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especial Arquitetura

Edição 33 - Revista Geração Sustentável | Arquiteto Empreendedor

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Edição 33 da Revista Geração Sustentável sobre Arquitetura. A edição traz exemplos de arquitetos empreendedores e outras matérias corporativas com exemplos de projetos socioambientais

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 3

Diretor ExecutivoPedro Salanek Filho

[email protected]

Diretora Administrativa e Relações CorporativasGiovanna de Paula

[email protected]

Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck

[email protected]

Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco

Neto e Ivan de Melo Dutra

Colaboraram nesta ediçãoJornalistas: Bruna Robassa e Karina Kanashiro

[email protected]

RevisoraAlessandra Domingues

Assinaturas [email protected]

Fale [email protected]

Impressão Gráfica Capital

ISSN nº 1984-9699

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de de-senvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produ-zida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma la-vanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 - Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

www.geracaosustentavel.com.br

As matérias destacadas com o selo "Parceria Ge-ração Sustentável" referem-se à conteúdos elabo-

rados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição

dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada

Para uma revista que trata tanto de sustentabilidade para a socieda-de, estava mais do que na hora de divulgarmos um conteúdo específi-co para a área de arquitetura e urbanismo. Essa área tem repensado os sistemas construtivos para a redução dos impactos socioambientais em todo o processo, desde a concepção até a utilização do espaço.

Nesse contexto, é oportuno, enaltecermos um comentário de um dos nossos entrevistados da matéria de capa, o arquiteto Irã Taborda Dudeque: “A arquitetura é a ciência e a arte do ambiente construído”. Nesse sen-tido, percebemos que o meio urbano, em que vivemos, possui uma rela-ção direta com a área de arquitetura em toda a sua abrangência. Essa área contempla a visão sistêmica do local, harmonizando pessoas, promovendo a mobilidade, o uso de recursos naturais e a estruturação de ambientes construídos (para citar apenas alguns dos fatores que estão interligados).

Além de destacar as contribuições dos arquitetos e urbanistas para a sustentabilidade da sociedade, essa edição, que foi elaborada em conjunto com o CAU/PR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Para-ná), também mencionará a atuação do profissional. O CAU/PR tem atu-ado fortemente com a criação e disseminação do conceito do Arquiteto Empreendedor, visando principalmente a capacitação profissional para as novas exigências do mercado. Esse projeto está inserido dentro do NESC-CAU/PR, que é o Núcleo de Sustentabilidade, Empreendedorismo e Cidadania da entidade. Pretende-se também promover uma atuação pro-fissional mais proativa para a gestão dos assuntos das cidades e para a manutenção da qualidade de vida e dos recursos naturais locais.

Esta edição também destaca a atuação de entidades ligadas direta-mente à área de arquitetura, como o SINDARQ/PR (Sindicato dos Arqui-tetos e Urbanistas do Paraná), o IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), a ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas) e o FUNSAU (Fundo de Assistência Social dos Arquitetos e Urbanistas). Na editoria Responsabilidade Social Corporativa, o conteúdo produzido, em parceria com o CPCE (Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial), enaltece a importância do planejamento para a implantação e o acompanhamento de projetos socioambientais. A edição conta, ainda, com a descrição de ações e projetos da Itaipu Binacional, da Aliança Paraná Sustentável e do Grupo Plaenge.

Boa leitura!

Pedro Salanek Filho

Arquitetura e Urbanismo: Uma edição especial

Conheça o mundo digital da Geração SuStentável

geracaosustentavel.com.brrevistageracaosustentavel.blogspot.comtwitter.com/revistageracaofacebook.com

Revista Digital

Editorial

A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral indepen-dente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas, por entender que estes materiais são de respon-sabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização es-crita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos. As fotos dessa edição recebem o crédito de divulgação. Entrevis-tado Jeferson Navolar (crédito foto: Lígia Lagos). Imagens nova sede do CAU/PR (crédito: Iris Alessi). Tiragem da edição: 15.000 exemplares - 33ª Edição - maio/junho - Ano 7 - 2013

Anunciantes e Parcerias

02 CS Assistance06 e 07 Cativa Natureza15 Banco do Brasil19 SENAC21 UNIMED/PR27 COBEE31 EBS35 Berkley36 e 37 WTC39 DFD41 ACP43 Consult45 Reciclação47 EcoBike49 Civitas51 INBEC52 CAU/PR

Sumário

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 4

03 Editorial 08 Espaço Arquitetura 16 Entrevista Jeferson Dantas Navolar 22 Capa Arquiteto Empreendedor 32 Responsabilidade Social Corporativa Implantação de projetos socioambientais requer planejamento 38 Construções Sustentáveis Integração e sustentabilidade desde a concepção do projeto

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40 Responsabilidade Ambiental Cultivando Água Boa: um exemplo de como trabalhar de mãos dadas 42 Artigo Gestão Sustentável 44 Desenvolvimento Local Aliança Paraná Sustentável 46 Desenvolvimento Social Caixa apoia empreendimentos habitacionais sustentáveis 48 Artigo Talentos Voluntários 50 Artigo Ser Sustentável

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Pela sustentabilidade

das cidadesO Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Paraná – Sindarq/PR tem como missão zelar pelos interesses coletivos e individuais dos seus profissionais arquitetos e urbanistas, buscando aprimorar profissionalmente a sua inclusão ativa na sociedade. Na gestão atual, o Sindarq/PR tem um forte compromisso com a sustentabilidade das cidades. A finalidade de uma construção sustentável não é apenas preservar o meio ambiente, mas também proteger seus ocupantes ou moradores da poluição dos grandes centros urbanos. Uma cidade ou edificação, para ser sustentável, precisa ser saudável. Neste ano, o Sindarq/PR assinou a Carta de Adesão ao Pacto Global da ONU e o Termo de Compromisso com o Programa Aliança Paraná Sustentável, objetivando o desenvolvimento justo, inclusivo, sustentável e da cultura da paz, com reconhecimento, parceria e suporte institucional do Programa de Cidades do Pacto Global. Além de sua participação política em várias esferas de atuação em defesa da sustentabilidade em todas as suas dimensões, o Sindarq/PR também tem o compromisso de organizar eventos e cursos na área, com o objetivo de qualificar e preparar os profissionais e estudantes para atuarem de forma consciente em busca de cidades mais saudáveis e acessíveis.

Concurso públicoBase brasileira na Antártica

O projeto dos profissionais do Estúdio 41, de Curitiba, coordenado pelo arquiteto Fabio Henrique Faria foi o vencedor do Concurso Estação Antártica Comandante Ferraz, que selecionou o melhor projeto de arquitetura para as novas instalações da base brasileira na Antártica. O resultado foi anunciado em abril pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pela Marinha. Os vencedores ganharam, além do projeto contratado, um prêmio de R$ 100 mil. Segundo Faria, do Estúdio 41, este é o segundo prêmio conquistado via concurso pelos profissionais da empresa. O primeiro foi em 2011, para construção da sede da Fecomércio, cujo projeto executivo será finalizado até o fim deste semestre. “É sempre um desafio participar de concursos como esse. É também uma forma de conhecer programas diferentes e de trazer projetos diferenciados para a empresa, mas é preciso ter espírito competitivo e ter vontade de fazer um trabalho cada vez melhor”, diz Faria. Com o investimento de R$ 72 milhões, o projeto conta com uma área de 3,2 mil m². A proposta do Estúdio 41 considera a topografia da Península Keller e as necessidades de preservação das áreas de vida animal e vegetal do entorno para implantação dos edifícios. A Marinha pretende iniciar a operação da nova estação até março de 2015.

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Espaço Arquitetura

Associação Brasileira de Arquitetos PaisagistasCom quase quatro décadas de existência, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP) tem como principal meta a promoção desse campo de atuação do Arquiteto e Urbanista, produzindo respostas aos desafios gerados por intervenções sobre a paisagem em suas mais diferentes escalas – desde locais até regionais – e em diversos ambientes – desde naturais até construídos. Nesse contexto, preceitos de sustentabilidade em suas principais vertentes – ambiental, social e econômica – são incorporados, de forma multi, inter e transdisciplinar, nas múltiplas manifestações da Arquitetura Paisagística. Com base na interpretação da paisagem como expressão visual de determinado ecossistema, torna-se evidente a importância da ótica ambiental, com o estabelecimento de medidas desde a conservação da natureza até a prevenção de impactos visuais e a recuperação de áreas degradadas na zona rural e no meio urbano. Por sua vez, o planejamento paisagístico também se apropria dos princípios de reciclagem, reutilização e redução de recursos. O tratamento de áreas livres e espaços abertos – públicos e privados – é usualmente voltado ao usufruto – individual ou coletivo – do homem, oferecendo, nessa vertente social, alternativas de formas e funções associadas à satisfação das pessoas e à qualidade de vida humana. Em qualquer das situações anteriores, o projeto paisagístico traz reflexos imediatos à vertente econômica, gerando significativa valorização de bens patrimoniais e de práticas sociais.Com base nessas assertivas, a ABAP, além das suas atribuições associativas peculiares, promove visitas técnicas, cursos de capacitação e eventos técnico-científicos de aperfeiçoamento, além de exposições, publicações e outras atividades voltadas tanto à atualização profissional, com constante interação entre arte e ciência, quanto à conscientização da sociedade, com permanente valorização da importância da sustentabilidade em paisagens naturais e urbanas.

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Um expert

verdepara sua obraNas universidades, as grades curriculares dos cursos de graduação em Arquitetura não se aprofundam muito no tema das construções ecologicamente corretas e também não promovem relevantes informações sobre o que significa haver nos empreendimentos imobiliários uma certificação como o LEED, situação exigida hoje pelo próprio mercado consumidor, o qual exige mudanças na formação e preparação prática do profissional da área.Na busca por essa formação, tem sido comum recém-formados matricularem-se, logo após a graduação, em uma instituição que promova em seus cursos o conhecimento de experiências práticas de sustentabilidade na construção civil e que seja reconhecida pela sua expertise didática, inclusive por órgãos certificadores, como o Green Building Council - GBC.De olho nesse novo mercado consumidor das construções sustentáveis, que tem crescido em torno de 25% ao ano no Brasil, é cada vez mais comum encontrar profissionais brasileiros que já fizeram os exames de credenciamento LEED GA / AP, a prova do selo americano LEED, e tornaram-se especialistas gabaritados pelo USGBC, o qual desenvolveu técnicas e reparou necessidades das etapas do processo de certificação de construções sustentáveis. É também cada vez mais comum construtoras e escritórios de arquitetura brasileiros, e até mesmo estrangeiros, passarem a exigir de seu corpo técnico projetos já desenvolvidos e preparados para a certificação LEED, o que aumentou a demanda e a necessidade de haver profissionais preparados para essa nova realidade. Para tanto, exige-se que sejam diplomados ou, no mínimo, estejam cursando pós-graduação em Construção Sustentável, bem como saibam desenvolver projetos na área, inclusive adaptados à realidade brasileira. Tal critério exige um bom conhecimento prático dos materiais a serem utilizados, programas específicos de computador e de gestão de obras, além do conhecimento de procedimentos específicos sobre como adequar o empreendimento ao selo verde. Com isso, cursos específicos relacionados a essa demanda devem continuar a aumentar significativamente nos próximos anos. Maiores informações: www.inbec.com.br.

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FUNSAU: uma conquista de todos os arquitetos e urbanistas com mais saúde e benefícios para a classePreocupado em organizar uma estrutura de proteções social e econômica para gerar segurança e tranquilidade para os arquitetos e urbanistas e para seus familiares, o IAB-PR procurou criar um fundo de assistência que atendesse as necessidades de saúde, moradia, proteção patrimonial e previdência dos seus associados. O melhor caminho para que os profissionais pudessem ter acesso a benefícios que garantissem qualidade de vida, assistência à saúde, segurança e estabilidade financeira seria um modelo que priorizasse benefícios negociados coletivamente, de forma acessível e com a melhor relação custo-benefício possível.Depois de aprofundados estudos na área e em perfeita consonância com a proposta de modernidade objetivada pelo CAU, em 2011, o IAB-PR decidiu pela criação do FUNDO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DOS ARQUITETOS E URBANISTAS – FUNSAU. Trata-se de uma entidade gerenciada pelo próprio IAB, no modelo autogestionário e que permitiu a viabilização imediata da oferta de um grande número de benefícios com custos significativamente inferiores aos regularmente ofertados no mercado. Graças à parceria desenvolvida com a C. S. ASSISTANCE – Cooperativa de Consumo e Benefícios Sociais e Econômicos, já se encontra disponível para todos os Profissionais e Empresas registrados no CAU o acesso a planos altamente qualificados nas áreas de Saúde com a UNIMED e a UNIODONTO, Previdência com a BRADESCO PREVIDÊNCIA e Consórcio Imobiliário com a EMBRACON, todas empresas líderes de mercado em seus segmentos. Além destes, foram propiciados uma série de outros benefícios voltados à manutenção de altos níveis de qualidade de vida e de segurança profissional. Todos os detalhes sobre o Fundo estão disponíveis no site www.funsau.com.br.

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DePoIMentoS““O Modelo Autogestionário permite grande redução de custos para nossos associados e um constante acompanhamento e direcionamento do sistema em prol do interesse da classe.” – Arq. Claudia C. T. Dudeque, Presidente do IAB-PR

“Estamos muito animados com a parceria! Com o crescimento das reservas financeiras observado no FUNSAU já podemos vislumbrar brevemente a oferta de novos e mais abrangentes benefícios para os Arquitetos e Urbanistas de todo o país.” – Dr. Marcial Carlos Ribeiro Jr., Presidente da CS ASSISTANCE

“Sentimo-nos muito orgulhosos por termos sido escolhidos como parceiros pelo FUNSAU/CS ASSISTANCE. Além de opções que foram especialmente desenvolvidas para a Classe, é uma satisfação para a EMBRACON estar inserida em um processo gerador de qualidade de vida para os profissionais que também é gerador de novos negócios, visto que os clientes dos Arqui-tetos e Urbanistas também poderão ser clientes da EMBRACON” – Paulo Fagundes, Diretor Comercial/Região Sul.

“As atividades do FUNSAU complementam de forma perfeita os objetivos do NESC-CAU (Núcleo de Empreendedorismo, Sustentabilidade e Cidadania do CAU/PR), agregando qualidade de vida e seguranças social e econômica às oportunidades de desenvolvimento do mercado de trabalho objetivadas pelo Núcleo” – Jeferson Dantas Navolar, Presidente do CAU/PR.

Por que ser sócio do IABConheça a história e as principais conquistas dessa entidade centenária

Fundado em 1921, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), com sua estrutura federativa, é a entidade dos arquitetos e urbanistas com maior presença em nível nacional, sendo o indutor da maior parte das ações em prol da solidificação de manifestações - seja de profissionais ou dos governantes - a respeito de assuntos relacionados à profissão do arquiteto e urbanista e de seu papel na sociedade. Em 1925, o IAB elaborou a primeira Tabela de Honorários para trabalhos de Arquitetura. Em 1936, o Instituto passou a publicar "Arquitetura e Urbanismo", a primeira revista brasileira a respeito dessa temática. Até a década de 1960, a Caixa Econômica Federal só possuía o cargo de Engenheiro e, graças à atuação do IAB, criou-se o cargo de Arquiteto na função pública.Por iniciativa do IAB, os órgãos públicos brasileiros passaram a realizar concursos públicos de anteprojetos de arquitetura, culminando com o concurso que definiu a criação de Brasília, cidade que, por meio do Plano Urbanístico de Lúcio Costa e dos edifícios projetados por Niemeyer, devem imenso prestígio internacional à Arquitetura brasileira.Os concursos públicos para projetos são importantes, tanto para os arquitetos e urbanistas quanto para as cidades e para as pessoas, visto que, no concurso, o valor do projeto já está estabelecido no edital, fortalecendo o pagamento correto dos honorários, valorizando o serviço prestado pelos arquitetos e urbanistas, além do que, no concurso é privilegiada a competência. O IAB possui três linhas de ação para concursos: a primeira é a qualificação da metodologia deles; a segunda é a alteração da legislação em médio prazo, com revisão e colocação clara sobre a maneira de realizar concursos pelos gestores municipais; e a terceira é a divulgação dos concursos entre os arquitetos e, principalmente, para quem vai contratar o serviço.Desde a sua fundação, o IAB realiza grandes eventos internacionais de arquitetura em nosso país: as Bienais Internacionais de Arquitetura e os Congressos Brasileiros de Arquitetura - CBA. Essa atuação colaborou para o reconhecimento do status internacional da Arquitetura Brasileira, sendo o IAB sócio-fundador da União Internacional de Arquitetos - UIA. Também extensa é a lista de ações de cidadania, representando os arquitetos e urbanistas. O IAB era nossa única entidade representativa nacional até o início da década de 1980, quando surgiram os Sindicatos de Arquitetos. As demais entidades, como a ABEA, a FNA e, mais recentemente a ASBEA e a ABAP, vieram lutar conjuntamente pela boa arquitetura e pelos arquitetos.O IAB contribuiu, participando ativamente, na constituição do Ministério das Cidades, na implantação do Estatuto das Cidades, nas Conferências Nacionais de Cidades e de Cultura, na proposição da Lei da Assistência Técnica (Lei Federal nº 11.888/08), que permite aos profissionais atuarem junto à população de baixa renda, na produção de uma arquitetura pública e de qualidade.Também em prol do aprimoramento da arquitetura e da maior representatividade social dos profissionais, a partir de 1958 o IAB reivindicou junto ao poder público o direito da regulamentação da profissão do Arquiteto e Urbanista e a criação do Conselho profissional próprio. A histórica defesa da arquitetura pública de qualidade deu a visibilidade necessária para que o Congresso Nacional e a Presidência da República reconhecessem esta luta. Esse fato resultou na assinatura pelo Presidente Lula, em 30/12/2010, da Lei nº 12.378, a Lei dos Arquitetos.

O Departamento do Paraná do IAB foi fundado no mesmo ano em que foi criado o curso de Arquitetura da UFPR, em agosto de 1962. Desta forma, em 2012, o IAB/PR comemorou seu cinquentenário. Atualmente a entidade, que é presidida pela arquiteta Cláudia Cristina Taborda Dudeque, conta com mais de 1.500 sócios efetivos no Estado. O IAB/PR tem se especializado na realização de concursos públicos de projetos arquitetônicos. Os dois últimos organizados pelo Instituto foram os do Teatro de Londrina e o da nova sede do CREA/PR.

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Projeto vencedor do concurso público para nova sede do CREA/

PR, organizado pelo IAB/PR

Espaço Arquitetura

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IaB/SCO IAB/SC está engajado em fomentar o empreendedorismo e a formação do Arquiteto e Urbanista para atuar no mercado de trabalho de forma mais competitiva e estruturada. Ações como o FUNSAU, parcerias com cursos de pós-graduação e entidades fomentadoras como o SEBRAE, são essenciais para nos auxiliar nessa tarefa. Atualmente, estamos realizando um Workshop para início de carreira em todos os Núcleos do IAB/SC, visando aproximar e preparar os recém-formados e formandos para o exercício de suas atividades profissionais no mercado de trabalho.

IaB/aMNo Estado do Amazonas, a cada semestre, cresce o número de arquitetos e urbanistas, resultado das graduações das suas cinco faculdades de arquitetura implantadas no Estado. Muitos profissionais amazonenses estão atuando nas inicia-tivas privada e pública, atuando como empregados nas mais diversas frentes e especialidades da arquitetura. Em órgãos públicos, seja municipal, estadual ou federal, é grande o nú-mero de arquitetos atuando na linha de frente como servi-dores públicos. Ainda é pouca a quantidade de profissionais da arquitetura que tomam a iniciativa de ser um Arquiteto Empreendedor, abrindo uma empresa e saindo da informali-dade, tornando-se uma pessoa jurídica. Geralmente, a união se faz por meio de sociedades informais de arquitetos, no qual se estabelecem divisões e partilhas de receitas e despe-sas, mas sem o entendimento correto da formalidade de uma empresa, nos moldes e princípios do bom empreendedor. O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departa-mento do Amazonas - IAB/AM, arquiteto Claudemir Andrade, defende que todos os arquitetos e urbanistas devem cami-nhar rumo à formalidade, pois uma vez caracterizados como pessoas jurídicas, terão muito mais condições de competir no mercado de trabalho, seja participando de projetos maiores por meio de licitações, seja para ter uma linha de financia-mento ou benefícios sociais, como a aposentadoria. "Com a globalização, o arquiteto deve se preparar cada vez mais para ser um bom competidor no mercado de trabalho. E somente sendo um profissional empreendedor é que ele terá condições significativas para competir com qualidade e profissionalis-mo com os grandes arquitetos do mercado", comenta.

IaB/CeA formação do arquiteto e urbanista é uma das mais amplas do elenco das profissões existentes. A lei federal e a resolução 21/2012, do CAU/BR, que regulamentam as atribuições pro-fissionais, relacionam 243 atividades da competência desses profissionais. O espectro de atuação vai desde o planejamen-to regional, passando pelo projeto e construção de cidades e edifícios, até o mobiliário para edificações.A atuação do arquiteto com visão empreendedora, combi-nando inovação, arte e técnica, abre enormes perspectivas para o desenvolvimento das forças produtivas. Promove a exploração racional e sustentável dos recursos naturais, a melhoria do rendimento das atividades humanas, do bem--estar e da saúde das populações. Para o presidente da IAB/CE Odilo Almeida Filho, “A ação empreendedora permite ao arquiteto e urbanista agregar valor à produção arquitetôni-ca, melhorando os resultados e ampliando a oferta de bene-fícios à sociedade”.

Espaço Arquitetura

CapacitaçãodirecionadaReferência no apoio aos empresários de micro e pequenas empresas e aos empreendedores interessados em abrir o próprio negócio, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (SEBRAE/PR) é mais um parceiro importante do Núcleo de Empreendedorismo, Sustentabilidade e Cidadania do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, o NESC-CAU/PR. A parceria possibilita aos arquitetos e urbanistas o aprimoramento da capacidade empreendedora e da gestão empresarial, como forma de ganhos de competitividade, investimento e mercado. Para os arquitetos organizados como Pessoa Jurídica, o Sebrae aplicará metodologias de cursos e consultorias nas áreas do comportamento empreendedor, planejamento estratégico e gestão empresarial e outras que sejam necessárias ao desenvolvimento dos arquitetos e urbanistas dentro do projeto Arquiteto Empreendedor. O projeto visa à preparação do profissional de arquitetura e urbanismo em gestão de negócio, com visão estratégica e empreendedora, contribuindo, assim, para o seu próprio desenvolvimento empresarial, bem como do seu segmento e ambiente sustentável. No Brasil, são 27 unidades e 800 postos de atendimentos espalhados de norte a sul, e somente no Paraná o Sebrae conta com seis regionais e dez escritórios.

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Espaço Arquitetura

Profissionais de arquitetura e urbanismo terão acesso a uma linha de crédito especial Parceria com a Fomento Paraná vai permitir que profissionais possam aproveitar o crédito mais barato para atender projetos próprios e de empresas clientes

Arquitetos e urbanistas associados ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) serão beneficiados por uma parceria firmada com a Fomento Paraná, por meio do projeto Arquiteto Empreendedor e do Núcleo de Empreendedorismo e Sustentabilidade do CAU/PR (NESC-CAU/PR). O objetivo é estimular a formalização dos profissionais e baratear o acesso a financiamentos.A Fomento Paraná é uma instituição financeira controlada pelo Governo do Paraná e voltada ao desenvolvimento regional sustentável. A empresa apoia financeiramente iniciativas que gerem emprego e renda, por meio de um modelo de crédito orientado, que é desenvolvido em parceria com entidades diversas do setor público ou privado, e linhas de crédito com juros mais baixos que os de mercado, subsidiados pelo Estado. De acordo com o diretor-presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa, as linhas atendem desde o microempreendedor informal e individual até empresas de médio porte nos setores de indústria, comércio e serviços. “A parceria com os profissionais de arquitetura vai facilitar o acesso às linhas de crédito do Banco do Empreendedor, com taxas de juros diferenciadas. E atende tanto projetos pessoais dos profissionais quanto de clientes dos escritórios, em projetos para instalação de empresas ou reforma e ampliação”, explica Juraci Barbosa. “Máquinas, equipamentos, instalações e móveis de escritório podem ser financiados com juros a partir de 0,51% ao mês. E, em breve, vamos financiar também projetos de inovação e desenvolvimento tecnológico, com recursos da FINEP”, afirma.Ainda segundo o presidente da Fomento Paraná, a instituição tem uma atuação muito forte no financiamento aos municípios, para obras de infraestrutura, construção de equipamentos públicos e aquisição de máquinas. “Os profissionais de arquitetura são fundamentais para que as políticas públicas do Governo do Estado no financiamento aos municípios sejam mais efetivas e eficazes, porque são habilitados a analisar e desenvolver os projetos. Hoje, temos muitos recursos à disposição, tanto do setor público quanto do privado, mas faltam projetos”, diz ele.

“a parceria com os profissionais de arquitetura vai facilitar o

acesso às linhas de crédito do Banco

do empreendedor, com taxas de juros

diferenciadas", Juraci Barbosa

Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2013

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1.1. Marca - Descrição

A marca da Fundação Banco do Brasil

é o conjunto formado pelo termo

Fundação composto com o alfabeto

Banco do Brasil, e o símbolo BB. A

marca é o principal elemento do

Sistema de Identidade Visual da

Fundação Banco do Brasil.

Por razões de proteção dos direitos

autorais e estratégia de comunicação,

a sua configuração não pode ser

alterada.

A marca da Fundação Banco do Brasil

está apresentada ao lado, em sua

variação 3D. A versão central 3D é a de

uso preferencial. Sua aplicação é

obrigatória em todos os materiais

impressos ou produzidos em

quadricromia, respeitando os limites de

redução. Para materiais impressos em

duas cores ou com restrições técnicas

de reprodução existem as demais

variações da marca.

1. Elementos Básicos

De modo a evitar reproduções

imprecisas, a marca não deve

ser composta graficamente,

nem reproduzida por scanner

ou por cópias xerográficas.

Para reprodução da

marca, utilizar

somente versões autorizadas.

Recomenda-se a utilização

das artes finais eletrônicas.

A variação duas cores

destina-se a impressos

bicolores, nas cores-padrão

do Banco do Brasil, que não

aceitam quadricromia.

Destina-se também a casos

de redução extrema ou a

materiais onde haja restrições

de reprodução.

Central 3D (recomendada)

Horizontal 3D (uso restrito)

Central em duas cores

Horizontal em duas cores (uso restrito)

Realização PatrocínioParceria Institucional

Durante quase 80 anos, arquitetos e urbanistas conviveram com engenheiros de todas as especialidades e agrônomos em um conselho multiprofissional. Depois de muitos anos de batalha, entre discussões, elaboração de Projeto de Lei e tramitação no Congresso Nacional, em 31 de dezembro de 2010, num dos últimos atos do governo do presidente Lula, foi autorizada por Lei Federal a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo. A Lei nº 12.378 também veio para regu-lamentar o exercício da profissão, entre outras providências. No Paraná, o Conselho está em funcionamento há cerca de um ano e meio e tem como principais objetivos a institucionalização da profissão de arquiteto e urbanista e a efetivação da presença desses profissionais em todo o estado. Resultados parciais de um Censo realizado em todo o Brasil apontam que no território paranaense há, aproximadamente, 8 mil arquitetos cadastrados como pessoa física e cerca de 1,5 mil como pessoa jurídica. Além disso, existem 189 municípios do estado sem a atuação desses profissionais. Como forma de reverter esse quadro, diversas parcerias estão sendo firmadas por meio do projeto Arquiteto Empreendedor, que faz par-te do Núcleo de Empreendedorismo, Sustentabilidade e Cidadania do Conselho, o NESC-CAU/PR. Para abordar esses e outros aspectos dessa profissão essencial para a formação da cidadania e para o desenvolvimento sustentável, ouvimos o primeiro e atual presidente do CAU/PR, arquiteto Jeferson Dantas Navolar, que falou com exclusividade para a revista:

Entrevista

Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR)

Jeferson Dantas Navolar

Por um ambiente melhor

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

O que representa a criação de um conselho específi-co para os arquitetos e urbanistas?A batalha para que o CAU fosse criado durou cerca de 50 anos e passou por três momentos importan-tes: o primeiro foi de harmonização e envolvimento das entidades, o segundo foi de trâmite do Projeto de Lei no Congresso, com diversas audiências, ava-liação por várias entidades e discussões que dura-ram anos, mas que serviram para que o PL para cria-ção do Conselho fosse cada vez mais aprimorado. Por fim, o terceiro momento foi o de participação da Casa Civil e da Presidência da República para apro-vação e sanção do projeto. É importante ressaltar que essa é uma Lei que nasce após a Constituição de 1988. Ou seja, depois da consolidação do Códi-go Civil, do Código de Defesa do Consumidor, e, por isso, é um Conselho que traz muito mais moderni-dade e agilidade em relação aos outros conselhos criados antes da Constituição. Um Conselho novo, atual como o nosso, conta com uma administração mais moderna, com menos papel e mais tecnologia. Dentro do sistema multiprofissional, durante quase oito décadas, convivemos a maior parte do tempo

harmoniosamente, mas também com a ocorrência de sombreamento e disputas de atribuição entre as profissões. As antigas e as novas engenharias foram se organizando e muitas vezes tirando do arquite-to ou compartilhando conosco as atribuições. Essa era uma contradição que também nos colocava na condição de "meio arquitetos", ou seja, grande par-te da produção da arquitetura ficou com a cara das engenharias. Não há certo nem errado nisso tudo, é apenas uma constatação. O que pretendemos, cada vez mais, é colocar aos poucos a cara do arquiteto e da arquitetura no Conselho, já que agora nossas atribuições estão previstas em Lei. Importante dizer que quem ganha com tudo isso é a sociedade. Hoje, costumamos dizer que uma das bandeiras que car-regamos durante esse debate foi a de que a socieda-de estava sem direito à arquitetura. A valorização do arquiteto e urbanista vai de encontro à melhoria dos espaços públicos. As cidades estão sem arquitetura e urbanismo. Além disso, devemos ter mais cuida-do com questões regionais e culturais, e a criação do Conselho próprio proporcionará lidarmos melhor com essa situação.

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Quais são os benefícios da criação de um Conselho próprio de arquitetos e urbanistas para os profissio-nais e para a sociedade?Com a criação do CAU, os arquitetos e a sociedade ganham mais atenção, mais fôlego e força quando o assunto é o planejamento dos espaços públicos e pri-vados. Outro diferencial é a adaptação e a utilização das novas tecnologias em todo tipo de procedimento. Como exemplo de avanço, destaco também a não exi-gência de um novo registro em cada unidade da fede-ração que o profissional venha a exercer sua profissão, uma vez que o registro no CAU é nacional. Temos como ferramenta mais importante na gestão do Conselho a utilização da tecnologia da informação. Como utiliza-mos a informática como parceira, outras facilidades são decorrentes, como possibilidade de registro on--line e a emissão de certidões virtuais, o que tem sido muito bem-entendido pelos profissionais. As novas carteiras de identificação já foram elaboradas pensan-do nisso. Elas contam com chip, o que permitirá que possam receber insumos, como informações sobre projetos ou parcerias firmadas. Em relação aos valores que nos autorizaram a co-brar para a gestão do Conselho, é importante ressal-tar que eles são bem menores do que os cobrados anteriormente. O CAU não é um Conselho que visa arrecadação. As taxas mínimas que praticamos re-presentam uma redução significativa no preço final

da atuação dos profissionais, talvez algo em torno de 10% do que era cobrado antes. Também defen-demos a inclusão dos arquitetos em mais projetos públicos e privados. Hoje, temos muitas gestões de prefeitos sem um corpo técnico qualificado, sem ao menos um arquiteto para participar do planejamen-to de parques, escolas e hospitais, o que certamen-te traz muitas consequências.

Quais são as principais bandeiras defendidas pelo CAU/PR? Ele segue os princípios do Conselho Federal?“Levar arquitetura a quem não tem” e “Arquitetura é atribuição de arquiteto”. Essas são as principais bandeiras, que surgiram da luta pela criação do Conselho e continuam de pé nessa construção da sensibilização da sociedade em relação à atuação do arquiteto e urbanista. Genericamente, podemos dizer que a maioria dos CAUs no Brasil segue essa linha de pensamento. É importante destacar que temos liberdades administrativa e financeira pre-vistas em Lei, mas sempre as normas do Conselho nacional devem ser analisadas e espelhadas nas ações dos estados. As plenárias estaduais existem exatamente para que as questões regionais surjam e sejam abordadas. No Paraná, temos uma plenária com 15 conselheiros titulares e 15 suplentes, esta-belecida pelo colégio eleitoral em 2010, seguindo a proporcionalidade dos profissionais registrados.

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 17

Nova sede do CAU/PR (Casa Mario de Mari)

O registro de pessoas física e jurídica no Conselho, bem como os trabalhos realizados por esses profis-sionais, é obrigatório?Sempre foi obrigatório o registro de arquiteto e urba-nista para o exercício da profissão, assim como em qualquer outra profissão regulamentada no país. Os profissionais precisam comunicar ao Conselho o que estão fazendo. Porque isso? Porque o trabalho do Conselho é justamente atuar em defesa da so-ciedade, fiscalizando o exercício da profissão. Essa comunicação das atividades profissionais é obriga-tória e tem sido diária, on-line, o que a transforma imediatamente em insumo para nossa atuação. An-tes não era assim. Por outro lado, se tomamos conhecimento de obras sendo construídas sem a supervisão de um arqui-teto, nós vamos lá checar quem é o responsável, se é um leigo ou se tem um engenheiro. É obrigatória a participação de arquiteto ou engenheiro na exe-cução das obras, e as parcerias entre ambos, prin-cipalmente em grandes obras, são muito comuns. Exercer a profissão sem registro é ilegal. E para evi-tar esse tipo de situação, temos uma parceria muito forte com as prefeituras e as secretarias de urbanis-mo, as quais emitem as autorizações para constru-ção. Toda vez que um profissional solicita um alvará junto ao órgão público ele precisa apresentar o seu registro e comprovar que está habilitado para o pro-jeto. Dessa forma, a sociedade não corre risco, que é uma palavra muito comum hoje, seja risco de des-moronamento, de enchente ou de desabamento.

Entre as atividades previstas para serem realizadas pelo CAU está um Censo para identificar a realidade profissional. Existe um resultado desse trabalho? Atualmente, quantos arquitetos e urbanistas fazem parte do Conselho paranaense? Qual a estimativa de novos profissionais ingressando no mercado anual-mente? No Paraná, estão registrados no Conselho como pessoas físicas mais de 7,3 mil arquitetos, e pouco mais de 1,4 mil como pessoas jurídicas. Esses são números preocupantes, se pensarmos que apenas

algo em torno de 20% dos profissionais estão or-ganizados empresarialmente E os outros 80% são o quê? Ainda há muita informalidade, fato que se reflete na existência de profissionais sem direito à aposentadoria, sem direito a crédito e muitos outros benefícios. Para fortalecer a profissão, é preciso que os arquitetos sejam empreendedores, e para isso temos que institucionalizar a participação do arqui-teto na sociedade. No Paraná, há 20 cursos de arquitetura autorizados, dos quais saem cerca de mil profissionais por ano, ou seja, em 10 anos, dobraremos esse número. Por isso, é nosso papel incentivar os arquitetos a se-rem empreendedores formais pelo bem deles e de toda a sociedade. Essa realidade já era conhecida e foi comprovada pelo resultado preliminar do Censo realizado em todo o país, que trouxe um panorama por cidade. Essa mesma pesquisa identificou que temos 189 municípios paranaenses sem arquitetos. Ou seja, metade das prefeituras não tem arquiteto, seja como funcionário público, seja como morador da cidade. Esse é um dado extremamente preocu-pante. Como é que essas prefeituras fazem a gestão do seu território, está lá o engenheiro civil fazendo isso ou não há ninguém?

Como está funcionando a migração do conselho an-terior para o CAU? Todos os arquitetos do Paraná já solicitaram, receberam a nova carteira profissional?A migração foi obrigatória e automática. Aconteceu em alguns estados com mais dificuldade e em ou-tros de forma mais fácil. No Paraná, a migração dos dados foi efetivada em seis meses. O CREA tinha obrigação de passar os dados, e o CAU tinha o dever de recadastrar e de fazer todo o atendimento. No Pa-raná, isso funcionou muito bem. Em outros estados, não foi assim. É importante dizer que o artigo da Lei que previa a transferência do patrimônio de anos de arrecadação pelos arquitetos junto ao antigo conse-lho foi vetado, por isso o único repasse para o novo Conselho foi o referente à parte da arrecadação de 2011, o que nos possibilitou o início dos trabalhos. Em determinados estados isso ainda não aconteceu.

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Entrevista

Temos 189 municípios paranaenses sem arquitetos, ou seja, aproximadamente metade das prefeituras não tem arquiteto, seja como funcionário público,

seja como morador da cidade. Esse é um dado extremamente preocupante.

Nem todos os arquitetos receberam suas carteiras profissionais porque nem todos se recadastraram. Fi-zemos uma campanha forte em relação a isso, mas o recadastramento é voluntário. Quase 85% dos profis-sionais do estado já atenderam ao nosso chamado. No caso das pessoas jurídicas, ainda não temos levanta-mento, mas estamos fazendo convocações para o re-cadastramento o tempo todo. Para isso, estamos acio-nando órgãos públicos, universidades, informando das atribuições dos arquitetos e como eles devem agir.

Qual a relação entre o CAU e o IAB?O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) é uma entida-de centenária, que antecedeu inclusive a criação do CREA. O IAB sempre foi e continua sendo o local onde os arquitetos brasileiros se expressam sobre aspectos culturais e políticos. No Paraná, continuamos parcei-ros nesse sentido e não há sombreamento. O CAU tem atribuições previstas em Lei, como fiscalizar a atuação do bom arquiteto, do mau arquiteto e do leigo, bem como valorizar o trabalho do arquiteto em todo o Bra-sil. O IAB é uma entidade sem fins lucrativos, que tem força política intensa e atuação consagrada, o que foi essencial para a criação do CAU. Sem o IAB e outras entidades, é quase certo que o CAU não existiria.

Quais têm sido os principais desafios e conquistas neste primeiro ano de implantação do Conselho?O principal desafio é, sem dúvida, compreender exatamente como está sendo desenvolvida a atua-ção dos arquitetos e urbanistas no estado e no país: quem somos, onde estamos e o que estamos fazen-do, sem deixar de atender aos profissionais. Como conquistas, temos resultados estatísticos extrema-mente positivos: saímos do CREA com uma média mensal de 6 mil Anotações de Responsabilidade Técnica (ART), e hoje, com pouco mais de um ano de funcionamento, ultrapassamos a marca de 8 mil Re-gistros de Responsabilidade Técnica (RRT) mensais. Tudo isso porque o sistema está funcionando, é ba-rato, os profissionais aderiram e as prefeituras tam-bém. Assim, podemos dizer que fomos eficientes nessa transição, uma vez que já temos um volume 25% superior de registros em relação ao antigo con-selho. Dessa forma, digo que estamos no caminho certo, o que é uma grande conquista.

Quais são as metas para os próximos anos?Uma das principais é a instalação, ainda este ano, de cinco escritórios regionais do CAU. Apesar de termos a tecnologia da informação a nosso favor, nós temos que estar mais presentes e próximos dos profissio-nais. Fomos autorizados pela plenária do Conselho a instalar escritórios regionais em Maringá, Londri-na, Cascavel e Pato Branco e, em breve, também em Guarapuava. Além disso, no final de junho estaremos inaugurando nossa sede definitiva de Curitiba, loca-lizada na Casa Mário de Mari, uma residência mo-dernista do início da década de 60, que é uma UIP - Unidade de Interesse de Preservação. Esse tipo de ação, a instalação de escritórios regionais, vai de en-contro ao nosso objetivo de aumentar a presença da Arquitetura na sociedade, assim como a participação efetiva dos arquitetos em todas as regiões do estado.

Para o CAU, a sociedade já tem percepção das dife-renças entre o trabalho do arquiteto e do engenhei-ro? Qual seria a forma correta de diferenciação?A diferença básica é que o engenheiro é da área de tecnologia e o arquiteto é da área de humanas. Eu acho que esse é o nosso maior desafio, fazer a socie-dade entender a diferença entre o produto do arqui-teto do produto do engenheiro. Como exemplo, cito a Argentina e o Uruguai, países nos quais não há ne-nhum projeto que não tenha participação de um ar-quiteto. Essa é uma questão histórica, que tem rela-ção com a diferença entre as ex-colônias portuguesas e as ex-colônias espanholas na ocupação do territó-rio. As ex-colônias espanholas preocupavam-se mais com a valorização dos espaços públicos, enquanto as portuguesas priorizaram os espaços privados. Esses são dogmas que nós herdamos. Por isso, dizemos que o Brasil é um dos países do Ocidente em que o direito à propriedade é um dos mais exacerbados do mundo, onde o coletivo está em segundo plano. E de que forma isso afeta o trabalho dos arquitetos? Na gestão dos espaços públicos e privados. Então, esse é um paradigma que deve ser revisto. É importante destacar também que há apenas 10 anos temos uma norma de administração pública, que é o Estatuto das Cidades, no qual o poder público mostrou para a sociedade como se faz administração do território urbano, por reivindicação dos arquitetos.

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Entrevista

Para fortalecer a profissão, é preciso que os arquitetos sejam empreendedores, e para isso temos que institucionalizar a

participação do arquiteto na sociedade.

Ser verde está na nossa essência.Nos preocupamos com o consumo consciente de recursos dentro das Unimeds. Acesse www.unimed.me/ZmChGL para saber mais. E você, o que faz pelo meio ambiente?05 de junho. Dia Mundial do Meio Ambiente.

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ranchetas por computadores. Celula-res por smartphones. Público leigo por clientes cada vez mais exigentes. Con-selho multidisciplinar por Conselho pró-

prio. Essas são apenas algumas das mudanças que têm influenciado a profissão do arquiteto e urbanista nos últimos anos. Atualmente, não basta ao profissional que trabalha nessa área estar habilitado para projetar e solucionar espa-ços, é preciso também que ele saiba administrar a profissão como um negócio e como algo que in-fluencia diretamente no bem-estar da sociedade.

A disseminação dos conceitos de sustenta-bilidade e responsabilidade social e a crescente importância da correta construção dos espaços e das cidades tornam a atuação desse profissional mais reconhecida e visível a cada dia. Um dos re-flexos dessa evolução é a exigência de arquitetos

e urbanistas cada vez mais capacitados e prepa-rados para um mercado que pede ainda mais pro-dutividade e eficiência, sem deixar a qualidade de lado. Reconhecida por ser uma das profissões mais antigas da humanidade, a arquitetura está presente na vida de grande parte da população, o que a torna também cada vez mais atual.

Nesse contexto, a necessidade de inovar e de empreender são atitudes essenciais a todos os arquitetos e urbanistas. Da mesma forma, a união de profissionais de áreas interdependen-tes, organizados formalmente como empresas, também tem se consolidado como tendência desse mercado, tudo com o objetivo de acom-panhar a evolução da sociedade e, mais do que isso, contribuir para o desenvolvimento susten-tável das cidades.

Para o recém-criado Conselho de Arquitetura

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Arquiteto Empreendedor

Empreendedorismo, sustentabilidade e cidadania consolidam-se como características essenciais para o sucesso na profissão de arquiteto e urbanista e para o bem-estar da sociedade

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Bruna robassa

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 23

e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), empreende-dorismo, sustentabilidade e cidadania são os pilares essenciais para o sucesso da profissão e para o desenvolvimento sistêmico das constru-ções, da sociedade e das cidades. “Estar ao lado ou fazer parte desse movimento trará ao profis-sional a oportunidade de ação e, mais que isso, de participação ativa nos processos de gestão para assuntos de cidades, promovendo, assim, a cultura do exercício do poder político saudável e uma sociedade civil viva e proativa”, defende Jucenei Gusso Monteiro, conselheiro do CAU/PR e coordenador do Núcleo de Sustentabilidade, Empreendedorismo e Cidadania da entidade, o NESC-CAU/PR.

O Núcleo foi criado por iniciativa do presi-dente do Conselho, Jeferson Dantas Navolar, que reafirma a necessidade de alinhamento dos ar-

quitetos em prol do autodesenvolvimento, o que no âmbito individual do profissional influenciará positivamente o setor e o mercado, além de sen-sibilizar para a promoção do desenvolvimento sistêmico e sustentável da sociedade. “Essa é uma proposta que reforça a visibilidade e a ope-racionalidade da arquitetura e do que ela pode fazer de melhor na vida das pessoas, ancorada em métodos de aprendizagem executiva de alto nível”, destaca o presidente.

Os pilares defendidos pelo Núcleo desejam atrair não apenas arquitetos, como também academia, governo e empresas, estimulando a disseminação e a formação de parcerias. Para o coordenador do NESC-CAU/PR, o desafio inicia--se orientado em auxiliar no desenvolvimento da capacidade dos arquitetos, para que se tornem geradores de valor sustentável para si, ao setor e para a sociedade, alinhando a arquitetura com a economia global inclusiva e sustentável. “Não há forma de atingir o sucesso sem olhar às diretrizes sistêmicas que hoje orientam o mercado. Todos, sem distinção, têm obrigatoriamente que estar alinhados ao pensamento da atuação eficiente e na busca da eficácia na gestão”, diz.

Na visão do Núcleo, o empreendedorismo está também intimamente ligado ao desem-penho das edificações. “É outra percepção e, conclui-se que, a exemplo dos escritórios que já atuam em mercados mais exigentes com relação ao desempenho das edificações, atendimento a normas atualizadas e praticadas, também devem promover o que alguns chamam de design total – projetos integrados, sustentáveis e certifica-dos realizados por profissionais com diferentes expertises, com alto grau de gestão de projetos”, explica Monteiro.

E por falar em empreendedorismo, esse é o foco do primeiro projeto criado pelo Núcleo com o objetivo de estimular o surgimento e a gestão de empresas na área da arquitetura, além de possibilitar o desenvolvimento e a atualização das já existentes. Trata-se do projeto “Arquiteto Empreendedor”, uma ação coletiva que tem a missão de levar tecnologia, informações, facili-dades e ferramentas para que o arquiteto se tor-ne um empreendedor.

“Transformar os arquitetos em empreende-dores para que esses profissionais deixem a in-formalidade e, como pessoas jurídicas, tenham acesso a fontes de financiamento, possam participar de licitações e tenham benefícios so-ciais, como direito à aposentadoria, são alguns dos objetivos do projeto”, defende o presidente do CAU/PR.

“Fazer parte deste movimento trará ao profissional a

oportunidade de ação e, mais que isso, de

participação ativa nos processos de gestão para

assuntos de cidades, promovendo assim a

cultura do exercício do poder político saudável e

uma sociedade civil viva e proativa",

Jucenei Gusso Monteiro

Censo • Dados preliminares do censo reali-zado em todo o país para identificar a atuação dos arquitetos e urbanistas mostraram que, no Paraná, apenas 1,4 mil dos 7,35 mil profissionais cadastrados no CAU/PR são organizados como pessoa jurídica, ou seja, o exercício da profissão de arquiteto ainda é muito informal. A maioria trabalha de forma não organizada. A pesquisa também identificou que, no Brasil, 84 mil pro-fissionais se recadastraram e que há a suprema-cia das mulheres na profissão. De acordo com o Censo, 60,59% dos profissionais registrados no Conselho, são do sexo feminino. Elas são maio-ria entre profissionais mais novos, até os da faixa etária dos 60 anos (tabela 1). Em relação a ren-da salarial, dentre os arquitetos registrados no Conselho, 40% recebem na faixa entre três e oito salários mínimos. No universo de arquitetos e urbanistas brasileiros, apenas 20,67% atendem como pessoa jurídica, e são justamente estes que registraram as melhores remunerações, como mostra a tabela 2.

Outro dado que chama a atenção na pes-quisa é a ausência de arquitetos e urbanistas atuantes em 189 municípios do Paraná. “A falta de participação dos arquitetos e urbanistas é o que acaba refletindo posteriormente no trânsito caótico das cidades, nos problemas ambientais, e em espaços mal planejados”, destaca o presi-dente do Conselho.

Por isso, uma das prioridades do projeto é preparar os profissionais para que eles possam auxiliar os municípios na captação de verbas por meio de editais. Entidades, como a Caixa Econômica Federal, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Associação Comercial do Paraná (ACP), a entidade Fomen-to Paraná, o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial – CPCE/FIEP, a Aliança Nosso Para-ná Sustentável – ONU, o Fundo de Assistência Social dos Arquitetos e Urbanistas (FUNSAU), a Berkley Seguradora, entre outras entidades, par-ticipam dessa iniciativa.

“Estamos trabalhando com esse objetivo desde 2008 no estado, porque já percebíamos alto grau de informalidade por parte dos profis-sionais da área. Destaco que o papel de cada um dos parceiros do Núcleo é essencial. Cada um vai dizer onde pode divulgar o papel do arqui-teto, onde está sendo mal usada a legislação, onde se pode fazer mais investimentos com qua-lidade e onde é possível firmar parcerias para esse tipo de investimento, que tem visão de sus-tentabilidade e de cidadania. A boa Arquitetura

é fundamental para a formação da cidadania”, destaca Navolar.

O exercício de cidadania proposto pelo Núcleo é o viés que complementa para ações de difusão e, principalmente, a contrapartida do setor da arquitetura à sociedade. “Contribuição é como podemos definir nossa proposta! Almejamos o engajamento dos pro-fissionais, tendo como foco a cola-boração na melhoria de posturas e de processos em prol do desenvolvi-mento transparente e justo do País”, reflete Monteiro. Ainda de acordo com ele, o arquiteto pode interferir di-retamente na qualidade de vida de cada município. “Sabemos que há recursos dos Governos estaduais e federal para as adminis-trações municipais que muitas vezes não são uti-lizados por falta de projetos. Por isso, a intenção do Núcleo é orientar e preparar os profissionais para que eles possam auxiliar na captação dessas verbas, promovendo assim o desenvolvimento re-gional”, completa.

Exemplos de empreendedorismo • O di-namismo, a inquietação, a vontade de inovar, de aprender, de ensinar e atuar para o bem-estar da sociedade identificados nos arquitetos em-preendedores que hoje estão consolidados no mercado servem de inspiração para defesa des-sa bandeira do CAU/PR. Nas histórias relatadas a seguir, é possível perceber que o empreende-dorismo vai muito além da abertura de uma em-presa e tem estreita relação com a superação de limites e com a identificação de oportunidades.

Ainda de acordo com o dicionário Priberam de Língua Portuguesa, o conceito de empreen-dedorismo é definido como “Atitude de quem é empreendedor, que é quem, por iniciativa pró-pria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de desenvolver e dinamizar ser-viços, produtos ou quaisquer atividades de or-ganização e administração”.

Apesar das origens, trajetórias e atuações se-rem diferentes, o destino de diversos profissio-nais que trilharam seus caminhos tendo os con-ceitos de empreendedorismo, sustentabilidade e cidadania em mente foi o mesmo: o sucesso.

A Copa do Mundo e a dedicação aos estu-dos • A capacidade de identificar oportunidades e a dedicação aos estudos são as características que tornam o professor e pesquisador Irã Taborda

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arquiteto político e empreendedor”É fundamental a atuação do arquiteto na gestão pública. o desenho da cidade também está em suas leis", Jonny Stica (PT), primeiro arquiteto vereador de Curitiba em seu 2º mandato (2009-2012 / 2013-2016)

Du-d e q u e

um empreen-dedor. Nascido na dé-

cada de 60, Dudeque ingressou na faculdade de Arquitetura e Urbanismo com os objetivos mais simples possíveis, segundo ele mesmo des-creve. “Eu cursava História e achava que, como historiador, morreria de fome. Então decidi fazer Arquitetura”, lembra.

Os primeiros anos de faculdade e de carreira profissional foram marcados por pesquisa e nem tanta dedicação assim. “Se eu tinha algum es-pírito empreendedor, ele tendia para o lado da pesquisa histórica”, diz. Depois de graduado, Dudeque formulou planos direcionados para a pesquisa histórica na área de arquitetura e para o ensino, mas eram passos tímidos. “Aí, ocorreu uma coincidência que determinou o meu futuro na mesma época em que o Brasil foi campeão do Mundo de Futebol, em julho de 1994, quando foi lançado um concurso de monografias para estu-dantes de arquitetura, com tema livre, que rela-cionassem história e arquitetura.

Dudeque tinha a monografia que lhe servira para obter o título de Bacharel em História, mas a ênfase, naquele caso, era mais historiográfica do que arquitetônica. “Eu estava em dúvida se entrava no concurso ou não. Aí, parti para Bra-sília, para o Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura. No último dia do evento, o Brasil foi campeão do mundo. Aí, senti uma depressão: Tenho que fazer alguma coisa da vida”, lembra.

A reestruturação da monografia para partici-

par no concurso na-cional foi feita em uma se-

mana de intensa dedicação. “Ali começou, de fato, a minha vida como

historiador da arquitetura. Fui muito bem recebido na Universidade de São Paulo. Aquela vitória facilitou, depois, a minha en-trada no Mestrado da Faculdade de Arquite-tura e Urbanismo da USP, a FAU-USP”, conta.

Para Dudeque, o estudo é a receita para o sucesso na profissão. “Estudem muito, estu-dem a vida inteira, mas sempre duvidem da própria capacidade e do próprio conhecimen-to. Não há nada pior do que arquitetos que se tornam ignorantes devido à certeza de que detêm conhecimentos insuperáveis”, acon-selha. Ainda segundo ele, a importância da atuação do profissional de arquitetu-ra e urbanismo para a sociedade está na aptidão que possui para melhorar o am-biente construído.

“A arquitetura é a ciência e a arte do ambiente construído. Por ambiente cons-truído, entenda-se tudo aquilo que não é ambiente natural. Por exemplo: uma pes-soa qualquer acorda, em seu dormitório. Ele está num ambiente construído. Ele vai até a sala do seu apartamento. Ele está num ambiente construído. Ele sai para a rua. Ele continua num ambiente construído. Ele atraves-sa a cidade, rumo ao trabalho. Depois do expe-diente, ele vai descansar numa praça ou num shopping. Em nenhum momento, do dormitório à praça, ele saiu de ambientes construídos. Ao melhorar esses ambientes, a arquitetura melho-ra a sociedade. Ninguém pode ignorar a arqui-tetura, porque ninguém vive sem ela. A não ser é claro, se optar por viver no deserto...”, reflete.

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Aptidão nata e fidelidade às origens • O arquiteto Ronaldo Duschenes, hoje proprietário da empresa Flexiv – Escritórios de Sucesso, sem-pre conviveu com arquitetos e ouviu falar sobre o assunto desde criança por ser essa também a profissão de seu pai. “Sempre admirei essa área do conhecimento e interessava-me muito por ar-tes, sempre tive contato próximo com a dança, a arquitetura, a música, a pintura. Nesse cenário, pareceu-me a melhor escolha”, lembra.

Assim como a escolha da profissão, o espírito empreendedor de Duschenes aflorou cedo. Ele ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanis-mo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) aos 19 anos e já no primeiro ano do curso, em 1964, abriu um escritório com outros nove colegas para prestar serviços de desenho e desenvolvimen-to de projetos aos arquitetos já estabelecidos. “Essa associação durou aproximadamente um ano, e envolvi-me em vários outros projetos simi-lares no decorrer do curso. Ao sair da faculdade em 1968, imediatamente abri meu escritório em sociedade com outros colegas”, conta.

A primeira empresa durou até 1981, quando Duschenes se mudou para Curitiba. “Em 1985, fundei, em parceria com Celia Lass, minha espo-sa e arquiteta formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Flexiv – indústria de mobili-ário corporativo com o DNA do design”, relata. Segundo conta o empresário, a Flexiv sempre se manteve fiel à sua essência, e isso foi determi-nante para seu crescimento e sua consolidação no mercado. “Atualmente, trabalhamos com mó-veis corporativos com soluções completas e in-tegração tecnológica, com linhas para todos os ambientes empresariais. Somos a indústria de mobiliário corporativo mais premiada do merca-do brasileiro, tendo acumulado mais de 30 prê-mios em 28 anos de atuação. Temos, atualmen-te, 110 funcionários, todos focados em oferecer atendimento premium e móveis com qualidade

superior em design e acabamento”, destaca. Da mesma forma que seguiu os passos de

seu pai, Duschenes foi fiel em aplicar na sua empresa os conhecimentos essenciais adqui-ridos na faculdade. “A Flexiv possui ações de responsabilidade socioambiental em todas as etapas do processo de produção, entrega e ins-talação do mobiliário corporativo”, salienta. O descarte responsável de resíduos garante que todo plástico, papelão, aço, ferro, tintas e sol-ventes excedentes da produção sejam encami-nhados para reciclagem e reutilização por em-presas certificadas. O processo de fabricação do mobiliário prioriza a eficiência, com técnicas para redução da geração de resíduos e do con-sumo energético.

A água utilizada no beneficiamento dos me-tais é tratada em uma estação própria de trata-mento de efluentes até atingir os parâmetros legais para retorno à natureza. A Flexiv também aplica o conceito de logística reversa, promo-vendo o reaproveitamento e descarte ambiental-mente corretos dos materiais utilizados para em-balagem e entrega do mobiliário. Toda a madeira utilizada como matéria-prima para os móveis é proveniente de fontes certificadas pelo Conse-lho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC Brasil).

Não apenas a Flexiv, mas um dos primeiros projetos do arquiteto teve grande destaque na mídia e na sociedade. Ele foi o responsável pela elaboração do projeto da casa da escultora Ninca Bordano, ícone da arquitetura que recebeu des-taque de publicações especializadas na ocasião. Além de empresário com projetos nacionalmente reconhecidos, Duschnes sempre foi muito ativo na participação da vida associativa – desde o grêmio estudantil, passando pelas lutas políticas durante a ditadura, chegando à defesa do meio ambiente desde os anos 70. Atualmente, ele é vice-presidente da Associação Brasileira dos Es-critórios de Arquitetura (AsBEA-PR), conselheiro

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tabela de remuneração – Pessoa Física x Pessoa JurídicaCateGorIaS

até 01 salário mínimo01 a 03 salários mínimos03 a 05 salários mínimos05 a 08 salários mínimos08 a 10 salários mínimos10 a 15 salários mínimos15 a 20 salários mínimos

acima de 20 salários mínimostotal

PeSSoa FÍSICa73,92%74,49%66,43%55,61%49,66%45,06%42,14%40,25%57,80%

PeSSoa JurÍDICa26,08%25,51%33,56%44,39%50,34%54,90%57,86%59,75%42,20%

Fonte: Censo CAU/BR

“estudem muito, estudem a vida inteira, mas sempre duvidem da própria capacidade e do próprio conhecimento. não há nada pior do que arquitetos que se tornam ignorantes devido à certeza de que detêm conhecimentos insuperáveis", Irã Dudeque

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diretor do Instituto de Arqui-tetura do Brasil (IAB), conse-lheiro deliberativo do Instituto Brasileiro de Qualidade e Pro-dutividade (IBQP-PR), conse-lheiro do Centro de Design do Paraná e vice-presidente do Sindicato da Indústria do Mo-biliário e Marcenaria do Estado do Paraná (Simov-PR).

Para Duschenes, o sucesso do arquiteto como colaborador também é extremamente impor-tante para a sociedade, mesmo que atue em outras áreas não diretamente ligadas à arquitetu-ra, e não pode ser desprezado. Ele destaca que a procura por um bom mentor é de grande importância para os estudantes de arquitetura e profissionais em início de carreira. “É fundamental contar com a experiência e a visão de mundo de alguém em quem se confia e respeita para desenvolver o potencial dos jovens”, destaca.

Movido pela inquietação • O arquiteto pro-fessor Doutor João Virmond Suplicy Neto repre-senta nada mais nada menos do que a federação de entidades de arquitetos composta por 33 pa-íses das regiões Norte, América Central, Caribe, Região Andina e Cone Sul, na qual estão inseri-dos aproximadamente 600 mil arquitetos, o que significa metade dos profissionais atuantes no planeta. À frente da Federação Panamericana de Associações de Arquitetos, a FPAA, Suplicy diz ter sido movido pela inquietação durante toda a sua trajetória profissional. Desde que ingressou na faculdade, na década de 70, Suplicy foi estudan-te, professor, já atuou em canteiro de obras, pro-jetou residências, edifícios comerciais e residen-ciais, hipermercados, shopping centers e obras especiais, abriu o próprio escritório e acumula grande carga de conhecimento e experiências que iniciaram ainda na infância, quando teve a oportunidade de conviver próximo à carpintaria e à marcenaria na fazenda de seus familiares.

“Além dessa experiência particular da car-pintaria e da marcenaria proporcionadas pela vivência na fazenda, por influência de meu pai, sempre gostei de desenhar, desde criança. Essa interlocução com o meio rural fez com que eu encontrasse na arquitetura um meio de utilizar minhas habilidades, além da grande chance de optar por um caminho mais sustentável”, conta.

O início da profissão foi como autônomo, rea-lizando grandes obras, o que mais tarde revelou a necessidade de ele se organizar formalmente como empresa. “A formalização dos arquitetos como pessoa jurídica é importante para a união de esforços e representa um salto adiante na exe-cução do trabalho”, destaca. Outro fator que Su-plicy aponta como diferencial para o sucesso de sua carreira foi a oportunidade de cursar parte do primeiro ano de faculdade em São Paulo, na FAU--Braz Cubas, o que propiciou valioso conhecimen-to teórico e o contato inicial com o IAB. Depois de um semestre cursado em São Paulo, ele deu con-tinuidade aos estudos na UFPR, em Curitiba, onde teve contato com mestres que lhe apresentaram a experiência prática em grande parte adquirida da participação em concursos de arquitetura. “Fui muito feliz por iniciar a carreira com conhecimen-tos intelectual e prático proporcionados por essas duas grandes escolas”, reflete.

O que aprendeu e estudou durante sua carrei-ra, hoje Suplicy repassa aos seus alunos da Ponti-fícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), o que tem continuidade na interlocução com os de-mais profissionais no Brasil e no exterior nos diver-sos eventos promovidos pelas entidades em que atua. “Um dos exemplos de experiência prática da qual nunca esqueci foi a de visitar e atuar em um canteiro de obras. Esse tipo experiência é único, não tem preço, por isso sempre levo meus alunos às obras”, conta. O professor ressalta que o tempo de escola é curto, por isso o conhecimento deve ser constantemente enriquecido e reciclado.

Além de ser empresário e professor, Suplicy acumula um currículo de atuação junto a entida-

“É fundamental contar com a experiência e visão de mundo de alguém em quem se confia e respeita para desenvolver o potencial dos jovens", Ronaldo Duschenes

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 29

des significativas da área (IAB - Instituto de Ar-quitetos do Brasil, CAU/PR - Conselho de Arqui-tetura e Urbanismo do Paraná, FPAA - Federação Panamericana de Associações de Arquitetos, CIALP - Conselho Internacional de Arquitetos de Língua Portuguesa, UIA - União Internacional de Arquitetos, AEAULP - Academia de Escolas de Ar-quitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa).

Além de já ter participado de diversos even-tos importantes para discussão e disseminação de conhecimentos do setor, já foi responsável por organizar e promover conferências e encontros de destaque e âmbito nacional e internacional.“A in-quietação por buscar conhecimento fora da minha cidade na década de 80 foi o que acabou me mo-vendo para aprender e empreender cada vez mais. De eventos locais ao mestrado na UFRGS e douto-rado na USP, do IAB do Paraná ao Nacional e à Fe-deração Panamericana, dos eventos locais aos in-ternacionais, e assim por diante”, destaca. Suplicy participou ativamente de decisões importantes para a classe, inclusive na criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, enquanto presidia o IAB.

O professor destaca que ser empreendedor sig-nifica estar atuante, fazer o que gosta e ter dinamis-mo. “Empreender é transpor limites. E, na minha vida, essa inquietação levou-me ao aprimoramento de minha demanda intelectual, passando da aca-demia, para o mestrado e doutorado, que nos dire-cionam a caminhos para maior prospecção, o que possibilitou a me sentir um profissional muito mais preparado, tanto para continuar atuando na prática no escritório quanto para disseminar conhecimen-tos, tanto no meio acadêmico quanto no profissio-nal”, completa.

Obras sustentáveis • Para o empresário e professor apo-sentado da UFPR, José Sancho-tene, a escolha pela profissão de arquitetura e urbanismo teve origem ainda na infância, pelo fato de gostar de inventar coi-sas. Segundo ele, o pensamen-to da maioria das pessoas que faziam um curso superior na dé-cada de 1960 era para não atuar como empregado. “Além de dar aula na universidade, sempre trabalhei como autônomo. A iniciativa para ter uma empresa formalmente constituída surgiu por conta da exigência dos con-cursos organizados por órgãos públicos”, conta. Hoje Sancho-

tene faz projetos de arquitetura e urbanismo de todos os tipos em seu escritório, sempre tendo aspectos de sustentabilidade aplicados. “Anti-gamente sustentabilidade significava economia de recursos como água e luz, hoje tudo está mui-to mais sofisticado, inclusive com certificação, e é importante que esteja”, diz.

Uma das grandes obras, das quais o arqui-teto participou há cerca de 40 anos, foi o pro-jeto da sede da Petrobrás no Rio de Janeiro. Na época ele fazia parte da equipe que venceu um concurso nacional. “Ao invés de 60 andares, projetamos o prédio com 26, o que refletiu em economia de energia e redução de custo com elevadores. Além disso, a fachada da obra é feita com vidros especiais com micro persianas que otimizam o aproveitamento da luz solar”, conta. Atualmente o arquiteto acompanha a construção dos Laboratórios Integrados de Ge-nética Humana (LIGH) do setor de Ciências Bio-lógicas da UFPR, o seu primeiro projeto com a certificação internacional LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). “Esse tipo de construção envolve uma série de ritos bas-tante criteriosos que vão desde a maneira de projetar até o acompanhamento e manutenção da construção. Entre os aspectos que diferen-ciam a obra ainda em fase de execução está o cuidado com a erosão do solo, a necessidade de reaproveitamento da madeira e a limpeza das rodas dos caminhões toda vez que circulam pela cidade, além de muitos outros diferenciais sustentáveis do projeto como um todo”, relata. Quem fiscaliza é a entidade certificadora.

“a inquietação por buscar conhecimento fora da

minha cidade na década de 80 foi o que acabou me

movendo para aprender e empreender cada vez mais. De eventos locais

ao mestrado na uFrGS e doutorado na uSP, do IaB do Paraná ao nacional e à Federação Panamericana,

dos eventos locais aos internacionais e assim por

diante", João Suplicy

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Orientação • A promoção de pesquisas, con-ceituais e empíricas, que aperfeiçoem o conheci-mento do arquiteto e de suas práticas, também é objetivo do Núcleo de Empreendedorismo, Sus-tentabilidade e Cidadania do CAU/PR. O projeto Arquiteto Empreendedor, por sua vez, objetiva disponibilizar a todos os profissionais do Paraná, pessoas físicas ou jurídicas, com empresas cons-tituídas ou não, diversas ferramentas de gestão empresarial para que, além de desempenhar seus papéis como dignos representantes de sua área, também possam manter o seu ofício de forma sustentável e perene frente às diversidades en-frentadas por empresário de qualquer segmento que queira ser competitivo. Em síntese, o projeto adicionará competências ao profissional arquite-to, tornando-o um empresário da Arquitetura.

Na área de formação, o Sebrae/PR é um dos parceiros do NESC-CAU/PR, uma vez que tem a função de promover cursos de capacitação aos arquitetos e urbanistas empreendedores orga-nizados com pessoas jurídicas, ou seja, como empresas. O Núcleo e o projeto contarão, inicial-mente, com o apoio do Sebrae/PR na aplicação de cerca de 50 horas de cursos aplicados em módulos de aprendizagem que abrangem temas

Cruzamento entre as variáveis gênero e faixa etária

FaIXa etárIa / total 100%

Abaixo de 20

F

M

57,14%

42,86%

78,34%

21,66%

72,02%

27,98%

65,96%

34,04%

62,29%

37,71%

57,40%

42,60%

51,80%

48,20%

57,14%

42,86%

28,73%

71,27%

52,78%

47,22%

60,59%

39,41%

Acima de 61 totalNão informada

a idade20 a 25 26 a 29 30 a 35 36 a 40 41 a 50 36 a 40 51 a 60

Fonte: Censo CAU/BR

como Atitudes e Comportamentos do Novo Em-preendedor; Planejamento Estratégico para o Ar-quiteto; Marketing e Vendas de Serviços e Produ-tos; Ferramentas de Tecnologia e Inovação; entre outros temas que serão futuramente anunciados.

Como o foco do Sebrae/PR é restrito aos pro-fissionais já organizados como empresas, outras parcerias para a aplicação das modalidades di-versas de aprendizagem serão firmadas com o objetivo de promover a excelência e eficiência na gestão da profissão.

Entre as demais iniciativas do NESC-CAU/PR estão a assessoria para orientar os interessados em questões que vão da abertura de empresas à obtenção de linhas de financiamento, passando pela disseminação de informações sobre assis-tência à saúde, previdência complementar e se-guro de responsabilidade civil.

“O Núcleo é uma ação coletiva que tem a mis-são de levar tecnologia, informações, facilidades e ferramentas para que o arquiteto se torne um empreendedor. Nós estamos dizendo ‘existe um mercado, estão aí os números, vocês precisam se aprimorar e nós vamos ajudar nessa tarefa’. É um trabalho grande, complexo, paralelo ao Con-selho, e o CAU é um dos agentes. Se fosse possí-vel resumir o perfil de um arquiteto de sucesso, eu diria que ele deve ser empreendedor, com vi-são de sustentabilidade e cidadania”, resume o presidente do CAU/PR.

Laboratórios Integrados de Genética Humana (LIGH) do setor de Ciências Biológicas da UFPR

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro/RJ

D

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

ificuldade em cumprir os prazos e o or-çamento. Esse costuma ser o resultado de um projeto mal elaborado, desen-volvido às pressas e em completo isola-

mento. É o que analisa o consultor em elaboração, gerenciamento e avaliação de projetos, planeja-mento estratégico e captação de recursos, Ricar-do Falcão. “Projeto não é difícil, mas dá trabalho, pois há muitos detalhes e sua elaboração é demo-rada. Cada semana gasta na elaboração dos de-talhes representa meses de tranquilidade na sua implantação”, alerta. Ainda segundo o consultor, os projetos são o meio mais viável e efetivo para instituições que buscam captação de recursos para desenvolvimento de suas atividades e para as empresas patrocinadoras e apoiadoras estabe-lecer as parcerias. Objetivos realistas e quantifi-cados, com cronograma e orçamento factíveis são características apontadas como essenciais para que projetos desenvolvidos por empresas e enti-

dades do terceiro setor saiam do papel. Além disso, segundo relata Falcão, que durante

11 anos atuou como financiador, a técnica comum a todos que conquistam recursos é a elaboração do projeto certo para o parceiro certo. “O principal é determinar e oferecer o que o financiador quer”, diz. As empresas podem captar recursos nas agên-cias de fomento, via bancos e sócios, enquanto as instituições sem fins econômicos encontram financiadores nos três setores. Entre alguns exem-plos de boas parcerias firmadas entre empresas e banco, o melhor exemplo, segundo Falcão, está no BNDES que tem sido o grande parceiro das empre-sas com baixos juros para projetos socioambien-tais que visam modernização das empresas para a redução dos impactos ambientais e a maximi-zação dos impactos socioeconômicos. Do outro lado, empresas como a Petrobras, Tigre, Banco Itaú, Banco Santander, Grupo Pão de Açúcar, entre outros, têm muitas parcerias com o terceiro setor.

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Implantação de projetos

socioambientais requer

planejamentoAlém da discriminação das atividades, objetivos realistas e

quantificados são características de projetos bem-sucedidos

Bruna robassa

Planejamento e profissionalização • Ins-tituições que pretendem desenvolver alguma atividade com apoio de recursos de agentes fi-nanciadores “precisam entender que projeto é parceria e que uma parceria tem que ser boa para os dois”, destaca Falcão. Além disso, o consul-tor alerta que elaborar um projeto sozinho sem ouvir as outras áreas envolvidas é uma atividade estéril. “Projeto é planejamento e planejamento é uma atividade coletiva”, destaca.

No caso das organizações empresariais e so-ciais que desejam captar recursos, a profissiona-lização em todas as suas áreas é essencial. “Uma das grandes preocupações que os financiadores têm é a falta de conhecimento técnico gerencial na maioria das ONGs, em que a função é exercida, muitas vezes, por excelentes técnicos bem inten-cionados, mas sem formação gerencial”, analisa.

Outra orientação importante é que a pessoa responsável pela captação de recursos precisa estar sempre informada do panorama econômico geral e da situação da empresa onde está bus-cando investimento. "O captador de recursos pre-cisa prestar atenção na situação econômica antes de oferecer projetos às empresas, precisa saber negociar e conquistar. A fidelização de parceiros também é importante. Mostrar profissionalismo dá credibilidade à entidade”, ressalta Falcão.

Por que investir? • Se de um lado estão as empresas, indústrias e entidades do terceiro setor buscando recursos para desenvolvimento de seus projetos, de outro estão os agentes financiadores, que são outras empresas, normalmente de grande porte, e os bancos. A orientação para que a em-presa tenha segurança de estar investindo em um

bom projeto é considerar que o principal não é o projeto, mas a instituição que deve implementá-lo.

Para começar, é necessário que o investidor saiba mais sobre a organização, que deve apre-sentar seus dados cadastrais em dia e uma es-trutura mínima que ofereça segurança no anda-mento do projeto e na prestação de contas. Além disso, a empresa deve avaliar também os certifi-cados e prêmios conquistados pela instituição, assim como sua missão, experiência na área e no mercado, qualificações da equipe, parceiros e os resultados que já obteve com suas ações e proje-tos. “Todas essas informações precisam ser sinte-tizadas em apenas uma página”, destaca Falcão.

Outra indicação, principalmente se a entida-de na qual o investidor decidiu apostar for des-conhecida, é que a duração dos projetos seja de até um ano, pois assim será possível avaliar como é a organização e se presta contas adequa-damente. Para avaliar o trabalho, Falcão sugere que sejam feitos acompanhamentos de três em três meses para ver o avanço do projeto e dos objetivos propostos.

Acompanhamento • “Projeto exige acom-panhamento”, enfatiza. Não basta investir, é de extrema importância que as empresas valoriza-rem o dinheiro destinado a ações sociais cobran-do resultados e acompanhando de perto a insti-tuição escolhida. “O problema ocorre quando as empresas só deixam o recurso nas instituições e vão embora sem saber dos resultados, da pro-gressão e da melhora obtida. As empresas preci-sam acompanhar, visitar a instituição, a qual até pode mandar um relatório, mas a empresa preci-sa conferir”, completa Falcão.

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“Projeto não é difícil, mas dá trabalho, pois há

muitos detalhes e sua elaboração é demorada.

Cada semana gasta na elaboração dos detalhes

representa meses de tranquilidade na sua

implantação", Ricardo Falcão

Investimento Social Privado x Responsa-bilidade Social • É importante ter em mente que investir em projetos não é o mesmo que ter res-ponsabilidade social. Investimento social priva-do significa investir em projetos de Organizações não Governamentais (ONGs), enquanto respon-sabilidade social é produzir de forma socialmen-te responsável, isto é, sem explorar funcionários, sem utilizar trabalho infantil, sem destruir o meio ambiente, entre outras práticas. Uma empresa pode não ter responsabilidade social e investir em projetos. “Há pouco tempo, saiu na mídia uma empresa que fazia investimento em projetos de ONGs, mas explorava trabalho infantil na fa-bricação de seu produto”, analisa Ricardo Falcão.

As empresas devem pensar no investimento so-cial privado da mesma forma e com o mesmo cui-dado com que pensam em seu investimento finan-ceiro e tratar a sua área de responsabilidade social com mesmo profissionalismo com que trata as suas outras áreas, colocando à sua frente pessoas capa-citadas. “O social não é o determinante em seu ne-gócio, mas, se bem feito, será o diferencial do seu negócio. A globalização tornou tudo muito igual, nesse quadro, o investimento e a responsabilidade social podem reduzir custo, motivar seus funcioná-rios, aumentando a produtividade e dar um desta-que à sua empresa e aos seus produtos”, diz.

Oficina • Esses e outros assuntos foram abordados pelo consultor no segundo encontro

Responsabilidade Socialc o r p o r a t i v a

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“as empresas têm um importante papel como protagonistas no desenvolvimento sustentável local quando apoia projetos na área socioambiental. em nossa visão, o investimento social deve ter foco nas estratégias empresariais e nas necessidades das comunidades atendidas", Rosane Fontoura

dos Temas Relevantes para Indústrias e Sindica-tos: Oficina de Elaboração de Projetos, promovido pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) por meio da iniciativa do Núcleo de Indústrias e Sindicatos (NIS) do Conselho Paranaense de Cidadania Em-presarial (CPCE), com o objetivo de mostrar aos profissionais de sustentabilidade como avaliar e desenvolver projetos na área de responsabilida-de socioambiental corporativa.

No evento, que aconteceu nos dias 24 e 25 de abril, a coordenadora executiva do CPCE, Rosane Fontoura, ressaltou a importância dos eventos realizados pelo NIS e das indústrias se interessa-rem pelo tema. “As empresas têm um importante papel como protagonistas no desenvolvimento sustentável local quando apoia projetos na área socioambiental. Em nossa visão, o investimento social deve ter foco nas estratégias empresariais e nas necessidades das comunidades atendi-das”, explica Rosane.

Agentes Financiadores • Além de empre-sas investidoras, organizações do terceiro setor devem estar sempre atentas às organizações na-cionais e internacionais que oferecem recursos, sendo apenas em alguns casos via edital. Entre os agentes financiadores desse tipo, destacam--se fundações, institutos e empresas participan-tes do GIFE e do Instituto Ethos, as agências bila-terais, como a agência de cooperação técnica da Alemanha GTZ e a agência de cooperação interna-cional do Japão JICA.

Também são financiadoras as agências mul-tilaterais, como a União Europeia, a Organiza-ção dos Estados Americanos (OEA) e as Nações Unidas e suas agências dos quais se destacam o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Programa das Nações Unidas para o De-senvolvimento (PNUD), o UNICEF, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), entre muitos outros. “As principais áreas de in-teresse costumam ser para projetos com ações para o meio ambiente, geração de renda e para a infância, e não precisamos esperar por editais para captar recursos junto a elas”, lembra Falcão.

Inovação • Mais voltado para empresas que desejam captar recursos, um edital nacional de destaque é o Senai Sesi de Inovação. De acordo com a gestora do programa, Daniele Farfus, o edital é uma iniciativa que visa apoiar projetos de pesquisa aplicada em empresas do setor in-dustrial, por meio dos Centros de Tecnologia do SENAI e unidades do SESI, com ênfase em inova-ções tecnológica e social.

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“O Paraná é uma referência nesse Edital, so-bretudo em aprovação de projetos submetidos. Para submeter projetos ao edital, é necessária a participação das indústrias e percebe-se, a cada ano, procura maior. Para o Sesi também é inte-ressante avaliar que já temos indústrias parceiras em mais de um projeto”, avalia Daniele.

As principais características dos projetos aprovados por esse edital são ideias inovadoras que efetivamente possam ser transformadas em produtos, processos e serviços que agreguem valor às indústrias e que promovam a qualidade de vida do trabalhador. Outro fator importante para as inovações sociais é analisar o potencial de replicabilidade, ou seja, como esses projetos podem ser disseminados em outros contextos.

Os critérios de avaliação dos projetos consi-deram, em linhas gerais, a descrição da inovação proposta e análise de viabilidade econômica e do cenário por meio de apresentação de plano de ne-gócios e contrapartidas econômicas e financeiras aportadas para o desenvolvimento da inovação.

Segundo conta Daniela, quatro projetos do edital de 2011 estão em fase final e sete novos projetos aprovados no Edital 2012 estão em fase inicial.

Ainda de acordo com a gestora, o SESI Paraná está de portas abertas para indústrias que quei-ram desenvolver novas propostas de inovação so-cial. “Um projeto bom é aquele que envolve par-cerias estratégicas, que busca desenvolver o novo e que consegue contribuir com o desenvolvimento social durante e após sua aplicação”, lembra.

O edital é uma oportunidade para que parce-rias efetivas se concretizem entre o SESI/PR e a indústria. De acordo com a gestora do programa, as indústrias estão cada vez mais inserindo nos seus processos a metodologia de gestão por meio de projetos. “Trabalhar por projetos é ter clareza de que determinada ação será desenvolvida em certo período com um objetivo a ser atingido, mensura-do e com resultados concretos. Eventos como o do CPCE contribuem para o desenvolvimento das com-petências técnicas necessárias”, completa Daniele.

“um projeto bom é aquele que

envolve parcerias estratégicas, que

busca desenvolver o novo e que consegue

contribuir com o desenvolvimento

social durante e após sua aplicação",

Daniele Farfus

om mais de 40 anos de atuação nos segmentos de incorporação residencial, construção civil, projetos e montagens in-dustriais, o Grupo Plaenge conta com um

corpo técnico de cerca de 160 engenheiros e ar-quitetos. No segmento residencial mais de 60 mil pessoas habitam as mais de 220 torres entregues pela empresa em oito cidades brasileiras, entre elas Curitiba, Londrina, Campo Grande e Cuiabá e também no Chile. Na Divisão Industrial, são obras em 19 estados brasileiros e também na Venezuela.

Essa história de sucesso começou na década de 1970, com a construção de uma gráfica em Londrina. Com pouco mais de um ano de existência, a empre-sa assinou o contrato para execução de uma fábrica de Coca-Cola, o que veio a consolidar a Plaenge para execução de outras obras do gênero e também no mercado. Entre os diferenciais da construtora, há a preocupação com a responsabilidade socioambien-tal e a sinergia entre arquitetos e engenheiros e de-mais profissionais que atuam na empresa.

De acordo com a gerente regional de Londrina do Grupo Plaenge, Célia Catussi, essa integração e essas preocupações estão presentes desde a concepção do projeto. “O desenvolvimento de um layout, que vise o convívio entre as pessoas, o modo de viver e a distribuição dos ambientes, vem da arquitetura. Os engenheiros têm a técnica e os arquitetos dizem como fazer isso”, explica. Para que os clientes possam conferir esses dife-renciais ainda em fase de obra, a empresa monta apartamentos decorados para todos os projetos.

Os empreendimentos são planejados desde o início com uma política ambiental sustentável. Aproveitamento de água da chuva, espaço espe-cífico para lixo reciclável, medição individual de água, gás e energia elétrica, além da preocupa-ção com a entrada de luz do sol nos ambientes são alguns exemplos das ações aplicadas nas obras. “Todos os funcionários, tanto os terceiri-zados como os colaboradores próprios, recebem treinamento não apenas para construir espaços com características sustentáveis, mas, principal-mente, para que o processo construtivo esteja ali-nhado com esses princípios”, conta Célia.

Divisão Industrial • A empresa também atua no segmento industrial, por meio da marca Emisa Plaenge, que possui em seu portfólio obras de grandes empresas. Foi um desses projetos, o da construção de uma fábrica da Coca-Cola, inclu-sive, o responsável pela consolidação da Plaenge no mercado logo quando foi criada, na década de 1970. No segmento industrial, a preocupação com sustentabilidade é ainda mais forte.

Nesse sentido, em 1980, a empresa foi a primeira construtora do Brasil a adotar a reuti-lização das águas servidas nos chuveiros e nas pias (após tratamento) para abastecer as bacias sanitárias nos vestiários das plantas industriais. A Plaenge também construiu a primeira "Fábrica Verde", com certificação LEED (do inglês Lideran-ça em Energia e Design Ambiental), emitida pelo GBC Brasil - Green BuildingCouncil.

Construções Sustentáveis

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Integração e sustentabilidade desde a concepção do projeto

C

Fundado em Londrina, Grupo Plaenge é destaque em obras residenciais e industriais

Bruna robassa

m novembro de 1982, o Brasil inaugurou uma das mais grandiosas obras arquite-tônicas do mundo: a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Construída no Rio

Paraná, em parceria entre brasileiros e paraguaios, a usina tem um reservatório que ocupa uma área de oito mil quilômetros quadrados e está locali-zada em uma região que abrange 29 municípios, com cerca de um milhão de habitantes.

Mas o orgulho da engenharia e modelo inter-nacional já foi um problema por causa da degra-dação que causou ao meio ambiente, na época de sua construção, como, por exemplo, a altera-ção do leito do rio, que provocou o desapareci-mento de habitat de animais e perda de espaços florestais. No entanto, há 10 anos ocorreu uma mudança institucional dentro de Itaipu. Seguin-do ampla iniciativa socioambiental, a hidrelétrica criou o programa “Cultivando Água Boa (CAB)” e, muito mais do que gerar energia, a binacional passou a criar soluções sustentáveis para a Bacia Hidrográfica do Paraná III, onde está localizada.

Integração • O programa uniu ações que an-

tes eram desenvolvidas de forma isolada e agre-gou novos projetos. O resultado hoje é um mo-delo de integração de 20 programas e 65 ações voltadas à comunidade, que se tornaram refe-rência para outras usinas. Por meio de parcerias com instituições públicas, empresas privadas, e a própria sociedade civil, o Cultivando Água Boa desenvolve ações corretivas, como a recuperação da mata ciliar e de áreas assoreadas, e ações pre-ventivas, como o incentivo à agricultura orgânica. Foi criada, assim, uma verdadeira rede de desen-volvimento sustentável. “O programa estabelece

uma estreita relação entre o desafio da susten-tabilidade planetária, com a realidade e a neces-sária ação local, a partir de uma visão sistêmica, integral e integrada da relação do homem com seu meio, estabelecendo como novos modos, o de ser/sentir, viver, produzir e consumir.”, expli-ca o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich.

A Itaipu apostou na introdução de técnicas sustentáveis de produção e seu grande triunfo foi a inclusão social. Partindo do princípio de que somente a educação gera mudança, o programa abriu diálogo com a comunidade e promoveu a conscientização dos moradores da região por meio da educação ambiental.

O CAB promove encontros para explicar à po-pulação como é seu funcionamento e também chama a atenção para a importância de práticas ambientalmente corretas. Depois a sociedade ci-vil faz um autodiagnóstico, para então ser feito um planejamento das ações. Segundo Friedrich, as pessoas foram estimuladas e houve o des-pertar para o olhar inovador no cuidado socio-ambiental ao difundir a prática de pensar e fazer juntos. “Afastou-se a prática do ‘prato feito’ e criamos espaços públicos para discutir, decidir, implementar iniciativas, avaliá-las e corrigir ru-mos. Abriu-se um horizonte de fecunda partici-pação popular/comunitária, de exercício da cida-dania, de florescer de atores sociais, de sujeitos coletivos e de parceria”, afirma o diretor.

Resultados • As ações estão mudando a vida de milhares de pessoas e gerando resultados sig-nificativos. Entre elas, destaca-se a destinação inteligente de dejetos de animais, de suínos em

Responsabilidade Ambiental

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Cultivando Água Boa: um exemplo de como

trabalhar de mãos dadas

E

Programa desenvolvido pela usina de Itaipu mostra como parceria entre sociedade civil e entidades públicas e privadas pode levar à sustentabilidade

Karina Kanashiro

especial, que antes eram jogados diretamente nos afluen-tes do Rio Paraná e então levados para o reservatório da usina. Com o programa, foram desenvolvidos biodigesto-res, que transformam o gás metano em energia renovável suficiente para sustentar 170 residências. A energia é con-sumida nas propriedades que fornecem o esterco, e o que sobra pode ser comercializado.

O cultivo de plantas medicinais também é uma ação de sucesso que já capacitou mais de dez mil pessoas, entre médicos, dentistas, agentes de saúde, produtores e me-rendeiras. Moradores da Bacia Hidrográfica do Paraná III plantam 144 espécies, que são utilizadas até mesmo em postos de saúde dos municípios que participam do pro-grama. Há ainda a coleta solidária com 1.500 catadores que trabalham utilizando carrinhos elétricos doados pela Itaipu, entre outras iniciativas.

Peixes • Outro trabalho de extrema importância para o desenvolvimento das comunidades da Bacia Hidrográfi-ca do Paraná III é o projeto “Produção de Peixe em Nossas Águas” (PPNA), que oferece uma alternativa sustentável à pesca extrativista, para a promoção da sustentabilidade em toda a cadeia produtiva de pescado. A ação envolve as famílias que tiram sustento da pesca, populações ri-beirinha e indígena e agricultores assentados, que com-plementam a renda com a atividade.

O PPNA possui 17 ações específicas, que vão desde apoio técnico à atividade até moradia do pescador sem casa própria, e contempla o atendimento a 850 profissio-nais de colônias e associações de pescadores profissionais artesanais e 153 famílias de indígenas, com cerca de 750 pessoas. O programa apontou áreas adequadas à criação de peixe, necessidades e deficiências locais, e por meio de parcerias também promoveu a capacitação de pescadores e produtores para o manejo sustentável de peixes.

O programa, que busca transformar o “pescador” em “aquicultor” e ensinar a comunidade indígena a criar pei-xes em sistema de tanques-rede, conta com várias parce-rias, como o Ministério da Pesca e Aquicultura, Instituto Técnico Federal e Universidade Estadual do Oeste do Pa-raná, além das prefeituras locais.

O reservatório de Itaipu apresenta a capacidade de su-porte para produzir sete mil toneladas de peixes nativos (pacu) por ano. Se a atividade for estendida para outras áreas já mapeadas, a produção pode chegar a 16 mil to-neladas por ano, o que promoveria ainda mais desenvol-vimento social e econômico para a região.

Entre os principais resultados do PPNA, destacam-se a instalação de 595 tanques-rede no reservatório para os pescadores e 135 tanques-rede nos municípios de Santa Helena e Foz do Iguaçu para pesquisa; a elaboração de manuais de boas práticas em aquicultura distribuídos aos pescadores; curso de beneficiamento de pele de peixes e apoio ao processamento, e venda de pescado oriundo da pesca e da piscicultura em tanques-rede.

jerÔnimo mendesAdministrador, Coach Empreendedor, Escritor e PalestranteMestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE

conceito original do Metrô de Chicago, nos Estados Unidos, conhecido como subway, nasceu há 120 anos. O de Bos-ton, há 116 anos. O de Nova Iorque, há

110 anos. Do outro lado do Atlântico, o metrô de Londres, na Inglaterra, também conhecido como tube ou underground, foi concebido há mais de 110 anos, e o de Tóquio, do outro lado do mundo, foi oficialmente inaugurado há mais de 80 anos.

Em diferentes países do mundo, os chama-dos desenvolvidos, a história do metrô teve evolução gradual, porém, mais sólida e mais acelerada do que em outros países do globo, até há pouco tempo considerados subdesen-volvidos. Historicamente, há mais de 100 anos, muitos países já previam o crescimento expo-nencial da população e os problemas decorren-tes da ocupação desordenada das metrópoles e, com base nisso, foram capazes de mobilizar recursos na tentativa de amenizar o problema.

Por tudo isso, é fato que a humanidade ainda não sabe lidar com as consequências do desenvol-vimento industrial nada sustentável e o apetite vo-raz do ser humano por mais poder, dinheiro e bens materiais. Na prática, as forças da globalização são muito claras: o mercado é implacável, tudo precisa crescer, inclusive o número de veículos nas ruas, caso contrário, o que seria das grandes corporações?

Do ponto de vista econômico, queremos o melhor para nós mesmos, seja por meio do conforto e da realização pessoal. Do ponto de vista filosófico, são poucos os que estão dis-postos a abrir mão da comodidade provocada pela satisfação de dirigir o seu próprio veículo em benefício da coletividade, da preservação dos recursos naturais, da qualidade do ar, das gerações futuras. Para a maioria, o que impor-ta é o momento, pois não estará aqui quando o caos da mobilidade estiver consolidado.

De acordo com levantamento realizado pela Agência Internacional de Energia, com sede em Paris, a frota mundial de veículos deverá chegar a 1,7 bilhão de unidades em 2035, capitaneada pela crescente demanda do mercado chinês, cuja frota atual gira em torno de 60 milhões de veículos. Em menos de trinta anos, a frota chinesa deverá alcan-çar a incrível marca de 400 milhões de unidades.

Alguém consegue imaginar onde serão en-contrados estacionamentos, estradas, ruas, ga-ragens e recursos naturais imprescindíveis para produzir e acomodar tudo isso? Imagine se cada

cidadão chinês, indiano, paquistanês, africano ou mesmo brasileiro tiver a mínima pretensão de adquirir o seu próprio veículo. Seria um di-reito universal, afinal, não somos todos iguais?

Para se ter a mínima ideia do desafio a ser enfrentado, segundo dados da mesma Agên-cia, em 2000, havia quatro veículos para cada grupo de mil habitantes. Em 2010, o número saltou de quatro para quarenta veículos a cada mil pessoas e, em 2035, o número será de 310 automóveis para cada grupo de mil pessoas.

No Brasil, os programas de mobilidade urba-na promovidos pelo Governo Federal têm como bandeira principal a inclusão social e a cidadania por meio da universalização do acesso aos servi-ços públicos de transporte coletivo. Seria fantásti-co se não houvesse um forte componente político capaz de emperrar a máquina administrativa ao ser confrontado com interesses particulares.

Exemplos práticos disso são o do Metrô de Fortaleza, o qual levou treze anos para circular com a primeira linha desde que foi emitida a ordem de serviço para o início das obras, e o de Curitiba, uma novela que se arrasta há mais de vinte anos nos bastidores da Prefeitura Mu-nicipal e dos órgãos de apoio, preocupados com o impacto ambiental atual em vez de se preocupar com o impacto ambiental do futuro.

Por outro lado, existe sempre alguém reivindi-cando a autoria, porém, o tempo de mandato não é suficiente para concluir o projeto nem a obra, ta-manha a discussão gerada em torno do assunto. Além do mais, não seria inteligente, do ponto de vista político, executar uma obra e transferir o gos-tinho da inauguração para o próximo candidato.

A questão é complexa e o “peixe está sobre a mesa”, como se diz na Sicília. Para limpá-lo e transformá-lo em benefício da coletividade mun-dial, é necessário repensar o termo cunhado pelo Professor e Físico brasileiro José Goldemberg, “as forças ocultas da globalização”, que empur-ram nossa sociedade para um futuro incerto.

Na minha humilde opinião, o mercado nem sempre determina a regra, nem tudo tem de crescer e, por fim, nem toda tecnologia está a serviço da coletividade humana. O viés econô-mico é importante, mas pode ter consequências irreversíveis. O viés filosófico fica por conta da evolução humana e passa pela seguinte ques-tão: na prática, quem é que vai abrir mão do quê? Pense nisso, pense sustentável!

Vamos de carro ou de metrô?

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Em 2000,havia quatro veículos para cada grupo de mil habitantes. Em 2010, o número saltou de quatro para quarenta veículos. Em 2035, o número será de 310 automóveis para cada grupo de mil pessoas

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roporcionar um ambiente favorável para a articulação e atuação de agentes na capacitação, organização e promo-ção do desenvolvimento justo, inclusi-

vo e sustentável e da cultura de paz em todo o Es-tado do Paraná é o principal objetivo da Aliança Paraná Sustentável. O programa, criado há cerca de dois anos por iniciativa do Instituto Arayara, busca, desse modo, resgatar valores e potencia-lidades dos cidadãos, das localidades, dos muni-cípios e das regiões em favor da prosperidade e qualidade de vida dos paranaenses.

A Aliança está alinhada com os princípios do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem a parceria e o suporte institucional do Programa de Cidades do Pacto Global. “Cada uma das 25 entidades signatárias do programa tem como tarefa contribuir com a aliança, mos-trando de que forma as cidades podem se tornar melhores em suas diversas esferas”, diz o Global Advisor do Programa de Cidades do Pacto Global da ONU, Eduardo Manoel Araújo.

A aliança é constituída por pessoas, organi-zações e instituições que atuam em prol do pla-neta e das gerações futuras em uma aliança que abrange dois pilares: o desenvolvimento justo, inclusivo e sustentável e a cultura de paz. De acordo com Araújo, o desenvolvimento justo é aquele que é bom para todos, o inclusivo com-preende a participação de todos e o sustentável é a favor da vida.

A construção de uma cultura de paz é um pro-cesso de cooperação e de valorização das pesso-as, com base na sua condição humana básica, com respeito à sua diversidade, às suas crenças, aos seus valores. “A cultura de paz busca o me-lhor do ser humano para que as famílias e as cida-

des possam viver em harmonia e o planeta possa ter uma melhor condição de vida”, explica Araújo.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pa-raná (CAU/PR) é um dos signatários da aliança e faz parte do secretariado regional. “Podemos dizer que o Conselho está contribuindo para que a alian-ça aconteça, assim como os demais integrantes”, diz Araújo. A principal contribuição do CAU/PR, nesse programa, é a avaliação da qualidade dos planos diretores das cidades, que faz parte dos projetos que envolvem os municípios do Paraná.

Todo esse processo traz diversos benefícios para os diferentes públicos da sociedade. Para os empresários, repercute em melhoria de renda da comunidade e consequente ampliação de mer-cado, acesso à rede de potenciais investidores, acesso à infraestrutura, à tecnologia e ao fomen-to e às oportunidades de inovação e desenvolvi-mento de vantagens competitivas. Para o terceiro setor, os benefícios são favorecimentos de re-cursos e financiamentos para projetos, acesso à rede de parceiros, entre outros.

Para a academia, essa articulação traz opor-tunidades de inovação e ganhos em vantagens competitivas com currículo e formações diferen-ciadas e oportunidades de pesquisa e acesso à tecnologia e inovação. A aliança também traz benefícios para o Governo, entre eles a possibi-lidade de compreensão sistêmica da realidade e da necessidade local, aumento da capacidade de execução e resultados e maior efetividade na criação de políticas públicas e projetos (informa-ção e demanda).

O programa Aliança Paraná Sustentável está aberto a novos signatários que tenham interesse em participar desse processo.

Desenvolvimento Local

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Aliança Paraná Sustentável

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Articulação entre governo, setor privado, sociedade civil e academia busca desenvolvimento justo, inclusivo, sustentável e cultura de paz no Paraná

Bruna robassa

Caixa Econômica Federal, como o prin-cipal agente financiador no segmento da habitação, promove a expansão de habitações sustentáveis pelo Programa

de Construções Sustentáveis. O projeto se baseia no conceito de sustentabilidade dos empreendi-mentos, que integra aspectos econômico-finan-ceiros, físicos, culturais e socioambientais, ou seja, traz o desafio de construir cidades susten-táveis que proporcionem a inclusão de todos os seus moradores com boas condições de vida.

Entre as variáveis socioambientais, a Caixa busca minimizar os impactos da obra no meio ambiente, aproveitar os recursos naturais do ambiente local, realizar a gestão e economia de água e energia na construção, promover o uso-racional dos materiais de construção, arborizar e estimular o plantio de árvores nos terrenos, pro-mover a coleta e a reciclagem dos resíduos sóli-dos nos empreendimentos, adotar soluções para a melhoria do conforto interno das habitações e promover a educação ambiental dos moradores. As ações são executadas pelos proponentes de financiamentos habitacionais e se destacam o Selo Casa Azul Caixa e a Ação Madeira Legal.

Selo Casa Azul • O Selo Casa Azul é uma

metodologia de classificação socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais fi-nanciados pela Caixa. O Selo é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos habitacionais ofertado no Brasil e desenvolvido para a realidade da construção habitacional bra-sileira. São 53 ideias sustentáveis que podem ser incorporadas aos projetos na sua concepção.

Para a concessão do selo, a Caixa analisa cri-

térios agrupados em seis categorias: Qualidade Urbana, Projeto e Conforto, Eficiência Energética, Conservação de Recursos Materiais, Gestão da Água e Práticas Sociais. O Selo possui três níveis de graduação: bronze, prata e ouro. O Selo é vo-luntário e pode ser pleiteado por construtoras, prefeituras, incorporadoras, companhias de ha-bitação, associações e cooperativas.

Madeira Legal • A ação Madeira Legal é um

conjunto de medidas articuladas que objetivam o monitoramento do uso de madeiras de origem legal em obras e empreendimentos habitacionais financiados pela Caixa. O projeto visa estimular o uso de madeiras nativas oriundas de áreas licen-ciadas pelo órgão ambiental competente e evitar o uso de madeiras vindas de áreas ilegais.

A ação consiste na exigência de apresenta-ção, até o final da obra, do Documento de Origem Florestal (DOF) das madeiras nativas utilizadas nas obras de empreendimentos habitacionais fi-nanciados pela Caixa. O projeto foi resultado de parceria entre a Caixa, o IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente e teve inicio em janeiro de 2009.

Linha de crédito Ecoeficiência Empresa-rial • Em encontro à postura de responsabili-dade socioambiental, a Caixa criou uma linha de crédito abrangente, composta por vários produ-tos de crédito PJ com o objetivo de financiar o se-tor empresarial para melhorar os seus processos produtivos, economizando matérias-primas e in-sumos, principalmente, água e energia, além de financiar projetos de geração de energias susten-táveis, transporte eficiente e gestão de resíduos.

Desenvolvimento Social

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Caixa apoia empreendimentos habitacionais sustentáveis

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Redução dos impactos da obra no meio ambiente e educação ambiental dos moradores estão entre os objetivos do Programa Construções Sustentáveis

rafael Giuliano Voluntário e pesquisador de novas interações de aprendizagem

lá! Na edição passada, busquei enfa-tizar as oportunidades de aprendiza-gem e o desenvolvimento de novas habilidades e competências, tanto

para pessoas quanto organizações envolvidas em iniciativas voluntárias, adquiridas por meio da capacitação para as ações ou pela própria ex-periência de participar de algo que valoriza aqui-lo que temos de melhor para oferecer ao outro.

Algumas pessoas me procuraram após ler o último artigo, questionando sobre o que era necessário para que as pessoas participassem de maneira mais efetiva dos projetos de volun-tariado nas organizações. Eu mesmo já havia me perguntado isso outras vezes e, particular-mente, tinha algumas ideias a esse respeito, porém, decidi conversar com quem vivencia essa realidade diariamente, a fim de obter al-gumas respostas, ou novas perspectivas.

A grande maioria dos voluntários com quem conversei apontaram a importância de se “acreditar na causa” para poder se envolver plenamente numa iniciativa. Além disso, uma pesquisa realizada pela Nossa Causa - Agên-cia de Transformação Social, coordenada por Amanda Riesemberg Ferreira, revelou que 58% dos participantes têm interesse em se volun-tariar “ensinando o que sabem”, mas não se trata de transferir apenas conhecimento, os vo-luntários desejam compartilhar valores.

Em meus diálogos, fiz três descobertas interessantes sobre o envolvimento dos co-laboradores de empresas em iniciativas vo-luntárias. A primeira é a de que o projeto ou a proposta precisa estar alinhado, de alguma forma, à Proposta de Valor da organização, ao seu propósito real, a fim de que não pareça mero “marketing de oportunismo”. A segunda diz respeito aos valores da causa na qual se pretende atuar e que precisam estar alinhados àqueles compartilhados pelos voluntários, o que gera o engajamento com a ação. Por fim, percebi que quando os voluntários têm a opor-tunidade de realizar ações que envolvam seus

talentos e saberes passam a se sentir mais em-poderados para agir e fazer a diferença.

Lições aprendidas por algumas organiza-ções, como a Unimed Curitiba que vem se po-sicionando como uma organização não apenas da área de saúde, mas também com foco no cuidado com as pessoas, propósito expresso em seus valores e na escolha das suas causas e projetos, como a contação de histórias no Hospital Pequeno Príncipe, realizada no Dia Internacional do Voluntariado, comemorado sempre no dia 05 de Dezembro.

A ação envolve os colaboradores e seus ta-lentos para criar e compartilhar histórias, ins-pirando e encorajando as crianças internadas, o que também é um exercício de cuidado com a saúde. Na edição de 2012, havia a oportuni-dade para vinte participantes e foi preciso fa-zer um sorteio, pois o número de interessados ultrapassou o limite permitido pelo próprio hospital, segundo Kátia Lessa, responsável pelo Núcleo de Responsabilidade Social.

Algumas empresas têm descoberto o poten-cial de gerar engajamento dos seus programas de voluntariado, de tal forma que passaram a ser vistos como um dos elementos-chaves no cultivo (retenção) de talentos, desafio recor-rente nos dias atuais.

O voluntariado pode ser mais do que uma iniciativa de contribuição com a sociedade, tornando-se um reencontro entre os valores da organização e dos seus colaboradores, um novo alinhamento que permite redescobrir e valorizar os talentos das pessoas e a proposta de valor da empresa, sua verdadeira razão so-cial, como diria Mario Sergio Cortella.

Escrevendo este artigo, aprendi o quanto as pessoas sentem o desejo de fazer parte de algo maior, de real valor! E essa é a oportuni-dade para que empresas tirem do quadro na parede os seus valores e os tornem as ações de que o mundo tanto precisa.

Nós temos o talento necessário. Basta ago-ra criar as oportunidades de realizar!

Engajando e cultivando talentos

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algumas empresas têm descoberto o potencial de gerar engajamento dos seus programas de voluntariado, de tal forma que passaram a ser vistos como um dos elementos-chaves na retenção de talentos

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uando nos referimos à arquitetura sus-tentável, na maioria das vezes e para a maioria das pessoas, chegam-nos à mente imagens de construções de

madeira reciclada integradas a ecossistemas ou camufladas sob grandes tetos-jardins. Fato nor-mal, uma vez que as primeiras associações da ar-quitetura com a sustentabilidade em nosso país confundiam-se com o caos da arquitetura e com a desordem das grandes cidades brasileiras.

Da arquitetura modernista dos anos 30 aos 60 do século passado aos dias de hoje, a ideia de arquitetura sustentável se expandiu, assim como o conceito de sustentabilidade, que, a partir de Strong e Sachs ganhou novas dimensões, além da ambiental e da econômica. Em todo o mun-do, percebeu-se, com o passar dos anos, que a ideia da utilização de grandes caixas de vidro nas construções favoreciam a beleza arquitetônica na mesma proporção em que implicavam grande aumento no consumo de energia, principalmente por sistemas de refrigeração do ar. Importante re-gistrar que nada tenho contra o international style das caixas de vidro, mas que elas sejam projeta-das e construídas em países menos privilegiados pela energia solar que o nosso. Nossa arquitetura colonial já nos ensinava isso, ao empregar alve-naria e coberturas de barro, em construções bem ventiladas, com seus pés direitos generosos.

No Brasil, desde o período da arquitetura bio-climática e do conforto ambiental proporcionados pelos cobogós cerâmicos de Lúcio Costa ou dos sheds de Lelé Filgueiras aos dias atuais, a noção de sustentabilidade em arquitetura transportou--se do uso de determinada tecnologia ou do em-prego de determinado material reciclado para uma visão de um processo construtivo sustentá-vel. Para isso, vale desde a economia de papel na fase do projeto à redução do deslocamento das pessoas, principalmente nos centros urbanos.

Sustentabilidade em todas as etapas - Independentemente do estilo arquitetônico ou do local onde esteja localizada a construção, cada vez mais os profissionais de arquitetura buscam selos de processos produtivos susten-táveis junto aos fornecedores de materiais de construção. A preocupação com a distância entre o endereço do fornecedor e a obra também tem

sido uma constante, assim como a contribuição que seus produtos, considerados em toda a sua cadeia produtiva, dão para a sustentabilidade do planeta. Essa é uma tendência mundial e irre-versível. Em alguns países, como a Austrália, há muitos anos, todas as prefeituras exigem que os projetos arquitetônicos sigam normas visando o que chamam de edificações ambientalmente sustentáveis ou do eco design. Há alguns me-ses, essa preocupação tomou ares mais urba-nos, com o planejamento ‘Sidnei 2030’.

É bem verdade que, atendendo a apelos do mercado imobiliário, muitos projetos e constru-ções se dizem sustentáveis apenas por arma-zenar água pluvial, sem que tenham a menor preocupação com outras dimensões da susten-tabilidade. É apenas a presença da lógica do capital e a agilidade do capitalismo em capturar demandas da sociedade se manifestando, mais uma vez, ora na dimensão social da sustentabi-lidade, como no Programa Minha Casa Minha Vida do governo brasileiro, ora na dimensão am-biental, como no caso de condomínios concebi-dos como verdadeiros parques.

Uma nova construção, para ser sustentável, deve ter ou oferecer bem mais do que a canali-zação de águas de chuva para caixas de água de serviço, uso de elementos de vedação feitos a partir das reciclagens de materiais descartados ou mesmo o emprego de painéis solares ou fo-tovoltaicos para geração de parte da energia. A ideia da sustentabilidade deve estar presente em todas as etapas, desde a concepção do projeto até a liberação da obra para o uso das pessoas. A atividade dos arquitetos, aliás, já traz grande vantagem nesse aspecto, pois esses profissio-nais lidam essencialmente com o planejamento, que é um dos pilares da sustentabilidade.

A arquitetura sustentável, segundo a arquite-ta e professora Joana Gonçalves, é aquela que busca a igualdade social por meio da valorização da eficiência econômica e da maior redução do desperdício e do impacto ambiental causado pela construção, nas soluções encontradas tanto na fase de projeto quanto de construção, garan-tindo competitividade e melhoria de qualidade de vida aos homens e às cidades. Enfim, que contribua para o desenvolvimento da sociedade.

Arquitetura sustentável: um processo

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A ideia da sustentabilidade deve estar presente em todas as etapas, desde a concepção do projeto até a liberação da obra para o uso das pessoas.

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iVan de melo duTraArquiteto e Urbanista e Mestre em Organizações e Desenvolvimento

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