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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ECOLOGIA E MANEJO DE RECURSOS NATURAIS ELAINE FONSECA PEREIRA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR CRICIÚMA 2012

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ECOLOGIA E MANEJO

DE RECURSOS NATURAIS

ELAINE FONSECA PEREIRA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR

CRICIÚMA

2012

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ELAINE FONSECA PEREIRA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR

Monografia apresentada à Diretoria de Pós-

graduação da Universidade do Extremo Sul

Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de

especialista em Ecologia e Manejo de Recursos

naturais

Orientador: Profª.(Dra.) Maristela Gonçalves Giassi

CRICIÚMA

2012

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Dedico em especial a meu esposo Evandro e ao

meu filho querido, Eduardo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.

Aos Meus Pais pela educação e orientação durante toda a minha vida.

Aos meus amores, meu filho Eduardo e ao meu esposo Evandro que sempre

estiveram ao meu lado durante toda a caminhada.

Aos meus amigos em especial a Danuza Carvalho pela amizade e

companheirismo ao longo do curso.

A minha orientadora Maristela Gonçalves Giassi pela grande contribuição dada

para a elaboração deste trabalho.

A E.E.B.Antônio Guglielmi Sobrinho pelo espaço oferecido para realização desta

pesquisa.

A professora Marcia Mondardo pela amizade e contribuição na realização do

projeto.

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“A ecologia ocupará cada vez mais espaço

político, à medida em que os problemas

ecológicos se ampliam e não obedecem fronteiras

geográficas, exigindo e envolvendo pessoas com

diferentes características sócio-culturais na

tentativa de se encontrar alternativas e soluções.”

Marcos Reigota

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RESUMO

O presente estudo buscou elaborar e avaliar uma proposta de Educação Ambiental no

Cotidiano de uma escola da rede pública estadual, Escola de Educação Básica Antônio

Guglielmi Sobrinho, na cidade de Içara/SC. Considerando o estado de depredação da escola

buscamos subsídios relacionados a novas metodologias para melhor atingir o público alvo: os

alunos. O objetivo geral foi despertar nos alunos, funcionários da Escola e comunidade em

geral o interesse em colaborar com o processo de preservação do meio ambiente a começar

pela escola. Para alcançar os objetivos nos pautamos numa pesquisa Ação Participativa, de

caráter qualitativo. Para tanto num primeiro momento foram desenvolvidas diversas

atividades como textos relacionados ao tema com o auxilio do livro didático, a fim de levantar

pontos estratégicos para a discussão dentro de sala de aula. Num segundo momento foram

realizadas atividades como: desenhos, produção de textos, estudos de textos, confecções de

brinquedos com materiais reciclados, sabão caseiro com óleo de cozinha usado, reportagens

com acontecimentos da região, pesquisas bibliográficas e informatizadas, uso de

documentários, visita a um aterro sanitário, debates, entre outros. Com a conclusão das

atividades, promoveu-se uma socialização junto à comunidade escolar para que os trabalhos

fossem prestigiados por alunos, professores e comunidade em geral. Os alunos mostraram-se

sensíveis as mudanças, embora saibamos que para isso precisaríamos dar continuidade ao

trabalho, o que indicamos como possibilidades para um novo estudo. Acreditamos que um

projeto dentro das escolas, quando bem desenvolvido e com a participação multidisciplinar

alcance melhorias para todos: alunos, professores, comunidade escolar e para manutenção da

vida na terra. Os resultados mostraram que as atividades realizadas sensibilizaram os alunos

para mudanças no modo como visualizam o meio ambiente e quanto à adoção de práticas que

contribuam para minimizar os impactos ambientais.

Palavras-chave: Meio Ambiente. Educação Ambiental. Cotidiano Escolar.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Foto dos alunos do sétimo ano desenvolvendo o sabão reciclado..........................25

Figura 2 – Foto do sabão pronto..............................................................................................26

Figura 3 – Brinquedos produzidos pelo sexto ano da E.E.B. Antônio Guglielmi Sobrinho...27

Figura 4 – Brinquedo produzido pelo sexto ano da E.E.B. Antônio Guglielmi Sobrinho.......28

Figura 5 – Saída de estudos à SANTEC..................................................................................29

Figura 6 – Assistindo a palestra...............................................................................................31

Figura 7 – Conhecendo a trilha ecológica................................................................................32

Figura 8 – Socialização dos trabalhos......................................................................................33

Figura 9 – Socialização dos trabalhos......................................................................................34

Figura 10 - Socialização dos trabalhos....................................................................................34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACT – Admitido em caráter temporário

EA – Educação Ambiental

EEB – Escola de Educação Básica

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

SANTEC - Saneamento & Tecnologia Ambiental Ltda / Aterro Industrial e sanitário

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................ 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 14

3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL...............................................................................................15

3.1 HISTÓRICO AMBIENTAL.........................................................................................................................15

3.2 A CRISE.......................................................................................................................... ..............................17

3.3 A INTERDISCIPLINARIDADE..................................................................................................................18

3.4 A ESCOLA................................................................................................................ ...................................19

3.5 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO ESCOLAR................21

4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 23

4.1 BENEFICIAMENTO DO ÓLEO.................................................................................................................24

4.2 RECICLAGEM............................................................................................................................................26

4.3 AQUECIMENTO GLOBAL........................................................................................................................28

4.4 VISITA A SANTEC.....................................................................................................................................29

4.5 SOCIALIZAÇÃO DOS TRABALHOS.......................................................................................................32

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS..................................................................35

5.1 OS ALUNOS.................................................................................................................................................36

5.2 OS PROFESSORES......................................................................................................................................38

6 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 41

7 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 43

ANEXO .................................................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

O problema da proteção do meio ambiente vem tornando-se um dos assuntos mais

discutidos em todo o mundo. A preservação ambiental do planeta tornou-se uma necessidade

devido à poluição e a degradação ambiental, cada vez mais intensa, na qual o ser humano é o

principal agente ativo. Por outro lado, o desenvolvimento econômico também se faz

necessário. Em virtude disso, a legislação procura defender o equilíbrio entre a necessidade de

preservação ambiental e a necessidade do desenvolvimento econômico.

Uma das principais tarefas da Educação Ambiental é contribuir para a formação

de cidadãos conscientes e críticos, capazes de decidirem e atuarem na realidade

socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da

sociedade. Na Proposta Curricular Nacional (1996), a Educação Ambiental é tratada como um

tema transversal: “Os conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo através da

transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhecimento, de modo a

impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, promover uma visão global e

abrangente da questão ambiental”.

A forma como nos relacionamos com o ambiente à nossa volta está diretamente

ligada à qualidade de vida que temos. Dessa forma, é função da Escola usar intensamente o

tema “meio ambiente” de modo interdisciplinar através de ações reflexivas, práticas ou

teóricas, para que o aluno possa aprender a respeitar o que está a sua volta, incorporando

dessa maneira a responsabilidade e respeito à natureza.

Esse é um dos papéis da Educação Ambiental que, além de tratar de assuntos

relacionados à proteção e uso racional dos recursos naturais, também deve estar focada na

proposição de ideias e princípios que possibilitem a construção de um mundo sustentável.

De acordo com a Proposta Curricular de SC (1998), a Educação Ambiental é um

componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma

articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não

formal. Deve ser inserida como um conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

É importante destacar a necessidade da Educação Ambiental nas escolas de ensino

fundamental, médio e superior, não no sentido de haver uma cadeira específica para tal, mas

entrelaçada em todas as demais disciplinas. A preocupação com o ambiente envolve a escola,

os alunos e a comunidade, tornando-se imprescindível um trabalho nessa linha de reflexão.

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O ambiente escolar propicia ao aluno métodos para percepção da realidade e seus

problemas. Para tanto, necessita-se esclarecer os motivos pelos quais o ambiente deve ser

preservado e as consequências que o mau uso do ambiente pode estar nos causando.

Pensando em uma metodologia que respondesse aos problemas ambientais

percebidos e que desencadearam a elaboração deste projeto, esta pesquisa propõe-se a

oferecer subsídios para que os alunos conheçam e se sensibilizem com a problemática.

Nesse processo, trazemos a realidade da Escola de Educação Básica Antônio

Guglielmi Sobrinho do município de Içara, que encontra-se com problemas de conservação ,

devido, entre outras coisas, à falta de consciência ambiental e o desrespeito ao patrimônio

público escolar. Nela o espaço físico é caracterizado por paredes riscadas e sujas, mesas

riscadas contendo ofensas aos próprios colegas de classe, muitos papéis no chão, até mesmo

dentro das salas de aula, onde o consumo de balas durante as aulas ocasiona um ambiente

sujo.

Há muito tempo a direção escolar vem tentando mudar essa situação conversando

com os alunos praticantes destes atos, sem, contudo lograr êxito nas tentativas. Assim, no

início do ano letivo de 2011, foi apresentado à comunidade escolar, durante a reunião

pedagógica, um projeto de conservação ambiental elaborado pela direção e coordenação

pedagógica da escola, para ser trabalhado de forma interdisciplinar. Devido à greve dos

professores das escolas públicas estaduais de Santa Catarina, o projeto acabou não sendo

desenvolvido, haja vista, a decisão dos professores em permanecer em greve por um período

de 62. Apesar deste fato, o presente trabalho foi desenvolvido com a autorização da

comunidade escolar e somente a professora de artes decidiu participar da realização dos

trabalhos junto aos alunos após a greve, com o retorno de professores e alunos à escola.

Iniciando o trabalho com os alunos, evidenciou-se a necessidade de abordar as

questões ambientais a fim de esclarecer sobre a importância de um meio ambiente saudável e

também sobre a problemática observada na escola.

Neste cenário, o objetivo geral do trabalho foi estimular professores, alunos,

funcionários da Escola e comunidade em geral, a participarem do processo de conservação do

ambiente na escola.

Pensando em formas de responder aos problemas ambientais percebidos, esta

pesquisa propõe-se a oferecer subsídios para que os alunos conheçam e se sensibilizem com a

problemática.

O trabalho foi realizado com as turmas de sexto e sétimo ano do Ensino

Fundamental, com alunos entre 10-13 anos de idade, utilizando brincadeiras, jogos, recortes,

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colagens, visitas, debates, desenhos, filmes, textos e outras atividades, abrindo a possibilidade

da formação de cidadãos que melhor compreendem o seu meio e a realidade em que vivem,

transformando-os em agentes ativos e lutadores de seus direitos.

Para alcançar os objetivos, foi utilizada a metodologia do tipo ação participativa,

pois nela existe o envolvimento direto do pesquisador, própria para projetos dessa natureza.

Foi realizada também uma busca por referenciais teóricos em livros, artigos atualizados sobre

o tema, acessos a bases de dados, documentário, teses e dissertações em universidades

reconhecidas. Procurou-se também trazer conteúdos adaptados aos alunos da escola, pois nela

existe muita carência de informações, favorecendo com isso, a compreensão no que diz

respeito às questões ambientais, tanto as da escola, como aquelas que afligem a sociedade

atual.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Estimular professores, alunos, funcionários da Escola e comunidade em geral o a

participarem do processo de conservação do meio ambiente na Escola Antônio Guglielmi

Sobrinho – Içara/SC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Enriquecer o currículo escolar com a exploração do tema transversal “educação

ambiental e meio ambiente”, por meio de atividades desenvolvidas;

Promover a interação multidisciplinar na Escola;

Promover o interesse e participação da comunidade próxima nas ações e projetos da

Escola;

Incentivar os alunos a adoção de posturas e hábitos de proteção ao meio ambiente, seja

em casa, seja na escola, e por onde eles forem;

Reduzir a produção de lixo na Escola;

Realizar a reciclagem do óleo de cozinha;

Desenvolver trabalhos de reciclagem.

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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Abordaremos a seguir alguns aspectos relativos ao estabelecimento da educação

ambiental como força de mudança de atitudes, sua entrada nas escolas e o esforço para se

fortalecer como processo educativo.

3.1 HISTÓRICO AMBIENTAL

No início de 1991, durante a guerra do Golfo Pérsico, foram lançados nas águas

do mar, diariamente, entre 100 e 200 mil barris de petróleo. Como consequência, formou-se

uma mancha de óleo de mais de 700 km² que se incendiou. Esse fato foi considerado o pior

desastre ecológico da história, causando graves danos ambientais na região e, é também citado

por muitos autores que tratam a Educação Ambiental, como a possibilidade de interferir na

formação da consciência crítica das crianças, jovens e adultos em relação aos problemas

ambientais.

Este acontecimento foi amplamente noticiado nos meios de comunicação da

época, somando então, com outros do mesmo tipo, levando-se a entender que o nosso planeta

está sendo totalmente devastado e que se nada for feito, pode se tornar inabitável.

A educação ambiental não é algo assim tão novo. Ela efetivou-se como uma

preocupação no âmbito da educação há mais ou menos duas décadas. De acordo com Grün,

(1996), “A emergência da crise ambiental como uma preocupação específica da educação foi

precedida de certa “ecologização das sociedades””. O autor afirma que o meio ambiente deixa

de ser assunto exclusivo de amantes da natureza tornando-se assunto da sociedade civil em

questão.

Em 1968, a UNESCO realizou um estudo comparativo, respondido por 79 países,

sobre o trabalho desenvolvido pelas escolas com relação ao meio ambiente. Neste trabalho,

formularam-se preposições que depois seriam aceitas internacionalmente, tais como:

A Educação Ambiental não deve constituir uma disciplina:

Por “ambiente” entende-se não apenas o entorno físico, mas também os

aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos inter-relacionados.

No ano de 1972, o tema da sobrevivência da humanidade entra oficialmente em

cena na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, em Estocolmo, na

Suécia. O grande tema em discussão na conferência de Estocolmo foi à poluição ocasionada

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principalmente pelas indústrias. A partir deste ano o problema ambiental começa ganhar

espaço no meio empresarial. Em linhas gerais, este acontecimento pretende “relocalizar” o

capitalismo em escala mundial e é duramente criticado pelos países de terceiro mundo,

inclusive pelo Brasil, que lidera um bloco de oposição às propostas de crescimento zero

contidas no relatório da referida conferência. (GRÜN, 1996). Com essa posição oficial, o

Brasil e a Índia abriram as portas para a instalação de indústrias multinacionais poluidoras,

impedidas ou com dificuldades de continuarem operando nas mesmas condições que

operavam em seus respectivos países. (REIGOTA, 1994). Foi nessa conferência que se

definiu, pela primeira vez, a importância da ação educativa nas questões ambientais, o que

gerou o primeiro “Programa Internacional de Educação Ambiental”, consolidado em 1975

pela conferência de Belgrado.

Em 1977 realiza-se a Conferência Intergovernamental de Educação, em Tbilisi,

Geórgia, antiga URSS. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 81), “nessa

conferência definiu-se a Educação Ambiental como uma dimensão dada ao conteúdo e à

prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente

através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada

indivíduo e da coletividade”. A conferência de Tbilisi tem sido apontada como um dos

eventos mais decisivos nos rumos que a educação ambiental vem tomando em vários países

do mundo, inclusive no Brasil. (GRÜN, 1996).

Em 1987, na Conferência Internacional sobre Educação e Formação Ambiental,

convocada pela Unesco, realizada em Moscou, concluiu-se pela necessidade de se introduzir a

EA nos sistemas educativos dos países. (REIGOTA, 1994).

Em julho de 1992, no Rio de Janeiro foi realizada a Conferência Internacional

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável a Eco-92, citada por muitos autores

como a maior reunião com fins pacíficos realizada na história humana, da qual participaram

179 países. Nesta conferência foi aprovado o mais importante documento internacional que

reúne os princípios norteadores da educação ambiental hoje - a Agenda 21. (GRÜN, 1996).

A Agenda 21 enfatiza o papel da educação na promoção do desenvolvimento

sustentável através da concentração de esforços dos países para a universalização da educação

básica e a promoção da educação ambiental que deveria ser ensinada a partir do ingresso das

crianças nas escolas, integrando os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento e dando

especial ênfase à discussão dos problemas locais. A participação da sociedade civil na

sistematização dos princípios da Educação ambiental no Brasil foi firmada durante a

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realização da Primeira Conferência Nacional de Educação Ambiental realizada em Brasília

em 1997.

De acordo com Reigota, (1994) é a partir de 1999 que a educação ambiental no

Brasil passa a ser regida através de legislação específica tendo como marco inaugural a lei que

estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental. A Política Nacional de Educação

Ambiental tem por princípios básicos o enfoque humanista, a concepção do meio ambiente

em sua totalidade, o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, o respeito à pluralidade e

à diversidade individual e cultural, a continuidade e avaliação crítica do processo educativo, a

vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais e a abordagem articulada

das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais.

3.2 A CRISE

A grave crise ecológica que a humanidade atravessa, segundo Morin (2003), é o

resultado das atitudes impensadas, da crise moral e espiritual que vem afastando o homem de

valores essenciais como o respeito para com os outros seres humanos e a natureza. As grandes

descobertas e os grandes avanços têm servido para infernizar a sua existência e endurecer o

seu coração incapaz de abrandar a ira de uma razão instintiva que o tornou inimigo de si

mesmo e da Natureza. “Os efeitos da Ciência e da Tecnologia estão muito presentes na vida

da sociedade, apresentando tanto vantagens como problemas na sua produção e uso, sendo

que algumas situações envolvem decisões éticas e sociais”. (GIASSI, 2009). Também nessa

linha de reflexão, Milaré (2005), observa mais enfaticamente que a problemática ambiental é

uma questão de vida ou morte, não apenas de animais e plantas, mas do próprio homem e do

planeta que o abriga. A crise ambiental é consequência desta grave crise espiritual. O autor

ressalta ainda que:

[...] Do ponto de vista ambiental o Planeta chegou quase ao ponto de não retorno. Se

fosse uma empresa estaria à beira da falência, pois dilapida seu capital, que são os

recursos naturais, como se eles fossem eternos. O poder de auto purificação do meio

ambiente está chegando ao limite. (MILARÉ, 2005, p. 50).

Partindo deste ponto pode se ressaltar que o homem nunca esteve tão

despreocupado com o meio ambiente onde vive como neste momento, baseando-se nisso, a

consciência ambiental sempre será um enfrentamento às consequências e não às causas, como

no caso da violência, que de início deve ser combatida com policiamento, leis severas, justiça

rápida, mas que ao longo prazo deverá ser combatido com educação. Às crianças se deve

ensinar a respeitar o semelhante e a Natureza, nos bancos escolares e nos lares.

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3.3 A INTERDISCIPLINARIDADE

Interdisciplinaridade, para Conte (2010) diz respeito ao que é comum a duas ou

mais disciplinas ou ramos do conhecimento. Inter quer dizer posição intermediaria e de

reciprocidade. “O ensino interdisciplinar nasce da proposição de novos objetivos, de novos

métodos, de uma nova pedagogia, cuja tônica primeira é a supressão do monólogo e a

instauração de uma prática dialógica”. (FAZENDA, 1995, p. 33). Para tanto, segundo a

autora, faz-se necessária a eliminação das barreiras entre as disciplinas e as pessoas que

pretendem desenvolve-las. “Quando buscamos trabalhar de forma interdisciplinar, é

importante termos claro que, a matriz de todo o trabalho continua sendo disciplinar, ou seja,

as diferentes disciplinas poderão dar sua contribuição na compreensão de um fenômeno,

situação ou problema”. (FREITAS e NEUENFELDT, 2005)

O professor precisa enxergar além da sua disciplina buscando entrelaçar os

conteúdos e abordagens para que o aluno perceba e aprenda que fazem parte desta ligação,

que fazem parte do meio em que vive e em tudo que acontece nele. “A interdisciplinaridade

propõe a inter-relação entre os diferentes conteúdos, promovendo a integração e coerência em

vez do compartilhamento estanque das disciplinas e seus conteúdos como foram (e muitos são

ainda hoje) tratados historicamente”. (FAZENDA, 1995).

Em 1997, o Ministério da Educação elaborou e propôs o PCN (Parâmetros

Curriculares Nacionais), nele o Meio Ambiente foi considerado um Tema Transversal e,

portanto, deve estar integrado a todos os níveis de ensino formal. “Os temas transversais

entraram no currículo escolar para garantir processos de interdisciplinaridade e ampliar a

visão e os conhecimentos dos educandos sobre aprendizagens úteis para se conduzirem na

vida em sociedade”. (CONTE, 2010, p. 65).

Mesmo com todos os argumentos possíveis sobre a importância da

interdisciplinaridade, alguns profissionais ainda não se sentem preparados diante deste fazer

pedagógico, acreditam que basta dominar sua área de atuação e se posicionam contra, ou

então, não participam dos projetos interdisciplinares dentro das escolas onde atuam.

Para Conte (2010), o profissional que ultrapassa o muro do fragmento e consegue

trabalhar com seu aluno a idéia de totalidade, sente, vive e compreende o que é cidadania,

mesmo sem conceituar o que é interdisciplinaridade.

3.4 A ESCOLA

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A escola é parte integrante do meio ambiente e responsável por formar cidadãos

críticos e conscientes. Mediante esta afirmativa é mais correto iniciar a educação ambiental a

partir dos problemas ambientais do dia-a-dia da comunidade, podendo de certa forma

influenciar o modo de vida e a maneira de agir de cada indivíduo. A educação ambiental deve

ser trabalhada pelo educador, de modo que sensibilize o educando de acordo com a sua

realidade local, trabalhando sua realidade imediata para chegar a uma vivência plena. De

acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 74):

O que mais mobiliza tanto as crianças quanto os adultos a respeitar e conservar o

meio ambiente é o conhecimento das características, das qualidades da natureza; é

perceber o quanto ela é interessante, rica e pródiga, podendo ser ao mesmo tempo

muito forte e muito frágil; e saber-se parte dela, como os demais seres habitantes da

Terra, dependendo todos – inclusive sua descendência – da manutenção de

condições que permitam a continuidade desse fenômeno que é a vida, em toda sua

grandiosidade.

A escola enfrenta os desafios de um desenvolvimento sustentável acelerado que é

o grande vilão da degradação ambiental. Segundo Medina e Santos (2001, p. 20): “a situação

atual, caracterizada por novas necessidades sociais, exige a implantação de dimensões

educativas novas, melhores e mais democráticas”. As autoras relatam a importância dos

professores se adequarem as transformações que vem acontecendo no meio ambiente, a fim

de buscar modalidades de formação fora da escola.

As autoras ainda afirmam que a incorporação da Educação Ambiental na escola só

será possível se o sistema for capaz de adaptar-se às suas necessidades, e ela, por sua vez,

conseguir obrigá-lo a uma profunda mudança que restabeleça os fins, os conteúdos e as

metodologias de ensino. A lei 9.795/99, em seu art. 10, § 1o diz que "A educação ambiental

não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino". Porém, a

educação deve ser introduzida de forma interdisciplinar, a começar quando crianças já que as

crianças tendem a ser mais receptivas aos ensinamentos. A educação ambiental deve ser

desenvolvida através da interdisciplinaridade não como uma disciplina isolada, pois se trata

de um processo e, portanto, deve ser trabalhada por todos, em todas as etapas do

desenvolvimento do ser humano.

Os alunos devem ser inseridos no meio em que vivem aprendendo que fazemos

parte do meio ambiente de tal forma que precisamos nos impor como cidadãos conscientes,

em frente a tudo que vem acontecendo com nosso planeta. Com isso, se faz necessário e

aumenta a importância de um bom livro didático, que aborde não só a parte de ecologia, mas

porque não a Educação Ambiental como conscientização? Estudos de casos? Atualidades?

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Até mesmo o histórico da EA? Como chegou até aqui? Em todas as disciplinas e áreas do

conhecimento.

Outro fato de extrema importância está na formação de professores, na preparação

através da formação continuada. A lei 9.795/99, em seu art. 11, parágrafo único, diz que “Os

professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação,

com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da

Política Nacional de Educação Ambiental”. Por outro lado, de acordo com Dias (2003, p. 17),

a realidade das escolas não é bem esta, pois os cursos e atividades de formação fornecidos aos

professores em suas variadas instâncias, não são tão frequentes quanto deveriam..

As Secretarias Estaduais de Educação, nas suas infinitas metamorfoses, sempre à

deriva das oscilações políticas, não têm orientações duradouras. Mudam os políticos,

mudam os secretários, mudam os diretores, mudam as ideias, mudam os planos, os

quatro anos acabam e tudo está para começar. Daí, um novo mandato e tudo se

repete. A situação é fractal. (DIAS, 2003, p. 17).

Essa é a realidade em que os professores se encontram, estão cientes da

necessidade de abordar e estudar a EA, mas por outro lado, não estão preparados para isso.

Outro fator importante está na continuidade dos projetos dentro das escolas, o ano letivo

acaba e os projetos não se integram para o próximo ano, os motivos são diversos, troca de

professores ACT (Admitido em Caráter Temporário), direção, falta de apoio político,

desmotivação da comunidade escolar, descomprometimento com a escola entre outros.

Essa é a realidade em que nos encontramos, e por este motivo os problemas

ambientais não podem mais serem ignorados.

Segundo Dias (2003), o Brasil há duas décadas a traz não tinha uma política

educacional definida, muito menos uma política de Educação Ambiental, mas hoje, essa

situação não é mais a mesma. Temos política Nacional de educação ambiental, projetos em

desenvolvimento, a sociedade melhorou bastante. O autor acrescenta ainda, que o Brasil

melhorou seus índices, de uma forma geral.

Por outro lado, essas conquistas são acalentadas por um consumo incontrolável e

insustentável, que de certa forma vem tornando a sociedade mais injusta, egoísta, desigual e

insensível. (PENTEADO, 1994 apud FERNANDES, 1998) relata que a formação da

consciência ambiental de nossa juventude e o desenvolvimento de exercício de sua cidadania

passa pela transformação da escola informadora em escola formadora. Esta será aquela que

seremos capazes de construir a partir da consciência ambiental com a participação da

comunidade como um todo, um ser ativo enquanto pais preocupados com o ensino do seu

filho e o futuro do planeta, organizando o processo de aprendizagem.

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Conforme (FREIRE, 1975 apud SANTOS, 2007) muito se discute em torno de

uma melhor definição para a introdução da dimensão ambiental na educação escolar.

Propõem-se objetivos, princípios, estratégias e recomendações acerca do desenvolvimento da

Educação Ambiental, considerando aspectos sociais, culturais, históricos e políticos que

conduzem à destruição do meio ambiente em que vivemos e fazemos parte.

A educação, sendo trabalhada a partir da realidade concreta dos alunos

envolvidos, viabiliza e resgata a dimensão contextualizada dos conteúdos, pois para o autor,

os alunos são desafiados a superarem situações cotidianas problematizadas ao se perceberem

como ser do mundo e como mundo, uma vez que, segundo o mesmo autor, "só existe saber na

invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no

mundo, como mundo e com os outros”.

Não pode haver conscientização ambiental sem educação e é papel da escola

intermediar o conhecimento amplo sobre o ambiente onde eles estão inseridos, a fim de torná-

los cidadãos conscientes que preservam o meio ambiente. Através da Educação Ambiental na

escola, os alunos podem entender que somos parte integrante do meio em que vivemos que

somos responsáveis por todas as transformações que acontece em nosso meio, que precisamos

preservar para manter o equilíbrio ecológico através do tempo, que devemos pensar nas

gerações futuras e que tudo que venhamos a fazer contra a natureza, ela irá nos cobrar mais

tarde, que este é ciclo da vida o qual somos inseridos. Essa preocupação ambiental é de

extrema importância para toda a sociedade, já que somente juntos, que se pode buscar

alternativas que não comprometam ainda mais a saúde do planeta.

3.5 A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL NO COTIDIANO

ESCOLAR

A sociedade nos dias atuais exige um cidadão consciente, participativo e

responsável na sua maneira de viver, uma vez que seu modo de vida irresponsável e o

consumo desenfreado tem causado a insustentabilidade do planeta. (CAVALHEIRO, 2008).

Por este motivo se faz necessário a formação consciente destes cidadãos, e esta formação

devem ser iniciadas nas escolas a partir do meio onde vivem.

Os alunos devem ser orientados para entender que todos vivem em um único

planeta, que o que foi deixado a eles, precisa ser deixado aos que estão por vim, um ambiente

seguro para se viver tranquilamente.

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A Educação Ambiental acontece a partir do momento em que cada um passa a se

inserir no meio onde vive, como atuante e não um ser passivo que acata o que se é definido

pela sociedade. Com isso, o individuo deixa de rotular as situações e começa a se

responsabilizar por seus atos. “O exemplo é a melhor maneira de se ensinar e um professor deve

ter consciência da responsabilidade que recebe ao se expor numa sala, diante de seus alunos”.

(CAVALHEIRO, 2008).

Por outro lado, quando os alunos entendem que a responsabilidade dos

acontecimentos globais é de todos, suas atitudes passam a mudar e essas atitudes se refletem sobre

o futuro do nosso planeta.

O aluno consciente acrescenta boas atitudes em tudo o que realiza. Respeita a

natureza, pois sabe que faz parte dela. A partir da conscientização ambiental o aluno será capaz de

participar da melhoria do meio ambiente, na escola, no trabalho, em casa, na sua comunidade e

em todos os grupos sociais em que está inserido.

Deste modo, o aluno durante sua formação e após ela, se torna um mediador da

cidadania, ativo no desenvolvimento sustentável, formula opiniões, um ser crítico em suas

atitudes e busca soluções para os problemas ambientais.

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4 METODOLOGIA

O projeto foi realizado nas dependências da Escola de Educação Básica Antônio

Guglielmi Sobrinho, localizada na Rua 17 de Agosto, no Bairro Vila Nova, município de

Içara - SC. A Escola conta com aproximadamente 1000 alunos, distribuídos no Ensino

Fundamental no período diurno, e o Ensino Médio somente no período noturno. O presente

trabalho foi realizado com as turmas de sexto e sétimo ano, antiga quinta e sexta série do

ensino fundamental.

O trabalho desenvolvido caracteriza-se por uma pesquisa Ação Participativa, de

caráter qualitativo. A pesquisa de Ação Participativa consiste na participação ativa do

pesquisador nos problemas dos pesquisados. Isso possibilita ao pesquisador mudar o

pensamento dos pesquisados durante o desenvolvimento das atividades. Segundo Mion e

Saito (2001, p. 13), “Planejada e praticada, a investigação-ação, como concepção de

investigação, pode auxiliar os seres humanos a interpretar a realidade a partir de suas próprias

práticas, concepções e valores”.

A importância desse trabalho é percebida porque oferece possibilidades de

melhorar a vida das pessoas, da comunidade. Para os autores Mion e Saito (2001, p. 29), “É

através das práticas, dos entendimentos e das situações vivenciadas que buscamos investigar o

problema e elaborar ações estratégicas para superação do mesmo”. Para isto, é necessário que

as comunidades críticas de professores acreditem que não é possível transformar a realidade

social, sem que se perceba o entendimento que os participantes têm de sua própria prática.

A pesquisa ação participativa pode ser aplicada em instituições escolares, pois há

um processo de transformação dos indivíduos envolvidos nele, com um potencial

transformador, emancipatório. Para Mion e Saito (2001, p. 17), A investigação-ação

educacional deve ser compreendida como compromisso com os participantes, ou nas palavras

dos autores, “comprometida com a libertação e a emancipação dos envolvidos no processo

educacional”.

Inicialmente o projeto foi apresentado na reunião pedagógica da escola com o

intuito de definir estratégias metodológicas envolvendo toda a comunidade escolar.

Com as turmas de 6° ano, utilizamos o livro didático da instituição escolar, com o

objetivo de familiarizar os temas propostos no projeto. Os alunos assistiram ao filme Ilha das

Flores que conseguiu despertar neles o interesse em realizar mudanças continuas em suas

vidas.

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Trabalhamos com os temas: água, lixo, reciclagem, aquecimento global e poluição

na escola. Visitaram a SANTEC com o objetivo de associar a teoria à prática. Após assistirem

aos documentários: Ilha das Flores, Aquecimento Global e Mudanças climáticas, os alunos

criaram brinquedos reciclados utilizando materiais trazidos de suas casas, como por exemplo:

garrafas pet, papelão, latas de refrigerante, copos plásticos, caixas de sapato entre outros.

Produziram também, textos sobre os temas estudados em aula e, após a visita a SANTEC,

reformularam o próprio texto, sintetizando a experiência vivenciada através da palestra e a

trilha ecológica da qual participaram durante a visita.

Com as turmas de sétimo ano, foi trabalhado o tema Aquecimento Global e a

reciclagem do óleo de cozinha. Estes alunos também participaram da visita a SANTEC e

realizaram pesquisas bibliográficas no laboratório de informática durante as aulas de ciências.

Elaboraram suas próprias reportagens, destacando o porquê se devem ter cuidados com a

natureza, de acordo com as orientações e discussões realizadas nas aulas. Com estas turmas,

produzimos o sabão a partir do óleo de cozinha usado por suas famílias e anexamos frases de

conscientização ambiental pela dependência da escola. Segue abaixo as atividades

desenvolvidas com os alunos.

4.1 BENEFICIAMENTO DO ÓLEO

Após ser utilizado, o óleo de cozinha pode se tornar uma fonte de renda para

comunidade. Sabe-se que muitas vezes, esse óleo é descartado no ralo da pia entupindo os

canos e consequentemente poluindo as águas que irão abastecer nossas casas.

Durante o desenvolvimento do projeto, os alunos do sétimo ano, coletaram o óleo

utilizado em suas casas. As duas turmas de sexta série conseguiram coletar dez litros de óleo

de cozinha em dois meses. Após a coleta discutimos em sala de aula, quantos litros de óleo

eram necessários para produzir a receita de sabão reciclado.

Foram comparadas diversas receitas, algumas trazidas pelos alunos, que já eram

produzidas por seus pais e levavam em sua composição outros produtos, como o álcool, e que

precisava também ser levada ao fogo. Depois de selecionarmos a receita que seria utilizada a

mesma foi adaptada, transformando em uma receita sem o uso de água quente e álcool. o

sabão foi produzido em sala de aula através da aula explicativa, relacionando quantidade e

reação química.

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Durante a produção do sabão, os alunos ficaram surpresos com a reação que ali

acontecia. Ao entrar em contato com a soda cáustica, o óleo se transformava em uma solução

pouco densa e o cheiro do óleo queimado se dissipava lentamente.

Figura 1 - Foto dos alunos do sétimo ano desenvolvendo o sabão reciclado.

Fonte: Elaine Pereira

Neste momento os alunos estavam diante de um experimento, e com isso, se fazia

importante o uso de equipamentos como, luvas, jaleco e óculos de proteção. Ao utilizar a soda

cáustica, no momento da diluição, eles acompanhavam a uma distância segura, fazendo suas

anotações, observando a soda cáustica ser diluída “levantando fervura” e “aquecendo” o

recipiente utilizado.

A receita ficou descansando por dois dias. Com seis litros de óleo queimado,

conseguimos produzir 55 barras de sabão reciclado de 8 x 5 cm. O sabão foi embalado por

eles utilizando papel filme de PVC.

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Figura 2 - Foto do sabão pronto.

Fonte: Elaine Pereira

Segue em anexo a receita desenvolvida no projeto.

4.2 RECICLAGEM

Com o auxilio do livro didático, com a turma de sexto ano, foi trabalhado temas

como: lixo, reciclagem, coleta seletiva, doenças, aquecimento global e poluição da água.

Através destes temas, os alunos fizeram atividades no caderno, debate sobre o destino do lixo

assistindo o documentário “Ilha das Flores” e produziram textos e brinquedos.

Vivemos em uma sociedade consumista em que quase tudo dura pouco e é

descartável. Durante as aulas, os alunos estavam sensibilizados com o que assistiam e ouviam,

nos documentários e através de relatos dos próprios colegas sobre ocorrências da poluição no

seu bairro. No momento da discussão todos queriam demonstrar o que estavam sentindo com

que aprenderam, e isso é a parte mais significativa na execução de um projeto, o momento em

que eles se interessam querendo participar, sendo seres ativos em mundo que despreza tanto

esses valores.

Nesta turma, a metodologia utilizada baseou-se em um primeiro momento, na

produção de textos relacionados ao tema e a aprendizagem de cada um. Cada aluno escrevia

relatando o que havia aprendido durante as aulas, cada um fazia da sua maneira, trazendo

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resultados impressionantes, principalmente no modo que cada um reage quando tratamos de

acontecimentos baseados na realidade que os envolve.

Com o mesmo material trabalhamos a importância da reciclagem, como podemos

reduzir o lixo começando por nossas casas, a implantação de novos destinos do lixo, tais

como: aterro sanitário, compostagem e incineração.

Figura 3 - Brinquedos produzidos pelo sexto ano da E.E.B. Antônio Guglielmi Sobrinho.

Fonte: Elaine Pereira

Os alunos do sexto ano utilizaram alguns materiais que eram destinados ao lixo,

para produzirem brinquedos reciclados, assim chamados por eles. A confecção dos

brinquedos teve início na sala de aula e seu término em casa com o auxilio dos pais. Os

alunos apresentaram os trabalhos na sala de aula para os colegas e os mesmos ficaram em

exposição no pátio da escola durante o intervalo.

No momento da apresentação os alunos destacavam os materiais utilizados na

confecção dos brinquedos, tais como; papel, plástico, metal e vidro, e também, como

conseguiram produzi-los. A expectativa aumentava a cada momento, o interesse de saber o

que o colega iria apresentar fazia com que a sala se tornasse silenciosa por algum momento e,

ao mesmo tempo, a euforia também era grande ao ver o que a turma conseguira produzir.

Foi um momento de reflexão e aprendizagem, as discussões eram conduzidas de

modo que o aluno refletisse sobre a redução do lixo produzido nas escolas, em casa e tomasse

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consciência de que começando por esses ambientes, era possível gerar economia,

encaminhando para o que chamamos de desenvolvimento sustentável, que para eles, eram

duas palavras desconhecidas.

Figura 4 - Brinquedo produzido pelo sexto ano da E.E.B. Antônio Guglielmi Sobrinho.

Fonte: Elaine Pereira

4.3 AQUECIMENTO GLOBAL

Com as turmas da sétima série, trabalhamos o tema Aquecimento Global, assunto

que vem nos preocupando na atualidade. As duas turmas assistiram o documentário

“Mudanças Climáticas”.

As turmas apresentavam diversas dúvidas relacionadas ao tema, mas a forma com

que foi abordada, fez com que motivasse neles o sentimento de mudança, de que precisamos

mudar nossas atitudes, que ainda temos tempo para isso e que não podemos nos acomodar

esperando que outro faça sozinho, que é possível mudar o mundo sim! Em uma das aulas, um

aluno disse a seguinte frase: “Não precisamos mudar o mundo, mas se cada um fizer a sua

parte já é o suficiente”. Com isso, precisamos, enquanto educadores, motivar nossos alunos,

desenvolver projetos nas escolas, realizá-los junto à comunidade rumo à conscientização

ambiental.

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A realização dos trabalhos sobre o aquecimento global aconteceu da seguinte

forma: Os alunos trabalharam com notícias sobre o referido tema, criando suas próprias

reportagens, descrevendo o fato voltado à conscientização ambiental, mostrando o que

podemos fazer para mudar essa situação e relatando também, o quanto estamos perdendo com

esses acontecimentos. Enchentes, tsunamis, maremotos, secas até mesmo desastres recentes

em nossa região, foram registrados nos textos dos alunos.

As reportagens foram apresentadas na sala de aula e expostas no pátio da escola

em mural. Todos os trabalhos realizados com os alunos tiveram a participação da professora

de artes, que lhes orientou durante a produção dos brinquedos reciclados, na estética do varal

da reciclagem onde os trabalhos foram expostos e teve suas aulas voltadas a Educação

ambiental durante este período.

4.4 VISITA A SANTEC

Em visita a SANTEC contamos com participação de 82 alunos e três professoras.

Ao chagarmos nas dependências da empresa formamos dois grupos para um melhor

rendimento das atividades proposta pela empresa.

Figura 5 - Saída de estudos à SANTEC.

Fonte: Elaine Pereira

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Enquanto um grupo assistia à palestra o outro fazia a trilha ecológica, todos os

procedimentos foram acompanhados pela equipe do projeto de educação ambiental da

SANTEC. A palestra ministrada aos alunos teve como objetivo mostrar a missão da empresa

e os trabalhos executados pela mesma. Durante a apresentação dos slides explicativos, os

alunos associavam à aprendizagem em sala de aula, com isso, interviram em diversos

momentos, demonstrando o interesse na informação e comunicação visual.

A palestrante ressaltou a importância da consciência ambiental confrontando a

possibilidade de ajudarmos o planeta, com simples atitudes. Mostrou a eles todo o

procedimento para implantação de um aterro sanitário e como era desenvolvido o núcleo de

pesquisa dos rejeitos dentro da empresa. Disponibilizou materiais explicativos para que eles

tocassem, como por exemplo, o manto utilizado nas camadas do aterro. Após o momento de

discussão dos alunos, para que eles tirassem suas dúvidas, a palestrante formulou algumas

questões visando uma verificação do que tinham aprendido durante a palestra.

Figura 6 – Assistindo a palestra.

Fonte: Elaine Pereira

Em seguida, os alunos foram conhecer a trilha ecológica implantada há mais de

seis anos por pesquisadores, que visam manter o equilíbrio ambiental junto à missão da

empresa. A trilha é formada por espécies nativas e o que mais chamou atenção dos alunos foi

à presença das identificações das plantas com seus nomes científicos, já que tínhamos

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trabalhado em sala de aula. A visita foi feita em dia ensolarado que disponibilizou aos alunos

escutarem o cantar dos pássaros, alguns faziam silêncio e chamavam atenção dos colegas,

pois queriam prestar atenção em todos os detalhes. A partir daí surgiam diversas perguntas,

tais como: aqui tem macacos? Por que esse cheiro? Essas plantas são da mesma família?

Quanto tempo leva para crescer essas árvores? Do que os pássaros conseguem se alimentar

por aqui? Foi um momento especial para todos.

No término da trilha ecológica, juntamos os dois grupos e, de ônibus, fomos

conhecer o aterro. O cheiro era muito forte, com isso, os alunos ficaram um pouco agitados.

Quando chegamos perto do aterro (das pirâmides), a palestrante explicou de que forma

acontecia a analise da água, do chorume e como eles captam o gás formado no aterro. Após

toda a explicação nos despedimos da equipe e voltamos à instituição escolar.

Figura 7 - Conhecendo a trilha ecológica.

Fonte: Elaine Pereira

4.5 SOCIALIZAÇÃO DOS TRABALHOS

Após a realização dos trabalhos, os mesmos foram expostos na escola em uma

feira cultural, aberta a comunidade, expondo os trabalhos de ciências e artes desenvolvidos

pelos alunos. Estavam presentes, pais, alunos, professores e direção. A sala foi organizada

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pelos alunos e professores presentes. O varal reciclado foi exposto dentro da sala de aula,

assim como, os desenhos, brinquedos e o sabão.

Durante a socialização, os alunos apresentaram e explicaram o desenvolvimento

dos trabalhos. Os alunos estavam felizes com os resultados ali presentes, e atenciosamente

recebiam os visitantes e a comunidade escolar. A exposição se estendeu pela manhã e durante

esse período os alunos foram questionados diversas vezes, pelos colegas e visitantes: vocês

que produziram este sabão? Como foi feito? Como podemos fazer a reciclagem em casa? A

Santec fica aqui na Içara? O que fazem lá? Como aconteceu o projeto? Quem participou? A

curiosidade se estendia aos pais dos alunos e até mesmo os professores que não haviam

acompanhado o trabalho, os alunos atendiam a todos e orgulhosamente respondíamos as

duvidas dos visitantes.

Figura 8 - Socialização dos trabalhos.

Fonte: Elaine Pereira

No decorrer da exposição dos trabalhos, percebeu-se que a comunidade realmente

está carente de conhecimento, pois houve muitas pergunta e as informações eram dadas pelos

alunos, seus próprios filhos.

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Figura 9 - Socialização dos trabalhos.

Figura 10 - Socialização dos trabalhos.

Fonte: Elaine Pereira

O que mais chamou a atenção, de todos, durante a socialização dos trabalhos, foi

às mães relatarem suas experiências em casa a partir do projeto, algumas haviam produzido o

sabão reciclado utilizando a receita disponibilizada aos alunos e gostaram muito do resultado.

Outras diziam: tenho um fiscal ambiental lá em casa! Agora todo o banho é cronometrado e o

resto de comida, somente no fundo do quintal. De acordo com Batti (2005):

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Esse processo de sensibilização da comunidade escolar pode fomentar iniciativas

que transcedam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola está

inserida como as comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores

e funcionários, potenciais multiplicadores de informações e atividades relacionadas

à educação ambiental implementada na escola.

Então, analisando os resultados, percebe-se que a sementinha foi plantada e já começa a

crescer, dentro de suas casas e melhor, acompanhada de seus pais. Ao fim da socialização

foram distribuídas amostras do sabão reciclado acompanhadas das receitas, a todos os

visitantes, professores e alunos que acompanharam o desenvolvimento do trabalho.

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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Como primeira etapa do trabalho, apresentamos nosso projeto aos alunos. O tema

foi bem aceito logo na apresentação, não tivemos problemas enquanto a aceitação das

atividades propostas a eles. Iniciamos a pesquisa com o auxilio do livro didático, no capítulo

intitulado “O lixo”, no qual estavam inseridos todos os sub temas a serem trabalhados durante

a pesquisa. Estudamos os textos do livro, resolvemos as atividades e utilizamos a sala

informatizada para pesquisas.

Houve a necessidade de ampliar o rol de conhecimentos sobre o meio ambiente,

motivo que nos levou a ampliar o leque das informações que havia sido previstas no projeto.

Após a realização dos trabalhos eles relataram que muitos assuntos nunca tinham ouvido

falar, simplesmente era desconhecido, um exemplo disso, é que a maioria dos alunos não

conhecia como acontecem as mudanças climáticas, o que é efeito estufa, o que os seres vivos

têm a ver com esses acontecimentos, mesmo com o enfoque dado pela mídia.

Outro fator importante foi definir quais subsídios utilizar para mudanças de

hábitos, um habito observado era que após o sinal, ao termino do intervalo, todas as torneiras

do bebedouro ficavam ligadas e o pátio extremamente sujo.

A turma do sexto ano é caracterizada por alunos mais novos, com isso,

observamos maior interesse nessa turma em aprender, em participar, buscar ideias, auxiliar no

desenvolvimento do projeto como um todo. Com eles alcançamos melhores resultados.

Com as turmas de sétimo ano foi preciso tirá-los de sala de aula para desenvolver

as atividades previstas. Iniciamos com a observação do pátio da escola, pois para eles, as

mudanças de hábitos tiveram que ser tratadas sob outras perspectivas, pois relatavam saber

como cuidar do ambiente. Após analisarem o estado da escola, a necessidade de usar de forma

racional o ambiente em seu entorno, começaram a despertar para uma nova realidade, dar

importância para o meio em que vivemos.

Quando assistiram ao documentário “Ilha das flores”, levantaram diversas

dúvidas: Por que tanta desigualdade social? Por que gostamos tanto de consumir? Será que

vai ser sempre assim? Quando falávamos sobre a importância da água, pode-se perceber que a

maioria ainda não se importa com o fato que um dia poderemos viver em um mundo onde a

água será um bem tão precioso quanto o ouro.

Na segunda semana, no sexto ano, combinamos que guardaríamos todos os papéis

de bala que seriam consumidos durante toda a semana, e na quinta feira quando cheguei à

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sala, tínhamos dois sacos cheios de papel de bala e derivados, em um primeiro momento,

acharam graça por haver tanto papel de bala, depois quando pedi a eles que observassem o

chão da sala de aula, ficaram impressionados com eles mesmos, até então, pela primeira vez, a

sala se encontrava limpa, sem papéis no chão. Aplaudimos o que acabava de acontecer, a

partir deste momento percebi que para alcançar a conscientização, basta apenas plantar uma

pequena sementinha, para colher mais tarde.

Em relação à reciclagem, muitos relatavam não saber o que fazer com o lixo,

como poderia ser reaproveitado por eles, e o que poderiam ensinar em casa.

Durante a confecção dos brinquedos reciclados alguns alunos tiveram a ajuda de

seus pais, que no dia da socialização me procuraram para dizer o quanto seus filhos gostaram

de trabalhar com os materiais reciclados. Os trabalhos ficaram ótimos, e as aulas cada vez

mais proveitosas.

As turmas de sétimo ano coletaram o óleo usado em casa com a ajuda dos pais. A

confecção do sabão foi um momento muito importante para a realização do trabalho, pois

conseguiu unir o grupo como um todo, todos queriam participar e saber o porquê da reação.

Mas o mais importante disso tudo, está na mensagem que a eles foi transmitida, os mesmos

que deixavam a torneira ligada no bebedouro relatavam: “A minha mãe disse que não vai

mais jogar azeite no ralo da pia, por que agora ela sabe o que acontece com a água”. E outro:

“Professora, a minha tia pediu essa receita, por que a dela tem que ir ao fogo”.

A visita a SANTEC foi aceita como um contato direto ao lixo e também a

natureza, primeiramente reclamaram do mau cheiro, depois se realizaram ao participar da

palestra e da trilha ecológica. Este contato direto com a natureza desperta o interesse em

preservá-la para gerações futuras, e foi também o que ocorreu com os alunos.

Não foi fácil manter a ordem de oitenta alunos durante a visita, mesmo com o

auxilio de mais duas professoras, por mais que estivessem inseridos em uma pesquisa de ação

participativa, são apenas crianças, querem brincar, fazer bagunça, conversar, e por algumas

vezes tínhamos que chamar atenção, chamar pra perto, orientá-los, mas por fim deu tudo

certo. E a mensagem com certeza foi cumprida.

A professora de artes chamou a atenção para os desenhos confeccionados após a

visita, todos os alunos relatavam a natureza em seus desenhos, como um lugar bonito, com

máquinas, pessoas trabalhando, animais, árvores, separação do lixo, etc... E todas as frases se

tratavam de preservação ambiental.

5.1 OS ALUNOS

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Após a realização do trabalho pode-se observar algumas mudanças de atitude dos

alunos perante a escola. Essas mudanças foram classificadas como pontos positivos e

limitaçoes para melhor serem discutidas.

Pontos Positivos:

Os alunos passaram a organizar melhor a sala, desligar ventiladores, apagarem as

luzes, quando necessário, alguns passaram a desligar as torneiras sempre que vão ao

bebedouro, manter os banheiros limpos e não houve mais casos de escritas nas

paredes, isso nas três salas em que trabalhamos a pesquisa. Essas mudanças eram

esperadas, e de acordo com a Proposta Curricular de SC (1998), o processo reflexivo

desencadeia uma mudança de postura na comunidade envolvida no resgate da

qualidade ambiental, favorecendo o desenvolvimento sustentável.

Em suas casas relatam que houve muitas mudanças, passaram a poupar mais a água, a

energia, dizem estar separando o lixo seco do úmido. Tudo o que é orgânico, relatam

que algumas mães estão utilizando como adubo ou simplesmente pondo no fundo do

quintal. Alguns relatam que os pais queimam o lixo do banheiro e que lavam o carro

apenas uma vez por semana, e que por vezes já chamaram atenção dos pais enquanto

ao tempo no banho.

Outros alunos revelaram que estão preparando o sabão caseiro, utilizando a receita do

projeto, sendo assim o óleo coletado não está sendo despejado de maneira errada, e

sim, do modo mais adequado conforme encontrado por nós durante pesquisa.

Os alunos uniformizaram a seguinte frase: “papel, só no bolso”, e assim enchem seus

bolsos de papel e quando encontram uma lixeira esvaziam sem problemas. Guardaram

os brinquedos produzidos em sala de aula e dizem que brincam com seus colegas.

Em respeito aos animais, alguns alunos que moram em localidades agrícolas estão

cuidando mais dos seus bichinhos de estimação e vigiando as pessoas que estavam

tentando abandonar animais por aquela região.

Também como pontos positivos, podemos destacar a movimentação dos alunos

enquanto fiscais ambientais. Com essas funções fiscalizam os demais alunos, cuidando

para ver se quebram louças da cozinha e se ainda riscam as paredes. Eles estão

colocando em prática o que aprenderam durante o desenvolvimento do trabalho. Este

ponto se faz importante no sentido da aprendizagem dos valores. Nesse sentido, os

PCNs (1997), acrescentam que o convívio escolar é um fator determinante para

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aprendizagem de valores e atitudes, considerando a escola um ambiente imediato para

a compreensão das questões ambientais e as atitudes em relação a ela.

Limitações:

Alguns alunos apresentaram certa resistência em levar para o seu dia a dia o que foi

tratado em sala de aula. Por mais que saibam o certo a fazer, admitem ainda cometer o

que é errado.

As carteiras escolares continuam sujas, durante as aulas de ciências adquirimos o

hábito de limpá-las uma vez por mês, porém apesar de serem os próprios a limparem,

os mesmos acabam riscando novamente e relatam que a maioria das vezes não são eles

e sim as turmas dos outros turnos.

O pátio ainda continua sujo devido a essa resistência de não fazer o que é certo, de

faltar estímulo dentro de suas casas etc., uma aluna relatou em sala de aula, que por

mais que ela tente separar o lixo orgânico sua mãe acabava misturando tudo na hora de

jogar no lixo.

Entendemos também que o tempo de realização do projeto foi pequeno para que

houvesse mudanças entre todos os alunos. Cada um no seu tempo foi incorporando os

conhecimentos em sua vida.

5.2 OS PROFESSORES

Pontos Positivos:

Apenas uma professora decidiu contribuir de forma direta na realização do projeto. A

professora de Artes (professora Marcia Mondardo) trabalhou com os alunos inseridos

no projeto e utilizou a mesma metodologia com suas outras turmas, estas também

foram expostas durante a socialização.

Os demais professores decidiram não contribuir diretamente na realização dos

trabalhos, expondo seus motivos relacionados à greve dos professores, mas se

mantiveram a disposição para auxiliar no que fosse preciso.

O empenho da direção e da equipe técnica-pedagógica para a realização do projeto.

Toda a equipe diretiva concordou com a realização do projeto, mesmo não atuando

diretamente na realização dos trabalhos se mantiveram a disposição para qualquer

necessidade, até mesmo na aquisição de alguns materiais utilizados.

A comunidade escolar esteve presente durante a socialização dos trabalhos: alunos,

professores, direção e os pais dos alunos.

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Limitações:

Os professores relatam que com frequência os trabalhos de Educação Ambiental na

escola são interrompidos e por não haver continuidade no ano seguinte as aulas

metodologicamente programadas acabam se perdendo.

A descontinuidade do trabalho acontece pelo fato de não haver o mesmo grupo de

trabalho todos os anos.

Quando muda o grupo de professores, automaticamente dificulta o procedimento, pois

ao retomar o assunto algumas atividades se tornam perdidas por não serem

acompanhadas pelos mesmos impedindo o processo de ensino aprendizagem.

A esse respeito Ferreira, Ribeiro e Mendes, (2010), observam que a interdisciplinaridade não

é realização fácil e sem conflitos. Às vezes os obstáculos tornam-se empecilhos para as

práticas interdisciplinares mesmo em equipes multiprofissionais que trabalham num mesmo

campo, regidas pelas mesmas regras e objetivos institucionais.

Pouca parceria de alguns professores para trabalhos ambientais ou qualquer atividade

que saia do esquema de suas aulas rotineiras e tradicionais, relatam não conseguir

deixar o conteúdo em dia ou se sentem despreparados para trabalhar projetos de EA.

Essa, realmente, é uma limitação para o trabalho interdisciplinar que precisa ser superada, isto

é, a falta de uma cultura geral da maioria dos docentes, que geralmente desconhecem o

conteúdo de outras disciplinas, já que as universidades oferecem uma formação muito

específica. (AUGUSTO e CALDEIRA, 2007).

Pouco tempo de trabalho para que um processo educativo se consolide, já que o

planejamento anual deve ser seguido paralelo aos projetos e por muitas vezes já vem

pronto das Secretarias de Educação.

A Secretaria da Educação indica a proposta pedagógica e os professores têm total

autonomia de discutir e questionar o projeto, antes de desenvolvê-lo na escola. Quanto a esse

aspecto Augusto e Caldeira, (2007), observam que há parâmetros a serem seguidos, mas o

planejamento do conteúdo a ser ensinado é feito pelos professores e professoras na própria

escola e os Parâmetros Curriculares Nacionais incentivam projetos interdisciplinares.

Mesmo com os contratempos, especialmente a greve dos professores, entendemos

que a realização da pesquisa na escola possibilitou aos alunos e professores que acreditassem

que é possível mudar, e, que essa mudança depende apenas de querer e buscar. Não se pode o

cruzar os braços e por dificuldade em qualquer obstáculo que nos aparece, contudo quem

poderá desenvolvê-lo são os professores.

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Segundo Medina e Santos (2001, p. 20), “a insatisfação com a escola parece ser a

característica comum às diversas reformas produzidas implementadas”. Apesar de mudanças

acontecendo na educação, ainda permanecem valores que devemos zelar enquanto

educadores, cuja importância social não tem diminuído ao longo dos anos e a Educação

Ambiental entrelaça todos eles.

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6 CONCLUSÃO

O desenvolvimento de Projetos nas instituições escolares cria condições

favoráveis para garantir o envolvimento e participação de todos (Escola, família e

comunidade). Na EEB Antônio Guglielmi Sobrinho, utilizamos múltiplas ações visando

melhorar a qualidade de vida e orientar o uso racional do que a natureza e a sociedade nos

dispõe.

Com as ações realizadas espera-se ter modificado de forma significativa o modo

de pensar e as posturas individuais, familiares e coletivas para a construção de um mundo

melhor para todos nós.

As datas previstas no cronograma deste trabalho não puderam ser cumpridas na

íntegra devido à greve dos professores das Escolas Públicas Estaduais de Santa Catarina, que

se estendeu de maio a agosto de 2011, totalizando 62 dias, na qual participei como membro

ativo de minha escola. O projeto também seria realizado de forma multidisciplinar, porém

devido à greve alguns professores decidiram não realizar alguns trabalhos programados para

este ano. Por este motivo, o cronograma teve que ser alterado com o término previsto para

outubro de 2011.

A análise de dados referente às atividades desenvolvidas com os alunos mostrou

um avanço na consciência ambiental, e mesmo que não haja continuidade no projeto nos anos

subseqüentes, entendemos que os alunos aprenderam que por fazerem parte do meio

ambiente, temos a obrigação de respeitá-lo e desse modo devemos nos posicionar como um

ser atuante dentro dele. Puderam-se observar essas preocupações na fala de um aluno durante

a socialização do projeto: “devemos parar e pensar nos nossos atos, impor limites nas coisas

que fazemos em busca de um futuro melhor”.

Além disso, a Educação Ambiental também deve ser inserida pelos professores

em seus planejamentos com o objetivo de possibilitar aos alunos à inserção de uma

metodologia participativa voltada ao meio onde estão inseridos. Como essa ideia foi bastante

discutida na escola, espera-se que alguns professores possam dar a continuidade, tão

necessária, ao projeto ou a projetos dessa natureza.

O problema da proteção ambiental tornou-se um dos assuntos mais discutidos e

trabalhados em todo o mundo. A preservação ambiental do planeta deixou de ser apenas uma

previsão, tornando-se uma necessidade cada vez mais intensa, com as quais temos que

conviver. Em virtude disso, a economia também foi convocada a se posicionar. Mesmo com

toda a resistência observada, muitas mudanças já vêm acontecendo, e devemos procurar

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entender e mostrar aos nossos alunos que podemos manter o equilíbrio entre as necessidades

de progredir e cuidar do ambiente, para garantirmos qualidade de vida hoje e às gerações

futuras. Esse aspecto foi abordado e bem assimilado no momento da discussão sobre o

documentário Ilha das Flores, onde os alunos expuseram seus sentimentos. Os alunos estão

cientes de que não precisam de muito para serem felizes e que devem preservar o meio

ambiente como um todo, para que possam deixar as mesmas riquezas naturais aos seus

descendentes.

A escola, através de todos os seus componentes, é parte integrante da sociedade e

para mim, é responsável por sua transformação. Portanto, os profissionais da escola devem

buscar qualificar-se para entender mais profundamente sobre as questões ambientais que

afligem a nossa sociedade.

Entende-se que quando bem informados, os professores podem tratar de uma

educação que seja maior que os conteúdos científicos obrigatórios de serem tratados em salas

de aulas, pode-se chegar a uma Educação que seja tão completa que envolva também as

questões ambientais. Não só ambientais no sentido estrito da palavra, mas que abranja

aspectos de vida e respeito por todas as relações que se estabelecem neste mundo, sejam elas

físicas, químicas, biológicas ou sociais.

Desenvolvendo um projeto adequado ao seu público alvo, podem-se oportunizar

mudanças comportamentais, atitudinais e de consciência. Porém é necessário que essa

mudança aconteça primeiramente em nós, pois só assim teremos um mundo de maior

qualidade para todos.

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7 REFERÊNCIAS

AUGUSTO, Thaís Gimenez e CALDEIRA, Ana Maria de Andrade. Dificuldades para a

implantação de práticas interdisciplinares em escolas estaduais, apontadas por

professores da área de ciências da natureza. Investigações em Ensino de Ciências –

V12(1), p.139-154, 2007.

BATTI, Lenir Silva Bez. Proposta de Educação Ambiental em resíduos sólidos para

alunos do 3° ano do ensino médio da Escola de Educação Básica João Colodel – Turvo

SC. 2005. Monografia, UNESC, Criciúma.

BRASIL, Casa Civil. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>. Acesso em: mar. 2012.

CAVALHEIRO, Jeferson de Souza. Consciência Ambiental entre professores e alunos da

Escola Estadual Básica Dr. Paulo Devanier. Monografia, Universidade Federal de Santa

Maria centro de ciências rurais. Santa Maria RS, 2008.

CONTE, Priscila. Educação 2010: as mais importantes tendências na visão dos mais

importantes educadores. 1. ed. Curitiba: multiverso produtos educacionais, 2010.

DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 8. Ed. São Paulo: Gaia,

2003.

FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 3. ed.

São Paulo: Edições Loyola, 1995.

FERNANDES, Ione da Luz. Educação Ambiental e a Qualidade de Vida na Escola. 1999.

Monografia, UNESC, Criciúma.

FERREIRA, Andréia da Silva, MENDES, Carolina Gonçalves e RIBEIRO Andrea

Patrocínio. Saltos: interdisciplinaridade, um projeto em construção. Revista Científica Faesa,

v. 6, n. 1, p. 77-82, Vitória, ES, 2010.

FREITAS, Deisi Sangoi e NEUENFELDT, Adriano Edo. Interdisciplinaridade na escola:

limites e possibilidades. In: IV Encontro Ibero-americano de Coletivos e Redes de Professores

que fazem investigação na sua escola, Lajeado – RS, 2005.

GIASSI, Maristela Gonçalves. O Ensino de Biologia Contextualizado e suas Contribuições

para a Compreensão do Cotidiano: Um Exemplo para Estudo em Escolas da Rede Pública

Estadual do Município de Criciúma. Tese de doutorado, UFSC, SC, 2009.

GRÜN, M. Ética e educação ambiental: a conexão necessária. Campinas, SP: Papirus, 1996.

MEC/BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: Agosto, 1996.

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MEC/BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde / Secretaria de

Educação Fundamental. Brasília, 1997.

MEDINA, N. M. Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação ambiental.

Brasília, IBAMA, 1994.

MEDINA, Naná Minimi, SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação Ambiental: uma

Metodologia participativa de formação, Petrópolis, Editora Vozes, 2001.

MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005.

MION, Rejane Aurora, SAITO, Carlos Hiroo. Investigação-Ação: Mudando o Trabalho de

Formar Professores. Ponta Grossa, Gráfica Planeta, 2001.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez;

Brasília, DF: UNESCO, 2003.

PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA: Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Médio: Temas Multidisciplinares. Florianópolis: COGEN, 1998.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. Coleção Primeiros Passos. São Paulo:

Brasiliense, 1994.

SANTOS, Elaine Teresinha Azevedo dos. Educação Ambiental na Escola: conscientização

da necessidade de proteção da camada de ozônio. Santa Maria, UFSM-RS. Monografia de

pós-graduação. Educação Ambiental. 2007, 53p. Disponível em:

<http://jararaca.ufsm.br/websites/unidadedeapoio/download/elaine07.pdf> Acesso em: mar.

2012.

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ANEXO

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ANEXO A - Receita do Sabão Reciclado

Receita

1 kg de soda cáustica:

2 litros de água;

6 litros de óleo de cozinha;

1 copo americano de detergente;

1 copo americano de amaciante;

1 recipiente plástico;

1 pedaço de madeira para mexer a receita.

Como fazer:

Dissolva 1 Kg de soda cáustica em 2 litros de água. Neste momento o balde esquentará, então,

deixar em repousa por alguns minutos até que o balde volte a sua temperatura ambiente.

Acrescente o óleo queimado junto a mistura com cuidado e mexa por mais alguns minutos,

até que se torne uma mistura homogênea.

Após a mistura formada, coloca-se um copo americano de amaciante de roupas (qualquer

marca) e um copo americano de detergente. O amaciante e o detergente suavizam a mistura e

acrescentam perfume a ela. Despeje a mistura em uma forma grande e alta e deixe

descansando por 24 horas, após esse tempo, o sabão pode ser cortado e embalado. O sabão

poderá ser usado após 10 dias ou então se faz necessário o uso de luvas para utilizá-lo, devido

à quantidade de soda cáustica utilizada.