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N ós bebemos tudo o que podemos. O resto nós vendemos...” Esse foi um dos maiores anúncios de cerveja já criados pela propaganda mun- dial. Virou história e consta das antologias da cria- ção publicitária do mundo. Aqui não se vai declinar o nome da cerveja justa- mente para que ninguém pense que se trata de pro- paganda. Paga ou gratuita. Mas é necessário que seja citado o nome de uma cerveja que nasceu aqui em Atibaia, dentro dessa mesma filosofia: Pedra Gran- de. Isso mesmo, cerveja Pedra Grande, que antes se chamava Tibaya. E é aqui que começa a história, da cerveja e do seu criador Eduardo Felix. Bebedor nato de cerveja, Eduardo diz que bebeu tanto nos seus 40 e mais alguns anos de vida, que re- solveu produzir sua própria cerveja. E em casa. Leu tudo a respeito. Consultou manuais, alfarrábios ou que nome tenham, pesquisou o mundo das cerve- jas, de trás para frente e da frente para trás, foi para o quintal de sua casa e começou a desenvolver sua obra imortal. Ele confessa que o primeiro copo foi intragável. Parou tudo, pesquisou mais, buscou mais, saiu à cata dos ingredientes perfeitos e um dia, timida- mente, ofereceu os primeiros goles para amigos, an- tigos companheiros de farra e de copo. Babaram. E pediram pelo amor de Deus que Eduardo repetisse a dose. Ele repetiu. E a partir daí começou a beber o seu sucesso. Quando viu, os amigos faziam fila em sua casa só para beber cerveja. “Peraí, mano, que festa é essa? Isto aqui custa mui- to dinheiro...”, brincou, mas no fundo estava falando sério. Afinal, produzir cerveja não é mole para qual- Pode beber. a Pedra Grande nao acaba...

Eduardo Felix da cerveja Pedra Grande

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"Nós bebemos tudo o que podemos. O resto nós vendemos...” Esse foi um dos maiores anúncios de cerveja já criados pela propaganda mundial. Virou história e consta das antologias da criação publicitária do mundo. Aqui não se vai declinar o nome da cerveja justamente para que ninguém pense que se trata de propaganda. Paga ou gratuita. Mas é necessário que seja citado o nome de uma cerveja que nasceu aqui em Atibaia, dentro dessa mesma filosofia: Pedra Grande. Isso mesmo, cerveja Pedra Grande, que antes se chamava Tibaya. E é aqui que começa a história, da cerveja e do seu criador Eduardo Felix.

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Page 1: Eduardo Felix da cerveja Pedra Grande

Nós bebemos tudo o que podemos. O resto nós vendemos...”

Esse foi um dos maiores anúncios de cerveja já criados pela propaganda mun-

dial. Virou história e consta das antologias da cria-ção publicitária do mundo.

Aqui não se vai declinar o nome da cerveja justa-mente para que ninguém pense que se trata de pro-paganda. Paga ou gratuita. Mas é necessário que seja citado o nome de uma cerveja que nasceu aqui em Atibaia, dentro dessa mesma filosofia: Pedra Gran-de. Isso mesmo, cerveja Pedra Grande, que antes se chamava Tibaya. E é aqui que começa a história, da cerveja e do seu criador Eduardo Felix.

Bebedor nato de cerveja, Eduardo diz que bebeu tanto nos seus 40 e mais alguns anos de vida, que re-solveu produzir sua própria cerveja. E em casa. Leu tudo a respeito. Consultou manuais, alfarrábios ou que nome tenham, pesquisou o mundo das cerve-jas, de trás para frente e da frente para trás, foi para o quintal de sua casa e começou a desenvolver sua obra imortal.

Ele confessa que o primeiro copo foi intragável. Parou tudo, pesquisou mais, buscou mais, saiu à cata dos ingredientes perfeitos e um dia, timida-mente, ofereceu os primeiros goles para amigos, an-tigos companheiros de farra e de copo. Babaram. E pediram pelo amor de Deus que Eduardo repetisse a dose. Ele repetiu. E a partir daí começou a beber o seu sucesso. Quando viu, os amigos faziam fila em sua casa só para beber cerveja.

“Peraí, mano, que festa é essa? Isto aqui custa mui-to dinheiro...”, brincou, mas no fundo estava falando sério. Afinal, produzir cerveja não é mole para qual-

Pode beber. a Pedra Grande

nao acaba...

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quer um, custa tempo e dinheiro, como diriam os economistas. E foi um amigo entendido em finan-ças quem alertou: “Por que você não faz cerveja para vender?” A ideia subiu pra cabeça como o primeiro gole da vida. E Eduardo colocou as mãos, os pés e a cabeça para trabalhar.

Pesquisou mais, perguntou mais, mergulhou nos tanques e barris de cerveja do mundo e chegou à re-ceita ideal. Como uma andorinha só não faz verão e nem consegue beber ou fazer tanta cerveja assim, aliou-se a três amigos e os quatro começaram a pro-duzir uma cerveja artesanal invejável. A ideia era que uns produzissem, outros financiassem, outros vendessem, formando essa coisa chamada empresa que exploraria o sagrado líquido que produziam. Vai um copinho aí? Pois é.

O tempo passou, as filas aumentaram, e a produ-ção, que inicialmente era feita em baldes, em sua própria casa, coisa de 20 litros, subiu para estupida-mente gelados três mil litros por mês. E olhe lá, que já ficou pouco tudo isso. E o melhor foi que Eduar-do teve que arrumar outro lugar para fazer cerveja, pois sua casa também ficou pequena. A experiência se transformou em uma próspera empresa, hoje com Eduardo e um sócio. E vende tudo o que produz em um armazém bem situado na cidade.

Eduardo Felix, um bebedor, criador e produtor de grandes cervejas têm 43 anos. É filho de Erasto Fe-lix, que durante muitos e muitos anos foi gerente do SESI, um mercado que fazia muito sucesso e mui-tas vendas em Atibaia e de Dona Edna Denis Felix, que muita gente conhece como professora das boas, diretora de escolas como a José Pires, no bairro do Maracanã.

Eduardo é atibaiense ou atibaiano, pois na verda-

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de nem nasceu aqui, mas em Jundiaí, veio para cá muito criança, com quatro anos de idade. “Sou tão daqui quanto a minha cerveja”, responde ao pri-meiro gole. E se orgulha.

Afinal, hoje a cerveja Pedra Grande já é vendi-da em tudo quanto é lugar importante de Atibaia. Eduardo nunca se esquece de que a padaria Pado-ca, que fica na Rua Dona Gertrudes foi a primeira a acreditar no sabor e nas delícias da Pedra Grande, a cerveja, diga-se de passagem, ou de copos. Depois a ideia pegou fogo. E a Pedra Grande pode ser bebida em todos os bares da Lucas. Alguns, só alguns, veja bem, só alguns, repita-se, porque coisa boa também não nasce em qualquer lugar, só alguns bares do centro. No Bar Brahma, por exemplo, na Lancho-nete Atibaia e até no Convém, aquele supermerca-do bacana ali da Lucas.

Eduardo faz questão de não produzir tanta cerve-ja assim, justamente para não perder a qualidade. Coisa boa é sempre pouca, sabe como é, né? O bom tem que ser bem feito e bem curtido. E tem mais, nesse sistema artesanal que o Eduardo utiliza para fazer a Pedra Grande, a coisa é mais complicada. A embalagem é do tipo oneway ou coisa que o valha, enfim, não tem volta. Cada cerveja tem sua garra-fa e a garrafa fica com o freguês. Isso para não ter que receber a garrafa de volta e lavar. Lavar garrafa não é fácil e é danoso ao meio ambiente, sabia? Tem que usar soda cáustica, que é cáustica até no nome e arrebenta com tudo quando cai na água. E o mun-do ainda vai ficar sem água. E sem cerveja, o que é pior...

As cervejas Pedra Grande do Eduardo são as Pil-sen, produzidas com malte e cevada; as Weiss, pro-duzidas com trigo; as Stout, uma cerveja preta feita

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a partir do malte torrado; a PaleAle, feita com mal-tes especiais, que fica meio avermelhada; a Bock, uma cerveja que se bebe no inverno, feita com malte mais ou menos torrado. “É muito forte para ser be-bida no verão”, ensina Eduardo.

Sem querer fazer propaganda e nem falar mal da concorrência, as cervejas convencionais são feitas, na maioria das vezes, a partir do milho... Não são ruins, mas cerveja mesmo tem que vir do malte, cer-to? É por isso que recomendam que se deva beber “estupidamente gelada”. Cerveja gelada engana as tais papilas gustativas e o que era não é, entendeu? Cerveja tem que ser bebida no natural. Mas, enfim...

“E quanto custa uma Pedra Grande?” pergunta-rá o leitor mais exigente, já com água na boca... No Convém, por exemplo, a Pilsen Pedra Grande custa 13 reais e as outras versões custam 15. Nos bares o preço oscila entre 12 e 18 reais.

Não importa o dia da semana em que você esteja lendo esta história, importa é a vontade e o desejo de experimentar a Pedra Grande. Manda ver. A Pe-dra Grande, que também é uma marca na cidade de Atibaia, graças às suas belezas, não deixa ninguém tão alto assim, mas deixa toda a cidade com orgulho por produzir uma cerveja que até o dono bebe com gosto. Aliás, ele bebe tudo o que pode, e só vende o resto da cerveja que produz. Igual àquela propa-ganda de uma das melhores cervejas do mundo que foi falada no início deste texto... ■