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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1626 Riacho de Santana Setembro/2014 Educação contextualizada para convivência com o Semiárido: a experiência da ETFAB M Í L I A A F A A G D R Í A C C O I L N A C D É T A A B L A O H C I A S E ETFAB A Escola Técnica Família Agrícola da Bahia - ETFAB foi fundada pelo Padre Aldo Lucchetta em 25 de março de 1984 para atender a demanda dos jovens do campo, a fim de que pudessem continuar seus estudos de acordo com a metodologia adotada nas Escola Famílias Agrícolas (EFAs). Na época havia uma grande expansão das escolas famílias de ensino fundamental, mas era necessário ampliar essa formação para o ensino médio, daí a necessidade de criar uma EFA de 2º grau na Bahia para suprir a necessidade dos filhos (as) de agricultores (as) e também formar monitores para que pudessem atuar nas escolas de ensino fundamental. Diante dessa realidade, é criada a EFA de 2º grau no município de Riacho de

Educação contextualizada para convivência com o Semiárido: a experiência da ETF

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A educação contextualizada é uma educação que respeita o contexto, os saberes, a diversidade cultural e as especificidades de cada região. É nesse sentido que a Escola Técnica Família Agrícola da Bahia - ETFAB, situada no município de Riacho de Santana-BA desenvolve práticas educativas voltadas à realidade dos jovens do campo para uma melhor convivência com o Semiárido.

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Page 1: Educação contextualizada para convivência com o Semiárido: a experiência da ETF

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1626

Riacho de Santana

Setembro/2014

Educação contextualizada para convivência com o Semiárido: a

experiência da ETFAB

MÍLIA AF A A GD R ÍA CC OI LN AC DÉT A A BL AO HC IASE

ETFAB

A Escola Técnica Família Agrícola da Bahia - ETFAB foi fundada pelo Padre

Aldo Lucchetta em 25 de março de 1984 para atender a demanda dos jovens do

campo, a fim de que pudessem continuar seus estudos de acordo com a metodologia

adotada nas Escola Famílias Agrícolas (EFAs). Na época havia uma grande

expansão das escolas famílias de ensino fundamental, mas era necessário ampliar

essa formação para o ensino médio, daí a necessidade de criar uma EFA de 2º grau na

Bahia para suprir a necessidade dos filhos (as) de agricultores (as) e também formar

monitores para que pudessem atuar nas escolas de ensino fundamental. Diante dessa realidade, é criada a EFA de 2º grau no município de Riacho de

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Integrantes da equipe da ETFAB mostram o trabalho da escola família.

Alunos da ETFAB aprendem na prática os cuidados

com o viveiro de mudas.

Estudantes da ETFAB reunidos

durante as atividades escolares.

O caderno da realidade é um instrumento em que os alunos registram suas dúvidas e reflexões, trata-se de um questionário que o aluno leva para casa e responde com a família e traz as respostas para serem discutidas com os colegas e com os monitores. Após as discussões coletivas realiza-se uma síntese para conhecer melhor a realidade dos alunos.

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Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

A ETFAB trabalha de acordo com a Pedagogia da Alternância que se baseia em

períodos alternados de vivência na escola e na comunidade visando articular teoria e

prática. O currículo é estruturado pensando na realidade do aluno, como afirma a

assessora pedagógica Rute Maria dos Santos: “A pedagogia da alternância foi pensada

para os filhos de agricultores e é organizada com as disciplinas da base comum que é

necessário, porque é ensino médio integrado ao técnico profissionalizante, e pensando

também nas disciplinas técnicas que tem como objetivo não só a formação técnica, mas

também levando para a realidade do aluno que ele leva lá pra família. Nós trabalhamos

com a educação contextualizada ao passo que o aluno leva o e caderno da realidade

traz pra escola para ser apresentado com seus colegas e com a equipe de monitores.

Então o propósito da escola além dessa formação técnica, é do aluno está convivendo

com a sua família e a sua região”, conclui.

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Santana-BA, sendo a Associação das Escolas das Comunidades de Famílias Agrícolas

da Bahia - AECOFABA com sede neste município, responsável pela articulação e

manutenção do trabalho das escolas famílias.

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Cuidados com a erva-cidreira, incentivando o uso de produtos naturais para cuidar da nossa saúde.

Não só a teoria é vivenciada, mas a prática

é fundamental para a construção de

uma educação contextualizada.

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

A gente consegue observar a vontade que eles têm em aprender para levar esses

conhecimentos para a propriedade, e transformar a realidade, o meio onde vivem”.

(Elielma Nogueira)

movimentos, desde a AECOFABA, as redes e todas as outras escolas famílias agrícolas

têm sua importância. Eu me formei em 2012, elaborei meu projeto e consegui pôr em

prática e hoje eu trabalho aqui na escola, o projeto que eu fiz foi de avicultura de postura.

Já ajuda minha família porque meus pais estão lá, eles cuidam e já conseguem uma

renda que é pouca, mas já contribui dentro da propriedade, além dos conhecimentos

técnicos que não tinha e hoje já é completamente diferente a propriedade. Inclusive

agora, a minha família recebeu a cisterna de produção pelo Centro de Agroecologia no

Semiárido, então tudo aos pouquinhos vai se ajeitando”, afirma. Assim, as experiências das escolas famílias mostram a importância de uma

formação que valoriza o campo como espaço de riquezas e potencialidades. “É uma

formação escolar voltada para aprender a cuidar da terra, a escola família agrícola visa

muito a permanência do filho do pequeno agricultor na terra e a intenção é manter a

agricultura familiar, trabalhar de forma sustentável através da convivência com o

Semiárido”, diz Juvenice Ferreira, ex-aluna da ETFAB.

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Dessa forma, as escolas famílias agrícolas vem contribuindo significativamente

para se pensar numa educação que respeite e represente os agricultores e agricultoras

do nosso Semiárido e que os jovens possam valorizar o campo como espaço de vida.

Como ressalta o professor Sebastião Paulo Fernandes “é necessário mostrar para o

aluno que dentro da própria comunidade ele pode sobreviver e bem, porque a própria

natureza, a própria caatinga oferece recursos, mesmo com a estiagem, o Semiárido tem

uma gama de recursos pra oferecer, conclui.

O cultivo agroecológico é base

fundamental para o aprendizado

na escola família agrícola.

ApoioRealização

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Aluna da ETFAB compartilha a experiência de estudar numa escola família.

“Se tiver a intenção de viver da agricultura familiar, de fazer parte do

campo de verdade, de preservar o meio ambiente, é um meio

interessante o ensino da escola família agrícola”.

Juvenice Ferreira