Movimentos526 de abril de 2015 - 8h36Educao e a PL 4330: Escravido j existeO projeto da terceirizao s vai regulamentar e consolidar precarizao do trabalho nas escolas pblicas e privadas do Estado do Rio. As humilhaes, a insegurana e a falta de regularidade no trabalho vo se intensificar, prejudicando ainda mais o cambaleante Sistema Educacional.

Por Marcelo Gomes Soares*, especial para oVermelho

CTBPaulo Freire disse que no no silncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ao reflexo, e tambm disse que se a educao sozinha no pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda, a educao um processo que vai muito mais alm dos livros didticos, a educao se constri no dia dia, no conjunto das relaes, aceitar a terceirizaes dizer para a sociedade que a escravido, a servido e a explorao algo correto, dizer que justo ter um cidado de primeira e de segunda classe.

J existe todo um desconforto nas escolas quando a gente v um colega sendo discriminado pelo fato de no ser efetivo ou no caso do servio pblico de no ser concursado, este clima, apesar de ser algo subjetivo, cria problemas no dia dia da escola, esta diferenciao, que infelizmente no trabalhada junto aos alunos como forma de explicar a explorao do homem pelo homem, por falta de preparo ou mesmo por questo ideolgica, vem aguando os problemas sociais, num ambiente uniformizado para castrar o livre pensamento e de demonstrao de uma falsa igualdade.

A terceirizao, primeiro chegou nos corredores e nas cozinhas das escolas com auxiliares de servios gerais, depois chegou nas secretarias e administrao escolar e j, tambm chegou, nas salas de aula. O problema da PL4330, que vai acontecer nas salas de aula o que j acontece nos corredores e no administrativo a exceo vai virar regra, ou seja, o fim das efetivaes e dos concursos pblicos, isso vai acontecer em todos os setores da economia, mas no caso da educao fica as perguntas. Que tipo de educao vamos ter? Quais sero as referncias sociais que nossos jovens tero?

Como podemos ver o problema muito maior que uma jornada de trabalho mais justa, o benefcio da estabilidade no emprego, a questo das demisses em massa que ocorrero em todos os setores e que j sero grandes problemas. Mas o que estar em jogo que tipo de futuro teremos? Como se dar a organizao dos trabalhadores? E a resistncia ao modo de vida capitalista? E a formao social e intelectual dos nossos jovens que rumo dar?

O ambiente escolar ser marcado por acidentes de trabalho leves em relao a outras categorias, mas o mais prejudicial no processo educativo vai ser a intensificao do assdio moral que j grande e certamente vai extrapolar, j um instrumento de controle intensamente usado.

Mais do que nunca a luta contra a terceirizao, por concursos pblicos se faz, mais do que nunca necessrio, no por uma questo ideolgica, mas por uma questo de sobrevivncia. Se faz necessrio, unidade na luta, no h espao para mesquinharias e questes menores no movimento sindical e social, mesmo nos partido de esquerda, considero que os educadores por sua formao e pela natureza do seu trabalho devem estar na vanguarda deste movimento.

*Marcelo Gomes Soares licenciado em Pedagogia pela UNIRIO, diretor da CTB/RJ, Secretrio de Organizao e Formao Politica do PCdoB -DM Campos dos Goytacazes e professor da rede pblica municipal de Campos dos Goytacazes/RJ.