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Revista Ponto Final Edição 03 | Ano 0 www.otempo.com.br/pontofinal APOIO Foto Miguel Aun e Bianca Aun ANGELA GUTIERREZ arte e ofício de guardar memórias Batata quente: pedofilia e igreja católica | 28 Sem dor: quem vê cara, não vê figado | 29 Rádio Inconfidência: muita história no ar | 43 Gravidez na adolescência: incompatibilidade social | 48

Edição III

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Revista Ponto Fin@l Direção: Elder Martinho Edição e diagramação: Moisés Mota Revisão e consultor editorial: Paulo Antunes

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Revista Ponto FinalEdição 03 | Ano 0 www.otempo.com.br/pontofinal

Apoio

Foto Miguel Aun e Bianca Aun

ANGELA GUTIERREZarte e ofício de guardar memórias

Batata quente: pedofilia e igreja católica | 28

Sem dor: quem vê cara, não vê figado | 29

Rádio Inconfidência: muita história no ar | 43

Gravidez na adolescência: incompatibilidade social | 48

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OS ARTIGOS SÃO DA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, INCLUSIVE CÓPIAS, NÃO REPRESENTAN-DO NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA DIREÇÃO E EDITORA DESTA REVISTA DIRETOR: ELDER JOSÉ MARTINHO PE-REIRA JORNALISTA RESPONÁVEL: JOELMIR TAVARES EDITOR: MOISÉS MOTA CONSULTOR EDITORIA E REVISOR: PROF. MS. PAULO ROBERTO ANTUNES. LICENÇA CREATIVE COMMONS - ATRIBUIÇÃO - USO NÃO COMERCIAL - OBRAS DERIVADAS PROIBIDAS 3.0 BRASIL. COM BASE NA OBRA DISPONÍVEL EM WWW.OTEMPO.COM.BR/PONTOFINAL. PO-DEM ESTAR DISPONÍVEIS PERMISSÕES ADICIONAIS AO ÂMBITO DESTA LICENÇA EM WWW.OTEMPO.COM.BR/PON-TOFINAL. REVISTA ELETRÔNICA, ATUALIZADA A CADA 15 DIAS. ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA, ALAMEDA JUCA MAIA, 52, CENTRO, CONSELHEIRO LAFAIETE - MG, CEP: 36.400-000 E-MAIL: [email protected]

Índice3. Comunicação | E-mails e cartas recebidas.

4. Editorial | Elder Martinho

5. Caricatura | Jorge Inácio

6. Matéria de Capa | MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS

13. Aristóteles Drummond | Política

14. Paulo Antunes | Artigo

15. Raimundo Couto | Veículos

16.Darlan Santos | Crônica

17. EVENTOS

19. Claudia Castelloes | Vinhos

20. Jamill Barbosa Ferreira | Alta costura

23. Moisés Mota | Imagem

24. Chico Vartulli | Arquitetura

28. Douglas Henriques | Crônica

29. Diego Rebouças | Crônica

30. Galeria de Arte | Artista Plástica VALDELICE

NEVES

34. JOELMIR TAVARES | ARTIGO

35. EDSON PUIATI | GASTRONOMIA

36. PORQUE A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NOS

PREOCUPA?

39. MARIO LUCIO PEIXOTO | ARTIGO

40. LENY EVERSONG: A FABULOSA

45. TEATRO

46 RÁDIO INCONFIDÊNCIA - 75 ANOS DE HISTÓRIA

51. VISAGISTA | NILCE TAVARES LEÃO

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ComunicaçãoAvelina Maria Noronha de Almeida

Querido amigo Elder:Maravilhosa a sua revista, no conteúdo e na for-ma. Você está lindo na capa da primeira edição. Parece até um candidato a presidência da Repú-blica que ganhou as eleições. Que Deus abençoe sempre sua inteligência, fidalguia, carisma, com-petência e bondade. Sua revista não é um ponto final, é um ponto brilhante. Abraços da Avelina

Petrônio Souza Gonçalves

Parabéns por mais esta edição, com a admiração e o apreço, Petrônio Souza

Antônia Cristina De Filippo

Prezado Elder e toda a equipe envolvida no pro-jeto Revista Ponto Fin@l. Eis que recebo a se-gunda edição e me dou conta que o e-mail pa-rabenizando pela estreia estava na minha caixa de rascunhos... Mas não tem problema, pois o número dois foi lido de uma só vez. Parabéns a todos por ajudar a diversificar as publicações mineiras, ainda mais na plataforma virtual, que amplia o alcance e a visibilidade da mesma. Gos-tei especialmente do artigo de Diego Rebouças “O presente de toda a arte”: simples, objetivo, original. Parabéns pela homenagem merecida a nossa Clara Guerreira, filha de Ogum com Yan-sã. Que novas edições venham e que conquistem novos leitores!

Christina Lima

Boa tarde Elder. A revista está muito boa. Que linda homenagem a Clara Nunes. Ela merece muito. Parabéns. Abraços.

José Silvestre Vieira

Parabéns, Elder, pela qualidade e diversidade dos assuntos nesta nova edição. A lembrança de nossa saudadosa Clara Nunes, mineira de Para-opeba, que nos deixou prematuramente, foi D+. Abração e sucesso sempre! J. Silvestre | Conse-lheiro Lafaiete

Maria Elvira Salles Ferreira

Caro Elder. Parabéns pela segunda edição da Re-vista Ponto Fin@l. Sempre sucesso para você e para a Revista. Abs, Maria Elvira

ASI- Associação Sul Mineira de Imprensa

Elder Martinho. É com satisfação que nos dirigi-mos a VSª para Parabenizar pelo lançamento da Revista eletrônica Ponto Fin@l no portal do jornal O Tempo.

Atenciosamente,

Guilherme Luiz Figueiredo Quinteiro | Vice- Presidente Pedro Alvise Teixeira | Secretário

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Editorial

Elder Martinho colunista do jornal O Tempo (BH), Correio da Cidade (C. Lafaiete) e Ponto de Vista (Ouro Branco) radialista e diretor da revista Ponto Fin@l

A 3ª edição: um sabor plural

Emplacamos a 3ª edição. Estamos agora em ple-no voo midiático, levando informação, cultura e tudo que lembre o homem e sua vida na fa-

bulosa viagem do imaginário humano. Estamos, tam-bém, com vocês, leitores, construindo um pouco de nossa própria história e da história social humana. Isso só já seria motivo do champanha e da prece. A Ponto Fin@l cumpre sua promessa de ser reticên-cias, prolongamento. Com informações variadas, notícias oscilantes do pêndulo ideológico das esquerdas, centros e direitas: democracia. Assim a almejamos, a criamos e a colocamos em prática: o verdadeiro espaço para to-dos os pensamentos, pois que o que consolida a demo-cracia é a livre expressão de pensamentos, de ideias. Estamos nos inaugurando todas as horas, todos os dias, todas as semanas, todas as quinzenas... Inaugura-ção nos mínimos milímetros de segundos em que nosso coração pulsa forte antes do parto dessa filha inquieta, polêmica, agradável. Esse fruto nosso de longas noites de conversas muitas, discussões calorosas, sonhos tecidos e arranhados, gritos altos e calados. Assim se faz a histó-ria, assim se fazem as pessoas, assim se faz esta revista. Nesta edição, há néctares de deuses para todos os gostos. Servimos iguarias de espaços culturais, vinicultu-ra, literatura erótica, direito internacional, teatro paulista, imagens metálicas, caricaturas inteligentes, fotografias seletas... Que nos desculpem os vegetarianos: não trouxe-mos uma salada, viemos com as mãos cheias de banquetes. Sirvam-se bem à mesa, tomem de nosso vinho, comam das iguarias e das frutas que trouxemos a vo-cês. Degustem com prazer e sem moderação, pois esse banquete de informações foi preparado durante dias e madrugadas e, agora, nesse momento de sol nascente, sob canto de pássaros que se preparam para saudarem o amanhecer, temos o prazer e o dever de lhes devolver-mos o gosto da comida in natura, o sabor do pão feito a mão e o cheiro bom do café do bule do fogão a lenha. Tudo isso porque já somos uma família e dese-jamos continuar “caminhando e cantando e seguindo a canção, aprendendo e ensinando uma nova lição”.

Fabiano Domingos

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[email protected]

Ipatinga - MG

JorgeInácio

Carlos Drummond de Andrade

“No meio do caminho tinha uma pedra”

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Museu de Artes e Ofícios

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MAO - Foto Miguel Aun

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Museu de Artes e Ofícios cultura, história, educação e responsabilidade social

Prestes a completar seis anos de fundação, o Mu-seu de Artes e Ofícios

– MAO –, instalado no prédio histórico da antiga Estação Central de Belo Horizonte, contabiliza mais de 500 mil visitantes ao seu espaço, que abriga e difunde um acervo público de 2.400 peças, re-presentativo do universo do trabalho, das artes e dos ofí-cios do Brasil. Trata-se de um lugar de encontro do traba-lhador consigo mesmo, com sua história e com o seu tem-po. Uma iniciativa do Insti-tuto Cultural Flávio Gutierrez – ICFG, em parceria com o Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo, e com a CBTU,

Companhia Brasileira de Trens Urbanos; por meio de contra-to de comodato, o MAO pre-serva objetos, instrumentos e utensílios de trabalho do pe-ríodo pré-industrial brasileiro. Criado a partir da doa-ção ao patrimônio público de 2.147 mil peças pela colecio-nadora e empreendedora cul-tural Angela Gutierrez, o MAO revela a riqueza da produção popular, os fazeres, os ofícios e as artes que deram origem a algumas das profissões con-temporâneas. Por estar loca-lizado na Estação Central, por onde transitam milhares de pessoas diariamente, é um espaço coerente com a natu-reza da coleção, bem próximo

ao trabalhador. Para abrigar o Museu, foram restaurados dois prédios antigos, de rara beleza arquitetônica, tomba-dos pelo patrimônio público. A coleção que deu ori-gem ao Museu, com peças originais dos séculos XVIII ao XX, foi iniciada há cerca de cinquenta anos. Nela es-tão representados os mais variados ofícios do homem brasileiro. “São ferramentas, utensílios, máquinas e equi-pamentos diversos que, indi-vidualmente ou em conjun-to, conduzem cada visitante a uma identificação com o universo do trabalho ali re-ferenciado. A observação do acervo também revela que,

Foto Miguel Aun - O fício do Comercio Museu de Artes e Ofícios

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mesmo quando desenvolve uma peça voltada para suprir uma necessidade de trabalho, o homem usa sua capacidade criativa e se expressa com arte e sensibilidade”, explica Angela Gutierrez, presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, entidade respon-sável pela gestão do MAO.

MAO e os projetos culturais

Além das visitas ao acervo, o Museu de Artes e Ofícios promove projetos cul-turais periodicamente para o público, sempre com entrada gratuita. Dinamizando sua programação, o MAO reali-za, desde 2007, os eventos “Ofício da Palavra”, que re-cebe escritores para debate de seus livros com o público leitor, e “Ofício da Música”, com atrações musicais dos mais variados artistas de re-nome nacional. Além disso, o

MAO mantém em seu espaço o Café dos Ofícios, indicado pela Revista Veja - Melhores da Cidade de Belo Horizonte como uma boa opção de lo-cal para degustar o tradicio-nal pão de queijo mineiro. No MAO também há es-paço para exposições tempo-rárias de grande visibilidade nas artes plásticas. A mais recente, “Tatuagens Urba-nas”, com fechamento em 18 de setembro de 2011, apre-senta, por meio de fotos, de-senhos, moldes e outros re-cursos, a trajetória da arte de pavimentar vias públicas com pedras que formam de-senhos, especialmente cria-dos para suas composições. São as calçadas portuguesas, sendo a proposta conceitual, com assinatura da curado-ra Helena Severo, apresen-tando a genuína expressão de arte urbana, largamen-te utilizada e/ou apropria-da pela indústria da cons-

trução civil que, há séculos, vem embelezando e qua-lificando espaços públicos.

MAO e a educação

Guardião da memória, da história social e da diver-sidade cultural, o Museu de Artes e Ofícios em Belo Hori-zonte (MG) desenvolve ações contínuas nas áreas museoló-gica, educativa, cultural e so-cial que dinamizam a progra-mação e mobilizam grande público. Um dos destaques do MAO é o Setor Educativo, que tem por objetivo promover a mediação entre o acervo do MAO e o público que o visita. Visando alcançar esse objeti-vo, o Setor Educativo realiza os Programas de Recepção de Públicos; de Formação de Multiplicadores; de Qualifica-

Formatura Valor Social 2011 Foto: Rafael Pereira Santos

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ção de equipe; e de Parce-rias. Por meio desses Progra-mas, o MAO busca contribuir para o desenvolvimento de atividades interdisciplinares, para a formação continuada de educadores, para o estí-mulo da arte como forma de expressão, para preservação e valorização do patrimônio material e imaterial e para a melhor compreensão das re-lações culturais e sociais em torno do universo do trabalho. O Setor Educativo man-tém estruturadas atividades pautadas pela qualidade, pro-movendo experiências signifi-cativas nos visitantes para se sentirem instigados e estimu-lados a retornar ao Museu. O Setor contempla educadores e alunos das redes pública e privada de ensino, grupos so-ciais, ONG’s e públicos de di-ferentes gerações (de crian-ças a idosos) e classes sociais variadas, oferecendo também atendimento especializado para portadores de neces-sidades especiais, estando o Museu adaptado para re-cepção desse público. A total acessibilidade do Museu de Artes e Ofícios de Belo Hori-zonte já está entre os pontos turísticos aptos para receber turistas na Copa de 2014.

No ano de 2010, a co-ordenadora do projeto Novos Rumos, do Instituto Muito Especial, do Rio de Janeiro, Thelma Vidales, que visitou a capital mineira para tra-çar um diagnóstico e apon-tar soluções para a comis-são técnica do campeonato de 2014, considerou o MAO “o melhor entre todas as ca-pitais que visitamos. Tem acessibilidade para qual-quer tipo de deficiente, in-cluindo intérpretes de libras, que é mais raro”, declarou. O Setor Educativo criou o Guia do Educador, que fun-ciona como um elo integrador das ações do Setor Educativo

do MAO que, orientadas por um mesmo fundamento pe-dagógico, se estruturam em diferentes programas e pro-jetos: são promovidos espa-ços de discussões (Momento do Educador), democratiza-ção do acesso (Passe Livre do Educador), compartilhamen-to de referencial teórico (Am-pliando Horizontes) e fomento e reconhecimento das inicia-tivas dos educadores (Socia-lizando Práticas Educativas). Distribuído gratuitamente para educadores, o Guia bus-ca contemplar as inovações para percursos especiais que podem ser desenvolvidos por educadores de diferen-tes conteúdos curriculares. Outra ação do Setor é o projeto Valor Social, que acaba de formar a quarta turma de 30 jovens no cur-so de conservação. “Trata-se de um programa que tem por objetivo oferecer a talentosos adolescentes em situação de vulnerabilidade social uma opção de formação profis-sional. E, ao mesmo tempo, suprir o mercado de trabalho de uma mão de obra espe-cializada para a qual existe grande demanda em Minas Gerais, estado com um dos mais importantes e valio-sos patrimônios culturais do

Foto: Bianca Aun

Foto: Bianca Aun

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país”, destaca Angela Gutier-rez, idealizadora do programa e presidente do ICFG. Desde

a abertura do programa, em 2008, 120 jovens receberam formação e, desses, cerca de

80 por cento estão no mer-cado de trabalho. Para alcan-çar efetivamente os objetivos

Fotos MIguel Aun

Fotos MIguel Aun

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propostos, o programa Valor Social em 2011 foi realizado juntamente com o Institu-to do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e contou com o apoio da Prefei-tura de Belo Horizonte - Setor de Qualificação Profissional e da Prefeitura de Nova Lima – Programa Vida Nova; e com a parceria da Fundação Dom Cabral na formação de em-preendedores e no encami-nhamento dos alunos para o mercado formal de trabalho.

Mantenedores

A manutenção do MAO, bem como a continuidade das ações realizadas é possí-vel graças ao patrocínio dos

mantenedores por meio dos benefícios das Leis Federal, Estadual e Municipal de In-centivo à Cultura: Contax e CEMIG e do apoio do Institu-to Oi Futuro, Mater Dei, Itaú, Metrô BH, CBTU e Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Buscando sua susten-tabilidade, o MAO procura di-versificar as fontes de recur-sos, participando de editais e investindo em parcerias com empresas que viabilizam pa-trocínios com verbas diretas. Esse é o caso do projeto “Pro-grama de Segurança do Mu-seu de Artes e Ofícios – Atu-alização”, que tem patrocínio exclusivo da CAIXA e está sendo viabilizado por meio de seleção em edital nacional lançado pela empresa. Esta é

mais uma parceria de suces-so firmada entre a CAIXA e o Museu de Artes e Ofícios. A parceria do MAO com a em-presa viabilizou também, em 2009, por meio de recursos diretos, a implantação do es-paço expositivo relativo aos “Ofícios da Terra”. De 2002 a 2006, a CAIXA contribuiu para a implantação do Museu, com patrocínio via Lei Fede-ral de Incentivo à Cultura.

Foto MIguel Aun12

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Não adianta tapar o sol com a peneira, costu-mava afirmar Aurelia-

no Chaves, quando estava diante de fatos e números. E assim deve ser para não haver frustrações e não au-mentar dificuldades de qual-quer ordem em relação ao momento econômico. O Brasil está sem proje-tos em andamento. Os inves-tidores estão desconfiados. A

maioria das obras já licitadas, paradas por falta de recursos ou problemas de licenciamen-to, quando não de suspeitas da AGU ou do Tribunal de Con-tas. Essa paralisia assusta. O Aeroporto de São Luís funcio-na numa cabana e, como as obras estão atrasadas, fize-ram outra licitação que pro-vocará a desmontagem da atual. Seria um caso do bom senso prorrogar o contrato existente, pelo mesmo pre-ço. Aditar contratos tem sido prática abusiva e, quando é

recomendável, não é feito. Basta uma onda de mercado e vamos ter dificul-dades. A questão do álcool está mal explicada. O país do etanol não possui pro-dução nem para seu mer-cado interno. Como pode? A questão do câmbio já nos coloca como um dos lu-gares mais caros do mundo. A consequência é este déficit na conta-turismo, uma vez

que os brasileiros lotam todos os voos disponíveis até março praticamente. E os gastos não são maiores justamente pela falta de oferta de assentos. Não se percebe prag-matismo no debate nacional. Parte do governo ainda está preocupado com teses polí-ticas e ideológicas para tu-multuar a vida do Congresso e gerar crises. A prioridade que devemos eleger é a de liberar os gargalos que fa-zem com que o país tenha limites ao seu crescimen-

to e à sua competitividade. Reformas são inadiá-veis. Basta ver o que acon-tece na Europa. A demora foi fatal para Portugal e Espanha, que sabiam há muito tempo o que deveriam de ter feito. A presidente deve so-frer e muito. Ela é mais uma executiva do que política. Esta situação é claramen-te percebida por ela, que já vinha acompanhando o PAC.

E ainda tem de ficar ouvin-do teses levianas de “com-panheiros” e ser contida na operação de limpeza ética que começou e teve de pa-rar. O senador Aécio Neves, no entanto, já deu sinal de que a oposição e outros seg-mentos da sociedade podem apoiar propostas vindas do Planalto para o bem do Brasil.

Aristóteles DrummondECONOMIA EM CHEQUE

Jornalista, vice-presidente da Asso-ciação Comercial do Rio de Janeiro [email protected]

O Brasil está sem projetos em andamento. Os investidores estão desconfiados. A maioria das obras já licitadas, paradas por falta de recursos ou problemas de licenciamento, quando não de

suspeitas da AGU ou do Tribunal de Contas.

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Abriu todas as portas de sua carne para sentir a grandeza de quem se

doava ao outro em plenitude nunca antes experimentada. Sim, queria vivenciar com fúria tranquila o primeiro gozo com seu primeiro homem-menino, seu primeiro amor com cheiro de leite materno, sua primeira parte outra que descobrira ao acaso numa feira de livros usa-dos. As letras os uniram, pen-sara naquela tarde única de sua vida em infinita construção. O tempo, nem quente nem frio. A cama, nem dura nem macia. Tudo nela era au-sência exterior; o que real-mente importava era a palpi-tação acelerada, úmida, tépida da grande flor entreaberta no meio de suas pernas... doando-se, experimentando, abrindo-se e se fechando em espasmo elétrico. Não existia no mundo mais nada nem ninguém: so-mente ela e ele, um par que se equivalia como único no univer-so, palavra ainda diminuta em relação à grandeza da cópula deles. Eram mais e superlativi-zados: o universo era pequeno para ser ambos, pois que hi-perbólicos no calor contagioso da grande satisfação imen-sa que viria. Cosmo carnal? Ele quase se diluía den-tro da amante, matava-se, ressuscitava-se, reformulava-se todo para continuar a gran-de batalha do amor, essa coisa humana que germinava faísca e terminava explosão solar por debaixo da pele, dentro do co-ração, em combustão amplifi-cada nas genitálias. Fêmea e macho, macho e fêmea... E o

prazer tão grande que se con-fundiam no entrelaçar de per-nas, nos suspiros famintos, nos odores fortemente crus que fugiam dos poros, dos cabelos, das bocas sempre semiaber-tas. Nenhum e todos os sobres-saltos em ambos que era um. - Vou gozar... Balbuciou o garoto que se esmerava na tentativa de não completar o ato para ter mais... mais... mais. E melhor, sem egoís-mo machista: dar-lhe mais... mais... mais... Ouvi-la suspi-rando na viagem caliente ca-bível somente a eles. – Vou

gozar... Gemia no pescoço da mulher feita que se converte-ra em menina naqueles infi-nitos minutos de comunhão. - Se segura... Ainda não... Se segurrr... Ela se re-volvia, envolvia, se renovava décadas no ninho masculino de carnes duras, corpo alongado e delgado, músculos trabalhados em tamanho saboroso. Carne de Vênus e Apolo em fogo, flu-tuante, enchendo um quarto de sons furtivos, difíceis; cheiros escaldantes, marcantes – Se segura mais, meu aaaannjo... Ainda nãããooo... Suplicava com voz da experiência que o enlouquecia, lançava ácido no seu sangue de garoto virgem. Era um momento ímpar

na vida deles: ela, na primeira viagem num corpo de 20 anos; ele, no primeiro mergulho na experiência dos 45. Mas... ao espaço com a matemática, a questão etária. Eram huma-nos, eram feitos com e para o amor. Amor carnal, amor de almas... AMOR em caixa alta como muitas vezes leram em páginas de livros. Amor/pra-zer com todas as letras palpi-tando naquela página da vida. Ele, quando quis re-petir “vou goz...”, já o fizera. Muito de si se lançara na flor mulher que, inundada, gri-tou forte um som inumano de puro prazer. Se abraçaram mais, se molharam mais, se cheiraram mais, se engoli-ram com braços e pernas no desesperado momento final. Uma orquestra acaba-ra o concerto num grande fi-nal. Uma peça se encerrara sob ovação estrondosa. Um quadro se terminara com as cores vivas da carne huma-na e o amarelo fogo muito do dentro dos corações. Um livro fora escrito. Um filme proje-tado. A arte maior dos huma-nos teve seu efêmero apogeu. Calados, na penumbra, ninguém sonhava, respirava... Eles eram um alguém ainda por nascer pelo tanto que se deram, tanto que se amaram. Eram a gênese do humano que ainda viria para, novamente, deixa-rem de ser, e renascer, e mor-rer, e renascer, e morrer, e...

mestre em Letras (Linguagem, cultura e discurso), professor universitário e escritor

[email protected] Lafaiete - MG

Arquivo Pessoal

Ele quase se diluía dentro da amante, matava-se, ressus-citava-se, reformu-

lava-se

Paulo AntunesDOIS EM UM

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O Cruze - objeto principal de cobertura, na edição desta semana de Carro

e Cia - em matéria produzida por nosso redator, Igor Veiga, direto de Dusseldorf, na Ale-manha, chega ao mercado com uma enorme responsabilidade e uma importante missão: mar-car a virada na linha dos pro-dutos da General Motors. O se-dan será um verdadeiro divisor de águas na vida da centenária companhia, sobretudo e princi-palmente para a filial brasileira. Detalhes sobre o modelo, como informações de seu desenvol-vimento feito na Coréia ou de seu motor Ecotec 6, com duplo comando de válvulas continua-mente variável, de origem ale-mã, mas já flexível, assim como o preço do carro que vem para substituir o Vectra, que variam de R$ 67.900 a R$ 78.900, para as versões LT e LTZ, poderão ser conhecidos com pormeno-res que poderão ser conhecidos em futuras edições da revista Ponto Final. E a esta novidade seguiram muitas outras. Por en-quanto montado no Brasil em regime CKD, o Cruze ganha, em breve, linha de fabricação pró-pria na unidade de São Caetano do Sul (SP) e uma versão com carroceria hatchback. Mas isso é apenas o começo de uma com-pleta reformulação de toda sua linha de automóveis, que sofreu atraso na substituição pela gra-ve crise que atravessou, recen-temente, a matriz nos Estados Unidos. Hoje o governo ameri-cano é o principal acionista da empresa e as obrigações que foram assumidas junto a cre-dores e sindicatos estão sendo

cumprido, o que permite, agora, o investimento na renovação do portfólio brasileiro de produtos. Outro segmento que será focado tem hoje soberanos os japoneses com o Honda Fit, os coreanos com o Hyundai I30 e os italianos com o Fiat Bra-vo. Para este embate, a Ford já anunciou e está prestes a fazer sua estréia com o New Fiesta,

dois volumes. E para enfrentar essas feras, a Chevrolet não pode poupar e destacou para a linha de frente da batalha nes-te concorridíssimo mercado uma de suas grandes estrelas, o Aveo, que poderá ter muda-do seu nome para outro de me-lhor sonoridade. Trata-se de um hatch compacto premium que foi lançado na Europa e produ-zido nos Estados Unidos com o nome Sonic. Também terá en-dereço no ABC paulista (São Caetano), e como o Cruze será lançado com peças importadas - apenas a montagem será fei-ta aqui, até a totalidade de sua fabricação em solo tupiniquim. O Ágile parece mesmo que não produzirá outros frutos e, se no

passado a ideia era para uma família de modelos com aque-la plataforma, se restringirá ao hatch e à picape Montana. Uma dúvida que apenas o tempo esclarecerá e que por enquanto paira na imaginação dos caça-dores de segredos é quanto ao lançamento do Cobalt, um sedã oriundo do projeto GSV (de Glo-bal Small Vehicle), que foi flagra-do rodando em testes por aqui. O mais provável e o mais viável seria mesmo usar a mesma base para dois modelos, assim sendo o Aveo/Sonic será a aposta da GM para nós nessa faixa de con-corrência. A única certeza é a de que os executivos e engenheiros da montadora americana estão guardando, e muito bem, as sete chaves, como será no fu-turo próximo a gama da marca. Confirmado mesmo e agora lan-çado, o Cruze sedan no lugar do Vectra. A versão hatch deste modelo tem 99% de chances de chegar também. Uma nova pi-cape S10 e o projeto Ônix, que substituirá o Celta e o Prisma, estão em curso, além da minivan PM7 (com sete lugares) que tira de linha Meriva e Zafira de uma tacada só. Dizia-se, no passado, que a GM era tão grande como um elefante, por isso, também, morosa em suas decisões sobre novos lançamentos. Percebe-se, agora, que com toda essa ebulição em andamento, que o paquiderme está se moven-do, e o passo do elefante cos-tuma levantar muita poeira...

[email protected]

Belo Horizonte - MG

O sedan será um verdadeiro divisor de águas na vida da centenária compa-nhia, sobretudo e principalmente para a filial brasileira.

Raimundo Couto

SEGURANÇA AINDA CAUSA CONTROVÉRSIA

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“Chuva de verão em pleno inverno?! Esse tempo está mesmo maluco!” E, assim, surpresa com o temporal, a velha senhora observava, pela janela, os grossos pingos que atingiam a rua, esvaindo-se na enxurrada que mais pare-cia uma corredeira de rio. Em meio à tempestade, repleta de ventos, raios e trovões, crianças corriam, sem se preocuparem com as roupas molhadas e o frio nos pés. “Que absurdo! Esses moleques não têm noção do perigo... E se pegarem um resfriado, uma pneumonia?”. Ranzinza, aquela senhora ir-ritava-se com facilidade, e já não via muitos motivos para sorrir. Nem mesmo o cheiro de terra molhada, após tanto tempo de seca, era suficiente para animá-la. As crianças na chuva foram a gota d’água para que seu humor azedas-se de vez. O esposo, também idoso, mas, um pouco menos ranheta, ponderava: “Ora, deixe os garotos, mulher. Vai dizer que você nunca se enfiou no meio de um temporal?”. Surpreendentemen-te, o comentário do marido soou como uma senha, uma máquina do tempo, capaz de transportar a velha senhora

para décadas atrás. De re-pente, ela se viu novamente menina, sem os problemas de artrite, livre das decep-ções acumuladas por anos – liberta das dores do corpo e da alma. Aquela menina que, em uma tarde de setembro, tirou os sapatos para correr na chuva, embrenhando-se

na enxurrada, sem temer a bronca que, certamen-te, levaria ao chegar a casa. Ela sentiu saudades daquele tempo em que “res-ponsabilidade” e “pondera-ção” eram apenas palavras estranhas e o amanhã era imensamente maior que o ontem. Naquela época, bas-tava uma tempestade para que a alegria se instalasse, e nenhum dinheiro do mun-

do pagava a emoção de sen-tir as gotas geladas batendo na pele, o vento roçando na cara, a adrenalina de cor-rer na chuva. Mesmo os es-pirros e até a febre que vi-nham depois valiam a pena, diante de tamanha sensa-ção de liberdade, de vida. Pensando em tudo isso, a mulher sorriu. Um sorriso pleno, completo, de boca, de olhos, de alma. Um sorriso como há tempos ela não ex-perimentava – não por falta de vontade, e, sim, por total incapacidade de fazê-lo. Mas, enfim, ela conseguiu sorrir, embalada pelas lembranças de infância, pelo barulho da chuva (não aquela que caía lá fora, mas a que transbor-dava em suas memórias). Em um gesto inespera-do, a senhora (que já não pa-recia tão velha), abriu a porta e foi se juntar às crianças no meio do temporal. Comple-tamente molhada, ela ria, e já não era possível saber se, em seu rosto, rolavam ape-nas pingos d’água, ou, tam-bém, lágrimas de nostalgia.

Jornalista e Doutor em Literatura Comparada pela UFMG

[email protected] Lafaiete - MG

Enfim ela conseguiu sorrir, embalada pelas lembranças de infân-cia, pelo barulho da

chuva (não aquela que caía lá fora, mas a que transbordava em suas

memórias).

Darlan SantosCORRENDO NA CHUVA

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EventosRealizada a 6ª edição do Concurso Miss

e Mister Teen CongonhasFotos: Daniel Silva

Aconteceu no dia 3 de setembro, sábado, no Cine Teatro Leon, em

Congonhas-MG, a 6ª edição do Concurso Miss e Mister Teen Congonhas, um evento que objetiva destacar a be-leza dos jovens de 13 a 17 anos que, futuramente, po-derão representar Congonhas nos concursos estaduais Miss e Mister Minas Gerais tão logo alcancem a maioridade.

O evento contou com o apoio da Prefeitura Municipal da Cidade dos Profetas e foi organizado pelo funcionário público e maquiador Mar-cos Gomes da mencionada cidade histórica mineira. A comissão julgadora foi com-posta pelos seguintes mem-bros da Revista Virtual Ponto Fin@l: Élder José Martinho (diretor-presidente), Moisés Motta (editor e diagrama-

dor), Paulo Roberto Antunes (consultor-editorial e revisor) e, ainda, dos mister Lafaiete, Ulisses Faria, da Miss Teen Entre Rios de Minas, Débora Oliveira e da coordenadora do projeto Congonhas mais bonita, Wanessa Manso. Os vencedores da 6ª edição do Miss e Mister Teen foram Kimberli Camila, 17 e Lucas Lima, 17 anos.

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O rótulo de uma garrafa de vinho é a sua identi-dade, pois nele encon-

tramos inúmeras informações que, muitas vezes, confundem o consumidor, até porque em algumas garrafas as informa-ções são pouquíssimas. Isso acontece muito com os vinhos importados, eles possuem in-formações mínimas exigidas pela legislação de seus países de origem e, infelizmente, não há como compreendê-los sem recorrer à uma literatura espe-cifica. Os vinhos franceses que são considerados um dos me-lhores do mundo, possuem ró-tulos vagos, sem especificar as uvas utilizadas. Geralmente in-formam somente o nome do vi-nho, a denominação de origem controlada, a safra e o produtor.

Portanto, é muito comum o consumidor comprar vi-nhos baseando-se no pre-

ço, no nome, no país e no tipo do rótulo. Um rótulo bonito chama a atenção e o consu-midor, por muitas vezes não compreender as informações ou por não contê-las no rótu-lo, acaba se deixando influen-ciar pela aparência do rótulo. Então, para entendermos melhor o que diz no rótu-lo, aqui vão algumas dicas:1) Primeiramente vem o nome do vinho. Muitos produtores, principalmente os brasilei-ros, colocam nomes estran-geiros como, por exemplo, “Chateau Duvalier”; “Marcus James”; ou colocam a marca da vinícola ou nome da família ou propriedade como “Dal Pi-

zzol”; “Miolo”; “ Casa Valduga”.2) O nome da uva, ou das uvas que compõem o vinho pode vir no rótulo, logo abaixo do nome do vinho, ou no contra-rótulo. Alguns vinhos simples-mente não especificam as uvas. Podem conter somente o nome das uvas utilizadas ou os no-mes com seus percentuais.3) A safra é o ano que vem no rótulo do vinho, quer dizer, o ano em que foi feita a colheita e produção do vinho. Isso é fun-damental no rótulo, pois a cada ano, as condições climáticas va-

riam, influindo diretamente na qualidade das uvas e do vinho. Por exemplo: Um vinho pode ser excelente na safra 2009, mas na safra 2010 não ser tão bom, porque tudo depende-rá de como foi o clima, o solo daquele ano. São os chama-dos “terrois”, fatores climáticos que são importantíssimos para uma boa qualidade do vinho.4) A Denominação de Origem Controlada é a região onde se produz o vinho. Por exem-plo: Vale dos Vinhedos, (re-gião do Sul do Brasil); Rapel Valley (região do Chile); Men-doza (região da Argentina); Rioja (região da Espanha) etc. Cada país possui inúmeras re-

giões produtoras de vinho.5) O teor alcoólico é a quantida-de de álcool que normalmente varia em torno de 10 a 13,5% para a maioria dos vinhos e até 20% para os vinhos fortifica-dos que são os vinhos do porto.6) Quanto ao tipo, os vinhos po-dem ser tintos, brancos e roses.

7) Quanto ao teor de açú-car, a legislação brasileira os classifica em: Secos (me-

nos de 5g de açúcar por litro); Meio-secos ou “ demi-sec” (5g a 20g por litro); Suaves ou doces (mais de 20g por litro). 8) No contra- rótulo também podem conter informações im-portantes como: percentual das uvas utilizadas, tempo de arma-zenamento em tonel de carva-lho, aspectos aromáticos e gus-tativos, características do solo e clima da região, história da viní-cola, sugestões de pratos com os quais o vinho combina melhor, teor alcoólico, a importadora e aparecem os conservantes para manter o vinho em condições adequadas como o anidrido sulfuroso ou dióxido de enxofre, ( geralmente aparece a sigla INS220) e o sorbato de potássio conservante P-IV agora denomi-nado conservador (INS 202 ).Espero que essas dicas aju-dem a você a decifrar melhor quando for comprar um vi-nho, pois compreendê-los nem sempre é uma tarefa fácil.

O RÓTULO DE UMA GARRAFA É A SUA

IDENTIDADE.

Enófila e empresá[email protected]

Conselheiro Lafaiete - MG

Claudia CastellõesO RÓTULO DA GARRAFA

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A moda pode definir nossa classe social, com peças aparentemente simples,

mas com tão alta tecnologia e materiais nobres que um par de meias pode custar um car-ro. Porém, caro leitor, isso não quer, obrigatoriamente, dizer nadinha quando o assunto é elegância. Quando vislumbra-mos o real estadão do alto luxo mundial, podemos perce-ber a naturalidade em certas e especiais mulheres que usam vestidos tão nababescos em bailes realizados nos castelos mais esnobes do mundo; mas será que somente impecavel-mente bem-vestidas e numa correta linha de rigor é que podemos identificar quem é realmente in? Vejamos, então: Quando o assunto é moda, as mulheres mais elegantes do mundo dão um show; mas, elas não são elegantes apenas pelas roupas que vestem, pelos preços pagos nessas peças tão artisticamente valiosas ou pelo porte para a moda. Elas são elegantes pelo temperamento, pelo comportamento, a forma de ser, falar etc. Daí, quando uma mulher é realmente ele-gante, ela conhece as regras e pode, de forma muito charmo-sa, violar cada uma dessas re-gras sociais, dando outro tipo de show, que não apenas con-firma sua posição e status, mas também nos fascina e marca a força de mudança de seu es-

tilo, encorajando-nos à moda. Estamos chegando nessa onda da primavera e do verão e as propostas mais luxuosas, vindas da alta costura de Pa-ris, englobam uma sucessão de fragilidades rosadas, quase em pó, com suaves cromados, como podemos ver nas co-leções de Karl Lagerfeld para Chanel, por exemplo, enquan-to as grifes mais simples, de construção do prêt-à-porter [prêt-à-porter é a roupa que você compra na loja, tendo apenas de provar, sendo que há uma série de outras peças iguais em cores e tamanhos diferentes], desfilam em Nova York com cores brilhantes e fluorescentes, quase como vi-taminas, e todo mundo sabe e toma essas cápsulas vitami-nadas que acompanham todo café da manhã. Como a gen-te se identifica com a moda, não é mesmo? Como é fácil seguir à risca uma linha de ofertas e aderir ao vestuário de mundo. Prada, Marc Jaco-bs são dessas linhas cada vez mais copiadas para o povo. Mas... É hora de brilhar. Nisso a luz também é uma questão estética para o dia e dá trabalho aos maquiadores que, quase à beira da loucu-ra, precisam manter uma pele brilhante que não reflita tanta luz, senão, basta um simples flash e a mulher aparentará 4 quilos mais gorda. Mas será

que o peso importa quando o assunto é elegância? Nunca as pessoas estiveram tão pre-ocupadas com a moda, nunca copiaram tanto a moda desfi-lada nos grandes centros in-ternacionais, nunca as pesso-as foram tão medicadas para a beleza, magreza, palidez e equilíbrio psiquiátrico. Para quê? A loucura e as extrava-gâncias não saem de moda quando o assunto é luxo. Eu sei que a loucura é fashion, mas só quando há muito estilo e inteligência en-volvidos. Há coisa mais chique do que a loucura da Cornélia Vanderbilt, que chegou a ser internada e tudo? E a Séraphi-ne de Senlis com todo aque-le talento artístico? A loucura pode ser muito útil, tudo pode ser útil na moda, no nosso es-tilo, cotidiano e na forma como banalizamos o que inicialmente nos incomoda para que possa-mos usar, falar, comprar. Como, então, você explicaria o estilo da Anna Piaggi, por exemplo, que, apesar de parecer o Cha-peleiro Maluco – o que muitos podem considerar uma crítica, mas eu vejo como elogio, pois gosto da personagem –, está na lista das mulheres mais elegantes do mundo, junto a nomes como as nossas brasi-leiras Carmen Mayrink Veiga e Silvia Amélia de Waldner, por exemplo. A Anna Dello Russo é outro exemplo de exageros

Jamill Barbosa Ferreira

O DESCONCERTANTE PODE SER FASCINANTE E CHIQUE

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no mundo fashion, quase uma Lady Gaga na moda. Como você também explicaria a Car-men Mayrink Veiga, a mulher mais elegante do Brasil e uma das mais elegantes do mundo, posando de forma sensacional em cenário de luxo revirado, com vestidão de abafar, mos-trando as pernas para as len-tes do Miro? Isso é o máximo. Quando vemos um desfile comercial com ofertas absolu-tamente malucas, que jamais usaríamos, tenhamos qualquer que seja a reação, mesmo que os modelos e manequins pare-çam ‘objetos desfilantes não-identificados’, temos de notar o caimento da roupa, o balan-çar dos tecidos e a criatividade na mistura de cores, texturas e estilos. Quanto mais maluca a moda pode parecer, e realmente pode ser, mais estará próxima do nosso cotidiano, mais será acessível e será menos chata. Além das áreas de sensuali-

Jamill Barbosa Ferreira: bloguei-ro, escritor e crítico de moda.

[email protected]

Campina Grande - PB

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dade, com transparências, ou fotos publicitárias com nus febrilmente provocantes em anúncios de per-fumes e roupas, a loucura criativa e apresentada é um jogo que fun-ciona como uma nova linguagem que estimula nossa imaginação para que possamos arriscar e ino-var, encorajar e revelar nosso esti-lo e nosso humor. Moda é possibi-lidade e, se você tem estilo, é uma expressão de arte muito além da técnica e estrutura, mas, também, na produção que só uma pessoa especial pode imprimir ao fashion.

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Carina Couto

Funcionário público, secretário geral da UAB em Conselheiro Lafaiete

[email protected]

Amigo

Moisés MotaIMAGEM

https://www.facebook.com/Poeticas

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Art déco foi um movimento popular internacional de design de 1925 até 1939

que afetou as artes decorativas, a arquitetura, design de interio-res e desenho industrial, assim como as artes visuais, a moda, a pintura, as artes gráficas e ci-nema. Esse movimento foi, de certa forma, uma mistura de vários estilos (ecleticismo) e movimentos do início do sécu-lo xx, incluindo construtivismo, cubismo, modernismo, bauhus, art nouveau e futurismo. A sua popularidade na Europa foi du-rante os picos dos loucos anos 20 e continuou fortemente nos Estados Unidos através da dé-cada de 1930. Embora muitos movimentos de design tivessem raízes em intenções filosóficas ou políticas, a Art Déco foi me-ramente decorativa. Na época, este foi visto como estilo elegan-te, funcional e ultra moderno. Representa a adaptação, pela sociedade em geral, dos princípios do cubismo: edifícios, esculturas, jóias, luminárias e móveis são geometrizados. Sem abrir mão do requinte, os ob-jetos têm decoração moderna, mesmo quando feitos com bases simples, como concreto (betão) armado e compensado de ma-deira, ganham ornamentos de bronze, mármore, prata, mar-fim e outros materiais nobres. Diferentemente da art nouve-au, mais rebuscada, a arte déco tem mais simplicidade de estilo.

O ART DÉCO NO BRASIL

No Brasil, o Art Déco sur-ge em começos da década de 1920, estendendo-se até 1940, tendo na geometria e nas for-mas sinuosas as tendências

mais utilizadas. A cidade do Rio de Janeiro é considerada como exemplo da difusão do art déco, impresso em vitrais, escadarias, decoração de cal-çamentos e letreiros. Aspectos sociais, políticos, econômicos, arquitetônicos e urbanísticos do período do Movimento Art Nou-veau, anterior ao ART DÉCO,primam por oferecer diversas possibilidades de leitura da ci-dade, a partir do reconhecimen-to dos traços arquitetônicos e suas relações com a história po-lítica, social e cultural de vários povos, revelando seus anseios

e suas visões de mundo. Mais do que exprimir um sentimento museológico, portanto, reve-la o espírito vivo da cidade que se compõe e recompõe a partir de diferentes interfaces com os pensamentos e ideologias que promovem as múltiplas identi-dades do espaço urbano, tornan-do-o um ponto focal indispensá-vel ao estudo e à compreensão das culturas contemporâneasPOLO LIDO. O POLO LIDO, criado por em-presários, donos de hotéis, res-taurantes objetiva conservar um dos maiores acervos de Art Déco do Rio de Janeiro, forman-do um charmoso conjunto de beleza arquitetônica que ajuda a compor e contar a história des-se gênero em terras brasileiras, depois de ter nascido na França, no século XX, e se expandir pelo

mundo inteiro. Marcando uma espécie de “limpeza” nas artes, o Art Déco possui traços esté-ticos marcados pela utilização de linearidades que ajudavam a romper com o rebuscado, inse-rindo simplicidade e, ao mesmo tempo, sofisticação no cotidiano. No Brasil, ele sintetiza o aumento da densidade demo-gráfica e transição do estilo de moradias em casas e mansões para edifício de apartamentos. Duas marcas se destacam na consolidação desse estilo no Brasil: a exuberância das por-tarias e o uso de elementos da cultura indígena brasilei-ra, distintivos bem represen-tados nas edificações do Lido. A arquitetura art déco possui fachadas com rigor ge-ométrico e ritmo linear, com fortes elementos decorati-vos em materiais nobres. Um exemplo é o Empire Sta-te Building, em Nova York. Outras características desse estilo são a utilização do concreto armado, esculturas com formas de animais, o uso dos tons de rosa e a geometriza-ção das formas, além da utiliza-ção do plástico (como elemento estrutural) e da pelúcia, muito utilizada como forro para as pa-redes internas de grandes sa-lões, como mostrado nas fotos.Foi um grande marco da nossa sociedade do século xx, na qual vocês, leitores, podem estudar e entender mais da arte e arqui-tetura Art Déco. As fotos desta coluna mostram os detalhes e formas neste texto citados.

BRUNO RYFER

Arquiteto [email protected]

Rio de Janeiro - RJ

Marcando uma espécie de “limpeza” nas artes,

o Art Déco possui traços estéticos marcados

Chico Vartulli

O ART DÉCO NA ARQUITETURA: INÍCIO DO ESTILO

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Referência ao estilo Art Déco, aíndia sereia-cariátide em

meio a elementos marinhos no alto do pórtico de entrada. Ao ultrapassar o portão de

ferro batido ornado com esti-lizadas algas,é possível des-lumbrar-se com um piso que reproduz as ondas do mar, tendo ao centro um circulo

dourado onde peixinhos cinti-lam feito estrelas.Edifíco Itahy

de 1932.

FOTOS: Fábio Carvalho Machado

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Uma verdadeira fachada Art Déco. O edifíco ouro preto,

como exemplo de uma verda-deira fachada Art déco. Ele

apresenta um jogo de cheios e vazios, formado pelos balcões laterais em balanço. As saca-das delimitadas com contorno

delineados,mostrando um estilo Francês. Data: 1929

FOTO: Paulo Jabur.

O edifício Ribeiro Moreira,foi o primeiro prédio de aparta-

mentos em copacabna ,ícone do Art Déco,com sua luxuosa

entrada toda em mármore carrara, vinda da itália, com sua bela passadeira, onde

se destaca em suas bases e formas geométricas os suntu-osos mármores, todo detalha-

do.1928

FOTO: Paulo Jabur.

A entrada para os apartamen-tos do edifíco Ophir. Faz uma

conjugaão do luxo que é o mármore e os ferros fundidos como caraceristia básica do Art Déco. As portas todas em ferro com madeiras, mostran-do a composição com vidros coloridos, ou seja rabalhado.

data 1934

FOTO: Paulo Jabur.

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O edifício Itaoca, com seu belo pôrtico em majólica verde, interpreta influências marajoaras(observe a figura estilizada de um batráquio,amuleto na cultura Marajoara)de 1928

FOTO: Paulo Jabur.

Detalhes do edificio. Os olhos precisam ficar atentos para nao perdermos detalhes desse edifi-cio. Logo na entrada lindas más-

caras carnavalesacas ornam o portão.O acabamento das

vigas simétricas da portaria do edificio Ophir.Construção 1934.

FOTO: Fábio Carvalho Machado

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A notícia caiu como uma bomba. A SNAP, uma ONG internacional com

membros nos Estados Unidos, Alemanha, Holanda e Bélgi-ca, divulgou, no dia 13 de se-tembro, que apresentou uma denúncia ao Tribunal Penal In-ternacional contra o Papa da Igreja Católica Apostólica Ro-mana e outras figuras renoma-das da instituição por prática de crimes contra a humanidade.Segundo a ONG, as altas autori-dades da igreja têm, reiterada-mente, ignorado as denúncias surgidas de várias partes do mundo, envolvendo práticas se-xuais criminosas de seus sacer-dotes. A SNAP pede que o papa seja julgado por “... crimes con-tra a humanidade por estupro e outras violências sexuais co-metidas em todo o mundo...” Junto à denúncia há dez mil páginas de documentação de casos concretos de pedofilia.O Tribunal Penal Internacional foi implantado em 2002 e, an-tes dos dez anos de idade, já está com essa batata quente nas mãos. Muitos têm esperan-ça de que um tribunal univer-sal permanente possa garantir a efetividade dos direitos hu-manos e o respeito às disposi-ções normativas internacionais. Com a globalização, há a fusão dos costumes e, virtualmente, pode-se imaginar a sujeição de todos os indivíduos do planeta às regras internacionais de di-reito penal. Assim surge a ne-cessidade de um embrião de um sistema judiciário interna-

cional, já em experiência, e de cuja estrutura faz parte esse neófito TPI. Desses embriões surgirá a prevista estrutura ju-rídica internacional do futuro.Esses tribunais internacionais precisam ser bem transparen-tes e justos em suas decisões, sob pena de colocar em risco a credibilidade de um sistema que está nascendo. Então o TPI deverá analisar, com muito cri-tério, a denúncia da SNAP. O resultado desse processo pode

ser um grande sinal para a hu-manidade, sobre se estamos, ou não, no caminho certo em matéria de estruturas inter-nacionais, sobretudo judiciais.Eu procuro ter fé nessas institui-ções internacionais porque acre-dito que elas são a garantia de habitabilidade no planeta em um futuro bem próximo. O desenvol-vimento das estruturas sociais aponta para uma humanidade cada vez mais complexa e, por-tanto, cada vez mais dependen-te de regras. Tenho muito medo, portanto, de que os embriões já comecem soçobrando sob o peso dos interesses de grupos.

O TPI só tem três opções: as duas primeiras são: ou absolve Bento XVI e seus co-réus ou os condena. Você pode imaginar as consequ-ências em ambas as hipóteses?Ou então fica com a terceira op-ção: arranja um jeito qualquer para não se manifestar nesse angu de caroço. Essa é a pior delas para a humanidade, a cer-teza de que não há, ainda, nas cortes internacionais, homens com coragem suficiente para absolver inocentes ou para con-denar culpados, sem nodoar as mãos com que seguram a pena.É de se esperar, ao menos, que tudo tenha um final digno para que nem eu nem você, meu caro leitor, tenhamos que convi-ver com o receio de nos deparar com filhos, sobrinhos, parentes ou amigos nossos violentamente abusados, feridos, quando não eternamen- te traumatiza-dos por b a n d i d o s doen- tes, que n ã o são en-con - t r a d o s p o r - que es-t ã o escon-didos n a

som -b r a p r o -j e - t a d a pela c r u z .

Advogado e presidente da Acade-mia de Ciências e Letras de Conse-

lheiro Lafayette [email protected].

br

O desenvolvimento das estruturas sociais

aponta para uma huma-nidade cada vez mais complexa e, portanto, cada vez mais depen-

dente de regras.

Arquivo pesoal

Douglas HenriquesBATATA QUENTE

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Tudo o que é bom e belo dá - ou pelo menos de-veria dar - trabalho. Aí

você pensa: mas um pôr-do-sol é bom e belo e admirá-lo não dá trabalho nenhum. Esse raciocínio esquece que 1) o sol necessitou de um trabalho de bilhões de anos para se formar e 2) algo menos ób-vio: um olhar capaz de admi-rar o pôr-do-sol também leva algum tempo para se formar. Peguemos a ques-tão do corpo, por exemplo. Quem se lembra do lema “No pain, no gain”? Sinteti-zava uma sabedoria impor-tante: se você quer ganhar, precisa trabalhar. A frase - verdadeiro mantra entre esportistas da década de 80 - hoje quase não é co-nhecida. Um esquecimento, ao que parece, sintomático. Pelo jeito, a parte do “pain”, necessária para a transformação do cor-po, foi varrida para debai-xo do tapete. Hoje, cada vez menos pessoas pensam nela. Só querem saber do “gain” - e, de preferência, no menor tempo possível. O lema “No pain, no gain” tem - ou tinha - a sau-dável vantagem de lembrar que toda moeda tem duas fa-ces. Quer um corpo melhor? Prepare-se para sacrificar al-guma coisa. Nenhum corpo se materializa sem que se materializem novos hábitos.

Hoje, no entanto, é cada vez mais fácil gente que-rendo o bônus sem ter que lidar com o ônus. O tempo é encarado como desper-dício e não como investi-mento. As adversidades de qualquer aprendizado são eliminadas, e assim esque-cemos que elas têm a im-portante função de fornecer anticorpos para fortalecer o emocional do ser humano. A barriga tem que secar, mas sem deixar de lado a cervejinha. A solução? Uma pílula. O músculo tem que crescer, mas sem que haja muita disciplina nos exercí-cios. A solução? Outra pílu-la. Ou duas. Ou três. E eis que se forma uma crença de que as soluções podem ser delegadas à Nossa Senhora da Farmacopeia Milagrosa. É o caso de perguntar como, no longo prazo, tan-ta química reagirá nesses corpos. Pois uma coisa é a indústria dizer que não tem problema. Outra, bem diferente, é a resposta do organismo 20, 30 anos depois. Como serão es-ses velhinhos? Ganhar fá-cil parece bom. Quem não gosta de um corpo bonito que atire a primeira pedra. O único problema é que, a julgar o modo como eles es-tão surgindo, já já teremos um novo slogan: “Quem vê cara, não vê fígado”.

Diego Rebouças é jornalista e roteirista.

Rio de Janeiro - RJ

Diego RebouçasSEM DOR

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Galeria deArte

Valdelice Neves

Artista Plástica - Belo Horizonte - MG

Tempo vermelho onda

Tempo

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Bacharel em Artes Plásti-cas pela Universidade do Estado de Minas Gerais, é especialista em gravu-ra em metal. Cursou fi-losofia e está incluída no Catálogo dos 40 anos do MAC/USP – SP. É, ainda, artista, pesquisadora e

escritora. Vive e trabalha em Belo Horizonte. Por ser “performer”, faz uso da gravura em metal, saindo do suporte con-vencional, físico, estáti-co e bidimensional, para imagens em movimen-to, com sobreposições

DETALHE GRA-VURA METAL

MATRIZ-S. ALUMÍNIO-V

PLACA GRAVURA METAL MATRIZ - AGUA FORTE-115X75-II

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de imagens projetadas, criando formas diluídas e chegando de novo ao hiper-realismo. Com seus recursos artísticos, deseja registrar e com-partilhar com o especta-dor suas impressões so-bre o comportamento do homem contemporâneo na pós-modernidade.

Contato: [email protected]

FRAGMENTOS DE CIDADES IV

FRAGMENTOS DE CIDADES-I

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A vida de repórter possi-bilita ir a lugares aonde você nunca iria e conhe-

cer gente que você nunca co-nheceria se não fosse jornalista. De dois meses para cá, tenho experimentado essas sensações com bastante intensidade. É daí que vem a constatação de que a vida real – aquela feita por gen-te de carne e osso e pequenos momentos nem sempre nota-dos pela maioria das pessoas – é bem mais interessante que a vida virtual, em que as emoções não conseguem transpor a tela.Uma menina, na sua mais pura inocência, corresponde ao ace-no de um morador de rua bêba-do e sujo que passa ao seu lado na rua. Uma bonita mulher de óculos escuros ignora o possível perigo e abre o vidro do carro para atender ao pedido de um garoto com seus 10 ou 11 anos, aparentemente drogado, que lhe grita: “Me dá chips, dona?”. Pais encaram o burburinho na saída da escola para bus-car os filhos pré-adolescentes que conversam animadamente em grupos (certamente, sobre assuntos que nada têm a ver com o insano mundo adulto).São exemplos de cenas que vi nos últimos dias – e das quais eu havia me distanciado nos úl-timos anos. A vida na redação tem esse lado negativo e até pa-radoxal. Por mais que, antes, eu ficasse sabendo de tudo pratica-mente em tempo real (graças à conexão ininterrupta com por-tais de notícias, Twitter, Face-book), não era a mesma coisa.

Ultrapassar o vidro fumê é sa-boroso. Nada substitui o contato com as múltiplas cores da reali-dade. Isso é matéria-prima para o repórter. A vida sem media-ção, aquela que acontece bem na frente dos olhos, será sempre mais interessante e ardente. É nela que brotam os sentimentos.Ver o correr da vida, em toda a sua ordinariedade e bestialida-de, tem lá seus encantos. É o que estou redescobrindo agora, com quase o mesmo olhar en-cantado de uma criança que re-conhece o mundo. E, afinal, são esses instantes quase imper-ceptíveis do dia a dia que pon-tuam nossa existência. São eles que vão ficar. Memórias costu-mam ser preenchidas mais pe-los pequenos fatos do que pelos grandes eventos. Talvez porque os pequenos fatos carreguem a emoção verdadeira pela qual tanto procuramos. No fundo, o

que a gente quer são mais ca-fés descompromissados e me-nos banquetes teatralizados.

Jornalista [email protected]

Belo Horizonte - MG

“A vida sem mediação, aquela que acontece

bem na frente dos olhos, será sempre mais inte-ressante e ardente. É

nela que brotam os sen-timentos.”

Joelmir TavaresAH, VIDA REAL!

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Minas esta coberta por riquezas mine-rais e principalmen-

te pela gastronomia. São vá-rios os eventos realizados ao longo do ano, somos a capi-tal nacional da gastronomia.Pioneira neste segmento, a ci-dade de Tiradentes despontou com seu XIV Festival de Cultu-ra e Gastronomia realizado de 18 a 27/08 no qual apresen-tou, este ano, os novos talen-tos junto aos grandes chefs es-trelados da Europa e do Brasil. Foram dois finais de semana com menus especiais nos fes-tins e uma movimentação enor-me em todos os restaurantes, lanchonetes e bistrôs da cida-de. Nos Festins, Paco Roncero (espanhol), Alex Atala (Brasil), Fernando e Juliano Basile (Mi-neiros), Rodrigo Oliveria (Bra-sil), Joca Pontes (Brasil), Ariani Malouf (Brasil), José Barattino (Brasil) e Roberto Cerea (Itália) fizeram uma viagem ao mundo dos sabores, aromas e texturas. Todos que participaram pude-ram sentir a riqueza de nosso país através de seus produtos, uma variedade que faz qualquer chef se apaixonar pelo nosso “terroir”. Além dos festins, ofi-cinas de gastronomia no Senac e na cozinha do “Terra de Minas – Globo Minas”, vários chefs, estudantes, gourmets e apre-ciadores da boa gastronomia fi-zeram parte desta programação. Brumadinho também já se consolida em seu III Bru-madinho Gourmet, realizado de 07 a 11/09, em Casa Branca, lugar de beleza rara, com cli-ma de montanha e paisagens de impressionar, além do mu-seu Inhotim conhecido interna-

cionalmente. O formato é um pouco diferente do evento de Tiradentes, tem por objetivo mostrar a riqueza de sua ter-ra aliada à criatividade de seus chefs, produção de boa cachaça, hortifrutigranjeiros, doces, em-butidos, guloseimas, entre ou-tros produtos que fazem desse lugar um paraíso para os apre-ciadores da boa gastronomia. Foram 14 restaurantes parti-cipantes, cada um mostrando suas iguarias na grande tenda montada no espaço de eventos de Casa Branca, além das de-gustações diárias, o público pôde ver e comprar os mais variados artesanatos locais, assistir às atividades artísticas, participar dos 5 festins que aconteceram nos Restaurantes: Casa Velha, Ipê da Serra, Inhotim, Nina Rosa e na Pousada Vista da Ser-ra, todos com muito glamour e com menus memoráveis. Me or-gulho de fazer parte desta his-tória, pois através do Senac que faz toda a assessoria do even-to, pude fazer parte do grupo de idealizadores do evento que contou com a famosa paella mi-neira beneficente no encerra-mento que tem sua renda rever-tida para as escolas municipais. Minas desponta tam-bém com eventos como o Co-mida di Buteco, que deu o título de capital nacional do bu-teco a Belo Horizonte. Outro evento de que não se pode deixar de falar é a Festa do Café com Biscoito de São Tiago. Em sua XII versão, acon-teceu de 09 a 11/09 e já é su-cesso nacional. Conhecida como a cidade do biscoito, São Tiago, com apenas 10,6 mil habitantes, possui 45 “fábricas” de biscoitos

conhecidas localmente como padarias, sua economia gira em torno de 60% em função dessa produção, famosa pela diversi-dade desses produtos, sendo já possível saborear seus biscoi-tos em boa parte das cidades mineiras e estados vizinhos. Tenho que ressaltar ain-da que, mais uma vez, Minas saiu na frente com o I Circuito de Cafeterias de Belo Horizon-te 24/05 a 24/06, uma iniciati-va de seu idealizador Ruimar de Oliveira. Sua primeira edição foi um sucesso com 18 cafeterias participantes, é um segmento que vem crescendo muito no Brasil, em especial em Minas Gerais, que possui os melhores cafés do país. Estando em BH e para quem perdeu os eventos anteriores, vai uma dica: o IIº Circuito Gastronômico da Pam-pulha, que começou em 06 de setembro e vai até 20 de novem-bro de 2011 que consta de 13 restaurantes participantes, com cardápios sensacionais e preços ainda mais convidativos, além das promoções que oferecem 100% de desconto para o acom-panhante! Vale a pena conferir.. Falar de eventos gastro-nômicos em Minas é falar do tamanho de seu povo e de sua terra. Teríamos assunto para mais umas 100 laudas e ainda assim não conseguiríamos falar de todas cidades que valorizam sua gastronomia como Araxá, Poços de Caldas, Juiz de Fora, Desterro do Melo, entre outras...

Chef de cozinha e gerente geral do Hotel Grogotó

[email protected] - MG

Edson Puiati

MINAS GERAIS: A CAPITAL DOS EVENTOS GASTRONÔMICOS

Arquivo pessoal

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A resposta parece dema-siado óbvia. Adolescên-cia não combina com

gravidez. A adolescente que engravida – ou, o adolescen-te que engravida uma mulher -, não está preparada para assumir a chamada “paren-talidade”, “parenthood”. Não é socialmente competente, como disse o psicanalista E. Erikson, para transmitir os valores da cultura à sucessão geracional. Não tem desen-volvimento biológico para en-frentar uma gravidez. Aban-dona a escola e perde a chance de se inserir socialmente. Ou, ainda, relega a criação do rebento aos avós, tornan-do-se irmão do próprio filho. No cenário das chama-das “oportunidades sociais”, caracterizadas pelo aumento da expectativa de vida da po-pulação, pelo prolongamento da escolarização, pelas mu-danças nos papéis sociais relacionadas à emancipação feminina - onde se pode des-vincular sexualidade e repro-dução -, e pela massificação do acesso a bens de consu-mo, a gravidez na adolescên-cia desponta como um verda-deiro desperdício do leque de oportunidades e prazeres da vida juvenil, capaz de susci-tar um forte sentimento de indignação por parte da so-ciedade. Como se o adoles-cente, além de esbanjar a própria vida, colocasse ainda em prejuízo a geração futu-ra – exposta aos riscos do abandono –, e a geração pas-sada, convocada a assumir

responsabilidades perante os netos que não seriam suas. Todos esses argumen-tos, baseados numa constru-ção conceitual da adolescên-cia moderna, que se localiza social, histórica e cultural-mente, fundamentam-se na tese de ser essa etapa do de-senvolvimento humano um estágio para a entrada triun-fante na vida adulta. Essa concepção contemporânea, no entanto, esbarra num

passado recente, em que a noção de adolescência não se fazia presente nos deba-tes médicos, psicológicos, da mídia ou do senso comum, e se considerava ideal a fai-xa etária dos 13 aos 19 anos para o compromisso ma-trimonial e a maternidade. O aumento da taxa de fecundidade entre adolescen-tes não justifica, em si mes-mo, a preocupação com o tema. Mesmo sendo um fato que a incidência de gravidez na adolescência sofreu uma ligeira variação positiva nas

três últimas décadas do sé-culo vinte, contrariando uma tendência geral de diminui-ção do número de filhos por parturiente, a questão quan-titativa não pode se constituir como o fator explicativo da construção social do problema “gravidez na adolescência”. Hipoteticamente, se poderia pensar, por exemplo, que a gravidez na adolescência se-gue seu percurso “natural”, enquanto a redução da taxa de natalidade, sim, se apre-sentaria como um problema a ser discutido. Tema instigan-te, destacado no filme Chil-dren of Men (traduzido para o cinema nacional como “Filhos da Esperança”), em que a in-fertilidade da raça humana é levada ao extremo de incapa-cidade de perpetuação da es-pécie, num contexto futurista de caos social e nenhuma es-perança no projeto humano. Entendemos, portanto, que só se pode problematizar a fecundidade na adolescên-cia a partir de certas condi-ções sociais e históricas, cuja compreensão implica numa possibilidade de relativização desse fenômeno. A chamada gravidez na adolescência, ca-racterizada pela OMS a partir de parâmetros etários, como aquela que ocorre na faixa dos 10 aos 19 anos de idade, não é um fenômeno homo-gêneo. Não se pode falar que uma gravidez, aos 10 anos, seja igual àquela que se dá aos 19… Nem se pode falar que uma gravidez entre dois parceiros adolescentes seja

Por que a gravidez na adolescência nos preocupa?

Profª Drª Keila Deslandes

“Entendemos, por-tanto, que só se pode

problematizar a fe-cundidade na ado-

lescência a partir de certas condições so-

ciais e históricas, cuja compreensão implica

numa possibilidade de relativização desse

fenômeno.”

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igual àquela que ocorre entre parceiros de diferentes faixas etárias. A condição social das parturientes também diferen-cia o problema. Bem como o fato de o episódio acontecer uma única vez ou em múlti-plas vezes, se no contexto de um casamento ou não, se re-lacionado a um projeto de in-serção social e afetiva. Pode a gravidez na adolescência ser vivida irresponsavelmente, ou, ao contrário, constituir-se como uma estratégia asser-tiva, uma forma de resiliên-cia no contexto de violência familiar e anomia social, em que práticas de prostituição e tráfico de drogas aparecem como as oportunidades mais sólidas de socialização e vida comunitária. Tanto a adoles-cente grávida pode evadir do ambiente escolar, como pode retornar à escola e aos pro-jetos de empregabilidade. Enfim, a heterogeneida-de de experiências que o ró-tulo “gravidez na adolescên-cia” engloba não nos permite problematizar o fenômeno a partir de um enquadramento único e – a priori –, encara-do pelos aspectos negativos. É o que percebemos nas entrevistas que estamos fazendo com adolescentes-mães e jovens que, estando com vinte e poucos anos à épo-ca da entrevista, fo-ram mães durante a adolescência. Numa primeira etapa para coleta de dados de nosso trabalho de pesquisa e interven-ção, desenvolvido em escolas regulares e de Educação de Jo-vens e Adultos (EJA), localizadas numa

região de grandes contras-tes sociais da cidade de Belo Horizonte (regional Oeste), estamos procurando discu-tir a problemática da gravi-dez na adolescência a partir da noção de planejamen-to familiar – e não da idéia de prevenção, tout court. Trata-se, assim, de acreditar que a gravidez na adolescência não é uma espé-cie de epidemia a ser erradi-cada, mas que cabe ao Esta-do e à sociedade organizada oferecer meios não coerciti-vos para que o adolescente, bem como todo o cidadão brasileiro, possa determinar o número de filhos que pre-tende ter, quando isso deve acontecer, bem como viabi-lizar sua constituição fami-liar. Trata-se, também, numa proposta de pesquisa-inter-venção, de construir espaços de diálogo, reflexão e cida-dania, para e com os adoles-centes de classes populares, a partir dos “princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsá-vel” (cf. Constituição da Re-pública Federativa do Brasil, art 226, § 7º). Espaços onde possamos rediscutir a própria

noção de gravidez na adoles-cência, contextualizando-a, historiando-a e mostrando a sua heterogeneidade para, então, problematizá-la ten-do em vista a história de vida de cada sujeito, sua família e sua comunidade, no con-texto de alternativas con-cretas e opções autônomas.

Keila Deslandes é professora de Psicologia da Educação e do

Desenvolvimento na UFOP – MG [email protected]

Belo Horizonte - MG

Arquivo pessoal

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O mês de setembro de 201 trouxe-nos boas reflexões sobre os po-

vos de diferentes lugares do mundo. Em meio a crises, tra-gédias e corrupção, cada qual exibiu, nos últimos dias, uma maneira de se manifestar.Para os Yankees, o american way. Dez longos anos, pas-sados o emblemático 11 de setembro, de 2001, maior atentado terrorista de que se tem conhecimento, muitas lágrimas derramadas pelos entes queridos e uma dúvi-da: o que nós podemos es-perar pela frente? Os ameri-canos reforçaram amor pela pátria, defender o país contra o inimigo, mesmo que ele não exista, não possa ser tocado ou fruto de um factóide do governo americano. Factóide sim, pois, cumprindo promes-sa de governo, Barack Oba-ma não deixaria seu prestígio cair ao fundo do poço não entregando ao seu povo a cabeça do responsável pelos ataques, Osama Bin Laden. Fato semelhante nos traz lembranças da Guerra Fria, na qual Estados Unidos e Rús-sia brigavam pela soberania mundial. Um capítulo dessa história, até hoje, deixa dú-vidas no ar. Será mesmo que à conquista da lua pelo astro-nauta Armstrong de fato acon-teceu? Não poderiam deixar

os russos chegarem primeiro.Voltemos a Obama. Com a imagem fragilizada, nos últi-mos dias, pela crise america-na, não diferente da europeia (entende-se, no primeiro mundo), nada melhor do que aparecer ao povo americano como herói na luta contra o terror, posar de o presidente que “venceu” os terroristas, emblematicamente ao lado de Bush. Apareceu, fortale-cido, também, por discurso

forte no senado americano, empurrando goela abaixo dos senadores, a responsabilida-de em votar as reformas (so-lução) proposta pelo gover-no para tirar o país risco de uma crise sem precedentes.Enquanto isso, em terras tu-piniquins, brasileiros vão às ruas, no Sete de Setembro, expressar sua livre vontade. O que é mesmo o sete de setembro? Diversos veícu-los de imprensa produziram matérias confirmando que o brasileiro anda esquecido so-bre sua própria história. Mi-lhares de cidadãos curtiram os desfiles comemorativos

pela Independência do Bra-sil, enquanto outros milhares resolveram protestar quanto à corrupção que vem mar-cando o governo Dilma. E outros ainda não souberam o que protestar. Cerveja quen-te, calor demais, estradas cheias, entre outros que não deveriam sequer ser citados.Independência do Brasil e corrupção têm tudo a ver. É o mesmo que pensar: Por-tugal exigia-nos o quinto, ou seja, vinte por cento do que produzíamos aqui deveria ser mandado para lá, por que não nos tornarmos independen-tes e exigirmos quarenta por cento, em impostos? O que estamos esperando, então?Para os cidadãos dos dois pa-íses, e dos outros, também fica uma reflexão. Ninguém tem o direito de tirar a vida de pessoas inocentes como no atentado de 11 de setem-bro de 2001 e nenhum gover-no tem o direito de tirar do povo o que é do povo, suas riquezas, o fruto do trabalho. Não tenhamos mais atenta-dos e mais corrupção. Assim ficamos livres desses “he-róis” que fazem suas histó-rias para o povo, pelo povo e “somente”. Há de se indignar.

Jornalista [email protected] Conselheiro Lafaiete - MG

“em terras tupiniquins, brasileiros vão às ruas, no Sete de Setembro,

expressar sua livre von-tade...”

Mario Lucio Peixoto

THE AMERICAN wAy E O JEITO BRASILEIRO

Arquivo pessoal

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Leny Eversong

a fabulosa

Dona de voz poderosa, que ficou famosa internacionalmente nos anos de 1950, essa cantora bra-sileira chegou a fazer tempora-das anuais nos cassinos de Las Vegas e a gravar nos Estados Unidos e na França. Hoje não tem um disco sequer em catálogo.

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Rodrigo Faour - RJ extraído do site: CliqueMusicRodrigo Faour - RJ

extraído do site: CliqueMusic

Arquivo pessoal

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Leny Eversong foi uma cantora que chegou muito longe em sua carreira, mas no fim da vida amargou muitos dramas pessoais. Come-

çou aos 12 anos, em 1932, apresentando-se no Programa Hora Infantil, da Rádio Clube de Santos (SP). Depois de realizar um teste, foi contratada para atuar no programa noturno da emissora. Can-tando música brasileira e foxes norte-americanos, estilo no qual acabou se especializando, em pouco ela tempo passou a ser conhecida como Hildinha, a Princesa do Fox. Depois, em 1935, começou a atuar na Rádio Atlântica, também em Santos, sua cidade natal. Foi quando estreou com seu famoso nome artístico e passou a cantar apenas em in-glês, decorando as letras. Aos 16, já se apresenta-va na Rádio Tupi, do Rio, e no Copacabana Palace Hotel, passando também pelo disputado Cassino da Urca. Seguiram-se outras rádios e cassinos até que, em 1942, Leny gravou seu primeiro disco 78 rpm, cantando temas de filmes famosos como Lady Crooner, da orquestra de Anthony Sergi, o Totó.

Apesar de gravar em português desde o início dos anos 50, suas interpretações mais em-polgantes foram mesmo standards do repertório internacional. Jezebel, El Cumbanchero, Summer-time, Jalousie, Fascination, Mack the Knife e Gra-nada foram alguns de seus grandes êxitos no rá-dio, no palco e na TV. “Nas décadas de 40 e 50 fazia grande sucesso a peruana Yma Sumac. E de repente viram que em matéria de extravagância e extensão vocal o Brasil tinha uma representante mais interessante que a Yma, pois ela não can-tava com tanta expressão ou em tantas línguas quanto a Leny, que cantou em todas que se pos-sa imaginar”, analisa o historiador Jairo Severiano.

Eclética e internacional Foi na segunda metade dos anos 50 que Leny viveu o auge de sua carreira. Foi capa das principais publicações brasileiras e trazia a tiracolo uma invejável agenda internacional – incluindo Las Vegas, Nova York e Paris –, cantando em grandes teatros e cassinos. “Leny foi à primeira brasileira a cantar em Las Vegas apenas por suas qualidades de cantora. A Carmen Miranda foi um caso extraor-dinário, porque foi para lá depois de fazer cinema. A Leny, não. Foi sem filme, sem nada, cantando em inglês”, compara a cantora Carminha Mascarenhas.

O maestro Daniel Salinas, que a acompanhou em turnês por Las Vegas e Nova York, é testemu-nha do estrondoso sucesso que a cantora fez ao redor do mundo, onde quer que se apresentasse. “Ela fez temporadas em Las Vegas, Nova York e

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Paris, no México e em países das Américas Central e do Sul. Mesmo em lugares em que não era tão conhecida, como a Venezuela, ela tinha um potencial tão fabuloso que, quando cantava, arrasa-va. Era aplaudida de pé. Na-quela época, quase não tinha brasileiro de sucesso fora do país. Pena que ninguém lem-bre mais dela”, lamenta o maestro. Ele afirma que Leny teve a chance de gravar com os melhores músicos, nos melhores estúdios e com ar-ranjos de grandes maestros. “Ela fez tudo que um artista sonharia fazer”. De fato, ela gravou nos anos 50 um LP no Coral com a orquestra de Neal Hefti e, na Vogue francesa, um com a de Pierre Dorsey. Embora os letreiros dos cas sinos de Las Ve-gas a enfocassem como can-tora brasileira, muitas vezes ela era vendida como canto-ra americana, pois apesar de até o final dos anos 50 não falar uma palavra de inglês, cantava sem sotaque graças a seu ótimo ouvido. O cantor Luiz Vieira lembra-se de ou-vi-la falar dessas armações, às gargalhadas. “A Leny era maravilhosa, de uma humil-dade e uma simplicidade in-críveis. Ela me contava os seus micos do modo mais natural. Ela podia não ter um nível de cultura dos mais li-sonjeiros, mas era inteligente demais. Quando ela ia para a Argentina, por exemplo, o empresário dela dizia: ‘Não abra a boca com a impren-sa’. Então só falavam com o empresário. E ela só falava yes, ok, all right. Ela con-tava isso com muita graça”.

Problemas familiares e diabetes

Até o final dos anos 60, sua carreira ia bem. Leny participou da primeira mon-tagem brasileira da Ópera dos Três Vinténs, de Brecht, em São Paulo, e de alguns festivais da canção, além de continuar com suas turnês americanas. Mas no início dos 70, começaram as dores de cabeça. Seu marido saiu para comprar cigarros (literalmen-te) e nunca mais voltou. Foi sequestrado e desapareceu. Isso marcou tanto a sua vida que todos os artistas entre-vistados para essa reporta-gem fizeram menção ao fato. “Ela ficou quase louca quan-do o marido sumiu”, lembra Luiz Vieira. A cantora Adelai-de Chiozzo diz que chegou a consolá-la. Mas o maior apoio à cantora foi dado pelo ami-go Agnaldo Rayol. “Quando o marido dela sumiu, ela fi-cou dias hospedada no meu sítio, em Itapecerica da Ser-ra. Estava muito nervosa. Ela estava meio desencon-trada, perdida e eu disse: Venha passar uns dias co-migo. Batíamos muito papo. Já nessa época, ela se sentia meio injustiçada, esquecida”. A sambista Dona Ivone Lara é uma das maiores fãs da cantora. “Adorava a Leny, ela tinha uma voz lindíssima. Eu gostava dela cantando Je-zebel... Em El Cumbanchero ela também dava banho”, diz a primeira dama do samba carioca que lamenta por não ter tido a oportunidade de vê-la ao vivo. “Uma vez, durante uma turnê em São Paulo, fui saber de seu falecimento. Eu soube que aquele problema dela com o marido aconteceu porque o pegaram pensando que fosse o filho”. Procedente ou não a tese, o fato é que o filho de Leny andou envolvido com drogas e chegou mes-mo a ser preso anos depois.

Ângela Maria, que che-gou a dividir o palco com ela nas TV Tupi e Record, diz que desde que houve o sumiço de Nei Campos, marido de Leny, a colega também sumiu. “Ela era uma grande voz, mui-to alegre, divertida e amiga, mas depois daquele problema com o marido, ela fez ques-tão de desaparecer do mapa. Ninguém sabia onde ela vi-via”, depõe. O pior é que além de tudo, por ser muito gorda, acabou ficando com diabetes – que na época não era ainda uma doença com o tratamen-to que se tem hoje. Adelaide Chiozzo vê causas psicológi-cas em tudo isso. “Acho que sua doença foi provocada pelo fato de o marido ter sumido. Sentia que ela tinha uma tris-teza muito profunda, e logo ela que era tão alegre”, diz. Além de ter emagrecido mui-to, segundo a amiga e can-tora Lana Bittencourt, Leny chegou mesmo a ter de am-putar as pernas pouco antes de morrer. Um triste fim para uma figura de tamanho brilho.

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EM CENA PAULISTANA:A Ponto Fin@l recomenda:

MÁQUINA HAMLET fisted – Taanteatro Companhia

TEATRO

Espetáculo: Máquina Hamlet fistedGrupo: Taanteatro CompanhiaTemporada: 01 a 29 de setembro de 2011 - quartas e quintas, 21h Local: Espaço dos Satyros II. Praça Roosevelt, 134, tel (11) 3258 6345Ingresso: R$ 20,00 e R$ 10,00Classificação etária: 16 anos.Duração: 60 min

FICHA TÉCNICA Texto e direção| Wolfgang PannekElenco| Alda Maria Abreu, Ana Beatriz Almeida, Roger Valença, Vlamir Sibylla Coreografia | Wolfgang Pannek, Maura Baiocchi e elenco Assistente de direção | Alda Maria AbreuVideos | Alda Maria Abreu, Ana Beatriz Almeida, Wolfgang PannekIluminação | Rodrigo GarciaFigurino | Ana Beatriz Almeida Coordenação de produção | Wolfgang PannekContato: (11) 7968 4962 – [email protected]

TAANTEATRO 20 ANOSEm 2011, a Taanteatro Companhia, fundada e sediada em São Paulo, completará duas décadas de existência dedicadas à pesquisa e criação nas artes cênicas . Por ocasião dessa data comemo-rativa encena “Máquina Hamlet fisted”, re-escri-tura da peça “Máquina Hamlet”, do dramaturgo alemão Heiner Müller (1929/1995).

“MÁQUINA HAMLET fisted”“Máquina Hamlet fisted” é um espetáculo teatro-coreográfico político concebido e encenado por Wolfgang Pannek, co-diretor da Taanteatro Com-panhia ao lado de Maura Baiocchi. Diferentemen-te da obra “Máquina Hamlet”, de Heiner Müller, situada diante do horizonte das ruínas da Euro-pa do século XX, “Máquina Hamlet fisted” mostra Hamlet e Ofélia no limiar entre a aceitação e a revolta contra as tradições de poder da Améri-ca do Sul. A encenação faz referência ao mundo

fashion, à estética sado-masoquista, à comuni-cação virtual e à filosofia contemporânea para esboçar um painel de indagações em torno do complexo temático poder-sexualidade-revolta.

Títulos das cenas:Funeral Novo Mundo – Ophelia’s chat room – Scherzo: máquinas do desejo e a revolta da car-ne – Ai WeiWei: the rest is silence – Amazonas, o retorno.

TAANTEATRO COMPANHIAFundada em 1991 e dirigida por Maura Baiocchi e Wolfgang Pannek, a Taanteatro se dedica à pes-quisa e criação teatro-coreográfica. Encenações inaugurais: O Livro dos Mortos de Alice (grande elenco) no Sesc Pompéia e Frida Kahlo: Uma Mu-lher de Pedra dá Luz à Noite (solo) no TUCA - Te-atro da Universidade Católica de São Paulo. Desde a sua fundação, criou mais de 40 espe-táculos sobre a vida e obra de artistas e poetas como Frida Kahlo, Florbela Espanca, Lewis Carrol, Antonin Artaud, Lautréamont, Fernando Pessoa, Robert Walser, George Tabori, Hölderlin, Beckett, Shakespeare e Nietzsche. Também concebe per-formances a partir de vivências e narrativas dos próprios integrantes da companhia. A maioria de suas encenações são autorais.

Cena de “MÁQUINA HAMLET fisted”, em cartaz no Espaço dos Satyros II. Praça Roosevelt, 134, em São Paulo-SP. CRÉDITO DA FOTO: Sílvia Ma-chado.

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Rádio Inconfidência: 75 anos de história

por: Nair Prata | Jornalista

primeiro microfone da Rádio Inconfidência

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A história da Rádio Incon-fidência confunde-se com a própria história

da radiofonia em Minas Gerais. A emissora nasceu aos 03 de setembro de 1936 com a mis-são de ser um veículo voltado para fins instrutivos e intelec-tuais. Criada durante o go-verno de Benedito Valadares, por iniciativa do Secretário da Agricultura, Dr. Israel Pinhei-ro, a emissora tinha também o propósito de tornar-se um po-

deroso instrumento de apro-ximação entre os mineiros. A Rádio Inconfidência era uma emissora de elite e faziam parte de sua progra-mação atrações como “Ópera da Semana”, “Discoteca da Boa Música” e “Concertos”. A emissora funcionava em um dos lugares mais elegantes de Belo Horizonte, a Feira Per-manente de Amostras. Atu-almente, local onde funciona a Rodoviária de Belo Hori-

zonte. Inicialmente apresen-tada apenas como “PRI-3”, a Rádio adotou, na sequência, o primeiro slogan: “A voz de Minas para toda a América”. A Inconfidência, desde o início, possuía uma grade de programação variada. A “Hora do Fazendeiro”, um dos primeiros programas da emis-sora, inaugurado em 07 de setembro de 1936, idealizado por Israel Pinheiro, foi criado e produzido por João Anatólio

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Lima com a finalidade de ensi-nar o homem do interior como plantar e como tratar das do-enças dos animais. O progra-ma, nas ondas da emissora até hoje sem interrupções, é considerado o mais antigo do rádio brasileiro e, segundo a BBC de Londres, o programa radiofônico mais antigo do mundo. Atualmente, o pro-grama é comandado por Tina Gonçalves, que está na emis-sora há mais de trinta anos. Em 1938, a Rádio In-confidência, pela primeira vez em Minas Gerais e talvez no Brasil, formou uma rede de transmissão da Copa do Mundo de Futebol, coman-dada pelo jornalista Alcides Curtis Lima. Mais adiante, um dos nomes mais impor-tantes na equipe de espor-tes da emissora foi o de Jai-ro Anatólio Lima, que iniciou sua carreira no veículo aos

13 anos de idade como con-tínuo. Foi radialista por 67 anos e 60 como radiojorna-lista esportivo. Atuou como locutor, comentarista, cronis-ta esportivo e radio ator. Jai-ro foi o único radialista bra-sileiro a cobrir ao vivo e ‘in loco’ sete Copas do Mundo. Foi ele quem realizou a pri-meira transmissão da Copa no Brasil, realizada em 1950. Na década de 1940, entrou no ar Inconfidência Ondas Curtas em dois ca-nais (PRK 9 e PRK 5), apre-sentando-se com a mesma programação da emissora AM e levando o sinal da Inconfi-dência à população rural de Minas, do Brasil e do mundo. Os programas de audi-tório, as novelas e as sessões de rádio-teatro marcaram as décadas de 1940 e 1950. A Inconfidência, juntamente com a Rádio Nacional e a rá-

dio Tupi, de São Paulo, pos-suía um dos melhores elencos de rádio-teatro do Brasil. A popularização da programa-ção da emissora aconteceu nesta época. Talvez essa po-pularização fosse a opção do então governador Juscelino Kubitschek, que sonhava com a presidência da República e precisava de um veículo for-te para chegar ao eleitor. Nos tempos áureos, o “cast” da Inconfidência chegou a reu-nir centenas de integrantes. Programas como “Ba-zar Sonoro” e “Rádio-Diver-sões”, entre outros, realiza-dos no grande auditório da Rádio, apresentava à platéia, além dos talentos da casa, nomes consagrados da mú-sica nacional, como Pedro Vargas, Tio Guizar, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Car-men Miranda e Nelson Golçal-ves. Nessa época, também,

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constituíram-se as Orques-tras da Rádio, como a “Típi-ca”, a “Orquestra de Salão”, a “Orquestra de Danças”, co-mandadas por maestros de expressão em Minas Gerais como Mário Pastore, Eli Perei-ra, Juvenal Dias, entre outros. Em 1961, ano de come-moração dos 25 anos, a Rá-dio Inconfidência – já chama-da de “O Gigante do Ar” - era única emissora em Minas que mantinha uma equipe efetiva de artistas. Nesta época, sob comando do regente Hely Ferreira Drummond, fazia parte da Orquestra da Rádio Inconfidência a cantora Cla-ra Nunes, ainda em início de carreira. Ela foi a rainha do Jubileu de Prata da emissora. Em 1979, a emissora lançou sua estação FM – a Brasileiríssima -, com o com-promisso de valorizar o ar-tista mineiro e brasileiro, ir-radiando somente o melhor da Música Popular Brasileira, capitaneado por Claudiney Albertini, diretor artístico da emissora naquele período. Desde então, há mais de trin-ta anos, a Brasileiríssima fir-mou-se como espaço essen-

cial de divulgação da música brasileira. O dial foi uma es-pécie de trincheira da diversi-dade da MPB num momento em que a indústria fonográfi-ca baseou suas estratégias de divulgação em duas frentes: o sucesso comercial interna-cional e as monoculturas de estilos e gêneros nacionais, predominantes nas emis-soras comerciais. Seu pro-grama mais antigo, o Bazar Maravilha, comandado desde

o ínicio pelo produtor e jor-nalista Tutti Maravilha, acaba de completar 24 anos no ar. A partir de 2004, ini-ciou-se o processo de re-vitalização da emissora. A Inconfidência recebeu inves-timentos substanciais do Go-verno do Estado para realizar uma completa adequação fí-sica e tecnológica. Em 2010, relançou “O Gigante do Ar”. A emissora AM 880 – dial exclusivo em todo o país – passou a operar com 100% de sua capacidade, graças à reforma da torre de trans-missão e de outras providên-cias técnicas e investimentos tecnológicos durante quatro anos. Com o potencial do re-lançamento, surgiu também uma nova programação 24 horas no ar, com cultura, en-tretenimento, prestação de serviços, jornalismo de qua-lidade e emoção nas trans-missões futebolísticas. O res-gate do slogan “O Gigante do Ar” veio com a lembrança e a qualidade de outrora: a capacidade de alcançar to-das as cidades mineiras, os demais estados brasileiros, e até outros países e volta

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a ter anunciado o seu prefixo em três línguas: português, espanhol e inglês. Além disso, a emissora in-vestiu na recuperação da transmis-são em ondas curtas. Hoje temos os canais OC 6010 e OC 15190. Em 2009, a Rádio Inconfi-dência foi eleita a melhor rádio do Brasil. O veículo foi vencedor do Prêmio Mídia do Ano em Comunica-ção Empresarial (Categoria Rádio) pela Aberge (Associação Brasilei-ra de Comunicação Empresarial). Em 2010, o site da emisso-ra foi repaginado. Moderno e de navegação simples, os “ouvintes-internautas” podem comentar, su-gerir e acompanhar tudo o que acontece em suas duas estações, através dos blogs dos programas,

fotologs, enquetes e redes sociais. O novo site da traz diversas no-vidades: seção de vídeos, áudios dos programas, além das imagens marcadas na história da emissora.

Consulta bibliográficaA História do Rádio em Minas Gerais, de Nair Prata. Texto apresentado no INTERCOM – Sociedade Brasilei-ra de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – no XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comuni-cação – BH/MG – 2 a 6 Set 2003.Textos e notas do Acervo His-tórico da Rádio Inconfidência

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Técnicas inéditas de coloração são ca-pazes de produzir incríveis looks de efeito tridimensional. O segredo?

Volume e profundidade criados por meio da cor para gerar ilusões glamorosas di-ferenciadas. Conheça essa novidade. No cinema e na televisão só dá 3D. Agora, essa incrível tecnologia que encanta os olhos chega também aos Salões de Beleza na hora da colo-ração. Você já deve ter observado os cabelos das celebridades nacionais e internacionais como Katherine Heigl e outras, por exemplo. Todas elas adotaram a técnica 3D para valorizar o tom e a forma de seus fios. Na Europa, esta já é uma forte tendên-cia. Não por acaso, em Paris, a frase do mo-mento é “ACORDE SEU CABELO COM O 3D”. Ninguém mais quer uma coloração chapa-da, excessivamente homogênea e de vi-

sual previsível. As clientes estão exigen-tes e desejam ir além de apenas colorir os fios; elas desejam desfilar obras de arte. Um cabelo tridimensional tem uma apa-rência viva, natural, fotografa muito bem e apresenta balanço. A técnica do 3D é aque-la que utiliza várias nuances para proporcio-nar um efeito tridimensional. É necessário criar profundidade, luz, sombra e movimen-to. Um resultado personalizado para cada cliente. Sobreposição e contrastes das co-res, sugestão de efeitos e ilusão de ótica. Este é o segredo para um cabelo 3D.

Visagista [email protected] Conselheiro Lafaiete - MG

Nilce Tavares Leão

CABELOS 3D (TERCEIRA DIMENSÃO)

Arquivo pessoal

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Revista Ponto Final