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EDMUND HUSSERL EDMUND HUSSERL FILOSOFIA DA LINGUAGEM E FILOSOFIA DA LINGUAGEM E EPISTEMOLOGIA EPISTEMOLOGIA Resumo baseado em Edmund Husserl, V. Vellarde-Mayol, W. Künne e, especialmente, em Wolfgang Stegmueller: Correntes Fundamentais da Filosofia Contermporânea, vol. 1

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EDMUND HUSSERLEDMUND HUSSERL FILOSOFIA DA LINGUAGEM E FILOSOFIA DA LINGUAGEM E

EPISTEMOLOGIAEPISTEMOLOGIA

Resumo baseado em Edmund Husserl, V. Vellarde-Mayol, W. Künne e, especialmente, em Wolfgang Stegmueller: Correntes Fundamentais da

Filosofia Contermporânea, vol. 1

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1.1.DISTINÇÕES ONTOLÓGICASDISTINÇÕES ONTOLÓGICAS

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Para começar, vejamos as respostas Para começar, vejamos as respostas possíveis ao problema dos universais possíveis ao problema dos universais (class. (class.

W. Stegmüller)W. Stegmüller)::

1)1)REALISMO DOS UNIVERSAISREALISMO DOS UNIVERSAIS

a)a)Universalia Universalia anteante res:res:

Além do mundo espaciotemporal existe Além do mundo espaciotemporal existe um mundo dos seres ideais, a segunda um mundo dos seres ideais, a segunda esfera do ser (realismo platônico)esfera do ser (realismo platônico)

b) b) Universalia Universalia in rebus:in rebus:

As idéias existem, mas seu modo de ser As idéias existem, mas seu modo de ser não é independente do real; elas se não é independente do real; elas se “expressam” nos seres reais concretos “expressam” nos seres reais concretos (realismo aristotélico)(realismo aristotélico)

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2. CONCEITUALISMO:2. CONCEITUALISMO:

a)a)Coisas universais no pensamento:Coisas universais no pensamento:

No mundo real só existem indivíduos.No mundo real só existem indivíduos.

Mas dispomos de nomes de universais Mas dispomos de nomes de universais como ‘triângulo’, ‘árvore’.como ‘triângulo’, ‘árvore’.

Para tal precisamos Para tal precisamos abstrairabstrair dos muitos dos muitos objetos características universais, com objetos características universais, com algum esforço formando conceitos como o algum esforço formando conceitos como o de “triângulo universal”, que não é nem de “triângulo universal”, que não é nem retângulo, nem escaleno, nem equilátero... retângulo, nem escaleno, nem equilátero...

Mas que é tudo isso e nada disso ao Mas que é tudo isso e nada disso ao mesmo tempo (Locke).mesmo tempo (Locke).

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b) Conceitos abstratosb) Conceitos abstratos

Ao lado dos particulares também podemos significar universais, sendo que essa significação não deve ser reduzida à abstração de características singulares, como pensava Locke, sendo uma forma essencialmente nova de enfoque mental (Husserl). Para Husserl a sua existência é garantida pela evidência.

3) POSIÇÕES ENTRE CONCEITUALISMO E 3) POSIÇÕES ENTRE CONCEITUALISMO E NOMINALISMO:NOMINALISMO:

Formamos conceitos universais pelo Formamos conceitos universais pelo pensamento de coisas singulares e pensamento de coisas singulares e concretas de forma mais ou menos concretas de forma mais ou menos indeterminadaindeterminada. Mas os nomes que se . Mas os nomes que se referem a abstratos não são conceitos, mas referem a abstratos não são conceitos, mas puras ficções puras ficções (Brentano)(Brentano)

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4. NOMINALISMO4. NOMINALISMO

(Não existe nenhum conceito universal, (Não existe nenhum conceito universal, apenas palavras universalmente apenas palavras universalmente empregadas, que simulam a existência de empregadas, que simulam a existência de conceitos universais, quando na verdade conceitos universais, quando na verdade dispomos apenas de representações dispomos apenas de representações singulares.)singulares.)

a)a)A significação universal como ação da A significação universal como ação da atenção:atenção:

Pela Pela ação da atençãoação da atenção destacamosdestacamos de um de um objeto uma objeto uma característicacaracterística, por exemplo, o , por exemplo, o “vermelho” e a ligamos a uma palavra. “vermelho” e a ligamos a uma palavra. Pela associação assim adquirida Pela associação assim adquirida empregamos o mesmo signo em toda a empregamos o mesmo signo em toda a parte onde surgir a mesma característica parte onde surgir a mesma característica do objeto, dando assim à palavra do objeto, dando assim à palavra significação universal (Mill). significação universal (Mill).

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b) A universalidade como função b) A universalidade como função representativa de uma única representação representativa de uma única representação singular.singular.

Uma representação singular pode Uma representação singular pode representar todas as outras da mesma representar todas as outras da mesma espécie.espécie.

Ex.: para provar um teorema um geômetra Ex.: para provar um teorema um geômetra emprega um triângulo singular desenhado emprega um triângulo singular desenhado no quadro.no quadro.

A demonstração é universal porque esse A demonstração é universal porque esse triângulo singular representa todos os triângulo singular representa todos os outros.outros.

A universalidade não está, pois, em um A universalidade não está, pois, em um conceito próprio, mas na conceito próprio, mas na relação do singular relação do singular com a soma das singularidades iguaiscom a soma das singularidades iguais (Berkeley)(Berkeley)

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c) A universalidade como classe de c) A universalidade como classe de semelhançassemelhanças

Nem numa coisa individual existem características (cor, forma etc).

Na representação de uma coisa determinada entram na consciência outras coisas semelhantes, e a coisa representada incorpora-se a determinadas classes de semelhanças, sendo que apenas essas classes existem propriamente.

Devido à incorporação de uma representação individual em tais classes de semelhança, esta pode valer como representante universal (Hume).

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Husserl rejeita tudo o que é ou se aproxima do nominalismo:

Eles cometem o erro metodológico de não começar com a análise descritiva do fenômeno, mas com a abstração.

Se digo “Quatro é um número par” julgo sobre a espécie universal 4 e não sobre esse ou aquele quatro... E a verdade evidente de que é par prova a existência do universal quatro.

Locke não viu que a idéia universal de triângulo, a triangularidade, que é possuida por cada triângulo, não é ela própria a idéia de um triângulo.

Mesmo que pensado de forma indeterminada, o singular permanece singular, e a característica singular destacada através da atenção, permanece singular...

A “semelhança” demanda explicação e a “igualdade” é sempre igualdade de espécie, de modo que a cobra nominalista morde o seu próprio rabo. ----- Logo existem conceitos universais!

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2. FENOMENOLOGIA DA 2. FENOMENOLOGIA DA CONSCIÊNCIACONSCIÊNCIA

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EXPRESSÕES são signos significativossignificativos, que diferem de signos meramente indicativosindicativos (ex: ossadas fósseis são signos indicadores de animais antediluvianos).

No discurso os complexos fonéticos complexos fonéticos articuladosarticulados tornam-se significativossignificativos através de ATOS que lhe dão sentido, tornando-os EXPRESSÃO que exprimem a INTENÇÃO.

Assim, EXPRESSÃO E SIGNIFICAÇÃO são conceitos correlativoscorrelativos, pois um um signo sensível só se torna expressão signo sensível só se torna expressão através de através de ATOS DOADORES DE ATOS DOADORES DE SENTIDO.SENTIDO.

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DISTINÇÃO IMPORTANTE:DISTINÇÃO IMPORTANTE:1) Há primeiro os 1) Há primeiro os ATOS OU INTENÇÕES DE ATOS OU INTENÇÕES DE

SIGNIFICAÇÃOSIGNIFICAÇÃO, que são essenciais à , que são essenciais à expressão.expressão.

((BedeutungsintentionenBedeutungsintentionen))2) Depois vem atos 2) Depois vem atos inessenciaisinessenciais à expressão, à expressão,

mas que tem a função de PREENCHER A mas que tem a função de PREENCHER A INTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO COM UM INTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO COM UM CONTEÚDO CONCRETO maior ou menor:CONTEÚDO CONCRETO maior ou menor:

as as IMPLEIÇÕES DE SIGNIFICAÇÃOIMPLEIÇÕES DE SIGNIFICAÇÃOATOS PREENCHEDORES DE SIGNIFICADOATOS PREENCHEDORES DE SIGNIFICADO..

((bedeutungserfühlendenbedeutungserfühlenden Akten) Akten)

Com esse último ato saímos da contemplaçãocontemplação da representação para dirigirmos nosso interesse ao objeto que é visado pela intenção de significação que isado pela intenção de significação que aparece na expressão.aparece na expressão.

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A A SIGNIFICAÇÃO permanece a mesma SIGNIFICAÇÃO permanece a mesma intemporalmente, independentemente do intemporalmente, independentemente do contexto no qual é pronunciada: é contexto no qual é pronunciada: é IDEAL-IDEAL-ATEMPORAL,ATEMPORAL,

Ex: “Napoleão foi vencido em Waterloo”.Ex: “Napoleão foi vencido em Waterloo”.

Mas... O Mas... O OBJETOOBJETO precisa ser precisa ser diferenciado da diferenciado da SIGNIFICAÇÃOSIGNIFICAÇÃO,,

e a e a EXPRESSÃOEXPRESSÃO SEMPRE É SEMPRE É DIRECIONADADIRECIONADA A UM OBJETO. A UM OBJETO.

A diferença entre A diferença entre sentido ou significadosentido ou significado e e objetoobjeto manifesta-se principalmente em manifesta-se principalmente em nomes que tem sentido-significado nomes que tem sentido-significado diferentediferente, mas se referem a um , mas se referem a um mesmomesmo objeto, como por exemploobjeto, como por exemplo

‘‘triângulo equilátero’ x ‘triângulo triângulo equilátero’ x ‘triângulo equiângulo’.equiângulo’.

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o termo “o termo “CONTEÚDOCONTEÚDO” é triplamente ” é triplamente equívoco pois pode exprimir:equívoco pois pode exprimir:

1) O SENTIDO VISADO (a 1) O SENTIDO VISADO (a INTENÇÃOINTENÇÃO DE DE SIGNIFICAÇÃOSIGNIFICAÇÃO, Bedeutungsintention), Bedeutungsintention)

2) O SENTIDO de PREENCHIMENTO (a 2) O SENTIDO de PREENCHIMENTO (a IMPLEIÇÃOIMPLEIÇÃO DA SIGNIFICAÇÃO) DA SIGNIFICAÇÃO) (Bedeutungserfühlung)(Bedeutungserfühlung)

3) O 3) O OBJETOOBJETO VISADO VISADO

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Husserl distingue três sentidos de ‘consciência’:

1)CONSCIÊNCIA TOTAL: Entrelaçamento das vivências psíquicas empiricamente verificáveis no fluxo das vivências.

2)PERCEPÇÃO INTERNA das próprias experiências (autoconsciência).

3)CONSCIÊNCIA DE ALGO: A designação que resume todos os atos psíquicos ou vivências atos psíquicos ou vivências intencionaisintencionais..

É nesse últimoúltimo sentido que Husserl fala de consciência:

A essência da INTENÇÃO é que com ela um OBJETO A essência da INTENÇÃO é que com ela um OBJETO é é INTENCIONADO/VISADOINTENCIONADO/VISADO semsem se encontrar ele se encontrar ele próprio na próprio na consciência..............................................................consciência....................................................................................

O que importa é O que importa é o ATO INTENCIONAL, a VIVÊNCIA o ATO INTENCIONAL, a VIVÊNCIA DO SIGNIFICAR.DO SIGNIFICAR.

O O OBJETO INTENCIONAL OBJETO INTENCIONAL transcendetranscende essa vivência essa vivência e e podepode faltarfaltar sem que ela se altere! sem que ela se altere!

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Distingue-se de Brentano ao admitir que sensaçõessensações reais são apreendidas por atos intencionais dirigidos ao objeto e animadas pelo objeto.

Assim, a mesma coisa que, em relação a um objeto, forma uma representaçãorepresentação intencionalintencional, em relação à sensação é uma apreensãoapreensão, interpretaçãointerpretação ou apercepçãoapercepção objetiva.

As sensações são As sensações são VIVIDASVIVIDAS, mas , mas não aparecem objetivamente, elas não aparecem objetivamente, elas

NÃO SÃO PERCEBIDAS.NÃO SÃO PERCEBIDAS.Ex: se vejo um lápis vermelho, não vejo a sensaçãosensação de vermelho que tenho, mas a cor vermelha externa.

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Nas VIVÊNCIAS INTENCIONAISVIVÊNCIAS INTENCIONAIS (que de muitas maneiras estão unidas entre si em atos totais) podemos distinguir como aspectos abstratos, em oposição ao OBJETO INTENCIONAL, três coisas:

a MATÉRIAMATÉRIA INTENCIONAL,

a QUALIDADEQUALIDADE INTENCIONAL e a

ESSÊNCIA INTENCIONALESSÊNCIA INTENCIONAL.

X

OBJETO INTENCIONAL

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1)A MATÉRIA INTENCIONAL não significa o objeto QUE é intencionado, mas o objeto COMO é intencionado.

As diferenças de matéria com mesmo objeto intencional produzem diferenças de significaçãosignificação ou sentidosentido como:

‘triângulo equiângulo’ e ‘triângulo equilátero’.

Como a matéria do ato é uma relação com o objeto Husserl também a chama de

SENTIDO DE APREENSÃO do SENTIDO DE APREENSÃO do objeto!objeto!

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2) As diferenças das espécies de atos dão origem a diferenças de QUALIDADE INTENCIONAL

Que caracterizam um ato como sendo de REPRESENTAÇÃO, JUIZO, SENSAÇÃO...

A matéria pode alterar-se mantendo a mesma qualidade (ex: juízos de diferentes conteúdos) e a qualidade pode alterar-se mantendo a mesma matéria (ex: intenção representativa, judicativa, volitiva com relação a um mesmo objeto).

A MATÉRIA + QUALIDADE do ato = ESSÊNCIA INTENCIONALESSÊNCIA INTENCIONAL

A essência significativa é a essência intencional do ato que pode conferir significado à expressão.

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Atos podem dirigir-se ao objeto de modo UNIRRADIAL, que ocorre no caso de simples percepções ou representações,

ex. é o nome próprio ‘Juan’ que simplesmente aponta para o objeto

ou

PLURIRRADIAL (sintético), que ocorre no caso de predicaçõespredicações.

Atos plurirradiais podem ser transformados em atos unirradiais

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Atos sintéticos podem ser modificados em unirradiais:

Ex. ato sintéticosintético: “Juan está passando”, pois várias representações são colocadas em relação entre si, deixando de lado a qualidade do juízo,

Mas se digo “Juan, que está passando, vem direto da praia”, a expressão ‘Juan, que está passando’, é um simples NOME, cujo entendimento não se realiza em uma consciência sintética, mas em um ato intencional simples do sujeito.

No último caso temos proposições que No último caso temos proposições que funcionam como funcionam como NOMESNOMES DE ESTADOS DE DE ESTADOS DE COISAS (atos nominais, unirradiais), COISAS (atos nominais, unirradiais), enquanto no primeiro elas são enquanto no primeiro elas são ENUNCIADOS SOBRE ESTADOS DE COISAS ENUNCIADOS SOBRE ESTADOS DE COISAS (atos (atos proposicionaisproposicionais, , sintéticossintéticos).).

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Como a qualidade permanece a mesma, a mudança é apenas na matériamatéria..........................................................................Mas a própria qualidadequalidade também pode variarvariar:

Se digo “Juan, que está passando...”, Juan é entendido como EXISTENTE (crença no SER, afirmação de SER). Mas essa crença pode ser NEUTRALIZADANEUTRALIZADA (suprimida) em atos nos quais o ser representado permanece em suspensosuspenso, deixa de ser acreditado como real: “Imagine que Juan esteja passando”.

Husserl chama tudo isso usando o conceito Husserl chama tudo isso usando o conceito genérico de genérico de ATOSATOS OBJETIVANTES...OBJETIVANTES...

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2. 2. FENOMENOLOGIAFENOMENOLOGIA DODO CONHECIMENTOCONHECIMENTO

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Os mais diversos atos podem ser expressos em palavraspalavras, ex: ‘Eu desejo que...’, ‘Maria

está passando na rua...’ e o ouvinte entendeentende sem sequer olhar para a rua...

O que torna a expressão INTELIGÍVEL é a:

INTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃOINTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO

Contudo só a própria percepção própria percepção confere confere PREENCHIMENTO COMPLETO PREENCHIMENTO COMPLETO ao ato:

Aqui o ato que apenas confereAqui o ato que apenas confere, significação, significação, o ato puramente significativo, i.e. o ato puramente significativo, i.e. A PURA A PURA INTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO INTENÇÃO DE SIGNIFICAÇÃO FUNDE-SEFUNDE-SE com a INTENÇÃO QUE com a INTENÇÃO QUE PREENCHEPREENCHE O SENTIDO em uma O SENTIDO em uma UNIDADE ESTÁTICA DE... UNIDADE ESTÁTICA DE... COINCIDÊNCIACOINCIDÊNCIA!!

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Mas esse PREENCHIMENTO também pode se realizar DINAMICAMENTEDINAMICAMENTE:

Quando a uma INTENÇÃOINTENÇÃO que no início funciona de maneira puramente simbólicasimbólica se junta mais tarde uma INTUIÇÃOINTUIÇÃO CORRESPONDENTE:

Aqui a intenção originariamente vazia alcança a sua meta.

Aqui a VIVÊNCIA DO PREENCHIMENTO, do VIVÊNCIA DO PREENCHIMENTO, do lado do ato, corresponde à lado do ato, corresponde à VIVÊNCIA DA VIVÊNCIA DA IDENTIDADE do lado do objeto, ou seja, a IDENTIDADE do lado do objeto, ou seja, a consciência de que o objeto pensado e o consciência de que o objeto pensado e o objeto intuído são idênticosobjeto intuído são idênticos..

A IDENTIDADEIDENTIDADE objeto pensadopensado = objeto intuidointuido

é portanto o algo objetivoobjetivo que se manifesta no ATO DO PREENCHIMENTO.

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Percepções e intenções vaziasvazias, assim como imaginações que se aproximam do intuitivo (imagens de representação) enquanto intenções parciais podem unir-se em intençõesintenções totais.totais. Como assim? Como assim?

Ex: Se vejo um objeto colorido diante de mim, a sua face dianteira me é dada concretamente, certas faces de modo imaginativo, outras de modo puramente signitivo.

Mas se viro o objeto, as intenções imaginativas e signitivas se transformam em intuições, enquanto o que era dado de modo intuitivo transforma-se no intencionado não-intuitivo.

O ganho e a perda da intuição se mantém em equilíbrioequilíbrio.

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A contrapartida do PREENCHIMENTO é o CONFLITOCONFLITO: conflito entre intenção de conflito entre intenção de significação e preenchimentosignificação e preenchimento.. (O conflito total é impossível, pois nesse caso seriam intencionados dois objetos distintos).

Assim, o que existe é decepçãodecepção + coincidênciacoincidência parciaisparciais.

Assim, se digo “Alfafa é azul” e posteriormente se evidencia que “Alfafa é vermelho”, embora haja conflito, não há conflito quanto ao objeto ‘Alfafa’, com respeito ao qual coincidem intenção e intuição.

A diferença entre intenção e preenchimentointenção e preenchimento de significação diz respeito só à MATÉRIA, não à qualidade do ato. O ato de preenchimento leva a intenção para perto da coisa, mas não muda a matéria do ato.

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Com base nisso Husserl distingue 4 conceitos de verdade:

1)O conceito de verdade pode ser entendido como o estado de coisas objetivo correspondente à SÍNTESE DO PREENCHIMENTO:

A A CONCORDÂNCIACONCORDÂNCIA PLENA ENTRE O PLENA ENTRE O INTENCIONADOINTENCIONADO E O E O DADODADO, QUE É , QUE É VIVIDA COMO VIVIDA COMO EVIDÊNCIAEVIDÊNCIA..

2) Como essência idealideal, a verdade é A IDÉIA DA ADEQUAÇÃOADEQUAÇÃO ABSOLUTAABSOLUTA, no caso da relação ideal de coincidênciacoincidência entre

essências cognoscitivas e atos coincidentes.

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3) Também o PRÓPRIO OBJETO DADOPRÓPRIO OBJETO DADO pode ser chamado de VERDADEIRO, porquanto confere preenchimento à confere preenchimento à intenção, sendo vivido como tornando-intenção, sendo vivido como tornando-a verdadeira.a verdadeira.

4) Finalmente, o conceito de VERDADE concerne à JUSTEZAJUSTEZA DA INTENÇÃO DA INTENÇÃO, que existe quando nela a coisa é intencionada assim como efetivamente é.

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CONHECIMENTO SENSORIAL E CATEGORIAL

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Conhecimento sensorial e categorial:

Geralmente se pensa que só existe a intuição do individualindividual. Mas se o ideal do conhecimento é a intuição plenamente adequada, como é possível o conhecimento universaluniversal evidente?

A intuição individual nunca nos leva a isso. Que duas cadeiras mais duas cadeiras dão quatro cadeiras não nos leva à intuição de que:

2 + 2 = 4.

Daí tem de haver uma FUNÇÃO FUNÇÃO CATEGORIAL...CATEGORIAL...

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1) O preenchimento intuitivo não é só da coisa 1) O preenchimento intuitivo não é só da coisa concreta, mas também do ser expresso pela cópula concreta, mas também do ser expresso pela cópula ‘é’,‘é’, e da significação das palavras formais como e da significação das palavras formais como e, e, ou, não, um... ou, não, um... Se vejo diante de mim Se vejo diante de mim umum lápis lápis vermelho, permanece um vermelho, permanece um excesso de significaçãoexcesso de significação que não encontra confirmação no fenômeno da que não encontra confirmação no fenômeno da coisa...coisa...

2) Esse excedenteexcedente de significação que se estende para alémalém do dado individual-individual-intuitivointuitivo aparece ainda mais claramente nos enunciados gerais, pois aqui nãonão é visado o particularparticular, que só aparece como exemplo do universal visado.

Assim, em proposições como ‘F é P’ existem, ‘Todo F é P’... Apenas às significações

indicadas pelas letras símbolos F, P... podem corresponder impleições na percepção. Daí que além da MATÉRIA DO REPRESENTAR,

há intenções de significação intenções de significação que não são preenchíveis na intuição e são designadas

por isso FORMASFORMAS DAQUELA MATÉRIA.

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Conclusão: Além da percepção sensível, deve haver uma PERCEPÇÃOPERCEPÇÃO CATEGORIALCATEGORIAL, QUE POSSIBILITA o , QUE POSSIBILITA o PREENCHIMENTOPREENCHIMENTO COGNITIVOCOGNITIVO DOS DOS CONCEITOS GERAIS CATEGORIAIS!CONCEITOS GERAIS CATEGORIAIS!

Para Husserl essa suposição é legítima, posto que temos conhecimento evidenteevidente dos universais!

Logo, além da percepção no sentido estrito, existe uma percepção no sentido amplo, referente a

OBJETOS CATEGORIAIS ou IDEAIS.

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O resultado disso é a passagem para o MÉTODO FENOMENOLÓGICO... Já sabemos que existem conhecimentos de essencialidadesessencialidades que se realizam em intenções preenchidas, não-vazias, de essências universaisessências universais. Mas como chegar a elas?

R: o método da REDUÇÃOREDUÇÃO FENOMENOLÓGICA FENOMENOLÓGICA (Em Meditações Cartesianas).

1)É irrelevante se os atos estão em relações com existentes ou não. Posso alcançar a essênciaessência do vermelhovermelho só pela imaginação... Daí que todo o mundo natural pode ser Daí que todo o mundo natural pode ser excluido, excluido, SUSPENSO,SUSPENSO, para ficarmos para ficarmos no no reino das essências puras... Assim, o reino das essências puras... Assim, o mundo da POSIÇÃO NATURAL deve ser mundo da POSIÇÃO NATURAL deve ser POSTO ENTRE POSTO ENTRE PARÊNTESESPARÊNTESES..

Esta é a Esta é a EPOCHÉ FENOMENOLÓGICAEPOCHÉ FENOMENOLÓGICA!!

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Em suma:NÓS INTUIMOS O UNIVERSAL, INTUIMOS O UNIVERSAL, TEMOS UMA INTUIÇÃO TEMOS UMA INTUIÇÃO CATEGORIALCATEGORIAL, embora fundada em atos de percepção real-sensível ou representação...

Enquanto em Kant os conceitos supremos da razão são formas

vazias não intuitivas, em Husserl é é possível EM RELAÇÃO AO possível EM RELAÇÃO AO

UNIVERSAL UMA INTUIÇÃO QUE UNIVERSAL UMA INTUIÇÃO QUE PREENCHE A PREENCHE A

INTENCIONALIDADE (intuição INTENCIONALIDADE (intuição intelectual).intelectual).

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QUATRO MOMENTOS SUCESSIVOS DA EPOCHÉ: Implica na suspensão da ATITUDE NATURAL necessária às preocupações da vida cotidiana, ao MUNDO DA VIDA (Lebenswelt)

1) EPOCHÉEPOCHÉ HISTÓRICAHISTÓRICA: abstração do conhecimento comum, científico, religioso...

2) EPOCHÉEPOCHÉ EXISTENCIALEXISTENCIAL: abstração de todos os juízos de existênciaexistência, inclusive aqueles dos quais existe evidência absoluta, como a existência do eueu.

3) Distinção entre fato (factum) e essência (eidos) 3) Distinção entre fato (factum) e essência (eidos) corresponde à corresponde à REDUÇÃOREDUÇÃO EIDÉTICAEIDÉTICA, através da , através da qual passamos, por exemplo, qual passamos, por exemplo, dessedesse vermelho vermelho individualindividual, à , à essênciaessência dodo vermelhovermelho, deste homem , deste homem individual hic et nunc à individual hic et nunc à essência homemessência homem..

4) Com esta distinção cruza-se a distinção real-4) Com esta distinção cruza-se a distinção real-irreal: a ela corresponde à irreal: a ela corresponde à REDUÇÃOREDUÇÃO TRANSCENDENTALTRANSCENDENTAL, através da , através da qual qual os dados da os dados da CONSCIÊNCIA INGÊNUA tornam-se CONSCIÊNCIA INGÊNUA tornam-se fenômenos fenômenos transcendentais da CONSCIÊNCIA PURA.transcendentais da CONSCIÊNCIA PURA.

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Essas duas últimas reduções podem ser realizadas de forma isolada:

- Se for empreendida somente a REDUÇÃO REDUÇÃO EIDÉTICAEIDÉTICA, chega-se ao EIDOS TRANSCENDENTE, que é o objeto da ONTOLOGIAONTOLOGIA.

- Se for emprendida somente a REDUÇÃO TRANSCENDENTAL, somos conduzidos ao FACTUM TRANSCENDENTAL, ou seja, à METAFÍSICAMETAFÍSICA.

Com este último passo chegamos ao que Com este último passo chegamos ao que resta após o resta após o aniquilamentoaniquilamento dodo mundomundo, que é , que é A ESFERA ABSOLUTA DO EU PURO ou da A ESFERA ABSOLUTA DO EU PURO ou da CONSCIÊNCIA PURACONSCIÊNCIA PURA, onde se dá a , onde se dá a fenomenologia pura das essências e fenomenologia pura das essências e vivências encontradas na esfera do vivências encontradas na esfera do absoluto!!!absoluto!!!

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Agora volta-se Husserl para a tarefa de uma fenomenologia pura das essências, das vivências encontradas na ESFERA DO ABSOLUTO em sua obra “Idéias para uma fenomenologia pura”.

Aqui ele faz fenomenologia de atos como recordação, vivência do tempo, integração dos atos teóricos no mundo das vivências emocionais, vivências de valor etc. etc.

Husserl chama aqui NOESENOESE DE ATO ao aspecto que vivifica o componente real, não-intencional, da vivência, ou seja, a MATÉRIAMATÉRIA (HYLÉ).

E o aspecto objetivo produzido através dela é o NOEMANOEMA DO ATO.

NOESE DO ATO >-------- NOEMA DO ATO

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Enquanto a matéria e a NOESE representam partes reais da vivência da consciência, o NOEMA não, embora ainda pertença à vivência!

Ex: o NOEMA da percepção de uma árvore é a “árvore percebida”, que não chega a ser um elemento real da percepção da árvore quanto árvore, enquanto algo independente em relação à consciência. Pois enquanto produto formado pela NOESE do ato, o noema permanece sempre relativo à consciência (não tem folhas etc.).

Pois enquanto a árvore real pode queimarqueimar o noema pode permanecer inalterado em consequência, por exemplo, de uma alucinação...

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Se os sentidos das vivências nada mais são do que o mundo em sua totalidade, e se trata de analisá-las, coloca-se então a questão da delimitação das várias regiões do SER.

Cada uma dessas regiões, a natureza, a humanidade, a história... Passa a ser objeto de uma ciência apriorística da essência a ela referente, de uma ONTOLOGIA MATERIAL, que deve ser fundamento da ciência empírica que ocupa uma REGIÃO, que é um gênero supremo de certo tipo de essência material.

Exemplos de ESSÊNCIAS MATERIAIS são cor, extensão...

Essas ontologiasontologias regionaisregionais investigam categorias como causa, espaço derivando axiomas regionais.

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Acima delas está a ONTOLOGIA FORMAL, como ciência ainda mais fundamental, que destaca todas as categorias formais últimas e proposições universais evidentes, gêneros supremos do ser, que são formas lógicas vazias...

As essências formais são coisa, propriedade, relação, estado de coisa, conjunto

Um número, por exemplo, não é um gênero do ser, mas uma dessas formas vazias.

E assim vai Husserl, estabelecendo relações cada vez mais complicadas... Em todas essas classificações, contudo, deve-se ter sempre em mente a distinção entre

SIGNIFICAÇÕESSIGNIFICAÇÕES (CONCEITOS) e OBJETOS INTENCIONAIS (ESSÊNCIASESSÊNCIAS)

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3. FENOMENOLOGIA E 3. FENOMENOLOGIA E FILOSOFIA FILOSOFIA TRANSCENDENTALTRANSCENDENTAL

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Com seu método de redução Husserl operou uma guinada em direção ao IDEALISMO TRANSCENDENTAL,

Pois a colocação entre parênteses só faz restar como resíduo a CONSCIÊNCIA PURA, como resíduo a CONSCIÊNCIA PURA, que é ABSOLUTA e não precisa de nada de que é ABSOLUTA e não precisa de nada de real!real!

Embora o EGO TRANSCENDENTALEGO TRANSCENDENTAL seja independente em relação ao ser, TODO ENTE É RELATIVO À ESSA CONSCIÊNCIA PURA, a essa âncora, a qual, embora irreal, representa uma REALIDADE DE PRINCÍPIO, e portanto uma transcendência na imanência do fluxo das vivências, que constitui todos os entes em geral, e em particular as vivências empíricas...

“O Eu transcendental é o lugar originário, a fonte primeira de todo o significado e

verdade.”

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Sobre o idealismo transcendentaltranscendental de Husserl é preciso notar que tudo é imanente à tudo é imanente à consciência, consciência, nada existindo fora.nada existindo fora.

A exterioridade só existe no sentido de nos ser dada de modo ASPECTUAL, por variações de MATIZES segundo determinadas LEIS.

Se vejo uma árvore real lá fora, não significa que há um X lá fora que provoca em mim esses conteúdos de consciência, mas que esse conteúdo esse conteúdo está está enquadrado, de acordo com LEIS, em um horizonte enquadrado, de acordo com LEIS, em um horizonte potencialmente ilimitado de MANIFESTAÇÕES E potencialmente ilimitado de MANIFESTAÇÕES E MATIZES SEMPRE NOVOS.MATIZES SEMPRE NOVOS.

Todo o mundo nada mais é do que a síntesesíntese de todastodas as variaçõesvariações de manifestaçõesmanifestações e matizesmatizes,

e esse sistema total de coisas que se nuanceiam é

sempre relativo à CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA TRANSCENDENTAL.TRANSCENDENTAL.

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5. AVALIAÇÃO

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A obra foi imensamente A obra foi imensamente encorajadoraencorajadora para para Heidegger, Sartre, Ponty etc. e há análises Heidegger, Sartre, Ponty etc. e há análises particulares particulares interessantesinteressantes e e sugestivassugestivas......

1) Mas em muitos casos ele está simplesmente traduzindo gramática para o reino das significações.

2) Husserl pretende provar que o nominalismo é falso pela evidência de que todo predicado “está por algo”, um objeto: ex: a cavalidade. - Mas segundo o argumento nominalista este é precisamente o erro do platonismo, confundir predicados com nomes próprios.

3) Se reconhecemos que os argumentos para garantir as essencialidades universais são insustentáveis, então não faz mais sentido falar da intuição das essências, não se pode mais garantir a existência dessas essências!

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4) Trata-se de um método para alcançar uma METAFÍSICA ESPECULATIVA E MÍSTICA, que não se harmoniza com as exigências de cientificidade e verdadeiro rigor.

5) Quanto à redução transcendental, EMPIRISTAS ATUAIS NEGAM qualquer sentido à noções como EU PURO, CONSCIÊNCIA PURA, que contém apenas CONCEITOS APARENTES.

6) A própria importância da intencionalidade, como se “braços invisíveis se esticassem a partir do Eu para os objetos”, pode ser criticada...

7) Nessa filosofia aquilo que parecem ser descrições simples são na verdade imagens figuradas analógicas que nada tem de evidente...

8) Muitas distinções sem diferenças...

9) Strawson sobre Kant: grandes insights acompanhados de grande mistificação...

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