Pelas razões expostas, nos causa estranheza a atitude do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos que lidera a paralisação das atividades na Randon, causando prejuízo não só à empresa mas também aos funcionários, pois o próprio PPR do corrente semestre será afetado, uma vez que haverá menos dias trabalhados e, consequentemente, menor receita e menor lucro a ser distribuído. Ressaltamos que as Empresas Randon oferecem à sociedade empregos de alta qualidade, com reconhecimento nacional, e por isso, estiveram várias vezes entre as 10 Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil.

APEDIDO

Page 7: Edição 11

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 713 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

que adora café preto e não troca por nada uma refeição com pão, queijo, sa-lame e salada de radicci, sua favorita. “Nunca fiz dieta e nunca fiquei doente. Salame me faz bem. Remédio é que faz mal”, garante.

Tia Itália mora sozinha, porque não quer ninguém por perto incomodan-do. Mas sua casa fica ao lado da resi-dência de duas sobrinhas, que cuidam dela – quando precisa e quando deixa. Sua principal companhia é um gato chamado Mickey e as estátuas de san-tos para quem reza. Ela diz que não esperava chegar aos 100 anos, princi-palmente com a saúde que tem hoje. E em abril completará 101. “Até que Deus me deixa, eu fico aqui. Deus ou o Diabo, né. Não se sabe”, brinca.

A simplicidade de tia Itália e o modo como ela conta os fatos que viveu e presenciou não são exclusivi-dade dela. É uma das peculiaridades de Caxias, que cresceu mas manteve suas características coloniais, seja na culinária, no modo de falar ou nos há-bitos do cotidiano. E é tão forte que até quem vem de outras cidades para viver aqui acaba assumindo essa cultura.

Isso se reflete também na Festa da

Uva. No livro Festa e Identidade, Cle-odes Maria Piazza Julio Ribeiro fala da relação das pessoas daqui com a comemoração e do orgulho que sen-tem. “Se até hoje ela é uma festa emble-mática não só para os caxienses, mas para toda a Região Colonial Italiana, é porque ela provavelmente foi, e talvez continue sendo, a oportunidade mais destacada para o povo de Caxias do Sul e da região contar e cantar, para si próprio e para os que celebraram com ele, a sua própria história”.

Pensando também nisso, a Comis-são Comunitária da Festa da Uva de 2010 procurou ampliar o resgate histó-rico para além do tema do evento. As mudanças programadas para os Pavi-lhões também tiveram esse objetivo. Quem visitar o parque passará por 15 estações temáticas, sendo que em cada uma delas haverá palcos e lugares par as pessoas sentarem. “As estações dos trens eram os lugares onde as pessoas paravam, descansavam. A nossa ideia segue essa linha. Os visitantes poderão passear pelos estandes e, em cada esta-ção, se desejarem, parar para descansar antes de seguir o itinerário”, explica o diretor-geral da Secretaria de Cultura, João Tonus.

Algumas estações terão atrações in-terativas, em uma tentativa de fazer o visitante viajar no tempo e na cultura com a ajuda da tecnologia. Mas, na maioria dos lugares, os atrativos serão simples: um cenário inspirado no passado, bancos de praça, apre-sentações culturais tra-dicionais, como música e teatro, ou simples-mente caxienses que gostam da Festa da Uva e estarão dispostos a transmitir isso a quem visitar seus estandes.

A intenção é tentar fazer cada vez mais as pessoas se sentirem em uma festa, onde elas poderão passar uma hora ou um dia inteiro, com todas as opções que uma celebração pode ter. “As feiras indus-triais da Festa da Uva perderam seu significado há alguns anos, quando cada setor passou a realizar suas pró-prias feiras. Hoje, o que existe é um movimento que vem crescendo a cada edição para tornar a Festa da Uva mais festiva”, explica Tonus.

O coordenador de projetos especiais

da Secretaria, Eduardo Dall´Alba, en-tende que não há como deixar de rea-lizar as feiras comerciais e industriais, porque elas fazem parte da tradição do evento caxiense. Mas acredita também

que as pessoas que não gostam da feira devem ter a opção de simples-mente festejar. “Esta-mos tentando fazer mais do que um resgate do tempo em que a fes-ta era somente festa. Queremos trazer de volta o aconchego para a Festa da Uva”.

O presidente da Co-missão Comunitária, Gelson Palavro, diz que a edição deste ano está

sendo elaborada para emocionar os visitantes. Ele lembra que haverá atra-ções culturais em todos os espaços do parque para que as pessoas tenham, o tempo inteiro, o sentimento de partici-par de uma comemoração. “Essa Festa da Uva é um convite para que as pes-soas embarquem em uma viagem ines-quecível de alegria e de emoção. Quem visitar a Festa vai realmente se emocio-nar”, garante o presidente.

“Essa Festa é um convite para que as pessoas embarquem em uma viagem inesquecível de alegria e de emoção”, destaca Palavro

Aos 100 anos, tia Itália acompanhou de perto a história e a evolução de Caxias, que serão lembradas nesta edição da Festa

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Page 8: Edição 11

8 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Horário dos PavilhõesSegunda a sexta: das 14h às 22h Sábado e domingo: das 9h às 22h Ingressos

Menores de 10 não pagam. To-dos os shows e apresentações culturais no parque já estão incluídos no valor dos ingressos Segunda a quarta: R$ 7 (geral) e R$ 3,50 (acima de 60 anos) Quinta a domingo: R$ 10 (geral) e R$ 5 (acima de 60 anos)

EstacionamentoOs pavilhões têm dois estacio-

namentos: o tradicional, em frente ao portão principal, e outro lateral, também na Rua Ludovico Cavinat-to, porém com entrada pelo Portão 8 (abaixo do monumento Jesus Terceiro Milênio).Segunda a quarta: R$ 7 Quinta a domingo: R$ 10 Estações

Os espaços nos pavilhões da Festa da Uva serão divididos em estações. No total, serão 15 estações, que servirão para demarcar e dividir áreas especí-ficas. Em cada uma delas haverá lugar para as pessoas se sentarem e des-cansarem, além de atrações culturais como exposições, esquetes teatrais e apresentações musicais. As atrações interativas também serão instaladas em algumas dessas estações.

Estação do Abraço | No pórtico de acesso do Parque de Exposições. É onde os visitantes serão recebidos com abraços

Estação das Soberanas | Onde a Rainha e as Princesas irão cumprimentar os visitantes, no alpendre do Centro de Eventos

Estação da História e da Colheita | No primeiro andar do Centro de Eventos. Nesse espaço ficará a exposição de uvas

Estação do Conhecimento | Loca-lizada no térreo do Centro de Eventos, retratará a Universidade de Caxias do Sul

Estação da Comunicação | Na saída

do Centro de Eventos para o Pavilhão 1. O tema dessa estação será a primeira transmissão de televisão em cores ao vivo no Brasil

Estação da Serra | No Pavilhão 1, abrigará as vinícolas

Estação da Colônia | Entre o Pavilhão 1 e o Restaurante, o espaço abrigará a Casa do Colono, a padaria e os fornos

Estação do Trabalho | Localizada no interior do Pavilhão 2, homenageará o trabalhador

Estação Praça da Convivência | Na antiga Praça de Alimentação do Pavilhão 2, essa estação deve mostrar diversidade cultural brasileira

Estação da Música | Na estrutura coberta para shows. Essa estação contará com o palco principal para os grandes shows nacionais e um palco auxiliar para apresentações locais

Estação da Fé | No Monumento Jesus do Terceiro Milênio. Durante a Festa da Uva, devem ser realizados cultos típicos e missas crioulas

Estação da Leitura | Na Casa de Vi-dro, organizada pela Biblioteca Pública

Estação da Saúde | Ao lado da Estação da Leitura, na Casa de Vidro. Neste espaço devem ser prestados serviços de saúde, como medição da pressão arterial, glicose, exames de visão, entre outros

Estação do Gaúcho | Na antiga arqui-bancada do Som & Luz. A exposição de artefatos e artigos na forma de museu deve ser a característica do espaço

Estação da Réplica de Caxias 1885 | Nas Réplicas, que retratam a Vila de Santa Teresa, embrião de Caxias do Sul. É onde foi construído o novo Salão Paroquial

DesfilesOs desfiles de carros alegóricos

percorrem a Rua Sinimbu no trecho que vai da Rua Do Guia Lopes à Rua Moreira César e podem ser assistidos

da calçada. São cobrados somente os ingressos para ver as alegorias das ar-quibancadas situadas em frente à Ca-tedral. Nesse caso, os valores são R$ 25 (área coberta e sentada) e R$ 15 (área coberta de pé ou descoberta sentada). Os ingressos podem ser comprados antecipadamente das 14h às 17h pelo telefone 3222-1875, ramal 203, direta-mente na Réplica 6 dos pavilhões ou pelo e-mail [email protected], 18 de fevereiro, 17h Domingo, 21 de fevereiro, 18h Quarta, 24 de fevereiro, 20h Domingo, 28 de fevereiro, 18h Quarta, 3 de março, 20h Sábado, 6 de março, 18h AlimentaçãoDurante a Festa da Uva funcionarão 52 postos de alimentação, que servi-rão desde lanches rápidos até refei-ções completas, além de bebidas. A maior parte deles estará concentrada em uma grande praça de alimentação no Pavilhão 2. Mas haverá opções de comida também nos outros espaços do parque. Os preços serão de R$ 3 a R$ 25.

Salão ParoquialO Salão Paroquial servirá aos finais de semana refeições semelhantes às que são servidas em festas coloniais, com sopa, carne lessa e galeto, entre outras opções. Diariamente, será realizado a partir das 16h o Café da Colônia, com comidas típicas como queijo, salame, copa, grôstoli e cuca. O lugar tem capacidade para 450 a 500 pessoas, e quem cuidará da alimentação serão os moradores dos distritos de Caxias.Diariamente, Café da Colônia, a par-tir das 16h: R$ 20Sábados e domingos, almoço colonial: R$ 25 Shows

Durante todo o horário de funcio-namento dos pavilhões haverá apre-sentações musicais nos palcos espa-lhados pelo parque. Mas, em algumas noites, serão realizados shows de des-taque nacional e até internacional no palco principal. Não será necessário

pagar a mais para assistir a essas apre-sentações, pois o ingresso de entrada nos pavilhões já dá direito aos espe-táculos. Entretanto, haverá entradas para uma ala vip (R$ 20) e dois tipos de camarotes, o prata (R$ 20) e o ouro (R$ 25).

Alexandre Pires | Pagode, Sexta, 19 de fevereiro, 22hBonde do Forró | Forró, Sábado, 20 de fevereiro, 22hRoupa Nova | Romântica, Sexta, 26 de fevereiro, 22hLeonardo | Sertanejo romântico, Sábado, 27 de fevereiro, 22hArmandinho | Pop, Quinta, 4 de março, 22hJota Quest | Pop, Sexta, 5 de março, 22hCésar Menotti & Fabiano | Sertanejo, 6 de março, 22hPatrik Dimon | Pop internacional, Domingo, 7 de março, 20h

Posto de saúdeA Unimed terá um posto de atendi-mento gratuito na saída do Pavilhão 2, no final da alameda principal. Nes-se local serão prestados os primeiros atendimentos caso algum visitante não se sinta bem. Uma ambulância também ficará no local para casos de emergência.

Passeios turísticosDurante toda a Festa da Uva serão realizados passeios diários pelos roteiros turísticos do município com saídas dos pavilhões, passando pelos hotéis. Em cada dia será promovida uma atividade diferente nas áreas cultural, gastronômica e de aventura. A saída deve ocorrer sempre entre 8h30min e 9h, com retorno por volta das 14h. O agendamento deverá ser feito no dia anterior ou no mesmo dia, se ainda houver vagas, na Estação do Abraço, na entrada dos pavilhões. Informações: 0800-541-1875.

Parque de diversõesO Parque Tupã ficará instalado nos pavilhões durante a Festa da Uva, com 18 brinquedos adultos e infantis. Até o fechamento desta edição, os preços ainda não estavam definidos.

Ingressos à venda nas bilheterias dão direito a todos os shows; no pórtico de entrada, a Estação do Abraço; Salão Paroquial servirá almoço colonial

Foto

s: M

aico

n D

amas

ceno

/O C

axie

nse

GuiA dA FeStAEstações temáticas recebem visitantes com singelos abraços e tecnologia sofisticada

Page 9: Edição 11

l Alexandre Pires | Pagode. Sex-ta, dia 19, 22h |

No show nacional da noite, o pa-godeiro canta seus maiores sucessos. Além de canções da carreira solo, apresenta as do antigo grupo, Só Pra Contrariar, criado em 1989 em Minas Gerais, que ficou famoso anos 90 com hits como A barata e Que se chama amor. No repertório, músicas que to-dos sabem cantar, como Pode chorar, Sai da minha aba, Essa tal liberdade e Mineirinho.Estação da Música Palco Principal

l Dan Ferreti | MPB. Quinta, dia 18, 18h |

Músico caxiense apresenta o show intitulado Elis, o canto da saudade, com canções que se eternizaram na voz da cantora gaúcha Elis Regina – falecida em janeiro de 1982 –, como O bêbado e a equilibrista, Como nossos pais e Fascinação.Estação da Convivência

l Adão Léo | Sexta, dia 19, 17h e 19h |

Músicas ao saxofone.Estação das Soberanas

l Declarasamba | Pagode. Sexta, dia 19, 20h |

Estação da Música – Palco Auxiliar

l Dibobera | Pagode. Sexta, dia 19, 18h|Estação da Música – Palco Auxiliar

l Extudo | MPB. Quinta, dia 18, 20h |

Estação da Convivência

l Giovani e Marilda | MPB e outros gêneros. Sexta, dia 19, 20h |

Com mais de 10 anos de estrada, a dupla apresenta repertório com MPB, forró, música country, sertaneja, gaú-cha, samba e covers de bandas inter-nacionais.Restaurante Tulipa

l Jéssica e Rosana | Nativista. Sexta, dia 19, 19h |Estação do Gaúcho

l Magnitude | Pagode. Sexta, dia 19, 19h |Estação da Música – Palco Auxiliar

l Miguel Angelo | Música italiana.

Sexta, dia 19, 20h |Estação da Colônia

l Puracaso | Pagode. Sexta, dia 19, 21h |

Grupo toca músicas próprias, como História resumida e Feliz assim, e su-cessos do pagode.Estação da Música – Palco Auxiliar

l Só Se Kizé | Pagode. Sexta, dia 19, 17h |

Grupo toca músicas próprias, como Nossa história, e sucessos do pagode.Estação da Música – Palco Auxiliar

l C.I.A. Uerê | Sexta, dia 19, 14h |A Companhia Independente de Ar-

tistas recepciona os visitantes.Estação do Abraço

l Grupo Aprontação Experi-mental | Sexta, dia 19, 14h |Apresentação de teatro de bonecos.

Alameda em frente aos parreirais de uva

l Grupo EDZ - Foco 3 Eventos | Sexta, dia 19, 14h |

Quatro artistas, interpretando pes-soas que viveram na época da chegada do trem – um maquinista, um empre-sário, um agricultor e uma dona de casa –, interagem com os visitantes, fazendo brincadeiras e falando italia-no.Estação da Convivência

l Médicos do Sorriso | Sexta, dia 19, 15h |

Os atores Everton Pradella e Gra-siela Müller apresentam a esquete

Não é sempre a mesma história – O fabuloso encontro entre o mui valo-roso Don Quixote de La Mancha e a Chapeuzinho Vermelho. Personagens da literatura encontram-se na Festa da Uva e Don Quixote, ao mesmo tempo em que busca seus companheiros, aju-da a perdida Chapeuzinho. Também serão encenadas as esquetes de palha-ço que o grupo Médicos do Sorriso costuma levar aos hospitais.Estação da Leitura

l Tem gente teatrando | Sexta, dia 19, 14h |

Com trajes típicos que fazem refe-rência às réplicas da Estação, o grupo interage com os visitantes.Réplica

l Auresóvia | Sexta, dia 19, 19h e 22h |

Grupo de Danças Folclóricas Po-lonesas de Áurea, norte do Estado,

apresenta coreografias em trajes típi-cos que retratam diferentes regiões da Polônia.Estação da Serra

l CTG Marco da Tradição | Sexta, dia 19, 18h e 20h |Apresentação de danças tradiciona-listas.Estação da Serra

l Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul | Quinta, dia 18, 14h |

O concerto é o evento de abertura da Festa da Uva 2010.

Estação da Convivência

l Coral Stella Alpina | Sexta, dia 19, 18h e 20h |

Vindo de Piracicaba (SP), o coral folclórico traz canções trentinas, aus-tríacas e italianas, com regência de Jâ-nea Falcão.Estação das Soberanas

l Coro Feminino Sylvinha Araujo | Sexta, dia 19, 19h |Coro da cidade de Mariana (SP).Estação da Colônia

l Celebration | Sexta, dia 19, 20h |Espetáculo do Coral Municipal

de Caxias do Sul interpreta a cultu-ra rock, vinda dos anos 1950, 1960 e 1970, celebrando a pista de dança, a liberdade e a alegria de viver. O mu-sical leva o público a uma viagem no tempo, guiada por uma trilha sonora que inclui The Mammas and the Pa-ppas, Bee Gees, Abba e Donna Sum-mer.Estação de Convivência

DANÇA

Pagodeiro Alexandre Pires faz o primeiro show nacional; musical Celebration apresenta os talentos locais; Orquestra Municipal faz concerto de abertura

NO

N O

NO

N, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Mai

con

Dam

asce

no, D

iv./O

Cax

iens

e

car

olin

ebit

tenc

ourt

, Div

./O C

axie

nse

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 913 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

BANDAS

TEATRO

CORO/ORQUESTRA

Page 10: Edição 11

por CÍNTIA [email protected]

em só de cachos e vinhos é feita a Fes-ta da Uva. As atividades culturais são o tempero principal do evento para atrair e, principalmente, manter os tu-ristas circulando pelos Pavilhões. Com mais variedade do que as uvas expostas pelos corredores, há diversão para to-dos os gostos e idades.

Alardeada como a Festa com maior número de atrações da história, esta edição terá em torno de 3 mil artistas distribuídos em 941 apresentações, di-vididas em espetáculos de dança, tanto tradicionalistas quanto típicas de países europeus, como Itália e Polônia, shows de bandas locais, grandes apresenta-ções musicais de artistas reconheci-dos nacionalmente e esquetes teatrais. De acordo com o secretário munici-pal de Cultura e diretor de Cultura da Festa, Antonio Feldmann, a interativi-dade é o principal meio de conquistar o público. Para tanto, o teatro tomará conta do Parque de Eventos. Logo na entrada, a Companhia Uerê fará jus ao nome da primeira estação dos Pa-vilhões: a do Abraço. Os componentes estarão recepcionando carinhosamen-te os visitantes.

Quem vai dar as caras por lá tam-bém é o grupo Tem Gente Teatran-do, coordenado pela atriz Zica Sto-ckman. Atores estarão interagindo e improvisando com os turistas. Mais quatro artistas foram escalados pela Foco 3 Eventos, caracterizados como moradores locais da época da chega-da do trem a Caxias, 100 anos atrás. O ator Davi de Souza se dividirá em três para atender a demanda teatreira da Festa. Como diretor, apresentará

o espetáculo Não é sempre a mesma história – O fabuloso encontro entre o mui valoroso Don Quixote de La Mancha e a Chapeuzinho Vermelho, com os atores Grasiela Müller e Ever-ton Pradella vivendo Chapeuzinho Vermelho e Don Quixote de La Man-cha. O fidalgo chega nos Pavilhões em busca de seu fiel companheiro Sancho Pança e seu cavalo Rocinante e encon-tra uma perdida Chapeuzinho, mas percebe que ela não tem o coração cheio de bondade como no conto de fadas.

Com a trupe dos Médicos do Sorri-so, da qual é líder e idealizador, Davi se veste de palhaço para representar as mesmas esquetes que costumam realizar no Hospital da Unimed, onde animam pacientes adultos com piadas e canções. Uma das mais pedidas nos corredores hospitalares com certeza agradará ao tradicional público da Fes-ta: Mérica, Mérica.

A terceira face do ator é travestida de Dona Bastiana, sua conhecida per-sonagem que, no Museu do Comércio, localizado nas Réplicas, levará o públi-co às gargalhadas enquanto acolhe os visitantes e ajuda a resgatar partes da história caxiense.

Os músicos locais também terão uma grande espaço, demons-trando na prática a diversidade cul-tural característica da atualidade. Com a capacidade de agradar gre-gos, troianos, italianos ou qualquer outra etnia que se faça presente, os shows abrangerão desde ritmos tra-dicionais, como música típica e nati-vista, até aqueles considerados mais distantes do público cativo da Festa. Um dos exemplos é a noite da quarta-

feira, 3 de março, com a Estação da Música dedicada exclusivamente ao heavy metal e suas vertentes. A intitu-lada Noite do Metal abrigará bandas da região que tocam o ritmo pesado. A Estação da Música, localizada no re-cém inaugurado Espaço Multicultural, será formada por um palco principal e um auxiliar. No menor, as atrações fa-rão referência ao show do palco maior. “No dia em que se apresenta um cantor sertanejo, por exemplo, o palco auxi-liar terá apresentações de cantores e grupos sertanejos de Caxias. As pesso-as que estiverem aguar-dando o show nacional terão a oportunidade de conhecer um pouco mais os nossos grupos”, explica Feldmann.

O palco princi-pal será ocupado por atrações nacionais, integrando diversos públicos. A primeira grande atração será no primeiro sábado da Festa: o pagodeiro Ale-xandre Pires, vocalista do extinto grupo Só Pra Contrariar. Seguindo o rastro, vi-rão mais dez nomes, como Jota Quest, Leonardo e Roupa Nova. Os shows nacionais ocorrerão sempre às 22h, de quinta a domingo.

Corais com músicas típicas percorrerão as estações. Grupos de danças folclóricas bailarão pelos Pa-vilhões. O Coral Municipal de Caxias do Sul apresentará o espetáculo Cele-bration, que abraça os espectadores em uma viagem no tempo, comemoran-do a alegria de viver com músicas dos

anos 50 a 70. Outra atração tem carac-terística circense: os artistas coloridos do Tholl – Imagem e Sonho, que se apresentam com acrobacias, malaba-res, monociclos e figurino impecável.

De acordo com o diretor do Depar-tamento de Arte e Cultura Popular da Secretaria Municipal de Cultura, Elvi-no Santos, há diferentes motivos para a escolha das atrações. Os shows de maior investimento, os nacionais, são definidos para contemplar a maioria da população. “No início, são esco-lhidos 150 nomes e depois vamos re-

duzindo até chegar ao número final”, explica Santos. Os shows locais também apelam para a variedade, mas com o diferencial da criação de fomento. Como são diversos artistas de di-ferentes partes da cida-de, eles atraem público variado e geram uma circulação maior nos Pavilhões. “O objetivo é ter todo mundo den-tro da festa.”

Uma das atividades de preparação para a Festa é a distri-buição de 20 mil CDs da dupla de ser-tanejo universitário Cesar Menotti & Fabiano em diversos pontos da cidade, como postos de gasolina e lojas, além de pessoas entregando o material na rua mesmo. Tudo para o público che-gar afinado no show da dupla, que irá gravar um DVD ao vivo nos Pavilhões.

Com um repertório de atrações tão amplo, a Festa da Uva está preparada para agradar os visitantes durante seus 18 dias. Não deixará ninguém voltar para casa de olhos e ouvidos vazios.

Festa da Uva

Atores vão receber os visitantes no parque de exposições, que terá 941 apresentações em 18 dias, reunindo 3 mil artistas

N

10 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

CLO

DO

VEU

RA

MO

S , D

IVU

LGA

Çã

O/O

CA

XIE

NSE

AR

QU

IVO

GRU

PO Q

UIQ

UIP

RO

, AN

DR

éA P

ERES

, DIV

ULG

ãO

/O C

AX

IEN

SE

AR

QU

IVO

AN

DR

éA P

ERES

, DIV

ULG

ãO

/O C

AX

IEN

SE

DIV

ULG

ãO

/O C

AX

IEN

SE

Integração e diversidade são as principais estratégias para encantar o público

Arte circense, show de reggae, teatro de bonecos e danças típicas são apenas uma pequena parte das atrações programadas para a Festa

TODAS AS CULTURASCAbEM NOS PAvILHõES

Page 11: Edição 11

CINEMAl 2012 | Aventura. De sábado a quin-ta, 20h |

Mensagem de catástrofe iminente irá destruir a Terra, baseada no calen-dário maia, é espalhada por radialista de estação pirata. Com John Cusack, Danny Glover e Woody Harrelson. Dirigido por Robert Emmerich. Cen-sura 12 anos, 161 minutos, dublado. UCS Cinema R$ 10 e R$ 5 (para estudantes e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | Galeria Universitária

l A Princesa e O Sapo | Anima-ção. De sábado a quinta, 16h |

Jovem beija sapo para ele voltar a ser príncipe, mas algo dá errado: a jovem é que vira sapo. Censura livre, 97 mi-nutos, dublado. UCS Cinema

l Alvin e os Esquilos 2 | Comé-dia. De sábado a quinta, 14h e 16h |

Trio de esquilos participa de um concurso de bandas, mas um dos con-correntes é grupo formado por três fêmeas, as Chipettes. Dirigido por Tim Hill. Censura livre, 94 minutos, dublado.Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Segunda e quarta-feira (exceto feria-dos): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos).Terça-feira: R$ 6,50 (promocional)Sexta-feira, sábado, domingo e feria-dos: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos).RSC-453 nº 2.780, Distrito Industrial | 3209-5910

l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 18h |

Ex-fuzileiro naval é enviado ao pla-neta Pandora, onde encontra a raça humanoide Na’Vi. Dirigido por James Cameron. Censura 12 anos, 166 minu-

tos, dublado.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi

l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 21h20 |

Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi

l A Hora da Estrela | Drama. De quinta a domingo, 20h |

Baseado em livro homônimo de Cla-rice Lispector, filme conta a história de nordestina que vai para a cidade gran-de. Ela começa a namorar mas uma colega de trabalho rouba o pretenden-te, sob orientação de uma cartoman-te. Dirigido por Suzana Amaral. Com Marcélia Cartaxo, José Dumont e Fer-nanda Montenegro. 96 minutos.Sala de Cinema Ulysses GeremiaR$ 1,99 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares

l Embarque Imediato | Comédia. De sábado a quinta, 16h10, 18h20 e 20h20 |Supervisora impede que garçom de aeroporto embarque clandestina-mente em voo e acaba se envolvendo com ele. Dirigido por Allan Fiterman. Com Marília Pêra e José Wilker. Clas-sificação 14 anos, 87 minutos.Pepsi GNC 1 – Shopping Iguatemi

l Eu me lembro | Drama. De quin-ta a domingo, dia 28, 20h |

Vida de jovem desde o nascimento, impacto da morte da mãe e raiva pelo pai, até a fase adulta, acompanhada paralelamente pelos acontecimentos do Brasil nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Dirigido por Edgard Navarro. Com Lucas Valadares. 108 minutos.Sala de Cinema Ulysses GeremiaR$ 1,99 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares

l High School Musical – O De-safio | Musical. De sábado a quinta, 13h45 |

Versão nacional do sucesso ameri-cano, adolescentes voltam às aulas e resolvem participar de concurso de

música. Dirigido por César Rodri-gues. Com Olavo Cavalheiro, Renata Ferreira e Wanessa Camargo. Censura livre, 97 minutos.Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi

l Invictus | Drama. De sábado a quinta, 15h45, 18h30 e 21h10 |

Nelson Mandela, recém saído da cadeia e eleito presidente da África do Sul, resolve usar o rúgbi como meio de unir a população do país ainda devas-tado pelo apartheid. Para isso, incenti-va a seleção nacional a ser campeã da Copa do Mundo de Rúgbi, realizada no país pela primeira vez. Dirigido por Clint Eastwood. Com Morgan Freeman e Matt Damon. Censura li-vre, 134 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi

l Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 17h40 |

Nova aventura da saga Crepúsculo. Vampiro adolescente rivaliza com lo-bisomem pelo amor de uma humana. Censura 14 anos, 130 min., dublado. UCS Cinema

l O Lobisomem | Suspense/Terror. De sábado a quinta, 15h, 17h40, 19h50 e 22h |

Ao voltar para sua terra natal, ho-mem depara com o mistério da morte do irmão. Quando investiga o caso, acaba mordido por uma estranha cria-tura e sofre transformações na época de lua cheia. Baseado em clássico de 1941. Dirigido por Joe Johnston. Com Benicio Del Toro e Anthony Hopkins. Censura 14 anos, 102 minutos, legen-dado.Pepsi GNC 2 – Shopping Iguatemi

l Percy Jackson: o ladrão de raios | Aventura. De sábado a quin-ta, 13h40, 16h15, 18h50 e 21h30 |

Baseado em livro de Rick Riordan, conta a descoberta de que Percy é filho de um deus da mitologia grega com uma humana. Ele então vai para um campo de treinamento para aperfei-çoar seus poderes e tentará evitar uma guerra entre os deuses. Dirigido por

Chris Columbus. Com Logan Lerman e Pierce Brosnan. Censura livre, 123 minutos, legendado.Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi

l Premonição 4 | Terror. De sábado a quinta, 14h15 e 22h10 |

No quarto filme da série, jovens escapam da morte em autódromo e depois são perseguidos um a um. Di-rigido por Davir R. Ellis. Com Bobby Campo e Shantel Van Santen. Censura 18 anos, 81 minutos, legendado.Pepsi GNC 1 – Shopping Iguatemi

l Um Olhar do Paraíso | Drama. De sábado a quinta, 13h50, 16h30, 19h10 e 21h50 |

Menina de 14 anos é assassinada e acompanha do céu como sua família e amigos vão seguindo a vida. Dirigido por Peter Jackson. Com Mark Wahl-berg e Rachel Weisz. Censura 14 anos, 135 minutos, legendado.Pepsi GNC 5 – Shopping Iguatemi

l Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva | De segunda a sexta, das 9h às 17h |

Sob curadoria de Véra Stedile Zat-tera, mostra com trajes, desenhos, adornos e painéis traz história da in-dumentária de soberanas, evidencian-do contribuição da costureira Corina Frigeri e artista plástico Darwin Ga-zzana.Museu Municipal Entrada franca | Visconde de Pelotas, 586, Centro | 3221-2423

l Sargento Wilson | Samba rock e MPB. Sábado, 21h |

Show especial de carnaval com su-cessos de Seu Jorge, Tim Maia e Jorge Ben Jor, entre outros.Bier Haus BarR$ 5 | Tronca, 3.086, Rio Branco | 3221-6769

Figurinos das soberanas da Festa da Uva estão em exposição no Museu Municipal; banda Poder da Criação faz especial de Carnaval com chorinho, bossa nova e marchinhas

Carnaval em múltiplos ritmos, monstros e heróis no cinema e vestidos no [email protected]

GuiA de CulturA

Dar

win

Gaz

zana

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Zan

atta

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 11 13 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

MÚSICA

EXPOSIÇãO

Page 12: Edição 11

l A4 | Pop rock. Sábado, 23h |Banda traz músicas próprias e suces-sos do pop rock nacional e internacio-nal. Depois, DJ Eddy.Portal Bowling – MartcenterR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling.com.br

l Escolha da Rainha Gay do Carnaval 2010 | Música eletrônica. Sábado, 23h |Studio54MixR$ 12 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com

l Ton e o Kara, Os Blugs, Po-lenta Rock e Os Procurados | Rock. Sábado, 23h30 |

Bandas tocam na festa Carnaroxx Cuerbo.Roxx Rock BarR$ 12 (até 23h30) e R$ 15 (depois) | Av. Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas

l Salve Ferris | Rock. Sábado, 23h|Banda toca versões rock & roll de

músicas de Sidney Magal e Balão Má-gico, entre outros, além de marchi-nhas de Carnaval.Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br | 500 pessoas

l Libertá | Nativista e outros gêne-ros. Sábado, 22h30 |

Grupo com repertório variado, des-de música gaúcha e sertaneja até MPB, passando por axé music e pagode.Libertá DanceteriaR$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | 13 de maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas

l Vitrine do Samba | Pagode e samba. Sábado, 22h30 |Expresso Pub CaféR$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas

l Fabricio Beck Trio e Alamo Leal & Blues Groovers | Blues. Sábado, 23h |

Bandas tocam o melhor do blues em festa Mardi Gras 2010.Mississippi Delta Blues BarR$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l Retrato Falado | Pagode. Do-mingo, 20h |

Roda com grupo que toca sucessos do samba e do pagode. Depois, festa continua com DJ Anderson. Chopp liberado a noite toda.Europa Lounge GardenFeminino: R$ 20 ou R$ 15 (com nome na lista). Masculino: R$ 40 ou R$ 35 (com nome na lista) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 8401-2029 | 400 pessoas

l Fabricio Beck Trio e Alamo Leal & Blues Groovers | Blues. Domingo, 23h |

Bandas tocam na festa Mardi Gras 2010.

Mississippi Delta Blues BarR$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l Los Infernales e Salve Ferris | Música latina e rock. Segunda, dia 15, 23h |Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br | 500 pessoas

l Libertá | Nativista e outros gêne-ros. Terça, dia 16, 22h30 |

Grupo com repertório variado, des-de música gaúcha e sertaneja até MPB, passando por axé music e pagode.Libertá DanceteriaR$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | 13 de maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas

l Los Infernales | Música latina. Terça, dia 16, 23h |

Festa Charanga Latina.Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br | 500 pessoas

l Poder da Criação | MPB e ou-tros gêneros. Terça, dia 16, 21h |

Show especial de Carnaval, com chorinho, bossa nova e marchinhas no repertório.Bier Haus BarR$ 5 | Tronca, 3.086, Rio Branco | 3221-6769

l Fabricio Beck Trio | Blues. Terça, dia 16, 23h |Mississippi Delta Blues BarR$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br

l Una noche de aquarianos | Música eletrônica. Quinta, dia 18, 23h |

Festa com os DJs Federico Barco, Alibu e Thobias Wolff. Distribuição de mojitos e isenção de ingresso para aquarianos (na apresentação de docu-mento).Havana CaféFeminino: R$ 20 e R$ 10 (com nome na lista). Masculino: R$ 40 e R$ 20 (com nome na lista) | Augusto Pesta-na, 145, São Pelegrino | 3215-6619 | www.havanacafe.com.br

l Candieiro | Nativista. Sexta, dia 19, 22h30 |

Grupo de música gaúcha com 16 anos de carreira. Na abertura, grupo Libertá. Libertá DanceteriaR$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | 13 de maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas

l Efervescentes e Severo em Marcha | Rock. Sexta, dia 19, 23h |

Festa com as duas bandas porto-alegrenses.Vagão BarR$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br | 500 pessoas

12 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mitologia grega em Percy Jackson e terror em O Lobisomem

Uni

vers

al P

ictu

res,

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Fox

2000

Pic

ture

s, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Page 13: Edição 11

[email protected]

a vida é uma sombra erranteo sonho triste dum comedianteque se pavoneia tanto, tontocaindo sempre, a todo instantee no minuto que lhe reserva a cenasonha, se envaidecechega a dar dóchega a dar penapara depois não ser mais ouvidocair no abismopara sempre esquecidoé um conto de fadas sem importânciaque nada significamas que no auge dessa louca dançano meio frêmito dessa ânsiafaz brotar uma pompa típicaé só um discurso tépido narradoum canto longe meio mal cantadopor um idiota cheio de lamúriapor alguém que pensa ser algopor uma voz cheia de medoe fúriaa vida é uma sombra quasea vida é um sonho quasee se a vida é mesmo sonhoos sonhos, sonhoquaseDo livro Do Útero do Mundo, Maneco Editora, 2ª edição

QUASEpor UILI bERGAMIN

Leonor Aguzzoli| Entre o céu e a terra |

A artista plástica desempenha o pa-pel dos beija-flores conforme algumas crenças indígenas: leva a mensagem de vida plena e repleta de amor. Com a técnica de encáustica e óleo sobre tela, o beija-flor viaja de planta em planta degustando essências e refletindo nu-ances cromáticas.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1313 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Page 14: Edição 11

por vALQUÍRIA vITAvalquí[email protected]

casal Lídia e Valdir Trestani esperava o ônibus para o bairro Serrano na pa-rada ao lado da Catedral na tarde de quarta-feira, dia 10. Fazia muito calor e Lídia queria logo ir para casa, pois es-tava com uma forte dor de cabeça. Era a quarta vez que os dois pegariam um ônibus naquele dia. Se Lídia não tives-se 66 anos e Valdir 67, só naquela tarde os dois teriam desembolsado R$ 17,60. Amparados pela lei federal e pelo Es-tatuto do Idoso, que dizem que quem tem mais de 65 anos não paga passa-gem para usar o transporte coletivo, Lídia e Valdir andam de graça por toda a cidade. Na avaliação de Lídia, os deslocamentos – na maioria das vezes, para ir a consultas médicas – não saem tão de graça assim: “Quantos anos pa-gamos de impostos para a prefeitura para isso?”, questiona.

A notícia de que a passagem de ôni-bus poderia aumentar de R$ 2,20 para R$ 2,50 não deixa o casal nem um pou-co preocupado. Não só porque o acrés-cimo em nada os atingiria, mas porque entendem que o aumento é necessário. “Eles têm que tirar de algum lugar o di-nheiro da passagem que não pagamos. Senão, não podem dar para nós, né?”, raciocina Trestani.

O pensamento do aposentado está de acordo com o que vem sendo dito pela prefeitura de Caxias, que aos pou-cos e bem pelas beiradas tem prepara-do a população para um aumento de 13,63%, o equivalente a R$ 0,30, na ta-rifa do ônibus. Por enquanto, ninguém revela o que vai acontecer. Só adiantam que o único jeito de impedir com que o preço suba é passando uma peneira nas gratuidades, que hoje representam R$ 0,44 de cada passagem paga inte-gralmente.

Engana-se quem pensa que as gra-tuidades são concedidas apenas a apo-sentados como o casal Trestani. Em Caxias do Sul, uma pessoa com 60 anos já não precisa pagar para andar de ônibus. Também não paga se for de-ficiente físico com renda inferior a um salário mínimo per capita, avaliador popular (presidentes e integrantes das Associações de Moradores de Bairros, as Amobs), agente da dengue e agente penitenciário, funcionário dos correios ou Brigada Militar, oficial de justiça, portador do vírus da Aids e de doen-ça renal crônica. Se for estudante, paga a metade. E vale lembrar também que uma vez por mês toda a população da cidade pode andar de graça de ônibus, no já conhecido Dia do Passe Livre.

Em média, a Viação Santa Tereza (Visate) transporta quatro milhões de

passageiros por mês. Hoje, a empresa tem cadastrados como usuários com direito à gratuidade 218 avaliadores populares, 13 mil idosos entre 60 e 65 anos, 17 mil de 65 anos ou mais e 2.780 pessoas com deficiência. Além disso, cerca de 26 mil estudantes estão habili-tados a receber 50% de desconto.

Mas, obviamente, alguém custeia esses benefícios. E não é a prefeitu-ra nem a empresa que possui a concessão do transporte coletivo em Caxias, mas sim todas as pessoas que utilizam a passagem integral de ônibus.

O secretário mu-nicipal do Trânsito, Transporte e Mobili-dade, Vinicius Ribeiro, toma todo o cuidado com as palavras quan-do o assunto é reajuste da passagem. Não se arrisca a anteci-par uma provável decisão, pois diz que uma informação mal dada pode com-prometer o misterioso estudo que a se-cretaria está fazendo sobre o tema.

A necessidade do aumento – e o percentual que ele teria – foi divulga-da quando a Visate protocolou na pre-feitura um pedido de revisão tarifária.

O reajuste é a atualização de todos os custos do transporte coletivo, segundo Ribeiro. “Funciona da seguinte forma: a receita, que vem dos usuários, divi-dida pela despesa, vai dar o valor da tarifa. Pelos cálculos, esse valor iria a R$ 2,50.”

O poder público analisou uma pla-nilha de gastos anuais da empresa em que estão detalhados os custos com in-

sumos, número de pas-sageiros transportados e outros dados, e a par-tir dela está buscando uma forma de equili-brar os investimentos e o custo operacional da Visate do ano passado com medidas adminis-trativas e políticas.

Ribeiro diz que tan-to ele quanto o prefei-to Sartori não querem que a tarifa aumente, já que o reajuste prejudi-

caria quem mais precisa do transpor-te: o trabalhador. Os critérios antigos, segundo o secretário, foram decididos num período em que o valor da pas-sagem não pesava tanto na renda dos usuários. Em 1996, por exemplo, a pas-sagem custava R$ 0,50.

As medidas administrativas às quais se refere o secretário são a mudança

Expectativa nas catracas

“Gratuidadesem critérios é injustiça. Sendo filho de rico e estudante, paga 50%. Sendo filho de pobre também”, diz o secretário

O

14 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Prefeitura alega que para evitar reajuste será preciso cortar benefícios: gratuidade acima dos 60 e Dia do Passe Livre estão a perigo

O aposentado Trestani é compreensivo: “Eles têm que tirar de algum lugar o dinheiro da passagem que não pagamos”

DE GRAÇAÉ QUE NÃO vAI FICAR

Page 15: Edição 11

do tipo da frota, o aumento da idade média dos veículos, a instalação de ge-renciamento via GPS e a retirada dos ônibus do Centro de forma gradual, tudo para otimizar o transporte cole-tivo. Ribeiro também conta com uma diminuição dos impostos dos governos estaduais e federais: “A mesma política para a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os au-tomóveis tem que ter para o transporte cole-tivo. Só assim a gente consegue priorizá-lo.”

A segunda (e polê-mica) questão que está sendo discutida pela Secretaria é o impacto das gratuidades no cus-to na tarifa. Mesmo sa-bendo que um ônibus faria seu trajeto normal ao transportar ou não um estudante que paga a metade da passagem, por exemplo, Ribeiro explica que essa diferença aparece na conta final. “A re-ceita aumenta com o número de usuá-rios pagantes, e, naturalmente, o valor da tarifa não.”

Ele destaca que todas as gratuidades, com exceção dos idosos com mais de 65 anos, serão revisadas. “Gratuidade sem critérios é uma injustiça. A gra-tuidade é universal. Sendo filho de rico e estudante, paga 50%. Sendo filho de pobre também. Se Caxias optar por manter esses critérios, tem que estar consciente que valor da tarifa só vai aumentar”, adianta.

“Com R$ 2,50 pego um azulzinho, que é bem melhor.” Esta é a forma da estagiária de fisioterapia Greice Danie-li, 24 anos, mostrar a indignação com o possível aumento da passagem de ônibus. Ela sabe que poderá ser uma das atingidas caso o benefício para es-tudantes seja modificado. Ou melhor, sabe que seus pais seriam afetados. São eles q bus por dia. O que impede com que o gasto seja maior é que ela paga

apenas duas passagens, por causa das linhas que fazem integração entre os bairros em que faz estágio e onde es-tuda. “Se aumentar, teremos que nos sujeitar”, conforma-se Greice, que de-pende do ônibus, já que a prioridade do carro da família é dos pais.

Como o secretário dos Transportes considera que alguns descontos são

direitos e outros são privilégios, critérios estabelecidos há mui-tos anos podem ser atualizados. Ele cita o exemplo de que nem todas as pessoas com deficiência atendem ao parâmetro de baixa renda fixado. “E sabia que tem portador de deficiência física que não tem um dedo e tem gratuidade? Existe uma comissão que faz

essa avaliação. Mas é uma avaliação que está sendo muito questionada”, afirma.

Leonardo Costa de Oliveira Hack-bart, presidente da Comissão do Passe Livre para as pessoas com deficiência, explica que a definição da gratuidade ocorre depois da análise do atestado trazido pelo deficiente, da consulta ao CID (Código Internacional da Doen-ça) e do estudo da renda familiar. “O que poderia mudar é no critério do CID. Hoje fazemos muitas visitas. Tem gente que está muito bem de saúde e mesmo assim ganha gratuidade. Por outro lado há pessoas que realmente necessitam mas não se enquadram no Código”, exemplifica.

Além de mudanças para estudantes e deficientes físicos, podem ser afetadas pessoas com idade entre 60 e 65 anos, que por determinação de lei munici-pal hoje não pagam. “Pode ser que os próximos que completarem 61 anos tenham que estar inseridos em novos critérios”, ressalta Ribeiro.

Seria o caso da vendedora Gladis Bittencourt, 56 anos, que para se prote-ger do sol se espremia com outras pes-soas debaixo de uma parada de ônibus na Rua Bento Gonçalves. Ela esperava o veículo da Visate que completaria o transporte dela e de outros passageiros para o bairro Jardim Iracema, já que o ônibus em que estavam havia recém estragado.

Como mora longe do Centro, Gladis necessita do transporte coletivo para se locomover. Cada vez que passa pela catraca, desembolsa R$ 2,20. Ela se espantou ao saber que o benefício de quem tem mais de 60 anos pode ser mudado, pois contava que precisaria pagar o ônibus por mais quatro anos apenas. “Para mim vai ser ruim se mu-dar.”

Por outro lado, se a prefeitura optar por aumentar a tarifa para R$ 2,50 em vez de rever benefícios, afetará a quem não tem desconto algum, como a em-pregada doméstica Laurita Bueno, 48 anos. Para que não precise ficar jun-tando os trocados na bolsa duas vezes ao dia, Laurita prefere usar o cartão. Como não é estudan-te, idosa, deficiente ou outro tipo de benefi-ciária, paga passagem integral. Mensalmente, ela tem R$ 52,80 des-contados do salário por causa das duas pas-sagens gastas por dia.

Na quarta-feira, quando Laurita passou com o cartão da Visa-te na catraca, a leitora anunciou: 0 passagens. Sinal de que está na hora de pedir aos patrões que recar-reguem o cartão. Se a tarifa realmen-te tiver o acréscimo de R$ 0,30, seu desconto salarial vai pular para R$ 60. “Não adianta. O trabalhador é sempre o prejudicado”, lamenta.

Contrária aos domingos de passe livre, que considera uma chance para

a “gurizada fazer bagunça”, Laurita de-fende o fim desse benefício. Principal-mente sabendo que ele é um dos que acarretaria uma passagem mais cara. “É uma palhaçada. Acho que deveriam ajudar os trabalhadores, e não quem quer passear.”

O Dia do Passe Livre, que representa R$ 0,06 em cada passagem – e, na opi-nião de Ribeiro, não consegue prestar um serviço com qualidade da maneira como é feito –, é outro benefício que corre perigo. Na aposta da vereadora Denise Pessôa (PT), analisando todas as gratuidades, a concedida no últi-mo domingo do mês é a que tem mais chances de ser modificada. “Mas sou contra. Não sei se teriam coragem de cortar isso do trabalhador”, diz Deni-se, que teve aprovado um projeto de lei para que os estudantes utilizem a meia passagem também nos domingos e fe-riados.

A Visate, que conseguiu a reno-vação do contrato para os próximos dez anos no final de 2009 – aprovada pelos votos de 12 vereadores, com ape-

nas quatro contrários –, não se manifesta sobre o reajuste da tarifa. A assessoria de impren-sa da empresa informa apenas que a revisão das gratuidades foi uma decisão da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, e, portanto, é de respon-sabilidade dela. “Como órgão regulamentador, a Secretaria possui to-das as informações so-

bre a empresa e a prestação do servi-ço. A Visate não tem posicionamento sobre este assunto, ela apenas acata as orientações passadas pelo órgão regu-lamentador do serviço, que é o órgão público”, responde por e-mail a asses-soria de imprensa.

“Tem gente que está muito bem de saúde e ganha gratuidade. Há pessoas que necessitam mas não se enquadram”,afirma Hackbart

“É uma palhaçada. Deveriam ajudar os trabalhadores, e não quem quer passear”,diz Laurita, crítica do Dia do Passe Livre

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1513 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Foto

s: M

aico

n D

amas

ceno

/O C

axie

nse

A estudante Greice: “Com R$ 2,50 pego um azulzinho, que é bem melhor”. A empregada doméstica Laurita: “Não adianta. O trabalhador é sempre o prejudicado”

Page 16: Edição 11

por JOSÉ EDUARDO [email protected]

m 1979, o projeto parecia despreten-sioso. Naquele ano, dois jovens pesqui-sadores da Universidade de Caxias do Sul, Juan Luis Carrau-Bonomi e Rute Terezinha da Silva Ribeiro, iniciaram o isolamento do fungo de uma larva que comia madeira, com o objetivo de ma-ximizar a produção do álcool da cana-de-açúcar. Mas não sabiam, ainda, até onde sua pesquisa poderia chegar. Três décadas depois, o que começou como um mero experimento poderá elevar o nome da cidade e da UCS a patamares internacio-nais no campo cientí-fico.

Após percorrer inú-meros centros aca-dêmicos no campus, passando pelo ginásio poliesportivo, há uma bifurcação que leva a uma pequena rua as-faltada e coberta por densa vegetação. Ela é acompanhada por um riacho que só pode ser percebido pelo barulho da água. Ao fim da via sinuo-sa e sem calçadas encontra-se o Insti-tuto de Biotecnologia, no bloco 57. O professor e coordenador do instituto, Aldo Dillon, também coordena o La-boratório de Enzimas e Biomassas. Ele é responsável pela produção de uma enzima capaz de transformar a celulo-se em álcool. Subindo a rampa para o segundo andar, chega-se ao local onde está resguardado o micro-organismo que propicia essa transformação. Em uma sala totalmente branca, a profes-sora Marli Camassola, acompanhada de uma porção de estagiários, trabalha na produção e no melhoramento ge-nético de uma enzima do fungo Peni-cillium echinulatum.

No fim da década de 70, pou-cos olhos prestavam atenção no Peni-cillium echinulatum. A professora Rute lembra que o precursor desse interesse foi o professor Carrau. “Eu era recém formada e segui no projeto dele. A es-colha do fungo foi feita meio no acaso, quase de forma aleatória.” Em 1980, o professor Aldo Dillon ingressou no projeto de melhoria genética da enzi-ma. Na metade daquela década, Car-rau e Rute assumiram outras pesquisas na UCS e tiveram que deixar o desen-

volvimento da enzima sob a coordena-ção de Aldo, que, no entanto, acabou ficando sozinho.

O professor lembra que no início o projeto recebeu impulso por causa do contexto econômico. Diante da crise mundial do petróleo nos anos 70 e 80, o governo brasileiro lançou o Pró-Ál-cool, que consistia na substituição, em parte, da gasolina importada pelo álco-ol nacional. Com isso, grandes investi-mentos foram feitos na área de produ-ção e pesquisa do etanol, e os primeiros carros com motores a álcool foram fa-

bricados. Porém, essa euforia do combustível brasileiro teve vida cur-ta. Em pouco tempo, o governo deixou de apoiar financeiramente o projeto, e as pesquisas das enzimas capazes de quebrar a parede da ce-lulose foram deixadas de lado. “Não tive apoio governamental, nem da própria UCS. Fiquei completamente isola-do. Mas mesmo assim continuei tocando o

projeto aos poucos”, lembra o profes-sor. Agora, novamente a pesquisa do bioetanol assume posição de destaque. “Trinta anos depois o projeto passou a ter grande relevância. Por isso que muitas pessoas não entendem a demo-ra de pesquisa científica”, conta a pro-fessora Rute.

A corrida mundial por combus-

tíveis renováveis vem sendo acelerada. Não se aceita mais a queima descabida de petróleo. O professor Aldo conta que a produção do álcool e do bioeta-nol, e por conseguinte a sua queima, afetam menos o meio ambiente que o uso de combustíveis fósseis. Ele explica que toda planta, para crescer, precisa de gás carbônico. Através da fotossín-tese, ela libera oxigênio. Para se pro-duzir o álcool ou o bioetanol no Brasil, por exemplo, usa-se a cana-de-açúcar. Assim, quanto mais se plantar a cana, mais ela transformará o dióxido de carbono, resultante da queima do álco-ol, em oxigênio novamente, liberando apenas uma parte do gás venenoso no meio ambiente.

Já o petróleo, conta o professor, está enterrado no subsolo há milhares de anos. Sua queima acarreta na emissão direta e contínua de dióxido de carbo-no, principal responsável pelo efeito

Nossa ciência

“Se soubermos negociar, esta década que virá será do Brasil. Quem detém a energia se colocará na vitrine”, diz Maria Carolina

E

16 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Pesquisa da Universidade de Caxias do Sul sobre bioetanol desponta em um cenário de corrida energética internacional

Aldo, na estufa que armazena os fungos: “Continuei tocando o projeto aos poucos”

MICROSCÓPIOS

UCSvOLTADOS PARA A

Page 17: Edição 11

estufa e pela destruição da camada de ozônio.

Outra questão que parece causar dú-vidas em muitas pessoas é o fato de o aumento da produção agrícola direcio-nada para a obtenção de energia afetar a produção de alimentos, tornando-os mais escassos e, con-sequentemente, mais caros. Aldo é enfático ao dizer que o espa-ço para a produção de cana existe e pode ser aumentado em até 10 vezes sem nenhum problema. Segundo ele, o que realmente é preocupante é o fato de os produtores ru-rais deixarem de plan-tar outros alimentos para produzir somente a cana. “Por que alguém se arriscaria a plantar tomate, por exemplo, e cor-rer o risco de não conseguir vender o produto, se a demanda pela cana será enorme, e o produtor terá a venda ga-rantida?”, pergunta ele.

De olho no meio ambiente, e principalmente no mercado em as-censão, o Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, retoma os investimentos mais fortes na ge-ração de álcool. No dia 22 de janeiro, foi inaugurado o Centro de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), ór-gão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em Campinas (SP). Na semana anterior, no dia 16 de dezem-bro, já havia sido assinado um acordo de colaboração entre o CTBE e a UCS. A principal enzima brasileira capaz de transformar a celulose da cana e qual-quer outro produto em açúcar – e, por conseguinte, em álcool – vem da UCS.

A união entre essas duas instituições teve origem do contato direto entre o pesquisador do CTBE José Geraldo da Cruz Pradella e o professor Aldo

Dillon em 2006, na época em que Pra-della ainda fazia parte do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, sediado em São Paulo. Trabalhando em conjunto, o CTBE visa a produzir o bioetanol de forma competitiva e em grande escala. Para isso, conta Pradella, é preciso ven-

cer alguns obstáculos, entre eles diminuir o preço da enzima. “Ela deve custar menos de 10 centavos de dólar. Atualmente, varia de 1 a 2 dólares”, explica. Como o próprio pes-quisador diz, é preciso resolver alguns “gar-galos”. Isso quer dizer: realizar a produção em larga escala, reduzir o preço da enzima, mi-nimizar os custos de

energia e diminuir o consumo de água, entre diversos outros fatores.

Com pouco mais de três semanas de atividades, o CTBE já tem prazo para apresentar as primeiras respostas. “Até o final de 2011 teremos uma avaliação do processo. Não sou muito otimista. Precisamos de um tempo mínimo de cinco anos para termos um resulta-do”, projeta Pradella. Traçando uma comparação entre várias tecnologias que iniciaram com preços inviáveis e após um tempo se tornaram popula-res, o pesquisador tem certeza que o processo, no futuro, será competitivo. “O custo de produção será pressionado para baixo. A evolução da tecnologia, aliada ao aumento da produtividade, fará o bioetanol entrar no mercado. A expectativa é que esse dia demore ain-da uns cinco anos. Será como o telefo-ne celular, que há 15 anos custava uma fortuna e hoje atinge preços populares”, explica o pesquisador.

Os Estados Unidos, país que tem o maior consumo de energia do mundo, já vêm pesquisando formas de

produzir bioetanol há muito tempo. O National Renewable Energy Labora-tory, instituto americano semelhante ao CTBE no Brasil, criado em 1977, pesquisa a produção de enzimas eco-nomicamente viáveis. As empresas Novozyme e Genecor, especializadas na mutação de genes, são financiadas pelo governo para trabalhar ao lado da instituição federal. Porém, mesmo com todo o avanço científico e a suprema-cia econômica, os americanos sofrem algumas desvantagens com relação ao Brasil. Em primeiro lugar, a cana-de-açúcar, um dos vegetais que contêm maior quantidade de glicose, não cres-ce na terra do Tio Sam. Os EUA usam o milho. O professor Aldo explica que para o Brasil é muito prático produzir o bioetanol. “O produtor colhe a cana inteira. Do caldo faz o álcool, e do ba-gaço e das folhas, o bioetanol. Não há custos de transporte. Os americanos, devido ao seu clima, produzem o álco-ol do milho. Contudo, colhem apenas as sementes. O resto fica na lavoura. Existiriam novos gastos de transporte que aumentariam o seu preço final.” A segunda desvantagem americana é a enzima utilizada para trans-formar a celulose em álcool. Ela necessita da adição de outros com-ponentes, o que a torna mais cara que a bra-sileira. “A enzima que criamos é completa, ou seja, cria a glicose sem a necessidade da adição de outros componen-tes”, conta o professor.

Alguns números ajudam a enten-der melhor essa corrida brasileira pelo álcool. O Brasil produziu, em 2008, cerca de 27 bilhões de litros de etanol. Desse total, exportou pouco mais de cinco bilhões. O Estado de São Paulo é o maior produtor de cana do mundo,

colhendo quase 80 toneladas por hec-tare plantado anualmente. Após a mo-agem, cerca de 6,4 mil litros de álcool são gerados por hectare. E aqui é que entra a enzima produzida e melhorada geneticamente pela UCS. O resultado desse processo gera a soma de 11,2 toneladas de bagaço de cana, que po-deriam produzir mais 2.690 litros de etanol por hectare.

De acordo com essas cifras, a dire-tora do Centro de Ciências Econômi-cas, Contábeis e de Comércio Interna-cional da UCS, Maria Carolina Gullo, acredita que a demanda crescente de energia em todo o mundo deve con-duzir o Brasil a um panorama inédito. “Se soubermos negociar, esta década que virá será do Brasil. O mundo pre-cisa de combustível para se mover, e quem detém a energia se colocará na vitrine”, analisa. Entretanto, Maria Ca-rolina salienta que haverá uma forte concorrência, em curto e médio prazo, por parte das grandes multinacionais que dominam a comercialização do combustível fóssil. “Existe a rejeição natural por parte da concorrência.

Isso sempre acontece quando um produ-to novo é lançado no mercado. Digo médio e curto prazo pois não sabemos se em 50 anos ainda haverá petróleo para ser comercializa-do”, explica.

Outro argumento importante para o Bra-sil assumir a posição de produtor de âmbito internacional de bioe-tanol é o desmatamen-

to das florestas para dar a abertura de novas fronteiras agrícolas, uma crítica mundialmente feita ao país. A profes-sora Maria Carolina Gullo conta que esse argumento perderá seu valor, pois será possível produzir mais combustí-vel na mesma área já utilizada.

“Por que alguém se arriscaria a plantar tomate se a demanda pela cana será enorme, terá a venda garantida?”,preocupa-se Aldo

“A evolução da tecnologia, aliada ao aumento da produtividade, fará o bioetanol entrar no mercado”, aposta Pradella

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 1713 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Foto

s: M

aico

n D

amas

ceno

/O C

axie

nse

O Penicillium echinulatum, visto na placa de Petri, é usado no desenvolvimento da enzima que incrementa a produção de álcool

Page 18: Edição 11

GuiA de eSporteSA dupla CA-JU decide sábado, na última rodada, a classificação para a fase final do 1º turno

Foto

s: Ju

lian

na S

attl

er, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Mais de 100 pilotos saltarão do Ninho das Águias neste fim de semana e na segunda-feira no campeonato de paraglider

l Juventude x São Luiz | sábado, às 16h |

Na última rodada do 1º turno do Gauchão 2010 – Taça Fernando Car-valho –, o técnico Osmar Loss terá cinco desfalques para escalar o Juven-tude. O adversário, o São Luiz, de Ijuí, 3º colocado da Chave 2, com 17 pon-tos, vem a Caxias do Sul para buscar a classificação. O Ju, 4º da Chave 1, com 5 pontos, precisa ganhar e torcer para que o Inter-SM não vença o Pelotas por diferença de mais de três gols, se quiser avançar para as quartas de final do 1º turno.

Estão fora do confronto o zagueiro Ferreira, o volante Tiago Renz, o meia Alan, o atacante Amoroso e o lateral direito Luiz Felipe, todos lesionados. Dessa forma, Loss fez o último treino, na manhã de sexta-feira, utilizando Silvio Luiz (depois entrou Tiago Ro-cha); Diego Rosa, Fred (Victor), Jorge Fellipe e Calisto; Umberto, Julio Cé-sar, Lauro (depois entrou Gustavo), Bruno e Hiago; Marcos Denner. A maior probabilidade é de que Victor não jogue, mantendo a linha de quatro na zaga, com possibilidade de recuo de Umberto para terceiro zagueiro. A ar-bitragem será de Leonardo Gaciba da Silva, auxiliado por Marcelo Oliveira e Silva e Cristiano Arlei Hennig.

Estádio Alfredo JaconiIngressos: R$ 15 (arquibancadas), R$ 7 (idosos e estudantes com reque-rimento de matrícula ou histórico escolar). Ponto de venda: Central de Relacionamento, junto ao Estádio Alfredo Jaconi, no sábado, das 9h às 12h. Acesso liberado: menores de 12 anos acompanhados e com documen-tação, associados do Juventude com mensalidades em dia. Cadeiras: R$ 30 (associados), R$ 40 (não associados) e R$ 15 (menores de 12 anos). Torcida visitante: ingressos a R$ 15; idosos e estudantes com comprovantes, R$ 7 | Rua Hércules Galló, 1.547, no Centro | Informações: (54) 3027.8700 |

l Caxias x Avenida | sábado, às 16h |

Quem quiser conferir o horário do jogo do Caxias deverá ficar de olho nos termômetros. Segundo orientação da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), as partidas da última rodada do Gau-chão serão disputadas às 16h de sába-do. Mas, se a temperatura passar dos 35 graus, os jogos vão começar às 18h. O Caxias joga contra o Avenida, no Es-tádio dos Eucaliptos, em Santa Cruz do Sul. O esquadrão grená precisa da vi-tória, com bom saldo de gols. Mas para se classificar à próxima fase, precisa ainda torcer para que Veranópolis (que pega o Ypiranga, em Erechim) e Pelo-tas (que enfrenta o Inter-SM, em San-

ta Maria) não vençam suas partidas. O time que deve começar o jogo deste sábado terá Fernando Wellington no gol; na lateral direita, Alisson (Alexan-dre Bindé se machucou no treino da manhã de sexta); na zaga, Anderson Bill e Neto; na lateral esquerda deve voltar Ismael – caso ele não tenha con-dições de jogo, entra Tiago Saleti; no meio-campo, Itaqui, Marcelo Costa, Edenílson e Mika no lugar de Marcos Rogério, suspenso; no ataque, Everton e uma dúvida: o aguardado o retorno do Gladiador Colombiano, Cristian Borja, ou Aloísio, que vem entrando bem nas partidas e pode ser escalado pelo técnico Julinho Camargo. Estádio dos EucaliptosIngressos: R$ 20 | São José, 487, Santa Cruz do Sul |

l Campeonato de Paraglider | sábado, domingo e segunda, às 12h |

Entre 100 e 125 pilotos da regiões Sul e Sudeste participarão desta que é a primeira etapa válida para Copa do Brasil, Campeonato Gaúcho e Sul Bra-sileiro. Uma comissão de cinco pilotos define o trajeto de voo dos competido-res através de GPS, baseando-se nas condições climáticas. Se o tempo não estiver propício, a prova será cancela-da. O piloto que fizer o trajeto em me-

nor tempo é o vencedor. A média da duração dos voos varia de três a cinco horas, percorrendo entre 30 e 70 qui-lômetros. Uma das trajetória possíveis compreende as cidades de Caxias do Sul, Gramado e Nova Petrópolis. O es-paço estará aberto para as pessoas que quiserem prestigiar o evento. Além disso, os visitantes terão a oportuni-dade de realizar voos duplos, ou seja, acompanhados por um instrutor. Ninho das ÁguiasEntrada gratuita | Estrada vicinal, logo após o pedágio da BR-116, em direção a Nova Petrópolis |

l Torneio Festa da Uva de Bo-cha de Areia | domingo, às 9h |

Esta é a segunda etapa classificatória para a semifinal e final, que ocorrerão respectivamente nos dias 21 e 28 de fevereiro, nos Pavilhões da Festa da Uva. Dezesseis quartetos disputam as últimas vagas remanescentes para a próxima fase do campeonato anual. A novidade deste ano são as quadras co-bertas, onde serão disputadas as roda-das finais. Conforme a organização do evento, cerca de 260 atletas participam do torneio. Clube CruzeiroEntrada gratuita | Av. Rossetti, 205, Santa Catarina/Pio X |

FUTEBOL

PARAGLIDER

BOCHA DE AREIA

18 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Page 19: Edição 11

por FAbIANO [email protected]

os 15 anos, Iran José Cercato queria ser jogador de futebol. Mais especifi-camente, goleiro. Foi com esse sonho que entrou nas categorias de base do Juventude, onde seguiu até 1961, quan-do chegou a jogar nos profissionais. Os pais, porém, eram contra a opção pela carreira esportiva, e Cercato acabou se afastando dos gramados. “Eu queria jogar bola. Mas meus pais sempre fala-ram que ser jogador não era profissão. Atuei como profissional uma tempo-rada, no tempo em que nenhum atleta era profissionalizado. Parei e virei ban-cário”, lembra.

Depois de ter trocado o fardamen-to pelo traje social de funcionário do Banco da Lavoura, Cercato fez uma nova – e definitiva – mudança. Foi a Passo Fundo vestir um jaleco. Em 1977, ano em que concluiu sua for-mação em Medicina, voltou a Caxias, onde reencontrou o Juventude para, desta vez, começar uma outra carreira. Inicialmente, foi chamado para fazer

os exames dos associados que frequen-tavam as piscinas da extinta sede cam-pestre.

“Aceitei o convite, e deveria ficar no máximo uns dois anos. Em 2010, completo 32 anos de Juventude”, re-sume dr. Iran, como é chamado por todos no Jaconi. “O Aribaldo Negri e o Lamperti me convidaram. Fiquei até o início de março de 1978. Nesse meio tempo, o time começou a treinar para o Estadual”, conta. Aí, em vez de seguir examinando os banhistas, assumiu um desafio maior. A convite de Fran-cisco Michielin, então vice-presidente de Assuntos Médicos do Ju, passou a cuidar dos atletas alviverdes, que até ali não tinham um profissional só para atendê-los. “As dificuldades naquela época eram imensas. Não existiam pla-nos de saúde ou convênios para enca-minhar exames”, cita.

Entre os principais métodos usados para tratar lesões dos atletas estavam a toalha úmida quente – tratamentos com gelo não eram comuns no início da década de 1980 –, o forno de vidro, “onde o cara era aquecido”, e as lâmpa-

Patrimônio alviverde

A

19 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Contratado inicialmente para fazer exames nas piscinas da sede campestre, Iran Cercato está no Juventude há 32 anos

Ex-goleiro do Ju, Iran Cercato não conseguiu ficar longe do futebol por muito tempo

O DOUTORE SUAS HISTÓRIAS

Page 20: Edição 11

das infravermelhas. Passados alguns anos, os casos de ortopedia foram en-caminhados ao médico Gelson Nor-berto Mazzotti. Dr. Iran é clínico-geral de formação, mas acabou se tornando especialista em medici-na esportiva. Sentado tranquilamente numa cadeira no térreo do Jaconi, ele interrompe a conversa para atender dois jogadores: o za-gueiro Ferreira e o ata-cante Amoroso. “Dou-tor, temos que tomar anti-inf lamatório?”, perguntou Ferreira. A resposta afirmativa do médico foi seguida de um pedido: “Passem lá no vestiário e peguem, deixei reserva-do. À tarde avaliarei vocês novamen-te”. Ambos se machucaram na derrota para o Santa Cruz, por 1 a 0, na 7ª ro-dada do Gauchão.

Nascido em Caxias e casado com Vera Maria Silva Cercato, com quem mora no bairro Rio Branco, dr. Iran é atualmente o funcionário mais antigo do clube. Depois dele, pela or-dem, vêm Nilton Camargo, o Zico (roupeiro), Renato Tomasini (supervi-sor administrativo) e Edson de Camar-go, o Massa (massagista).

Após citar a conquista dos maiores títulos do Ju – Série B em 1994, Gau-chão em 1998 e Copa do Brasil em 1999 –, ele resgata da memória algu-mas temporadas no Exterior como fatos marcantes na carreira. “Em 1982 fizemos três jogos na Coréia do Sul e outros três na Arábia Saudita. Em 1991 fomos para a Itália, uma excursão de 20 dias. No ano seguinte foi a vez do Japão, outros 20 dias. Além disso, tem a Libertadores, em 2000 (viagens para La Paz, na Bolívia, e Quito, no Equa-

dor)”, enumera o médico, um juven-tudista de coração. “Só lamento que meu irmão Sérgio Cercato (falecido) foi presidente do nosso maior rival, o Flamengo, em 1967 e 1968. Meu outro

irmão, Raulino Cerca-to, é ortopedista e re-side no Rio de Janeiro”, acrescenta.

Mas é no meio da conversa sobre recor-dações e fatos históri-cos, ainda um pouco tímido, que se conhece o verdadeiro dr. Iran. O alegre Iran Cercato contador de histórias. Com tanto tempo de clube, ele presenciou

dezenas de fatos interessantes, alguns curiosos, outros impublicáveis, mas a maioria engraçados. “Ah, se tu queres saber histórias é melhor eu não citar nomes. Senão me complico”, ameniza. Aceita a ressalva, ele conta a do trei-nador que fazia a preleção no vestiá-rio. No meio do papo motivacional, o técnico avisa o atacante que ele pre-cisa entrar na diagonal para receber a bola. “Terminada a palestra, o atacan-te levantou a mão, pediu para falar e largou: ‘Professor, o que é diagonal?’”, conta, aos risos, dr. Iran.

Outra envolvendo um treinador al-viverde aconteceu num jogo do Gau-chão em Porto Alegre. O Grêmio esta-va de aniversário e quis comemorar de portões abertos – chegou a pagar uma quantia em dinheiro ao Ju para esco-lher a data e a hora da partida. “Depois de reunir o grupo no quarto do hotel, o técnico fez várias perguntas aos jo-gadores. Bem sério, disse que o jogo teria até bolo no centro do gramado. A torcida cantaria os parabéns, a festa es-tava pronta. Só faltavam os palhaços”, recorda Cercato, citando a provocação

do comandante feita aos atletas. Resul-tado: o Juventude entrou em campo e venceu o jogo por 1 a 0. “Essa sim foi uma palestra motivacional”, comple-menta.

Entre as mais engraçadas está a do jogador que chegou ao aeroporto de Porto Alegre carregando uma caixa de sapatos. “Iríamos a São Paulo para um jogo do Brasileiro. Brinquei com ele: ‘Não precisa carregar o sapato novo nas mãos. Pode usar’. A resposta me deixou encucado: ‘Não são sapatos, doutor, são ovos’. Pensei que eram ovos cozidos, vai ver ele queria comê-los na viagem.” Todos os jogadores do grupo começaram a rir no saguão quando o colega tentava esconder a caixa, que acabou abandonada em um banheiro. “Cheguei e pedi o motivo das garga-lhadas. Daí eles contaram que o dito cujo havia levado os ovos para jogá-los pela janela do avião quando passasse por Vacaria, sua cidade natal. Ele não gostava de Vacaria. Mal sabia ele que as janelas do avião não abriam. Fomos rindo até São Paulo”, lembra.

Sem querer se esten-der, dr. Iran conta a úl-tima. Um determinado atacante vivia simulan-do lesões. “Só queria ficar no departamento médico, o famoso ‘chi-nelinho’ que chamam hoje”, explica. Quando chegou a data de um jogo importante e o atleta estava “recupera-do”, um médico ligado ao clube teve a ideia de engessar a perna dele – Cercato jura que não participou da brincadeira. “O doutor não queria que ele jogasse. Disse ao jogador que pre-cisava engessar a perna para recuperar uma lesão e o fez. Colocou gesso até a

cintura do rapaz.”

Entre todos os treinadores com quem conviveu, um é citado com orgulho, em voz alta: “Se tu me pedires qual o melhor técnico com quem tra-balhei, sem menosprezar os demais, eu te respondo: Ênio Andrade. Não sei se é porque eu estava começando na car-reira, mas o trabalho dele era diferen-te”. Seu Ênio, como era chamado o téc-nico falecido em 1997, comandou o Ju em 16 jogos do Campeonato Brasileiro de 1978. O Juventude tinha Roberto; Alcyone, Gonçalves, Felix e Renato Cogo; Assis, Freitas, Plein e Toquinho; Ivanildo e Maurinho. Entre tantos ou-tros treinadores com quem trabalhou, dr. Iran enumera: Émerson Leão, Se-bastião Lazaroni e Ricardo Gomes (que tiveram passagens pela Seleção Brasileira), Levir Culpi, Celso Roth, Luiz Felipe Scolari, Geninho, Chiqui-nho, Marcos Eugênio, Daltro Menezes, Cassiá, Gilson Nunes, Heron Ferreira, Lori Sandri e Valmir Louruz.

Profissional respeitado dentro e fora do Juventude, o médico conta que o

futebol é cheio de ami-zades. Com os treina-dores não é diferente. “Uma amizade sincera tem como base a con-fiança. É a primeira coisa que deve sur-gir. A fidelidade com a comissão técnica é fundamental para que tudo ocorra conforme o planejado. Imagine um médico ‘trairão’: complicaria a vida do treinador... Não é do

meu feitio ser assim. Sou honesto no que faço e não jogo contra o patrimô-nio”, ensina dr. Iran, o contador de his-tórias do Jaconi, ele próprio um patri-mônio juventudista.

Dr. Iran é ofuncionáriomais antigodo Ju. Depoisdele estão oroupeiro Zico,o supervisorTomasini e omassagista Massa

“Se tu me pedires qual o melhor técnico com quem trabalhei, sem menosprezar os demais, eu te respondo: Ênio Andrade”, revela o dr. Iran

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 2013 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Testemunha de momentos importantes, o médico é discreto: “A fidelidade com a comissão técnica é fundamental para que tudo ocorra conforme o planejado”

Page 21: Edição 11

por MARCELO [email protected]

em todas as melhores jogadas do fu-tebol ocorrem num gramado, sob os olhares atentos de milhares de torce-dores. Às vezes, o gol de placa, aque-le gol que vai dar sobrevida ao time, é assinalado com uma caneta em punho e um contrato de trabalho. Na última semana, o Caxias ensinou como se faz futebol também fora de campo. Os homens que pensam o futuro grená perceberam que era preciso garantir agora a permanência de importantes jogadores para a disputa da Série C. Em dois dias, três dos titulares, que tinham vínculo apenas até o final do Gauchão, tiveram seus contratos ampliados. O primeiro foi Marcelo Costa, logo no dia seguinte ao golaço que ele marcou contra o Ypiranga, no Centenário. Aquele chute certeiro, de fora da área, de bate-pronto, parece ter sido o lance que faltava para a di-reção assinar logo a renovação antes que algum outro clube fizesse uma tentadora proposta. Precaução nunca é demais. Afinal de contas, em 2009, o Caxias perdeu no meio da Série C o atacante Marcos Denner, que vinha sendo o homem-gol grená até então. Vacinado pelo ocorrido, Osvaldo Vo-ges, em comum acordo com o depar-tamento de futebol do Caxias, resolveu renovar também com o volante Marcos Rogério e o zagueiro Anderson Bill.

Tudo isso para manter em casa peças-chaves desse grupo, que, mesmo com uma boa campanha, ainda está aper-feiçoando o seu modo de jogar. Quem anda assistindo os jogos do Caxias e vez ou outra pinta lá no Centenário para conferir os treinamentos já deve ter se dado conta que, mesmo vencen-do, o treinador Julinho Camargo nun-ca parece contente. Quer sempre mais.

E tem gente que anda estranhando essa sede de mais e mais do Caxias. Não tanto por inveja, porque isso é inerente ao homem (ao menos aos homens e mulheres sem nada para fazer), e sim por desconfiança e sur-presa. Essa quebra de paradigmas não tem um pai, mas tem vários padri-nhos. Um deles é o presidente Osval-do Voges. Outro, o mais recente, que chegou de mansinho no Centenário e já prepara o que pode ser a revolução jamais vista na cidade em termos de organização do futebol, é Júlio Soster. Soster é um cara simples. Desses que podem frequentar a arquibancada do Centenário e serem confundidos com um torcedor de sempre. Como se já tivessem sido vistos centenas de vezes, sentados no mesmo lugar, vibrando com o time da mesma for-ma. Mas quem folheia o currículo de Soster percebe que, além ter de ex-periência no futebol, é um homem da academia. Formado em Educação Física, com especialização e mes-trado, mantém, às segundas-feiras,

o ofício de professor universitário. “O Soster é um cara preocupado com a ciência do esporte. E essa parte or-ganizacional, de gestão do clube, ele faz muito bem”, avalia Julinho, que trabalhou com ele no RS e no Grê-mio. “Ele é uma pessoa serena. E isso é muito importante, porque geralmente as pessoas que trabalham no futebol são muito emotivas, trabalham apenas com a emoção.” Serenidade. Bingo. O treinador do Caxias acertou em cheio.

Seja na sua sala, seja na beira do grama-do, seja atendendo ao telefonema do pai de mais um jovem craque que o mundo precisa conhecer, Soster é se-reno. “Futebol é rela-cionamento”, ensina Soster, com um tom professoral. Alguns da velha guarda do futebol vão estranhar a forma como o Caxias pensa hoje o futebol. “O que se busca é uma quebra de paradigma”, justifica Soster. E vai além: “O futebol hoje, profissional, com um modelo de empresa, como o Caxias tem aqui, não comporta mais uma administração como se tinha uma vez, e ainda exis-te nos times pequenos, do cara que só vem cuidar do clube depois das 18h”. Soster é o gerente de futebol do Caxias.

O homem que tem a missão de pensar estrategicamente, de ver lá na frente para onde o Caxias deve ir, e com quais peças irá se deslocar pelo tabuleiro de xadrez. Mas não pretende fazer isso sozinho, isolado na sua sala. “Pretendo criar um fórum para discutir o futuro do Caxias. Acredito que as decisões precisam ser tomadas de forma parti-cipativa. Até porque o clube não tem dono. Hoje é o Osvaldo Voges quem responde por ele, porque é o presidente e vai ficar bastante tempo, mas o clube

é maior do que isso”, diz, explicando que trabalham diretamen-te com ele o assessor de futebol Vanderlei Bersaghi e o diretor de futebol, Carlos Alber-to de Araújo Prestes. Soster, pra quem não sabe, é um dos res-ponsáveis pela as-censão de jogadores como Carlos Eduar-do, Lucas e Anderson, todos revelados no

Grêmio. Mas o gerente do Caxias desconversa quando perguntado que mágica é essa da formação de atle-tas: “Trabalho e busca”. Ou seja, para revelar um craque, é preciso encon-trar antes esse jogador diferenciado.

Pouco depois desse papo, quan-do já conversávamos sobre a vida do

Planos grenás

“O Soster é um cara preocupado com a ciência do esporte. É uma pessoa serena. Eisso é muito importante”,elogia o técnicoJulinho Camargo

N

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 2113 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Mai

con

Dam

asce

no/O

Cax

iens

e

Júlio Soster, gerente de futebol, é mais um que pretende quebrar paradigmas no Caxias

Formado em Educação Física, com especialização e mestrado, Soster veio para o Caxias pelo desafio: “Não vim para ficar pouco tempo”

A ESTRATéGIANAS MÃOS DE UM MESTRE

Page 22: Edição 11

quase jogador Soster, o telefone dele toca. Era um pai querendo saber se o filho poderia jogar no Caxias. Sos-ter explicou que o Caxias só trabalha com garotos de 16 anos para cima, mas que em breve o clube anunciaria uma parceria com alguma escolinha da ci-dade para trabalhar com a criançada. “Nas férias aumenta o número de pais querendo colocar o filho pra jo-gar?”, pergunto. “Muito...”, confirma Soster, com um ar melancólico. Essa estranha melancolia atiça ainda mais a curiosidade. “Mas quem sabe não é em momentos como esse que se pode descobrir um craque?”, insisto. “Não”, responde, sorrindo. A expressão irôni-ca delata um velho problema de quem trabalha com futebol, sobretudo na formação de atletas: “Às vezes tu faz uma peneira e não fica nenhum garo-to. A média, mais ou menos, é de um em 1 mil. Porque é muito difícil achar um garoto diferenciado hoje em dia”. Preocupado com essa busca, o Caxias criou recentemente um departamento de captação de atletas. Inicialmente, o trabalho será regionalizado, mas a intenção, revela Sos-ter, é ampliar para o Estado todo. “Além, é claro, dos contatos que a gente tem, espalha-dos pelo Brasil todo.” Outro elo dessa estru-tura, que se fortalece cada vez mais, é a base. Mesmo com a saída de Edson Machado, que cuidava dessas cate-gorias, está garantida a continuidade – e, como pontua Soster, o “aprimoramento” – das categorias ju-nior e juvenil. “Vamos tentar vaga nas grandes competições brasileiras dessas categorias. Para junho devemos parti-cipar de competição de nível com os nossos juvenis, mas não posso te ante-cipar nada ainda. E quando falo ‘nível’, falo em disputa com clubes com inves-timento na base, clubes grandes, não com o time do interior do interior.”

Esse olhar atento de Soster para a base tem um objetivo a mé-dio e longo prazo: dar possibilidade de o Caxias fazer dinheiro, seja para manutenção do clube, seja para bus-car melhores jogadores no mercado. “Nosso trabalho aqui é para tornar o Caxias auto-suficiente. Um clube sem riscos. Por isso, o primeiro ponto é subir para a Série B. A disputa da Sé-

rie B em 2011 pode resolver de vez os problemas financeiros do clube, por-que o Caxias vai atrair mais atenção, vai ter mais visibilidade. E um clube que faz 75 anos de história tem de estar pelo menos na Série B”, analisa. Voltar para a Série B é o sonho tam-bém do assessor de futebol do Caxias, Vanderlei Bersaghi, 51 anos, mais co-nhecido pelo apelido: Pé. Elogiado por Soster, Pé é o único dirigente em atividade no clube que ganhou todos os campeonatos que o Caxias carrega no peito, seja com juvenil, junior ou profissional. “É bacana e dá orgulho ver que aqui no interior a gente tam-bém faz um bom trabalho, também temos potencial. Eu quero aprender muito com o Soster, porque a gente sempre tem o que aprender”, ensina Pé. Para quem não sabe, e isso mostra a importância da agenda preciosa do Pé, foi ele quem primeiro fez contato com o Marcelo Costa para que ele viesse jogar no Caxias nesta temporada. Jo-gador que vem fazendo a diferença no elenco grená e tem incomodado mui-to os adversários. Além, é claro, de ter

deixado a torcida papo verde de raiva, porque Marcelo Costa não foi aproveitado por lá. Mas no Caxias caiu como uma luva. Para sorte do clube grená, que tem Pé no elenco. Elenco esse que tem Júlio Soster, um por-to-alegrense de fala mansa e muitas ideias na cabeça, como es-trategista. Mas, afinal de contas, por que um

cara como Soster veio parar no Ca-xias? “Pelo desafio. Eu gosto disso”, revela. E avisa: “Não vim aqui para o Caxias para ficar pouco tempo”. Soster já foi tentado a ser empresário de joga-dor. Mas diz que não tem talento para isso. Prefere estar do lado do jogador e do clube. Na formação, na aliança. Soster poderia ter sido jogador. Quem sabe. “Mas meu pai não queria, ele queria me ver estudado”. Seu Louren-ço tem 85 anos e vem acompanhando as notícias do Caxias. “Nós tivemos uma formação diferenciada lá casa. Meu pai se formou em contabilida-de, teve seu escritório e o sonho dele era que eu fosse trabalhar com ele. Mas eu nunca quis”, conta Soster. O filho estudou, formou-se, tem mes-trado e tudo, virou até professor. Mas driblou o pai e acabou no futebol.

“Nosso trabalho aqui é para tornar o Caxias auto-suficiente. Um clube sem riscos. O primeiro ponto é subir para a Série B”

22 13 a 19 de fevereiro de 2010 Semanalmente nas bancas , diar iamente na internet .O Caxiense

Foto

s: M

aico

n D

amas

ceno

/O C

axie

nse

Aloísio e Everton já haviam trabalhado com Soster antes de vestir a camisa grená

Page 23: Edição 11

Quais os motivos dados para a sua detenção?

Me prenderam e deu. Não houve voz de prisão. A Brigada disse o seguin-te: “Tira esse cara daqui, tira ele de circulação, porque ele é que está no comando”. Mas não funcio-nou, o pessoal (diretoria da entidade e funcionários da em-presa Randon, que impediam o trânsito na Rua Atílio Andre-azza) se manteve paralisado. Nós ficamos ali, íamos fazer assembleia ali e eles queriam tirar a gente da rua. Isso gerou o confronto. Meteram bomba de efeito moral, deram tiro pra cima. Daí deu uma recuada. Dois caras da BM se reuniram num canto, não sei se ligaram para alguém ou se receberam uma ligação. Daí me prenderam. Me colocaram a algema e deu. Foi uma humilhação. Fi-quei uma hora na delegacia, algemado, o braço arrochado. Precisou a Comis-são de Direitos Humanos (da Câmara de Vereadores) ir lá para eles tirarem as

algemas e me soltarem.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias entende que esse tipo de ação é válida, mesmo atrapalhando a pas-sagem, o direito de ir e vir das outras

pessoas?É o direito da

mobilização. Sempre vamos achar um jeito de nos manifestar. Se proibem mani-festação na porta da fábrica, e a Justiça diz que podemos nos manifestar somente a uma distância de 100 metros dali, tenho que fazer alguma coisa.

Nós fizemos. Como o senhor avalia que essa prisão possa repercutir na sua campanha eleitoral para deputado?

Não estava cometendo um crime, nem uma coisa dessas. Fui preso no exercício do trabalho.

Renato [email protected]

(Colaborou Valquíria Vita)

Estão transformando a Câmara em palco

Vereador édio Elói Frizzo (PSB), ao questionar as críticas da oposição à gestão de Marcus Vinicius Caberlon no Samae

O vereador e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos foi detido sexta-feira pela Brigada Militar durante manifestação na empresa Randon

perguntas paraAssis Melo

A crise de identidade do PT e do PMDB espanta o eleitorado gaúcho. Se os dois partidos apoiarem Dilma Rousseff para a presidência da Repú-blica, não seria melhor ter apenas um candidato “situacionista” ao governo do Estado? E, no caso de um segun-do turno entre José Fogaça e Tarso Genro, para quem Dilma declarará o seu voto?

Os estrategistas de campanhas eleitorais terão muito trabalho este ano para justificar acertos partidários inexplicáveis..

Depois de Yeda Crusius, que vai abrir oficialmente os trabalhos do ano no próximo dia 1º, a CIC terá em sua reunião-almoço do dia 22 de março a presença do pré-candidato ao Senado pelo PMDB, o ex-governador Germa-no Rigotto (que, por sinal, apóia Dil-ma para a presidência da República).

Tarso já veio, Yeda e Rigotto estarão aqui em março... José Fogaça e Ana Amélia Lemos também aguardam um convite da entidade empresarial.

Dois grupos de trabalho foram formados a partir da realização do encontro “Não deixe o samba mor-rer”, proposto pela vereadora Denise Pessôa para debater os problemas do Carnaval de rua caxiense. O primeiro grupo vai buscar apoio para o desfile deste ano. O outro terá a tarefa de elaborar uma legislação para a folia.

Nas discussões, lembrou-se a “inconstância e frequentes mudanças na forma de tratamento por parte dos agentes públicos”. Só não se falou da origem do problema: a prestação de contas (ou falta de) do repasse de dinheiro público para as escolas.

O IBGE vai contratar 435 pessoas em Caxias do Sul (191 mil em todo o país) para atuarem como recenseadores no Censo. As inscrições estão abertas e as provas serão realizadas em 30 de maio.

São esses recenseadores que irão de-terminar se a cidade já passou dos 500 mil habitantes.

A falta que faz Geni Peteffi. De licen-ça para tratamento de saúde, a líder do governo na Câmara não compareceu ao plenário esta semana. Resultado: dois vetos do prefeito foram derrubados pela bancada oposicionista – com votos de parlamentares da base governista.

Mas o pior, para o governo, foi a apro-vação do requerimento que convoca o diretor-geral do Samae, Marcos Vini-cius Caberlon, a prestar novos esclareci-mentos sobre os cálculos do reajuste da tarifa da água em 21,42%.

Por uma questão de coerência, a promotora Janaína dos Santos resolveu não levar adiante a denúncia do PCdoB e da União das Associações de Bairros contra o aumento da tarifa d’água.

Afinal, desde janeiro o Ministério Público é subsidiado com informações de Caberlon a respeito da necessidade do reajuste, em níveis que possibilitem a continuidade dos investimentos feitos pelo Samae para a construção do Siste-ma Marrecas.

A Brigada Militar mobilizou parte de seu efetivo, na manhã de sexta-feira, para garantir o direito de ir e vir das pessoas, impedidas de transitar pela Rua Atílio Andreazza em função de uma manifestação do Sindicato dos Metalúrgicos.

A interrupção da via (e não a manifes-tação que exigia maior participação nos lucros para os funcionários da Randon Implementos, uma decisão espontânea da empresa) culminou com a detenção, entre outros sindicalistas, do vereador Assis Mello (PCdoB), presidente da entidade sindical. Para efeito de campanha eleitoral, a detenção não poderia ser mais frutífera.

Dificuldade para fiscalizar. Esse talvez seja o motivo real do veto (derrubado depois pela Câmara) do prefeito ao projeto que estipula tempo de espera máximo de 10 minutos nas filas de supermercados. O argumento oficial fala em inconstitucionalidade e vício de origem.

Pronta para ser transformada em lei, a proposta havia sido aprovada por unanimidade no Legislativo, depois de ter tramitado durante um ano, sempre com pareceres favoráveis.

Apenas Mauro Pereira (PMDB) e Édio Elói Frizzo (PSB) votaram pela permanência do veto.

A menos de uma semana do início da Festa da Uva 2010, a cidade precisa de um urgente mutirão da Codeca para oferecer um bom aspecto aos vi-sitantes. Não é preciso capina química para garantir a limpeza de canteiros e vias públicas.

Do secretário Antônio Feldmann, da Cultura, também vice-presidente cultural da Festa da Uva, a respeito da programação que vai ter, a partir de quinta-feira, quase 1 mil apresentações nos 18 dias do evento:

“A Festa da Uva é a celebração da cultura de um povo. Um povo que se constituiu a partir da chegada dos imigrantes italianos em 1875 e que ao longo do tempo foi recebendo a contribuição de outros povos, de outras

etnias. Hoje Caxias do Sul se caracte-riza pela pluralidade e pela diversida-de étnico-cultural. E a programação artístico-cultural da Festa da Uva é uma representação disso. Tem arte e cultura para todos, representando to-dos, reunidos em um único espaço. Dá muito trabalho, é preciso investimento sim. Mas o resultado é gratificante. A Festa da Uva é a síntese da unidade conquistada na diversidade. Ou seja, é o convívio das diferenças.”

Salada

Em campanha

E as contas?

Na medida

Ausência sentida

Em compensação

Item de campanha

Tempo de espera

Cidade urgente

Diversidade

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r 2313 a 19 de fevereiro de 2010 O Caxiense

Már

cio

Sche

natt

o, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Die

go N

etto

, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Page 24: Edição 11

Nestas férias, mergulhe no melhor da informação. O Caxiense, informação com profundidade.

COMPRE O CAXIENSE NA PRAIA | Torres: Mercado Pacheco, Banca Super Livros, Tabacaria Tamanco, Mercado Big Joia, Padaria Multipães | Praias de Torres: Mercado Paraíso, Mercado Estrela do Mar, Diarmazém | Bella Torres: Posto do Beto, Arte Materiais, Mercado Gomes | Passo de Torres: Padaria da Ponte | Arroio Teixeira: Mercado Avenida |Arroio do Sal: Farmácia Drogasal | Areias Brancas: Mercado Econômico | Curumim: Mercado Parati