223

Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários
Page 2: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Editora Poisson

Gestão da produção em foco

Volume 11

1ª Edição

Belo Horizonte Poisson

2018

Page 3: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial

Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia

Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) G393

Gestão da Produção em Foco– Volume 11/

Organização Editora Poisson – Belo

Horizonte - MG : Poisson, 2018

223p

Formato: PDF

ISBN: 978-85-93729-52-2

DOI: 10.5935/978-85-93729-52-2.2018B001

Modo de acesso: World Wide Web

Inclui bibliografia

1. Gestão da Produção 2. Engenharia de

Produção. I. Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

[email protected]

Page 4: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Capítulo 1: Metodologia para avaliação de alugueis de imóveis baseado nas melhores práticas do conceito APQP, Advanced Product Quality Planning .................................. 7 (Domingos José Ribeiro, Wagner Costa Botelho, Renata Maciel Botelho)

Capítulo 2: Alteração do processo produtivo em uma indústria de artefatos de borracha siliconada: estudo de caso decorrente da silicose em trabalhadores operacionais ..... 19 (Rafaela Rodrigues Caldas,Wagner Costa, Renata Maciel Botelho)

Capítulo 3: Gerenciamento do tempo de projeto em uma empresa do setor de ferramentaria: um estudo de caso .................................................................................. 29 (Jefferson de Souza Pinto, Gilberto Cassoli de Oliveira Junior Luan Aoki Schuwarten)

Capítulo 4: Aplicação dos conceitos seis sigma (DMAIC): proposta de ações de melhoria para a redução do tempo de espera de visitantes em um hospital. ................ 45 (Marcela Carneiro Avelar, Thais Tesch Bonesso, Carlos Henrique de Oliveira, Sandra Miranda Neves, João Batista Turrioni)

Capítulo 5: Análise dos principais atributos relacionados ao processo de tomada de decisão quanto ao veículo urbano de carga no Brasil ................................................... 56 (Larissa Almeida Matias de Lima Batista, Bruno Vieira Bertoncini)

Capítulo 6: Aplicação do método servqual para avaliação do curso de engenharia de produção na UFERSA Campus Mossoró ........................................................................ 68 (Raimundo Alves de Carvalho Júnior, Amanda Gomes De Assis, Amanda Braga Marques, Danyella Gessyca Reinaldo Batista, Isaque Jônatas Costa Moraes)

Capítulo 7: Modelo linear para alocação de produtos em prateleiras de uma microempresa do ramo alimentício ................................................................................ 78 (Eurico Laydner Quinteiro Neto, Antônio Sérgio Coelho, Mônica Maria Mendes Luna)

Capítulo 8: A aplicação da biomimética no desenvolvimento de texturas automotivas: levantamento de percepções de usuários...................................................................... 89 (Edney Eboli dos Santos, Antonio César Galhardi)

Capítulo 9: Uma aplicação dos conceitos de Lean Startup ........................................... 99 (Vinícius Diniz Ornellas, Thaís Spiegel)

Page 5: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Capítulo 10: Proposta de estrutura para a seleção de fornecedores utilizando a análise hierárquica de processo (AHP). ..................................................................................... 110 (Giovanni Mendes Ribas Novi, Sandra Miranda Neves, Emerson José de Paiva, Carlos Henrique de Oliveira, Tarcísio Gonçalves de Brito)

Capítulo 11: Análise preliminar dos riscos ocupacionais em uma lanchonete de Fast-Food ............................................................................................................................... 121 (Francine Conceição de Andrade, Fábio Cézar Ferreira)

Capítulo 12: O uso das ferramentas do AVA para o aumento da percepção de interatividade dos cursos a distância ............................................................................. 131 (Esdras Jorge Santos Barboza, Neusa Maria De Andrade, Márcia Terra Da Silva, Pedro Luiz De Oliveira Costa Neto)

Capítulo 13: Gestão verde da cadeia de suprimentos: uma abordagem nas empresas brasileiras ....................................................................................................................... 141 (Marcilia Queiroz De Souza, Júlia Graciela De Oliveira Américo Da Silva, Fabiano Silvério)

Capítulo 14: Análise do sistema de gestão ambiental em lava-jatos na cidade de Manhuaçu-MG ............................................................................................................... 151 (Luana De Oliveira Gomes, Antônio Cleber Gonçalves Tibiriçá, Roziani Maria Gomes, João Vitor Brunelli Lemes, Deise Mara Garcia Alves Tressmann)

Capítulo 15: A utilização do método de análise e solução de problemas (MASP) para gestão e melhoria do processo produtivo em uma empresa de sacolas plásticas. ....... 157 (Renata de Jesus Barreto, Guilherme Cavalcanti Amaral)

Capítulo 16: Desenvolvimento de tecnologias sustentáveis a base de cristais líquidos 172 (Wallysson Klaus Pires Barros, Thiago Duque e Silva, Júlio Antônio de Oliveira Neto)

Capítulo 17: Análise das condições de trabalho em um frigorífico de aves situado na Zona da Mata de Minas Gerais ...................................................................................... 178 (Luana da Silva Souza, Ana Paula Aparecida Honorato, Giovani Blasi Martino Lanna, Rafaela Araújo de Oliveira Lanna, Filipe Gomide Carelli)

Capítulo 18: Vida útil da edificação: durabilidade do fechamento vertical de uma edificação habitacional numa universidade pública ....................................................... 186 (Deise Mara Garcia Alves Tressmann, Antônio Cleber Gonçalves Tibiriçá, João Vitor Brunelli Lemes, Luana de Oliveira Gomes, Roziani Maria Gomes)

Page 6: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Capítulo 19: Plano financeiro como estratégia para uma empresa entrante no mercado de confeitaria.................................................................................................................. 195 (Ana Cecilia Lyra Fialho Breda, Yago De Moura Barros Pessoa, Laryssa Ramos De Holanda)

Capítulo 20: melhoria do fluxo de notas fiscais em duas empresas conjugadas do ramo de construção civil no noroeste do Paraná utilizando BPMN ........................................ 206 (Mayne Camargo Zambello, Jaqueline Stéfanie dos Santos, Priscila Pasti Barbosa)

Autores ........................................................................................................................... 216

Page 7: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 1

Domingos José Ribeiro

Wagner Costa Botelho

Renata Maciel Botelho

Resumo: Esse trabalho tem por objetivo apresentar o método aprov, advanced

property valuation, onde iremos associar um método de gerenciamento de

processos que garante o nível de qualidade exigidos pelo cliente, o apqp,

advanced product quality planning, com todo o processo de avaliação de aluguel,

onde desenvolveremos uma técnica com resultados mais tangíveis e coerentes

com toda a rastreabilidade, documentação e cálculos gerados na avaliação. Como

o apqp visa uma efetiva comunicação entre os setores envolvidos no planejamento

e desenvolvimento de um produto, se esse produto for uma avaliação, meu objetivo

seria alinhar todas as etapas do processo apqp aplicados na avaliação, nos prazos

previstos e cronogramas, buscando a redução dos possíveis modos de falha com a

qualidade e também a minimização dos riscos na avaliação desses imóveis. Sendo

assim teríamos como foco o planejamento da qualidade e a melhoria continua das

avaliações executadas, além da satisfação dos solicitantes. Para isso iríamos

trabalhar com as principais fases do apqp, que são o planejamento, projeto,

verificação, validação, feedback e ações corretivas.

Palavras-chave: avaliação de imóveis; apqp; planejamento projeto; verificação e

validação; feedback e ações corretivas.

Page 8: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O APQP (Advanced Product Quality Planning), ou Planejamento Avançado da Qualidade do Produto, é uma série de procedimentos e técnicas usadas para gerenciar a qualidade produtiva. Estes procedimentos foram desenvolvidos e padronizados pela AIAG (Automotive Industry Action Group), formado pelas empresas do ramo automotivo General Motors, Ford, Chrysler e seus fornecedores. O AProV, Advanced Property Valuation, tem por objetivo garantir o nível de qualidade exigidos pelo cliente.

O APQP contempla o planejamento, desenvolvimento do produto e processo propostos por Clark e Fujimoto (1991), e inclui as etapas de teste e validação propostas por Cooper (2008) que possibilitam avaliação de aluguel, resultados mais tangíveis e coerentes com rastreabilidade de toda a documentação e cálculos gerados na avaliação imobiliária. Como o APQP visa uma efetiva comunicação entre os setores envolvidos no planejamento e desenvolvimento de um produto, para uma edificação, o objetivo desse trabalho é alinhar todas as etapas do processo APQP aplicados na metodologia das avaliações, buscando a redução dos possíveis modos de falha com a qualidade e também a minimização dos riscos na avaliação desses imóveis. Assim, tem-se como foco o Planejamento da Qualidade e a melhoria continua das avaliações executadas, além da satisfação dos solicitantes. Para isso, deve-se trabalhar com as principais fases do APQP, que são o Planejamento, Projeto, Verificação, Validação, Feedback e Ações Corretivas, pois segundo Rozenfeld et al. (2006), o processo de desenvolvimento do produto, em particular suas primeiras fases, é fundamental para determinar todo o custo do projeto, inclusive o custo do produto final, no caso a avaliação de um imóvel.

2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO

O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários para seguir os procedimentos de APQP e técnicas e também são normalmente necessários para ser auditado e registrado em ISO/TS 16949. APQP serve como um guia no processo de desenvolvimento e também uma forma padrão para compartilhar resultados entre fornecedores e empresas automotivas e é composto por cinco fases que servirão de

base para a metodologia proposta neste trabalho, relacionadas: Planejamento: Planejar e Definir Programa; Projeto: Design de Produto e Desenvolvimento de Verificação; Verificação: Processo de Design e Desenvolvimento de Verificação; Validação: Produto e Processo de Validação; Feedback: Produção feedback; Ações Corretivas: Lançamento e Avaliação.

3. AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA

Segundo José Fiker (2005), a avaliação imobiliária visa estimar o valor do imóvel, a partilha dos bens de uma herança, a compra ou venda de imóveis, o financiamento hipotecário na compra ou construção de um imóvel, o estudo económico e financeiro de um projeto de investimento, o cálculo de indenização por expropriação, a determinação do valor para efeitos fiscais etc.

3.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

De acordo com o objetivo da avaliação e valor a determinar utilizam-se métodos de avaliação imobiliária de acordo com a metodologia básica aplicável na avaliação de aluguéis expressa no Capítulo 11 da Parte 2:2011, da NBR 14653. A metodologia básica aplicável na avaliação de aluguéis encontra-se no Capítulo 14 da NBR 14653.

3.1.1 AVALIAÇÃO POR COMPARAÇÃO DIRETA

Trata-se de procedimento preferencial que exige o conhecimento de dados de mercado referentes a locações de imóveis semelhantes quanto à contemporaneidade dos dados obtidos, às condições de reajuste ou estágios de contrato, à existência de desníveis ou pavimentos distintos com diferentes capacidades de geração de renda, ao tamanho das lojas, à testada, à cobrança de luvas etc. Devem ser considerados elementos em oferta, ou de contratos que não apresentem distorções em relação a reajustes e fases contratuais, além das perdas residuais inflacionárias quando os elementos em oferta possuírem periodicidades diferentes de reajustes.

8

Page 9: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

3.1.2 AVALIAÇÃO POR REMUNERAÇÃO DE CAPITAL

Neste critério o valor locativo é determinado pela aplicação de uma taxa sobre o valor do imóvel, obtida pelas metodologias desta Norma. É aplicado nos casos de 15 imóveis isolados e atípicos para os quais a utilização da comparação direta seja impraticável. Nessas avaliações devemos observar o aproveitamento do terreno pela construção existente e a obtenção da taxa de remuneração, global, ou para as parcelas de capital terreno e benfeitoria, obtida com pesquisa específica para cada caso, pois varia para cada tipo de imóvel, localização e, também, ao longo do tempo, dependendo da conjuntura econômica. Essas taxas devem ser apuradas no mercado.

3.1.3 POR PARTICIPAÇÃO NO FATURAMENTO

Critério utilizado na estimação de valores locativos de cinemas, teatros, postos de serviços, baseado no princípio da participação do locador na renda do estabelecimento. Os investidores proprietários de edifícios destinados especificamente à instalação de cinemas e que nunca procuraram melhorar suas condições de rentabilidade, por exemplo, através de reformulação de área construída visando maior capacidade de utilização conforme a lei faculta, sujeitam-se dessa forma à condição da receita do imóvel locado, valendo aqui lembrar que regra geral os inquilinos não podem alterar seu ramo comercial para melhorar a renda sem, eventualmente, infringir cláusulas contratuais. Deve ser ponderado também que, enquanto outros tipos de comércio podem explorar, com sensíveis lucros, ocorrências sazonais aumentando preços de venda dos produtos em épocas propícias (natal, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia dos namorados, etc.) os cinemas têm seus preços de ingressos fixos e inalterados durante quase um ano.

Por outro lado, é importante que se tenha em mente que o comércio desenvolvido pelas casas exibidoras, Cinemas, é severamente controlado pelos órgãos governamentais que eventualmente fixam para todo o território nacional, os preços máximos dos ingressos de cinemas, através de Portarias específicas. O primeiro passo para o emprego do MÉTODO DA PARTICIPAÇÃO refere-se à obtenção das rendas líquidas mensais do

cinema, elaborando-se Tabelas resumo das citadas rendas. Prazo compatível com bom nível de segurança é, no mínimo, o de três anos anteriores à data do aluguel procurado. Para a obtenção de uma média significativa, os rendimentos líquidos mensais devem ser atualizados para a data referencial do novo aluguel, com base em índices econômicos oficiais e locais. Os rendimentos líquidos mensais, assim deflacionados, fornecem as médias anuais que, por sua vez irão compor a média final do período considerado.

3.1.4 VALOR DE MERCADO

Quando um proprietário entra no livre mercado imobiliário, colocando para locação o imóvel de sua propriedade, sabe que deve alugá-lo, no mínimo, por uma quantia de dinheiro que represente o preço por meio do qual possa satisfazer suas necessidades. Estabelece, portanto, um patamar de preço abaixo do qual a locação será desconsiderada, já que será insatisfatória para suas necessidades de capital. Este patamar pode ser chamado de “valor piso”. Por outro lado, quando um inquilino entra também no livre mercado imobiliário procurando um imóvel, sabe que deve alugá-lo, no máximo, a um custo dentro de suas possibilidades financeiras, evitando assim “dar o passo maior que as pernas”. Este patamar, por sua vez, pode ser chamado de “valor teto”. Assim, o VALOR TETO é o máximo que o locatário desejoso estaria disposto a pagar; e o VALOR PISO é o mínimo que o locador desejoso estaria disposto a alugar, sendo que, dentro desta faixa, as partes interessadas no negócio devem se encontrar. Este encontro de interesses representaria o VALOR DE MERCADO.

3.1.5 CONCEITO DE JUROS E ALUGUEL

Segundo Alonso (2014), Juros é o pagamento devido pela utilização de um capital e aluguel é o pagamento devido pela utilização de um bem, sendo assim admite-se a possibilidade de previsão e recebimento de um juro em virtude de: Despesas sofridas pelo mutuante em razão do empréstimo concedido ao mutuário; Em razão do lucro a que o mutuante renuncia; Em virtude do risco de não reembolso no vencimento. Por outro lado, admite-se a possibilidade de previsão e recebimento de um aluguel em virtude de: Despesas sofridas pelo locador em razão da

9

Page 10: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

locação concedida ao locatário; Em razão do uso do bem a que o locador renúncia; Em virtude do risco que o locador corre pelo não recebimento no vencimento.

4. METODOLOGIA

O método proposto deve ser devido e cuidadosamente ponderado, observando-se principalmente fatores que possam valorizar ou não o imóvel, tais como: Execução de melhoramentos públicos nas vizinhanças; Implantação de sistema de transporte mais moderno e eficiente do que o então vigente no local (ex. METRÔ); Novas leis de ocupação do solo; Transformação das atividades desenvolvidas no local; Reurbanização de áreas antes deterioradas; etc. Sendo assim, nosso método é caracterizado pelas seguintes premissas: Homogeneidade dos bens levados a mercado; Número significativo de locatários e locadores (ou compradores e vendedores) de tal sorte que não possam, individualmente ou em grupos, alterar o mercado; Inexistência de influências externas; Racionalidade dos participantes e conhecimento absoluto de todos sobre o bem, o mercado e as tendências deste; Perfeita mobilidade de fatores e de participantes, oferecendo liquidez, com plena liberdade de entrada e saída de mercado; Bom senso e equilíbrio. A metodologia deste trabalho consiste nas seguintes etapas: Definição do objeto de estudo; Captação dos dados; Métodos de avaliação; Verificação dos resultados; aplicação da técnica proposto; Resultado, ou seja, avaliação do imóvel.

5. INVESTIGAÇÃO

O processo de investigação iniciou-se com imobiliárias, escritórios de Advocacia e investidores de imóveis, onde em todos os casos todos foram unanimes com relação aos valores apresentados pelas avaliações de imóveis entregas por empresas ou profissionais da área. As imobiliárias visitadas foram todas na região da Lapa assim como os escritórios de Advocacias. Os investidores em questão são pessoas físicas onde tenho algum tipo de relacionamento comercial ou pessoal. Em todas as visitas as entrevistas com os profissionais foram estruturadas e Segundo Dencker (2000), “as entrevistas podem ser estruturadas, constituídas de perguntas definidas; ou semiestruturadas, permitindo uma maior liberdade ao

pesquisador.” Em todas as visitas o material coletado foi informal e em alguns casos confidenciais, como um laudo de um Perito Judicial apresentado, no entanto todos foram unanimes com relação às metodologias apresentadas no calculo do valor do aluguel, que neste caso, fundamentaria a investigação.

6. PESQUISA

A pesquisa realizada foi com base nas estatísticas dos elementos comparativos colhidos durante as entrevistas. Segundo Triola (1999) estatística é uma coleção de métodos para planejar experimentos, obter e organizar dados resumi-los, analisá-los, interpretá-los e deles extrair conclusões.

7. A BIBLIOGRAFIA

Existe vasta literatura sobre desenvolvimento de produto e sobre o processo de desenvolvimento colaborativo. A revisão de bibliografia realizada neste trabalho encontrou pouca literatura publicada sobre a metodologia de trabalho aplicada nas montadoras de veículos americanas, o APQP (Planejamento Avançado da Qualidade do Produto). Publicações acadêmicas discutindo a metodologia do APQP, como feito neste trabalho, não foram encontradas, e a análise proposta ainda não foi estudada. No entanto, o APQP, bem como metodologias similares utilizadas em outras montadoras, é um instrumento que guia a gestão do PDP de inúmeras e relevantes empresas e também é possível observar que existem semelhanças nas fases de desenvolvimento propostas por Clark e Fujimomto, por Cooper (2008) e pelo APQP. O APQP contempla o planejamento, desenvolvimento do produto e processo propostos por Clark e Fujimoto (1991), e inclui as etapas de teste e validação propostas por pelo autor.

7.1 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O objeto de estudo deste trabalho é um Cinema localizado no centro de São Paulo, com dois pavimentos e capacidade (lotação total) de 1.022 lugares onde o inquilino fez uma reforma e o proprietário quer saber o novo valor do aluguel que deverá ser cobrado.

10

Page 11: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 1 – Fachada do cinema modelo FIGURA 2 – Saguão principal do cinema modelo

.

FIGURA 3 – Bilheteria do cinema modelo

Fonte: Autor deste trabalho

7.2 ANALISE DOS DADOS

A seguir é apresentado o resultado dos 3 testes utilizando métodos de avaliação de nosso objeto de estudo, descritos a seguir.

7.2.1 MÉTODO COMPARATIVO

A utilização do método comparativo para prédios destinados a cinemas exige basicamente a homogeneização dos elementos comparativos considerando-se:

Ocupações similares (cinema); Lotações das salas dos cinemas; Localização ou ponto (1); Atualização dos aluguéis referenciais (2);

Padrão da construção (3); Estado de conservação da construção (3); Idade do prédio e/ou do cinema (3). Nota: (1), (2) e (3), ponderados através da relação dos preços

Fonte: Autor deste trabalho Fonte: Autor deste trabalho

11

Page 12: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

dos ingressos.

Os elementos comparativos semelhantes então adotados (cinemas) devem ser relacionados e homogeneizados conforme os pressupostos supracitados para o paradigma do objeto do estudo. Os elementos comparativos de cinemas pesquisados e obtidos foram os seguintes: Cine A B C; Cine

Butantã; Cine Metrópole; Cine Paulista; Cine Bristol.

Estes elementos foram tratados e homogeneizados em cálculos realizados em uma planilha de Excel, que não é nosso objeto de estudo, e seu resultado consta nos comparativos abaixo:

TABELA 1 – Receita Liquida x Valor Pago

Fonte: o autor

TABELA 2 - Valor unitário relativo à lotação de cinema = R$ 25,55 /poltrona

Fonte: o autor

Lembrando a lotação do Cine Paraná, tem-se: Aluguel mensal = 1.022 lugares x R$ 25,5500/lugar = R$ 26.112,00. Portanto, em números redondos temos: valor do aluguel pelo método comparativo direto = R$26.100,00.

7.2.2 MÉTODO DA REMUNERAÇÃO DO CAPITAL

A avaliação do imóvel descrito baseia-se no terreno e na construção, visando

12

Page 13: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

determinação de seu valor de mercado. Para tanto, foi efetuada uma pesquisa na região geoeconômica, onde se procurou obter elementos comparativos de mesmas características do imóvel avaliando em número representativo do mercado local. Para esta avaliação foram obtidos, em princípio, 16 elementos. Todavia, após o tratamento de estatística descritiva, restaram 8 elementos da amostra considerada, efetivamente aproveitáveis. O saneamento da amostra e sua consequente homogeneização, que não é objeto deste trabalho, forneceu o valor unitário médio de R$ 2.177,00/m², sendo assim temos: Área do terreno (At) = 1.835.000m2; Unitário

(R$/m2) = R$2.177,00/m2; Valor total (At x R$/m2) = R$3.994.795,00.

A participação do cinema no prédio será obtida, na falta de outros elementos tais como especificação do condomínio, através da relação entre áreas construídas do cinema e do prédio, conforme calculado: Valor da Fração Ideal = R$ 3.994.795,00 x 0,4097 = R$ 1.636.667,50. Os valores unitários básicos das construções foram inicialmente definidos através dos custos unitários básicos de Edificações oficialmente especificados pelo Sinduscon/SP para duas classes comerciais, padrões normal e alto, relativos à data base, conforme tabela seguinte:

TABELA 3 - Valor unitário básico

Fonte: Sinduscom/SP

A Construção pode ser obtida através da seguinte expressão básica: Vcc = Acp . Vub . Foc onde: Vcc = Valor do Capital – Construção; Acp = Área da Construção = 4.272,96m² ; Vub = Valor unitário = R$ 1.353,70/m² ; Foc = Fator de adequação ao obsoletismo e estado de conservação novo.

Para a depreciação, foram levadas em conta a idade aparente do prédio no qual se insere o Cine Paraná (30 anos), o estado de conservação do cinema (novo) e a expectativa de vida útil (60 anos), através do “Método de Ross – Heidecke)”: Foc = R + K x (1 – R ) = 0,20 + 0,625 x ( 1 – 0,20) = 0,700.

Conforme exposto, é adotado o valor unitário médio dos acima tabulados (R$ 1.353,70/m²) em vista das características da construção, na qual serão incluídas as taxas de BDI, que inclui lucro e despesas indiretas (projetos, cópias, orçamentos, emolumentos, movimento

de terra, fundações, elevadores, ar condicionado e demais equipamentos).

Aplicando-se a expressão supra para o imóvel em tela, foi determinado o valor do Capital – Construção, através de seguinte expressão de valor: Vcb = 4.272,96m² x R$ 1.353,70/m² x 1,70 x 0,700 = R$ 6.883.324,08.

Construção: foram calculadas nos itens anteriores, que forneceram, para a data base: Capital – Terreno = R$1.637.000,00; Capital – construção = R$6.900.000,00; Total = R$8.537.000,00.

O valor do Capital será então fornecido pela soma dos valores do terreno e das benfeitorias acima calculados, acrescidos do fator de comercialização de 15%, considerado o tipo um para a idade de 30 anos, definido em trabalho técnico do Eng. Joaquim da Rocha Medeiros. Aplicando a Vantagem da Coisa Feita:

13

Page 14: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 4 – Vantagem da Coisa Feira

Autor: Eng. Joaquim da Rocha Medeiros.

Valor do Imóvel = R$ 8.537.000,00 x 15% = R$ 9.817.550,00.

Finalmente, para calcular o Aluguel teremos que calcular a taxa de renda liquida obtida na proporção dos valores dos capitais “terreno” e “construção” e aplicar no valor do imóvel calculado acima. Para calcular a taxa de renda liquida usaremos a seguinte expressão: ri = (Crtx rt +Cc x rc)/Ct + Cc onde: ri = taxa de renda composta para imóvel; Ct = “capital-terreno”; rt = taxa de renda parcial para o “capital-terreno”; Cc = “capital-construção” rc = taxa de renda parcial para o “capital-construção”.

Tem-se então para o caso em tela: ri = (R$ 1.637.000,00 x 0,00643 + R$ 6.900.000,00 x 0,00949)/ R$ 8.537.000,00 = 0,0089 ou = 0,89% a.m. Sendo assim temos que o valor do Capital-Imóvel (R$ 8.537.000,00) a taxa líquida de rendimento (0,89%a.m.), obtém-se: Aluguel Mensal = R$ 8.537.000,00 x 1,15 x 0,0089 = R$ 87.376,20/mês. Nos cálculos acima levamos em conta um Cinema novo e reformado, reforma essa executada pelo locatário, sendo assim do valor acima calculado temos que deduzir a quantia que amortiza o custo das obras de reforma do Cinema em questão, calculada em R$ 50.038,00, cálculos esses que não são objetos desse trabalho, resultando assim R$ 37.338,20/mês, ou, em números redondos: Valor do aluguel pelo método da remuneração

de capital R$37.400,00.

7.2.3 MÉTODO DA PARTICIPAÇÃO

Conforme exposto, o primeiro passo para o emprego do MÉTODO DA PARTICIPAÇÃO refere-se à obtenção das rendas líquidas mensais do cinema, elaborando-se Tabelas resumo das citadas rendas. Foram obtidas junto à locatária as rendas líquidas mensais em prazo compatível com relativo nível de segurança e convertidas para valor presente.

De acordo com os cálculos constantes na Tabela abaixo, a renda líquida média mensal do Cine Paraná em base ao período abrangendo 12 (doze) meses, é de R$ 189.732,19. Obtida a média final, seria a mesma capitalizada em base às taxas de renda usuais para cinemas e que são: 10% a.a. quando os equipamentos e instalações são de propriedade do inquilino e 15% a.a. quando pertencem ao proprietário do imóvel. Todavia, considerando a taxa estipulada em contrato, de 12%, tem-se o aluguel variável, correspondente ao citado percentual sobre a média líquida das vendas realizadas durante o mês de: Valor Locativo Mensal = (189.732,19) x (0,12) = R$ 22.767,86/mês ou melhor, em números redondos: Valor do aluguel pelo método da participação R$22.800,00.

14

Page 15: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 5 – Rendas Liquida Mensal

Fonte: o autor

Formulação da Hipótese: Com base nos valores dos alugueis calculados, vamos alinhar as etapas do processo APQP com os resultados obtidos, buscando a redução dos possíveis modos de falha e também a minimização dos riscos na avaliação desse imóvel. Para isso iríamos trabalhar com as principais fases do APQP, que são o Planejamento, Projeto, Verificação, Validação, Feedback e Ações Corretivas, pois segundo Rozenfeld et al. (2006), o processo de desenvolvimento do produto, em particular suas primeiras fases, é fundamental para determinar todo o custo do projeto, inclusive o custo do produto final, no nosso caso a avaliação de um imóvel.

Sendo assim, compreendidas as necessidades do cliente, que no nosso caso é o proprietário querendo avaliar seu imóvel após uma reforma executada pelo inquilino, iremos aplicas as 5 fases do AQPP, relacionadas a seguir: Executar o Planejamento, que seria a escolha das metodologias utilizadas; Verificar e organizar os dados colhidos em campo e fornecidos pelo proprietário e inquilino; Validar todos os cálculos através de cálculos matemáticos; Usar como Feedback os resultados obtidos com a média dos elementos comparativos homogeneizados e a consultoria de um corretor de imóveis; Desenvolveremos as Ações Corretivas, que foi a criação de um fator de segurança, para chegarmos em um

valor adequado para o valor do imóvel.

7.3 TESTE DA HIPÓTESE

Os resultados obtidos por meio da aplicação dos métodos tradicionais foram os seguintes: Método – comparativo (R$26.100,00); Remuneração do capital (R$37.400,00); Participação (R$22.800). Validando os mesmos utilizando a média ponderada dos resultados obtidos. A média ponderada tem como peso a seguinte relação: Peso 01 – Maior Valor; Peso 02 – Valor Intermediário; Peso 03 – Menor Valor. Valor Aluguel = (R$ 26.100,00 x 2 + R$ 37.400,00 x 1 + R$ 22.800,00 x 3)/6 = R$26.333,33.

Como Feedback ouvimos 4 (quatro) corretores de imóveis, que atuam nessa área há mais de 30 anos e todos devidamente registrados em seu órgão de classe, o CRECI / SP – Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo, realizamos uma Homogeneização dessas consultas e aplicamos uma média aritmética simples, chegando no valor de: Valor Aluguel 2 = R$ 32.000,00. No método proposto, iremos dar peso 2 nos métodos tradicionais e peso 1 na avaliação do corretor de imóveis, sendo assim o valor do imóvel será: Valor do Aluguel = (26333,33 * 2 + 32.000,00 * 1)/3 = R$ 28.222,00

Como Ações Corretivas foi criado um fator de

15

Page 16: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

segurança, Fs, que é baseado no tipo de Garantia de Locação Residencial (Fiador, Depósito, Seguro Fiança). Segundo o SECOVI (2014) o tipo de Garantia mais utilizada na locação é o Fiador, seguido do Deposito e por último e o Seguro fiança. A locação com fiador é sempre mais confiável, pois em caso de falta de aluguel o proprietário poderá executar o bem do mesmo, já o deposito,

normalmente tem seu valor estipulado em 3 (Três) meses, na sua maioria das vezes não cobre as despesas jurídicas em caso de uma ação de despejo. Com base nisso, criei um índice para cada tipo de garantia, para que seja multiplicado no valor calculado do aluguel dando maior segurança ao locatário, o proprietário do imóvel.

TABELA 6 – Tipos de Garantia

Autor: SECOVI

Sendo assim temos:

Tg = Tipo de Garantia; Fs= Tg

TABELA 7 – Tipo de Garantia

Fonte: o autor

No aluguel em questão temos como garantia um Depósito, sendo assim temos que o Fator de Segurança Fs é de 1.05. Finalmente, aplicando a técnica proposta, o valor do imóvel será de: R$ 28.222,00 x 1,05 = R$29.633,10. Aluguel mínimo = R$29.700,00/mês = Valor de mercado.

16

Page 17: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

8. ANALISES DOS RESULTADOS

Como demonstrado neste relatório, a técnica AProV auxilia na organização das informações dos métodos de avaliação, listando e registrando, de forma organizada e abrangente os métodos de avaliação do imóvel, minimizando as possibilidades de não entendimento das informações. Acrescenta um terceiro fator, que é o Feedback do corretor do imóvel e além de um fator de segurança que leva em conta o tipo de garantia que o locatário oferece. Sendo assim o valor do aluguel calculado após a aplicação do método ficou coerente com o mercado além de satisfazer o proprietário, inquilino e corretores de imóveis, o que é uma tarefa muito difícil satisfazer todos os envolvidos.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a utilização da Técnica AProv, onde queremos determinar o valor locativo de um imóvel, sempre deveremos contemplar o segmento de mercado no qual o avaliando está inserido, merecendo maior atenção em casos especiais, por nós entendido como atípicos, onde existem regras intrínsecas para cada mercado, quando segmentado. Vale, no entanto, lembrar que o processo de locação é, antes de tudo, econômico e o profissional, na precariedade de informação, deverá se valer da criatividade, porém sempre com bom senso. Esse trabalho e a metodologia proposta tem uma abordagem experimental para tentar explicar um raciocínio dedutivo, onde a conclusão ratifica apenas as premissas iniciais, e requer um longo e continuo trabalho, um Mestrado, para se chegar em um resultado que enuncia uma verdade que ultrapassa o conhecimento dado pelas premissas.

REFERÊNCIAS

[1]. ALONSO, Nelson Roberto. Imóveis Urbanos, Avaliação de Alugueis Aspectos Práticos e Jurídicos. Editora PINI. 2014 [2]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653 38. [3]. CLARK & FUJIMOTO, T.. Product development performance: strategy, organization and management in the world auto industry. Boston: Harvard Business School Press. 1991 [4]. COOPER. AUTOMOTIVE INDUSTRY ACTION GROUP (AIAG). Advanced Product Quality Planning and Control Plan, 2ª edição, 2008. EUA. [5]. DENCKER, Ada de Freitas M. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000.

[6]. FIKER, José. Manual de Avaliações e Perícias em Imóveis Urbanos, Editora Pini.2005 [7]. ISO/TS 16949.Disponível em http://www.iso.org/iso/catalogue_detail?csnumber=52844; acesso em 20-10-2014. [8]. ROZENFIELD, H. et. al. Gestão de Desenvolvimento de Produtos. São Paulo/SP: Editora Saraiva, 2006. [9]. SECOVI. Disponível em http://www.secovi.com.br/pesquisas-e-indices/indicadores-do-mercado/; acesso em 16-04-2014. [10]. TRIOLA, Mario F. Introdução à estatística. 10 ª ed. Rio de Janeiro: LTC. 2008.

17

Page 18: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 2

Rafaela Rodrigues Caldas

Wagner Costa

Renata Maciel Botelho

Resumo: Silicose, é uma doença ocupacional sem cura, causada pela inalação de

poeira de sílica cristalina livre. Os pulmões absorvem essas partículas que causam

o enrijecimento do seu tecido, provocando uma reação inflamatória, cuja evolução

é progressiva e irreversível, que por consequência, pode deixar o trabalhador

incapacitado para o trabalho, podendo levar a morte. A sílica livre é encontrada

principalmente na indústria da construção civil, na mineração e no garimpo. Nesse

estudo de caso foi identificada a poeira de sílica cristalina livre no processo

produtivo de uma indústria de transformação do silicone em artefatos de borracha.

Antes da alteração do processo produtivo, o quartzo de sílica livre cristalina

apresentava-se em concentração além do limite permitido por lei. Desta forma,

após a ocorrência de fatalidades, o processo produtivo sofreu significativas

melhorias trazendo qualidade de vida e segurança aos trabalhadores do setor.

Palavras chave: silicose; sílica; doença ocupacional; segurança do trabalho.

18

Page 19: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

No Brasil muitos trabalhadores para sobreviverem submetem-se a profissões que o expõe a ambientes insalubres, com consequências negativas e irreversíveis a sua saúde. A Silicose é uma doença causada pela inalação da poeira de sílica livre cristalina ou dióxido de silício, geralmente encontradas na indústria da construção civil, mineração, garimpo e indústria de transformação como a empresa em questão. Uma vez inalada, essas partículas se instalam nos pulmões a caracterizando como a principal doença pulmonar ocupacional crônica e sem tratamento especifico o que prejudica a vida do trabalhador tanto no social quanto no econômico (TERÁN, 2010).

Souza (2012) definie a sílica como quartzo, que é o componente em maior quantidade da areia, elemento encontrado em abundância nas rochas que constituem a crosta terrestre.

Segundo Alegranti (2017), a Silicose predispõe o organismo a uma série de comorbidades, pulmonares e extras pulmonares, como o enfisema, a limitação crônica ao fluxo aéreo, as doenças como o câncer e a tuberculose, sendo essa última a doença mais comum em pacientes com silicose. Estima-se que os pacientes silicóticos são três vezes mais propensos a desenvolver a tuberculose do que a população em geral.

Freitas (2009) relata que a associação a tuberculose é a mais temida, pois implica na rápida progressão da fibrose pulmonar, onde uma das causas de seu desenvolvimento é a exposição a contaminantes como a poeira de sílica, o tabagismo entre outros fatores.

Em termos clínicos a importância e a gravidade da silicose advêm do fato de ser doença crônica e que evolui irreversivelmente. A incidência e a prevalência da pneumoconiose no Brasil são pouco conhecidas, mas estudos mostram um crescimento de mortalidade nos últimos 20 anos. Sabe-se que a tendência é de queda devido ao controle mais agressivo e rigoroso do ambiente de trabalho (CASTRO, 2004).

Terra Filho (2006) define que a Silicose crônica é a forma de apresentação mais comum e geralmente ocorre após mais de dez a quinze anos de exposição à Silicose, tendo evolução insidiosa, sendo inicialmente assintomática (não demonstra os sintomas), e pode evoluir com sintomas de dispneia

progressiva, onde o paciente tem muita dificuldade de respirar. Para o autor, a forma acelerada ou subaguda é a cujo período de manifestação ocorre entre as formas aguda e crônica, geralmente após um período de exposição de cinco a dez anos. Os sintomas são precoces e limitam a pessoa para desenvolver atividades simples como subir escadas, pois cansam facilmente, sendo a forma aguda a mais rara de se manifestar, ocorrendo geralmente após meses ou poucos anos de exposição elevada as partículas de sílica. A dispneia pode ser incapacitante comprometendo o estado geral, por insuficiência respiratória, ocorre tosse seca, perca de peso e hipoxemia onde há uma rápida evolução para o óbito.

Como definição a doença ocupacional é o mesmo que doença do trabalho, que segundo a legislação trabalhista brasileira, no inciso II do artigo 20 da Lei nº8.213 de 24 de julho de 1991 é definida como:

“Doença do trabalho, assim entendida é adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente”.

A doença do trabalho não está ligada a função desempenhada, mas ao local de trabalho e ao ambiente onde o trabalhador atua (GUIA TRABALHISTA, 2017).

Há registros históricos, datados de aproximadamente dois mil anos, sobre o uso de mascaras por trabalhadores que buscavam proteção contra as poeiras de sílica, quando observado que a mistura da poeira de sílica com o ar, ocasionava um comprometimento pulmonar (FAGUNDES, 2010).

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a Silicose é uma doença pulmonar incurável causada por inalação de poeira contendo sílica cristalina livre. Apesar de todos os esforços na prevenção, a Silicose ainda afeta dezenas de milhões de trabalhadores envolvidos em ocupações perigosas, matando milhares de pessoas todos os anos em todo o mundo (OIT, 2017).

Informações extraídas da base de dados da Previdência Social (DATAPREV, 2017), podemos analisar casos de silicose no estado de São Paulo num período de 11 anos em diversas atividades, estes casos não revelam estatisticamente a realidade de quantas pessoas tem silicose, nele consta apenas aqueles que foram abertas as respectivas

19

Page 20: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) – vide Tabela 1.

TABELA 1 - Casos de Silicose no estado de São Paulo.

DOENCAS RELACIONAS A SILICA 2003 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 2014

Pneumo. Mineiros de Carvão 7 6 1 4 2 0 1 6 1 0 3 5

Pneumo. Amianto 17 7 5 5 7 5 7 7 8 2 7 7

Pneumo. Poeira de Sílica 14 14 12 8 23 14 8 18 25 20 20 14

Pneumo. Outras Poeiras Inorgânicas 6 6 13 8 24 27 20 26 22 14 19 19

Pneumo. Não Identificadas 8 10 6 9 14 16 9 14 13 13 12 10

Pneumo. Associação com Tuberculose 2 1 1 4 3 6 8 3 6 1 2 3

Fonte: Site da Previdência Social (DATAPREV, 2017).

Neste contexto, o presente estudo tem por objetivo pesquisar como trabalhadores em processo produtivo deficiente, são acometidos por Silicose pela exposição à poeira de sílica na indústria de transformação do silicone em artefatos de borracha.

2. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO

O histórico desse estudo de caso, traz a luz do conhecimento, uma indústria de artefatos de borracha na fabricação de anéis de vedação para panelas, que utilizava o quartzo como uma das matérias primas de seu processo produtivo. Neste processo os trabalhadores eram expostos à poeira de quartzo, o qual contem micropartículas de sílica cristalina, de alto poder de toxidade. O material tóxico quando manuseado, todo o ambiente da produção ficava contaminado, levando a obrigatoriedade de todos os trabalhadores a utilizarem EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual), conforme Norma Regulamentadora (NR6).

Em toda atividade em que o trabalhador tem contanto com a sílica, é recomendado que se tome precauções com relação ao local de trabalho e, em último caso, que se use o EPI adequado aos tipos de agentes contaminantes (SOUZA, 2012).

Essa indústria de artefatos de borracha produz anéis para panela de pressão, a empresa em 2012 contava com os setores de mistura, vulcanização e acabamento. A empresa adquiria às matérias-primas nocivas à saúde e realizava todo o processo em suas dependências.

O quartzo uma das matérias-primas para composição dos anéis contém micropartículas

de sílica livre, este produto e sua forma de manuseio fez com que em alguns dos trabalhadores desenvolvesse a Silicose, uma doença sem cura, mas que deve ser perfeitamente evitada, desde que adotada medidas preventivas nos locais de trabalho.

Segundo Fagundes (2010) as inalações das pequenas partículas insolúveis de sílica cristalina e as permanências das mesmas nos pulmões acabam determinando a doença caracterizada pela presença de múltiplos nódulos fibrosos.

A falta de conhecimento dos proprietários da empresa em estudo, sobre a gravidade da Silicose, foi um dos fatores determinantes para o desenvolvimento da doença nos trabalhadores. Apesar de a empresa sempre ter seus PPRA’s em dia – elaborado por empresa contratada. Mesmo contanto com uma empresa contratada de Segurança do Trabalho, tal parceria não foi eficiente de modo a evitar que os trabalhadores fossem privados desta exposição.

Segundo a Norma Regulamentadora NR9 (PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), trata sobre a prevenção dos riscos ambientais do trabalho, sendo eles classificados por Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e Mecânicos (Acidentes). A aplicação dessa norma é obrigatória para todas as empresas.

A empresa por falta de cautela, por mais que demonstrasse preocupação para com os trabalhadores atuando dentro das normas regulamentadoras brasileiras, não compreendia o quanto eram altos o grau e os riscos que seus trabalhadores corriam, estando expostos a esta poeira. A empresa em estudo, contava com uma terceirizada de

20

Page 21: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Segurança do Trabalho, que talvez por incompetência técnica sobre os riscos, prevenção e malefícios da Silicose levou a ocorrência dos casos de doenças ocupacionais, ainda que o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – NR07) e PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – NR09) e ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) sempre estarem em dia.

Um extrato dos documentos legais é apresentado a seguir, com o objetivo de demostrar a identificação dos riscos relacionados:

- Nos PPRAs (NR09) e PCMSOs (NR07) de 2010 a 2014 analisados, pôde ser identificado que o reconhecimento dos riscos e as definições dos exames complementares por função de alta exposição a sílica, não foram bem dimensionados. Como exemplo a definição do uso de filtro respirador PFF1 sem válvula ao invés do PFF3 com válvula, assim como exames complementares anuais para funções de risco elevado por sílica, que deveriam ser semestrais eram anuais;

- Nos PPRAs e PCMSOs de 2015 e

2016 analisados pôde ser identificado que o reconhecimento dos riscos e as definições dos exames complementares por função de exposição a sílica, pela mudança de empresa consultora em Segurança e Medicina Ocupacional, foram bem dimensionados. Como exemplo a definição do uso de filtro respirador PFF3 com válvula, assim como exames complementares semestrais para funções de risco por sílica, com periodicidade semestral.

3. PROCESSO PRODUTIVO CAUSADOR DA SILICOSE

No período em que foi identificado a Silicose na empresa em estudo, o processo produtivo possuía um setor de mistura, local onde as matérias-primas eram misturadas numa máquina chamada bamburi (figura 1), um equipamento para mastigação/mistura da borracha. Esse produto era armazenado de forma inadequada, em baldes abertos que liberavam a poeira da sílica no ambiente, durante a espera para ser adicionado no bamburi e se tornar um composto.

Figura 1 – Máquina Bamburi.

Fonte: Próprio autor (2013).

A operação de mistura (figura 2) é a incorporação de todos os ingredientes que constituem a formula de composição do

produto final. Alguns sólidos utilizados eram (quartzo, silicone, corante, etc.), além de líquidos diversos.

21

Page 22: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 2 – Setor de mistura.

Fonte: Próprio autor (2013).

O setor analisado foi o da mistura, onde os trabalhadores atuavam em um galpão, com piso frio, com iluminação de lâmpadas

fluorescentes, sem janela de ventilação, com 4 ventiladores, 4 banheiros (2 masculinos e 2 femininos), 2 bamburis e 3 cilindros (figura 3).

Figura 3 – Cilindro.

Fonte: Próprio autor (2013).

Por ser pouco ventilado, era visível a poeira a olho nu, ou seja, toda a sílica ficava no ar em

22

Page 23: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

suspensão.

Neste setor era feita a pesagem do material para preparar o composto, posteriormente passava pelo bamburi, cilindro, moldada numa mesa, passando em seguida pela trafila se tornando o pré-formado que será vulcanizado e por fim rebarbado.

No processo de produção o quartzo era pesado com balde em uma balança junto com os outros produtos, ficava aberta esta mistura até ser colocado no Bamburi. Quando a massa formada nesta etapa saía, era passada no cilindro que servia para moldar a massa. Depois de moldada é cortada numa bancada, trefilada e levada para o setor de

vulcanização onde contavam com prensas e injetoras. A limpeza durante o dia era feita por varrição a seco o que espalhava por ter os ventiladores, e apenas no final do expediente era lavado o setor (figura 4).

Apesar de todos os trabalhadores receberem treinamentos sobre a utilização de EPI´s como luvas, máscaras, óculos, protetor auricular, e os produtos além de capacitados no entendimento das FISPQ (Ficha de informação sobre produto químico) pertencentes ao processo produtivo. Entre 2012 e 2013, dos 12 trabalhadores do setor de mistura 6 foram diagnosticados com Silicose, ou seja, 50% dos trabalhadores do setor.

FIGURA 4 – Setor Mistura. Varrição a seco.

Fonte: Próprio autor (2013).

4. O DIAGNÓSTICO DA SILICOSE NA EMPRESA

Em 2013, a descoberta da Silicose na empresa ocorreu após um dos trabalhadores começar a apresentar um quadro de falta de ar, em uma de suas consultas no hospital do convenio médico empresarial. O médico pneumologista, ao identificar na anamnese o quadro de suspeita de Silicose, encaminhou o primeiro trabalhador a FUNDACENTO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) uma instituição federal voltada para o estudo e pesquisa das condições dos ambientes de trabalho, localizada em São Paulo - SP.

A FUNDACENTRO em parceria com a Organização Internacional do Trabalho- OIT e Organização Mundial da Saúde – OMS, desde

1995 desenvolveram o Programa Nacional de Eliminação da Silicose - PNES. Este programa visa reduzir os casos de Silicose através dos conhecimentos adquiridos em casos anteriores, tem como objetivo eliminar a silicose como problema de saúde pública até 2030 (GOELZER, 2000).

Na FUNDACENTRO o primeiro trabalhador foi imediatamente submetido a exames de raio X padrão OIT, espirometrias, tomografias computadorizadas entre outros exames, o qual ficou constatada Silicose pulmonar subaguda. Consequentemente todos os trabalhadores do setor da mistura foram examinados clinicamente para verificação da doença, e foi diagnosticado que 6 trabalhadores contraíram Silicose, cada um em um estágio. Sendo:

23

Page 24: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

- Um com 32 anos de idade o qual já havia trabalhado em uma marmoraria (faleceu em maio 2014 em decorrência da Silicose);

- Um com 57 anos de idade o qual já trabalhava há 20 anos com exposição à sílica, dos quais 09 anos nessa empresa (faleceu abril 2015 em decorrência da Silicose);

- Três continuam em tratamento trabalhando em outro setor;

- Um com 36 anos de idade teve um avanço na doença e precisou fazer um transplante de pulmão e continua trabalhando em outro setor.

A mudança dos trabalhadores com Silicose de setor também reduziu o aumento da doença já adquirida. Posteriormente o setor foi extinto, considerando-se que o aparecimento da silicose depende da quantidade de poeira de sílica e o tempo que o trabalhador e exporto a ela.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 MELHORIAS PREVENTIVAS NO PROCESSO PRODUTIVO

Após as ocorrências de doença ocupacional, definida por Wikipédia (2017) como “ ... a designação de várias doenças que causam

alterações na saúde do trabalhador, provocadas por fatores relacionados com o ambiente de trabalho ...”, se fez necessária uma reestruturação no ambiente de trabalho, de modo a melhorar as condições no ambiente, no sentindo de eliminar ou minimizar os riscos, evitando novos casos ou agravamento dos já existentes.

Tal melhoria passou pelo controle das fontes geradoras de poeiras, quando modificados o processo de produção, o material utilizado contendo sílica e as práticas de trabalho. Outra mudança foi a redução da poeira em suspensão, ao substituir o tipo de material e alteração das práticas de trabalho, bem como a utilização de material fracionado e em forma liquida, assim como a aplicação de métodos de umidificação que reduz a poeira.

A empresa depois da descoberta da doença, por sugestão de órgãos como a FUNDACENTRO realizou melhorias em seu processo produtivo a fim de minimizar os riscos, até encontrar uma solução para eliminar o setor por definitivo.

Uma medida foi retirar os ventiladores e instalar dois exaustores no galpão para melhor ventilação do ambiente (figura 5).

Figura 5 – Exaustor instalado no teto.

Fonte: Próprio autor (2015).

24

Page 25: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

No bamburi foi instalado um sistema de exaustão para retirar a poeira no ambiente (figura 6). Essa foi uma das fontes geradoras de poeira, agora enclausurada não permite a

saída de poeira para o ambiente, periodicamente realiza manutenção necessária para garantir a eficiência e controle da poeira.

Figura 6 – Exaustor instalado no Bambu.

Fonte: Próprio autor (2015).

O modelo de máscara foi substituído por mascaras com filtro sendo mais eficiente - PFF3 com válvula. É um respirador purificador de ar tipo peça semifacial filtrante para partículas. A máscara tem o formato de concha dobrável e possui solda ultrassônica em todo seu perímetro, ou seja, pode ser utilizada em ambientes cujo contaminante não exceda 10 vezes o seu limite de tolerância. Outra medida foi comprar a matéria prima o quartzo já fracionado eliminando a fase de pesagem a qual gerava muita poeira no ar. Eliminou-se as vassouras do setor e toda a limpeza passou a ser feita apenas com água evitando o acumulo de poeira.

A forma que o trabalhador realiza a tarefa pode afetar significativamente a sua exposição, com tal característica deve ser treinado desde como transportar a matéria-prima, a velocidade de trabalho e a postura corporal.

Uma nova empresa de consultoria em Saúde e Segurança Ocupacional foi contratada para

a elaboração dos documentos legais como o PPRA, PCMSO e ASO (Atestado de Saúde Ocupacional). Os trabalhadores continuaram realizando exames periódicos, porém agora na FUNDACENTRO, que continuou acompanhando os trabalhadores do setor produtivo, orientando os trabalhadores quanto aos riscos do manuseio da sílica, bem como a importância do uso correto dos equipamentos de proteção individual.

Com estas medidas de prevenção a poeira de sílica reduziu significativamente durante o processo produtivo. Diminuição essa constatada através de medições de higiene ocupacional realizadas pela FUNDACENTRO. Porém, o objetivo principal da alta direção da empresa, passou a ser a eliminação desse setor produtivo.

Desde o surgimento da doença em 2013 essas medidas foram suficientes para manter as atividades da empresa, sem que houvesse novos casos ou alteração nos já existentes.

25

Page 26: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Em 2015 houve a parceria com uma empresa especializada em produção de borracha de silicone, a qual atenderia as necessidades de eliminação do processo produtivo em que os trabalhadores ficassem expostos a sílica. Empresa parceira fundada a mais de 10 anos no ramo de borracha, conta com uma alta estrutura, e parque tecnológico inovado no trato com a sílica, de modo totalmente automatizado. A mistura da massa é processada de modo que nenhuma partícula de sílica fica exposta no ambiente de trabalho.

A partir desta parceria a empresa foi extinto o setor de mistura. Hoje quando o composto chega do parceiro, 3 trabalhadores realizam a distribuição para o setor de vulcanização. Não existindo mais poeira de sílica na unidade fabril, estando assim o risco eliminado por completo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente estudo, se pôde constatar que como a Silicose não tem cura, os processos preventivos são de suma importância para o não desenvolvimento/ou agravamento da mesma, e que treinar e orientar os trabalhadores sobre os riscos que estão expostos é obrigatório, considerando que uma das medidas de prevenção é a utilização dos EPI’s adequados ao risco.

Outras medidas de prevenção constatadas nesse estudo são: - O sistema de ventilação/exaustão que deve ser eficiente, assim como outros exaustores instalados nas máquinas de modo a minimizar a exposição a poeira, realizar o processo sem varrição a seco para não proliferar a poeira no ambiente;

- Medidas de prevenção devem ser instaladas sempre mesmo que se consiga eliminar ou substituindo a matéria-prima nociva à saúde; Contar com empresas prestadoras de serviços de segurança e saúde ocupacional experientes, que definam os EPIs adequados ao risco.

O setor produtivo da indústria em estudo, antes deficiente com irregularidades que expos o trabalhador ao risco químico da Sílica, hoje após as ocorrênncias de doenças e óbtos, se mostrou prestativa e determinada a implantar medidas para eliminar os riscos.

Transferir os trabalhadores afetados para outros setores também contribuiu para redução do avanço da doença Silicose.

O principal gestor dessa organização, realizou as mudanças necessárias nos setores, priorizando a saúde dos trabalhadores, optando por eliminar o risco no setor de maior contaminação, passando a adquirir o principal composto para a elaboração do produto final pronto (vidação de panelas), ou seja, fornecido por uma empresa especializada, sustentável, totalmente apta tecnologicamente e qualificada para atendê-los.

Conclui-se que grandes esforços e investimentos sempre devem ser empregados no sentindo de prevenção de acidentes e doenças do ttrabalho.

No geral este estudo foi importante para compreender e mostrar como a falta de conhecimento pode acarretar ou desencadear situações irreversíveis de risco antes invisíveis ao leigo, e como as medidas de segurança podem e devem ser adotadas a fim de evitar fatalidades.

REFERENCIAS

[1]. ALEGRANTI, Eduardo. Portal Fundacentro Sílica e Silicose. São Paulo, Disponível em: < http://www.fundacentro.gov.br/silica-e-silicose/silicose > Acessado em: 11 de Maio de 2017.

[2]. CASTRO, Hermano Albuquerque. Perfil respiratório de 457 trabalhadores exposto a poeira de Sílica no estado do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://sopterj.com.br/profissionais/_revista/2004/n_02/03.pdf > Acessado em: 13 de jun 2017.

[3]. DATAPREV. Estatísticas de acidente do Trabalho. Disponível em: < http://www3.dataprev.gov.br/aeat/inicio.htm >.

Acessado em: 20 de Maio de 2017. [4]. FAGUNDES, Gilmara. Silicose doença

pulmonar ocupacional no trabalhador de mineração. Disponível em: < http://www.saudeetrabalho.com.br/download/silicose-gilmara.pdf > Acessado em: 08 de Maio de 2017.

[5]. FREITAS, Gracas. Fibrose Pulmonar. Disponível em: < http://www.fundacaoportuguesadopulmao.org/fibrose_pulmonar.html > Acessado em: 19 de maio 2017.

[6]. FUNDACENTRO. Silicose Formas de Apresentação. Disponível em: < http://www.fundacentro.gov.br/silica-e-silicose/silicose > Acessado em: 12 de Maio

26

Page 27: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

de 2017. [7]. GOELZER, Berenice. Programa Nacional de

Eliminação da Silicose. Disponível em:< http://www.fundacentro.gov.br/silica-e-silicose/diretrizes > Acessado em: 14 jun 2017.

[8]. GUIA TRABALHISTA. Temáticas. Disponível em: < http://www.guiatrabalhista.com.br/ > Acessado em: 08 de Maio de 2017.

[9]. LEI Nº8.213. Doença do Trabalho. Disponível em: < http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei8213.htm > Acessado em: 12 de maio 2017.

[10]. NR6. Equipamento de Proteção Individual. Disponível em:< http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm > Acessado em: 10 de Maio de 2017.

[11]. NR7. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Disponível em:< http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr7.htm > Acessado em: 10 de Maio de 2017.

[12]. NR9. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Disponível em:< http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr9.htm > Acessado em: 10 de Maio de 2017.

[13]. OIT. Segurança e Saúde Ocupacional.

Disponível em:< http://www.ilo.org/safework/areasofwork/occupational-health/WCMS_354284/lang--fr/index.htm > Acessado em: 10 de Maio de 2017.

[14]. SOUZA, A. F. B.; LUCIO, C. C. e CORDEIRO, D. C. A sílica e os equipamentos de proteção respiratória: análise ambiental de uma marmoraria e abordagem com os trabalhadores. XIX Simpep, 2012.

[15]. TERÁN, J. E. Castilho. Educação em Saúde: Silicose. São Paulo. Disponível em:< https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2543.pdf > Acessado em: 11 de Maio de 2017.

[16]. TERRA FILHO, M. Silicose. 2006. São Paulo. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132006000800008 > Acessado em: 10 de Maio de 2017.

[17]. WIKIPÉDIA. Doença Ocupacional. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_ocupacional >. Acesso em: 20 de Maio de 2017.

27

Page 28: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 3

Jefferson de Souza Pinto

Gilberto Cassoli de Oliveira Junior

Luan Aoki Schuwarten

Resumo: O trabalho tem por objetivo apresentar as concepções de Gerenciamento

de Projetos e Gerenciamento Ágil para otimizar o tempo no desenvolvimento de

projetos mecânicos por uma ferramentaria de precisão no interior do estado de São

Paulo. Do ponto de vista do método, o trabalho é um estudo de caso e classifica-se

como uma pesquisa bibliográfica e exploratória com abordagem qualitativa. Pelo

referencial teórico, expõe-se as concepções das variáveis dos atributos de

complexidade e incerteza associadas ao tempo em projetos. Da mesma forma, são

apresentados os conceitos do Gerenciamento Ágil como ferramenta para aprimorar

o processo de desenvolvimento para quando ocorrer um atraso os projetistas

tenham condições de solucionar o problema. Em essência, o diagrama de Gantt foi

a ferramenta selecionada para pormenorizar as etapas e os respectivos tempos

dispendidos na execução de cada uma delas. Assim sendo, a aplicação do

Gerenciamento Ágil nos projetos da ferramentaria mostrou-se como uma proposta

para que a gerencia de projetos tenha condições para alocar recursos para mitigar

o tempo no processo de desenvolvimento.

Palavras chave: Gerenciamento de Projetos; Gerenciamento Ágil; Diagrama de

Gantt; Ferramentaria.

28

Page 29: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O panorama atual das organizações empresariais, independentemente de sua área de atuação, permeia uma realidade dinâmica, sem fronteiras econômicas definidas, muito competitiva, com clientes cada vez mais exigentes e legislações locais crescentemente mais restritivas no que tange à aspectos de mercado, qualidade de produtos e serviços, meio ambiente e trabalhador (OLIVEIRA et al., 2011).

A globalização se colocou de forma implacável no mercado, influenciando diretamente o comportamento humano em escala global. No mundo competitivo de hoje, uma espécie de seleção natural se encarrega daquelas organizações que não se prepararam para atingir a eficácia. Nesse sentido a intensa competição impulsiona as organizações alcançarem situações favoráveis e altos níveis de assertividade, desenvolvendo planejamentos estratégicos mais adequados ao seu contexto (CARVALHO, 2011; LEITE e FILHO, 2009).

Prosperar neste contexto requer que as organizações sejam tão dinâmicas quanto é a realidade. E as estratégias de gerenciamento de projetos apresentam-se como uma interessante ferramenta para a competição. Assim, são inúmeras as estratégias que as empresas executam, com o objetivo de alcançar metas estabelecidas. Essas estratégias são orientadas por projetos gerenciados por meio de metodologias e ferramentas de gestão, consequentemente, possibilita as organizações transformarem a estratégia em realidade (SHENHAR e DVIR, 2007; CARPINNETTI, MIGUEL e GEROLAMO, 2011).

Contudo, verifica-se de maneira empírica que transmitir a concepção estratégica do negócio às ações operacionais em uma organização, não é uma tarefa simples. Observa-se que, embora muitas vezes se entregue aos clientes projetos em conformidade com as restrições clássicas, as empresas não obtêm resultados correspondentes ao que foi estabelecido no seu planejamento estratégico. O desdobramento da estratégia de negócio no nível operacional enfrenta dificuldades pela incompreensão do conceito estratégico (LEITE e FILHO, 2009).

Embora percebe-se que as literaturas apresentam uma abordagem macro das técnicas de gerenciamento de projetos abarcando o planejamento estratégico, isto é,

voltadas para um contexto global de uma organização. Ainda assim, destaca-se que os usos desses ferramentais são aplicáveis em uma abordagem micro, isto é, em subprocessos em uma empresa. Nesse sentido, o foco de atuação pode ser constantemente redirecionado de acordo com as necessidades da organização. Com base no referido pressuposto, este trabalho, por meio de um estudo de caso, tem por objetivo aplicar o arcabouço ferramental de gerenciamento de projetos e gerenciamento ágil para aprimorar o processo de desenvolvimento de projetos mecânicos em uma ferramentaria de precisão no interior do estado de São Paulo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS

A execução de projetos é relatada pela história da humanidade desde o início das civilizações. Nada obstante, como observado por Kerzner (2011), para entender o gerenciamento de projetos, deve-se começar com a definição de projeto. Dessa forma, projeto consiste num empreendimento, que consome recursos e que opera sob restrições de prazos, de custos e de qualidade, afim de alcançar uma meta específica (KERZNER, 2011; PINTO, 2012; MALAGUTTI, 2011; SHENHAR e DVIR, 2007).

Assim, o Project Management Body of Knowledge (Guia PMBOK®) define o gerenciamento de projetos como a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos. Adicionalmente, Shenhar e Dvir (2007), descrevem o gerenciamento de projetos como o conjunto de atividades administrativas necessárias para levar um projeto a um final bem-sucedido (GUIA PMBOK, 2013; SHENHAR e DVIR, 2007).

Kerzner (2011) aborda o contexto de rápidas mudanças tecnológicas e mercadológicas para justificar o uso do gerenciamento de projetos, uma vez que as estruturas organizacionais tradicionais, não mais, conseguem responder de modo suficientemente rápido a um ambiente em constante mudança. Além do que, os princípios de gerenciamento de projetos podem ser aplicados a qualquer tipo de projeto e em qualquer setor. Na prática quer dizer que, o gerenciamento de projetos realmente busca melhorar os benefícios

29

Page 30: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

tangíveis para a organização (KERZNER, 2011).

A partir de todas definições de projetos apresentadas, é oportuno destacar que os atributos e complexidades representam delimitações de início e fim. Em outras palavras, ao levantar questões relativas à atributos de projetos, abre-se precedentes para um embate implacável de possibilidades, pois o conflito de escolha (trade-off) passa a ser algo intrínseco e que pode afetar as chances de sucesso do projeto. Nesse contexto, Shenhar e Dvir (2007), apontam que a maioria dos projetos ainda fracassam nas variáveis de tempo, orçamento e metas (PINTO, 2012; SHENHAR e DVIR, 2007).

Diante do contexto apresentado, Alotaibi e Mafimisebi (2016) levantam uma pergunta crucial – por que os projetos falhariam sem alcançar os objetivos se os padrões, modelos ou estratégias de gerenciamento de projetos forem aplicadas? (ALOTAIBI e MAFIMISEBI, 2016). Destarte, o gerenciamento de projetos não é mais sobre gerenciar a sequência de etapas necessárias para concluir o projeto em tempo. Trata-se de incorporar sistematicamente a voz das partes interessadas, criando uma maneira disciplinada de priorizar o esforço e resolver os trade-offs, trabalhando simultaneamente em todos os aspectos do projeto em equipes multifuncionais. Assim, o gerenciamento de projetos constitui uma forma eficaz de se implementar mudança ou gerar inovação para a organização e conecta-se diretamente à estratégia, entendida como o caminho para se alcançar a necessária vantagem competitiva em uma organização (LEITE e FILHO, 2009; ALOTAIBI e MAFIMISEBI, 2016).

Isto posto, este trabalho terá enfoque nos atributos de tempos de projetos, corroborando com as ideias de Shenhar e Dvir ora apresentadas. Em essência, o intuito de aplicar os conceitos expostos é aprimorar, na questão do tempo, o processo de desenvolvimento de projetos mecânicos em uma ferramentaria de precisão no interior do estado de São Paulo.

2.2TEMPO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Guia PMBOK® (2013) considera o gerenciamento do tempo do projeto um fator chave no que diz respeito ao projeto alcançar

o sucesso ou não. É evidente que os diversos autores pontuam inúmeras variáveis dos atributos complexidade e incerteza em gestão de projetos, contudo, o enfoque deste trabalho é voltado para a dependência entre os cronogramas, isto é, a pressão por prazos.

Complementarmente, o conceito de complexidade supramencionado encaixa-se na explicação de Sinha, Thomson e Kumar (2001) que afirmam não existir um conceito único de complexidade que pode agregar adequadamente a noção intuitiva do que a palavra deveria significar. De modo que, ainda há certa dificuldade em estabelecer quais são os componentes que estão inseridos no atributo complexidade na gestão dos projetos (KUJALA, ARTTO e PARHANKASNGAS, 2007; SHENHAR, LEVY e DVIR, 1997). Adicionalmente, o conceito de incerteza é definido por Sá (1999) como aquela situação em que não se tem conhecimento objetivo a distribuição de probabilidades associada aos eventos que poderão resultar.

A fim de levantar quais seriam os atributos de complexidade e incerteza em projetos, expõe-se a concepção de Pinto (2012) que, a partir de uma pesquisa, identificou quais seriam as variáveis dos atributos de complexidade e incerteza passiveis de mensuração em projetos.

Sendo assim, destaca-se que as variáveis apresentadas têm origem em diversos autores. Após perpassarem por uma triagem, cujo critério de seleção foi a passibilidade de mensuração, as variáveis dos atributos complexidade foram sintetizadas por Pinto (2012). Os atributos de complexidade e incerteza levantados por Pinto (2012) são apresentados no Quadro 1 e Quadro 2, respectivamente.

Para corroborar com a variável de pressão por prazos apresentada no Quadro 1 e as variáveis de duração do projeto e conclusão do projeto dentro do cronograma do Quadro 2, Shenhar e Dvir (2007), observam que, cada projeto é restrito pelo tempo, mas essa restrição difere de projeto para projeto. As restrições de tempo vêm das necessidades de mercado, naturais ou inimigas que incitam atenção imediata. O tempo disponível para completar um projeto tem um efeito substancial sobre como o projeto é gerenciado. A mesma meta, mas com períodos de tempo diferentes, requer diferentes estruturas, processo e atenção

30

Page 31: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

gerencial.

Quadro 1 - Variáveis do atributo complexidade.

Atributo Complexidade Autor(es)

Tamanho relativo do projeto Jun, Qiuzhen e Qingguo (2011)

Tipo de estrutura do projeto Toledo et al. (2008)

Tipo de inovação (tecnológica ou organizacional)

Vidal, Marle e Bocquet (2011)

Porte da organização

Localização dos membros da equipe de projetos

Número de interessados no projeto (stakeholders)

Pressão por prazos

Tipo de projeto

Carvalho (2003) Número de departamentos da organização envolvidos no projeto

Nível de impacto das mudanças causadas pelo projeto

Fonte: Adaptado de Pinto (2012).

Quadro 2 - Variáveis do atributo incerteza.

Atributo Incerteza Autor(es)

Duração do Projeto Little (2005)

Marcos do projeto são cumpridos Shenhar et al. (2002)

Existência de documentação do projeto

Conhecimento do gerente de projetos do tipo de projeto gerenciado

Jun, Qiuzhen e Qingguo (2011)

Conclusão do projeto dentro do cronograma

Conclusão do projeto dentro do orçamento

Existência de atividades de planejamento e controle do projeto

Mudanças no escopo do projeto

Volume de investimento para execução do projeto Cleden (2009)

Riscos do projeto

Fonte: Adaptado de Pinto (2012).

Sendo assim, o gerenciamento de projetos dentro do prazo, dos custos e do desempenho é mais fácil na teoria do que na prática. O ambiente de gerenciamento de projetos é extremamente turbulento e composto de inúmeras variáveis (KERZNER, 2011; SHENHAR e DVIR, 2007).

Embora na passagem acima os autores abordem o gerenciamento de projetos dentro do prazo, custos e desempenho, se faz necessário destacar que este trabalho

abordará somente as variáveis inerentes ao tempo de projeto. Sob tal perspectiva, destaca-se as variáveis de pressão por prazos, duração do projeto e conclusão do projeto dentro do cronograma.

Desta forma, este trabalho fará uso da ferramenta do Gráfico de Gantt. Segundo a visão de Kerzner (2011), o gráfico de barras é um meio de representar as atividades ou eventos simples enredados em tempo, sendo utilizados para exibir o progresso de um

31

Page 32: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

trabalho ou projeto a fim de se cumprir um objetivo.

2.3 GERENCIAMENTO ÁGIL

De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), os produtos e serviços devem ser projetados para atendimento das expectativas e necessidades dos clientes, estes também procuram constantes atualizações, como forma do mantimento de sua posição competitiva no mercado através de modernidade, avanços tecnológicos e mudanças das necessidades.

Mais recentemente, Mir e Pinnington (2014) revelaram que as organizações estão cada vez mais usando o gerenciamento de projetos como uma ferramenta para aumentar a produtividade. Isto posto, vale destacar que o gerenciamento ágil foi abarcado na sexta edição, a mais recente do guia PMBOK®, criando-se uma forte relação entre esses conceitos.

Muito difundido na área de gerenciamento de software, o Gerenciamento Ágil de Projetos (do inglês APM - Agile Project Management) teve seu surgimento em 2001 e visa principalmente à redução de tempo destinado aos desenvolvimentos dos produtos (LIMA, 2011). Sendo assim, Highsmith (2004) define o Gerenciamento Ágil como um conjunto de valores, princípios e práticas que auxiliam a equipe para entregar produtos ou serviço de valor em um ambiente desafiado. Por meio de conceitos da APM, visa-se o adiantamento do prazo final do projeto.

Nesse sentido, o Gerenciamento Ágil de Projetos faz o uso de uma nova estratégia de comunicação e um grande controle por todos os membros que compõe o desenvolvimento por meio de auto-organização. A comunicação neste modelo mostra-se essencial e significativamente mais informal quando comparado com métodos tradicionais. De certa forma a parte documental do processo, tem uma visão mais enxuta (LIMA, 2011).

Em um contexto amplo, o Gerenciamento Ágil de Projetos, mostra-se como uma ferramenta eficiente ante ao panorama atual - dinâmico, sem fronteiras econômicas definidas, muito competitivo, com clientes cada vez mais exigentes. Em resumo, um ambiente de negócios turbulento, onde os atributos de complexidade e incerteza espreitam. O dinamismo do APM não deve afetar o foco

principal do projeto, evitando ocorrências de perdas de tempos do projeto e/ou produto oferecido ao cliente, alinhando uma percepção de gestão coletiva por parte dos colaboradores. Com base nos argumentos expostos, verificou-se a necessidade de implementar os princípios do Gerenciamento Ágil na empresa objeto de estudo do trabalho, como ferramenta para solucionar a corrente crítica do projeto.

3. MÉTODO

Com a necessidade de definir o delineamento da pesquisa, baseado nos objetivos, enquadrar-se-á este trabalho como uma pesquisa bibliográfica e exploratória, por meio de um estudo de caso e com abordagem qualitativa, tendo em vista aprofundar os conhecimentos sobre o tema. De acordo com Beuren (2006), o estudo de caso é importante por reunir informações numerosas e detalhadas com vista em aprender a totalidade de uma situação.

O estudo de caso, segundo Gil (2016) caracteriza-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos a fim de que se alcance um amplo e detalhado conhecimento do mesmo. Nesse sentido, toma-se como objeto de estudo o cenário de uma indústria que atua no ramo de usinagem de precisão, ferramentaria e eletro-erosão, localizada na cidade de Valinhos – SP, sendo uma empresa que trabalha com projetos de ferramentas.

Ainda de acordo com Gil (2009), o estudo de caso deve envolver o delineamento do problema com uma análise intensiva, baseada nos diversos métodos ou técnicas de coletas de dados. Assim sendo, a coleta de dados será feita com base no uso de ferramentas de gerenciamento de tempo empregadas nos desenvolvimentos dos projetos bem como, a observação e relatos de projetistas diretamente envolvidos com o setor de desenvolvimento.

Devido à crescente na demanda por projetos de desenvolvimento, observa-se que a empresa objeto de estudo possui necessidade de adequação do gerenciamento do tempo do projeto às novas exigências de mercado. Em decorrência disto, verificou-se a necessidade de identificar a real causa de eventuais atrasos em projetos. Desta maneira, se faz necessário analisar as etapas individuais do planejamento, sob análise das ferramentas e dos conceitos abordados no referencial teórico.

32

Page 33: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4. ESTUDO DE CASO

A empresa abordada atua no ramo de construção metal mecânico com foco em desenvolvimento de projetos para indústria automobilística. O caráter construtivo dos projetos envolve precisão considerável para a produção de bens tangíveis não seriados.

Nesse sentido, a ferramentaria assume grande responsabilidade e compromisso na questão de prazos de projetos, por isso os atributos de complexidade e incerteza relacionados ao tempo de projeto tornam-se preponderantes para o sucesso dos desenvolvimentos.

Por uma questão estratégica, a fim de se evitar atrasos e contratempos de cronograma, identificou-se a necessidade de gerir melhor os procedimentos dos tempos que são gastos em cada etapa dos projetos, pois, até então, o planejamento mostrava-se carente no que diz respeito a apontar as causas dos atrasos.

Desse modo, pretende-se abordar os cronogramas de projetos por uma visão macro (etapas) e uma visão micro (sub-etapas), isto é, a expansão do projeto em

etapas pormenorizadas. Espera-se, com essa estratégia, identificar os atrasos pontuais.

Mormente, cabe descrever como acontece o processo de criação do cronograma. Todo projeto aprovado, antes do início do desenvolvimento, é realizado uma estimativa de horas de trabalho necessárias para concluir o projeto e entregá-lo ao cliente. Essa estimativa é feita com base nas informações de um quadro de orçamentos.

O Quadro 3 representa um modelo de orçamento genérico utilizado em todos projetos que são solicitados à ferramentaria. Este quadro é composto por quatro campos importantes e que serão essenciais para elaborar o tempo de um projeto, são eles: engenharia, matéria prima, tratamentos e usinagens. Do preenchimento desses campos, obtém-se a estimativa de custos e prazos, repare que há certa relevância ao analisar essas variáveis, pois como exposto no tópico 2.2 são variáveis dos atributos de complexidade e incerteza em projetos e como tais devem ser ponderadas de maneira criteriosa.

33

Page 34: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Quadro 3 – Quadro de Orçamentos.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Segundo a abordagem de Kerzner (2011) apresentada na seção 2.2, o gráfico de barras é um meio de representar o progresso de um trabalho até a conclusão. Assim sendo, as informações obtidas do quadro de orçamentos serviram para elaborar, por meio da ferramenta do Diagrama de Gantt, o sequenciamento de atividades em ordem cronológica, evidenciando as fases do desenvolvimento. Além disso, o gráfico de barras inclui itens como listagem das atividades, duração das atividades, datas de cronograma e o progresso até o momento.

O Diagrama de Gantt da Figura 1, apresenta um modelo genérico de um desenvolvimento e suas etapas. Ainda se destaca a legenda, cujo intuito é explicitar as indicações feitas no

diagrama. Como exemplificado na Figura 1, o desenvolvimento é dividido em etapas principais, as quais são sequenciais no tempo, isto é, possuem uma relação de precedência, onde uma etapa deve estar completa para que outra atividade possa iniciar. De acordo com a listagem das atividades, o projeto é divido em engenharia, manufatura e montagem, essa divisão corrobora com concepção de Slack, Chambers e Johnston (2009).

Embora os gráficos de Gantt sejam vantajosos por serem de simples entendimento e maleáveis a ponto de serem fáceis de alterar, de acordo com a abordagem de Kerzner (2011), o gráfico de barras apresentam algumas limitações que serão exploradas a

34

Page 35: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

seguir.

Figura 1 – Diagrama de Gantt das etapas do projeto.

Fonte: Elaborado pelos autores.

4.1 PROBLEMA

Com base as concepções apresentadas na seção 4.1, o Diagrama de Gantt coloca-se como uma ferramenta aliada no que diz respeito a estabelecer uma relação de precedência entre as etapas de um projeto, sendo possível identificar, sem muita precisão, a etapa em que ocorreu o atraso. Contudo, percebe-se, com base nos históricos de projetos desenvolvidos pela empresa, constatou-se que ainda existe considerável insuficiência para identificar a real causa dos atrasos em projetos. Dessa forma, constatou-se que a deficiência de cronograma tem assegurado desvantagem competitiva, representando riscos potencias ante ao dinamismo de mercado.

A partir do panorama exposto na seção 4.1, no desenvolvimento de um projeto, as etapas têm caráter sequencial e dependente. Sob tal perceptiva a Figura 2 expõe o modelo

genérico de um projeto em desenvolvimento que se enquadra em uma situação de atraso. Nota-se, no diagrama, que na listagem das atividades na coluna esquerda, a escala de tempo está retrata em semanas.

Em decorrência da carência de ferramentas de gerenciamentos de projetos que a empresa utiliza, nota-se um reflexo no desempenho e execução dos mesmos. Um dos aspectos que são inerentes aos projetos é a relação com os prazos de execução, assim sendo propõe-se uma melhoria na acuracidade da mensuração do tempo no desenvolvimento dos projetos.

Pela análise da Figura 2 verifica-se que no desenvolvimento o atraso decorre da etapa “Projeto 3D” no processo de Engenharia, na qual há diversas subatividades que são desenvolvidas para sua conclusão. Desta maneira, não é evidenciado a real causa do atraso do projeto.

35

Page 36: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 2 – Exemplo de projeto com atraso.

Fonte: Elaborado pelos autores.

No mais, a ausência de um detalhamento pormenorizado para cada etapa implica em um menor aproveitamento do tempo, menor rendimento em projetos, além do que se cria uma visão distorcida sobre o real desempenho que a empresa tem em seus desenvolvimentos, podendo ter reflexos e impactos significativos na produtividade e lucratividade da organização, o que reforça a concepção de Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2011).

4.2 PROPOSTA

Em consonância com o exposto no problema, uma das maiores dificuldades recai sobre o gerenciamento do tempo das atividades previamente estabelecidas.

Isto posto, a essência deste trabalho remete-se sobre o detalhamento das etapas. Destarte, após a identificação dos pontos

críticos deve-se executar a expansão das etapas para um acompanhamento mais detalhado das subatividades. É imperativo que toda equipe deve estar trabalhando em conjunto para minimizar o tempo de cada etapa, corroborando com os conceitos ora apresentados sobre o Gerenciamento Ágil.

A Figura 3 apresenta a expansão, em subatividades, da etapa do “Projeto 3D” ora apresentado na Figura 2. Se faz necessário destacar que, o intuito da Figura 3 não é apontar o atraso em si, pois trata-se de um exemplo genérico de projeto, contudo, com a expansão pormenorizada, objetiva-se fornecer um detalhamento mais rico, resultando em um acompanhamento mais preciso e diário durante o desenvolvimento. Assim, espera-se que os projetistas consigam reconhecer a subatividade que foi acometida por um atraso pontual, podendo despender mais recursos e/ou pessoas a fim de que o atraso seja solucionado.

36

Page 37: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 3 – Exemplo de projeto com etapa crítica expandida.

Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir da identificação dos pontos a serem melhorados, deve ocorrer o deslocamento das equipes para acompanhamento das subatividades. Reitera-se, que toda a equipe deve trabalhar alinhada e engajada em finalizar cada etapa proposta conforme a concepção do Gerenciamento Ágil. Desta forma, em um espaço menor de tempo consegue-se identificar e atuar em cima dos atrasos referentes ao item crítico e tomar atitudes para a correção imediata da atividade com atraso.

Em um intervalo de tempo suficientemente adequado, com implementação do recurso da expanão das etapas, espera-se obter um histórico de projetos a fim de que seja possível antever eventuais atrasos, isto é, poder identificar o maior número de ocorrências de determinados atrasos em um projeto, visto que há semelhanças na execução das atividades mesmo sendo projetos distintos. Sobre outra perspectiva, ao levantar indicadores de atrasos em projetos objetiva-se estabelecer uma vantagem competitiva, pois estes tornar-se-ão balizadores para encontrar o maior número de falhas em planejamento e execução, para que, dessa forma atitudes corretivas e preventivas sejam tomadas.

5. CONCLUSÕES

Como observado por René Descartes em seu

livro Discurso do Método, publicado em 1637, um problema complexo pode e deve ser dividido e resolvido em tantas partes menores quanto possíveis, de modo que a soma das soluções de cada uma dessas pequenas partes ainda seja igual ao resultado do problema inicialmente proposto.

Levando em conta a abordagem supramencionada, a essência deste trabalho remete-se ao detalhamento das etapas para otimizar o tempo dispendido no projeto. Outrossim, a concepção do Gerenciamento Ágil coloca-se como uma ferramenta para manter o foco principal do projeto, evitando ocorrências de perdas de tempos no desenvolvimento oferecido ao cliente.

A conduta de gestão coletiva por parte dos colaboradores, neste trabalho, objetivou entender melhor o processo de desenvolvimento de projetos como um todo para quando ocorrer um atraso mínimo os projetistas tenham uma diretriz para executar um plano de ação e solucionar o atraso. Reitera-se que em intervalo de tempo suficientemente adequado, a gerencia de projetos, tenha informações suficientes dos históricos de atrasos sendo possível reduzir eventuais reflexos e impactos na produtividade e, consequentemente, na lucratividade da organização.

Por fim, a somatória de atrasos pontuais nos projetos tem resultado em uma visão

37

Page 38: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

distorcida sobre o aproveitamento do prazo e rendimento dos desenvolvimentos mecânicos. Sendo assim, constatou-se que o uso do Gerenciamento Ágil em projetos é eficaz nos desenvolvimentos realizados pela ferramentaria. No mais, as ferramentas dos

Gerenciamento de Projetos e do Gerenciamento Ágil são assim, entendidas como complementares e indispensáveis para o sucesso dos projetos na organização objeto de estudo.

REFERÊNCIAS

[1]. ALOTAIBI, A. B.; MAFIMISEBI, O. P. Project Management Practice: redefining theoretical challenges in the 21st Century. Journal of Economics and Sustainable Development, v.7, n.1, p. 93 - 99, 2016. [2]. BEUREN, Ilse Maria (org. e colab.). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2006. [3]. CARPINETTI, L. C. R.; MIGUEL, P. A. C.; GEROLAMO, M. C. Gestão da Qualidade ISO 9001:2008: princípios e requisitos. São Paulo: Atlas, 2011. [4]. CARVALHO, F. Priorização da Carteira de Projetos com Uso do Planejamento Estratégico. In: VI Seminários em Administração – SEMEAD, São Paulo, 2003. Anais… São Paulo: Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia, Universidade de São Paulo, 2003. 12p. Universidade de São Paulo, São Paulo. [5]. CARVALHO, R, S. Implantação de Sistema de Gestão da Qualidade: Um Estudo de Caso em uma Importadora de medicamentos. In: VII Congresso Nacional de Excelência em Gestão - CNEG, Niterói – RJ, 2011. Anais... Niterói – RJ: Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente, Universidade Federal Fluminense, 2011. 14p. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. [6]. CLEDEN, D. Managing Project Uncertainty: advances in Project management. United Kingdom: Gower Publisnhig, Ltd., 2009. 127p. [7]. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2016. [8]. GIL, A. C. Estudo de Caso. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2009. [9]. HIGHSMITH, J. Agile Project Management: creating inovative products. Boston: Addison-Wesley, 2004. [10]. JUN, L.; QIUZHEN, W.; QINGGUO, M. The Effects of Project Uncertainty and Risk Management on IS Development Project Performance: a vendor perspective. International Journal of Project Management, v. 29, n. 7, p. 923-933, October 2011. [11]. KERZNER, H. Gerenciamento de Projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. 10.ed. São Paulo: Editora Blucher, 2011. [12]. KUJALA, K.; ARTTO, K.; PARHANKASNGAS, A. Towards Theory of Project Business. 19th Nordic Academy of Management Conference, Bergen, Noruega, ago. 2007.

[13]. LEITE, M. D.; FILHO, F. R. J. Alinhando Projetos à Estratégia de Negócios. In: V Congresso Nacional de Excelência em Gestão – CNEG, Niterói - RJ, 2009. Anais... Niterói – RJ: Universidade Federal Fluminense, 2009. 23p. Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. [14]. LIMA, N, C. A Gestão Ágil Como Novo Paradigma no Gerenciamento de Projetos. In: VII Congresso Nacional de Excelência em Gestão – CNEG, Niterói - RJ, 2011. Anais... Niterói – RJ: Universidade de São Paulo, 2011. 20p. Universidade de São Paulo, São Paulo. [15]. LITTLE, T. Context-Adaptive Agility: managing complexity and uncertainty. Software IEEE, 22, 3, p. 28-35, May/June 2005. [16]. MALAGUTTI, F. Análise da Relação de Maturidade e Gerenciamento da Qualidade em Projetos. 2011. 80f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica). Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas- SP. [17]. MIR, A. F.; PINNINGTON, H. A. Exploring the Value of Project Management: linking project management performance and project success. International Journal of Project Management, v.32, n. 2, p. 202–217, fev. 2014. [18]. OLIVEIRA, J. A.; NADAE, J.; OLIVEIRA, J, O.; SALGADO, H, M. Um Estudo sobre a Utilização de Sistemas, Programas e Ferramentas da Qualidade em Empresas do Interior de São Paulo. Produção, v. 21, n. 4, p. 708-723, out./dez. 2011. [19]. PMI. Project Management Institute (ed.). A Guide to the Project Management Body of Knowledge - PMBok. 5. ed. Newtown Square, Pennsylvania: PMI Publishing Division, 2013. [20]. PINTO, J. S. Variáveis dos Atributos Complexidade e Incerteza em Projetos: proposta de criação de Escala de Mensuração. 2012. 216f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica). Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP. [21]. SÁ, G. T. de. Administração de Investimentos: teoria de carteiras e gerenciamento do risco. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. [22]. SHENHAR, A. J.; LEVY, O.; DVIR, D. Mapping the Dimensions of Project Success. Project Management Journal, v. 28, n. 2, p. 5-13, June 1997. [23]. SHENHAR, J. A.; DVIR, D. Reinventando Gerenciamento de Projetos: a abordagem diamante ao crescimento e inovação bem-sucedidos. Boston: Harvard Business School Publishing, 2007.

38

Page 39: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

[24]. SHENHAR, A. J.; TISHLER, A.; DVIR, D.; LIPOVETSKY, S.; LECHLER, T. Refining The Search for Project Sucess Factors: a multivariate, typological approach. R & D Management, v. 32, n. 2, p. 111-127, march 2002. [25]. SINHA, S.; THOMSON, A, I.; KUMAR, B. A Complexity Index for The Design Process. In: International Conference on Engineering Design – ICED’01, Glasgow – UK, 2001. Anais… Glasgow – UK: Professional Engineering Publishing, Bury St. Edmunds, v.1, p. 157-163, 2001. [26]. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

[27]. TOLEDO, J. C. de; SILVA, S. L. da; MENDES, G. H. S.; JUGEND, D. Fatores Críticos de Sucesso no Gerenciamento de Projetos de Desenvolvimento de Produto em Empresas de Base Tecnológica de Pequeno e Médio Porte. Gestão e Produção, São Carlos, v. 15, n. 1, p. 117-134, jan./abr. 2008. [28]. VIDAL, L.-A.; MARLE, F.; BOCQUET, J.-C. Measuring Project Complexity Using The Analytic Hierarchy Process. International Journal of Project Management. v. 29, n. 6, p. 718-727, August 2011.

39

Page 40: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 4

Marcela Carneiro Avelar

Thais Tesch Bonesso

Carlos Henrique de Oliveira

Sandra Miranda Neves

João Batista Turrioni

Resumo: Este artigo aborda a utilização da metodologia Seis Sigma, de acordo

com as etapas definidas pelo DMAIC, aplicada ao serviço de cadastro e entrada de

visitantes a pacientes internados em um hospital localizado na cidade de Itabira

(MG), através da proposta de ações que visam diminuir ou até mesmo eliminar a

variabilidade do processo. A pesquisa e desenvolvimento do estudo foram

realizados por meio de visitas para a definição do escopo, coleta de dados e

realização da Análise da Capacidade do processo, tornando possível a

identificação das causas raízes do elevado tempo de espera dos visitantes e a

proposta de ações que reduzissem os efeitos desse problema e aumentassem a

satisfação dos clientes. O Plano de Ação não foi executado pelos autores do artigo

mas foram sugeridos a Alta Direção do hospital. Se as ações forem implementadas

os resultados devem ser monitorados para que suas melhorias sejam comprovadas

através de fatos e dados.

Palavras-chave: Seis Sigma. DMAIC. Variabilidade. Análise da Capacidade.

40

Page 41: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

A abordagem Seis Sigma é definida por Werkema (2010) como uma estratégia gerencial disciplinada e altamente quantitativa, que tem por objetivo aumentar a lucratividade da empresa, por meio da melhoria da qualidade de seus processos e do aumento da satisfação dos clientes. De acordo com a metodologia, a variação dentro de um processo ou serviço é uma das principais causas de desperdícios e erros, assim, eliminando as variações, os processos se tornam mais eficientes. O termo Sigma (σ ) se refere a uma unidade estatística de medição da qualidade, onde a meta do Seis Sigma é chegar próximo de zero defeito, erro ou falha.

A Metodologia utilizada na definição das etapas a serem cumpridas em um projeto Seis Sigma é o DMAIC, que em inglês significa: Define (Definir), Measure (Medir), Analyze (Analisar), Improve (Melhorar) e Control (Controlar).

O objeto de estudo selecionado para realização deste trabalho é um hospital, referência microrregional em traumatologia, maternidade e hemodiálise para atender a uma população estimada de 300 mil habitantes, localizado na cidade de Itabira e que conta com 154 leitos. Será estudado o processo de cadastro e entrada de visitantes aos pacientes internados em todas as áreas do hospital, esse processo gera espera e insatisfação das pessoas envolvidas.

A presente pesquisa busca responder a seguinte problemática: É possível utilizar a metodologia Seis Sigma (DMAIC) com objetivo de propor ações para a redução do tempo de espera de visitantes em um hospital? Diante do problema exposto, os pesquisadores pretendem propor soluções no processo de cadastro e entrada de visitantes por meio da aplicação da metodologia Seis Sigma.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste tópico serão abordados os principais conceitos da metodologia Seis Sigma e as principais ferramentas que serão utilizadas na pesquisa.

2.1 METODOLOGIA SEIS SIGMA

A metodologia Seis Sigma foi criada em 1986,

por Bill Smith, funcionário da Motorola, em uma tentativa de amenizar os prejuízos da empresa. Seu principal objetivo é diminuir a variabilidade do processo, e assim, reduzir os níveis de defeitos por meio da coleta e análise de dados relevantes (SANTOS, 2006).

O Seis Sigma adota o uso intensivo de ferramentas estatísticas e uma sistemática análise de variabilidade, sendo utilizado como indicador de desempenho para estabelecer a capacidade de um processo. Tem como meta atingir o índice Seis Sigma (6σ ), em linguagem estatística 6 desvios padrão, que significa, 3,4 defeitos por milhão de oportunidades ou 99,99966% de perfeição. De acordo com Rotondaro (2002) a obtenção desta meta classifica a organização como "classe mundial”.

Para Anbari e Kwak (2004), o Seis Sigma proporciona desenvolvimento sustentável, por meio de melhorias no processo e foco nos clientes. Rodrigues e Werner (2010) evidenciam que a metodologia Seis Sigma oferece outras vantagens, como: a propagação da aprendizagem, concepção de um senso de direção para alcançar as metas, redução dos desperdícios, aumento e retenção de clientes, aumento de recursos para treinamentos e melhorias dos processos. Antony et al. (2007) citam vários benefícios relacionados a aplicação do Seis Sigma direcionado a serviços como por exemplo: redução do número de tarefas que não agregam valor, redução dos custos e perdas, transformação da cultura organizacional de reativa a proativa, aumento do moral entre os colaboradores, gerenciamento efetivo na tomada de decisão baseada em fatos e dados, e incremento da consistência no nível de serviço ao cliente por meio da redução sistemática da variabilidade no processo. Segundo Figueiredo (2007), a metodologia Seis Sigma proporciona melhorias muito mais duradouras, pois visa eliminar as causas raízes, origem do problema, e não somente os efeitos, sintomas ou atividades isoladas, o que a torna uma ferramenta essencial para as empresas que buscam aumento da competitividade.

2.2 METODOLOGIA DMAIC

A metodologia Seis Sigma incorpora um conjunto sistemático de etapas definidas pelo DMAIC, que possibilita uma apropriada organização da implantação, desenvolvimento e conclusão de grande parte dos projetos

41

Page 42: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

(ANDRIETTA; MIGUEL, 2007). Possui características muito parecidas ao ciclo PDCA, que é caracterizada por Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Checar) e Act (Agir), que prevê a melhoria contínua dos processos dentro da organização. Para Harry (1998), o DMAIC é uma estratégia que auxilia as organizações por meio de uma série de intervenções e ferramentas estatísticas que podem gerar ganhos significativos em lucratividade e qualidade, tanto para produtos como serviços.

De acordo com Werkema (2006), a metodologia pode ser definida como:

a) Definir (Define): Essa etapa é caracterizada pela definição do escopo do projeto, objetivos, descrição do problema e avaliação do seu impacto sobre os clientes.

b) Medir( Measure): Essa etapa precisa ser documentada, por meio da elaboração de um plano de coleta de dados eficiente com a definição das variáveis que devem ser acompanhadas e de que forma isso será feito.

c) Analisar (Analyze): Serão analisados os processos e dados obtidos na etapa anterior, determinando assim as causas raízes das não conformidades,

identificando a diferença entre o desempenho real e as metas esperadas.

d) Melhorar (Improve): Essa fase foca em compreender as causas encontradas na etapa anterior, com o intuito de gerar soluções em busca de controlá-las ou eliminá-las através da redução da variabilidade do processo.

e) Controlar (Control): Essa é a etapa final do DMAIC, onde a equipe deve definir como será realizado o controle das variáveis críticas e quais serão as ações caso surjam problemas no processo.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa e o desenvolvimento deste estudo foram realizados por meio de visitas para a definição do processo e a coleta de dados, que foram interpretadas e analisadas tornando possível a identificação das possíveis melhorias que visa a redução do tempo de espera dos visitantes. O estudo foi realizado de acordo com as fases da metodologia DMAIC (Figura 1), porém a pesquisa desenvolveu-se até a fase de melhoria (improve), ficando sob reponsabilidade da empresa (objeto de estudo) a implantação das ações de melhoria e fase de controle (control).

Figura 1 – Metodologia DMAIC..

Fonte: Autoria prória

Na fase de definição, foi elaborado um SIPOC (Suppliers/ Inputs/ Process / Outputs / Customers), que é a representação macro de um processo, para identificar com clareza todas as etapas envolvidas, auxiliando no desenvolvimento do fluxograma, logo após foi realizada a matriz de priorização para identificação das etapas mais críticas do processo.

Na fase de medição, foram realizadas coletas de dados no hospital e os tempos em que cada pessoa esperava para ser atendido antes da visita aos pacientes. A partir dos dados coletados estabeleceu-se a carta de controle e em seguida foi feita uma análise de

capacidade do processo e o cálculo do nível Sigma.

Na fase de análise, foi utilizado o diagrama Causa e Efeito, onde as causas do problema encontrado foram agrupadas, o que facilita a identificação das possíveis causas raízes e análise de suas influências no processo.

Na fase de melhoria, utilizou-se a ferramenta 5W2H que analisa todos os aspectos de um problema e facilita a busca de ações para conter as suas causas, porém a implementação do estudo e a última fase do DMAIC, que é o controle, não foram aplicados na presente pesquisa.

42

Page 43: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

4.1 DEFINIÇÃO

4.1.1 SIPOC

Para a definição do escopo do trabalho, foi realizado um SIPOC, com a identificação de todos os elementos envolvidos, como os fornecedores (Suppliers), entradas (Inputs),

principais etapas do processo (Process), saídas (Outputs) e clientes (Customers), apresentado no Quadro 1.

4.1.2 FLUXOGRAMA

Para ilustrar o processo e permitir uma melhor visualização da sequência das informações e atividades, foi desenvolvido um Fluxograma (Figura 2).

QUADRO 1 – SIPOC do processo analisado.

SUPPLIERS (Fornecedores) Hospital

INPUT (Entradas) Informações dos visitantes e pacientes;

Funcionário do hospital.

PROCESS (Processo)

Verificação da roupa do visitante;

Verificação da existência de cadastro do visitante;

Realização do cadastro do visitante;

Impressora da etiqueta de identificação;

Verificação da liberação da entrada;

Liberação da entrada do visitante.

OUTUPUT (Saídas)

Cadastro do visitante;

Entrada no hospital;

Visista ao paciente internado.

CUSTOMER (Clientes) Visitante;

Paciente

Fonte: Autoria prória.

43

Page 44: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 2 – Fluxograma do processo.

Fonte: Autoria prória

4.1.3 MÉTODO DE COMPARAÇÃO AOS PARES (PAIR WISE COMPARISON)

Após conhecer o processo, foi necessário identificar quais etapas são as mais críticas,

ou seja, quais delas mais influenciam na qualidade do processo (Quadro 2).

QUADRO 2 – Identificação das atividades. Fonte: Autoria prória.

ETAPAS ATIVIDADES

1 Verificar se o visitante está com roupa adequada.

2 Verificar se o visitante possui cadastro.

3 Realizar o cadastro do visitante.

4 Imprimir a etiqueta de identificação.

5 Verificar se a entrada está liberada.

6 Liberar a entrada do visitante.

O Método de Comparação aos Pares compara individualmente o impacto de todas as atividades combinando-as em todos os

pares possíveis (Tabela 1).

44

Page 45: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Tabela 1 – Método de Comparação aos Pares

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5 ETAPA 6

ETAPA 1

ETAPA 2 2

ETAPA 3 3 3

ETAPA 4 4 2 3

ETAPA 5 5 2 3 4

ETAPA 6 1 2 3 4 5

Fonte: Autoria prória.

Em seguida, as frequências de cada uma das etapas foram estabelecidas , permitindo a

identificação de qual delas é a mais crítica ao processo, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Frequência de etapas

Fonte: Autoria prória.

As atividades, verificar se o visitante possui cadastro (etapa 2), realizar cadastro dos visitantes (etapa 3) e imprimir etiqueta de identificação foram as etapas mais críticas, representanto 80% da criticidade do processo estudado.

4.2 MEDIÇÃO

4.2.1 COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foram realizadas 40 observações diárias durante os dois primeiros meses da pesquisa. Após a coleta, foi utilizado o software Excel® para o cálculo dos tempos de espera em minutos que foram transformados em segundos, para serem plotados no Minitab®.

4.2.2 ANÁLISE DE CAPACIDADE E DETERMINAÇÃO DO NÍVEL SIGMA.

Primeiramente, definiu-se que a Carta de Controle a ser utilizada são os gráficos baseados na Média (�̅� ) e na Amplitude Móvel (𝐴𝑀̅̅̅̅̅ ), que são utilizadas quando os dados são variáveis e as observações são individuais, ou seja, os subgrupos possuem apenas uma amostra. Os dados foram plotados com o uso do software Minitab® (Figura 3).

Analisando a Figura 3, percebe-se que três pontos ultrapassaram o limite superior de controle para o gráfico da média, o mesmo ocorreu com o gráfico de amplitude móvel, onde cinco pontos também excederam o limite superior de controle, o que caracteriza a presença de outliers (causas especiais) no processo estudado.

Uma vez eliminadas as causas especiais do processo, uma nova carta de controle foi estabelecida (Figura 4), evidenciando a estabilidade do processo.

ETAPAS VOTOS %

1 1 7%

2 4 27%

3 5 33%

4 3 20%

5 2 13%

6 0 0%

TOTAL 15 100%

80%

45

Page 46: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 3 – Carta de controle com causas especiais.

Fonte: Autoria prória.

FIGURA 4 – Carta de controle sem causas especiais.

Fonte: Autoria prória.

46

Page 47: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4.2.2 ANÁLISE DA CAPACIDADE

Utilizando como limites inferior e superior de controle (LIE e LSE) os valores de 60 segundos (tempo mínimo) e 180 segundos (tempo máximo) respectivamente, tempos em que um visitante pode aguardar na fila do hospital e utilizando o Minitab®, realizou-se o estudo de capabilidade do processo, conforme Figura 5, sendo o valor estabelecido

para o Zbench global de 0,98. Portanto, o nível Sigma encontrado foi de

de 16,42% ou 164.231 DPMO, valor que define a porcentagem de pessoas que aguardam além dos limites de especificações definidos para realizarem a visita aos pacientes internados no hospital. Para o cálculo do nível Sigma utilizou-se a expressão

Z bench + 1,5.

FIGURA 5 – Análise de capabilidade.

Fonte: Autoria prória.

4.3 ANÁLISE

.Para identificar a origem dos defeitos (tempo de espera paa visita fora dos limites de

especificação) foi realizado um Brainstorming (tempestade de idéias). Após elaborou-se o diagrama de Ishikawa para relacionar as possíveis causas com o efeito (Figura 6).

47

Page 48: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 6 – Diagrama de Causa e Efeito (entrada de visitantes no hospital).

Fonte: Autoria prória.

4.4 MELHORIA

Nesta fase do projeto foi elaborado um Plano de Ação para cada uma das causas raízes encontradas (Anexo A).

4.5 CONTROLE

Os pesquisadores recomendaram à alta administração do hospital, uma vez que o plano fosse implementado, que seria necessário estabelecer uma rotina de monitoramento do processo, coletando novos dados e aplicando o Controle Estatístico do Processo, a fim de estabelecer um maior controle no tempo de espera dos visitantes. Além disso, foi sugerido que o monitoramento fosse documentado e assinado por seus responsáveis, com o propósito de verificar a efetividade das ações a serem implementadas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho propôs ações de melhoria no processo de cadastro e entrada de visitantes aos pacientes internados em um hospital por meio da aplicação da metodologia Seis Sigma (DMAIC).

Para a realização do estudo, foi necessário definir o escopo do projeto, mensurar os tempos de espera, analisar o processo de cadastro e entrada dos visitantes com a utilização de ferramentas estatísticas, diagnosticar os principais problemas e identificar as suas causas raízes. Foi possível elaborar uma proposta de Plano de Ação com o objetivo de reduzir a variabilidade do tempo de espera dos visitantes e melhorar a qualidade do serviço prestado.

É importante ressaltar que, apesar da etapa de melhoria, implantada parcilamente, e a de controle, onde foi realizada algumas recomendações, as ações para a eliminação das causas raízes foram elaboradas de acordo com a ferramenta 5W2H e sugeridas à Alta Direção do hospital. Espera-se que uma vez implantado o Plano de Ação, os resultados devem ser avaliados, documentados, acompanhados e monitorados até que o processo se estabilize e uma nova Análise da Capacidade seja realizada, como também um novo cálculo do nível Sigma (σ ), para comprovar a eficácia das atividades previstas no plano de ação.

48

Page 49: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

REFERÊNCIAS

[1]. AMBARI, F.T.; KWAK, Y.H. Success Factors in Managing Six Sigma Projects. London: Project Management Institute Research Conference, 2004. [2]. ANDRIETTA, J.M.; MIGUEL, P.A.C. Aplicação do programa Seis Sigma no Brasil: resultados de um levantamento tipo Survey exploratório-descritivo e perspectivas para pesquisas futuras. Gestão da Produção,n.2, v.14, p. 203-219, 2007. [3]. ANTONY, J.; ANTONY, F.J.; KUMAR, M. Six Sigma in Service Organizations: Benefits, Challenges and Difficulties, Common Myths, Empirical Observations and Success Factors. International Journal Of Quality & Reliability Management, n. 3, vol. 24, p.294-311, 2007. [4]. FIGUEIREDO, T.G. Metodologia Seis Sigma como estratégia para redução de custos: estudo de caso sobre a redução de consumo de óleo sintético na operação de usinagem.. Monografia (Graduação Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2007.

[5]. HARRY, M.J. Six sigma: a breakthrough strategy for profitability. Quality Progress, n.5, v.31, p.60-64,1998. [6]. RODRIGUES, J.T.M.C.; WERNER, L. Descrevendo o Programa Seis Sigma: Uma revisão da literatura. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Rio de Janeiro, RJ, Outubro, 2010. [7]. ROTONDARO, R.G. Seis Sigma: Estratégia Gerencial para a Melhoria de Processos, Produtos e Serviços. 1. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002. [8]. SANTOS, A.B. Modelo de referência para estruturar o programa de qualidade Seis Sigma: proposta e avaliação. 312 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2006. [9]. WERKEMA, M.C.C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processos. Belo Horizonte: Werkema, 2006. [10]. WERKEMA, M.C.C. Lean Seis Sigma – Introdução as ferramentas Lean Manufacturing. Rio de Janeiro: Werkema, 2010.

49

Page 50: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A) ANEXO A – INSTRUÇÕES COMPLEMENTARES

50

Page 51: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 5

Larissa Almeida Matias de Lima Batista

Bruno Vieira Bertoncini

Resumo: A decisão de escolha do veículo pelas empresas para o transporte de

cargas em áreas urbanas exige considerável esforço, devido às diversas variáveis

existentes, como àquelas relacionadas ao próprio veículo, à mercadoria, à região

de entrega, às restrições decorrentes de políticas externas e as exigências

advindas da própria operação, como sistemas de produção just-in-time.

Reconhecendo esse desafio, o objetivo deste artigo é alcançar uma maior

compreensão sobre os fatores que afetam a tomada de decisão quanto ao veículo

urbano de carga no Brasil. A Metodologia de Revisão Sistemática (MRS) foi

conduzida com o intuito de revisar a literatura sobre os atributos considerados na

escolha modal do transporte de cargas. Depois disso, foi realizada uma coleta de

dados a fim de verificar a aderência desses atributos à realidade estudada. Através

dessas etapas, observa-se sinergia entre os atributos encontrados na literatura e os

fatores considerados importantes, pelos gestores logísticos, para a escolha do

veículo a ser utilizado no transporte de mercadorias urbanas no Brasil.

51

Page 52: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O transporte de cargas é um componente fundamental para a vida das pessoas, pois por meio deste as comunidades têm acesso aos bens e produtos. A movimentação de veículos comerciais representa algo em torno de 15% de todas as viagens urbanas. Todos os dias as pessoas consomem e usam bens (e.g., comida, roupas, mobília, livros, carros e computadores) produzidos ao redor do mundo; mas, ao mesmo tempo, essa movimentação de cargas contribui significativamente com os efeitos ambientais, sociais e econômicos indesejados (NUZZOLO e COMI, 2014; STEFAN, MCMILLAN e HUNT, 2005).

O papel do transporte de cargas continua a crescer como uma parte importante do cotidiano de atividades de negócios e pessoas, especialmente ao analisar os recentes avanços no e-commerce, globalização econômica, armazenamento de alta tecnologia e sistemas de produção just-in-time, que visam a redução do tamanho do veículo comercial e aumento da frequência de entregas (NUZZOLO et al., 2012).

Existem outros fatores sobre a movimentação de cargas urbanas que tornam as pesquisas na área ainda mais desafiadoras, como o elevado número de viagens encadeadas (WANG e HU, 2011). Desse modo, Abate e Jong (2014) ressaltam que há o grande interesse de compreender como os operadores de carga tomam a decisão sobre qual veículo será utilizado para o transporte.

As características da entrega estão relacionadas com as atividades individuais dos tomadores de decisão bem como os aspectos do sistema de transportes; com isso, busca-se alcançar um nível de interpretação dos atributos de escolha considerados na tomada de decisão (NOJORONO e YOUNG, 2003).

Considerando a importância do transporte de cargas e a complexidade que é a escolha do veículo a ser utilizado na entrega, este trabalho tem por objetivo analisar os principais atributos considerados na tomada de decisão quanto à escolha do modo de transporte urbano de mercadorias, por meio do levantamento de artigos relevantes e de um questionário exploratório a fim de verificar a aderência desses fatores à realidade brasileira.

2. METODOLOGIA

O método a ser empregado neste trabalho está dividido em três etapas, a começar por uma busca exaustiva da literatura; posteriormente haverá uma pesquisa exploratória com os gestores logísticos de empresas de transporte de mercadorias, que atuam na distribuição física em áreas urbanas, permitindo assim identificar a maneira como os transportadores exercem a escolha modal para este tipo de operação. Ao final, a terceira fase deste trabalho irá analisar os resultados obtidos a partir da revisão da literatura e coleta de dados.

Com base no que é apresentado na literatura sobre a modelagem da escolha modal, a primeira etapa do método proposto consiste em identificar os principais atributos que influenciam a escolha do modo de transporte de carga. Para isso, será utilizada a MSR.

A MSR (Metodologia Sistemática de Revisão) é uma metodologia rigorosa, usualmente utilizada na área da saúde, que visa identificar estudos sobre um determinado assunto (DE LA TORRE-UGARTE-GUANILO et. al, 2011). Este método difere das análises tradicionais por adotar um processo replicável, científico e transparente que garante precisão, integridade e qualidade dos resultados (SANTOS JÚNIOR et. al, 2011). Sua implementação segue cinco passos básicos: 1) Definição do problema de pesquisa; 2) Definição da estratégia de pesquisa; 3) Definição de critérios de inclusão ou exclusão do trabalho; 4) Seleção dos artigos; 5) Análise dos artigos selecionados.

Paralelamente a esta busca na literatura, as empresas a serem estudadas precisam ser definidas. O foco deste trabalho são empresas que possuam mais de um tipo de veículo utilizados em sua operação. Com isso, os tomadores de decisão precisam fazer a escolha de qual veículo utilizar na área urbana, dado o conjunto de atributos. Para definição dessas empresas, sugere-se buscar o contato com os sindicatos dos transportadores e dos motoristas a fim de conhecer as transportadoras que possuam esse perfil. Desse modo, os sindicatos podem fornecer sua base de e-mails das empresas, possibilitando que o link da pesquisa seja enviado para os contatos fornecidos.

Dispondo desses atributos, com base na literatura, que influenciam a escolha do veículo e conhecendo as empresas potenciais, será possível projetar e aplicar o

52

Page 53: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

questionário exploratório. Este questionário tem o objetivo de verificar a importância ou não dos atributos encontrados na literatura de acordo com a realidade do estudo, a partir da visão dos gestores logísticos das empresas.

Por fim, será possível fazer uma análise dos resultados obtidos e verificar se os atributos encontrados na literatura estão de acordo com o fenômeno analisado, que é o transporte de mercadorias em áreas urbanas no Brasil. A partir desse estudo, espera-se alcançar uma maior compreensão do comportamento da escolha do veículo comercial.

3. APLICAÇÃO DO MÉTODO

3.1 IDENTIFICAÇÃO DE ATRIBUTOS PARA A ESCOLHA DO VEÍCULO A PARTIR DA LITERATURA (MSR)

3.1.1 O PROBLEMA DE PESQUISA

Na primeira etapa do MRS, o problema de pesquisa “Quais os principais atributos que influenciam a escolha do veículo comercial para o transporte urbano de cargas?” foi estabelecido baseado na revisão da literatura sobre os atributos para a escolha modal.

3.1.2 A ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Na segunda etapa do MRS, foi definida a estratégia de pesquisa. O termo “Atributos para a escolha do modo de transporte de carga (Attributes in Freight Transport Mode Choice)” foi pesquisado em 4 bases (Emerald, Google Acadêmico, Science Direct e Scopus). O horizonte de tempo definido foi de 25 anos, de 1992 até 2017 (este ano). A pesquisa foi conduzida por título, resumo e Palavras-chave dos artigos. Por meio destes critérios, foram encontrados 4 artigos (1 no Emerald, 2 no Google Acadêmico e 1 no Science Direct), os quais foram: Matear e Gray (1993), Cullinane e Toy (2000), Witflox e Vandaele (2005) e Kim et al. (2017).

3.1.3 CRITÉRIO PARA INCLUSÃO DE TRABALHOS

A fim de encontrar outros trabalhos sobre os atributos considerados na escolha do modo de transporte de carga, a estratégia de pesquisa foi mudada conforme a seguir: em adição ao título e resumo, o texto do artigo também foi considerado e não foi colocado tempo limite, resultando em 54 artigos (Tabela 1).

TABELA 1 – Quantidade de trabalhos encontrados na pesquisa.

Critério de pesquisa

Base de dados Total

Emerald Google Acadêmico Science Direct Scopus

Título e resumo 1 2 1 0 4

Texto completo 1 33 10 6 50

Foram lidos o resumo de cada um desses 54 artigos e aqueles que não cumpriram os

critérios da pesquisa foram excluídos, resultando em 20 artigos (Tabela 2).

53

Page 54: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 2 – Quantidade de trabalhos encontrados por país e por ano.

País

Ano

Total

Até 99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

Inglaterra 3 1 1 5

Estados

Unidos 3 1 1 5

Irlanda 1 1

Coreia do

Sul 1 1

França 1 1

China 1 1 2

Brasil 1 1 1 3

Indonésia 1 1

Bélgica 1 1

Austrália 1 1 2

Dinamarca 1 1 2

Espanha 1 1

Nova Zelândia

1 1

Eslováquia 1 1

Total 10 3 0 2 2 0 1 0 0 1 1 0 0 2 0 1 2 1 1 27

A próxima etapa da análise consiste em analisar a relevância dos 20 artigos encontrados por meio da avaliação dos

fatores de impacto (SJR) e (SNIP) de seus periódicos pela base de dados Scopus (Tabela 3).

TABELA 3 – Fatores de impacto dos periódicos encontrados.

Periódico SJR SNIP

Journal of Transportation Economics and Policy 0.993 -

Journal of Transportation Engineering 0.627 0.970

Journal of Agricultural Economics 0.948 1.355

European Transport - Trasporti Europei 0.284 0.479

Transport Research Procedia - 0.442

Transportation Planning and Technology 0.494 0.767

Transportation Research Part A 1.810 1.733

Transportation Research Part E 2.095 1.834

Transportation Research Record 0.474 0.442

54

Page 55: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

3.1.4 SELEÇÃO DOS ARTIGOS

Nesta etapa, foi realizada a seleção dos artigos obtidos na revisão. Somente os trabalhos que abordam os atributos considerados para a escolha modal foram considerados, a partir da leitura do resumo. Desse modo, 16 artigos foram selecionados para serem lidos por completo (Azzam e Linsenmeyer, 1987; Nam, 1997; Abdelwahab, 1998; Jiang et al., 1999; Cullinane e Toy, 2000; Shingal e Fowkes, 2002; Holguín-Veras, 2002; Norojono e Young, 2003; Witlox e Vandale, 2005; Puckett e Hensher, 2008; Rich et al., 2009; Wang e Hu, 2012; Abate e Jong, 2014; Arencibia et al., 2015; Simecek e Dufek, 2016; Kim et al., 2017).

3.1.5 ANÁLISE DOS ARTIGOS: ATRIBUTOS POTENCIAIS PARA ESCOLHA MODAL

A identificação de atributos relevantes a serem incorporados nos modelos de escolha modal é uma etapa muito importante para a estruturação dos mesmos. Para isso, os principais trabalhos foram selecionados a fim de verificar as características mais relevantes consideradas no momento da escolha do veículo a ser utilizado no transporte de cargas em áreas urbanas.

Azzam e Linsenmeyer (1987) observaram que muitas pesquisas anteriores assumiram que o tamanho do caminhão era algo constante, mas que não era algo que de fato ocorria. Com isso, o trabalho mostrou a probabilidade de escolher o tamanho do caminhão (leve, médio ou pesado) de acordo com: i) o volume da carga e, ii) distância da viagem.

Nam (1997) desenvolveu e comparou modelos de demanda agregada e demanda desagregada. Em seu trabalho, duas alternativas de transportes foram avaliadas: o rodoviário e o intermodal e, para isso, cinco atributos foram considerados em sua análise: i) peso da carga; ii) valor do frete; iii) par origem-destino; iv) tipo de carga; v) distância; vi) tempo médio de percurso; vii) acessibilidade média e, viii) frequência do serviço.

Abdelwahab (1998) realizou um estudo que estimou as elasticidades da demanda e das probabilidades de escolha modal para oito grupos de produtos e dois modos de transportes, para isso os atributos considerados foram: i) tamanho do lote; ii) tipo do produto transportado; iii) atributos relacionados ao transporte, contendo uma

lista de 18 variáveis não especificadas pelo autor. O autor avaliou operações de transporte rodoviário e metroferroviário.

Jiang et al. (1999) analisaram as características de demanda por cargas que conduzem a escolha entre o modal rodoviário e ferroviário através do banco de dados de embarcadores da França. Eles observaram que os atributos relacionados à escolha modal poderiam ser subdivididos em: i) fatores de longo prazo - natureza da empresa, seu tamanho, sua localização, sistema de informação utilizado, estrutura operacional e se há ou não frota própria; e, ii) fatores de curto prazo - atributos físicos dos bens a serem transportados, atributos físicos do fluxo e característica espacial do embarque.

Cullinane e Toy (2000) estabeleceram uma metodologia formal para identificar e justificar os principais atributos que influenciam as decisões de rota e modo de transporte no transporte de cargas no contexto do Leste Europeu. Com isso, eles obtiveram 15 atributos principais: i) custo; ii) serviço; iii) confiabilidade no tempo de trânsito; iv) frequência; v) distância; vi) velocidade; vii) flexibilidade; viii) infraestrutura disponível; ix) capabilidade; x) inventário; xi) perdas/danos; xii) características das cargas; xiii) vendas por ano; xiv) rastreabilidade e, xv) experiências anteriores.

Shingal e Fowkes (2002) desenvolveram um modelo a fim de avaliar a importância relativa dos atributos que influenciam a escolha modal na China. Foram consideradas cinco alternativas modais e, para isso, utilizaram os seguintes atributos para a análise da tomada de decisão: i) custo (para a movimentação porta-a-porta); ii) tempo da viagem porta-a-porta (com incrementos de um terço de dia útil, i.e.; entrega pela manhã, entrega a tarde e entrega a noite); iii) confiabilidade do serviço (definida como a porcentagem de entregas que chegam no tempo previsto); iv) frequência do serviço (em três níveis - diariamente, três vezes por semana e semanalmente).

Holguín-Veras (2002) conduziu uma investigação a fim de identificar fatores importantes para o processo de seleção do veículo comercial a partir de dados de viagens da Cidade da Guatemala. Com isso, obteve o resultado de que a escolha do tipo de veículo para o transporte urbano de cargas é modelada a partir de: i) distância da viagem; ii) tipo da carga; e, iii) o tipo de

55

Page 56: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

atividade econômica que ocorre na origem e no destino da viagem.

O estudo de Norojono e Young (2003) retratou a escolha entre o modo rodoviário e ferroviário na Indonésia e determinou as variáveis para a escolha modal nesse contexto, as quais foram: i) custo; ii) tempo de entrega; iii) qualidade da entrega (segurança, condições do veículo, rota, frequência) e, iv) flexibilidade (tempo de embarque, capacidade de resposta).

Witlox e Vandaele (2005) reconheceram que a escolha modal do transportador não é influenciada simplesmente por atributos puramente econômicos (tempo e custo), mas também por fatores qualitativos, os quais são: i) frequência; ii) confiabilidade; iii) flexibilidade; iv) duração da viagem e, v) riscos de perdas ou danos.

Puckett e Hensher (2008) enfatizam que, apesar da maioria dos estudos assumirem que os tomadores de decisão processam todas as informações disponíveis com a mesma atenção, é provável que as decisões sejam tomadas a partir de alguns atributos considerados estratégicos. Os principais atributos identificados foram: i) tempo de fluxo livre; ii) tempo de congestionamento; iii) tempo de espera até o destino; iv) probabilidade de chegada no tempo planejado; v) preço do combustível e, vi) taxas baseadas na distância.

Rich et al. (2009) apresentaram um modelo de escolha modal que englobou cinco modos de transporte que, ao serem combinados, resultaram em 40 alternativas logísticas. Os atributos considerados para a escolha modal foram: i) tempo de entrega; ii) tempo de espera; iii) custo do transporte.

Wang e Hu (2012) utilizaram dados de viagens da cidade de Denver que mostravam o comportamento de escolha do veículo comercial para a entrega de cargas urbanas. A partir disso, trabalharam com vários atributos importantes para essa escolha, os quais foram divididos em: i) viagem: tempo, propósito, número de viagens realizadas em um dia e distância percorrido; ii) paradas: número de paradas, tipo de área da entrega; iii) características da carga: tipo de carga, quantidade de tipos de cargas e, iv) empresa: número de empregados, tamanho da frota, total de viagens realizadas durante dia e tipo de atividade.

Abate e Jong (2014) estudaram o processo de escolha do tamanho do veículo a partir de dados de diários de viagens da Dinamarca, considerando as seguintes variáveis para essa escolha: i) distância da viagem; ii) capacidade máxima legal do veículo; iii) peso da carga (ton); iv) custo total de operação por tonelada do veículo; iv) tamanho da frota da empresa; v) idade dos veículos; vi) demanda total de transporte de carga do par origem-destino; vii) preço médio mensal do combustível (diesel) por litro e, viii) se a frota é própria ou terceirizada.

Arencibia et al. (2015) utilizaram uma técnica avançada de modelagem para analisar a demanda por transportes de cargas no contexto da escolha modal. Para isso, a coleta de dados foi conduzida a fim de estimar os principais atributos preferidos pelos embarcadores que definem os serviços fornecidos pelos diferentes modos de transportes: rodoviário, marítimo e ferroviário. Os atributos encontrados foram: i) custo, ii) tempo de trânsito; iii) frequência; iv) pontualidade; v) perdas; vi) flexibilidade; vii) rastreabilidade; viii) impactos ambientais e, ix) cronogramas.

O trabalho de Simecek e Dufek (2016) trabalhou com dados de transportadoras da Eslováquia. As entregas foram caracterizadas pelo tipo de carga transportada, distância total percorrida e modo de transporte utilizado. Os atributos considerados para cada uma das alternativas foram: i) modo de transporte; ii) tempo e, iii) confiabilidade.

Kim et al. (2017) realizaram um estudo que buscava uma melhor compreensão do processo de tomada de decisão sobre o modo de transporte de carga a ser utilizado pelas empresas, transportadoras e agentes na Nova Zelândia. Eles observaram os seguintes atributos: i) preço; ii) tempo de serviço, confiabilidade e flexibilidade; iii) conectividade do modo; iv) segurança e potencial de perdas; v) facilidade de transferência intermodal; vi) necessidade de tratamento especializado; vii) capacidade; viii) valor agregado das atividades na cadeia de suprimentos; ix) questões ambientais e sustentáveis.

A Tabela 4 possibilita identificar os atributos principais observados para a escolha do modo de transporte a partir da revisão da literatura.

56

Page 57: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 4 – Síntese da revisão bibliográfica.

3.2 DETERMINAÇÃO DAS EMPRESAS

Buscou-se contato com os sindicatos dos transportadores e dos motoristas a fim de conhecer as transportadoras que pertençam ao perfil procurado; isto é, empresas que possuam mais de um tipo de veículo utilizado em sua operação. Foram obtidos 2.437 contatos de e-mails de empresas de transporte de carga de todo o Brasil, sendo que cerca de 30% deles estavam desativados. Não foi possível obter diretamente os contatos dos gestores logísticos; dessa forma, foi necessário contar com a colaboração do destinatário para que o mesmo encaminhasse o e-mail ao responsável pela tomada de decisão, resultando numa dificuldade notável neste processo.

3.3 QUESTIONÁRIO EXPLORATÓRIO

Dispondo dos atributos que influenciam a escolha modal para o transporte de cargas

em geral, foi realizada uma análise daqueles que se encaixam à situação específica do transporte urbano de mercadorias, considerando a realidade de uma empresa que precisa escolher o veículo mais adequado para cada viagem. A fim de verificar a aderência dos atributos encontrados na literatura em relação ao fenômeno estudado, de acordo com a visão dos gestores logísticos das empresas, foi projetado um questionário exploratório na plataforma SurveyMonkey.

O questionário possui perguntas que caracterizam a/o(s): i) empresa: cidade em que a matriz está localizada, estados em que há operação, quantidade de funcionários; ii) funcionário: o cargo na empresa do respondente; iii) operação: se a transportadora realiza um número mínimo de entregas diário em áreas urbanas (pelo menos 5), se a empresa possui mais um tipo de veículo, quais seus setores de atuação; iv) atributos: nota (de 1 a 7) dada a cada atributo

57

Page 58: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

que foi encontrado previamente em busca na literatura.

Esse questionário foi enviado por e-mail para as empresas potenciais. A fim de identificar a importância dos atributos, foi pedido que os gestores logísticos dessem notas de 1 a 7 (quanto maior, mais importante é o atributo para a escolha do veículo). Os mesmos atributos também foram divididos em três categorias (viagem, mercadoria e veículo) e foi pedido que em cada uma delas, o tomador de decisão ordenasse de acordo com a importância (1 = o mais importante, 2 = o segundo mais importante, etc). Foram obtidas 29 respostas.

3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com o propósito de analisar a relevância dos atributos de escolha do veículo comercial, são apresentadas análises estatísticas descritivas a partir dos dados, ou seja, dos atributos percebidos pelos gestores responsáveis pela tomada de decisão de qual veículo utilizar para realizar o transporte da carga em área urbana. A Tabela 5 corresponde às medidas descritivas para os atributos, suas medidas de posição, a média, a mediana (Md), o primeiro quartil (Q1) e o terceiro quartil (Q3), e de dispersão, o desvio padrão (Dp). Os resultados do levantamento de dados correspondentes aos 30 questionários válidos coletados neste trabalho.

TABELA 5 - Medidas descritivas dos atributos de escolha veicular sob a ótica do transportador.

Atributos Média Dp Mín Q1 Md Q3 Máx Viagem

Distância total percorrida 5,6 2,1 1 5 6,5 7 7

Número de paradas 5,1 2,5 1 3 7 7 7

Quantidade de tipos de áreas visitadas 6,2 1,1 4 5 7 7 7

Existência de local adequado para carga/descarga 6,1 1,7 2 6 7 7 7

Existência de zonas de restrição à circulação de veículos de carga 6,3 1,6 2 7 7 7 7

Condições da via de acesso 6,0 1,7 2 6 7 7 7

Mercadoria

Tipo de mercadoria 5,5 2,0 1 4 6,5 7 7

Variedade de tipos de mercadoria 6 1,5 3 5 7 7 7

Volume de mercadoria 6,5 0,7 5 6 7 7 7

Veículo

Exigência quanto ao tamanho do veículo 5,7 1,8 2 4 6,5 7 7

Tipo de combustível 3,9 2,1 2 2 3,5 6 7

Idade do veículo 4,9 2,1 1 4 5,5 7 7

Custo de operação do veículo (R$/ton) 6,1 1,7 2 6 7 7 7

Capacidade do veículo 6,2 1,5 3 6 7 7 7

As Figuras 1, 2 e 3 retratam a ordenação dos atributos em cada categoria pelos gestores logísticos.

58

Page 59: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 1 - Atributos da categoria viagem

Figura 2 - Atributos da categoria mercadoria

59

Page 60: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 3 - Atributos da categoria veículo

A amostra é composta por gestores logísticos que ocupam, na sua maioria, posições de alta gerência. As empresas estudadas operam em diversos setores de atuação (alimentos, bebidas, higiene pessoal, material escolar e de escritório, acessórios para casa, automotivo, dentre outros), tendo maior representatividade o setor de produtos alimentícios (44%) e higiene pessoal (44%). A amostra desses setores revela uma boa variabilidade dos dados, pois estão bem distribuídos entre 17 e 44%. O somatório não é 100%, uma vez que a maioria das empresas atua em mais de um setor.

Verifica-se que há uma boa representatividade em relação às regiões de atuação no Brasil, uma vez que a amostra contempla empresas que atuam em todas as regiões do país, sendo a região Sudeste (83,33%), Nordeste e Centro-Oeste com 66,67% cada, Sul (61,11%) e Norte (50%). O somatório não é 100%, pois a mesma empresa pode atuar em várias regiões.

Em relação aos atributos da viagem em si, observa-se que a maioria deles são considerados muito importantes, com uma leve prioridade para ‘existência de zonas de proibições’ com nota média de 6,3. Sua importância é comprovada, pois 50% dos gestores logísticos responderam que este item era aquele considerado mais importante nessa categoria. Em segundo lugar, está o item ‘existência de local adequado para

carga/descarga’ com 22% de escolha como o atributo mais importante. Desse modo, a partir dos dados, observa-se que estes dois fatores são os mais considerados nesta categoria.

Em relação aos atributos da mercadoria, observa-se que volume da mercadoria recebeu a maior nota média (6,5). Na ordenação, esta variável ficou em segundo lugar, uma vez que foi escolhida como o atributo mais importante por 28% dos tomadores de decisão. Ficou atrás apenas do peso da mercadoria (33%), mas este item não estava contemplado na etapa das notas. Com isso, observa-se coerência e conclui-se que peso e volume da carga são os atributos mais considerados na escolha do veículo nesta categoria.

Com relação aos atributos do veículo, observa-se que a capacidade do veículo recebeu a maior nota média (6,2). Na ordenação, este atributo ficou em terceiro lugar, ficando atrás do fator que trata da exigência quanto ao veículo utilizado na entrega que foi considerado o atributo mais importante por 50% dos gestores e do custo de operação, que foi definido como prioridade por 28% dos gestores. O item de custo operacional também recebeu uma nota média elevada (6,1). Portanto, observa-se coerência entre as respostas e constata-se a importância desses três fatores.

60

Page 61: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho apresenta um dos poucos estudos concernentes à compreensão do comportamento da tomada de decisão quanto ao modo de transporte em áreas urbanas. Primeiramente, foi realizada uma busca extensiva na literatura que identificou os principais atributos considerados na escolha do veículo a ser utilizado no transporte de cargas. A partir deles, foi projetado um questionário exploratório a fim de mensurar a importância relativa destes atributos, os quais foram divididos em três categorias: viagem, mercadoria e veículo.

Foi observado que as restrições quanto à área de entrega da carga possuem grande representatividade, uma vez que os atributos de ‘existência de zonas de restrições à circulação da carga’ e ‘local adequado para carga/descarga’ foram aqueles que receberam maiores notas e prioridade no ordenamento na categoria dos itens relacionados à viagem. Em relação à mercadoria, peso e volume foram os fatores que foram vistos como mais importantes.

Com relação ao veículo, como esperado, constatou-se a relevância do ‘custo operacional’ e da ‘capacidade do veículo’. Por sua vez, a ‘exigência quanto ao tamanho do veículo’ também recebeu uma nota média alta e considerável representatividade no ordenamento de prioridade. Possivelmente, um dos motivos deve ser devido a operações just-in-time em que o cliente exige uma maior frequência de entregas ou até mesmo devido às restrições físicas do local que só pode receber determinado tamanho de veículo.

Este trabalho contribui para literatura, pois investigou os atributos que determinam o comportamento da escolha do veículo no transporte de mercadorias em áreas urbanas e analisou a aderência deles através de um questionário exploratório que foi respondido por 30 empresas de todo o Brasil, pertencentes a diversos setores comerciais. Esta compreensão poderá, ainda, ajudar na elaboração de um método que vise auxiliar os tomadores de decisão a escolhem os veículos mais adequados para as situações de entrega em área urbana no Brasil.

REFERÊNCIAS

[1]. ABATE, M.; JONG, G. The optimal shipment size and truck size choice - The allocation of trucks across hauls. Transportation Research Part A, vol.59, p.262-277, 2014. [2]. ABDELWAHAB, W. Elasticities of mode choice probabilities and market elasticities of demand: evidence from simultaneous mode choice/shipment-size freight transport model. Transportation Research Part E, vol.34, n.4, p. 257-266, 1998. [3]. ARENCIBIA, A. I.; FEO-VALERO, M.; GARCÍA-MENÉNDEZ, L. Modelling mode choice for freight transport using advanced choice experiments. Transportation Research Part A, vol.75, p.252-267, 2015. [4]. AZZAM, A. M.; LINSENMEYER, D. The impact of volume of marketings and distance to markets on the choice of truck size. North Central Journal of Agricultural Economics, vol.9, n.1, p.135-144, 1987. [5]. COMI, A.; SITE, P. D.; FILIPPI, F.; NUZZOLO, A. Urban Freight Transport Demand Modelling: a State of the Art. European Transport \ Trasporti Europei, vol.51, n.7, 2012. [6]. CULLINANE, K.; TOY, N. Identifying influential attributes in freight route/mode choice decisions: a content analysis. Transportation Research Part E, vol.36, p.41-53, 2000. [7]. DE-LA-TORRE-GUANILO, M. C.; TAKAHASHI, R. F.; BERTOLOZZI, M. R. Revisón

sistemática nociones generales. Revista da Escola de Enfermagem da USP, vol.45, n.5, 2011. [8]. HOLGUÍN-VEIRAS, J. Revealed Preference Analysis of Commercial Vehicle Choice Process. Journal of Transportation Engineering, n.128, p.336-346, 2002. [9]. JIANG, F.; JOHNSON, P.; CALZADA, C. Freight Demand Characteristics and Mode Choice: An Analysis of the Results of Modeling with Disaggregate Revealed Preference Data. Journal of Transportation and Statistics, p.149-158, 1999. [10]. KIM, H.; NICHOLSON, A.; KUSUMASTUTI, D. Analysing freight shippers mode choice preference heterogeneity using latent class modelling. Transportation Research Procedia 25C, p.1109-1125, 2017. [11]. NAM, K. A Study on the Estimation and Aggregation of Disaggregate Models of Mode Choice for Freight Transport. Transportation Research Part E, vol.33, p.223-231, 1997. [12]. NOROJONO, O.; YOUNG, W. A Stated Preference Freight Mode Choice Model. Transportation Planning and Technology, vol.26, n.2, p. 195-212, 2003. [13]. NUZZOLO, A.; COMI, A. Direct Effects of City Logistics Measures and Urban Freight Demand Models. Sustainable Urban Logistics: Concepts, Methods and Information Systems Part of the series EcoProduction, p.211-226, 2014. [14]. PUCKETT, S. M.; HENSHER, D. A. The role of attribute processing strategies in estimating the

61

Page 62: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

preferences of road freight stakeholders. Transportation Research Part E, vol.44, p.379–395, 2008. [15]. RICH, J.; HOLMBLAD, P. M.; HASEN, C. O. A weighted logit freight mode-choice model. Transportation Research Part E, n.45, p.1006-1019, 2009. [16]. SANTOS JÚNIOR, J. B. S.; LIMA JÚNIOR, O. F.; NOVAES, A. G.; SCHOLZ-REITER, B. A comparative analysis of supply network risk management techniques based on systematic literature review. Inn XXVIII ANPET, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2011. [17]. SHINGAL, N.; FOWKES, T. Freight Mode Choice and Adaptive Stated Preferences. Transportation Research Part E, n.38, p.367-378, 2002. [18]. SIMECEK, M.; DUFEK, Jiri. A freight modal shift model for Slovakia. Transport Research Procedia, vol.14, p..2814-2819, 2016.

[19]. STEFAN, K. J.; McMILLAN, J. D. P.; HUNT, J. D. (2005) Urban Commercial Vehicle Movement Model for Calgary, Alberta, Canada. Journal of Transportation Engineering, n.1921, p.1-10. [20]. WANG, Q.; HU, J. Commercial Vehicle Travel Patterns in Urban-Areas: Findings and Implications from Denver Metropolitan Area. Apresentado no 90th Encontro Anual da Transportation Research Board, Washington, DC, 2011. [21]. WANG, Q.; HU, J. Behavioral Analysis of Decisions in Choice of Commercial Vehicular Mode in Urban Areas. Transportation Research Record: Journal of the Transportation Research Board, n.2269, p.58-64, 2012. [22]. WITLOX, F.; VANDAELE, E. Determining the Monetary Value of Quality Attributes in Freight Transportation Using a Stated Preference Approach. Transportation Planning and Technology, vol.28, n.2, p.77-92, 2005.

62

Page 63: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 6

Raimundo Alves de Carvalho Júnior

Amanda Gomes De Assis

Amanda Braga Marques

Danyella Gessyca Reinaldo Batista

Isaque Jônatas Costa Moraes

Resumo: Este artigo tem por objetivo avaliar o curso de engenharia de produção a

partir da perspectiva dos discentes em 5 dimensões da qualidade. Utilizando a

ferramenta SERVQUAL, foi possível elaborar gráficos que demonstram a

perspectiva dos alunos e o que é ofertado pela instituição. Um questionário foi

elaborado com 25 perguntas, as respostas de 40 discentes foram coletadas e

analisadas para cada dimensão. Com o resultado têm-se o panorama geral da

qualidade vista pelos usuários dos serviços recebidos.

63

Page 64: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O objetivo da avaliação de um curso superior consiste em ter conhecimento de sua eficiência, se ele está funcionando dentro das expectativas que se tem para a formação do profissional. Sob o ponto de vista administrativo, a educação é reconhecida como área de estudo do setor de serviços. Isso significa que modelos de qualidade válidos para o setor de serviços podem ser aplicados, após adaptações, aos serviços educacionais. Lovelock (2003) apresenta a definição de serviço como sendo um ato que cria benefícios para os clientes por meio da satisfação de uma necessidade.

A satisfação do cliente está intrinsecamente relacionada à cultura organizacional. Não basta captar clientes e oferecer o básico, mas estudar seu comportamento e encantá-lo, superando suas expectativas. Para tanto, uma correlação entre gestores, clientes externos e internos deverá estar alinhada a um modelo de gestão da qualidade. Cuidar da qualidade há muito tempo deixou de ser fator diferenciador e passou a ser um requisito indispensável para se participar do mercado (PEINADO, 2007).

Por permitir uma avaliação numérica e possibilitar a verificação da qualidade de um serviço prestado, destacando seus pontos fortes e fracos, o método SERVQUAL é bastante utilizado em diversos setores, inclusive em instituições educacionais. As instituições de ensino superior estão em busca da melhoria da qualidade de seus serviços de ensino para satisfazer as expectativas dos seus alunos e do mercado. Contudo, como os serviços de educação possuem características bastante particulares, o modelo SERVQUAL deve ser adaptado.

Diante da crescente preocupação com a qualidade de ensino e da identificação de necessidades dos estudantes para sua própria formação, além da importância atribuída a tais necessidades, este artigo tem como principal objetivo aplicar a escala SERVQUAL para a atividade de serviço de educação superior e apresentar os resultados de sua aplicação em um curso de engenharia de produção.

2. REVISÃO DA LITERATURA

A qualidade do ensino superior torna-se fundamental ao desenvolvimento de um país,

pois são as universidades que formam os profissionais que irão atuar como gestores nas empresas e gerir os recursos públicos e privados e cuidarão da saúde e educação das novas gerações. Segundo Pereira (2004), as instituições devem trabalhar para a obtenção de um padrão de qualidade que supere as expectativas e necessidades dos clientes ou estudantes, extrapolando as avaliações provenientes de exigências legais.

2.1 DIMENSÕES DE QUALIDADE

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1991), colocaram que para mensuração da qualidade pelos clientes existem cincos dimensões: a tangibilidade, a responsabilidade, a confiabilidade, a empatia e a garantia. Segundo Fitzssimons e Fitzsimmons (2005), essas dimensões são usadas para julgamento em relação a serviços prestados e recebidos e essa comparação constitui uma medida de qualidade.

De acordo com Lovelock (2001), os serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios para cliente em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no destinatário do serviço. Segundo Meirelles (2006), o serviço é essencialmente intangível, sendo avaliado somente quando combinado a outras funções, ou seja, com outros produtos e processos produtivos tangíveis. Essa natureza impalpável está associada à sua natureza de processo, que à priori, é intocável, ou seja, a prestação do serviço tende a acontecer simultaneamente ao consumo. A produção acontece a partir do momento em que o serviço é pedido e termina assim que a demanda é atendida.

2.2. O MÉTODO SERVQUAL

O método SERVQUAL foi desenvolvido por Parasuraman, Zeithami e Berry (1985) podendo medir o nível de satisfação dos clientes. A mensuração se dá através da análise de resultados obtido no questionário.

O questionário contem 25 questões englobando as cinco dimensões da qualidade do serviço. As questões são avaliadas numa escala de Likert variando de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”. O questionário possui duas seções, uma para avaliar a visão do serviço prestado e a outra

64

Page 65: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

para as expectativas. A avaliação da do desempenho do serviço é dado pela diferença entre o desempenho do serviço do prestado e a expectativa do cliente em relação ao serviço.

Como citado anteriormente o modelo deve ser adequado a situação, mas segundo Parasuraman, Zeithami e Berry (1985) independente do serviço analisado os critérios utilizados serão muito semelhantes.

3. METODOLOGIA

Segundo Silva e Mendes (2001) a pesquisa pode ser classificada de acordo com o ponto de vista da abordagem do problema em dois pontos: pesquisa qualitativa que considera que existe uma relação entre o mundo real e o sujeito, o ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador um instrumento – chave e a pesquisa quantitativa que considera que tudo é aplicável, todas as informações e opiniões podem ser traduzidas em números.

A pesquisa apresentada é considerada qualitativa e de caráter descritivo, se tratando de um estudo realizado em um campo com dimensão a ser trabalhada. A característica da pesquisa de campo existe por conta de um ambiente já definido para buscar informações, sendo este caracterizado como o curso de Engenharia de Produção da UFERSA- Mossoró. No caso tratado a intenção é a de mensuração da qualidade do serviço prestado pelo curso na formação de bons profissionais na área de engenharia de produção, através da percepção dos indivíduos envolvidos, para uma possível interpretação desta realidade.

Para a pesquisa em campo foi elaborado um questionário visando a base de escala do SERVQUAL. Concebido em duas seções: uma para avaliar as expectativas do cliente, outra para avaliar suas percepções após a utilização dos serviços do curso. O questionário SERVQUAL possui 25 questões para mensurar as cinco dimensões de qualidade de serviços, que foram adaptadas para este estudo e distribuídas neste da seguinte forma: tangibilidade (5 questões); confiabilidade (6 questões); competência (3 questões); segurança (4 questões) e empatia (7 questões). Estas em uma escala de 1 a 5 pontos, sendo que estes números variam de nível baixo à elevado.

4. RESULTADOS

4.1 CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE ESTUDADO

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), objeto de estudo, completou em 2015 seus primeiros 10 anos de atuação. Anteriormente intitulada de ESAM, começou suas atividades em 1967, tornando-se uma Universidade Federal sancionada pelo Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente a UFERSA está presente em Mossoró, onde tem o seu Campus Sede, e os campi de Angicos, Caraúbas, Pau dos Ferros.

A UFERSA atualmente conta com 41 graduações e 14 pós-graduação, 1.180 profissionais, 622 professores de diversas áreas e 558 técnicos distribuídos em 65 áreas de atuação e uma média de 5.000 alunos.

Em 2006 foi inserido na universidade o curso de Engenharia de Produção, os alunos do BC&T começam a cursar as disciplinas do curso de Engenharia de Produção ainda no quinto período, mas a entrada oficial destes alunos no curso se dá no final do sexto período, passando a serem alunos regulares do curso de Engenharia de Produção. O curso possui cerca de 100 alunos matriculados (UFERSA, 2016).

Durante a aplicação do questionário observou-se pontos positivos, mas também a diferença entre as expectativas e a realidade aplicada no curso de Engenharia de Produção. Os dados da pesquisa serão mostrados a seguir.

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Um questionário SERVQUAL foi aplicado em um universo com 91 componentes, para definir a amostra foi utilizada a ferramenta “Calculadora de Amostras” disponível no site: <http://www.netquest.com/br/painel/calculadora-amostras.html>. Para alcançar as amostras pretendidas, bastou a inserir os, tamanho do universo, margem de erro, nível de confiança e heterogeneidade, ou seja, a diversidade do universo, geralmente adotada de 50%, como descrito na Equação 1.

Equação 1 – Número de Amostras

𝑛 =𝑁. 𝑍². 𝑝. (1 − 𝑝)

(𝑁 − 1). 𝑒² + 𝑍². 𝑝. (1 − 𝑝)

Onde:

n = O tamanho da amostra.

65

Page 66: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

N = Tamanho do universo.

Z = Desvio do valor médio para alcançar o nível de confiança desejado.

e = É a margem de erro máximo que é admitido.

p = É a proporção que espera-se encontrar, geralmente usa-se 50%.

Para a referente pesquisa, usou-se um universo (N) igual a 91 pessoas, número esse informado pela secretaria do curso de Engenharia de Produção, que corresponde e

ao total de alunos que estão matriculados no curso. A margem de erro permitida para o estudo de caso foi de 10%, com 90% de confiança. Portanto, a amostra definida foi de 40 respondentes.

O objetivo desse estudo foi de analisar a diferença entre a expectativa do estudante e a realidade que o mesmo tem do desempenho do curso de engenharia de produção na UFERSA-Mossoró, os quadros a seguir apresentam os dados coletados de forma resumida e a análise dos resultados, como a média e o desvio padrão.

QUADRO 1 – Dados da pesquisa.

Questão Expectativa Realidade

1 2 3 4 5 MEDIA Desvio Padrão 1 2 3 4 5 MEDIA Desvio Padrão 1 0 0 3 8 29 4,65 10,89954127 0 1 8 17 14 4,1 6,782329983

2 0 0 0 7 33 4,825 12,79062156 5 8 14 10 3 2,95 3,847076812

3 0 0 2 5 33 4,775 12,63328936 9 10 18 2 1 2,4 6,164414003

4 8 7 15 9 1 2,7 4,472135955 2 3 16 13 6 3,45 5,54977477

5 0 0 4 13 23 4,475 8,876936408 5 10 15 7 3 2,825 4,195235393

6 2 1 2 15 20 4,25 7,924645102 15 15 8 1 1 1,95 6,260990337

7 2 1 3 12 22 4,275 8,024961059 4 15 10 7 4 2,8 4,147288271

8 0 1 4 20 15 4,225 8,024961059 1 8 14 13 4 3,275 5,019960159

9 2 6 6 15 11 3,675 4,516635916 0 4 21 13 2 3,325 7,874007874

10 0 3 7 10 20 4,175 6,899275324 0 4 15 20 1 3,45 8,024961059

11 0 1 5 20 14 4,175 7,771743691 1 8 15 14 2 3,2 5,830951895

12 0 1 11 13 15 4,05 6,260990337 2 11 16 8 3 2,975 5,176871642

13 0 0 8 13 19 4,275 7,402702209 1 6 12 15 6 3,475 4,939635614

14 0 0 3 6 31 4,7 11,71324037 11 15 10 4 0 2,175 5,329165038

15 0 2 6 10 22 4,3 7,797435476 0 8 20 8 4 3,2 6,693280212

16 3 3 15 11 8 3,45 4,647580015 8 8 16 6 2 2,65 4,5607017

17 0 1 4 5 30 4,6 11,15347479 0 7 10 20 3 3,475 6,899275324

18 0 1 2 12 25 4,525 9,5289034 5 15 8 10 2 2,725 4,427188724

19 0 0 1 8 31 4,75 11,88276062 2 9 15 10 4 3,125 4,604345773

20 0 1 4 15 20 4,35 8,024961059 4 14 11 8 3 2,8 4,147288271

21 0 0 7 13 20 4,325 7,720103626 6 10 16 5 3 2,725 4,604345773

22 0 0 5 10 25 4,5 9,273618495 8 16 10 5 1 2,375 5,019960159

23 0 0 7 16 17 4,25 7,402702209 6 4 20 8 2 2,9 6,32455532

24 0 0 6 14 20 4,35 7,899367063 16 13 8 3 0 1,95 5,966573556

25 0 0 6 11 23 4,425 8,555699854 18 8 11 0 3 2,05 6,292853089

Fonte: Autores (2017).

66

Page 67: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A seguir está apresentada a diferença da expectativa da qualidade pela qualidade

encontrada na realidade do curso, apresentada a seguir no Quadro 2.

QUADRO 2 – Diferença entre expectativa e realidade das questões.

Questão Diferença entre a média da expectativa e da realidade

1 -0,55

2 -1,875

3 -2,375

4 0,75

5 -1,65

6 -2,3

7 -1,475

8 -0,95

9 -0,35

10 -0,725

11 -0,975

12 -1,075

13 -0,8

14 -2,525

15 -1,1

16 -0,8

17 -1,125

18 -1,8

19 -1,625

20 -1,55

21 -1,6

22 -2,125

23 -1,35

24 -2,4

25 -2,375

Fonte: Autores (2017).

Para se ter uma análise mais detalhada a respeito do gap, ou diferença entre a expectativa (Série 1) e a realidade (Série 2), é apresentado a seguir gráficos a respeito das

dimensões da qualidade do serviço do curso de engenharia de produção da UFERSA - Mossoró, no Gráfico 1 está demonstrado as dimensões a respeito da tangibilidade.

67

Page 68: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

GRÁFICO 1 – Tangibilidade.

Fonte: Autores (2017).

O Gráfico 2, apresenta a relação a respeito da confiabilidade, e a relação entre a expectativa e a realidade.

GRÁFICO 2 – Confiabilidade

Fonte: Autores (2017).

A relação da expectativa e realidade, a respeito da competência do curso, está demonstrada no Gráfico 3.

0

1

2

3

4

5

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

4,65 4,825 4,775

2,7

4,475 4,1

2,95 2,4

3,45 2,825

Série1 Série2

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11

4,25 4,275 4,225

3,675

4,175 4,175

1,95

2,8

3,275 3,325 3,45 3,2

Série1 Série2

68

Page 69: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

GRÁFICO 3 – Competência.

Fonte: Autores (2017).

Já o Gráfico 4, demonstra a relação entre expectativa e realidade com relação a segurança.

GRÁFICO 4 – Segurança.

Fonte: Autores (2017).

A relação de empatia é demonstrada no Gráfico 5, demonstrado logo a seguir, conjunto com a relação de expectativa e

realidade abordada no questionário (ANEXO 1).

0

1

2

3

4

5

Q12 Q13 Q14

4,05 4,275

4,7

2,975 3,475

2,175

Série1 Série2

0

1

2

3

4

5

Q15 Q16 Q17 Q18

4,3

3,45

4,6 4,525

3,2 2,65

3,475

2,725

Série1 Série2

69

Page 70: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

GRÁFICO 5 – Empatia.

Fonte: Autores (2017).

Com base em uma análise dos dados é possível identificar uma insatisfação dos entrevistados com relação ao serviço prestado pelo curso de Engenharia de Produção, fato esse notado pela discrepância dos dados de expectativa e realidade

encontrada no curso de acordo com discentes. A relação da diferença entre as médias da expectativa e realidade de acordo com as dimensões são mostradas no Quadro 3.

QUADRO 3 – Diferença entre expectativa e realidade das dimensões

Dimensões Diferença entre a média da expectativa e da realidade

Tangibilidade -1,14

Confiabilidade -1,12

Competência -1,47

Segurança -1,21

Empatia -1,86

. Fonte: Autores (2017).

Fazendo uma análise dos dados dispostos no Quadro 3, de maneira geral todas as dimensões relacionadas ao curso necessitam por uma atenção mais cuidadosa, de acordo com os entrevistados, podemos identificar que as dimensões que mais necessita de cuidado e atenção é a empatia e a competência.

Se tratando da dimensão empatia, o processo de melhoria pode decorre de acordo com algumas ações nos aspectos uma maior atenção individual ao aluno, sempre com professores disponíveis para tirar dúvidas, tratando todos igualmente, uma maior flexibilidade para aulas com alunos com

maior dificuldade, dando mais atenção as suas necessidades.

Para buscar uma melhora na competência é necessária uma melhor interação entre o aluno e a coordenação do curso, além de uma maior atenção do curso com a preparação do aluno para o mercado de trabalho, as atenções aos outros pontos são necessárias, como, a tangibilidade, confiabilidade e segurança, estes outros estão ligados a satisfação dos clientes com o ambiente analisado, confiança com os envolvidos, qualidade dos laboratórios, conhecimento de mercado e de ensino pelos professores.

0

1

2

3

4

5

Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24 Q25

4,75 4,35 4,325 4,5

4,25 4,35 4,425

3,125 2,8 2,725

2,375

2,9

1,95 2,05

Série1 Série2

70

Page 71: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escala SERVQUAL tem sido bastante utilizada em pesquisas envolvendo o setor educacional. Porém, constata-se uma necessidade de adaptação da escala à realidade da área, tanto no que diz respeito à adequação das sentenças, quanto à utilização da escala como base para criação de novos instrumentos de avaliação da qualidade. Apesar das necessidades de adaptação, a SERVQUAL é um importante instrumento de avaliação da qualidade e que muito pode contribuir para o diagnóstico de falhas e acertos na prestação de serviços educacionais. Como o presente estudo sugeriu, a escala pode proporcionar inúmeros paralelos entre as visões dos estudantes do curso de engenharia de produção, em relação a diversos aspectos.

Por se tratar da aplicação da escala em um ambiente universitário, diversos serviços são passíveis de aplicação do instrumento, como os oferecidos nas seções de laboratórios, setor de limpeza, bibliotecas, coordenação de curso e até mesmo o próprio sistema de ensino. O objetivo principal do emprego da SERVQUAL no presente trabalho esteve ligado não apenas à avaliação do ensino e aprendizagem, mas sim dos vários aspectos

que os estudantes considerem importantes para a sua formação no curso. A atuação do professor na sala de aula e a aprendizagem envolvem uma complexa gama de variáveis que nem sempre podem ser avaliadas no momento do curso; por isso, o emprego da escala nesse contexto necessita de bastante cautela.

A partir dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários, foi possível concluir que os estudantes não consideram as condições oferecidas pelo curso como ideais para uma boa formação do profissional em Engenharia de Produção, pois a expectativa e a realidade dos itens que são avaliados como muito importantes para os mesmos apresentam certa discrepância na instituição, principalmente no que se refere às dimensões Empatia e Competência. Foi estabelecido que o processo de melhoria pode decorrer de algumas ações nos aspectos como maior atenção individual ao aluno, na disponibilidade dos professores para tirar dúvidas, do tratamento igualitário, da flexibilidade para aulas com alunos que apresentem dificuldades, além de uma melhor interação entre o aluno e a coordenação do curso.

REFERÊNCIAS

[1]. BARRETO, Eduardo Guimarães Lima et al. Uma Análise Sobre A Qualidade Dos Serviços Em Uma Academia De Ginástica Através Do Método Servqual. 2010. Disponível em: <https://cdn.fbsbx.com/v/t59.2708-21/18281967_10208920344754800_1453658834114445312_n.pdf/enegep2010_tn_sto_114_751_17351.pdf?oh=ec4dd1381424b79e842f3f7aff842317&oe=591A2516&dl=1>. Acesso em: 12 maio 2017. [2]. Calculadora de Amostras: disponível em: <http://www.netquest.com/br/painel/calculadora-amostras.html>. Acesso em: 15 maio 2017 [3]. JURAN, J. M. Juran na liderança pela qualidade, um guia para executivos. 2ª Ed. São Paulo: Pioneira, 1993. [4]. LOVELOCK, Chistopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva, 2003. [5]. LOVERLOCK, C. & WRIGHT, L. Serviços: marketing e gestão; tadução Cid Knipel Moreira; revisão técnica Mauro Neves Garcia. São Paulo: Saraiva, 2001 – 8ª tiragem: 2007. [6]. MEIRELLES, D. S. O conceito de serviço. Revista Economia Política, v. 26, n. 1, jan-mar, 2006, p. 119-136. [7]. PARASURAMAN, A; ZEITHAML, VALERIE A & BERRY, LEONARD L. A conceptual modelo f

service quality and its implications for future research. Journal of Marketing, Vol. 49, 41-50, Fall. 1985. [8]. PEINADO, J & GRAEML, A. R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba : UnicenP, 2007. [9]. PEREIRA, C. Evolução qualitativa na educação superior. In: OLIVEIRA, O. J. (org.). Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Thonsom Learning, 2004. [10]. UFERSA. Apresentação da Engenharia de Produção. 2016. Disponível em: <https://engproducao.ufersa.edu.br/apresentacao/>. Acesso em: 12 maio 2018. [11]. FITZSIMMONS, JAMES A. & FITZSIMMONS MONA J. Administração de Serviços: operações, estratégia e tecnologia da informação. 4ª Ed. São Paulo: Bookman, 2005. [12]. PARASURAMAN, BERRY AND ZEITHAML, "Refinement and Reassessment of the SERVQUAL Scale," Journal of Retailing, Winter 1991, pp. 420-50. [13]. SILVA, E.L da; MENEZES, E.M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distência da USC, 2001.

71

Page 72: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

ANEXO A - MODELO DE QUESTIONÁRIO

Se você discorda totalmente que o curso de Engenharia de Produção da UFERSA deve ter tal característica marque 1, em caso de situações intermediárias marque valores estre 2 e 4, e se você concorda plenamente marque a opção 5.

Discordo totalmente (1) Neutro (3) Concordo totalmente (5)

DIMENSÕES

QUESTÕES EXPECTATIVA REALIDADE

TANGIBILIDADE

1 O ambiente deve permanecer limpo 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

2 Salas confortáveis 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

3 Laboratórios modernos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

4 Aparência física dos professores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

5 Diversidade e quantidade de títulos no acervo 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

CONFIABILIDADE

6 Disponibilidade de disciplinas em horário alternativo 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

7 Os professores devem ser solidários e prestativos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

8 Aproveitamento de todo tempo de aula 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

9 Professores com muita publicação de artigos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

10 Professores com alto nível de formação 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

11 Rigor dos professores no comprimento da ementa 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

COMPETENCIA

12 Presença da coordenação no dia-a-dia do estudante 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

13 Disponibilidade do centro acadêmico em auxiliar os estudantes 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

14 Boa preparação do aluno para o mercado de trabalho 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

SEGURANÇA

15 Professores com experiência de mercado na área 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

16 Limite na quantidade de professores substitutos 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

17 Afinidade dos professores com as disciplinas ministradas 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

18 Diversidade nos métodos de avaliação 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

EMPATIA

19 Disponibilidade dos professores para tirar duvida 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

20 Flexibilidade da abertura de turma extraordinária 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

21 Disponibilidade de vagas para o curso 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

22 Flexibilidade de aulas para alunos com necessidades específicas

1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

23 Aplicabilidade do princípio isonomia pelos professores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

24 Grande número de monitores 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

25 Facilidade de acesso a ouvidoria 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

72

Page 73: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 7

Eurico Laydner Quinteiro Neto

Antônio Sérgio Coelho

Mônica Maria Mendes Luna

Resumo: Este artigo apresenta um modelo de programação linear inteira mista para

otimizar a utilização do espaço físico para alocação de produtos em prateleiras de

uma microempresa do ramo alimentício, visando a maximização dos lucros

proveninentes das vendas. Trata-se de um problema de otimização relevante

(conhecido como SSAP – Shelf-Space Allocation Problem) e de dificil solução. Para

a solução do modelo proposto utilizou-se de um software otimizador comercial. A

metodologia caracteriza-se como do tipo exploratória, tendo em vista a obtenção

de maior familiaridade com a temática por meio de uma revisão da literatura,

observação in loco e uma entrevista aberta com o responsável pela microempresa

objeto do estudo Ao final, apresentam-se considerações finais e sugestões para

trabalhos futuros.

Palavras-chave: Alocação de produtos em prateleiras, modelagem matemática,

programação linear inteira mista.

73

Page 74: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Lucratividade e serviço ao consumidor são duas métricas importantes para avaliar o desempenho de um estabelecimento varejista (Reyes e Frazier, 2007). A lucratividade, por sua vez, é afetada pela alocação de produtos nas prateleiras, ou shelf space allocation, que depende de decisões que podem ter como objetivo a melhoria do desempenho financeiro de um comércio varejista.

Gerenciar o espaço das prateleiras não apenas contribui para a redução dos níveis de estoques, mas também para alavancar as vendas e aumentar a satisfação do cliente (Reyes e Frazier, 2007; Yang e Chen, 1999). Portanto, decisões relacionadas à gestão e alocação de produtos nas prateleiras podem ser críticas em operações do varejo. Amrouche e Zaccour (2007) afirmam que, o espaço disponível nas prateleiras pode ser um dos recursos mais importantes para o comércio, dado que é um recurso limitado e deve ser otimizado visando aumentar a exposição das diferentes categorias de produtos e marcas e atender aos requisitos de marketing para atrair a atenção dos consumidores. A exposição de produtos torna-se principalmente importante, em lojas de conveniência, tais como padarias, mercearias, bares e lanchonetes, dada a grande variedade de itens e o pequeno espaço disponível.

O presente artigo versa sobre o problema de alocação de produtos em prateleiras, o qual em programação matemática é conhecido como shelf space allocation problem – SSAP, e segundo Chen e Yang (1999) pode ser considerado uma extensão do problema da mochila (knapstack problem). Assim, o modelo desenvolvido neste trabalho visa atender uma microempresa do ramo alimentício, sendo caracterizado como um problema de Programação Linear Inteira Mista – PLIM (mixed-integer linear programming – MILP), cujo objetivo consiste em maximizar o lucro obtido com as vendas, de forma a preencher o espaço utilizado pelos produtos expostos, respeitando limitações físicas e demais restrições relacionadas.

O trabalho está dividido em 5 seções, incluindo esta introdutória. A seção 2 apresenta o referencial teórico, contendo diferentes abordagens para SSAP’s. Na terceira seção, é apresentado a empresa objeto deste estudo. A seção 4 contempla o

desenvolvimento do modelo MILP-SSAP, suas premissas e discussões pertinentes. Por fim, a quinta seção contém as considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A complexidade dos problemas do tipo shelf space allocation problem (SSAP) é resultado da consideração de restrições espaciais, regras de merchandising que requerem associações específicas de produtos nas prateleiras, e de efeitos de demanda, que por sua vez, são difíceis de estimar e não-lineares por natureza. Não obstante, inúmeros trabalhos procuram desenvolver métodos heurísticos para obter soluções próximas da ótima (AGUIAR, 2015; GAJJAR E ADIL, 2011; YANG E CHEN, 1999).

Ghazavi e Lotfi (2016) afirmam que há diversas abordagens para o desenvolvimento dos problemas SSAP, elencam-se: modelos lineares e não-lineares, modelos que consideram aspectos de marketing, comportamento do consumidor, demanda, armazenagem de produtos, custos, lucro, dimensões dos produtos expostos nas prateleiras. Abordagens nas quais possuem, soluções determinísticas, soluções estocásticas e utilização de heurísticas tais como algoritmo genético, método Húngaro, simulated annealing entre outras. Como consequência não existe um modelo definitivo para alocação de espaço em prateleiras.

Corroborando, Gajjar e Adil (2011) afirmam que, diversos modelos de otimização para SSAP encontrados na literatura são complexos e possuem algumas limitações práticas. Há uma lacuna de métodos determinísticos e heurísticas eficientes na literatura que podem ser implementados para alocar espaço em prateleiras para um grande número de produtos em um estabelecimento comercial.

Evidencia-se, portanto, uma dificuldade de se encontrar modelos que podem ser adaptados à realidade, ou por causa da simplicidade e falta de atributos chaves para descrever o problema ou devido à grande complexidade e excesso de estimação de parâmetros para caracterizar o problema.

Com base na revisão da literatura realizada por Gajjar e Adil (2011), Irion et al., (2012) e Ghazavi e Lotfi (2016) elaborou-se o Quadro

74

Page 75: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1, no qual apresenta-se diferentes abordagens para SSAP desenvolvidas.

QUADRO 1 - Abordagens para SSAP

Autor Abordagem Proposta e Observações

Hansen e Heinsbroek

(1979)

Propuseram uma heurística baseada na técnica de generalização de multiplicadores de Lagrange para encontrar a solução ótima. No entanto, isso garantiu apenas soluções ótimas locais para programas não-convexos. Desenvolveram um dos primeiros modelos de otimização de SSAP, utilizando-se de uma função de demanda multiplicativa que incorporava a elasticidade individual espacial, mas desconsiderava elasticidade cruzada de produtos semelhantes. Restrições de espaço total disponível, alocação mínima e soluções inteiras são consideradas. Variáveis binárias são incluídas para auxiliar nas tomadas de decisões.

Corstjens e Doyle (1981)

Modelo SSAP Multiplicativo por meio de uma abordagem com programação geométrica signomial. Modelo não-linear. Abrange elasticidade espacial e elasticidades cruzadas e aborda restrições semelhantes as consideradas por Hansen e Heinsbroek (1979). No entanto, Corstjens e Doyle (1981) detalham mais a estrutura de custos (custos de movimentação, pedidos, entre outros).

Borin et al. (1994)

Modelo proposto não-linear, utiliza-se de heurística simulated annealing. Estenderam a função demanda proposta por Corstjens e Doyle (1981) a fim de permitir decisões simultâneas de configurações e seleções de espaços a serem alocados.

Yang e Chen (1999)

Função objetivo linear. Desenvolveram um modelo prático linear para SSAP assumiram uma função objetivo e descartaram restrições sobre a disponibilidade de produtos no modelo SSAP proposto, no qual utilizou-se uma solução heurística semelhante ao algoritmo utilizado para resolver o problema da mochila.

Yang (2001)

Apresenta um modelo linear por meio de programação inteira com alocação iterativa baseado no gradiente. Cada produto possui um número mínimo e máximo de exposição na prateleira. O autor propôs uma heurística para otimizar o seu modelo, a técnica proposta estende-se à uma abordagem aplicada para resolver um simples problema da mochila.

Irion et al. (2004)

Modelo de otimização SSAP que explicitamente incorpora, custos internos de uma loja, considerando elasticidades. Uma técnica de linearização por partes foi utilizada para aproximar o tradicional modelo SSAP não-linear, a aproximação, reformulou a otimização não-convexa em um problema linear de programação inteira mista. Modelo considera variáveis de marketing além do espaço da prateleira, custos de pedidos fixos, possibilidade de armazenar produtos em um armazém, e efeitos de substituição devido a indisponibilidade temporária ou permanente de produtos. A solução proposta do problema de programação linear inteira mista desenvolvido pelos autores, não apenas gera soluções próxima à ótima para problemas de larga escala, mas também fornece um valor de erro que possibilita avaliar a qualidade da solução encontrada. Os autores resolveram o problema no software LINDO.

Fonte: Elaborado própria com base em Gajjar e Adil (2011), Irion et al., (2012), Ghazavi e Lotfi (2016).

Complementando o Quadro 1, segundo Aguiar (2015), modelos de alocação de espaço em prateleiras, normalmente consideram três diferentes decisões: (i) o espaço ocupado por cada produto, geralmente mensurado pelo número de faces de produtos expostos (Espaço), a alocação

dos produtos nas prateleiras (Alocação) e a localização de cada produto em cada prateleira (Localização). A autora também apresenta uma revisão da literatura que considera cada uma das decisões mencionadas (Quadro 2).

75

Page 76: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

QUADRO 2 - Decisões sobre Espaço em Prateleiras.

Decisões Referências

Espaço

Hansen e Heinsbroek (1979), Anderson (1979), Corstjens e Doyle (1981), Corstjens e Doyle (1983), Borin et al. (1994), Drèze et al. (1994), Yang e Chen (1999), Yang

(2001), Urban (2002), Maiti e Maiti (2006), Reyes e Frazier (2007), van Nierop et al. (2008), Hwang et al. (2009), Gajjar e Adil (2010), Russell e Urban (2010).

Alocação

Drèze et al. (1994), Yang e Chen (1999), Yang (2001), van Nierop et al. (2008), Hwang et al. (2009), Gajjar e Adil (2010), Hansen et al. (2010), Russell e Urban

(2010).

Localização

van Nierop et al. (2008), Hwang et al. (2009), Hansen et al. (2010), Russell e Urban (2010).

Fonte: Adaptado de Aguiar (2015)

De acordo com Aguiar (2015), as abordagens proporcionadas por esses modelos de configuração da disposição dos produtos em duas dimensões (2D), é baseada no fato de os itens localizados atrás dos produtos que estão na frente das prateleiras não serem vistos diretamente pelo consumidor, não impactando, portanto, na compra. A autora afirma também que, não é incomum ver outros tipos de decisões espaciais, como a orientação dos produtos pelos números de faces em altura e profundidade.

Ao se apresentar o Quadro 1 e Quadro 2, verifica-se que existem modelos matemáticos especialmente focados em determinar o espaço para os produtos, com destaque para os modelos desenvolvidos por Yang e Chen (1999) e Yang (2001) tendo em vista a lacuna de métodos determinísticos presentes na literatura. Os autores apresentam modelos do tipo LSSAP ou LiSSAP (Linear Shelf Space Allocation Problem), que consistem em problemas SSAP linearizados que podem ser interpretados como vários problemas de mochila juntos, sendo caracterizados como NP-Completo, ou seja, são problemas cujo o tempo de solução são não-polinomiais, possuindo, portanto, altas taxas de combinações.

Segundo Yang (2001) e Gajjar e Adil (2011) o modelo LSSAP é contextualizado como: uma loja, em que há ‘m’ prateleiras (indexadas de k = 1 para m) disponíveis, onde o vendedor

quer expor ‘n’ produtos (indexados de i = 1 para n). O produto ‘i’ tem um comprimento de face ai e os requisitos para expor é o mínimo de Li e o máximo de Ui produtos. Sendo pik o lucro do produto ‘i’ exposto na prateleira ‘k’. O espaço disponível na prateleira ‘k’ é mensurado pelo comprimento Tk. Sob estas condições de operação, a decisão para o vendedor é determinar o número xik de produtos expostos na prateleira ‘k’ e o número total de produtos expostos na loja, xi, para cada produto ‘i’. Utilizando-se da notação descrita, o modelo LSSAP é representado matematicamente como:

𝑀𝑎𝑥 𝑍

= ∑ ∑ 𝑝𝑖𝑘

𝑚

𝑘=1

. 𝑥𝑖𝑘

𝑛

𝑖=1

(1)

∑ 𝑎𝑖 . 𝑥𝑖𝑘

𝑛

𝑖=1

≤ 𝑇𝑘 ∀𝑘

= 1, … , 𝑚 (2)

𝐿𝑖 ≤ ∑ 𝑥𝑖𝑘 ≤

𝑚

𝑘=1

𝑈𝑖 ∀𝑖

= 1, … , 𝑛 (3)

𝑥𝑖𝑘 ≥ 0 𝑒 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑖𝑟𝑜 ∀𝑖 = 1, … , 𝑛; 𝑘= 1, … , 𝑚 (4)

A função objetivo (1) visa maximizar o lucro total das vendas. A restrição (2) afirma que o total de espaço alocado aos produtos não

76

Page 77: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

deve exceder o espaço disponível na prateleira. A restrição (3) garante que o total de produtos alocados virados de frente na prateleira em uma loja, respeite um intervalo que possui um limite inferior (Lower bound) e um limite superior (Upper bound) de número de produtos voltados para frente da prateleira.

Já a restrição (4), define que o número de produtos mostrados é sempre inteiro e não-negativo.

Na Figura 1 ilustra-se o modelo LSSAP de Yang (2001) cuja representação matemática se dá pelas equações (1), (2), (3) e (4).

FIGURA 1 – Ilustração do Modelo LSSAP de Yang (2001).

Fonte: Elaboração própria.

Conforme mencionado e ilustrado na Figura 1, o LSSAP de Yang (2001) é um modelo

A Lanchonete XYZ existe desde 2011 e está localizada dentro de um campus universitário, na cidade de Florianópolis/SC. A lanchonete se destaca no meio universitário por estar bem localizada no campus e pela variedade e qualidade dos produtos oferecidos. O estabelecimento é dividido basicamente em cinco setores: cozinha, caixa, balcão de atendimento, setor administrativo e área comum. No total, o estabelecimento possui 5 funcionários, sendo o horário de funcionamento das 07:00 às 20:30, de segunda à sexta-feira.

A lanchonete possui cerca de 90 produtos, tais como: bolachas; chocolates e balas à disposição de seus clientes; bebidas não-alcóolicas como sucos, vitaminas, chás, café, refrigerantes; lanches preparados na hora; além de produtos salgados assados/fritos (pastel, coxinha) e doces (bananada, croissant de chocolate) comprados de fornecedores. Dentre os produtos mais vendidos, destacam-se: os croissants, com média de vendas de 100 unidades diárias; seguidos pelos salgados fritos como a coxinha, cuja média de vendas é cerca de 60 unidades diárias. A disposição dos produtos é mostrada na Figura 1, que ilustra as gôndolas e prateleiras onde se encontram os produtos.

77

Page 78: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 2 – Gôndolas de exposição dos produtos.

Fonte: Elaboração própria

A Lanchonete XYZ dispõe de três gôndolas, cada uma contendo três prateleiras, como mostrado na Figura 2, onde os produtos ficam protegidos do ambiente por vidro.

Verifica-se na Figura 2 a similaridade com o modelo LSSAP ilustrado na Figura 1, dessa forma, após a análise do cenário de vendas da Lanchonete XYZ e com base na revisão da literatura apresentada, este trabalho contemplará as decisões de Espaço e Alocação utilizadas em SSAP defendidas por Aguiar (2015), e utilizar-se-á da abordagem LSSAP desenvolvidos por Yang e Chen (1999) e Yang (2001).

No entanto, ressalta-se que modificações são necessárias, tais como, a inclusão dos diferentes níveis de prateleiras, e diferentemente da bi-dimensionalidade descrita por Aguiar (2015), este trabalho é caraterizado como unidimensional, pois não há produtos empilhados.

4. MODELAGEM MATEMÁTICA

O modelo de alocação dos alimentos foi

baseado nas dimensões físicas das gôndolas onde os produtos são expostos e armazenados, bem como nas dimensões destes produtos. A Lanchonete XYZ possui cerca de 90 tipos de produtos, no entanto, serão analisados apenas 30, por estes estarem expostos em três gôndolas, cada uma com três prateleiras, caracterizando, portanto, o LSSAP. Os dados de entrada do modelo (informações relacionadas aos produtos, dimensões, etc.), foram obtidos por meio de observação in loco, medições realizadas no local e entrevista com o responsável pelo estabelecimento.

Ressalta-se que para obtenção do tamanho de face dos produtos, realizou-se medições indiretas (por meio de fotografias), já que se trata de produtos alimentícios e o manuseio para mensuração dos mesmos é inviável, pois compromete os aspectos sanitários e de qualidade necessários para sua venda. Sendo assim, as categorias de produtos e respectivos lucro unitário, preço de venda e tamanhos de face (voltadas para a frente da prateleira) são apresentados no Quadro 3.

78

Page 79: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

QUADRO 3 - Categorias de produtos e respectivas informações.

Classes de Produto Preço [R$] Lucro Unitário

[R$] Comprimento de

Face [cm]

Croissant Chocolate 4 0,9 22

Pastel Doce de Banana 3 1,8 9

Pastel de Carne 3 1,8 15

Coxinha 3 1,8 6

Pão de Queijo 2,5 1 8

Pão de Queijo de Provolone 3 0,8 2

Croissant Peito de Peru 4 1 22

Croissant 4 Queijos 4 1 22

Croissant de Presunto e Queijo 4 0,9 22

Calzone Portugues 4 1 15

Torta Salgada 4 1,5 5

Bauru (Sabores 1 e 2) 4 1 14

Doguinho 4 1 5

Hamburgão de Picanha 4 0,8 15

Enrolado (Sabores 1 e 2) 4 0,9 5

Empanada (Sabores: 1,2,3,4,5,6,7,8) 4 0,9 3

Pão de Batata (Sabores: 1 e 2) 4 1 12

Saltenha (Sabores 1 e 2) 4 1,2 6

Empadinha 3 1 4

Em posse dos dados referentes aos produtos a serem alocados nas prateleiras, apresenta-se algumas premissas que fornecem subsídios para a configuração do modelo, são elas:

• Premissa 1: Há duas categorias de produtos: (i) Salgados e (ii) Doces. Um produto salgado não pode estar do lado de um produto doce, para não afetar o sabor destes.

• Premissa 2: Não há produtos empilhados, ou seja, a altura das prateleiras e produtos não são consideradas, caracterizando o problema como unidimensional. Portanto, o volume e comprimento dos produtos, bem como a altura entre prateleiras, não são contemplados.

• Premissa 3: O preço de venda de cada produto é conhecido, não havendo descontos de nenhum tipo ou efeitos de

inflação. Os custos de movimentação de material, mão-de-obra, energia elétrica, matéria-prima, elaboração dos produtos entre outros, já estão inclusos no preço de venda, sendo assim, o lucro unitário descrito é o lucro líquido. No entanto, o lucro unitário de alguns produtos é estimado (já que estes dados não foram fornecidos completamente).

• Premissa 4: O modelo elaborado é determinístico, não se considera, portanto, a estocasticidade inerente à um sistema de vendas.

• Premissa 5: Existem 3 gondolas, cada uma com 3 níveis, totalizando 9 prateleiras, qualquer produto pode ocupar qualquer espaço disponível desde que respeite a Premissa 1.

• Premissa 6: Todas as 9 prateleiras devem possuir produtos expostos, sendo possível um mesmo produto ocupar mais

79

Page 80: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

de uma posição, respeitando a Premissa 1.

4.1 DESENVOLVIMENTO DO MODELO

Contemplando as premissas elencadas anteriormente, nesta subseção desenvolve-se o modelo para alocação dos produtos em prateleiras com espaços limitados e múltiplos

níveis. Destaca-se que, são 28 produtos salgados, 2 produtos doces a serem alocados em 3 gôndolas, cada uma com 3 prateleiras de dimensões iguais e larguras equivalentes à 80 centímetros cada. O modelo MILP-SSAP aqui desenvolvido é matematicamente expresso como:

𝑀𝑎𝑥 𝐿 = ∑ ∑ ∑ 𝐿𝑖 . 𝑆𝑖𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

𝑠

𝑖=1

+ ∑ ∑ ∑ 𝐿𝑚 . 𝐷𝑚𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

𝑑

𝑚=1

(5)

∑ ∑ 𝑆𝑖𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

≤ 𝑈𝑠𝑎𝑙𝑔𝑎𝑑𝑜 ∀𝑖 = (1, … 𝑠) (6)

∑ ∑ 𝐷𝑚𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

𝑈𝑑𝑜𝑐𝑒 ∀𝑚 = (1, . . 𝑑) (7)

∑ ∑ 𝑆𝑖𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

≥ 𝐿𝑠𝑎𝑙𝑔𝑎𝑑𝑜 ∀𝑖 = (1, … 𝑠) (8)

∑ ∑ 𝐷𝑚𝑗𝑘

𝑝

𝑘=1

𝑔

𝑗=1

≥ 𝐿𝑑𝑜𝑐𝑒 ∀𝑚 = (1, . . 𝑑) (9)

∑ 𝑎𝑖 . 𝑆𝑖𝑗𝑘

𝑠

𝑖=1

− 𝛼𝑗𝑘𝑇𝑗𝑘 ≤ 0 𝛼𝑘 = {1 0

∀𝑗 = (1, … , 𝑔) 𝑒 ∀𝑘 = (1, … , 𝑝) (10)

∑ 𝑎𝑚 . 𝐷𝑚𝑗𝑘

𝑚

𝑖=1

− 𝛽𝑗𝑘𝑇𝑗𝑘 ≤ 0 𝛽𝑘 = {1 0

∀𝑗 = (1, … , 𝑔) 𝑒 ∀𝑘 = (1, … , 𝑝) (11)

∑(𝛼𝑘

𝑝

𝑘=1

+ 𝛽𝑘) = 3 ∀𝑗 = (1, … , 𝑔) , ∀𝑚 = (1, … , 𝑑) 𝑒 ∀𝑖 = (1, … , 𝑠) (12)

𝛼𝑘 + 𝛽𝑘 = 1 ∀𝑗 = (1, … , 𝑔) 𝑒 ∀𝑘 = (1, … , 𝑝) (13)

(𝐿𝑖 , 𝐿𝑚 , 𝑎𝑖 , 𝑎𝑚 , 𝑇𝑗𝑘 ≥ 0) 𝑒 ( 𝑆𝑖𝑗𝑘 , 𝐷𝑚𝑗𝑘 , 𝛽𝑘 , 𝛼𝑘 = 0 𝑜𝑢 1 ∀𝑖, 𝑗, 𝑘, 𝑚 ) (14)

No qual a função objetivo (5), visa maximizar o lucro total L, sendo um somatório dos produtos Salgados ‘Sijk’ (salgado ‘i’ alocado na gondola ‘j’ e prateleira ‘k’), multiplicado pelo seu respectivo lucro ‘Li’, adicionando-se o somatório dos produtos Doces ‘Dmjk’ (doce ‘m’ alocado na gondola ‘j’ e prateleira ‘k’), multiplicado pelo respectivo lucro unitário ‘Lm’ do produto doce. Onde ‘s’, ‘d’ é quantidade de produtos salgados e doces respectivamente, ‘g’ o número de gondolas e ‘p’ a quantidade de prateleiras. As restrições de (6) à (9) garantem a quantidade máxima (Usalgado e Udoce) e mínima (Lsalgado e Ldoce) de produtos (salgados e doces) expostos. As restrições (10) e (11) garantem por sua vez a Premissa 1, no qual estabelece que as 2

categorias de produtos não podem dividir a mesma prateleira para não afetar o sabor, utilizou-se para isso duas variáveis binárias auxiliares αk e βk, nas quais, se igual à 1, o Salgado ‘i’ é alocado na gondola ‘j’ e prateleira ‘k’ e o Doce ‘m’ é alocado na gondola ‘j’ e prateleira ‘k’ respectivamente, sendo zero caso contrário, além do fato de garantir que a quantidade de produtos expostos respeitem as dimensões das gondolas ‘j’ e prateleiras ‘k’, Tjk. As restrições (12) e (13) visam garantir as Premissas 5 e 6, ou seja, todas as ‘j’ gondolas e suas ‘k’ prateleiras devem conter produtos, doces ou salgados.

Por fim, as restrições (14) referem-se as

80

Page 81: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

características que as variáveis devem possuir, como por exemplo, os lucros unitários de salgados e doces, bem como seus comprimentos de face e tamanho das prateleiras (Li, Lm, ai, am, Tjk, respectivamente) tem de ser maiores que zero. Sendo as variáveis Sijk, Dmjk, αk e βk como binárias para qualquer ‘i’, ‘j’, ‘k’ e ‘m’ descritas anteriormente, onde ‘i’ varia de 1 a 28, ‘j’ de 1 a 3, ‘k’ de 1 a 3 (pois são 3 prateleiras por gôndolas) e ‘m’ 1 e 2. O modelo foi solucionado utilizando-se de um software para programação matemática e otimização, em

um laptop com Windows 10 e processador Intel Core i7 6500U 2.5 GHz e dois núcleos.

A solução final foi encontrada após 364 iterações, obtendo-se como lucro total o valor de R$ 102,30 (lembrando que este modelo é unidimensional e considera apenas o comprimento de face dos produtos).

A Figura 3 representa a alocação dos produtos para a solução encontrada, facilitando assim a verificação de que as restrições e premissas estabelecidas são respeitadas.

FIGURA 3 - Solução encontrada.

Com a Figura 3, verifica-se que o modelo procurou preencher ao máximo o espaço disponível, e conforme requisitado a Premissa 1 foi respeitada, não havendo, salgados ao lado de doces. Verifica-se também, um espaço excedente para produtos Doces, dessa forma, a Lanchonete XYZ pode então fornecer mais produtos desse tipo. Ressalta-se que a Prateleira 2 da Gondola 3 está vazia, a princípio não respeitando a Premissa 6, elencou-se, portanto, duas hipóteses para isso: (i) o modelo necessita de ajustes, ou (ii)

o espaço disponível está superdimensionado para a quantidade de produtos.

Assim, criou-se quatro produtos fictícios S29 e S30 (ambos com 40 centímetros de comprimento de face e lucro unitário de R$2,00) e D3 e D4 (24 centímetros de face e lucro unitário de R$ 2,00) com o intuito de verificar se o modelo preencheria o espaço excedente nas prateleiras. A Figura 4 apresenta o resultado da simulação com os produtos fictícios.

81

Page 82: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 4 - Solução com produtos fictícios.

A solução final adicionando-se os quatro produtos fictícios foi obtida após 638 iterações, sendo o lucro obtido de R$97,70. Comprovou-se que o modelo atendeu todas as premissas e restrições elaboradas. Sendo, portanto a hipótese (ii) válida, ou seja, o espaço disponível está superdimensionado para a quantidade de produtos.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O arranjo físico de produtos é um fator de fundamental importância na eficiência dos processos de vendas e na maximização do lucro. Devido a isto, neste trabalho, procurou-se otimizar a utilização do espaço físico para alocação de produtos nas prateleiras de uma microempresa do ramo alimentício, visando o aumento dos lucros provenientes das vendas.

Para tal, apresentou-se uma breve revisão da literatura sobre os modelos de programação matemática conhecidos como shelf-space allocation problem (SSAP), com o propósito

de se familiarizar com o tema. A partir análise da revisão da literatura e da observação in loco, escolheu-se uma abordagem linear, determinística e unidimensional para o modelo matemático. Destaca-se a utilização de variáveis binárias auxiliares para assegurar a separação por categorias de produtos e para que todas as prateleiras possuam produtos expostos. Considerando as premissas assumidas, como resultado o modelo indicou um superdimensionamento das prateleiras, possibilitando a exposição de mais produtos.

Vale ressaltar que o modelo apresentado neste trabalho está em fase de testes e aperfeiçoamento, sendo limitado à uma única dimensão e apenas à decisões de alocação e espaço. Dessa forma, como sugestões para trabalhos futuros citam-se; (i) a inclusão de elementos de demanda e técnicas de preferência declarada e demais elementos necessários para contemplar a estocasticidade da venda dos produtos, (ii) a consideração da área e/ou volume do produto e não apenas o seu comprimento de face, (iii) a decisão de localização mencionada por Aguiar (2015), e (iv) a inclusão de outras categorias de produtos vendidos de maneira a abranger toda a fonte de receita do estabelecimento.

82

Page 83: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

REFERÊNCIA

[1]. AGUIAR, M.T.P.B.B. The Retail Shelf Space Allocation Problem: New Optimization Methods Applied to a Supermarket Chain.154f. Tese (Doutorado) – Departamento de Engenharia Industrial e Gestão, Universidade do Porto, Porto - Portugal, 2015. [2]. AMROUCHE, N.; ZACCOUR, G. Shelf-space allocation of national and private brands. European Journal of Operational Research, v. 180, n. 2, p. 648–663, 2007. [3]. ANDERSON, E.E. An Analysis of Retail Display Space: Theory and Methods. Journal of Business, 52(1), 1979. [4]. BORIN, N., FARRIS, P., FREELAND, J. A model for determining retail product category assortment and shelf space allocation. Decision Sciences 25 (3), 359– 384, 1994. [5]. CORSTJENS, M.; DOYLE, P. A Model for Optimizing Retail Space Allocations, Management Science, Vol. 27, 822-833, 1981. [6]. CORSTJENS, M.; DOYLE, P. A dynamic model for strategically allocating retail space. The Journal of the Operational Research Society, 34(10):943–951, 1983. [7]. DRÈZE, X; HOCH, S. J.; PURK, M. E. Shelf management and space elasticity. Journal of Retailing, 70(4):301 – 326, 1994. [8]. GAJJAR, H. K.; ADIL, G. K. Heuristics for retail shelf space allocation problem with linear profit function. International Journal of Retail & Distribution Management, v. 39, n. 2, p. 144–155, 2011. [9]. GAJJAR, H; ADIL, G. A piecewise linearization for retail shelf space allocation problem and a local search heuristic. Annals of Operations Research, 179(1):149–167, 2010. [10]. GHAZAVI, E.; LOTFI, M. M. Formulation of customers’ shopping path in shelf space planning: A simulation-optimization approach. Expert Systems with Applications, v. 55, p. 243–254, 2016. [11]. HANSEN, P., HEINSBROEK, H. Product selection and space allocation in supermarkets. European Journal of Operational Research 3, 474–484, 1979. [12]. HANSEN, J. M.; RAUT, S.; SWAMI, S. Retail shelf allocation: A comparative analysis of

heuristic and meta-heuristic approaches. Journal of Retailing, 86(1):94–105, 2010. [13]. HILLIER, F.S; LIEBERMAN, G.J. Introdução à pesquisa operacional. 8ed. McGraw-Hill, São Paulo, 2006. [14]. HWANG, H; CHOI, B.; LEE, G. A genetic algorithm approach to an integrated problem of shelf space design and item allocation. Computers Industrial Engineering, 56(3):809 – 820, 2009. [15]. IRION, J.; LU, J.C; AL-KHAYYAL, F.; TSAO, YC. A piecewise linearization framework for retail shelf space management models. European Journal of Operational Research, v. 222, n. 1, p. 122–136, 2012. [16]. MAITI, M; MAITI, M. Multi-item shelf-space allocation of breakable items via genetic algorithm. Journal of Applied Mathematics and Computing, 20(1-2):327–343, 2006. [17]. PARENTE, J. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. 1ª ed. 11. Reimpressão. São Paulo: Atlas, 2011. [18]. REYES, P. M.; FRAZIER, G. V. Goal programming model for grocery shelf space allocation. European Journal of Operational Research, v. 181, n. 2, p. 634–644, 2007. [19]. RUSSELL, R.A.; URBAN, T.L. The location and allocation of products and product families on retail shelves. Annals of Operations Research, 179(1):131–147, 2010. [20]. VAN NIEROP, E.; FOK, D.; FRANSES, P. H. Interaction between shelf layout and marketing effectiveness and its impact on optimizing shelf arrangements. Marketing Science, 27 (6):1065–1082, 2008. [21]. URBAN, T. L. The interdependence of inventory management and retail shelf management. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 32(1):41–58, 2002. [22]. YANG, MH. An efficient algorithm to allocate shelf space. European Journal of Operational Research, v. 131, p.107-118, 2001. [23]. YANG, MH.; CHEN, W. C. Study on shelf space allocation and management. International Journal of Production Economics, v. 60, n. 510, p. 309–317, 1999.

83

Page 84: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 8

Edney Eboli dos Santos

Antonio César Galhardi

Resumo: As percepções de valor e de qualidade de um produto influenciam na

compra, principalmente de um bem durável como o automóvel. O design

automotivo é uma área do conhecimento multidisciplinar utilizada como ferramenta

para contribuir com o aumento da qualidade percebida e agregação de valor dos

veículos, por meio da melhoria em fatores como funcionalidade, operacionalidade,

ergonomia, escolha de materiais, com o emprego da criatividade em busca de

soluções funcionais, estéticas, simbólicas e semânticas que contribuem para uma

melhor percepção e interação do usuário em relação ao produto. Uma

especialidade do design automotivo é o desenvolvimento de texturas aplicadas às

peças plásticas do automóvel. Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa

Survey elaborada com os objetivos de: a) medir o grau de relevância das texturas

como um item de geração de valor e de qualidade percebida no automóvel; b)

levantar a opinião de usuários a respeito da aplicação da biomimética como

ferramenta a ser utilizada no desenvolvimento de texturas automotivas com o intuito

de gerar inovação e valor agregado ao automóvel. Os resultados da pesquisa

apontam a relevância da inovação para o incremento da competitividade das

organizações.

Palavras-chave: Sistemas produtivos; biomimética; inovação; texturas; design de

superfície.

84

Page 85: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O Design de produtos é uma área do conhecimento multidisciplinar classificada como ciência humana aplicada ao desenvolvimento de produtos industriais, e trabalha junto com as diversas ciências humanas e exatas como: Engenharias, Administração, Finanças e Marketing. O Designer conceitua produtos gerando soluções a partir das principais bases conceituais do objeto: funcionalidade, operacionalidade, ergonomia, materiais, processos produtivos, sistemas construtivos, criatividade, função informacional, função estética, função simbólica, função semântica (GOMES FILHO, 2007).

O designer atua no desenvolvimento de novos produtos não apenas definindo as formas dos objetos, mas propondo soluções de acabamento de superfícies dos produtos com o objetivo de atender aos aspectos funcionais, estéticos, táteis, ergonômicos, relacionados à segurança, entre outros. Esta área do design é conhecida como Design de superfície, CMF (Color, Material and Finish) ou ainda, no mercado automobilístico: Color & Trim (Cor e Acabamento).

Uma das especialidades do Designer de Color & Trim é o desenvolvimento de texturas aplicadas às peças plásticas do veículo. Este desenvolvimento tem início após a definição de um briefing, obtido por meio de uma pesquisa realizada com base em elementos do design de objetos, arquitetura, artes, moda entre outros, a fim de identificar tendências que possam inspirar as diretrizes do projeto dos desenhos da textura a ser desenvolvida.

A partir de uma pesquisa Survey, buscou-se identificar a percepção do usuário de automóveis em relação às texturas aplicadas às peças do produto e levantar sua percepção quanto ao uso da Biomimética no desenvolvimento de desenhos de texturas que possam trazer maior valor agregado ao produto e maior qualidade percebida ao usuário, pela inovação em características técnicas, visuais, táteis, funcionais baseadas nos princípios da Natureza.

O artigo apresenta o processo de desenvolvimento e as tecnologias aplicadas no processo de texturização de moldes de peças plásticas, bem como as tecnologias existentes no desenvolvimento e aplicação de texturas em peças plásticas, e as etapas de implementação da texturização de moldes de injeção.

2. TEXTURAS E TECNOLOGIAS DE TEXTURIZAÇÃO DE MOLDES PLÁSTICOS

A indústria automotiva, a partir de pesquisa e desenvolvimento em Design, em especial na área de Color & Trim, pode ser considerada pioneira na área de desenvolvimento de texturas aplicadas a peças plásticas como forma de gerar inovação e aumentar a qualidade percebida do produto. A estratégia de investir em design para o desenvolvimento de produtos com características inovadoras aumenta o potencial competitivo do produto no mercado (FREITAS, 2011).

2.1 A IMPORTÂNCIA DAS TEXTURAS NO DESIGN DE SUPERFÍCIE

As texturas aplicadas às superfícies de peças plásticas apresentam diversas funções no design de superfície, as mais importantes são:

a) Agregar valor estético-visual ao produto pela aplicação de desenhos que imitam efeitos de tecidos, couros ou ainda desenhos aleatórios ou geométricos ordenados, aumentando a percepção de qualidade do produto;

b) Diminuir o brilho superficial do polímero injetado, melhorando a percepção de qualidade do material;

c) Minimizar a visualização de efeitos de manchas de fluxo do material oriundos do processo de injeção;

d) Melhorar a aderência em peças que necessitam de maior controle e precisão de manipulação como volantes, comandos, manípulo do câmbio entre outros;

e) Melhorar a ergonomia relacionada aos aspectos hápticos (suavidade, maciez e toque) entre o ser humano e a peça plástica;

f) Minimizar o efeito visual de eventuais marcas de arranhões causados durante a utilização do produto, buscando aumentar o ciclo de vida e minimizar a necessidade de troca ou substituição.

2.2 TECNOLOGIAS UTILIZADAS

Os processos de texturização de moldes de injeção de peças plásticas podem ser classificados em:

85

Page 86: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. Processo por corrosão química (Etching grain process): é o processo mais tradicional e mais utilizado atualmente na confecção de texturas no Brasil e no mundo. Consiste no ataque químico por imersão do molde de injeção em um tanque contendo soluções que corroem o aço da matriz de injeção, por meio do contr’ole de parâmetros como: tempo, temperatura e profundidade do ataque.

2. Processo por gravação a laser: gravação direta da textura na superfície do molde por meio de feixe laser onde o degaste da superfície ocorre em camadas. Comparativamente ao processo por corrosão química, apresenta a vantagem de permitir maior controle e precisão na confecção de desenhos de superfícies geométricas, angulares e planares; inclusive permite distorções propositais no desenho para compensações visuais (ajustes óticos), mas em geral apresenta maior custo e maior tempo de confecção.

3. Processo híbrido: utiliza o processo laser para transferência do desenho à superfície do molde, seguido pelo ataque químico. Este último processo pode ser resumido nas seguintes etapas: isolamento das áreas do molde a serem protegidas do ataque químico; definição do desenho bidimensional da textura em software de imagem e criação do desenho a ser repetido (rapport); confecção de filme plástico impresso em cera a ser transferida ao molde como um frame de proteção para as áreas que não devem ser corroídas pelo ataque químico; aplicação do desenho da textura pela transferência da cera protetiva do filme plástico à superfície do molde; imersão do molde em tanque de corrosão; controle da profundidade dos sulcos da corrosão.

2.3 USO DA BIOMIMÉTICA ATUALMENTE

A partir de uma análise bibliométrica, alguns estudos mais relevantes relacionados ao tema foram identificados e selecionados como fonte de pesquisa.

Um estudo realizado na Itália (TRICINCI et al., 2015) simulou fisicamente por prototipagem rápida a textura encontrada nas folhas da planta aquática Salvinia molesta, e concluiu poder reproduzir em superfícies de material sintético três propriedades naturais da folha estudada: a capacidade hidrofóbica desta

textura; retenção de ar na superfície quando submerso em água; e a capacidade de promover a condensação de água da atmosfera.

Volstad e Boks (2008) fizeram uso da biomimética como uma das ferramentas alternativas aos métodos tradicionais de desenvolvimento de produto que o designer utiliza na busca por soluções a seus problemas de projeto. Os autores citam vários exemplos de soluções inspiradas na natureza já implementadas em diversas indústrias, seja na inspiração de formas mais aerodinâmicas dos veículos, na construção de estruturas tridimensionais baseadas nas colmeias das abelhas como forma de melhorar a relação espaço e material utilizado, ou ainda no desenvolvimento de adesivos baseados nos filamentos encontrados nas patas de lagartixas.

A importância do design de superfície relacionando texturas aplicadas aos produtos com a percepção de valor e qualidade geradas são objetos de estudo relevantes no campo do design e diversos estudos buscam identificar como as texturas podem contribuir na relação emocional entre usuário e objeto (SILVA et al., 2009).

Novos métodos de busca por fontes de inspiração para designers e arquitetos têm sido criados ao longo dos anos, a maioria com foco em buscar sustentabilidade. Recentemente arquitetos procuram entender os princípios e regras de sistemas naturais que produzem ordem estrutural e organização de material de alta complexidade, eficiência e beleza (ALSHAMI et al., 2015).

Tavsan e Sonmez (2015) apresentaram um estudo de diversos móveis criados a partir de conceitos biomiméticos, sejam de ordem estética ou prática, lembrando a importância de tais objetos nos aspectos simbólicos do estilo de vida e riqueza cultural do ser humano. Esta abordagem revela a importância do design na compra de produtos a partir de questões simbólicas implícitas nos objetos e sua relação com a qualidade percebida do produto.

Outros estudos relacionados ao desenvolvimento de superfícies com propriedades mecânicas específicas como a hidrofobia da flor de Lótus (ARNARSON, 2015), que foi inspiração para tintas e superfícies autolimpantes, são mencionados com frequência nos artigos que tratam a biomimética como uma prática de observação

86

Page 87: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

e aplicação importante no desenvolvimento de soluções para o ser humano.

3. MÉTODO

A partir da aplicação de uma pesquisa Survey foi possível identificar o grau de familiaridade de uma amostra não-probabilística de pessoas com o campo da Biomimética e entender a percepção de valor que a amostra apresentou em relação às texturas aplicadas às superfícies dos automóveis.

Os objetivos gerais desta pesquisa foram: a) medir o grau de relevância das texturas como item de geração de valor e de qualidade percebida no automóvel; b) levantar a opinião de usuários a respeito da aplicação da biomimética como ferramenta a ser utilizada no desenvolvimento de texturas automotivas, objetivando a inovação e o aumento do valor agregado no automóvel.

A pesquisa foi estruturada a partir de um questionário contendo 11 itens, abordando os temas: Inovação, Biomimética e texturas de peças plásticas no interior do automóvel.

O modelo Survey aplicado foi elaborado utilizando-se a plataforma Google Forms® e disponibilizado link do dia 15/05/2017 ao dia 26/05/2017, por meio da rede social LinkedIn que, totalizavam 671 profissionais de diversas áreas, incluindo os que atuam na indústria automobilística, profissionais de RH, marketing, administração, representantes comerciais, estudantes de design, profissionais de design, professores, executivos das mais diversas áreas industriais e de serviços, entre outros. Compôs-se desta forma uma amostragem não-probabilística (por conveniência), com intuito meramente exploratório. A pesquisa foi enviada como forma de convite com objetivos acadêmicos, cuja participação não-obrigatória dos respondentes aconteceu de forma anônima, e se obteve o total de 137 respostas.

4. RESULTADOS E ANÁLISE

Uma análise preliminar de gráficos gerados a partir de todas as respostas da amostra de respondentes revela que, de forma geral, os respondentes entendem que:

• A inovação pode ser aplicada no desenvolvimento de produtos, processos e serviços (97,1%);

• A inovação é essencial (73,7%) ou muito importante (24,8%) para aumentar a competitividade das empresas;

• Aproximadamente metade dos respondentes (54,2%) não conhecia o significado de “biomimética” ou “biomimetismo”.

• Após breve esclarecimento sobre o que é biomimética, 76,6% dos respondentes acreditam que ela deva ser explorada para gerar inovação; 21,9% não souberam opinar alegando falta de conhecimento sobre o tema.

• Avaliando entre 0 e 10, sendo 0=”não gosto de automóvel” e 10=”gosto muito de automóvel”, percebe-se que a maioria da amostragem gosta de automóvel (aprox.60% acima de nota 8, aprox. 32% entre notas 5 e 7, e aprox.8% entre 0 e 4).

• As texturas foram valorizadas por 58,4% dos respondentes. As pessoas valorizam primeiramente os detalhes (75,2%), seguido pelas formas (68,6%), texturas (58,4%) e tecidos (56,2%).

• A maioria dos respondentes percebe as texturas do automóvel, com os seguintes resultados: sempre (43,1%); quase sempre (19%); frequentemente (27%). Apenas 10,9% da amostra responderam “raramente” ou “nunca”.

• Mais de 90% dos respondentes avaliaram que as texturas são essenciais ou muito importantes na percepção de qualidade do automóvel.

• Quase metade (45,3%) prefere texturas com padrões geométricos ordenados ou simétricos; os desenhos de couro são preferência para 29,2% e os padrões que imitam tecidos são preferência para apenas 15,3% dos respondentes.

• A síntese dos resultados da survey está expressa na Tabela 1 (questões de 1 a 4), Tabela 2 (questões de 5 a 7) e Tabela 3 (questões de 8 a 11).

87

Page 88: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 1 – Resultados da survey (questões de 1 a 4) Q

UE

STÕ

ES

ALT

ER

NA

TIV

AS

18 - 22 ANOS (GERAÇÃO "Z")

23 - 37 ANOS (GERAÇÃO "Y")

38 - 50 ANOS (GERAÇÃO "X")

>50 ANOS ("BABY BOOMERS")

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

1. F

aixa

et

ária

Caracterização 24 100 17,5 64 100 46,7 32 100 23,4 17 100 12,4

2. A

plic

ação

da

“IN

OV

ÃO

”.

No desenvolvimento

de produtos. 2 8,3 1,5 0 0 0 1 3,1 0,7 0 0 0

No aprimoramento de processos.

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

No aprimoramento de serviços. 1 4,6 0,7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Produtos, processos e

serviços. 21 87,5 15,3 64 100 46,7 31 96,9 22,6 17 100 12,4

3. P

rátic

a d

a IN

OV

ÃO

com

o fe

rram

enta

par

a a

com

pet

itivi

dad

e.

irrelevante. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

de pouca importância. 1 4,6 0,7 1 1,6 0,7 0 0 0 0 0 0

muito importante. 7 29,2 5,11 44 68,8 32,1 7 21,9 5,1 1 5,9 0,7

essencial. 16 67 11,7 19 29,7 13,9 25 78,1 18,2 16 94,1 11,7

4. B

iom

imét

ica

/ Bio

mim

etis

mo

é o primeiro contato.

6 25 4,4 35 54,7 25,5 9 28,1 6,6 6 35,3 4,4

desconheço seu significado. 8 33,3 5,8 7 10,9 5,1 3 9,4 2,2 3 17,6 2,2

conheço o significado. 6 25 4,4 6 9,4 4,4 4 12,5 2,9 2 11,7 1,5

pode ser aplicado à solução de problemas.

4 16,7 2,9 16 25 11,7 16 50 11,7 6 35,3 4,4

Fonte: os autores.

88

Page 89: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 2 – Resultados da survey (questões de 5 a 7) A

LTE

RN

ATI

VA

S

18 - 22 ANOS (GERAÇÃO "Z")

23 - 37 ANOS (GERAÇÃO "Y")

38 - 50 ANOS (GERAÇÃO "X")

>50 ANOS ("BABY

BOOMERS")

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

não é possível. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

aplicação é irrelevante. 1 4,6 0,7 1 1,6 0,7 0 0 0 0 0 0

deve ser explorada. 17 70,8 12,4 45 70,3 32,8 27 84,4 19,7 16 94,1 11,7

s/ opinião formada. 6 25 4,4 18 28,1 13,1 5 15,6 3,6 1 5,9 0,7

respostas entre notas 0 e 4

3 12,5 2,2 4 6,3 2,9 1 3,1 0,7 0 0 0

respostas entre notas 5 e 7 9 37,5 6,6 22 34,4 16,1 7 21,9 5,1 6 35,3 4,4

respostas entre notas 8 e 10

12 50 8,8 38 59,4 27,7 24 75 17,5 11 64,7 8

as formas 17 70,8 12,4 42 65,6 30,6 32 100 23,4 13 76,5 9,5

as texturas 15 62,5 10,9 41 64,1 29,9 18 56,3 13,1 9 52,9 6,6

os tecidos 12 50 8,8 44 100 46,7 16 50 11,7 8 47 5,8

os detalhes 19 79,2 13,9 54 84,4 39,4 19 59,4 13,9 12 70,6 8,8

Fonte: os autores.

89

Page 90: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 3 – Resultados da survey (questões de 8 a 11)

ALT

ER

NA

TIV

AS

18 - 22 ANOS (GERAÇÃO "Z")

23 - 37 ANOS (GERAÇÃO "Y")

38 - 50 ANOS (GERAÇÃO "X")

>50 ANOS ("BABY

BOOMERS")

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

resp

osta

s

% n

a fa

ixa

etár

ia

% n

a am

ostr

a

nunca 0 0 0 3 4,7 2,2 0 0 0 0 0 0

raramente 4 16,7 2,9 5 7,8 3,6 3 9,4 2,2 0 0 0

frequentemente 8 33,3 5,8 18 28,1 13,1 7 21,9 5,1 4 23,5 2,9

quase sempre 6 25 4,4 11 17,2 8 7 21,9 5,1 2 11,8 1,5

sempre 6 25 4,4 27 42,2 19,7 15 46,9 10,9 11 64,7 8

são irrelevantes. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

agregam pouco valor . 3 12,5 2,2 6 9,4 4,4 2 6,3 1,5 0 0 0

são importantes. 14 58,3 10,2 31 48,4 22,6 15 46,9 10,9 8 47 5,8

são muito importantes. 7 29,2 5,1 27 42,2 19,7 15 46,9 10,9 9 52,9 6,6

que imitam de couro. 8 33,3 5,8 17 26,6 12,4 9 28,1 6,6 6 35,3 4,4

que imitam tecidos. 3 12,5 2,2 5 7,8 3,6 4 12,5 2,9 2 11,8 1,5

com desenhos aleatórios. 3 12,5 2,2 10 15,6 7,3 5 15,6 3,6 3 17,6 2,2

com desenhos geométricos

ordenados ou simétricos.

10 41,7 7,3 32 50 23,4 14 43,8 10,2 6 35,3 4,4

não vale a pena investir.

1 4,6 0,7 0 0 0 0 0 0 0 0 0

vale a pena investir. 18 75 13,1 49 76,6 35,8 27 84,4 19,7 15 88,2 10,9

não tenho opinião formada. 5 20,8 3,6 15 23,4 10,9 5 15,6 3,6 2 11,8 1,5

Fonte: os autores.

90

Page 91: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Os resultados dos 137 respondentes foram exportados a uma planilha Excel® para uma análise mais detalhada com o objetivo de investigar a opinião das pessoas a partir de filtros de classificação por idade. O critério para enquadramento geracional tomou por base as classificações em: geração “baby boomers” (atualmente pessoas acima de 50 anos de idade), geração “x” (entre 38 e 50 anos), geração “y” ou “millenials” (entre 23 e 37 anos) e geração “z” (entre 18 e 22 anos). Esta análise foi possível a partir da caracterização da faixa etária dos respondentes: geração “z” (17,5%), geração “y” (46,7%), geração “x” (23,4%), e “baby boomers” (12,4%). A partir deste enquadramento foi feito um corte para analisar em conjunto a opinião das gerações “x e y”, que corresponde às pessoas entre 23 e 50 anos de idade (71,1%), faixa etária de potenciais compradores de veículos composta por pessoas em fase economicamente ativa, cujas opiniões podem trazer dados para o delineamento de estratégias para curto prazo no desenvolvimento de veículos. Os dados obtidos a partir dos jovens entre 18 e 22 anos de idade (17,5%) podem apontar caminhos para futuras estratégias de desenvolvimento de veículos por se tratar de potenciais compradores de automóveis em médio prazo.

As questões 2 e 3 buscaram levantar o quanto as pessoas consideram importante a aplicação da inovação no desenvolvimento de veículos. A questão 2 mostra que 97% das pessoas entendem que a inovação pode ser aplicada em produtos, serviços ou processos. A questão 3 aponta que mais de 90% das pessoas de cada categoria geracional entendem que é muito importante ou essencial aplicar a inovação para melhorar a competitividade das empresas. Esta informação aponta a importância da inovação como estratégia competitiva.

As questões 4 e 5 pretenderam avaliar o conhecimento dos usuários a respeito da biomimética e entender a opinião de quanto sua aplicação é relevante e benéfica em projetos de produto. A questão 4 revelou que, de uma forma geral, metade dos respondentes não conhecia o significado das palavras “biomimética” ou “biomimetismo”. Ainda relacionado ao conhecimento de biomimética, a pesquisa revelou que apenas 1/3 dos respondentes da geração “Y” conhecia os termos acima, enquanto que na geração “X” esta proporção se eleva para 2/3.

Os dados da questão 5 apontam que as gerações mais jovens (“Y e Z”) apresentam maior percentual de pessoas que não têm opinião formada sobre o assunto (aproximadamente 25% cada), enquanto as gerações “X e baby boomers” entendem em sua maioria (percentuais acima de 80%) que a biomimética deve ser explorada para benefício de todos.

As questões 6 e 7 referem-se à relação do usuário com o automóvel. Na questão 6 o respondente é solicitado a classificar entre 0 e 10 o quanto gosta de automóvel (0=nada e 10 =muito). Percebe-se que entre a geração “Z”, apenas 50% dos respondentes avaliaram com notas superiores a 8, enquanto os outros 50% se dividiram entre notas 0 e 7. As demais gerações apresentam percentual médio acima de 60% para as notas entre 8 e 10. Este fato indica que a geração “Z” não tem a mesma relação “afetiva” com o produto automóvel quando comparado com as gerações anteriores.

A questão 7 buscou levantar quais elementos de design as pessoas valorizam no interior do automóvel. Os “detalhes” constituem o item mais valorizado por todas as categorias de gerações, seguido pelas “formas”, “texturas” e “tecidos”. O item “outros” teve a menor relevância, constituído por palavras citadas como: ergonomia, tecnologia, conforto, acessibilidade, praticidade, resistência, isolamento acústico, usabilidade entre outras. De forma geral não há diferença significativa do que as gerações valorizam no interior do automóvel. Apenas a geração “Y” destaca-se das demais por valorizar os tecidos em primeiro lugar.

As questões 8, 9 e 10 buscaram identificar qual a percepção das gerações em relação às texturas do automóvel e sua relação com a qualidade percebida no produto.

A questão 8 apontou que mais de 50% dos respondentes de todas as gerações percebem “quase sempre” ou “sempre” as texturas. Este percentual sobe para mais de 80% em todas as gerações quando inclui-se o item “frequentemente reparo nas texturas”. Menos de 20% de cada uma das gerações responderam que “raramente” ou “nunca” reparam nas texturas do automóvel. Isto indica que as texturas são percebidas e valorizadas como item que agrega valor por todas as gerações de consumidores de automóveis.

91

Page 92: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A questão 9 procurou revelar quão importante são as texturas na percepção da qualidade do produto. Para todas as gerações, as alternativas considerando “importante” e “muito importante” somaram índices acima de 87%. As alternativas que consideravam as texturas como “irrelevantes” ou “de pouca importância” para a percepção de qualidade no automóvel somaram 12,5% apenas na geração “Z”, maior índice entre as gerações.

A questão 10 procurou identificar as preferências dos respondentes em relação aos tipos de desenhos de texturas a partir da seguinte classificação dos desenhos comumente utilizados em automóveis: texturas que imitam couro; texturas que imitam tecidos; texturas com desenhos aleatórios; e texturas com desenhos geométricos, ordenados e simétricos. Em todas as gerações as texturas com desenhos geométricos, ordenados e simétricos teve predominância com índices entre 35% e 50%, seguidas pelas texturas que imitam couro (entre 25% e 33%), e com índices muito próximos entre si, as texturas com desenhos aleatórios e as que imitam tecidos (entre 8% e 17%). Não foram identificadas predominâncias de um grupo de textura específico em nenhum grupo geracional.

A questão 11 buscou saber a opinião do usuário quanto à aplicação da biomimética no desenvolvimento de texturas. Verificou-se que no mínimo 75% de todas as gerações responderam que vale a pena o uso da biomimética em projetos desta natureza. Na geração “Z” houve uma rejeição de 4,6% dos respondentes, que entendem que não vale a pena investir em projetos desta natureza. Nas gerações “Z” e “Y” o montante de respondentes que não tinham opinião formada por falta de conhecimentos sobre o assunto ficou entre 20% e 23%, contra 11% e 15% nas gerações “X” e “baby boomers”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa Survey apontou que a maior parte dos respondentes da amostra entende que a inovação é importante para aumentar a

competitividade das empresas e que o uso da biomimética pode ser uma ferramenta para gerar inovação. Os dados indicam que a maior parte das pessoas gosta de automóveis, percebe e valoriza as texturas como algo que gera valor agregado e aumenta a qualidade percebida no produto. Estes dados permitem refletir sobre a importância e relevância da pesquisa do tema e de sua implementação nos sistemas produtivos automotivos como estratégia de geração de valor e inovação, com potencial de melhorar os resultados financeiros das empresas, uma vez que, com o aumento da satisfação do usuário e de sua experiência com os produtos oriundos deste desenvolvimento espera-se aumento de vendas, ampliação do Market share e consequente aumento das receitas.

Obviamente que os processos de pesquisa, desenvolvimento e inovação demandam um tempo de maturação e de retorno de longo prazo, além de que toda estratégia de inovação envolve riscos e esforços a serem compartilhados por todas as áreas da cadeia de valor. Desta forma, a presente pesquisa trouxe à luz dados relevantes para discussão sobre investimento em pesquisas na área da Biomimética como abordagem para a geração de inovação e valor agregado na indústria automobilística.

Em relação às diferentes gerações de usuários de automóveis (gerações “x”, “y”, “z” e “baby boomers”) observou-se que não há diferença significativa de percepções entre as gerações, tanto em relação à aplicação da inovação no automóvel, quanto em relação ao uso da biomimética; assim como em relação à percepção de itens de valor e tipos de texturas aplicadas.

Outro dado relevante da pesquisa foi conhecer a classe de texturas preferida pela maior parte dos respondentes: texturas com desenhos geométricos, ordenados e simétricos. Isto pode orientar o conceito estético a ser desenvolvido pelos designers quando do desenvolvimento de futuras texturas com base na biomimética.

REFERÊNCIAS

[1]. ALSHAMI, M.; ATWA, M.; FATHY, A.; SALEH,A. Parametric Patterns Inspired by Nature for Responsive Building Façade. International Journal of Innovative Research in Science, Engineering and Technology, v.4, n. 9, p.8009-

8018. 2015. Disponível em: <https://www.ijirset.com/upload/2015/september/2_Parametric_foriegn.pdf>. Acesso em: 10 abril 2017. [2]. ARNARSON, P. Ö. Biomimicry. 2011. Disponível em:

92

Page 93: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

<http://olafurandri.com/nyti/papers2011/Biomimicry%20-%20P%C3%A9tur%20%C3%96rn%20Arnarson.pdf>. Acesso em: 10 abril 2017. [3]. FREITAS, R. O.T. Design de Superfície. As ações comunicacionais táteis no processo de criação. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 2011. [4]. GOMES FILHO, J. Design do Objeto: Bases conceituais. São Paulo: Escrituras, 2007. [5]. SILVA, E.S.A.; DISCHINGER, M.C.T.; RODRIGUES, T.L.;SILVA, F.P.; KINDLEIN JUNIOR, W. Discussão entre práticas para desenvolvimento e aplicação de texturas em produtos industriais. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PESQUISA EM DESIGN, 5., 2009. Bauru, SP. Anais eletrônicos. Disponível em<http://hdl.handle.net/10183/31099>. Acesso em: 20 abril 2017. [6]. TAVSAN, F.; SONMEZ, E.Biomimicry in Furniture Design. Procedia - Social and Behavioral Sciences, v.197, p. 2285-2292. 2015. Disponível em:

<https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2015.07.255>.Acesso em: 10 abril 2017. [7]. TRICINCI, O.; TERENCIO,T.; MAZZOLAI, B.; PUGNO, N.M.; GRECO, F.; MATTOLI, V. 3D Micropatterned Surface Inspired by Salvinia molesta via Direct Laser Lithography. ACS AppliedMaterials& Interfaces, v. 7, n.46, p. 25560–25567. 2015. Disponível em: <http://pubs.acs.org/doi/pdf/10.1021/acsami.5b07722>. Acesso em: 15 abril 2017. [8]. VOLSTAD, L.; BOKS, C. Biomimicry – a useful tool for the industrial designer? Shedding light on nature as a source of inspiration in industrial design.In:DS 50: Proceedings of NordDesign Conference, Tallinn, Estonia, 2008, p.275-284.ISBN 978-9985-59-840-5 Disponívelem:<https://www.designsociety.org/publication/27376/biomimicry_%E2%80%93_a_useful_tool_for_the_industrial_designer>. Acesso em: 15 abril 2017.

93

Page 94: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 9 Vinícius Diniz Ornellas

Thaís Spiegel

Resumo: O empreendedorismo e a inovação são elementos que podem alavancar

o desenvolvimento econômico de uma nação. Nesse contexto, as startups surgem

como oportunidades de alcançar grandes mercados e impulsionarem novos

negócios. Essas empresas enfrentam ambientes de incertezas pela

imprevisibilidade de suas demandas e buscam construir modelos de negócios

repetíveis e escaláveis. Devido à escassez de recursos e as dificuldades

encontradas na criação de novos negócios, foram elaborados princípios e técnicas

para auxiliar os empreendedores no desenvolvimento de suas empresas. Essa

metodologia foi baseada no modelo do Sistema Toyota de Produção e ficou

conhecida como Lean Startup. Inserido neste campo teórico-prátoco, este artigo

tem por objetivo analisar um caso prático sobre a aplicação desses conceitos em

uma startup do setor de energia. A mesma tem como proposta de valor fornecer um

serviço de aluguel de carregadores portáteis, com o intuito de acabar com o

problema de falta de bateria nos smartphones e tornar a energia móvel. Dentre os

resultados do estudo de caso, será exposto como a empresa diminuiu seus riscos

e, por consequência, aumentou seu valor utilizando ferramentas como Produto

Mínimo Viável e Customer Development.

Palavras-chave: Startup. Startup Enxuta. Inovação. Novos negócios.

Empreendedorismo.

94

Page 95: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO No contexto da economia capitalista, o empreendedorismo é o motor de produção capaz de promover o crescimento econômico de diversos países. Através de pesquisas e incentivos, as instituições que mais investem em inovação e desenvolvimento tecnológico têm obtido maiores resultados e prosperado economicamente. Wennekers & Thurik (1999) afirmam que a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento socioeconômico foi comprovada a partir da identificação de relação positiva entre a abertura de novas empresas e a geração de renda e empregos.

O termo empreendedorismo é amplo, com muitas definições, no entanto, para alguns autores empreender pode ser definido de forma bem simples, sendo entendido como o ato de abrir seu próprio negócio. Para Stevenson & Jarillo (1990) pode se definir empreendedorismo como fenômeno comportamental onde indivíduos buscam oportunidades independentemente dos recursos que controlam. Segundo Johnson (2001), o empreendedorismo envolve a captura de ideias, convertendo-as em produtos ou serviços para, então, construir e levar uma empresa ao mercado.

Neste contexto, o presente artigo se propõe a analisar a aplicação prática dos princípios da metodologia Lean Startup no projeto E-móvel, uma startup com o propósito de fornecer energia móvel. Para atingir o objetivo principal, foram formulados três objetivos específicos, quais sejam: revisão da Literatura sobre conceitos e técnicas do Lean Startup; extrair da Literatura os elementos que podem ser analisados na pesquisa de campo; e realizar o estudo de caso da E-móvel.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO

Dolabela (1999) afirma que o empreendedorismo cria riqueza através da inovação e está no centro da geração do emprego e do crescimento da economia. Montoya (2000) refere-se ao empreendedorismo como processo de inovação e de descoberta de oportunidades de produtividade e de lucro. Nota-se que inovar e empreender são temas que necessitam caminhar juntos, o empreendedorismo busca novas formas de desenvolver produtos e atender novos

mercados, o que pode ser alcançado através da inovação. Para Drucker (1998), a inovação é o meio pelo qual o empreendedor cria novos recursos produtores de riqueza, ou dota recursos existentes com maior potencial para criar riquezas.

A inovação não está baseada apenas em desenvolver algo novo, já que uma invenção é basicamente um modelo de produto com desenvolvimento técnico, mas que não necessariamente se tornará uma inovação, para isso necessita trazer resultados econômicos impactantes para as empresas. Teece (1986) afirma que a inovação consiste em conhecimento técnico sobre como fazer as coisas melhor do que o estado da arte existente e relaciona esse conceito com o lucro, pois o conhecimento tem que ser vendido ou utilizado de alguma forma no mercado.

De acordo com o Manual de Oslo (2005), inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Já para Nicolsky (2008), a inovação destina-se a dar mais competitividade aos produtos e serviços da organização, ampliando a sua participação no mercado, criando inclusive condições para que as empresas possam competir internacionalmente.

A inovação pode ser dividida em duas classificações, a sustentadora, focada na melhoria contínua, isto é, não cria um novo modelo de negócio, apenas aperfeiçoa os já existentes, por exemplo, reformulando ou atualizando um produto. Já o outro tipo de inovação, a disruptiva, baseada no desenvolvimento de novos produtos ou serviços, busca alcançar um mercado ainda não existente ou atingir o chamado baixo mercado, parcela de clientes que são de menor atratividade para as grandes empresas, que estão focadas em atender os clientes mais exigentes e rentáveis. Christensen (1997) afirma que as inovações disruptivas são aquelas que provocam uma ruptura no antigo modelo de negócios e que elas normalmente favorecem o aparecimento de novos entrantes.

Christensen & Raynor (2011) definem três pontos para a inovação ser considerada disruptiva: (i) Atender o baixo mercado ou um

95

Page 96: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

segmento de clientes que ainda não havia sido alcançado; (ii) Ter tecnologia capacitadora, permitindo tornar o negócio

escalável; e (iii) Modelo de negócio enxuto que possibilite viabilizar seu produto ou serviço.

GRÁFICO 1 – Inovação Disruptiva x Inovação Sustentadora.

Fonte: Christensen, Raynor & Mcdonald (2015).

2.2 STARTUPS

Dentro do contexto do empreendedorismo e da inovação surgem a startups. Segundo Blank & Dorf (2012), startup é uma organização temporária projetada para buscar por um modelo de negócios escalável e repetível que atua num ambiente de extrema incerteza. Já para Graham (2015) uma startup é definida como uma empresa desenvolvida para crescer rápido.O valor de uma startup é definido conforme ela reduz suas incertezas. Mitigando seus riscos, maior será o seu valor e por consequência, maior possibilidade de aporte de capital de seus investidores. Gilbert & Eyring (2010) comentam que risco e valor são inversamente proporcionais, à medida que um empreendedor tira uma incerteza da mesa, o valor de sua empresa aumenta.

2.3 LEAN STARTUP

Apesar de todo seu potencial e toda sua importância econômica, as startups atuam em um ambiente de incerteza e escassez de recursos, somada a faltas de investimentos e tecnologias para ofertas seus produtos. Além disso, para alcançar o sucesso não bastar ter uma boa ideia, é necessário transforma - lá em um produto que tenha valor para o cliente.

Devido a todas incerteza enfrentadas pelas startups, somado a falta de recursos e com o objetivo de alavancar o sucesso das startups,

alguns empreendedores desenvolveram diversos métodos para conduzir seus negócios. Nesheim (2000) comenta que devido à grande taxa de mortalidade presente na criação e condução das startups, várias técnicas e metodologias foram criadas e aprimoradas.

Entre os vários métodos, um conjunto de técnicas se destacou e ficou conhecido como Lean Startup. São ferramentas utilizadas para reduzir desperdícios, otimizar os processos e aumentar a qualidade dos produtos. Blank (2013) afirma que a metodologia Lean Startup transforma o processo de abertura de um novo negócio em uma atividade menos arriscada. O Lean Startup, ou na tradução Startup enxuta, é um conjunto de técnicas desenvolvidas por Eric Ries, empreendedor de sucesso nos Estados Unidos. Ries (2012) define Lean Startup como um conjunto de práticas para ajudar empreendedores a aumentar suas chances de construir uma startup de sucesso.

A origem do Startup Enxuta está no modelo de produção da Toyota, no pensamento enxuto que revolucionou a forma como os sistemas de produção são conduzidos. Alguns de seus princípios são: o aproveitamento do conhecimento e da criatividade de seus funcionários, a produção Just-in-time, o controle de estoque. Ries (2012) associa o Lean Startup ao Sistema

96

Page 97: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Toyota, afirma que a startup enxuta adapta essas ideias ao contexto do empreendedorismo, propondo que os empreendedores julguem seu progresso de maneira distinta do modo pelo qual outros tipos de iniciativas empresariais julgam.

O Lean Startup é desenvolvido para que os empreendedores possam aprender a

conduzir uma startup, para isso não precisam elaborar estratégias complexas ou inúmeras hipóteses, devem fazer ajustes constantes que são chamados de volantes, através do ciclo de feedback construir-medir-aprender. Assim poderão entender melhor o caminho a seguir e saber se devem persistir na direção atual ou mudar totalmente a sua orientação, processo conhecido como pivotar.

FIGURA 1 - Ciclo Construir- Medir-Aprender.

Fonte: Ries (2012).

Ries (2012) afirma que uma startup deve criar um negócio prospero e capaz de mudar o mundo, chamando isso de visão de uma startup. Dessa forma, necessita criar um

modelo de negócios, identificar potenciais parceiros e concorrentes, além de uma estratégia, então seu produto será o resultado final dela.

FIGURA 2 -Pirâmide Produto Estratégia Visão.

Fonte: Ries (2012).

Conforme os testes vão sendo realizados e o empreendedores aprendendo mais sobre as necessidades e desejos dos seus clientes, os produtos sofrem diversas mudança através do chamado processo de otimização. Diferente do produto, a estratégia não muda com tanta frequência e como citado anteriormente,

quando ocorre é chamado de pivô. Já a visão raramente é alterada, pois os empreendedores estão determinados a conduzir a startup até o destino desejado.

97

Page 98: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

2.4 CUSTOMER DEVELOPMENT

Esse método foi o precursor do Lean Startup. Desenvolvida por Blank (2005) e na tradução, Desenvolvimento de Clientes. A técnica permite que o empreendedor liste suas hipóteses, valide o problema, entenda o cliente e planeje uma solução.

Customer Discovery ou Descoberta de Clientes: Essa etapa consiste na validação do problema e na proposta de uma solução que atenda a necessidade dos clientes. Quando há esse alinhamento entre problema e produto ofertado, ocorre o chamado Problem/Solution Fit

Customer Validation ou Validação de Clientes: Essa fase está relacionada a validação da demanda, se os clientes estão dispostos a pagar pela solução oferecida. Além disso, o empreendedor deve encontrar um modelo de venda e distribuição do seu produto que torne seu negócio repetível e escalável o suficiente para construir uma empresa lucrativa.

Customer Creation ou Criação de Clientes: Nessa etapa a startup deve investir nos processos de venda e marketing, pois já entendeu que produto ofertar, qual o seu valor e quem são seus clientes.

Company Building ou Construção da empresa: Essa fase é a transição de uma startup para uma empresa formal, agora deve se estruturar em diversas áreas. O foco não está mais no aprendizado e sim na execução,

se concentrando na construção dos departamentos para escalar a empresa.

2.5 PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL

O Produto Mínimo Viável, ou Minimum Viable Product, é a entrega de uma versão inicial do produto, sem se preocupar com a qualidade ou em atender todos os requisitos, apenas para entender a percepção do cliente, se estaria disposto a comprar o que foi oferecido. Se o cliente enxergar valor, o empreendedor deve então partir para otimização da solução, baseando na versão inicial de seu produto. Moogk (2012) afirma que o Produto Mínimo Viável consiste no escopo mínimo do produto, necessário para testar se a visão que os empreendedores possuem do produto resolve de maneira eficaz o problema no mercado.

2.6 BUSINESS MODELCANVAS

O Business Model Canvas é uma ferramenta proposta para representar o modelo de negócios de uma startup, elencando nove elementos básicos e relacionando-os. Osterwalder & Pigneur (2011) descrevem o Business Model Canvas como uma ferramenta muito útil, fácil e pratica de usar, uma vez que, apresenta toda a lógica do negócio ao mesmo tempo, promovendo a compreensão, o diálogo, criatividade e análise.

FIGURA 3 – Business Model Canvas.

Fonte: Osterwalder (2010).

98

Page 99: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

2.7 SAIA DO PRÉDIO

Baseado no Desenvolvimento de Clientes, Ries (2012) afirma que o empreendedor não deve ficar na zona de conforto, dentro do escritório, analisando dados, tendo ideias mirabolantes, precisam conhecer e entender seu mercado. O autor também comenta que o comportamento de seus clientes é mensurável e variável, então, o empreendedor precisa confirmar todas as hipóteses que foram listadas sobre sua solução e quando houver um problema ou não encontrar resposta para um fracasso na venda de seus produtos, deve ir à rua para entender a situação.

2.8 ROADMAPPING TECNOLÓGICO

O Roadmapping tecnológico é outro mecanismo bastante utilizado pelos empreendedores. Para Galvin (2004), pode ser definido como uma técnica de prospecção que visa ampliar a visão de futuro de um determinado campo de conhecimento, composto pelo conhecimento coletivo e imaginação sobre as mais importantes forças motrizes naquele campo. Groenveld (1997), Petrick & Echols (2004) definem Roadmapping como termo utilizado para se referir ao processo que contribui para a integração entre mercado, produto e a tecnologia, auxiliando na elaboração da estratégia tecnológica da empresa, integrando a tecnologia ao negócio da empresa.

3. O ESTUDO DE CASO

Esse projeto é um estudo de caso sobre a criação e desenvolvimento de uma startup. Creswell (2009) afirma que um estudo de caso examina um fenômeno em seu contexto natural, através do emprego de múltiplos métodos de coleta de dados de uma ou mais entidades (pessoas, grupos ou organizações).

3.1 A EMPRESA

A E-movél surgiu de um programa de intraempreendedorismo de uma grande corporação, no qual os funcionários apresentavam ideias de possíveis negócios, que poderiam ser investidos para aumentar o portfólio da empresa. Por meio dessa oportunidade, dois colaboradores

apresentaram projetos semelhantes, buscando solucionar o problema da falta de energia nos smartphones enquanto as pessoas se deslocam, dado que já haviam passado por situações nas quais precisavam utilizar o celular mas estava descarregados ou com pouca bateria. Diversos estudos mostram que as pessoas sofrem quando ficam impossibilitadas de usar o celular, uma pesquisa da LG mostrou que 90% da população entram em pânico ao ver que a carga do seu aparelho está no fim.

Com o objetivo de tornar a energia móvel e solucionar esse problema, os fundadores idealizaram um serviço de compartilhamento de carregadores portáteis, no qual os clientes deveriam fazer a aquisição de uma bateria E-móvel e quando ficassem com nível baixo de energia no celular, poderiam procurar um dos pontos de atendimento da empresa, espalhados por toda a cidade, para trocar uma bateria descarregada por outra carregada.

O serviço foi iniciado em janeiro de 2016 com um projeto piloto, utilizando, principalmente, bancas de jornal em locais de grande movimentação em Niterói e no Centro do Rio de Janeiro, como pontos para vendas e trocas das baterias. Devido a muitos aprendizados durante essa fase, além de decisões estratégicas e operacionais motivadas pelo uso de ferramentas do Lean Startup, o serviço passou por diversas transformações. Uma importante mudança estratégica no modelo de negócios da empresa foi passar a fornecer o serviço de aluguel das baterias em detrimento do serviço de trocas, já que foi possível entender que os clientes desejavam pegar uma bateria quando houvesse necessidade, sem a obrigação de ter outra em mãos para realizar a troca.

3.2 MODELO DISRUPTIVO

E-móvel tem potencial disruptivo em relação à venda de baterias portáteis, visto que seu modelo de negócios é inovador, referente à venda do serviço de aluguel de carregadores portáteis. Fica claro que a empresa não deseja ofertar um produto, como é feito no mercado de Power Banks e sim vender energia para seus clientes. No referencial teórico foram abordados três pontos que precisam ser validados para confirmar o conceito de inovação disruptiva. O primeiro,

99

Page 100: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

atender um segmento de mercado que ainda não foi alcançado, a E-móvel comprova esse item quando busca atingir um segmento de clientes que tem demandas pontuais de recarga e por isso não tem interesse em adquirir uma Power Bank pelo alto custo de aquisição. Sendo assim, valida também a outra afirmação sobre a necessidade de ter um modelo enxuto, a empresa permite que seus clientes possam alugar as baterias por um custo muito abaixo do que seria gasto para comprar um carregador portátil comum, então consegue atingir essa parcela de mercado. O último item para demonstrar seu potencial disruptivo é a utilização de tecnologia capacitadora, que permite tornar o negócio escalável. A empresa já está desenvolvendo tecnologia necessária para escalar o negócio através de máquinas de autoatendimento, baterias proprietárias e aplicativo.

3.3 UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS

A E-móvel utilizou as técnicas e princípios do Lean Startup devido à orientação de uma aceleradora de empresas, além de um dos sócios ser especialista no tema, o que permitiu a ampla utilização das ferramentas, proporcionando grande aprendizado e o desenvolvimento da empresa. “A aplicação da metodologia do Lean Startup possibilitou que reduzíssemos nossas incertezas de forma drástica já no início da nossa vida. A abordagem prática de responder perguntas críticas com experimentos rápidos foi o que nos permitiu reduzir custos e ter confiança para vender a ideia de uma forma mais segura.” comenta Pedro.

Nesse item serão abordados os princípios e técnicas do Lean Startup que foram expostos na revisão da literatura, agora com uma visão prática de aplicação na startup E-móvel. A figura abaixo mostra a utilização dos conceitos e ferramentas ao longo do tempo na startup.

Figura 4 – Linha do Tempo

Fonte: Osterwalder (2010).

100

Page 101: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A tabela abaixo apresenta a classificação da empresa e aplicação das ferramentas de Startup Enxuta, além disso a figura 5

representa o Business Model Canvas da empresa.

Tabela 1 – Estudo de Caso Lean Startup

Classificação da Inovação:

Sustentadora ou Disruptiva

A empresa apresenta potencial disruptivo, pois validou os três da inovação disruptiva. - Busca um segmento de mercado não atendido.-Tecnologia capacitadora, através de máquinas, baterias e aplicativo podem tornar o negócio repetível e escalável.- Modelo de negócio enxuto, oferecendo o serviço por um baixo custo.

Produto Mínimo Viável

A empresa ofertou uma versão prototipada do serviço de compartilhamento de carregadores portáteis, gastando o mínimo possível, com o objetivo de validar o problema, a solução e a demanda. Utilizando bancas de jornal em Niterói e no Centro do Rio de Janeiro, permitiu que os clientes efetuassem a compra das baterias e, quando necessário, trocá-las por outras carregadas. Todas as transações eram realizadas manualmente por um funcionário do estabelecimento e as baterias carregando ficavam conectadas a tomada.

Customer Development

Na primeira etapa, Customer Discovery, a startup deveria entender problema e propor uma solução. Inicialmente, os empreendedores foram às ruas oferecer baterias carregadas, para entender se o problema, de fato, existia e confirmam quando verificam que as pessoas estavam dispostas a pagar um alto valor por uma recarga imediata. Posteriormente, necessitavam verificar se a solução ofertada resolvia o problema do cliente, para isso, foi estabelecida a meta de 300 trocas, logo atingida. No segundo passo, Customer Validation, o objetivo era desenvolver um negócio escalável e analisar se os clientes estavam dispostos a pagar pelo serviço. Para alcançar o Product Market Fit, alinhamento entre produto e mercado, foi estipulada uma receita mensal de 5 mil reais, que foi possível após a venda de 600 planos de assinaturas. Atualmente, a empresa se encontra no Customer Creation, estágio em que deve escalar suas vendas, por isso está investindo em campanhas de marketing para divulgação da empresa e do serviço.

Business Model Canvas

Apresentou o modelo de negócios da empresa, em que sua fonte de receita ocorre pelos aluguéis avulsos ou pelos planos de assinatura, seus principais gastos são com as baterias, máquinas e também com marketing. Os principais canais são locais de grande movimento, como shoppings, metrôs, além das lojas de aplicativos. O relacionamento com cliente será feito, principalmente, através de campanhas digitais e pelo aplicativo.

Produto, Estratégia e

Visão

Como parte do processo de otimização do produto, a bateria foi planejada com cabos para Android e Iphone, com o objetivo de atender esses dois tipos de usuário. Além disso, outra melhoria foi desenvolvimento de notificações no aplicativo, para comunicar o cliente quando seu aparelho estiver com pouca carga e indicar um local mais próximo para aluguel da bateria. Já na parte da estratégia, a startup passou por dois pivôs, um quando decide fornecer o serviço de aluguel das baterias substituindo o modelo de trocas e o segundo, no momento em que decide alterar o segmento de clientes a ser atendido, focando na venda de aluguéis avulsos. Na base da pirâmide, foi exposta a visão da empresa de tornar a energia móvel.

101

Page 102: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Tabela 1 – Estudo de Caso Lean Startup (continuação)

Ciclo Construir-Medir-Aprender

A E-móvel quando decide pivotar e oferecer o serviço de aluguel de baterias, realizou uma volta completa nesse ciclo. Ao entender que seus clientes não gostavam da necessidade de transportar a bateria para fazer a troca, assim, passou a oferecer um novo modelo de serviço. Outro exemplo de volta no ciclo ocorre quando a empresa entende que as campanhas de marketing físicas são muito custosas e atingem número restrito de pessoas, então, passam a focar no marketing digital.

Saia do Prédio

Os empreendedores foram às ruas para entender o motivo das baixas vendas dos planos de assinaturas apesar da grande campanha de marketing físico. Ao participarem do processo de divulgação, percebem que nas abordagens as pessoas sempre se interessavam e perguntavam se poderiam levar a bateria no momento da compra. Assim, compreendem que deveriam fornecer o produto imediatamente e não entregar posteriormente, como planejado.

Roadmap Tecnológico

A empresa tem como visão tornar a energia móvel, dessa forma, como exposto no seu roadmap, a E-móvel busca alcançar não somente o mercado dos smatphones, mas também de tablets, notebook, bicicletas e carros elétricos. Os sócios classificam o Roadmap tecnológico da empresa como de Produto/ Tecnologia, devido ao alinhamento entre o produto, a demanda e o que a tecnologia é capaz de atender.

Figura 4 - Business Model Canvas E-móvel. Documentos da empresa estudada (2017)

102

Page 103: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral dessa pesquisa foi analisar a aplicação prática dos princípios da metodologia Lean Startup no projeto E-móvel. No estudo de caso foram exploradas as técnicas do Lean Startup mencionadas no capítulo de referencial teórico. Observou-se que o uso da metodologia foi importante para a empresa construir seu modelo de negócios, entender seu mercado e aprimorar a solução desenvolvida. Através desses mecanismos, a startup conseguiu evitar o desperdício de recursos, além de eliminar diversos riscos, alguns por meio de grandes mudanças, como a realização dos pivôs e outros menores, porém de grande importância, como as melhorias do produto ofertado.

Nessa pesquisa foi possível explicar através de um caso prático as dificuldades encontradas na aplicação da metodologia Lean Startup e os impactos da sua utilização, mostrando os problemas enfrentados pelos empreendedores na criação de um novo negócio e as diversas mudanças ocorridas, visto que não basta ter uma boa ideia ou uma estratégia interessante, devem entender o mercado e solucionar problemas dos clientes.

Dessa forma, o entendimento sobre o uso dessa metodologia é de extrema importância para o desenvolvimento do empreendedor brasileiro. O estudo apresenta a teoria das principais técnicas da Startup Enxuta e expõe a contribuição dessas ferramentas dentro da empresa.

Por se tratar do estudo de um caso prático, não é possível verificar a influência da metodologia no campo de outras startups. Mesmo que destacada a importância das ferramentas de Lean Startup no Caso da E-móvel, o estudo não pode confirmar o impacto em outras empresas deste tipo, sendo assim, não é possível compor uma base estatística apresentando a relevância da utilização da metodologia. Outra limitação está relacionada à impossibilidade de se afirmar que a utilização da metodologia direcionou a startup ao sucesso, pois a empresa ainda está em fase de crescimento. Apesar de já destacada a grande importância do uso das técnicas de Startup Enxuta, o estudo não conseguirá medir os resultados e apresentar os motivos das possíveis falhas ou êxitos da empresa.

REFERÊNCIAS

[1]. Blank, S. Por que o movimento lean startup muda tudo, Harvard Business Review, 2013 [2]. Blank, S. The Four Steps do the Epiphany, Sussex: Quad/Graphics, 2005. [3]. Blank, S. Dorf, B. The Startup Owner's Manual: The Step-by-Step Guide for Building a Great Company, K&S Ranch, 2012. [4]. Christensen, C. The Innovator's Dilemma: When New Technologies Cause Great Firms to Fail. Boston, MA: Harvard Business School Press, 1997. [5]. Christensen, C. Raynor, M. The innovator´s Manifesto: Deliberate Disruption for Transformational Growth, New York: Crown Business, 2011. [6]. Christensen, C. Raynor, M., Mcdonald, R. What Is Disruptive Innovation?. Harvard Business Review, 93, 44-53, 2015. [7]. Creswell, J. W. Research Design: Qualitative, Quantitative, and Mixed Methods Approaches. SAGE Publications, 2009. [8]. Dolabela, F. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. [9]. Drucker, P. The discipline of innovation. Harvard Business Review, USA, 1998. [10]. Galvin, R. Roadmapping: a practitioner’s update. Technological Forecasting & Social Change, New York, 2004. [11]. Gilbert, C., Eyring, M. Beating the Odds When You Launch a New Venture. Harvard Business Review, 2010.

[12]. Graham, P. “Want to start a Startup?” Disponível em: <http://www.paulgraham.com/growth.html/>. 2012. [13]. Groenveld, P. Roadmapping integrates business and technology. Research-Technology Management, 1997 [14]. Johnson, D. What is innovation and entrepreneurship? Lessons for large organizations, 2001. [15]. Manual de Oslo. Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação, 3ªEd.Brasília: FINEP/OECD, 2005. [16]. Montoya, M. Entrepreneurship and Culture: The Case of Freddy the Strauberry Man. In: Swedberg, R. Entrepreneurship. The Social Science View. Oxford: University Press, 2000. [17]. Moogk, D. Minimum Viable Product and the Importance of Experimentation in Technology Startups. Technology Innovation Management Review. 2012. [18]. Nesheim, J. High tech start up: the complete handbook for creating successful new high tech companies. New York, 2000. [19]. Nicolsky, R. Os desafios para transformar conhecimento em valor econômico, 2008. [20]. Osterwalder, A., Pigneur, Y. Business Model Generation - Inovação em Modelos de Negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro, 2011.

103

Page 104: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

[21]. Ries, E. A Startup Enxuta. São Paulo : Lua de Papel, 2012. [22]. Stevenson, H. H.; Jarillo, J. C. A paradigm of entrepreneurship: entrepreneurial management. Strategic Management Journal, 1990. [23]. Teece, D. J. Profiting from technological innovation. Research Policy, 1986.

[24]. Wennekers, S., Thurik, R. Linking entrepreneurship and economic growth. Small Business Economics, 1999. [25]. Yin, R.K. Estudo de caso: planejamento e método. Porto Alegre: Bookman,1999.

104

Page 105: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 10

Giovanni Mendes Ribas Novi

Sandra Miranda Neves

Emerson José de Paiva

Carlos Henrique de Oliveira

Tarcísio Gonçalves de Brito

Resumo: A seleção de fornecedores é um dos principais problemas relacionados à

cadeia de suprimentos e pode influenciar diretamente no desempenho das

organizações. Devido a essa complexidade, diversos métodos vêm sendo

utilizados na resolução desse problema, dentre eles destaca-se a Análise

Hierárquica de Processo (AHP). Nesse contexto, o objetivo deste artigo é propor

uma estrutura para a seleção de fornecedores em uma empresa de prestação de

serviço eletromecânico. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, por

meio do AHP. Foram avaliados os fornecedores dos principais produtos adquiridos

pela empresa, com base em critérios e subcritérios determinados com o auxílio de

especialistas. Como resultado, foram apresentadas as vantagens e desvantagens

da estrutura proposta quando comparada ao método atualmente utilizado pela

empresa para a seleção dos seus fornecedores.

Palavras-chave: AHP; Seleção de fornecedores; Setor de Serviços.

105

Page 106: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1 INTRODUÇÃO

A Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) consiste na colaboração entre empresas para impulsionar o posicionamento estratégico e melhorar a eficiência operacional (BOWERSOX et al., 2013). Para Ballou (2006), sua importância advém do fato de que, na maioria dos casos, uma única empresa não tem condições de controlar eficientemente todo o seu canal de fluxo de produtos e de informações. Por esse motivo, no decorrer dos anos, as empresas passaram a alterar a percepção a respeito da cadeia de suprimentos, que deixou de ser vista somente como fonte de custos, tornando-se um dos pilares estratégicos na gestão empresarial (FELLOUS, 2009).

Um dos problemas mais relevantes da GCS é a seleção de fornecedores, visto que influencia diretamente em toda a cadeia produtiva (OMURCA, 2013). De acordo com Salomon, Marins e Duduch (2009), a resolução desse problema implica na forma com que as organizações irão satisfazer a necessidade por insumos e serviços necessários para o seu funcionamento. Também, conforme Lima Junior e Carpinetti (2015), permite o estabelecimento de parcerias comerciais de longo prazo, que deixaram de ter como base somente o custo.

Decisões relacionadas à seleção de fornecedores são complexas, pois, além de haver uma grande variedade de fornecedores em todo o ciclo de vida do produto, deve-se levar em consideração, também, vários critérios no processo de tomada de decisão (BAI; SARKIS, 2010; KARSAK; DURSUN, 2015). É preciso considerar as particularidades de cada organização e os seus objetivos estratégicos (DENG et al., 2014). Para Ayhan e Kilic (2015), o problema de seleção de fornecedores pode ser tratado com base em métodos multicritérios de apoio à decisão (MCDM - Multiple-Criteria Decision-Making).

O MCDM vem sendo aplicado com frequência nas últimas décadas, possibilitando uma avaliação holística do problema e levando em consideração o posicionamento das alternativas com relação aos critérios e a relação destes com o objetivo final (VELASQUEZ; HESTER, 2013).

Dentre os MCDM destaca-se a Análise Hierárquica de Processo (AHP). Tortorella e Fogliato (2008) pontuam que o método AHP possui o maior número de aplicações práticas

reportadas na literatura, abrangendo as mais diversas áreas de pesquisa. Também, apresenta desempenho superior quando comparado aos demais, além da possibilidade de ser utilizado em conjunto com diversos métodos complementares (HA; KRISHNAN, 2008).

Nesse contexto, considerando como objeto de estudo uma empresa prestadora de serviço eletromecânico, decidiu-se questionar as vantagens da aplicação da Tomada de Decisão por Múltiplos Critérios por meio do método AHP com relação aos resultados obtidos pelo método atual de seleção de fornecedores aplicado pela empresa.

Visando responder a essa questão, esta pesquisa teve como objetivo propor uma nova estrutura para a seleção de fornecedores em uma empresa de prestação de serviços eletromecânicos. Algumas etapas foram necessárias para alcançar esse objetivo, como: Identificar aplicações do AHP para a seleção de fornecedores, permitindo validar o uso do método; identificar os critérios mais aplicáveis à seleção desses fornecedores e propor a estrutura; selecionar os fornecedores utilizando a estrutura proposta e comparar o resultado obtido com a aplicação do método AHP com o método utilizado pela empresa, de forma a apresentar os pontos fortes e fracos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SELEÇÃO DE FORNECEDORES

A seleção de fornecedores compõe uma das principais áreas da GCS, sendo o primeiro elo da cadeia, impactando direta ou indiretamente em todos os setores da organização (SHAW et al., 2012). Boran et al. (2009) afirmam que o objetivo principal é encontrar fornecedores que estejam aptos a oferecer produtos ou serviços com qualidade, no tempo certo e na quantidade correta.

Com relação à visão processual, a seleção de fornecedores é composta por quatro etapas. A primeira consiste do questionamento sobre o problema e a definição do objetivo da seleção. Na etapa seguinte, estabelecem-se os critérios, onde, a estes, são atribuídos níveis de importância. A terceira etapa visa reduzir o conjunto dos fornecedores que foram determinados previamente. Por fim, na última etapa, há a seleção ou a ordenação das alternativas (DE BOER; LABRO; MORLACCHI, 2001; AISSAOUI; HAOUARI; HASSIN, 2007).

106

Page 107: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A seleção de fornecedores é geralmente acompanhada pela dificuldade na tomada de decisão; pois, além de levar em consideração o índice de importância de cada critério, a relação entre esses e as alternativas devem ser verificados. Sendo assim, é necessária uma análise contextual do caso, a fim de considerar as características especificas do objeto de estudo (HA; KRISHNAN, 2008; HO; XU; DEY, 2010; DENG et al., 2014). Lima Junior, Osiro e Carpinetti (2013) consideram que a obtenção de uma decisão efetiva depende da escolha do método e dos critérios que melhor condizem com as especificações do problema.

2.2 ANÁLISE HIERÁRQUICA DE PROCESSO (AHP)

Criado por Saaty em 1977, a AHP é um método para o auxílio à tomada de decisão baseado na capacidade do ser humano em estruturar suas percepções e ideias de forma hierárquica (ZHU; XU, 2014). De acordo com Iañez e Cunha (2006), esse método possibilita a resolução de problemas complexos por meio de uma estrutura hierárquica composta de vários níveis, que compreendem diversas características similares. Também permite uma visão de todo o problema, possibilitando que as influências dos elementos necessários para a resolução sejam facilmente identificadas.

Destacam-se como vantagens da utilização do método AHP no campo organizacional a análise do todo, externo e interno à empresa, a organização do processo relacionado à tomada de decisão, além de propiciar a legitimação da escolha (BANVILLE et al, 1998). Outra vantagem da AHP é a sua flexibilidade na integração com diferentes técnicas como a lógica Fuzzy, o Analytic Network Process (ANP), o Quality Function Deployment (QFD) e o Data Envelopment Analysis (DEA).

Segundo Saaty (2001), a aplicação do método AHP ocorre essencialmente em três etapas. Primeiramente é feita a identificação dos critérios e das alternativas de decisão. Logo após, há a atribuição de valores de importância para os critérios e o estabelecimento de valores de desempenho para as alternativas. Por fim, é realizada a síntese dos resultados.

Dessa forma, a estruturação do problema surge da definição do objetivo global desejado. Posteriormente é feita a definição dos critérios e das alternativas. Tal estruturação é fundamentada no conceito de árvore de decisão, possibilitando, assim, uma visão macro do todo a ser estudado (CRUZ; BARRETO; FONTANILLAS, 2014). Na segunda etapa do método, é realizada a matriz de comparações paritárias, contendo os níveis de preferência (SHIMIZU, 2010). As comparações entre o nível de importância dos critérios e das alternativas são quantificadas pela Escala Fundamental de Números Absolutos, considerando a intensidade de importância por meio de valores de 1 a 9, proposta por Saaty (1977). Essa escala possibilita a avalição quantitativa dos critérios e alternativas (SAATY, 1980).

Após as comparações, podem-se identificar as possíveis inconsistências dos julgamentos. Para tal, conforme proposto por Saaty (1990), deve-se calcular a relação de consistência (CR) da matriz de comparações utilizando a Equação 1.

𝐶𝑅 = (𝜆max − 𝑛)/(𝑛 − 1)

𝑅𝐼

(1)

Onde n representa a ordem da matriz, 𝜆max é o autovalor máximo e RI é o índice de inconsistência aleatória, sendo que os valores se alteram de acordo com n. O Quadro 1 mostra os valores de RI com as respectivas ordens de 1 até 10 (SAATY, 1990).

QUADRO 1 - Valor de RI por ordem de comparação

N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

R 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49

Fonte: Saaty (1990)

107

Page 108: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Saaty (1990) considera que a resposta é satisfatória se estiver abaixo de 10%, pois é a inconsistência inerente ao ser humano e deve ser tolerada. Caso os resultados sejam consistentes, chega-se ao resultado final.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de natureza aplicada e de objetivo exploratório. A perspectiva do problema é qualitativa, utilizando-se do estudo de caso como método de pesquisa. Para Kothari (2004), o estudo de caso analisa, de forma cuidadosa e completa, o indivíduo, a situação ou a empresa, de forma a focar nos aspectos de interesse, concentrando-se nos detalhes do caso específico. Para a realização do estudo de caso, foram seguidas as etapas propostas por Miguel (2007). O primeiro passo foi a definição de uma estrutura conceitual e, na sequência, determinação da problemática, definição do tema, do objetivo geral e dos objetivos específicos.

O objeto de estudo desta pesquisa é uma empresa que atua no setor de serviços eletromecânicos. Seu mix de produtos está inserido na manutenção e rebobinagem de motores e bombas. Dessa forma, como etapa sequencial, ocorreu a identificação dos

produtos a serem contemplados pelo estudo, utilizando-se a curva ABC, de forma a selecionar os materiais que representam os maiores custos para a empresa. A definição dos critérios se deu com base nos principais artigos sobre a utilização do método AHP para seleção e ordenação de fornecedores nos últimos anos. Os critérios propostos foram avaliados por especialistas (sendo constituídos por professores e gestores da empresa), de forma a garantir a eficiência dos mesmos. Após, os questionários do AHP foram aplicados a todos os tomadores de decisão do setor de Suprimentos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DETERMINAÇÃO DOS PRODUTOS E FORNECEDORES PARA ANÁLISE

Para a determinação dos principais produtos da empresa, e seus respectivos fornecedores, foi utilizado o princípio da curva ABC. A curva ABC tem como objetivo identificar os itens, separando-os em três classificações, determinando-se, assim, o nível de importância de cada componente (DIAS, 2011). Dessa forma, os insumos utilizados em todo processo produtivo, assim como suas respectivas porcentagens no custo mensal da empresa, são apresentados na Figura 1.

FIGURA 1 – Curva ABC dos insumos

108

Page 109: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

De acordo com a curva ABC, os insumos com classificação A são os fios de cobre e rolamentos; logo, são produtos que necessitam de maior atenção na escolha de seus fornecedores. São denominados na pesquisa, respectivamente, como produto 1 e produto 2. Foram identificados três fornecedores para o primeiro produto e dois para o segundo produto, que serão considerados como alternativas na hierarquização do problema por meio do AHP.

4.2 APLICAÇÃO DO AHP

4.2.1 CONSTRUÇÃO DA HIERARQUIA

De acordo com Rosa, Steiner e Colmenero (2015), os critérios e subcritérios buscam auxiliar na compreensão do problema, de forma a possibilitar o desenvolvimento do

processo de escolha. Para Chai, Liu e Ngai (2013), os critérios utilizados para a seleção de fornecedores podem ser tanto quantitativos como qualitativos. Tendo como objetivo identificar os critérios mais aplicáveis à seleção de fornecedores de serviços logísticos, foi realizada uma pesquisa na base dados da Web of Science. O Quadro 2 apresenta o resultado dessa pesquisa, considerando o período de janeiro de 2010 a março de 2016. É possível observar que todos os autores consideram o custo e a qualidade como critérios para a seleção de fornecedores. Outro critério em destaque é o de entrega, pois se faz presente em doze dos treze estudos analisados. Os critérios de qualidade, entrega e custo podem ser tanto qualitativos, quanto quantitativos, pois dependem de quais subcritérios serão levados em consideração.

QUADRO 2 – Critérios utilizados para a seleção de fornecedores

Critérios

Autores

Giu

sep

pe,

Esp

osito

, G

enov

ese

e S

imp

son

(201

6)

Ayh

an e

Kili

c (2

015)

Dey

, Bha

ttach

arya

e

Ho

(201

5)

Kar

(20

15)

Ple

ban

kiew

icz

e K

ubek

(20

15)

Yad

av e

Sha

rma

(201

5)

Den

g e

t al.

(201

4)

K

ar (

2014

)

Che

n e

Wu

(201

3)

Esh

teha

rdia

n,

Gho

dou

si e

B

ejan

pou

r (2

013)

S

oroo

r e

t al.

(201

2)

Cha

mod

raka

s, B

atis

e

Mar

tako

s (2

010)

Kan

g e

Lee

(20

10)

TOTA

L

Custo ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13

Qualidade ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 13

Entrega ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ 12

Nível de serviço ✓ ✓ ✓ ✓ 4

Tecnologia ✓ ✓ ✓ ✓ 4

Flexibilidade ✓ ✓ ✓ 3

Capacidade produtiva ✓ ✓ 2

Relacionamento ✓ ✓ 2

Condição de pagamento

✓ 1

Gestão ✓ 1

Organização e Inovação ✓

1

Perfil do fornecedor ✓ 1

Posição financeira ✓ 1

Serviço pós-venda ✓ 1

109

Page 110: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Ho, Xu e Dey (2010) afirmam que é preciso adotar técnicas multicritério adequadas para lidar de forma eficiente com as características e quantidades dos critérios a serem considerados. Logo, é fundamental alinhar a seleção dos critérios com a escolha da técnica multicritério durante a modelagem do problema (LIMA JUNIOR; CARPINETTI, 2015). Também foram identificados os principais subcritérios utilizados na seleção dos fornecedores.

Após a identificação dos principais critérios e subcritérios para a seleção de fornecedores, buscou-se pela avaliação de especialistas do setor de Suprimentos e Tomada de Decisão. Foram selecionados quatro especialistas no assunto, sendo três professores de disciplinas relacionadas com a área em estudo e um diretor da empresa que atua há oito anos no Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos da empresa. Com o auxílio dos especialistas, a estrutura hierárquica foi elaborada e validada (Figura 2).

Figura 2 – Estrutura hierárquica proposta para a seleção de fornecedores de serviços logísticos.

A estrutura proposta foi fundamentada no conceito de árvore de decisão e compreende, de forma clara, os fatores levados em consideração para a seleção de fornecedores.

4.2.2 COLETA DOS DADOS E REALIZAÇÃO DOS JULGAMENTOS

O método AHP foi aplicado na empresa de acordo com as etapas estabelecidas na seção 2.2. Para a realização dos julgamentos por meio do AHP, o diretor da empresa definiu três pessoas chaves que estão diretamente relacionadas com a área de Suprimentos. Decidiu-se, também, atribuir pesos iguais às avaliações, visto que todos participam de forma igualitária no processo decisório. Foram agendadas reuniões para explicar a forma de

obtenção dos dados para análise. Após, realizou-se a coleta dos dados, os julgamentos foram coletados de forma individual. Todos os julgamentos realizados tiveram índices de inconsistência abaixo de 10%; portanto, de acordo com Saaty (1990), os dados apresentaram-se consistentes, não necessitando de novos julgamentos.

4.2.3 CÁLCULO DO ÍNDICE DOS FATORES

A partir dos valores de comparação entre os critérios, foi elaborada a análise conjunta dos resultados obtidos. Utilizou-se a média aritmética como forma de agregação dos julgamentos (FORMAN; PENIWATI, 1998). A Figura 3 apresenta os valores obtidos referentes à importância dos critérios.

110

Page 111: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Figura 3 – Índice de importância dos critérios

De acordo com a Figura 3 o critério de maior importância é o da Qualidade, sucedido pelo Custo, Serviço e Entrega. O Quadro 3

apresenta os valores obtidos na comparação entre os subcritérios.

QUADRO 3 – Índices de importância dos subcritérios

Subcritérios Índices de importância

Índice de importância dos subcritérios da Qualidade

Qualidade do produto 0,8194

Taxa de defeito 0,1806

Índice de importância dos subcritérios de Custo

Preço do produto 0,8302

Custo de transporte 0,1698

Índice de importância dos subcritérios de Serviço

Condição de pagamento 0,6817

Relacionamento com o cliente 0,1820

Resposta à demanda 0,1363

Índice de importância dos subcritérios de Entrega

Tempo de entrega 0,4167

Cumprimento do prazo 0,5833

A partir dos valores obtidos, foram realizadas as multiplicações das matrizes de subcritérios com os critérios correspondentes. Determinou-se assim, os valores de

importância final de cada subcritério, ou seja, quanto cada subcritério impacta no objetivo final (Figura 4).

111

Page 112: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 4 – Índice de importância dos subcritérios para seleção de fornecedores

Constata-se que a Qualidade e o Preço do produto são os subcritérios com maiores índices de importância.

4.2.4 ANÁLISE DO DESEMPENHO DAS ALTERNATIVAS

A partir dos julgamentos os auto vetores das matrizes de comparação par a par entre as alternativas de decisão foram gerados (Quadro 4).

QUADRO 4 – Comparação das alternativas em relação aos produtos 1 e 2

Alternativas

Subcritérios

Qua

lidad

e d

o p

rod

uto

Taxa

de

def

eito

Cus

to d

o p

rod

uto

Cus

to d

e en

treg

a

Con

diç

ão

de

pag

amen

to

Rel

acio

nam

ento

com

o

clie

nte

Res

pos

ta à

d

eman

da

Tem

po

de

entr

ega

Cum

prim

ent

o d

o p

razo

PRODUTO 1

Fornecedor 1 0,4021 0,3973 0,6370 0,6914 0,5379 0,6811 0,3187 0,2916 0,3389

Fornecedor 2 0,3212 0,5218 0,2583 0,2302 0,3572 0,2288 0,5395 0,6152 0,5338

Fornecedor 3 0,2767 0,0809 0,1047 0,0784 0,1049 0.0902 0,1418 0,0932 0,1273

PRODUTO 2

Fornecedor 4 0,5000 0,5833 0,6556 0,5000 0,4444 0,8056 0,5000 0,5000 0,5556

Fornecedor 5 0,5000 0,4167 0,3444 0,5000 0,5556 0,1944 0,5000 0,5000 0,4444

Os dados apresentados apontam o desempenho dos fornecedores para cada subcritério abordado, possibilitando, assim, a determinação do desempenho global.

4.2.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados do desempenho global das alternativas, juntamente com o ranking obtido, são apresentados no Quadro 5.

0,368

0,0811

0,326

0,0667

0,0646

0,0173

0,0129

0,0265

0,037

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Qualidade do produto

Taxa de defeito

Preço do produto

Custo de entrega

Condição de pagamento

Relacionamento com o cliente

Resposta à demanda

Tempo de entrega

Cumprimento do prazo

112

Page 113: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Quadro 5 – Desempenho global dos fornecedores para os produtos 1 e 2

Alternativas Desempenho global Ranking

PRODUTO 1

Fornecedor 1 0,5048 1

Fornecedor 2 0,3301 2

Fornecedor 3 0,1651 3

PRODUTO 2

Fornecedor 4 0,5612 1

Fornecedor 5 0,4388 2

Com base nos dados obtidos, conclui-se que, para seleção do produto 1, a alternativa que melhor se adequa aos critérios e subcritérios de fornecimento é o Fornecedor 1. Como segunda opção, tem-se o Fornecedor 2 e, finalmente, o Fornecedor 3 deverá ser a última opção a se considerar para possíveis fornecimentos futuros. Com relação ao produto 2, a melhor alternativa é o Fornecedor 4; porém, neste caso, a diferença dos desempenhos é baixa, tendo em vista o número de alternativas.

4.3 COMPARAÇÃO DO AHP COM O MÉTODO UTILIZADO PELA EMPRESA

Atualmente, a empresa toma como base para seleção de fornecedores o requisito 7.4 da norma ISO 9001 (ISO, 2008), dessa forma, é necessário que os fornecedores possuam esta certificação de qualidade e que sejam avaliados, obtendo um índice superior a 75%. O método e os critérios utilizados pela empresa foram parte fundamental para a determinação dos critérios e subcritérios do método AHP, pois, dessa forma, foi possível adaptar a pesquisa às particularidades da empresa e do setor. Utilizaram-se também, como alternativas, somente as empresas que possuíam certificação ISO 9001, de forma a garantir uma qualidade mínima dos requisitos de fornecimento. Comparando-se os dois métodos de seleção, conclui-se que o AHP possui diversas vantagens. Uma delas é a comparação paritária dos critérios e dos subcritérios, onde é possível delinear a real importância de cada um para o objetivo final. Outra vantagem do AHP é a avaliação dos fornecedores em relação aos subcritérios, realizada de forma comparativa. Além disso, o método atual não leva em consideração os responsáveis diretos pela área de

Suprimentos, no momento da análise dos critérios e subcritérios.

A desvantagem do AHP é o número de comparações a serem feitas, onde cada julgador teve que avaliar 14 matrizes de comparação por produto, ao contrário do método atual que é composto por somente uma.

5 CONCLUSÃO

Este artigo teve como objetivo propor uma estrutura para a seleção de fornecedores em uma empresa de prestação de serviços eletromecânicos. Para que esse objetivo fosse alcançado foram identificadas as aplicações do AHP para a seleção de fornecedores, permitindo, dessa forma, delinear os critérios e subcritérios mais adequados à seleção de fornecedores e propor a estrutura hierárquica. Entende-se que o objetivo definido foi alcançado ao selecionar os fornecedores utilizando a estrutura proposta, que se mostrou eficiente no processo de seleção e avaliação das alternativas, principalmente quando comparada ao método utilizado pela empresa. Os resultados alcançados foram considerados relevantes pelos gestores, conforme expectativas iniciais e necessidades de consolidar parcerias para fornecimento. O novo método utilizado na empresa apresentou como limitação, para os especialistas, o número de julgamentos necessários. Entretanto, o fato de levar em consideração a experiência dos responsáveis diretos pela área de Suprimentos no momento da análise foi um ponte forte relevante. Sugere-se, como pesquisa futura, a replicação da pesquisa em outras empresas de mesmo segmento, a fim de identificar possíveis diferenças na forma de escolha dos fornecedores e novas adequações à estrutura proposta.

113

Page 114: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

6 AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de expressar sua gratidão à CNPq, Capes, FAPEMIG, DPPG/Unifei e ao Grupo de Estudos em

Qualidade e Produtividade - GEQProd, pelo seu apoio.

REFERÊNCIAS

[1]. AISSAOUI, N.; HAOUARI, M.; HASSINI, E. Supplier selection and order lot sizing modeling: A review. Computers & Operations Research, v. 34, n. 12, p. 3516-3540, 2007. [2]. AYHAN, M. B.; KILIC, H. S. A two stage approach for supplier selection problem in multi-item/multi-supplier environment with quantity discounts. Computers & Industrial Engineering, v. 85, 2015. [3]. BAI, C.; SARKIS, J. Integrating sustainability into supplier selection with grey system and rough set methodologies. International Journal of Production Economics, v. 124, n. 1, p. 252-264, 2010. [4]. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. [5]. BANVILLE, C.; LANDRY, M.; MARTEL, J. M.; BOULAIRE, C. A stakeholder approach to MCDA, System Research and Behavioral Science, v. 15, n. 1, p. 15-32, 1998. [6]. BORAN, F. E.; GENÇ, S.; KURT, M.; AKAY, D. A multi-criteria intuitionistic fuzzy group decision making for supplier selection with TOPSIS method. Expert Systems with Applications, v. 36, n. 8, p. 11363-11368, 2009. [7]. BOWERSOX, D.; CLOSS, D.; COOPER, M.; BOWERSOX, J. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Bookman, 2013. [8]. CHAI, J.; LIU, J.; NGAI, E. Application of decision-making techniques in supplier selection: A systematic review of literature. Expert Systems with Applications, v. 40, n. 10, p. 3872-3885, 2013. [9]. CHAMODRAKAS, I.; BATIS, D.; MARTAKOS, D. Supplier selection in electronic marketplaces using satisficing and fuzzy AHP. Expert Systems with Applications, v. 37, n. 1, p. 490-498, 2010. [10]. CHEN, P.; WU, M. A modified failure mode and effects analysis method for supplier selection problems in the supply chain risk environment: A case study. Computers & Industrial Engineering, v. 66, n. 4, p. 634-642, 2013. [11]. CRUZ, E. P.; BARRETO, C. R.; FONTANILLAS, C. N. O processo decisório nas organizações. Curitiba: Intersaberes, 2014. [12]. DE BOER, L.; LABRO, E.; MORLACCHI, P. A review of methods supporting supplier selection. European Journal of Purchasing & Supply Management, v. 7, n. 2, p. 75-89, 2001. [13]. DENG, X.; HU, Y.; DENG, Y.; MAHADEVAN, S. Supplier selection using AHP methodology extended by D numbers. Expert Systems with Applications, v. 41, n. 1, p. 156-167, 2014. [14]. DEY, P. K.; BHATTACHARYA, A.; HO, W.

Strategic supplier performance evaluation: a case-based action research of a UK manufacturing organisation. International Journal of Production Economics, v. 166, p. 192-214, 2015. [15]. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. [16]. ESHTEHARDIAN, E.; GHODOUSI, P.; BEJANPOUR, A. Using ANP and AHP for the supplier selection in the construction and civil engineering companies; case study of Iranian company. KSCE Journal of Civil Engineering, v. 17, n. 2, p. 262-270, 2013. [17]. FELLOUS, S. M. Gestão da cadeia de suprimentos no Brasil e a utilização de instrumentos da contabilidade gerencial: uma avaliação sob a perspectiva dos profissionais envolvidos. 2009. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. [18]. FORMAN, E.; PENIWATI, K. Aggregating individual judgements and priorities with the analytic hierarchy process. European Journal of Operational Research, v. 108, n. 1, p. 165-169, 1998. [19]. GIUSEPPE, B.; ESPOSITO, E.; GENOVESE, A.; SIMPSON, M. Applying supplier selection methodologies in a multi-stakeholder environment: A case study and a critical assessment. Expert Systems with Applications, v. 43, p. 271-285, 2016. [20]. HA, S. H.; KRISHNAN, R. A hybrid approach to supplier selection for the maintenance of a competitive supply chain. Expert Systems with Applications, v. 34, n. 2, p. 1303-1311, 2008. [21]. HO, W.; XU, X.; DEY, P. Multi-criteria decision making approaches for supplier evaluation and selection: A literature review. European Journal of Operational Research, v. 202, n. 1, p. 16-24, 2010. [22]. IAÑEZ, M. M.; CUNHA, C. Uma metodologia para a seleção de um provedor de serviços logísticos. Produção, v.16, n. 3, p. 394-412, 2006. [23]. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO. ISO 9001: 2008. Quality management systems. Requirements. International Organization for Standardization. 2008. [24]. KANG, H.; LEE, A. A new supplier performance evaluation model: A case study of integrated circuit (IC) packaging companies. Kybernetes, v. 39, n. 1, 2010. [25]. KAR, A. K. Revisiting the supplier selection problem: An integrated approach for group decision support. Expert systems with applications, v. 41, n. 6, p. 2762-2771, 2014.

114

Page 115: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

[26]. KAR, A. K. A hybrid group decision support system for supplier selection using analytic hierarchy process, fuzzy set theory and neural network. Journal of Computational Science, v. 6, p. 23-33, 2015 [27]. KARSAK, E. E.; DURSUN, M. An integrated fuzzy MCDM approach for supplier evaluation and selection. Computers & Industrial Engineering, v. 82, p. 82-93, 2015. [28]. KOTHARI, C. R. Research methodology: Methods and techniques. New Age International, 2004. [29]. LIMA JUNIOR, F. R.; CARPINETTI, L. C. R. Uma comparação entre os métodos TOPSIS e Fuzzy-TOPSIS no apoio à tomada de decisão multicritério para seleção de fornecedores. Gestão & Produção, v. 22, n. 1, p. 17-34, 2015. [30]. LIMA JUNIOR, F. R.; OSIRO, L.; CARPINETTI, L. C. R. Métodos de decisão multicritério para seleção de fornecedores: um panorama do estado da arte. Gestão & Produção, v. 20, n. 4, p. 781-801, 2013. [31]. MIGUEL, P. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua condução. Revista Produção, v. 17, n. 1, p. 216–229, 2007. [32]. OMURCA, S. I. An intelligent supplier evaluation, selection and development system. Applied Soft Computing, v. 13, n. 1, p. 690-697, 2013. [33]. PLEBANKIEWICZ, E.; KUBEK, D. Multicriteria Selection of the Building Material Supplier Using AHP and Fuzzy AHP. Journal of Construction Engineering and Management, v. 142, n. 1, p. 04015057, 2015. [34]. ROSA, C. R. M.; STEINER, M. T. A.; COLMENERO, J. C. The use of analytic hierarchy process for the structural and operational definition of distribution centers: an application to a food company. Gestão & Produção, v. 22, n. 4, p. 935-950, 2015. [35]. SAATY, T. L. A scaling method for priorities in hierarchical structures. Journal of mathematical psychology, v. 15, n. 3, p. 234-281, 1977.

[36]. SAATY, T. L. The analytic hierarchy process: planning, priority setting, resources allocation. New York: McGraw, 1980. [37]. SAATY, T. L. Multicriteria Decision Making. The Analytic Hierarchy Process: Plannig, Priority Setting, Resource Allocation. 2th ed. Pittsburgy: RWS Publications, 1990. [38]. SAATY, T. L. Fundamentals of the analytic hierarchy process. Netherlands: Springer, 2001. [39]. SALOMON, V. AP; MARINS, F.; DUDUCH, M. Tomada de Decisões Múltiplas Aplicada à Seleção de Fornecedores de Equipamentos de uma Linha de Montagem em uma Fábrica de Autopeças. Pesquisa Operacional para o Desenvolvimento, v. 1, n. 3, p. 208-217, 2009. [40]. SHAW, K.; SHANKAR, R.; YADAV, S. S.; THAKUR, L. S. Supplier selection using fuzzy AHP and fuzzy multi-objective linear programming for developing low carbon supply chain. Expert systems with applications, v. 39, n. 9, p. 8182-8192, 2012. [41]. SHIMIZU, T. Decisão nas organizações. 3 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. [42]. SOROOR, J.; TAROKH, M. J.; KHOSHALHAN, F.; SAJJADI, S. Intelligent evaluation of supplier bids using a hybrid technique in distributed supply chains. Journal of Manufacturing Systems, v. 31, n. 2, p. 240-252, 2012. [43]. TORTORELLA, G; FOGLIATO, F. Planejamento sistemático de layout com apoio de análise de decisão multicritério. Revista Produção, v. 18, n. 3, p. 609-624, 2008. [44]. YADAV, V.; SHARMA, M. K. An application of hybrid data envelopment analytical hierarchy process approach for supplier selection. Journal of Enterprise Information Management, v. 28, n. 2, p. 218-242, 2015. [45]. VELASQUEZ, M.; HESTER, P. T. An analysis of multi-criteria decision making methods. International Journal of Operations Research, v. 10, n. 2, p. 56-66, 2013. [46]. ZHU, B.; XU, Z. Analytic hierarchy process-hesitant group decision making. European Journal of Operational Research, v. 239, n. 3, p. 794-801, 2014.

115

Page 116: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 11

Francine Conceição de Andrade

Fábio Cézar Ferreira

Resumo: As redes de lanchonetes no âmbito de “fast food” demandam alta

produtividade e ritmo acelerado dos funcionários, estes podem resultar em estresse

ocupacional, comprometendo saúde física, mental e satisfação de trabalho. O

objetivo foi analisar preliminarmente os riscos ocupacionais a que estão expostos

os funcionários de uma lanchonete de rede fast-food de pequeno porte. O local de

estudo foi caracterizado com grau de risco 2, conforme NR 4. O método de Análise

Preliminar de Riscos (APR) foi aplicado no posto de trabalho (atendimento e

produção). A análise identificou 26 riscos, divididos em físicos, químicos,

ergonômicos e de acidentes, a predominância ocorreu para os que são

classificados como grau de risco tolerável (35%), tendo na sequência em ordem

decrescente o grau severo (27%), moderado (23%) e desprezível (15%). Não foram

identificados riscos de gravidade crítica. O setor de produção apresentou um total

de 56% de riscos que incluem a modalidade severo e moderado, pela existência de

equipamentos e ferramentas. Conclui-se através da APR que o empreendimento

está sendo capaz em garantir a segurança dos trabalhadores, visto que 35% dos

riscos totais nos setores encontraram classificados como toleráveis.

Palavras chave: calor; ritmo acelerado e repetitivo; estresse ocupacional.

116

Page 117: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, a população vive atarefada necessitando de tempo e para isso, quando se trata em alimentação além das condições nutricionais essenciais para existência estão relacionados aspectos econômicos, ambiental, cultural, psicológico, pois estes envolvem diretamente na qualidade de vida do ser humano (ALEVATO e ARAÚJO, 2009).

O desenvolvimento do mercado de food services, que são locais como cafés, restaurantes e lanchonetes onde oferecem produtos fora do “lar” vem se tornando uma tendência mundial e o Brasil têm contribuindo consideravelmente para a expansão deste segmento alimentício (ABIP, 2013).

As redes de lanchonetes no âmbito de “fast food” acabam por atender um público que busca praticidade e agilidade, uma vez que disponibilizam uma alimentação de preparo rápido. Seguindo essa linhagem, um estudo realizado por Geofusion (2016) apontou um aumento de 11% em 2015 com relação ao ano anterior, onde foram registradas 630 lojas abertas e apenas 57 fechadas, apesar da crise econômica brasileira.

A alta produtividade, o ritmo acelerado e outras demandas solicitadas por esta área de trabalho podem resultar na incapacidade do trabalhador em lidar com essas fontes de pressão desencadeando um estresse ocupacional que comprometem não só a sua saúde física, mental, mas o requisito satisfação de trabalho, tanto do indivíduo quanto da organização como um todo (VISENTINI et al., 2009; SILVA, 2010).

Empreendimentos que visam alta eficiência na produtividade devem aliar a necessidade de minimização de riscos. Alguns empreendimentos ocorre a priorização da parte econômica ou simplesmente a negligência quanto à segurança dos funcionários, aumentando a probabilidade de acidentes de trabalho (VODONIS, 2014).

A identificação da fonte e a relevância dos perigos aos trabalhadores neste segmento

podem ocorrer através da análise prévia e qualitativa dos riscos associados a cada processo do sistema alimentício. Dessa maneira, objetivou-se neste trabalho identificar e analisar preliminarmente os riscos ocupacionais a que estão expostos os funcionários de uma lanchonete de rede fast-food de pequeno porte.

2. METODOLOGIA

2.1 MÉTODO DE ANÁLISE DOS RISCOS

As técnicas de análise de riscos estão divididas em quatro principais grupos: análises iniciais, análises operacionais, análises detalhadas e análises quantitativas (CICCO e FANTAZZINI, 1988).

Para elaboração dos riscos que os trabalhadores estavam expostos durante a jornada de trabalho utilizou-se a ferramenta de Análise Preliminar de Risco (APR), que se enquadra nas análises iniciais, sendo um estudo realizado durante a concepção ou desenvolvimento de um novo sistema operacional, com a finalidade de determinar quais os potenciais riscos na fase de operação do empreendimento.

A APR é um método qualitativo dos riscos existentes no processo que permite calcular a magnitude e hierarquizar de forma racional a prioridade de medidas a serem tomadas para eliminação ou redução dos mesmos (VIANA; ALVES e JERÔNIMO, 2014).

A metodologia APR foi realizada com o preenchimento de uma planilha onde foram identificadas todas as possíveis causas de acidentes no local de estudo, as consequências para cada situação, estipulando a frequência (Quadro 1) em que o acidente pode ocorrer e o grau da severidade (Quadro 2) do perigo, e assim, cruzando o resultado em uma matriz de classificação de riscos (Figura 1) permitiu-se verificar a real gravidade do cenário estudado (AMORIM, 2010).

117

Page 118: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

QUADRO 1 - Categorias de Frequência.

Categoria Descrição Frequência

A Muito remota Até uma vez durante a vida útil da instalação

B Remota Até uma vez por ano

C Improvável Uma vez a cada semestre

D Provável Uma vez a cada trimestre

E Frequente Pelo menos uma vez por mês

Fonte: Rodrigues (2015).

QUADRO 2 - Categorias de Severidade.

Categoria Magnitude Descrição

I Desprezível Acidente que não provoca lesões, ou provoca lesões muito leves sem afastamento.

II Moderada Acidente que provoca lesões leves ou moderadas e não incapacitantes, podendo ou não haver afastamento.

III Crítica Acidente com afastamento e lesões incapacitantes, podendo haver perda de membros sem causar invalidez permanente.

IV Catastrófica Acidente com morte ou invalidez permanente, ou lesões incapacitantes em várias pessoas.

Fonte: Adaptado de Viana; Alvez e Jerônimo (2014).

FIGURA 1 - Matriz de classificação de Riscos - Frequência x Severidade.

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2015).

2.2 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDIMENTO

O local de estudo pertence a região central do município de Londrina, estado do Paraná, Brasil. Por motivos de sigilo, serão apresentadas apenas as principais características físicas do empreendimento concedidas pelo gerente do empreendimento

para o estudo dos riscos ocupacionais.

A atividade do local de estudo conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto de Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE) enquadra-se como comércio varejista de serviços alimentícios caracterizada como lanchonete de linhagem fast-food, com predominância de

118

Page 119: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

produção própria.

O número total de funcionários é menor que 20 e o estabelecimento possui código de atividade econômica no 47.21-1, grau de risco 2, conforme NR 4 – Serviços especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), não havendo a necessidade de compor um corpo de SESMT, nem uma Comissão de Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) (BRASIL, 1983).

Para o estudo foram analisados os postos de trabalho existentes que foram divididos em dois setores: atendimento e produção. No setor de atendimento, local qual, o cliente realiza seu pedido e pagamento do produto, há o atendente de caixa que utiliza dos equipamentos computacionais para realização das atividades.

No setor de produção, encontram se as funções de cozinheiro, ajudante de cozinha, assador e montador de massas. A estrutura e os equipamentos encontrados foram as seguintes:

• Amassadeira rápida: equipamento utilizado para mistura de massa em geral.

• Cilindro de massa elétrico: trabalha a espessura e corte da massa.

• Cortador de Frios: equipamento utilizado para fatiar frios em geral (presunto, queijo, etc.).

• Refrigeradores: utilizado para refrigerar insumos e produtos.

• Forno elétrico a gás GLP: utilizado para assar os produtos (esfihas e pratos árabes etc.).

• Fritadeira: utilizada para fritura de salgados.

• Bancada de corte: uso de facas para cortar alimentos (verduras e carnes).

• Forno a lenha: utilizados para assar os produtos (salgados e lanches).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

A Análise Preliminar de Risco (APR) foi realizada conjuntamente com o gerente do empreendimento. O resultado geral da APR da lanchonete de fast-food estudada encontra-se no Apêndice A deste artigo.

O Quadro 3 apresenta os resultados da aplicação do método de APR para os setores do empreendimento em estudo que registraram graus de risco diferentes da classificação da matriz de “tolerável” e “desprezível”, ou seja, para os riscos que obtiveram classificação acima de 2, necessitam de alguma ação ou melhoria do ambiente de trabalho para redução do grau de risco.

QUADRO 3 – Resultados da aplicação do APR.

Setores Tipo do risco Riscos ocupacionais Grau do risco

Atendimento

Ergonômicos Controle rígido de produtividade Moderado

Imposição de ritmos acelerados Severo

Físico Calor Moderado

Acidente Probabilidade de incêndio e explosão Severo

Produção

Físico Calor Severo

Químico Vazamento de gás Severo

Acidentes

Ferramenta inadequada ou defeituosa Severo

Máquinas e equipamentos sem proteção Severo

Probabilidade de incêndio e explosão Severo

Ergonômicos Controle rígido de produtividade Moderado

Esforço físico intenso Moderado

Fonte: Autores (2017).

119

Page 120: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Na Figura 2 é possível verificar os graus de riscos levantados nos dois setores da lanchonete de fast-food. Observa-se que no setor de atendimento os riscos ocupacionais de grau tolerável representam 50% e no setor

de produção apenas 25%, uma vez que, para este grau de risco não se faz necessidade de adotar medidas corretivas ou ações preventivas nos setores.

Figura 2 – Graus de riscos identificados nos setores de atendimento (esquerda) e de produção (direita).

Fonte: Autores (2017).

Já os riscos “severos” e “moderados” representaram 40% do total no setor de atendimento, enquanto no setor de produção representaram um total de 56%, pelo fato do ambiente de trabalho no setor de produção possuir equipamentos e ferramentas que demandam atenção e ações preventivas maiores neste ambiente.

Um risco físico moderado evidenciado nos dois setores é o calor com que os funcionários estão expostos, apesar de não ser mensurado a temperatura do ambiente de trabalho, o relato de funcionários e o do gerente do estabelecimento relataram um ambiente “quente” durante a estação de verão, uma vez que, as temperaturas médias diárias do município de Londrina é de 24oC, com temperaturas máximas de 30oC segundo o registro histórico de dados de 30 anos do Instituto Agropecuário do Paraná (IAPAR, 2017). A presença dos fornos em funcionamento durante o expediente do empreendimento contribui para que a temperatura interna eleve e a sensação

térmica se torne desconfortável para trabalhar.

Quando se analisa os riscos ergonômicos em ambos os setores, alguns são toleráveis, em virtude do desafio de orientação e treinamento para os trabalhadores utilizarem posturas adequadas ao longo da jornada de trabalho. Porém fica evidente o grau severo do ritmo acelerado de trabalho e o controle rígido de produtividade, uma vez que, os mesmos devem realizar o pedido e a produção do produto em um curto espaço de tempo, tornando as atividades de nível que exigem concentração e repetitividade devido ao fluxo intenso de pedidos que tem que realizar durante a jornada de trabalho.

No setor de produção, nota-se ainda, que na linha de risco químico do Quadro 3, está classificado como grau severo o vazamento de gás do tipo GLP, uma vez que pode haver a inalação desse gás pelos funcionários ou a probabilidade de incêndio e explosão (risco de acidente), pelo fato do gás ser inflamável.

120

Page 121: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

A gravidade de um incêndio ou mesmo explosão neste ambiente de trabalho está relacionada a probabilidade de descuido do funcionário no ato de acender o forno à lenha ou até mesmo na falta de manutenção dos dutos e mangueiras de gás que podem ocasionar um vazamento. Portanto, o risco na área de produção é considerado severo, visto que, foi relatado no momento da entrevista a ocorrência de um acidente com forno, o que levou o funcionário à queimadura de 2o grau devido à descuidos do mesmo no ato de acender o forno.

De modo geral, há risco de incêndio em todo o empreendimento, sendo que, foi detectado que o empreendimento possui o risco de desenvolvimento de fogo de classe A, quando ocorre combustão em materiais com a

propriedade de queimarem em superfície e profundidade, de classe B, quando ocorre em materiais que queimam em superfície, e classe C, quando ocorre em equipamentos elétricos energizados. Salienta-se que nos setores analisados foram encontrados extintores com manutenção correta e dentro do prazo de validade. Na Figura 2 não foram evidenciados riscos classificados como críticos, que permitiram o trabalhador estar exposto em riscos severos e de grande frequência.

3.2 MEDIDAS MITIGADORAS OU PREVENTIVAS

O Quadro 4 mostra as medidas preventivas adotadas para os riscos moderado e severo.

QUADRO 4 – Medidas preventivas.

Setores Tipo do risco Riscos ocupacionais

Medidas preventivas (Proteção coletiva, medidas administrativas,

treinamentos, proteção individual, monitoramento)

Atendimento

Ergonômicos

Controle rígido de produtividade

Avaliação da produtividade e dos métodos de controle.

Imposição de ritmos acelerados

Criar intervalos de descanso.

Físico Calor Melhorar a ventilação das áreas internas que proporcione climatizar o ambiente de trabalho.

Adequar a vestimenta dos empregados com tecidos mais leves. Uso de EPIs para o assador de massas:

Avental térmico antichamas. Acidente Probabilidade de

incêndio e explosão

Treinamento com os funcionários

Produção

Físico Calor Melhorar a ventilação das áreas internas que proporcione climatizar o ambiente de trabalho.

Adequar a vestimenta dos empregados com tecidos mais leves.

Químico Vazamento de gás

Limpeza e manutenção dos dutos e mangueiras com maior periodicidade

Acidentes

Ferramenta inadequada ou

defeituosa

Uso de EPIs: luvas anti corte.

Máquinas e equipamentos sem proteção

Treinamentos de uso dos equipamentos. Criar barreiras de proteção nos equipamentos.

Probabilidade de incêndio e explosão

Fazer o aterramento do veículo tanque e evitar fontes de ignição como o fumo de cigarro próximo a área

de descarga

Ergonômicos

Controle rígido de produtividade

Avaliação da produtividade e dos métodos de controle.

Esforço físico intenso

Avaliação do ritmo de trabalho. Criar intervalos de descanso.

Fonte: Autores (2017).

121

Page 122: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4. CONCLUSÃO

A aplicação do método de Análise Preliminar de Riscos possibilitou identificar 26 riscos para a lanchonete de fast food, divididos em físicos, químicos, ergonômicos e de acidentes, a predominância ocorreu para os que são classificados como grau de risco tolerável (35%), tendo na sequência em ordem decrescente o grau severo (27%), moderado (23%) e desprezível (15%). É importante mencionar que nenhum dos riscos identificados apresentou-se com gravidade crítica.

Conclui-se que por meio da análise preliminar qualitativa dos riscos envolvidos nas atividades da lanchonete, fica evidente que o empreendimento está sendo eficiente em garantir a segurança dos trabalhadores, visto

que, a grande parte (35%) do total de riscos encontra classificados como toleráveis.

Porém, sob o ponto de vista qualitativo, os resultados obtidos da análise preliminar de riscos, quando usada isoladamente, não se torna uma ferramenta eficaz, necessitando assim, de se aplicar outras ferramentas de identificação de riscos, com intuito de se confirmar os riscos detectados pelo método utilizado, bem como a complementação do estudo através da aplicação de uma abordagem quantitativa dos riscos.

Ainda este tipo de análise utilizado não permitiu de fato diagnosticar com clareza o estresse ocupacional dos funcionários que estão sujeitados a um ritmo de trabalho acelerado e repetitivo, que pode desencadear sérios problemas de saúde.

REFERÊNCIAS

[1]. ABIP. Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria. 2013. Disponível em: <http://abip.org.br/>. Acesso em 10 abril de 2017.

[2]. ALEVATO, H.; ARAÚJO, E. M. G. Gestão, Organização e Condições de Trabalho. V Congresso Nacional de Excelência em Gestão. p. 1-22, 02 a 04 de julho, 2009. AMORIM. E.L.C. Apostila de Ferramentas de Análise de Risco. Maceió: UFAL, 2013.

[3]. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 04 - Serviços especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 1983. Disponível em: < http://trabalho.gov.br/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras>. Acesso em 17 de abril de 2017.

[4]. CICCO, F. de; FANTAZZINI, M.L. Introdução à Engenharia de Segurança de Sistemas. São Paulo, Fundacentro, 1988.

[5]. GEOFUSION. Raio-X do mercado de fast food no Brasil. Estudo de comunicação. 2015. Disponível em: <https://geofusion.com.br/imprensa-e-noticias/13748/>. Acesso em 31 de maio de 2017.

[6]. IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. Médias históricas nas estações do IAPAR. Disponível em: < http://www.iapar.br/arquivos/Image/monitoramento/Medias_Historicas/Londrina.htm>. Acesso em 10 abril 2017.

[7]. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Disponível em: <http://concla.ibge.gov.br/busca-online-cnae.html>. Acesso em 10 abril 2017.

[8]. RODRIGUES, H. U. Aplicação de análise preliminar de riscos em indústria de pequeno porte de móveis e decorações em madeira. 2015. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2015.

[9]. SILVA, J. F. C. Estresse Ocupacional e suas principais causas e consequências [dissertação] - Curso de Gestão Empresarial, Instituto A Vez do Mestre, Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2010.

[10]. VIANA, M. G. P.; ALVES, C.S.; JERÔNIMO, C.E. de M. Análise preliminar de riscos na atividade de acabamento e revestimento externo de um edifício. Revista Monografias Ambientais, v.14, n.3, mai-ago. 2014, p.3289-3298.

[11]. VISENTINI, M. S.; REIS, E.; VIEIRA, K. M.; RODRIGUES, C. M. C.; SIQUEIRA, N. A. Estudo dos Fatores de Stress Ocupacional em Restaurantes Públicos e Privados: Aplicação da Escala de Stress no Trabalho (ETT). XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Salvador, 06 a 09 de outubro, 2009.

[12]. VODONIS, Bruno Guilherme. Análise preliminar de riscos em postos de combustíveis: estudo de caso. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

122

Page 123: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

APÊNDICE A – Avaliação dos riscos ocupacionais

Setor Tipo do risco Riscos ocupacionais

Causa Efeito

Avaliação do Risco Requisito

F S Grau

Ate

ndim

ento

/ Cai

xa

Ergonômicos

Controle rígido de

produtividade

Longa jornada de trabalho Estresse e cansaço. D II 3 NR 17

Postura inadequada

Desconforto postural.

Estresse, cansaço, lesões

osteomioarticulares. C II 2 NR 17

Imposição de ritmos

acelerados

Pouco tempo para realizar as atividades

Estresse, irritação, cansaço, lesões

osteomioarticulares. E II 4 NR 17

Iluminação inadequada

Fontes de iluminação

inadequadas.

Cansaço visual, cansaço e estresse.

C II 2 NR 17

Físicos

Calor Temperaturas

atmosférica e do forno a lenha

Aumento da pulsação, cansaço,

irritação, taquicardia, fadiga

térmica, hipertensão.

C II 3 NR 15

Ruídos

Veículos automotores,

climatizador de ar ligado, companhia

do telefone, atendimento ao

cliente.

Perda auditiva, estresse, cansaço,

surdez ocupacional, taquicardia.

D II 2 NR 06

Acidentes

Trabalho em superfícies

escorregadias

Piso úmido ou molhado.

Lesões (fraturas, contusões, torções).

D I 2 NR 24

Arranjo físico inadequado

Ausência de manutenção adequada.

Cansaço, lesões osteomioarticulares,

contato com material perfuro

cortante.

B II 1 NR 26

Máquinas e equipamentos sem proteção

Ausência de manutenção adequada.

Lesões, cortes, fraturas. C III 2 NR-12

Probabilidade de incêndio e

explosão

Manuseio e acondicionamento

inadequados.

Asfixia, queimaduras,

lesões. C IV 4 NR 23

123

Page 124: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Continuação...

Setor Tipo do risco

Riscos ocupacionais Causa Efeito

Avaliação do Risco Requisito

F S Grau

Pro

duç

ão Físicos

Ruído

Equipamentos em funcionamento

(cilindro, cortador de frios e

amassadeira).

Perda auditiva, estresse,

cansaço, surdez ocupacional, taquicardia.

C II 2 NR 6

Vibração

Equipamentos em funcionamento

(cilindro, cortador de frios e

amassadeira).

Cansaço, irritação, dores nos membros,

dores na coluna, artrite, lesões

ósseas.

B III 1 NR 15

Calor

Funcionamento do forno a gás, fogão e

do forno a lenha. Temperatura atmosférica.

Aumento da pulsação,

cansaço, irritação, taquicardia,

fadiga térmica, hipertensão.

D III 4 NR 15

Umidade Condição atmosférica.

Doenças do aparelho

respiratório, quedas, doenças

da pele e circulatórias.

B II 1 NR 15

Químico Vazamento de gás (GLP)

Dano na tubulação ou na mangueira de gás.

Intoxicação aguda ou crônica. D III 4 NR 09

124

Page 125: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Continuação...

Setor Tipo do risco Riscos ocupacionais Causa Efeito

Avaliação do Risco Requisito

F S Grau

Pro

duç

ão

Acidentes

Ferramenta inadequada

ou defeituosa

Manuseio e acondicionamento incorretos de facas

Corte ou perfuração E II 4

Trabalho em superfícies

escorregadias

Piso úmido ou molhado.

Lesões (fraturas, contusões, torções). D I 2 NR 24

Arranjo físico inadequado

Ausência de manutenção adequada.

Cansaço, lesões osteomioarticulares, contato com material

perfuro cortante.

B II 1 NR 26

Máquinas e equipamentos sem proteção

Ausência de manutenção adequada.

Lesões, cortes, fraturas. C III 4 NR-12

Probabilidade de incêndio e

explosão

Manuseio e acondicionamento

inadequados.

Asfixia, queimaduras,

lesões. C IV 4 NR 23

Instalações elétricas

Ausência de manutenção adequada.

Queimaduras, parada

cardiorrespiratória. C II 2 NR 10

Ergonômicos

Controle rígido de

produtividade

Longa jornada de trabalho Estresse e cansaço. D 2 3 NR 17

Postura inadequada

Desconforto postural.

Estresse, cansaço, lesões

osteomioarticulares. C 2 2 NR 17

Imposição de ritmos

acelerados e repetitivos

Pouco tempo para realizar as atividades

Estresse, cansaço, lesões

osteomioarticulares. E II 4 NR 17

Iluminação inadequada

Fontes de iluminação

inadequadas.

Cansaço visual, cansaço e estresse. C II 2 NR 17

Esforço físico intenso

Longa jornada de trabalho/Excesso de peso.

Estresse, cansaço, lesões osteomioarticulares.

C III 3 NR 17

125

Page 126: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 12

Esdras Jorge Santos Barboza

Neusa Maria de Andrade

Márcia Terra da Silva

Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto

Resumo: O crescimento da educação a distância e o desenvolvimento da

tecnologia da informação e comunicação, são pontos fundamentais para a

atualização do ambiente virtual de aprendizagem. Os objetivos da pesquisa

incluem a avaliação de dificuldadees e facilidades de interatividade existentes nas

plataformas virtuais desta modalidade e apresentar as ferramentas de comunicação

que são utilizados no ava. Os dados foram obtidos a partir do censo 2014 e 2015

da associação brasileira de educação a distância e pesquisa bibliográfica.

Realizou-se um comparativo entre as principais plataformas utilizadas no brasil e

suas principais diferenças. Os resultados mostram que as ferramentas virtuais

estão disponíveis para a educação a distância e permitem interação, no entanto, o

seu uso ainda é limitado.

Palavras-chave: ava, educação a distância, interatividade, ferramentas virtuais,

gestão de serviços.

126

Page 127: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Devido ao progresso da tecnologia da internet e seu uso incrementou-se a demanda pelos cursos de Educação a Distância (EaD) ao redor do mundo. (BERNARD et al., 2009; KAY, 2014). A Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) produz interessante panorama ao realizar um estudo estatístico anual e coletar dados nas instituições de ensino público e privado que utilizam ensino à distância no Brasil, e dos censos ABED de 2014 e 2015 foram extraídos dados sobre as características das plataformas de EaD para ilustrar o objetivo desse artigo com relação às características de interatividade. (ABED, 2014, 2015)

Quando se trata da modalidade EaD, a interatividade é um dos elementos a serem considerados no processo de ensino-aprendizagem. Autores que exploram o assunto ressaltam a importância da mesma (BERNARD et al., 2009; WEI; PENG; CHOU, 2015), sendo que no ensino a distância prescinde-se de ferramentas e tecnologias específicas como chats, fóruns, videoaulas, entre outras, que possibilitam a interatividade entre professor/aluno, tutor/aluno, aluno/aluno, que não se relacionam face a face.

O AVA disponibiliza ferramentas de comunicação síncronas em que as partes se conectam simultaneamente, e assíncronas que permitem que cada um utilize esse espaço de acordo com sua organização e disponibilidade, sem que haja necessidade de coincidência, limitação de tempo e espaço. Isto é feito através de uma variedade de funcionalidades e componentes tecnológicos que permitem aos professores escolher estratégias de aula e conjuntos de atividades que melhor atendam aos objetivos de ensino-aprendizagem para aquisição de novos conhecimentos dos alunos. (GROSSI; MORAES; BRESCIA, 2013).

São diversas as plataformas utilizadas para gerir e organizar as atividades que servem para mediar as ações entre professor/aluno e entregar materiais e atividades interativas (EVANGELISTA; HECKLER, 2006; UNAL et al., 2011; WEI; PENG; CHOU, 2015). No trabalho em questão o estudo procura discorrer como os alunos e professores utilizam as ferramentas disponíveis, e se como se efetivam em relação a interatividade para melhor engajamento do aluno com o conteúdo do curso, com outros alunos, com o instrutor e com o meio tecnológico utilizado no curso, o

que proporciona a compreensão das metas definidas. (THURMOND; WAMBACH, 2004).

Desta forma, este artigo tem como objetivo analisar as plataformas mais utilizadas, identificar a gama de ferramentas disponíveis em cada uma, e evidenciar as dificuldades e facilidades de interatividade apresentando os principais ambientes disponíveis que permitem a interação necessária para efetiva troca do conhecimento. A utilização das ferramentas disponíveis nas plataformas pode ser incrementada entre os usuários dos ambientes virtuais de aprendizagem através de ferramentas caracterizadas como canais de comunicações fundamentais para desenvolvimento e decorrer dos cursos ofertados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) são softwares utilizados para o gerenciamento do processo de ensino e aprendizagem que permitem a administração das funcionalidades comuns aos softwares de comunicação mediadas por computador, além disso, disponibilizam ferramentas para administrar as atividades utilizadas em cursos oferecidos de forma online. (GABARDO; DE QUEVEDO; ULBRICHT, 2010; GIARDINA; MARTON, 1998).

O sistema AVA permite que os alunos acessem o conteúdo dos cursos em diferentes formatos como textos, imagens e sons; interagindo com os professores, tutores e alunos, por meio de mensagens, fóruns, chats, videoconferências e diversos tipos de ferramentas de comunicação, que além de manter o acesso a links e conteúdos didáticos organizados, constituem-se como alicerces para o desenvolvimento de suas tarefas. (ESCOBAR-RODRIGUEZ; MONGE-LOZANO, 2012; EVANGELISTA; HECKLER, 2006; FLEURY; FERREIRA; CYMROT, 2008).

Moore (1989) aborda três tipos de abordagem para interações nesses ambientes: 1) aluno/professor, com ênfase no feedback do professor, sem demora, como forma de subsidiar no processo de aprendizagem; 2) aluno/conteúdo, com ênfase no uso das tecnologias como internet, som, vídeo, texto e imagens com o propósito de viabilizar a assimilação do conteúdo, e 3) aluno/aluno, caracterizada como aprendizado colaborativo e cooperativo entre colegas, que desenvolve

127

Page 128: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

a motivação o senso crítico, a sensação de pertencimento diminuindo consequentemente o isolamento.

No AVA é importante também que se tenha gestão pedagógica e administrativa, produção de material didático e interatividade e permitir a criação de cursos/disciplinas, matrícula de alunos, registro de atividade e de acessos realizados pelos usuários, publicação de notas, recursos para gerenciamento da aplicação e correção de avaliações, tanto de múltipla escolha como dissertativas. (TORI, 2010).

Para a operação do EaD pela internet, pressupõe-se ainda que todos os participantes tenham acesso a conexão e acesso a tecnologias, sendo que os AVA são também canais formados pelos sujeitos, para interações e comunicações que se estabelecem através de uma plataforma que organiza a troca de informações e que precisa necessariamente ter tais atributos.

No estudo de Alves et, al. (2015), destaca-se a importância de se combater as barreiras tecnológicas que geram insegurança diante da plataforma virtual. Segundo os autores, as instituições devem dispor de uma equipe de técnicos em informática para resolver os problemas que surgirem com a plataforma e preocupar-se menos com quantidade e qualidade das ferramentas disponibilizadas nas páginas e mais na sua correta utilização.

A maior parte dos discentes que realizam algum curso do ensino superior possui uma característica diferenciada pelo uso constante da tecnologia em seu dia a dia. Essa nova geração conhecida como “nativos digitais” tem maior facilidade para utilizar ferramentas virtuais, o que pode vir a explicar a crescente procura dos cursos EaD. O ambiente virtual de aprendizagem utiliza-se dessas ferramentas e é atualmente bastante utilizado por 93,2% das Instituições de ensino para o desenvolvimento de seus cursos. (ABED, 2014)

Os principais ambientes virtuais de aprendizagem oferecidos para EaD

disponibilizam ferramentas como chats e fóruns de discussão, com propósito simular conversas presenciais, sendo que esses serviços constituem-se num conjunto de recursos oferecidos pelo software cujas funcionalidades podem ser agrupadas em mecanismos de comunicação, de cooperação e de coordenação, como por exemplo salas de chat, fóruns listas de discussão, agendas, sistema de conferência, correio eletrônico, acompanhamento ou tutoria do aluno, projetos colaborativos, sistemas de avaliação, questionários, distribuição e controle de notas, glossário, controle de acesso, calendário do curso, geração automática de índices e pesquisa, etc.

Os AVA permitem interações por meio de ferramentas que variam quanto a tempo de resposta e usuários-alvo da comunicação, sendo que as funcionalidades do chat permitem uma rápida interação entre aluno/aluno e professor/aluno e permite a troca de mensagens escritas, de forma síncrona, e interatividade nas discussões entre os participantes dos cursos. O fórum, por exemplo, permite a comunicação entre aluno/aluno ou professor/aluno de forma assíncrona e com um maior tempo para resposta e através dele é possível também realizar discussões coletivas. Esse instrumento proporciona alta interatividade entre os participantes dos cursos. O correio eletrônico, apesar de ser uma ferramenta importante e que trata bem a comunicação não possui resposta rápida, sendo o tempo de resposta médio de 48 horas. (GROSSI; MORAES; BRESCIA, 2013).

As atividades corrigidas online melhoram o tempo de resposta, mas não podem ser consideradas efetivamente interativas, sendo que os chats permitem aos participantes uma conversa em tempo real, podem ser utilizados e induzem ao uso da criatividade e da construção dos saberes de forma coletiva entre os participantes, geralmente são utilizados com o intuito de aprofundar o conhecimento sobre uma determinada temática, com feedback de tempo imediato, conforme relação apontada no quadro 1.

128

Page 129: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

QUADRO 1-Relação de interatividade X Feedback entre as principais ferramentas de interatividade no AVA

Interação Feedbacks/tempo

Imediato/online Moderado Reduzido

Aluno/ professor Chat Fórum e-mail

Aluno/conteúdo Exercício corrigido online

Aluno/aluno Chat Fórum

Fonte:Autores

2.2 CARACTERÍSTICAS DAS PLATAFORMAS

Pode se afirmar que existe grande número de plataformas de ensino-aprendizagem e as mesmas podem ser avaliadas levando-se em consideração tanto suas características técnicas, de interatividade, custos de implantação ou de adesão aos objetivos didático-pedagógicos, administrativos e de gestão. (BAHARIN et al., 2015; SCHLEMMER; FAGUNDES, 2001).

Apesar das plataformas Moodle e Blackboard apresentarem-se como as principais ferramentas AVA, ou as mais populares no mercado, é importante frisar que existem outras opções disponíveis. A seguir apresentamos uma visão geral de uma série de plataformas livres que tem o código aberto que pode ser editado e customizado nas instituições para implementação de ferramentas de interatividade e gestão de ensino.

Originalmente acrônimo de “Modular Object Oriented Dynamic Learning Environment , o Moodle pode ser considerada a plataforma mais popular como sistema de gestão de ensino abrigando atualmente mais de 84.524 sites de cursos espalhados em 237 países. A palavra é bastante significativa para programadores e pessoas da área da educação e em inglês descreve a ação de quem com frequência conduz a resultados criativos. Criada por Martin Gougiamas em 2001, o Moodle traz como recursos originais de interatividade a videoconferência, o chat e o correio eletrônico. (Moodle - Open-source learning platform | Moodle.org, [s.d.]).

O Blackboard é um produto comercial criado em 1997 que pertence a IMS Global Learning Consortium. Atualmente está implementada em mais de 60 países, apresenta como principais ferramentas de interatividade: chat, sistema de conferência e correio eletrônico. (CARVALHO; AREAL; SILVA, 2011; UNAL et al., 2011).

O TelEduc é um software livre, desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Apresenta como principais ferramentas de interatividade que a plataforma disponibiliza: correio eletrônico, mural, portfólio, diário de bordo, bate-papo e enquetes (EVANGELISTA; HECKLER, 2006; Home | teleduc.org.br, [s.d.]).

O WEB Ensino foi desenvolvido pela Sociedade Educacional de Santa Catarina e apresenta como principais recursos de interatividade: quadro de avisos, chat e e-mail.

O e-Proinfo é um software público, desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância (SEED), do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e apresenta como principais ferramentas de interatividade: correio eletrônico e chat (“e-Proinfo”, [s.d.]).

A tabela 1 elenca as descrições e características de cada uma das plataformas AVA mais populares de modo que possa orientar a escolha para implantação de um ambiente EaD a fim de que gestores possam avaliar os mesmos de acordo com a necessidade da instituição.

129

Page 130: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Tabela 1 – Características descritiva das principais plataformas livres

PLATAFORMA AUTORIA DESCRIÇÃO

MOODLE Martin Dougiamas Software livre de apoio à aprendizagem, desenvolvido em PHP e com banco de dados MySQL, PostgreSQL, Oracle,

Access, Interbase

WEBCT Murraw W. Goldberg University of Georgia

Um dos ambientes de aprendizagem mais utilizados para educação a distância. Sua interface pode ser configurada

para funcionar em vários idiomas (inglês, francês, espanhol, português e outros). É utilizado em milhares de instituições

em mais de 70 países

TELEDUC

Pesquisadores do NIED (Núcleo de Informática

Aplicada à Educação) da Universidade Estadual de

Campinas (UNCAMP)

Concebido com alvo no processo de formação de professores para informática educativa e mais de 4 mil

instituições cadastradas

AULANET

Departamento de Informática da Pontíficia Universidade Católica do

RJ (PUC-Rio)

Base instalada de mais de 4.100 AulaNets no Brasil e no exterior, o software também possui versões em inglês e

espanhol

AMADEUS Centro de Informática da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE)

Sistema de gestão da aprendizagem e permite estender as experiências adquiridas de usuários de educação a distância para diversas plataformas de forma integrada e consistente

EUREKA

Laboratório de Mídias Interativas (LAMI) da

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

(PUCPR)

Tem como principal diferencial a utilização de áudio do texto escrito em todas as telas promovendo a acessibilidade

E-PROINFO

Software público, desenvolvido pela

Secretaria de Educação a Distância (SEED) do

Ministério da Educação

Oferece projetos colaborativos e, no item interatividade e há pouca informação ao usuário visitante

LEARNINGSPACE

Único que informa cumprimento às regras propostas pelo W3C,

organismo internacional que orienta normas em

relação à acessibilidade

Utiliza ferramentas de rede social para replicar os diferentes modos informais de comunicação e aprendizagem que

acontecem em um campus tradicional

Fonte:Autores

Os AVA possuem grande disparidade e diversidade, tanto em custo, quanto em relação a oferta de ferramentas, sistemas para aprendizado colaborativo e possibilidade de interatividade, sendo que alguns autores observam essas diferenças e analisam maior ou menor disponibilidade de recursos de interação como pré-requisitos de escolha. (GABARDO; DE QUEVEDO; ULBRICHT, 2010).

No intuito de estabelecer a correlação entre as ferramentas de comunicação e processo de interatividade disponíveis no AVA foi elaborado uma análise das principais ferramentas disponíveis nas plataformas livres que estão apresentadas na tabela 2 e que visa orientar a escolha da plataforma de acordo com a necessidade pedagógica.

130

Page 131: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Tabela 2- Ferramentas de interatividade disponíveis nas principais Plataformas livres

PLATAFORMA CARACTERÍSTICAS SITE FERRAMENTAS

Moodle

Colaboração da comunidade virtual. licença Open Source. Atende o

deficiente visual como requisito de acessibilidade

http://moodle.org/login/index.php

videoconferência, o chat e o correio eletrônico

WebCT

A interface para autoria de cursos no WebCT contém opções para criar

páginas (ou importar páginas de texto ou HTML existentes) e para incorporar ferramentas educacionais. Fornece um

conjunto de ferramentas administrativas para auxiliar o autor no processo de gerenciamento e melhoria

contínua do curso

https://www.elc.uga.edu/webct/entryP

ageIns.dowebct

SIstema de conferência, chat, correio eletrônico,

acompanhamento do aluno, suporte para projetos

colaborativos, auto-avaliação, questionários, distribuição e controle de notas, glossário,

controle de acesso, calendário do curso, geração automática de índices e pesquisa, entre

outras

Teleduc

As ferramentas foram projetadas de acordo com as necessidades relatadas por seus usuários

(professores e comunidade UNICAMP)

http://www.teleduc.org.br/

Chat, newsgroup, tutoria funcionalidades divididas em três grupos: ferramentas de

coordenação, administração e comunicação

Aulanet LMS (Learning Management System http://www.eduweb.com.br/elearning_t

ecnologia.asp

Chat, newsgroup e configuração de tutoria c/

funcionalidades para coordenação, administração e

comunicação

Amadeus Enfoque de estímulo e interação do aprendizado pela ação

http://amadeus.cin.ufpe.br/index.html

Chat, newsroom, newsgroup, videoaula

Eureka Tem como objetivo promover

educação e treinamento a distância por meio da internet

http://eureka.pucpr.br/entrada/index.p

hp Questionários, videoaula

E-Proinfo Baixa usabilidade, os links não funcionam, a tela não aparece inteira

http://eproinfo.mec.gov.br

tira-dúvidas, agenda, diário, bilbioteca, aviso, correio

eletrônico e chat.

LearningSpace

Oferece mais de 800 cursos que disponibiliza mais de 5.400 horas de

conteúdo de aprendizagem e capacitação para professores

http://openlearn.open.ac.uk/

inclui ferramentas de auto-avaliação, fóruns e uma

experiência personalizada de colaboração ao aluno, com

criação e utilização de materiais de aprendizagem.

Fonte:Autores

3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica que levou em consideração fontes confiáveis, teorias e autores que versam sobre EaD, interatividade e AVA para tabulação de dados a partir da análise dos textos e documentos, utilizando-se o método exploratório-descritivo. (GIL, 2002)

As principais fontes secundárias decorreram do censo ABED 2014, que reuniu dados de 271 instituições públicas e privadas, das

quais 226 são exclusivamente formadoras (oferecem cursos), 17 exclusivamente fornecedoras (desenvolvem cursos e materiais, mas não oferecem cursos), 15 que congregam os dois formatos de atendimento e 13 instituições que não se enquadram em nenhuma dessas categorias e não foram consideradas na análise e formataram o total de 258 instituições somadas . O censo ABED 2015 reuniu 368 respostas de 339 instituições formadoras, e 69 instituições fornecedoras, das quais 40 também são formadoras e

131

Page 132: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

também não tiveram suas respostas consideradas nesse estudo.

Para cumprir o objetivo desse artigo, adotou-se o procedimento técnico de relacionar as informações dos Censos sobre EaD da ABED com as fornecidas pelos sites das plataformas que foram comparadas com os elementos da pesquisa bibliográfica e assim cumpriu-se o propósito de avaliar se as informações tratadas são complementares ou excludentes para melhor compreensão sobre as características das plataformas de EaD de acordo com seus quesitos de interatividade.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo apresentou ambientes virtuais de aprendizagem, que são Tecnologias da Informação e Comunicação como plataforma entre professor-aluno para gestão do aprendizado. O que se pode constatar é que os AVA vem gradativamente transcendendo barreiras geográficas e facilitando o acesso à informação, sendo que a utilização dessas ferramentas, em sua grande maioria, não necessitam de instalação e são gratuitas, conforme mostra a figura 1 e vem se difundindo cada vez mais em decorrência do fácil acesso em qualquer tipo de aparelho que possua Internet. (ABED, 2014; KAY, 2014).

FIGURA 1-Ferramentas virtuais utilizadas nos cursos oferecidos pelas Instituições

Fonte ABED (2014)

Em EaD por 80,3% das instituições, conforme mostra a figura 2 se utilizam das chamadas ferramentas virtuais de comunicação que são aquelas que possuem dispositivos para facilitar e materializar a comunicação por meio

da internet tais como: Skype, Youtube, Google docs e redes sociais e que auxiliam no processo de ensino/aprendizagem (ABED, 2015).

132

Page 133: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 2- Meios de comunicação do ambiente de aprendizagem utilizados pelas instituições

Fonte – ABED ( 2015), cursos totalmente a distância (%).

Os recursos de hipermídias adaptativas, por exemplo, exigem investimento antes de serem viabilizados como ferramentas e a melhoria dessa situação depende também da oferta de treinamento para o uso correto das ferramentas da melhor forma possível com a utilização de seus recursos no processo de ensino/aprendizagem. Algumas instituições utilizam de forma combinada ferramentas pagas apenas em alguns casos onde se faz necessário maiores funcionalidades.

Um ponto a se destacar é a mudança de papel do aluno, de apenas leitor e receptor de materiais, que passa a atuar da forma passiva para a forma ativa, através da autoria e co-autoria de seminários e resenhas que são utilizadas como material didático, transformando assim o aluno também em editor e importante colaborador no e desse modo é de suma importância que os alunos dominem tais ferramentas que dão acesso a produção de conteúdo para uso virtual, caso contrário, no transcorrer dos estudos, o aluno poderá apresentar dificuldade de apresentar saberes decorrentes do ambiente de aprendizagem para outros pares. (VALENTE; NETO, 2007).

Além das ferramentas apresentadas, na EaD encontramos outras que podem substituir objetos usados no ensino presencial tais como: editores de texto, vindo a substituir as folhas de papel, mouse e teclados, com a função de canetas, e arquivos de textos, com o propósito de suprir os livros e apostilas. Para simular a sala de aula é possível utilizar câmeras de vídeo, microfones, fones de ouvido, videoaulas dentre outras opções.

Todavia, o principal problema é que nem todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem dominam essas tecnologias, o que pode vir a causar deficiência na comunicação.

Foi evidenciado no estudo que as plataformas estudadas disponibilizam ferramentas criam possibilidade de alta interatividade, entretanto nem todos os professores utilizam esses recursos, e em muitos casos os alunos priorizam a consulta a informações não interativas ao invés de focar na aprendizagem.

Os atributos de comunicação são bem valorizados nas plataformas e suas principais ferramentas disponíveis fornecem viabilidade de interatividade e o Moodle e Blackboard que são os ambientes que possuem maior grau de usabilidade dentre as instituições estudadas.

Alguns pontos que devem ser observados e analisados, ao se optar por esta modalidade de ensino e que as ferramentas de interatividade tem a função de suprir. 1) Sensação de isolamento e abandono, que pode ser considerado como um fator desagregador e até desmotivador para alguns alunos que precisam superar sozinhos ou com pouca ajuda alguns dos obstáculos encontrados ao decorrer do curso; 2) Senso de responsabilidade e disciplina são capacidades determinantes para realização autodidata; 3) Domínio acessível às TIC e ferramentas, capacidade para lidar com diversas tecnologias, softwares, programas e códigos incluindo-se os ambientes virtuais de aprendizagem. (SILVA; MERCADO, 2010).

133

Page 134: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

São diferentes os fatores que podem estar correlacionados às frustrações de alunos, tutores, professores e gestores que utilizam o ambiente em questão, dentre eles, (FELIX, 2014) destaca a ausência ou “delay” para atendimento as respostas oferecidas por tutores e alunos, instruções ambíguas, problemas técnicos na plataforma educativa adotada, inadequação do modelo pedagógico e por fim, dificuldades relacionadas a aspectos externos por parte dos alunos (problemas familiares, sociais e pessoais).

Para avançar o tema sugere-se investigar a relação entre a melhoria da interação e a facilidade de aprendizagem. Além disso,

investigar também se a dificuldade no uso correto e efetivo das ferramentas no AVA, que se constatou como fator impeditivo de para melhoria da interatividade, assim como, avaliar formatos adequados de transmissão do conhecimento no EaD, em conformidade com o perfil do aluno.

Para que essa modalidade de ensino possa ser vista de forma mais atrativa para os alunos recomenda-se para trabalhos futuros analisar e apresentar alternativas de melhorias para a redução do tempo de feedback e sua relação com o grau de percepção de interatividade com a utilização das ferramentas disponíveis no AVA.

REFERÊNCIAS

[1]. ABED – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Censo EAD.BR: Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2014. Disponível em: <http://www.abed.org.br/censoead2014/CensoEAD2014_portugues.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2016. [2]. ABED – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Censo EAD.BR: Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2015. Disponível em: <http://www.abed.org.br/site/pt/midiateca/censo_ead/1395/2016/09/censoead.br_-_2015/2016>. Acesso em: 12 out. 2016. [3]. ALVES, T. M. F.; MENEZES, A. H. N.; VASCONCELO, F. M. DE B. P. CRESCIMENTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SEUS DESAFIOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Revista de Educação do Vale do São Francisco-REVASF, v. 4, n. 6, p. 63–74, 2015. [4]. BAHARIN, A. T. et al. Evaluation of Satisfaction Using Online Learning with Interactivity. Procedia - Social and Behavioral Sciences, 5th ICEEPSY International Conference on Education & Educational Psychology. v. 171, p. 905–911, 16 jan. 2015. [5]. BEHAR, P. A. Modelos pedagógicos em educação a distância. [s.l.] Artmed, 2009. [6]. BERNARD, R. M. et al. A Meta-Analysis of Three Types of Interaction Treatments in Distance Education. Review of Educational Research, v. 79, n. 3, p. 1243–1289, 1 set. 2009. [7]. CARVALHO, A.; AREAL, N.; SILVA, J. Students’ perceptions of Blackboard and Moodle in a Portuguese university. British Journal of Educational Technology, v. 42, n. 5, p. 824–841, 1 set. 2011. [8]. ESCOBAR-RODRIGUEZ, T.; MONGE-LOZANO, P. The acceptance of Moodle technology by business administration students. Computers & Education, v. 58, n. 4, p. 1085–1093, maio 2012. [9]. EVANGELISTA, M. L.; HECKLER, V. TelEduc–uma ferramenta auxiliar no processo educativo presencial da Engenharia de Produção.

Anais do XXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção-ENEGEP, Fortaleza, CE, Brasil, v. 9, 2006. [10]. FELIX, J. R. EaD  : contribuição das interações para superação de problemas e viabilização dos processos de ensino e aprendizagem. Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação - Licenciatura. Disponível em: <http://bdm.unb.br/handle/10483/8354?mode=full&submit_simple=Mostrar+item+em+formato+completo>. Acesso em: 17 jun. 2016. [11]. FLEURY, A. L.; FERREIRA, D. M.; CYMROT, R. A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NOS CURSOS DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 2008. [12]. GABARDO, P.; DE QUEVEDO, S. R.; ULBRICHT, V. R. Estudo comparativo das plataformas de ensino-aprendizagem 10.5007/1518-2924.2010 v15nesp2p65. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, n. 2. sem., p. 65–84, 2010. [13]. GIARDINA, D. C.; MARTON, P. Les environnements d’apprentissage multimédia. Actas do II Congresso Ibero-Americano. Anais...1998 [14]. GIL, A. C. Metodologia científica. São Paulo, v. 3, 2002. [15]. GROSSI, M. G. R.; MORAES, A. L.; BRESCIA, A. T. Interatividade em Ambientes Virtuais de Aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem na Educação a Distância. Arquivo Brasileiro de Educação, v. 1, n. 1, p. 75–92, 2013. [16]. KAY, V. N. Ferramentas Web 2.0 para atividades em Educação a Distância utilizadas em conjunto com o Ambiente Virtual de Aprendizagem Moodle. EaD & Tecnologias Digitais na Educação, v. 2, n. 3, p. 81–93, 2014. [17]. LEMOS, E. DAS C.; AMARAL, L. A. M. DO; OLIVEIRA, L. R. M. UTILIZAÇÃO DE ESTILOS DE APRENDIZAGEM NO DESENVOLVIMENTO DE AMBIENTES VIRTUAIS VOLTADOS À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Journal of Learning Styles, v. 8, n. 15, 30 abr. 2015. [18]. MOORE, M. G. Editorial: Three types of

134

Page 135: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

interaction. American Journal of Distance Education, v. 3, n. 2, p. 1–7, jan. 1989. [19]. PEREIRA, A. T. C.; SCHMITT, V.; DIAS, M. Ambientes virtuais de aprendizagem. AVA-Ambientes Virtuais de Aprendizagem em Diferentes Contextos. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda, 2007. [20]. SCHLEMMER, E.; FAGUNDES, L. DA C. Uma proposta para avaliação de ambientes virtuais de aprendizagem na sociedade em rede. Informática na Educação: Teoria e Prática, v. 4, n. 2, p. 25–36, 2001. [21]. SILVA, M. L. R. DA; MERCADO, L. P. L. A interação professor-aluno-tutor na educação on-line. Revista Eletrônica de Educação, v. 4, n. 2, p. 183–209, 26 nov. 2010. [22]. THURMOND, V.; WAMBACH, K. Understanding interactions in distance education: A review of the literature. International Journal of Instructional Technology and Distance Learning, v. 1, n. 1, 2004.

[23]. TORI, R. Educaçao Sem Distancia. [s.l.] Ed. SENAC, 2010. [24]. UNAL, Z. et al. Evaluating and Comparing the Usability of Web-based Course Management Systems. Journal of Information Technology Education: Research, v. 10, n. 1, p. 19–38, 1 jan. 2011. [25]. VALENTE, C.; NETO, J. A. M. Second Life e Web 2.0 na educação: o potencial revolucionário das novas tecnologias. [s.l.] Novatec Editora, 2007. [26]. WEI, H.-C.; PENG, H.; CHOU, C. Can more interactivity improve learning achievement in an online course? Effects of college students’ perception and actual use of a course-management system on their learning achievement. Computers & Education, v. 83, p. 10–21, abr. 2015. [27]. YACCI, M. Interactivity demystified: A structural definition for distance education and intelligent CBT. Educational Technology, v. 40, n. 4, p. 5–16, 2000.

135

Page 136: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 13

Marcilia Queiroz de Souza

Júlia Graciela de Oliveira Américo da Silva

Fabiano Silvério

Resumo: As empresas têm um papel fundamental na preservação do meio

ambiente devido à grande quantidade de recursos naturais utilizados nos seus

processos. A Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos, embora seja uma assunto

relativamente novo tem sido difundido nas empresas para que através de suas

práticas, consigam melhorias na cadeia de suprimento de modo que possam

diminuir desperdícios, aumentar lucro, competitividade, mitigas impactos

ambientais, cumprir com políticas, legislações vigentes, etc. Este trabalho reúne

informações extraídas de um banco de dados de artigos científicos, dissertações,

teses e livros especializados no assunto. O objetivo é demonstrar a importância da

Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos nas empresas brasileiras, sua história e

integração com as demais áreas que a integra, bem como os benefícios e/ou

dificuldades para a implantação.

136

Page 137: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1 INTRODUÇÃO

A Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos (GVCS) é um assunto que tem sido abordado há pouco tempo no Brasil, mas que está em ascendência, devido a exigências legais, sociais e dos stakeholders (BRAGA et al., 2005; ALVES; NASCIMENTO, 2014). A GVCS aborda assuntos relacionados ao meio ambiente, voltado para a área de produção e o alinhamento pré-existente entre a organização e governo. Refere-se ao projeto do produto, fornecedores, varejistas e em alguns casos ao consumidor final, atuando de maneira integrada para atingir seus objetivos (LEITE, 1999; BARBIERI et al., 2014). A preocupação com impactos ambientais, ocasionados frequentemente por conta de processos produtivos ou produtos no fim do ciclo de vida, é o que faz com que haja integração entre a GVCS, gestão ambiental, logística reversa e ciclo de vida do produto. De acordo com Ometto et al., (2007); Selles e Jabbour (2014) a GVCS tem foco ambiental, considerado desde o projeto do produto, o envolvimento dos fornecedores na compra verde, processos produtivos utilizados, com reuso de produtos que chegaram ao fim do ciclo de vida e que retornarão à organização tendo em vista a necessidade de diminuir o consumo de matéria-prima, resíduos, bem como o descarte em último caso (BETINI et al., 2006; ARANTES et al., 2014). Percebe-se a necessidade de planejamento e controle estratégico sustentável que sejam executados com eficiência e eficácia, para que gerações futuras tenham impactos negativos mitigados e saibam trabalhar de forma a atingir seus objetivos com responsabilidade social, econômica e ambiental (CARVALHO, 2011; CARVALHO; BARBIERI, 2013; DEUS et al., 2014; SILVA; DIAS, 2014). Deve-se pensar nos benefícios que a indústria pode angariar implantando práticas que consideram a variável ambiental e social no seu escopo. Esta atitude as torna mais competitiva, já que muitas pessoas têm considerado questões ambientais ao pensar na aquisição um novo bem/serviço, e por isso, buscam informações para saber como fora produzido determinado bem. Averiguam também se a organização tem parceria com fornecedores para aquisição de matéria-prima

que não traga grande prejuízo ao meio ambiente (LEITE, 1999; MIGUEZ et al., 2007; JABBOUR et al., 2013; SOUZA, 2013). Essa iniciativa traz vantagens econômicas, quando a organização reutiliza, recicla, recupera ou gerencia os resíduos de produtos obsoletos ou defeituosos; tem-se um diferencial frente aos concorrentes, coopera positivamente com a natureza, e ainda pode reduzir custos (LACERDA, 2002; BARBIERI et al., 2014; RODRIGUES et al., 2015). Neste contexto, a GVCS tem o intuito de induzir a organização a práticas ambientalmente amigáveis, mostrando que é possível agir com responsabilidade e consciência ambiental não só para cumprir com as normas legais, mas também, para ter um retorno econômico e social. Na abordagem da GVCS entende-se que as empresas não trabalham sozinhas. Portanto, é importante a integração entre organização, funcionários, clientes e fornecedores (stakeholders em geral) em todo o ciclo de vida do produto. Certamente com análise e acompanhamento desde a aquisição da matéria-prima até o fim do ciclo de vida do produto, poder-se-á remanufaturar, reciclar ou reutilizar. O descarte ocorrerá somente em última instância, de forma correta e sem trazer danos ao meio ambiente. Assim, o estudo da GVCS e a sua viabilidade nas empresas brasileiras é importante e deve trazer impactos positivos à sociedade e ao ecossistema, além de ajudá-las na aquisição de certificação e agregação de valor (JABBOUR et al., 2013).

2 A INTEGRAÇÃO DA GESTÃO VERDE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

A GVCS surge com a integração entre a gestão ambiental, logística reversa envolvendo o ciclo de vida do produto (Figura 1), A GVCS surge devido à preocupação com o uso desregrado de recursos naturais renováveis e não renováveis. Neste sentido, com a GVCS identifica-se a possibilidade de criar estratégias que ajudam no controle e uso de insumos e traz ganhos econômicos, sociais e ambientais (MEDEIROS et al., 2012; LABEGALINI, 2010).

137

Page 138: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 1 – Integração da Gestão Ambiental, Logística Reversa e Ciclo de Vida à GVCS.

Fonte: Próprio autor. A logística reversa e a gestão ambiental estão intimamente ligadas à cadeia de suprimentos verde, por conta da avaliação realizada desde a extração da matéria-prima de forma que diminuam impactos negativos na natureza visando a reutilização e reciclagem dos produtos inutilizados, e que, por sua vez, agregar valores ambientais ao produto e possibilita conquistar certificados verdes (OMETTO et al., 2007; LOPES et al., 2013). O ciclo de vida é entendido como todo processo, desde a fabricação até o descarte final do produto, ou seja, desde a extração da matéria-prima, processo produtivo, transporte, manutenção, e volta do produto obsoleto à empresa, considerando-se possíveis melhorias nos processos. Seja para reutilização, reciclagem, incineração, recuperação ou venda para empresas secundárias. Portanto, o intuito de uma avaliação do ciclo de vida na cadeia produtiva é identificar, mensurar danos

ambientais e com a saúde humana, avaliar possíveis impactos ambientais causados na cadeia produtiva. É uma ferramenta importante para organizações que realmente se preocupam com questões ambientais e querem conquistar um novo nicho de mercado (FERREIRA, 2004; BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). A figura 2 apresenta o entrelaçamento das áreas interligadas positivamente, como, por exemplo: o ecodesign onde a empresa pode priorizar compras verdes e materiais que tragam menos danos ao meio ambiente (ou que seja de fácil montagem/desmontagem para reciclagem); realizar um planejamento para aumento do ciclo de vida do produto trazendo inovação e diminuição de resíduos; estratégias de devolução de produto obsoleto à cadeia produtiva; reutilização de material, que dará início a um novo ciclo (MAFUD, 2010).

138

Page 139: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 2 – Demonstração de aspectos da Cadeia de Suprimentos.

Fonte: Adaptado Mafud (2010).

3 A GESTÃO VERDE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA AS EMPRESAS BRASILEIRAS

A GVCS é utilizada nas empresas que se preocupam não só com a fabricação de novos produtos, mas que se preocupam também com o meio ambiente (JABBOUR et al., 2013; SHIBAO et al., 2013; JABBOUR; SOUZA, 2015). Para Sehnem et al., (2015) é importante ressaltar que a GVCS tem se mostrado eficaz ao longo do tempo, uma vez que as empresas vêm considerando a obrigatoriedade de se inserir no ambiente interno conceitos e práticas ambientalmente corretas, com o intuito de inovar seus processos produtivos e recursos de maneira que causem pouco ou nenhum impacto ambiental, intensificando assim sua gestão ambiental (SOUZA, 2002; SILVA et al., 2015). É crucial o comprometimento da alta gerência para o estínulo a colaboradores e clientes na implementação da GVCS. Este estímulo pode ser realizado por meio de palestras, treinamentos, reuniões, workshops, folders ou até mesmo através do site da organização (DIAS; CARVALHO, 2010; OLIVEIRA NETO et al., 2010). Existe uma resistência para implantar a GVCS, porque num primeiro momento não parece rentável, mas, pode trazer lucratividade. Embora empresas que têm visão holística verifiquem grande oportunidade para aumentar lucro, competitividade, manter-se sustentável e competitiva, a maioria ainda vê limitações bem como ameaças no que se refere a questões ambientais justamente por não enxergar as vantagens a longo prazo (ALVES et al., 2013; LOPES et al., 2013; SILVAet al., 2015). No entanto, chegará o

momento em que a empresa terá que se adequar para não perder espaço no mercado seja por conta de clientes mais exigentes ou por forças políticas (PEREIRA NETO, 2011; ALVES et al., 2013). As práticas da GVCS têm como objetivo auxiliar na redução de impactos ambientais através de melhorias. Estas práticas incluem ecodesign, logística reversa, avaliação do ciclo de vida do produto, avaliação de riscos e auditorias ambientais, parceria entre a organização e fornecedores, participação de clientes, redução e/ou venda de resíduos, produção verde, dentre outras (ZUCATTO, 2009; LOPES et al., 2013; SOUZA, 2013; TEIXEIRA, 2014). No Brasil, poucas empresas adotam a GVCS. Infelizmente não há grande divulgação e aquelas organizações que conhecem, têm a falsa impressão de que sua implantação custa caro, e não avaliam com profundidade sua proposta que aplicada com seriedade, traz um retorno significativo, por ajudar na aquisição de certificação verde, exigido por alguns países. Para isso, é preciso uma reeducação envolvendo sociedade e organização (desde a alta administração até os operários) para que conheçam sua essência e coloquem em prática a GVCS. Quando a organização inclui estas práticas nas estratégias, consegue além de aumentar a competitividade da empresa, fidelizar clientes que consideram em suas compras questões ambientais, cumprir exigências governamentais e melhorar imagem corporativa (LOPES; SACOMANO NETO; SPERS, 2013; LOPES et al., 2013). Considerando-se pesquisas já realizadas sobre a GVCS, observa-se que tanto

139

Page 140: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

empresas de grande, médio e pequeno porte são capazes de se reinventarem e adotarem em seus processos produtivos, práticas que levam a estratégias de depleção de impactos ocasionados na maioria das vezes por falta de uma gestão ambiental rigorosa (MALAQUIAS et al., 2014; NASCIMENTO et al., 2014). De acordo com Shibao et al., (2014), existem dificuldades na implantação da GVCS, por conta da disparidade entre as organizações. Algumas conseguem implantar suas práticas de forma mais abrangente, por ter acesso a capital financeiro, enquanto outras não podem fazer um grande investimento, tornando difícil sua mensuração, justamente porque os custos e benefícios não estão equiparados. A empresa que adota práticas da GVCS está à frente às demais por influenciar parceiros a fazerem parte desta prática; servir de espelho para outras organizações; e influenciar órgãos públicos. A influência da GVCS faz com que as empresas tomem decisões mais rígidas com relação às questões ambientais e comecem a se preocupar não somente com ações reativas, mas também com ações proativas (JABBOUR; SOUZA, 2012; FARIAS; CAMPOS, 2015). Para que a GVCS seja validada em uma organização, é preciso conhecer seu objetivo, a importância da sua implantação, pois, existem várias estratégias que podem ser utilizadas através da reatividade, onde a organização espera as coisas “acontecerem” para depois agir, levando em consideração a redução de impactos apenas no final da produção; ou, agir proativamente, criando estratégias ambientais desde o projeto do produto, até o fim do ciclo de vida e o retorno deste ao processo produtivo, para que possa ser reciclado, reutilizado, recuperado ou descartado de forma correta (ALVES; NASCIMENTO, 2014; SHIBAO et al., 2014; TEIXEIRA, 2014). Uma distribuidora de óleos lubrificantes é um exemplo de empresa que aborda a gestão verde da cadeia de suprimentos no Brasil. A distribuidora tem consciência de que a contaminação do solo pode trazer consequências negativas para o meio ambiente devido a presença de metais perigosos, dentre outros. Por isso, utiliza um segundo refino que é capaz de eliminar impurezas que ficaram do primeiro, e, faz a reutilização do óleo. A coleta é feita por uma empresa capacitada para assegurar que o óleo seja devidamente transportado sem contaminar a natureza. A GVCS, é importante porque além de auxiliar na melhoria ajuda a

distribuidora a cumprir com a legislação e políticas como a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (NASCIMENTO et al., 2014). A Natura é uma das empresas que consideram em sua cadeia produtiva a diminuição dos impactos ambientais, que é um dos focos da GVCS. Além da conscientização ambiental, ajuda a população na criação de novos empregos, principalmente àqueles que não têm uma fonte de renda. A população extrae a castanha e a Natura faz a coleta, gerando um ganho para o meio ambiente, organização e a sociedade, pois, a empresa tem a mão-de-obra e a sociedade acaba tendo benefícios devido ao giro de capital no local (NAKAHIRA; MEDEIROS, 2009; TRISTÃO et al., 2012). No setor agroindustrial, existe empresa como uma de Suinocultura, no Rio Grande do Sul que devido aos problemas relacionados com o meio ambiente, contemplou a implantação da GVCS como uma forte aliada. Com o intuito de melhorar sua cadeia produtiva, diminuir custos e otimizar a gestão ambiental mantendo-se competitiva no mercado. Para isso, trabalha de forma a alcançar os resultados, mesmo sabendo que o retorno financeiro não será rápido. Além disso, tem o apoio de cooperativas e produtores envolvidos em práticas ambientalmente corretas. (COUTO, 2007). Um setor têxtil brasileiro, tem investido em inovação tecnológica que auxilia na preservação do meio ambiente e utiliza a avaliação do ciclo de vida do produto que é uma prática da gestão verde da cadeia de suprimentos para conseguir uma produção mais limpa. Fez-se necessário usar a criatividade porque hoje a organização está mais consciente de que os recursos são finitos e estão escassos. Para isso, usa estratégias e conta com o envolvimento de fornecedores e consumidores, pois, além de diversificar os produtos para a fabricação, utilizam algodão orgânico, sobras de tecidos que podem ser reutilizadas no processo produtivo, convertendo-os em fibras e fios. Após a venda do produto acabado, monta estratégias para reciclagem, reuso e reforma de roupas para aumentar o seu ciclo de vida, bem como a depleção no uso de energia (BRUNO; BRUNO, 2009; MARTINS, 2009).

3.1 DESEMPENHO EMPRESARIAL X GESTÃO VERDE DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

A GVCS quando agregada a práticas como, por exemplo: a gestão dos recursos humanos

140

Page 141: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

para o meio ambiente, as operações verdes, os sistemas de gestão ambiental, o desenvolvimento de produtos verdes e o marketing verde, podem ampliar o desempenho empresarial dentro do mercado e fortalecer a responsabilidade ambiental das corporações.

3.1.1 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O MEIO AMBIENTE

Neste caso os Recursos Humanos além de recrutar pessoas, formar equipes, reconhecer talentos, têm o compromisso de integrá-las de modo que conheçam e cumpram com as políticas da empresa, deixar claro e definido o objetivo de preservação ambiental que a organização almeja alcançar. Quando se tem estratégia organizacional e ambiental bem estruturada desde a integração dos colaboradores, é mais fácil atingir metas dentro da organização de modo a minimizar prejuízos ao meio ambiente. É possível desenvolver pessoas de maneira que sejam ambientalmente sensibilizadas com a capacidade de criar novas oportunidades, concomitantemente trazer melhorias não só para a corporação economicamente mas também para si mesmo e para a sociedade, uma vez que o conhecimento adquirido pode ser também disseminado. Além de serem aprendidas, as práticas ambientais devem estar presentes no dia a dia dos funcionários, bem como de dos gestores. Embora ainda tenha empresa onde o Recurso Humano não esteja alinhado à gestão ambiental, estes devem tramitar juntos. (JABBOUR; SANTOS, 2006; JABBOUR et al., 2009; SILVA, 2009; AQUINO, 2011).

3.1.2 OPERAÇÕES VERDES

As operações verdes trazem benefícios para o ambiente e para a empresa que se torna mais competitiva, com produtos projetados para fácil montagem/desmontagem, reutilizáveis e recicláveis. Com isso, pode-se diminuir desperdício, maior aproveitamento da matéria-prima, mitigar custos, e alcançar uma depleção dos impactos. Para ter êxito, é preciso que toda a indústria entenda que as mudanças são para melhorias na gestão de operações verdes (ISO 14031:2004; CAMPOS; MELO, 2008; JABBOUR et al., 2012).

3.1.3 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) auxilia a empresa a pensar estratégias que otimizem o processo produtivo de maneira a diminuir impactos negativos ao meio ambiente e melhore a qualidade dos produtos, estabelecendo requisitos para o sistema de acordo com a necessidade de cada corporação. Deve-se ter objetivos claros de modo que seja possível se antecipar a eventuais problemas ambientais. É necessário um monitoramento contínuo por parte dos envolvidos, como a alta administração, por exemplo. Toda organização deve conhecer o SGA para que haja maior interação e motivação, que poderá ser traduzido em um bom desempenho ambiental, além de manter competitividade no mercado e conseguir certificação (NBR ISO 14001:2004; CAMPOS; MELO, 2008; SALGADO; COLOMBO, 2015).

3.1.4 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS VERDES

Produto desenvolvido com o intuito de mitigar impactos ao meio ambiente e à sociedade em geral desde a produção até o seu descarte, quando comparados a produtos convencionais, devido às características ecoeficientes. É importante que o desenvolvimento dos produtos verdes, estejam alinhados com os stakeholders para que fique claro o benefício do seu uso. Planejamento adequado, inovação do produto com menor índice de desperdício; e maior qualidade, podem melhorar a imagem corporativa, os processos, e aumentar sua competitividade (ARENHARDT, 2012; RITTER, 2014).

3.1.5 MARKETING VERDE

Tem o intuito de realizar otimização nas atividades com foco voltado para o meio ambiente. Para que se consiga atingir essas melhorias, deve-se considerar um alinhamento com os stakeholders, alterações na área de publicidade, o processo produtivo que será utilizado e o tipo de embalagem, por exemplo. Portanto, estratégias devem ser pensadas desde o planejamento do produto, de modo que alcance o objetivo ao mesmo tempo que atenda as expectativas e exigências do cliente. E tudo de maneira ecologicamente correta. Quando se tem responsabilidade ambiental, tem-se como consequência melhorias, como por exemplo na saúde, uma vez que se utiliza produtos

141

Page 142: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

menos tóxicos; no ecossistema, pois diminui a extração de recursos naturais, quando a empresa faz uso de materiais duráveis, reciclados como uma outra alternativa, e; na imagem corporativa (GONZAGA, 2005; ENOKI, et al., 2008; BRANDÃO, 2009).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo demonstrar a importância da implantação/implementação da gestão verde da cadeia de suprimentos nas empresas brasileiras. Através de pesquisas sobre o tema afim, fica claro que há muita dificuldade para sua implantação nas empresas, devido à falta de conhecimento e de divulgação. Por conta disso, percebe-se uma defasagem muito grande da abordagem da GVCS nas organizações no Brasil. No entanto, nota-se a presença das práticas da GVCS em uma quantidade significativa das corporações, ainda que elas não tenham conhecimento do termo.Faz-se necessário uma comunicação mais eficiente para difusão da gestão verde da cadeia de suprimentos nas organizações, para que seja perceptível quão grandes benefícios podem ser alcançados com sua implantação. A GVCS auxilia a empresa a diminuir custos, a uma maior participação dos

stakeholders na tomada de decisão, inclusive fornecedores para realização de compras verdes, redução de desperdícios, pois a empresa passa a reutilizar materiais e trocar matérias-primas que podem contaminar o ambiente por outras menos poluentes, bem como a mitigação do uso de matérias primas não renováveis, ou que levam maior tempo para se renovarem. Quando se tem tudo isso bem planejado, é possível aumentar o ciclo de vida do produto e aumentar sua competitividade. Esses benefícios podem ser vistos no âmbito social, econômico, bem como no ambiental. Portanto, a GVCS é uma forte aliada da Engenharia de Produção, uma vez que ambas têm o mesmo objetivo que é auxiliar a empresa no aumento da lucratividade e redução de custos, além do cumprimento de leis e normas. Logo, uma maior divulgação do assunto também contribui para o aumento da consciência da necessidade de se aderir à GVCS, já que há pouca oferta sobre o tema disponível na literatura, sobretudo em língua portuguesa. Portanto, estudos futuros para melhor entendimento da gestão verde da cadeia de suprimentos com enfoque nas empresas brasileiras, facilitará um aprofundamento nessa temática.

REFERÊNCIAS

[1]. ALVES, A. P. F.; NASCIMENTO, L. F. M. Green Supply Chain: protagonista ou coadjuvante no Brasil? Revista de Administração de Empresas FGV, São Paulo, v. 54, n. 5, set./out., 2014. [2]. ALVES, J. F. V.; DE LUCA, M. M. M.; CARDOSO, V. I. C.; VASCONCELOS, A. C.; CUNHA, J. V. A. Relação entre desempenho econômico e desempenho ambiental de empresas no Brasil e na Espanha. Revista Ambiente Contábil, Natal, RN, v. 5, n. 2, p. 151-172, jul./dez., 2013. [3]. AQUINO, L. M. A. P. A interação dinâmica entre a gestão estratégica de pessoas e o sistema de gestão ambiental de uma unidade de processadora de gás natural. 2011. 147 f. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Mestrado e Doutorado em Administração, Universidade Nove de Julho, São Paulo, Dez., 2011. [4]. ARANTES, A. F.; JABBOUR, A. B. L. S.; JABBOUR, C. J. C. Adoção de práticas de Gestão Sustentável da Cadeia de Suprimentos: mecanismos de indução e a importância das empresas focais. Production, v. 24, n. 4, p. 725-734, out./dez., 2014. [5]. ARENHARDT, D. L. A influência da inovação verde na busca de vantagem competitiva das empresas dos setores elétrico e eletrônico

brasileiro. 2012. 132 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2012. [6]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistema da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro, 2004. [7]. BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Avaliação do ciclo de vida do produto como um instrumento da gestão da cadeia de suprimento – o caso do papel reciclado. SIMPOI, Anais, 2009. [8]. BARBIERI, J. C.; SOUSA FILHO, J. M.; BRANDÃO, C. N.; DI SERIO, L. C.; REYES JUNIOR, E. Gestão Verde da Cadeia de Suprimentos: Análise da Produção Acadêmica Brasileira. Revista Produção Online, Florianópolis, SC, v.14, n.3, p. 1104-1128, jul./set., 2014. [9]. BARROSO, A.P.; MACHADO, V. H.; A gestão logística de resíduos em Portugal. Investigação Operacional, v. 25, p. 179-194, 2005. [10]. BETINI, D. G.; ICHIHARA, J. A.; MENDES, A. N. M. A logística reversa aplicada à indústria madeireira do Pará. XIII SIMPEP, Bauru, SP, nov. 2006. [11]. BRANDÃO, M. R. M. Análise da interação dos stakeholders na adoção de estratégias de

142

Page 143: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

marketing verde: Um estudo em empresa moveleira. 2009. 95 f. Tese (Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção) - Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, V.1, 2009. [12]. BRUNO, F. S.; BRUNO, A. C. M. O papel do setor têxtil e de confecção brasileiro na liderança de modelo sustentável de desenvolvimento. Revista Produção Online, v. 9, n. 3, 2009. [13]. CAMPOS, L. M. S.; MELO, D. A. Indicadores de desempenho dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA): Uma pesquisa teórica. Revista Produção, v. 18, n. 3, p. 540-555, set./dez., 2008. [14]. CARVALHO, A. P. Gestão sustentável de cadeias de suprimento: Análise da indução e implementação de práticas socioambientais por uma empresa brasileira do setor de cosméticos. 2011. 202 f. Tese (doutorado em Administração de Empresas) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2011. [15]. CARVALHO, A. P.; BARBIERI, J. C. Inovações socioambientais em cadeias de suprimento: um estudo de caso sobre o papel da empresa focal. Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 232-256, jan./mar., 2013. [16]. COUTO, P. R. A aplicação dos conceitos de Green Supply Chain Management no setor de suinocultura. 2007. 124 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de pós- Graduação em Administração da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2007. [17]. DEUS, R. M.; SELES, B. M. R. P.; VIEIRA, K. R. O. As organizações e a ISO 26000: Revisão dos conceitos, dos motivadores e das barreiras de implementação. Gest. Prod., maio, 2014. [18]. DIAS, R.; CARVALHO, R. V. Cultura ambiental nas empresas os elementos estruturantes. Revista Eletrônica de Gestão de Negócios, v. 6, n. 1, p. 80-95, jan./mar., 2010. [19]. DIAS, S. L. F. G.; LABEGALINI, L.; CSILLAG, J. M. Sustentabilidade e cadeia de suprimentos: uma perspectiva comparada de publicações nacionais e internacionais. Revista Produção, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 517-533, maio/ago., 2012. [20]. ENOKI, P. A.; ADUM, S. H. N.; FERREIRA, M. Z.; AURELIANO, C. A.; VALDEVINO, S. L. Estratégias de marketing verde na percepção de compra dos consumidores na grande São Paulo. Revista Jovens Pesquisadores, Ano V, n. 8, jan./jul. 2008. [21]. FARIAS, V. A.; CAMPOS, L. M. S.; Gestão Verde da Cadeia de suprimentos: o papel do Engenheiro de Produção na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Produção em Foco, v. 5, n. 2, p. 293-318, 2015. [22]. FERREIRA, J. V. R. Análise do ciclo de vida dos produtos. Instituto Politécnico de Viseu, 2004.

[23]. GONZAGA, C. A. M. Marketing Verde de Produtos Florestais: Teoria e Prática. Revista Floresta, Curitiba, PR, v. 35, n. 2, maio/ago., 2005. [24]. JABBOUR, A. B. L. S.; ARANTES, A. F.; JABBOUR, C. J. C. Gestão Ambiental em cadeia de suprimentos: Perspectivas atuais e futuras da pesquisa. Interciência, Caracas, Venezuela, v. 38, n. 2, fev. 2013. [25]. JABBOUR, A. B. L. S.; AZEVEDO, F. S.; ARANTES, A. F.; JABBOUR, C. J. C. Esverdeando a Cadeia de Suprimentos: algumas evidências de empresas localizadas no Brasil. Gest. Prod., São Carlos, v. 20, n.4, p. 953-962, 2013. [26]. JABBOUR, A. B. L. S.; SOUZA, C. L. Oportunidades e desafios para lidar com as barreiras à adoção de práticas de Green Supply Chain Management: guidelines à luz de um estudo de múltiplos casos no Brasil. Gest. Prod., São Carlos, v. 22, n. 2, p. 295-310, 2015. [27]. JABBOUR, A. B. L. S.; SOUZA, C. L. Motivações e barreiras à adoção de práticas ambientais em cadeia de suprimentos: um levantamento teórico com vista aos aspectos da legislação ambiental pertinente ao setor eletroeletrônico brasileiro. VIII Congresso Nacional de excelência em Gestão, jun., 2012. [28]. JABBOUR, C. J. C. Esverdeando a manufatura: dos fundamentos conceituais ao estudo de múltiplos casos. Production, v. 25, n. 2, p. 365-378, abr./jun., 2015. [29]. JABBOUR, C. J. C.; SANTOS, F. C. A. Evolução da gestão ambiental na empresa: uma taxonomia integrada à gestão da produção e de recursos humanos. Gestão & Produção, São Carlos, SP, v. 13, n. 3, p. 435-448, set./dez., 2006. [30]. JABBOUR, C. J. C.; SANTOS, F. C. A.; NAGANO, M. S. Análise do relacionamento entre estágios evolutivos da gestão ambiental e dimensões de recursos humanos: estado da arte e survey em empresas brasileiras. Revista Adm., São Paulo, v. 44, n. 4, p. 342-264, out./dez., 2009. [31]. JABBOUR, C. J. C.; TEIXEIRA, A. A.; JABBOUR, A.B. L. S.; FREITAS, W. R. S. “Verdes e Competitivas?” A influência da gestão ambiental no desempenho operacional de empresas brasileiras. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 15, n.2, p. 151-172, maio/ago., 2012. [32]. LABEGALINI, L. Gestão da sustentabilidade na cadeia de suprimentos: um estudo das estratégias de compra verde em supermercados. 2010. 242 f. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2010. [33]. LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 6, 2002. [34]. LEITE, P. R. Canais de distribuição reversos: a coleta seletiva. Revista Tecnologística, editora Publicare, São Paulo, abr., 1999. [35]. LOPES, L. J.; SACOMANO NETO, M.; SILVA, E. M.; LOPES, F. C. C. Nível de adoção das

143

Page 144: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

práticas do Green Supply Chain Management no setor automotivo brasileiro, São Paulo, maio 2013. [36]. LOPES, L. J.; SACOMANO NETO, M.; SPERS, V. R. E. Diferenças e complementaridades entre a logística reversa, ISO 14000 e o Green Supply Chain management. Revista gestão industrial, Ponta Grossa, PR, v. 9, n. 1, p. 225-253, 2013. [37]. MAFUD, M. D. Influência do movimento verde na seleção de fornecedores de alimento dos grandes varejistas. 102 f. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2010 [38]. MALAQUIAS, A. F.; SANTA-EULALIA, L. A.; YOSHINO, R. T.; JORGES, D. C. Adoção de práticas de gestão verde da cadeia de valor em PMES do setor químico: Estudos de caso múltiplos. Revista Gestão Industrial, Ponta Grossa, PR, v. 10, n. 4, p. 848-870, 2014. [39]. MARTINS, R. P. Moda comprometida com a responsabilidade ecológica e social – várias abordagens. 2009.116 f. Dissertação (Mestrado em Design de Moda) – Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2009. [40]. MEDEIROS, J. F.; RIBEIRO, J. L. D.; CRUZ, C. M. L. Inovação ambientalmente e fatores de sucesso na percepção de gestores da indústria de transformação. Cadernos EBAPE, BR, v. 10, n. 3, Rio de Janeiro, set., 2012. [41]. MIGUEZ, E. C.; MENDONÇA, F. M.; VALLE, R. Impactos ambientais, sociais e econômicos de uma política de logística reversa adotada por uma fábrica de televisão Um estudo de caso. XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Foz do Iguaçu, PR, out., 2007. [42]. NAKAHIRA, E.; MEDEIROS, G. A. Rotulagem ambiental: O caso do setor cosmético. Engenharia Ambiental, v. 6, n. 2; p. 544-563, Espírito Santo do Pinhal, maio/ago., 2009. [43]. NASCIMENTO, A. P.; SILVA, F. P.; NUNES, A. A. B.; SELLITTO, M. A. Barreiras para implementação da gestão verde da cadeia de suprimento em uma distribuidora de óleo lubrificante. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia ambiental, v. 18, n. 2, p. 718-728, maio/ago., 2014. [44]. OLIVEIRA NETO, G. C.; AZZOLINI JÚNIOR, W.; BONILLA, S. H. Do avanço do planejamento, programação e controle da produção como atividades essenciais da empresa à educação ambiental. Revista UNIARA, v. 13, n. 1, jul. 2010. [45]. OMETTO, A. R., SOUZA, M. P.; GUELERE FILHO, A. A gestão ambiental nos sistemas produtivos. Revista Pesquisa e Desenvolvimento Engenharia de Produção, n. 6, p. 32-36, jun., 2007. [46]. PEREIRA NETO, T. J. A política nacional de resíduos sólidos: os reflexos nas cooperativas de catadores e a logística reversa. Revista Diálogo, Canoas, n. 18, p. 77-96, jan./jun., 2011. [47]. RITTER, A. M. Elementos direcionadores do consumo de produtos verdes no sul do Brasil. 2014. 120 f. Dissertação (Mestrado em engenharia de Produção e Sistemas) - Programa de Pós

Graduação em Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014. [48]. RODRIGUES, A. M.; ZEVIANI, C. H.; REBELATO, M. G.; BORGES, L. Avaliação de Desenvolvimento Ambiental Industrial: elaboração de um referencial metodológico. Revista Produção Online, Florianópolis, SC, v.15, n.1, p. 101–134, jan./mar., 2015. [49]. SALGADO, C. C. R.; COLOMBO, C. R. Sistema de gestão ambiental no Verdegreen Hotel – João Pessoa/PB: Um estudo de caso sob a perspectiva da Resource- Based View. Revista Adm. Mackenzie, São Paulo, v. 16, n. 5, p. 195-225, set./out., 2015. [50]. SEHNEM, S.; JABBOUR, C. J. C.; ROSSETTO, A. M.; CAMPOS, L. M. S.; SARQUIS, A. B. Green Supply Chain Management: Uma análise da produção científica recente (2001-2012). Production, v. 25, n. 3, p. 465-481, jul./set., 2015. [51]. SELLES, B. M. R. P; JABBOUR, A. B. L. S. O papel dos stakeholders no contexto da Green Supply Chain Management: Uma revisão sistemática. XXXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Curitiba, PR, out., 2014. [52]. SHIBAO, F. Y.; SANTOS, M. R.; MOORI, R. G. Gestão da cadeia de suprimentos verde: uma comparação entre Brasil, China e Japão. Gestão Contemporânea, Porto Alegre, n. 16, jul./dez., 2014. [53]. SHIBAO, F. Y.; MOORI, R. G.; SANTOS, M. R.; OLIVEIRA NETO, G. C. A Cadeia de Suprimentos Verde e as Indústrias Químicas no Brasil. XVI SEMEAD Seminários em Administração, out., 2013. [54]. SILVA, A. L; MORAES, J. A. R; MACHADO, E. L; Proposta da produção mais limpa voltada às práticas de ecodesign e logística reversa. Engenharia Sanitária Ambiental, v 20, n. 1 p. 29-37; jan./mar., 2015. [55]. SILVA, F. P. O modelo de gestão de pessoas e a gestão socioambiental nas organizações do Rio Grande do Sul. 2009. 161 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. [56]. SILVA, T. H. H.; DIAS, T. Fatores motivadores e dificultadores para adoção do gerenciamento da cadeia de suprimentos verde em organizações do setor elétrico. III SINGEP e II S2IS, São Paulo, Brasil, nov., 2014. [57]. SOUZA, C. L. Barreiras e motivações à adoção de práticas de Green Supply Chain Management: estudo de casos no setor de baterias automotivas. 2013. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP, 2013. [58]. SOUZA, R.S. Evolução e condicionantes da Gestão Ambiental nas empresas. REAd - Edição Especial 30, v. 8, n. 6, nov./dez., 2002. [59]. TEIXEIRA, A. A. Análise do relacionamento entre treinamento ambiental e práticas externas de Green Supply Chain Management: survey com

144

Page 145: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

organizações possuidoras de certificação ISO 14001 localizadas no Brasil. 2014. 126 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2014. [60]. TRISTÃO, A. J.; TRISTÃO, V. T. V.; FREDERICO, E.; RODRIGUES, A. Comunicação, marketing e responsabilidade social: O caso

Natura. Signos do Consumo, v. 4, n. 1, p. 82-107, 2012. [61]. ZUCATTO, L. C. Análise de uma cadeia de suprimentos orgânica orientada para o desenvolvimento sustentável: uma visão complexa. 2009. 200 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Programa de Pós Graduação em Administração da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

145

Page 146: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 14

Luana de Oliveira Gomes

Antônio Cleber Gonçalves Tibiriçá

Roziani Maria Gomes

João Vitor Brunelli Lemes

Deise Mara Garcia Alves Tressmann

Resumo: Dentro do crescente quadro de desgaste ambiental e má utilização dos

recursos naturais protagonizado pelo homem, apresenta-se a realidade ambiental

encontrada na cidade de manhuaçu-mg com relação aos efluentes gerados pelos

serviços de lavaagem de veículos. O município não conta com uma estação de

tratamento de efluentes -ete- em atividade, resultando na liberação de grande

quantidade de rejeitos contaminantes no solo e, principalmente, no rio manhuaçu,

que recebe todo o esgotamento sanitário municipal. Identificado o grande número

de lava-jatos existente na cidade, a pesquisa traz como foco de estudo a

investigação dos mecanismos utilizados pelos proprietários destes

empreendimentos, bem como o cumprimento das exigências estabelecidas pelo

departamento de meio ambiente municipal, buscando compreender a consciência

ecológica dos proprietários dos lava-jatos e da gestão pública. Analisados os

dados coletados por entrevistas semiestruturadas, constatou-se que considerável

parte dos lava-jatos da cidade não cumpre todos os pré-requisitos para

funcionamento exigidos pela secretaria de meio ambiente municipal, sendo a

realidade encontrada de conhecimento dos gestores municipais responsáveis pela

fiscalização ambiental, uma vez que a maioria dos serviços de lava-jato encontram-

se em regiões bem movimentadas, de alto uso comercial, podendo ser facilmente

notadas pelos transeuntes.

Palavras-chave: recursos naturais; efluentes; lava-jatos

146

Page 147: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Desde o surgimento das civilizações, o homem faz uso dos recursos naturais para garantir sua sobrevivência, seu conforto e facilitar sua utilização do espaço. Inicialmente, não era pensada a possibilidade de escassez dos recursos, tampouco os perigos de se devolver ao meio ambiente os resíduos gerados, sem nenhum tratamento para minimizar os impactos ambientais.

Com o tempo, começaram a ser observados os prejuízos gerados a partir do descarte inadequado de tais resíduos, passando a existir a preocupação em realizar o correto rejeite em vista de garantir a disponibilidade futura dos recursos e qualidade do meio ambiente. Todavia, até os dias atuais, não existe um bom sistema de gestão dos resíduos gerados pelas diversas atividades humanas, uma vez que garantir o correto descarte em apenas algumas atividades, não é suficiente.

Desde o início da exploração dos combustíveis fósseis, por volta de 1800, tem-se a contaminação do ambiente por substâncias geradas por estes materiais (COSTA, 2006). As aplicações dos derivados de combustíveis fósseis nas indústrias e atividades humanas são inúmeras, bem como suas formas de poluição do ambiente, e vão da utilização em grandes fábricas e descarte por acidentes em plataformas de petróleo até a utilização e descarte em pequenas empresas, como os serviços denominados lava-jatos.

Quanto a estes últimos, uma vez que os resíduos por eles gerados contêm quantidade considerável de derivados de petróleo, além de outras substâncias contaminantes, pode-se dizer que representam potenciais fontes de poluição ambiental (COSTA, 2006). Tal quadro é subsidiado pela grande quantidade de veículos automotores existentes no Brasil e, de maneira especial na cidade de Manhuaçu-MG, alvo deste trabalho.

Segundo o IBGE (2016), o município conta com 37.255 veículos, divididos entre pequeno, médio e grande porte, com população estimada de 87.700 habitantes. Do total de veículos, cerca de 30 mil correspondem aos veículos de pequeno e médio portes. A cidade, localizada na Zona da Mata Mineira, é um polo de prestação de serviços para a região, recebendo diversos usuários e moradores das cidades vizinhas.

Oferece principalmente serviços de saúde e educação, além de movimentar e impulsionar a indústria cafeeira regional.

Levando-se em conta que uma parcela considerável da frota de veículos da cidade se utiliza dos serviços oferecidos pelas empresas de lava-jato, pode-se pensar que uma grande quantidade de água residuária é descartada no sistema de esgotamento sanitário, ou ainda nos solos, quando da ausência de controle dos efluentes.

Como acontece em muitas cidades brasileiras, Manhuaçu não conta com um correto tratamento dos efluentes lançados nos cursos d’água. Como agravante, algumas atividades com potenciais riscos poluidores não fazem uso dos recursos disponíveis para tratar seus efluentes, tampouco são adequadamente fiscalizadas, uma vez que as prefeituras não dispõem, em sua maioria, de efetivo suficiente para tal serviço.

Devido à ausência de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em funcionamento no município, o Rio Manhuaçu, ao atravessar a cidade, recebe todos os resíduos liberados na rede de esgotamento sanitário municipal, indo na contrapartida do que rege a Resolução do Conama, nº 430, de 13 de maio de 2011, segundo a qual

Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis. (CONAMA, 2011, p.1).

Tendo-se como motivação o exposto, pesquisou-se a contribuição dos lava-jatos existentes na cidade de Manhuaçu para a poluição ambiental e as medidas tomadas por eles atualmente para a minimização deste quadro.

2. OBJETIVOS

Tendo em vista a geração de rejeitos e efluentes contaminantes pelos lava-jatos, como detergentes, óleos e outros derivados do petróleo, além de diversas substâncias utilizadas na limpeza dos veículos, o presente trabalho tem como objetivo identificar a de gestão ambiental de lava-jatos existentes na cidade de Manhuaçu, com vistas a compreender a consciência ecológica e

147

Page 148: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

social dos proprietários de tais empreendimentos.

3. METODOLOGIA

A pesquisa de caráter qualitativo-quantitativo se utilizou de entrevistas estruturadas, compostas por formulários com cinco perguntas ordenadas. Foi entrevistada a população de proprietários de lava-jatos da cidade de Manhuaçu-MG. Os questionários foram aplicados em 14 lavas-jatos da cidade, num universo estimado de 25 estabelecimentos cujo único serviço prestado é a lavagem de carros.

Foram desconsiderados, na pesquisa, estabelecimentos como postos de gasolina, oficinas, concessionárias, lojas de lanternagem e pintura, dentre outros, que também realizam serviços de lavagem automotiva como subproduto de seus serviços.

Foram realizadas pesquisas bibliográficas buscando um maior aprofundamento do tema estudado, além de pesquisas documentais junto à prefeitura e ao órgão municipal de proteção ambiental, em busca de informações sobre declaração de vistoria ambiental e alvará de funcionamento concedidos aos estabelecimentos alvo do estudo.

Durante as visitas para aplicação dos questionários, foram realizadas observações a respeito da conformidade dos locais de lavagem dos veículos com os parâmetros exigidos pelo órgão municipal, responsável pelas vistorias ambientais e emissão das declarações.

A análise e interpretação dos dados foi realizada por meio de comparação, qualificação e quantificação das respostas dadas pelos proprietários.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como mencionado, muitos municípios não contam com um correto tratamento dos efluentes lançados nos cursos d’água. No caso das lavadoras de carro da cidade de Manhuaçu o quadro é alarmante, uma vez que muitos estabelecimentos não possuem alvará de funcionamento junto à prefeitura, dificultando ainda mais a fiscalização. (Dado informal, de funcionário da prefeitura).

4.1. COLETA DE DADOS JUNTO À PREFEITURA DE MANHUAÇU-MG

Para compreensão dos mecanismos exigidos para funcionamento das lavadoras de veículos em Manhuaçu, buscou-se esclarecimentos junto ao órgão competente municipal. Constatou-se que não existe uma secretaria independente para monitoramento das questões ambientais. Tem-se no lugar, o Departamento de Meio Ambiente, vinculado à Secretaria de Agricultura. De acordo com os responsáveis, existe um projeto de lei municipal em andamento, cuja finalidade é criar a Secretaria de Meio Ambiente, com o objetivo de intensificar a atuação dos profissionais competentes na busca pelo cumprimento das exigências ambientais e fiscalização das mesmas. (Dados informais, fornecidos por funcionário da Prefeitura de Manhuaçu).

O órgão técnico executivo em assuntos de meio ambiente municipal é responsável pelo planejamento, conservação, execução e controle das atividades voltadas à proteção e melhoria do meio ambiente, além da formulação e implementação das normas técnicas a partir das legislações federal e estadual e, por fim, pela fiscalização das atividades (DIRETORIA. s.d.).

De acordo com os técnicos responsáveis pelo Departamento de Meio Ambiente, a Lei Complementar nº 140/2011 dita que as atividades e empreendimentos de impacto ambiental local devem ser licenciadas pelos municípios, sendo estes responsáveis pelo licenciamento dos empreendimentos classes 1 e 2 da DN Copam 74/2004 e de empreendimentos de porte inferior ao mínimo, sobre os quais o município julgar necessário manter controle (DIRETORIA. s.d.). Para o controle das classes 3 e 4 (Tabelas 1 e 2), as prefeituras devem realizar convênio com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (DIRETORIA, s.d.).

Segundo os técnicos da prefeitura, o licenciamento ambiental exigido é composto por determinado conjunto de leis, normas e técnicas, a fim de definir as competências e obrigações do poder público e dos empreendedores, buscando a normatização da implantação ou ampliação de um empreendimento potencialmente poluidor. Ainda de acordo com os técnicos, para a emissão do Alvará de Funcionamento pela prefeitura, o estabelecimento precisa cumprir

148

Page 149: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

as normas exigidas e apresentar a Declaração de Vistoria Ambiental emitida pelo Departamento de Meio Ambiente.

Na vistoria das lavadoras de veículos, são observados os seguintes aspectos: existência de caixas de separação; correta vedação vertical das laterais da área de lavagem, a fim de “evitar contaminação do ar” (sic); grau de

poluição dos produtos utilizados nas lavagens; existência da outorga de água emitida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM); e nota fiscal de recolhimento dos materiais filtrantes, no caso de estabelecimentos já existentes. Segundo o Departamento, as vistorias nos estabelecimentos em funcionamento são realizadas anualmente.

TABELA 1 – Relação entre Porte e Potencial Poluidor

Potencial Poluidor

P M G

Porte

P 1 1 3

M 2 3 5

G 4 5 6

Fonte: DIRETORIA,.s.d. Elaborada pelos autores.

Quando questionados sobre os estabelecimentos informais ou clandestinos, os técnicos informaram ter consciência da existência dos mesmos, porém, uma vez que não possuem efetivo suficiente, torna-se impossível a fiscalização ambiental de todos os existentes. Tal realidade foi confirmada pela prefeitura, sendo a mesma a responsável pela fiscalização dos estabelecimentos registrados.

4.1. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS

A aplicação dos questionários visou a investigar o cumprimento dos aspectos apresentados, exigidos para emissão da Declaração de Vistoria Ambiental. A partir das informações coletadas, constatou-se que a maioria dos lava-jatos pesquisados possuem

estrutura e funcionamento com características semelhantes.

Os proprietários (ou funcionários, no caso de ausência dos proprietários) foram questionados sobre: a origem da água utilizada para as lavagens; a existência de tratamento dos resíduos gerados; os mecanismos de tratamento adotados; a forma de descarte do material filtrante, quando existente; a conformidade com as exigências ambientais cobradas pelo município; a posse de alvará de funcionamento e licenciamento ambiental.

Notou-se diversificação da origem da água utilizada para lavagem, sendo que 8 proprietários alegaram retirar a água de poço artesiano, 5 da rede pública de abastecimento e 1 informou que retira a água do Rio Manhuaçu através de bomba (Tabela 3).

TABELA 2 – Classes de Licenciamento

Classe 1 Pequeno e médio porte ou médio potencial poluidor

Classe 2 Médio porte e pequeno potencial poluidor

Classe 3 Pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor

Classe 4 Grande porte e pequeno potencial poluidor

Classe 5 Grande porte e médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor

Classe 6 Grande porte e grande potencial poluidor

Fonte: Autoria própria, com base em informações da DGPAI.

149

Page 150: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 3 – Questão 1

Fonte: Autoria própria, com base nos questionários da pesquisa.

Todos os lava-jatos visitados declararam possuir caixas de separação, entretanto algumas não eram visíveis, impossibilitando a

confirmação das informações fornecidas (Tabela 4)

TABELA 4 – Questão 2

Fonte: Autoria própria, com base em Cartilha da PMM.

Quando perguntados sobre a forma de descarte dos materiais filtrantes, 8 entrevistados explicaram que os estabelecimentos pagam um carreto para buscar os materiais aproximadamente a cada dois meses; 4 informaram que os próprios proprietários ou funcionários dos lava-jatos se encarregavam de descartar os materiais.

Sobre o local do descarte, 4 proprietários alegaram cuidar pessoalmente do processo e disseram depositar os materiais filtrantes num terreno vazio próximo ao lixão da cidade, ou noutros terrenos abandonados. Daqueles que alegaram pagar um carreto para o transporte, 6 não souberam informar o destino dos materiais e outros 4 disseram acreditar que o destino final era próximo ao lixão.

Todos os lava-jatos visitados alegaram possuir alvará de funcionamento e, segundo os proprietários, licenciamento ambiental emitido pelo município. Entretanto, tais

documentos não foram apresentados nas visitas e 6 dos 14 estabelecimentos visitados não constavam no registro fornecido pela prefeitura (Tabela 6).

Durante a aplicação dos questionários foi realizada observação das características

Rede pública de abastecimento

Poço Artesiano Rio Manhuaçu (sem tratamento)

Qual a procedência da água utilizada para lavagem dos veículos?

5 [35,7%]

8 [57,1%]

1 [7,2%]

Controle/redução da água utilizada

Reaproveitamento de água Caixas Coletoras

Quais mecanismos de proteção ambiental são utilizados em sua empresa?

0 [0%]

0 [0%]

14 [100%]

TABELA 5 – Questão 3

Não sei Próximo ao lixão Terrenos baldios e similares

Onde o material filtrante é descartado? 6 [42,8%]

4 [28,6%]

4 [28,6%]

Fonte: Autoria própria, com base em Cartilha da PMM.

TABELA 6 – Questões 4 e 5

Alvará de Funcionamento Declaração de Vistoria Ambiental

Possui alvará de funcionamento e Declaração de Vistoria Ambiental?

14 [100%]

14 [100%]

Fonte: Autoria própria, com base em Cartilha da PMM.

150

Page 151: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

físicas e estruturais dos estabelecimentos, com atenção ao cumprimento ou não das exigências feitas pelo órgão municipal. Sobre este último aspecto, observou-se que apenas 1 dos 14 lava-jatos visitados não apresentava perda significante da água oriunda da lavagem para o solo. Sobre os demais, notaram-se várias irregularidades físicas como: rachaduras nos pisos; caídas de água contrárias às caixas de separação e piso de terra batida próximo aos locais de lavagem.

Das lavadoras visitadas, 5 se encontravam muito próximas aos leitos do Rio Manhuaçu, dentro da Área de Preservação Permanente (APP). Todas estas apresentavam irregularidades nos pisos e nas caídas de água, sendo que em uma notou-se considerável perda da água de lavagem diretamente para o leito do rio.

Em apenas duas das lavadoras foi constatada correta vedação lateral da área de lavagem, sendo que no restante, a vedação era insuficiente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da ampla necessidade de se preservar o Meio Ambiente, este ainda é um campo pouco compreendido por grande parte da população. Num quadro em que a escassez de água, o desmatamento e a insalubridade estão cada vez mais frequentes, os mecanismos de preservação e recuperação ambientais, quando existentes, são pouco ou mal utilizados.

Pelos dados coletados nesta pesquisa, pôde-se perceber a latente insipiência técnica apresentada pela população entrevistada, junto ao descaso da gestão municipal para com a fiscalização do cumprimento das exigências ambientais.

Mesmo com a existência de parâmetros definidos por lei para o funcionamento de empreendimentos potencialmente poluidores, tais como os lava-jatos alvos deste estudo, constatou-se que considerável parte das lavadoras de veículos da cidade de Manhuaçu-MG visitadas nesta pesquisa não cumprem todos os pré-requisitos para funcionamento exigidos pela Secretaria de Meio Ambiente de Manhuaçu-MG.

A realidade encontrada é de conhecimento dos gestores municipais responsáveis pela fiscalização ambiental, uma vez que as lavadoras, em sua maioria, encontram-se em regiões bem movimentadas, de alto uso comercial, podendo ser facilmente notadas por todos os transeuntes.

Para que se obtenha sucesso na aplicação dos mecanismos de proteção ambiental, é necessário que, além de cumprir as exigências normativas, os proprietários dos estabelecimentos poluidores compreendam a importância dos mecanismos adotados, vendo-os não apenas como normas a serem seguidas, mas também como um meio de se garantir a continuidade do emprego dos recursos naturais nas atividades humanas, bem como sua disponibilidade para as gerações futuras.

REFERÊNCIAS

[1]. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n° 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. 9 p. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 08 jun. 2017.

[2]. COSTA, M.J.C. Tratamento biológico de efluentes de lava-jato. 2006. 100f. Dissertação de mestrado (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). PRODEMA – Universidade

Federal da Paraíba/Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande, 2006.

[3]. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Minhas Gerais, Manhuaçu. 2016. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/v4/brasil/mg/manhuacu/panorama>. Acesso em 08 jun. 2017.

[4]. DIRETORIA DE GESTÃO PARTICIPATIVA E ARTICULAÇÃO – DGPAI. Gestão Ambiental Municipal: Licenciamento Ambiental, controle e fiscalização do município. Belo Horizonte: SIMAD, s/d.

151

Page 152: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 15

Renata de Jesus Barreto

Guilherme Cavalcanti Amaral

Resumo: A globalização fomenta o nível de competição entre as empresas na

busca por clientes, exigindo a implementar de métodos que proporcionassem o

aumento da qualidade e desempenho dos produtos e dos processos produtivos. O

presente trabalho trata da aplicação do MASP (Método de Análise e Solução de

Problemas) em uma empresa de sacolas plásticas com a finalidade de controlar o

processo produtivo. Com a utilização do MASP, foi escolhida e combatida a

principal causa de paradas não programadas do processo produtivo da fábrica

(falta de matéria-prima).

152

Page 153: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

A globalização atrelada ao crescimento da escala produtiva e avanço da tecnologia fomentaram no aumento do nível de competição entre as empresas na busca por clientes. Dessa maneira surgiu a necessidade de modernização dos processos de gerenciamento interno, tanto a nível estratégico quanto a nível operacional, para atender o crescimento da demanda. Em consequência direta, de acordo com Dias (2006) foi necessário desenvolver e implementar métodos que proporcionassem o aumento da qualidade e desempenho dos produtos e dos processos produtivos.

A abordagem da qualidade, segundo Peinado e Graeml (2007) sofreu uma transformação do ponto de vista estratégico, onde a gestão dos processos que era feito de maneira corretiva foi substituída pelo planejamento e eliminação de falhas, culminando numa abordagem de qualidade total. Esta por sua vez, possui papel fundamental de promover a melhoria contínua e tornou-se um dos maiores objetivos das organizações atuais.

Considerando a diversidade de técnicas e ferramentas existentes para realizar o controle de processos, o MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) surge como uma alternativa que promove agilidade e simplicidade de aplicação, de maneira estruturada, seguindo uma sequência lógica

onde é realizada a execução do ciclo PDCA, através de suas etapas de planejamento, implementação, acompanhamento e verificação de uma ação, com seus respectivos resultados, apoiados por ferramentas específicas para cada fase, objetivando o auxílio na análise dos problemas de modo a eliminá-los ao final do processo. (TERNER, 2008).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (MASP)

O método japonês QC Story, popularizado no Brasil através da literatura de Campos (2014) como o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) foi desenvolvido pela Union of Japonese Scientists and Engineers (JUSE) e utiliza o modelo de planejamento apresentado no ciclo PDCA, incorporando oito etapas que devem ser seguidas atreladas ao uso de determinadas ferramentas da qualidade para a resolução de maneira sistêmica dos problemas diversos. Estas etapas são: Identificação do problema, Observação, Análise, Plano de Ação, Ação, Verificação, Padronização e Conclusão (CAMPOS,2014)

As ferramentas da qualidade presentes no método MASP são descritas na tabela 1

153

Page 154: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 1 – Ferramentas da qualidade presentes no método MASP.

FERRAMENTA DESCRIÇÃO REPRESENTAÇÃO

Folha de verificação

Ferramenta em formato de planilha construída previamente para coletar dados de maneira organizada e durante um determinado intervalo de tempo, servindo de base para a

análise de características como frequência e incidência da ocorrência de determinados eventos (MELLO, 2011)

Estratificação

Permite separar um conjunto de dados em estratos, considerados por Menezes (2013) como subgrupos, de maneira tal que possa ser percebido um mesmo padrão

através das categorias pré-estabelecidas na coleta

Diagrama de pareto

Demonstra a frequência de ocorrência de determinada classe de dados e o percentual acumulativo destas, tornando

possível identificar e distinguir quais causas são importantes e devem ser resolvidas de maneira imediata e quais tem

menor grau de relevância. (SLACK et al, 2009).

Brainstorming

Consiste em uma reunião de curto espaço de tempo onde os membros presentes apresentam sua opinião tal qual surge em sua mente e cada componente pode opinar sem sofrer

interferência dos demais, todas as ideias devem ser registradas por um responsável. (GUELBERT, 2009).

Diagrama de causa e efeito

Permite que as causas de um problema sejam analisadas em seis categorias, denominadas por Machado (2010) de 6M’s

(Mão de obra, Matéria-prima, Máquina, Meio ambiente, Método e Medição).

Histograma

Consiste em uma representação gráfica que demonstra a evolução de um fenômeno. Machado (2010) define

histograma como um meio para entender o comportamento de dados representados por barras verticais que indicam

como estão distribuídas as frequências.

Diagrama de correlação

Identifica a relação entre dois fatores e é composto por um eixo horizontal que representa um fator variante

(independente) que pode ser tratado como a causa e que é desejado conhecer sua influência em relação ao fator

presente no eixo vertical (dependente) que pode ser tratado como o efeito (MELLO, 2011).

Gráfico de controle

Tem a função de mostrar visualmente como as características de um produto ou processo se comportam e se seus

resultados estão dentro de limites considerados aceitáveis, assim, com a identificação dos desvios, é possível agir de

forma ágil para manter um controle. (SAMOHYL,2009)

5w2h

Consiste em uma planilha que deve registrar as diretrizes mais importantes referentes a uma atividade para organizar e identificar as ações e a responsabilidade de cada um, com

informações pertinentes a um plano de ação. Esta sigla resulta da abreviação das palavras inglesas what (o quê), who (quem), when (quando), where (onde), why (porquê), how (como) e how much (quanto custa). (PEREIRA, 2013).

Fonte: Adaptado de BARRETO (2016).

154

Page 155: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

2.2. A EMPRESA ESTUDADA

A empresa de sacolas plásticas atua no setor referido há 10 (dez) anos, possuindo 70 (setenta) funcionários ao total. O processo produtivo da fábrica ocorre com as operações de extrusão (que forma o filme plástico), corte-solda (que corta o filme e solda o fundo

no formato da sacola) e prensa (que abre a alça), impressão (responsável por imprimir desenhos de clientes nas sacolas), estocagem e expedição. Estas são demonstradas na figura 1. Este trabalho fez estudo da linha de produção 1.

FIGURA 1: Fluxograma do processo

Fonte: Autores (2016).

3. METODOLOGIA

A fase de análise do caso ocorreu iniciando em Fevereiro e finalizando em Abril de 2016, de modo que o primeiro mês (de 16/02/2016 à 17/03/2016) foi utilizado pelos pesquisadores para conhecer o processo produtivo da empresa. O segundo mês (de 17/03/2016 à 16/04/2016) foi utilizado para a aplicação do método proposto, as fases foram executadas e as ferramentas empregadas, coletando os

dados pertinentes a cada fase e realizando a análise, até que se chegou a um plano de ação que foi executado no dia 01/04/2016 e, 15 (quinze) dias depois, verificou-se os resultados. Por fim, foi apresentado a empresa as possibilidades de continuidade da utilização do MASP.

O quadro abaixo mostra as etapas seguidas com seus respectivos objetivos e ferramentas utilizadas.

155

Page 156: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Tabela 2 - Metodoloia de aplicação do MASP.

PDCA FASE DO

MASP DEFINIÇÃO OBJETIVO FERRAMENTAS

P

1 Identificação do problema

Definir claramente o problema e reconhecer sua importância

Folha de verificação;

Brainstorming;

Diagrama de Pareto;

Histograma.

2 Observação

Investigar as características específicas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de

vista.

Folha de Verificação;

Estratificação;

Diagrama de Pareto.

3 Análise Descobrir as causas fundamentais

Folha de verificação;

Diagrama de causa-e-efeito;

Diagrama de Pareto;

Histograma;

Diagrama de correlação;

Brainstorming.

4 Plano de Ação Conceber um plano para bloquear as

causas fundamentais.

Folha de verificação;

Diagrama de Pareto;

Brainstorming;

5W2H.

D 5 Ação Bloquear as causas fundamentais. Folha de verificação;

5W2H.

C

6 Verificação Verificar se o bloqueio foi efetivo, e:

Se não foi: voltar a etapa 2;

Se foi: ir para a etapa de padronização.

Folha de verificação;

Cartas de controle;

Histograma;

Diagrama de Pareto

? Bloqueio foi efetivo?

A

7 Padronização Prevenir contra o reaparecimento do

problema.

8 Conclusão Recapitular todo o processo de

solução do problema para trabalho futuro.

Fonte: Adaptado de Campos (2014).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As etapas do MASP seguidas são descritas a seguir:

a) Identificação do problema: a empresa estudada não possuía qualquer tipo de registro de problemas ou mecanismos de controle de produção. Desse modo, não havia como selecionar um problema específico através dos dados históricos

para que fosse feita a análise de Pareto, nem era possível determinar as perdas e os ganhos. Para contornar esta ausência, foi realizada uma reunião de brainstorming com a equipe de qualidade onde, ao se discutir quais os problemas ocorrem no processo produtivo, foi selecionado como problema principal as paradas do processo produtivo, de modo

156

Page 157: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

a iniciar a fase de observação automaticamente.

b) Observação: Como não haviam dados históricos, foi elaborada uma folha de verificação para cada equipamento para entender se o problema selecionado na primeira etapa de fato ocorria. Desse modo, o operador informava quanto tempo o processo ficava parado e qual o motivo da parada (podendo esta ser planejada ou não).

A coleta foi elaborada num período de 6 (seis) dias e, com os dados obtidos, foi utilizada a ferramenta de estratificação para entender o

comportamento e identificar padrões. Desse modo, foram estratificados o tempo total de horas paradas por turnos, o tempo total de horas paradas por turno de cada máquina, o tempo total médio de horas paradas por dia de cada máquina e o tempo total médio de horas paradas por dia de cada processo, como mostrado nos gráficos 1, 2, 3 e 4, representados nas figuras 2 e 3, respectivamente. Os turnos de trabalho foram adotados como sendo o Turno 1: das 00:00 às 06:00 horas, Turno 2: das 06:00 às 12:00 horas, Turno 3: das 12:00 às 18:00 horas, Turno 4: das 18:00 às 00:00 horas.

FIGURA 2: Tempo total de horas paradas por turnos e Tempo total de horas paradas por turno de cada máquina.

Fonte: Autores (2016)

A partir do gráfico 1 foi possível identificar que o turno 3 possui a maior quantidade total de horas paradas, seguido pelo turno 2, indicando dessa forma que estes são os turnos mais críticos do processo. Com o gráfico 2, ficou evidenciado quais turnos possuem o maior número de horas paradas

em cada equipamento, de modo que para a extrusora 1 e para o corte-solda 2, o turno com maior índice é o 3, na extrusora 2 o maior volume ocorre no turno 1, no corte-solda 1 ocorrem mais paradas no turno 4 e a impressora possui 2 turnos com intensidade semelhante e crítica que são os turnos 2 e 4.

EXTRUSORA1

EXTRUSORA2

CORTE-SOLDA 1

CORTE-SOLDA2

IMPRESSORA

Total de paradas: turno 1 05:34:00 05:25:00 08:42:00 04:59:00 02:09:00

Total de paradas: turno 2 04:00:00 02:50:00 12:38:00 09:37:00 09:28:00

Total de paradas: turno 3 07:57:00 04:10:00 09:17:00 10:49:00 07:50:00

Total de paradas: turno 4 03:36:00 01:00:00 15:13:00 05:33:00 09:17:00

26:49:00

38:33:00 40:03:00 34:39:00

Turno 1 Turno 2 Turno 3 Turno 4

157

Page 158: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 3: Tempo total médio de horas paradas por dia de cada máquina e Tempo total médio de horas paradas por dia de cada processo.

Gráfico 3 Gráfico 4

Fonte: Autores (2016)

Ao analisar o gráfico 3, notou-se que o corte-solda 1 possui o maior volume de paradas média por dia, seguido pelo corte-solda 2. Esse fator indica um padrão que é evidenciado no gráfico 4, onde o processo com maior média é o de corte e solda.

Além das informações sobre o comportamento das paradas no processo, as causas foram apontadas pelos operadores e pelo supervisor, sendo registradas para

serem utilizadas na etapa seguinte, sendo elas: a ausência de matéria-prima, troca de telas, troca de teflon, falta de operador, falta de energia elétrica, quebra do equipamento, falta de tubetes/cano e ordem administrativa. Estas informações mostraram que o item problema levantado de fato ocorre e com comportamento diferente ao longo dos turnos. Ao final da etapa de observação, foi esboçado um cronograma, mostrado na tabela 3 e então iniciou-se a etapa de análise.

TABELA 3: Cronograma de ações 1.

CRONOGRAMA META ORÇAMENTO

Em 10 dias

- Identificar as causas prováveis;

- Tomar uma decisão;

- Definir o plano de ação.

R$00,00

Em 15 dias Reduzir o índice de horas paradas em 20% R$00,00

Fonte: Autores (2016).

a) Análise: Após definir o problema, a etapa de análise foi responsável por investigá-lo de maneira mais detalhada, a fim de identificar causas e verificar com dados, confirmando as

que de fato implicam no problema. Dessa maneira, realizou-se uma reunião de braisntorming utilizando o diagrama de causa e efeito para identificar quais os motivos que

03:31:10 02:14:10

07:38:20

05:09:40 04:47:20

02:52:40

06:24:00

04:47:20

EXTRUSÃO

CORTE E SOLDA

IMPRESSÃO

158

Page 159: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

resultam em paradas no processo produtivo. O diagrama após a reunião

é mostrado na figura 4.

Figura 4: Diagrama de causa e efeito de paradas do processo da empresa de sacolas plásticas.

Fontes: Autores (2016).

Os itens levantados e categorizados como sendo possíveis causas foram utilizados como base para a construção de uma segunda folha de verificação que teve como objetivo coletar dados referentes as causas hipotéticas para corroborar a existência delas e priorizar (através do diagrama de Pareto) quais mereciam atenção e deveriam ser eliminadas. A nova folha de verificação foi

criada de modo que o operador de cada máquina recebia diariamente para preencher as horas paradas, identificando as causas através de um código padrão (ambos mostrados na figura 5). Foi inserida uma categoria “Distintos” para que as causas que não foram elencados pela equipe de qualidade fossem informadas pelo operador no verso da folha de verificação.

159

Page 160: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 5: Folha de código padrão de horas paradas do setor produtivo.

Fonte: Autores (2016).

O item “Quantidade produzida (kg) ” foi inserido na folha de verificação para entender possíveis relações de paradas no processo com a produção de alguns produtos com a utilização do diagrama de correlação. Após um período de coleta de 15 dias, foi selecionada uma amostra de tamanho n igual

a 10 (dez) e os dados foram utilizados para construir um gráfico de Pareto, de modo a entender, avaliar e priorizar as causas principais das causas triviais. Os resultados são mostrados nos gráficos presentes na figura 6.

160

Page 161: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 6 - Gráfico de Pareto para causas de paradas do processo da etapa de análise (gráfico 5) e Gráfico de Pareto para falta de matéria-prima por processo da etapa de análise (Gráfico 6). Fonte:

Autores (2016).

Como pode ser observado, o gráfico de Pareto indicou que a maior concentração de horas paradas ocorre devido à falta de matéria prima (P01), a troca de bobina (P14) e a troca de processo (P05), representando 76,92% das paradas totais. Sob esta perspectiva, foi feita a análise das causas e foi identificado que tanto o P14 quanto o P05 são consideradas intrínsecas ao processo (paradas planejadas), porém a falta de matéria-prima resulta numa parada indesejada, sendo selecionada pela equipe como sendo a causa a ser eliminada. Partindo

destas decisões, foi construído outro gráfico de Pareto para verificar qual processo estava sendo mais atingido pela causa selecionada, este é mostrado no gráfico 6 também presente na figura 6 acima.

A partir do segundo gráfico de Pareto foi identificado que o processo contendo mais horas paradas por falta de matéria-prima era o de corte e solda. Desse modo, foi plotado um histograma para entender qual a distribuição de frequência do tempo de parada por falta de matéria prima neste processo, como mostra a figura 7.

50,46 64,49

76,92 88,39 94,75 96,97 98,25 99,24 100,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

00

1440

2880

4320

5760

7200

8640

P01 P14 P05 P18 P06 P02 P08 P12 Outros

Freq

uên

cia

rela

tiva

ac

um

ula

da

(%)

Freq

uên

cia

abso

luta

(m

in)

Motivos de parada

Frequência absoluta Frequência relativa acumulada

50,55

98,04 100,00

0,00

50,00

100,00

150,00

00

720

1440

2160

2880

Corte e Solda Impressão Extrusão

Freq

uên

cia

rela

tiva

ac

um

ula

da

(%)

Freq

uên

cia

abso

luta

(m

in)

Processos

Frequência absoluta Frequência relativa acumulada

161

Page 162: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 7 - Histograma de distribuição de frequências de horas paradas por falta de matéria prima no processo de corte e solda.

Fonte: Autores (2016)

O histograma demonstrou que, frequentemente, as paradas ocorrem com intensidade entre 35 (trinta e cinco) minutos e 3 (três) horas ou entre 8 (oito) horas e 10 (dez) horas. A fim de entender o impacto gerado pelas paradas do processo de corte e solda

na produção, foi realizado um diagrama de correlação para dois tipos de produto: a sacola lisa tamanho G e a sacola impressa tamanho M, demonstrados nos gráficos 8 e 9, respectivamente.

FIGURA 8: Correlação entre horas trabalhadas e produção em quilos de sacolas lisas tamanho G (gráfico 8) e impressas tamanho M (gráfico 9). Fonte: Autores (2016).

Gráfico 8 Gráfico 9

Para as sacolas lisas tamanho G e para as sacolas impressas de tamanho M, foi notado um resultado semelhante com o “r” da correlação próximo a 1 (um) e positivo, demonstrando dessa maneira que quando o número de horas trabalhadas aumenta, o número em quilos produzido aumenta. Consequentemente, as paradas do processo reduzem o nível de produção e desta forma

medidas deveriam de fato ser tomadas para contornar este problema.

A partir disto, a equipe de qualidade analisou e entendeu as características expostas e, com base em todas as informações coletadas, discutiu as possíveis soluções de maneira tal que, durante a reunião, foi percebido que a causa selecionada ocorre no processo de

0

1

2

3

4

5

6

Fre

ênci

a

R² = 0,761

0

100

200

300

400

500

0 5 10

Pro

du

ção

(Kg)

Horas Trabalhadas

R² = 0,5663

0

50

100

150

200

250

300

0 2 4 6 8 10

Pro

du

ção

(Kg)

Horas trabalhadas

162

Page 163: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

corte e solda devido ao fato do processo anterior (extrusão) levar uma quantidade de tempo elevada para produzir uma bobina com o filme plástico. Isso faz com que o processo de corte-solda “espere” por matéria-prima já que ele processa a bobina com maior velocidade. Este fator é explicado pela forma de produção da empresa que é feita por demanda e de maneira intermitente, resultando na impossibilidade atual de produzir e estocar as bobinas.

a) Plano de ação: Após verificar todos os aspectos, a equipe

percebeu que não era necessária a utilização de 4 (quatro) turnos de trabalho, pois gerava tempos ociosos e utilização desnecessária de recursos humanos e decidiu eliminar o turno 4, para que o processo de extrusão pudesse gerar estoque de matéria-prima que deveria ser processada nos 3 (três) turnos que permaneceram, partindo assim para o registro do plano de ação mostrado.

Contramedida Responsável Prazo Local Justificativa Procedimento Investimento

O quê? (WHAT?)

Quem? (WHO?)

Quando (WHEN?)

Onde?

(WHERE?)

Porquê?

(WHY?)

Como?

(HOW?)

Quanto?

(HOW MUCH?)

Reduzir o índice de falta

de matéria-prima no

processo de corte e solda

Coordenador de Produção

Em 10 dias

Corte e solda

Para eliminar o tempo ocioso

Eliminação do turno 4

R$ 00,00

O cronograma foi exposto aos operadores específicos do processo de corte e solda, a nova escala de trabalho foi distribuída e iniciou-se a fase de ação.

a) Ação: A ação foi e a folha de verificação 2 (dois) continuou a ser preenchida pelos operadores e o turno de trabalho 4 (quatro) foi excluído. Após um período de 15 (quinze) dias, iniciou-se a fase de verificação.

b) Verificação: Nesta etapa, procurou-se fazer comparativos de resultados com os novos dados coletados, a fim de verificar se a ação escolhida eliminou

a causa ou diminuiu seu índice a níveis aceitáveis, listaram-se os efeitos secundários e foi conferida a existência ou não de continuidade do problema. Dessa maneira, foram elaborados 2 (dois) novos gráficos de Pareto utilizando uma amostra de dados n igual a 10 (dez), tanto para análise das causas de paradas para no processo produtivo em geral, exposto no gráfico 10, quanto para cada processo de maneira isolada, de modo a verificar o comportamento do índice selecionado crítico (corte e solda), mostrado no gráfico 11.

163

Page 164: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 10 - Gráfico de Pareto para causas de paradas do processo da etapa de verificação e Gráfico de Pareto para falta de matéria-prima por processo da etapa de verificação.

A partir do gráfico 10 foi possível identificar que com a decisão tomada, o índice de horas paradas por falta de matéria-prima do processo como um todo reduziu e foi substituído pelo índice de horas paradas por troca de bobina (P14). De maneira analítica, essa relação é explicada devido ao aumento do nível de produção no corte e solda, pois a troca de bobina indica uma parada considerada esperada para troca de processo (set-up) e demonstra que o mesmo está ocorrendo de maneira intensa.

Já com a análise do gráfico 11, é explicitado que, para o processo produtivo, o volume de

horas paradas por falta de matéria-prima no corte e solda foi reduzido de tal forma que se tornou o de menor índice quando comparado aos outros processos. A partir deste ponto, a equipe percebeu o impacto da decisão e utilizou dois gráficos de controle, com dados de horas paradas por falta de matéria-prima dos últimos 7 (sete) dias, o primeiro antes da tomada de decisão e o segundo após a mesma. Os gráficos selecionados foram os das médias e das amplitudes, sendo expostos nas figuras 11 e 12, respectivamente.

34,69 51,18

65,01 75,03

84,58 91,73 95,90 98,94 100,00

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

00

720

1440

2160

P14 P05 P01 P06 P18 P08 P16 P07 P03

Freq

uên

cai r

elat

iva

acu

mu

lad

a (%

)

Freq

uên

cia

abso

luta

(m

in)

Motivos de parada

Frequência absoluta Frequência relativa acumulada

83,40

92,33

100,00

75,00

80,00

85,00

90,00

95,00

100,00

105,00

00

144

288

432

576

720

Impressão Extrusão Corte e solda

Freq

uên

cia

rela

tiva

ac

um

ula

da

(%)

Freq

uên

cia

abso

luta

(m

in)

Processos

Frequência absoluta Frequência relativa acumulada

164

Page 165: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 11 - Comparativo do gráfico de médias para as horas paradas por falta de matéria-prima no processo de corte e solda antes e depois da ação.

Fonte: Autores (2016).

Analisando a figura 11, foi evidenciado que o processo de corte e solda antes da eliminação do turno de trabalho estava fora de controle em relação a média das horas paradas por falta de matéria-prima, pois apresentou pontos fora dos limites de controle e pontos muito próximos destes limites e,

depois desta eliminação, apresentou comportamento sob controle estatístico pois possui pontos que oscilam próximos e em torno da média. Além destes aspectos, nota-se complementarmente que houve uma redução significativa na intensidade da parada.

FIGURA 12 - Comparativo do gráfico de amplitudes para as horas paradas por falta de matéria-prima no processo de corte e solda antes e depois da ação.

Fonte: Autores (2016).

As conclusões identificadas a partir da figura 12 foram que, em relação à amplitude, antes da ação o processo possuía alto índice de variação em relação a intensidade da parada e após a medida, esta variação diminuiu, porém, apresentou um comportamento tendencioso, com 7 (sete) pontos distribuídos acima da linha média; isto indica que o processo precisa ser novamente estudado

para que se tirem conclusões sobre as causas que implicam nessa ocorrência. De maneira geral, ambos os diagramas de correlação demonstram a evolução entre o processo que antes estava fora de controle e após a decisão passou a estar sob controle.Não foi necessário determinar comparativamente, através do histograma, a distribuição das frequências de horas

00:00:00

02:24:00

04:48:00

07:12:00

09:36:00

12:00:00

1 2 3 4 5 6

Antes

MÉDIA N LIC LC LSC

00:00:00

01:12:00

02:24:00

03:36:00

04:48:00

1 2 3 4 5 6

Depois

MÉDIA N LIC LC LSC

00:00:00

01:12:00

02:24:00

03:36:00

04:48:00

06:00:00

1 2 3 4 5 6 7

Antes

AMPLITUDE N LIC LC LSC

00:00:00

00:28:48

00:57:36

01:26:24

01:55:12

02:24:00

02:52:48

03:21:36

03:50:24

1 2 3 4 5 6 7

Depois

AMPLITUDE N LIC LC LSC

165

Page 166: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

paradas por falta de matéria prima após a ação, pois, durante o período de coleta, ocorreram apenas 2 (dois) eventos pontuais com duração média de 51 (cinquenta e um) minutos. Além disso, o percentual de horas paradas no processo produtivo reduziu 87,48%, atingindo e superando a meta proposta de 20%. Todas estas análises fizeram com que a equipe de qualidade chegasse a conclusão de que a ação obteve o efeito esperado e eliminou, a níveis satisfatórios, o problema, produzindo um efeito secundário positivo (o aumento do nível de produção) iniciando assim a fase da padronização.

a) Padronização: A ação foi padronizada, dessa maneira o turno de trabalho 4 (quatro) foi definitivamente eliminado para o processo de corte e solda, de modo a serem elaboradas novas escalas de trabalho para os operadores, que foram comunicados da mudança através de uma reunião geral.

b) Conclusão: Nesta última etapa, ocorreu uma reunião onde foram discutidos os problemas remanescentes que deveriam ser analisados para a

continuação das melhorias até que o problema de paradas indesejadas do processo fosse corrigido definitivamente. A equipe utilizou o gráfico 10 e o gráfico 11 e decidiu investigar mais profundamente as paradas no processo de impressão, repetindo as etapas do MASP.

5. CONCLUSÕES

O tempo de horas paradas em um processo resulta em uma ociosidade desnecessária e em custos que devem ser evitados e, sob esta ótica, a eliminação destes aspectos indesejados proporciona um aproveitamento maior da capacidade disponível na empresa, tanto de recursos físicos quanto humanos. Diante do exposto, é possível afirmar que a aplicação deste trabalho mostrou como deve ser executado o método MASP com suas 8 (oito) etapas e de maneira prática, conseguiu atender o objetivo proposto de melhoria no processo produtivo, identificando para isso as ferramentas adequadas à coleta dos dados, as fases necessárias para alcançar o objetivo e a demonstração do impacto da utilização do método.

REFERÊNCIAS

[1]. BARRETO. R. J. A aplicação do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) para gestão e melhoria do processo produtivo em uma empresa de sacolas plásticas (Trabalho de Conclusão de Curso) - Universidade Federal de Alagoas – UFAL, Delmiro Gouveia, 2016. [2]. CAMPOS, V. F. TQC: Controle de qualidade total (no estilo Japonês). 9. ed. Nova Lima: FALCONI Editora, 2014. [3]. DIAS, E. E. P. Análise de metodologia de melhoria de processos: Aplicações à indústria automobilística. 2006. 100 f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói, 2006. [4]. GUELBERT, M. Estratégia de gestão de processos e da qualidade. Curitiba: IESDE Brasil, 2009. [5]. MACHADO, J. F. Método estatístico: gestão da qualidade para melhoria contínua. São Paulo: Saraiva, 2010. [6]. MELLO, C. H. P. (org.). Gestão da qualidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. [7]. MENEZES, F. M. Masp: Método de análise e solução de problemas. 2013. Disponível em: <

http://www.abdi.com.br/Acao%20Documento%20Legislacao/Apostila%20MASP_PORTUGU%C3%8AS.pdf > Acesso em: 12 de Janeiro de 2016. [8]. PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre R. Administração da produção: operações industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007. [9]. PEREIRA, F. D. Conceitos baseado no ciclo pdca para melhoria no processo produtivo: estudo de caso da aplicação na manufatura de tubos em fibra de vidro. 2013. 66 f. Trabalho de conclusão de curso (Especialista em Engenharia de Produção) – Universidade de São Paulo – USP, São Carlos, 2013. [10]. SAMOHYL, R. W. Controle estatístico de qualidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. [11]. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009 [12]. TERNER, G. L. K. Avaliação das aplicações dos métodos de análise e solução de problemas em uma empresa metal mecânica. 2008. 103 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2008.

166

Page 167: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 16

Wallysson Klaus Pires Barros

Thiago Duque e Silva

Júlio Antônio de Oliveira Neto

Resumo: O panorama atual, de convocação à responsabilidade com o meio

ambiente, pressupõe mais do que políticas públicas para redução do descarte de

materiais em larga escala e da reciclagem. dentre esses aspectos, surge a

necessidade de desenvolver tecnologias que apresentam um bom desempenho, ao

mesmo tempo que seja projetada com uma menor quantidade de materiais e

tenham peças otimizadas para aumentar seu tempo de vida útil. O estudo de

cristais líquidos aplicados na fabricação de dispositivos eletrônicos, vem com o

cômputo de reduzir as perdas por aquecimento e melhorar sua performance,

através do aproveitamento do calor gerado como subproduto do processo de

interesse. a proposta do estudo com cristais líquidos acarreta na possibilidade de

amenizar a grande quantidade de descarte de materiais utilizados na fabricação de

equipamentos eletroeletrônicos, com aumento significativo na capacidade de

executar as tarefas a que foram designados, tendo por horizonte a colaboração da

tecnologia na construção de um ideal de desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Meio ambiente; Descarte de resíduos; Tecnologia; Cristal

líquido

167

Page 168: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

O descarte de resíduos sólidos afeta diretamente o meio ambiente. Dentre vários objetos, tem-se o plástico, vidro, materiais orgânicos e os equipamentos elétricos e eletrônicos. Devido ao rápido desenvolvimento de novas tecnologias, muitos aparelhos acabam se tornando obsoletos. São classificados como resíduos tecnológicos aparelhos como: televisores, rádios, telefones celulares, eletrodomésticos portáteis, todos os equipamentos de microinformática, videogames, ferramentas elétricas, DVDs, lâmpadas fluorescentes, brinquedos eletrônicos e muitos outros criados para facilitar o cotidiano (RODRIGUES, A. C, 2003).

Os resíduos eletrônicos já representam 5% de todo o lixo produzido pela humanidade. Isso quer dizer que 50 milhões de toneladas são descartadas anualmente no mundo todo. Em 2009, o Brasil produziu 2,6 kg de lixo eletrônico por habitante, o equivalente a menos de 1% de produção mundial de resíduos, contudo, a indústria eletrônica continua em expansão e hoje espera-se que o número equipamentos como computadores tenha passado de 100 milhões de unidades. (TECMUNDO, 2009). Uma das principais causas de queimas e descarte de produtos eletrônicos é o superaquecimento.

Dessa forma, o presente artigo tem por objetivo mostrar as consequências da aplicação de dispositivos fonônicos (cristais líquidos) para reaproveitamento do calor que surge como subproduto dos processos de interesse. Espera-se que, com o desenvolvimento de tais pesquisas, o alto índice de lixo eletrônico seja reduzido, tal qual o grande impacto ambiental causado por isso.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 MÓDULOS BÁSICOS DOS EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS

Em documento do Parlamento Europeu, os equipamentos elétricos e eletrônicos (EEE) são definidos como equipamentos cujo funcionamento adequado depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos, bem como os equipamentos para a geração, transferência e medição dessas correntes e campos pertencentes às categorias definidas no Anexo I A da Diretiva 2002/96/CE e

destinados à utilização com uma tensão nominal não superior a 1000 V para corrente alternada e 1500 V para corrente contínua (PARLAMENTO EUROPEU, 2003a).

Os módulos básicos comuns a esses produtos são conjuntos/placas de circuitos impressos, cabos, cordões e fios, plásticos antichama, comutadores e disjuntores de mercúrio, equipamentos de visualização, como telas de tubos catódicos e telas de cristais líquidos, pilhas e acumuladores, meios de armazenamento de dados, dispositivos luminosos, condensadores, resistências e relês sensores e conectores (CRETA, 2010).

2.2 IMPACTO DOS RESÍDUOS ELETRÔNICOS AO MEIO AMBIENTE

Alguns pesquisadores contratados pela ONU concluíram que a fabricação de um computador com seu monitor precisa de 240 quilos de combustível, 22 quilos de produtos químicos e 1,5 toneladas de água (FOLHA, 2004). A explicação técnica está na fase de fabricação dos chips que consome muita água, pois cada etapa da produção exige lavagens seguidas de água extremamente pura e após o seu uso torna-se impura para ser reutilizada. (MIGUEZ, 2010). Com as técnicas atuais, o nível de exigência para fabricar um computador comparativamente é muito maior do que fabricar eletrodomésticos da linha branca, como refrigeradores e fogões e até mesmo que um automóvel, que exige apenas uma a duas vezes de seu próprio peso em combustíveis fósseis, enquanto o computador consome até 10 vezes o seu próprio peso. É evidente que as fabricações de computadores por si só geram uma quantidade enorme de resíduos na natureza, já que são necessários muitos processos e componentes tanto sintéticos quanto naturais. Em um levantamento feito em aterros sanitários, constatou-se que os resíduos alimentares são os de maior volume. No entanto, é fato que a partir do século passado aumentou-se substancialmente a concentração de lixo com uma nova categoria: o lixo eletrônico (pilhas, baterias, computadores, aparelhos celulares, televisores e etc).

As substâncias mais problemáticas do ponto de vista ambiental presentes nos componentes eletrônicos são os metais pesados, como o mercúrio, chumbo, cádmio e cromo, gases de efeito estufa, as substâncias halogenadas, como os

168

Page 169: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

clorofluorocarbonetos (CFC), bifenilas policloradas (PCBs), cloreto de polivinila (PVC) e retardadores de chama bromados. (BACHI, 2013). Os metais pesados não podem ser destruídos e são altamente reativos, sob o ponto de vista químico, o que explica a dificuldade de encontrá-lo em estado puro na natureza. Em geral, são encontrados em concentrações muito pequenas, associados a outros elementos químicos, formando minerais e rochas (MACEDO, 2002).

O Cádmio é um subproduto da mineração do zinco. Há relatos de acúmulo deste produto em gramíneas, cultivos alimentares, minhocas, aves, gado, cavalos e na vida selvagem (MACEDO, 2002). A ingestão acentuada via oral pode resultar em sérias

irritações gastrointestinais: náuseas, vômitos, salivação, dor abdominal, cólica e diarreia, podendo ser responsável por descalcificação e reumatismo.

O Chumbo é extremamente tóxico aos seres humanos, podendo ocasionar sérios danos ao cérebro infantil que são irreversíveis, no adulto pode causar cegueira, paralisia e até a morte.

O Cromo é vastamente utilizado na medicina atual no tratamento de obesidade, porém, o acúmulo deste elemento no organismo pode causar câncer. Segundo (PNUAM, 2007), 90% dos componentes do computador podem ser reaproveitados, já que 23% do computador é plástico, 32% de metais ferrosos, 12% de placas eletrônicas (incluindo ouro e prata), 15% de vidro e 18% de metais não-ferrosos.

Tabela 1 - Materiais na composição do computador.

Metais Ferrosos 32%

Plástico 23%

Metais não-ferrosos (chumbo, cádmio, berílio, mercúrio) 18%

Vidro 15%

Placas eletrônicas (ouro, platina, prata e paládio) 12%

Fonte: PNUAM.

Leis e normas surgem constantemente para regular o descarte de materiais nocivos ao meio ambiente, como as iniciativas e diretrizes ambientais que procuram controlar e acompanhar os resíduos e a poluição que o processo produtivo pode gerar.

À medida que novas tecnologias são disponibilizadas no mercado e aparelhos são substituídos com uma frequência cada vez maior, o volume de “lixo eletrônico” cresce rapidamente, com apenas 11% desse tipo de “lixo” sendo reciclado no mundo.

O Brasil segue lentamente nas disposições legislativas do Meio Ambiente. Suas principais análises de proteção e leis ambientais são: A Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional dos Recursos Hídricos, as Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA (257 e 263) e ISO 14000. Nenhumas destas políticas podem ser utilizadas exclusivamente para os EEE. Para tentar controlar o nível de descarte de pilhas e baterias usadas, o CONAMA instituiu em 30 de junho de 1999 a Resolução 257, que prioriza os impactos negativos causados pelas pilhas e baterias no ambiente de acordo

com sua composição como, chumbo, cádmio e mercúrio (CONAMA, 257/99), elementos nocivos contidos nos equipamentos eletrônicos.

De acordo com estudo realizado (SCHLUEP, 2009), o Brasil é o maior produtor per capita de resíduos eletrônicos de computadores pessoais entre os países emergentes. Da mesma forma, o país é campeão quando o assunto é a falta de dados e estudos sobre produção, reaproveitamento e reciclagem de eletroeletrônicos. Quanto à legislação, a Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), que trata da política nacional de resíduos sólidos (incluídos nesta categoria os equipamentos eletrônicos), em seu art. 33, estabelece que é de responsabilidade dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, a estruturação e implementação de sistemas de logística reversa. Apesar disso, a grande maioria dos estados brasileiros carece de leis específicas para a questão do lixo tecnológico (e-lixo). Apesar de relativamente novo, os dados mostram que o problema do e-lixo vem assumindo rapidamente grandes proporções.

169

Page 170: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Há argumentos suficientes para que a gestão dos resíduos eletrônicos não fique sujeita apenas a regulamentações específicas, somando-se a estas os esforços de grupos, instituições e organizações em processos de sustentabilidade.

2.3 ANÁLISE DO CRISTAL LÍQUIDO NA DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE LIXO ELETRÔNICO

A economia e tecnologia estão diretamente ligadas. Uma das razões para isso é que ambas são fundamentais para o desenvolvimento de países emergentes. A ideia de investir em dispositivos eletrônicos de calor (transistores térmicos a base de cristais líquidos), uma teoria ainda em fase inicial, é relevante pelo falo de que essa nova tecnologia possa ser capaz de controlar o fluxo de calor da mesma forma que os circuitos eletrônicos controlam a corrente elétrica. Ao contrário dos transistores convencionais, os transistores termais (que seriam desenvolvidos a partir da tecnologia fonônica), não necessitariam do silício, e poderiam fazer uso da grande quantidade de calor residual geradas nos aparelhos eletrônicos tradicionais (WANG ET AL., 2014). Esse calor gerado, além de ser uma forma de perda de energia também prejudica a vida útil do aparelho eletrônico, devido ao superaquecimento. Assim, tem-se uma vantagem quanto ao uso dos dispositivos fonônicos, pois, além de utilizar as perdas térmicas para controle do fluxo de calor (aplicação secundária de interesse), ainda contribui para preservação do equipamento.

Conhecer a manipulação de várias formas de energia é de fundamental importância tecnológica e econômica. Uma aplicação deste conhecimento é o processamento de informações, seja no aumento da velocidade de processadores eletrônicos (KANG ET AL., 2007), no desenvolvimento de protocolos de transmissão de informação através de artefatos fotônicos (ARAÚJO; BASTOS-FILHO; MARTINS-FILHO, 2015) ou na criação de chips opto-eletrônicos (KIMERLING ET AL., 2006). A fim de aproveitar o calor, gerado por algum processo de interesse, tem-se os cristais líquidos. O estado líquido cristalino é o único da matéria que combina as propriedades dos estados sólido e líquido. Essa fase condensada da matéria apresenta anisotropia óptica, elétrica, magnética e propriedades mecânicas. O termo cristal

líquido refere-se aos materiais e a expressão mesofase (mesomorfo) ao estado da matéria condensada que guarda as características do sólido (ordem e/ou anisotropia) e do líquido, que abrange a fluidez e tensão superficial (MERLO; GALLARDO; TAYLOR, 2001, P.354).

Em um cristal líquido, as propriedades líquido-cristalinas surgem das interações de longo alcance entre os seus constituintes e são as responsáveis pelo grau de ordem do sistema. O ordenamento observado é suficiente para transmitir algumas características da fase sólida para o fluído, entretanto, pela sua natureza de longo alcance, não são suficientemente fortes para evitar a fluidez observada. Quando este dualismo das propriedades (mesofase) é observado em um sistema sob aquecimento e resfriamento, o termo cristal líquido termotrópico (CLT) enantiotrópico é utilizado (MERLO; GALLARDO; TAYLOR, 2001, P.354)..

Cristais líquidos que mostram mesofases somente no processo de resfriamento, são denominados de monotrópicos. Com respeito a forma, os CLT podem ser classificados em dois grupos principais: calamíticos (forma de bastão) e discóticos (forma de disco). Os cristais líquidos na forma de bastão são classificados de acordo com o grau de ordem observado. Desta forma, três classificações básicas são propostas: Nemática (N), Colestérica (Ch) e Esmética (S) (MERLO; GALLARDO; TAYLOR, 2001, P.354).

Na pesquisa, foram estudados os chamados cristais líquidos nemáticos (que possuem apenas a fase nemática como intermediária), calamíticos (com moléculas de formato de bastão) e termotrópicos (cujas propriedades físicas e transições de fase dependem da temperatura - para controle de calor).

A anisotropia das moléculas é sentida macroscopicamente quando o cristal líquido está na fase nemática, sendo traduzida para diversas propriedades físicas. Isto significa que a fase nemática é anisotrópica simultaneamente para propagação de luz, de calor, de eletricidade e de som.

Estes materiais são fortes candidatos para o desenvolvimento de dispositivos “termo-óptico”, artefatos que processam/transmitem calor e luz em um único dispositivo. A partir daí, tem-se o desenvolvimento do chamado transistor térmico. Tal dispositivo é inovador, ainda em desenvolvimento e capaz de controlar o fluxo de calor, gerado pelas perdas dos componentes de equipamentos

170

Page 171: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

eletrônicos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O lixo eletrônico é considerado um resíduo sólido especial de coleta obrigatória (BRASIL, 2010), estabelecendo-se como um grave problema para o ambiente e para a saúde, porque são constituídos por materiais altamente tóxicos (metais pesados). A sua produção pode afetar, tanto os trabalhadores quanto comunidades ao redor dessas industriais. Além disso, esses resíduos são normalmente descartados em lixões e acabam contribuindo, de maneira negativa, com o meio ambiente (SIQUEIRA e MORAES, 2009).

Assim, tem-se que controlar a quantidade de calor em uma determinada região apresenta boas possibilidades de aplicações tecnológicas, como a economia de energia pelo reaproveitamento do calor produzido secundariamente por sistemas físicos principais, para o uso em outros sistemas de interesse. A aplicação destas tecnologias, a base de cristais líquidos, na fabricação de dispositivos eletrônicos, aumenta o seu tempo de utilização, diminuindo a quantidade de descartes dos mesmos. Dessa forma, é possível estabelecer uma melhor contribuição no âmbito da engenharia de produção com tecnologias mais limpas e ecoeficientes.

REFERÊNCIAS

[1]. ARAÚJO, D.R.B.; BASTOS-FILHO, C.J.A. e MARTINS-FILHO, J.F. And evolutionary approach with surrogate models and network science concepts to design optical networks. Engineering Applications of Artificial Intelligence, 43:67-80, 2015. [2]. BACHI, M. H. Resíduos tecnológicos: A relação dos Resíduos Eletroeletrônicos com a Legislação do Brasil. Revista Brasileira de Gestão Ambiental - RBGA, Pombal-PB-Brasil, v. 7, n. 1, p. 01 - 05, jan./mar. 2013. [3]. BRASIL. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 27 jun. 2017. [4]. CRETA. Tecnologias de Reciclagem. Resíduos Elétricos e Eletrônicos. Disponível em: <http://www.cretatec.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68:reee&catid=29:wiki-residuos&Itemid=78>. Acesso em: 14 jun. 2017. [5]. CONAMA 257. Resolução Nº 257, de 30 de junho de 1999. Disponível em: <www.mma.gov.br/port/conama/res/res99/res25799.html>. Acesso em: 26 jun. 2017. [6]. FOLHA. Pesquisa ONU na Fabricação de computadores. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br 08/03/2004>. Acesso em: 6 jun. de 2017. [7]. KANG, J.U.; KIM, J-S, PARK, C.; PARK, H. e LEE, J. A multi-channel architecture for high-performance nand flash-based storage system. Journal of systems Architecture. 53(9):644-658, 2007. [8]. KIMERLING, L.C.; AHN, D.; APSEL, A.B.; BEALS, M.; CAROTHERS, D.; CHEN, Y-K. E CONWAT, T. Electronic-photonic integrated circuits on the cmos platform. In Integrated Optoelectronic Devices 2006. International Society for Optics and Photonics, 2006.

[9]. MACÊDO, J. A. B. 2002. Introdução a Química Ambiental; Química & Meio Ambiente & Sociedade 1ª ed. Juiz de Fora: Jorge Macedo, 487p. [10]. MATTOS, K.M.C. e PERALES, W.J.S. Os impactos ambientais causados pelo lixo eletrônico e o uso da logística reversa para minimizar os efeitos causados ao meio ambiente. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 28., 2008, Rio de Janeiro. Anais. ABEPRO, 2008. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2 008_TN_STP_077_543_11709.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2017. [11]. MERLO, A. A.; GALLARDO, H. e TAYLOR, T. R. Cristais Líquidos Ferroelétricos – CLF. Uma Abordagem Sintética. Química Nova, Vol. 24, Nº 3, 354-362, 2001. [12]. MIGUEZ, Eduardo Correia. Logística Reversa como solução para o problema do lixo eletroeletrônico: benefícios ambientais e financeiros. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. [13]. PARLAMENTO EUROPEU. REEE. Diretiva 2002/96/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de janeiro de 2003: relativa aos resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, 2003a. [14]. PNUAM. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Lixo eletrônico mundial cabe em trem capaz de dar a volta ao mundo, 2007. Disponível em < http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/04/26/idgnoticia.2007-04-25>. Acesso em: 27 jun. 2017. [15]. PORTAL TERRA. Saiba o que fazer com o lixo tecnológico. Matéria divulgada em 20 de dezembro de 2008. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI3404306-EI4799,00-Saiba+o+que+fa zer+com+o+lixo+tecnologico.html. Acesso em: 3 jul. 2017. [16]. RODRIGUES, A.C. Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos: Alternativas

171

Page 172: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

de Política e Gestão - Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. UNIMEP, Piracicaba, 2003. [17]. RUAN, X.; CHEN, Y.P.; QIU, B.; HU, J.; VALLABHANENI, A. e WANG, Y. Phonon Lateral Confinement Enables Thermal Rectification in Asymmetric Single-Material Nanostructures. Nano Letters, 2014. Vol.: 14 (2), pp 592-596. [18]. SCHLUEP, M. Recycling: from e-waste to resources. StPE study report commissioned by UNEP and UNU. Germany: UNEP, 2009. 90 p.

[19]. SIQUEIRA, M.M., MORAES, M. S. Saúde coletiva, resíduos sólidos urbanos e os catadores de lixo. Ciência & Saúde Coletiva, 2009; 14(6): 2115-2122. [20]. TECMUNDO. Lixo Eletrônico (2009). Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/teclado/2570-lixo-eletronico-o-que-fazer-apos-o-termino-da-vida-util-dos-seus-aparelhos-.htm>. Acesso em: 14 jun. 2017.

172

Page 173: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 17

Luana da Silva Souza

Ana Paula Aparecida Honorato

Giovani Blasi Martino Lanna

Rafaela Araújo de Oliveira Lanna

Filipe Gomide Carelli

Resumo: A pesquisa tem como objetivo analisar as condições de trabalho em um

frigorífico situado na Zona da Mata de Minas Gerais, atuante no processamento de

aves. O estudo caracteriza-se como um estudo de caso, com amostra não

probabilística composto por 100 colaboradores do setor de produção do frigorífico.

A coleta de dados ocorreu por meio de questionários, que foram respondidos por

meio de entrevistas pessoais e individuais. Os resultados demonstraram

apontamentos favoráveis quanto a qualidade de vida no trabalho em relação às

tarefas executadas, aos estímulos fornecidos aos colaboradores para solução de

problemas, a preocupação com o colaborador, a presença de mobília ergonômica

adequada e a pausa durante a jornada de trabalho. No entanto a satisfação com a

jornada de trabalho e a percepção do ambiente de trabalho ser seguro e saudável

foram apontados como aspectos que devem ser melhorados. Pôde-se concluir que,

de forma geral, os colaboradores participantes do estudo indicaram situação

favorável ás condições de trabalho. Entretanto, a de considerar que melhorias

ergonômicas podem ser realizadas para minimizar os agravos à saúde dos

colaboradores.

Palavras-chave: Condições de trabalho; Ergonomia; Frigorífico.

173

Page 174: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

As organizações em diversos setores econômicos convivem com o desafio de se manterem competitivas em mercados de acirrada concorrência. Consequentemente o aumento da produtividade dos meios de produção torna-se fator fundamental na disputa por mercados.

Martins e Laugeni (2005) afirmam que as organizações objetivam aprimorar a produtividade dos bens e serviços procurando adotar melhores métodos de trabalho e processos de produção com os menores custos possíveis.

Entretanto, a busca por produtividade pode modificar o ambiente de trabalho acarretando em alterações que afetam as condições de saúde e segurança do trabalhador. Essas alterações estão presentes, principalmente, na linha de produção de organizações que realização atividades consideradas repetitivas e/ou possuem sobrecarga. Nestes casos, os colaboradores estão sujeitos ao desconforto relacionado à execução do trabalho e ao aumento do stress devido às exigências de aumentar a produtividade.

Nas indústrias frigoríficas de abate e processamento de carnes a organização do trabalho mescla características do padrão taylorista/fordista e do modelo japonês, sendo realizadas funções altamente rotinizadas e repetitivas em intenso ritmo de trabalho. Mediante a este contexto laboral, os riscos e agravos à saúde aumentam nas atividades em linhas de produção (MAGRO et al., 2014).

A quantidade de movimentos repetitivos, realizados durante as atividades laborais em frigoríficos, propicia o aparecimento de casos de adoecimentos, como lesões por esforços repetitivos (LER) ou Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho (DORT) e as doenças psicológicas.

Um dos fatores que contribuem para a redução dos desconfortos e adoecimentos no processo produtivo é a aplicação eficaz da ergonomia na atividade laboral. Desde modo, é possível que o processo produtivo seja mais competitivo contribuindo para melhoria da produtividade organizacional e que a linha de produção seja mais amigável ao colaborador (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 2016).

Considerando a importância das condições de trabalho dos trabalhadores em frigoríficos de aves, o presente estudo objetivou analisar

essas condições na percepção dos colaboradores do setor produção de um frigorífico situado na região da Zona da Mata de Minas Gerais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)

O termo Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) pode estar relacionado com diferentes aspectos do trabalho nas organizações. Pode ser associado ao sentimento que os colaboradores têm do ambiente de trabalho e à sua ocupação. Refere-se às condições físicas presentes no ambiente de trabalho e a segurança que transmite tanto em relação a doenças ocupacionais como a acidentes de trabalho. E ainda corresponder a programas institucionais que objetivam aumentar a satisfação e motivação dos colaboradores com intuito de aumentar a produtividade (NESPECA; CYRILLO, 2011). Assim, além das condições físicas de trabalho também são importantes às condições sociais e psicológicas que fazem parte do ambiente de trabalho, sendo a QVT uma representação da capacidade dos colaboradores satisfazerem suas necessidades pessoais por meio de sua atividade na organização (CHIAVENATO, 2009).

Milkovich e Boudreau (2015) apontam a QVT como fonte do envolvimento dos colaboradores que, devidamente treinados, tornam-se capazes de identificar os problemas relacionados à qualidade dos produtos e do trabalho realizado na organização, atuando como agentes facilitadores para melhoria contínua.

As condições de trabalho nas organizações deveriam prezar por um ambiente saudável e seguro para os trabalhadores. Entretanto, a busca pelo aumento da produtividade pode influenciar o ritmo de trabalho e, consequentemente, gerar efeitos indesejáveis a saúde. Como relatam Oliveira e Mendes (2014, p. 4.629) esse cenário é recorrente em frigoríficos onde:

174

Page 175: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Os trabalhadores atuam em uma sequência atroz, com um ritmo de produção de cadência elevada, determinando, consequentemente, um ritmo elevado do trabalho, que, por sua vez, ocasiona a prevalência de agravos relacionados com a repetitividade e a sobrecarga muscular.

Os operadores do setor de produção, geralmente, convivem com riscos provenientes as atividades exercidas. Para Milkovich e Boudreau (2015) os riscos a saúde são aqueles relacionados a acidentes físicos e biológicos, a exposição a substancias tóxicas e as condições estressantes de trabalho; e os riscos de segurança são aqueles aspectos do ambiente de trabalho que tem potencial de causar um acidente imediato, e às vezes, violento, a um colaborador.

Para mitigar os riscos nos frigoríficos o Ministério do Trabalho e Emprego emitiu a Portaria MET n° 555 de 2013, que apresenta a Norma Regulamentadora (NR) 36 que tem como objetivo:

Estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho (BRASIL, 2013, p. 177).

Diante das diversas circunstâncias que acomete ao ambiente de trabalho Chiavenato (2009) expõe o pensamento que a QVT deve atender as reivindicações dos colaboradores sobre o bem-estar e satisfação no trabalho, ajustando-as com os interesses da organização quanto ao crescimento da produtividade e qualidade.

De modo geral, a QVT consiste na melhoria das condições do ambiente do trabalho propiciando a satisfação e o bem-estar dos colaboradores que são fundamentais para aumento da produtividade e qualidade da organização.

2.2 FUNDAMENTOS DA ERGONOMIA

O estudo direcionado a adaptação do trabalho ao homem denomina-se ergonomia. Essa disciplina incorpora desde as atividades de planejamento e projeto que antecedem a realização do trabalho até o controle e avaliação exercidos durante e após o trabalho, sendo o objeto central de estudo a interação entre o homem e o trabalho no sistema homem-máquina-ambiente (IIDA, 2005).

O surgimento da ergonomia como área de estudo ocorreu na Segunda Guerra Mundial quando foi formada uma equipe de pessoas competentes com intuito de solucionar os problemas homem-máquina em relação a operação e manutenção de equipamentos militares. No entanto, informalmente pode-se inferir que a ergonomia já era praticada desde quando os homens primitivos construíam objetos rudimentares para serem utilizados como armas de caça e ferramentas, aperfeiçoando os ao longo do tempo (GOMES FILHO, 2003).

O termo ergonomia é definido pela a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) como “o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, 2004, p. 2). Para Falzon (2007) o objetivo da ergonomia esta centrado em dois campos. Sendo um deles, o foco nas organizações e no seu desempenho, expressos pela eficiência, produtividade, qualidade etc. E o outro, o foco nas pessoas, dimensionado pela segurança, saúde, conforto, facilidade de usos etc.

Montmollin (2005) descreve a ergonomia em duas abordagens, a primeira centrada no “componente humano” que prioriza a adaptação da máquina ao homem com intuito de melhorar as condições de trabalho, tendo como base experimentos laboratoriais das funções isoladas dos postos de trabalho, sendo tais funções generalizadas independentemente das características do trabalhador. Já a segunda, esta centrada na “atividade” tendo como fundamento uma visão global dos comportamentos (gestos, olhares, palavras) e os raciocínios do trabalhador dentro da organização e sua reação a situações reais do trabalho, assim,

175

Page 176: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

essa abordagem não se prende a generalização de uma função do posto de trabalho.

A interação do sistema homem-máquina-ambiente tratada pela ergonomia vem evoluindo e desenvolvendo-se de forma holística nas organizações englobando aspectos especializados ou características particulares do sistema, que são classificadas como (IIDA, 2005; FALZON, 2007):

Ergonomia Física: atenta-se as particularidades da anatomia humana, centrada em aspectos antropométricos, fisiológicos e biomecânicos relacionados com a atividade física. Engloba temas, tais como: postura no trabalho, manuseio de matérias, projetos de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador. Ergonomia cognitiva: atenta-se aos processos mentais, referentes a percepção, a memória, o raciocínio e as respostas motoras, com relação às interações dos indivíduos e demais componentes do sistema. Engloba temas, tais como: carga mental, processos de decisão, interação homem-máquina, estresse profissional e treinamento. Ergonomia organizacional: atenta-se a melhoria dos sistemas sóciotécnicos, envolvendo as estruturas organizacionais, regras e processos. Engloba temas, tais como: comunicação, projeto e programação do trabalho, concepção participativa e cultura organizacional.

A abordagem holística juntamente com desenvolvimento da informática auxiliou a difusão da intervenção ergonômica comumente desempenhada em indústrias, exércitos, processos contínuos e transportes, para outras áreas como escritórios, serviços de atendimento ao público, hospitais etc. (MONTMOLLIN, 2005). O crescimento da intervenção ergonômica nas mais diversas organizações fundamenta-se no propósito de eliminar funções que exijam um trabalho estático excessivo e prolongado que podem acarretar lesões e desgastes nas articulações, discos intervertebrais e tendões (GRANDJEAN, 1998).

3. METODOLOGIA

O presente estudo caracteriza-se como um estudo de caso, método que busca estudar um objeto em particular de modo a permitir

seu conhecimento na situação e contexto em que se é investigado (GIL, 2014).

O público-alvo foi composto pelos colaboradores do setor de produção do frigorífico que atua no ramo de processamento de aves. Para fins desse estudo denominou-se a empresa como “Friasmav” que localiza-se em Visconde do Rio Branco/MG e está há 47 anos no mercado. A mesma possui filiais em Viçosa/MG, Leopoldina/MG, Patrocínio/MG e Goiás/GO, tendo a oferta de seus produtos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e também no sul da Bahia, além de exportar para diversos países.

A técnica de amostragem utilizada caracteriza-se como não probabilística por conveniência, a qual a seleção dos elementos das unidades amostrais é deixada a cargo do entrevistador (MALHOTRA, 2006). Foram selecionados 100 colaboradores do setor de operações de produção do frigorífico que possuía no período da pesquisa aproximadamente 1.050 colaboradores, distribuídos no setor de produção que incluem desde recepção de aves até a expedição de produtos acabados.

A coleta de dados foi realizada por meio de questionário, no mês de julho de 2015, que foram respondidos através de entrevistas pessoais e individuais com 15 questões de múltipla escolha. O questionário abordou questões sobre: o perfil dos respondentes; condições de trabalho e sobre a ergonomia.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 PERFIL DOS COLABORADORES

Dos 100 respondentes, 48 são do sexo masculino e 52 do sexo feminino. Em relação à idade, 47,0% estão na faixa etária de 18 a 30 anos, 33,0% têm de 31 a 40 anos, 20,0% têm mais de 40 anos.

Quanto ao grau de escolaridade, 58% dos colaboradores possuem ensino fundamental incompleto, 18% possuem ensino fundamental completo, 8% ensino médio incompleto, 6% ensino médio completo, 5% ensino superior incompleto, 3% ensino superior completo e 2% com pós-graduação. Para trabalhar com as operações de produção a empresa não exigi nenhum grau de escolaridade. Os colaboradores que possuem ensino superior e pós-graduação

176

Page 177: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

são alguns dos coordenadores e gestores das operações de produção.

Em relação ao tempo de serviço prestados, 30% dos respondentes trabalham há menos de 1 ano na empresa, 29% estão na empresa entre 1 e 5 anos, 15% estão na empresa entre 6 e 10 anos, 10% estão na empresa entre 11 e 15 anos e os demais (18%) possuem mais de 16 anos de serviços prestados.

No que diz respeito às funções desempenhadas na empresa, 60% dos respondentes exercem a função de Auxiliar

Operacional, seguido de Assistente Global (20%), Operadores de Máquinas (10%) e os demais são Coordenadores/Gestores das operações da produção (10%).

4.2 OPINIÃO DOS RESPONDENTES

Na Tabela 1 são apresentados as opiniões dos respondentes sobre determinadas afirmativas referentes às condições do trabalho. Os respondentes podiam optar entre “discordo totalmente” a “concordo totalmente”.

Tabela 1: Opiniões referentes às condições de trabalho.

Questões referentes às condições de trabalho

Discordo totalmente

Discordo em parte Indiferente Concordo

em parte Concordo totalmente

1 - Sinto-me satisfeito com a jornada de trabalho 0% 20% 42% 33% 5%

2 - As tarefas que executo diariamente são compatíveis com a minha capacidade física

5% 9% 10% 46% 30%

3 - O ambiente que desenvolvo minhas tarefas é seguro e saudável

10% 32% 19% 39% 0%

4 - A empresa estimula a tomar iniciativa para resolver os problemas relacionados ao bem-estar do posto em que trabalho

4% 19% 10% 38% 29%

5 - Quando me sinto incapaz de realizar determinada atividade devido às dores, noto que a empresa está preocupada com tal situação

8% 16% 5% 30% 41%

6 - A empresa me proporciona uma mobília ergonomicamente correta (Ex: cadeiras ergonômicas)

0% 12% 11% 46% 31%

7 - Durante a jornada de trabalho posso realizar pausas para desempenhar qualquer outra atividade para o relaxamento da minha mente e/ou dos músculos

0% 0% 0% 22% 78%

Fonte: Dados da pesquisa

177

Page 178: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Os atributos que obtiveram melhor avaliação com maior presença de opiniões “concordo em parte” e “concordo totalmente” pelos respondentes são: “tarefas compatíveis com a capacidade física” (46%; 30%), “estímulos da empresa para solução de problemas” (38%; 29%), “preocupação da empresa com o colaborador” (30%; 41%), “mobília ergonômica” (46%; 31%) e “pausa durante a jornada de trabalho” (22%; 78%). Esse resultado demonstra que a empresa foi avaliada pelos respondentes de forma positiva na maioria das questões referentes às condições de trabalho. Destaca-se o atributo “pausa durante a jornada de trabalho” que não houve nenhuma discordância. Esse fato devido ao cumprimento da Norma Regulamentadora (NR) 36 do Ministério do Trabalho e Emprego publicada em abril de 2013, que estabelece os requisitos mínimos para o desenvolvimento das atividades na indústria de abate e processamento de carnes e derivados. Em cumprimento a norma, a empresa oferece para seus funcionários 3 pausas de 20 minutos cada, onde eles podem descansar e relaxar, tornando a jornada de trabalho menos exaustiva.

As afirmativas que obtiveram maior incidência nas opiniões “indiferente”, “discordo em parte” e “discordo totalmente” foram:

“satisfação com a jornada de trabalho” e “o ambiente que desenvolvo minhas tarefas é seguro e saudável”. Esse resultado sugere que no ambiente de trabalho pode haver melhorias com a segurança para diminuir a discordância com os aspectos indicados e assim evitar problemas futuros.

A presente pesquisa também verificou em qual parte do corpo os colaboradores sentiam dores com maior frequência ao realizar as atividades laborais. De acordo com a Figura 1, a maior incidência de dor ocorre no punho (42%), devido ao fato dos colaboradores exercerem atividades repetitivas e manuais essa região do corpo é constantemente exigida. Em seguida as dores nos membros inferiores (pernas) foram apontadas com 22%, na maioria dos casos esta dor se deve a varizes adquiridas pelo fato de os funcionários passarem a maior parte do tempo em pé. Desconforto nos membros superiores (braços) foi indicado com 18%, também devido a esforços necessários para a execução da tarefa. As demais dores foram apontadas na coluna (12%) e dores no pescoço (6%). Para tentar mitigar esses problemas acarretados pela exigência laboral a empresa conta com 02 médicos do trabalho, 02 ortopedistas e 01 ergonomista que estão à disposição e atentos a saúde e bem-estar dos colaboradores.

FIGURA 1 – Frequência de dores no corpo ao realizar as atividades laborais.

Fonte: Dados da pesquisa.

42%

22%

18%

12%

6%

Punho

Membros inferiores

Membros superiores

Coluna

Pescoço

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

178

Page 179: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Foi perguntado aos entrevistados se tinham conhecimento a respeito do significado de da palavra ergonomia, obteve-se que 23% conheciam o significado, 20% sabiam em parte e 57% desconheciam. Apesar de a maioria não saber o significado literal de ergonomia, percebeu-se que havia um

entendimento em nível prático devido ao trabalho realizado pela ergonomista para as operações de produção. Posteriormente explicou-se aos entrevistados que sabiam em parte ou desconheciam o sentido de ergonomia para saber qual a avaliação sobre o trabalho realizado neste sentido.

FIGURA 2 – Avaliação ergonômica..

Fonte: Dados da pesquisa

A Figura 2 apresenta a avaliação ergonômica da empresa na opinião dos respondentes. Nota-se que a ergonomia é avaliada, de forma geral, como positiva, sendo apontada por 42% dos respondentes como ótima e 30% como boa. No entanto houve apontamentos de que a ergonomia é realizada de forma razoável (22%), ruim (5%) e péssima (1%). Observa-se que apesar da ergonomia ser avaliada, pela maioria, de forma positiva, ainda podem-se realizar melhorias de acordo com os apontamentos dos respondentes referentes a necessita de novos equipamentos como encosto para os pés e mobílias/cadeiras mais confortáveis.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo objetivou analisar as condições de trabalho dos colaboradores do setor de produção de um frigorífico de aves situado na Zona da Mata de Minas Gerais.

Os resultados demonstraram apontamentos favoráveis às condições de trabalho em relação às tarefas. Os pontos positivos incluem: tarefas compatíveis com a capacidade física dos colaboradores, aos estímulos fornecidos pela empresa aos colaboradores para solução de problemas, as preocupação da empresa com o colaborador, a presença de mobília ergonômica adequada e a pausas psicofisiológicas durante a jornada de trabalho. As pausas referem-se ao cumprimento a Norma Regulamentadora (NR) 36. Os fatores com pior avaliação pelos entrevistados referiram-se a satisfação com a jornada de trabalho e a percepção do ambiente de trabalho ser seguro e saudável.

O entendimento do que é ergonomia em seu contexto conceitual foi pouco compreendido pelos colaboradores, mas após informa-los do que se refere à ergonomia, a mesma foi avaliada, pela maioria, de forma positiva, no entanto parte dos entrevistados relatou sentir algum tipo de dor em partes do corpo. A

1%

5%

22%

30%

42%

Péssimo

Ruim

Razóavel

Boa

Ótima

0% 10% 20% 30% 40% 50%

179

Page 180: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

incidência de dores ocorre em sua maioria no punho, devido às atividades repetitivas, e nos membros inferiores (pernas), resultantes da postura fixa de pé. Associa-se esse resultado a intensa rotina de trabalho exigida em frigoríficos que podem causar problemas de saúde e desconforto relacionados à execução do trabalho.

Conclui-se que, de forma geral, os colaboradores participantes do estudo

indicaram situação favorável as condições de trabalho. No entanto, a de considerar que melhorias ergonômicas podem ser realizadas para minimizar os agravos à saúde dos colaboradores. Por fim, cabe destacar como limitação do estudo que a forma de amostragem utilizada não permite generalizar os resultados obtidos para todo setor de produção.

REFERÊNCIAS

[1]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Estatuto da Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, 2004, 22 p. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/arquivos/estatuto_e_regimento/novo_estatuto_abergo_versao_definitiva.pdf.> Acesso em: 20 dez. 2015.

[2]. ______. O que é ergonomia. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso em: 13 maio. 2016.

[3]. BRASIL. Portaria MTE n.º 555, de 18 de abril de 2013. Norma Regulamentadora 36. Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. Diário Oficial da União, 19 abr. 2013.

[4]. CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

[5]. FALZON, P. Natureza, objetivos e conhecimentos da ergonomia. In: FALZON, P. (org.). Ergonomia. São Paulo: Blucher. Cap. 1, p. 03-19, 2007.

[6]. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

[7]. GOMES FILHO, J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2003.

[8]. GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4. ed. Porto Alegre, Bookman, 1998.

[9]. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005.

[10]. MAGRO, M. L. P. D.; COUTINHO, M. C.; BLANCH, J. M.; MORÉ, C. L. O. O. Intensificação e prolongamento da jornada de trabalho nas indústrias de abate e processamento de carnes e seus impactos na saúde dos trabalhadores. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 17, n. 1, p. 67-83, 2014.

[11]. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006.

[12]. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

[13]. MILKOVICH, G. T.; BOUDREAU, J. W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2015.

[14]. MONTMOLLIN, M. Ergonomias. In: CASTILLO J. J.; VILLENA, J. (org.). Ergonomia: conceitos e métodos. Lisboa: Dinalivro. Cap. 5, p. 103-111, 2005.

[15]. NESPECA, M.; CYRILLO, D. C. Qualidade de vida no trabalho de funcionários públicos: papel da nutrição e da qualidade de vida. Acta Scientiarum. Health Sciences, Maringá, v. 33, n. 2, p. 187-195, 2011.

[16]. OLIVEIRA, P. A. B.; MENDES, J. M. R. Processo de trabalho e condições de trabalho em frigoríficos de aves: relato de uma experiência de vigilância em saúde do trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 12, p. 4627-4635, 2014.

180

Page 181: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 18

Deise Mara Garcia Alves Tressmann

Antônio Cleber Gonçalves Tibiriçá

João Vitor Brunelli Lemes

Luana de Oliveira Gomes

Roziani Maria Gomes

Resumo: Qualidade e desempenho do ambiente construído são fatores basilares na

construção civil para a implementação de práticas sustentáveis e para a redução

da degradação do meio ambiente. Considerando-se que o planejamento da vida

útil das edificações ainda é pouco difundido no Brasil, o presente trabalho buscou

destacar a importância do tema e compreender como as decisões de projeto e as

inter-relações dos elementos nos subsistemas afetam diretamente a vida útil da

edificação. O trabalho foi desenvolvido mediante uma revisão bibliográfica e a

realização de um estudo de caso; quanto a este, focou-se nas vedações verticais

de um edifício de uma universidade pública por meio de análise documental,

entrevistas e observações in loco. A condição das manifestações de perda de

qualidade e desempenho observadas na edificação estudada decorre em grande

parte do não planejamento da vida útil da edificação e de seus componentes, da

discricionariedade na especificação dos materiais e da carência de vistorias e

manutenções periódicas. Ficou evidenciada a necessidade e a importância de os

projetos de arquitetura e engenharia civil de uma edificação efetivamente serem

inclusivos quanto à qualidade e otimização do desempenho para ambientes

construídos como forma de incrementar a durabilidade da edificação e reduzir

manifestações patológicas.

Palavras-chave: Vida útil de edificação; Desempenho; Durabilidade.

181

Page 182: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Vida útil da edificação é o "período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos" (ABNT NBR 15575-1, 2013). A vida útil também se relaciona ao intervalo de tempo no qual às necessidades do usufrutuários são satisfeitas, além de ser uma mensuração da durabilidade da edificação (JOHN; SATO, 2006).

A edificação, no âmbito construtivo, é resultado da inter-relação entre suas partes constituintes, cada uma apresentando características técnicas e construtivas que contribuem para o desempenho, a durabilidade, além da vida útil da edificação. A edificação, como organismo arquitetônico, constitui um sistema de relações que servem para indicar o modo de materializá-lo. Portanto, cada parte que o integra também delimita e hierarquiza o espaço construído, o conforto ambiental e a segurança estática (MANDOLESI, 1981). Sob essa consideração, para o planejamento da vida útil da edificação, e por consequência de sua durabilidade, deve-se entender a correlação entre as partes da edificação em termos de subsistemas, componentes, subcomponentes e matérias-primas.

Assimilar conceitualmente esse desdobramento é um passo importante para melhoria da qualidade do espaço construído e do seu nível de desempenho e o aumento de sua durabilidade. Ter clareza sobre todas essas relações diretas com a sustentabilidade, implica em atuar considerando-se, por exemplo, que os edifícios são intervenções humanas que repercutem no meio ambiente de inúmeras maneiras, dentre outras porque "consomem mais de 40% da energia utilizada no mundo a cada ano e, ao fazê-lo, liberam na atmosfera um terço do dióxido de carbono e dois quintos dos compostos que causam a chuva ácida" (WORLDWACTH INSTITUTE apud ALLEN, 2011). Por outro lado, incompatibilidades entre partes constituintes contribuem para redução da qualidade e do desempenho, portanto da durabilidade. Nesse sentido, manifestações patológicas frequentemente indicam a deterioração precoce da edificação e relacionam-se diretamente com uma maior demanda por recursos naturais (BOSELLI; DUNOWICZ, 2009 apud MOURA; SANTOS; PINHEIRO, 2016). Destaca-se que para o aumento do desempenho das construções, vários países

comprometem-se com o planejamento da vida útil das edificações; no Brasil, porém, essa preocupação ainda encontra-se pouco difundida (MATTOS, 2013).

Ter como fundamentos na construção civil a qualidade e o desempenho do ambiente construído é basilar para a implementação de práticas sustentáveis e para a redução da degradação do meio ambiente e da edificação. Ou seja, o aumento da vida útil da edificação implica no incremento de sua durabilidade e na redução da necessidade de reformas, contribuindo para mitigar ou restringir impactos negativos no meio ambiente. Esse é o ponto: planejar a vida útil das edificações no Brasil. Com essa motivação, o presente trabalho busca destacar a importância do tema e compreender como as decisões de projeto e as relações e inter-relações das partes constituintes afetam diretamente a vida útil da edificação, tomando como um objeto de análise os fechamentos verticais de uma edificação residencial numa universidade pública.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL

A edificação começa a ser deteriorada antes mesmo de sua finalização. Dentre outros, são elementos que contribuem para sua degradação: o vento, a força da gravidade, a radiação ultravioleta da luz solar, a água pluvial, a umidade proveniente do solo, agentes biológicos, além dos usuários. Apesar de alguns serem inevitáveis, é possível limitá-los ou até mesmo neutralizá-los (ALLEN, 2011), considerando-se na projetação e na construção o desempenho das partes constituintes.

Desempenho, pela NBR 15575-1 (ABNT, 2013), é o "[...] comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas [...]" e está diretamente relacionado com a satisfação do usuário, com a durabilidade e com a vida útil da edificação.

Toda edificação deve ser caracterizada e planejada não apenas objetivando sua execução. Também devem ser considerados outros aspectos da construtibilidade, incluindo as etapas de operação e manutenção, tendo em vista que a satisfação dos usuários com a edificação e seu desempenho dependem da qualidade obtida

182

Page 183: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

em todas essas etapas (YAZIGI, 2013).

Contribui para o desempenho a durabilidade, a qual, pela NBR 15575-1 (ABNT, 2013), corresponde à "capacidade da edificação ou de seus sistemas [desempenharem] suas funções, ao longo do tempo e sob condições de uso e manutenção especificadas". John e Sato (2006) consideram ainda a durabilidade como alteração do desempenho no decorrer do tempo, ou seja, o modo como a eficiência do produto em atender às demais necessidades dos usufrutuários varia no decurso do tempo.

Por sua vez, a vida útil está relacionada com o espaço de tempo em que o edifício apresenta um desempenho adequado, com satisfação do usuário, ou seja, trata-se do "período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos, considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no seu Manual de Uso, Operação e Manutenção" (ABNT NBR 15575-1, 2013). John e Sato (2006, p. 25) afirmam que a vida útil é "uma quantificação da durabilidade".

Quando não acontece o planejamento da vida útil da edificação e a realização das manutenções e vistorias técnicas periódicas, surgem anomalias construtivas que contribuem para a deterioração precoce da construção. A análise visual das manifestações patológicas e constatações acerca das condições físicas dos subsistemas e das falhas de manutenção, possibilitam a determinação da sintomatologia da edificação. Quando acontecem regularmente, inspeções prediais permitem a detecção, ainda em estágio inicial, de manifestações patológicas, uma exteriorização de um processo de degradação (FRANÇA et al., 2011).

De acordo com a NBR 16280 (ABNT, 2014), os serviços de manutenção devem ser planejados de maneira a evitar reiteradas intervenções, otimizar os insumos e recursos financeiros empregados e manter o desempenho adequado da edificação. Vistorias periódicas permitem a verificação dos pontos mais críticos da edificação e a implantação de um programa de manutenção que, aliado ao Manual do usuário, resultam em decisões e práticas otimizadas, com ganhos para o meio ambiente e satisfação para os usuários (SANTOS et al., 2014).

É importante ressaltar que o aumento da vida

útil e do desempenho da edificação estão diretamente relacionados com técnicas de otimização da construção, redução do custo global da obra, processos e técnicas sustentáveis, além de estratagemas de manutenção (MATTOS, 2013).

2.2 A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO DA VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES

Como toda atividade econômica, a construção civil pauta-se no lucro, porém, mesmo nesse aspecto, a importância do planejamento da vida útil das edificações tem em vista a consideração de seu custo global, o que inclui custo de operação e reformas. Thomaz (2001, p.49) afirma que "em qualquer setor produtivo, independentemente da tecnologia utilizada, sempre será possível a racionalização dos processos, a economia de insumos, o desenvolvimento do produto e a otimização da sua qualidade." Por exemplo, as construtoras, com a busca e adequação de soluções que reflitam no desempenho e na sustentabilidade da edificação, entre outras adequações, podem receber certificações ambientais como:

a) o LEED -Leadership in Energy and Environmental Design-, sistema norte-americano para certificação de construções sustentáveis;

b) o AQUA-HQE -Alta Qualidade Ambiental-, certificação brasileira para construções sustentáveis baseada no sistema francês NF Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE® ou

c) certificações e programas associados à qualidade da construção como o PBQP-H -Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat-, programa governamental de incentivo à qualidade e às exigências de desempenho.

Tais certificações aumentam a competitividade e o acesso a novos mercados, possibilitam também um sistema construtivo mais limpo, com menor desperdício e maior lucratividade, além de acesso facilitado a financiamentos.

Pelo lado do usuário-beneficiário, Santos Júnior (2014) enfatiza que o cliente brasileiro atenta-se cada vez mais para a qualidade e o desempenho das construções. Resultados

183

Page 184: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

promissores já têm sido mostrados nas construções em que se faz o planejamento do aumento da vida útil, o que tem gerado vantagens para a sociedade e para o setor da construção civil. Para a sociedade, além dos benefícios ambientais, possibilita-se o acesso a tecnologias com custo reduzido e qualidade atestada, o que favorece também a população de baixa renda e atende a programas de interesse social.

Em termos de benefícios ambientais, considera-se que o planejamento do alto desempenho dos edifícios e a consequente diminuição na extração de recursos são ações que contribuem para a redução da emissão dos gases de efeito estufa (MOURA; SANTOS; PINHEIRO, 2016). Com o aumento da qualidade da edificação e o planejamento global do ambiente construído, minimizam-se as manifestações patológicas endógenas e funcionais e o dispêndio de matéria e energia. Nesse caso, outros impactos ambientais negativos provocados pela construção civil também são atenuados.

2.3 REQUISITOS E CRITÉRIOS DE DESEMPENHO

O planejamento da vida útil requer o conhecimento das características das diversas partes da edificação, do seu desdobramento e da multiplicidade de suas inter-relações e funções. Quanto maior o conhecimento, mais acertada será a escolha técnica para as múltiplas possibilidades a serem exploradas e as repercussões na

qualidade e durabilidade da edificação (ALLEN, 2011).

A NBR 15575-1 (ABNT, 2013) estabelece um patamar mínimo de tempo para o qual um sistema construtivo é projetado, de maneira a atender às exigências de habitabilidade e construtibilidade. Esse período, que é uma estimativa do tempo de vida útil, é denominado de vida útil de projeto.

Para o planejamento da vida útil da edificação, são premissas fundamentais: a vida útil de projeto, características dos materiais base e subcomponentes, requisitos e critérios de desempenho dos subsistemas, periodicidade dos processos de manutenção e o fornecimento e aplicação do Manual de Uso, Operação e Manutenção da edificação (FAGUNDES NETO, 2013).

Dentre os requisitos e critérios de desempenho para os subsistemas de vedação vertical pode-se destacar, dentre outros: segurança estrutural, segurança contra incêndio, segurança no uso e operação, estanqueidade, desempenho ambiental, conforto antropodinâmico, durabilidade e manutenibilidade (ABNT NBR 15575-4, 2013).

Durabilidade e manutenibilidade apresentam a vida útil de projeto como requisito fundamental. Para os subsistemas de vedações verticais internas e externas, a NBR 15575-1 (ABNT, 2013) estabelece prazos mínimos de vida útil de projeto de acordo com o Quadro 1.

184

Page 185: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

QUADRO 1 – Exemplos de vida útil de projeto (VUP) para os componentes do subsistema de vedação vertical.

Fonte: extrato da NBR-15575-1 (ABNT, 2013).

Considerando os subcomponetes e materiais base empregados nas construções, Souza (2010) afirma que esses devem ser selecionados, testados e especificados em projeto de acordo com requisitos e critérios de desempenho estabelecidos pelas normas técnicas correspondentes, do contrário aumenta-se a possibilidade de ocorrência de manifestações patológicas, assim como elevam-se os custos de manutenção. Além disso, métodos construtivos racionalizados, com otimização do uso e da aplicação dos insumos, procuram substituir recursos naturais pelo uso de resíduos. A utilização de materiais reciclados é importante porque reduz os danos ambientais, incluindo atenuações na emissão de gases de efeito estufa, já que se diminui a extração de matéria-prima (REID; HOUSTON, 2013).

3. METODOLOGIA

O presente trabalho, de natureza aplicada, abordagem qualitativa e exploratório quanto ao objetivo, foi operacionalizado por meio de revisão bibliográfica e um estudo de caso.

A revisão bibliográfica centrou-se na importância do planejamento da vida útil das edificações e nos principais requisitos e critérios de desempenho das vedações verticais, tendo-se como base as partes 1 e 4 da NBR 15575 (ABNT, 2013).

O caso consistiu em estudar as vedações verticais externas e internas do edifício de uma moradia estudantil de uma universidade pública. Taxonomicamente considerou-se: sistema, o espaço físico do alojamento;

subsistema de vedação, os fechamentos verticais e as divisões internas; componentes, também denominados elementos construtivos funcionais, as alvenarias, os revestimentos, as vergas, as esquadrias etc.; e subcomponentes e materiais base, os característicos de cada componente.

A metodologia para análise do sistema teve como fundamentos: análise de documentos e projetos existentes, entrevista com o engenheiro responsável pelas reformas da edificação e observações in loco, considerando-se os procedimentos de vistoria e inspeção preliminar da engenharia diagnóstica em edificações.

A análise dos dados, considerada sua confluência a partir dos diferentes procedimentos, permitiu: uma avaliação de como as inter-relações dos componentes, subcomponentes e materiais base do

185

Page 186: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

subsistema de vedação vertical afetam diretamente a vida útil da edificação; a determinação da sintomatologia do subsistema em questão.

3.1 OBJETO DE ESTUDO

O edifício residencial situa-se numa das principais avenidas da universidade, próximo aos pavilhões de aula e a vários departamentos. Além da facilidade de acesso, nota-se a preocupação com o conforto visual para os usuários: a fachada da edificação está voltada para uma área ajardinada, que proporciona uma vista convidativa e agradável.

O edifício, concluído em 1963, tem três andares e um subsolo. O subsolo é destinado às atividades educacionais e os demais andares é reservado para a moradia estudantil. A estrutura é reticulada em concreto armado e está organizada na forma de acomodações e andares tipo.

4. RESULTADOS

4.1 USO E OCUPAÇÃO DO EDIFÍCIO

A utilização da edificação inclui sua operação e as atividades de manutenção realizadas durante sua vida útil. Para o caso analisado, não há registros de uma manutenção rotineira, inspeções periódicas ou estimativas de durabilidade dos subsistemas, componentes ou materiais base da edificação. Há relatos de solicitações dos usuários com consequentes intervenções de emergência.

Ocorreu apenas uma grande reforma na edificação após sua construção. Dentre outros elementos, alguns componentes do fechamento vertical externo e das divisórias

externas foram reparados: reboco, pintura e portas. Decorridos doze anos da reforma, critérios para o estabelecimento da vida útil dos elementos construtivos funcionais da edificação, como explicitado anteriormente no Quadro 1, ainda não são aplicados. Concernente ao Manual de Uso, Operação e Manutenção da edificação, não há informações sobre sua existência, ainda que seja uma ferramenta imprescindível para o bom desempenho, durabilidade e aumento da vida útil da edificação.

No caso estudado evidenciou-se, conforme apontado no referencial teórico, que quando não são realizadas vistorias periódicas ou a implantação de um programa de manutenção há comprometimento do desempenho e da durabilidade da edificação.

4.2 SUBSISTEMA DE VEDAÇÃO VERTICAL

A sintomatologia do subsistema de vedação vertical ensejou a confirmação de manifestações patológicas em alguns elementos construtivos funcionais, principalmente nos revestimentos, pinturas e esquadrias. Alguns sintomas apresentados prejudicam diretamente a segurança dos usuários e das instalações: desprendimento de revestimentos de fachada, argamassados e cerâmicos; vidros quebrados; mofo, bolor e manchas de umidade.

Constata-se que os mecanismos de degradação dos elementos construtivos funcionais advêm principalmente da ausência de processos de impermeabilização, erros na especificação de materiais, falhas na execução dos serviços e na manutenção do subsistema. Observou-se considerável ocorrência de infiltrações e descolamento de revestimentos (Figura 1).

186

Page 187: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

FIGURA 1 – Manifestações patológicas nos revestimentos: (a) Manchas e bolor decorrentes da infiltração; (b) Descolamento de revestimentos cerâmicos.

(a) (b)

Fonte: autores (2017).

Outros problemas encontrados foram: desagregamento, descascamento, eflorescência, fissuras, mofo, enrugamento e bolhas nas pinturas internas e das fachadas; deterioração das esquadrias, com destaque para a corrosão das esquadrias metálicas. Algumas dessas anomalias podem ser observadas na Figura 2.

FIGURA 2 – Manifestações patológicas na pintura e esquadrias: (a) Descascamento da pintura; (b) Deterioração da esquadria externa. Fonte: autores (2017).

(a) (b)

Fonte: autores (2017).

Para a limitação dos mecanismos de degradação dos componentes da edificação evidenciou-se como fundamentais: a especificação das características dos

subcomponentes e materiais base, subsidiando critérios de seleção e aceite dos materiais; descrição e aplicação de técnicas específicas para cada componente da

187

Page 188: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

edificação, como os procedimentos de impermeabilização; realização de vistorias periódicas; aplicação da manutenção preventiva com datas prováveis e detalhamento de cada serviço a ser executado; metodologias para preservação das propriedades dos subcomponentes e materiais base; previsão da vida útil de projeto para a edificação e para os materiais, com discriminação da durabilidade de acordo com o tipo de exposição e desempenho previstos; base de dados com registros técnicos das construções e subsequentes manutenções programadas, entre outros.

De acordo com os dados levantados e às manifestações patológicas observadas in loco, para os subsistemas de vedações verticais, constata-se o não atendimento dos requistos e critérios de desempenho relacionados à segurança no uso e operação; estanqueidade; e desempenho ambiental, relativamente à seleção e consumo de materiais. Entretanto, os requisitos mínimos exigidos pelas normas técnicas já citadas foram atendidos considerando os itens segurança estrutural, segurança contra incêndio e conforto antropodinâmico.

Para a edificação em análise, não há manutenções periódicas, o que dificulta a análise do requisito de durabilidade e manutenibilidade para os componentes da edificação. Entretanto os dados apontam para o não comprimento desse preceito. A NBR 15575-1 (ABNT, 2013) ainda enfatiza que, sem a constância e efetividade das manutenções, além do comprometimento da vida útil, ocorrem eventuais manifestações patológicas resultantes do uso inadequado da edificação.

Apesar da construção da edificação estudada datar de antes do estabelecimento da norma de desempenho, destaca-se que os critérios normativos para planejamento da vida útil da edificação são critérios mínimos. Ademais, nota-se que a reforma e as intervenções posteriores também não levaram em conta a previsão da vida útil para os materiais ou subsistemas da edificação.

4.3 SUBCOMPONENTES E MATERIAIS BASE

Para seleção dos materiais utilizados na reforma, ocorreu a triagem de determinadas marcas e o emprego do termo "ou similares" no edital de licitação. Não foram empregados requisitos e critérios de desempenho

específicos, que levam em conta, por exemplo, a vida útil ou as características físicas e mecânicas para escolha dos materiais.

Ainda considerando os materiais de construção, também não foram aplicados subcomponentes ou materiais base reciclados/reutilizados. Relativamente à gestão de resíduos da construção civil durante a reforma predial, que foi o período passível de avaliação desse critério, não houve a separação ou parâmetros para a redução da geração dos resíduos. Para aplicação de programas que minimizem a geração de resíduos devem ser utilizados métodos construtivos racionalizados, com aperfeiçoamentos no uso e na aplicação dos insumos, conforme exposto no referencial teórico. Para o caso analisado foram empregados métodos tradicionais de construção durante a reforma.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou salientar a importância do planejamento da vida útil da construção. São inúmeras as vantagens quando a edificação é projetada considerando as inter-relações de seus elementos nos subsistemas e seu desempenho global, incluindo às etapas de operação e manutenção. Em contrapartida, nota-se o aceleramento da degradação da edificação quando não há preocupação com esses aspectos.

A partir da análise do fechamento vertical de uma edificação residencial numa universidade pública, observou-se que a aplicabilidade normativa ainda não está integrada às rotinas de manutenção no ambiente universitário estudado. A condição das manifestações patológicas observadas nos elementos construtivos funcionais vistoriados e em outros componentes, em grande parte, são decorrentes do não planejamento da vida útil da edificação, de seus componentes e subcomponetes, da discricionariedade na especificação dos materiais e da carência de vistorias e manutenções periódicas. Acentua-se o fato de considerar que o ambiente universitário do estudo possui cursos de arquitetura e engenharia.

A principal desvantagem da metodologia adotada foi a limitação dos fenômenos analisados a partir da utilização de um caso específico, o que pôde ser contornado pela

188

Page 189: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

pesquisa bibliográfica que permitiu a cobertura de um conjunto maior de informações.

Notou-se também que a necessidade de uma política institucional específica para a qualidade e a otimização do desempenho no ambiente construído, implicam no incremento da durabilidade da edificação e na consequente redução de manifestações patológicas endógenas e funcionais. Dessa forma, diminuem-se a necessidade de

reformas; os impactos ambientais negativos, como a emissão de gases de efeito estufa; e o custo global da edificação.

Finalmente, cabe mencionar que quando os projetos de uma edificação efetivamente são inclusivos quanto ao desempenho e a sustentabilidade da edificação, também há benefícios para as construtoras, garantindo-lhes vantagens competitivas e econômicas, assim como satisfazem os usuários e geram repercussões positivas.

REFERÊNCIAS

[1]. ALLEN, E. Como os edifícios funcionam. A ordem natural da arquitetura. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2011. [2]. ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais - Desempenho Parte 1 - Requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. [3]. ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações Habitacionais - Desempenho Parte 4 - Sistemas de Vedações verticais internas e externas. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. [4]. ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16280: Reforma em Edificações - Sistema de Gestão de Reformas - Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. [5]. FAGUNDES NETO, J.C.P. Vida Útil e Desempenho das Edificações na ABNT: NBR 15575/13. Concreto e Construções, IBRACON. São Paulo, ano XLI, n.70, p.45-50, abr./jun. 2013. Disponível em: http://www.ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/Revista_Concreto_70.pdf. Acesso em: jun. 2017. [6]. FRANÇA A. A. V. et al. Patologia da Construções: uma especialidade na engenharia civil. Téchne, ed. 174, p.72-77, set. 2011. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/174/artigo285892-1.aspx>. Acesso em: mai. 2017. [7]. JOHN, V. M.; SATO, N. M. N. Durabilidade de componentes da construção. Coletânia Habitare – Construção e Meio Ambiente. Porto Alegre, v. 7. p. 21-57, 2006. Disponível em: <http://www.habitare.org.br/ArquivosConteudo/ct_7_comp.pdf>. Acesso em: mai. 2017. [8]. MANDOLESI, E. Edificacion. 1.ed. Barcelona: Ediciones CEAC, 1981. [9]. MATTOS, M.C. Planejamento da Vida Útil na Construção Civil: Uma metodologia para a aplicação da Norma de Desempenho (NBR 15575) em sistemas de revestimentos de pintura. 218 f.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, , Belo Horizonte, 2013. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/AMFE-9A4NBC/disserta__o_mestrado___marianna_costa_mattos.pdf?sequence=1>. Acesso em: mai. 2017. [10]. MOURA, J.M.B.M. de; SANTOS, J. T. dos; PINHEIRO, I. G. Percepção do Impacto da NBR 15575 na Sustentabilidade da Edificação. Revista de Gestão Social e Ambiental, v.10, n.1, p. 72-92, 2016. Disponível em: https://rgsa.emnuvens.com.br/rgsa/article/download/1107/pdf. Acesso em: jun. 2017. [11]. REID, L.A.; HOUSTON, D. Low carbon housing: a ‘green’ wolf in sheep’s clothing? Housing Stud, v.28, n.1, p. 1-9, 2013. Disponível em: <http://search-ebscohostcom.ez35.periodicos.capes.gov.br/login.aspx?direct=true& db=aph&AN=84918829&lang=pt-br&site=ehost-live&authtype=ip,cookie,uid>. Acesso em: jun. 2017. [12]. SANTOS JÚNIOR, L. V. dos. Projeto e Execução de Alvenarias Fiscalização e Critérios de Aceitação. São Paulo: Pini, 2014. [13]. SANTOS, W. S.; DARDENGO, C. F. R.; CARVALHO, C. C.; ALVARENGA, R. C. S. S.; SILVA, R. C. Prescrições para construções de edificações residenciais multifamiliares com base nas patologias identificadas na cidade de Viçosa-MG. Revista de Engenharia e Tecnologia, v.6, n.2, p.104-123, 2014. Disponível em: <https://rgsa.emnuvens.com.br/rgsa/article/download/1107/pdf>. Acesso em: jun. 2017. [14]. SOUZA, J. Como comprar materiais e serviços para obras. São Paulo: Pini, 2010 [15]. THOMAZ, E. Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção. 1.ed. São Paulo: Pini, 2001. [16]. YAZIGI, W. A Técnica de Edificar. 13.ed. São Paulo: Pini, 2013.

189

Page 190: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 19

Ana Cecilia Lyra Fialho Breda

Yago de Moura Barros Pessoa

Laryssa Ramos de Holanda

Resumo: Muitos empreendedores veem no atual quadro financeiro em que o país

se encontra, a oportunidade de começar seu próprio negócio. O presente artigo

propõe desenvolver um plano financeiro para auxiliar uma empresa a entrar no

mercado de confeitaria e a se adequar ao ambiente econômico atual. No qual, a

mesma, desconhece os preços a serem cobrados por seus produtos, pois ignora

seus custos de produção. Com a implementação do plano financeiro, a

empreendedora passou a detectar seu custo de produção. Através da

implementação de indicadores financeiros de ponde de equilíbrio, lucratividade,

rentabilidade e prazo de retorno do investimento, conclui-se que a empresa

apresenta retorno financeiro em menos de 6 meses. Dessa forma, a empresa

passou a entender melhor o seu próprio funcionamento e limitações, tornando-se

possível a preparação para os riscos e oportunidades decorrente tanto do ambiente

externo quanto interno.

Palavras chave: Plano financeiro; Estratégia; Micro e pequenas empresas.

190

Page 191: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

Atualmente o Brasil vem apresentando um ambiente empresarial bastante complexo devido à crise política e econômica presente no país. Nesse contexto, um dos primeiros impactos sofridos é a inflação, que por sua vez causa um grande aumento da taxa de desemprego.

Levados pela busca de rendimentos, as pessoas veem no desemprego uma oportunidade de empreender, ou seja, de dar início ao seu próprio negócio. Porém, conforme o relatório “Sobrevivência das Empresas no Brasil” realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), no ano de 2013, nos estabelecimentos com até 2 anos de existência a taxa de mortalidade empresarial foi de 24,4% no país e 30% na região Nordeste.

De acordo com Pereira e Sousa (2009), essa taxa de mortalidade precoce das MPE (Micro e Pequenas Empresas) é um assunto cada vez mais discutido e pesquisado por centros de estudos e serviços como o Sebrae, Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre outras instituições que avaliam diversas variáveis e a evolução das MPE em determinados períodos, pois muitas destas empresas entram em falência devido a diversos fatores, como a falta de planejamento antes da abertura, de conhecimento de mercado, de formação/experiência na gestão de um negócio, e de comportamento/atitudes empreendedoras. Estes fatores podem ser identificados em estudos de caso ou pesquisas de campo.

Com o objetivo de auxiliar uma empresa entrante em um novo mercado, e sobreviver diante desse ambiente econômico de crise, o plano financeiro, contido no plano de negócios, é um instrumento que propicia ao empreendedor ter uma visão antecipada das condições do mercado em que irá se estabelecer, para que possa tomar decisões mais objetivas e com riscos calculados, o que demonstra a importância de planejar ações.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (2016), o mercado de confeitaria apresentou um aumento relevante de sua demanda nos últimos anos, o que representou uma oportunidade de negócio para novos empreendedores, porém, não diferente dos outros setores da economia, desde 2015 a crise econômica vem afetando sua

lucratividade, reprimindo a demanda e reduzindo o espaço para novos empreendedores individuais ou microempresas. Então, entrar nesse mercado em meio à crise não seria uma oportunidade de negócio segura.

Dessa forma, acredita-se que a elaboração de um plano financeiro diminuiria os riscos de se empreender no atual cenário econômico, sendo o planejamento parte das ferramentas utilizadas para a entrada e sobrevivência no mercado.

O presente trabalho tem por objetivo desenvolver um plano financeiro para uma empresa entrante no mercado de confeitaria. Desse modo, dar subsídios para que o empreendedor consiga entrar no novo mercado e sobreviver à atual crise econômica.

2. PLANO FINANCEIRO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

Segundo Chiavenato (2007), o plano financeiro dá a devida importância nas informações necessárias para avaliar os resultados e o desempenho da empresa, visto que muitas vezes as empresas começam a diminuir seus lucros sem saber identificar o motivo.

Para realização de tal plano o Sebrae (2013), dividiu o mesmo em quatro passos: investimento total, estimativas de faturamento e custos totais, e indicadores de viabilidade. O primeiro, o investimento total, é constituído por investimentos fixos, capital de giro e investimentos pré-operacionais. O segundo é formado por estimativa de faturamento e custos totais fixos e variáveis. Por último os indicadores de viabilidade, como por exemplo o ponto de equilíbrio, lucratividade, rentabilidade e prazo de retorno do investimento.

A partir de seus estudos em relação a ferramenta de plano financeiro, Dornelas (2005) afirma que se considerarmos dois empreendimentos na mesma igualdade de condições, o negócio que possuir um bom planejamento irá ter maiores chances de sucesso do que aquele que não utiliza o mesmo. Em Stürmer et al. (2012), foi desenvolvido um plano financeiro de uma empresa de comércio de materiais de construção e ferragens. O estudo apresentou que apesar da empresa ser considerada tradicional e equilibrada financeiramente, a

191

Page 192: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

aplicação do plano apresentou informações vitais referentes ao nível estratégico para a mesma.

A importância do plano financeiro segundo Chiavenato (2007) está em ajudar a enfrentar os possíveis erros e a direcionar os esforços da melhor maneira. Ainda, acrescenta que um bom plano é um instrumento valioso, no qual ajuda a atrair investidores, fornecedores e parceiros para o empreendimento.

3. METODOLOGIA

Este artigo é definido como um estudo de caso, que, segundo Gil (2002) é uma modalidade que consiste num estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de modo que permita seu amplo e determinado conhecimento. Além disso, caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois tem como principal objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno. A mesma também possui um caráter exploratório, pois busca proporcionar uma maior familiaridade com o objeto a ser estudado, realizando uma análise.

O estudo de caso será realizado em uma empresa entrante no mercado de confeitaria, onde, primeiramente serão identificadas e analisadas as dificuldades presentes na

empresa a partir da caracterização e levantamento do histórico da mesma. Com isso, como forma de avaliar e solucionar alguns dos problemas, será desenvolvido um plano financeiro para a confeitaria. Todos os dados utilizados no estudo serão coletados junto a empreendedora, a empresa, seus possíveis fornecedores e concorrentes. Além disso, os mesmos serão tabulados com o auxílio do Excel 2016.

O presente artigo terá como apoio o modelo do plano financeiro, contido no Plano de Negócios proposto pelo Sebrae (2013), no qual será dividido em 4 etapas, essas são:

[1] Pesquisa de Mercado: no qual são estudados fornecedores e concorrentes;

[2] Investimento total: composto por investimentos fixos e investimentos pré-operacionais.;

[3] Estimativa de faturamento e custos totais: que são estimativas do custo unitário por etapa do bolo, receita, custo com materiais diretos, custo fixo, receita e lucro líquido;

[4] Indicadores de viabilidade: serão efetuados tais indicadores:

a) Ponto de equilíbrio (PE): segundo Louzada et al. (2008), este índice representa o nível de volume de receita necessária para que a empresa iguale com seus gastos totais, ou seja, no qual não gere lucro e nem prejuízo. O ponto de equilíbrio é dado pela equação 1.

O PE é gerado pelo custo fixo total da empresa, ou seja, o custo necessário para fazer a empresa funcionar que não sofre alterações de acordo com o volume

produzido, dividido pela margem de contribuição (MC). Este último, é composto pela subtração da receita pelo custo variável total dividido pela receita total.

192

Page 193: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

b) Lucratividade: de acordo com Domingues (2016), a lucratividade é a capacidade percentual da empresa em gerar lucro. É representada por meio das vendas, após subtrair de seu faturamento os custos e despesas obtidos no mesmo período, ou seja, o lucro líquido dividido pela receita total, como pode ser observado na equação 2.

c) Rentabilidade: A Rentabilidade, segundo Domingues (2016), demonstra em percentual o retorno sobre o investimento inicial. Pode ser medido a partir da relação entre o lucro líquido da empresa pelo investimento inicial, de acordo com a equação 3.

d) Prazo de retorno do investimento (PRI): também conhecido como payback, tem como finalidade verificar o tempo necessário para a recuperação do capital investido em um projeto (COLPO et al., 2016). É calculado a partir da divisão do investimento da empreendedora pelo lucro líquido da empresa, e pode ser observado na equação 4.

4. RESULTADOS

4.1 ESTUDO DE CASO

A ideia de montar uma empresa no ramo de confeitaria teve início quando a empreendedora, desempregada e em meio à crise financeira, sentiu a necessidade de ajudar nas despesas de casa. Encontrou em um curso de bolo, essa oportunidade. Sem muita experiência a princípio, aperfeiçoou-se e começou a fazer seu nome no mercado vendendo bolos artísticos para familiares e amigos.

Localizada em Maceió, Alagoas, a microempreendedora utiliza da sua própria residência para a fabricação de seus produtos, os bolos artísticos, nos tamanhos de 15, 20, 25, 30 e 40 centímetros de diâmetro. A mesma, possui como ponto forte a flexibilidade de produtos, relacionados com tamanhos, sabores e trabalho artístico, além de oferecer também produtos sem glúten e lactose.

Hoje, o empreendimento esbarra em algumas limitações. A primeira, é a baixa demanda, sendo raras as vezes aos finais de semana

193

Page 194: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

que possui encomenda de três ou mais bolos. Apesar de acreditar possuir a capacidade produtiva de três bolos por dia, a mesma tem essa capacidade comprometida, devido ao acumulo de atividades e a falta de funcionários. Outra limitação é a escassez do tempo, em que reflete falta da promoção da empresa e na inexistência do sistema de entregas dos produtos.

A empreendedora não possui um sistema eficiente de compras e pesquisa de preço de matéria-prima. Similarmente, não possui critérios econômicos pertinentes para a elaboração dos preços dos produtos vendidos, seus preços são sempre abaixo de seus concorrentes, sem saber se os mesmos cobrem o custo de produção. Outra barreira é falta controle dos gastos provenientes da produção, no qual muitas vezes é mesclado com o seu orçamento familiar. Além disso, não possui o investimento inicial quantificado.

4.2 PLANO FINANCEIRO

A elaboração do plano financeiro foi realizada em quatro etapas, essas são: a pesquisa de mercado, a definição do investimento total, das estimativas de faturamento e dos custos totais, e os cálculos dos indicadores de viabilidade.

4.2.1 PESQUISA DE MERCADO

Para realizar o planejamento financeiro da empresa estudada, primeiramente foi realizada uma análise no mercado fazendo um estudo dos concorrentes e fornecedores da microempresa.

a) Concorrentes: Foram selecionados oito possíveis concorrentes e elaborada a tabela 1, no qual apresenta o preço do produto ofertado de acordo com os tamanhos dos produtos oferecidos.

TABELA 1 – Preço da concorrência.

Fonte: Autores.

b) Fornecedores: Fatores como distância, acessibilidade, preço, variedade e quantidade de produtos, foram levados em consideração na hora de escolher os fornecedores. Como fornecedor principal foi selecionado uma loja de artigos de festas, no qual vende por varejo e atacado, possui uma boa variedade de mercadoria dos materiais necessários para a produção. Como fornecedor secundário foi selecionado um supermercado que também vende em atacado, oferece os menores preços de

matéria prima e é próximo da residência da empreendedora, porém não possui todas as matérias-primas para a produção.

Para a realização do custo unitário de matéria-prima, a tabela 2 apresenta os valores dos materiais necessários para a fabricação de bolo. Os preços foram colhidos nos fornecedores mencionados anteriormente e é considerado um cenário pessimista, ou seja, aponta o maior custo de cada produto.

194

Page 195: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 2 – Valor das matérias-primas.

Fonte: Autores.

4.2.2 INVESTIMENTO TOTAL

O investimento fixo levantado é todo o material que foi adquirido para a produção apropriada de bolo. Levando em consideração que a empreendedora trabalha em casa, logo não comprou bens materiais de grande porte como geladeira, fogão e móveis. O investimento fixo foi delimitado em alguns utensílios de cozinha que a empreendedora não possuía. Além disso, existem os

investimentos pré-operacionais da empresa, que são as despesas realizadas antes de abrir o negócio. Tais despesas se resumem aos cursos e treinamentos realizados pela empreendedora.

Após ter estimado os valores de investimentos com materiais e os pré-operacionais, têm-se o somatório dos mesmos para chegar ao investimento total para abrir a empresa. Os investimentos são apresentados na tabela 3.

TABELA 3 – Investimento.

Fonte: Autores.

195

Page 196: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

4.2.3 ESTIMATIVA DE FATURAMENTO E CUSTOS TOTAIS

Visando conhecer o custo variável de produção, ou seja, o custo com a matéria-prima para cada tamanho de bolo, a tabela 4, foi elaborada de acordo com o cenário pessimista, levando em consideração os preços mais elevados das matérias-primas. Deve-se trabalhar em cima desse cenário para evitar que a empreendedora tenha prejuízo.

Os valores unitários de matéria-prima, apresentado na tabela 2, foram utilizados para a elaboração da tabela 4, na qual apresenta o somatório do custo unitário de matéria-prima utilizada em cada etapa do bolo, ou seja, massa, recheio e cobertura, e para cada tamanho. Vale salientar que a quantidade de matéria-prima varia de acordo com o tamanho do produto, logo existe a diferença de preço não linear.

TABELA 4 – Custo unitário por etapa do bolo.

Fonte: Autores.

Visando o estudo do faturamento total, foi necessário reajustar a tabela de preços cobrados pela a empreendedora. Para isso, uma estratégia para estabelecer um preço padrão foi elaborada, também levando em

consideração o preço a baixo do mercado que a empreendedora pratica atualmente. Dessa forma, os preços que eram cobrados pela empresa foram padronizados, reajustados e expressos na tabela 5.

TABELA 5 – Preço proposto por produtos.

Fonte: Autores.

Durante o estudo foi solicitado a empreendedora que anotasse a demanda de bolos, esse levantamento foi realizado durante um período de três meses, tendo que a média dessa demanda pode ser observada na tabela 6. De acordo com a tabela de preço

dos produtos, tabela 5, e a demanda média mensal observada, foram calculados o faturamento por produto e o total faturado. A tabela 6 expressa a estimativa da receita mensal da empresa.

196

Page 197: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 6 – Receita mensal.

Fonte: Autores.

Para o cálculo do Custo com Materiais Diretos (CMD), tabela 7, foram utilizados o custo unitário para a produção de cada variedade de bolo, presente na tabela 4. Junto a isso, foi utilizado a demanda estimada mensal

utilizada na tabela de estimativa do faturamento mensal anteriormente, tabela 6. Assim, foi possível calcular o CMD de cada produto ofertado.

TABELA 7 – Custo com materiais diretos.

Fonte: Autores.

Tendo que o custo fixo são todos os gastos realizados pela a empresa que não sofrem muita alteração de acordo com o volume de produção. Custos como aluguel, condomínio, IPTU, não entram no custo fixo mensal da empresa em questão, pois a mesma tem a produção feita em casa. Outro custo fixo mensal que não entra na conta da empresa é a água, pois utiliza-se de água do poço, logo não tem valor financeiro agregado.

Os valores considerados para o cálculo dos custos fixos mensal são: a energia elétrica, gás de cozinha, material de limpeza, combustível, depreciação da batedeira e os preços médios gastos com a promoção da empresa. A tabela 8 apresenta os tais custos fixos das operações mensais da empresa.

TABELA 8 – Custo fixo mensal.

197

Page 198: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Fonte: Autores.

Seguindo a linha de raciocínio diante de todos os dados apresentados anteriormente, a tabela 9 apresenta o demonstrativo de resultados. É previsto que a empresa, nas condições desenvolvidas no presente artigo, irá operar com lucro mensal de R$ 541,31, observado ainda na tabela 9. Considerando

que o lucro previsto proporcionará um aumento de 508,42% no resultado líquido anterior, visto que o mesmo pôde ser estimado com prejuízo de R$ 122,93 (utilizando os custos levantados aqui e os preços praticados anteriormente).

TABELA 9 – Lucro líquido.

Fonte: Autores.

4.2.4 INDICADORES DE VIABILIDADE

Dentre os indicadores de viabilidade, o ponto de equilíbrio (PE), como sugere o nome, é quanto a empresa precisa faturar com as vendas de bolo para pagar todos os custos

sem obter nenhum lucro. Tendo que, o ponto de equilíbrio é dado pela equação 1

Logo, o PE da empresa é de:

Conclui-se que o ponto de equilíbrio mensal da empresa é de R$ 518,83, ou seja, é o valor mensal necessário para cobrir todos os custos da empresa.

Já a lucratividade aponta a eficiência operacional da empresa, logo indica quanto a

mesma fatura. Uma organização com um bom índice de lucratividade possui dinheiro para investir em si, destacando-se no mercado dentre seus competidores. Esse índice pode ser obtido a partir da equação 2.

𝐿𝑢𝑐𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 × 100 (2)

198

Page 199: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Substituindo os valores obtemos:

Como pode ser visto, apesar da empresa apresentar uma lucratividade baixa a mesma é lucrável, pois apresenta 19,51% de lucratividade mensal.

Sabendo que a rentabilidade irá medir a quantidade recuperada do capital inicial

investido pela a empreendedora a longo prazo, tem-se que com o investimento inicial de R$ 3.870,68 e considerando que foi recebido uma doação de R$1.000,00 dos familiares, o retorno mensal da empreendedora é dado pela equação 3.

𝑅𝑒𝑛𝑡𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 100 (3)

Logo,

Como o produto ofertado da empresa possui um longo ciclo de vida, isto é, possui uma fase longa até chegar ao declínio, não é necessário possuir uma rentabilidade alta. Então, a rentabilidade apresentada pela empresa de 18,86%, é considerada boa.

O prazo de retorno, irá aproximar com quanto tempo a empreendedora irá recuperar o dinheiro inicial investido, ou seja, o seu investimento, como pode ser observado na equação 4.

Substituindo,

No quadro atual da empresa, para R$ 2.870,68 que foi o investimento feito pela mesma, ela terá seu retorno financeiro em menos de 6 meses de trabalho. Então, considera-se que a partir desse período a empreendedora já deve pensar em efetuar novos investimentos na empresa.

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho proporcionou um plano financeiro para a empresa entrante no ramo de confeitaria, que se encontrava com problemas. Dentre os problemas identificados durante o desenvolvimento do trabalho, está o desconhecimento dos custos fixos e variáveis,

e que o preço cobrado pelo produto final não cobria os gastos da empresa.

Ao analisar o mercado, operações do empreendimento e questões financeiras da empresa estudada, o plano financeiro permitiu mostrar a empreendedora a importância do controle dos gastos com o empreendimento e a padronização dos preços dos produtos ofertados, onde muitas vezes a mesma trabalhava no prejuízo e não tinha o conhecimento. Vale salientar que o plano financeiro desenvolvido foi enquadrado nas condições atuais da empreendedora, e deve ser revisado de acordo com o avanço do empreendimento.

199

Page 200: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Através da aplicação do plano financeiro a empresa passaria a ter um lucro líquido médio de R$ 541,31. Apesar do lucro líquido ser baixo, o plano aumenta os preços de venda consideravelmente, e um grande aumento súbito pode acarretar na perda de clientela. O estudo apresenta que o dinheiro investido na empresa irá ter retorno com menos de 6 meses, tendo que para cada real investido a empresa lucra 18,86% e para cada real em vendas a empresa lucra 19,51%.

Um planejamento financeiro traz grandes impactos positivos quando implementado em uma empresa, independente do segmento da mesma. Ao ser aplicada a metodologia

proposta, foi possível apontar problemas que inviabilizavam o empreendimento, no qual o planejamento teve papel crucial para que fossem tomadas as devidas ações corretivas que trouxeram melhorias e proporcionaram credibilidade a empresa para com o ambiente externo.

Além de entender melhor o seu próprio funcionamento e limitações, a empresa passa a enxergar melhor estratégias futuras para o desenvolvimento da mesma. Assim, torna-se possível a preparação para os riscos e oportunidades decorrentes tanto do ambiente externos quanto internos, ao passar do tempo.

REFERÊNCIAS

[1]. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA; INSTITUTO TECNOLÓGICO DA PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA. Sobre o Setor 2015: performance do setor de panificação e confeitaria brasileiro em 2015. ABIP, jan. 2016. Disponível em: <http://www.abip.org.br/site/sobre-o-setor-2015/> Acesso em: maio 2016. [2]. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilidade de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. [3]. Colpo, I.; Medeiros, F. S. B.; Weise, A. D. Análise de retorno do investimento: um estudo aplicado em uma microempresa. 2016. RACI, Getúlio Vargas, v.10, n.21, Jan./Jul. 2016. Disponível em: < https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/327_1.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2017. [4]. Domingues, D. L. Lucratividade e rentabilidade: um estudo de caso em um escritório contábil. 2016. Contábeis. Disponível em: < http://www.contabeis.com.br/artigos/3646/lucratividade-e-rentabilidade-um-estudo-de-caso-em-um-escritorio-contabil/>. Acesso em: 10 jun. 2017. [5]. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Elservier, 2005. [6]. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2002. [7]. Louzada, L.C.; Nascimento, E. Q.; Neto, A. S. Souza, M. C. A.Análise do ponto de equilíbrio e alavancagem operacional como ferramentas de

gestão. 2008. 2º Congresso UFSC de Controladoria e Finanças e Iniciação Científica em Contabilidade. Disponível em: < http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080810175743.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017. [8]. PEREIRA, R. C. M.; SOUSA, P. A. Fatores de Mortalidade de Micro e Pequenas Empresas: um estudo sobre o setor de serviços. SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. 2009. Disponível em <http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos09/195_Mortalidade_nas_MPEs.pdf> Acesso em: maio 2016 [9]. SEBRAE. Sobrevivência das Empresas no Brasil. Brasília: SEBRAE, 2013. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Sobrevivencia_das_empresas_no_Brasil=2013.pdf> Acesso em: maio 2016. [10]. SEBRAE. Como elaborar seu plano de negócios. Brasília: SEBRAE, 2013. Disponível em: <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/5f6dba19baaf17a98b4763d4327bfb6c/$File/2021.pdf> Acesso em: maio 2016. [11]. STÜRMER, A. J. R.; SCHNEIDER, C. F.; POLACINSKI, É. Empreendedorismo: um plano de negócios para uma empresa de comércio de materiais de construção e ferragens. Horizontina: FAHOR, 2012. Disponível em: <http://www.fahor.com.br/publicacoes/sief/2012_6. EMPREENDEDORISMO - UM PLANO DE NEGÓCIOS PARA UMA EMPRESA DE COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E FERRAGENS.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017.

200

Page 201: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Capítulo 20

Mayne Camargo Zambello

Jaqueline Stéfanie dos Santos

Priscila Pasti Barbosa

Resumo: A emissão da Nota Fiscal é obrigatória segundo a legislação brasileira,

podendo ser incriminada por ordem econômica e tributária a empresa que

descumprir essa regra, além de gerar confiança para os fornecedores e clientes.

Deste modo, há um vasto fluxo de tais dentro da organização por conta da

quantidade de produtos e serviços prestados, havendo a necessidade do controle

e monitoramento. Assim, o presente estudo teve como objetivo mapear o fluxo de

notas fiscais de duas organizações conjugadas, e propor melhorias, por meio do

método Business Process Model and Notation (BPMN). Com isso foi levantado

pesquisa bibliográfica e utilizado o software Bisagi como apoio. Enfim pode-se

notar atividades desnecessárias, tempos ociosos e falha na comunicação de

funcionários. Afim de solucionar estas complicações, foi elaborado e sugerido um

novo fluxo com os mesmos recursos.

Palavras-chave: Análise crítica de processo; BPMN; Bisagi; Nota fiscal.

201

Page 202: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

1. INTRODUÇÃO

A nota fiscal é uns dos documentos mais importantes que transita nas corporações. A sua emissão é obrigatória, e seu objetivo é registrar todos os vínculos relativos da empresa e principalmente para efeito da legislação do imposto sobre a renda, desta forma, quando a mesma não é emitida ou é emitida de forma inadequada, resulta em multas para a empresa, ocasionando assim a deterioração da imagem da empresa.

Desse modo, a nota fiscal é um documento indispensável em uma empresa, todo produto e serviço oferecidos exigem uma nota fiscal, portanto, o fluxo de notas fiscais é intenso, e o processo pelo qual a nota passa é complexo e deve ser minunciosamente detalhado para que esta não seja extraviada até que chegue ao seu destino final.

Para que estes processos sejam mapeados graficamente e visualmente a fim de gerenciar as mudanças no fluxo de trabalho (workflow), aplicou-se o BPM (Business Process Manegement), que, de acordo com Tadeu Cruz (2008), consiste em uma estratégia de alinhamento de processos com os objetivos da organização.

Isso posto, a notação utilizada para a modelagem é o BPMN (Business Process Modeling Notation), uma notação rica em elementos de representação, tornando possível modelar os mais complexos processos, atrelando-se dessa maneira à função requerida (CAMPOS, 2013).

O software utilizado foi o Bizagi Process Modeler, e o tipo de processo de negócio modelado foi o As is e o To Be, sendo definidos respectivamente como o “antigo processo de negócio” e “novo processo de negócio”, estruturados a fim de refinar e controlar o processo (ALLWEYER 2010).

A organização em estudo é a conjugada em duas empresas, sendo elas a MERCANTIL BELESKI e CONSTRUTORA BELESKI, que estão no mercado há mais de 30 anos e possuem um vasto mix de produtos e serviços alusivos à casa e à construção.

Para fim de execução, o estudo em questão busca explorar e melhorar o processo da nota fiscal do produto que entra na empresa, até que a mesma atinja o seu destino final, o dito arquivo morto. A empresa possui como gerenciamento o sistema CISS, desta forma, o lançamento de nota fiscal é feito por esse mesmo sistema. Entretanto, como a nota fiscal

é gerada a partir de um produto, elaborou-se concomitantemente o mapeamento do processo do pedido do produto até que o mesmo seja anexado ao sistema.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. NOTA FISCAL

De acordo com a Lei no 8.846, de 21 de janeiro de 1994, a emissão da nota fiscal, recibo ou documento equivalente, relativo à venda de mercadorias, prestação de serviços ou operações de alienação de bens móveis, deve ser efetuada para efeito da legislação do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, no momento da efetivação da operação. Quaisquer outras transações realizadas com bens e serviços praticadas por pessoas físicas ou jurídicas também se encaixam na emissão de nota fiscal.

2.2. SISTEMA CISS

A CISS é uma fábrica de software especializada no desenvolvimento de soluções em gestão para supermercados, lojas de materiais para construção, atacarejos e restaurantes (Food Service). Os produtos e serviços da CISS são inspirados no setor varejista. Um dos benefícios do sistema CISS é que ele atende de forma produtiva e sustentável as obrigações fiscais que são impostas à empresa, além de aumentar as vendas, a fidelidade do cliente, melhorando o fluxo financeiro, a segurança da informação e otimizando a produtividade dos colaboradores, tornando-se um importante aliado para a organização em questão.

2.3. PROCESSOS

Segundo Heráclito, um filósofo pré-socrático, “O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo de hoje”, analogicamente, um processo é a transformação de um antecedente à um consequente, ou seja, nada é estável, tudo se transforma (MARANHÃO E MACIEIRA, 2004, p.11).

Pode-se definir também, segundo Chiavenato (2006), como uma sequência lógica de tarefas, uma sequência estruturada de

202

Page 203: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

atividades iniciadas com um input, de vários elementos possíveis, tendo como meio o processamento destes inputs, e tendo como fim a saída ou output.

Os processos organizacionais são aqueles que são centralizados na organização, e são imperceptíveis ao cliente externo, mas de grande valor para a empresa; eles podem ser ramificados em processo elementar e processo complexo, aquele é a célula de um processo, composta de entrada, transformação e saída de uma atividade única, este é a reunião interconectada de processos elementares (MARANHÃO E MACIEIRA, 2004).

2.4. GESTÃO POR PROCESSOS

Em uma empresa cada processo contribui para o valor do produto final que é entregue para o cliente, visando a isso, a gestão por processos enfoca no desempenho do processo, proporcionando a melhoria contínua do mesmo (CAMPOS, 2013).

A gestão por processos objetiva que todos os ativos da organização, como Recursos Humanos, Estrutura Organizacional, Papéis e Responsabilidades, Conhecimento, Tecnologia da Computação e da Informação, estejam sincronizados, de forma que essa sinergia entre eles gere maior eficiência. É de suma importância que todos os processos de entrada, transformação e saída estejam alinhados, a fim de gerar melhores resultados (SORDI, 2005).

2.5. BUSINESS PROCESS MANAGEMENT – BPM

De acordo com Gartner Group (2017), o BPM é um conjunto de métodos utilizados para identificar, modelar, analisar, medir, melhorar e otimizar os processos de negócios.

A concepção do BPM vai além de modelar e redesenhar o processo, abrangendo consideráveis transformações no modo como os processos de negócios necessitem ser otimizados e gerenciados, tendo em vista a cooperação e integração das organizações dentro da cadeia de valor (DEBEVOISE, 2005).

O BPM provê à organização uma visão completa, sistêmica e essencialmente

integrada do ambiente interno e externo das suas operações e das atuações de cada colaborador participante em todos os processos de negócios (CRUZ, 2008).

Utilizando o Business Process Management a organização é capaz de propiciar atenção ao cliente individualmente, além de agregar valor aos produtos mais simples devido à valorização do serviço diretamente relacionado às necessidades dos clientes (HUGOS, 2007).

2.6. MODELAGEM DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS BUSINESS PROCESS MODELING NOTATION – BPMN

A busca por melhorias estruturais e consistentes tem impulsionado as empresas a reverem a condução de seus trabalhos, em busca de formas mais versáteis, onde as atividades são analisadas na perspectiva de processo de trabalho (MARANHÃO E MACIEIRA, 2004).

Entretanto, para que essa melhoria seja alcançada, é necessário que se tenha domínio sobre o processo. Desta forma, é necessário desenvolver um mapeamento de processos, que segundo Maranhão e Macieira (2004) é o conhecimento dos processos e das interconexões dos dados estruturado do topo da organização até a sua base, permitindo, assim, uma compreensão completa do processo.

Existem diversas metodologias para a modelagem de processo, entretanto, o enfoque deste artigo é o modelo Business Process Modeling Notation (BPMN), notação que foi especificamente projetada para coordenar a sequência de processos e as mensagens que fluem entre os diferentes participantes em um conjunto relacionado de atividades.

O software utilizado neste artigo, específico para a modelagem da notação BPMN, é o Bizagi Process Modeler, que suporta a elaboração de uma documentação extensa de processo, visando maior publicidade para as atividades praticadas nas organizações.

O BPMN possui algumas notações básicas específicas dele, que podem ser analisadas na Tabela 1.

203

Page 204: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

TABELA 2 - Notações Básicas do BPMN

Elemento Descrição Notação

Evento Algo que acontece no curso de um processo. Existem

três tipos: Início, intermediário e Fim.

Atividade Termo genérico para o trabalho que a empresa executa em um processo. Os tipos de atividades são: Processo,

subprocesso e tarefa.

Gateway Controla divergência e convergência, tomada de decisão.

Fluxo de sequência Ordem em que as atividades devem ser executadas no processo.

Fluxo de mensagem Fluxo de mensagens entre os participantes que irão

enviá-la ou recebê-la.

Associação Vincula informações e artefatos.

Pool Representação gráfica de um participante no processo

Lane Subpartição da Pool. Usado para organizar e categorizar atividades.

Objeto de dados Fornece informações sobre o que exige ser realizado.

Anotação Mecanismo para fornecer informações adicionais ao leitor.

Fonte: Elaborado pelo autor

A Tabela 1, baseada em Allweyer (2010), mostra as notações básicas do BPMN. No entanto, é importante frisar que estes são apenas alguns elementos da notação, a mesma possui vastas opções de elementos que implementam o mapeamento do processo.

2.7. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP

Um Procedimento Operacional Padrão (POP) é um procedimento escrito de forma clara e objetiva que designa instruções sequenciais para a realização de operações rotineiras e específicas (SANTOS JUNIOR, 2012).

Segundo Jucene, Clever (2011), o POP deve ser escrito sob a ótica do funcionário de nível operacional, desta forma, deve ser elaborado visando ser compreendido facilmente e de modo esclarecedor.

2.8. BRAINSTORMING

O Brainstorming, conhecido como “chuva de ideias”, é uma ferramenta para análise das causas de um problema, sua forma de realização é a partir de um grupo, e cada pessoa pode contribuir livremente ou sequencialmente com uma ideia, assim, todos os membros do grupo possuem a chance de participar (PEREIRA,2013).

Essa técnica, por suas características, desenvolve no grupo um sentimento de comprometimento com a causa analisada, responsabilidade compartilhada, e é muito útil quando se deseja maior envolvimento do mesmo. O brainstorming deve priorizar a quantidade e não a qualidade das ideias (BEHR, 2008).

204

Page 205: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

3. METODOLOGIA

Foi realizada uma análise crítica, mais conhecida por alguns autores como “Análise de processos de negócio” (CAMPOS, 2013), de natureza aplicada com abordagem qualitativa, que teve como finalidade a modelagem do processo atual e posterior do fluxo de notas fiscais, em duas organizações, entretanto, conjugadas, do ramo de lar e construção, por meio da notação Business Process Model and Notation (BPMN), podendo atribuir sugestões de melhoria no processo.

A operacionalização da análise foi a seguinte:

I. Análise do fluxo atual da empresa e realização do brainstorming com todos os envolvidos;

II. Planejamento do ciclo, no qual foram estabelecidos os objetivos a serem auferidos;

III. Modelagem da situação atual (As Is): uso do software Bisagi;

IV. Comunicação com os envolvidos, para buscar possíveis alvitres para o desenvolvimento do modelo desejado;

V. Análise das atividades dispensáveis ao processo em questão;

VI. Elaboração de POPs (Procedimento Operacional Padrão), com a designação de cada setor envolvido, com suas particularidades e decisões;

VII. Modelagem da situação desejada (To Be): uso do software Bisagi.

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

4.1. CARACTERÍSTICAS DO ESTABELECIMENTO

O estabelecimento conjugado estudado é paranaense e possui 33 funcionários, contendo quatro galpões, sendo eles: a loja física dos produtos, o escritório da Construtora, o almoxarifado, o salão social, e o restante do terreno é o espaço para armazenamento dos equipamentos de locação da construtora, podendo haver mais de um ambiente em um mesmo galpão.

A estrutura era localizada em outro logradouro inicialmente, porém, com seu crescimento gradativo, foi ampliando seus recursos, até que foi necessário o deslocamento para uma área mais ampla e melhor posicionada.

Para a análise inicial foi realizado o brainstorming apenas com os envolvidos no processo.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DO FLUXO DE NOTAS FISCAIS E DEMAIS PROCESSOS ENVOLVIDOS

Depois das visitas à empresa, foi possível realizar um levantamento de todas as atividades envolvidas no processo, logo após foi desenvolvido no software Bisagi o fluxo das notas fiscais, concomitantemente com as entradas e armazenamento dos produtos. Desta maneira, foi averiguado que as seis principais atividades atuavam do seguinte modo:

Pedido: O setor de compras é responsável pelo levantamento da mercadoria a ser pedida, porém, quando o pedido é da Mercantil, é necessária a aprovação da diretoria, para assim realizar a solicitação do pedido, e por fim enviar a confirmação do pedido via e-mail; quando o pedido é para a Construtora não é necessária a confirmação do pedido, pois este já foi realizado pela diretoria, que também tem participação no setor de compras.

Recebimento: É determinado ao setor de almoxarifado ou ao responsável pela obra o recebimento do pedido solicitado; os responsáveis verificam se os itens entregues estão de acordo com a nota fiscal do fornecedor; caso não esteja, é informado o erro ao setor de compras, e o mesmo irá informar ao fornecedor via telefone ou e-mail, solicitando assim uma nota de devolução ao setor da controladoria, e logo após é enviada tal nota desenvolvida para o fornecedor informado. Caso não tenha erros, o setor de recebimento carimba a nota e aguarda o responsável do cadastro buscar a mesma.

Cadastro: Todos os dias, às 8 h / 11 h / 15 h, o responsável pelo setor do cadastro busca as notas fiscais no setor do almoxarifado, isto se elas não vêm da controladoria. Verifica-se se contêm algum produto cancelado, caso haja, anula-se o mesmo. Logo após, é verificado se a nota é para a Construtora ou para a Mercantil, independentemente, é lançada nas devidas planilhas da empresa. E

205

Page 206: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

então, se for da Mercantil, verifica-se se o produto está cadastrado no CISS, se estiver, é confirmado se contém todas as informações, se não contiver, completa-se. Caso o produto seja um piso, verifica-se se já está endereçado, se estiver, lança-se a nota nas devidas planilhas; por fim, preenchem-se as mesmas. Caso o produto não esteja cadastrado no CISS, recolhe-se uma amostra do produto, colhe-se o código de barras caso o sistema não o tenha, anotam-se todas as medidas brutas do produto para cadastro e, logo após, se refaz os mesmos passos caso o produto seja um piso. Lembrando que, se foi colhida a amostra, a mesma é devolvida ao almoxarifado. No caso da nota fiscal ser da Construtora, a mesma é apenas lançada nas devidas planilhas, pois o produto não é estocado para venda.

Cadastro no site: O marketing é o responsável pelo cadastro do produto no site. Inicialmente o designado confere se as devidas planilhas foram preenchidas no setor anterior, caso não tenham sido, as completa, se tiverem, é verificado se o produto está em uso no site ou se é de interesse da diretoria incluí-lo. Se o for incluir, são averiguadas as informações dimensionais e a descrição do produto, tais como fotos e/ou vídeos e etiquetas, além de se confirmar o novo preço com a diretoria. Assim, é executado o teste de funcionamento no site e, por fim, é preenchida a devida planilha do final da atividade.

Contas a pagar: Assim como no setor de marketing, a controladoria é responsável por verificar o trabalho feito pelo setor anterior, conferindo se está tudo preenchido. Se estiver tudo correto, a nota é anexada na pasta mensal; todo mês tais anexos são encaminhados para a contabilidade, e assim preenchida a planilha devida no final da atividade.

Fechamento: Este é praticamente todo realizado por serviço terceirizado, sendo a contabilidade da empresa que faz um fechamento mensal das contas e só reenvia as notas ao setor da controladoria da empresa no começo de cada ano, para este pôr fim do processo, as encaminhando à diretoria que as anexa no arquivo morto.

Estas atividades podem ser encontradas na modelagem As Is no Anexo A, ilustradas em subprocessos para maior compreensão e amplificadas para melhor visualização do processo.

4.3. DETECÇÃO DE PROBLEMAS E SUGESTÃO DE MELHORIAS

Após a análise do processo, pôde-se desenvolver o modelo To Be, contido em Anexo B, ilustrado em subprocessos e amplificado da mesma maneira do A. Nele podem-se encontrar melhorias sugestivas para o processo em questão. As atividades modificadas são as seguintes:

Pedido: Neste constatou-se a necessidade da inclusão de um modelo de Ordem de Compra Padronizado; o responsável pelo setor de compras iria preenchê-lo e imprimi-lo para posteriormente encaminhá-lo para o setor do almoxarifado. Na nota haverá a data do pedido e a data prevista de chegada para preenchimento do colaborador responsável pelo recebimento, desta forma será verificado com mais precisão o prazo de chegada do produto para aquele fornecedor, assim impactando nas previsões de pedido de produtos, principalmente para o site.

Recebimento: Averiguação com mais precisão da quantidade de produtos solicitados pela empresa em questão com os produtos enviados pelo fornecedor, assim, a Ordem de Compra seria o documento referencial para análise do pedido. A inclusão de pastas sanfonadas, devidamente organizadas em ordem alfabética de fornecedor para arquivo das Ordens de Compra enviadas, assim, gerando maior facilidade ao procurar a nota. Além disso, é necessário que o colaborador preencha a data de chegada do produto. Logo após, o mesmo anexará a Ordem de Compra na mesma pasta sanfonada e organizada já citada. Quando há algum erro, a Ordem de Compra seguirá para a controladoria após passar pelo setor de compras, auxiliando na geração da nota de devolução, após isso, é retornada a Ordem para a pasta sanfonada do almoxarifado.

Cadastro: Todos os procedimentos padrões foram transferidos e detalhados para POPs, nomeados: POP-CP, POP-LN. Estes contribuirão nas padronizações das atividades, além de se poder utilizá-los para treinamentos de novos funcionários.

Cadastro no site: Foi eliminada a conferência do processo anterior, visto que seria um retrabalho, visando “fazer o certo da primeira vez”. Da mesma forma, foi incluído POP denominado POP-CS, que auxiliará no cadastro.

206

Page 207: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

Contas a pagar: Foi eliminada a conferência do processo anterior, visto que seria um retrabalho, visando “fazer o certo da primeira vez”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a obrigatoriedade determinada por leis referente à existência de notas fiscais na organização, foi verificado um grande fluxo das mesmas em quaisquer empresas que forneçam serviços e/ou produtos. Desta maneira, com o propósito de melhoria iniciou-se uma análise do modelo de mapeamento As Is desenvolvido pelos autores com o auxílio do software Bisagi, após o levantamento das atividades em questão. Em seguida, foi desenvolvido o modelo To Be, neste já propostas sugestões para melhoria do processo e acrescentadas ferramentas para auxiliar a empresa na padronização das atividades, além de eliminar atividades consideradas retrabalho, com a visão de “fazer o certo da primeira vez”.

A análise trouxe diversas possibilidades de alteração, além da existência de algumas ferramentas que poderiam detalhar mais as

atividades, de maneira simples e de fácil utilização por qualquer indivíduo da empresa, que possam ser acrescidas no processo, pois notou-se que a atividade era totalmente dependente do responsável que a executava, visto que ninguém mais poderia substituí-lo. Isto posto, o modelo To Be estabeleceu-se de forma mais linear do que o modelo anterior, de modo mais sucinto e objetivo, levando em consideração que esta foi a maneira mais módica para a empresa, existindo melhorias mais eficientes se implementados computadores no almoxarifado.

Assim sendo, pode-se concluir que a metodologia BPMN foi de extrema importância para o processo, melhorando-o, eliminando atividades desnecessárias e erros dos pedidos e, concomitantemente, auxiliando no controle de prazos das entregas dos fornecedores. Entretanto, todas as sugestões dependem da aceitação da diretoria, e colaboração dos envolvidos para que os benefícios previstos se concretizem.

O método pode ser sugerido para quaisquer empresas para a organização do fluxo de notas, visto que todas as empresas contêm tal procedimento.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

01] ALLWEYER, Thomas. BPMN 2.0: Introduction to the Stardant for Business Process Modeling. Estados Unidos da America: Books On Demand, 2010. 156 p.

02] Behr, Ariel, Moro, Eliane Lourdes da Silva and Estabel, Lizandra Brasil. Gestão da biblioteca escolar: Metodologias, enfoques e aplicação de ferramentas de gestão e serviços de biblioteca. Ci. Inf., Ago 2008, vol.37, no.2, p.32-42.

03] BRASIL. Constituição (1994). Lei nº 8.846, de 21 de janeiro de 1994. Brasília.

04] BPMI/OMG. Business Process Modeling Notation (BPMN) Informations. 2006. Disponível em: <http://www.bpmn.org>. Acesso em: 08 jan. 2017.

05] CAMPOS, André Luis Nogueira. Modelagem de Processos com BPMN. Rio de Janeiro: Brasport Livros e Multimídia Ltda., 2013.

06] CHIAVENATO, Idalberto. (2006). “Princípios da administração: O essencial em teoria geral da administração”. Rio de Janeiro: Elsevier.

07] Ciss Software & SERVIÇOS. ESPECIALIDADE E INOVAÇÃO.

Disponível em: <http://ciss.com.br/>. Acesso em: 12 fev. 2017, 18h00.

08] CRUZ, Tadeu. BPM & BPMS: Business process management & business process management systems. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2010. xvi, 272 p.

09] DEBEVOISE, T. Business Process Management with a Business Rules Approach: implementing the service oriented architecture. Business Knowledge Architects, Inc, Canadá, 2005, 224p.

10] DE JESUS, Piter Anderson Severino; RODRIGUES, Micaella da Silva Teixeira; TORRES, Jose Belo Yorres. proposta de mapeamento de processos de armazenagem em centro de distribuição de supermercados de fortaleza/ce utilizando bpmn. xxi simpep Simpósio de Engenharia de Produção. 2014, Bauru. Anais Eletrônicos do SIMPEP. p.1, 2014.

11] DE SORDI, José Osvaldo. Gestão por processos. 2. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008.

12] GARTNER GROUP (Org.). Business Process Management (BPM). Disponível em: <http://www.gartner.com/it-glossary/business-process-management-bpm>. Acesso em: 21 jun. 2017.

207

Page 208: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

13] HUGOS, Michael H.. BPM for the Responsive Enterprise. 2007. Disponível em: <http://www.computerworld.com/article/2552782/it-management/bpm-for-the-responsive-enterprise.html>. Acesso em: 21 jun. 2017.

14] MARANHÃO, Mauriti; MACIEIRA, Maria Elisa B. O processo nosso de cada dia: modelagem de processos de Trabalho. 1ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.

15] SANTOS JUNIOR, Clever Jucene dos. MANUAL DE BPF, POP E REGISTROS EM

ESTABELECIMENTOS ALIMENTÍCIOS: Guia técnico para elaboração. Rio de Janeiro: Editora Rubio Ltda., 2012. 190 p.

16] PEREIRA, Fábio Dias. Conceitos baseados no ciclo pdca para melhoria no processo produtivo: Estudo de caso da aplicação da manufatura de tubos em fibra de vidro. 66 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia de Produção, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.

208

Page 209: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

ANEXO A – MODELO AS IS

209

Page 210: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

Gestão da Produção em Foco - Volume 11

ANEXO B – MODELO TO BE

210

Page 211: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

Autores

Page 212: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

AMANDA BRAGA MARQUES

Possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016). Atualmente está cursando engenharia de produção da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Possui curso técnico em mecânica industrial.

AMANDA GOMES DE ASSIS

Possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2012) e graduação em Engenharia de Produção (2015). Foi estagiário - PETROLEO BRASILEIRO SA. Tem experiência na área de Engenharia de Produção.

ANA CECILIA LYRA FIALHO BREDA

Formada em engenharia de produção pelo Centro Universitário Cesmac. Durante a graduação, foi monitora de Física, participou de projetos científicos e de extensão. Publicou oito artigos dentre congressos nacionais e regionais e um em um congresso internacional.

ANA PAULA APARECIDA HONORATO

Graduada em Administração pela Faculdade Presidente Antônio Carlos de Visconde do Rio Branco/MG - FUPAC VRB

ANTONIO CESAR GALHARDI

Graduado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1981), Mestre em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1985) e Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Pós Doutorado em Administração pela Florida Christian University - USA, Estágio Pós Doutoral pela Escola Politécnica - USP em Engenharia de Produção Mecânica. Atualmente é professor pleno da Faculdade de Tecnologia de Jundiaí, professor permanente do Mestrado Profissional em Gestão e Tecnologia em Sistemas Produtivos - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Possui 25 anos de experiência em gerenciamento de sistemas de manufatura. Possui 17 anos de experiência acadêmica como professor universitário e 6 anos de experiência em gestão acadêmica: coordenador de curso (graduação, lato senso, stricto senso); diretor de faculdade. Experiência profissional no exterior.

ANTÔNIO CLEBER GONÇALVES TIBIRIÇÁ

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com mestrado e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Titular na Universidade Federal de Viçosa, tem experiência nas áreas de Engenharia da Construção e Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Construção Civil e Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo, atuando nos temas edificações, sistemas e processos construtivos, gestão de projetos, ambiência, desempenho ambiental e conforto ambiental.

ANTONIO SERGIO COELHO

Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (1979), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa

Page 213: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

Catarina (1983) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998). Atualmente é professor associado II da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando na graduação, mestrado e doutorado, onde foi coodenador dos Cursos de Graduação em Eng. de Produção e do Programa de Pós- Graduação em Eng. de Produção. Tem experiência na área de Logística e Transporte, com ênfase em Programação Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: programacao linear, gradiente projetado, decisao de investimento, processo estocástico e teoria das filas.

BRUNO VIEIRA BERTONCINI

Possui Graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Maringá (2005), Mestrado e Doutorado em Engenharia de Transportes pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, na área de Planejamento e Operação de Sistemas de Transporte, respectivamente em 2007 e 2010. Atualmente é Professor Adjunto no Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. Compõe o corpo docente do Programa de pós-graduação em Engenharia de Transportes e atua principalmente na linha de pesquisa de Transporte e Logística da Carga.

CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA

Possui graduação em Engenharia Mecânica com ênfase em Produção, especialização em Qualidade e Produtividade e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá. Atualmente é professor assistente na Universidade Federal de Itajubá-campus avançado de Itabira e atua nas áreas de Estatística, Engenharia da Qualidade, Seis Sigma e Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta).

CARLOS HENRIQUE OLIVEIRA

Possui graduação em Engenharia Mecânica com ênfase em Produção, especialização em Qualidade e Produtividade e mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá. Atualmente é professor assistente na Universidade Federal de Itajubá-campus avançado de Itabira e atua nas áreas de Estatística, Engenharia da Qualidade, Seis Sigma e Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta).

DANYELLA GESSYCA REINALDO BATISTA

Possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016). Está cursando Engenharia de Produção na Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Possui conhecimento nas ferramentas do Pacote Office, Inglês Intermediário e tem experiência na área de Engenharia de Produção.

DEISE MARA GARCIA ALVES TRESSMANN

Engenheira civil pela Universidade Federal de Viçosa com especialização em Gerenciamento de Projetos pela Faculdade Cristo Rei e mestranda em Engenharia da Construção pela Universidade Federal de Viçosa. Atuou no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) Paracatu/MG como engenheira do campus, como Diretora de Departamento de Planejamento e Projetos da Secretaria Municipal de Obras de Paracatu/MG e em diferentes empresas de engenharia e como docente. Atualmente trabalha como autônoma na elaboração de projetos de engenharia e como professora na Faculdade do Futuro em Manhuaçu/MG.

Page 214: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

DOMINGOS JOSE RIBEIRO

Membro efetivo da Ordem dos Engenheiros de Portugal. Master em Engenharia da Qualidade; Pós-graduado em Pericias em Engenharia; Pós-graduado em Pericia Forense; Engenheiro Civil. Especializações em: Balanced Scorecard; AccessData Certified Examiner; Microsoft Certified Systems Engineering; Grau Cavalheiresco de Comendador pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História de SP; Membro Titular do IBAPE/SP - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia; Habilitado no CREA de SP, MG, GO e RJ - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia.

EDNEY EBOLI DOS SANTOS

Designer de Produto graduado pela Universidade São Judas Tadeu (1996). Especialista em Artes plásticas (Universidade São Judas Tadeu (1998). Especialista Master em Gerenciamento de Projetos pela George Washington University (2007). Mestrando do programa de Mestrado Profissional: "Gestão e Tecnologia em Sistemas Produtivos" do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. Designer especializado em texturas (Design de superfície - Color & Trim - CMF). Atua na área de Design automobilístico desde 1992, com experiência em conceituação do produto, modelamento em clay, técnicas e processos de modelagem, engenharia reversa, Pesquisa & Desenvolvimento, viabilidade técnica do produto, materiais, processos industriais, Gerenciamento de Projetos com foco em Gestão do Design, texturização de moldes de injeção para peças plásticas e realidade virtual. Em 2002 iniciou sua atuação como Professor Adjunto em Cursos de graduação em Design.

EMERSON JOSÉ DE PAIVA

Possui graduação em Matemática, mestrado em Engenharia de Produção, e doutorado em Engenharia Mecânica, na área de Projeto e Fabricação. Atualmente, é professor de Otimização e Simulação da Universidade Federal de Itajubá, Campus Itabira e é vice-líder do Grupo de Estudos em Qualidade e Produtividade – GEQProd, da Unifei, Campus de Itabira.

ESDRAS JORGE SANTOS BARBOZA

Possui graduação em Administração de Empresas - Faculdade da Cidade do Salvador (2007), MBA em Finanças Corporativas, Controladoria e Auditoria - Fundação Getúlio Vargas FGV (2010), Extensão Acadêmica em Gestão de Projetos - The European College of Management na Irlanda (2011), Mestre em Engenharia da Produção - Universidade Paulista (2016), Participou como aluno ouvinte do Programa de Doutorado do Departamento de Engenharia de Transportes - Universidade Federal do Ceará UFC (2017.1). Experiência em gerência de clientes de grande porte do segmento Corporate Empresas - Banco Bradesco; Gestão de suprimentos em obras da Petrobras; Coordenação Acadêmica/ Financeira e Operacional da Universidade Anhanguera em cursos de Graduação e Pós graduação. Atualmente é Consultor Empresarial, atua como Administrador Geral na Clínica Haim Erel sendo responsável principalmente pela área financeira e operacional e Professor em cursos de Pós Graduação nas áreas de Suprimentos, Finanças e Controladoria.

EURICO LAYDNER QUINTEIRO NETO

Engenheiro de Transportes e Logística pela Universidade Federal de Santa Catarina - Centro Tecnológico de Joinville UFSC/CTJ (2015). Atualmente é aluno de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina - PPGEP/UFSC.

Page 215: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

FABIANO SILVÉRIO

Graduado como Bacharel com Atribuições Tecnológicas em Quimica (2001) e Licenciatura Plena em Química (2003) ambos pela Universidade de São Paulo, possui os títulos de Mestre em Química (2005), Doutor em Química (2009) e pós-Doutor em Química (2012), obtidos pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo.Tem experiência na área de Química com ênfase em Química do Estado Condensado, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: Estudo das Propriedades de Compostos Lamelares e de Intercalação, dentre eles Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL), Argilas Catiônicas (Laponitas) e Xerogéis de Vanádio; Adsorção de Aminoácidos e Tensoativos; Macromoléculas, Polímeros, Compósitos e Materiais Híbridos. Atua na área da educação, lecionando disciplinas de conteúdo geral e/ou específico em cursos superiores de Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia de Produção, Licenciatura em Matemática, Administração de Empresas e Sistemas de Informação.

FÁBIO CEZAR FERREIRA

Possui pós doutorado pela Universidade Estadual Paulista (FCT-UNESP, em 2004). Doutor em Físico-Química pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP (2002, IQSC - USP). Mestrado em Físico-Química pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP, (1998, IQSC - USP). Graduado em química (Bacharel e Licenciado) pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (1995). Atualmente é professor Associado I na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Secretário da licenciatura e bacharelados - SELIB 2016/17, professor no curso de especialização Engenharia de Segurança do Trabalho, Professor responsável pelas atividades de estágio do curso de licenciatura em química 2014 até 2016. Tem experiência na área de Polímeros Naturais e Condutores, Síntese de Polímero, Borracha Natural, Química da Madeira e Derivados, Educação em Química, Educação de Jovens e Adultos.

FILIPE GOMIDE CARELLI

Graduando em Administração Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

FRANCINE CONCEIÇÃO DE ANDRADE

Mestranda no programa de pós-graduação de Engenharia de Edificações e Saneamento pela Universidade Estadual de Londrina (2016). Graduada em Engenharia Ambiental e Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, ambas pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Tem experiência na área de Ciências Ambientais, com ênfase em Engenharia Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: resíduos sólidos, tratamentos de resíduos orgânicos, processo de compostagem, fertilização orgânica, inoculação de microrganismos.

GILBERTO CASSOLI DE OLIVEIRA JÚNIOR

Graduação em andamento Tecnologia em Mecatrônica Industrial pelo Instituto Federal de São Paulo (2017). Possui Técnico em Mecânica com Ênfase em Automação e Controle pelo Colégio Técnico de Campinas (2008). Atualmente é Gestor de Projetos Mecânicos na Passarella Usinagem e Ferramentaria. Possuí experiência na área de Administração de Projetos e Orçamentos, atuando em pesquisas nos temas de Lean Manufacturing, Six Sigma, otimização de processos e desenvolvimento de projetos mecânicos.

Page 216: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

GIOVANI BLASI MARTINO LANNA

Graduado em Gestão do Agronegócio (2007) e Administração (2011) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestrado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Professor e coordenador do curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Visconde do Rio Branco/MG - FUPAC VRB.

GIOVANNI MENDES RIBAS NOVI

Graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Possui experiência em gestão de estoques, engenharia de processos e melhoria contínua. Participação em projetos de pesquisa do GEQProd (Grupo de Estudos em Qualidade e Produtividade), em atividades de extensão desenvolvidos pela UNIFEI e em projetos de otimização na Johnson & Johnson.

GUILHERME CAVALCANTI AMARAL

Bacharel em Engenharia de Produção pelo Centro Universitário CESMAC (2016). Atuou como Vice-Coordenador Geral do núcleo alagoano dos estudantes de engenharia de produção - NUALEEP (01/2014 - 12/2014). Foi estagiário do setor de Gestão de Desempenho Industrial na empresa Braskem, unidade Cloro-Soda (07/2014 - 07/2016). Realizou um estágio de férias na área de Gestão da Qualidade e Desenvolvimento de Produtos na empresa do ramo de laticínios, Valedourado. (07/2016 - 08/2016).Atuou como Analista Comercial no IPASEAL, fazendo parte da criação do setor comercial (02/2017 - 09/2017). Atualmente, atua como Trainee no grupo de resorts Salinas e cursa MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas - FGV.

ISAQUE JÔNATAS COSTA MORAES

Graduado em Bacharelado Ciência e Tecnologia, graduando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido(2017), conhecimento em pacote Office, AutoCad, Minitab, estagiário do restaurante Thermas Hotel e Resort.

JAQUELINE STEFANIE DOS SANTOS

Jaqueline Stefanie dos Santos é acadêmica do curso de Engenharia de Produção na Universidade Estadual de Maringá, tem interesse na área de Pesquisa Operacional, Gestão de Processos e Marketing, no momento atua ministrando aulas de Cálculo para Engenharia.

JEFFERSON DE SOUZA PINTO

Pós-doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (2014 e 2016). Pós-doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas (atual). Doutor (2012) com pesquisa na área de Gestão de Projetos e Mestre (2004) em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas. Especialista em Gestão de Processos Industriais pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Administrador de Empresas com habilitação em Comércio Exterior pela Universidade São Francisco (1999). Atualmente é professor concursado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) - Campus Bragança Paulista. Possui experiência e pesquisas nas áreas de Empreendedorismo, Gestão da Produção e Operações, Gestão da Qualidade, Gestão da Cadeia de Suprimentos e Gestão de Projetos. Detém mais 20 artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais correlacionados nas áreas mencionadas.

Page 217: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

JOÃO BATISTA TURRIONI

Possui graduação em Engenharia de Produção pela UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá (1983), mestrado em Engenharia (Engenharia de Produção) pela Universidade de São Paulo (1993), doutorado em Engenharia (Engenharia de Produção) pela Universidade de São Paulo (1999) e pós-doutorado pela Universidade do Texas(2007). Atualmente é professor Associado da Universidade Federal de Itajubá.

JOÃO VITOR BRUNELLI LEMES

Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Viçosa (2016). Mestrando em Engenharia Civil, na área de concentração em Engenharia da Construção, com foco na produção e utilização do Concreto de Pós Reativos (CPR) pela Universidade Federal de Viçosa.

JÚLIA GRACIELA DE OLIVEIRA AMÉRICO DA SILVA

Possui curso de bacharel em Engenharia de Produção pela Associação das Faculdades de Ribeirão Preto (Grupo UNIESP) em 2017. Como egresso do curso de Engenharia de Produção, busca colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos.

JÚLIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA NETO

Nasceu em Feira Nova PE, Brasil, em 1993. Atualmente estuda Engenharia Elétrica - Eletrotécnica pela Escola Politécnica de Pernambuco, ligada à Universidade de Pernambuco.

LARISSA ALMEIDA MATIAS DE LIMA BATISTA

Possui Graduação em Engenharia de Produção Mecânica, Mestrado em Engenharia de Transportes, na área de Planejamento e Operação de Sistemas de Transporte, ambos pela Universidade Federal do Ceará, respectivamente em 2015 e 2018. Atualmente é Professora no Núcleo de Tecnologia do Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS). Atua principalmente na linha de pesquisa de Transporte e Logística da Carga.

LARYSSA RAMOS DE HOLANDA

Mestra em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde foi bolsista CAPES, e graduada em Economia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) onde foi bolsista MEC através do Programa de Educação Tutorial (PET) pesquisadora do Núcleo de Estudos Regionais (NER-ECO) e monitora. Tem experiência como instrutora do SEBRAE, professora titular nas faculdades CESMAC, FIC/UNIFAL, e FAN/FGV, e coordenadora do Curso de Engenharia de Produção e do curso técnico em Logística na FIC/UNIFAL. Atualmente é professora Tempo Integral do CESMAC, onde leciona, orienta atividades de pesquisa e extensão, e compõe o colegiado e NDE do curso de Engenharia de Produção.

Page 218: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

LUAN AOKI SCHUWARTEN

Graduação em andamento em Engenharia de Controle e Automação pelo Instituto Federal de São Paulo (2017). Possui graduação em Tecnologia em Mecatrônica Industrial pelo Instituto Federal de São Paulo (2017). Atualmente é Gestor de Processos Logísticos na Vyttra Diagnósticos. Atualmente é Presidente da Automatique Consultoria Júnior, Empresa Júnior do IFSP. Possuí experiência na área de Administração e Mecatrônica, atuando em pesquisas nos temas de Lean Manufacturing, Six Sigma, Gerenciamento de Projetos, otimização de processos e desenvolvimento de projetos de Controle e Automação.

LUANA DA SILVA SOUZA

Graduada em Administração pela Faculdade Presidente Antônio Carlos de Visconde do Rio Branco/MG - FUPAC VRB

LUANA DE OLIVEIRA GOMES

Arquiteta e Urbanista pela Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu (2015). Mestranda em Arquitetura e Urbanismo, com foco em Planejamento do Espaço Urbano e Regional pela Universidade Federal de Viçosa - UFV.

MARCELA CARNEIRO AVELAR

Possui graduação em Engenharia de Produção pela UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá, campus Itabira (2016). Certificada no Curso Seis Sigma – YellowBelt, também pela UNIFEI em 2016.Áreas de interesse: Gestão de Projetos, Engenharia da Qualidade, Projetos Seis Sigma e Lean Manufacturing.

MÁRCIA TERRA DA SILVA

Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (1977), mestrado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas - SP (1985) e doutorado em Engenharia (Engenharia de Produção) pela Universidade de São Paulo (1995). É livre-docente pela Universidade de São Paulo e participa do grupo de pesquisa &quot;TTO - Trabalho, Tecnologia e Organização&quot; da EPUSP-PRO. Em 2014 aposentou-se da USP e ingressou no Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da UNIP, onde atua como professora titular. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Organização do Trabalho, atuando principalmente nas seguintes áreas de conhecimento: gestão de serviços, organização do trabalho, estrutura organizacional e cultura organizacional. Tem pesquisado principalmente organizações de serviços profissionais, como organizações de saúde e educação e organizações do terceiro setor.

MARCILIA QUEIROZ DE SOUZA DELMONDES

Possui curso de bacharel em Engenharia de Produção pela Associação das Faculdades de Ribeirão Preto (Grupo UNIESP) em 2017. Como egresso do curso de Engenharia de Produção, busca colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos.

Page 219: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

MAYNE CAMARGO ZAMBELLO

Mayne Camargo Zambello é formada como técnica em Qualidade e Produtividade pelo COTIL - UNICAMP, hoje é acadêmica do curso de Engenharia de Produção na Universidade Estadual de Maringá e atua na área de Gestão de Processos, Gerenciamento de Estoque e Controladoria de Custos Operacionais.

MÔNICA MARIA MENDES LUNA

Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (1990), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1996), DEA (Diplôme dÉtudes Approfondies) en Logistique et Organisation - Université Aix-Marseille II (2000), doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e pós-doutorado na Universidade de Bremen, Alemanha (2011). Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Engenharia de Transportes, com ênfase em Economia dos Transportes, atuando principalmente nos seguintes temas: logística, terceirização, operadores logísticos, tecnologias de informação e comunicação aplicada à logística, gestão de estoques, transporte rodoviário de cargas e estratégias logísticas.

NEUSA MARIA DE ANDRADE

Neusa Andrade é administradora de empresas. Doutoranda em Engenharia de Produção pela UNIP, Mestre e em Administração de Empresas MBA em Gestão de Negócios pela FEA-USP e MBA em Tecnologia da Informação e Sustentabilidade pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

PEDRO LUIZ DE OLIVEIRA COSTA NETO

Possui graduação em Engenharia de Aeronáutica pelo ITA ? Instituto Tecnológico de Aeronáutica (1962), mestrado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1969), Master of Science pela Leland Stanford Junior University, California, USA (1975), e doutorado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1980). Atualmente é professor aposentado da Escola Politécnica da USP e professor titular da Universidade Paulista, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado e Doutorado). Foi professor da Escola de Engenharia Mauá, do Departamento de Estatística da Universidade de Campinas, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, da Escola Superior de Química Oswaldo Cruz e dos cursos de extensão universitária da Fundação Carlos Alberto Vanzolini. Áreas principais de atuação: Gestão em Qualidade e Produtividade, Probabilidade e Estatística, Processos Decisórios, Conhecimento e Aprendizado, Ensino e Comunicação a Distância. Foi Diretor de Processamento de Dados da Fundação SEADE ? Sistema Estadual de Análise de Dados, Diretor Presidente da ABEPRO ? Associação Brasileira de Engenharia de Produção, Diretor Presidente da Fundação Carlos Alberto Vanzolini e Diretor Presidente do CXEB ? Clube de Xadrez Epistolar Brasileiro. Laureado com o Premio Acadêmico da Qualidade Banas em 1999. Juiz do Prêmio Nacional da Qualidade de 1992 a 2012 (exceto 2003). Juiz do Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão de 2001 a 2013. É membro da Academia Brasileira da Qualidade e da Academia Taubateana de Letras.

Page 220: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

PRISCILA PASTI BARBOSA

Priscila Pasti Barbosa é Engenheira de Produção e atua na área principalmente com os seguintes temas: Planejamento e Controle da Produção, Gestão de Processos e Gestão de Projetos.

RAFAELA ARAUJO DE OLIVEIRA LANNA

Graduada em Ciências Contábeis pela PUC Minas.

RAFAELA RODRIGUES CALDAS DA CRUZ

Cursando Engenharia de Produção pela Faculdade Carlos Drummond de Andrade, com previsão de termino (2021). Possui graduação em Tecnólogo em Logística pela Universidade do Grande ABC (2010). Graduação em Gestão da Produção Industrial pela Universidade do Grande ABC (2013) e Pós MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade do Grande ABC ( 2014). Tem 11 anos de experiência na área Administrativa / Recursos Humanos.

RAIMUNDO ALVES DE CARVALHO JUNIOR

Possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016), graduando em Engenharia de Produção, com conhecimento em ferramentas como Word, Excel, AutoCad, Java e QGIS.

RENATA DE JESUS BARRETO

Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL (2016). Participou do grupo de estudos do projeto Mini-BAJA para a criação de um protótipo automotor e off-road, gerenciando a equipe de Direção e Suspensão (10/2012 -07/2013). Atuou como integrante da comissão organizadora do I ENALEP: Encontro Alagoano de Engenharia de Produção (2014). Foi bolsista do Programa de Bolsa de Desenvolvimento Acadêmico e Institucional (BDAI) da Pró-reitoria Estudantil (PROEST - UFAL) no projeto de pesquisa e extensão "Aplicação de Modelos Matemáticos de Pesquisa Operacional e Simulação Computacional para Otimização de Processos Industriais do Alto Sertão Alagoano"(10/2014 - 09/2015). Atuou como estagiária no setor de Beneficiamento da Produção na Fábrica da Pedra Fiação e Tecelagem S.A, realizando o controle de qualidade Têxtil e gestão de processos (2015). Foi membro fundadora da empresa Júnior de Engenharia de Produção, Vetor Consultoria e Projetos, exercendo os cargos de Gerente de Sistemas de Informação (04/2014 - 04/ 2015) e Diretora de Sistemas de Informação (04/2015 - 05/2016), onde realizou a liderança de equipes para execução de projetos de consultoria em: logística, sistemas de informação, layout de fábrica, plano de negócios e plano de marketing.

RENATA MACIEL BOTELHO

Mestranda em Educação Matemática (2017), Graduada em Licenciatura Plena Matemática pela Faculdades Oswaldo Cruz (1999), Pós-graduada em Educação Matemática (2001), Pós-graduada em Pedagogia (2004) e Pós-graduada em Gestão Escolar (2017). Professora de Matemática e Física desde 1994. Professora do Centro Paula Souza em ETEC (Escola Técnica), desde 2004, onde foi Coordenadora de curso do Ensino Médio (4 anos) e Diretoria de Serviços Acadêmicos (2 anos). Na mesma instituição, desde julho/2016 ocupa o cargo de Diretora de Escola Técnica (ETEC Jaraguá).

Page 221: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

ROZIANI MARIA GOMES

Licenciada em Matemática pela Faculdade Santa Marcelina, Engenheira Civil pela UniREDENTOR, Técnica em Reciclagem pelo IF Sudeste de Minas, Especialista em Engenharia Ambiental pela Universidade Cândido Mendes, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Viçosa com ênfase na linha de pesquisa - Comportamento Ambiental do Espaço Construído. Atua como professora de Matemática do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

SANDRA MIRANDA NEVES

Possui doutorado em Engenharia de Produção pela UNESP (FEG), mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e graduação em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Líder do Grupo de Estudos em Qualidade e Produtividade (GEQProd). Atualmente é Professora Adjunta na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI). Linhas de pesquisa e atuação: Gestão da Qualidade e Gestão de Projetos.

TARCÍSIO GONÇALVES DE BRITO

Possui graduação em Engenharia Mecânica, especialização em Engenharia Ambiental, mestrado em Engenharia Mecânica e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Itajubá (2015). Tem experiência nas áreas de Engenharia Mecânica e Produção, atuando nos seguintes temas: Processos de Manufatura, Desenho Técnico I e II, Elementos de Máquinas, Dinâmica de Máquinas, Controle de Qualidade. Atua na área de Projeto e Análise de Experimentos. Atualmente professor adjunto A da Universidade Federal de Itajubá, Brasil.

THAÍS SPIEGEL

Doutora e Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ. Graduada em Engenheira de Produção pela Escola Politécnica da UFRJ. Professora Adjunta da Faculdade de Engenharia da UERJ. Pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Engenharia e Gestão em Saúde (LEGOS/UERJ). Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Projeto Organizacional, Modelos de Gestão e Referência, Tomada de decisão, Engenharia de Processos de Negócio e Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos.

THAIS TESCH BONESS O

Possui graduação em Engenharia de Produção pela UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá, Campus Itabira (2017). Áreas de interesse: Engenharia de Qualidade, Lean Manufacturing, Projetos Seis Sigma.

THIAGO DUQUE E SILVA

Nasceu em Recife, PE, Brasil, em 1994. Possui curso técnico profissionalizante em Eletroeletrônica pelo Instituto Federal de Pernambuco - Campus Pesqueira. Atualmente estuda Engenharia Elétrica - Eletrotécnica pela Escola Politécnica de Pernambuco, ligada à Universidade de Pernambuco.

Page 222: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários

AU

TOR

ES

VINÍCIUS DINIZ ORNELLAS

Graduado em Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia da UERJ. Participou da criação e do desenvolvimento de uma Startup. Tem experiência na área de Engenharia de Produção com ênfase em Gestão da Qualidade, Design Thinking, Metodologia Lean, Inovação e Desenvolvimento de Novos Negócios.

WAGNER COSTA BOTELHO

Profº. Doutor em Engenharia de Produção (UNIP, 2013), Mestre em Engenharia de Produção (UNIP, 2005), graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC, 1989). Pós-graduações: Engenharia de Segurança do Trabalho (UNIP, 1996), Complementação Pedagógica em Matemática (FATEMA, 1997), Engenharia de Produção (USJ, 2003), MBA em Gestão Ambiental (UNINOVE, 2009) e Gestão Escolar (FAMOSP, 2017). Tem 23 anos de experiência na área da educação e 27 anos na de engenharia.

WALLYSSON KLAUS PIRES BARROS

Graduando do último período em Engenharia Elétrica Eletrotécnica na Escola Politécnica de Pernambuco (POLI) - Universidade de Pernambuco (UPE) e Profissional na área de Manutenção de Microcomputadores, Design Gráfico, Web Design e Formação de Operadores. Concluiu a Bolsa de Iniciação Científica pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) junto ao Projeto intitulado SIG@TRANS - Sistema de Informações Geográficas para Gestão da Segurança Viária, obtendo publicação nos Anais do Congresso Nacional de Excelência em Gestão (CNEG). Concluiu a Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC/POLI com o projeto: Uso de Cristais Líquidos na Criação de Direcionadores Multifísicos, projeto que possui o resumo expandido publicado nos Anais da Mostra POLI 2016, foi Premiado como a Melhor Apresentação de IC do Curso de Engenharia Elétrica Eletrotécnica, também na Mostra POLI 2016, e foi aceito para publicação da Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada (REPA). Membro do Grupo de Pesquisa: Fotônica e Eletromagnetismo Aplicado junto à UPE. Possui curso Técnico em Eletrotécnica pelo Centro de Profissionalização e Educação de Pernambuco (CEPEP), com habilitação junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE) através do Registro nº 181682938-2, aluno do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) no curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática e aluno do curso Técnico em Segurança do Trabalho, através do Ensino à Distância da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Atualmente é membro de grupo de Extensão do IFPE Paulista, junto ao projeto: MOCCA - Modelo de Cadeira Condutória Automatizada. Foi monitor das disciplinas: Química Geral e Instalações Elétricas Industriais no curso de graduação em Engenharia Elétrica Eletrotécnica junto à POLI/UPE e monitor da disciplina: Informática Básica no curso Técnico em Manutenção e Suporte em Informática junto ao IFPE Campus Paulista. Cursa o Mestrado em Engenharia de Sistemas da Universidade de Pernambuco (POLI/UPE), como aluno especial do PPGES (2017).

YAGO DE MOURA BARROS PESSOA

Formando em engenharia de produção pelo Centro Universitário Cesmac. Participando atualmente de seu segundo projeto científico, também integra a empresa Aliança Jr. Consultoria Empresarial, empresa júnior do curso de administração sua universidade, na posição de Diretor de Produção e Logística. Publicou dois artigos em congressos nacionais.

Page 223: Editora Poisson · 2. APQP - PLANEJAMENTO AVANÇADO DA QUALIDADE DO PRODUTO O APQP é utilizado hoje pela Ford, GM e Chrysler e algumas afiliadas. Fornecedores são normalmente necessários