118
EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 2011 Daniela Santana Andrade

EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

Embed Size (px)

DESCRIPTION

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - FAUUSP. novembro de 2011.

Citation preview

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    EDU

    CA

    O E

    SU

    STEN

    TAB

    ILID

    AD

    E: U

    M P

    RO

    JETO

    DE

    ESC

    OLA

    EM

    TER

    ESIN

    A-P

    I20

    11

    Daniela Santana Andrade

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    UNIVERSIDADE DE SO PAULOFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMOTRABALHO FINAL DE GRADUAO

    Autora_Daniela Santana AndradeOrientadora_ Prof. Dr. Denise Duarte

    So Paulo, novembro de 2011.

  • 2 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 3

    Veja-se, pois, em que crculo vicioso se meteu a Nao. Improvisa escolas de todo o jeito porque no acredita em escolas seno formali-dade social e, para preencher formalidade, de mais nada se precisa do

    que funcionrios que conheam as frmulas e porque s tem escolas improvisadas e inadequadas no acredita que escolas possam ser for-

    madoras eficientes de uma ordem social. (...) Em volta de si, v escolas improvisadas ou desorganizadas, sem vigor nem seriedade, alinhavando programas e distribuindo, de qualquer modo, diplomas mais ou menos

    honorficos.Como acreditar em escola? Tem razo o povo brasileiro.

    Ansio Teixeira, 1950.

  • 4 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 5

    AGRADEO professora Denise Duarte pelo comprometimento, pela dedicao, pelas conversas e por sua sempre disponibilidade durante a orientao nesse ano. minha famlia pelo apoio incondicional e pela

    credibilidade em todas as minhas iniciativas de formao. familia que escolhi pela contribuio do meu amadurecimento pessoal e profissional

    e pelos preciosos conselhos sobre o trabalho.

  • 6 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    SUMRIO

    INTRODUO E JUSTIFICATIVA DO TEMA

    REVISO BIBLIOGRFICA

    CONTEXTO AMBIENTAL, ECONMICO, POLTICO

    x SUSTENTABILIDADE

    NacioNal

    Parmetros de coNforto NacioNal

    EDUCAO E SUSTENTABILIDADE

    REFERNCIAS PROJETUAIS

    NACIONAIS

    INTERNACIONAIS

    08

    12

    17

    12

    15

    18

    22

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 7

    ENSAIO PROJETUAL

    PROGRAMA

    APRESENTAO DO TERRENO

    EXIGNCIAS, DIRETRIZES E ESTRATGIAS

    PARTIDO

    DESEMPENHO TRMICO

    O PROJETO

    BIBLIOGRAFIA

    REFERENCIADA

    CONSULTADA

    PROGRAMAS COMPUTACIONAIS

    SOBRE TERESINA

    ATENO AO CLIMA

    EXIGNCIAS DE CONFORTO TRMICO

    aNalysis Bio 2.1.5.

    climaticus.4.2

    Quadros de mahoNey

    coNcluses soBre as exigNcias climticas

    EDIFCIOS ESCOLARES PBLICOS

    sNtese histrica e avaliao trmica

    visita e situao atual

    e o cdigo de oBras e edificaes muNiciPal

    26 46

    109

    28

    32

    47

    49

    56

    60

    63

    64

    110

    112

    113

    36

  • 8 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    INTRODUO E JUSTIFICATIVA DO TEMA

    As consequncias da explorao descontrolada dos recursos do meio ambiente so am-plamente discutidas e evidenciadas no cotidiano da vida contempornea. Cenrios para a prxima gerao apontam para ar irrespirvel, gua no potvel, resduos impossveis de administrar, combustveis fsseis esgotados e um planeta inabitvel.1

    Esses cenrios para a gerao futura pode e deve ser alterado com o uso de tecnologias, com a aceitao de que alguns dos recursos naturais so esgotveis e com as prticas autossuficientes que criem uma relao saudvel entre natureza, edificaes e territrio das cidades, onde metade da populao mundial e 81% da brasileira habita.

    O fato de que metade dos recursos mundiais so consumidos pela construo civil prova a responsabilidade de arquitetos, engenheiros e designers em mudar esse quadro, tendo em vista a incapacidade do planeta em abastecer a demanda. O projeto arquitet-nico capaz e deve contribuir para a sustentabilidade.

    Em geral, as edificaes da regio nordeste do Brasil, inclusive na cidade de Teresina, de clima rigoroso, no oferecem ao usurio o conforto trmico adequado. O uso de re-cursos artificiais de refrigerao nessa regio do pas so excessivamente empregados a fim de tornar vivencivel o ambiente. Levando, assim, ou a um consumo exacerbado de energia eltrica com o uso de aparelhos de ar condicionados e ventiladores ou , quando

    1 EDWARDS: 2008, p.5.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 9

    no se paga por esse consumo pelas complicaes polticas e econmicas nacionais, o conforto do usurio deixa de ser uma prioridade.

    O estudo e a realizao consequente de um projeto arquitetnico que coloque como prioridade a qualidade do conforto do usurio por meio de prticas sustentveis, um exerccio em que projeto e construo le-vam ao desenvolvimento que atende a sociedade contempornea, sem prejudicar as futuras geraes de conseguirem suprir as suas necessida-des.2 O objetivo deste trabalho no somente projetar com eficincia trmica, mas tambm com eficincia energtica atravs de um projeto experimental escolar na cidade de Teresina.

    A opo de empregar e exemplificar essa linha de estudo em unidades de ensino de fcil justificativa. A importncia da escola na sociedade em que vivemos indiscutvel. O seu papel cultivar na populao uma base para o alargamento intelectual e moral da sociedade.

    Segundo Ornstein e Borelli (1995) 3, os problemas dominantes das edifi-caes escolares se referem aos atributos de conforto trmico e funcio-nalidade.

    Iluminao, rudo, mobilidade, conforto e ergonomia so fatores que in-fluem diretamente sob o rendimento de atividades de trabalho. Fazer uso de uma arquitetura eficiente necessrio nos edifcios escolares para a

    2 A primeira definio de desenvolvimento sustentvel foi citada por Brundtland no relatrio Our Common Future: The World Commission on Environment and De-velopmente, 1987. Development that meets the needs of the present without compromising the abil-ity of future generations to meet their own needs.Disponvel em: < http://worldinbalance.net/intagreements/1987-brundtland.php >. Acesso em 23 jun 2011. Esta definio utilizada por diversos autores que t ratam de temas sustentveis.3 ORNSTEIN; BORELI: 1993.

    obteno do conforto do usurio sem prejudicar o meio ambiente.

    Retomando a discusso da necessidade de aplicar a sustentabilidade na sociedade atual, o tema escolhido para esse trabalho o projeto de um edifcio escolar municipal na cidade de Teresina com enfoque no uso eficiente das questes sustentveis em projeto e construo.

    A pesquisa, em uma primeira etapa, se iniciou com um levantamento e estudo bibliogrfico sobre conceitos e discusses dos ramos da susten-tabilidade, contextualizando o tema no mundo e no Brasil. Tambm fez parte desse levantamento o papel do projeto e da construo sustentvel e o do edifcio escolar, alm da retomada de conceitos do conforto am-biental. Com essa fase se pode abranger a compreenso geral do signifi-cado do projeto de arquitetura pensado sob a tica da sustentabilidade, dando nfase ao estudo do conforto ambiental.

    A segunda etapa englobou pesquisa da cidade de Teresina e sua conse-quente escolha do terreno. Nesse momento, foram coletados os dados projetuais exigidos pelas normas e prefeitura. Entende-se que o arquite-to deve responder a todas as expectativas do usurio e do cliente, aten-dendo o programa solicitado, sem deixar de propor solues inovadoras e eficientes. Pesquisas em escolas municipais fazem parte desta etapa, juntamente com as pesquisas de campo no terreno para o fechamento do programa da unidade a ser feita, unido com o estudo macroclima e mesoclima do local do projeto.

    Em um terceiro momento, realizou-se a parte projetual, chegando a um projeto legal com estudos que concretizem uma avaliao do desempe-nho trmicodas salas de aula.

  • O NOVO MUNDO URBANO - IMAGEM PUBLICADA NO THE GUARDIAN EM JUNHO / 2007. DISPONVEL EM: . ACESSO EM MAIO 2011.

  • 12 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    REVISO BIBLIOGRFICA

    MAPA DA DESIGUALDADE SOCIALFONTE: . ACESSO EM OUTUBRO 2011.

    CONTEXTO AMBIENTAL,ECONMICO, POLTCO x

    SUSTENTABILIDADE

    O aumento mundial do grau da riqueza juntamente com o do grau da pobreza um reflete de como o crescimento das cidades e da economia foi algo meramente quan-titativo e relacionado somente com a idia de modernizao. O aspecto da qualidade, principalmente a social, tem sido deixado de lado, como tambm o uso desenfreado dos recursos do ecossistema. 4

    Rogers aponta que o maior agente ameaador sobrevivncia humana a cidade, cha-mada pelo autor de habitat da humanidade, devido excessiva aplicao equivocada da tecnologia desenvolvida sem o uso de conceitos sustentveis. Um aspecto antieco-nmico exemplificado atravs da necessidade de expanso do sistema de transporte pblico: quanto maior for a cidade, maior ser o custo de implantao dessa expanso.

    Concomitante com esse fato, metade da populao mundial vive no meio urbano. O equilbrio entre meio ambiente, populao e recursos naturais essencial para a sobrevi-vncia da comunidade. Rogers comenta que a sociedade tem o seu futuro determinado pela cidade e dentro dela, hoje elas consomem trs quartos de toda a energia do mundo,

    4 ROGERS:2001.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 13

    sendo as responsveis de, pelo menos, trs quartos da poluio global.

    A definio de sustentabilidade vem passando por um processo de evolu-o esclarecido nas discusses de encontros, de simpsios e de congres-sos mundiais. O conceito envolve a construo civil e todos os recursos que as atividades humanas utilizam. O projeto sustentvel, resumido por Edwards5, basicamente se apia no equilbrio entre o capital inicial inves-tido e os capitais fixos, na criao de espaos saudveis, viveis e sensveis s necessidades sociais e no respeito dos sistemas naturais decorrentes da aprendizagem dos processos ecolgicos.

    Mascar, atravs dos dados informados, deixa claro que a construo sustentvel, apoiada no projeto tambm sustentvel, a base para um desenvolvimento eficiente da humanidade:

    20% a 30% da energia consumida seriam suficientes para o fun-cionamento da edificao; 30% a 50% da energia consumida so desperdiados por falta de controles adequados da instalao, por falta de manuteno e tambm por mau uso; 25% a 45% da ener-gia so consumidos indevidamente por m orientao da edifica-o e por desenho inadequado de suas fachadas, principalmente.6

    5 EDWARDS: 2008.6 MASCAR: 1992 apud MEIRIO: 2004, p.2.

    NACIONAL

    O Brasil, nas ltimas dcadas, passou por diversos progressos na rea energtica. A qualidade do abastecimento crescente, assim como tam-bm a eficincia dos materiais empregados, tanto na rea da construo como nos outros campos que fazem uso de energia.

    O emprego de cobogs, brises-solei e clarabias exemplificam os atribu-tos bioclimticos que a arquitetura brasileira moderna apresentou. Esses elementos associados adaptao climtica somaram-se infl uncia cor- infl uncia cor-influncia cor-busiana tambm com uma preocupao esttica. Em alguns casos, a pre-ocupao esttica sobressaiu-se e esses elementos eram empregados mais por formalidade do que por preocupao com o conforto dos usurios.7

    Decorrente da primeira crise energtica, a questo ambiental veio tona no cenrio internacional depois da dcada de 70. As consequncias de uma crise energtica mundial, do impacto ambiental gerado pelo consu-mo de energia de origem fssil, das previses a respeito do crescimen-to da populao mundial e do inevitvel crescimento das cidades e suas demandas por recursos eram os principais tpicos das discusses inter-nacionais. A aplicao dessas discusses sustentveis abrangeu aspectos desde o impacto ambiental da construo como da busca de sistemas prediais mais eficientes.

    Com o intuito de encontrar meios de conciliar o desenvolvimento scio--econmico com a conservao e proteo do ecossistema, a Rio-92 (II-Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvi-mento ocorrida no Rio de Janeiro em 1992) reviu as metas e a elaborao

    7 GONALVES; DUARTE: 2006, p.52.

  • 14 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    de protocolos internacionais, o melhoramento do nvel de consumo da populao pobre e a diminuio do impacto ambiental dos assentamen-tos humanos mundiais.

    Em 2008, inspirado no selo francs HQE8, foi apresentado o primeiro referencial tcnico brasileiro para construes sustentveis: o AQUA - Alta Qualidade Ambiental, elaborado pelo Departamento de Engenharia de Produo da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. O selo aponta que as principais metas so levar qualidade de vida ao usurio do edifcio, gerar economias de gua, de energia, da disposio de resduos e manuteno, e contribuir para o desenvolvimento scio econmico am-bienta da regio.

    PARMETROS DE CONFORTO NACIONAL

    No Brasil, os principais parmetros para o desempenho de edifcios so focados no conforto, no englobando todos os conceitos da bioclima-tologia e da sustent abilidade. Normas tcnicas e legislaes nacionais devem ser aplicadas obrigatoriamente, de acordo com o projeto que estas especificam.

    A NBR 6401: 1980 Instalaes Centrais de Ar Condicionado para Con-forto: Parmetros Bsicos de Projeto (ABNT, 1980) atua apontando a taxa de renovao de ar para casos de ambientes com ar condicionado. Para salas de aula, por exemplo, o valor mnimo de 40m/hora por pessoa e o recomendvel de 50. Nessa norma tambm se limita o valor da velocidade do vento (0, 025 a 0,25m/s), inviabilizando a adoo dos valores de renovao de ar para ambientes com ventilao natural. No caso de Teresina, como ser apontado adiante, o vento predominante vem do sudeste com velocidade mdia de 1,45m/s.

    8 HQE (Haute Qualit Environnementale) selo francs conferido pela Association pour la Haute Qualit Environnementale, utilizado no Brasil.

    O que norteia parmetros de conforto luminoso, no Brasil, a norma NBR 5413 de Iluminncia de interiores (ABNT, 1992). Porm, trata-se apenas de nveis de iluminncia considerando o uso de iluminao arti-ficial. Para escolas, so recomendados os seguintes valores mnimo/m-dio/superior em lux9:

    Salas de aulas........................................ 200 - 300 - 500Quadros negros.....................................300 - 500 750

    Salas de trabalhos manuais................. 200 - 300 500Laboratrios

    Geral....................................... 150 - 200 - 300Local ........................................ 300 - 500 - 750

    Anfiteatros e auditrios

    Platia ...................................... 150 - 200 - 300Tribuna .................................... 300 - 500 750

    Sala de desenho ..................................... 300 - 500 750Sala de reunies ..................................... 150 - 200 300

    Salas de educao fsica ......................... 100 - 150 200Costuras e atividades semelhantes ....... 300 - 500 750Artes culinrias ............................................150-200-300

    As legislaes nacionais que apontam para o conforto acstico so: NBR 10151; NBR 10152; NBR 5335; NBR 5480; NBR 8433; NBR 7731. Elas seguem as orientaes da Organizao Mundial de Sade e recomendam para escolas:

    Salas de aula e rea para uso pblico: 40 a 50 dB (A) Bibliotecas, salas de msica e de desenhos: 35 a 45 dB (A)

    Servios: 45 a 55 dB (A)

    9 Lux (no Sistema Internacional de Unidades) a unidade de iluminamento. Corres- Lux (no Sistema Internacional de Unidades) a unidade de iluminamento. Corres-ponde incidncia perpendicular de 1 lmen em uma superfcie de 1 metro quadrado.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 15

    A aplicao das normas exigidas em territrio nacional no suficiente para garantir o conforto do usurio em um projeto. Elas so limitadas a algumas condies e devem ser adicionadas a outros requisitos decorren-tes de avaliao. Avaliaes do desempenho trmico, luminoso e acstico devem ser feitas para verificar a eficincia energtica do projeto proposto e a qualidade ambiental do mesmo, para se confirmar ou se corrigir as estratgias utilizadas.

    EDUCAO E SUSTENTABILIDADE

    O papel da escola cultivar na populao uma base para o alargamento intelectual e moral da sociedade. O espao se torna educativo a partir da apropriao pelos usurios.10 A qualidade ambiental de um espao escolar afeta diretamente o ensino e a aprendizagem dos ocupantes. As causas principais dos edifcios escolares nacionais precrios so os ambientes mal adaptados, com o projeto mal desenvolvido e/ou obra mal cons-truda, e com a falta de manuteno. Algumas adaptaes e solues, s vezes pequenas, seriam de grande ganho qualitativo no uso dos edifcios em questo.

    Iluminao, rudo, ambiente fsico, cores do ambiente, segurana com relao a marginais, condicionamento dos ambientes de trabalho e mobi-lidade influenciam diretamente no nvel de aprendizagem.

    Mller11 aponta que uma escola com qualidade ambiental traz como be-nefcios: melhor desempenho; aumento da mdia diria de frequncia dos alunos; aumento da satisfao e reteno dos professores na escola; reduo do custo de operao; reduo da exposio a dvidas e respon-sabilidades legais; e reduo dos impactos ambientais.

    10 LIMA: 1995. LIMA: 1995.

    11 MUELLER, 2007.p. 18 a 22. MUELLER, 2007.p. 18 a 22.

    Esses benefcios esto comprometidos com a situao atual da maioria das escolas pblicas nacionais. Uma pesquisa realizada na rede estadual de ensino da grande So Paulo concluiu que os problemas dominantes nessas edificaes se referem a atributos de conforto trmico e funcio-nalidade. A m orientao das aberturas em salas de aula e a inadequao dos elementos de proteo solar levam a maioria das escolas a se consi-derarem quentes no vero e com ventilao inadequada.12

    Neutra13 defendia a idia de que edifcios educativos no precisariam ser imponentes. Com a pr-fabricao de elementos da construo em um ponto estratgico, a padronizao de moldes de concreto e do seu trans-porte possvel baratear o custo da obra com qualidade. A tipologia das suas escolas rurais em Porto Rico representa um estudo racional da sala de aula e um projeto completo e eficiente. As salas, com implantao ade-quada, possuam aberturas para ptio interno, flexibilidade na disposio dos mveis e portas grandes que se abriam horizontalmente, garantindo ventilao necessria e aumentando rea sombreada.

    Nesse trabalho, o objeto o projeto de uma escola com qualidade am-biental, que deve ser saudvel e confortvel; energicamente eficiente; ter-micamente, visualmente e acusticamente agradvel; bem inserida no stio, de forma planejada e eficiente; responsvel ambientalmente pelo stio que ocupa; construda com materiais eficientes; de fcil operao; bem pensada no seu sistema de transporte e deslocamento interno; utilizada como ferramenta de ensino; segura; envolvente comunidade local e estimulante arquitetonicamente.14

    12 ORNST EIN; BORELLI: 1993. ORNST EIN; BORELLI: 1993.

    13 NEUTRA: 1948. NEUTRA: 1948.

    14 Essas so, resumidamente, as caractersticas de uma escola com qualidade ambiental Essas so, resumidamente, as caractersticas de uma escola com qualidade ambiental segundo MUELLER:2007, p. 7 a 17.

  • 16 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 17

    REFERNCIAS PROJETUAIS

  • 18 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    NACIONAIS

    giNsio de guarulhos escola estadual coNselheiro crisPiNiaNo vilaNova artigas,1960

    O programa engloba sala de aulas, um pequeno auditrio e uma biblioteca. Est abriga-do sob uma nica cobertura ao longo de um bloco 115x41m. O ptio central, juntamen-te com os vestirios e a cantina, situa-se em cota intermediria e diferente dos outros usos. Nele se faz uso da iluminao zenital.

    As salas de aula, alinhadas e com portas de acessos desencontradas, esto na fachada nordeste e so protegidas da insolao pelo amplo beiral. Na fachada oposta se tem um grande corredor parcialmente protegido por elementos vazados de concreto. Nos pisos, alvenarias e estruturas h um jogo de cores primrias em oposio com panos de concreto.

    ESCOLA ESTADUAL CONSELHEIRO CRISPINIANO.1PLANTA 2ELEMENTOS VAZADOS NA FACHADA SUDOESTE 3PTIO CENTRAL DISPONVEL EM: < HTTP://WWW.ARQUITETURABRUTALISTA.COM.BR/FICHAS-TECNICAS/DW%201960-43/1960-43-FICHATECNICA.HTM >. ACESSO EM JUNHO 2011.

    1

    3

    2

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 19

    escola ePg Jardim iP dcio tozzi e luiz carlos ramos,1967

    O partido deste edifcio procura integrar os espaos de recreao e estar. H um grande espao central que faz uso da iluminao natural zenital por meio de enormes sheds, protegidos internamente para evitar a exces-siva entrada da radiao solar direta, e suas aberturas, junto com as das janelas, propiciam uma ventilao cruzada em todo o prdio. As fachadas leste/oeste so cegas e as norte/sul protegidas por anteparos solares.

    BiBlioteca PBlica do estado rio de JaNeiro glauco camPello,1994

    A luz natural aproveitada por meio da iluminao zenital tipo shed e com brises de proteo, evitando a entrada solar direta. A setorizao dos ambientes feita com divisrias a meia altura de modo a permitir a ven-tilao natural. Os ambientes so construdos com peas pr-fabricadas em concreto e abertos.

    ESCOLA EPG JARDIM IP 1CORTE FONTE: CORBELLA; YANNAS:2003.

    BIBLIOTECA PBLICA DO ESTADO - RIO DE JANEIRO2BRISES NA FACHADA EXTERNA 3 e 4APROVEITAMENTO DA ILUMINAO NATURAL

    FONTE: GLAUCO CAMPELLO ARQUITETOS. DISPONVEL EM :

  • 20 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    oBras de Joo filgueiras lima

    Nos projetos de Lel, importante fazer um estudo do ponto de vista do conforto ambiental a fim de ilustrar as vantagens dos sistemas concebi-dos para produzir sensaes agradveis nos ocupantes de seus edifcios. A conjugao das variveis luz e vento e sua considerao desde a con-cepo do edifcio so fundamentais para garantir uma eficiente ventila-o e iluminao natural.

    notria, em suas obras, a disposio de suas prioridades: o recurso passivo utilizado sempre que possvel. Nos locais onde o vero mais rigoroso e a ventilao pequena, Lel utiliza de recursos ativos meno-tilao pequena, Lel utiliza de recursos ativos meno-res nos vos dos sheds. E nos casos mais extremos, onde a ventilao inexistente, ele opta pela refrigerao central, com equipamentos que utilizam gua para resfriamento, no lugar do gs.

    O Tribunal de Contas da Unio (TCU) de Cuiab, de 1997, faz uso da iluminao e ventilao natural, atravs de sheds e elementos vazados, nas reas de circulao e sanitrios. Esses elementos, combinados a um jardim interno, propiciam um microclima agradvel. Nas reas de longa permanncia utiliza-se o ar condicionado central.

    O TCU de Teresina, do mesmo ano, apresenta o mesmo partido de Cuia-b. O uso passivo de iluminao e ventilao, associados a um jardim in-terno, o recurso utilizado nos locais de pouca/mdia permanncia. Os brises horizontais, na fachada norte, permitem contato com o exterior.

    Os setores tcnicos, administrativos e o auditrio, localizados em outro bloco, foram projetados e executados para refrigerao central tipo fan--coil. Porm, recentemente esse sistema central foi desativado e substitu-do por condicionamentos independentes com splits. A justificativa dessa mudana foi a manuteno custosa e a demora na substituio de peas do antigo aparelho. Tambm foi constatado um decrscimo de 40% na conta de energia mensal, segundo os funcionrios.

    TCU TERESINA1AMBIENTE DE TRABALHO 2PTIO INTERNO 3CROQUI

    CROQUI- FONTE: LATORRACA: 2000. FOTOS: ABRIL DE 2011

    TCU CUIAB4USO DE ELEMENTOS VAZADOS 5PTIO INTERNO

    FONTE: LATORRACA: 2000.

    FDE VOTORANTIN5PROTEO DA CAIXILHARIA DAS SALAS DE AULA 6REFEITRIO 7CORTE

    FONTE: GRUPOSP. DISPONVEL EM: ACESSO EM MARO 2011.

    1 2

    3

    4 5

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 21

    cesa (ceNtro educacioNal saNto aNdr) Jd. saNto aNdr Brasil arQuitetura, 2006

    O projeto da escola pblica, idealizada para receber alunos de quatro a dez anos, conta com o emprego de lajes-jardins, aberturas zenitais com sheds, paredes internas coloridas, reas internas vazadas, grandes caixi-lhos nas salas de aula e paredes externas com cobogs na fachada N/S e empena cega na fachada L/O.

    Esses elementos bem empregados permitem o uso da iluminao natural bem capturada e bem refletida para diversos ambientes e diferentes pa-vimentos. As salas de aula possuem ventilao natural abundante e con-trolada com os seus caixilhos protegidos da insolao pelos cobogs. O programa da escola bem completo. Abrange ptio coberto e descober-to, auditrio com camarim, refeitrio interno e externo, jardim/horta dos alunos (no teto jardim) e informtica.

    fde votoratiN gruPo sP, 2008

    O acesso ao edifcio feito de modo que a quadra coberta tenha autono- feito de modo que a quadra coberta tenha autono-de modo que a quadra coberta tenha autono-mia em relao s demais instalaes, atendendo as exigncias da FDE de que a quadra sirva a comunidade. As salas de aula alinhadas e com portas de acessos desencontradas na fachada norte so protegidas por quebra--sis e pela distancia entre a parede externa e a caixilharia, garantindo boa luminosidade e evitando a radiao solar direta. O uso de elementos va-zados no edifcio e reas de circulao abertas sem vedao, juntamente com coberturas em nveis desencontrados, eleva o potencial de ventilao e iluminao natural em todos os ambientes.

    CESA JD. SANTO ANDR 1ELEMENTOS VAZADOS NAS FACHADAS N/S 2ILUMINAO NATURAL RE-FLETIDA POR MEIO DOS SHEDS 3CROQUI 4SALA DE AULA FONTE: BRASIL ARQUITETURA DISPONVEL EM:< HTTP://WWW.BRASILARQUITETURA.COM/PROJETO> ACESSO EM: MARO 2011

    FDE VOTORANTIN5PROTEO DA CAIXILHARIA DAS SALAS DE AULA 6REFEITRIO 7CORTE

    FONTE: GRUPOSP. DISPONVEL EM: ACESSO EM MARO 2011.

    1

    3

    5

    7

    6

    4

    2

  • 22 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    INTERNACIONAIS

    australiaN techNical college suNshiNe associate sPowers architects, 2007

    O projeto do edifcio, feito para abrigar 350 alunos para rea tecnolgica, teve a parti-cipao de alunos em sua idealizao e ganhou prmio australiano de edifcios pblicos sustentvel no ano de 2008. O Prdio faz uso de clarabias para se minimizar o uso de iluminao artificial e da ventilao natural. Existe um canal subterrneo que ajuda na circulao de brisas no edifcio.

    AUSTRALIAN TECHNICAL COLLEGE SUNSHINEDISPONVEL EM:< HTTP://WWW.WORLDARCHITECTURENEWS.COM > ACESSO EM MARO 2011.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 23

    roy lee walker elemeNtary school texas, 2000

    O ptio interno potencializa ventilao e iluminao natural nas salas de aula, juntamente com a prateleira de luz, a esquadria em profundidade e os sheds.

    zhaNgde Primary school siNgaPura,2005.

    Os elementos (vegetao local, uso de gua, diferentes texturas e cores) no ptio interno criam um microclima diferenciado, proporcionando be- ptio interno criam um microclima diferenciado, proporcionando be-microclima diferenciado, proporcionando be-nefcios climticos, visuais e acsticos para os ocupantes.

    FOTOS ROY LEE WALKER ELEMENTARY SCHOOLDISPONVEL EM :< HTTP://WWW.DESIGNSHARE.COM/> ACESSO EM MARO 2011.

    FOTOS ZHANGDE PRIMARY SCHOOL. DISPONVEL EM:< HTTP://WWW.SCHOOLDESIGNER.COM> ACESSO EM MARO 2011.

  • PANORAMA DE TERESINA VISTA DA PONTE JOO ISIDORO FRANA SOB O RIO POTI

    FOTOS: JULHO 2011

  • 26 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    SOBRE TERESINA

    BRASLIA

    SO LUS

    FORTALEZA

    TERESINA

    PALMAS

    LOCALIZAO DE TERESINA EM REGIO DO BRASILFONTE: GOOGLE EARTH. MODIFICADA PELA AUTORA.

    Teresina foi fundada em 1852 para ser a capital da Provncia do Piau margem do rio Parnaba, na confluncia com o rio Poti, devido a navegabilidade e facilidade de trans-porte e comunicao fluvial, em substituio cidade de Oeiras.

    A cidade foi planejada com um modelo de ocupao atravs de uma malha ortogonal sem hierarquizao de ruas. Esse modelo, proposto por seu fundador, conselheiro Jos Antnio Saraiva, abrigava toda a populao at 1900, ocorrendo inicialmente um cresci-mento para o Norte, extrapolando o limite do contorno da via frrea, e somente depois de desobstrues do afloramento rochoso, para o Sul. O crescimento para a zona Leste se deu somente a partir de 1957 com a criao da primeira ponte. Esse traado regular em xadrez se manteve at o anel circular da estrada de ferro.

    Teresina uma cidade de porte mdio, mas tem grande influncia regional devido a sua localizao estratgica, situada num dos maiores entrocamentos rodovirios do Nordeste. No eixo leste-oeste liga Cear, Maranho e Par, e no eixo sul liga--se capital federal, Braslia, e ao estado do Tocantinhs, rescebendo assim, muitos imigrantes.15

    15 LIMA:2001, p.80.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 27

    814.230 habitantes residem em Teresina e 94,3% dessa populao urbana. Um quarto dos habitantes municipais possui entre 5 a 19 anos e 75% dos estudantes da cidade esto matriculados no ensino pblico e dependem do mesmo.16 A climatizao artificial foi recentemente mal implantada em toda rede pblica de ensino.

    16 IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. IBGE Cidades. Disponvel em: . Acesso em: 10 maio 2011.

    Rio Paranaba

    AT 1900

    Rio Poti

    1900 A 1940

    ATUAL REA URBANA

    LINHA FRREA

    LIMITE BAIRROS

    EVOLUO URBANA DE TERESINA DE SUA FUNDAO AT 1940FONTE:LIMA.2001,P.43 MODIFICADA PELA AUTORA.

    ENSINO PR-ESCOLAR

    ENSINO FUNDAMENTAL

    ENSINO MDIO

    PRIVADA 132 147 64

    MUNICIPAL 176 151 0

    ESTADUAL 5 110 105FEDERAL 0 0 2TOTAL 313 408 171

    ENSINO PR-ESCOLAR

    ENSINO FUNDAMENTAL

    ENSINO MDIO

    PRIVADA 9102 31922 11990

    MUNICIPAL 14594 63006 0

    ESTADUAL 303 30879 2459

    FEDERAL 0 0 47790

    TOTAL 23999 125807 62239

    37,92658027 25,37378683 19,26444834

    53014

    ENSINO PR-ESCOLAR

    ENSINO FUNDAMENTAL

    ENSINO MDIO

    PRIVADA 132 147 64

    MUNICIPAL 176 151 0

    ESTADUAL 5 110 105FEDERAL 0 0 2TOTAL 313 408 171

    ENSINO PR-ESCOLAR

    ENSINO FUNDAMENTAL

    ENSINO MDIO

    PRIVADA 9102 31922 11990

    MUNICIPAL 14594 63006 0

    ESTADUAL 303 30879 2459

    FEDERAL 0 0 47790

    TOTAL 23999 125807 62239

    37,92658027 25,37378683 19,26444834

    53014

    NMERO DE ESCOLAS EM TERESINA NO ANO DE 2009.FONTE:IBGE

    NMERO DE MATRCULAS EM TERESINA NO ANO DE 2009FONTE:IBGE

    N

  • 28 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    ATENO AO CLIMA

    Teresina situa-se a latitude 505 S e longitude 4249O, em uma altitude de 72m. Localiza-se a 300 km do litoral, entre dois volumosos rios (Par-naba e Poti). Est inserida em uma floresta decidual mista, de transio entre floresta, cerrado e caatinga.

    Na classificao de Kppen17 a cidade enquadra-se como Tropical Me-gatrmico (Awi), por todos os meses do ano apresentarem temperatura mdia maior que 18C, pela estao invernosa ser ausente, pela forte pre-cipitao anual concentrada entre janeiro a abril, e pela amplitude trmica anual ser menor que 5C. Caracteriza-se por ser um clima tropical conti-nental, com duas estaes bem definidas, uma seca e outra mida.

    De acordo com a classificao de Nimer18, o clima tido como Quente e Semi-rido brando, por apresentar perodo seco durante seis meses do ano. Mas o Atlas do Piau (IBGE, 1990) considera o clima do municpio Sub-mido seco devido altura das precipitaes anuais na regio.

    A cidade est na Zona Bioclimtica 7 de acordo com a NBR-15220 (ABNT, 2005). A parte 3 dessa norma, intitulada de Zoneamento Biocli-mtico Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitaes Unifamiliares de Interesse Social, aponta para Teresina as seguintes diretrizes: aberturas para ventilao pequenas e com sombreamento; paredes e coberturas pe-sadas; uso de resfriamento evaporativo; massa trmica para resfriamento; e ventilao seletiva nos perodos quentes, em que a temperatura interna

    17 Sistema de classifi cao global dos tipos climticos proposta pelo climatologista Sistema de classificao global dos tipos climticos proposta pelo climatologista alemo Wladimir Kppen.

    18 Utilizada nas publicaes do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatstica- Utilizada nas publicaes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica- IBGE,1989

    seja superior externa.

    Atravs do banco de dados do programa computacional Climati-cus19, gerou-se os seguintes grficos que serviram de base para a anlise do clima de Teresina. Os dados de velocidade20 e direo predominante dos ventos21 foram conseguidos em outras fontes.

    As mdias mensais so elevadas o ano inteiro e a mdia anual est em torno de 26,5C. A variao da mesma durante o ano no ultrapassa 3C. As mximas ocorrem nos meses de agosto a no-vembro e atingem 36,4C. As mdias mnimas variam em torno dos 21C e ocorrem nos meses de junho, julho e agosto.

    A amplitude trmica mdia anual de 11C. So mais intensas no perodo de agosto a outubro. As amplitudes menores coincidem com o perodo mais chuvoso e de temperaturas mais amenas.

    As chuvas dividem o ano em dois perodos, um chuvoso mido e outro seco. Esto concentradas de janeiro a maio, poca em que so frequentes, intensas e acompanhadas de ventos fortes. De julho a setembro as chuvas so escassas.

    A mdia anual da umidade relativa 70%, chegando a quase 85% no perodo mais chuvoso e a quase 55% no perodo mais seco, perodo este que coincide com o das temperaturas mais elevadas.

    19 ALLUCI, M. P. ALLUCI, M. P. Climaticus v.4.2. So Paulo, 2005.20 Departamento de Hidrometeorologia da Secretaria de Agricultura, Abas- Departamento de Hidrometeorologia da Secretaria de Agricultura, Abas-tecimento e Irrigao do Estado do Piau (perodo de 1977 a 1997) apud SIL-VEIRA: 2007.

    21 MACIEL; MEDEIROS: 2010. MACIEL; MEDEIROS: 2010.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 29

    Os ventos so fracos o ano inteiro, com elevadas calmarias (entre 30 a 40% do ano), e direo predominante sudeste. Em trinta anos de ob-servao as direes predominantes com maiores valores de freqncias de entrada foram: Sudeste com 269,6 vezes; a direo de Este (E) com 179,5 vezes e a direo Nordeste com 113,7 vezes, em relao s ou-tras direes ocorre com uma menor intensidade quando comparada s citadas..22

    A insolao mdia varia entre 5,57h dirias no ms de janeiro a 9,57h no ms de julho. Os valores mais baixos ocorrem no perodo chuvoso, de janeiro a maro.

    Nos mtodos de avaliao do desempenho trmico, os dados climticos so caracterizados pelos dias tpicos de projeto, para os perodos de in-verno e vero. Esses dias so determinados em funo da freqncia dos dados climticoigncia em uma avaliao.

    As caractersticas climticas de Teresina, onde as temperaturas mensais so sempre elevadas, levam a uma possvel representao de seu clima atravs de um dia no ms de maro, com menor amplitude trmica e tem-peratura, e com umidade relativa e precipitaes tpicas de clima quente e mido. O outro dia no ms de outubro, ms que apresenta maiores valores de temperatura, maiores amplitu es e menor valor de umidade precipitao, caracterizando-o como ms de clima quente e seco.

    22 MACIEL; MEDEIROS: 2010. MACIEL; MEDEIROS: 2010.

  • 30 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURAS MXIMAS, MDIAS E MNIMAS (C) PRECIPITAO TOTAL (mm)

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    UMIDADE RELATIVA (%)

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    VELOCIDADE DOS VENTOS (m/s)

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    AMPLITUDE TRMICA (C)

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    20

    22

    24

    26

    28

    30

    32

    34

    36

    38

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MXIMA (C)

    7

    8

    9

    10

    11

    12

    13

    14

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ20JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    TEMPERATURA MDIA (C)

    TEMPERATURA MNIMA(C)

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    0

    50

    100

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1,3

    1,4

    1,5

    1,6

    1,7

    1,8

    7,00

    8,00

    9,00

    10,00

    55

    60

    65

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    1

    1,1

    1,2

    1,3

    1,4

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    INSOLAO MDIA (h)

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 31

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANOPresso Atmos (hPA) 1001,1 1001,2 1001,4 1001,5 1002,2 1003,3 1003,7 1003,3 1002,4 1001,4 1000,7 1005,8 1002,3Temperatura Mdia (C) 26,7 23,6 25,9 26,3 26,1 24 26 25,7 28,4 29 28,7 28 26,5Temperatura Mxima (C) 32,2 30,1 30,1 31,6 31,8 32,4 33,3 33,5 35,8 36,4 35,4 34,2 33,1Temperatura Mnima (C) 22,5 22,4 22,4 22,7 22,4 21,2 20,4 20,5 22 22,8 23 23,1 22,1Amplitude Mdia (C) 9,7 7,7 7,7 8,9 9,4 11,2 12,9 13 13,8 13,6 12,4 11,1 11Temp Mx Absoluta (C) 38,4 36,6 36,8 34,6 35 35,9 37,2 38,6 39,6 40,3 39,7 39,5 40,3Temp Mn Absoluta (C) 20 19,2 20,2 19,9 19,4 16,4 15 15,8 16,4 18,8 19,4 20 15Precipitao Total (mm) 248,3 261 286,3 267,9 109,5 25,4 12,7 11,6 16,9 18 64,8 126,1 1678,9Precip-Mx em 24h (mm) 167,1 123 134,5 130,8 109,7 33,4 38,3 33 57,8 138,2 123 48,6 167,1Evaporao Total (mm) 89,2 61,3 67,3 58,5 76,6 111,2 167,2 192,3 206,5 251,5 183,8 141,1 1606,5Umidade Relativa (%) 75 83 83 84 81 72 65 59 56 58 60 64 70Insolao Total (horas) 166,5 151 167,8 175,9 231 264,1 296,7 287,2 248,9 249,9 232,6 201,3 2672,9Insolao Mdia (horas) 5,37 5,39 5,41 5,86 7,45 8,80 9,57 9,26 8,30 8,06 7,75 6,49 7,31Nebulosidade (0-10) 6,8 6,7 6,9 6,7 4,6 3,3 2,9 2,9 3,3 4,3 4,9 5,8 4,9Velocidade dos ventos (m/s) 1,2 1,2 1,3 1,1 1.2 1,5 1,7 1,7 1,7 1,7 1,6 1,5 1,45

    DADOS CLIMTICOS DE TERESINAFONTE: CLIMATICUS 4.2 E DEPARTAMENTO DE HIDROMETEOROLOGIA DA SECRETARIA DE AGRICULTURA, ABASTECIMENTO E IRRIGAO DO ESTADO DO PIAU (PERODO DE 1977 A 1997) APUD SILVEIRA: 2007.

    Rio Parnaba

    Rio Poti

    32%

    48%

    20%

    INTERPRETAO DOS VENTOS DOMINANTES FONTE:MACIEL.2010,P.4 MONTAGEM GRFICA: PRPRIA AUTORA

    N

  • 32 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    EXIGNCIAS DE CONFORTO TRMICO

    Para a formulao das estratgias bioclimticas na cidade de Teresina, obtendo- se ambientes termicamente confortveis, atravs das exigncias de conforto trmico local, utilizou-se dos softwares Analysis Bio 2.1.5. e Climaticus 4.2 e das Tabelas de Mahoney.

    aNalysis Bio 2.1.5.

    Software desenvolvido pelo Laboratrio de Eficincia Energtica em Edificaes- LabEEE/UFSC- com ltima atualizao de 2009. Usa-se da carta de Givoni (1992) adaptada ao Brasil por Goulart (1994) junta-mente com os arquivos climticos TRY23 ou com os dados das Normais Climatolgicas24, para avaliao das condies de conforto trmico de ambientes internos utilizando uma carta psicromtrica. Neste trabalho, usou-se apenas das Normais Climatolgicas por falta de arquivos clim-ticos TRY para Teresina.

    A carta bioclimtica de Teresina, segundo o Analysis Bio, indica que o conforto trmico no municipio est presente em 36,81% das horas do

    23 Test Reference ear, traduzido como Ano Climtico de Referncia, uma srie de Test Reference ear, traduzido como Ano Climtico de Referncia, uma srie de dados climticos formados atravs de uma metodologia baseada na eliminao de anos cujos dados contm temperaturas mdias mensais extremas (altas ou baixas) at que se obtenha apenas um ano de dados mdios (GOULART [et al]., 1997).

    24 As Normais Climatolgicas so obtidas atravs do clculo das mdias de parme- As Normais Climatolgicas so obtidas atravs do clculo das mdias de parme-tros meteorolgicos, obedecendo a critrios recomendados pela Organizao Meteoro-lgica Mundial (OMM). Essas mdias referem-se a perodos padronizados de 30 (trinta) anos, sucessivamente. Como, no Brasil, somente a partir de 1910 a atividade de obser- atividade de obser-atividade de obser-vao meteorolgica passou a ser feita de forma sistemtica, o primeiro perodo padro possvel de ser calculado foi o de 1931 a 1960. Software disponibiliza dados climticos do INMET para principais cidades brasileiras, no perodo 1961 a 1990

    ano e o desconforto em 63,19% das horas restantes do ano. A estratgia mais recomendada a ventilao (48,55% do tempo) muitas vezes asso-ciada a outras estratgias como resfriamento evaporativo e massa trmica para resfriamento, estratgias presentes principalmente no segundo se-mestre.

    climaticus.4.2

    O Programa foi desenvolvido por Marcia Alluci juntamente ao Laborat-rio de Conforto Ambiental e Eficincia Energtica- FAUUSP e tem sua ultima atualizao datada de 2005. Atravs do banco de dados das Nor-mais Climatolgicas25 de 58 cidades brasileiras, disponibiliza ferramentas para o diagnstico climtico, tais como a Carta Bioclimtica de Givoni, a classificao do clima segundo Mahoney e diagramas de geometria ti-ma. Tambm gera grficos de temperatura e umidade, radiao solar por fachada, ventos, precipitao e nebulosidade.

    De acordo com Climaticus, o conforto em Teresina se manifesta em ape-nas 9% do tempo por ano, e est concentrado praticamente nos meses de agosto e setembro. A estratgia mais presente durante o ano o con-dicionamento artificial, que preciso em metade do tempo anual, duran-te todos os meses do ano. A ventilao a estratgia subsequente mais presente (34,4%) aparecendo tambm conjugada com outras tticas. Em seguinte est o resfriamento evaporativo (10,4%), nos meses de julho a novembro, que tambm aparece muitas vezes conjugado a outras estra-tgias.

    25 Software tambm disponibiliza dados climticos do INMET para principais cidades Software tambm disponibiliza dados climticos do INMET para principais cidades brasileiras, no perodo 1961 a 1990.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 33

    40,00

    60,00

    80,00

    100,00

    120,00

    140,00

    160,00

    180,00

    0,00

    20,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    AR CONDICIONADO

    MASSA TRM. P/ RESFR.

    RESFR. EVAPORATIVO

    VENTILAO

    CONFORTO

    20,00

    40,00

    60,00

    80,00

    100,00

    0,00JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    AR CONDICIONADO

    MASSA TRM. P/ RESFR.

    MASSA TRM. + RESFR. EVAPORATIVO

    MASSA TRM. + RESFR. EVAPORATIVO + VENT.

    VENTILAO

    CONFORTO

    freQuNcia das estratgias Bioclimticas dissociadas Para teresiNa SEGUNDO ANALYSIS BIO 2.1.5.

    20,00

    40,00

    60,00

    80,00

    100,00

    0,00JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    AR CONDICIONADO

    MASSA TRM. P/ RESFR.

    MASSA TRM. + RESFR. EVAPORATIVO

    MASSA TRM. + RESFR. EVAPORATIVO + VENT.

    VENTILAO

    CONFORTO

    40,00

    60,00

    80,00

    100,00

    120,00

    140,00

    160,00

    180,00

    0,00

    20,00

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    AR CONDICIONADO

    MASSA TRM. P/ RESFR.

    RESFR. EVAPORATIVO

    VENTILAO

    CONFORTO

    freQuNcia das estratgias BioCLIMTICAS ASSOCIADAS PAra teresiNa SEGUNDO ANALYSIS BIO 2.1.5.

    resumos das estratgias BioCLIMTICAS PAra teresiNa SEGUNDO CLIMATICUS 4.2.

    HORA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ0 CA CA CA CA CA ZV ZV ZC ZC ZV ZV ZV2 CA CA CA ZV ZV ZV ZV ZC ZC ZV ZV ZV4 ZV CA CA ZV ZV ZV ZV ZC ZC ZC ZV ZV6 ZV CA CA ZV ZV ZV ZV ZC ZC ZV ZV ZV8 ZV CA CA ZV ZV ZV ZC ZC ZC ZV/MTR/RE ZV/MTR/RE ZV10 CA CA CA CA ZV ZV ZV/MTR/RE ZV/MTR/RE ZV/MTR CA CA CA12 CA CA CA CA CA CA RE RE RE CA CA CA14 CA CA CA CA CA CA RE RE RE CA CA CA16 CA CA CA CA CA CA CA RE CA CA CA CA18 CA CA CA CA CA CA CA RE CA CA CA CA20 CA CA CA CA CA ZV ZV ZV/MTR/RE ZV ZV ZV CA22 CA CA CA CA CA ZV ZV ZC ZV/MTR/RE ZV ZV ZV

  • 34 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    Quadros de Mahoney

    Desenvolvido por Carl Mahoney para a ONU em 1969, as tabelas de Mahoney so um mtodo de concepo de edificaes adequadas ao clima tropical. No geram dados para nenhuma cidade em especfico, mas referem-se a um mtodo universal. Este processo faz uma anlise qualitativa das necessidades de conforto para determinado tipo de clima, a partir da entrada das principais informaes sobre o clima de um lugar, e utilizado recorrentemente na literatura que trata a arquitetura biocli-mtica, como Mascar (1983) e Silveira (1999).

    Essa anlise qualitativa feita atravs da avaliao do clima com limi-tes de conforto, observando a temperatura mxima e mnima mdia, a umidade relativa do ar e as precipitaes mdias, e do diagnstico do clima local com medidas corretivas, indicadores associados s condies climticas midas ou ridas. Gera recomendaes gerais de projeto e re-comendaes mais detalhadas.

    Os detalhes especificados de projeto se referem ao tamanho e a posio das aberturas, a necessidade ou no de proteg-las, alm do tipo de pare-de e coberturas a serem empregados. A vantagem principal do uso dessas tabelas que este mtodo leva em conta a variao da umidade relativa do ar ao longo do ano. 26

    A avaliao e o diagnstico do clima de Teresina, atravs das Tabelas de Mahoney, indica dois perodos climticos tpicos. O primeiro aparece nos seis primeiros meses do ano com temperatura e umidade relativa do ar elevada, ou seja, o movimento do ar indispensvel para a obteno do

    26 ANDRADE: 2005, p.39.ANDRADE: 2005, p.39.

    conforto trmico nesse perodo. O segundo engloba os meses de julho a dezembro, quando as temperaturas so ainda mais elevadas, a umidade relativa do ar moderada e a amplitude trmica diria maior que 10C, apontando a necessidade de armazenamento trmico. O diagnstico tambm revela que h necessidade de se adotar estratgias evitando a en-trada de chuvas nos edifcios, durante os meses de janeiro a maio, quando a pluviosidade maior que 200 mm por ms.

    Quanto s diretrizes de projeto, as tabelas, resumidamente, indicam que a implantao deve ter seu eixo maior no sentido leste/oeste. Os edifcios devem estar bem distanciados para penetrao dos ventos (com ambien-tes protegidos dos ventos quentes e carregados de p). As habitaes devem estar dispostas enfileiradas e com aberturas voltadas entrada de ventos.

    As aberturas devem ocupar entre 20 a 40% da rea das paredes, deven-do estar dispostas nas fachadas norte/sul, na direo predominante dos ventos e que permitam ventilao ao nvel dos ocupantes, e devem estar protegidas da insolao e das chuvas.

    As paredes e coberturas devem ser pesadas e ter inrcia trmica elevada, com tempo de retardo superior a oito horas para o calor incidente nas superfcies externas. Assim, a radiao dos horrios mais quentes atinge o interior do edifcio somente quando a temperatura do ar estiver mais amena.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 35

    coNcluses soBre as exigNcias climticas

    O clima de Teresina no pode ser simplificado, diagnosticando-o so-mente como quente-mido ou somente como quente-seco. O clima tem alguns detalhes dessas duas tipologias, que so verificados em dois se-mestres do ano, de janeiro a junho e de julho a dezembro. As solues projetuais e construtivas devem atender s exigncias climticas ao longo de todo perodo.

    No primeiro semestre, diagnosticado como quente-mido, a temperatura do ar (a qual varia entre 22 a 32C) praticamente a mesma das tempe-raturas das superfcies e da pele, portanto as trocas de calor por conduo e conveco so dificultadas. A temperatura nessa poca diminui pouco noite e as temperaturas das superfcies das paredes e da cobertura tendem a se manter no mesmo valor da do ar.

    Nesta poca necessrio que os ventos penetrem no edifcio, ao nvel dos ocupantes, para que se perca calor atravs da evaporao do suor. A ventilao muito importante para o resfriamento das superfcies por conveco e para a perda de calor por evaporao.

    O aumento da temperatura tambm deve ser evitado atravs da reduo da absoro da insolao. As superfcies de um ambiente podem virar fontes de radiao quando estas esto expostas a radiao solar direta ou indireta, elevando sua temperatura e a do ar interno. Mesmo em horrios quando a temperatura atinge valores muito altos, os ventos so recomen-dados para reduzir a umidade da pele.

    Na poca quente-seca, que atinge o segundo semestre, a ventilao tambm desejada desde que seja tratada, para no levar poeira aos am- desejada desde que seja tratada, para no levar poeira aos am-bientes internos, e resfriada. O grau de conforto durante o dia tem influ-ncia direta principalmente com a radiao solar, portanto a proteo

    uma estratgia imensamente recomendada.

    A utilizao de materiais com grande inrcia trmica uma recurso im-portante, assim possvel impedir que a alta temperatura externa, nos horrios de pico da mesma, atinja imediatamente as superfcies internas. Com um tempo de retardo grande das superfcies externas, as superfcies internas s sero atingidas pelo calor noite, quando a temperatura do ar externo atingir valores agradveis, j que nessa poca a amplitude trmica constatada elevada. A massa trmica para resfriamento uma estratgia importante dessa poca, devendo-se manter o edifcio fechado durante o dia e abri-lo durante a noite.

    Tratando-se de edifcios escolares, no existe ocupao em parte da noite e na madrugada, portanto, a transferncia de calor acumulado durante o dia, pelas superfcies externas com grande inrcia trmica para o interior dos ambientes, no interfere na sensao de conforto dos ocupantes.

  • 36 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    EDIFCIOS ESCOLARES PBLICOS

    sNtese histrica da tiPologia coNstrutiva e avaliao trmica27

    Somente em 1920, setenta anos depois da implantao do municpio, fo-ram construdos os primeiros edifcios com o intuito de servirem como escolas. Durante esses anos, os espaos educativos eram, na sua maioria, em prdios residenciais alugados, onde funcionavam de forma precria e mal adaptados.

    Esses primeiros edifcios escolares em Teresina foram construdos prati-camente meio sculo depois dos primeiros edificados no Rio de Janeiro e em So Paulo, e mesmo assim apresentam semelhana com essas edifi-caes, como a planta simtrica e a percepo que a fachada permite de volumes diferentes, pelos pavimentos ou pelo avano ou recuo do bloco central. A Escola Normal de Teresina, que teve seu edifcio construdo em 1924, um bom exemplo dessa semelhana. O seu estilo neoclssi-co, sua fachada simtrica e sua qualidade construtiva se assemelham s primeiras escolas de So Paulo e Rio de Janeiro. As escolas desse perodo tm plantas trreas, compactas em U e com tratamento diferenciado na fachada principal.

    Nas dcadas de 40 a 60, a planta do edifcio em T frequente, com o recreio coberto e os sanitrios ao fundo. As salas de aula tinham as suas janelas voltadas para norte ou para sul, e a parede oposta tratada com cobogs, onde externamente sala havia o corredor, permitindo a ven- sala havia o corredor, permitindo a ven- sala havia o corredor, permitindo a ven-tilao cruzada.

    Projetos feitos pelos arquitetos da Secretaria de Educao, na dcada de 60, foram consequentes ao acordo entre Sudene/MEC/USAID/Gover-no do Estado do Piau com a meta de construir 300 salas de aula no Piau. A escola tpica dessa poca divida em trs blocos: um, na entra-da, abrigava recreio, cantina, sanitrio e administrao, e os outros dois

    27 SILVEIRA: 1999. SILVEIRA: 1999.

    perpendiculares com salas de aula enfileiradas, para ocorrer ventilao cruzada. Esse modelo bsico foi seguido tambm na dcada seguinte. Um programa mais amplo, com biblioteca, refeitrio, cozinha, salas para ensino profissionalizante, auditrio, museu, quadras de esportes e salas destinadas administrao regional, se somou ao modelo de blocos inter-ligados na dcada de 80, a fim de integrar escola e comunidade.

    O projeto do governo federal para os Centros Integrados de Apoio Criana CIAC apresentou um padro inovador construtivo no es-tado marcando a dcada de 90. O programa realizado por Joo Filguei-ras Lima para o MEC, empregando peas pr-fabricadas de argamassa armada, foi desenvolvido propondo atendimento mdico-odontolgico, auditrio,ginsio de esportes e refeitrio e a possibilidade da creche. Fo-ram construdas trs CIACs na cidade de Teresina, mas as suas implan-taes no terreno desconsideraram a orientao solar mais favorvel. As outras escolas da dcada foram construdas de forma simples, eram trreas e com salas distribudas em duas fileiras conectadas ao um trio coberto.

    Atualmente, quase todas as escolas da cidade sofreram adaptaes quan-to s novas exigncias do MEC, das Normas Tcnicas Brasileiras e das atualizaes do Cdigo de Obra Municipal. Todos os ambientes de traba-lho tm forro, rampas para acessibilidade esto presente em todo o edif-cio e mais recentemente, o condicionamento artificial foi implantado nas salas de aula e salas da administrao. Essas adaptaes, principalmente na climatizao artificial e nas rampas de acesso, foram mal implantadas. Nas salas de aula, por exemplo, os elementos vazados foram fechados precariamente com tapumes ou papeles em muitos casos, impedindo o uso da iluminao natural. A construo de rampas com inclinao muito acima da recomendada tambm recorrente em alguns ambientes, como veremos nas imagens do item seguinte.

    Da tabela da Sntese Histrica construtiva dos edifcios escolares em Teresina, podemos inferir que o desejo da ventilao cruzada foi algo sempre presente, como tambm a cobertura em cermica. O forro s apareceu na dcada de 60 e a laje de concreto, mais eficiente como iso-

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 37

    lante trmico, no foi mais construda. Ocorreu tambm uma diminuio no p direito e na espessura da parede. O vidro na esquadria algo raro nas escolas.

    O que se pode concluir que os prdios escolares sofreram uma me-lhoria projetual ao longo das dcadas quando se trata de implantao e disposio dos ambientes e do programa, porm, em relao aos ma-teriais empregados e s solues construtivas relacionadas ao conforto ambiental, essa melhoria no ocorreu devido diminuio de p direito e de espessura de paredes, por exemplo.

    Silveira fez uma avaliao de desempenho trmico de prdios escolares em Teresina. Fizeram parte de sua pesquisa 14 escolas pblicas que re-presentam uma amostra das tipologias escolares da cidade. A anlise foi feita atravs do roteiro desenvolvido pelo IPT (1986 e 1988) 28 e de um programa computacional de simulao do desempenho trmico, o AR-QUITROP 3.0, juntamente com a criao de cinco prottipos idealiza-dos, dois utilizando de sistemas construtivos semelhantes aos das escolas construdas na cidade e os outros trs utilizando diferentes sistemas. Os dias tpicos de projeto escolhidos para a avaliao foram 15 de maro e 15 de outubro, e o limite superior de conforto seguiu a recomendao de Givoni (1998) para pessoas aclimatadas ao clima quente e climatizao natural: temperatura mxima igual a 32C considerando velocidade do vento igual a 2m/s no ambiente. importante ressaltar que esse traba-lho foi desenvolvido anteriormente implantao do condicionamento

    28 INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS: 1987. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS: 1987.INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS. : 1998.

    artificial existente hoje nas salas de aulas das escolas do municpio. Sua anlise vale para ambientes que dependem do sistema passivo.

    Com os resultados, os desempenhos trmicos foram comparados che-gando a algumas solues que esto melhor adequadas ao clima da re-gio. As simulaes demonstraram que as temperaturas internas mximas superam consideravelmente os limites de conforto nas datas escolhidas, e se aproximam da temperatura externa em todos os casos.

    Do programa computacional, inferiu-se que as tipologias construtivas existentes que obtiveram melhores resultados para maro so as salas de aula com paredes de tijolo macio, rebocadas com 30 a 35 cm de espessu-ra e pintura externa branca, e as que possuem p-direito acima de 3,5 m, ventilao cruzada e cobertura de telha cermica sem forro.29

    Para outubro, as escolas com melhores resultados se repetiram acrescen-tando aquelas que possuam cobertura em telha de fibrocimento e forro de laje de concreto, apesar de apresentarem paredes mais estreitas.

    Silveira tambm chegou ao resultado, atravs dos prottipos, de que os elementos que mais influenciam na temperatura interna do ambiente so a rea til de ventilao e a cor da cobertura, espessura e o uso do forro. O p direito tambm uma varivel importante, principalmente nos ca-sos onde no h forro. A ocupao das pessoas foi apontada como causa principal dos ganhos de calor, seguido da co bertura, posteriormente dos ventos no ms de outubro e das paredes com espessuras de 15 cm.

    29 Como j mencionado, o estudo data de 1999, portanto algumas escolas possuam Como j mencionado, o estudo data de 1999, portanto algumas escolas possuam salas de aula sem forro e no existia a climatizao artificial.

    INCLINADO PLANO 3.5-5.0m 2.7-3.2m MADEIRAMADEIRA+ COBOG

    VIDRO + COBOG

    VENT. CRUZADA

    TIJOLO MACIO

    +REBOCO

    TIJOLO 6 FUROS

    +REBOCO

    TIJOLO APARENTE

    BLOCO CIMENTO

    30-35cm 12-20cm CERMICAFIBRO

    CIMENTOLAJE

    CONCRETOPLACA DE

    GESSOPLACA

    MADEIRA

    PAINEL ARGA MASSA

    1920/30 X X X X X X X1940/50 X X X X X X X1960 X X X X X X X X X X X1970 X X X X X X X X X X X X X X X1980 X X X X X X X X X X X1990 X X X X X X X X X X X

    FORROP DIREITO ESQUADRIA

    ANO

    PAREDES COBERTURA

    SNTESE HISTRICA CONSTRUTIVA DOS EDIFCIOS ESCOLARES EM TERESINA BASEADO NOS DADOS COLETADOS EM SILVEIRA, 1999

  • 38 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    visita e situao atual

    Cinco edifcios municipais educacionais foram visitados a fim de diag-nosticar a situao atual das suas condies fsicas. So eles: Escola Mu-nicipal Murilo Braga, Centro de Formao Prof. Odilon Nunes e Centro Educacional Comunitrio Mocambinho, na zona norte; Escola Municipal Simes Filho, localizada na zona sul e a Escola Municipal Santa Teresa, na zona leste do municpio, mas j em zona rural.

    Como comentado, quase todas as escolas municipais da cidade j sofre-ram adaptaes para que entrem de acordo com as normas tcnicas de acessibilidade. Essas mudanas foram, em muitos casos, mal implantadas.

    O forro tambm j foi instalado em quase todos os ambientes de traba-lho, respeitando a norma. Apenas o Centro de Educao Comunitrio Mocambinho, dentre as unidades visitadas, ainda sofre com a falta de forro em algumas salas de aula, situao irregular.

    Recentemente, o ar condicionado foi adotado como medida de refrige-rao em quase todas as salas de aula da rede municipal de ensino, cada ambiente com o seu aparelho independente. Os edifcios at ento, utili-zavam-se de elementos vazados para a captao de ventos nos ambientes. E nesse processo de implantao do condicionamento artificial, nenhu-ma medida eficiente de adequao das salas de aula foi realizada. Os co-bogs e todos os elementos vazados foram precariamente fechados com tapumes/papelo. As maiorias das janelas existentes nas salas de aula so de madeira, e no foram substitudas por nenhum material translcido. O que ocorreu nesta implantao do sistema de ar condicionado foi a perca total do uso da iluminao natural. Novamente, apenas no Centro de Educao Comunitria Mocambinho, dentre os visitados, ainda no h instalao de ar condicionado nos ambientes de trabalho. E apenas a Es-cola Municipal Santa Teresa, que passou por um reforma recentemente, apresente esquadrias com materiais translcidos.

    Somado ao uso do sistema de condicionamento ativo, o no aproveita-mento de iluminao natural nos ambientes de ensino-aprendizagem leva

    a um aumento considervel no consumo de energia eltrica, sem garantir o conforto dos ocupantes.

    O MEC 30, atravs do seu caderno tcnico, informa sobre a importncia do uso da luz natural: A luz natural tambm desempenha outras funes importantes para os homens alm dos aspectos iluminantes. Mudanas de direo e alterao da cor da fonte (o sol) e das condies atmosfricas ajustam-se alternncia dos dias e das noites no controle de determina-dos crculos vitais, que so completamente desorganizados se o indivduo se submeter exclusivamente iluminao artificial.

    Os edifcios escolares em Teresina no atendem as recomendaes que o MEC indica como lembretes, no mesmo caderno tcnico mencionado. Entre essas, a importncia da iluminao natural e sua utilizao, nas salas de aula em um clima como de Teresina, ressaltada em:

    As aberturas devem proporcionar luz natural uniforme sobre o plano de trabalho em todos os pontos do ambiente, sem incidn-cia direta dos raios solares.

    Prever uma faixa contnua de janelas, a fim de evitar sombre-amentos indesejveis nas salas de aula e nos demais ambientes pedaggicos.

    Na regio tropical, ser necessrio o controle permanente de radiao solar incidente na janela, escolhendo-se sua orientao em funo dos ventos favorveis.

    Na disposio do mobilirio dos ambientes pedaggicos ou da-queles com algumas atividades de escrita e leitura preferir a luz incidente pela esquerda.31

    Outro ponto recorrente precrio, nas unidades de ensino municipais, a ausncia de cobertura nas quadras poliesportivas, sem proteo contra

    30 MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA: 2002, p.42. MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA: 2002, p.42.

    31 MEC, 2002, p.47 e 48

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 39

    a insolao forte presente no ano inteiro e as chuvas frequentes no pri-meiro semestre.

    Os espaos educativos podem servir a populao local e a sua qualida-de estimular mais a participao da comunidade no ambiente escolar. A quadra pode servir de equipamento pblico para a vizinhana, assim, a qualidade desse ambiente atinge alm dos alunos a comunidade.

    O Centro Municipal Odilon Nunes um complexo novo recm-inau-gurado. A tipologia construtiva das salas de aula levou em conta o con-dicionamento artificial, nesses espaos no h elementos vazados e as aberturas so menores, mas o aproveitamento da iluminao natural pouco explorado.

    A Escola Municipal Santa Teresa passou recentemente por reforma e ampliao (acrscimo de um sanitrio e de trs novas salas de aula). As janelas so de ferro e vidro e, quando possvel, em duas fachadas opostas.

  • 40 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    ESCOLA MUNICIPAL MURILO BRAGA1ACESSIBILIDADE MAL IMPLANTADA 2e3SALA DE AULA COM IMPLANTAO PRECRIA DO CONDICIONAMENTO ARTIFICIAL 4REA QUE INTEGRA RECREIO,SANITRIO E SALAS DE AULA 5PEQUENO AFASTAMENTO ENTRE OS BLOCOS 6LOCALIZAO NA CIDADE. FOTOS ABRIL 2011

    N

    1

    1

    4 5 6

    2 32

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 41

    CENTRO DE EDUCAO COMUNITRIA MOCAMBINHO 1e2RECREIO 3REA EXTERNA SEM TRATAMENTO 4QUADRA DESCOBERTA 5LOCALIZAO NA CIDADE 6GRADE EM QUASE TODOS OS AMBIENTES 7SALA DE AULA IRREGULAR

    FOTOS ABRIL 2011

    N

    1 2 3 4

    5 6 7

  • 42 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    CENTRO DE FORMAO ODILON NUNES1ACESSIBILIDADE MAL IMPLANTADA 2e3SALA DE AULA E AUDITRIO SEM APROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL 4PROXIMIDADE ENTRE BLOCOS 5CIRCULAO MAL PROTEGIDOS DE CHUVA 6LOCALIZAO NA CIDADEFOTOS ABRIL 2011

    N

    1

    4 5 6

    32

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 43

    e o cdigo de oBras e edificaes de teresiNa (2007) 32

    O captulo XX do Cdigo trata sobre escolas. Dele se extrai informaes sobre limites de rea de ocupao, ambientes necessrios nas unidades de ensino, dimenses das sadas, quantidade de instalaes sanitrias e bebedouros, dimenses de abertura e ps-direitos dos compartimentos de ensino-aprendizagem.

    Art. 221. Para as edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, a rea ocupada no pode ultrapassar um tero da rea do terreno.

    Art. 222. As edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, devem dispor, pelo menos, de compartimentos, ambientes ou locais para:

    I - administrao (diretoria, secretaria, coordenao pedaggica);

    II - apoio tcnico (sala professores, biblioteca);

    III - pedaggico (salas de aula com rea calculada baseada na pro-poro de 1,31 m por aluno);

    IV - vivncia e assistncia (sanitrios alunos, cantina, despensa e recreao coberta com rea til por aluno de 0,50 m);

    V - servios gerais (vestirios, sanitrios funcionrios, depsito material de limpeza);

    VI - quadra polivalente de esportes, laboratrio, exceto em esco-las que atendam exclusivamente ao ensino pr-escolar; e

    VII - acesso e estacionamento de veculos.

    Art. 223. Nas edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, os locais de sada devem ter largura mnima de 3,00 m (trs metros).

    32 TERESINA. PREFEITURA: 2007 TERESINA. PREFEITURA: 2007. Disponvel em < http://www.teresina.pi.gov.br/portalpmt/orgao/SEMPLAN/ >. Acesso em 20 jun 2011.

    Art. 224. As edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, devem dispor de instala-es sanitrias para uso dos alunos, conforme definido no Anexo 6, desta Lei Complementar.

    Pargrafo nico. O percurso de qualquer sala de aula, de trabalhos e de leitura, at a instalao sanitria e respectivo vestirio, no pode ser superior a 50 m (cinqenta metros).

    Art. 225. Nas edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, deve haver bebedouros providos de filtros, na proporo indicada no Anexo 6, desta Lei Complementar, prximo s salas de aula, de trabalhos, de recrea-o e outros fins

    Art. 226. Nas edificaes escolares, constantes dos incisos I, II e III, do art. 219, desta Lei Complementar, os compartimentos destinados a ensino, a salas de aula, de trabalhos e de leitura, bem como a laboratrios, bibliotecas e fins similares, devem:

    I - apresentar relao entre as reas de aberturas de iluminao e a do piso do compartimento correspondente no inferior a 1/4; e

    II - ter p-direito mnimo de 3 m (trs metros).

    O tamanho das aberturas dos ambientes pode condizer com o resultado dos Quadros de Mahoney, 40% da rea da parede da fachada. Porm o Cdigo no especifica aberturas em paredes opostas para o favorecimen-to da ventilao cruzada. Dependendo do tipo de esquadria utilizada, a rea real de ventilao se reduz, portanto a relao entre rea de aber-tura e rea do piso deveria ser especificada conforme tipo de esquadria. Tambm no h especificaes para distanciamento entre os blocos, par-ticularidade que influi diretamente sobre ventilao e iluminao dos am-bientes. O clima de Teresina deve ter peso sobre projeto e construes. Carece, o cdigo de obra, de referncias que denotam preocupaes com o uso de iluminao natural das salas de aulas e sobre o seu condiciona-mento.

  • LOCALIZAO DO TERRENO ESCOLHIDO EM TERESINAFONTE:GOOGLE EARTH MONTAGEM GRFICA: PRPRIA AUTORA

    IGREJA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO- MARCO ZERO DE TERESINATERRENO ESCOLHIDO

  • 46 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    ENSAIO PROJETUAL

    O objeto deste Trabalho de Graduao o projeto legal de uma escola, utilizando con-ceitos sustentveis e aplicando um processo para projetos com qualidade ambiental, em um clima de carter rigoroso.

    A aplicao da arquitetura sustentvel poderia ter sido exercitada em edifcios de qual-quer uso. A escolha do tema educao nesse processo, como mencionado em Introdu-o e Justificativa do Tema, deu-se pela importncia que a qualidade fsica dos ambien-tes de uma escola interfere diretamente no desempenho educativo dos alunos.

    A opo de projetar uma escola de ensino municipal, pblica e gestionada pela prefeitu-ra de Teresina, justificada pela maior facilidade encontrada de obter informaes junto aos rgos municipais, em relao aos estaduais, pela grande quantidade de crianas e adolescentes que dependem do sistema educativo pblico na cidade33, pela precariedade do ensino pblico e dos edifcios escolares que atendem crianas at 18 anos, e pelo desafio e desejo de oferecer populao mais carente de Teresina um espao pblico com qualidade arquitetnica e ambiental.

    33 Como mencionado anteriormente, 75% dos estudantes teresinenses da cidade esto matriculados no Como mencionado anteriormente, 75% dos estudantes teresinenses da cidade esto matriculados no ensino pblico e dependem do mesmo.

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 47

    PROGRAMA

    Para a elaborao do programa arquitetnico, utilizaram-se as leis do C-C-digo de Obras e Edificaes de Teresina (2007), as recomendaes do MEC, a avaliao das escolas municipais estudadas (suas caractersticas e suas falhas), as conversas com o arquiteto Emanoel Edivaldo de Farias (responsvel atual pela Diviso de Projetos da Secretaria Municipal da Educao SEMEC34), conversas com as professoras do ensino fun-damental municipal, uma avaliao da demanda que o novo loteamento trar ao local de alunos e o programa arquitetnico atual utilizado pelas escolas da Fundao para o Desenvolvimento da Educao FDE.35

    O programa estabelecido englobou quatro conjuntos funcionais: gern-cia, pedaggico, vivncia e servios. Esses blocos esto conectados con-forme o uso e sua ocupao.

    O conjunto da gerncia abriga ambientes que servem ao diretor, vice--diretor, secretaria, almoxarifado, coordenao pedaggica, sala dos pro-fessores, conjunto de sanitrios para funcionrios e depsito de materiais didticos.

    O pedaggico composto por salas de aula, de uso mltiplo/vdeo, de informtica, por um laboratrio de cincias, uma biblioteca, enfermaria e

    34 A Secretaria Municipal de Educao - SEMEC um rgo da administrao direta A Secretaria Municipal de Educao - SEMEC um rgo da administrao direta da prefeitura de Teresina. responsvel pelo ensino bsico (Educao Infantil e Ensino Fundamental), assistncia ao educando e administrao escolar, no mbito do sistema municipal de ensino.35 A FDE (Fundao para o Desenvolvimento Escolar), criada em 1987, um rgo A FDE (Fundao para o Desenvolvimento Escolar), criada em 1987, um rgo um rgo do governo estadual de So Paulo que atua tanto na rea pedaggica como na rea de recursos fsicos escolares do Estado de So Paulo.

    conjunto de sanitrios para alunos.

    A vivncia abrange cozinha com cantina, despensa de alimentos, refeit-rio, conjunto de sanitrios publico, depsito de educao fsica, quadra coberta, ptio coberto, outra quadra descoberta (espao multifuncional), entre outros equipamentos de lazer. o conjunto que permeia os outros blocos, e conecta os ambientes.

    O depsito de material de limpeza e os sanitrios de funcionrios fazem parte do bloco de servios.

    A escola servir o ensino fundamental e atender crianas em torno de 6 a 14 anos. De acordo com conversas realizadas com algumas professoras da SEMEC, o ideal para uma escola pblica fundamental, por motivos administrativos, que o nmero de salas de aula seja em torno de dez, para evitar grande nmero de alunos ocupando o edifcio simultanea-mente. Tambm, nessa mesma conversa, foi dito que crianas na faixa etria de 6 a 10 anos deveriam ser, quando possvel, separadas das crian-as de 11 a 14 anos, evitando bullyings e facilitando a coordenao. Essa medida pode ser tomada administrativamente, as duas faixas etrias po-dem ter horrio diferentes de entrada, intervalo e de trmino das aulas, aproveitando assim os mesmos equipamentos.

    Em, 2009, houve a tentativa de limitar o nmero de alunos por sala de aula. O projeto, que teve sua proposta aprovada pela Comisso de Cons-tituio e Justia da Cmara, estabelecia que turmas do ensino mdio e dos quatro anos finais do ensino fundamental (6 ao 9 ano) no ultra-passassem os 35 alunos, e que as turmas dos primeiros cinco anos do fundamental seriam limitadas a 25 estudantes. O projeto alteraria a Lei de

  • 48 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    Diretrizes e Bases da Educao36, que no especifica o nmero exato de alunos por professor em sala de aula.37

    O Cdigo de Obras e Edificaes de Teresina estabelece, como j citado no item 4.4.3, que as salas de aula devem ter rea baseada na proporo de 1,31 m por aluno. Dessa forma, o projeto foi pensado, em principio, para abrigar dez salas de aula divididas em dois blocos. Um conjunto atender do 1 ao 5 ano do ensino fundamental, e as salas de aula teriam o mnimo de 35m de rea, com base no clculo de 1,31 m x 25 alunos. O outro bloco servir o ensino do 6 ao 9, e as salas de aula teriam rea acima de 45m, com base na mesma conta.

    A quadra coberta foi encarada como um ambiente necessrio devido insolao da cidade e a poca de chuvas.

    Pretende-se que o edifcio escolar seja utilizado pela populao local como um todo, alm dos alunos. As quadras podem servir, quando no utilizadas por os alunos, para diversas atividades como comemoraes e eventos abertos comunidade, assim como a cozinha e o refeitrio. A vivncia, de um modo geral, est localizada com acessos independente dos demais. A biblioteca e a sala de informtica tambm, de uma for-ma controlada e com administrao eficiente, podem servir a populao, portando a ponte entre o conjunto pedaggico e os outros blocos.

    36 A Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) defi ne e regulariza o sistema de A Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB) define e regulariza o sistema de educao brasileiro com base nos princpios presentes na Constituio. A primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma verso em 1971, que vigorou at a promulgao da mais recente em 1996.37 Cmara aprova limite de alunos em sala de aula. Cmara aprova limite de alunos em sala de aula. O Globo, 3 set. 2009. Disponvel em: < http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2009/09/03/camara-aprova-limite-de--alunos-em-sala-de-aula-767446227.asp>. Acesso em: 7 jun 2011.

    AMBIENTES QTD REA (m)DIRETOR 1 8VICE-DIRETOR 1 12SECRETARIA/ ALMOXARIFADO 1 34SALA DE PROFESSORES 1 50

    ERN

    CIA

    CONJ. SANIT. ADM. 1 6DEPSITO MAT. DIDT. 1 12SALA DE AULA 10 50ENFERMAGEM 1 16CONJ. SANIT. ALUNOS 2 19

    GE

    G

    ICO

    USO MLTIPLO/ VDEO 1 68INFORMTICA 1 50BIBLIOTECA/ LEITURA 1 68LABORATRIO DE CINCIAS 1 50COZINHA/ CANTINA 1 40

    PED

    AG

    DESPENSA 1 12REFEITRIO 1 100DEP. MAT. ED. FSICA 1 16CONJ. SANIT. 1 34QUADRA COBERTA 1 650

    VIV

    NC

    IA

    DE. MAT. LIMPEZA 1 12CONJ. SANIT. FUNC. 1 12SE

    RV

    I

    OS

    PROGRAMA ARQUITETNICO E QUADRO DE REAS ESTIMADO

    Alm do refeitrio, prope-se um espao para cantina, para que ela fun-cione como fonte de renda da prpria escolas.

    Neste trabalho, o projeto arquitetnico foi norteado, entre outros prin-cpios, pelo fato de que a escola pode ser um equipamento comunitrio.

    A escola praticamente o nico equipamento pblico disponvel s camadas mais pobres da populao da periferia de nossas ci-dades. Esses prdios se sobressaem por sua escala na imensido formada por autoconstrues ou por conjuntos habitacionais, por sua arquitetura diferenciada. 38

    38 FERREIRA; MELLO:2006 apud MUELLER:2007, p.113 FERREIRA; MELLO:2006 apud MUELLER:2007, p.113

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 49

    ZONEAMENTO SIMPLIFICADO DE TERESINA

    FONTE: PREFEITURA DE TERESINA MONTAGEM GRFICA: DANIELA ANDRADE

    APRESENTAO DO TERRENO

    O Zoneamento do municpio de Teresina pode ser simplificado em seis grandes zonas. So elas: zonas residenciais, zonas comerciais, zonas de servios, zonas industriais, zonas especiais e zonas de preservao am-biental.

    No existem, na cidade, zonas estritamente comerciais, residenciais ou de servios, so apenas detectadas como reas com uso predominante. As intituladas de residenciais esto distribudas em toda a malha da cida-de, as comerciais abrangem comrcios e servios que atendem a pessoa fsica, com atividades urbanas diversificadas, e esto apontadas nas ruas principais. As nomeadas zonas de servio so reas onde se concentram atividades de servios e comrcio atacadistas, relacionadas a atividades de trfego pesado. Com exceo da regio sul, que cortada por essa zona, a mesma uma larga faixa na volta na periferia da cidade.

    As zonas especiais so reas com definies especficas de par-metros regulares de uso e ocupao do solo, e definem reas de Concentrao de Servios de Administrao Pblica; de Servios de Infraestrutura de Transportes Aerovirios, Rodovirios e Fer-rovirio; de Concentrao de Atividades Educacionais e de Pes-quisas Cientficas e Tecnolgicas; de Experimentao; de Con-centrao de Atividades Mdico-hospitalares; de Reserva de rea Urbana; de Servios de Saneamento Urbano; e de Cemitrios.39

    39 TERESINA. PREFEITURA: 2007. TERESINA. PREFEITURA: 2007.

    LIMITE BAIRROS

    TERRENO

    ZONAS DE PROTEO AMBENTAL

    ZONAS INDUSTRIAIS

    ZONAS DE SERVIOS

    ZONAS ESPECIAIS

    ZONAS COMERCIAIS

    ZONAS RESIDENCIAISN

  • 50 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    Em visita SEMEC, localizou-se uma rea institucional vazia no extremo sul da cidade onde ser construda uma futura escola municipal, vizinha a outros equipamentos pblicos.

    Esta rea est localizada a 16 km do centro da cidade, inserida em um loteamento recente, Residencial Portal da Alegria, onde j existem cons-trudas e em processo de entrega diversas habitaes, financiadas pelo Programa Minha Casa Minha Vida40, e outros tantos lotes destinados ao mesmo fim. No total so 1.242 lotes destinados a habitao uni familiar, que equivale a aproximadamente 1.988 novas crianas na regio.41

    O acesso regio, com origem no centro da cidade, se d por meio da BR 316 e da BR 346. Estas estradas fazem parte da zona de servio e pos-suem trfego pesado. Das rodovias, o acesso por meio da Av. Ayrton Senna, via inteiramente ocupada e de carter comercial, e depois atravs da avenida 01, via residencial parcialmente ocupada.

    A infraestrutura da regio j possui transporte pblico, ruas pavimenta-das, ocupao comercial e residencial e a presena de algumas escolas na vizinhana.

    40 Minha Casa, Minha Vida um programa habitacional do Governo Federal do Bra- Minha Casa, Minha Vida um programa habitacional do Governo Federal do Bra-sil, anunciado em 2009, que consiste no financiamento da habitao.

    41 Para cada residncia uni familiar, existem 1,6 crianas, segundo arquiteto respons- Para cada residncia uni familiar, existem 1,6 crianas, segundo arquiteto respons-vel da Diviso de Projetos da SEMEC.

    CENTROAV. PRESIDENTE WALL FERRAZ

    BR 316BR 346

    INSERO DO LOTEAMENTO NA REGIO SUL DE TERESINA: ACESSOS E VIZINHANAFONTE: PREFEITURA DE TERESINA E GOOGLE EARTH

    MONTAGEM GRFICA: PRPRIA AUTORA

    N

    eNsiNo fuNdameNtal > 1 a 5 aNo

    eNsiNo iNfaNtil

    educao muNiciPal:

    eNsiNo fuNdameNtal > 1 a 9 aNo

    Rio

    Parn

    aba

    N

  • EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI 51

    Polo emPresarial sul

    NoVo loTeameNTo

    resideNcial PorTal da alegria

    AV. AYRTO

    N SENNA

    AV. O1

    Rio Poti

  • AV. AYRTON SENNA> PREDOMINANTEMENTE COMERCIAL E PRINCIPAL ACESSO A BAIRRO FOTOS ABRIL DE 2011

    CONEXO ENTRE AV. AYRTON SENNA E AV. 01> PRESENA DE REA VERDES E PRAAS SUB UTILIZADAS, REGIO ABANDONADAFOTOS ABRIL DE 2011

    AVENIDA 01> UM LADO CONSOLIDADO RESIDENCIAL, OUTRO PERTENCE AO NOVO RESIDENCIALFOTOS ABRIL DE 2011

  • LOTEAMENTO DO RESIDENCIAL PORTAL DA ALEGRIA> ALGUMAS CASAS ESTO EM ENTREGA, OUTRAS EM CONSTRUO E OUTRAS AINDA SEM INDCIO DE OBRAFOTOS ABRIL DE 2011

    LOTEAMENTO DO RESIDENCIAL PORTAL DA ALEGRIA> REAS INSTITUCINAIS E REAS VERDES SEM INDCIOS DE OBRASFOTOS ABRIL DE 2011

  • 54 EDUCAO E SUSTENTABILIDADE: UM PROJETO DE ESCOLA EM TERESINA-PI

    O zoneamento onde essa gleba est inserida uma zona Residencial ZR2, caracterizada por ocupao de baixa densidade, em lotes de mdio porte. A avenida 01, via importante mais prxima, uma zona de comr-cio Z06, caracterizada por reas situadas ao longo de eixos de comrcio e servio diversificados, e uso misto ou habitacional de densidade varivel, conforme prescries das zonas vizinhas.42

    As quadras so dispostas em uma malha ortoganal com dimenses de 200 x 70m. O lotes para habitaces unifamiliares variam entre quatro ta-manhos, sendo o menor 30 x 10m e o maior 40 x 15m, a permeabilidade das mesmas inexistente, as ruas so estreitas, com 11, 18 ou 36 m de largura.

    Com o intuito de dar permeabilidade s grandes quadras das reas insti-tucionais, encurtando caminhos de pedestres, pensou-se nos fluxos dos usurios em direo ao terreno de projeto para se fazer a implantao do projeto.

    A escolha do terreno dentre as duas reas insititucionais se deu por duas razes: a maior proximidade com a creche da avenida 01, apontada na foto rea da zona sul na pgina 53, e a rea verde estar localizada a leste da gleba, servindo como filtro e melhoria da qualidade das brisas que tem como direo predominante a direo sudeste,leste e nordeste, respecti-vamente.

    A ocupao do entorno, com rea habitacional de baixa densidade, faz com que o rudo no se torne problemtico. Mesmo assim, imaginando que pode ocorrer crescimento da cidade para regio nordeste do lotea-mento em questo, gerando aumento de fluxo nas vias de entorno, pro-curou-se ocupar o terreno de forma a localizar prximas s ruas as ativi-dades que no exigem silncio, como os ambientes do bloco de vivncia. Tambm foi considerada a Av. 01 como possvel futura fonte de rudo, j que a via tem o potencial, segundo o zoneamento, para crescimento de densidade e de fluxo. Porm a distncia entre a avenida e a gleba consi-

    42 TERESINA. PREFEITURA, 2006. TERESINA. PREFEITURA, 2006. CAMINHOS POSSVEIS EM DI-REO AO TERRENO

    TERRENO DE PROJETO

    REA VERDE

    REA INSTITUCIONAL

    RESIDENCIAL PORTAL DA ALEGRIA

    FUTURA EXPANSO

    ESC 1:5000

    ZONAS COMERCIAIS

    REA CONSOLIDADA

    N

    INSERO DO TERRENO DE PROJETO NO LOTEAMENTOFONTE DE DADOS PREFEITURA DE TERESINA

    MONTAGEM GRFICA:PRPRIA AUTORA

    dervel, e esse rudo perderia intensidade at alcanar o extremo oposto da rea institucional disponvel, fazendo desse extremo o melhor para implantao da escola.

    A rea plana, e , hoje, um descampado. Est rodeada por residncias e uma grande gleba, nomeada pela prefeitura de rea verde. Supe-se, nes-te trabalho, a construo de um parque nessa rea. A rea de superfcie permevel vizinha atualmente alta, com a vizinhan