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Divulgação dos museus açorianos Editorial Destaques Maria Manuel Velasquez inter museus Comunicar Conservação, Restauro e Prevenção iM Pag. 02 Conservação Preventiva, Conservação Curativa, Restauro Térmitas (Isoptera) nas habitações de Angra do Heroísmo Museu de Angra do Heroísmo Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Maduro Dias, Director Março 2005 nº 003 Pag. 03 Editor: Coordenação Geral: Coordenação editorial: Design: Paginação: Colaboradores: Presidência do Governo Regional doa Açores Direcção Regional da Cultura Maria Manuel Velasquez João Paulo Constância Rosa Veloso Carlos Sousa Rui Marques Francisco Lima Helena Ormonde Heliodoro Silva Maduro Dias Olívio Rocha Paula Romão Paulo Borges Paulo A. V. Borges Paula Romão A situação e a história geográfica, biofísica e humana das ilhas dos Açores é peculiar e rica. Guardam testemunhos do Terciário, estão na fronteira de vários sistemas naturais, serviram, desde o início da sua história em contexto humano, como recurso estratégico, quer do poder português, quer das potências que dominaram, a cada tempo, o mar Atlântico e tiveram interesses nas suas margens. As limitações e dificuldades próprias de uma região insular fizeram-na isolada umas vezes, forçadamente contextualizada em movimentos globais, outras; moldando a identidade, gerando particularidades locais, criando horizontes largos e dependências longínquas. A tudo isto pode e deve acrescentar-se o papel especial que tiveram e têm Angra do Heroísmo (Património Mundial desde 1983) e a Terceira, sobretudo no plano estratégico, económico e político, onde o Museu tem a sua sede. Porque tudo isto é assim o Museu de Angra do Heroísmo é um museu interdisciplinar e de síntese, na linha procurada pelos museus de civilização. Como “casa das musas” é um lugar de informação e de formação, de memória e de inspiração. Um espaço de encontro das memórias colectivas; centro de recolha, estudo, tratamento, conservação e divulgação (expositiva ou outra); onde as pessoas podem aprender, recrear-se, recordar e usufruir, mas também questionar, confrontar, e inquirir os caminhos do futuro e da novidade. É um museu geo-referenciado, onde os planos local, regional, nacional e planetário se cruzam e completam, para serviço e benefício de habitantes e visitantes, curiosos e estudiosos. O Museu de Angra do Heroísmo assume-se, de modo inequívoco, como instrumento de educação permanente e não formal e como elemento colaborador activo do sistema formal. Além de mais um museu convida- do, o tema em destaque nesta terceira edição da IM, e primeira do ano 2005, é a conservação. Proteger e acautelar, funções caras aos profissionais dos museus, reves- tem-se de especial importância pelo seu carácter preventivo, condicionador e promotor de atitudes e comporta- mentos fundamentais para a preser- vação dos patrimónios à nossa guarda e que moldam, obviamente, o dia a dia dos museus. Em colaboração com o CECRA (Centro de Estudo, Conservação e Res- tauro dos Açores) divulgamos nesta edição textos nesta área, procurando torná-los acessíveis a todos os pro- fissionais. Bom Ano e Boas práticas. Presidência do Governo Regional dos Açores

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Divulgação dos museus açorianos

Editorial Destaques

Maria Manuel Velasquez

intermuseusComunicar

Conservação,Restauroe Prevenção

iMPag.

02

�Conservação Preventiva,Conservação Curativa, Restauro

Térmitas (Isoptera) nashabitações de Angra do Heroísmo

Museu de Angra do HeroísmoEspaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Maduro Dias, Director

Março2005nº 003

Pag.

03

Editor:

Coordenação Geral:

Coordenação editorial:

Design:

Paginação:

Colaboradores:

Presidência do GovernoRegional doa AçoresDirecção Regionalda Cultura

Maria Manuel Velasquez

João Paulo ConstânciaRosa Veloso

Carlos Sousa

Rui Marques

Francisco LimaHelena OrmondeHeliodoro SilvaMaduro DiasOlívio RochaPaula RomãoPaulo Borges

Paulo A. V. Borges

Paula Romão

A situação e a história geográfica, biofísica ehumana das ilhas dos Açores é peculiar e rica.

Guardam testemunhos do Terciário, estão nafronteira de vários sistemas naturais, serviram,desde o início da sua história em contexto humano,como recurso estratégico, quer do poder português,quer das potências que dominaram, a cada tempo,o mar Atlântico e tiveram interesses nas suasmargens.

As limitações e dificuldades próprias de umaregião insular fizeram-na isolada umas vezes,forçadamente contextualizada em movimentosglobais, outras; moldando a identidade, gerandoparticularidades locais, criando horizontes largos edependências longínquas.

A tudo isto pode e deve acrescentar-se o papelespecial que tiveram e têm Angra do Heroísmo(Património Mundial desde 1983) e a Terceira,sobretudo no plano estratégico, económico e político,onde o Museu tem a sua sede.

Porque tudo isto é assim o Museu de Angra doHeroísmo é um museu interdisciplinar e de síntese,na linha procurada pelos museus de civilização.

Como “casa das musas” é um lugar deinformação e de formação, de memória e deinspiração. Um espaço de encontro das memóriascolectivas; centro de recolha, estudo, tratamento,conservação e divulgação (expositiva ou outra);onde as pessoas podem aprender, recrear-se,recordar e usufruir, mas também questionar,confrontar, e inquirir os caminhos do futuro e danovidade.

É um museu geo-referenciado, onde os planoslocal, regional, nacional e planetário se cruzam ecompletam, para serviço e benefício de habitantese visitantes, curiosos e estudiosos.

O Museu de Angra do Heroísmo assume-se, demodo inequívoco, como instrumento de educaçãopermanente e não formal e como elementocolaborador activo do sistema formal. �

Além de mais um museu convida-

do, o tema em destaque nesta terceira

edição da IM, e primeira do ano 2005,

é a conservação.

Proteger e acautelar, funções caras

aos profissionais dos museus, reves-

tem-se de especial importância peloseu carácter preventivo, condicionadore promotor de atitudes e comporta-mentos fundamentais para a preser-vação dos patrimónios à nossa guardae que moldam, obviamente, o dia a diados museus.

Em colaboração com o CECRA(Centro de Estudo, Conservação e Res-tauro dos Açores) divulgamos nestaedição textos nesta área, procurandotorná-los acessíveis a todos os pro-fissionais.

Bom Ano e Boas práticas.

Presidência do Governo

Regional dos Açores

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 0032

Conservação museológica

O 3º Colóquio da Associação dosRestauradores de Arte com Formação

Universitária (A.R.A.A.F.U.), subordinado aotema “Conservação e Restauro dos BensCulturais – A Conservação Preventiva” erealizado em Paris em 1992, constituiu umimportante marco para a definição, clarificaçãoe sistematização dos conceitos directa ouindirectamente relacionados com a disciplinade Conservação.

Foi nessa altura que Gaël de Guichen1

apresentou uma classificação (que continuaválida) para a intervenção nos bens culturaisem três categorias: a conservação preventiva,a conservação curativa, o restauro.

De acordo com este autor, a ConservaçãoPreventiva compreende todas as acções sobreas causas de deterioração dos materiais.

Nesta perspectiva, é Conservação Pre-ventiva: proporcionar aos objectos um am-biente estável (com níveis de iluminação muito

Conservação Preventiva,Conservação Curativa, Restauro

Paula Romão, Directora do CECRA

* Centro de Estudo, Conservação e Restauro dos Açores. Rua de Jesus,nº119. 9700-160 Angra do Heroísmo. Telefone: 295216118. Fax: 295216119.1 Cit em D. Guillemard, Éditorial, Actas do 3º Colóquio da A.R.A.A.F.U.– “Conservation Restauration des Biens Culturels: La ConservationPreventive”, Paris, 8-10 de Outubro de 1992, pp. 13-18.2 Tendo sempre em conta que os efeitos resultantes da acção da luz sãoirreversíveis e cumulativos, e que, por essa razão, as normas internacionais,que impõem valores limite para a iluminação e para o tempo total deexposição admissível, são imperativas. Para informações sobre estesvalores, consultar: L.E. Casanovas, P. Romão,Conservação Preventiva em Museus, Bibliotecas e Arquivos: uma proposta de legislação para os Açores, Conservação e Restauro - Cadernos doInstituto Português de Conservação e Restauro, 1, Junho de 2001,pp. 10-253 L. Casanovas, Bibliotecas e Arquivos: a Conservação Preventiva comoAtitude e como Prática, Cadernos de Biblioteconomia, Arquivística eDocumentação, 2, 1991, pp. 43-56.4 A. Alarcão, Conservação e Restauro, “Conservação do PatrimónioCultural”, Roteiro de Empresas, Instituto de Emprego e FormaçãoProfissional, Lisboa, 1991, pp. 9-13.5 S. Michalski, Canadian Conservation Institute – Preservation ofcollections, Actas do 1º Encontro Científico do Instituto Português deConservação e Restauro – “A Conservação Preventiva e as ExposiçõesTemporárias”, Lisboa, 6-8 de Junho de 2001, ed. Instituto Português deConservação e Restauro, Lisboa, 2003, pp. 41-47.

Restauro: Reintegração cromática a aerógrafoFotografia: António Pacheco /CECRA

baixos2, humidade relativa e temperatura semvariações bruscas, poluição controlada),assegurar a adequada limpeza de todos osespaços de exposição e armazenamento,dispor de materiais e equipamentos adequadospara o acondicionamento3, estudar, conceber eacompanhar a embalagem e o transporte depeças para outros locais, realizar inspecçõesperiódicas às colecções e às instalações,verificar as condições de segurança do edifício.

Já para a Conservação Curativa con-tribuem todas as acções sobre os efeitos dadeterioração dos materiais, como sejam, porexemplo, a limpeza, a consolidação, a fixação,a dessalinização, a desinfecção, a desinfes-tação, a substituição ou reforço de suportes.

A diferença fundamental entre os doisconceitos reside no tipo de intervenção sobrea obra: no primeiro, é indirecta; no segundo, sebem que deva ser mínima, é directa e implicareacções químicas dos materiais constituintescom os produtos utilizados, introdução demateriais novos, exposição a níveis de ilu-

minação elevados (nas fases dediagnóstico, registo e tratamento).

Os limites entre ConservaçãoPreventiva e Conservação Curativanem sempre são tão definidos,chegando mesmo a misturar-se.Substituir um suporte de aglomeradode madeira por um cartão neutroou aplicar um insecticida numamadeira aparentemente não infes-tada por insectos xilófagos, sãoacções directas, mas tambémprevinem, respectivamente, aacidificação dos materiais colocadossobre aquele suporte e a infesta-ção a médio prazo, contribuindo,portanto, para o prolongamentoda esperança de vida do bemcultural.

Algumas vezes também afronteira entre Conservação Cura-tiva e Restauro não é clara. Deacordo com a classificação acimareferida, o Restauro é entendidocomo uma intervenção directa efacultativa, realizada com a fina-lidade de facilitar ou tornar possí-vel a leitura de um objecto. Con-tudo, operações como o preen-chimento de lacunas ou a cola-gem de fragmentos podem inte-grar-se no primeiro conceito

quando são indispensáveis para a estabilizaçãofísico-química da obra, mas constituem opçãode Restauro em situações em que se pretenderestabelecer a forma e a aparência.

Significa tudo isto que a Conservação dosBens Culturais tem de ser guiada pelo princípioda prevenção, dando razão e fundamento aoditado popular: vale mais proporcionar asadequadas condições de ambiente e prevenira deterioração dos materiais, do que ter deremediar os efeitos da deterioração.

Neste contexto, há que ter presentes, emtodos os momentos, as acções defendidas porAdília Alarcão4, para a sobrevivência e gestãodos bens culturais:

- Preservar é um dever ineludível epermanente

- Conservar é uma necessidade mais oumenos urgente

- Restaurar é uma opção que pode sempreaguardar.

E, como afirma Stefan Michalski, «Todosfazemos preservação. Desde os que limpam asinstalações aos directores. Dos conservadoresao público. Dos conservadores-restauradoresaos políticos. Dos investigadores àscrianças»5.

Fotografia da frente após a intervenção de conservação e derestauro.Fotografia: António Pacheco /CECRA

Estado de conservação à chegada ao CECRA

Fotografia: António Pacheco /CECRA

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 003 3

Conservação preventiva

As Térmitas são um grupo de insectos daOrdem Isoptera, aparentados com as

Baratas e os Louva-a-Deus. Os primeiros fósseis detérmitas conhecidos remontam ao Mesozoico masadmite-se que elas já estivessem presentes naTerra, desde o fim do Paleozoico, há cerca de 220milhões de anos. Só para se ter uma ideia da escalatemporal, a ilha mais antiga dos Açores possui cercade 8 milhões de anos (S. Maria) e a espécie humanatem cerca de 1 milhão de anos.

Existem três tipos de espécies de Térmitas:subterrâneas; de madeira verde e de madeira seca.Das cerca de 3000 espécies conhecidas no planeta,só algumas são nefastas para o Homem. De facto,a maior parte das espécies são até benéficascontribuindo para a reciclagem das árvores mortas,oxigenação dos solos e processos de decomposiçãoda celulose. Algumas espécies são arborícolasconstruindo a termiteira na copa das árvores, outrasvivem no solo, sendo bem conhecidas as termiteirasgigantes em África e na América do Sul.

No entanto, algumas espécies causamelevados prejuízos nas habitações humanas,atacando móveis e esculturas mas também partesestruturais como soalhos e tectos. Em alguns paísescomo os Estados Unidos da América, Canadá, Brasil,Austrália e África do Sul existe mesmo uma tradiçãode lidar com as espécies mais nocivas, investindo-se muito dinheiro e esforço na sua monitorização,prevenção e no seu combate.

Tratando-se de insectos sociais possuem umciclo de vida complexo e com várias castas comoé o caso de Cryptotermes brevis, espécie demadeira seca (ver Figura 1). Nesta espécienormalmente uma fêmea e um macho colonizamuma estrutura colocando ovos dos quais nascemninfas totipotentes, ou seja, que possuem acapacidade de se tornarem qualquer uma das castas(obreiras ou segregadas, soldados, reprodutoras).Numa fase intermédia do desenvolvimento formam-se as segregadas e os soldados. As segregadas sãocaracterizadas por executarem todas as funções derotina, tais como obtenção de alimento, alimentaçãode indivíduos de outras castas, inclusive o rei (pai)e a rainha (mãe), eliminação de indivíduos doentesou mortos, cuidados com os ovos. As segregadassão mantidas como escravas porque a mãe (rainha)as impede de se desenvolverem para reproductorasao dar-lhes dentadas nas zonas de formação dasasas. As segregadas digerem a celulose com aajuda de protozoários simbiontes e regurgitam acelulose já pré-digerida para que as outras castas sealimentem.

A casta dos soldados, por sua vez, tem afunção da guarda do ninho e protecção dassegregadas durante a busca de alimentos. Todas asobreiras e soldados são cegos comunicando atravésde compostos químicos. Em determinadas alturas noVerão formam-se reprodutores que têm a função deprocurar outros locais para fundar novas colónias.

Em algumas situações como a morteda rainha podem mesmo formar-sereprodutores secundários a partir deobreiras. Os reprodutores primáriossão formas aladas diferenciando-sefacilmente das formigas (Insecta,Hymenoptera) por possuírem asasanteriores e posteriores do mesmotamanho e corpo rectangular semqualquer constrição entre o tórax eabdómen.

Neste momento está confir-mada a presença da espécieCryptotermes brevis (Walker, 1953)(Kalotermitidae) (cerca de 6-8 mmde comprimento) (Figura 2) em várias habitações deAngra do Heroísmo. Trata-se de uma espécie demadeira seca com origem tropical e que se temespalhado por todo o mundo através de navios emadeiras importadas. Uma colónia é formada por

Paulo A. V. Borges, Universidade

dos Açores, Departamento

Ciências Agrárias e Ambiente

Térmitas (Isoptera) nas habitações de Angra do Heroísmo

Figrura 1Ciclo de vida de Cryptotermes brevis (Walker, 1953)(Térmita das Índias Orientais)

Figura 3Estragos provocados por de Cryptotermes brevis(Walker, 1953)(Térmitas das Índias Orientais) numa habitação de Angrado Heroísmo

cerca de 300 indivíduos (embora possam chegar a3000 por colónia), podendo ocorrer numadeterminada área várias colónias cada uma com asua rainha. Como se alimentam de madeira secatodas as madeiras antigas e nãotratadas, são um alvo potencial deataque e posterior destruição.Inicialmente as Térmitas não sãoobserváveis porque fecham osorifícios externos das galerias, sendoa sua presença apenas notadaquando as fezes de cor preta sãoexpulsas e se aglomeram nossoalhos (Figura 2). Nesta altura ascolónias já provocaram extensosdanos. Deste modo o seu combatenão é uma tarefa simples.

É fundamental que se detectemos problemas cedo, aquando dalibertação das asas, ou quandoaparecem os primeiros dejectos,para se evitarem Fumigações ou até a total remoçãodas madeiras, a única solução nos casos deinfestação generalizada.

Cryptotermes brevis é considerada como aespécie de térmita de madeira seca mais perigosaque se conhece e que atingiu já o estatuto de pragaurbana em Angra do Heroísmo. A sua ocorrência emPonta Delgada, na Horta e na freguesia dos Biscoitos(Concelho da Praia da Vitória) está tambémconfirmada. Cerca de 43% das habitações do centrohistórico de Angra do Heroísmo estão afectadas edestas praticamente 50% possuem infestaçãosevera (nível D) ou destruição (nível E) de váriasestruturas importantes para a segurança dashabitações. As madeiras onde se detectaram maiorinfestação foram o Eucalipto e a Criptoméria, masmuitas outras também estão atacadas. Algumashabitações com Pinho Resinoso e localizadas emzonas criticas não estão infestadas. As partes dashabitações mais afectadas são as dos andaressuperiores, principalmente coberturas. Infelizmentedas duas técnicas conhecidas mais eficazes pararesolver os problemas mais graves (fumigação etemperaturas elevadas), apenas a utilização determoacumuladores parece ser viável em Angra doHeroísmo. Estamos perante uma situação de gestãode uma pragra urbana que se irá prolongardurante muitos anos.

Figura 2Segregada, soldado (exemplar com a cabeça maisescura e esclerotizada) e dejectos de Cryptotermesbrevis (Walker, 1953)

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 0034

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Museu de Angra do Heroísmo

Heliodoro Silva, Assessor

A exposição “Sala Família Frederico Vasconcelos”

2.ª Secção: O mundo do Dr. Frederico João

Exposições temporárias programadas pelo MAH para 2005

Em Dezembro de 2003 inaugurou noMuseu de Angra do Heroísmo mais um

espaço de exposição permanente, a “SalaFamília Frederico Vasconcelos”, ocupando osalão principal da antiga fábrica de tabaco“Âncora”. Essa iniciativa resultou de umextenso legado aceite pelo Museu em 1996 eque tinha como condição expressa a criaçãodeste espaço com esta designação. Foiconcebida e coordenada por Olívia Marcus,uma jovem licenciada francesa que cumpria umestágio no MAH e por Heliodoro Silva, técnicosuperior dos quadros da instituição.

Esta exposição tem o seu ponto de partidana história da família Frederico Vasconcelos,uma família de comerciantes e industriaisoriunda do Continente Português, que seestabelece na ilha Terceira em finais do séculoXVIII. Aborda em seguida o espólio do seuúltimo representante, o Dr. Frederico João, quefaleceu em 1995 em Lisboa sem deixardescendência e que legou ao MAH em tes-tamento o recheio do seu apartamento daAvenida da República em Lisboa, que estainstituição considerasse ser de interessemuseológico. Finalmente, debruça-se sobre oespólio da empresa Frederico A. Vasconcelosque, ao longo de mais de 200 anos, com sedeem Angra do Heroísmo, desenvolveu umaintensa e profícua actividade de investimentoe labor empresarial em áreas importantes parao desenvolvimento económico local e regional,com alguns traços inovadores.

Esta exposição está dividida em trêssecções: a 1.ª secção designa-se por “A FamíliaFrederico Vasconcelos” e consiste numa série

de painéis onde estãoreunidas cópias de elementosdocumentais, incluindo di-versas fotografias, sobre alinha varonil da família, desdeJosé Luís de Vasconcelos atéao Dr. Frederico João,incluindo um painel sobre asua mãe, Emília Adelaide deFreitas e Vasconcelos. Éneste espaço que ficamos aconhecer toda a família etemos um retrato bastantecompleto do Dr. FredericoJoão, o último de uma série de quatro geraçõesde Fredericos; diplomata e político, celibatáriopor opção, foi um menino nascido em berço deouro duma família rica das ilhas, o queverdadeiramente se chamava herdeiro da casa

de seus pais. Nascido em Lisboa, licenciou-seem Direito pela Universidade de Coimbra. Foialferes miliciano de cavalaria, ingressandodepois no quadro diplomático do Ministério dosNegócios Estrangeiros. Colocado nos EUA, foisecretário de legação e conselheiro daEmbaixada de Portugal em Washington DC. Aofalecer, em Lisboa, era Ministro Plenipotenciáriodos Negócios Estrangeiros.

A 2.ª secção intitula-se “ O Mundo do Dr.Frederico João “ e constitui uma discretaincursão na sua vida privada, reconstituindoparcialmente o ambiente em que se mo-vimentava na intimidade da sua casa. Nos EUAadquiriu grande parte daquilo que constituía emtermos artísticos o recheio do seu apartamentoem Lisboa, adquirindo peças de arte valiosas,móveis e quadros nos antiquários, sobretudonova-iorquinos. Era um apreciador de boa

musica, preferindo sobretudo o jazz, nãodesdenhando contudo dos clássicos. Possuíaenorme colecção de discos e Cd’s e gravavaconstantemente, mantendo-se a par dasnovidades. Entregava-se também à leitura epossuía um bom conjunto de obras literáriasem português, francês e inglês. Uma particu-laridade muito interessante era a sua faceta decoleccionador, sobretudo de miniaturas deautomóveis e de veículos do mundo doscomboios que comprava constantemente emtodo o lado, possuindo mesmo no seu aparta-mento de Lisboa uma instalação completa deum terminal ferroviário electrificado, em doispisos.

A 3.ª secção tem a designação de “AEmpresa Frederico Vasconcelos & Herd. Lda“ eé basicamente constituída por espóliogentilmente legado pela actual firma “FredericoA. Vasconcelos “ que vem trazer um contributodocumental importante para o estudo e acompreensão da dinâmica empresarial na ilhaTerceira e na Região no último quartel doséculo XX.

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Inaugurada no passado dia 3 de Fevereiro,a exposição de escultura Enfim sós, de SofiaMedeiros vai estar aberta ao público até finaldo mês de Março, na Sala do Capítulo.

Em Fevereiro, nos dias 10, 11 e 12,realizaram-se um conjunto de serões evo-cativos do Centenário de Mestre Maduro-Dias.

A fruta e a fruticultura nos Açores serãotema de uma exposição a inaugurar em Abril.

Em Maio, as Térmitas de madeira secaserão o tema de uma exposição a exibir na

Ermidada do Espírito Santo e, no mesmo mês,é inaugurada, no Forte de Santa Catarina, Praiada Vitória, a exposição O Mundo a brincar.

A Sala Dacosta mantém a dinâmica,prevendo-se como próximas temáticas aabordar Figurações da ilha, em Abril, e Astentações de Sto. Ant(ónio), em Setembro.

Em Junho, no âmbito das Sanjoaninas, omuseu organiza, no Palácio dos CapitãesGenerais, a exposição Da arte de bem cavalgartoda a sela.

No final do ano, os finalistas de BelasArtes também terão espaço para exposiçõesno Museu de Angra do Heroísmo.

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 003 5

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Museu de Angra do Heroísmo

A Sala Dacosta no Museu de AngraUm espaço contemporâneo em Angra

Francisco Lima, Conservador

Natural de Angra do Heroísmo, AntónioDacosta (1914-1990), foi um dos

expoentes do surrealismo português na 1ªmetade do Século XX. Depois da Guerraacabou por ir para a Paris, onde emboradeixando de pintar foi sempre acompanhandode perto as novas tendências e os inúmerosdesafios que a arte contemporânea enfrentouao longo de todo o século XX.

A colaboração quemanteve como crítico dearte para os jornais “DiárioPopular” de Lisboa primeiro,e depois para o “Estado deS. Paulo” de S. Paulo até1978, são a prova de queDacosta nunca se afastou domundo da arte contemporânea.De tal forma que na últimadécada da sua vida reaparece apintar com um vigor e umajovialidade invejável, que opróprio interpreta daseguinte forma, “ Não seinterrompe o que se é, não se deixa de serquem é, não se recomeça, é-se.”

Com a colaboração de Miriam Dacosta, oMAH sempre manifestou o desejo de possuirum espaço dedicado à obra e figura destepintor europeu das ilhas, como lhe chamouVitorino Nemésio, que embora estejacontemplado na Exposição Permanente desteMuseu, a partir de Junho de 2003 passou a terum espaço próprio – A Sala Dacosta – quepretende ser sobretudo, um espaço dinâmicoaonde a sua obra e os seus contextos sejamum mote para a reflexão, desconstrução eexposição do contemporâneo.

Duas exposições por ano são realizadasneste espaço, independentemente de outrasiniciativas associadas aos temas apresentados.

O primeiro tema - Dacosta no Museu -reuniu o conjunto de cerca de duas dezenas detrabalhos de António Dacosta que fazem partedo acervo deste museu e que se pretendeaumentar, sempre que seja possível, todos osanos.

Em seguida apresentou-se uma outrafaceta de Dacosta – Dacosta poeta, aonde asua obra, reunida no livro “A Cal dos Muros” foiapresentada pelo grupo “O teatrinho”, e

Divulgação

ConventoS. Francisco

Angrado Heroísmo

Forte de S.Pedro da

Calhetados Biscoitos

Forte de S.Catarina do

Cabo da PraiaPraia da Vitória

Ermida doEspírito Santo

Angrado Heroísmo

Ermida daBoa Nova

Angrado Heroísmo

Império deSão Pedro

Angrado Heroísmo

Edifício daCanada de

BelémA. H.

Núcleos

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Colecção de pesos, medidas

e aparelhos medidores

No dia 12 de Janeiro do corrente foi entregueno Museu de Angra do Heroísmo, para serincorporada no seu acervo, uma interessantee valiosa colecção de Pesos, Medidas eAparelhos Medidores. Esta colecçãoencontrava-se, há largos anos, à guarda daDirecção de Serviços de Viação e TransportesTerrestres de Angra do Heroísmo e inclui, porexemplo, balanças de latão, uma bombahidráulica completa, manómetros, metros epesos padrão, entre outras peças.

Balança de latão

Actas do Seminário Os Museus

e o Património Náutico e

Subaquático

Numa edição da CâmaraMunicipal de Portimão esob a coordenação deJosé Gameiro (MuseuMunicipal de Portimão),foram publicadas asactas do Seminário Os

Museus e o Património

Náutico e Subaquático,noticiado na iM n.º 1 de Outubro.A edição encontra-se disponível na DRaC/Divisão do Património Móvel para consulta.

analizada por diversos actores: Luiz FagundesDuarte, Bárbara Séguier, Álamo Oliveira, MárioCabral e Bernardo Pinto de Almeida, emdiferentes palestras que decorreram na própriaSala Dacosta. Os trabalhos produzidosaguardam oportunidade para a sua publicação.

Neste momento está a decorrer até a Abrilde 2005 a terceira exposição Dacosta Intimo,

onde se pretendeu reunir as obras mais íntimasque o autor oferecia aos seus amigos efamiliares expondo-as juntamente com algumasdas suas reflexões e aforismos sobre a vida.

No próximo tema - Figurações da Ilha -vamos procurar entender a forma como opintor viu a sua ilha, desde as primeiraspaisagens da sua juventude até às suasúltimas figurações e memórias da Ilha.

António Dacosta (1914-1990)

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 0036

Notícias

Notícias

Noticias

Divulgação

Conferência Looking Bacward,

Looking Forward

Em Maio de 2005 o MEG – Museum Ethno-graphers Group UK – vai organizar uma con-ferência com o tema História, desenvol-

vimento e futuro da etnografia nos museus,olhando o modo como as estruturas institu-cionais e as atitudes profissionais nos museusetnográficos evoluiram desde 1975 (data defundação do MEG).Nesta Conferência vão ser abordadas diferen-tes formas de mostrar a etnografia bem como omodo como evoluiu ao longo dos tempos.Exemplo da mudança nas formas de expor aetnografia é o progresso da Antropologia Visuale o seu impacto nos museus.Paralelamente, serão divulgados os projectosem curso no Reino Unido, relacionados comesta temática, apresentados pelas seguintesinstituições: Manchester Museum, NationalMaritime Museum, Pitt Rivers Museum, NationalMuseum and Gallerias em Merseyside.A conferência terá lugar no Museu deManchester, Inglaterra, nos dias 9 e 10 deMaio de 2005.

Temas das secções:História da museografia etnográfica nos museus anível mundialAntropologia Visual – Filme e fotografiaEstudos da Cultura Material na Antropologia enoutras disciplinasDesenvolvimento da Etnografia nos museusmulti-disciplinares – e o futuro?

Informações e contactos:Lisa HarrisManchester Museum, University ofManchesterOxford Road, Mancheste, M13 3PLE-mail: [email protected]

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Museu de Angra do Heroísmo

Maduro Dias... cem anos depois

Olívio Rocha, Conservador

12 de Março de 1904 – 12 de Março de 2004

Ao longo do ano de 2004 decorreu ocentenário do nascimento de Francisco

Coelho Maduro Dias. Este evento foi assinaladocom a realização de diversas iniciativas, de quedestacamos: uma exposição, bio-bibliográfica eiconográfica sobre o Homem e a sua vasta ediversificada obra literária e artística,inaugurada no dia 12 de Março de 2004, poriniciativa da Biblioteca Pública e ArquivoRegional de Angra do Heroísmo e no dia 18,Dia Mundial dos Museus, por iniciativa doMuseu de Angra do Heroísmo, uma outraexposição, intitulada Maduro Dias – umHomem do século XX.

Esta exposição pretendeu destacar oMADURO DIAS natural e amante da cidade deAngra, o poeta, o escritor, o homem demúltiplas presenças, uma figura central nasmanifestações artísticas da sua terra natal,como um amante da beleza e como ointerventor, que baseado na experimentação,praticou com enlevo e elevação a Pintura, aArquitectura, o Teatro, a Cenografia, a Rádio, aTipografia, o Design, a Cenografia, o Poster, aDecoração.

Tudo o que pudesse evidenciar a terra, olocalismo e o regionalismo, sinónimo do serportuguês e que deu corpo a múltiplasintervenções locais, regionais, nacionais einternacionais, sempre com a sua graça e o seusentido estético e com uma grande agudeza deobservação e aberto a todas as aproximaçõesde correntes e estilos artísticos nacionais emundiais, mas à sua maneira. Fundador aindado Instituto Histórico da Ilha Terceira e sócio demúltiplas organizações culturais e sociais dasociedade angrense e terceirense.

A terminar o centenário, propomos arealização de uma reflexão sobre o Homem ea Obra de Maduro Dias.

Nesse sentido e por iniciativa do Museude Angra do Heroísmo realizar-se-à nos dias10, 11 e 12 de Fevereiro de 2004 umSeminário, intitulado: SERÕES COM MADURODIAS ........ cem anos depois.

Contamos com a participação deespecialistas e contemporâneos de MaduroDias, como o Prof. Doutor José Guilherme ReisLeite, Dr. Álvaro Monjardino, Álamo Oliveira, Dr.José Nuno da Câmara Pereira, Dr. Eduíno de

Jesus, Dr. Urbano Bettencourt, Dra. HelenaOrmonde e José Olívio Rocha.

Convidamos toda a comunidade local aparticipar, no entanto, dirigimos um conviteespecial a todos os que conheceram MaduroDias e a todos os animadores socioculturaisque estão ou estiveram ligados ao teatro, àcenografia, ao folclore, às belas artes, à rádioà poesia e à literatura, enfim, a todos, jovensou mais idosos, que têm a arte e o bom gostocomo lema principal nas suas vidas decidadãos activos e empenhados. �

Entre Maio e Outubro de 2005, com umacadência mensal, o MAH vai apresentar aopúblico uma série de seis cartazes diferentes.O objectivo é o de criar uma imagem detendência universalizante para o Museu,ligando o local e regional com o mundial.A edição será feita em quantidade limitada edestina-se a hotéis, centros culturais, serviçosligados ao turismo e à cultura da comunidade.Contudo, haverá uma versão em pdf suceptívelde ser descarregada e impressa em A4 porqualquer particular com acesso à internet.

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Museu de Angra do Heroísmo

Nova imagem

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iM intermuseusComunicar Março

2005

nº 003 7

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Em Outubro de2004, a Associação“O Direito deAprender” editou osegundo número daRevista TrimestralAprender ao longoda vida. O papeldos museus naeducação eformação dosadultos é o grande tema deste número queconta com artigos de Hugues de Varine,antigo Director do ICOM (ConselhoInternacional dos Museus) que escreve sobrea importância dos Ecomuseus nascomunidades locais; de Clara Camacho,Coordenadora da RPM (Rede Portuguesa deMuseus), que escreve sobre o papelconcedido à educação nos museus; e umartigo sobre o Museu de Serralves e a formacomo o Serviço Educativo procura captar osdiferentes públicos, nomeadamente osadultos, para as temáticas da arte.

Contactos para informações complementares:Site: http:// www.direitodeaprender.com.ptE-mail: [email protected]

Revista APRENDER AO LONGO

DA VIDA

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Colóquio APOM 2004

Francisco Lima, Conservador

Prémios APOM

A Associação Portuguesa de Museologia,com o objectivo de incentivar a imaginação ecriatividade, tem instituído prémios quedistinguem, anualmente, o melhor museuportuguês, a melhor exposição, o melhorcatálogo, o melhor serviço de extensãocultural e, bianualmente, o melhor trabalhosobre museologia e/ou melhor obramuseológica.

Informações e contactos:Associação Portuguesa de MuseologiaPraça B à travessa Sargento Abílio, lote 1,lote C11500-567 LisboaTelefone: 21 7780687 / 919562826Fax: 217780642E-mail: [email protected]: http://apom.paginas.sapo.pt

No passado dia 25 e 26 de Novembro,decorreu no Museu da Farmácia em

Lisboa o Colóquio APOM deste ano, cujo temaMuseus hoje em Portugal – Dificuldades e

Sucessos, foi motivo para mais uma reflexão entreos profissionais da museologia. Procurandofazer uma caracterização da actual situação dosMuseus em Portugal, a organização convidou váriosprofissionais dos Museus para apresentarem assuas experiências, partilhando assim asdificuldades e os sucessos dos seus museus.

Depois de ter sido feita uma apresentaçãodo panorama museológico português pelopresidente da actual direcção da APOM,António Nabais, que incluiu a leitura de umamensagem do actual director do IPM, ManuelBairrão Oleiro, ausente nesta sessão devido auma imprevista deslocação ao estrangeiro,procedeu-se à apresentação do primeiro painelde experiências museológicas.

De Santa Maria da Feira, Maria JoséFerreira apresentou-nos o Museu do PapelTerras de Santa Maria, instalado numa antigafábrica de papel, que abriu ao público em 2001a primeira fase deste projecto com umaexposição permanente dedicada ao processode fabrico de papel desde a sua fase manufac-tureira até à industrial. As restantes fasesincluem a recuperação de um conjunto deedifícios, exemplos da arquitectura do papeldesta região, bem como artefactos e maquinariaespecíficos e uma significativa colecção depapéis com marcas de água nacionais eestrangeiras do século XVI ao XX. Aos visitantes épermitido a sua participação nos processos defabrico em actividade.

Também de iniciativa municipal, o MuseuArqueológico e Lapidar Infante D. Henrique deFaro, foi-nos apresentado pela sua responsável,Dália Paulo, que descreveu o historial destacentenária instituição e da sua última fase, iniciadaem 1998, de reorganização das colecções e dosespaços do museu instalados no antigo Conventode S. António dos Capuchos em Faro.

Das Regiões Autónomas, o responsávelpelos museus sob a tutela da Direcção Regionaldos Assuntos Culturais da Madeira, FranciscoClode Sousa, enviou um texto sobre a situaçãodos Museus naquele arquipélago, uma vez quenão foi possível a sua presença neste fórum.

Dos Açores, o signatário apresentouMuseu de Angra do Heroísmo – natureza eprojectos, onde se procurou caracterizar o seuhistorial, a natureza desta instituição, a filosofia

do seu projecto e indicou os diversos projectosque este museu vem desenvolvendo desde então.

Por parte dos museus dependentes doIPM, foi apresentado o novo Museu Grão Vascoem Viseu, recentemente reaberto ao público numprojecto do arquitecto Souto Moura. DalilaRodrigues, ex-directora do Museu Grão Vasco eactualmente directora do Museu Nacional deArte Antiga de Lisboa, apresentou o projectode recuperação e adaptação do novo MuseuGrão Vasco, onde a arquitectura e a museografiadeste museu foi largamente debatida. A questão daarquitectura e da museografia nos espaçosmuseológicos continuou a ser debatida na apresen-tação do projecto de remodelação do Museude Lamego, feita pelo seu director AgostinhoRibeiro. Esta questão, da falta de inovação e demuitas vezes a falta de qualidade museográfica,nos projectos arquitectónicos para espaços museo-lógicos foi uma preocupação manifestada porquase todos os participantes deste colóquio.

Finalmente foi apresentado o Museu dosLanifícios da Universidade da Beira Interior,como um caso de um museu industrial emconstrução e expansão. Este museu, apresentadopela sua responsável, Elisa Calado Pinheiro, éuma estrutura polinucleada, constituída porvários espaços: núcleo Real Fábrica de Panosinaugurado em 1992 e aberto ao público em1996; o núcleo Râmolas de Sol e o Centro deDocumentação/Arquivo Histórico inauguradosem 1998 e o núcleo Real Fábrica Veiga, emfase de musealização e onde se encontram jáa direcção, os serviços administrativos etécnicos do museu.

De salientar ainda uma interessantecomunicação de Vítor Albuquerque Freire, sobre oPavilhão de Segurança, Enfermaria-Museu,núcleo museológico do Hospital Miguel Bombar-da, em que o próprio edifício é um museu. Emtermos internacionais é talvez o único edifícioconhecido e intacto, circular panóptico comtorre de vigilância e pátio a descoberto.

Nas recomendações finais foi referido oseguinte:

- As políticas museológicas dos museusnão devem estar sujeitas às suas tutelas,sejam elas autárquicas ou governamentais.

- Num Museu o programa museológicodeve sempre preceder o projecto arquitectónico nasua concepção ou remodelação.

- A necessidade de juntar esforços nosentido de constituir uma Ordem dos profissionaisdos Museus para melhor salvaguardar osdireitos de todos os profissionais dos Museus.

- O próximo Colóquio APOM em 2005 seráem Faro e o tema será “Museus e Turismo”. �

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Comunicar

intermuseusiM Março

2005

nº 003

Direcção Regional da Cultura8

Web Links

Comentário: Artigo publicado na RevistaMuseu, edição brasileira, intituladoConservação Preventiva – algumas basespara a sua generalização nos museus emPortugal – de Nuno Moreira, restaurador doMuseu Municipal de Arqueologia, Amadora.

Comentário: O IPCR foi criado em 2000 como objectivo de assegurar as responsabilidadesdo Estado português no domínio daconservação e restauro do património culturalmóvel. Navegando neste site ficamos aconhecer a história da instituição, a suaestrutura, a sua missão e objectivos, as áreasde intervenção e os seus projectos. Uma dasáreas de intervenção do IPCR é aconservação preventiva.

Comentário: Este site contém informaçãodetalhada sobre o IPM, as suas iniciativas eprojectos, os museus que tutela, a agenda deexposições temporárias. Na loja virtualpodem ser adquiridas publicações (catálogosde colecções e exposições, ensaios, estudose monografias) bem como peças inspiradasou reproduzidas a partir de obras originais dosmuseus pertencentes ao IPM. Podemostambém aceder ao programa de inventárioMatriznet, que permite o acesso, on-line, àscolecções museológicas, nos formatos detexto, fotografia, vídeo e som.

�http://revistamuseu.com.br/artigos/art_.asp?id=1118

http://www.ipcr.pt

http://www.ipmuseus.pt

Helena Ormonde, Assessora Principal

A abertura da Galeria STT (saberes etécnicas tradicionais), a 12 de Março de

2004, constituiu a concretização de um pro-jecto que teve como primeiro objectivo aorganização das colecções etnográficas doMAH, baseada nos conceitos de objecto mu-seológico e de museu entendidos como docu-mento e banco de dados.

Em termos de organização do espaço – oantigo armazém da Fábrica de Tabaco Âncora –pretendeu-se conciliar os objectivos de uma

Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu Espaço Museu

Museu de Angra do Heroísmo

Galeria STT

reserva – a organização de conjuntos deobjectos quantitativa e qualitativamente signi-ficativos, ligados entre si por afinidades temá-ticas e relações funcionais – com os objectivosde uma exposição – tornar essas afinidades erelações de mais fácil leitura e compreensão.

Como é sabido, a exposição deste tipo decolecções, enquanto unidades temáticas efuncionais, coloca-nos quase sempre perante oproblema da descontextualização, que é cau-sada pelo seu processo de incorporação nomuseu e que consiste em saber como trataressas relações que faziam parte dos seuscontextos de origem e que, de certa forma, se

perderam. Neste ponto optámos por assumiresse processo de ruptura, usando meios mu-seográficos que distinguem as várias unidadestemáticas, nomeadamente através da cor.

Finalmente, o grande objectivo foi e étratar as colecções como instrumentos capa-zes de potenciar as mais diversas experiênciase vivências, não só pedagógicas e científicascomo sociais e recreativas, e de abranger osmais variados públicos.

As primeiras propostas de actividadesforam, no entanto, dirigidas para dois tipos depúblico – o público escolar e o público idoso,que se encontra organizado nos centros deconvívio da 3ª idade – com a finalidade depromover ligações entre as colecções, osportadores das memórias que as envolveram eos que começam a descobrir e a aprender ossignificados das coisas que utilizamos.

É precisamente para o desenvolvimentode competências da aprendizagem que pre-tendemos contribuir, tendo já disponível parapesquisa neste espaço duas bases de dados –uma de fotografia e outra das colecções emantendo como objectivo a produção deoutros materiais documentais sobre ascolecções expostas. �