8
Comentários sobre jurisprudência imobiliária Página 7 Dicionário esclarece vocábulos técnicos Página 3 Alterações importantes na Lei do Inquilinato Página 2 Como funciona a suspensão do contrato de trabalho Página 8 Cursos de Especialização, Preparação e Pós-Graduação em Direito Ano III Número 21 Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010 Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e Carvalho Entrevista exclusiva nas páginas 4, 5 e 6 “Construir com excelência e qualidade, além de atender prazo e compromisso contratual” INFORMATIVO JURÍDICO UM MECANISMO DE CONHECIMENTO E ATUALIZAÇÃO NA ÁREA IMOBILIÁRIA www.grupoatame.com.br Previsão felizmente se confirma Confirmando as expectativas otimis- tas prenunciadas na Edição nº 17 pelo Pre- sidente do SECOVI-DF, Miguel Setembri- no, e corroboradas por nossa TRIBUNA IMOBILIÁRIA no Editorial “Ano Novo com prosperidade”, inclusive publicando em absoluta primeira mão que o Distrito Federal suplantara o Rio de Janeiro na área de construção civil passando a ocupar agora o segundo lugar do País (sem falsa modéstia, “furo” jornalístico que mereceu a manchete do principal jornal local, isto 30 dias depois), o que por si só caracteri- za a qualidade e atualidade de informação que oferecemos aos nossos selecionados leitores de Brasília, Rio, São Paulo, Belo Horizonte e outras plagas. Como se isso não bastasse, um se- manário brasiliense que se vangloria de seus 130 mil exemplares distribuídos em domicílio (aliás, tiragem correta), se inspi- rou na entrevista que a TRIBUNA fez com o empresário Fabrício Aroeira Almeida, da Apex Engenharia, na edição de dezembro (três páginas). O tema dizia respeito aos bons resultados de investimentos nas cida- des satélites, entre as quais Samambaia e Ceilândia, favorecendo os compradores de menor poder aquisitivo. Valeu! Oportunamente, com a implantação do Metrô e o investimento do Governo em infraestrutura e segurança, estão des- pertando a atenção de empresas de outros Estados, atraídas pelo mercado que tem o metro quadrado mais valorizado do País. É o caso da Construtora e Incorporadora Rossi, que se iniciou na Capital em 2009 com sucesso nas vendas de três grandes empreendimentos, todos localizados em satélites como Gama e Taguatinga. Sobre essa operação bem-sucedida, comemorou o diretor regional da empresa paulistana, Frederico Kessler: - “Acreditamos na consolidação das regiões administrativas, por isso continua- remos a atuar nesse mercado. O segmento econômico vai crescer mais em 2010”. Crescimento e consolidação do mer- cado imobiliário de todo o País neste ano, principalmente em Brasília, esta é a ava- liação da Fundação Getúlio Vargas, segun- do a qual a construção civil deverá crescer 8,8%. Mas as empresas do DF apostam em um crescimento bem acima da média nacional, em um índice em torno de 10 %. E esse cálculo favorável tem como um de seus alicerces a recente Lei do Inquilinato, que começou a vigorar neste início de ano e que vai resultar em essenciais alterações no mercado imobiliário. O Editor Jurídico Cláudio Sampaio analisa esse novo diplo- ma legal nas páginas 2 e 3 desta edição. O Editor

Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Comentários sobre

jurisprudênciaimobiliária

Página 7

Dicionário esclarece vocábulostécnicos

Página 3

Alterações importantes

na Lei doInquilinato

Página 2

Como funciona a suspensãodo contratode trabalho

Página 8

Cursos de Especialização, Preparação e Pós-Graduação em Direito

Ano III Número 21 Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010

Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e Carvalho

Entrevista exclusiva nas páginas 4, 5 e 6

“Construir com excelência e qualidade, além de atender prazo e compromisso contratual”

INFORMATIVO JURÍDICO

UM MECANISMO DE CONHECIMENTO E ATUALIZAÇÃO NA ÁREA IMOBILIÁRIA

www.grupoatame.com.br

Previsão felizmente se confirmaConfi rmando as expectativas otimis-

tas prenunciadas na Edição nº 17 pelo Pre-sidente do SECOVI-DF, Miguel Setembri-no, e corroboradas por nossa TRIBUNA IMOBILIÁRIA no Editorial “Ano Novo com prosperidade”, inclusive publicando em absoluta primeira mão que o Distrito Federal suplantara o Rio de Janeiro na área de construção civil passando a ocupar agora o segundo lugar do País (sem falsa modéstia, “furo” jornalístico que mereceu a manchete do principal jornal local, isto 30 dias depois), o que por si só caracteri-za a qualidade e atualidade de informação que oferecemos aos nossos selecionados leitores de Brasília, Rio, São Paulo, Belo Horizonte e outras plagas.

Como se isso não bastasse, um se-manário brasiliense que se vangloria de seus 130 mil exemplares distribuídos em domicílio (aliás, tiragem correta), se inspi-rou na entrevista que a TRIBUNA fez com o empresário Fabrício Aroeira Almeida, da Apex Engenharia, na edição de dezembro (três páginas). O tema dizia respeito aos bons resultados de investimentos nas cida-des satélites, entre as quais Samambaia e Ceilândia, favorecendo os compradores de menor poder aquisitivo. Valeu!

Oportunamente, com a implantação do Metrô e o investimento do Governo em infraestrutura e segurança, estão des-

pertando a atenção de empresas de outros Estados, atraídas pelo mercado que tem o metro quadrado mais valorizado do País. É o caso da Construtora e Incorporadora Rossi, que se iniciou na Capital em 2009 com sucesso nas vendas de três grandes empreendimentos, todos localizados em satélites como Gama e Taguatinga. Sobre essa operação bem-sucedida, comemorou o diretor regional da empresa paulistana, Frederico Kessler:

- “Acreditamos na consolidação das regiões administrativas, por isso continua-remos a atuar nesse mercado. O segmento econômico vai crescer mais em 2010”.

Crescimento e consolidação do mer-cado imobiliário de todo o País neste ano, principalmente em Brasília, esta é a ava-liação da Fundação Getúlio Vargas, segun-do a qual a construção civil deverá crescer 8,8%. Mas as empresas do DF apostam em um crescimento bem acima da média nacional, em um índice em torno de 10 %. E esse cálculo favorável tem como um de seus alicerces a recente Lei do Inquilinato, que começou a vigorar neste início de ano e que vai resultar em essenciais alterações no mercado imobiliário. O Editor Jurídico Cláudio Sampaio analisa esse novo diplo-ma legal nas páginas 2 e 3 desta edição.

O Editor

Ano III Número 21 Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010

Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e Carvalho

“de atender prazo e compromisso contratual

Page 2: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 20102ARTIGO

Regulado, desde 18 de outubro de 1991, fun-damentalmente pela

Lei Federal nº. 8.245, o mer-cado de locação imobiliária é hoje um dos propulsores ele-mentares da economia nacio-nal, posto que, além de servir como válvula de escape para o ainda elevado déficit habitacio-nal, tem se consagrado como um dos investimentos mais interessantes ao levar-se em

conta o binômio segurança-rentabilidade.A referida Lei, na sua redação original, em que

pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos casos concretos, revelou-se, ao passar dos anos, incompleta e morosa na solução de algumas questões, em especial aquelas relacionadas ao inadim-plemento por parte do locatário, sujeitando os proprie-tários aos riscos e prejuízos decorrentes da demora e da imprevisibilidade do Poder Judiciário.

No que tange à lentidão processual e à seguran-ça jurídica para os proprietários de imóveis, em caso de ausência, interdição, recuperação judicial, falência ou insolvência do fiador, o principal mérito da Lei nº. 12.112/2009 foi o de ampliar o rol do art. 59 da Lei nº. 8.245/91, permitindo ao juiz proferir, desde o início do processo, decisão liminar determinando o despejo em 15 (quinze) dias (mediante prévia caução equivalente a três meses de aluguel), nas hipóteses elencadas nos incisos a seguir:

“VI – o disposto no inciso IV do art. 9o, haven-do a necessidade de se produzir reparações urgentes no imóvel, determinadas pelo poder público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário, ou, podendo, ele se recuse a consenti-las;” “VII – o término do prazo notificatório previsto no parágrafo único do art. 40, sem apresenta-ção de nova garantia apta a manter a segu-rança inaugural do contrato;”“VIII – o término do prazo da locação não re-sidencial, tendo sido proposta a ação em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação comunicando o intento de re-tomada;”“IX – a falta de pagamento de aluguel e aces-sórios da locação no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art. 37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exone-ração dela, independentemente de motivo.”

Outro sério problema, decorrente de omissão

INQUILINATO: COMENTÁRIOS SOBRE ALTERAÇÕES IMPORTANTES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº. 12.112/2009

legislativa, dizia respeito à responsabilização dos fia-dores quando os contratos locatícios venciam e prorro-gavam-se, automática e tacitamente, mediante a mera permanência do inquilino no imóvel, sem a assinatura de um termo aditivo que oficializasse a ampliação da vigência e renovasse a garantia fidejussória. Neste par-ticular, argüindo a máxima que a fiança não poderia ser interpretada extensivamente (Código Civil, art. 819), al-guns fiadores tentaram livrar-se, freqüentemente sem êxito, da responsabilidade sobre os aluguéis e acessó-rios vencidos após o término da vigência contratada.

Semelhante celeuma ocorria quando era assinado um aditivo de prorrogação, com novo valor mensal, mas o locador, ou a firma administradora do contrato, não obtinha a necessária assinatura dos fiadores no referi-do instrumento, atraindo a aplicação da Súmula 214, do STJ, conforme amplo e elucidativo julgamento conduzi-do pela Eminente Ministra Laurita Vaz, transcrito abaixo:

“(...) Firmou-se a orientação, no caso de pror-rogação legal e tácita do contrato para prazo indeterminado, de que, havendo, no contrato locatício, cláusula expressa de responsabili-dade do garante até a entrega das chaves, o fiador responde pela prorrogação do contrato, a menos que tenha se exonerado na forma do art. 1.500 do Código Civil de 1916 ou do art. 835 do Código Civil vigente, a depender da época da avença; E, na hipótese de aditamen-to contratual, de que deve ser aplicado o en-tendimento sufragado na Súmula nº 214/STJ que exonera o fiador das obrigações resultan-tes de aditamento ao qual o fiador não anuiu. 5 - Prorrogado o contrato de locação por prazo indeterminado, o superveniente aditamento referente a valores dos aluguéis, por não se tratar de alteração substancial na avença ori-ginal, não implica a exoneração total da fiança prestada, mas apenas do excesso decorrente do aditamento, ficando a garantia preservada relativamente aos valores originalmente pac-tuados, pois caso não houvesse o aditamento, a responsabilidade do fiador se estenderia até a entrega das chaves. (...)” (STJ - EDcl-ED-REsp 299.251 - (2008/0150651-4) - 3ª S. - Relª Minª Laurita Vaz - DJe 17.06.2009 - p. 320)

Visando dar luz à discussão acima, a Lei nº. 12.112/2009 completou a redação original do art. 39 da Lei nº. 8.245/91, o qual assim passou a viger: “Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garan-tias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo inde-terminado, por força desta Lei.” Cumpre frisar, todavia, que esta atualização legislativa não afastou a obrigato-riedade de assinatura dos fiadores quando a prorroga-ção restar formalizada por meio de aditivo contratual.

Page 3: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010 3

Jornalista Responsável:Fernando Pinto - Registro profi ssional nº 5722/11/125-SP

Matrícula no Sindicato dos Jornalistas Profi ssionais do DF: 1.174E-mail: [email protected]

Editor Jurídico:Cláudio Augusto Sampaio Pinto, OAB/DF 14.294

Colaboradores:Adirson Vasconcelos, Bruno D. C. Macedo, Carla E. Ferreira Siqueira,

Denise M. R. Dias, Leonardo R. Araújo, Ricardo Linhares Murini, Thulys Madeira e Vânia Avelino Gomes. Direção de Arte e Diagramação

Thiago Sarandy - E-mail: [email protected]:

Leonardo Prado e Manoel Carvalho Neto

Outra questão que a Lei nº. 12.112 buscou regu-lamentar com mais clareza, acrescendo os incisos II e X, assim como o parágrafo único, ao art. 40 da Lei nº 8.245/91, diz respeito à possibilidade de o locador exi-gir novo fi ador ou a substituição da modalidade de ga-rantia, também nos casos de recuperação judicial (do fi ador que seja pessoa jurídica), e da prorrogação da locação por prazo indeterminado, quando o fi ador noti-fi car o locador de sua intenção de desoneração.

As supracitadas alterações legislativas esclare-ceram também que, quando o locador solicitar a exone-ração da fi ança, fi cará ainda responsável pelos débitos por 120 (cento e vinte) dias, a contar da regular notifi ca-ção dos proprietários do imóvel. Neste caso, nos termos da Lei recente: “o locador poderá notifi car o locatário para apresentar nova garantia locatícia no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de desfazimento da locação.”

Além dos pontos comentados nas linhas prece-dentes, a Lei nº. 12.112/2009 trouxe ainda novidades no que diz respeito às nuances processuais das ações de despejo, renovatórias e revisionais, sempre privile-giando a segurança jurídica e os critérios de equidade, conforme será abordado em edições futuras.

Pode-se concluir, portanto, que a Lei nº. 12.112/2009 representa, de fato, um marco moderniza-dor e incentivador para as novas relações locatícias, por conter o meritório escopo de incentivar a preservação das garantias contratuais, de suprir lacunas e de des-burocratizar determinados trâmites judiciais, facilitando a defesa dos interesses dos contratantes pautados pela retidão e boa-fé.

Por Cláudio SampaioAdvogado e Consultor Jurídico

Sócio Fundador da SP&A [email protected]

DICIONÁRIO JURÍDICO

SP&A Advocacia e Consultoria JurídicaSGAS 902, Ed. Athenas, Bl. “B”, salas 216/217, Brasília -DF,

CEP: 70390-020. Fone:(61) 3202-7500, 3964-7575. Fax: (61) 3202-5500

Ações Revisionais: Ação Revisional é aquela de-manda judicial mediante a qual o autor busca revisar determinadas cláusulas de um contrato, inclusive no que diz respeito a valores.

Ações Renovatórias: Ação Renovatória é aquela de-manda judicial que busca garantir o direito do empre-sário de renovar contrato de locação referente ao imó-vel onde esteja localizado seu ponto comercial, desde que, cumulativamente, estejam presentes os requisi-tos do art. 51, incisos I a III, da Lei nº 8.245/91.

Desoneração: Desobrigar; Isentar; Dispensar.

Exoneração: Desobrigar; Isentar; Dispensar. Expres-são utilizada na lei e na jurisprudência comumente como sinônimo de desoneração.

Garantia Fidejussória: Também chamada garantia pessoal , expressa a obrigação que alguém assume, ao garantir o cumprimento de obrigação alheia - caso o devedor não o faça. Exemplo clássico: fi ança.

Insolvência: É o estado do que devedor possui mais dívidas do que a quantidade de seus bens para sal-dá-las. Caso declarada judicialmente, em relação à pessoa física, equivale à falência empresarial, impe-dindo o insolvente de vários atos na vida civil.

Locador: Pessoa que dá algo em aluguel, podendo ser bem móvel ou imóvel, sob contraprestação fi nanceira.

Locatário: Aquele que aluga, que se serve de um objeto, de um imóvel mediante o pagamento de certa quantia estipulada em contrato escrito ou verbal. Inqui-lino, arrendatário.

Recuperação Judicial: apresenta-se no Direito como um instituto do Direito Falimentar, mais suave que a falência, mas com o escopo de proteger o crédito do devedor comerciante e a recuperação imediata da situação econômica em que se encontra temporaria-mente. Equipara-se à antiga concordata.

Súmula: No direito brasileiro, chama-se súmula um verbete que registra a interpretação pacífi ca ou majo-ritária adotada por um Tribunal a respeito de um tema específi co em julgamentos repetidos.

Por Bruno Dela Coleta Macedo Assistente Jurídico associado à SP&A Advocacia

[email protected]

INFORMATIVO JURÍDICO

Page 4: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 20104

“Construir com excelência e qualidade, alémde atender prazo e compromisso contratual”

Entrevista exclusiva a FERNANDO PINTO

REPÓRTER - Qual o segre-do para empreender com alta qualidade e durabilida-de, mas sob um custo racio-nalizado?EDUARDO VILLELA - Man-ter sempre os paradigmas de construção e de contratos, prestigiando a equipe própria, ou seja, criar e manter as equipes técnicas.

REPÓRTER - Os novos con-ceitos de responsabilidade ambiental, do Setor Noroes-te, podem virar tendências construtivas em outras re-giões do DF?EDUARDO VILLELA - Sim, pois o mercado está solicitan-do estas responsabilidades. Hoje em dia, isto passou a ser de uso operacional, tal como o uso de cinto de segurança ao dirigir um veículo.

Estas foram as quatro marcas de ação estabelecidas pelo arquiteto goiano Cre-so Villela, quando resolveu ingressar em 1968 no então incipiente mercado imobili-ário brasiliense, fundando a sua empresa construtora. De lá para cá, hoje com mais de 400 mil metros quadrados construídos e premiada por três vezes como a melhor construtora de 3 e 4 quartos no DF, essa filosofia de trabalho em favor do cliente continua sendo rigorosamente mantida, conforme informa seu filho, Eduardo Villela. Nascido em Goiás Velho, ele acompanhou o pai a Brasília ainda criança, testemu-nhando de perto o sonho que era peculiar a outros pioneiros e extensivo aos des-cendentes mais jovens, uma espécie de herança familiar: ver a cidade consolidada arquitetônica e economicamente como verdadeira Capital do País, cientes de que isso só poderia ser alcançado como resultado de muito esforço e seriedade.

Engenheiro Civil formado pela Universidade de Brasília, 47 anos de idade cro-nológica, casado com Lúcia Villela, com três filhos em véspera de bacharelarem-se:

Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e Carvalho

REPÓRTER - A Villela e Car-valho tem 42 anos de mer-cado. Qual as lições mais importantes deixadas pelo fundador e patriarca Creso Villela, para os filhos e co-laboradores, e de que forma elas repercutem no presen-te da Empresa?EDUARDO VILLELA - Cons-truir sempre com excelência, qualidade e procurando aten-der prazos e compromissos contratuais. O comprador de imóveis busca bem duradou-ro e como todo cliente, quer o cumprimento do contrato. A empresa busca ir além dis-so. O resultado é um grau de aceitação superior a 95%. O reconhecimento dos clientes fez com que a empresa fosse eleita, por três vezes, como a melhor construtora de 04 quartos de Brasília.

REPÓRTER - A Villela e Car-valho é muito conhecida pelas frutuosas parcerias com outras Incorporadoras. Qual o segredo deste su-cesso? Isso é demonstra-tivo do profissionalismo e amadurecimento do merca-do brasiliense?

“Existe um crescimento muito grande na cidade.

E os bons terrenos permanecem escassos”

PONTO DE VISTA

Page 5: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010 5

“Construir com excelência e qualidade, alémde atender prazo e compromisso contratual”

Entrevista exclusiva a FERNANDO PINTO

Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e Carvalho

EDUARDO VILLELA - É ten-dência, em todos os setores, as parcerias. O mercado faz isso, naturalmente de tempos em tempos. Exemplo: tem épo-ca que as parcerias são banco e empresa, depois empresas e o mercado (observar as Co-operativas) e agora empresas

e empresas. Brasília foi trazida para as condições nacionais de mercado, pois já temos atu-ando aqui grandes empresas do Rio e São Paulo.

REPÓRTER - Além das gran-des responsabilidades de cada obra, o Construtor é submetido a um sistema contábil e legislativo extre-mamente burocrático, que pode impactar a entrega das unidades. O planejamento estratégico tem sido o dife-rencial para que sua Empre-sa venha conseguindo entre-gar todas as obras em dia?EDUARDO VILLELA - Es-tamos conseguindo honrar os prazos, inclusive os buro-cráticos pelo conhecimento adquirido dessas rotinas. E, por termos construído diver-sos empreendimentos, já co-nhecemos os pontos críticos

e nos preparamos para eles. É surpreendente a dificuldade de, em uma obra concluída, obter-se as ligações definiti-vas dos serviços públicos, a Carta de Habite-se e o des-membramento na Secretaria de Finanças (matrículas) do imóvel pronto. Já é cultura em nossa empresa que isto é uma obra dentro de outra. En-tão, ao iniciarmos a obra, já planejamos a segunda obra.

REPÓRTER - Apesar de sa-bermos do alto custo ori-ginário dos terrenos no Distrito Federal, bem como do potencial de valoriza-ção dos imóveis, que supe-ra 20% ao ano em algumas localidades, muitos ainda falam, mesmo que equivo-cadamente, em “bolha imo-biliária”. Como o senhor avalia esta discussão?

Danilo, 21, em Direito; Camila, 20, Jornalismo; e Vítor, 19, Engenharia Civil – o em-presário Eduardo Villela continua arregaçando as mangas para acompanhar o ritmo cada vez mais frenético na área imobiliária do Distrito Federal, o que já resultou na construção por sua empresa de cerca de 2000 unidades já entregues aos seus clientes, inclusive ostentando a condição de maior diversidade em imóveis no Setor Noroeste: apartamentos de 1, 2, 3, 4, 5 quartos e lojas comerciais. Muitas dessas obras foram construídas em tempo recorde, em menos de dois anos. Exemplos: o conjunto Pós Graduação AEUDF, localizado na Asa Sul e concluído em 15 meses; o Residencial Águas Claras, concluído em 17 meses; o Edifício Darcy Ribeiro, na Asa Sul, término em 20 meses.

— “Convém lembrar que a abreviação do tempo da entrega não alterou em nada os nossos critérios de excelência e qualidade!”, acrescenta o Sócio Diretor da Cons-trutora Villela e Carvalho.

Page 6: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 20106

pirâmide. Basta verificarmos o entorno de Brasília, o volu-me de pessoas que residem lá e trabalham aqui.

REPÓRTER - Fale um pou-co da importância do traba-lho feito pelo SINDUSCON e pela ADEMI, inclusive junto ao Ministério Públi-co e à opinião pública, no sentido de incrementar e consolidar a credibilidade do Mercado Imobiliário no Distrito Federal.EDUARDO VILLELA - O trabalho das entidades já é muito reconhecido por sua tradição. A ADEMI foi pio-neira no Brasil com o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público, na década de 90, para normatizar as relações empresa e consumidor, isto passou credibilidade ao mer-cado. Da mesma forma exis-tem diversos outros ajustes que são feitos com muito su-cesso por estas entidades.

REPÓRTER - Para finalizar, quais projetos estão na pauta da Villela e Carvalho para 2010?EDUARDO VILLELA - Natu-ralmente em primeiro lugar o Noroeste, pois tradicional-mente tem sido nosso públi-co. Neste setor, faremos este ano 05 Lançamentos. Tam-bém por tradição, faremos um grande lançamento em Águas Claras e, finalmente, faremos um experiência nas classes C e D no Gama, sen-do um empreendimento com mais de 1.000 unidades.

ma jurídico possa ser me-lhorado, visando facilitar a atuação do empresário honesto e empreendedor? Entende necessária uma profunda reforma traba-lhista e tributária?EDUARDO VILLELA - En-tendo que já fizemos Leis demais, é preciso condensá-las e simplificá-las. É muito interessante o caso da Lei das Incorporações que sur-giu em 1964 e permanece atual e moderna. Imagino que funciona bem por ter sido pouco emendada e dis-torcida.

REPÓRTER - Em sua ava-liação, o mercado destina-do à venda de imóveis para as pessoas de menor ren-da tem, no Distrito Fede-ral, um potencial tão bom quanto o já consagrado mercado de alto padrão, a exemplo dos Setores Su-doeste e Noroeste?EDUARDO VILLELA - Se superarmos os problemas de oferta de terra, este mer-cado é o que tem maior po-tencial, pois na atual con-juntura econômica houve um alargamento na base da

“Construir com excelência e qualidade, além de...”EDUARDO VILLELA - Brasí-lia é um caso atípico, porque existe um crescimento vege-tativo muito grande na cida-de e os bons terrenos perma-necem escassos. Acho que o público A e B permanecerá profundamente comprador. Numa cidade de 2.500.000 habitantes é natural enten-der que 10% dessa popula-ção queira morar no Plano Piloto e 10% deste mesmo número queira comprar imó-vel novo. Portanto estamos falando algo em torno de 25.000 pessoas. Quanto as classe C e D, agora é que o mercado está atendendo a elas, mas por falta de opção por muitos anos não houve grande oferta. Então enten-do que não haverá uma su-per oferta.

REPÓRTER - Como empre-sário e proprietário de imó-veis, o senhor está animado com as mudanças na nova lei de locações, que tornam mais ágil o despejo dos in-quilinos inadimplentes? Pode-se dizer que o cresci-mento do mercado locatício trará repercussão positiva no que diz respeito aos lan-çamentos imobiliários?EDUARDO VILLELA - Sem dúvida a lei irá estimular mais ainda os investidores, tanto residenciais como co-merciais. Usualmente, temos em Brasília em torno de 30% de compradores de imóveis nesta posição.

REPÓRTER - Na visão de empresário, como o se-nhor entende que o siste-

A exemplo de sua geração,

Eduardo Vilelaacompanhou desde cedo

o crescimento imobiliário de

Brasília

Page 7: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 2010 7

Ementa: Desconsideração da personalidade jurí-dica. Sócio retirante. Responsabilidade. Ainda que seja induvidosa a possibilidade dos sócios respon-derem por créditos trabalhistas quando a empresa não tenha condições de fazê-lo, há de se respeitar limites impostos pela razoabilidade. O sócio deve ter se beneficiado da mão de obra do trabalhador, ao menos durante parte do contrato de trabalho, o que equivale a afirmar que responde quando sua saída do quadro social ocorre durante ou após o encerramento do vínculo de emprego. Em con-trapartida, o sócio que se retirou antes mesmo do início da prestação de serviços, não pode ser res-ponsabilizado por débitos trabalhistas da empresa em relação a esse contrato. Agrado de petição do exeqüente a que se dá provimento para estender a responsabilidade da ex-sócia até a data do registro da alteração contratual que marcou sua saída da sociedade. (TRT 9ª Reg. Proc. 02802-2004-007-09-00-1 – (Ac. SE 13237/09) – Relatora: Marlene T. Fuverki Suguimatsu. DJe/TRT 9ª Reg. Nº 085, 8.5.09 p. 368. Fonte: LTr Suplemento Trabalhista 128/2009 p. 616.

Em rica explanação sobre o conceito e al-cance da desconsideração da personalidade jurídi-ca da empresa, o TRT, da 9ª Região, reconheceu a responsabilidade objetiva de um dos sócios, ao argumento de que sua retirada da sociedade se deu em 03/12/1999 (data de registro da alteração contratual na Junta Comercial), ao passo que o Trabalhador ingressou na empresa em 05/07/1999. Por outro lado, o sócio que se desligou da empresa em data anterior a 05/07/1999 não pode ser afeta-do pelos efeitos da desconsideração da personali-dade jurídica.

Ação de indenização. Autor que celebra junto a vendedora contrato de seguro para cobertu-ra no caso de desemprego. Descumprimento injustificado do contrato. Ação deduzida contra a vendedora e a seguradora. Vendedora que na contratação ostenta a posição jurídica de mera estipulante. Legitimidade passiva reconhecida considerando que foi ela, vendedora, quem en-caminhou o nome do autor para o cadastro de inadimplentes. Seguradora que alega eximente imputando culpa ao segurado pelo não cumpri-mento das obrigações acessórias a seu cargo.

Por Ricardo Linhares MuriniAdvogado Especializado em Direito Imobiliário

JURISPRUDÊNCIA COMENTADA

Alegação não demonstrada. Inclusão irregular do nome do autor em cadastro de órgão de pro-teção ao crédito. Desnecessidade de prova efeti-va do prejuízo moral sofrido em se tratando de negativação indevida em órgãos de proteção ao crédito. Indenização fixada em valor adequado em I o grau. Reparação do dano moral que deve ser fixada em valor que permita propiciar uma compensação razoável à vítima, sem configurar fonte de enriquecimento indevido em detrimen-to da parte vencida. Apelos das rés improvido. (TJSP, AP. n. 990093191989, 32ª Câmara de Di-reito Privado, Rel. Desembargador Ruy Coppo-la, j. em 14/01/2010).

O cerne do recurso versa sobre a irregular in-clusão do nome do apelado no cadastro de inadim-plentes. Uma vez demonstrada a irregular nega-tivação do nome da vítima, perante os órgãos de proteção ao crédito, entende o relator, in casu, ser desnecessária a comprovação do efetivo dano moral sofrido pela parte que teve seu nome negativado.

AÇÃO INDENIZATÓRIA - COMPRA E VEN-DA DE IMÓVEL - IMOBILIÁRIA - CORRE-TOR QUE APRESENTA VAGA DE GARAGEM EQUIVOCADA - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DEFEITUOSA - PEDIDO INDENIZATÓRIO PROCEDENTE - RECURSO DESPROVIDO. Tendo ficado demonstrado que o corretor da ré-apelante, ao apresentar o imóvel ao autor, indicou a vaga de garagem maior e melhor localizada, di-versa da efetivamente estipulada na convenção de condomínio, procede o pleito indenizatório, de-vendo seu quantum corresponder à diferença do preço do imóvel, considerando a vaga de garagem prevista na convenção condominial e a errone-amente apresentada ao autor-apelado. Processo: 1.0024.03.962924-1/001. Fonte: TJMG.

Da mesma forma que o corretor faz jus ao recebimento de comissão de corretagem, quando o negócio concretizado é fruto de sua atuação, igualmente, deve ressarcir o cliente quando sua prestação de serviço se der de maneira defeituosa, como ocorrera no caso vertente.

Page 8: Eduardo Villela, Sócio-Diretor da Construtora Villela e ... · A referida Lei, na sua redação original, em que pese ser inteligível e de aplicação descomplicada à maioria dos

Brasília, Janeiro/Fevereiro de 20108

C a m p a n h a U N I C E F : “ J u n t o s p e l a s c r i a n ç a s d o H a i t i ”h t t p : / / w w w . u n i c e f . o r g / b r a z i l

1) O que significa a suspensão do contra-to de trabalho para qualificação profissional e quais os benefícios para o empregador?

O artigo 476-A da CLT dispõe que o contrato de trabalho poderá ser suspenso para fins de participa-ção do empregado em curso ou programa de qualifi-cação profissional. Nesta hipótese, considerando-se a suspensão do contrato de trabalho como situação em que as duas obrigações fundamentais do contra-to, quais sejam, os salários e a prestação dos ser-viços tornam-se inexigíveis, ficam asseguradas ao empregado afastado do emprego, por ocasião de sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, te-nham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa.

A mencionada espécie de suspensão surgiu na tentativa de solucionar a questão de determinados setores da economia, como a construção civil, por exemplo, que, muitas vezes, não possuem deman-da para os trabalhadores em alguns períodos. Nesse sentido, tal licença evita a ociosidade ou a demissão e posterior recontratação de empregados, que seriam onerosas ao empregador. Ademais, a espécie de sus-pensão em comento oportuniza a especialização e aprimoramento das técnicas do trabalhador, conse-quentemente, promovendo a qualificação profissio-nal, o que também se revela interessante ao empre-gador que busca a excelência dos trabalhos de sua empresa.

De acordo com o que estabelece a CLT, a cada 16 meses, o contrato de trabalho poderá ser suspen-so por um período de 2 a 5 meses, podendo ser pror-rogado mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho e concordância formal do empregado, para participação deste em curso ou programa de qualifi-cação profissional oferecido pelo empregador. Nesse período de 5 meses, o empregador não pagará sa-lário ao empregado, ele receberá uma bolsa que de-verá ser paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), nada impedindo que o empregador conceda ao

....................................................

Por Carla E. Ferreira SiqueiraAdvogada e Consultora Jurídica

Sócia da SP&A Advocacia e [email protected]

MANUAL IMOBILIÁRIO empregado ajuda compensatória mensal, sem nature-za salarial, durante o período de suspensão contratu-al, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo.

Quanto à questão do custeio do curso oferecido, a CLT é omissa, mas a prática tem ensinado que as despesas para a qualificação profissional deverão ser suportadas pelo empregador, exceto quando os cursos de qualificação são promovidos por órgãos públicos. E, caso o prazo limite de 5 meses seja prorrogado, ca-berá ao empregador arcar com o ônus corresponden-te ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo período de prorrogação. Para evitar frau-des ao sistema, se durante a suspensão do contrato de trabalho não for ministrado o curso de qualificação profissional, ou, se o empregado permanecer traba-lhando para o empregador, restará descaracterizada a suspensão, sendo o empregador obrigado a proceder ao pagamento imediato dos salários e dos encargos sociais referentes ao período de suspensão, além de ter que arcar com as sanções previstas em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

Por fim, caso ocorra a demissão do emprega-do no transcurso do período de suspensão ou nos 3 meses subseqüentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador será obrigado a pagar, além das parcelas indenizatórias comuns na rescisão de todo contrato de trabalho, uma multa estabelecida em convenção ou acordo coletivo, não podendo ser inferior a 100% do valor da última remuneração mensal anterior à sus-pensão do contrato do trabalhador.

2) É possível exigir que a doença profis-sional do empregado seja atestada por médi-co do INSS, como requisito ao reconhecimen-to da estabilidade?

Anteriormente, a exigência de que a doença profissional fosse atestada por médico do INSS para o reconhecimento do direito à estabilidade decor-ria da Orientação Jurisprudencial 154 da SDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho, desde que existisse cláusula de instrumento normativo. Todavia, a men-cionada Orientação foi cancelada pela Resolução nº 158/2009, prevalecendo o entendimento no sentido de que a real finalidade da norma coletiva deve levar em consideração a razoabilidade, não cabendo supor que a forma com que será apurada a enfermidade, se pelo INSS ou pela via judicial, tenha preponderância sobre o aspecto objetivo de ser o empregado porta-dor de uma lesão provocada, ou não, no exercício cotidiano do seu trabalho.