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Editorial - ABRAFATI - Associação Brasileira dos Fabricantes de … · Editorial A ABRAFATI nasceu 30 anos atrás com o objetivo de fomentar o desenvolvimento do setor de tintas

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Editorial

A ABRAFATI nasceu 30 anos atrás com o objetivo de fomentar o desenvolvimento do setor de tintas. Este foi o objetivo ao qual nos dedicamos e que até hoje norteia as nossas ações.

Seguindo um caminho coerente e consistente, que teve como bússola os valores e princípios estabelecidos no início de nossa atuação e continuamente reforçados ao longo dos anos, supe-ramos, seguidamente, nossos objetivos.

Esta edição descreve, resumidamente, os principais programas e ações que desenvolvemos e executamos, que resultaram em importantes contribuições. Eles devem ser entendidos como um conjunto integrado de iniciativas, que se complementam uns aos outros fortalecendo nossa atuação em prol do desen-volvimento setorial sustentável. O resultado somado de todos eles é uma cadeia de tintas moderna e competitiva, capaz de produzir com a melhor tecnologia e a mais alta qualidade, que conta com profissionais capacitados e atualizados, que atende às demandas da sociedade e dos usuários, que prioriza a sus-tentabilidade em sua estratégia e que impõe uma postura ética.

Graças a essas iniciativas, nosso setor está mais forte, ordena-do e sustentável, possuindo uma imagem positiva e sendo reconhecido pelo papel que desempenha no desen-volvimento econômico e social do País.

Nossa trajetória é mais bem entendida pela palavra de alguns personagens que lideraram a ABRAFATI, em diversos períodos, ao longo destes 30 anos, responsáveis diretos pelos resultados alcançados e pela construção do que nossa Associação é hoje. As entrevistas, nesta edição, representam um registro vivo de nossa história.

Valorizamos muito o que fizemos até aqui, que serve como base e estímulo para continuarmos avançando. Con-tamos com pilares sólidos que pautam a nossa atuação: Qualidade de produtos e serviços, baseados em normas técnicas e na capacitação de profissionais; Representatividade, pela participação em nossa estrutura de todos os principais fabricantes de tintas e dos fornecedores e pela nossa atuação junto aos órgãos da iniciativa privada e do governo; Competitividade, incentivando um mercado dinâmico, a livre concorrência, a contínua redução de custos e o aumento de produtividade; Sustentabilidade, disseminando as melhores práticas, na cadeia produtiva, quanto ao respeito ao meio ambiente, à saúde e à segurança dos envolvidos, às necessidades sociais e aos im-pactos econômicos; Ética, postura e prática inegociáveis por parte da ABRAFATI e dos seus associados.

Temos uma história vitoriosa. Mantemos valores e princípios sólidos. Adquirimos representatividade e reconheci-mento diante dos mais diversos públicos. Isso só foi possível graças à atuação dos Conselhos Diretivo, Consultivo e Fiscal, das Comissões, Comitês e Grupos de Trabalho, dos consultores e assessores e de nosso staff. Mas que-remos manter o olhar voltado para o futuro, estando sempre atentos às demandas da indústria e da sociedade.

Prosseguiremos trabalhando com foco em nosso objetivo maior, que é promover o desenvolvimento setorial sustentável. Para isso, ampliaremos as nossas ações, criaremos novas iniciativas, participaremos de iniciativas conjuntas com outros setores, buscando ainda maior alcance e potencial transformador.

Sabemos que construir o futuro da cadeia de tintas depende de todos nós. Afinal, a ABRAFATI é construída por pessoas e é o reflexo de seus associados. Contamos com vocês para os próximos passos desta trajetória!

Dilson FerreiraPresidente-executivo

Alberto Murayam

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Índice

Matérias

Entrevistas

Antonio Carlos Lacerda

Ernst Blumenthal

Auguste George van Blarcum de Graaff

Heinz Mayer

Jorge Fazenda

Gisele Bonfim

Dilson Ferreira

Fernando Val y Val Peres

Telma Lúcia Florêncio

Marcio Grossmann

Antonio Carlos de Oliveira

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Congresso tem papel chave para tornar o setor mais forte e sustentável

Exposição consolidou-se como local para conhecer principais inovações globais

Qualidade: benefícios para o consumidor e para todo o mercado

Bibliografia especializada desenvolvida no Brasil dissemina conhecimentos

Programa Pintor Profissional promove capacitação de milhares de participantes

Curso de Tintas contribui para a atualização de conhecimentos dos profissionais do setor

Sustentabilidade tornou-se parte essencial da estratégia da indústria

Programa Coatings Care traz contribuição significativa para a sustentabilidade

Encontro de Brigadas: preparação para agir em situações de emergência

Seminário de Assuntos Ambientais: oportunidade para debater temas chave

Prêmio ABRAFATI: estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico

Reconhecimento crescente ao longo dos anos abre novas possibilidades de atuação

Fórum ABRAFATI: informações e análises fundamentais para planejar

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Syda Productions / Adobe Stock

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Entrevista: Antonio Carlos Lacerda

União para qUe o mercado cresça na direção correta

que balanço faz do período em que esteve à frente do conselho diretivo?Foram quatro anos de transfor-mação. Assumi a presidência do Conselho em 2012, que talvez tenha sido o último ano de cres-cimento desse período. Depois tivemos um momento de grande turbulência, o que fez com que a ABRAFATI tivesse de redire-cionar as suas ações. Nossa vi-são continua a mesma: promo-ver o desenvolvimento setorial de modo sustentável. Cada vez mais, isso se torna importante nesse mercado, em que há tan-tos desafios. Nesse sentido, o papel da Associação é funda-mental, para que, juntos, com objetivos claros, com uma di-reção definida, tanto as empre-sas pequenas como as médias e grandes estejam orientadas para promover o crescimento sustentável.Esse é o maior desafio que te-mos hoje. Eu vejo, por exemplo, o Programa Pintor Profissional. É sensacional, uma ferramenta mui-to importante, capacitando pinto-res para que o mercado cresça. Sempre repito que no momento em que tornarmos a pintura algo

mais fácil, vamos nos desenvol-ver mais e o mercado vai crescer bastante. A ABRAFATI vem tra-balhando muito nesse sentido, de termos pessoas capacitadas e que possam desempenhar bem esse papel de pintar a casa, o apartamento, a loja, o tipo de imóvel que seja. Aí, sim, podere-mos continuar crescendo e de-senvolvendo o setor de tintas de uma forma sustentável.A questão da sustentabilidade é algo que, sensivelmente, tem alterado o rumo do mercado nos últimos anos. A ABRAFATI, também em linha com essa ten-dência, criou o Comitê de Sus-tentabilidade e tem promovido cada vez mais essa questão, com uma discussão muito am-pla sobre como nós podemos fazer com que a produção de tintas e a sua utilização sejam mais sustentáveis, para que ela traga o mínimo dano ambiental possível. Temos trabalhado isso tudo não somente na utilização da tinta, mas também em conjun-to com várias outras associações. Instituímos agora, por exemplo, um modelo de como trabalhar em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Tivemos um grande avanço ao conseguir que a embalagem pós-consumo de tinta fosse considerada um resí-duo não perigoso. Isso faz com que ela possa ser destinada de forma mais fácil, lembrando que, hoje, uma grande parte dessas latas já é reciclada. Fizemos com que os mais diferentes órgãos go-vernamentais ficassem sensíveis à nossa causa. Essa foi uma das grandes conquistas que tivemos nos últimos anos. Antonio Carlos Lacerda: sustentabilidade tem

alterado o rumo do mercado

Alberto Murayam

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Sem sombra de dúvida, nos úl-timos anos a Associação se for-taleceu. Empresas pequenas, mé-dias e grandes estão em um só corpo trabalhando para o desen-volvimento sustentável do setor. Talvez seja este o maior legado da minha gestão: aumentar a par-ticipação de todas as empresas, fabricantes de tintas e fornece-dores. Hoje, todos têm uma voz. São ouvidos e têm influência no direcionamento da Associação.Tem sido um grande prazer ser o presidente do Conselho Diretivo da ABRAFATI nos últimos anos. É uma atividade que me deixa muito orgulhoso e eu gosto bas-tante de interagir com todos os associados, para que possamos entender as suas necessidades e, em conjunto, definir os objeti-vos da Associação.

Presidente do Conselho Diretivo da ABRAFATI por dois mandatos (entre 2012 e 2016), Antonio Carlos Lacerda é vice-presidente sênior de Químicos, Produtos de Performance e Sustentabilidade da BASF para a América do Sul. Nesta entrevista, ele faz um balanço de sua gestão e fala sobre os caminhos futuros do setor.

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Ao longo dos últimos anos tem existido uma política de inclusão muito forte, seja de fornecedo-res, seja de pequenos, médios ou grandes fabricantes. A voz que as empresas têm hoje é equânime. Debatemos os temas de igual para igual, pois todos têm o mesmo interesse, que é o desenvolvimento setorial susten-tável. De uma forma inteligente, temos todos de trabalhar para que o setor seja mais competiti-vo, eficiente e sustentável.

como enxerga o caminho que vem pela frente?O caminho futuro exige que te-nhamos mais unidade, estejamos ainda mais juntos e mais fortes, não somente na ABRAFATI. Temos tido uma política de aproximação com outras associações. É muito difícil conseguir algo sozinho. É preciso, em conjunto, criar uma pauta positiva, para que ela te-nha mais força. O caminho daqui para a frente é fazer com que to-das essas associações, entidades e também órgãos governamentais estejam juntos, para promover, de uma forma efetiva, o crescimento. Apesar de toda a crise, que é um momento em que temos de estar ainda mais juntos, para alcan-çar nossos objetivos. A crise, na verdade, é um catalisador. É um momento difícil, em que temos de tomar decisões não tão agra-dáveis, mas é um estímulo para que as empresas se modernizem e se tornem mais eficientes, sus-tentando-se no mercado. Assim, quando vier o momento de pros-peridade, estaremos preparados para crescer, crescer e crescer...Esse é um papel fundamental da Associação em épocas como a atual: fazer com que estejamos juntos.

quais são os desafios em termos de tecnologia?Sempre bato na tecla de que o mercado tem de progredir, não pode regredir. Isso tem de ser verdade em todos os segmentos

de tintas. Temos de procurar, cada vez mais, agregar valor ao nosso produto e fazer com que esse valor seja percebido pelos clientes. Todos da cadeia ga-nham com isso. Temos, portan-to, de olhar para a frente. Vejo vários exemplos no mercado de tintas cada vez melhores ofere-cidas aos clientes, para que eles tenham benefícios ao usar esse produto.Como indústria, temos de evitar a tentação de abrir mão da qua-lidade e da tecnologia. O peso da tinta em relação à mão de obra continua sendo pequeno. Por isso, vale a pena o investi-mento em uma tinta melhor. É nessa direção que o setor tem de trabalhar: oferecer tintas que tra-gam benefícios, que tenham algo a mais: lavabilidade maior, resis-tência maior às intempéries etc.

então é preciso investir para buscar diferenciação?Essa busca é algo que todo fa-bricante deve fazer. Toda a in-dústria já trabalha nessa direção de agregar um valor real, perce-bido pelo cliente. Mas pode tra-balhar com ainda maior ênfase para a adição de tecnologia. É fundamental trazer as soluções funcionais que nós temos dis-poníveis, principalmente para as tintas imobiliárias, mas também para os demais segmentos. O consumidor só baixa a exigência por tecnologia se ele não enxer-ga um valor naquela tinta.Tivemos uma transição funda-mental, há quase 10 anos, quan-do tinta passou a ser vista como elemento de decoração e não mais como material de cons-trução. Foi um momento muito importante e o mercado mudou depois desse posicionamento. Juntamente com isso, a cor en-trou na casa dos brasileiros e tem, cada vez mais, dominado o portfólio de lançamentos da indústria de tintas. É nesse sentido que o setor tem de ir: continuar trazendo inova-

ção e sustentabilidade e valori-zar as funcionalidades, os bene-fícios, a cor para o consumidor e o cliente. Com isso, o nível de tecnologia continuará crescendo.

de que forma os programas e ações da aBraFati se articulam com essa necessidade?A contribuição da ABRAFATI para a melhoria da percepção dos consumidores em relação ao nível de qualidade das tin-tas fica muito clara por meio do Programa Setorial da Qua-lidade. Esse certamente foi um grande divisor de águas que ti-vemos na indústria, movendo o mercado no sentido de oferecer produtos melhores. Os próximos passos têm a ver com a inova-ção e com a sustentabilidade. A sustentabilidade é outro passo importante que neste momento estamos dando, é um tópico que é hoje a garantia do nosso futu-ro. A predominância das tintas à base de água é um dos exem-plos do que está acontecendo nessa área. E a ABRAFATI aí tem papel muito importante, fazendo com que os profissionais este-jam capacitados para entregar os melhores produtos. Toda a indústria precisa se modernizar, para que a melhoria seja perce-bida pelo consumidor. Para fazer isso, capacitação é indispensável. Temos um conjunto de ações voltadas para o nosso objetivo de promover o desenvolvimento setorial sustentável, que incluem a capacitação dos pintores, os cuidados com a destinação dos resíduos sólidos, o trabalho con-junto com o governo e outras associações, o estímulo à inova-ção e inúmeras outras, que fa-zem com que a ABRAFATI seja cada vez mais forte. Mas, na ver-dade, todos em conjunto temos de nos tornar mais fortes, para que o mercado cresça na dire-ção correta, da sustentabilidade, da inovação, da perenidade. To-dos ganhamos com isso.

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30 anos

CONGRESSO TEM PAPEL CHAVE PARA TORNAR O SETOR MAIS FORTE E SUSTENTÁVELAo longo de 14 edições, evento possibilitou aos profissionais do Brasil conhecer o que de mais relevante se pesquisa e desenvolve no mundo, mantendo-os atualizados.

Entre os objetivos centrais da atuação da ABRAFATI, sempre es-tiveram em destaque dois temas que são indissociáveis: por um lado, o estímulo à pesquisa e à inovação tecnológica; por outro,

a disseminação de conhecimen-tos dentro e fora da cadeia pro-dutiva.

Para atender a eles, ao longo dos últimos 30 anos foram idealiza-dos, implementados e permanen-temente aprimorados programas e iniciativas muito exitosos, que se interconectam e contribuem para que o setor e os profissio-nais que nele trabalham se man-tenham tecnologicamente atuali-zados, acompanhem as principais tendências internacionais e pos-sam constantemente desenvolver novidades.

Um dos exemplos mais represen-tativos nessa seara é o Congresso Internacional de Tintas, reconhe-cido há muitos anos como um dos principais em sua especialidade no mundo.

Sua primeira edição aconteceu em 1989, sendo muito bem sucedida e estimulando as melhorias que foram incorporadas a cada novo Congresso. O evento era menor e menos profissional em termos de organização, mas seus propósitos se mantêm até hoje, como mostra um texto daquela época, que re-sume o que se buscava: “Com esta

Com sua programação ampla e de elevado nível técnico, o Congresso proporciona aos participantes a oportunidade de ter contato com os temas mais inovadores e atuais

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vasta gama de trabalhos técnicos envolvendo o assunto tintas, acre-ditamos que a ABRAFATI poderá contribuir substancialmente para a difusão de ideias que, levadas pelos congressistas às suas res-pectivas empresas, poderão ser o embrião de desenvolvimentos re-levantes nas mais diversas áreas”.

Nas quatorze edições já promovi-das, as principais ideias, as pes-quisas em andamento, as desco-bertas mais recentes relacionadas ao universo das tintas foram apre-sentadas em mais de 1.000 traba-lhos técnicos de autoria de pro-fissionais de todo o mundo, tanto do meio empresarial quanto do acadêmico.

Com o efeito sinérgico propor-cionado por sua realização con-comitante com a Exposição In-ternacional de Fornecedores, o Congresso proporciona a milhares de profissionais a oportunida-de de ter contato com os temas mais inovadores que são objeto de pesquisas e os mais recentes desenvolvimentos da indústria.

Na última edição, por exemplo, mais de 12 mil pessoas visitaram o evento e saíram de lá com infor-mações valiosas para o seu traba-lho atual e futuro.

“Os participantes têm – a par-Sessão Pôster, introduzida no evento em 2003, permitiu ampliar o leque de trabalhos e abriu novo espaço para a interação entre autores e o público

tir dos trabalhos apresentados na programação de palestras, na Sessão Pôster e em eventos complementares, assim como nos estandes dos principais forne-cedores – uma visão abrangen-te das soluções mais avançadas, viáveis e sustentáveis em termos de matérias-primas, formulação, aplicação de tecnologias, incre-mento de performance, funciona-lidades e muitos outros aspectos.

E tudo isso é levado para dentro das empresas, contribuindo para a inovação e o desenvolvimen-to tecnológicos”, explica Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI.

As empresas entendem que esse é um espaço voltado para impul-sionar o conhecimento dos pro-fissionais e debater novos desen-volvimentos e insights – o que repercute diretamente na evolu-ção tecnológica da cadeia de tin-tas. Por isso, estimulam seus es-pecialistas a inscrever papers que mostrem o atual estágio das suas pesquisas e ações voltadas para a inovação.

“Essas empresas sabem que são beneficiadas por esse intenso in-tercâmbio de ideias e experiên-cias, ao mesmo tempo em que consolidam a sua imagem de lan-çadoras de tendências e impul-sionadoras do avanço, o que tem repercussões favoráveis em seus

As primeiras edições do Congresso já reuniam um público amplo e qualificado, ávido por conhecer as novidades

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Arquivo ABRAFATI

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negócios”, afirma Dilson Ferreira. “Merece destaque, também, a ex-pressiva participação de pesqui-sadores ligados a universidades e centros de pesquisa, o que é extremamente positivo por contri-buir para a necessária integração entre indústria e academia, que precisam ter uma parceria mais efetiva em prol da ciência e da tecnologia. Isso é ainda mais re-levante porque esses pesquisado-res sofrem menos as pressões do tempo e da relação custo-bene-fício e, portanto, podem explorar mais a fundo possibilidades que a indústria algumas vezes deixa de lado”, acrescenta.

Sempre trazendo os temas mais atuais e abordando aquilo que está por vir, o evento desempenha papel indispensável na construção dos caminhos que levam à tinta do futuro.

Sustentabilidade ganhou força crescente

Tendo participado, desde o início do Congresso, da avaliação dos trabalhos enviados por pesquisa-dores de todo o mundo, o químico Jorge Fazenda, consultor científico da ABRAFATI e reconhecido como um dos principais especialistas brasileiros em tintas, salienta que nos últimos anos se consolidou a tendência de que os trabalhos foquem em produtos e processos cada vez mais amigáveis ao meio ambiente e que permitam ofere-cer respostas às necessidades do consumidor, da sociedade e do mercado. “Hoje, a sustentabilida-de é um tema chave no evento e os trabalhos refletem isso”, asse-gura.

Especialmente nos últimos anos, com essa ascensão da sustenta-bilidade como tema central para o setor e com as inovações pos-sibilitadas por novos caminhos tecnológicos (entre os quais o da nanotecnologia), o Congresso manteve seu foco em trabalhos que ajudam a entender as ten-dências e a visualizar as inovações

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Andrew Doyle, presidente da American Coatings Association, em Sessão Plenária da ABRAFATI 2015, que reuniu grandes personalidades em um painel sobre inovação e sustentabilidade

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Entrevista: Ernst Blumenthal

Foco no desenvolvimento técnico

pode nos contar sobre o momento da fundação da aBraFati?O Brasil estava passando por uma daquelas convulsões. Sucediam-se planos econômicos e a inflação era alta. A indústria de tintas não tinha representatividade nacional. Assim, por iniciativa das maiores empre-sas, foi criada a ABRAFATI. Eram só cinco grandes empresas inicial-mente, mas logo buscaram torná-la mais representativa. Fui visitado em meu escritório, na Globo Tintas, por Mario Fernandes, da Glasurit, para me motivar a participar. O mesmo foi feito com outros fabricantes de médio e pequeno porte, como Luiz Carlos Caovilla, da Colorgin, Oscar Windmuller, da Polidura, Silverio Macchia, da Tintas Âncora. Trabalhando primeiro em cima das questões mais urgentes, depois a ABRAFATI evoluiu. Vimos o que se poderia fazer pelo desenvolvimento do setor. Ideias surgiam na mesa da Diretoria e nas comissões que foram criadas. Foi assim que surgiu o Congresso Internacional de Tintas.

como se tornou presidente da aBraFati?Essa é uma história curiosa, mas que aconteceu bem depois. O presi-dente sempre precisava ser um dos fundadores, mas houve um perío-

do em que nenhum alto executivo das cinco empresas iniciais podia. Chamaram-me para um jantar e me convidaram. Tive de aceitar. Fui o único presidente a fugir à regra.

comente um pouco sobre o trabalho das comissões.Foi um trabalho muito importante. Havia muitas discussões funda-mentais. O primeiro período foi de geração de ideias, com foco no desenvolvimento técnico-científico. A Comissão Técnica, da qual eu participei por muito tempo, teve um papel chave na discussão de soluções. Muitos dos programas que hoje existem tiveram um em-brião nas décadas de 1980/1990. Algumas vezes não havia condi-ções técnicas ou de mercado para lançá -los naquele momento, mas depois eles se concretizaram.

como foi montado o primeiro congresso?Percebemos a importância de ter algo de alto gabarito, para ajudar a formar os nossos técnicos, ten-do contato com fornecedores, com químicos de outros países, com no-vidades. Somente dentro do labora-tório, eles não tinham esse acesso.Não entendíamos nada de Con-gressos. Fizemos aos trancos e bar-rancos, mas o resultado foi bom. Conseguimos trazer palestrantes que pudessem transmitir conheci-mentos. Na Exposição, a primeira experiência foi baseada em pou-ca informação. Não sabíamos se haveria interesse. Achávamos que podíamos fazer tudo sozinhos, mas logo percebemos que não sabía-mos nada. A questão do custeio também era uma grande preocupa-ção. Depois do 2º Congresso, tudo ficou mais fácil. Fomos aprendendo e contratamos uma empresa espe-cializada para nos ajudar.

Ernst Blumenthal: muitos programas atuais tiveram um embrião nos anos 1980-90

Deve ser destacado que até hoje o Congresso continua tendo o mesmo papel: ajudar os participantes, con-tribuindo para o desenvolvimento tecnológico e do mercado. O nosso Congresso está no topo, quando comparado aos similares no mundo.

quais temas chamaram a sua atenção ao longo dos anos?Além dos que já mencionei, du-rante muito tempo a importação de matérias-primas foi uma ques-tão crítica, por causa da situação cambial e da disponibilidade. Esse era um tema sempre debatido nas reuniões de Diretoria. O dióxido de titânio era um caso exemplar: havia produção nacional, mas in-suficiente. Sempre procuramos substituir matérias -primas importa-das. Havia alíquotas altas, o que estimulava a indústria nacional. Depois, reduziu-se esse ímpeto para a substituição, o que consi-dero um erro, porque prejudicou ou inviabilizou a produção de de-terminadas matérias-primas.

Com 44 anos dedicados à indústria de tintas, sempre com o olhar atento para a inovação, Ernst Blumenthal teve papel fundamental na ABRAFATI desde a sua fundação. Participou ativamente da sua Diretoria (inclusive como presidente entre 1994 e 1997) e de inúmeras outras atividades. Foi o grande mentor do Congresso Internacional de Tintas.

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Entrevista: Auguste George van Blarcum de Graaff

BUscando avanços para o setor

como foi a sua experiência na aBraFati?Naquele tempo, os sócios-fundado-res designavam representantes para dirigir a ABRAFATI. Assim, fui vice- presidente por dois anos e presi-dente por outros dois, entre o fim dos anos 1980 e o início dos 1990.Um dos grandes objetivos que tí-nhamos na época era dar um cor-po mais sólido para o Congresso e fortalecer a Exposição. Tivemos sucesso, pois o evento cresceu

e trouxe importante contribuição. Técnicos conceituados vinham para o Congresso e era importan-te que houvesse boa quantidade de palestrantes estrangeiros, não só porque dava ibope, mas porque eles traziam novidades para co-nhecermos aqui. Eu mesmo assis-tia mais às palestras dos estran-geiros, porque com os brasileiros tinha possibilidade de contato no dia a dia. Aumentou muito o número de ex-positores, o que foi importante para que fornecedores percebessem a necessidade de melhorar e para aumentar a concorrência. Também passou a gerar uma importante re-ceita para a ABRAFATI e a dar maior renome à Associação. Além disso, projetou o Brasil no mundo, como produtor de tinta. Na época, o País já tinha boa capacitação em tintas e pôde avançar mais.

quais os outros objetivos que existiam?Uma de nossas prioridades era conseguir mais sócios, para que pudéssemos representar 80% da produção. Havia uma visão de que ABRAFATI era representante dos grandes fabricantes e isso tinha de ser combatido, demonstrando-se que não era assim. Entraram novas empresas, muitas delas es-pecializadas em um determinado nicho. Isso, naturalmente, gerou novas demandas por serviços da Associação.A terceira grande preocupação era com a qualidade de mão de obra, principalmente dos técnicos que trabalhavam na indústria. Não havia muito onde aprender. Mais tarde, a demanda por químicos passou a ser atendida por novas faculdades, mas na época havia pouquíssimas. Muita gente fazia as próprias resi-nas e por isso precisavam de pro-fissionais especializados.

Foi dessa situação que surgiu a ideia de a ABRAFATI dar seus próprios cursos. A maior dificul-dade foi estabelecer um currícu-lo. Para atuar como professores, havia gente bem preparada, como Jorge Fazenda, que na minha opi-nião era o maior conhecedor da química de resinas daquela época. O Mario Krausz deu também óti-ma contribuição, ensinando a usar e consultar os Chemical Abstracts, o que era fundamental para quem trabalhava nos laboratórios.Outra atividade impulsionada nes-sa época foi o Prêmio ABRAFATI. Mas não tive quase nenhum en-volvimento com isso. Quem cui-dava era Ernst Blumenthal. Deve ser destacado que essa iniciativa buscou atacar um problema que até hoje existe: a necessidade de integrar mais a universidade e a indústria.

como era o ambiente de negócios nessa época? Tínhamos acabado de sair de uma época de rígido controle de pre-ços. Para obter reajuste era uma dificuldade e a importação de matéria-prima era muito complica-da. Além de Brasília, vivíamos no Rio de Janeiro, onde havia vários órgãos governamentais, com os quais precisávamos discutir, como o CIP (Controle Interministerial de Preços). A indústria de tintas pas-sou por um período longo com baixa rentabilidade.Depois houve a crise do Plano Collor. Chegamos a ter um mês sem vender um litro de tinta. Mas logo isso foi superado, porque sempre houve demanda por tintas.Os temas principais que nos preocupavam eram esses que mencionei. Só mais para a frente é que surgiram novas demandas, como a ênfase à necessidade de produzir com qualidade.

Nascido na Indonésia, Auguste George van Blarcum de Graaff chegou ao Brasil em 1949. Licenciado em química pela USP, começou sua carreira na Quimbrasil e, em 1986, tornou-se o principal executivo da Tintas Coral. A partir desse ano, teve intensa participação na ABRAFATI, cuja presidência ocupou entre 1990 e 1992.

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Auguste de Graaff: Congresso e Exposição projetaram o Brasil no mundo

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que ditam os rumos da indústria e procuram responder às demandas atuais e futuras do consumidor, da sociedade e do mercado.

Ampliando a programação, com o aumento do número de palestras, a criação da Sessão Pôster (em 2003) e a realização do Seminário ABRAFATI-Rad Tech South America de Cura por Radiação, a partir de 2009, com palestras focadas no uso dessa tecnologia, foi possível tornar ainda mais valioso o pa-pel desempenhado pelo evento no impulso ao desenvolvimento tec-nológico da cadeia de tintas.

Assim como aconteceu desde o primeiro Congresso, o balanço da última edição foi extremamente positivo, atraindo o interesse dos profissionais que buscam aprimo-ramento, atualização e novos co-nhecimentos.

Foram apresentados 143 traba-lhos de alta qualidade técnica, que representam um valioso acer-

vo de conhecimentos colocado à disposição dos profissionais e das empresas do setor.

“Em 2015, tivemos um número re-corde de trabalhos no Congresso. Entretanto, o que deve ser ressal-tado é a sua qualidade. Os temas tratados têm grande relevância e muitos deles são estudos de van-guarda, o que certamente dará origem a novas pesquisas e trará elementos para o desenvolvimen-to de novas tecnologias e para que a sustentabilidade se torne ainda mais forte no setor”, diz Tel-ma Florêncio, diretora de Eventos Corporativos da ABRAFATI.

Especialistas conceituados nas Sessões Plenárias

Um dos pontos altos do Congres-so, atraindo um público altamente qualificado, são as palestras mi-nistradas nas sessões plenárias por profissionais reconhecidos nacional e internacionalmente por sua experiência e conhecimento

diferenciados. São apresentações que atraem um público significa-tivo, superior, em alguns casos, a 500 pessoas. Ao longo das edi-ções, foram 45 as grandes per-sonalidades, boa parte das quais vindas do exterior, que apresenta-ram as visões da indústria, do meio acadêmico e de associações re-presentativas da cadeia produtiva sobre o futuro e sobre temas chave para o setor, assim como análises sobre economia, política e ética.

“São sempre conferências muito especiais, que nos ajudam a en-tender o panorama à frente, apon-tando caminhos e antecipando tendências. Tanto os temas dire-tamente ligados às tintas – sejam eles focados no mercado ou em inovações tecnológicas –, quanto aqueles que mostram um cenário mais amplo, trazem uma contri-buição extremamente valiosa para a compreensão do ambiente em que trabalharemos e para o pla-nejamento e definição de ações”, resume Dilson Ferreira.

Em 2013, uma das Sessões Plenárias foi conduzida por Henrique Meirelles (ao centro), ex-presidente do Banco Central do Brasil durante oito anos. O debate contou com a participação de Antonio Carlos Lacerda, Dilson Ferreira, Antonio Carlos de Oliveira e Mark Pitt, representando o setor de tintas

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30 anos

EXPOSIÇÃO CONSOLIDOU-SE COMO LOCAL PARA CONHECER PRINCIPAIS INOVAÇÕES GLOBAISO crescimento do número de fornecedores que participam e da sua representatividade no cenário internacional das tintas foi constante ao longo dos anos, transformando o evento em ponto de encontro de profissionais e em polo gerador de negócios no setor.

A Exposição Internacional de For-necedores para Tintas começou timidamente, em 1989, quase como apenas um apêndice do Congresso. Na 1ª edição, rea-lizada no Centro de Convenções Rebouças, onde o espaço era muito limitado, participaram so-mente 33 empresas. No entanto, o interesse foi tão grande que as

edições seguintes, já no Pavilhão de Exposições do Anhembi, viram esse número aumentar rápida e constantemente, até superar a casa dos 200, em anos mais re-centes. Mais importante que o número, porém, é a presença de um conjunto de fornecedores que formam a vanguarda do setor e que investem bilhões de dólares anualmente em pesquisa e de-senvolvimento. É isso que torna a Exposição o local ideal para co-nhecer as inovações.

Hoje, a Exposição atrai os prin-cipais fornecedores da América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia, que reconhecem o seu pa-pel como uma grande vitrine para mostrarem o que têm de melhor, abrindo oportunidades para fa-zerem negócios.

“O evento se internacionalizou há muitos anos e ganhou nova dimensão. Hoje, conta com uma visitação altamente qualificada, de profissionais que estão ali para conhecer novidades e tendências, ao mesmo tempo em que bus-cam recursos e novas ideias para o aprimoramento de sua produção e seus processos. A realização si-multânea com o Congresso con-tribui ainda mais para qualificar essa visitação, proporcionando ótimas condições para a interação entre os profissionais da cadeia e para a discussão de novas possi-bilidades. Enquanto no Congres-so os especialistas mais concei-tuados mostram o status de suas pesquisas, na Exposição podem ser vistas as suas aplicações na prática, que é aquilo que existe de mais avançado em termos de ma-térias-primas, formulação, aplica-ção de tecnologias, incremento de performance, funcionalidades e muitos outros aspectos”, afirma Dilson Ferreira, presidente-execu-tivo da ABRAFATI.

As dimensões do mercado brasi-leiro, que é hoje um dos maiores do mundo em volume, mobilizam os principais players do setor a participar. Da mesma forma, as perspectivas futuras de cresci-mento do consumo de tintas em toda a América Latina atraem as empresas, que enxergam exce-lentes oportunidades em um mer-cado com mais de 600 milhões de habitantes e enormes demandas. A credibilidade e o reconheci-mento conquistados ao longo de 14 edições do evento contribuem Edição 2015: dentro do evento, clima favorável aos negócios

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decisivamente para que, a cada Exposição, novos interessados, de todas as partes do globo ter-restre, busquem estar presentes.

“Somos reconhecidos como uma exposição profissional, focada nos negócios, que propicia con-tatos e oportunidades para quem participa e quem a visita”, desta-ca Dilson Ferreira. “O impacto do evento sobre o mercado é sen-tido ao longo dos meses e anos seguintes, tanto na realização de negócios como na evolução tec-nológica”, acrescenta.

Impacto positivo

O evento impacta positivamente o ânimo do mercado. Na edição 2015, por exemplo, corredores movimentados, estandes cheios, semblantes animados, conversas promissoras e forte interação en-tre os participantes contribuíram para superar o discurso negativo em relação ao cenário de cur-to prazo, abrindo oportunidades concretas.

Dentro do pavilhão, o clima era amplamente favorável, estimu-lando os negócios e reforçando a crença no enorme potencial do mercado brasileiro. Foi isso que puderam constatar os 242 expo-sitores presentes, de todo o mun-do, e os quase 13 mil visitantes que compareceram.

“Como é regra, na última edição os fornecedores se prepararam de maneira muito profissional para receber bem os visitantes, ofere-cendo a eles ambientes convida-tivos e, especialmente, soluções de alta tecnologia e com caracte-rísticas sustentáveis. Isso permitiu aos profissionais dos fabricantes de tintas de todo o Brasil e dos países vizinhos encontrar res-postas para as suas demandas”, afirma Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI.

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Na Exposição, a presença dos mais importantes profissionais do setor abre oportunidades para networking, intercâmbio de experiências e negociações

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30 anos

QUALIDADE: BENEFíCIOS PARA O CONSUMIDOR E PARA TODO O MERCADOO Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias tornou-se um divisor de águas, mudando o panorama da indústria.

A preocupação em combater a não conformidade técnica e em estabelecer parâmetros confiáveis para a avaliação das tintas sempre foi um dos objetivos centrais da ABRAFATI, desde a sua criação.

Esse tema manteve-se em for-te evidência ao longo dos anos, como relembra Telma Florêncio, diretora de Eventos Corporativos.

“As discussões sobre o Programa da Qualidade começaram nos anos 1990, com a participação de diver-sas comissões. Foi um período de debates muito ricos, sendo feito um diagnóstico muito amplo do setor. Houve várias etapas, relacionadas à criação e discussão de normas, aos testes laboratoriais, à escolha de laboratório”, relata.

Esse trabalho culminou, em 2002, na criação e implantação do Pro-grama Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias (PSQ), que teve papel decisivo para que a qualida-de das tintas entrasse definitiva-mente na agenda dos fabricantes, fornecedores, revendedores, espe-cificadores, compradores, constru-tores, arquitetos, pintores e outros públicos, incluindo os consumido-res finais. Esse processo que fez com que a exigência por tintas de qualidade ganhasse força vem sen-do gradual e segue em evolução.

“O PSQ é um divisor de águas no mercado brasileiro de tintas. A partir dele, surgiu uma nova rea-lidade, que beneficia diretamente o consumidor, ao reduzir o espaço para a atuação de quem produz intencionalmente tintas não con-formes”, afirma Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI.

Deve ser destacado, nesse cami-nho rumo à transformação, que vem beneficiando todo o setor de materiais de construção, o papel catalisador desempenhado pelo PBQP-H – Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Ha-bitat.

Na comemoração dos 10 anos de PSQ – Tintas Imobiliárias, a arqui-teta Maria Salette Weber, coorde-nadora-geral do PBQP-H, afirmou que essa iniciativa foi aos poucos trazendo uma evolução para todos os elos da cadeia produtiva, princi-palmente para os fabricantes.

“Puderam ser percebidos, ao longo desse processo, os benefícios que o investimento em conformidade e gestão traz para os envolvidos. Ao mesmo tempo, ocorreu a incorpo-ração da qualidade como um as-pecto considerado prioritário pelo governo”, explicou.

Um dos resultados mais expressi-vos do PSQ foi a transformação no panorama do setor, que passou a ter praticamente 90% do volume de tintas imobiliárias vendidas no Brasil atendendo aos requisitos mínimos de qualidade. Esse per-centual continua crescendo, com o ingresso de novos fabricantes no PSQ, juntamente com a retirada do mercado e o ajuste de marcas não conformes.

“Queremos continuar avançando, ampliando esse percentual para números cada vez mais próximos de 100% e estabelecendo novos níveis de qualidade, que estimu-lem e ao mesmo tempo reflitam a inovação e o desenvolvimento tecnológico”, diz Dilson Ferreira.

Normalização foi fundamental

Ao longo dos últimos anos, foram criados parâmetros claros, con-cretos e científicos de avaliação

Maria Salette Weber: evolução para todos os elos da cadeia produtiva

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Capa

envolveu a coleta e análise de milhares de amostras de tintas, sendo realizados mais de 30 mil ensaios de desempenho.

“São números muito significativos, que envolvem o monitoramen-to contínuo de dezenas de mar-cas de tintas, de fabricantes que participam ou não do PSQ. Isso nos permite ter um retrato fiel e sempre atualizado da situação do mercado”, explica Gisele Bonfim, coordenadora do PSQ – Tintas Imobiliárias.

Outro aspecto determinante para o ordenamento do mercado foi o estabelecimento de requisitos mínimos de qualidade para dife-rentes níveis de classificação das tintas (Econômicas, Standard e Premium) e diferentes produtos.

Somado a isso, está o segundo grande diferencial dos PSQs: é a

empresa que se qualifica, o que significa que todos os seus pro-dutos devem atender as normas. “Com esse modelo, não existe a possibilidade de uma empresa qualificada fabricar produtos que não atendam aos requisitos míni-mos”, assinala Gisele Bonfim.

Comunicação e conscientização

Desde o início, foi percebida a necessidade de dedicar esforços para mostrar ao mercado os be-nefícios trazidos pelo programa, ampliando seu reconhecimento e a sua repercussão.

Assim, foram – e continuam a ser – desenvolvidas diversas ações de divulgação e de conscientiza-ção dirigidas aos diversos públi-cos ligados às tintas, que contam com o forte apoio de um grupo de fornecedores de matérias-primas

das tintas imobiliárias, com a pu-blicação de agumas dezenas de normas ABNT (NBR) e a revisão posterior de várias delas, refletin-do a evolução do mercado e da tecnologia.

Isso permitiu a padronização das metodologias de ensaios e – o que é mais importante – a defi-nição dos requisitos mínimos de performance ou especificações mínimas de qualidade.

Quatro dessas normas destacam-se justamente por serem de es-pecificação: uma para tintas látex foscas de cor clara, outra para massas niveladoras, a terceira para esmaltes brilhantes/tintas óleo e a quarta para vernizes bri-lhantes à base de solvente para uso interior.

O trabalho de avaliação técni-ca, amparado por essas normas,

Cristina Bragato

Programa realiza um extenso e minucioso trabalho de avaliação técnica, com base nas normas ABNT

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comprometidos com a qualidade, que aportam recursos e conheci-mentos indispensáveis para o de-senvolvimento do Programa.

“Estamos buscando, cada vez mais, levar informação para a so-ciedade, estimulando a escolha de tintas em conformidade com as normas técnicas e fortalecendo a conscientização em relação a esse tema”, lembra Gisele Bonfim.

A participação em várias das prin-cipais feiras da cadeia de constru-ção, com a realização de palestras e a distribuição de material infor-mativo, faz parte desse esforço.

Reunindo um público especifica-dor de tintas, que precisa de in-formação consistente e atualizada para orientar suas decisões, esses eventos, assim como aqueles de-senvolvidos para atender aos in-teresses dos pintores, são ótimas oportunidades para mostrar as vantagens de investir na qualidade reconhecida.

Da mesma forma, os Encontros

com a Revenda promovidos em diversos pontos do território na-cional nos últimos anos contri-buíram para envolver o varejo na luta em favor da qualidade, tendo atingido milhares de profissionais, que multiplicam a informação e a conscientização.

Também para as associações de classe ligadas à cadeia de cons-trução são desenvolvidas ativida-des específicas, de modo a obter seu apoio e comprometimento com o tema. O mesmo ocorre em relação aos órgãos de financia-mento imobiliário e responsáveis por licitações, fundamentais para que novas construções utilizem tintas com qualidade assegurada, refletindo-se na defesa dos inte-resses do consumidor.

Com o Portal Tinta de Qualidade, no ar desde 2011, ampliou-se o acesso do consumidor final – e de todos os demais públicos – à informação, completando esse ci-clo virtuoso em favor da qualidade reconhecida, que envolve ainda outra grande realização – que se

tornou uma referência fundamental para lojistas e especificadores: o li-vro Tintas Imobiliárias de Qualidade – Livro de Ró-tulos da ABRAFATI, cujo conteúdo também está disponível na internet.

“O objetivo para o qual foi concebido o Livro de Rótulos é estimular a escolha de tintas com qualidade reconhecida, apresentando produtos com essa característica disponíveis no mercado brasileiro. Com isso, por um lado, estamos aten-dendo às necessidades de informação de um pú-blico amplo, que envolve profissionais do varejo, arquitetos, engenheiros, decoradores, constru-tores, pintores, respon-sáveis por licitações e consumidores, além de

outros interessados no produto. Por outro lado, o livro contribui para agregar valor às marcas que atendem às especificações das normas técnicas, diferenciando-as daquelas que não têm qualquer compromisso com a qualidade e, consequentemente, com o usuá-rio”, explica Dilson Ferreira.

O papel do Estado

Como parte do PBQP-H, do Mi-nistério das Cidades, o programa coordenado pela ABRAFATI é fru-to de uma política governamental, que estabeleceu os objetivos de melhorar a qualidade da habi-tação e modernizar os métodos construtivos.

Nos últimos anos, a importância da qualidade ganhou crescente reconhecimento por parte do go-verno federal e de governos esta-duais, assim como da Caixa Eco-nômica Federal, principal órgão de financiamento imobiliário no País.

Com isso, por meio de legislações e políticas públicas, foi restringido o espaço para a atuação dos fa-bricantes de marcas não confor-mes, que não podem vender suas tintas para programas habitacio-nais – como o Minha Casa, Minha Vida ou os da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo) – e tam-pouco podem cadastrá-las para financiamentos a obras de cons-trução e reformas com o uso do Cartão BNDES.

Ao mesmo tempo, o Ministério Pú-blico e órgãos estatais de defe-sa do consumidor têm agido com maior rigor e constância para que cesse a produção e venda de ma-teriais de construção – entre os quais as tintas imobiliárias – fora da conformidade técnica.

Deve ser destacado que alguns termos de ajustamento de conduta (TACs) já foram assinados por fa-bricantes de tintas que produziam tintas não conformes, comprome-tendo-se a não prosseguir com

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Livro de Rótulos: estímulo à escolha de tintas com qualidade reconhecida

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Entrevista: Heinz Mayer

privilegiando os interesses comUns

como se iniciou a sua ligação com a aBraFati?Quando a ABRAFATI foi fundada, eu não tinha nenhuma interferência no setor de tintas dentro da BASF, pois atuava na área de produtos químicos. O grande nome em tintas era Mario Fernandes, uma pessoa respeitada por todos. Meus primei-ros passos no setor de tintas foram ouvindo e aprendendo com ele.Mas, na época, a grande problemá-tica era a existência do CIP (Con-selho Interministerial de Preços). Todo aumento de preços tinha de ser submetido a esse órgão. Era um período altamente inflacioná-rio, então a presença no CIP era constante. Mas as multinacionais eram olhadas com certa descon-fiança no governo, em função do nacionalismo dos militares. Foi em função desse desconforto que um grupo de empresas decidiu fundar a ABRAFATI. Por volta de 1990, passei a ser presidente do Conselho de Admi-nistração da BASF. Uma de minhas funções era representar a empre-sa em entidades de classe. Foi assim que comecei a ter atuação mais direta na ABRAFATI – onde cheguei a ser presidente.

quais eram as preocupações da indústria nessa época?Existia uma preocupação grande da

indústria com a qualidade e com o conceito que as tintas tinham no mercado, de um modo geral. Havia muito produto de baixa qualidade, tintas que não resistiam à primeira chuva. Foi nessa época que Dilson Ferreira veio para ser o presidente- executivo da ABRAFATI.Foi ele que, sistematicamente e com muito apoio de colegas, lide-rou esse trabalho de convencer as indústrias a estabelecer um padrão de qualidade para as tintas, que fosse reconhecido pelo consumi-dor. A implantação do Programa da Qualidade foi uma peça-chave do sucesso do trabalho executado pela ABRAFATI nos últimos anos.

quais outras mudanças pode destacar?A tecnologia mudou muito. Em todos os segmentos houve muita renovação e muita melhoria. Em diversos casos, existia uma exigên-cia do mercado por mais inova-ção, como ocorreu com a indús-tria automobilística, que avançou muito a partir dos anos 1990. Na área imobiliária, o progresso tam-bém foi forte, com inúmeras no-vidades desenvolvidas localmente. O objetivo era fazer tintas cada vez melhores, mais resistentes e mais amigáveis para a aplicação. Em resumo, ocorreu uma moderni-zação contínua das tintas.

como avalia o papel do congresso nesse processo?O Congresso Internacional de Tintas sempre foi um fator preponderante na modernização do setor, assim como a Exposição. O evento é muito reconhecido e valorizado, pois dele participam empresas e profissionais importantes, como palestrantes e como expositores. Tornou-se uma oportunidade única para transmitir conhecimentos. Sem dúvida nenhu-ma, é uma arma de primeira linha

para o setor todo. Graças a esse Congresso, a ABRAFATI também tem uma fonte de renda, que lhe permite lançar e financiar os pro-gramas que desenvolve e que tanto contribuem para o setor.

olhando hoje a aBraFati, qual é a sua sensação? Em primeiro lugar, queria dizer que tive participação inicial em várias dessas ações sobre as quais falei, mas foram outros que as levaram adiante. Houve muitas situações difíceis, mas procuramos sempre colocar os interesses comuns à frente e, com isso, foi possível contornar os problemas. O setor de tintas é muito impor-tante. Sem tintas o mundo é triste. Mas é necessário acompanhar a modernidade, o desenvolvimen-to industrial e manter o lugar do setor – que é o que vem sen-do e continuará a ser feito. Hoje estamos vivendo uma fase difícil, como já houve várias outras. O Brasil vai sobreviver e a indústria de tintas também.

Com uma carreira de 52 anos na BASF, Heinz Friedrich Mayer teve um papel fundamental na ABRAFATI, onde participou ativamente nas discussões de diversos programas e ideias e na sua posterior implantação. Foi membro da Diretoria em várias gestões e ocupou a presidência da Associação no período 1997-1998.

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Heinz Mayer: Programa da Qualidade foi peça-chave no trabalho da ABRAFATI

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Entrevista: Jorge Fazenda

o qUe se Faz tem dado certo

como se iniciou sua participação na aBraFati?Foi na Comissão Técnica, que era muito atuante. Havia muitos temas importantes sendo discutidos. Foi ali que surgiu a ideia de criar um Curso de Tintas. A primeira edição foi em 1989 e fez muito sucesso. Os professores eram membros da Comissão ou escolhidos por ela, e o curso era mais abrangente do que é hoje, tendo sido condensado depois. Desde o início dei aulas. No começo, dava muitas matérias,

mas depois fui abrindo oportunida-des para outras pessoas, para que pudessem compartilhar seu conhe-cimento e experiência. O curso não tem a pretensão de que o aluno saia sabendo de tudo, tornando-se um expert.

e como surgiu o livro tintas – ciência e tecnologia?No curso, cada um preparava a sua apostila, que ia aprimoran-do. Até que em 1992 foi deci-dido transformar essas apostilas em um livro. A ABRAFATI deu um grande apoio, pois nenhum de nós tinha experiência e condições para editar. Vê-lo publicado foi uma sa-tisfação íntima impressionante. A grande surpresa foi o livro ter ga-nhado o Prêmio Jabuti. Isso foi um grande incentivo para aprimo-rá-lo, não só em relação às erra-tas, mas incluindo novos assuntos. Logo saiu a 2ª edição. Nessa e nas edições posteriores, foram en-trando novos autores, em função de aposentadorias ou saídas de profissionais do setor, e também pela introdução de novos temas.O livro tem a intenção de oferecer ao leitor toda a tecnologia básica de tintas de revestimento, trazen-do noções básicas de todas as linhas. É o único no Brasil a ter esse escopo. Mesmo um expert em um produto aprende e tem infor-mações sobre outras tecnologias, pois a indústria de tintas é muito ampla em termos de aplicações, tecnologias e produtos.

como avalia o congresso?O primeiro Congresso foi uma prova dura, porque ninguém tinha experiência. Mas cumpriu aquilo a que se propôs e surpreendeu quem veio de fora. Tecnicamen-te, o Congresso tem se superado desde a primeira edição. Quando

fazemos reunião do Comitê Cientí-fico, há sempre uma preocupação de que, com a qualidade do ante-rior, será difícil superar. E a cada edição tem sido melhor. Não fica devendo nada aos melhores do mundo: em nível técnico, em orga-nização, em ambiente. É impressio-nante que o Congresso consiga se manter nesse alto nível por tanto tempo, e sempre melhorando.

e o programa da qualidade?Na parte técnica, tudo o que a ABRAFATI faz tem dado certo. Foi o que ocorreu com o Programa Setorial da Qualidade, que é um grande sucesso. A qualidade me-lhorou bastante. Isso é inegável. A possibilidade de encontrar uma tinta ruim é menor. É uma prote-ção para o consumidor, que não é obrigado a entender de tintas.

como vê a inovação tecnológica nestes anos?A indústria de tintas é uma indús-tria de preparação, não de proces-so. Ou seja, juntam-se várias ma-térias-primas em uma fórmula. Por isso, os desenvolvimentos não são tão frequentes. Mesmo assim, tive oportunidade de participar de várias revoluções tecnológicas nesse pe-ríodo. Na década de 1970, vi surgir a tinta em pó eletrostática. Depois vi surgir a eletrodeposição na tinta automotiva, a wet on wet, o sistema de cura por radiação. Uma porção de novas tecnologias, portanto.No nosso setor, há desenvolvi-mentos de novas tecnologias e in-crementos (como substituição de matérias-primas) ou mudanças na fórmula. No Congresso são apre-sentados desenvolvimentos incre-mentais, basicamente. Há mudanças e inovações em matérias-primas, que levam à melhora constante na qualidade dos produtos.

Com mais de 50 anos dedicados ao setor, dos quais 33 na Tintas Coral, Jorge Fazenda sempre atuou na área técnica e é reconhecido como um dos principais especialistas brasileiros em tintas. Participou das atividades da ABRAFATI desde o seu início, tornando-se consultor da Associação no ano 2000.

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Jorge Fazenda: Congresso conseguiu se manter em alto nível por todo esse tempo

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essa prática. “As ações que são desenvolvidas têm o objetivo de exigir o cumprimento da legislação e das normas, garantindo o respei-to ao consumidor e a concorrência legal. Não se trata de impedir a atuação de nenhuma empresa ou prejudicar suas operações, mas de tornar o mercado mais ordenado”, resume Dilson Ferreira.

Comitê de Tintas

Um dos marcos significativos nes-sa trajetória de sucesso foi a cria-ção do Comitê Brasileiro de Tintas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o CB-164, coordenado pela ABRAFATI.

Atuando desde 2011, seu objetivo é concentrar toda a atividade de

normalização de tintas, vernizes e produtos correlatos em um único comitê, organizando as atividades e o acervo de normas, evitando a dispersão de esforços e consoli-dando o vasto conhecimento téc-nico já reunido sobre esses temas. Ao mesmo tempo, facilita a parti-cipação dos interessados nas dis-cussões e no processo de elabora-ção e revisão das diversas normas relacionadas aos produtos.

O comitê representou um impor-tante passo para desenvolver, manter e otimizar um conjunto harmônico de normas para tintas. Como resultado, além do estímu-lo ao aprimoramento dos produ-tos, existem cada vez mais parâ-metros claros e científicos para a sua avaliação, o que levará o

mercado para um patamar ainda mais elevado de qualidade, bene-ficiando toda a sociedade, que é usuária direta e indireta de tintas.

Pouco depois de sua instalação, o Comitê de Tintas abriu mais duas importantes janelas de atuação. A primeira delas foi o estabeleci-mento de uma parceria com o CB-43 (Comitê Brasileiro de Corrosão) para trabalhar em conjunto nos casos referentes a tintas anticor-rosivas. A segunda visa o apri-moramento das tintas de repin-tura automotiva e dos processos utilizados para a sua aplicação. Uma comissão específica para esse tema passou a trabalhar para que esse segmento atinja os mais avançados padrões em termos de qualidade e sustentabilidade.

Conjuntos residenciais do Programa Minha Casa, Minha Vida: exigência por tintas qualificadas

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30 anos

BIBLIOGRAFIA ESPECIALIzADA DESENVOLVIDA NO BRASIL DISSEMINA CONHECIMENTOSPrincipal obra técnica sobre tintas foi lançada pela ABRAFATI nos anos 1990, sendo atualizada e ampliada em edições posteriores.

Lançado pela primeira vez em 1993 e logo alçado à categoria de bibliografia indispensável para profissionais da cadeia de tintas, o livro Tintas – Ciência e Tecnolo-

gia nasceu a partir das apostilas desenvolvidas pelos profissionais que ministravam aulas no Curso de Tintas da ABRAFATI.

Seu sucesso no setor foi imedia-to, pois não havia nenhuma obra técnica sobre tintas publicada no Brasil, a partir de conhecimentos de especialistas locais e da realidade específica do País. A qualidade e a abrangência do conteúdo chama-ram a atenção inclusive dos espe-cialistas no mundo editorial, levan-

do o livro a ser reconhecido com o tradicional Prêmio Jabuti, concedido pela Câ-mara Brasileira do Livro.

Abordando todos os as-pectos relevantes rela-cionados à teoria, à tec-nologia e à aplicação de tintas, a obra teve mais três edições ao longo dos anos, incorporando no-vos temas e mantendo-se atualizada em relação às inovações tecnológicas da indústria.

A quarta e atual edição, lançada em 2009, recebeu inúmeras atualizações e ampliou as informações disponíveis, especialmente com novos dados estatís-ticos e referências a novos equipamentos e técnicas.

“Todos os capítulos fo-ram revistos e receberam ajustes e aprimoramen-tos. O capítulo sobre pig-

mentos, por exemplo, foi bastante ampliado, com a inclusão das car-gas, dos pigmentos de efeito e do negro-de-fumo, entre outros”, ex-plica Jorge Fazenda, coordenador do livro. Outras seções também foram reformuladas, de maneira a incluir novas informações e torná -las mais didáticas.

Ao grupo inicial de especialistas foram agregados novos profis-sionais, o que permitiu enrique-cer ainda mais a base já existente, acompanhando o dinamismo com que acontecem as mudanças tec-nológicas no mercado.

O livro Tintas – Ciência e Tecno-logia é o mais destacado material técnico produzido pela ABRAFATI. Porém, a Associação tem um ca-tálogo mais amplo de publicações com conteúdo técnico. É o caso de Tintas Imobiliárias de Qualida-de – Livro de Rótulos da ABRAFATI (veja a pág. 16 desta edição), as-sim como os Anais dos Congres-sos e diversos livretos,e cartillhas, parte dos quais disponíveis para download em seu site.

“O livro coordenado pelo dr. Fa-zenda tem elevado nível técnico e contribui para disseminar conhe-cimentos essenciais. Juntamente com os demais materiais que pro-duzimos, está alinhado ao traba-lho que a Associação faz, desde a sua fundação, em prol do desen-volvimento científico e tecnológi-co da indústria de tintas”, destaca Dilson Ferreira, presidente-execu-tivo da ABRAFATI.Livro tornou-se bibliografia indispensável para técnicos

do setor

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Entrevista: Gisele Bonfim

traBalho torna setor mais Forte

quais foram suas primeiras atividades na aBraFati?Meu primeiro desafio foi desen-volver e aprimorar a metodologia para o Programa Setorial da Qua-lidade (PSQ). Existiam apenas três normas, o processo era lento e burocrático, havia necessidade de alguém que se dedicasse a isso em tempo integral. Depois, passei a ter outras atividades, cuidando do Seminário de Assuntos Ambien-tais e do Encontro de Brigadas, ajudando no Congresso e no Cur-so de Tintas, dedicando-me ao tema dos resíduos sólidos.

como o psq evoluiu?O mercado foi conhecendo aos poucos o Programa. As próprias empresas não o conheciam e nem os seus benefícios. O crescimen-to em número de participantes foi gradual. Foi necessário um traba-lho que envolveu a conscientiza-ção, juntamente com o processo de estabelecimento de normas. Tivemos sucesso tanto na quali-ficação das empresas, quanto na melhoria dos produtos e no reco-nhecimento do mercado em rela-ção à importância da qualidade. O papel do governo, exigindo quali-ficação, foi fundamental para isso.

como o livro de rótulos está ligado a isso?O Livro de Rótulos está totalmen-te integrado aos objetivos do PSQ, pois foi criado para levar informa-ção ao consumidor final de forma homogênea e padronizada, trazen-do informações apenas sobre tin-tas de qualidade reconhecida.

como se trabalhou em relação aos resíduos sólidos?Meu primeiro contato com o tema dos resíduos sólidos foi na Euca-tex, participando da Comissão na ABRAFATI. Depois disso, já na As-sociação, participei das atividades da COGEM (Comissão de Gestão de Embalagens). O trabalho se intensificou a partir de 2010, com a publicação da Po-lítica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A ABRAFATI já tinha um histórico de ações e estudos em relação a esse tema. Daí em dian-te, participamos, como represen-tantes oficiais do setor de tintas, do Grupo de Trabalho Temático do Ministério do Meio Ambiente. E tra-balhamos em conjunto com o gru-po Coalizão Empresarial, para um acordo setorial, e com a Abeaço, no projeto Prolata, ambas iniciati-vas que atendem a essa política em todos os seus aspectos.Outra atividade importante foi para alterar a Resolução Conama, que tratava as embalagens de tintas imobiliárias como resíduos peri-gosos e dificultava nossas ações relacionadas à PNRS. Desde 2011, foi feito um trabalho consistente para rever essa resolução, com ar-gumentação técnica, que resultou na sua alteração no ano passado.

como é o trabalho ligado à regulamentação?A ABRAFATI sempre teve participa- Gisele Bonfim: ABRAFATI investe em

tecnologia e conhecimento

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ção muito relevante em ações com o governo e órgãos reguladores, participando de discussões e de comissões, para que as decisões sejam tomadas com embasamento técnico. Isso ocorre com as nor-mas técnicas, no âmbito da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e na discussão de legis-lações propostas por órgãos como o Inmetro ou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Um dos exemplos mais fortes nes-se sentido foi a lei que baniu o chumbo das tintas imobiliárias, que teve a ABRAFATI como responsável.

que mensagem final gostaria de deixar?Quero deixar uma mensagem de agradecimento à ABRAFATI, como tinteira, pelo investimento em tec-nologia e conhecimento, para fa-zer um setor mais forte. E também pessoalmente, pela oportunidade de crescimento profissional, o con-tato com a equipe e com os pro-fissionais de outras empresas.

Formada em Química pela Universidade de São Paulo, Gisele Bonfim trabalhou na Suvinil e na Eucatex, onde conheceu a ABRAFATI, fazendo o Curso de Tintas, participando das discussões sobre tintas na ABNT e da Comissão do PSQ. Há mais de 10 anos integrou-se à equipe da Associação, passando a atuar nas áreas técnica e de assuntos ambientais.

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Entrevista: Dilson Ferreira

tUdo o qUe Foi Feito é a Base para segUir prodUzindo resUltados

quais os motivos que levaram à fundação da aBraFati?Falar sobre esse tema me dá muita satisfação pessoal, por ter participado desse processo, que foi muito importante, e pe-los resultados que alcançamos.

30 anos atrás o Brasil estava mudando: saíamos de um regi-me militar para uma democra-cia. A economia também ia se tornando mais aberta e havia novas exigências dos consumi-dores, dos públicos usuários dos produtos. Havia condições para a população ser mais atuante. Isso levou a uma visão dife-rente por parte das empresas. Então, um grupo de fabricantes de tintas, pequeno em número, mas significativo em termos de atendimento ao mercado e do volume de produção de tintas no País, organizou-se para criar uma associação que trouxesse mais representatividade, reco-nhecendo as novas demandas daquela época e respeitando os valores das empresas. Já existia o Sitivesp, que atendia as necessidades dos fabricantes até aquele momento, mas era uma representação estadual, e o que se desejava era algo mais amplo, com abrangência nacional.

como foi a evolução ao longo dos anos?A ABRAFATI iniciou-se com os fundadores, que até hoje são reconhecidos com esse título, e foi se ampliando ao longo dos anos, aumentando a representa-tividade. Contamos hoje com um grupo bem maior, que representa 90% do mercado. Isso inclui empre-sas pequenas, médias e gran-des; empresas localizadas em todo o País; e empresas de to-dos os segmentos, exceto tintas gráficas.

quais foram as demandas iniciais?Em primeiro lugar, a procura do desenvolvimento do setor, que envolvia o crescimento, mas também a preocupação com a qualidade, a proteção ao meio ambiente, a segurança, a saúde dos trabalhadores, dos aplica-dores e dos usuários de tintas. Havia ainda a preocupação com o desenvolvimento tecnológico, pois era um momento em que a indústria de tintas e a indústria química, no nível global, estavam em um processo acelerado de evolução. Atender a essas de-mandas foi o que a ABRAFATI se propôs a fazer e é o que tem feito até agora.

como esses temas foram tratados ao longo dos anos?Tivemos esses temas como base, mas eles foram ampliados, acres-centando-se novas dimensões, como é o caso da sustentabili-dade. Houve muitas mudanças e hoje, quando se fala em tecnolo-gia, estamos falando em elimina-ção de VOCs (compostos orgâ-nicos voláteis), em utilização de nanotecnologia e outros aspectos que não eram conhecidos. Continuamos promovendo esse desenvolvimento seguindo princí-pios éticos, de respeito ao con-sumidor, que são sempre essen-ciais, ainda mais em um momento de imagem tão negativa do País no que se refere à corrupção. É uma forma de a ABRAFATI contri-buir, trazendo essas práticas para dentro do setor.Isso aconteceu dentro de um

Presidente-executivo da ABRAFATI, Dilson Ferreira está envolvido com a Associação desde os seus primórdios, tendo participado de diversas gestões e liderado programas e atividades que a conduziram ao papel de destaque que tem hoje. Nesta entrevista, ele mostra sua visão sobre estes primeiros 30 anos e o futuro.

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Dilson Ferreira: ABRAFATI surgiu em um momento de transformações no País

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contínuo processo de expan-são do quadro de associados, incorporando mais fabricantes de tintas e expandindo para os fornecedores, de modo a movi-mentar toda a cadeia produtiva na direção do desenvolvimento setorial sustentável.Passamos a adotar essa termi-nologia “desenvolvimento setorial sustentável” mais recentemente, mas os princípios já existiam desde o início.

como se ampliou a representatividade da aBraFati?Hoje, falamos em nome do se-tor de maneira ampla. São 55 associados entre fabricantes de todos os portes, regiões e seg-mento, assim como os fornece-dores da indústria. Toda essa atividade que se de-senvolveu ao longo dos anos nos credencia como represen-tantes do setor junto aos outros elos da cadeia produtiva – como, por exemplo, a distribuição e a revenda de materiais de constru-ção –, trabalhando juntos para obter os melhores resultados, no atendimento das necessidades dos consumidores de tintas e de produtos pintados. Ainda no que se refere à re-presentação do setor, além da cadeia produtiva, existe o nosso relacionamento com os diferen-tes órgãos do governo, que têm uma importância muito gran-de nas decisões que afetam as nossas atividades. Nessas áreas, temos ações em conjunto com outras associações, ligadas a te-mas como a construção ou a habitação de interesse social, buscando estimular projetos que tragam benefícios ao País e que impulsionem o crescimento.

como as diferentes pessoas contribuem para os resultados da aBraFati?Existem importantes públicos

que fazem com que consigamos esses resultados. Começo pelo nosso Conselho Diretivo, que tem papel fundamental na deci-são, na estratégia, no acompa-nhamento dos programas. É um grupo muito ativo e competen-te, cuja contribuição é indispen-sável. Por sua vez, o Conselho Consultivo olha para frente, vê o ambiente, entende as necessida-des do setor, as possibilidades existentes e nos ajuda no pla-nejamento estratégico, na visão de futuro.Outro público fundamental ao longo destes 30 anos para que tenhamos amealhado es-sas conquistas é a nossa equi-pe. Juntamente com consulto-res, prestadores de serviços e as Comissões compostas pelos especialistas dos associados em diversas disciplinas, nossos cola-boradores vêm contribuindo para os projetos, as ações e os resul-tados da ABRAFATI. A Associação, em resumo, é fei-ta por pessoas, assim como é feita para as pessoas.

qual é o envolvimento da aBraFati na discussão das grandes questões globais que afetam o setor?Fazemos parte do conjunto de entidades que debatem os gran-des temas e fazem com que as decisões tragam os benefícios esperados, no Brasil e no exte-rior. Para isso, procuramos estar atualizados e nos posicionar de acordo com aquilo que acredita-mos ser o melhor para o setor, para o País e para os usuários de tintas. Nesse aspecto, deve ser enfati-zado o nosso relacionamento in-ternacional, com as associações do setor de tintas dos principais países, conhecendo o que fazem, discutindo questões comuns, tra-zendo para o Brasil as melhores práticas e compartilhando com esse grupo aquilo que se faz de melhor aqui. Ao longo dos anos,

esse envolvimento internacional ganhou crescente importância e nos trouxe um forte reconheci-mento.

a internacionalização do congresso e da exposição também são consequências desse processo?Diria que a internacionalização do nosso evento maior tem mui-to a ver com a globalização, mas também é consequência, em grande medida, do esforço da ABRAFATI para atrair partici-pantes de todo o mundo. Desde o início, sempre consideramos que o Congresso e a Exposição são mecanismos que temos para atingirmos nossos públicos, dis-seminando informação e abrindo oportunidades – e isso envolvia contar com a participação de empresas e profissionais do ex-terior, como ocorreu já na pri-meira edição do evento.

o que destacaria como resultados nestes 30 anos?Os objetivos colocados 30 anos atrás foram plenamente alcança-dos. Hoje, o setor é ordenado, o desenvolvimento tecnológico ocorreu, estamos atualizados e os aspectos de sustentabilidade estão presentes. O setor traba-lha com princípios éticos e tem uma imagem muito boa dian-te de todos os públicos, o que nos dá confiança de dizer que continuaremos a produzir resul-tados positivos e passaremos pelos momentos de crise, como o atual.

como vê o panorama para os próximos anos?Vejo como uma continuidade do que estamos fazendo, construin-do em cima dos pontos fortes que nós temos, fortalecendo a nossa representatividade, valo-rizando os elementos humanos dos vários grupos que compõem a ABRAFATI, para seguir produ-zindo resultados.

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30 anos

PROGRAMA PINTOR PROFISSIONAL PROMOVE CAPACITAÇÃO DE MILHARES DE PARTICIPANTESIniciativa trouxe vantagens para todo o mercado, que passou a contar com a segurança de poder escolher e indicar profissionais qualificados.

Em 2009, a ABRAFATI iniciou um inovador programa de capacita-ção de pintores, que se tornou referência em toda a cadeia de construção civil: o Programa Pin-tor Profissional.

O diagnóstico que levou à sua criação foi claro. Por um lado, partiu-se da premissa de que as tintas atuais são produtos que in-

corporam cada vez mais tecno-logia e inovações, necessitando de pintores que se dediquem à profissão e que sejam mais qua-lificados, para garantir os melho-res resultados na aplicação des-ses produtos. Ao mesmo tempo, a iniciativa levou em conta que o grau de exigência e de conscien-tização dos consumidores cres-ceu significativamente nos últi-mos anos, levando- os a buscar melhores serviços e profissionais mais qualificados.

O programa, portanto, nasceu com o objetivo de preparar pin-tores para a nova realidade do mercado, valorizando a profissão e reconhecendo quem se dedica a ela e a exerce com qualidade.

“É importante lembrar que o tra-balho bem feito dos pintores é fundamental para as vendas e para a imagem das tintas. Pro-prietários de imóveis residenciais ou comerciais tenderão a pintá -los com mais frequência ao te-rem experiências positivas com o pintor que contrataram para o serviço – em termos de resulta-dos, de cumprimento de prazos, de adequação de orçamento e outros”, afirmava Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI, já no lançamento da iniciativa.

A preparação necessária para lançar uma ação dessa enverga-dura envolveu longos e profundos estudos. A partir deles, além de ser definida a forma de funcio-namento do programa, foi espe-cialmente elaborado o Manual do Pintor Profissional ABRAFATI, com linguagem adequada ao público-alvo e explicações de maneira di-dática, apoiadas por fotografias e ilustrações.

Em sua primeira etapa, o alvo fo-ram os pintores que já exerciam a profissão. Inicialmente, a região da Grande São Paulo recebeu o regulamento e a ficha de inscri-ção para o programa. A adesão foi muito boa e ao final do pri-meiro ano 3.600 profissionais já estavam participando, dos quais quase mil já haviam cumprido in-tegralmente as exigências para receber a Carteirinha de Pintor Profissional, que mostra a sua habilitação técnica para atuar na pintura de imóveis, e ver seus

Disponível na internet, Cadastro Nacional permite fácil localização de profissionais qualificados

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nomes incluídos no Cadas-tro Nacional de Pintores de Imóveis. Disponibilizado no site do programa, esse ca-dastro foi mais uma inicia-tiva pioneira, facilitando a escolha de um profissional competente pelos interes-sados em contratar serviços de pintura.

O passo seguinte foi a ex-tensão do programa para o restante do estado de São Paulo, seguida de ações para impulsioná-lo no Rio Grande do Sul e em Per-nambuco. Novas etapas de expansão envolveram ou-tros estados nos anos se-guintes, fazendo com que o Cadastro Nacional passas-se a contar com os dados de pintores de dezenas de cidades, nas várias regiões do País.

Com mais de 5.000 pinto-res aprovados entre quase 20 mil participantes, o pro-grama segue promovendo a capacitação e o reconheci-mento profissional. “Sabe-mos que falta a muitos pin-tores uma formação mais consistente para lidar com as tintas atuais e com as demandas dos contratan-tes. Quando se oferece uma oportunidade como essa, a experiência nos mostra que o retorno é sempre positi-vo”, destaca Dilson Ferreira.

Além do reconhecimento de sua capacitação, propor-cionado pela participação no Programa, os pintores vêm percebendo as vanta-gens significativas de terem seus dados no Cadastro de Pintores, assim como da posse da Carteirinha de Pintor Profissional emitida pela ABRAFATI. Uma pes-

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Curso de Formação, oferecido a partir de 2015, ampliou o alcance do programa

quisa apontou que praticamente todos eles declaram que a Car-teirinha transmite segurança ao cliente e que 56% dos partici-pantes tiveram aumento em sua renda mensal. Juntamente com os dados da visitação ao site do Programa – que mostravam uma média de 1.000 acessos mensais ao Cadastro em 2015 –, tudo isso permite uma boa avaliação de como o aumento do seu alcance tem reflexos muito positivos.

Ampliação do escopo

Em março de 2015, após um lon-go e detalhado planejamento em relação ao conteúdo a ser ofe-recido e à forma de ministrá-lo, foi iniciado o Curso de Formação Profissional em Pintura Imobiliária.

Com a realização de cursos pre-senciais, abriu-se uma nova etapa do Programa Pintor Profissional, ampliando a sua atuação.

Enquanto a primeira etapa, desen-

volvida a partir de 2009, tinha foco especialmente no reconhecimento da competência e da capacitação dos pintores que já exercem a pro-fissão, a partir desse momento o Programa passou a trabalhar tam-

bém na formação de novos pro-fissionais.

O objetivo é preparar quem pre-tende ingressar na profissão ou já atua como ajudante e quer se tor-nar pintor, transmitindo aos alu-nos as habilidades e competências necessárias para executar serviços de pintura com alta qualidade e efi-ciência. O ano encerrou-se com 10 turmas realizadas, formando 200 pintores, número que será multipli-cado nos próximos anos.

Em 2016, além de investir nos cur-sos de formação, iniciou uma nova etapa de expansão, buscando for-talecer ainda mais sua presença, tanto nos estados em que já conta com expressivo número de parti-cipantes – São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco – quanto naqueles em que foi identificado um bom potencial de crescimento, o que inclui Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Ceará, além do Distrito Federal.

Elaborado especialmente para atender aos objetivos do programa, o manual traz informações indispensáveis para os pintores

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Entrevista: Fernando Val y Val Peres

programas e ações qUe interagem

como avalia a sua participação na aBraFati?Foi muito rica a minha experiência, em todos os momentos, não só no período em que fui o presidente do Conselho Diretivo. Antes disso, eu já participava do Conselho, onde aprendia muito olhando as pessoas mais experientes. É gratificante con-tribuir para uma Associação que sempre evoluiu, sem retrocessos.

pode contar um momento marcante dessa trajetória?Ver o nascimento do PSQ (Progra-ma Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias) foi um desses momen-tos especiais. Foi um divisor de águas no mercado, separando o joio do trigo. Considero-o uma das grandes conquistas da ABRAFATI. É motivo de orgulho ter partici-pado desse processo. No início, o programa foi criticado por alguns, mas deu certo. Tanto deu certo que tem grande repercussão no mercado e conferiu forte prestígio à ABRAFATI, tornando-se, inclusive, caso de benchmarking em outros países. Foi uma atitude típica de uma Associação ativa. Agora tem de continuar evoluindo, ampliando-se e abrangendo novos produtos, inclusive em outros segmentos da indústria de tintas.Um fato a ser ressaltado é que, em qualquer iniciativa desse tipo, sempre há um grupo de pioneiros. Foi o caso do PSQ, em que algu-

mas empresas aderiram no início e, com o tempo, as demais foram se integrando. Isso é comum no trabalho de uma associação, onde tudo tem de ser gradual, buscan-do o convencimento, o consenso.

qual é sua opinião sobre o congresso?O Congresso é a cereja do bolo da ABRAFATI. A primeira edição aconte-ceu praticamente junto com a fun-dação. Havia uma grande carência de conhecimentos e de possibilida-des de atualização e o Congresso veio suprir essa lacuna, tendo sido importantíssimo para o crescimento e o desenvolvimento do setor.Nos últimos anos, acompanhei a sua evolução. O evento cresceu, internacionalizou-se, atraiu novos participantes, a exposição aumen-tou muito. Tudo isso estimula o mercado. As perguntas que mais se ouve são: o que você tem de novo? O que vai ser lançado? É um local para conhecer tendên-cias e obter informações. O sucesso é inquestionável, o que fez com que também se tornasse benchmark.

como enxerga a atuação da aBraFati?Ao longo do tempo, o setor mu-dou muito. Por exemplo, várias empresas foram vendidas ou se juntaram. Houve um movimento de consolidação. Mas a Associa-ção sempre conseguiu representar o setor da melhor forma. A ABRAFATI trabalha em várias frentes simultaneamente: produto (por meio do PSQ), pintor, susten-tabilidade, legislações, estímulo ao consumo. Os programas e inicia-tivas interagem. Uma associação tem de entender como funciona o setor e planejar suas ações com base nesse entendimento. É o que a ABRAFATI faz.

A participação do Conselho é fun-damental nesse processo, pois é representativo do mercado, in-cluindo grandes, médios e peque-nos fabricantes, com atuação em áreas diversas. Tudo isso fez com que a Associação crescesse em representatividade e qualidade.

quais são os desafios futuros?O principal é que a evolução do mercado é muito rápida. É preci-so olhar sempre ao seu redor e perceber o que está acontecendo, quais são as oportunidades e os desafios. Temos de lembrar que tinta não é um produto de consumo frequente. As estratégias devem ser repensa-das em função do novo consumi-dor, que é mais jovem e mais dinâ-mico, possuindo outras referências. O cliente e o ambiente estão mu-dando rapidamente. A ABRAFATI deve, portanto, manter-se antena-da. É preciso estar atualizado e se posicionar. Não se pode pensar analógico: temos de ser digitais.

Atuando hoje como consultor, Fernando Val y Val Peres tem uma rica trajetória no setor de tintas. Participou ativamente da Diretoria da ABRAFATI e do seu Conselho Diretivo, do qual foi presidente entre 2008 e 2010.

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Fernando Peres: ABRAFATI deve se manter atualizada e se posicionar

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Entrevista: Telma Florêncio

em BUsca das melhores solUções

como era a aBraFati, quando você foi contratada?Em 1991, quando entrei, a Associa-ção já era bem organizada e esta-va muito bem instalada, em ende-reço nobre. Era pequena, bastante enxuta, mas com boa estrutura. Havia uma Diretoria com profissio-nais de alto nível. As grandes em-presas que a fundaram trouxeram o seu DNA. Existia muito trabalho sendo desenvolvido e contávamos com várias comissões de trabalho.

quais foram seus primeiros trabalhos?

Fui contratada para assessorar Is-rael Gochnard, que era então o secretário-executivo. Meu primeiro trabalho foi nas comissões, que tinham muita atividade. Ao mes-mo tempo, me envolvi com a or-ganização da segunda edição do Congresso e da Exposição, que ocorreram em setembro de 1991. Nas edições seguintes colaborei muito com o Congresso, apren-dendo com Ernst Blumenthal, que o coordenava. Até que, em 2001 passei a coordenar o evento. Participei de praticamente todas as atividades da ABRAFATI. Houve um período em que estive também à frente da área administrativa. Pelas funções que exercia, estive ligada ao início ou ao desenvolvi-mento de todos os programas e ações da ABRAFATI.

pode nos contar um pouco da história do congresso?É uma história feliz. Trata-se de um evento pioneiro, que já nasceu internacional, porque era necessá-rio: precisávamos trazer informa-ções e atualização para o Bra-sil. O setor aderiu, pois tem essa característica de ser participativo, “comprando” projetos inovadores.O 1º Congresso, do qual não parti-cipei, surpreendeu e levou a plane-jar o 2º com outra dimensão, indo para o Anhembi, que era o que existia de melhor em São Paulo na época. Desde então, o evento só cresceu. Posso dizer que sempre esteve numa linha de ascensão, acompanhando as mudanças e su-perando os desafios. Agora, defini-mos um novo local para o evento: o São Paulo Expo Center, onde será a ABRAFATI 2017. Nessas mu-danças, o objetivo sempre foi pro-porcionar a melhor infraestrutura para os participantes, acolhendo -os bem. É a forma como agimos em todas as nossas atividades.Telma Florêncio: Congresso tem história feliz

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como avalia a evolução da aBraFati?A Associação sempre foi dinâmi-ca e organizada. Mas houve um grande marco na sua evolução, que foi a criação da Presidência- Executiva. Foi uma resposta ao crescimento das demandas e a um movimento de mudanças nas empresas, que sempre colaboraram demais com a ABRAFATI, mas que viviam pro-cessos de downsizing, terceiriza-ção e enxugamento de quadros. Isso levou à necessidade de uma estrutura com dedicação exclusi-va. A Associação via suas ativida-des crescerem e essa alternativa de contratação de um executivo com forte ligação com o setor foi muito acertada. Isso permitiu um casamento muito feliz, mudando o patamar da entidade. Nos últimos anos, a ABRAFATI ampliou seu staff para dar con-ta das demandas, sempre traba-lhando com uma estrutura enxuta, mas com especialistas nas várias áreas. Além disso, contamos com a colaboração de um grande gru-po de profissionais das empresas associadas, que atuam voluntaria-mente nas nossas comissões e se sentem parte da Associação. Buscamos sempre reunir a colabo-ração dos melhores profissionais e as melhores experiências das em-presas associadas.

como visualiza o futuro da aBraFati e do setor?Sou totalmente otimista em rela-ção ao futuro. A indústria de tin-tas é muito atuante no sentido de buscar soluções, respondendo rápido aos desafios que surgem. Esse é um setor que tem vida longa. E a ABRAFATI estará junto, como esteve ao longo destes 30 anos.

Completando 25 anos de ABRAFATI neste ano, Telma Lúcia Florêncio tem um conhecimento diferenciado da história da Associação, que viu crescer e se desenvolver. Nesta entrevista, ela resume alguns momentos dessa rica trajetória.

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30 anos

CURSO DE TINTAS CONTRIBUI PARA A CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO SETORCentenas de técnicos e gestores da indústria de tintas e de seus fornecedores tiveram a oportunidade de se atualizar e adquirir novos conhecimentos.

Uma iniciativa pioneira da Asso-ciação, que trouxe importantes ga nhos para o setor, foi o Curso de Tecnologia em Tintas. Voltado para técnicos e gestores da cadeia produtiva, esse curso foi objeto de estudos da Comissão Técnica no final da década de 1980, resultan-do na promoção de sua primeira edição em setembro de 1989.

O objetivo anunciado para o Curso no momento do seu lançamento era “promover ao interessado a perfeita noção do que seja tinta e estudar a complexidade tecnológica envolvi-da nesse setor industrial”.

Realizada nas dependências do Instituto de Pesquisas Tecnológi-cas (IPT), a primeira edição mos-trou como havia demanda por uma iniciativa como essa, voltada para o aprimoramento dos conheci-mentos dos profissionais do setor: foram mais de 60 participantes. Desde então, realizaram-se 25 edições que atraíram mais de 500 profissionais.

Um importante reflexo da sua rea-lização foi a produção de apos-tilas com o conteúdo abordado nas aulas, que posteriormente se transformariam no livro Tintas –

Ciência e Tecnologia, o primeiro sobre o tema lançado no Brasil. “Desde a primeira edição, os alu-nos recebiam as apostilas, que fo-ram sendo revisadas e aprimora-das”, relata Jorge Fazenda, que foi um dos criadores do Curso.

“O Curso de Tintas acolhe pro-fissionais que muitas vezes estão começando no setor, preparando- os para as atividades. Mas atrai também profissionais mais expe-rientes, em busca de atualização ou, como é o caso de gestores, de conhecimentos que se tornaram essenciais para o bom desenvolvi-mento das suas atividades. Sendo aberto à participação de todos os profissionais que têm ligação com o setor, é reconhecido como uma contribuição ao merca-do, o que está alinhado ao objetivo da ABRAFATI de estimular o desen-volvimento de todo o setor, e não apenas de seus associados”, afir-ma Telma Florêncio, di-retora de Eventos Cor-porativos da ABRAFATI.

Com um formato dese-nhado especificamente para as necessidades e a realidade da cadeia brasileira de tintas, o curso oferece conteúdo amplo e aprofundado, proporcionando forma-ção e reciclagem de co-nhecimentos sobre ma-térias-primas, processos, produtos e aplicações de tintas.

Com seu programa constante-mente renovado, acompanhando a evolução tecnológica do setor e da sociedade, tem como um de seus pontos altos o fato de ser ministrado por especialistas com longa experiência no setor, permi-tindo a integração entre a teoria e a sua aplicação prática.

“O curso incorpora as inovações e as tendências mais recentes, pos-sibilitando uma visão panorâmica e aprofundada dos conteúdos. Além disso, abre oportunidades para a interação e a troca de ideias entre os participantes, permitindo debater e encontrar soluções para os desafios que os profissionais enfrentam em seu dia a dia”, des-taca Telma Florêncio.

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Técnicos e gestores são o público-alvo principal do Curso

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30 anos

SUSTENTABILIDADE TORNOU-SE PARTE ESSENCIAL DA ESTRATÉGIA DA INDúSTRIATema assumiu crescente importância nos últimos anos, em todo o mundo e hoje já não é possível planejar ações sem considerá-lo.

Estande SusTINTAbilidade na ABRAFATI 2015: espaço para conscientização, debate e apresentação das melhores práticas

Muito antes que o termo “susten-tabilidade” se tornasse usual, os temas ambientais, de segurança e saúde ocupacional já estavam na ordem do dia no setor de tin-tas. Nos anos 1980 e 1990, assim como passaram a ter mais resso-nância na sociedade, tornaram-se

pauta frequente nas discussões e ações da ABRAFATI.

O Seminário de Assuntos Am-bientais foi uma das respostas a essa demanda, assim como diver-sas outras ações e iniciativas vol-tadas para aspectos como a atua-ção responsável em tintas – caso do Programa Coatings Care, –, a destinação de embalagens pós-consumo ou a capacitação de bri-gadas de emergência.

O mesmo pode ser dito em re-lação à evolução da tecnologia no uso das soluções sustentáveis,

cujos resultados e avanços se tornaram presença cada vez mais constante no Congresso Interna-cional de Tintas e na Exposição de Fornecedores.

Com a ascensão da sustentabi-lidade a um novo patamar, já no século 21, a atenção dada ao tema cresceu, tornando-o um elemento central na atuação e nas estra-tégias do setor. Essa trajetória culminou na criação do Comitê de Sustentabilidade do Conselho Diretivo e de uma Gerência dedi-cada a isso na ABRAFATI.

A Associação também definiu, em 2015, a Política de Sustentabili-dade do Setor de Tintas, que foi o resultado das discussões no âm-bito desse Comitê e da pesquisa das melhores práticas adotadas em todo o mundo, passando a ser um guia para orientar sua atua-ção nessa área.

Inovação e sustentabilidade

Ocupando nos últimos tempos espaço privilegiado na agenda do setor de tintas, a sustentabilidade tornou-se um dos principais mo-tores da sua busca contínua por inovação tecnológica.

As indústrias de tintas e seus fornecedores vêm trabalhando nessa direção, com o objetivo de oferecer produtos que, cada vez mais, atendam aos requisitos am-bientais, contribuindo, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento econômico e social.

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“As empresas precisam encarar a sustentabilidade como uma forma de gerar valor. Projetos e novos desenvolvimentos devem levar em conta as variadas possi-bilidades de fazer isso: fortalecer a sua imagem e reputação, ajudar no relacionamento com públi-cos-chave, engajar funcionários, reduzir riscos, reduzir custos, au-mentar a produtividade, propor-cionar novas oportunidades de negócios”, afirma Juliana Zellauy Feres, gerente de Sustentabilida-de da ABRAFATI.

“O princípio que deve reger a atuação do setor é o da criação de valor compartilhado. Ou seja, trata-se de criar valor econômico de uma forma que também gere valor para a sociedade. Com isso, o sucesso da empresa se conecta ao progresso social”, explica.

Diversos exemplos do trabalho que vem sendo conduzido pelo setor nessa seara puderam ser vistos na ABRAFATI 2015, que teve

como mote justamente Sustenta-bilidade.

No evento, estiveram em evidên-cia, tanto nos trabalhos apresen-tados no Congresso quanto nos lançamentos mostrados na Expo-sição, as diversas respostas que estão sendo dadas às demandas da cadeia produtiva relacionadas a esse aspecto. “Abriram-se pos-sibilidades para a disseminação de novos conhecimentos, o de-bate de ideias, o desenvolvimento de projetos conjuntos e a geração de oportunidades de negócios”, explica Dilson Ferreira, presiden-te-executivo da ABRAFATI.

Atuação responsável

A atuação da Associação em re-lação aos aspectos da sustenta-bilidade independe da existência de legislação ou regras oficiais. Quando elas existem, a sua pos-tura é de atendê-las e colaborar para o seu atendimento. Quando não, o que pauta a sua atuação é

a premissa de fazer o correto, da melhor maneira possível, estimu-lando todo o setor na direção que considera a mais adequada.

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Juliana Zellauy Feres: sustentabilidade deve ser vista como forma de gerar valor

Divulgação

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realizados por seu Comitê Cien-tífico, os limites e a metodologia utilizada para os cálculos foram baseados nas regulamentações estabelecidas pela Comunidade Europeia. Posteriormente, as dis-cussões sobre o tema passaram a ocorrer no âmbito do CB-164 (Comitê Brasileiro de Tintas, da ABNT), tendo como foco a elabo-ração de uma norma para definir os limites para o Brasil e os tipos de análise que devem ser feitos para a sua determinação.

A contribuição das tintas para a sustentabilidade

Um dos aspectos em que é pre-ciso avançar é na valorização do papel que as tintas podem de-sempenhar para a sustentabili-dade. Ainda é pouco explorada como diferencial a proteção que

as tintas conferem às superfícies onde são aplicadas, contribuindo para evitar a sua deterioração. Em peças de madeira, por exemplo, a durabilidade proporcionada pela pintura evita o corte de novas ár-vores e todo o gasto de energia e outros materiais necessários para a sua reposição. O mesmo vale para produtos feitos de aço, como automóveis ou navios. Além desse benefício, em diversas aplicações, a tinta proporciona segurança contra danos ambientais origina-dos por vazamentos e infiltrações, em plataformas de petróleo, tan-ques, dutos e outras instalações.

Há, ainda, a economia de energia que o uso de tintas pode pro-porcionar, como no caso da uti-lização bem planejada de tintas imobiliárias, que leve a melhorias na luminosidade do ambiente e à redução do seu aquecimento. O mesmo pode ser dito em relação aos projetos para pintar de bran-co telhados ou de grandes áreas de estacionamento descoberto, de forma a minimizar as ilhas de calor nas cidades.

Destinação das embalagens

A destinação das embalagens de tintas pós-consumo é um tema que vem merecendo atenção es-pecial do setor há muitos anos. A partir de estudos técnicos rea-lizados desde o final do século passado, do acompanhamento das regulamentações e da par-ticipação ativa em fóruns do go-verno e do setor privado, a in-dústria de tintas já desenvolvia ações e programas voltados para a reciclagem das embalagens de tintas, assim como atividades de conscientização envolvendo tanto essa questão quanto a da minimização da geração dos re-síduos.

A publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, inten-sificou esse trabalho realizado pela ABRAFATI, em conjunto com a sua cadeia produtiva, com o governo e com outros agentes, para encontrar

Centro Prolata, inaugurado em outubro de 2013: um marco no trabalho relacionado à destinação correta das embalagens pós-consumo de tintas

Um exemplo nesse sentido está ligado à eliminação do uso de chumbo em tintas. A ABRAFATI criou uma autorregulamentação envolvendo as empresas associa-das, até que fosse aprovada uma lei que estabelecesse os limites máximos para a sua presença, praticamente banindo o uso des-se metal em tintas imobiliárias e de uso infantil – lei esta proposta pela Associação e aprovada em 2008 pelo Congresso Nacional.

O mesmo vale para os compos-tos orgânicos voláteis (VOCs). Em 2008, a ABRAFATI também desen-volveu um programa de autorre-gulamentação, estabelecendo os teores máximos de emissões em tintas imobiliárias e produtos cor-relatos, uma vez que inexistia le-gislação no Brasil sobre o tema. Depois de estudos e debates

Fabio

Humbe

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Entrevista: Marcio Grossmann

sUstentaBilidade é tema central

quais aspectos considera inovadores ou diferenciados na atuação da aBraFati?O que me surpreendeu, ao pas-sar a participar da ABRAFATI, é o quanto, ao invés de pedir, a Associação oferece em termos de soluções. Impressiona também o quanto a ABRAFATI gera de con-teúdo, a competência que existe dentro das Comissões. A ABRAFATI faz muito bem esse papel de apre-sentar soluções. Isso fez mudar a minha visão da atuação desse tipo de associação, que traz valor para a sociedade e não fica simples-mente tentando extrair valor para os negócios que ela representa.

como a sustentabilidade se enquadra nessa atuação?A sustentabilidade está totalmente alinhada a essa atuação. O setor vem se reinventando, e a sustenta-bilidade passou a ser essencial nes-se processo. Hoje, o tema é estra-tégico para a maioria das empresas.Se olharmos os programas que es-tão dentro do Comitê de Susten-tabilidade da ABRAFATI, como o de Resíduos Sólidos e o Coatings Care, vemos que são sustentáveis do ponto de vista das empresas, trazendo valor para dentro delas, e que cumprem um papel impor-tante na proteção do meio am-biente e da sociedade.

Muitos desses programas são de vanguarda e a ABRAFATI é reco-nhecida no mercado por eles. Deve ser destacado que a susten-tabilidade já passou do intangível para o tangível. Hoje se consegue mensurar os seus benefícios eco-nômicos. Eu diria que a sustenta-bilidade passou a ser sustentável. Ela própria se retroalimenta.

como o setor de tintas está construindo um futuro mais sustentável?As tintas e os recobrimentos fun-cionais terão papel cada vez maior, desde os prédios do tipo green buildings, até em algumas carac-terísticas menos high tech. O uso da nanotecnologia já está abrin-do novos caminhos e continuará a crescer. As possibilidades futuras são imen-sas. As tintas recobrem áreas mui-to grandes e, se conseguirmos dar uma característica funcional a elas, é inimaginável até onde se pode chegar em termos de benefícios.A tinta já tem essa característica de aumentar o ciclo de vida dos produtos. Em grandes obras e es-truturas, a tinta reduz no longo prazo o uso de recursos naturais e as necessidades de manutenção.Há também o aspecto da seguran-ça. Por exemplo, as tintas intumes-centes usadas em plataformas de petróleo, que retardam a propa-gação de chamas em caso de in-cêndio, dão um enorme ganho em termos de tempo de evacuação.

quais temas vêm sendo discutidos no comitê de sustentabilidade?Um tema fundamental é o do compliance. É algo que se tor-nou fundamental e nós temos de acompanhar e comunicar as mu-

danças, fazendo o conhecimento circular no setor. Outra importante vertente é a da conscientização em relação à importância da incorporação da sustentabilidade na estratégia das empresas. Quem não se der con-ta da importância de um progra-ma de sustentabilidade e do valor agregado que esse aspecto traz está fadado a desaparecer.

como vê o futuro em relação à sustentabilidade?As grandes lideranças mundiais ainda não entenderam bem os anseios da sociedade. A movimen-tação e as decisões ainda são um pouco tímidas. É a sociedade que vem puxando o processo. Cada vez mais, a sustentabilidade deixa de ser coadjuvante. Há mui-tas oportunidades para descobrir benefícios, em termos de adicio-nar valor ao negócio. Esse é clara-mente um dos megatrends globais, para o qual não há retorno.

Engenheiro químico, Marcio Grossmann é diretor-presidente da PPG para a América do Sul. Membro do Conselho Diretivo da ABRAFATI, é o coordenador do Comitê de Sustentabilidade da Associação. Nesta entrevista, ele explica como o setor vem agindo para se tornar cada vez mais sustentável e mostra suas opiniões sobre o futuro.

Alberto Murayam

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Marcio Grossmann: sustentabilidade é umdos megatrends globais

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as melhores soluções relacionadas aos resíduos sólidos. Assim, a Associação integrou-se a iniciati-vas lançadas pelo Poder Público, como o Grupo de Trabalho Temá-tico – Embalagens, coordenado pelo Ministério do Meio Ambien-te. Simultaneamente, integrou-se à proposta de acordo setorial do grupo Coalizão Empresarial, que envolve fabricantes de diversos tipos de embalagens e segmentos que as utilizam; e à do Prolata, em conjunto com a Abeaço (Associa-ção Brasileira da Embalagem de Aço), tendo como foco exclusivo as embalagens metálicas.

Nessa área, os avanços obtidos nos últimos anos foram muito sig-nificativos, a começar pelo início do processo de implantação de uma estrutura robusta para rece-ber e encaminhar as embalagens pós-consumo, com a criação do primeiro Centro Prolata Recicla-gem, em São Paulo, a constituição de uma rede ampla e capacitada de cooperativas de catadores, a formação de um conjunto de pon-tos de entrega voluntária (PEVs), o primeiro dos quais inaugurado em 2015.

Uma grande conquista nesse sen-tido foi alcançada em 2015, com a aprovação, pelo Conama (Con-selho Nacional do Meio Ambien-te), do pleito apresentado pela ABRAFATI para a reclassificação das embalagens de tintas imobi-liárias na Resolução no 307/2002 – passando a considerá-las como produtos não perigosos, classi-ficados como resíduos reciclá-veis Classe B. Isso possibilita que essas embalagens sejam aceitas sem restrições em Ecopontos, Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs), cooperativas e PEVs.

Poucos meses depois da aprovação dessa medida, o setor teve mais uma boa nova, com a assinatura do Acordo Setorial de Embalagens, resultado de discussões e nego-ciações com o Ministério do Meio Ambiente ao longo dos quatro anos anteriores. O documento estabe-

lece metas e prazos para que as embalagens pós-consumo de di-versos produtos – como as tintas – recebam destinação adequada, formalizando o compromisso de um conjunto de 21 entidades que re-presentam fabricantes e segmentos usuários de embalagens, reunidas no grupo Coalizão Empresarial, e do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

“O trabalho consistente feito nestes anos, amparado por es-tudos técnicos, colocou o setor de tintas em um novo patamar em relação aos resíduos sólidos. Continuaremos a evoluir, com o compromisso de buscar sempre as melhores práticas, indo além do cumprimento da legislação”, afirma Gisele Bonfim.

Ponto de Entrega Voluntária (PEV), na loja C&C, aberto em junho de 2015: início de uma rede

Assinatura do acordo setorial: Gisele Bonfim (ABRAFATI) com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira

Fabio

Humbe

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Divulgação MMA

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Entrevista: Antonio Carlos de Oliveira

salto sUstentado e sUstentável

na sua visão, por que surgiu a aBraFati?Era uma época de grande inter-vencionismo estatal. Tínhamos um grande problema com a balança comercial deficitária e a situação cambial, portanto importar era uma dificuldade. Ao mesmo tem-po, existiam incertezas no âmbi-to econômico e político, pois as instituições estavam frágeis. Era necessária uma Associação que pudesse trabalhar para resol-ver ou minorar as dificuldades e “educar” os políticos e o governo sobre a importância das tintas. A ABRAFATI veio para se posicio-nar em relação aos órgãos go-vernamentais e às demandas que atrasavam o País. Depois foi cres-cendo, fortalecendo-se, ganhando proeminência nas negociações e nas relações com o governo e outros agentes. Tornou-se uma voz respeitada.

qual é a importância de uma entidade como a aBraFati?Estar desorganizado é o pior dos mundos. Daí a importância de uma associação. Hoje esta-mos em uma situação similar à da década de 1980 em termos de retração, desemprego, falta de oportunidades. Estamos perdendo gente bem formada, sem investir.

Especialmente em momentos assim – mas também em todos os ou-tros –, a Associação é fundamen-tal, para pensar onde queremos estar daqui a 5 ou 10 anos. Tomar posse dessa responsabilidade para com o País é o papel que deve ser exercido. A ABRAFATI mantém as rédeas do setor, com seus va-lores e programas, que abrangem temas como ética, qualidade, saú-de, meio ambiente, produtividade, tecnologia, tendo como foco o de-senvolvimento setorial sustentável.

quais as mudanças que viu no papel da associação?No início do século 21, o Brasil entrou em um momento de forte crescimento, que parecia ser um ciclo virtuoso. A Associação pre-cisou se preparar para esse novo ciclo, que gerava novas demandas, a partir de mudanças como a in-clusão social, a atividade econô-mica mais intensa graças ao au-mento do consumo interno, aos preços altos das commodities, à expansão da China. Essas grandes mudanças passaram a exigir uma nova postura da ABRAFATI, que já tinha uma forte representatividade. A adequação ao novo ambiente de negócios levou à criação de novos programas e à dinamiza-ção de outros, especialmente com foco em qualidade e sustentabili-dade – áreas em que hoje existem muitos resultados concretos para mostrar. Destaco especialmente o Programa Coatings Care, que foi um grande avanço, pelo que agre-ga em termos de benefícios para a empresa, o setor e a sociedade.Outro aspecto que chama a aten-ção é a preocupação com a se-gurança, um tema ao qual sempre estive ligado, por vir de uma em-presa cuja tradição nessa área é muito forte. A mudança de postu-ra foi brutal: a segurança ganhou

projeção muito maior e passou a ser vista sob diversos ângulos: pessoas, instalações, transporte, utilização de produtos etc.

como vê a situação atual e futura?O Brasil tem questões a resolver em legislação, burocracia, impos-tos. Mas nos últimos 10 ou 15 anos houve muitos avanços. Não estamos distanciados do mundo por falta de conhecimento. O co-nhecimento está disponível e a As-sociação teve papel extremamente importante para que isso ocor-resse. Ao mesmo tempo, há uma crescente integração dentro da cadeia produtiva. A ABRAFATI tam-bém conseguiu mobilizar o setor para a melhoria contínua. Demos um salto, que é sustentado e sus-tentável, com seus efeitos perma-necendo por muito tempo. O que não podemos é retroceder nem ar-refecer o ânimo em momentos de crise. Determinadas conquistas têm de ser mantidas, pois demandaram muito investimento.

Tendo participado desde o seu início do Conselho Diretivo da ABRAFATI – do qual foi presidente entre 2010 e 2012 – e depois de seu Conselho Consultivo, Antonio Carlos de Oliveira acompanhou a evolução da Associação. Acompanhou, também, a trajetória do setor durante as últimas décadas, por sua atuação na Polidura, DuPont e Axalta.

Alberto Murayam

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Antonio Carlos de Oliveira: houve muitosavanços nos últimos anos

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30 anos

PROGRAMA COATINGS CARE TRAz CONTRIBUIÇÃO SIGNIFICATIVA PARA A SUSTENTABILIDADEImplantado em vários países com sucesso, programa é ferramenta útil e eficiente para que a indústria adote as melhores práticas nos aspectos ambientais, de segurança e saúde ocupacional, obtendo ganhos econômicos.

Manual do Programa: customizado para a realidade brasileira

Em 2002, a Comissão de Meio Ambiente da ABRAFATI começou a trabalhar para implantar no Bra-sil o Programa Coatings Care, de

responsabilidade em tintas. Cria-do pouco tempo antes pelo IPPIC (International Paint and Printing Ink Council), entidade da qual a ABRAFATI participa ativamente, foi inspirado no bem sucedido pro-grama Responsible Care, da indús-tria química (no Brasil, o programa chama-se Atuação Responsável, sendo coordenado pela Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química).

Composto por quatro códigos – Gestão de Produto; Gestão da Produção; Transporte e Distribui-ção; e Responsabilidade Comuni-tária –, cada um deles com várias práticas gerenciais, o programa foi implantado gradualmente no País. Foi necessário traduzir, re-visar e adaptar todo o conteúdo desses códigos à legislação e ao ambiente de negócios específicos do Brasil.

O código de Produção foi o pri-meiro a ficar pronto, em 2005, a partir do trabalho de diversos es-pecialistas do setor, reunidos pela Comissão, que buscaram manter o conceito do programa, porém com referências locais.

“A maior parte do Programa Coa-tings Care está baseada em re-quisitos legais que variam de país a país, o que explica o trabalho inicial de tradução para o con-texto brasileiro”, explicou na oca-sião Ivan Rigoletto, que era então o coordenador da Comissão de Meio Ambiente.

Como em todas as iniciativas da

Associação, um grupo de empre-sas foi pioneiro em participar do Coatings Care. Com o passar do tempo, cresceu o número de par-ticipantes, que vêm obtendo signi-ficativos ganhos, como melhorias em processos, a sistematização de técnicas e avanços que facili-tam a obediência às exigências da legislação e de normas ambien-tais, além de contribuírem para a redução de custos.

A realização de avaliações cons-tantes permite ainda monitorar e comparar a situação da empresa em relação a indicadores como consumo de água e de energia, disposição de resíduos e ocorrên-cia de acidentes do trabalho.

Os quatro códigos e as várias prá-ticas associadas a cada um deles oferecem às indústrias de tintas um conjunto de procedimentos e soluções integradas – e já devida-mente testadas – para administrar os aspectos de suas atividades re-lacionados com o meio ambiente, a segurança e a saúde ocupacional.

“Hoje, essa é uma das principais iniciativas da ABRAFATI no sen-tido de atender às demandas de sustentabilidade. O programa é uma ferramenta muito útil e efi-ciente para que a indústria cumpra a legislação, tenha bom desem-penho na área ambiental e ainda obtenha benefícios do ponto de vista econômico”, afirma Dilson Ferreira, presidente-executivo da ABRAFATI.

Em junho de 2011, após um longo

Iara Morselli

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www.abrafati.com.br

e minucioso trabalho da Comis-são de Meio Ambiente no senti-do de aprimorar a descrição das práticas gerenciais relacionadas a cada código, foi lançado o Ma-nual do Programa Coatings Care no Brasil, aprimorando o conjunto de ferramentas à disposição das empresas que participam dessa iniciativa.

Naquele momento, o programa já era considerado maduro e o manual foi visto como um apoio substancial para o trabalho de-senvolvido pelos participantes para integrar as informações re-lacionadas com o meio ambiente, a segurança e a saúde ocupacio-nal no planejamento estratégico,

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na gestão da empresa e em suas operações.

Prosseguindo em sua evolução, o programa foi ganhando novos par-ticipantes, inclusive empresas não associadas à ABRAFATI, e em 2015 recebeu mais uma importante ino-vação: a entrada em operação do sistema online de indicadores do programa.

Com isso, cada participante pas-sou a poder inserir com total con-fidencialidade seus dados referen-tes a quatro indicadores-chave de saúde, segurança e meio ambien-te. Ao mesmo tempo, foi facilitada a visualização, pelas indústrias, de como está o seu desempenho

nesses aspectos em comparação com o mercado, o que impulsio-nará o setor na direção das me-lhores práticas.

“Essa ferramenta contribui para o desenvolvimento setorial sus-tentável, pois permite às em-presas conhecer os resultados dos líderes em cada quesito e, a partir deles, planejar ações para aperfeiçoar seus procedimen-tos e processos”, afirma Juliana Zellauy Feres, gerente de Susten-tabilidade da ABRAFATI. “Con-tar com essa informação é um estímulo à adoção de medidas de redução de custos e aumento de eficiência e produtividade nas empresas”, complementa.

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30 anos

ENCONTRO DE BRIGADAS: CAPACITAÇÃO PARA AGIR EM SITUAÇÕES DE EMERGêNCIAAtividade estimula a adoção das melhores práticas e contribui para a segurança de pessoas, instalações e comunidades vizinhas.

Oitava edição do Encontro, em 2012: oportunidade para conhecer as melhores práticas

Criado em 2005, o Encontro ABRA-FATI de Brigadas de Emergência foi um evento pioneiro na indústria química, tanto em termos de for-mato quanto de objetivos.

Concebido e organizado pela Co-missão de Meio Ambiente, Se-gurança e Saúde, tornou-se uma importante ferramenta para a ca-pacitação e a disseminação das melhores práticas nessa área, rea-

firmando o compromisso do setor com a segurança e a prevenção.

Com provas que simulam situações passíveis de acontecer em indús-trias do setor, envolvendo o con-trole e a extinção de incêndios, a contenção de vazamentos e o res-gate de vítimas, o evento permite que as diferentes experiências dos profissionais e as melhores práticas das empresas sejam compartilha-das, assim como o conhecimento de técnicas e procedimentos.

Contribuindo para que os briga-distas se mantenham sempre pre-parados para a prevenção e, se necessário, para a atuação em

situações reais de emergência, o Encontro também fortalece a conscientização e o comprome-timento de profissionais e empre-sas em relação à prioridade que o tema deve ter em seu dia a dia e em suas estratégias.

O impacto tem sido positivo, de acordo com o relato dos partici-pantes, que destacam a oportuni-dade de intercâmbio de experiên-cias, a interação com profissionais de outras empresas e a necessi-dade de estarem bem treinados e sincronizados com outros mem-bros da equipe.

A iniciativa já alcançou diretamen-te mais de 500 profissionais de 20 empresas do setor (indústrias de tintas e seus fornecedores), que participaram das nove edições do Encontro e levaram conheci-mentos e práticas avançadas para compartilhar com seus colegas de trabalho.

“É um dos eventos pelos quais te-nho carinho especial. É voltado para colaboradores das empresas que estão ligados à segurança e funciona também como um reco-nhecimento à importância desses profissionais. Brigadistas não são bombeiros, são profissionais trei-nados nas empresas para situa-ções de emergência. O encontro permite compartilhar as melhores práticas, vendo os profissionais em ação no circuito, em que são colocados diante de diversas si-tuações reais”, afirma Gisele Bon-fim, gerente técnica e de Assuntos Ambientais da ABRAFATI.

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Cristina Bragato

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30 anos

SEMINÁRIO DE ASSUNTOS AMBIENTAIS: OPORTUNIDADE PARA DEBATER TEMAS CHAVEEspecialistas do setor se reúnem para a troca de informações e o compartilhamento das melhores práticas relacionadas à saúde, à segurança e ao meio ambiente.

O ambientalista Fabio Feldmann foi um dos palestrantes na edição de 2007 do evento

Em 1996, quando foi criado, o Se-minário de Assuntos Ambientais e de Segurança em Indústrias de Tintas já reunia dezenas de pro-fissionais do setor para atualizar conhecimentos e debater ques-tões essenciais para o dia a dia do setor. Legislação, gerenciamento ambiental e resíduos sólidos es-tavam na programação daquela primeira edição, como estiveram, por diversas vezes, nos seminários subsequentes.

Ao longo dos anos, quase 1.000 profissionais do setor participaram das 10 edições realizadas, tendo a oportunidade de ouvir e debater sobre esses e outros temas fun-damentais para a cadeia de tintas, entre os quais avaliação do ciclo de vida de produtos, transporte de produtos perigosos, prevenção à poluição, construção sustentável, VOCs (compostos orgânicos vo-láteis), GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos), qualidade de vida, ergonomia e higiene ocupacional.

Nestes anos, as apresentações de especialistas das empresas

do setor e de experts de outras áreas – alguns deles de renome internacional, como o ambienta-lista Fabio Feldmann e Mark Kurs-chner, presidente da Product Care Association do Canadá – tiveram papel fundamental na dissemina-ção de conhecimentos e práticas avançadas entre os profissionais da cadeia produtiva. “Isso é fun-damental para que cada empresa perceba onde pode evoluir, o que contribui para melhorar o desem-penho geral do setor nas áreas de meio ambiente, saúde e seguran-ça”, afirma Gisele Bonfim, gerente técnica e de Assuntos Ambientais da ABRAFATI.

Na 10ª edição, em 2014, a vocação

para o intercâmbio de experiências foi impulsionada a partir da pro-posta feita pelo presidente-execu-tivo da ABRAFATI, Dilson Ferreira, de que as informações ligadas às áreas de segurança, saúde e meio ambiente sejam compartilhadas entre as empresas, uma vez que esses não são diferenciais com-petitivos. “Se os fabricantes pude-rem aprender com as experiências dos outros, todo o setor será be-neficiado. A troca de informações é essencial para a comparação e o benchmarking”, explicou. “O único aspecto positivo de um acidente é o aprendizado que propicia, e que evita a sua ocorrência novamente na mesma empresa e em outras”, exemplificou.

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Rodrigo

Sodré

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30 anos

PRêMIO ABRAFATI: ESTíMULO à PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO TECNOLóGICOCriada em 1987, a premiação vem desde então incentivando a realização de estudos de alto nível pelos principais especialistas da indústria e do meio acadêmico.

Os vencedores da edição 2014: pesquisadores ligados a universidades e empresas do setor

Alberto Murayama

Lançado para estimular a maior integração entre a universidade e a indústria, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da indústria de tintas no Brasil, o Prêmio ABRAFATI de Ciência em Tintas é hoje reconhecido como o principal em sua área no País.

Ao longo de 16 edições, a partir de 1987, foram pouco mais de 150 os trabalhos submetidos à avalia-ção, revelando a existência de um forte potencial para a produção científica ligada às tintas. Destes,

foram reconhecidos 38 estudos – a premiação era concedida ini-cialmente ao 1o e 2o colocados, mas depois passou a contemplar também o 3o lugar –, tendo como autores mais de 70 especialistas das empresas do setor, das mais renomadas universidades e dos principais centros de excelência em pesquisa do País.

“Conseguimos atrair um conjunto de trabalhos de muito bom ní-vel, que confirmam que há muita pesquisa relevante sendo feita no Brasil – e foi justamente essa a nossa intenção ao criar o Prêmio, por entendermos que se trata de uma atividade essencial para o desenvolvimento científico e tec-nológico do nosso setor, levando a avanços e inovações”, afirma Dilson Ferreira, presidente-exe-cutivo da ABRAFATI.

Mostrando a sintonia entre a pes-

quisa e as demandas do mercado e da sociedade, a busca de avan-ços relacionados à sustentabili-dade e à melhoria das proprie-dades das tintas é uma constante nos trabalhos premiados.

Entre os principais temas estu-dados pelos vencedores, sobres-saem a utilização de matérias -primas de fonte renovável, o uso de materiais de menor toxicidade e impacto ambiental, o aproveita-mento de resíduos de processos industriais na produção de tintas, assim como o aumento da efi-ciência na produção com redução da utilização de insumos.

Desenvolvimentos relacionados à adição de novas funcionalidades às tintas também fazem parte do amplo catálogo de trabalhos es-timulados por essa premiação. A utilização dos recursos da nano-tecnologia e a busca de novas

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o pesquisador Manuel Julimar Lo-pes dá o seu testemunho: “Além do valor que tem para mim, esse prêmio significa também muito no mercado. Já há vários anos vivo de invenções que apresentei para concorrer ao Prêmio ABRAFATI e que, depois, chamaram a aten-ção de parceiros investidores. No momento em que o trabalho é apresentado, ele ainda é Ciência Pura. Nos meses seguintes, no entanto, desperta interesse por ter sido vencedor do prêmio, ga-nha vida e se torna Ciência Apli-cada”.

A mesma visão é compartilhada por Mariane Dalpasquale, vence-dora em 2014, que diz que o prê-mio foi encarado como uma pos-sibilidade de obter novas ideias, melhorias e sugestões para tra-balhos futuros, além de ser uma ótima oportunidade para mostrar

o estudo que vinha sendo reali-zado. “Vimos a possibilidade de concretizar um dos nossos obje-tivos, o de fazer parceria para o desenvolvimento em escala-pilo-to”, reforça.

Quem atua na indústria percebe esse e outros benefícios. É o que revela o depoimento de Marcos Fernandes de Oliveira, da Axal-ta, laureado em 2010: “Ao par-ticipar do prêmio, o pesquisador ou técnico ligado à indústria tem a oportunidade, antes de tudo, de aprimorar seus conhecimen-tos, pois precisa estudar profun-damente sobre o tema que está abordando. As regras e exigên-cias para a elaboração do tra-balho são muito parecidas com aquelas aplicadas em disserta-ções e teses, incentivando a pes-quisa e a comprovação científica dos resultados”.

técnicas contra o surgimento de micro-organismos são exemplos nessa seara, assim como diversos aprimoramentos na área de tintas anticorrosivas.

“Muitos estudos apresentados resultaram em aprimoramentos significativos em processos, de-senvolvimento de produtos e ma-térias-primas, avanços no cam-po ambiental e outros aspectos. Além disso, alguns desses traba-lhos deram origem a estudos mais aprofundados, estimulando o de-senvolvimento científico ligado às tintas”, salienta Dilson Ferreira.

Os próprios participantes ressal-tam a importância do Prêmio para abrir oportunidades para que as inovações saiam dos laboratórios e cheguem à linha de produção.

Primeiro colocado na edição 2004,

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30 anos

RECONHECIMENTO CRESCENTE AO LONGO DOS ANOS ABRE NOVAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃOA ABRAFATI tornou-se uma voz respeitada nacional e internacionalmente, graças à consistência de seus valores e à qualidade de suas iniciativas.

Com as atividades que desen-volve, os resultados obtidos, a coerência e a seriedade de sua atuação, ao longo dos anos a ABRAFATI fortaleceu sua imagem e conquistou o respeito e o reco-nhecimento dos mais diversos pú-blicos. A consequência disso é a participação, como representante

de um segmento visto como muito importante, em inúmeras iniciati-vas conjuntas com outros setores, assim como o relacionamento e a maior facilidade de interlocução com diferentes instâncias do go-verno.

Um exemplo marcante de união de esforços com outros setores empresariais, que proporcionou resultados muito positivos, foi a criação da União Nacional da Construção, em 2006.

Com a participação da ABRAFATI, esse grupo trabalhou intensamen-te junto ao governo para incenti-var o estímulo à construção civil e à infraestrutura, considerando-o

como fator indutor do crescimento econômico e, ao mesmo tempo, de melhoria dos problemas so-ciais do País. Esse trabalho le-vou ao lançamento de programas como Minha Casa, Minha Vida e PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), impulsionando o desenvolvimento brasileiro e do setor de tintas.

Na mesma linha, inúmeras outras ações conjuntas foram levadas a cabo com entidades representati-vas dos mais variados segmentos – da indústria química ao varejo de tintas e de materiais de cons-trução –, sempre buscando me-lhorar o ambiente de negócios, abrir oportunidades e fomentar o desenvolvimento econômico e so-cial do Brasil.

Busca de soluções

No âmbito governamental, a ABRA-FATI também construiu um histó-rico muito positivo de relaciona-mento, calcado na seriedade de seus propósitos e na consistência dos argumentos que apresenta. Desde os seus primeiros tempos, quando tinha de lidar com o CIP (Conselho Interministerial de Pre-ços) para obter autorização para aumentos de preços das tintas no período de alta inflação ou com a CACEX (Câmara de Comércio Ex-terior) para liberar importações de matérias-primas, a Associação foi reconhecida como interlocutora confiável e representativa de um setor relevante.

Nessa esfera, merece destaque o ABRAFATI mantém reuniões e contatos com lideranças das diferentes entidades representativas do setor na América Latina

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Iniciativas da ABRAFATI foram reconhecidas em importantes premiações, como o TOP Anamaco, conquistado por três vezes por diferentes ações

ou os projetos de infraestrutura”, afirma Dilson Ferreira, presidente- executivo da ABRAFATI.

Atuação global

No nível internacional, a Associa-ção também é hoje uma voz cada vez mais respeitada, por suas ações inovadoras e por sua ativa participação nas discussões rela-cionadas às questões chave para a cadeia de tintas.

Entre eles, merece destaque a atuação da ABRAFATI nos encon-tros do IPPIC (International Paint and Printing Ink Council), órgão que reúne as várias associações representativas da indústria de tintas no mundo, assim como no Comitê Global de Gerenciamen-to do Programa Coatings Care, de responsabilidade em tintas.

“Somos ouvidos com atenção em todo o mundo, porque mostramos a seriedade e o perfil inovador de nossos programas, que trazem resultados concretos, replicáveis em outros países, com as devi-

das adaptações”, explica Dilson Ferreira. “Somado a isso, temos sempre uma atuação proativa nos encontros globais da cadeia de tintas, sugerindo caminhos e pos-turas, integrando-nos aos grupos de estudos e reafirmando o papel relevante do País no cenário mun-dial”, acrescenta.

Programas criados pela Associa-ção têm servido de inspiração para entidades de outros países, a par-tir dos resultados alcançados. Um exemplo é o Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias, que já foi apresentado em diferen-tes ocasiões a lideranças da ca-deia de tintas na América Latina.

“A interação e o intercâmbio de experiências com entidades con-gêneres nos permite conhecer novas possibilidades e dinamizar nossa atuação. Ao mesmo tempo, representa uma oportunidade de mostrar que o Brasil ocupa posi-ção de destaque no cenário global, apresentando práticas inovadoras e resultados expressivos que obti-vemos”, resume Dilson Ferreira.

trabalho voltado para a desone-ração tributária, buscando formas de eliminar ou suavizar impactos aos custos do setor.

Esse trabalho envolveu as ma-térias-primas – entre as quais o dióxido de titânio –, equipamen-tos como as máquinas tintomé-tricas e as próprias tintas (para as quais foi obtida, por exemplo, a redução do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados). Essas desonerações chegaram a repre-sentar, em alguns anos, uma eco-nomia de 30 milhões de dólares, que fabricantes de tintas deixaram de desembolsar em impostos na importação de matérias-primas e equipamentos cuja produção do-méstica era inexistente ou insufi-ciente para atender à demanda.

“Foram conquistas muito positivas para a indústria de tintas, que evi-taram que recaíssem ônus desne-cessários sobre o setor, afetando áreas essenciais para o desen-volvimento econômico e social do País, como a construção habita-cional, a indústria automobilística

Divulgação Anamaco

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30 anos

FóRUM ABRAFATI: INFORMAÇÕES E ANÁLISES FUNDAMENTAIS PARA PLANEJAREncontro anual traz apresentações e debates sobre cenários, desafios e oportunidades para o setor.

Em 2006, realizou-se a primeira edição de mais uma iniciativa re-levante: o Fórum ABRAFATI da In-dústria de Tintas. Idealizado para avaliar a situação do setor e dis-cutir as perspectivas futuras, reu-nindo os mais importantes líderes empresariais, executivos e profis-sionais das empresas ligadas à cadeia de produção e distribuição de tintas, o encontro tornou-se uma ocasião muito aguardada.

“A ideia surgiu nas reuniões de Di-retoria, em função da necessidade de entender melhor o cenário e debater questões específicas do setor. Tem sido, desde o início, um evento fundamental para a tomada

de decisão nas empresas”, afirma Telma Florêncio, diretora de Even-tos Corporativos da ABRAFATI.

Até hoje, foram promovidas 10 edições do Fórum, além de uma especial no período da grave cri-se internacional de 2009, sempre despertando forte interesse do público-alvo, que comparece sa-bendo que ali poderá obter infor-mações valiosas para a definição dos rumos dos seus negócios.

O leque de assuntos em discus-são é variado, mas sempre en-volve uma análise da conjuntura, que fica a cargo de especialistas externos à cadeia de tintas, como economistas, consultores, jorna-listas econômicos e cientistas po-líticos. Entre os grandes nomes que já estiveram presentes podem ser citados os ex-ministros Maílson da Nóbrega e Paulo Renato Souza, o ex-presidente do Banco Central

Gustavo Franco, o ex-secretário de Política Econômica José Roberto Mendonça de Barros, assim como os economistas Eduardo Giannetti da Fonseca e Ricardo Amorim e os jornalistas especializados Míriam Leitão e Joelmir Beting.

A programação também inclui te-mas que são prioritários para a ca-deia de tintas naquele momento, normalmente apresentados por li-deranças de associações de classe da cadeia produtiva e executivos das empresas do setor.

Realizado em agosto por ser esse o período de elaboração de bud-gets para o ano seguinte, o Fórum sempre apresenta previsões para o desempenho do setor. A inte-ratividade, reforçada a partir de 2011 com a utilização do sistema eletrônico de pesquisa dataFATI, permite conhecer, em tempo real, as opiniões e expectativas dos participantes em relação ao tema.

O evento debate, também, os mais variados assuntos de interesse do público decisor ali presente: da situação da construção civil à sustentabilidade, passando por disponibilidade e custos de maté-rias-primas, capacitação de pin-tores, qualidade e muito mais. “O desenvolvimento do setor, anali-sado sob todos os ângulos, é o grande tema. Por isso, mesmo quando não abordado diretamen-te, está presente em todas as pa-lestras e painéis do Fórum”, afirma Dilson Ferreira, presidente-execu-tivo da ABRAFATI.

Ex-ministro Maílson da Nóbrega proferiu palestra na edição 2015 do Fórum

Alberto Murayama

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