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www.revistahospitaisbrasil.com.br ALERGIA AO LÁTEX PREVENÇÃO, ALTERNATIVAS E REGULAMENTAÇÃO Caderno eHealth_Innovation Computação nas nuvens ajuda a reduzir despesas operacionais Panorama da Saúde Suplemento especial traz principais desafios enfrentados pelo setor CÂNCER DE MAMA Hospitais aderem ao Outubro Rosa

Edição 69 - Revista Hospitais Brasil

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Para mostrar aos nossos leitores um pouco das ações realizadas pelos hospitais brasileiros em comemoração ao Outubro Rosa, preparamos uma matéria especial no portal (www.revistahospitaisbrasil.com.br/?p=21816), apresentando estabelecimentos de saúde de norte a sul do país que deram sua contribuição à campanha. Nesta edição, elaboramos um suplemento especial chamado “Panorama da Saúde”, que em sua matéria principal mostra os principais desafios para a implementação do SUS e suas propostas de mudanças, e também, as dificuldades encontradas pelo governo no ressarcimento dos planos de saúde, a crise na Santa Casa de São Paulo, além do fechamento de hospitais e maternidades em todo o país. Desta vez nosso enfoque técnico coloca em destaque um assunto que preocupa os gestores hospitalares e as autoridades de saúde. Em “A alergia ao látex é um assunto sério!” empresas brasileiras fabricantes ou importadoras de luvas falam sobre alternativas.

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www.revistahospitaisbrasil.com.br

ALERGIA AO LÁTEXPREVENÇÃO, ALTERNATIVAS E REGULAMENTAÇÃO

Caderno eHealth_InnovationComputação nas nuvens ajuda a reduzir despesas operacionais

Panorama da SaúdeSuplemento especial traz principais desafi os enfrentados pelo setor

CÂNCER DE MAMAHospitais aderem ao Outubro Rosa

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A cada ano, mais instituições públicas e privadas se envolvem na principal campanha mundial voltada à prevenção do câncer de mama entre as mulheres: o Outubro Rosa. O movimento internacional é comemorado em todo o mundo e seu nome remete à cor do laço que simboliza a luta contra o câncer de mama. Teve início nos Estados Unidos, em 1997, com ações isoladas, e rapidamente se espalhou pelo mundo. Em nosso país, a primeira ação relativa à campanha foi a iluminação do Obelisco do Ibirapuera, situado em São Paulo (SP), com a cor rosa. A partir daí as adesões foram surgindo, alcançando até mesmo a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, nosso cartão postal quando se trata do Brasil no exterior.

Para mostrar aos nossos leitores um pouco das ações realizadas pelos hospitais brasileiros nessa luta, nossa Redatora de Conteúdo na Web, Luiza Mendonça, preparou uma matéria especial no portal (revistahospitaisbrasil.com.br), apresentando estabelecimentos de saúde de norte a sul que deram sua contribuição à campanha. Na capa, inclusive, � zemos questão de mostrar a iluminação bacana da fachada do Hospital Márcio Cunha, que � ca na cidade de Ipatinga, em Minas Gerais, chamando a atenção da população local sobre a importância da detecção da doença em seu estágio inicial.

Nesta edição, elaboramos um suplemento especial chamado “Panorama da Saúde”, que em sua matéria principal mostra os principais desa� os para a implementação do SUS e suas propostas de mudanças, e também, as di� culdades encontradas pelo governo no ressarcimento dos planos de saúde, a crise na Santa Casa de São Paulo, o fechamento de hospitais e maternidades em todo o país, tudo com a opinião dos principais experts no assunto.

Desta vez nosso enfoque técnico coloca em destaque

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um assunto que preocupa os gestores hospitalares e as autoridades de saúde. “A alergia ao látex é um assunto sério!" é o título da matéria criada por nossa jornalista Carol Gonçalves, que entrevistou as principais empresas brasileiras fabricantes ou importadoras de luvas, que falaram sobre as alternativas que vêm sendo utilizadas para proteger não apenas os pacientes alérgicos ao látex, mas também os pro� ssionais que sofrem com esse contato.

E como sempre, ainda há mais uma série de outros assuntos de interesse dos pro� ssionais de saúde.

En� m, uma mistura de matérias virtuais e impressas, que transformam em imperdível o conteúdo de mais esta edição da Revista Hospitais Brasil. Você precisa conferir!

Ah, já ia me esquecendo... Na última edição do ano vamos mostrar os planos do governo federal para a Saúde brasileira. Que venham as mudanças!

Instituições brasileiras engajadas na luta contra o câncer de mama

Outubro Rosa recebe a bênção do Cristo Redentor

Tiragem e Circulação auditadas

Diretor GeralAdilson Luiz Furlan de Mendonç[email protected]

Diretora AdministrativaVanessa Borjuca F. A. [email protected]

Diretora de RedaçãoLeda Lúcia Borjuca - MTb 50488 DRT/[email protected]

JornalistaCarol Gonçalves - MTb 59413 DRT/[email protected]

Redatora de Conteúdo WebLuiza Neves de Mendonç[email protected]

Gerentes de NegóciosMarcio Augusto [email protected]

Ronaldo de Almeida [email protected]

Assistente ComercialRafaela dos [email protected]

Gerente de RelacionamentoAndréa Neves de Mendonç[email protected]

Design Grá� co e Criação PublicitáriaLilian [email protected]

Edição de ArteCotta Produções Grá� [email protected]

Foto de capa gentilmente cedida pelo Hospital Márcio Cunha, de Ipatinga/MG.Crédito: João Rabelo.

Ano X - Nº 69 - SET | OUT 2014Circulação: Outubro 2014

A Revista Hospitais Brasil é distribuída gratuitamente em hospitais, clínicas, santas casas, secretarias de saúde, universidades e demais estabelecimentos de saúde em todo o país.

A Revista Hospitais Brasil não se respon-sabiliza por conceitos emitidos através de

entrevistas e artigos assinados, uma vez que estes expressam a opinião de seus autores e também pelas informações e qualidade dos produtos, equi-pamentos e/ou serviços constantes nos anúncios, bem como sua regulamentação junto aos órgãos competentes, sendo estes de exclusiva responsabili-dade das empresas anunciantes.

Não é permitida a reprodução total ou parcial de artigos e/ou matérias sem a permissão prévia por escrito da editora. A Revista Hospitais Brasil é uma publicação da PUBLIMED EDITORA LTDA., tendo o seu registro arquivado no INPI-Instituto Nacional de Propaganda Industrial e Intelectual.

Redação, Publicidade e Assinaturas:Rua Prof. Castro Pereira, 141 - 02523-010São Paulo/SP - Tel.: 11 3966 2000www.publimededitora.com.brwww.revistahospitaisbrasil.com.br

EXPEDIENTE

Colaboradores desta ediçãoJosé Luiz Guerra (Unifesp), Giovanna Zanaroli (GT), Cristiane Dubena (Lide), Giselle Marques e Luci Anunciato (Ideal), Elaine de Souza (Famesp), Grayce Rodrigues (Apoio), Camila Pedroso (Q Notícia), Carolina Vivas (Home Doctor), Julia Costa (Approach), Rosângela Garcia (Fróes, Berlato Associadas), Victor Puia (Press), Renan Martins Frade (Misasi), Lidiane Dias (Brava), Ivan Salvador (Burson-Marsteller), Sergio Said (SZS), Cris Bottini (Bottini), Claudia Carvalho (Publiques), Camila Duran (Máquina), Marianna Pedrozo (HD), Ariane Salles e Camile Freitas (Ketchum), Fernanda de Oliveira (CDI), Alitéia Milagre (Serifa), Paula Rocha (EPR), Juliana Morato (Link), Débora Torrente (Tierno Press), Juliana Ângela (Dupla), Adelson Junior (Planin), Prof. João Beck (FHB), além de Elaine de Sousa (Hospital de Base Bauru), Mônica Neves (Hosp. Nossa Senhora das Graças), Patrícia Sobrinho (Hosp. Israelita Albert Einstein), Tuca Figueira (Kreab Gavin Anderson), Érica Pascoal Fernandes (Fundação S. Francisco Xavier), Shirlei Raquel Manteufel (Hosp. Moinhos de Vento) e Alexandre Sena (CFM).

Maurício Bazílio/Divulgação SES

Maurício Bazílio/Divulgação SES

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34 HB - RÓCIONovo hospital é

inaugurado com 53.000 m2 e 1.200 leitos

36 HB – STO. ANTONIO DE VOTORANTIM

Horta orgânica incrementa cardápio e reduz gastos com alimentação

38 JURÍDICOLuciana Dadalto

fala sobre os desafios da implementação do testamento vital

42 ESTERILIZAÇÃOMonitoramento dos

processos é fundamental para atender as boas práticas no processamento de produtos em CME

62 HUMANIZAÇÃOCom atividades lúdicas,

hospitais amenizam sofrimento de crianças com câncer

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57 SEGURANÇAEstudo mostra que

hospitais deixam vazar dados importantes pela internet

58 ACONTECE EHEALTHNovidades do setor de

Tecnologia da Informação em Saúde

61 AUTOMATIZAÇÃOSoftware possibilita

criar sistema web e automatizar processos

10DESAFIOSA matéria destaque do suplemento especial mostra os principais desa� os para a implementação do SUS e as propostas de mudanças, segundo o economista André Medici e o Superintendente do Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto.

28POLÊMICAO ressarcimento ao SUS pelas operadoras está entre as matérias do suplemento especial. O sistema de saúde é universal e gratuito, mas é justo as empresas não oferecerem os serviços cobrados e lucrarem com isso?

64 PROCEDIMENTONova técnica permite a

pacientes com lesão medular retomar mobilidade

68 TRATAMENTOA importância de um novo

olhar sobre um tema tão delicado quanto a morte18 Francisco Balestrin propõe

um amplo debate para encontrar soluções para os problemas do setor

20 Pesquisa revela que todos os aspectos

do atendimento do SUS têm imagem insatisfatória

22 Gastos do governo estão abaixo dos

parâmetros internacionais

24 De 2007 a 2012, um hospital particular fechou

as portas a cada semana

26 Maternidades param de funcionar por falta de

recursos e baixo rendimento

Panorama da Saúde

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LEIA NO PORTAL E NO APLICATIVO

CAPA - ESPECIAL OUTUBRO ROSACon� ra no link goo.gl/6Qxmhr as principais ações realizadas por hospitais e empresas contra o câncer de mama

TECNOLOGIASegurança física e lógica em grandes hospitais: cartões inteligentes são opção e� caz

MONITORAMENTOPesquisa analisa o impacto da informação na melhoria da saúde de mães e bebês

SEPSESíndrome mata 200 mil brasileiros por ano

BEM-ESTARMarketing olfativo diminui a ansiedade e o nervosismo dos pacientes

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69 HIGIENIZAÇÃODucha para banho no

leito ajuda a diminuir infecções hospitalares

70 LIVROLançada a primeira obra 100%

brasileira sobre a metodologia lean na saúde

70 PROTEÇÃOCapela de � uxo laminar

blindada é ideal para áreas de produção que requeiram ampla proteção

74 RECONHECIMENTOInstituições brasileiras recebem

prêmio por excelência em higienização das mãos

76 TENDÊNCIACentros-dia e hospitais de

cuidados extensivos já estão sendo implantados no país

78 GENTE QUE FAZEspecialista no vírus Ebola,

o infectologista Stefan Cunha Ujvari escreve sobre história e medicina para público leigo

80 ACONTECENovidades sobre eventos,

parcerias e ações de responsabilidade social realizadas pelos hospitais e empresas

84 OPINIÃOA tecnologia é muito bem-

vinda no auxílio à preservação da vida, mas nenhuma máquina substitui o amor pela profissão

44MATÉRIA TÉCNICAA alergia ao látex merece atenção, pois há casos que podem levar à morte. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e fabricantes de luvas apontam as alternativas ao material e a necessidade de regulamentação do setor.

16 GESTÃOA crise da Santa Casa e

a derrocada do Brasil na Copa, por Genésio Körbes

40 CENTRO CIRÚRGICOO crescimento

da cirurgia ambulatorial ganha destaque no texto da enfermeira Débora

66 INFRAESTRUTURAJosé Cleber faz

paralelo entre o milagre do nascimento e a saúde brasileira

72 ENGENHARIA CLÍNICA

O inventário de tecnologias é tão importante quanto o prontuário do paciente, conta Lúcio Flávio

COLUNISTAS

53CADERNO EHEALTH_INNOVATIONDúvidas com relação à segurança das informações e possíveis “quedas do sistema" assombram líderes de hospitais quando o assunto é computação nas nuvens. Mesmo assim, as soluções digitais crescem cada vez mais no Brasil.

CAPA - ESPECIAL OUTUBRO ROSACon� ra no link goo.gl/6Qxmhr as principais ações realizadas por hospitais e empresas contra o câncer de mama

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por Carol Gonçalves

Os desafi os da Saúde brasileira

Apesar dos avanços, ainda são necessárias muitas melhorias que dependem da cooperação

entre as três esferas governamentais, da parceria entre os setores público e privado, de

modelos assistenciais efi cientes, fi nanciamento, e, sobretudo, da boa vontade e disposição de cada

um para fazer tudo isso acontecer.

Este ano, o SUS completa 26 anos de funcionamento como uma das maiores políticas públicas brasileiras de inclusão social, que torna o acesso à saúde universal e gratuito para todos, pelo menos de acordo com a Constituição de 1988. Muitos avanços foram conquistados, mas sua construção, longe de ser um processo fácil, continua tendo muitos problemas. “A implementação acontece de forma lenta e apresenta, algumas vezes, retrocessos”, ressalta André Medici, economista do Banco Mundial e autor do blog Monitor da Saúde.De acordo com ele, os gastos totais de saúde no Brasil

cresceram de 7,2% para 9% do PIB, entre 2000 e 2010. Já a despesa pública passou de 40% para 47%, o que não signi� ca que se alcançou o tipo de cobertura preconizada pela lei. “Mais da metade dos valores despendidos com o setor no Brasil ainda são privados,

sendo pagos por famílias ou empresas para seus trabalhadores. A participação do gasto público ainda é

baixa em comparação à média dos países de alta renda, onde alcança 62% do total. Segundo pesquisa recente da Bloomberg, o Brasil foi considerado o menos e� ciente entre 48 países, na relação entre gastos e resultados em saúde”, expõe.Além disso, a percepção da população sobre o SUS foi piorando no decorrer dos anos. Em 2002, conforme pesquisa do Ibope, a aprovação ao sistema era de 59%. Em 2014, o índice caiu para menos de 20%.

PROPOSTASMedici classi� ca em quatro os principais desa� os para a implementação do SUS, acrescentando propostas de mudanças.

1 – Atendimento• Consolidar mecanismos que atendam aos reclamos

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Apesar dos avanços, ainda são necessárias Apesar dos avanços, ainda são necessárias muitas melhorias que dependem da cooperação muitas melhorias que dependem da cooperação

parceria entre os setores público e privado, de parceria entre os setores público e privado, de modelos assistenciais efi cientes, fi nanciamento, e, modelos assistenciais efi cientes, fi nanciamento, e, sobretudo, da boa vontade e disposição de cada sobretudo, da boa vontade e disposição de cada

Este ano, o SUS completa 26 anos de funcionamento como uma das maiores políticas públicas brasileiras de inclusão social, que torna o acesso à saúde universal e gratuito para todos, pelo menos de acordo com a Constituição de 1988. Muitos avanços foram conquistados, mas sua construção, longe de ser um processo fácil, continua tendo muitos problemas. “A implementação acontece de forma lenta e apresenta, algumas vezes, retrocessos”, ressalta André Medici, economista do Banco Mundial e autor do blog Monitor da Saúde.De acordo com ele, os gastos totais de saúde no Brasil

cresceram de 7,2% para 9% do PIB, entre 2000 e 2010. Já a despesa pública passou de 40% para 47%, o que não signi� ca que se alcançou o tipo de cobertura preconizada pela lei. “Mais da metade dos valores despendidos com o setor no Brasil ainda são privados,

sendo pagos por famílias ou empresas para seus trabalhadores. A participação do gasto público ainda é

baixa em comparação à média dos países de alta renda, onde alcança 62% do total. Segundo pesquisa recente da Bloomberg, o Brasil foi considerado o menos e� ciente entre 48 países, na relação entre gastos e resultados em saúde”, expõe.Além disso, a percepção da população sobre o SUS foi piorando no decorrer dos anos. Em 2002, conforme pesquisa do Ibope, a aprovação ao sistema era de 59%. Em 2014, o índice caiu para menos de 20%.

PROPOSTASMedici classi� ca em quatro os principais desa� os para a implementação do SUS, acrescentando propostas de mudanças.

1 – Atendimento• Consolidar mecanismos que atendam aos reclamos

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mais imediatos da população, evitando as � las, melhorando a qualidade e resolvendo os problemas dos estabelecimentos de saúde. É necessário aumentar a qualidade, mas também tratar os cidadãos com dignidade e respeito.

• O SUS deverá articular-se com outras instâncias governamentais e setores para que possa não apenas atender as demandas trazidas pelo envelhecimento da população brasileira, que aumenta a morbidade e a mortalidade por doenças crônicas, mas também criar um processo ativo para a prevenção dos fatores de risco que hoje constituem a maior ameaça para a população brasileira, como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, stress laboral, acidentes de trânsito e violência.

• Implantar um Cartão de Saúde, pessoal e intransferível, atribuído a qualquer brasileiro desde seu nascimento para o acesso à rede pública ou plano de saúde mais próximo de sua residência, com um conjunto de direitos, ações, prestações e deveres de� nidos. Essas informações comporiam o histórico clínico e seriam restritas ao médico de família e ao indivíduo, mas, se utilizadas sem identi� cação, ajudariam a compor uma base de dados que permitiria ao governo conhecer as reais necessidades, demandas, consumo e gastos, possibilitando um melhor planejamento e uma alocação mais e� ciente dos recursos. O cartão, além de ser a garantia do acesso e qualidade da saúde para a população, seria o primeiro passo para um efetivo choque de gestão na área.

2 – Financiamento• Implementar a proposta popular dos 10% da receita

corrente bruta da União para o setor, ou política similar, que garanta um crescimento progressivo dos recursos.

• Melhorar a gestão com a autonomia em todos os níveis das redes de saúde, o estabelecimento de contratos com metas quantitativas e qualitativas de resultados e incentivos à prestação dos serviços, de� nição e aplicação de protocolos, padrões de qualidade e processos otimizados para os controles internos e aprimoramento do modelo assistencial, com incentivos para a desospitalização e a pro� ssionalização do cuidado.

• Criar uma política de remuneração dos provedores e unidades de saúde associada ao desempenho, com base na qualidade da assistência médica, na informação contínua e padronizada dos processos assistenciais, que remunere não o ato médico, mas o diagnóstico, a patologia ou as linhas de cuidado, e

que seja uniforme e igualmente aplicável tanto aos estabelecimentos públicos como aos privados.

3 – Gestão dos serviços• Estabelecer processos que integrem as atividades,

desde a atenção básica aos hospitais, com as atividades auxiliares e a oferta de medicamentos, e estabelecer modelos alternativos de gestão, que permitam aumentar a autonomia gerencial, premiar a e� ciência e remunerar os estabelecimentos e o pessoal de acordo aos resultados alcançados. Os serviços devem também ser modernizados, através do uso em massa de tecnologias de informação e comunicação, que permitam a marcação eletrônica de consultas médicas e a existência de registros eletrônicos.

• Criar redes assistenciais integradas que permitam o melhor uso possível dos recursos públicos, privados e � lantrópicos, ao nível de cada região, gerando um modelo assistencial com foco no paciente, garantindo a continuidade do acesso à rede de serviços, com o objetivo de oferecer respostas adequadas às necessidades do paciente em todos os âmbitos de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação.

• Desenvolver uma política efetiva de educação e comunicação pública em saúde, com obrigatoriedade de aplicação no setor privado, que garanta a todos a promoção de ações individuais e coletivas, para evitar doenças transmissíveis e não transmissíveis e a prevenção contra os principais fatores de risco à saúde, incluindo aqueles de ordem comportamental, social, econômica, relacionados ao trabalho, às condições de moradia e ao meio ambiente.

• Fortalecer e estender o Programa Saúde da Família para todo o território nacional, quali� cando e ampliando a sua cobertura, incorporando mais pro� ssionais e pro� ssões, estruturando-o como “porta de entrada” do SUS.

• Garantir o acesso da população aos atendimentos de maior complexidade com especialistas, exames e assistência hospitalar de maneira ágil, incluindo o transporte aos serviços referenciados e o acesso ao cuidado (inclusive hospitalar) correspondente ao nível de risco do paciente.

• Implementar redes de atendimentos para urgências e emergências médicas, atualmente insu� cientes e causadoras de grandes sofrimentos para a população, além de ampliar o número de leitos de UTIs e oferecer atendimento digno nos prontos-socorros.

• Aperfeiçoar as estratégias e integrar a rede de assistência farmacêutica com todos os níveis de serviços através do Cartão Cidadão da Saúde, de forma a garantir, por exemplo, as medicações de uso contínuo para todos os pacientes, incluindo os portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e alto colesterol.

• Estimular políticas justas de remuneração dos pro� ssionais, vinculadas à qualidade e ao desempenho assistencial, ao desenvolvimento de carreiras e à melhoria da formação, distribuição e produtividade dos recursos humanos setoriais.

• Incentivar uma melhor distribuição regional de

É preciso eliminar as fi las e medir a satisfação dos usuários, instaurar políticas de prevenção de doenças, reduzir a corrupção, garantir mais recursos, organizar o sistema através de redes de saúde, desenvolver modelos de gestão e remunerar conforme resultados alcançados.

André Medici

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pro� ssionais e identi� car os dé� cits nos setores públicos e privados, tanto ao nível regional como local, através de incentivos econômicos e condições de trabalho adequadas e grati� cantes, estimulando a qualidade e o aperfeiçoamento contínuo, assim como a recerti� cação.

4 - Coordenação do SUS com o setor privado• Fortalecer, modernizar e pro� ssionalizar a ANS

- Agência Nacional de Saúde Suplementar, para dar maior garantia e homogeneidade aos direitos dos usuários dos planos de saúde e melhorar as ferramentas de avaliação e monitoramento da qualidade do setor.

• Identi� car oportunidades de colaboração e investimento, desenvolver parcerias público-privadas com compartilhamento de riscos operacionais e � nanceiros para estimular os aumentos de produtividade e ganhos de e� ciência, estabelecendo critérios para a quali� cação dos prestadores e viabilizando o intercâmbio e troca de informações.

• Aumentar a equidade entre os que detêm planos de saúde e os usuários do SUS, através das redes assistenciais integradas, acabando progressivamente com a dupla ou tripla cidadania no acesso aos serviços.

• Fortalecer a participação social, através de mecanismos de controle e de avaliação da satisfação dos usuários do SUS e dos planos de saúde, e de processos participativos representativos.

SETE DESAFIOSGonzalo Vecina Neto, Superintendente Corporativo do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, SP, também aponta os principais problemas, que muito se relacionam aos destacados por Medici. “Vamos ter que construir uma vontade social para que a mudança ocorra. O que conseguimos no passado, apesar de todas as di� culdades, foi mais fácil do que ainda teremos que fazer, pois precisamos envolver vontade e disposição de mais pessoas para tal”, destaca.A seguir, Vecina cita sete desa� os em ordem decrescente de importância:

1 – Construir modelos assistenciais horizontais: O padrão epidemiológico e demográfico mudou.

A população não morre mais de doenças agudas, mas de crônicas e degenerativas não transmissíveis, além da violência, principal causa de óbitos de jovens de 15 a 45 anos em São Paulo. É preciso construir um modelo de acordo com a nova

realidade, que trate o indivíduo de forma perene, e não esporadicamente.

2 – Montar sistemas regionais de atenção: A ideia é organizar redes poliárticas para fazer frente

à nova carga de doenças, estruturadas entre os governos e com � nanciamento integrado. Segundo Vecina, a “maldição” da federação brasileira de três esferas autônomas tem de ser rompida para atender a saúde. “Os governos não se integram, há uma disputa entre eles. Temos que ter uma rede única sob comando dos Estados, construindo realidades regionais governadas através de cooperação entre os entes federados, com integração de receitas. Não tem saída”, expõe.

3 – Construir modelos de gestão baseados na parceria entre o setor público e o privado:

O Brasil sofre da falta de e� ciência em todos os setores, por isso é necessário entender quais instrumentos propiciam melhoria e ganhos de escala. “É lógico que é preciso transparência e uma relação democrática nessas parcerias, mas elas precisam existir, não tem alternativa. Dois terços da rede hospitalar brasileira são do setor privado”, salienta, acrescentando que “ideologia é fundamental, mas não pode ser burra e ignorante em relação às parcerias públicas-privadas, que são fundamentais”.

4 – Articular o complexo médico-industrial para gerar valor para a sociedade:

10% da economia brasileira hoje está no segmento, o segundo maior empregador. “Produzimos valor para a sociedade, mas precisamos ter políticas industriais e de desenvolvimento tecnológico, além de destravar a regulação das pesquisas clínicas. Temos que esquecer o nacional desenvolvimentismo da década de 50 e criar uma política industrial moderna que consiga sobreviver ao mercado, mas isso exige disposição para discutir e propor novos modelos.”

5 – Articular o SUS ao sistema privado: 30% da população brasileira tem assistência privada.

Vecina cita que na Inglaterra também há setor suplementar, mas os procedimentos complexos são realizados pelo setor público, diferentemente do Brasil. Como articular as duas áreas é uma discussão em aberto.

6 – Manter o aparelho formador sobre regulação: Há de fato falta de médicos, e esse é um problema

bem complexo que merece amplo debate, na opinião do Superintendente do Sírio-Libanês.

7 – Financiamento: É a mais importante. “É preciso melhorar a

articulação entre os setores que atuam na área social. Muitos dos problemas são intersetoriais e não intrasetoriais”, ressalta.

Os governos não se integram, há uma disputa entre eles. Temos que ter uma rede única sob comando dos Estados, construindo realidades regionais governadas através de cooperação entre os entes federados, com integração de receitas.

Gonzalo Vecina Neto

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O que aprendemos com a Santa Casa

e a derrota da seleçãoFalta de planejamento, desorganização, pouca

disciplina, espírito de equipe capenga, comando falho. Seriam estas as palavras para descrever o contexto que

levou ao vexame da seleção brasileira de futebol ao perder de lavada, por 7 x 1, para o unido, e� ciente e simpático time

alemão, na semi� nal da Copa do Mundo?Poderia até ser. Mas o tema em questão trata de outra instituição brasileira, um pouco mais complexa que a paixão nacional pelo esporte bretão: a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, situada no centro nervoso do país, a capital paulista. No � nal de julho, quando ainda nos recuperávamos do vexame futebolístico, a Santa Casa interrompeu os atendimentos de urgência e emergência, por conta da falta de suprimentos básicos – e de uma dívida milionária, que fez com que fornecedores suspendessem as entregas de itens como luvas, medicamentos e seringas.O provedor da Santa Casa, Kalil Abdalla, a� rmou que os repasses � nanceiros da secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, sob a gestão do infectologista David Uip, não são su� cientes para arcar com os custos dos atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uip, por sua vez, embora reconheça a defasagem da tabela que remunera entre 40% e 60% dos gastos com a assistência, demonstra que os governos federal e estadual estão pagando, desde 2013, 70% acima da tabela do SUS para as santas casas de alta complexidade, como é o caso da instituição paulista. O secretário também anunciou auditoria de contas no centro hospitalar, bem como a liberação de R$ 3 milhões para a reabertura do pronto-socorro. Segundo os dados apresentados por Uip, a Santa Casa teria recebido, no ano passado, 2,6 vezes seu valor de produção no período em recursos � nanceiros.Se, ao que tudo indica, o problema não é escassez de recursos, o que faltou? Vamos lá, em ordem alfabética: comando � rme, disciplina, espírito de equipe, organização e

planejamento. A Santa Casa apresentou as desculpas de sempre: não tem recursos, a culpa é do SUS. Eximindo-se da culpa, o Ministério da Saúde declarou que o fechamento da emergência foi uma atitude unilateral da instituição. Ah, mas a pasta também a� rmou, em nota, que coloca linhas de � nanciamento à disposição dos hospitais � lantrópicos. Mas não é de esmola que eles precisam, e sim de uma remuneração compatível com o mercado e com os custos reais da assistência à saúde. O Ministro Arthur Chioro declarou que não há sub� nanciamento e que o país vem criando alternativas ao pagamento via tabela do SUS. Então, faltou dinheiro? E aqui estamos de volta ao começo.A história da Santa Casa de São Paulo ganhou as manchetes no país inteiro, pelo tamanho da instituição, o montante da dívida e o drama de quem a tinha como referência e encontrou as portas fechadas no momento em que mais precisava. Porém, o mesmo acontece em santas casas de todo o Brasil. Se, por um lado, a conta não fecha e as dívidas crescem tal qual bola de neve montanha abaixo, por outro, a gestão de pessoas, processos e recursos está pra lá de defasada. É preciso, sim, aumentar os valores pagos pelo SUS por consultas, procedimentos e cirurgias. Mas o mutirão passa, também, por auditorias na administração do dinheiro e punição de eventuais irregularidades.Isso tudo para não falar do problema das maternidades. Ou melhor, problema para os brasileiros, já que, para as maternidades, a extinção de mais de três mil leitos públicos de obstetrícia em três anos no Brasil é a solução. O cenário acontece também na rede particular – a maternidade do Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, em São Paulo, anunciou o fechamento da ala. Outras instituições, como o Hospital Stella Maris, em Guarulhos, a Santa Casa de Campos, no interior do Rio de Janeiro, a de Belo Horizonte, na capital mineira, ameaçaram ou determinaram o encerramento das atividades em obstetrícia. Os motivos alegados por essas instituições vão desde a falta de profissionais especializados até a insuficiência de recursos repassados pelo governo. O cerne da questão, contudo, mais uma vez, recai sobre a baixa lucratividade dessa área de atuação. Esses hospitais alegam, em sua maioria, que com o fechamento das maternidades, investirão em serviços de alta complexidade, mais lucrativos. Se os hospitais são empresas e empresas precisam de lucro para sobreviver, tudo certo? Tenho minhas dúvidas. Com sistemas de gestão ineficientes, não há garantia de lucro e nem de sustentabilidade. Minhas desculpas pelo termo deselegante, mas o buraco é mais embaixo.Também no � nal de julho, junto com a crise da Santa Casa e a derrocada do Brasil na Copa, o Banco Central alterou as regras de risco de crédito e dos depósitos compulsórios, liberando, no total, R$ 45 bilhões em linhas de � nanciamento. Se injetassem metade desses recursos na saúde, já faria alguma diferença. Vamos aguardar. É ano de eleição e, com ela, vêm as promessas de um Brasil melhor e com mais saúde. Aposta quanto?

Genésio KörbesSócio da Korbes ConsultingMBA em Gestão [email protected]

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O que aprendemos com a Santa Casa

e a derrota da seleçãoFalta de planejamento, desorganização, pouca

disciplina, espírito de equipe capenga, comando falho. Seriam estas as palavras para descrever o contexto que

levou ao vexame da seleção brasileira de futebol ao perder de lavada, por 7 x 1, para o unido, e� ciente e simpático time

alemão, na semi� nal da Copa do Mundo?Poderia até ser. Mas o tema em questão trata de outra instituição brasileira, um pouco mais complexa que a paixão nacional pelo esporte bretão: a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, situada no centro nervoso do país, a capital paulista. No � nal de julho, quando ainda nos recuperávamos do vexame futebolístico, a Santa Casa interrompeu os atendimentos de urgência e emergência, por conta da falta de suprimentos básicos – e de uma dívida milionária, que fez com que fornecedores suspendessem as entregas de itens como luvas, medicamentos e seringas.O provedor da Santa Casa, Kalil Abdalla, a� rmou que os repasses � nanceiros da secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, sob a gestão do infectologista David Uip, não são su� cientes para arcar com os custos dos atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uip, por sua vez, embora reconheça a defasagem da tabela que remunera entre 40% e 60% dos gastos com a assistência, demonstra que os governos federal e estadual estão pagando, desde 2013, 70% acima da tabela do SUS para as santas casas de alta complexidade, como é o caso da instituição paulista. O secretário também anunciou auditoria de contas no centro hospitalar, bem como a liberação de R$ 3 milhões para a reabertura do pronto-socorro. Segundo os dados apresentados por Uip, a Santa Casa teria recebido, no ano passado, 2,6 vezes seu valor de produção no período em recursos � nanceiros.Se, ao que tudo indica, o problema não é escassez de recursos, o que faltou? Vamos lá, em ordem alfabética: comando � rme, disciplina, espírito de equipe, organização e

planejamento. A Santa Casa apresentou as desculpas de sempre: não tem recursos, a culpa é do SUS. Eximindo-se da culpa, o Ministério da Saúde declarou que o fechamento da emergência foi uma atitude unilateral da instituição. Ah, mas a pasta também a� rmou, em nota, que coloca linhas de � nanciamento à disposição dos hospitais � lantrópicos. Mas não é de esmola que eles precisam, e sim de uma remuneração compatível com o mercado e com os custos reais da assistência à saúde. O Ministro Arthur Chioro declarou que não há sub� nanciamento e que o país vem criando alternativas ao pagamento via tabela do SUS. Então, faltou dinheiro? E aqui estamos de volta ao começo.A história da Santa Casa de São Paulo ganhou as manchetes no país inteiro, pelo tamanho da instituição, o montante da dívida e o drama de quem a tinha como referência e encontrou as portas fechadas no momento em que mais precisava. Porém, o mesmo acontece em santas casas de todo o Brasil. Se, por um lado, a conta não fecha e as dívidas crescem tal qual bola de neve montanha abaixo, por outro, a gestão de pessoas, processos e recursos está pra lá de defasada. É preciso, sim, aumentar os valores pagos pelo SUS por consultas, procedimentos e cirurgias. Mas o mutirão passa, também, por auditorias na administração do dinheiro e punição de eventuais irregularidades.Isso tudo para não falar do problema das maternidades. Ou melhor, problema para os brasileiros, já que, para as maternidades, a extinção de mais de três mil leitos públicos de obstetrícia em três anos no Brasil é a solução. O cenário acontece também na rede particular – a maternidade do Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, em São Paulo, anunciou o fechamento da ala. Outras instituições, como o Hospital Stella Maris, em Guarulhos, a Santa Casa de Campos, no interior do Rio de Janeiro, a de Belo Horizonte, na capital mineira, ameaçaram ou determinaram o encerramento das atividades em obstetrícia. Os motivos alegados por essas instituições vão desde a falta de profissionais especializados até a insuficiência de recursos repassados pelo governo. O cerne da questão, contudo, mais uma vez, recai sobre a baixa lucratividade dessa área de atuação. Esses hospitais alegam, em sua maioria, que com o fechamento das maternidades, investirão em serviços de alta complexidade, mais lucrativos. Se os hospitais são empresas e empresas precisam de lucro para sobreviver, tudo certo? Tenho minhas dúvidas. Com sistemas de gestão ineficientes, não há garantia de lucro e nem de sustentabilidade. Minhas desculpas pelo termo deselegante, mas o buraco é mais embaixo.Também no � nal de julho, junto com a crise da Santa Casa e a derrocada do Brasil na Copa, o Banco Central alterou as regras de risco de crédito e dos depósitos compulsórios, liberando, no total, R$ 45 bilhões em linhas de � nanciamento. Se injetassem metade desses recursos na saúde, já faria alguma diferença. Vamos aguardar. É ano de eleição e, com ela, vêm as promessas de um Brasil melhor e com mais saúde. Aposta quanto?

Genésio KörbesSócio da Korbes ConsultingMBA em Gestão [email protected]

Genésio KörbesSócio da Korbes ConsultingMBA em Gestão [email protected]

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realização de um sonho daqueles que � zeram a nossa constituição e idealizaram o SUS. A realidade está muito aquém e vem tomada por uma ideologia que pouco contribui para solucionar os problemas do cenário atual. Este sistema único, que não é único, tem de ser revisto e reformulado com competência e honestidade. E essas duas virtudes estão em falta.De um lado esperamos ações ordenadas, estruturadas e politicamente assertivas das autoridades e, principalmente, um comportamento técnico do Ministério da Saúde, pois a política é uma questão de todos. De outro, espera-se do setor privado uma ação igualmente técnica e regulatória com base em princípios éticos, de preocupação com o equilíbrio � nanceiro e, principalmente, independente.Os atores desse sistema devem atuar de forma complementar, cada um com suas funções e pontos fortes especí� cos. O setor privado possui um modelo ágil e participativo de gestão, voltado à busca da qualidade e da segurança assistencial. Carece, no entanto, de um modelo de organização que o setor público poderia compartilhar. É possível notar que os temas estão interligados, mas não é só a saúde pública que está em jogo. A sustentabilidade do sistema privado também. Enquanto o número de usuários de planos de saúde cresceu, em média, 5% ao ano, desde 2007, cerca de 5% dos leitos privados em nosso país foram fechados neste mesmo período. As razões para essa redução residem, entre outros motivos, na di� culdade de remuneração tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde, má gestão e falta de estímulo governamental. O atendimento de qualidade é um direito do cidadão e deve ser entendido como essencial aos seres humanos. O sistema privado deve resgatar o seu status existencial, preocupando-se assim com as questões relacionadas à gestão e inovações tecnológicas, voltando a ser uma opção do usuário e não uma condição para receber os cuidados que deveriam ser ofertados pelo SUS.Na tentativa de cobrir possíveis lacunas deixadas pelo setor público, o que se vê são inúmeros questionamentos sobre situações críticas relativas ao atendimento cada vez menos satisfatório para grande parte dos usuários do sistema privado. O esforço conjunto é absolutamente fundamental e necessário. É preciso que todos os interessados se envolvam em um amplo debate unindo forças para encontrar soluções viáveis para a saúde brasileira. Hoje, não existe uma política nacional que integre, efetivamente, esses dois setores. O Estado precisa urgentemente repensar o tratamento dispensado à saúde, planejando o seu desenvolvimento dentro das possibilidades de atendimento.Iniciativas associadas ao ano eleitoral são fundamentais para mudar a trajetória de descaso e possibilitar condições para o crescimento do país. É necessário mais coragem para organizar o mercado a � m de que todos ganhem, do que coragem para brigar e todos saiam perdendo, enquanto continuamos na longa � la do pronto-socorro. A� nal, a saúde nem é pública nem privada, mas sim, um direito da cidadania.

A Saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil e no mundo, representando aproximadamente 9% do PIB, segundo estatísticas

da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, representa cerca de R$ 400 bilhões ao ano, sendo 47%

desses recursos provenientes do setor público e 53% do setor privado.

Vivemos um período de transições, onde são consideradas como as mais críticas a transição demográ� ca (o Brasil está se tornando um país com mais idosos), a transição epidemiológica (as principais causas de mortalidade hoje são as doenças crônicas) e a transição de riscos (infelizmente, vivemos num país violento). Então � ca evidente que não se faz boa saúde sem recursos. Embora os gastos no setor estejam crescendo, o Brasil apresenta um dos menores investimentos do mundo que se assemelha ao dos Estados Unidos – país em que a saúde não � gura como direito constitucional de acesso universal, além de ser inferior à média mundial – 59,7%. O setor público enfrenta problemas de execução orçamentária, uma vez que parte importante do orçamento é contingenciada. O � nanciamento do SUS é fragmentado, e os recursos investidos por cada esfera do governo não são proporcionais aos orçamentos. Com a Emenda Constitucional 29, � cou estabelecido piso mínimo de 15% da arrecadação para os Municípios e de 12% para os Estados, sem de� nição do percentual mínimo da União. Essa diferença é acentuada quando calculado o gasto per capita, uma vez que o número de beneficiários do sistema privado é menor que o público. Em média, 190 milhões de brasileiros, cerca de 76% da população, são dependentes dos serviços públicos de saúde. O resultado é um gasto muito inferior ao privado, como demonstram dados da OMS.Podemos a� rmar que estamos vivendo a tentativa da

A saúde brasileira no pront o-socorro

Francisco Balestrin Presidente do Conselho de Administração da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados

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realização de um sonho daqueles que � zeram a nossa constituição e idealizaram o SUS. A realidade está muito aquém e vem tomada por uma ideologia que pouco contribui para solucionar os problemas do cenário atual. Este sistema único, que não é único, tem de ser revisto e reformulado com competência e honestidade. E essas duas virtudes estão em falta.De um lado esperamos ações ordenadas, estruturadas e politicamente assertivas das autoridades e, principalmente, um comportamento técnico do Ministério da Saúde, pois a política é uma questão de todos. De outro, espera-se do setor privado uma ação igualmente técnica e regulatória com base em princípios éticos, de preocupação com o equilíbrio � nanceiro e, principalmente, independente.Os atores desse sistema devem atuar de forma complementar, cada um com suas funções e pontos fortes especí� cos. O setor privado possui um modelo ágil e participativo de gestão, voltado à busca da qualidade e da segurança assistencial. Carece, no entanto, de um modelo de organização que o setor público poderia compartilhar. É possível notar que os temas estão interligados, mas não é só a saúde pública que está em jogo. A sustentabilidade do sistema privado também. Enquanto o número de usuários de planos de saúde cresceu, em média, 5% ao ano, desde 2007, cerca de 5% dos leitos privados em nosso país foram fechados neste mesmo período. As razões para essa redução residem, entre outros motivos, na di� culdade de remuneração tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde, má gestão e falta de estímulo governamental. O atendimento de qualidade é um direito do cidadão e deve ser entendido como essencial aos seres humanos. O sistema privado deve resgatar o seu status existencial, preocupando-se assim com as questões relacionadas à gestão e inovações tecnológicas, voltando a ser uma opção do usuário e não uma condição para receber os cuidados que deveriam ser ofertados pelo SUS.Na tentativa de cobrir possíveis lacunas deixadas pelo setor público, o que se vê são inúmeros questionamentos sobre situações críticas relativas ao atendimento cada vez menos satisfatório para grande parte dos usuários do sistema privado. O esforço conjunto é absolutamente fundamental e necessário. É preciso que todos os interessados se envolvam em um amplo debate unindo forças para encontrar soluções viáveis para a saúde brasileira. Hoje, não existe uma política nacional que integre, efetivamente, esses dois setores. O Estado precisa urgentemente repensar o tratamento dispensado à saúde, planejando o seu desenvolvimento dentro das possibilidades de atendimento.Iniciativas associadas ao ano eleitoral são fundamentais para mudar a trajetória de descaso e possibilitar condições para o crescimento do país. É necessário mais coragem para organizar o mercado a � m de que todos ganhem, do que coragem para brigar e todos saiam perdendo, enquanto continuamos na longa � la do pronto-socorro. A� nal, a saúde nem é pública nem privada, mas sim, um direito da cidadania.

A Saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no Brasil e no mundo, representando aproximadamente 9% do PIB, segundo estatísticas

da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, representa cerca de R$ 400 bilhões ao ano, sendo 47%

desses recursos provenientes do setor público e 53% do setor privado.

Vivemos um período de transições, onde são consideradas como as mais críticas a transição demográ� ca (o Brasil está se tornando um país com mais idosos), a transição epidemiológica (as principais causas de mortalidade hoje são as doenças crônicas) e a transição de riscos (infelizmente, vivemos num país violento). Então � ca evidente que não se faz boa saúde sem recursos. Embora os gastos no setor estejam crescendo, o Brasil apresenta um dos menores investimentos do mundo que se assemelha ao dos Estados Unidos – país em que a saúde não � gura como direito constitucional de acesso universal, além de ser inferior à média mundial – 59,7%. O setor público enfrenta problemas de execução orçamentária, uma vez que parte importante do orçamento é contingenciada. O � nanciamento do SUS é fragmentado, e os recursos investidos por cada esfera do governo não são proporcionais aos orçamentos. Com a Emenda Constitucional 29, � cou estabelecido piso mínimo de 15% da arrecadação para os Municípios e de 12% para os Estados, sem de� nição do percentual mínimo da União. Essa diferença é acentuada quando calculado o gasto per capita, uma vez que o número de beneficiários do sistema privado é menor que o público. Em média, 190 milhões de brasileiros, cerca de 76% da população, são dependentes dos serviços públicos de saúde. O resultado é um gasto muito inferior ao privado, como demonstram dados da OMS.Podemos a� rmar que estamos vivendo a tentativa da

A saúde brasileira no pront o-socorro

Francisco Balestrin Francisco Balestrin Presidente do Conselho de Presidente do Conselho de Administração da Administração da Anahp – Associação Nacional Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privadosde Hospitais Privados

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93% estão insatisfeitos com a assistência à

saúde no paísOs serviços públicos e privados de saúde no Brasil

são péssimos, ruins ou regulares para 93% dos eleitores brasileiros. A sensação também é de insatisfação em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo 87%

da população. Essa avaliação integra pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Paulista de Medicina (APM).“O grau de insatisfação é emblemático e aponta o desejo da população por mudanças profundas na condução dos rumos do país. Essa pesquisa deve gerar a re� exão na sociedade sobre os caminhos a se tomar”, a� rmou o Presidente do CFM, Roberto Luiz d´Ávila.

Difícil acesso ao SUSA pesquisa apontou que todos os aspectos do atendimento do SUS têm imagem insatisfatória entre a população brasileira. Os pontos mais críticos estão relacionados ao acesso e ao tempo de espera para atendimento. Mais da metade dos entrevistados relataram ser difícil ou muito difícil conseguir o serviço pretendido, especialmente cirurgias, atendimento domiciliar e procedimentos especí� cos, como hemodiálise e quimioterapia.Sobre a qualidade, 70% disseram estar insatisfeitos e atribuíram avaliações que variam de péssimo a regular. A percepção mais negativa está relacionada ao atendimento nas urgências e emergências e nos prontos-socorros. Juntamente com as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), estes setores têm se con� gurado como a principal porta de entrada para o SUS.O tempo aguardado para atendimento ou agendamento de consulta, exame, internação, cirurgia ou outro procedimento também é um gargalo. Entre os 2.418 entrevistados, pelo menos 30% declararam estar aguardando ou ter alguém na família esperando a marcação ou realização de algum procedimento pelo SUS. Até mesmo pessoas que possuem planos de saúde, 22% deles, disseram que aguardam algum tipo de atendimento pela rede pública.Mas apesar desse percentual, isso não signi� ca inexistência de queixas ou facilidade no acesso ao procedimento diagnosticado. Só dois entre cada dez entrevistados conseguiram ser atendidos em até um mês no seu pedido de consulta, exame, internação, cirurgia ou procedimento especí� co (quimioterapia ou hemodiálise, por exemplo). Para quase metade da população, esse tempo é ainda maior, podendo chegar a seis meses. O mais grave é que uma parcela signi� cativa (29%) aguarda há mais de seis meses para ter seu pedido atendido, sendo que mais da metade desse grupo relata estar na � la de espera há mais de um ano.Grande parte dessa percepção ruim decorre da ausência de medidas que assegurem o bom funcionamento dos serviços, lembrou d’ Ávila, para quem a desativação de milhares de leitos

públicos nos últimos anos tem colocado médicos e pacientes em “sacrifício”.Para o presidente da APM, Florisval Meinão, o trabalho realizado é de alta pertinência por oferecer subsídios ao debate eleitoral. “Um dos problemas mais relevantes é a questão do acesso. Chama atenção a di� culdade de atendimento em pronto-socorro, uma situação inaceitável, e que ocorre também nas consultas e nas cirurgias. Trata-se de uma de� ciência grave no nosso sistema de saúde, um problema de gestão”, declara.

GovernoEm nota, o Ministério da Saúde disse que a interpretação do CFM foi tendenciosa e que, apesar dos desa� os, houve avanços como acesso superior a 84% na maioria dos tipos de serviços avaliados. “Das pessoas que procuram os postos de saúde, 91,3% conseguiram atendimento, o que demonstra os bons resultados de estratégias como o Mais Médicos. Dos que utilizaram o SUS, 74% avaliam a qualidade do atendimento com notas superior a 5, sendo que um terço dos entrevistados deram notas entre 8 e 10”, apontou o comunicado.

METODOLOGIA

De acordo com a pesquisa, a Saúde no Brasil é apontada como a área de maior importância para 87% brasileiros e é também indicada por 57% como tema que deveria ser

tratado como prioridade pelo Governo Federal. A abran-gência do estudo foi nacional, incluindo regiões metropoli-tanas e cidades do interior de diferentes portes, moradores

nas cinco regiões do país. Foram ouvidas 2.418 pessoas - 60% delas residentes no interior - entre os dias 3 a 10 de junho, homens e mulheres com idade superior a 16 anos.

Outras áreas como educação (18%) e combate à corrup-ção (8%) também aparecem com alto nível de prioridade

para a população. Contudo, a distância delas para a saúde é signifi cativa.

Pesquisa completa disponível no link goo.gl/efNRgv.

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93% estão insatisfeitos com a assistência à

saúde no paísOs serviços públicos e privados de saúde no Brasil

são péssimos, ruins ou regulares para 93% dos eleitores brasileiros. A sensação também é de insatisfação em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), segundo 87%

da população. Essa avaliação integra pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Paulista de Medicina (APM).“O grau de insatisfação é emblemático e aponta o desejo da população por mudanças profundas na condução dos rumos do país. Essa pesquisa deve gerar a re� exão na sociedade sobre os caminhos a se tomar”, a� rmou o Presidente do CFM, Roberto Luiz d´Ávila.

Difícil acesso ao SUSA pesquisa apontou que todos os aspectos do atendimento do SUS têm imagem insatisfatória entre a população brasileira. Os pontos mais críticos estão relacionados ao acesso e ao tempo de espera para atendimento. Mais da metade dos entrevistados relataram ser difícil ou muito difícil conseguir o serviço pretendido, especialmente cirurgias, atendimento domiciliar e procedimentos especí� cos, como hemodiálise e quimioterapia.Sobre a qualidade, 70% disseram estar insatisfeitos e atribuíram avaliações que variam de péssimo a regular. A percepção mais negativa está relacionada ao atendimento nas urgências e emergências e nos prontos-socorros. Juntamente com as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), estes setores têm se con� gurado como a principal porta de entrada para o SUS.O tempo aguardado para atendimento ou agendamento de consulta, exame, internação, cirurgia ou outro procedimento também é um gargalo. Entre os 2.418 entrevistados, pelo menos 30% declararam estar aguardando ou ter alguém na família esperando a marcação ou realização de algum procedimento pelo SUS. Até mesmo pessoas que possuem planos de saúde, 22% deles, disseram que aguardam algum tipo de atendimento pela rede pública.Mas apesar desse percentual, isso não signi� ca inexistência de queixas ou facilidade no acesso ao procedimento diagnosticado. Só dois entre cada dez entrevistados conseguiram ser atendidos em até um mês no seu pedido de consulta, exame, internação, cirurgia ou procedimento especí� co (quimioterapia ou hemodiálise, por exemplo). Para quase metade da população, esse tempo é ainda maior, podendo chegar a seis meses. O mais grave é que uma parcela signi� cativa (29%) aguarda há mais de seis meses para ter seu pedido atendido, sendo que mais da metade desse grupo relata estar na � la de espera há mais de um ano.Grande parte dessa percepção ruim decorre da ausência de medidas que assegurem o bom funcionamento dos serviços, lembrou d’ Ávila, para quem a desativação de milhares de leitos

públicos nos últimos anos tem colocado médicos e pacientes em “sacrifício”.Para o presidente da APM, Florisval Meinão, o trabalho realizado é de alta pertinência por oferecer subsídios ao debate eleitoral. “Um dos problemas mais relevantes é a questão do acesso. Chama atenção a di� culdade de atendimento em pronto-socorro, uma situação inaceitável, e que ocorre também nas consultas e nas cirurgias. Trata-se de uma de� ciência grave no nosso sistema de saúde, um problema de gestão”, declara.

GovernoEm nota, o Ministério da Saúde disse que a interpretação do CFM foi tendenciosa e que, apesar dos desa� os, houve avanços como acesso superior a 84% na maioria dos tipos de serviços avaliados. “Das pessoas que procuram os postos de saúde, 91,3% conseguiram atendimento, o que demonstra os bons resultados de estratégias como o Mais Médicos. Dos que utilizaram o SUS, 74% avaliam a qualidade do atendimento com notas superior a 5, sendo que um terço dos entrevistados deram notas entre 8 e 10”, apontou o comunicado.

93% estão insatisfeitos com a assistência à

públicos nos últimos anos tem colocado médicos e

METODOLOGIA

De acordo com a pesquisa, a Saúde no Brasil é apontada como a área de maior importância para 87% brasileiros e é também indicada por 57% como tema que deveria ser

tratado como prioridade pelo Governo Federal. A abran-gência do estudo foi nacional, incluindo regiões metropoli-tanas e cidades do interior de diferentes portes, moradores

nas cinco regiões do país. Foram ouvidas 2.418 pessoas - 60% delas residentes no interior - entre os dias 3 a 10 de junho, homens e mulheres com idade superior a 16 anos.

Outras áreas como educação (18%) e combate à corrup-ção (8%) também aparecem com alto nível de prioridade

para a população. Contudo, a distância delas para a saúde é signifi cativa.

Pesquisa completa disponível no link goo.gl/efNRgv.

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Governo gasta pouco para cobrir

despesas do SUSUm gasto de R$ 3,05 ao dia em saúde. Este é o

valor que os governos federal, estaduais e municipais aplicaram em 2013 para cobrir as despesas dos mais de 200 milhões de brasileiros usuários do Sistema

Único de Saúde (SUS). Ao todo, o gasto per capita em saúde naquele ano foi de R$ 1.098,75. O valor, segundo análise do Conselho Federal de Medicina (CFM), está abaixo dos parâmetros internacionais e representa apenas metade do que gastaram os beneficiários de planos de saúde do Brasil no mesmo período.As informações levantadas pela entidade consideraram as despesas apresentadas pelos gestores à Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, por meio de relatórios resumidos de execução orçamentária. Em 2013, as despesas nos três níveis de gestão atingiram a cifra de R$ 220,9 bilhões. O montante agrega todas as despesas na chamada “função saúde”, destinada à cobertura das ações de aperfeiçoamento do sistema público. Boa parte desse dinheiro é usada também para o pagamento de funcionários, dentre outros valores de custeio da máquina pública.Para o Presidente em exercício do CFM, Carlos Vital, os indicadores de saúde e as condições de trabalho para os médicos nos municípios revelam como os valores gastos estão abaixo do ideal. “Como podemos ter saúde de qualidade para nossos pacientes e melhor infraestrutura de trabalho para os profissionais com tão poucos recursos? O pior de tudo é que, enquanto estados e municípios se esforçam para aplicar o mínimo previsto em lei, a União deixa de gastar, por dia, R$ 22 milhões que deveriam ser destinados à saúde pública”, criticou Vital, ao relembrar um estudo do CFM, apontando que entre 2001 e 2012, o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões do orçamento previsto.Recentemente, um grupo ligado aos planos de saúde mostrou que cada um dos 50,2 milhões de beneficiários de planos privados pagou, em média, R$ 179,10 por mês para contar com a cobertura de seu plano em 2013. “Isso representa cerca de R$ 2.150,00 por ano – quase o dobro do que os governos pagam pelo direito à saúde pública”, ponderou o Diretor de Comunicação do CFM, Desiré Callegari.

Comparação internacionalAs informações do CFM dialogam com dados da OMS

(Estatísticas Sanitárias 2014), que, apesar de diferenças metodológicas, revelou que o governo brasileiro tem uma participação aquém das suas necessidades e possibilidades no financiamento. Do grupo de países com modelos públicos de atendimento de acesso universal, o Brasil era, em 2011, o que tinha a menor participação do Estado (união, estados e municípios) no financiamento da saúde.Segundo os cálculos da organização, enquanto no Brasil o gasto público em saúde alcançava US$ 512 por pessoa, na Inglaterra, por exemplo, já era cinco vezes maior: US$ 3.031. Em outros países com sistema universal de saúde, a regra é a mesma. França (US$ 3.813), Alemanha (US$ 3.819), Canadá (US$ 3.982), Espanha (US$ 2.175), Austrália (US$ 4.052) e até a Argentina (US$ 576) aplicam mais que o Brasil.

Ranking dos estados e capitaisO levantamento do CFM considerou ainda os dados declarados pelos maiores municípios de cada um dos dez estados mais populosos do país. A comparação mostra que, embora alguns tenham aplicações maiores que outros, em geral os valores são insuficientes para melhorar indicadores em nível local. Neste estudo, as despesas foram cruzadas com Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), oferta de leitos para cada grupo de 800 habitantes, taxas de incidência de tuberculose e dengue, além da cobertura populacional de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Equipes de Saúde da Família (ESF).É o caso, por exemplo, do Distrito Federal, líder do ranking estadual do gasto em saúde, com R$ 1.042,40 por pessoa ao ano. Apesar disso, o

“Do grupo de países com modelos públicos de atendimento universal, o Brasil tem a menor participação do

governo no fi nanciamento”

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Governo gasta pouco para cobrir

despesas do SUSUm gasto de R$ 3,05 ao dia em saúde. Este é o

valor que os governos federal, estaduais e municipais aplicaram em 2013 para cobrir as despesas dos mais de 200 milhões de brasileiros usuários do Sistema

Único de Saúde (SUS). Ao todo, o gasto per capita em saúde naquele ano foi de R$ 1.098,75. O valor, segundo análise do Conselho Federal de Medicina (CFM), está abaixo dos parâmetros internacionais e representa apenas metade do que gastaram os beneficiários de planos de saúde do Brasil no mesmo período.As informações levantadas pela entidade consideraram as despesas apresentadas pelos gestores à Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, por meio de relatórios resumidos de execução orçamentária. Em 2013, as despesas nos três níveis de gestão atingiram a cifra de R$ 220,9 bilhões. O montante agrega todas as despesas na chamada “função saúde”, destinada à cobertura das ações de aperfeiçoamento do sistema público. Boa parte desse dinheiro é usada também para o pagamento de funcionários, dentre outros valores de custeio da máquina pública.Para o Presidente em exercício do CFM, Carlos Vital, os indicadores de saúde e as condições de trabalho para os médicos nos municípios revelam como os valores gastos estão abaixo do ideal. “Como podemos ter saúde de qualidade para nossos pacientes e melhor infraestrutura de trabalho para os profissionais com tão poucos recursos? O pior de tudo é que, enquanto estados e municípios se esforçam para aplicar o mínimo previsto em lei, a União deixa de gastar, por dia, R$ 22 milhões que deveriam ser destinados à saúde pública”, criticou Vital, ao relembrar um estudo do CFM, apontando que entre 2001 e 2012, o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões do orçamento previsto.Recentemente, um grupo ligado aos planos de saúde mostrou que cada um dos 50,2 milhões de beneficiários de planos privados pagou, em média, R$ 179,10 por mês para contar com a cobertura de seu plano em 2013. “Isso representa cerca de R$ 2.150,00 por ano – quase o dobro do que os governos pagam pelo direito à saúde pública”, ponderou o Diretor de Comunicação do CFM, Desiré Callegari.

Comparação internacionalAs informações do CFM dialogam com dados da OMS

(Estatísticas Sanitárias 2014), que, apesar de diferenças metodológicas, revelou que o governo brasileiro tem uma participação aquém das suas necessidades e possibilidades no financiamento. Do grupo de países com modelos públicos de atendimento de acesso universal, o Brasil era, em 2011, o que tinha a menor participação do Estado (união, estados e municípios) no financiamento da saúde.Segundo os cálculos da organização, enquanto no Brasil o gasto público em saúde alcançava US$ 512 por pessoa, na Inglaterra, por exemplo, já era cinco vezes maior: US$ 3.031. Em outros países com sistema universal de saúde, a regra é a mesma. França (US$ 3.813), Alemanha (US$ 3.819), Canadá (US$ 3.982), Espanha (US$ 2.175), Austrália (US$ 4.052) e até a Argentina (US$ 576) aplicam mais que o Brasil.

Ranking dos estados e capitaisO levantamento do CFM considerou ainda os dados declarados pelos maiores municípios de cada um dos dez estados mais populosos do país. A comparação mostra que, embora alguns tenham aplicações maiores que outros, em geral os valores são insuficientes para melhorar indicadores em nível local. Neste estudo, as despesas foram cruzadas com Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), oferta de leitos para cada grupo de 800 habitantes, taxas de incidência de tuberculose e dengue, além da cobertura populacional de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Equipes de Saúde da Família (ESF).É o caso, por exemplo, do Distrito Federal, líder do ranking estadual do gasto em saúde, com R$ 1.042,40 por pessoa ao ano. Apesar disso, o

“Do grupo de países com modelos públicos de atendimento universal, o Brasil tem a menor participação do

governo no fi nanciamento”

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DF apresenta o pior desempenho de cobertura populacional de ACS (19%) e de ESF (20%). Por dia,

são gastos R$ 2,90 na saúde da população local, valor que também não foi suficiente para livrá-lo da pior taxa de leitos por habitantes do país: apenas 0,7 leito para cada 800 habitantes.

Em último lugar no ranking aparece Alagoas, onde foram gastos apenas R$ 204,89, em 2013, na saúde de cada habitante, o equivalente a R$ 0,57 ao dia. Apesar das taxas de incidência

de doenças e demais indicadores de saúde não estarem entre os piores, Alagoas tem o

pior IDH do país, segundo pesquisa divulgada pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) no ano

passado e que mede o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida da população.  Entre as capitais, a média do gasto em saúde por pessoa é de R$ 542,8. Onze cidades figuram abaixo desse valor. Belo Horizonte/MG tem o melhor desempenho relativo, com R$ 933,86 ao ano, seguido pelas cidades de Campo Grande/MS (R$ 919,30) e Teresina/PI (R$ 874,82). Na outra ponta, Rio Branco-AC (R$ 240,53), Boa Vista/RR (R$ 271,19) e Belém/PA (R$ 284,77) aparecem com os piores desempenhos. Em Macapá, capital do Amapá, os gastos em saúde não foram encontrados, nem nos relatórios resumidos de execução orçamentária, nem no portal da transparência da prefeitura, motivo que pelo qual a cidade não foi incluída no levantamento. As tabelas completas dos dados dos estados e das capitais estão disponíveis nos links goo.gl/ATtPOV e goo.gl/MQhTEF.

CAPITAL PAULISTA FICOU EM 10º LUGAR NO RANKING

R$ 1,61 por dia em saúde foi aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS) por pessoa no município de São Paulo, com os recursos próprios da prefeitura e os transferidos

pelos governos estadual e federal em 2013. O dado colo-ca a capital paulista em 10º lugar no ranking estadual

de gasto público per capita em saúde, segundo o levan-tamento. Ao todo, cada paulistano custa em média R$

579,52 ao ano para os cofres públicos. O valor representa 26,95% do que os benefi ciários de plano de saúde gas-tam por ano para ter acesso à assistência suplementar.

Ao longo de 2013, o município de São Paulo destinou efe-tivamente à saúde da população mais de R$ 6,8 bilhões, sendo que a maior parte desses recursos, mais de R$ 2,47

bilhões, foi direcionada à Atenção Básica. A Assistência Hospitalar e Ambulatorial recebeu quase R$ 2,35 bilhões.

Entre os 20 municípios mais populosos do estado, a média do gasto em saúde por pessoa foi de R$ 601,34 ao ano

ou R$ 1,67 ao dia, incluindo os recursos da prefeitura e os transferidos pelos governos federal e estadual. Os muni-

cípios que mais gastaram com saúde foram São Bernardo do Campo (R$ 2,71/dia), Jundiaí (R$ 2,45/dia) e Santos

(R$ 2,27/dia). Na outra ponta da tabela, Carapicuíba é a cidade com o pior resultado no ranking (R$ 0,75/dia).

A cada semana, um hospital privado

fecha no BrasilDe 2007 a 2012, um hospital particular fechou as portas a cada semana. No total, 256 estabelecimentos deixaram de funcionar. De acordo com Francisco Balestrin, Presidente da Anahp - Associação Nacional dos Hospitais Privados, as contas não fecham, pois a receita média líquida cresceu 5,1% e a despesa, 6,1%.Segundo levantamento feito pela entidade, que hoje reúne 66 associados, o número de bene� ciários dos planos de saúde cresceu 4,6%, em 2013, adicionando 2,2 milhões de usuários no sistema. Se considerar uma taxa média de internação hospitalar em torno de 14%, esse crescimento demanda mais de 300 mil novas internações. Analisando de outra forma, são necessários cerca de 5 mil novos leitos para o atendimento dessa demanda.A receita líquida por pacientes-dia cresceu 1,2% em 2013 em relação a 2012, índice aquém da variação da in� ação no período, de 5,9%. O crescimento também � cou abaixo da variação das despesas por paciente-dia, que aumentou 2,1%, comprometendo a margem das instituições.Além do aumento da demanda causado pelo crescimento da população coberta, o setor começa a sentir os efeitos do envelhecimento populacional, com o aumento da média de permanência hospitalar dos pacientes, as múltiplas comorbidades, a elevada taxa de pacientes residentes (com permanência superior a 90 dias) e a redução de procedimentos cirúrgicos aliada ao agravamento do quadro clínico.Dos bene� ciários dos planos, 32% têm mais de 80 anos. De 2008 a 2013, os associados de 30 a 39 anos passaram de 26% para 34%. Quanto mais velho, maior a probabilidade de o usuário precisar do seguro.O estudo também aponta que além do avanço na demanda e o aumento de usuários com maior consumo de serviços e materiais, o setor tem observado crescente pressão de operadoras de planos de saúde pela redução de suas despesas assistenciais. Essa tendência é verificada na defasagem de reajustes contratuais, no forte crescimento das despesas em relação às receitas, no aumento das glosas e dos prazos médios de recebimento, reduzindo a margem dos hospitais.

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DF apresenta o pior desempenho de cobertura populacional de ACS (19%) e de ESF (20%). Por dia,

são gastos R$ 2,90 na saúde da população local, valor que também não foi suficiente para livrá-lo da pior taxa de leitos por habitantes do país: apenas 0,7 leito para cada 800 habitantes.

Em último lugar no ranking aparece Alagoas, onde foram gastos apenas R$ 204,89, em 2013, na saúde de cada habitante, o equivalente a R$ 0,57 ao dia. Apesar das taxas de incidência

de doenças e demais indicadores de saúde não estarem entre os piores, Alagoas tem o

pior IDH do país, segundo pesquisa divulgada pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) no ano

passado e que mede o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida da população.  Entre as capitais, a média do gasto em saúde por pessoa é de R$ 542,8. Onze cidades figuram abaixo desse valor. Belo Horizonte/MG tem o melhor desempenho relativo, com R$ 933,86 ao ano, seguido pelas cidades de Campo Grande/MS (R$ 919,30) e Teresina/PI (R$ 874,82). Na outra ponta, Rio Branco-AC (R$ 240,53), Boa Vista/RR (R$ 271,19) e Belém/PA (R$ 284,77) aparecem com os piores desempenhos. Em Macapá, capital do Amapá, os gastos em saúde não foram encontrados, nem nos relatórios resumidos de execução orçamentária, nem no portal da transparência da prefeitura, motivo que pelo qual a cidade não foi incluída no levantamento. As tabelas completas dos dados dos estados e das capitais estão disponíveis nos links goo.gl/ATtPOV e goo.gl/MQhTEF.

CAPITAL PAULISTA FICOU EM 10º LUGAR NO RANKING

R$ 1,61 por dia em saúde foi aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS) por pessoa no município de São Paulo, com os recursos próprios da prefeitura e os transferidos

pelos governos estadual e federal em 2013. O dado colo-ca a capital paulista em 10º lugar no ranking estadual

de gasto público per capita em saúde, segundo o levan-per capita em saúde, segundo o levan-per capitatamento. Ao todo, cada paulistano custa em média R$

579,52 ao ano para os cofres públicos. O valor representa 26,95% do que os benefi ciários de plano de saúde gas-tam por ano para ter acesso à assistência suplementar.

Ao longo de 2013, o município de São Paulo destinou efe-tivamente à saúde da população mais de R$ 6,8 bilhões, sendo que a maior parte desses recursos, mais de R$ 2,47

bilhões, foi direcionada à Atenção Básica. A Assistência Hospitalar e Ambulatorial recebeu quase R$ 2,35 bilhões.

Entre os 20 municípios mais populosos do estado, a média do gasto em saúde por pessoa foi de R$ 601,34 ao ano

ou R$ 1,67 ao dia, incluindo os recursos da prefeitura e os transferidos pelos governos federal e estadual. Os muni-

cípios que mais gastaram com saúde foram São Bernardo do Campo (R$ 2,71/dia), Jundiaí (R$ 2,45/dia) e Santos

(R$ 2,27/dia). Na outra ponta da tabela, Carapicuíba é a cidade com o pior resultado no ranking (R$ 0,75/dia).

A cada semana, um hospital privado

fecha no BrasilDe 2007 a 2012, um hospital particular fechou as portas a cada semana. No total, 256 estabelecimentos deixaram de funcionar. De acordo com Francisco Balestrin, Presidente da Anahp - Associação Nacional dos Hospitais Privados, as contas não fecham, pois a receita média líquida cresceu 5,1% e a despesa, 6,1%.Segundo levantamento feito pela entidade, que hoje reúne 66 associados, o número de bene� ciários dos planos de saúde cresceu 4,6%, em 2013, adicionando 2,2 milhões de usuários no sistema. Se considerar uma taxa média de internação hospitalar em torno de 14%, esse crescimento demanda mais de 300 mil novas internações. Analisando de outra forma, são necessários cerca de 5 mil novos leitos para o atendimento dessa demanda.A receita líquida por pacientes-dia cresceu 1,2% em 2013 em relação a 2012, índice aquém da variação da in� ação no período, de 5,9%. O crescimento também � cou abaixo da variação das despesas por paciente-dia, que aumentou 2,1%, comprometendo a margem das instituições.Além do aumento da demanda causado pelo crescimento da população coberta, o setor começa a sentir os efeitos do envelhecimento populacional, com o aumento da média de permanência hospitalar dos pacientes, as múltiplas comorbidades, a elevada taxa de pacientes residentes (com permanência superior a 90 dias) e a redução de procedimentos cirúrgicos aliada ao agravamento do quadro clínico.Dos bene� ciários dos planos, 32% têm mais de 80 anos. De 2008 a 2013, os associados de 30 a 39 anos passaram de 26% para 34%. Quanto mais velho, maior a probabilidade de o usuário precisar do seguro.O estudo também aponta que além do avanço na demanda e o aumento de usuários com maior consumo de serviços e materiais, o setor tem observado crescente pressão de operadoras de planos de saúde pela redução de suas despesas assistenciais. Essa tendência é verificada na defasagem de reajustes contratuais, no forte crescimento das despesas em relação às receitas, no aumento das glosas e dos prazos médios de recebimento, reduzindo a margem dos hospitais.no aumento das glosas e dos prazos médios de recebimento, reduzindo a margem dos hospitais.

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Fechamento de maternidades refl ete

falta de recursos Maternidades públicas e privadas estão fechando

as portas em todo o Brasil. Os motivos vão da falta de recursos ao baixo rendimento da área, em comparação a

procedimentos de alta complexidade.No caso do hospital privado Santa Catarina, de São

Paulo, SP, o motivo da desativação da maternidade é aplicar recursos em setores como oncologia, neurologia, cardiologia e ortopedia. A administração da entidade justi� cou a decisão dizendo que a população está envelhecendo e que é preciso investir em outro tipo de atendimento.De fato, hoje as pessoas estão vivendo em média 73 anos, e o número de nascimentos vem caindo por um movimento da própria sociedade. Segundo o IBGE, o Brasil vai parar de crescer em 2042 e, com isso, teremos uma população idosa maior do que a jovem.Na opinião de Rubens Baptista Júnior, consultor e professor de MBA Executivo em Saúde da FGV – Fundação Getúlio Vargas, o envelhecimento da população é um fator que tem o seu peso, mas sozinho não justi� ca a opção. “O Brasil ainda apresenta um crescimento populacional elevado e a parcela em idade reprodutiva é muito grande”, considera.Segundo ele, outros fatores contribuem para o fechamento das maternidades. “Em São Paulo, os planos de saúde deixam de ser atraentes para as organizações devido aos valores pagos. Aquelas que atendem pelo SUS também sofrem com o repasse insu� ciente”, diz.Baptista conta que obstetrícia é, em termos de remuneração, uma clínica “barata”, por isso, as instituições têm apostado em outras especialidades. “Lucro é um fator de desenvolvimento e de progresso em todos os setores em que for aplicado. Não há razão para ser diferente na Saúde. O maior inimigo da mentalidade moderna na gestão da área é a concepção arcaica de setores da sociedade das relações com o Estado e na economia e também por elementos políticos-ideológicos”, destaca.Ele acrescenta que as faixas de maior renda na população apresentam queda na natalidade e, se mantida, acaba desestimulando o setor. Custos crescentes e o risco jurídico, que começa a aparecer no Brasil, também são fatores que contam.Essa tendência, de acordo com Baptista, não é a mesma em países com liberdade de preços e de negociação entre as partes, mecanismos que corrigem as distorções. “A crise é mais característica em países com mudanças no per� l de saúde e modelos engessados de economia”, expõe.

SUSPelo menos três maternidades vinculadas a hospitais � lantrópicos e conveniados ao SUS encerraram suas atividades no primeiro semestre do ano. Por exemplo, o Stella Maris, de Guarulhos, na Grande São Paulo, que desativou os serviços de maternidade e UTI neonatal tanto para pacientes do SUS quanto para convênios e particulares.

Segundo a administração, a verba recebida não era su� ciente. O hospital tem uma despesa de cerca de R$ 700 mil por mês e receita de R$ 200 mil, segundo Ronaldo Rafael de Oliveira, Diretor-Geral da entidade.Conforme conta o Dr. Luiz Aramicy Pinto, Presidente da FBH – Federação Brasileira de Hospitais, o principal fator que leva a essa situação é a desatualização da tabela do SUS, que hoje é apenas um referencial, ou seja, ela não remunera o procedimento pelo seu custo, nem tampouco o honorário pro� ssional do médico obstetra, do neonatologista, do anestesista e de outros pro� ssionais envolvidos nos procedimentos. “Por esse motivo também não se consegue pro� ssionais e a maternidade não pode subsistir com os valores que são hoje repassados”, ressalta.Dr. Luiz lembra que as maternidades dos hospitais � lantrópicos ou santas casas que atendem o SUS recebem também incentivos fora da tabela, mas que isso é apenas uma medida paliativa. “Ou seja, continuam apagando incêndio, porque essas organizações não estão nada satisfeitas com a maneira como são remuneradas. Imagine esta situação em um hospital privado, que não tem a mesma isenção de impostos que um � lantrópico? Se ele ainda estiver atendendo pelo SUS, podemos acreditar que está fazendo milagre”, declara.Para o Presidente da FBH, precisamos buscar um modelo

BOM EXEMPLO

Se as maternidades acabam fechando belo baixo lucro, como sobrevivem as dedicadas especialmente

à especialidade? Marco Antônio Zaccarelli, Diretor Geral do Hospital e Maternidade Santa Joana e da Maternidade Pro Matre, de São Paulo, SP, explica

que o diferencial dessas instituições é serem focadas na gestação de risco, que tem crescido nos últimos anos

devido à gravidez tardia. “Aumentamos nossa UTI ne-onatal, contamos com uma semi-intensiva dedicada e estruturamos um serviço de cirurgia cardíaca neonatal

e fetal, ou seja, investimos em uma estrutura voltada à alta complexidade dentro da obstetrícia”, conta.

Segundo ele, é difícil manter uma maternidade por-que é preciso ter uma estrutura de hospital geral, mes-mo atendendo só essa especialidade, com UTI adulto e

serviços de diagnóstico. Além disso, o setor não utiliza materiais de alto custo como outros, a exemplo de On-

cologia e Cardiologia. “É claro que também exigimos preços justos no mercado em relação às operadoras de saúde. É fundamental saber negociar para garantir a

sustentabilidade da instituição”, ressalta.A mão de obra escassa na Pediatria também poderia

ser um problema para as duas maternidades, mas Zaccarelli diz que através de um convênio com a Escola Paulista de Medicina, os estudantes fazem

estágio e acabam sendo contratados. Por mês, o Santa Joana realiza 1.300 partos, e a Pro

Matre, 1.000. Com o fechamento da maternidade do Santa Catarina, parte da demanda será aten-

dida pelas duas instituições, mas o diretor considera que não haverá um aumento signifi cativo que possa

impactar suas atividades.

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Fechamento de maternidades refl ete

falta de recursos Maternidades públicas e privadas estão fechando

as portas em todo o Brasil. Os motivos vão da falta de recursos ao baixo rendimento da área, em comparação a

procedimentos de alta complexidade.No caso do hospital privado Santa Catarina, de São

Paulo, SP, o motivo da desativação da maternidade é aplicar recursos em setores como oncologia, neurologia, cardiologia e ortopedia. A administração da entidade justi� cou a decisão dizendo que a população está envelhecendo e que é preciso investir em outro tipo de atendimento.De fato, hoje as pessoas estão vivendo em média 73 anos, e o número de nascimentos vem caindo por um movimento da própria sociedade. Segundo o IBGE, o Brasil vai parar de crescer em 2042 e, com isso, teremos uma população idosa maior do que a jovem.Na opinião de Rubens Baptista Júnior, consultor e professor de MBA Executivo em Saúde da FGV – Fundação Getúlio Vargas, o envelhecimento da população é um fator que tem o seu peso, mas sozinho não justi� ca a opção. “O Brasil ainda apresenta um crescimento populacional elevado e a parcela em idade reprodutiva é muito grande”, considera.Segundo ele, outros fatores contribuem para o fechamento das maternidades. “Em São Paulo, os planos de saúde deixam de ser atraentes para as organizações devido aos valores pagos. Aquelas que atendem pelo SUS também sofrem com o repasse insu� ciente”, diz.Baptista conta que obstetrícia é, em termos de remuneração, uma clínica “barata”, por isso, as instituições têm apostado em outras especialidades. “Lucro é um fator de desenvolvimento e de progresso em todos os setores em que for aplicado. Não há razão para ser diferente na Saúde. O maior inimigo da mentalidade moderna na gestão da área é a concepção arcaica de setores da sociedade das relações com o Estado e na economia e também por elementos políticos-ideológicos”, destaca.Ele acrescenta que as faixas de maior renda na população apresentam queda na natalidade e, se mantida, acaba desestimulando o setor. Custos crescentes e o risco jurídico, que começa a aparecer no Brasil, também são fatores que contam.Essa tendência, de acordo com Baptista, não é a mesma em países com liberdade de preços e de negociação entre as partes, mecanismos que corrigem as distorções. “A crise é mais característica em países com mudanças no per� l de saúde e modelos engessados de economia”, expõe.

SUSPelo menos três maternidades vinculadas a hospitais � lantrópicos e conveniados ao SUS encerraram suas atividades no primeiro semestre do ano. Por exemplo, o Stella Maris, de Guarulhos, na Grande São Paulo, que desativou os serviços de maternidade e UTI neonatal tanto para pacientes do SUS quanto para convênios e particulares.

Segundo a administração, a verba recebida não era su� ciente. O hospital tem uma despesa de cerca de R$ 700 mil por mês e receita de R$ 200 mil, segundo Ronaldo Rafael de Oliveira, Diretor-Geral da entidade.Conforme conta o Dr. Luiz Aramicy Pinto, Presidente da FBH – Federação Brasileira de Hospitais, o principal fator que leva a essa situação é a desatualização da tabela do SUS, que hoje é apenas um referencial, ou seja, ela não remunera o procedimento pelo seu custo, nem tampouco o honorário pro� ssional do médico obstetra, do neonatologista, do anestesista e de outros pro� ssionais envolvidos nos procedimentos. “Por esse motivo também não se consegue pro� ssionais e a maternidade não pode subsistir com os valores que são hoje repassados”, ressalta.Dr. Luiz lembra que as maternidades dos hospitais � lantrópicos ou santas casas que atendem o SUS recebem também incentivos fora da tabela, mas que isso é apenas uma medida paliativa. “Ou seja, continuam apagando incêndio, porque essas organizações não estão nada satisfeitas com a maneira como são remuneradas. Imagine esta situação em um hospital privado, que não tem a mesma isenção de impostos que um � lantrópico? Se ele ainda estiver atendendo pelo SUS, podemos acreditar que está fazendo milagre”, declara.Para o Presidente da FBH, precisamos buscar um modelo

BOM EXEMPLO

Se as maternidades acabam fechando belo baixo lucro, como sobrevivem as dedicadas especialmente

à especialidade? Marco Antônio Zaccarelli, Diretor Geral do Hospital e Maternidade Santa Joana e da Maternidade Pro Matre, de São Paulo, SP, explica

que o diferencial dessas instituições é serem focadas na gestação de risco, que tem crescido nos últimos anos

devido à gravidez tardia. “Aumentamos nossa UTI ne-onatal, contamos com uma semi-intensiva dedicada e estruturamos um serviço de cirurgia cardíaca neonatal

e fetal, ou seja, investimos em uma estrutura voltada à alta complexidade dentro da obstetrícia”, conta.

Segundo ele, é difícil manter uma maternidade por-que é preciso ter uma estrutura de hospital geral, mes-mo atendendo só essa especialidade, com UTI adulto e

serviços de diagnóstico. Além disso, o setor não utiliza materiais de alto custo como outros, a exemplo de On-

cologia e Cardiologia. “É claro que também exigimos preços justos no mercado em relação às operadoras de saúde. É fundamental saber negociar para garantir a

sustentabilidade da instituição”, ressalta.A mão de obra escassa na Pediatria também poderia

ser um problema para as duas maternidades, mas Zaccarelli diz que através de um convênio com a Escola Paulista de Medicina, os estudantes fazem

estágio e acabam sendo contratados. Por mês, o Santa Joana realiza 1.300 partos, e a Pro

Matre, 1.000. Com o fechamento da maternidade do Santa Catarina, parte da demanda será aten-

dida pelas duas instituições, mas o diretor considera que não haverá um aumento signifi cativo que possa

impactar suas atividades.

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de gestão mais sustentável, mais justo, com recursos compatíveis com os custos reais dos procedimentos, com um modelo que garanta não só a saúde dos pacientes, mas também a saúde � nanceira dos hospitais.

LeitosRecentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) assinaram nota conjunta exigindo a tomada de providências urgentes por parte do governo, especialmente em nível federal, em relação ao fechamento, nos últimos três anos, de 3,5 mil leitos obstétricos, a maioria deles em hospitais conveniados com o SUS.As instituições cobram, entre outras medidas, a ampliação e o aperfeiçoamento dos instrumentos de custeio dos hospitais � lantrópicos, hoje responsáveis por mais de 50% dos atendimentos realizados pelo SUS; e o descongelamento e reposição das perdas acumuladas dentro da Tabela SUS (em consultas e procedimentos).CFM e Frebrago defendem, ainda, a aprovação pelo Congresso Nacional do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde+10, que pede a vinculação de 10% da receita bruta da União à Saúde (PLP 321/2013).

Por outro lado...O Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 50,6 milhões para a melhoria do atendimento à gestante e ao bebê no estado de São Paulo. A maior parte dos recursos – R$ 46,2 milhões – integra o componente parto e nascimento da etapa X do plano de ação da Rede Cegonha no estado.Somente uma das portarias, que estipula o investimento de R$ 46,2 milhões, vai bene� ciar 32 hospitais que atendem obstetrícia e neonatologia pelo SUS. A expectativa é que auxilie cerca de 130 mil bebês e aproximadamente 106 mil gestantes apenas no município de São Paulo.O repasse prevê, ainda, o custeio de leitos de UTI, recursos para o plano de ação de rede de atenção às urgências do estado, laboratório de próteses dentárias e para a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Também foram liberados recursos para implantação do Plano de Ação da Rede de Atenção às Urgências do Estado de SP e municípios (Mananciais), próteses dentárias e realização de cirurgias eletivas no estado.

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O ressarcimento ao SUS pelas operadoras de saúde, que ocorre quando um associado utiliza a rede pública, é um assunto bastante polêmico dentro do setor.

Trata-se de uma obrigação da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar de� nida na Lei 9.656/1998, cujo

objetivo é induzir as operadoras a cumprirem os contratos com uma rede de prestadores de serviços adequada e quali� cada para os consumidores. E onde entra a polêmica? Sandra Franco, Consultora Jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, conta que há duas correntes quando se trata do assunto. “Uma delas entende ser um valor devido, uma vez que, em vários casos, as operadoras se furtam em dar o atendimento, em especial em casos de alta complexidade e de emergência, e transferem sua responsabilidade contratual e social para o Estado”, explica.A saúde complementar, como o nome diz, presta assistência tanto diretamente para os usuários que contratam seus serviços, como também para o Estado na medida em que há a contratação de entes privados. “Se é permitido que a saúde seja explorada de forma privada, seria incoerente não cobrar do setor privado por aqueles serviços prestados a usuários dos planos de saúde”, diz.Sandra entende que o Estado tem como dever usar seus recursos para promover políticas públicas que possam atingir o máximo possível de cidadãos, em especial aqueles que são financeiramente menos abastados. “Na verdade, políticas públicas servem a todos universalmente, sem distinção - assim, faz-se necessário aplicar os recursos do setor de saúde para este fim e não somente para razões assistencialistas. Os recursos são finitos.”De acordo com ela, quando um usuário de plano de saúde é atendido por um hospital da rede SUS – seja por sua excelência em serviços de alta complexidade; negativa da operadora de cobertura para determinados procedimentos; urgência ou emergência fora do âmbito territorial do plano ou mesmo porque ao ser socorrido em um acidente o atendimento inicial fora dado em hospital público –, o Estado, que permitiu a exploração do setor de saúde pelo setor privado, vê-se de volta com a responsabilidade direta de assumir todos os custos já previstos para serem suportados pelos planos de saúde. Essa previsão é computada pela própria operadora, ao realizar cálculos para fixar as mensalidades. “Se a empresa não gastou com o paciente, aumentou seu lucro, em tese. Lembrando que são mais de 45 milhões de usuários dos planos de saúde, que, se deixarem de usar uma única vez o serviço e buscarem a rede pública, representariam um ganho estratosférico para as operadoras, claro que o número de atendimentos pelo SUS é bem menor, mas o raciocínio de forma macro seria esse”, detalha a advogada.

Em discussão: o SUS, as operadoras e o

ressarcimento

Já os adeptos da outra corrente citada por Sandra entendem que o fato de haver a previsão na nossa Constituição de que a saúde é dever do Estado e que, consequentemente, não poderá haver distinção entre os cidadãos usuários no momento de prestar assistência, transfere, sim, ao Estado, a responsabilidade financeira para qualquer um que busque atendimento. Afirma-se também haver dupla cobrança do cidadão ou tributação, afinal, o Estado recolhe tributos com o escopo de devolver à população os serviços essenciais e, mesmo assim, repassaria para as operadoras a cobrança por um serviço que, em tese, já teria recebido. “No entanto, o STF entendeu que essa tese não deveria prosperar. Da minha parte, a alegação tem mais a ver com o desejo natural das empresas em aumentarem e manterem seu lucro”, opina Sandra.A advogada acredita que não é preciso alterar a lei, mas implementar o que já é previsto. Por exemplo, a ANS tem estrutura para realizar a cobrança dos planos de saúde com eficácia? A Resolução 185/2008 determina que a Diretoria de Desenvolvimento Setorial – DIDES seja a responsável pela verificação da obrigação de ressarcimento ao SUS. “Na verdade, há o direito de as operadoras impugnarem as indicações e os valores indicados pela DIDES, o que torna o procedimento administrativo mais ‘justo’ e obviamente muito mais demorado”, conta.E ainda questiona: “O SUS tem controle de fato sobre todos os atendimentos que são prestados aos usuários dos planos de saúde? Há previsão legal de penalidade para omissão de informações ou ainda para o caso de informações incorretas serem colocadas no sistema eletrônico; mas, quem fiscaliza esse sistema em um país do tamanho e complexidade do Brasil? Há condições de a ANS saber se cada atendimento de fato teria amparo contratual pelas operadoras? Caso por caso? Não acredito e não vejo essas respostas no cenário atual”, declara.Na Lei 9656, art. 32, há disposição no sentido de que caberá à ANS a obrigação de disponibilizar às operadoras a discriminação dos procedimentos realizados para cada consumidor. Assim, se a Agência não tiver as informações de que necessita para gerar os relatórios, ou se demorar a fazê-lo, não haverá a restituição dos valores ao Poder Público. “O mais importante seria que as operadoras pagassem e não utilizassem de tantos artifícios jurídicos para adiar a devolução aos cofres públicos de serviços para os quais receberam”, expõe. O assunto, de acordo com Sandra, envolve interesses conflitantes: “de um lado, a iniciativa privada fazendo o que sabe fazer: ganhar dinheiro. De outro, o Estado, que representa o interesse

“Em cinco anos, aumentou em 60% o número de usuários de planos de saúde

que utilizam os serviços do SUS”

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O ressarcimento ao SUS pelas operadoras de saúde, que ocorre quando um associado utiliza a rede pública, é um assunto bastante polêmico dentro do setor.

Trata-se de uma obrigação da ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar de� nida na Lei 9.656/1998, cujo

objetivo é induzir as operadoras a cumprirem os contratos com uma rede de prestadores de serviços adequada e quali� cada para os consumidores. E onde entra a polêmica? Sandra Franco, Consultora Jurídica especializada em Direito Médico e da Saúde, conta que há duas correntes quando se trata do assunto. “Uma delas entende ser um valor devido, uma vez que, em vários casos, as operadoras se furtam em dar o atendimento, em especial em casos de alta complexidade e de emergência, e transferem sua responsabilidade contratual e social para o Estado”, explica.A saúde complementar, como o nome diz, presta assistência tanto diretamente para os usuários que contratam seus serviços, como também para o Estado na medida em que há a contratação de entes privados. “Se é permitido que a saúde seja explorada de forma privada, seria incoerente não cobrar do setor privado por aqueles serviços prestados a usuários dos planos de saúde”, diz.Sandra entende que o Estado tem como dever usar seus recursos para promover políticas públicas que possam atingir o máximo possível de cidadãos, em especial aqueles que são financeiramente menos abastados. “Na verdade, políticas públicas servem a todos universalmente, sem distinção - assim, faz-se necessário aplicar os recursos do setor de saúde para este fim e não somente para razões assistencialistas. Os recursos são finitos.”De acordo com ela, quando um usuário de plano de saúde é atendido por um hospital da rede SUS – seja por sua excelência em serviços de alta complexidade; negativa da operadora de cobertura para determinados procedimentos; urgência ou emergência fora do âmbito territorial do plano ou mesmo porque ao ser socorrido em um acidente o atendimento inicial fora dado em hospital público –, o Estado, que permitiu a exploração do setor de saúde pelo setor privado, vê-se de volta com a responsabilidade direta de assumir todos os custos já previstos para serem suportados pelos planos de saúde. Essa previsão é computada pela própria operadora, ao realizar cálculos para fixar as mensalidades. “Se a empresa não gastou com o paciente, aumentou seu lucro, em tese. Lembrando que são mais de 45 milhões de usuários dos planos de saúde, que, se deixarem de usar uma única vez o serviço e buscarem a rede pública, representariam um ganho estratosférico para as operadoras, claro que o número de atendimentos pelo SUS é bem menor, mas o raciocínio de forma macro seria esse”, detalha a advogada.

Em discussão: o SUS, as operadoras e o

ressarcimento

Já os adeptos da outra corrente citada por Sandra entendem que o fato de haver a previsão na nossa Constituição de que a saúde é dever do Estado e que, consequentemente, não poderá haver distinção entre os cidadãos usuários no momento de prestar assistência, transfere, sim, ao Estado, a responsabilidade financeira para qualquer um que busque atendimento. Afirma-se também haver dupla cobrança do cidadão ou tributação, afinal, o Estado recolhe tributos com o escopo de devolver à população os serviços essenciais e, mesmo assim, repassaria para as operadoras a cobrança por um serviço que, em tese, já teria recebido. “No entanto, o STF entendeu que essa tese não deveria prosperar. Da minha parte, a alegação tem mais a ver com o desejo natural das empresas em aumentarem e manterem seu lucro”, opina Sandra.A advogada acredita que não é preciso alterar a lei, mas implementar o que já é previsto. Por exemplo, a ANS tem estrutura para realizar a cobrança dos planos de saúde com eficácia? A Resolução 185/2008 determina que a Diretoria de Desenvolvimento Setorial – DIDES seja a responsável pela verificação da obrigação de ressarcimento ao SUS. “Na verdade, há o direito de as operadoras impugnarem as indicações e os valores indicados pela DIDES, o que torna o procedimento administrativo mais ‘justo’ e obviamente muito mais demorado”, conta.E ainda questiona: “O SUS tem controle de fato sobre todos os atendimentos que são prestados aos usuários dos planos de saúde? Há previsão legal de penalidade para omissão de informações ou ainda para o caso de informações incorretas serem colocadas no sistema eletrônico; mas, quem fiscaliza esse sistema em um país do tamanho e complexidade do Brasil? Há condições de a ANS saber se cada atendimento de fato teria amparo contratual pelas operadoras? Caso por caso? Não acredito e não vejo essas respostas no cenário atual”, declara.Na Lei 9656, art. 32, há disposição no sentido de que caberá à ANS a obrigação de disponibilizar às operadoras a discriminação dos procedimentos realizados para cada consumidor. Assim, se a Agência não tiver as informações de que necessita para gerar os relatórios, ou se demorar a fazê-lo, não haverá a restituição dos valores ao Poder Público. “O mais importante seria que as operadoras pagassem e não utilizassem de tantos artifícios jurídicos para adiar a devolução aos cofres públicos de serviços para os quais receberam”, expõe. O assunto, de acordo com Sandra, envolve interesses conflitantes: “de um lado, a iniciativa privada fazendo o que sabe fazer: ganhar dinheiro. De outro, o Estado, que representa o interesse

“Em cinco anos, aumentou em 60% o número de usuários de planos de saúde

que utilizam os serviços do SUS”

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de milhões de brasileiros, fazendo o que tem feito historicamente: gastando mais do pode e vendo seus recursos sendo geridos de forma ineficiente, como se o erário fosse terra de ninguém”, critica.Na opinião de Libânia Paes, Coordenadora do CEAHS - Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da FGV EAESP, para que o sistema funcione corretamente, são necessários mais recursos e gestão profissionalizada. “Teoricamente, o usuário do plano de saúde não deveria precisar acessar os serviços do sistema público. Entretanto, na maior parte das vezes, utiliza os de alta complexidade e alto custo”, aponta.De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, em cinco anos, aumentou em 60% o número de usuários de planos de saúde que utilizam os serviços do SUS. Foram 319.619 internações, em 2012, contra 191.884 em 2008.Libânia acredita que com a situação, o SUS sai perdendo porque acaba tendo de arcar com um grupo que - na teoria - não utilizaria seus serviços. Por outro lado, o sistema de sa úde brasileiro promete a universalidade: prover tudo para todos. “O usuário de planos de saúde tem direito de usar o SUS tanto quanto aquele que não tem. O plano de saúde não deveria ter que pagar por isso”, declara.Para ela, a área de Saúde tem cada vez mais novidades que melhoram - mas também encarecem - a prestação dos serviços. É necessário um gerenciamento do fluxo de pacientes mais eficiente. “Basta observar as unidades próprias das operadoras: as filas são enormes, o serviço muitas vezes não é bom - quando está disponível.”Segundo Libânia, há quase 30 anos estamos tentando resolver um problema insolúvel: prover acesso a todos, com recursos limitados. “A consequência só pode ser um colapso do sistema.”

COBRANÇA

Segundo a ANS, de janeiro a julho deste ano, o valor arrecadado com o ressarcimento do SUS pelas

operadoras de saúde chegou a R$ 184 milhões, superando o que foi pago ao longo do ano inteiro de

2013, que atingiu R$ 183,2 milhões. Os pagamentos efetuados para a agência reguladora são repassados

ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) e aplicados em ações e programas estratégicos do Ministério da Saúde.

Martha Oliveira, Diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, conta que nos últimos anos, a

entidade intensificou a cobrança desses valores junto às operadoras de planos de saúde de todo o país, aumentando o volume de recursos reembolsados.

No entanto, ela salienta que o fato não tem necessariamente relação direta com a maior utilização

do SUS pelos beneficiários de planos de saúde.Segundo Martha, a Agência tem atuado com maior

rigor para buscar o pagamento efetivo das dívidas através da priorização da inscrição das operadoras

inadimplentes em dívida ativa e a determinação para que elas incluam em seus balanços a dívida com o ressarcimento. “Dessa forma, os resultados

mais expressivos dos valores reembolsados devem-se sobretudo ao constante aprimoramento dos processos

de gestão”, defende.A Federação Nacional de Saú de Suplementar (FenaSaúde), que representa 2% do total das

operadoras ativas no país, concorda com o raciocínio, mas diz que o ressarcimento obedece a uma

valoração 50% superior às despesas efetivamente incorridas no SUS conforme as tabelas fixadas

pelo Ministério da Saúde. “O aperfeiçoamento das cobranças é necessário, visto que nem todos os atendimentos são passíveis de ressarcimento,

como casos de coberturas não-obrigatórias pelas operadoras de planos de saúde; atendimentos de

urgência em consequência de acidentes de trânsito, quando as vítimas são levadas pelas ambulâncias para hospitais públicos; e transplantes de órgãos,

devido à lista de espera estabelecida pela legislação”, informa a associação em nota.

O comunicado diz que entre 1999 e 2006, mais da metade do que foi identificado como potencialmente

cobrável não era passível de ressarcimento, isto significa mais de 507 mil dos cerca de 914 mil

atendimentos identificados.Sobre os itens sujeitos a ressarcimento, Martha,

da ANS, diz que apesar do maior número de procedimentos ambulatoriais realizados em

comparação aos atendimentos hospitalares, aqueles que requerem internação tendem a ser mais caros, por

isso, considerou-se mais adequado iniciar com eles o processo de ressarcimento. “No entanto, já se encontra em fase de estudos a implementação em casos de alta

complexidade, como tratamentos quimioterápico e radioterápico do câncer e hemodiálise, com previsão

para vigência no primeiro semestre de 2015”, avisa.

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HOSPITAL DO ROCIOé inaugurado no Paraná,

com 1.200 leitos

Um dos maiores hospitais da América Latina foi inaugurado em agosto, na cidade de Campo Largo, no Paraná, o Hospital do Rocio. Durante o mês de setembro, foi realizada a transferência do antigo hospital, com 260 leitos, para a nova sede, a fim de que pudesse entrar em operação total. Privado, é especializado em alta complexidade e conta com gestores e empreendedores que trabalharam há mais de 30 anos no hospital anterior, que acabou ficando pequeno para a demanda.Com uma estrutura de 53.000 m2, construída em uma área de quatro alqueires, o novo Hospital do Rocio possui 1.200 leitos, dos quais 305 são de UTI, sendo 200 para adultos e 105 neopediátricos. Sua operação é voltada 97% para atendimento ao SUS – Sistema Único de Saúde. A estrutura ainda dispõe de auditório, centro médico, heliponto, estacionamento com 1.000 vagas e ampla área de acesso como corredores e salas de espera, com assentos, sanitários e lanchonete para visitantes e acompanhantes. A instituição é referência em atendimento de gestação de risco e cirurgia cardíaca pediátrica e neurocirurgia.

EventoA solenidade de inauguração contou com a presença de mais de 2,5 mil pessoas, dentre elas políticos da região, além dos idealizadores e proprietários do complexo, os médicos Luiz Ernesto Wendler e Carlos Muller. Durante o evento, o então Vice-Governador, Flávio Arns, salientou a qualidade da estrutura e o cuidado com o tratamento humanizado. Já o Secretário Estadual da Saúde, Michele

Caputo Neto, enalteceu a parceria e a coragem dos empreendedores. “Eles são visionários e, com certeza, estamos fazendo história”, disse.Já o Prefeito do município e também médico, Afonso Guimarães, ao lembrar-se da referência da cidade como a Capital da Louça, disse que, agora, Campo Largo também se transforma na capital da Saúde. “Qual município no Brasil tem a estrutura de saúde que vemos em nossa cidade?”, argumentou. Os gestores do hospital também falaram sobre as impressões a respeito do empreendimento. Muller, Diretor Administrativo, explicou que o grande incentivo para o projeto foi a necessidade de oferecer maior acesso da população à saúde. “Procedimentos de alta e média complexidade, pronto atendimento e especialidades médicas são o enfoque da instituição”.Wendler, por sua vez, falou sobre o trabalho aplicado para a construção do hospital. “Fomos unindo as necessidades e dando forma ao projeto até chegarmos a esta imensa estrutura”, comemorou.

Carlos Muller e Luiz Ernesto Wendler, médicos e idealizadores do complexo

A estrutura possui auditório, centro médico, heliponto, estacionamento com

1.000 vagas e ampla área de acesso

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Preocupados em oferecer aos colaboradores e pacientes alimentos orgânicos e com garantia de procedência, o Hospital Santo Antônio de Votorantim, SP, inovou e criou uma horta orgânica.Em um espaço de 520 m2, ao lado do hospital, a horta reúne mudas de diversos tipos de hortaliças e legumes. Segundo seu diretor, Adalton Delanhesi, foram plantadas 20 variedades de alimentos, que deverão render 4.200 pés de vegetais. “Conheci um projeto semelhante em um shopping de São Paulo e resolvi trazê-lo para o hospital, com o intuito de oferecer aos nossos colaboradores e pacientes uma alimentação mais saudável a um custo acessível”, explica, adiantando que o projeto pode se estender também à comunidade da cidade.A horta segue os mais rigorosos padrões de segurança. “Desenvolvemos a plantação em um espaço adequado e isolado. Passarelas ao redor facilitam o acesso, e um especialista foi contratado para realizar os trabalhos”, destaca Delanhesi.Dentro da concepção naturalista do projeto, optou-se por não utilizar agrotóxicos para afastar as pragas. Segundo o responsável pela horta, Luiz Marins, o segredo está na plantação da Rosa-da-Índia entre as hortaliças. “As � ores atraem os insetos, deixando as leguminosas livres de infestação”, explica. As primeiras hortaliças já foram colhidas e utilizadas na cozinha do hospital, gerando, ainda, redução signi� cativa dos gastos com alimentação. “Em uma semana, utilizamos 16 pés de almeirão, que geram gasto de R$ 32,00 se comprarmos no atacado. Com a horta, o custo foi reduzido para apenas R$ 0,80. Consumimos, também, sete maços de salsinha, com gasto de R$ 6,30 no atacado e somente R$ 0,35 com a horta. O mesmo vale para a rúcula, que consumimos 16 pés por semana, caindo o custo de R$ 32,00 para R$ 0,82”, aponta o diretor.Para viabilizar o projeto, foi preciso investir na limpeza

SANTO ANTÔNIO DE VOTORANTIM

implanta horta orgânica para incrementar cardápio

do terreno e na compra de terra apropriada para o plantio, além de adubo. Em um curto espaço de tempo, garante Delanhesi, o hospital conseguirá repor estes gastos e gerar lucros, que serão revertidos para a própria instituição.Os números da colheita são tão significativos, que foi inaugurada uma feira com produtos a preços acessíveis para os colaboradores do hospital poderem levar os itens para casa. “A ideia é brilhante e traz benefícios para nós e para os pacientes, pois todos podem comprar produtos orgânicos de qualidade, sem sair do trabalho”, comemora Maria Luiza Machado, líder de limpeza do hospital.

Projetos futurosDevido ao sucesso, a instituição já possui planos para a criação de um pomar, além de expandir os dois projetos à população da cidade. “Estamos viabilizando o acesso à horta também para os acompanhantes de pacientes, de modo que possam visitar a plantação e, futuramente, o pomar”, conta Delanhesi. Para garantir a adubação orgânica, o hospital também estuda viabilizar um projeto de compostagem, que prevê o uso das folhas que são recolhidas, diariamente, em uma vasta área verde ao redor do local. “Nossa ideia é garantir mais qualidade de vida, tanto aos pacientes, quanto aos colaboradores, acompanhantes e moradores da cidade. Já dizia Hipócrates, o pai da Medicina, que ‘somos aquilo que comemos’ e, como tal, deveríamos prestar mais atenção aos alimentos que consumimos”, � naliza.

Foram plantadas 20 variedades de alimentos, que deverão render 4.200

pés de hortaliças e legumes

Adalton Delanhesi, Diretor do hospital

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DESAFIOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTAMENTO VITAL

NOS HOSPITAIS BRASILEIROS

Recentes pesquisas comprovam que a população brasileira está envelhecendo. O IBGE estima que 30% da população será idosa em 2050. O Ministério da Saúde a� rmou que o aumento na longevidade está causando profundas mudanças no per� l epidemiológico no Brasil, com aumento da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis. Já o Banco Mundial disse que as alterações demográ� cas e epidemiológicas terão signi� cativa relevância para os gastos públicos com saúde e previdência. É exatamente esse panorama que torna o testamento vital tema de importância atual no país. Trata-se de um documento por meio do qual o indivíduo deixa escrito sua vontade acerca dos cuidados, tratamentos e procedimentos a que deseja ser submetido quando estiver com uma patologia ameaçadora da vida, sem possibilidades terapêuticas.Parece óbvio que o aumento na longevidade da população, aliado ao crescimento das doenças crônicas não transmissíveis, gerará, no médio prazo, um incremento no número desses pacientes.Esses indivíduos são, hoje, pouco percebidos pela estrutura médica-hospitalar, uma vez que invertem a lógica do sistema de saúde, fundado nos alicerces da cura. Eles não podem ser curados, mas podem ser cuidados, e a verdade é que os pro� ssionais e instituições de saúde não estão preparados para isso.Diante desse contexto, o testamento vital surge como um poderoso aliado da equipe de cuidados paliativos, mas tem sido subutilizado nos hospitais brasileiros por desconhecimento do tema, corporativismo médico e falta de vontade do gestor. Ainda não existe um estudo consistente no Brasil sobre o número de hospitais com equipes de cuidados paliativos, contudo, trata-se um serviço elitizado, encontrado, na maior parte das vezes, em instituições públicas e privadas de grandes capitais.Em razão da ausência de lei regulamentando o tema, implementar o documento torna-se tarefa mais complexa do que em países como Estados Unidos, Portugal e Suíça, que, além de terem uma legislação sobre o assunto, possuem um sistema de banco de dados online que permite o acesso do pro� ssional de saúde ao testamento vital do paciente de qualquer computador, através de um login e uma senha pessoal.Sua implementação exige que o hospital invista em um núcleo de pré-internação, com pro� ssionais multidisciplinares, treinados especi� camente para ajudar o paciente a explicitar seus desejos. Esse documento não está pronto, pois não se trata de um formulário em que apenas se marca um “x” em uma lista pré-fabricada. Haverá, sim, linhas mestras para que a pessoa manifeste sua vontade, até porque existem restrições legais a algumas vontades, por exemplo, que tenham relação com a eutanásia.Friso que o papel da equipe é fornecer informações para o paciente, nunca escolher por ele ou impor uma opinião. O preparo desses pro� ssionais é fundamental para explicar a situação aos familiares.É preciso, ainda, que não apenas este grupo, mas todos os funcionários e membros do corpo clínico saibam que o testamento vital é expressão máxima de autonomia do indivíduo e que deve ser respeitada, prevalecendo sobre a vontade da família.E, por � m, é necessário que haja logística para permitir que o documento seja realmente anexado ao prontuário e que chegue às mãos do médico que estiver cuidando da pessoa.O público-alvo desse núcleo não são os pacientes fora de possibilidades terapêuticas (corriqueiramente tachados de “terminais”), mas, sim, todos que vão ao hospital, independentemente da razão, pois eles podem, no futuro, ser diagnosticados com uma doença ameaçadora da vida, e o fato de já terem um

testamento vital signi� cará, além de maior conforto para os momentos � nais, uma diminuição de custo para os hospitais e planos de saúde, evitando os corriqueiros con� itos entre pro� ssionais e familiares.Deve-se lembrar que o documento pertence ao paciente e, portanto, precisa � car com ele. É importante, ainda, registrar o testamento em cartório de notas, procedimento formalmente conhecido como lavratura de escritura pública, bem como nos bancos de dados privados, como o rentev (www.rentev.com.br).Em resumo, o desa� o atual está em conscientizar os gestores que o custo empregado no processo signi� cará, no futuro, ganhos para o hospital. E falo de resultados humanitários, pois a instituição passará a ser reconhecida por cumprir a vontade do paciente.Desculpem-me por dizer o que todos tentam esconder: o testamento vital é um instrumento garantidor da autonomia do paciente, do chamado “direito à morte digna”, mas é também uma ferramenta de redução de despesas. E você, gestor, já pensou no assunto?

Luciana DadaltoCoordenadora do Departamento de Direito Médico e da Saúde da Ivan Mercêdo Moreira Sociedade de Advogados, Doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da

UFMG, Mestre em Direito Privado pela PUC Minas e Administradora do site www.testamentovital.com.br l [email protected]

O testamento vital é um instrumento garantidor da

autonomia do paciente, do chamado 'direito à morte

digna', mas é também uma ferramenta de

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CIRURGIA AMBULATORIAL: VANTAGENS E TENDÊNCIAS

A cirurgia ambulatorial tem se mostrado como uma tendência aos altos custos relacionados às internações e às consequências da hospitalização propriamente dita, tanto sob o aspecto físico quanto psicológico dos pacientes.Foi nos Estados Unidos, na década de 60, que a modalidade teve seu marco, sendo amplamente divulgada devido ao desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos e anestésicos, além da expressiva redução de custos relacionados ao tratamento. No Brasil, também observamos essa tendência, especialmente pelo número escasso de leitos hospitalares em comparação à quantidade de pacientes que necessitam de cirurgias, aumentando o tempo de espera e as � las para acesso ao procedimento invasivo.As intervenções ambulatoriais podem ser divididas em dois tipos. As de pequeno porte são aquelas em que o paciente recebe anestesia local e tem alta logo após o procedimento. Já nas de grande porte, ele pode receber qualquer tipo de anestesia, mas permanece um determinado período no hospital (até 24 horas) para recuperação. Hoje em dia, elas acontecem também em consultórios, clínicas, ambulatórios e serviços de cirurgia ambulatorial. Para sua realização, devem ser observados alguns pontos, como o registro de todos os procedimentos realizados, condições adequadas à aplicação da anestesia, garantia de internação caso haja necessidade, assistência ao paciente após a alta e limpeza. Também é preciso que as normas de esterilização de produtos para a saúde sejam seguidas e monitoradas de acordo com a legislação vigente.Só é recomendada para pacientes hígidos ou com distúrbios sistêmicos moderados e sob controle, que devem ser acompanhados por adulto lúcido e previamente identi� cado. Convém observar também o tipo de cirurgia que será realizada, pois procedimentos mais complexos têm de ser feitos dentro de regime de internação hospitalar, mesmo que o paciente seja classi� cado como saudável e sem alterações signi� cativas do ponto de vista orgânico. As de grande porte (com risco de sangramento) ou muito longas também não são aconselhadas para ambiente ambulatorial.Dentro das condições de alta, o paciente deve estar orientado no tempo e

espaço, apresentar estabilidade de sinais vitais, ingerir líquidos, respirar normalmente e não ter náuseas, vômitos, dor, retenção urinária ou sangramento.Entre as suas vantagens estão a diminuição do tempo de hospitalização, o retorno precoce do paciente às suas atividades, a redução da infecção de sítio cirúrgico e a diminuição da morbidade e da mortalidade.Encontramos na literatura relatos de cirurgias já consagradas em ambulatórios, entre elas, podemos citar as vasculares de safenectomia, que apresentaram redução considerável de custos em relação ao procedimento com internação convencional.Outra intervenção muito realizada nesta modalidade é a de catarata, que, além de reduzir custos, permite atender mais pessoas e diminuir as � las de espera, pois o paciente não precisa aguardar um leito hospitalar, agilizando o tratamento de uma doença que atinge muitos brasileiros.A cirurgia ambulatorial já é uma realidade e tem um grande potencial de crescimento dentro de serviços público ou privados. É, claro, sem nunca deixar de lado a segurança do paciente e a qualidade no seu atendimento pré, intra e pós-operatório.

Débora Cristina S. PopovEnfermeira, especialista em Centro Cirúrgico, Centro de Material e Recuperação

Anestésica, professora da Universidade de Santo Amaro – UNISA e consul tora em Serviços de Esterilização e Centro Cirúrgico l [email protected]

Entre as vantagens estão a diminuição do tempo de

hospitalização, a redução da infecção de sítio cirúrgico e a

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de instrumentos complexos que requerem ciclos de esterilização com temperaturas e tempos particularmente diferentes, a opção por um indicador químico de desempenho equivalente aos indicadores biológicos é a escolha mais segura para garantir o cumprimento das boas práticas requeridas pela RDC-15.Com base nesses conceitos, a FAMI comercializa o Integrador de Esterilização Classe 5 STEAMPlus™, um dispositivo médico de tecnologia avançada que fornece um método simples e preciso de assegurar que as condições apropriadas para a esterilização sejam observadas durante um ciclo gravitacional, pré-vácuo ou para uso imediato. “Nosso maior compromisso é a validação dos nossos produtos”, explica Alexandre Nardi, Diretor da empresa.O equipamento, que é fabricado nos EUA pela SPSmedical, reconhecida mundialmente como líder no fornecimento de produtos que garantam qualidade nos processos de esterilização, foi aprovado pelo FDA e é distribuído no Brasil pela FAMI, com exclusividade para a área médica-hospitalar.

Estamos vivenciando uma nova fase na área de Saúde, principalmente nas Centrais de Material e Esterilização (CMEs) dos hospitais. A Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), através da RDC-15, instituiu as boas práticas para o processamento de produtos em CME.Um dos desa� os para garantir que seus requisitos sejam atendidos é o monitoramento dos processos de esterilização para comprovar que o equipamento continua quali� cado para essa � nalidade. De acordo com a EN556, convenção mundialmente difundida, os produtos esterilizados devem ter uma probabilidade menor que 1 em 1.000.000 de haver um organismo sobrevivente, e ter um nível de garantia de esterilidade (SAL – Sterility Assurance Level) de 10-6 (método overkill).A referência para a comprovação da destruição microbiológica nesses ciclos é o IB (indicador biológico). Porém, somente a utilização do IB não é su� ciente para garantir o overkill (redução de 12 logs). Isto se deve ao fato de que só existirão esporos viáveis dentro do IB até uma redução de 6 logs, e a partir desse ponto, os valores obtidos são calculados matematicamente com base nos valores de referência.Por isso devemos utilizar também IQs (indicadores químicos), que fornecerão resultados com base no desempenho do ciclo de esterilização. Existem hoje duas classes (5 e 6) consideradas adequadas para esta � nalidade, sem de� nir qual é o melhor, já que o tipo do indicador deve ser escolhido com base naquilo que o pro� ssional quer monitorar.Os Integradores Classe 5 reagem às três variáveis críticas de um ciclo de esterilização a vapor (tempo, temperatura e a presença de vapor). Além disso, é necessário que o seu desempenho esteja correlacionado ao de um indicador biológico. Como consequência, os resultados do Integrador Classe 5 são semelhantes aos de um IB e podem detectar falhas onde a temperatura selecionada não for atingida. Esta condição de falha pode ocorrer se houver embalagem ou carga incorreta, misturas de ar/vapor e/ou ciclo inadequado para o seu conteúdo. Em comparação, o Emulador Classe 6 também reage às três variáveis críticas para um ciclo especí� co, porém seu desempenho não está correlacionado a um IB. IQs Classe 6 são indicados para ciclos especí� cos. É importante perceber que, se forem executadas várias temperaturas e tempos de exposição, deve-se usar um diferente para cada opção, relacionado ao ciclo escolhido. E como IQs Classe 6 não precisam estar correlacionados a um IB, esse indicador poderia se revelar um sucesso onde um IB indicaria um fracasso. Assim, com o aparecimento cada vez mais frequente

A opção por um indicador químico de desempenho equivalente aos

indicadores biológicos é a escolha mais segura para garantir o cumprimento

das boas práticas “

ESTERILIZAÇÃOO monitoramento dos processos é um dos desafi os para atendimento à RDC

Alexandre Nardi na fábrica da SPSmedical nos EUA, junto ao resistômetro que testa

o desempenho dos indicadores de esterilização

Classe 5 inserido em um PCD junto com indicador biológicoClasse 5 inserido em um PCD junto com indicador biológico

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O látex é um produto que está muito presente em nosso dia a dia, principalmente no de quem trabalha em instituições de saúde. A borracha natural é extraída da seiva da seringueira, árvore nativa do Brasil, mas também muito cultivada e comercializada no Oeste da África e Sudeste Asiático. É uma mistura complexa de polisoprene, lipídios, fosfolípides e proteínas, em que são adicionados vários produtos químicos, dentre eles amônia, thiocarbonetos, antioxidantes e radicais de enxofre para vulcanização. A União Internacional de Sociedades de Imunologia (IUIS, na sigla em inglês) já identi� cou que o agente alergênico mais importante do látex são as proteínas. Sete delas receberam classi� cação de alergenos, e uma, a 14 kiloDaltons, parece ser responsável pela maioria das reações alérgicas entre pro� ssionais de saúde.A quantidade de proteínas presente nas luvas de látex varia muito entre lotes de um mesmo fabricante e mais ainda entre marcas diferentes, de 3 a 337mcg/g, devido à desnaturação durante a produção, e esses índices aumentam nas luvas com talco ou pó lubri� cante.Elas são as principais fontes de antígenos entre as equipe médicas, já que as partículas de poeira ou talco presentes em sua constituição formam ligações com as proteínas e podem transportá-las pelo ar na forma de aerossóis. Nas salas cirúrgicas, como ocorrem trocas frequentes de luvas, os níveis de partículas no ar podem ser muito altos, gerando sintomas que vão desde conjuntivites, rinites, tosse e rouquidão até broncoespasmo.

LUVASAlergia ao látex é um

assunto sério!Apesar de muitos gestores não darem

importância, há casos que podem levar à morte. Como a principal

medida é a prevenção, as instituições de saúde devem seguir protocolos

de atendimento, ter produtos com materiais alternativos e estar

preparadas para ocorrências de reações alérgicas.

Por Carol Gonçalves

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“Uma medida preventiva e� caz é a troca de luvas de látex talcadas por luvas de látex sem pó. Isso diminui a incidência de casos novos de alergia, mas não impede pacientes já alérgicos de terem reação se tiverem contato com elas”, ensina o Dr. Adriano Bueno de Sá, médico do Grupo de Assessoria em Ana� laxia e representante para assuntos sobre alergia ao látex da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.Simara Colombi Busch, Enfermeira Responsável Técnica da Kevenoll, conta que há dois tipos de luvas sem pó: as clorinadas e as polimerizadas, que passam pelo processo de remoção de partículas de proteína e sais minerais. A melhor conduta para evitar complicações no período perioperatório é identi� car previamente os pacientes dos grupos de risco ou com histórias sugestivas e achados laboratoriais e prevenir totalmente o contato com o látex. Para tanto, é necessário um esforço conjunto multidisciplinar e o apoio das instituições de saúde, no sentido de estabelecer rotinas e padronizações que vão além das salas de cirurgia.Segundo o Dr. Adriano, da ASBAI, muitos administradores hospitalares não acreditam em alergia ao látex, o que é um grande risco. “É muito importante que se tenha consciência de que ela pode levar a óbito e que a prevenção é a melhor solução. Entre as principais medidas a serem tomadas estão: identi� car os pacientes alérgicos ou sob risco de se tornarem alérgicos ao látex; distinguir no estabelecimento de saúde quais produtos contêm látex; ter um protocolo por escrito de procedimentos para atendimento a um paciente alérgico; e possuir medicação e equipe treinada

no caso de ocorrência dessas reações”, ressalta.Na opinião do Dr. Roberto Antônio Portugal, Diretor da Lemgruber, deveria ser incluída na anamnese pergunta especí� ca sobre alergia ao látex ou a alguns alimentos como manga, banana, kiwi, pêssego, mamão e mandioca, uma vez que as proteínas encontradas no látex também estão presentes neles. “Os empregadores podem se envolver em grandes questões jurídicas, de vultosas quantias, no caso de incapacitar para o trabalho os usuários de produtos com a substância”, alerta.No entanto, a indústria do látex reagiu muito rapidamente ao problema da alergia, desde o plantio, passando pela centrifugação até a industrialização, conforme conta o Dr. Portugal, da Lemgruber. Os estudos realizados pelo Rubber Institute of Malásia e University of Tempere, Helsink, um dos principais centros de pesquisa sobre reações alérgicas, concluíram que em níveis de proteínas abaixo de 100mg/g de luva de látex, 90% dos usuários sensibilizados não apresentam respostas alérgicas.O FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) propôs que a Sociedade Americana de Testes e Materiais (ASTM, na sigla em inglês) considere um limite de 120mg de pó não solúvel em água por luva médica empoada. Dr. Portugal lembra que, nos EUA, luvas com pó são proibidas em muitos estados.“Médicos e demais usuários de produtos de látex, além de pacientes, correm alto risco de se tornarem doentes ocupacionais e/ou sofrerem consequências da utilização de produtos com elevados índices de proteínas. Precisamos nos unir e exigir em primeiro lugar uma regulamentação urgente junto aos órgãos competentes, o que vai demandar algum tempo. O que está ao nosso alcance fazer é rapidamente padronizar produtos de qualidade superior em nossas unidades de trabalho”, opina.

AlternativasEm geral, a incidência de alergia ao látex na população é menor que 1%, mas em grupos de risco, como pro� ssionais da área de saúde, pessoas que passaram por muitas

Dr. Adriano Bueno de Sá, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

A fabricante Supermax produz luvas de látex seguindo especificações da norma ASTM. Entre os seus produtos estão as luvas para procedimento não cirúrgico Nitrilo Powder Free Supermax, fabricadas em borracha sintética, sem pó, nem látex, com textura na ponta dos dedos, não estéril.www.supermax-brasil.com.br l (41) 3024-8088www.supermax-brasil.com.br l (41) 3024-8088

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cirurgias e que utilizam frequentemente produtos com a substância, pode chegar a 70%. Segundo dados da SOBECC – Sociedade Brasileira de Enfermagem de Centro Cirúrgico, há um potencial de desenvolvimento de alergia ao látex no mercado brasileiro entre 8% e 12%.Então, por qual material substituir as luvas de látex? A ideia geral é que produtos sintéticos não oferecem a mesma sensibilidade, conforto e segurança em comparação aos de látex natural. Entretanto, Guilherme Guarnieri, Gerente de Marketing da Mucambo, conta que esta percepção se deve às opções sintéticas oferecidas na década de 1990. “Essa realidade mudou muito com o desenvolvimento de novas tecnologias, como o látex sintético poliisopreno, que é quimicamente similar ao de borracha natural. Estudos mostram que as luvas feitas com essa matéria-prima apresentam a mesma característica em termos de segurança, sensibilidade e conforto em comparação às luvas de látex natural”, explica.Samantha Wolf, Coordenadora da Qualidade da Supermax, cita o nitrilo como outra borracha sintética, que, segundo ela, apresenta índice de falhas ainda menor do que as luvas de látex. “A sensibilidade oferecida é equivalente a de luvas de borracha natural, porém, o conforto que as de látex apresentam ainda é superior a outras opções”, conta.Ela diz que em países como Estados Unidos, França, Japão, Alemanha e Reino Unido, as luvas de borracha sintética são a primeira opção, como forma de evitar o desenvolvimento de alergias nos usuários, embora no Brasil sua aquisição em geral ainda seja direcionada apenas aos usuários que já desenvolveram sensibilidade ao látex. “Felizmente já temos hospitais referências em qualidade que estão substituindo as luvas de látex por aquelas de borracha sintética.”Pelo lado sustentável, Simara, da Kevenoll, lembra que no

momento da incineração, as luvas sintéticas desprendem gases que são poluentes ao meio ambiente. “É necessário que o material seja encaminhado a empresas de incineração quali� cadas dotadas de � ltros que retêm os gases tóxicos, não deixando que sejam liberados no meio ambiente”, alerta.

Para não errar na escolhaAo adquirir luvas e outros produtos, o cliente deve ter em mente que os itens de boa qualidade possuem um custo mais elevado, pelo controle de fabricação rigoroso e manutenção de certificados de qualidade, como ensina Samantha, da Supermax. É preciso desconfiar de luvas com preços abaixo dos valores praticados no mercado, pois podem ser produtos irregulares que não possuem eficácia e segurança comprovadas. “Verifique sempre se ele possui registro na Anvisa, Certificado de Aprovação no Ministério do Trabalho e se a Certificação de Conformidade no Inmetro está regular. Todos estes documentos podem ser confirmados através da internet”, acrescenta.Guarnieri, da Mucambo, diz que conhecer a procedência do produto pode ajudar a escolher com segurança. “As luvas cirúrgicas, pela sua aplicação e contato direto com tecidos internos do corpo humano, devem ser homologadas pelo hospital levando em consideração diversos indicativos de qualidade, e não somente o fator preço”, salienta. Simara, da Kevenoll, ressalta que a escolha das luvas é muito complexa, pois é necessário primeiramente determinar o grau de risco, levando em consideração sua utilização/tipo de atividade, resistência, tempo de rompimento e barreira de proteção desejada. “Esses requisitos são essenciais para que se escolha um produto resistente e que corresponda às necessidades desejadas”, expõe.

Uso no Brasil e no mundoDados de 2013 mostram que as luvas de borracha sintética representam 50% do mercado mundial, e

LEGISLAÇÃO

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária colocou em consulta pública a obrigatoriedade de rotular as emba-lagens de dispositivos médicos informando se o produto

é ou não composto por látex de borracha natural.Sobre o assunto, foi publicada em agosto de 2013 a

Lei 12849, que, como está em fase de regulamentação, vem sofrendo modifi cações. “Alteraram a redação do

texto para tornar obrigatória a informação sobre látex apenas em produtos médico-hospitalares, excluindo os produtos de uso geral, como chupetas e balões de festa, restringindo o benefício dessa lei”, alerta o Dr.

Adriano Bueno de Sá, representante da ASBAI.Ele explica que é de suma importância a identifi cação nos dois casos, já que as reações alérgicas, que podem

ser graves e levar a óbito, ocorrem tanto em ambiente de atenção à saúde como dentro de casa.

A consulta pública, que termina em 17/11/2014, pode ser acessada pelo link goo.gl/1AAIIB.

Em parceria com seus distribuidores, a Mucambo vem desenvolvendo um trabalho inédito que vai ao encontro das tendências mundiais na oferta de produtos alternativos para o segmento. Recentemente, a empresa lançou a luva cirúrgica sintética Sensitouch, que já lidera o mercado brasileiro e ainda tem boas perspectivas de crescimento. Sua matéria-prima é o poliisopreno, polímero livre de proteínas do látex natural e isento de pó biodegradável. No portfólio da empresa há três opções mundialmente comercializadas: luvas de látex natural, de látex natural polimerizadas e de látex sintético.www.mucambo.com.br l (11) 2133-3036www.mucambo.com.br l (11) 2133-3036

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50% ainda é de látex. Para Samantha, da Supermax, é importante frisar que as de vinil não estão inclusas nestes dados por possuírem uso muito limitado em ambiente hospitalar e serem classificadas como luvas plásticas. Para se caracterizar como luva de borracha sintética, o produto precisa apresentar alongamento semelhante ao das de látex.Nos Estados Unidos, as luvas de borracha sintética representaram em 2013 cerca de 61% das importadas, contra 29% das de vinil e 10% das de látex natural. O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de luvas de látex no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. “Os dados de utilização de luva de borracha sintética ainda não estão disponíveis no Brasil, porém, no mercado atendido pela Supermax podemos dizer que a luva de nitirilo vem crescendo aproximadamente 5% ao ano. No país, a luva deste material é utilizada principalmente quando o usuário ou paciente apresenta sensibilidade ao látex, devido ao custo um pouco mais elevado, enquanto em outras localidades,

a de borracha sintética é a mais aceita por não apresentar reações de sensibilidade como a borracha natural”, conta.De fato, de acordo com Guarnieri, da Mucambo, no Brasil, a grande concentração de uso no segmento hospitalar de luvas cirúrgicas ainda é das de látex natural, que representam 99% do mercado. A participação de polímeros sintéticos é inexpressiva.

Na práticaUma das instituições de saúde que levam a sério o assunto é o Hospital Memorial Jaboatão, de Jaboatão dos Guararapes, PE, que vem adotando medidas pro� láticas e de tratamento mediante identi� cação de sensibilidade ou atopia às substâncias encontradas em produtos com látex, através de protocolo operacional padrão - POP, com � uxo de� nido para atendimento de urgência a paciente e colaborador exposto à substância. Os procedimentos cirúrgicos, a recuperação anestésica e os atendimentos nas unidades de internação são contemplados neste protocolo, conforme explica Isabelle de Oliveira Braga, Responsável Técnica de Enfermagem.Os colaboradores diagnosticados são encaminhados ao SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho para identi� cação e direcionamento para uso de materiais e equipamentos livres do látex, além de receberem orientações sobre como proceder em caso de urgência.De acordo com o protocolo, os testes são realizados à medida que o paciente ou colaborador apresente reação imediata ou tardia, após contato com materiais que possuam o látex em sua composição, bem como os diagnosticados precocemente, viabilizando assim o atendimento de urgência e tratamento especí� co. No Hospital Santa Joana, de Recife, também em Pernambuco, os pacientes alérgicos são identificados e todo produto utilizado é padronizado látex free, bem como o ambiente é preparado previamente para recebê-lo.Para a escolha do material que será usado pelo hospital, Fátima Sampaio, Gerente Assistencial Multidisciplinar, conta que uma comissão, baseada no registro legal, atenta-se ao posicionamento da marca no mercado, qualidade, resultado assistencial e funcionalidade, de acordo com a operadora e custo.Por sua vez, o Hospital do Idoso Zilda Arns, de Curitiba, PR, implantou um protocolo de cuidados para pacientes com alergia ao látex. As pessoas com hipersensibilidade a esse material passaram a ser atendidas a partir de um roteiro padronizado para cuidados, procedimentos, medicação e insumos.“Esses protocolos são fundamentais para garantir a segurança do paciente, pois contemplam a integralidade do atendimento em ambiente livre de látex, desde a admissão até a alta hospitalar”, diz o Diretor Técnico, Fabio Cezar Dal Lin.Um dos itens do documento prevê que a cirurgia em pacientes com hipersensibilidade ao látex deve ser sempre a primeira do dia, para evitar a presença de partículas da substância no ambiente.

Fabricadas de acordo com principais normas nacionais e internacionais, as luvas Cirurgic Powder Free, da Lemgruber, possuem formato anatômico, são antiderrapantes, texturizadas, revestidas com poliuretano e isentas de pó. A empresa publicou um livro sobre alergia ao látex, disponível em seu site.www.lemgruber.com.br l (21) 2132-8020

De neoprene e isenta de pó, a luva cirúrgica Nuzone X2, da Kevenoll, é indicada para proteção contra riscos biológicos e em procedimentos evasivos que exijam a utilização de luvas estéreis. Outros produtos da empresa são as luvas Nugard PF, 100% látex natural e lisa; e a Nugard Nitril, confeccionada em borracha nitrílica e texturizada na ponta dos dedos.www.kevenoll.com.br l (47) 3702-3600

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CADERNO

SETOR CAMINHA PARA A COMPUTAÇÃO NAS NUVENS Só precisa vencer o medo

Estudo alerta para o vazamento de informações pela internet

Hospitais desenvolvem Softwares web e

automatizam controle fi nanceiro

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Estado da Saúde de São Paulo, explicou quais são as camadas que envolvem a computação em nuvem.

• IaaS - Infraestrutura como ServiçoNessa modalidade, a infraestrutura de servidores, os sistemas de rede, o armazenamento e todo o ambiente necessário para o funcionamento são contratados como serviço. Em vez de comprar servidores, software e espaço em data center, os clientes usam estes recursos de terceiros sob demanda. • PaaS - Plataforma como Serviço É a entrega de um ambiente de computação em camadas e soluções. Ofertas PaaS facilitam a implantação de aplicações de menor custo e complexidade na compra e gestão do hardware, software e recursos de provisionamento de infraestrutura.• SaaS - Software como ServiçoÉ uma forma de distribuição e comercialização de software. Nesse modelo, o fornecedor se responsabiliza por toda a estrutura necessária para a disponibilização do sistema (servidores, conectividade, cuidados com segurança da informação) e o cliente utiliza o software via internet, pagando por esse serviço.

A cloud computing é um “service based”, ou seja, através de um portal de autosserviço, os usuários provisionam e alocam recursos computacionais.

NA NUVEMComo vencer o medo

da cloud computing na saúde?

Entre as tecnologias que mais impactarão o setor certamente estão aquelas em que o armazenamento de dados e a computação serão delegados à rede, como a computação em nuvem (cloud computing).A pesquisa HIMSS Analytics Cloud Survey 2014, realizada com organizações de saúde dos Estados Unidos, revelou que 80% dos 150 entrevistados usam serviços em nuvem devido aos menores custos de manutenção, à velocidade de implementação e à falta de recursos humanos internos. O estudo mostrou que quase todas as que utilizam o serviço pretendem ampliar o uso da ferramenta.“A cloud computing ajuda a reduzir as despesas operacionais. Os dados apresentados demonstram a ânsia do setor em aproveitar esse recurso”, disse Lorren Pettit, Vice-Presidente de Pesquisa de Mercado da HIMSS Analytics.Mas ainda há desafios. Dois terços dos entrevistados enfrentam a falta de visibilidade das operações em curso, dificuldades no atendimento ao cliente, custos e taxas. Metade também identificou problemas de desempenho, como a resposta lenta de aplicações hospedadas. Mesmo assim, se mostraram dispostos a trabalhar com seu fornecedor para resolver a questão, ao invés de mudar para um novo. Por outro lado, 6% manifestaram resistência à adoção de serviços em nuvem. Destes, quase a metade citou a preocupação com segurança como o principal obstáculo.

O que é?No Fórum Saúde Digital, que aconteceu em São Paulo no mês de agosto, André Almeida, CIO da Secretaria de

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Esta interface esconde a grande complexidade que são as tecnologias que fazem uma nuvem existir. Almeida lembra que a ferramenta é escalável e elástica, o que quer dizer que os recursos, ou serviços, são provisionados e alocados de acordo com a demanda. Além disso, é compartilhável e funciona “pay as you use”, ou seja, o usuário paga pelos recursos utilizados e não precisa arcar com investimentos prévios em tecnologia. “Não pensar em computação móvel é um erro terrível”, frisa.Apesar das vantagens, Almeida aponta para o desafio da integração dos dados quando se utilizam diferentes sistemas em diversas nuvens. É preciso também pensar em alternativas para lidar com sigilo e confidencialidade. E quando o sistema fica fora do ar? “É necessária uma gestão eficiente nestes casos. Multa não faz o ambiente voltar a funcionar”, conta.

MercadoA escolha correta do tipo de nuvem é determinante para garantir a disponibilidade e a segurança desejadas pelo cliente. Adriana Coutinho Viali, Diretora Executiva da Embratel, lembra que, após o Marco Civil da internet, a informação passou a pertencer ao paciente e não mais à entidade que o atendeu. Com isso, dados como históricos, laudos e opiniões médicas devem estar disponíveis para que os pacientes possam acessar em qualquer lugar. “Isso só é possível com soluções hospedadas na nuvem”, expõe.Adriana conta que a adoção desse tipo de solução cresce a cada ano, mostrando que o mercado tem considerado os seus benefícios. A crescente demanda também está aliada à necessidade de diminuir custos com infraestrutura de TI. “Acreditamos que o futuro do setor de saúde contemple a formação de uma rede global de informações, na qual todos os protagonistas estarão interligados de forma abrangente e integral, desde os pacientes até os planos de saúde, a saúde privada e a pública, indo dos grandes bancos de dados aos equipamentos laboratoriais e de imagens. O Brasil já se destaca por alguns importantes avanços na área médica, mas, com a ajuda da tecnologia,

pode se diferenciar ainda mais, tornando-se até um modelo para o mundo”, acredita.Segundo Glaucia Vieira, Diretora Técnica da G2, que tem como parceira a Oi em soluções em nuvem para o segmento de saúde, o setor é muito conservador quanto à adoção da cloud, mas, felizmente, tem se visto no país projetos que utilizam a ferramenta para gestão de documentos, imagens, Eletronic Medical Record e sistemas completos de gestão. “Estados Unidos e Inglaterra já aderiram massivamente aos registros eletrônicos na nuvem, e certamente iremos pelo mesmo caminho”, diz.Na opinião de Heloísa Ribeiro da Costa, Gerente de Divisão de eHealth B2B da Telefônica Vivo, todas as instituições brasileiras migrarão parcial ou totalmente para soluções que melhorem sua operação através da automatização. “No modelo atual, os altos custos operacionais na saúde inviabilizam o processo. Se não inovarem em soluções digitais, que podem diminuir os gastos, não será possível manter uma operação econômica saudável”, ressalta.

Desafi osAlguns dos maiores medos para implantação de computação nas nuvens são a segurança das informações que serão disponibilizadas e os problemas de “queda do sistema”.De acordo com Glaucia, da G2, esta insegurança é comum, mas pode ser facilmente resolvida com um planejamento adequado. “Primeiramente, é preciso esclarecer que a nuvem é uma rede segura. Há padrões de segurança e certificações para os data centers, então basta saber se o serviço contratado atende a esses requisitos”, ensina.Com relação à queda do sistema, Luis Gustavo G. Kiatake, Diretor de Marketing e Vendas da E-VAL Tecnologia, explica que, antes da contingência

Heloísa Ribeiro da Costa, da Telefônica Vivo

Luis Gustavo G. Kiatake, da E-VAL Tecnologia

Adriana Coutinho Viali, da Embratel

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das possíveis quedas, é importante garantir uma boa infraestrutura de acesso à internet e utilizar mais de um provedor, com preferência por aquele que ofereça cabeamento mais moderno, como fibra ótica.Ele sugere implantar soluções que permitam operação de contingência com dados offline e definição de processos manuais, com posterior consolidação online. As instituições de saúde devem adotar um plano B no caso de falhas, considerando, inclusive, a utilização de papel, contanto que o sistema seja capaz de importar os dados digitalizados para que não existam dois históricos do paciente, um eletrônico e outro físico. “Temos exemplos práticos de instituições que já estão operando nessa modalidade com bastante sucesso. Um dos hospitais utilizou links redundantes de provedores e acessos físicos distintos, com confiabilidade acima de 99,5%. Na prática, em mais de dois anos de operação, eles nunca ficaram simultaneamente fora do ar”, conta Kiatake.Em se tratando da confidencialidade das informações, o Diretor da E-VAL considera fundamental que o provedor garanta e demonstre os controles de segurança, tecnológicos e de processos, que impeçam, por exemplo, a possibilidade da recuperação legível de um backup em outro ambiente que não o contratado, assim como o acesso das informações pelos administradores do sistema. “Recomendo que seja exigida, pelo menos, a criptografia das informações críticas de identificação dos pacientes. Existem soluções, inclusive com uso de equipamentos HSM, que provêm essa funcionalidade. A tecnologia de acesso ao hosting também deve ser criptografada e é preciso exigir autenticação tanto dos usuários quanto dos equipamentos. Convém ter uma rede privada, com equipamentos específicos para isso, de forma a impedir que aparelhos não autorizados tenham acesso ao sistema”, explica.Com relação às questões legais, utilizar infraestrutura hospedada fora do Brasil ainda é um assunto bem discutido. Kiatake diz que, nesses casos, a responsabilidade legal do provedor fica bastante prejudicada, ainda que haja cláusulas contratuais. “Uma recomendação conservadora, por hora, é que a empresa seja nacional, e que sua infraestrutura esteja em território

SOLUÇÕES

Veja a seguir os serviços em cloud oferecidos pelas empresas entrevistadas nesta matéria.

Oi: As soluções SmartCloud, utilizadas pela G2 para disponibilizar os sistemas de gestão na nuvem, são

certifi cadas pela SAP e operam na rede internacio-nal de data centers da Oi e da Portugal Telecom. A empresa garante disponibilidade de 99,9% de suas

soluções de computação em nuvem, eliminando pos-síveis riscos às instituições de saúde. A Oi entrega uma nuvem pré-instalada e pré-confi gurada para a G2 e para o cliente fi nal, o que signifi ca uma economia de

70% no tempo de projeto na etapa de instalação - www.oismartcloud.com.br e

www.g2tecnologia.com.br/health-one.html.Telefônica Vivo: A empresa possui o único data center da América do Sul a contar com as categorias Design e Constructed Facility da Certifi cação Tier III, concedida pelo Up Time Institute, que comprova que a construção segue à risca o projeto e que o empreen-dimento encontra-se preparado para a realização de manutenções preventivas e corretivas sem que haja necessidade de interromper as atividades. O cliente tem garantia de segurança a partir de um backbo-ne, que é a espinha dorsal da rede, monitoramento realizado por quatro centros mundiais de operação e gerenciamento de data center, além de rede própria - www.vivo.com.br/ehealth.

E-VAL: O MADICS+ é uma solução composta por um módulo de assinatura digital, que se integra aos

sistemas eletrônicos de saúde, e um sistema de auten-ticação, que emite certifi cado digital com o dispositivo criptográfi co (token ou smartcard). Os principais clien-

tes da companhia atualmente são hospitais e clínicas com a assinatura de Prontuário Eletrônico do Paciente

(PEP), mas a solução atende também operadoras de saúde e sistemas variados, como GED, PACS, LAB e

ERP – www.evaltec.com.br.Embratel: A empresa oferece identifi cação, autenti-cação, autorização, confi dencialidade, integridade e disponibilidade aos dados. As soluções cloud possuem políticas, mecanismos de segurança e privacidade bem defi nidas, proporcionando uma série de vantagens para os usuários, como economia signifi cativa e melho-ra na qualidade de atendimento, permitindo geren-ciamento integrado de todos os processos hospitalares, desde a admissão do paciente até a sua saída - www.embratel.com.br.

brasileiro”, conta.Apesar de a certificação de Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES) da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), em convênio com o conselho Federal de Medicina (CFM), não atestar soluções para o cenário específico de nuvem, as avaliações de segurança são bastante abrangentes. Dessa forma, Kiatake acredita ser um requisito essencial que a solução possua tal certificação.

Lívia Lázaro e Marcia Bezerra, da Oi; Cristiane Gomes, Glaucia Vieira e Gilberto Vieira, da G2

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SEGURANÇAOrganizações de saúde deixam vazar informações importantes na internet

Pesquisadores da Essentia Saúde, operadora de saúde que atende 100 instituições, incluindo clínicas, hospitais e farmácias dos Estados Unidos, resolveram identificar a quantidade de dispositivos médicos que são conectados à internet em vez de simplesmente ligados às redes internas.O estudo constatou que a falta de segurança possibilita a qualquer um manipular remotamente bombas de infusão de medicamentos para alterar as doses ministradas aos pacientes, comandar des�briladores compatíveis com Bluetooth para produzir choques aleatórios e modi�car a temperatura de geladeiras para armazenamento de sangue ou medicamentos, por exemplo.A informação é �ltrada pela internet a partir de qualquer computador ou dispositivo conectado à rede de um hospital, permitindo que hackers localizem e mapeiem com facilidade os sistemas para realizar ataques direcionados. Os pesquisadores descobriram que o vazamento de dados acontece devido ao uso do Server Message Block (SMB), protocolo de compartilhamento de arquivos em rede. O SMB permite atribuir a cada sistema um número de identi�cação ou um descritivo para ajudar a distinguir, por exemplo, um computador instalado em um consultório médico dos sistemas cirúrgicos colocados em uma sala de operação ou um equipamento em um laboratório. Em um dos casos, uma grande instituição de saúde relatou ter 68.000 sistemas conectados à sua rede, incluindo pelo menos 488 para cardiologia, 332 para radiologia e 32 marca-passos. Nesta e em todas as outras entidades onde houve vazamento de informações, o problema era um computador conectado à internet que não havia sido con�gurado de forma segura. Também foi descoberto que esses sistemas utilizavam versões desatualizadas do Windows XP, se tornando vulneráveis à exploração.“O problema com o SMB é apenas um dos desa�os que as organizações de saúde enfrentam. Isso ocorre porque as equipes de segurança se preocupam em garantir equipamentos em conformidade com as leis governamentais dedicadas à proteção da informação, mas não analisam sua vulnerabilidade”, disse Scott Erven, Chefe de Segurança da Informação da Essentia Saúde, que conduziu o estudo junto com Shawn Merdinger, pesquisador e analista de segurança.“Fizemos buscas dentro de cada instituição e percebemos que este é um problema mundial do setor. A vulnerabilidade poderia ser facilmente resolvida simplesmente desativando o serviço SMB em sistemas com conexão externa ou recon�gurá-los para que apenas transmita informações internamente para a rede local hospitalar e não via internet, onde hackers podem vê-la”, acrescenta Erven.

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TECNOLOGIA 3D NO APRENDIZADO MÉDICO

Para melhorar o aprendizado de anatomia humana, a Faculdade de Medicina da USP está produzindo, através de impressoras 3D, estruturas anatômicas com detalhes realísticos, como ossos, músculos, órgãos, células e até moléculas, baseadas no acervo do Projeto Homem Virtual. Também fazem parte do projeto recursos como realidade aumentada, mesa visualizadora digital e peças anatômicas em tamanho natural, esculpidas em isopor. Instituições interessadas podem estabelecer parcerias com a FMUSP para ter acesso aos materiais, tanto para o ensino da graduação quanto para atualização pro� ssional. Contato através do e-mail [email protected].

TUTOR VIRTUAL AUXILIA A CONTROLAR CONSUMO DE SÓDIO

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde apontou que 48% dos brasileiros acham que consomem sal dentro da média aceitável, porém, ingerem cerca de 12 gramas por dia, mais do que o dobro recomendado pela OMS. “Em parte, isso provém de alimentos industrializados que consumimos sem dar atenção para a tabela nutricional e para os seus ingredientes. É

justamente aí que entra a nossa solução”, explica Tina Louise, diretora de Desenvolvimento de Mercado do MyFitnessPal. Considerada a maior plataforma digital de saúde e � tness, conta com um banco de dados de 4 milhões de alimentos, com os quais o usuário pode construir um verdadeiro diário virtual de suas refeições e, no � nal do dia, não só controlar as calorias que ingeriu, mas também ter uma ideia próxima do sódio ingerido. Também é possível ler o código de barras da embalagem por meio do app para smartphone, facilitando o processo. Gratuita, está disponível para iPhone, Android, Black Berry e Windows.www.my� tnesspal.com.br

BUROCRACIA AFETA PESQUISAS NA SAÚDE

O cenário brasileiro de pesquisa e desenvolvimento para a área de Saúde ainda é pouco inovador, apesar de o país representar o segundo mercado de dispositivos médicos que mais cresce no mundo. Esta é uma das conclusões da Pesquisa Medical Devices, coordenada pelos médicos Kleber Stelmasuk e Vitor Asseituno. A burocracia do governo e das universidades para parcerias, patentes e divisão de royalties, além da falta de meritocracia à pesquisa nas universidades podem ser as justi� cativas para a não participação de pesquisadores no processo de desenvolvimento de novos produtos nas empresas. Em contrapartida, o mercado consumidor está em franco crescimento, oferecendo grandes oportunidades para a criação de dispositivos com tecnologia menos complexa, mas que apresentem resultados satisfatórios. “No entanto, é preciso que a legislação para a pesquisa, bem como o fomento para o desenvolvimento, sejam apropriadamente modi� cados nos próximos anos”, declara Asseituno.

Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde apontou que 48% dos brasileiros acham que consomem sal dentro da média aceitável, porém, ingerem cerca de 12 gramas por dia, mais do que o dobro recomendado pela OMS. “Em parte, isso provém de alimentos industrializados que consumimos sem dar atenção para a tabela nutricional e para os seus ingredientes. É

justamente aí que entra a nossa solução”, explica

SISTEMA EVITA FRAUDES DE ATESTADOS MÉDICOS

Os Hospitais Esperança, unidade Recife e Olinda, e o Hospital São Marcos, pertencentes à Rede D’Or São Luiz, implantaram o Atestados.Med, um sistema integrado que emite os atestados médicos de forma mais segura e os monitora para evitar fraudes. A ferramenta, desenvolvida pela startup Docs Med, conta com um banco de dados atualizado em tempo real, que pode ser acessado tanto pela web quanto por um aplicativo compatível com Android e IOS. O objetivo, segundo a Gerente Corporativa de Marketing da Regional PE Rede D´Or, Vivianne Guimarães, é oferecer mais segurança aos médicos, pacientes e empresas.www.atestados.med.br

NUTRIÇÃO HIGH TECH

As copeiras que atendem os acompanhantes e pacientes internados nos apartamentos do Hospital Dr. Miguel Soeiro (HMS), da Unimed Sorocaba, SP, passaram a anotar os pedidos em dispositivos móveis, gerando vários benefícios, segundo a nutricionista Carina Yamanaka, Coordenadora do Serviço de Nutrição e Dietética da entidade. “O cliente recebe, na hora, um tíquete do pedido. O setor de faturamento contabiliza, em tempo real, o valor na conta do usuário, sem o risco de erros ou extravios, e a cozinha consegue atender em menor tempo.”

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DATASUS INVESTE EM MOBILIDADE

O Datasus, departamento do Ministério da Saúde subordinado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, acaba de implementar a plataforma MicroStrategy Mobile no projeto Hórus, ou Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica, que opera nos três níveis de gestão do SUS. Dessa forma, mais de 1.500 gestores públicos podem analisar via dispositivos móveis os dados relacionados à gestão de estoque, rastreabilidade e distribuição de medicamentos, e tomar decisões que promovam redução de custos e racionalidade no uso, entre outras melhorias, com mais agilidade.www.microstrategy.com

MARCA-PASSO CARDÍACO AUTOALIMENTADO

Um protótipo de marca-passo cardíaco estimulou o coração de um rato utilizando energia elétrica convertida de seus movimentos corporais. Desenvolvido por pesquisadores do Instituto Avançado de Ciências e Tecnologia e da Universidade Yonsei, ambos da Coreia do Sul, o marca-passo arti� cial recebe energia semipermanente através de um nanogerador piezoelétrico � exível, de alto desempenho, que se baseia em uma película � na de cristal feita de uma liga de titanato de chumbo. A energia é gerada dobrando e endireitando continuamente as placas coletoras. “Para � ns clínicos, a solução irá bene� ciar o desenvolvimento de equipamentos autoalimentados e prevenir ataques cardíacos através de diagnósticos em tempo real de arritmia cardíaca”, disse o autor principal do projeto, o Professor Keon Jae Lee. Além disso, também pode ser utilizado como fonte de energia para vários dispositivos médicos implantáveis .

HISTÓRICO MÉDICO DIGITAL NAS NUVENS

A plataforma SaúdeControle acaba de chegar ao mercado, oferecendo aos usuários total controle dos seus dados de saúde, disponíveis na nuvem e acessíveis através de aplicativo baixado na loja do Google ou da Apple.

Basta preencher a � cha clínica, inserindo informações sobre dores crônicas, sintomas neurológicos e infecções. Também é possível a interface com médicos para o preenchimento mais detalhado. “A informação médica é um patrimônio do indivíduo. Por isso, cada pessoa tem o direito de ter acesso a esses dados para consultar quando quiser”, explica Phelipe Spielmann, Fundador e CEO da empresa, que leva o mesmo nome. A utilização é gratuita, mas para ter acesso ao Pacote Premium, que inclui todos os recursos, é preciso fazer uma assinatura mensal paga.www.saudecontrole.com.br

VISITAS VIA SKYPE

O Hospital Espanhol do Rio de Janeiro constituiu um comitê interno, composto por pro� ssionais de várias disciplinas, com o objetivo de implantar um rol de ações e iniciativas para tornar o período de internação mais agradável. Entre elas está o investimento na visita por Skype. “Muitas vezes o paciente possui parentes em outros estados e até no exterior. A tecnologia nos ajuda a fazer esta aproximação”, declara Andrea Paredes, Presidente da instituição.

ASSISTÊNCIA DE EMERGÊNCIA NO NOVO KA

A Ford anuncia para o Novo Ka o serviço de assistência de emergência, cujo sistema é programado para fazer uma ligação automática ao serviço 192, do SAMU, em caso de acidente com o veículo, informando sua localização e

conectando os passageiros para o resgate. Para o funcionamento, é preciso que um celular esteja pareado com o sistema SYNC no veículo, usando a conexão Bluetooth. Além de entrar em ação automaticamente, outra vantagem é a disponibilidade do serviço durante toda a vida útil do veículo e sem nenhuma cobrança de taxa. Ele também não interfere no desempenho do celular e, por não contar com botão para a ativação manual, evita a realização de chamadas falsas.www.emergencyassistance.ford.com

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Gerenciar 12 hospitais públicos e um SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) não é tarefa fácil, mas �cou mais simples depois que a Fundação Hospitalar de Saúde do Sergipe passou a utilizar o Scriptcase. O software possibilita criar sistemas web até quatro vezes mais rápido do que nos modelos tradicionais, além de não exigir profundos conhecimentos em linguagens de programação.Assim, a FHS/SE saiu das planilhas do Excel e automatizou seu controle �nanceiro, de contratos com fornecedores e almoxarifado, entre outros, ganhando em organização e produtividade. “O software também permite integrar processos. Um produto que é solicitado ao estoque gera automaticamente uma ordem de compra, e quando a nota �scal é recebida, já está inclusa na previsão de contas a pagar, por exemplo”, diz Douglas A�onso, Coordenador de Tecnologia da Informação.Um diferencial na escolha do Scriptcase é o fato de a solução proporcionar uma rápida aprendizagem. Em apenas dois meses, dois novos pro�ssionais da equipe de TI da FHS/SE conseguiram dar continuidade a sistemas desenvolvidos por outros colaboradores devido à padronização da ferramenta.Aplicações de pequena e média complexidades são criadas em um ou dois dias, como, por exemplo, estimar o consumo de medicamentos em todas as 13 unidades administradas em determinado período. “É difícil encontrar pessoas totalmente capacitadas em programação, que saibam criar processos do zero. Com o Scriptcase tudo já vem meio pronto”, comenta Douglas.Devido ao sucesso alcançado com a implementação do software, a Fundação Hospitalar de Saúde do Sergipe está desenvolvendo novas soluções. Uma para automatizar a �cha cadastral de seus processos de admissão e outra que gerencie o registro de pacientes para atendimentos e recebimento de medicamentos oncológicos. Também está prevista uma aplicação destinada ao controle do patrimônio móvel e imóvel da instituição, com a utilização de tablets e smartphones.

AUTOMATIZAÇÃOHospitais desenvolvem softwares web para colocar contratos em dia

ACOMPANHE EM TODAS AS EDIÇÕES O CADERNO eHEALTH_INNOVATION

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Em agosto, o conglomerado farmacêutico AstraZeneca levou o projeto Viva a Cultura! aos pacientes em tratamento no A.C. Camargo Cancer Center, e em outubro o projeto esteve no Hospital do Câncer de Barretos, ambos em São Paulo. O objetivo foi fazer com que as crianças internadas ou que passaram pelo ambulatório pudessem receber um tratamento mais humanizado através da participação em o� cinas e apresentações de teatro.Entre as atividades estiveram jardinagem em vasos, brinquedo com material reciclado, customização de ecobags, máscaras e móbiles de feltro, além da exibição de teatro de bonecos. As ações foram comandadas por monitores e atores especializados, que aguçaram a imaginação e a criatividade das crianças. Ao � nal de cada etapa, os pequenos pacientes receberam livros infantis doados pelos colaboradores da AstraZeneca, um kit contendo tela de pintura, tinta para tecido, tela e guache, massa para modelar, pincéis, caderno de desenho, lápis de cor, giz de cera, apontador, cola, tesoura sem ponta e estojo, além de uma foto animada de recordação da visita da equipe de o� cineiros.“O Viva a Cultura! é um projeto muito importante para todos os envolvidos, mas principalmente para as crianças. Entendemos que o cuidado com a saúde vai muito além do acesso aos medicamentos”, comenta o Diretor Executivo de Recursos Humanos da AstraZeneca, Miguel Monzu. Já a Oncopediatra e Diretora do Departamento de Pediatria Oncológica do A.C. Camargo, Cecília Lima da Costa, explica que atividades que apostam no elemento lúdico geram a� nidade entre os pacientes e momentos de alegria. “Além disso, ajudam muitíssimo a elevar a autoestima e o bem-estar”, ressalta.Maria Lúcia P. Cesari Lourenço, Terapeuta Ocupacional do Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos, também fala da importância da ação: “Este é um projeto que abraça nossa política de humanização e faz com que as crianças tenham mais momentos de diversão, cultura e lazer dentro do hospital. A realização de diversas atividades possibilita

HUMANIZAÇÃOPequenos pacientes com câncer recebem tratamento especial

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Quimioteca do Hospital Estadual de Bauru, SP

distração, novas aprendizagens, troca de experiências e participação de todos de uma forma geral”.Desde 2007, cerca de dez mil crianças e familiares participaram da iniciativa, realizada em 27 etapas, em oito cidades diferentes, totalizando mais de 200 o� cinas.

Quimioteca No Hospital Estadual de Bauru, interior de São Paulo, uma nova quimioteca também vem humanizando o tratamento das crianças com câncer. Equipada com 11 poltronas, cinco delas com monitores individuais para transmitir desenhos animados, a quimioteca do Centro Ambulatorial de Oncologia do Hospital Estadual de Bauru (HEB) é um presente da Associação Bauruense de Combate ao Câncer (ABCC). Inaugurada em julho, recebeu investimento de R$ 90 mil, angariados pela ABCC graças à parceria com a rede de fast-food McDonald´s, que destinou à associação a arrecadação da campanha MC Dia Feliz de 2013.A ideia do projeto, de acordo com a Presidente da ABCC, Cristina Aidar, era justamente transformar a sala de quimioterapia pediátrica do HEB num espaço que privilegia o lúdico e o ato de brincar como estratégia para humanizar o tratamento.Além das novas poltronas para pacientes e acompanhantes, a quimioteca teve todos os suportes de soro trocados e recebeu um novo berço. A decoração é outro ponto em destaque, já que remete à tranquilidade, com motivos do fundo do mar.Atualmente, 50 crianças fazem quimioterapia no HEB e cada uma delas pode passar até seis horas dentro do hospital, entre consulta e terapia. A frequência também varia, mas pode ocorrer de uma a três vezes por semana por um prazo de até dois anos. “Um ambiente humanizado ameniza impactos negativos no tratamento, qualifica o tempo de espera e favorece a recuperação”, observa a Supervisora Médica do Centro Ambulatorial de Oncologia, Ana Cristina Xavier Neves. “A quimioteca trouxe mais leveza ao tratamento dessas crianças. Com a possibilidade de brincar e ver desenhos, o tempo passa mais rápido para elas”, complementa a médica.

Projeto Viva a Cultura!, da AstraZeneca

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Os Departamentos de Ginecologia e de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Hospital São Paulo (HSP) empregaram pela primeira vez no país uma técnica que combina ferramentas de ambas as especialidades em pacientes com paraplegia ou tetraplegia por lesão medular. O procedimento, realizado anteriormente em apenas quatro países (Suíça, Áustria, Alemanha e França), tem como objetivo retomar alguns dos movimentos e funções perdidos, trazendo mobilidade a pacientes com lesão medular.“A ideia, a princípio, é ajudar essas pessoas a terem mais autonomia, com possibilidade de realizar tarefas simples como controlar a urina ou pegar um livro na estante sem necessitar de adaptações”, explica Nucelio Lemos, ginecologista que trouxe a técnica para o Brasil. Com a neuropelveologia, como é chamada essa nova especialidade, é possível a visualização dos nervos sacrais por videolaparoscopia e a implantação de um neuroestimulador na porção abdominal desses nervos, que são responsáveis pelo controle das pernas, bexiga, reto, uretra e ânus. “A neuroestimulação sacral já existe desde a década de 1980. A diferença da nova abordagem é o local de implante dos eletrodos. Em vez de colocá-los na medula, usamos a videolaparoscopia para implantá-los após a formação dos nervos, possibilitando respostas mais especí� cas aos estímulos elétricos.” De acordo com Lemos, o procedimento viabiliza diagnósticos e tratamentos antes impossíveis devido aos riscos e à di� culdade de acesso e visualização desses nervos pelas vias cirúrgicas tradicionalmente utilizadas nas especialidades de Neurocirurgia e de Ortopedia. A técnica também traz inovações no tratamento de pacientes com endometriose; que sofram compressões nervosas decorrentes de cirurgias ou de varizes intra-abdominais; amputados com dores nos membros fantasmas; e portadores de incontinência urinária e anal.

Primeiro caso no paísUma lesão medular grave, causada por um acidente com esqui aos 20 anos, mudou radicalmente a vida de Francisco Virmond Moreira, estudante do 4º ano de Medicina. Cinco anos após ouvir de vários especialistas que teria de se acostumar com a dependência à cadeira de rodas, Francisco já vislumbra um futuro diferente. O estudante é o primeiro caso de tetraplegia que se bene� ciou da técnica de neuropelveologia no país, recebendo, em dezembro de 2013, o implante do neuroestimulador e de eletrodos ligados aos nervos femorais (que controlam o músculo quadríceps, da coxa) e ciáticos (que controlam os pés e o quadril) e, ainda, o nervo pudendo (responsável pelo controle da urina e das fezes). De acordo com Acary Souza Bulle de Oliveira, neurologista e coordenador do Setor de Doenças Neuromusculares

do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da EPM/Unifesp, Francisco chegou até a equipe médica apresentando lesão medular incompleta de grau B (alguma sensibilidade abaixo do nível da lesão e nenhuma função muscular). “O paciente não conseguia elevar os cotovelos acima dos ombros, apresentava mãos em garra e incontinência urinária, necessitando de sondagem frequente da bexiga. Hoje, cinco meses após o implante, ele já consegue elevar os braços acima da linha da cabeça, � car em pé, deslocar os quadris para a lateral com a ajuda do tronco inferior, movimentar os pés e caminhar dentro da piscina. Além disso, a capacidade da bexiga dobrou, o que permite � car muito mais tempo sem passar a sonda para esvaziar a bexiga.”

Reabilitação intensaEm relação ao implante do neuroestimulador, os estímulos elétricos especí� cos são programados pelo médico de acordo com cada etapa da reabilitação e controlados pelo paciente por meio de um controle remoto. Cada programa proporciona uma autonomia diferente, como reter e soltar a urina, controlar a postura do tronco, subir e descer as pernas ou diminuir os espamos musculares.O tratamento, entretanto, não se resume somente aos estímulos elétricos, mas envolve também um processo de reabilitação intensa, com extrema disciplina. De acordo com a � sioterapeuta Salete Conde, responsável pela parte de reabilitação motora do estudante, são necessárias dez horas semanais de exercícios intensos para ganho de massa muscular e coordenação. “A � sioterapia é que ajudará o paciente a reaprender os movimentos perdidos com a lesão”, explica. Lemos a� rma que a intenção é buscar � nanciamento nas agências de fomento e suporte do Sistema Único de Saúde (SUS) para dar continuidade ao projeto e criar um centro multidisciplinar de tratamento e pesquisa nessa área.Acesse o vídeo da nova técnica: goo.gl/DKkBQy

PROCEDIMENTOCirurgia inédita no Brasil pode trazer mobilidade a pacientes com lesão medular

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O MILAGRE DO NASCIMENTO E A SAÚDE BRASILEIRA

A mulher da alta sociedade, da periferia, a índia, a nordestina, a nortista, a sulista, a do sudeste, a goiana, a da capital federal, a dos nossos Matos Grossos, de Tocantins, a socialite, a famosa, a simples. Todas as mulheres gestantes, incluindo as lindas, as feias, as magérrimas, as gordas, as jovens demais, as idosas demais, as cultas e as incultas, as urbanas e as rurais, as faladeiras e as quietinhas, en� m, todas realizam um dos mais lindos atos: o de trazer um ser humano ao mundo.Eu também vim através de uma mulher, todos viemos, é óbvio. Mas, às vezes, o óbvio precisa ser explicitado. Nós lutamos para garantir nosso sustento, com trabalhos, lutas políticas e diferenças das mais agudas possíveis, mas todos estamos ligados tão intimamente por um feito simples: nascemos pelo amor de uma mulher. A mãe talvez seja um dos poucos símbolos que expresse uma das raras unanimidades entre os seres humanos: proviemos de uma mesma fonte da vida.O nascimento é mesmo um milagre, que une todos nós de maneira profunda e igualitária. Sem discriminações.O parto, de qualquer tipo, é um dos poucos atos médicos que ocorrem em uma instituição de saúde e trazem alegrias aos envolvidos: pais, irmãos, sogros e sogras, tios, sobrinhos, amigos, vizinhos e todos que formam este nosso conglomerado humano. As outras atividades médicas normalmente estão ligadas à dor e ao sofrimento. Mas nascer está relacionado a um claro sinal de saúde, de felicidade e até de perpetuidade da nossa espécie.Aliás, nem precisa ser necessariamente um ato médico, pois quando chega a hora, a criança nasce em casa, no metrô, na rua, no campo, na viatura da polícia ou em qualquer outro lugar. A circunstância é sempre a mesma: um ser feminino e um ou mais bebês vindo ao mundo. Chegou a hora, acontece!Se a maternidade pode exigir obstetras, anestesistas, neonatologistas, enfermeiros, centros de terapia intensiva, centros obstétricos ou cirúrgicos, exames de alta complexidade e tantas outras tecnologias, por outro lado o nascer também exige muita simplicidade, carinho, amor e humanidade.Posto isto, podemos fazer um paralelo rápido com a saúde brasileira:1. O SUS é grande e complexo. Mas também deve ser simples e � exível, para

atender todas as camadas da população, a exemplo dos vários tipos de mulher, em qualquer região do nosso país.

2. O público e o privado guardam enormes diferenças de qualidade, de valores investidos, de quali� cação de pessoas, etc. Mas a saúde é única e deve ser vista desta maneira. Tal como a mulher é única.

3. As inovações cientí� cas exigem grandes investimentos em saúde. Entretanto, devemos fazer coisas simples funcionarem bem, como as visitas domiciliares, as consultas nas unidades básicas, os exames. A exemplo de um parto em um grande centro hospitalar ou em uma tribo indígena simples. Ambos devem trazer uma criança ao mundo.

4. A meritocracia deve ser uma maneira de incentivar e remunerar os bons pro� ssionais de saúde. Mas a má remuneração não deve ser motivo para nenhum pro� ssional de saúde ser negligente com o seu trabalho. Como um soldado da polícia militar que ajuda uma criança a nascer, sem ganhar nada a mais por isso.

5. As redes assistenciais devem ser integradas, regionalizadas e hierarquizadas, com a complexidade que sistemas estruturados têm. Entretanto, as soluções simples e criativas na área de saúde também devem ser bem-vindas. Como o próprio nascimento.

A Copa do Mundo no Brasil fez com que cento e vinte mil turistas viajassem pelo nosso país sem hotel reservado, segundo o site americano Airbnb. O

que faz uma pessoa ir de um país a outro sem ter lugar fixo para se hospedar? Coragem! O criador desse site também tem muita coragem, pois desenvolveu uma economia em áreas que pouco haviam sido monetizadas antes, com hospedagens nas casas de quem estava disposto a receber um estranho. As mulheres para darem à luz também precisam ter muita coragem. E é disso que estamos precisando no segmento de saúde.Esse “estranho” brasileiro que nasce todos os dias e que começa a escrever a história da sua vida deve nos incentivar a continuar acreditando em soluções que sejam simples, mas vigorosas, representativas e que tragam esperanças. O ato de nascer e este site de hospedagem são exemplos de que boas e simples ideias sempre existem. Não podemos desistir de melhorar o setor em função de adversidades, de desmandos de um ou de outro político; devemos sempre continuar acreditando que a saúde se reinventará a cada dia. Quem tiver alguma dúvida disso, que vá assistir ao próximo parto, pois posso lhes assegurar que ele ocorrerá, independentemente do tipo de mulher que o realiza e do local em que ocorre. Mais um bebê ao mundo e mais uma mulher heroína está cumprindo sua missão. Saúde!

José Cléber do Nascimento Costa Administrador Hospitalar, Diretor Geral do INDSH – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento

Social e Humano, Vice-Presidente de Gestão Administrativa e Financeira da ABDEH – Associação Brasileira de Desenvolvimento do Edifício Hospitalar e Diretor Técnico

da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar l [email protected]

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morrer em casa. Ele disse que se confronta com esse tipo de situação todos os dias e que ela exige acompanhamento multidisciplinar. “Cada caso necessita ser avaliado. Os profissionais de saúde devem estar cientes e a família precisa de acompanhamento, pois isso envolve questões éticas, deontológicas e legais. E, obviamente, as instituições precisam estar preparadas para dar esse suporte, em todos os quesitos”, afirmou.

Eutanásia e sua ambiguidadePara Goldim, a palavra eutanásia é utilizada de maneira confusa e ambígua, pois assume diferentes significados, conforme o tempo e o autor que a utiliza. O termo eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como “boa morte” ou “morte apropriada”. A palavra foi proposta por Francis Bacon, em 1623, em sua obra “Historia vitae et mortis”, como sendo o “tratamento adequado às doenças incuráveis”. Existem alguns tipos de eutanásia, os mais conhecidos são a voluntária e a involuntária, sendo que na primeira o paciente se mostra a favor da decisão (normalmente é ele quem pede por isso), e no segundo caso ele não se manifesta (geralmente porque já não consegue responder por si).O primeiro país a autorizar a prática da eutanásia foi a Holanda, em 2002. Dez anos depois, apenas Bélgica e Luxemburgo criaram legislações para impedir a condenação dos médicos responsáveis por garantir “a prática da boa morte” a pacientes em estado terminal ou vítimas de doenças incuráveis.No Brasil, atualmente é considerada como homicídio comum, com penas que podem chegar a 20 anos. Está tramitando no Senado Federal o projeto de lei 125\96, que estabelece os critérios para a legalização da “morte sem dor”. Ele prevê a possibilidade de que pessoas com sofrimento físico ou psíquico solicitem a realização de procedimentos que visem à sua própria morte. No site do especialista (www.bioetica.ufrgs.br) é possível ter acesso a todas as questões que envolvem bioética.Tanto a literatura quanto a ciência compartilham que o bom senso e a vontade do paciente devem ser levados em conta e ponderados em casos extremos.

O an� teatro Schwester Hilda Sturm, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, RS, foi palco de discussão sobre o tema “Como e onde devemos morrer”, dando continuidade à série de reuniões conhecidas como “Grand Rounds”, que visam à atualização e à troca de conhecimentos entre médicos, colaboradores e convidados.Na abertura, o Coordenador de Especialidades Médicas, Gabriel Dalla Costa, destacou a importância de um novo olhar sobre um tema tão delicado quanto esse, que envolve a relação médico-paciente. Já Luiz Antônio Nasi, Superintendente Médico, lembrou que a instituição está cada vez mais preocupada em humanizar o tratamento concedido aos pacientes, principalmente em setores como a UTI. “Talvez a medicina seja a única que luta com Deus frente a frente contra o desafio da morte”, destacou o médico intensivista. Parafraseando o novo livro de Lya Luft, Nasi ressaltou que “o tempo é um rio que corre e que não nos devolve nada ao longo desse tempo”.

Refl exões de um caso clínico O vídeo “Facing Death” (Diante da Morte) foi apresentado aos convidados para discutir o caso clínico de um paciente terminal, com enfoque no papel do pro� ssional de saúde em relação a ele e aos seus familiares. Até onde você iria para sustentar a vida de alguém que você ama, ou a sua própria?Para a escritora Lya Luft, a morte deveria ser exatamente como o nascimento, o � m do nosso ciclo. Ela acredita que todos devem se empenhar em tornar o atendimento mais humano. “A medicina, embora traga todo o heroísmo tecnológico para salvar uma vida, não deveria impedir o paciente terminal de ter seus instantes � nais em casa, cercado pela família, rodeado de seus cheiros e de seus lençóis”, ressaltou. José Roberto Goldim, Chefe do Serviço de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e uma das principais personalidades em Bioética na América Latina, lembrou que o século 20 foi comemorado como o Século da Paz. “A partir do � nal da 1ª Guerra Mundial mudaram os rituais de despedida na sociedade. E a Medicina, com o passar das décadas, se torna mais cientí� ca e se afasta da relação médico-paciente-família, se distanciando da humanização na saúde. O tema da morte se perdeu no ambiente familiar e isso se desloca para dentro do hospital e das UTIs, onde os médicos � cam atônitos e não sabem como lidar com esse fato”.Segundo Goldim, os hospitais precisam se preparar para uma nova realidade: o paciente que deseja

Tramita no Senado Federal o projeto de lei, que prevê a possibilidade de solicitar

procedimentos que visem a própria morte ““

TRATAMENTOA morte e a melhor forma de amenizar esse sofrimento

José Roberto Goldin, Lya Luft e Luiz Antônio Nasi

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A higiene corporal é uma necessidade humana básica de grande importância, tanto para pessoas saudáveis quanto para doentes que precisam de repouso absoluto. Os movimentos e a fricção exercidos durante a atividade estimulam as terminações nervosas periféricas e a circulação sanguínea, proporcionando conforto e bem-estar, além de diminuir o risco de úlcera de decúbito e dermatites. A� nal, as doenças podem levar a uma diminuição da resistência às infecções, o que se torna ainda mais grave dentro de um ambiente hospitalar.No entanto, mesmo sendo tão essencial, o procedimento acaba não recebendo a devida atenção de alguns pro� ssionais da saúde. Todo paciente internado necessita de algum tipo de banho, e a escolha é, quase sempre, uma decisão da enfermagem, que deve considerar a força, as condições e o grau de dependência do enfermo, lembrando que o autocuidado precisa ser sempre incentivado. Podem ser realizados banho no leito, de imersão ou de chuveiro.Tradicionalmente, a higienização no leito é realizada com toalhas úmidas passadas no corpo. No entanto, para agilizar o processo e garantir melhores resultados, algumas instituições de saúde, como o Hospital das Clínicas de São Paulo, SP, a Santa Casa de Misericórdia de Barbacena, MG, e o Hospital Universitário Ga� ree & Guinle – UNIRIO, RJ, usam o Acqua Therm, uma ducha para banho no leito totalmente portátil e transportável, que utiliza água e ar comprimido, proporcionando higiene completa.Também disponível em versão para homecare, o

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temperatura e de pressão.“Ele oferece excelentes resultados, garantindo um trabalho mais e� ciente, dinâmico e humanizado. Além disso, quase não gera custos com manutenção, devido à alta durabilidade e qualidade de seus componentes”, garante Jorge Schimidt, Diretor da empresa,

acrescentando que no site da X-Ray está possível um vídeo de demonstração do produto.

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HIGIENIZAÇÃOBanho é fundamental para diminuir infecções hospitalares

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acrescentando que no site da X-Ray está possível um vídeo de

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O Lean Institute Brasil – entidade sem fins lucrativos que há mais de 15 anos dissemina entre as empresas o

sistema lean, filosofia de gestão inspirada no modelo Toyota – lançou em agosto um livro que detalha como

enfrentar um dos maiores vilões do atual sistema de Saúde no Brasil: o desperdício de recursos.

A obra “Em busca do cuidado perfeito – aplicando lean na saúde” foi escrita pelo oncologista Carlos Frederico Pinto, de São José dos Campos (SP), médico brasileiro

pioneiro no país por adotar a metodologia no setor.O livro tem o objetivo de disseminar uma nova forma

de pensar, visando eliminar tudo aquilo que não cria valor para o

paciente, além de aumentar e melhorar o

cuidado com a pessoa. Trata-se da

primeira publicação genuinamente

brasileira sobre o assunto, já que

todas as obras anteriores lançadas sobre o tema foram

traduzidas de outros países. Além disso, é

também a primeira produção editorial

100% nacional feita pelo instituto.

Há mais de sete anos, Dr. Fred, como é mais conhecido no meio médico, estuda o sistema lean adequado à

saúde, e desde 2000 o aplica em sua rede de clínicas, o Instituto de Oncologia do Vale (IOV), de São José dos Campos, primeira instituição a oferecer diagnóstico e tratamento de câncer no Vale do Paraíba, além de ser

responsável pelo Serviço de Oncologia do Hospital Regional do Vale do Paraíba (HRVP).

Segundo ele, com a adoção do sistema, a rede de clínicas conseguiu aumentar em mais de 170% o

atendimento no tratamento de câncer na região e eliminou uma série de desperdícios, aumentando sua

produtividade e capacidade. Conseguiu, por exemplo, identificar mais de 13 mil horas por ano de tarefas que

foram classificadas como desnecessárias. Com isso, obteve um ganho de produtividade por colaborador

de 12 dias por ano, o que gerou uma redução de horas extras de mais de 40%. Sem contar a diminuição,

somente em 2013, de mais de 16% de consumo de energia elétrica. O oncologista acredita que o resultado

mais expressivo foi o crescimento da capacidade de atendimento sem necessidade de aumento da área

física ou recrutamento de pessoal.

LIVROSObra detalha como enfrentar o

desperdício de recursos

Com mais de 30 anos de experiência, a MR Proteções Radiológicas é uma empresa voltada ao setor de blindagem radiológica, atuando no Brasil e no exterior. Com profissionais altamente qualificados em blindagem e montagem de salas de Raios-X, mamografia, odontologia, tomografia,

hemodinâmica, radioterapia, medicina nuclear, entre outras, a empresa atende às normas técnicas e busca a constante evolução tecnológica para oferecer total segurança aos projetos.A MR Proteções participou recentemente do XXVIII Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear, que aconteceu em São Paulo (SP) no período de 26 a 28 de setembro, onde apresentou sua Capela de Fluxo Laminar Blindada, um equipamento compacto, ideal para áreas de produção cujos trabalhos requeiram ampla proteção ao material manipulado, desenvolvido para criar um ambiente limpo e isolado, onde o ar é � ltrado.O equipamento oferece 70% de recirculação e 30% de renovação de ar (exaustão externa), servido através de um � ltro HEPA e um duto para o ambiente externo. Além disso, está em pressão negativa, forçando o ar contaminado a passar pelos � ltros, evitando a fuga para o laboratório.A cabine de segurança biológica para manipulação de radiofármacos (mod. PA720) é blindada com 25 mm a 50 mm de chumbo na base, fundo e laterais, anteparo de correr com 30 mm de blindagem e visor plumbífero com equivalência a 21 mm pb. Possui compartimento para gerador e caixa de rejeito de 13 e 7 litros, calibrador de dose blindado ou copo fracionador de dose para FDG.Podendo ser fabricado com blindagens maiores, o equipamento tem também pré � ltro sintético, lâmpada UV germicida, lâmpada � uorescente, tomada auxiliar interna e válvula para gás ou vácuo.A empresa disponibiliza ainda serviços em radioproteção, como assessoria em Raios-X industriais, levantamentos radiométricos, pré-cálculos, supervisão técnica em radioproteção industrial, além de ministrar cursos e treinamentos.

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PROTEÇÃOSegurança na manipulação de radiofármacos

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O INVENTÁRIO DE TECNOLOGIAS, A BUSCA ATIVA DE RECALLS E A

SEGURANÇA DO PACIENTE

O inventário das tecnologias de um hospital é um instrumento que permite organizar o serviço de engenharia de maneira racional. Por isso, sua elaboração deve ser planejada, complementando as informações contábeis e administrativas normalmente encontradas nos hospitais.Deste modo, o pro� ssional responsável pelo serviço de engenharia clínica (EC) deverá fazer uma proposta de revisão (recon� guração do inventário) para tornar sua contribuição mais adequada e alinhada com as práticas de gerenciamento de tecnologias que se deseja implantar no hospital.A RDC 02/2010 da Anvisa requer que os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) elaborem e implementem um plano que garanta rastreabilidade, qualidade, e� cácia, efetividade, segurança e, no que couber, desempenho, desde a entrada de cada tecnologia no EAS até seu destino � nal, incluindo o planejamento dos recursos físicos, materiais e humanos, além da capacitação dos pro� ssionais envolvidos no processo.Assim, apresento abaixo um conjunto de orientações que permitirá aos profissionais do setor planejar sua proposta para o inventário de tecnologias do hospital.Nome do equipamento: É comum utilizar o descritivo da nota � scal de compra, embora exista uma nomenclatura universal para este � m (Universal Medical Device Nomenclature System - UMDNS). Por isso, o gestor deve homogeneizar os nomes para facilitar a leitura da relação, evitando denominações diferentes para os mesmos recursos tecnológicos, como é o caso de bisturi elétrico, bisturi eletrônico, eletrocautério, eletrocauterizador, unidade eletrocirúrgica e cauterizador cirúrgico.Número de série: Importante porque individualiza cada equipamento, permitindo não somente o controle do hospital e do fabricante, como também a comunicação mais direta entre estes dois, como é o caso das atividades de manutenção preventiva e corretiva, formação do histórico dos equipamentos, etc.Número de lote: Nem sempre os fabricantes conferem a um acessório um número de série, mas, por razões próprias, adotam um número para cada lote produzido. Assim, para rastreabilidade do item, é importante manter este registro e criar evidências objetivas do controle que o hospital realiza sobre o seu parque tecnológico. Outro aspecto a considerar é que alguns acessórios, como os sensores de capnogra� a ou transdutores de ultrassom, têm um valor de aquisição importante e, por isso, devem ser melhor controlados.Potência: Conhecer e registrar a potência dos equipamentos permite ao gestor da EC contribuir com a administração nas atividades de rateio de despesas de energia elétrica pelos centros de custo dos hospitais, que também deverão ser registrados.Centro de custos: Associar as despesas de cada equipamento com um centro de custos ajuda a administração a fazer o rateio dos gastos com manutenção de forma mais exata.Grau de risco: Conhecer e relacionar o grau de risco que cada equipamento oferece em caso de falhas é determinante não somente para estabelecer critérios de inclusão de equipamentos em programas de manutenção preventiva, como também para dimensionar a equipe de pro� ssionais necessária para manter o parque tecnológico operando com disponibilidade e de maneira segura.Outros dados que devem constar no inventário são: data de compra e de instalação, validade de garantia, valor da aquisição, índice de depreciação do bem, fabricante, representante ou revendedor, código do produto e modelo determinado pelo fabricante, estado de conservação, etc.Ao inventário, podem-se vincular as despesas anuais de cada equipamento com os eventos de manutenção corretiva (mão de obra, partes e peças) e comparar com o valor de compra de um item novo. Em média, � ca entre 3% e 8% do custo de aquisição.

Contudo, um dos pontos relevantes que coloca o inventário como um recurso estratégico para a EC é a possibilidade de conhecer mais sobre o nível de segurança oferecido aos pacientes. Isto pode ser conseguido pela busca de recalls, alertas, noti� cações de campo (FSN - Field Safety Notice) e as ações necessárias (Action Needed) em cada caso, tanto as do engenheiro clínico como as do fabricante. Existem várias agências que fornecem este tipo de informação. Faça um teste. No Brasil você pode veri� car no site da Anvisa* e, nos EUA, pode consultar o FDA**. Os sistemas de busca da Inglaterra e Canadá também são úteis, rápidos e fáceis de utilizar para uma avaliação como esta, principalmente no caso de equipamentos de marca mundial.Fazendo um paralelo com o trabalho dos pro� ssionais da área assistencial, o inventário corresponde ao prontuário do paciente. Por isso é precioso! Assim, pergunto: é possível se sentir seguro sendo atendido em um hospital que não possui o prontuário dos equipamentos médico-assistenciais que utiliza?* www.anvisa.gov.br/sistec/alerta/consultaralerta.asp** www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfres/res.cfm

Lúcio Flávio de Magalhães BritoEngenheiro Clínico Certi� cado l [email protected]

Fazendo um paralelo com o trabalho dos profi ssionais da

área assistencial, o inventário corresponde ao prontuário do

paciente. Por isso é precioso! “

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Há alguns meses, o Brasil recebeu um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do mundo: o Professor Didier Pittet. Em visita ao país, ele participou de um simpósio sobre higienização das mãos promovido pela Aesculap Academia, do Grupo B. Braun, e vistoriou os hospitais brasileiros � nalistas do Prêmio de Excelência em Higienização das Mãos, que este ano contou com a sua primeira edição na América Latina. Destinado aos hospitais e instituições de saúde, o prêmio é uma iniciativa do Centro de Colaboração da OMS sobre Segurança do Paciente dos Hospitais Universitários de Genebra, Suíça, em conjunto com as Sociedades Europeias de Controle de Infecção. O objetivo é identi� car e reconhecer as organizações que demonstram excelência nos cuidados de saúde, além da preocupação em melhorar a segurança dos pacientes, através da implementação da estratégia multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos. Esse método consiste em cinco ações: mudança de sistema; formação e educação; avaliação e retroinformação; lembretes no local de trabalho e clima institucional seguro para higiene das mãos. “A infecção hospitalar é como uma pandemia silenciosa, um problema universal. No mundo, 1,5 bilhões de pessoas contraem infecções hospitalares e cerca de 16 milhões morrem em consequência de doenças que poderiam ser evitadas. E isso � ca ainda mais grave em países de renda baixa e média. Ao higienizar as mãos, friccionando-as com álcool gel, os pro� ssionais de saúde podem ajudar a prevenir doenças e contribuir para a redução da mortalidade global”, enfatizou Pittet durante palestra realizada no simpósio. Segundo ele, o prêmio é um reconhecimento para os hospitais que poderão ser líderes nesta prática, atuando como centros de referência para os demais estabelecimentos de saúde.Ao todo, 85 instituições de diferentes países da América Latina se inscreveram. Quatro � nalistas foram eleitos, sendo um do Equador (Hospital de Niños Dr. Roberto Gilbert E. - JBGYE), um do México (Hospital Angeles Mocel) e dois no Brasil. Ao visitar os � nalistas, o Prof. Pittet pôde conferir a estratégia implementada e conversar com os pro� ssionais e pacientes desses hospitais. Após todo o processo, o prêmio � cou para duas instituições brasileiras: o Hospital e Maternidade Santa Joana & Pro Matre Paulista, em São Paulo, SP, e o Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, MG.Os contemplados foram convidados a apresentar seu programa de Higienização das Mãos durante o Congresso Panamericano de Controle de Infecção, que este ano aconteceu em Guayaqil, no Equador, entre 31 de julho e 2 de agosto.A próxima edição do prêmio será realizada em 2016. Para participar, é necessário registrar o hospital no site da OMS, preencher um formulário de adesão à campanha “Clean Care is Safer Care”, além de fazer o registro no site do prêmio.www.who.int/gpsc/5may/register/en/www.handhygieneexcellenceaward.comInformações: [email protected]

RECONHECIMENTOHospitais brasileiros vencem prêmio de excelência em higienização das mãos

OS CAMPEÕES

Alinhado ao objetivo de que cuidados limpos são cuidados seguros, frase referente ao primeiro

desafi o global na área da Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde, o Grupo Santa

Joana desenvolveu e implantou uma Campanha de Higienização das Mãos e tem colhido resultados

expressivos no dia a dia tanto do Hospital e Maternidade Santa Joana quanto da Pro Matre Paulista.

Contínua, a campanha é uma das muitas faces do extenso trabalho desenvolvido pela Comissão

de Controle de Infecção Hospitalar, presidida pela infectologista Dra. Rosana Richtmann, em interação permanente com os demais serviços. “Para atingir os resultados positivos que obtivemos nos últimos anos, contamos com o engajamento de toda a instituição,

incluindo médicos, enfermeiras, fi sioterapeutas, fonoaudiólogas, equipes de farmácia, laboratório,

nutrição, centrais de materiais, etc.”, conta a enfermeira Tatiane Teixeira Rodrigues,

Coordenadora do Grupo de Higienização das Mãos.Por sua vez, o Hospital Mater Dei mantém prática de controle progressivo de infecções hospitalares através

do Programa Infecção Alvo Zero, que implementa medidas assistenciais de prevenção baseadas em

evidências e monitoração de adesão dos profi ssionais. A higienização das mãos é, neste contexto, uma das

estratégias mais efi cientes para reduzir a transmissão de microorganismos e infecções. Os resultados obtidos

refl etem a soma de esforços para aumentar a segurança dos processos assistenciais.

Para a coordenadora do SECIH – Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar,

Silvana de Barros Ricardo, “a conquista do Prêmio é consequência de uma estrutura adequada nas áreas

assistenciais, realização de treinamentos teóricos e práticos com estratégias de sensibilização e estímulo

à correta higienização das mãos, entre outros fatores. Todos os colaboradores do hospital merecem este

reconhecimento”, destaca Silvana.

Professor Didier Pittet, um dos maiores especialistas em doenças infecciosas do mundo

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Atualmente, a população na faixa de 65 anos no país é de 14,9 milhões, o que corresponde a 7,4% do total. Segundo dados do IBGE, o número deve quadruplicar até 2060, chegando a cerca de 59,6 milhões. Assim, alguns novos modelos de internação e cuidados já estão sendo implantados no país, dentre eles, os centros-dia e os hospitais de cuidados extensivos.O conceito de centro-dia foi trazido para o Brasil pela Home Doctor e consiste em espaços que trabalham com base no Método Ho� mann, englobando diversas terapias e atividades em prol da independência e melhoria da qualidade de vida da terceira idade. A proposta é oferecer integração, lazer, reabilitação e prevenção de doenças, mantendo o vínculo familiar do idoso, sem a necessidade de “institucionalizá-lo”. No � m do dia e nos � ns de semanas, ele permanece em sua casa, convivendo com parentes e amigos.O Método Ho� mann foi criado pela fundadora e CEO do Grupo Vitalia Espanha, Catalina Ho� mann, parceira do Home Doctor nesse projeto. A técnica consiste em uma atenção reabilitadora e preventiva, integrando aspectos físicos, psicológicos, cognitivos e sociais. O objetivo principal é prolongar a independência das pessoas da terceira idade, para que continuem a ter autonomia nas atividades do dia a dia.Os centros-dia também oferecem programas de reabilitação especí� cos para determinadas patologias, como Alzheimer e Parkinson, além de sequelas do AVC (Acidente Vascular Cerebral). Terapias e atividades como leitura, culinária, horticultura, o� cinas de memória e estimulação cognitiva complementam a lista de serviços disponíveis.O método foi reconhecido pela Universidade de Harvard como case de sucesso na revista Harvard Business Review, e incluído pela revista Actualidad Económica na lista das 100 melhores ideias. A primeira unidade do Centro-Dia Vitalia acaba de ser inaugurada e há previsão de abertura de dez novos centros nas principais cidades do país, nos próximos cinco anos.

Cuidados extensivosHá também um outro conceito ainda pouco conhecido entre os brasileiros, que é o de cuidados extensivos. Localizado no município de Niterói, RJ, o Hospital Placi oferece essa nova modalidade ao sistema de saúde privado. O hospital é destinado a pacientes com doenças crônicas, subagudas e em fase � nal, visando à melhoria da qualidade de vida e a redução do sofrimento, tanto para os pacientes como para seus familiares.Em outros lugares do mundo, clínicas e hospitais especializados nesse tipo de atendimento já existem há algumas décadas. No Brasil, a ideia começa a se tornar realidade. Este conceito com ênfase no cuidar é considerado a melhor opção na assistência a doenças crônicas e quadros clínicos correlatos. “Funciona como uma opção para aqueles pacientes internados em hospitais de alta complexidade, ou mesmo em domicílios, quando já não é possível oferecer os cuidados adequados às demandas mais complexas”, explica Fernando Boigues, Diretor do Placi.“Reconhecemos que há um momento em que os recursos médicos específicos se esgotam e todos os benefícios da moderna medicina podem se transformar em fonte de sofrimento, e não mais de alívio. Como médicos e profissionais da área de saúde, percebemos a necessidade de criar uma nova opção: viver com dignidade”, reforça o Diretor.O hospital faz parte de um projeto ambicioso, que será replicado em outras cidades brasileiras. “Não só os pacientes e seus familiares, mas médicos, hospitais e planos de saúde são os bene� ciários do conceito de cuidados extensivos. Nossa proposta é ser uma opção a mais na cadeia de serviços médicos, reduzindo seus custos”, conclui Boigues.O modelo brasileiro de saúde, público ou privado, não é sustentável e há o despreparo das instituições de saúde para lidar com este segmento da população, em que a incidência de condições crônicas é mais alta. Hoje, o pagamento das operadoras de saúde a seus prestadores é feito com base em serviços realizados e estima-se que 60% dos procedimentos sejam inadequados, gerando grande desperdício de recursos. Segundo Dr. Luiz Guilherme, Diretor Médico do Placi, no modelo de pagamento por performance, o cálculo é baseado em resultados clínicos, adequadamente mensurados. “A aplicação deste modelo à população de pacientes crônicos reduzirá o custo e garantirá melhor qualidade nos cuidados”, � naliza, explicando que o hospital introduz este modelo para garantir adequação no tratamento médico e no binômio qualidade/custo.

TENDÊNCIANovos conceitos em saúde: centros-dia e cuidados extensivos

O conceito de centro-dia foi trazido para o Brasil pela Home Doctor

O Hospital Placi faz parte de um projeto que será replicado em outras cidades

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STEFAN CUNHA UJVARIInfectologista escreve sobre história e medicina para público leigo

O recente surto do vírus Ebola na África Ocidental chama a atenção para as doenças infecciosas, que podem virar epidemias e até pandemias. Especialista no assunto, o infectologista Stefan Cunha Ujvari é autor de três livros publicados pela Editora Contexto: “História do Século XX pelas Descobertas da Medicina”, “História da Humanidade Contada Pelos Vírus” e “Pandemias”. Além de atuar na área clínica, também pesquisa a dinâmica das epidemias atuais associada às interferências humanas no meio ambiente. Fascinado por leitura, cerca de um quarto de seu tempo pro� ssional é dedicado a escrever livros sobre temas médicos vinculados à história e direcionados à população leiga.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE AS MUDANÇAS DA SOCIEDADE NO SÉCULO PASSADO COM AS GRANDES DESCOBERTAS DA MEDICINA?Grande parte das descobertas se deu com experimentos simples e criativos em época distante do atual avanço da tecnologia. Os pesquisadores eram obrigados a utilizar a capacidade de observação para descon� ar de algo potencialmente oculto e comprovavam as teorias com ensaios oriundos de criatividade. Muitos estudos compartilhavam a aceitação, à época, do emprego de cobaias humanas em risco, dessa forma, percebeu-se que os mosquitos transmitiam a febre amarela. Os estudos médicos também se relacionam com a mentalidade social, por exemplo, a descoberta dos cromossomos como carregadores de características físicas alavancaram a medicina errônea da eugenia.

O QUE AS DOENÇAS REVELAM SOBRE A HISTÓRIA DA HUMANIDADE?O avanço do estudo genético de vírus e bactérias nos proporcionou o entendimento de como inúmeros microrganismos emergiram na história humana. Sabemos de quais animais apareceram vírus mutantes que originaram, por exemplo, o sarampo e a varíola, de que país ou continente vieram, quais carregamos, quais nos deparamos ao longo do êxodo africano e quais surgiram com o desenvolvimento da agricultura e domesticação animal. Além de nos revelar como as doenças infecciosas foram globalizadas desde a antiguidade.

SOBRE O SURTO DE EBOLA RECENTE, PORQUE NÃO HÁ INVESTIMENTOS EM VACINAS CONTRA A DOENÇA?Foi cunhado o termo “doenças negligenciáveis” para catalogar algumas que predominam na região tropical, e, portanto, em nações ainda em desenvolvimento, que por sua vez estão no limbo das pesquisas cientí� cas. O Ebola se trata de uma doença incrustada nas matas africanas que sempre se caracterizou por raras epidemias limitadas a poucos casos, o que retardou o avanço da pesquisa. Somente agora alcançou grandes capitais com consequente maior número de casos.

QUAIS OS MAIORES PROBLEMAS QUE O BRASIL ENFRENTA QUANDO SE FALA EM PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS INFECCIOSAS?O país apresenta um serviço exemplar de monitoramento das doenças infecciosas. Acompanhamos os casos de tuberculose, o tratamento ofertado e o policiamento de bactérias resistentes. Haja vista que alteramos recentemente o tratamento para o esquema com quatro drogas. O calendário vacinal é excelente, com frequentes acréscimos de novas vacinas nas redes públicas. O serviço de vigilância às doenças de noti� cação

compulsória funciona nos hospitais. Porém, ainda necessitamos implementar sistema de saneamento básico à população carente que sofre pela transmissão fecal-oral. Além disso, a consequente urbanização repleta de lixo industrial favorece a proliferação do famoso Aedes aegypti e suas consequentes epidemias de dengue. Aguardamos ainda a chegada inevitável do novo vírus aportado no Caribe, o Chikungunya.

LAVAR AS MÃOS COM ÁGUA E SABÃO É UMA IMPORTANTE FORMA DE EVITAR INFECÇÕES. ESSA CONSCIENTIZAÇÃO PRECISA SER MAIS TRABALHADA COM AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE?Sem dúvida. A emergência de bactérias resistentes nos hospitais é um problema mundial agravado pela globalização e locomoção desses microrganismos. Recentemente recebemos a bactéria Pseudomonas NDM emergida na Índia e que se alastrou pelos continentes. A principal arma que temos para retardar seu alastramento está na lavagem das mãos. O sucesso desse hábito é diretamente proporcional à educação continuada dos pro� ssionais da saúde.

POR QUE O INFECTOLOGISTA VEM GANHANDO NOVAS ATRIBUIÇÕES?Acredito que seja pela complexidade da biosfera e sua interferência pela mão humana. Doenças antigas e controladas podem sair do controle e retornar com maior poder por desigualdades sociais e condições precárias de vida. O avanço populacional nas matas e a criação de animais favorecem o surgimento de novos vírus. A falência de um sistema de saúde pode elevar o número de microrganismos resistentes. Portanto, a história humana segue em paralelo a desses seres, e, por esse motivo, emergem problemas constantes relacionados às doenças infecciosas. Daí a importância do infectologista.

Por Carol Gonçalves

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ECE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA

O Hospital São Luiz inaugurou, na unidade Itaim, em São Paulo (SP), seu primeiro Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica com equipe multidisciplinar. O espaço é o único da capital paulista que trabalha com esta estrutura, envolvendo desde psicólogos, cirurgiões, nutricionistas até preparadores físicos e funciona como uma clínica, já que o paciente encontra no mesmo local todos os pro� ssionais necessários. A unidade possui um andar exclusivo para o tratamento de obesos. O espaço é certi� cado pela organização internacional Surgical Review Corporation (SRC), responsável pelos melhores locais de tratamento da obesidade mórbida no mundo.

Vitor Barbosa

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo acaba de adquirir dois equipamentos modernos de ressonância magnética para a Unidade Pompeia. Os novos aparelhos de 1,5 e 3,0 Tesla, marca Philips, modelo Ingenia, geram imagens digitais precisas e permitem estudos avançados em Neurologia, Cardiologia, Angiologia, Mastologia e Oncologia. “Os equipamentos possuem uma abertura maior (wide bore), o que torna o exame mais confortável e deixa o paciente menos ansioso. A alta definição das imagens resulta em exames de ótima qualidade e maior confiabilidade”, explica o responsável pelo Centro de Diagnósticos da Unidade Pompeia, Dr. Luiz Scoppetta.

MC DIA FELIZ

Trinta de agosto foi o McDia Feliz, maior campanha contra o câncer infantil do Brasil, promovida pelo Instituto Ronald Mc Donald´s. O Hospital do Câncer de Uberlândia (MG) foi, dentre muitos outros, bene� ciado com a ação. Com os recursos

arrecadados, o Grupo Luta Pela Vida, responsável pela administração e manutenção do hospital, ampliará a área de quimioterapia pediátrica.

EXPOSIÇÃO DE ARTE

Pinturas feitas por idosos do Residencial Israelita Albert Einstein (RIAE) foram reunidas em uma exposição na unidade Morumbi, em São Paulo (SP), do hospital. As obras são o resultado das aulas de arteterapia e pintura. Além de promover o autoconhecimento e desenvolver a observação, a atividade estimula a autoestima dos idosos.

MARCA-PASSO DIAFRAGMÁTICO

Um médico de 55 anos de idade que sofria de insu� ciência respiratória progressiva em virtude de Esclerose Lateral Amiotró� ca recebeu um marca-passo diafragmático. A técnica inovadora que amplia em cerca de dois anos a sobrevida de pacientes com complicações secundárias à Insu� ciência Ventilatória, decorrente de ELA ou Trauma Raquimedular, foi realizada pelo cirurgião Richard R. Gurski e pelo neurologista Francisco Rotta, do corpo clínico do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS), e aconteceu na Clínica Alemana, em Santiago do Chile.

BRINQUEDOTECA

O Hospital Santa Catarina, de São Paulo (SP), se uniu à fabricante de brinquedos Mattel para ampliar o espaço lúdico dedicado às crianças internadas. No dia 19 de agosto, uma série de atividades foi desenvolvida para comemorar a reforma e ampliação da brinquedoteca da instituição de saúde. O hospital buscou na parceria a possibilidade de ampliar as atividades de promoção do

ato de brincar. Além da brinquedoteca da pediatria, as crianças internadas contarão ainda com duas outras, itinerantes, doadas pela Mattel, que circularão entre a Unidade de Tratamento Intensivo e a Oncologia.

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REFERÊNCIA EM IMAGEM CARDIOVASCULAR

O Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo (SP), e a Siemens juntaram forças para uma iniciativa pioneira no Brasil: a criação de um centro de excelência na área de imagem cardiovascular com compartilhamento de tecnologia e conhecimento de ponta, baseado na capacitação pro� ssional, elaboração de novos protocolos de exames e diagnósticos e desenvolvimento de novas técnicas. A estrutura vai funcionar dentro do Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Sírio Libanês, que se credencia como centro internacional para treinamento em métodos de diagnóstico por imagem em cardiologia. 

PRÊMIO DESTAQUE DE COMÉRCIO EXTERIOR 2014

A Fanem, fabricante de produtos nas áreas de neonatologia e de laboratórios, conquistou a premiação na categoria Tecnologia. Concedido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o prêmio vem coroar o esforço em criar produtos com elevado grau de inovação. “Ficamos muito felizes com este reconhecimento, sobretudo porque sabemos como é difícil destacar-se no mercado internacional concorrendo com grandes fabricantes de produtos de alta tecnologia”, a� rma Djalma Luiz Rodrigues, Diretor Executivo da empresa. Na foto, Rubens Massaro, Gerente de Novos Negócios da Fanem; Thomaz Zanotto, Diretor da FIESP; Dorgival Soares, Gerente Geral; e Fernando Jacinto, Trader, ambos da Fanem.

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CENTRO AVANÇADO DE TECNOLOGIA MÉDICA E PESQUISA

A Covidien abre as portas de seu Centro Covidien de Inovação Brasil, que proporcionará aos médicos brasileiros e latino-americanos treinamentos gratuitos, habilitando-os a realizar, de forma segura e e� ciente, uma grande variedade de procedimentos clínicos. Localizado em São Paulo, o CCI Brasil é o primeiro centro de seu gênero na América Latina a oferecer recursos educacionais e de pesquisa. A instalação apresenta cursos como ventilação mecânica, monitoramento de sinais vitais, procedimentos cirúrgicos e técnicas de cirurgia minimamente invasiva, entre outros.

“VEM DOAR”

Pelo terceiro ano consecutivo, o Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba (PR), chama atenção para uma causa social por meio de um vídeo na internet. O tema escolhido para 2014 foi doação de sangue e plaquetas. Intitulado “Vem Doar”, o vídeo mostra o universo escondido por trás de uma doação de sangue. Mais de 150 pessoas, entre médicos, colaboradores, doadores e voluntários, participaram das gravações. A atriz Regina Vogue e a atriz mirim Jesuela Moro também aderiram à causa. Assista em: goo.gl/CG9Jf6.

DOAÇÃO DE SANGUE

Na manhã de 22 de agosto, a auxiliar de serviços gerais Rosa Angela Vital de Oliveira, moradora de Bauru (SP), comemorou

seus 49 anos de uma forma inédita. A festa, com direito a bolo e lembrancinhas, aconteceu no Hemonúcleo do Hospital de Base Bauru. O convite, feito a 50 amigos, foi claro: “vamos passar este dia juntos doando sangue e ajudando o próximo”. Cerca de 30 convidados marcaram presença. Para a assistente social da unidade, Valéria Coltri, a iniciativa é nobre e criativa. “É um exemplo de que há muitas formas de inserir a doação de sangue no nosso dia a dia”.

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Agaplastic 73

Ativa 57

Atual Móveis 81

Beta 55

CDK 75

Celmat 3ª capa

Clean Medical 69

Comaho 47

Con� ance 61

Controller 13

Corning 61

Deltronix 37

Distalmed 19

Dorja 35

DrillerMed 5

Ecco Brasil 25

EFE 63

Emifran 41

Encontro Jurídico na Saúde 79

Epson 52

Fami 29

Fanem 4ª capa

Fleximed 67

Guima 39

Health Care Summit 73

Health Management Brazil 73

Health Móveis 65

Hospimetal 7

Inalamed 47

ÍNDICE DE ANUNCIANTES

Instramed 59

Konex 19

Lafer 31

Lotus-X 29

Magnamed 43

Moriya 3

MR Proteções 69

Mucambo 45

NCC 15

Newmed 77

Nil� sk 13

Nilko 39

NS 43

OKI 55

Olsen 49

Ortosintese 17

Oxigel 27

Promopress 79

Protec 23

RWR 33

Salute 77

Similar & Compatível 77

Sincron 43

Sintech 77

Suzuki 11

Transmai 71

Unitec 43

Univ. Metodista 21

X-Ray 75

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O MÉDICO, MUITO ALÉM DAS MÁQUINAS

O mundo se abre quando ligamos um computador – para o bem e para o mal. Na área da Medicina, por exemplo, é fácil encontrar desde estudos cientí� cos de importantes centros de pesquisa até os mais reles charlatães. Entre um e outro, é bom sempre adotar cautela em seus cliques, pois tudo na web pode ser manipulado, como nos ensinam diariamente os hackers.O fato é que a internet hoje oferece todo tipo de informação, verdadeiras e falsas, em qualquer área, mas o que importa é o uso que se faz desses dados. Ressalte-se que a liberdade de acesso e de navegação é salutar para a democracia. A internet é um dos grandes avanços da civilização e veio para conectar todos os homens. É também um importante apoio para a saúde: nela se pode pesquisar sobre hospitais, clínicas especializadas, relação de médicos credenciados; há de tudo sobre doenças, tratamentos, planos de saúde, ambulâncias, exames, en� m, todos os serviços que estão à disposição. E, claro, bulas.Bom para quem tem acesso à rede. Mas pessoas sem recursos continuam madrugando nas � las do SUS em busca de uma senha que lhes permita uma consulta sabe-se lá quando. Para os médicos, muita coisa também mudou com o advento da internet. Hoje, qualquer paciente pode se informar sobre sua enfermidade e dialogar num nível mais elevado, com conhecimento de causa. Em alguns casos, a internet acaba se transformando até numa segunda ou terceira opinião e os médicos precisam estar preparados e atualizados para isso. Evidente que pessoas mal orientadas podem se automedicar com base em informações parciais ou virtuais, e isso é um perigo.Numa vereda paralela, a tecnologia avança com extrema velocidade, dotando a Medicina de equipamentos para exames e procedimentos cada vez mais so� sticados. Máquinas de alta precisão podem realizar até videocirurgias à distância.Mas toda essa modernidade deve � car de lado quando uma pessoa entra no consultório e, olho no olho, começa a relatar seus sintomas, falar de seu passado e de seu presente, de sua vida, de sua família e de seus antecedentes, de seus hábitos. Esse é o momento de praticar a anamnese (do grego ana, trazer de novo, e mnesis, memória) e estabelecer uma conversa franca entre os dois. Nessa interação se formulam 70% dos diagnósticos. O foco na pessoa – e não no computador ou na ressonância magnética – é que levará às causas de uma moléstia e indicará o melhor caminho para o tratamento. Em cardiologia, por exemplo, médico e paciente precisam � car atentos aos sintomas que se manifestam em quase todas as doenças do coração ou que podem indicar algum tipo de comprometimento: falta de ar ao repouso ou esforço; dor no peito em virtude de má circulação sanguínea no local; cansaço fácil; desmaio após atividade física intensa; palpitações ou taquicardia; tosse seca persistente; pressão alta; cor azulada nas pontas dos dedos ou unhas; tonturas; varizes; má circulação nas pernas; impotência sexual; e inchaço nos tornozelos. Alguns sintomas podem ser confundidos com um simples mal-estar. Sudorese, tremores e falta de ar também estão entre as manifestações ou sinais de princípio de infarto agudo do miocárdio. Se o paciente não tem nenhum dos sintomas e veio apenas em nome da prevenção, ótimo. Está a caminho de uma vida mais longa. De todo modo, é importante fazer um check-up uma vez por ano; noites bem dormidas e programas culturais também ajudam a relaxar – nesse caso, use sem moderação. En� m, fazer da prevenção o principal aliado, manter o compasso da máquina

Américo Tângari JuniorEspecialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira e integrante da equipe de Cardiologia no Hospital Beneficência

Portuguesa de São Paulo, SP

e viver intensamente. O coração merece, em nome da sobrevivência. Saúde não é apenas a ausência de doença, como lembra a Organização Mundial da Saúde. Consiste no bem-estar físico, mental, psicológico e social do indivíduo, num estado cumulativo que deve ser promovido durante toda a vida. Ainda que se determinem consultas ligeiras, pois a � la na sala de espera costuma ser grande, não se pode reduzir o valor de uma boa entrevista – há de se administrar esse tempo valioso para médico e paciente. O diálogo tem de ser sempre respeitoso e cordial para que resulte em con� ança mútua. Não custa lembrar Shakespeare: “Sobre todas as coisas, para que alguém se torne digno de con� ança, tão certo quanto a noite sucede o dia, é preciso nunca ser falso consigo mesmo”.O médico deve acompanhar seu paciente pela estrada da vida, como faziam os médicos de família. Se os períodos de convivência no consultório se apertaram, ainda assim o médico não pode se deixar vencer pelas adversidades, pois sabe que sua presença é vital para a boa saúde física e mental do paciente e, principalmente, para preservar sua esperança. Essa é a arte de praticar o humanismo a todo instante. Por isso, que venha a evolução: novas máquinas, novos exames, novas terapias e tudo o mais que nos ajude a preservar a vida. Mas que se preserve, acima de tudo, o amor pelo paciente e pela pro� ssão, a essência da verdadeira Medicina. E isso, nenhuma máquina poderá substituir.

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Dra. Ana Escobar, pesquisadora e médica pediatra

Estudos recentes apontam que cerca de 39% das gestantes no Brasil comparecem a menos de sete consultas pré-natais (fonte IBGE 2010). A distribuição é muito desigual, já que na região Sudeste esse índice é de 26,8% enquanto no Norte ele chega a 63%. A dificuldade no acesso ao acompanhamento de um profissional de saúde e a falta de conhecimento das gestantes podem acarretar riscos para mães e bebês e, ainda, ser um dos fatores relacionados ao aumento das taxas de baixo peso ao nascer.De acordo com a pesquisadora e médica pediatra Dra. Ana Escobar, “pesquisas indicam que recém-nascidos com peso de nascimento menor do que 2,5 kg e pequenos para sua idade gestacional têm uma chance maior de desenvolver síndrome metabólica (obesidade, diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares) quando adultos”.Ao observar um aumento substancial no número de pessoas que utilizam e se apropriam de mídias e redes sociais como fonte de informação, a pediatra Dra. Ana Escobar, que possui uma fanpage no Facebook chamada DraAnaEscobarResponde com mais de 1,7 milhão de seguidores, lançou um projeto de pesquisa intitulado “Boas-Vindas Bebê: O uso de uma rede social como um instrumento de Promoção à Saúde”. Além de contar com base científica, a pesquisa acompanha gestantes com idade entre 18 e 35 anos, desde o primeiro trimestre de gestação até 30 dias após o parto. A interação com as participantes se dá através de um hotsite dinâmico e interativo que substitui o tradicional modelo de questionário, além do Facebook, que é a principal ferramenta para disseminar informações sobre saúde, nutrição e bem-

estar. Por se tratar de um

MONITORAMENTOPesquisa em rede social analisa comportamento e saúde de gestantes

ambiente virtual, as participantes podem estar em qualquer cidade do país, permitindo derrubar as barreiras demográficas. O projeto conta com apoio da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e da Danone Early Life Nutrition (divisão para nutrição desde o início da vida do Grupo Danone).“São três as metas que queremos atingir: promover a saúde durante a gestação, tentar diminuir as taxas de baixo peso ao nascimento e seus efeitos na fase adulta, reduzir a incidência de depressão pós-parto e demonstrar que uma rede social pode ser uma ferramenta útil para promover a saúde de futuras mamães e seus bebês, independentemente da condição financeira dos envolvidos”, explica a Dra. Ana.A médica enfatiza que acompanhar e apoiar estas mulheres no âmbito digital, por uma rede social, não substitui a consulta individual do pré-natal, que é reconhecidamente de suma importância no acompanhamento da gestação. A informação de saúde veiculada a cada mãe reiterará a necessidade fundamental da consulta médica. Ao mesmo tempo, responderá dúvidas e fornecerá orientações que objetivem uma gestação mais confortável e

acolhedora, na medida em que o conhecimento é a ferramenta mais poderosa para dissipar dúvidas e angústias em um momento tão delicado e especial da vida de toda mulher.A pesquisa começou no dia 15 de setembro com

o recrutamento das futuras mamães, que foi feito através da fanpage da Dra. Ana Escobar. Além disso, uma semana temática falando sobre a importância do

pré-natal e os cuidados com o bebê nos primeiros dias foi realizada no lançamento do projeto. Mais informações estão disponíveis em www.boasvindasbebe.com.br.

@ Conteúdo Extra exclusivo para edições online

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Hospitais modernos têm enfrentado uma crescente combinação de atos criminais. A International Association for Healthcare Security and Safety (IAHSS) publicou em seu relatório “2012 Crime and Security Trends Survey” (Pesquisa de Crimes e Segurança de 2012) que o número de infrações relacionadas à área de saúde aumentou quase 37% em dois anos, sendo que a privacidade do paciente e o acesso a seus dados confidenciais são áreas-chave de preocupação no setor. Devido às limitações de tempo dos pro� ssionais da medicina, os hospitais devem possuir uma forma intuitiva e versátil para o acesso às informações necessárias. Enquanto muitas práticas médicas e tecnológicas evoluem de inúmeras formas, certos processos continuam travados e ine� cientes, até mesmo os básicos diários, como o login e o logout dos computadores compartilhados. Com acesso a registros médicos e outras informações altamente reguladas, as estações de trabalho compartilhadas são portais a informações sensíveis. Além disso, essas máquinas de uso coletivo muitas vezes utilizam desktops virtuais baseados em Citrix e VMWare para cada usuário, que são altamente seguros, mas requerem várias etapas para se obter o acesso. Esse processo toma muito tempo do médico. Facilidade de acesso, porém, não é nada simples de adquirir. Cada vez mais, os departamentos de segurança e de TI dos hospitais estão trabalhando juntos para projetar, implementar e manter robustas as estratégias e regulações

TECNOLOGIACartão inteligente é solução para segurança física e lógica em grandes hospitais

de controle de acesso seguro. Muitas organizações, e não apenas as instituições de saúde, encontram um desa� o ao fazer isso, pois os domínios de segurança física e online são, tradicionalmente, mundos separados. No entanto, assim como as limitações dos espaços físicos estão desaparecendo conforme a população de usuários mobile está cada vez mais distribuída, as fronteiras entre a segurança física e online também estão sumindo. Toda essa pressão e requisitos estão incentivando os hospitais a se tornarem melhores na coordenação de sua abordagem de gerenciamento de identificação dos funcionários e acesso às informações de pacientes. Uma credencial única para acesso físico, da rede e online, oferece uma abordagem mais eficaz.

Cartões InteligentesEnquanto tokens e outros dispositivos com senha de uso único (one-time password, OTP) aumentam a segurança, eles podem tomar muito tempo quando usados diversas vezes ao longo do dia, além de ser uma coisa a mais que os pro� ssionais de saúde têm que se lembrar de levar consigo diariamente. Um crachá de identi� cação, por outro lado, é algo que o pessoal já leva e se sente confortável em usar na veri� cação de sua identidade e no acesso às instalações e áreas restritas. Graças ao desenvolvimento da tecnologia dos cartões inteligentes (smart cards), um médico, uma enfermeira ou administrador, podem usar o mesmo crachá de identi� cação que utilizam para entrar nas áreas restritas do hospital, para acessar as informações em seu PC ou nas estações de trabalho compartilhadas. Eles apenas encostam o crachá na leitora e ganham acesso imediato aos registros de que precisam – não há nada mais para lembrar ou transportar.Os cartões inteligentes podem ser com ou sem contato e oferecer três níveis de segurança: autenticação de primeiro, segundo e terceiro fator. O primeiro é referente apenas ao uso para acessar portas ou sistemas; o segundo fator – mais comum em processos de autenticação de hospitais  –

Cartões sem contato podem ter um papel-chave na limitação da propagação de

infecções, pois como não encostam na leitora, não disseminam germes “

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adiciona um nível de segurança, pois requer uma senha de acesso; já o terceiro vai mais além, utilizando algum outro método de segurança, como biometria, somado à senha e ao cartão inteligente. Cartões inteligentes sem contato são os mais utilizados para controle de acesso físico e também estão sendo adotados para o lógico.Uma área em que essa tecnologia pode ter maior impacto é a de controle de infecção. Por exemplo, durante apenas o período da manhã, um médico pode receber cerca de 20 pacientes em cinco alas diferentes do hospital, acessando diversas áreas e sistemas em computadores. Com tantos pontos de toque, é fácil entender a rapidez com que uma infecção pode se espalhar. Cartões sem contato – basta passá-los na frente da leitora – podem ter um papel-chave na limitação da propagação de infecções. A� nal, se o cartão não encosta na leitora, não pode disseminar germes. Com essa vantagem, adotar a tecnologia de cartões inteligentes sem contato parece uma opção óbvia. No entanto, muitos hospitais ainda utilizam o processo mais básico: o cartão de tarja magnética, com os dados armazenados na parte de trás. Embora tenham baixo custo de produção, podem gerar maiores gastos em termos de manutenção, já que entram em contato direto com a leitora quando inseridos, e todos os detritos acumulados acabam dentro do leitor e sobre os seus pinos de contato. Eles também são suscetíveis à interferência magnética e desgaste de uso: passá-los constantemente na leitora faz com que a tarja se deteriore eventualmente. Esse modelo também é restrito em capacidade de armazenamento de informações, se comparado aos cartões inteligentes. No entanto, a maior desvantagem é que são facilmente clonados. Com uma base de cartões inteligentes altamente seguros, os hospitais podem agilizar as operações e melhorar a gestão de riscos, cumprindo as novas legislações e requerimentos. Um único cartão se encaixa nos desa� os de segurança e autenticação no mercado de saúde com envolvimento mínimo da equipe. Aproveitando esse mesmo cartão para conceder acesso físico e online, é possível melhorar os � uxos de trabalho dos pro� ssionais de saúde, expandir o uso dos investimentos de infraestrutura de acesso e proporcionar a segurança necessária para garantir a con� dencialidade do paciente e regulações de proteção de dados. Claro que instituições de saúde também devem conter os custos e minimizar investimentos de capital e despesas operacionais associados à implantação e gestão de sistemas de controle de acesso. Por isso, vale dizer que, para alguns hospitais, o custo do upgrade para cartões inteligentes sem contato pode ser visto como barreira para a implementação. Porém, quando medimos o peso dos custos dessa tecnologia sem contato com os benefícios de maior segurança, a solução pode oferecer alto valor para o setor, economizando tempo e dinheiro, protegendo pacientes, equipes e garantindo a segurança de suas informações pessoais.

Gustavo GassmannDiretor de Vendas da HID Global no Brasil, empresa que oferece

produtos e serviços relacionados à criação, gerenciamento e uso de soluções de identi� cação segura l www.hidglobal.com

Saúde é um assunto delicado e, visando

diminuir a tensão de pacientes internados, os hospitais investem cada

vez mais em técnicas para humanizar o ambiente. Desempenhando esse

papel, o marketing olfativo explora o sentido

responsável por mexer mais com as emoções das pessoas, uma vez que o ser humano memoriza 5% do que vê, 2% do

que escuta, 1% do que toca e 35% dos cheiros que sente. Uma pessoa pode ainda memorizar até 10 mil aromas e

apenas 200 cores, de acordo com dados de um estudo da Universidade Rockefeller.

A atmosfera interfere diretamente no bem-estar do paciente e, diferentemente da visão, do tato ou do paladar, um aroma

não passa despercebido, pois respiramos constantemente. O cheiro é capaz de estimular áreas do cérebro, criando

emoções e memórias. Ao sentir uma fragrância, o olfato envia mensagens instantaneamente para o sistema límbico, a parte

do cérebro responsável pela percepção e imaginação.Pensando nisso, a Studio D’Essences desenvolve para

a indústria médica ações de marketing olfativo com o objetivo de diminuir a ansiedade e o nervosismo

dos pacientes com a criação de ambientes relaxantes, resultando em uma experiência menos traumática. A

empresa especializou-se em proporcionar experimentos sensoriais e criativos por meio de fragrâncias capazes de

estimular respostas neurológicas do corpo, compostas por óleos essenciais puros que não prejudicam a recuperação

do paciente.“Hospitais e clínicas médicas nos trazem memórias negativas

por serem ambientes que normalmente buscamos quando não estamos bem de saúde, mas o objetivo dessas ações

é justamente exercer o contrário e acalmar os pacientes e funcionários para uma experiência positiva dentro do

possível”, explica Rafael Nasser, sócio da Studio D’Essences.www.studiodessences.com.br

BEM-ESTARFragrâncias humanizam o ambiente

hospitalar

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Em 13 de setembro foi comemorado o Dia Mundial da Sepse, um dos principais problemas de saúde do Brasil, responsável por 25% da ocupação de leitos em unidades de terapia intensiva. Atualmente, a síndrome é o principal motivo de morte em UTIs e uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e alguns tipos de câncer, como o de mama e o do intestino.“A sepse era conhecida, antigamente, como septicemia ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção generalizada. Mas, na verdade, não é a infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, ela pode estar em apenas um órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta in� amatória numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa in� amação pode comprometer o funcionamento de vários órgãos do paciente”, explica a Dra. Flávia Machado, vice-presidente do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS).A síndrome continua sendo um grande desa� o para pro� ssionais de saúde do mundo todo e mata cerca de 200 mil brasileiros por ano, correspondendo a uma média de 50% dos pacientes acometidos (400 mil/ano). Para identi� car a prevalência e mortalidade por sepse e choque séptico nas UTIs brasileiras, o ILAS e o AMIBnet (braço de pesquisas cientí� cas da AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira) desenvolveram e aplicaram uma pesquisa qualitativa junto a UTIs brasileiras, uma vez que todo paciente séptico é tratado nas Unidades de Terapia Intensiva.Foram criados 10 extratos, conforme região geoeconômica e tamanho das cidades. A amostragem foi realizada em 189 UTIs e 2.643 leitos, acompanhando desde o diagnóstico até a alta hospitalar ou o 60º dia de internação.A conclusão do estudo foi que a prevalência por sepse nas UTIs brasileiras é elevada. Não há diferenças de mortalidade entre instituições públicas e privadas, hospitais universitários e não universitários ou entre regiões. “O que con� rma que nem a população está consciente e nem os médicos ao detectar rapidamente o quadro e, com isso, iniciar o tratamento nas primeiras seis horas”, alerta a Dra. Flávia.Um dos principais problemas para o controle da síndrome no país é o atraso no diagnóstico, motivado não apenas pelo desconhecimento da doença pelos pacientes e familiares, mas também pela própria equipe de saúde. “Todos os esforços precisam ser feitos para aumentar a percepção sobre a sepse e para que as instituições programem efetivamente protocolos de tratamento”, salienta o coordenador da campanha do Dia Mundial da Sepse no Brasil e médico intensivista, Dr. Luciano Azevedo.O Brasil tem uma das maiores mortalidades de sepse do mundo. Alguns estudos epidemiológicos mostraram que essa mortalidade é maior do que em países economicamente semelhantes, como a Índia e a Argentina.

SEPSEPesquisa revela que Brasil ainda tem alta prevalência de mortalidade

“Não sabemos muito bem os motivos pelos quais isso acontece, mas acreditamos que uma das razões seja devido ao pouco conhecimento da população sobre a doença, o que faz com que os pacientes sejam admitidos para tratamento em fases mais avançadas da síndrome, quando o risco de óbito é maior”, explica o médico.Dr. Luciano expõe ainda que os pro� ssionais de saúde que atendem os pacientes sépticos, seja nos prontos-socorros, enfermarias ou UTIs, também têm di� culdades no reconhecimento rápido da síndrome e de suas disfunções orgânicas. “O diagnóstico é feito de forma atrasada, e as horas iniciais, importantíssimas para o tratamento com antibioticoterapia e reposição volêmica, são perdidas. Mas, obviamente, as características do sistema de saúde brasileiro também desempenham um papel importante, pois, muitas vezes, em virtude da superlotação dos hospitais, pacientes com sepse são atendidos na fase mais precoce de tratamento em locais onde a estrutura não é adequada para o suporte que eles precisam. Quando esses pacientes são admitidos na UTI, as disfunções orgânicas já são preponderantes, e a chance de sobrevida é bem menor”, � naliza.

A SEPSE NO MUNDO

• A cada segundo alguém morre de sepse no mundo;• A cada ano são registrados cerca de 30 milhões de

novos casos no mundo. Destes, seis milhões são neonatais e dez milhões por sepse materna;

• A síndrome permanece como causa primária de morte por infecção, apesar dos avanços na medicina moderna que incluem novas vacinas, antibióticos e cuidados críticos nos hospitais, que têm taxas de mortalidade entre 30% e 60%, dependendo do país;

• Na última década, a taxa de incidência da síndrome no Brasil aumentou entre 8% e 13% em relação à década passada.

Mais informações: www.diamundialdasepse.com.brwww.facebook.com/diamundialdasepse

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