24
Renato HENRICHS Desfiles da Festa da Uva continuarão na Sinimbu, mas com adaptações Abril | 2011 |S30 |D|S2 |T3 |Q4 |Q5 |S6 Ano II R$ 2,50 74 O caxiense que caiu, desistiu, voltou e hoje dança na TV Marcos Pontes: o astronauta quer voltar ao espaço Memórias de uma vítima da tortura Rita Brugger, vida desenhada com graça André T. Susin/O Caxiense Frequentadores de academias e profissionais de educação física revelam que o uso de anabolizantes está disseminado em Caxias. Medicamentos para cavalos, injeções e comprimidos são contrabandeados e vendidos facilmente na cidade, expondo seus usuários a uma série de riscos SAÚDE AMEAÇADA PELA FORÇA Metalúrgicos se preparam para o dissídio, com foco no PPR Roberto HUNOFF

Edição 74

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Frequentadores de academias e profissionais de educação física revelam que o uso de anabolizantes está disseminado em Caxias. Medicamentos para cavalos, injeções e comprimidos são contrabandeados e vendidos facilmente na cidade, expondo seus usuários a uma série de riscos

Citation preview

Page 1: Edição 74

RenatoHenricHs

Desfiles da Festa da Uva continuarão

na Sinimbu, mas com adaptações

Abril | 2011|s30 |D1° |S2 |T3 |Q4 |Q5 |S6

Ano ii

r$ 2,50

74

O caxiense que caiu, desistiu, voltou e hoje

dança na TV

Marcos Pontes:o astronauta

quer voltar ao espaço

Memórias de uma vítima da

tortura

rita Brugger,

vida desenhada com graça

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Frequentadores de academias e profissionais de educação física revelam que o uso de anabolizantes está disseminado em Caxias. Medicamentos para cavalos, injeções e comprimidos são contrabandeados e vendidos facilmente na cidade, expondo seus usuários a uma série de riscos

sAÚDe AMeAÇADA PeLA

FOrÇA

Metalúrgicos se preparam para

o dissídio, com foco no PPR

Roberto HunOFF

Page 2: Edição 74

2 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A semana | 3As notícias que foram destaque no site

roberto Hunoff | 4Sindicato dos Metalúrgicos discute em maio a pauta do dissídio

O caxiense entrevista | 5Marcos Pontes, o astronauta que quase não embarcou, sonha com a segunda viagem espacial

Tortura | 7Ex-líder estudantil caxiense relembra a infame memória da ditadura militar

Anabolizantes | 9Agropecuárias, farmácias e as próprias academias abastecem um risco à saúde

‘se ela dança, eu danço’ | 11As quedas que impulsionaram Júlio Mello a dançar em busca de R$ 200 mil no SBT

Guia de cultura | 13Doce, salgado e amargo no cinema e água e vinho na música

Boa Gente | 16Dança em palco democrático, solidariedade institucional eanonimato no Twitter

Perfil | 17Os traços de Rita Bromberg Brugger, dos best-sellers às histórias dos netos

Artes | 20Cavalgada de luzes e um salto no escuro

Dupla cA-Ju | 21Trabalho interno na folga dos campeonatos

Guia de esportes | 22Paciência no xadrez, fôlego em dupla no tênis e persistência na rústica

renato Henrichs | 23As implicações políticas da anunciada extensão da UFRGS

www.OcAXiense.com.br

redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita comercial: Pita Losscirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio Boffimpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: r$ 30 | semestral: r$ 60 | Anual: 2x de r$ 60 ou 1x de r$ 120

Jornal O caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

@_rogi_ roger Acabei de renovar por mais 1 ano minha assinatura de @ocaxiense. isto é, garanti mais 12 meses de BOA leitura e infor-mação de qualidade. #assinaturas

@MariVelasquez Que coisa mais fofa a capa do @ocaxiense. #edição73

@titifiamenghi Belas imagens do jogo do Ca-xias, agora que venha a série C. #vídeoonline

@marikmarchioro Esse é o meu Brasil... quan-do diz respeito ao povo, nada é urgente, infeliz-mente #grevedosmédicos

@danieldalsoto A #edicão72 do jornal @oca-xiense foi parar no mural da escola das minhas irmãs por causa da matéria “Ensino sob Ten-são”

Adoro as capas conceito de O Caxiense. Bem

pensadas e bem produzidas.cintia colombo

Abril | 2011|S23 |D24 |S25 |T26 |Q27 |Q28 |S29

Ano ii

R$ 2,50

73

Jaime Rocha, a fome de

rock & roll

Secretária Maria do

Rosário analisa a greve

dos médicos

As origens do galeto

al primo canto

O ritual gospel de Júlio Madureira antes dos jogos

DuplaCA-JU

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Dos 118 menores que vivem em abrigos de Caxias, só14 podem conviver com uma família emprestada nos fins de semana e nenhum desfruta de um lar provisório por mais tempo. Famílias voluntárias contam como essa experiência transforma vidas – de crianças e adultos

UM eStRAnhoAColhiDono ninho

A reação da Agrale e o crescimento

da Randon

Roberto hUnoff

chácara do Flávio Dias |Não entro no mérito da questão judicial sobre o terreno, que

parece estar resolvida. Me preoucupa a situação dos cães e gatos que lá estão. Esses pobres animaizinhos, que nenhum mal nos fazem, e só nos pedem um pouco de carinho, também não me-recem algum tipo de auxílio do poder público? Segundo a coor-denadora de vigilância sanitária, o problema é do Flávio. Não, dona Arlete, o problema é de todos nós. Pelo menos dos que têm um pouco de sensibilidade para com o sofrimento de seres que não têm escolhas a fazer. Mas fica bem simples entender por que não existe grande interesse em amenizar o problema dos animais abandonados. Eles não têm título eleitoral.

Éverton Rigatti

Duzentos animais podem ser até sacrificados porque o dono quer a proriedade que Flávio não pode pagar. Ele é pobre, mas por que será que acolheu estes animais? E este proprietário, será que necessita tanto assim desta propriedade? Cadê os donos dos carrões, mansões e proprietários de imóveis mofando e abando-nados? Não podem colaborar?

Nadilce Beatriz

Agradecemos | À Academia Base1 (Rua Os 18 do Forte, 474, fone 3536-6010), pela foto de capa. A pessoa fotografada não utiliza anabolizantes.

erramos | O crédito da foto de Alexandre Pinheiro Machado, publicada na página 22 da edição passada, é de Guilherme Jor-dani; Na edição 72, na coluna Boa Gente, publicamos que Vil-mar Oliveira “dá aula de boxe, taekwondo, full contact e defesa pessoal”. O correto é que a Academia Vilmar Oliveira oferece todas essas modalidades, mas ministradas por outros professo-res. Vilmar ensina fisiculturismo e musculação.

Foto

s: A

ndré

T. S

usin

/O C

axie

nse

No Site

Page 3: Edição 74

www.ocaxiense.com.br 330 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Depois de atender ao pedido de algumas alterações, feito pelo Mi-nistério dos Transportes, o Labo-ratório de Transportes e Logística (LabTrans) da UFSC concluiu e encaminhou ao órgão federal o estudo de viabilidade do trem re-gional. Agora, é preciso aguardar a análise do projeto. A primeira estimativa de custo parece alta – cerca de R$ 2 milhões por quilô-metro de ferrovia (praticamente toda reconstruída sobre o antigo traçado do trem), o que daria um total de aproximadamente R$ 130 milhões. Mas essa é apenas uma conta inicial, que o LabTrans nem fez questão de divulgar. Se as au-toridades calcularem a população a ser diretamente beneficiada – em cinco cidades: Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa –, o saldo pode ser positivo. O maior empecilho ainda está em questões técnicas, que limitam a velocida-de do trem.

A notícia do despejo de Flávio Dias, que cuida de mais de 200 cães e gatos abandonados ou víti-mas de maus tratos em sua chá-cara, no Parque Oásis, comoveu defensores dos animais. Depois de gerar protestos de ativistas, a iminente – apesar de inviável – remoção de Flávio e dos bichos, determinada pela Justiça local, acabou por sensibilizar também o poder público. Marcado para quarta-feira, o despejo não ocor-reu, e no dia seguinte a prefeitura anunciou que vai procurar uma alternativa – provavelmente, uma área a ser doada pelo Município – para o abrigo dos animais. A solução pode vir nas próximas se-manas.

O desenvolvimento caxiense, ao

Diante do impasse com os mé-dicos em greve – há três semanas, e com poucas perspectivas de ne-gociação –, a prefeitura viu uma de suas alternativas para resolver o conflito perder força. O procu-rador-geral do Município encami-nhou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul um pedido para

Divulgada pelo iBGE, a sinopse do Censo 2010 ilustra Caxias do Sul como um município de po-pulação jovem, com o segundo maior número de habitantes do Estado: 435.564 (213.612 homens e 221.952 mulheres). A faixa etá-ria predominante é a dos 25 aos 29 anos, que soma 43.587 pessoas (nessa fatia, os homens são maio-ria). A cidade tem 24 moradores com mais de 100 anos – somente quatro do sexo masculino.

estudo do trem regionalestá concluído

Abrigo de animais aguarda alternativa

caxias lidera ranking de desenvolvimento

TJ não deve julgar greve dos médicos antes do dia 19

um cidade jovem e populosa, segundo o censo

seGunDA | 25.abr

QuArTA | 27.abr

QuinTA | 28.abr

seXTA | 29.abr

TerÇA | 26.abr

A Semanaeditada por Felipe Boff | [email protected]

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Com despejo determinado pela Justiça, Flávio Dias aguarda apoio da prefeitura para manter abrigo a mais de 200 cães e gatos abandonados

incluir com urgência na pauta dos desembargadores o julgamento do agravo de instrumento ao recurso (liminar) que permitiu à categoria retomar sua paralisação.

Entretanto, O Caxiense apurou que, mesmo que a prefeitura vença essa batalha judicial, derrubando o recurso, essa não será uma saí-da rápida. A questão não deve ser julgada pelo TJ-RS antes do dia 19 de maio.

menos naquilo que pode ser me-dido por estudos técnicos, conti-nua se destacando no Estado. Pelo nono ano consecutivo, a cidade lidera o ranking do Índice de De-senvolvimento Socioeconômico do Rio Grande do Sul (idese). Na análise dos indicadores de renda, educação, saúde e saneamento e domicílios, Caxias obteve nota 0,856, na faixa de alto desenvolvi-mento (acima de 0,8). No levan-tamento por região, a Serra tam-bém está em primeiro no Estado, impulsionada especialmente pelo crescimento da renda.

Page 4: Edição 74

4 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Roberto [email protected]

O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul programou para o dia 9 de maio assembleia geral da categoria para definição da pauta de reivindicações do dissídio cole-tivo deste ano. O presidente Assis Melo, recentemente reeleito para seu quarto mandato, não adiantou propostas em discussão na direto-ria, mas sinalizou que a categoria pretende garantir índices compa-tíveis com o crescimento da recei-ta e dos lucros das empresas. Uma questão que vai merecer atenção é o programa de participação nos re-sultados. Nos últimos meses o sin-dicato tem mobilizado trabalhado-

res em diferentes organizações para assegurar aumento nos valores pro-postos pelas empresas. O presidente reconhece ser difícil definir valores iguais, mas adianta que lutará pela fixação de metas mínimas de forma a estender o benefício para todos os metalúrgicos, atualmente limitado às grandes e médias organizações. Nesta semana, os 800 trabalhado-res da Dambroz paralisaram suas atividades para garantir abertura de negociações. Conseguiram o pagamento de R$ 500 contra os R$ 300 oferecidos pela empresa e a am-pliação da licença-maternidade de 120 para 180.

A JAC Motors Hefei é a segunda concessionária de veículos chineses baseada em Caxias. Com investi-mento de R$ 2 milhões, a família Restelatto, que já representa a Ci-troën, montou estrutura de 1,6 mil m², onde pretende comercializar, inicialmente, de 25 a 30 unidades mensais. Além do J3, veículo de entrada da montadora no Brasil e já em venda desde março, a concessio-nária também irá oferecer o sedã J5.

Os empreendedores caxienses Eduardo Silva e Gustavo Susin levam a franquia da rede Croasonho Café para Copacabana, no Rio de Janeiro. A 21ª loja começa a funcio-nar neste sábado, com expectativa de contribuir com aumento de 15% na receita da organização. Esta é a primeira investida dos sócios fora da Região Sul. Mas a meta é ex-pandir para o território nacional e fechar este ano com 35 unidades.

O presidente da CiC de Caxias do Sul, Milton Corlatti, foi direto e duro nas críticas a mais um aumen-to na taxa de juros Selic, expediente usado pelo governo federal para re-duzir o consumo e, assim, conter a inflação que já está próxima do teto da meta, que é de 6,5%. Na avalia-ção de Corlatti, o governo não mexe na essência do problema: controlar os seus gastos e administrar com eficiência os recursos públicos. Juros altos e carga tributária elevada não contribuem, segundo o empresá-rio, para o crescimento sustentável da economia. Ao contrário, é uma combinação que desestimula inves-timentos, por consequência, ameaça empregos e renda do brasileiro.

Desde esta sexta-feira ocorre no Centro de Eventos da Festa da Uva a 3ª edição da feira Mãos da Ter-ra - Feira internacional de Cultura e Artesanato e 3ª Mostra do Ar-tesão Caxiense, que se estendem até 8 de maio. Os eventos reúnem 250 expositores de 28 países e 15 estados brasileiros. Mas parte dos produtos ficou ameaçada de não chegar. Foi necessária a interfe-rência de políticos da região com representação no governo do Estado para que os fiscais do iCMS, na divisa do RS com SC, liberassem as cargas. A decisão dos fiscais era de verificar peça por peça, o que atrasaria a chegada à cidade. Enquanto isso, na fronteira com Argentina e Uruguai entra de tudo e mais um pouco sem que a fiscali-zação haja de forma tão eficiente.

A Neobus inovou com o Mega BRT apresentado à comunidade caxiense nesta semana. Além do visual diferenciado, lembrando um trem-bala, o ônibus foi desenvol-vido para incorporar uma série de atributos que levarão sofisticação e conforto ao segmento urbano. É, no entendimento dos diretores da empresa, a alternativa mais adequa-da para ampliar o leque dos usuá-rios deste transporte. Além disso, o biarticulado é o maior ônibus do mundo, com 28 metros. O teste pe-las ruas da cidade foi positivo. Basta saber se a Prefeitura, gestora do sis-tema, exigirá que a Visate qualifique o seu serviço. Pequenos ajustes na estrutura viária também ajudariam.

Nem bem se curou da ressaca dos chocolates da Páscoa e o consumi-dor já está envolto em mais uma data que leva ao consumo. No dia 8 de maio é comemorado o Dia das Mães, consagrada como a segunda melhor data do ano para o comér-cio. Ações para sensibilizar os fi-lhos já se espalham pela cidade. O Prataviera lançou a promoção Mãe Pop Star Prataviera Shopping. Por-que ela merece brilhar. A cada R$ 100 em compras o consumidor ga-nha kits de esmaltes. A expectativa da administração é incrementar os negócios em 10% em relação a 2010, especialmente nos segmentos de vestuário, calçados, perfumaria e acessórios. Já o San Pelegrino mon-tou a promoção Sua mãe merece um Kia e muito mais. Por meio dela

sorteará um automóvel Kia Soul ou uma viagem para Nova York com direito a acompanhante para todos que adquirirem mais de R$ 200 em produtos. A novidade é que a cam-panha vai até o dia 21 de maio.

 O comércio de Caxias do Sul

trabalha com expectativa de cres-cimento de 10% a 15% nas vendas deste ano sobre 2010. É o que reve-la pesquisa realizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas. Os produ-tos mais procurados são calçados e perfumes, seguidos por vestuário e joias. Já o Sindicato do Comércio Varejista projeta 15%. De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas as vendas desta Páscoa aumentaram 7,26% sobre as realizadas em 2010.

Segunda chinesa

Nacionalização

contundência

exagero e vista grossa

TecnologiaMais consumo

PPr e ODissíDiO

Cla

iton

Stu

mpf

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Már

io F

ranz

en, D

iv./O

Cax

iens

e

A Associação serrana de re-cursos Humanos receberá de 9 a 30 de maio inscrições de empresas para a elaboração da 27ª Pesquisa de Salários e Remuneração e de indica-dores de Gestão. A atividade integra a programação dos 23 anos da enti-dade, que terá, em 3 de junho, o 4º Fórum de Gestão de Pessoas.

A comunidade de Santa Lúcia do Piaí promove neste final de semana a 2ª Festa da Produção. A região responde por 15% da produção de hortifrutigranjeiros de todo o esta-do.

A loja da grife Jorge Bischoff do iguatemi está com layout refor-mulado e nova gestão. O comando agora é do casal André Meinhardt e Camila Lang Meinhardt.

Com o provocativo tema Gestão de pessoas não é com o RH, o sócio da ValuePoint Consultoria de Gestão Empresarial, José Luiz Bichuetti, palestrará na CiC segunda-feira (2).

Curtas

Page 5: Edição 74

por JOsÉ eDuArDO [email protected]

ido como herói nacional, Mar-cos Pontes ultrapassou os limites da engenharia aeroespacial. Em 2000, tornou-se o primeiro as-tronauta brasileiro. Alguns anos depois, em 2006, chegou ao ápi-ce. Por 10 dias esteve na órbita da Terra, em companhia dos as-tronautas Jeffrey Williams e Pavel Vinogradov, na Missão Centená-rio. Atualmente, Pontes mora em Houston (Texas), onde aguarda ser convocado para uma segunda missão. Enquanto isso, divide o tempo entre palestras e a imple-mentação do curso de Engenha-ria Aeroespacial na Universidade de São Paulo (USP), que ajuda a coordenar. Na segunda-feira (17), Pontes visitou Caxias e palestrou na CiC, onde foi tratado como estrela.

Você já tinha a noção que seria considerado um herói quando voltasse à Terra?

Na verdade, quando voltei, re-cebi uma medalha de herói da Rússia, assim como o Yuri Gaga-rin (primeiro homem a viajar ao espaço, em 1961). Vejo isso como meu trabalho. Não penso muito nesse lado.

Já havia tido algum contato com cosmonautas antes de iniciar o curso?

Não. Só tinha visto na TV, em revistas e coisas assim. A primei-ra recepção na NASA (National Aeronautics and Space Adminis-tration), em 1998, juntou toda a turma de alunos numa sala gran-de com mesas em T, onde ficam os chefes de departamento. Sen-tamos e logo entrou um senhor

velhinho meio curvado, com uma blusa de gola alta. Era o John Young (astronauta que viajou seis vezes ao espaço, comandando as missões Apollo e Gemini e o pro-grama do ônibus espacial). Ele chega lá e começa a falar: “Bem-vindos. Alguns de vocês não vão terminar o curso”. Já neste dia fa-lei com John Young. Depois foi o John Glenn (primeiro astronauta norte-americano a entrar em ór-bita da Terra) e Neil Armstrong (primeiro homem a pisar na Lua). Tive a oportunidade de falar com esses caras. Na Rússia, encontrei Alexei Leonov, que treinou com o Gagarin. Foi muito bacana o con-tato. Da mesma forma que olhei para eles, agora é a garotada que olha pra mim. A ideia é inspirar as novas gerações.

como foi o processo de seleção?Quando fui selecionado para o

curso de astronauta, a turma tinha 32 alunos. Fui o único do Brasil. A seleção foi feita pela Agência Espacial Brasileira (AEB), NASA, Academia Brasileira de Ciências e uma série de organizações tra-balhando conjuntamente. Dos 32, tinha um alemão, dois italianos, um francês, um canadense e eu, e restante era de americanos. O cur-so começou em agosto de 1998 e terminou em dezembro de 2000. Nesta data recebi o certificado de astronauta, o primeiro astronauta profissional brasileiro. Eu ia voar em 2001, mas houve uma série de problemas e o voo acabou sendo transferido para 2003. Neste ano, o Columbia foi perdido na reen-trada (o acidente com o ônibus es-pacial resultou na morte dos sete tripulantes). Ficou tudo parado e a Agência Espacial Brasileira con-tratou uma missão com a Rússia

em 2005, que foi realizada só em 2006. Então fui para a Rússia fa-zer o treinamento de voo de cinco meses.

e o que você fez nesse hiato de tempo entre a formatura e o voo?

Foram anos em que eu fiz de tudo. Tive de cobrar o escanteio, cabecear e defender. isso porque tivemos muitos problemas na participação do Brasil na Estação Espacial internacional. A gente quase foi expulso por razões po-líticas, técnicas e de tudo o quanto é tipo. Precisei vir muito ao Brasil para defender o programa e man-tê-lo funcionando. E deu certo. Eu perdi essa batalha somen-te em 2008, quando a participação do Brasil foi congelada tecnicamente. Mas daí não foi porque o país era incapaz de fazer a sua parte. O Brasil tinha de entregar peças para a estação es-pacial desde 2001, coisa que não foi feita. Em 2008, já podíamos construí-las, mas a NASA, com a corda no pescoço por causa do cronograma, passou a fabricação para empresas americanas. Se-riam peças construídas na indús-tria brasileira que a agência es-pacial pagaria. Em troca, o Brasil poderia usá-las em experimentos.

Teve algum perigo de você não embarcar na missão?

Sim. Até o último momento, dois dias antes da missão, eu não sabia se ia voar. O meu backup (astronauta substituto), estava lá pronto para seguir no meu lugar.

Haviam questões orçamentárias e políticas envolvidas. Então aca-bou que o voo aconteceu graças ao esforço de muita gente que tra-balhou e brigou muito para que desse certo.

Quanto o Brasil teve de investir para participar da expedição?

Cada brasileiro investiu R$ 0,10. Se somar tudo, dá US$ 10 milhões, valor bem inferior aos R$ 15 que cada brasileiro gasta anualmen-te em corrupção. Acho que foi um bom investimento. A missão

espacial produziu bons resultados em termos de tecnolo-gia, conhecimento científico e motiva-ção para a garotada. A gente poderia ter melhores resultados como país se as ins-tituições soubessem aproveitar os resul-tados.

como era os trei-namentos antes do voo?

Nos simuladores, foram até 15 dias antes do lançamento, quando fomos para o Cazaquistão. Lá não não tinha simuladores, somente alguns computadores. A dinâmi-ca da nave é bem mais violenta, em termos de movimento. Já o funcionamento dos sistemas é bem representado pelos compu-tadores. Não tive tantas horas de simulador, mas sim muitas aulas, que iam das 8h às 16h, todos os dias, inclusive sábados. O treina-mento teve duas etapas. Uma na nave, para voo de ônibus espacial, que era geralmente mais tranqui-lo, porque se tinha mais tempo. E o treinamento na Rússia, que era todo comprimido. Eles traziam

O caxiense entrevista

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

“A gente quase foi expulso por razões políticas, técnicas e de tudo quanto é tipo. Tive que vir muito ao Brasil para defender o programa”

T

“UM DIAEU VOU VOLTAR”Aos 48 anos, o astronauta Marcos Pontes afirma que enxergará novamente a Terra do espaço: “John Glenn fez o segundo voo com 77 anos. Ainda tenho tempo para expirar”

www.ocaxiense.com.br 530 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Page 6: Edição 74

pilhas de apostilas toda a semana para eu estudar. Era muita aula e, três vezes por semana, treina-mento no simulador.

Havia competição entre os as-tronautas da missão?

Na verdade, nenhuma. A gente sempre trabalha em cooperação. É preciso ter uma competição saudável e isso ajuda no trabalho em equipe. Num esquadrão de caça, por exemplo, todo ano tem uma competição interna entre pi-lotos para saber quem consegue abater o maior número de inimi-gos. A gente atira com um laser. O avião faz um cálculo e sabe se o tiro abateu outro avião. Na hora do combate para valer, se for ne-cessário colocar o meu avião na frente do seu para levar o tiro, vou fazer isso. A gente tem aquela competiçãozinha de quem conse-gue fazer o melhor acoplamento, quem conhece mais o sistema. Mas na hora H, um ajuda o outro para que a gente consiga realizar a missão.

O programa espacial brasileiro teve alguma evolução com a sua participação na missão?

Ele teve um empurrão durante os primeiros anos depois da mis-são, mas aos poucos esse ânimo foi se dissolvendo numa névoa de outros problemas. Ciência,

tecnologia e educação acabaram sendo colocadas de escanteio. O programa espacial brasileiro foi instituído com vários objetivos. Entre eles, o desenvolvimento de tecnologias que possam dar inde-pendência para o Brasil produzir os próprios satélites, foguetes e centros de lançamento, e com isso poder controlar a agricultura, o desmatamento, fronteiras, tudo com um sistema nacional. Pou-cos países conseguem fazer isso, e o Brasil já deveria estar nes-te nível. O que trava é a falta de investimento e de prioridade. Se houvesse visão de longo alcance dentro do governo durante esses anos de participação nas cidades espaciais do mundo, e se fosse fei-to de uma forma periódica e re-gular, a situação estaria diferente.

Você tem vontade de fazer outra viagem espacial?

Eu fico lá (em Houston) à dispo-sição do Brasil para outras mis-sões espaciais, e um dia eu vou voltar. Pode ser em uma missão com a Agência Espacial Brasileira ou por alguma iniciativa privada, porque vão surgir empresas que precisarão de tripulantes profis-sionais para conduzir as missões.

existe uma idade limite para a atividade de astronauta?

John Glenn fez o segundo voo

com 77 anos. Eu ainda tenho tempo para expirar.

O que você acha da retomada das missões tripuladas dos esta-dos unidos à Lua?

Elas faziam parte do programa Constelação. Essa é uma das inde-cisões do programa espacial americano. Provavelmente não devem acontecer dentro desse pro-grama, o que não impede que outros países, como Índia e China, cheguem lá. A Lua está a 285 mil quilômetros de dis-tância, aguardando que outras pessoas coloquem os pés nela.

e o turismo espacial, é um mito ou irá mesmo acontecer?

isso é fato. Nos próximos cin-co anos já deve começar a acon-tecer, com voos suborbitais, que chegam até 120, 130 quilômetros e mantêm um período de gravi-dade zero. A X Prize já fez alguns testes. A Virgin Galactic está de-senvolvendo o SpaceShipTwo. in-clusive, estão precisando de pilo-tos de prova.

como você avalia a qualidade

dos pilotos brasileiros?Acho que é aceitável, mas pode

melhorar bastante se a gente tiver um sistema que consiga dar infor-mações e também mais horas de voo. A indústria nacional está im-plantando o Light Sport Aircraft (LSA), um tipo de aeronave leve

que pode ser usada para instrução e até comercialmente. O uso comercial está em processo de ava-liação na Agência Nacional de Avia-ção Civil (Anac). Nos EUA ele já existe desde 2004. O fato de ter essa regulamentação no Brasil vai permitir que novas empre-

sas possam fabricar esse tipo de avião, que vai ser mais barato e com nível de qualidade e segu-rança. Os LSAs permitirão uma melhora na formação dos pilotos, porque vão oferecer mais horas de voo. O piloto precisa treinar. Quanto mais voa, melhor fica.

Você consegue ficar muito tem-po sem pilotar?

Não (risos). Eu gosto. Deve ser que nem músico ficar longe do violão. Deve dar coceira ou algu-ma coisa do tipo. Avião é a mes-ma coisa para mim.

“Cada brasileiro investiu R$ 0,10(na missão), valor bem inferior aos R$ 15 que cada brasileiro gasta anualmente em corrupção”

6 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 7: Edição 74

por cAMiLA cArDOsO [email protected]

irton Joel Frigeri, 58 anos, inspi-ra serenidade. Mesmo com a voz mansa, um aperto de mão firme e a aparente sabedoria que a ex-periência traz, é atormentado por lembranças da adolescência. Air-ton foi preso político e torturado durante o regime militar. En-quanto conta sua tragédia pesso-al, entrelaça os dedos numa tenta-tiva quase frustrada de controlar o tremor. A voz falha às vezes.

Airton não fala sobre o assun-to em tom de desabafo, soa como sacrifício. Mas foi ele quem teve a coragem suficiente para mostrar que Caxias fez parte do mapa de dor e perseguição da ditadura mi-litar, que durou de 1964 a 1985. Numa decisão inédita, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul condenou o Estado ao pagamento de R$ 200 mil por danos morais ao caxiense. O parecer não chega a ser comemorado por Airton, que hoje trabalha como contador. “Eu gostaria de esquecer. E, mais ainda, que a ditadura nunca tives-se ocorrido. O processo foi uma punição mais ou menos pedagó-gica ao Estado, por atingir o cofre. Temos que fortalecer a democra-cia, que ainda não está consolida-da”, afirma. A Procuradoria-Geral do Estado manifestou-se, mesmo antes de ser notificada oficial-mente pelo TJ, que não irá recor-rer da decisão no que diz respeito à prescrição, por se tratar de um crime contra a humanidade.

Airton estudava no Giná-sio Noturno Alberto Pasquali-

ni, onde hoje funciona a escola Presidente Vargas, e trabalhava durante o dia como auxiliar de escritório no Sindicato dos Tra-balhadores Metalúrgicos. Em 1966, tornou-se secretário-geral da União de Estudantes Secun-daristas do Nordeste do Estado. “Com a imprensa censurada, a população não percebia que ha-via um governo ditatorial, com corrupção e desigualdade social. Nós queríamos mostrar isso, mas mobilizar as pessoas era muito difícil”, recorda. Circulando cons-tantemente entre as cidades da região, mesmo tomando cuidado, o jovem militante passou a ser vi-sado pelos agentes de repressão. Constantemente era visitado e coagido pelo Serviço Nacional de informações (SNi), pelo Departa-mento de Ordem Política e Social (Dops) e pela Polícia Civil.

Com o recrudescimento da repressão, a partir de 1968, ano do Ato institucional Nº 5, Air-ton percebeu que sua situação se complicaria ainda mais. Por isso, passou o ano de 1969 no Rio de Janeiro, na casa de um colega mi-litante. O período longe de Caxias chamou ainda mais atenção dos órgãos que costumavam vigiá-lo.

Airton jantava quando, por vol-ta das 20h de 9 de abril de 1970, policiais armados com fuzis ar-rombaram a porta da casa onde ele morava com os pais, no Cen-tro de Caxias, para levá-lo preso. O guri de 16 anos, que percorria a região militando pelo movimento estudantil, era acusado de “sub-verter a ordem constituída”. No prédio da Delegacia Regional de Polícia, agentes tentaram interro-

gá-lo até a 1h, mas não passaram disso. O pior viria quando ele foi levado a Porto Alegre, ainda na-quela madrugada, no segundo andar do Palácio da Polícia, onde funcionava o Dops. Lá, começou a ser torturado, o que durou inicial-mente dois dias seguidos. Airton foi vítima da maricota e do pa-palégua. O primeiro instrumen-to era um telefone de campanha usado para dar choques elétricos nas orelhas, mãos e pés. O outro era um pedaço de madeira preso a uma tira de bor-racha de pneu que servia para ferir as costas das vítimas.

Acompanhava a tortura uma série de interrogatórios. Os agentes queriam saber quem eram os integrantes da Vanguarda Armada Revolucionária Pal-mares (VAR-Palma-res), organização de esquerda que com-batia o regime militar. O jovem, que atuava à frente do movimento estudantil e havia participado de poucas reuniões da VAR-Palma-res, pouco sabia dizer.

Para abafar os gritos e ocultar as práticas cometidas pe-los militares, as paredes do Dops eram forradas pelos livros e re-vistas apreendidos, alvos de cen-sura. Dentro da sala, no entanto, os agentes faziam questão que os outros presos ouvissem os gemi-dos de dor daqueles que passa-vam pela tortura. instalados em bancos e algemados, cerca de 100

presos a cada vez aguardavam em uma sala separada. “A pior tortura não é a que fazem contigo, fisica-mente. Mas a que fazem com os outros, tu ouve e não pode fazer nada”, considera. Airton lembra também do sadismo dos tortura-dores. “Eles faziam por prazer, às vezes até o preso desmaiar, mes-mo quando não se tinha mais nada a ser dito.”

Ele conta que, no Rio Grande do Sul, a tortura era feita de forma grosseira, deixando bastante apa-

rente as marcas dos choques e espanca-mentos. Para rever-ter isso, integrantes do Destacamento de Operações de in-formações - Cen-tro de Operações de Defesa interna (Doi-Codi) do Rio de Janeiro estiveram no Estado a fim de aprimorar as técni-cas brutais dos tor-turadores gaúchos,

com mais choques e menos golpes de papaléguas. Airton foi uma das primeiras cobaias. Também assis-tiu aos agentes aplicando choques intravaginal em uma presa, posta nua em frente a outros homens e ao próprio companheiro. Na de-cisão da Copa do Mundo de 70, presenciou outra emblemática cena da conduta do regime. Ao ver que havia uma televisão para transmitir o jogo, com salgadi-nhos dispostos em uma mesa, os presos desconfiaram. A situação se esclareceu com a chegada de um batalhão de repórteres. As autoridades queriam “mostrar”

Memórias reveladas

And

rè t

. Sus

in/O

Cax

iens

e

“A pior tortura não é a que fazem contigo, fisicamente. Mas a que fazem com os outros, tu ouve e não pode fazer nada”, reflete a vítima

A

TORTURA NUNCA MAISPreso pelo regime militar, caxiense sofreu com choques, surras e perseguição política. Décadas depois, ao contar sua história, conquistou na Justiça uma decisão inédita

www.ocaxiense.com.br 730 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Page 8: Edição 74

a eles como os presos do regime militar eram bem tratados.

Após cerca de 25 dias no Dops, Airton foi transferido para a ilha do Presídio. “Sabiam que não ti-nha mais o que ouvir de mim”, explica. Distante das torturas, a prisão era um lugar pouco mais suportável. Mas Airton continuou sofrendo com o rigor de um in-verno gaúcho numa ilha do Guaíba sem a mínima estrutura. A situação da prisão foi amenizada pelos próprios detentos. O militante Paulo de Tarso Carneiro, amigo de Airton, chegara um mês an-tes à ilha. No livro ilha do Presídio, uma reportagem de ideias – organi-zado pelas pesqui-sadoras Christa Berger e Beatriz Marocco e publicado pela editora Libretos em 2008 –, o colega des-creve como os presos políticos, tomados por um espírito de co-letividade e união, transforma-ram o espaço antes ocupado por presos comuns. “A ilha tinha uma paisagem linda, um ponto ma-ravilhoso do Guaíba. Nas noites sem chuva podíamos ver o céu. O pôr-do-sol era algo belíssimo. Mas entrávamos nas celas e havia paredes imundas, sujas de merda, fedidas. Pedimos material para limpar. Fomos tirando o gros-so da sujeira. Demos ao presídio um ar de melhor qualidade”, re-lata Paulo. A organização levou à nomeação de coordenadores, comissões de limpeza e cozinha, grupos de leitura e estudo. Tudo que chegava à ilha nas visitas se-manais era compartilhado, de comida a cigarros. Com os livros de Marx, Mao Tse Tung, Lenin e outros autores, que entravam na prisão com as capas trocadas por obras de romance para que não fossem barrados pela censura, foi criada uma biblioteca, comanda-da por Paulo.

Airton saiu da ilha em agosto de 1970. Ao deixar o presí-dio, foi levado novamente ao Dops e ligou para o pai, que foi buscá-lo. Mas o período de vigilância e medo não se encerrou.“Voltei para Caxias e comecei a me tra-tar.” Com uma gastrite de fundo emocional, crises de depressão e insônia, precisou de acompa-nhamento psicológico e médico até o fim da década de 1990. Ao pisar em Caxias, Airton também foi impedido de voltar a estudar. Chegava em escolas públicas e particulares e via o requerimento de matrícula ser rasgado na sua frente. A solidariedade do diretor de um colégio permitiu que vol-tasse a frequentar as aulas, com o seguinte acordo: caso os agentes da repressão aparecessem, ele te-

ria que fingir estar lá por ser o na-morado de uma das alunas. Air-ton deu continuidade aos estudos do ginásio sem poder nem mes-mo manter os livros e cadernos em cima da classe, colaborando com o disfarce.

Mesmo distante da militân-cia política, Airton continuou vigiado pelo regime militar. As

visitas dos agentes consistiam em avi-sos e ameaças. Na casa, no trabalho, na sala de aula ou na rua, era aborda-do para receber o alerta: caso alguma manifestação contra o governo aconte-cesse, ele seria um dos perseguidos. A última visita foi no final de 1978, mais de um ano depois

de ser absolvido pelo Superior Tribunal Militar. Enquadrado na Lei de Segurança Nacional, fal-taram provas que comprovassem sua subversão.

Airton diz que a única coi-sa que buscava era um Estado de Direito, igualdade e liberdade de expressão. “Tu sabe que o estu-dante tem essa fase”, diz, como se o ideal tivesse ficado no passado. O contador afastou-se da mili-tância e nunca se filiou a partido político. “Os que a gente têm aí são mais de interesse financeiro ou para aparecer do que qualquer outra coisa”, critica. Casado, pai de três filhos e com três netos, leva a vida no escritório de conta-bilidade há mais de 30 anos. “Eu enfiei a cabeça no trabalho. isso faz com que o tempo passe.”

Embora tenha abandonado a militância política, Airton mostra que algumas de suas convicções da juventude não eram passagei-ras. Quando ouve críticas à cor-rupção e a outras mazelas atuais, acompanhadas do argumento de que, se a ditadura voltasse, isso não aconteceria, Airton estreme-ce. “Pelo amor de Deus, isso ocor-ria até mais naquela época, só que ninguém ficava sabendo.”

Depois da tortura, além das sequelas, Airton foi obrigado a conviver com um sentimento de injustiça. Revolta que se agra-va quando vê ex-torturadores ocupando cargos públicos, com a identidade do passado pre-servada. Foi somente em 1998, após um longo tratamento, que ele conseguiu contar sua história para outras pessoas pela primeira vez. A tortura psicológica nunca deixou de acompanhá-lo. Airton tem viva a lembrança dos gritos dos colegas. É dolorido contar, mas, com sua voz mansa, deixa que as memórias aflorem – para que não sejam esquecidas e, prin-cipalmente, não voltem a aconte-cer.

“Eu enfiei a cabeça no trabalho. Isso faz com que o tempo passe”, diz Airton, que conseguiu retomar a vida, mas não se livrou de sequelas

8 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Edital de Citação - Cível5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 (trinta) dias. Natureza: Ordinária - Outros Processo: 010/1.10.0018899-0 (CNJ:.0188991- 22.2010.8.21.0010). Autor: Marcos Valer. Réu: Supertrunfonet Ltda. Ob-jeto: CITAÇÃO de Supertrunfonet Ltda, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial.

Caxias do Sul, 24 de fevereiro de 2011. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas - matr. 12553875. JUIZ: Silvio Viezzer.

Edital de INTIMAÇÃO5ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 (trinta) dias. Natureza: Cobrança Processo: 010/1.08.0023737-7 (CNJ:.0237371-47.2008.8.21.0010). Autor: Sudare Climatização de Ambientes Ltda.. Ré: Andréia Marques. Objeto: Intimação da ré/devedora para que no prazo de 15 dias pague vol-untariamente o valor do débito indicado (R$ 7.442,90 - sete mil, quatrocentos e quarenta e dois reais e noventa centavos. Valor atualizado até 15/03/2010), a ser atualizado na data do efetivo pagamento, a fim de evitar multa de 10%, sob pena de penhora de tantos bens para garantir o débito. Prazo para pagamento: 15 DIAS, a contar do término do prazo deste edital.

Caxias do Sul, 15 de março de 2011. SERVIDOR: Sílvia da Rosa Debiasi - Of. Ajudante Designada.

JUIZ: Zenaide Pozenato Menegat

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

Page 9: Edição 74

por VALQuíriA [email protected]

ão Anabolino do braço gigante e da perna cavalar, faz essas bom-bas que eu tomo nenhum mal me causar. Mas se eu morrer mande 10 anjos me buscar. Porque do tamanho que eu vou ficar, vai ser f*** me levar.” A oração do bombado, disseminada na inter-net, comprova que os usuários de esteroides anabolizantes sabem que o que estão ingerindo pode lhes custar a própria vida, mas que em busca de um abdômen “trincado”, braços, ombros e per-nas enormes, essa preocupação é posta de lado. Para ficar “riscado”, expressão usada para quem tem o corpo totalmen-te definido, alguns frequentadores de academias procu-ram, na maioria das vezes ilegalmente, remédios que só deveriam ser ven-didos com receita e acompanhamento médico, e injetam-se até mesmo medi-camentos feitos para animais. Em Caxias do Sul, o uso de ana-bolizantes, mesmo que escondi-do, é bastante comum. “Nas pró-prias academias tu consegue. Tu chega para um instrutor e pede”, conta uma jornalista de 23 anos. Não são raros os casos em que os anabolizantes são oferecidos. Um analista de processos de 27 anos conta que o próprio dono da aca-demia onde treinava – um conhe-cido empresário do ramo em Ca-xias – ofereceu-lhe anabolizantes injetáveis: “Ele disse que se eu re-almente quisesse benefícios teria que tomar o que um outro cara estava tomando”.

“eu fiz ao todo cinco ciclos de anabolizantes, com Durateston e Deca-Durabolin. Foram dois anos usando. Eu mesmo me apli-cava em casa. Na academia onde eu malhava a maioria dos meus amigos usava”, conta um empre-sário de 29 anos, que parou com os esteroides no ano passado. Os chamados ciclos duram de seis a 12 semanas, com aplicações qua-se diárias. “Usei porque queria re-sultados rápidos. Eu usava e ia no médico, porque tenho problema de hipertensão, mas não falava para ele que usava. Fiz exames e nunca tive nada.”

Mesmo tendo adquirido muita massa muscular, hoje, ele diz que não voltaria a usar, já que notou que a dependência torna-se mais psicológica do que química: “Se tu não usa, tu não cresce, então tu não consegue parar”, explica. “Quando acaba o ciclo, perde-se um pouco dos ganhos e isso é muito difícil para a pessoa. Daí ela decide fazer mais um ciclo e

vira um vício”, alerta o professor de educação física e especialista em fisiologia do exercício William Couto.

Muitos dos amigos desse ex-usuário, “caras bem sucedidos, que trabalham em banco”, se-gundo ele, não conseguiram até hoje largar os anabolizantes. “Eles preferem morrer grandes do que viver bem, mas magrinhos”, con-ta um representante comercial, confessando que faria o mesmo se não tivesse um problema do coração. “Eu não uso porque bro-xa”, resume um empresário de 50 anos, que exibe um bíceps de 37cm “apenas com esforço”, resul-tado de anos na academia.

“Não recomendo para nin-guém”, diz um lu-tador de artes mar-ciais que, há cinco anos, usou dois ti-pos de anabolizan-tes. “Saía para cor-rer com uns amigos e a galera era toda ‘riscada’. Eu que-ria conseguir um corpo melhor em pouco tempo”, re-lata. “Todo mundo começa para ficar bonito para as mu-

lheres. Mas, depois, é para ser o melhor nos vestiários”, completa o analista de processos.

Para ficar igual aos amigos, o lutador fez um ciclo de Winstrol – também conhecido como Sta-nozolol, usado para “secar” a gor-dura – e seis ciclos de Clembute-rol – um remédio para pulmão de cavalo. O Winstrol era injetado por um amigo e o Clembuterol, em pó (há também em gel), era misturado em água e ingerido. “Nos primeiros cinco, dez minu-tos, te dá uma tremedeira, taqui-cardia, tu fica com a adrenalina lá em cima pra puxar ferro”, conta o ex-usuário, explicando que o Clembuterol o deixava extrema-mente nervoso: “Briguei até com um amigo meu”.

Os dois anabolizantes vinham do instrutor dele, que “conseguia a preço de custo”. “Em academia se acha fácil. Os caras voltam do Paraguai com os carros cheios de ‘bomba’. Tem academias em Ca-xias em que no balcão tu vê Wins-trol no meio dos Gatorades”, con-ta o jovem, que teve cálculo renal tempos mais tarde.

O Clembuterol – conhecido pelo nome de Pulmonil – é ven-dido em agropecuárias de Caxias sem o menor controle e custa cer-ca de R$ 105 a caixa. “Tem gente que compra para uso humano. Dá pra comprar, mas tem que cuidar”, explica a atendente de uma veteri-nária. “isso aí quase nem vende-mos para uso em animais, só para pessoas. É só olhar o tamanho dos caras que vêm aqui”, observa o dono de uma agropecuária. Ou-tros remédios, como Potenay (um

Músculos a qualquer custo

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

“Os caras voltam do Paraguai cheios de ‘bomba’. Tem academias em que, no balcão, tu vê Winstrol no meio dos Gatorades”, diz um ex-usuário

“s

BOMBA-RELÓGIOAnabolizantes são comercializados – e incentivados – em academias de Caxias. Com o objetivo de obter corpo perfeito em pouquíssimo tempo, jovens fingem desconhecer os malefícios dos esteroides

www.ocaxiense.com.br 930 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Page 10: Edição 74

complexo vitamínico para vacas, cavalos e cachorros), Monovin B12 (para animais com anemia) e vitamina ADE (para baixos ín-dices de fertilidade) também são muito procurados para quem quer aumentar os músculos. “Em um cachorro é aplicado 1 ml de Potenay. Eles se injetam 10 ml. imagina a porrada.”

Para o educador físico Marco Leis, merece atenção a quantidade de mulheres que está usando anabolizantes. “É por cau-sa dos padrões impostos pela te-levisão. Elas usam essas Panicats (assistentes de palco do programa Pânico na TV) como modelos, mas querem atingir aquilo que só se atinge à base dessas substân-cias”, explica Leis, um adepto do bom e velho arroz e feijão: “Ao comer saudável e malhar correta-mente as pessoas conseguem seus objetivos, de maneira gradual e correta, não dessa forma acele-rada e ilícita”. “Sem anabolizante a pessoa nunca vai ficar enorme. Mas dá para ter excelente resul-tado com musculação. Desde que ela se compare a ela mesma, e não a quem usa”, diz Couto.

Foi nos últimos 10 anos, segun-do ele, que a procura de mulheres por esteroides aumentou. “Deixa a bunda dura, sem celulite e com a cintura fina. E isso muito rápido.” A jornalista de 23 anos, porém, relata um o outro lado: “Tenho muitas amigas que usam. Mas elas nunca admitiriam isso. Conheço guria que perdeu cabelo, que fi-cou cheia de espinhas. É horrível”. Existe também um adesivo, colo-cado na pele, que libera descargas frequentes de testosterona. “Mui-ta mulher usa isso. Mas alarga o maxilar, engrossa a voz, dá pelos”,

afirma Couto. O que ocorre com as mulheres

que usam as substâncias, de acor-do com o médico do esporte do instituto de Medicina Esportiva da UCS Juliano Ziembowicz, é uma masculinização. Elas come-çam a perceber o aparecimento de barba, bigode, voz mais grave e rouca, aumento de clitóris, dimi-nuição das mamas e desregulação da menstruação. Os homens estão sujeitos a atrofia testicular, redu-ção da quantidade de espermato-zoides, infertilidade, aumento de próstata e calvície. “E há proble-mas comuns aos dois sexos, como aumento do colesterol, da pressão arterial, além de facilitar trombo-se e infarto do miocárdio”, expli-ca Juliano, ressaltando também a possibilidade de alterações de hu-mor, comportamento agressivo, grau de psicose e reações suicidas. “Com mais tempo de uso, os ana-bolizantes também podem causar câncer de fígado e de rim.”

Os anabolizantes – análo-gos da testosterona, hormônio masculino – foram criados para ser utilizados em tratamento de doenças, como puberdade e cres-cimento retardados, andropausa precoce e baixa função dos tes-tículos. Um dos primeiros usos dos anabolizantes com outras funções foi com sobreviventes dos campo de concentração na-zista, que, mesmo com comida, não conseguiam voltar a ter mas-sa muscular. O exército de Hitler também utilizou, para aumentar a força, diz o médico da UCS. “É um medicamento. Depois soube-se o que fazia. Daí, mais tarde, foi extrapolado para o esporte e, de-pois, para as academias.”

Nas farmácias, os remédios que

são usados como anabolizantes – Durateston e Deca-Durabolin, por exemplo – não são vendidos sem receita médica. Mas não é ilegal que um médico prescre-va um desses remédios para pa-cientes que querem ganhar massa mus-cular. “Para fins es-téticos dificilmente um profissional vai receitar, não é muito ético, mas controlan-do...”, explica Juliano. O maior problema, diz, é a dosagem. “O Durateston, é uma substância para a an-dropausa, mas, para ganhar massa, tomam injeções três vezes por semana”, acrescenta Couto.

Como são poucos que conse-guem as substâncias com receita, a maioria se arrisca no mercado ilegal de anabolizantes. “Compra por conta. Se injeta o que não sabe, confia em quem trafica, que também nem sabe o que está ven-dendo”, avisa o professor. Publica-mente, porém, poucos admitem fazer isso. “A regra número um de quem usa é dizer que não usa”, diz Couto. Um assistente administra-tivo de 26 anos conta que quem toma anabolizante não assume por uma questão de vaidade, e não por medo de estar utilizando algo ilegal: “imagina ter que ad-mitir: ‘sou forte, mas é porque eu tomo bomba’”.

Apesar dos relatos feitos ao jor-nal, a Vigilância Sanitária nunca encontrou anabolizantes em aca-demias de Caxias. “A gente vis-toria o estabelecimento, mas não temos poder para abrir vestiário e revistar coisas pessoais”, diz a coordenadora do órgão, Juliana

Argenta. Entretanto, ela admi-te ter conhecimento da situação: “A gente sabe que tem, mas eles guardam dentro do armário”. A orientação da Vigilância é que as denúncias sejam feitas pelo Alô

Caxias (3218-6000). Dessa forma, serão encaminhadas à po-lícia. “Quanto aos médicos, não temos como autuá-los se estão prescrevendo. A gente acha bastante receita desse medica-mento, Durateston. Se está certo ou não, a gente não questiona.”

Com uma rápida pesquisa na inter-

net é possível saber onde com-prar anabolizantes, por quanto, qual a composição, como usá-los e quais seus resultados. Nos sites que exibem os produtos, vende-dores agem como especialistas ao responder dúvidas dos inter-nautas. Em uma comunidade do Orkut há uma postagem ensinan-do como aplicar as doses, com fotos de todos os passos. O texto dá dicas até sobre o que fazer caso sangre após a aplicação. “Não se desespere. Se não saiu muito san-gue, beleza.” Uma integrante de outra comunidade sobre o tema, chamada “Fernanda, ficando Pa-nicat”, se coloca à disposição para montar ciclos de anabolizantes e treinos para mulheres. “Tenho fotos do meu desenvolvimento! É isso aí, meninas, persistência e rumo a Panicat”, diz o perfil.

É com um trecho de um ví-deo disponível no YouTube que é possível resumir a filosofia dos usuários de esteroides: “A vaidade mata, mas enquanto não mata, o meu corpo se destaca”.

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

“Eles preferem morrer grandes, do que viver bem, mas magrinhos”, diz um representante comercial

Medicamento veterinário para os pulmões dos cavalos é comprado livremente em agropecuárias para uso humano

10 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 11: Edição 74

por MArceLO [email protected]

uero pegar você no ar”, disse a re-pórter de um jornal local sobre como queria ilustrar a entrevis-ta com o bailarino Júlio Mello, 30 anos, no dia de estreia do seu espetáculo de street dance no Te-atro Municipal, em 2001. Júlio colocou um pé sobre o ombro e o outro sobre as mãos de um cole-ga. Tomou impulsão para o salto mortal, girou no ar, caiu de pé. “É isso. Vai ficar legal”, entusiasmou-se a repórter. O bailarino repetiu o movimento mais uma vez, para ajustes de foco. “Agora, valendo!”, anunciou o fotógrafo. Desta vez, o pé apoiado no ombro escorregou.

Com o outro, Júlio tomou impul-são e subiu mais alto que antes, mas não teve tempo de completar o giro. Caiu de cabeça no chão, cuspiu um dente, deslocou uma perna e um braço, trincou o crâ-nio. Levantou-se e disse que po-deria repetir o salto, caso tivesse saído do foco. A repórter e o fotó-grafo dispensaram a gentileza.

Braço e perna foram remedia-dos “num cara que põe os ossos no lugar, no bairro Pioneiro” pou-co antes da apresentação, à noite. A fratura no crânio foi descoberta só 15 dias depois do tombo, por causa das fortes dores de cabeça que obrigaram Júlio a procurar um médico. O coágulo, “uma mini-laranja no meio do cérebro”, como disse o doutor quando re-ceitou radioterapia, foi elimina-do naturalmente, “percorrendo todos os atalhos do cérebro, sem afetar nada”, relata o artista. De-pois de uma madrugada de sus-to – com sangue saindo da boca, dos olhos, dos ouvidos e do nariz –, Júlio estava pronto para outras

quedas e saltos ainda mais altos.

O bailarino não reclama dos tombos. Agradece a eles pelo iní-cio da sua carreira na dança, que alcançou o auge: ele está na semi-final do se ela dança, eu danço, programa do SBT que dará R$ 200 mil ao vencedor. Foi também um tombo que o colocou no mundo da dança, aos nove anos. Criado pelos avós na casa que recebeu de herança e onde vive até hoje com a mulher, ele acompanhava o avô na construção civil. “Gostava de pular do segundo andar em cima de um monte de areia. Um dia trinquei a rótula. Fiquei uns qua-tro meses com a perna engessada”, conta. Como fisioterapia, Júlio

participava dos exercícios em um projeto de balé clássico do Centro de Cultura Espírita Jardelino Ra-mos, do lado de casa, onde mais tarde também deu aulas de dança. “Até me apresentei na UCS, com traje de bailarino e tudo. Mas eu não convidava os meus amigos para assistir aos espetáculos”, ri o bailarino que hoje dança o clás-sico, o street dance e integra o grupo de dança contemporânea Quarta Parede.

Júlio deu aulas em escolas pú-blicas e para menores infratores, ministrou cursos e oficinas na prefeitura, mas nunca conseguiu viver só de dança. Nem teve apoio da família no início da carreira. “Eu era o neto homem da casa. Meu vô achava que isso não era trabalho, que dança não era coi-sa pra homem”. Na comunidade, o exigente professor ganhou o respeito dos alunos. “Dança não era coisa de homem. Mas aí tem o street dance. Tem saltos mortais. E risco de vida sim era coisa pra homem”, lembra Júlio. Em 1999,

ele se inscreveu no Festival de Dança de Caraguatatuba e juntou o dinheiro que ganhava como gar-çom – profissão que exerceu até o final do ano passado; hoje, traba-lha em casa como webdesigner – para ir a São Paulo. Na semana da viagem, o avô de Júlio adoeceu. “Eu desisti da viagem. Na UTi ele me disse: ‘Vai. Eu nunca quis, mas não adiantou dizer não. Tu lutou pra isso, então vai. Quero que tu vá’.” O neto não discutiu, mas te-mia que o avô morresse enquanto ele estivesse no concurso. Acon-teceu antes, no dia previsto para a viagem. “Meus tios vieram aqui em casa. Deram força para eu ir. Saí de madrugada, às 5h da ma-nhã passei no velório. À noite eu

me apresentei.” O solo O Podero-so Chefão, com roupas do avô no figurino, conquistou o segundo lugar no concurso. “Quando saiu o resultado, corri para achar um orelhão e ligar para casa. Estavam todos tristes, mas aquilo foi uma alegria.” Em 2002, como convi-dado do mesmo festival, Júlio trouxe mais um troféu para casa. Quatro anos depois, levou a irmã, sua aluna, para o concurso. Os dois disputaram na mesma cate-goria. Ele ganhou o ouro, ela, a prata. A advogada Virgínia Biglia, que trabalhava no centro espírita, foi quem levou Júlio para Porto Alegre. Virgínia perdeu o contato com o bailarino, mas até hoje ci-ta-o como exemplo nas palestras que ministra. “Ele tem uma alma de artista, que é fundamental para a sociedade nesse processo evolu-tivo em que vivemos.”

Há cinco anos o bailarino desistiu da dança para se dedicar ao trabalho de garçom. Foi quan-do acabou o grupo Mensageiros,

“o primeiro a levar a dança de rua para o linóleo e lotar as apresenta-ções na Casa da Cultura”. “Tu vai dançar no linóleo com esse sapa-tão?”, espantavam-se os adminis-tradores do teatro.

Fora de forma, Júlio decidiu que voltaria para a dança em 2011. Em um domingo de dezembro do ano passado, no intervalo de uma partida de futebol, um primo dele acessou o site do se ela dança, eu danço. “Vou te inscrever”, disse ele, e escolheu o vídeo do solo de O Poderoso Chefão, apresentado no último Bento em Dança, com batida de Hip Hop e movimentos de street. “Pode inscrever, nesses programas nunca chamam mes-mo”, desdenhou Júlio. Em janeiro

deste ano, ele recebeu um e-mail da produção do programa. Pen-sou nas despesas para viajar e des-cartou a possibilidade. No final de março, numa quinta-feira, a pro-dução ligou. Disseram que paga-riam a viagem e a hospedagem. O bailarino teria que se apre-sentar na quarta-feira seguinte. “Foram seis dias para responder um monte de perguntas que eles mandaram, enviar um vídeo com a coreografia para provar que era eu... Nem tive tempo de ensaiar. Decidi apresentar de novo O Po-deroso Chefão, mas numa versão contemporânea e ao som de violi-no. Decorei os tempos da música e no dia eu improvisei.”

O voo Caxias/São Paulo não era garantido. De madrugada, o cunhado de Júlio o levou para Porto Alegre. O empresário Paulo Piccoli, que o bailarino conheceu no restaurante onde trabalhava, pagou as despesas extras. Júlio chegou de manhã ao Teatro Frei Caneca, onde o programa é gra-vado à tarde. Teve um minuto e

De volta aos palcos

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Repr

oduç

ão/O

Cax

iens

e

É na apertada sala de casa que Júlio treina para a semifinal; na estreia na TV, ele improvisou; no grupo Quarta Parede, colabora com as montagens

DO TOMBO AO SALTO

Depois de muitas quedas, Júlio Mello reencontrou sua arte para concorrer a um prêmio de R$ 200 mil no programa se ela dança, eu danço, do SBT

www.ocaxiense.com.br 1130 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

“Q

Page 12: Edição 74

meio para fazer uma passagem de palco. A música com som de vio-linos, a dança contemporânea e a calça e a camiseta que ele usava não agradaram a equipe da pro-dução, que conhecia a coreografia apresentada no Bento em Dança, em versão street dance, com fi-gurino da máfia. Júlio manteve a opção pelo estilo “por sua conta e risco”, mas teve que trocar de rou-pa. “Vai lá e compra tudo o que tiver de gângster”, disse o diretor do programa a uma produtora.

Em pouco tempo, o novo traje do bailarino justificava o apeli-do de Poderoso Chefão que ele ganhara nos bastidores. “Chega lá e diz que você é gaúcho, que vai apresentar O Poderoso Che-fão. Eles (os jurados) vão ter uma surpresa”, sugeriu o diretor, pre-vendo que o júri pudesse pensar que Júlio integrasse a parcela ridícula dos candidatos selecio-nados para divertir o programa – aqueles que investem em figu-rinos chamativos e sabem que não têm chance de classificação. “Eu sou o Júlio Mello, de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul”, res-pondeu o bailarino à pergunta de Lola Melnik, a jurada ucraniana do programa. “Ah! Um gaúcho!”, recepcionou-o Jarbas Homem de Mello, o coreógrafo da mesa jul-gadora. “Ah, mais um gaúcho...”, desdenhou João Wlamir, o jurado

casca-grossa, na parte cortada na versão que foi ao ar. E os três tive-ram a surpresa prevista pelo dire-tor, assim que Júlio tirou a capa e o chapéu para dançar como tinha planejado. “Melancólico” e “sen-sível e muito bem executado” fo-ram as opiniões de Jarbas e Lola sobre a apresentação. João, o jurado mais exi-gente, deu o terceiro sim, mas não gostou do sapato surrado. “Pela sua emoção, você dança na pró-xima fase”, cedeu o último jurado. “Ti-nham passado breu no palco e o sapato que eu levei tran-cava. Daí eu calcei o mesmo que tinha usado na viagem”, explica o bailarino.

“eu estava emocionado não por estar no palco do programa, mas por voltar a dançar depois de cinco anos. O programa foi um incentivo”, diz Júlio. O que os jurados destacaram como “emo-ção” na coreografia Júlio chama de intenção corporal. Diz que deve ao corpo, não à expressão da face, a melancolia que encantou o júri. “Tem bailarino que sobe no palco e, antes de fazer qual-quer movimento, as pessoas já

prestam atenção nele. Em cinco anos parado, perdi forma física e ganhei maturidade”, analisa. Gis-laine Sachet, coreógrafa e diretora do grupo Quarta Parede, gostou da performance de Júlio na TV. “Ele explora a leveza dos mem-

bros superiores e as variações de tempo e suavidade. O mo-vimento acaba por ter uma relação de expressão”, descreve Gislaine. Conforme for o candidato, o se ela dança, eu danço começa a procurar nele um bailarino completo. Gislaine acha o termo muito amplo, mas confia

nas possibilidades do corpo de Júlio, que é intérprete colabora-dor no Quarta Parede, auxiliando com o seu repertório as monta-gens do grupo. “Ele tem um cor-po disponível. Articula bem em várias qualidades de movimento e está sempre pronto para desafios”, orgulha-se a coreógrafa.

No se ela dança, eu danço, quando o jurado João hesitou em aprová-lo, o bailarino foi hu-milde: “Ganhando ou perdendo, eu quero que as pessoas sintam o que eu estou tentando passar”. Nas próximas semanas Júlio deve receber outra ligação urgente e

viajar a São Paulo para a semifi-nal do concurso. “Voltarei melhor do que a melhor forma que eu já tive”, avisou Júlio, no final da sua participação no programa. Nesta fase, o candidato teve mais tem-po para ensaiar. Já criou as core-ografias e está treinando os mo-vimentos em casa. Dança na sala, em um espaço com pouco mais de 2 metros quadrados onde ca-bem poucos movimentos e mui-ta imaginação. “Faço um movi-mento, imagino o deslocamento e passo para o próximo, como se já tivesse me deslocado”, simpli-fica o bailarino. Para a semifinal, está decorando a trilha, mas ain-da não definiu o figurino. “Acho que vou dançar de pés descalços, para olharem a dança e não o sa-pato”, provoca. Júlio recebeu duas sequências com quatro músicas e teve que escolher uma de cada. Vai dançar um hip hop ao violino, da israelense Miri Ben-Ari, e uma clássica contemporânea do quar-teto feminino de cordas Bond. Na terceira coreografia, da sua esco-lha, optou por uma música brasi-leira, com letra que combina com a sua carreira. Sonhar mais um sonho impossível. Lutar quando é fácil ceder. (…) Voar num limi-te improvável. Tocar o inacessível chão deve cantar Maria Bethania quando Júlio subir ao palco para tentar mais um grande salto.

“Voltarei melhor do que a melhor forma que já tive”, prometeu Júlio, que deve disputar a semifinal nas próximas semanas

12 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 13: Edição 74

Recomenda

Recomenda

Recomenda

l Água para elefantes | Dra-ma. 13h50, 16h45, 19h20 e 21h50 (leg.) | Iguatemi

A adaptação do best seller de Sara Gruen tem Robert Pattinson – se esforçando para provar que é mais do que Edward Cullen –, Reese Witherspoon e Christoph Waltz, mas dizem que a melhor atriz do longa é mesmo a elefoa Tai. Na trama, que se passa nos anos 1930, Jacob (Pattinson), foge com o circo e acaba se apaixonan-do pela bela estrela do espetáculo, Marlena (Witherspoon), casada com o treinador de animais. 12 anos. 121 min..

l como você sabe | Comédia romântica. 13h40, 16h, 18h40 e 21h15 (leg.) | Iguatemi

Lisa Jorgenson, uma mulher que, aos 27 anos, acha que já pas-sou um pouco do seu auge, se vê no meio de um triângulo amoro-so entre um homem de negócios e um jogador de beisebol. A his-tória é bem água com açúcar, mas o elenco é mais salgadinho: Paul Rudd, Reese Witherspoon, Jack Nicholson e Owen Wilson são as estrelas dirigidas por James L. Brooks. 10 anos. 120 min..

l Thor | Aventura. 14h, 16h20, 18h50 e 21h30 (leg.), 13h30 (dub. 3D), 16h10, 19h e 21h40 (leg. 3D) | Iguatemi

O mitológico Thor é o mais novo herói da Marvel a virar es-trela de filme. Depois de um in-

cidente com os deuses, seu pai, Odin, decide exilá-lo na Terra, sem poderes. Em domínios mor-tais, ele deverá provar que é dig-no de levantar novamente seu martelo e reaver suas habilidades. Dirigido por Kenneth Branagh. Com Natalie Portman, Chris He-msworth e Anthony Hopkins. 10 anos. 114 min..

l inverno da Alma | Drama. Sábado (30) e domingo (1º), 20h (leg.) | Ordovás

Prepare o estômago: o drama tem cenas impactantes de violên-cia. Foi indicado a alguns Oscars em 2011 e conta a história da jo-vem Ree Dolly, que cuida da mãe e dos dois irmãos ao mesmo tem-po em que desafia os criminosos da região para encontrar seu pai. 14 anos. 100 min..

l Pânico 4 | Terror. 22h10 (leg.) | Iguatemi

“Você é uma sobrevivente, não é, Sidney? Sua única e exclusiva habilidade, você sobrevive. Eu tenho uma pergunta para você: qual a vantagem em ser uma so-brevivente nesse pequeno drama se todos os outros estão mortos?” Dirigido por Wes Craven. 14 anos. 110 min..

l rio | Animação. 13h20, 15h30, 17h40 e 19h40 (dub.) | iguatemi

Desde sua estreia em 8 de abril, a animação da Pixar, dirigida por Carlos Saldanha, já arrecadou aproximadamente R$ 49 milhões, maior rendimento do ano no país. Livre. 96 min..

www.ocaxiense.com.br 1330 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

[email protected] carol De Barba |

Guia de Cultura

Água para elefantes, Como você sabe e Inverno da Alma, o doce, o sem sal e o amargo nas estreias do cinema

Cal

ifor

nia

Film

es, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Sony

Pic

ture

s, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Fox

Film

, Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

cineMA

Page 14: Edição 74

Recomenda

Recomenda

AinDA eM cArTAZ: Hop – rebelde sem Páscoa. Comédia. 14h15 e 17h (dub.). iguatemi | rango. Animação. 16h (dub.). UCS | sexo sem compromisso. Romance. 18h (leg.). UCS | cis-ne negro. Drama. 20h (leg.). Sem sessão na terça (03). UCS

l Ato show, em comemoração ao Dia do Trabalhador | Do-mingo (1º), às 13h30

Para comemorar a data, Tchê Garotos sobe ao palco às 15h, seguido por Oswaldir & Carlos Magrão, às 16h. Para encerrar, show com Papas da Língua, pre-visto para as 17h. Lucas e Marcos, Família Hip Hop e Bateria Show também integram a maratona de apresentações.Parque de eventos da Festa da uvaEntrada franca (o transporte cole-tivo terá passe-livre)

l estação Pagode | Sábado (30), 23h30 |

A atração principal da segunda edição do evento é o grupo Pi-xote. Show de abertura com Tira Onda e U Que Ki Mudou. Os in-gressos na Aroma Café (Shopping Prataviera), Vertical Modas e Cia. Básica.All need Master HallR$ 30 (pista), R$ 50 (mezanino) e R$ 60 (camarote) |

l Alemão ronaldo Acústi-co | Terça (03), 22h |

Um show mais comportado – mas não menos divertido – de um dos dinossauros do rock gaúcho, líder das extintas bandas Tarana-tiriça e Bandaliera.MississippiR$ 15 (feminino) e R$ 20 (mascu-lino) | Estação Férrea | 3028-6149

TAMBÉM TOcAnDO – sába-do (30): A4 + DJ eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Ale ravanello Blues combo. Blues. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Back Doors Band. Rock. 23h. Vagão Classic. 3223-0616 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Bier

Haus. 3221-6769 | creeden-ce clearwater revival Tribute. Rock clássico. 22h. Mississippi. 3028-6149 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Discorama. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | eles promovem. Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. 23h. Move. 3214-1805 | sepultura cover. Rock pesado. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Lolô Bortho-lacci. Eletrônica. 23h. Havana. 3224-6619 | João Villaverde e Filhos de Ye. Samba. 00h. Boteco 13. 3221-4513 | Bete Balanço + BeteFull. Pop rock. 23h30 Bukus Anexo. 3285-3987 | Barbaquá. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Domingo(1º): Tri Legal + DJ eddy. Pagode. 21h. Por-tal Bowling. 3220-5758 | Ter-ça(03): Gustavo reis Acústico. Som Brasil e samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Gui Oli-veira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Quarta(04): Junk Box Acústico. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Maurício e Daniel. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Projeto rock e cultura. 21h. Vagão Classic. 3223-0616 | The Blugs. Rock. 22h. Mississippi. 3028-6148 | Quinta(05): Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Grupo Macuco. Tradicio-nalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Quinta-feira do Beijo. Vagão Classic. 3223-0616 | Fabrício Beck Trio e Banda Disco. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | es-tado novo country + DJ eddy. Sertanejo universitário. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | The Hawks. American Country. 22h. Mississippi. 3028-6149 | sex-ta(06): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Mississippi. 3028-6149 | Branco no Preto. Som Brasil. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Fullgas + DJ eddy. Pop rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Luidhi Moro Muller + Pátria e Querên-cia. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 |

l (e)terno | Domingo(01), 20h |O espetáculo da Cia 2 preten-

de colocar, através do teatro e da dança, imagens e sensações de espera e solidão. No palco, uma mulher interpretada pela atriz Tefa Polidoro, aguarda notícias do marido que viajou e instiga o público a vivenciar todas as suas angústias, decepções e incertezas. Márcio Ramos dirigiu a peça com orientação de Lucieane Olendzki.Teatro do sescR$20 e R$10 (estudantes, comer-ciários e sênior)| Moreira César, 2.462 | 3221-5233

14 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Da água para o vinho: Alemão Ronaldo e Pixote são atrações

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

MÚsicA

TeATrO

inGressOs - iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia en-trada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estu-dantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocor-rem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito indus-trial. 3209-5910 | ucs: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programa-ção ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antu-nes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

Page 15: Edição 74

Recomenda

Recomenda

Recomenda

www.ocaxiense.com.br 1530 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

LiTerATurA

FeirA

eXPOsiÇÕes

DAnÇA

l iV encontro em comemo-ração ao Dia da Dança | Sá-bado (30) e Domingo (1º), das 13h30 às 19h30 |

Depois da variedade de estilos que lotaram três noites de espe-táculos na Casa da Cultura, a pro-gramação do Dia internacional da Dança realiza 11 workshops.As oficinas serão ministradas por Carine Turelly e Gui Ribei-ro (musicalização e performance corporal), Ney Moraes (dança contemporânea), Juliano Dias (hip hop), Lisa Susin (Jazz), Caê Monteiro e Mônia Viganó (dan-ça de salão), Gislaine Sacchet (dança contemporânea), Caroli-na Oliveira (hip hop), Matheus Brusa (dança contemporânea), Karime Domit (dança flamenca), Marcelinho Silva (oficina Tem-pero, sotaque do corpo no tam-bor) e Michele Trentin (dança do ventre). Há 30 vagas por oficina.sala da cia. Municipal de Dan-ça e Teatro do OrdovásInscrições gratuitas | Luiz Antu-nes, 312 | 3901-1316

l Mistura Fina | Sábado, 20h |Como o tema anuncia, o espe-

táculo da Escola de Danças Car-la Barcellos propõe uma dose de cada estilo trabalhado nas aulas para formar um coquetel de rit-mos: desde dança do ventre, até salsa, forró, samba, valsa e assim por diante. A apresentação terá 23 coreografias durante cerca de 1h30 de espetáculo. Os ingressos podem ser adquiridos na escola, que fica na Rua Guia Lopes, 38, próximo ao Mato Sartori.Teatro são carlosR$ 15 | Feijó Junior, 778 | 3221-6.387

l Luz do Verbo | Terça (03), às 20h |

O mais aplaudido e influen-te escritor em língua inglesa, William Shakespeare é tema da nova temporada do projeto lite-rário na Do Arco da Velha Livra-ria e Café. Vida e obra do genial e misterioso bardo inglês serão abordadas pelo poeta Marco de Menezes e pelo jornalista Nival-do Pereira. Entre trechos de fil-mes e outras imagens, haverá lei-turas dramáticas com Maquiam Silveira e Tina Andrighetti.Do Arco da VelhaEntrada franca | Os 18 do Forte, 1.690 | 3028-1744

l Mãos da Terra | A partir de sexta (29), das 14h às 22h |

Bonecas e chapéus russos, es-tatuetas africanas, malha perua-na... A 3ª Mostra internacional de Cultura e Artesanato oferece uma mostra de peças feitas em todo mundo nos Pavilhões. Serão 250 expositores, com representantes de 28 países e 15 estados brasilei-ros. A produção local também es-tará representada na Feira do Ar-tesão Caxiense. centro de eventos da Festa da uvaR$5 (o estacionamento custa R$8)

l Acumulações sensíveis | Abertura terça-feira (03), às 18h. De segunda a sexta, das 9h às 19h, sábado das 15h às 19h |

Sob curadoria de Ana Zavadil, a mostra traz obras da artista con-vidada Vera Wildner e de Angela Zaffari, Beth Gloeden, Celma Pa-ese, Esther Bianco, Fabiano Rocha, Giana Kummer, Karina Laino, Le-andro Machado, Liane Krezinger, Rosali Plentz e Sheila Prade. Na terça (03), às 18h, eles conversam com o público, na sala de cinema, sobre pintura contemporânea.Galeria do OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l cultura tibetana nas pe-regrinações budistas | De se-gunda a sexta, das 8h às 22h30 |

A exposição é resultado do regis-tro da peregrinação da arquiteta e fotógrafa ilka Filippini, entre 2006 e 2010, pela Ásia. Galeria de Arte do campus 8Entrada franca | RS 122, Km 69 | 3289-9000

l cidades imaginárias | De segunda à sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h |

A exposição da artista plásti-ca uruguaia Martha Rodriguez Planke, que mora em Porto Ale-gre desde 2006, reúne 52 obras em técnicas de colagem de papel sobre papelão.Galeria MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

AinDA eM eXPOsiÇÃO – À procura da arte. Guilherme No-gueira de Castro. Segunda a sexta, das 8h30 às 18h30, sábados e do-mingos, das 8h30 às 12h30. Espa-ço Cultural da Farmácia do ipam. 3222-9270 | Frames da Dança. Diversos fotógrafos. Até domingo (1°), das 15h às 19h. Saguão de Ex-posições do Ordovás. 3901-1316 | Páscoa - celebração à Vida. Acervo. De terça a sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221-2324 | Transformação/Transfor-mazione. Lucí Barbijan. Até do-mingo (1°), das 15h às 19h. Galeria do Ordovás. Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

ATUALIZAÇÃO CADASTRAL As empresas dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico filiadas aos

SIMECS e que ainda não enviaram à entidade os dados referentes à atualização cadastral 2011 devem fazê-lo com a máxima brevidade. Através da emissão do formulário que deverá ser preenchido, o SIMECS solicita a conferência e atualização dos dados, com o retorno do mesmo de forma urgente. Com a entrega deste material através das indústrias metalmecâni-cas, o SIMECS dará continuidade ao trabalho de reformulação do seu Banco de Dados, o qual permitirá um melhor conhecimento dos produtos fabricados, serviços prestados e o nome da empresa, o que certamente será mais uma importante ferramenta de negócio para as indústrias do setor. Além disso, a atualização cadastral das empresas contribuirá para a nova edição do Guia de Produtos e Serviços elaborado pelo SIMECS. As informações deverão ser encaminha-das para o SIMECS pelo e-mail: [email protected]

LIVRO SIMECSApós lançar a obra Por Que Somos Como Somos o SIMECS informa às suas empresas fili-

adas e a comunidade em geral que o livro está sendo comercializado junto às principais livrarias de Caxias do Sul. A Editora Belas Letras responsável pela comercialização esclarece que outra forma de aquisição do produto é via eletrônica. Basta acessar o site da editora: www.belasletras.com.br/produtos_detalhes.php?id=2047 e clicando neste link aparecerá a opção direta para a compra, através de cartões de crédito, boleto bancário ou transferência bancária. A Obra Por Que Somos Como Somos está sendo comercializa ao preço de R$ 60,00. Mais informações pelos fones (54) 3228.1855 e 3228-8572.

EVENTOS SOBRE INSALUBRIDADEAtravés de sua Assessoria de Saúde e Segurança o SIMECS realizou no mês de abril dois

importantes encontros relativos ao tema: Pagamento de Insalubridade. O objetivo das palestras foi destacar as consequências decorrentes do pagamento deste adicional e a necessidade de que as empresas trabalhem no sentido de eliminar as causas geradoras do mesmo. Conforme o engenheiro de segurança Vitor Hugo Facchin e que ministrou as palestras, este assunto traz inquietação sobre uma área aparentemente tranqüila pela crença de que ao pagar insalubri-dade, não existem reclamatórias. Mudanças na legislação trabalhista em estudo, proposição de ações regressivas, enquadramentos por Nexo técnico Epidemiológico – NTEP, aplicação do FAP e entendimentos do Judiciário sobre concessão de Aposentadoria Especial, necessitam ser enfrentados com investimentos na Saúde e Segurança dos trabalhadores, de modo que os agentes insalubres presentes no ambiente de trabalho não hajam de forma prejudicial.

MEIO AMBIENTEUm expressivo público participou no dia 13 de abril da palestra sobre Ecotoxicidade Aquática

– Novos Desafios para as indústrias. O evento que foi coordenado pela Comissão de Meio Ambiente do SIMECS contou com a participação de supervisores e técnicos de estações de tratamento de efluentes, profissionais e técnicos de laboratórios de análises de efluentes das empresas do segmento metalmecânico. O encontro teve como palestrante o biólogo Jorg Henri Saar, formado pela Universidade de Saarland (Alemanha) e com mais de 15 anos de experiên-cia em tratamento de efluentes industriais e ecotoxicologia aquática. Durante a palestra Jorg Saar abordou itens importantes para o segmento industrial, entre os quais: CONAMA 357/05 e CONSEMA 129/06; Legislação ambiental aplicada a outros estados; História dos bioensaios; Como funcionam os testes ecotoxicológicos; Soluções práticas para a redução de toxicidade da ETE; Diagnóstico de fábrica para identificar origem da toxicidade dos efluentes; Técnicas e novas tendências no reuso de água.

TRATAMENTO DE EFLUENTESNo período de 10 a 13 de maio de 2011, o SIMECS realizará em seu auditório o Curso

Básico de Capacitação para Operadores de Estações de Tratamento de Efluentes. Voltado para os profissionais que atuam na área ambiental das empresas dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico o evento terá como conteúdo programático: Noções básicas de química; Tratamento primário de efluentes; Segurança no manuseio dos produtos; Resíduos gerados no processo; Parâmetros de controle de efluentes; Padrões legais. Ministrado pela engenheira química Fátima Rosele Evald, da empresa Riavere – Assessoria Química e Ambi-ental, o curso terá uma carga de 15 horas. As inscrições para este evento já foram encerradas.

MÉRITO INDUSTRIALO diretor do SIMECS e da empresa Guerra S/A, Marcos Guerra e o diretor da Tramontina

S/A, Clóvis Tramontina serão agraciados com o Prêmio Mérito Industrial do Rio Grande do Sul FIERGS/CIERGS edição 2011. Os nomes dos industriais foram divulgados pela FIERGS. A dis-tinção também será entregue a Arnaldo Passarin, Enio Lucio Schein (in memoriam), José Aury Klein , no dia 26 de maio. A solenidade será na sede das entidades e integra os atos comemora-tivos do Dia da Indústria. Criado em 1971, o Mérito Industrial é uma premiação concedida pela Federação e pelo Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul nos anos ímpares, distinguindo industriais com marcante atuação na comunidade e no meio empresarial. Os agraciados são indicados por sindicatos da indústria filiados à FIERGS e entidades associadas ao CIERGS. A escolha é feita através de uma Comissão Especial.

FEIMAFE 2011 Já está formado o grupo de representantes das empresas do SIMECS que no período de 26

a 28 de maio visitará a Feimafe 2011 – Feira Internacional de Máquinas e Ferramentas. O even-to acontecerá no Parque Anhembi em São Paulo. A feira irá apresentar as melhores soluções em máquinas-ferramenta, automação, controle de qualidade, acessórios e ferramentas. Mais de 1.300 expositores já confirmaram presença. A feimafe 2011 também será uma oportunidade para os visitantes conhecerem as tendências da indústria, fazer contatos e planejar os rumos do setor industrial. Os setores de exposição serão: Máquinas-Ferramenta; Moldes e Fundição; Sistemas de Solda; Sistemas Integrados de Transporte Interno; Automação; Robôs Industriais e Manipuladores; Células e Sistemas Flexíveis; Controle de Qualidade Integrado à Fabrica-ção; Máquinas de Medição; Máquinas Tridimensionais; Componentes Elétricos, Eletrônicos e Mecânicos; Componentes Hidráulicos, Pneumáticos e de Lubrificação, entre outros. Na edição de 2009, a Feimafe contou com um número de 1.300 expositores e 67.700 visitantes, numa área total de de 72.000 m².

VISITA À AUTOMECA Automec (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços) chegou à sua 10°

edição, mostrando toda a força e potência da indústria automotiva. O SIMECS organizou um grupo de empresários e representantes de suas empresas filiadas que visitou o evento no período de 14 a 16 de abril em São Paulo. A Automec 2011 contou com a participação de 1.142 marcas expositoras - das quais, 130 estiveram pela primeira vez no evento. A feira recebeu mais de 70 mil visitantes/compradores das principais capitais do Brasil e outros 31 países. Entre as soluções em tecnologia automotiva que estiveram em exposição, destacaram-se sistemas de amortecedores que prometem mínimo impacto no transporte de cargas, aumentando o controle direcional, estabilidade, segurança e conforto para o motorista e passageiros. Os participantes coordenados pelo SIMECS demonstraram satisfação em conhecer os mais de mil estandes de exposição, potencializando futuros negócios, além do fato da feira ter sido alternativa de conhe-cimento e aprimoramento profissional.

SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 – Caixa Postal 1334 – Fone/Fax:

(54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul - Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br – [email protected]

Page 16: Edição 74

por PAuLA sPerB e MArceLO ArAMis

"Tu não podes ser a palmatória do mun-do, fazemos o que está ao nosso alcance!", alertou certa vez a mãe de Ana Caravan-tes, que desde pequena se comovia com a situação dos menos favorecidos e já traba-lhava para o próximo, mas fi cava frustra-da quando não conseguia ajudar. Ainda criança, Ana queria mais do que apenas doar comida ou agasalho para quem ba-tesse em sua porta solicitando ajuda. Ela queria saber por que pediam esmolas, por que não tinham trabalho. Em 1986, começou ofi cialmente o trabalho volun-tário no Centro Cultural Espírita Jarde-lino Ramos. Atualmente, após seis anos de envolvimento com a entidade, ela é a nova presidente da Parceiros Voluntários, e também atua colaborando com o Banco da Mulher e com a Fonte de Apoio, que trabalha com famílias de ex-apenados. Na Parceiros Voluntários, Ana pretende dar continuidade ao trabalho que tem como principal foco adolescentes em vulnerabi-lidade social. A presidente cita o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, que têm produzido ótimos resultados ocupando o tempo livre de jovens com atividades e evitando que eles se envolvam com dro-gas. Para ser voluntário da Parceiros, en-tre em contato pelo telefone 3218-8085.

Para Cristina, a dança em Caxias merece aplausos. Na última semana, a coordana-dora da Unidade de Dança da Secretaria Municipal da Cultura e Diretora da Cia. Municipal de Dança viu lotar a Casa da Cultura nas três noites de espetáculos em comemoração ao Dia internacional da Dança. "Há uma semana do evento, os ingressos já estavam esgotados", comemo-ra. No palco, 22 grupos se apresentaram. Conforme Cristina, para alguns deles essa é uma das poucas oportunidades de dançar em um palco com boa estrutura e sem nenhum custo. Teve clássico, contem-porêneo, fl amenco, dança de rua, hip hop, jazz... "A ideia foi diversifi car a programa-ção", conta a organizadora. Sábado (30) e domingo (1°) a programação encerra com 11 workshops, também gratuitos (ver Guia de Cultura, página 14). Formada em Direito, Cristina deixou os palcos, onde dançou e deu aulas de balé, jazz e dança contemporânea, para advogar. Atualmen-te, exerce a profi ssão nas horas vagas, que não são muitas, porque a dança exigiu de novo a sua dedicação.

AnaCristina

izabel Amoretti caravantes

nora

16 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

@FuckYeahcs | O fake mais adorado e odiado (ou seria temi-do?) de Caxias era uma sátira de coluna social, com humor ácido e

referências refinadas. Na última quinta (28), o FYCS abandonou o blog onde publicava as fo-tos e as legendas da coluna antissocial. Deixou 1.205 habitués órfãos e muita "gente bonita" aliviada.

Com a segurança do anonimato, muitos perfis surgem em Caxias. O que vale a pena – ou nem tanto – seguir.

@Forqueta | Do “lugar mais simpático ” e “onde tem a estátua do Bacco” é de onde surgem críticas sobre o desvio de pedágio, costu-

mes e hábitos do local. Tem feito mais sorteios do que comentários ultimamente.

@caxiasdepressao | Fora os comentários sobre o clima de Ca-xias, o perfil poderia ser feito em qualquer lugar do mundo: tiradas

sobre o cotidiano, comentários sentimentais, observações e muita, mas muita depressão.

@Historiacaxias | Pérolas sobre a história da cidade. Costu-mes e ditados que, apesar de anti-gos, permanecem na nossa cultura.

Curadoria digna de historiador, que merce bem mais dos que os atuais 160 seguidores.

@JoanimPepperoni | Vale seguir pelo esforço que resulta no idioleto estético peculiar, como ex-plicaria Umberto Eco. Apesar da

linguagem cocanhense, não rende muitos ri-sos. Segue muitos jornalistas na tentativa de ser seguido. Muito milho, farinha e deboche.

Twitter | Anônimos

Dat

apho

to, D

ivul

gaçã

o/O

Cax

iens

e

Page 17: Edição 74

por cArOL De [email protected]

ma vez por semana, o caminhão da cervejaria Continental passava pela praia de ipanema, às margens do Guaíba. Era uma caminhonete velha, na verdade. Caindo aos pe-daços, com o logotipo da empresa desbotado na caçamba. Naquele tempo, década de 1930, não havia eletricidade, quiçá geladeira nas poucas casas da localidade. O car-ro era muito aguardado porque ia passando e largando pedregulhos enormes de gelo, usados pelos moradores para conservar os ali-mentos. “A gente sabia que não podia lamber, porque era feito de água do Guaíba, suja”, lembra a senhora de 82 anos, na época uma garotinha ansiosa para que uma lasca gelada se soltasse quando os funcionários atirassem o bloco no chão. “Um dia, escondida, roubei um pedaço e guardei embaixo da cama, para lamber de noite. ima-gina. Quando fui dormir, tinha só uma pocinha d’água”, lembra, como se voltasse à infância, a ar-tista plástica Rita Bromberg Bru-gger.

Nascida em Porto Alegre, Rita morou até os cinco anos no Cen-tro da Capital. Seu avô Martin, descendente de alemães, era dono

da poderosa firma Bromberg, que importava da Europa, principal-mente da própria Alemanha, todo tipo de produtos – desde máqui-nas agrícolas até alfinetes – para vender no atacado e no varejo. O pai de Rita era caixeiro viajante da empresa da família. “Ele viajava pelas cidades carregando um livro enorme, que tinha todos os pro-dutos que vendiam. Acho até que eles faziam muitos negócios com os Eberle, porque eram bastante amigos”, conta. Em 1917, muito antes de Rita nascer, a Bromberg pegou fogo. “Foram os ingleses que mandaram queimar, por cau-sa da guerra”, afirma. Nos anos se-guintes, a firma se reergueu, mas logo veio a Grande Crise de 1929 e ela não resistiu.

Com o fim do negócio, em 1933, Rita e a família mudaram-se para a praia de ipanema, no Guaíba. Lá, a guria espoleta, apesar da “educação um pouco mais prus-siana”, rígida, vivia completamen-te livre. Solta para correr, brin-car, trepar em árvores e rabiscar. “Sempre desenhei, desde que me lembro.” Só não dispunha de uma série de lápis, tintas, canetas e pa-péis, como hoje ela tem para em-prestar aos netos. Rita desenhava em sacos de papel, usados para embrulhar comida. Ou, com o

dedo, fazia seus traços em vidros embaçados, na terra, na areia... “Uma vez, desenhei na parede, em cima da cama. Ganhei umas boas chineladas.” Mas engana-se quem pensa que Rita era uma garota quieta, encerrada em seus desenhos. Ela topava qualquer atividade que envolvesse se su-jar à vontade, sem-pre acompanhada dos irmãos, Oscar, Walther e Claus. “Para poupar rou-pa, vivíamos pela-dos. Quando algum amiguinho nos visi-tava, tinha que ficar pelado também”, re-lembra, rindo. Certa vez, desenhou uma história em qua-drinhos sobre uma mulher que recebia visitas mas não podia abrir a porta, pois esta-va apenas de anágua, como a que via sua mãe usar.

A arte de Rita, aliás, sempre foi um retrato do seu mundo – fos-se real, fosse fantástico. Uma vez, sua mãe lhe contou a história de um noivo que chegara atrasado ao casamento, de pijamas, com a barba por fazer. “Eu sempre dese-nhava isso, ele com uns espetos na cara e a noiva toda emperiquita-

da, no altar.” Em outro desenho, um cavalo entra pela janela. A inspiração vem de quando a mãe colocou os três filhos para ter li-ções de equitação.

No Colégio Farroupilha, ela se destacava pelo desempenho nas aulas de artes, mas também pelo mau comportamento. Das au-

las de inglês, que dominava graças à bisavó, foi expul-sa porque “só fazia besteira”. Nos perío-dos de Matemática, que odiava, passava o tempo fazendo ca-ricaturas dos mes-tres. “Acho que eles sabiam, porque bem quando terminei de desenhar todos eles o professor de Ma-

temática recolheu meu caderno”, conta. Muitos anos depois, ao reencontrá-lo, cobrou o paradei-ro do caderno. “Ele disse que não lembrava, imagina. Duvido!”

como rita se criou só com guris, depois de concluir os estu-dos básicos, seus pais acharam por bem colocá-la em um internato feminino, em Novo Hamburgo. “A gente aprendia economia domés-tica, depenar galinha... Eles mata-

Perfil

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

“Eu digo que não tenho sangue de artista. Artista mesmo dá tudo pela arte. Eu não, minha família vem em primeiro lugar”, diz Rita

Aos 82 anos, Rita segue trabalhando, seja para ilustrar best-sellers como os de Laurentino Gomes, seja para preservar as memórias dos netos

u

A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

Rita Bromberg Brugger, a artista que vive e desenha sem frescuras, no papel de pão, nos livros e nas telas

www.ocaxiense.com.br 1730 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Page 18: Edição 74

vam um porco e a gente tinha que fazer salsicha, torresmo, essas coi-sas”, explica. Ela não gostava, não estava acostumada. Além de “as gurias serem muito fofoqueiras”, tarefas da casa nunca foram exa-tamente sua especialidade. “Mas no fundo, no fundo, acho que foi um pouco bom”, conclui. Depois de um ano, estava pronta para a faculdade. Queria Medicina, mas os pais não deixaram, pois acha-vam que ela sofreria sendo uma das únicas garotas. “Hoje, depois de acompanhar meu marido em várias cirurgias, acho que eu não seria uma boa profissional”, diz a artista, que acabou casando com um médico, mas escolheu para si o curso de Belas Artes, na UFR-GS. Rita não se sentia muito bem lá. A turma, cheia de arquitetos, “era muito moderna” para seu gosto, e ela foi concluindo o cur-so aos poucos, levando bem mais dos que os quatro anos que se-riam suficientes. Ao mesmo tem-po, lecionava em algumas escolas, como o internato de Novo Ham-burgo. Chegou a morar três me-ses no Chile, pois sua avó havia conhecido um “grande artista” lá e fazia questão que a neta tivesse lições com ele. O tal grande artis-ta foi, sim, uma grande decepção. “Ele desenhou uma sereia num ladrilho de banheiro que eu, com seis anos, fazia melhor”, revela.

Foi nessa época também que ela conheceu o estudante de Me-dicina José Brugger, na festa de despedida do irmão Oscar, que estava indo estudar nos Estados Unidos. “Aquela vez, fiz uma coisa pela qual minha mãe me xingou depois: não dancei com ela”, conta o Dr. Brugger. O que lhe chamou mais atenção em Rita, e chama até hoje, foi o sorriso. A arte ele co-nheceu só depois. “Tinha várias obra na casa, mas ela foi se de-senvolvendo mais principalmen-te depois que os filhos estavam grandes”, conta o marido.

O casamento foi celebrado na Áustria. Os sogros de Rita fize-ram questão que o filho concluís-se parte dos estudos lá, e os pais da moça, que ela casasse logo. “Eu

já estava com 27 anos. Para a épo-ca, quase velha demais”, lembra. Uma vez casados, construir uma vida na Europa devastada pela Segunda Guerra não foi tarefa fácil. O estrangeiro Brugger não ganhava dinheiro e o casal sequer encontrava lugar para morar. Como novos conflitos es-tavam começando na Hungria, Rita, quase no final da gravidez da primei-ra filha, Annemarie, voltou às pressas para o Brasil. Por insistência dos pais, José ficou mais três meses, mas termi-nou os estudos em terras brasileiras.

Quando finalmente se estabele-ceram em Caxias, foram morar na chácara dos Brugger, no Sagrada Família. Na época, o local era re-almente afastado do Centro, um vasto campo onde o sogro de Rita, honrando tradições tirolesas, cul-tivava frutas – maçãs e pêssegos.

Depois de Annemarie, a artista teve mais quatro filhos – ingrid, Peter, Erica e Paulo –, todos em um espaço de sete anos, voltan-do toda sua dedicação a eles. “Por isso eu digo que não tenho sangue de artista. Artista mesmo dá tudo pela arte. Eu não, minha família vem em primeiro lugar”, ressalta. Na chácara, criou os filhos livres como ela. “Uma vez, a Erica pe-gou 62 sapos no banhado e colo-cou todos dentro de uma casinha de bonecas que tínhamos no pá-tio”, recorda. Rita diz que a arte ficou de lado até os filhos se enca-minharem, mas é só ouvir as his-tórias deles para perceber que, na verdade, a criatividade da artista foi apenas, digamos, redireciona-da nesse período. Segundo Anne-marie, os trabalhos de Educação Artística dela e dos irmãos eram sempre os mais bonitos da escola, graças às ideias e à ajuda da mãe – que agora, com os netos, faz roupinhas de boneca, anjos para o pinheirinho e biscoitos confei-tados no Natal, ovos pintados na

Páscoa, concursos de pinturas, es-culturas de argila e fantasia entre os primos, oficinas de arte, entre outras atividades para estimular a imaginação das crianças.

rita foi uma das primeiras

mulheres a dirigir em Caxias. Uma Ve-raneio azul, que ia arrecadando a guri-zada pelo caminho e largava todos no colégio. Annemarie recorda que, duran-te uma gincana do Cristóvão de Men-doza, a Veraneio fez participação espe-cial. Rita confeccio-nou um cachorro

gigante, um Pluto, espécie de sím-bolo da equipe, e amarrou sobre o carro. “Ela era a motorista da turma, e a caminhonete acabou virando o carro oficial da equipe.” Com a mãe, Annemarie aprendeu a ser verdadeira, a não dar tanta importância aos valores materiais e a se expressar de forma original. “Ela era muito agregadora. Sem-pre cabia mais um na mesa.”

A imensa quantidade de amigos dos filhos estimulava Rita a exer-citar sua arte. Ela fazia retratos das crianças às vezes brincando, às vezes posando com os pais. De graça, no começo. Foi desenhan-do, agradando e ficando conhe-cida, a ponto de pessoas de Far-roupilha e até uma família dona de uma vinícola em Bento Gon-çalves quererem ser retratadas por ela. “Teve uma época que eu estava na moda”, diz a artista. “As pessoas chegavam para mim e di-ziam ‘tem uma obra sua na minha sala’.” Rita também foi fazendo amizade com outros artistas, en-tre eles Odete Garbin. Ambas – e mais uma série de outros artistas caxienses – fundaram, em 1988, o Navi, Núcleo de Artes Visuais de Caxias do Sul, quando o Atelier Livre da UCS, onde trabalhavam antes, passou por mudanças. “A Rita tem o coração tão grande quanto ela”, diz Odete, brincando com a altura da amiga. “Todos no

Repr

oduç

ão/O

Cax

iens

eA

cerv

o Pe

ssoa

l/O

Cax

iens

e

“Teve uma época que eu estava na moda. As pessoas chegavam para mim e diziam ‘tem uma obra sua na minha sala’”,lembra a artista

Espera, em livro do Navi; Rita na juventude

18 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Page 19: Edição 74

www.ocaxiense.com.br 1930 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Navi têm uma amizade e um ca-rinho imenso por ela, tanto pela artista quanto pela pessoa.”

Odete, como outros colegas, ganhou diversos desenhos de presente da amiga. Num deles, é retratada com todas as atividades do Navi ao seu redor – cursos, exposições, telefones, contas – e o marido, ao fundo, mendigando um pouco de atenção. Por causa da idade, Rita não frequenta mais a sede do grupo tão assiduamen-te quanto costumava, mas quem precisa sempre pode contar com ela. “Sua generosidade é inata”, elogia Odete, lembrando dos tra-balhos voluntários que a amiga faz, como o livro 4+4+4 Ami-guinhos, para ajudar o Hospital

Pompéia. A colaboração de Rita foi fundamental em projetos co-letivos do Navi, como a restaura-ção da obra de Aldo Locatelli na prefeitura e o painel da imigração italiana, na escadaria da Cate-dral. “Como sou pequeninha, ela dizia que eu pintava os rodapés do mural”, ri Odete. As grandes obras não serviram apenas para o desenvolvimento das artistas. “Passávamos o dia inteiro ali, di-vidindo problemas e alegrias. E a Rita sempre repartiu seu sucesso com os colegas”, diz a amiga. Tan-to é que Rita fez pouquíssimas ex-posições individuais e muitas em grupo – a lista completa, dessas e daquelas, não lembra.

Hoje, o pouco interesse que ti-

nha por fazer exposições se foi. Cansou de pintar quadros gran-des, e nunca gostou de aparecer – sequer faz questão de falar sobre a dupla de rainhas da Festa da Uva da família, Annemarie e a neta Julia. Rita está gostando mes-mo é de fazer ilustrações. “Man-dei mais de 130 desenhos para o 1822, do Laurentino Gomes”, calcula. Ela também já ilustrou o premiado 1808, livro de estreia do jornalista, que fala sobre a fuga da família real portuguesa para o Brasil. Apaixonada por histó-ria, já havia publicado nessa área Diário de um imigrante (2000, Maneco) e Pedro e Leopoldina (2007, Educs). Resolveu arriscar e enviou seus trabalhos pelo cor-

reio, de presente para Laurentino, que ficou encantado e imediata-mente aceitou a oferta de Rita. “E vai ter mais o 1889, que ele já está escrevendo”, anuncia, orgulhosa. Além disso, Rita está fazendo, sobre ela e cada um dos netos, li-vretos de memórias que são ver-dadeiras preciosidades. A histori-nha de quando um deles, Matias, ganhou, magoado, uma bicicleta rosa antiga de uma prima ganha vida novamente nos traços da avó. A amiga Odete define bem o estilo da artista, nada dramático, leve, com uma graça muito par-ticular, que já contou histórias de mulheres ao vento, mães, crian-ças, caçadas... “Até os cachorros da Rita têm expressão.”

Page 20: Edição 74

[email protected]

[email protected]

,

As Ruínas do Cassino, hoje ponto turístico de Canela, serviu de cenário para a obra de Hugo. Na imagem, o ator, bailarino e mú-sico Marcelo Donini se arrisca diante de um buraco no piso de concreto que seria de um luxuoso hotel em Canela. A construção foi abandonada em 1946, com a proibição dos cassinos no país. A foto vai ilustrar a capa do CD Obláta, de Donini, aprovado pelo Financiarte. “A obra em ruínas é um desses lugares que já não servem para nada, mas não para os fotógrafos”, diz Hugo, sobre a expressividade do cenário, que dispensa a fisionomia do ator.

suicídio| Hugo Araújo|

CAVALGADADE FOGOpor ACÁCIO DE GEÓRGIA

É de manhã! Prossegue a cavalgada!Já brilha o sol na linha do horizonte,Quando a primeira brisa, de reponte,Sopra um perfume de manhã raiada. Prossegue a cavalgada pela estrada,Já é de tarde e o sol por trás do monte,Vai debandar, enfim, para outro fronte,Vai madrugar, talvez, noutra alvorada. Prossegue a cavalgada, o dia é findo...Já não se vê mais luz, a noite medra,No pôr do sol, aos poucos vai caindo. Mas noite a dentro os corcéis vão marchando,Os ferros riscam fogo em cada pedraE o caminho vai logo iluminando.

20 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

CONVOCAÇÃOO Presidente do Touche Hold’em Club, usando das atribuições que lhe são conferidas pelo Estatuto Social CONVOCA os associados em pleno gozo de seus direitos estatutários para Assembléia Geral Ordinária, a realizar-se no dia 16 de maio de 2011 (segunda-feira), em sua Sede Administrativa, sito à Av. Independência, 2211, em primeira chamada às 14h, com a presença de, no mínimo, dois terços (2/3), em segunda chamada às 14h30min com a presença de, no mínimo, um terço (1/3) e em terceira chamada às 15h com a presença de qualquer número de associados, com a seguinte ordem do dia:

1. Horário de funcionamento do clube; 2. Anuidade; 3. Lei Antifumo.

Caxias do Sul, 30 de abril de 2011Ivo Luis Piazzetta - Presidente

Page 21: Edição 74

Os próximos jogos oficiais do Ca-xias e do Juventude serão na segun-da semana de julho: quase três me-ses de especulações, blefes, apostas, contratações, enquetes... Enfim, um período de folga que deve ser muito bem aproveitado. Em ambos clubes algumas apostas permane-cerão, outras, para fazer caixa ($), deverão ser negociadas. No Caxias, é o caso de Everton, que interessa a clubes paranaenses, segundo con-firmou o presidente Osvaldo Voges após a eliminação da Copa do Bra-sil para o Coritiba, onde foi possí-vel perceber um time se arrastando em campo. O primeiro tempo teve muita disposição, mas na etapa fi-nal as coisas mudaram – para não dizer pioraram. O próprio técnico estreante Guilherme Macuglia la-mentou o fato de a equipe não estar inteira, reflexo da sequência de tro-cas dos responsáveis pela prepara-ção física. Por isso a contratação do experiente Darlan Schneider, que terá um bom tempo para deixar a rapaziada, como se diz, na ponta dos cascos para a disputa da Série C. Para quem não lembra, Schnei-der trabalhou com Felipão na Sele-ção Brasileira (campeão da Copa do Mundo de 2002), na Seleção Portu-guesa e no Chelsea (inglaterra).

no jogo do dia 28, não po-demos tirar os méritos do Coriti-ba. Um time que não perde há 27 partidas e conquistou a 22ª vitória consecutiva, batendo o feito do Pal-

meiras de Luxemburgo em 96, que havia vencido 21, merece respeito. Até a sexta (29) não havia uma de-finição de folga ou férias grenás.

no Juventude, foram dados 20 dias de folga, com reapresenta-ção marcada para o dia 16 de maio. A avaliação do técnico Picoli é a de que o time chegou aonde podia. Limitado, o grupo foi motivado e respondeu à altura. Porém, diante de um qualificado internacional (especula-se que ‘apenas’ o salário de Tinga cobriria um mês a folha do Ju), foi improvável depender da sorte. Em duas oportunidades os atletas colorados marcaram e saí-ram do Jaconi com uma vitória por 2 x 1 conquistada com um jogador a menos desde a metade do primei-ro tempo. “O objetivo era chegar à final do turno. Acho que merecía-mos até por tudo o que apresenta-mos. Mas para se chegar em uma final é preciso ter força, e pegamos um inter motivado”, diz Picoli.

A Série C começa no dia 16 de ju-lho para o Caxias. O Ju deve estrear na quarta divisão no dia seguin-te – a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não oficializou o ca-lendário da Série D. Até lá a papada e os grenás terão que se preocupar com assuntos, digamos, menos im-portantes.

Na última edição arrisquei que o novo treinador do Caxias não sairia da lista anunciada pelo vice-presidente grená Zoilo Simionato. Além de Guilherme Macuglia (es-tava no Criciúma-SC), foram con-

tatados Leocir Dall’Astra (Cruzeiro-PoA), Age-nor Piccinin (liberado pelo Ypiranga) e Argel Fucks. No dia 25 pela manhã, a imprensa catarinense foi pega de surpresa com

a notícia de Criciúma, de que Macuglia (foto) havia pedido de-missão (às vésperas da decisão do estadual) para assumir o Caxias. Zoilo preferiu esperar antes de confirmar qualquer informação. O presidente Osvaldo Voges disse que o acordo estava bem encami-nhado, faltava assinar a papelada. Na noite do mesmo dia a contrata-ção foi oficializada. Após a derro-ta por 1 x 0 para o Coritiba pela Copa do Brasil, Macuglia elogiou a disposição dos atletas e salientou que o clube precisa de líderes den-tro de campo. O recado foi dado.

Ninguém gosta de perder. Ainda mais num jogo decisivo como foi aquele contra o inter. Os 2 x 1 para o colorado não diminuíram o desempenho do Juventude no Gauchão deste ano. Na Taça Pira-tini o time chegou às quartas de final, mas caiu diante do São José em casa. Na Taça Farroupilha, o alviverde, como cinco vitórias consecutivas, disputou a semi-final contra um inter de Paulo Roberto Falcão, que garantiu a ida à final do segundo turno para enfrentar o Grêmio. O tricolor venceu o primeiro turno e, se bater o colorado, será campeão.

Após a eliminação do Estadual, a direção do Juventude liberou os atletas por 20 dias. E com a folga foram divulgados os três primeiros a não terem os contra-tos renovados: os atacantes isma-el Espiga e Jean Coral e o meia Rodrigo Ost (este sequer ficou no banco de reservas nos dois meses em que esteve no Estádio Alfredo Jaconi). O que deixa o técnico Pi-coli aliviado é saber que o Ju tem uma base de time. Agora, a dire-ção tenta incrementar essa base.

Anunciada como uma forma para investigar contratos para a Copa do Mundo de 2014, a CPi da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) corre o risco de não sair. Pelo menos 70 deputados até então favoráveis ao processo retiraram o apoio (para criar uma comissão são necessários pelo menos 171). Os políticos se dizem preocupados com a organização da Copa. Como as obras estão atrasadas, eles dizem que uma CPi atrapalharia ainda mais os anda-mentos dos trabalhos para 2014.

Uma parcela de deputados se diz satisfeita (!) com as explicações fornecidas pela CBF. Entretanto, um contrato social registrado na Junta Comercial do RJ, reprodu-zido pelo jornal Lance, mostra que o Comitê Organizador Local da Copa é uma empresa da qual o presidente da Cofederação, Ricar-do Teixeira, tem 0,01% das ações, e a CBF, 99,99%, mas permite que os lucros sejam divididos entre os sócios independentemente das proporções. Entenderam?

O zagueiro Bressan, do Ju, e o preparador de goleiros Rogério Maia, do Caxias (foto), conquis-taram a 11ª Copa do Mediterrâ-neo, disputada em Barcelona pela Seleção Brasileira Sub-18. Eles retornaram para Caxias no dia 25 de abril. Bressan ressaltou que foi representar o trabalho desen-volvido em 2010 no alviverde. Na competição internacional, o za-gueiro de 18 anos marcou um gol.

Maia, que também atua na Se-leção Sub-20, havia sido campeão Sul-Americano na disputa do seu primeiro campeonato no comando da preparação de goleiros da base canarinho comandada por Ney Franco. A competição na Espa-nha serviu também para observar quais atletas poderão disputar o Mundial Sub-20 na Colômbia, en-tre julho e agosto deste ano. Maia deve estar confirmado. Tomara que Bressan também tenha garan-tido o carimbo em seu passaporte.

Opinião furada

Base

Politicagem

campeões

TeMPO De FOLGAPArA A DuPLA cA-Ju

And

ré T

. Sus

in/O

Cax

iens

e

Div

ulga

ção/

O C

axie

nse

Fabi

ano

Prov

in/O

Cax

iens

e

Dupla

por FABiAnO PrOVin

www.ocaxiense.com.br 2130 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Podcast | Escute todas sema-nas os comentários de Fabiano Provin sobre a dupla CA-JU em www.ocaxiense.com.br.

Page 22: Edição 74

Recomenda

Recomenda

22 30 de abril a 6 de maio de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Guia de Esportespor José eduardo coutelle | [email protected]

sKATe

XADreZ

rÚsTicA

TÊnis

FuTsAL

FuTeBOL

FuTeBOL seTe

l 1° Torneio aberto de du-plas | Sábado, das 18h às 20h30, e domingo, das 8h às 15h30 |

irão disputar o torneio 57 du-plas divididas entre as categorias Especial, 1ª, 2ª e 3ª Classes, Mista e Feminina.clube JuvenilEntrada gratuita | Marquês do Herval, 197, Madureira

l corrida do Trabalhador | Domingo, 9h30 e 10h |

Centenas de pessoas irão co-memorar o Dia do Trabalhador vestindo calção, camiseta e um tênis com amortecimento. A tra-dicional prova, que ocorre anual-mente, também contará com par-ticipações especiais. Cadeirantes e pessoas com deficiência (PCD) provarão que as restrições físicas não impedem a saudável prática de esportes. A corrida será dis-putada em uma minirrústica de 3.500 metros e em uma rústica de 7 mil metros.

concentração no sindicato dos MetalúrgicosBento Gonçalves, 1.513, Centro

l campeonato de Linha | Sá-bado, a partir das 13h |

A gurizada vai se encontrar na garagem da loja HiP para de-monstrar o domínio no skate. As inscrições da competição podem ser feitas na hora, e parte do di-nheiro arrecadado será revertido para pagar o prêmio do vencedor. Os patrocinadores já garantiram R$ 300 para o primeiro colocado da categoria amadora.Garagem da loja HiPInscrições: R$ 10. Entrada gratuita | Visconde de Pelotas, 941, Centro

l Jogos Abertos de Xadrez | Sábado, 13h |

Cerca de 100 mesas serão colo-cadas lado a lado para a competi-ção que reunirá aproximadamen-te duas centenas de enxadristas entre as categorias mirim (até 12 anos), infantil (13 e 14 anos), ju-venil (15 a 17 anos) e livre. A pri-meira rodada, marcada para as 13h, terá emparceiramento alea-tório. Nas demais, será utilizado o sistema suíço, modo em que cada participante joga contra um ad-

versário com pontuação similar.san Pelegrino shopping MallEntrada gratuita | Av. Rio Branco, 425, São Pelegrino

l Municipal | Terça (3) e quinta (5), às 19h45 e 20h45 |

A equipe Galáticos provou que faz jus ao nome. O time estreou na competição goleando o Puma por 5 a 1 e ocupa a primeira co-locação da chave C. Na terça (3), terá um novo desafio. Para man-ter-se na liderança isolada o time precisará vencer o São Vicente, equipe que foi derrotada por 6 a 2 pelo Vila Amélia. Terça (26), 19h45: Vila Amélia x Puma | 20h45: Torino x Mal. Floriano | Quinta (28), 19h45: Real x Arsenal | 20h45: Galáticos x São VicenteenxutãoEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Marechal Floriano

l Juventude x igrejinha (ju-niores) | Sábado, 15h30 |

Após o empate de 1 a 1 con-tra o Novo Hamburgo na última

quarta (27), a equipe alviverde retorna a campo em jogo válido pelo Campeonato Gaúcho de Ju-niores. Com 8 pontos e ocupan-do a 3ª colocação do grupo 1, o time treinado por Fernando Rech enfrenta o igrejinha. Conforme o regulamento, avançam para a fase seguinte os três primeiros coloca-dos e os três melhores quartos. centro de Formação de Atletas e cidadãos (cFAc)Entrada gratuita | Atílio Andreaz-za, s/n°, Parque Oásis

l Futebol sete série A | Sá-bado, 14h15 e 15h15 |

Restando duas rodadas para de-finir quem avança para as semi-finais na chave B, a Mundial está tranquila. Venceu as três partidas disputadas e tem vaga garantida. A equipe enfrenta a Marcopolo, que ainda luta pela classificação. Na chave A, Randon e Fras-le aguardam os adversários do outro grupo para definir as semifinais, marcadas para o dia 7 de maio.sábado, 14h15: Marcopolo x Mundial | 15h15: Agrale x VogesAgraleEntrada gratuita | BR-116, km 145, 15.104, São Ciro

Page 23: Edição 74

Renato [email protected]

Está acertado: os desfiles de carros alegóricos da Festa da Uva de 2011 permanecerão na Rua Sinimbu. Mas, com um detalhe: o percurso pela principal via da cidade será menor. Começará na Rua Andrade Neves e poderá terminar na Dr. Montaury (ou, talvez, prosseguir por esta).

A comissão comunitária mostra-se sensível aos apelos da Secretaria Municipal de Trânsito, Transpor-tes e Mobilidade, no sentido de que é impossível fechar as ruas Visconde de Pelotas e Garibaldi ao trânsito, a fim de possibili-tar a realização dos desfiles.

Em um ano, os servidores mu-nicipais de Caxias do Sul tiveram um total de reajustes salariais de 10,12%. Só em abril, foi 1,3% de ganho real, acordado em dissídio coletivo no ano passado, mais a correção da inflação do trimestre.

O reajuste foi concedido a to-dos os servidores municipais, incluindo os médicos. Que per-manecem em greve por força de liminar concedida pela Justiça.

É formado por 42 itens o docu-mento reivindicatório da campanha salarial de 2011 do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv).

Chama a atenção o item 19, em que a entidade sindical rei-vindica, quem diria, a criação de um percentual mínimo de 10% de cargos em comissão (CCs) na administração municipal.

Com 6.200 funcionários, a pre-feitura tem hoje 236 CCs. Não é preciso dizer para quanto subi-ria o número desse tipo de cargo se a reivindicação for atendi-da pelo governo municipal.

Começa a ser discutida na Câma-ra proposta do vereador Guiovane Maria (PT) que pretende regu-lamentar a profissão de guarda-dor de carro em Caxias do Sul.

Pelo projeto de lei, os chama-dos flanelinhas (ou, muitas vezes, flanelões) deverão estar creden-ciados na prefeitura, responsável pela futura definição dos locais em que a atividade desses, diga-mos, profissionais será permitida.

Resta saber se a proposta não irá apenas oficializar na cidade o achaque e a malandragem.

O adiamento, até segunda-feira (2), do processo de escolha do novo presidente da Fundação Univer-sidade de Caxias do Sul foi uma manobra articulada pela CiC. A entidade-sindicato quis evitar – pelo menos até lá – a eleição do padre Roque Grazziotin, representan-te do Ministério da Educação.

A CiC pretende eleger para a função o dirigente do Simplás Orlando Marin, que vai substi-tuir no Conselho Diretor o atual presidente, João Paulo Reginatto. A entidade argumenta que o pre-sidente da fundação não pode ter vínculos diretos com a UCS.

Por maiores que tenham sido os esforços de três vereadores, três secretários municipais, do secretá-rio estadual Kalil Sehbe Neto e do deputado estadual Alceu Barbosa Velho, no sentido de buscar um caminho único para o PDT caxien-se, o partido vai rachado para a con-venção municipal deste domingo.

São três chapas concorren-tes: a do grupo de secretários e vereadores, a dos comunita-ristas e a da atual executiva.

A pergunta que paira no ar: como exigir que os 15 partidos integrantes da atual administração apoiem um candidato pedetista, na eleição mu-nicipal do ano que vem, se nem os pedetistas não conseguem se unir?

Deputados do PMDB gaúcho resolveram percorrer 50 cida-des em que o partido enfrenta dificuldade para definir um candidato forte à prefeitura.

Mesmo com um prefeito peeme-debista, Caxias do Sul foi incluída nessa lista de cidades problemáticas.

Em que pese, também, o fato de o vereador Mauro Pereira já ter se apresentado como candidato à sucessão de José ivo Sartori.

É mínimo o desgaste sofrido pelo presidente da Festa da Uva, Gel-son Palavro, no episódio da poda de palmeiras imperiais, diante de um problema surgido nos pavi-lhões a ser negociado por ele.

O projeto de renovação do som & Luz implica na retirada da Casa da RBS do local estratégico em que foi instalada no centro do parque. O prédio interfere no desenvolvimento do espetáculo.

Casa que atrapalha

Desfiles na sinimbu

Sem perdas

incentivo aos ccs

Malandro oficial

Desunião pedetista

sucessão é problema

Adiar para mudar

Realizada quinta-feira (28) na Câmara de Vereadores, a cerimô-nia de assinatura do protocolo de intenções para a instalação de uma extensão da UFRGS na Serra trans-formou-se em ato político de pri-meira grandeza – talvez o primeiro ato público tendo em vista a eleição municipal do ano que vem.

Todos os pré-candidatos a pre-feito estiveram lá, exceção a Alceu Barbosa Velho, que acompanha grupo de deputados gaúchos em viagem ao Vietnã.

com direito à participação relâmpago da deputada Manue-la d’Ávila, a cerimônia confirmou, mais uma vez, o poder de mobiliza-ção do PC do B. Convocados pelo partido, estudantes e sindicalistas lotaram o plenário da Câmara de Vereadores, gritando o nome de Assis Melo, desde já considerado o pai da proposta de instalação de uma extensão da UFRGS. Assis in-vestiu na ideia e começa a colher os frutos dela.

O prefeito José ivo sartori (PMDB) lembrou da tribuna que a Serra gaúcha foi penalizada por nunca ter sido contemplada com cursos universitários públicos. Mas, na sequência, a deputada Marisa Formolo (PT) lembrou que a região conta com núcleos da Uergs e do instituto Federal.

Já Assis garantiu que o empenho dele será direcionado agora para que esse protocolo de intenções da UFRGS saia do papel.

com muitos prefeitos na disputa para sediar a extensão da UFRGS, a começar mais uma vez por Bento Gonçalves, muita gente não entendeu o tom mais defensivo adotado pelo prefeito Sartori. Para ele, a definição do local da sede desse núcleo deve ser um proces-so coletivo para atender interesses regionais. Mas, qual é o município que tem mais condições, estrutura e público do que Caxias para con-templar a proposta da universida-de?

eXTensÃO POLíTicA

www.ocaxiense.com.br 2330 de abril a 6 de maio de 2011 O Caxiense

Leti

cia

Ross

eti,

Câm

ara/

O C

axie

nse

Podemos afirmar com certeza que esse é um Conselho muito capaz. Capaz de tudo

senador Pedro simon (PMDB), sobre a nova composição do Conselho de Ética do Senado.

Page 24: Edição 74