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1 TRIBUNA TRIBUNA TRIBUNA TRIBUNA TRIBUNA DO DO DO DO DO D D DIREITO IREITO IREITO IREITO IREITO 16 ANOS ANO 17 Nº 193 R$ 7,00 MAIO DE 2009 EXAME DE ORDEM DIREITO DE FAMÍLIA Dia 17 de maio, com novidades “Maria da Penha” vale para namoro Página 17 Página 3 ECA Menor infrator leva medo à sociedade “Tribuna” fica com “cara” nova Página 2 ADVOGACIA O novo advogado, segundo Oscar Vilhena Vieira Caderno de Livros IN MEMORIAM O Direito perde o criminalista Waldir Troncoso Peres Página 24 Augusto Canuto Internet inguém sabe mais como contê-los. Sa- be-se apenas que eles levam medo à população. Os própri- os pais procuram “passar” o problema adiante. Os adoles- centes que “querem se diferenciar a qual- quer custo”, mesmo que seja pela vio- lência física, acabam se transformando em infratores. Também não se sabe se algumas medidas, que ganharam espaço na mídia, como proibir a presença de menores nas ruas depois de determinada hora, surtirão algum efeito. Em algumas cidades, chegou-se mesmo a proibir o uso de skates e patins e, em outras, esta- belecer idades para que menores fre- quentem lan houses. Em 2008, por exemplo, como mostra Percival de Souza, mais de 5.500 menores foram internados por atos infracionais, com um detalhe assustador: 81 deles tinham menos de 12 anos. Se- gundo um estudo do Ministério da Justiça, “o cometimento do ato infracional é o que resta como forma de obter reconhecimento de uma sociedade que os ignora”. E mais: 90% dos adolescentes que cometeram alguma infração, consumiam algum tipo de droga. Págs 20 e 21 N JORNAL Cristovão Bernardo Augusto Canuto

Edição Maio 2009 - nº 193

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Edição Maio 2009 - nº 193

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1MAIO DE 2009

TRIBUNATRIBUNATRIBUNATRIBUNATRIBUNA DODODODODO DDDDDIREITOIREITOIREITOIREITOIREITO16ANOS

ANO 17Nº 193

R$ 7,00MAIO DE 2009

EXAME DE ORDEM DIREITO DE FAMÍLIA

Dia 17 de maio, com novidades “Maria da Penha” vale para namoroPágina 17 Página 3

ECA

Menor infrator leva

medo à sociedade

“Tribuna” ficacom “cara” novaPágina 2

ADVOGACIA

O novo advogado,segundo OscarVilhena Vieira

Caderno de Livros

IN MEMORIAM

O Direito perde ocriminalista Waldir

Troncoso PeresPágina 24

Augusto Canuto

Internet

inguém sabe maiscomo contê-los. Sa-be-se apenas queeles levam medo àpopulação. Os própri-os pais procuram

“passar” o problema adiante. Os adoles-centes que “querem se diferenciar a qual-quer custo”, mesmo que seja pela vio-lência física, acabam se transformandoem infratores. Também não se sabe se

algumas medidas, que ganharam espaçona mídia, como proibir a presença demenores nas ruas depois de determinadahora, surtirão algum efeito. Em algumascidades, chegou-se mesmo a proibir o usode skates e patins e, em outras, esta-belecer idades para que menores fre-quentem lan houses. Em 2008, porexemplo, como mostra Percival de

Souza, mais de 5.500 menores foraminternados por atos infracionais, com

um detalhe assustador: 81 delestinham menos de 12 anos. Se-gundo um estudo do Ministério daJustiça, “o cometimento do atoinfracional é o que resta comoforma de obter reconhecimentode uma sociedade que os ignora”.E mais: 90% dos adolescentesque cometeram alguma infração,consumiam algum tipo de droga.

Págs 20 e 21

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Canuto

2 MAIO DE 2009

DOS LEITORES

— "Depois de o governo+Carteira de Previdência

de São Paulo dar sinais claros que a ele nãointeressava mais manter a Carteira de Pre-vidência de Advogados no Ipesp, ou seja,desde a edição/vigência da Lei 11.608/2.003, a OAB/SP, "ingenuamente" (ounão?) acreditou nos últimos anos que estasituação de alguma forma pudesse se re-verter, favoravelmente aos advogadoscontribuintes da referida Carteira. Não épreciso dizer que todas as reuniões daOAB-SP com o governo foram inúteis, eque o precioso e irrecuperável tempo dis-pendido nas mesmas, já poderia ter sidomuito melhor aplicado, no andamento eaté possíveis decisões/liminares nas ações

DA REDAÇÃO

ste mês, teríamos muitos assuntos relacionados ao meio jurídicopara comentar neste espaço que vem-se destacando como umarauto na defesa dos princípios jurídicos e democráticos. Do“Pacto Republicano”, passando pelo escândalo da utilização depassagens aéreas pelos representantes (e convidados) do Con-gresso, até o entrevero entre os doutos ministros da mais alta

Corte do País, que ganhou espaço em toda a mídia para desespero das maisaltas autoridades judiciárias do País, mazelas e situações anacrônicas não fal-tam. Mas, desta vez pedimos licença aos leitores, parceiros publicitários, ami-gos e companheiros de longa jornada, para se referir ao próprio “Tribuna”. Afi-nal, o jornal está entrando em seu 17° ano de publicação ininterrupta, consoli-dando-se como um marco do jornalismo especializado, e com o orgulho de serconsiderado um dos melhores do País no seu segmento. Mesmo diante da crisenacional e internacional, o jornal não se curvou e segue o caminho traçado nosfundos da residência do diretor de Marketing, Moacyr Norris Castanho, no hojelongínquo maio de 1993. Como escreveu em editorial de primeira página noprimeiro número, o “Tribuna do Direito” objetivava “manter-se fiel a causa queabraçou: contribuir efetivamente para o aprimoramento da Justiça” . E lembra-va que fez essa opção “por acreditar que o Brasil jamais viverá uma democra-cia se não possuir um Judiciário forte, autônomo e eficiente”. Palavras seguidasao pé da letra durante os últimos 16 anos.

E o “Tribuna” chega a mais de uma década e meia também com novidades,que podem ser observadas nesta edição. Pela terceira vez, um novo conceitográfico é adotado pelo jornal, buscando a leveza, a clareza e a modernidadeque sempre defendeu, valorizando os colaboradores, os leitores, os parceiroscomerciais. Quem não muda, morre, diz um velho ditado. E o “Tribuna do Direi-to” dos sonhos de Milton Rondas, Mauro Mello e Moacyr Castanho, que deramorigem a MMM Editora Jurídica Ltda., continua mais vivo do que nunca.

Fran Augusti

“Tribuna”, ano 17

E

+"Obrigado pela

publicação de meu poema

no 'Tribuna'. Sinto-me honrado e feliz." CamiloCorreia, advogado e poeta, São Paulo.

Poes ia—

32 páginas

AASP 4

À Margem da Lei 2 8

Aposentadoria/INSS 1 0

Cruzadas 3 1

Cursos/Seminários 2 8

Da Redação 2

Direito Civil 8

Direito de Família 3 e 11

Direito Imobiliário 6 e 7

Dos Leitores 2

Educação 1 7

Ementas 18

Gente do Direito 23

Hic et Nunc 1 4

In Memoriam 2 4

Lazer 28 a 31

Legislação 2 2

Ministério Público 8

Nos Tribunais 1 2

Notas 1 3

Paulo Bomfim 3 1

Poesias 3 1

Reforma do Judiciário 1 4

Seguros 1 0

STJ 2 8

Trabalho 19 e 25 a 27

Mais os Cadernos de “Livros” e “Jurisprudência”

judiciais pertinentes, que somente agora aOAB-SP decidiu propor. Mas... será queninguém pensou também nos colegasidosos ou com problemas de saúde, que jápoderiam obter algum benefício desdeagora? E que se a liquidação da Carteira foraprovada, estarão todos a míngua e semrecursos, mesmo depois de terem colabo-rado por dezenas de anos a fio? E que te-rão que pacientemente esperar soluçõespositivas do Judiciário? É uma vergonhatudo isto, pois quando se trata de garantiralgumas justas aposentadorias e benefíciosaos membros do Executivo, Legislativo eJudiciário, aí ninguém cogita de extinguirnenhum direito já existente. Esperamosque a OAB-SP e a Advocacia paulistatenham aprendido a l ição, para lutarpelos nossos Direitos com todas as for-ças, conforme já foi sugerido centenasde vezes, por vários colegas." Pedro Ri-cardo Della Corte Guimarães Pacheco,advogado, São Paulo.B

REVISTA

Já está circulando o n° 146 (abril/junho de 2007) da “Revis-ta de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro”,publicação trimestral da Malheiros Editores, do Instituto Brasi-leiro de Direito Comercial Comparado e da Biblioteca Tullio As-carelli do Departamento de Direito Comercial da Faculdade deDireito da Universidade de São Paulo. Apresenta doutrina, atu-alidades, espaço discente, jurisprudência comentada, parece-res e nota bibliográfica. Informações pelos telefones (0xx11)3078-7205 e 3289-0811.B

Horizontais Verticais

Soluções das Cruzadas

1) Mantenedor; 2) Ataque; Afim; 3) Tac;Fundear; 4) Et; IN; 5) Rao; Mr; VDR; 6) Núncio;a,e,i,o; 7) Orada; RSM; 8) Ela; FAO; CE; 9) Só;Medidor. B

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TRIBUNA DO DIREITO

Diretor-responsávelMilton Rondas (MTb - 9.179)

[email protected]

Editor-chefeFran Augusti - [email protected]

Diretor de MarketingMoacyr Castanho - [email protected]

Editoração Eletrônica, Composição e ArteEditora Jurídica MMM Ltda.

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PUBLICAÇÃO MENSAL DAEDITORA JURÍDICA MMM LTDA.

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AS MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE EXCLUSIVARESPONSABILIDADE DOS AUTORES

3MAIO DE 2009

DIREITO DE FAMÍLIA - 1

Lei “Maria da Pe-nha” pode ser apli-cada a casos denamoro, indepen-dentemente de co-abitação. No en-

tanto, a configuração de “relações ínti-mas de afeto” não inclui relacionamen-tos esporádicos, fugazes ou passagei-ros. A decisão é da Terceira Seção doSTJ, ao determinar que uma ação con-tra um ex-namorado de suposta vítimatramite na Justiça comum e não emJuizado Especial Criminal. A Turma,por maioria, declarou a 1ª Vara Crimi-nal de Conselheiro Lafaiete (MG) com-petente para julgar o caso.

O julgamento refere-se a uma açãoimpetrada por uma mulher que, aotérmino do namoro de um ano e dezmeses, teria sofrido ameaças do ex-namorado, segundo ela, inclusive demorte. A ministra-relatora, LauritaVaz, considera que, para aplicação da

“Maria da Penha” vale para namoro

Lei “Maria da Penha”, “é preciso existirnexo causal entre a conduta criminosa

e a relação de intimidade entre oautor e a vítima”, ou seja, a práticaviolenta deve estar relacionada aovínculo afetivo existente entre a víti-ma e o agressor. (CC 100654)

Este é um dos mais de 150 mil pro-cessos que tramitam nas varasespecializadas em violência domésticae familiar contra a mulher, segundoinformações da Comissão de Acesso àJustiça e Juizados Especiais do Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ), obtidasem 23 tribunais do País. (Os dados dostribunais de Rondônia, Roraima,RioGrande do Norte e Paraíba não foramcontabilizados).

Segundo a conselheira e presidenteda comissão, Andréa Pachá, os 1.801casos de prisão apresentados pelos tri-bunais ao CNJ não correspondem à to-talidade das punições, já que a aplica-ção da Lei “Maria da Penha” também

prevê medidas alternativas, como presta-ção de serviços à comunidade e encami-

nhamento a grupos de ajuda. Segundoela, nem sempre o encarceramento é asolução mais adequada.

Para ela, os resultados mais rele-vantes estão relacionados às medidasde proteção, considerando que, da im-plantação da lei, em 2006, até no-vembro de 2008, 19.400 pessoas re-ceberam medidas de proteção. Foramrealizadas 60.975 audiências pedindomedidas urgentes de proteção. As pri-sões em flagrantes chegaram a 11.175,e os processos com sentença expedidaultrapassaram 75.800. As ações penais(referentes à agressão física) somaram41.957 e as cíveis 19.803, envolvendoindenizações patrimoniais e morais.Para a conselheira, um dos maioresavanços foi a implantação de Varas ouJuizados Especiais, que passaram de 17em 2008 para 22 na maioria dos Esta-dos brasileiros. Apenas Tocantins,Amapá, Roraima e Paraíba não aspossuem.B

A

4 MAIO DE 2009

AASP

O

Associação dos Advogados de SãoPaulo, por seu Conselho Diretor, de-

liberou externar sua posição institucional favo-rável à extinção da possibilidade de as partescomparecerem em juízo desacompanhadas deadvogado e manifestar-se publicamente pelanecessidade de que se reconheça o direito, co-mum a todos os cidadãos, de obter, nas con-denações judiciais, honorários advocatícios emdecorrência da sucumbência, o que inclui oâmbito da Justiça do Trabalho.

Não mais se admite que, no Judiciário tra-balhista, os honorários advocatícios não decor-ram pura e simplesmente da sucumbência,como consagram as Súmulas 219 e 329 do Tri-bunal Superior do Trabalho. Tampouco se justi-ficam as limitações nelas estabelecidas, quer aquantitativa (máximo de 15% ), quer a subjeti-va (apenas aos trabalhadores assistidos por ad-vogados de entidades sindicais, que se apropri-am da verba), quer a econômica (somentepara trabalhadores que auferem menos que adobra do mínimo legal ou beneficiários da gra-tuidade processual).

A Emenda Constitucional 45 ampliou so-bremodo a competência da Justiça do Traba-lho, que se viu diante de novos conflitos, outro-ra apreciados pela Justiça comum dos Estados,em que não se debate sobre a existência ouinexistência dos honorários de sucumbência. E,diante da nova realidade, o TST expediu a Ins-trução Normativa nº 27, segundo a qual, emseu artigo 5º: “Exceto nas lides decorrentes darelação de emprego, honorários advocatíciossão devidos pela mera sucumbência”.

Se não é mais o ambiente judicial em quese litiga o fator determinante para a não apli-cação do princípio da sucumbência e seus re-flexos na verba honorária dos advogados, masa natureza jurídica da relação posta a juízocomo litigiosa, convertendo-se a lide decorrenteda relação de emprego em exceção ao princí-pio da sucumbência, estamos diante do graverisco de estabelecer distinção onde a lei nãodistingue, com o tratamento díspar de cida-dãos trabalhadores subordinados e cidadãostrabalhadores autônomos.

Aliás, o mesmo cidadão pode ter trata-mento distinto, conforme postule com fulcroem institutos como o da responsabilidade civilou em direitos típicos da relação de emprego,no mesmo ambiente judicial. Se a própria cúpu-la da Justiça do Trabalho reconhece que “ho-

norários advocatícios são devidos pela mera su-cumbência”, o fator de discrímen está então,não mais na lei processual trabalhista (que seaplica inclusive, no que compatível, às demaisações previstas em lei), mas na circunstânciade o cidadão ser qualificado como empregadoou empregador e seu pedido estar vinculado àlegislação civil ou trabalhista. É o adjetivo quesuprime o direito.

Poderíamos assim dizer: todas as pessoastêm direito a acrescer honorários advocatíciosàs indenizações e reparações de direitos a quefazem jus, a não ser que compareçam em juízona condição de trabalhadores empregados ouempregadores.

E assim, o lesado na relação trabalhista, sejaempregador, seja empregado, haverá de ex-trair da própria indenização os honorários deseu advogado. Não será assim, tornado inde-ne, mas permanecerá cum damnum. Indeni-zação que não indeniza. Pela simples circuns-tância de participar da conturbada e contro-vertida relação capital e trabalho.

Nada impediu a CLT, no artigo 790-B, deconsagrar que a responsabilidade pelo paga-mento dos honorários periciais é da parte su-cumbente no objeto da perícia, independente-mente de quem seja, excetuados apenas osbeneficiários da justiça gratuita. Peritos guinda-dos a uma condição de superioridade discrimi-natória para com advogados.

Em outras relações assimétricas tal nãoocorre. No Direito do Consumidor, igualmenteprotetor e compensatório das disparidades reaisentre as partes, jamais se cogitou de suprimiros honorários de sucumbência, reconhecidosdesde sempre.

Não é aceitável que aos autônomos ou in-subordinados, o litígio receba a favorablia am-plianda dos honorários de sucumbência, en-quanto aos empregados, subordinados, a odio-sa restringenda aos mesmos direitos. Esse para-doxo converte o Judiciário Trabalhista no únicoramo que ainda discrimina os cidadãos, segun-do a sua condição social.

Acabaram-se ainda as razões históricas paraadmissão do jus postulandi. Há mais de 50anos a Justiça do Trabalho deixou de ser braçodo Poder Executivo. O País mudou. Se nosanos 30 não havia advogados bastantes oucom voluntariedade para atuar na área traba-lhista, compelindo os trabalhadores à reclama-ção verbal, hoje temos quase 700 mil profissi-

onais, cerca de metade deles dedicados à es-pecialidade. Os advogados não só descobriramo Direito do Trabalho como foram, pela de-manda, convocados a participar dos processos.A praxis se alterou.

O jus postulandi acaba por negar, assim, aefetividade aos direitos trabalhistas, pretendidosna medida da ignorância de quem os postula,quando não de quem os reduz a termo, incen-tivando a fuga ao trabalho social dos advoga-dos e negando a garantia de defesa aos jurisdi-cionados. Beneficia apenas a quem se serve dasingeleza das raras ações ainda trazidas por no-tícia verbal.

Os juízos não são mais compostos por mai-oria leiga, mas por magistrados técnicos e con-cursados, como em qualquer ramo do Judiciá-rio. Recursos só são admitidos com o concursode advogados. Disseminam-se ações rescisóri-as, civis públicas, consignatórias, monitórias,medidas cautelares, pedidos de tutela anteci-pada, exceções ou objeções de pré-executivi-dade, embargos de terceiro, reconvenções, in-tervenções de terceiro, recursos adesivos; deba-tem-se requisitos como o de transcendência norecurso de revista, além de haver penhoras ebloqueios on line e uso de novas tecnologiascujo acesso é restrito à população. As matériasampliaram-se, alcançando um grau de com-plexidade de difícil intelecção até mesmo paraos iniciados.

A persistência de um ambiente judicial nãogravado pelos ônus da sucumbência favorece alitigiosidade, barateia a inadimplência legal, pro-porciona grande proveito econômico a quemdesrespeita a legislação trabalhista. De outrolado, a ausência de consequencia para a pre-tensão improcedente, mesmo flagrante, viabili-za a postulação fácil e a pescaria em águas tur-vas, perdendo-se, assim, a oportunidade de en-contrar na sucumbência uma função ética nasportas de entrada e saída da Justiça, dificultadaa aventura e sancionada a renitência irresponsá-vel no cumprimento das leis.

Esse mesmo aspecto ético imporá a todosinclusive a nós, advogados, o necessário ajusteaté mesmo na contratação dos nossos hono-rários, adequando-os às práticas comuns aosdemais ramos da advocacia e retirando da so-ciedade a impressão errônea de que os interes-

ses dos advogados avançam sobre os créditosdos trabalhadores.

A desconsideração do advogado como umanecessidade no âmbito da Justiça do Trabalhoadvém do texto de criação das Juntas de Con-ciliação e Julgamento, de 1932, que, com alte-rações, sobreviveu à modificação de 1939, àCLT de 1942, à incorporação da instituição aoPoder Judiciário e permanece até hoje. Mas aConstituição Federal consagrou a indispensabili-dade do advogado na administração da Justiça.

E, mesmo depois de alteradas as leis, mu-dado o mundo, a retina de quem julga temgravada a memória fotográfica da dispensabi-lidade do advogado trabalhista. Consideram-seindevidos honorários sucumbenciais no Judiciá-rio trabalhista.

É chegada a hora de assegurarem-se osprincípios constitucionais da isonomia (artigo5º), da “duração razoável do processo” (artigo5º, LXXVIII,) da essencialidade do advogado“à administração da Justiça” (artigo 133), da“ampla defesa” (artigo 5º, LV), do “direito aodevido processo legal” (conforme o artigo 5º,LIV), do “primado do trabalho” e da justiça so-cial (artigo 193). Se somos indispensáveis à ad-ministração da Justiça, que se reconheça nossaindispensabilidade e não sejamos dispensadosou, quando não dispensados, dispensáveis.

A AASP proclama, sem receio, em boacompanhia da Constituição da República, queo advogado é indispensável à administração daJustiça. O jus postulandi, portanto, é um insti-tuto jurídico questionável nos planos da existên-cia, vigência, constitucionalidade, legalidade eaté da conveniência. O direito subjetivo daparte de ostentar defesa técnica e efetiva, naJustiça do Trabalho, por meio do profissional desua confiança, compõe a essência do direitofundamental de acesso à justiça, que pressu-põe uma defesa efetiva.

É, pois, chegado o momento da catarseque há de representar o ato de dispensar aanacrônica, obsoleta e ultrapassada figura dojus postulandi. Como consequência dessa extir-pação, que se reconheça o direito recíprocoaos honorários advocatícios, pela mera sucum-bência, cum grano salis, proporcionalidade erazoabilidade, preservando-se o devido respei-to à Advocacia. B

Jus postulandi e e honorários de sucumbênciaConselho Diretor daAssociação dos Ad-vogados de São Pau-lo divulgou editorialmanifestando-se fa-vorável à extinção da

possibilidade de as partes compareceremem juízo desacompanhadas de advogadose que seja reconhecido o direito, comum atodos os cidadãos, de obter, nas conde-nações judiciais, honorários advocatíciosem decorrência da sucumbência, o queinclui o âmbito da Justiça do Trabalho.Segundo a entidade, o jus postulandi éum instituto jurídico questionável nos pla-

nos da existência, vigência, constituciona-lidade, legalidade e até da convivência. “Odireito subjetivo da parte de ostentar defe-sa técnica e efetiva, na Justiça do Traba-lho, por meio do profissional de sua confi-ança, compõe a essência do direito fun-damental de acesso à Justiça, que pres-supõe uma defesa efetiva”, diz o editorial.Com referência à sucumbência, o Conse-lho Diretor assinalou que “não mais se ad-mite que, no Judiciário trabalhista, os ho-norários advocatícios não decorram purae simplesmente da sucumbência, comoconsagram as Súmulas 219 e 329 do Tri-bunal Superior do Trabalho”.

A íntegra do editorial

“ A

Divulgação

5MAIO DE 2009

6 MAIO DE 2009

DIREITO IMOBILIÁRIO

assou desapercebido aocidadão paulistano a LeiMunicipal n 14.018, de28/6/2005, sancionadapor José Serra, entãoprefeito, que instituiu o

Programa Municipal de Conservação e UsoRacional da Água e Reuso em Edificações,com o declarado objetivo de instituir medi-das de uso racional de água. O propósitomunicipal se reveste até de aprimoramentode nossa cultura popular: “A conscientiza-ção dos usuários sobre a importância daconservação de água.”

Prevê seu artigo 3º, que “deverão serestudadas soluções técnicas a serem apli-cadas nos projetos de novas edificações”,fazendo referência expressa, em seu incisoI, à “instalação de hidrômetro para mediçãoindividualizada do volume d’água gasto porunidade habitacional”. O respectivo Decre-to n° 47.731, de 28/09/2006, regulamen-tou a aplicação do programa municipal, mastambém não repercutiu com a ressonânciadesejada. Trata-se de questão que vemsendo tratada com descaso, há quase 30anos, por falta de legislação coercitiva, queo Projeto de Lei n° 4.918, de 1981, de autoriado saudoso deputado federal Freitas Nobre,propunha sanar. Com o falecimento do de-putado, o PL foi engavetado. Dispunha ele:“Artigo 1º) É acrescentada ao §3º do artigo9º da Lei 4.591, de 16/12/1964, a seguinte

Hidrômetros individuais em edifícios

Palínea “n”: a obrigatoriedade de instalaçãode medidores individuais de todos os ser-viços públicos remunerados mediante tari-fa, em cada unidade autônoma do condo-mínio; Artigo 2º) Os condomínios em edi-ficações já constituídos terão o prazo deum ano, a contar da publicação desta Lei,para adaptarem-se às suas exigências.”

Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo”,em 10/08/1981, ao comentar o mencionadoPL 4.918, salientei que, sob a ótica estrita-mente formal, impor a obrigatoriedade dosmedidores, como novo componente compul-sório do elenco da convenção, não pareceobservar apropriada técnica legislativa. A con-venção condominial, por regulamentar ascondições de vida em comum num edifício,deve prever a forma a ser observada na ins-talação e na utilização dos medidores indivi-duais, e não fazer gerar, ali, a obrigação em si.A obrigatoriedade material da instalação dosmedidores individuais ficaria, certamente, me-lhor hospedada no elenco dos componentesque dão estrutura à incorporação inicial doempreendimento (artigo 32), deixando-se acargo da convenção (artigo 9º) tão-somenteo acréscimo ao seu §3º da sugerida alínea “n”“a forma de instalar e o modo de usar osmedidores individuais de todos os serviçospúblicos”.

Tenha-se em conta que o consumo d’água,por apartamento, não obedece a um sistemade fornecimento direto da concessionária ao

consumidor, como se dá com a luz e o gás.A água, diferentemente, reclama armazena-mento prévio, antes de ser consumida. Seassim é, os hidrômetros em apartamentosapenas podem ser instalados entre o troncocomum, que parte do depósito geral do edi-fício, e o ramal domiciliar. A não ser assim,cada apartamento deveria ser provido de umacaixa d’água própria, que seria suprida direta-mente pela concessionária, através de umabomba de recalque também individual.

Descartada a possibilidade de fornecimen-to d’água, diretamente da rua para o aparta-mento, as medições de consumo individualsomente poderiam se verificar no âmbito in-terno do condomínio. Vale dizer que o con-domínio deveria comprar a água por atacadoe a revender a varejo. Vale dizer que o con-domínio, frente à concessionária, semprecontinuará sendo o único responsável pelofornecimento da água.

Guindado, assim, o condomínio à posiçãode revendedor autorizado de água, estariacredenciado, como a própria concessionária,de não apenas aferir o seu consumo, comode cortar o próprio fornecimento ao condômi-no faltoso. Uma vantagem a mais resultariadessa implantação: o poder coercitivo docondomínio sobre o devedor das despesascondominiais, com enorme desafogo de açõesjudiciais que objetivam sua cobrança.

Ocorre que, ainda hoje, controvertemnossos tribunais sobre o direito do fornece-

dor de cortar o fornecimento d’água a consu-midor em débito. Vale lembrar que em 1981a constitucionalidade dessa sanção já eraafirmada pelo Supremo Tribunal Federal (RE nº42.649-PR, “RT” 514/136). Contudo, agora,como vem sendo repetidamente proclamadopelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul,à luz da Constituição/1988, “a água, comoserviço público essencial, enquadrado naConstituição Federal como direito fundamen-tal à saúde, resta o fornecimento subordina-do ao princípio da continuidade de sua pres-tação em que vedada a sua interrupção”. (Bo-

letim AASP nº 2.621/Jurisprudência, página5.119). Mas, diante desse quadro pretoria-no, se a concessionária não pode unilateral-mente suspender o fornecimento, com maiorrazão o síndico não poderá cortar o consu-mo individual do usuário insolvente.

A partir dessa postura pretoriana, frentea condômino inadimplente, de nada adian-tará a instalação de medidores individuaisd’água, já que o infrator não ficará sujeitoa sanção mais vigorosa e de imediata apli-cação. O débito do consumo d’água ape-nas servirá para definir o valor do consumo.Mas a sua cobrança continuará atormen-tando os síndicos e os tribunais, o quedeveria ser evitado.B

NELSON KOJRANSKI*

*Advogado e ex-presidente do Instituto dos Ad-vogados de São Paulo (Iasp).

ondomínio não pode ser res-ponsabilizado por homicídio

praticado por vigia do prédio contramorador. A decisão é da Quarta Tur-ma do STJ que, unânime, manteveo entendimento do TJ-DFT, rejeitan-do o pedido da viúva dos filhos paraque o condomínio fosse condenadoa pagar indenização.

O TJ-DF responsabilizou a empresa

Condomínio não respondepor homicídio contra morador

de vigilância e o réu pelo crime ocor-rido no bloco D da SQS 204, emBrasília (DF). A viúva, recorreu aoSTJ. Para o relator, ministro LuisFelipe Salomão, não se extrai nadado recurso que possa levar à conclu-são de que o condomínio seja respon-sável a ponto de indenizar moradorespor atos dolosos praticados por ter-ceiros. (RESP 579121)B

C

ompete à Justiça estadual processar ejulgar as ações envolvendo contratos de

seguro habitacional vinculados ao Sistema Fi-nanceiro da Habitação (SFH) que não tenhamrelação com o Fundo de Compensação dasVariações Salariais (Fcvs). A decisão é da Se-gunda Turma do STJ ao analisar recursos combase na Lei de Recursos Repetitivos.

A Turma selecionou dois processos, entrevários movidos pela Caixa Econômica Federal

Competência para seguros(CEF) e pela Caixa Seguradora S.A, que visa-vam reverter as decisões dos tribunais estadu-ais, e tentavam transferi-las para a Justiça Fe-deral sob argumento de haver necessidade deintimar o litisconsórcio passivo. O relator, de-sembargador-convocado Carlos Fernando Ma-thias, explicou que a formação do litisconsórciocom o banco só é necessária quando for cons-tatada a probabilidade de comprometimentodo Fcvs. (RESP 1091363 e RESP 1091393)B

C

Terceira Turma do Superior Tribunal

de Justiça (STJ) manteve decisão

isentando o HSBC Bank Brasil S.A. Banco

Múltiplo do pagamento de laudêmio (impos-

to) sobre terreno de marinha, transferido

para o HSBC Participações Brasil S.A. em pro-

cesso de cisão de empresas. O laudêmio é

um tributo federal cobrado nas transações de

compra e venda de imóveis pertencentes à

União. A União havia negado o pedido de

isenção do pagamento, mas o TRF-2 autori-

zou o registro do imóvel sem o pagamento,

ao entender que a cisão parcial é gratuita.

(RESP 802320)B

Isenção de laudêmio

A

7MAIO DE 2009

DIREITO IMOBILIÁRIO

PAULO EDUARDO FUCCI*

Locação verbal e sua prova

saudoso advogado e par-ceiro, Biasi Ruggiero,contava que um colegahavia ingressado comação de despejo relativaa uma locação celebrada

verbalmente. O jovem magistrado, rece-bendo a petição inicial, determinou que sejuntasse o contrato, sob pena de indefe-rimento liminar do pleito. O advogado, comtoda a elegância e certo constrangimen-to, fez belo arrazoado explicando que ocontrato de locação é informal, não exi-gindo que seja aperfeiçoado por escrito.O juiz, não convencido da tese, ameaçounovamente indeferir a petição inicial. Ocolega repetiu a explanação. O julgador,uma vez mais, fez a exigência, e o advo-gado, perdendo a paciência, anexou aosautos radiografia da língua de seu cliente.

Não me lembro como essa história ter-minou, mas é fato que não são raros osque ignoram o artigo 107 do Código Civil,segundo o qual “a validade das declara-ções de vontade não dependerá de formaespecial, senão quando a lei expressamen-te a exigir”, a indicar que não são todosos atos e negócios jurídicos que necessi-tam de escrito, público ou particular.

No caso da locação de coisas, basta ve-rificar que tal necessidade não integra a de-finição do artigo 565 do mesmo diploma le-gal. E, na locação de imóvel, especificamen-te, há referência à locação ajustada “verbal-mente”, no artigo 47 da Lei 8.245/91.

Entretanto, a celebração verbal da lo-cação acarreta alguns inconvenientes parao locador, o que por si só evidencia a razãopela qual é pouco praticada, sobretudonaquelas que envolvem bens imóveis evalores mais elevados. Estipulação de pra-zo certo ou determinado para o contrato;inversão do ônus de pagamento de tribu-tos ou mesmo de despesas condomini-ais; contratação, pelo locatário, de segu-ro contra incêndio; atualização monetá-ria, multa e juros moratórios a partir dovencimento; garantias (fiança, seguro-fi-ança, caução, etc.); renúncia à indeniza-ção ou retenção por benfeitorias; estes,além de outros direitos e obrigações, di-ficilmente podem ser exigidos ou obtidos,a não ser que haja prova escrita de suaconvenção. A inexistência de contratoescrito tem, ainda, dentre outros, o in-conveniente de não se constituir em títu-lo executivo extrajudicial, a ensejar exe-cução por alugueres.

Mas, se, de um lado, a demonstração,em tese, da possibilidade de ajuste verbalda locação, não é algo complicado, deoutro lado, o mesmo não acontece, naprática, no tocante à prova de sua exis-

tência em juízo e à atribuição desse ônus.O Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito

Federal (Apelação Cível 2005.01.1.002266-5), em 14/3/2007, referindo-se a uma açãode despejo, proferiu acórdão que deman-da profundas reflexões. De sua ementaconsta que “incumbe ao autor provar, enão somente alegar o fato constitutivo darelação jurídica litigiosa”; e, que “a possibi-lidade de realização de contrato de loca-ção verbal não afasta o ônus de provar aexistência da relação jurídica”. Na espécie,resolveu-se aplicar a regra geral do artigo330, inciso I, do Código de Processo Civil.

E é compreensível que assim tenha sido. Auma, porque o réu foi citado por hora certa(citação ficta) e não respondeu. A duas,porque o autor sequer comprovou serproprietário ou ter outro título que justifica-ria a sua posse indireta e legítima, não ten-do manifestado interesse em produzirqualquer outra prova.

Realmente, as circunstâncias de cadasituação concreta recomendarão o melhore específico caminho. O juiz não há de atuarcom o rigor e o exagero da história conta-da no início, mas é fundamental que o in-teressado na comprovação da locaçãoO *Advogado do Dinamarco & Rossi Advocacia.

verbal seja diligente e, eventualmente, as-suma o ônus de dar ao magistrado indíci-os de sua existência. E, isto, obviamente,sobretudo quando não houver citaçãopessoal do adversário ou quando, citado,a relação jurídica for negada por ele, sem-pre lembrando, conforme previsto no arti-go 212, incisos I, III, IV e V, do Código Civil,que, em casos tais, são admissíveis con-fissão, testemunha, presunção e perícia,especialmente contábil.B

or determinação do STJ, uma advoga-da do Distrito Federal terá de pagar ao

condomínio taxa de 20% sobre o valor de ven-

Taxa sobre venda deimóvel em construção

da de um imóvel no setor Sudoeste de Brasília,por tê-lo negociado antes do término dasobras . A multa estava prevista em convenção do

condomínio e visava evitar especulação imobiliária.O condomínio foi instituído em 1990. A ad-

vogada vendeu o apartamento em outubro de1993 por R$ 100 mil, mas não pagou a taxa. Ocondomínio entrou com ação de cobrança e aJustiça determinou o pagamento de R$19.441,30 corrigidos, além dos honorários sobreo valor da causa. A vendedora recorreu ao STJsem sucesso. (RESP 436892)B

P

8 MAIO DE 2009

DIREITO CIVIL

s sustentáculos do direitode contratar estão subme-tidos aos institutos jurídicosda função social e da boa-fé. Todavia, qual dessesinstitutos se sobrepõe ao

outro? Há muito se ouve falar sobre osconceitos contratuais, porém foi desde oCódigo Civil de 2002 que suas inovações eseus elementos jurídicos se destacaram. Écerto que o dever de guardar boa-fé, pro-pugnado pelo artigo 422, não representa qual-quer inovação ao Direito, pois sua aplicabili-dade sempre foi propugnada pela jurispru-dência. Não há sombra de dúvidas que oelemento da boa-fé se tornou mais exigívelquando se tratar de relações contratuais.

A boa-fé se apresenta em três fases: no422, “os contratantes são obrigados aguardar, assim na conclusão do contrato,como em sua execução, os princípios deprobidade e boa-fé”. Trata-se da fase “pre-

A função social dos contratos e o princípio da boa-fé

MARCELO PASSIANI*

liminar”; o 113 “os negócios jurídicos de-vem ser interpretados conforme a boa-fé eos usos do lugar de sua celebração. Fase“tradutiva” dos negócios. Finalmente, a fase“restritiva” com espeque no 187 “tambémcomete ato ilícito o titular de um direito que,ao exercê-lo, excede manifestamente os li-mites impostos pelo seu fim econômico ousocial, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.

Não obstante o mérito de demais valo-res éticos, sociais e culturais, deve-se re-conhecer que em nossos dias a teoria doscontratos enfatiza o sentido social, afas-tando-se do antigo objetivo da lei de ClóvisBevilacqua, caráter individualista e proprie-tário. Daí a prevalência do domínio do socialsobre o individual. Os conceitos instituci-onais objetivavam satisfazer um povoeminentemente agrícola, com cerca de 80%da população, de uma geral, rural, o que seafasta da atual realidade. Hoje, vive-se nasáreas urbanas em proporção maior que nopassado. A socialização urbana inverteu osconceitos de uma forma natural sobrepon-do às mudanças culturais e comportamen-tais do indivíduo que vive em sociedade.

E aqui lançamos o desafio: “Qual famíliaque não tem um parente que saiu do cam-po para a cidade?” É nesse sentido que oDireito Civil se posicionou, superando oapego a antiga lei, reconhecendo os trêsprincípios fundamentais; a eticidade, asocialidade e a operabilidade, como sendo

fontes gestoras do ordenamento civil.A socialidade se anuncia quando da

função social se declara no artigo 421: “Aliberdade de contratar será exercida emrazão e nos limites da função social docontrato.” Nessa esteira é importante te-cermos alguns comentários acerca da li-berdade de contratar. Tal liberdade ganhouforça com o advento da Lei 10.406/02 aotratar particularmente do negócio jurídico.

O negócio jurídico possui uma estrutu-ra enraizada no plano da existência, davalidade e da eficácia, elementos que con-sideravelmente auxiliam o magistrado quan-do em discussão judicial. No plano daexistência do negócio jurídico, poder-se-áverificar a essencialidade, a natureza e oincidente do negócio, possibilitando o de-clínio para o plano da validade onde seobserva a vontade das partes, a licitude doobjeto e a falta de objeção da lei, para, naconclusão do negócio, alcançar o plano daeficácia, quer seja nas condições do ato, noque condiz ao termo, modo ou encargo.

Assim, torna-se mais fácil o entendimentodo instituto da função social do contrato, poissua natureza vai além das disposições daspartes contratantes, alcançando a sociedadecomo um todo sob o efeito erga omnes.

Se por um lado temos a manifestação davontade, por outro reza o interesse social quesobrepõe à liberdade de contratar, pois noprimeiro se presume a boa-fé do negócio, no

segundo, a função social a que se destina.Denomina-se boa-fé a manifestação líci-

ta das vontades, inter partes, o que deve-rá ser levada em consideração quando sefere os direitos de terceiros no tocante àfunção social erga omnes.

Imaginemos a situação que envolvacredores de uma sociedade empresáriaquando da alienação do estabelecimentoempresarial: no que concerne à disposi-ção da universalidade de bens, temos aexpressão lícita da vontade em celebrar onegócio jurídico, não ferindo a boa-fé dosenvolvidos, respeitados os elementos daexistência, da validade e da eficácia. To-davia, tal ato alcança terceiros interessa-dos, afastando a possibilidade do ato,tornando-o nulo pela função social. Parafechar, citamos o 1.144: “O contrato quetenha por objeto a alienação (...) do es-tabelecimento, só produzirá efeitos quan-to a terceiros, depois de averbado à mar-gem da inscrição do empresário (...).”

Em apertada síntese, concluímos que alei visa dar guarida a função social, na liber-dade de contratar e, indiferente da boa-fédos negócios, a norma do direito privadoperde a sua disponibilidade, tornando-seindisponível como a de ordem pública,sobrepondo-se aos demais interesses.B

O

*Advogado e professsor.

MINISTERIO PÚBLICO

or 30 votos a 7, o Órgão Especialdo Colégio de Procuradores de Jus-

tiça do Estado de São Paulo rejeitou no dia15 de abril anteprojeto de lei complemen-tar de autoria do procurador-geral de Jus-tiça, Fernando Grella Vieira, que propunhamudança na Lei Orgânica do Ministério Pú-blico para permitir a eleição de promotoresde Justiça para procurador-geral e para oConselho Superior, desde que cumpridosos requisitos de idade mínima de 35 anose de, pelo menos, 10 anos de carreira.

O anteprojeto teve parecer contrário

Órgão Especial rejeita eleição de promotor para procurador-geraldas Comissões de Assuntos Institucionaise de Regimentos e Normas. Em seu voto, apresidente e relatora da Comissão de As-suntos Institucionais, Regina Helena da Sil-va Simões, destacou que a proposta detornar elegíveis promotores para a lista trí-plice da qual é nomeado o procurador-ge-ral não atende ao interesse público primá-rio ou de toda a sociedade, “mas sim aointeresse de parte dos agentes do Ministé-rio Público, o dos promotores de Justiça”.Segundo ela, “a organização jurídica dacoletividade representa a prevalência de

uma determinada série de interesses coleti-vos sobre qualquer outro interesse, indivi-dual ou coletivo, que exista no seio da refe-rida coletividade e que está em contrastecom aquele”.

Vários procuradores defenderam a rejei-ção do anteprojeto. Entre eles, Pedro Fran-co de Campos. “Se um tenente não podeser comandante-geral do Exército, se umpadre não pode ser eleito papa e se umjuiz não pode ocupar a presidência do Tri-bunal de Justiça, não vejo como um pro-motor pretender ser procurador-geral.”

O procurador-geral de Justiça afirmouque não remeterá mais o anteprojeto paraa Assembléia Legislativa. “O resultado temde ser respeitado porque expressa a opiniãoda maioria.” Segundo ele, era imperativa aaprovação da proposta pelo Órgão Especialpara o envio do anteprojeto à apreciaçãodos deputados, conforme dispõe a Lei Or-gânica do Ministério Público. “Na história doMP não existe registro de nenhum antepro-jeto de mudança da Lei Orgânica que tenhasido enviado ao Legislativo sem prévia apro-vação do Órgão Especial.”B

P

9MAIO DE 2009

INFORME PUBLICITÁRIO

Nota Pública”Com surpresa, a OAB SP, a AASP e

o IASP, as três entidades representati-vas da Advocacia, receberam a notíciado encaminhamento pelo governo doEstado, na última quarta-feira (8/4), de projeto de lei para a AssembléiaLegislativa, objetivando a liquidação daCarteira dos Advogados no Ipesp, coma distribuição dos recursos lá existen-tes, em torno de R$ 1 bi, para os bene-ficiários da Carteira. Este projeto, des-conhecido das três entidades, foi enca-minhado à Assembléia Legislativa àsvésperas do feriado de Páscoa. Tra-ta-se de um “presente de grego” que o governo destinou à Advoca-cia de São Paulo nesta Páscoa. Emnenhum momento fomos chamados paradialogar sobre a eventualidade de umprojeto que propunha a liquidação daCarteira.

Há mais de um ano, as três entida-des vêm construindo uma proposta deconsenso com o próprio governo, oIpesp e a Alesp, que prosperou, en-contrando mecanismos que pudessemviabilizar o equilíbrio atuarial da Car-teira. Propusemos a manutenção doIpesp em extinção até contemplar osdireitos de todos os inscritos na Car-teira. Esse consenso só encontrou umóbice do Ministério da Previdência. No

Presidente critica projeto que extingue a Carteirade Previdência dos Advogados no Ipesp

entanto, várias gestões estão sendofeitas junto ao Ministério da Previdên-cia para superar esse obstáculo.

Em nenhum momento fomos pre-venidos sobre a remessa de tal pro-jeto. A interpretação primeira que te-mos desse gesto unilateral é que ogoverno com isso cessou as negocia-ções, não deixando às entidades outra alternativa que não seja propor medidas judiciais competentes combase nos três pareceres que já pos-suímos, dos juristas Adilson Dallari,Arnold Wald e Wagner Balera. Todosconvergindo para a responsabilida-de do Estado pela Carteira peran-te os advogados. Só lamentamosque depois de anos de trabalho, ne-gociando um consenso, todo essetrabalho seja prematuramente inter-rompido por esse gesto unilateral dogoverno.

É inadmissível que uma Carteira dePrevidência dos Advogados, criadapor lei e gerida pelo Estado, portan-to, garantida pelo governo, possa so-frer um impacto atuarial, causandoprejuízo aos advogados nela inscritos,frustrando assim um sonho de apo-sentadoria dos colegas.”

Luiz Flávio Borges D´Urso

Presidente da OAB SP

Cristovão Bernardo

Da esq. para dir., Kozo Denda, Anis Kfouri Junior, Luiz Flávio Borges D´Urso,Marcos Cintra, Sidney Uliris Bortolato Alves e Sylvio Gomes

Em atenção ao pleito da OAB SPe da AASP, o Conselho da JustiçaFederal da Terceira Região aprovoua ampliação do protocolo integradona cidade de São Paulo, abrangen-do os fóruns Cível, de Execução Fis-cal, Criminal e Previdenciário. Inici-almente, o Sistema de Protocolo In-tegrado se limitava à Justiça fede-

Protocolo integrado no TRF-3

ral de primeiro grau da Terceira Re-gião. “Desde 2002, vimos lutandopela implantação do protocolo inte-grado em todos os fóruns da Justi-ça Federal na Capital, a fim de queos advogados de comarcas distan-tes pudessem usufruir do serviço”,comemora o presidente da OAB SP,Luiz Flávio Borges D´Urso.

As Varas trabalhistas de Paulínia eSão Caetano serão as primeiras noPaís a implantar o Sistema Unificadode Administração Processual da Jus-tiça do Trabalho (Suap). Com a ino-vação, os advogados que atuarem navara precisarão necessariamente dacertificação digital para peticionar.“Mesmo os processos em cursos hojeterão seu procedimento digitalizado”,explica Marcos da Costa, diretor-te-soureiro da OAB SP. “Não será mais

Preparação para o processo digitalpossível peticionar por papel.”

Para o presidente da OAB SP, LuizFlávio Borges D´Urso, o Suap inau-gura uma nova era na Justiça do Tra-balho: “ É um sistema moderno, masdotado de ferramentas simples, quevisam dar agilidade e segurança àJustiça trabalhista.” A OAB SP terápostos para esclarecer sobre certi-ficação na seccional, subsecções(Campinas, Paulínia e São Caetano)e no fórum trabalhista.

Feira bate recorde de inscritosCom o número recorde de 15 mil

inscritos, milhares de visitantes/dia,recebimento de cerca de dois mil cur-rículos e 37 palestras realizadas, a IIFeira de Novos Mercados de Traba-lho, uma parceria da OAB SP e daCaasp, que aconteceu de 14 a 16 deabril, no Anhembi, atingiu seus objeti-vos, ao proporcionar novos negócios eampliar a oferta de empregos, servi-

ços e contatos entre os profissionaisdo Direito.

“A primeira edição da feira foi mo-desta, mas o sonho cresceu”, decla-rou o presidente da OAB SP. “O mer-cado só está saturado para quem ter-minou a faculdade e parou de estudar.Os novos mercados exigem competên-cia”, comentou D´Urso, prometendofazer uma terceira edição ainda maior.

Provocado por ofício do presi-dente da OAB SP, Luiz Flávio Bor-ges D´Urso, cobrando explicaçõessobre o não-pagamento dos hono-rários de mais de cinco mil advo-gados no mês de abril, referentesao patrocínio de causas de pes-soas carentes dentro do Convêniode Assistência Judiciária, a De-

OAB SP cobra Defensoria Pública

fensoria Pública respondeu que questionou a Prodesp sobre osmotivos do atraso.

De acordo com a Defensoria, ospagamentos serão normalizados emmaio. A OAB SP vai acompanhar paraconstatar se todos os advogadosconveniados receberão na data pre-vista os honorários a que fazem jus.

Valor da cópia autenticadaA OAB SP solicitou à Corregedo-

ria do TJ-SP reexame do preço dacópia autenticada, pois, segundo opresidente Luiz Flávio Borges D´Ur-so, “o aumento do preço da cópia di-ficulta o acesso à Justiça e o exercí-cio profissional”.

O ofício, assinado pela vice-presi-dente, Márcia Melaré, pede ao tri-

bunal que reconsidere o aumen-to significativo no preço da ex-tração de cópias reprográficas deprocessos. De R$ 0,80 por folha au-tenticada, o valor da cópia subiu pa-ra R$ 2,10, uma majoração de168%. A OAB SP considera o aumen-to incompatível com a situação de cri-se financeira que o País vive.

10 MAIO DE 2009

SEGUROS

Antonio PenteadoMendonça*

realização da justiçaestá entre as missõesmais belas a cargo doser humano. Julgar, im-parcialmente, umaquestão e, diante das

provas, definir quem tem ou não o ver-dadeiro direito é um ato de reafirmaçãoda condição humana, do homem comoser superior, dotado não apenas de in-teligência, mas, principalmente, de ele-vados e consistentes valores morais,cuja aplicação ao cotidiano torna possí-vel a vida gregária e o desenvolvimentodo grupo social, incentivando seu pro-gresso e agindo como contrapeso paraos avanços das ciências exatas, para seubalizamento em premissas éticas capa-zes de conter os instintos primitivos, que,sem a existência de um ordenamentojurídico aplicável na prática, seriam a for-ma de conduta da espécie, dando-nos aimagem e a semelhança dos símios, dequem somos parentes mais próximos doque se imaginava até as descobertas nocampo do DNA, fruto dos recentes avan-ços da ciência genética.

Julgar não é apenas proferir uma deci-são baseada em bom senso ou em von-tade. Ao contrário, existe toda uma ciên-cia, que necessita ser bem compreendi-da, dando suporte ao juiz no ato de pro-ferir a sentença. Ciência que se materia-liza na soma da postura como integranteda sociedade — baseada em valores mo-rais indispensáveis para lhe dar o arca-bouço sobre o qual ergue seu conheci-mento — com o aprendizado nos bancosdas faculdades de direito, nos cursos deespecialização e pós-graduação e, essen-cialmente, no dia a dia ao longo da car-reira, burilada pela integração da teoria coma vivência, da experiência com a doutri-na. A sentença é o resultado deste ca-dinho aplicado, com base na lei, na juris-prudência, na interpretação das aspira-ções sociais e na hermenêutica, a umproblema concreto, com base em fatose provas, partes de um quebra-cabeçaque demanda uma solução capaz de re-estabelecer a harmonia social, abaladapelo surgimento do conflito.

Ao proferir a sentença, o magistradonão é apenas o ser humano encarrega-do de julgar, já que no exercício da fun-ção judicante ele exerce o poder legal,do qual emana a força para impor suadecisão — tida, em princípio, como asolução correta; tomada com base nasua leitura do arcabouço legal, dos usose costumes e da sua possibilidade defazer justiça, entendida no estrito sensoda aplicação da lei, em consonância comas aspirações da sociedade.

Na maioria das vezes, pela própria car-reira, o juiz se transforma num generalis-ta, o que é extremamente útil para a so-ciedade. O problema surge quando a cau-

Decisões delicadassa apresentada envolve matéria que lhe édesconhecida ou que ele não domina,seja pelas suas particularidades específi-cas, seja pela pouca frequência com quechega aos tribunais.

Esta é a realidade da atividade segura-dora. Ela é pouco conhecida pelos magis-trados. As razões não são difíceis de se-rem explicadas e duas se destacam: a pri-meira é a baixa procura de seguros pelasociedade brasileira em geral e, a segun-da, decorrência dela, é a baixa incidênciade processos envolvendo o tema que dáentrada nos tribunais.

O setor de seguros passou a ter im-portância de 15 anos para cá. Até me-ados da década de 1990 a participaçãono PIB era de menos de 1%. O cresci-mento começa após o Plano Real, o quefaz com que ainda não tenha atingido atotalidade da sociedade, notadamenteas classes mais pobres.

De outro lado, a atividade cumpre ra-zoavelmente bem a missão de garantir pro-teção para a capacidade de agir e para opatrimônio segurado. Isso faz com quemenos de 2% do total de sinistros ou pro-cedimentos cobertos gerem problemasentre a seguradora e o segurado.

Dada a falta de prática com o assuntoe dadas suas características básicas deproteção da sociedade, o tema pode setransformar em matéria espinhosa para ojuiz encarregado de dirimi-la.

Não é o caso, normalmente, das situ-ações envolvendo risco de morte do se-gurado, bastante comum em determina-das coberturas dos planos de saúde pri-vados. Quando o magistrado se deparacom quadros críticos, a reação costumaser atender o pedido do segurado, aindaque se tratando de risco não coberto.

Mas será que essa situação emergen-cial se repete em todos os casos? É evi-dente que não. E aí, a cada vez que umjuiz decide em favor do segurado, semanalisar detidamente o contrato e a legis-lação aplicável, partindo apenas da pre-missa de que o segurado é o lado maisfraco na relação jurídica, ele pode estarcometendo um grave equívoco. Quempaga a conta do sinistro não coberto nãoé a seguradora, mas todos os seguradosque integram aquele determinado mútuode onde saem os recursos para cumprir adeterminação judicial. Assim, ao determi-nar o pagamento de um sinistro sem co-bertura, em vez de favorecer o segurado,o que a decisão faz é prejudicar a coletivi-dade, na medida em que a operação deseguro não é mais do que a divisão dosprejuízos de alguns por todos os integran-tes de um determinado grupo.B

*Advogado, sócio de Penteado Mendonça Ad-vocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC daFundação Getúlio Vargas.

A

APOSENTADORIA/INSS

aposentadoria por invalidezdeve ser calculada pelo valor

da remuneração anterior ao recebi-mento do auxílio-doença. Com esseentendimento, o relator, ministroFelix Fisher, do STJ, deu parecer fa-vorável à petição do Instituto Nacio-nal de Seguridade Social (INSS) doRio de Janeiro, que apontou um inci-dente de uniformização de jurispru-dência entre a Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais (TNU) e ajurisprudência do próprio STJ.

A Turma entendeu que quando o

auxílio-doença é convertido em apo-sentadoria por invalidez ela deve sercalculada com base na remuneraçãorecebida no último auxílio; o INSSalegou que a renda da aposentadoriapor invalidez, após auxílio-doença,deve ser de 100% do salário-base.Sustentou, ainda, que o período emque o auxílio-doença for recebido sópode ser usado para o cálculo deaposentadoria por invalidez se hou-ver períodos intercalados de traba-lho. Nesses períodos, deve havercontribuição para a Previdência.(PET 7108; PET 7109)B

Cálculo para invalidezA

Editora Saraiva está lançando oaudiolivro Tudo o que Você Preci-

sa Ouvir Sobre Planos de Saúde, da ad-vogada Karyna Rocha Mendes daSilveira. Com 80 minutos, foi desenvolvi-do para explicar as leis que regem o sis-tema de planos de saúde privado e osdireitos dos segurados. Apresenta, tam-bém, perguntas e respostas para as dú-vidas mais frequentes sobre o tema.Trata do mercado de saúde suplemen-

tar, das leis queprotegem os usuá-rios dos Planos deSaúde, dos con-tratos de adesão,das carências, darede credenciada,do cancelamentoe rescisão dos con-tratos, entre ou-tros assuntos.B

Audiolivro sobre planos de saúde

A

esde o dia 15 de abril, seis mi-

lhões de beneficiários, ou 15% dos

portadores de planos de saúde públicos

ou privados, puderam trocar de plano

sem precisar cumprir novo período de

carência. A medida, chamada pelos téc-

nicos de “portabilidade” (a exemplo da

mudança de operadores de telefones

celulares), entretanto, só é válida para

quem assinou contrato após 1/1/1999,

quando entrou em vigor a Lei n° 9.656/

98 (que regula o setor).

Segundo as últimas estatísticas,

Agora, mudança sem carência

D existem 40,8 milhões de usuários de

planos de assistência médica, dos quais

70% fazem parte de contratos coletivos,

e não poderão usufruir das novas re-

gras. Para quem pretender mudar de

plano para ter direito à portabilidade, é

necessário estar no plano atual há, pelo

menos, dois anos. Para os portadores

de doenças pré-existentes, o prazo pas-

sa para três anos. Além disso, a mu-

dança só pode ser feita uma vez por

ano, e durante os meses de aniversário

do contrato.B

legal a obrigatoriedade para que

todo contribuinte mantenha có-

pia autenticada dos comprovantes de

recolhimento de contribuição para o

Instituto Nacional de Seguridade Soci-

al (INSS).

Com esse entendimento, a Primeira

Turma do STJ rejeitou recurso da Ma-

rítima Seguros que, em 1996, in-

surgiu-se contra uma autuação fiscal

Comprovantes de pagamentos ao INSS

da autarquia. A empresa questionava

a exigência das cópias autenticadas.

A Marítima, em mandado de segu-

rança, sustentou que a exigência de-

veria estar prevista em lei e não em

decreto. O juiz da 6ª Vara Federal da

Seção Judiciária de São Paulo rejeitou

o argumento. A empresa recorreu ao

TRF-3, sem sucesso, o mesmo ocor-

rendo no STJ. (RESP 900696)B

É

11MAIO DE 2009

DIREITO DE FAMÍLIA - 2

erdeiros que sehaviam recusadoa fazer teste deDNA para investi-gação de paterni-dade não poderão,

durante o processo (ou na fase de re-curso), reverter a ação para pleitear arealização do exame. Com esse enten-dimento, o STJ negou recurso especialde herdeiros que, segundo o TJ-MG,criaram empecilhos para fazer o teste.

Foi ajuizada uma ação de investiga-ção de paternidade, juntamente competição de herança, na qual o reque-rente alegou que a mãe manteve umromance com o suposto pai por maisde um ano, e que ele não foi registra-do como filho, embora tenha recebidoconstante auxílio financeiro.

Os herdeiros, a princípio, foram fa-voráveis ao exame, mas sob a condi-ção de que ele fosse realizado em umlaboratório de Belo Horizonte (MG) e

Recusa de DNA

não tem voltacom as despesas pagas pelo requeren-te. O juiz, no entanto, determinou quea coleta de material fosse feita emCampo Grande (MT), cidade dos inte-ressados, o que não foi cumprido. Opedido da investigação da paternidadefoi indeferido, porque o juiz entendeuque o autor da ação não havia infor-mado “a época das relações sexuais,as quais deveriam ajustar-se ao tem-po da concepção”.

O TJ-MG, reverteu a decisão, ao con-siderar que, a recusa dos filhos em sub-meterem-se ao exame de DNA, os de-poimentos de testemunhas comprovan-do a data da concepção e a existênciade uma relação amorosa, eram motivossuficientes para reconhecimento da pa-ternidade. Para o tribunal, os herdeirosteriam criado empecilho ao condi-cionarem o exame ao pagamento dascustas pelo requerente. Os herdeiros,recorreram ao STJ, sem sucesso. (Pro-cesso em segredo de Justiça) B

oncubina não tem direito à pensão decorrenteda morte de segurado casado legalmente.

Com esse entendimento, a maioria dos ministros daSexta Turma do STJ reformou acórdão do TRF-5, quehavia determinado a divisão da pensão entre a concu-bina e a viúva. De acordo com o tribunal regional, o fatode o segurado ser casado não seria impedimento paraque a pensão fosse dividida, já que ficou provada aunião estável e a relação de dependência econômicada concubina. O TRF considerou, também, que a rela-ção amorosa, de 28 anos, embora desconhecida pela

Concubina fica semdividir pensão

esposa e filhos, caracteriza união estável.A viúva recorreu ao STJ alegando não ser pos-

sível conferir status de união estável a “uma aven-tura extraconjugal”. Os ministros decidiram, pormaioria, acompanhar o voto de Hamilton Carva-lhido, segundo o qual a jurisprudência reconhece aprerrogativa da companheira de homem casadode participar dos benefícios previdenciários e patri-moniais decorrentes do falecimento, desde que eleseja separado de fato ou de direito, divorciado ouviúvo. (Processo em segredo de Justiça)B

proibida a concessão de pensão por mor-te de ex-companheiro à beneficiária de

pensão deixada pelo marido, sendo possível, noentanto, optar pela mais vantajosa. A decisão é daQuinta Turma do STJ, ao dar provimento ao re-curso do Instituto Nacional de Seguridade Social(INSS) contra decisão do TRF-2 (RJ), que haviaconfirmado a sentença da primeira instância per-mitindo que uma viúva acumulasse dois benefícios.

Acúmulo é proibidoO INSS, após dois embargos de declaração

sem êxito, entrou com recurso especial noSTJ. O relator, ministro Arnaldo Esteves Lima,citou a Lei nº 8.213/91, segundo a qual não épermitido o recebimento de mais de umapensão de cônjuge ou companheiro, ressalva-do o direito de opção pela mais vantajosa.Para o ministro, é vedado o acúmulo de doisbenefícios. (RESP 846773)B

ensão por incapacidade permanentenão pode ser transferida para herdeiros e

deve ser paga exclusivamente à vítima. O enten-dimento é da Quarta Turma do STJ em julga-mento de recurso especial da Empresa de Mine-ração Aripuanã Ltda., do Mato Grosso, contra adecisão do TJ-MT, que determinou o pagamen-to de pensão mensal a um empregado “até queele complete 70 anos”.

O trabalhador foi vítima de uma explosão du-rante o manuseio de uma bomba de combustí-vel. O tribunal condenou a empresa a pagarpensão mensal por lucros cessantes, além da in-denização por danos morais de R$ 52 mil. NoTST, a mineradora pediu a diminuição da idadede 70 anos para 65, e a redução da indenização.

O relator, ministro Aldir Passarinho Junior,

Benefício exclusivodisse não existir razão para a empresa requerera redução da idade, já que o limite de indeni-zação só é fixado com base na média de vidaem caso de falecimento do acidentado. Deacordo com o ministro, erraram o tribunal, aofixar 70 anos, e a empresa, ao postular 65, porse tratar de vítima viva. Segundo ele, a indeni-zação por incapacidade deve ser paga, inde-pendente de a vítima viver mais de 70 anos.

A vítima não fez nenhuma reivindicação àCorte. A Turma decidiu manter a pensão atéos 70 anos (limitada à sobrevida do autor), aler-tando que a pensão não pode ser transferidapara herdeiros ou sucessores. Os ministros en-tenderam ainda que R$ 52 mil de indenizaçãoestá no patamar aceito pela jurisprudência doSTJ. (RESP 775332) B

H

C

É

P

12 MAIO DE 2009

NOS TRIBUNAIS

EnfermagemO presidente do STJ manteve a proibição de reajuste das anuidades cobradas pelo Conse-

lho Regional de Enfermagem do Mato Grosso (Coren/MT). O Conselho recorreu ao STJ contraentendimento do TRF da 1ª Região (TRF-1), que havia negado o pedido. O sindicato da cate-goria impetrou mandado de segurança, questionando o valor das anuidades. No STJ, o Corenalegou, sem sucesso, que está passando por dificuldades financeiras, o que vem impedindo-ode atuar como órgão fiscalizador da profissão. (SS 1920)

Juros bancáriosNão existe impedimento para co-brança de juros em contratosbancários, e a limitação da multanão tem efeito retroativo. Com

esse entendimento, a Quarta Turma do STJatendeu parcialmente recurso do Banco Eco-nômico S.A., determinando que seja refeito ocálculo de crédito referente à falência do Ex-presso Canadense Ltda.. O banco apelou con-tra decisão do TJ-RJ, que havia entendido queos juros eram descabidos e que as perdas e da-nos nas obrigações de pagamento em dinheiroeram os juros de mora. Para o tribunal, a previ-são da multa contratual é legítima, mas foi re-duzida a 2%. O banco alegou ser possível a fi-xação dos juros mediante cláusula contratual edos juros de mora diante da inadimplência.Alegou, ainda, que a multa contratual no cré-dito habilitado na falência não poderia ter sidolimitada a 2%, contra os 10% previstos no con-trato. (RESP 403169)

ICMSAs operações interestaduais exi-gem o recolhimento antecipadodo Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços (ICMS)

pelo próprio contribuinte, sem substituição tri-butária. O entendimento é da Segunda Turmado STJ, que acatou recurso do Estado do RioGrande do Sul, contra uma empresa que pediaa isenção do tributo. (RESP 1038482)

SeguroA Quarta Turma do STJ mantevepor unanimidade decisão quecondenou a Kyoei do Brasil Com-panhia de Seguros a pagar 40 salá-

rios mínimos de indenização, além do DPVAT(seguro obrigatório contra danos pessoais causa-dos por veículos automotores), aos pais de víti-ma de acidente de trator em 1991. A segurado-ra havia contestado o acórdão do Primeiro Tri-bunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo,sustentando não existir cobertura de seguroobrigatório por acidentes provocados por trato-res, já que o licenciamento é facultativo. O argu-mento não foi aceito pelo STJ. O relator, minis-tro Aldir Passarinho Junior, determinou tambéma correção monetária e a incidência de juros so-bre o valor a ser pago. (RESP 665282)

TemporáriosValores recebidos como salários eencargos sociais de trabalhadorestemporários não podem ser exclu-ídos da base de cálculo do PIS e

Cofins. Com esse entendimento, a PrimeiraTurma do STJ julgou procedente recurso daFazenda Nacional contra acórdão do TRF da

4ª Região, que favorecia a empresa Aleph Ser-viços Temporários Ltda.. (RESP 958292)

Empréstimo bancárioA Quanta Turma do STJ rejeitourecurso da Tarraf Filhos e Cia. Ltda.e José Eduardo Tarraf, contra aexecução de um empréstimo de

US$ 2 milhões, efetuado em 1994 no bancoBamerindus. Os autores haviam quitado a pri-meira parcela e pago parte das duas seguintes.Depois, decidiram questionar judicialmente alegalidade da operação. No STJ, afirmaramque o Bamerindus não comprovou que o em-préstimo tenha sido feito com repasse de re-cursos estrangeiros, conforme determina a Re-solução 63 do Banco Central. Alegaram, ainda,ter havido ofensa ao Código de Processo Civil. ATurma, por unanimidade, não aceitou os argu-mentos dos autores da ação. (RESP 1059913)

TelefonesAssinaturas básicas de telefoniaque não prevêem franquia de uti-lização de minutos não estão su-jeitas à cobrança de ICMS. O en-

tendimento é da Primeira Turma do STJ, que

acatou recurso especial da Global Village Tele-com (GVT), que pedia a não-incidência do im-posto. A Turma entendeu que a assinaturabásica cobrada pela GVT refere-se à atividadesintermediárias e são serviços preparatóriospara a comunicação. Para os ministros, existe aassinatura básica com simples atividade-meio,sem franquia de minutos, como a praticadapor empresas “autorizatárias” a exemplo daGVT, Telemig Celular e Amazônia Celular; e asque, além de viabilizar a comunicação, ofere-cem franquia de 200 minutos para ligações lo-cais, tornando-se um serviço de telecomunica-ções. (RESP 754393)

Perito judicialA Quarta Turma do STJ negou re-curso da Fiat Automóveis S.A. con-tra acórdão do TJ-SC, que conside-rou ilegítima a substituição do assis-

tente por perito judicial durante perícia contábil,em ação que rescindiu o contrato de concessãocomercial com a San Genaro Veículos Ltda.. AFiat alegou que, ao contrário do parecer do tribu-nal, “o assistente técnico é o profissional de con-fiança da parte e pode ser substituído a qualquertempo”. Para a Turma, vale a Lei 8.445/92, se-

gundo a qual “o assistente técnico, depois de in-timado sem recusar o encargo, não pode sersubstituído, salvo por motivo de força maior devi-damente comprovada”. (RESP 655363)

DiplomataA Quinta Turma do STJ negoumandado de segurança interpostopor um diplomata contra ato doministro das Relações Exteriores

que não o incluiu em 2008 na lista de promo-ção por antiguidade, por ele não ter participa-do do Programa de Formação e Aperfeiçoa-mento da Carreira (Profa-1). O servidor deixoude se inscrever no programa por ter outro títulode mestrado. No STJ, o diplomata afirmou ter di-reito à promoção de terceiro para segundo-se-cretário, já que o mestrado em Ciências Políticasdispensaria a submissão ao Profa-1. (MS 13694)

ConcursoCandidato de concurso públicoque não assume a vaga por erroou ato ilegal da administraçãodeve ser indenizado por danos

materiais e morais, independente do exercíciodo cargo. A decisão é da Primeira Turma doSTJ e beneficiou um grupo de candidatosaprovados em 1989 para técnico judiciário eoficial de Justiça do TRT da 4ª Região, que porconta do edital foram impedidos de tomarposse, e só assumiram os cargos 14 anos de-pois. (RESP 971870)

Justiça gratuitaA Sexta Turma do TST rejeitouagravo de instrumento contradecisão do TRT-SP (2ª Região),que havia considerado deserto

o recurso de um empregador doméstico,por ele não ter comprovado o pagamentodas custas processuais e do depósito recur-sal. A Turma entendeu que empregadorpode ter o benefício da justiça gratuitacomo pessoa física, mas que isso não o dis-pensa do depósito recursal, já que o credoré o empregado, e não o Estado. Ao recor-rer, o empregador não recolheu os valores epediu os benefícios da justiça gratuita ale-gando ser pobre. O TRT rejeitou o pedido.(AIRR 4007/2002-902-02-40.0)

ExportaçãoA Primeira Turma do STJ reco-nheceu a legalidade de decretodo Estado do Mato Grosso do Sulexigindo provas de exportação

para isenção do ICMS. Com a decisão, a Tur-ma negou recurso ao mandado de segurançade uma associação de empresas cerealistascontra o Estado. (RMS 27476)B

13MAIO DE 2009

NOTAS

NOVAS CERTIDÕES

O Ministério da Justiça, em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos,a Corregedoria Nacional de Justiça e a Associação dos Registradores de PessoasNaturais (Arpen) anunciou a padronização das certidões de nascimento, casamentoe óbito. A medida visa evitar falsificações e fraudes. As de casamento terãodetalhes em verde; as de óbito, em azul; e as de nascimento em azul, verde eamarelo. O modelo, único, deverá estar implantado até 1/1/2010. Os modelosatuais não perderão a validade e não será necessário substituí-los.

InfânciaO TJ-SP instalou em abril a Coorde-nadoria da Infância e da Juventude,criada pelo Conselho Superior daMagistratura para servir de elo entre

o tribunal e os magistrados e demais Poderes.

IABO Instituto dos Advogados Brasilei-ros está com um novo site, onde épossível ler a nova revista digital doinstituto (www.iabnacional.org.br)

LexnetO escritório Ruzzarin Advogados, deBrasília, é o novo associado da RedeLexnet, que reúne 22 escritórios de Ad-vocacia no Brasil e três no Mercosul.

MussoliniLuiz Fernando Mussolini Júnior é anova banca de Advocacia de SãoPaulo (Rua Sampaio Viana, 75,11°, cjs.1.101,1.102,1.109 e 1.110,

[email protected]), fone (0xx11)2738-3025.

SnbaO Conselho Nacional de Justiçaassinou convênio com o Ministé-rio da Justiça, Departamento dePolícia Federal e Polícia Civil do

Rio de Janeiro que permitirá que os órgãos

responsáveis por apreensão de bens emoperações policiais, possam cadastrar as in-formações no Sistema Nacional de BensApreendidos (Snba).

TRF-4, 20 anosO TRF-4 (RS-SC-PR) completou 20anos. Criado pela Constituiçãode1988, é um dos cinco no País.B

DIREITO PENAL

sistema de progressão de regime fe-chado para o semi-aberto é permiti-

do a condenado estrangeiro, mesmo queele esteja em situação irregular no País. Adecisão da Quinta Turma do STJ beneficiouum espanhol detido no Rio Grande doNorte, condenado a 19 anos de prisãopelo assassinato do sócio, o empresárioPaulo de Tarso Ubarana, em 2004.

Após o cumprimento de um sexto dapena, foi reconhecido o direito para pro-gressão ao regime semi-aberto, mas a Po-lícia Federal informou que o detento, emsituação irregular no País, respondia a pro-

Estrangeiro pode ir para regime semi-aberto

cesso de expulsão. A informação levou ojuiz a cancelar o benefício sob o argumen-to de que condenado não poderia traba-lhar regularmente no Brasil. O TJ-RN man-teve o entendimento.

O detento recorreu ao STJ. A relatorado habeas corpus, ministra Laurita Vaz,ressaltou que a lei penal não exige que ocondenado estrangeiro tenha uma pro-messa efetiva de emprego com carteira detrabalho assinada, mas que tenha condi-ção de exercer qualquer trabalho honestopara prover subsistência e da família, aindaque na informalidade. (HC 123329)B

O

SAÚDE

stados e municípios não têm le-gitimidade para recorrer em

nome das autarquias com personalida-de jurídica própria, devendo ser repre-sentados por procuradores ou por ad-vogados constituídos, segundo a Ori-entação Jurisprudencial da SDI.

Com esse argumento, a Sétima Tur-ma do TST rejeitou agravo do Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo, queteve recurso e agravo de instrumentorejeitados pelo TRT-2 (SP), porque am-bos foram assinados por procuradorasdo Estado, e não do próprio hospital. OHC também não apresentou procura-ção outorgando poderes a elas.

A entidade de saúde apresentouao TST diversos argumentos, entreeles o de que o hospital é vinculado àSecretaria de Saúde de São Paulo, enão à USP. Mesmo assim, teve o re-curso rejeitado. (A-AIRR 484/2006-041-02-40.0)B

Rejeitado recursodo HC-SP

E

14 MAIO DE 2009

HIC ET NUNC

PERCIVAL DE SOUZA*

*Especial para o “Tribuna” .

RASÍLIA – Como se sempre fossem mães em potencial, autores de projetos delei vivem em contínua gestação. No ventre processual penal, por exemplo, ten-

ta-se, de novo, a reforma do Código de 1941, repleto de efeitos da ditadura Vargas. Dooutro lado do Atlântico, o exemplo lusitano vem de uma reforma diferente, pois o códigoportuguês, de 1987, surgiu para por fim ao arbítrio institucional da herança Salazar. O úl-timo remendo legislativo português é do ano retrasado. Entre nós, nenhuma pitonisa seatreve a fazer prognósticos, embora tenhamos, como consolo, os parâmetros democrá-ticos impostos pela Constituição.

De um modo ou de outro, fatores endógenos e exógenos da criminogênese che-gam cada vez mais perto do que se pretende adotar como norma penal. A desigual-dade de renda, por exemplo, pode exercer efeitos significativos nas taxas de homicídio,como aponta o pesquisador Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea). “Ela é combustível para a violência.” Ele destaca essa tendência apósum alerta da Organização Internacional do Trabalho, ligada à Organização das NaçõesUnidas, com base numa pesquisa feita em mais de 70 países. Em São Paulo, a Secreta-ria da Segurança Pública estabelece uma co-relação direta: menos emprego, mais rou-bos. Há controvérsias, acadêmicas inclusive. Algumas até mostram ligações entre pon-tos de prosperidade e crime. Nesse cenário, o FBI (polícia federal norte-americana) re-vela as atividades do crime organizado e a participação de bandos (nos EUA chamadosde gangues) em nada menos do que 80% do total dos crimes em todo o País. Embo-ra esses bandos tenham mais de 1 milhão de membros, apenas 147 mil estão presos.Lá como cá, um denominador comum: a distância que pode haver entre o que acon-tece nas ruas e o que está previsto nas leis. E uma dúvida cruel: o Direito Penal teria,sozinho, respostas para tudo?

Crime e castigo

B

Erros médicos

De 2002 para cá, aumentaram em232% os processos que chegam ao SuperiorTribunal de Justiça (STJ) em busca de reparosque teriam sido provocados por erros médi-cos. A Corte tem entendido que a profissãonão permite que se firme um compromissoprévio por resultados, à exceção dos casos decirurgias plásticas. A ressalva é relacionadadiretamente aos danos de ordem estética.Buscam-se, ainda no STJ, indenizações pordanos morais e materiais. Jorge Darze, doSindicato dos Médicos do Rio de Janeiro,diz que a maioria dos casos acontece narede pública de saúde, “cujo quadro é dedegradação, de calamidade”. Até o finalde 2008, eram 398 ações desse tipo noSTJ, contra 120 em 2002.

De juiz a advogadoNada contra, legalmente falando, até

porque existe a chamada “quarentena”, im-posta pela reforma do Judiciário em 2004,que impõe o limite de três anos para alguématuar como advogado na Corte onde já tra-balhou como juiz. Um dos sintomas da meta-morfose está nas Cortes superiores de Brasília,onde número expressivo de processos — cincoex-ministros e 54 casos no STF e 16 movi-mentando outros 798 no STJ — fazem partedo cotidiano do Planalto. O STF tentou barraros ex-colegas na sala do café reservada aosministros. Até placa foi colocada na porta:“Privativo dos ministros.”

Povo e condorJosé Renato Nalini, desembargador do

TJ-SP e presidente da Academia Paulista deLetras, não gosta do cenário degradante queé obrigado a contemplar na praça onde estáinstalado o tribunal, imponente obra de Ra-mos de Azevedo. Argumenta: “Morar na ruanão condiz com a dignidade humana, supra-princípio da Constituição republicana. É boni-to dizer a praça é do povo, como o céu é docondor. Só que a praça não pode ser conver-tida em palco de manifestações miseráveis,em confronto com o respeito que as criaturasmerecem. Fontes e espelhos d’água não po-dem ser convertidos em banheira pública.Nem canteiros são mictórios ou privadas. Re-lações sexuais não prescindem de privacida-de. O espetáculo do consumo de drogas nãoé edificante e depõe contra o grau civilizató-rio que a maior cidade da América Latinapretende ostentar.”

O drama dos abortosNa polêmica Estado-Igreja sobre aborto, im-

portante saber dos dados obtidos pelo Ministério daSaúde durante os últimos oito anos: o aborto ilegalaumentou em 242,6%. No ano passado, 49 cri-anças com até 14 anos fizeram aborto com am-paro legal. No Hospital Pérola Byington, em SãoPaulo, existe um Serviço de Violência Sexual, ondeos casos atendidos chegam a 43% tendo comovítimas meninas de até 12 anos. O estuprador ésempre algum parente ou conhecido.B

REFORMA DO JUDICIÁRIO

e Stanlislaw PontePreta, o célebrecolunista estivessevivo, talvez tives-se escrito que o IIPacto Republicano,

assinado pelos presidentes do três Pode-res, no sentido de tornar a Justiça maisacessível, ágil e efetiva, se assemelha aum “samba do crioulo doido”. Contem-pla propostas tão dispares que duvida-seque possa se chegar aos propósitos, lou-váveis, de seus idealizadores.

O Pacto, uma sequência do firmadoem 2004 (parte dos projetos propos-tos ainda está tramitando, cinco anosdepois), é tão abrangente que contem-pla desde controle da ação policial,passando por mudanças no CódigoPenal, chegando à discussões mais re-nhidas nas áreas fiscal e tributária. Sea adoção de punições severas para in-terceptações telefônicas ilegais deveser elogiada, a penhora de bens, pelaFazenda, para pagamento de débitosfiscais deve ser vista com ressalvas,assim como a parte que diz que as au-toridades fazendárias poderão “negoci-ar” débitos fiscais, desde que não hajasentença definitiva. Houve até quemquisesse incluir no Pacto questões refe-rentes à legislação trabalhista.

O “novo” Pacto, que inclui projetosque já tramitam no Legislativo, tem32 “pontos prioritários”(???). (“Priori-tário”, segundo o dicionário de Auré-lio Buarque de Holanda, é o que tem“prioridade” e prioridade é “qualidadedo que está em primeiro lugar”). As-sim, 32 “prioridades” parecem “coisapara inglês ver” Muita fumaça parapouco fogo. Que o presidente da Repúbli-ca, Luiz Inácio Lula da Silva; do SupremoTribunal Federal, Gilmar Mendes; da Câ-mara dos Deputados, Michel Temer; e doSenado, José Sarney, não se arrependamde, um dia, terem assinado mais um docu-mento inócuo.(FA)B

“Pacto para inglês ver”

SNOTAS TST

Os juízes Juan Freddy Gonzales Gonzales, daBolívia, e Dora Zafir Slotolow, do Uruguai,visitaram o TST, sendo recebidos peloministro Milton de Moura França. Elesparticipam de um programa de intercâmbiode magistrados do Mercosul.B

Magistrados do Mercosul

NOTAS STJ

DJE

O Diário da Justiça Eletrônico (DJE) foiatualizado para atender à demanda dosadvogados. As inovações estão disponíveispara quem usa internet Explorer 7 e 8. Onovo endereço é https://ww2.stj.jus.br/processo/dj/init

Novas súmulas

O STJ editou quatro novas súmulas: a377: “o portador de visão monocular temdireito de concorrer, em concurso público,às vagas reservadas aos deficientes”; a378: “uma vez reconhecido o desvio defunção, o servidor faz jus às diferenças sa-lariais decorrentes; a 379: “nos contratosbancários não regidos por legislação espe-cífica, os juros moratórios poderão ser fixa-dos em até 1% ao mês”; a 380: “a sim-ples propositura da ação de revisão decontrato não inibe a caracterização damora do autor”; a 381: “nos contratosbancarios, é vedado ao julgador conhecer,de ofício, da abusividade das cláusulas”.

TST

Tribunal

O STJ completou 20 anos dia 7 de abril,com o lançamento do documentário “AHistória contada pelos presidentes” e do li-vro “STJ – Doutrina”.B

15MAIO DE 2009

Muito já se falou acerca do pa-pel dos bancos de proteção ao crédi-to na economia brasileira. Resumida-mente, tem-se que os concedentes decrédito, mediante informações amplas,claras e precisas, diminuem os riscosinerentes às suas atividades, em es-pecial o da inadimplência. Por outrolado, a sociedade também é benefici-ada, na medida em que os créditossão concedidos de forma mais ágil,menos burocrática e a um custo me-nor, em razão da diminuição das ta-xas de juros para os bons pagadores.

Contudo, ainda hoje os bancos deproteção ao crédito são interpretadosde forma limitada, simplista e, muitasvezes, distorcida. Por tal razão, é po-pularmente comum a idéia errônea deque uma informação ali lançada macu-la, de plano, o nome do respectivo de-vedor, gerando danos morais.

Juridicamente, o dano moral temsido um tema bastante controverso, ea situação era ainda pior principalmen-te quando ainda não existia a expres-sa previsão legal.

Antes da atual Constituição Fe-deral, havia uma corrente mais extre-mista que defendia, inclusive, a impos-sibilidade de reparar-se pecuniaria-mente uma dor moral. Para tanto, sus-tentava-se que os bens ofendidoseram desprovidos de valor econômi-co e, por isso, não indenizáveis.

O artigo 5º, inciso V, da Cons-tituição Federal (I), porém, ao garan-tir o ressarcimento por danos mo-rais, tornou superada a mencionadadiscussão. Outras divergências,contudo, começaram a surgir, tais

como aquelas relacionadas à carac-terização dos mencionados danos eao quantum indenizável.

Além disso, subsequentementeao reconhecimento constitucional dodano moral e do direito à sua indeni-zação, algumas pessoas passaram avislumbrá-lo como uma oportunida-de de enriquecimento fácil, motivopelo qual os tribunais passaram a re-ceber milhares de demandas aventu-reiras, em que se buscava apenas umganho financeiro.

A partir de então, o SuperiorTribunal de Justiça, com a finalida-de de defender apenas a reparaçãojusta, consolidou vários entendimen-tos relacionados aos danos morais,dentre os quais o da necessidade deser produzida prova do fato quegerou a dor moral e o de ser consi-derada a pluralidade da informação,e não o fato isoladamente.

Desta forma, nas ações que ver-sam sobre inscrição em cadastro de pro-teção ao crédito e em que se pleiteiaindenização por danos morais, a even-tual ausência de comunicação prévia aocadastrado não pode ser analisada demaneira isolada. Neste caso, tambémdeve ser considerado se (i) as informa-ções são verdadeiras (pois, se não o fo-rem, a aludida comunicação garantiriaao cadastrado o direito de retificá-las);(ii) o cadastrado tinha ciência da dívida(nesta hipótese, não poderá alegar quefoi surpreendido quando tomou conhe-cimento do apontamento); ou (iii) exis-tem outros apontamentos em nome docadastrado.

Com efeito, ao dispor sobre aobrigatoriedade da comunicação pré-via, prevista no parágrafo 2º (II) do ar-

Devedor já inscrito em cadastro de proteção aocrédito afasta caracterização de dano moral

SILVÂNIO COVAS*tigo 43 do Código de Defesa do Con-sumidor, o legislador buscou assegu-rar a ciência do cadastrado para queeste exercesse o direito de retificaçãodos dados, nos termos do parágrafo3º (III) do referido dispositivo e do ca-put do artigo 4º (IV) da Lei nº 9.507/97 (Lei do "Habeas Data”).

Trata-se, pois, de uma formali-dade que, por si só, não dá azo aodireito de indenização, pois indenizaré tornar indene, ou seja, eliminar odesequilíbrio social e/ou econômicoprovocado por determinada ação ouinação. Se não houve o dano, não hádireito indenizatório.

Se a dívida foi inadimplida, o de-vedor está ciente dessa situação, ge-rada pela falta de pagamento, a queele próprio deu causa. Assim, sendoverídica a informação de inadimple-mento, não há surpresa quanto aofato, nem agressão ao patrimônio mo-ral se o devedor inadimplente tomarconhecimento de que o débito encon-tra-se anotado nos Serviços de Pro-teção ao Crédito.

Consequentemente, não há quese falar em tristeza, humilhação, cons-trangimento de um devedor contumaz.Isto porque eventual imagem negati-va do cadastrado, neste caso, nadamais é do que um reflexo de sua pró-pria conduta, e não do registro de maisuma informação cadastral a respeitode seu comportamento creditício.

É igualmente oportuno frisar queo devedor toma conhecimento da dí-vida no momento em que a contrai, enão na ocasião em que é comunicadosobre a inclusão da inadimplência àqual deu causa em um cadastro deproteção ao crédito.

Inadmissível, pois, a ocorrênciade danos morais quando configuradauma das três hipóteses ora aborda-das. Mesmo assim, são inúmeros osprocessos em que não se questiona aexistência da dívida, mas, tão-somen-te, por exemplo, a falta da comunica-ção prévia.

Por tal razão, valendo-se da re-gra do novo artigo 543-C do Códi-go de Processo Civil, o Superior Tri-bunal de Justiça, ao julgar recente-mente os Recursos Especiais Repe-titivos nos 1.061.134/RS e1.062.336/RS, afastou definitiva-mente a ocorrência de danos mo-rais quando existentes outros apon-tamentos em nome do devedor.

Conforme já abordado no Se-rasa Legal da edição de janeiro desteano, a Lei nº 11.672/08 foi editadanão só com a finalidade de garantirmais agilidade aos recursos, mas, tam-bém, com o objetivo de assegurar jul-gamentos uniformes, favorecendo asegurança jurídica que deve permearas condutas sociais.

Partindo dessa ideologia, a Minis-tra Nancy Andrighi fundamentou-se noteor dos acórdãos dos citados Recur-sos Especiais Repetitivos ao proferir adecisão transcrita ao final, tendo ratifi-cado o entendimento jurisprudencial nosentido de que a ausência de comuni-cação prévia não acarreta dano moralquando existentes anotações de inadim-plência anteriores.

Embora o STJ tenha caminhadono sentido correto ao inadmitir o danomoral quando o devedor já tem outrasanotações de débito, é necessário umaprimoramento da jurisprudência em re-lação às dívidas verídicas, pois o funda

BOLETIM JURÍDICO ANO 8 - N°91

SERASA LEGALSERASA LEGAL

16 MAIO DE 2009

SERASA LEGAL

Serasa Experian sedia Fórum de Relações TrabalhistasNo último dia 23 de abril, foi

realizada, na Sede da SerasaExperian, reunião do Fórum deRelações Trabalhistas, com a par-ticipação de profissionais de inú-meras empresas de grande portee de relevante atuação econômi-ca no Brasil.

Coordenada pelo Diretor Ju-r íd ico da Serasa Exper ian ,Silvânio Covas, a reunião contoucom a palestra da Procuradora doMinistério Público Federal do Tra-balho em São Paulo, Célia Regi-na Camachi Stander, intitulada“Fraude ao Contrato de Trabalhopor Meio de Cooperativa e Cons-tituição de Pessoa Jurídica porTrabalhador”.

mento lógico é o mesmo. Se não há danomoral para devedores com outras dívi-das anotadas, porque ele se revelou ummau pagador, também não há para odevedor com uma única dívida, desdeque seja verdadeira.

Repita-se, a comunicação aocadastrado é uma formalidade neces-sária para possibilitar-lhe a oposiçãofundamentada e a solicitação de reti-ficação da anotação inverídica. Masa anotação verídica, comunicada ounão, jamais será retificada, não po-dendo gerar surpresa, decepção edano moral para o responsável pelainadimplência, titular da dívida.

A seguir, transcrição da decisãoda Ministra Nancy Andrighi:

“EMENTA

PROCESSUAL CIVIL ECONSUMIDOR. INSCRIÇÃO DONOME DA PARTE EM CADAS-TRO DE INADIMPLENTES, SEMA SUA PRÉVIA NOTIFICAÇÃO(ART. 43, §2º, DO CDC). EXIS-TÊNCIA DE ANOTAÇÕES ANTE-

RIORES. DANO MORAL INE-XISTENTE.

- A jurisprudência do STJ estáconsolidada no sentido de reputarque a inscrição do nome do consu-midor em cadastros de inadimplên-cia, sem sua prévia comunicação,não acarreta dano moral nas hipó-teses em que o consumidor apresen-te outros apontamentos nos referi-dos cadastros. Ressalva de meu en-tendimento pessoal.

- Consolidação da jurispru-dência reafirmada no julgamentodos Recursos Especiais Repetitivosnºs 1.061.134/RS e 1.062.336/RS(art. 543-C, do CPC). Recurso Es-pecial não conhecido.

DECISÃO

Cuida-se de Recurso Especialinterposto (...), com fundamento naalínea “c” do permissivo constitucio-nal, em desfavor de acórdão proferi-do pelo Tribunal de Justiça do Estadodo Rio Grande do Sul, que indeferiuo pedido de indenização por danomoral ao consumidor em decorrência

* Mestre em Direito pela PUC-SP e

Diretor Jurídico da Serasa Experian

da inscrição de seu nome em cadas-tros de inadimplência sem prévia co-municação. É peculiaridade da espé-cie que o consumidor apresenta múl-tiplos registros em seu nome nos re-feridos cadastros.

Por ocasião do julgamento, me-diante o procedimento estabelecidopelo art. 543-C do CPC, dos Recur-sos Especiais Repetitivos nºs1.061.134/RS e 1.062.336/RS (mi-nha relatoria, 2ª Seção, julgado em10/12/2008), ficou estabelecido que,para a caracterização do dano moral,"é suficiente a ausência de préviacomunicação, mesmo quando exis-tente a dívida que gerou a inscri-ção. Entende a jurisprudência queo objetivo da notificação não é co-municar o consumidor da mora,mas sim propiciar-lhe o acesso àsinformações e preveni-lo de futurosdanos". Entretanto, também se es-tabeleceu que "quem já é registra-do como mau pagador não pode sesentir moralmente ofendido pelainscrição do seu nome comoinadimplente em cadastros de pro-teção ao crédito” (V).

I “Art. 5º Todos são iguais perante a lei,

sem distinção de qualquer natureza, garan-

tindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-

sidentes no País a inviolabilidade do direito

à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança

e à propriedade, nos termos seguintes: [...] V -

é assegurado o direito de resposta, proporci-

onal ao agravo, além da indenização por dano

material, moral ou à imagem;”II “§ 2° A abertura de cadastro, ficha,

registro e dados pessoais e de consumo deve-

rá ser comunicada por escrito ao consumidor,

quando não solicitada por ele.”III “§ 3° O consumidor, sempre que en-

contrar inexatidão nos seus dados e cadas-

tros, poderá exigir sua imediata correção,

devendo o arquivista, no prazo de cinco dias

úteis, comunicar a alteração aos eventuais

destinatários das informações incorretas.”IV “Art. 4° Constatada a inexatidão

de qualquer dado a seu respeito, o inte-

ressado, em petição acompanhada de do-

cumentos comprobatórios, poderá reque-

rer sua retificação.”V Recurso Especial nº 1.012.465 -

RS (2007/0288897-4)

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSANO 15 - Nº 169

MAIO DE 2009

OSCAR VILHENA VIEIRA

TRIBUNA DO DIREITO

carreira de advogadoestá passando por umanova ascensão. Pelomenos é assim que ocenário profissional daAdvocacia é visto por

Oscar Vilhena Vieira, advogado, professore coordenador do programa de mestradoda Escola de Direito da FGV (FundaçãoGetúlio Vargas). Ele explica que “há umanova geração de advogados capaz de serinterlocutor direto das outras profissões,daqueles que tomam as decisões políti-cas, econômicas, etc.; que é capaz de ana-lisar o impacto de uma determinada me-dida ou decisão sobre a economia, porexemplo. Esses advogados passam a serpeças importantes para o próprio desen-volvimento do País”.

Autor de inúmeras obras, entre elasDireitos Fundamentais: Uma Leitura daJurisprudência do STF e Direitos Huma-nos — Normativa internacional, VilhenaVieira dedica-se ao Direito Constitucional,atuando também nas áreas de direitos hu-manos, violência e Estado de Direito.

Procurador do Estado de São Pau-lo até 2001, critica a forma como sãomontados os concursos públicos, por-que selecionam “um tipo de gente queteve condições de não fazer nada anão ser estudar para o concurso”.

Está surEstá surEstá surEstá surEstá surgindo um novo advogadogindo um novo advogadogindo um novo advogadogindo um novo advogadogindo um novo advogadoEUNICE NUNES, especial para o "Tribuna"

Fotos Cristovão Bernardo

A

“Esses advogados (a nova geração) passaram a ser importantes para o desenvolvimento do País”

Tribuna do Direito — Qual o pa-pel do advogado hoje e o que mu-dou, ou deve mudar, na Advoca-cia do século XXI?

Oscar Vilhena Vieira — Atual-mente, o advogado tem de estar pron-to para atuar em todas as áreas. Issodemanda um novo tipo de bacharel. NosEUA, por exemplo, com a crise finan-ceira, regular o sistema financeiro é tra-balho para advogados públicos. A Ad-vocacia é muito ampla. Existem mui-tas Advocacias dentro da Advocacia.Mas existem Advocacias que são mui-to tradicionais e continuam assim. An-tes, havia os grandes nomes que aten-diam os clientes em diversos setores.Lembro-me do professor Miguel Reale,que tinha clientes donos de grandes lo-jas e magazines, que o consultavam paratudo: do divórcio do filho às licitações,

passando pelo fechamento de contra-tos. Isso marca a Advocacia do séculoXX no Brasil. Já havia os especialistas,em especial o trabalhista e o crimina-lista, mas o “modelão” era o da “clíni-ca geral”. A grande mudança começoua surgir no final do século passado,com a transformação dos escritóriosde Advocacia em empresas. Dentrodesse novo modelo, com a complexi-dade da vida contemporânea, houve

a necessidade de especialização. Como processo de privatização no Brasil ecom o processo de internacionalizaçãoda economia, surgiu a necessidade deum novo tipo de Advocacia para a qualnão se estava preparado. Nos anos 90,pela primeira vez sentiu-se um certodesconforto. As faculdades não esta-vam preparando advogados para da-rem conta de um processo econômicono qual o Brasil começava a se inserir.

Novos setores da economia passarama ser regulados economicamente e ocurrículo das escolas de Direito nãocontemplava essa nova realidade.Abriu-se um novo mercado onde pou-cos eram habilitados para lidar com co-mércio internacional, bolsa de valores,mercado imobiliário, etc. Tudo isso co-meçou a ser um novo desafio. Os anos90 criaram uma nova figura, a do ad-vogado altamente especializado.O ad-vogado que se compararia com um ci-rurgião. O escritório é como um hospi-tal, que tem um especialista para cadaárea. Conforme o problema levado peloclien-te, é atendido em um determina-do departamento. Vai ter advogado quefará incisivamente uma operação es-pecífica. Esse advogado tem de rapi-damente entender qual é a necessida-de do cliente.

“Os anos 90 criaram uma nova“Os anos 90 criaram uma nova“Os anos 90 criaram uma nova“Os anos 90 criaram uma nova“Os anos 90 criaram uma novafigura, a do advogadofigura, a do advogadofigura, a do advogadofigura, a do advogadofigura, a do advogado

altamente especializado”altamente especializado”altamente especializado”altamente especializado”altamente especializado”

MAIO DE 20092TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROS

TD — Isso é bom?Oscar Vilhena — Tem-se a ten-

dência de achar que pode ser proble-mático. Que o advogado-cirurgião pos-sa estar, muitas vezes, habilitado a re-solver um problema específico, massem condições de mensurar o impactoda decisão sobre o todo. O advogadodo estilo Miguel Reale ou TheotonioNegrão conhecia o cliente. Sabia, mui-tas vezes, que o cliente não queriaaquilo naquele momento. Voltar aomodelo anterior é impossível e o siste-ma atual gera desconforto porque háuma infidelidade do cliente. Não existerelação sólida entre cliente e advoga-do. O escritório tem de estar o tempotodo brigando para manter o cliente; eo cirurgião, que cuida de um assuntoespecífico, não conhece a inteira rea-lidade do cliente. O que tem surgidosão os escritórios mais sofisticados,com condições de dar um atendimentomais global ao cliente e, eventualmen-te, apóiam a empresa na busca de umdeterminado especialista, quando ne-cessário. Essa é a Advocacia mais in-teressante que se está fazendo, com osurgimento de pequenos escritórios,com profissionais muito capacitados. Éaí que surge o diferencial da formação:não é mais o advogado simplesmentesuper-especialista, é um advogado quetem uma formação sólida, que conhe-ce bem o Direito e seus princípios ge-rais, que conhece bem a Constituiçãoe o Direito Constitucional.

TD — Alguém que entenda comofunciona o ordenamento jurídico epossa contextualizar o problemaque o cliente leva?

Oscar Vilhena — O cliente, às ve-zes, menciona um problema e atrásdesse problema existem outros. O ad-vogado que o mercado demanda hojeé mais o que tem amplas habilidades,e menos o que tem amplo conhecimen-to de um campo. Na Direito GV, o ob-jetivo é capacitar o jovem advogadopara que ele tenha, em um curto perí-odo, condição de encontrar soluçõespara problemas que nunca viu. O trei-namento tradicional do advogado noBrasil é para capacitá-lo para uma sé-rie de problemas que já foram resolvi-dos. Ele vai estudar durante anos oCódigo Civil inteiro e aprender a resol-ver todos os problemas que podemsurgir. Vai estudar as grandes leis, qua-se sem dar diferença de peso ao que émais ou menos importante. E num ce-nário com uma economia dinâmica, in-tegrada internacionalmente, onde oDireito não é claro porque há a relaçãodo Direito externo com o interno, ondesurgem a cada dia novos tipos de con-trato, o que é preciso são advogados

“Os concursos são montados“Os concursos são montados“Os concursos são montados“Os concursos são montados“Os concursos são montadospara selecionar gente que tevepara selecionar gente que tevepara selecionar gente que tevepara selecionar gente que tevepara selecionar gente que tevecondição de não fazer nada”condição de não fazer nada”condição de não fazer nada”condição de não fazer nada”condição de não fazer nada”

de formação sólida e mentes atiladas,capazes de enfrentar novas situaçõessem se amedrontar. O advogado deveser um provedor de soluções. Não maisalguém que tenha simplesmente uma pos-tura reativa diante de um problema.

TD — É mais uma visão da Ad-vocacia que tem uma empresa comocliente. E o resto?

Oscar Vilhena — Tem um outrolado. Uma Advocacia que é muito im-portante no Brasil, uma Advocacia naárea pública, que inclui desde as car-reiras públicas propriamente ditas,como a do Ministério Público, Procura-dorias, Fazenda Nacional, até as doterceiro setor, da sociedade civil, dosdireitos humanos. Mudou muito. Estáhavendo uma mudança geracional.Uma vez em um debate perguntarama um presidente de um tribunal de SãoPaulo porque os juízes eram tão ruins.E ele respondeu: porque são mal esco-lhidos. Os concursos são montados demaneira a selecionar um tipo de gente

que teve condição de não fazer nada anão ser estudar para o concurso.

TD — Quem não tem tempo paraficar decorando as matérias, acaba fi-cando de fora...

Oscar Vilhena — Exatamente. Aspessoas boas estão trabalhando, cui-dando dos escritórios, enquanto o queteve condições de parar durante três,quatro anos, é aprovado no concur-so. Erra-se no processo de cooptação.Isso é verdade para todas as carrei-ras. De delegado de polícia a juiz. Odelegado de polícia é um bacharel. Eleestuda, estuda, estuda e é aprovadono concurso. A profissão não tem nadaa ver com o que ele se mostrou apto.Ele vai gerir uma delegacia, investiga-dores, dinheiro, decidir onde vai gas-tar o dinheiro. O maior escritório deAdvocacia do Brasil, por exemplo, é aProcuradoria Geral do Estado de SãoPaulo. Como é gerida? Como são fei-tas as escolhas? Como se decide quan-tos procuradores vão trabalhar em cada

lugar? A “garotada” que sai da facul-dade de Direito não tem a menor con-dição de resolver. O advogado públicohoje tem de fazer escolhas estratégi-cas, porque o outro lado também o estáfazendo. Mesmo o Poder Judiciário temum problema de gestão em que os ju-ízes estão perdidos. Isso sem analisaráreas mais específicas. As agências re-guladoras, a área fiscal. Se o profissio-nal não estiver capacitado, vai-se trans-formar em um burocrata que vai de-fender a si próprio e não o Estado. Épreciso cada vez mais um novo tipode bacharel que seja capaz de cons-tituir um Estado modernizado e aptopara regular esse sistema econômi-co altamente competitivo, volátil.Isso não é mais uma Advocacia sim-plesmente litigiosa.

TD — A formação do bachareltem de mudar e incluir tambémdisciplinas de Economia e de Ad-ministração?

Oscar Vilhena — É preciso to-mar cuidado. O advogado não pode setransformar em um mau economista,mau administrador, mau contador,mau administrador público e mau ad-vogado. Ele precisa é ter condição dediálogo com as outras áreas. Não adi-anta colocar uma carga enorme de So-ciologia, uma carga enorme de Políti-ca, de Economia, de AdministraçãoPública, porque ele não vai conseguirsaber tudo . E corre o risco de não sa-ber Direito porque não teve tempo deestudar. O advogado é fundamental-mente o profissional que tem um dife-rencial, que é saber os limites. Quepode parecer uma coisa simples,mas, nos casos importantes, não é.O advogado precisa saber ler, porexemplo, um balanço financeiro parapoder dialogar corretamente comprofissionais de outras áreas. Nãoprecisa ser um contador profissional,mas precisa olhar para o contador epoder dizer: “Não, isso aqui não estácerto. Isso aqui, a Receita vai pegarpor causa deste ponto.” Senão, elesempre vai depender de outro e vaise transformar numa figura subalter-na. O advogado perdeu espaço a par-tir dos anos 70, mas hoje a carreiraestá passando por uma nova ascen-são. Há uma nova geração de advo-gados capaz de ser interlocutor di-reto das outras profissões, dos quetomam as decisões políticas, econô-micas, etc.; que é capaz de analisaro impacto de determinada medida oudecisão sobre a economia, por exem-plo. Ele consegue antecipar as possí-veis repercussões. Esses advogadospassam a ser peças importantes parao próprio desenvolvimento do País.

“ O advogado perdeu espaço a partir dos anos 70”

3MAIO DE 2009

LIVROSLIVROSTRIBUNA DO DIREITO

TD — Na avaliação do senhor,qual é o principal problema do Po-der Judiciário e o que poderia serfeito?

Oscar Vilhena — Nos últimos 20anos, o Judiciário teve uma explosãode litigiosidade. Isso não é ruim. É si-nal, em primeiro lugar, de que as pes-soas que têm os direitos lesados nãoestão se acovardando. Estão enfren-tando os problemas. É sinal de umasociedade que amadurece, que leva oDireito cada vez mais a sério. Quandoas mães têm fetos anencéfalos e re-volvem entrar com ação, é sinal deque vai-se brigar pelo que se acha jus-to e que não se vai fazer a escolha àbrasileira (vai-se fazer o aborto, nin-guém fala nada e está tudo certo). AJustiça, quanto mais provocada, indi-ca que a população está buscandomais os direitos. É um ponto positivo.O problema não é mais a falta de aces-so à Justiça. O problema agora é sa-ber como cair fora dela. O Judiciárionão estava, e não está, preparado paraesse aumento de demanda. O Brasil,desde 1889, quando criou a Justiça Fe-deral, colocou na exposição de moti-vos da lei que todo juiz, antes de darou negar aplicação a uma lei, pode veri-ficar se ela é compatível ou não coma Constituição. Isso reflete a seguintesituação: os juízes no Brasil, como nosEstados Unidos, têm o poder de con-trolar a constitucionalidade das leis.Eles são poderosíssimos.

TD — E a Emenda 45?Oscar Vilhena — Na trajetória

brasileira, de 1889 até 2005, os ju-ízes poderiam julgar se o direito eraválido, em detrimento do que o Su-premo Tribunal Federal pensassesobre aquilo. Isso gerou um proble-ma de insegurança, do que efetiva-mente é o Direito. O ponto centralda Justiça é que dois casos iguaisdevem ser tratados de forma igual.E a Justiça brasileira tem a fantás-tica possibilidade de dois casosiguais serem tratados de formasmuito distintas por juízes com salaum ao lado do outro, ou por câma-ras diferentes de um mesmo tribu-nal. Por isso, o litígio acaba só sen-do definido pelo Supremo ou peloSuperior Tribunal de Justiça. Os tri-bunais de segunda instância sãograndes máquinas funcionando, masque não põem fim aos litígios. Emparte pelo grande número de recur-sos, Mas, é por uma questão cultu-ral, de mentalidade. Se já está de-cidido, se já há um entendimentoconsolidado nos tribunais superio-res, não há motivo para decidir deforma diferente. A Justiça do Tra-balho, mais uma vez, saiu na frente.

TD — Como?Oscar Vilhena — Elas tem há

muito tempo as orientações jurispru-denciais, que são súmulas vinculantes.Não tenho simpatia filosófica pela súmulavinculante. Mas, parece-me que é indis-pensável. Senão, faz-se com que o corpo— hoje são 14 mil juízes no Brasil — sir-va simplesmente para protelar decisõesde quem não tem direito. Se sou um maupagador tributário, por exemplo, e sei queposso ir até o Supremo, vou arrastar oprocesso para pagar dentro de oito, dezanos. Ao contrário, se sou o Estado e seique estou cometendo uma ilegalidade,cobrando tributo inconstitucionalmente, eo juiz manda devolver, vou protelar paradevolver daqui a 15 anos. Então, a Justi-ça se transformou.

TD — Em um instrumento bompara quem usa de má-fé?

Oscar Vilhena — Em um instru-mento que beneficia os que são há-beis para usá-la, para não cumprirsuas obrigações. A Justiça foi coopta-da — não estou referindo-me a cor-rupção — por grupos: grupo 1, o Es-tado; e grupo 2, os maus pagadores.Ambos para se abster de suas obriga-ções. Nesse sentido é que a imposi-ção de decisões do topo da Justiça,que recae sobre todas as instâncias,pode antecipar soluções de conflito.Em primeira instância, se a matéria ésumulada, tem de pagar e acabou. Seo Estado não pode cobrar, acabou. As

“““““A Justiça do TA Justiça do TA Justiça do TA Justiça do TA Justiça do Trabalho saiu,rabalho saiu,rabalho saiu,rabalho saiu,rabalho saiu,mais uma vez, na frente com asmais uma vez, na frente com asmais uma vez, na frente com asmais uma vez, na frente com asmais uma vez, na frente com asorientações jurisprudenciais”orientações jurisprudenciais”orientações jurisprudenciais”orientações jurisprudenciais”orientações jurisprudenciais”

questões que mais “entopem” a Jus-tiça Federal são as fiscais e as previ-denciárias, em que o Estado é sem-pre parte. Se nessas duas áreas seconseguir pôr um pouco de ordem, nãosó diminui a quantidade de processos,como se faz valer o direito. Parece-me que, com a Emenda 45, deu-se umpasso importante nesse sentido. Temum instrumento até mais importantedo que a súmula vinculante. A Emen-da 45 recriou, com outro nome, a “ar-guição de relevância”, que passou aser repercussão geral. O Supremo nãovai mais precisar julgar 100 mil açõespor ano sobre um determinado as-sunto. Hoje, tem quase que uma dis-cricionariedade, passou a ter um con-trole sobre o que entra ou não, o quenão havia antes. O Supremo tinhauma porta escancarada. Hoje, não.Pela primeira vez na história, passou-se a ter um tribunal com condiçõesde ser um ordenador do Sistema Ju-diciário por esses dois mecanismos.De 2005 para cá, tem-se condiçõesde fazer uma mudança ordenada emtodo o sistema, que pode começar agerar mais segurança jurídica, maiscerteza, a gastar menos tempo emenos dinheiro.“Tem instrumento importante...´arguição de relevância´”

MAIO DE 20094TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROS

Oscar Vilhena Vieira é paulista deTaubaté, cidade do Vale do Paraíba, ondenasceu em 10 de março de 1966. “Ten-do nascido na roça, sou extremamenteligado aos fogões a lenha e a conversasdemoradas”, conta. Embora seja do in-terior, a formação acadêmica deu-se emSão Paulo. Graduou-se em Direito pelaPontifícia Universidade Católica de SãoPaulo (PUC-SP) em 1988, época em queo Brasil acabava de emergir da ditadu-ra militar e estabelecia as bases de umarecém-nascida democracia.

Logo após a formatura começou adar aulas no Mackenzie, onde tomougosto pela Academia. Também passoua atuar na “Comissão Teotônio Vilela deDireitos Humanos”, criada para inves-tigar violações dos direitos humanos einfluenciar o debate público sobre a vio-lência promovida pelo Estado. Foi quan-do nasceu a militância no campo dos di-reitos humanos, o que nunca mais aban-donou. De 1997 a 2001 foi diretor doInstituto Latino-Americano das NaçõesUnidas para Prevenção do Delito e Tra-tamento do Delinquente (lIanud), épo-ca em que se dedicou ao debate sobrea reforma da polícia, à questão da polí-cia comunitária, do controle de armas

de fogo, das penas alternativas e ou-tras políticas de segurança que fossemcompatíveis com os direitos humanos.Em 2000, fundou no Brasil a Conectas(organização internacional de defesa dosdireitos humanos), com o objetivo de for-talecer a infraestrutura dos direitos hu-manos no hemisfério Sul. De 2001 a 2007foi diretor executivo da nova organiza-ção. Atualmente, é diretor jurídico, con-centrando as atividades na litigância es-tratégica em direitos humanos, em es-pecial nos casos apresentados ao Su-premo Tribunal Federal (STF).

Com esse histórico, a formação ci-entífica concentrou-se na área da Ciên-cia Política, com mestrado (1991) e dou-torado (1998) na Universidade de SãoPaulo (USP). Entre um e outro, em 1995,faz mestrado em Direito na Universida-de de Columbia (EUA). Em 2007, con-cluiu um pós-doutorado em direitos hu-manos no Centre of Brazilian Studies naUniversidade de Oxford.

O pouco tempo livre que tem divideentre leituras, cavalgadas com as duasfilhas de 10 e 7 anos, viagens com aesposa e a recuperação de móveis an-tigos, “que depois de restaurados nãotenho onde colocar”. (EN) �

Um “homem da roça” na defesa dos direitos humanosÁlbum de Família

EDITORA RENOVAR

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Ricardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo TorresRicardo Lobo Torres

16ª edição, atualizada até 28 defevereiro. Apresenta quatro partes:introdução e princípios gerais (ati-vidade financeira, Direito Finan-ceiro, fontes do Direito Financeiro,os direitos fundamentais e as finan-ças públicas, os princípios gerais doDireito Financeiro, eficácia da legis-lação financeira, interpretação ecomplementação do Direito Finan-ceiro); o orçamento (aspectos geraisdo orçamento, a receita e a despesa,etc.); o crédito público; teoria da tri-butação.

QUARTIER LATIN

Direito ProcessualDireito ProcessualDireito ProcessualDireito ProcessualDireito ProcessualFalimentarFalimentarFalimentarFalimentarFalimentar

Ronaldo VasconcelosRonaldo VasconcelosRonaldo VasconcelosRonaldo VasconcelosRonaldo Vasconcelos

De acordo com a Lei 11.101/05. Al-guns temas abordados: economia ecrédito: fases históricas do direitoconcursal; necessidade de um novomodelo falimentar; natureza jurí-dica da falência; direito processualconstitucional; devido processo legal— convergência: princípio e garan-tia; bipartição entre o processual e osubstancial; devido processo legalprocessual; devido processo legalsubstancial; princípio da propor-cionalidade; direito falimentar cons-titucional; etc.

Direito Tributário,Direito Tributário,Direito Tributário,Direito Tributário,Direito Tributário,Societário e a ReformaSocietário e a ReformaSocietário e a ReformaSocietário e a ReformaSocietário e a Reformada Lei das S/Ada Lei das S/Ada Lei das S/Ada Lei das S/Ada Lei das S/ASergio André RochaSergio André RochaSergio André RochaSergio André RochaSergio André Rocha(coordenação)(coordenação)(coordenação)(coordenação)(coordenação)

Apresenta trabalhos de 36 especia-listas. Alguns temas abordados: Lei11.638/07 e implicações tributáriasdas subvenções para investimento;aspectos contábeis da Lei 11.638/07:reflexos legais; sociedades de grandeporte (Lei 11.638/07, artigo 3°); anova Lei das S.A. e seus possíveisreflexos na tributação pelo ImpostoSobre a Renda; breves consideraçõessobre elaboração e publicação dedemonstrações financeiras porsociedades de grande porte à luz daLei n° 11.638/07; etc.

Princípios do Novo C. CivilPrincípios do Novo C. CivilPrincípios do Novo C. CivilPrincípios do Novo C. CivilPrincípios do Novo C. CivilBrasileiro e Outros TemasBrasileiro e Outros TemasBrasileiro e Outros TemasBrasileiro e Outros TemasBrasileiro e Outros TemasAntonio J. de Azevedo,Antonio J. de Azevedo,Antonio J. de Azevedo,Antonio J. de Azevedo,Antonio J. de Azevedo,Heleno T. Tôrres e PaoloHeleno T. Tôrres e PaoloHeleno T. Tôrres e PaoloHeleno T. Tôrres e PaoloHeleno T. Tôrres e PaoloCarbone (coordenação)Carbone (coordenação)Carbone (coordenação)Carbone (coordenação)Carbone (coordenação)

Livro em homenagem aos cem anosde nascimento do jurista Tullio Asca-relli. Apresenta trabalhos de 24 espe-cialistas. Alguns temas abordados:crítica ao personalismo ético da Cons-tituição da República e do CódigoCivil — em favor de uma ética biocên-trica; Ascarelli, a interpretação, o textoe a norma; Tullio Ascarelli — maestrodi Diritto Tributario; contratos:disposições gerais, princípios e extinção;Tullio Ascarelli, o Direito Monetário e oDireito Bancário (uma visão brasileirainspirada no Código Civil); etc.

Soberania e Constituição:Soberania e Constituição:Soberania e Constituição:Soberania e Constituição:Soberania e Constituição:Para Uma Crítica doPara Uma Crítica doPara Uma Crítica doPara Uma Crítica doPara Uma Crítica doConstitucionalismoConstitucionalismoConstitucionalismoConstitucionalismoConstitucionalismo

Gilberto BercoviciGilberto BercoviciGilberto BercoviciGilberto BercoviciGilberto Bercovici

Apresenta três partes: a fundação daordem constitucional (no Estadoconstitucional há soberano?, o estadode exceção e a garantia do Estado, aonipotência do poder constituinte);a manutenção da ordem constitu-cional (o liberalismo e a domesti-cação do Poder Constituinte, o estadode exceção e a garantia da Consti-tuição); a crise da ordem constitu-cional (o estado de exceção e a garan-tia do capitalismo). O autor é doutorem Direito do Estado e livre-docenteem Direito Econômico pela USP.

ANO 15 - Nº 169

MAIO DE 2009

*Advogado em São Paulo e mestre em Direito pela PUC-SP.

TRIBUNA DO DIREITO

O advogado e a litigância de má-féCLITO FORNACIARI JÚNIOR*

á dificuldade em se separar, nosprocessos, a figura da parte da-quela do advogado, por não semostrar uma nítida linha divisó-ria entre aquilo que existe noprocesso como ocorrência real eefetiva dos atos e comportamen-tos da parte e o que a ele foi in-

corporado mercê do trabalho, da criatividade, da sensibilidadee até da marotice do profissional. Nesse sentido, julgados e, maisainda, manifestações das partes, ou melhor, do advogado daspartes, não são justos na separação das funções e assim agemintencionalmente para externar a idéia de que o quanto existenos autos é só fruto de criação do profissional: seria coisa mon-tada, sem compromisso com a verdade e não decorrência donatural dos acontecimentos.

Nesse sentido, antiga decisão do TJ-SP (Apelação Cível n°614-4/7, relator Franciulli Netto, acórdão publicado em 4/11/1996) imputou ao advogado do autor a fabricação de documen-tos e até mesmo a criação da ação promovida, que teria sido“antecipadamente preparada”, tachando-a, então, “de uma aven-tura mirabolante”, dizendo expressamente que “a presente açãonão passa de uma aventura mirabolante engendrada pelo I. ad-vogado do autor, muito provavelmente seu parente, e daí o seuinteresse em obter a todo curso, o que a lei não permite”.

Em função disso, reconheceu o acórdão “manifesta litigânciade má-fé” e condenou “o autor e seu patrono” ao pagamentode multa de 20%, com base no § 2º, do artigo 18, do CPC,reconhecendo existir entre eles solidariedade, para o que sevaleu do artigo 32, parágrafo único, da Lei n° 8.906/94, quetrata da demanda temerária. Foi admitido, contra aqueleacórdão, recurso especial, que adentrou no STJ, em 1997.

Em 12 de agosto de 2008, foi, finalmente, o especial julga-do, sendo que, no que tange à condenação do autor como liti-gante de má-fé, essa foi mantida, havendo só o ajuste de seuvalor ao § 2º, do artigo 18, do CPC, que manda ter por base ovalor da causa, que não fora adotado no acórdão de São Paulo.

Quanto ao tópico em que discute a responsabilidade do ad-vogado, que foi também condenado pelo acórdão, deu-se a eleprovimento para afastá-la. Lembrou o julgado, relatado por LuisFelipe Salomão (4ª Turma, RESP 140578, julgado em 12/8/2008, “Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil”, n° 57,página 121), que o CPC também impõe deveres processuaisaos advogados, mas prevê sanções somente às partes. Nessa li-nha, é de se ater ao fato de o artigo 14 do CPC declinar, emseus incisos, deveres para as partes e para “todos aqueles quede qualquer forma participam do processo”, entre os quais es-tão também os advogados. Da mesma forma, o artigo 15, cui-dando do uso de expressões injuriosas, proíbe tal prática às par-tes e aos seus advogados.

Ao tratar, mais adiante, de punir em razão do descumpri-mento desses deveres, impondo sanções financeiras pela ocor-rência de dano processual, o legislador ateve-se à parte, ou seja,a quem pede e a em face de quem é pedido, portanto, aos liti-gantes, quando esses agem de má-fé, conforme se verifica nosartigos 16 a 18 do CPC. O artigo 16, que representa o portalintrodutório da responsabilização pelas perdas e danos, a im-põe àquele que pleitear de má-fé. Além de pleitear ser atuaçãotípica das partes, reforça a ideia, aduzindo que é pleitear comoautor, réu ou interveniente. O artigo 17, por sua vez, arrolandocomportamentos, restringe-os ao litigante, excluindo, pois, o ad-vogado. O artigo 18, por derradeiro, cuida da condenação, di-zendo ser ela do litigante de má-fé. O litigante é a parte e, por-tanto, somente esta pode ficar sujeita a responder pelos danosprocessuais, aliás, como bem colocado na seção que titula esses

H

artigos: “Da responsabilidade das partes por dano processual.”Eliminou, dessa forma, o acórdão do STJ grave equívoco da

decisão do TJ-SP, que condenara solidariamente com o autor oadvogado, a quem, naquele processo, não poderia atingir, aindaque fossem verdadeiras todas as assertivas lançadas como justifi-cativas da sanção.

Desse modo se passa, pois o advogado, apesar de figurar comoum dos personagens do processo, em relação ao qual é indis-pensável (artigo 133 da CF), não está nos autos defendendo seusinteresses, mas, sim, os de seu cliente, ou seja, daquele que oconstituiu. Sua condenação, mesmo estando ele nos autos, noentanto, no exercício de outras funções, acabaria ofendendo aregra do devido processo legal, de vez que não se lhe assegura-ria a plenitude do direito de defesa, que tem como pressupostobásico saber-se da pretensão que se tem em face daquele queprecisa defender-se. Não sendo a ação dirigida ao advogado,nela não se cogita de o profissional apresentar defesa, pois paratanto não foi chamado aos autos.

É certo que a previsão do artigo 32 do Estatuto da Advocacia,citado no acórdão reformado à guisa de fundamento da conde-nação do advogado solidariamente com a parte, prevê a respon-sabilidade desse pelos atos praticados, no exercício profissional,com dolo ou culpa. Seu parágrafo único, igualmente, dispõesobre sua responsabilidade, fazendo-a solidária com o cliente,quando agir coligado com ele, em lide temerária (conforme nossoProcesso Civil: Verso e Reverso, Juarez de Oliveira, 2005, pá-gina 13 e seguintes). Essa disposição, no entanto, não chega a

permitir a apuração da culpa do patrono, nos autos em que oadvogado atua como defensor de uma das partes. Exige-se paratanto demanda específica contra ele, voltada exclusivamente paraesse fim, como o acórdão do STJ reconheceu.

A previsão desse parágrafo único, de um lado, assegura odevido processo legal, porém serve para restringir a responsa-bilidade do advogado à hipótese de que cuida, qual seja, a delide temerária, na qual ele se apresenta coligado com o clientepara prejudicar a parte contrária.

De outro lado, essa mesma disposição finca a responsabilida-de do profissional, nos casos de dolo ou culpa, tirando-a, contu-do, do alcance do outro litigante, uma vez que essa responsabi-lidade é do advogado para com seu cliente e que existirá apenasquando o cliente sofre prejuízo efetivo e por culpa do profissi-onal, não quando, como no caso em tela parece ter sido, a partecontrária seria prejudicada com a atuação do advogado adverso,hipótese em que o ressarcimento há de ser perseguido contra oadversário, unicamente.

Aclara a situação a lembrança de que tudo quanto o advoga-do realiza no processo o faz em nome de seu cliente, de quemé a voz, sendo, pois, aquele o efetivo responsável perante oadverso. Ignorar essa limitação é afrontar prerrogativa profissio-nal, transformando o advogado em parte e, assim, revelando-seo risco de se intimidar sua atuação, em desfavor dos interessespelos quais lhe cumpre velar.�

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TRIBUNA DO DIREITO

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��EDCL NO CC 86913/PR — Embargosde declaração no conflito de competência:2007/0141978-0. Relator(a): ministro Napo-leão Nunes Maia Filho. Órgão julgador: TerceiraSeção. Data do julgamento: 8/10/2008. Datada publicação/fonte: DJE: 12/11/2008. Emen-ta: Embargos declaratórios em conflito negati-vo de competência. Subtração mediante trans-ferência irregular de valores depositados emconta bancária. Fraude via internet. Furtoqualificado. Consumação. Subtração do nume-rário. Conta corrente de origem. Inexistênciade contradição, mas entendimento diverso doembargante quanto ao local do prejuízo e daconsumação do delito. Embargos rejeitados. 1.No crime de furto, a infração consuma-se nolocal onde ocorre a retirada do bem da esferade disponibilidade da vítima, isto é, no mo-mento em que ocorre o prejuízo advindo daação criminosa; nas hipóteses de fraude eletrô-nica para subtração de valores, o desapossa-mento da res furtiva se dá de forma instantâ-nea, já que o dinheiro é imediatamente tiradoda esfera de disponibilidade do correntista.Logo, a competência para processar e julgar odelito em questão é o do lugar de onde o di-nheiro foi retirado, em obediência a norma doartigo 70 do CPP. Precedentes da 3ª Seçãodeste STJ. 2. É desinfluente, para alterar esseraciocínio, que se considere a própria CEF ou o

correntista como vítima, pois ambos foram le-sados no instante da fraude; todavia, essa frau-de não ocorreu na localidade onde retirado odinheiro, mas naquela em que se constatou aperda da posse. A retirada do dinheiro, em ou-tra localidade, é mero exaurimento do crime. 3.Não há contradição no acórdão embargado,mas entendimento diverso quanto ao local dodesapossamento dos valores e do prejuízo su-portado pela CEF, que o embargante entendeque ocorreu com a retirada do valor subtraídoda conta da agência de destino. 4. Embargosrejeitados. Acórdão: Vistos, relatados e discuti-dos estes autos, acordam os ministros da Ter-ceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, naconformidade dos votos e das notas taquigráfi-cas a seguir, por unanimidade, rejeitar os em-bargos de declaração, nos termos do voto dosr. ministro-relator. Votaram com o relator ossrs. ministros Jorge Mussi, Og Fernandes, JaneSilva (desembargadora-convocada do TJ-MG),Nilson Naves, Laurita Vaz e Arnaldo EstevesLima. Ausentes, justificadamente, os srs. minis-tros Felix Fischer e Maria Thereza de Assis Mou-ra. Presidiu o julgamento o sr. ministro PauloGallotti.

��ERESP 688211/SC — Embargos dedivergência no recurso especial: 007/0227141-6. Relator(a): ministra Laurita Vaz. Órgão jul-

��RHC 17106/BA —Recurso ordinário em habeas corpus: 2004/0183527-0.Relator(a): ministro Og Fernandes. Órgão julgador: Sexta Turma. Data do julga-mento: 30/10/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 17/11/2008. Ementa: Re-curso em habeas corpus. Direito Penal e Processual Penal. Estelionato. Ressarci-mento do prejuízo antes do recebimento da denúncia. Inexistência de arrepen-dimento eficaz ou crime impossível. Consumação. Arrependimento Posterior:Causa de redução de pena. Trancamento da ação penal. Descabiménto. Revol-vimento do conteúdo fático probatório. Impossibilidade. Recurso desprovido. 1. Oarrependimento posterior do agente, que é causa obrigatória de redução de pena— hipótese dos autos —, não se confunde com a figura do arrependimento efi-caz, que impede a consumação do crime. 2. A consumação do delito de esteli-onato operou-se com a compra de relógio com cartão de crédito pertencente aoutrem. 3. A reparação do dano anteriormente ao recebimento da denúncia nãoextingue a punibilidade, podendo, apenas, minorar a pena aplicada ao agente dodelito. 4. Não se trata de crime impossível quando o recorrente obteve, de fato,a vantagem ilícita e a vítima experimentou o prejuízo, não se tratando de caso detrancamento da ação penal. 5. O reexame do conteúdo fático-probatório dosautos, com vistas a desconstituir o entendimento das instâncias ordinárias, sobe-ranas em matéria de prova, refoge à competência desta Corte. 6. Recurso des-provido. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as aci-ma indicadas, acordam os ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Jus-tiça prosseguindo no julgamento após o voto-vista do sr. ministro Nilson Navesdando provimento ao recurso, seguido pelo voto da sra. ministra Maria Therezade Assis Moura, e o voto do sr. ministro Paulo Gallotti acompanhando a relatoria,

por maioria, negar provimento ao recurso ordinário em habeas corpus, nos termos do voto do sr. ministro-relator. Vencidos os srs. ministros Nil-son Naves e Maria Thereza de Assis Moura. A sra. ministra Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ-MG) e o sr. ministro Paulo Gallotti vo-taram com o sr. ministro-relator. Presidiu o julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

STJ

gador: Terceira Seção. Data do julgamento: 8/10/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 17/11/2008. Ementa: Embargos de divergência.Crime de estupro contra menor de 14 anos.Presunção de violência. Caráter absoluto. Con-sentimento do menor. Irrelevância. 1. A violên-cia presumida, prevista no artigo 224, alínea a,do Código Penal, tem caráter absoluto, afigu-rando-se como instrumento legal de proteçãoà liberdade sexual do menor de 14 anos, emrazão de sua incapacidade volitiva. 2. O con-sentimento do menor de 14 anos é irrelevantepara a formação do tipo penal do estupro ouatentado violento ao pudor, pois a proibiçãolegal é no sentido de coibir qualquer práticasexual com pessoa nessa faixa etária. 3. Umavez que o crime foi praticado com violênciapresumida, descabe aplicar a agravante do ar-tigo 61, inciso II, alínea h, do Código Penal, sobpena de indevido bis in idem, porque a meno-ridade da vítima é circunstância elementar docrime. Precedentes. 4. Embargos de divergên-cia acolhidos para, cassando o acórdão embar-gado, bem como o acórdão recorrido, restabe-lecer a sentença condenatória de primeirograu, mas com a concessão de habeas corpus,de ofício, para excluir da pena imposta ao réuo aumento decorrente da agravante genérica,tornando-a definitiva em seis anos de reclusão,em regime semi-aberto. Acórdão: Vistos, rela-

tados e discutidos estes autos, acordam os mi-nistros da Terceira Seção do Superior Tribunalde Justiça, na conformidade dos votos e dasnotas taquigráficas a seguir, por maioria, aco-lher os embargos de divergência e concederhabeas corpus de ofício, nos termos do voto dasra. ministra-relatora, vencidos os srs. ministrosJorge Mussi e Nilson Naves, que rejeitam osembargos de divergência e concedem habeascorpus de ofício. Votaram com a relatora ossrs. ministros Arnaldo Esteves Lima, NapoleãoNunes Maia Filho, Og Fernandes e Jane Silva(desembargadora-convocada do TJ-MG). Au-sentes, justificadamente, os srs. ministros FelixFischer e Maria Thereza de Assis Moura. Presi-diu o julgamento o sr. ministro Paulo Gallotti.

��HC 103609/SP — Habeas corpus:2008/0072959-5. Relator(a): ministro Felix Fis-cher. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 21/8/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 6/10/2008. Ementa: Penal e pro-cessual penal. Habeas corpus. Artigo 155, ca-put, c/c o artigo 14, inciso II, ambos do CódigoPenal. Rejeição da denúncia. Crime impossível.Não configuração. Estabelecimento com apa-rato de segurança. Ineficácia relativa do meioempregado. I - A existência de aparato de se-gurança no estabelecimento comercial, comoregra, não ilide, de forma absolutamente efi-caz, a consumação do delito de furto (Prece-dentes). II - In casu, a vigilância atenta dos se-guranças contratados pelo estabelecimentocomercial não afasta, de forma absoluta, apossibilidade de consumação do crime de fur-to. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, relata-dos e discutidos os autos em que são partes asacima indicadas, acordam os ministros daQuinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, denegar a ordem. Os srs.ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima,Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi vo-taram com o sr. ministro-relator.

��HC 107102/GO — Habeas corpus:2008/0112760-0. Relator(a): ministro Felix Fis-cher. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 21/8/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 6/10/2008. Ementa: Processualpenal. Habeas corpus. Exame de insanidademental. Inexistência de dúvida razoável quantoà sanidade mental da acusada. I - Somente adúvida séria sobre a integridade mental doacusado serve de motivação para a instaura-ção do incidente de insanidade mental, sendocerto que o simples requerimento, por si só,não obriga o juiz (Precedentes do STF e do STJ).II - In casu, o requerimento da defesa para ins-tauração de incidente de insanidade mental sebaseou, tão-somente, nas declarações presta-das pela paciente, em seu interrogatório judici-

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

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al, de que teria sido vítima, na infância, deabuso sexual, sem amparo, contudo, em quais-quer outros elementos de convicção que pu-dessem incutir dúvida acerca de sua higidezmental. Ordem denegada. Acórdão: Vistos,relatados e discutidos os autos em que sãopartes as acima indicadas, acordam os minis-tros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça, por unanimidade, denegar a ordem.Os srs. Ministros Laurita Vaz, Arnaldo EstevesLima, Napoleão Nunes Maia Filho e JorgeMussi votaram com o sr. ministro-relator.

��HC 99596/DF — Habeas corpus:2008/0020844-0. Relator(a): ministro Felix Fis-cher. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 21/8/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 13/10/2008. Ementa: Processualpenal. Habeas corpus substitutivo. Artigo 1°,incisos II e IV (12 vezes) da Lei n° 8.137/90.Defesa prévia. Pedido de diligências. Prova pe-ricial. Indeferimento fundamentado. Ausênciade cerceamento de defesa. I - O deferimentode diligências é ato que se inclui na esfera dediscricionariedade regrada do magistrado pro-cessante, que poderá indeferi-las de formafundamentada, quando as julgar protelatóriasou desnecessárias e sem pertinência com ainstrução do processo (Precedentes do STF edo STJ). II - No caso em tela, o MM. juiz, deforma fundamentada, indeferiu o pedido dediligências, asseverando, com base nos ele-mentos constantes dos autos, que "a defesanão indicou fatos relevantes que justificassemsua realização como também porque teve aoportunidade de questionar o auditor fiscal emaudiência acerca do auto de infração por elelavrado tendo sido oportunizada a ampla defe-sa". Writ denegado. Acórdão: Vistos, relatadose discutidos os autos em que são partes as aci-ma indicadas, acordam os ministros da QuintaTurma do Superior Tribunal de Justiça, porunanimidade, denegar a ordem. Os srs. minis-tros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napo-leão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaramcom o sr. ministro-relator.

��RESP 1036597/RJ — Recurso especi-al: 2008/0048023-2. Relator(a): ministro FelixFischer. Órgão julgador: Quinta Turma. Datado julgamento: 21/8/2008. Data da publica-ção/fonte: DJE: 20/10/2008. Ementa: Penal.Recurso especial. Artigo 16, inciso IV, da Lei n°10.826/03. Desclassificação para o artigo 12,caput, da Lei n° 10.826/03. Impossibilidade.Tipo penal autônomo. Arma de uso permitidoou restrito. Irrelevância. I - Em razão da inde-pendência entre as formas típicas descritas nocaput e no parágrafo único do artIgo 16 Lei n°10.826/03, para a caracterização dos incisosdeste parágrafo único, é irrelevante se a armade fogo, acessório e munição são de uso per-

mitido ou de uso restrito (Precedente do STF).II - "Inicialmente, enfatizou-se que, nas condu-tas descritas no referido inciso, não se exigiriacomo elementar do tipo a arma ser de usopermitido ou restrito, e que, no caso, a armaseria de uso permitido, tendo sido comprovadaa supressão do seu número de série por abra-são." (Informativo n° 494 do Pretório Excelso).Recurso provido. Acórdão: Vistos, relatados ediscutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Quinta Tur-ma do Superior Tribunal de Justiça, por unani-midade, conhecer do recurso e lhe dar provi-mento, nos termos do voto do sr. ministro-rela-tor. Os srs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo Este-ves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho e JorgeMussi votaram com o sr. ministro-relator.

��HC 104044/RJ — Habeas corpus:2008/0077160-0. Relator(a): ministro Felix Fis-cher. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 7/8/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 13/10/2008. Ementa: Penal. Ha-beas corpus substitutivo de recurso ordinário.Artigo 10 da Lei n° 9.437/97. Porte ilegal dearma. Tipicidade. Arma desmuniciada. Irrele-vância para a configuração do delito. Na linhade precedentes desta Corte, pouco importapara a configuração do delito tipificado no arti-go 10 da Lei n° 9.437/97 que a arma estejadesmuniciada, sendo suficiente o porte dearma de fogo sem autorização ou em desa-cordo com determinação legal ou regulamen-tar. (Precedentes do STJ). Writ denegado. Acór-dão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam osministros da Quinta Turma do Superior Tribunalde Justiça, por unanimidade, denegar a or-dem. Os srs. ministros Arnaldo Esteves Lima,Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi vo-taram com o sr. ministro-relator. Ausente, jus-tificadamente, a sra. ministra Laurita Vaz.

��HC 86609/SP — Habeas corpus:2007/0159065-5. elator(a): ministro Felix Fis-cher. Órgão julgador: Quinta Turma. Data dojulgamento: 7/8/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 20/10/2008. Ementa: Penal. Re-curso especial. Furto. Consumação. Artigo 155,caput, do Código Penal. Alteração de regimeprisional. Prejudicado. Paciente em livramentocondicional. I - O delito de furto se consumano momento em que o agente se torna pos-suidor da res subtraída, pouco importando quea posse seja ou não mansa e pacífica. II - Paraque o agente se torne possuidor, é prescindívelque a res saia da esfera de vigilância da vítima,bastando que cesse a clandestinidade. (Prece-dentes do STJ e do c. Pretório Excelso). III - "Ajurisprudência do STF (cf. RE 102.490, 17/9/87,Moreira; HC 74.376, 1ª T., Moreira, DJ 7/3/97;HC 89.653, 1ª T., 6/3/07, Levandowski, DJ 23/

3/7), dispensa, para a consumação do furto oudo roubo, o critério da saída da coisa da cha-mada "esfera de vigilância da vítima" e se con-tenta com a verificação de que, cessada aclandestinidade ou a violência, o agente tenhatido a posse da res furtiva, ainda que retoma-da, em seguida, pela perseguição imediata"(cf. HC 89958/SP, 1ª Turma, rel. ministro Sepúl-veda Pertence, DJ 27/4/2007). IV - Resta pre-judicado o pedido de fixação do regime ini-cial semiaberto. Writ parcialmente conhecido e,nesta parte, denegado. Acórdão: Vistos, rela-tados e discutidos os autos em que são partesas acima indicadas, acordam os ministros daQuinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, conhecer parcialmente dopedido e, nessa parte, denegar a ordem. Ossrs. ministros Arnaldo Esteves Lima, NapoleãoNunes Maia Filho e Jorge Mussi votaram com osr. ministro-relator. Ausente, justificadamente,a sra. ministra Laurita Vaz.

��HC 105789/MS — Habeas corpus:2008/0097025-0. Relator(a): ministro ArnaldoEsteves Lima. Órgão julgador: Quinta Turma.Data do julgamento: 7/8/2008. Data da publi-cação/fonte: DJE: 20/10/2008. Ementa: Habe-as corpus. Tráfico de entorpecentes. Causa dediminuição da pena. Artigo 33, § 4°, da Lei11.343/06. Não-comprovação da primarieda-de e dos bons antecedentes. Ônus que com-petia à defesa. Ordem denegada. 1. O tribu-nal de origem motivou adequadamente a ina-plicabilidade do artigo 33, § 4°, da Lei 11.346/06, diante da não-comprovação da primarie-dade e dos bons antecedentes do réu, cujoônus probatório caberia à defesa. 2. Ordemdenegada. Acórdão: Vistos, relatados e discu-tidos os autos em que são partes as acima indi-cadas, acordam os ministros da Quinta Turmado Superior Tribunal de Justiça, por unanimi-dade, denegar a ordem. Os srs. ministros Na-poleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi vota-ram com o sr. ministro-relator. Ausentes, justi-ficadamente, os srs. ministros Felix Fischer eLaurita Vaz.

�� HC 87476/SP — Habeas corpus:2007/0171753-2. Relator(a): ministro Napo-leão Nunes Maia Filho. Órgão julgador: QuintaTurma. Data do julgamento: 4/9/2008. Datada publicação/fonte: DJE: 13/10/2008. Emen-ta: Habeas corpus. Roubo duplamente qualifi-cado (artigo 157, § 2°, I e II do CPB). Pena desete anos, em regime inicial fechado, e multa,vedado o apelo em liberdade. Utilização dearma de fogo. Ausência de apreensão e períciada arma. Desnecessidade para a aplicação dacausa especial de aumento de pena. Prece-dentes do STJ e do STF. Ordem denegada. 1.A apreensão e a perícia da arma de fogo utili-zada no roubo são desnecessárias para configu-

rar a causa especial de aumento de pena,mormente quando a prova testemunhal é fir-me sobre sua efetiva utilização na prática daconduta criminosa. 2. A regra é que uma armapossua potencial lesivo; o contrário, a exceção.Se assim alega o acusado, é dele o ônus dessaprova (artigo 156 do CPP). Se restou compro-vada a utilização da arma de fogo, como nocaso concreto, o ônus de demonstrar eventualausência de potencial lesivo deve ficar a cargoda defesa, sendo inadmissível a transferênciadesse ônus à vítima ou à acusação, por umaquestão de isonomia, porquanto inúmeros fato-res podem tornar a prova impossível. 3. Pare-cer do MPF pela denegação da ordem. 4. Or-dem denegada. Acórdão: Vistos, relatados ediscutidos estes autos, acordam os ministros daQuinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,na conformidade dos votos e das notas taqui-gráficas a seguir, por unanimidade, denegar aordem. Os srs. ministros Jorge Mussi, Felix Fis-cher e Laurita Vaz votaram com o sr. ministro-relator. Ausente, justificadamente, o sr. ministroArnaldo Esteves Lima.

��HC 78050/DF — Habeas corpus:2007/0044959-7. Relator(a): ministro ArnaldoEsteves de Lima. Órgão julgador: Quinta Tur-ma. Data do julgamento: 2/9/2008. Data dapublicação/fonte: DJE: 20/10/2008. Ementa:Habeas corpus. Processual penal. Roubo cir-cunstanciado. Emprego de arma. Apreensão eperícia. Prescindibilidade. Circunstâncias judiciaisdesfavoráveis. Exasperação da pena-base. Ca-bimento. Maus antecedentes e reincidência.Fatos diversos. Bis in idem. Não ocorrência. Or-dem denegada. 1. A jurisprudência majoritáriada Terceira Seção do Superior Tribunal de Justi-ça é no sentido da prescindibilidade da apreen-são e perícia da arma de fogo para a caracte-rização da causa de aumento de pena do cri-me de roubo (artigo 157, § 2º, I, do CódigoPenal), quando outros elementos comprovemsua utilização. 2. Os maus antecedentes, apersonalidade perigosa e voltada à prática de-litiva, a culpabilidade acentuada pelo fato deo réu ter praticado o crime quando em benefí-cio de livramento condicional, e as consequên-cias do crime, que gerou trauma psicológico auma das vítimas, constituem circunstâncias ju-diciais desfavoráveis que justificam a exaspera-ção da pena-base. 3. Afasta-se a alegação debis in idem quando resta evidente que a apre-ciação da vida pregressa, para a fixação dapena-base, e a aplicação da agravante relativaà reincidência não dizem respeito ao mesmofato. 4. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, re-latados e discutidos os autos em que são par-tes as acima indicadas, acordam os ministrosda Quinta Turma do Superior Tribunal de Justi-ça, por unanimidade, denegar a ordem. Os srs.ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge

STJ

TRIBUNA DO DIREITO JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

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TRIBUNA DO DIREITO

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31/5/09

Jurisprudência extraída do Boletim de Juris-prudência da Procuradoria de Justiça Criminaldo Ministério Público do Estado de São Paulo,coordenada pelos procuradores de Justiça Má-gino Alves Barbosa Filho (secretário executivo) eJúlio César de Toledo Piza (vice-secretário exe-cutivo) e pelo promotor de Justiça AntonioOzório Leme de Barros.

Mussi e Laurita Vaz votaram com o sr. minis-tro-relator. Ausente, justificadamente, o sr.ministro Felix Fischer.

��HC 108530/RR — Habeas corpus:2008/0129168-3. Relator(a): ministro ArnaldoEsteves Lima. Órgão julgador: Quinta Turma.Data do julgamento: 2/9/2008. Data da publi-cação/fonte: DJE: 28/10/2008. Ementa: Pro-cessual penal. Habeas corpus. Tráfico ilícito deentorpecentes. Prisão em flagrante. Liberdadeprovisória. Vedação legal. Condições pessoaisfavoráveis. Irrelevância. Constrangimento ilegalnão-configurado. Ordem denegada. 1. O inci-so XLIII do artigo 5° da Constituição Federal es-tabelece que o tráfico ilícito de entorpecentesconstitui crime inafiançável. 2. Não sendo pos-sível a concessão de liberdade provisória comfiança, com maior razão é a não-concessão deliberdade provisória sem fiança. 3. A TerceiraSeção do Superior Tribunal de Justiça consoli-dou o entendimento de que a vedação impos-ta pelo artigo 2°, II, da Lei 8.072/90 é funda-mento suficiente para o indeferimento da li-berdade provisória (HC 76.779/MT, rel. min.Felix Fischer, DJ de 4/4/08). 4. A Lei 11.343/06, expressamente, fez constar que o delito detráfico de drogas é insuscetível de liberdadeprovisória. 5. Conforme pacífico magistério ju-risprudencial, eventuais condições pessoais fa-voráveis ao paciente — tais como primarieda-de, bons antecedentes, endereço certo, famí-lia constituída ou profissão lícita — não garan-tem o direito à revogação da custódia caute-lar, quando presentes os requisitos previstos noartigo 312 do Código de Processo Penal. 6. Or-dem denegada. Acordão: Vistos, relatados ediscutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Quinta Tur-ma do Superior Tribunal de Justiça, por unani-midade, denegar a ordem. Os srs. ministrosNapoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi eLaurita Vaz votaram com o sr. ministro-relator.Ausente, justificadamente, o sr. ministro FelixFischer.

��RESP 1052564/RS — Recurso especial:2008/0092832-5. Relator(a): ministro Jorge Mussi.Órgão julgador: Quinta Turma. Data do julga-mento: 28/8/2008. Data da publicação/fonte:DJE: 6/10/2008. Ementa: Recurso especial. Furtoqualificado pelo concurso de agentes. Aplicaçãoanalógica da majorante do roubo prevista no arti-go 157, § 2º, II, do Código Penal. Impossibilidade.1. Não deve ser aplicada, analogicamente, a ma-

��HC 92875/RS — Habeas corpus: 2007/0247593-0.Relator(a): ministra Jane Silva (desembargadora-convocada doTJ-MG). Órgão julgador: Sexta Turma. Data do julgamento:30/10/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 17/11/2008.Ementa: Lei Maria da Penha. Habeas corpus. Medida prote-tiva. Relação de namoro. Decisão da 3ª Seção do STJ. Afetoe convivência independente de coabitação. Caracterizaçãode âmbito doméstico e familiar. Legitimidade do MinistérioPúblico para a medida. Princípio da isonomia. Decurso de30 dias sem ajuizamento da ação principal. Ausência demanifestação do tribunal a quo. Supressão de instância.Pedido parcialmente conhecido e, nessa extensão, de-negado. 1. A TerceiraSeção do Superior Tri-bunal de Justiça, aodecidir os Conflitos n°s.91980 e 94447, nãose posicionou no senti-do de que o namoronão foi alcançado pelaLei Maria da Penha,ela decidiu, por maio-ria, que naqueles ca-sos concretos a agres-são não decorria donamoro. 2. Caracteri-za violência domésti-ca, para os efeitos da Lei 11.340/2006, quaisquer agressões físicas, sexuais ou psicológicas causadas por homem em uma mulher com quem tenhaconvivido em qualquer relação íntima de afeto, independente de coabitação. 3. O namoro é uma relação íntima de afeto que independe de coa-bitação; portanto, a agressão do namorado contra a namorada, ainda que tenha cessado o relacionamento, mas que ocorra em decorrência dele, ca-racteriza violência doméstica. 4. O princípio da isonomia garante que as normas não devem ser simplesmente elaboradas e aplicadas indistintamentea todos os indivíduos, ele vai além, considera a existência de grupos ditos minoritários e hipossuficientes, que necessitam de uma proteção especial paraque alcancem a igualdade processual.5. A Lei Maria da Penha é um exemplo de implementação para a tutela do gênero feminino, justificando-se pelasituação de vulnerabilidade e hipossuficiência em que se encontram as mulheres vítimas da violência doméstica e familiar. 6. O Ministério Público temlegitimidade para requerer medidas protetivas em favor da vítima e seus familiares. 7. Questão ainda não analisada pela instância a quo não pode serobjeto de análise por este Superior Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de instância. 8. Pedido parcialmente conhecido e, nessa extensão,denegado. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os ministros da Sexta Turma do SuperiorTribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmente da ordem de habeas corpus e nesta parte a denegar, nos termos do voto da sra. ministra-relatora. Os srs. ministros Nilson Naves, Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura e Og Fernandes votaram com a sra. ministra-relatora. Presidiu ojulgamento o sr. ministro Nilson Naves.

jorante do crime de roubo prevista no artigo 157, §2º, inciso II, do Código Penal, ao furto qualificadopelo concurso de pessoas, já que inexiste lacuna nalei ou ofensa aos princípios da isonomia e da pro-porcionalidade. Pena fixada aquém do mínimo le-gal. Atenuante. Súmula 231 do STJ. Provimento.1. A pena-base fixada no mínimo legal não podeser reduzida pela presença de atenuante, nos ter-mos da Súmula 231 deste Sodalício. 2. Recurso es-pecial provido para, reformando o aresto objurga-do, restabelecer a sentença condenatória proferi-

da pelo juízo de primeiro grau. Acórdão: Vistos, re-latados e discutidos estes autos, acordam os minis-tros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça (STJ), na conformidade dos votos e dasnotas taquigráficas à seguir, por unanimidade,conhecer do recurso e dar-lhe provimento, nostermos do voto do sr. ministro-relator. Os srs. mi-nistros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima e Napo-leão Nunes Maia Filho votaram com o sr. ministro-relator. Ausente, justificadamente, o sr. ministroFelix Fischer.

STJ

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

5MAIO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROS

EDITORA LUMEN JURIS

EDITORA JUAREZ DE OLIVEIRA

Curso de Execução CivilCurso de Execução CivilCurso de Execução CivilCurso de Execução CivilCurso de Execução Civil

Daniel Roberto HertelDaniel Roberto HertelDaniel Roberto HertelDaniel Roberto HertelDaniel Roberto Hertel

2ª edição, revista, atualizada eampliada. Apresenta 30 capítulos:introdução: os mecanismos deprestação da tutela jurisdicional;trilogia estrutural do direito proces-sual; premissas metodológicas parao adequado estudo do direito proces-sual; teoria geral da execução; partes;competência no processo de execu-ção; requisitos para realizar qualquerexecução; títulos executivos; execu-ção provisória e definitiva; responsa-bilidade patrimonial; liquidação dasentença; etc.

O Crime de RouboO Crime de RouboO Crime de RouboO Crime de RouboO Crime de Rouboe o Latrocínioe o Latrocínioe o Latrocínioe o Latrocínioe o Latrocínio

João Carlos CarolloJoão Carlos CarolloJoão Carlos CarolloJoão Carlos CarolloJoão Carlos Carollo

Alguns temas abordados: o crime deroubo próprio e impróprio; con-sumação e tentativa do crime deroubo próprio e impróprio; violênciapara a subtração da coisa; graveameaça; classificação doutrinária;destaques; bem jurídico tutelado nocrime de roubo; sujeitos do crime deroubo; elemento subjetivo do crimede roubo; modalidade comissiva eomissiva no crime de roubo; causasespeciais de aumento de pena; rou-bo qualificado pela lesão corporalgrave; etc.

Tutela de UrgênciaTutela de UrgênciaTutela de UrgênciaTutela de UrgênciaTutela de UrgênciaAutônoma SatisfativaAutônoma SatisfativaAutônoma SatisfativaAutônoma SatisfativaAutônoma Satisfativa

Aloísio Lepre de FigueiredoAloísio Lepre de FigueiredoAloísio Lepre de FigueiredoAloísio Lepre de FigueiredoAloísio Lepre de Figueiredo

Apresenta seis capítulos: o processocomo instrumento de jurisdição(princípios constitucionais doprocesso, o tempo e o processo, au-tonomia do processo frente ao direitomaterial); tutelas oferecidas peloEstado (tutela de conhecimento,tutela de execução); tutela anteci-pada (requisitos para concessão,principio da fungibilidade, os eféitosantecipados e a congruência dopedido); tutela cautelar; tutelasprocessuais; tutela de urgência autô-noma satisfativa.

Processo Penal e DemocraciaProcesso Penal e DemocraciaProcesso Penal e DemocraciaProcesso Penal e DemocraciaProcesso Penal e Democracia

Geraldo Prado e Diogo MalanGeraldo Prado e Diogo MalanGeraldo Prado e Diogo MalanGeraldo Prado e Diogo MalanGeraldo Prado e Diogo Malan(coordenadores)(coordenadores)(coordenadores)(coordenadores)(coordenadores)

Estudos em homenagem aos 20anos da Constituição da Re-pública de 1988. Alguns temasabordados: habeas corpus e adimensão da liberdade: 20 anosapós a Constituição Federal de1988; a garantia do contraditó-rio: consagrada na Constituiçãode 1988 e olvidada na reforma doCódigo de Processo Penal de 2008;tute la processual penal daintimidade; a garantia da mo-tivação das decisões judiciais naConstituição de 1988; etc.

Direito Processual Civil —Direito Processual Civil —Direito Processual Civil —Direito Processual Civil —Direito Processual Civil —Alterações do CPCAlterações do CPCAlterações do CPCAlterações do CPCAlterações do CPC

Patricia Borba MarchettoPatricia Borba MarchettoPatricia Borba MarchettoPatricia Borba MarchettoPatricia Borba Marchetto(organizadora)(organizadora)(organizadora)(organizadora)(organizadora)

Alguns temas abordados: asalterações relativas à fase decumprimento das sentenças noprocesso de conhecimento e arevogação de dispositivos relativosà execução fundada em títulojudicial; as inovações surgidas coma introdução do artigo 285-A aoCódigo de Processo Civil; a infor-matização do processo judicial e arealização de inventário, partilha,separação consensual e divórcioconsensual pela via administra-tiva; etc.

Roteiro Prático do JúriRoteiro Prático do JúriRoteiro Prático do JúriRoteiro Prático do JúriRoteiro Prático do Júri

Gabriel Cesar ZaccariaGabriel Cesar ZaccariaGabriel Cesar ZaccariaGabriel Cesar ZaccariaGabriel Cesar Zaccariade Inellasde Inellasde Inellasde Inellasde Inellas

O livro trata do interrogatório doacusado, com as novas modificaçõesintroduzidas com a Lei 11.900/09;aborda as razões que permitem odesaforamento, inclusive uma novacausa permissiva, a preparação doprocesso para julgamento e suainstrução em plenário, em face dareforma processual e como devem serelaborados os quesitos, fornecendoexemplos de quesitos para tipos deinfrações penais mais corriqueiras.O autor é procurador de Justiça doEstado de São Paulo.

Reparação do Dano MoralReparação do Dano MoralReparação do Dano MoralReparação do Dano MoralReparação do Dano Moral

Fábio Alexandre CoelhoFábio Alexandre CoelhoFábio Alexandre CoelhoFábio Alexandre CoelhoFábio Alexandre Coelho

Alguns temas abordados: danomoral; vítimas do dano moral;discussão sobre a reparação do danomoral; previsão legal de reparaçãodo dano moral; critérios de reparaçãodo dano moral; tutela preventiva;responsável pela indicação doscritérios para a reparação; impor-tância da individualidade e dasrepresentações na apreciação dodano moral; positivismo jurídico edano moral; dano moral e filosofiaquantitativa; reparação pelo danomoral sofrido: funções; etc.

LANÇAMENTO LANÇAMENTO

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Dano MoralDano MoralDano MoralDano MoralDano Moral

Humberto Theodoro JúniorHumberto Theodoro JúniorHumberto Theodoro JúniorHumberto Theodoro JúniorHumberto Theodoro Júnior

6ª edição, atualizada e ampliada.Alguns temas abordados: o pronun-ciamento pretoriano em torno daresponsabilidade do banco de dadospela comunicação prévia ao devedorde sua inscrição no rol de inadim-plentes; problema da prescrição naresponsabilidade por fato de danodo produto segundo a regulamen-tação do Código de Defesa do Consu-midor; responsabilidade do hospitalpor dano derivado de internvençãocirúrgica; dano moral em caso dedenunciação caluniosa; etc.

Processo EletrônicoProcesso EletrônicoProcesso EletrônicoProcesso EletrônicoProcesso Eletrônico

Carlos Henrique AbrãoCarlos Henrique AbrãoCarlos Henrique AbrãoCarlos Henrique AbrãoCarlos Henrique Abrão

Temas abordados: as inovações noprocesso eletrônico (revoluçãocibernética e campo jurídico, darevolução digital, criação de sistemafuncional padrão, os preceitos da Lei11.419 de 19 de dezembro de 2006,regras práticas e desenho do seualcance, etc.); dos atos processuaiseletrônicos; do processo eletrônico;processo cível, trabalhista, criminale juizado; etc. O autor é juiz em SãoPaulo, doutor em Direito pela USP emembro do Instituto Brasileiro deDireito Tributário (IBDT).

LANÇAMENTO

A Cidadania Social naA Cidadania Social naA Cidadania Social naA Cidadania Social naA Cidadania Social naConstituição de 1988Constituição de 1988Constituição de 1988Constituição de 1988Constituição de 1988

Vidal Serrano Nunes JúniorVidal Serrano Nunes JúniorVidal Serrano Nunes JúniorVidal Serrano Nunes JúniorVidal Serrano Nunes Júnior

Apresenta quatro partes: direitosfundamentais (conceito, direitoshumanos e direitos fundamentais,direitos fundamentais: delimitaçãoconstitucional, características, aevolução); direitos sociais (origemhistórica, conceito, direitos sociais eo chamado mínimo vital, direitossociais e positivação constitucional);as estratégias de positivação e osrespectivos regimes jurídicos dosdireitos sociais; a realização dosdireitos fundamentais sociais e seuslimites contingentes.

EDITORA VERBATIM

LANÇAMENTO

MAIO DE 20096LIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITO

DIALÉTICA

MALHEIROS EDITORES

ISS na Constituição e na LeiISS na Constituição e na LeiISS na Constituição e na LeiISS na Constituição e na LeiISS na Constituição e na Lei

Aires F. BarretoAires F. BarretoAires F. BarretoAires F. BarretoAires F. Barreto

3ª edição. O autor analisa o ISS sobuma tríplice visão: a do tributo naConstituição, na lei complementar ena lei ordinária. Nesse contexto,discorre ainda sobre vários conflitosdesse imposto com aqueles in-tegrantes do campo de competên-cia da União e dos Estados. Examinauma série de questões polêmicas,fruto da introdução da Lei Comple-mentar 116/03 no nosso sistema, ebem assim das várias hipoteses emque ela ultrapassa os limites docampo de incidência do ISS.

IPI — Princípios e EstruturaIPI — Princípios e EstruturaIPI — Princípios e EstruturaIPI — Princípios e EstruturaIPI — Princípios e Estrutura

Eduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos BottalloEduardo Domingos Bottallo

A proposta deste livro estárefletida em seu título, já que obinômio “princípios e estrutura”reflete os objetivos aos quais sevolta: mostrar a essência do IPItanto no plano constitucional(seus princípios), como no planoinfra-constitucional (sua estru-tura), tudo com a preocupaçãode clareza e objetividade. O autoré mestre e doutor em Direito doEstado pela Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo(PUC-SP).

Mandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de SegurançaMandado de Segurançaem Matéria Tributáriaem Matéria Tributáriaem Matéria Tributáriaem Matéria Tributáriaem Matéria Tributária

Hugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito Machado

7ª edição. Trata-se de um estudode Direito Processual Civi l ,voltado para as peculiaridadespróprias da relação tributária,tais como as decorrentes dodepósito suspensivo da exigi-bilidade do crédito tributário, daconsulta fiscal e da compensaçãotributária, tudo examinado comespecial relevo aos aspectos prá-ticos, sem prejuízo do substancialconteúdo doutrinário da obra, ede sua farta fundamentação ju-risprudencial

Curso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de Direitodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalho

Sergio Pinto MartinsSergio Pinto MartinsSergio Pinto MartinsSergio Pinto MartinsSergio Pinto Martins

5ª edição. Apresenta cinco partes:introdução ao Direito do Trabalho(evolução histórica do Direito doTrabalho, denominação, auto-nomia do Direito do Trabalho, fontesdo Direito do Trabalho princípios doDireito do Trabalho,etc.); DireitoInternacional do Trabalho (gene-raidades); direito individual dotrabalho; direito tutelar do trabalho;direito coletivo do trabalho (deno-minação, conceito e história, liber-dade sindical, organização sin-dical, etc.).

Tributos e PreçosTributos e PreçosTributos e PreçosTributos e PreçosTributos e Preçosde Transferênciade Transferênciade Transferênciade Transferênciade Transferência

Luís Eduardo SchoueriLuís Eduardo SchoueriLuís Eduardo SchoueriLuís Eduardo SchoueriLuís Eduardo Schoueri(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)(coordenador)

3° volume. Apresenta trabalhos de17 autores. Alguns temas aborda-dos: preços de transferência: difi-culdades práticas na aplicação doMétodo PIC; apuração de preços detransferência em intangíveis,contratos de prestação de serviços,intragrupo e cost sharing agre-ements; preços de transferência:intangíveis, acordos de repartiçãode custos e serviços de grupo; otratamento transnacional nos pre-ços de transferência e seus limitesconstitucionais; etc.

Curso de Direito TributárioCurso de Direito TributárioCurso de Direito TributárioCurso de Direito TributárioCurso de Direito Tributário

Hugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito MachadoHugo de Brito Machado

30ª edição. Partindo de uma espéciede “Teoria Geral” do Direito Tri-butário — com seus conceitosfundamentais e suas normas gerais— o autor examina os seus funda-mentos. Analisa o Sistema Tribu-tário Nacional, estudando siste-maticamente seus institutos eregras gerais (a partir da Constitui-ção e do CTN), para a seguir exa-minar cada figura impositiva sob osaspectos da competência, fun-ção,fato gerador, base de cálculo,lançamento, etc.

Apontamentos deApontamentos deApontamentos deApontamentos deApontamentos deDireito TributárioDireito TributárioDireito TributárioDireito TributárioDireito Tributário

Valéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria FurlanValéria Furlan

3ª edição, ampliada, revista eatualizada. Alguns temas ana-lisados: Direito Tributário; tributo;classificação dos tributos; princípiosconstitucionais tributários; dalegislação tributária; vigência eaplicação da legislação tributária;interpretação e integração da legis-lação tributária; competência e capa-cidade tributária; imposto; taxa;contribuição de melhoria; imunidadetributária; responsabilidade tribu-tária; garantias e privilégios docrédito tributário; etc.

Ensaio e Discurso Sobre aEnsaio e Discurso Sobre aEnsaio e Discurso Sobre aEnsaio e Discurso Sobre aEnsaio e Discurso Sobre aInterpretação/AplicaçãoInterpretação/AplicaçãoInterpretação/AplicaçãoInterpretação/AplicaçãoInterpretação/Aplicaçãodo Direitodo Direitodo Direitodo Direitodo Direito

Eros Roberto GrauEros Roberto GrauEros Roberto GrauEros Roberto GrauEros Roberto Grau

5ª edição, revista e ampliada.Apresenta duas partes: discursosobre a interpretação/aplicação dodireito; ensaio sobre a interpretaçãodo direito (a interpretação, os prin-cípios, ainda a interpretação, a lin-guagem e os conceitos jurídicos, ainterpretação negativa, Ascarelli, ainterpretação, o texto e a norma,sobre a interpretação da Cons-tituição, interpretação, discricio-nariedade e ponderação, o equilí-brio a regularidade e a harmonia dosistema jurídico.).

Teoria dos Princípios —Teoria dos Princípios —Teoria dos Princípios —Teoria dos Princípios —Teoria dos Princípios —Da definição à aplicaçãoDa definição à aplicaçãoDa definição à aplicaçãoDa definição à aplicaçãoDa definição à aplicaçãodos princípios jurídicosdos princípios jurídicosdos princípios jurídicosdos princípios jurídicosdos princípios jurídicos

Humberto ÁvilaHumberto ÁvilaHumberto ÁvilaHumberto ÁvilaHumberto Ávila

9ª edição,ampliada e atualizada.Apresenta três partes: consideraçõesintrodutórias; normas de primeiro grau:princípios e regras (distinções pre-liminares, panorama da evolução dadistinção entre princípios e regras,critérios de distinção entre princípios eregras, proposta de dissociação entreprincípios e regras); normas de segundograu postulados normativos (postuladosnormativos aplicativos, análise do usoinconsistente de normas e metanormas,diretrizes para à análise dos postuladosnormativos aplicativos, etc.).

Resumo de DireitoResumo de DireitoResumo de DireitoResumo de DireitoResumo de Direitodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalhodo Trabalho

Maximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximiliano R. E. Führer eMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. FührerMaximilianus C. A. Führer

21ª edição, atualizada. Volume 9 daColeção Resumos. Apresenta 20capítulos: história e conceitosbásicos; princípios de Direito doTrabalho; Direito Internacional doTrabalho; contrato individual detrabalho; sujeitos do contrato detrabalho; alterações no contrato detrabalho e ius variandi; salário eremuneração; férias; suspensão einterrupção do contrato de trabalho;extinção do contrato individual dotrabalho; aviso prévio; prescrição;greve; etc.

LANÇAMENTO LANÇAMENTO

7MAIO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITOLIVROSLIVROS

EDITORA SARAIVA

A Editora Saraiva lançou mais oito volumes da Coleção Pockets Jurídicos,coordenada pelos professores Fernando Capez e Rodrigo Colnago: –Execução Penal (Ricardo Antonio Andreucci); – Medicina Legal (RicardoBina); – Direito Tributário I (Daniel Moretti); – Direito do Trabalho(Josyanne Nazareth de Souza); – Direito Internacional Privado (ÉdsonRicardo Saleme); – Direito Internacional Público (José Augusto Fontoura); – Processo Civil I – Teoria geral do processo e processo de conhecimento(Josyanne Nazareth de Souza); – Direito Comercial I (Josyanne Nazarethde Souza).

Coleção Coleção Coleção Coleção Coleção PPPPPocketsocketsocketsocketsockets Jurídicos Jurídicos Jurídicos Jurídicos Jurídicos

Execução Penal — Nove capítulos:noções gerais sobre execução penal;princípios da execução penal; direitosdo condenado; deveres do condenado;órgãos da execução penal; esta-belecimentos penais; execução daspenas em espécie; incidentes daexecução; recursos na execução penal.Medicina Legal — Vinte capítulos:conceito de Medicina Legal e suaaplicação ao direito; a relação daMedicina Legal com outros ramos dodireito; as classificações da MedicinaLegal; criminalística; etc.Direito Tributário I — Breves noçõesintrodutórias; tributo; competênciatributária; princípios constitucionaistributários e limitações constitucio-nais ao poder de tributar; repartiçãodas receitas tributárias; etc.

Direito do Trabalho — Em duaspartes: direito individual do trabalho(síntese histórica, fontes do Direitodo Trabalho, princípios do Direito doTrabalho, relação de emprego, rela-ções de trabalho latu sensu, contratode trabalho, contrato de trabalho econtratos afins, remuneração nocontrato de trabalho, duração dotrabalho – jornada, alteração docontrato de trabalho, suspensão einterrupção do contrato de trabalho,extinção do contrato de trabalho,estabilidade e garantia de emprego,as indenizações decorrentes daextinção do contrato, Fundo deGarantia por Tempo de Serviço, etc.);direito coletivo do trabalho.Direito Internacional Privado —Dez capítulos: relações interpessoais

e direito; características gerais; fontesdo Direito Internacional Privado;da nacionalidade da pessoa física;condição jurídica do estrangeiro;a norma de Direito InternacionalPrivado e seus caracteres; exce-

ções à aplicação do direito es-trangeiro; Direito Processual CivilInternacional; etc.Direito Internacional Público —Conceito, origens e fundamento;sujeitos do Direito Internacional

Público; fontes do Direito Interna-cional Público; tratados e conven-ções internacionais; relações entreDireito Internacional Público e direitointerno; etc.Processo Civil I — Em duas partes:teoria geral do processo (tutelajurisdicional, direito processual,processo, princípios do direitoprocessual, organização judiciária,o Ministério Público, o advogado,jurisdição, competência, atos pro-cessuais, etc. ); processo de conhe-cimento – procedimento comumordinário (cognição jurisdicional,petição inicial, citação, tutelaantecipada, resposta do réu, provi-dências preliminares, julgamentoconforme o estado do processo,teoria geral das provas, audiência,sentença, coisa julgada); proce-dimento comum sumário.Direito Comercial I — Em três partes:teoria geral do Direito Comercial (oDireito Comercial, o Direito Empre-sarial, princípios, o estabelecimentoempresarial, locação empresarial,nome empresarial, prepostos eauxiliares do empresário, propriedadeintelectual); sociedades empresárias;títulos de crédito.

EDITORA LEUD

Teoria e Prática dasTeoria e Prática dasTeoria e Prática dasTeoria e Prática dasTeoria e Prática dasAções de HerançaAções de HerançaAções de HerançaAções de HerançaAções de Herança

Fernando AntonioFernando AntonioFernando AntonioFernando AntonioFernando Antonioda Silva Cartaxoda Silva Cartaxoda Silva Cartaxoda Silva Cartaxoda Silva Cartaxo

O autor, advogado especializado emDireito de Família e das Sucessões noRio de Janeiro, trata da ação depetição de herança; da ação desonegados; da ação de exclusão deherdeiro por indignidade; da ação dedeserdação; da ação de anulação devenda de ascendente e descendente; daação de nulidade de doação inoficiosa;da ação de redução de disposição tes-tamentária inoficiosa; da ação depetição de legado; da ação de nulidadede testamento público e da ação deanulação de partilha.

A Perícia JudicialA Perícia JudicialA Perícia JudicialA Perícia JudicialA Perícia Judicial

Joaquim da Rocha MedeirosJoaquim da Rocha MedeirosJoaquim da Rocha MedeirosJoaquim da Rocha MedeirosJoaquim da Rocha MedeirosJúnior e José FikerJúnior e José FikerJúnior e José FikerJúnior e José FikerJúnior e José Fiker

3ª edição. A perícia judicial de engenhariaé apresentada com todas as fases doaspecto processual, revelando o com-portamento prático e ético profis-sionaldo perito. A exposição detém-se,sobretudo, na redação do laudo, estu-dando a sua estrutura formal e oraciocínio lógico-dialético que permiteao magistrado aplicar o direito comsegurança, pondo fim ao conflitoentre as partes. Traz trechos dedecisões judiciais, focando a formacomo os laudos são examinados e oque é esperado da prova pericial.

Curso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoCurso de DireitoInternacional PúblicoInternacional PúblicoInternacional PúblicoInternacional PúblicoInternacional Público

Julio César Borges dos SantosJulio César Borges dos SantosJulio César Borges dos SantosJulio César Borges dos SantosJulio César Borges dos Santos

Apresenta 15 capítulos: o estudo doDireito Internacional Público;tratados internacionais; perso-nalidade internacional — Estado;personalidade internacional —organizações internacionais; perso-nalidade internacional — coleti-vidades não estatais; personalidadeinternacional — população; perso-nalidade internacional — estran-geiros; personalidade internacional— pessoa jurídica; proteção interna-cional dos direitos humanos; con-flitos internacionais; etc.

A Efetividade dos DireitosA Efetividade dos DireitosA Efetividade dos DireitosA Efetividade dos DireitosA Efetividade dos Direitosda Criança e do Adolescenteda Criança e do Adolescenteda Criança e do Adolescenteda Criança e do Adolescenteda Criança e do Adolescente

Jadir Cerqueira de SouzaJadir Cerqueira de SouzaJadir Cerqueira de SouzaJadir Cerqueira de SouzaJadir Cerqueira de Souza

Trata da luta pela efetividade dosdireitos das crianças e dos ado-lescentes na forma preconizada pelaConstituição Federal e o Estatuto daCriança e do Adolescente. Apresentacinco capítulos: o direito; evoluçãohistórica; formas de violação dosdireitos infanto-juvenis; a defesaextrajudicial dos direitos das criançase dos adolescentes; a defesa jurisdi-cional dos direitos das crianças e dosadolescentes. Em apêndice apresen-ta a Lei 8.069/1990 (Estatuto daCriança e do Adolescente).

Direito FundamentalDireito FundamentalDireito FundamentalDireito FundamentalDireito Fundamentalà Moradiaà Moradiaà Moradiaà Moradiaà Moradia

Loreci Gottschalk NolascoLoreci Gottschalk NolascoLoreci Gottschalk NolascoLoreci Gottschalk NolascoLoreci Gottschalk Nolasco

Temas apresentados: cidade, cida-dania e moradia: perspectiva histó-rica da instituição de direitos; movi-mentos sociais e a criação de direitos;constitucionalismo e direitos funda-mentais; crise dos para-digmas dodireito e o “estatuto reflexivo” doconstitucionalismo pós-moderno; oPoder Judiciário e a efetividade dosdireitos sociais: aplicação e limitesdo direito social à moradia. A autoraé advogada e professora de DireitoConstitucional na UniversidadeEstadual de Mato Grosso do Sul.

EDITORA PILARES

LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO LANÇAMENTO

MAIO DE 20098LIVROSLIVROS

TRIBUNA DO DIREITO

EDITORA SARAIVA

Direito ImobiliárioDireito ImobiliárioDireito ImobiliárioDireito ImobiliárioDireito Imobiliário

Daniel Aureo de CastroDaniel Aureo de CastroDaniel Aureo de CastroDaniel Aureo de CastroDaniel Aureo de Castro

Da Coleção Prática do Direito,coordenada pelo professor EdilsonMougenot Bonfim. Apresenta 15capítulos: considerações gerais; direi-tos reais; propriedade; condomínio;posse; usucapião; corretagem imo-biliária; compromisso de compra evenda; comodato; permuta; cessãoe promessa de cessão; direito registralimobiliário; loteamento; documen-tação imobiliária para aquisição; thesharing ou multipropriedade imo-biliária. O autor é mestrando em Di-reito Civil Comparado pela PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo eespecialista em Direito Administrativo.

Manual PráticoManual PráticoManual PráticoManual PráticoManual Práticodas Licitaçõesdas Licitaçõesdas Licitaçõesdas Licitaçõesdas Licitações

Ivan Barbosa RigolinIvan Barbosa RigolinIvan Barbosa RigolinIvan Barbosa RigolinIvan Barbosa Rigoline Marco Tullio Bottinoe Marco Tullio Bottinoe Marco Tullio Bottinoe Marco Tullio Bottinoe Marco Tullio Bottino

8ª edição. Apresenta um enfoqueteórico e aprofundado da Lei 8.666/93 (Lei das Licitações), em 21 ca-pítulos: o que é licitação?; a Lei 8.666:breve análise teórica; princípios dalicitação na prática; as definições daLei 8.666 na prática; modalidades etipos de licitação, critérios e fatoresde julgamento, critérios de desem-pate; as comissões da Lei 8.666; lici-tação de obras e de serviços na prá-tica, pré-qualificação; leilão e concor-rência para venda de bens; concursoe sua execução; dispensa e inexi-gibilidade de licitação na prática; opregão; etc.

Comentários à Lei deComentários à Lei deComentários à Lei deComentários à Lei deComentários à Lei deSociedades AnônimasSociedades AnônimasSociedades AnônimasSociedades AnônimasSociedades Anônimas(volume 3)(volume 3)(volume 3)(volume 3)(volume 3)

Modesto CarvalhosaModesto CarvalhosaModesto CarvalhosaModesto CarvalhosaModesto Carvalhosa

4ª edição, revista e atualizada.Analisa a Lei 6.404, de 15 de de-zembro de 1976, com as modifi-c a ç õ e s d a s L e i s 9 . 4 5 7 / 9 7 ,10.303/01 e 11.638/07. O vo-lume 3 examina os artigos 138a 205, abordando temas comoConselho de Administração ed i re tor ia , Conse lho F i sca l ,modificação do capital social,exerc íc io soc ia l e demons -trações financeiras, lucros, re-servas e dividendos. Obra emquatro volumes. O autor éadvogado e professor em SãoPaulo.

Jurisdição e CompetênciaJurisdição e CompetênciaJurisdição e CompetênciaJurisdição e CompetênciaJurisdição e Competência

Athos Gusmão CarneiroAthos Gusmão CarneiroAthos Gusmão CarneiroAthos Gusmão CarneiroAthos Gusmão Carneiro

16ª edição, atualizada, inclusiveconsiderando as reformas doCódigo de Processo Civil de 2006 a2008. A obra parte do conceito dejurisdição e examina a distinçãoentre ato jurisdicional e atoadministrativo, as classificaçõesda jurisdição, o contencioso ad-ministrativo, a jurisdição volun-tária, os limites da jurisdição civile os substitutivos da jurisdição.Apresenta um estudo históricosobre competência e jurispru-dência do Superior Tribunal de Jus-tiça. O autor é ministro aposentadodo Superior Tribunal de Justiça.

Estrutura das Normas deEstrutura das Normas deEstrutura das Normas deEstrutura das Normas deEstrutura das Normas deDireitos FundamentaisDireitos FundamentaisDireitos FundamentaisDireitos FundamentaisDireitos Fundamentais

André Rufino do ValeAndré Rufino do ValeAndré Rufino do ValeAndré Rufino do ValeAndré Rufino do Vale

Da Série IDP (Instituto Brasiliensede Direito Público). A obra contémuma complexa análise das distinçõesentre regras, princípios e valores esuas implicações na configuraçãonormativa dos direitos fundamen-tais. Baseado em pressupostos filo-sófico-jurídicos próprios do neo-constitucionalismo, apresenta crí-ticas consistentes às teorias maisconhecidas sobre a tipologia dasnormas de direitos fundamentais etraz teses inéditas para sua (re) cons-trução. O autor é mestre em Direitopela Universidade de Brasilía e procu-rador federal.

Estatuto da AdvocaciaEstatuto da AdvocaciaEstatuto da AdvocaciaEstatuto da AdvocaciaEstatuto da Advocaciae da OABe da OABe da OABe da OABe da OAB

Paulo LôboPaulo LôboPaulo LôboPaulo LôboPaulo Lôbo

5ª edição. De acordo com a Lei11.767/08. Apresenta duas partes:da Advocacia (origens da Advo-cacia, atividade de Advocacia, di-reitos do advogado, inscrição naOrdem dos Advogados do Brasil,sociedade de advogados, advo-gado empregado, honorários advo-catícios, incompatibilidades e im-pedimentos, ética do advogado,infrações e sanções disciplina-res); da Ordem dos Advogados doBrasil (breve histórico da OAB,fins e organização da OAB, Con-selho Federal da OAB, ConselhoSecional ,etc.).

Código Penal AnotadoCódigo Penal AnotadoCódigo Penal AnotadoCódigo Penal AnotadoCódigo Penal Anotado

Damásio de JesusDamásio de JesusDamásio de JesusDamásio de JesusDamásio de Jesus

19ª edição, atualizada e ampliadade acordo com a reforma do Códigode Processo Penal (Leis 11.689/08,11.690/08 e 11.719/08). O autorpesquisou dezenas de publicaçõesde revistas especializadas. Cadaartigo é analisado isoladamente,abordando detalhes e controvérsiasque apenas a jurisprudência e adoutrina mais atualizadas são capa-zes de esclarecer. Os comentáriossão acompanhados de referênciasbibliográficas. Apresenta índicessistemático e alfabético-remissivodo Código Penal. O autor é advo-gado, professor e parecerista.

Eduardo SabbagEduardo SabbagEduardo SabbagEduardo SabbagEduardo Sabbag

A Editora Saraiva lançou recente-mente a obra Manual de DireitoTributário, do professor EduardoSabbag. Inicia-se com a análise doDireito Tributário na ConstituiçãoFederal, prosseguindo com o estudoda matéria no Código TributárioNacional. Reúne dispositivos daConstituição Federal e do CTN,evitando que o leitor tenha de buscaros comandos normativos em outraspublicações, o que lhe con-fereorganização durante a rotina deestudo. Os últimos capítulos,intitulados impostos em espécie,trazem uma visão resumida dessetema; destinam-se tanto aos can-didatos a concursos que exijam oconhecimento de tais gravamescomo aos leitores que deles possamprescindir, servindo como leituracomplementar. Destaca-se o cará-ter inovador da diagramação: pormeio de hiperlinks, o leitor seráconduzido a questões pertinentesao tema tratado que já foram objetode concursos públicos. Apresenta 32capítulos em suas 1.090 páginas:

introdução; princípio da legalidadetributária; princípio da ante-rioridadetributária; princípio da isonomiatributária; princípio da irretroa-tividade tributária; princípio davedação ao confisco; princípio danão-limitação ao tráfego de pessoase bens e a ressalva do pedágio; outrosprincípios constitucionais tributá-rios; imunidades gerais e recíproca;imunidade dos templos religiosos;imunidades não autoaplicáveis;imunidade de imprensa; Sistema Tri-

butário Nacional; espécies detributos e impostos; taxa; contri-buição de melhoria; empréstimocompulsório; contribuições; fontesdo Direito Tributário; vigência,aplicação, interpretação e integraçãoda legislação tributária; relação jurí-dico tributária; responsabilidadetributária; crédito tributário; sus-pensão do crédito tributário; extinçãodo crédito tributário; exclu-são docrédito tributário; adminis-traçãotributária e disposições finais do CTN;garantias e privilégios do créditotributário; impostos muni-cipais;impostos estaduais; impostos fede-rais; o processo judicial tri-butário.Apresenta dois apêndices: Linha doTempo — concebida pelo autor nointuito de sistematizar a assimilaçãoda relação jurídico-tributária. Permiteuma visão ampla, conjunta e didáticado Direito Tributário em movimento,clarificando os momentos cruciais darelação tributacional, traduzidos emuma ordem cronológica O autor éadvogado, doutorando em DireitoTributário na PUC-SP.

Manual de Direito Tributário

LANÇAMENTO

LANÇAMENTO

LANÇAMENTO

17MAIO DE 2009

EDUCAÇÃO

5º Exame de Ordem daOrdem dos Advogadosdo Brasil, domingo, 17de maio, o primeirounificado com a partici-pação da OAB-SP, se-

rá o 138º terá várias modificações. Asprovas, por exemplo, serão realiza-das a partir das 14 horas (antesaconteciam pela manhã), com o mes-mo conteúdo e serão aplicadas, emtodos os Estados, exceto em MinasGerais, que não aderiu. A duração éde cinco horas e, desta vez, os bacha-réis que saírem 15 minutos antes dotérmino da primeira fase poderão levaros cadernos de questões. Os que parti-ciparem da segunda fase, poderão saircom o caderno de rascunho duas horasantes do final.

As provas da primeira fase, comcem questões, abordarão, além de Di-reito Administrativo, Civil, Constituci-onal, Processo Civil, Processo Penal eTrabalho, temas sobre Direito doConsumidor, Estatuto da Criança e doAdolescente e Direito Ambiental. Nasegunda fase, o candidato poderá op-tar na inscrição por áreas como Direi-to Administrativo, Direito Constitucio-nal e Direito Empresarial, ou aindaDireito Civil, Direito Penal, Direito doTrabalho e Direito Tributário como an-teriormente. O exame será compos-to por uma redação de peça jurídicae cinco questões práticas. Para opresidente da OAB-SP, Luiz FlávioBorges D´Urso, a inclusão de SãoPaulo no Exame Unificado permitiráuma visão mais abrangente da qua-lidade do ensino jurídico, já que oEstado tem o maior número de cur-sos e candidatos do País.

De acordo com a conselheira fe-deral e presidente da Comissão Na-

Exame de Ordem com novidadesProva será no dia 17, a tarde, e com novas matérias

cional do Exame de Ordem, MariaAvelina Hesketh, a unificação per-mitirá avaliar os cursos com basenos mesmos critérios. Segundo ela,muitas faculdades de Direito nãotêm comprometimento com a quali-dade do ensino.“Tem faculdade comaula só no fim de semana e até demadrugada”, alertou. Citou o exem-plo de um bacharel que tentará pela23ª ser aprovado.

Sobre as novas matérias de Direitoinseridas no Exame, a presidente daComissão Nacional enfatiza que quemtrabalha na área tem de estar semprese reciclando e aperfeiçoando. Paraela, “o Direito é, por si só, evolutivo”,e a atualização condição primordialpara a profissão.

O presidente da Comissão de Está-gio e Exame de Ordem da OAB-SP,Braz Martins Neto, tem expectativa

positiva em relação ao desempenhodos candidatos paulistas. “As mudan-ças devem contribuir para que o ba-charel tenha um desempenho melhor.Certamente os cursos com gradescurriculares atualizadas, que contem-plem novos ramos do Direito, devemampliar as chances de aprovação dosalunos”, observa.

O 137º Exame de Ordem da OAB-SPteve 23.303 inscritos na primeira fase,com abstenção de 709 candidatos. Dos11.063 bacharéis habilitados para a se-gunda fase, apenas 141 ausentaram-sena prova de 15 de fevereiro. O númerode aprovados foi de 7.191 candidatos,equivalentes a 31,85%. Já em relaçãoà terceira edição do Exame Nacional deOrdem Unificado, Avelina Hesketh disseque o índice de aprovação ficou entre30 e 40% dos inscritos, ou seja, cercade 12 mil candidatos.B

Ministério Público Federal do Amazonas(MP-AM) abriu inquérito para apurar a

legalidade da universidade Brazillian Law Inter-national College (Blic), registrada em Orlando,na Flórida (EUA), e que oferece curso de Direitoà distância pela internet.

A Blic divulgou anúncio em jornal de Ma-naus oferecendo o curso de Direito a brasileirosresidentes no Brasil ou no exterior. De acordocom a publicação, o curso conta com ativida-des presenciais obrigatórias, com uma provasemestral e defesa do trabalho na conclusão. Aduração anunciada é de cinco anos e as men-salidades de R$ 540,00.

A instituição não é credenciada pelo MEC enão está autorizada a oferecer cursos superio-res. O curso é de “Direito brasileiro” (no Brasilnão há curso de Direito à distância autorizado).O Conselho Federal da OAB, por meio do pre-sidente Cezar Brito, esclareceu que o cursocontraria a legislação e não há garantias de re-validação do diploma no Brasil.

Pela Resolução CNE/CES nº 1/2008, a revalida-ção de diplomas estrangeiros deve ser avaliada poruma comissão que deve analisar, entre outros as-pectos, a correspondência do curso realizado noexterior com o que é oferecido no Brasil. B

Curso à distância

nstituição de ensino não pode estabe-lecer regras diferentes das do Conselho

Nacional de Educação (CNE) para validação dediplomas obtidos no exterior. Com base nesseentendimento, o STJ manteve determinaçãodo TRF-4 obrigando a Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC) a seguir as normas doCNE para revalidação de diploma de um médi-co formado pelo Instituto Superior de CiênciasMédicas de Havana (Cuba).

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases,os diplomas expedidos por universidades es-trangeiras devem ser revalidados por institui-ções brasileiras que tenham curso do mesmonível e área equivalente, permitindo ao inte-ressado o exercício da profissão. RESP1100401)B

Diploma estrangeiro

O

I

Augusto Canuto

Pela primeira vez, a OAB-SP participa do exame unificado

O

18 MAIO DE 2009

EMENTAS

PUBLICIDADE. ARTIGOS E TEXTOS

EM SITE DE ESCRITÓRIOS OU SOCI-

EDADES DE ADVOGADOS. CAR-

TÕES DE VIS ITAS QUE CONTÊM A

IDENTIFICAÇÃO DO S ITE DO ESCRITÓRIO, A EX-

PRESSÃO “ADVOCACIA”, O NOME DO ADVOGA-

DO, NÚMERO DE INSCRIÇÃO NA OAB E ÁREA DE

ATUAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO CÓDI-

GO DE ÉTICA E DO PROVIMENTO 94/2000 DO

CONSELHO FEDERAL DA OAB — Não há infra-ção ética na redação de textos técnicos, deassuntos relacionados à área de atuação doescritório ou da sociedade de advogados, des-de que, logicamente, se evite a redação deartigos que possam instigar terceiras pessoas alitigar, ou que contenham qualquer tipo deauto-engrandecimento, ou quaisquer outrasformas de angariação de clientela. Os artigossomente podem ser fornecidos a colegas, clien-tes, ou pessoas que os solicitem ou os autori-zem previamente, nos termos do § 3° do arti-go 29 do Código de Ética e Disciplina da OAB.Os cartões de visitas devem seguir expressa-mente o disposto no § 5° do artigo 29 do mes-mo Codex, ou seja, o uso da expressão “escri-tório de Advocacia” deve estar acompanhadoda indicação do nome e do número de inscri-ção do advogado, sendo que a área de atua-ção informada deve estar de acordo com odisposto no § 2° do mesmo artigo. Proc. E-3.661/2008, v.u., em 16/10/2008, do parecere ementa do rel. dr. Fábio Guedes Garcia daSilveira, rev. dr. Luiz Francisco Torquato Avólio,presidente dr. Carlos Roberto F. Mateucci.

ARTIGOS E TEXTOS EM SITE OU

BLOG DE ADVOGADO, ESCRITÓRIOS

DE ADVOCACIA OU SOCIEDADES

DE ADVOGADOS. POSSIBILIDADE.

APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA E DO PROVI-

MENTO 94/2000 DO CONSELHO FEDERAL DA

OAB.OPINIÃO“VIRTUAL”.IMPOSSIBIL IDADE . D I-

VULGAÇÃO DE SERVIÇOS PELA INTERNET. L IMITES

E REGRAS ÉTICAS A SEREM OBSERVADOS. IMPOSSI-

BILIDADE DE USO DO NOME FANTASIA. INFRAÇÕES

ÉTICAS — Não há infração ética na redação detextos técnicos, de assuntos relacionados àárea de atuação do escritório ou do advogado,desde que, logicamente, se evite a redação deartigos que possam instigar pessoas a litigar, ouque contenham qualquer tipo de auto-en-grandecimento, ou quaisquer outras formas deangariação de clientela. Os artigos somentepodem ser fornecidos a colegas, clientes, oupessoas que os solicitem ou os autorizem previ-amente, nos termos do § 3° do artigo 29 doCódigo de Ética e Disciplina da OAB. Pode a

internet ser admitida como novo veículo decomunicação eletrônica, mas, por isso, deverespeitar as regras e limites éticos; portanto,está sujeita ao regramento devidamente esta-belecido no Código de Ética e Disciplina e noProvimento n° 94/2000 do Conselho Federal daOAB. Se o site ou blog sob consulta pretender aoferta de serviços com divulgação profissional,utilizando meios promocionais típicos de ativi-dade mercantil, tais como nome fantasia eofertando serviços de aconselhamento jurídico,com evidente implicação em inculca e capta-ção de clientela, infringirá os artigos 34, II, doEAOAB, 5º, 7º, 28, 29 e 31 caput do CED e oartigo 4º, letras “b”, “c” e “l”, do Provimento94/2000. A divulgação de sites com “opiniãovirtual”, considerando a divulgação indiscrimi-nada que a internet propicia, não há de serpermitida, mantendo-se a respeito os pronun-ciamentos desta casa (E-1.435, 1.471, 1.640,1.759, 1.824, 1.847, 1.877). Precedentes: E-3661/2008, E-2.102/00; E-3.205/05. Proc. E-3.664/2008, v.u., em 16/10/2008, do parecere ementa da relª. drª. Beatriz Mesquita de Ar-ruda Camargo Kestener, rev. dr. Benedito Édi-son Trama, presidente dr. Carlos Roberto F.Mateucci.

PROCESSO PENAL. ABANDONO

DA CAUSA. ESCUSA FUNDADA

EM MOTIVO IMPERIOSO OU JUS-

TO MOTIVO. DESCUMPRIMENTO

DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR HONORÁRIOS. INAD-

MISSIBIL IDADE. POSSIBIL IDADE DE RENÚNCIA —

O abandono da causa, salvo por justo motivo,previsto no artigo 34, XI, do EAOAB, ou pormotivo imperioso, tal qual previsto no artigo265 do Código de Processo Penal, constitui in-fração ética punível com censura e sujeita oadvogado a uma multa a ser aplicada pelo juizda causa. Constituem, dentre outros, justomotivo ou motivo imperioso, o estado precá-rio de saúde do advogado, a doença grave depessoa da família, as hipóteses de caso fortuitoou de força maior. Não caracteriza justo moti-vo ou motivo imperioso o inadimplemento pelocliente da obrigação de pagar os honoráriosadvocatícios contratados. Enquanto a procura-ção ad judicia estiver em vigor, tem o advoga-do o dever legal, profissional e ético de atuarnos autos com a máxima diligência, sob penade censura decorrente da infração ética previs-ta no artigo 34, XI, do EAOAB. Em caso deinadimplemento pelo cliente cabe ao advoga-do, em vez de deixar o processo sem acompa-nhamento, renunciar aos poderes que lhe fo-ram conferidos, omitindo os respectivos moti-

vos e continuando no patrocínio da causa por10 dias da notificação da renúncia ao cliente.O artigo 265 do Código de Processo Penal, al-terado pela Lei 11.719 de 2008, que prevêpena de multa nas hipóteses de abandono dacausa, salvo por motivo imperioso, não exclui apossibilidade de renúncia. Inteligência dos arti-gos 5º, § 3º, 34, XI, 35, I e 36, I do EAOAB edo artigo 265 do Código de Processo Penal.Proc. E-3.667/2008, v.u., em 16/10/2008, doparecer e ementa do rel. dr. Fábio de SouzaRamacciotti, rev. dr. Jairo Haber, presidente dr.Carlos Roberto F. Mateucci.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS —

Inaplicabilidade no âmbito daJustiça do Trabalho, nos termosda Súmula 219 do TST. Even-

tual condenação a título indenizatório que serárevertida ao cliente, desde que previamenteconvencionado. Hipóteses de inexistência decontrato. Possibilidade de relativa compensa-ção, no montante contratado. O advento deeventual e atípica condenação a título de inde-nização contratual (CC artigos 389 e 404) emação trabalhista, não prevista em contrato es-crito, deve reverter ao cliente, a título de reem-bolso, tão-somente para o fim de ser repassa-da ao advogado e descontada dos honoráriosefetivamente contratados, usuais na espécie(até o limite eticamente aceito de 30%), a as-segurar o equilíbrio da relação advogado-clien-te. Recomenda-se, pois, nos termos do artigo35 do CED, a prévia contração por escrito doshonorários. Descabe a esta Turma Deontológi-ca, salvo no âmbito da mediação de conflitosentre advogados, a solução de pendências en-tre advogados e clientes, que devem paratanto recorrer às Turmas Disciplinares ou à Jus-tiça Comum. Proc. E-3.672/2008, em 16/10/2008, rejeitada a preliminar de não-conheci-mento, por maioria de votos, com declaraçãode voto divergente do julgador dr. BeneditoÉdison Trama; quanto ao mérito, aprovados,por maioria de votos, parecer e ementa do rel.dr. Luiz Francisco Torquato Avólio, com votodivergente dos julgadores drs. Armando LuizRovai, Beatriz Mesquita de Arruda CamargoKestener e Eduardo Teixeira da Silveira, rev. dr.Cláudio Felippe Zalaf, presidente dr. Carlos Ro-berto F. Mateucci.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

CRITÉRIOS DE DONTRATAÇÃO.

INQUÉRITO C IV IL INSTAURADO

PELO M INISTÉRIO PÚBLICO ESTA-

DUAL. CASO CONCRETO. NÃO CONHECIMENTO.

OBSERVAÇÃO DAS REGRAS DO CED NA CON-

TRATAÇÃO DOS HONORÁRIOS. PRESUNÇÃO DE

LEGALIDADE. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSU-

MIDOR. INAPLICABILIDADE EM RELAÇÃO AOS SER-

VIÇOS ADVOCATÍCIOS — O exame da legitimi-dade ou da legalidade da atuação do MinistérioPúblico do Estado de São Paulo em inquérito ci-

vil por ele instaurado, visando apurar supostasirregularidades nos critérios de contratação dehonorários advocatícios consubstancia casoconcreto, razão pela qual não se insere nacompetência do Tribunal de Ética Profissional.Precedentes: E-3.600/2008, E-3.637/2008 eE-3.547/2007. Cabe ao advogado observar os di-tâmes do CED e a orientação deste tribunal nacontratação dos honorários advocatícios, resguar-dando-se dessa forma de eventuais questiona-mentos de terceiros. Nas ações de natureza previ-denciária, não infringe a ética o percentual de30%, desde que considerados no montante oshonorários de sucumbência e que a base de cálcu-lo seja composta das parcelas vencidas na data dasentença mais 12 parcelas vincendas. Precedente:E-3.491/2007. Não se aplica o Código de Defesado Consumidor na prestação de serviços advocatí-cios, nos termos do decidido pelo Conselho Fede-ral da Ordem dos Advogados do Brasil. Ementa004/2004/OEP, relatora , conselheira federal GiselaGondin Ramos. Proc. E-3.674/2008, em 16/10/2008, rejeitada a preliminar de não conhecimento,por maioria de votos; quanto ao mérito, aprova-dos, por votação unânime, parecer e ementa dorel. dr. Eduardo Teixeira da Silveira, com declaraçãode voto convergente do julgador dr. Benedito ÉdisonTrama, rev. dr. Luiz Antonio Gambelli, presidente dr.Carlos Roberto F. Mateucci.

PATROCÍNIO. IRMÃOS ADVOGADOS.

NÃO INTEGRANTES DO MESMO ES-

CRITÓRIO, NEM SÓCIOS DE FATO

OU DE DIREITO. H IPÓTESE DE SE-

REM EX ADVERSO. POSSIBILIDADE COM RESTRI-

ÇÕES. RESGUARDO DO SIGILO PROFISSIONAL —

Inexiste hipótese de impedimento profissionalpara o exercício da Advocacia entre irmãos emum mesmo processo, contudo, deve-se cumprirfielmente o princípio do sigilo profissional. Proc.E-3.678/2008, v.m., em 16/10/2008, do pare-cer e ementa do rel. dr. Armando Luiz Rovai,com declaração de voto divergente do rev. dr.Cláudio Felippe Zalaf, presidente em exercíciodr. Fábio de Souza Ramacciotti.

CONDUTA DE TERCE I ROS . NÃO

CONHEC IMENTO DA CONSULTA

—Nos termos da Resoluçãonº 7/95, desta Turma Deon-

tológica, são inadmitidas consultas ou pe-didos de orientação sobre atos, fatos ouconduta relativos ou envolventes de tercei-ros, ainda que advogados. Proc. E-3.680/2008, v.m., em 16/10/2008, do parecer eementa do julgador dr. Zanon de PaulaBarros, quanto à preliminar de não-conhe-cimento, com declaração de voto diver-gente do rel. dr. Cláudio Felippe Zalaf, rev.dr. Jairo Haber, presidente dr. Carlos Ro-berto F. Matteucci.B Ementas do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP.

19MAIO DE 2009

TRABALHO - 1

rês entidades sindi-cais do Estado deSão Paulo devempagar indenizaçãopor danos moraiscoletivos de R$ 300

mil pela criação de comissão fraudulen-ta no Núcleo Intersindical de Concilia-ção Prévia. A decisão é da Oitava Tur-ma do TST, que negou provimento aoagravo de instrumento dos sindicatos emanteve a condenação imposta peloTRT paulista. O valor será revertido aoFundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

De acordo com os autos, a comissãoinduzia os empregados a dar quitaçãodas verbas rescisórias, sob pena denada receber. O fato chegou ao MPTpor meio de representação feita pelajuíza do Trabalho Maria José BighettiOrdoño, junto à Coordenadoria deDefesa dos Interesses Difusos e Co-letivos da Procuradoria Regional do

Sindicatos condenados por fraudeTrabalho da 2ª Região. Descobriu-seque o núcleo “era um dos braços deuma rede, cuja ponta era o Simpi”, agre-gando o Sindicato dos Empregados nasIndústrias Metalúrgica, Mecânica e deMaterial Elétrico de São Paulo, Mogida Cruzes e região; a Federação dosTrabalhadores dessas industrias, e 43sindicatos. Foram constatadas práti-cas ilícitas no funcionamento do nú-cleo, inobservância na paridade, utili-zação como fonte de renda para sin-dicatos, etc.

Diante das irregularidades, o MPTrequereu a tutela antecipada para osréus extinguirem a comissão de conci-liação e evitar a criação de outra. Pe-diu, ainda, o pagamento de indeniza-ção de R$ 500 mil ao FAT. O juízo deprimeiro grau acatou todos os pedidos.O TRT reduziu a pena para R$ 300 mil.O Simpi recorreu ao TST, sem êxito.(AIRR-3046/2003-024-02-41.8) B

T

s acordos coletivos firmados entresindicatos de trabalhadores e em-

pregadores, e as normas da CLT, sãoaplicáveis a empregado no exterior,desde que a prestação do serviço sejaprovisória. O entendimento é da Segun-da Turma do TST que deu provimentoao recurso de um ex-funcionário doBanestado S.A. (incorporado pelo ItaúS.A.), contra decisão do TRT-9 (PR), quehavia considerado que o empregado, aoser transferido para o Paraguai, estariasujeito às leis trabalhistas daquele país.

O bancário foi admitido para prestarserviço no Brasil. Quando trabalhava

Trabalho provisório no exteriorem Foz do Iguaçu (PR), foi remaneja-do para agência do Banco Del Paraná,em Ciudad Del Leste (Paraguai), ondeficou quatro anos. Em 1999, ao térmi-no do contrato, requereu na Justiça orecebimento das diferenças salariaisconforme as leis brasileiras, alegandoque a transferência teve caráter provi-sório. A Vara do Trabalho de FranciscoBeltrão (PR) julgou o pedido proce-dente. O banco recorreu e o tribunalregional reverteu a decisão. O empre-gado entrou com recurso de revistano TST, com sucesso. (RR 1231/1999-094-09-00.6) B

O

CooperativaA Sétima Turma do TST deu provimento a

recurso da Cooperativa de Serviços Múltiplos doRio Grande do Sul (Coopserv Cectra Ltda.) ejulgou improcedente a reclamação movida porum ex-cooperado que pedia o reconhecimen-to de vínculo empregatício. A JT-RS (4ª Re-gião) reconheceu o vínculo baseando-se emdepoimento de testemunha. No TST, a Turmaentendeu que a subordinação em cooperativanão caracteriza vínculo de emprego. (RR –592/2005-008-04-40.6)

Taxa de custeioA Segunda Turma do TST rejeitou agravo

de instrumento do Sindicargas de Manaus (AM)e manteve decisão indeferindo o pedido deexecução da empresa Cupim Manaus, por nãopagar taxa de custeio em ação proposta por fi-liados à Comissão Intersindical de ConciliaçãoPrévia. A JT de Manaus extinguiu o processosem julgamento do mérito. No TRT-AM (11ªRegião), o seguimento do recurso também foinegado. (AIRR – 9146-2006-008-11-40.0)

PropagandistaA Oitava Turma do TST manteve deci-

são garantindo a um propagandista-ven-

Horas extras IA Terceira Turma do TST manteve decisão

que condenou a Companhia de Bebidas dasAméricas (Ambev) a pagar horas extras a umvendedor externo. No processo foi constatadoque o funcionário possuía uma lista de clientesa serem visitados, e era obrigado a comparecerna Ambev diariamente, com hora marcada,além de participar de reuniões no início e finaldo expediente. Para a Turma não há dúvidaque a empresa controlava e fiscalizava a jorna-da do funcionário.(RR-399/2005-049-01-0.2)

Falta graveO fato de empregado estável continuar re-

cebendo salários durante afastamento paraapuração de falta grave, não descaracteriza asuspensão, nem interfere no prazo de 30 diaspara ajuizamento de inquérito judicial. Comesse entendimento a Seção Especializada emDissídios Individuais (SDI-1) do TST mantevedecisão anterior, extinguindo ação ajuizadapelo Banco do Brasil contra um caixa-executivo,que, supostamente, teria cometido faltascomo utilização de dinheiro liberado em contasfictícias, na agência de Severiano de Almeida,do Rio Grande do Sul. (E-RR 634900/2001.1)

Férias A Terceira Turma do TST restabeleceu sen-

tença condenando a Universidade do Sul de San-ta Catarina (Unisul) a pagar a um ex-professor fé-rias em dobro e o adicional de 1/3, como deter-mina a Constituição Federal. O professor, admitidoem 1998, cursou Mestrado em língua inglesa du-rante três anos por meio de convênio firmado en-tre a Unisul e a New Mexico State University. Umano após retornar, foi demitido sem justa causa enão teve o curso validado no Brasil. Na JT pediu, eobteve, repousos remunerados, dobras sobre asférias, acrescidos do terço constitucional e acrésci-mo a título de mestrado, (50%) atualizados. OTRT-SC (12ª Região) absolveu a Unisul do paga-mento em dobro das férias, o que foi restituídopelo TST. (RR-484/2006-006-12-00.3)

dedor da Pharmácia Brasil Ltda., de Duquede Caxias (RJ), o acréscimo de 20% ao salá-rio, reconhecendo a natureza salarial da uti-lização de veículo da empresa. Ele pediuhoras de sobreaviso, por ter o pager e note-book ligados à Pharmácia por 24 horas, etambém o salário in natura por usar o veí-culo da empresa no trabalho e para finsparticulares, configurando-se salário indire-to. A empresa admitiu que o vendedor fica-va com o carro após a jornada e em férias,sem nenhuma despesa. O TR entendeutratar-se “de salário-utilidade, fornecidogratuitamente e pelo trabalho”. O TST re-jeitou o recurso de revista da empresa. (RR- 69.397/2002-900-01-00.2)

FGTSA Seção Especializada em Dissídios Indivi-

duais (SDI-1) deu provimento a embargos daCompanhia Paranaense de Energia (Copel),isentando-a do pagamento de multa de20% sobre os depósitos do FGTS em proces-so referente a um contrato de trabalho quehavia sido extinto com a concordância daspartes. Ao interpor embargos na SDI-1 aempresa questionou o fato de o TRT-PR (norecurso ordinário), e a Sexta Turma (no re-curso de revista), terem mantido a condena-ção pelo pagamento da multa, mesmo re-conhecendo que o distrato deu-se por mú-tuo consentimento. (E-ED-RR-642.717/2000.5)

HIV IA Terceira Turma do TST acolheu o re-

curso de revista de um frentista demitidopor ser portador do vírus HIV e determinouque a empresa pague em dobro o saláriodo período de afastamento. O empregadofoi demitido em 2002. Na véspera da ho-mologação a empresa foi notificada poradvogada da Fundação Açoriana para oControle da Aids de que ele era soropositi-vo, e que a demissão seria considerada dis-criminatória. A própria DRT-SC reconheceua discriminação. A Sexta Vara do Trabalhocondenou o empregador a pagar só a multasobre as verbas rescisórias, mas o TRT-SC (12ªRegião) concedeu a indenização determinandoo pagamento dos salários em dobro, relativos aoperíodo de afastamento. O TST, além de reco-nhecer o direito à indenização, determinou quefuncionário receba mais R$ 10 mil a título de re-paração por dano moral. (RR – 3957/2002-036-12-00.2)B

20 MAIO DE 2009

ECA

penas 15 anos deidade, o adolescente

espreitou a chegada da

mulher que passava pelacasa do irmão para apanhar

a sobrinha que iria levar para

uma festa de aniversário. Pressentindo o assalto, ela gritou

para que não abrissem o portão e apertou a buzina do carro. Ir-ritado, o assaltante disparou o revólver e atingiu a mulher mor-

talmente.Ela, médica no Hospital Pérola Byington, onde chefiava o setor de

Lazer e era uma referência profissional. Ele, apreendido pelo Departa-mento de Homicídios e Proteção à Pessoa no dia seguinte, um menino

de l5 anos que, olhar distante e insensível, age como se roubar e matar não

fizesse a menor diferença.

O caso foi tão chocante quanto o do casal que, em um dos semáforos deuma avenida no bairro do Morumbi, foi atacado e morto na frente do filho deoito anos, que estava no banco de trás. O personagem matador também tinha15 anos. Nos dois episódios, a crueldade dos atos transforma a expressão“ato infracional” num suave eufemismo semântico, reducionista da gravidadedos assassinatos.

As estatísticas são frias e, da mesma forma que inquéritos e processos, nãoconseguem traduzir emoções, destruição de famílias e muito menos cicatrizesna alma, como traduzia com maestria o advogado Waldir Troncoso Peres (verpágina 24). Preocupa-se em estabelecer a autoria e cultivar provas, privile-giando os autos e não os atos.

Os casos da médica e do menino testemunha da morte dos pais ajudam acompreender o estágio do problema que envolve criminosos juvenis. Eles es-tão retratados, com distanciamento, nas últimas estatísticas da FundaçãoCasa, que sucedeu a Febem. Revelam que 2008 terminou com 5.594 inter-nados por prática de atos infracionais, dos quais 8l com apenas 12 anos. Os

percentuais das internações apontam para 51,9% de participação emroubos qualificados (com derivações para latrocínio), 25% em furtos, 18%em tráfico de drogas, 6,2% em roubos simples e 14,8% de outros tipos

de atos infracionais. A predominância absoluta é dos casos de rou-bos praticados com violência, atestando a periculosidade dos

personagens a ponto de muita gente sentir mais medo dian-te do assaltante menor do bandido adulto. A reincidência

genérica atingiu 30%. No caso da idade mínima paraaplicação de medidas socioeducativas (12 anos), a

reincidência chegou a 35%.

A

Este é uma espécie de DNA da sociedadee do que ela é capaz de produzir. O

que fazer? A resposta está cadavez mais difícil.

O DNA da sociedadePERCIVAL DE SOUZA, especial para o "Tribuna"

ados coletados pelo Ministério da Jus-tiça, no chamado “Mapeamento Na-

cional da Situação de Execução de Medida dePrivação da Liberdade”, apresentam análisedos pesquisadores. Em primeiro lugar, destaquenas internações para os meninos, o que repre-senta mais de 90%; em segundo, o comporta-mento dos adolescentes, que “querem dife-renciar-se dos demais a qualquer custo. Mes-mo que seja por meio da violência física”. Deacordo com as pesquisas, os internados come-çaram a perceber discriminação racial nas esco-las, shoppings, clubes, entrada dos edifícios, etc.Segundo o estudo, “os jovens negros estão di-ante de um duplo apartheid social e se tornammais vulneráveis ao delito”. Os pesquisadores

chegaram a afirmar que “o cometimento doato infracional é o que resta como forma deobter reconhecimento de uma sociedade queos ignora”. Eles asseguram que esse detalhe “éfundamental para derrubar o mito de que osadolescentes infratores são meninos de ruaque foram abandonados ou que, por opção,deixaram as famílias”.

O Departamento da Criança e do Adoles-cente, da Secretaria de Estado de Direitos Hu-manos, avançou na pesquisa para chegar àsdrogas, como forte componente de seduçãopelo crime. A prática de atos infracionais revela,também, que quase 90% dos adolescentesconsumiam algum tipo de droga antes de se-rem internados, com forte predominância

Um retrato do crime

D

21MAIO DE 2009

da maconha, álcool, cocaína, crack e ina-lantes em geral. Nas instituições, palco das in-ternações, os pesquisadores do Ministério da Jus-tiça obtiveram relatos de dirigentes de unidadesdando conta do clima hostil entre os própriosadolescentes. Chegaram a recomendar a utiliza-ção de alas de isolamento. A recomendaçãosignifica, claramente, que existem, à semelhan-ça dos presídios para adultos, adolescentesameaçados de morte.

O caldo cultural possui circunstâncias assus-tadoras. Como no caso do adolescente que, àvéspera de completar 18 anos, praticou doishomicídios. Apreendido e levado à presença dojuiz, explicou com naturalidade: “Só não mateitrês porque não encontrei o outro carinha queprocurava.” O juiz quis saber qual era a basede raciocínio do infrator. E ouviu, sem que elemedisse as palavras: “Se matasse como me-nor, pegaria três anos de internação. Se matas-se depois de completar 18 anos, pegaria uns24 anos de cadeia.”

São circunstâncias que inspiraram o TJ-SP amontar uma Comissão de Estudos Relativos àCriança e ao Adolescente. Um relatório, assinadopelo desembargador que a presidiu, destacou que“a sociedade já não aceita os caminhos dos dis-cursos, das palavras vazias, das ações paternalistase dos remédios paliativos”. Defendeu-se, tam-bém, a municipalização no atendimento, “evi-tando-se a promiscuidade da superlotação dasunidades da Capital, com o consequente aprimo-ramento da vivência infracional, que fatalmentevoltará, como represália, à comunidade que oexpulsou”.

Os detalhes da realidade provocam a apa-rição de correntes divergentes para se apreciaro assunto no âmbito do Poder Judiciário. Al-guns preferem dosar forte energia nas decisões.Outros optam por considerar intocável o poderdos pais. Muitos pais demonstram, após pere-grinação inútil pelas portas dos mais variadostipos de profissionais da área, terem perdido aesperança de recuperação e depositam nasmãos do magistrado a existência de qualquerperspectiva. Como se vê e ouve com impressi-onante regularidade na Vara da Infância e daJuventude do Rio de Janeiro, pais tomam ainiciativa de procurar o juiz, levando consigo ofilho, e se apresentam ao juiz, dizendo não“saber mais o que fazer”. O juiz Marcius Ferreiraresume assim a dramática situação: “O trabalhoé mais social do que judicial.”

Um exemplo da corrida à Justiça em bus-ca de soluções de problemas em casa foi vivi-do por uma juíza à frente dos pais de um me-nino de 10 anos que, diziam, “não sabermais” como controlá-lo. Nem queriam maisficar com ele. A juíza se esforçou, pedagogi-camente, para convencê-los do contrário.Depois de algum tempo, o pai disse que “to-pava”. Mas julgou-se no direito de “imporuma condição” à juíza: “Só se a senhora dis-ser para ele o que pode e o que não pode fa-zer.” A juíza teve dificuldades em explicarpara os pais que não poderia impor isso, por“não se tratar de matéria jurídica”. Esse fatofoi explicado à luz da Psicologia por Ruth Co-hen, professora de pós-graduação na Univer-sidade Federal do Rio de Janeiro: “A figura dojuiz tem valor semelhante à que era do pai.Em outros tempos, a palavra do pai interdita-va a do filho. Sua função está sendo substitu-ída porque a lei de respeito dentro de casaestá frouxa, não tem mais a força que tinha ou-trora.” Uma juíza chegou a desabafar que “é ri-dículo ensinar aos pais” para que “sejam pais”.

Existem os casos mais dramáticos, como odo pai de uma menina de 16 anos que pro-

curou o juiz porque ela abandonou a escola epassou a viver com um homem 20 anos maisvelho e criminoso. De início, ela foi levadapara um abrigo municipal. Depois, foi morarcom a avó.

Uma das juízas, Monica Labuto, da 1ªVara da Infância do Rio, acredita que muitosdesses problemas domésticos poderiam serresolvidos pelos Conselhos Tutelares, mas porabsoluta falta de estrutura acabam sendo en-caminhados para as varas. As intervenções ju-diciais incluem fiscalização em lan-houses, lu-gares onde, teoricamente, crianças e adoles-centes precisam de autorização para entrar.Além disso, ela debita na conta dos pais o“despreparo emocional em assumir a paterni-dade e a maternidade”.

Os conflitos entre pais e adolescentes leva-ram a juíza Inês Sant’Ana, de Teresópolis, ci-dade na região serrana do Rio, a proibir quemenores andassem de skates ou patins pelasruas. O Conselho da Magistratura revogou aportaria que, além da proibição, determinavaque os bens fossem apreendidos e os meno-res conduzidos ao Conselho Tutelar ou ao Jui-zado da Infância e da Adolescência “para adevida autuação por prática de desobediên-cia”. O Ministério Público do Estado manifes-tou-se contra esse tipo de portaria, desco-brindo a existência de várias delas. “Quemmanda em filho é pai”, argumenta a procu-radora de Justiça Rosa Carneiro. O Conselhoda Magistratura revogou várias portarias dessetipo, mas manteve uma resolução que per-mite aos magistrados a edição de portariasnormativas. O Ministério Público recorreu aoSuperior Tribunal de Justiça. A juíza Inês argu-menta que não ultrapassou nenhum limite :“As crianças e adolescentes são livres para fa-zer o que devem, e não o que querem. Ojuiz, supletivamente, aplica medidas porqueos Conselhos Tutelares são realidades longín-quas. Os promotores usaram a portaria dosskates para minimizar o valor das outras por-tarias.” O procurador federal Edson Sêda, queintegrou a comissão de redação do Estatutoda Criança e do Adolescente, pensa de mododiferente: “A capacidade humana não come-ça um segundo antes dos 18 anos. A Consti-tuição de 88 inclui crianças e adolescentes nacidadania. Não são obrigados a fazer ou dei-xar de fazer coisa alguma. Ninguém, subjeti-vamente, pode tratá-los como pessoas tute-ladas pelo Estado.”

Mas o juiz aposentado Alyrio Cavallieri, quedurante muitos anos trabalhou nessa área,afirma que o estatuto “equivocou-se” ao ex-cluir da competência dos magistrados a inter-venção em casos específicos: “O Código de1979 era preciso quando colocava sob a juris-dição do magistrado os menores ‘com desviode conduta, em virtude de grave inadaptaçãofamiliar ou comunitária’ (artigo 2º, V).” E criti-ca, dizendo que “esse mesmo estatuto querevogou aquele código permite que uma me-nina de 12 anos viaje desacompanhada, semautorização de quem quer que seja, paraqualquer cidade do País, embora a proíba dehospedar-se em hotel ou pensão. Sem lei,não há ordem”.

Na prática, magistrados, promotores e con-selheiros são obrigados a se confrontar comosituações como a de um a mulher, doméstica,que foi à vara especializada reclamar dasagressões físicas e morais que sofre de um filhode 15 anos e da filha de 13. Disse: “Falaram-me que não posso bater neles, mas é melhorbater do que a polícia aparecer dizendo queaconteceu alguma coisa de ruim.”B

uando escreveu o clássico Oliver Twist, oescritor Charles Dickens descreveu a ci-

dade de Londres, no final do século 19, ondemeninos, entre eles o personagem central,sem pai e nem mãe, que perambulavam pe-las ruas, comandado por um adulto, pratican-do furtos em série. A ficção de Dickens trans-formou-se em realidade nas grandes cidadesbrasileiras. Não se sabe exatamente o que fa-zer, e diante das causas sociais fala-se muitonuma indesejada “judicialização” do problema,ou seja, levá-lo para a apreciação do Judiciário,o que divide opiniões.

A portaria de Teresópolis (RJ) e o dia a diaperturbador da Vara da Infância e da Juven-tude do Rio inspiraram a edição de portariastambém em São Paulo, nas cidades de Fer-nandópolis, a mais de 500 quilômetros daCapital, e das pacatas Ilha Solteira e Itapura.Nestas, foi estabelecido o horário-limite de20h30 para menores com menos de 13 anosficarem nas ruas. Com 13 e 14, o prazo au-menta para 22 horas. Os de 16 e 17 anospodem ficar fora de casa até 23 horas. Nemum minuto a mais. E com menos de 15, nin-guém pode entrar em lan-houses. Nestecaso, houve comum acordo entre Judiciário eMinistério Público, numa questão que nova-mente dividiu opiniões. Os desobedientespassaram a ser levado para o Conselho Tutelarlocal, onde os pais são convocados para assi-nar um termo de compromisso.

No caso da juíza de Teresópolis, adotou-seuma medida, que vigorou durante dois anos,contra patins e skates, com o detalhe que ospais assumindo posição de nada verem de er-rado nessa prática. Os pais também acharam“normal” colocar crianças com menos de 10anos para desfilar em carros alegóricos duran-te os dias de carnaval. A juíza não gostou eproibiu. Como cada caso é um caso, o Con-

De Dickens à

serra cariocaselho da Magistratura do Rio anulou a portariada juíza, mas não proibiu a edição de outras.E portaria normativa. Isso significa que os ju-ízes podem determinar o que os menores nãopodem fazer, independentemente da legisla-ção especial. O STJ está convocado paramanifestar-se a respeito, em grau de recurso.

É o impasse diante da realidade: do mes-mo modo que existe gente convicta de que ajuíza quis mandar “demais”, existem pais queprocuram os magistrados suplicando pela apli-cação de alguma medida para conter os pró-prios filhos. Os casos se repetem: desde a mãeque pede “uma providência” contra o filhoque espanca os irmãos menores até a cons-tatação óbvia, mas de profundas implicaçõessociais, de que o Estatuto da Criança e doAdolescente vigora em toda parte —Teresó-polis, Rio de Janeiro, Ilha Solteira, São Paulo...

Na Capital paulista, um juiz, cansado de verum menino de 14 anos que se diz “apaixona-do por carros” e por isso já furtou 15 veículos,viu-se diante de um dilema. Que fazer com ogaroto? Sem respostas, contatou uma institui-ção particular que abriga menores numa cida-de do Paraná. O juiz percebeu, na prática, queo Estado não oferece condições de readapta-ção social e, se continuar na trilha atual desuas péssimas amizades, o menino acabarásendo internado e, relacionando-se com crimi-nosos, corre risco de morte.

Não está escrito nos autos, mas salta aosolhos que existe um grande fracasso na socie-dade na forma de relacionamento com crian-ças e adolescentes. Também existem adultosrebeldes, que violam regras e normas, e sãoexemplo tão péssimo que o respeito desapa-rece. Mas isso escapa do Direito, da Justiça,da Promotoria, das instituições totais. A crimi-nógena proveta social, que não para de gerarfrutos, instala-se na Sociologia. (PS)B

Adolescente infrator com problema mental

Q

ECA

Adolescente infrator com problema men-tal deve cumprir medida socioeducativa

compatível com a limitação que tiver. O enten-dimento é da Sexta Turma do STJ, ao reverterdecisão da primeira e segunda instâncias daJustiça de São Paulo, e conceder habeas corpusao menor DH, internado em estabelecimentoeducacional do interior paulista acusado de in-fração equivalente a homicídio.

No STJ, a defesa alegou que DH corria riscode morte. Sustentou que a internação em local

fechado seria ilegal, por ferir o artigo 112 do Es-tatuto da Criança e do Adolescente.

O relator, ministro Og Fernandes, salientouque, em função dos problemas mentais, o ado-lescente não poderia ser submetido à uma me-dida ressocializadora da qual não tiraria proveito.A Turma, por unanimidade, determinou queseja aplicada norma socioeducativa de liberdadeassistida e recomendou acompanhamento am-bulatorial psiquiátrico, psicopedagógico e famili-ar. (HC 88043)B

22 MAIO DE 2009

2 x 15

renee

LEGISLAÇÃO

JUAREZ DE OLIVEIRA

Advogado em São Paulo e diretorda Editora Juarez de Oliveira Ltda.. [email protected].

RECEITA FEDERAL — Decreto n° 6.641,de 10/11/2008 (“DOU” de 11/11/2008), regu-lamenta as atribuições da carreira de auditoriada Receita Federal do Brasil, composta peloscargos de nível superior de auditor-fiscal da Re-ceita Federal do Brasil e de analista-tributário daReceita Federal do Brasil, conforme previsãocontida no § 3º do artigo 6º da Lei n° 10.593,de 6/12/2002.

REGISTROS PÚBLICOS — Lei n° 11.802,de 4/11/2008 (“DOU” de 5/11/2008), acres-centa § 3º-C ao artigo 30 da Lei n° 6.015, de31/12/1973, que dispõe sobre os registros públi-cos e dá outras providências.

SEGURIDADE SOCIAL — Medida Provi-sória n° 446, de 7/11/2008 (“DOU” de 10/11/2008), dispõe sobre a certificação das entidadesbeneficentes de assistência social, regula os pro-cedimentos de isenção de contribuições para aseguridade social, e dá outras providências.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZA-GEM INDUSTRIAL (Senai) — Decreto n°6.635, de 5/11/2008 (“DOU” de 6/11/2008), al-tera e acresce dispositivos ao Regimento do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai),aprovado pelo Decreto n° 494, de 10/1/1962.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDI-ZAGEM COMERCIAL (Senac) — Decretonº 6.633, de 5/11/2008 (“DOU” de 6/11/2008), altera e acresce dispositivos ao regula-mento do Serviço Nacional de AprendizagemComercial (Senac), aprovado pelo Decreto n°61.843, de 5/12/1967.

SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA (Sesi)— Decreto n° 6.637, de 5/11/2008 (“DOU” de 6/11/2008), altera e acresce dispositivos ao regula-mento do Serviço Social da Indústria (Sesi), aprova-do pelo Decreto n° 57.375, de 2/12/1965.

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO(Sesc) — Decreto n° 6.632 de 5/11/2008(“DOU” de 6/11/2008), altera e acresce dispo-sitivos ao regulamento do Serviço Social do Co-mércio (Sesc), aprovado pelo Decreto n°61.836, de 5/12/1967.

GESTANTE — Decreto n° 6.690, de 11/12/2008 (“DOU” de 12/12/2008), institui o progra-ma de Prorrogação da Licença à Gestante e àAdotante, estabelece os critérios de adesão aoprograma e dá outras providências.

MEIO AMBIENTE — Lei n° 11.828, de 20/11/2008 (“DOU” de 21/11/2008), dispõe sobre

medidas tributárias aplicáveis às doações em es-pécie recebidas por instituições financeiras públicascontroladas pela União e destinadas a ações deprevenção, monitoramento e combate ao des-matamento e de promoção da conservação edo uso sustentável das florestas brasileiras.

Decreto n° 6.686, de 10/12/2008 (“DOU” de10/12/2008), altera e acresce dispositivos aoDecreto n° 6.514, de 22/7/2008, que dispõesobre as infrações e sanções administrativas aomeio ambiente e estabelece o processo admi-nistrativo federal para apuração destas infrações.

PIS/Pasep — Decreto n° 6.644, de 18/11/2008 (“DOU” de 19/11/2008), dispõe sobre aredução a zero das alíquotas da contribuição parao PIS/Pasep e da Contribuição para o Financia-mento da Seguridade Social (Cofins), incidentessobre a receita bruta da venda de veículos e em-barcações destinados ao transporte escolar paraa educação básica nas redes estadual, municipale distrital, quando adquiridos pela União, Estados,municípios e pelo Distrito Federal.

Decreto n° 6.662, de 25/11/2008 (“DOU”de 26/11/2008), regulamenta o artigo 5º daLei n° 11.727, de 23/6/2008, que permite arestituição ou a compensação de valores reti-dos na fonte a título da contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamentoda Seguridade Social (Cofins).

POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOL-VIMENTO REGIONAL — Decreto n°6.674, de 3/12/2008 (“DOU” de 4/12/2008),altera os Decretos n°s 6.539, de 18/8/2008,que estabelece critérios para o enquadramentode projeto de instalação, de diversificação oumodernização total, e de ampliação ou moder-nização parcial de empreendimento, para efeitode redução do imposto sobre a renda e adicio-nal, calculados com base no lucro da exploração,e 6.047, de 22/2/2007, que institui a PolíticaNacional de Desenvolvimento Regional (Pndr).

REFORMA AGRÁRIA — Decreto n°6.672, de 2/12/2008 (“DOU” de 2/12/2008),regulamenta o artigo 6° da Medida Provisórian° 2.183-56, de 24/8/2001, que tratado Subprograma de Combate à Pobreza Rural,instituído no âmbito do Programa Nacional deReforma Agrária, e dá outras providências.

SEGURO — Decreto n° 6.643, de 18/11/2008 (“DOU” de 19/11/2008), dá nova reda-ção ao artigo 59 do regulamento do Decreto-Lei n° 73, de 21/11/1966, aprovado pelo De-creto n° 60.459, de 13/3/1967; e ao caput do

artigo 16 do Decreto n° 3.937, de 25/9/2001,que regulamenta a Lei n° 6.704, de 26/10/1979, que dispõe sobre o Seguro de Crédito àExportação.

TELECOMUNICAÇÕES — Decreto n°6.654, de 20/11/2008 (“DOU” de 21/11/2008),aprova o Plano Geral de Outorgas de Serviço deTelecomunicações prestado no regime público.

TRIBUTOS — Lei n° 11.827, de 20/11/2008 (“DOU” de 21/11/2008), altera as Leis n°s10.833, de 29/12/2003, e 11.727, de 23/6/2008, relativamente à incidência do Impostosobre Produtos Industrializados (IPI), da Contri-buição para o PIS/Pasep e da Contribuição parao Financiamento da Seguridade Social (Cofins),incidentes no mercado interno e na importação,sobre produtos dos capítulos 21 e 22 da Tabelade Incidência do Imposto sobre Produtos Indus-trializados (Tipi), aprovada pelo Decreto n°6.006, de 28/12/2006, a Lei n° 10.451, de 10/5/2002, a Medida Provisória n° 2.158-35, de24/8/2001, e a Lei n° 11.774, de 17/9/2008.

Decreto n° 6.655, de 20/11/2008 (“DOU”de 21/11/2008), altera o Decreto n° 6.306,de 14/12/2007, que regulamenta o Impostosobre Operações de Crédito, Câmbio e Segu-ro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários(IOF).

Medida Provisória n° 449, de 3/12/2008(“DOU” de 4/12/2008), altera a legislaçãotributária federal relativa ao parcelamentoordinário de débitos tributários, concede re-missão nos casos em que especifica, instituiregime tributário de transição, e dá outrasprovidências.

Decreto n° 6.677, de 5/12/2008 (“DOU”de 8/12/2008), reduz temporariamente azero as alíquotas do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) incidentes sobre produ-tos doados ao Estado de Santa Catarina,destinados às vítimas das enchentes naqueleEstado.

Decreto n° 6.684, de 9/12/2008 (“DOU”de 10/12/2008), fixa, para o ano-calendáriode 2008, o valor máximo das deduções doimposto sobre a renda devido, a título depatrocínio ou doação, no apoio direto a pro-jetos desportivos e páradesportivos.

Decreto n° 6.683, de 9/12/2008 (“DOU” de10/12/2008), acresce parágrafos ao artigo 1º doDecreto n° 4.940, de 29/12/2003, que reduz asalíquotas da Contribuição de Intervenção noDomínio Econômico incidente sobre as correntesde hidrocarbonetos líquidos não destinadas àformulação de gasolina ou diesel.B

Decreto n° 6.660, de 21/11/2008 (“DOU” de 24/11/2008), regulamenta dispositivos da Lein° 11.428, de 22/12/2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa doBioma Mata Atlântica.

Internet

23MAIO DE 2009

GENTE DO DIREITO

O desembargadorAntônio Carlos Ma-lheiros, 58 anos, carre-ga o espírito de solida-riedade. Mesmo comas intensas atividades,ainda reserva tempopara dar consolo aosque sofrem. Quandonão está no Tribunalde Justiça, lecionandoem faculdades, ou emreuniões de filantropia,Malheiros pode serencontrado na enfer-maria de algum hos-pital público contandoestórias para crianças.

A primeira experi-ência como voluntárioocorreu ainda no cur-so ginasial, depois deuma visita à favela doVergueiro, onde en-controu uma meninade 13 anos, grávida(de um dos cinco ir-mãos), cuja mãe es-taria em fase termi-nal de câncer. “Apartir daí nunca maissaí da grande favelada vida”, comenta.

Mais tarde, ingres-sou na Organizaçãodo Auxílio Fraterno(OAF); trabalhou nafavela do Bororó (ZonaSul de São Paulo), comcrianças e adolescen-tes. No contato commoradores de rua, co-nheceu meninas de 10anos na prostituição eassassinos de 8 e 9anos. “No meio haviaum menino que em-preguei como office-boy. Hoje é um admi-nistrador hospitalar,casado, pai de três fi-lhos”, conta.

No final dos anos

70 trabalhou como voluntá-rio no Pavilhão de Queima-dos do Hospital das Clínicas,e também com pacientessoropositivos, onde conhe-ceu um jovem cantor ho-mossexual, em estado ter-minal. Viu um companheiroconsolando o rapaz, en-quanto a mãe o rejeitava.Segundo Malheiros, o fato oinspirou a dissertação demestrado, baseada na “fa-mília constituída pelo afeto”.

Em 1997, encontrou-secom o então diretor da TVGlobo, Valdir Cimino, re-cém-chegado dos EUA,entusiasmado com o tra-balho do médico PatchAdams (autor de “O amoré contagioso”). “A partirdaí surgiu a idéia de contarestórias em hospitais, oque deu origem à associa-ção ‘Viva e deixe viver’,que atualmente reúnemais de mil voluntários, emmais de 70 hospitais emtodo o País”, lembra.

Malheiros disse que aprimeira experiência coma morte foi dramática.“Estava narrando a estó-ria para uma criança e omédico aproximou-se di-zendo que o garoto haviamorrido. Não acreditei.Quando terminei o conto,percebi que a criança ha-via falecido. Saí tão revol-tado que chutei uma latade lixo no corredor. De-pois fiz um auto-treina-mento para saber l idarcom esse tipo de situa-ção”, ressalta. Atualmen-te, o desembargador in-terrompe o trabalho àssextas-feiras à tarde paracontar estórias para ascrianças no Hospital Emí-lio Ribas. B

Antônio Carlos Malheiros,contando histórias para

crianças nos hospitais

Divulgação

Antonio Cândido DinamarcoPassou a prestar serviço nas

áreas de Direito Penal e de DireitoAdministrativo no escritório PereiraMartins Advogados Associados.

Armando Castelar Pinheiro......Elizabeth Sussekind, Everardo

Maciel, Francisco José Cahali, Ka-zuo Watanabe, Luiz Jorge Werne-ck Vianna, Maria Tereza Ana Sa-dek, Roberto Mangabeira Unger eVladimir Passos de Freitas são osnovos integrantes do ConselhoConsultivo do Conselho Nacionalde Justiça.

Cláudio Valdir HelfensteinDesembargador, tomou posse

no TJ-SC.

Eleonora Altruda de FariaPassou a integrar o Advocacia

Celso Botelho de Moraes paraatuar nas áreas Cível e Comercial.

Gustavo Gonçalves Gomes...E Hugo Filardi, do Siqueira

Castro Advogados, passaram aintegrar o Instituto Brasileiro deDireito Processual (Ibdp).

Herbert CarneiroEleito desembargador do TJ-MG.

Joelson DiasAdvogado, foi empossado

como ministro substituto do TSE.

José Luis de Salles FreireDo escritório de Advocacia

TozziniFreire Advogados foi eleitopresidente do Cesa (Centro deEstudos das Sociedades de Advo-gados) para o triênio 2009-2012.

Julio Roberto CardosoDesembargador, foi empos-

sado no TJ-MS.

Kyu Soon LeeO STJ anulou o julgamento

do processo administrativodisciplinar movido contra a juí-za federal Kyu Soon Lee e de-terminou o imediato retornoda magistrada às suas ativi-dades, depois de cinco anos.O pedido havia sido negadopelo Órgão Especial do Tribu-nal Regional Federal (TRF) da3ª Região.

Luiz Alberto GurgelDesembargador federal, as-

sumiu a presidência do TRF-5.

José Marcos VieiraÉ o novo desembargador do

TJ-MG.

Oswaldo Luiz PalúE o mais novo desembarga-

dor do TJ-SP.B

Por Raquel Consolação dos Santos

24 MAIO DE 2009

IN MEMORIAM

Brasil perdeu no dia 12 deabril um de seus maioresadvogados criminalistas:Waldi r Troncoso Peresmorreu aos 85 anos, emconsequência de insufici-

ência renal. Estava afastado das ativida-des desde 2004, quando foi vítima deum AVC (Acidente Vascular Cerebral), queprejudicou a fala. Nos dias 4 e 5, Waldirserá homenageado pelo Conselho Fede-ral da Ordem dos Advogados do Brasil.

Waldir nasceu em Vargem Grande doSul, interior de São Paulo, onde foi enter-rado vestindo a beca. Filho de agricultorespanhol, aos 16 anos veio morar em SãoPaulo. Ingressou na Faculdade de Direitoda Universidade de São Paulo, forman-do-se em 1947.

O presidente da OAB-SP, Luiz FlávioBorges D’Urso, lamentou a morte do crimi-nalista. “A Advocacia, especialmente a cri-minalista, perde um grande mestre, de no-tório saber jurídico, grande oratória e vastacultura. Entendia que o advogado crimina-lista tinha de ter cultura científica, literária,filosófica e de matérias afins para que pu-desse explicar os sentimentos e razões dosatos do cliente para o júri. Deixa a grandelição de indispensabilidade do direito dedefesa, do contraditório, de que o advo-gado criminalista garante um julgamentojusto, o devido processo legal, pois defen-de o réu e não o crime.”

D’Urso afirmou que Waldir inspirou suaopção pelo Direito Penal e enverga o título“Princípe dos Advogados Criminalistas” pormerecimento. “Em sua vitoriosa trajetóriaprofissional escreveu seu nome entre osgrandes criminalistas brasileiros, comoEvaristo de Moraes, Dante Delmanto, Rai-

Waldir Troncoso Peres“Já pedi a meus filhos que, quando fora hora, me enterrem com minha beca,pois ela que me ajudou a encontrar achave da porta da cadeia, há de meauxiliar a encontrar a chave do reinodos Céus.”

O

mundo Pascoal Barbosa e Manoel PedroPimentel. Estes advogados transformarama Advocacia criminal em arte, a assegurarque ninguém é indigno de defesa por maisodioso que seja o crime que lhe seja atri-buído”, ressaltou.

Os advogados Raimundo Hermes Bar-bosa e Sérgio Niemeyer, presidente e dire-tor do Departamento de Prerrogativas daFederação das Associações dos Advoga-dos do Estado de São Paulo (Fadesp),também lamentaram a morte do advoga-do. “Waldir Troncoso Peres não foi apenasum grande criminalista. Foi um ícone daAdvocacia levada a sério por um homemque acreditava na capacidade do seu se-melhante em ser indulgente, temperantee, principalmente, via mortificado as misé-rias humanas. Referencial para todos oscriminalistas. Nunca esmoreceu nas cau-sas em que atuou. Advogado combativo,punha a exuberância de sua vasta culturae profundo saber jurídico a serviço daguarda e sentinela dos direitos de seusconstituintes.”

Em entrevista ao “Jornal do Advoga-do”, Waldir disse que acreditava no crimepor amor. E ilustrou a afirmativa citando oromancista Somerset Maughan, que temuma imagem interessante a respeito doamor. Ele diz que é um sentimento tãointenso que o homem e a mulher se fun-dem. E que o nascimento do filho é oresultado dessa fusão. E que, quandoexiste a ruptura, e a ruptura em regra éunilateral, aquele que a sofreu, que éabandonado, rejeitado, é capaz de matar.

“Espanhol”, como era tratado carinho-samente pelos amigos, afirmava que, seo cliente cometesse um crime, seria de-fendido por ele. Se cometesse o segun-do, também. Mas se cometesse o tercei-ro, não o defenderia mais, para não pa-recer que era “profissional do crime”.

Na mesma entrevista fez um análisedo Poder Judiciário. “O Poder Judiciárioé a coluna vertebral da civilização brasi-leira. Foi o único Poder que não se con-taminou no curso histórico, com as dita-duras que vêm destruindo o nosso Paísperiodicamente. Sempre defendeu a nos-sa liberdade, até quando não havia liber-dade. Agora, porque encontram um ououtro juiz corrupto, transferem isso parao Poder Judiciário. Tenho o maior respei-to pelo Poder Judiciário. Conheci um oudois juízes corruptos em São Paulo. Fa-lam que, por outras bandas, por outrosEstados, existe corrupção. Mas a insti-tuição do Poder Judiciário é o últimoresíduo da moralidade no Brasil.”

E falou de seu hobbie. “Meu hobbie éir ao jóquei, aos sábados e domingos. Iacom grande prazer, agora vou muito pou-co. Mas não se trata de descanso. Aí, oproblema já é outro. Há uma razão interiorsubjetiva para você jogar. Quem joga é acriança e não o adulto. Se você admitir atese freudiana, depois da fase analsádica,vem a fase da carência, da disputa e dolazer. As crianças brigam disputando.Então, não fui capaz de superar a faselúdica. É um problema de falta de trans-cendência da fase. Vive dentro de mim umacriança. E sendo uma criança, não perdia fé, o idealismo. Não vivo como um ve-lho. Vivo do sonho, da fantasia, da pales-tra, da discussão, do exercício profissio-nal. E me encanto, me deixo seduzir, queroter co-participação no todo, no global.Então, se por um lado meu lado criançame leva ao jogo, por outro, me leva a umaprodutividade profissional maior também,a um entusiasmo, a uma maior força queé a da criança, que luta, que debate e quequer vencer.”

E concluiu a entrevista afirmando queera um homem realizado. “Para mim, serrealizado é ser razoável advogado crimi-nal. Não tenho a paranóia e a megaloma-nia de ter projeção. Vivi feliz porque aAdvocacia criminal está nas minhas célu-las, na minha corrente sanguínea, estádentro de mim. Não sou capaz de fazermais a bipartição entre o cidadão e o ad-vogado, porque eles se conjugaram, detal forma, que se integram e se confun-dem. Mas isso me deu uma felicidadeextraordinária. Agora, no entardecer da

minha vida, a minha suprema felicidade éver essa mocidade ser melhor do que aminha geração. Ela apanhar o cetro da li-derança da Advocacia, do civismo, dopatriotismo. Tanto, que vivo fazendo pa-lestras em faculdades de Direito, ten-tando motivar a mocidade, para que as-suma a sua posição perante o mundoe cumpra o seu dever cívico. Peço aosmoços para serem os juízes e cidadãosdaquilo que fizeram no curso do dia,para ver se estão amando a ciência, apátria, o próximo. Se eles têm o espíritocomunitário, essa afetividade, quase nosentido panteísta, que integra o homemcom outro homem e todos os homensnum homem só; toda a humanidadenuma pátria comum, para fazer a felici-dade coletiva. Gosto muito dessa gera-ção vindoura. Existe, ainda, uma inter-mediária, que também está a evoluir.Nós vamos progredir. Sou um grandeotimista.”

Waldir Troncoso Peres atuou em cen-tenas de júri, alguns de grande reper-cussão: defendeu o cantor LindomarCastilho, que matou a tiros a mulhernum bar em São Paulo em 1981; o pro-curador de Justiça Carlos Eduardo daRocha Monteiro Gallo, pai da atriz MaitêProença, que matou a mulher a faca-das; e o delegado Sérgio FernandoParanhos Fleury, acusado de pertencerao Esquadrão da Morte.

Em artigo publicado no jornal “Folhade S. Paulo”, o advogado José CarlosDias afirmou que Waldir foi o grandedefensor dos pobres, como procuradorda assistência judiciária que antecedeua Defensoria Pública de hoje. “Lembro-me bem de que oferecemos um banque-te ao Waldir quando se estimou que eletinha completado mil júris, a maior par-te em favor de gente humilde.”

Waldir deixa viúva d. Maria do CarmoAndrade Peres; os filhos Moacir Andra-de Peres, casado com d. Maria Berna-dete Antonialli Peres, d. Mônica Andra-de Peres Wanderley Cabral, casada como sr. Nicolas Wanderley Cabral, e MauroAndrade Peres, casado com d. PatríciaTanoue Peres; e as netas Luiza e Júlia.B

Milton Rondas,jornalista.

Faleceram, dia 7, no Recife, aos 90 anos,o jurista Luiz Pinto Ferreira; dia 10, o advo-gado Ney Mattos Ferreira; dia 21, em Itape-tininga (SP), o advogado José Elias Prado;em São Paulo, aos 39 anos, o advogado Re-nato Ventura Ribeiro; dia 21, em São Paulo,o advogado Glézio Antonio Rocha.B

E...

25MAIO DE 2009

TRABALHO - 2

omem solteiro,funcionário da Jus-tiça do Trabalho,tem direito à licen-ça de 90 dias emcaso de adoção de

criança com menos de um ano. O bene-fício foi concedido pelo Conselho Superiorda Justiça do Trabalho (CSJT) a um ser-vidor público solteiro que havia tido opedido de licença negado administrati-vamente.

O servidor do TRT-15 (Campinas-SP),após ter o requerimento indeferido, re-correu ao TRT, que reconheceu o direi-to. O presidente do tribunal apelou aoCSJT, mas o relator, conselheiro CarlosAlberto Reis de Paula, lembrou que oEstatuto da Criança e do Adolescente(ECA) permite a adoção por qualquerpessoa com mais de 21 anos, indepen-dente do sexo, mesmo não sendo casa-do. A decisão tem caráter normativo ebeneficia os servidores da Justiça doTrabalho na mesma situação.B

Adoção dá direito à licença para solteiro

Isenção de IR em PDV

Súmula 215 do STJ, segundo a qual aindenização recebida por adesão a Pro-

grama de Demissão Voluntária (PDV) não estásujeita a Imposto de Renda, não faz distinçãoentre empregados dos setores privado ou públi-co. O entendimento é da Primeira Seção doSTJ, ao julgar recurso da União, que pretendiamodificar a decisão da Justiça paulista conce-dendo isenção aos funcionários da Eletropaulo(empresa privada) que aderiram ao PDV.

A Fazenda, ao recorrer no STJ, contra oacórdão do TJ-SP, entre diversas considerações,argumentou que a decisão ofende o CódigoTributário. O ministro Luiz Fux citou o Decreto3.000/99, que regulamenta o Imposto deRenda, e explicou que a quantia paga ao tra-balhador pela adesão ao PDV “tem naturezajurídica de indenização e por isso está fora daárea de incidência do Imposto de Renda”. Paraele, tributar esta verba representa avançar so-bre o mínimo garantido ao trabalhador desem-pregado. (RESP 940759) B

H

A

Revista íntima

A Primeira Turma do TST manteve decisãoda JT-BA (5ª Região) que condenou a ItabunaTêxtil a pagar indenização por danos morais auma ex-empregada, submetida a revistas ín-timas. Na ação ela afirmou que as funcionári-as eram obrigadas a baixar as calças e sus-pender a blusa, sob olhares de terceiros, todasas vezes que deixavam as dependências daempresa. A empregada pediu indenização pordano moral de 1.500 salários. O pedido foi jul-gado procedente, mas a 4ª Vara do Trabalhode Itabuna estipulou o valor em R$ 5 mil. Osrecursos impetrados pela empresa no TRT-BAe no TST foram negados. (RR-1124/2006-464-05-00.7)B

Sindicato

A Seção Especializada em Dissídios Coletivos(SDC) do TST considerou ser inconstitucional anorma coletiva que autoriza o sindicato a agircomo locador e gestão de mão-de-obra, cominteresses empresariais. A exceção aplica-seapenas ao setor portuário. O Sindicato Profissi-onal dos Trabalhadores na Movimentação eEnsacamento de Mercadorias e de Cargas eDescargas em Geral de Campinas e Região(Sintracamp) pedia o reconhecimento de umacláusula que permitia a contratação e aloca-ção de trabalhadores avulsos. (RODC – 1699/2004-000-15-00.5)B

Plano de saúde

A Sexta Turma do TST rejeitou agravo de instru-mento do Sindicato dos Trabalhadores em Processa-mento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Sin-dppd-RS), que pretendia manter as condições do planode saúde que vigorou até 2003, para os funcionários daCompanhia de Processamento de Dados (Procempa),de Porto Alegre. De acordo com a entidade, após de-zembro de 2003 foi realizada uma licitação para a subs-tituição, mas houve mudanças no padrão de qualidade,quantidade de exames, e atendimento médico e am-

bulatorial. O Sindicato recorreu à JT a fim de restabelecer o plano anterior, mas o pedido foi julgado im-procedente na primeira e segunda instâncias. (AIRR – 589/2004-012-04-40.0)B

26 MAIO DE 2009

TRABALHO - 3

recente situação en-volvendo a dispensa demais de quatro mil em-pregados pela Embraertraz à tona algumasquestões que mere-

cem ser objeto de reflexão.O fato não deve ser visto de forma isola-

Crise e preservação de empregos

MARCUS ORIONE GONÇALVES CORREIA*

da, mas no contexto de uma série de demis-sões que têm sido promovidas, em núme-ros talvez menos impressionantes, mas nãomenos preocupantes. Assim, a solução nãodeve também ser pensada apenas para estecaso específico, mas de forma global.

Há que se lembrar, ainda, que, ao seencontrar as respostas para o problema,não há mais como se sacrificar os trabalha-dores. No Brasil, nos últimos 15 anos, coma intensificação de práticas de flexibilização,estes foram os que mais perderam emperíodo em que, como demonstraram osresultados da crise, somente alguns acu-mularam riquezas.

Por outro lado, parece-nos, que, primei-ramente, urge que sejamos mais consisten-tes nas políticas públicas envolvendo o em-prego. As mais eficientes são aquelas que

concebem o problema de forma transversal,perpassando os mais diversos setores degoverno. Medidas isoladas ou centralizadasem um único Ministério, em geral, revelam-se pouco eficientes e tendem ao desperdíciodo dinheiro público. O momento sugere umatotal concentração de esforços e a prioriza-ção do problema por parte do governo.

No plano legislativo, por seu turno, acre-ditamos que haja necessidade de quesejam adotadas medidas de maior prote-ção dos empregos. Hoje, o sistema, exce-to em certas hipóteses de estabilidade, tem-se apresentado, para alguns juristas, comoessencialmente aberto à possibilidade dedispensas, como a que se realizou de for-ma coletiva na Embraer. No entanto, umaleitura mais adequada do ordenamentojurídico, como a realizada na recente deci-são que suspendeu provisoriamente taisdemissões, após, infelizmente, reformada,inviabiliza a livre disposição dos postos dotrabalho pelo empregador. Esta interpreta-ção é aquela que temos defendido emvárias de nossas obras, como na recente2ª edição da Legislação Previdenciária Co-mentada, editada pela DPJ Editora. Noentanto, para se evitar leituras divergentesno próprio Judiciário, é de extrema urgên-cia, a ratificação da Convenção n° 158 daOrganização Internacional do Trabalho.

Assim, o interessante seria que o gover-no envidasse mais esforços no sentido denova ratificação dessa convenção, queconta, no momento, com parecer contrá-rio no Congresso. Há que se reverter estatendência, que não reflete a vontade damaior parte dos brasileiros.

Por outro lado, há que se desfazer demitos decorrentes da leitura inadequadaque alguns insistem em propagar da con-venção. Por ela, a demissão é possível,

desde que realmente demonstrada, den-tre outras, a impossibilidade financeira paraa manutenção dos postos de trabalho.Não comprovada, é possível a reintegra-ção dos trabalhadores. Portanto, não setrata de enrijecer o sistema, mas de tor-ná-lo mais justo do que o atual e evitarum mal-estar generalizado como o pro-vocado pela demissão em massa, comose deu no caso da Embraer.

A manutenção dos postos de trabalho,por todos os meios possíveis, faz parte daresponsabilidade social das empresas.Logo, a dispensa, mormente quando cole-tiva, trata-se de medida extrema, que ape-nas pode ser utilizada se comprovado,efetivamente, o esgotamento de toda equalquer outra possibilidade gerencial.

Esta situação é ainda mais dramática emcasos de empresas que obtiveram recur-sos públicos. Para se evitar o desperdíciode tais numerários, veja-se o exemplo deuma das recentes propostas na França nosentido de que empréstimo de verba públi-ca, para a recuperação do setor automo-bilístico, teria como contrapartida a estabi-lidade de seus trabalhadores.

Há que se lembrar, por fim, que, emrecentes discursos, o presidente BarackObama, dos Estados Unidos, deixou claroque a manutenção dos atuais postos detrabalho não é menos importante do quea geração de novos. Se o Brasil deseja,aproveitando-se das suas condições atu-ais, liderar o processo mundial de reversãodo quadro de crise, faz-se indispensávelque a sua atuação seja diferenciada, ofe-recendo alternativas para uma sociedademais justa.B

*Juiz federal e professor.

A

27MAIO DE 2009

TRABALHO - 4

aposentadoria es-pontânea não ex-tingue o contratode trabalho. Essajurisprudência doSTF serviu para a

Seção Especializada em Dissídios In-dividuais (SDI-2) condenar a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa) a pagar indenização sobreaviso prévio, multa de 40% sobre osdepósitos no FGTS relativos aos me-ses que antecederam à dispensa deum funcionário aposentado voluntari-amente.

O autor da ação aposentou-se após35 anos de contribuição à Previdência,mas continuou trabalhando. A Embrapa,ao tomar ciência, dispensou-o sem pa-gar as verbas rescisórias. A empresaalegou que ele não teria direito, porqueo contrato de trabalho estaria automa-ticamente extinto.

O trabalhador entrou com ação, jul-

Aposentadoria não extingue contratogada procedente na primeira instân-cia, mas reformada pelo TRT-6 (PE),que negou o pedido. Depois do proces-so ter transitado em julgado, o apo-sentado ajuizou ação rescisória, tam-bém sem êxito. Entrou com recursoordinário em ação rescisória, negadapela SDI-2.

Interpôs, então, recurso extraordiná-rio. A vice-presidência do TST conside-rou que o STF tem decidido que a apo-sentadoria voluntária não rompe o con-trato de trabalho. O processo foireenviado à SDI-2, que, em novo julga-mento, desconsiderou o acórdão ante-rior e atendeu às reivindicações doaposentado. (ROAR – 681/2006-000-06-00.0) O caso foi motivo, inclusive,de um desmentido do TST sobre a in-formação divulgada de que o empre-gado teria sido obrigado a devolver osbenefícios recebidos. De acordo com oTST, o órgão que teria tomado essadecisão (SDI-3) não existe. B

A

Cópias simples de documentos, semautenticação, poderão ser usadascomo prova em processos trabalhistas.Projeto de lei da Câmara, aprovadopelo Senado, foi sancionado pelo pre-sidente da República no dia 17 deabril, e altera o artigo 830 da Consoli-dação das Leis do Trabalho (CLT).

A nova Lei, nº 11.925/2009, deter-mina que a garantia da autenticidadedas cópias deverá ser dada pelos ad-vogados, que responderão pela veraci-dade das declarações. Foi alterado,também, o artigo 895 da CLT, queagora permite a interposição de recur-so ordinário em oito dias em face dedecisões terminativas e não apenasdefinitivas. A lei entra em vigor em 90dias, após a publicação no DOU.B

Cópias semautenticação Má-fé

A Seção Especializada em Dissídios Individu-ais (SDI-2) do TST manteve decisão do TRT-MSextinguindo três processos trabalhistas da JVComércio, por entender ter havido simulaçãode ações trabalhistas com o fim de obter van-tagens ilícitas. O Ministério Público do Trabalhoquestionou no TRT-MS (24ª Região) a homolo-gação do acordo entre a JV e três emprega-dos, na 1ª Vara do Trabalho de Campo Gran-de. Para o MPT, o processo foi forjado, benefi-ciando a JV que se livraria dos passivos traba-

Deficiente

A Terceira Turma do TST acolheu recursode um empregado da Vivo S.A. deficiente físicoe restabeleceu sentença determinando a rein-tegração ao emprego, além do pagamento doperíodo em que ele ficou afastado. Para a mi-nistra Rosa Weber, a empresa não demonstrouter contratado outro empregado em condiçãoidêntica, ferindo a Lei 8.213/91 que determinaàs empresas com mais de cem funcionáriosque mantenham reserva mínima de cargospara portadores de deficiência ou reabilitados, econdiciona a despedida imotivada desses traba-lhadores à contratação de substituto em condi-ção semelhante. (RR-14/2005-025-04-40.5)

Horas extras II

A Seção Especializada em Dissídios Individuais(SDI-1) do TST rejeitou embargos de uma bancária,que pretendia reverter decisão do TRT-MG (3ª Re-gião), que não autorizou o pagamento integral dehoras extras pelo Unibanco. A SDI-1 entendeu quenão há como aplicar a presunção de veracidade emrelação às horas extras informadas pela requerente,já que os cartões de ponto entregues à Justiça e oshorários relatados pela autora na ação inicial não seconfirmaram. (E-RR – 806106/2001.4)

HIV II

A Oitava Turma do TST rejeitou recurso de revistade um ex-funcionário do Condomínio Edifício MaisonCristal, de São Paulo, que pedia a indenização por danomoral e reintegração no emprego, alegando ter sidodemitido por ser soropositivo. A Turma entendeu nãohaver discriminação, pois todos os empregados foramdispensados. (RR – 2323/2001-029-02-00.8)B

lhistas, e os empregados, que receberiam osaldo do FGTS. O TRT-MS extinguiu os pro-cessos e condenou a empresa ao pagamentode multa por litigância de má-fé, além de no-tificar à OAB-MS, CEF e ao FAT. O TST man-teve a condenação do pagamento de custasprocessuais e excluiu a multa. (ROAR 204/2005-000-24-00.2 / ROAR 206/2005-000-24-00.1 / ROAR 198/2005-000-24-00.3)

28 MAIO DE 2009

À MARGEM DA LEI

caso se passou,dizem,no final da década de70, envolvendo umjuiz da comarca deCampinas e um advo-gado também da terra.

O magistrado, muito trabalhador,costumava encerrar o expediente lápelas seis da tarde, seguindo para asede da Associação dos Advogados,de cujo presidente era muito amigo,para tomar um “uisquinho” e relaxar.

Estava lá o meritíssimo, no final datarde, deleitando-se com o aperitivo,cansado do dia de trabalho intenso equerendo falar de tudo, menos de pro-cesso, de audiência, de escrevente,de oficial de Justiça, etc.

Eis que surge um conhecido advo-gado, daqueles que não têm o famo-so “desconfiômetro”, cumprimenta ojuiz, não espera o convite, senta-se

ao lado e vai introduzindo o assunto:- Oi doutor, foi bom encontrar com

o senhor. Eu tenho um caso compli-cado.

E antes de permitir qualquer pala-vra ou consideração do desditoso in-terlocutor, começa a desfiar o rosário:

- É que meu cliente comprou umamercadoria e blá,blá,blá. Aconteceque se agora eu tomar aquela provi-dência, blá, blá, blá. E se eu partirpara a opção “x” pode acontecer queblá, blá, blá.

O juiz ouve atentamente a quaseinterminável exposição, assim comoa famosa e esperada indagação final:

- O que é que o senhor acha?Feito o silêncio, o magistrado per-

manece ainda algum tempo calado,pára, olha nos olhos do advogado, fin-gindo circunspecção e interesse, eentão, ainda sério, opina:

- Sabe doutor. O caso é mesmocomplicado. Acho melhor o senhorprocurar um advogado.B

*Extraído do livro Causas & Causos, doadvogado e professor Jamil Miguel.

O

LAZERSTJ

STJ é obrigado a escolher trêsnomes da lista sêxtupla, envia-

da pela Ordem dos Advogados doBrasil à Corte há mais de um ano,para a vaga destinada ao QuintoConstitucional da Advocacia. Ou temde rejeitar a lista formalmente, infor-mando os motivos.

A posição é do Ministério Público,em parecer enviado ao STF no recur-so em que a OAB exige que a Cortevote a lista e preencha a vaga. AOAB recorreu ao Supremo depois deo STJ decidir não votar a lista. Emdezembro, o tribunal convidou dois

desembargadores estaduais paracompletar o quadro até que a ques-tão seja resolvida. A decisão de con-vocar o reforço foi tomada pela Cor-te Especial.

A disputa começou em 12 de fe-vereiro de 2008, quando os minis-tros decidiram não escolher nenhumdos seis nomes indicados pela Or-dem. A vaga é decorrente da apo-sentadoria do ministro Pádua Ribei-ro. A Constituição Federal garante aadvogados e membros do MinistérioPúblico um quinto das vagas de juí-zes em tribunais.B

A decisão sobreo Quinto

O

CURSOS SEMINÁRIOS

D IREITO TRIBUTÁRIO I — O Canal Execu-tivo (Rua Adolfo Tabacow,144, Itaim, SãoPaulo) promove de 13 a 15 o treinamentosobre “Nota Fiscal Eletrônica, Sped Fiscal eSped contábil”, com Vera Lúcia Gomes. Infor-mações pelo telefone (0xx11) 3513-9600.

D IREITO TRIBUTÁRIO II — A De Biasi Au-ditores Independentes promove dia 2, das 9à 18 horas, no Hotel Blue Tree Towers (Ave-nida Engenheiro Francisco Lopes Longo, 511,Jardim São Dimas, SãoJosé dos Campos), ocurso sobre “Preenchimento da DIPJ 2009”.Inscrições pelo telefonte (0xx12) 2138-6000ou www.debiasi.com.br

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LE I S TRABALH ISTAS — A Diálogo Socia l

O juiz, oadvogadoe o conselho*

promove dia 19, em Belo Horizonte (das 9às 18 horas), o curso “Leis Trabalhistas, suasArmadilhas e Aplicações no Dia a Dia”, comRogério Mártir. Informações pelo telefone(0xx11) 2281-9643.

PROCESSO C IVIL — O Curso Jurídico, doRio de Janeiro, promove do dia 16 a 6 dejunho o “Curso de Atualização de ProcessoCivil – Série Grandes Juristas”, que terá asparticipações do ministro Marco Aurélio deMello, do STF; do procurador do Estadodo Paraná, Luis Guilherme Marinoni; e doprocurador da República Elton Venturi,entre outros. Informações pelos telefones(0xx41) 3262-5225 e 3083-5225 ou emwww.cursojuridico.com

RECURSOS HUMANOS — O Canal Executivo(Rua Adolfo Tabacow,144, Itaim, São Paulo)promove dias 2 e 3 de junho o treinamento“Gestão de Recursos Humanos” com foco emprevenção de reclamações trabalhistas. Infor-mações pelo telefone (0xx11) 3513-9600.B

29MAIO DE 2009

Einsbein e rosados

GLADSTON MAMEDE*

N o Rio de Janeiro, umaboa sugestão é visitara Casa do Alemão, naqual pode-se com-prar joelhos de por-co defumados (Eins-

bein). Basta levar ao forno e servir commaionese de batatas ou chucrute, compra-do em supermercados. Servido no almoçode um dia quente, o prato ficará perfeito comvinhos rosados (roses), servidos gelados.

Casa Rivas, 2007, 13,5% de álcool,Vale do Maipo, Chile (R$ 23,00). Gra-nada vivo, quase rubi, é mais escu-ro que a maioria dos vinhos rosa-dos. Aroma quase imperceptível,com discretas notas minerais e flo-rais, corpo ligeiro, simples, mas cor-

reto. Fim de boca ligeiramente amargo,com boa duração. Vendido em supermer-

cados.La Linda, malbec, 2007, 13% de ál-cool, Mendoza, Argentina (R$ 29,00).Rubi claro e cristalino, bem vivo, comaromas discretos de cereja e grose-lha. Corpo ligeiro para médio, cremo-so, equilibrado e muito refrescante.

Persistência curta, mas gostosa.Artero, tempranillo, 2006, 12,5% deálcool, La Mancha, Espanha (R$30,00). Cereja claro, com perfumediscreto, quase imperceptível. Cor-po ligeiro, simples e correto, refres-cante, mas sem grandes predica-dos. Retrogosto discreto e rápido.

Importado pela Decanter.Cousiño-Macul, 2007, 14% de álco-ol, Vale do Maipo, Chile (R$ 30,00).Elaborado com uvas cabernet sau-vignon, exibe cor vermelho brilhan-te, bem viva, e um cheiro discreto dedrops de framboesa e pétalas de rosa.Corpo leve, ligeiramente ácido e bem

refrescante, com um ataque à língua pró-prio dos vinhos jovens, notadamente osbrancos leves. Notas de cereja, frambo-eza e folhas verdes frescas. Boa persis-tência, no conteúdo e na duração. Sim-ples, mas bem agradável.

Ervideira III, 2004, 12,5% de álcool,Alentejo, Portugal (R$ 45,00). Cobreescuro, cristalinos, elaborado comuvas aragonês, castelão e cabernetsauvignon. Perfume discreto de ce-rejas, corpo ligeiro, com bom caráter

e estrutura, com alguma complexidade. No-tas gustativas de frutas e flores.Bom final deboca.

Rosato de Aglianico, Feudi di San Gre-gorio, 2004, 13% de álcool, Itália (R$80,00). Cobre e cristalino, tem cheirode cereja sobre discretas nota minerale herbácea. Corpo ligeiro para médio,festivo, mas com boa estrutura e algu-

ma complexidade que o valoriza à mesa. Per-sistência média, com bom sabor. Vendido pelaWorld Wine: [email protected] B

DICA: O mofo na adega climatizadapode ser combatido não só secando elimpando, mas também aplicando Di-vosan, produto que combate fungos.

*Advogado em Belo Horizonte (MG)[email protected]

VALE A PENA

Que avião que nada! Em feriados pro-longados, o melhor é pegar estrada, nocontra-fluxo, sentido interior do Estado. Àsvezes até para um simples bate-volta: boasestradas, boas refeições, gente ótima, verde— apesar da queima da cana. Quando asemana está daquelas, ou mato ou morro:ou fujo pro mato ou fujo pro morro... Minhadireção preferida para o projeto day off éHolambra, a 140 km da Capital. De prefe-rência não em setembro, reservado aos tu-ristas de todo o Brasil. Cidade mais euro-péia do Estado, talvez do País, Holambra,pequenina, calma, rica. A maior exporta-dora de flores do País tem ótimos restau-rantes com cardápios holandeses e indo-nésios, uma doceira de padrão internacio-nal, e flores, muitas flores. Até as cinco datarde, as sobras do leilão do entreposto(veiling) podem ser adquiridas em grandesgalpões, onde ficam expostas. O colorido,o perfume, as formas das flores é um es-petáculo que faz bem à alma e aos senti-dos. Outro lugar supimpa, a 100 Km da-qui: Itu. Uma tranquilidade. Antiquários, mu-seus, o famoso restaurante alemão, a fa-

zenda do chocolate. A celebração da Se-mana Santa é plena de procissões, inclu-indo a dos escravos, com seus batuques,malhação de Judas e a explosão do Capetana praça principal. Imperdível. Joanópolis,a 120 km, é outra boa. Perto de MonteVerde (MG), é lá que fica um dos hotéisholísticos mais interessantes e completos.É um ponto de luz! Silêncio, massagens,ofurô, comidinha orgânica, um bomvinho...Tudo de bom. Na volta, é obrigató-rio conhecer a Cachoeira dos Pretos, commais de 150 metros de altura, dentro deum parque muito bem cuidado.

Caixa Econômica Federal, pormeio do Crediário Caixa Fácil,

vai financiar a venda de “pacotes”nacionais até o valor máximodeR$10mil para pagamento por meiode débito em conta ou boleto bancá-rio em, no máximo, 24 meses. A Cai-xa firmou protocolo de intenções com

a CVC e TAM Viagens, que funciona-rão como correspondentes “CaixaAqui” de crédito do banco. O progra-ma se destina à população com ren-da de até dez salários mínimos, cor-rentistas ou não do banco. A presta-ção mínima será de aproximadamen-te R$ 50,00

Turismo popular

A

Internet

Gladston Mamede

LAZER

Eliane Abrão,advogada.

30 MAIO DE 2009

2 x 6

celina

LAZER

TURISMOROTEIROS E INDICAÇÕES

DE MARIA MAZZA

Ilhéus, de “Gabriela” e Jorge Amado

PreçosO roteiro sugerido é de oito dias/sete

noites, com hospedagem no Village BackDoor Hotel. A diária inclui apenas café damanhã (a cidade é repleta de restaurantes,principalmente os de comidas típicas). Opreço por pessoa, incluindo passagem aéreaSãoPaulo/Ilhéus/SãoPaulo, traslados e passeiopela cidade, custa a partir de R$ 1.554,00 emapartamento duplo, mais as taxas de em-barque. Informações na Lux Travel, telefone(0xx11) 3017-5656.B

enário de novelas e delivros, Ilhéus , 450 quilô-metros ao Sul de Salva-dor, “terra de Gabri-ela”, a “Princesinha do

Sul”, “terra de Jorge Amado”, mistu-ra praias paradisíacas com a históriada colonização e do cacau. Não é a re-gião com mais praias da Bahia (tem 84quilômetros de praias), mas é, certa-mente, uma das mais charmosas.

Ainda preserva centenas de prédioshistóricos e fazendas de cacau, comoa “Primavera”, de 1816, que abrigaum museu, onde pode-se conhecerum pouco sobre o cacau, e que é fa-mosa e nacionalmente conhecida porter servido de locação para a novelaRenascer da “Rede Globo”. Não sepode esquecer do “Bataclan”, antigocabaré de luxo que foi transformadoem espaço cultural, nem do quarteirão“Jorge Amado”, no centro da cidade.

Entre as atrações de Ilhéus figu-ram, ainda, o Ecoparque de Una, umareserva particular do patrimônio natu-ral, com rios, trilhas, e uma passarelasuspensa a 20 metros de altura; a ter-ceira capela rural do Brasil, de 1537,que ainda resiste ao tempo no povoa-do de Engenho de Santana; a LagoaEncantada, um espelho d’água de 5,4quilômetros quadrados, com ilhas flu-tuantes que se movem pela força dosrios; a Casa de Cultura Jorge Amado,palacete onde viveu o escritor, e que édecorado com azulejos ingleses emalto relevo; o Cine Teatro Ilhéus, queabrigou o maior teatro do Norte/Nor-deste, com capacidade para mil espec-tadores e que foi restaurado no iníciodos anos 70,depois de quase ser

destruído por um incêndio; o Mercadodo Artesanato, com doces típicos ebordados locais; o bar e restauranteVesúvio, no centro da cidade, que ser-ve, por incrível que pareça, o que éconsiderado “o melhor quibe do Nor-deste” e que abriga uma estátua deJorge Amado.

Para quem prefere as praias,“Batuba”, em Olivença, a 19 quilôme-tros do centro, é a que tem melhorinfraestrutura e tem como atração as“piscinas naturais”; “Canabrava”, praiade gente bonita e descolada; “dos Mi-lionários”, que abriga os casarõesconstruídos pelos cacauicultores; “SãoMiguel”, no litoral Norte, com umacharmosa vila de pescadores e imen-sos coqueirais; “do Cristo”, que abrigauma imagem com 7,5 metros de alturae que utilizada por quem gosta de es-portes aquáticos; da “Concha”, quetem apenas 100 metros, mas uma vis-ta privilegiada da baia do Pontal e docentro histórico; “do Sul”, consideradaa melhor opção para os mergulhado-res, graças aos recifes que formampiscinas naturais que abrigam os maisdiversos tipos de cardumes.

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30 minutos de São Paulo, atrás daSerra da Cantareira, às margens da

represa “Paiva Castro” (Mairiporã), está oRefúgio Cheiro de Mato,um resort com infra-estrutura completa. No meio da MataAtlântica, o hotel tem 80 mil metros qua-drados, sendo sete mil de área construída emarquitetura rústica, porém sofisticada. Para sechegar ao resort, pode-se deixar o carro àsmargens da represa e atravessá-la de barco.Possui, ainda, heliponto, e oferece passeiosde helicóptero. O hotel está dividido emduas vilas: da Mata e do Bosque, habitats

naturais de tucanos, jacus, preguiças, maca-cos e outros animais silvestres.

A diária para casal, com pensão comple-

ta, varia de R$ 500,00 a R$ 700,00. Umacriança com até cinco anos, no mesmo apar-tamento, não paga, Reservas e informaçõesno telefone (0xx11) 3014-2042. O RefúgioCheiro de Mato fica na Estrada Mairiporã/Francoda Rocha (SP 23), quilômetro 49,3.B

Refúgio Cheirode Mato

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Divulgação

Divulgação

31MAIO DE 2009

u fui à Ilha da Madeira à pro-cura da “Ribeira da Janela”,onde a avó Maria nasceu. Dapequena vila nada restou.Nem mesmo a primitiva igre-ja onde a parte ilhoa da famí-

lia foi batizada.A gula imobiliária acabou apagando a

fisionomia secular do casario que se de-bruçava sobre o mar.

Da partida dos Gouveias, apenas a lem-brança que se esgarça atacada pela mes-ma praga que destruiu parreirais empurran-do velhos e crianças para o oceano ondeembarcaram com ventos soprando emdireção do Brasil.

Junto com os pais e os avós, chegaram asmeninas assustadas diante daquele mundoonde tudo era diferente da paisagem que sedescortina do alto da “Ribeira da Janela”.

Inutilmente correram pelos cafezais naprocura de um carreador que fosse dar nooceano. Vovó Maria e as irmãs Eugênia,que no futuro se casaria com AntônioVeludo, e a “muda” que brilhava em seusilêncio, aprontando travessuras e dizen-do através de gestos, coisas engraçadas,foram unidas, atravessando a vida lado alado, solidárias na dor, na alegria e nasaudade da ilha.

Com a morte de meu avô, que chega àfazenda agonizando, vítima de tocaia, para

A despedida

PAULO BOMFIM

E

expirar em seus braços, minha avó se iso-lou em Cravinhos, entre bichos e árvores.

Já muito doente, quando ia ser interna-da no hospital em Ribeirão Preto, pressen-tindo o fim que se aproximava, vai até ofundo da chácara para se despedir de suasárvores.

Em silêncio, abraça a mangueira, as ja-boticabeiras e as ameixeiras carregadas.

Encosta o rosto nos troncos, e diantede cada uma diz baixinho algumas palavras.

– Estou pronta para partir.Agradeci aminhas amigas, os frutos e a sombra queme deram e pedi que orassem por mim.Prece de árvore prepara o caminho de nossoretorno à terra!

Essa mulher, feita de argila e pranto, foiminha avó Maria.B

Internet

POESIAS

Frio cortanteá fora o frio, vento gelado,

As pessoas apressadas, não sesabe atrás de que,

Autômatos, correndo para otúmulo.

Com medo, nos faróis, nas esquinas.E a moça de arrogante elegância

desfila seu casaco.Na calçada uma senhora charmosa

de lenço no pescoço.As doces putas congeladas, coitadas!Ostentam suas barrigas e coxas à

mostra,Expondo-as à gelidez do tempo.Piscam para mim, na caça de um

cliente.Ao seu lado, vejo os pombos

acasalando no passeio sujo.Busco calor no chocolate quente,O copo por um minuto me faz

companhia,Mas ainda é pouco. Talvez um drink.

Nem mesmo a pipoca no cinema metraz alegria.

A alma está gelada,Reverbera o baixo toldo cinza que

encima a cidade.No escritório, estou na Sibéria.Saindo para a rua aqueço alma.Descubro que a solidão das quatro

paredes é que congelaos sentidos.

Olho para alguns solitários exóticosplátamos.

Sinto a Europa, e num lampejo vejoos cafés.

Penso em você longe,Absorta em alguma montanha, a

divisar a paisagem.Invade-me o teu sorriso, e meu

coração fica perto.Deleito-me nas lembranças do teu

beijo, do teu abraço.E a vida volta novamente a sorrir.B

Marcelo Beserra(Advogado)

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LAZER

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Horizontais

1-Na linguagem jurídica, “defensor”.

2-(Dir.Pen.) Assalto; (Dir.Civ.) Pessoa quese liga a outra por vínculo de afinidade.

3-O tic... da batida do relógio; (Dir.Marít.)Lançar âncora.

4-Do Latim “e”; Símbolo químico do Índio.

5-Vicente..., jurista brasileiro; Abreviaturainglesa de “mister”; Consoantes de “ve-dar”.

6- (D i r .Can. ou D i r . In te rn . Púb l . ) Re-p resentante da Santa Sé jun to a umgove rno e s t r ange i ro ; A s qua t ro p r i -me i ras voga is .

7-Capela fora do povoado, ermida; Siglaautomobilística de San Marino.

8- Pronome pessoal feminino da terceirapessoa; (Dir. Intern. Públ.) Sigla da Foodand Agriculture Organization (Organiza-ção das Nações Unidas para Al imenta-ção e Agr icultura); S ig la do Estado doCeará.

9 - Isolado; Na linguagem jurídica, “registrador.”

Verticais

1-(Dir.Civ.) Relativo à mãe.

2-(Dir.Civ.) Registro de assembléias; Da cor do ouro.

3-(Dir.Constit.) Relativo à Nação.

4-Consoantes de “toque”; Sigla de Certificadode Depósito Alfandegário.

5-Reza, oração, prece.

6-(Dir.Proc.) Imparcial; (Dir.Canôn.) Crença religiosa.

7-(Dir. Inter. Públ.) Abreviatura de “Curso deAperfeiçoamento de Diplomatas”, mantidopelo Instituto Rio Branco.

8 -(Dir.Civ.) Donativo; Saudação jovial.

9 -(Dir.Civ.) Ultrajar, caluniar.

10 - Parte do mar que penetra na foz de umrio; (Dir.Civ.) Possibilidade de ocorrência de umperigo causador de dano ou prejuízo.

11 - Abreviatura inglesa de “senhora”; (Hist.doDir.) Medida de capacidade dos hebreus quecorrespondia a 2.937 l..B

Soluções na página 2

M. AMY

C R U Z A D A S

32 MAIO DE 2009