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Orgão de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal www.crmdf.org.br - [email protected] Revista Ano VIII nº 2 mar./abr. de 2010 ISSN 1807-7285 Planos de saúde têm nova cobertura obrigatória

Edição Mar./Abr. de 2010

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Edição Mar./Abr. de 2010

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Orgão de divulgação do ConselhoRegional de Medicina do Distrito Federalwww.crmdf.org.br - [email protected] Revista

Ano VIII nº 2 mar./abr. de 2010ISSN 1807-7285

Planos de saúde têm nova cobertura obrigatória

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ÉTICA Revista - mar./abr. – 2010

ExpedienteÉtica RevistaISSN 1807-7285Ano VIII, n.º 2, mar./abr., 2010Órgão oficial de divulgação do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal

Diretor responsávelAntônio Carvalho da Silva - [email protected]

CONSELHO EDITORIALAlexandre Morales Castillo OlmedoAlexandre Cordeiro Duarte XavierAntônio Carvalho da SilvaDimitri Gabriel HomarEdna Márcia XavierIran Augusto Gonçalves Cardoso

Jornalista responsável - Viviane C. Viana - RP 3081 / SJP DFEditoração eletrônica - Cartaz Publicidade Arte e diagramação - Marcelo Rubartelly Fotolitos e impressão - Kako Gráfica e EditoraçãoPeriodicidade - BimestralTiragem - 10.000 exemplares

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO DFDiretoriaPresidente - Alexandre Morales Castillo OlmedoVice-Presidente - Iran Augusto Gonçalves Cardoso1.º Secretário - Dimitri Gabriel Homar2.º secretário - Alexandre Cordeiro Duarte XavierTesoureira - Edna Márcia Xavier

Departamento de Fiscalização: Ely José de AguiarFelipe Dias Maciel DinizGustavo Bernardes

CorregedoriaDenise Prado AlvarengaMirza Maria Moreira Ramalho GomesRian Pascoal CampeloOuvidoriaÍcaro Alves Alcântara - Coordenador

Conselheiros ALAN ANTUNES PINTOALEX FABIANE CASTANHEIRA ALEXANDRE CORDEIRO DUARTE XAVIER ALEXANDRE MORALES CASTILLO OLMEDO ANTONIO CARVALHO DA SILVA CAMILO DE LELIS DE MELO CHAVES JUNIOR DANILO LIMA TORRESDAVI CELSO DE SOUZA CRUZ RODRIGUES DENISE PRADO DE ALVARENGA DIMITRI GABRIEL HOMAR EDNA MARCIA XAVIERELY JOSE DE AGUIARFABIO ZANFORLIN BUISSA FARID BUITRAGO SANCHEZFELIPE DIAS MACIEL DINIZGERIVAL AIRES NEGRE FILHOGUSTAVO BERNARDESICARO ALVES ALCANTARAIRAN AUGUSTO GONCALVES CARDOSOJAIME MIRANDA PARCAJAIR SHIGUEKI YAMAMOTOJOSE DA SILVA RODRIGUES DE OLIVEIRAJOSE NAVA RODRIGUES NETO JOSE RICARDO SIMOES JOSELIA LIMA NUNESLEONARDO RODOVALHO LEONILDA MARION LUCIA ELMARA MARTINS PARCA LUIZ ANTONIO RODRIGUES AGUILA MARCELA AUGUSTA MONTANDON GONCALVES MARCELO SALOMAO ROXO MARCIO SALOMAO ROXOMARCOS GUTEMBERG FIALHO DA COSTA MARIA DA CONCEICAO PINTO CORREA ALVESMIRZA MARIA MOREIRA RAMALHO GOMESPROCOPIO MIGUEL DOS SANTOSRENATO ALVES TEIXEIRA LIMARIAN PASCOAL CAMPELO RICARDO THEOTONIO NUNES DE ANDRADEROBERTO DE AZEVEDO NOGUEIRA ROGERIO NOBREGA RODRIGUES PEREIRATATIANA MIRANDA LEITE DE SIQUEIRA

ENDEREÇO

Conselho Regional de Medicina do Distrito FederalSRTVS Quadra 701 – Centro Empresarial Assis Chateaubriand, Bloco II, 3.º andar, salas 301-314, Brasília-DF- CEP 70340-906 Tel.: (61) 3322-0001 Fax: (61) 3226-1312E-mail: [email protected]

Publicação de interesse cultural e distribuição gratuita. Permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que seja citada a fonte. As matérias e os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da diretoria do CRM-DF. Os artigos para a Ética Revista devem ser enviados para o endereço do CRM-DF ([email protected]) ou para o endereço eletrônico da instituição ([email protected]). Caberá ao Conselho Editorial aprovar a publicação. A Ética Revista adota as normas oficiais do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da ABNT, do INMETRO e as normas de Vancouver (bibliografias).

Palavra do Presidente ......................................................................................................2oPinião do Conselheiro ...................................................................................................3ouvidoria ...........................................................................................................................5artigo JurídiCo ............................................................................................................... 21resolução CFM ............................................................................................................. 24notas ............................................................................................................................... 28

Sumário

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19

26

6

16

22

enContro naCional dos Conselhos de MediCina

CrM deCide interditar

hosPital regional

de saMaMbaia

Código de ÉtiCa

MÉdiCa revisado

entra eM vigor

i Congresso de ÉtiCa

MÉdiCa dos estudantes

de MediCina do

distrito Federal

MÉdiCos entregaM

reivindiCações ao

seCretário de saúde

o PrinCíPio da PubliCidade e o artigo 1º do Código de ProCesso ÉtiCo ProFissional dos Conselhos de MediCinado brasil

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Palavra do Presidente

Alexandre Castillo

Presidente do CRM-DFLeviatã

A ciência é impulsionada pela curiosidade que nos é ina-ta. Interessante é observar que essa característica não é apaná-gio exclusivo do homem e, não raro, observarmos animais ab-sortos por suas qualidades de curiosos, o que nos faz pensar que esse desejo veemente de descoberta é algo instintivo nos animais superiores.

O inglês Thomas Hobbes (1588-1679), cujo escrito mais famoso é “Leviatã”, explicou, a seu modo, em sua obra não me-nos importante intitulada “Sobre o Corpo”, como o meio externo afeta a nossa percepção. Segun-do suas palavras: “a sensação é o princípio do conhecimento dos próprios princípios, e a ciência é inteiramente dela derivada”.

De acordo com esse enten-dimento, o conhecimento cien-tífico nasce da interpretação

sob a lente dos nossos sentidos, dessa forma os fenômenos que mais nos marcam são aqueles que, em tese, produzem mais matéria-prima para a construção da ciência.

Nenhuma criação intelectual acompanhou tanto o desenvol-vimento histórico da civilização mundial quanto à busca pelo saber médico, o que é facilmente com-preensível, uma vez que é um as-pecto que envolve a existência de nossas próprias vidas.

Daí nos causa perplexidade o pa-radoxo de ver aquele que se dedica a prática dessa arte milenar — o médico — ser tratado com descaso por um Sistema Público de Saúde engessado. Não podemos nos calar frente a uma situação dessas. Faz-se urgente a implantação da Carreira de Estado para o médico, com ven-cimentos equiparados aqueles do judiciário.

O Poder Público, que trata com justiça e dignidade seus juristas, deve conferir o mesmo decoro aos profissionais da saúde. Afi-nal, se aquele Poder existe para preservar o patrimônio e a ordem social, são os médicos que zelam pela vida e bem estar dos cida-dãos, bem maior de uma nação, o que torna incompreensível o des-caso a que são submetidos.

Leviatã é o nome de uma figu-ra bíblica mitológica, um mons-tro aquático, que Hobbes toma emprestado do livro de Jó para compor o seu clássico. O filósofo empirista o compara ao Estado, um ser detentor do poder, que governa despoticamente.

Estaríamos nós vivendo sob o seu reinado?

Um forte abraço,

Alexandre CastilloPresidente do CRM-DF

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Opinião do Conselheiro

Antonio Carvalho da Silva

é médico formado pela Universidade de

Brasília, com “fellowship nell’Universitá

degli Studi di Roma “La Sapienza”, Itália,

é Doutor em Oftalmologia pela Universi-

dade de São Paulo – FMRP, é conselheiro

do CRM – DF e Editor da Ética Revista,

do CRM – DF.

E-mail: [email protected]

Nem bem começamos e eis que já cumprimos quase um terço do nosso mandato. Posto isso, en-tendemos que o executamos com competência, dinamismo, austeri-dade, transparência e, tão impor-tante quanto todas essas ações, sem casuísmos.

É prazeroso sentir que a comu-nidade médica do Distrito Federal esteja satisfeita com as nossas re-alizações. Afinal, representamos a voz e a vontade da grande maioria dos colegas de profissão, à frente deste Órgão Oficial de Classe. Não obstante sabermos ser impossível agradar a todos, bem como de termos a consciência de que não somos perfeitos.

Aliás, a perfeição não é apaná-gio dos homens, sabíamos de an-tanho. Portanto, na condição de filhos de Eva, com a humildade de aceitar que nem Jesus Cristo, filho de Maria Virgem, foi compreen-

dido por todos os seus contem-porâneos, não teríamos essa vã pretensão.

Contudo, aceitamos as críticas — que serão sempre muito bem vindas — desde que sirvam para aprendermos mais e melhorarmos nossas decisões. Lamentamos, en-tretanto, que alguns — poucos, felizmente — carentes de senso de democracia e responsabilida-de, se escondam por trás do anar-quismo apócrifo, para tentar nos atingir, certamente que em vão.

Assim, é como se comportam, ao criticar os valores dos jetons recebidos pelos conselheiros. Mal sabem esses, que tanto os jetons, quanto os salários dos servidores do CRM-DF estão, ainda, bastante defasados em relação aos de vá-rios outros conselhos regionais e aos do próprio CFM. Salientamos que todos os atos que realizamos, foram assumidos em consonân-

precioso Tempo

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Opinião do Conselheiro

cia e sob prévio acordo com o CFM - que nos fiscaliza - mas que soube entender a situação de es-trangulamento em que se encon-trava nossa instituição. Esclarece-mos assim, que trabalhamos com equilíbrio e transparência. Seria impensável manter um conselhei-ro, trabalhando uma manhã ou tarde inteiras, sendo recompensa-do com ínfima retribuição.

Talvez seja pela razão acima ex-posta, que o quadro de emprega-dos do CRM-DF é extremamente instável. Do último concurso reali-zado, poucos dos que assumiram ainda permanecem na instituição. Assumem, treinam, aprendem e se demitem para trabalhar, inclu-sive, em conselhos de classe de outras profissões que lhes pagam condignamente.

Possivelmente, também é em função disso que residia o maras-mo com que se arrastava nossa autarquia, com amontoados de protocolos, sindicâncias e proces-sos éticos caducando e/ou prestes a caducar, por decurso de prazos, etecétera, tal a carência de pesso-al em número e qualificação para lidar com aqueles documentos.

O DEFIS nunca trabalhou tan-to. Atualmente, estamos em vias de desencadeamento de várias medidas para coibir a situação caótica em que se encontram os

hospitais, postos de saúde e ca-sas de parto da Rede Pública do Distrito Federal. A corregedoria e a ouvidoria também têm sido muito atuantes, não apenas agin-do na dinamização da tramitação dos documentos, como na bus-ca de soluções ágeis, eficientes e duradouras.

Outro aspecto não menos importante é a valorização que te-mos dado as audiên-cias de conciliação. Vários são os casos em que este CRM-DF permitia a tramita-ção de uma situação hostil entre colegas, quando poderia en-cerrar a querela, fazendo as partes porventura litigantes discutirem abertamente o assun-to. Muitas vezes, o que havia era apenas um desentendimento, até mesmo por interpretação errônea de uma sigla anotada em prontu-ário, coisa perfeitamente evitável, quando se colocam os interessa-dos frente a frente para discuti-rem sobre o motivo da questão.

Daí o sucesso obtido com essa política de harmonização, por nós valorizada e que tem encontrado guarida entre os colegas da co-munidade médica.

“É prazeroso sentir que a comunidade médica do Distrito Federal esteja satisfeita com as nossas realizações. Afinal, representamos a voz e a vontade da grande maioria dos colegas de profissão”

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Esperamos com a discussão dos tópicos e orien-tações auxiliar os colegas a otimizarem sua prática médica diária, pautada na ética, atualização e ade-quação profissionais.

RECLAMAÇÕES FREQUENTES:“Quem preencheu meu atestado foi o enfermeiro”“O médico não quis me dar nem atestado”“Não sei se quem me consultou era médico”

EXEMPLOS DE ARTIGOS DO NOVO CEM E RESOLUÇÕES POTENCIALMENTE INFRINGIDOS:

É vedado ao médico:• Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atri-

buições exclusivos da profissão médica.• Art. 3º Deixar de assumir responsabilidade sobre

procedimento médico que indicou ou do qual par-ticipou, mesmo quando vários médicos tenham as-sistido o paciente.

• Art. 4º Deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu representante legal.

• Art. 80. Expedir documento médico sem ter pra-ticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade.

• Resoluções sobre Atestados Médicos do CRM-DF 119/94 e CFM 1658/02 e 1851/08* Vários outros artigos, resoluções pareceres e

afins podem estar envolvidos na dependência de cada caso, individualmente.

DISCUSSÃO:Os atestados médicos são parte do “ato médi-

co” e devem ser obrigatoriamente fornecidos, in-teiramente legíveis como deve ser qualquer docu-mento médico, quando solicitados pelo paciente,

sempre correspondendo estrita e verdadeiramente ao quadro clínico apurado pelo profissional. Podem ser de óbito, vacina, sanidade ou insanidade física e mental e capacidade laborativa mas nunca com fins comerciais.

Quando do seu preenchimento, sempre em papel timbrado (do receituário ou entidade, onde o médico trabalha), NÃO deve ser colocado o CID, a não ser que o paciente solicite e o médico que preenche deve ser identificado pelo seu carimbo (com nome completo e CRM-DF) e assinatura. Caso o médico não possa carim-bar o atestado, além da sua assinatura, deverá escrever seu CRM-DF e nome completo em letra de forma, ple-namente legível.

O atestado médico é um documento de fé pública, ou seja, é sempre reconhecido como verdadeiro, aí resi-dindo a importância de sua veracidade e preenchimento claro. Não deve, portanto, ser fornecido em casos como: atestado gracioso, ou de favor, concedido como forma de “agradar” o cliente e obter alguma vantagem; ates-tado imprudente, dado em favor de terceiros sem ava-liação; e atestado falso, patentemente criminoso.

Tendo-se em vista todo o disposto, adicionalmente aconselho fortemente aos colegas médicos: • NÃO delegue procedimentos a outros profissionais

não médicos, exceto àqueles que possam ser legal-mente executados por esses, sob supervisão médica.

• SEU carimbo e assinatura em um formulário preen-chido por terceiros implicam na admissão de que o conteúdo seja de SUA inteira responsabilidade. Por-tanto, NÃO é conveniente deixar os formulários pre-viamente preenchidos.

• Eventuais irregularidades e dúvidas ainda existentes so-bre atestados e documentos afins deverão ser encami-nhadas ao CRM-DF para apuração e esclarecimentos.

* Fonte de consulta: CFM

Ouvidoria

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Colegas médicos

Dr. Ícaro Alcântara, Conselheiro e Coordenador da Ouvidoria

O objetivo desta coluna é informar sobre os assuntos que mais geram consultas à Ouvidoria deste Conselho, bem como fornecer dicas úteis, rápidas e efetivas sobre como evitar envolver-se em situações que possam, even-tualmente, consistir em infrações ao Código de Ética Médica (CEM).

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Notícias

Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina

Conselheiros debateram a pro-posta de criação da carreira de Estado para os médicos no I En-contro Nacional de Conselhos de Medicina em 2010, realizado entre os dias 03 e 05 de março. O even-to, promovido em Florianópolis, viabilizou também outras impor-tantes discussões para o progresso da medicina no país. A atual situ-ação do ensino médico e os seus desafios para o futuro estavam entre os temas debatidos, além de propostas relevantes para o exer-cício legal da medicina no Brasil; como, por exemplo, o aperfeiço-amento da assistência oferecida pela Rede Pública e Privada e ques-tões relacionadas ao atendimento de urgência e emergência.

Presidente do CFM, Roberto D’Ávila, em debate com os participantes do encontro realizado em Florianópolis.

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Notícias

A diretoria e grande parte dos conselheiros do CRM-DF compareceram ao I Encontro Nacional de Conselhos de Medicina em 2010. Todos consideraram os debates relevantes para o desenvolvi-mento da medicina, bem como para o bom funcionamento dos conselhos regionais.

“É fundamental a união dos conselhos, sindicatos e entidades médicas na luta por melhorias do Sistema de Saúde brasileiro. A nossa força alerta os governantes sobre a necessidade de obtermos condições melhores de trabalho e salários dignos para toda a classe médica”, afirmou Alexandre Castillo, presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal.

O evento reuniu diferentes enti-dades médicas, brasileiras e estran-geiras, além de representantes dos 27 conselhos regionais e membros do Conselho Federal de Medicina (CFM). O encontro foi tão abran-gente que inclui também a presen-ça de autoridades públicas, como o deputado federal Eleuses Paiva (DEM-SP), parlamentar responsável pela PEC que cria a carreira de Esta-do para o médico. O desembarga-dor José Henrique Blasi, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, tam-bém compareceu ao evento e, na oportunidade, elogiou a proposta

do parlamentar. Segundo informa-ções da assessoria de imprensa do CFM, o membro do judiciário acre-dita que a consolidação da propos-ta deverá ser um marco divisor de águas diante da assistência em saú-de oferecida no país.

Outro notório participante do evento foi o educador e escritor Ru-bem Alves. Na ocasião, ele discur-sou sobre os dilemas relacionados à terminalidade da vida, questão que tem chamado a atenção dos profissionais e pacientes, sobretu-do, com o advento de inovações técnica e científicas. Durante a pa-

lestra, o escritor destacou ainda al-guns fatores relevantes existentes na relação entre médico e pacien-te. O encontro proporcionou tam-bém uma mesa de discussão sobre conflitos entre médicos peritos e assistentes e um outro debate so-bre a aplicabilidade do novo Có-digo de Ética Médica (CEM), onde foram destacadas as novas regras, que entraram em vigor no dia 13 de abril. Na oportunidade, os con-selheiros foram orientados sobre a análise e julgamento de proces-sos abertos após a aplicação do novo CEM

PRESENÇA DO CRM-DF

CRM-DF e representantes de demais entidades médicas do país participam do encontro dos Conselhos de Medicina.

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Notícias

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A solenidade de abertura do I Congresso de Ética Médica dos Estudantes de Medicina (CE-MEM) do Distrito Federal reuniu centenas de estudantes e importantes representantes do meio médico, no auditório da Universidade Católica de Brasília. O evento, realizado entre os dias 08 e 10 de abril, contou com a parti-cipação do Presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto D’Ávila, que pres-tigiou os convidados com uma interessante palestra sobre os desafios da ética médica no século XXI. Em seu discurso, o presidente enalteceu o valor da compaixão, do real com-

promisso do médico em acompanhar o seu paciente, de zelar pela saúde do próximo e de se esforçar pela cura do enfermo.

Na ocasião, D’Ávila também parabenizou a iniciativa do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) de realizar o pri-meiro congresso sobre ética médica, voltado para os estudantes. Ao presenciar o auditório repleto, o presidente falou sobre a relevância desse debate nos dias de hoje. “Não é comum atrair a atenção de jovens para assuntos éti-cos. O que é comum é a atração de estudantes para temas direcionados à cirurgia plástica,

I Congresso de Ética Médica dos Estudantes de Medicina do Distrito FederalAtento ao futuro dos profissionais de medicina, o CRM-DF realizou o primeiro congresso voltado para estudantes. Mais de 300 inscritos participaram dos três dias de evento.

Roberto D’Ávila (CFM) e Alexandre Castillo (CRM-DF) ao lado de conselheiros do Distrito Federal e do Espírito Santo.

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Notícias

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dermatologia e novas tecnolo-gias”, afirmou.

Alexandre Castillo, presidente do CRM-DF, reafirmou a impor-tância de se discutir temas rela-cionados à ética, ao lembrar o momento histórico que a medi-cina se encontra, referindo-se ao início da vigência do novo Códi-go de Ética Médica. Ao destacar pensamentos de filósofos, como Baruk Spinoza, iniciador do pen-samento iluminista, Castillo fi-nalizou o seu discurso ao citar o valor do atual ordenamento da medicina, no qual estão atuali-zados conceitos e normas que vigoram há mais de 21 anos.

Nos demais dias do congresso, foram debatidos outros temas, pautados no cotidiano da me-dicina, como o segredo médico para os estudantes; prontuário — responsabilidade do estudan-te; consulta médica — limites do estudante; pesquisa em células-tronco; o SUS que temos e o SUS que queremos; respeito ao cadáver e peças de anatomia e o Código de Ética Médica do Es-tudante. Duante o evento, ocor-reram ainda debates, palestras e mesas de discussão.

Preocupada com a qualidade do congresso, a comissão orga-nizadora de eventos do CRM-DF, integrada pelos conselheiros Farid Buitrago, Josélia Nunes e Procópio Miguel, reuniu profis-sionais conceituados como pa-lestrantes. Entre os participan-tes, estava o conselheiro Aloísio Tibiriçá (segundo vice-presiden-te do CFM); o Dr. Marcos Gutem-

berg Fialho (presidente do Sindi-cato dos Médicos); a Dra. Glória Andrade (vice-diretora do Curso de Medicina – FACIPLAC) e o Dr. José Saraiva (presidente da Aca-demia Brasileira de Medicina). “É uma honra organizar um evento com profissionais conceituados, que possam ensinar e acrescen-tar informações relevantes a es-ses jovens. Somos os primeiros a nos preocupar com os estudan-tes de medicina”, afirmou Farid

Alexandre Castillo (CRM-DF) em discurso sobre a importância da ética na medicina.À sua direita, o conselheiro Farid Buitrago (CRM-DF), organizador do evento.

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O Conselho Regional de Medicina atendeu o pedido do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e vistoriou a unidade de saúde do Paranoá, em 18 de março, para averiguar as condições de trabalho da regional, sobretudo no que se refere ao quantitativo de funcio-nários da unidade e a disponibilidade de recursos materiais para o atendimento da população. Durante a fiscalização, verificou-se que o Hospital Regional do Paranoá (HRPa) atende uma população

de 250 mil habitantes, provenientes do Paranoá, São Sebastião, Condomínio Itapuã e, inclusive, pacientes de Unaí e demais regiões do entorno.

Para atender essa demanda, a unidade dispõe atualmente de 240 leitos gerais, desses 50 estão desativados. Foi consta-tado que os leitos ativos estão distribuí-dos entre o pronto-socorro, que possuía 37 leitos em funcionamento, além de 34 leitos de enfermaria na maternidade (AL-CON), 20 eram destinados a enfermaria

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Fiscalização

Hospital Regional do Paranoá - HRPa

Sala semi-intensiva pediátrica.

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da Pediatria, 16 eram destinados a clínica cirúrgica, oito para a UTI e 10 leitos para a UTI neonatal. Já no setor de Obstetrícia havia oito leitos tipo PPP (Pré-natal, Parto e Puerpério) e quatro leitos para observa-ção. O hospital disponibilizava ainda 38 leitos de enfermaria para a ortopedia e cirurgia do HBDF.

Havia também a previsão de abertura de 12 leitos para a Unidade Semi-Intensiva pediátrica, que aguardava apenas a aqui-sição de materiais especiais para o funcio-namento do setor, além de monitores, res-piradores, entre outros equipamentos. A sala de emergência pediátrica também ne-cessitava de aparelhos de suporte básico à vida, como monitores, oxímetros e respi-radores. Já no centro obstétrico, faltavam monitores multiparamétricos e conserto do foco cirúrgico para a abertura de uma

segunda sala para o setor. Foi constatada ainda a falta de determinados instrumen-tos para cirurgia geral e insumos para ci-rurgias de emergência.

Durante a fiscalização, verificou-se ainda que a sala de procedimentos, relacionada ao Pronto-Socorro Ortopédico, funciona-va na antiga área da anatomia patológica. O déficit de profissionais foi outra irregu-laridade encontrada pelo CRM-DF na uni-dade. A farmácia, por exemplo, não fun-cionava à noite e nos finais de semana por falta de pessoal. Verificou-se ainda que o déficit de médicos impedia o pleno fun-cionamento da Clínica Médica, pois dos 36 leitos existentes no setor, apenas 20 estavam ativos. Na ocasião, a fiscalização do CRM-DF verificou que o espaço esta-va ocioso devido à inexistência de clínicos para atender à demanda de todo setor.

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Fiscalização

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Sala de emergência que necessitava de aparelhos

de suporte básico à vida.

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O setor de fiscalização do CRM-DF e o Ministério Público (MPDFT) encontraram irregularidades em diferentes setores do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), conhecido como Real Sociedade Espanhola de Beneficência, ao vistoriarem a unidade no dia 19 de abril. Na ocasião, constatou-se que o hospital não operava em sua plena capacidade, o número de leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por exemplo, era insuficiente. A emergência tam-bém não atendia a demanda do hospital, apresentava um número excessivo de pacientes, que aguar-davam horas para serem atendi-dos. As enfermarias e os box de emergência encontravam-se da mesma forma, estavam lotados e atendiam além da sua capaci-

dade, determinados pacientes chegavam a ficar internados em cadeiras. A ala de espera para consultas não era diferente, apre-sentava-se repleta de pacientes e os mesmos chegavam a aguardar mais de seis horas para serem atendidos, alguns esperavam sen-tados no chão.

Durante a fiscalização, verifi-cou-se ainda que determinados serviços eram tercerizados, assim como o de remoção. Contudo, a empresa que prestava tal ativi-dade não estava registrada no CRM-DF, como determina a Lei 6.839/80 e a Resolução do CFM 1.716/04. Constatou-se também que a unidade hospitalar pos-suía comissões que não estavam atualizadas no Conselho, con-forme exigem as resoluções do

CFM 1.638/02 e 1.657/02. Vale destacar que a relação do corpo clínico do HRSM também estava desatualizada junto ao CRM-DF. Havia, inclusive, informações so-bre a existência de médicos que atuavam no referido hospital sem o devido registro junto ao Conselho Regional de Medicina, conforme exige o Código de Éti-ca Médica, em seu inciso III.

Em relação às escalas, os fis-cais foram informados que não havia médico escalado exclusi-vamente para o box de emer-gência. Apesar de apareceram, após alguns minutos, dois mé-dicos para reavaliar os pacientes ali internados. Vale ressaltar que os agentes de fiscalização não tiveram o acesso devido ao sis-tema de escala.

de Santa Maria - HRSMHospital Regional

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Fiscalização

Pacientes aguardavam horas para serem atendidos nas emergências e consultas do HRSM.

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Samambaia - HRSamHospital Regional de

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Fiscalização

Conselheiros e servidores da fiscalização do CRM-DF reuniram-se com a diretoria do Hospital Re-gional de Samambaia (HRSam), com o Promotor de Justiça do Pró-SUS, Dr. Jairo Bisol, e com o Dr. Franz Rulli Costa, ambos re-presentantes do Ministério Públi-co (MPDFT), para discutir sobre as deficiciências da unidade de saúde e as possíveis soluções para reverter o quadro do hospital. Durante o encontro, realizado em 12 de abril, foram expostas pelo então Responsável Técnico diver-sas irregularidades no hospital de

Samambaia. Entre as deficiências citadas, estavam: a morosidade na instalação dos vários equipa-mentos do setor de radiologia, a deficiência do sistema de ar con-dicionado nos setores de procedi-mentos cirúrgicos e a carência de profissionais, principalmente de clínicos e pediatras.

Diante das situações expostas, o CRM-DF decidiu realizar uma nova vistoria no HRSam, em 15 de abril, para averiguar o cenário geral da unidade. Na ocasião, foi constata-do que havia dois RX móveis e o único aparelho fixo apresentava-

Hospital Regional de Samambaia - HRSam

Equipamentos de radiologia encaixotados nos corredores

da unidade devido ao atraso na obra.

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Notícias

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o problema se estendia há cerca de dois meses e prejudicava a re-alização de procedimentos nes-ses setores.

Em relação ao quantitativo de médicos, os fiscais obtiveram de-poimentos sobre a falta de anes-tesistas. Foi dito, por exemplo, que um único profissional atendia con-comitantemente um parto cesárea e outra cirurgia, ferindo os precei-tos da Resolução CFM 1.802/06. Para sanar a deficiência de recur-sos humanos da anestesia, segun-do documento da própria chefia da especialidade, seria necessária a contratação de, no mínimo, seis médicos anestesiologistas, além da aquisição de equipamentos fun-damentais para o procedimento anestésico seguro, como monito-res multiparamétricos. Já o serviço de neonatologia precisaria de mais

se inoperante. Embora existissem dois novos aparelhos de RX fixos, os mesmos ainda estavam encai-xotados nos corredores do hos-pital. A instalação desses equipa-mentos dependia da compra de equipamentos de ar condicionado e de algumas reformas na estru-tura que, por sinal, estavam em andamento desde 2009.

Já o mamógrafo e o aparelho de ecografia, ambos novos, esta-vam em funcionamento, apesar de ocuparem a mesma sala. Se-gundo promessas da diretoria, os equipamentos seriam realocados após o término das reformas nos setores de imagem e radiologia. Havia ainda outro aparelho de ecografia que também depen-dia de sala para sua instalação. A obra existente no hospital im-possibilitou também a acomoda-

ção do tomógrafo, que também já havia sido adquirido e encon-trava-se encaixotado, da mesma forma que os demais aparelhos citados anteriormente.

O setor que abrange a gineco-logia, obstetrícia e neonatologia apresentava déficit de médicos e falta de medicamentos impres-cindíveis para o atendimento. No momento da vistoria, veri-ficou-se ainda que apenas um, dos dois elevadores existentes, estava em funcionamento e o mesmo ainda não atendia o co-mando de subir para os andares superiores. Dessa forma, alguns pacientes eram deslocados pelas escadas e, às vezes, chegavam a ser carregados pelos funcioná-rios. Constatou-se também de-feito no ar-condicionado do cen-tro obstétrico e centro cirúrgico,

Pacientes aguardam atendimento no

espaço interno do pronto-socorro.

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DEPARTAMENTOS MARÇO / ABRIL

Fiscalizações 128

Ouvidoria 104

REGISTROS

• Médico

• Especialidade

• Empresa

416

344

42

Consultas apreciadas 2

Sindicâncias apreciadas 63

Processos Éticos julgados 7

Verifique a atuação do CRM-DF nos meses de março a abril de 2010

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Notícias

cinco novos médicos de 20 horas semanais, ou seja, 100 horas se-manais para cobrir a demanda dos plantões e para também oferecer a assistência necessária ao centro obstétrico e enfermaria.

A situação era ainda pior na clínica médica do pronto-socorro, tendo em vista o grave déficit de médicos existente no setor, o que prejudicava o atendimento con-tínuo e adequado para a popu-lação. Na época da fiscalização, a referida clínica contava com um total de 360 horas semanais, distribuídas entre 13 médicos, in-cluindo aqueles que estavam de licença médica ou férias, além da carga horária da chefia. Para um funcionamento ideal do setor, deveria haver a contratação ime-diata, em média, de 17 médicos clínicos, com carga horária de 20 horas semanais, conforme relata-va os documentos da própria che-

fia. A situação geral de médicos era tão preocupante que alguns médicos chegavam a cumprir 48 horas de plantão ininterruptos, devido as falhas na escala. Os mé-dicos permaneciam em suas ativi-dades por estarem impedidos de deixar o plantão, conforme dita o art. 9º do novo Código de Ética Médica (CEM). Porém, tal situação certamente transgredia todas as leis trabalhistas, direitos humanos e limites das condições físicas e mentais.

O box de emergência do Pron-to-Socorro era outro local da uni-dade que não oferecia a estrutura adequada. Durante a vistoria, por exemplo, foi detectado que o setor apresentava um número reduzido de aparelhagem básica, necessária para atender os pacientes de alta gravidade. Faltava, entre outros equipamentos, distribuidores de gases (oxigênio e ar comprimido),

além de ventilador, eletrocardio-grama, oxímetro de pulso e acesso rápido à gasometria. Vale destacar ainda que a enfermaria também estava sem carrinho de parada, equipamento imprescindível ao suporte básico à vida. O setor de pediatria, por sua vez, necessitava de 14 médicos, com 20 horas se-manais. A falta de segurança dos médicos e funcionários do Pronto-Socorro era outro fator importan-te, identificado pela equipe de fis-cais do CRM-DF. Segundo relatos do livro de ocorrências, médicos e funcionários do setor recebiam constantes ameaças, agressões verbais e até físicas. Dentre as de-mais irregularidades, foi identifica-do também que não havia atendi-mento em ortopedia, obrigatória num serviço de Pronto-Socorro, conforme determina a Resolução CFM 1.451/95 e a Portaria da Anvi-sa nº 2.048/2002.

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A situação precária dos hospitais da Rede Pública do Distrito Federal não é novidade para a população, mas o cenário encontrado na unidade de saúde de Samambaia era ainda pior. No intuito de reverter a condição caótica existente no hospital, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, o Sindica-to dos Médicos, o Ministério Público local, a diretoria e parte do corpo clínico da unidade reuniram-se, no dia 28 de abril, para estudar uma estratégia que solu-cionasse tamanha precariedade. Após a exposição de todos os fatores de risco apresentados pelos médicos da unidade, o corpo clínico e o sindicato dos médicos votaram, por unanimidade, a favor da interdição éti-ca no hospital, que foi realizada, no início do mês de junho, por meio de uma ação do CRM-DF.

A falta de equipamentos, a precária estrutura e o déficit de médicos no Hospital Regional de Samambaia inviabilizavam o atendimento à população e prejudicavam a segurança dos médicos.

CRM-DF decide interditar Hospital Regional de Samambaia

Da esquerda para a direita: Promotor Jairo Bisol (Pró-Sus - MPDFT), Dr. Gutemberg Fialho (SindMédico-DF), Dr. Iran Augusto (CRM-DF) e Dr. Ely Aguiar (Fiscalização - CRM-DF) reúnem-se em defesa de melhorias no HRSam.

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Notícias

Na ocasião, a unidade apre-sentava um sério déficit de mé-dicos, o que gerava prejuízo no atendimento. Os plantões che-gavam a funcionar com apenas um médico e alguns setores já ficaram sem nenhum especialista na escala, o que certamente não atendia a demanda do hospital. Desse modo, os poucos médicos que restavam no quadro ficavam sobrecarregados e chegavam a realizar plantões sucessivos, acumulando uma carga horá-ria desumana de até 48 horas seguidas, o que normalmente é restrito a 12 horas, gerando as-sim um sério desgaste profissio-nal. Outro fator que prejudica-va o atendimento era a falta de leitos e de estrutura. O box de emergência atendia apenas um paciente com instabilidade respi-ratória, devido a única saída de oxigênio e ar comprimido do lo-cal. Constatou-se também a falta de equipamentos e insumos, sem

contar a ausência de manuten-ção dos poucos aparelhos que restavam no hospital, como era o caso do eletrocardiograma e do gasômetro.

Todas as irregularidades des-critas foram constatadas nas fis-calizações do CRM-DF, realizadas há um ano e no último mês de abril. Vale destacar também que foi observada, durante a última vistoria, uma considerável pio-ra na estrutura da unidade. “O CRM-DF averiguou, em 2009, que faltavam equipamentos no hospital e havia uma obra não concluída no local. Em maio des-te ano, verificamos que a unida-de possuía novos equipamen-tos, obtidos há nove meses, mas os mesmos ainda não haviam sido instalados devido o atraso na obra”, afirmou Ely Aguiar, conselheiro e responsável pelo setor de fiscalização do CRM-DF. Foi verificado também pelo Conselho que todos os médicos

empossados, nos dois últimos concursos, já tinham pedido exoneração do cargo, devido às péssimas condições de trabalho e a sobrecarga de serviço encon-trada na unidade.

As enfermarias, por exemplo, não possuíam ao menos um des-fibrilador e um monitor cardíaco (carrinho de parada), essencial ao atendimento emergencial e de internação. Não havia tam-bém respirador/ventilador mecâ-nico no pronto-socorro, o único aparelho disponível encontrava-se na Unidade de Terapia Intensi-va (UTI). “O problema estrutural é grave, cito, como exemplo, a situação do único elevador em funcionamento do hospital, que carrega pacientes, lixo e cadáve-res.”, desabafou uma pediatra do hospital. Os demais médicos presentes na reunião também alegaram insatisfação com as condições de atendimento e com a precária estrutura do hospital,

Corpo clínico do HRSam e demais presentes aprovaram, por unanimidade, a realização da interdição ética na unidade de Samambaia.

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afirmaram estar estressados no am-biente de trabalho e enfatizaram a alta responsabilidade do corpo clí-nico diante da vida dos pacientes, que enfrentavam enormes filas de espera e não eram atendidos ade-quadamente, devido a falta de con-dições da unidade. “Os pacientes ainda acreditam que a culpa é do médico por esperarem oito horas para serem atendidos. Muitas vezes, somos até agredidos verbalmente”, acrescentou uma doutora, do setor de Clínica Médica.

O vice-presidente do CRM-DF, Iran Augusto, citou alguns direitos dos médicos previstos pelo Código de Éti-ca Médica durante a reunião. Entre os artigos mencionados, foi destaca-do que é direito do médico “apontar falhas em normas, contratos e práti-cas internas das instituições em que trabalhe, quando as julgar indignas do exercício da profissão ou preju-diciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nes-ses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição”. Diante dos assuntos expostos, Iran sugeriu aplicar a interdição ética no Hospi-tal Regional de Samambaia. Todos os presentes concordaram com a ação, entre eles, o Dr. Gutemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos, o Dr. Jairo Bisol, promotor de justiça do Ministério Público do DF e Territórios, além do corpo clí-nico da unidade. “Não aguentamos mais atender nessas condições, sem infra-estrutura. Os médicos também

têm limites, devemos exigir melho-res condições de trabalho, por isso procuramos o apoio do CRM-DF”, afirmou outra médica da unidade de saúde de Samambaia ao votar a favor da interdição da unidade.

Vale destacar ainda que o Conselho decidiu, em plenária, enviar um ofício à diretoria do hospital, à Secretaria de Saúde e ao GDF, solicitando pro-vidências imediatas, que viabilizassem o atendi-mento adequado. Se não houvesse solução para os casos relaciona-dos à unidade, no prazo de 15 dias após o rece-bimento do documento, o CRM-DF interditaria parcialmente o pronto-socorro da unidade, nos setores de Clínica Médica e Pediatria. A interdição ocorreu de fato em 08 de junho, um dia após a nova fiscalização do CRM constatar que a Secretaria de Saúde não havia tomado nenhuma providência para reverter as irregularidades existentes no hospital. Após a ação do CRM-DF, os clínicos e pediatras do HRSam fi-caram impedidos de atuarem nessas especialidades, até que a situação da unidade melhorasse. Entre as so-luções esperadas, estava a contrata-ção de 26 médicos concursados para a Clínica Médica e 14 para a pedia-tria, totalizando 40 novos médicos; além de aquisições de novos apa-relhos, insumos e mais segurança para os médicos.

“Não aguentamos mais atender nessas condições, sem infra-estrutura. Os médicos também têm limites, temos que buscar melhores condições de trabalho, por isso procuramos o apoio do CRM-DF”Profissional da unidade desaúde de Samambaia

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O SindMédico/DF entregou ao secretário de Saúde, Joaquim Bar-ros, a pauta de reivindicações da classe para o ano de 2010, em reu-nião realizada no dia 11 de feverei-ro, na sede do sindicato. O evento contou com representantes de to-das as entidades médicas: Antônio Ribeiro,do CFM; Alexandre Cas-tillos, presidente do CRM-DF; José Mestrinho, da AMB; Lairson Rabe-lo, presidente da AMBr; e José Leite Saraiva, da AMB, além do deputa-do distrital, Dr. Charles (PTB).

Em 16 itens, os médicos cobram do Governo, melhoria de condi-ções de trabalho, com a reforma

de hospitais; garantia de equipa-mentos e medicamentos; respeito à lista de remoção, e principalmen-te, a revisão dos contratos de ter-ceirização e a valorização do SUS.

O secretário e sua equipe visita-ram pela primeira vez o sindicato. Na ocasião, ele prometeu estudar todas as propostas, mas adiantou que a prioridade de sua gestão será a valorização do SUS e asse-gurou que é contra o processo de privatização dos hospitais da Rede Pública. Algumas propostas apre-sentadas pelos médicos seriam atendidas de imediato, como a contratação de médicos.

Médicos entregam reivindicações

ao Secretário de Saúde

Dr. Alexandre Castillo (CRM-DF), o Dr. Gutemberg Fialho e demais integrantes da classe médica reúnem-se com o secretário Joaquim Barros para reivindicar melhorias no Sus.

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Notícias

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REIVINDICAÇÕES RESPOSTA DO SECRETÁRIO

Operacionalizar o Comitê de Avaliação de Gestão da SES; cria-do pela Secretaria de Saúde para, junto com a classe médica, avaliar, sugerir e melhorar o trabalho realizado.

Convidou as entidades médicas presentes a participar do co-mitê e garantiu a sua operacionalização.

Reativar a Fundação Hospitalar do DF (FHDF) como funda-ção pública de direito público; para garantir maior autono-mia para os hospitais.

Disse que é favorável a FHDF para dar mais autonomia aos hospitais públicos.

Estender jornada de 40 horas aos médicos interessados, subs-tituindo horas extras por horas contratuais e conceder jorna-da de 40 horas aos radiologistas.

Disse que os médicos interessados nas 40 horas devem procurar as chefias imediatas e que aguarda parecer jurídico para esten-der às 40 horas para os radiologistas, impedidos por legislação.

Contratar os médicos aprovados em concurso, antes que o prazo de validade expire, de acordo com as necessidades, nas diversas especialidades. Promover educação continuada nas diversas es-pecialidades.

A SES convocou 215 médicos aprovados no último concurso para nomeação imediata. E mais 400 seriam contratados me-diante concurso que será realizado até junho.

Disponibilizar instalações adequadas aos repousos médicos. Concordou com a reivindicação e disse que vai buscar solução para o problema.

Garantir melhores condições de trabalho com uma política de melhoria de infraestrutura com reforma das estruturas físicas danificadas dos hospitais e centros de saúde, conserto e subs-tituição de equipamentos sucateados e a devida reposição de medicamentos e insumos básicos.

Reconhece que o desabastecimento é sério, mas admite en-traves na liberação de recursos para reformas imediatas. Vai trabalhar pela valorização dos médicos.

Garantir a ocupação de cargos privativos de médicos, em ge-rência de postos de saúde, chefias de equipe e de emergência médica, proibindo a nomeação de profissionais de outras áreas e de nível médio.

É contra a ocupação de cargos exclusivos de médicos por ou-tros profissionais e vai regularizar a situação. Pediu que seja informado quando isso ocorrer.

Dar celeridade aos processos de pedidos de aposentadoria e averbação do tempo de serviço insalubre com a mesma finalida-de, em acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Vai solicitar à Subsecretaria de Fator Humano para verificar a situação.

Pagar as folhas suplementares pendentes dos anos de 2002/2009, referentes as horas extras, promoções, progressões e rescisão contratual, abonos de permanência, além de outras verbas pendentes.

Alegou que não tinha conhecimento do assunto e disse que vai analisar a reivindicação.

Garantir, com rigor, o cumprimento da Lista de Remoção. Vai cumprir a lista e os critérios.

Garantir manutenção dos exames de imagens nos finais de semana, inclusive com assistência técnica.

Vai pedir a revisão dos contratos para garantir assistência téc-nica e manutenção dos equipamentos.

Exigir da gestão dos hospitais, a determinação para que o mé-dico não seja obrigado a atender fora da especialidade para a qual foi aprovado em concurso.

Concorda que os médicos não devem ser pressionados para atender fora da especialidade, inclusive, pela segurança do próprio médico.

Elaborar uma política de resgate da residência médica e crono-grama para concurso anual evitando atrasos na contratação. Vai estudar o assunto para evitar novos atrasos.

Fim da política de terceirização e privatização dos hospitais da Rede Pública do DF com valorização do SUS.

É contra a terceirização e vai priorizar o SUS, mas não falou sobre a possibilidade e rever os contratos.

Confira a pauta apresentada pela classe médica

Fonte: SindMédico-DF

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Artigo Jurídico

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Dr. Rafael Santana e Silva

Consultor Jurídico do CRM-DF

OAB-DF nº 18997.

O médico, ao praticar um ilícito no exercício profissional, pode ser respon-sabilizado em três esferas distintas de acordo com a natureza do ato. Assim, um ato médico nefasto que viola a inte-gridade física do paciente em virtude da inobservância da literatura, por exem-plo, pode levar o profissional ao banco dos réus nas searas cível, criminal e ad-ministrativa. Destaca-se, oportunamen-te, que a pretensão em cada uma das esferas é distinta, visto que a primeira tem o intuito de indenizar o ofendido, ou seja, a vítima, por meio de uma com-pensação financeira, buscará minorar os efeitos do ato. Por outro lado, o médico também pode sujeitar-se a limitação de direitos preciosos, a exemplo da liberda-de, isso na hipótese de sua atuação ser considerada criminosa. Por fim, ainda há a hipótese de punição administrati-va, que dentre outras pode levar à cas-sação do registro profissional.

As faltas cíveis e criminais como é de conhecimento notório são discutidas e apuradas no seio do Poder Judiciário, não havendo necessidade de se verifi-car previamente se o médico atua no meio militar ou civil. Todavia, quando se trata de ilícito administrativo, a com-petência pode recair tanto para o Con-selho Regional de Medicina, quanto para a Força singular respectiva, tudo a depender da natureza do vínculo a que o profissional está submetido, esse é o sentido do estatuído no artigo 5.º da lei 6.681/79:

Art. 5º Os médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos mili-tares, no exercício de atividades técnico-profissionais decorrentes de sua condição militar, não es-tão sujeitos à ação disciplinar dos Conselhos Regionais nos quais estiverem inscritos, e sim, à da Força Singular a que pertence-rem, à qual cabe promover e

calcular a estrita observância das normas de ética profissional por parte dos seus integrantes.

Assim, verifica-se que se o ato foi cometido por médico militar no exer-cício de atividade técnica decorrente da sua condição puramente militar, a competência para o conhecimento da infração e posterior julgamento é da Força singular a que está vinculado. Neste prisma é de se concluir que os Conselhos de Medicina não possuem legitimidade, por força de lei, para fis-calizar os atos médicos estritamente militares, muito embora haja opinião em sentido contrário.

Muitos Conselhos Regionais e o próprio Conselho Federal de Medicina adotam o posicionamento que afron-ta a supramencionada lei. Para eles o simples fato de o médico pertencer a uma corporação militar não subtrai o dever dos órgãos supramencionados de fiscalizar o exercício profissional. Na visão das Autarquias, o médico pelo simples fato de revestir a condi-ção militar não deixa de ser médico, logo o ingresso no meio militar não seria incompatível com as prerrogati-vas dos Conselhos de Medicina.

Apesar de compreensível, o en-tendimento esposado não é o mais adequado, posto que afronta a lei específica sobre o tema. O dever fis-calizatório das instituições que zelam pelo exercício profissional não é ili-mitado, na medida em que encontra restrição na mencionada lei 6.681/79. Vale elucidar que os Conselhos apenas podem fiscalizar o ato médico militar quando este também exercer a medi-cina fora do regime castrense, tudo à luz do parágrafo único do artigo 5.º da lei de regência, vejamos:

Lei 6.681/79 - Parágrafo único. No exercício de atividades profissionais

não decorrentes da sua condição de militar, ficam os médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos militares sob a jurisdição do Conselho Regio-nal no qual estiverem inscritos, que, em caso de infração da ética profis-sional, poderá puni-los dentro da es-fera de suas atividades civis, devendo em tais casos comunicar o fato à au-toridade militar a que estiver subor-dinado o infrator.

Pelo exposto, respeitando as opi-niões contrárias, entendemos que os Conselhos de Medicina, em regra, não podem processar médicos militares, especialmente quando existe exclusi-vidade no desempenho das atividades médicas no seio da força respectiva. Deste modo, inexiste legitimidade do Conselho no que tange a fiscalização desses atos médicos e por consequ-ência aplicar punições ao militar mé-dico. Para que essa situação seja alte-rada mister se faz a revogação da lei 6.681/79, enquanto isso não acontecer os entendimentos em sentido oposto são desprovidos de amparo legal.

Assim, verifica-se que os argumentos da corrente que advoga a possibilidade de o Conselho punir o médico militar na situação supramencionada é despida de razoabilidade, até porque não existe in-dícios de que a lei em análise não foi re-cepcionada pela Constituição Federal, o que torna sua observância obrigatória.

É curial mencionar que excepcio-nalmente, pode o Conselho de Medi-cina apurar falta do médico militar, desde que o referido profissional cometa o ato fora das atribuições castrenses, ou seja, quando se tratar de irregularidade no exercício de sua atividade como médico civil. Essa é a única hipótese em que a competên-cia para apurar o ato de médico mili-tar se circunscreve às atribuições dos Conselhos de Medicina.

A competência para processar e julgar falta disciplinar cometida por médico militar em atividade castrense.

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Código de Ética Médica revisado entra em vigor

A atual Carta Magna da Medicina considera a saúde pública um bem estar da sociedade e preserva a independência profissional do médico. O Código resgata também os princípios básicos na relação entre médico e paciente.

O auditório do Conselho Fe-deral de Medicina (CFM) estava repleto de autoridades públicas, de membros de entidades médi-cas e de representantes dos con-selhos regionais de todo o país, na manhã do dia 13 de abril. A solenidade registrou o primeiro dia de vigência do atual Código de Ética Médica, revisado, atua-lizado e ampliado, após um in-tenso trabalho da Comissão Na-cional de Revisão, integrada por representantes da classe médica e dos conselhos regionais, que analisaram mais de 2.600 suges-tões encaminhadas por médicos, membros da sociedade e institui-ções de todo o país, ao longo de dois anos. Todo esse trabalho foi

reconhecido e prestigiado tam-bém pelos Conselhos Regionais de Medicina de todo país, entre eles, o CRM-DF, representado na solenidade pelo presidente, Ale-xandre Castillo, e pelos demais membros da autarquia.

Roberto D’Ávila, presidente do CFM, congratulou o trabalho de toda a equipe que se empenhou na criação do atual ordenamento. Para ele, o Código vigente signi-fica “um contrato firmado pelos médicos com os pacientes, com os colegas de equipe e com a sua profissão”. O Presidente afirmou também que o ordenamento atual trata de questões morais contem-porâneas e resgata o diálogo entre o médico e o seu paciente, visando,

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Notícias

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Roberto D’Ávila (CFM) discursou sobre a importância do Código de Ética Médica. Entre as autoridades presentes, estava o ministro da Saúde José Gomes Temporão, último à direita.

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ÉTICA Revista - mar./abr. – 2010

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com isso, a beneficência. “Não es-quecemos os conceitos do passa-do e aumentamos a visão do futu-ro”, alegou D’Ávila ao demonstrar respeito pelas normas anteriores, que estiveram em vigor por mais de 22 anos. Ele ressaltou ainda determinados pontos abordados pelo atual código, como as ques-tões direcionadas aos gestores, professores e pesquisadores.

Já o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que também compareceu à solenidade, consi-derou a vigência do atual Código um momento importante para o Sistema de Saúde e para o brasilei-ro. Ele elogiou a redação do novo texto e afirmou que a leitura do ordenamento médico vigente é de fácil compreensão. Segundo ele, a clareza dos incisos reflete a partici-pação de diversos profissionais na elaboração do Código, entre eles, médicos, advogados, promotores e filósofos, o que também gerou uma abordagem ampla nas ques-tões ligadas à medicina. Temporão defendeu também a política de humanização e alegou que isso é proposto pelo atual Código de Éti-ca Médica. “O atual ordenamento é universal, insere pessoas, pesqui-sadores, professores e a socieda-de”, afirmou o Ministro.

Entre os demais presentes es-tava o deputado federal Rafael Guerra, o senador Augusto Bo-telho, o vice-presidente Eduardo

Santana (FENAM) e o Dr. José Luiz Dantas Mestrinho (AMB). Com-pareceram também à solenidade, representantes do Ministério Pú-blico, como o promotor de justiça Diaulas Ribeiro e representantes de diversas entidades médicas. Na ocasião, os parlamentares pre-sentes citaram, em seus discursos, os pagamentos vis e as condições inadequadas de trabalho ofereci-das pela Rede Pública de Saúde, o que reduz, segundo eles, o desem-penho do médico e de sua equipe. Por fim, o senador Augusto Bote-lho também parabenizou os pa-cientes que agora têm uma carta que regula o seu atendimento.

Vale destacar ainda o conten-tamento dos representantes do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) na

solenidade, tendo em vista que os mesmos acompanharam to-das as etapas de revisão do Có-digo de Ética Médica, inclusive o Dr. Ricardo Theotônio, que parti-cipou do processo de seleção das propostas, juntamente com a Comissão de Revisão Nacional. O conselheiro afirma que a atualiza-ção é de suma importância, não apenas para o exercício médico, como também para toda a socie-dade, após tantas modificações comportamentais e tecnológicas que ocorreram desde a criação do primeiro Código. Theotônio defende que “o novo texto alia a medicina à evolução dos tem-pos. Essa revisão veio adequar o atendimento médico às mudan-ças sociais e ao desenvolvimento tecnológico e científico”

Conselheiros Regionais do DF e o Conselheiro Federal, José Antônio Ribeiro, prestigiam a solenidade que marcou o início da vigência do atual Código de Ética Médica.

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O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas pela Lei n° 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n° 44.045, de 19 de julho de 1958, respectiva e poste-riormente alterados pela Lei nº 11.000, de 15 de de-zembro de 2004, e Decreto nº 6.821, de 14 de abril de 2009, e

CONSIDERANDO o disposto contido no art. 2º e nas atribuições constantes do art. 15 da Lei nº 3.268/57;

CONSIDERANDO a natureza jurídica de direito pú-blico da instituição Conselho Federal de Medicina, bem como o munus do qual é dotada;

CONSIDERANDO que a relação médico-paciente é o alicerce fundamental do exercício da Medicina, de-vendo ocorrer de forma autônoma, sem condicionan-tes estranhas à mesma;

CONSIDERANDO que a Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminação de qualquer na-tureza;

CONSIDERANDO que o médico não pode, em qual-quer circunstância ou sob qualquer pretexto, renun-ciar à sua liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restrições ou imposições possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho;

CONSIDERANDO que a Medicina não pode, em qualquer circunstância ou de qualquer forma, ser exercida como comércio;

RESOLUÇÃO CFM Nº 1939/2010(Publicada no D.O.U. de 09 de fevereiro de 2010, Seção I, p. 75)

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Resolução

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Proíbe a participação do médico em promoções relacionadas com o fornecimento de cupons, cartões de descontos e demais documentos previstos nesta resolução para a aquisição de medicamentos, e dá outras providências.

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ÉTICA Revista - jan./fev. – 2010

Resolução

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CONSIDERANDO que o trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lu-cro, finalidade política ou religiosa;

CONSIDERANDO que é veda-do ao médico exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, laboratório farmacêuti-co, ótica ou qualquer organização destinada à fabricação, manipula-ção ou comercialização de produ-to de prescrição médica de qual-quer natureza;

CONSIDERANDO que é vedado ao médico obter vantagem pela comercialização de medicamentos, órteses ou próteses cuja compra decorra da influência direta em vir-tude de sua atividade profissional;

CONSIDERANDO que a prática da promoção relacionada com o fornecimento de cupons ou car-tões de descontos para a aquisi-ção de medicamentos baseia-se na constituição de um banco de dados com informações clínicas e a consequente estratificação e qualificação de usuários saudá-veis e diagnosticados de acordo com o risco;

CONSIDERANDO que a utiliza-ção dessa metodologia caracteriza-

se como prática cujos objetivos são eminentemente comerciais;

CONSIDERANDO que o médico, ao se inserir como peça indispensá-vel para esse tipo de promoção de vendas da indústria farmacêutica, exerce a Medicina como comércio, atuando em interação com o labo-ratório farmacêutico;

CONSIDERANDO que ao for-necer o cupom ou o cartão para descontos, aderindo às regras da promoção que envolve a trans-missão de dados, o médico pra-ticamente revela o diagnóstico na medida em que possibilita seu conhecimento por inferência a partir da prescrição, o que fere o sigilo profissional;

CONSIDERANDO o dispos-to no art. 16, do Decreto-Lei nº 20.931/32, alíneas c, g e h;

CONSIDERANDO que a prática comercial citada induz ao consu-mo de medicamentos e a siste-matização sem qualquer critério na utilização de medicamentos de uso contínuo, visto que, igual-mente, há a indução do paciente a pensar sobre a desnecessidade de um controle médico periódico da doença que o acomete;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na reunião plenária reali-zada em 14 de janeiro de 2010,’’

RESOLVE: Art. 1º É vedado ao médi-

co participar, direta ou indi-retamente, de qualquer espé-cie de promoção relacionada com o fornecimento de cupons ou cartões de descontos aos pacientes, para a aquisição de medicamentos.

Parágrafo único. Inclui-se nes-sa vedação o preenchimento de qualquer espécie de cadastro, formulário, ficha, cartão de in-formações ou documentos asse-melhados, em função das pro-moções mencionadas no caput deste artigo.

Art. 2º Esta resolução entrará em vigor na data de sua publica-ção, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, DF, 14 de janeiro de 2010

Roberto Luiz D’Ávila Presidente Henrique Batista e SilvaSecretário-geral

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Artigo

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Por meio da Resolução CFM 1.617, de 16 de maio de 2001, positivou-se o novo Código de Processo Ético Profissional – CPEP, dos Conselhos de Medicina do Brasil e, com isso, buscou-se uma maior adaptação as novas reali-dades sociais e, principalmente, à condução do procedimento ins-taurado em decorrência de possí-vel violação as normas éticas que regem a profissão médica.

O presente estudo tem por es-copo uma abordagem acerca do contido no artigo 1º do CPEP, es-pecialmente no que tange ao si-gilo ali previsto. É de se destacar que no Código vetusto não existia tal previsão. Encontra-se o refe-rido artigo vazado nos seguintes termos: “o Processo Ético Profis-sional, nos Conselhos de Medici-na, reger-se-á por este Código e tramitará em sigilo processual”.

Dentro do ordenamento jurí-dico pátrio, notadamente diante dos processos que tramitam pe-rante o Poder Judiciário, a idéia da publicidade é ínsita e constitui a regra (CF, art. 83, inciso IX), sendo certo que a lei somente restringirá a publicidade de atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Ade-

mais, somente os casos expressa-mente discriminados pela própria lei (CPC, art. 155) escapam ao princípio da publicidade e consti-tuem exceção.

Em um sistema processual de-mocrático a publicidade é essen-cial, pois, dessa forma, é possível garantir uma efetiva participação no processo e se resguardar o di-reito de peticionar e de provar. A democracia, portanto, não se coa-duna com o que é secreto ou com o que não é notório. Destarte, por meio da publicidade a fiscalização é efetiva e maior, sendo certo que é possível evitar abusos e suspei-tas. Além disso, constitui função educadora pela propagação de idéias e incentiva a justiça. Inúme-ras, portanto, são as vantagens de um sistema público.

Se de um lado a publicidade é inerente ao processo democrático e a segurança jurídica, por outro lado, a própria Constituição Fede-ral assegura que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-ra e a imagem das pessoas (CF, art. 5º, inciso X). Certamente, a exegese da norma contida no art. 1º do CPEP visa o escopo transcri-to na Constituição, ou seja, asse-gurar ao médico que se encontra

O princípio da publicidade e o Artigo 1º do Código de Processo Ético Profissional dos Conselhos de Medicina do Brasil

JOÃO MARCOS DE WERNECK FARAGEEspecialista em Direito Proces-sual Civil pelo Instituto Brasilei-ro de Direito Processual – IBDPEspecialista Docente em Direito Processual Civil pelo Centro Universitário do Distrito Federal – UniDFEspecialista Docente em Direi-to dos Contratos pelo Centro Universitário do Distrito Fede-ral – UniDFPós graduando em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SPAdvogado e sócio do escritório Farage & Farage Advogados Associados S/S

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Artigo

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denunciado por supostas infrações ao contido no Código de Ética Mé-dica - CEM, responder a tal pro-cesso com a segurança de que sua imagem e demais atributos da per-sonalidade serão resguardados.

É notório que nos tempos atuais, em decorrência da mas-sificação da medicina, aliado a falta de educação para litigar, os profissionais da medicina encon-tram-se expostos como nunca antes. Com o fito de se evitar um desgaste da imagem e da moral do médico denunciado é que a norma em questão determinou que os Processos Éticos Profis-sionais - PEP terão seu tramite em sigilo, bem como em razão do fato que o processo visa apu-rar condutas e não execrar publi-camente o médico.

Tamanha a importância dos direitos da personalidade, que o legislador positivou no atual Código Civil um Capítulo para re-gulá-los (CC, art. 11), sendo eles intransmissíveis e irrenunciáveis. Tal normatização demonstrou a opção política da sociedade em oposição aos doutrinadores con-trários a sua existência e a sua natureza, pois argumentavam que não poderia haver direito do homem sobre a própria pessoa, eis que isso justificaria o suicídio, dentre outros.

Sob o ponto de vista mera-mente positivo, direito seria aquilo que o ordenamento reco-nhece como tal, assim, somente haveria direitos de personalida-

de se normatizados pelo Estado. Contudo, entendem os doutos que tais direitos seriam inatos ao ser humano, constituindo um mínimo necessário e impres-cindível. Assim, seriam “direi-tos cuja ausência torna a per-sonalidade uma suscetibilidade completamente irrealizável, sem valor concreto: todos os outros direitos subjetivos perderiam o interesse para o indivíduo e a pessoa não existiria como tal.”1

Identifica-se, portanto, os di-reitos da personalidade em razão dos diferentes componentes da estruturação física, psíquica e mo-ral da pessoa, de acordo com sua condição como indivíduo e como ser social. Destarte, os bens tutela-dos são: os físicos, como a vida; o corpo; as partes do corpo; a efígie ou a imagem; a voz; o cadáver; a locomoção e; os psíquicos, como a liberdade de expressão, de culto e de credo; a higidez psíquica; a intimidade; os segredos pessoais e os profissionais; os morais como o nome; a reputação ou a boa fama; a dignidade pessoal; a mo-ral de autor ou inventor; o sepul-cro e outros. O sigilo processual constante do CPEP visa assegurar a moral, a fama e a fidúcia do mé-dico denunciado.

Portanto, a norma de sigilo inserida no bojo do artigo 1º do CPEP se coaduna com os precei-tos constitucionais e legais que tratam da matéria. Assim, em que pese haver uma aparente antino-mia entre as normas que tratam

sobre o princípio da publicidade e as que tratam sobre o sigilo, por opção política, deu-se maior rele-vância ao sigilo, em razão de se buscar preservar o médico no seu meio social, familiar e profissional. Assim, relevante e legítimo o sigi-lo processual inserido no CPEP.

O imperativo, portanto, de sigi-lo diante do PEP instaurado deve ocorrer de maneira plena, sob pena de nulidade absoluta. Assim, é possível crer que por extensão, em ocorrendo à instauração de um PEP, tendo vários médicos denun-ciados, se esses médicos assistiram o paciente em momentos diferen-tes, em circunstâncias distintas e, até em hospitais diversos, deve o processo ser dividido entre eles, para que haja o devido resguardo previsto na norma. Tal possibilida-de fica ainda mais evidente diante de casos em que o PEP tem como denunciante o próprio Conselho de Medicina ex officio.

Conclui-se, portanto, que o Conselho Federal de Medicina ao inserir no bojo do artigo 1º do CPEP norma prevendo o sigilo do PEP buscou resguardar o médico denunciado de sofrer danos incer-tos e de difícil reparação, em razão de uma publicidade negativa e deturpada. Deu-se prevalência ao sigilo em detrimento da publicida-de, em decorrência da realidade social atual, o que não desnatura, tampouco, tira a legitimidade de tal norma, que busca assegurar direito da mais alta relevância: os direitos da personalidade

1. BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 5ª ed., Forense Universitária, 2001, p. 6.

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Notas

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ser, no máximo, de duas páginas em formato A4, acompanhados de fotos.

RADECO

reunião anual

dos dermatologistas

do centro-oeste

12ª

30, 31 de julho e 01 de agosto de 2010

Data: 30,31 de julho e 01 de agosto de 2010.Local: Centro de Convenções Brasil 21, sala Santa Cruz, piso superior Foyer 4.SHS Quadra 06 – Lote 1 – Conjunto A Setor Hoteleiro Sul – Brasília – DFInscrições: http://cenacon.com.br/eventos/2010/radeco

Dias: 04 a 06 de agosto de 2010.Local: Centro de Atividades Culturais e Científicas da AMBr - BrasíliaInscrições: www.sbu-df.org.brInformações: (61)3445-2411/(61)8433-4018

II Congresso de Urologia no Distrito Federal e II Jornada de Urologia em Enfermagem

12ª Reunião Anual dos dermatologistas do Centro-oeste

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