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EDIÇÃO 15 _ DEZEMBRO 2016 ARTIGO DE ABERTURA Embaixador Luiz Augusto de Castro Neves UPDATE INSTITUCIONAL Lançamento Pesquisa CEBC UPDATE COMERCIAL Comércio Bilateral Brasil-China Patrocínio: ANÁLISE CEBC Fabiana D’Atri ARTIGO CONVIDADO Erlend Ek, China Policy

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EDIÇÃO 15 _ DEZEMBRO 2016

ARTIGO DE ABERTURA

Embaixador Luiz Augustode Castro Neves

UPDATE INSTITUCIONALLançamento Pesquisa CEBC

UPDATE COMERCIAL Comércio Bilateral Brasil-China

Patrocínio:

ANÁLISE CEBCFabiana D’Atri

ARTIGO CONVIDADOErlend Ek, China Policy

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ARTIGO DE ABERTURA

CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

Recente artigo de Marcos Sawaia Jank colocou em evidência a percepção de que “a China é hoje o país com maior dependência e vontade de incrementar relações com o Brasil”. Essa percepção é fundamental para as lideranças políticas e empresariais brasileiras, às voltas com uma das mais sérias crises políticas e econômicas dos últimos cem anos.

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL

integração comercial. Os outros 80% dos empregos perdidos, ainda segundo esses mesmos estudos, são devidos a outras questões, como aumento de produ-tividade, inovação e o uso de novas tecnologias.

A “desglobalização” apontada por Jank não constitui, portanto, uma via sustentável para resolver a crise econômica que atravessamos. Voltando às relações entre o Brasil e a China, verifica-se que, no que se refere ao comércio bilateral, os dados mais recentes indicam que as exportações brasileiras para a China no acumulado de 2016 diminuíram apenas 1% em relação a igual período do ano passado. Já as impor-tações caíram 24%, o que permitiu a criação de um saldo comercial favorável ao Brasil 141% superior ao verificado em 2015, mesmo tendo em conta que fo-mos negativamente afetados pela queda dos preços de nossos principais produtos de exportação em 2016. Esse resultado indica que a economia brasileira ainda não reencontrou sua via de crescimento, mas indica também que a demanda chinesa por produtos brasileiros continua significativa.

O cenário externo é desanimador: certos setores que se consideram prejudicados (ou melhor, perde-dores) em função da globalização tentam reverter esse processo, como se fosse possível atrasar o reló-gio da História.

A economia brasileira, tradicionalmente voltada para dentro, vê-se confrontada com a necessidade de abrir-se e buscar sua integração competitiva nas chamadas cadeias globais de valor, justamente no momento em que aqueles “perdedores” já aludidos se fortalecem politicamente e tentam dar ímpeto a um processo de “desglobalização”, também detecta-do por Marcos Jank em seu lúcido texto.

Não obstante a onda contra a globalização, aparen-temente reforçada pela vitória de Donald Trump nos EUA, pelos resultados do Brexit no Reino Unido e do referendo italiano e pelas ameaças de um crescente protecionismo nas relações econômicas internacio-nais, estudos recentemente citados pelo diretor-ge-ral da OMC apontam que apenas 20% dos empregos perdidos nos últimos anos se devem a uma maior

A recente publicação do CEBC sobre investi-mentos chineses no Brasil dá conta de uma tendência de incremento substancial desses investimentos, o que certamente terá uma importância ascendente para a retomada do crescimento da economia brasileira.

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CEBC | CARTA BRASIL-CHINA ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL

A China torna-se hoje o nosso principal parceiro eco-nômico e um exame mais acurado das relações entre os dois países nesse campo evidencia uma cuidadosa e bem elaborada estratégia chinesa no que diz res-peito aos propósitos chineses em suas relações com o Brasil. Energia, agronegócio e infraestrutura são os três campos que constituem, do ponto de vista chi-nês, a essência da relação sino-brasileira. Mais recen-temente, com a decolagem dos investimentos chine-ses no Brasil, verifica-se uma presença crescente de capitais chineses em cadeias de suprimento vincula-das aos três campos citados.

Outro tema da agenda sino-brasileira é o reconheci-mento da China como economia de mercado. Como se sabe, o Brasil reconheceu formalmente a China como economia de mercado em novembro de 2004, por ocasião da visita do presidente Hu Jintao ao Brasil. Ainda não foi feita a tramitação burocrática desse reconhecimento através da Câmara de Comér-cio Exterior (CAMEX), o que limitaria a aplicação de medidas de defesa comercial contra a China àque-las aplicáveis pela OMC a seus membros plenos. A China, por seu turno, em seu protocolo de acesso à OMC, submeteu-se a uma carência de 15 anos para ser considerada economia de mercado, prazo esse que venceu em dezembro último. A China interpreta que o esgotamento desse prazo leva ao reconheci-mento automático como economia de mercado, o que não é aceito por outros membros da organiza-ção. O assunto deverá ser resolvido pelo mecanismo de solução de controvérsias da OMC e o Brasil prova-velmente aguardará o desfecho dessa questão no âmbito da própria OMC.

No Brasil, alguns setores, sobretudo os de calçado, aço e têxtil, se opõem ao reconhecimento, que os

colocaria em desvantagem na disputa por mercados internacionais. A questão é complexa, porque afeta-ria não apenas os setores diretamente envolvidos, mas toda a relação da China com o Brasil nos campos econômico, comercial, financeiro e de investimentos. Qualquer que venha a ser a decisão brasileira (ou a não-decisão, se nos limitarmos a aguardar o que ve-nha a ser decidido pela OMC), é importante que o Brasil, à exemplo da China, tenha uma ideia clara do que queremos da China. Ou, para citar novamente Marcos Jank, “reduzir o nosso imediatismo e olhar o longo prazo”.

Embaixador Luiz Augusto de Castro NevesPresidente do Conselho Empresarial Brasil-China

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Por Fabiana D’Atri *

Reforma das empresas estatais da China tem avançado lentamente, em diversas frentes, com destaque para a consolidação de grandes grupos

A despeito da estabilização da economia chi-nesa observada neste ano, a necessidade de ajustes estruturais segue presente, diante

dos problemas acumulados nos últimos anos. Em especial, o excesso de capacidade instalada de diver-sos segmentos industriais e a elevada alavancagem das empresas e dos governos locais exigem reformas concentradas no lado da oferta. A reforma das esta-tais deve ser lida nesse contexto, como uma decisão econômica e também política, tornando-se elemento importante para o encaminhamento desses proble-mas, uma vez que parte relevante da ociosidade e do endividamento está concentrada nas empresas dos governos central e locais.

Por ocasião do 3º Pleno do Partido Comunista, ocor-rido ao final de 2013, quando houve a mudança dos principais líderes da China com a ascensão do Xi Jin-ping à presidência do país, havia uma grande expec-tativa em relação à redefinição do papel do Estado

e do mercado. Lembrando que este último deveria ocupar posição decisiva na economia, conforme sina-lizado pelo governo, o que impactaria de forma im-portante as empresas estatais. Com isso, a reforma das estatais seria um dos pilares da agenda estru-tural para o país. Havia, na época, até a expectativa de abertura de setores, do estabelecimento de um programa de privatização de empresas (ou de parte de negócios que estavam nas mãos das empresas pú-blicas), com a criação de empresas de capital misto. Alguns acreditavam também na estruturação de uma empresa que poderia administrar as estatais, inspi-rada na experiência de Singapura, com a Temasek, que hoje administra quase US$ 250 bilhões. Desde então, a reforma das estatais foi adotando diversos caminhos, mas que não têm levado a uma redução da influência do Estado na economia. Reforçando essas expectativas, estudo do Banco Mundial, publi-cado em 2013, trazia diversas recomendações para as reformas a serem adotadas pela China, em busca de maior participação do mercado na economia1. De lá para cá, contudo, observamos tendência oposta. Di-versas movimentações recentes apontam para a con-

CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

* Fabiana D´Atri é atualmente economista coordenadora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco e Diretora de Economia do CEBC.

ANÁLISE CEBC

solidação de grandes grupos econômicos estatais, focados em determinados setores estratégicos, bus-cando fortalecer, otimizar e aumentar essas empre-sas. Em paralelo, alguns ajustes na administração e na propriedade dessas empresas têm sido pautados por práticas de mercado e a abertura da economia ao

O excesso de capacidade instalada de diversos segmentos industriais e a ele-vada alavancagem das empresas e dos governos locais exigem reformas con-centradas no lado da oferta. A reforma das estatais deve ser lida nesse con-texto, como uma decisão econômica e também política, tornando-se elemen-to importante para o encaminhamen-to desses problemas.

1 http://documents.worldbank.org/curated/en/781101468239669951/pdf/762990PUB0china0Box374372B00PUBLIC0.pdf, consultado em 11 de dezembro de 2016.

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GRÁFICO 1 - ATIVOS DAS EMPRESAS INDUSTRIAIS - PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS ESTATAIS

FONTE: CEIC

CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

setor privado tem se dado em alguns poucos setores e de forma seletiva.

A história da China dos últimos anos, desde as refor-mas promovidas por Deng Xiaoping no final da déca-da de 70, foi marcada pela participação das empresas estatais, que passaram por reestruturações e refor-mas em diversas fases. De forma resumida, temos que a primeira fase, de 1978 até início da década de 90, foi caracterizada pela redefinição da propriedade privada e pública, com a formação de alguns conglo-merados de estatais. Nesse período, essas empresas ganharam alguma autonomia e receberam incenti-vos para gerar lucro – o que acabou não sendo bem sucedido, levando a uma geração de companhias com prejuízo. Assim, em um segundo momento, de 1992 a 1998, foi lançada a política “pegue o grande e deixe o pequeno ir”, em que as pequenas empresas (em geral com problemas financeiros, em setores não estratégi-cos e intensivas em mão-de-obra) foram privatizadas e houveram alguns IPOs. Ao mesmo tempo, as empre-sas que atuavam em setores estratégicos acabaram aumentando de tamanho, consolidando os grandes conglomerados2 e ficaram sob comando do governo. Assim, de 1998 até 2003, houve um expressivo esforço de reerguimento das estatais, quando algumas com-panhias foram fechadas e dívidas foram reestrutura-das (principalmente através da troca de passivos por ativos), como forma de reduzir a elevada inadimplên-cia do sistema financeiro. Esse ajuste culminou com a criação da SASAC3 em 2003, com a função de admi-nistrar as estatais que pertencem ao governo central.

2 Como transporte (redes nacionais de aviação, ferrovia), energia elétrica, cadeia de óleo e gás, indústrias pesadas (aço, alumínio e petroquímicos), telecomunicações, equipamento pesado, infraestrutura, automóveis, equipamentos militares.

3 State-owned Assets Supervision and Administration Commission of the State Council.

GRÁFICO 2 - CHINA: INVESTIMENTOS EM ATIVOS FIXOS LIDERADOS PELAS EMPRESAS ESTATAIS E PRIVADAS (VARIAÇÃO INTERANUAL)

FONTE: CEIC

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CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

Hoje 102 empresas estão sob supervisão da SASAC, sendo que esse número deve ser reduzido para menos de 100 no ano que vem. Vale lembrar que, como resul-tado dessas reformas, o total de estatais, não somen-te geridas pela SASAC e considerando as de proprie-dade do governo central e regionais, já vem caindo há algum tempo, passando de 262 mil em 1997 para 150 mil em 2013. Desde a crise de 2008/09, notamos uma estabilização no tamanho das estatais, quando elas voltaram a ocupar papel de destaque na econo-mia, lembrando que os estímulos naquele momento se deram através delas, na esfera federal e local, com rápida expansão em infraestrutura e na capacidade produtiva industrial. Por fim, desde 2013, aguarda-se uma definição da estratégia para essas empresas – que, por ora, têm adotado diversos caminhos.

Mais do que o sugerido pelas estatísticas econômi-cas, o papel das estatais na China tem uma atuação mais ampla no país, à medida que essas acabam sen-do instrumento de políticas públicas e vetor de esta-bilização econômica, a despeito dos sinais de inefi-ciência quando comparamos com o desempenho das empresas privadas. Segundo estimativas de Arthur Kroeber4, as estatais chinesas hoje contribuem com aproximadamente 35% do PIB, as empresas privadas com 60% e os restantes 5% são originados por empre-sas estrangeiras. Em 2014, as estatais responderam por 16% dos empregos urbanos, ante 22% em 2005 e 60% em 1997. Importante também ter em mente que as empresas estatais são divididas entre financeiras e não financeiras e pertencem ao governo central ou aos governos locais. A receita delas hoje se divide em aproximadamente 2/3 das empresas controla-das pelo governo central e o restante vem dos entes regionais, ainda que a razão de propriedade seja di-ferente: metade das estatais está sob comando do

GRÁFICO 3 - EMPRESAS ESTATAIS CHINESAS: PARTICIPAÇÃO SETORIAL

FONTE: FT

governo central e a outra metade dos locais. O retor-no médio dos ativos estatais hoje está em cerca de 2,0% ante 5% em 2007 e 0,2% em 1997. Há setores que são fechados ao setor privado, como transporte e logística, financeiro, telecomunicações, defesa e energia. Interessante também notar que os grandes conglomerados das estatais estão focados em uma única indústria, mas normalmente têm um braço financeiro forte e atuam em setores não ligados a sua atividade central, como construção imobiliária, turismo e restaurantes.

A fase recente das reformas, iniciada principalmen-te em 2014, sob gestão da nova liderança política, tem adotado diversas frentes. Diante das restrições vindas do ambiente econômico (buscando estabili-dade), das necessidades de ajustes estruturais (com saneamento financeiro e fechamento de capacidade produtiva), das resistências internas (dentro do Par-tido, das próprias empresas e das consequências da campanha anticorrupção) e da concentração de po-der nas mãos do Xi Jinping, parece-nos difícil que um formato único acabe prevalecendo. Ao mesmo tempo em que o governo central tem dado algumas diretri-zes, os governos locais têm buscado soluções pró-prias para a reestruturação de suas empresas, que concentram os problemas de alavancagem e excesso de capacidade instalada. De forma geral, portanto, ao longo desses últimos anos, as estratégias defini-das por Pequim foram se ajustando e diferentes mo-delos de reforma têm sido testados. Em setembro do ano passado, documento do governo definiu três prioridades: reestruturar e fechar algumas empresas, consolidar outras através de fusões e focar em ino-vação outras. Outro guia, publicado em julho deste ano, acrescentou o objetivo de fortalecer um grupo de empresas estatais do governo central em setores estratégicos (defesa, energia nuclear, infraestrutura de comunicação, redes de energia elétrica, oleodutos e reservas de commodities estratégicas, como grãos e petróleo). E, em setembro, novas diretrizes prome-teram avançar em pilotos de propriedade de capital misto, abertura de alguns setores à iniciativa privada e estabelecimento de empresas modernas, através de fusões e aquisições.

4 Segundo reportado em seu livro China´s Economy: What Everyone Needs do Know, 2016.

Serviços como educação e saúde

18%

9%

26%25%

22%

Máquinas e equipamentos, automotivo, eletronicos, construção, metais, químicos, pesquisaEletricidade, Petróleo, Carvão, Telecomunicações, Serviço Postal, Aviação, Naval

Construção imobiliária Outros

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Assim, observando o que vem acontecendo durante o atual governo, podemos dividir em três grandes formatos a reestruturação das empresas estatais: (1) o fortalecimento das empresas existentes, com a formação de grandes conglomerados através de fu-sões, (2) mudanças administrativas dentro das pró-prias companhias, tentando aumentar a participa-ção do setor privado, através da maior participação acionária dos altos executivos e (3) a reestrutura-ção produtiva e financeira daquelas que enfrentam maiores dificuldades.

Destaca-se, assim, o fortalecimento das estatais, através da fusão de grandes empresas que atuam no mesmo setor, especialmente entre as companhias sob gestão do governo central. Em geral, esses movi-mentos têm se dado através da combinação de uma empresa forte com outra mais fraca, para que parte do endividamento e/ou do excesso de capacidade instalada dessa última seja absorvida de forma gra-dual pela empresa mais sólida, evitando o default e/ou fechamento dessa empresa. A tabela a seguir ilus-

tra esses exemplos, em setores estratégicos como de transporte ferroviário e aéreo, energia, infraestrutura, siderurgia, químico e de defesa. Aproximadamente pouco mais de 20 grandes empresas já passaram por esse processo de fusão5. A união entre a Baosteel e a Wuhan e a compra da China National Cotton Reserves Corporation pela gigante Sinograin estão entre esses destaques. Dessa forma, há um aumento da influên-cia política em segmentos que deverão puxar o cres-cimento do país, na visão do Partido Comunista. Essa tendência deve ser acentuada daqui para frente, haja vista a criação de um fundo de RMB 350 bilhões neste segundo semestre voltado a financiar essa consolida-ção. Para o setor financeiro, contudo, cujas institui-ções estão debaixo do Ministério de Finanças, não há expectativa de que ocorram incorporações.

Há poucos meses também foi definida uma estra-tégia, inicialmente voltada a oito grandes estatais, cujas dívidas serão reestruturadas. A ideia central é transferir ativos a outros grupos, desinvestir em

alguns negócios ou encontrar novas parcerias. A em-presa do setor aéreo AVIC, por exemplo, está transfe-rindo seus ativos ligados ao setor imobiliário ao Chi-na Poly Group, que atua na construção residencial. Essas empresas também poderão receber aporte de investidores privados, como tentativa de equacionar seus problemas financeiros. Na mesma direção, a Si-nopec vendeu sua divisão de mercado para um grupo de investidores privados em 2014 e a Petrochina criou uma nova empresa para o negócio de gasoduto, em 2015, com aporte de setor privado.

Além disso, parte da reforma deve ser lida como a me-lhora a gestão da estatal. Assim, a SASAC informou recentemente que mais empresas seguirão os pilotos já em andamento, com mudanças na governança cor-porativa, dando mais poder ao conselho e ampliando a participação de executivos do mercado. Um exem-plo disso é a empresa Jintong Rubber, que produz mangueiras hidráulicas, da província de Shandong, em que 19 executivos do grupo compraram 45,5% das ações da companhia.

5 E se consideramos também as estatais dos governos locais, essas transações já superam 80 casos desde 2015.

TABELA 1

dezembro de 2014

dezembro de 2015

dezembro de 2015

julho de 2016

agosto de 2016

setembro de 2016

novembro de 2016

CSR Corp

China Minmetals Corp

China Ocean Shipping (COSCO)

COFCO

China National Building Materials Group Corp (CNBM) 

Baosteel Group Corp

China Grain Reserves Corp

DATA SETOREMPRESA 1 EMPRESA 2

CNR Corp

China Metallurgical Group Corp

China Shipping Group

China National Materials Group Corp

China National Materials Corp (Sinoma)

Wuhan Iron and Steel Group Corp (WISCO)

China National Cotton Reserves Corp

Transporte (equipamentos ferroviários)

Metais

Transporte (marítimo)

Têxtil/ Alimentação

Material de construção

Siderurgia

Agricultura

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Outra experiência a ser citada é a da província de Shandong – conforme reportado por estudo da Ga-vekal Dragonomics6 – indicando que um dos formatos para a reforma das estatais é a criação de um grande conglomerado gerido por uma companhia em que as decisões estratégicas de investimento e operação são tomadas por executivos de mercado ao invés de burocratas do governo. Assim, foi criado o grupo chamado Yankuang, na província de Shandong, que tem como origem a exploração de carvão, indústria que passa por importantes desafios. Desde 2015, há uma diversificação das atividades desse conglome-rado, atuando hoje na produção de equipamentos, carvão químico, alumínio eletrolítico, construção e, mais recentemente, uma plataforma de importação de alimentos. Além disso, esse grupo vem adquirin-do ações de bancos e de outras empresas do setor financeiro, chegando a 10% dos ativos concentrados atualmente no setor financeiro. Em paralelo, outras frentes têm avançado, como a venda de ativos e a re-estruturação de dívidas. A avaliação, contudo, é de que não houve melhora da governança e do desem-penho financeiro, com o notável crescimento desse conglomerado, que começa a se expandir em setores não correlacionados – o que pode ser a origem de no-vos problemas.

Dessa forma, entendemos que no curto prazo essas tendências devem ser acentuadas, como forma de consolidar a presença das empresas estatais em se-tores estratégicos – que seguirão como instrumen-to de políticas públicas e fonte de estabilização da economia. Essas companhias, maiores e mais fortes, também têm ocupado papel importante na fase de

Outra experiência a ser citada é a da província de Shandong, indicando que um dos formatos para a reforma das estatais é a criação de um grande conglomerado gerido por uma com-panhia em que as decisões estratégi-cas de investimento e operação são tomadas por executivos de mercado ao invés de burocratas do governo.

das mudanças políticas que acontecerão por ocasião do Congresso do Partido Comunista no ano que vem, os avanços da reforma das estatais – em diversas frentes – seguirá avançando gradual e lentamente. Assim, os sinais vindos dessa agenda ligada às esta-tais são fundamentais por endereçarem os proble-mas estruturais da China.

6 The Rise of a new conglomerate. Yammei Xie. Ideas – Gavekal Dragonomics, 06/12/16.

grandes aquisições globais, lideradas pelas empresas chinesas. Ao mesmo tempo, devemos ler a reforma das estatais como meio da reestruturação da econo-mia, com foco no fechamento de capacidade instala-da e na desalavancagem corporativa. De todo modo, diante das incertezas vindas do ambiente externo e

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Por Erlend Ek *

The China SolutionIt is worth paying attention to the newest buzzword from the China

Buzzwords are never in shortage in China. In the 1980s, the leader Deng Xiaoping, fronted ‘hide and bide’, meaning shying sensitive and

problematic issues on the global stage and rather focus on areas where cooperation is beneficial. At the time China had little global power and influence with a very low GDP. In the 1990s. under Jiang Zemin’s, another buzzword was created. He called for ‘make a contribution to global affairs’. This period culminated in China’s accession to the WTO. Fully globally engaged, China’s GDP skyrocketed and during Hu Jintao’s period in the 2000s, the buzzword ‘peaceful rise’ was favored. Common to them all was that China was seeking to avoid trouble and ‘lay low’.

Rather than being passive to globalisation, China is now an active driver. The current leader Xi Jinping’s buzzword for foreign policy is ‘be proactive’.

The are many reasons why China now must seek to be proactive. First, with its great share of global GDP and influence, there are more risks involved. Second, the World expects China to contribute more

to develop global solutions. Third, it has become clear that its old trajectory of self-sufficiency has become impossible to pursue. Thus, for many years China has been seeking to buy up resources globally by existing global rules. This has however come at a great cost. For instance, 90 percent of the 20,000 Chinese international enterprises are loss making, according to Wang Wenli from China Economic and Trade Promotion Association. It has thus also become clear that rules that are more beneficial to Chinese interests are needed.

Over last few years we have seen new initiatives arise like the Asian Infrastructure Investment Bank and the Belt and Road Initiative. A new one, ‘the China solution’ has got enormous attention in the Chinese media over the last few months.

‘China solution’ is a proposition to ensure world economic development - a new starting point, claimed People’s Daily, China’s state media following its promotion at the G20-summit in September. At the APEC summit in November, President Xi Jinping claimed that the ‘China Solution’ will boost Asia Pacific’s economic growth.* Erlend Ek, agriculture and maritime research manager at China Policy.

ARTIGO CONVIDADO

It remains unclear what exactly this solution refers to. ‘Mutual benefit’, ‘win-win’ and the like have long been words China like to use for global self-promotion. However, it is widely noted within China’s policy community that these words do not carry much weight internationally. What are they a solution to? Does not other countries also aspire to these?

The ‘China solution’ seems to be more practical. It, notes Chinese domestic experts, refers to successful Chinese experiences, initiatives and upcoming policies. That would include the Belt and Road Initiative and the Asia Infrastructure Bank and things like a stronger role for G20 and other multinational institution. And it would certainly refer to a stronger role of the government, and in particular the Communist Party of China, China’s leaders.

I will resist going into a larger piece of speculation at this point. However, judging from the amount of commentaries in China it is clear that there is more to come under the ‘China solution’ umbrella.

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 9

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UPDATE INSTITUCIONAL

Lançamento pesquisa CEBC“Investimentos Chineses no Brasil 2014-2015”

O Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) lançou o estudo Investimentos Chineses no Brasil 2014-2015 em evento realizado em São

Paulo e com apoio da Apex-Brasil, revelando que o biênio concentrou US$ 9,2 bilhões em investimen-tos chineses no País. É um incremento ante os US$ 6,86 bilhões confirmados pelo CEBC no biênio 2012-2013. O Conselho é a única entidade no Brasil a acom-panhar o tema sistematicamente desde 2007, com metodologia própria, aliando dados governamentais àqueles colhidos na imprensa e por meio de conta-to direto com as empresas. A publicação teve ainda apoio do escritório brasileiro do Conselho Chinês para Promoção do Comércio Internacional (CCPIT, na sigla em inglês).

Na abertura, o presidente do CEBC, embaixador Luiz Augusto Castro Neves, reforçou o fato de a China ser o maior parceiro comercial brasileiro, mas enfatizou que a relação bilateral não é devotada só ao comércio, mas a uma parceria que indica associação de longo prazo, como mostram os investimentos. Há aportes em setores tão diversos quanto energia e finanças, além de tecnologia, em 16 estados brasileiros - o que demonstra também a tendência de diversificação ge-ográfica verificada no biênio anterior.

O coordenador da pesquisa, Santiago Bustelo, desta-cou um ponto fundamental no perfil do investimen-to chinês percebido entre 2014-2015: 80% dos inves-timentos anunciados foram realizados - mais que os 77% de 2012-2013 - e um salto consistente ante os 45% efetivamente realizados entre 2007 e 2011, se-gundo o CEBC. É um registro de que há mais maturi-dade no perfil dos investidores, que já conhecem me-lhor o mercado brasileiro e as oportunidades no País.

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 10

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CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

O diretor-executivo para a Ásia do Eurasia Group, Evan Medeiros, que já atuou como conselheiro para a Ásia-Pacífico no Conselho Nacional de Segurança, ligado à Casa Branca, durante o governo Obama, foi um dos palestrantes no lançamento da pesquisa. Medeiros designou o momento atual como a terceira onda da contribuição chinesa para a globalização, em que o Investimento Direto Estrangeiro (IDE) tem pa-pel preponderante - o primeiro movimento foi a aber-tura da China à atração de empresas estrangeiras, e o segundo, a integração às cadeias globais de valor.

Medeiros destaca o montante de IDE chinês como uma estratégia geopolítica: US$ 118 bilhões em 2015, núme-ro já suplantado nos primeiros nove meses deste ano, quando o IDE chegou a US$ 134,2 bilhões. A cifra repre-senta cerca de 1% do PIB chinês, enquanto os Estados Unidos e o Japão utilizam 2%. Para Medeiros, este é um indicativo de que o dinheiro disponível para fusões e aquisições ou para projetos greenfield - tendências do padrão de ownership chinês detectadas pelo executi-vo - deve aumentar, e a América Latina está no radar de Pequim, o que fica evidente dado o número expressivo de visitas de alto nível à região, como a do presidente

Xi Jinping, em outubro, ao Equador, Peru e Chile, no terceiro périplo latino-americano desde que assumiu, em 2014 (Xi esteve no Brasil naquele ano, enquanto o primeiro-ministro, Li Keqiang, visitou Brasília e Rio de Janeiro em 2015). Medeiros alerta, no entanto, que é preciso uma política consistente do Brasil na atração dos investimentos, especialmente em um momento em que a economia está frágil.

O presidente do CEBC não atribui o apetite chinês à fase atual da economia brasileira. Para ele, a percepção de que a China é um investidor importante para o Bra-sil, país que hoje precisa de aportes em infraestrutura para ser mais competitivo e entrar na economia inter-nacional de forma mais assertiva, evidencia uma parce-ria de longo prazo, que não se sustenta apenas em um movimento ao sabor de conjunturas econômicas.

O CEBC mostra que a conjuntura tem seu peso. A re-cuperação observada em 2015 se deve, em parte, à desvalorização do Real, que tornou os ativos brasi-leiros mais atrativos para os investidores estrangei-ros. Mas atestando a fala de Castro Neves, o estudo mostra que parte considerável dos projetos de inves-timento confirmados no biênio 2014-2015 correspon-de a leilões públicos para a geração e transmissão de energia elétrica, projetos caracterizados por um alto montante a ser investido e prazos relativamente lon-gos de maturação.

O Brasil, no entanto, pode experimentar em breve uma nova matriz de investimentos chineses, baseada na compra de marcas estrangeiras, num movimento que visa internalizar não só a reputação destas marcas, mas também a tecnologia, como mostrou a economis-ta Fabiana D’Atri, diretora de economia do CEBC.

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 11

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UPDATE: COMÉRCIO BILATERAL BRASIL–CHINA: JANEIRO-DEZEMBRO DE 2016

Comércio Bilateral Brasil-China

BALANÇA COMERCIAL

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Ex-terior e Serviços, em 2016 a corrente de comércio Brasil-China totalizou US$ 58,5 bilhões, indicando uma queda de 12% em relação ao ano anterior.

Nesse cenário, as exportações brasi-leiras apresentaram leve contração de 1%, em grande medida devido à di-minuição do ritmo de crescimento da economia chinesa e à queda dos preços das principais commodities que com-põem a pauta. As importações oriun-das do país asiático fecharam o perío-do com uma redução de 24% refletindo a desaceleração da economia brasileira em diversos setores.

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TABELA 1 - BALANÇA COMERCIAL: 2016 EM COMPARAÇÃO COM 2015 (US$ MILHÕES)

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO CORRENTE

1º Trimestre

Janeiro

Fevereiro

Março

2º Trimestre

Abril

Maio

Junho

3º Trimestre

Julho

Agosto

Setembro

4º Trimestre

Outubro

Novembro

Dezembro

Acumulado

2016

6.965

1.391

1.822

3.752

12.804

4.302

4.427

4.076

8.508

3.370

2.816

2.323

6.856

2.431

1.987

2.437

35.134

Var. %

13%

3%

19%

13%

4%

25%

8%

-14%

-18%

-18%

-3%

-32%

2%

-1%

-4%

12%

-1%

2015

9.665

3.703

2.769

3.193

7.055

2.487

2.270

2.299

8.210

3.255

2.399

2.556

5.789

2.286

1.967

1.536

30.720

2016

5.945

2.305

1.713

1.927

5.267

1.431

1.845

1.991

5.979

1.787

2.145

2.048

6.172

2.069

2.019

2.084

23.364

Var. %

-38%

-38%

-38%

-40%

-25%

-42%

-19%

-13%

-27%

-45%

-11%

-20%

7%

-9%

3%

36%

-24%

2015

-3.475

-2.358

-1.237

120

5.230

948

1.839

2.443

2.216

846

519

851

917

175

93

649

4.888

2016

1.020

-914

109

1.826

7.534

2.868

2.581

2.085

2.529

1.583

671

275

683

362

-32

353

11.766

Var. %

129%

61%

109%

1420%

44%

202%

40%

-15%

14%

87%

29%

-68%

-26%

107%

-134%

-46%

141%

2015

15.854

5.048

4.301

6.505

19.341

5.923

6.379

7.040

18.636

7.355

5.317

5.964

12.495

4.747

4.028

3.720

66.327

2016

12.911

3.696

3.536

5.679

18.071

5.733

6.272

6.066

14.488

5.156

4.961

4.370

13.028

4.501

4.007

4.521

58.498

Var. %

-19%

-27%

-18%

-13%

-7%

-3%

-2%

-14%

-22%

-30%

-7%

-27%

4%

-5%

-1%

22%

-12%

2015

6.190

1.345

1.532

3.313

12.286

3.435

4.109

4.741

10.426

4.101

2.918

3.407

6.706

2.461

2.061

2.184

35.607

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 12

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Com esses resultados, o saldo comer-cial entre os dois países encerrou o ano de 2016 com superávit de US$ 11,8 bilhões para o Brasil, constituindo o maior valor da série histórica desde o estabelecimento das relações comer-cias sino-brasileiras, como pode ser ob-servado no gráfico ao lado.

Em referência ao histórico recente das transações bilaterais, é notavel a retra-ção nas trocas comerciais entre Brasil e China, visto que, desde 2014, se obser-va um movimento de queda na corren-te de comércio, após o recorde estabe-lecido em 2013.

GRÁFICO 1 - SALDO COMERCIAL BRASIL-CHINA: 2009-2016 (US$ MILHÕES)

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

GRÁFICO 2 - CORRENTE DE COMÉRCIO BRASIL–CHINA: 2006-2016 (US$ MILHÕES)

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

16.393

23.370

36.567 36.915

56.381

77.105

75.479

83.330

77.961

66.32758.495

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

90.000

80.000

70.000

4.888

141%

11.766

3.271

8.722

6.976

5.190

11.524

5.093

12.000

14.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

02009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 13

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PAUTA DE EXPORTAÇÃO

Os embarques de soja destinados à Chi-na em 2016 indicaram diminuição de 6% em quantidade, somando um valor de vendas 8,9% menor do que o verificado em 2015. As transações comerciais en-volvendo o grão representaram 41% de todas as exportações do País ao parceiro asiático.

A pauta de exportação brasileira para a China se manteve concentrada em qua-tro produtos – minério de ferro, soja, pe-tróleo e celulose – que, historicamente, representam aproximadamente 80% do seu valor. A pauta reflete o forte grau de complementaridade entre as duas eco-nomias e a demanda crescente da China por recursos naturais.

Além da parcela predominante da soja na pauta exportadora, o agronegócio brasileiro teve participação relevante nas principais vendas destinadas à Chi-na. O setor de proteína animal expôs bons resultados nos embarques de car-ne bovina e de aves, que apresentaram crescimento, em valor, de 47,5% e 41,4%, respectivamente.

Em comparação com 2015, as vendas de minério de ferro em 2016 também apresentaram resultados superiores em termos de valor e volume, tendo crescimento de 13,4% e 15,8%, respecti-vamente. Tal movimentação indica que a recente recuperação nos preços do

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TABELA 2 - PAUTA DE EXPORTAÇÃO: 2016 EM COMPARAÇÃO COM 2015

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

minério no mercado internacional começa a ser perceptível. O envio de óleos brutos de petróleo indicou crescimento de 17,5% em quantidade, ainda que o retorno monetário tenha apresentado queda de 5,6%.

Soja, mesmo trituradaMinérios de ferro e seus concentradosÓleos brutos de petróleo Pastas químicas de madeira, exceto para dissolução Carne de aves Açúcares, no estado sólidoCarne bovina, congeladasFerro-ligasCouros e peles curtidos não preparados Cobre afinado e ligas, em formas brutasOutros

EXPORTAÇÕES

15.7886.4524.1391.646608764476571426561

4.177

US$ (milhões)

40.926185.23113.1563.472307

2.5079769158103

-

Ton (mil)

38.564214.55715.4574.470484

2.40316571

15975

-

Ton (mil)

-8,9%13,4%-5,6%10,0%41,4%7,8%

47,5%-16,9%-8,7%

-36,5%-1,6%

Var. (%) - US$

-6%15,8%17,5%28,8%57,6%-4,1%

69,0%3,0%0,7%

-26,8%-

Var.(%) Ton (mil)

14.3867.3153.9081.809859823703475389356

4.110

US$(milhões)

41%21%11%5%2%2%2%

1,4%1,1%1,0%11%

Participação na pauta em 2016

(US$)

2015 2016

Como pode ser visto no gráfico abaixo, entre 2010 e 2015 hou-ve uma tendência de crescimento do volume das exportações, na qual o valor recebido pelas vendas passa a ser menor devi-do ao fator preço, notadamente a partir de 2013.

GRÁFICO 3 - EXPORTAÇÕES DO BRASIL PARA A CHINA 2006-2016 (US$ E TONS)

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

97.987

Tons (mil) US$ (milhões)

8.402 10.749 16.523 21.004 30.78644.315 41.228 46.026 40.616 35.608 35.130

120.866

117.441

194.834

188.026

203.509 209.069 221.001 229.381252.209

365.365

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

400.000

350.000

200.000

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 14

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Máquinas e materiais elétricos, e suas partes

Aparelhos elétricos para telefonia ou telegrafia

Partes para rádio e TV

Circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos

Díodos, transístores e dispositivos semelhantes

Transformadores, conversores elétricos estáticos

Máquinas e instrumentos mecânicos e suas partes

Partes e acessórios para aparelhos mecânicos

Máquinas automáticas para processamento de dados

Máquinas e aparelhos para impressão

Outras máquinas e aparelhos de elevação

Bombas de ar ou de vácuo e compressores de ar

Produtos químicos orgânicos

Plásticos e suas obras

Embarcações e estruturas flutuantes

Veículos automóveis, tratores, ciclos e suas partes

Partes para veículos de transporte

Partes para motocicletas e outros ciclos

Reboques e semi-reboques

Bicicletas e outros ciclos

Carrinhos para crianças e suas partes

Instrumentos de óptica, de controle ou de precisão

Filamentos sintéticos ou artificiais

Obras de ferro fundido, ferro ou aço

Ferro fundido, ferro e aço

Adubos (fertilizantes)

Vestuário e seus acessórios, exceto de Malha

IMPORTAÇÕESUS$

(milhões)

8.471

2.341

1.257

562

163

409

5.230

945

449

376

64

381

1.960

928

1.024

744

384

195

24

20

17

671

557

820

936

635

872

3.851.436

7.589

1.566

89.904

366.492

168.575

75.425

2.616

3.868

67

4,1

3.380

-

-

4,4

6.781

6.481

209

54

22

0

137.739

-

70,7

-

-

27.604

6.954

2.051

749

604

369

329

4.013

601

317

303

250

212

1.989

730

708

582

365

142

15

13

12

575

531

437

427

404

401

3.432.298

9.154

1.319

90.215

341.761

123.300

80.044

1.886

3.426

78

2,5

2.452

-

-

4,1

5.516

5.278

175

44

13

0

109.501

-

32,5

-

-

21.072

-18%

-12%

-40%

8%

126%

-20%

-23%

-36%

-29%

-19%

289%

-44%

1,5%

-21%

-31%

-22%

-5%

-27%

-39%

-36%

-27%

-14%

-5%

-47%

-54%

-36%

-54%

-11%

21%

-16%

0%

-7%

-27%

6%

-28%

-11%

17%

-38%

-27%

-

-

-6%

-19%

-19%

-16%

-18%

-42%

-

-21%

-

-54%

-

-

-24%

30%

8,8%

3,2%

2,6%

1,6%

1,4%

17%

2,6%

1,4%

1,3%

1,1%

0,9%

8,5%

3,1%

3,0%

2,5%

2%

1%

0,06%

0,05%

0,05%

2,5%

2,3%

1,9%

1,8%

1,7%

1,7%

Qte (10 mil)

US$(milhões)

Qte (10 mil)

Var. (%) - US$

Var.(%) Qte (10 mil)

Participação na pauta em 2016 (US$)

2015 2016

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PAUTA DE IMPORTAÇÃO

As importações de produtos chineses em 2016 apresentaram retração na maioria dos principais itens da pauta, em grande medida devido à desacelera-ção da economia doméstica brasileira verificada ao longo do ano. Em termos de valor, os dois principais setores - apa-relhos elétricos e mecânicos - fecharam o período em queda, respectivamente, de 18% e 23%. Ambos, se somados, re-presentaram 47% de todas as compras brasileiras oriundas do país asiático.

No departamento de máquinas e ins-trumentos mecânicos, cabe mencio-nar também a participação recente da subcategoria de aparelhos de elevação, carga, descarga ou de movimentação, que inclui elevadores, escadas rolan-tes, transportadores e teleféricos. Em termos de valor, o setor expôs cresci-mento de 289%, ainda que a quantida-de de produtos importados tenha indi-cado queda de 38%.

Em linha com o ritmo de retração das importações vindas da China, o setor automotivo apresentou queda de 22% em valor e de 19% em quantidade. Tais resultados foram também semelhantes nos principais subitens da categoria, que apresentaram movimentos de que-da nas importações.

TABELA 3 - PAUTA DE IMPORTAÇÃO: 2016 EM COMPARAÇÃO COM 2015

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 15

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CEBC | CARTA BRASIL-CHINA

O único item das principais categorias importadas da China a não apresentar queda foi o de produtos químicos or-gânicos, utilizados, sobretudo, como insumos para atividades industriais e agrícolas. Ainda assim, o acréscimo nas importações foi de apenas 1,5%, em va-lor. Em termos de participação na pau-ta, a categoria correspondeu a 8,5% das compras vindas da China.

Como pode ser observado no gráfico ao lado, a partir de 2006 houve crescimen-to quase ininterrupto das importações brasileiras oriundas do parceiro asiáti-co, refletindo o bom momento da eco-nomia do País, que em grande medida importa insumos da China para compo-sição de artigos finais da indústria na-cional, assim como manufaturados de diversas classes. O ano de 2015 indicou, no entanto, a primeira vez, desde 2009, na qual houve queda nas importações de produtos chineses, em resposta à retração da economia brasileira. No ano de 2016 esta tendência se acentuou, produto do aprofundamento da reces-são econômica no Brasil.

GRÁFICO 4 - IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS ORIUNDAS DA CHINA 2006-2016 (US$ E TONS)

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS ELABORAÇÃO: CEBC

Qte (milhões) US$ (milhões)

17.222

7.990

24.532

12.621

29.557

20.044

26.559

15.911

38.766

25.595

44.970

32.791

47.901

34.251

53.939

37.304

54.344

37.345

43.915

30.719

38.278

23.364

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

60.000

ABERTURA ANÁLISE CEBC ARTIGO CONVIDADO UPDATE INSTITUCIONAL UPDATE COMERCIAL 16

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é uma publicação da Secretaria Executiva do Conselho Empresarial Brasil-China, que reúne reflexões acerca dos principais tópicos da agenda sino-brasileira, por meio de entrevistas, artigos e análises, cedidas por renomados estudiosos da área, empresários e membros dos governos brasileiro e chinês com experiência prática nas relações bilaterais.

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