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Informativo do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher - NUDEM Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul Nudem ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 Editorial Nesta edição o destaque é a Lei Maria da Penha, lei nº 11.340/2006, que no mês de agosto completou 13 anos. Dentre os avanços podemos evidenciar que a violência doméstica contra a mulher deixou de ser invisível e de ser encarada como um problema restrito à esfera privada. A lei é a mais conhecida no nosso país, cada vez mais se fala sobre o tema nas casas, nas instituições, na grande mídia e já se internaliza a ideia de que se trata de violação de direitos humanos e por isso diz respeito a toda sociedade. Dessa forma, atualmente, não se discute que em briga de marido e mulher o Estado mete sim a colher, os delitos não são processados no âmbito daqueles de menor potencial ofensivo, não se aplica a Lei do Juizado Especial, quando há agressão física não depende de representação e, iniciado o processo, haverá julgamento do agressor independentemente do desejo da vítima. Ademais, com a consolidação da Lei Maria da Penha compreendeu-se que há outras formas de violência além da física, como a psicológica, sexual, patrimonial e moral e, aos poucos, vamos buscando mais efetividade na aplicação de um dos instrumentos mais importantes da legislação específica, as medidas protetivas de urgência, decretadas contra o agressor quando a mulher está em situação de perigo indicando que a segurança pública e o sistema de justiça devem atuar também na prevenção e não somente na repressão da violência. É claro que há muitos desafios a serem superados, principalmente no que diz respeito à educação visando mudança de mentalidade na busca pela igualdade (infelizmente, nos tempos sombrios atuais, falar sobre igualdade de gênero nas escolas é tarefa árdua !!!!) e, de fato, não adianta apenas a lei para processar e punir o agressor se os meninos continuam sendo criados com a perspectiva de que as meninas são suas propriedades. Também há muito que se fazer no que diz respeito à implementação de políticas públicas para efetivação dos direitos sociais; para que a mulher consiga romper e se manter longe do ciclo da violência ela precisa de educação, moradia, emprego, qualificação, saúde, assistência social, escola para os filhos etc... Enfim, temos um longo caminho a percorrer e os números da violência são alarmantes e mostram que temos urgentemente de apertar os passos. Esse deve ser um compromisso de todas as pessoas! O NUDEM preocupado com a concretização da Lei Maria da Penha continua enfatizando os projetos de educação em direitos e nessa edição evidenciamos as atividades do agosto lilás. Na capital a informação para o empoderamento das mulheres foi o foco das diversas rodas de conversa com o tema “A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha” e do projeto “Em Defesa Delas no Bairro” destinado para as mulheres lideranças nas comunidades e visando a multiplicação do conhecimento. Já no interior destacamos o Workshop “O Protagonismo da Mulher na gestação, parto, pós-parto e puerpério Boas práticas, aspectos jurídicos e sociaisrealizado em Dourados/MS. Há ainda notícias do Brasil sobre a interferência do patriarcado até no exercício das nossas profissões e sobre o entendimento de que no crime de feminicídio o que importa é o gênero da vítima e não simplesmente o sexo biológico, alcançando, portanto, as mulheres trans. Também há dicas de livro e filme e na sessão de direitos um artigo sobre a assistência da vítima de violência doméstica no processo penal. Começamos com a sessão de entrevistas que traz as Defensoras Públicas Maria Gisele Scavone de Mello e Graziele Carra Dias. Maria Gisele atuou na Defensoria Pública de Defesa da Mulher no período de 2003 a 2011, antes mesmo da Lei Maria da Penha, e Graziele assim o faz desde 2014 e elas nos contaram, dentre outros, sobre a evolução dos direitos das mulheres e as dificuldades enfrentadas. Aproveitem e boa leitura! Boa leitura! Thaís Dominato Silva Teixeira Coordenadora do NUDEM Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

Edicao 23 Edicao - julho agos - defensoria.ms.def.br€¦ · Penha, lei nº 11.340/2006, que no mês de agosto completou 13 anos. Dentre os avanços podemos evidenciar que a violência

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Informativo do Núcleo Institucional de Promoção e Defesados Direitos da Mulher - NUDEM

Defensoria Públicade Mato Grosso do Sul

NudemANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019

Editorial

Nesta edição o destaque é a Lei Maria daPenha, lei nº 11.340/2006, que no mês de agostocompletou 13 anos. Dentre os avanços podemosevidenciar que a violência doméstica contra amulher deixou de ser invisível e de ser encaradacomo um problema restrito à esfera privada. A lei éa mais conhecida no nosso país, cada vez mais sefala sobre o tema nas casas, nas instituições, nagrande mídia e já se internaliza a ideia de que setrata de violação de direitos humanos e por isso dizrespeito a toda sociedade. Dessa forma,atualmente, não se discute que em briga de maridoe mulher o Estado mete sim a colher, os delitos nãosão processados no âmbito daqueles de menorpotencial ofensivo, não se aplica a Lei do JuizadoEspecial, quando há agressão física não dependede representação e, iniciado o processo, haverájulgamento do agressor independentemente dodesejo da vítima. Ademais, com a consolidação daLei Maria da Penha compreendeu-se que háoutras formas de violência além da física, como apsicológica, sexual, patrimonial e moral e, aospoucos, vamos buscando mais efetividade naaplicação de um dos instrumentos maisimportantes da legislação específica, as medidasprotetivas de urgência, decretadas contra oagressor quando a mulher está em situação deperigo indicando que a segurança pública e osistema de justiça devem atuar também naprevenção e não somente na repressão daviolência. É claro que há muitos desafios a seremsuperados, principalmente no que diz respeito àeducação visando mudança de mentalidade nabusca pela igualdade (infelizmente, nos tempossombrios atuais, falar sobre igualdade de gêneronas escolas é tarefa árdua !!!!) e, de fato, nãoadianta apenas a lei para processar e punir oagressor se os meninos continuam sendo criadoscom a perspectiva de que as meninas são suaspropriedades. Também há muito que se fazer noque diz respeito à implementação de políticaspúblicas para efetivação dos direitos sociais; paraque a mulher consiga romper e se manter longe do

ciclo da violência ela precisa de educação,moradia, emprego, qualif icação, saúde,assistência social, escola para os filhos etc...Enfim, temos um longo caminho a percorrer e osnúmeros da violência são alarmantes e mostramque temos urgentemente de apertar os passos.Esse deve ser um compromisso de todas aspessoas!

O NUDEM preocupado com a concretização daLei Maria da Penha continua enfatizando osprojetos de educação em direitos e nessa ediçãoevidenciamos as atividades do agosto lilás. Nacapital a informação para o empoderamento dasmulheres foi o foco das diversas rodas de conversacom o tema “A Defensoria Pública e os 13 anos daLei Maria da Penha” e do projeto “Em DefesaDelas no Bairro” destinado para as mulhereslideranças nas comunidades e visando amultiplicação do conhecimento. Já no interiordestacamos o Workshop “O Protagonismo daMulher na gestação, parto, pós-parto e puerpério –

Boas práticas, aspectos jurídicos e sociais”

realizado em Dourados/MS.Há ainda notícias do Brasil sobre a interferência

do patriarcado até no exercício das nossasprofissões e sobre o entendimento de que no crimede feminicídio o que importa é o gênero da vítima enão simplesmente o sexo biológico, alcançando,portanto, as mulheres trans. Também há dicas delivro e filme e na sessão de direitos um artigo sobrea assistência da vítima de violência doméstica noprocesso penal.

Começamos com a sessão de entrevistas quetraz as Defensoras Públicas Maria Gisele Scavonede Mello e Graziele Carra Dias. Maria Gisele atuouna Defensoria Pública de Defesa da Mulher noperíodo de 2003 a 2011, antes mesmo da Lei Mariada Penha, e Graziele assim o faz desde 2014 eelas nos contaram, dentre outros, sobre aevolução dos direitos das mulheres e asdificuldades enfrentadas.Aproveitem e boa leitura!

Boa leitura!

Thaís Dominato Silva Teixeira

Coordenadora do NUDEM

Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

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Entrevista num concurso público, passando pelo nossomaior volume que são as ações na área defamília, guarda, alimentos e divórcio.

Com a entrada emvigência da Lei Maria da Penha a grandemudança foi que se passou a dar credibilidadea palavra da mulher violentada, em especial naviolência psicológica e sexual, contudo, osistema de justiça não estava preparado paraa inovação e tentavam deslegitimar a Lei. Naépoca havia grande resistência pelo poderpúblico na efetivação da Lei, por outro lado, asdelegacias não estavam preparadas parareceber a mulher fragilizada, não sabiam o quefazer e acabavam encaminhando para ocentro de atendimento à mulher do Estado,onde a Defensoria Pública da Mulher atendia,em razão de um convênio e por falta deaparato, juntamente com psicólogos eassistentes sociais para dar suporte à mulherviolentada. Muito lentamente a porta deentrada, Delegacia, foi aprimorando e sesensibilizando com o problema. Com o passardo tempo o judiciário passou o problema dasquestões cíveis para as varas de família e oscrimes para a vara criminal. Várias discussõescontinuaram, uma vez que o direito dasmulheres se dividiu entre as varas e entãodecidiu-se instituir a vara da violênciadoméstica, onde o juiz era competente paradecidir civilmente e criminalmente .

Muitos avanços. Quecomeçaram a ser sentidos com a criação doNudem em outubro de 2014, com a melhorestrutura física das instalações no núcleo naunidade de atendimento no horto, exemploque serviu de modelo para muitas defensoriasdo país. Seguimos o protocolo de atendimentodo CONDEGE, com equipe de assistentesocial e psicóloga. A Lei Maria da Penhaamplia a visão do atendimento para quepossamos entender todo o contexto deviolência que a mulher vem inserida,necessitamos dessa oitiva qualificada paraindicar quais os melhores caminhos para queela possa romper o ciclo de violência. A LeiMaria da Penha permite essa construção de

2. Dra Maria Gisele, com a entrada emvigência da Lei Maria da Penha em 2006qual a grande mudança percebida deimediato em relação ao atendimento dasvítimas de violência doméstica no sistemade justiça? E Dra Graziele, nesses anos deatuação, observando a aplicação da LeiMaria da Penha, quais foram os avanços?

MARIA GISELE -

GRAZIELE -

1. Para iniciar gostaria de saber de qualperíodo é a sua atuação na DefensoriaPública de Defesa da Mulher e como era oué essa atuação?

MARIA GISELE -

GRAZIELE

Em 2003 iniciei osatendimentos na Defensoria Pública deDefesa da Mulher, antes da Lei Maria daPenha, pois já havia política pública da mulhere a preocupação da Defensoria com o tema, epermaneci até 2011, sendo que a partir do anode 2006 também comecei a atuar na vara dojúri na assistência da vítima mulher. Noperíodo de 2004 a 2009 fui membro titular doConselho Estadual da Mulher.

- Comecei a atuar em janeiro de2014 na 3ª Defensoria da Mulher em CampoGrande. A Atribuição é para atender todas asmulheres em situação de violência, emqualquer causa, cível ou criminal, desde umavaga para o filho na creche até umquestionamento de diferença de exigência

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acompanhamento do cumprimento é algo queo Estado ainda precisa melhorar.

Me marcou bastante umcaso que eu entrei em plenário do júri e opromotor pediu a absolvição do crime defeminicídio, na época ainda homicídio, porfalta de provas. O promotor sustentou aabsolvição, alegando que a mulher tinha dadocausa porque iniciou as agressões e eu, dolado da família da vítima, sustentei sozinha egritei pela condenação.

GRAZIELE - Sem dúvida foi o caso defeminicídio da Pamela, que se separou do exmarido, tinha medida protetiva, 05 registros deocorrência contra ele. No dia que registrou osexto pedido na Casa da Mulher, foicovardemente assassinada em seu local detrabalho. Um exemplo de que só a concessãoda medida protetiva nem sempre é suficiente.Deixou duas filhas da idade das minhas efaleceu no dia do meu aniversário. Ojulgamento pelo Tribunal o júri tambémocorreu no dia do meu aniversário, um anoapós o feminicídio e foi muito emocionante.Estive em plenário na assistência da vítimanesse caso.

A Lei Maria da Penhaacolhe a mulher, salva vidas, pune agressores,fortalece a sua autonomia e auto estima,educa a sociedade com campanhaspermanentes promovendo serv içosespecializados e política pública deatendimento à mulher no âmbito do PoderExecutivo Federal, Estadual e Municipal com oobjetivo de conscientiza-la a não ter medo dedenunciar, porque haverá celeridade nosinquéritos, nos julgamentos e, finalmentepunição exemplar do agressor.

A Lei ainda é necessária paradizer a sociedade o quanto ainda devemosevoluir culturalmente para que tenhamos defato direitos a nossa vida, a nosso corpo e a sero que quisermos, sem estarmos sujeitas aviolência praticada por quem escolhemos paraamar um dia.

4. E um caso marcante de violênciacontra a mulher atendido por vocês?

MARIA GISELE -

5.Qual a importância de uma Lei como aLei Maria da Penha no combate da violênciadoméstica contra a mulher?

MARIA GISELE -

GRAZIELE -

politica pública de atendimento inclusivedentro da Defensoria, o que vem sendo ano aano construído no Nudem.

O grande desafio eraconvencer a mulher a acreditar na eficácia daLei, acreditar que com a comunicação formalda violência teria respaldo na proteção de suaintegridade física e mental quando narealidade muito ainda tinha que ser feito peloEstado responsável pelo enfrentamento daviolência. Findava a fase de crime de menorpotencial ofensivo (Lei nº. 9.099/95) queresultava em penas simbólicas (cesta básicaou trabalho à comunidade) produzindosentimento de impunidade; findava também afase em que para se obter proteção jurídicanecessitava da agressão física comprovadade forma grave. E a mulher precisava acreditarnisso e denunciar. Outros desafios eram darcontinuidade nas medidas criminais paraefetiva punição, impulsionar os inquéritos, arestrição da representação para determinadoscrimes e a ineficácia na aplicação de medidaprotetiva por falta de fiscalização. Como senão bastasse, no poder judiciário outro pontopolêmico aflorava pelos conservadores noargumento de que a lei era inconstitucionalfundamentando na tese de igualdade dedireitos entre homens e mulheres, tese estaseguida por muitos juízes que se recusavam aaplicá-la ou aplicavam com distorções. Ainda,há que se destacar que a memória da vítimaera denegrida nos debates do júri, tentava-sesempre desqualificar e acabar com a moral damulher. Também havia uma enormeresistência por parte dos próprios defensorese defensoras do agressor que não admitiamuma defensora na defesa da vítima.

A grande maioria dasmulheres possuem poucas condiçõeseconômicas, então ir até o serviço fazer umadenúncia já é uma grande dificuldade. Depois,deixar o lar ou sair do lar com os filhos tambémencontra empecilhos econômicos. Ospedidos de medida protetiva são deferidoscom rapidez, mas manter a segurança damulher nem sempre é fácil, mesmo com aconcessão da med ida pro te t i va o

3. Quais eram e ainda são os desafiospara a efetiva aplicação da Lei Maria daPenha? E quais as di f iculdadesenfrentadas pelas mulheres na hora dedenunciar, na hora de pedir a proteção, nahora de buscar a punição do seu agressor?

MARIA GISELE -

GRAZIELE -

ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 - Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

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Nudem na Capital e Interior

Agosto Lilás

ALei Maria da Penha é a mais conhecida nonosso país, praticamente todas as pessoassabem de sua existência. Contudo, empesquisa recente, Data Senado de 2017,quase 80% das entrevistadas disseramconhecer pouco do conteúdo da legislaçãomostrando que ainda há necessidade dedifundir informação para promover oempoderamento das mulheres, afinal, quandonos apropriamos dos nossos direitosraramente esses serão violados. Assim,visando contribuir para a não reprodução deuma cultura que traz resultados negativosporque inferiorizam a mulher, bem como,buscando levar o conhecimento maisaprofundado sobre os instrumentos da LeiMaria da Penha, diversas atividades deeducação em direito foram realizadas no mêsde agosto.

Começamos tratando da interseccio-nalidade que faz com que as mulheres negrasestejam sujeitas a várias vulnerabilidade e porisso sofram maior limitação na sua chance desucesso e mais violências e mais mortesviolentas e daí surgiu o artigo sobre o dia 25 dejulho, Dia Internacional da Mulher NegraLatino-Americana e Caribenha e Dia Nacionalde Tereza de Benguela e da Mulher Negra,que pode ser acessado no site:

Também foram realizadas rodas deconversa com o tema “Defensoria Pública e os13 anos da Lei Maria da Penha”, dessa vezdestinadas a grupos mais específicos, taiscomo, mulheres na comunidade quilombola,

https://www.campograndenews.com.br/arti

gos/dia-internacional-da-mulher-negra-latino-

americana-e-caribenha.

idosos e idosas, pessoas cegas, mulherescom deficiência, mulheres lésbicas euniversitários e universitárias.

A coordenadora do NUDEM Thaís Dominato Silva

Teixeira na Comunidade Quilombola Tia Eva, no dia 25

de julho.

A Defensora Pública Graziele Carra Dias

ministrando palestra sobre violência contra a mulher na

SemanaAcadêmica de Economia, na UFMS.

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Defensora Pública Thaís Dominato Silva Teixeira

minsitrando palestra para idosos e idosas do Centro de

Convivência Vovó Ziza.

Edmeiry Silara Broch Festi, Defensora Pública, em

Roda de Conversa para mulheres com deficiência, na

AMDEF-MS

Psicóloga Keila de Oliviera Antônio representando o

NUDEM na Roda de conversa em alusão ao Dia da

visibilidade lésbica, na praça dos imigrantes, na região

central de Campo Grande – MS.

No Auditório do ISMAC a Defensora Pública Thaís

Dominato Silva Teixeira falando sobre a Lei Maria da

Penha para pessoas cegas.

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Ainda, a violência obstétrica, que éviolência de gênero, baseada nas relações depoder e de desigualdade enfrentadas pelasmulheres, em regra, nos estabelecimentoshospitalares, foi assunto no município deDourados, onde a equipe do NUDEM realizouworkshop e oficina para os profissionais dasSecretarias de Saúde e Assistência Social,contando com a participação da DefensoraPública Inês Batisti Dantas Vieira, a fim def a z e r c o m q u e o s s e r v i d o r e scompreendessem o quanto as mulheres aindasão desrespeitadas quanto ao seu direito deassistência humanizada ao parto, sendonecessária a adoção de medidas para coibiressa violência.

Defensora Pública Inês Batisti Dantas Vieira no

Wokshop, em Dourados.

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E, iniciamos o curso “Em Defesa Delas noBairro”, projeto que, com a supervisão daEscola Superior da Defensoria Pública(ESDP), pretende difundir os direitos humanosdas mulheres nos bairros da capital e édest inado somente para mulheres,principalmente as lideranças, a fim de que setornem multiplicadoras do conhecimento. Oprojeto traz uma série de palestras, com temasrelacionados a violência de gênero, e contacom a colaboração valorosa de grandesoperadores (as) do direito e outros (as)profissionais para a formação dessasmulheres. A primeira edição do projetoacontece na região do Lagoa, teve início no dia27 de agosto e segue até o dia 1 de outubro,todas às terças e quintas-feiras, no períodonoturno, na escola Escola Estadual AracyEudociak.

Sala de aula cheia no primeiro dia (27/08) do Curso“Em Defesa Delas no Bairro”, na Escola Estadual AracyEudociak

A assistente social Elaine de Oliviera Françadesenvolvendo a dinâmica de grupo.

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Promotor de Justiça tem comportamento machista,

de teor sexualizado, durante realização de júri.

Aconteceu no Brasil e merece repúdio

É lamentável a interferência do machismonos nossos corpos e em todos os segmentosdas nossas vidas, seja nas ruas, nas nossascasas, nas instituições e até no exercício denossas profissões. No mês de julho aDefensora Pública do Estado da Bahia,Fernanda Nunes Morais da Silva, enfrentou,no exercício de suas funções, o patriarcadoenraizado durante os debates no júri quandoouviu do promotor de justiça que ela deveriaficar calma porque “a primeira vez com umnegão não dói”. Assim, mais uma vez, aquestão da sexualidade utilizada para nosconstranger, humilhar e nos reduzir a objetosexual. Isso não se tolera mais. Segue nota derepúdio da ANADEP e da Associação deDefensores Públicos do Estado da Bahia.

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DASDEFENSORAS E DEFENSORES PÚBLICOS( A N A D E P ) e a A S S O C I A Ç Ã O D EDEFENSORES PÚBLICOS DO ESTADO DABAHIA (ADEP-BA) vêm a público firmar o seuREPÚDIO ao posicionamento do promotor deJustiça Ariomar José Figueiredo da Silva que,no exercício de suas atribuições funcionais,em Sessão do Tribunal do Júri de Feira deSantana, no último dia 04 de julho de 2019,maculou a ética da profissão e se utilizou defrase e comportamento indiscutivelmentemachistas, com teor sexualizado, paraconstranger a Defensora Pública FernandaNunes Morais da Silva, a qual exercia seusmisteres funcionais na aludida Sessão.

Ao empregar a expressão “a primeira vezcom um negão não dói”, em sua abordagem àDefensora Pública, longe de fazer alusão aofato de a profissional ainda não ter vivenciadoum Júri tendo-o como parte da Acusação, oPromotor de Justiça utilizou-se de um dosa r t i f í c i o s d o p a t r i a r c a d o p a r a oestabelecimento do controle sobre asmulheres. Trata-se da coação pública,

promovida através do emprego de referenciaisde dominação sexual, de modo a rebaixá-laem determinada comunidade, levando-a aoridículo e reduzindo o seu potencial de ação.Além disso, o promotor descumpriu deveresimpostos aos membros do Ministério Público,notadamente o de tratar com urbanidade aspessoas com quem tem contato no exercíciode suas atribuições (art. 145, inciso IV, da LeiComplementar da Bahia nº 11/1996 e art. 43,inciso IX, da Lei Orgânica Nacional doMinistério Público).

Não é de se aceitar que qualquer cidadãobrasileiro – em particular um membro decarreira do sistema de Justiça, ciente de suasobrigações funcionais e detentor do poder-dever de proteger a ordem jurídica, como é ocaso dos Promotores e Procuradores –

utilizem-se de posturas sexistas em suaspráticas profissionais, além de outrassituações de convívio social. Por conta disso, aANADEP e ADEP-BA adotarão as medidas desua competência para garantir que os órgãosde fiscalização e controle da atividadefuncional do Ministério Público, na Bahia e noBrasil, a partir do conhecimento formal docaso, adotem as providências necessáriaspara sancionar a prática e evitar queocorrências de estilo tornem-se constantes nainteração entre Promotores de Justiça eDefensoras Públicas, para além do duelo detese do Tribunal de Júri.

No ano em que a ANADEP, em parceriacom a ADEP-BA, tem desenvolvido acampanha #EmDefesaDelas, como estratégiapara reversão de práticas de violência contraas mulheres e de garantia de sua dignidade ebem-viver, externam sua consternação frentea situação retratada, a qual serve comoespelho das práticas misóginas e sexistasespraiadas em todo o país, dentro e fora darelação de trabalho.

ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 - Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

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Ademais, a ANADEP e a ADEP-BAprestarão todo o apoio necessário àDefensora Pública Fernanda Nunes Morais daSilva, possibilitando-lhe, caso necessite, osuporte técnico, político e assistênciaindispensáveis para lidar e superar este fato.E n q u a n t o e n t i d a d e d e c l a s s esalvaguardadora dos interesses da classedefensorial, manteremos nossa firme posição

ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 - Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

de respeito às prerrogativas das Defensoras eDefensores da Bahia, sempre atentos aoprimado da dignidade da pessoa humana e decombate de todas as formas de discriminaçãoe opressão.

JULHO DE 2019

DIRETORIASANADEP EADEP-BA

Violência contra trans também é feminicídio,

decide tribunal no DF

Aconteceu no Brasil e merece destaque.

Uol Notícias. 10/08 - Violência contra transtambém é feminicídio, decide tribunal no DF -O Tribunal de Justiça do Distrito Federaldeterminou que a agressão sofrida por umamulher trans seja lida como uma tentativa defeminicídio. A estudante Jéssica Oliveira foiagredida por dois homens em uma lanchoneteno Distrito Federal em março do ano passado.Os réus foram condenados por tentativa def e m i n i c í d i o . C o m a d e c i s ã o , o sdesembargadores dão a possibilidade paraque novos casos de agressão ou morte demulheres trans também sejam enquadradoscomo caso de feminicídio. Em câmeras desegurança foi possível assistir a dois homensdarem socos, chute, pedradas e uma

cadeirada contra Jéssica. Na decisão, odesembargador Waldir Leôncio Lopes Júniorafirmou que "não se pode deixar de considerara situação de dupla vulnerabilidade a que aspessoas transgêneros femininas, grupos aoqual pertence a ofendida, são expostas",escreve. Não é primeira vez que promotoresou juízes consideram violência contramulheres trans como feminicídio. Em 2017, amorte de uma mulher transexual foidenunciada pelo Ministério Público comofeminicídio. Previsto em lei, o feminicídio é umagravante que aumenta a pena em casos dehomicídio que envolvam violência doméstica,desprezo ou preconceito contra as mulheres.

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Agenda

01/08 – “Lançamento da Campanha AgostoLilás”

08/08 - Workshop:

09/08 - Workshop :

12 e 13/08 - Seminário Casa MulherBrasileira:

15/08 - Roda de Conversa:

27/08, 29/08, 03/09, 05/09, 10/09, 12/09, 17/09,19/09, 24/09, 26/09 e 01/10 - Curso “EmDefesa Delas no Bairro”

06/09, 11/09, 13/09, 18/09 e 23/09 - Curso:Agentes de saúde em ação no combate àviolência de gênero.

04/09 – Palestra sobre violência obstétrica

05/09 – Seminário: Violência contra a mulhere Feminicídio

16/09 - Roda de Conversa

e mesa redonda sobre avanços edesafios da Lei Maria da PenhaLocal:AssomassulHorário: 14h

“O Protagonismo da Mulherna gestação, parto, pós-parto e puerpério –

Boas Práticas e aspectos Jurídicos” paraprofissionais da rede de saúde.Local: Universidade Federal da GrandeDourados -UFGDHorário: 08h ás 12h – 13h30 às 17h30

“O Protagonismo daMulher na gestação, parto, pós-parto epuerpério – Boas Práticas e aspectos Jurídicos”

para profissionais da rede da assistência socialLocal: Casa dos Conselhos de Dourados/MSHorário: 08h ás 12h – 13h às 17h

“4 anos de intersetorialidade deserviços e integralidade no atendimento”

Local:Auditório da Casa da Mulher BrasileiraHorário: Período Integral

“DefensoriaPública e a Lei Maria da Penha”

Local:Horário: 08h30

Local: Escola EstadualAracy EudociakHorário: 19h

Local: Igreja REMHAHorário: das 07h30 às 11h30 - 13h às 17h

Local: CRAS São ConradoHorário: 15h

Local:Anfiteatro I da FAMED/UFMSHorário: 09h às 11h.

“Defensoria Públicae a Lei Maria da Penha”

Local: Empresa Portal GlassHorário: 16h30

Centro de Convivência do Idoso Vovó Ziza

Filme/Série

Suprema mostra a trajetóriada Ginsburg contra a desigual-dade de gênero, bem como opapel dos jovens nas mudançade ideia de uma geração. Jane,filha do casal, é uma daspersonagens mais intrigantes dofilme: com apenas 15 anos, amenina é responsável pormostrar à mãe que a transfor-mação da mentalidade daspróximas gerações já estava acontecendo, e queas leis precisavam mudar para acompanhar esseprocesso. Atualmente, Ruth Bader Ginsburg tem85 anos e foi a segunda mulher a ser confirmadapelos Senado dos Estados Unidos para compor aSuprema Corte. Além de Suprema, que esteve emcartaz nos cinemas brasileiros, a advogadainspirou o documentário RBG, que recebeu umaindicação de Melhor Documentário no Oscar 2019.

ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 - Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

Livro

A maternidade é revolu-cionária

Este livro é o registro afetivode uma mulher, mãe de umacriança de dois anos, que aceitouo desafio de concorrer àpresidência do Brasi l emnovembro de 2017 e que, em agosto de 2018,tornou-se candidata a vice-presidente, chegandoao segundo turno. Uma mulher que percorreu umpaís continental, amamentando sua filha econstruindo uma nova forma de ocupação doespaço político. Também é uma conversa, sobreuma jornada de aprendizado e acolhimento. Sobreprivilégios; sobre as lutas para que privilégios nãoexistam mais. É sobre direitos. É sobre feminismoe liberdade. É sobre afeto, carreira e amor, porquenão tem sentido ser pela metade. É sobre estar enão estar; presença e ausência. Sobre ser mãe emulher; ser madrasta e não ser bruxa. Sobreacolher, sonhar um outro mundo e ser o outromundo sonhado. E, profundamente, é sobre umarevolução chamada Laura. Uma revolução deamor, de amor próprio, de potência. Porque depoisde gerar um filho não há nada, nadica de nada queuma mulher não possa fazer.

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Direitos

Assistência qualificada da mulher

vítima de violência no processo penal

ANO 5 - 23ª Edição | Jul/Ago 2019 - Tema: A Defensoria Pública e os 13 anos da Lei Maria da Penha

Por

Ao longo da semana, diversos canaisjurídicos noticiaram o ocorrido em audiênciarealizada na Justiça do Mato Grosso, onde omagistrado criminal teria proíbido que umaDefensora Pública acompanhasse mulhervítima de violência doméstica durante seudepoimento.

Além da demonstração de desconhe-cimento por parte do magistrado a respeito dadisciplina da Lei Maria da Penha, algoinconcebível em pleno 2019, o episódio revelaa necessidade de se conferir maiorcientificidade a atuação em prol da mulhervítima de violência doméstica no processocriminal, fora da clássica concepção daassistência de acusação.

O objetivo desse breve estudo é fazer umrápido panorama das formas interventivas davítima no processo penal, especificamentesob a representação da Defensoria Pública,de modo a confirmar o equívoco do órgãojurisdicional na negativa de participação demembro da Defensoria Pública.

Sabe-se que o Código de Processo Penalreconhece a intervenção da vítima através daassistência de acusação na fase processual,com fundamento no art. 268 do CPP. Ospoderes do assistente de acusação, assimcompreendido como a vít ima, seusrepresentantes legais e sucessores (art. 31 doCPP), são aqueles previstos no art. 271 doCPP, lhe sendo lícito requerer a produção deprovas, participar da instrução processual,interpor recursos, dentre outros.

Um aspecto importante da disciplina doassistente de acusação e que se difere daassistência qualificada prevista na Lei Mariada Penha é que a sua intervenção depende deautorização judicial (arts. 269 e 273 do CPP),

Franklyn RogerAlves Silva sendo necessária a manifestação prévia doMinistério Público (art. 272 do CPP).

Além da atuação como assistente deacusação, o sistema jurídico processual penalbrasileiro alberga hipótese em que a vítimaexerce maior protagonismo na persecuçãopenal, através da legitimação extraordináriapara a deflagração da imputação por meio daação penal privada (art. 30 do CPP). Emmenor extensão, confere-se a vítima o poderpara decidir a respeito da apuração dainfração penal e deflagração da ação penal,por meio do direito de representaçãoveiculado no art. 39 do CPP.

No entanto, pouco se discute a respeito dadisciplina normativa da vítima na Lei n.11.340/2006 (Lei Maria da Penha). O diplomalegal assegura a todas as mulheres emsituação de violência doméstica e familiar oacompanhamento por advogado em todos osatos do processo, sejam de natureza cível oucriminal (art. 27).

A preocupação do legislador com acondição de vulnerabilidade é tamanha que,inobstante garantir a assistência qualificada,ao mesmo tempo confere capacidadepostulatória à própria mulher para requerer odeferimento de medidas protetivas deurgência (art. 27, parte final c/c art. 19), alémde mais recentemente, conceder à autoridadepolicial (Delegado de Polícia) a capacidadepara deferir as medidas protetivas (Lei n.13.827/2019).

Como parte da tendência moderna deimplementação de ações afirmativas e dedefesa dos grupos vulneráveis, o art. 4º, XI daLC nº 80/1994 prevê como função institucionalda Defensoria Pública “exercer a defesa dosinteresses individuais e coletivos da criança edo adolescente, do idoso, da pessoaportadora de necessidades especiais, damulher vítima de violência doméstica e familiar

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e de outros grupos sociais vulneráveis quemereçam proteção especial do Estado”.

O dispositivo reflete a preocupaçãoconstitucional de garantir a especial tutela daspessoas naturalmente frágeis, como asportadoras de deficiência (art. 37, VIII), asmulheres (art. 226) as crianças e osadolescentes (art. 227) [1], os idosos (art. 230)e outros grupos sociais vulneráveis.

É por essa razão que também éassegurado à mulher vítima de violênciadoméstica e familiar o acesso aos serviços deDefensoria Pública, em sede policial e judicial,mediante atendimento específ ico ehumanizado (art. 28). Com isso, objetiva olegislador, em cumprimento ao art. 226, § 8º,da CRFB, conferir ampla proteção à família,coibindo a violência doméstica e familiar,através do rol de institutos processuais, aexemplo das medidas protetivas de urgência,bem como pelo tratamento psicossocialprestado pela equipe multidisciplinar.

Por possuírem todas as pessoas idênticovalor intrínseco, deve ser assegurado a todosigualdade de respeito e consideração,independente de raça, cor, sexo, religião oucondição social, funcionando a DefensoriaPública como instrumento de superação daintolerância, da discriminação, da violência,da exclusão social e da incapacidade geral deaceitar o diferente.

Notem que enquanto a assistência deacusação depende de autorização judicial, omesmo não pode ser dito em relação ao queprefer imos chamar de “assis tênc ia

qualificada”, onde a mulher tem o direito deestar acompanhada por profissional habilitadoa orientá-la e assegurar a tutela de seusinteresses (advogado ou membro daDefensoria Pública).

Se ao imputado deve ser assegurada adefesa técnica, em igual condição a mulhervítima de violência doméstica deve terassegurada para si a denominada assistênciaqualificada. E por essa razão é que aDefensora Pública do Mato Grosso tinha totalamparo jurídico para participar do atoprocessual de oitiva da vítima, sendo indevidaa negativa de participação manifestada pelojuízo.

[1] Importante observar que o art. 141 do ECAgarante “o acesso de toda criança ou adolescente àDefensoria Pública, ao Ministério Público e ao PoderJudiciário, por qualquer de seus órgãos”.

Franklyn Roger Alves Silva é DefensorPúblico do Estado do Rio de Janeiro, mestre edoutor em Direi to Processual pelaUniversidade do Estado do Rio de Janeiro(Uerj), professor da Universidade CandidoMendes, da Fundação Escola Superior daDefensoria Pública do Estado do Rio deJaneiro e de cursos preparatórios para acarreira da Defensoria Pública.

Fonte: no site https://www.conjur.com.br/2019-jul-

18/franklyn-roger-assistencia-vit ima-violencia-

processo-penal 3/

JULHO

25/07 – Dia Internacional da Mulher NegraLatino-Americana e Caribenha e DiaNacional de Tereza de Benguela e daMulher Negra.

Datas comemorativas AGOSTO

07/08 Sanção da Lei 11.340/06 que criamecanismos para coibir a violênciadoméstica e familiar contra a mulher

(Lei Maria da Penha).

– Dia de Luta contra a Violência noCampo - Marcha das Margaridas.

– Dia do Orgulho Lésbico.

– Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil.

12/08

19/08

29/08

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Defensoria Pública de Mato Grosso do SulDefensoria Pública-Geral do Estado

Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da MulherNUDEM

23ª Edição - Julho/Agosto de 2019

Fábio Rogério Rombi da Silva

Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira

Valdirene Gaetani Faria

Defensor Público-Geral do Estado.

Primeira Subdefensora Pública-Geral.

Segunda Subdefensora Pública-Geral.

Thaís Dominato Silva TeixeiraCoordenadora do Núcleo Institucional

de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher

EXPEDIENTE

Colaboradores desta edição:Thaís Dominato Silva Teixeira - Coordenadora do NUDEM e DefensoraPública de Defesa da MulherAmélia Luna –Assessora do NUDEM

Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da MulherNUDEM

Centro Judiciário de Solução de Conflitos, Núcleo de Mediação

Defensoria Pública de Defesa da Mulher - Casa da Mulher Brasileira

Rua DoutorArthur Jorge, 779 - Centro79002-440 - Campo Grande-MSEmail: [email protected]: (67) 3313-5801

Rua DoutorArthur Jorge, 779 - Centro79002-440 - Campo Grande-MSFone: (67) 3313-5800

Rua Brasília, S/N, Lote 10A, Quadra 2 - Jardim ImáCampo Grande-MSFone: (67) 3304-7589

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Mitos