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KPMG Business Magazine Edição 34 Conferência ENR Perspectivas para o setor de energia e recursos naturais Expansão aérea Empresas buscam mercados adjacentes e novas parcerias Anuário Infra 100 Obras de excelência no Brasil e no mundo Infraestrutura Urbana Prefeito Geraldo Julio explica as intervenções para melhorar a qualidade de vida em Recife e aumentar a atratividade local para investidores

Edição 34 KPMG Business Magazineprincipalmente pelo aumento do dólar e pelo preço dos combustíveis. Os dados sinalizam que, no Brasil, o segmento aeroespacial já está enfrentando

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Page 1: Edição 34 KPMG Business Magazineprincipalmente pelo aumento do dólar e pelo preço dos combustíveis. Os dados sinalizam que, no Brasil, o segmento aeroespacial já está enfrentando

KPMG Business Magazine

Edição 34

Conferência ENR Perspectivas para o setor de energia e recursos naturais

Expansão aéreaEmpresas buscam mercados adjacentes e novas parcerias

Anuário Infra 100Obras de excelência no Brasil e no mundo

Infraestrutura UrbanaPrefeito Geraldo Julio explica as

intervenções para melhorar a qualidade de vida em Recife e aumentar a

atratividade local para investidores

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Infraestruturaem pautaA KPMG no Brasil realizou uma pesquisa para o Anuário Exame Infraestrutura 2014-2015 visando a seleção de 15 projetos prioritários para o País. O resultado repercutiu de forma bastante positiva, e atribuímos esse sucesso à principal premissa que norteou nosso trabalho: levar em consideração a relevância da obra para o desenvolvimento social, ambiental ou econômico da sociedade.

É desse tema que trata nossa reportagem de capa. Falamos sobre a metodologiaempregada na pesquisa, com base nas megatendências mundiais para as próximas décadas, e conversamos com executivos das empresas envolvidas com os três primeiros projetos mais bem pontuados, para saber quais são os principais desafios de implantação das obras.

O prefeito de Recife, Geraldo Júlio, também é destaque da matéria. Ele fala sobreos reflexos na capital pernambucana do Programa Cidade Saneada, uma parceria público-privada entre a Compesa e a Odebrecht Ambiental para elevar a cobertura dos serviços de esgoto da região metropolitana do Recife, e também do município de Goiana, de 30% para 90% em 12 anos.

Confira, ainda, a cobertura da terceira edição da Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina. Realizado pela KPMG em novembro, o evento reuniu os principais players do mercado para debater as mudanças, os desafios e as perspectivas do setor.

Aproveite a leitura!

Pedro MeloPresidente

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Empresas do setor aéreo e de defesa buscam parcerias e novos mercados para a viabilização de crescimento e melhoria da rentabilidade

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Desafios

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NEGóCIOS

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Para fortalecer suas operações, muitas organizações buscam novos mercados e/ou adaptam suas linhas de produtos e serviços para setores adjacentes da indústria

Osetor aéreo faturou no Brasil R$ 31,2 bilhões em 2013, o que representou uma alta de 16,6% em relação a 2012, de acordo

com o Anuário do Transporte Aéreo da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), divulgado recentemente. Ainda assim, as empresas aéreas encerraram o período com prejuízo de R$ 2,4 bi, pressionadas principalmente pelo aumento do dólar e pelo preço dos combustíveis.

Os dados sinalizam que, no Brasil, o segmento aeroespacial já está enfrentando grandes desafios para uma retomada nos lucros e, de uma forma geral, há também muitas preocupações com o fortalecimento das operações das empresas do setor aéreo e de defesa em todo o mundo. Por isso, muitas organizações estão focadas na melhoria da visibilidade de sua rentabilidade e de seus custos.

De acordo com a edição mais recente da pesquisa Panorama Global da Indústria Aeroespacial e de Defesa de 2014 (do original em inglês, 2014 Global Aerospace & Defense Outlook), realizada pela KPMG, as empresas poderão ter muito trabalho pela frente, já que quase metade (47%) das organizações aéreas e de defesa admitiram que são pouco eficazes em determinar sua rentabilidade e apenas 12% se consideraram muito efetivas nesse aspecto.

Parcerias e inovação O levantamento também indica que

muitas empresas têm se empenhado para o aumento de suas receitas. “Com os orçamentos do setor cada vez mais apertados, muitas organizações estão procurando oportunidades para crescimento de suas receitas, seja estabelecendo uma presença mais forte em novos mercados, seja adaptando suas atuais linhas de produtos e serviços para setores adjacentes/correlatos da indústria,” observa Jarib Fogaça, sócio-líder para o setor A&D Brazil, da KPMG no Brasil.

Uma das principais estratégias para atingir esse objetivo é o desenvolvimento de parcerias que viabilizem a criação de modelos de negócios mais colaborativos. Não é à toa que alguns dos maiores fabricantes de equipamentos originais

(chamados OEM) estão criando escritórios permanentes em mercados emergentes, enquanto outros trabalham com líderes de setores adjacentes para criar novas propostas de valor.

Diante desse panorama, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) devem aumentar consideravelmente, segundo os participantes da pesquisa. O relatório mostra que 67% dos entrevistados OEM investirão de 2% a 3% das receitas em P&D nos próximos dois anos, enquanto 16% dos fornecedores desse setor afirmaram que investirão entre 4% e 5% nos próximos dois anos. Os números são significativos, uma vez que mais da metade em ambos – OEM e fornecedores – admitiu ter gasto somente 1% ou menos de suas receitas em P&D nos últimos dois anos.

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Efetividade das empresas para determinação de sua rentabilidade

47%

Pouco efetivas (semiautomatização, percepção

limitada para condução de diferencial competitivo)

41%

Efetivas (automatização, algumas ideias para

dirigir a diferenciação competitiva)

12%

Muito efetiva (automatização e integração significativas, ideias avançadas para condução de

diferencial competitivo)

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NEGóCIOS

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Melhoria da visibilidade de custo e de rentabilidade do produto para identificar áreas com potenciais de crescimento e avanços de desempenho em toda a empresa.

Exploração de parcerias e modelos de negócios colaborativos, que promovam inovação, alavanquem sinergia e melhorem o retorno sobre o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento.

1

Incentivo à inovação não apenas em produtos e serviços, mas também em modelos de negócios, estratégias de mercado e operações.5

2Criação de estratégias para lidar com a complexidade disruptiva (súbita, repentina e inesperada) causada pelo ritmo acelerado das mudanças, pelos avanços no processo de fabricação, pela ciência dos materiais, pelas ferramentas de apoio às decisões e pelo avanço da inovação.3

Foco na criação de novos modelos de cadeia de suprimento global, bem como de ferramentas e processos, para apoiar as oportunidades de crescimento do mercado.4

ações-chave para a indústria aeroespacial e de defesa5

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NEGóCIOS

Cadeia de suprimentosComo as organizações aeroespaciais

e de defesa se tornam mais globais e estendem seu alcance para outros setores, a pesquisa aponta que haverá uma crescente pressão para aumentar a visibilidade também na cadeia de suprimentos. O tema foi citado por quase metade dos entrevistados como um desafio para as organizações: 51% deles disseram que tinham somente alguma visibilidade do primeiro nível de fornecedores e nenhuma visibilidade dos fornecedores de segundo nível. “Muitas empresas terão de considerar como cumprir os acordos de compensação, assegurando elevados padrões dentro de novos mercados. Outras terão de consolidar suas múltiplas plataformas de compras para garantir que haja

melhor visibilidade para as demandas e expectativas que estão colocando em seus fornecedores locais”, afirma no relatório Doug Gates, líder para o setor aeroespacial e de defesa da KPMG Global.

Curiosamente, os executivos começam a ter a percepção de que a tecnologia pode ser um desafio para aumentar sua visibilidade na cadeia de suprimentos. Vinte e nove por cento disseram que seus sistemas de Tecnologia da Informação (TI) foram insuficientes para atender a necessidades de visibilidade, de planejamento e execução; 43% disseram que a falta de maturidade tecnológica estava criando obstáculos para a comunicação de dados por meio da cadeia de suprimentos.

De qualquer forma, a pesquisa sugere que muitos dentro do setor alavancarão a

tecnologia para melhorar sua eficácia na cadeia de suprimentos e visibilidade.

Os dados foram coletados pela Forbes, em nome da KPMG Internacional, com 460 executivos da indústria manufatureira, sendo 11% do setor aeroespacial e de defesa (A&D). Do total de A&D, 47% dos entrevistados da pesquisa estão localizados nas Américas, 29% na Europa e 24% na Ásia. Sessenta e um por cento dos entrevistados da indústria de A&D são executivos de nível “C” em suas organizações.

A pesquisa completa, em inglês, está disponível em http://goo.gl/FrhFv1

Mesmo com as expectativas de uma retração econômica, o setor aéreo e de defesa brasileiro deve entrar em uma nova onda de crescimento, segundo Jarib Fogaça, sócio-líder para o setor A&D Brazil, da KPMG no Brasil. Ele cita que o Ministério da Defesa Nacional já sinalizou intenção de melhorar sua defesa por meio de uma série de projetos, a começar pela assinatura de um contrato de US$ 3 bilhões para a aquisição de 28 novos aviões de combate num período de 12 anos. E novos contratos são esperados nos próximos anos. “Houve também uma evolução significativa no segmento aeroespacial, em que cinco grandes aeroportos – que representam cerca de 45% do tráfego aéreo de

passageiros no Brasil – foram colocados sob concessões privadas”, afirma Fogaça. “Com o aumento de 10% das viagens de passageiros entre 2011 e 2013, houve também um aumento significativo no setor aéreo. As três maiores operadoras (Azul, Gol e TAM) aumentaram seu acervo de aeronaves em cerca de 17% no mesmo período e, em 2013, foram responsáveis por mais de 40% de todo o tráfego aéreo”, completa.

Ao refletir os resultados da pesquisa, ele nota também que há sinais claros de modelos de negócios mais colaborativos no Brasil. “A Embraer, de longe o maior player de A&D no Brasil, recentemente começou a divulgar em seu Relatório Anual que possui acordos de cooperação e risco com fornecedores e parceiros, e observa que cerca de 80% dos custos de produção foram de materiais e equipamentos adquiridos a partir de fornecedores e parceiros dentro desses acordos”, afirma. “Portanto, desafios à parte, o que vimos é que, no Brasil, são boas as perspectivas para o setor, tanto para a aviação comercial e executiva quanto para os produtos e serviços de defesa (armamentos) para os próximos anos”, avalia Fogaça.

Brasil em expansão

Divulgação: Aeroporto Internacional de Guarulhos

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Melhoria da visibilidade de custo e de rentabilidade do produto para identificar áreas com potenciais de crescimento e avanços de desempenho em toda a empresa.

Exploração de parcerias e modelos de negócios colaborativos, que promovam inovação, alavanquem sinergia e melhorem o retorno sobre o investimento em Pesquisae Desenvolvimento.

1

Incentivo à inovação não apenas em produtos e serviços, mas também em modelos de negócios, estratégias de mercado e operações.5

2Criação de estratégias para lidar com a complexidade disruptiva (súbita, repentina e inesperada) causada pelo ritmo acelerado das mudanças, pelos avanços no processo de fabricação, pela ciência dos materiais, pelas ferramentas de apoio às decisões e pelo avanço da inovação.3

Foco na criação de novos modelos de cadeia de suprimento global, bem como de ferramentas e processos, para apoiar as oportunidades de crescimento do mercado.4

ações-chave para a indústria aeroespacial e de defesa5

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integrada Solução

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PLANEJAMENTO

Análise conjunta de aspectos tributários e logísticos favorece o desenvolvimento de estratégias mais assertivas para a cadeia de suprimentos

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Conhecimento das variáveis que impactam o negócio facilita o entendimento dos riscos e dos benefícios da operação

Empresas de diversos segmentos têm o desafio de manter o controle sobre uma série de variáveis que envolvem a

atividade logística, como mapeamento dos custos, impacto de seguro e frete, para manter a eficiência na operação. Mas, em virtude da própria dinâmica do negócio, em algum momento esse processo requer a revisão da malha de distribuição ou, até mesmo, a implantação de novos parques fabris ou centros de distribuição.

Especialistas alertam, no entanto, que, para criar de fato valor nesse projeto, os gestores devem considerar

os aspectos tributários da operação e alinhá-los à análise logística antes de definir um novo plano estratégico. “Com uma análise holística, é possível formatar uma estratégia que atinja todos os elos e impacte a cadeia de valor de uma forma realmente transformadora”, avalia Carlo Itani, diretor de Supply Chain da KPMG no Brasil.

Uma solução de projeto a partir da análise integrada de aspectos tributários e logísticos também é defendida por Danilo Leal, gerente sênior da área de Tax da KPMG no Brasil. “A análise da cadeia de fornecimento de uma empresa deve ter por fundamento

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PLANEJAMENTO

tanto aspectos tributários quanto logísticos. Uma avaliação que apenas foque em uma dessas variáveis não enfrentará o problema como um todo e não captará todas as oportunidades e riscos envolvidos. É preciso ter uma visão abrangente do negócio para tomar uma decisão com base em variáveis complexas”, diz.

Para o gerente da KPMG, o desenvolvimento da estratégia depende inicialmente do próprio entendimento da operação, com uma análise criteriosa das variáveis que impactam o negócio, incluindo um estudo do número de empresas envolvidas na cadeia de

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Criação de valorpor meio de uma

abordagem holística

Supply Chain

Tax

Estratégia

• Site location

• Dimensionamento e desenho de sites

• Dimensionamento e gestão de estoques

• Infraestrutura logística

• Custo de servir – análise e controle

• Modelos de distribuição (pre-sell, va-sell, tel-sell)

• Procurement de prestadores de serviços logísticos (PSLs)

• Suporte à implantação – PMO e Quality Assurance

• Riscos de fornecimento

• Masterplan logístico

• Incentivos tributários oferecidos pelos governos (ex.: ICMS,

lucro da exploração, etc.)

• Estrutura jurídica

• Saldo credor vs. devedor de ICMS

• Impactos associados à redistribuição da produção entre

fábricas

• ICMS-ST

• Riscos legais associados à utilização de benefícios tributários;

jurisprudência relativa a decisões emitidas recentemente -

Supremo Tribunal Federal e Convênio CONFAZ

• Interdependências entre benefícios já usufruídos e candidatos

• Análise de portfólio

• Estratégia de Go-to-Market

• Planos estratégicos

• Inteligência de mercado

• Implantação e transformação

• Estratégia para expansão ou mudança (internacional ou local)

• Requisitos da nova operação – tradução em critérios de

avaliação

• Análise setorial – clientes, fornecedores, competidores e

substitutos

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PLANEJAMENTO

produção e de distribuição, seus produtos, clientes e mesmo a localização do mercado consumidor. “Essas questões são muito relevantes, na medida em que impactam sobremaneira a tributação de uma operação. Para o ICMS, por exemplo, cada Estado pode estabelecer tributação específica para operações em seu território”, comenta.

Além disso, especialistas destacam que, se por um lado há projetos focados exclusivamente no mercado brasileiro, por outro tem havido um aumento no número de projetos de supply chain/tax com escopo na América do Sul ou Latina e mesmo no mercado global. “Em ambos os casos, os projetos se inserem nas chamadas ‘cadeias regionais ou globais de produção/distribuição’ e ganham em complexidade e sofisticação, tanto pelo fato de cobrirem diferentes países quanto em razão de

outras variáveis tributárias, tais como as regras de preços de transferência, tratados internacionais para evitar a dupla tributação, acordos comerciais, regimes alfandegários especiais, dentre outros”, destaca Ericson Amaral, sócio da área de Tax.

Avaliação holísticaDe uma forma geral, o plano logístico

engloba aspectos como mapeamento do mercado-alvo, localização dos sites, dimensionamento das áreas de atendimento, gestão de estoques, nível de serviço, acesso à infraestrutura logística (como rodovias, portos, ferrovias, etc.), disponibilidade de serviços e mão de obra e estratégias para expansão ou mudança, entre outros.

Sob a ótica tributária, os principais impactos em um projeto logístico são os relativos ao ICMS, ao PIS e à COFINS, ao IPI

e às alíquotas do Imposto de Importação.

Outras vertentes, como a estrutura jurídica e os impactos associados à redistribuição da produção entre fábricas, por exemplo, também fazem parte da análise tributária. “Não são raros os incentivos fiscais para a instalação de sites em locais com elevados obstáculos operacionais, assim como locais com excelente posicionamento sob o ponto de vista logístico, porém com significativo ônus no que se refere a impostos”, pontua Carlo Itani. “Esses trade-offs são comuns e também bastante dinâmicos, uma vez que a legislação fiscal e a oferta de serviços logísticos, principalmente, se transformam a cada dia. A análise integrada permite uma visão total dos riscos e dos benefícios da operação, favorecendo a redução dos custos, o aumento da receita ou a aplicação de investimentos de forma mais assertiva”, finaliza.

• Entendimento dos custos, trade-offs e oportunidades para modelos de distribuição em termos de custos e níveis de serviço

• Identificação de oportunidades de redução de custos em toda a cadeia de abastecimento, com impactos em:

- Custos de transporte - Custos de armazenagem - Custos de manuseio - Custos de carregamento de estoques - Custos tributários

- Perfil de pedidos/entregas - Produtividade atual por centro de distribuição

• Detalhamento do impacto que o processo de otimização causa nos requerimentos de ativos para a implantação da malha de distribuição

• Validação da performance futura da cadeia de abastecimento dadas as mudanças de demanda e produção dos centros de distribuição

Fatores determinantes para o desenvolvimento de uma modelagem integrada

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Criação de valorpor meio de uma

abordagem holística

Supply Chain

Tax

Estratégia

• Site location

• Dimensionamento e desenho de sites

• Dimensionamento e gestão de estoques

• Infraestrutura logística

• Custo de servir – análise e controle

• Modelos de distribuição (pre-sell, va-sell, tel-sell)

• Procurement de prestadores de serviços logísticos (PSLs)

• Suporte à implantação – PMO e Quality Assurance

• Riscos de fornecimento

• Masterplan logístico

• Incentivos tributários oferecidos pelos governos (ex.: ICMS,

lucro da exploração, etc.)

• Estrutura jurídica

• Saldo credor vs. devedor de ICMS

• Impactos associados à redistribuição da produção entre

fábricas

• ICMS-ST

• Riscos legais associados à utilização de benefícios tributários;

jurisprudência relativa a decisões emitidas recentemente -

Supremo Tribunal Federal e Convênio CONFAZ

• Interdependências entre benefícios já usufruídos e candidatos

• Análise de portfólio

• Estratégia de Go-to-Market

• Planos estratégicos

• Inteligência de mercado

• Implantação e transformação

• Estratégia para expansão ou mudança (internacional ou local)

• Requisitos da nova operação – tradução em critérios de

avaliação

• Análise setorial – clientes, fornecedores, competidores e

substitutos

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CAPA

Sofisticação técnica dos projetos foi colocada em segundo plano pela equipe avaliadora, que priorizou a utilidade da infraestrutura à sociedade

De nada adianta um projeto de infraestrutura grandioso se não há um benefício social, econômico ou financeiro

resultante da sua construção. Foi com base nessa premissa que a KPMG no Brasil realizou uma pesquisa para eleger os projetos mais importantes no País para o Anuário Exame Infraestrutura 2014-2015.

Partindo da base de mais de 1.500 projetos do anuário, foram selecionados os 15 prioritários em segmentos estratégicos do setor de infraestrutura: rodovia, ferrovia, aeroporto, porto, mobilidade urbana, energia, petróleo e gás, telecomunicações e infraestrutura social (saúde, educação e habitação). E, dentre esses, os três considerados de maior relevância foram o Aeroporto Internacional de Viracopos – Campinas (SP), o Programa Cidade Saneada de Recife (PE) e a Linha 6 do Metrô de São Paulo (veja quadro com todos os projetos classificados).

Pesquisa aponta os 15 projetos brasileiros com maior relevância para melhorar a qualidade de vida, a sustentabilidade e a economia do País

Infraestruturasprioritárias

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moldarão os governosAs megatendências globais que

INDIVIDUAIS

ECONÔMICAS

AMBIEN

TAIS

PERFIL DEMOGRÁFICO• MUNDO EM ENVELHECIMENTO• AUMENTO DOS GASTOS COM SAÚDE• MAIS JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO

• CRESCIMENTO CONTÍNUO DO COMÉRCIOE DOS INVESTIMENTOS• COMPLEXAS RELAÇÕES DE COMÉRCIO E INVESTIMENTO• REDUÇÃO DAS BARREIRAS COMERCIAIS

INTERLIGAÇÃO ECONÔMICA

• FORTES IMPACTOS SOBRE O ECOSSISTEMA• PRESSÃO PARA ADAPTAÇÃO AO AQUECIMENTO GLOBAL• MAIOR IMPORTÂNCIA DAS CIDADES

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

• MAIOR RENDA, MAIOR EXPECTATIVA• EDUCAÇÃO PROMOVE O EMPODERAMENTO• RÁPIDA DIFUSÃO DE INFORMAÇÃO ACELERA A AÇÃO

ASCENSÃO DO INDIVÍDUO

• RELAÇÕES INTERNACIONAIS MAIS IMPORTANTES• MERCADOS GLOBAIS MAIS SUJEITOS A RISCOS • DIFICULDADES EM ATENDER À DEMANDA POR SERVIÇOS

DÍVIDA PÚBLICA

PRESSÃO SOBRE RECURSOS• PRESSÕES SOBRE ALIMENTOS E AGRICULTURA• CRESCIMENTO DA DEMANDA POR ENERGIA• MAIOR DEMANDA POR ÁGUA

• TRANSFORMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES• GRANDE VOLUME DE DADOS• MUDANÇAS NO COMBATE AOS CYBERCRIMES

INCLUSÃO TECNOLÓGICA

MUDANÇA NO PODER ECONÔMICO• O “SUL GLOBAL” REGE O DESENVOLVIMENTO• INOVAÇÃO É A FONTE DO CRESCIMENTO• MAIOR BASE DE CONSUMO E OPORTUNIDADES

• CRESCIMENTO URBANO • INFRAESTRUTURAS DE LARGA ESCALA• POBREZA URBANA

URBANIZAÇÃO

O grande diferencial deste trabalho foi a metodologia aplicada, uma vez que, além da opinião de um grupo de jurados especialistas em cada setor, a seleção considerou o grau de contribuição dos projetos para lidar com as nove megatendências globais apontadas pelo estudo Estado Futuro 2030, realizado pela KPMG Internacional. “Pensamos em priorizar projetos que proporcionassem melhor qualidade de vida aos indivíduos, maior competividade econômica, maior participação no mercado global e maior sustentabilidade ambiental”, comenta Mauricio Endo, sócio-líder de Governo e Infraestrutura da KPMG no Brasil. “Foi desse ponto de vista que identificamos os 15 projetos prioritários para o Brasil”, explica.

O estudo das megatendências, nomeado Estado Futuro 2030, foi publicado no primeiro semestre de 2014 e aponta as grandes tendências que influenciarão a vida das pessoas e dos países, globalmente, nas próximas décadas. São elas: perfil demográfico, ascensão do indivíduo, inclusão tecnológica, interligação econômica, dívida pública, mudanças no poder econômico, mudanças climáticas, pressão sobre recursos e urbanização.

De acordo com Endo, utilizando-se essas nove megatendências como critério de classificação e pontuação, foi possível analisar os projetos de forma mais holística e com enfoque nos benefícios proporcionados pelas infraestruturas para a sociedade, em vez de se realizar uma classificação técnica, somente do ponto de vista da qualidade da engenharia ou da obra. “Atribuímos pesos (1, 2 ou 3) para cada megatendência de acordo com o seu grau de importância para o País e pontuamos cada projeto (0, 1, 2, 3 ou 4) segundo seu grau de contribuição em cada megatendência”, diz.

Outras conclusõesAlém dos aspectos destacados como

benéficos para o País de uma forma geral, os projetos eleitos também expõem alguns fatos relevantes sobre o momento que o setor de infraestrutura atravessa. Eles apontam, por exemplo, que a colaboração da iniciativa privada para o desenvolvimento de projetos deu fôlego à execução das maiores

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moldarão os governos

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até 2030

As megatendências globais que

INDIVIDUAIS

ECONÔMICAS

AMBIEN

TAIS

PERFIL DEMOGRÁFICO• MUNDO EM ENVELHECIMENTO• AUMENTO DOS GASTOS COM SAÚDE• MAIS JOVENS NO MERCADO DE TRABALHO

• CRESCIMENTO CONTÍNUO DO COMÉRCIOE DOS INVESTIMENTOS• COMPLEXAS RELAÇÕES DE COMÉRCIO E INVESTIMENTO• REDUÇÃO DAS BARREIRAS COMERCIAIS

INTERLIGAÇÃO ECONÔMICA

• FORTES IMPACTOS SOBRE O ECOSSISTEMA• PRESSÃO PARA ADAPTAÇÃO AO AQUECIMENTO GLOBAL• MAIOR IMPORTÂNCIA DAS CIDADES

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

• MAIOR RENDA, MAIOR EXPECTATIVA• EDUCAÇÃO PROMOVE O EMPODERAMENTO• RÁPIDA DIFUSÃO DE INFORMAÇÃO ACELERA A AÇÃO

ASCENSÃO DO INDIVÍDUO

• RELAÇÕES INTERNACIONAIS MAIS IMPORTANTES• MERCADOS GLOBAIS MAIS SUJEITOS A RISCOS • DIFICULDADES EM ATENDER À DEMANDA POR SERVIÇOS

DÍVIDA PÚBLICA

PRESSÃO SOBRE RECURSOS• PRESSÕES SOBRE ALIMENTOS E AGRICULTURA• CRESCIMENTO DA DEMANDA POR ENERGIA• MAIOR DEMANDA POR ÁGUA

• TRANSFORMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES• GRANDE VOLUME DE DADOS• MUDANÇAS NO COMBATE AOS CYBERCRIMES

INCLUSÃO TECNOLÓGICA

MUDANÇA NO PODER ECONÔMICO• O “SUL GLOBAL” REGE O DESENVOLVIMENTO• INOVAÇÃO É A FONTE DO CRESCIMENTO• MAIOR BASE DE CONSUMO E OPORTUNIDADES

• CRESCIMENTO URBANO • INFRAESTRUTURAS DE LARGA ESCALA• POBREZA URBANA

URBANIZAÇÃO

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CAPA

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e mais complexas obras de infraestrutura no País. E, não por coincidência, em 2014, quando a Lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs) completou uma década, 12 dos 15 projetos eleitos na pesquisa da KPMG começaram a ser implementados com a participação da iniciativa privada. “A parceria com o setor privado é uma tendência global, pois, cada vez mais, os governos precisam utilizar novas tecnologias construtivas e operacionais, além da capacidade de financiamento das empresas privadas, para atender às demandas crescentes da população por melhor qualidade de vida, e também aumentar a competitividade da economia”, pondera Mauricio Endo.

Questionado sobre os desafios para o atendimento das necessidades de infraestrutura atuais e futuras, especialmente com relação ao aumento da população nos centros urbanos, o sócio da KPMG acredita que o governo terá de encontrar formas criativas, inovadoras e eficientes para o desenvolvimento de mais habitação,

hospitais, escolas, sistemas de segurança e de mobilidade. “O grande entrave na contratação de uma obra pública na forma tradicional, hoje, é a Lei 8666 (Lei de Licitações), que torna o processo licitatório muito burocrático, muito demorado e com baixa eficiência na qualidade da contratação, pois separa a contratação de uma infraestrutura nas suas várias fases (projeto, construção, gerenciamento e operação), além de, na maioria das vezes, priorizar a concorrência pelo menor preço em detrimento da qualidade. Por outro lado, quando se faz um contrato de PPP ou de Concessão, atribui-se a responsabilidade por todas as fases de projeto, de construção, de gerenciamento e de operação, a um consórcio privado, e com isso consegue-se otimizar o tempo e os recursos, reduzindo-se os prazos e os custos”, diz Endo. “Além disso, por meio da PPP ou da Concessão, consegue-se introduzir as melhores práticas do mercado em termos de tecnologias operacionais e construtivas, que proporcionarão melhor qualidade na

prestação dos serviços no longo prazo para a população. São essas formas alternativas que o governo precisa buscar cada vez mais para atender às novas demandas da população, que estão sendo sinalizadas pelas megatendências globais”, conclui.

A seguir, confira mais detalhes dos três primeiros projetos relacionados no ranking dos 15 prioritários para o País.

Leia também: - Desafio Mundial – As nove megatendências globais para 2030 que deverão receber intervenções mais drásticas dos governos – Revista KPMG Business Magazine – edição 31 - O Estado Futuro 2030: As megatendências globais que moldam os governos. Estudo completo disponível em: http://goo.gl/a6bDno

1 CONCESSÃO DO AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS2 PPP SANEAMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE (COMPESA)3 PPP LINHA 6 DO METRÔ DE SÃO PAULO 4 PPP TRATAMENTO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA SÃO LOURENÇO (SABESP)5 CONCESSÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE E RESPECTIVA LINHA

DE TRANSMISSÃO6 PPP HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM SÃO PAULO7 FERROVIA NORTE-SUL8 SMART GRID LIGHT9 PLANO NACIONAL DE MELHORIA DA QUALIDADE - PLANO DE INVESTIMENTOS DAS OPERADORAS DE SERVIÇO MóVEL PESSOAL 2012-2014 (TIM, VIVO, CLARO E OI)10 FERROANEL SÃO PAULO – TRAMO NORTE11 CAMPO DE LIBRA (PRÉ-SAL) 12 PPP METRÔ DE SALVADOR13 CONCESSÕES DA RODOVIA BR-16314 USINA HIDRELÉTRICA DE SÃO LUIZ DO TAPAJóS15 29 SONDAS DE PERFURAÇÃO MARÍTIMA EM ÁGUAS PROFUNDAS (PAC)

TransporteSaneamento

Mobilidade UrbanaSaneamento

Energia

Infraestrutura SocialTransporte

EnergiaTelecomunicações

TransportePetróleo e Gás

Mobilidade UrbanaTransporte

EnergiaPetróleo e Gás

15 PROJETOS DE INFRAESTRUTURAPRIORITÁRIOS PARA O BRASILDE ACORDO COM AS 9 MEGATENDÊNCIAS DO ESTADO FUTURO 2030

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de 100 mi de passageiros e mais de 1,5 milhão de toneladas de carga ao ano”, diz Küster. “Esses números já nos colocam na posição de maior aeroporto da América Latina, e o que pretendemos com nossa gestão de processos de qualidade é que também sejamos o melhor”, avalia. Para isso, Küster destaca os esforços realizados em treinamento e capacitação de pessoal, assim como nos processos de governança corporativa.

O diretor-presidente da concessionária admite, porém, que os desafios são grandes e dependem ainda de fatores externos. Um deles seria a própria modernização da infraestrutura jurídica das instituições que compartilham a gestão aeroportuária. “Os processos aduaneiro e migratório, entre outros, também precisam de uma gestão moderna, caso contrário teremos grandes infraestruturas com um sistema legal não compatível”, diz.

Outra questão apontada por Küster é a necessidade que deve surgir em cerca de 5 anos de um modal ferroviário. “O grande desafio é trazer a ferrovia e a mobilidade de passageiros para Viracopos”, diz. “Essa é nossa grande preocupação no médio prazo, uma vez que poderemos operar mais de 20 milhões de passageiros com filas (de trânsito rodoviário) inimagináveis”, pondera.

No que depender da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, vencedora de leilão realizado em 2012 para a administração de Viracopos por 30 anos, o aeroporto se tornará o maior e mais moderno da América Latina. De acordo com o diretor-presidente da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, Luiz Alberto Küster, o aeroporto representa uma grande oportunidade de negócio, já que possui localização estratégica e infraestrutura, hoje, que pouco atendia, até pouco tempo, à demanda de uma região pujante. “Campinas é uma cidade que tem com a região troncal paulista um PIB da ordem de US$ 25 bi, recebe mais de 6 mil eventos por ano, com mais de 1,5 milhão de visitantes pelas cidades da região. Além disso, 50 das 500 maiores multinacionais do mundo estão a menos de 100 km de Viracopos”, diz.

Basicamente, o contrato de concessão prevê a adequação de infraestrutura e melhorias no nível de serviços. A principal ação nesse sentido é a construção de um novo terminal, com investimentos de mais de R$ 3,5 bi. A concessionária também já desembolsou R$ 100 mi em melhorias no terminal de carga. “Não tenho dúvidas de que, com esses investimentos, teremos crescimento com demanda até o final da concessão a um número

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Concessão do Aeroporto Internacional de Viracopos, Campinas (SP)

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Aeroporto operou em 2014 com 10 milhões de passageiros, e meta é operar em 2020 com 25 milhões de passageiros por ano

Novo termiNal de passageiros Investimento: R$ 3,5 bi Capacidade até 2020: 25 milhões de passageiros/ano Principais melhorias: 28 pontes de embarque, sete novas estações remotas, um estacionamento de veículos com 4.000 novas vagas e ampliação das pistas para manobra de aeronaves; novo pátio de aeronaves com 400 mil m²; instalação de 22 sistemas operacionais compartilhados para as rotinas de embarque e desembarque de modo a agilizar os processos decisórios

TeRminal de caRgas Investimento: R$ 100 mi Principais melhorias: acréscimo de 8 mil m² de área coberta dentro do terminal de carga, aumento da capacidade das câmaras frigoríficas de 8 mil m³ para 21 mil m³, aquisição de sistema e equipamentos para gerenciamento de armazéns

Luiz Alberto Küster

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O Programa Cidade Saneada tem o objetivo de elevar a cobertura dos serviços de esgoto sanitário da região metropolitana de Recife e do município de Goiana dos atuais 30% para 90% em 12 anos. Fruto de uma parceria entre a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), empresa de economia mista, cujo principal acionista é o governo estadual, e a Odebrecht Ambiental, o projeto receberá em sua totalidade R$ 4,5 bi, sendo R$ 3,5 bi de responsabilidade do parceiro privado e R$ 1 bi do poder público. Além disso, o parceiro privado é responsável pela operação e pela manutenção de todo o sistema existente, bem como de tudo o que for implantado ao longo da vigência do contrato.

De acordo com Roberto Tavares, presidente da Compesa, diante da grande necessidade de investimentos para melhorar a infraestrutura, considerando ainda que a região metropolitana de Recife é uma das áreas urbanas que mais cresce no Nordeste, a PPP era o modelo mais vantajoso para a efetivação do projeto. “Um estudo de viabilidade sugeriu a PPP como uma das formas mais vantajosas, uma vez que partilha responsabilidades entre o público e o privado de forma que cada uma assuma compromissos de acordo com o que é mais adequado a cada parte”, explica.

A parceria, segundo Tavares, tem se mostrado muito satisfatória. “Temos um quadro de Indicadores de Desempenho que é apurado mensalmente, verificando a

performance do privado, e ele tem obtido resultados muito bons”, avalia.

O presidente da Compesa comenta que uma das principais dificuldades para a viabilização do projeto foi o “ineditismo” de uma empreitada dessa magnitude devido à área de abrangência – 15 municípios –, e todas as particularidades que serviram de base para o formato do projeto, como, por exemplo, a manutenção de benefícios que já eram praticados pela Compesa para clientes classificados como tarifa social, em que o cliente fica isento da tarifa de esgoto. “Foram muitos exercícios de modelagem econômico-financeira até a conta fechar”, diz Tavares.

Já para a Odebrecht Ambiental, a insuficiência de mão de obra no início da operação representou um desafio. “Foi necessário um trabalho extremo de formação de pessoas”, comenta Rodrigo Dias, diretor de Operações da Odebrecht Ambiental em Pernambuco.

Segundo Dias, a empresa, que atua há 19 anos no mercado, trouxe trainees e demais líderes de outras unidades consolidadas com experiência em gestão e implantação de negócios como esse. “Além disso, buscamos pessoas em outros negócios da Organização, como o de Infraestrutura, por exemplo, e também formamos pessoas locais – sempre pautados na Educação Pelo Trabalho, que está na nossa filosofia –, que hoje ocupam cargos estratégicos”, acrescenta.

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númeRos do cidade saneada Início do contrato: julho de 2013 Investimentos nos primeiros 18 meses: • Mais de R$ 150 mi em recuperação de sistemas antigos. • Conclusão de um sistema de esgotamento sanitário implantado pelo poder público (sistema imbiribeira), estando outras obras, também sob a responsabilidade do público, em andamento. • Iniciada implantação do primeiro sistema sob responsabilidade do parceiro privado, o sistema de são lourenço da mata. outros três sistemas serão iniciados nos próximos 12 meses.

Programa Cidade Saneada, Recife

Parceria Público-Privada foi a solução encontrada pelo Governo do Estado para atrair investimentos ao projeto

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númeRos Extensão: 15,3 km Estações: 15 Passageiros transportados por dia: 630 mil Trens: 23 Empregos durante a construção: 11 mil Empregos durante a operação: 1 mil Investimentos: R$ 8,9 bi Período de concessão: 25 anos (2039)

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será responsável por projetar os sistemas de controle, instalações e ventilações dos túneis, além de coordenar a implantação dos sistemas e a compatibilização dos projetos com a engenharia civil. “Dessa forma, estamos nos estruturando para cumprir o prazo, que é desafiador. Vamos implantar uma linha completa com todas as estações ao longo de 6 anos. O primeiro ano é gasto na elaboração do projeto da obra; os seis últimos meses do último ano são usados para os testes finais, antes da operação. Então, na verdade, a obra será executada em 4 anos e meio, o que é bastante desafiador”, avalia o presidente da concessionária.

O contrato entrou em vigência em dezembro de 2013. Conforme Monteiro, atualmente as atividades se encontram em fase de desapropriações, negociações das áreas públicas que serão ocupadas pela linha, elaboração de projetos e prospecções ambientais. As obras civis se iniciam neste ano.

Ao assumir a primeira parceria público-privada integral de metrô no País, a concessionária Move São Paulo tornou-se responsável pelo projeto, pela construção e pela operação da Linha 6 Laranja na capital paulista. Os desafios dessa empreitada são grandiosos. De acordo com Marcos Tadeu Penalva Monteiro, presidente da concessionária Move São Paulo, um deles é implantar o projeto visando o menor impacto possível na cidade. “Temos 15,3 km de túnel nessa obra, 15 estações e 17 postos de ventilação localizados entre as estações. E todas essas estruturas estão rubricadas dentro da malha urbana, que é densamente povoada”, comenta.

Outro aspecto que torna o projeto desafiador é o prazo de execução da linha, que deverá entrar em operação em 2020. Monteiro explica que a concessionária cercou-se de empresas com experiência internacional nesse ramo de negócios para cumprir o contrato. A MHI Mitsubishi

Concessão da Linha 6 do Metrô, São Paulo

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Concessionária conta com experiência de parceiros para cumprimento do prazo das obras

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ENTREVISTAGeraldo Julio, prefeito de Recife

Parcerias para o desenvolvimentoPrefeito de Recife, Geraldo Julio comenta os desafios dos gestores públicos para atender às demandas por infraestrutura no município

Recife é uma das cidades que mais crescem no Nordeste e é alvo do interesse de investidores de diversos segmentos. Mas enfrenta problemas críticos pela falta de saneamento básico, que acarreta prejuízos não só para a saúde da população como também para o desenvolvimento econômico do município. Por essas razões, o Programa Cidade Saneada tem sido destaque pelo ambicioso projeto de cobrir os serviços de saneamento básico em 90% da região metropolitana da capital e do município de Goiana. O índice atual é de 30%.

A prefeitura de Recife sente os reflexos positivos da iniciativa do governo estadual em diversos âmbitos, como na saúde, na habitação e no urbanismo. É a partir desse ponto de vista que o prefeito conversou com a

reportagem, destacando os benefícios da iniciativa e as vantagens das parcerias com o setor privado. Confira:

O movimento de urbanização gera muita demanda por serviços de infraestrutura. Quais são os desafios dos gestores públicos, de uma forma geral, para minimizar os reflexos decorrentes do adensamento populacional?

Áreas adensadas são sempre um desafio, e é preciso buscar alternativas que possibilitem gerenciar os conflitos desse crescimento desordenado.

Os lugares que melhor souberem oportunizar as possibilidades de geração e transferência de riquezas, reduzindo desigualdades e incrementando condições para inovação, cooperação e competitividade,

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com inclusão social, saem na frente nesse processo. É o que buscamos fazer aqui. Mesmo sabendo que o trabalho será duro, estamos empenhados em ter uma Recife melhor para se viver. É preciso, porém, entender algumas condicionantes e trabalhar com elas. Somos a capital com o menor território, com apenas 229 km² de área, população de 1,5 milhão de habitantes e centro da principal região metropolitana do Norte e do Nordeste do Brasil. Outro fator é que 1/4 de nosso território é área de interesse ambiental, com presença de mata atlântica, e possuímos o maior manguezal urbano do Brasil, o que nos impede de aumentar a área urbanizada. Por isso, temos de fincar nossas intervenções na qualidade do nosso ambiente urbano.

Que ações têm sido realizadas para isso?

Uma série de ações estão em andamento ou já foram implementadas no município, visando exatamente qualificar nossa cidade, como, por exemplo, plano de ordenamento territorial de Recife; plano municipal de enfrentamento às mudanças climáticas; projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe; plano municipal cicloviário; plano diretor de drenagem urbana e manejo de águas pluviais; plano municipal de saneamento; programa de incentivo à qualidade urbana, entre outros.

Já é possível mensurar os benefícios do projeto de saneamento para a capital pernambucana?

As obras e projetos de saneamento básico refletem diretamente na qualidade de vida das pessoas e constituem, dentre todas as atividades de saúde pública, um dos mais importantes meios de prevenção de doenças. Temos hoje um conjunto de ações voltadas especificamente para o saneamento, muito embora as ações que fazem parte de outras frentes também ajudem na melhoria da qualidade de vida da nossa população. Esperamos com isso contribuir diretamente com o que é realizado, em particular, pela Secretaria de Saúde. A

iniciativa é desafiadora quando tomamos como referência o crescimento da cidade, que se deu de maneira desordenada, com adensamentos em áreas de difícil acesso, inclusive para a execução dos serviços públicos.

De que forma as obras de saneamento se relacionam com iniciativas exclusivas do município?

Além das obras de saneamento integrado, Recife terá um planejamento inédito de mapeamento das áreas críticas da cidade em relação às condições de infraestrutura urbana, renda familiar e moradia. O estudo está dividido em três módulos: mapeamento, conhecimento e intervenções. Os dados coletados em campo subsidiarão a implantação do Programa de Saneamento Integrado, que permitirá a elaboração de projetos mais eficientes nas áreas de esgotamento sanitário e abastecimento de água. Além disso, esse estudo será utilizado e servirá de parâmetro para outras obras e ações que envolvem toda a administração municipal, como melhorias na qualidade do atendimento da saúde, implantação e melhorias de sistemas viários e de acessibilidade, projetos paisagísticos, contenção de encostas e recuperação de áreas degradadas como um todo. O objetivo é termos planejamento estratégico para poder traçar os planos de ação nas áreas que precisam de especial atenção, e é exatamente o que estamos fazendo.

Os resultados dessa obra podem acarretar o aumento da atratividade do município?

Para ser uma cidade atrativa para os negócios, e esta é uma forte característica econômica de Recife, é preciso investir em infraestrutura adequada, em qualidade urbana e na oferta de serviços modernos. É nessa direção que trabalhamos, porque compreendemos que esta é uma preocupação presente entre os empreendedores. A busca por cidades que investem em espaços saudáveis, nos mais diversos aspectos, está cada vez mais associada à qualidade de vida. Isso é bom para as empresas, para os seus colaboradores e suas famílias, que passam a viver em um

novo espaço, e para a nossa população também. O saneamento faz parte desse conjunto básico, que, somado à educação, à saúde, aos espaços de lazer e cultura e à oferta de serviços modernos, entre outros, torna Recife uma cidade competitiva e a coloca na mira de novos empreendimentos. Nossa cidade reúne grandes atrativos, e estamos empenhados em superar os desequilíbrios ainda existentes.

O senhor considera o modelo de parcerias público-privadas inovador?

As parcerias público-privadas são uma alternativa positiva para as administrações públicas. Elas permitem que grandes intervenções sejam realizadas nos casos em que os recursos públicos não seriam capazes de cumprir em curto ou médio prazo. A atração de investidores para obras públicas é algo novo e está em pleno desenvolvimento em todo o País. O cenário pernambucano é positivo nesse sentido. Como exemplo dessa maturação, temos a maior PPP do saneamento do País sendo realizada pelo Governo de Pernambuco, uma obra estruturadora e de suma importância para a nossa população. A PPP é um modelo interessante, mas deve se adequar sempre à realidade local, como todas as outras formas de negociações para investimentos.

Quais outras soluções podem auxiliar de forma eficiente a tarefa de gestão pública?

Para tornar a gestão da Prefeitura de Recife mais eficiente, trouxemos a experiência implantada no Governo do Estado de Pernambuco, o Modelo de Gestão Todos por Pernambuco. Objetivos, metas e prazos formam, de maneira geral, nossa ‘carta de navegação’ dentro da gestão municipal. Bebemos na fonte da administração privada e trouxemos para o ambiente da administração pública mecanismos que nos permitem atuar em todas as frentes de maneira padronizada e organizada. O resultado é a otimização dos gastos públicos e a melhoria no controle das despesas. Isso nos permite realizar mais obras e ações, com mais rapidez e qualidade. É nisso que acreditamos.

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Apreocupação com o desenvolvimento de infraestrutura sustentável, capaz de solucionar ou

ao menos minimizar os efeitos do crescimento populacional e da forte migração para áreas urbanas, não é exclusiva do Brasil. O assunto está no topo da agenda dos governos, já que o atendimento a serviços básicos de energia, saneamento e mobilidade, por exemplo, são necessários não só para o aumento da produtividade e da qualidade de vida como também para a manutenção da ordem local.

A KPMG Global acaba de lançar a terceira edição do anuário “Infra 100”, com uma antologia de obras consideradas de excelência. A pedido da KPMG, juízes selecionaram uma centena de projetos – em elaboração, em construção ou já executados, de forma independente e imparcial –, que representam os melhores no quesito infraestrutura em curso em todo o mundo atualmente.

Entre os critérios para a seleção, os jurados consideraram as obras que apresentaram escala, viabilidade, complexidade, inovação ou impacto na sociedade. Das 100 obras

escolhidas, seis são brasileiras: Morar Carioca, Transposição do Rio São Francisco, Linha 6 do Metrô, Ferrovia Transcontinental, Exploração do Campo de Libra e Saneamento da Região Metropolitana de Recife.

Três dos seis projetos indicados no Infra 100 – Linha 6 do Metrô, Exploração do Campo de Libra e Saneamento da Região Metropolitana de Recife – coincidem com a seleção realizada pela KPMG no Brasil para o Anuário Exame Infraestrutura 2014-2015 (vide matéria de capa). De acordo com Mauricio Endo, sócio-líder de Governo e Infraestrutura da KPMG no Brasil, a diferença entre os dois relatórios está na metodologia utilizada, e um não invalida o outro. “Para o Infra 100, há primeiro uma pesquisa das obras, e grupos de cada país são convocados para revisar a primeira lista. Depois, um grupo de jurados analisa, debate e seleciona os projetos”, explica. Já para a seleção dos 15 projetos para o Anuário Exame Infraestrutura 2014-2015, além de um grupo de jurados, considerou-se também o grau de contribuição dos projetos para com as nove megatendências globais da pesquisa Estado Futuro 2030, realizado pela KPMG Internacional.

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INFRAESTRUTURA

Jurados independentes elegem uma centena de obras de excelência a pedido da KPMG

Global. Seis brasileiras estão na lista

do mundoAs melhores

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INFRAESTRUTURA

Diferentes abordagensCada país tem sua própria abordagem

para o desenvolvimento de infraestrutura e para financiá-la, mas determinados grupos de países possuem características e desafios semelhantes. Por isso, a publicação apresentou os projetos agrupados em quatro mercados distintos.

O primeiro deles corresponde aos Mercados Internacionais Maduros, considerados como economias dinâmicas, que estão abertas a uma ampla variedade de oportunidades de investimento privado em infraestrutura, como Alemanha, França, Canadá, Austrália e Reino Unido, entre outros.

Já os Mercados Emergentes são novos e procuram estabelecer as condições adequadas para atrair o investimento privado em infraestrutura. Fazem parte desse grupo países como Argentina, Bolívia, Paraguai, Costa Rica, Uruguai e Venezuela.

Os Mercados Estabelecidos Menores são considerados aqueles com economia forte e que estão abertos ao financiamento privado. Alguns dos países classificados nesse grupo são Chile, Peru, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, Japão e África do Sul.

Por fim, o grupo Potências Econômicas é aquele cujos mercados estão se abrindo lentamente para a participação privada, mas que apresentam um grande potencial no desenvolvimento de infraestrutura. É nessa classificação que se encontra o Brasil, ao lado de Estados Unidos, China, Índia e Rússia.

Com grandes populações espalhadas por vastas áreas geográficas, cada um dos países classificados no grupo Potências Econômicas tem necessidades de infraestrutura importantes, seja para apoiar o rápido crescimento e a urbanização, seja, no caso dos Estados Unidos, para reconstruir ativos em degradação.

O Relatório mostra que, historicamente, as Potências Econômicas têm usado dinheiro público – alguma forma de títulos de dívida emitidos pelo Estado – para o provisionamento de

fundos ou de recursos de bancos de desenvolvimento estatais. No entanto, a necessidade de investimento em escala acabou mostrando que as finanças públicas eram insuficientes, além do que essas instituições não tinham condições técnicas de desempenhar um papel cada vez mais importante no financiamento de projetos críticos.

Os investimentos internacionais são muitas vezes limitados pela forte concorrência interna, pela falta de propostas transparentes e por restrições consideráveis sobre a movimentação do capital estrangeiro. Como resultado, há

menos oportunidades nesses mercados para investidores privados internacionais. De acordo com o Relatório, uma questão que as Potências Econômicas precisam abordar é como aumentar a atratividade dos seus projetos para investidores internacionais, e a expansão do papel do setor privado e do uso de modelos de parcerias público-privadas (PPPs).

Confira o estudo completo em: http://goo.gl/mTybJU

Relatório promove uma reflexão sobre a relevância de cada

projeto em seu país de origem

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INFRAESTRUTURA

Sustentabilidade• Várias potências sofrem com a falta de água limpa, em

geral, pela ineficiência de investimentos e de gestão desse recurso

• Energia limpa continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pelas potências econômicas

O Jiuquan Wind Power Base faz parte de um plano chinês para abastecer 15% da energia do país a partir de fontes alternativas e renováveis até 2020

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Dois grandes eventos são realizados em curto intervalo de tempo no Brasil: a Copa do Mundo FIFA 2014 e as Olimpíadas de Verão 2016, com sede no Rio de Janeiro

Mobilidade• As cidades têm o desafio de melhorar os meios de

transporte em toda sua extensão• Há diferenças gritantes de qualidade dos sistemas de

mobilidade, tanto internamente quanto entre as nações

Cidades• A renovação urbana é uma das principais referências

para a recuperação econômica e para o crescimento

Grandes eventos e megaprojetos• Forte coordenação entre governo nacional e local é vital para

manter o progresso• Obras desse tipo só são possíveis em países com um PIB

elevado e grandes populações

Investimentos estrangeiros• As obras de infraestrutura são favorecidas pelo investimento de bancos

estatais, restringindo as estrangeiras de competir em igualdade de condições• A moeda é outro desafio para estrangeiros, já que muitas vezes o custo de

capital de dólares é mais caro do que o empréstimo em moeda nacional

Semelhanças entre as

Potências Econômicas

Pequim, na China, gastoucentenas de bilhões dedólares para construir,em menos de umadécada, o maior sistemaferroviário de altavelocidade do mundo

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Transposição do Rio São Francisco O Projeto pretende garantir a segurança hídrica para mais de 390 municípios no Nordeste Setentrional. Com mais de 60% das obras já executadas, o empreendimento tem extensão de 477 km organizados em dois eixos de transferência de água: Eixo Norte e Eixo Leste. A obra inclui a construção de 4 túneis, 14 aquedutos, 9 estações de bombeamento e 27 reservatórios.

Projetos brasileiros

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INFRAESTRUTURA

Morar Carioca O programa municipal pretende promover, até 2020, por meio da integração urbana e social, a inclusão de todas as favelas do Rio de Janeiro. Um concurso selecionou 40 escritórios de arquitetura para o desenvolvimento de projetos de urbanização de comunidades,respeitando a cultura e a história de seus moradores. O programa tem financiamentos do governo federal e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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Ferrovia TranscontinentalPlanejada para ter aproximadamente 4.400 km de extensão em solo brasileiro, a Transcontinental deve conectar o Porto do Açu, no litoral do Estado do Rio de Janeiro, à localidade de Boqueirão da Esperança, no Acre, como parte da ligação entre os Oceanos Atlântico, no Brasil, e Pacífico, no Peru. A estatal Valec é responsável pela construção e exploração da infraestrutura ferroviária.

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INFRAESTRUTURA

Linha 6 do Metrô Novo trecho do metrô de 15,9 km de extensão a ser construído na capital paulista, contando com pátio de manutenção e 15 estações. A concessionária Move São Paulo venceu licitação no modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para construir e operar a linha. O contrato de PPP terá 25 anos de vigência, sendo seis para implantação da linha e 19 para operação e manutenção.

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Campo de LibraUma das maiores reservas da área do pré-sal, o Campo de Libra deve produzir entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo ao longo dos próximos 35 anos, além de um volume estimado em 120 bilhões de metros cúbicos de gás natural. O contrato de exploração foi vencido no leilão por um consórcio que inclui Petrobras (40%), Shell (20%, Holanda), Total (20%, França), CNPC (10%, China) e CNOOC (10%, China).

Saneamento da Região Metropolitana de Recife O Programa Cidade Saneada deve elevar os serviços de esgoto sanitário na Região Metropolitana de Recife dos atuais 30% para 90% em 12 anos. Por meio de Parceria Público-Privada (PPP), serão investidos cerca de R$ 4,5 bilhões ao longo dos 35 anos de vigência do contrato, sendo R$ 3,5 bilhões de responsabilidade do consórcio privado liderado pela Odebrecht e R$ 1 bilhão do setor público. O consórcio privado será responsável pela operação e pela manutenção de todo o sistema existente, bem como de todos os novos sistemas que forem implantados ao longo do contrato de PPP.

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Empresas encontram dificuldades para desenvolver um processo consistente de materialidade em seus relatórios

Aavaliação de materialidade representa um grande desafio aos gestores durante o processo de desenvolvimento

de relatórios de sustentabilidade, já que o cenário de preparação e divulgaçãodesse tipo de descritivo tem se tornado bastante complexo. “As estruturas conceituais de relatórios se multiplicam e evoluem, e as regulamentações se tornam cada vez mais exigentes”, afirma Ricardo Zibas, diretor da prática de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da KPMG.

De acordo com o guia “Insights sobre a Sustentabilidade: os princípios básicos da avaliação da materialidade”, desenvolvido pela KPMG, das 250 maiores companhias do mundo (por receita) que definem temas de materialidade em seu relatório de sustentabilidade, 41% não explicam o processo utilizado. Além disso, menos da metade (45%) explica claramente como a contribuição das partes interessadas é usada para identificar temas materiais. “Muitas empresas entendem os princípios de materialidade na teoria, mas enfrentam dificuldades para elaborar e implementar um processo de avaliação robusto na prática”, comenta Zibas.

A materialidade é o principal item da quarta versão das diretrizes estabelecidas pelo Global Reporting Initiative (GRI) para o desenvolvimento do relato corporativo e possibilita identificar os tópicos sociais, ambientais e de governança de maior importância para uma empresa e seus stakeholders.

Dada a relevância do tema, muitas empresas têm se debruçado para rever e atualizar seus processos para definição de materialidade. A decisão é acertada, na opinião dos responsáveis pelo desenvolvimento do guia, de modo que a avaliação da materialidade pode ser utilizada como uma estratégica ferramenta de trabalho que vai além da responsabilidade corporativa demonstrada nos relatórios de sustentabilidade. “Acreditamos que as empresas que integram o processo de materialidade ao processo de gestão de riscos corporativos estão em uma posição melhor para informar os investidores e as outras partes interessadas sobre os impactos, os riscos e as oportunidades de sustentabilidade”, pontua Zibas.

O uso mais amplo desse conceito possibilitaria, entre outros aspectos,

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SUSTENTABILIDADE

Avaliação de materialidade pode se tornar uma importante ferramenta para a descoberta de tendências de negócios

corporativa

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A publicação “Insights sobre a Sustentabilidade: os princípios básicos da avaliação da materialidade” está disponível para download, em inglês, em www.kpmg.com/ sustainableinsight

1 - ESCOPO E PROPOSTADefinição do significado de materialidade para a organização e esclarecimento sobre o público e objetivos

3 - CATEGORIZAÇÃO Agrupamento dos tópicos listados em categorias

5 - PRIORIZAÇÃO Valorização dos temas materiais com base na importância estratégica para os negócios e para os stakeholders e nos impactos sociais, econômicos e ambientais de cada tópico na cadeia de valor

7 - FEEDBACK DAS PARTES INTERESSADAS

Solicitação aos stakeholders de comentários sobre os temas materiais relatados

2 - IDENTIFICAÇÃO DOS TÓPICOS

Criação de uma longa lista de temas materiais em potencial

4 - COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE O IMPACTO E A RELEVÂNCIA

Detalhamento de cada tópico material até a compreensão de sua relevância para o negócio e para os stakeholders

6 - ENGAJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO

Realização interna de audiências para testes e validação dos resultados da materialidade

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SUSTENTABILIDADE

a identificação de tendências como a escassez de água ou a mudança nos padrões climáticos, que poderia afetar significativamente a capacidade da companhia de criar valor no longo prazo; também permitiria à companhia, ao ativar diferentes funções, assumir vantagem das oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços e ficar à frente dos concorrentes; ou, ainda,

destacar aspectos e áreas importantes para gerenciamento e monitoramento e que, por alguma razão, não estavam recebendo a atenção necessária.

Segundo a publicação da KPMG, uma das dificuldades mais comuns nesse processo é a incorporação e a priorização de pontos de vista das partes interessadas, envolvendo gerência sênior e estendendo a avaliação de materialidade além das operações da própria empresa,

abrangendo toda a cadeia de valor. A opinião de especialistas, no entanto, é de que o processo pode ser melhorado se a avaliação estiver mais alinhada com o escopo do negócio e se for relatada com mais clareza.

Para isso, o guia divide o processo de avaliação da materialidade em sete fases: definição do escopo e da proposta;

identificação dos tópicos potenciais; categorização dos tópicos; coleta de informações sobre o impacto e a relevância; priorização; engajamento da administração e solicitação de feedback das partes interessadas.

A publicação fornece, ainda, orientações detalhadas e práticas para cada fase e inclui elementos que formam os requisitos mínimos para um processo robusto, bem como medidas

avançadas elaboradas para organizações com estratégias de sustentabilidade mais estabelecidas.

O guia também destaca desafios, dentre eles, como conectar a materialidade em sustentabilidade com o negócio em sua maior amplitude,como envolver a alta administração no processo e como gerenciar as

implicações de tempo e custo da participação das partes interessadas.

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1 - ESCOPO E PROPOSTADefinição do significado de materialidade para a organização e esclarecimento sobre o público e objetivos

3 - CATEGORIZAÇÃO Agrupamento dos tópicos listados em categorias

5 - PRIORIZAÇÃO Valorização dos temas materiais com base na importância estratégica para os negócios e para os stakeholders e nos impactos sociais, econômicos e ambientais de cada tópico na cadeia de valor

7 - FEEDBACK DAS PARTES INTERESSADAS

Solicitação aos stakeholders de comentários sobre os temas materiais relatados

2 - IDENTIFICAÇÃO DOS TÓPICOS

Criação de uma longa lista de temas materiais em potencial

4 - COLETA DE INFORMAÇÕES SOBRE O IMPACTO E A RELEVÂNCIA

Detalhamento de cada tópico material até a compreensão de sua relevância para o negócio e para os stakeholders

6 - ENGAJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO

Realização interna de audiências para testes e validação dos resultados da materialidade

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SUSTENTABILIDADE

desafios do Processo de Materialidade em Sustentabilidade

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Impedir que o processo fique isolado do resto da empresa

2Envolver a alta administração

3Realizar avaliação significativa em

negócios muito complexos

4Otimizar o consumo de tempo

5Priorizar itens para os stakeholders interessados em todos os tópicos

6Evitar a sobreposição de tópicos

7Listar os temas de mais materialidade

8Encontrar uma frequência ideal para repetição do processo

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processo de materialidade Fases para o

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ESPECIAL

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Osetor energético passa por um momento desafiador. Investimentos em infraestrutura e no

desenvolvimento de novas fontes energéticas, especialmente as renováveis, podem determinar um crescimento substancial do mercado. Por outro lado, o excesso de regulação, estresse hídrico e falta de garantias assombram as expectativas de um desenvolvimento significativo.

AlicercesKPMG Latam Energy Institute promove mais uma edição da Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina para debater os desafios e as perspectivas do setor

crescimento

É diante desse cenário de perspectivas e incertezas que especialistas se reuniram durante a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina (ENR 2014). O evento, que já se tornou referência no setor, foi realizado pela KPMG Latam Energy Institute em 3 de novembro de 2014, no Rio de Janeiro, para discutir os fatores de maior relevância do setor. A seguir, confira os principais destaques do encontro.

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Expectativas, mudanças, tendências e comportamento do mercado foram os temas de abertura do primeiro painel do ENR 2014, que, devido à sua importância, foi dividido em duas partes: uma com abordagem mais ampla e outra com abordagem mais técnica.

A temática inicial do debate foi a estiagem na Região Sudeste. Jerson Kelman, presidente da Sabesp e um

dos participantes do encontro, avalia que o Brasil não enfrenta a pior seca de sua história. “O sistema interligado nacional tem uma garantia física, mas a real capacidade do setor hidrelétrico brasileiro deve ser repensada. Há um excesso de regulação que precisa ser controlado”, alerta.

Com relação à exploração de petróleo, a conclusão é de que há desafios e

oportunidades em termos de tecnologia e capital com o aumento do consumo previsto para os próximos anos.

Outro tema que veio à tona durante o debate foi a presença crescente datermogeração nas discussões entre especialistas sobre a capacidade da matriz energética brasileira. O gás provavelmente ocupará um lugar mais importante na geração mundial de

Perspectivas e tendências do setor de energia e recursos naturaisPrimeiro painel do ENR 2014 promoveu discussão sobre as oportunidades e os desafios do mercado

O debate contou com a presença de Jerson Kelman, presidente da Sabesp; Nelson Silva, presidente da BG Brasil; Pablo Wagner, ex-vice-secretário de Mineração do Chile; Renato Bertani, diretor-executivo da Barra Energia, e Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL. Moderador: George Vidor, economista, apresentador do Globo News e jornalista econômico do jornal O Globo

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Especialistas defendem que real capacidade do setor hidrelétrico brasileiro deve ser repensada

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ESPECIAL

Abordagem técnica

A segunda parte do painel destacou, entre outros aspectos, a importância da previsibilidade de investimentos. Alguns países têm atingido mais estabilidade que o Brasil nesse quesito, como o México, por exemplo, que instituiu seu novo marco regulatório.

Outro enfoque do debate foi a necessidade de ações que beneficiem o desenvolvimento de infraestrutura e de comunidades locais, uma vez que conflitos impactam diretamente no investimento.

Como os projetos de energia são de grande porte e podem demorar anos para serem efetivados, a captação de recursos financeiros é um desafio, embora não seja tarefa impossível, na opinião dos participantes, em razão do retorno que os investimentos podem gerar. Particularmente, as perspectivas são boas para o pré-sal. O desenvolvimento pleno do Campo de Libra, por exemplo, deve acontecer entre 2027 e 2028, quando cerca de 10 a 12 sistemas de produção com plataformas flutuantes serão definitivamente instalados.

O painel técnico contou com a presença de Gustavo Duarte Pimenta, diretor financeiro da AES Brasil; Helder Queiroz, diretor-executivo da ANP; João Carlos de Luca, presidente do IBP; Luiz Carlos Martins, diretor comercial de Energia da Camargo Corrêa; Oswaldo Pedrosa, presidente da Pré-Sal Petróleo; e Luiz Fernando Rolla, diretor de finanças e relações com investidores da CEMIG. Moderadora: Virginia Parente, especialista em Estratégia Aplicada à Energia e ao Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP

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energia e deve aumentar sua participação também no Brasil.

Obstáculos e oportunidades em energia elétrica foram analisados por Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL. Segundo ele, desde o episódio de racionamento de energia, as regulações no Brasil evoluíram. “O setor elétrico conta com investimentos privados,

financiamentos estatais, um conjunto de governanças, planejamento e reserva, entre outros fatores. Com isso, a capacidade de geração foi ampliada em 23%”, enumera.

Questionado sobre as expectativas do desempenho da mineração mundial, especialmente no Chile, Pablo Wagner, ex-vice-secretário de Mineração do

Chile, explicou que o país, juntamente com o Peru e a Colômbia, passa por problemas cambiais e sociais, bem como de acordos com comunidades, que precisam ser resolvidos. “O desafio é construir melhores estratégias de produtividade, ampliar a capacidade de extração e fazer com que a indústria tenha condições de equilibrar os baixos preços em cobre”, pondera.

Pré-sal oferece boas perspectivas de crescimento, com o pleno desenvolvimento do Campo de Libra na próxima década

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Como as mudanças no setor de energia e recursos naturais do país impactarão o mercado no Brasil e no mundo

Novo marco regulatório do México

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ESPECIAL

Expectativas reaisPerguntas realizadas aos participantes do evento sobre o desempenho econômico esetorial no Brasil e no mundo serviram como apoio aos depoimentos dos palestrantes. Confira algumas delas:

16,79%

53,82%

29,39%

1. melhorar (plano denegócios das operadoras é executado, e produção de óleo e gás aumenta)

Qual é sua expectativa para o setor de Oil & Gas no Brasil para 2015, em comparação a 2014?

2. manter (inércia dos investimentos das operadoras e atraso na entrega dos ativos com manutenção dos níveis de produção atuais)

3. Piorar (preços dos combustíveis represados por conta de efeitos na inflação, e produção de óleo e gás decresce; aumenta oferta de óleo e gás no mundo, e preços caem)

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Para Gilberto Afaro, o México se inseriu em um mundo globalizado a partir da instituição do marco regulatório no país

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ESPECIAL

Se existe uma iniciativa global no setor de energia e recursos naturais que tem conquistado atenção nos últimos tempos certamente é o novo marco regulatório do México. Gilberto Alfaro, Energy e Natural Resource Leader da KPMG no México, disse que, a partir dessa iniciativa,o país se insere em um mundo globalizado, tornando-se competitivo na exportação de recursos naturais. “Por mais de 70 anos, o México se manteve por meio de monopólios, especialmente no setor de petróleo e, em 2014, se abriu à iniciativa privada nacional e estrangeira de óleo e gás”, declarou.

Mas qual será o impacto provocado por essas mudanças? Segundo ele, as 21 leis – que precisam ser aprovadas para a regulamentação de todo o

12,65%

21,74%

66,4%

1. melhorar (regrase contratos claros e tarifas ajustadas)

Qual é sua expectativa para o setor de energia elétrica no Brasil para 2015, em comparação a 2014?

2. manter (tarifasrepresadas por conta de efeitos na inflação)

3. Piorar (contínuouso de fontes mais caras para minimizar efeito das secas)

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marco regulatório – representam para os investidores estrangeiros uma oportunidade de se integrar a essa nova dinâmica. Com isso, companhias nacionais e estrangeiras poderão participar em projetos upstream, após processo de licitação. As áreas de downstream e midstream não exigirão aprovação, mas sim uma comprovação de capacidade técnica e operacional. “Outro elemento importante é a renda petroleira e, nesse sentido, os contratos de upstream ocorrerão por meio da oferta da variável econômica, decidida durante a licitação. Dessa forma, cada parte terá tempo suficiente para desenvolver projetos e viabilizar investimentos”, disse o executivo, ao mencionar que hoje atransparência é o fator mais relevante para a realização de negócios.

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Mesmo diante das oportunidades geradas por esses dois fatores, ainda há obstáculos para o aumento da competitividade

Parcerias e conteúdo local

Parcerias no setor de energia e recursos naturais são comuns tanto no Brasil quanto no mundo, sendo formadas para minimizar possíveis riscos de mercado. Um dos maiores problemas relacionados a esse tipo de união, no entanto, é o ambiente setorial instável no que se refere às normas e às regras para sua formação. Ainda assim, participantes do painel concordam que as parcerias tendem a crescer.

Outro item colocado em discussão foi a rede de fornecimento. “A parceria ocorre em função dos desafios tecnológicos e da capacidade de superar desafios. Isso revela o receio da formação de parcerias entre empresas de diferentes portes”, considerou Eloi Fernández e Fernández, diretor-geral da ONIP.

O debate teve continuidade com a abordagem do conteúdo local, iniciativa que é considerada positiva e reflete uma política industrial consistente. Isso porque, à medida que se conquista conhecimento por meio de parcerias e tecnologias, gera-se maior competitividade de mercado. As empresas brasileiras têm o desafio de se tornar atrativas para os investidores por meio de melhorias em sua capacidade e na oferta de alternativas de preço, serviços e prazo de entrega.

Participaram do debate Armando Guedes, vice-presidente de Oil & Gas da Firjan; Dennis Palluat, presidente da TOTAL Brasil; Eloi Fernández e Fernández, diretor-geral da ONIP; Maurício Figueiredo, vice-presidente da Baker Hughes do Brasil, e Antonio Guimarães, secretário-executivo de Exploração e Produção do IBP. Moderadora: Ina Kjaer, sócia-líder de Integração e Separação da KPMG

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Parcerias são estratégicas para o setor, mas a instabilidade nas normas e regras para sua formação gera inseguranças entre empresários

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Percepção de mercadoA interatividade do público nos painéis sobre Parcerias e Conteúdo Local direcionaram as discussões sobre os temas pelos debatedores. Confira algumas opiniões compartilhadas nas perguntas a seguir:

Sim

Não

Você acredita que as demandas por conteúdo local possam acarretar estrangulamento/falta de fornecimento de bens e serviços nacionais a médio ou longo prazo?

78,64% 21,36%

Parcerias

Quais são os principais obstáculos para o bom funcionamento de uma parceria?

18,18% 11,82%53,64% 16,36%

1.diferenças culturais

2.governança mal estabelecida

4.dificuldades operacionais

3.divisão de custos e receitas

O papel das energias renováveis na matriz energética regional e brasileiraAs tendências de um segmento que a cada dia ganha mais evidência no País

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Plano Decenal de Energia prevê crescimento na capacidade de geração de fontes renováveis e desperta interesse dos investidores

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O consumo de energias renováveis ainda é escasso em comparação ao crescimento demográfico e econômico mundial, mas o Brasil tem se destacado nesse mercado. Detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o País tem potencial de crescimento e desperta o interesse de investidores.

O Plano Decenal de Energia de 2014 a 2023, que prevê um crescimento na capacidade de geração de fontes renováveis de 103.399 MW para 164.135 MW, incluindo a geração hidráulica, foi destacado pelos debatedores.

O Proinfa também foi citado como uma política muito importante para o setor de renováveis com a regulamentação da lei de 2002. “Para a fonte eólica, o Proinfa foi fundamental, pois aprendemos a criar um parque eólico, tivemos um aparato ambiental e, sobretudo, um conhecimento sobre a natureza do vento brasileiro, que hoje justifica a competitividade da fonte eólica”, afirmou Elbia Melo, presidente-executiva da Abeólica.

Mesmo sem ter participação no Proinfa, o segmento solar vem conquistando espaço no mercado,

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principalmente depois do primeiro Leilão de Energia de Reserva, realizado em outubro de 2014.

Muito antes do surgimento das fontes eólica e solar, o Brasil já contava com usinas de açúcar e álcool autossuficientes em energia. “Desde 1987 exportamos energia para a rede. São 31 mil MW entre autoconsumo e exportação. É uma contribuição bastante relevante que, no ano passado, foi capaz de abastecer o equivalente a oito milhões deresidências”, destacou Elizabeth Farina, presidente da Unica.

Debate contou com a participação de Armando Casado, CFO da Eletrobras; Elbia Melo, presidente-executiva da Abeólica; Elizabeth Farina, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar); Marcelo Llévenes, presidente da Endesa Brasil; Olga Simbalista, diretora de Gestão de Novos Negócios e de Participações de Furnas, e Rodrigo Lopes Sauaia, diretor-executivo da Absolar. Mediadora: Franceli Jodas, diretora da KPMG no Brasil

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Esse debate teve o objetivo de reunir ideias de como melhorar o planejamento, a entrega e o financiamento de projetos de infraestrutura e promover uma discussão sobre o contexto atual.

Mauricio Endo, líder de Governo e Infraestrutura da KPMG, começou a abordagem retratando o estudo feito pela KPMG, em parceria com a revista Exame, sobre os 15 projetos prioritários de infraestrutura no Brasil. Segundo ele, entre os resultados obtidos, três projetos no setor de energia – a concessão da usina hidrelétrica de Belo Monte, o programa de Smart Grid da Light e a usina hidrelétrica de São Luís dos Tapajós – e dois de petróleo – o Campo de Libra e as 29 sondas de perfuração de águas profundas do parque – poderão contribuir para que o Brasil, futuramente, seja um

país melhor em todos os aspectos.

Essa descrição auxiliou Rodolpho Tourinho, presidente da ABDIB, a afirmar que, ao longo do tempo, o Brasil aprendeu muito. “O maior desafio do País será como financiar tudo o que é necessário para resgatar o passado, melhorar o presente e pensar no futuro”, completou. Já Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, registrou a evolução promovida pela lei Eliseu Resende, que introduziu os leilões de energia. “Foi uma evolução, infelizmente interrompida com a medida 579, cujos resultados são percebidos hoje”, avaliou.

Ao destacar que o setor de petróleo deve inserir as melhores práticas internacionais, exigindo que o Brasil se adapte a uma realidade mundial,

David Zylbersztajn, sócio-diretor da DZ Negócios com Energia, mencionou que o País precisa recuperar o nível de atratividade, perdido com a introdução de várias medidas internas. “Em relação à atração de investimentos, enfrentamos um sério problema de credibilidade, confiança e mudança de regras. O País já contou com a atuação de cerca de 100 empresas do setor, mas boa parte delas já foi embora”, lembrou.

Segundo Virginia Parente, especialista em Estratégia Aplicada à Energia e ao Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP, para atrair investimentos internacionais, o País também deve considerar as mudanças climáticas. “Temos de pensar que a nossa matriz é diversificada e competitiva para avançar no mercado mundial”, encerrou.

Sessão paralela reuniu Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil; Rodolpho Tourinho, presidente da ABDIB; David Zylbersztajn, sócio-diretor da DZ Negócios com Energia; Virginia Parente, especialista em Estratégia Aplicada à Energia e ao Meio Ambiente do Programa de Pós-Graduação em Energia da USP, e Mauricio Endo, líder de Governo e Infraestrutura da KPMG. Mediador: Fernando Faria, sócio da KPMG do Brasil

Os principais projetos em energia e recursos naturais e suas contribuições para o desenvolvimento do País

Como os principais projetos de infraestrutura de energia e recursos naturais estão contribuindo para o futuro do Brasil?

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Como patrocinador das Conferências de Energia e Recursos Naturais no Brasil, o KPMG Latam Energy Institute, em seusegundo ano de existência, consolidou-se como grande provedor de conteúdo altamente especializado e qualificado.

A plataforma latina do Instituto, que em âmbito global já congrega 30 mil

KPMGLatam Energy Institute

executivos, está em franca expansão e reúne mais e mais conteúdo a cada dia, além de ter se tornado referência no setor.

O KPMG Latam Energy Institute pode ser acessado no endereço kpmg.com/energylatam, e as inscrições para a participação são gratuitas.

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ARTIGO

Épossível dizer que, em qualquer negócio, desde pequenas empresas até corporações multinacionais, a boa

administração do fluxo de caixa e do capital de giro é tão ou mais importante que as iniciativas focadas em resultados para aumento de receitas ou redução de custos. Por esse motivo, um estudo conduzido pela KPMG indicou que executivos consideram a administração do caixa como um dos dois principais desafios em conduzir um negócio – o outro é a redução de custos.

Um provérbio comum no mundo corporativo resume a ideia: Cash is King!

Um dos principais motivos que podem resultar em uma crise é a falta de uma cultura adequada de caixa propriamente incorporada na gestão do negócio. Por

exemplo, é mais provável encontrar negócios que meçam a performance com base em resultados (crescimento de receita, redução de custo, melhoria de margem) do que com base na geração de caixa e nas métricas de capital de giro. Isso geralmente resulta em um cenário no qual a empresa sacrifica o consumo de caixa e o capital de giro para obter resultados operacionais positivos.

Em uma economia com boas perspectivas, esses pontos se tornam menos relevantes e, infelizmente, muitas vezes ignorados. Contudo, essa falta de atenção no gerenciamento do fluxo de caixa durante tempos de bonança tem um grande impacto negativo no momento em que a economia se demonstra desfavorável ou caso haja qualquer crise interna no negócio.

Estudo da KPMG aponta que a geração de caixa através de um efetivo gerenciamento do fluxo de caixa e do capital de giro é uma prioridade dos executivos para melhorar o desempenho e a liquidez do negócio

de liquidezGestão

Com a desaceleração da expansão de capital disponível, o aumento das taxas de juros, o baixo crescimento da economia e as perspectivas desfavoráveis, gerenciamento do caixa e gerenciamento do capital de giro se tornaram pontos ainda mais relevantes. E, diante dessa realidade, executivos que antes buscavam expansão dos negócios e a ampliação das margens hoje precisam focar na implementação de uma cultura rigorosa de caixa para a sobrevivência do negócio.

Muitas companhias com balanço patrimonial saudável têm a saúde e a força financeira necessárias para implementar uma cultura de caixa sustentável em tempo; já outras companhias, com balanço patrimonial menos robusto, não. Por isso, melhores práticas para uma gestão adequada de liquidez são de grande valor para qualquer negócio, em

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ARTIGO

qualquer situação, especialmente para as empresas menos capitalizadas e de pequeno e médio porte. Essas são as mais afetadas pelo alto custo das taxas de empréstimos, já que muitas vezes não têm recursos suficientes para satisfazer suas necessidades de capital de giro, causando uma potencial crise de liquidez.

Nesse tipo de crise, a prioridade imediata deve ser a obtenção do controle total, o mais breve possível, sobre o fluxo de caixa. É importante compreender a dinâmica das principais contas a pagar e a receber, bem como as prioridades imediatas de saídas e probabilidade de entradas. É vital ter uma visão clara do que vai acontecer nas próximas semanas e meses.

Com um grande número de empresas familiares no Brasil, nas quais as decisões são normalmente tomadas por apenas algumas pessoas, outra ação importante durante uma situação de crise é a formação de um comitê (diário ou semanal) com plena autoridade sobre as decisões que afetam o caixa.

Esse comitê de caixa geralmente é dividido em um grupo estratégico e um grupo operacional. Sua principal função é a de unir os responsáveis por cada um dos itens do fluxo de caixa, a fim de discutir a priorização dos recursos disponíveis para as necessidades imediatas, bem como para os usos futuros. Outro papel fundamental do comitê é identificar atividades para a geração e a preservação de caixa no curto prazo, bem como ser um meio direto de comunicação com as partes interessadas diretamente envolvidas, especialmente aquelas de quem a empresa depende (fornecedores e principais clientes, bancos, sindicatos, entre outros). Além disso, os credores observam com atenção se as empresas têm explorado todas as opções de autoajuda antes de recorrer a fontes externas de financiamento.

“Estima-se que as maiores empresas da Europa desperdiçaram 800 bilhões de euros em 2011, como resultado de uma gestão ineficiente de caixa.” (Financial Times, junho de 2012).

Como há muitos fatores que influenciam a liquidez de uma empresa, melhorar o capital de giro é fundamental para recuperar a capacidade de gerar caixa. Uma gestão dedicada a atividades para essa melhoria pode trazer como benefício um ganho de 15% a 20% de capital até então “preso” no balanço (contas a pagar, contas a receber e estoque) direto para o fluxo de caixa.

Abaixo, confira algumas iniciativas comuns que visam a melhoria do o capital de giro:

Contas a receber

Gestão de Risco de Crédito - Implementar um processo de gestão de limite de crédito melhor, com revisão regular dos procedimentos de concessão de crédito para os clientes atuais, bem como melhorar a gestão de risco no início desse relacionamento.

Faturamento – Simplificar burocracias internas que geralmente atrasam o processo de faturamento, impactando diretamente os recebimentos do fluxo de caixa. Outras ações são as de comparar as condições contratuais de crédito (prazo) com as vigentes no sistema (praticadas), bem como no aumento da frequência de faturamento.

Cobrança – Emitir faturas eletrônicas aos clientes e aumentar os pagamentos automáticos, bem como enviar lembretes proativos para pagamento – são iniciativas que geralmente aceleram o processo de recebimento.

Estoque

Mix de produtos e gestão de aging – Fazer a revisão da quantidade de produtos, reduzir peças de reposição, bem como aumentar as vendas de produtos de baixo giro e eliminar produtos sem giro do estoque.

Planejamento de compra – Melhorar o planejamento de compras e negociaro tamanho ideal do volume compradopara evitar o acúmulo de inventário desnecessário, bem como obter uma maior precisão na previsão do uso.

Nível de estoque - Definir (ou mesmo reduzir) níveis ideais de estoque de segurança, considerando os níveis de oferta e a demanda de cada produto dentro da cadeia de suprimentos.

Contas a pagar

Termos de extensão de pagamento - Padronizar e renegociar as condições de pagamento para determinados fornecedores, com o objetivo de estender os prazos praticados, bem como reavaliar o gatilho do prazo (emissão vs. recebimento).

Pagamentos antecipados - Avaliar a necessidade de pré-pagamentos, bem como realizar pagamentos uma única vez por mês (ao final do mês), mantendo os prazos contratados.

Racionalização de vendedor - Reduzir o número de fornecedores utilizados e aumentar a padronização dos termos, bem como assegurar que contratos com fornecedores globais tenham condições de pagamento globais aplicados de forma consistente.

Desafiando o modelo de operação atual, é importante garantir que todas as áreas de fluxo de caixa foram revistas e que as oportunidades de melhoria foram avaliadas. Além de fornecedores operacionais, clientes e estoque, revisar atividades tributárias, políticas de investimento e pagamento de aluguel pode proporcionar melhorias adicionais na gestão de capital de giro e liquidez de um negócio.

André Schwartzman, sócio de Advisory

Francisco Clemente, diretor de Advisory

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Osetor de seguros tem se mostrado promissor, com um crescimento significativo na última década, sempre

acima do PIB. O segmento fechou 2014 com aumento de 11% e sustenta um certo otimismo para o futuro. As informações são da pesquisa “O mercado brasileiro de seguros hoje e nos próximos anos”, realizada pela KPMG no Brasil para medir as expectativas dos principais seguradores, resseguradores e corretores com relação ao comportamento do mercado.

Participaram da pesquisa 38 dos principais executivos do setor no País e que representam mais de 60% do mercado em termos de prêmios. “Os respondentes da pesquisa acreditam que praticamente todos os setores tenham mantido o crescimento acima de 10% em 2014, com exceção dos seguros de transporte. Os seguros de vida e acidentes pessoais apresentaram os aumentos mais relevantes”, analisa a sócia da KPMG e líder para Seguros Luciene Magalhães.

Os principais fatores de influência positiva para o mercado foram o crescimento econômico e o aumento da renda nas classes C, D e E. Mas, com as baixas expectativas de uma melhora na economia, não é claro para os respondentes da pesquisa se esse crescimento será suficiente para impulsionar o mercado de seguros e resseguros nos mesmos índices atuais. O aumento médio anual registrado nos

últimos anos tem sido de 10% para seguros e 14% para resseguros.

Dessa forma, paradoxalmente, o crescimento econômico tambémsimboliza um item desafiador para a maioria dos participantes (64%), seguido por exigências regulamentares (43%) e a solvência/gestão de capital (43%).

Ainda segundo o estudo, o seguro patrimonial continua representando o pilar tradicional do mercado brasileiro. Além disso, os produtos de seguro de vida também apresentam crescimento significativo. Já o setor de saúde é visto como um dos mais promissores para os próximos anos. “A saúde ocupa a segunda posição na lista de desejos dos brasileiros, mas o setor não consegue atender aos requisitos da população. Além disso, apenas cerca de 25% da população possui um plano ou seguro de saúde, o que significa um potencial de desenvolvimento enorme para esse mercado”, afirma Luciene.

No longo prazo, o mercado de varejo deve se tornar o principal indutor para o crescimento sustentável, com a maioria das oportunidades nos negócios de seguro automotivo, saúde e afinidades (seguros vendidos por meio de varejistas). O novo cliente que está entrando no mercado financeiro será o principal impulsionador da inovação na distribuição de produtos. No entanto, o receio da inflação pode colocar alguma pressão sobre os produtos de longo prazo.

ascendenteCurva

Setor fecha 2014 com crescimento de 11% e expectativas otimistas no curto prazo

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SEGUROS

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Vida e Acidentes Pessoais Média

Expectativa de crescimento anual por grupo de ramos

13%61% 31% 8%

Automóvel

10%14% 72% 14%

Patrimonial

11%21% 50% 29%

21% 50% 29%

VGBL

11%

Riscos Financeiros

10%21% 65% 7% 7%

Transportes

9%21% 72% 7%

Saúde

11%15% 54% 31%

0 a 5% 5 a 15% 15 a 20% >20%

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SEGUROS

Gestão Em razão das preocupações

globais com a gestão de risco e capital e as exigências de adequação aos requerimentos de Solvência II, os executivos acreditam que esses aspectos devem provocar mudanças regulamentares no futuro próximo.

Já os canais de comercialização provavelmente manterão sua relevância inalterada, embora haja uma expectativa maior com relação à distribuição por canais alternativos, como empresas de varejo e internet. Quando se trata de gestão de resultados, a maior

parte dos respondentes sinaliza que as áreas de gestão de sinistros e os recursos investidos em publicidade e marketing serão otimizados. A redução dos custos de colocação surpreendentemente aparece como menor foco de atenção. Por outro lado, a melhoria na gestão dos processos litigiosos e o aprimoramento do processo de precificação e de gestão de prestadores de serviço são considerados como ações prioritárias para a redução das despesas operacionais e o ganho de eficiência.

Entre os custos administrativos, parte relevante dos respondentes

pretende investir em centros de serviços compartilhados (43%) e na redução dos custos com pessoal (21%).

Cerca de 85% dos participantes da pesquisa estimam que seus investimentos em tecnologia tenham se mantido nos mesmos patamares de 2013, sendo que os sistemas de Emissão e Administração de apólice merecerão maior foco, de acordo com 67% dos respondentes.

O estudo completo está disponível em: http://migre.me/n6ETK

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Vida e Acidentes Pessoais Média

Expectativa de crescimento anual por grupo de ramos

13%61% 31% 8%

Automóvel

10%14% 72% 14%

Patrimonial

11%21% 50% 29%

21% 50% 29%

VGBL

11%

Riscos Financeiros

10%21% 65% 7% 7%

Transportes

9%21% 72% 7%

Saúde

11%15% 54% 31%

0 a 5% 5 a 15% 15 a 20% >20%

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SEGUROS

A saúde ocupa a segunda posição na lista de desejos da população, mas o setor não acompanhou o ritmo da

migração dos brasileiros para classes mais abastadas. Apenas 25% da

população possui um plano ou seguro, o que indica grande potencial de

desenvolvimento. Por outro lado, há muitos riscos para quem os assume.

Conforme o estudo, “além das questões globais, como a inflação

geral dos custos de saúde, o debate sobre os requisitos de capital para as atividades de saúde e o debate acerca

de retornos socialmente aceitáveis na comercialização de atividades de saúde, o risco político e regulatório é

um fator determinante na comercialização”. Tais

fatores representam grande desafio na busca

de soluções comercialmente

viáveis.

Desafio na saúde

Outras conclusões da pesquisaOs dez maiores grupos seguradores responderam por 85% dos prêmios diretos em 2013.

Os cinco maiores grupos aumentarão seu market share, já que fusões e aquisições foram previstas por 25% dos respondentes.

Há expectativas de que players internacionais continuem a demonstrar interesse no mercado brasileiro.

Apesar da relevância no PIB, a participação de seguros é pouco representativa em comparação a economias mais maduras.

O mercado de corretagem continua fragmentado e concentrado em produtos de curto prazo em função de sua alta rentabilidade.

Sob pressão causada pela competitividade, as corretoras terão o desafio de definir seu valor agregado para o mercado futuro.

O mercado de varejo terá as maiores oportunidades nos negócios de seguro automotivo, saúde e afinidades.

O segmento comercial já representa 30% do mercado de seguros e deve emitir US$ 15 bilhões em prêmios até 2020.

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ARTIGO

Em virtude da internacionalização dos contratos de trabalho, quando muitos profissionais são destacados para trabalhar

em outro país dentro do mesmo grupo econômico, ou das várias situações em que as pessoas se deslocam de uma nação para outra em busca de novas oportunidades, trataremos a seguir dos Acordos Internacionais de Previdência Social firmados pelo Brasil.

Apesar de ser um assunto escasso em termos de discussões, ele tem suma importância devido ao fenômeno cada vez mais acentuado da globalização e da maior abertura e receptividade dos países para com os estrangeiros.

Segundo o Ministério da Previdência Social, os Acordos Internacionais resultam de esforços do próprio ministério e de entendimentos diplomáticos entre governos, e inserem-se no contexto da política externa brasileira, conduzida pelo Ministério das Relações Exteriores.

As razões pelas quais o governo brasileiro firmou e continua buscando fechar acordos internacionais com outros países enquadram-se em pelo menos uma das seguintes situações:

- elevado volume de comércio exterior; - recebimento no País de investimentos externos significativos;

- acolhimento, no passado, de fluxo migratório intenso;

- relações especiais de amizade.

O objetivo principal dos Acordos Internacionais é garantir os direitos de seguridade social previstos nas legislações dos dois países contratantes aos respectivos trabalhadores e a seus dependentes legais, residentes ou em trânsito no país.

Acordos Internacionais de

Previdência SocialConheça as regras para garantir os direitos de seguridade durante a prestação de serviços no exterior

Globalização e maior abertura dos países para estrangeiros resultaram no aumento do número de profissionais em busca de atividades no exterior

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ARTIGO

Os Acordos Internacionais de Previdência Social estabelecem uma relação de prestação de benefícios previdenciários, não implicando a modificação da legislação vigente no país, cabendo a cada nação analisar os pedidos de benefícios apresentados e decidir quanto ao direito e às condições, conforme sua própria legislação aplicável, e ao respectivo acordo.

No Brasil, quando da formalização de um Tratado de Previdência Social, devem ser observadas as regras estabelecidas nos artigos 467 a 486 da Instrução Normativa INSS/Pres n. 45/10, pois elas garantem os direitos mínimos a serem obedecidos, de acordo com a legislação previdenciária brasileira.

Uma consequência importante dos Acordos Internacionais é a possibilidade de se evitar a dupla tributação de contribuições à Previdência Social quando existe o deslocamento de um indivíduo para outro país com o fim de trabalhar e obter renda.

Se existe acordo de Previdência Social entre o Brasil e o outro país, é necessário avaliar os requisitos em cada tratado, especificamente para se obter o direito de realizar contribuições de seguridade social apenas no país de origem, garantindo-se, no entanto, o direito aos benefícios de ambos os regimes de previdência social.

Em geral, os acordos seguem o disposto no artigo 478 da citada Instrução Normativa, o qual determina que “o empregado de empresa com sede em um dos Estados contratantes que for enviado ao território do outro, por um período limitado, continuará sujeito à legislação previdenciária do primeiro Estado, sempre que o tempo de trabalho no território de outro Estado não exceda ao período estabelecido no respectivo Acordo, mediante:I - fornecimento de Certificado de Deslocamento Temporário, objetivando a dispensa de filiação desses segurados à Previdência Social do país onde estiver prestando os serviços temporariamente; II - oficialização ao país acordante; e

III - comunicação à unidade local da SRFB.”

Em alguns Acordos Internacionais, o pedido do Certificado de Deslocamento Temporário deve ser solicitado com antecedência mínima de 90 dias à transferência do empregado, para que se possa usufruir do disposto nesse instrumento.

Atualmente o Brasil possui Acordos Internacionais multilaterais e bilaterais em vigor com os seguintes países:

Acordos Multilaterais - Ibero-americano – Em vigor para Bolívia, Brasil, Chile, El Salvador, Equador, Espanha, Paraguai, Portugal e Uruguai.

- Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai.

Acordos Bilaterais - Alemanha, Bélgica, Cabo Verde, Canadá, Chile, Espanha, França, Grécia, Itália, Japão, Luxemburgo e Portugal.

Dentre os acordos bilaterais que entraram em vigor recentemente, destacamos o Acordo com o Canadá, com a França e com a Bélgica (entrou em vigor em 1º de dezembro de 2014, mas, para que os procedimentos possam ser realizados, ainda falta a publicação da promulgação do Acordo).

Nos últimos anos, o Brasil tem recebido muitos estrangeiros, bem como tem enviado empregados brasileiros para trabalhar em empresas do mesmo grupo econômico em outro país. O custo envolvido nas expatriações é bastante elevado, devido, em especial, aos direitos trabalhistas previstos na legislação brasileira, que devem ser, no mínimo, garantidos, bem como os tributos devidos no Brasil sobre a remuneração global concedida.

Assim, a possibilidade de se economizar com o recolhimento de contribuições à Seguridade Social, mantendo os direitos do trabalhador, é uma vantagem para as empresas.

No entanto, como os textos dos Acordos e os dos Certificados de Deslocamento não são claros quanto

à possibilidade de se deixar de efetuar recolhimentos patronais de INSS (quando estrangeiros estão trabalhando no Brasil e possuem Certificado de Deslocamento), o procedimento mais conservador que vem sendo adotado pelas empresas é o de continuar efetuando recolhimentos patronais sobre a remuneração global do profissional estrangeiro. O Certificado, nesses casos, é utilizado apenas para evitar a retenção da contribuição de segurado ao Regime de Previdência Social do Brasil.

Considerando-se essa situação, foi realizada consulta questionando-se a abrangência do Acordo Internacional firmado entre Brasil e Japão, cuja resposta, publicada em 14 de outubro de 2014 – Solução de Consulta COSIT no 237, de 12 de setembro de 2014 – esclarece que não será devida a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre o valor da remuneração paga ao expatriado japonês, deslocado temporariamente, para trabalhar no Brasil, uma vez que não acarreta filiação ao sistema previdenciário brasileiro.

Informa, ainda, que a remuneração do empregado apenas deverá ser informada em GFIP caso haja a necessidade de recolhimento de FGTS.

Tendo em vista os detalhes que permeiam os Acordos Internacionais de Previdência Social, recomenda-se o estudo prévio da expatriação, para que o prazo de solicitação do Certificado seja obedecido, e as vantagens de sua obtenção possam ser consideradas no seu custo total.

Regina MoraesGerente Sênior de Tax

Valter ShimiduDiretor de Tax

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