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PRÉMIO MARÇO DE 2011 • ANO VIII • 0,01 EUROS • TRIMESTRAL • DIRECTOR ÁLVARO MENDONÇA internacional o desafio de dilma rousseff, presidente do brasil cip António Saraiva Restam as empresas para estimular a economia portuguesa unitel Miguel Martins O peso do mercado empresarial tem tendência a crescer millennium angola José Reino da Costa Banco duplica número de clientes e regista crescimento a dois dígitos ANÍBAL CAVACO SILVA o percurso do presidente reeleito de portugal. o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas e o primeiro-ministro que mais tempo permaneceu em funções.

Edição Março 2011

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internacional o desafio de dilma rousseff, presidente do brasil

congresso advogados lusófonos reúnem-se em lisboa

cip

António SaraivaRestam as empresas para estimular

a economia portuguesa

unitel

Miguel MartinsO peso do mercado empresarial

tem tendência a crescer

millennium angola

José Reino da CostaBanco duplica número de clientes

e regista crescimento a dois dígitos

ANÍBAL CAVACO SILVA

o percurso do presidente reeleito de portugal. o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas

consecutivas e o primeiro-ministro que mais tempo permaneceu em funções.

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6 A ABRIR16 ENTREVISTA António Saraiva, presidente

da CIP20 CALENDÁRIOS 2011 Eventos mundiais em

destaque24 OPINIÃO Raúl Marques, Banif Gestão

de Activos26 ANÁLISE Estudo Banca Angolana30 ANÁLISE Millennium Angola

34 ANÁLISE Millennium bim36 OPINIÃO Urban Larson, F&C38 NEGÓCIOS Telecomunicações42 NEGÓCIOS ‘New Media’

na Cunha Vaz & Associados46 COOPERAÇÃO Casa da América Latina50 INTERNACIONAL O Brasil de Dilma Rousseff

54 INTERNACIONAL Colômbia58 MOÇAMBIQUE Energia62 SUSTENTABILIDADE Energia64 SOCIEDADE Ensino66 PERFIL Pedro Rezende, presidente

da A.T. Kearney Portugal68 INICIATIVA Conferências do Palácio

72 INICIATIVA Prémio Barclays 74 INICIATIVA Cisco76 MARKETING Taxiinteractivo77 OPINIÃO Lourenço Bray, MYBRAND78 ARTE Exposição de Paula Rego

no Brasil80 ESCAPADELA Turismo de aldeia Póvoa Dão

84 EVENTO Essência do Vinho86 LIFESTYLE Os 150 anos do Fato90 LIFESTYLE Fátima Lopes em Luanda92 LIFESTYLE Cortiça portuguesa

na Sagrada Família94 AUTOMÓVEIS Bentley Continental GT98 OPINIÃO Rodrigo Queiroz e Melo,

AEEP

Março 2011 » PRÉMIO » 3

SUMÁRIO

FICHATÉCNICA

MARÇO

2011

DIRECTOR Álvaro Mendonça

DIRECTOR DE ARTE Pedro Góis

DESIGNER Ana Oliveira Pinto

SEDE/REDACÇÃO Av. Duque de Loulé, 123, 7.º 1050-089 Lisboa

IMPRESSÃO Sig, Sociedade Industrial-Gráfica, Lda.Rua Pêro Escobar, 21, 2680-574 Camarate - Lisboa

CRC LISBOA 13538-01

REGISTO ERC 124 353

DEPÓSITO LEGAL: 320943/10

PROPRIEDADE/EDITOR Just Leader, SA

CONTRIBUINTE 506 567 516

TIRAGEM 1500 exemplares

10 TEMA DE CAPAPerfil de Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República

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Editorial

4 » PRÉMIO » Março 2011

O EXCELENTE ANO DE 2011

Ao contrário do que muitos possam pensar, 2011 será um ano de recuperação económica. Os bons tempos passarão à margem dos países periféricos da União Europeia, onde o peso do Estado e da dívida externa limitam o potencial de crescimento. O bloco de

países que a “The Economist” apelidou como PIGS, referindo-se ao conjunto formado por Portugal, Itália, Grécia e Espanha (Spain em inglês), pode afinal retratar com exactidão a periferia endividada e com problemas da União, se trocarmos o I de Itália pelo da Irlanda.

Fora deste quarteto com problemas, no entanto, 2011 será um ano de forte crescimento. Alemanha, Rússia, Turquia, China, Índia e Brasil, são apenas algumas das grandes economias que crescerão a um ritmo igual ou até mesmo superior a 3,0%. Com excepção dos PIGS, todos os países da UE vão crescer mais do que 1%, com as economias mais a leste a acelerarem para próximo dos 3,0%. Mas é nos países emergentes da Ásia, África e América do Sul que vamos encontrar os campeões do crescimento. Um sinal claro que o equilíbrio da economia mundial está a mudar.

Portugal à parte, o espaço da lusofonia será também um bloco a todo o vapor. O PIB angolano deverá crescer 7%, o de Moçambique 6,5% e o do Brasil rondará os 4,5%, com São Tomé e Príncipe a acompanhar o ritmo. Na Guiné-Bissau, as últi-mas estimativas apontam para 3,5% e em Timor para uns impressionantes 7,9%. Boas perspecti-vas para os países que falam o português.

A alta dos preços das matérias-primas, da inflação e das taxas de juro não são mais do que sinais de que a crise está a ficar para trás. Nos ciclos de retoma, a subida dos produtos alimentares, do petróleo e das ‘commodities’, dos preços no consumidor e do custo dos financiamen-tos são fenómenos normais, que servem de estabilizadores automáticos e evitam o sobreaquecimento das locomotivas económicas do mundo.

É claro que os habituais analistas não deixarão de clamar contra os perigos de uma alta excessiva do petróleo, da inflação e dos juros. Mas esses são exactamente os mesmos que, há três anos, com a crise económica pela frente, nos garantiam que o barril do petróleo atingiria os 200 dólares num curto espaço de tempo e que depois se seguiria uma inflação galopante e um disparar dos juros. Embora seja sempre

interessante olhar para o que nos dizem os analistas, o certo é que não vale a pena levá-los demasiado a sério.

Antes de mais, porque os bancos centrais na Europa, nos EUA, na China, em Angola ou até mesmo na Rússia, estão de olho na inflação e podem rapidamente restringir a liquidez na economia. Angola é aliás um bom exemplo de como um banco central atento pode gerir uma si-tuação complicada. Mas é também levar em conta que taxas de inflação e de juro na ordem dos 3% a 5%, não trazem nada de mau para o cres-cimento económicos. Os últimos três anos, com inflação quase nula e crédito fácil e barato, é que foram uma situação excepcional.

Finalmente, há ainda que contar com tudo o que o mundo apren-deu com esta crise. Hoje, o sistema financeiro está mais sólido e, me-lhor que tudo, muito mais vigiado pelos supervisores. As empresas

que sobreviveram à tempestade da crise estão mais capitalizadas e competitivas e têm menos concorrência desleal. Os mercados laborais estão muito mais liberalizados, os sectores públicos emagreceram e os bancos reforçaram-se. As novas tecnologias estão a abrir-nos as portas de uma nova economia. E até os poderes políticos perceberam que a condução dos países deve levar em conta os interesses da economia e dos negócios.

O mundo está melhor do que quando começou a crise. E se 2011 será um ano de franca recuperação, a solução para os países com pro-blemas talvez passe por olharem para fora e descobrirem novas geo-grafias que os ajudem a crescer de novo. Olhar para fora. Eis uma boa sugestão para 2011.

Álvaro Mendonça

A solução para os países com problemas talvez passe por olharem para fora e descobrirem novas geografias que os ajudem a crescer de novo.

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A abrir» BREVES

CATÓLICA Global School of Law nomeia representante no Brasil

A Católica Global School of Law, que foi recentemente seleccionada pelo Financial Times para integrar a restrita lista de prestigiadas escolas detentoras dos melhores programas mundiais de LL.M. (Legum Magister), as pós- -graduações que permitem o acesso ao grau de Mestre em Direito, nomeou o académico e advogado João Mattamouros Resende seu representante no Brasil. A nomeação deste repre-sentante, efectiva desde 1 de Janeiro, constitui um importan-te reforço da rede internacional da Católica Global School, através da aposta na presença em mercados estratégicos. A abertura da representação brasileira, beneficiando dos contactos intensos já existen-tes com as mais prestigiadas entidades académicas e empre-sariais daquele país, permitirá um contacto de proximidade com os potenciais candidatos à frequência do LL.M da Católica Global School of Law.

Corticeira Amorim lucra 20,5 milhões de eurosO resultado líquido da Corticeira Amorim ascendeu a 20,5 milhões de euros, em 2010, quadruplicando o lucro de 5,1 milhões de euros obtido no exercício anterior.As vendas consolidadas atingiram os 456,8 milhões de euros, um crescimento de 42 milhões de euros. Para este resultado é de registar a contribuição da Unidade de Negócio Rolhas, que viu as suas vendas consolidadas subirem cerca de 13% em termos homólogos.

JOSÉ MOURINHO É O HOMEM DO MILLENNIUM

Novo rosto da comunicação

O N

ÚM

ERO

Mais de 6.500 colaboradores do Millennium bcp permaneceram em silêncio e no escuro do Pavi-

lhão Atlântico, em Lisboa, no passado dia 12 de Fevereiro, para serem surpreendidos com o anúncio da contratação de um novo colaborador. No enorme ecrã, instalado no palco da mega-sala multiusos da capital,

surge um homem vestido de negro. A plateia, surpreendida, rejubila em

aplausos. No filme, o novo rosto do banco dispara: “Há quem me ache arrogante por dizer o que penso. Por me consi-derar o melhor. O número 1. Mas não é exactamente as-sim. Eu não sou o melhor, mas ninguém é melhor do que eu… Simples-mente me entrego de alma e coração ao que faço. É isso que temos em comum. Quero dizer-vos em primeira mão que a partir de hoje também eu sou

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Março 2011 » PRÉMIO » 7

JOSÉ MOURINHO É O HOMEM DO MILLENNIUM

Mota-Engil brilha com Innovcenter

“Já pensou que a sua ideia pode fazer a diferença?”. Este é o mote de uma platafor-ma de comunicação interna ‘online’, desen-volvida pela Mota-Engil para dar voz a todos os colaboradores dispersos pelas várias geografias em que o grupo está presente. A plataforma Innovcenter foi distinguida pela NIelsen Norman Grupo, como uma das dez melhores intranets para 2011. O sistema é aberto a todos os colaboradores da empresa e possibilita a partilha de ideias, experiências e o desenvolvimento das

mesmas. A plataforma foi desenvolvida por uma parceria entre a Mota-Engil Engenha-ria e a WeListen, que forneceu consultoria e o ‘software’, utilizando como base a tecnologia da Telligent, líder na área do ‘software’ colaborativo. A implementação da plataforma foi feita por departamento, englobando mais de 500 colaboradores de oito direcções. Sete meses após a sua implementação foram apresentadas mais de 100 ideias, das quais 40 estão a ser desenvolvidas ou já foram implementadas.

ITERNACIONALIZAÇÃO

Renova abre pop-up store no El Corte Inglès de Sevilha A Renova internacionalizou um espaço inovador para os seus produtos ‘premium’, com a abertura da primeira ‘pop-up store’ da marca em Espanha, no El Corte Inglès de Sevilha. A ideia foi originalmente desenvolvida pela Renova em Portugal, seguindo experiências seme-lhantes nos últimos meses em vários centros comerciais do país, onde disponibiliza toda a gama de produtos com cores e formatos múltiplos para Papel Higiénico, Rolos de Cozinha, Guardanapos ou Lenços de Papel.

CONTAS PÚBLICASAutarquias com ‘superavit’ em 2010 Os municípios portugueses estão a contri-buir para a melhoria das contas públicas, tendo passado de um défice agregado de 732,4 milhões de euros, em 2009, para um excedente de 81 milhões no ano que passou. De acordo com dados divulgados pela Direc-ção-Geral do Orçamento, há uma melhoria

de 88% no saldo global das Autarquias, um resultado conseguido, sobretudo, à custa da redução de 7,1% na despesa efectiva e do aumento de 2,5% nas receitas. A redução da dívida financeira em 64,5 milhões de euros foi outro dos factores que justificam a melhoria.

Millennium”. Após estas breves palavras, José Mourinho, mexeu na lapela do casaco e ajeitou o crachá com o “M”, inicial e uma das logo marcas do Millennium bcp. Os seus mais de 6.500 novos colegas exulta-ram com a revelação de um acordo, que foi um segredo bem guardado: O Millennium bcp contratara, no início de Fevereiro, e em segredo absoluto, José Mourinho, o melhor treinador do mundo eleito pela FIFA, para ser o rosto de toda a comunicação do banco.Além do filme exibido no Pavilhão Atlânti-co, todos os colaboradores presentes na reu-nião receberam nos seus telemóveis uma mensagem de voz do “Special One”. Nela, José Mourinho incentivava os novos colegas a fazerem sempre melhor e explicava-lhes a táctica vencedora: “Partilhamos o mesmo espírito de vitória e entramos sempre para ganhar. Temos sempre a ambição de sermos os melhores. É por tudo isso que me sinto Millennium. E estarei ao vosso lado todos os dias para vos ajudar a vencer”, prometeu, rematando com a frase que, doravante, será também a assinatura do maior banco privado português: “O nosso trabalho é a nossa paixão”. Liderança, consistência, solidez e sucesso são os valores comuns ao Millennium bcp e a José Mourinho, actual treinador do Real de Madrid. Ao escolher José Mourinho como a sua imagem, o Millennium bcp “aposta no ataque ao mercado com uma figura carismática, que corporiza os valores de trabalho, paixão e sucesso”, explica um comunicado do banco.

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A abrir»

Acordo de geminação entre Bissau e PraiaBissau e Praia, capitas da Guiné Bissau e de Cabo Verde assinaram, no final do mês de Fevereiro, um acordo de geminação. Este acto político de aproximação entre as duas capitais é um passo significa-tivo para a dimensão lusófona da cooperação sul-sul.

Volume de negócios do sector segurador vale 10% do PIBO sector segurador em Portu-gal movimentou em 2010 um volume de negócios na ordem dos 16,3 mil milhões de euros, mais 14% do que em 2009, o que equivale a quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Os resultados de exploração terão atingido os 420 milhões de euros no exercício, de acor-do com as contas provisórias agregadas de 90% das segu-radoras a operar no mercado. Para esta evolução concorreu a expansão do segmento Vida (17%), que representa já perto de 75% da produção. A sua expansão, num quadro de grande instabilidade dos mer-cados financeiros, reflecte a atracção dos aforradores por produtos com reduzido risco e rendimentos garantidos. Não obstante as anunciadas limitações às deduções fis-cais, o interesse dos aforrado-res pelos Planos de Poupança Reforma (PPR) não esmore-ceu. O volume total de PPR sob gestão das seguradoras aumentou 11,5%, em 2010, para 14,6 mil milhões de euros, e as contribuições dos subscritores subiram 3%.

Pela primeira vez no mundo empresarial, uma empresa de comuni-cação e relações públicas lidera o ‘ranking’ de volume de negócios da Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e Marketing (APAP). A Cunha Vaz & Associados alcançou esta proeza, que muito se orgulha. “Sabemos que é um resultado não recorrente, mas sim extraordinário. No entanto, vamos procurar alcançar sempre resultados tão bons ou melhores do que este”, afirma António Cunha Vaz, CEO da Cunha Vaz & Associados. “Mais importante que liderar o ‘ranking’ é ter um EBITDA muito positivo e ser um empregador responsável, mesmo em época de crise. Quanto ao resto, há que trabalhar para merecer o futuro!”, acrescenta. A APAP centralizou dados dos seus 48 associados de maneira a dis-ponibilizar ao mercado um ‘ranking’ relevante na caracterização do sector, dando a possibilidade de fazer comparações entre associados da mesma área e entre todos, tendo por base as contas que as em-presas apresentam ao Estado. Actualmente a APAP abarca agências que exercem actividades de publicidade, marketing digital, marke-ting relacional, eventos e activação de marcas e relações públicas e comunicação.A associação elaborou três ‘rankings’ diferentes, partindo de dados distintos referentes ao ano de 2009. Um dos ‘rankings’ apresenta a grandeza dos associados de acordo com os seus resultados ope-racionais (EBIDTA), outro por volume de negócios e o terceiro por número de trabalhadores. Os restantes ‘rankings’, EBIDTA e número de trabalhadores, são lide-rados pela BBDO Portugal – Agência de Publicidades e pela Brandia Central – Design e Comunicação, respectivamente.

Após cinco anos, a Faurecia, a maior produtora mundial de peças e componentes de automóveis, voltou aos lucros e atingiu em 2010 a fasquia dos 202 milhões de euros de lucros líquidos, sustentada numa redução de custos operacionais e num volume total de vendas de 13.796 milhões de euros, um indicador com um crescimento na ordem dos 48%. O optimismo da empresa é tão elevado que estabeleceu como meta para 2011

atingir um volume de vendas que deverá variar entre os 14,8 e os 15,3 mil milhões e euros. Com os excelentes resultados de 2010, a Faurecia procedeu a uma redução da dívida líquida em 204 milhões de euros para 1.197 milhões e retomou a política de pagamen-to dos dividendos. Para 2011, prevê um aumento da produção mundial de veículos ligeiros entre 6,5% e 7% e uma expansão da produção na Europa na ordem dos 3 a 4%.

FAURECIA REGRESSA AOS LUCROS EM 2010

CUNHA VAZ & ASSOCIADOS LIDERA ‘RANKING’ DA APAP

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BREVES

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EURONEXTBANIF ENTRA NO PSI-20

O PSI-20, o principal índice bolsista português, passou a ter quatro bancos, desde 21 de Março, com a troca entre a Inapa e o Banif. A Inapa saiu do PSI-20 um ano depois de ter integrado o cabaz das principais cotadas da praça portu-guesa, dando lugar ao Banif. Com esta alteração, o índice passou a ter quatro bancos (Millennium bcp, BES, BPI e Banif), enquanto o número de empresas ligadas ao sector do papel desceu para duas (Portucel e Altri).

Barclays dá aulas a adultos

CORPORATE GOVERNANCE

INAPA GALARDOADA PELA WORLD FINANCE

Marketing

O Barclays Bank lançou um pro-grama inovador, que pretende ensinar, ao longo de cinco sema-nas, adultos de contextos sociais mais desfavorecidos a melho-rarem a sua literacia financeira básica, dando-lhes ferramentas úteis para o dia-a-dia. As activi-dades serão asseguradas por vo-luntários treinados do Barclays, que trabalharão em parceria com instituições de solidarieda-

de social. Os adultos reflectirão sobre o papel do dinheiro nas suas vidas, desenvolvendo com-petências de gestão das suas finanças pessoais e familiares, ganhando confiança em relação às questões financeiras, pon-derando as consequências das suas decisões e passarão ainda a conhecer os seus direitos e responsabilidades e os produtos e serviços financeiros existentes.

A Inapa – Investimentos, Participações e Gestão foi considerada

pela revista britânica “World Finance Magazine”, a melhor empresa

em Portugal no domínio da Corporate Governance”. A atribuição do

prémio “World Finance Corporate Governance, é o reconhecimento da

transparência da nossa comunicação e da adopção das melhores práticas

de governo da empresa, decorrentes das alterações iniciadas em 2007, e

conferirá à Inapa uma maior visibilidade e reconhecimento nos mercados

internacionais”, refere o CEO do grupo distribuidor de papel, José Morgado.

O concurso teve três fases. Numa primeira fase de votação, através da internet, contabilizaram-

se 4500 votos em Portugal, que elegeram as 10 melhores empresas no que diz respeito as

boas práticas de Corporate Governance. Numa segunda fase, um júri composto por assessores

jurídicos, professores universitários e representantes do Banco Central Europeu e da OCDE,

reduziu a lista para quatro empresas finalistas. Por último, para escolher o vencedor, o júri

ponderou as respostas das empresas seleccionadas nas seguintes categorias: estrutura

governativa, comissões e respectivo quórum, liderança, funções e responsabilidades dos

administradores, remuneração dos administradores não executivos, divulgação de informação e

transparência e sistemas de gestão de risco.

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Tema de Capa

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A RODAGEM DE UM PERCURSO, ENTRE O ACASO E A ESTRATÉGIA

ANÍBAL CAVACO SILVA

Em Maio de 1985, quando chegou à Figueira da Foz, Cavaco Silva “não tinha nenhuma intenção” em se candidatar à li-derança do PSD. E em Fevereiro de 2002, quando lançou a sua autobiografia na mesma cidade, também as presiden-ciais não estavam “nos seus planos”. Todavia, foi presidente

do Partido Social Democrata entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995. Foi o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu em funções (dez anos) e regressou à política como Presidente da República, desde 9 de Março de 2006 até aos nossos dias.

Maria Alves da Silva Cavaco Silva também o acompanhou até à Figuei-ra da Foz e esteve presente em todos os momentos que o conduziram à liderança do PSD em 1985. Dizer-se que Aníbal António Cavaco Silva es-tava “apenas” a fazer a rodagem ao Citröen BX, quando resolveu ir ao con-gresso do PSD na Figueira da Foz, é acreditar que nunca Cavaco delineou estratégias, que esteve na política ao sabor dos acontecimentos ou que por uma vontade divina acabou por ir parar aos cargos que desempenhou.

Se o assessor Fernando Lima acredita na versão de que Cavaco foi para a liderança sem verdadeiramente o querer, também escreve, no “Meu Tempo com Cavaco Silva”, que o Presidente costumava dizer que “nada acontece por acaso e muito menos na governação”. Foi, conclui, “sempre capaz de surpreender os que o subestimaram”.

Para o jornalista Adelino Cunha, na “Ascensão ao poder de Cavaco Silva”, é “um exímio tacticista”, enquanto para o antigo Chefe da Casa Civil de Mário Soares, Alfredo Barroso, “é um verdadeiro burocrata da política que dedica muito do seu tempo em Belém a coligir informação”.

O que parece ser verdade, ou comummente aceite, é que Cavaco tem uma extraordinária capacidade de se demarcar, aos olhos dos portugue-ses, da imagem do político de profissão, equidistante, acima das questões partidárias, com um sentido de Estado capaz de gerar maiorias de apoio nunca antes vistas em Portugal.

Foi assim nos anos de governação enquanto primeiro-ministro e confirmou-se com a segunda reeleição para Presidente da República. Al-fredo Barroso garante que Cavaco é “um dos políticos mais previsíveis que conheceu em toda a sua vida activa”, e para Adelino Cunha, Cavaco foi cultivando uma imagem de um “economista que desceu na hora certa para cumprir um destino colectivo”.

Declarações como “não venho da cultura do ‘cocktail’” reforçaram a imagem de uma origem modesta que agrada ao sentimento português que premeia aqueles que se esforçam, que singram na vida profissional à custa do seu trabalho. A vivência a dois na sua casa na Travessa do Posso-lo, em Lisboa, a vida austera que gosta de destacar, o desapego às questões mundanas, o rigor com que gere a vida familiar, não são indiferentes para os portugueses. Ridicularizou várias vezes o que denominou de “vanguar-da esclarecida”, a condescendência da burguesia ou o ar de superioridade dos intelectuais. Intrometeu-se mesmo nas origens quase monásticas por via familiar ou intelectual de líderes como Pinto Balsemão ou como Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes ou José Miguel Júdice. A 23 de Janeiro deste ano, no discurso de vitória, nunca se esqueceu de reafirmar que é “um português de trabalho e de palavra, um Presidente do povo”. Ficou mais uma vez a ideia do “orgulho das minhas raízes e do espírito em que fui formado”.

Escolha na primeira pessoaÉ, todavia, a capacidade de equidistância e descomprometimento com as correntes políticas internas ou externas, com os grupos de pressão ou tendências intelectuais e políticas, que tem gerado a unanimidade entre os vários sectores da sociedade e, em última análise, granjeado o apoio suficiente para eleições e reeleições. Mesmo no início da carreira políti-ca, Cavaco não receava afrontar Sá Carneiro ou figuras incontornáveis do PPD/PSD, como Rui Machete ou o seu primeiro adversário no partido, João Salgueiro.

Cavaco Silva, o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas e o primeiro-ministro português que mais tempo permaneceu em funções, foi recentemente reeleito para Presidente da República.

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cavaco silva prometeu exercer uma

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12 » PRÉMIO » Março 2011

Tema de CapaA morte do antigo líder do PSD, Mota Pinto, e as divisões internas

geradas com a liderança de Pinto Balsemão, precipitaram o partido para um congresso. É de resto, com uma posição de ruptura que intervém no congresso de onde saiu líder, começando por pedir aos participantes que não o interrompessem até ao final da sua intervenção, rematando com: “Quero dizer-vos, com os olhos bem nos olhos, o que penso sobre uma questão que considero crucial: as eleições presidenciais”. É desde aí que o bloco central e os seus apoiantes nunca mais foram os mesmos.

Cavaco escreve que “não era subscritor de qualquer das moções de estratégia política”, mas para muitos analistas e personalidades, entre os quais Mário Soares, as reuniões que promoveu com possíveis apoiantes, ainda antes do congresso e a moção do militante algarvio Mendes Bota,

que alguns referem ser uma junção de vontades entre o actual deputado e Cavaco Silva, delinearam uma estratégia para a liderança do PSD. Re-sume Adelino Cunha, “o PPD/PSD emotivo, ideológico e visionário de Sá Carneiro foi devorado pelo PSD pragmático, tecnocrático e funciona-lizado de Cavaco”. Cavaco Silva defende-se garantindo que essa ideia de “conspiração ou golpe de uma manobra global de envergadura”, “não tem qualquer fundamento”.

Já como presidente do partido, a 6 de Outubro de 1985, Cavaco Silva ga-nha as eleições legislativas para o X Governo Constitucional, com o melhor resultado de sempre até então para o PSD: 29,8% dos votos. Seguem-se as escolhas para os ministérios que Cavaco Silva garante terem sido “ex-clusivamente suas”, mesmo com a convicção de que “não abundavam no PSD pessoas com as qualidades políticas e técnicas necessárias e que pare-cessem dispostas a ir para o Governo”. Contas feitas, convites ponderados, Cavaco escolheu Eurico de Melo, Álvaro Barreto, Leonardo Ribeiro de Al-meida, João de Deus Pinheiro, Fernando Santos Martins, Mário Raposo, Leonor Beleza, Miguel Cadilhe, João Maria Oliveira Martins, Valente de Oliveira, Mira Amaral, Pedro Pires de Miranda e Fernando Nogueira.

Pouco tempo depois, ainda em Outubro de 1985, escreve uma carta

onde convida, em nome do PSD, Freitas do Amaral a aceitar o apoio do partido à sua candidatura à Presidência. As eleições viriam a ser ganhas pelo rival Mário Soares.

Vida a doisDesde o primeiro momento, quando partiu em direcção ao Congresso da Figueira da Foz, que foi visível a importância de Maria Cavaco Silva na vida e carreira política do marido.

A recorrente figura da grande mulher por trás de um grande homem encontra em Cavaco Silva a sua definição, e o Presidente da República não o esconde. As dedicatórias dos dois volumes da sua autobiografia apenas divergem num pormenor: se no primeiro se lê “à Maria, companheira

de uma vida”, no segundo volume, Cavaco reafirma “à Maria” e acrescenta-lhe “e aos nossos netos”.

Desde Maputo, em 1964, até York, no Reino Unido, em 1971, Maria Cavaco Silva esteve sempre presente em todos os momentos chave da

vida profissional e política do marido. É o próprio que sistematicamente o reconhece, são os amigos que o re-alçam e os funcionários que trabalham com o casal que o confirmam. E, por muito que Cavaco Silva se esforce em não colar a sua imagem ao do político profissional, a história de Aníbal e Maria tem vindo a desmentir essa versão ou, pelo menos, a desmentir um distanciamento puro.

Reformar e marcar o ritmoO percurso como primeiro-ministro incluiu uma su-cessão de maiorias absolutas, mas a cohabitação com o então Presidente, Mário Soares, não foi pacífica. Cavaco Silva escreve na sua autobiografia que as relações entre os dois, no segundo mandato de Soares, “foram bem

menos tranquilas”. Enquanto primeiro-ministro, Cavaco Silva apostou em reformas es-

truturais da administração e na direcção económica. Foi durante a sua primeira legislatura que Portugal aderiu à Comunidade Económica Euro-peia, actual União Europeia.

Experimentou uma moção de censura proposta em Abril de 1987 pelo Partido Renovador Democrático (PRD), próximo do antigo Presi-dente Ramalho Eanes, e Mário Soares, que em 1986 sucedera ao gene-ral como Presidente da República, acabou por dissolver o Parlamento e convocar eleições. Em Julho de 1987, Cavaco conquistou a sua primeira maioria absoluta – 50,2% dos votos, maioria essa que viria a repetir nas eleições legislativas de 1991.

Além das reformas fiscais, que introduziram o IRS e o IRC, iniciou a privatização de empresas públicas. Foi nessa altura que se reformaram as leis laborais e agrárias e que foi liberalizada a comunicação social. O crescimento económico do país era superior à média europeia. A Expo 98, a construção da Ponte Vasco da Gama, o comboio na ponte 25 de Abril, o gás natural, a Barragem do Alqueva, as inúmeras auto-estradas e o Centro Cultural de Belém (CCB) foram algumas das iniciativas e obras

em outubro do ano passado na inaugu-ração do centro de investigação da fundação champalimaud

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De Professor a PresidenteAníbal Cavaco Silva, nascido a 15 de Julho de 1939, em Boliqueime, Loulé (Algarve), é licenciado em Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Finan-ceiras, Lisboa, e doutorado em Economia pela Universidade de York, Reino Unido. Foi docente do ISCEF, Professor Cate-drático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e, quando foi eleito Presidente da República, era Professor Catedrático na Universidade Católica Portuguesa.Foi investigador da Fundação Calous-te Gulbenkian e dirigiu o Gabinete de Estudos do Banco de Portugal, instituição à qual regressou posteriormente como consultor. Exerceu o cargo de ministro das Finanças e do Plano em 1980-81, no governo do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, e foi presidente do Conselho

Nacional do Plano entre 1981 e 1984. Pre-sidiu ao Partido Social Democrata (PSD) entre Maio de 1985 e Fevereiro de 1995.O Presidente Cavaco Silva é Doutor Ho-noris Causa pelas Universidades de York (Reino Unido), La Coruña (Espanha), Goa (Índia), León (Espanha) e Heriot-Watt (Edimburgo, Escócia), membro da Real Academia de Ciências Morais e Políticas de Espanha, do Clube de Madrid para a Transição e Consolidação Democrática e da Global Leadership Foundation.Da sua vasta obra publicada há a referir os livros “O Mercado Financeiro Portu-guês em 1966”, “Economic Effects of Pu-blic Debt”, “Política Orçamental e Estabili-zação Económica”, “A Política Económica do Governo de Sá Carneiro”, “Finanças Públicas e Política Macroeconómica”, “As Reformas da Década, Portugal e a Moeda Única”, “União Monetária Europeia”,

“Autobiografia Política”, Volume I e II, e “Crónicas de Uma Crise Anunciada”.As intervenções mais importantes produ-zidas como Primeiro-Ministro encontram- -se reunidas nos livros “Cumprir a Esperança” (1987), “Construir a Moderni-dade” (1989), “Ganhar o Futuro” (1991), “Afirmar Portugal no Mundo” (1993) e “Manter o Rumo” (1995). As intervenções mais importantes como Presidente da Re-pública encontram-se reunidas nos livros “Roteiro para a Inclusão – 2006”, Roteiros I - 2006/2007; Roteiros II - 2007/2008 e Roteiros III - 2008/2009.Aníbal Cavaco Silva cumpriu o serviço militar como oficial miliciano do Exército, entre 1962 e 1965, em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique.É casado com Maria Alves da Silva Cavaco Silva. O casal tem dois filhos e cinco netos.

Perfil

emblemáticas da década cavaquista.O bloqueio da Ponte 25 de Abril, a 24 de Junho de 1994, marca o

que o próprio Aníbal Cavaco Silva definiu como “o tempo de partir”. Após dez anos como primeiro-ministro, afasta-se da liderança do PSD, entretanto assumida por Fernando Nogueira, e vê, em 1995, António Guterres subir ao poder.

Do deserto à vitóriaO anúncio da sua candidatura à Presidência da República, como alternati-va aos socialistas, conduziu-o à sua primeira derrota política, frente a Jorge Sampaio. O socialista ganhou as eleições logo na primeira volta, a 14 de Janeiro de 1996, com 53,91% dos votos, contra 46,09% de Cavaco Silva.

Os anos seguintes de Cavaco são passados entre o Banco de Portu-gal, onde regressa, e a docência universitária, apesar de não deixar de se

pronunciar sobre os temas que foram marcando a actualidade política no país. Na sua biografia oficial, este período é descrito com uma “marcante participação cívica, nomeadamente através de intervenções pontuais so-bre questões nacionais e internacionais”. Numa das mais recordadas, um artigo de opinião no Diário de Notícias, em Fevereiro de 2002, apelidou de “monstro” o enorme défice público, criado por uma máquina do Es-tado que alimentava organismos e entidades públicas e consumia quase metade da riqueza nacional.

No dia 20 de Outubro de 2005, no Centro Cultural de Belém, Cavaco Silva volta a apresentar-se oficialmente como candidato à Presidência da República. E a 9 de Março de 2006 toma posse como o 18.º Presidente da República Portuguesa, eleito com 50,59% dos votos, numa eleição em que defrontou Jerónimo de Sousa, Mário Soares, Francisco Louçã, Garcia Pereira e Manuel Alegre.

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Tema de CapaLogo no seu discurso de tomada de posse, afirma que será “o Presi-

dente de todos os Portugueses” e revela ao primeiro-ministro e ao seu Governo a “inteira disponibilidade e empenhamento numa cooperação leal e frutuosa”.

Um pouco por oposição ao discurso de vitória proferido nas eleições de 2011, onde responsabilizou os seus adversários pelos ataques e cam-panhas negras, quando toma posse em 2006, Cavaco Silva apela a todos para que “deixem de lado divisões estéreis, minudências e querelas, que pouco ou nada têm a ver com a resolução dos problemas nacionais”. Pe-dia para que não perdessem tempo e energias “em recriminações sobre o passado”.

No primeiro discurso como Presidente da República lançou cinco

desafios aos políticos: a criação de condições para um crescimento mais forte da economia portuguesa e o combate ao desemprego, recuperação dos atrasos em matéria de qualificação dos recursos humanos, reforço da credibilidade e eficiência do sistema de justiça, sustentabilidade do siste-ma de segurança social e credibilização do sistema político.

Uma presidência semi-abertaO primeiro mandato de Cavaco Silva foi ainda marcado pelo que chamou de “roteiros”. Uma espécie de reinvenção das presidências abertas, criadas por Mário Soares, em que Cavaco alertou para assuntos como as Comuni-dades Locais Inovadoras, Juventude, Património, Ciência e Inclusão.

Iniciativas cobertas pela Imprensa, que no entanto prestou mais aten-ção ao Presidente sempre que se pronunciou sobre diplomas do Governo. Foi um dos presidentes que mais devolveu à Assembleia da República leis e alterações propostas. Foi o caso das uniões de facto, do diploma que alterava a lei do segredo de Estado, da lei do financiamento dos partidos, da lei da não concentração dos meios de comunicação social, da alteração à lei eleitoral para a Assembleia da República que previa o fim do voto por correspondência dos emigrantes, da revisão do Estatuto-Político Adminis-

trativo dos Açores, da nova lei do divórcio, da lei orgânica da GNR, do es-tatuto dos jornalistas, do diploma sobre a responsabilidade civil extracon-tratual do Estado, da lei da paridade, ou do Código de Execução de Penas.

No que diz respeito às visitas oficiais, a contabilidade permite com-parações inferiores com outros Presidentes da República. Cavaco Silva começou por Espanha, em Setembro de 2006, e esteve na Índia e Chile, em 2007. No ano seguinte deslocou-se à Jordânia, Brasil, Moçambique, Polónia e Eslováquia e, em 2009, à Alemanha, Turquia e Áustria. No ano passado, foi à República Checa, Cabo Verde e Angola.

Em 2010, Cavaco viria a relançar a sua candidatura, no habitual Cen-tro Cultural de Belém e, como ditavam as sondagens, em 23 de Janeiro de 2011, foi reeleito à primeira volta para um segundo mandato, com uma

percentagem de votos de 53,14%.

Magistratura activaNo CCB, apesar de começar por dizer que “numa hora de alegria e festa como a de hoje, não é tempo de recordar a for-ma como os meus adversários procuraram denegrir o meu carácter e a minha integridade pessoal”, Cavaco Silva não deixou de dizer que foram “cinco contra um e a dignidade e o respeito que devem envolver uma eleição presidencial não foram respeitados”.

Outra questão que ficou em aberto, desde logo no dis-curso de vitória, é, nas palavras de Cavaco Silva, a promes-sa de que vai exercer “uma magistratura activa”. Apesar de

eleger “o combate ao desemprego, a contenção do endividamento ex-terno e o reforço da competitivida-de da economia” como principais prioridades, os analistas estão ex-pectantes sobre a forma como se vai desenrolar a referida magistra-tura activa.

É no domínio da coabitação entre Presidência da República e

Governo que surgem mais dúvidas. O final da crise económica não tem data marcada e fica a incógnita de como esta promessa de “magistratura activa” irá marcar o segundo mandato de Cavaco Silva.

O sistema parlamentarista português não deixa muita margem ao Presidente da República, visto como símbolo da continuidade e da repre-sentação do Estado. Nesta altura, a chefia das Forças Armadas é pacífica e quanto a esse assunto Cavaco limitou-se a prometer acompanhar de perto o processo de reestruturação e modernização e “estimular o trabalho conjunto dos ramos, por forma a reforçar a operacionalidade das forças e a promover uma adequada racionalização dos meios”.

Das poucas certezas que se podem avançar é de que o segundo capí-tulo de Cavaco Presidente vai ficar para a história como o mais marcante na carreira política do político algarvio. Foi assim com Eanes, recordado como Presidente e não como o “homem do 25 de Novembro”, com Má-rio Soares, cuja chefia do Governo se releva para segundo plano, tendo o mesmo acontecido com Jorge Sampaio, quase nunca lembrado como Presidente da Câmara de Lisboa.

Como sempre a condução da política externa está entregue ao Gover-no. Ao presidente Cavaco Silva resta-lhe a influência e a palavra.

maria cavaco silva esteve sempre presente em todos os momentos chave da vida do marido

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Entrevista António Saraiva

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“Os empresários acabam por relegar o mercado para segundo plano”

PRESIDENTE DA CIP

Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os desafios que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular a economia nacional. E esta realidade não é, infelizmente, devidamente reconhecida, lamenta o primeiro presidente da Confederação Empresarial de Portugal.

António Saraiva, primeiro presidente da Confederação Empresarial de Portugal (sigla CIP), tem um discurso agregador e bem estruturado. Para Portugal, tem cons-ciência das prioridades, que devem começar pelas con-tas públicas e acabam na responsabilidade das empre-

sas. Critica a perda de tempo com os custos de contexto, que impede o foco dos empresários no mercado. Lançou entretanto propostas novas, para a dinamização do mercado de arrendamento e a criação de con-dições de investimento na reabilitação. Numa projecção a 20 anos, o impacto no crescimento do PIB poderá chegar aos 18 mil milhões de euros, garante.

Não teme que os interesses da AEP, da AIP e da Confederação da Indús-tria Portuguesa sejam inconciliáveis na CIP? Muito pelo contrário. Os interesses que eram os interesses das três organizações são agora os interesses de uma única e mesma organi-zação. Temos entendimentos convergentes sobre os caminhos que de-vemos trilhar, para tornar Portugal um país mais competitivo e econo-micamente mais desenvolvido. Enquanto instituição, falaremos a uma voz unida. As associações que se congregaram na nova CIP abdicaram do princípio de que cada um por si faz melhor que todos em conjunto. E abdicaram no momento certo. A agregação das três associações con-fere-nos maior peso institucional junto de todos os poderes públicos.

De que maneira é que a nova CIP pode ajudar a economia portuguesa no previsível contexto de recessão? Com reflexão sobre os problemas e apresentando soluções concretas. Ain-da recentemente apresentámos uma proposta muito concreta para fazer acontecer a regeneração urbana em Portugal. A dinamização do mercado de arrendamento e a criação de um ambiente favorável ao investimento na reabilitação urbana poderiam criar mais de meio milhão de empregos e potenciar um crescimento anual do PIB em cerca de 900 milhões de euros, durante 18 a 20 anos, o que representa um valor acumulado entre os 16 mil milhões e os 18 mil milhões de euros.

Quais devem ser as prioridades da política económica para Portugal? No plano imediato, a prioridade é ultrapassar a crise financeira. Para tal, é necessário conquistar credibilidade orçamental, mas também confiança na Economia, o que passa por compatibilizar a indispensável consolidação orça-mental, com base na redução da despesa pública, com o estímulo, coerente e sustentado, à competitividade e ao investimento nos sectores abertos à con-corrência internacional.A redução do défice orçamental, pela via da diminuição da despesa pública, é o primeiro passo. É um sinal de querer caminhar no sentido certo. Mas a diminuição da despesa pública – que só será conseguida de forma sustentada através da Reforma do Estado e da Administração Pública – e a promoção da competitividade, devem constituir duas faces da mesma moeda. Se o Estado

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passar a absorver uma menor parcela da riqueza produzida em Portugal, porque necessita de menos para cumprir as suas funções, e se tomar me-didas capazes de agilizar e promover a actividade económica, ficará aberto o caminho para encontrarmos o equilíbrio que nos levará, de novo, ao pro-cesso de convergência com os níveis de bem-estar dos países mais desen-volvidos da União Europeia.A resolução da encruzilhada em que Portugal se encontra passa por dois factores determinantes: tempo e determinação.

Que papel devem ter as PME?É necessário não perder de vista que elas são a base da estrutura produtiva nacional. Assim, a sua revitalização – através, nomeadamente, da redução dos custos de contexto, do apoio à recapitalização, da melhoria do acesso ao financiamento, sobretudo na situação actual de maiores restrições ao crédito bancário, e de maior atenção aos custos da energia - será, com toda a certeza, o mote para impulsionar a actividade económica e, consequente-mente, para reduzir a taxa de desemprego.

Em que consiste o “Acordo Social para o Desenvolvimento” que propôs na sua tomada de posse? No cerne desta proposta encontra-se a constatação de que a redução do pa-pel do Estado, no que respeita às relações laborais, será positiva para o País e que compete em primeira instância aos legítimos representantes das em-presas e dos trabalhadores a procura das melhores relações entre as partes. Estamos profundamente convictos de que “com menos Estado” seremos capazes de gerar as grandes bases de consenso nas áreas fundamentais do Direito do Trabalho. Não pretendemos qualquer esvaziamento do poder sindical, mas sim tornar possível a aplicação de medidas essenciais para o aumento da competitividade das nossas empresas, conciliando-as com os interesses reais e efectivos dos trabalhadores. Isso será possível se forem atribuídas, definitivamente, competências próprias para a negociação colec-tiva às estruturas representativas dos trabalhadores na empresa.

Uma das iniciativas anunciadas pela CIP para o futuro próximo é a rea-lização do Congresso das Empresas e da Actividade Económica. Qual a motivação para a realização deste projecto?Pretende-se que esse seja um momento de convocação de todo o sec-tor, e das pessoas que se têm dedicado a estudar aprofundadamente a nossa realidade económica, para uma reflexão estratégica que permita uma ponderação séria sobre os problemas que afectam o tecido em-

Entrevista António Saraiva

A agregação das três associações confere-nos maior peso institucional junto de todos os poderes públicos.

presarial e industrial e também sobre os melhores caminhos para os ultrapassar.

Que contributo se pode esperar das empresas para inverter a actual con-juntura económica? As empresas estão a desempenhar bem o seu papel. A dinâmica das ex-portações é a prova disso mesmo. Se a economia portuguesa está a cres-cer, ainda que muito timidamente, é sobretudo devido às exportações. Uma chamada de atenção, neste ponto, também, para as associações sec-toriais e regionais. Homenagem lhes seja feita porque o trabalho “de bas-tidores” que têm vindo a desenvolver com as empresas está a dar frutos. Conhecidos que são os constrangimentos que as famílias enfrentam e os desafios que se colocam ao Estado, restam as empresas para estimular a economia nacional. E esta realidade não é, infelizmente, devidamente reconhecida, com perdas evidentes para a economia nacional. As empre-sas têm plena consciência da importância e da responsabilidade que têm na sociedade. E não se irão furtar a essa mesma responsabilidade. Assim lhes saibam criar as condições para que possam trabalhar mais e melhor.Os empresários portugueses perdem tanto tempo com custos de contex-to no seu quotidiano que acabam por relegar, para segundo plano, o que é mais importante: o mercado. Ora, esta situação é inconcebível num contexto de globalização onde a concorrência não dá tréguas!

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cíficas destas empresas. Não me parece que esta posição configure fuga a princípios, proteccionismo ou que, sequer, venha ferir as leis da concorrên-cia. A discriminação positiva nunca me ofendeu.

Em sentido oposto, defende a harmonização fiscal como forma de comba-ter a distorção concorrencial no seio da Zona Euro!Pela resposta que dei anteriormente, não considero que seja no sentido oposto. Uma maior harmonização fiscal permitiria diminuir a distorção da concorrência. A situação a que repetidamente me tenho referido é a dos efeitos indesejáveis e perversos resultantes das diferenças de taxas de IVA vigentes em Espanha e em Portugal e que incidem sobre produtos idênti-cos, nomeadamente dos sectores agro-alimentares e das bebidas, os quais são manifestamente prejudicados com esta situação. As taxas de IVA mais baixas em Espanha têm levado a um desvio do consumo de Portugal para o país vizinho, sobretudo nas regiões mais próximas da fronteira. Ainda bem que o país está sensibilizado para esta questão, e a proposta de Orçamento

de Estado para 2011 sobre esta matéria, que alargava a diferença de taxas, não teve acolhimento.

Na sua tomada de posse disse tam-bém que o Estado “tem sido um mau árbitro que, ainda por cima, se trans-forma regularmente num péssimo jogador”. Que papel na economia de-fende a nova CIP para o Estado?As empresas devem olhar para si próprias e decidir, de acordo com o meio envolvente e as condições do mercado, o que devem fazer para ser competitivas e para criar emprego e riqueza. Primeiro, olhar para si pró-prias e decidir de acordo com os seus recursos – só depois olhar para o que o Estado deve fazer. Se as empresas tiveram esta atitude sistematicamen-te estaremos a criar melhores em-presas e a criar melhores empregos. Não podemos ficar à espera do que o Estado pode fazer por nós. Temos que ser nós a dizer o que devemos

fazer. É assim tanto para as empresas como para a sociedade em geral. É verdade que a economia precisa que o Estado assegure “estabiliza-dores” para que o mercado funcione e as empresas mantenham esta-bilidade. Mas estamos a falar de estabilizadores, “não de flutuadores” que mantêm à superfície empresas sem viabilidade que distorcem a concorrência e prejudicam os empreendedores e aqueles que têm ver-dadeira iniciativa empresarial.Esses estabilizadores devem servir para assegurar a aposta na indús-tria transformadora e nos bens transaccionáveis; a melhoria das qua-lificações e o aumento da competitividade. Têm que ser transparentes e atribuídos em condições a que todos possam ter acesso. Ao Estado, cabe fomentar verdadeiramente o empreendedorismo. Fazendo isto, o Estado não está a fazer um favor aos empresários mas simplesmente a cumprir um dever básico e essencial perante a economia.

Incentivos fiscais, linhas de crédito e flexibilização do Código do Traba-lho são as premissas para uma maior competitividade das empresas portuguesas?A competitividade alcança-se através da conjugação de inúmeros fac-tores. Os incentivos fiscais, as linhas de crédito e a flexibilização do mercado laboral são apenas uma parte, embora importante, diga-se. Mas há muito mais competitividade para conquistar para além da que poderá resultar destas áreas. A melhoria do sistema judicial e a redu-ção dos custos energéticos, por exemplo, teriam um efeito significa-tivo na competitividade da nossa economia, ajudariam as empresas nacionais e seriam factores de atracção do investimento estrangeiro.

Defende que uma percentagem relevante das compras públicas realizadas pela Administração Central, Autarquias e empresas públicas sejam adju-dicadas a PME. Não é uma proposta proteccionista e que subverte as leis da concorrência?

A CIP é acérrima defensora da economia de mercado. Nestas condições, a concorrência é, no nosso entender, condição ‘sine qua non’ para o progres-so. No entanto, estarei a cometer algum pecado se defender os interesses das empresas mais frágeis do nosso tecido produtivo, aquelas que criam riqueza e emprego no nosso país?A utilização das compras públicas para dinamizar o mercado interno deve-rá passar pelo incentivo à cooperação entre as PME portuguesas, com vista ao necessário aumento de escala que lhes permita concorrer competitiva-mente a concursos públicos e pela formatação desses concursos – dentro do que é permitido pelas normas comunitárias – de modo a maximizar as possibilidades de sucesso das empresas e consórcios nacionais e a promo-ver a participação de um maior número de empresas de menor dimensão.Trata-se de proporcionar e fomentar uma maior participação das PME nos mercados públicos, através da adequação dos concursos às realidades espe-

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Com menos Estado seremos capazes de gerar bases de consenso nas áreas fundamentais do Direito do Trabalho.

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20 » PRÉMIO » Março 2011

Um conjunto de eventos e acontecimentos mundiais que se vão destacar ao longo deste ano.

JANEIRO• A Hungria assume a

presidência rotativa da União

Europeia e a Estónia adopta

o Euro, tornando-

-se o 17.º membro da Zona. A França agarra a presidência do G8, o grupo dos oito países mais industrializados do mundo, iniciando um ano na ribalta da diplomacia mundial e que lhe dará também, por inerência, a liderança do G20.

• A Wikipedia celebra o seu 10.º aniversário. O sucesso da enciclopédia ‘online’ alimentada por contributos voluntários não disfarça o fracasso comercial do negócio, que assume não ter fins lucrativos e de ser suportado por uma Fundação. A wikipédia é o sétimo ‘website’ mais visitado do mundo.

• Tuku, na Finlândia e Talin, na Estónia, são as novas Capitais Europeias da Cultura. Oportunidade para visitar o canto oposto da Europa.

• Como habitual, na luxuosa estância de neve suíça de Davos,

o World Economic Forum recebe a nata dos dirigentes políticos e empresariais. A reformulação do sistema financeiro mundial e os problemas da dívida dos países periféricos da UE em debate, num Fórum onde as economias emergentes foram reclamar mais protagonismo mundial.

• Chuvadas torrenciais no Rio de Janeiro provocam enxurradas, que arrasam várias cidades do estado. Nova Friburgo desaparece do mapa e Teresópolos é fortemente abalada. Rescaldos provisórios apontam para mais de um milhar

de mortos.

• A divulgação dos telegramas secretos da Casa Branca pelo

Wikileaks e por cinco jornais internacionais – o americano “New York Times”, o britânico

“Guardian”, o espanhol “El Pais”, o francês “Le Monde”, e o alemão “Der Spiegel” -, iniciada ainda no final de Dezembro, faz rebentar o debate sobre a privacidade na internet e a ética no jornalismo moderno. O fundador do Wikileaks, o australiano Julian Assange, é detido em Londres, acusado de violação de duas cidadãs suecas. Os adeptos da teoria da conspiração desconfiam.

CALENDÁRIO 2011

• Revolução nos países árabes. O presidente da Tunísia, Zine Ben Ali, no poder desde 1987, resigna e abandona o país na sequência das manifestações populares iniciadas em meados de Dezembro. Num efeito dominó, a rebelião alastra a todo o Norte de África, levando também à queda de Hosni Mubarak, presidente do Egipto

desde 1981 e a forte contestação doméstica aos regimes de

Marrocos, Argélia, Líbia, Bahrein e Iémen.

• Eleições presidenciais em Portugal. O presidente Cavaco Silva é reeleito

para um segundo mandato, logo à primeira volta, com uma maioria de 52,95% dos votos.

• Emissões de dívida pública de Portugal e Espanha provocam nervosismo nos mercados e atiram os juros para níveis estratosféricos. Um eventual resgate da economia portuguesa, à semelhança do que se passou com a Grécia e a Irlanda, passa a marcar a agenda dos principais jornais portugueses e mundiais.

• Os cidadãos não árabes da região Sul do Sudão votam, em referendo,

a sua separação da parte Norte e muçulmana do País. Será o 193.º país do mundo, com uma população de 8,8 milhões de pessoas.

FEVEREIRO• Os chineses celebram a

entrada no novo ano. O Ano do Coelho,

ligado à fertilidade, antecipa novo ano de

crescimento recorde para a economia chinesa, que já

é a segunda maior do mundo.

• A 45.ª edição da SuperBowl, em Dallas, coloca frente-a-frente as equipas de futebol americano dos Packers e dos Steelers. O maior espectáculo desportivo dos EUA dá à cadeia Fox uma audiência de 111 milhões de tele-espectadores, batendo o anterior recorde da CBS, na final do ano passado, com 106,5 milhões. Uma transmissão financiada à média de 100 mil dólares por cada segundo de publicidade.

• A resposta do mundo emergente a Davos. Activistas políticos e sociais reúnem-se em Dakar, a capital do Senegal, para o Fórum Social Mundial. Um regresso a África, depois de uma anterior edição em Nairobi, no Quénia.

• Eleições no Uganda. Yoweri Museveni é declarado o vencedor

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das eleições presidenciais, com 68% dos votos, estendendo os seus 25 anos no poder. O seu adversário Kizza Besigye recebe 26% dos votos, mas rejeita os resultados, alegando fraudes no escrutínio. Novo foco de tensão na África subsahariana.

• Início do ciclo de eleições regionais na Alemanha, que se prolongarão até Dezembro. Na primeia votação, a chanceler Angela Merkel perdeu. O grande teste está marcado para Março, quando os eleitores do lander de Baden-Wurttemberg forem a votos. Aqui, a União Denocrata Cristã (CDU), de Angela Merkel governa desde 1953, mas o rival Partido Social-Democrata (SPD) ameaça provocar um resultado surpresa.

• Eleições na Irlanda. Oposição de Centro vence as eleições, mas terá de governar em coligação com os independentes ou com o Partido Trabalhista. Enda Kenny, líder do Fine Gael, futuro primeiro--ministro. O ex-chefe do Governo, Brian Cowen, castigado pelas medidas de austeridade e pela intervenção da UE e do FMI no país.

• Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) anunciam, em Bruxelas, a criação de um fundo de resgate permanente para os países da Zona Euro com problemas de endividamento excessivo. O fundo vigorará até 2013 e contará com dotações de 500 mil milhões de euros da UE e de 250 mil milhões do FMI.

• 83.ª cerimónia de atribuição dos Óscares. Quatro estatuetas

douradas para “O Discurso do Rei”, a segunda obra do realizador Tom Hooper. Além de melhor filme e realizador, “O Discurso do Rei”, que concorria em 12 das categorias, bateu os adversários no melhor argumento original e actor, atribuído a Colin Firth. Óscar de melhor actriz foi para Natalie Portman.

MARÇO• 150.º aniversário da criação da Itália moderna, celebrando a reunificação do país pelo rei Vítor Emanuel, de Piemonte-Sardenha, a 17 de Março de 1861. As celebrações serão acompanhadas pelos habituais casos em torno do mediático primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

• 5.º aniversário do primeiro ‘tweet’.

• Eleições parlamentares na Finlândia. O governo provisório, no poder desde Junho de 2010, tentará a recondução. É provável que o consiga, mas com uma recomposição das forças na coligação: mais peso para o Partido da Coligação Nacional e menos para o Partido do Centro.

• Congresso do Povo, na China. Celebrando o estatuto de segunda potência económica mundial e de olho nas futuras ambições de uma emergente classe média.

• Cimeira da UE. As novas regras de acompanhamento orçamental dos estados-membros, a situação

das endividadas economias periféricas e a sucessão de liderança no Banco Central

Europeu, como pontos quentes da agenda.

• Eleições gerais na Estónia. É provável que a solução de governo passe por uma coligação, embora

o Partido Reformador, de Andrus Ansip, deva continuar a liderar os destinos do País.

• Paulo Portas e José Sócrates reeleitos como líderes

do CDS-PP e PS, respectivamente. Sem novidades.

ABRIL• Reunião de Primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, em Washington. As primeiras previsões anuais do FMI para a economia mundial. Entre o crescimento acelerado das economias emergentes e os problemas na periferia da União Europeia.

• Banco Central Europeu acaba com intervenção no mercado da dívida. A dívida pública da Grécia, Irlanda, Portugal e de Espanha deixa de ter comprador assegurado. A colocação das emissões do Tesouro volta a depender dos mercados e a expectativa sobre o que possa acontecer aos juros é grande.

• Anúncio, em Nova Iorque, dos vencedores do Prémios Pulitzer, de Jornalismo, Literatura, Teatro e Música.

• 37.ª aniversário da Revolução de 25 de Abril. Num ano marcado pela austeridade e pelo desemprego, conseguirão os sindicatos e os partidos mais à esquerda capitalizar a seu favor o momento? Segunda volta uma semana depois, nas celebrações do Dia do Trabalhador, a 1 de Maio.

• Eleições parlamentares no Perú. Provável mudança de Governo, dizem os analistas. Na corrida à predidência, que decorre em paralelo, o ex-presidente centrista Alejandro Toledo, ou Keiko Fujimori (cujo pai governou no país entre 1990 e 2000), disputarão o cargo ao populista Ollanta Humala, que quase roubou a presidência a Alain Garcia nas anteriores eleições, em 1996.

• Casamento do príncipe William com a plebeia Kate Middleton. A Monarquia britânica regressa aos palcos mundiais. Os críticos dizem que o matrimónio pode dar um prejuízo de 5,8 mil milhões de euros à economia britânica, com o comércio fechado por 11 dias. Os monárquicos argumentarão que os ganhos em imagem e no turismo, mais do que compensarão as perdas. O povo suspirará, na esperança de que Kate venha a ser uma nova Lady Di.

MAIO• 1.º de Maio. Novo teste aos governos de todo o mundo, com sindicatos e partidos de esquerda a contestarem os planos de austeridade, os cortes salariais, o aumento do desemprego e o fim dos benefícios sociais. Na habitual guerra de números, governos e sindicatos contarão de forma diferente o total de manifestantes.

• Um mês despois do Economic Outollok, é a OCDE a apresentar as suas previsões económicas.

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• 63.º Festival de Cinema de Cannes. Desfile de estrelas na capital francesa do cinema.

• Conferência Bilderberg, em Atenas. O mais poderoso ‘lobby’ político e financeiro do mundo discute o estado do planeta. Do que for decidido por este restrito grupo de poderosos dependerá o futuro de muitos países e governantes.

JUNHO• 100.º aniversário da IBM. A Big Blue é um exemplo de longevidade e o assunto será discutido nos fóruns de gestão e administração de empresas. Lou Gerstner, o mítico CEO da companhia, será recordado como o homem que salvou a IBM da falência, nos anos 90, deslocando o foco da empresa do ‘hardware’ para a prestação de serviços. Microsoft, Google, Facebook e muitos outros ‘his dotcom’ escutarão as lições, para evitarem os erros.

• Le Mans. A mítica prova de resistência francesa continua a cativar as atenções dos adeptos de automobilismo em todo o mundo.

• Bienal de Veneza. Um mês depois de Cannes, é a vez do cinema italiano. As Palmas de Ouro francesas dão lugar aos Leões de Ouro de Itália.

• A partir de agora, pode nascer o ciadadão número 7 mil milhões do planeta, 12 anos depois de registado pelas Nações Unidas que o bósnio Adman Nevic, nascido a 12 de Outubro de 1999, foi o cidadão seis mil milhões. O debate sobre o excesso de povoamento do planeta voltará, com a escassez de recursos e a

sustentabilidade a apoiar algumas teses.

JULHO• 90.º aniversário da fundação do Partido Comunista Chinês. Os liberais e reformistas aproveitarão para pedir uma maior abertura do regime.

• Polónia assume a presidência da

União Europeia.

• Celebrações da Independência

dos EUA, dia 4, e da Tomada da Bastilha, em França,

dia 14.

• Casamento de Alberto do Monaco. Os monegascos suspiram com a hipótese de um herdeiro para a coroa.

• Eleições gerais na Turquia. O primeiro-ministro Recep Erdogan

e o seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK) deverão garantir um terceiro mandato. Depois, o AK poderá tentar a

reforma constitucional, propondo um regime presidencial.

AGOSTO• Verão. A Europa (e não só) parte de férias para a praia. A ‘silly season’ começa e a discussão dos problemas graves da economia e da política fica congelada até Setembro. O turismo, sobretudo no Sul da Europa, inicia a sua época alta.

• Celebração do 2.º aniversário do golpe de Agosto de 1991, no Báltico, que abriu as portas para o movimento de independência das repúblicas que compunham a antiga União Soviética. Lituânia, Letónia e Estónia, Geórgia, Ucrãnia e os países asiáticos do Cáucaso festejarão. Em Moscovo, alguns antigos comunistas relembrarão, com saudade, os velhos dias de

glória de um império, cuja área de influência ia das fronteiras da Alemanha ao Pacífico.

• 50.º aniversário de Barack Obama. O presidente norte--americano festeja o seu meio século, no meio de uma turbulência político-económica que não lhe deixará muito tempo

para festejos. Bloqueado pela maioria republicana no interior, o que poderá o novel cinquentão conquistar no exterior?

• Eleições parlamentares na Guiana e presidenciais nas

Seychelles. A Democracia da América Latina ao Índico.

SETEMBRO• 10.º aniversários dos ataques terroristas às torres gémeas de Nova Iorque. O terrorismo e o fundamentalismo islâmico voltam à primeira linha do discurso nacionalista americano.

• 3º aniversário da falência do Lehman Brothers. Foi assim que tudo começou.

• Novas previsões do FMI. O mundo espera ansioso por boas notícias. Terá a crise despoletada pela falência do Lehman Brothers, há três anos, já passado?

• Começa a taça do mundo de Rugby, na Nova Zelândia, uma longa maratona que só termina a 23 de Outubro, na final. Os All Blacks partem como favoritos e contam com o factor casa. Mas é preciso não esquecer que nem sempre os mais fortes

conseguiram erguer a taça e a derrota na final de 1995, contra a África do Sul, ainda está viva na memória de todos.

• Ao fim de 25 anos, Oprah Winfrey põe um ponto final no seu programa de entrevista na televisão. A mulher mais poderosa do mundo, segundo alguns

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analistas, promete regressar em novo formato e em canal próprio.

• Polacos escolhem os seus representantes para as

duas Câmaras parlamentares.

A Plataforma Cívica, partido do

actual primeiro-ministro Donald Tusk deverá

sair do escrutínio como peça central de uma nova coligação governamental. Mas a oposição conservadora, do partido Lei e Justiça, parece estar a renascer, depois da vitória nas presidenciais.

• Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque. O grande desfile da diplomacia mundial.

• Eleição presidencial na Guatemala. Sandra Torres, casada com o presidente cessante Álvaro Colon, tentará imitar a argentina Cristina Kirchner e suceder na presidência ao seu marido. O rival mais forte é Otto Pérez Molina, um antigo general conotado com movimentos populistas.

OUTUBRO• Apresentação e debate do Orçamento de Estado para 2012. Menos austeridade?

• Termina o mandato de Jean Claude Trichet à frente do Banco Central Europeu (BCE). Quem será o próximo senhor Euro?

• Eleições presidenciais na Argentina. A morte súbita do ex-presidente Nestor Kirchner, em Outubro do ano passado, arrumou a hipótese de ele suceder à sua viúva e actual presidente, Cristina Fernandez Kirchner. Uma recandidatura não está posta de parte, mas o homem do momento, Daniel Scioli, governador da Província de Buenos Aires, poderá arrebatar-lhe a Presidência.

• Reabre em Moscovo, o mundialmente famoso Teatro Bolshoi, após seis anos de obras de restauro. Novo marco para um edifício com quase 190 anos (inaugurado em 18 de Janeiro de 1825).

• Eleições federais na Suíça. O Partido Popular Suíço, de direita, resiste às reformas nas leis do sigilo bancário, mas deverá ser a actual coligação de quatro partidos quem se manterá no poder. As reformas continuarão.

Oktoberfest, a festa da cerveja de Munique, em 178.º edição. O

festival do costume. Os bávaros celebram entusiasticamente o bom ritmo de crescimento da economia alemã.

• Anúncio dos laureados com os Prémios Nobel. Que destino terá o Nobel da Paz?

• Jogos pan-americanos, 30 modalidades em competição, na cidade mexicana de Guadalajara. A antecipação americana dos Jogos Olímpicos de 2012.

• Cimeira dos Chefes de Governo da Commonwealth, em Perth, na

Austrália. A Rainha Isabel II preside em grande estilo.

NOVEMBRO• Dia 11, atinge-se a data mágica de 11/11/11. Numerologistas e cabalistas divertir-se-ão com as suas conjecturas em torno de uma data composta apenas pela unidade.

• 3º aniversário da nacionalização do Banco Português de Negócios. Estará ainda nas mãos do Estado?

• Eleições gerais na Nova Zelândia, presidenciais na Nicarágua e parlamentares e presidenciais na República Democrática do Congo. Na Nicarágua, Daniel Ortega, líder sandinista e aliado de Hugo Chavéz da Venezuela, quer candidatar-se a um segundo mandato.

• Sexta Cimeira do G20. A França preside e as economias emergentes, com China, Índia e Brasil à frente, continuarão a exigir maior protagonismo na condução dos assuntos económicos e financeiros mundiais.

DEZEMBRO• A conferência sobre as alterações climáticas da ONU, agendada para Durban, na África do Sul, deve

pôr maior enfase na ligação entre alterações climáticas

e o desenvolvimento. Capitalismo e ecologia de mãos dadas, em busca dos primeiros resultados práticos.

• Santa Lúcia, uma pequena ilha das Caraíbas, elege o seu Parlamento de 17 membros. Democracia em estado micro.

• Natal. Milhões de católicos (e não só) de todo o mundo celebram o nascimento de Jesus. Nalguns países, a esperança é que a época mais consumista do ano contribua para afastar de vez o fantasma da crise económica.

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Crescimento, Endividamento e Início da Era da Desalavancagem

A economia mundial percorreu ao longo das últimas 3 dé-cadas um ciclo marcado por elevado crescimento econó-mico, desinflação, quebra sustentada das taxas de juro e aumento dos níveis de endividamento das empresas, das famílias e dos Estados. De facto, nos anos 70/início dos

anos 80 a economia mundial atravessou um ciclo caracterizado pela in-flação e taxas de juro elevadas, potenciadas pelos 2 choques petrolíferos registados nessa época.

A década de 80 assistiu a profundas transformações na economia mundial, com realce para o sucesso das autoridades governamentais e monetárias no controlo da inflação, o que permitiu que se registasse uma redução sustentada das taxas de juro. Em simultâneo, abriu-se um ciclo de abertura e globalização dos mercados, o qual permitiu a efectiva entrada dos mercados emergentes na economia mundial (salientem-se os casos da China, Índia e Europa de Leste, com reflexos extraordinários nos níveis de produtividade e crescimento económico à escala mundial nas últimas décadas. No entanto, as taxas de juro reduzidas que têm per-manecido em quase todo o Mundo, conjugadas com o ciclo de inovação e desregulação no sistema financeiro mundial e a liquidez abundante proporcionada pelos bancos centrais, originaram uma valorização gene-ralizada dos preços dos activos financeiros e reais (com um forte ‘bull market’ na maioria dos mercados accionistas e imobiliários, nomeada-mente no norte-americano) e conduziram a um aumento progressivo dos rácios de endividamento da generalidade das economias mais de-senvolvidas. Este crescente endividamento foi “viabilizado” pelas baixas taxas de juro e alimentou frequentemente quer o investimento imobi-liário quer o consumo das famílias, sendo esta situação especialmente notória e significativa nas economias anglo-saxónicas e, recentemente, em diversas economias europeias.

A economia portuguesa registou também um interessante ciclo de crescimento e aumento do nível de vida e de protecção social a partir da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1986,

a qual acelerou a quebra da inflação e das taxas de juro, que tinham atingido máximos históricos em 1985 no final do ciclo de estabilização da economia portuguesa resultado do acordo com o Fundo Monetário Internacional em 1983. Contudo, se a economia portuguesa registou efectivamente, entre 1986 e 1992, uma importante fase de crescimento e de aproximação à média de produtividade e poder de compra europeus (alavancada pelos fundos comunitários e pelo enquadramento econó-mico mundial positivos), conjugadamente com a rápida construção de um Estado Social que a maioria dos seus parceiros europeus tinham consolidado desde o pós-guerra, o ciclo subsequente de elevado cresci-mento da economia nacional a partir de 1995 (durante o qual se regis-taram múltiplos êxitos, com destaque para a entrada na Zona Euro) foi já caracterizado por um crescente endividamento dos agentes econó-micos (embora muito canalizado para a aquisição de habitação própria pelas famílias), o qual levou designadamente a níveis elevados de dívida externa e dívida pública que se têm vindo a agravar recentemente. As famílias e as empresas portuguesas foram baixando gradualmente a sua poupança a partir dos anos 80, situação que se reflecte presentemente numa reduzida taxa de poupança interna, insuficiente para financiar o investimento produtivo.

Com efeito, à medida que a economia portuguesa mantinha um défice estrutural da balança comercial (neste quadro o défice ener-gético nacional, que só recentemente começa a reduzir-se, tem sido especialmente gravoso), não compensado por remessas do exterior, os juros da dívida ao exterior começaram também a pesar cada vez mais na balança corrente e de capital, estruturalmente deficitária. Por outro lado, o Estado mantinha défices estruturais, acreditando na ca-pacidade de o elevado investimento público potenciar o crescimento económico e a produtividade nacional, situação que não se verificou suficientemente, deixando a economia portuguesa em dificuldades no ciclo adverso que se veio a registar desde 2007. O aumento da dívida externa foi exponencial, tendo a dívida externa bruta atingido mais de

Raúl MarquesEconomista

Opinião

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O Mundo mudou e a economia portuguesa tem que se adaptar rapidamente ao novo contexto.

230% do PIB em 2010! Por outro lado, a dívida pública aumentou de cerca de 50% do PIB em 2000 para cerca de 85% em 2010. Em simultâneo com a alavancagem dos balanços das famílias, empresas e Estado, também o sector bancário se alavancava, chegando a uma situação onde, embora permanecendo eficiente e sólido a nível inter-nacional, o rácio de transformação de depósitos em crédito se cifrava em aproximadamente 150% em 2009.

A crise financeira mundial de 2007/2008, ao evoluir para uma gra-ve crise económica e de confiança dos agentes económicos privados à escala mundial em finais de 2008 e em 2009, obrigou os Governos de todo o Mundo a acelerarem os volumes de despesa pública, subs-tituindo assim a iniciativa privada e minimizando o impacto da que-bra da procura global, mas, ao aumentar os défices e a dívida pública, chegámos em 2010 a uma grave crise de confiança na dívida soberana na Zona Euro, a qual tem exigido não só o apoio financeiro internacio-nal à Grécia e Irlanda, mas também a implementação de medidas de austeridade, com redução dos gastos públicos e privados em diversas economias, de entre as quais a portuguesa.

É essencial reduzir fortemente o défice público e estabilizar o mais

rápido possível a dívida pública relativamente ao PIB. É essencial reduzir fortemente o défice da balança corrente e de

capital e estabilizar o valor da dívida externa portuguesa relativamente ao PIB.

É importante retomar uma trajectória de aumento da produtividade e competitividade da economia portuguesa e voltar a níveis aceitáveis de crescimento económico, manifestamente inexistentes na última dé-cada, focando mais recursos nos sectores/empresas exportadores.

É importante desalavancar progressivamente os balanços das famí-lias, empresas e instituições financeiras nacionais.

A realidade é que o Mundo mudou e a economia portuguesa tem que se adaptar rapidamente ao novo contexto. Depois de duas décadas de endividamento progressivo, que levou a uma Sociedade do Consu-mo e do Crédito, temos que construir uma Sociedade mais focada na Poupança.

A Era da Desalavancagem já começou ao nível de diversas econo-mias desenvolvidas mas vai demorar a ser consolidada. No entanto, esse processo permitirá conduzir a um modelo de crescimento segura-mente mais sustentável a longo prazo.

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Análise banca

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O sector bancário angolano é hoje um dos mais modernos e desenvolvidos do continente africano, em rota com o crescimento da economia do País. O aumento da taxa de bancarização e a cobertura de todo o território são os grandes desafios para os bancos instalados e para os novos ‘players’ que chegam.

EXPANSÃO

A REVOLUÇÃO DA BANCA ANGOLANA

Quando analisamos a evolução recente do sector bancário em Angola, os números são impressionantes. Em dez anos, o número de instituições praticamente duplicou e os activos, os depósitos e o crédito crescem anualmente a

dois dígitos, num país onde cartões de débito e crédito, terminais de pagamento e caixas ATM se estão a multiplicar. Os maiores bancos co-brem agora todo o território do País e, apesar da crise internacional, as mudanças no sector aceleraram o ritmo nestes últimos três anos.

“A expansão das redes de agências e a aposta em estratégias comer-ciais para a captação de clientes têm marcado os mais recentes anos de desenvolvimento do sector”, refere a KPMG Angola num estudo em que analisa o sector bancário de Angola. “Os condicionalismos existen-tes ao nível da gestão de recursos humanos e do planeamento e controlo da actividade lançam desafios adicionais, quer aos ‘players’ estabeleci-dos, quer aos novos ‘players’”, adianta o estudo.

Do ponto de vista do enquadramento legal, 2009 foi um ano-chave para o sector. O Banco Nacional de Angola (BNA) emitiu vários diplo-mas com impacto directo na actividade da banca. Com o objectivo de melhorar a gestão das reservas cambiais, o banco central duplicou, de 15% para 30%, o coeficiente de reservas obrigatórias, medido pela per-centagem do valor dos depósitos que a banca tem de imobilizar junto do BNA. Esta alteração, a par com a modificação da base de incidência do coeficiente, estabilizou o sector monetário, mas fez diminuir a liquidez do sistema financeiro, obrigando a banca a fazer uma gestão mais rigo-rosa do seu ‘working capital’. Outra importante medida de enquadra-mento do sector foi a criação de uma Central de Informação e Riscos de Crédito, um sistema de informação sobre o perfil de riscos dos clientes.

A 1 de Julho de 2010, todas as instituições sob supervisão do BNA tiveram de adoptar o novo Plano Contabilístico das Instituições Finan-ceiras (Contif), em vigor desde o final de 2007. O novo plano de contas teve um impacto directo no tratamento contabilístico de diversas opera-ções e nos sistemas de informação, nomeadamente aos níveis do registo de imparidades da carteira de crédito, da contabilização de produtos de-rivados e impostos diferidos e da divulgação da informação financeira.

No final de 2009, o sistema financeiro angolano era constituído por 20 instituições bancárias, 14 das quais autorizadas a operar nos últimos dez anos. Em 2010, foram autorizados mais três, elevando para 23 o número total de instituições a operar em Angola.

Um negócios redesenhadoA política oficial de fomentar a criação de ‘joint-ventures’ entre os ban-cos de capital estrangeiro e accionistas locais conduziu a uma pequena revolução do sector. Ao longo dos últimos três anos, o perfil do negócio bancário foi redesenhado, com novas parcerias e a chegada de novos ‘players’ ao mercado.

Ainda em 2008, o Banco de Fomento Angola viu a sua estrutura ac-cionista alterada. O português BPI vendeu 49,9% do capital à operadora angolana de telecomunicações Unitel.

Em 2009, o Banco Totta & Açores passou a denominar-se Banco Caixa Geral Totta Angola e a incorporar também capitais angolanos. Ao accionista original, o Banco Santander Totta (braço luso do grupo espanhol Santander), juntou-se a também portuguesa Caixa Geral de Depósitos, a petrolífera angolana Sonangol e um grupo de investidores privados de Angola.

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Apesar da crise internacional, as mudanças no sector bancário angolano aceleraram o ritmo nos últimos três anos.

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Análise banca»

No Banco Espírito Santo Angola (BESA), um aumento de capital possibilitou a entrada de investidores angolanos, que tomaram 48% do capital social, enquanto no Banco Millennium Angola (BMA), a Sonan-gol tomou uma participação de 29,9% e o BPA angolano ficou com 20%, abrindo em contrapartida 10% do seu próprio capital ao BMA, concretizando um acordo cujas primeiras linhas foram delineadas ao longo dos dois anos anteriores.

Ainda em 2009, a banca angolana registou um primeiro movimen-to de consolidação, com a compra do Novo Banco pelo Banco Africano de Investimentos (BAI). Depois da integração no BAI, o Novo Banco mudou a sua denominação para Banco Bai Micro-Finanças, passando a actuar no segmento do micro-crédito. Já em 2010, autoridades angola-nas concederam luz verde ao banco sul-africano Standard Bank, o maior banco do continente africano.

O sistema financeiro nacional passou assim a ser constituído por 23 bancos comerciais, dois dos quais de capitais públicos: Banco de Pou-pança e Crédito (BPC) e o Banco de Comércio e Indústria (BCI). A con-corrência crescente no sector resultou numa evolução muito positiva da bancarização em Angola. A cobertura pelas redes da banca de todo o território nacional, um dos objectibvos simbólicos assumidos pela es-

magadora das instituições financeiras, foi alcançado pelo BAI, que em 2009 passou a cobrir a totalidade das 18 Províncias do País, juntando-se a um grupo restrito que integra também o BPC, o BFA e o muito activo Banco BIC.

Em 2009, o número total de agências cresceu 19%, com todas as instituições a alargarem as suas redes. No final desse ano, BPC, BFA e Banco BIC contavam já com mais de uma centena de balcões, enquan-to o esforço dos bancos com redes menores se reflectia em taxas de crescimento acima dos 10%. “Os bancos em Angola estão concentrados na capacidade de resposta às necessidades de bancarização”, confirma Vítor Ribeirinho, Head of Audit da KPMG em Portugal. A bancarização vai implicar não só um esforço de expansão geográfica, mas também uma maior diversificação dos serviços bancários. Um dos desafios será “adequar esse esforço ao retorno esperado e dentro dos parâmetros de risco toleráveis”, adianta.

Explosão de caixas ATMOs progressos na bancarização foram acompanhados por um crescimen-to do número de cartões de pagamento automático e por um aumento de 38% no número de caixas ATM e de 185% no total de terminais de

2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 573246 739063 1 28,9 375929 592531 1 57,6 131872 272122 1 106,4 23980 42623 2 77,7 39587 56813 1 43,5 1089 1276 3 17,2 60 69 4 15,0 83 125 3 50,6BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 372127 579059 2 55,6 170136 252186 5 48,2 122077 212983 3 74,5 14431 24695 5 71,1 4485 14084 7 214,0 419 432 7 3,1 28 31 6 10,7 22 8 -100,0BFA - Banco de Fomento Angola 1993 474023 528802 3 11,6 225154 447046 2 98,6 130563 155076 5 18,8 28698 37630 3 31,1 42341 49591 2 17,1 1598 1838 2 15,0 113 129 2 14,2 160 241 1 50,6BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 365555 463665 4 26,8 279317 356110 3 27,5 165500 240694 2 45,4 26374 42688 1 61,9 21415 46890 3 119,0 2278 2836 1 24,5 165 200 1 21,2 139 169 2 21,6Banco BIC 2005 340438 386013 5 13,4 209298 301839 4 44,2 123506 164167 4 32,9 23207 33233 4 43,2 22030 41120 4 86,7 1112 1168 4 5,0 100 109 3 9,0 97 4 -100,0BPA - Banco Privado Atlântico 2006 106784 136885 6 28,2 20112 102060 6 407,5 13883 36088 9 159,9 3902 8887 6 127,8 2355 12034 8 411,0 10 10 10 0,0 BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 57175 106788 7 86,8 45273 87583 7 93,5 27499 61922 6 125,2 3788 7312 7 93,0 6164 9158 9 48,6 191 314 8 64,4 12 21 9 75,0 23 55 6 139,1Banco Sol 2001 83018 103650 8 24,9 40005 77145 8 92,8 47242 38472 8 -18,6 4599 7224 8 57,1 3466 6235 11 79,9 515 648 5 25,8 53 65 5 22,6 40 76 5 90,0BMA - Banco Millennium Angola 2006 48389 95725 9 97,8 19659 54661 9 178,0 22136 39311 7 77,6 2716 6613 9 143,5 20358 35673 5 75,2 311 499 6 60,5 16 23 8 43,8 15 31 7 106,7BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 47512 68673 10 44,5 26932 42859 10 59,1 14761 15964 11 8,1 3639 5903 10 62,2 9511 21342 6 124,4 227 9 13 9BRK - Banco Regional de Kewe 2003 33102 37442 11 13,1 20836 35094 11 68,4 12631 17985 10 42,4 3014 4127 11 36,9 5781 6951 10 20,2 218 244 9 11,9 21 25 7 19,0 20 31 7 55,0Finibanco de Angola 2008 2956 8881 12 200,4 1324 5353 12 304,3 776 4185 12 439,3 155 1524 12 883,2 706 2053 12 190,8 25 52 10 108,0 1 4 11 300,0 2 7 10 250,0Banco VTB Africa 2007 2057 13 933 13 113 13 388 13 1257 13 27 11 1 12

Activos totais (milhõesdekwanzas)

Início actividade

Depósitos(milhõesdekwanzas)

Crédito Líquido (milhõesdekwanzas)

Indicadores de dimensão e actividade

2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var. % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var % 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%BAI - Banco Africano de Investimentos 1997 12451 20654 1 65,9 31,45 36,35 4 4,90 2,94 3,15 8 0,21 26,11 23,34 2 -2,77 3,33 3,15 10 -0,18 22,02 32,40 2 10,38 35,08 45,93 8 10,85 2,06 3,57 7 1,51BESA - Banco Espírito Santo Angola 2002 9060 16842 3 85,9 44,50 47,21 1 2,71 3,50 3,54 6 0,04 32,22 23,96 4 -8,26 3,20 2,14 12 -1,06 34,44 56,96 1 22,52 93,89 84,45 1 -9,44 0,00BFA - Banco de Fomento Angola 1993 16847 19886 2 18,0 39,79 40,10 3 0,31 4,55 3,97 3 -0,58 28,70 28,41 5 -0,29 4,86 3,27 9 -1,59 17,96 20,47 5 2,51 57,99 93,02 10 35,03 1,04 2,50 6 1,46BPC - Banco de Poupança e Crédito 1976 7288 11130 5 52,7 34,03 23,74 10 -10,29 2,52 2,68 11 0,16 45,78 43,21 9 -2,57 5,65 5,78 2 0,13 11,58 15,05 8 3,47 59,61 67,59 5 7,98 4,49 4,99 8 0,50Banco BIC 2005 10584 13292 4 25,6 48,04 32,33 7 -15,71 4,11 3,66 5 -0,45 31,49 23,79 3 -7,70 5,41 4,46 4 -0,95 20,87 28,45 4 7,58 59,01 54,39 6 -4,62 0,76 1,33 2 0,57BPA - Banco Privado Atlântico 2006 1204 3437 7 185,5 51,12 28,56 9 -22,56 1,81 2,82 10 1,01 58,76 50,74 11 -8,02 3,73 4,16 5 0,43 3,51 -3,51 69,03 35,36 10 -33,67 1,15 1,43 3 0,28BNI - Banco de Negócios Internacional 2006 1880 3012 8 60,2 30,50 32,89 5 2,39 4,16 3,67 4 -0,49 32,29 38,35 7 6,06 5,20 3,44 8 -1,76 19,05 18,80 6 -0,25 68,74 80,27 2 11,53 4,01 1,67 4 -2,34Banco Sol 2001 1597 2943 9 84,3 46,08 47,20 2 1,12 2,70 3,15 8 0,45 48,86 50,29 10 1,43 5,27 3,05 11 -2,22 8,93 11,15 10 2,22 28,83 24,83 12 -4,00 7,79 8,76 10 0,97BMA - Banco Millennium Angola 2006 433 1590 10 267,2 9,66 11,29 13 1,63 1,17 2,21 12 1,04 69,69 61,33 12 -8,36 3,77 4,08 6 0,31 8,73 13,25 9 4,52 112,60 72,41 4 -40,19 2,62 0,93 1 -1,69BCGTA - Banco Caixa Geral Totta Angola 1993 2085 4050 6 94,2 21,92 18,98 11 -2,94 4,94 6,97 2 2,03 30,76 21,98 1 -8,78 5,57 3,61 7 -1,96 16,99 -16,99 54,81 37,25 9 -17,56 2,28 8,41 9 6,13BRK - Banco Regional de Kewe 2003 1139 1170 11 2,7 19,70 16,83 12 -2,87 4,53 3,32 7 -1,21 39,26 44,17 8 4,91 5,87 4,98 3 -0,89 13,83 16,91 7 3,08 60,63 51,25 7 -9,38 5,31 13,09 11 7,78Finibanco de Angola 2008 -34 607 12 58,59 78,19 3 19,60 0,04 3,58 5 3,54Banco VTB Africa 2007 64 13 29,58 8 29,58 10,26 1 10,26 32,54 6 32,54 5,98 1 5,98 29,31 3 29,31 12,12 13 12,12 0,00

Activos totais (milhõesdekwanzas)

Início actividade

Depósitos(milhõesdekwanzas)

Crédito Líquido (milhõesdekwanzas)

Indicadores de rendibilidade e eficiência

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Page 29: Edição Março 2011

Março 2011 » PRÉMIO » 29

2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var.% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%BAI-BancoAfricanodeInvestimentos 1997 573246 739063 1 28,9 375929 592531 1 57,6 131872 272122 1 106,4 23980 42623 2 77,7 39587 56813 1 43,5 1089 1276 3 17,2 60 69 4 15,0 83 125 3 50,6BESA-BancoEspíritoSantoAngola 2002 372127 579059 2 55,6 170136 252186 5 48,2 122077 212983 3 74,5 14431 24695 5 71,1 4485 14084 7 214,0 419 432 7 3,1 28 31 6 10,7 22 8 -100,0BFA-BancodeFomentoAngola 1993 474023 528802 3 11,6 225154 447046 2 98,6 130563 155076 5 18,8 28698 37630 3 31,1 42341 49591 2 17,1 1598 1838 2 15,0 113 129 2 14,2 160 241 1 50,6BPC-BancodePoupançaeCrédito 1976 365555 463665 4 26,8 279317 356110 3 27,5 165500 240694 2 45,4 26374 42688 1 61,9 21415 46890 3 119,0 2278 2836 1 24,5 165 200 1 21,2 139 169 2 21,6BancoBIC 2005 340438 386013 5 13,4 209298 301839 4 44,2 123506 164167 4 32,9 23207 33233 4 43,2 22030 41120 4 86,7 1112 1168 4 5,0 100 109 3 9,0 97 4 -100,0BPA-BancoPrivadoAtlântico 2006 106784 136885 6 28,2 20112 102060 6 407,5 13883 36088 9 159,9 3902 8887 6 127,8 2355 12034 8 411,0 10 10 10 0,0 BNI-BancodeNegóciosInternacional 2006 57175 106788 7 86,8 45273 87583 7 93,5 27499 61922 6 125,2 3788 7312 7 93,0 6164 9158 9 48,6 191 314 8 64,4 12 21 9 75,0 23 55 6 139,1BancoSol 2001 83018 103650 8 24,9 40005 77145 8 92,8 47242 38472 8 -18,6 4599 7224 8 57,1 3466 6235 11 79,9 515 648 5 25,8 53 65 5 22,6 40 76 5 90,0BMA-BancoMillenniumAngola 2006 48389 95725 9 97,8 19659 54661 9 178,0 22136 39311 7 77,6 2716 6613 9 143,5 20358 35673 5 75,2 311 499 6 60,5 16 23 8 43,8 15 31 7 106,7BCGTA-BancoCaixaGeralTottaAngola 1993 47512 68673 10 44,5 26932 42859 10 59,1 14761 15964 11 8,1 3639 5903 10 62,2 9511 21342 6 124,4 227 9 13 9BRK-BancoRegionaldeKewe 2003 33102 37442 11 13,1 20836 35094 11 68,4 12631 17985 10 42,4 3014 4127 11 36,9 5781 6951 10 20,2 218 244 9 11,9 21 25 7 19,0 20 31 7 55,0FinibancodeAngola 2008 2956 8881 12 200,4 1324 5353 12 304,3 776 4185 12 439,3 155 1524 12 883,2 706 2053 12 190,8 25 52 10 108,0 1 4 11 300,0 2 7 10 250,0BancoVTBAfrica 2007 2057 13 933 13 113 13 388 13 1257 13 27 11 1 12

ProdutoBancário(milhõesdekwanzas)

CapitaisPróprios(milhõesdekwanzas)

Númeromédiodeempregados Númerodeagências NúmerodeATM

Indicadores de dimensão e actividade

2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var.% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var% 2008 2009 rank var%BAI-BancoAfricanodeInvestimentos 1997 12451 20654 1 65,9 31,45 36,35 4 4,90 2,94 3,15 8 0,21 26,11 23,34 2 -2,77 3,33 3,15 10 -0,18 22,02 32,40 2 10,38 35,08 45,93 8 10,85 2,06 3,57 7 1,51BESA-BancoEspíritoSantoAngola 2002 9060 16842 3 85,9 44,50 47,21 1 2,71 3,50 3,54 6 0,04 32,22 23,96 4 -8,26 3,20 2,14 12 -1,06 34,44 56,96 1 22,52 93,89 84,45 1 -9,44 0,00BFA-BancodeFomentoAngola 1993 16847 19886 2 18,0 39,79 40,10 3 0,31 4,55 3,97 3 -0,58 28,70 28,41 5 -0,29 4,86 3,27 9 -1,59 17,96 20,47 5 2,51 57,99 93,02 10 35,03 1,04 2,50 6 1,46BPC-BancodePoupançaeCrédito 1976 7288 11130 5 52,7 34,03 23,74 10 -10,29 2,52 2,68 11 0,16 45,78 43,21 9 -2,57 5,65 5,78 2 0,13 11,58 15,05 8 3,47 59,61 67,59 5 7,98 4,49 4,99 8 0,50BancoBIC 2005 10584 13292 4 25,6 48,04 32,33 7 -15,71 4,11 3,66 5 -0,45 31,49 23,79 3 -7,70 5,41 4,46 4 -0,95 20,87 28,45 4 7,58 59,01 54,39 6 -4,62 0,76 1,33 2 0,57BPA-BancoPrivadoAtlântico 2006 1204 3437 7 185,5 51,12 28,56 9 -22,56 1,81 2,82 10 1,01 58,76 50,74 11 -8,02 3,73 4,16 5 0,43 3,51 -3,51 69,03 35,36 10 -33,67 1,15 1,43 3 0,28BNI-BancodeNegóciosInternacional 2006 1880 3012 8 60,2 30,50 32,89 5 2,39 4,16 3,67 4 -0,49 32,29 38,35 7 6,06 5,20 3,44 8 -1,76 19,05 18,80 6 -0,25 68,74 80,27 2 11,53 4,01 1,67 4 -2,34BancoSol 2001 1597 2943 9 84,3 46,08 47,20 2 1,12 2,70 3,15 8 0,45 48,86 50,29 10 1,43 5,27 3,05 11 -2,22 8,93 11,15 10 2,22 28,83 24,83 12 -4,00 7,79 8,76 10 0,97BMA-BancoMillenniumAngola 2006 433 1590 10 267,2 9,66 11,29 13 1,63 1,17 2,21 12 1,04 69,69 61,33 12 -8,36 3,77 4,08 6 0,31 8,73 13,25 9 4,52 112,60 72,41 4 -40,19 2,62 0,93 1 -1,69BCGTA-BancoCaixaGeralTottaAngola 1993 2085 4050 6 94,2 21,92 18,98 11 -2,94 4,94 6,97 2 2,03 30,76 21,98 1 -8,78 5,57 3,61 7 -1,96 16,99 -16,99 54,81 37,25 9 -17,56 2,28 8,41 9 6,13BRK-BancoRegionaldeKewe 2003 1139 1170 11 2,7 19,70 16,83 12 -2,87 4,53 3,32 7 -1,21 39,26 44,17 8 4,91 5,87 4,98 3 -0,89 13,83 16,91 7 3,08 60,63 51,25 7 -9,38 5,31 13,09 11 7,78FinibancodeAngola 2008 -34 607 12 58,59 78,19 3 19,60 0,04 3,58 5 3,54BancoVTBAfrica 2007 64 13 29,58 8 29,58 10,26 1 10,26 32,54 6 32,54 5,98 1 5,98 29,31 3 29,31 12,12 13 12,12 0,00

ProdutoBancário(milhõescdekwanzas)

CapitaisPróprios(milhõesdekwanzas)

Númeromédiodeempregados Númerodeagências NúmerodeATM

Indicadores de rendibilidade e eficiência

pagamento automático (TPA). “Em paralelo com esta democratização do uso de meios de pagamento automáticos, também o número de tran-sacções realizadas através desses meios aumentou, registando-se um crescimento de 28% no total de levantamentos realizados nas ATM e de 88% no número de transacções em TPA,” refere o estudo da KPMG Angola, sobre o sector bancário em Angola.

A maioria dos bancos está a crescer de forma orgânica, registando um reforço dos seus capitais e um aumento dos activos. “A evolução ge-ral em termos de captação de depósitos e de crédito é também ilustrativa, com taxas de crescimento médias de dois dígitos”, avança a KPMG An-

gola. O desenvolvimento do sector implicou um aumento da população bancária. O número médio de colaboradores aumentou 9% em 2009, e a entrada no mercado de novos ‘players’ e a agressividade da expansão de alguns bancos médios, estão a agudizar a guerra pela conquista dos melhores talentos. “Apesar de se tratar de um sector jovem, é admirável assistir à rapidez da sua evolução, quer em termos de indicadores de crescimento e de performance, quer no que concerne à crescente matu-ridade no enquadramento regulamentar e legistativo, aproximando-o a passos largos de outras realidades mais maduras e sofisticadas”, conclui a KPMG Angola, adiantando que as palavras-chave para os próximos anos serão o crescimento, a gestão de riscos e o ‘compliance’.

“Os bancos deverão estar atentos e preparados para as mudanças regulatórias, nomeadamente ao nível dos requisitos de gestão de risco e controlo interno, da gestão de capital e liquidez e das políticas de comba-te ao branqueamento de capitais”, precisa Vítor Ribeirinho. Até porque o BNA está a acompanhar de uma forma cada vez mais efectiva os bancos, particularmente ao nível de gestão de riscos e ‘compliance’. O responsá-vel da KPMG prevê que, mesmo num ambiente mais restritivo e cada vez mais regulado, o sector financeiro continuará a crescer de forma a sustentada.

O perfil do negócio bancário foi redesenhado com novas parcerias e a chegada de novos ‘players’ ao mercado.

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Análise bancal

30 » PRÉMIO » Março 2011

“Queremos 100 balcões e mais de 100 milhões de resultados”

JOSÉ REINO DA COSTA, MILLENNIUM ANGOLA

Um dos mais recentes e activos bancos a operar no mercado angolano, o Millennium Angola fechou 2010 com um desempenho extraordinário, duplicando o número de clientes, abrindo 16 novos balcões e registando um crescimento a dois dígitos. A três anos, os objectivos passam por atingir os 100 balcões, cobrindo todas as Províncias do País e ultrapassar os 100 milhões de dólares de resultados.

Para 2011 as prioridades estratégicas do Millennium Ango-la continuam a ser o crescimento rentável do negócio com grande enfoque na captação de novos clientes e depósitos. “Pretendemos voltar a dobrar o número de clientes acti-vos, ultrapassando os 150 mil, continuar a ganhar quota de mercado nos recursos e crédito, abrir entre 20 e 25 balcões e ultrapassar os 40 milhões de dólares de resultados líqui-dos”, adianta José Reino da Costa, presidente da Comissão Executiva do banco.

Como avalia a evolução da economia angolana em 2010?Angola é um país muito dependente das importações, com implicações imediatas na disponibilidade de moeda estrangeira para fazer face ao pagamento das mercadorias importadas, o que provoca também uma grande pressão sobre a inflação. Sendo a venda do petróleo praticamente a única fonte de receitas por via das exportações, Angola acaba por estar muito vulnerável ao preço do petróleo para sustentar o seu desenvolvimento, como aliás ficou bem cla-ro nos últimos dois anos.

Em 2010 a actividade económica em Angola apresentou um desempenho positivo, em linha com as expectativas iniciais, tendo tido um crescimento em torno dos 4%, des-tacando-se o sector não petrolífero, com um crescimento de cerca de 6%, não obstante o preço do crude ter estado sempre acima dos 70 dólares por barril e ter mesmo ultra-passado os 90 dólares perto do final do ano. A taxa de in-flação manteve-se próxima dos 14% e a taxa de câmbio do kwanza (moeda nacional de Angola) não sofreu alterações significativas, tendo valorizado cerca de 4,3% face ao Euro e desvalorizado cerca de 3,6% face ao dólar.

E no que respeita ao sector financeiro?Foi um ano caracterizado por alguma falta de liquidez, nomeadamente de moeda estrangeira, com implicações nas taxas de juro e na oferta de crédito, tendo-se assistido, no segundo semestre, a uma melhoria significativa das condições de mercado em virtude do Governo ter resol-vido uma parte significativa dos atrasos dos pagamentos às empresas.

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Março 2011 » PRÉMIO » 31

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Deixe-me realçar que o sector financeiro angolano é seguramente dos sectores mais desenvolvidos, a par dos sectores petrolífero e das te-lecomunicações. É um sector onde nos últimos cinco anos foram feitos grandes investimentos em tecnologia, formação de quadros e expansão da rede de balcões e que, por isso, tem reflectido a vitalidade espelhada nas oportunidades de desenvolvimento que se oferecem, quer ao nível de parcerias e de investimentos, quer ao nível do crescimento.

Que balanço faz do desempenho do Millennium Angola?O balanço é muito positivo. Continuámos o nosso crescimento confor-me previsto, de uma forma sustentável e rentável. Abrimos 16 novos balcões e terminámos o ano com um total de 39; ultrapassámos os 80 mil clientes, o que significa que mais do que duplicámos o número de clientes de 2009; e recrutámos mais de 250 colaboradores, somando, agora, mais de 700. Em termos de resultados, o banco teve um resul-tado líquido de 33 milhões de dólares, um crescimento de 63% face a 2009, tendo também melhorado significativamente as sua eficiência e

rentabilidade, com o rácio ‘cost-to-income’ a descer de 62%, em 2009, para 53%, em 2010, e a rendibilidade dos capitais próprios (ROE), a subir de 13% para 20%.

Quais as perspectivas para 2011?Para 2011, acreditamos que a economia angolana vai voltar a ter um crescimento forte e por isso estimamos que o BMA também possa continuar o seu desenvolvimento com taxas de crescimento acima da média do mercado. Assim, para este ano, as prioridades estratégicas continuam a ser o crescimento rentável do negócio com grande en-foque na captação de novos clientes e depósitos. Pretendemos voltar a dobrar o número de clientes activos, ultrapassando os 150 mil, con-tinuar a ganhar quota de mercado nos recursos e crédito, abrir entre 20 e 25 balcões e ultrapassar os 40 milhões de dólares de resultados líquidos. Estamos confiantes que, com as perspectivas de evolução do mercado e com a equipa que temos, podemos ambicionar em 2011 continuar a crescer com um ritmo elevado como nos últimos anos.

Análise banca

32 » PRÉMIO » Março 2011

“Para 2011, a economia angolana vai voltar a ter um crescimento forte e estimamos que o BMA também possa continuar o seu desenvolvimento com taxas de crescimento acima da média do mercado.”

Depois de anos de crescimento a dois dígitos, é possível manter o ritmo nos próximos anos? O modelo de negócio do banco Millennium é um modelo de banca universal, que tem sido a base da fórmula de sucesso que usamos em todos os mercados, com um enfoque intenso sobre as necessi-dades dos clientes, apoiado pela inovação em serviços bancários e tecnologia.

A nossa missão em Angola passa por contribuir para a moderniza-ção e desenvolvimento da economia angolana. Queremos assumir um papel-chave na bancarização do País e manter elevados níveis de sa-tisfação, fidelização e envolvimento com os nossos clientes. Por isso, nos últimos anos, o banco Millennium Angola tem efectuado fortes investimentos na expansão da sua rede de balcões, em tecnologia, na formação de quadros, no desenvolvimento de produtos e em comuni-cação (como por exemplo a associação da Marca à conhecida cantora angolana Yola Semedo). Lançámos também, com os nossos accionistas locais e parceiros de negócios, uma Academia projectada para formar quadros angolanos nas áreas financeiras, tendo como objectivo formar cerca de 10 mil angolanos até 2015.

Dito isto, pensamos que temos condições para continuar a crescer em Angola a um ritmo elevado nos próximos três anos e sempre acima da média do mercado. Queremos ultrapassar os 100 balcões, estar pre-sente em todas as províncias e ultrapassar os 100 milhões de dólares de resultados líquidos.

O Millennium Angola tem hoje o seu capital repartido entre três grandes accionistas – o português Millennium bcp, o banco BPA angolano e a pe-trolífera estatal Sonangol. Que contributo traz cada um dos accionistas para o crescimento do banco?Ter parceiros locais faz parte do modelo de negócio do Grupo Millen-nium porque contribui para a obtenção de ‘know-how’ local e acesso ao mercado duma forma mais eficiente, ajudando assim ao crescimento mais rápido da base de clientes. Com os nossos accionistas, partilha-mos o interesse em ajudar Angola a crescer como destino de investi-mento e como mercado doméstico robusto.

Com a crescente sofisticação do mercado financeiro e o futuro arranque da Bolsa de Valores, que novas áreas de negócio se poderão abrir ao banco?A abertura da Bolsa permitirá uma nova forma de financiamento para as empresas, quer pela abertura de capital, quer pela emissão de dívida.Poderá também criar um mercado secundário de títulos de dívida pú-blica, o que certamente permitirá melhorar o funcionamento do sector financeiro angolano. Será normal que os principais bancos queiram ter um serviço de corretagem e de prestação de serviços de banca de investimento para oferecer aos seus clientes e, por isso, o Millennium Angola não deixará de estar presente no mercado.

O banco Millennium Angola foi recentemente galardoado pela revista “The Banker” com o prémio “ Banco do Ano – Angola 2010”. O que repre-senta esta distinção?Este prémio atribuído pela “The Banker” é um dos prémios interna-cionais mais relevantes no sector bancário e por isso é uma distinção muito importante para nós já que é um reconhecimento efectuado por uma entidade externa de referência mundial do nosso desempe-

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nho, qualidade de serviço e solidez, e que só foi possível pelo trabalho desenvolvido nos últimos anos pela equipa do banco num contexto muito complexo, quer em Angola, quer internacionalmente. Por outro lado, este é o quarto prémio que recebemos no último ano e meio. Re-cordo que, em 2009, recebemos o prémio de “Banco Mais Inovador”, já em 2010 fomos considerados “Melhor banco com capital maiorita-riamente estrangeiro”, ambos atribuídos pela revista EMEA Finance, tendo sido igualmente distinguidos como “Marca de Excelência” pela Superbrands.

Acreditamos que este prémio terá um impacto muito importante na imagem do banco enquanto instituição credível, sólida e inovado-ra, contribuindo para que aumente a confiança que os clientes têm no banco e também para o aumento da sua visibilidade no mercado. O que naturalmente permitirá reforçar o envolvimento com os clientes e, con-sequentemente, desenvolver o negócio. Isto reforça a nossa confiança para continuarmos no caminho que ainda temos pela frente para con-solidar a operação e afirmar o Millennium Angola como um dos bancos de referência do mercado angolano.

Qual o contributo do Millennium Angola para o desenvolvimento social de Angola? Ao nível dos serviços bancários o Millen-nium Angola têm criado produtos destina-dos à estimulação da poupança, e também para a concessão de crédito a particulares e a empresários de baixo rendimento. Como exemplo, estamos a ultimar um protocolo com a OMA-Organização da Mulher An-golana que tem por missão promover o empreendorismo e a criação de auto-em-prego através do início de uma actividade empresarial. O banco predispõe-se a apoiar as mulheres angolanas com iniciativas em-presariais viáveis e assim cooperar com a população que a OMA pretender incentivar.

Por outro lado, o banco Millennium tem

uma política de responsabilidade social que tem vindo a implementar ao longo dos anos. A título de exemplo, em 2010, o banco manteve a sua acção de apoio à comunidade por ocasião do dia da Criança Africa-na (16 Junho) e, à semelhança do ano anterior, entregou um donativo em numerário, bens alimentares, material escolar, vestuário e brinque-dos ao Programa Criança Feliz. O Programa Criança Feliz tem como objectivos reduzir a pobreza, promover a educação das crianças da co-munidade e oferecer cuidados de saúde. Esta acção é realizada em par-ceria com o Grupo da Amizade, uma Organização Não Governamental (ONG) e envolve todos os colaboradores do banco que, de forma directa ou indirecta, contribuem com a entrega de bens alimentares, material escolar, vestuário e brinquedos.

Outro exemplo é a participação do banco Millennium como parceiro da Fundação Western Union no suporte ao projecto Aldeias de Crian-ças SOS, que visa o desenvolvimento social e pedagógico em escolas no Huambo, Lubango e Benguela.

José Reino da Costa nasceu a 2 de Fevereiro de 1964 em Mo-çambique. É o Presidente da Co-missão Executiva do Banco Mil-lennium Angola desde Junho de 2008. Licenciado em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, tem ainda um MBA (Master in Business Admi-

nistration) da Universidade Nova de Lisboa. Iniciou o seu percurso profissional no sector automó-vel, no grupo Mocar, passando posteriormente pela consultora estratégica Roland e pela Sonae Distribuição. Está no grupo Millennium bcp desde 1999, inicialmente com o

cargo de Director da Companhia de Seguros Bonança. Posterior-mente foi CEO (Chief Executive Officer) da Companhia de Seguros Macau e Administrador Executivo do Banco Comercial de Macau.

perfil

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Análise banca

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O BANCO QUE TROUXE A INOVAÇÃO A MOÇAMBIQUE

MILLENNIUM BIM

Quando em 1995 o Millennium bim instalou em Moçambique os primeiros pontos de ATM e as pessoas viam que de lá saía dinheiro, não só os aparelhos

se tornaram motivo de conversa nas ruas de Maputo como foram objecto de romarias e dis-cussões entre a assistência incrédula. Muitos julgavam haver alguém atrás da máquina que dava o dinheiro. Em pouco tempo, de forma espontânea, começou um movimento informal de escolarização e de interajuda de pessoas que se juntavam ao redor dos ATM: quem sabia ensinava. Movimento esse que, em apenas 15 anos, gerou a maior revolução na banca comer-cial deste país africano.

O Millennium bim, o primeiro banco priva-do criado de raiz a fixar-se no País após a inde-pendência, percebeu essa predisposição para a mudança e apostou forte na introdução de no-vos produtos e tecnologias, algumas delas du-rante muito tempo “misteriosas” para a maio-ria da população. Ultrapassado o receio que os ATM inicialmente inspiravam, os moçambica-nos rapidamente adoptaram os produtos bim.

Num País onde apenas 10% da população tem conta bancária, o bim não só introduziu o conceito de caixa automática de levantar di-nheiro com cartão, como ligou os seus 311 ATM à rede Visa e associou as contas dos clientes à Western Union, permitindo-lhes fazer, desde 2001, transferências internacionais.

A aposta na Conta Cartão, o produto mais po-pular do bim, cuja titularidade depende apenas de um depósito de 500 meticais (moeda de Mo-çambique), permite que qualquer pessoa perce-

Em 15 anos de existência, o Millennium bim, o primeiro banco privado moçambicano do pós-independência, transformou-se no maior empregador e

na principal fonte de inovação financeira do País. Por João Bénard Garcia

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ba que pode ser cliente do banco, mas também o acesso generalizado ao Cartão de Débito, ou específico ao Cartão Mulher. Estas são algumas das inovações que atraíram pessoas ao banco e lhe permite deter uma quota de 40% da banca comercial moçambicana, tendo uma carteira com mais de 800 mil clientes.

Crédito Especializado, Crédito Nova Vida, Leasing, ALD, Gestor de Cliente, Linha (telefó-nica) Millennium bim ou serviços de Internet Banking e SMS Banking, foram conceitos e ex-pressões absorvidas com facilidade por todos os estratos socioeconómicos de Moçambique. “O banco está aberto a todos: calçados e descalços, camisados e descamisados”, defendeu Moisés Jorge, o Director Coordenador do Corporate, desvendando que a aposta futura do bim conti-nuará a ser na massificação.

Mário Machungo, o timoneiro que lidera, desde a sua fundação, o banco que tem 130 balcões, é o maior empregador do sector fi-nanceiro (1550 pessoas) e o que mais contribui para o fisco nacional, sublinhou, durante a gala comemorativa dos 15 anos da instituição, em Dezembro último, que o principal objectivo do bim será, mais do que ganhar a quota de mer-cado, “servir bem e melhor o cliente”, elegendo a “excelência, o fazer bem à primeira e o ser efi-ciente” como metas fundamentais.

Foram os moçambicanos quem reco-nheceu a marca Millennium bim como a Melhor Marca da Banca, com um grau de notoriedade de 93%. Além dis-so, são os mesmos quem a identifica como a marca de que os consumidores mais gostam, aquela que recomendam e a com maior qualidade. O sucesso do bim também se conta pela quantidade

de prémios nacionais e internacionais conquistados. À sua galeria de dez prémios – só nas categorias de Melhor Banco e de Melhor Marca em Mo-çambique –, o bim somou em 2010 o conceituado prémio Corporate Social Responsability, no âmbito do African Banking Achievement Awards, pela revista EMEA Finance.

O CAÇA PRÉMIOS E A MARCA DE QUE TODOS GOSTAM

O Millennium bim é o primeiro banco privado criado de raiz após a independência.

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ECONOMIA BRASILEIRA EM ALTA EM 2010

A economia do Brasil cresceu cerca de 7,5% em 2010, após o período de recessão ligeira registado em 2009. A confiança dos consumidores e das empresas atingiu, entretanto, níveis elevados. A reputação internacional do país está mais

fortalecida do que nunca, apesar de em 2010 a Bolsa Brasileira ter tido um dos piores desempenhos no universo dos mercados emergentes. O MSCI Brasil subiu apenas 3,8%, com referência a dólares americanos, face às subidas de dois dígitos registadas pelos demais mercados da América Latina, e à subida de 16,4% apresentada pela globalidade dos Mercados Emergentes. Porquê?

Numa palavra, política: grandes dúvidas quanto às políticas fiscal e monetária e a inábil gestão governamental de uma enorme colocação de acções pela Petrobrás, o gigante petrolífero controlado pelo Estado.

A nova presidente do Brasil, Dilma Rousseff, do Partido Trabalhista, foi eleita com o forte apoio do seu antecessor Lula da Silva. Durante os dois mandatos de Lula da Silva, a economia do Brasil apresentou o mais elevado índice de crescimento desde o período anterior à crise do petróleo da década de 70. Por outro lado, a inflação manteve os níveis mais baixos registados no período histórico mais recente. Taxas de juro em mínimos históricos – embora ainda altas face aos padrões globais – estimularam o investimento das empresas e a procura dos consumidores.

A Presidente Rousseff prometeu aos eleitores a continuidade deste legado, e até agora parece estar a cumprir. No entanto, enfrenta numerosos desafios e terá ainda de construir a sua credibilidade junto dos mercados financeiros; terá também que estabelecer um equilíbrio entre as pressões opostas dos seus aliados políticos e dos mercados. As políticas fiscal e monetária são, neste momento, os desafios mais importantes, pois foram, no passado, os aspectos que correram mal no

Brasil e onde a credibilidade da administração de Lula foi crucial para conseguir a queda da inflação e a elevada taxa de crescimento verificada nos últimos anos.

Os mercados que procuram sinais inequívocos de uma política fiscal restritiva, na sequência dos últimos dois anos de uma política particularmente liberal, são os mais cépticos. No entanto, o Ministro das Finanças, Guido Mantega, comprometeu-se a reduzir a despesa, e a inesperadamente reduzida subida do salário mínimo, este ano, é prova clara de um elevado nível de responsabilidade fiscal.

A política monetária é, também, no Brasil, um grande desafio, pois o sobreaquecimento da economia levou a inflação aos 5.9% em 2010, questão que se complicou devido ao facto de o real Brasileiro ter sido uma das moedas mais fortes, em termos globais, ao longo do ano transacto, uma vez que a robustez económica atraiu fluxos de investimento internacional. Para travar um maior fortalecimento do real, o governo decretou uma subida dos impostos sobre os fluxos de investimento externo, limitando também a capacidade de os bancos locais tomarem posições curtas no dólar Norte Americano. Neste contexto, a subida das taxas de juro torna-se um tema delicado.

Após um ano de baixo desempenho relativo, o Mercado Brasileiro está a negociar com as valorizações mais baixas dos mercados emergentes, com expectativas de crescimento dos

rendimentos da ordem dos 18% para o ano em curso. Se o novo governo for capaz de concretizar as suas palavras encorajadoras no que se refere às políticas fiscal e monetária, tudo indica que o mercado de acções venha a reagir muito positivamente.

As posições expressas são as do autor e não necessariamente da F&C Investments,

não constituindo aconselhamento financeiro.

Urban Larson Director, Emerging Equities

Dilma Rousseff prometeu a continuidade do legado de Lula e está a cumprir.

Opinião

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Negócios telecomunicações

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O administrador e director-geral da Unitel, a maior opera-dora angolana de comunicações móveis, garante que o peso do mercado empresarial tem tendência para cres-cer nos próximos anos. Em entrevista à Prémio, Miguel Martins destaca o papel da empresa nas áreas da respon-

sabilidade social, com o apoio a escolas e a instituições de saúde. Sobre a parceria local com a portuguesa PT, o responsável da Unitel avança que ela “dificilmente se estenderá a outros mercados”.

Como evoluiu o mercado das telecomunicações móveis em Angola, no último ano? Qual é a taxa de cobertura actual e quantos utilizadores de telefonia móvel existem neste momento em Angola?

A cada ano que passa, o mercado das telecomunicações tem conheci-do melhorias consideráveis, a oferta de serviços e produtos tem aumenta-do substancialmente e segundo o Inacom, a rede de serviços de telefonia móvel no país está bastante avançada, atingindo já um valor de teledensi-dade superior a 60%. Os números indicam existir em actividade mais de nove milhões de linhas ou telefones móveis no conjunto das operadoras nacionais.

O facto dos mercados africanos estarem ainda numa fase de crescimento acelerado e de estarem agora a expandir-se a franjas da população de me-nores rendimentos, faz do pré-pago uma solução ideal para a evolução do negócio?Sem dúvida. O pré-pago tem um peso muito significativo no nosso mer-cado, o que não foge à regra dos mercados africanos e de outros.

Onde está hoje o maior potencial de crescimento do negócio? Nos serviços de voz ou dados? Que expectativas têm para os serviços de banda larga móvel?O potencial existe em ambos os mercados, mas com maior peso para os dados. A nossa ambição é chegar a 2012 com 1 milhão de clientes.

Como correu o ano à Unitel?Foi um ano de significativas mudanças para a empresa, não apenas em termos de presença territorial, onde expandimos a rede a 15 novos muni-cípios do País, mas também em termos de expansão da rede de lojas, com um total de 26 inaugurações.

É de realçar, também, o lançamento de serviços pioneiros e verdadei-ramente inovadores na área da internet, como é o caso do serviço de inter-net no estrangeiro, o que nos permite estar ainda mais próximos dos nos-sos clientes e com maior capacidade para responder rápida e eficazmente às suas necessidades.

A expansão da fibra óptica a quase todo o País, com um grande in-vestimento, desempenhou um papel muito relevante, prometendo para os próximos tempos uma melhoria da qualidade da nossa rede e propor-cionarmos serviços e produtos aos nossos clientes. Fechámos o exercício com uma quota de 64,2%.

Qual o peso relativo do mercado de particulares face ao segmento empre-sarial? Como evoluirá esta relação no futuro?O peso do segmento empresarial ainda é pequeno, mas com tendência a crescer muito rapidamente com a aposta que estamos a fazer.

Foi um ano de significativas mudanças para a empresa, não apenas em termos de presença territorial, onde expandimos a rede a 15 novos municípios do País, mas também em termos de expansão da rede de lojas, explica Miguel Martins.

“Fechámos 2010 com uma quota de 64,2% do mercado”

MIGUEL MARTINS, DIRECTOR-GERAL E ADMINISTRADOR UNITEL

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miguel martins destaca o papel da empresa nas áreas da responsabilidade social

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Qual é o valor actual do ARPU? A tendência é de subida?O valor de ARPU é confidencial, mas pretendemos aumentá-lo, ou pelo menos mantê-lo com a ajuda dos serviços de dados.

Que projectos têm para 2011?Temos dois grandes objectivos estratégicos da empresa para este ano. O primeiro passa por continuar a ter um ‘branding’ institucional muito for-te, chegar mais perto dos nossos clientes e ajudá-los a comunicar melhor. O segundo é crescer no acesso à internet. Fizemos um grande investi-mento nos últimos anos nesse sentido, com a instalação de fibra entre os nossos computadores principais. Queremos melhorar a qualidade de rede e consequentemente garantir um melhor acesso à internet. Alargar o ser-viço de internet no estrangeiro é outro objectivo estratégico para este ano.

Como está hoje estruturada a rede comercial da Unitel?Temos 68 lojas sendo 41 de clientes, 26 de agentes e a restante empresa-rial, e mais de 7.900 agentes distribuídos pelas 18 Províncias. A expansão da rede de lojas é um dos grandes objectivos para este ano. As grandes cidades já têm cobertura de rede e representação de lojas e agentes, e es-tamos agora a criar condições para chegarmos a todos municípios e loca-lidades do País.

E a nível da infra-estrutura de antenas?Pretendemos dar continuidade à nossa política de expansão da rede, con-tinuamos a apostar nas infra-estruturas para chegarmos a todos os muni-cípios e ligar Angola do Norte ao Sul e do Mar ao Leste.

A marca Unitel assume-se “genuinamente an-golana, nacionalista e líder”. De que forma a co-municação se ajusta a estes atributos da marca?A Unitel é hoje um dos maiores anunciantes do País. O ajustamento da comunicação aos atri-butos da marca é feito através de uma política

assente no respeito e na valorização dos costumes próprios de cada região de Angola.

É por isso que há um investimento tão forte na música e no desporto an-golanos?O investimento na música e desporto está enquadrado no quadro da res-ponsabilidade social da empresa, que se alarga também à educação e à saúde.

A Unitel tem mantido uma política de responsabilidade social muito activa nas áreas do desporto, da cultura, da saúde e da educação. Quais os prin-cipais projectos em curso nestas áreas? A responsabilidade social da Unitel passa não apenas por uma política de concessão de patrocínio, mas também de doações. Por exemplo, em cada abertura de loja, temos o cuidado de tentar perceber quais são as necessi-dades dessa região e colaborar com base nelas.Entre os muitos projectos, pretendemos este ano apostar na construção de escolas e postos médicos em zonas com dificuldades nessas áreas.

Que vantagens resultam da parceria com a Portugal Telecom?Tem algumas sinergias ao nível dos terminais e de ‘know-how’ muito es-pecífico em certas áreas.

A parceria esgota-se no mercado angolano ou poderá estender-se a outros países?Dificilmente se estenderá para outros mercados.

Negócios telecomunicações

A Unitel é, actualmente, um dos maiores anunciantes em Moçambique.

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Negócios new media

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Com os consumidores repartidos por quatro ecrãs - televisão, computador, telemóvel e tablet - o grande desafio das marcas passa por conseguir conquistar-lhes a atenção. Uma realidade a que a CV&A está atenta.

O QUE A COMUNICAÇÃO DIGITAL PODE FAZER PELA SUA EMPRESA

CUNHA VAZ & ASSOCIADOS

Numa altura em que os consumidores repartem já as suas fontes de informação entre quatro ecrãs - televisão, computador, telemóvel e tablet - o grande desafio das marcas passa por conquistar-lhes a atenção e, depois de a conseguirem, mantê-la. Isto porque, à informação di-

vulgada por meios especialistas, acresce agora a que é colocada online por consumidores que não deixam as marcas cometer mais erros.

Hoje, impera a relação 1-9-90 -- 90% que lêem, 9 que distribuem e apenas um que produz.

Uma realidade a que a Cunha Vaz & Associados (CV&A) está aten-ta e que justifica o investimento na área de Comunicação Digital. Ri-cardo Salvo, o responsável da CV&A por esta área, explica que “com as novas tecnologias, a que cada vez mais pessoas têm acesso, a Internet deixou de ser um exclusivo dos computadores pessoais. Hoje respira-se Internet quase sem se dar por isso, num gesto básico no telemóvel, em equipamentos de entretenimento, ou até mesmo em simples suportes de comunicação na rua e em espaços comerciais”. A isto, acresce a pos-sibilidade de, através da Internet, se comentar abertamente tudo o que se vê, lê ou ouve. Com um simples clique, os consumidores revelam as

suas simpatias e desagrados. “Nunca em comunicação tínhamos assisti-do a uma relação tão bidirecional e transparente. Há que aproveitar essa transparência para quebrar certas barreiras. A Internet transformou-se no canal mais próximo de sempre do destinatário da mensagem”, adianta Ricardo Salvo.

“As empresas e os cidadãos têm de saber como utilizar com o melhor proveito possível esta nova e poderosíssima ferramenta e uma consultora de comunicação, como a CV&A, tem a responsabilidade de saber guiar os seus clientes neste processo. Quem subestimar esta interactividade está a cometer um erro crasso e, garantidamente, terá uma estratégia de comunicação que lhe trará dissabores”, defende.

Num ano, a mudança mais vincada na forma de pensar “foi passar-se de uma atitude de não se querer usar redes sociais, por se achar que não se conseguem controlar, para, mais recentemente, querer usar-se redes so-ciais para garantir que se controlam distorções de mensagem. Em muitos casos não se tratou de um caminho confortável, porque há ainda muitas empresas que só aderiram a novos formatos por, achando-os perigosos, terem a necessidade de os vigiar. Nestes casos não é uma adesão simpática. Mas não é este o caminho que se pretende”, refere o responsável da CV&A.

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O que levou a CV&A a abraçar esta nova área? Quais são as expectativas de crescimento?A CV&A está apenas a garantir que as estratégias de comunicação que desenha seguem os caminhos naturais das novas tendências. Não é fácil estimar o crescimento da comunicação digital. Está a usar-se me-nos do que se devia. Há inúmeras empresas que não estão ainda a usar os novos formatos de comunicar com a devida naturalidade e com estratégias de qualidade. O potencial de crescimento é portanto gigantesco e a vontade das empresas em incluir a Internet e os supor-tes audiovisuais nas suas estratégias de comunicação está a aumentar exponencialmente. No caso da CV&A, acredito que a percentagem da facturação proveniente da comunicação digital possa mais do que du-plicar este ano.

Que tipo de trabalhos é possível desenvolver?A comunicação digital é um mundo sem fim. A cada dia é criada uma nova plataforma que abre portas a algo que nunca antes se tinha fei-

“Facturação da CV&A proveniente da comunicação digital mais do que duplicará este ano”

RICARDO SALVO, RESPONSÁVEL PELA ÁREA DE COMUNICAÇÃO DIGITAL CV&A

À CONVERSA COM....

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PODCASTSFilmes e ficheiros de áudio de curta duração adaptados para distribuição pela Internet mediante as ferramentas mais utilizadas para o efeito.

Um novo formato de comunicação que foi especialmente desenhado a pensar nas necessidades actuais das empresas mais dinâmicas no mercado, nomeadamente:• Comunicação interna para distribuição por

e-mail para colaboradores;• Comunicações para distribuição por bases

de dados de clientes;

• Webconference para públicos vastos;• Comunicação para distribuição por accionistas e

investidores;• Mensagens para analistas financeiros;• Divulgação de resultados da Imprensa; • Anúncio de operações;• Comunicação de balanço de actividade aos

‘stakeholders’ de interesse;• Esclarecimentos ao mercado;• Combate à contra-informação;• Apresentação de novos produtos e serviços;• Conteúdos para TV corporativa.

Negócios new media

44 » PRÉMIO » Março 2011

to. E se hoje estamos a falar de criação de conteúdos para blogues e redes sociais, difusão de podcasts, monitorização online e gestão de visibilidade na Internet, através de técnicas de SEO (Search Engine Optimization), amanhã algumas destas formas de actuar estarão de-sactualizadas e outras mais adequadas surgirão. A CV&A criou um ca-tálogo de serviços em comunicação digital que pode fornecer aos seus clientes e que está longe de ser estanque. Até porque a comunicação digital não passa apenas pela Internet e compreende muitos suportes audiovisuais e electrónicos.

Que equipa tem para este departamento? Contamos com três consultores especializados em estratégia de co-municação digital e que têm o apoio de uma equipa de produção (de-sign gráfico e edição de áudio e vídeo) e de dois redactores. Em cada projecto são ainda envolvidos os consultores directamente afectos ao cliente, por forma a permitir uma perfeita integração e coerência com

a estratégia geral de comunicação. Não há uma área que a comunica-ção digital não possa ajudar a qualquer momento.

Que trabalhos foram desenvolvidos até à data?A CV&A está muito apostada em apresentar a cada um dos seus clientes um conjunto de oportunidades em comunicação digital que vão desde a forma de estarem na Internet, através das suas páginas pessoais, até à for-ma como interagem directamente com os seus públicos, e não apenas atra-vés de redes sociais. Os podcasts, que a CV&A lançou em 2010, estão a ser muito bem acolhidos, uma vez que permitem medir as reacções dos desti-natários. Estamos a desenvolver projectos de monitorização de reacção dos consumidores a um produto e de reacção de públicos a comportamentos de empresas. Estamos ainda a desenvolver formatos de comunicação que deixam de estar dependentes de geografias. Apostamos nos web stream-ings, nas web conferences, no envolvimento interactivo dos jornalistas com os factos, na produção de conteúdo adaptado à Internet e ao audiovisual.

ARQUITECTURA DIGITAL Serviço que avalia o estado global de um site.

• O servidor é adequado ao número de visitas?• Está a desperdiçar investimento?• Como está a velocidade de acesso ao site?• Os utilizadores com deficiência

podem acedê-lo?• O site possui erros estruturais que o prejudicam?• Quais as melhores ferramentas

de análise de tráfego?

WEB MARKETINGServiço de alavancagem da visibilidade do site em todo o mundo.

• Submissão do site em milhares de motores de busca mundiais;

• Sugestão de alterações do site para URL’s amigáveis aos motores de busca;

• Identificação das melhores descrições e títulos para as diferentes páginas do site;

• Organização do site consoante o comportamento dos internautas;

• Identificação de outros sites que, através de um link, possam gerar benefícios.

ONLINE ADVERTISINGGestão de publicidade na internet.

• Identificação dos meios, idades, sexo e nacionalidade dos destinatários da mensagem publicitária;

• Idealização dos anúncios electrónicos de publicidade;

• Sugestão de adequação do site aos resultados das campanhas publicitárias;

• Rentabilização do site com anúncios publicitários de outras entidades.

CONTENTS ONLINEProdução e gestão de conteúdos para redes sociais e blogs.

DIGITAL BENCHMARKAuditoria da estratégia e resultados do site face aos dos mais directos concorrentes.

• Identificação das melhores práticas digitais dos principais concorrentes;

• Análise exaustiva de conteúdos e organização dos sites dos concorrentes;

• Sugestão de alterações estruturais no site, com base no rácio melhores exemplos/ resultados dos concorrentes;

• Apresentação matricial das comparações para melhor e mais rápida análise e tomada de decisões.

o menu da cv&a na comunicação digital

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REPUTATION INDEX 2011 www.mybrandconsultants.com

com o apoio de:

A Reputação das empresas é um activo cada vez mais complexo de gerir. As empresas são alvo de um escrutínio social, ético e financeiro exigente e mediático. Só empresas capazes de exceder as expectativas de todos os seus stakeholders conseguem ter uma Reputação forte. A MYBRAND e o Instituto Português de Corporate Governancetêm o prazer de anunciar o lançamento do MYBRAND REPUTATION INDEX 2011. A edição deste ano contará com um substancial reforço amostral e analisará um maior número de empresas. Este será mais um passo para a afirmação da ferramenta de referência da análise de Reputação em Portugal, contribuindo para a promoção dos valores essenciais do sucesso das empresas e da economia portuguesa.

Para mais informações:[email protected]

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Cooperação diplomacia

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CASA DA AMÉRICA LATINA APOSTA NA ECONOMIA

A estratégia da Casa da América Latina para 2011 vai ao encontro do grande desígnio actual: a Economia. Entre as acções a concretizar está o estabelecimento de parcerias com associações empresariais.O objectivo é a internacionalização das PME.

Quando daqui por dois anos, a Casa da Amé-rica Latina mudar do bonito, mas acanhado edifício

amarelo da Avenida 24 de Julho em Lisboa, para a Avenida da Índia, junto ao futuro Museu dos Coches, terá um espaço à altura da estratégia que acaba de definir para o futuro.

Reunida no início de Janeiro, a Co-missão Executiva aprovou para 2011, além do reforço da consolidação das relações culturais, linguísticas, diplo-máticas e políticas com os países latino- -americanos, uma nova rota para o aprofun-damento destas relações: a Economia. “A priori-dade para os próximos anos é a diplomacia económi-ca”, sublinha o secretário-geral, Alberto Laplaine Guimarãis. Com esta estratégia, a instituição quer alargar horizontes, tornando a sua actividade mais abrangente de forma a posicionar-se como interlo-cutor privilegiado no âmbito da actividade económica e comercial entre Portugal e os países da América Latina.

Para prosseguir este objectivo, a Casa da América Latina propõe-se levar a cabo um conjunto de iniciativas, que visam explicitar aos em-presários portugueses quais são as potencialidades desta região, dos seus países e vice-versa, “promovendo a aproximação entre as vontades comerciais dos dois lados do Atlântico”. Uma estratégia alinhada com os desígnios da política externa portuguesa, que definiu a internacio-nalização da economia, no geral, e das suas empresas, em particular, como um dos seus pilares mais importantes. “A estratégia da Casa da América Latina vai ao encontro do esforço de Portugal de aumentar o nível das suas exportações e de reduzir o défice da balança de transac-ções correntes”, confirma Laplaine Guimarãis, salientando que, devido ao facto da base produtiva do País estar essencialmente nas pequenas e médias empresas (PME) é para elas que se deve apontar. “Há muitas PME com capacidade exportadora e com alguma capacidade de inves-timento”, sublinha.

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Podem ser associados da Casa da América Latina todas as pessoas singulares ou colecti-vas em Portugal ou em outros países, incluindo organizações, que queiram contribuir para a prossecução dos seus fins. Existem quatro categorias de associados: os efectivos, os hono-rários, os cooperantes e os aderentes.São associados efectivos o Ministério de Negócios Estrangeiros, 14 embaixadas e 21 empresas. Entre as embaixadas contam-se as

da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Equador, México, Panamá, Para-guai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. O grupo de 21 membros prove-nientes da área empresarial inclui basicamente empresas de natureza municipal de Lisboa e grandes empresas. A saber: Amorim – Inves-timentos e Participações, Banco Comercial Português, Banco Espírito Santo, Banco BPI, Banco Itaú Europa, Carris, CP, EDP, EGEAC,

EMEL, EPUL, Estoril Sol, Galp Energia, Grupo Pestana, KPMG, Metropolitano de Lisboa, PT, Somague, Turismo de Lisboa, REN e Repsol. Os associados cooperantes são cinco: TAP, Banif, Santander Totta, Abreu Advogados e Cunha Vaz & Associados. Os associados apoiam a activi-dade da instituição nas vertentes universitária, cultural, institucional, diplomática e económica.

AssociadosO CLUBE LATINO EM LISBOA

O potencial da economiaAssente em três eixos fundamentais – O eixo atlântico, através das rela-ções com a NATO e os EUA; o eixo europeu, consagrado na sua integra-ção na União Europeia; e o eixo lusófono, assente no relacionamento com os PALOP -, a política externa portuguesa tem no Magrebe e na América Latina dois outros parceiros fundamentais.

O Brasil é a âncora deste relacionamento. No entanto, a influência histórica e cultural de Portugal na América Latina vai bastante mais

longe. Como exemplo de proximidade histórica muitas vezes esque-cida, Laplaine Guimarãis cita o Uruguai, que adquiriu a sua indepen-dência não de Espanha, mas do Brasil, que entretanto se tornara por sua vez independente de Portugal. “O relacionamento com a América Latina tem uma componente histórica muito importante, uma compo-nente cultural muito importante, uma componente política muito forte e uma componente económica que ainda não é forte, mas que pode ser potencializada”.

alberto laplaine guimarãis, secretário-geral da casa da

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O relacionamento com a América Latina tem uma componente histórica e cultural muito importante, uma componente política muito forte e uma componente económica que pode ser potencializada.

Cooperação diplomacia

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No seu conjunto, os 20 países da América Latina, dos quais 14 são membros da Casa da América Latina, através das suas embaixadas, ocu-pam cerca de 14,1% da superfície terrestre, e têm uma população de 569 milhões de habitantes.

Ao potencial económico decorrente de tão grande e vasto mercado, acresce a importância particular dos seus três blocos económicos – Mercosul, que integra a Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezue-la, Chile e Bolívia; Pacto Andino, que congrega o Equador, Colômbia, Bolívia, Venezuela e Peru; e Centro América, onde estão unidos Cuba, República Dominicana, Panamá, El Salvador e México - e de alguns dos seus países vistos numa perspectiva individual, como o Brasil, que é já a décima economia do mundo, o México, Argentina, Venezuela ou o Chile.

As estatísticas do comércio externo entre Portugal e a América Latina mostram que, em 2009 (últimos dados definitivos apurados), as expor-tações portuguesas para os 20 países da região representaram apenas 2,41% do valor total das vendas de produtos nacionais ao estrangeiro, totalizando 764,723 milhões de euros. No mesmo ano, as importações

portuguesas provenientes da região alcançaram 1.470,989 milhões de euros, ou seja, 2,87% do total das nossas compras ao exterior. Registou--se, assim, um défice de 706,266 milhões de euros, sendo o coeficiente de cobertura das importações portuguesas pelas exportações de apenas 51,98%.

Tendo em conta o valor conjunto das exportações e das importações, os cinco principais parceiros comerciais de Portugal na América Latina são: Brasil, que representa 52,89% do total regional, México (11,54%), Venezuela (11,03%), Argentina (6,94%) e Colômbia (4,91%).

Estratégia de proximidade “Temos que ir oferecer o conhecimento das potencialidades da Região a quem normalmente não tem acesso a elas”, diz o secretário-geral. A Casa da América Latina vai alargar as suas parcerias a instituições estra-

tégicas na área económica, abrindo as portas às mais importantes asso-ciações empresariais portuguesas – Associação Industrial Portuguesa (AIP), Associação Empresarial de Portugal (AEP) e Confederação da In-dústria Portuguesa (CIP) –, estabelecendo uma parceria com a AICEP, o organismo responsável pela promoção de Portugal no exterior. “O objectivo é alargarmos a nossa base institucional de trabalho e de contac-tos”, justifica Laplaine Guimarãis. A implementação desta estratégia de proximidade assenta, por um lado, no desenvolvimento de uma série de en-contros nas associações regionais da rede da AIP, que cobre todo o País de Norte a Sul e, pelo outro, no desenvol-vimento de contactos com associações sectoriais, com o apoio dos novos par-ceiros institucionais. “Às PME portu-guesas que querem apostar na inter-nacionalização, que querem exportar, ou ir para outros países, há que dizer que a América Latina é de facto um mercado, um mercado aberto, onde nós portugueses entramos bem”.

Quanto vale uma língua?Paralelamente, a Casa da América La-tina vai promover a realização de qua-tro seminários económicos, focados no investimento. Três deles abrangem os grandes blocos económicos agluti-nadores dos países da América Latina – Mercosul (já em Abril ou Maio), Pacto Andino e América central. O quarto será um Fórum de natureza política, com forte componente eco-nómica, à semelhança de um desenvolvido no ano passado com o apoio da Fundação Gulbenkian. Em 2010, os protagonistas foram os quatro países que comemoravam os 200 anos da independência: Argentina, Chile, México e Colômbia. Este ano, os protagonistas serão os países que comemoram os 200 anos de independência em 2011: Venezuela, Paraguai e El Salvador.

A Casa da América Latina está ainda a trabalhar, em conjunto com o Instituto Camões e o Instituto Cervantes, as duas instituições repre-sentativas das línguas portuguesa e espanhola, na realização de um im-portante seminário que visa aferir o valor económico das duas línguas ibero-americanas. “A língua tem um valor económico próprio e, no caso das línguas portuguesa e espanhola, este valor advém do facto de serem faladas por centenas de milhões de pessoas”, salienta Laplaine Guima-rãis, acrescentando que entre os objectivos a atingir está o de perceber em que medida a língua é um elemento facilitador da abertura de mer-cados e da concretização de negócios.

O português e o espanhol, referências linguísticas de todo o conti-nente latino-americano, da Península Ibérica e de vários países africa-nos, têm vindo a afirmar-se com as cimeiras ibero-americanas e a cres-cer de importância internacional muito por via do desenvolvimento dos laços dos países de língua espanhola e dos países de língua portuguesa, que estão agrupados na CPLP.

MÉXICOSuperfície: 1 958 201 km²População: 106 milhõesCapital: Cidade do MéxicoMoeda: Peso mexicanoPresidente: Felipe CalderónPIB per Capita (2009): 14.150 USD

PANAMÁSuperfície: 75.517 km²População: 3,3 milhõesCapital: Cidade do PanamáMoeda: PAB e dólarPresidente: Ricardo MartinelliPIB per Capita (2009): 9.900 USD

COLÔMBIASuperfície: 1 138 914 km²População: 44 milhõesCapital: BogotáMoeda: Peso colombianoPresidente: Juan Manuel SantosPIB per capita (2009): 5.190 USD

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PROMOVER A ARTE E A CULTURAAs actividades promovidas anualmente pela Casa da Amé-rica Latina no domínio das artes e da cultura são muitas e diversificadas e incluem desde saraus de poesia, exposições de pintura e fotografia, festivais de teatro, concertos de música, mostras de cinema, espectáculos de dança, a arraiais, lançamento de livros, debates, ‘workshops’ e até oficinas de cozinha. Fevereiro foi o mês da fotografia, com exposições de artistas latino-americanos – a mostra individual “Reflexões da Patagónia”, do chileno Roberto Santandreu, na Galeria Arte Periférica e a exposição colectiva “Caixa de Luz”, que trouxe à Casa da América Latina oito artistas oriundos do Brasil e da Argentina.Março será o mês da poesia, com actividades variadas que vão do cinema a uma feira do livro, terminando com uma “maratona de poesia”, na sede da associação, em Lisboa. Maio será o mês das línguas ibero-americanas. Juntamente com o Instituto Camões e o Instituto Cervantes, a Casa da América Latina promoverá um seminário sobre a “Economia das Línguas Portuguesa e Espanhola”. Os bicentenários da independência da Venezuela, Paraguai e El Salvador serão mote de seminário histórico-diplomático, a realizar no segun-do semestre deste ano. Na área da formação e conhecimento destacam-se os estágios de formação jurídico pós-universitá-ria na Abreu Advogados, as aulas de português em colabo-ração com a Escola Know-How, as bolsas de alojamento na Fundação Cidade de Lisboa para estudantes de mestrado e os prémios nas áreas de ciências sociais e humanas e tecnolo-gias e ciências sociais para dissertações de doutoramento em conjunto com o Santander Totta. No Verão, o ISCTE – IUL Instituto Universitário de Lisboa, em Lisboa, acolhe a realização do curso “America Latina Hoje”. Lançado em 2008, trata-se de um curso de formação intensiva que proporciona instrumentos de análise e compreensão da actualidade Latino-Americana. Em Outubro, no CCB, em parceria com a Orquestra Metropo-litana de Lisboa, a Casa da América Latina homenageará os 20 anos da morte do compositor Astor Piazzola e os bicentená-rios da Venezuela, Paraguai e El Salvador com o concerto “À Descoberta da América”. Outro ponto alto das actividades culturais para este ano é a conferência e o concerto pelos 100 anos do nascimento do músico, poeta e compositor brasilei-ro Noel Rosa (1910), em Junho no Teatro São Luiz. Aulas de culinária dos vários países da América Latina, aulas de dança em colaboração com a escola Projecto Latino e a apresenta-ção da II Mostra de Cinema da América Latina e do II Arraial Latino-Americano, no âmbito das festas de Lisboa, são outras iniciativas em destaque. Em parceria com o Banif- Banco Internacional do Funchal, a Casa da América Latina promove anualmente o Prémio de Literatura Casa da América Latina/Banif.

EQUADORSuperfície:256. 370 km²População: 14,205 milhõesCapital: QuitoMoeda: USDPresidente: Rafael CorreaPIB per capita: 4.250 USD

CHILESuperfície: 756.950 km² População: 16,8 milhõesCapital: SantiagoMoeda: Peso chilenoPresidente: Sebastián PiñeraPIB per Capita (2010): 14.922 USD

ARGENTINASuperfície: 3.761.274 km²Habitantes: 40 milhõesCapital: Buenos AiresMoeda: PesoPresidente: Cristina Kirchner:PIB per Capita: 14.120 USD

PERUSuperfície: 1 285 220 km²População: 28,6 milhõesCapital: LimaMoeda: PENPresidente: Alan GarcíaPIB per capita (2009): 8.600 USD

URUGUAISuperfície: 176.215 km²População: 3,49 milhõesCapital: MontevidéuMoeda: Peso uruguaioPresidente: José MujicaPib per capita: 5.490 USD

BRASILSuperfície: 8 514 876,599 km²Habitantes: 191 milhõesCapital: BrasíliaMoeda: RealPresidente: Dilma RoussefPIB per capita: 11.037 USD

CUBASuperfície: 110.861 km² População: 11,3 milhõesCapital: HavanaMoeda: PesoPresidente: Raul CastroPIB per capital: 5.400 USD

REPÚBLICA DOMINICANASuperfície: 48.442 km² População: 9,5 milhõesCapital: Santo DomingoMoeda: Peso dominicanoPresidente: Leonel FernándezPIB per capita: ND

EL SALVADORSuperfície: 21.041 km²População: 6,99 milhõesCapital: San SalvadorMoeda: dólarPresidente: Mauricio FunesPIB per capita: ND

VENEZUELASuperfície: 916.445 km²População: 27,9 milhõesCapital: CaracasMoeda: Boliver venezuelano (VEF)Presidente Hugo ChávezPIB per capita: 8.125 USD

PARAGUAISuperfície: 406 750 km²População: 6,1 milhõesCapital: AssunçãoMoeda: GuaraniPresidente: Fernando LugoPIB per capita: 5.638 USD

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TERÁ DILMA PULSO PARA AGARRAR ESTE GIGANTE

PASSAGEM DE TESTEMUNHO

O politólogo Francisco Ferraz, que em tempos foi rei-tor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vaticinou a poucos dias de Dilma Rousseff, 63 anos, vencer nas urnas o seu opositor José Serra – e sema-nas antes de subir a rampa do Palácio do Planalto e se tornar na primeira mulher a conduzir os destinos

do Brasil – que Dilma iniciaria o seu mandato com um estilo próximo do Presidente Lula e que o terminaria com o do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. E como pensa este estudioso da política que governa-rá Dilma dentro de quatro anos? “Terá de se aproximar de um Governo mais pragmático, mais ordenado, com menos despesa”, afirma Ferraz, que também prevê um divórcio entre Dilma e Lula caso este tente exer-cer uma influência exagerada sobre a sua governação.

De facto, não será tarefa fácil para Dilma Rousseff desatrelar da ima-gem do carismático líder “petista” que deixou o Governo do Brasil com níveis de popularidade (segundo sondagens da Data Folha) na ordem dos 83%. O operário metalúrgico nordestino que liderava o Partido dos Tra-

balhadores (PT) venceu o preconceito e as Eleições Presidenciais à quarta tentativa, e, em apenas oito anos, através do crescimento do consumo, do aumento da produção industrial e agrícola e de múltiplos programas sociais, tirou quase 24 milhões de brasileiros da miséria e fê-los engrossar nas fileiras da classe média. Conseguiu, com políticas progressistas e so-ciais, em plena e grave crise financeira mundial, colocar o País no restrito clube das nações com maior potencial de crescimento económico.

Ainda sem o carisma e os níveis de popularidade de Lula da Silva, que em 2011 será um forte candidato a Prémio Nobel da Paz e que em 2010 constava na lista das 25 personalidades mundiais com maior influência, da economista Dilma Rousseff é esperado que mantenha a linha do seu antecessor e que continue a aposta num forte crescimento económico com repercussões dessa riqueza na distribuição social, particularmente no combate às discrepâncias entre ricos e pobres, no atendimento médico e na educação. De Dilma espera-se que seja capaz de negociar e mostrar, já nos três primeiros meses de governação, que tem capacidade de lutar contra os interesses instalados e imprimir as reformas urgentes.

O Brasil, outrora uma sociedade violenta e pobre, hoje um País vibrante e optimista, trocou o metalúrgico Lula da Silva pela ex-guerrilheira Dilma Rousseff, agora transformada em economista e tecnocrata. Lula abriu-lhe o caminho da prosperidade. Dilma terá que o manter, reformando ao mesmo tempo o Estado. Por João Bénard Garcia

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dilma rousseff, a nova presidente

do brasil

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Os oito trabalhos de Dilma

A violência urbana e o tráfico de drogas são outro dos dramas que Dilma terá de enfrentar com vigor. Mais ainda quando será o Brasil a receber em 2014 o Mundial de Fute-bol e em 2016 os Jogos Olímpicos. À nova Presidente caberá a missão de modernizar as infra-estruturas degradadas e saturadas do país, nomeadamente estradas, portos e aeroportos, as portas de entrada dos milhões de visitantes esperados para os dois megaeventos desportivos. Só há um pequeno senão: o Governo Fe-deral não tem dinheiro para todas as obras e deverá apostar nas parcerias público-privadas.

A educação, o grande calcanhar de Aquiles do Brasil, continua medíocre, especialmente ao nível do ensino básico e secundário, impossibilitando-o de formar a mão-de-obra qualificada de que precisa para as suas exigências nesta fase de grande cresci-mento económico. Os analistas esperam que seja o Governo de Dilma a provocar uma verdadei-ra revolução ao nível do ensino básico. Tudo porque não basta ter uma rede que cubra 100% das crianças em idade escolar, mas importa que os alunos, além de estarem dentro da sala de aula, tenham professores qualificados que os consigam ensinar a ler e a escrever.

No plano político, Dilma arranca para quatro anos de governação com uma boa plataforma de apoio popular e uma maioria governamental e parlamentar que lhe permite, se assim en-tender, alterar a Constituição da República. Lula empenhou-se ao longo de oito anos no combate à pobreza, mas, devido a vários compromissos partidários que teve de assumir para atingir esse fim, não foi capaz de dar a volta a problemas tão graves como a corrupção ou a burocracia, ou estabelecer uma reforma política, definindo regras claras para o financiamento público dos parti-dos políticos. Terá Dilma múscu-lo suficiente para combater esses interesses instalados?

É que não obstante o facto de Lula ter arrancado da pobreza 24 milhões de brasileiros, o País continua a ter 30 milhões de pobres, entre uma população de quase 190 milhões. O Governo estimou em seis milhões a ca-rência de habitações condignas. Um terço dos brasileiros não tem esgotos, água potável ou condições mínimas de higiene nos locais onde reside.

A batalha por milhões de casas condignas

Reformas políticas para combater interesses

O problema da Formação e Educação

Travar a violência urbana e mudar a imagem do país

Apesar de ser a oitava maior potência económica mundial, o Brasil continua a padecer de problemas graves típicos de uma Nação do terceiro mundo, motivos que explicam o facto de, no seu discurso de tomada de posse a 1 de Janeiro último, Dilma Rousseff ainda se ter comprometido com políticas que visam “erradicar a miséria” e “acabar com a fome”.

I II III IV

Lula legou-lhe, como ela reconhece, uma “boa herança”. Um crescimento econó-mico acima dos 7% ao ano, com diminuição da pobreza e aumento do consumo interno, importações e exportações com excelentes fasquias, aumento da produção agrícola e industrial, estas últimas com valores muito à boleia da forte expansão dos preços das matérias-primas a nível mundial.

O ex-Presidente deixa a Dilma um país entusiasmado com a descoberta crescente de petróleo e gás natural nas profundezas do Atlântico, em quantidades suficientes para gerar uma almofada de riqueza e pros-peridade para as próximas décadas e promo-ver subsequentes reformas sociais.

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Dilma terá que fazer ajustes no investimento público, travar o galopante défice, os custos fiscais destas políticas e conter a inflação. Consciente dessa realidade, uma das primeiras reuniões de Dilma com os seus ministros teve como objectivo fazer um “ajuste fiscal” que pretende que seja “severo” mantendo o Brasil dentro dos limites dos 3,1% do défice em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB).

Dilma e o seu antecessor estão afinados no que concerne aos chamados grandes projectos na-cionais de que o Brasil necessita. Ambos sabem que só é possível elevar o padrão de vida da popula-ção se o país desenvolver as suas forças produtivas, com base na ciência e tecnologia, com o Estado como indutor e parceiro desse desenvolvimento. O que inclui in-dustrializar o país tendo por base parâmetros científicos e tecnológi-cos, sempre com o compromisso do equilíbrio ambiental.

A fama de boa gestora deverá facilitar a vida a Dilma quando começar a pegar nas pastas mais polémicas. Especialmente quando avançar com reformas políticas, tributárias e fiscais, que fechem os canos e as torneiras e impeçam o sangramento dos recursos financeiros da Fazenda Federal, medidas que travem o enriquecimento ilícito e permi-tam melhor redistribuição dos rendimentos das famílias, com políticas de inclusão e mobilida-de social. Terá de cortar e estan-car gastos ao mesmo tempo que investe em políticas de apoio.

A Saúde, tal como a Educação, foi um sector onde o Governo não conseguiu dar a volta aos indicadores negativos. A qualidade dos equipamentos e dos pro-fissionais de saúde, o acesso a medica-mentos de alto custo e a procedimentos sofisticados, além do tempo de espera nos serviços públicos, são o principal fosso entre ricos e pobres. Lula tentou diminuir as diferenças, mas falhou em muitas áreas. Dilma chega ao Palácio do Planalto tendo entre as mãos para combater, além dos indicadores negati-vos da saúde, um dos maiores flagelos do mundo rico ocidental: a obesidade. Dados de 2009 revelavam que 46,6% da população tem excesso de peso, 13,9% é obesa, os ataques cardíacos dispararam 70% em apenas 10 anos.

Acabar com a desigualdade nos cuidados de saúde

Reforma tributária Aposta forte na ciência e tecnologia

Pegar de caras os cortes na despesa

V VI VIIIVII

Quem é a mulher que um dia apareceu a Lula com um computadorzinho na mão?Lula da Silva estava longe de imaginar que a camarada que conheceu em 2002 e que lhe apareceu com um computadorzinho na mão seria um ano depois sua ministra das minas e energia, nove anos depois o seu “Delfim” e o sucederia na Presidência do Brasil. Nas veias de Dilma Vana Rousseff corre sangue búlgaro. O seu coração já balançou em marés marxistas-leninistas. As suas mãos dispararam tiros de arma contra o regime de ditadura militar. Sofreu prisão política durante três anos, ganhando com isso uma disfunção na tiróide. Foi a mãe e gestora do PAC (Programa de Aceleração e Crescimento), um plano caro, mas que tem permitido o rápido desenvolvimento do País.

Quem a conhece considera-a dona de um tem-peramento explosivo, áspero até. Dilma nega todos os mitos que sobre ela se escreveram, excepto a fama de ser durona, e dispara frases como: “Sou criticada não por ser dura, mas por ser mulher” e “sou uma mulher dura cercada por ministros meigos”. O ex-vice Presidente, José Alencar, disse dela que tinha um “tem-

peramento bravo” e classificou-o como de “qualidade excelente para comandar o País”.Mas Dilma tem também um lado delicado e sério, quase maternal: Sabe tudo sobre mito-logia grega, péla-se por uma boa ópera, é uma exímia bordadeira e leitora compulsiva dos expoentes máximos da literatura brasileira.

Perfil

lula da silva deixou a dilma rousseff uma

“boa herança”, como a mesma o reconhece

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Internacional Colômbia

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INVESTIMENTO

COLÔMBIA, OPORTUNIDADE PARA ÓCIO E NEGÓCIOA América Latina tem vindo a converter-se, nos últimos tempo, num dos focos de atenção mais recorrentes para investidores e analistas a nível mundial.Por Daniel Feged Mor*

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A estabilidade revelada durante a crise financeira dos últimos três anos, a persistente parti-cipação de vários dos países da Região nas listas de economias

emergentes mais atractivas – como o Brasil e a Colômbia – e o crescimento estável dos seus mercados e do investimento directo estran-geiro, justificam o protagonismo recente da América Latina.

De acordo com dados do Eurostat, o gabi-nete estatístico da União Europeia, o comércio externo (importações e exportações) com a América Latina representou, para a Penínsu-la Ibérica, um total de 186 milhões de euros, entre 2000 e 2009. Deste total, cerca de 21,5

milhões (11,5% do total), correspondiam ao co-mércio de Portugal com a América Latina.

O caso da Colômbia é um dos mais des-tacados no contexto latino-americano. Tanto o seu ambiente político, como os reconhecidos progresos no controlo das condições de segu-rança interna, bem como o crescimento da sua economia, fazem da Colômbia um dos países mais atractivos da Região.

40 anos de DemocraciaA Colômbia tem a boa imagem de ser uma das democracias mais estáveis da Região. No de-curso dos últimos 40 anos a transição de poder entre diferentes correntes políticas desenrolou--se com base em procesos eleitorais democráti-cos, avalizados pela comunidade internacional.

Ameaças como o narcotráfico e as forças irregulares do conflito interno, tanto de direita como de esquerda, tentaram infiltrar o quadro político. Conseguiram alarmar muitos analis-tas e a opinião pública nacional e internacio-nal, mas falharam no seu intento de controlar o poder político do País.

A recente mudança de governo, mediante a qual o ex-presidente Álvaro Uribe Vélez foi sucedido pelo ex-ministro do Comércio Exte-rior, Economia e Defesa, Juan Manuel Santos Calderón, é mais uma prova de maturidade institucional do quadro político colombiano.

Depois de oito anos de governo de Álvaro Uribe, o País recebeu com grande expectativa a nova Administração. O presidente Juan Ma-nuel Santos conta com um índice de aprova-ção de 72%, de acordo com uma sondagem da Invamer-Gallup, realizada em Dezembro. A elevada popularidade do actual presidente é motivada pela escolha da sua equipa de gover-no, pela experiência internacional acumulada como ministro e pela continuidade dos seus esforços em matéria de segurança. O perfil do

novo governo logrou manter e fortalecer as ex-pectativas de crescimento e desenvolvimento, que se vinham implementando nos últimos anos.

Política de SegurançaO conflito interno foi uma das problemáticas mais difíceis que a Colômbia teve de enfrentar e, adicionalmente, uma das mais reconhecidas no exterior. Durante a maior parte do século XX, e sem excluir os últimos dez anos, forças violentas provocadas originalmente por movi-mentos sociais e diferenças entre partidos polí-ticos, foram infiltradas pelo narcotráfico. Estas expressões de violência e terrorismo geraram condições de segurança interna bastante frá-geis que afectavam a imagem do País perante o mundo e, portanto, o seu desempenho econó-mico e a sua capacidade de atrair investimen-tos e turistas.

Em 2002, o presidente Uribe foi eleito pela sua tese de recuperar a segurança como direito fundamental da sociedade e como base para promover a coesão social e a confiança do investidor. Esta política foi denominada “Segu-ridad Democrática (Segurança Democrática)”.

Com uma maioria significativa, o presi-dente Uribe foi eleito nesse ano e reeleito em 2006, com o mandato de atacar directamente os focos de violência que afectavam a socie-dades colombiana. Dessa maneira, através do fortalecimento das forças militares e do acom-panhamento por parte da justiça e dos progra-mas sociais do governo, o objectivo principal foi recuperar o controlo da segurança no País.

A campanha empreendida neste campo deu resultado. Os índices de segurança, bem como o poder, o tamanho e o controlo territo-rial que os grupos à margem da lei tinham al-cançado, - tanto à esquerda (FARC, ELN) como à direita (Paramilitares) - estão hoje reduzidos

Bogotá, capital da colômbia e zona

conhecida como centro internacional

praias do parque nacional tayrona,

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de forma muito significativa.O presidente Santos, como ex-ministro da

Defesa e respondendo ao mandato que lhe foi outorgado após a sua eleição, graças às suas propostas de continuidade das políticas do an-terior governo, é considerado um garante do fortalecimento e de consolidação da recupera-ção da segurança na Colômbia.

Livre comércio com a EuropaBons indicadores económicos e um Tratado de Livre Comércio com a União Europeia, têm promovido os negócios bilaterais. A situação económica colombiana demonstrou também, durante a actual crise financeira internacional, que goza de muito boa saúde. O crescimento médio do Produto Interno Brtuo (PIB), entre 2001 e 2007, foi de 5,3%. Mantendo a tendên-cia positiva dos anos anteriores, a economia colombiana cresceu 0,8%, em 2009 e, confir-mando este bom momento, fechou 2010 com um crescimento próximo de 4,5%, correspon-dendo a um PIB nominal de 283 mil milhões de dólares, um valor ligeiramente superior ao do PIB português. Aquele valor coloca a Co-lômbia na 34ª posição no ‘ranking’ mundial de países, segundo o valor nominal do PIB, apa-

recendo Portugal na 37ª posição, segundo da-dos do Fundo Monetário Internacional (FMI). A grande diferença entre ambas as economias tem que ver com os cerca de 47 milhões de habitantes da Colômbia, que reduzem o PIB per capita do País a pouco mais do que 6 mil dólares, o que representa aproximadamente a quarta parte do PIB per capita português.

A balança comercial entre ambos os países apresenta-se excedentária para a Colômbia. Dados da Proexport (agência colombiana de promoção da exportação, investimento estran-geiro e turismo) indicam que as exportações colombianas para Portugal, em 2009, soma-ram 178 milhões de dólares, focadas principal-mente em produtos como bananas, materiais plásticos e produtos de padaria. Por seu lado, Portugal centrou as suas exportações para a Colômbia em maquinaria, peças de vestuário e produtos para a casa, num total de 12 milhões de dólares.

O governo do presidente Santos destacou quatro sectores da economia como bases do crescimento do País nos próximos anos. O sector mineiro, centrado principalmente no petróleo, gás e carvão, atingiu níveis muito importantes de exportações e tem atraído in-

vestimentos internacionais, perfi-lando a Colômbia como uma po-tência regional neste campo.

A agricultura é a segunda aposta do actual governo, que ten-ciona reforçar o investimento em tecnologia e inovação, com vista a proporcionar uma revolução pro-

dutiva e aproveitar as importantes extensões de terras cultiváveis com que o País conta.

As infra-estruturas e a habitação, dois sec-tores que respondem a necesidades básicas do País e que são intensivos em mão-de-obra e em investimento privado, complementam a aposta do governo.

Pelo seu lado, o café colombiano continua a ser reconhecido no exterior pela sua quali-dade, e embora tenha diminuído o seu peso relativo no volume total de exportações, man-tém-se como jogador de primeira linha a nível mundial.

Finalmente, as indústrias tradicionais, como as confecções e os têxteis, a construção e os componentes automóveis, mantém tendên-cias de crescimento que fortalecem a criação de emprego e o desenvolvimento económico do País.

Em Maio de 2010, foi assinado, em Ma-drid, no decurso da Cimeira UE-América Latina, o acordo comercial negociado entre a Colômbia e a União Europeia para o estabe-lecimento de um Tratado de Livre Comércio. Depois dos correspondentes trâmites, tanto na Colômbia como na UE, o dito acordo deverá entrar em vigor, em 2013 ou 2014. O acordo

Internacional Colômbia

O governo declarou o sector das infra-estruturas como um dos motores da economia nos próximos anos.

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destina-se a fortalecer a relação comercial entre as partes, outor-gando um marco claro e estável, dentro do qual se desenvolverão todos os intercâmbios comerciais.

O Tratado de Livre Comércio soma-se assim aos benefícios es-tabelecidos durante os últimos oito anos, tais como os contratos de estabilida-de jurídica, os incentivos fiscais para sectores como o turismo, energias alternativas, investi-mentos em ciência e tecnologia ou para a con-tratação de empregados descapacitados, entre outros.

Como complemento a estes benefícios e aos tratados de livre comércio, foi implemen-tada uma estratégia para promover Zonas Francas, que levou à criação de 84 destas zonas em diferentes regiões do País. Actualmente, as Zonas Francas da Colômbia são consideradas as mais competitivas da América Latina, pelas condições tributárias que oferecem, e pela pos-sibilidade de aproveitar tantos os acordos inter-nacionais como o mercado local. Importantes empresas internacionais já aderiram a este for-mato na Colômbia, entre as quais se destacam a Siemens e a Coca-Cola.

Em relação a Portugal, o Tratado de Livre Co-mércio com a UE está complementado com um acordo internacional de investimento e um acor-do de dupla tributação, já subscritos, e que devem entrar em vigor assim que estejam concluídos to-dos os trâmites correspondentes aos dois países.

Estes esforços para incentivar o investi-mento estrangeiro contribuíram para que a

Colômbia seja hoje reconhecida como o país que mais protege os investimentos estrangei-ros na América Latina e o quinto no ‘ranking’ mundial Doing Business 2011.

Primavera todo o anoA Colômbia não é, no entanto, apenas propícia para os negócios. O ócio e a diversão também têm um espaço na agenda, particularmente pelo actual nível de desenvolvimento do sector turístico, que se converteu num dos mais atrac-tivos, tanto para investir como para disfrutar.

Dentro da política de promoção do investi-mento, o governo desenhou incentivos fiscais para a construção ou remodelação de hotéis e para quem quiser investir na promoção do Eco-turismo. Importantes cadeias internacio-nais de turismo e hotelaria – Hilton, Sheraton, Holiday Inn, Ibis, Sonesta, entre outras – iden-tificaram esta oportunidade e estão a analisar

ou a realizar investimentos no País.Um dos desafíos para o fomento do turis-

mo é dotar o País de infra-estruturas de comu-nicações aéreas, terrestres e marítimas adequa-das para servir este sector. O governo declarou o sector das infra-estruturas como um dos motores da economia nos próximos anos, e entre os projectos mais importantes em desen-volvimento, contam-se a ampliação e moderni-zação do Aeroporto El Dorado, de Bogotá, e a construção, em regime de concessão privada, de auto-estradas que agilizarão o tráfego entre os diferentes destinos e o interior do País.

A crescente oferta cultural em diferentes destinos ao longo do País, assim como os in-centivos do governo ao crescimento da oferta hoteleira e ao reforço do papel do País como ‘hub’ de voos internacionais, fazem com que o futuro no sector seja muito promisor.

A Colômbia conta com uma localização ge-ográfica privilegiada. Por estar perto da linha de Equador não regista grandes variações cli-máticas, sendo sempre Primavera. A riqueza e a variedade natural do seu territorio é muito atractiva para o eco-turismo. Diferentes zonas climáticas, criadas pela presença da Cordilhei-ra dos Andes, e pelo seu contacto tanto com

o Oceano Pacífico como com o Mar das Cara-íbas, permitem ter uma enorme variedade de opções num mesmo País. Praias paradisíacas sobre o Mar das Caraíbas, micro climas ideais para a produção de café, na zona Cafetera, sel-vas virgens no Amazonas, acidentes geográ-ficos, como desfiladeiros, rios e cascatas para o turismo de aventura, em Santander, selvas tropicais, um mar exuberante na costa pacífica e cumes nevados à beira mar, como a Sierra Nevada de Santa Marta.

A par com as suas condições naturais, a Colômbia desenvolveu uma oferta cultural muito ampla, que alarga o leque de razões pe-las quais é interesante para o sector turístico. Festivais culturais, como o Festival Internacio-nal de Teatro de Bogotá, o Hay Festival e o Fes-tival de Música Clássica, estes dois últimos rea-lizados em Cartagena, começam a posicionar a Colômbia também como um destino cultural.

Mas não são apenas a sua Primavera cons-tante, as suas praias e as suas montanhas, o seu café, ou as suas condições facilitadoras para o investimento estrangeiro, que fazem da Colômbia um lugar para o ócio e o negócio. As suas gentes, com uma entrega, uma cordialida-de e sentido de responsabilidade inegualáveis, são sem dúvida o elemento-chave. Sem elas, Colômbia não seria a mesma e nem o ócio nem o negócio seriam possíveis.

A boa noticia é que todas estas posibili-dades estão abertas na Colômbia e que, tanto as agências governamentais encarregues de promover o turismo e o investimento, como o sector privado, estão ávidos para identificar e promover novas oportunidades e, mais impor-tante que tudo, para acolherem sócios e inves-tidores que as desenvolvam.* Daniel Feged ([email protected]) é CEO de Ibcom

Colombia e da Feged&Co. Business Advisors. Tem

uma ampla experiência profissional em consultoria e

assessoramento empresarial e desempenha actual-

mente funções como administrador independente em

empresas colombianas e estrangeiras. Trabalhou mais

de 18 anos na Deloitte Colômbia, de que foi presidente

e CEO nos últimos sete, com funções também na

Deloitte América Latina.

A Colômbia é reconhecida como o país que mais protege os investimentos estrangeiros na América Latina.

panorâmica do centro histórico de cartagena das índias

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Moçambique energia

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MOÇAMBIQUE, UM POTENTADO ENERGÉTICO

INFRA-ESTRUTURAS

A abundância de recursos energéticos em Moçambique é conhecida. Uma nova mega-barragem e o potencial da exploração de petróleo vão permitir caminhar para a auto-suficiência.Por Vítor Norinha

o aproveitamento dos recursos hídricos de moçambique mantém-se

como a grande aposta

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Acaptura e a distribuição dos recursos energéticos de Mo-çambique tem sido um problema estrutural do País.

À recente decisão do Governo moçambicano de ad-judicar a nova mega-barragem de Mphanda Nkuwa a al-gumas dezenas de quilómetros da maior obra dos portu-

gueses em África, Cahora Bassa, está associada a necessidade de grande potência energética para os mega-projectos industriais que o País quer lan-çar e reforçar nos próximos anos. Falamos dos grandes investimentos no alumínio ou nos cimentos, mas também a necessidade de electrificação do País, gerando uma melhoria substancial do nível de vida das populações.

O grande volume de reservas ao nível dos recursos energéticos (ver caixa) consubstancia-se num investimento previsto a 10 anos equiva-lente a metade do Produto Interno Bruto (PIB) actual do País, ou seja, qualquer coisa como cinco mil milhões de euros. A China tem sido um dos países que mais tem contribuído para o financiamento da economia moçambicana.

O País pode ser um potentado energético e a nova barragem de Mphanda Nkuwa é a coqueluche das grandes infra-estruturas que vão arrancar entre o final deste ano e o início do próximo.

O projecto de construção e exploração da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (HMNK), no rio Zambeze, na Província de Tete, foi concessionado a um consórcio constituído pela Electricidade de Mo-çambique (EDM), a empresa pública de energia moçambicana, e que integra ainda a Insitec, uma empresa privada também moçambicana e a construtora brasileira Camargo Corrêa, cujo responsável para o con-tinente africano é o gestor português Armando Vara. Mphanda Nkuwa (HMNK) constituirá o maior projecto da Camargo Corrêa em África. No consórcio, a EDM detém 20% do capital e os dois parceiros priva-dos ficaram com 40% cada.

Para o grupo brasileiro, que é o maior construtor mundial de projectos hidro-eléctricos (construi o projecto de Itaipu, no estado basileiro do Paraná), a HMNK passa a ser o seu maior investimento em África. Em declarações recentes à comu-nicação social, o administrador-executivo do consórcio, Raúl Giesta, revelava que a Camargo Corrêa já construiu hidroeléc-tricas que produzem 50 Gw de potência, o equivalente a 7% da capacidade mun-dial neste segmento de produção. Ainda em Moçambique, a Camargo Corrêa está também envolvida na reabilitação da li-nha férrea de Nacala.

O contrato de concessão da HNMK, assinado entre o ministro moçambicano da Energia, Salvador Nambure-te, e o presidente da hidroeléctrica, Egídio Leite, especifica que o arran-que das obras deverá acontecer entre o final deste ano e o início de 2012, com um prazo de conclusão de cinco anos.

O empreendimento terá capacidade para gerar 1500 Mw de energia hidroeléctrica, sendo que 20% estão destinados ao mercado interno e o restante para exportação. O projecto – que será do tipo fio de água – localiza-se a 61 quilómetros a jusante da barragem de Cahora Bassa e a 70 quilómetros da cidade Tete. A obra contará com quatro turbinas de 375 Mw cada, terá um paredão de 400 metros de comprimento e 86 metros de largura acima da fundação, com 13 comportas para a descarga de água.

Esta obra será o primeiro mega-projecto infra-estruturante de ener-gia construído depois da independência e no comparativo com Caho-ra Bassa é nítida a evolução tecnológica e o modelo de aproveitamento

da água para a produção de energia. Contrastando com a barragem de Cahora Bassa, que ocupa uma área de 250 Km2, Mphanda Nkuwa fica- -se por uma área duas vezes e meia inferior, ou seja, por 97 Km2.

O custo real do projecto, somando a construção e a função financei-ra, ascenderá aos 2,9 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 2,2 mil milhões de euros. Tudo indica que o financiamento será assegurado pela banca local e por várias instituições financeiras mundiais, num mo-delo de ‘project finance’, não tendo comparticipação pública. O reem-

A nova barragem de Mphanda Nkuwa é a coqueluche das grandes infra-estruturas dos próximos tempos.

a nova mega-barragem de mphanda nkuwa

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Moçambique energiabolso do investimento terá origem na venda de energia. Em Dezembro último, aquando da assinatura da adjudicação, Egídio Leite, da gestora de Mphanda Nkuwa afirmou que os financiadores querem a garantia de um pré-contrato de aquisição a prazo da energia produzida. As negociações com a sul-africana Eskom, a eléctrica estatal que adquire toda a energia de Cahora Bassa, e que é apontada como principal cliente da nova barragem, não estão ainda concluídas. O projecto vai criar 3500 empregos directos e indirectos, e integrará vários subprojectos de carácter social. Até Junho, deverá ficar concluído o estudo sobre o impacto ambiental de Mphanda Nkuwa. O ministro moçambicano do Ambiente disse a este propósito que a rigorosa legislação ambiental tem todos os aspectos em conside-ração e frisou o papel relevante da hidroeléctrica no controlo e regulação do caudal do rio Zambeze, sobretudo a jusante da Cahora Bassa, minimizando os efeitos negativos das cheias, que ciclicamente afligem esta região.

Um outro aspecto fulcral na decisão política de avançar está na necessidade de mais energia, sob pena do desenvolvimento do país ser afectado. O governante deu o exemplo da fase III da fábrica de alumínios da Mozal, que estava para avançar antes da crise de 2008, mas que acabou por não sair da gaveta, pois necessitava de 650 Mw adicionais de energia. Existem outros projectos que estão em ‘stand by’, pela falta de energia, o que justifica o compromisso de colocar boa parte da produção da nova barragem no mercado doméstico de Moçambique.

Outros modelosMoçambique tem abundantes recursos de carvão. A zona de Tete, no centro do País, tem confirmadas grandes reservas deste material fóssil. As informações oficiais, revelam vários projectos em desenvolvimento à volta de Moatize, tendo a Riversdale Moçambique anunciado a constru-ção de um ramal ferroviário até à linha do Sena e um depósito de carvão para armazenagem do produto extraído da mina de Benga. Uma recente encomenda ao nível de logística de transporte confirma as melhores ex-pectativas sobre este projecto.

As grandes multinacionais de vários continentes estão presentes na região, desde a já falada australiana Riversdale, até à brasileira Vale do Rio Doce ou à indiana Tata Steel e à sul-africana Sazol. A Eskom, a

eléctrica estatal sul-africana, é uma empresa central neste processo, pois recebe a quase totalidade da energia produzida pela barragem de Cahora Bassa e revende-a às empresas que operam em Moçambique.

A construção da nova infra-estrutura na mesma bacia do rio Zam-beze pretende alterar este figurino, onde a mais-valia fica do lado sul- -africano, mas ainda não está definido quem serão os grandes clientes da nova hídrica, e a Eskom ainda não se pronunciou, muito embora a empresa tenha necessidade de maior potencial energético porque tem clientes para a distribuir. Em Moçambique é também conhecida a ca-pacidade da bacia do Rio Rovuma ao nível da produção de petróleo e gás natural, outras fontes de grande potencial energético de Moçambi-que. Uma adjudicação relevante foi atribuída à National Daqing Oilfield Driling Engineering Company, uma subsidiária da PetroChina, a qual ganhou o concurso para a realização de perfurações petrolíferas no País.

Projectos da energia valem 50% do PIBDurante esta década, Moçambique receberá investimentos, equiva-lentes a metade do PIB, para grandes projectos energéticos. Petró-leo, gás, carvão e hídricas receberão mais de 5 mil milhões de euros de investimentos. A nova barragem Mphanda Nkuwa, uma obra liderada pela brasileira Camargo Corrêa, envolverá o equivalente a dois mil milhões de euros de investimentos a seis anos, enquanto o sector do petróleo receberá investimentos de 1,5 mil milhões de euros ao longo dos próximos 10 anos. No carvão vão ser emitidas novas licenças, e o país ficará com um total de 108 autorizações de exploração, enquanto o gás receberá um investimento de 436 milhões de euros anuais, aumentando a produção em mais de 50% nos próximos anos.

Durante esta década, Moçambique receberá investimentos para grandes projectos energéticos.

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Energias renováveisO aproveitamento dos recursos hídricos de Moçambique mantém-se como a grande aposta, existindo, a este nível, sete grandes projectos. O potencial hídroeléctrico permitirá aumentar a capacidade de geração de energia dos actuais 2 mil Mw de potência para mais de 6 mil Mw.

Na zona envolvente de Cahora Bassa, existe a possibilidade de construção de duas novas barragens, uma a norte, expandindo a actual hidroeléctrica, até aos 2,9 mil Mw, e a de Mphanda Nkuwa, a edificar entre a actual hidroeléctrica e Tete, e com uma capacidade potencial de 2,4 mil Mw. Para esta obra será relevante a reabilitação das estações hidroeléctricas de Chicamba, com 45 Mw, junto ao rio Mavuzi, e ainda a construção de uma estação terminal na Província de Tete.

As energias renováveis são outra aposta e a sul-africana Eskom criou o primeiro sistema de energia eólica, na Província de Inham-bane, devendo rapidamente ligar-se à rede eléctrica nacional como produtor alternativo. Em Agosto passado foi anunciada a vitória da britânica Fortune CP num concurso que visava adjudicar os serviços de supervisão do fornecimento e instalação de sistemas solares foto-voltaicos para a electrificação de distritos nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa. Foi ainda anunciado o arranque da fábrica de painéis solares no Parque Industrial de Beluluane, em Maputo, num investimento de 7,5 milhões de euros. O objectivo é produzir sistemas fotovoltaicos, sendo que os primeiros componentes virão da

A companhia mineira australiana Riversdale vai in-vestir na área logística ligada à mineração. A empresa anunciou a compra de 11 locomotivas e 200 vagões, avaliados em 36,5 milhões de euros, para o transporte de carvão das concessões carboníferas que explora no centro de Moçambique. A Riversdale ganhou duas im-portantes concessões mineiras de carvão na província de Tete, por um período de 25 anos, prevendo investir mais de 2,2 mil milhões de euros, na construção do complexo carbonífero.A Riversdale quer criar as condições logísticas neces-sárias para o escoamento de carvão através da linha-férrea de Sena, que liga a província de Tete ao Porto da Beira, no centro de Moçambique. A empresa pretende ainda assegurar o transporte de parte do carvão por barcaças, de Benga a Chinde, através do Rio Zambeze. As concessões da Riversdale comportam reservas superiores a 4 mil milhões de toneladas. As reservas de carvão de Tete foram concessionadas a várias companhias, sendo que a brasileira Vale do Rio Doce detém os jazigos mais importantes. A situa-ção dos atrasos na reconstrução da linha férrea de Sena, levou o Governo moçambicano a actuar, tendo rescindido o contrato com o consórcio indiano Rites e Ircon, entidade que ganhara o concurso de reabilitação e abrindo o caminho à Riversdale.

Índia, num projecto que prevê a transferência gradual de tecnologia para Moçambique.

Electrificação ruralO Conselho Coordenador do Ministério da Energia reafirmou, no final do ano passado, o objectivo da electrificação rural. O Governo moçam-bicano continua comprometido com a electrificação de todas as sedes distritais até 2014. O ministro da Energia, Salvador Namburete, aponta que o acesso à energia eléctrica passa ainda pelo uso de energias renová-veis e pela expansão e construção de infra-estruturas de armazenagem, de transporte e de distribuição de combustíveis líquidos e gás natural.

Uma das obras de referência é a linha de transporte de energia eléctrica Tete/Maputo, a espinha dorsal da rede do país. O reforço e a expansão da rede de distribuição de energia eléctrica estão orientados, numa primeira aborda-gem, para os grandes centros urbanos. O objectivo é atingir a qualidade e a fiabilidade no fornecimento, o que atrairá novos consumidores. Recorde-se o primeiro semestre do ano passado, a EDM manteve o nível de trabalhos do projecto da linha Tete/Maputo, num investimento avaliado em 1,7 mil mi-lhões de dólares na primeira fase, e que consumirá mais 700 milhões de dólares na segunda fase. Esta linha permitirá distribuir a energia produzida nas centrais de Mphanda Nkuwa, Cahora Bassa Norte, Boroma, Lupata, Mo-atize e Benga. Os investimentos industriais de pequena e média dimensão serão os primeiros a beneficiarem desta democratização da energia eléctrica.

Riversdale investe nos minérios

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Sustentabilidade energia

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MOURA QUER SER A CAPITAL DAS RENOVÁVEIS

CONFERÊNCIA

O concelho de Moura quer afirmar-se como a capital das energias renováveis. O acordo com a brasileira Fundação

Científica e Tecnológica em Energias Renováveis (FCTER), do Estado de Santa Catarina, é um passo importante nesse sentido.

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Março 2011 » PRÉMIO » 63

Moura vai instalar um labo-ratório de energia solar fotovoltaica no Brasil. Este é um dos vários compro-missos de um acordo assi-

nado entre a Lógica, E.M., Sociedade Gestora do Parque Tecnológico de Moura e a Fundação Científica e Tecnológica em Energias Renová-veis (FCTER), do Estado de Santa Catarina, no Brasil. O protocolo de colaboração, que vigorará até 2012, foi assinado no encerramento da pri-meira edição nacional da conferência Sustentar, que decorreu no final do ano passado em Mou-ra. Ao longo de três dias estiveram em debate

nesta localidade alentejana temas como Energia Solar, Hídrica, dos Oceanos, Biomassa, Biocom-bustíveis, Eólica e Hidrogénio.

“A escolha de Portugal para acolher este evento resulta do trabalho de colaboração e da participação, desde 2008, na edição brasileira do Sustentar e, por outro lado, do reconheci-mento do trabalho do concelho de Moura na área das energias renováveis, sobretudo por via da Central Fotovoltaica da Amareleja e de vá-rias iniciativas que permitiram a instalação de empresas de fabrico de painéis fotovoltaicos e

de instalações de microgeração”, explica o Pre-sidente da Câmara Municipal de Moura, José Pós-de-Mina. Outro dos compromissos do acor-do é um plano de estágios, a concretizar já este ano, que passa pelo intercâmbio de estudantes e técnicos portugueses e brasileiros, em estágios em instalações indicadas pela Lógica e em labo-ratórios de energia solar de entidades associadas da FCTER. Neste âmbito, vão ainda ser desen-volvidos esforços para implantar no Brasil duas fábricas de painéis fotovoltaicos.

O protocolo inclui também a continuida-de da realização da conferência Sustentar em Moura, nos próximos anos, transformando este

evento num Fórum privilegiado para a discussão dos proble-mas da sustentabili-dade entre países da comunidade lusófona. De acordo com Vítor Silva, responsável da

Lógica, “com esta política de coooperação com o Brasil, podemos ser uma plataforma importante de contactos. É possível encontrar fórmulas de interesse comum para o desenvolvimento das energias renováveis tendo em conta o que esta-mos a fazer em Moura”.

“Em Portugal existem áreas onde estamos claramente mais adiantados e em condições de responder a algumas dúvidas e o contrário também acontece”, acrescenta. Este acordo tem como objectivo o estabelecimento de coopera-ção técnica, científica, tecnológica, educacional

josé maria pós-de-mina, presidente da câmara municipal de moura

vítor silva, responsável da lógica, e josé pós-de-mina

Mais de 200 pessoas no Sustentar 2010 A primeira edição do Fórum Sustentar, que teve como tema central as Energias Sustentáveis, reuniu mais de 200 participantes. Ao longo de três dias verificou-se uma troca de experiências entre empresas, técnicos e académicos de Portugal e do Brasil, tendo ainda o debate sido alargado a representantes de quase todos os PALOP.Para além dos vários projectos e experiências apresentadas, decorreram ainda várias visitas técnicas a centros de desenvolvimento, a centrais eléctricas e a unidades industriais localizadas na região de Moura, onde os participantes puderam conhecer ‘in loco’ a realidade dos projectos já desenvolvidos.O Sustentar é um evento criado pelo agora deputado federal brasileiro Pedro Uczai, no Estado de Santa Catarina, Brasil, que decorre anualmente desde 2008 e que conheceu este ano a sua primeira edição em Portugal. O evento foi organizado pela Câmara Municipal de Moura (CMM) e pela Lógica, E.M.

Nos próximos anos, Moura vai continuar a receber a conferência Sustentar.

e cultural entre FCTER e a Lógica, com vista ao desenvolvimento de actividades relacionadas com a pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em áreas de mútuo interesse das partes, nomeadamente no domínio da energia solar, tanto fotovoltaica quanto térmica.

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Sociedade ensino

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Com sede na Fundição de Oeiras, a escola prepara a mudança para novas instalações na histórica Quinta de Nossa Senhora da Conceição, em Barcarena.

OEIRAS INTERNATIONAL SCHOOL

A ESCOLA ONDE O INGLÊS É REI

Ainda recentemente, Oeiras foi distinguido como “Melhor Município para Estudar”, no âmbito dos Prémios de Re-conhecimento à Educação 2010”. E o facto é que, entre muitas outras iniciativas, o concelho tem dado todo o seu apoio à sua primeira escola internacional - a Oeiras Inter-

national School. Que segue os programas do International Baccalaureate (IB), já reconhecidos pelo Ministério da Educação. Esta escola, onde se estuda do 6.º ao 13.º ano, nasceu fruto da vontade de um grupo de pais e cidadãos preocupados com a educação e a formação dos seus filhos. Jun-tos, formaram uma associação sem fins lucrativos e empreenderam este projecto, pioneiro no concelho.

Concluído o 13.º e último ano da escola, os alunos que pretendam ser admitidos na universidade poderão fazê-lo, como aliás podem transitar sempre ao longo dos anos, bastando para isso que peçam as equivalências. Mas assim sendo, o que tem a OIS de diferente? Desde logo, o facto de as

aulas e todo o funcionamento da instituição utilizar como língua o inglês. Para aqueles que não possuem bases no idioma, há aulas especiais de for-ma a colocá-los num nível de conhecimento que lhes permita concluírem os seus estudos sem percalços.

As escolas IB são conhecidas pelo seu grau de exigência e a OIS não foge à regra. A nível curricular, a OIS dá realce ao ensino científico. À mar-gem dos programas oficiais, aposta na transmissão de valores sociais, co-locando os seus alunos ao serviço da comunidade local e enfatizando todos os aspectos relacionados com uma sociedade sustentável. Ou seja, além daquilo que as matérias curriculares possam e devem incutir, a escola pre-tende formar cidadãos exemplares.

No final do ano lectivo a Oeiras Internacional School irá mudar-se para a sua morada definitiva, a histórica Quinta de Nossa Senhora da Concei-ção, em Barcarena, mandada construir no início do Séc. XVII pelo Rei D. Filipe II para receber dignitários estrangeiros.

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Apoiamos o seu negócio de Cabinda ao Cunene 

Angola

LUANDA

KinaxixiAv. Comandante Valódia N.º 2400244-222 448 426 . 00244-923 443 432 00244-222 448 426

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BENGUELARua Machado dos Santos, N.º 24/2600244-272 236 068 . 00244-272 236 074

LOBITOBairro ComercialAv. 15 de Agosto N.º 33 - R/C00244-272 221 633 

NAMIBERua 26 de Novembro N.º 400244-264 263 450; 00244-264 263 451

LUBANGOLubangoRua Pinheiro Chagas N.º 13300244-261 224 315 . 00244-261 224 316

Aeroporto MukankaAeroporto do Lubango00244-261 228 315

CUNENEOndjivaEstrada Internacional00244-265 250 556 . 00244-265 250 551

Santa ClaraEstrada Internacional – Fronteira00244-265 223 013 

CABINDACabindaRua 1º de Maio00244-935 782 887 . 00244-231 200 063 00244-222 440 420

LISBOA

Carmo - SedeCalçada do Carmo, 6 - 1º Dtº 1200-091 Lisboa21 324 2550 . 21 324 2559 . 21 343 [email protected]  [email protected]

RossioPraça D.Pedro IV, 421100-200 Lisboa21 324 2553 . 21 343 [email protected]

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Perfil

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NOVO “PILOTO” PARA A A.T. KEARNEY PORTUGAL

PEDRO REZENDE

O novo presidente da consultora americana em Portugal é engenheiro, mas deixou-se seduzir pela gestão, deixando para trás o sonho de ser um dia piloto de competição.

pedro rezende, o novo presidente da atkearney portugal

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C hegou a equacionar ser piloto, tal a paixão por automó-veis que o persegue desde sempre. Mas o mais recente presidente da ATKearney Portugal acabou por deixar que o seu lado racional levasse a melhor e, influencia-do ainda pelo percurso do pai – engenheiro e gestor –,

viria a cursar Engenharia no ICAI de Madrid. E se entre 1985 e 1990 chegou mesmo a participar em corridas de automóveis, hoje, a maior corrida de Pedro Rezende é conseguir com que a consultora a que preside ganhe pontos na ‘pole position’ do mercado português e ibé-rico. Ou não tivesse Pedro Rezende como grandes traços distintivos – a nível profissional – o “sentido comum, o pragmatismo, a resiliência e a lealdade”, conforme o próprio indica.

Natural de Lisboa, pela capital portuguesa estudou no São João de Brito até 1975, ano em que teve que acompanhar a família para Ma-drid. “Lá andei por vários colégios e depois estudei engenharia (ICAI). O primeiro emprego foi como engenheiro do departamento de estudos e desenvolvimento de uma multinacional francesa de componentes au-tomóveis (VALEO). Neste caso ajudou o facto de ser relacionado com os automóveis que sempre foram uma quase “paixão”, lembra.

O facto de ter optado pela área académica que seguiu foi de certa for-ma influenciado pelo testemunho de vida que recebera do pai, conforme confessa. Assim como a decisão do MBA, no INSEAD, “foi também nas-cendo no âmbito familiar muito cedo, como forma de passar rapidamente da Engenharia para a Gestão”. De qualquer forma, garante que nunca houve realmente um sonho de seguir uma carreira diferente, excepto quando em determinada altura, com vinte e poucos anos, equacionou “aproveitar uma oportunidade para realizar um desporto de forma profis-sional. Mas a decisão de não sacrificar os estudos e uma profissão foi clara e rápida”. O automobilismo, esse, haveria então de ficar para mais tarde…

Já depois do MBA, conta, abriram-se várias portas em diferentes sec-tores com a decisão final a ser equacionada entre Private Equity e consul-toria. Acaba por optar por esta última que “tinha um enorme prestígio entre os MBA, oferecia muito boas condições e, na altura, era um projecto interessante na medi-da em que passava por estar uns anos em Madrid e depois abrir um escritório em Portugal”. Assim seria ao longo de 13 anos, altura em que recebe um convite de João Talone para fazer parte da sua equipa na Comissão Executiva da EDP. Deixa a consultoria para trás e regressa à indústria. “O desafio de conseguir fazer uma grande mudança na EDP era muito atractivo e o João tinha reuni-do uma boa equipa”, contextualiza.

Um desafio, contudo, que se esgotaria em três anos, após os quais toda a equipa sai. Decide arris-car e, a meias com João Talone, criam a Hyperion para investir em renováveis chegando a desenvol-ver vários projectos em Espanha e Portugal. “As perspectivas de grande crescimento tiveram que ser substituídas por um período de desenvolvi-mento bastante mais lento devido à crise finan-ceira de 2008 e, sobretudo, à crise económica e de credibilidade dos estados de 2010”, conta hoje, lembrando ainda que neste contexto apareceu uma boa oportunidade na área da consultoria de

Gestão, compatível com a manutenção das renováveis, pelo que decide re-gressar ao sector, também desta vez com um projecto relacionado funda-mentalmente com o desenvolvimento do escritório em Portugal de uma “firma de primeiro nível mundial na consultoria”.

Ao longo de todo este percurso, Pedro Rezende já passou por me-lhores e piores etapas. Por momentos de grandes sorrisos e difíceis deci-sões, como quando teve que sair da EDP ou quando o sócio financeiro da Hyperion, americano, decidiu não investir mais na zona que considerou “tóxica”, passando a empresa de um enorme plano de expansão a ficar estagnada.

Em jeito de balanço dos últimos anos, Pedro Rezende confessa que foram muito intensos, onde com a ajuda de uma equipa que rotula de “fabulosa”, estiveram muito perto de “chegar à praia”. “Não esconde que muito aprendeu pelo caminho, além de que depois de todo este percurso voltou à consultoria “com mais experiência e maior capacida-de de acrescentar valor aos clientes”.

Diz que o que mais o fascina na área onde trabalha é a qualida-de dos consultores que tem, “que permite montar equipas que em conjunto com os clientes diagnostica problemas reais das empre-

sas, desenha as melhores soluções e ajuda a implementá-las em diversos sectores e áreas funcionais”. Mas não deixa de criticar a falta da adrenalina da tomada de decisões, “quer de im-pacto elevado como nas grandes empresas, quer de impacto directo pessoal como na empresa própria”.

Com um ritmo de vida bastante intenso, em média, e com alguma frequência com períodos “mesmo muito intensos”, lamenta apenas não conseguir conciliar tão bem quanto gostaria o seu dia-a-dia na consultora com o ritmo fami-liar. Sempre que pode, contudo, os tempos mais livres são para as filhas. E, claro, para os carros… “São, para mim, uma forma de descarregar adrenalina e de me sentir bem”, conta.

Quanto ao futuro, Pedro Rezende sublinha desde logo os dois projectos interessantes que tem pela frente: “desenvolver a ATKearney em Portugal para que ocupe o lugar que merece e que tem lá fora e atravessar esta crise com a Hyperion para que depois possa vir a recuperar um maior desenvolvimento”.

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“O que mais me fascina na área onde trabalho é a qualidade dos consultores que tem.”

Livro Novelas históricas (qualquer um de Ken Follet por exemplo) Música Ligeira comercial com ritmo Filme “O Caçador” e “As Good as It Gets”

Hobbies Corridas de carros, ténis e praia

As minhas escolhas

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Iniciativa

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“AQUELES QUE DECIDEM O NOSSO FUTURO”

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO

A afirmação é de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, e refere-se ao painel de oradores de mais um ciclo das “Conferências do Palácio”: Alberto da Ponte, António Mexia, António Mota, António Saraiva, Carlos Santos Ferreira e Pedro Rebelo de Sousa. Por Susana Baptista Dias

António Mexia, presidente do Conselho de Administração da EDP, abriu o mais recente jantar-debate do ciclo “Conferên-cias do Palácio”, no passado dia 24 de Fevereiro, no Palácio da Bolsa, no Porto. A “Situação Actual das Empresas Portu-

guesas” foi o tema escolhido para a segunda edição das “Conferências do Palácio”, que reúne gestores e decisores de topo de diversos sectores económicos.

Este segundo ciclo de conferências, que se iniciou em Novembro e se estenderá até Maio, contou recentemente com a participação de Carlos Santos Ferreira, presidente do Conselho de Administração do Millennium bcp, dia 17 de Março. Sucede-lhe António Saraiva, presi-dente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, no decorrer do mês de Abril. António Mota, presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil SGPS, encerrará esta segunda edição das Conferências do Palácio, a 9 de Maio.

A iniciativa foi inaugurada por Alberto da Ponte, CEO da Central

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a selecção de gestores convidada para este segundo ciclo das “conferências do palácio”, intitulado “a situação actual das empresas portuguesas”, vai expor as suas perspectivas sobre a conjuntura actual das empresas nacionais. alberto da ponte,

presidente da SCC, e pedro rebelo de sousa, presidente do IPCG , foram os dois primeiros representantes

de Cervejas e Bebidas, em Novembro, a que se seguiu Pedro Rebelo de Sousa, advogado e presidente do Instituto Português de Corporate Governance, já em Janeiro de 2011.

Um painel constituído por gestores de peso do actual quadro econó-mico português, que Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, que é responsável pela organização das “Conferências do Pa-lácio”, acredita serem “aqueles que decidem o nosso futuro”. Por isso, cabe-lhe a eles o desafio de “explicar o ‘macro’ a partir do ‘micro’ com visões – necessariamente, pessoais e subjectivas -, e experiências em diferentes sectores da economia”, acrescenta Rui Moreira.

No seguimento do sucesso da primeira iniciativa, realizada em 2009, e cujo enfoque esteve sobre o estado das relações bilaterais portuguesas, com a participação de embaixadores estrangeiros em Portugal, a Associa-ção Comercial do Porto decidiu avançar com este segundo ciclo de confe-rências, “abrangendo novas temáticas e individualidades que estão a mar-car a diferença no universo empresarial português”, explica Rui Moreira.

Uma iniciativa que vai ao encontro do estatuto da Associação Co-mercial do Porto, “que como Fórum de reflexão e Senado da cidade, tem procurado contribuir para o desenvolvimento sustentado da região do Norte”, adianta.

As “Conferências do Palácio” são produzidas pela Cunha Vaz & As-sociados e contam com o patrocínio do Millennium bcp e o apoio da Central de Cervejas e Bebidas, através da sua marca Sagres Bohemia. Aberta aos associados da Associação Comercial do Porto, contam-se por várias centenas os participantes até agora nesta iniciativa.

Novas ideias em debateOs trabalhos iniciaram-se com Alberto da Ponte, que foi o primeiro a apresentar a sua perspectiva estratégica para a economia nacional, assente numa análise do papel das empresas e nos constrangimentos que lhes cria a actual política orçamental. Para os ultrapassar, o CEO da Central da Cer-vejas e Bebidas insistiu na necessidade de Portugal reforçar a sua competi-

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Iniciativa

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tividade no espaço externo, e defendeu a substituição do actual PEC por um “PECC – plano de estratégia de crescimento e de competitividade”, com um elenco de medidas que na sua perspectiva colocariam Portugal “em três anos, no espaço de crescimento do PIB”.

O ciclo de conferências foi retomado em Janeiro, com Pedro Rebelo de Sousa que conduziu o segundo jantar-debate. O presidente do Ins-tituto de Corporate Governance começou por fazer uma apresentação aprofundada do actual cenário macroeconómico português, que inte-grou nos contextos europeu e mundial, detendo-se em seguida numa análise ao comportamento do sector bancário, de que é um reconheci-do especialista. O impacto da crise actual nos níveis de rentabilidade dos bancos e no próprio valor de mercado das principais instituições

financeiras nacionais foi longamente comentado por Pedro Rebelo de Sousa, que, no entanto, terminou a sua intervenção sob uma nota op-timista: é sabido que as crises são sempre oportunidades de mudança, e a sua convicção é que a presente crise financeira e a recessão que lhe está associada poderão contribuir para um novo paradigma do compor-tamento do Estado, que defende dever ser menos interventivo e muito mais regulador.

O ciclo da DiplomaciaO primeiro Ciclo de Conferências organizado no Palácio da Bolsa teve

lugar em Janeiro de 2009 e contou com a participação de seis Embaixa-dores, de países convidados tanto pela sua relevância em termos absolu-tos como pela sua importância relativa para o nosso País. Luís Amado, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, encerrou este ciclo de conferências, que se prolongou até Março de 2010.

“Trazer ao Porto e ao encontro dos empresários da cidade e da região do Norte, os embaixadores de alguns dos principais parceiros externos de Portugal, possibilitando que as perspectivas dos respectivos países sobre o estado das relações bilaterais e a situação mundial sejam conhe-cidas e debatidas”, foi o objectivo da primeira edição “Conferências do Palácio”, explica Rui Moreira.

Com a convicção de um projecto pioneiro, sustentado no exercí-cio de um dever social para com a comunidade empresarial da região, as conferências tiveram igualmente um propósito cívico, que deverá “ser entendido como uma contribuição da Associação Comercial do Porto para a vida cultural e social da cidade”, refor-ça Rui Moreira.

A conferência do Embaixador de Espanha, Alberto Navarro, inau-gurou as Conferências do Palácio 2009. Das relações bilaterais com Portugal, o Embaixador referiu que “a opção europeia, que Portugal e Espanha exprimiram em simultâneo, conferiu-lhes, nas últimas déca-das, uma identidade de valores e visões estratégicas ímpar na sua longa história comum”.

O lugar do Reino Unido na nova ordem mundial foi o tema escolhi-do para a apresentação de Alexander Ellis, Embaixador do Reino Unido, que marcou o segundo jantar-debate. O embaixador traçou um retrato vivo e informado sobre o mundo, não se limitando a dar a conhecer

O ciclo de conferências foi retomado em Janeiro, com Pedro Rebelo de Sousa, presidente do IPCG.

António MexiaFoi Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do XVI Governo Constitucional, em 2004 e hoje é o presidente do Conselho de Administração Executivo da EDP. É licenciado em Economia pela Universidade de Genéve. Foi pro-fessor universitário e desempenhou funções como adjunto do Secretário de Estado de Comércio Externo e vice-presidente do ICEP. Posteriormente, passou pelo BES Investimentos, GDP - da Gás de Portugal e da Transgás, Galp Energia, APE e AIP.

Carlos Santos FerreiraLicenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1971, é o presidente do Millennium bcp. Antes, foi ainda presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos e da Companhia de Seguros Mundial Confiança e da seguradora Império Bonança, presidente da mesa da As-sembleia Geral do Banco Pinto & Sotto Mayor e vice-presidente da Estoril-Sol.

António SaraivaAntónio Saraiva completou o curso da Escola Industrial e frequentou o Instituto Superior Técnico. Recentemente foi eleito líder da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, organiza-ção associativa empresarial de cúpula que resulta da integração das componentes institucionais da AEP e da AIP e das Câmaras de Comércio e Indústria na CIP. António Saraiva é o ex-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos.

A SELECÇÃO NACIONALSob o mote da situação actual das empresas, o segundo ciclo das Conferências do Palácio traz ao Porto uma parte importante da elite da gestão em Portugal. Conheça os oradores convidados, que formam parte da Selecção Nacional da Economia e dos Negócios.

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as posições do Reino Unido, e comentando tam-bém os grandes temas que marcavam a agenda internacional.

Na altura, a tomada de posse do Presidente Obama, tinha acontecido há apenas três me-ses. Não foi por isso de estranhar, que a confe-rência do Embaixador dos Estados Unidos da América, Thomas Stephenson, fosse umas das que teve maior afluência. Ainda sob o “efeito Obama”, Thomas Stephenson pronunciou-se sobre a crise financeira e as medidas adopta-das pela, na altura, nova administração norte-americana. Caracterizou a crise e o seu alastra-mento ao sector financeiro e diferentes áreas da economia, para depois explicar as medidas adoptadas pela administração presidencial para salvar o sector financeiro e relançar a eco-nomia americana.

“O Presente e o Futuro das Relações Luso-brasileiras” foi o tema da intervenção de Celso Vieira de Souza, Embaixador do Brasil. Com a estabilização da moeda brasileira, e sob o efei-to, quer da procura continuada das suas exportações para o mercado mundial, quer do dinamismo do próprio mercado interno, o Brasil tem conseguido manter índices de crescimento notáveis, que fazem do País uma das 10 maiores economias do mundo. Foi exactamente sobre estas transformações, que incidiu o discurso de Celso Vieira de Souza.

Uma das economias em destaque tem sido a Rússia, pelas profun-das transformações económicas e políticas que tem vivido nos últimos

20 anos. Pavel Fiodorovitch Petrovskiy, Embaixa-dor da Federação Russa, resumiu este processo de mudança e explicitou o pensamento do seu presidente, Dmitry Medvedev, para os próximos anos, no plano interno e externo.

Não poderia ser mais actual o debate com Ehud Gol, Embaixador do Estado de Israel, sobre as “perspectivas para a paz no Médio Oriente”, realizado em 2009. Ehud Gol descreveu o pro-jecto do seu país para o futuro da região e deu a conhecer as posições em Israel, não só no que respeita ao conflito que se vive naquela zona do mundo, mas também no que respeita aos direi-tos históricos que assistem às diferentes partes em confronto.

O primeiro ciclo de “Conferências do Palá-cio” foi encerrado, em 2010, por Luís Amado, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiro. Depois da contribuição das diferentes perspec-tivas dos seis Embaixadores, Luís Amado expôs a importância de fazer da política externa um instrumento ao serviço do crescimento e desen-

volvimento de Portugal, através da denominada “diplomacia económi-ca”, que deverá, em seu entender, “prestar uma particular atenção aos países do mundo que produzem a energia de que a economia portu-guesa necessita”. Para Luís Amado, tal não implica que não deva ser igualmente prioritário cultivar as relações assentes na história com os nossos parceiros tradicionais, bem como com os vizinhos mais próximos, e não apenas europeus, e isto sem esquecer as economias emergentes.

Alberto da PonteAlberto da Ponte assumiu em 2004 o cargo de presidente executivo da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas e da Sociedade da Água do Luso. A empresa tem mantido um crescimento sustentado por uma coerência estratégica e assegurou recentemente a liderança do sector.

Pedro Rebelo de SousaO advogado Pedro Rebelo de Sousa assu-miu a liderança do Instituto Português de Corporate Governance em 2010, um projecto do qual foi dos primeiros dinamizadores. É senior partner da Sociedade Rebelo de Sousa & Advogados Associados RL e foi adminis-trador-executivo e membro não-executivo de órgãos sociais de várias empresas, nomeada-mente do sector bancário.

António MotaAntónio Mota é o presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil, um projecto empresarial iniciado em 1946 pelo seu pai, Ma-nuel António da Mota, e pelo cunhado deste, Joaquim da Fonseca, e que deu origem à Mota & Companhia. Em 2006, o Grupo Mota-Engil completou 60 anos de existência.

O primeiro ciclo de “Conferências do Palácio” foi encerrado, em 2010, por Luís Amado.

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Iniciativa internacionalização

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Ao longo de vários meses, a instituição financeira mostrou aos empresários os melhores exemplos no enquadramento da economia portuguesa. E, no fim, elegeu um projecto de excelência internacional que inspirasse para o futuro.

Uma ideia de negócio ou um projecto empresarial que se quer bem sucedido raramente comporta limita-ções geográficas nos tempos presentes. Motivos para assim ser pode haver muitos: ou porque o mercado local é sempre pequeno; ou porque há necessidades

em outros países com uma roupagem de oportunidade; ou, pura e simplesmente, porque em Portugal temos muito talento para exportar e para mostrar ao mundo. Razões não faltam para no ‘business plan’ de qualquer organização constar algures, em letras gordas, a palavra “Internacionalização”. Diz-se mesmo que, no actual cenário das eco-nomias globais, quem não puser os olhos na internacionalização po-derá ter a sua estratégia condenada.

No caso particular dos portugueses, já se demonstrou por diversas vezes que este raciocínio está muito perto da verdade. Há provas dadas. Há casos de estudo protagonizados por empresários portugueses que

merecem umas boas horas de debate nas melhores salas de aula de economia e gestão do mundo. E por isso mesmo, quando um negócio leva o carimbo do sucesso internacional, mais do que uma palmadi-nha nas costas aos seus mentores, é necessário dar a conhecer os seus formatos de gestão para que possam servir, mais do que de exemplo, de inspiração para os futuros empresários e para aqueles que têm na lista dos seus afazeres garantir às suas empresas e accionistas um bom caminho para os mercados internacionais.

Da necessidade de promoção das melhores práticas de internacio-nalização nasceu a ideia: juntar empresários, economistas e persona-lidades com um amplo conhecimento do enquadramento económico português para avaliar e escolher os melhores exemplos. E está, assim, criado o principal racional do Prémio Barclays Líderes da Internacio-nalização, que foi apresentado ao país ao longo de várias conferências durante mais de meio ano (ver caixa). O objectivo explica-se em traços

BARCLAYS

DESAFIA PORTUGUESES A MOSTRAR TALENTO

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gerais: promover e distinguir a empresa portuguesa que mais se des-taca na internacionalização através da excelência dos seus resultados.

Como funciona? Uma empresa exclusivamente com capital priva-do e maioritariamente de origem portuguesa, com um volume de ne-gócios entre os 5 e os 50 milhões de euros e que não integre grupos eco-nómicos com volume consolidado total superior a 50 milhões de euros é elegível para concorrer ao Prémio Barclays Líderes da Internacionali-zação. Basta que para isso demonstre uma actividade internacional de significado, quer através de exportações, quer através de investimentos no exterior ou outras actividades relevantes em mercados fora de Por-tugal. Se a sua empresa se revê nestes critérios, o prémio destina-se a si, ao qual ainda pode concorrer até ao dia 30 de Abril.

Será já em Maio que os projectos submetidos a concurso serão ava-liados por alguns dos mais notáveis nomes da economia portuguesa. Filipe de Botton (empresário), Vítor Bento (economista e gestor), Rui Moreira (economista e gestor), João Coutinho (gestor e em represen-tação do Barclays Bank Portugal) e Pedro Santos Guerreiro (jornalista, director do Jornal de Negócios) compõem o Jurí que escolherá, com base em critérios previamente definidos, a empresa vencedora e que, como prémio, terá direito a um ‘workshop’ com especialistas de mer-cados e de sector do Barclays; a formação em produtos de trade finance e de cobertura de risco; a um acesso gratuito ao Barclays Global Trade Portal (uma plataforma electrónica para a realização de operações de ‘trade finance’); e a patrocínios da Baker Tilly Portugal, EGE Atlantic Business School, OgilvyAction e PLMJ Sociedade de Advogados.

Esta é uma iniciativa que decerto marcará. Dará a conhecer o que de melhor em Portugal se faz nos mercados internacionais e lembra-rá à iniciativa empresarial e aos futuros empresários a importância de olhar para os negócios de uma forma global e sem fronteiras. Um pro-jecto que, para já, quer ser inspirador e que o Barclays fez questão de dar a conhecer a todo o País.

Toda a informação sobre esta iniciativa pode ser consultada na Internet no endereço http://www.barclays.pt/premiobarclays

Não basta premiar um bom projecto internacional. É preciso motivar os empresários para o que se pode fazer a partir de Portugal e chamar a atenção para as nossas capacidades. Foi com base neste raciocínio que o Barclays quis apresentar por todo o País o “Prémio Barclays Líderes da Internacionalização”, promovendo o debate e a troca de experiência pelas várias regiões.Num calendário espalhado por mais de seis meses, o Barclays promoveu um conjunto de conferências onde os melhores oradores apresentaram as suas ideias e os seus raciocínios sobre a economia portuguesa. Aveiro, Maia, Lisboa, Leiria, Setúbal, Braga e Porto foram os palcos escolhidos para pôr empresários, economistas e gestores a pensar Portugal, a sua economia e as oportunidades que proporciona em termos de talento. E, acima de tudo, nas capacidades de exportar ‘know-how’.

POR ONDE PASSOU O BARCLAYS

os vários oradores apresentaram as

suas ideias sobre a economia portuguesa

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Iniciativa recursos humanos

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Há três anos presente nos lugares cimeiros do ‘ranking’ nacional, elaborado pelo “Great Place to Work Institute”, a Cisco foi agora considerada a “Melhor Empresa para Trabalhar em Portugal”.

GREAT PLACE TO WORK INSTITUTE

CISCO É A MELHOR EMPRESA PARA TRABALHAR

A Cisco Systems Portugal foi considerada pelo estudo do “Gre-at Place to Work Institute” a melhor empresa para trabalhar em Portugal. A subsidiária portuguesa da Cisco tem ganho um lugar de destaque no universo da gigante tecnológica

norte-americana, nestes últimos anos, com a inauguração de vários cen-tros de suporte e apoio para a Europa. Conta actualmente com cerca de 200 colaboradores em Portugal, onde está presente desde 1997.

O trabalho de equipa e o excelente ambiente que se respira na empresa são alguns dos aspectos elogiados pelos colaboradores da empresa. “Nos momentos de ‘stress’, encontramos sempre colegas dispostos a ajudar para conseguirmos, em equipa, atingir os nossos objectivos”, refere um dos quadros inquiridos. Apesar da dimensão da empresa, é muito comum ouvirmos a expressão “Cisco Family” por parte dos colaboradores. “Somos mesmo uma grande família, multicultural, multisocial, multiracial e diversa, mas procurando ser sempre inclusiva. Como em todas as famílias, há dias melhores do que outros, mas afinal de contas é disto que são feitas as verdadeiras famílias”, confessa com emoção outro colaborador.

Entre as vantagens que oferece aos seus trabalhadores, conta-se a total flexibilidade de trabalho, através de ferramentas que garantem a eficácia, a partir de onde e quando o colaborador quiser trabalhar. A esta funcionalidade, a Cisco Portugal adiciona ainda um espírito de

entreajuda, muitos benefícios e a formação e oportunidades de carrei-ra além fronteiras.

Esta preocupação permanente com os colaboradores garantiu também à Cisco o estatuto de melhor empresa para trabalhar para as mulheres, aliando ainda a menção honrosa no capítulo da Responsa-bilidade Social. “Sendo eu mulher e mãe, com uma experiência profis-sional que me permitiu conhecer outras realidades, reconheço a Cisco como a melhor empresa para trabalhar. Saliento as tecnologias que contribuem para uma maior integração das pessoas com limitações visuais e motoras e a total flexibilidade de horários e regime de traba-lho, ideal para quem tem crianças para acompanhar nas mais diversas situações imprevistas”, refere uma colaboradora. A companhia permi-te aos seus colaboradores trabalharem a partir de casa com todas as condições que teriam nos seus locais de trabalho, garantindo-lhes o acesso remoto à rede interna e às ferramentas fundamentais.

O “Great Place to Work Institute” norte-americano é especializa-do na análise de ambientes de trabalho e todos os anos leva a cabo o estudo sobre as melhores empresas para trabalhar em 46 países, com a participação de mais de 5500 companhias espalhadas pelo mundo.

Em Portugal, no ‘ranking’ das 30 melhores empresas, os quatro primeiros lugares foram ocupados por empresas no sector da tecnolo-gia: a Cisco, seguida pela Microsoft, Everis Portugal e ROFF.

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Uma iniciativa

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Conferências do Palácio

2011

PATROCÍNIO APOIO

A ECONOMIA VISTA PELOS GRANDES EMPRESÁRIOSAntónio Saraiva

ABRIL | 2011

Presidente da CIP Confederação da Indústria Portuguesa António Mota

MAIO | 2011

Presidente do Conselho de Administração da Mota-Engil SGPS

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Tecnologia marketing

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PUBLICIDADE EM QUATRO RODAS

TAXINTERACTIVO

Se durante uma viagem de táxi temos o passageiro sentado e sem nada para fazer, porque não ocupar o tempo a este con-sumidor precioso? Esta foi a ideia que presidiu ao lançamen-to da Taxinteractivo, um serviço de informações e publicidade destinado aos passageiros de táxis. Através de um ecrã inte-

ractivo, instalado na parte de trás do encosto de cabeça do passageiro da frente, a Taxinteractivo oferece ao cliente do táxi um menu de informa-ções úteis, que vão desde a meteorologia a moradas de hotéis, restauran-tes e mapas GPS com detalhes sobre o percurso. Pelo meio, vão surgindo ‘spots’ dos anunciantes, que são a base do negócio.

Um estudo apresentado pela Taxinteractivo prova a qualidade do pas-sageiro de táxi como ‘target’ da publicidade. Os utilizadores de táxi em Lisboa são sobretudo jovens dos estratos sociais mais altos e com um nível de instrução elevada. Um terço deles usa o táxi pelo menos uma vez por semana, em lazer (42% das vezes) ou trabalho (31%). Os trajec-tos duram uma média de 19 minutos. Uma eternidade de tempo que os passageiros utilizavam, até agora, para falar ao telemóvel ou não fazer nada, refere o estudo.

Para captar a atenção do cliente, a Taxinteactivo preparou uma es-pécie de rede fechada de televisão interactiva, com sete canais temáticos com textos e elementos multimédia animados. A navegação entre pági-nas é feita através de toques no ecrã (tecnologia touchscreen).

Os passageiros têm também acesso a serviços de valor acrescentado,

Uma ideia simples transformada num bom negócio: aproveitar o tempo que os passageiros passam dentro de um táxi para a publicidade. O sistema funciona em ecrãs instalados nos

encostos de cabeça de 300 táxis de Lisboa e tem a assinatura da

Taxinteractivo.

sendo-lhes possível receber, via SMS (para campanhas do grandes Anun-ciantes) ou Bluetooth (para os anunciantes do Directório), conteúdos seleccionados, como ‘vouchers’ de descontos, convites ou informações complementares sobre os produtos e serviços publicitados. O sistema está também disponível em inglês, bastando seleccionar o ícone com a bandeira do País.

A ligação do sistema via telecomunicações móveis de banda larga permite, por um lado, a actualização constante dos conteúdos de modo a torná-los mais dinâmicos e atractivos para os passageiros e, por ou-tro lado, a monitorização remota dos equipamentos, produzindo assim garantias para os anunciantes do funcionamento da rede. O passageiro pode desligar o som e o ecrã se assim o desejar.

Um negócio em expansão A Taxinteractivo é controlada a 100% por capitais portugue-ses e baseia-se num modelo de negócio já comprovado em várias partes do mundo. Serviços semelhantes já são usados em Espanha, no Canadá e na Austrália. Existem outras ofer-tas menos sofisticadas nos EUA, Reino Unido, Itália e China.Para já, o serviço está activo em cerca de 300 táxis de Lisboa, ao abrigo de uma parceria estabelecida com a Associação Nacional de Transportadores em Automóveis Ligeiros.

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GERIR O WORD OF MOUTH E O BUZZ

Com a crescente importância dos Social Media, o Word Of Mouth (WOM) favorável é uma componente cada vez mais relevante para o sucesso das marcas. O WOM é considerado mais credível do que comunicação con-trolada pela marca e, com os Social Media, pode criar

fenómenos de Buzz intenso, geradores de share of mind a nível glo-bal. Contudo, gerir o WOM é extremamente complexo por dois mo-tivos.

Primeiro, as empresas não têm qualquer controlo sobre o WOM, apenas podem influenciá-lo e não é fácil. Precisam de conteúdos re-levantes, produtos inovadores, uma experiência de satisfação total e envolvente e um foco intenso no pós-venda. Os resultados podem ser imprevisíveis. WOM pode ser praticamente inexistente ou negati-vo. A campanha que se pretendia viral e ge-radora de Buzz pode falhar. O WOM pode ocorrer nos ‘targets’ errados ou limitar-se ao universo ‘online’ e ser inexistente em impor-tantes segmentos do mercado. Mesmo WOM positivo sobre a marca pode não ser suficiente para converter potenciais clientes em clientes efectivos. Pode revelar uma imagem da marca que não corresponde ao posicionamento am-bicionado e não ser diferenciador. E é explosi-vo, podendo redundar em Buzz negativo nas próprias plataformas da empresa (ex: Facebook da Ensitel).

Em segundo lugar, com o advento dos Social Media, o WOM passou a ter uma di-mensão e rapidez de evolução vertiginosa, em plataformas digitais em permanente inovação. Exige-se uma grande capacidade de participa-ção, adaptação e reacção que não é compatível com os processos tradicionais de gestão da marca, demasiado lentos e pouco credíveis. Grande parte da aprendizagem é feita empirica-mente através de tentativa e erro, sendo essencial detectar e integrar

Lourenço Bray Consultor de Brand Intelligence na MYBRAND

Opinião

O WOM favorável é uma componente cada vez mais relevante para o sucesso das marcas.

na gestão da marca, o mais rápido possível, ‘insights’ gerados por ex-periências passadas. Para tal, deve ser montado um sistema de mo-nitorização capaz de gerar ‘outputs’ accionáveis pelo marketing num ‘feedback’ contínuo.

A monitorização de WOM não se pode limitar ao uso de ferra-mentas automáticas ‘online’. Estas ferramentas são ainda incapazes de caracterizar com fiabilidade e detalhe o que está a ser dito da marca, apesar dos avanços nesta área que se vão verificando, particularmen-te, na língua inglesa. A monitorização deve ser complementada por uma análise exaustiva de conteúdos ou por amostra. O WOM ‘online’ é uma fonte muito rica de ‘insights’.

E a “febre” dos Social Media não pode es-quecer o universo ‘off-line’. Em Portugal, existe um ‘digital divide’ nítido, com cerca de metade da população a não utilizar a Internet. Como es-tes grupos têm perfis distintos, uma marca cujo ‘target’ seja transversal aos dois não pode ignorar um deles. Por outro lado, é necessário relacionar os dois universos, uma vez que as fronteiras na prática não existem. Alguém pode ser exposto a WOM positivo através da Internet e replicar a in-formação fora da Internet. E este comportamen-to - o mais comum pois a maior parte dos utili-zadores não gera conteúdos mas apenas os vê - é totalmente invisível apenas com monitorização ‘online’. Para produtos cuja utilização ou consu-mo tenha uma componente social importante, o WOM ‘off-line’ é também fundamental.

Empresas que consigam gerar WOM po-sitivo e diferenciador e que, no lançamento de novos produtos, marcas ou conteúdos, consigam gerar Buzz elevado, têm uma vantagem subs-tancial. Não é possível controlar mas é possível

influenciar. O processo implica tentativa e erro e uma monitorização permanente e global para aprender com a experiência e identificar o caminho certo.

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Arte Brasil

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RETROSPECTIVA DE PAULA REGO EM SÃO PAULO

EXPOSIÇÃO

Depois da apresentação em Monterrey (México) é a vez da Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos mais importantes museus da maior cidade brasileira, pro-mover uma exposição retrospectiva de Paula Rego. É a primeira vez que o Brasil recebe uma exposição

individual de Paula Rego. A mostra reúne cerca de 110 obras da artista, entre pinturas, gravuras, desenhos e colagens, que percorrem mais de 50 anos da sua trajectória artística. Apresentada por ordem cronológi-ca, as obras exibem todas as fases de produção de Paula Rego. Começa com as primeiras pinturas realizadas nos anos 1950, quando era uma jovem estudante de arte, e passa pelos desenhos, gravuras, até os pas-téis em grandes formatos.

A exposição tem como comissário Marco Livingstone, prestigiado historiador artístico inglês, e está patente ao público entre 19 de Março e 5 de Junho de 2011.

Tal como na exposição no Museu de Arte Contemporânea de Monterrey (MARCO), a Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias contribuíram para esta homenagem, emprestando um núcleo de 50 trabalhos da artista, dos quais se destacam o tríptico “The Pillowman”, “The Company of Women”, “Anjo” e “Love”.

Esta é uma parceria que vai ao encontro de um dos principais pro-pósitos da Fundação, que passa por promover a divulgação e o estudo das obras de Paula Rego e o intercâmbio com instituições congéneres nacionais e internacionais.

paula rego, “anjo”, 1998

A Fundação Paula Rego e a Casa das Histórias emprestaram cerca de 50 obras da artista portuguesa para uma exposição

retrospectiva na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Brasil. A mostra vai decorrer até ao próximo dia 5 de Junho.

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Escapadela Póvoa Dão

UM DESTINO NATUREZA POR EXCELÊNCIA

PÓVOA DÃO

A Póvoa Dão é pioneira no turismo de aldeia. Depois de alguns anos ao abandono, esta aldeia beirã converteu-se ao turismo pelas mãos do Grupo Catarino.

A aldeia de Póvoa Dão é um dos mais antigos povoa-dos da freguesia de Silgueiros, no concelho de Vi-seu. Atravessada por uma via romana, que integra as Rotas Romanas do Dão, pertenceu à família fidalga Santos Lima durante mais de 700 anos e estava pra-ticamente abandonada desde os anos 30. Em 1995,

a Póvoa Dão, S.A., empresa do Grupo Catarino, adquiriu esta aldeia beirã com o intuito de lhe devolver os seus usos e costumes. Como conta José Alberto Rodrigues, actual director hoteleiro de Póvoa Dão, “a administração do Grupo Catarino tomou conhecimento que a aldeia

estava à venda, visitou-a e foi como um amor à 1ª vista, adquiriu-a com a certeza de que tinha que lhe dar vida”.

Hoje, após um processo de recuperação rigoroso, terminado em 2004, as ruínas deram lugar a um verdadeiro refúgio, que proporciona um modo de vida diferente, longe do bulício das cidades e perto da autenticidade portuguesa. O restauro respeitou a traça e os materiais originais (granito, madeira e cana de telhudo). As casas individuais possuem lareira, estão decoradas com requinte e equipadas para uma total autonomia.

Recuperada a aldeia com mais de sete séculos de existência e re-

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Após um processo de recuperação rigoroso

a aldeia tranformou-se num verdadeiro refúgio

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Escapadela Póvoa Dão

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descobertos os costumes de outros tempos – no forno comunitário, no lavadouro público ou no granito que marca todo o casario -, a Póvoa Dão aposta também em mostrar a riqueza de fauna e flora da Região, afirmando-se como um destino Natureza por excelência. O cenário natural e quase intocado, dos cerca de 120 hectares de propriedade ru-ral onde a aldeia se insere, tornou-se o habitat de uma diversidade de espécies de animais e vegetais, que convivem harmoniosamente com o turismo cuidado e de respeito pela Natureza, de que a aldeia Póvoa Dão quer ser ícone.

Embora Póvoa Dão tenha também a vertente de imobiliário, é a vertente turística, fortemente valorizada com a afectação de casas ao Turismo de Aldeia, a criação de infra-estruturas de lazer e a abertu-ra de um restaurante que é já uma referência na Região Centro, que

mantém viva esta povoação, gradualmente abandonada por quem ou-trora nela viveu. Actualmente estão afectas ao Turismo de Aldeia oito casas com tipologias que variam entre o T1 e o T3. De acordo com o director hoteleiro, a grande percentagem de clientes de Póvoa Dão são portugueses (95%).

O investimento inicial desta recuperação foi de 5 milhões de euros e contemplou a criação de todas as infra-estruturas básicas inexisten-tes até então, desde electricidade a águas pluviais. No futuro, perspec-tiva-se a afectação de outras casas ainda disponíveis na aldeia também para o Turismo, o que representará mais um grande investimento por parte do Grupo proprietário.

Situada numa região de grande riqueza histórica, cultural e paisa-gística, a Póvoa Dão oferece vários tipos de atractivos. Além das inú-

Este projecto consegue reunir as várias valências do Grupo Catarino, em todas as áreas a que se dedica. É como que uma face do Grupo. Na reconstrução propriamente dita mostra o saber fazer e a experiência da Ramos Catarino, no recurso ao uso da madeira vai às ori-gens do Grupo, à mestria da serração Santos & Santos, ainda hoje essencial,

também nas vertentes da carpintaria e madeira. Na decoração tem o cunho e assinatura das decoradoras da Catarino Mobiliário e o paisagismo tem o dedo da Santos & Santos – Espaços Verdes. A forma de gestão integrada e susten-tável vai ao encontro de toda uma nova área de negócio do Grupo relacionada com a agricultura biológica e com a

gestão florestal sustentável. Na Póvoa Dão continua a cultivar-se em modo de produção biológica frutas e legumes que são consumidos no restaurante ou transformados na 4 Bio inova. Na propriedade florestal, com mais de 100 hectares, faz-se uma gestão florestal sustentada e certificada pelo FSC e, recentemente, procurando valorizar a

A associação de valências do Grupo Catarino

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Março 2011 » PRÉMIO » 83

Póvoa Dão3500-546 SilgueirosViseu-PortugalTel. : (351) 232958 557Fax: (351) 232 957 322

E-mail: [email protected]

Coordenadas GPS:Long. 7º 56’39’’ WLat. 40º 32’51’’ N

meras estruturas de lazer e desporto que o concelho de Viseu oferece, a própria aldeia dispõe de piscina, ‘court’ de ténis, campo polivalente, trilhos aprovados pela Federação Portuguesa de Campismo e Carava-nismo, restaurante, bar e loja com produtos criados pelos artesãos da região.

José Alberto Rodrigues explica que, “o restaurante Póvoa Dão é uma mais-valia para a aldeia e para a região. Já distinguido com o pré-mio de “Melhor Restaurante do concelho de Viseu” na primeira edi-ção do concurso de gastronomia e vinhos “Dão com Sabor 2007”, foi ainda agraciado com o segundo melhor prémio da região Dão Lafões. O restaurante dispõe de sete salas distintas, onde a decoração cruza o rústico do forno a lenha com uma zona mais requintada, um conceito que se estende também à gastronomia que aposta em especialidades

marcadamente regionais”. De entre as especialidades, este responsável privilegia a gastronomia típica local: bacalhau com broa, galo velho da quinta, cabrito à serrana, favas da beira, espetada de porco preto, rojões da beira, naco na telha, linguado na grelha ou petinguinha de escabeche. Depois do almoço ou jantar, impõe-se uma visita ao bar, no piso superior, num ambiente recatado onde no Inverno o calor da lareira aquece o espírito e fortalece as relações e onde, nos dias mais quentes, o terraço permite desfrutar de todo o ambiente da aldeia.

Segundo José Alberto Rodrigues, “neste momento não está previs-to o investimento em nenhum outro projecto do género. A prioridade será avançar para uma segunda fase na Póvoa Dão, que inclui a recu-peração de mais de uma dúzia de outras casas que também faziam parte da aldeia, embora localizadas de forma menos central à aldeia”.

biodiversidade de fauna e flora locais com a elaboração de um estudo por parte de uma equipa de biólogos das Universidades de Coimbra e Aveiro das espécies existentes. O grupo, apesar da internacionalização com abertura de escritórios e estruturas em Lisboa, Funchal, Madrid e Salvador da Baía, faz questão de manter a sede em Febres, vila de onde é originário.

os 120 hectares da propriedade rural

onde a aldeia se insere tornaram--se o habitat de

uma diversidade de espécies

o restauro das casas de póvoa dão respeitou a traça

e os materiais originais: granito, madeira e cana de

telhudo

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Evento vinicultura

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OQuinta da Romaneira Reserva tinto 2008 (Douro), o Vinha do Contador branco 2009 (Dão) e o Quinta do Noval Vintage 2008 (Vinho do Porto) foram os grandes vencedores do “TOP 10 Vinhos Portugue-ses”. O Palácio da Bolsa foi palco de um dos eventos

de referência dos Vinhos Portugueses - O Essência do Vinho -, que decorreu entre 3 e 6 de Março, onde entusiastas, apreciadores e enó-filos tiveram a oportunidade de provar cerca de 3000 vinhos de 350 produtores nacionais e estrangeiros e escolher os melhores.

A prova internacional, realizada anualmente no nosso país, reu-niu no Porto um conceituado leque de especialistas oriundos de paí-ses como Espanha, Alemanha, Reino Unido, Países Nórdicos, Brasil, Canadá, Estados Unidos e Portugal.

Foram pré-seleccionados um total de 47 vinhos (sete brancos de 2009; 31 tintos de 2008; e nove Porto Vintage de 2008), pelo Pai-

ESSÊNCIA DO VINHO

“TOP 10 VINHOS PORTUGUESES”

O Palácio da Bolsa acolheu entre 3 e 6 de Março a “principal experiência de

vinho em Portugal”, numa organização da empresa Essência do Vinho e da

Associação Comercial do Porto.

as provas premium e as provas comentadas foram algumas das

novidades deste evento

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nel de Provas da revista WINE – A Essência do Vinho. Entre os jurados são de destacar Charles Metcalfe (crítico de vinhos, Reino Unido), Paul J. White (crítico de vinhos, Nova Zelândia), Mark Shipway (jornalista, Canadá), Matthieu Longuère (Master Som-melier, Reino Unido), Carlos Cabral (Wine Educator, Brasil), José Peñín (crítico de vi-nhos, Espanha), Mads Jordansen (jornalista, Dinamarca), João Pires (Master Sommelier, Reino Unido), Rui Falcão (crítico de vinhos, Portugal), Aníbal Coutinho (crítico de vi-nhos, Portugal), entre outros.

O Essência do Vinho-Porto é uma organi-zação da empresa Essência do Vinho e da As-sociação Comercial do Porto. Nesta edição, o evento mantém a parceria com a Metro do Por-to e assume uma responsabilidade social com a Associação Bagos d’Ouro, de apoio às crian-ças desfavorecidas do Alto Douro vinhateiro.

“Nesta oitava edição, o Essência do Vi-nho – Porto tem vários motivos de destaque, desde logo a presença confirmada da maior

representação de sempre de jornalistas es-trangeiros, cerca de 40. É a prova da crescen-te importância que o evento tem assumido, ao ponto de ser já uma referência na cidade, no país e até no contexto europeu”, referiu o presidente da Associação Comercial do Por-to, Rui Moreira, durante a conferência de imprensa de apresentação do programa e da imagem oficiais da iniciativa.

Provas Premium, Provas Comentadas, Conversas sobre Vinho e Harmonizações en-tre gastronomia e vinho, com a presença de renomados ‘chefs’ internacionais e nacionais (Luis Américo, José Avillez, Pedro Lemos, Vítor Matos e Vítor Sobral) foram alguns dos atractivos do programa deste ano.

Com vista a associar a arte do vinho a outras artes, o ‘designer’ de interiores Paulo Lobo preparou um espaço vanguardista com a temática “vinho”, acessível a todos os visi-tantes durante o evento, assim com uma ins-talação, designada como “Brilho de Vinho”, em homenagem o sector do vinho português.

nuno botelho, nuno pires, rui rio e ferreira marques

Na sua 8.ª edição, o Essência do Vinho superou as expectativas mais optimistas da organização ao registar um número recorde de visitas, cerca de 20.000, dos quais 1.500 foram estrangeiros. O aumento de visitantes (em 2010 haviam sido 18.200) notou-se sobretudo nos dois primeiros dias do evento.Este ano, o Essência do Vinho conseguiu igualmente atrair a maior representação de sempre de jornalistas e líderes de opinião estrangeiros.“Os números falam por si, pelo que o balanço desta edição deixa-nos muito satisfeitos. Numa época de retracção económica, em que todos os dias somos confrontados com notícias menos positivas acerca da evolução do nosso país, é para nós muito especial produzir um evento que passa a imagem de um pontapé na crise, que eleva um dos produtos mais competitivos de Portugal, o vinho, e comprova que este é um sector dinâmico, competitivo e diferenciador”, refere Nuno Botelho, director da Essência do Vinho.

Número recorde de visitantes

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Lifestyle moda

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O s momentos de crise são também momentos de oportunidade. E foi no meio de uma severa crise, acelerada por epidemias, que o Rei Carlos II de In-glaterra, em meados do século XVII, decretou dis-crição e austeridade na indumentária dos nobres da sua corte e nas vestes da média e alta burguesia.

Impôs a simplificação e uniformização da roupa masculina e abriu a porta ao aparecimento do fato, obviamente ainda longe dos modelos actuais. Esta foi a mudança de paradigma que faltava para se universa-lizar o modo de vestir do homem ocidental: poder e ‘status’ social eram agora incompatíveis com laços, rendas e plumas.

Outros factores se somariam, século e meio depois, para justifi-car o aparecimento do fato masculino moderno. Quatro deles foram fundamentais: a Revolução Francesa e as suas ideias de igualitarismo (em eterno confronto com as de liberdade) que visavam apagar os re-quisitos da elegância cortesã; o estabelecimento de mestres alfaiates refugiados de toda a Europa invadida por Napoleão Bonaparte em Sa-vile Row, Londres; a encomenda que o Rei George IV de Inglaterra fez

ao mestre George Beau Brummel para desenhar o primeiro fato civil masculino; e, por fim, a confecção industrial em série das fardas ne-cessárias para a Guerra da Secessão, na América, que impulsionaram a produção de roupa a preços razoáveis.

Foram contudo os novos conceitos de fabrico dos tecidos, o corte das peças de fazenda, o despojamento do agora copiado ADN da farda militar e a importância atribuída à silhueta masculina que catapulta-ram George Brummel e o fizeram conquistar na História o título de “Pai do Fato Moderno”. Foi ele quem inverteu todo o conceito de moda masculina e a uniformizou, defendendo sempre que “se as pessoas se viram na rua para olhar para si é porque está mal vestido”.

Brummel redesenhou calças e casacos por encomenda régia. Usou uma paleta de cores para focar a atenção nas formas e nas linhas. Em-bora as tenha introduzido como conjunto, duvida-se que tenha sido ele a inventar as calças compridas até aos pés – a sua moda de calças vagueia entre a teoria de que as copiou dos militares de cavalaria; a defendida pelo alfaiate Patrick Grant de que foram desenvolvidas pelos cavaleiros cossacos que as prendiam nas botas de montar; e os regis-

FATO, CAMISA E GRAVATA SÃO… A ARMADURA DO HOMEM MODERNO

150 ANOS DEPOIS

Uma crise mudou o paradigma da forma de vestir do homem europeu. Duas guerras e a industrialização do fardamento uniformizaram e universalizaram o uso do fato. Indumentária indispensável no armário de um executivo, cria uma imagem mais construída ou mais ‘casual’, consoante o gosto, e massificou-se de tal modo que até as mulheres o imitaram.Por João Bénard Garcia

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tos do modelo de ‘chausses’ até aos pés usado por Pantalon, um actor de comédia italiana do século XVII, desenhos que não eram des-conhecidos de Brummel.

O Processo de UniformizaçãoEnquanto a casaca e a sobrecasaca cada vez mais justas ao corpo lutavam por um lugar ao sol nas escolhas masculinas, as várias peças soltas da indumentária do homem evoluíram para uma forma mais uniforme, com o traba-lho meticuloso dos mestres alfaiates judeus, polacos, russos, húngaros e alemães no ber-çário criativo em que se tinha transformado Savile Row, outrora bairro de médicos-cirur-giões londrinos, agora poiso da imaginação dos melhores “cirurgiões” europeus da tesoura e da fazenda.

No final do século XIX e início do século XX, os alfaiates acredita-

vam que um homem elegante era aquele que se vestia de acordo com as suas formas físicas, causava “boa aparência” e ao mesmo tempo mostrava poder de compra por usar fatos fei-tos por medida. Com um conjunto de regras rígidas, os alfaiates ganharam em Inglaterra honras, sucessivas condecorações e poderes delegados pelo monarca para imporem social-mente os seus cânones de elegância. Na pri-meira década de 1900, o próprio Rei Eduardo VII tornou-se um bem-sucedido figurino de exportação do estilo de vestir inglês.

Contudo, ao adoptar a sociedade ociden-tal o modelo de casaco americano, mais cur-to, relegando a sobrecasaca para meras fun-ções cerimoniosas, catapultou o uso do fato,

convencionando-o como a indumentária civil masculina. Doravante, o fato tornar-se-á cartão-de-visita da personalidade do homem civilizado

Em Portugal, um espírito conservador atrasou a adesão ao traje moderno europeu nos finais do séc. XIX.

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Lifestyle moda

e por isso lhe deverá corresponder. Com uma enorme vantagem: exis-tem modelos que permitem criar uma imagem mais tradicional e cons-truída e outros que transmitem um ‘look’ mais ‘casual’, descontraído.

Casacos para todos os GostosCom os tradicionais fatos de três peças em desuso, por razões de custo de fabrico a deixar cair o colete do conjunto, o fato divide-se agora em duas peças, sendo desde os anos 60 do século XX o casaco de dois botões e duas rachas atrás o modelo mais vendido. Esta nova arquitec-tura do fato masculino, com a banda em V a abrir o peito e a destacar a gravata, ganhou força e tornou-se moda durante a acirrada campa-nha presidencial que opôs John F. Kennedy a Richard Nixon e que o primeiro venceu.

Até aos anos 60 tinham marcado a moda masculina os fatos com casacos de três botões e uma racha atrás ou traçados de seis e de qua-tro botões, considerados então estes últimos solução pontual de ele-gância e muito apropriados para ocasiões de negócios.

A todas estas alternativas de corte surge ainda uma terceira hi-pótese - que se prende com uma particularidade cultural - e que é a de os fatos não terem qualquer racha atrás. Na Europa continental, particularmente na Alemanha, os homens usavam sem racha porque

os mestres alfaiates defendiam serem estes os fatos mais elegantes (e por norma mais raros e vistosos) e porque impediam os seus donos de meter as mãos nos bolsos, um gesto considerado como de mau hábito e falta de educação pelos povos germânicos. Casacos com apenas um botão são mais raros e mais adequados a traje de ‘smoking’ ou fato de gala.

Nos Detalhes é que Está o GanhoO número de botões e de rachas nas costas não são os únicos requisitos de elegância para determinar a qualidade ou a modernidade de um fato.

A presilha na lapela era um detalhe nos casacos feitos por medida que entretanto se generalizou aos fatos de confecção de pronto-a-vestir. Se o

casaco inglês se caracteriza por ter os ombros pouco estufados já os de fabrico italiano exage-ram na utilização de enchumaços e multipli-cam-se em padrões exuberantes e cortes mais ousados, irreverentes até.

Outro pormenor que a confecção de pronto--a-vestir menosprezou foi o funcionamento dos botões nas mangas dos casacos. Um casaco de qualidade e elevado preço deve permitir ao seu

utilizador desabotoar apenas os dois inferiores dos três ou quatro botões da manga quando pretende lavar as mãos. Este método é muito utilizado pelos grandes alfaiates e costureiros italianos e é uma marca de qualidade que distingue um fato caro.

Simultaneamente, os botões dos casacos de boa confecção devem ser de chifre de búfalo e ter as casas bem debruadas para que o botão feche de forma lisa, sem atrito. Os bolsos das calças devem ser de tecido grosso, re-sistente e cosido com pontos pequenos e as calças de alta qualidade devem

Aos poucos, as casas portuguesas de confecção masculina foram acolhendo reputados alfaiates que ditavam as modas.

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ser forradas até aos joelhos para evitar contacto da pele com tecidos como o ‘tweed’, tão protectores do frio como incomodativos para a pele humana. Excepto para os anglo-saxões que consideram forros em tecidos ‘tweed’ um luxo desnecessário e pouco viril.

É todavia consensual no mundo ocidental que o melhor tecido para fabrico dos fatos é lã churda, a única que cai de forma elegante e quase nunca se amarrota.

Ícone Também de Moda FemininaEmbora o fato esteja associado à moda masculina e tenha sofrido um ‘boom’ de ‘grife’ nos anos 60, 70 e 80 quando estilistas como Ted Lapidus, Pierre Cardin, Yves Saint-Laurent e Giorgio Arma-ni o trouxeram para as passarelas da moda internacional, a verdade é que, hoje em dia,

é utilizado tanto por homens como por mulheres e tenta satisfazer as necessida-des estéticas básicas da própria sociedade a cada mudança de estação.

A alfaiataria masculina, agora também usada pela mulher, é um dos marcos gigantes da história do vestuário no séc. XX. A pioneira da in-trodução do modelo e termo ‘tailleur’ na moda feminina foi a estilista Gabriele “Coco” Chanel, a primeira criadora a “invadir” o universo mas-culino para construir as suas criações. Foi ela quem inventou a versão feminina do fato, tanto quanto foi a actriz e cantora alemã Marlene Die-trich que desde 1932 o imortalizou como sua imagem de marca.

Impulsionado por estilos que se produziam com detalhe na indu-mentária dos protagonistas masculinos dos filmes norte-americanos, o chamado “à moda de…” seguido do nome do actor, o fato passou, em pouco mais de 150 anos, de traje de maior distinção da burguesia a peça fundamental do guarda-roupa do homem urbano. Transformou-se na far-da do capitalismo, uniforme de executivos, conquistou os armários dos políticos e dos empresários de todo o mundo. E quando acompanhado de camisa e gravata é a armadura perpétua do homem contemporâneo.

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De uma maneira geral acredita-se que a “cravata”, a antepassada mais directa da gravata contemporânea, teve origem durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Na época, o exército francês era composto por diversos soldados croatas – daí o nome do acessório inicialmente ser “croat”, – que usavam uma espécie de lenço amarrado ao pescoço semelhante às gravatas actuais. Aos poucos, os próprios franceses foram incorporando o hábito e a moda foi adoptada pela sociedade parisiense, por serem acessórios que não permitiam grandes engomados, como as tradicionais golas, e permitiam uma maior liberdade de movimentos.Com a restauração da monarquia inglesa, Carlos II regressou a Inglaterra para reivindicar o seu trono e consigo levou a “cravata”, a qual uma década depois já era usada em toda a Inglaterra. Estas primeiras “cravatas” eram uma faixa de renda cara, de musselina ou cambraia, cujas extremidades tinham uma orla de renda. Em finais do século XVII, a “cravata” estava firmemente estabelecida como acessório indispensável da indumentária masculina por toda a Europa e colónias na América do Norte.Ao longo dos tempos, esta peça de vestuário sofreu alterações profundas a nível de corte e de tecido, transformando-se numa peça usual do vestuário masculino.Actualmente, existem mais de 80 formas diferentes de fazer nós de gravata, dos quais os mais usuais são o simples (o grande clássico dos nós de gravata), o duplo (o nó ideal para a maioria das camisas), o windsor (volumoso e usado em colarinhos afastados), o semi-windsor (adequa-se à maior parte dos colarinhos) e o de borboleta (para ocasiões mais formais).

Os vários nós de gravata

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Lifestyle shopping

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Ao fim de apenas três meses, a estilista já festeja o seu sucesso em Angola, um país com “o culto do muito bom e em que o preço está sempre em segundo plano”. Os fatos de homem com pano inglês tecido com fios de ouro, de platina e de pó de diamantes são um dos produtos exclusivos deste mercado.Por João Bénard Garcia

Três meses apenas depois de ter aberto as portas da sua loja, no Hotel de Congressos de Talatona, a primeira de uma estilista internacional em Luanda, Fátima Lopes não tem a menor dúvida do sucesso do seu investimento no mercado de moda angolano: “Esta loja já é uma aposta

ganha. Os resultados obtidos em três meses são a garantia de que foi uma boa opção. Acredito muito neste mercado”, sustenta.

O hotel onde a loja está inserida localiza-se no bairro onde se estão a sedear algumas das principais empresas internacionais e é o único hotel de cinco estrelas de Luanda.

Sabendo de antemão estar perante uma clientela que tem “o culto do muito bom”, Fátima Lopes não se fez rogada e levou para Luanda o que de melhor produz. Como é o caso dos “fatos de homem em tecidos ingleses fabricados com fio de ouro, de platina e de resíduos de dia-

mantes”, um produto exclusivo para Angola, que a estilista não vende em Portugal ou em Paris.

Com roupa de alta-costura, adereços e joalharia apreciadas por clientes angolanos há pelo menos dez anos, Fátima Lopes compreen-deu o desejo de qualidade dos seus já fiéis clientes e dos potenciais no-vos compradores nesta parte do continente africano. Encontrou o que classifica como “parceiros certos” e decidiu avançar com uma presença física em Angola. “Há alguns anos que muitos clientes angolanos, na sua maioria mulheres, vinham a Portugal ter comigo para fazer peças especiais de alta-costura, vestidos de gala exclusivos, vestidos de noiva únicos. Clientes para quem o preço está sempre em segundo plano”, salienta.

Com a abertura do espaço Fátima Lopes no Hotel de Talatona – um local que classifica como “fantástico e muito aberto” –, a estilista

FÁTIMA LOPES

A LOJA DE LUANDA É UMA APOSTA GANHA

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coloca à disposição dos angolanos quase toda a gama de produtos da sua marca. A excepção, por ora, são os artigos para o lar e as peças de joalharia, que, todavia, estão disponíveis em catálogo para encomen-dar. Na loja de Luanda “tenho jóias por catálogo, nomeadamente uma grande colecção de alianças, com mais de 50 modelos, chamada Dia-mond, que podem ser personalizadas. Se o cliente quiser uma peça mais sofisticada, o que muda é só o tamanho das pedras preciosas”, esclarece Fátima Lopes.

Nos recém-inaugurados 60 metros quadrados do espaço, inteira-mente decorado pela estilista, coexiste moda de pronto-a-vestir, com artigos iguais aos das lojas em Portugal, com peças de ‘street-ware’, roupa de praia, vestidos exclusivos de alta-costura (que podem chegar aos 30 mil dólares), canetas, sapatos, malas, óculos e um sem número de acessórios para ambos os sexos. A estilista destaca inclusive a sua enorme surpresa pela procura angolana de peças masculinas: “Temos tido uma enorme procura de roupa de homem, de fatos e de blazers. Tudo peças por medida, com tecidos dos melhores fornecedores do mundo”.

A abertura da loja permitiu-lhe não só evitar viagens desnecessá-rias às clientes, mas também garantir um contacto mais directo com elas. “Estou permanentemente em ligação com clientes através do Skype. Neste preciso momento estou a fazer dois vestidos de noiva usando esses contactos online. Sou eu pessoalmente quem desenha os vestidos e faço-os como se fossem para mim”, assume.

Contrafacção? Ora aí está um drama dos maiores criadores internacionais que parece não afectar a estilista portuguesa. “Que me lembre nunca fui vítima de contrafacção. Não receio esse problema porque a minha roupa não é fácil de copiar. Os meus modelos são difíceis de imitar. Hoje, ninguém se dedica a copiar peças sofisticadas”, refere a criadora nacional, manifestando-se ainda mais segura em relação ao mercado angolano: “Ainda não há indústria de confecção com capacidade para copiar. Só se for o meu logótipo e umas T-shirts a dizer Fátima Lopes. De resto é impossível”, acrescenta.

hotel de congressos de talatona - rua luanda sul,

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Impossível copiar

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Lifestyle design

UM CHÃO “MADE IN PORTUGAL”

CORTICEIRA AMORIM

Mais de dois milhões de turistas, qua-tro milhões de pés, pisar

de muletas, rolar de carrinhos de bebé e circulação de cadeiras de rodas aos milhares – por ano – são alguns dos maiores desa-fios à resistência a que os pavi-mentos da Corticeira Amorim já estiveram sujeitos. Os milhões de visitantes são os da centenária Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, classificada como Pa-trimónio Cultural da Humanida-de pela UNESCO – e consagrada pelo Papa Bento XVI a 7 de No-vembro de 2010. Quem desafia é a equipa do mestre-arquitecto catalão Jordi Bonet i Armengol. À “prova de esforço” estarão dois mil metros quadrados do chão da cripta do templo cobertos com re-vestimentos Wicanders, da linha CorkComfort, a marca ‘premium’ da corticeira portuguesa.

Boa absorção acústica, elevados padrões de conforto térmico, re-sistência, estética, higiene e con-forto ao pisar foram argumentos que renderam aos benefícios da cortiça os arquitectos catalães na hora de escolher o revestimento da cripta da Basílica. Além das vantagens técnicas, os especialis-

A escolha do revestimento do chão da Sagrada Família, em Barcelona,

recaiu sobre a portuguesa Corticeira Amorim.

tas quiseram cumprir a vontade do génio Antoni Gaudí, o pai da obra monumental: “a opção pela cortiça justifica-se pelo total alinhamento com a filosofia de Gaudí – que defendia e utilizava, fundamentalmente, materiais naturais”, explicam os actuais responsáveis pela conclusão do templo.

Contudo, esta não é a primeira vez que Jordi Bonet i Armengol opta pela cortiça como material de excelência para revestimento nas suas criações arquitectóni-cas. “Sempre considerei a cortiça um excelente material, tanto que o utilizei em diversas obras mi-nhas”, considera Bonet, que ex-plica, rematando, a sua escolha: “não apodrece, é asséptica, con-fortável ao caminhar, apresenta níveis de conforto térmico supe-riores aos do mármore, o que evi-ta instalar aquecimento artificial. Além disso, num projecto desta dimensão, a acústica é importan-tíssima”.

A escolha recaiu sobre a Cor-ticeira Amorim, do Grupo Amo-rim, a maior empresa mundial de produtos de cortiça e uma das mais internacionais de todas as empresas portuguesas, com ope-rações em curso em dezenas de países, em todos os continentes.

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Lazer automóveis

É, como todos os Bentley, uma obra de arte que combina ‘design’ com tecnologia, sempre respeitando a tradição de uma marca emblemática. Por Álvaro de Mendonça

Dê-se a este luxoBENTLEY CONTINENTAL GT

O Continental GT foi o primeiro modelo que a Bentley lançou, depois de ter passado para a órbita do grupo Volkswagen, em 2003. Hoje, é a estrela e o símbolo da recuperação da marca britânica, respondendo por 40% das suas vendas. Após um percurso de sucesso, a Bentley decidiu actualizar o modelo, melhorando-

-o em termos de desempenho e actualizando-lhe o ‘design’, agora mais anguloso, mas mantendo o ar de família com o histórico Continental

R-Type, que abrilhantou as estradas europeias em meados da década de cinquenta.

O novo Continental GT mantém o DNA do seu antecessor, apresentan-do-se como um luxuoso coupé de 2+2 lugares. A grelha frontal é agora mais vertical, para respeitar as normas de protecção de peões, e os faróis dianteiros foram redesenhados e passaram a incorporar luzes de circula-ção diurna. Na traseira há uma aproximação estética ao Bentley Mulsane. As luzes LED abraçam as partes laterais, fazendo sobressair uns ombros

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Dê-se a este luxoBENTLEY CONTINENTAL GT

o novo continental gt da bentley mantém o dna do seu antecessor

musculados. Os enormes tubos de escape confirmam o carácter desporti-vo deste novo Continental GT.

Face ao modelo anterior, o novo Continental GT está 65 Kg mais leve devido à maior utilização do alumínio no chassis, na carroçaria e na tampa do porta-bagagens.

O motor 12 cilindros em W (dois motores V6 de origem VW acopla-dos) viu a sua potência reforçada em 15 Cv, para uns impressionantes 575 Cv. O binário subiu para 700 Nm, disponíveis logo a partir das

1700 rotações por minuto, justificando as extraordinárias performan-ces do modelo: aceleração dos zero aos 100 km/h em 4,6 segundos, ao nível de um Porsche Carrera 4S, e 318 km/h de velocidade de ponta. Uma curiosidade é o facto do depósito tanto poder ser enchido com gasolina, com Bioetanol E85, ou com uma combinação de ambos. A caixa automática de seis velocidades está dotada do sistema Quickshift, que permite a redução dupla de velocidades.

O interior também foi renovado, embora mantendo o luxo, o conforto e

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Lazer automóveis

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a elegância tradicionais da marca. As novas tecnologias dão um toque de actualidade num ambiente onde os cromados e o couro de elevada qua-lidade se combinam com inserções em madeira na consola central e no ‘tablier’. Todas as peças continuam a ser produzidas segundo os métodos artesanais de corte e montagem e são alvo de um tratamento especial que as protege da descoloração.

Nos bancos dianteiros, a Bentley incorporou um sistema de massagem e cintos de segurança de ajuste electrónico. Como opção, pode acrescen-tar-lhe um sistema de ventilação.

Entre as comodidades presentes, destacam-se o fecho eléctrico do porta-bagagens e o travão de estacionamento electrónico com ajuda ao arranque em subida.

O sistema de som, desenvolvido pela Naim, conta com onze altifalantes e foi desenhado especificamente para o Continental GT, com o objecti-vo de garantir a melhor qualidade acústica em todos os quatro lugares. Na consola central existe um ecrã táctil de oito polegadas que controla os sistemas de som e de navegação (compatível com o Google Maps), o telefone, os ajustes da condução e o computador de bordo. Este sistema pode integrar um disco rígido de 30 GB ou um reprodutor de DVD e de televisão digital.

O novo Continental GT progrediu também ao nível do comportamento dinâmico.

A tracção total do Continental GT está agora mais equilibrada, com 60% do binário a ser colocado no eixo traseiro, contra 50% na versão an-terior, o que reduz o risco de subviragem em curvas apertadas. O Bentley Continental GT vem equipado de série com jantes de 20 polegadas, que em opção podem ser de 21.

ficha técnica BENTLEY CONTINENTAL GT

Motor: W12, 12 cilindros em W6 litros bi-turboPotência máxima 575 Cv a 6000 rpmBinário máximo700Nm a 1700 rpmCaixa Automática ZF de 6 velocidadesVelocidade máxima 318 km/hAceleração 0-100 Km/h em 4,6 segundosConsumo (misto) 16,5 litros /100 Km

DIMENSÕESComprimento: 4806 mmLargura: 1944 mmAltura: 1404 mmEntre-eixos: 2746 mmPeso bruto: 2750 kg

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ESCOLAS PRIVADAS E SERVIÇO PÚBLICO DE ENSINO

Aactualidade nacional tem sido marcada por um debate público intenso em torno do financiamento do Esta-do às escolas particulares com contrato de associação. Trata-se de um instrumento jurídico criado há cerca de trinta anos – e que tem sido usado ao longo desse

tempo – que prevê que o Estado possa financiar a escolaridade obrigatória em estabelecimentos de ensino privado, garantindo assim um serviço público de educação em zonas onde não havia escolas públicas: as crianças e jovens que fre-quentam estas escolas fazem-no em total gra-tuitidade e nas mesmas condições de acesso à escola estatal.

O Governo, a pretexto da crise, promoveu cortes abusivos no apoio financeiro a estes es-tabelecimentos de ensino, o que pode comprometer a sua viabilidade num futuro próximo. Alunos, pais e professores e inúmeras comuni-dades educativas por todo o país saíram à rua em defesa das suas es-colas e da estabilidade dos percursos educativos das crianças e jovens. Esta é uma situação que importa analisar no âmbito das relações entre o Estado e a sociedade civil no sistema educativo português.

Em primeiro lugar, a questão do papel do Estado na educação. Na nossa tradição centralista e estatizante, o Estado Central é o “Grande Educador”, competindo-lhe gerir os docentes, os não docentes, os ho-rários, os ‘curricula’, chegando-se ao absurdo de determinar a forma como devem decorrer as reuniões que ocorrem nas escolas! Neste con-texto, o ensino particular foi sempre considerado uma opção reservada a quem pudesse pagar o seu custo. Em 1980, com o Estatuto do Ensi-no Particular e Cooperativo, foram criados mecanismos de apoio aos filhos de famílias carenciadas para frequência de estabelecimentos de ensino privado (os contratos simples, que cobrem uma pequena parte

das propinas: mil euros por ano no escalão mais favorável) e meca-nismos de financiamento para tornar o ensino gratuito em estabeleci-mentos de ensino privado situados em zonas onde não havia escolas públicas (contratos de associação). Passámos então a ter em Portugal um mecanismo de “cheque escolar” de valor muito baixo e um me-

canismo de financiamento integral onde não houvesse escola estatal.Desde então o país mudou. Muito. Por um lado, o Estado construiu

escolas em todo o país. Por outro, os portugueses têm hoje mais poder de compra que na altura. Consequentemente, os defensores de que é ao Estado que compete ter escolas e que todos devem frequentar uma escola do Estado defendem que estes contratos já não são necessários.

Mas esquecem que também a ideologia e a sociedade mudaram. Do PREC aos dias de hoje passaram já 36 anos. Por isso, a discussão que hoje importa ter não é sobre quem é o dono da escola, mas sim como é possível termos escolas cada vez melhores, com um custo cada vez menor. Haverá quem discorde deste paradigma?

Não é racional o Ministério querer retirar alunos de escolas priva-das para os colocar em escolas estatais. O Estado deve pagar o custo do aluno à escola que tiver melhor relação custo/benefício! A melhoria substancial e sustentada dos resultados escolares dos alunos portugue-ses exige boas escolas. Que fechem as más, sejam estatais ou privadas.

Rodrigo Queiroz e Melo Director-Executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo

Opinião

Não é racional o Ministério querer tirar alunos de escolas privadas para os colocar em escolas estatais.

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