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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Educação Corporativa – Importante estratégia para a Difusão do Conhecimento Organizacional POR: ADRIANA DA COSTA SIQUEIRA MARCOS Orientador Cleber Gonzaga Rio de Janeiro 2010

Educação Corporativa – Importante estratégia para a ... · conhecimento organizacional, apresentando consequentemente, suas vantagens, desvantagens e efeitos diante da velocidade

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Educação Corporativa – Importante estratégia para

a Difusão do Conhecimento Organizacional

POR: ADRIANA DA COSTA SIQUEIRA MARCOS

Orientador

Cleber Gonzaga

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Educação Corporativa – Importante Estratégia para

a Difusão do Conhecimento Organizacional

A presente monografia tem por objetivo apontar a importância da

Educação Corporativa, como importante estratégia para a difusão do

conhecimento organizacional, apresentando consequentemente, suas vantagens,

desvantagens e efeitos diante da velocidade do mundo globalizado e do intenso

desenvolvimento tecnológico dos dias atuais.

Por: Adriana da Costa Siqueira Marcos

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que contribuíram direta e indiretamente para que este trabalho

fosse realizado. A todos os professores do Projeto “A Vez do Mestre” que nos

muniram com sua sabedoria e eficiência em todas as aulas ministradas no curso

de pós-graduação em Gestão Empresarial. A meu marido pela confiança, carinho

e compreensão diante dos momentos de isolamento e profundas pesquisas

necessários para obter o resultado final deste trabalho acadêmico. A minha filha

por observar estes momentos, às vezes silenciosa, outras incomodada, mas

ciente da importância do estudo, desde cedo, e tendo-me como referencial.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a todos aqueles que, como eu, acreditam na Gestão do

Conhecimento e apostam no capital intelectual como principal recurso intangível

para diferenciar um profissional no mundo globalizado acelerado em que vivemos.

Adriana da Costa Siqueira Marcos

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RESUMO

No mundo corporativo no qual vivemos hoje não basta apenas conhecer,

dominar um assunto ou estratégia, é necessária a capacidade de persuadir as

pessoas e, sobretudo, difundir o que se sabe.

É neste cenário que a Educação Corporativa se firma e se torna uma

importante ferramenta para a difusão do conhecimento organizacional.

Cada vez mais empresas adotam esta estratégia e obtêm êxito crescente

na performance de seus profissionais.

Diante de avançadas tecnologias, o mercado de trabalho se vê forçado a

selecionar, investir e reter profissionais cada vez mais capacitados e que sejam

referenciais de sucesso em qualquer sentido. A acirrada competitividade

atualmente evidenciada no mercado empresarial não permite espaço para a

ocorrência de qualquer tipo de deslize; portanto, destaca-se a importância da

Educação Corporativa como fundamental estratégia para a difusão do

conhecimento organizacional, fator motivador para o colaborador e indispensável

estratégia para a formação de talentos profissionais que precisam e devem ser

retidos pela organização.

O trabalho é finalizado com a apresentação de um estudo de caso de

sucesso em empresa conceituada no Rio de Janeiro.

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METODOLOGIA

A escolha de uma metodologia de pesquisa é fundamental para saber o que

se pretende descobrir, confirmar e aprender com o trabalho monográfico. O ponto

de partida é , sem dúvida alguma, a maneira pela qual o pesquisador observa e

entende o mundo à sua volta, isto é, os paradigmas norteadores do pesquisador.

Buscou-se realizar a monografia através de uma boa pesquisa bibliográfica,

intensas consultas a Internet e a utilização de um estudo de caso real e de

sucesso aplicado em empresa carioca de renome no mercado de sistema de

saude.

A dissertação é descritiva e explicativa, utilizando-se de poucos diagramas,

que são elucidados no texto que o acompanha. Todo material teórico gira em

torno de temas como Educação Corporativa, Cultura Organizacional e Gestão do

Conhecimento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - CONTEXTUALIZAÇÕES HISTÓRICAS & CULTURA

ORGANIZACIONAL 11

CAPÍTULO II – A GESTÃO DO CONHECIMENTO 16

CAPÍTULO III – EDUCAÇÃO CORPORATIVA COMO ESTRATÉGIA PARA A

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO 24

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 39

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INTRODUÇÃO

Educação é um tema que fascina e interessa a todos os setores da

sociedade, inclusive o corporativo e é algo que está atualmente em crescente

ascendência. A luta é árdua para os que desejam cada vez mais aumentar a

própria produtividade. Contudo, não podemos perder de vista que a

responsabilidade da educação escolarizada é do Estado, como preconiza a

legislação. A formação básica deve ser oferecida pela escola regular. Nesse

sentido a democratização da escola pública é fato em nosso país, o que se

discute, no entanto, é a qualidade dessa oferta.

No mundo globalizado e extremamente dinâmico no qual vivemos,

identificado como Sociedade do Conhecimento, percebe-se que, cada vez mais,

temos empresas que buscam investir na difusão do conhecimento organizacional,

ainda que inicialmente de forma aleatória ou quase empírica.

Atualmente, o maior desafio das empresas tem sido acompanhar a

evolução tecnológica imposta pela velocidade da globalização. Além disso, é

preciso buscar e reter profissionais conceituados que possam atuar com agilidade,

produtividade e alta qualidade, garantindo assim, a geração de um ambiente que

possua a energia, a sinergia e as informações de que necessita para permanecer

competitiva no mercado.

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Diante desse cenário de alta transição e extrema competitividade, para

manter sua adequação ao mercado de trabalho, o profissional do século XXI se vê

forçado a acompanhar de perto toda a evolução de conhecimento para minimizar

o rápido obsoletismo que os tempos atuais impõem, ou seja, é preciso cada vez

mais estar preparado para as mudanças que surgem.

“Formar e desenvolver os talentos humanos na Gestão dos Negócios,

promovendo a geração, assimilação, difusão e ampliação do conhecimento

organizacional, através de um processo de aprendizagem ativa e contínua, e

gerando resultados” (Marisa Eboli) tem sido a grande missão da Educação

Corporativa, estratégia que ultimamente vem sendo adotada por grandes

empresas. Visa-se diminuir a distância com que as universidades (externas)

preparam os profissionais para o mercado de trabalho, adequando-os

efetivamente à realidade da empresa.

Atualmente qualquer aprofundamento maior em T&D (treinamento e

desenvolvimento) está diretamente vinculado à Educação Corporativa e à sua

aplicabilidade nas empresas, que visa justamente à adequação e atualização no

mercado de trabalho, fato este que é o grande diferencial no mundo globalizado

em que vivemos.

“Em relação à inadequação cada vez mais ampla e profunda entre, de um lado, os

saberes desunidos e divididos e, de outro, a realidade ou problemas cada vez mais

multidisciplinares e transacionais, o processo de aprendizagem deve evidenciar o

contexto de sua aplicação. Pois o conhecimento das informações ou dos dados isolados

é insuficiente. É preciso situar as informações e os dados em seu contexto para que

adquiram sentido, e facilitem o processo de aprendizagem.” (Morin)

Assim, a Educação Corporativa corrobora para estimular e ampliar cada vez

mais a formação de profissionais, focados especificamente na realidade

empresarial na qual se vê inserido, aprimorando, dessa forma, sua expertise e

aptidão para transitar em seu próprio cenário organizacional. Todo este

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aperfeiçoamento do profissional, proporcionado pela Educação Corporativa, faz

deste um talento que a empresa tem interesse em reter no seu quadro e que

demais empresas desejam buscá-lo no mercado através de headhunters.

O presente estudo pretende transitar pelo abrangente universo corporativo,

tratando a Educação Corporativa como importante ferramenta de difusão do

conhecimento, fator motivador para o colaborador e fundamental estratégia para a

formação de talentos profissionais que precisam e devem ser retidos pela

organização.

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CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CULTURA

ORGANIZACIONAL

“...quando existe uma visão genuína, as

pessoas dão tudo de si e aprendem , não

porque são obrigadas, mas porque

querem”.

Peter Senge

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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA &

CULTURA ORGANIZACIONAL

1. Contextualização Histórica

Durante muitos anos as organizações pouco se importavam com seus

empregados, com seus direitos e possíveis participações nos resultados das

mesmas. Era uma sociedade extremamente mecanicista e operacional. Tudo o

que importava era a produção dos serviços que gerassem lucros, independente de

qualquer outro fator.

O pensador britânico Kevin Desmond apresenta uma curiosa visão da

evolução do conhecimento acumulado pela humanidade. “De acordo com ele, todo

conhecimento que a humanidade conseguiu produzir até o início do cristianismo

foi multiplicado por 2 até a Revolução Industrial. Daí em diante voltou a dobrar,

primeiro em 200 anos, depois em 50 e finalmente em 10 anos, até o surgimento

dos primeiros computadores pessoais, no início dos anos 1980. Na penúltima

década do século XX, o conhecimento foi multiplicado por 4 e na última por 10.

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... “O conhecimento acumulado em todo o mundo, de todas as áreas do

saber humano e de todas as profissões, deve dobrar a cada ano

aproximadamente. Por isso chamar qualquer profissional de ‘trabalhador do conhecimento’ não é, absolutamente, exagero.” (Eugenio Mussak – 2003)

“O primeiro marco de estruturação e formalização dos sistemas

organizacionais aconteceu com a introdução do taylorismo-fordismo nas

empresas, quando se definiram alguns princípios para a gestão de pessoal

e contratualização das relações empregatícias” (Fleury – 2000).

A partir da introdução da abordagem sociotécnica para a organização do

trabalho, passou-se dar uma importância maior às habilidades de relacionamento

pessoal. Com isso, visava-se melhorar o clima no ambiente de trabalho e o

desenvolvimento de competências sociais, que agregassem valor à organização,

ou seja, passou-se a dar um enfoque mais humanista às relações com os

trabalhadores, priorizando não somente a competência técnica do funcionário,

mas também a sua sociabilização e adaptabilidade à organização.

Nesse cenário começou-se a ver as primeiras vertentes de valorização da

cultura organizacional como possível diferencial estratégico competitivo. “A saída

proposta é o desenvolvimento de uma cultura forte, de um conjunto de valores

básicos consensuais, que possibilitem a identificação dos interesses do

empregador e do empregado” (Fleury- 2000).

Desde a década de 70, a preocupação com a educação permanente e a

formação contínua dos trabalhadores permeia as discussões sobre a relação

homem-trabalho. Assim sendo, nos finais dos anos 70 e ao longo de toda a

década de 80 se desenvolve um interesse notório pelo estudo da cultura

organizacional. Presencia-se a “tomada de consciência, por parte de teóricos e

práticos, da importância dos fatores culturais nas práticas de gestão e a crença no

fato da cultura constituir um fator de diferenciação das organizações bem

sucedidas das menos bem sucedidas, sendo a ‘boa cultura’ da organização (no

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sentido de adequada) um fator explicativo do sucesso econômico. (Ferreira –

1996).”

A partir da década de 90 até os nossos dias, percebe-se que os desafios

ampliaram. Diante da crescente competitividade e globalização das atividades, a

exigência de mais fatores que motivem o autodesenvolvimento dos funcionários e

mobilizem os mesmos para a fidelização aos valores organizacionais, é tarefa das

mais difíceis para as empresas, pois garante o comprometimento e resultados

positivos compartilhados por todos. É neste cenário que o termo Educação

Corporativa começa a se tomar um grande desafio e objetivo maior das empresas.

1.1 – A Educação no Brasil

O Brasil, assim como demais países do mundo, também vivenciou esses

diversos cenários e precisou adaptar-se às constantes mudanças que a

globalização e os avanços tecnológicos lhe impuseram, visto que esta era uma

tendência mundial irreversível.

Esse processo foi bastante difícil e moroso, visto que seu sistema escolar

foi constituído em bases elitistas. Desde o período em que os jesuítas dominavam

a oferta, a escola era frequentada por apenas 1% da população, e essa

certamente era uma parcela da classe dominante. Em nosso sistema escolar, o

ensino secundário aparece antes do primário, favorecendo somente àquela parte

da população que contava com a possibilidade de oferecer professores

particulares aos seus filhos.

Tal postura impactou para que fôssemos um dos países a apresentar o

maior índice de analfabetismos já visto na modernidade; em 1900 tínhamos 80%

da população totalmente analfabeta. Hoje, esse número foi drasticamente

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reduzido para a ordem da dezena, algo em torno de 9%, de acordo com pesquisas

de Alvin Toffler.

A qualidade da educação brasileira, que sempre apresentou inúmeros

problemas, consolida-se como de baixa qualidade e inadequada ao futuro

ambiente de atuação profissional desses estudantes. Alguns dados estatísticos

ilustram esse fato:

• 50% das crianças de 4ª série não entendem o que lêem;

• Apenas 26% dos alunos conseguem ler e entender um livro,

enquanto 74% têm problemas de leitura (IBOPE);

• O mercado de trabalho valoriza cada vez mais competências

associadas à concepção, solução de problemas, preparo técnico,

utilização eficiente e inovadora de ferramentas modernas, saber

trabalhar em grupo.

Diante destes dados, “o papel dos centros de capacitação nas empresas e

o processo de aprendizagem em situações de trabalho precisaram lidar com o fato

de que os adultos chegam ao mercado de trabalho sem qualificações adequadas

para atuar num meio em que a comunicação escrita e oral e a abstração são pré-

requisitos. Assim, as unidades que coordenam a educação corporativa têm,

muitas vezes, que completar a educação escolar básica.” ( Marisa Eboli.

Educação Corporativa no Brasil - Mitos e Verdades)

Mesmo para aqueles que conseguem chegar a uma graduação, o que se

percebe é que permeia uma total dissonância entre a teoria e a prática; sobretudo,

no universo real que calca as organizações.

Outro ponto pertinente é uma incapacidade do Brasil de preservar a

memória e organizar arquivos que poderiam nos nortear para uma análise

conceitual e mais completa de problemas enfrentados pelas organizações no

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passado e que possam servir de fonte de aprendizagem para as pessoas que nela

atuam hoje.

O importante é preencher o biombo e a lacuna existente entre o que as

pessoas realmente fazem e o que deveriam saber; o que poderiam fazer se

fossem mais bem capacitadas e se dessem o melhor de si, visando contribuir

efetivamente para o sucesso das organizações e o seu próprio.

1.2 – Cultura Organizacional

Pode-se dizer que a cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças

e regras comuns a todos os integrantes de uma empresa. Compreende além das

normas formais, também o conjunto de regras não escritas, mas que condicionam

as atitudes tomadas pelas pessoas dentro da organização.

A cultura de uma organização será o conjunto de características que a

individualiza e a torna única perante qualquer outra. Define-se como um conjunto

de valores, expressos através de rituais, mitos, hábitos e crenças comuns aos

membros de uma instituição, que compartilham e produzem normas de

comportamento genericamente aceitas por todos.

Esta definição sugere que a cultura cumpre funções primordiais numa

organização. O estilo de administração, a transmissão de valores e filosofias,

socializados a todos os membros da organização, motivam todo o pessoal e

facilitam o conhecimento de grupo e o compromisso com as metas relevantes.

Para tanto, a cultura organizacional possibilita algumas funções importantíssimas

às instituições:

• Transmitir um sentimento de identidade aos membros da organização;

• Facilitar o compromisso com algo maior que os próprios objetivos

pessoais;

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• Reforçar a estabilidade do sistema social;

• Oferecer premissas reconhecidas e aceitas para a tomada de decisões.

Naturalmente, a cultura organizacional está em constante formação e

aperfeiçoamento, adaptando-se às alterações no meio ambiente e aos distintos

problemas internos; entretanto, os elementos-chave estáveis na vida do grupo, já

completamente assimilados, não sofrem qualquer alteração.

“É difícil pensar em alguma organização que tenha se mantido em uma

posição de grandeza na ausência de metas, valores e missões

profundamente compartilhadas na organização (Peter Senge – 1990).”

O que as empresas bem-sucedidas fazem atualmente é mais ou menos isso:

avaliam os bons caminhos a serem seguidos contrapondo-os aos maus, criando

condições para um meticuloso itinerário para elas. É claro que tudo isso é feito de

uma maneira bem estudada e estabelecida meta que contempla vantagens e

desvantagens do resultado a ser perseguido e assim por diante. E isso represente

seu capital intelectual calcado fortemente em sua cultura organizacional. Afinal,

“quando existe uma visão genuína, as pessoas dão tudo de si e aprendem, não

porque são obrigadas, mas porque querem”(Peter Senge – 1990).

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CAPÍTULO II

A GESTÃO DO CONHECIMENTO

“Em relação à inadequação cada vez mais ampla

e profunda entre, de um lado, os saberes

desunidos e divididos e, de outro, realidades ou

problemas cada vez mais multidisciplinares e

transacionais, o processo de aprendizagem deve

evidenciar o contexto de sua aplicação. Pois o

conhecimento das informações ou dos dados

isolados é insuficiente. É preciso situar as

informações e os dados em seu contexto para que

adquiram sentido, e facilitem o processo de

aprendizagem.”

Morin

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GESTÃO DO CONHECIMENTO

O ambiente competitivo do mundo globalizado é aquele no qual “o

aprendizado organizacional será a estratégia, a gestão do conhecimento o

caminho, e produtos e serviços inteligentes o resultado, nas empresas baseadas

no conhecimento” (BOTKIN, 1997).

Gestão do Conhecimento, “capital intelectual”, “inteligência competitiva” e

vários outros termos têm surgido para caracterizar uma nova área de interesse na

administração das organizações.

Para transformar dados em informação precisa-se de ferramentas. Mas

para transformar informação em conhecimento precisa-se de tempo.

Conhecimento não é nem dado nem informação, mas está relacionado a ambos.

Podemos pensar em informação como um dado que faz sentido, que faz a

diferença. Mas o conhecimento seria então um conjunto formado por experiências,

valores, informação de contexto e criatividade. Essa análise somente identifica e

constata que o conhecimento é algo inseparável e o que, de fato, distingue

pessoas.

Para a sociedade brasileira em geral e para o trabalhador brasileiro em

particular, o advento da “era do conhecimento” é uma oportunidade imperdível,

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mas ao mesmo tempo uma séria ameaça quando não é bem conduzida e/ ou

administrada. “Sem trabalhadores bem formados, com conhecimento útil e

atualizado, com capacidade de aprendizado e desenvolvimento permanente, uma

empresa não consegue ser eficiente nem competitiva. Assim sendo, trata-se de

uma oportunidade de superação de desafios e afirmação de capacidades para

todos, trabalhadores e empresários. A ameaça é séria para aquelas pessoas que

se deixarem ficar para trás, não acordando a tempo para essa nova era” (Jayme

Teixeira Filho – 2000).

Constantemente ouvimos que, são justamente nos momentos de crise, que

podemos encontrar as melhores chances de sobrevivência e estas, muitas vezes,

não se encontram necessariamente nas mãos dos mais fortes ou mais

inteligentes, mas sim nas daqueles que se adaptam melhor e mais rapidamente às

mudanças. Neste caso, até mesmo a tecnologia, entendida como conhecimento

aplicado na criação ou no aperfeiçoamento de produtos e serviços, andou

conspirando em favor dessa valorização do fator humano.

Diante de todo esse cenário fremente de constantes mudanças, impostas

pela Globalização do mundo, percebemos o avanço que o termo “Gestão do

Conhecimento” alcançou no mundo corporativo. Adotando a máxima defendida

por George Bernard Shaw de que “saber não manifestado é saber inexistente”, as

organizações têm investido cada vez no capital intelectual de seus funcionários.

Gestão do Conhecimento não é novidade. É um novo nome para uma

preocupação já bem antiga. Entretanto, somente agora um número cada vez

maior de empresas preocupa-se com isso e já percebe suas vantagens.

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2. Gestão do Conhecimento - Conceito

Gestão do Conhecimento é a forma como as empresas geram, disseminam

e usam seu “capital intelectual”. E, mais recentemente podemos agregar que

também é reconhecida como uma inesgotável fonte de vantagem competitiva.

O conhecimento tornou-se o fator econômico mais importante no ambiente

competitivo das organizações. Conhecimento não no sentido abstrato, ou teórico,

mas aplicado ao dia-a-dia das empresas.

“Gestão do conhecimento não é tecnologia. Mas pode se beneficiar, e

muito, das novas tecnologias de informação e de comunicação. Gestão do

conhecimento não é criatividade e inovação, mas tem a ver com usar, de forma

sistemática, as inovações geradas na empresa para um melhor posicionamento de

mercado. Gestão do Conhecimento não é qualidade, mas usa técnicas e

ferramentas que já foram muito aplicadas na modelagem de processos, nos

círculos de qualidade e na abordagem de melhoria contínua. Gestão do

Conhecimento não é marketing, mas pode ajudar muito na inteligência competitiva

da empresa. Gestão do Conhecimento não é documentação, mas tem tudo a ver

com uma memória organizacional coletiva, dinâmica e compartilhada. Gestão do

Conhecimento também não é gestão de recursos humanos, mas só se realiza com

as pessoas da organização” (Jayme Teixeira Filho – 2000).

Tanto trabalhadores quanto empresas precisam cada vez mais gerir seu

conhecimento, com o objetivo de alavancar sua competitividade individual e/ ou

coletiva. Essa é a grande missão que ambos devem constantemente perseguir,

ampliando a visão de manter-se em constante adaptação às mudanças imperiosas

que inevitavelmente acontecerão no decorrer da caminhada.

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2.1 – Capital Intelectual, o que isso significa?

Não é novidade dizer que o talento das pessoas que trabalham na

organização é a vantagem competitiva definitiva. O conhecimento coletivo sobre

o negócio, a tecnologia e assim por diante está se tornando a última fronteira da

excelência empresarial. Nesse cenário, marcadamente econômico no qual o

individuo se destaca, não causaria qualquer desconforto se seu conhecimento

fosse mais bem traduzido ou, melhor, denominado como “capital intelectual”.

As pessoas obtêm e geram conhecimento das informações de diferentes

formas: por comparação, pela experimentação, por conexão com outros

conhecimentos e por meio de outras pessoas. As atividades de criação de

conhecimento somente têm lugar com e entre os seres humanos.

O tangível está cedendo lugar para o intangível. O capital intelectual é algo

intangível e pode chegar a potenciais inimagináveis a partir de ideias ora bem

simples, ora em um nível de complexidade que transcende entendimentos

imediatos. Para perceber essa tendência, é útil analisar exemplos recentes de

mercado, para entender como está a relação entre o valor real da empresa (sua

capacidade de gerar riqueza) e o patrimônio líquido que está contabilizado no seu

balanço patrimonial.

Vivemos um momento de recuperação do ser humano nas organizações,

que é etiquetado de “capital humano”, “capital intelectual” ou “inteligência

competitiva”. Estes termos são, de fato, sinônimos, mas com minúsculos matizes

de diferenças, na Era do Conhecimento em que vivemos. A perspectiva humana

vê a organização como um conjunto de indivíduos e grupos que têm objetivos de

auto-realização. Isso representa que há uma ligação do indivíduo com o trabalho,

ressaltando os fatores de motivação, liderança e demais aspectos psicossociais.

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“Assim, os indivíduos na organização – e não a tecnologia ou mercado – são o

centro de referência nessa perspectiva” (Jayme Teixeira Filho – 2000).

O trabalhador do conhecimento ou o capital intelectual emerge, assim,

como o mais importante fator de sucesso organizacional. E para esse trabalhador,

o conhecimento hoje não se faz mais apenas pelo título, que deixou também de

ser tão significativo para a empresa. As organizações focadas em Gestão do

Conhecimento estão mais interessadas nos resultados que podem alcançar com o

conhecimento adquirido pelos empregados do que no título ou diploma que lhes

confira esse conhecimento. Nesse aspecto o que faz a diferença é a prática e a

experiência do trabalhador para executar uma função ou sua habilidade em

encontrar soluções eficazes para os problemas que surgem.

2.2 - Inteligência Competitiva

As origens da Inteligência competitiva (IC) remetem à necessidade militar

de conhecer o inimigo, identificar seus pontos fortes e fracos, visando o

posicionamento vantajoso frente às batalhas.

Com o tempo, as organizações, ao incorporarem o conceito de estratégia

em seus negócios, estabeleceram a necessidade de os teóricos da Administração

incluírem também o tema Inteligência Competitiva, como elemento essencial à

administração estratégica.

Desde a década de 80 vários estudiosos debruçaram-se sobre a questão

da Inteligência competitiva e, cada vez mais se acentua a necessidade de mais

estudo aprofundado sobre o tema, que assume deferentes vertentes e linhas de

atuação/ aplicação nas empresas.

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Neste estudo, o foco destacado será o de gerar um ciclo virtuoso que seja

tratado como diferencial competitivo para as empresas, de forma lícita e que vise à

eficácia de ações na tomada de decisões, obtidas a partir da elaboração de uma

estrutura adaptada de pesquisa, coleta, tratamento e difusão dessas informações.

Uma estratégia “útil para o planejamento estratégico e a tomada de decisões e

também para a legitimação, inspiração e sensibilização” (Ghoshal e Westney,

1991).

Embora saibamos que muitas organizações adotam a Inteligência

Competitiva como forma predatória de aniquilação de concorrentes e/ou

potenciais, percebe-se claramente que este conceito quando bem utilizado é

fundamental para o sucesso das organizações que potencializam seus talentos e

adotam inúmeras estratégias para a sua retenção e valorização, estimulando-os

com novos desafios e reconhecimentos variados.

Nesse processo evolutivo e revolutivo da Gestão do Conhecimento,

independente do temos que escolhamos, “capital humano”, “capital intelectual” ou

“inteligência competitiva”, o importante é caminharmos em busca de soluções e

propostas mais éticas e verdadeiras, que valorizem, priorizem e respeitem mais os

seres humanos, que facilitem a nossa vida, que valorizem a nossa capacidade de

aprendizagem e de relacionamento. Nesse sentido, é fundamental procurar novos

formatos, mais autênticos e menos hipócritas, de situações que possibilitem e

valorizem a aprendizagem constante e ininterrupta.

2.3 Aspectos Positivos e Negativos da Gestão do Capital Intelectual

Diante da velocidade do mundo atual em que vivemos, observamos que o

conhecimento está disponível a todo instante, a um clique de nossas mãos.

Somos bombardeados pelas mais variadas informações o tempo todo. Entretanto,

todo esse furor, por vezes, nos afasta do foco principal. Percebe-se que o nível de

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profundidade acerca de determinado tema pode deter-se apenas na

superficialidade. A leitura dinâmica nos priva dos detalhes e nos distancia da real

compreensão dos fatos.

No passado, o acesso à informação era mais restrito, porém o

conhecimento do contexto, o entendimento do conteúdo e a visão mais

aprofundada dos assuntos eram maiores. Houve tempos em que a informação era

considerada moeda corrente. A pessoa bem informada obtinha vantagens

competitivas e dava saltos à frente dos menos privilegiados. Isso não mudou, mas

a competitividade sim, pois esta se tornou mais imperiosa. Hoje, o acesso à

informação não é mais privilégio de poucos, mas continua sendo valioso. Por isso,

o grande segredo é saber gerenciar dados estratégicos para poder utilizá-los da

melhor forma possível.

Desta forma, cada vez mais, a gestão da informação e do conhecimento

transforma-se em um recurso valioso para as empresas. Por isso, deve-se

priorizar a criação e a implementação de processos que organizem e sistematizem

a capacidade da companhia de capturar, armazenar, gerar, criar, analisar, traduzir,

compartilhar e fornecer a informação exata de maneira rápida e precisa. Estes

mecanismos e processos devem ser elaborados para assegurar que a empresa

maximize o valor de um dos mais importantes recursos competitivos nos dias de

hoje – o conhecimento, que é um bem intangível que precisa ser mais bem

administrado e melhor aproveitado nas empresas.

Mapear as competências essenciais e individuais da organização torna-se

vital para garantir a sobrevivência destas. E, a partir desses dados, a empresa

poderá realmente conhecer seu potencial humano, investir nele e retê-lo.

Para desenvolver competências, em alguns casos pode-se formatar um

programa, em outros formar pequenos grupos para trabalhar nesse

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desenvolvimento de uma forma muito mais emergente e informal. Assim, o

processo de gestão de competências não se transforma necessariamente em

programas de capacitação, porém há sempre um processo de aprendizado nele. A

empresa tem de verificar se o conhecimento necessário se encontra dentro dela,

às vezes, escondido, ou aplicado apenas em um setor, não compartilhado, ou se

vai ter de buscá-lo no mercado.

A valorização do capital intelectual interno dos funcionários e a gestão dele

podem efetivamente reter colaboradores em determinada organização, visto que o

sentimento gerado é de valorização de seu trabalho e investimento em sua

carreira. Esse é um ponto extremamente positivo para empresas que desejam

projetar-se e permanecer no mercado. Contudo, quando as estratégias

empresariais adotadas não conseguem seguir por uma linha bem delineada e

consistente, o oposto certamente permeará o cenário. Ou seja, o funcionário pode

sentir-se desvalorizado, subutilizado ou simplesmente desmotivado. Esses

sentimentos inevitavelmente trarão improdutividade ou mesmo o fim de contrato

empregatício.

Alguns sintomas de má gestão do conhecimento são facilmente

identificados nas organizações. Seguem alguns exemplos destacados para

ilustrar:

• A empresa repete erros.

• Existem trabalhos duplicados.

• As relações com clientes são conduzidas com dificuldade.

• As boas ideias não são partilhadas.

• A empresa compete em preço, mas não consegue acompanhar os

líderes de mercado.

• Existe dependência em indivíduos chave.

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• A empresa é lenta para lançar novos produtos e não sabe indicar preço

de serviços.

• As decisões e estratégias não são bem compartilhadas.

Com a ilustração destes exemplos, fica difícil crer que uma empresa

consiga permanecer no mercado com tamanha má gestão e, sobretudo; manter

inteligência competitiva suficiente para gerar resultados.

Não são raras as empresas que temem enveredar na gestão do

conhecimento, investido em educação corporativa. A impressão inicial que elas

têm é de que investirão nos funcionários, os capacitarão, dando mesmo um up

grade na carreira deles e, inevitavelmente, os perderão para o mercado. Esse

pode ser um dos pontos negativos dessa gestão, pois os headhunters estão à

procura, justamente, deste capital intelectual. De fato, não existem garantias.

Entretanto, empresas que se conscientizam da importância da gestão do

conhecimento, adotam um sentimento mais voltado para a sustentabilidade e são

mais abnegadas desse sentimento egocêntrico. Percebem que se valorizam e

reconhecem de todas as formas seus talentos intermos, conseguem certa

fidelidade. É preciso fornecer a esses profissionais uma razão, um motivo, uma

causa para que permaneçam. Isso também é fortemente fomentado por desafios.

Algumas vezes os profissionais permanecem e sentem-se felizes; outras

vezes são capturados pelo mercado, visto que em muitas situações são caçados a

peso de ouro. Assim, outros funcionários virão, com novos talentos, magníficas

habilidades e vorazes por aprender mais. Um novo ciclo se inicia, mais oxigenado,

e o que importa realmente é a geração contínua do capital intelectual, que possa

contribuir para tornar cada vez mais competitiva a organização. Essa é a grande

missão da gestão do conhecimento organizacional.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO CORPORATIVA COMO IMPORTANTE

ESTRATÉGIA PARA A DIFUSÃO DO CONHECIMENTO

ORGANIZACIONAL

“A organização, situada em um ambiente

institucional, define sua estratégia e as

competências necessárias para implementá-la,

num processo de aprendizagem permanente. Não

existe ordem de precedência nesse processo, e

sim um círculo virtuoso, em que uma alimenta a

outra através do processo de aprendizagem.”

Maria Teresa Leme Fleury

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EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Educação Corporativa e as Mudanças no Mundo dos Negócios

No ambiente empresarial globalizado, altamente concorrido, as modernas

práticas de gestão e desenvolvimento profissionais são fatores decisivos na busca

da vantagem competitiva.

Diante desse cenário, o conceito de Educação Corporativa tornou-se foco e

“estas tendências definem o cenário para compreendermos as sete competências

básicas no ambiente de negócios identificadas pelas empresas” (Jeanne C.

Meister – 1999). Estas competências somam as qualificações, conhecimentos e

habilidades necessárias para superar o desempenho da concorrência e garantir a

empregabilidade. São elas:

• Aprender a aprender;

• Comunicação e colaboração;

• Raciocínio criativo e resolução de problemas;

• Conhecimento tecnológico;

• Conhecimento de negócios globais;

• Desenvolvimento de liderança;

• Autogerenciamento da carreira.

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“Nos dias de hoje, não se pode pensar que a conquista de um

diploma seja suficiente para a formação profissional. A evolução tecnológica

e as transformações ocorridas nos processos de produção, pela

necessidade de se alcançar maior competitividade, fazem com que os

saberes e as competências, na formação profissional, tornem-se,

rapidamente, obsoletos e exijam o desenvolvimento de uma formação

profissional permanente”.(Mundim – 2002)

Dessa forma, o grande desafio da Educação Corporativa está na

capacidade das empresas em avaliar continuamente as competências de seus

funcionários, frente a essas novas necessidades empresariais, para poder

oferecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento em tempo hábil e

preciso.

Como vivemos a era da informação, do conhecimento, o que se percebe é

que, na maior parte das vezes, as universidades não preenchem as necessidades

das grandes organizações; então, cada vez mais as empresas assumem

esse papel, ou seja, o de educar e preparar o funcionário, fornecendo os

conhecimentos necessários à constante atualização no mercado.

Vale destacar que, em função disso, as Universidades Corporativas

priorizam como foco “vincular desenvolvimento de pessoas com as estratégias do

negócio”(Marisa Eboli – 2003); além de ser fator de retenção de talentos na

empresa, uma vez que os atuais profissionais não mais estão preocupados com a

segurança de emprego, mas sim com a sua empregabilidade.

Segundo Marisa Éboli a Universidade Corporativa “deve ser encarada como

um estratégico guarda-chuva para todo o tipo de educação, para todos os

empregados e também para os consumidores, fornecedores e comunidade. Ela é,

sobretudo, um processo e uma mentalidade que permeiam toda a organização.

Sua missão consiste em formar e desenvolver os talentos na gestão dos negócios,

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promovendo a geração, assimilação, difusão e aplicação do conhecimento

organizacional, por meio de um processo de aprendizagem ativo e contínuo”.

Todo esse processo da educação corporativa - mesmo parecendo um tanto

óbvio de se dizer – é multidisciplinar. Ele envolve um grande número de

tecnologias e alternativas de organização. “A chave para atingir-se a excelência

nesse processo está na educação. E a educação não pode ser confundida com

treinamento” (Mundim – 2002). É importante reforçar que a educação formal já

não é mais suficiente para garantir as condições para o desenvolvimento de

produtos e de profissionais dentro da realidade específica de uma empresa. Para

isso deve-se fomentar e praticar sempre a educação corporativa.

3.1 Organizações que aprendem e contextualização com RH

Um conceito bastante claro e simples de organizações que aprendem foi

proposto por Garvin (1993), como o de “organizações capacitadas em criar,

adquirir e transferir conhecimentos e em modificar seus comportamentos para

refletir esses novos conhecimentos e insights”.

Entretanto, é grande a dificuldade de se operacionalizar esse conceito, pois

de acordo com Senge “o ser humano vem ao mundo motivado a aprender,

explorar e experimentar. Contudo, a maioria das instituições é orientada mais para

controlar do que para aprender, recompensando o desempenho das pessoas em

função da obediência a padrões estabelecidos e não por sua prática de aprender

(Fleury e Fleury – 1995)”.

O ambiente de trabalho é um cenário em que tudo muda constantemente,

então a função da educação não deveria ser ensinar, mas facilitar a mudança e a

aprendizagem. As empresas começam a entender que a maior vantagem

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competitiva vem de uma força de trabalho treinada, capaz de pensar criticamente,

tomar decisões, resolver problemas, trabalhar em equipe e, principalmente, criar

relacionamentos com os clientes.

O grande desafio está na capacidade das empresas para avaliar

continuamente as competências de seus funcionários, frente a essas

necessidades empresariais, para oferecer conscientemente oportunidades de

treinamento e desenvolvimento, em tempo hábil. E, como as universidades

formais não estão atendendo a esta demanda, as grandes organizações estão

assumindo esse papel, valorizando as potencialidades de seus funcionários e

priorizando as habilidades que necessitam ser aprimoradas.

Neste cenário, o RH tem importância essencial, pois uma vez definido o

perfil de cada cargo, diferenciando os variados níveis existentes, cada profissional

pode saber nitidamente o que é necessário conhecer, desenvolver, aprimorar e

executar para realizar seu trabalho.

Pessoas envolvem seleção, treinamento, alocação e gestão das equipes

que irão atuar com inteligência competitiva na instituição e todos estes pontos

remetem à atuação eficaz do RH, que precisa, além de tudo isso, buscar

estratégias para reter o talento aflorado das pessoas que acompanham as

constantes evoluções impostas pelo mundo corporativo.

Quando o RH atua de forma estratégica e tem a sua política de cargos bem

definida, as cartas são jogadas às claras. E numa empresa que adota a educação

corporativa como referencial, todos podem desenvolver as habilidades

necessárias para exercer sua função profissional, mesmo que não possuam a

experiência prática. Até porque os objetivos primordiais destas são agregar valor

às estratégias da empresa, disseminar valores e propósitos, aumentar a

qualificação humana e profissional, conquistar e manter profissionais

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comprometidos com os resultados da empresa, promover o conhecimento do

capital intelectual como diferencial competitivo e orientar programas internos rumo

à melhoria global.

As organizações que investem em Treinamento & Desenvolvimento no

Brasil vêm aumentando significativamente nos últimos anos e criando novas

perspectivas para a função de T&D. Muitas dessas empresas são de pequeno e

médio porte e representam uma postura inovadora nesses tempos em que

tamanho e faturamento já não são justificativas para os investimentos – ou a falta

deles – no treinamento e desenvolvimento das empresas. E isso, sem dúvida,

torna-se uma vantagem competitiva extremamente importante para a retenção dos

talentos da empresa, pois o funcionário vê-se em processo de crescimento e

aprofundamento intelectual.

3.2 Educação Corporativa e a Difusão do Conhecimento

“Conhecimento não se transfere, mas se constrói. Conhecimento é algo

pessoal, propriedade de quem o detém, e não pode ser transferido de uma

pessoa a outra por inteiro, com todas as características, sentimentos,

detalhes e significados.” (Mussak – 2003)

As informações sim podem e devem ser transferidas. E com base nelas,

outra pessoa poderá construir o próprio conhecimento. Quando um professor ou

instrutor ministra uma aula, está, na verdade, passando dados, informações e

conteúdos na expectativa de que os alunos utilizem essa matéria-prima com a

finalidade de construir, eles próprios, seu conhecimento.

Além de informações, temos dois outros elementos que são necessários

para a construção de conhecimento: a percepção do significado e a criação do elo

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afetivo. O significado é fundamental porque a mente humana tende a rejeitar

informações que não tenham utilidade. A criação do elo afetivo é vital, pois

aprendemos muito mais quando existe uma razão e aplicabilidade fundamental

para aquilo que, de fato, acreditamos e realizamos.

De posse dessas análises mais teóricas, seguimos para o conceito de

“difusão”. De acordo com o dicionário Aurélio, difusão “é ação de propagar,

disseminar ou espalhar”. Assim sendo, quando tratamos de difusão do

conhecimento, buscamos a disseminação de informações que possam ser

traduzidas, através das experiências, expectativas, sentimentos e vivências de

cada indivíduo em conhecimento a ser compartilhado com outros seres cujos

espaços podem ser afins ou não, assim como o ambiente de trabalho ou vida

social.

Difusão do Conhecimento. Este tópico tem aparecido como fundamental na

economia do conhecimento. A grande maioria das organizações consegue gerar

informações e apenas algumas chegam ao nível do conhecimento. O

conhecimento é a junção da informação relevante com a ação. As organizações

que já se estruturaram para trabalhar o recurso conhecimento encontram como

grande desafio, a gestão deste. Dentre os desafios que se apresentam nas mais

variadas empresas, está a difusão ou disseminação ou mesmo o

compartilhamento do conhecimento. As organizações descobriram que criar

conhecimento é apenas uma etapa deste processo. Entretanto, muitas geram

conhecimento; contudo, não sabem como fazer para que este conhecimento seja

difundido e alcance as pessoas certas nos momentos corretos.

Neste sentido, a liderança das empresas passa a ter um papel fundamental

na disseminação do conhecimento. Não se pode esquecer que, o conhecimento

quando compartilhado, enriquece a pessoa que já o domina com novas facetas,

aumentando seu papel como referencial e fortalece a organização que pode

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reutilizá-lo, sem necessariamente, ter que redescobrir a roda. Muitas vezes,

precisa-se apenas de uma lapidação ou contextualização.

Imagine a área de uma empresa onde o conhecimento é proveniente única

e exclusivamente da mente de seu gestor. Digamos que este colaborador deixe a

companhia. É fácil deduzir que um certo caos se instalará na área. Onde estarão

os processos, os registros, as normas e procedimentos? Se levarmos em

consideração que vivemos em uma economia baseada na informação e o sucesso

das corporações depende muito da capacidade de gestão do conhecimento e da

manutenção da inteligência organizacional, é essencial que as empresas busquem

a criação de um mecanismo para gerenciar este conhecimento organizacional.

Hoje se acredita que boa parte do conhecimento construído, muitas

vezes através de compartilhamento de experiências e troca de ideias com

profissionais técnicos possa ser compartilhada, ou seja, difundida. E isso é muito

desejável, pois sabe-se que o volume de conhecimento deles não é pequeno.

Desperdiçar conteúdo da cabeça de um técnico de produção industrial, por

exemplo, que se aposenta com 35 anos de atividade na área, é o mesmo que

queimar uma biblioteca inteira. Tudo isso precisa ser considerado e, sobretudo,

bem aproveitado nas organizações.

É importante destacar que o “treinamento capacita o profissional; a

educação desenvolve a pessoa. Essa diferença pode parecer sutil, mas é imensa,

e o sucesso ou o fracasso de um investimento em educação corporativa reside na

percepção da aplicação adequada dos procedimentos educacionais, como

materiais, capacitadores, motivações, conteúdos e principalmente bases

conceituais. É fundamental entender que a responsabilidade pelo desenvolvimento

humano na idade adulta, cabe, acima de tudo, ao próprio indivíduo. A missão da

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empresa não é desenvolver pessoas, e sim fornecer meios para que as pessoas

se desenvolvam”.(Eugênio Mussak – 2003).

É com base nessa premissa que a educação corporativa pode ser bem

reconhecida como importante ferramenta de difusão do conhecimento

organizacional, pois, uma vez que a empresa dispõe de profissionais

competentes, motivados, ávidos por aprender sempre mais e dispostos a

compartilhar o que sabem, pode-se fomentar a ininterrupta chama do constante

aprendizado organizacional. E esse capital intelectual é o que fará uma empresa

se destacar no mercado em que vivemos hoje.

3.3 Case Unimed-Rio

O Sistema Unimed surgiu da visão de um grupo de 27 médicos e de seu

desejo de contribuir para o crescimento da medicina em um momento de grandes

transformações sócio-econômicas. No fim dos anos 60, com a unificação do

sistema de previdência pelo governo, caiu o padrão de atendimento da medicina

pública. Expandiram-se então as empresas de medicina de grupo e as

seguradoras, porém a remuneração proposta por elas era sofrível. Nesse

contexto, ganhou forma o cooperativismo médico, como forma de eliminar a

intermediação comercial na prestação de serviços médicos de qualidade. A

primeira Unimed foi fundada em Santos (SP), em 1967 e, hoje, após quarenta

anos, a Unimed reune mais de 106 mil médicos cooperados, cobrindo quase 80%

do território nacional.

No Rio de Janeiro, a liderança do movimento coube à Sociedade de

Medicina e Cirurgia e ao Conselho Regional de Medicina, que criaram a Comeg -

Cooperativa de Serviços Médicos e Hospitalares do Estado da Guanabara, que

viria a chamar-se Unimed-Rio, após a extinção do Estado da Guanabara. Quando

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os 27 médicos assinaram a ata de fundação em 1971, não suspeitavam estar

dando o primeiro passo de uma longa trajetória de sucesso. O cooperativismo

atraiu a simpatia dos médicos brasileiros e, a partir de então, não parou de

crescer.

A Unimed-Rio é hoje uma organização com mais de 1.700 funcionários,

atuando com base na medicina humana e ética e com grande preocupação com

seus processos. Tem destacada participação em ações de responsabilidade social

na capital carioca e é a maior cooperativa do Sistema Unimed em termos de

faturamento. Nos últimos anos, recebeu alguns dos principais reconhecimentos do

país por sua gestão econômico-financeira, além de estar presente nas listas de

melhores empresas para se trabalhar em todo o Brasil.

A Unimed-Rio aposta na valorização do trabalho médico e de seus

colaboradores como ponto de partida para o estabelecimento de um ciclo virtuoso

em que ganham os cooperados, colaboradores, clientes, parceiros estratégicos e

toda a sociedade. Promover a Saúde e qualidade de vida torna-se a base de sua

atuação. E baseado neste valor promove de maneira bem assertiva a gestão do

seu conhecimento organizacional. Na verdade, pode-se inclusive dizer que se

trata da essência que já traz consigo do sistema cooperativista – a habilidade de

compartilhar.

A Gestão do Conhecimento é algo tão importante para o sistema que existe

uma fundação específica – a Fundação Unimed – especializada na capacitação e

qualificação de pessoas. A Fundação Unimed forma talentos para o próprio

negócio com a consciência de que tão importante quanto gerar emprego e

riqueza, é construir uma sociedade mais justa e igualitária. Sua razão de ser é

promover o desenvolvimento das cooperativas a partir de ações educacionais e do

compartilhamento das melhores práticas de gestão, de forma a auxiliá-las no

desenvolvimento de novas habilidades e capacidades para uma atuação mais

dinâmica, contribuindo para o fortalecimento de todo o sistema cooperativo.

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É uma instituição sem fins lucrativos, criada em 1995, que possui atuação nacional

e faz parte do maior sistema cooperativista de trabalho médico do mundo.

É assim que a Fundação Unimed atua, transformando o conhecimento em

desenvolvimento contínuo, compartilhando a experiência corporativa.

Entretanto, vale destacar que, embora o sistema disponha de uma

fundação específica voltada para a gestão do conhecimento, todas as demais

Unimed’s que compõem o sistema (singulares com total independência e atuação

comercial) também atuam focadas na gestão do capital intelectual que possuem.

A presente monografia focará especificamente uma singular do sistema, a

Unimed-Rio, que hoje desvinculada de Recursos Humanos, possui uma Área de

Desenvolvimento Organizacional focada especificamente em seleção, formação e

desenvolvimento de profissionais, cujo capital intelectual é fonte de difusão do

conhecimento e a torna uma empresa competitiva no mercado carioca.

A Unimed-Rio entende que o sucesso de uma organização depende

essencialmente de uma dinâmica de qualidade que tem origem em seu ambiente

interno. Colaboradores são encarados, do ponto de vista estratégico, como peças

fundamentais no relacionamento e no atendimento a todos os demais

stakeholders – sendo, portanto, a representação imediata e concreta da empresa

em nosso meio social.

Em um ambiente que estimula o viver bem, o público interno pode

desempenhar seu potencial técnico e criativo para o alcance das metas e

resultados. Esse é o compromisso da cooperativa: Valorizar o trabalho como

ponto de partida para o estabelecimento de um ciclo virtuoso em que ganham os

cooperados, colaboradores, clientes, parceiros estratégicos e todos os cariocas.

A Unimed-Rio acredita tanto na educação corporativa, como fundamental

estratégia para a difusão do conhecimento, que prevê em normativa interna

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regras específicas para todo colaborador que venha a realizar qualquer curso

técnico ou comportamental fora da organização. Essa normativa vai ao encontro

do que alguns estudiosos chamam de internalização de conhecimento. Ou seja,

compartilhar com outros o conhecimento adquirido em treinamentos externos.

Quando o colaborador realiza algum treinamento externo, passa a ser um

referencial sobre o assunto dentro da organização. Acredita-se que quanto mais

se consegue difundir o conhecimento, mais gestão do capital intelectual é

realizada pela cooperativa. Além disso, a Unimed Rio tem algumas ferramentas

sistêmicas que trabalham no conceito da difusão do conhecimento, tais como a

atual intranet, através da biblioteca virtual, o DNA (ferramenta sistêmica de

consulta a dados de sistema de saúde e as leias que o regem); além da dinâmica

de compartilhar quaisquer informações estratégicas em reuniões com as

lideranças e tantas outras formas de difusão de conhecimento.

Paralelamente, á área de Desenvolvimento Organizacional prevê um vasto

pacote de treinamentos voltados exclusivamente para a capacitação, atualização

e desenvolvimento de seu capital intelectual. Calcada em três principais pilares, a

área define seu escopo de atuação:

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Vejamos alguns de seus principais programas:

• MBA em Gestão em Saúde (Parceria com a Fundação Getúlio Vargas)

O curso é específico para os gestores da cooperativa e potenciais talentos.

O curso é totalmente custeado pela Unimed-Rio e focado na realidade de sistema

de saúde. A carga horária total 376 horas/aula presenciais. A certificação é emitida

pela instituição conceituada FGV.

Vale destacar que o conteúdo e a análise das disciplinas e a escolha dos

professores é feita de forma customizada e conjunta entre a Coordenação da , a

Superintendência de Relacionamento e Gerência responsável da Unimed-Rio.

• Fórum do Conhecimento

Programa bimestral aberto a todos os colaboradores. Trata-se de uma

palestra interativa, com carga horária média de 2 horas, sobre temas atuais e

variados sempre ministrado por um palestrante externo ou alto executivo da

cooperativa. Faz-se também, no mesmo formato fóruns médicos nos quais são

discutidos temas específicos e de relevância nacional destinado aos médicos da

cooperativa.

• PDGS (Programa de Desenvolvimento dos Gestores em Saúde)

O PDGS é um programa de treinamento criado pela Unimed-Rio com foco

na formação de gestores para a cooperativa. O curso está em sua quarta edição e

tem como grande novidade a formação de parceria com a Fundação Unimed, se

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tornando uma pós-graduação LATU SENSU chancelada pela Universidade Gama

Filho.

A grade curricular atual do curso é composta por 373 horas/aulas, com

módulos comportamentais, de gestão e técnicos, além da realização de

Workshops com Superintendentes da Unimed-Rio e apresentação de diversas

áreas, num módulo chamado “Conhecendo a Cooperativa”.

O grupo de instrutores do curso é formado por consultores de escolas

renomadas no Rio de Janeiro e executivos da Unimed-Rio com bagagem

acadêmica (mestrado, especializações, MBAs).

Ao final do curso, os alunos apresentam uma monografia focada em algum

tema que possa ser implementado na cooperativa, é avaliado por uma junta

avaliadora, fomentando, dessa forma, a prática de boas ideias.

• PDGI – Programa de Desenvolvimento de Gestores de Intercâmbio

Programa com foco técnico que teve uma turma exclusiva para gestores,

outra para técnicos e por fim para médicos que lidam exclusivamente com o

intercâmbio, particularidade específica do sistema Unimed, que prevê a

interrelação entre todas as Unimed’s, preservando os custos e clientes de cada

singular.

• Encontro de Lideranças

Desenvolvido pela Superintendente de Relacionamento, estes encontros

são direcionados aos gestores da cooperativa de forma geral. Os temas em geral

versam sobre melhores práticas de gestão e temas da atualidade.

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Uma inovação deste ano foi o investimento em programas de certificações

técnicas, focando as particularidades de cada área que compõem a cooperativa e

as principais competências que os colaboradores que nela atuam devem

aprimorar e/ou desenvolver. Assim sendo, a equipe de T&D da Unimed-Rio,

através de parcerias com diversas instituições e consultores específicos

mergulhou no universo específico de 5 grandes áreas e criou programas de

certificação específica. Vejamos:

• PDA – Programa de Desenvolvimento em Atendimento

O foco específico deste programa é capacitar e atualizar todos os

profissionais que lidam diretamente com atendimento a clientes.

• PDF – Programa de Desenvolvimento em Finanças

Aqui o foco é específico para as áreas que compõem a

superintendência de Finanças Corporativas da cooperativa.

• PDTI – Programa de Desenvolvimento em Tecnologia da

Informação

O foco deste programa é específico para os profissionais que atuam com

infraestrutura e sistemas, áreas que compõem a TI da Unimed-Rio

• PDSI – Programa de Desenvolvimento em Saúde Integral

Este programa é focado nas diversas áreas médicas que compõem a

gestão da Unimed-Rio, com o fundamental intuito de redução dos custos

médicos.

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• PDC – Programa de Desenvolvimento Comercial

Entendendo que as áreas comerciais que compõem a cooperativa

são nevrálgicas e seus profissionais devem estar 100% motivados e a todo

vapor para gerar vendas e inclusão de novos clientes, foi criado um

programa específico para esse público.

Todos estes programas fazem parte de uma estratégia de educação

corporativa. Acredita-se que somente o desenvolvimento contínuo de

colaboradores poderá fazer com que a empresa continue crescendo cada

vez mais e sendo considerada uma das 25 melhores empresas para se

trabalhar no Rio de Janeiro. Essa é a verdadeira essência da gestão do

capital intelectual, pois quanto mais capacitados estão seus colaboradores,

mais a empresa cresce e aparece no mercado.

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CONCLUSÃO

Evolução é a palavra de ordem na atualidade. Para que as empresas

consigam resultados satisfatórios é preciso, antes de tudo, desmobilizar os velhos

hábitos, quebrar os paradigmas e construir uma nova base cultural,

comprometendo todos os funcionários no processo.

A crença de que as competências formam a base da vantagem competitiva

de uma empresa, reforça a necessidade de intensificar o desenvolvimento dos

funcionários e justifica, portanto, a existência de uma Educação Corporativa.

A Educação Corporativa, que cresceu aos poucos nas últimas décadas, fez

surgir a idéia de universidades corporativas, conjunto de cursos de formação nos

mais variados assuntos de interesse organizacional, incluindo, muitas vezes, como

embasamento, as pesquisas desenvolvidas pela própria empresa ou em parcerias

com as universidades. Assim, as modernas práticas de gestão e de

desenvolvimento profissional, bem como a inserção de todos nos avanços

tecnológicos são fatores imperativos na organização de variados cursos dentro

das instituições.

Isso foi fortemente destacado e observado no case trabalhado nesta

monografia, o case Unimed-Rio que investe em contínuas certificações, algumas

internas e outras chanceladas por instituições de renome no mercado.

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A Universidade Corporativa é uma instituição voltada ao conhecimento e

educação, com o objetivo de desenvolver a excelência humana e profissional,

criando valor em soluções educacionais tendo como meta a melhoria de

desempenho organizacional e o aumento da competitividade.

Para valorizar cada vez mais o potencial humano e profissional de seus

funcionários, as empresas investem em Educação Corporativa para capacitar

cada vez mais seus colaboradores à sua própria realidade, adequando-os às

necessidades e exigências de sua área de atuação, através de programas de

treinamentos contínuos e gradativos.

Dessa forma, o RH deve agir de forma estratégica para atrair, reter, treinar

e desenvolver as pessoas que atuam na organização, viabilizando o uso

organizado do trabalho, valorizando a dedicação, o talento e a criatividade dos

profissionais que nela atuam.

É fácil perceber quão estratégico se tornou o papel de T&D, encarregado de

manter atualizados todos os quadros da empresa, desde a cúpula até a base, para

enfrentar novas tecnologias que são extremamente rápidas na sua alteração. Há

constantemente novos softwares, novos processos, inovações permanentes,

novas relações de trabalho e de poder que se construíram a partir disso. Na

verdade, não se trata mais de treinar profissionais, mas de desenvolvê-los e

educá-los no sentido forte da expressão.

Criar um clima de confiança é um dos elementos fundamentais para

compartilhar conhecimento. Em empresas que estimulam acirrada concorrência

interna, teremos mais dificuldades em desenvolver processos de Gestão do

Conhecimento. Esse clima de confiança é reforçado quando podemos aferir as

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contribuições do processo de gestão do conhecimento e constatar o ganho tanto

da empresa como dos seus colaboradores.

É fato, inclusive já mencionado algumas vezes nesta monografia, vivemos

uma época de constantes mudanças. A velocidade, se não é decisiva na

concretização de negócios, é um elemento a ser considerado em qualquer projeto

que se deseja implementar.

Outro ponto extremante importante é que tudo gira em torno da “pessoa”.

Gente faz toda a diferença em qualquer processo. Sobretudo, para a gestão do

conhecimento e, consequentemente, para a competitividade de uma empresa.

Somente com o talento das pessoas podemos gerar um ciclo virtuoso no qual,

através da difusão do conhecimento, podemos nortear todo o capital intelectual de

uma empresa visando a geração de uma verdadeira vantagem competitiva

sustentável.

Por fim, resta apenas reforçar que a Educação Corporativa é uma

importante estratégia para a difusão do conhecimento organizacional e este é um

caminho sem volta para as empresas que desejam se manter competitivas no

mercado, pois o sucesso só chega para aqueles que investem e atualizam seu

capital intelectual constantemente.

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BIBLIOGRAFIA

BOOG, Gustavo G. : Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo:

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E CULTURA ORGANIZACIONAL 10

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 11

1.1 – A Educação no Brasil 12

1.2 - Cultura Organizacional 14

CAPÍTULO II

A GESTÃO DO CONHECIMENTO 15

GESTÃO DO CONHECIMENTO 16

2.1– Gestão do Conhecimento - Conceito 18

2.2 – Capital Intelectual, o que isso significa? 19

2.3 – Inteligência Competitiva 20

2.4 – Aspectos Positivos e Negativos da Gestão do Capital Intelectual 21

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO CORPORATIVA COMO IMPORTANTE ESTRATÉGIA PARA A

DIFUSÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL 24

EDUCAÇÃO CORPORATIVA E AS MUDANÇAS NO MUNDO DOS NEGÓCIOS 25

3.1 – Organizações que aprendem e contextualização com RH 27

3.2 – Educação Corporativa e a Difusão do Conhecimento 28

3.3 – Case Unimed-Rio 30

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 39

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UCAM – Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Educação Corporativa – Importante estratégia para a Difusão do

Conhecimento Organizacional

Autor: Adriana da Costa Siqueira Marcos

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final:

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