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 1 UNIDADE 1 – Educação a Distância – conceitos, evolução histórica, aplicabilidade e tendências atuais A Educação a distância constitui-se em área de vocação inequívoca para a inovação. Modernizam-se recursos, métodos, modelos, fundamentos etc. E em meio a toda essa dinâmica surgem muitos conceitos, em sua maioria, oriundos do inglês, dentre os quais vários muito próximos ou equivalentes. Formiga (2008, p.39) esclarece que o uso intenso do inglês britânico na área de EaD se explica por ser aquele país detentor da melhor experiência internacional na área, graças à existência da paradigmática Open University, que r epresenta para a EaD papel semelhante ao das cidades-sagradas sedes das grandes religiões como Roma, Jerusalém, Meca, Lhasa, Kioto etc. O autor chama a atenção para a “vaidade dos autores” que gera uma “proliferação terminológica”. Vamos discutir, nesse texto, alguns dos conceitos básicos da área, procurando, na medida do possível, estabelecer os limites entre eles. Teleducação, educação, ensino ou aprendizagem a distância

Educacao a Distancia Visao Geral

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    UNIDADE 1 Educao a Distncia conceitos, evoluo histrica, aplicabilidade e tendncias atuais

    A Educao a distncia constitui-se em rea de vocao inequvoca para a inovao. Modernizam-se recursos, mtodos, modelos, fundamentos etc. E em meio a toda essa dinmica surgem muitos conceitos, em sua maioria, oriundos do ingls, dentre os quais vrios muito prximos ou equivalentes.

    Formiga (2008, p.39) esclarece que o uso intenso do ingls britnico na rea de EaD

    se explica por ser aquele pas detentor da melhor experincia internacional na rea, graas existncia da paradigmtica Open University, que representa para a EaD papel semelhante ao das cidades-sagradas sedes das grandes religies como Roma, Jerusalm, Meca, Lhasa, Kioto etc.

    O autor chama a ateno para a vaidade dos autores que gera uma proliferao terminolgica.

    Vamos discutir, nesse texto, alguns dos conceitos bsicos da rea, procurando, na medida do possvel, estabelecer os limites entre eles.

    Teleducao, educao, ensino ou aprendizagem a distncia

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    Nunes (1994), afirma que os termos Educao a Distncia, Ensino a Distncia e Teleducao, no Brasil, indicam o mesmo processo real. O autor lembra que, ao contrrio do que muitas pessoas pensam, teleducao no significa educao pela televiso. Tele uma palavra grega que significa ao longe e, nesse contexto, a distncia.

    Perraton (1997 apud UNESCO, 1997, p. 25) define Educao a Distncia (EaD) como processo educacional em que uma proporo significativa do ensino conduzida por algum distante em tempo e/ou espao do aprendizado.

    Portanto, segundo o autor, caracteriza-se a EaD pela separao entre professor e aluno no espao e/ou tempo. Essa caracterstica denota a opinio da maioria dos estudiosos e das pessoas que se dispem a definir educao ou ensino distncia.

    Moore e Kearsley (2008, p.1) complementam: estando em locais distintos, eles dependem de algum tipo de tecnologia para transmitir informaes e proporcionar-lhes um meio para interagir.

    Garcia Aretio (1987, p.60) define EaD como sendo:

    [...] um sistema tecnolgico de comunicao de massa e bidirecional, que substitui a interao pessoal, em aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ao sistemtica e conjunta de diversos recursos

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    didticos e o apoio de uma organizao tutorial, que propiciam a aprendizagem autnoma dos estudantes.

    Comea-se a perceber no se tratar de um processo to simples quanto, a princpio, parece.

    Holmberg (1977 apud BELLONI, 2001, p. 25) explica:

    O termo Educao a Distncia cobre as distintas formas de estudo em todos os nveis que no esto sob a contnua e imediata superviso dos tutores presentes com seus alunos em salas de aula ou nos mesmos lugares, mas que no obstante se beneficiam do planejamento, da orientao e do ensino oferecidos por uma organizao tutorial.

    Observe que Holmberg introduz novos elementos ao seu conceito: planejamento, orientao, ensino e organizao tutorial.

    Para Rebel (1983, apud BELLONI, 2001, p.26)

    [Educao a Distncia] um modo no contguo de transmisso entre professor e contedos do ensino e aprendente e contedos da aprendizagem possibilita maior liberdade ao aprendente para satisfazer suas necessidades de aprendizagem, seja por modelos tradicionais, no tradicionais, ou pela mistura de ambos.

    Interessante observar que o autor destaca a maior liberdade de aprendizagem na EaD.

    Segundo a legislao brasileira, Educao a Distncia uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informao, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicao. (Decreto n. 2.494, art. 1, DOU 10/02/1998).

    A viso da EaD expressa pelo Decreto enfatiza outro aspecto: a autoaprendizagem.

    Preti (1996, p.27), ao definir educao a distncia, destaca a importncia do desenvolvimento consoante a viso de mundo e de homem adotada,

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    contextualizada e fundamentada na tica, na solidariedade e no compromisso com mudanas sociais.

    A EaD , pois, uma alternativa pedaggica de grande alcance e que deve utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcanar os objetivos das prticas educativas implementadas, tendo sempre em vista as concepes de homem e sociedade assumidas e considerando as necessidades das populaes a que se pretende servir [...]. Deve ser compreendida como uma prtica educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educao, de se democratizar o conhecimento. , portanto, uma alternativa pedaggica que se coloca hoje ao educador que tem uma prtica fundamentada em uma racionalidade tica, solidria e compromissada com as mudanas sociais.

    Observe que os autores usam os termos educao, ensino ou aprendizagem a distncia indistintamente.

    Laaser et al (1997, p. 21) consideram Educao a Distncia o termo mais adequado e explicam: ensino a distncia ou aprendizagem a distncia: ambos os termos so restritivos demais. Ensino a distncia voltado demais para o professor, e aprendizagem a distncia, para o aluno.

    Entretanto, encontram-se estudiosos que defendem cada um dos termos.

    Leia os textos que se encontram na janela.

    Texto 1 Educao a Distncia, Aprendizagem a Distncia, Ensino a Distncia etc.

    Hoje em dia essas expresses esto sendo usadas o tempo todo e, algumas vezes, abusadas s vezes em suas verses em ingls: Distance Education, Distance Learning etc.

    J argumentei, em vrios artigos, que considero as duas primeiras expresses Educao a Distncia e Aprendizagem a Distncia totalmente inadequadas. A educao e a aprendizagem so processos que acontecem dentro da pessoa no h como possam ser realizados a distncia. Tanto a educao como a aprendizagem (com a qual a educao est conceitualmente vinculada) acontecem onde quer que esteja o indivduo que est se educando ou aprendendo no h como fazer, nem sequer entender, teleeducao e teleaprendizagem.

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    Ensinar a distncia, porm, perfeitamente possvel e, hoje em dia, ocorre o tempo todo como, por exemplo, quando aprendemos por meio de um livro que foi escrito para nos ensinar alguma coisa, ou assistimos a um filme, um programa de televiso ou um vdeo, que foram feitos para nos ensinar alguma coisa etc. A expresso ensino a distncia faz perfeito sentido aqui porque quem est ensinando o ensinante est espacialmente distante (e tambm distante no tempo) de quem est aprendendo o aprendente. (O termo distncia foi originalmente cunhado para se referir ao espao, mas pode igualmente ser bem aproveitado para se referir ao tempo).

    Tradicionalmente, fazia-se ensino a distncia por meio de cartas (as Epstolas de So Paulo no Novo Testamento so didticas, e, portanto, exemplos de ensino a distncia) e de livros (especialmente depois que comearam a ser impressos) ou seja, com baixa tecnologia. Com as novas tecnologias eletro-eletrnicas, especialmente em sua verso digital, unidas s tecnologias de telecomunicao, agora tambm digitais, abre-se para o ensino a distncia uma nova era, e o ensino passa a poder ser feito a distncia em escala antes inimaginvel e pode contar ainda com benefcios antes considerados impossveis nessa modalidade de ensino: interatividade e at mesmo sincronicidade.

    Por isso, ensino a distncia certamente (como sempre foi) uma forma de usar a tecnologia na promoo da educao.

    A educao e a aprendizagem, porm, embora aconteam dentro do indivduo, e, portanto, no possam, literalmente, ser feitas a distncia, podem, e devem, ser mediadas por contatos do indivduo com o mundo que o cerca, em especial, por meio de seu contato com outras pessoas, seja esse contato cara a cara ou remoto (virtual, no sentido de que no envolve a contiguidade espao-temporal das duas pessoas). Se for s isso que se quer dizer com as expresses educao a distncia e aprendizagem a distncia, ento no h por que no utiliz-las.

    (Extrado de: CHAVES, Eduardo. Ensino a Distncia: conceitos bsicos. Disponvel em: . Acesso em: 20 jun. 2008)

    Texto 2

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    [...]

    Educao a distncia o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, no qual professores e alunos esto separados espacial e/ou temporalmente.

    ensino/aprendizagem em que professores e alunos no esto normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemticas, como a Internet. Mas tambm podem ser utilizados o correio, o rdio, a televiso, o vdeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.

    Na expresso ensino a distncia a nfase dada ao papel do professor (como algum que ensina a distncia). Preferimos a palavra educao que mais abrangente, embora nenhuma das expresses seja perfeitamente adequada.

    Hoje temos a educao presencial, semipresencial (parte presencial/parte virtual ou a distncia) e educao a distncia (ou virtual). A presencial a dos cursos regulares, em qualquer nvel, onde professores e alunos se encontram sempre num local fsico, chamado sala de aula. o ensino convencional. A semipresencial acontece parte na sala de aula e outra; a distncia, por meio de tecnologias. A educao a distncia pode ter ou no momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espao e ou no tempo, mas podendo estar juntos por meio de tecnologias de comunicao.

    (Extrado de: MORAN, Jos M. O que educao a distncia. Disponvel em: . Acesso em: 20 maio 2008.)

    Texto 3

    [...]

    No The trainers dictionary (1993) de Reynolds, no figura entre os termos essenciais a educao a distncia, e sim a aprendizagem a distncia, caracterizada como mtodo de ensino no qual o instrutor ou facilitador se encontra geograficamente separado dos aprendizes. Reynolds acrescenta que a aprendizagem a distncia tambm denominada educao a distncia e aprendizagem distante.

    No catlogo intitulado Petersons Distance learning programs 1998, a opo dos autores igualmente pela expresso aprendizagem a distncia. Esta definida como o fornecimento de programas de carter educativo a estudantes fora do local desse fornecimento, por meio do uso de tecnologias como a televiso por cabo ou via

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    satlite, videoteipes ou audioteipes, fax, modem de computador, conferncia por computador e vdeo e outros meios de fornecimento eletrnico. Restrito aprendizagem a distncia por meios eletrnicos, o catlogo aqui citado diferencia a aprendizagem a distncia do que denomina estudo independente ou estudo por correspondncia: enquanto neste ltimo caso no h necessidade de ir escola, nem ocorre interao em tempo real com o professor ou colegas, a aprendizagem a distncia pode demandar a participao em classe via tecnologia, assim como viagens curtas a um campus responsvel pelo curso ou ao site do satlite; alm disso, os estudantes fora do site podem ser obrigados a trabalhar no mesmo ritmo dos estudantes que frequentam o campus. A distino proposta no Petersons, no entanto, no reconhecida por outras fontes, que incluem o estudo independente/ curso por correspondncia no ensino a distncia. De qualquer maneira, a obra aqui mencionada relaciona nada menos que oito centenas de instituies universitrias respeitveis nos EUA e Canad, presentemente empenhadas em ensino superior a distncia e responsveis por uma vastssima variedade de cursos, em todas as reas do conhecimento. Tendo como marco inicial a experincia inglesa da Universidade Aberta (Open University), o ensino superior a distncia experimentou extraordinria expanso em numerosos pases com excluso do Brasil. [...] (PFROMM NETTO, 2001, p.48-49)

    Como sabemos, a EaD um processo em que a aprendizagem ocorre com alunos e professores separados geogrfica e/ou temporalmente. Esse distanciamento pressupe que o processo comunicacional que conduz aprendizagem utilize um conjunto de recursos tecnolgicos que ultrapassam a exposio oral. Dentre esses meios destacam-se os materiais impressos, as

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    transmisses radiofnicas e televisivas, bem como uma terminologia relacionada aos recursos utilizados.

    Terminologia relacionada aos recursos utilizados

    O tipo de recurso utilizado tem gerado alguns termos especficos tais como: estudo ou educao por correspondncia, telecurso e e-learning. Vamos analis-los.

    Estudo ou educao por correspondncia

    Laaser et al (1997) explicam tratar-se do termo mais usado no incio do sculo XX, indicando o meio empregado e no o resultado do processo. Esse formato de curso utiliza material em meio impresso, distribudo via postal. Embora os recursos impressos continuem prioritrios na EaD, a variedade de recursos adotada atualmente torna essa terminologia inadequada na maioria das situaes.

    Telecurso

    More e Kearsley (2008, p.52) afirmam que: o termo telecurso diz respeito queles cursos nos quais a principal tecnologia de comunicao por vdeo gravado e transmitido (portanto no ao vivo). Os materiais do curso podem ser to simples como sesses em sala de aula gravadas ou podem ser produzidos mediante instrues sofisticadas e de acordo com padres de criao elevados. Os telecursos podem ser distribudos sob diversas formas: por meio de videoteipes, transmisso por cabo ou satlite, por redes ITFS Instructional Television Fixed Services (Servios Fixos de Televiso Educativa) ou como vdeo transmissvel pela Internet.

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    A recepo dos programas pode ocorrer nas residncias ou em telessalas, com apoio de orientadores, nas quais so possveis atividades presenciais interativas. Um exemplo nacional constitudo pelos Telecursos da Fundao Roberto Marinho.

    Aprendizagem por e-learning

    Termo muito utilizado atualmente para indicar que o processo de ensino-aprendizagem se desenvolve por meio eletrnico. importante destacar, contudo, que no se aplica ao uso de qualquer meio eletrnico, mas queles sistemas mediados pela Internet.

    Palloff e Pratt (2002 apud NUNES e VILARINHO, 2006, p.111) chamam de aprendizagem eletrnica quela que se efetiva por meio de comunicao eletrnica, apoiada em dispositivos mediticos, dentre os quais se destacam e-mail, fruns eletrnicos e chats.

    Barilli (2006, p. 155) explica que o e-learning

    pode ser considerado como uma nova forma de aprender, que traz como habilidades bsicas: compreender minimamente o funcionamento da Internet e o seu potencial; aprender o manuseio das ferramentas virtuais; e lidar com a palavra oral e escrita, entre outras.

    Destacam-se dentre os fatores que levaram ao acelerado crescimento do e-learning nos meios acadmico e corporativo: facilidade de atualizao dos contedos; flexibilidade de horrio; reduo de custos e tempo; possibilidade

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    de atendimento a um grande nmero de pessoas ao mesmo tempo, entre outros. Teles (2008) alerta que, embora seja atribuda a esse tipo de sistema, a possibilidade de aprendizagem colaborativa como uma vantagem, ela nem sempre ocorre.

    Mais a frente teremos a oportunidade de conversar a respeito dos ambientes virtuais de aprendizagem, nos quais se realiza o e-learning.

    Terminologia relacionada ao tipo de aprendizagem contemplada

    Em EaD, vrios termos enfatizam o tipo de aprendizagem contemplada, a exemplo de: aprendizagem colaborativa, aprendizagem cooperativa, aprendizagem flexvel etc.

    Aprendizagem colaborativa

    Leite et al. (2005) definem a aprendizagem colaborativa como a aprendizagem que ocorre em grupo. Trata-se de um processo no qual os membros do grupo se ajudam para alcanar determinado objetivo.

    Campos e colaboradores (2003, p. 23 apud LEITE et al. 2005) explicam essa aprendizagem como uma proposta pedaggica na qual estudantes ajudam-se no processo de aprendizagem, atuando como parceiros entre si e com o professor, com o objetivo de adquirir conhecimento sobre um dado objeto.

    Apesar das diversas formas de definir esse tipo de aprendizagem, importante frisar que todas apontam a aprendizagem colaborativa como uma forma conjunta de construo do conhecimento pelos membros do grupo. A questo fundamental da aprendizagem colaborativa reside na interao e troca entre alunos e professores que visam, dessa forma, melhorar a competncia dos discentes para realizao de trabalhos em grupos.

    Daga (2006, p.17) sugere que para melhor entender a importncia da colaborao mtua no processo da aprendizagem recorra-se teoria sociointeraticionista de Vygotsky, para o qual a aprendizagem ocorre na interao. A interao e a colaborao so provocadas por trocas sociocognitivas e resultam em compartilhamento de propostas, informaes,

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    dvidas e questionamentos. Isso permite que o indivduo confronte seu ponto de vista com outros, o que gera a descentralizao do pensamento e o surgimento de reflexes e conflitos cognitivos, possibilitando desenvolver a capacidade de entender e respeitar as diferenas de opinies e reestruturar o pensamento .

    Piaget (1990 apud DAGA 2006, p.16) defende que todo e qualquer crescimento cognitivo s ocorre a partir de uma ao, concreta ou abstrata, do sujeito sobre o objeto de seu conhecimento.

    A teoria construtivista de aprendizagem apoia-se na interao como requisito fundamental para sua prtica. Em outras palavras, nesse contexto, o aluno deixa de ser um agente passivo na recepo de conhecimentos do professor para ser um agente ativo, responsvel pelo prprio desenvolvimento, enquanto o professor posiciona-se como um fomentador de desequilbrio cognitivo para o aluno.

    Segundo Wessner e Pfister (apud GONZLEZ, 2005), existem trs tipos de colaborao: a genrica, a espontnea e a planificada.

    A colaborao genrica ocorre por e-mails, videoconferncia, entre membros dos grupos ou entre alunos e professores que no fazem parte da atividade. Por exemplo, consulta a especialistas pela web e intercmbio de colegas em outros pases. A colaborao espontnea, como o prprio nome sugere, ocorre espontaneamente dentro de um curso por meio de ferramentas como o e-mail, Messenger ou outros canais apropriados e disponveis para o evento.

    A colaborao planificada consiste em uma atividade associada a um determinado assunto do curso, ou seja, deve ser realizada em um momento predeterminado do curso. Esse tipo de colaborao visa unicamente os membros do grupo, permitindo que estabeleam comunicao e interao do

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    tipo genrica e espontnea. o tipo de colaborao mais completo e mais complexo de se implementar.

    Grande parte de ambientes de aprendizagem utilizados pela EaD baseiam-se em trabalho colaborativo por meio de relaes entre aluno-aluno, professores-alunos, professores-professores, alunos-alunos e alunos-contedos didticos. De acordo com Gonzlez (2005), em um processo de educao a distncia, a utilizao de ferramentas de comunicao sncrona e assncrona, integrada e conveniente pode definir o tipo de interao entre os participantes. H que se observar, ainda, a ferramenta utilizada em ambientes colaborativos, suas aplicaes e as influncias positivas e negativas no processo de ensino. A comunicao sncrona (em tempo real) apropriada para promover debates e discusses e a assncrona para trabalhos em grupos.

    Aprendizagem cooperativa

    Gonzlez (2005) explica que a aprendizagem cooperativa consiste em uma tcnica didtica na qual os alunos atuam como parceiros entre si e com o professor, visando aquisio de conhecimento e/ou troca de experincias entre os parceiros. Caracteriza-se pela diviso de trabalho, cabendo a cada um uma parte da soluo do problema.

    Variaes do termo: Aprendizagem cooperativa distribuda refere-se ao uso de

    tecnologias de Intranet e Internet para facilitar a troca de informaes, a comunicao e a realizao das atividades.

    Aprendizagem cooperativa mediada por computador envolve o uso da ferramenta para apoiar as atividades cooperativas do grupo.

    Educao flexvel

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    O termo educao flexvel utilizado com dois sentidos distintos. O primeiro equivale ao termo educao a distncia. Essa tendncia tem origem na Inglaterra, como explica Formiga (2008).

    A segunda tendncia trata como educao flexvel quela que incorpora as novas tecnologias da informao e comunicao ao processo de ensino-aprendizagem, criando novas formas de interao entre os atores do processo.

    As ferramentas da EaD so utilizadas na educao presencial, agregando algumas vantagens, a exemplo da forma de elaborao do material didtico, procedimentos de mediao da aprendizagem etc. Essa tendncia conhecida em EaD como cursos hbridos ou blended learning e tem crescido muito.

    Tori (2008, p.121) ensina:

    Mais recentemente, essa abordagem tem se popularizado, e o termo blended learning comea a se consolidar. Com essa abordagem os educadores podem lanar mo de uma gama maior de recursos de aprendizagem, planejamendo atividades virtuais ou presenciais, levando em considerao limitaes e potenciais que cada uma apresenta em determinadas situaes em funo de forma, contedo, custos e resultados pedaggicos desejados.

    Veja, na janela, um texto de Maria Luiza Belloni sobre a flexibilizao no contexto da educao do futuro.

    Flexibilizao

    Flexibilizao aparece como uma palavra mgica no contexto atual do capitalismo. Aplicada ao mercado de trabalho, ela tem duas significaes algo contraditrias: de um lado, significa a possibilidade para as empresas de descartarem facilmente a mo-de-obra tornada desnecessria pela introduo de novos meios tecnolgicos e/ou

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    processos de trabalho, por outro lado, porm, pode significar tambm processos de trabalho menos desqualificantes e menos rotineiros, propiciadores de melhores condies de trabalho.

    No campo da educao, a flexibilizao tem tambm diferentes acepes, dentre as quais podemos destacar as seguintes, que nos parecem ser as mais importantes para os objetivos deste estudo:

    Flexibilizao do acesso, numa perspectiva de democratizao das oportunidades, que significa fundamentalmente rever e tornar menos restritos os requisitos de acesso ao ensino (especialmente o ensino superior). Num pas como o Brasil, esta flexibilizao exigiria esforos no sentido de expandir a oferta de cursos de preparao, de criao de espaos de estudos (centros de recursos) e de disponibilizao a preos muito baixos dos materiais pedaggicos.

    Flexibilizao do ensino, numa perspectiva de promover o desenvolvimento das habilidades de autoaprendizagem, o que implicaria a oferta de cursos diversificados e modularizados, com o uso adequado de mdias em blocos coerentes, e de materiais efetivamente concebidos para autoaprendizagem, que pudessem ser utilizados por estudantes do ensino presencial e a distncia.

    Flexibilizao da aprendizagem, no sentido de exigir do estudante mais autonomia e independncia, propiciando o desenvolvimento de sua capacidade de gerir seu prprio processo de aprendizagem.

    Flexibilizao da oferta de cursos em funo das demandas sociais, numa perspectiva de educao ao longo da vida, o que implicaria um grande esforo de transformao dos atuais sistemas educacionais. Esta flexibilizao, no sentido de atender s demandas sociais, exige, no entanto, um grande cuidado na escolha de cursos e disciplinas que podem ser ensinadas puramente a distncia e no provimento de atividades presenciais para disciplinas para as quais as atividades so indispensveis ( p o r e x e m p l o . L a b o r a t r i o s , e s t g i o s e t c . )

    (Extrado de: BELLONI, Maria Luiza. Educao a distncia. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2001. p. 105-106).

    Terminologia relacionada ao acesso ao sistema

    Quanto ao acesso ao sistema de EaD destacam-se os termos escola/ educao/ universidade ou ensino aberto.

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    Escola/ educao/ universidade ou ensino aberto

    Moore e Kearsley (2008) alertam que o termo aberto foi adotado na Inglaterra por ocasio do surgimento da Open University, em funo de uma deciso poltica que visava possibilitar, via educao a distncia, o acesso dos filhos de trabalhadores ao ensino universitrio, muito difcil poca. Por essa razo, educao aberta comumente relacionada educao a distncia na Europa. Os autores advertem sobre a importncia de no confundir a opo poltica (aberta = acessibilidade) com o mtodo (a distncia). Assim so possveis tambm sistemas presenciais abertos e sistemas a distncia fechados.

    Na prtica, explicam os estudiosos, ao combinar educao aberta e a distncia, a Open University estabeleceu princpios seguidos por sistemas abertos em todo o mundo:

    matrcula sem necessidade de pr-requisito; estudo realizado no local mais conveniente para o aluno (casa,

    trabalho etc.); desenvolvimento de recursos por equipes de especialistas; orientao de estudos realizada por equipe de especialistas diferente

    da de elaboradores; metas de atendimento em grande escala, normalmente de mbito

    nacional;

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    investimentos vultosos que se diluem com a matrcula de grandes contingentes de alunos, gerando economia de escala;

    tecnologias variadas; qualidade elevada resultante dos altos investimentos.

    Santos (2008, p.29) explica que

    A educao aberta atende s necessidades de um vasto pblico: os que no tm tempo de frequentar um sistema convencional de educao superior; os que no tm acesso s universidades por razes geogrficas; os que procuram uma forma de educao continuada; os portadores de deficincia fsica e tambm alunos que esto na priso. Estes so apenas alguns exemplos do sistema aberto de educao.

    Formao continuada/ educao continuada / educao permanente/ educao ao longo da vida

    Formao continuada, educao permanente, educao contnua, educao continuada, educao ao longo da vida so terminologias que vm ganhando fora atualmente, usadas como sinnimos ou com significados muito parecidos. A prtica da aprendizagem contnua essencial no contexto que estamos vivendo para preparar o profissional para o mundo do trabalho, pois todos os dias surgem novas profisses ou exigncias profissionais e muitas profisses deixam de existir. Precisamos aprender sempre para acompanhar a evoluo da humanidade e fazer frente aos novos desafios.

    Mas, a educao ao longo da vida no se reduz aos aspectos da formao profissional, dedicando-se ao desenvolvimento integral do ser humano.

    De acordo com Oliveira (2003, p. 45);

    A compreenso de que vivemos em tempo de transio paradigmtica e de que precisamos incorporar essa condio s nossas formas de pensar e investigar a educao pode tornar oportuno o surgimento de uma nova dimenso que possibilite integrar o conhecimento subjetivo autoconhecimento ao conhecimento objetivo, num processo de reconstruo conceitual e metodolgica. Esse processo, ultrapassando o formalismo metodolgico instaurado pela cincia moderna, talvez possa responder complexidade da transio que presenciamos.

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    Belloni (2001) afirma que o papel social da educao ao longo da vida muito importante no enfrentamento do problema da excluso social, para evitar a desqualificao da fora do trabalho e a excluso social de grandes parcelas da populao, possibilitando uma formao profissional atualizada, diversificada e acessvel a todos.

    At pouco tempo a educao continuada era uma opo do indivduo, mas atualmente considerada um dever do estado e deve ocorrer em todas as reas.

    Eboli (2004, p.35-36) demonstra a importncia da educao ao longo da vida na seguinte fala:

    Cheguei concluso de que o ser humano moderno poderia ser definido como um cidado que:

    informado, participante, dinmico e corajoso;

    possui sentido de eficcia pessoal;

    altamente independente e autnomo;

    tem a mente relativamente aberta e flexibilidade cognitiva;

    anseia pelo crescimento interior e se preocupa com aprendizagem e autodesenvolvimento;

    alimenta seus desejos e sonhos e elabora projetos para alcan-los;

    dispe-se a transformar seu mundo fsico, moral e social.

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    Fonte: . Acesso em: 24 jul. 2007.

    A necessidade da educao ao longo da vida gerou, especialmente no meio corporativo, um tipo de aprendizagem denominado aprendizagem por demanda.

    Aprendizagem por demanda (On-demand leaning)

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    A aprendizagem por demanda foi proposta na Universidade de Dell, no Texas, por Cone, o fundador da Universidade Motorola. Segundo Cone (apud DAHLE, 1998) a competitividade nas organizaes centraliza-se hoje no conhecimento que criam e no na quantidade de fbricas que constroem. Assim, a rapidez das mudanas, no mundo atual, exige solues igualmente geis, em especial quando se considera o conhecimento como vantagem competitiva nas organizaes, que a cada dia operam com equipes mais enxutas e, ao mesmo tempo, necessitam adotar sistemas de aprendizagem que facilitem o acesso imediato aos novos conhecimentos, em especial aqueles diretamente relacionados ao exerccio profissional.

    Segundo Sampson et al. (2002), a aprendizagem por demanda constitui um processo bsico nas Universidades Corporativas, no qual o aprendiz define o que quer/precisa aprender e pressupe o acesso imediato ao conhecimento.

    Da mesma forma que os sistemas Universidades Corporativas vm substituindo a estrutura dos antigos Departamentos de Treinamento e Desenvolvimento nas empresas, o conceito de aprendizagem por demanda surgiu em contraposio aos modelos tradicionais nos quais se adota uma programao extensiva de treinamento.

    Os autores registram a ocorrncia de um debate poltico e cientfico a respeito das mudanas paradigmticas na maneira como se planejam, organizam-se e disponibilizam-se a instruo e o treinamento, e se definem os objetivos dos sistemas educacionais. Conforme os estudiosos, constituem demandas tpicas dos sistemas educacionais:

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    esquemas de treinamento personalizados que atendam aos objetivos, experincias, estilo e necessidades do aprendiz;

    acesso flexvel aprendizagem ao longo da vida como processo contnuo;

    disponibilizao do treinamento no momento adequado (just-in-time);

    mtodos de custo eficazes para identificar as necessidades de treinamento da fora de trabalho, distribudas globalmente. (SAMPSON, 2001 apud SAMPSON, 2002).

    Um sistema de aprendizagem por demanda necessita considerar os quatro aspectos descritos acima e combin-los no constitui tarefa fcil.

    Machado e Hirsch (1998) chamam a ateno para os ajustes significativos que as intensas e velozes mudanas no conhecimento exigem, tanto nos recursos metodolgicos de apoio ao processo quanto no perfil de competncias do aprendiz. Os autores lembram que o uso das tecnologias nos sistemas de aprendizado favorece a disponibilizao da aprendizagem por demanda, desde que atrelado realidade, aos resultados dos negcios, de forma a atenderem necessidades de capacitao e desenvolvimento.

    Ao longo desse Caderno discutiremos outros termos importantes no universo da EaD hoje.

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    Texto 2 Surgimento e consolidao da Educao a Distncia (EaD)

    comum encontrarmos pessoas que acreditam ter a EaD surgido nas ltimas dcadas e restringir-se aos cursos on-line. A histria da EaD apresenta-se de forma to fragmentada que alguns relatos se referem a aspectos totalmente diferentes dos apresentados em outros. Na busca pelas razes da EaD, alguns estudiosos voltam muitos sculos no tempo. Vamos refazer esse caminho, buscando as informaes.

    A utilizao de cartas para a comunicao de ocorrncias comuns do dia-a-dia conhecida desde a Grcia. Entretanto, os primeiros cristos usavam as cartas com finalidade que pode ser considerada educativa: as Epstolas, destinadas difuso da palavra de Deus, apontadas por alguns autores como a primeira manifestao de ensino por correspondncia.

    Entre os sculos V e XV, registram-se textos feitos pelos escribas. A comunicao era lenta em consequncia da pouca produo e maiores custos, mas em 1438, Johannes Gutemberg inventou a imprensa e provocou a chamada exploso tipogrfica, na mesma poca da instalao dos Correios, eventos importantes para o desenvolvimento futuro da Educao a Distncia. Porm, estudiosos consideram como o marco da EaD o anncio, na Gazeta de Boston, publicado pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips, no dia 20 de maro de 1728, oferecendo um curso e tutoria por correspondncia: Toda pessoa da regio, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa

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    vrias lies semanalmente e ser perfeitamente instruda, como as pessoas que vivem em Boston. (http://www.ead.ufms.br/ambiente/historico/)

    Cronologia mundial da EaD no sculo XIX

    1728 Estados Unidos curso de Taquigrafia anunciado na

    Gazeta de Boston pelo prof. Cauleb Phillips.

    1833 Sucia curso de Contabilidade e Estenografia por

    correspondncia.

    1840

    Inglaterra Isaac Pitman sintetizou os princpios da taquigrafia em cartes postais que trocava com seus alunos.

    1843 Inglaterra criao da Phonografic Corresponding

    Society.

    1850 Rssia criao do Instituto para Ensino por

    Correspondncia.

    1856 Alemanha, Berlim Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por

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    correspondncia destinada ao ensino de lnguas.

    1873 Estados Unidos, Boston Anna Eliot Ticknor criou a

    Society to Encourage Study at Home.

    1874 Estados Unidos, Illinois Wesleyan University: primeira

    Universidade Aberta.

    1880 Inglaterra Cursos preparatrios para concursos pblicos

    oferecidos no Sherry`s College.

    1881

    Estados Unidos curso de Hebraico por correspondncia, oferecido por William Rainey Harper, fundador da Universidade de Chicago.

    1884 Inglaterra cursos de contabilidade ofertados no Foulkes

    Lynch Correspondence Tuiaton Service.

    1889 Canad uma srie de cursos a distncia, de baixo custo

    oferecida pelo Queens College.

    1891

    Estados Unidos, Pensilvnia curso sobre medidas de segurana no trabalho de minerao, ministrado no International Correspondence Institute, em Scarnton por Thomas J. Foster.

    Estados Unidos, Wisconsin cursos de extenso

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    universitria por correspondncia, organizados pela administrao da Universidade de Wisconsin.

    1892

    Estados Unidos, Chicago criao de uma Diviso de Ensino por Correspondncia, no Departamento de Extenso da Universidade de Chicago, pelo reitor William R. Harper, que j havia experimentado a utilizao da correspondncia na formao de docentes para as escolas dominicais.

    1895

    Inglaterra, Oxford cursos Wolsey Hall por correspondncia oferecidos por Joseph W. Knipe, que j havia preparado duas turmas de estudantes, a primeira com seis e a segunda com trinta alunos, para o Certificated Teachers Examination com o mesmo mtodo de ensino.

    1898 Sucia: curso por correspondncia oferecido por Hans

    Hermod, que criou o Instituto Hermod.

    Nos anos finais do sculo XIX, a EaD acelerou seu desenvolvimento na forma de cursos por correspondncia para o treinamento vocacional e educao continuada tornando-se comercialmente rentvel.

    Ainda em 1886, portanto antes da virada para o sculo XX, William Harper preconizava:

    Chegar o dia em que o volume da instruo recebida por correspondncia ser maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o

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    nmero dos estudantes por correspondncia ultrapassar o dos presenciais. (CONEAD, 2008)

    Cronologia mundial da EaD no Sculo XX

    No incio do novo sculo, logo aps o trmino da Primeira Guerra Mundial (1914/1918), a EaD teve um grande avano por seu potencial de atendimento s demandas sociais. O Correio continuou tendo uma participao decisiva no processo, e surgiram cursos por correspondncia em diversos pases.

    Registram-se na primeira metade do sculo XX, pelo mundo:

    1909

    Austrlia cursos de Inspetores de Educao Sanitria para regies rurais, Ensino Tcnico por correspondncia.

    ustria cursos radiofnicos de Economia Poltica, com uso de rdio e material impresso e encontros presenciais.

    1910 Austrlia Programas de ensino por correspondncia na

    Universidade de Queensland.

    1924 Alemanha criao da Escola Alem de Negcios por

    Correspondncia.

    1928 Inglaterra cursos de educao de adultos, via rdio, pela

    BBC de Londres.

    1945 Frana Criao do Centro Nacional de Tele-Enseigment

    (cursos por correspondncia).

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    1946 Canad Cursos por correspondncia, vinculados ao

    Ministrio da Educao.

    1951 Japo oferta de cursos via rdio e por correspondncia.

    O mundo j se transformava mais depressa, a tecnologia da comunicao expandia-se e a informao flua com uma facilidade nunca vista at ento. A velocidade da disseminao da informao mudou tambm com a popularizao do rdio. Rapidamente, a EaD adaptou-se ao contexto e ampliou consideravelmente suas fronteiras pela abrangncia das ondas sonoras, principalmente na Amrica Latina. De acordo com Nunes (2008), o Brasil passou a oferecer cursos via rdio j na dcada de 1930.

    Com o advento da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, dividido entre o capitalismo e o socialismo, o mundo sofreu profundas alteraes sociais. O conflito entre os Estados Unidos e a Unio das Repblicas Socialistas Soviticas gerou desentendimentos, guerras e misria. De acordo com Ernani Lampert (2001):

    A competio acirrada entre as duas superpotncias deixou a humanidade alerta. As naes, para poderem acompanhar os novos desafios e competir entre si, sem ser dominadas, foram obrigadas a investir pesado no sistema educacional como forma de preparar cientistas, pesquisadores, profissionais, tcnicos, enfim, a populao em geral. Havia uma expectativa muito grande em relao educao e tecnologia, por isso vrios pases realizaram reformas educacionais, procurando adequar o sistema obsoleto nova ordem mundial

    Nunes (2008) refere-se necessidade de capacitao de recrutas norte-americanos durante a segunda guerra que levou utilizao de novas metodologias. O ensino para recepo do Cdigo Morse, iniciado na guerra, estendeu-se para a integrao social dos atingidos pela guerra, para desenvolvimento de capacitaes profissionais do grande contingente da populao europia que migrava para as cidades.

  • 27

    Se o rdio deu a partida para a democratizao e a reduo de distncias, alcanando, por meio de ondas sonoras, locais remotos, a comunicao, nas dcadas de 1960 e 1970, disps de instrumentos com mais recursos como cassete, videocassete, televiso, telefone e computador, e, com eles, novas linguagens. Alm do material escrito e da difuso por correspondncia, esses novos recursos constituam-se em importantes alternativas para a aprendizagem e sua fixao.

    Os recursos tecnolgicos disponveis hoje e o seu potencial de armazenamento e propagao de informaes so imensurveis e constituem, em via essencial, globalizao. Ao utiliz-los em processos educativos torna-se essencial mudar o foco para a viso da planetarizao, de forma a viabilizar oportunidades igualitrias a todos, rompendo-se o crculo vicioso de muitos trabalharem para a manuteno dos privilgios de poucos.

    Surgimento da EaD no Brasil

    Alves (2008, p.9) relata que segundo pesquisas do IPEA:

    Pouco antes de 1900 j existiam anncios nos jornais de circulao no Rio de Janeiro oferecendo cursos profissionalizantes por correspondncia. Eram cursos de datilografia ministrados no por estabelecimentos de ensino, mas por professores particulares.

    Em 1904, chega ao Brasil, uma filial da instituio norte-americana Escolas Internacionais, para oferecer cursos profissionalizantes, continuando, at hoje, ativa em diversos pases. Interessante observar, conforme explica Alves (2008) que os cursos eram por correspondncia, como nos demais pases, e o transporte era prioritariamente realizado por meio de ferrovias.

    Seguindo tendncias internacionais, no incio da dcada de 1920, iniciou-se a EaD via rdio, a partir da fundao da Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, com o objetivo de oferecer educao popular. A rdio causava preocupao nos governantes que temiam a veiculao de programao subversiva.

  • 28

    A primeira escola brasileira fundada para oferta de cursos a distncia foi o Instituto Monitor, em 1939, seguido pelo Instituto Universal Brasileiro (IUB), em 1941, ambos em So Paulo, em atuao at hoje. Consta dos sites dos dois institutos que o Monitor j atendeu 5 milhes de alunos e o IUB, 4 milhes.

    Em 1946, foi criada no Rio de Janeiro e So Paulo, por iniciativa conjunta do Servio Social do Comrcio (SESC), das Emissoras Associadas e do Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), a Universidade do Ar, voltada ao treinamento de comerciantes e seus empregados em tcnicas comerciais. Os programas eram gravados em discos de vinil para serem reproduzidos por vrias emissoras de rdio. Em 1950, a Universidade do Ar chegava a 318 localidades, com atendimento a 80 mil alunos.

    Leia, assista ou acesse

    Veja o que as instituies citadas andam fazendo.

    http://www.institutomonitor.com.br/

    http://www.institutouniversal.com.br/

    http://www.sesc.com.br/main.asp

    http://www.senac.br

    Na dcada de 1950, temos a presena da EaD preferencialmente via correspondncia, possibilitando o acesso e democratizando o ensino, porm, com boas experincias do uso da radiodifuso em andamento.

    Em 1959, algumas escolas do sistema rdio-educativo do Rio Grande do Norte deram origem ao Movimento de Educao de Base (MEB), que nos anos seguintes juntamente com a Igreja Catlica e o Governo Federal, abordaria temas sobre educao, politizao e outros afins. Nesse mesmo tempo, criou-se, no Rio Grande do Sul, a Fundao Pe. Landel de Moura, at hoje em atuao.

    Em 1962, foi fundada em So Paulo a Ocidental School, de origem americana, focada na eletrnica.

  • 29

    Com o golpe de 1964, a censura acabou com a rdio educativa brasileira e, em 1965, houve a criao da TV Educativa.

    Em 1967, ocorreu a publicao do Cdigo Brasileiro de Telecomunicaes, que estabelecia a obrigatoriedade de transmisso de programas educativos pelas televises educativas e emissoras de radiodifuso. Alm disso, criava incentivos para instalao de canais de difuso educativa e fazia concesso de canais televisivos com fins educativos, mediante privilgios. O Instituto Brasileiro de Administrao Municipal (IBAM), no Rio de Janeiro, iniciou seus cursos de ensino por correspondncia e foi acompanhado, no mesmo ano, pela Fundao Padre Landell de Moura, no Rio Grande do Sul, que utilizava tambm a radiodifuso.

    Em 1969, ocorreu a criao do Sistema Avanado de Tecnologias Educacionais que visava o uso de rdio, televiso e outros meios adequados educao. O Ministrio das Comunicaes definiu um tempo obrigatrio para a oferta de programas educativos pelas emissoras comerciais.

    Em 1970, a Fundao Padre Landell de Moura e a Fundao Padre Anchieta firmaram convnio para produo de programas e dessa parceria nasceu o Projeto Minerva.

    Em 1971, um grupo de profissionais ligados radiodifuso fundou a Associao Brasileira de Teleducao (ABT), visando realizao de Seminrios Brasileiros de Tecnologia (quase 40 eventos) e edio de uma revista especializada, a Revista Tecnologia Educacional, que j apresenta mais de 170 edies.

    O Centro de Ensino Tecnolgico de Braslia (CETEB) iniciou suas atividades de educao a distncia em 1971, com o desenvolvimento de projetos em parceria com Ministrios, Secretarias Estaduais e Municipais e outras instituies.

    Segundo Terezinha Saraiva (1996), em 1972, foi criado, no Ministrio da Educao e Cultura, o Programa Nacional de Teleducao (Prontel), com vistas a coordenar e apoiar a teleducao no Brasil, posteriormente substitudo pelo

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    Centro Brasileiro de TV Educativa (FUNTEV), do Departamento de Aplicaes Tecnolgicas do MEC.

    O ano de 1973 foi particularmente rico de iniciativas de Educao a Distncia. A Universidade de Braslia (UnB) iniciou, nessa poca, suas atividades de EaD, sendo a primeira instituio superior brasileira a utilizar essa modalidade de ensino, atuao que infelizmente foi limitada pelo regime militar.

    Registra-se, nesse ano, a criao do Instituto de Pesquisas Avanadas em Educao (IPAE), que realizou o primeiro Encontro Nacional de Educao a Distncia (1989) e Congresso Brasileiro de Educao a Distncia (1993). Alves (2008) destaca a importante participao do IPAE na formulao de dispositivos da Constituio de 1988 e a colaborao na criao da Secretaria de EaD, na Presidncia da Repblica, posteriormente transferida para o MEC.

    Em 1975, a Petrleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS) iniciou seu primeiro projeto de EaD, o Projeto Acesso, em parceria com o CETEB que ofereceu mais de 70 cursos de formao e qualificao profissional, nas plataformas da empresa. O Projeto continua em atividade oferecendo cursos de Ensino Fundamental e Mdio.

    Na dcada de 1970, o Brasil tornou-se referncia internacional em EaD. O Ministrio da Educao e Cultura criou um conjunto de importantes projetos como o Logos I, de capacitao de professores; o Logos II, de habilitao de professores leigos. Desenvolvido em 19 unidades da Federao, Projetos 13.5 e 9.4 de formao de educadores de jovens e adultos, para os recm-criados

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    Centros de Estudos Supletivos (CES), com exceo do primeiro, todos operacionalizados pelo Centro de Ensino Tcnico de Braslia (CETEB).

    Em 1977, foi criada a Fundao Roberto Marinho que, em 1980, colocou no ar o Telecurso 1 e 2 graus, com o uso da televiso. O curso adotou o formato de aulas televisivas, com transmisso via satlite e suporte dado com materiais impressos em forma de kits.

    Em fins dos anos 1970, segundo levantamento realizado com apoio do Ministrio da Educao, havia no pas, principalmente em So Paulo e Rio de Janeiro, 31 estabelecimentos de ensino trabalhando com EaD.

    A histria da EAD no Brasil mostra que entre as dcadas de 1970 e 1980 houve modificaes no modelo de ensino oferecido at ento. Alves (2001) afirma:

    No fim da dcada de 1980 e incio dos anos 1990, nota-se um grande avano da EaD brasileira, especialmente em decorrncia dos projetos de informatizao, bem como o da difuso das lnguas estrangeiras. Hoje se tem um nmero incontvel de cursos que oferecem, por meio de instrues programadas para microcomputadores, vdeos e fitas K-7, formas de autoaprendizagem

    Assim, assiste-se a grandes mudanas na educao a distncia que passou a apoiar-se fortemente nas novas tecnologias, abrindo oportunidades de acesso educao e ao desenvolvimento, pessoal e profissional.

    [...]no final do sculo [XX], estamos assistindo ao consenso de que um pas com dimenso e as caractersticas do nosso tem que romper as amarras do sistema convencional de ensino e buscar formas alternativas para garantir que a educao inicial e continuada seja direito de todos. Seguramente, a EaD uma das alternativas. Novos programas sero concebidos. Novas tecnologias sero utilizadas. Novos resultados sero alcanados, enriquecendo a histria da EaD no Brasil. (SARAIVA, 2008)

    Em 1992, ocorreu a criao da Universidade Aberta de Braslia (Lei n. 403/92) que pouco evoluiu.

    Em 1993, foi criada a Associao Brasileira de Educao a Distncia (ABED), sociedade de fins cientficos, que realiza, desde ento, Congressos Internacionais e Seminrios Nacionais de Educao a Distncia. A ABED possui

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    plos em todo o pas e no Reino Unido. Em 2006, sediou a 22a Conferncia Internacional de Educao Aberta e a Distncia do International Council of Open and Distance Learning (ICDE), no Rio de Janeiro, com a participao de representantes de mais de 70 pases. Vale ressaltar que o ICDE a mais importante organizao internacional de EaD.

    Assistimos, a partir de 1994, expanso da Internet no ambiente universitrio, com o surgimento de propostas variadas de EaD nesse meio.

    Nos anos finais de 1990, comeam a surgir os LMS Learning Management System, tambm conhecidos como plataformas de e-Learning, em software livre ou proprietrio. No perodo de 1996 a 1998, temos o desenvolvimento de um ambiente virtual de aprendizagem, no Laboratrio de Educao a Distncia (LED), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    Com uso intensivo de videoconferncias, o LED passou a oferecer cursos de especializao e Mestrado em vrias partes do pas, adotando uma proposta denominada presencial virtual. O primeiro curso de Mestrado foi voltado aos funcionrios da PETROBRAS e o sistema funcionava como mdia complementar. Em seguida, ofereceu uma especializao em Gesto de Instituies de Ensino Tcnico, em parceria com o SENAI, totalmente a distncia. Tambm foram oferecidos cursos de Mestrado em Engenharia de Produo para alunos de todo o Pas. Universidades iniciaram o desenvolvimento ou adaptao de ambientes virtuais de aprendizagem, alguns de livre utilizao.

    Surgem os primeiros cursos de graduao a distncia no pas a exemplo do curso de Pedagogia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Os primeiros credenciamentos para oferta de curso superior a distncia ocorreram na segunda metade dos anos 1990: UDESC (1996), UFC (1998), UFPR (2000), UFES (2001), UFMT (2001), dentre outros. Importante destacar que os dados disponveis no momento so imprecisos.

    A Fundao Roberto Marinho lana o novo TeleCurso 2000 (nome adotado em 1995), segundo dados oficiais, atende a 500 mil alunos, por ano, do Ensino

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    Fundamental e Mdio,via programas de televiso em circuito aberto e material impresso. Encontra-se no ar, tambm, o Telecurso 2000 Profissionalizante.

    Ainda preciso registrar o crescimento acelerado da utilizao da EaD nas empresas, que, em especial, nas universidades corporativas, atendem milhares de executivos e funcionrios.

    Em 2005, o Ministrio da Educao criou o Sistema Universidade Aberta do Brasil. Segundo o site da UAB:

    O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) tem como prioridade a formao de professores para a Educao Bsica. Para atingir este objetivo central, a UAB realiza ampla articulao entre instituies pblicas de ensino superior, estados e municpios brasileiros, para promover, atravs da metodologia da educao a distncia, acesso ao ensino superior para camadas da populao que esto excludas do processo educacional.

    O Sistema Universidade Aberta do Brasil foi criado pelo Ministrio da Educao em 2005 no mbito do Frum das Estatais pela Educao com foco nas Polticas e a Gesto da Educao Superior sob 5 eixos fundamentais:

    [...]

    Tendo como base o aprimoramento da educao a distncia, o Sistema UAB visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educao superior. Para isso, o sistema tem como base, fortes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais do governo.

    (www.uab.capes.gov.br)

    Leia, assista ou acesse

    http://www.telecurso2000.org.br/telecurso/index.html#/main.jsp?lumPageId=1D6530765D5644709741AEAA3622D3BC site do Telecurso 2000

    Segundo especialistas, a EaD o setor educacional que mais cresce no mundo por atender demandas sociais e enquadrar-se nos oramentos institucionais.

    As perspectivas positivas para a EaD fundamentam-se na necessidade da formao continuada, que atende a fatores como o desemprego estrutural e,

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    por consequncia, uma maior competividade. Nesse caso, o conhecimento um instrumento eficaz e necessrio para a diferenciao do profissional.

    A maior qualidade da EaD consiste em ser um processo dinmico, uma vez que o seu crculo de desenvolvimento se desenha de forma condizente e harmoniosa com o momento histrico ao qual serve e apoia, por meio das ferramentas disponibilizadas neste ou naquele perodo.

    O futuro da modalidade parece estar garantido pela reduo de custos com a formao; multiplicao das oportunidades e chances de transformao e pelo fato de constituir-se em fonte constante de aquisio e atualizao de conhecimentos e de novos recursos tcnicos que permitem transmitir a informao cada vez mais rpido e para um maior nmero de pessoas.

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    Texto 3 Geraes da EaD

    A histria do homem marcada por mudanas, que impulsionam o crescimento e a queda das civilizaes. A rapidez da comunicao e o aparato tecnolgico do suporte para uma acelerao cada vez maior.

    Elizabeth Rondelli (2005) afirma:

    as tecnologias capazes de revolucionar o aprendizado do mundo so basicamente as tecnologias da informao e comunicao. [...] Elas vo desde a primordial escrita, se a entendermos como a primeira forma de comunicao a distncia, que chegou ao livro impresso, seguido do cinema, rdio, televiso, telefone. E chegamos ao fim do sculo XX com os sofisticados processos de digitalizao de dados e a sua transmisso veloz por cabos e satlites de comunicao de imagens, textos. Para breve, nos prometem a TV digital com ricas possibilidades interativas para as quais ainda no temos usos planejados. [sic]

    Um olhar mais apurado sobre a Educao a Distncia revela que o homem sempre buscou formas de comunicao, tendo na tecnologia uma aliada importante.

    O surgimento da escrita representou um importante meio de comunicao entre os indivduos e, a inveno da imprensa ampliou o acesso ao conhecimento.

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    A evoluo das tecnologias de comunicao tem influenciado diretamente as prticas da EaD que aderiram correspondncia, ao rdio, televiso, ao computador, enfim, tudo o que possa servir de instrumento capaz de alcanar o maior nmero de pessoas. Por isso, a conjugao de esforos constitui elemento de otimizao do uso dos instrumentos telemticos.

    Constitui engano corriqueiro considerar-se que a educao a distncia reduz-se educao pela Internet. Como voc teve a oportunidade de analisar, a EaD possui uma longa histria, que pode ser contada, cronologicamente, conforme apresentamos no texto anterior e tambm, sob o ponto de vista das tecnologias utilizadas, em etapas conhecidas como geraes da EaD. Vamos analis-las, destacando algumas diferenas na maneira pela qual alguns autores concebem cada gerao.

    Geraes de EaD

    Sistemas da Primeira Gerao a primeira gerao da EaD, caracteriza-se pelo ensino por correspondncia, com uso de material impresso.

    Voc se lembra que vimos as primeiras referncias aos cursos divulgados em jornais, nos quais os professores prometiam enviar as lies pelo correio. Vimos tambm que foram criadas vrias escolas de ensino por correspondncia. Esse sistema apresenta como vantagem a portabilidade, caracterstica que ainda hoje muito valorizada. O aluno carrega o material impresso consigo, facilmente, podendo aproveitar momentos de folga para estudar, em qualquer lugar, a qualquer momento. A eficincia de um

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    sistema de primeira gerao verificada pelas tarefas resolvidas. A maior crtica que se faz a esses cursos so a baixa ou inexistncia de interatividade e a alta taxa de desistncia.

    Importante se faz ressaltar que a EaD nasceu com vocao inclusiva. Moore e Kearsley (2008, p. 27) explicam:

    O motivo principal para os primeiros educadores por correspondncia era a viso de usar tecnologia para chegar at aqueles que de outro modo no poderiam se beneficiar dela. Naquele tempo, isso inclua as mulheres e, talvez por essa razo, elas desempenharam um papel importante na histria da educao a distncia.

    Os autores relatam uma experincia de EaD no ensino mdio, em 1922, quando o diretor da escola Benton Harbor High School, situada em uma comunidade americana de trabalhadores, observou que o currculo se voltava exageradamente ao preparo para a entrada na Universidade e decidiu que deveria incluir disciplinas vocacionais. Como no havia professores preparados para ministrar tais matrias, matriculou um grupo de alunos na The American School de Chicago, com o compromisso de supervision-los. A experincia foi um sucesso e disseminou-se pelo pas. Surgia, assim, a primeira experincia de interatividade no curso por correspondncia, modelo ainda hoje muito utilizado.

    Sistemas da Segunda Gerao a segunda gerao de EaD iniciou-se com a utilizao dos meios de comunicao de massa, como rdio e televiso. Esses sistemas possibilitaram a expanso do atendimento, tendo em vista o grande alcance desses meios.

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    Esses sistemas apresentam baixa ou nenhuma interatividade. Mede-se a sua produtividade pelo alcance dos programas, ou seja, pela estimativa de ouvintes do rdio ou dos telespectadores da televiso. Nesses sistemas ocorre menos desistncias do que no anterior.

    Moore e Kearsley (2008) relatam que as primeiras experincias com o uso do rdio na EaD apresentaram resultados medocres devido falta de interesse demonstrada por professores e diretores e ao despreparo dos profissionais que se dispuseram a utiliz-lo, no despertando a ateno das emissoras comerciais que pretendiam lucrar com esse tipo de curso.

    A televiso educativa foi usada nos Estados Unidos desde 1934. Aps a Segunda Guerra, foram distribudos, naquele pas, canais para uso educativo e alguns dos melhores programas foram desenvolvidos por emissoras comerciais, em funo de subsdios distribudos pela Fundao Ford.

    Sistemas da Terceira Gerao a terceira gerao caracteriza-se pelo uso de multimeios ou multimdia, em software, Cd-rom ou Internet, e tem como novidade a incluso do computador.

    O aproveitamento do sistema medido pelo desempenho acadmico / profissional do estudante.

    O processo de interatividade da EaD inicia-se de fato, nessa gerao, com uso da Internet; permanecendo baixa ou lenta, nas demais tecnologias. A taxa de desistncia baixa.

  • 39

    Moore e Kearsley (2008, p. 34) destacam que essa gerao teve incio ao final da dcada de 1960 e incio da de 1970:

    um perodo de mudanas importantes na educao a distncia, resultantes de diversas experincias com novas modalidades de organizao da tecnologia e de recursos humanos,conduzindo a novas tcnicas de instruo e a uma nova teorizao da educao.

    Para os autores (p.47), a terceira gerao caracteriza-se pela Universidade Aberta que

    surgiu de experincias norte-americanas que integravam udio/vdeo e correspondncia com orientao face a face, usando equipes de cursos e um mtodo prtico para a criao e veiculao de instruo em uma abordagem sistmica.

    Sistemas da Quarta Gerao a quarta gerao, envolve comunicaes mediadas por computador com utilizao da Web, segundo Litto, Romizowisky e outros. A principal caracterstica so as redes de computador com acesso a banda larga. Trata-se da gerao das escolas virtuais que possibilitam a interao entre indivduos ou grupos. Os ambientes de aprendizagem so preparados para possibilitar interaes sncronas e assncronas e trabalho colaborativo.

    O aproveitamento medido em relao ao valor agregado pelo curso ao trabalho do aluno. As condies de interatividade normalmente tornam o estudo mais atraente, ocorrendo baixo ndice de desistncia.

  • 40

    De acordo com Moore e Kearsley (2008, p. 47), a quarta gerao utiliza a teleconferncia por udio, vdeo e computador, proporcionando a primeira integrao em tempo real de alunos com alunos e instrutores a distncia.

    Sistemas da Quinta Gerao a quinta gerao conserva os elementos da anterior e acrescenta os Sistemas de Tutores Inteligentes, preparados para interagir com o aluno, apresentando feedbacks e alternativas de aprendizagem. Trata-se de sistemas de respostas automatizadas. O acesso aos ambientes virtuais ocorre via portal. Essa gerao ainda se encontra em processo de desenvolvimento. A eficincia do sistema volta a ser medida pelas respostas do aluno, tendo em vista que o uso do sistema ocorre de forma individualizada.

    Moore e Kearsley (2008, p. 47) consideram que a quinta gerao se caracteriza pelas Escolas Virtuais.

    Veja, a seguir, snteses das cinco geraes na viso do Prof. Marcos Formiga, vice-presidente da Associao Brasileira de EaD (ABED) e de James C. Taylor.

    Educao Aberta e a Distncia evoluo dos modelos de EAD e de tecnologias de entrega

    1 Gerao Correspondncia:

    * Impresso.

    2 Gerao Multimdia:

    * impresso, udio, vdeo, computador;

  • 41

    * vdeo interativo (disquete e fita).

    3 Gerao Teleducao:

    * audioconferencia;

    * videoconferncia;

    * rdio e tv em rede (Broadcast).

    4 Gerao Aprendizagem flexvel:

    * multimdia interativa on-line;

    * www com acesso por Internet;

    * comunicao mediada pelo computador.

    5 Gerao Aprendizagem flexvel inteligente

    * multimdia interativa, www e Internet;

    * comunicao mediada pelo computador utilizando sistemas de respostas automticas;

    * portal de acesso ao Campus (USQ-Austrlia).

    Fonte: FORMIGA, Marcos. Relaes entre as universidades corporativas e universidades acadmicas. Apresentao PowerPoint IV Seminrio Nacional de Educao a Distncia. ABED, 2006.

    Modelos de educao a distncia Estrutura conceitual

    Modelos de Educao a Distncia e Tecnologias de Distribuio Associadas

    Caractersticas das Tecnologias de Distribuio

    Flexibilidade Materiais Altament

    e Refinados

    Distribuio

    Interativa Avanada

    Custos Institucionais Variveis

    Zero Temp

    o Local Ritmo

    1 GERAO

    Modelos por correspondncia

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    No

    No

  • 42

    Impresso

    2 GERAO

    Modelo Multimdia

    Impresso

    udio

    Vdeo

    Computador

    baseado no ensino (CML/CAL/IMM)

    Vdeo interativo

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

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    Sim

    Sim

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    Sim

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    Sim

    Sim

    No

    No

    No

    Sim

    Sim

    No

    No

    No

    No

    No

    3 GERAO

    Modelo de Aprendizagem por Conferncia

    Audioconferncia

    Videoconferncia

    Comunicao udio

    grfica

    TV/Rdio e

    Audioconferncia

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    No

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    No

    No

    No

    No

    4 GERAO

    Modelo de Aprendizagem Flexvel

    Multimdia

    interativa (MM) on-

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

  • 43

    line

    Internet baseada no

    acesso ao recurso WWW

    Comunicao

    Mediada por computador

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    No

    5 GERAO

    Modelo de Aprendizagem Flexvel Inteligente

    Multimdia

    interativa on-line

    Internet recursos WWW

    Computador

    usando sistema de respostas automticas

    Acesso ao portal do

    campus para processos e recursos

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Sim

    Fonte: TAYLOR, James C. Fifth Generation Distance Education, 2001, p. 3.

  • 44

    Texto 4 Aplicabilidade e tendncias atuais da EaD

    O terceiro milnio iniciou-se com o mundo globalizado, marcado por grandes transformaes que influenciam o modo de vida do homem, suas perspectivas do futuro. Se de um lado as relaes entre os pases se ampliaram, as comunicaes se tornam cada dia mais geis com a evoluo das tecnologias da informao e do conhecimento e os sistemas de produo e financeiros transnacionais, por outro, as competies acirraram-se, a violncia eclode em funo das lutas de classe, religiosas, tnicas e pelo poder; as disparidades sociais e econmicas ampliam-se.

    A Comisso Econmica para a Amrica Latina (CEPAL) nos anos de 1998/1999, j apontava o aumento de 12% no nmero de pessoas que vivem em estado de completa pobreza na Amrica Latina, fazendo com que o nmero de pobres na regio passasse de 200 milhes para 224 milhes de pessoas, quadro que vem se agravando a cada ano. De acordo com a CEPAL, no Brasil, de 15% a 30% da populao vivem em estado de completa pobreza.

    Esses nmeros mostram as enormes desigualdades existentes no Pas. As oportunidades profissionais diminuem, fator que aliado ao empobrecimento da populao, precariedade da sade e da educao, falta de moradia, lazer, transporte e segurana, geram angstia, insegurana, medo de enfrentar o futuro.

  • 45

    Observe como importante refletirmos a respeito das conquistas atuais da humanidade e tambm das suas perdas, da situao de cada povo, dos valores que vigoram nesse mundo globalizado e do compromisso social de cada um. Voc j observou como nesse momento denominado de Sociedade da informao e do conhecimento, com tantos recursos tecnolgicos avanados, o homem est muito s? O homem tem dificuldades em lidar com o conhecimento, que se torna logo desatualizado, e com a sua profunda solido, em plena era das relaes.

    O mundo do trabalho

    O momento atual exige um novo homem, preparado para integrar-se s redes de aprendizagens que caracterizam a sociedade atual. Gidens (apud COIMBRA, 2001, p.2) afirma que:

    A globalizao e os fenmenos que a pem em marcha so processos dinmicos que envolvem conflitos nem sempre visveis, sendo possvel identificar duas faces da mesma moeda, o lado das oportunidades e o lado sombrio da modernidade.

    Leia, na janela, o texto Emprego ou trabalho,

    Emprego ou trabalho?

    Outra importante percepo da poca que estamos vivendo mostra que, apesar de o trabalho sempre existir, as oportunidades de emprego esto diminuindo. H menos

  • 46

    emprego e mais trabalho. Existe uma tendncia a buscar atividades sem vnculo empregatcio, mas que permitam desenvolvimento profissional e pessoal.

    Essa tendncia, por outro lado, provoca uma situao interessante, pois centramos nosso foco no trabalho ou no emprego. E temos que fazer uma opo quase dramtica. Um emprego fixo nos d segurana, mas nos tira a liberdade. Uma atividade autnoma nos d liberdade, mas diminui a segurana. Quase nunca podemos ter as duas.

    E agora? Vivemos a realidade da incerteza, e o pensamento cartesiano no se aplica mais a esse novo tipo de trabalho. Temos que recorrer a outra maneira de pensar. Observe como curiosa a aplicao de um conceito da fsica nossa vida: a expresso princpio da incerteza, criada pelo fsico alemo Werner Heisenberg. Suas pesquisas sobre o comportamento das partculas subatmicas chegaram a algumas concluses, uma das quais diz que impossvel conhecer a localizao e a velocidade de uma partcula atmica ao mesmo tempo. Ns medimos sua velocidade ou conhecemos sua localizao, e devemos nos contentar com uma dessas duas informaes.

    A atividade profissional vive, atualmente, uma situao anloga na dicotomia emprego/trabalho, uma novidade do sculo passado que est ficando mais forte e leva as pessoas a optar entre segurana e liberdade. H trinta anos, o jovem em idade de prestar o vestibular tinha trs opes: estudar Medicina, Engenharia ou Direito. Podia ainda se submeter a algum concurso no servio pblico, no qual pudesse trabalhar at se aposentar. A vida era linear, cartesiana. No mais assim. Muita coisa relativa e convivemos com a incerteza.

    A aceitao dessa impossibilidade de saber que curiosamente nos remete ao s sei que nada sei, do grego Scrates serve tanto para a busca de autoconhecimento quanto para o relacionamento com as outras pessoas.

    Observa a ns, aos outros e ao mundo desse ponto de vista, confortavelmente embasados tanto na cincia quanto no bom senso, significa um tremendo investimento em ns mesmos.

    Como o homem (tambm), produto de seu meio, devemos encarar essas mudanas de forma tranqila. Sem traumas, podemos conviver com a relatividade dos valores e com a incerteza das situaes, buscando, e alcanando, o equilbrio prprio da matria e das substncias sutis de que somos feitos, especialmente a permanente predisposio humana e evoluo.

  • 47

    (Extrado de MUSSAK, Eugnio. Metacompetncia: uma nova viso do trabalho e da realizao pessoal. 2. ed. So Paulo: Genk, 2003. p. 55-56)

    Temos hoje uma variedade de tecnologias, cada vez mais acessveis, que possibilitam estruturar propostas pedaggicas variadas de forma a atender aos alunos e s organizaes em suas especificidades e interesses.

    Considera-se essencial que as discusses se encaminhem no sentido da mudana de paradigma que vem emergindo na educao, com o deslocamento da nfase do quantitativo para o qualitativo; do individual para o colaborativo; das vises fragmentadas para a viso global da realidade, dos interesses de poucos para os interesses da humanidade em sua totalidade, com vistas incluso social de cada ser humano, responsabilidade de todos e de cada um de ns.

    A formao do profissional

    As empresas possuem hoje um novo olhar sobre a formao profissional haja vista terem compreendido que o seu ativo mais importante o capital intelectual.

    Formiga (2003) explica:

    Compreendendo o capital intelectual como a soma do conhecimento de todas as pessoas que compem uma empresa, as pessoas passam a constituir seu ativo mais importante, e a gerncia do ativo intelectual tornou-se, atualmente, a tarefa mais importante da produo.

    No basta valorizar a economia do conhecimento, mas sim, saber o que fazer com ela. Esta a resposta esperada pelos gerentes, investidores e clientes. o empoderamento de toda a cadeia de valor agregada atividade da empresa ou do empreendimento.

    Hoje, no limiar do Sculo XXI, na sociedade ps-industrial, a diversidade na tipologia das empresas crescente. Aqui, o foco a empresa voltada para a aprendizagem. Este tipo de empresa precisa aprender a gerenciar o conhecimento. Paralelamente ocorre tambm, mesmo com menor intensidade, a

  • 48

    globalizao da educao via Educao Aberta e a Distncia, potencializada pela Internet e pela revoluo dos meios de comunicao fartamente utilizados, constituindo-se no fenmeno mundialmente conhecido por knowledge midia.

    Os cenrios atuais apontam para uma exploso da EaD, em especial do e-learning e da utilizao de seu arcabouo terico-prtico nos cursos presenciais, o que exige um aprofundamento permanente da reflexo a respeito de seus caminhos, seus recursos e sobretudo dos seus resultados na aprendizagem do aluno.

    A formao profissional tem evoludo, modificando-se conforme a viso do trabalho e do trabalhador. As fases de treinamento, reciclagem, aperfeioamento e capacitao vm sendo superadas. Todas essas vises implicam a tomada de deciso pela formao do profissional sob a responsabilidade de outros (chefes, diretores, coordenadores, supervisores).

    A educao ao longo da vida essencial no contexto que estamos vivendo para preparar o profissional para o mundo do trabalho, pois todos os dias surgem novas profisses ou exigncias profissionais e muitas profisses deixam de existir. A explicao para isso so as enormes transformaes que estamos vivenciando no mundo, que nos colocam a cada dia frente a frente com novos desafios. Precisamos aprender sempre para acompanhar a evoluo da humanidade.

    Segundo Mariotti (1996, p.50):

    Educao organizacional continuada

    Trata-se de uma abordagem muito mais ampla, em que o treinamento aparece como um componente, e mesmo assim, bem diferente do que era antes. Ela se estende totalidade da empresa, que passa a ser vista como um sistema, que convive com outros sistemas numa rede de conexes. O conhecimento e as prticas que dela derivam so incessantemente intercambiados entre os componentes dessa teia.

    A educao ao longo da vida no se reduz aos aspectos da formao profissional, dedicando-se ao desenvolvimento do ser humano integral.

    Assim, so objetivos importantes da educao ao longo da vida:

  • 49

    melhorar a qualidade da educao e o nvel de escolaridade da populao;

    manter os profissionais atualizados tendo em vista as mudanas dos fundamentos, mtodos, tcnicas e regras decorrentes dos avanos da tecnologia;

    requalificar profissionais em funo do surgimento de novas profisses;

    ampliar o nvel de conscincia social, tica, poltica, esttica, espiritual e cultural, de forma a que cada um assuma sua parcela de responsabilidade pela reduo das desigualdades, pela preservao da vida, com qualidade, no planeta;

    contribuir para a cultura da paz;

    ampliar o autoconhecimento;

    aprofundar os relacionamentos interpessoais.

    A EaD encarada como uma via importante para incrementar a incluso no mundo e na modernidade do conhecimento e do trabalho, principalmente por apoiar-se em uma estrutura organizada, flexvel, atrativa e de acesso cada vez mais facilitado pelos recursos da nossa sociedade.

    Vemos ser afastado, gradativamente, o preconceito que aponta a EaD como um tapa- buraco para preencher as falhas do sistema de ensino, as lacunas sociais e as faltas de oportunidade individuais ou de determinados grupos. Desde o seu incio, a EaD segue uma trajetria de desenvolvimento motivado pelas novas maneiras de aprender, descobrir e aprimorar competncias e que lhe rende, hoje, um status de importncia social e cultural, sob diversas perspectivas em todos os nveis educacionais.

    A Educao a Distncia, prevalentemente a que ocorre on-line a partir das tecnologias disponveis, est presente, com xito, nos nveis da educao formal e informal, acadmica e noacadmica. Litto (2000) aponta como reas de atuao e de pblicos adequados para a EaD:

    ensino convencional de todos os nveis;

  • 50

    ensino supletivo;

    ensino rural;

    enriquecimento da educao formal;

    preparao/atualizao de professores;

    educao para indivduos ou grupos isolados (em prises, em plataformas martimas de petrleo, deficientes fsicos);

    para suprir a falta de professores qualificados;

    para suprir a falta de vagas nas escolas;

    para atender um nmero maior de alunos, aumentando apenas a multiplicao de material, mantendo baixo o custo de produo (economia de escala)

    Em 2008, o Anurio Estatstico de EaD, publicado pela ABED/Instituto Monitor, com apoio do MEC, demonstrou que a educao corporativa educou a distncia mais de seiscentos mil trabalhadores nas empresas brasileiras e o Anurio Brasileiro Estatstico de Educao Aberta e a Distncia (AbraEAD) apontou que 2,5 milhes de brasileiros estudaram em cursos a distncia no ano de 2007, em cursos de instituies credenciadas pelo Sistema de Ensino e nos cursos constantes de projetos de mbito regional ou nacional, como os da Fundao Bradesco, Fundao Roberto Marinho e os do Grupo S (Sesi, Senai, Senac, Sebrae etc).

    Segundo artigo publicado no AbraEAD 2008 nota-se no ano de 2007 um grande crescimento nos projetos voltado para a educao tcnica a distncia.

    Leia, assista ou acesse

    Veja um breve panorama dos dados estatsticos da EaD no Brasil, segundo o Anurio Brasileiro Estatstico de Educao a Distncia, edio 2008, em Um em cada 73 brasileiros estuda a distncia. Disponvel em: .

    Por representar uma forma de complementar a formao geral ou especfica dos alunos, quer seja por causa do baixo nvel de cursos universitrios, pela presso social ou mesmo devido a concorrncia profissional, os cursos on-line projetam-se para a conquista de novos patamares, visando o

  • 51

    desenvolvimento do aluno, por meio da combinao entre conhecimento e tecnologia. Assim, destacamos, a seguir, algumas aplicaes da EaD em reas especficas como: Universidades Corporativas, Educao de Jovens e Adultos, Formao de Professores, Educao Especial e Educao Superior.

    Universidades corporativas (UC)

    A Universidade Corporativa constitui um sistema educacional implantado no mbito de uma organizao para atendimento aos seus funcionrios, parceiros e fornecedores e, eventualmente, ao pblico em geral.

    Para Eboli (1999), a Universidade Corporativa possui a misso de formar e desenvolver talentos humanos na gesto dos negcios, possibilitando a gesto do conhecimento da organizao, por meio de um processo de aprendizagem contnua e ativa.

    Constituem demandas fundamentais da educao ao longo da vida, que podem ser atendidas pelas Universidades Corporativas:

    educao formal e qualidade da educao em termos da melhoria da qualidade e da continuidade da aprendizagem;

    atualizao e requalificao dos profissionais em exerccio, de forma a atender s novas exigncias das sociedades modernas e dominar novas tecnologias;

  • 52

    competncias e carreiras mltiplas que emergem a cada dia do mercado de trabalho em decorrncia dos avanos da cincia e da tecnologia, da rpida obsolescncia do conhecimento e das tcnicas, e das novas regras que regem o setor de trabalho.

    Para Rodriguez y Rodriguez (2001), os avanos tecnolgicos liberaram o homem de determinadas funes, criando outras demandas na formao, que abrangem os seguintes aspectos: viso sistmica; atuao lateral de forma integrada, aprendizagem contnua; foco em resultados; capacidade de identificar o essencial para a realizao das tarefas. Segundo os autores, exigem-se novas competncias para a atuao no mercado de trabalho hoje: aprender a aprender, viso global de negcios, conhecimento tecnolgico, comunicao, colaborao, criatividade, soluo de problemas, negociao, desenvolvimento, liderana e auto-gerenciamento da carreira.

    Desde a ltima dcada do sculo XX, assiste-se ao crescimento acelerado das UC no Brasil e no mundo.

    Viana e Junqueira (2001) destacam os seguintes objetivos das Universidades Corporativas:

    identificar e desenvolver os talentos humanos, valorizando o capital intelectual da empresa;

    definir os aspectos essenciais para o sucesso da empresa;

    realizar o diagnstico das competncias humanas e empresariais, essenciais ao desenvolvimento das pessoas e da organizao, fomentando-as;

    estimular o envolvimento das equipes gerenciais nos processos de aprendizagem;

    desenvolver sistemas eficazes de avaliao dos investimentos e dos resultados obtidos;

    difundir os valores e a viso estratgica da organizao;

    realizar a gesto eficiente dos conhecimentos produzidos.

  • 53

    Ocorre uma importante mudana de paradigma do Centro de Treinamento para a Universidade Corporativa. Costacurta Junqueira (2007) explica:

    Para efeito de uma compreenso mais rpida, segue uma quadro comparativo resumido entre a estratgia tradicional em treinamento e a estratgia competitiva, principal campo de atuao das Universidades Corporativas.

    rea de Treinamento e Desenvolvimento

    Universidade Corporativa

    Estratgia Tradicional Estratgia Competitiva

    Misso

    Educar pessoas

    Melhorar a organizao atravs do aprendizado contnuo e aplicado

    Objetivos

    Cumprir oramentos Centro de custos Burocrtico Sem vinculao com a cultura

    Aplicar aprendizado na realidade da empresa, melhorando continuamente sua performance

    Centro de lucros Competitivo Melhorando a cultura

    Estratgias

    Concentrada na sala de aula Viso endgena No h exigncia de aplicao No h vinculao com a

    avaliao de desempenho Responsabilidade da empresa Avalia os professores Consultores externos Tecnologia tradicional

    Aberta para o mundo Viso exgena Visitas Entrevistas Benchmarking Busca aplicao em projetos Serve como indicador de

    desenvolvimento de carreira Responsabilidade conjunta entre

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    colaborador e empresa Avalia a aplicao Consultores internos e externos Tecnologias avanadas

    O mesmo autor afirma que:

    A Universidade Corporativa centraliza as solues de aprendizado para cada famlia de cargos e funes dentro da organizao (tracks), utilizando o treinamento como instrumento de massa crtica, reduzindo custos pela escala de contratao, definindo padres comuns para atuao dos consultores externos etc.

    Viana e Junqueira (2008), entretanto, alertam para o perigo de se implantar uma Universidade Corporativa simplesmente em funo do modismo. Para os autores, a Universidade Corporativa possui papel relevante na Sociedade do Conhecimento e sua implantao exige um planejamento cuidadoso.

    Leia, assista ou acesse

    Conhea Universidades Corporativas nacionais e internacionais acessando o Portal de Educao Corporativa do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior em:

    Bibliografia recomendada:

    EBOLI, Marisa. Educao corporativa no Brasil: mitos e verdades. So Paulo: Editora Gente, 2004.

    MARIOTTI, Humberto. Organizaes de aprendizagem: educao continuada e a empresa do futuro. So Paulo: Atlas, 1996.

    Educao de Jovens e Adultos (EJA)

  • 55

    Amparada pelos Art. 37 e 40 da Lei 9.394/96, a Educao de Jovens e Adultos oferece condies de aprendizagem para aqueles que no puderam efetuar os estudos na idade regular, nem tiveram oportunidades educacionais apropriadas (Art.37) e estabelece a educao profissional articulada com o ensino regular ou por diferentes estratgias de educao continuada, em instituies especializadas e no ambiente de trabalho (Art.40).

    Conforme voc j teve a oportunidade de ver, a Educao de Jovens e Adultos tem despertado o interesse em todo o mundo, que vem percebendo a sua importncia no contexto global da educao. Aos poucos a EJA vem deixando a viso de educao compensatria, de uma segunda chance sem qualidade, para a busca da incluso e do resgate da cidadania.

    No Frum Mundial de Educao de Dakar, realizado no Senegal, em abril de 2000, um dos textos oficiais cita a adoo, no Brasil, da Declarao Mundial de Educao para Todos, destacando a importncia da conscincia do poder pblico e da sociedade para o direito educao como condio insubstituvel para o exerccio da cidadania. Mesmo considerando o xito na expanso do ensino fundamental e mdio, alerta que ainda persiste no Pas um grande nmero de analfabetos absolutos ou funcionais, e tambm, para a necessidade da democratizao e melhoria da qualidade de ensino.

    Segundo a UNESCO (2009), no acordo a feito em Dakar, relacionado Educao de Jovens e Adultos, dois objetivos foram claramente tratados:

    garantir que as necessidades bsicas de aprendizagem dos jovens e adultos sejam satisfeitas de modo equitativo, por meio do acesso a programas de aprendizagem apropriados;

    atingir, at 2015, 50% de melhoria nos nveis de alfabetizao de adultos, em particular para as mulheres, em conjuno com o acesso equitativo educao bsica e continuada de adultos.

    A EaD na Educao de Jovens e Adultos tem um importante papel na transformao e integrao das comunidades nas relaes culturais e sociais contemporneas.

    Destacam-se, no Pas, importantes trabalhos na rea da Educao de Jovens e Adultos na modalidade a distncia. Como exemplos podem ser citados:

  • 56

    Telecurso 2000, criado em janeiro de 1978, por meio de uma parceria entre a Fundao Roberto Marinho e a Fundao Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura de So Paulo para a realizao do Telecurso 2 Grau. O atendimento j ultrapassa cinco milhes de alunos em mais de 27.700 telessalas. Hoje envolve tambm Curso Profissionalizante. O Telecurso usado em unidades do Sesi, Sesc etc. com atendimento a grande contingente de jovens e adultos em todo o pas.

    Secretarias Estaduais de Educao, que em sua maioria oferecem EJA a distncia, usando a metodologia tradicional dos Centros de Estudos Supletivos, com uso de material impresso e atendimento presencial em Ncleos Pedaggicos ou com uso de tecnologias variadas como televiso e atendimento em telessalas, computadores instalados em laboratrios de informtica e acesso remoto da casa do aluno ou combinao de dois ou mais meios.

    Muitas instituies pblicas e privadas desenvolvem projetos prprios internamente e em parceria com outras instituies. o caso do Ceteb, de Braslia, que desenvolve esse tipo de programa em ncleos prprios, em empresas, a exemplo da Petrobras e tambm fornece material didtico e capacita profissionais de instituies pblicas e privadas.

    Formao e aperfeioamento de professores

    O papel da educao no desenvolvimento da sociedade e na preparao de cidados livres, crticos, conscientes de seus deveres e direitos inquestionvel e torna necessria a formulao de polticas pblicas de formao de professores.

    Perrenoud (2000, p. 165) destaca que a profissionalizao do ofcio de professor se encontra no centro das reformas do sistema educativo. Referenciando Hutmacher afirma:

    Lutar contra o fracasso escolar trazer solues, ao mesmo tempo, mais engenhosas e mais humanas para os locais em que a realidade das diferenas resiste ao pedaggica melhor intencionada. Para tanto, so necessrios

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    dispositivos pedaggicos e didticos mais complexos, mais sofisticados, mais flexveis, para serem mais eficazes. Eles no poderiam funcionar sem um excedente de competncias dos atores.

    Tanto as necessidades sociais da modernidade, quanto as relativas ao mercado de trabalho apontam para a EaD como alternativa importante quando se busca capacitar e aperfeioar professores de todos os nveis.

    A LDB no 9.394/96 estabeleceu no Art. 87, 4o, a Dcada da Educao, e que, aps o prazo de 10 anos somente sero admitidos professores habilitados em nvel superior ou formados por treinamento em servio, o que levou a uma corrida dos docentes em atuao nas sries iniciais do Ensino Fundamental, para o ensino superior. Surgiram, a partir da, muitos cursos de Pedagogia e Normal Superior, que tiveram grande influncia sobre o crescimento dos cursos de graduao a distncia.

    Vale destacar que desde a dcada de 1960, quando da expanso das matrculas na educao bsica, ocorreu, no Brasil, uma enorme incidncia de professores leigos. No obstante esforos de habilitao empreendidos por vrias dcadas, ainda persiste um contingente significativo de professores no habilitados em atuao nas sries iniciais do ensino fundamental, em virtude de falta da uma poltica de conteno do acesso de novos profissionais leigos s carreiras do magistrio, o que levou o MEC a investir novamente em um programa de habilitao de professores, em nvel mdio, o PROFORMAO. No s esses professores como tambm grande nmero de pessoas desejam estudar sem ter outros meios de acesso educao, o que torna fcil entender a importncia da formao inicial e continuada pela EaD.

    Destacam-se iniciativas oficiais tais como:

    TV Escola, programa da Secretaria de Educao a Distncia, do Ministrio da Educao (MEC), voltado capacitao, atualizao e aperfeioamento de professores de Ensino Fundamental e Ensino Mdio da rede pblica.

    Programa Um Salto para o futuro, criado em 1991, pela Fundao Roquette-Pinto, faz parte do Programa TV Escola e se destina

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    formao continuada e ao aperfeioamento de professores e alunos dos cursos de magistrio. Consiste em vrias sries de vdeos que abordam temas relacionados s prticas pedaggicas da educao bsica.

    Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), criado em 2005 pelo Ministrio da Educao, no mbito das universidades estatais, com nfase em formao de professores da educao bsica.

    Programa Nacional de Informtica na Educao Especial (PROINESP), da Secretaria de Educao Especial SEESP do Ministrio da Educao. Tem como objetivo possibilitar a incluso digital e social de pessoas com necessidades educacionais especiais (PNEEs). Suas aes desenvolvem-se por meio da implantao de laboratrios de informtica em escolas estaduais e municipais e entidades de Educao Especial sem fins lucrativos, e o financiamento destinado formao dos professores em servio, por meio de cursos a distncia, visando instrumentaliz-los para utilizao dos laboratrios junto aos alunos especiais.

    Numerosas instituies pblicas e particulares, em todo o pas, oferecem uma gama diversificada de oportunidades de capacitao de professores a distncia.

    Leia, assista ou acesse

    Leia o artigo EAD e Formao de Professores de Osvaldo Morais. Disponvel em:

    Educao superior

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    A EaD na Educao Superior encontra-se em franca expanso nas diversas reas de conhecimento, tanto nas instituies pblicas como nas privadas. A aprendizagem mediada pela tecnologia faz surgirem novas formas de acompanhamento, de prtica pedaggica e de interatividade com vistas ao desafio de atender, com qualidade, um nmero maior de alunos oriundos do Ensino Mdio, cujo interesse volta-se para o pr