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EDIÇÃO SEBRAE-RJ / SENAR-RIO / FAERJ 2007

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 1

EDIÇÃO

SEBRAE-RJ / SENAR-RIO / FAERJ2007

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2 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – SEBRAE-RJPRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO: ORLANDO DINIZ

DIRETOR SUPERINTENDENTE: SERGIO MALTA

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL DO RIO DE JANEIRO – SENAR-AR/RJPRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO: RODOLFO TAVARES

SUPERINTENDENTE: MARIA CRISTINA T. C. TAVARES

FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E PESCA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – FAERJPRESIDENTE: RODOLFO TAVARES

TEXTO E PESQUISAVILGON CONSULTORIA E PROJETOS AGROPECUÁRIOS

EDSON GONÇALVES, ZOOTECNISTA

EDIÇÃOJOÃO ANTONIO F. DOS SANTOS

EDIÇÃO DE ARTECASAD’ ARTE DESIGN GRÁFICO

REVISÃOSERGIO MARTINS

IMPRESSÃO E ACABAMENTOEDITORA POPULIS LTDA.

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 3

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 5

UMA FÁBRICA DE ALIMENTO PARA O REBANHO ............................................ 7

AMOSTRAGEM DE SOLOS.................................................................................... 9 Seleção da área de amostragem • Época de amostragem • Número de amostras simples • Profundidade de amostragem

IMPORTÂNCIA DOS NUTRIENTES DO SOLO ............................... 11 Acidez do solo • Matéria orgânica • Fósforo • Enxofre Nitrogênio • Potássio • Micronutrientes

FORMAÇÃO DE PASTAGENS ......................................................... 15 Escolha da área • Limpeza da área • Conservação do solo Preparo do solo • Proteção ao meio ambiente • Escolha da espécie forrageira • Plantio da pastagem por mudas • Quantidade de sementes

RECUPERAR OU FORMAR NOVA PASTAGEM ............................. 19 Critérios importantes • Pastos por muitos anos

IMPLANTAÇÃO DE CERCA ELÉTRICA ......................................... 21 Voltagem • Aterramento • Suportes • Isoladores

MANEJO INTENSIVO DE PASTAGENS ........................................... 23 Período de ocupação • Irrigação de pastagens • Benefícios • Pastejo de ponta e repasse

CANAVIAL: UM SILO EM PÉ ............................................................ 27 Mudas de cana-de-açúcar • Preparo do solo e plantio • Orientação para o plantio • Utilização correta da cana com uréia • Recomendações geraisANEXO: Visão de futuro: avanços no manejo das pastagens................ 31

SUMÁRIO

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4 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

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rodutividade. Essa é a palavra-chave que vai definir a sobrevivência do produtor de leite naatividade. E produtividade na produção de leite quer dizer em primeiro lugar: alimento volumo-so de qualidade e abundante, a baixo custo. Há tempos que quem determina o preço do leite éo mercado, não restando ao produtor senão ofertar a matéria-prima tendo um custo compatívelcom essa realidade. Este é o grande segredo: produzir leite com qualidade, a baixo custo. Osistema intensivo de produção de leite a pasto, conduzido profissionalmente, é uma alternativade manejo que propicia atingir tais objetivos.

Por profissionalismo, significa que o produtor de leite deve estar receptivo à adoção de novastecnologias deve estar consciente do que pretende, depois de ter visitado propriedades bem-sucedidasnesse tipo de sistema de produção, e contar com a orientação de um técnico especializado. Trocando emmiúdos: é preciso tocar seu negócio buscando máxima eficiência e redução de custos por meio de umsistema de gestão que lhe permita planejar e controlar cada mínimo detalhe da atividade, sem perder avisão do todo. É isso que exige a nova realidade do mercado de leite, não só do Brasil, mas também domundo todo: ter produto de qualidade, com maiores teores de sólidos, com baixo custo de produção.

Assim, o primeiro passo é você, produtor, entender a produção de leite como um todo, em quecada item, no final, vai ter um peso enorme na soma dos resultados. Pare e repense tudo o que vocêtem feito até agora e avalie: "Produzir leite tem sido um bom negócio para mim? Tenho obtido umaboa rentabilidade?" Para qualquer resposta que venha a dar, antes de mais nada reflita para tomaralgumas decisões, que garantirão seu futuro na atividade. Se tem tido lucro, vale a pena pensarcomo poderá aumentá-lo mais ainda. Caso só tenha tido dor-de-cabeça e nada de lucro, é omomento de dar a grande virada.

O caminho até a produtividade passa, com certeza, pelo planejamento. Você já tem a terra, o pasto,a água, os animais, o curral, a sala de ordenha... então, como melhorar o desempenho da atividade?Planejando! Com um mínimo de planejamento, sob a orientação de um técnico especializado, você teráclaros, com base no que já dispõe a propriedade, seus objetivos de produção, o caminho de como atingi-los e as metas a serem cumpridas.

Você tem de pensar a atividade globalmente desde o primeiro instante, ou seja, que cadadetalhe – da produção de volumoso, passando pelo conforto dos animais, à proteção do meio ambiente– está relacionado a outro, que por sua vez se liga a outro e assim por diante, até finalmente essesdetalhes se somarem no tanque resfriador e no saldo final de sua conta bancária.

O primeiro passo é reformular todo o sistema de pastagem, já pensando nos demais aspectos,visando à sustentabilidade da atividade por muitos e muitos anos. De nada adianta ter bom pasto se asvacas não têm boa água e sombra para descansar, bons corredores para caminhar, manejo correto,boas condições de sanidade e higiene... Mesmo com ótimo alimento à sua frente, se não estiver saudá-vel, dispor de água suficiente e de um ambiente sem estresse, o animal não vai ingerir o alimentosuficiente para expressar todo seu potencial de produção.

A proposta destes três Manuais – Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros, Manejo do RebanhoLeiteiro e Gestão e Qualidade na Produção de Leite – é apontar esse caminho, em que a cada etapavocê deverá trocar idéias com um técnico especializado, para percorrê-lo sem tropeços e sobressaltose garantir a sustentabilidade da produção de leite, por muitos e muitos anos.

Boa jornada! E jamais se esqueça desta lição:Produzir leite é um exercício diário de administração de custos.

INTRODUÇÃO

P

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 7

UMA FÁBRICA DE ALIMENTOPARA O REBANHO

Oprodutor de leite que busca a eficiênciacom qualidade e a sustentabilidade naatividade a baixo custo deve concentrarsua ações técnicas na intensificação douso da terra, como ponto básico do plane-

jamento de seu sistema de produção. Ou seja, antesde colocar a mão na massa, é preciso saber o quefazer, por que fazer e como fazer para alcançar seusobjetivos. Essa é a providência primeira para garantiralimento de alta qualidade na quantidade suficientepara alimentar os animais.

Depois de tudo planejado, os trabalhos se iniciamcom a análise do solo e a demarcação dos piquetespara o pastejo rotacionado, com as previstas áreasde descanso, sombra, bebedouros e corredores, to-mando-se todos os cuidados para a preservação domeio ambiente, como proteção das matas ciliares, dasnascentes e olhos-d´água (veja exemplo na pág. 8).

Alimento de qualidadee conforto: requisitosbásicos para eficiência naprodução de leite

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8 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

MAPAPLANIALTIMÉTRICO

É muito importante que, ao se decidir porconduzir sua atividade leiteira de forma pro-fissional, o produtor troque idéias com otécnico especializado para traçar um "di-agnóstico" da situação da propriedade,ou seja, de tudo o que dispõe nesseespaço e como isso está funcionan-do. Assim, pode-se ter uma visãomais precisa do que é necessáriomudar e do que pode continuar eser aperfeiçoado.

Dentre as primeiras provi-dências, o produtor deve en-comendar um mapa planial-timétrico de sua proprie-dade, que lhe dará ascaracterísticas de todaa área: os relevos eáreas baixas, as es-tradas, os corredo-res, riachos, nascen-tes, mata ciliar, mata a pre-servar etc. Com base nesse mapa,poderá estabelecer adequadamenteas áreas de pastejo, com as respectivassubdivisões em piquetes, as áreas de culti-vo de cana, os estábulos, os corredores, a salade ordenha etc., de modo a planejar com maior efici-ência toda a atividade.

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 9

produtividade de um pasto começa com umprograma de adubação racional e econômi-co, com base na análise do solo, a qual vaiindicar suas condições de fertilidade, apon-tando o nível de nutrientes, algo fundamental

para o desenvolvimento da planta. Essa é uma das prá-ticas mais importantes do processo produtivo, principal-mente quando se pensa na utilização intensiva dos so-los para produção de alimento para o rebanho. A aplica-ção de corretivo e de adubos, baseada em uma análiseconfiável, tem como objetivo o aumento da produtivida-de com custos reduzidos.

A primeira providência a ser tomada, nesse sentido, é acoleta de amostras do solo nas áreas do pasto, que deverãoser encaminhadas a um laboratório especializado que façaparte de algum programa oficial de controle de qualidade.Na coleta das amostras, deve-se seguir à risca as orienta-ções para garantir que elas representem com fidelidade ascondições de fertilidade de cada área selecionada.

Se esse trabalho não for feito com todo o rigor, o pro-dutor vai perder tempo e dinheiro, não vai alcançar osobjetivos dessa prática, que são: avaliar o nível de fertili-dade do solo; evitar o desperdício de corretivos e fertili-zantes e cuidar para que a adubação seja equilibrada,

atendendo às características do solo e às necessidadesda planta. Falhas na coleta das amostras são muito co-muns e não podem ser corrigidas nas etapas seguintes.Uma amostragem malfeita pode causar erros de 50% oumais na avaliação da fertilidade de um solo.

No manejo intensivo de pastagens, é necessário fa-zer a análise das áreas adubadas pelo menos uma vezpor ano, criando um histórico da evolução da fertilidade.

Para evitar erros, o produtor deve estar atento a qua-tro aspectos importantes na amostragem do solo:

Seleção da área para cada amostragemComo dificilmente a propriedade tem um terreno ho-

mogêneo em toda a sua extensão, cada área paraamostragem deve ser o mais uniforme possível quanto àcor do solo, à topografia (morros, encosta, meia encosta,baixada), a vegetação existente, textura do solo (argiloso,arenoso), erosão e drenagem, presença de pedras e aohistórico da área (culturas, calagens, adubações, etc.).

Época de amostragemPreferencialmente nos meses de maio, junho ou ju-

lho, para fins de pastagens, ou de agosto a outubro, se oobjetivo for o cultivo de cana-de-açúcar.

AMOSTRAGEMDE SOLOS

A

A - Com oenxadão, deve-setirar uma fatia deterra, a umaprofundidadede 20 cmB - Trado paracoleta de soloC - Trado tiposonda

A B C

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Número deamostras simples

As amostras simplesdeverão ser coletadas dediversos pontos, percor-

rendo-se o terreno em ziguezague, conforme mostrafigura abaixo.

O número de amostras simples por hectare de-penderá do tamanho da área. Assim, se a área a seramostrada for menor que 5ha, devem ser coletadasde 10 a 15 amostras simples/ha; se a área for de ta-manho médio, entre 5 e20ha, de 8 a 10 pontos/ha; ese a área a ser amostrada forsuperior a 20ha, de 5 a 8 pon-tos/ha. Quanto maior a quan-tidade de amostras simplescoletadas, maior será a pos-sibilidade de a amostra com-posta expressar a realidadeda fertilidade do solo.

Profundidade deamostragem: de 0 a 20cm

A amostragem de cadaárea determinada pode ser feita com enxadão, pá retaou um trado tipo sonda, tendo-se à mão: balde, espátulaou faca, sacos plásticos e etiquetas para identificação. Otrado tipo sonda possibilita uma amostragem mais pre-cisa, além de conferir maior praticidade e rapidez nacoleta da terra. É preciso tomar o cuidado para que to-das as ferramentas e recipientes estejam bem limpos,sem resíduos de adubos ou calcário.

O local, isto é, cada ponto, de onde será retirada aamostra, deve ser limpo para a remoção de restos deplantas e matéria orgânica. Nunca se deve retirar as

amostras de locais próximos de es-tradas, carreadores, cercas, terraços(curvas de nível), formigueiros,cupinzeiros, aguadas, malhadouros,sombras, construções, currais, depó-sitos de adubos, de estercos, decalcário ou de lixo.

No caso de utilização do trado tiposonda é preciso observar alguns

cuidados: usar sempre martelo de borracha e nuncade ferro; não usar em terreno com cascalho; não cole-tar amostra em solos muito secos ou úmidos. Quandoa ferramenta atingir a profundidade desejada, deve-se torcê-la da direita para a esquerda para quebrar acoluna de solo que se formou. A ponta de maior diâ-metro é indicada para solos arenosos e a de menor,para argilosos.

Quando se utilizar o enxadão, deve-se procederda seguinte maneira: fazer um buraco na forma decunha de 0 a 20cm, deixando a parede da frente bem

reta. Com um golpe fir-me da ferramenta, reti-ra-se uma fatia de cimapara baixo que deve sercolocada num balde.

As amostras simplesde cada área devem serdestorroadas e muitobem misturadas no bal-de. Deve-se retirar cer-ca de 500g dessa mis-tura e formar amostrascompostas devidamen-te identificadas, que de-

verão ser enviadas ao laboratório. Não devem serenviadas ao laboratório amostras úmidas, para quenão haja interferência nos resultados das análises.Nunca colocar as amostras em embalagens usadasou sujas, para não contaminá-las.

A etiqueta de identificação da amostra, a ser cola-da no saco plástico, deve conter as seguintes infor-mações: data da amostragem; nome da área amos-trada; profundidade de coleta da amostra; nome dapropriedade e do proprietário; município e estadoonde se localiza a propriedade.

Figura 2Como tirar amostras de solo com o enxadão

Figura 1Ferramenta para coletar amostras de solo

Esquema de coleta de amostra de solo para análise

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 11

fertilidade do solo é condição essencialpara a obtenção de elevada produtivida-de de forragem por área. O produtor deveter em mente que, para qualquer cultura,a preservação da estrutura do solo é fun-

damental, em seus aspectos: físico (que pode ser al-terado com o uso de máquinas ou devido à erosão);químico (que pode ser prejudicado com o uso inade-quado da adubação); e biológico (é fundamental apreservação da matéria orgânica e dos microorga-nismos, que dão vida ao solo). Daí ser importanteobservar a conhecida "lei do mínimo", de Liebig, con-forme ficou conhecida no campo da nutrição vegetal:"O rendimento de uma colheita é limitado pela ausên-cia de qualquer um dos nutrientes essenciais ou dequalquer um dos fatores de produção, mesmo quetodos os demais estejam disponíveis em quantida-des adequadas".

O planejamento da necessidade de volumoso parao rebanho é fundamental para a definição das metasa serem alcançadas. Assim, para se obter alta produ-ção da forrageira, os níveis dos componentes da fer-tilidade do solo devem ser sempre bem equilibradospara atenderem à demanda nutricionalda forrageira a ser explorada.

Acidez do solo – A acidez influen-cia diretamente a produtividade daforrageira. Somente pela análise do soloé possível conhecer o nível de acidez(pH) da área de cultivo. A acidez exces-siva provoca queda na produção do pas-to, já que o solo apresenta baixos teoresde cálcio e de magnésio, presença de ele-mentos tóxicos, como o alumínio, e con-seqüentemente baixo aproveitamento dos nutrientespelas plantas.

A deficiência de cálcio (Ca) no solo compromete ocrescimento do sistema radicular (raízes) dasgramíneas forrageiras, provocando a morte da extre-

midade das raízes e, como conseqüência, a clorosenas folhas novas. Já o magnésio (Mg) é componenteda clorofila, pigmento verde responsável pelafotossíntese, que auxilia na absorção de fósforo (P).Sua deficiência no solo afeta o crescimento da plan-

ta, que fica com listras esbranquiçadasparalelas às nervuras nas folhas infe-

riores. A fonte mais importante de Ca eMg para o solo é o calcário. Sua aplica-

ção no solo (calagem) corrige a acidezdo solo, torna disponível para as plantas

o cálcio e o magnésio, contribui para odesenvolvimento das raízes e potencializa

a ação dos adubos químicos.Há três tipos de calcário disponíveis

no mercado, com diferentes teores de cál-cio e magnésio, para serem empregados de acordocom recomendação técnica: o dolomít ico, omagnesiano e o calcítico. Para escolher o tipo maisadequado, o produtor deve contar com a orientaçãode um técnico especializado, que levará em

A IMPORTÂNCIADOS NUTRIENTES

A

Barril de Liebig

As gramíneasrespondem com

abundância equalidade à

adubaçãocorreta

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12 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

consideração o tempo entre a aplicação e o plantio;o custo do transporte; a durabilidade do produto nosolo (efeito residual); e o melhor preço.

Utilizar de preferência calcáriode qualidade (Poder Relativo deNeutralização Total – PRNT acimade 90%) e ensacado. A vantagemdo produto ensacado, além dapraticidade, é que possibilita adu-bar os piquetes com a quantidaderecomendada, reduzindo as per-das. A época indicada para a apli-cação do calcário em pastagens éo final da estação de crescimentoacelerado, ou seja, os meses demarço e abril. O objetivo do uso docalcário é atingir os seguintes ní-veis de: saturação em bases (V%)de 70 a 80%; cálcio (Ca) de 55 a60% da CTC (Capacidade de Tro-ca Catiônica); magnésio (Mg) de 15a 20% da CTC.Matéria orgânica – A matéria or-gânica (MO) é fundamental para afertilidade do solo. No pasto, os

resíduos de plantas e esterco dos animais, em dife-rentes fases de decomposição, melhoram as condi-ções físicas do solo (estrutura), aumentam a capaci-dade do solo em reter água, diminuem as perdas porerosão, favorecem o controle biológico de pragas, gra-ças à maior população microbiana, e fornecem nutri-entes às plantas, liberando lentamente fósforo (P),nitrogênio (N) e enxofre (S). A elevação da MO dosolo nas pastagens está diretamente ligada ao au-mento na produção da forrageira. A forragem "perdi-da" durante o pastejo entra imediatamente em de-composição, contribuindo para o aumento da MO dosolo.

Outros elementos indispensáveis para o pleno de-senvolvimento das gramíneas forrageiras são:Fósforo (P) – é um nutriente essencial para o cresci-mento das plantas forrageiras, contribuindo no de-senvolvimento radicular e no perfilhamento (brota-mento) das gramíneas. Recomenda-se aplicá-lo comas sementes ou mudas na formação da pastagem ouno início da estação de crescimento das plantas, nocaso da recuperação de pastagens. Sua deficiência écaracterizada pela coloração púrpura (arroxeada) decolmos e folhas. O fósforo movimenta-se muito pouco

Restos da cultura contribuem para aumentar a matéria orgânica do solo

Aplicação decalcário deacordo com aindicação daanálise de solo

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 13

na maioria dos solos. Geralmente, permanece onde écolocado pela adubação. Assim, pouco fósforo é per-dido por lixiviação (movimento dos nutrientes para aspartes mais profundas do solo). O fósforo pode movi-mentar-se um pouco mais em solos arenosos do queem argilosos. Para início de uma intensificação deprodução de forragem, o nível mínimo de fósforo deveser avaliado pelo técnico especializado, com base naanálise do solo. Os adubos fosfatados solúveis emágua são muito importantes na produção intensivade forragens, pois o solo precisa dispor desse nutri-ente em quantidades elevadas para absorção imedi-ata pelas plantas. O recomendável é que sejam apli-cados após a calagem, tanto no plan-tio como na recuperação da pastagem.Enxofre (S) – É essencial à formaçãoda proteína na planta, fazendo partede alguns aminoácidos. Os aminoáci-dos são "tijolos formadores" das prote-ínas. Auxilia ainda na produção deenzimas e vitaminas. As plantas defici-entes em S apresentam uma cor verdepálida, geralmente começando pelasfolhas novas. Essa deficiência ocorremais em solos arenosos, pobres emMO, em áreas com precipitação pluvio-métrica de moderada a elevada. A MOé uma fonte considerável de S na mai-oria dos solos. O enxofre movimenta-se com a água, sendo facilmentelixiviado. As principais fontes de S são:superfosfato simples - 12% de S, 28%de CaO e 18% de P

2O5; sulfato deamônio - 24% de S e 21% de N (nitro-gênio); sulfatos de potássio e magnésio- 22% de S; 11% de Mg e 22% de K2O;gesso de 15 a 17% de S e 22% de Ca.

Para a obtenção de elevadas produções, aforrageira exige entre 60 e 90kg de S/ha. Com a utili-zação do superfosfato simples como fonte de P,provavelmente não deverá ocorrer deficiência de S.Nitrogênio (N) – O aumento da produção de massaverde das forragens tropicais está condicionado pelaadubação nitrogenada, desde que haja perfeitoequilíbrio entre os outros nutrientes. O N está ligadodiretamente ao teor de proteína e ao crescimento da

planta. A adubação nitrogenada no início da estaçãode crescimento (de outubro a março) tem por objetivoaumentar o perfilhamento basal (brotamento da baseda planta) e elevar o meristema apical (ponteiro) auma altura em que seja eliminado durante o primeiropastejo, garantindo a brotação das gemas laterais e,conseqüentemente, o desenvolvimento dos perfilhosaéreos e aumento da produção de matéria seca (MS).O aumento do perfilhamento basal amplia a touceira,acirrando a competição por espaço. Com a elimina-ção do meristema apical, a produção da matéria secaé determinada pela expansão das folhas, que depen-de das condições climáticas (temperatura, luz e

umidade) e da disponibilidade de N. Por essa razão,recomenda-se a adubação nitrogenada imediatamen-te após cada pastejo ou corte, durante a estação decrescimento, para melhorar a eficiência de sua utili-zação. Recomenda-se ao produtor fazer uma avalia-ção, junto com o técnico especializado, da relaçãocusto/benefício da quantidade de N a ser aplicada.

A falta de um dos fatores climáticos é determinantena resposta da planta em produção em relação àadubação nitrogenada. O crescimento das plantas

O nitrogênio énecessário

para ovigoroso

crescimentodas gramíneas

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14 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

tropicais fica comprometido em temperaturas inferio-res a 35oC, durante o dia, e a 15oC, à noite, ou no casode o comprimento do dia (fotoperíodo) ser inferior a12h.

Recomenda-se realizar a adubação nitrogenadano final da tarde ou início da noite, com ou sem chuva.A perda de N por volatilização, quando a fonte foruréia, pode chegar a 50% da quantidade aplicada,caso não haja cobertura morta e/ou não estejachovendo no momento da aplicação. Mesmo que nãoesteja chovendo, a ocorrência de sereno ou orvalhodurante a noite garantirá a solubilização do adubonitrogenado.

Se o único fator limitante do crescimento daforrageira for a umidade, a irrigação das pastagensentra como um instrumento vital para o aumento deprodução de forragem. Em quantidades adequadas,o N produz uma cor verde escura nas folhas, devido àalta concentração de clorofila. Sua deficiência écaracterizada pelo amarelecimento das folhas(clorose), que se inicia nas folhas mais velhas.

As principais fontes de nitrogênio são: uréia -45% de N; sulfato de amônio - 21% de N e 24% de S;nitrato de amônio - 34% de N; nitrocálcio - 27% deN; 5% de CaO e 3% de MgO. Respostas lineares àadubação nitrogenada (ver tabela ao lado) sãoobservadas até o nível de 800kg de N/ha/ano, coma eficiência variando de 40 a 70kg de MS por kg deN aplicado.Potássio (K) – Assim como o nitrogênio, o potássioé um dos elementos mais importantes para a nutri-ção equilibrada das gramíneas. Trata-se de umnutriente que integra importantes funções fisiológi-cas e metabólicas nas plantas, como a ativaçãode enzimas e da fotossíntese, além de ter umpapel fundamental na absorção do nitrogênio esíntese protéica. Por isso, deve estar sempredisponível no solo na quantidade necessária paraatender às demandas das plantas em seudesenvolvimento, sobretudo quando da utilizaçãointensiva das pastagens.

Sua deficiência no solo provoca um aumento davelocidade de respiração das plantas, levando a umaredução do suprimento de carboidratos nelas.Dentre os vários sintomas da deficiência de K,destaca-se a murcha ou queima ao longo das mar-gens das folhas. As forrageiras nessas condiçõesdesenvolvem-se mais lentamente, apresentandosistema radicular l imitado, colmos fracos eacamamento comum. As principais fontes de potás-sio são: cloreto de potássio (KCl), com 60/62% deK2O; sulfato de potássio (K2SO4), com 50% de K2O e18% de S; e nitrato de potássio (KNO3), com 44% deK e 13% de N.Micronutrientes – São tão importantes quanto osmacronutrientes para as plantas forrageiras, apesarda menor quantidade requerida. Por isso, devem serconsiderados como qualquer outro insumo para aprodução. O pH (acidez do solo) afeta consideravel-mente a disponibilidade dos micronutrientes. Emgeral, sua disponibilidade diminui à medida que o pHaumenta, com exceção do Mo (molibdênio).

Simulação entre o nível de nitrogênio aplicado e acapacidade de suporte de gramíneas forrageiras tropicais

UA*/ha N/ha URÉIA/ha(kg) (kg)

–de 0 a 100de 100 a 200de 200 a 350de 350 a 450de 450 a 550de 550 a 650de 650 a 750de 750 a 900de 900 a 1.000de 1.000 a 1.100de 1.100 a 1.250

de 0 a 1de 1 a 2de 2 a 3de 3 a 4de 4 a 5de 5 a 6de 6 a 7de 7 a 8de 8 a 9de 9 a 10de 10 a 11de 11 a 12

–de 0 a 50de 50 a 100de 100 a 150de 150 a 200de 200 a 250de 250 a 300de 300 a 350de 350 a 400de 400 a 450de 450 a 500de 500 a 550

* 1UA (unidade animal) = animal com peso vivo de 450 kg

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 15

boa formação de pastagens e a conse-qüente implantação de um sistemaeficiente de manejo intensivo depastagens rotacionadas devem seguir ospassos abaixo:

• Escolha da área – A área a ser recuperada ouformada deve ser selecionada com base em algunscritérios básicos, como: distância do centro deordenha e manejo; facilidade para distribuição dosbebedouros; relevo mais apropriado; acesso e arelação com o trânsito interno da fazenda; disponibili-dade de sombras; e drenagem do solo. Em seguida,deve-se proceder à amostragem do solo (veja página9), e realizar algumas práticas complementares, como:medição da área (com trena ou levantamento topo-gráfico); fechamento de buracos e valas; controle deformigas e cupins.• Limpeza da área – Deixar a área limpa, sem restosde cultura, tocos, pedras e entulhos diversos,facilitará o preparo do solo.• Conservação do solo – Nos terrenos declivosos, énecessário fazerem-se curvas de nível e terraços,antes de revolver o solo.• Preparo do solo – O bom preparo do solo tem afinalidade de melhorar suas condições físicas, aeraçãoe absorção de água, facilitando a germinação desementes e mudas. A maioria das gramíneasforrageiras tropicais é disseminada por sementes,que, por serem minúsculas, exigem um ótimo prepa-ro do solo. A ausência de torrões é indispensável paraque haja uma perfeita cobertura de terra sobre asemente, garantindo a boa germinação e a formaçãohomogênea da pastagem. A operação deve seriniciada com uma roçada nos restos da cultura anteri-or, aração (evitar solos muito secos) ou gradagempesada e gradagens leves para destorroamento(realizar a última no dia do plantio). Geralmente, nãoé necessário o preparo profundo(abaixo de 30cm) ou subsolagem.

FORMAÇÃODE PASTAGENS

A

Área pronta para o plantio

Uma boa gradagem é

indispensável nopreparo do solo

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16 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Um sistema de produção agropecuária intensivo exige aomáximo todo o potencial de fertilidade do solo. Isso obri-

ga o produtor a tomar todos os cuidados para evitar a degra-dação do meio ambiente, de forma a garantir a auto-sustentabilidade de seu sistema de produção. É possível apro-veitar ao máximo todo o potencial do solo de forma racional.Atualmente, a legislação ambiental estabeleceu regras rigoro-sas de proteção ao meio ambiente (bem como punições paraquem as infringir), de modo a evitar problemas como a erosão,desertificação e contaminação do solo,danos às nascentes, olhos-d´água ematas ciliares e a destruição de vegeta-ção que deve ser preservada.

Isso significa que o produtor de lei-te deve orientar-se com um técnicoespecializado sobre as práticas depreservação do meio ambiente maisadequadas às características de suapropriedade. Isso não só para evitarferir a legislação ambiental, mas so-bretudo como atitude de um cidadãoconsciente de seus direitos e deve-res, para garantir o melhor desempe-nho de sua atividade, sem provocar adegradação do meio ambiente.

Pesquisas têm demonstrado quepropriedades leiteiras de qualquer porte podem atender à legis-lação ambiental, ao adotarem tecnologias para a intensificaçãode pastagem, sob a orientação de técnicos especializados. Di-versos resultados já foram constatados com programas nessesentido junto a produtores familiares de leite, cuja propriedadetecnificada ganhou eficiência no uso de insumos e tornou-serentável.

A partir do momento em que o produtor domina completa-mente a tecnologia e começa a ampliar a produção de forra-gem, ele já pode pôr em prática ações para atender às exigên-cias da legislação ambiental, como a recomposição da vegeta-ção nativa em áreas de proteção permanente. Isso porque, na-turalmente, vai haver necessidade de maior proteção do meioambiente, devido à exigência da infra-estrutura de produçãopor água residente, por exemplo. E isso só se consegue emsolo permeável, protegido por vegetação permanente ediversificada, onde as árvores e outras plantas são essenciaispara a vaporização da água do subsolo no ambiente, o queumidifica o ar, dá sombra e reduz a temperatura, gerando maisconforto para os animais.

Por essa razão, torna-se essencial a proteção de áreas denascentes e cursos de água, evitando seu assoreamento. Essanecessidade técnica vai além das exigências da legislaçãoambiental. Ou seja, o produtor deve tomar tais medidas não sópara cumprir a lei, mas para garantir a sustentabilidade perma-nente da infra-estrutura de seu sistema de produção. A água cons-titui-se em um insumo estratégico que deve ser captado e arma-zenado, especialmente quando houver plano para instalaçãode sistemas de irrigação. Muitos proprietários, com o sistema deprodução em pleno funcionamento, iniciam o plantio de árvorespara a melhoria do conforto animal (sombra), e numa segunda

etapa começam a refazer a mata ciliar.No geral, por não conhecer a le-

gislação ambiental, o produtor podepercebê-la erradamente, achandoque é mais uma cobrança injusta,além de não compreender por quealgumas ações que realiza são consi-deradas criminosas. Isso por não en-tender como a natureza "funciona" eque, se certas regras forem quebra-das, o ambiente se torna menos pro-dutivo. Por exemplo, práticas inade-quadas que vão provocar a falta deágua, o que trará grandes prejuízospara a sociedade, inclusive para asustentabilidade das demais ativida-des agrícolas. Resumindo: a função da

legislação ambiental é garantir que não mais se pratiquemações que destroem a natureza, para que suas funçõesambientais, vitais para a sociedade, sejam preservadas.

Assim, tem-se mostrado que a intensificação do sistema deprodução com a tecnologia correta não provoca um impacto ne-gativo ao meio ambiente. Ao contrário, são inúmeros os exem-plos positivos, como melhor conservação do solo e da água, gra-ças à abundante sobra de material orgânico no solo, que reduzo ressecamento e a temperatura superficial do solo. Com isso,além de melhor aproveitamento dos insumos, há um aumentona macrofauna do solo, pela presença de minhocas que seencarregam de mobilizá-lo, aumentando sua permeabilidadesuperficial. Com a aplicação de calcário e adubaçõesnitrogenadas na superfície do solo, ocorre a introdução de cál-cio em profundidade, o que permite a distribuição das raízes daforrageira em camadas mais profundas, que reduz os efeitosdos veranicos. Enfim, o produtor deve ter bem claro que a prote-ção ao meio ambiente constitui uma ferramenta estratégica parao aumento da produtividade de seu sistema produtivo de leitebaseado no uso intensivo das pastagens.

Mata ciliar bem preservada

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 17

ESCOLHA DA ESPÉCIE FORRAGEIRA

A escolha da espécie forrageira deve obedeceràs informações técnicas e às orientações do técnicoespecializado. É importante que o produtor não sedeixe levar por "modismos", por esse ou aquele lan-çamento de cultivares, pois a análise e a conseqüen-te escolha da forrageira devem ser eminentementetécnicas e profissionais. É preciso considerar algunsaspectos, como: os níveis de lotação e produtividadena atividade leiteira; o grau de seu envolvimento noprojeto; a adaptação às condições de solo e clima; asvantagens e limitações de cada espécie.

As gramíneas tropicais possuem valor nutricionalsemelhante, quando manejadas adequadamente enas mesmas condições. O que varia é o potencial deprodução de matéria seca (MS/área) e as exigênciasde fertilidade e manejo.

Se sua opção for por altos níveis de produtividadee lotação, as espécies mais recomendadas são asvariedades do capim-elefante (napier, cameron, roxo,Taiwan e outros), dos Tiftons e de Panicum (tanzânia,mombaça, tobiatã etc.). Essas espécies produzemacima de 40t de MS/ha, não toleram adubações redu-zidas e manejo incorreto, com lotações entre 12 e 15UA/ha. As variedades do gênero Cynodon (estrelas),como estrela africana, coast-cross e outros, possuembom potencial de produção, sendo observadas pro-duções da ordem de 30t de MS/ha, com lotações de 8a 10 UA/ha.

As braquiárias decumbens, humidícola e ruzizien-ses, assim como o andropogon, setária, jaraguá epangola, podem ser utilizados. No entanto, deve-seressaltar que, mesmo adaptadas a solos de fertilida-de mais baixa, a produção de MS/ha será menor doque a das outras espécies já citadas, não suportandomais do que 5-6 UA/ha. A braquiária brizanta oubraquiarão difere um pouco das demais espéciesdesse gênero, pois possuem bom potencial e podemsuportar lotações de até 8 UA/ha.

Plantio – Para facilitar a germinação das sementesdeve-se fazer uma gradagem leve no dia do plantiopara destorroar e aumentar o contato da sementecom o solo. No plantio, é recomendado o uso deuma fonte de fósforo solúvel (superfosfato simples,por exemplo) com as sementes.

A compactação das sementes após o plantio, quepode ser realizada a lanço ou com equipamento pró-prio (tipo terence), é fundamental para a boa germi-nação das sementes, pois aumenta a área de contatoda semente com o solo, a água e o adubo. Em peque-nas áreas pode-se utilizar o próprio rodado do trator.Jamais use troncos, galhos ou similares para fazer acompactação.

PLANTIO DE PASTAGENS POR MUDAS

Pastos com algumas espécies, como o capim-ele-fante e as "estrelas" (tiftons, coast cross, estrelas, etc.),são formados apenas por meio de mudas. Para tanto,o produtor deve acompanhar as indicações abaixopara obter bons resultados:• qualidade da muda: verificar se estão sadias, semdoenças e se estão no ponto ideal de plantio (entre90 e 120 dias de crescimento, no caso do capim-elefante);• espaçamento: quanto menor o espaçamento entreos sulcos, mais rápido será o estabelecimento dasmudas, podendo variar de 0,5 a 1,0 metro;• profundidade de plantio: no caso de capim-elefante,sulcar de 6 a 8cm e cobrir com 2cm de terra. Nasáreas formadas com gramas estrelas, os sulcos são

Após asemeadura

é precisouma leve

compactaçãodo solo

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mais rasos, de 3-4cm de profundidade, devendo-seobservar um espaçamento entre eles de 40 a 50cm. Asmudas devem ser enterradas 2/3, ficando uma partede fora do sulco. É fundamental que no dia do cortedas mudas e do plantio o solo esteja bem úmido;• quantidade de mudas: para formação de 1 hectarede pasto, são necessárias 10t de mudas (capim-elefante);• no ato do plantio, retirar as pontas verdes e deixar asfolhas para a proteção das gemas;• distribuir as mudas nos sulcos sobre o esterco e oadubo, no sentido "pé com ponta";• após a cobertura com terra, promover uma levecompactação;• adubações de cobertura com N e K devem serrealizadas após o primeiro pastejo, de 60 a 70 diasdepois do plantio, salvo se antes ocorrerem sintomasde carência.

O produtor deve ficar atento quanto a algunsproblemas que têm levado a muitos insucessos naimplantação de áreas formadas por mudas, como:mudas provenientes de plantas velhas (com cerca deum ano de idade) e gemas já brotadas; coberturaexcessiva de terra em sulcos profundos; uso de adu-bos potássicos combinados com falta de chuvas; eataque de pragas de solo e formigas cortadeiras.

QUANTIDADEDE SEMENTES

Aquantidade de sementes a serem planta-das por hectare é determinada de acordo

com a espécie forrageira e o valor cultural dasemente. A qualidade da semente ou da mudaé fundamental para a boa implantação de umapastagem. A escolha da semente deve ser feitapela busca de fornecedores idôneos e quegarantam sementes com alto valor cultural (VC).O VC é determinado pela pureza (limpeza) e acapacidade de germinação da semente (VC =percentual de pureza mult ipl icado pelopercentual de germinação). A melhor sementeé aquela que apresentar menor custo porunidade de VC, conforme o exemplo: semente Acom VC = 20% e custo de R$ 4,00/kg, tem umcusto de R$ 20,00 por quilo de sementesviáveis; semente B com VC = 10% e custo deR$ 2,50/kg, acaba custando R$ 25,00 por quilode sementes viáveis.

Para as variedades de capim-colonião, porexemplo, recomendam-se de 3 a 4kg de semen-tes viáveis/ha. A semente A, de menor custo porponto de VC, necessitará de 20 a 25kg/ha parauma boa formação (10kg semente com 20% deVC tem 2kg de sementes viáveis, assim para 4kgde sementes viáveis/ha serão necessários 20kg).

Recomenda-se usar adubo fosfatado com asemente para obter uma distribuição homogê-nea da mistura na área.

No dia doplantio osolo deveestar úmido

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 19

ntes da decisão sobre qual espécie forrageiradeverá ser cultivada, o produtor e o técnicoespecializado devem avaliar, com base emcritérios técnicos e econômicos, as áreas depastagens já implantadas na propriedade e

que possam ser recuperadas para uso em sistemasintensivos. Em geral, a recuperação de áreas já estabele-cidas, em certas condições, tem um custo até 50% menorem relação ao custo de formação de uma nova área.

Boa parte das pastagens que apresentam baixaprodutividade está nessa situação por causa de erros nomanejo da planta e abuso na freqüência e na intensidadede pastejos, o que leva, com o tempo, à sua degradaçãocompleta. A sustentabilidade econômica de um sistemaem que as pastagens estão degradadas é muito peque-na. Antes de decidir, porém, é preciso que o produtorsaiba a diferença entre formar e recuperar um pasto. For-mar uma pastagem significa eliminar a população deplantas existentes em determinada área, por meio de pre-paro do solo ou de herbicidas dessecantes, quando oobjetivo é implantar nova espécie forrageira. Já recuperaruma pastagem significa aproveitar a população de plan-tas existentes e empregar técnicas que promovam suarecuperação, processo que elimina os gastos com prepa-ro do solo e aquisição de sementes, fato que explica omenor custo da recuperação (ver Tabela 1, na página 20).

Dados de pesquisas demonstram, dentre outrosbenefícios da recuperação, que em cada hectare de pas-tagem degradada no qual se adotaram apenas as primei-ras etapas do processo de recuperação já foi possívelelevar expressivamente a média de lotação animal. Arecomposição da fertilidade do solo e de sua cobertura, apreservação da matéria orgânica e a retenção de águapermitem a recuperação da infra-estrutura ambientalindispensável ao sistema de pastejo intensivo.

Um expediente muito prático que ajuda na decisão doprodutor é partir do princípio de que, na pastagem, nãodevam existir áreas com mais de 2m2 sem a presença daforrageira principal. Caso haja grandes áreas de solo

RECUPERAR OUFORMAR NOVA PASTAGEM?

A

Acima, área depasto degrada.

Abaixo,área muito

degradada, cominvasão

de plantasarbustivas

expostas ou cobertas com plantas daninhas e nãoexistam plantas da forrageira, a única saída é formaruma nova pastagem.

Para a recuperação rápida do pasto, a melhoralternativa é reconstituir a fertilidade do solo e mane-jar corretamente as plantas, de acordo com seunecessário período de descanso. Dessa forma, oaumento da cobertura do solo ocorre graças aobrotamento e expansão das plantas já existentes e

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não por meio de plantas novas oriundas de sementei-ras ou mudas. Por isso, não são necessários longosperíodos de descanso para favorecer o florescimento ea produção de sementes. Quando existe adequadapopulação de plantas, por si só elas se espalham peloterreno devidamente adubado, promovendo a neces-sária cobertura das áreas antes expostas. Em algumassituações de alta degradação do pasto, o indicado éaumentar a altura do resíduo no primeiro ano demanejo, adotando-se um pastejo mais leve.

Quando há necessidade de se trocar aespécie forrageira, por motivos comoa implantação de uma espécie forrageiraresistente a cigarrinhas ou o uso de umapastagem com maior potencial produtivo.

CRITÉRIOS IMPORTANTES

Na escolha da área, valem os mesmos critérioscitados no início deste capítulo. O produtor não deve seesquecer de que nos casos de pastagens degradadas,o solo geralmente também está degradado. Por isso, émuito importante respeitar os princípios básicos, comoconservação de solo e água por meio de terraços ououtros sistemas e condições que favoreçam o incrementode matéria orgânica no solo. Isso é fundamental para arecuperação e recomposição de suas característicasbásicas – físicas, químicas e biológicas –, para que soloatenda às necessidades da pastagem manejadaintensivamente e assegure sua sustentabilidade.

No caso da recuperação de pastagens degradadasmerece especial atenção também a altura do resíduo,isto é, a altura em que as plantas devem ficar e o volumede folhas verdes e hastes após o pastejo dos animais. Oprodutor precisa orientar-se com o técnico especializa-do quanto à altura do resíduo a ser adotada nasprimeiras utilizações da área.

Tabela 2. Critérios para tomada de decisão quanto à reformaou a recuperação de uma pastagem degradada

É possível recuperar Há necessidade de reforma

Áreas com ausência de plantasda espécie forrageira deinteresse menores do que 2m2.

Existe pelo menos umatouceira/m2 de capim-coloniãoou capim-elefante.

Existem pelo menos duastouceiras/m2 das variedadesde capim-braquiária.

Fonte: "Recuperação de pastagens degradadas para sistemas intensivos de produção de bovinos",Patrícia Perondi A. Oliveira, Pesquisadora Embrapa Pecuária Sudeste, e Moacir Corsi, Esalq-USP.

Áreas com solo exposto ou cobertopor plantas daninhas maiores do que 2m2.

Em vários locais da pastagem, encontra-seárea de 1m2 com ausência de plantas da es-pécie de interesse.

Tabela 1. Comparação dos custos por hectare de reforma e recuperaçãode uma pastagem degradada de Brachiaria brizantha cv. Marandu

Atividade ou Insumo Reforma ou Recuperação/haEstabelecimento/ha

Sementes (3kg de sementes puras viáveis/ha) R$ 35,00 nãoAração (2h/ha) R$ 70,00 nãoCalagem (3t/ha de calcário aplicado) R$ 135,20 R$ 135,20Gradagem pesada (1h/ha) R$ 35,00 nãoGradagem niveladora, plantio e compactação(2h/ha) R$ 60,00 nãoSuperfosfato simples (350kg/ha) + aplicação R$ 175,00 R$ 175,00100kg/ha de N e K2O + aplicação R$ 400,00 R$ 400,00Total/ha R$ 910,20 R$ 710,20

Obs: Somente será realizado controle de planas daninhas se a infestação for por espécies lenhosas. Infestaçõescom espécies de fácil controle (guanxuma, grama-batatais ou gramão, fedegoso, buva, barba-de-bode, etc.) sãosanadas com manejo adequado da planta forrageira e fertilização do solo, que garantem agressividade suficienteao capim para concorrer com a planta daninha e eliminá-la.

Fonte: "Recuperação de pastagens degradadas para sistemas intensivos de produção de bovinos", PatríciaPerondi A. Oliveira, Pesquisadora Embrapa Pecuária Sudeste, e Moacir Corsi, Esalq-USP. Data base dos preços:2º. Semestre de 2004.

PASTOS POR MUITOS ANOSA recuperação efetiva das pastagens depen-

de do manejo fisiológico adequado da plantaforrageira, representado principalmente porperíodo de descanso e ocupação dos pastos,acompanhado de resíduos de pastejo adequa-dos e da recomposição da fertilidade do solo.

Nas pastagens em recuperação têm-seobservado ao longo dos anos aumentos no teorde matéria orgânica dos solos e na coberturavegetal da área, que garantem melhor aprovei-tamento da água, evitando a possibilidade decompactação e de erosão das áreas de pasta-gens, além de dificultar a infestação por plantasdaninhas. Uma vez recuperada, a pastagem,submetida a manejo adequado tanto da plantaquanto do solo pode persistir durante décadas,sem necessidade de reforma.

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falta de informação ainda é o principalmotivo que leva os produtores a resistirà instalação de cerca elétrica em suaspropriedades. Mil metros de cerca elétri-ca podem custar de 70 a 90% menos que

a mesma metragem de uma cerca convencional.Outras vantagens do uso da cerca elétrica: ela émais durável; mais fácil de construir e de mover; nãofere os animais; requer menor uso de madeira eoutros materiais; proporciona maior eficiência no usode pastagens.

Voltagem – A cerca elétrica tem de provocar ochoque adequado, ou seja, com voltagem acima de2 mil volts e no máximo 10 mil volts. Quando os equi-pamentos seguem as normas de segurança, nãocausam dano a nenhum animal e conseguemmantê-lo no piquete apenas pelo fator psicológico enão pela resistência física.

Para o correto funcionamento do sistema, devem-se observar alguns itens de grande importância paraa segurança e eficiência da cerca elétrica. O aparelhoeletrificador transforma a corrente elétrica comum(bateria) ou alternada (rede elétrica) em correntepulsante, que é inofensiva para o animal e o serhumano. Atenção: o fio da cerca não deve ser ligado àrede de luz da propriedade, pois isso tornaria mortalo choque dado pela cerca. A cerca elétrica deveproduzir um choque que dê a sensação de umaagulhada mais ou menos profunda.

Aterramento – Deve-se dar muita atenção aoaterramento da cerca elétrica, pois este não tem afunção de segurança, como no caso de eletrodo-mésticos, mas é parte integrante do sistema. Deveficar distante pelo menos 15m de outros aterramen-tos de aparelhos elétricos e postes telefônicos. Ashastes a serem utilizadas podem ser de cobre ougalvanizada, sendo que a ligação entre elas e o

IMPLANTAÇÃO DECERCA ELÉTRICA

A

O uso de cercaelétrica é mais

barato queo de cerca

convencional

Chave elétricae isolador deporcelanatipo castanha

Esticadoresdos fiosda cerca

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eletrificador deve ser feita com fio do mesmo mate-rial das hastes. Utilizam-se no mínimo três hastesde 2,5m. Todas as ligações devem ser bem firmes eseguras, sendo recomendado haver pelo menos umpára-raio na saída do eletrificador.

Suportes – Para os suportes, o material maiscomum é o eucalipto tratado, mas também sãoutilizados bambu, barras de ferro, pedaços de cano,desde que o fio eletrificado seja muito bem isoladoem relação a esses materiais. A distância entremourões e lascas deve ser a seguinte: para reba-nhos leiteiros, pode-se trabalhar com apenas um fiode arame eletrificado, com distância entre as lascasde até 20m e mourões no final da linha, em queserão instalados os esticadores. A altura do fio deveficar entre 80 e 90cm do solo.

Isoladores – Outro item muito importante são osisoladores: sua principal função é isolar o fio eletri-ficado (positivo) de qualquer contato com a terra(negativo). Os materiais isolantes mais utilizados sãoa porcelana, o plástico e o nylon.

As porteiras nada mais são do que um pedaçode fio com um punho isolante para permitir omanuseio na hora da passagem. O punho deve serdotado de uma mola interna, um gancho numaextremidade e uma argola na outra. O fio da porteiraé preso na argola.

Punhoisolante

no fio daporteira

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Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros – 23

sse tipo de manejo foi desenvolvido paramaximizar a produtividade por área. Emfazendas manejadas de forma extensiva,como as submetidas ao manejo tradicional,freqüentemente se encontravam duas situ-

ações: áreas degradadas ou pastejadas sem nenhumcritério. Nas áreas degradadas, o processo de recupe-ração é mais lento, pois o sistema radicular da forrageirajá terá sido bastante afetado. Nesses casos, o maisrecomendável é escolher as melhores áreas e adubá-las, pois a eficiência da adubação será maior. Nas áreassem uniformidade, a fertilidade é boa, porém o manejoé incorreto. Essa situação é mais fácil de ser corrigida, jáque o cenário indica que ela irá responder rapidamenteàs mudanças do manejo.

Na divisão dos piquetes, é importante observar oslocais que são evitados pelos animais devido à dificul-dade de acesso. As cercas elétricas devem ser coloca-das estrategicamente, objetivando uniformizar o pastejo.Pastejo uniforme significa que os animais estão consu-mindo tudo o que é produzido. Nessa etapa, é precisoajustar os níveis de adubação dos pastos para que es-tes não se degradem.

A experiência tem demonstrado que, para colher osmelhores resultados com essa tecnologia, o produtortem de dominá-la completamente. Assim, o mais acerta-do é que comece por pequenas áreas, para aprendergradativamente a manejar de forma adequada a pasta-gem, e só aumentar conforme a necessidade e quandotiver a certeza de estar fazendo tudo corretamente.

A tecnologia de produzir forragens em grande quan-tidade e qualidade, por meio do pastejo rotacionado eadubação intensiva, tem sido a alternativa mais econô-mica de produção de leite. Os aspectos que garantem obaixo custo de produção são os seguintes: o pasto pere-ne, bem manejado, não necessita de reforma; a colheitaé feita pelo próprio animal; o investimento inicial é baixo;dispensa o emprego de maquinário e reduz o uso demão-de-obra; e possibilita alta produtividade por área.

Em resumo, as vantagens desse sistema devem-se ao fato de que ele se baseia em tratar o capimcomo uma cultura na qual todos os nutrientes sãorepostos, especialmente o nitrogênio, que faz aplanta tropical produzir muita forragem de boa quali-dade, mesmo em áreas reduzidas. Com isso, podem-se alcançar lotações elevadas e alta produtividadede leite por área.

As condições de crescimento do capim devem serrespeitadas por meio da utilização do pastejo rota-cionado, em queos animais sãolevados a pastarapenas um pi-quete por dia.Após o pastejo, opiquete ficafechado, descan-sando o temposuficiente para asplantas recompo-rem suas reser-vas e rebrotaremrapidamente.

MANEJO INTENSIVODE PASTAGENS

E

O manejocorreto dapastagem

garante alimentode qualidade

para as vacas

Quadro 1 – Dias de descanso para algumasgramíneas forrageiras tropicais após o pastejo

Gramínea forrageira Dias de descanso

Capim-elefante (napier, roxo, cameron, etc.) de 35 a 45Capins colonião e tanzânia de 30 a 35Capins mombaça e tobiatã 28Gramas estrela e coast-cross de 20 a 25Grama tifton de 18 a 21Braquiária humidícola de 20 a 25Braquiária brizantha (braquiarão) de 30 a 35Capim tangola de 22 a 25Demais capins de 25 a 30

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Após o levantamento topográfico da área, faz-se adivisão em piquetes (com cercas eletrificadas) em de-terminado número, considerando-se o tempo de des-canso necessário de cada espécie forrageira utilizadaem cada propriedade (veja o Quadro 1, na página 23).

PERÍODO DE OCUPAÇÃO

No caso da atividade leiteira, recomenda-se sempremanter o período de ocupação de apenas 1 dia. O tama-nho dos piquetes vai depender da área a ser dividida eda espécie do capim. Com a ressalva de que dependede diversos fatores, a princípio, considera-se que sãonecessários entre 30m2 e 100m2 por UA/dia, e que o

produtor deve ir acertando a lotação de modo que nãohaja muita sobra de forragem.

Como exemplo de um cálculo bastante prático: consi-dere-se uma área de capim-tanzânia, com período dedescanso de 35 dias e ocupação de um dia/piquete. Cal-culando-se o número de piquetes como 35/1+1, obtêm-se 36 piquetes.

Para o cálculo da área de pastagem em função donúmero de animais, costuma-se utilizar o seguinte crité-rio: tomando-se 15 animais adultos, divide-se esse nú-mero por 2, e o resultado 7,5 é dividido por 10, obtendo-se finalmente que a área necessária inicial é de 0,75ha(750m2) de pasto. O número inicial é dividido por 2 emrazão do fato de que na maioria dos rebanhos brasileirosapenas 50% das vacas estão em lactação (devido a pro-blemas de parto, elevado intervalo entre partos, dentreoutros), e depois por 10, porque o desafio é ter 10 UA/ha,o que demonstra o potencial de produção.

Todo o processo de planejamento da divisão, da adu-bação a ser feita e do manejo das pastagens, deverá seracompanhado por um técnico devidamente capacitado,o que evitará prejuízos e perda de tempo. Independente-mente do porte da propriedade e se for adequado àscaracterísticas desse espaço, o planejamento alimentarda propriedade é um dos fatores mais importantes para osucesso do sistema de produção, pois permite que o pro-dutor se programe com antecedência e reduza o risco defalta de alimentos em períodos críticos do ano. Ano a ano,o produtor pode ampliar a capacidade de suporte da áreae pouco a pouco a área cultivada com pastagem, substi-tuir o rebanho gradativamente por animais mais produti-vos e assim sucessivamente.

Com o sistema intensivo de pastejo rotacionado, po-dem-se alcançar lotações médias da ordem de 5 até 18unidades animais (450kg) por hectare, durante o perío-do de verão. A alta capacidade de produção dasgramíneas tropicais e a adubação nitrogenada é que tor-nam possíveis obter essas altas lotações. Por isso, o pro-dutor precisa dedicar muita atenção aos aspectosnutricionais do solo e os cuidados para uma correta adu-bação, como: realizar anualmente análise de solo da áreaa ser adubada (conforme descrito no capítulo 1); aplicarno início das águas nutrientes como fósforo e potássio;

Alta lotaçãoda pastagem

Piquetes comforrageiraabundante edemarcados

número de piquetes = + 1período de descanso

período de ocupação

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durante todo o verão, distribuir a adubação nitrogenadade forma parcelada, sempre após cada pastejo, no finalda tarde, imediatamente após a saída dos animais dopiquete; e, uma vez ao ano, corrigir a acidez e reporcálcio e magnésio por meio da calagem, em cobertura,no final das águas.

O manejo intensivo de pastagens é uma tecnologiasimples, mas que requer treinamento para funcionar comeficiência. Por isso, vale repetir que o produtor deve co-meçar sempre em pequenas áreas, com o objetivo deaprendê-la, acompanhando todo o processo. Deve com-preender aspectos fundamentais como a altura do pas-to na entrada e saída dos animais, adubação correta,resíduos da forragem pós-pastejo.

Outro fator sempre muito importante para o corretodesempenho do sistema é o conforto animal, que exi-ge sombras adequadas, água de boa qualidade e cor-redores bem dimensionados (largura mínima de 3m),livres de obstáculos que possam ferir as vacas, taiscomo pedras, tocos, arames e buracos. É importanteevitar os corredores em terrenos de baixada ou muitoargilosos, assim como em aterros ou curvas de nível,pois nessas condições o produtor poderá ter proble-mas. O corredor deve ter o leito abaulado (mais alto naparte central, caindo para as laterais) para direcionaro fluxo das águas e evitar empoçamento. Recomenda-se na construção ou reforma dos corredores adicionarcalcário na massa de terra revolvida na base de 3t/ha,para que o piso fique mais consistente e produza me-nos barro.

IRRIGAÇÃO DE PASTAGENS

Devido às grandes variações climáticas observa-das atualmente no Brasil, a utilização da tecnologia de

irrigação tem-se mostrado muito importante para o su-cesso do sistema intensivo de pastagens. Essa depen-dência do fator clima para a obtenção de resultadossustentáveis tem motivado os produtores a empregarsistemas de irrigação. Lamentavelmente, ainda sãomuito poucas as informações científicas que compro-vam a eficácia dessa prática em sistema intensivos depastagens. Vale notar que os estudiosos estão atentosao assunto e as diversas pesquisas em desenvolvi-mento trarão novos subsídios a essa tecnologia.

As pastagens de gramíneas tropicais necessitamde cinco fatores básicos para atingirem altas produ-ções: temperaturas altas; fotoperíodo acima de 12 ho-ras; luminosidade intensa; elevada fertilidade de solo;e água em quantidade. Desses fatores, dois depen-dem da ação do homem (fertilidade e água) e três não(temperatura, fotoperíodo e luz). Quando a temperatu-ra noturna cai abaixo de 15ºC, tem-se acentuada re-dução de produção de forragem, na maioria dasgramíneas tropicais. O ritmo de crescimento diminui

Com airrigação,pode-se

antecipar opastejo para

o início daprimavera

Implantação dosistema deirrigação:valeta para astubulações, oaspersor, omanômetro einício dairrigação emgramínearecém-plantada

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26 – Guia Prático da Produção | Dieta Econômica para Bovinos Leiteiros

PASTEJO DE PONTA E REPASSEImagine a seguinte situação: um rebanho com 30 vacas em

lactação e média de curral por volta de 12kg diários. Supondo queesse rebanho esteja estruturado, com as parições bem distribu-ídas ao longo do ano, a metade das vacas estarão no início e asdemais no final da lactação. Considere que o grupo de vacas queestá na fase inicial da lactação produza em média de 16kg diári-os, enquanto as que estão na metade final da lactação apresen-tam produção média de 8kg diários. Os números pouco impor-tam, pois a idéia é que você acompanhe o raciocínio.

O pasto é bem formado com gramínea tropical de elevadopotencial de produção, sendo usado em sistema de pastejorotacionado com piquetes divididos por cerca elétrica e período

de ocupação de um dia em cadapiquete. A entrada dos animais nopiquete novo ou do dia ocorre nofinal da tarde/início da noite. Aofinal de um dia de pastejo, o pi-quete recebe adubação para re-posição dos nutrientes retiradosdo solo e também para o aumen-to na produção de forragem. Tudoconforme manda o figurino.

Então, pense nisto: é justoque as vacas com média de 16kgdiários disputem o mesmo pastocom as vacas de 8kg/dia? É cla-ro que não! A exigência de umavaca de 16kg/dia é superior à deuma de 8kg/dia. Consultando as

tabelas de exigência nutricional, comprova-se facilmente essefato. Dessa diferença entre exigências surge o conceito de pontae repasse, que nada mais é do que premiar as vacas que estãoapresentando maior produção de leite com o melhor pasto (pastejode ponta). Assim, você libera para os animais de maior produçãoo piquete novo ou do dia, no final da tarde, para que consumam o"filé mignon" da pastagem, merecidamente.

Na manhã seguinte, o lote de vacas com menor produçãoterá acesso a esse piquete, alimentando-se do restante (pastejode repasse), a "costelinha" da pastagem, desde que seja mane-jado para isso, e que não sobre somente o "osso". A intenção nãoé fazer o grupo de repasse passar fome, mas sim organizar deforma mais eficiente o aproveitamento da pastagem.

quando o fotoperíodo for curto (inferior a 12h).Temperaturas baixas, fotoperíodo curto e me-nor intensidade de luz são características doperíodo seco ou inverno nas regiões do Cen-tro-Sul entre os meses de maio e setembro,ocorrendo algumas variações de acordo coma latitude e a altitude. Tentar produzir sob es-sas condições usando adubação e irrigaçãosignifica desconhecimento do assunto, com oconseqüente desperdício de dinheiro.

Benefícios – O emprego da irrigação traz di-versos benefícios ao sistema intensivo de pro-dução de leite a pasto. Um dos principais é pos-sibilitar a antecipação do período de pastejopara o início da primavera.Tem sido comum, no mês deagosto, haver condições luze de temperatura favoráveisao crescimento das gramí-neas, faltando apenas a umi-dade adequada. Assim, deum lado, consegue-se ante-cipar em até 60 dias o perío-do de crescimento do pasto,reduzindo os custos, e, deoutro, prolongar o períodode uso do pasto, no final doverão, em pelo menos mais30 dias. Outra vantagem éminimizarem-se os efeitos doveranico (período seco duran-te as águas), potencializando o uso dos fertili-zantes e reduzindo os riscos de grandes varia-ções na oferta de forragem.

Os sistemas de irrigação comumente im-plantados são simples, de baixo custo e vêmsendo utilizados em pequenas propriedadescom sucesso. A irrigação foi introduzida comouma ferramenta que permite a ampliação dotempo de uso das pastagens ao longo do ano ea redução do custo de produção de leite. Noentanto, são necessários ajustes, que serão in-corporados à medida que as pesquisas indica-rem novos parâmetros para o uso mais eficien-te do sistema.

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cana-de-açúcar proporciona a melhor re-lação custo/benefício em pequenas, mé-dias e grandes propriedades como volu-moso na seca. Alternativa barata para ali-mentação dos bovinos, essa planta acu-

mula vantagens, como alta produtividade, facilidadede implantação, pouca exigência quanto aos tratosculturais, além de sua maturação e disponibilidadecoincidirem com a época de escassez do pasto.

Como a cana (devido ao elevado teor desacarose, um carboidrato altamente digerível) é ricaem energia mas tem uma fibra de baixa qualidade eé pobre também em outros nutrientes, a adição deuréia ao volumoso é uma forma indireta de fornecerproteína aos bovinos. O uso da uréia é umatecnologia simples e de baixo custo, e se aplicadocom as devidas orientações, fornece proteína bara-ta para o rebanho. A adição da uréia favorece osmicroorganismos do rúmen, que passam a digerirmelhor a fibra, o que, em outras palavras, aumentao aproveitamento que o animal faz da cana-de-açú-car que consome.

MUDAS DE CANA-DE-AÇÚCAR

Fique atento quando da aquisição das mudas paraformar o canavial, pois não é qualquer cana que podeser utilizada como muda. Antes de tudo, as mudastêm de ser saudáveis, originadas de plantas grandese que não apresentem vestígios de doenças. Por ava-liação visual é possível saber se as mudas são boasou não. As mais recomendáveis são as mudas prove-nientes de plantas novas (1 ano), que são mais vigo-rosas, com alto teor de sacarose e elevada produtivi-dade por área. Além disso, é preciso optar por boasvariedades, recomendadas para cada região do país.Juntamente a um técnico especializado avalie as va-riedades disponíveis em sua região e que melhoratendam às suas necessidades.

PREPARO DO SOLO E PLANTIO

Para obter alta produtividade da cana-de-açúcar épreciso dar atenção a alguns tratos culturais, como: umbom preparo do solo; aração, gradagem e sulcagemadequados; bem como o controle de pragas e plantasdaninhas. Tudo isso garante o rápido crescimento daplantação, de modo que cubra logo o solo, impedindoo desenvolvimento das plantas indesejáveis. No plan-tio, é preciso preparar bem o solo, com a correção daacidez e da fertilidade, adubando de acordo com asnecessidades detectadas.

A cana-de-açúcar é uma planta tropical, semiperenee bastante resistente. A época de seu plantio depende defatores como calor e umidade, essenciais para que hajabrotação. Embora a cultura vegete nos mais diversos ti-pos de solos, ela é exigente com a fertilidade do solo. Osmelhores solos devem ser profundos, bem arejados ecom boa capacidade de retenção de água e nutrientes.

CANAVIAL:UM SILO EM PÉ

AA cana garantevolumosobarato durantea seca

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Épocas de plantio: amelhor época é final do pe-ríodo das águas (fevereiro e/ou março), graças à menorcompetição com ervas da-ninhas e chuvas mais ame-nas. É a chamada de "canade ano e meio". Outra épocapossível é no início da pri-mavera (setembro e/ou ou-tubro), plantando-se a cha-mada de "cana de ano".

Silagem – A silagem decana-de-açúcar viabiliza oaproveitamento do canavial,quando houver um talhãoque vai passar do ponto ouno caso de incêndio. Ape-sar da qualidade razoável,devem ser considerados os seus custos (lonas,maquinário etc.), além do fato de que há perdas de maté-ria seca (em torno de 20%). As pesquisas comprovamque a utilização de leveduras (inoculantes) no processode ensilagem inibe a fermentação alcoólica, e reduz aperda de açúcar, evitando que o material fique com saborindesejável, o que levaria à redução do consumo do ali-mento pelos animais.

Para produzir uma silagem de cana de qualidade,deve-se observar os mesmos critérios indicados para asilagem de milho, por exemplo: picar a cana em fragmen-tos bem pequenos, entre 10 e 15mm; aplicar o inoculante(segundo a recomendação do fabricante); fazer uma boacompactação do material no silo; fechar o mais rapida-mente possível o silo, com o cuidado para que fique mui-to bem vedado. A ensilagem da cana com o emprego deinoculantes permite a obtenção de um alimento bem con-servado, com sabor e odor agradável e sem a mínimapresença de álcool.

UTILIZAÇÃO CORRETA DA CANA COM URÉIA

A uréia é a fonte de proteína mais econômica disponí-vel para os ruminantes, contribuindo para a redução docusto de alimentação do rebanho leiteiro. A introduçãoda uréia na dieta dos animais deve ser gradativa e

• Sulco: o ideal é observar um espaçamento entre-linhas de 0,90m a 1,20m e profundidade de 35cm.• Adubação de plantio: de acordo com a análise dosolo e recomendação do técnico responsável.• Adubação de cobertura: de acordo com a reco-mendação do técnico responsável. Parcelar duasvezes em solos arenosos e aplicar cerca de 70 diasapós o plantio, em dia chuvoso.• Época de plantio: de setembro e/ou outubro oufevereiro e/ou março.• Plantio:Mudas: a quantidade necessária é de 10 a 12t/ha. Aposição delas no sulco deve ser "pé com ponta" e,posteriormente, devem ser cortadas no sulco emtoletes com 3-4 gemas.Cupinicida: aplicar, se necessário, de acordo com arecomendação do técnico responsável. Cubra asmudas com terra e compacte.Ervas daninhas: o uso de defensivo químico podefavorecer o controle de ervas daninhas e deve seravaliado pelo técnico responsável.Cana soca: deve ser feita análise de solo (calageme correção). A cobertura deve ser feita de acordocom orientação do técnico responsável logo apóso corte com presença de chuva.

ORIENTAÇÃOPARA O PLANTIO

Aplicaçãode defensivoagrícoladurante oplantio dasmudas

A silagem de cana podeser uma alternativa

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acompanhada de perto. Se a uréia for fornecida em quan-tidade superior à recomendada, há o risco de intoxica-ção dos animais.

A ingestão de uréia deve se limitar a 1% da quanti-dade de cana-de-açúcar que deverá ser consumida pelavaca. Recomenda-se misturar à uréia uma fonte de en-xofre (sulfato de amônia) na proporção de 9 partes deuréia para uma parte de sulfato, pois o enxofre é essen-cial para síntese de proteína no rúmen.

Na colheita da cana, deve-se deixar as folhas secasno solo, para servirem de cobertura morta. Corta-se acana na quantidade necessária para o consumo máxi-mo de dois dias. Somente picar pouco antes de servi-la,pois em pouco tempo ela fermenta, prejudicando o con-sumo. As facas da picadeira precisam estar bem amola-das e ajustadas para um corte fino e uniforme da forra-gem e maior rendimento do equipamento. O tamanhoideal para corte é de 7 a 10mm, o que propicia maiorconsumo e conseqüentemente melhor produtividadedos animais.

É fundamental que os animais se adaptem gradativa-mente à mistura. Assim, na primeira semana, deve-seusar no máximo 0,5% de uréia e sulfato de amônia nacana. Em cada 100kg de cana picada, adicionam-se500g da mistura (450g de uréia e 50g de sulfato deamônia), diluída em dois litros de água e distribuída so-bre a cana picada com o uso de um regador.

A partir do oitavo dia, pode-se passar para a propor-ção de 1%, com um quilo de uréia mais sulfato de amô-nia nos mesmos 100kg de cana picada. Deve-se

RECOMENDAÇÕES GERAIS• Fazer adaptação dos animais à nova dieta duranteduas ou três semanas, no máximo.• Não interromper o uso da uréia. Se isso ocorrer,deverá ser observado o período de readaptação dadieta.• Fazer as misturas adequadas e que tenham boapalatabilidade, para que a uréia possa ser bemabsorvida.• Usar sulfato de amônio na mistura.• Armazenar a uréia em local seco, ao qual os animaisnão tenham acesso.• Fornecer uréia apenas para os animais cujo rúmen jáesteja funcionando bem e que tenham recebidovolumoso de forma adequada.• No caso de o fornecimento ser em cochos descober-tos, é importante que tenham buracos no fundo para asaída da água, no caso de chuva, evitando o acúmulode água e o excesso de consumo.

fornecê-la aos animais preferencialmente no final da tardepara evitar o incômodo das abelhas.

Os casos de intoxicação não são muito comuns, maspodem ser fatais. Os sintomas apresentados pelos animaisem caso de acidente são: agitação, falta de coordenação,salivação intensa, tremores musculares e respiração ace-lerada. Quando atendido a tempo o animal se recuperarapidamente.

Aplicaçãoda uréia na

cana picada

Picagem da cana, à qual será adicionada uréia

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star bem informado e atento às novas tecnologiasé um requisito básico para o produtor que quersempre melhorar o desempenho de sua ativida-de. Por isso, vale a pena o produtor de leite aten-tar para estas inovações que já estão chegando

e que, em futuro próximo, poderão auxiliá-lo em importantestomadas de decisão.

Recente pesquisa desenvolvida no Centro de Treinamen-to de Recursos Humanos (CTRH) do Departamento deZootecnia da ESALQ/USP, em Piracicaba, São Paulo, de-monstrou em seus primeiros resultados ser possível a redu-ção expressiva do período de descanso (entre um e outropastejo) do capim-elefante, cultivar cameroun, com a vanta-gem de maior produtividade da planta e teor nutricional, o quecontribuiu para elevar a produção de leite. Vale lembrar quena década de 1980, quando o sistema intensivo de pastagemrevolucionou o manejo tradicional, o período de descansoera de 45 dias fixos para o capim-elefante, o que já impactavamuito nos resultados econômicos da atividade.

Vinte e tantos anos se passaram, até que foi delineadopela ESALQ/USP esse novo experimento, que partiu do prin-cípio, já comprovado em outros países com gramíneas declima temperado, de que a luz determina, em primeiro lugar, opotencial de qualquer planta forrageira. Os demais fatores –nutrientes, especialmente o nitrogênio, temperatura, água –determinam a velocidade de produção para que se chegueno potencial que a luz permite de desenvolvimento.

Para o estabelecimento do momento certo para a coletada forrageira utiliza-se então o conceito de interceptação lu-minosa (IL), que é a diferença entre a luz que atinge o topodas plantas e a que chega ao solo. Trocando em miúdos: asplantas competem pela luz e à medida que o dossel (copa)delas se desenvolve, passa a funcionar como uma barreiraque impede a luz de atingir o solo. Já está comprovado que,numa pastagem, ao atingir 95% de IL, a planta chega aomáximo de acúmulo de forragem aproveitável pelos animaise, a partir desse ponto, o que produz vai sendo perdido, poisas folhas morrem por causa da insuficiência de luz, formandono solo grande quantidade de massa morta. Como mecanis-

mo de defesa, as plantas aumentam a altura do colmo/hastepara colocar as novas folhas no ambiente de luz. A haste éuma barreira física ao pastejo, pois, à medida que o tempopassa e o manejo é inadequado, o resíduo vai subindo (pas-sando muitas vezes de 1 metro) por conta do aumento dehastes e material morto. É isso que ocorre nos pastos, obri-gando o produtor a fazer roçadas ou até mesmo colocar fogode um ano para outro, para eliminar a macega que fica.

Com base em tais princípios, essa primeira pesquisa(outras estão sendo desenvolvidas para a confirmação dosdados) demonstrou que o estabelecimento de período fixode descanso entre um pastejo e outro não possibilita colher amelhor forragem nem seu maior aproveitamento pelos ani-mais. Assim, a partir desses primeiros dados, em vez de sedefinir o pastejo a cada 20, 30, 35 ou 40 dias de período fixo,determinou-se que o "ponto certo para a colheita pela vaca"seria quando o pasto atingisse os 95% de IL, o que apontapara uma redução expressiva do período de descanso emenor altura da planta, algo que impacta positivamente nosresultados da atividade. Isso comprova que em condiçõesadequadas (muita luz, alta fertilidade do solo, água e tempe-ratura) as gramíneas crescem mais rápido e mais cedo atin-gem o ponto ideal de colheita, quando é maior seu teornutricional.

A pesquisa concluiu que esse novo tipo de manejo pro-porcionou melhor aproveitamento da forragem pelos animais.O resíduo de pastejo ficou mais baixo e as vacas responde-ram com maior produção de leite, com teor de sólidos maiselevado.

Da pesquisa à prática, alguns cuidados devem ser toma-dos para que não haja distorções nem as famosas adapta-ções da tecnologia no processo de difusão e transferênciadessa prática, podendo comprometer a veracidade dos da-dos da pesquisa. Enquanto a pesquisa avança, com novosdelineamentos experimentais sendo realizados para a confir-mação desses dados, técnicos especializados serão devi-damente treinados em unidades demonstrativas (UD) paratraduzir em práticas simples, rotineiras e de fácil leitura paraque o produtor incorpore o novo avanço.

VISÃO DE FUTURO:AVANÇOS NO MANEJO DAS PASTAGENS

E

ANEXO

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