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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO ENGENHARIA DE PETRÓLEO EDILBERTO OLIVEIRA VIANA JUNIOR UTILIZAÇÃO DA PERFILAGEM DE POÇOS PARA A CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DO CAMPO DE NAMORADO. JUNHO 2017 NATAL, RN

EDILBERTO OLIVEIRA VIANA JUNIOR UTILIZAÇÃO DA PERFILAGEM … · 2019. 1. 31. · Utilização da Perfilagem de poços para a caracterização geofísica do Campo de Namorado. 2017

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    CENTRO DE TECNOLOGIA

    CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

    ENGENHARIA DE PETRÓLEO

    EDILBERTO OLIVEIRA VIANA JUNIOR

    UTILIZAÇÃO DA PERFILAGEM DE POÇOS PARA A CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DO CAMPO DE NAMORADO.

    JUNHO 2017

    NATAL, RN

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    ii Edilberto Oliveira Viana Junior

    EDILBERTO OLIVEIRA VIANA JUNIOR

    UTILIZAÇÃO DA PERFILAGEM DE POÇOS PARA A CARACTERIZAÇÃO GEOFÍSICA DO CAMPO DE NAMORADO.

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

    Coordenação do curso de graduação em

    Engenharia de Petróleo da Universidade Federal

    do Rio Grande do Norte, com requisito parcial

    para a obtenção do título de Bacharel em

    Engenharia de Petróleo.

    Orientador: Dr. German Garabito Callapino

    JUNHO 2017

    NATAL, RN

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    iii Edilberto Oliveira Viana Junior

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    iv Edilberto Oliveira Viana Junior

    VIANA JUNIOR, Edilberto Oliveira. Utilização da Perfilagem de poços para a

    caracterização geofísica do Campo de Namorado. 2017. 74f. TCC (Graduação) –

    Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

    Natal, Brasil, 2017.

    Palavras-chave: Campo de Namorado; perfilagem; petrofísica.

    Orientador: German Garabito Callapino

    RESUMO

    Uma das principais funções de um engenheiro de petróleo é buscar

    hidrocarbonetos em variados tipos de ambientes geológicos. Para isso, é utilizada

    uma gama de ferramentas de investigação, que são fundamentais na prospecção de

    óleo e gás, capazes de identificar os fluidos presentes no reservatório, bem como as

    respectivas saturações e propriedades petrofísicas do meio. A geofísica, por meio da

    perfilagem de poços, é utilizada desde a fase da exploração de uma jazida até a

    fase de abandono, se fazendo de extrema importância o seu estudo.

    O Campo de Namorado está localizado na Bacia de campos, e se encontra

    afastado cerca de 80 km do litoral do estado do Rio de Janeiro. Ele foi definido pela

    ANP (Agência Nacional de Petróleo) como “campo escola de Namorado” por ter um

    elevado grau de conhecimento da sua geologia e petrofísica.

    Neste trabalho, propõe-se um estudo de caso em torno da caracterização

    geofísica, quanto à perfilagem de poço, do reservatório do Campo de Namorado.

    Os resultados desse estudo de caso foram satisfatórios, pois conseguiram

    reunir uma grande quantidade de informações de diferentes trabalhos acadêmicos,

    quanto à caracterização do reservatório de Namorado, através da perfilagem de

    poços. Nos trabalhos apresentados, foram obtidas informações como porosidade,

    permeabilidade, saturação, volume de argila, litologia e identificação de fluidos.

    Essas informações são fundamentais para o processo de caracterização de um

    reservatório petrolífero.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    v Edilberto Oliveira Viana Junior

    VIANA JUNIOR, Edilberto Oliveira. Use of well logs for the geophysical

    characterization of the Campo de Namorado. 2017. 74p. TCC (Graduation) –

    Petroleum Engineer Course, Federal University OF Rio Grande do Norte, Natal,

    Brazil, 2017.

    Keywords: Campo de Namorado; Profiling; Petrophysics.

    Advisor: German Garabito Callapino

    ABSTRACT

    One of the main functions of an oil engineers to look for hydrocarbons in

    various types of geological environments. For this, a range of research tools are

    used, which are fundamental in oil and gas prospecting, capable of identifying the

    fluids present in the reservoir, as well as the respective saturations and petrophysical

    properties of the medium. Geophysics, through well profiling, is used from the

    exploration phase of a deposit until the abandonment phase, and its study is of the ut

    most importance.

    Campo de Namorado is located in the Campos Basin, and is located about

    80 km from the coast of the state of Rio de Janeiro. It was defined by the National

    Petroleum Agency (ANP) as the "school field of Namorado" for having a high degree

    of knowledge of its geology and petrophysics.

    In this work, it is proposed a case study about the geophysical

    characterization of the well of the Campo de Namorado reservoir.

    The results of this case study were satisfactory, since they were able to

    gather a great amount of information from different academic works, regarding the

    characterization of the Namorado reservoir, through the well profiling. In the

    presented works, information was obtained such as porosity, permeability, saturation,

    clay volume, lithology and ideitification of fluids. This information is fundamental to

    the process of characterizing an oil reservoir.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    vi Edilberto Oliveira Viana Junior

    Dedico este trabalho a todas as pessoas envolvidas

    na conclusão do mesmo, em especial aos meus

    pais, Edilberto Oliveira Viana e Ivone dos Santos

    Viana, que sempre acreditaram no meu potencial e

    investiram de todas as formas para que esse

    momento acontecesse.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    vii Edilberto Oliveira Viana Junior

    AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar a Deus, por me dar força em todos os momentos da

    minha caminhada acadêmica.

    Aos meus pais, Edilberto Oliveira Viana e Ivone dos Santos Viana, por todo

    carinho e dedicação durante toda a minha vida.

    À minha irmã, Camyla dos Santos Viana por toda motivação.

    Ao meu orientador, Professor German Garabito Callapino, que foi um

    exemplo de orientação e de ensinamentos tanto dentro quanto fora da sala de aula.

    À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo ensino de qualidade

    prestado.

    A todos os docentes que compõem o Departamento de Engenharia de

    Petróleo, por toda a dedicação e ensinamentos fornecidos a mim e aos meus

    colegas discentes.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    viii Edilberto Oliveira Viana Junior

    Sumário

    1. Introdução .................................................................................................... 1

    2 Aspectos teóricos ......................................................................................... 3

    2.1. Propriedades Petrofísicas de um Reservatório ........................................... 3

    2.1.1 Porosidade ......................................................................................... 4

    2.1.2 Permeabilidade .................................................................................. 5

    2.1.2 Saturação de Fluidos ......................................................................... 7

    2.2 Sistema petrolífero ...................................................................................... 7

    2.5.1 Rocha geradora .................................................................................. 8

    2.5.2 Rocha reservatório ............................................................................. 8

    2.5.3 Rocha selante .................................................................................... 9

    2.5.4 Migração de petróleo .......................................................................... 9

    2.3 Análise de Perfis Geofísicos para caracterização de Reservatórios ......... 10

    2.4 Perfilagem Geofisica de Poços ................................................................. 12

    2.4.1 Perfil de Resistividade (ILD) ............................................................. 15

    2.4.2 Perfil Sônico (DT) ............................................................................. 16

    2.4.3 Perfil Raio Gama (GR) ..................................................................... 18

    2.4.4 Perfil de Densidade (RHOB) ............................................................ 19

    2.4.5 Perfil Neutrão Poroso (NPHI) ........................................................... 21

    3. Materiais e Métodos .................................................................................. 22

    4. Aspectos gerais do Campo de Namorado .............................................. 24

    4.1. Localização da área de estudo .................................................................. 24

    4.2 Aspectos históricos, Produção e Reservas atuais ...................................... 27

    4.3 Geologia Regional ...................................................................................... 29

    4.4 Geologia Local .......................................................................................... 32

    4.4.1 Aspectos Estruturais .......................................................................... 32

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    ix Edilberto Oliveira Viana Junior

    4.4.2 Aspectos Estratigráficos ................................................................... 34

    4.5 Sistema petrolífero .................................................................................... 36

    4.5.1 Rocha geradora ................................................................................ 36

    4.5.2 Rocha reservatório ........................................................................... 37

    4.5.3 Rocha selante .................................................................................. 37

    4.5.4 Migração de petróleo ........................................................................ 37

    4.5.5 Geometria e litologiado reservatório ................................................. 38

    4.5.6 Porosidade ....................................................................................... 39

    4.5.7 Permeabilidade ................................................................................ 39

    4.5.8 Saturação de água .......................................................................... 39

    5. Trabalhos acadêmicos envolvendo a perfilagem de poços no Campo de

    Namorado ....................................................................................................... 40

    5.1 Autor: Cristiano Oliveira de Souza ............................................................. 40

    5.2 Autor: Ana Carolina Ribeiro e Silva Stevanato .......................................... .42

    5.3 Autor: Renata Alberton ............................................................................... 45

    5.4 Autor: Fábio Monteiro de Lima .................................................................. 49

    6. Discussões sobre os trabalhos analisados ............................................ 51

    7. Conclusões ................................................................................................ 57

    Referências ..................................................................................................... 59

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    x Edilberto Oliveira Viana Junior

    ÍNDICE DE FIGURAS

    Figura 01: Imagem de satélite com a localização da Bacia de Campos e do Campo

    de Namorado. ............................................................................................................. 1

    Figura 02: Gráfico de porcentagem ilustrando a importância dos turbiditos na

    formação de reservatórios para hidrocarbonetos. ....................................................... 2

    Figura 03: Representação da porosidade efetiva das rochas. ................................... 4

    Figura 04: Relação entre existência de poros, interconectividade e permeabilidade

    da rocha. ..................................................................................................................... 6

    Figura 05: Fluxograma analisando registros de poços que devem ser feitos para

    caracterizar um reservatório de petróleo ou gás. ...................................................... 12

    Figura 06: Conjunto de perfis do poço 3-NA-02 do Campo de Namorado. .............. 14

    Figura 07: Mapa de localização da Bacia de Campos, destacando-se com linha de

    vermelha o campo de namorado. .............................................................................. 26

    Figura 08: Mapa estrutural do Campo de Namorado com a localização e os nomes

    dos poços. ................................................................................................................. 27

    Figura 09: Gráfico em linha do declínio na produção anual de óleo e gás do Campo

    de Namorado, entre 1998 e 2013. ............................................................................. 28

    Figura 10: Seção geológica da Bacia de Campos apresentado as megasequencias

    estratigráficas. ........................................................................................................... 31

    Figura 11: Perfil estrutural do Campo de Namorado e Cherne. ............................... 31

    Figura 12: Mapa estrutural do topo do reservatório do Campo de Namorado.......... 32

    Figura 13: Mapa estrutural do topo do reservatório do Campo de Namorado,

    levando em conta poços e profundidades perfuradas. .............................................. 33

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    xi Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 14: Coluna Estratigráfica da Bacia de Campos. Em destaque: o reservatório

    de Namorado, alvo do estudo. .................................................................................. 35

    Figura 15: Perfis geofísicos do poço 3NA-04-RJS interpretados litologicamente.... 41

    Figura 16: Topo e Base do Arenito Namorado para o poço 3-NA-02. ...................... 43

    Figura 17: Volume de argila (cinza), volume de areia (amarelo) e porosidade sônica

    (azul), para o poço3-NA-02. ...................................................................................... 44

    Figura 18: Perfis do poço 3-NA-04, elaborado no MATLAB. .................................... 46

    Figura 19: Perfil de Raios Gama atrelado ao gráfico de Volume de Argila (Vsh).

    Poço 4-RJ-042. ......................................................................................................... 47

    Figura 20: Perfil de Raios Gama e Perfil de Resistividade (ILD), atrelados ao Gráfico

    de Saturação de água e Volume de argila do poço 4-RJS-04. Produzido no IP ....... 48

    Figura 21 Interpretação da perfilagem para o Poço 3-NA-1A. ................................. 50

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    xii Edilberto Oliveira Viana Junior

    ÍNDICE DE TABELAS

    Tabela 01: Tabela de classificação de rochas reservatório quanto à porosidade... .05

    Tabela 02: Tabela de classificação das permeabilidades da rocha. ........................ 06

    Tabela 03: Síntese das funções dos perfis de poço utilizados na caracterização do

    Campo de Namorado. .............................................................................................. 11

    Tabela 04: Resumo das propriedades analisadas e softwares utilizados durante os

    trabalhos acadêmicos .............................................................................................. 52

    Tabela 05: Resumo das principais características apresentadas durante todo o

    trabalho. ................................................................................................................... 53

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    xiii Edilberto Oliveira Viana Junior

    SIMBOLOGIA

    Rw - Resistividade da água

    Rwe - Resistividade da água específica

    AI - Acustic Impedance (Impedância acústica)

    SI - Shear Impedance (Impedância cisalhante)

    σ – Módulo de poison

    PHINS – Porosidade sônica

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    1 Edilberto Oliveira Viana Junior

    1 INTRODUÇÃO

    Descoberto no ano de 1975, o Campo de Namorado está localizado na

    região centro-norte da zona de acumulação de hidrocarbonetos da Bacia de

    campos. A cerca de 80 km do litoral do estado do Rio de Janeiro, como visto na

    Figura 01, é tido como uma das mais importantes jazidas na área de plataforma

    continental do Brasil (Cruz, 2003). O Campo de Namorado é tido pela ANP com um

    “Campo Escola” por ter um elevado grau de conhecimento da sua geologia e

    petrofísica. O seu reservatório petrolífero, caracterizado por excelente porosidade e

    permeabilidade, corresponde ao início das explorações costeiras no país (Rosa,

    2011).

    Figura 01: Imagem de satélite com a localização da Bacia de Campos e do Campo

    de Namorado.

    Fonte: Adaptado de Alberton, 2014.

    O reservatório é composto de arenitos turbidíticos, que são depósitos

    sedimentares originados por correntes de turbidez submarina em ambiente tectônico

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    2 Edilberto Oliveira Viana Junior

    de margem convergente. Essas rochas representam cerca de 88,6% das reservas

    totais de petróleo no Brasil, o que evidencia a sua importância no que diz respeito a

    formação de reservatórios para produção de hidrocarbonetos (Figura 02).

    Figura 02: Gráfico de porcentagem ilustrando a importância dos turbiditos na

    formação de reservatórios para hidrocarbonetos.

    Fonte: Adaptado de Bruhn, 1998.

    Existe um número significativo de estudos sobre caracterização de

    reservatório do referido campo por meio de dados de perfis de poços, que foram

    realizados e publicados em trabalhos acadêmicos. Devido a este fato, considera-se

    importante realizar uma revisão de todos esses trabalhos e fazer uma análise dos

    resultados obtidos, assim como das técnicas e metodologias utilizadas na

    caracterização do reservatório do campo namorado com dados de perfis de poços.

    O resultado do presente trabalho servira para direcionar futuros trabalhos nessa

    área, visando aplicar as metodologias e técnicas mais consistentes.

    Turbiditos88.60%

    Fluvial/Eólico5.00%

    Carbonatos3,4%

    Deltas1.80%

    Leque Aluvial Fan Deltas

    1.00%

    Embasamento, Basaltos e Folhelhos

    Fraturados0.20%

    BRASIL: RESERVAS TOTAIS DE PETRÓLEO 14,1 BILHÕES BBL (1997)

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    3 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Este trabalho tem como objetivo geral fazer um estudo das diferentes

    metodologias e técnicas utilizadas em diferentes trabalhos acadêmicos para a

    caracterização geofísica, através da perfilagem de poços, do reservatório do Campo

    de Namorado, Bacia de Campos. Todos esses estudos foram realizados utilizando

    os mesmos dados de perfis de poços fornecidos pela ANP para uso em pesquisas

    acadêmicas

    2 ASPECTOS TEÓRICOS

    Este capítulo tem como função apresentar os principais conceitos que foram

    utilizados durante todo o trabalho. Primeiramente, foi feita uma abordagem teórica

    em torno das características petrofísicas do reservatório como porosidade,

    permeabilidade e saturação de fluidos. Em segundo lugar, foi feita uma abordagem

    conceitual quanto ao sistema petrolífero (rocha geradora, rocha selante, rocha

    reservatório e migração do petróleo) do campo. E, por fim, foi feita uma abordagem

    teórica quanto aos perfis geofísicos que foram utilizados no processo de

    caracterização.

    2.1 Propriedades Petrofísicas de um Reservatório

    A Petrofísica combina conhecimentos interdisciplinares da engenharia de

    petróleo, geofísica e geologia, para determinar quantitavamente as propriedades da

    rocha e dos fluidos nela presentes.

    A análise das propriedades petrofísicas tem caráter essencial quando

    caracterizamos reservatórios de hidrocarbonetos, fornecendo parâmetros que

    avaliam o potencial econômico de um campo. Neste trabalho, foram observadas as

    seguintes propriedades: porosidade, permeabilidade e saturação de fluidos.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    4 Edilberto Oliveira Viana Junior

    2.1.1 Porosidade

    A porosidade, representada geralmente pela letra do alfabeto grego ϕ, é a

    porcentagem de espaços de uma rocha que não são preenchidos por materiais

    sólidos, mas sim por óleo, gás, água, ou uma mistura destes fluidos. Esses espaços

    podem ter sido formados durante o processo de deposição (porosidade primária) ou

    através de processos de dissolução e fraturas (porosidade secundária).

    Há fatores que influenciam diretamente nesta propriedade. Fatores como:

    grãos (tamanho, seleção, arredondamento), processos diagenéticos (transformações

    em adaptação às novas condições físicas e químicas), profundidade e pressão

    (arranjo geométrico, compactação e cimentação). É importante saber que não só a

    existência de poros em uma rocha é suficiente, é necessário que haja conectividade

    entre eles, para que permita o fluxo de fluidos das reservas. Estes poros conectados

    são denominados de porosidade efetiva (Figura 03).

    Vale salientar que nos poros não conectados o óleo fica ilhado sem poder

    ocorrer o seu deslocamento.

    Figura 03: Representação da porosidade efetiva das rochas.

    Fonte: Modificado de Rosa, 2006.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    5 Edilberto Oliveira Viana Junior

    A porosidade das rochas pode ser classificada como: insignificante, pobre,

    regular e boa, cujos intervalos de valores estão representados pela Tabela 01.

    Tabela 01: Tabela de classificação de rochas reservatório quanto à porosidade.

    Qualidade ϕ (%)

    Insignificante 0 – 5

    Pobre 5 -10

    Regular 10-15

    Boa 15-20

    Excelente >20

    Fonte: Modificado de Caputo, 2004.

    2.1.2 Permeabilidade (K)

    A permeabilidade é a capacidade que uma rocha tem para transmitir fluidos.

    É de extrema importância na determinação das principais características de fluxo

    dos hidrocarbonetos nos reservatórios de petróleo. Seus valores são expressos em

    Darcys (D) ou miliDarcys (mD) (1 Darcy = 1 x 10−12 m2).

    Uma rocha com níveis elevados de porosidade pode apresentar baixa

    permeabilidade e vice-versa. Mas, em geral, os níveis de permeabilidade são

    proporcionais à porosidade. A permeabilidade sofre influência de diversos fatores

    como: tamanho do poro e distribuição, formato dos poros, arranjo dos poros,

    tamanho dos grãos, compactação e cimentação. A Figura 04 apresenta a relação

    entre a existência de poros, a interconectividade entre eles e a permeabilidade da

    rocha.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    6 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 04: Relação entre existência de poros, interconectividade e permeabilidade

    da rocha.

    Fonte: Slide Player: Acesso em:

    04Fev. 2017.

    Como visto na Figura 04, a permeabilidade é controlada principalmente pela

    quantidade, geometria e grau de conectividade dos poros.

    A Tabela 02 mostra como a permeabilidade pode ser classificada.

    Tabela 02: Tabela de classificação das permeabilidades das rochas.

    Qualidade Permeabilidade (mD)

    Baixa 1000

    Fonte: Modificado de Caputo, 2004.

    http://images.slideplayer.com.br/14/4307119/slides/slide_6.jpg

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    7 Edilberto Oliveira Viana Junior

    2.1.3 Saturação de Fluidos

    Entende-se como saturação de fluido a fração/percentagem do volume de

    poro ocupado por um fluido em particular (óleo/gás/água). Segundo Carvalho (2014),

    a saturação de água Sw de um volume poroso é a fração dos seus poros que é

    ocupada pela água de formação.

    É importante saber a saturação de água de uma formação, pois, a partir

    dela, podemos saber também a saturação de hidrocarbonetos (óleo e gás)

    presentes. O cálculo é realizado através da expressão: Sw = 1 - Sh, onde

    Shcorresponde a saturação de hidrocarbonetos e pode ser desmembrado em: Sh =

    So + Sg, ou seja, em função da soma da saturação de óleo (So) com a saturação de

    gás (Sg) presentes na formação.

    2.2 Sistema Petrolífero

    Segundo Leal et al (2010), entende-se como um sistema petrolífero, o

    conjunto de rochas progenitoras e todas as acumulações de petróleo e gás a elas

    geneticamente associadas. Vale salientar que o sistema deve incluir todos os

    elementos e processos que são responsáveis por essas acumulações.

    Nesta seção, foram apresentados os elementos essenciais do sistema

    petrolífero do reservatório de Namorado (rocha geradora, rocha reservatório, rocha

    selante, migração de petróleo e geometria do reservatório), bem como suas

    propriedades petrofísicas características (porosidade, permeabilidade e saturação

    de fluidos).

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    8 Edilberto Oliveira Viana Junior

    2.2.1 Rocha Geradora

    Segundo a PGT –PetroleumGeoscienceTechnology1,uma rocha geradora é

    uma rocha que possui matéria orgânica em quantidade e qualidade adequadas e

    condições de evolução térmica necessárias para a degradação do querogênio2. É

    aceito, de modo geral, que uma rocha geradora deva conter acima de 0,5% de

    carbono total (COT).

    2.2.2 Rocha Reservatório

    A rocha reservatório é um tipo de rocha que possui porosidade e

    permeabilidade adequadas para que haja acumulação de petróleo. Para isso, é

    necessário que elas sejam enquadradas por rochas impermeáveis que impedem a

    migração do petróleo (rochas de capeamento). Á este conjunto (rocha reservatório +

    rocha capeadora) dá-se o nome de “armadilha” ou “trapa”.

    .Os reservatórios são formados por rochas que apresentam vazios, poros e

    fissuras interligados onde pode haver circulação dos hidrocarbonetos e água. Seus

    grãos são interligados por um material chamado de cimento, existindo também outro

    material fino entre eles denominado de matriz. Vale salientar que, devido à

    cimentação, pode haver alguns poros que ficam totalmente isolados.

    1PGT – PetroleumGeoscience Technology: Empresa que oferece modelos computacionais para

    testes geológicos para a indústria do petróleo.

    2Querogênio: É a parte insolúvel da matéria orgânica modificada por ações geológicas. O

    querogênio é formado a partir de lipídios, proteínas e carboidratos dos seres vivos, e se transforma

    em petróleo, gás natural ou grafite.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    9 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Geralmente, as principais rochas reservatórios são os arenitos e as rochas

    carbonáticas. Mas, elas também podem ser encontradas na forma de folhelhos,

    conglomerados, rochas ígneas e metamórficas.

    2.2.3 Rocha Selante

    A Rocha selante é uma espécie de barreira para impedir a migração de

    hidrocarbonetos das rochas reservatório, favorecendo a sua acumulação. É

    caracterizada por uma baixa permeabilidade e ocorre de forma superposta ao

    reservatório. Outra característica desse tipo de rocha é a plasticidade, ou seja, a

    capacidade de um corpo mudar de forma de modo irreversível, ao ser submetido a

    uma tensão. Isto, capacita a rocha a manter sua condição selante mesmo depois de

    submetida a esforço determinante de deformações.

    2.2.4 Migração do Petróleo

    O processo de migração refere-se ao conjunto de movimentações que o

    petróleo sofre desde sua origem até a formação de reservatórios. Existem dois tipos

    de migração: primária e secundária.

    Devido ao aumento da pressão e fratura da rocha geradora, o petróleo flui

    da rocha geradora para as formações geológicas superiores. A esse processo de

    fluidez, dá-se o nome de migração primária do petróleo.

    A migração secundária, como o próprio nome já diz, ocorre após a migração

    primária do petróleo. Neste caso, o petróleo move-se através das formações

    permeáveis até encontrar uma formação impermeável ou uma armadilha.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    10 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Acredita-se que ocorra devido a um gradiente de pressão em resposta à

    contínua compactação e à expansão volumétrica ocasionada pela formação do

    petróleo (PGT, 2010). Este aumento de pressão produz microfraturas na rocha

    geradora que permite a passagem do fluido e o consequente alívio de pressão,

    formando um ciclo.

    2.3 Análise de Perfis geofísicos para Caracterização de Reservatórios

    A caracterização petrofísica de um reservatório de petróleo consiste num

    processo de definição e distribuição dos fluidos nele contidos (óleo, gás ou água) e

    suas interações com o sistema poroso das rochas (Melani, 2015). Essa análise é

    essencial, pois fornece parâmetros para avaliação do potencial econômico de um

    campo petrolífero.

    Os perfis geofísicos de poços são ferramentas fundamentais na

    caracterização de um reservatório de hidrocarbonetos. Trata-se de um método

    essencial para que os profissionais interessados (geólogos, geofísicos e

    engenheiros de petróleo) adquiram mais conhecimento sobre a condição abaixo da

    superfície, através das propriedades físicas das rochas, permitindo a detecção de

    zonas com saturação de hidrocarbonetos, calcular o volume de hidrocarbonetos,

    entre outros. Utilizando os dados obtidos através dos perfis geofísicos de poços

    podemos calcular parâmetros como: Porosidade, Permeabilidade, Saturação de

    água, Volume de argila, elasticidade, coeficiente de refletividades, etc. Parâmetros

    estes, que são de extrema importância durante o processo de caracterização

    petrofísica de um reservatório.

    A Tabela 03 resume os perfis geofísicos comumente utilizados para calcular

    as propriedades físicas e petrofísicas das rochas reservatório. Para a caracterização

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    11 Edilberto Oliveira Viana Junior

    do Campo de Namorado estudada foram utilizados somente alguns desses perfis

    como foi mais bem explicado adiante.

    Na Figura 05 apresenta-se um fluxograma para analisar perfis de poços para

    caracterizar um reservatório de petróleo ou gás. O especialista deve seguir

    rigorosamente a ordem das etapas mostradas no fluxograma para obter resultados

    satisfatórios.

    Tabela 03: Síntese das funções dos perfis geofísicos de poço utilizados na

    caracterização de reservatórios

    Perfil Geofísico

    Aplicações

    Raios Gama (GR)

    Interpretação da litologia, cálculo do volume de folhelhos, cálculo do volume de argila, cálculo da permeabilidade, cálculo da porosidade, cálculo da velocidade da onda, etc.

    Potencial Espontâneo (SP)

    Interpretação da litologia, cálculo de Rw e Rwe, detecção de zonas permeáveis, etc.

    Caliper (CALI)

    Detecção de zonas permeáveis, localização de zonas com variações anômalas do diâmetro do poço.

    Resistividade

    Interpretação da litologia, localização de zonas com hidrocarbonetos, cálculo da saturação de água, etc.

    Sônico (DT)

    O cálculo da porosidade, o cálculo da velocidade da onda, as propriedades físicas da rocha (AI-acustic impedance, SI, σ, etc.), etc.

    Neutrônico (NPHI)

    Detecção de zonas com hidrocarbonetos, cálculo da porosidade, etc.

    Densidade (RHOB)

    Interpretação da litologia, determinação da zona de apoio dos hidrocarbonetos, cálculo da porosidade, cálculo das propriedades físicas da rocha (AI, SI, σ, etc.), etc.

    Índice fotoelétrico (PEF)

    Determinação do mineral para interpretação litológica.

    Fonte:Adaptado de AAPG WIKI 2016. Disponíveis em:

    Acesso em: 25 mai. 2017.

    http://wiki.aapg.org/Well_log_analysis_for_reservoir_characterization

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    12 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 05: Fluxograma analisando registros de poços que devem ser feitos para

    caracterizar um reservatório de petróleo ou gás.

    Fonte: Adaptado de AAPG WIKI 2016. Disponível em:

    Acesso em: 25 mai. 2017.

    2.4 Perfilagem Geofísica de Poços

    Segundo Rider (2000), a perfilagem geofísica de poços é definida como um

    registro contínuo das propriedades físicas das formações geológicas, registrados ao

    longo da parede de um poço, e, para isso, utiliza-se ferramentas a cabo ou, ainda,

    ferramentas acopladas nas colunas de perfuração. A medição dos valores se

    associa à profundidade das informações obtidas dos poços.

    http://wiki.aapg.org/Well_log_analysis_for_reservoir_characterization

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    13 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Trate-se, portanto, de um método aplicado durante ou depois do processo

    de perfuração de um poço de exploração de água ou de hidrocarbonetos. O

    processo se baseia em uma sonda, dotada de diversas ferramentas para a medição

    de propriedades físicas da rocha, que tem a função de percorrer um intervalo da

    coluna perfurada identificando as propriedades que constituem a parede do poço.

    A perfilagem é usada para quantificar importantes propriedades físicas das

    rochas como, por exemplo, as propriedades elétricas, radioativas e acústicas. Após

    o processo de quantificação, é necessário que um especialista interprete, caracterize

    e identifique as rochas de maior interesse para exploração. Dentre as principais

    propriedades analisadas estão a porosidade, permeabilidade e saturação de fluidos,

    sendo estas fundamentais no processo de caracterização dos reservatórios.

    Através de perfis geofísicos de poços e testemunhos, também podem ser

    construídos modelos estruturais e estratigráficos dos reservatórios petrolíferos. A

    Figura 06 apresenta perfis geofísicos do poço 3-NA-02 do Campo de Namorado.

    Nele, observa-se o perfil sônico (DT), perfil gama Ray (GR), perfil de porosidade

    neutrão (PhiN) e o perfil de densidade (RhoB).

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    14 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 06: Conjunto de perfis do poço 3-NA-02 do Campo de Namorado. (1 -

    arenito; 2 – arenito argiloso; 3 – arenito cimentado; 4 – folhelhos e margas; 5 –

    litologia não-definida).

    Fonte: Adalberto da Silva et al, 2003.

    As curvas mostradas na Figura 06, denominadas de perfis geofísicos, são

    resultado da perfilagem e representam registros de propriedades radioativas,

    elétricas e acústicas em função da profundidade, cujas mudanças indicam diferentes

    litologias e características das rochas. Dentre as principais utilizações em diferentes

    áreas distintas, vale destacar a sua importante presença na prospecção de reservas

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    15 Edilberto Oliveira Viana Junior

    petrolíferas. Os principais perfis geofísicos utilizados na caracterização Campo de

    Namorado e que serão descritos nesse trabalho são:

    • Perfil de resistividade elétrica;

    • Perfil de densidade;

    • Perfil sônico;

    • Perfil de porosidade neutrônica;

    • Perfil Gama Ray.

    2.4.1 Perfil de Resistividade (ILD)

    A resistividade de uma formação é medida através de uma ferramenta que

    conta com um arranjo de transmissores e receptores. A fermenta de medição de

    resistividade utilizada no Campo de Namorado foi o ILD – Induction Logging Deep.

    O seu princípio de funcionamento parte de um transmissor-oscilador

    responsável por um campo magnético, o qual induz corrente nas formações que

    gera um campo magnético. Esse campo é medido através da bobina receptora que

    fica acoplada a um amplificador, sendo o sinal detectado pela bobina proporcional a

    condutividade da formação (Souza, 1985).

    O valor de resistividade e a leitura dos demais perfis fornecem uma

    percepção de qual fluido está contido no reservatório: óleo, gás ou água. A

    resistividade da formação é altamente dependente da quantidade de água contida

    no reservatório, assim como de sua condutividade, além da geometria dos poros.

    (Alberton, 2014). A unidade de medida da resistividade é expressa por ohm vezes

    metro (Ωm).

    Para efetuar a medição da saturação de água (Sw), através de perfis de

    resistividade, utiliza-se a equação de Archie determinada experimentalmente

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    16 Edilberto Oliveira Viana Junior

    considerando um arenito livre de argilo-minerais, que é expressa em função das

    resistividades e porosidade:

    𝑆𝑤 = (𝐹 𝑅𝑤

    𝑅𝑡)

    1/𝑛

    (1)

    𝐹 =𝑎

    ∅𝑚 , (2)

    Onde:

    F= fator de formação,

    a = fator de tortuosidade,

    m = o fator de cimentação,

    Rw=resistividade da água nos poros da formação,

    Rt = resistividade da matriz e fluidos nos poros,

    n =expoente de saturação.

    De acordo com Asquith (1999), os limites normais de a, m e n foram

    obtidos experimentalmente: 0,62 < a < 1,0; 2,0 < m < 3,0; 1,5 < n < 3,0.

    2.4.2 Perfil Sônico (DT)

    O perfil sônico tem como meio de operação as medidas de velocidade de

    onda acústica que percorre a formação rochosa. Sendo assim, é possível identificar

    a porosidade e a litologia do ambiente geológico a qual ela percorre. Para isso,

    registra o tempo de trânsito do sinal acústico, nas rochas atravessadas pelo poço.

    Como princípio básico da utilização desse perfil é necessário um transmissor

    emissor de pulsos sonoros, que se difundem pela formação, ativando

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    17 Edilberto Oliveira Viana Junior

    sucessivamente os receptores acústicos, que, afastados 1 pé entre si, registram os

    sinais recebidos da formação (Lima, 2004). A unidade de medição é representada

    em microssegundos por pé (µs/pé) de formação e representada na escala de 140-40

    µs/pé.

    O chamado “tempo de trânsito” é menor em meios mais densos, e

    consequentemente, maior nos meios menos densos. Assim, ao comparar rochas

    semelhantes, aquela que possuir maior quantidade de líquido dentro de seus poros,

    ou seja, maior porosidade terá um tempo de trânsito maior do que aquele de menor

    volume de fluidos (menor porosidade) (Lima, 2004).

    Segundo Wyllie (1958) apud Asquith (1999), a porosidade derivada do perfil

    sônico (ϕsonic) em arenitos consolidados e carbonatos com porosidade intergranular

    ou porosidade intercristalina, é calculada através da seguinte equação:

    (3)

    Onde:

    Δtma = intervalo do tempo de trânsito da matriz;

    Δtlog = intervalo do tempo de trânsito da formação;

    Δtf= intervalo do tempo de trânsito do fluido.

    Em caso de rocha inconsolidada, um fator de compactação (Cp) é

    adicionado à equação de Wyllie, como demonstrado nas equações 4 e 5:

    (4)

    (5)

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    18 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Onde:

    Cp= fator de compactação;

    Δtsh= intervalo de trânsito para folhelho adjacente;

    C = uma constante que normalmente é 1,0.

    Como demonstrado anteriormente, para calcular a porosidade sônica, é

    necessário conhecer o intervalo de trânsito da matriz e do fluido, e, se necessário,

    aplicar o fator de correção.

    2.4.3 Perfil de Raio Gama (GR)

    O perfil de Raio Gama é uma ferramenta geofísica responsável pela

    quantificação da radioatividade natural das rochas. O seu uso é destaque no que diz

    respeito à correlação rocha-perfil de poços. Através dele, podemos distinguir, em

    rochas sedimentares, os folhelhos e/ou argilas dos demais tipos de litologias. Dentre

    os fatores que afetam sua leitura, pode-se destacar algumas rochas argilosas que

    são enriquecidas em minerais ou fluidos radioativos, o que confundiria o profissional

    especializado na leitura dos gráficos. O padrão de variação da forma e do traçado do

    perfil reflete, normalmente, as variações litológicas dos pacotes rochosos

    expressando os principais padrões de eletrofácies3 (SERRA, 1985).

    Em suma, o perfil de Raios Gama é utilizado para indicação de litologia,

    avaliação quantitativa do conteúdo argiloso presente nas rochas reservatório e

    correlação de perfis de diferentes poços (Schlumberger, 1987).

    A quantificação do volume de argila, por exemplo, é um método que

    consiste, em sua primeira etapa, na avaliação de toda a seção perfilada pela

    5 Eletrofácies: O prefixo “eletro” foi adicionado à palavra “fácies” para indicar associação de “fácies litológicas” à leitura de perfis geofísicos de poços.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    19 Edilberto Oliveira Viana Junior

    ferramenta que detecta os Raios Gama. Possui objetivo de identificar patamares de

    valores mínimos e máximos de radioatividade. Os patamares mínimos caracterizam

    reservatórios mais limpos e de quantidades baixas de matriz argilosa. Já os

    patamares máximos, representam as litologias puramente argilosas como os

    folhelhos e argilitos.

    A partir da determinação dos dois patamares, mínimos e máximos, utiliza-se

    a equação 6 para quantificar o volume de argila para um ponto de leitura do perfil de

    Raios Gama (RG(lido)), relacionado com certa profundidade.

    (6)

    Onde:

    Vsh = Proporção de argila na profundidade considerada;

    RG (lido) = Valor de RG na profundidade considerada;

    RG (mín) = Valor mínimo de RG (patamar mínimo);

    RG (máx) = Valor máximo de RG (patamar máximo).

    2.4.4 Perfil de Densidade (RhoB)

    O perfil de densidade é responsável pelo registro que mostra as variações

    da densidade da rocha, incluindo matriz sólida e o fluido contido, através da emissão

    de raios gama, ou seja, para que a medição seja realizada, é preciso que se emita

    um feixe de raio gama sobre a parede do poço que se choca com os elétrons da

    rocha. A ferramenta mede a atenuação que a rocha provoca no feixe. Essa

    densidade é convertida para porosidade.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    20 Edilberto Oliveira Viana Junior

    O princípio físico do perfil de densidade consiste na emissão para a

    formação de radiação gama por meio de uma fonte artificial de monóxido de carbono

    ou césio, que interage com os elétrons da formação criando o fenômeno de

    espalhamento Compton. Um detector localizado próximo da fonte mede a radiação

    gama que retorna da formação, onde a intensidade da radiação medida dependera

    da densidade de elétrons presentes, que por sua vez, é função da densidade da

    formação. A perda de energia por dispersão depende do número de elétrons

    presente na formação: quanto mais densa for a formação, menor será a resposta no

    detector.

    De acordo com Rider (1986), o perfil de densidade pode ser usado de modo

    quantitativo, esse perfil permite calcular a porosidade da rocha e a impedância

    acústica, e qualitativamente também é usado como indicador litológico.

    A porosidade (ϕden) pode ser estimada somente com o conhecimento da

    litologia da formação e o fluido envolvido (Rider, 2002). A equação 7 descreve as

    fórmulas necessárias:

    (7)

    Onde:

    ρma= densidade da matriz;

    ρb= densidade da formação (Bulk);

    ρf= densidade de fluidos nos poros

    O perfil de densidade, além de ser aplicado para estimar a porosidade e

    determinação do tipo de litologia, também é utilizado para identificação do mineral

    pirita, da impedância acústica em combinação com o perfil sônico e da identificação

    de zonas de gás em combinação com o perfil de porosidade neutrão.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    21 Edilberto Oliveira Viana Junior

    O perfil também é usado para o cálculo do volume de argila (Vsh) caso a

    formação seja radioativa, onde a equação tradicional de Vsh não pode ser aplicada.

    Nesse caso pode ser utilizada a equação 8 (Ellis et al., 2008):

    (8)

    sendo RHOB a densidade bulk. O GR é o valor de raios gama lido em cada

    profundidade, e GRmin e GRmax são o menor e o maior valor obtido no perfil raio

    gama, respectivamente.

    2.4.5 Perfil Neutrão (NPHI)

    O princípio físico deste perfil consiste de uma fonte de nêutrons que possui

    pequena quantidade de substancia radioativa, como o Plutônio, em íntimo contato

    como um elemento que tenha nêutrons fracamente unidos, como o Berílio, e um

    detector (cintilômetro) localizado a uma distância fixa. O perfil neutrão é responsável

    por medir o teor de hidrogênio contido nas formações, refletindo assim na

    porosidade. As interações sucessivas dos nêutrons com os átomos da formação

    causam perda de energia, tendo maior perda energia ao se colidirem com átomos

    que apresentam seu mesmo tamanho, no caso o hidrogênio. A diminuição

    progressiva da energia faz com que o nêutron seja capturado pelo núcleo do átomo,

    fazendo com que o mesmo fique excitado e emita raio gama de alta energia; essa

    radioatividade induzida é então medida.

    Segundo Rider (1986), esse perfil é normalmente aplicado na quantificação

    da porosidade e na identificação qualitativa entre reservatórios preenchidos por óleo

    e gás. Pode ser também utilizado na identificação de litologias que possuam

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    22 Edilberto Oliveira Viana Junior

    minerais argilosos. Ao ser combinado com o perfil de densidade, pode se tornar uma

    boa ferramenta de indicação litológica.

    As curvas do perfil são medidas em termos percentuais de porosidade,

    variando entre -0,15 e 0,45, e crescendo da direita para a esquerda.

    A grande vantagem do uso de um perfil neutrão está no registro direto das

    porosidades das rochas, sendo utilizada em poço aberto e poço revestido. Sua

    utilidade compreende, além da determinação da porosidade, a interpretação

    litológica e a detecção de zonas contendo hidrocarbonetos leves ou gás.

    3 MATERIAIS E MÉTODOS

    Realizou-se uma apresentação do Campo Namorado quanto à localização,

    características geológicas e sistema petrolífero, salientando sua relevância na

    exploração hidrocarbonetos. Como este trabalho trata do estudo de técnicas

    utilizadas para caracterização geofísica do reservatório do campo namorado,

    apresentou-se uma revisão teórica sobre a análise de perfis de poços voltada a

    caracterização de reservatórios. Posteriormente, apresentou-se um resumo das

    metodologias, técnicas e resultados de vários trabalhos acadêmicos sobre a

    caracterização do campo namorado usando dados perfis de poços. Por fim, foi

    apresentada uma comparação dos principais resultados obtidos.

    O trabalho foi dividido em sete capítulos com as seguintes abordagens:

    1 Introdução:

    • Apresentação geral do trabalho e informações sobre o que foi realizado;

    • Justificativa da escolha do campo de estudo;

    • Explicitação dos objetivos a serem alcançados.

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    23 Edilberto Oliveira Viana Junior

    2 Aspectos Teóricos

    • Abordagem quanto aos principais conceitos que foram utilizados durante todo

    o trabalho. Sendo eles: sobre características petrofísicas (porosidade,

    permeabilidade, saturação de fluidos), quanto ao sistema petrolífero (tipos de

    rochas, migração), e quanto aos perfis geofísicos que foram utilizados.

    3 Materiais e métodos

    • Foi explicitada qual a metodologia empregada para o alcance do estudo sobre

    a caracterização do reservatório, através da perfilagem de poços.

    4 Aspectos Gerais do Campo de Namorado

    • Aspectos gerais, econômicos e localização da área de estudo;

    • Descrição de características geológicas gerais: arcabouço estrutural,

    estratigráfico e atividades exploratórias desenvolvidas;

    • Descrição do sistema petrolífero do campo estudado: identificação da rocha

    geradora, rocha reservatório e rocha selante, bem como das propriedades

    petrofísicas do reservatório (porosidade, permeabilidade e saturação).

    5 Caracterização petrofísica do Campo de Namorado:

    • Princípios teóricos das técnicas de perfilagem de poços que foram utilizadas

    para a caracterização do campo e apresentação dos perfis geofísicos

    referentes ao reservatório de Namorado.

    6 Trabalhos acadêmicos envolvendo a perfilagem de poços no Campo de

    Namorado.

    • Apresentação de trabalhos de graduação e pós graduação que envolveram a

    utilização da perfilagem de poços no Campo de Namorado para obtenção de

    parâmetros relevantes ao processo de produção de hidrocarbonetos.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    24 Edilberto Oliveira Viana Junior

    • Discussões quanto aos trabalhos apresentados.

    7 Conclusão.

    • Principais conclusões ao fim do trabalho e sugestões.

    Para realização desse trabalho de conclusão de curso, foram realizados

    diversos estudos em uma ampliada gama de referências bibliográficas como teses

    de graduação e de pós-graduação, além de livros, artigos publicados, e relatórios

    técnicos que possam enriquecer conceitualmente o trabalho e ajudar na realização

    do estudo de caso.

    Além disso, também foram utilizados dados fornecidos pela Agência

    Nacional de Petróleo, através do CD-ROOM “Campo Escola de Namorado” e

    informações fornecidas pela plataforma digital AAPG Wiki.

    4 ASPECTOS GERAIS DO CAMPO DE NAMORADO

    Este capítulo demonstrou algumas características gerais do Campo de

    Namorado. Foram identificados aspectos geológicos, litológicos e petrofísicos,

    baseado em informações de diversos trabalhos acadêmicos e em dados fornecidos

    pela ANP.

    4.1 Localização da área de estudo

    A Bacia de Campos possui cerca de 100.000 km² de extensão e se localiza

    na região sudeste do Brasil, ao longo da costa norte do estado do Rio de Janeiro e

    da costa sul do Espírito Santo. Sua delimitação é feita ao norte pela Bacia do

    Espírito Santo no Alto de Vitória e a sul, pela Bacia de Santos no Alto de Cabo Frio.

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    25 Edilberto Oliveira Viana Junior

    A bacia tem uma boa parte submersa até uma lâmina d’água de 3.400 metros e uma

    pequena porção estendendo-se para o continente.

    A Bacia de Campos é classificada como de margem continental passiva4, ou

    divergente, e sua origem está relacionada ao rompimento do paleocontinente

    Gondwana, com consequente separação da placa Sul Americana da Africana, e

    surgimento do Oceano Atlântico (Carvalho, 2014).

    O Campo de Namorado, alvo do estudo deste trabalho, está localizado na

    região centro-norte da Bacia de Campos, a 80 km do litoral do estado do Rio de

    Janeiro, entre as latitudes 22º-23ºS e as longitudes 40º-41ºW. Com cotas

    batimétricas variáveis de 110 a 250 m, o campo possui uma área total de

    aproximadamente 200 km², sendo aproximadamente 20 km² de área explorada.

    Segundo Meneses & Adams (1990), o reservatório de Namorado é

    composto de arenitos turbidíticos que têm idade Albiana-Cenomaniana (93,9 a 113

    milhões de anos) e estratigraficamente pertencem ao Membro Outeiro da Formação

    Macaé, alcançando profundidades variando entre 2900 e 3400 metros (Meneses &

    Adams, op cit.).

    A Figura 07 mostra um mapa da Bacia de Campos, evidenciando os seus

    limites e destacando o Campo de Namorado, ambos na cor vermelha.

    4Margem passiva – Atlântica, divergente, ou assísmica, são margens continentais que não coincidem com um limite de placas tectônicas e não apresentam grande atividade sísmica ou vulcânica.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    26 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 07: Mapa de localização da Bacia de Campos, destacando-se com linha de

    vermelha o campo de namorado.

    Fonte: Adaptado de Dias et al, 1990.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    27 Edilberto Oliveira Viana Junior

    4.2 Aspectos Históricos, Produção e Reservas atuais

    O Campo de Namorado, como já mencionado anteriormente, foi descoberto

    no ano de 1975, e deu início a seu processo produtivo quatro anos mais tarde com a

    perfuração do seu primeiro poço 1-RJS-19. O Campo conta com duas plataformas

    denominadas de PNA-1e PNA-2, e aproximadamente, 56 poços verticais perfurados

    e perfilados. A Figura 08 mostra a distribuição desses poços, bem como as falhas

    que delimitam o “bloco principal”, o qual foi detalhado mais à frente. Segundo Rosa

    (2011), dez anos após o início da produção, o campo já se apresentava como o

    maior campo produtor em termos de petróleo recuperável no Brasil, com uma

    reserva estimada de 669 milhões de barris de óleo.

    Figura 08: Mapa estrutural do Campo de Namorado com a localização e os nomes

    dos poços.

    Fonte: Modificado de Augusto, 2009.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    28 Edilberto Oliveira Viana Junior

    É importante destacar que o reservatório de Namorado foi o primeiro a

    possuir reservas estimadas superiores a 250 milhões de barris de petróleo, o que

    encorajou o investimento em pesquisas e exploração em turbiditos na faixa limítrofe

    do talude continental e além desta (Carvalho, 2014). Com esse avanço, em 1985,

    foram descobertos os novos campos gigantes Albacora e Marlin, também com

    reservatórios turbidíticos. Atualmente, o reservatório de Namorado é definido como

    um campo em estado maduro, pelo estágio avançado de exploração, com

    diminuição na produção de óleo e altas vazões de água e gás. Na Figura 09, por

    exemplo, mostra o declínio de produção do campo de Namorado entre os anos de

    1998 e 2013, com dados médios da produção anual. Nota-se, que em 2012 e 2009,

    ocorreram, respectivamente, as menores produções de óleo e gás anuais.

    Figura 09: Gráfico em linha do declínio na produção anual de óleo e gás do Campo

    de Namorado, entre 1998 e 2013.

    Fonte: ANP

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    29 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Segundo a ANP, o mecanismo primário de recuperação de óleo no

    reservatório consiste no gás em solução. Ou seja, quando se coloca uma zona de

    óleo em produção têm-se uma queda de pressão no reservatório. Na medida em

    que se atinge o ponto de saturação do óleo, os líquidos são deslocados e as frações

    mais leves do óleo se vaporizam. Assim, o gás, por ser mais expansível que o

    líquido, facilita o deslocamento do óleo do meio poroso para o poço produtor.

    Já os mecanismos secundários realizados no campo de Namorado,

    consistem na injeção de água e gás, que agem como simples agentes de

    deslocamento do óleo do reservatório para o poço produtor.

    Segundo Barboza (2005) reservatório de Namorado possui um volume de

    óleo estimado no reservatório de 106 × 106 m³. Levando em conta o fator de

    recuperação estimado de 40%, teremos que o volume de óleo recuperável é de

    aproximadamente 42 × 106 m³.

    É importante destacar que, segundo a ANP, a concessão do campo

    pertence à empresa Petróleo Brasileiro S.A com 100% de participação.

    4.3 Geologia Regional

    De acordo com Dias et al. (1990), com base nas características tectono-

    sedimentares, a Bacia de Campos é dividida em três grandes unidades: Sequência

    Continental, Sequência Transicional e Mega Sequência Marinha.

    A Sequência Continental é composta por derrames basálticos e sedimentos

    continentais. Esta sequência é representada pela Formação Cabiúnas, que é

    caracterizada por um grande volume de rochas basálticas, constituindo toda a base

    das sequências sedimentares da Bacia de Campos (Rangel et al, 1994).

    A Sequência Transicional é constituída basicamente de evaporitos (rochas

    sedimentares formada pela cristalização e precipitação química dos sais dissolvidos

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocha_sedimentarhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Rocha_sedimentarhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cristaliza%C3%A7%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Precipita%C3%A7%C3%A3ohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Sal

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    30 Edilberto Oliveira Viana Junior

    em um meio aquoso, devido a um processo de evaporação). Esta sequência é

    representada pela Formação Lagoa Feia, que é composta de conglomerados,

    arenitos finos, siltitos e folhelhos (Rangel et al, 1994). É importante destacar que a

    Sequência Transicional caracteriza a passagem da deposição de sedimentos de

    origem continental para os de origem marinha.

    Por último, tem-se a Mega Sequência Marinha. Esta, é formada por

    sedimentos francamente marinhos (inicialmente por carbonatos e posteriormente

    predominantemente siliciclástico). As formações englobadas pela sequência são:

    Formação Ubatuba, Formação Campos, Formação Carapebus, Formação Emboré e,

    por fim, a Formação Macaé, composta de calcilutitos, margas, folhelhos, e arenitos

    turbidíticos, que são as rochas reservatórios dos campos Bagre, Cherne e,

    principalmente, do Campo de Namorado. Na Figura 10 mostra-se a seção geológica

    da Bacia de Campos, com as rochas agrupadas em três sequencias estratigráficas

    relacionadas com cada fase tectônica da bacia.

    A Formação Macaé, segundo Rangel et al (1994), possui três membros

    litologicamente distintos: Membro Quissamã, composto de espessos leitos de

    calcarenito e calcirrudito de cor creme claro, Membro Goitacás, composto de

    conglomerado, arenito mal selecionado, marga cinza e calcilutito branco, e,

    finalmente, o Membro Outeiro, constituído de calcilutito creme, marga cinza clara,

    folhelhos cinza e camadas isoladas de arenitos turbidíticos, também chamados de

    Arenito Namorado. A Figura 11 exibe Perfil estrutural do Campo de Namorado e

    Cherne, através da direção sudoeste-nordeste. Nele, observa-se os poços 1-RJS-

    19, 3-NA-60 e 4-RJS-234. Observa-se, também, a existência de falhas, bem como o

    limite superior e inferior do reservatório que são compostos por folhelhos e

    carbonatos, respectivamente.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Evapora%C3%A7%C3%A3o

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    31 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 10: Seção geológica da Bacia de Campos apresentado as megasequencias

    estratigráficas.

    Fonte: Modificado de Guardado et al. (1989), em Martins (2007)

    Figura 11: Perfil estrutural do Campo de Namorado e Cherne.

    Fonte: Guardado et al. 1990.

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    32 Edilberto Oliveira Viana Junior

    4.4 Geologia Local

    Neste capítulo aborda-se uma caracterização geológica do Campo de

    Namorado. Nele, houve uma explicação dos aspectos estruturais e estratigráficos do

    campo.

    4.4.1 Aspectos Estruturais

    O Campo de Namorado é subdividido em quatro blocos estruturais

    denominados de: principal, adjacente, marginal e secundário. Esses blocos são

    delimitados por falhas normais e o óleo provém da parte central do bloco principal

    (Guardado et al., 1990). A acumulação de hidrocarbonetos ocorre em trapas que

    podem ser estruturais ou estratigráficas e apresentam estrutura ao longo da direção

    NW-SE, sendo os hidrocarbonetos acumulados na direção NE-SW. Segundo

    Menezes et al., (1990), os hidrocarbonetos puderam ser trapeados devido aos

    blocos estruturais formados, como pode ser visto na Figura 12.

    Figura 12: Mapa estrutural do topo do reservatório do Campo de Namorado.

    Fonte: Barboza, 2005 apud Menezes, 1990.

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    33 Edilberto Oliveira Viana Junior

    A Figura 13 também apresenta um mapa estrutural do reservatório do

    Campo de Namorado. Nesse caso, é demonstrado todos os poços (produtores,

    injetores, secos, abandonados, etc.) e suas respectivas profundidades, falhas e

    onde há contato óleo-água. O mapa foi produzido em trabalho realizado por

    Guardado et al 1989.

    Figura 13: Mapa estrutural do topo do reservatório do Campo de Namorado,

    levando em conta poços e profundidades perfuradas.

    Fonte: Guardado et al, 1989.

    O bloco principal, como já mencionado anteriormente, é de onde provém o

    óleo. Ele está localizado na parte central do campo e apresenta predominância de

    arenito maciço, com textura fina e grossa, baixa a moderada seleção de grãos, baixo

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    34 Edilberto Oliveira Viana Junior

    grau de arredondamento e esfericidade. Suas características estruturais se devem a

    intensa halocinese (ascensão de corpos salinos, originados em depósitos

    evaporíticos) no Cretáceo superior que provocou uma inversão de relevo, fazendo

    com que o reservatório ocupasse um alto estrutural alongado, em forma de domo

    (estrutura circular de deformação) parcialmente falhado.

    4.4.2 Aspectos estratigráficos

    O reservatório de Namorado é formado por arenitos turbidíticos, também

    conhecidos como “Arenito Namorado”, que possuem idade Albiano Superior a

    Cenomaniano Médio/Superior, ou seja, tem idade aproximada entre 93,9 e 113

    milhões de anos, como podemos observar na coluna estratigráfica da Figura 14.

    Compreendendo uma área de aproximadamente 23 km² e com grau de

    heterogeneidade relativamente baixo, possui como limites inferior e superior os

    carbonatos e folhelhos/margas, respectivamente (Menezes et al., 1990 apud

    Barboza, 2005).

    Além da geocronologia, a Figura 14 também traz informações sobre a

    natureza da sedimentação e sobre o ambiente deposicional do Campo de

    Namorado. Sendo assim, após observar a coluna, observa-se que o campo em

    estudo possui uma natureza de sedimentação marinho-transgressivo e um ambiente

    deposicional profundo.

    No que diz respeito a sua estratigrafia, o Arenito Namorado compreende a

    porção superior do Grupo Macaé conhecida como Formação Outeiro, e possui

    profundidades variando entre 2900 e 3400 metros. Os corpos de turbiditos que se

    intercalam aos sedimentos mais argilosos, como as margas e folhelhos, dão origem

    aos níveis reservatório. Esses níveis são corpos arenosos geralmente maciços, de

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    35 Edilberto Oliveira Viana Junior

    granulação média, arcosianos e localmente conglomeráticos que podem chegar até

    a 115 m de espessura (GUARDADO et al. 1989).

    Como já mencionado anteriormente, a Bacia de Campos se subdivide em

    três grandes unidades com base nas características tecnono-sedimetares: uma

    sequência inferior, composta por derrames basálticos e sedimentos continentais,

    uma sequência transicional, composta por evaporitos, e uma mega sequência

    marinha, com sedimentos francamente marinhos.

    Figura 14: Coluna Estratigráfica da Bacia de Campos. Em destaque: o reservatório

    de Namorado, alvo do estudo.

    Fonte: Modificada de Rangel,1993.

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    36 Edilberto Oliveira Viana Junior

    4.5 Sistema Petrolífero e características petrofísicas do Campo de Namorado

    Nessa seção foram abordadas informações quanto ao sistema petrolífero do

    Campo de Namorado, bem como as características petrofísicas mais importantes no

    processo de caracterização do reservatório Namorado.

    4.5.1 Rocha Geradora

    De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, a rocha geradora do

    reservatório de Namorado é composta por folhelhos e margas com carbono orgânico

    total (COT) por volta de 2 a 6% e com valores que podem atingir até 9% localmente.

    Sua espessura varia entre 100 e 300 metros e é formada por matéria orgânica dos

    tipos I e II (Tipo I – Matéria orgânica formada principalmente de algas. Tipo II –

    Matéria orgânica formada principalmente de organismos marinhos).

    Os folhelhos possuem grãos de tamanho de argila, contendo lâminas finas e

    paralelas esfoliáveis. São originados de rochas expostas ao intemperismo e erosão

    e derivam de dois tipos de ambientes: marinho ou de água doce. Os chamados

    “folhelhos negros” são muito ricos em matéria orgânica (de 3 a 15%), e sua

    importância econômica se dá pelo fato de ser uma fonte potencial de

    hidrocarbonetos.

    O aumento da concentração de carbonatos nos folhelhos causa diminuição

    da fissilidade5 gradativa do mesmo, fazendo com que os folhelhos se transformem

    nas chamadas margas, que possuem concentração de carbonatos variando entre 35

    e 65%.

    5 Fissilidade: Propriedade que certas rochas apresentam de se partirem em folhas ou lamelas, ao longo de direções preferenciais.

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    37 Edilberto Oliveira Viana Junior

    4.5.2 Rocha Reservatório

    As rochas acumuladoras de hidrocarbonetos do reservatório de Namorado

    são os arenitos turbidíticos. Presentes em aproximadamente 80% dos campos

    petrolíferos brasileiros são espécies de depósitos sedimentares originados por

    correntes de turbidez submarina em ambiente tectônico de margem convergente.

    Trata-se, portanto, de um conjunto de estratos de rochas sedimentares clásticas que

    foram depositados por uma corrente de turbidez, contendo fósseis de águas

    profundas. Os arenitos turbidíticos estão presentes em contextos lacustres ou

    marinhos, de lâminas d’água rasa ou profunda.

    4.5.3 Rochas Selantes

    O reservatório de Namorado possui os folhelhos, as margas e os calcilutitos

    como rochas selantes.

    Os folhelhos e as margas já foram descritos anteriormente. Os calcilutitos

    são tipos de calcário argiloso consolidado, que contém predominantemente

    partículas de calcita com granulometria similar ao silte ou argila.

    4.5.4 Migração do Petróleo

    No reservatório de Namorado, é importante saber que o petróleo migrou da

    rocha geradora para a rocha reservatório por meio de falhas lístricas (falhamento de

    superfície curva, em geral com a concavidade voltada para cima, que se

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    38 Edilberto Oliveira Viana Junior

    horizontaliza com a profundidade). Os hidrocarbonetos foram trapeados devido aos

    já mencionados blocos estruturais mostrados na Figura 05.

    4.5.5 Geometria e litologia do reservatório

    De acordo com Meneses e Adams (1990), a geometria externa

    predominante dos arenitos é lenticular e/ou tabular. Seu limite na base se dá por

    uma plataforma carbonática e no topo por folhelhos e margas. A norte e sul, o

    reservatório é limitado por pinchouts (redução de espessura do

    leito/acunhamento/adelgaçamento) e a sudeste, noroeste e sudoeste por falhas.

    Segundo Lima (2004), a migração e acumulação de hidrocarbonetos foram

    fortemente influenciadas por tectônica halocinética, conforme citado anteriormente.

    Já a geometria interna é heterogênea, com estruturas primárias

    predominantes de arenito maciço e composição de arenitos arcoseanos; a

    granulação é em média regular e o grau de arredondamento e esfericidade em geral,

    é de grau baixo.

    Menezes et al. (1990) criou um resumo das principais características do

    principal reservatório do Campo de Namorado:

    • Área: 23 km²;

    • Limite inferior: carbonatos do Grupo Macaé;

    • Limite superior: folhelhos e margas do Grupo Macaé;

    • Limites laterais: norte e sul por pinchout, sudeste, nordeste e sudoeste por

    falhas; direção principal de ocorrência: NW-SE;

    • Espessuras: média de 60 metros, variando de 5 a 130 metros;

    • Largura: média de quatro quilômetros, variando de dois a seis;

    • Comprimento: mínimo de 9 quilômetros e máximos de 14;

    • Geometria interna: heterogênea de baixo grau;

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    39 Edilberto Oliveira Viana Junior

    • Estruturas primárias: dominantemente arenito maciço;

    • Constituição: arenitos arcósios;

    • Textura: granulometria fina a grossa, dominando o tamanho médio. A seleção

    no geral é regular, variando de boa a má. O grau de arredondamento e

    esfericidade é, no geral, baixo.

    4.5.6 Porosidade

    De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, a porosidade efetiva média

    do Reservatório de Namorado, obtida através de testemunhos e perfis de poço,

    possui o valor de 26%. Esse percentual caracteriza o reservatório como excelente.

    4.5.7 Permeabilidade (K)

    Medida diretamente em amostras de testemunho, a permeabilidade média

    do Reservatório de Namorado, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, é

    cerca de 400 mD, o que caracteriza o reservatório como explorável e de muito boa

    permeabilidade.

    4.5.8 Saturação de água

    Segundo Blakez et al (2006), a saturação média de água do Reservatório de

    Namorado é de aproximadamente 23,9 %, enquanto que a saturação de óleo

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    40 Edilberto Oliveira Viana Junior

    equivale a aproximadamente 75%. Essas saturações, somadas a um óleo de grau

    API de 28° e viscosidade próxima a 1 centipoise (cP), contribui para um índice de

    produtividade, normalmente, maior que 50 m³/d/kgf/cm² (Hashimoto, 2014).

    5 TRABALHOS ACADÊMICOS ENVOLVENDO A PERFILAGEM DE POÇOS NO

    CAMPO DE NAMORADO

    Este capítulo trouxe uma apresentação de quatro trabalhos acadêmicos de

    graduação e pós-graduação que utilizaram os perfil geofísicos para identificação de

    diferentes propriedades do reservatório. O objetivo é demonstrar como os seus

    autores utilizaram os perfis geofísicos de poços para auxiliar no processo de

    exploração de hidrocarbonetos.

    A escolha dos trabalhos teve como base a utilização de perfis de poço para

    obtenção de características como: litologia, saturação de água, porosidade,

    delimitação topo-base, volume de argila, etc.

    5.1 Autor: Fábio Monteiro de Lima

    Título: Análise Estratigráfica dos Reservatórios Turbidíticos do Campo de

    Namorado

    Instituição: Universidade Estadual Paulista.

    Ano de publicação: 2004.

    A tese de mestrado de Fábio Monteiro de Lima teve como objetivo

    interpretar dados de perfilagem geofísica de poços, para obter uma análise

    estratigráfica dos reservatórios turbidíticos do Campo de Namorado.

    O autor não informou o software que foi utilizado.

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    41 Edilberto Oliveira Viana Junior

    A Figura 15 mostra alguns perfis geofísicos do poço 3-NA-04-RJS. Nota-se

    que há uma representação litológica baseada na interpretação dos perfis geofísicos

    do poço.

    Figura 15: Perfis geofísicos do poço 3-NA-04-RJS interpretados litologicamente.

    Fonte: Lima, 2004.

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    42 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Especificamente, este trabalho teve os seguintes objetivos alcançados com

    a ajuda dos perfis geofísicos de poço:

    a) Determinação as fácies reservatório e não-reservatório.

    b) Entenderam-se as associações verticais e laterais das fácies por meio da

    correlação de poços.

    c) Elaborou-se um arcabouço estratigráfico.

    d) Definiram-se os limites principais da distribuição do Arenito Namorado na área.

    e) Avaliou-se a direção principal do aporte sedimentar.

    f) Identificou-se o tipo de reservatório estudado conforme classificação de Bruhn

    (1998) para os reservatórios turbidíticos da margem continental leste do Brasil.

    Como podemos perceber, os perfis geofísicos de poço aberto são de

    extrema importância na identificação das rochas que formam um reservatório em

    geral. Assim, ajudam a identificar os tipos de rochas (geradora, reservatório e

    selante) que compõe o sistema petrolífero, auxiliando no processo de produção de

    hidrocarbonetos.

    5.2 Autor: Ana Carolina Ribeiro e Silva Stevanato.

    Título: Análise Petrofísica de Reservatórios.

    Instituição: Universidade Estadual de Campinas.

    Ano de publicação: 2011.

    A monografia de Ana Carolina Ribeiro e Silva Stevanato utilizou os perfis

    geofísicos de poço aberto para determinação do topo-base do reservatório e para os

    cálculos dos volumes de argila e de areia do mesmo.

    A autora utilizou o software PowerLog. Desenvolvido pela CGG, ele é um

    programa usado por petrofísicos, geólogos, engenheiros de reservatórios e outros

    profissionais envolvidos na avaliação e desenvolvimento de um campo de petróleo.

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    43 Edilberto Oliveira Viana Junior

    O intervalo do reservatório do Arenito Namorado é tranquilamente

    identificado, através do perfil de raios-gama, por folhelhos no topo e carbonatos na

    base que apresentam um contraste considerável em relação ao arenito Namorado

    (Stevanato, 2011).

    Como verificado na Figura 16, o intervalo do reservatório é facilmente

    identificado no topo por um marco radioativo, composto por folhelhos radioativos

    (maior resposta de raios gama) com cerca de 20 metros de espessura e na base

    ocorre à transição de arenito para carbonato, ou seja, a resposta do perfil de raios

    gama diminui e a de densidade, aumenta.

    Figura 16: Topo e Base do Arenito Namorado para o poço 3-NA-02.

    Fonte: Modificado de Stevanato, 2011.

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    44 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Assim, concluiu-se que a importância do Perfil de Raio Gama, quando

    analisado juntamente com a variação de densidade e com o perfil de porosidade

    neutrão (identifica a porosidade das rochas), é de extrema importância para

    identificação da base e do topo referentes ao reservatório.

    Dando sequência ao trabalho, a autora realizou cálculos de porosidade,

    baseado no perfil sônico.

    A Figura 17 apresenta alguns gráficos referentes ao poço 3-NA-02, mostrando os

    valores médios de porosidade, volume de argila e volume de areia para um

    determinado trecho do reservatório. Em amarelo, o volume de areia (1-Vsh), e em

    azul, porosidade.*PHIN é a porosidade através do perfil sônico.

    Figura 17: Volume de argila (cinza), volume de areia (amarelo) e porosidade sônica

    (azul), para o poço 3-NA-02.

    Fonte: Modificado de Stevanato, 2011.

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    45 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Em azul, nota-se que o gráfico de porosidades neutrônica (PHIN) , obtido

    pela autora, diz respeito a cada profundidade do reservatório, e está na escala

    decimal de 0 a 1. Já a pequena tabela do lado direito, traz o valor médio de PHIN,

    que foi obtido considerando a média de todas as profundidades do reservatório.

    5.3 Autor: Cristiano Oliveira de Souza

    Título: Análise de correlação litológica a partir de dados de perfis de poços

    convencionais do Campo de Namorado usando software convencional.

    Instituição: Universidade Federal Fluminense.

    Ano de publicação: 2014.

    A monografia de Cristiano Oliveira de Souza, cujo título está descrito acima,

    teve como objetivo realizar uma análise dos perfis geofísicos do Campo de

    Namorado, bem como efetuar cálculos de parâmetros petrofísicos através de

    softwares comerciais.

    Os softwares utilizados pelo autor foram o MATLAB e o Interactive

    Petrophysics (IP). O primeiro, é uma plataforma otimizada para a resolução de

    problemas científicos e de engenharia, desenvolvido pela MathWorks. Já o segundo,

    foi desenvolvido pela Lloyd'sRegister, e é um software que ajuda a determinar a

    quantidade de hidrocarbonetos em um reservatório. Para isso, é calculada a

    saturação de água e a porosidade usando dados de perfis de poços.

    O autor da monografia fez uso dos perfis geofísicos de poço aberto para

    obter o cálculo da saturação de água (Sw) e do volume de argilosidade (Vsh). Após

    isso, foram gerados gráficos para obter informações necessárias quanto à

    localização de possíveis intervalos que possuam hidrocarbonetos.

    A Figura 18 apresenta os perfis de poços elaborados pelo autor do trabalho

    através do programa MATLAB. Na primeira faixa temos o Perfil Raio Gama (GR), na

    segunda faixa, temos o perfil elétrico ILD, na terceira faixa temos o perfil Porosidade

    Neutrônica (Nphi), na quarta faixa temos o perfil Densidade (RHOB) e na quinta

    http://www.lr.org/en/services/software/ip.aspx

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    46 Edilberto Oliveira Viana Junior

    faixa, temos o perfil Sônico (DT). Vale salientar que todos os cálculos estiveram

    baseados na metodologia e nas fórmulas citadas e explicadas durante a seção 2.4.

    Figura 18: Perfis do poço 3-NA-04, elaborado no MATLAB.

    Fonte: Souza, 2014.

    Após elaborar os perfis no MATLAB, o autor realizou os cálculos quanto ao

    volume de argilosidade e quanto à saturação de água de alguns poços. A Figura 19,

    por exemplo, apresenta um gráfico com os cálculos do volume de argila. Nota-se, à

    esquerda, o perfil Gama Ray, e, à direita, o gráfico com o volume de argilosidade.

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    47 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Figura 19: Perfil de Raios Gama atrelado ao gráfico de Volume de Argila (Vsh).

    Poço 4-RJS-042.

    Fonte: Souza, 2014.

    Para um melhor aproveitamento dos perfis elétricos obtidos, é necessário

    que eles sejam utilizados em conjunto. Por exemplo, se for constatado que em

    determinada profundidade o perfil GR indique alta argilosidade e o ILD alta

    resistividade, mas se o perfil RHOB indicar alta densidade e o perfil DT alta

    velocidade, então, pode-se concluir que essa formação seria um reservatório de

    baixa produtividade caso fosse portadora de hidrocarbonetos. Por outro lado, se

    ocorrer que o perfil GR indique baixa argilosidade, o ILD alta resistividade, o perfil

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    48 Edilberto Oliveira Viana Junior

    RHOB baixa densidade e o DT baixa velocidade, tem-se uma maior probabilidade de

    uma reserva comercial de hidrocarbonetos nessa formação.

    Logo após o cálculo do volume de argila, o autor realiza o cálculo da

    saturação de água em um poço, através do software IP. A Figura 20 demonstra os

    resultados obtidos.

    Figura 20: Perfil de Raios Gama e Perfil de Resistividade (ILD), atrelados ao Gráfico

    de Saturação de água e Volume de argila do poço 4-RJS-04. Produzido no IP.

    Fonte: Souza, 2014

    Como conclusão do trabalho, percebeu-se que a utilização dos dados dos

    perfis geofísicos foi de grande importância para obtenção do cálculo das

    propriedades petrofísicas analisadas. Enquanto o perfil raio gama foi utilizado para

    ajudar no cálculo do volume de argila, o perfil de resistividade foi utilizado para

    auxiliar no cálculo da saturação de água, cujo resultado é observado no perfil.

  • Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

    49 Edilberto Oliveira Viana Junior

    Outro ponto importante diz respeito à similaridade de resultados entre os

    dois softwares utilizados. O autor indicou tanto o MATLAB quanto o IP como bons

    softwares tanto para análises de perfis de poços, quanto para os cálculos de

    parâmetros petrofísicos que interessam à geocientistas e engenheiros.

    5.4 Autor: Renata Alberton

    Título: Avaliação Petrofísica do Campo de Namorado: utilização da

    perfilagem de poços e modelagem geostatística.

    Instituição: Universidade Estadual Federal de Pelotas.

    Ano de publicação: 2014.

    A monografia de Ana Renata Alberton teve como objetivo interpretar dados

    de perfilagem para caracterizar os plays do Campo de Namorado. A autora buscou

    qualificar alguns poços exploratórios e poços em desenvolvimento em termos de

    litologia e