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Trabalho monográfico acerca do tema.
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5/8/2018 EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA EDNO GONÇALVES SIQUEIRA; SIMONE REZENDE MANHÃES - slidepdf.com
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO R IO DE JANEIRO
Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCHSPedagogia Para Os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental
PAIEF/UNIRIO/CEDERJPólo São Francisco de Itabapoana
EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA.
SIMONE REZENDE MANHÃES
SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA
2008
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SIMONE REZENDE MANHÃES
EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA.
Trabalho apresentado ao curso de Pedagogia Para Os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental
PAIEF/UNIRIO/CEDERJ, Projeto Monográfico em Educação Inclusiva sob a orientação
do Prof. Ms. Edno Gonçalves Siqueira.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
programa de Graduação em Pedagogia Para Os Anos
Iniciais Do Ensino Fundamental - PAIEF/CEDERJ - da
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UNIRIO,como requisito parcial para obtenção do Grau de
Licenciado, na área de concentração em Educação e
Tecnologia.
Orientador: Prof. Ms. Edno Gonçalves Siqueira.
SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA
2008
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SIMONE REZENDE MANHÃES
EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em PedagogiaPara os Anos Iniciais Do Ensino Fundamental –PAIEF/CEDERJ – da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro – UNIRIO, como requisito parcial para obtenção do Grau deLicenciado, na área de concentração em Educação e Tecnologia.
Aprovado em ____ de ___________ de 2008.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
Prof. Ms. Edno Gonçalves Gonçalves Siqueira.Orientador
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“O respeito à autonomia e à dignidade de cadaum é um imperativo ético e não um favor quepodemos ou não conceder uns aos outros. (...) Énesse sentido também que a dialogicidadeverdadeira, em que os sujeitos dialógicosaprendem e crescem na diferença, sobretudo,no respeito a ela, é a forma de estar sendocoerentemente exigida por seres que,inacabados, assumindo-se como tais, se tornam
radicalmente éticos”.
(Paulo freire)
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AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus que me deu a vida, iluminou meupensamento, me deu forças para buscar
conhecimentos e acreditar que seria capaz dealcançar este objetivo.
Ao meu Orientador Edno Siqueira, que não mediuesforços para me orientar, esteve sempre àdisposição nos momentos de dúvidas, procurandosempre nos orientar da melhor maneira possível.
Ao meu esposo Fábio dos Santos, agradeço pelocarinho, compreensão e incentivo ao longo destacaminhada.
A minha mãe e meu Irmão agradeço pelo incentivo econfiança que tiveram no decorrer deste trabalho.
A todas as colegas da faculdade, em especial: Ariane,Kétilla, Rosemere e Rita. Também a duas amigas: Rosaneda Conceição e a tutora Tatiana Lima, obrigada peloapoio amizade e incentivo.
Aos professores, do CEDERJ/UNIRIO e a todos quedireta ou indiretamente contribuíram para arealização deste curso nos motivando, respeitando e
nos orientando.
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Mensagem aos colegas:
“O importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,é também criar laços deamizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se amarrar nela.”(Paulo freire)
Mensagem a todos aqueles que amamos: esposo, mãe e irmão.“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com queacontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis."(Fernando Pessoa)
Mensagem aos nossos professores, do CEDERJ/UNIRIO, aonosso Orientador Edno Siqueira e a todos que direta ou indiretamente contribuíram
para o nosso desenvolvimento e conhecimento pessoal:
“Se agora falamos em educar as pessoas como o mundo precisa, devemos compreender queesse processo, necessariamente, não será uma educação para o conformismo, mas á
liberdade e autonomia, pois somente baseado em indivíduos verdadeiros poderá existir umverdadeiro ‘mundo.”( Cláudio Naranjo)
Muito obrigada por todo incentivo, respeito e carinho no decorrer deste curso...
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RESUMO
Mais do que nunca se faz necessário introduzir as novas tecnologias na educação, mas
para isso é preciso está integrando acompanhamento pedagógico as novas tecnologias na
educação, com o propósito de desenvolver um dialogo entre o homem e a máquina, permitindo a sua integração no processo de ensino-aprendizagem. Pois hoje o computador,
já se tornou um objeto de uso pessoal, daí percebemos a importância dele está inserido no
cotidiano das escolas, como auxilio no processo de ensino.
Também já podemos considerar a informática como um instrumento para a conquista
da cidadania, mas para que ocorra de fato a cidadania é preciso que todos tenham
consciência do que representa seu papel na sociedade e como a informática e a
comunicação contribuem para que seja realmente inserida de modo democrático no meio
social.
Segundo (Arruda, 2004, p.127) “A grande decisão não é falar se o computador entra
ou não na escola, mais sim como ele entra, como se ensina e como o professor trabalha com
ele”.
Hoje já não é mais suficiente ao falar de inclusão digital, pensar nos telecentros, pois o
computador deve estar inserido no cotidiano escolar das comunidades, seja elas de baixa ou
de renda alta. Tornando os alunos realmente incluídos no uso das novas tecnologias com
propósito de melhor desenvolvimento no aprendizado tornando-se autônomos e
construtores de seu próprio conhecimento.
Com este trabalho temos a oportunidade de observar que não adianta colocarmos a
máquina na frente dos alunos, antes é necessário que haja um preparo do professor para
enfrentar o desafio de utilizar o computador com um cuidado especial no planejamento
global do curso, na escolha do material didático, e nas propostas de objetivos a serem
alcançados. Com isso podemos pensar em uma nova forma de propor os conteúdos aos
nossos alunos, tendo oportunidade de estarmos a cada dia avaliando-os, deixando de ladoos dias e horas marcadas das avaliações, tornando o ensino mais agradável e proveitoso.
Palavras-chave: tecnologia, computador, cidadania, papel do professor.
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SUMÁRIO
CAPITULO1O conceito de Sociedade Tecnológica e suas implicações históricas. 09 1.1. Tecnologia, Sociedade e História. 09 1.2. O conceito de Cibercultura e a sociedade tecnológica. 13 1.3. O Conceito de Sociedade Tecnológica. 15 1.4. Os impactos da sociedade tecnológica na educação. 19
CAPITULO 2Possibilidades da Aprendizagem a partir de uma Prática Docente mediada pelasNovas Tecnologias. 24
CAPITULO 3As NTICs na Educação: um novo paradigma para a construção do conhecimento. 30
CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 38
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Capítulo 1O conceito de Sociedade Tecnológica e suas implicações históricas.
1.1. Tecnologia, Sociedade e História.
Para Paul Virilio, a era da informática representa algo perigoso, uma vez que nos
remete à perda da noção da realidade, quebrando distâncias e territorialidades e ainda
proporcionando uma quantidade imensa de informações de um modo nunca presenciado
antes na história humana1. Através desta perspectiva, somos levados a refletir sobre os
aspectos negativos das conseqüências da inserção dos meios de comunicação de massa deforma tão determinante na vida comum. Ressaltamos sua crítica quando relaciona a internet
com a história e a cultura norte-americana, caracterizada por uma imposição ao mundo, um
controle hegemônico, bem representado pela metáfora do “big brother”, da obra 1984 de
George Orwell:
Nele é retratada uma sociedade onde o Estado é onipresente, com a capacidadede alterar a história e o idioma, de oprimir e torturar o povo e de travar uma
guerra sem fim, com o objetivo de manter a sua estrutura inabalada. De fato,Mil Novecentos e Oitenta e Quatro é uma metáfora sobre o poder e associedades modernas. George Orwell escreveu-o animado de um sentido deurgência, para avisar os seus contemporâneos e as gerações futuras do perigoque corriam, e lutou desesperadamente contra a morte - sofria de tuberculose -
para poder acabá-lo. Ele foi um dos primeiros simpatizantes ocidentais daesquerda que percebeu para onde o stalinismo caminhava e é aí que ele vai
buscar a inspiração - lendo Mil Novecentos e Oitenta e Quatro percebe-se queo Grande Irmão é baseado na visão de Orwell sobre os totalitarismos devária índole que dominavam a Europa e Ásia na época. Stalin, também Hitler e Churchill foram algumas das figuras que inspiraram Orwell a escrever oromance. O estado controlava o pensamento dos cidadãos, entre muitos outrosmeios, pela manipulação da língua. Os especialistas do Ministério da Verdadecriaram a Novilíngua, uma língua ainda em construção, que quandoestivesse finalmente completa impediria a expressão de qualquer opiniãocontrária ao regime. Uma das mais curiosas palavras da Novilíngua é a palavraduplipensar que corresponde a um conceito segundo no qual é possível oindividuo conviver simultaneamente com duas crenças diametralmenteopostas e aceitar a ambas. Outra palavra da Novilíngua era Teletela, nomedado a um dispositivo através do qual o Estado vigiava cada cidadão. A
1 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Virilio; acesso em 04/05/08.
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Teletela era como que um televisor bidirecional, isto é, que permitia tantover quanto ser visto. No livro, Orwell expõe uma teoria da Guerra. Segundoele, o objectivo da guerra não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa. Oobjetivo da guerra é manter o poder das classes altas, limitando o acesso àeducação, à cultura e aos bens materiais das classes baixas. A guerra serve
para destruir os bens materiais produzidos pelos pobres e para impedir que
eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma ameaça aos poderosos.2
Outro aspecto a levar em consideração é seu alerta quanto ao empobrecimento
gerado pela concentração de dinheiro nas mãos de poucos e a automação que substitui o
homem em quase todas as áreas. Para nossa pesquisa é de suma importância refletir sobre a
tese central desenvolvida no livro Os Motores da História, onde Paul Virilio defende que:
(...) as inovações tecnológicas transformam, modificam, alteram o espaçogeográfico em todas as escalas (local, nacional e global). Ao escrever sobre osmotores da história, nos mostra como as inovações técnicas transformam asrelações entre os indivíduos com a natureza em todas as escalas. Os motores avapor, a explosão, o elétrico, o foguete e o da informática, contribuíram parauma “tecnicização do território”, tornando assim o espaço geográfico cada vezmais mecanizado com profundas alterações no modo de produzir, nas formasde circulação e de consumo do espaço. Podemos frisar que Paul Virilio dizque “O Homem sempre seguiu a lei do menor esforço”, sendo nítida esta tesede acordo com a evolução dos tempos, tal como facilitação da vida humana
através da adaptação dos meios comunicativos.3
Para este autor, a técnica, a tecnologia e a máquina representam um meio diferente
de perceber, conceber e de se relacionar com o mundo, modificando totalmente a relação
com o real, na medida em duplica a realidade através de uma outra realidade, que é uma
realidade imediata, funcionando em tempo real, sendo, porém, uma realidade virtual,
simulacro. Virilio ataca o que considera a maior deformação produzida pelas inovações
tecnológicas: a relação com o virtual, com o falso, o não real.
Para outro autor, Pierre Lévy, a internet é vista como algo universal e não totalitário,
já que não impõe aos usuários o que acessar. Foi uma tecnologia que se impôs em 10 anos,
2 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/1984_%28livro%29; acesso em 04/05/2008.3 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Virilio; acesso em 04/05/2008.
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comparando-se com a escrita que se consolidou em 1000 anos. Ele ainda afirma que quem
não tem acesso a internet está de certa forma excluído do mundo, assim como quem não
sabe escrever.
Outro autor considerado otimista em relação novas mídias é Nicholas Negroponte,
caracterizado por pensar sempre adiante do que vivemos e fala na possibilidade de
reproduzir máquinas com a mesma capacidade de aprendizado do homem, algo
extremamente futurista. Ele acredita que todo ser humano deve ter acesso à internet, já que
a mesma é uma fonte muito rica em pesquisas.
O autor parece não perceber que há uma profunda relação de continuidade entre o
domínio do fogo, a invenção da lâmpada e o advento da televisão e do computador. Desdeos primórdios o homem sempre procurou se libertar das limitações impostas pela natureza.
Apartar-se da natureza é um movimento que acompanha a própria construção da
humanidade e um índice das formas de sociabilidade. Foi criando um falso-dia através de
fogueiras noturnas e afastando-se da luz do dia no fundo de uma caverna que nossos
ancestrais se tornaram humanos. O falso-dia eletrônico, apontado por P. Virilio, é, portanto,
uma continuação do desenvolvimento da tecnologia e também, uma forma de manifestação
de humanidade. Desde que dominou o fogo o homem mudou profundamente sua relaçãocom a natureza. Todas as inovações técnicas subseqüentes, como a metalurgia, a construção
de motores, de geradores de energia elétrica, a invenção da TV e do computador dependem
necessariamente do primeiro grande salto em direção à civilização. Se não tivesse
dominado o fogo na aurora dos tempos, o homem não fundiria e moldaria os materiais
resistentes que possibilitaram as outras inovações tecnológicas. Pode-se objetar que o
contato homem/máquina é diferente do que existe entre homem/homem. Contudo, podemos
considerar que o contato homem/máquina é apenas uma outra forma de representar o
contato homem/homem que construiu, programou e comunicou através da máquina.
A estruturação do “humano” parece estar em relação de íntima dependência com as
modificações de sua relação com o tempo e o espaço, sobremodo através da técnica e, mais
especificamente, da tecnologia de nossos dias, na dita era digital. Contudo, além de
defender que a era digital instaura um novo tipo de unidade perceptiva, Virilio acredita que
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ela distancia o sensível do inteligível: "Uma vez que uma tal profusão de dados só pode ser
analisada pela informática, a separação entre o sensível e o inteligível aumenta cada vez
mais." Uma das principais objeções de Virilio a era digital é que ela reduz o espaço
humano à tela do computador e, por conseqüência, redimensiona a mobilidade das pessoas.
Não se trata do modo de movimentação, senão um alerta sobre o modo como
representamos nosso próprio corpo, dada a nova forma de sensibilidade que a tecnologia
instaura4.
Para Paul a televisão e a tela do computador substituíram, respectivamente, as
janelas e as portas das casas. Afinal, as informações entram através da TV e o indivíduo sai
de casa surfando na rede. A tecnologia parece então ser capaz de redimensionar o modo
como nos relacionamos com o mundo físico, dando ao homem a possibilidade de libertá-lo
de certas limitações. Há milhares de anos estamos habituados à escrita e aos efeitos virtuaisque ela produz. Já nos acostumamos tanto a ela que a consideramos "natural". Embora ela
seja uma construção humana; não natural, mas, cultural. A era digital começou há algumas
décadas. É "natural" que provoque algum estranhamento. Mas ele logo passará assim como
ocorreu no passado quando da invenção de outras técnicas que revolucionaram as
comunicações, como nos informa P. Lévy:
Os primeiros computadores (calculadoras programáveis capazes de armazenar os programas) surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945. Por muito tempo reservado aos militares para cálculos científicos, seu uso civildisseminou-se durante os anos 60. Já nessa época era previsível que odesempenho do hardware aumentaria constantemente. Mais que haveria ummovimento geral que da virtualização da informação e da comunicação,afetando profundamente os dados elementares da vida social, ninguém, comexceção de alguns visionários, poderia prever naquele momento. Oscomputadores ainda eram grandes máquinas de calcular, frágeis, isoladas emsalas refrigeradas, que cientistas em uniformes brancos alimentavam comcartões perfurados e que de tempos em tempos cuspiam linguagens ilegíveis.A informática servia aos cálculos científicos, as estatísticas dos estados e dasgrandes empresas ou as tarefas pesadas de gerenciamento (folhas de
pagamento etc.). A virada fundamental data, talvez, dos anos 70. Odesenvolvimento e a comercialização do microprocessador (unidade decalculo aritmético e lógico localizado em um pequeno chip eletrônico)dispararam diversos processos econômicos e sociais de grande amplitude.Eles abriram uma nova fase na automação da produção industrial: robótica,linhas de produção flexíveis, maquinas industriais com controles digitais etc.
presenciaram também o principio da automação de alguns setores do terciário(bancos, seguradoras). Desde então,a busca sistemática de ganhos de
4 Disponível em (http://br.geocities.com/revista criação2001/o_espaço_critico_virilio.htm)
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produtividade por meio de varias formas de uso de aparelhos eletrônicos,computadores e redes de comunicação de dados aos poucos foi tomando contado conjunto das atividades econômicas. Essa tendência continua em nossosdias. Por outro lado um verdadeiro movimento social nascido na Califórnia naefervescência da “contracultura” apossou-se das novas possibilidades técnicase inventou o computador pessoal. Desde então, o computador iria escapar
progressivamente dos serviços de processamento de dados das grandesempresas e dos programadores profissionais para tornar-se um instrumento decriação de: (textos, imagens musicas), de organização (bancos de dados,
planilhas), de simulação (planilhas, ferramentas de apoio á decisão, programas para pesquisa) e de diversão (jogos) nas mãos de uma proporçãocrescente da população dos paises desenvolvidos. Os anos 80 viram o
pronuncio do horizonte contemporâneo da multimídia. A informática perdeu, pouco a pouco, seu status de técnica e de setor industrial particular par começar a fundir-se comas telecomunicações, a editoração, o cinema, e atelevisão. Novas formas de mensagens interativas apareceram; a invasão dovideogame, o triunfo da informática “amigável” e o surgimento dohiperdocumento (hipertextos, CD-ROM). No final dos anos 80 e inicio dosanos 90, um novo movimento sócio-cultural originado pelos jovens
profissionais das grandes metrópoles e dos campi americanos tornourapidamente uma dimensão mundial. As tecnologias digitais surgiram, então,como a infra-estrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, desociabilidade, de organização e de transação, mais também novo mercado dainformação e do conhecimento. Como vimos às primeiras telas nos anos 60,exibiam apenas caracteres (letras e números). Atualmente já dispomos de telas
planas a cores em cristal liquido, e estão sendo feitos estudos para acomercialização de sistemas de exibição estereoscópica de imagens. (LÉVY,1999, pp. 31, 32, 37).
1.2. O conceito de Cibercultura e a sociedade tecnológica.
A velocidade de transformação é em si mesma uma constante _ paradoxal _ da
cibercultura. Ela explica parcialmente a sensação de impacto, da exterioridade, de
estranheza que nos toma sempre que tentamos apreender o movimento contemporâneo
das técnicas:
O próprio termo Cibercultura tem vários sentidos. Mas se pode entender
por Cibercultura a forma sociocultural que advém de uma relação detrocas entre a sociedade , a cultura e as novas tecnologias de base micro-eletrônicas surgidas na década de 70, graças à convergência dastelecomunicações com a informática. A cibercultura é um termo utilizadona definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaçoeletrônico virtual. Estas comunidades estão ampliando e popularizando autilização da Internet e outras tecnologias de comunicação,
possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas de todo omundo. Este termo se relaciona diretamente com à dinâmica Política, Antropo-social, Econômica e Filosófica dos indivíduos conectados em
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rede, bem como a tentativa de englobar os desdobramentos que estecomportamento requisita. A Cibercultura não deve ser entendida comouma cultura pilotada pela tecnologia. Na verdade, o que há na era dacibercultura é o estabelecimento de uma relação íntima entre as novasformas sociais surgidas na década de 60 (a sociedade pós-moderna)e asnovas tecnologias digitais. Ou seja, a Cibercultura é a culturacontemporânea fortemente marcada pelas tecnologias digitais. Ela é o quese vive hoje. Home banking , cartões inteligentes, voto eletrônico, pages,
palms, imposto de renda via rede, inscrições via internet, etc. provam quea Cibercultura está presente na vida cotidiana de cada indivíduo. ACibercultura surgiu da relação entre a tecnologia e a modernidade, sendoque esta última se caracterizou pela dominação da natureza e do ser-humano. Na Cibercultura também há uma busca pela dominação, mas setrata de dominar no sentido de manipular para conhecer e transformar. Oque se deseja transformar é o mundo: em dados binários para futuramanipulação humana. Provas disso são: a interatividade (internet, celular)cada dia mais acessível para grande número de indivíduos, simulaçõesdiversas, genoma humano, engenharia genética, etc. Foi a partir da décadade 60 que o desenvolvimento tecnológico tomou os rumos que o trouxe
para a Cibercultura, devido ao surgimento de novas formas desociabilidade. Dessa forma, foram criadas relações inusitadas entre astecnologias de informação e comunicação e o homem. No que se refere àComunicação o papel das tecnologias foi de liberar os indivíduos daslimitações de espaço e tempo. Afinal, apenas com um clique se podenavegar e conhecer lugares, assuntos e etc. que não poderiam ser vistos ouconhecidos por inúmeras pessoas se não estivessem disponíveis viainstrumentos da Cibercultura, como o computador, internet, celulares eetc. Dessa forma, pode-se dizer que a Cibercultura se caracteriza também,e fundamentalmente, pela apropriação social-midiática (micro-informática, internet e as atuais práticas sociais) da técnica. André Lemos,
professor da Universidade Federal da Bahia e um dos principais teóricosdo tema no Brasil, afirma que a cibercultura nasce nos anos 50, com ainformática e a cibernética, tornando-se popular através dos
microcomputadores na década de 70, consolidando-se completamente nosanos 80 através da informática de massa e nos 90 com o surgimento dastecnologias digitais e a popularização da Internet.5
Para o indivíduo cujos métodos de trabalho foram subitamente alterados, para
determinada profissão tocada bruscamente por uma revolução tecnológica que torna
absoletos seus conhecimentos savoir-faire tradicionais (tipógrafo, bancário, piloto de
avião) e mesmo a existência de sua profissão. Para as classes sociais ou regiões domundo que não participam da efervescência da criação, produção e apropriação lúdica
dos novos instrumentos digitais, para todos esses, a evolução técnica parece ser a
manifestação de um “outro” ameaçador. Para dizer a verdade, cada um de nós se
encontra em maior ou menor grau nesse estado de desapossamento. A aceleração é tão
5 Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cibercultura; acesso em 24/05/2008.
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forte é tão generalizada que até mesmo os mais “ligados” encontram-se, em graus
diversos, ultrapassados pelas mudanças, já que ninguém pode participar ativamente da
criação das transformações do conjunto de especialidades técnicas, nem mesmo seguir
essas transformações de perto.
Aquilo que identificamos, de forma grosseira, como “novas tecnologias” recobre
na verdade a atividade multiforme de grupos humanos, um devir coletivo complexo que
se cristaliza, sobretudo em volta de objetos materiais, de programas de computador e de
dispositivos de comunicação.
Resumindo, quanto mais rápida é a alteração técnica, mais nos parece vir do
exterior. Além disso, o sentimento de estranheza cresce com separação das atividades e
opacidades dos processos sociais. É aqui que intervém o papel principal da inteligência
coletiva, que é um dos principais motores da cibercultura. De fato, o estabelecimento de
uma sinergia entre competências, recursos e projetos a constituição e manutenção
dinâmicas de memórias em comum, a ativação de modos de cooperação flexíveis e
transversais, a distribuição coordenada dos centros de decisão, opõem-se à separação
estanque entre as atividades, as compartimentalizações, a opacidade de organização
social. Quanto mais os processos de inteligência coletiva se desenvolvem, melhor é a
apropriação, por indivíduos e por grupos, das alterações técnicas, e menores são osefeitos de exclusão ou de destruição humanas resultantes da aceleração do movimento
técnico-social, ao menos no entender de Pierre Lévy (LÉVY, 1999, pp. 27-29). O
ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunicativo, apresenta-se
justamente como um dos instrumentos privilegiados da inteligência coletiva.
1.3. O Conceito de Sociedade Tecnológica.
Surge cada vez com mais força, no contexto das organizações da sociedade civil, a
idéia de levar a tecnologia digital ao alcance da sociedade. Geralmente desenvolvidas
através de cursos para pessoas de baixa renda, essas iniciativas se fizeram conhecidas pelo
nome inclusão digital, sendo pensadas e implementadas diante da constatação de uma
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desigualdade social e econômica que será agravada se não contemplar uma parcela
significativa da sociedade no contexto das novas tecnologias de informação e comunicação.
O que esses projetos possibilitam, portanto, na medida de suas possibilidades, é a
diminuição das disparidades sociais entre aqueles que têm acesso a essa tecnologia e
aqueles que passam a ter acesso não só a informática como também à Internet .6
Nos textos que anunciam colóquios, nos resumos dos estudos oficiais ou nos artigos
da imprensa sobre o desenvolvimento da multimídia, fala-se muitas vezes no “impacto” das
novas tecnologias da informação sobre a sociedade ou a cultura. A tecnologia seria algo
comparável a um projétil (“pedra, míssil” e a cultura ou a sociedade a um alvo vivo). Esta
metáfora bélica é criticável em vários sentidos. A questão não é tanto avaliar a pertinência
estilística de uma figura de retórica, mas sim esclarecer o esquema de leitura dosfenômenos – a nosso ver, inadequado – que a metáfora do impacto nos revela.
As técnicas viriam de outro planeta, do mundo das máquinas, frio, sem emoção,
estranho a toda significação e qualquer valor humano, como uma certa tradição de
pensamento tende a sugerir? Parece-nos, pelo contrário, que não somente as técnicas são
imaginadas, fabricadas e reinterpretadas durante seu uso pelos homens, como também é o
próprio uso intensivo de ferramentas que constitui a humanidade enquanto tal (junto com a
linguagem e as instituições sociais complexas). É o mesmo homem que fala, enterra seus
mortos e talha o sílex.
Seria a tecnologia um ator autônomo, separado da sociedade e da cultura, que seriam
apenas entidades passivas controladas por um agente exterior? Uma outra perspectiva, ao
contrário, seria considerar que a técnica é um ângulo de análise dos sistemas sócio-técnicos
globais, um ponto de vista que enfatiza a parte material e artificial dos fenômenos humanos,
e não uma entidade real, que existiria independente do resto, que teria efeitos distintos e
agiria por vontade própria. As atividades humanas abrangem, de maneira indissolúvel,
interações entre: (i) pessoas vivas e pensantes; (ii) entidades materiais naturais e artificiais e(iii) idéias e representações.
É impossível separar o humano de seu ambiente material, assim como dos signos e
das imagens por meio dos quais ele atribui sentido à vida e ao mundo. Da mesma forma,
não podemos separar o mundo material – e menos ainda sua parte artificial – das idéias por
6 Disponível em ; acesso em 23/0520/08.
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meio das quais os objetivos técnicos são concebidos e utilizados, nem dos humanos que os
inventam, produzem e utilizam.
Mesmo supondo que realmente existem três entidades – técnica, cultura e sociedade -,
ao invés de enfatizar o impacto das tecnologias, poderíamos igualmente pensar que as
tecnologias são produtos intrínsecos a um certo tipo de elaboração da sociedade como
elemento de sua cultura. Mas a distinção traçada entre cultura (a dinâmica das
representações), sociedade (as pessoas, seus laços, suas trocas, suas relações de força) e
técnica (artefatos eficazes, saberes e habilidades específicos) deve ser entendida como uma
divisão didática para servir a fins de conceitualização. Não há nenhum ator, nenhuma
“causa” realmente independente que corresponda a ela. Encaramos as tendências como
atores porque há grupos bastante reais que se organizam ao redor destes recortes verbais
(mistérios, disciplinas cientificas, departamento de universidades, laboratórios de pesquisa)ou então porque certas forças estão interessadas em nos fazer crer que determinado
problema é “puramente técnico” ou “puramente cultural” ou ainda “puramente econômico”.
As verdadeiras relações, portanto, não são criadas entre “a” tecnologia (que seria de ordem
da causa) e “a” cultura (que sofreria os efeitos), mais sim entre um grande número de atores
humanos que inventam, produzem, utilizam e interpretam de diferentes formas as técnicas.
(LÉVY, 1999, pp. 21-23).
A emergência do ciberespaço acompanha, traduz e favorece uma evolução geral dacivilização. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura, e uma sociedade encontra-se
condicionada por suas técnicas. Estar condicionada não implica ser meramente
determinada, e essa diferença é fundamental. Não há uma “causa” identificável para um
estado de fato social ou cultural, mais sim um conjunto infinitamente complexo e
parcialmente indeterminado de processos de interação que se auto-sustentam ou se inibem.
Dizer que a técnica condiciona significa dizer que abre algumas possibilidades, que
algumas opções culturais ou sociais não poderiam ser pensadas a sério sem sua presença.
Mas muitas possibilidades são abertas, e nem todas serão aproveitadas. As mesmas técnicas
podem integrar-se a conjuntos culturais bastante diferentes (ibidem, p. 25).
Segundo Ciro Marcondes Filho, os sistemas eletrônicos forjaram um novo espaço. Um
espaço que difere do real-físico palpável, de uma geografia. Diferente também do espaço
imaginário que construímos mentalmente quando lemos um livro ou fantasiamos um lugar,
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uma cena. O espaço cibernético das redes, da realidade virtual, das comunicações
eletrônicas é tão imaginário quanto o outro, o nosso, subjetivo; mas é coletivo e vivenciado
por múltiplas pessoas ao mesmo tempo. Apesar de não existir materialmente, não ser
palpável, pisável, sensível, ele existe.
A era tecnológica forja uma estrutura unificadora própria, sua metafísica a partir da
própria técnica. Uma vez, a filosofia desempenhou o mesmo papel social que o cristianismo
teve antes do modernismo. Hoje, esse papel cada vez mais parece caber à tecnologia. É
nesse sentido que a técnica é hoje a mais plena de todas as metafísicas e está atingindo o
ponto mais extremo de suas possibilidades, segundo o citado autor. Porque as ações
técnicas do homem conjugam um modo desse homem operar seu mundo, trabalhá-lo, num
processo que marginaliza a reflexão. E essa "filosofia" se realiza por meio da linguagem;
no sentido genérico pela comunicação. Mas não uma comunicação marcada, determinada e
ideologicamente cifrada, com intenções estas ou aquelas. É uma comunicação pura e
simples, o estar em contato, o comunicatio: estabelecer uma relação com outro. Este tipo de
abordagem, perspectiva que, convenhamos, além de se contrapor com abordagens mais
críticas, como a empreendida por P. Virilio, parece ser por demais otimista e mesmo
ingênua, dada a importância que a dimensão tecnológica assume socialmente, não podendo
por isso, ser desvinculada dos aspectos políticos que envolvem esta reflexão 7.
Em uma perspectiva positiva sobre a inserção das NTICs nos vários âmbitos sociais,
para Sampaio (SAMPAIO, 2003), carecemos de um conceito de inclusão digital mais
amplo, que proporcione uma dimensão social e política para o papel que a tecnologia
representa para a sociedade, visando:
“fomentar o exercício da cidadania, para dar voz às comunidades e setores quegeralmente não têm acesso à grande mídia e para apoiar a grande aorganização e o adensamento da malha de relações comunicativas entre osatores da sociedade civil que constituem a esfera pública”.7
7 Disponível em www.abordo.com.br/sat/res01_raquel.htm; acesso em 25/05/2008.7 Disponível em: ; acesso em 25/05/2008.
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Esse processo implicaria numa reorientação estratégica de posicionamento em
relação ao que costumeiramente constitui o propósito dos projetos de inclusão digital, pois,
ao invés de serem apresentados a um conhecimento já acabado sobre o que a tecnologia
digital, possibilita, a sociedade ela mesma deveria manifestar suas demandas em relação
aos benefícios que as tecnologias podem proporcionar, tornando-se assim, sujeitos do
processo de inclusão digital, afirmando sua cultura e, por conseqüente, sua cidadania;
Segundo Sérgio Amadeu da Silveira, no seu preciso livro Exclusão digital: amiséria na era da informação, a infoinclusão é estratégica porque “é precisoinserir as pessoas no dilúvio informacional das redes e orienta-las sobre comoobter conhecimento”. Segundo ele, a pobreza será reduzida pela “construçãode coletivos sociais inteligentes, capazes de qualificar as pessoas para a novaeconomia e para as novas formas de sociabilidade, permitindo que se utilizemas ferramentas de compartilhamento de conhecimento para exigir direitos,alargar a cidadania e melhorar as condições de vida” (CABRAL, 2001, p.21).
Ainda sobre a discussão em torno dos processos de inclusão digital, Cabral (1999)
ressalta um aspecto bastante abrangente, que diz respeito à interface entre homem e
máquina. Não adianta apresentar um ambiente como determinante de um reordenamento
espaço-temporal, como otimizador de muitas tarefas e necessidades que serão cada vez
mais colocadas no cotidiano das pessoas, se as pessoas que efetivamente compõem uma das
partes desse jogo interativo não se sentem animadas a participar. Uma série de fatores se
impõe como desafio por parte dos desenvolvedores de equipamentos, programas e serviços,e se restringem a três aspectos básicos (CABRAL, 1999, p.4) que são: a acessibilidade –
um suporte, dentre outras tarefas, que suprima toda a distância que separa a inicialização do
sistema à apresentação de sua interface; a portabilidade – que facilite o transporte e respeite
a relação do usuário com seu ambiente, seja em casa, no trabalho ou no lazer – e a
amigabilidade – capacidade de realizar tarefas longas e repetitivas de maneira automática,
ou ainda facilitando a instalação e a utilização dos comandos. E, além disso, é
imprescindível introduzir a Internet à cultura das organizações, na produção de seusconteúdos, na divulgação de seus informativos e da sua publicidade, na otimização de suas
transações financeiras e do armazenamento de suas informações, bem como de sua
socialização junto aos diferentes públicos .
1.4. Os impactos da sociedade tecnológica na educação.
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A inclusão através da perspectiva tecnológica envolve apreender o discurso da
tecnologia, não apenas os comandos de determinados programas para a execução de
determinados fins, não apenas qualificar melhor as pessoas para o mundo do trabalho, maissim implica a capacidade de influir na decisão sobre a importância e as finalidades da
tecnologia digital, sobretudo quando se pensa em sua aplicação na educação. Esta então, é
uma postura que está diretamente relacionada a uma perspectiva de inclusão /alfabetização
digital, de políticas públicas e de construção da cidadania, não apenas de quem consome e
assimila um conhecimento já estruturado e direcionado para determinados fins.
A chamada sociedade da informação e do conhecimento traz consigo impactos
sociais capazes de levar a uma transformação jamais vista desde aquelas produzidas pela
máquina a vapor. Um mundo baseado cada vez mais na troca de valores simbólicos, do
dinheiro à informação, vai mudar o eixo da economia, acabar com o conceito atual de
trabalho, valorizar mais que tudo o conhecimento e a aprendizagem. Neste contexto, os
excluídos sê-lo-ão ainda mais, se não houver políticas e ações visando combater o
aprofundamento da clivagem social trazida pelas novas tecnologias.
Pensadores como Manuel Castells, um dos ícones nos estudos sociais a partir de novas
tecnologias, pondera que a sociedade está passando por uma revolução informacional que
pode ser comparada às grandes guinadas da História. Na clássica trilogia "A Era da
Informação", o autor é enfático em mesclar economia, cultura e informação a partir de uma
inclusão digital de verdade. Mark Warschauer, professor na Universidade da Califórnia e
integrante do Centro de Estudos em TI e Organizações (CRITO, do inglês), descreve queem países como o Brasil, a inclusão digital precisa ser acentuada com mais prática e menos
teoria. O professor Adilson Cabral, doutorando em Comunicação Social e estudioso do
tema, considera até impreciso utilizar o termo inclusão digital atualmente, porque não
mostra à sociedade o contexto social envolvido na questão. "Preferimos a idéia de
apropriação social das tecnologias de informação e comunicação (TIC), cuja relação direta
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é a tomada de consciência e cidadania nas comunidades", explica. Ele critica a atuação de
muitos laboratórios públicos de informática, alguns chamados de "telecentros", porque
muitas vezes os próprios organizadores não têm noção de objetivos e propósitos na
hora de ensinar pessoas a usar o computador (grifo nosso); "Não adianta apenas oferecer
acesso à internet e editor de textos. A gente precisa transformar a perspectiva de vida das
pessoas, buscar soluções práticas que melhorem a vida desses novos usuários", sugere
Cabral.
Há uma série de iniciativas de inclusão digital que merecem destaque nos chamados
"países pobres", que ilustram como o acesso às tecnologias e uma pitada de boa vontade
podem mudar um cenário de pobreza. Segundo Paulo Rebêlo, Inclusão Digital ou
infoinclusão é a democratização do acesso às tecnologias da Informação, de forma a
permitir a inserção de todos na sociedade da informação. Entre as estratégias inclusivas
estão projetos e ações que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC). A inclusão digital volta-se também para o
desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários com
deficiência8.
Mark Warschauer é professor de Educação e de Informação & Ciência da
Computação na Universidade da Califórnia, além de fazer parte do Centro de Estudos em
Tecnologia da Informação e Organizações.Há anos estudando o impacto social das ações de
inclusão digital em países da América Latina, ele já esteve mais de uma vez no Brasil para
conhecer as atividades do CDI, dos Telecentros em São Paulo e de outros projetos
paralelos. Autor do livro "Tecnologia e Inclusão Social: repensando a divisória digital", ele
também edita o periódico Aprendizado de Linguagem & Tecnologia e, ao comentar sobre
seu trabalho, nos coloca indagações relevantes:
Para elaborar o livro, viajei para o Brasil e conheci bastante o Sampa.org, oCDI, o Projeto Clicar e alguns telecentros do Governo de São Paulo. Fiquei
particularmente impressionado com o trabalho do CDI, pois há muita coisa ali
8 Disponível em: http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=74&Itemid=25 acesso 07/06/2008.
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que realmente funciona e são bem atraentes. Primeiro, porque eles estãoconseguindo atingir locais e comunidades onde há, de fato, uma necessidadede inclusão digital. Segundo, conseguem recursos de várias fontes, induzindoà inclusão social de jovens pela digital. Os projetos de inclusão digital são deextremo valor para melhorar esses índices, desde que coordenados de formaapropriada, sem populismos e sem discursos vazios. Por outro lado, a idéiatipicamente governamental de empurrar computadores em todas as casas podeser um tiro no pé e gerar um efeito exatamente contrário à melhoria social. OBrasil não é a única nação do mundo a tentar fazer isso, então, deveriam olhar o que foi feito lá fora, em cenários semelhantes, para não cometerem osmesmos erros9. (Disponível em:http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=74&Itemid=25; acesso em 23/06/2008).
Sobre as relações entre economia, cidadania e tecnologia, este autor ainda pondera:
“Empurrar computadores nas casas apenas com incentivos governamentaisnão é produtivo, porque o dinheiro investido na idéia poderia ser utilizado em
projetos de economia social e desenvolvimento, os quais podem envolver tecnologia ou não. Mas vender computador por vender, independente do
preço, não melhora a qualidade de vida de ninguém. O acesso à ferramenta[computador] é importante, porém, com um sentido mais amplo e coletivo demelhoria social. O acesso às mídias digitais não é uma exclusividade da elite.Há vários caminhos de melhorar o cenário atual de exclusão, com relaçõescusto/benefício razoáveis. A instalação de computadores nas escolas, por exemplo, é uma das alternativas que se mostraram mundialmente eficientes
nos países em desenvolvimento – desde que seja levada a sério, cominstrutores, equipamentos funcionando e diretrizes claras. São essas asgrandes dificuldades. Em geral, o pessoal envia os computadores, discursa, saino jornal e pronto. Cada um que se vire. Com diretrizes sérias, o aluno nãoapenas aprende o que tem que aprender na sala de aula, mas também sai daescola com um ofício. A longo prazo, é notória a inclusão social que açõesassim podem gerar”.10
De um lado, a ciência transforma a técnica em tecnologia; por outro, a tecnologia
posta a serviço do homem precisa de uma educação que transcenda o casuísmo, o fatalismo,
9 Disponível em: http://tramanet.blogspot.com/2007/06/entrevista-mark-warschauer.html; acesso em10/06/2008.
10 Disponível em: http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=74&Itemid=25 acesso em 07/06/2008.
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para conhecer melhor a complexidade da tecnologia como produto, como processo, como
conhecimento, como sentimento, como realidade, como identidade.
Outra questão bem sutil, mas não menos determinante está diretamente relacionada
à eficiência das iniciativas de inclusão digital: as estratégias de capacitação. Nesse ponto,não podemos tratar apenas de pessoas não incluídas, mas também daqueles que irão
proporcionar um envolvimento mais pleno com o ambiente informacional. Não somente
professores, mas facilitadores também, pessoas que contarão com disposição para
compartilhar o desenvolvimento de estratégias de incremento do acesso por parte da
população. Nesse sentido estamos assumindo um conceito mais qualificado de inclusão,
que envolve o aproveitamento de recursos e serviços disponíveis na rede por parte do
público11.
Capacitadores serão aqueles que, numa dimensão mais ampla, apresentam o ambiente
digital e virtual em suas potencialidades de aproveitamento, de modo diretamente
relacionado às realidades de cada cultura e de cada grupo, estabelecido de maneira
territorial ou minimamente com um componente de identidade que os distinga. Neste
contexto a inclusão digital significa, antes de tudo, melhorar as condições de vida de uma
determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia.
11Disponível em: ; acesso em 26/05/2008.
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CAPÍTULO 2
Possibilidades da Aprendizagem a partir de uma Prática Docente mediada pelas
Novas Tecnologias.
Sempre que se fala em inclusão digital pensamos nas classes C, D e E. Obviamente
este é o foco principal, mas para atingir tal objetivo é importante não esquecer que qualquer
ação completa deve ser integradora e potencializar outros segmentos da sociedade, pois a
cidadania é alcançada digitalmente quando a rede é tecida incluindo excluídos e não-
excluídos.
Num mundo em transformação, onde cada vez mais o computador é se integra como
tecnologia intelectual e essencial, sendo também um instrumento fundamental do trabalho,
não podemos preparar as novas gerações para um mundo de subalternidade, tanto do ponto
de vista individual quanto na perspectiva da nação. Assim, é necessário frisar que inclusão
digital não é apenas ensinar a utilização da tecnologia ou disponibilizar o acesso à rede: é
preciso haver um trabalho de identificar as demandas informacionais. A produção de
conteúdos deve ser vista como uma estratégia importante no processo de Inclusão,somando-se aos demais esforços, como formação e capacitação de multiplicadores, criação
de redes locais e comunidades virtuais, bem como integração com políticas públicas e ações
de responsabilidade social12.
Em termos concretos, incluir digitalmente não é apenas "alfabetizar" a pessoa eminformática, mas deveria ser também, melhorar os quadros sociais a partir do manuseio dos
computadores. Como fazer isso? Não apenas ensinando o bê-á-bá do informatiquês, mas
mostrando como ela pode ganhar dinheiro e melhorar de vida com ajuda daquele
12 Disponível em: http://www.cidec.futuro.usp.br/artigos/artigo12.html; acesso em 09/06/08
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monstrengo de bits e bytes que de vez em quando trava.
Mas não é assim que representam tal situação: o erro de interpretação é achar que
incluir digitalmente é colocar computadores na frente das pessoas e apenas ensiná-las a usar
softwares e pacotes de escritório. A analogia errônea tende a irritar os especialistas e ajudaa propagar cenários surreais da chamada inclusão digital, como é o caso de comunidades ou
escolas que recebem computadores, mas que nunca são utilizados porque não há telefone
para conectar à internet ou porque faltam professores qualificados para repassar o
conhecimento necessário, ou não há verba e pessoal para a manutenção13.
Necessário se faz alterar os processos de formação dos professores, o que implica
mudanças estruturais nos Cursos e na própria formação dos formadores. Não serão as leis
que garantirão as mudanças, mas uma efetiva mobilização dos interessados nesta questão.
Então, temos ainda que reconhecer o quanto é corpo estranho a questão das novas
tecnologias na formação dos professores. Isto significa dizer o quanto é ausente a
discussão em torno dos processos de comunicação e sua interferência nos processos
pedagógicos.
A geração que hoje habita a escola praticamente já nasceu grudada nestes dois
ambientes de aprendizagem: o da comunicação e o das tecnologias. A escola ainda não
admite isto. Não se trata apenas de ter estes equipamentos dentro de casa, mas de estar
convivendo com uma cultura onde a tecnologia e a comunicação são pontos de referência
da organização civil.
A noção de esforço, dedicação, empenho, toma outra forma. Se a aceleração tem um
lugar privilegiado, chegar a um algum lugar é no mínimo discutível. Apesar deste novo
cenário, o professor ainda reduz sua ação pedagógica em grande parte a uma finalidade
13 Disponívelem:http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id=74&Itemid=25 acesso em 07/06/2008.
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moralizante e disciplinadora. É urgente iniciar uma outra reflexão com os professores. E
não será suficiente garantir a condição de usuário da tecnologia, mas de incluir o campo da
comunicação como um dos campos da educação. Somente colocar um computador na mão
das pessoas ou vendê-lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital. É
preciso ensiná-las a utilizá-lo em benefício próprio e coletivo. Induzir a inclusão social a
partir da digital ainda é um cenário pouco estudado no Brasil, mas tem à frente os bons
resultados obtidos pelo CDI no País, cujas ações são reconhecidas e elogiadas
mundialmente14. Para Bastos:
“a educação no mundo de hoje tende a ser tecnológico, o que, por sua vez, vaiexigir o entendimento e interpretação de tecnologias. Como as tecnologias sãocomplexas e práticas ao mesmo tempo, elas estão a exigir uma nova formaçãodo homem que remeta a reflexão e compreensão do meio social em ele se
circunscreve.”15
A escola tem-se mostrado resistente a mudanças, mesmo quando tenta incorporar
meios inovadores. Em muitos casos, a presença nas escolas de equipamentos de vídeo ou
informática obedece mais ao interesse dos pais ou aos interesses comerciais de alguma
empresa do que propriamente aos fins e meios educacionais e didáticos . Em projetos de
informática educativa, por exemplo, laboratórios de informática são instalados, mas o
trabalho com o aluno é desenvolvido de forma desarticulada do projeto pedagógico da
escola, sem o questionamento sobre sua contribuição de ordem pedagógica e sócio-cultural,
o que acaba resultando no fracasso do projeto.
É importante que a escola perceba que o valor instrumental não se encontra nos
próprios meios, mas na maneira como se integram na atividade didática, em como eles se
inserem no desenvolvimento da ação. Assim, um projeto de inovação tecnológica na
educação deve gerar propostas comprometidas com as finalidades educativas, assumindo
como essencial o sentido transformador da prática pedagógica (CANDAU, 1991;
MAGGIO, 1997).Embora seja consensual que a utilização das tecnologias da informação e da
14 Disponívelem:http://redebonja.cbj.g12.br/ielusc/necom/rastros/rastros01/rastros0107.html; acesso em09/06/2008.
15 Disponível em: http://inclusao.ibict.br/index.php?option=com_content&task=view&id= 74&Itemid=25; acesso em 07/06/2008
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comunicação na educação não vai substituir o professor, reconhece-se, hoje em dia, que o
trabalho docente pode ser apoiado por esses meios (SILVA & MARCHELLI, 1998). O
trabalho do professor é fundamental nos projetos de inovações tecnológicas até porque “a
qualidade educativa destes meios de ensino depende, mais do que de suas características
técnicas, do uso ou exploração didática que realiza o docente e do contexto em que se
desenvolve” (LIGUORI, 1997).
Para Valente (1993), o professor deixa de ser o repassador do conhecimento para ser
o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire
conhecimento. Demo (1998), tentando redefinir o papel do professor (cuja função básica
não é mais dar aula, pois isso pode ser feito através da televisão ou do microcomputador),
apresenta-o como o orientador do processo reconstrutivo do aluno, através da avaliação
permanente, do suporte em termos de materiais a serem trabalhados, da motivaçãoconstante e da organização sistemática do processo.
Moran (1998) considera que o no que se refere ao ensino e as novas mídias, devemos
questionar as relações convencionais entre professores e alunos. Para tanto, deve-se definir
o perfil desse novo professor - ser aberto, humano, valorizar a busca, o estímulo, o apoio e
ser capaz de estabelecer formas democráticas de pesquisa e comunicação.
Nas atividades pedagógicas realizadas através da Internet, Pacheco (1997) considera
que professor e aluno tornam-se participantes de um “novo” jogo discursivo que nãoreconhece a autoridade ou os privilégios de monopólio da fala presentes, com freqüência,
nas relações de ensino-aprendizagem tradicionais, inaugurando, assim, relações
comunicativas e interpessoais mais simétricas.
O facilitador pedagógico, primeiramente, deverá possuir uma concepção clara da
construção de conhecimento enquanto processo dinâmico e relacional advindo da reflexão
conjunta sobre o mundo real. Deverá possuir base teórica consistente, clara concepção do
objetivo da aprendizagem e da metodologia a ser utilizada, assim como do processo de
avaliação de acordo com a visão construtivista de conhecimento (STRUCHINER et al.,
1998).
Este trabalho defende o uso da tecnologia na educação quando guiado pelas
necessidades de alunos e professores e, principalmente, quando calcado em abordagens
teóricas sobre a natureza do conhecimento e do processo de ensino-aprendizagem.
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(JONASSEN, 1996)16.
No processo educacional, o que se pretende alcançar é que o indivíduo seja capaz de
obter conhecimentos, construí-los através de uma atitude reflexiva e questionadora sobre os
mesmos. Junto a essas questões relacionadas ao conhecimento, o processo educacional
trabalha a dimensão dos sentimentos, da afetividade e da criatividade. O indivíduo não só
aprende com a educação, como também se posiciona frente aos fatos e a realidade que
existe dentro e fora da realidade dele. Essa atitude e esse pensamento críticos constituem o
que se pode denominar de uma atitude filosófica em relação a sua própria identidade e ás
situações que os circundam. Em termos de uma educação para viver a era tecnológica, há
que se pensar sobre valores subjacentes ao indivíduo, que pode criar, usar, transformar as
tecnologias, mas não pode se ausentar, nem desconhecer os perigos, desafios e desconfortos
que a própria tecnologia pode acarretar.
Claro que um telecentro é um espaço de aprendizagem, mas a mesma dá-se de forma
diferenciada do ambiente escolar, da sala de aula. Ocorre na resolução de problemas
significativos, com apoio de monitores e com a participação dos demais usuários, numa
verdadeira rede local humana de aprendizagem cooperativa, focada nos contextos
significativos do uso das aplicações, sejam elas navegar na internet para fazer um boletim
eletrônico ou tirar uma segunda via de conta telefônica ou usar um processador de textos
para redigir o currículo e enviá-lo por e-mail. Cada uma destas tarefas exige um
acompanhamento pedagógico individualizado que não pode ser feito na forma de curso,
embora este último atenda as expectativas imediatas de usuários e a distribuição de
certificados mostre mais rapidamente um resultado, porém muito mais próximo da
demagogia do que da real apropriação do conteúdo.
Reinventar a escola e o próprio processo de formação do professor considerando o
campo da comunicação é, no mínimo, uma necessidade emergencial. O tempo de
comunicação em rede nos desafia a criar novas categorias e ambientes de aprendizagem. E
os riscos destes novos procedimentos? No mínimo saber conviver com a velocidade,
16 Disponível em http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v2_n1/flavia.PDF ; acesso em 08/06/2008.
28
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compressão do tempo/espaço, interatividade, revisão constante dos conteúdos.
Esta tarefa não pode depender apenas da boa vontade de alguns.Trata-se efetivamente
da definição de políticas públicas para a educação, incluindo os processos de formação de
professores, onde o campo da comunicação fosse reconhecido como legítimo e fundamentalno processos educacionais17.
17 Disponívelem:http://redebonja.cbj.g12.br/ielusc/necom/rastros/rastros01/rastros0107.html; acesso em09/06/2008.
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CAPÍTULO 3As NTICs na Educação: um novo paradigma para a construção do conhecimento.
Na virada do século, não se trata mais de nos perguntarmos se devemos ou não
introduzir as novas tecnologias da informação e da comunicação no processo educativo. Já
na década de 80, educadores preocupados com a questão consideraram inevitável que a
informática invadisse a educação e a escola, assim como ela havia atingido toda a
sociedade (MONTEIRO & REZEBDE, 1993). Atualmente, professores de várias áreas
reagem de maneira mais radical, reconhecendo que, se a educação e a escola não abrirem
espaço para essas novas linguagens, elas poderão ter seus espaços definitivamente
comprometidos (KAWAMURA, 1998).
Sabemos, entretanto, que os meios, por si sós, não são capazes de trazer contribuições
para a área educacional e que eles são ineficientes se usados como o ingrediente mais
importante do processo educativo, ou sem a reflexão humana. Mesmo aqueles que
defendem a tecnologia, proclamando apenas seus benefícios, deveriam considerar que a
tecnologia educacional deve adequar-se às necessidades de determinado projeto político-
pedagógico, colocando-se a serviço de seus objetivos e nunca os determinando. Embora
seja verdade que a tecnologia educacional não irá resolver os problemas da educação, que
são de natureza social, política, ideológica, econômica e cultural, essa constatação não nos
pode deixar sem ação frente à introdução das inovações tecnológicas no contexto
educacional. Ainda é preciso continuar pesquisando sobre o que as novas tecnologias têm a
oferecer à educação.
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Nesse processo, o mais importante é considerar essa oportunidade como fundamental
para questionarmos o paradigma tradicional de ensino ainda hegemônico no contexto
educativo. O ideal é aproveitar este momento para incorporar novos referenciais teóricos à
elaboração de materiais didáticos ou à prática pedagógica até porque as novas tecnologias
podem propiciar novas concepções de ensino-aprendizagem. Esse deve ser o grande
desafio em qualquer projeto de inovação tecnológica na área educacional.
Sabemos que, se a tecnologia não recebe o tratamento educacional necessário, o
alcance do projeto tende a ser efêmero, não alterando o cotidiano de professores e alunos
nem trazendo contribuições ao processo de ensino-aprendizagem (CANDAU, 1991).
A introdução de novas tecnologias na educação não implica necessariamente novas
práticas pedagógicas. Acreditar, entretanto, que novas práticas pedagógicas implicam o uso
de novas tecnologias, confiando à tecnologia educacional a renovação da educação, seriauma visão extremamente tecnicista do processo educativo. Para Dillon (1996), acreditar
que qualquer nova tecnologia nos oferece os meios de resolver nossos problemas
educacionais é fazer parte da nova tecnocracia. Segundo ele, essa nova tecnocracia não é
muito diferente da velha tecnocracia das máquinas de ensinar de Skinner, mesmo que
admitamos avanços teóricos de lá para cá.
Se as novas tecnologias não implicam novas práticas pedagógicas nem vice-versa,
aparentemente poderíamos dizer que não há relação entre essas duas instâncias. Entretanto,isso não é necessariamente verdade, se considerarmos que o uso das novas tecnologias
pode contribuir para novas práticas pedagógicas desde que seja baseado em novas
concepções de conhecimento, de aluno, de professor, transformando uma série de
elementos que compõem o processo de ensino-aprendizagem.
Essa separação entre a tecnologia e o contexto educativo apenas facilita a exposição
das idéias, mas a concepção de tecnologia educacional aceita atualmente é aquela que
considera como tecnologia tudo o que os professores fazem a cada dia para enfrentar o
problema de ter de ensinar a um grupo de estudantes determinados conteúdos com
determinadas metas (SANCHO,1998), independentemente do uso de meios tecnológicos
para esse fim.
O principal aspecto a ser questionado sobre a elaboração de materiais didáticos
mediatizados por novas tecnologias da informação e da comunicação é a sua contribuição
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para novas concepções da aprendizagem. Essa questão é polêmica, visto que parece não
haver um ponto de vista único entre os especialistas da área. Carraher (1992), referindo-se à
informática, considera que sua contribuição é (apenas) de ordem tecnológica e não
conceitual, o que significa que ela não oferece subsídio para a elaboração de novas idéias
acerca dos processos de aprendizagem ou ensino. Desde que usadas como fundamento do
processo de ensino-aprendizagem e não como mero instrumento, Pretto (1996) admite,
numa visão oposta, que as novas tecnologias podem representar uma nova forma de pensar
e sentir ainda em construção, vislumbrando, assim, um papel importante para elas na
elaboração do pensamento. Vista dessa perspectiva, a concepção de materiais didáticos
que incorporem novas tecnologias, capazes de oferecer uma reestruturação do processo de
aprendizagem, depende do esforço de relacionar novas abordagens teóricas sobre a
aprendizagem o seu desenho instrucional. Tomando, porém, como exemplo a pesquisa nocampo da informática educativa nos últimos dez anos, pode-se observar que a transferência
de descobertas nas ciências cognitivas e sociais para a prática do planejamento de materiais
didáticos raramente é um processo tão direto (DILLON, 1996), o que representa o grande
desafio para os projetos de inovações tecnológicas na escola.
O construtivismo tem sido ultimamente a abordagem teórica mais utilizada para
orientar o desenvolvimento de materiais didáticos informatizados, principalmente o de
ambientes multimídia de aprendizagem (BOYLE, 1997). Podemos considerá-lo como um guarda-chuva que tem dado origem a diferentes propostas educativas que incorporam
novas tecnologias, às vezes de forma implícita, às vezes de forma explícita.
O fato de a abordagem construtivista ser hoje predominante, não significa uma
tendência única refletida nos materiais didáticos, mesmo porque a idéia de construção do
conhecimento está presente na obra de vários autores, como: Piaget, Vygotsky, Wallon,
Paulo Freire, Freud, entre outros (GROSSI & BORDIN, 1993, citado por BASTOS, 1998)
e, dependendo de qual deles seja o referencial eleito, configura-se uma proposta pedagógica
um pouco diferenciada. Apesar das diferenças entre as concepções teóricas desses autores
sobre o construtivismo, há elementos comuns que são fundamentais. Talvez o mais
marcante seja a consideração do indivíduo como agente ativo de seu próprio conhecimento,
o que no contexto educativo desloca a preocupação com o processo de ensino (visão
tradicional) para o processo de aprendizagem. Na visão construtivista, o estudante constrói
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representações por meio de sua interação com a realidade, as quais irão constituir seu
conhecimento, processo insubstituível e incompatível com a idéia de que o conhecimento
possa ser adquirido ou transmitido. Assumir esses pressupostos significa mudar alguns
aspectos centrais do processo de ensino-aprendizagem em relação à visão tradicional.
A epistemologia construtivista relaciona-se fundamentalmente com a idéia de
construção, o que no planejamento de materiais didáticos informatizados pode ser traduzido
na criação de ambientes de aprendizagem que permitam e dão suporte à construção de algo
ou ao envolvimento ativo do estudante na realização de uma tarefa, que pode ser individual
ou em grupo, e a contextualização dessa tarefa. Para isso, oferecem ferramentas e meios
para criação e manipulação de artefatos ao invés de apresentarem conceitos prontos ao
estudante18.
Para Morgan (1995), a oposição entre os papéis ativo e passivo do aluno frente à
aprendizagem é insuficiente. Com o conceito de abordagem profunda, a autora pretende dar
ênfase à apropriação das estratégias metacognitivas pelo aluno na interação com materiais
didáticos informatizados. Essa perspectiva quer marcar a diferença em relação ao processo
tradicional de ensino, no qual o aluno interage com o conteúdo visando apenas à avaliação.
Para que o aluno desenvolva uma abordagem profunda à sua aprendizagem, é necessário
que ele adquira a consciência do que consiste aprender, etapa que será fundamental no
processo.
Uma sala de aula tradicional, por exemplo, prioriza os bancos de informação e os
utensílios para processamento de símbolos. O professor tradicional, em geral, faz o papel de
gerenciador de tarefas. Em software educacionais do tipo tutoriais ou de exercício e prática,
o computador tem um forte papel de gerenciador de tarefas, uma vez que estabelece a
seqüência de tópicos a serem trabalhados e os objetivos a serem alcançados. Perkins (1992)
classifica como construtivista o ambiente de aprendizagem que ofereça ao aluno ferramentas
de construção e a possibilidade de interação com a realidade, muitas vezes simulada. O
computador é usado como ferramenta para gravar, analisar e comunicar. As principais características das novas tecnologias da informação e da comunicação
presentes na elaboração de materiais didáticos e projetos fundamentados na abordagem
18 Disponível em http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v2_n1/flavia.PDF.; acesso em 08/06/2008.
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construtivista são: (1) a possibilidade de interatividade; (2) as possibilidades que o
computador tem de simular aspectos da realidade; (3) a possibilidade que as novas
tecnologias de comunicação, acopladas com a informática, oferecem de interação a
distância e (4) a possibilidade de armazenamento e organização de informações
representadas de várias formas, tais como textos, vídeos, gráficos, animações e áudios,
possível nos bancos de dados eletrônicos e sistemas multimídia. Essas possibilidades têm
sido experimentadas em propostas educativas de utilização das novas tecnologias na
perspectiva construtivista por professores, tecnólogos educacionais e elaboradores de
materiais, tendo sido recentemente relatadas na literatura19.
O campo da comunicação implica hoje a experiência com a conectividade,
interatividade e transversalidade. Nesse novo cenário a dimensão tempo e espaço tomaoutra forma. Afinal, em que lugar está o conhecimento? Qual a sua extensão? Quanto
tempo é necessário para adquirir o conhecimento? Qual é o tempo da mídia e da escola?
Que significados estes tempos têm para os sujeitos envolvidos? Como diz Assmann, não se
trata, de imitar a mídia dentro da escola, mas levar em consideração os impactos culturais
gerados pelas novas tecnologias. No Brasil, a modernização neoliberal assim como as
anteriores não toca na estrutura piramidal da sociedade. Apenas amplia sua verticalidade,
que se nota pelo aumento do número de desempregados, de moradores de rua, de mendigos
etc. Em outras palavras, a pirâmide social se mantém e as desigualdades sociais crescem.
Para a educação, o discurso neoliberal parece propor um tecnicismo reformado. Os
problemas sociais, econômicos, políticos e culturais da educação se convertem em
problemas administrativos, técnicos, de reengenharia. A escola ideal deve ter gestão
eficiente para competir no mercado. O aluno se transforma em consumidor do ensino, e o
professor em funcionário treinado e competente para preparar seus alunos para o mercado
de trabalho e para fazer pesquisas práticas e utilitárias a curto prazo20.
19 Disponível em http://www.fae.ufmg.br/ensaio/v2_n1/flavia.PDF.; acesso em 08/06/2008.
20 Disponível em:http://redebonja.cbj.g12.br/ielusc/necom/rastros/rastros01/rastros0107.html; acesso em09/06/2008.
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Numa época em que a competição feroz fala mais alto que a solidariedade e a
cidadania, vale a pena lembrar, para despertar o nosso senso social adormecido, o que disse
Albert Einstein:
"Eu, enquanto homem, não existo somente como criatura individual mas medescubro membro de urna grande comunidade humana. Ela me dirige, corpo ealma, desde o nascimento até a morte, Meu valor consiste em reconhecê-lo.Sou realmente um homem quando meus sentimentos, pensamentos e atos têmuma única finalidade: a comunidade e seu progresso. Minha atitude social,
portanto, determinará o juízo que têm sobre mim, bom ou mau. Não bastaensinar ao homem uma especialidade. Porque ele se tornará assim umamáquina utilizável, mas não uma personalidade. Os excessos do sistema decompetição e especialização prematura, sob o falacioso pretexto de eficácia,assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam asuprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo emvista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico nainteligência do jovem." (...) "A compreensão de outrem somente progredirácom a partilha de alegrias e sofrimentos. A atividade moral implica aeducação destas impulsões profundas"21.
21 Disponível em http://www.cefetsp.br/edu/eso/neoeducacao1.html acesso em: 20/05/2008.
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CONCLUSÃO
Através da realização deste trabalho, pude observar que o uso do computador precisa
estar realmente fazendo parte do cotidiano escolar, tendo em vista sua importância no dia-a-
dia das pessoas.
A educação no mundo de hoje necessita das tecnologias, porém essas tecnologias, são
ao mesmo tempo práticas e complexas. Contudo, observamos que os educadores devem ser
preparados para promover a inserção do computador no processo de ensino e de
aprendizagem como uma ferramenta de auxílio no ensino, promovendo a interação do
aluno com a máquina nas atividades, de forma lúdica, descontraída e prazerosa, e não como
comumente podemos ver; o computador como “o bicho papão” que todos têm medo, uma
vez que não se têm afinidades com ele.
Os primeiros computadores tiveram origem em 1945 na Inglaterra e nos EstadosUnidos, e foram por muito tempo reservados ao uso exclusivo dos militares para seus
cálculos científicos. Hoje em pleno século XXI, o computador já é uma máquina de uso
pessoal, pois querendo ou não qualquer pessoa já faz uso de forma variada, desta
tecnologia, seja para receber dinheiro no caixa-eletrônico, ou para saber o preço de uma
mercadoria no supermercado. Então, por que nós educadores, compromissados com o
desenvolvimento educacional da sociedade civil, devemos continuar com essa “distância”
do computador? Por que ter “medo” de manuseá-lo? Devemos sim, ser preparados para
utilizá-lo de modo que leve nossos alunos a adquirir conhecimentos de forma autônoma e
dinâmica. Mas enquanto muito pouco ainda pelo educador neste sentido, principalmente no
interior, fazer a nossa parte implica buscar adquirir conhecimentos, avaliando nossa práica
a cada dia no uso das novas tecnologias, em especial o computador, observando se estamos
realmente usando essa nova tecnologia de modo que nossos alunos possam se oportunizar
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desta ferramenta na elevação da qualidade da aprendizagem.
Enfim, o uso das novas tecnologias na educação é essencial, pois daí surge para o
professor à necessidade de uma grande mudança na prática pedagógica, surge um novo
olhar sobre o modo de planejar suas atividades, pois o professor deixa de ser um mero
repassador de conteúdos/conhecimentos para tornar-se um facilitador do seu próprio
processo de ensino e como conseqüência, da aprendizagem. Neste contexto, torna-se de
fundamental importância à transdisciplinaridade, para que o educando seja realmente
incluído neste mundo digital, e a escola cumpra papéis sociais da melhor maneira possível
sem deixar também de ser agente promotor de condições para a transformação social.
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