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Educação Nutricional- Contribuições ao aprendizado em conteúdos de ciências, na Educação Básica, Ensino Fundamental.                                                                          Claudete Fátima Maria da Rosa                                                                              [email protected]                                                                                                  Carlos Eduardo Bittencourt Stange 2                                                                                                    [email protected]                                                       Resumo: Nos últimos anos tem ocorrido diversas mudanças no padrão alimentar. Os novos hábitos de maneira geral não são saudáveis e tem contribuído para o aparecimento de doenças crônicas. Nas escolas estaduais e municipais não há presença de profissionais especializados a orientarem as crianças e adolescentes. Percebe-se também que o conteúdo nutrição não é trabalhado de forma satisfatória no ensino fundamental. Assuntos como alimentação equilibrada e hábitos saudáveis, recebem pouca atenção ou não são explorados pelos educadores. Este projeto teve por objetivo investigar e repensar novas metodologias associadas a conteúdos que realmente apresentam significância para a vida dos educandos e auxiliem estes adolescentes e familiares sobre a importância de adotar hábitos saudáveis ao longo da vida a fim de evitarem doenças.  Palavras-chave: Educação nutricional. Ensino de Ciências.  Nutrição.  Hábitos saudáveis.  Saúde. Abstract: In the last years have occurred several changes in the nourishing standard. The  new habits of generally way aren’t healthy and they have contributed to the appearing of chronic diseases. In the  public schools there aren’t presence of specialized  professionals to the orient the children and adolescents.It observes also that the nutrition subject  isn’t worked of satisfactory form in the basic teaching. Themes like well- balanced alimentation and healthy habits receive little attention or aren’t explored by educators. This Project had by aim to investigate and to think associated new metodologies with subjects that really present significance to the students’life and help these adolescents and families about the importance of accept ing healthy habits to the life long with the finality of avoid  ing diseases. Key-words: Nutritional Education.  Teaching of Science.  Nutrition.  Healthy habits. Health. ____________ 1- Professora de Ciências Biológicas da Secretaria Estadual de Educação – Paraná – Brasil. Habilitação em Ciências/ Matemática pela UNICS. Pós-graduada em Biologia. Participante do projeto PDE.

Educação Nutricional Contribuições ao aprendizado em ... · homem enquanto ser históricocultural e consciente em sua evolução individual e social (FREIRE, 2004, p. ... cuidadosamente,

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Educação Nutricional­ Contribuições ao aprendizado em conteúdos 

de ciências, na Educação Básica, Ensino Fundamental.

                                                                         Claudete Fátima Maria da Rosa1 

                                                                             [email protected]      

                                                                                            Carlos Eduardo Bittencourt Stange2                                                                                                   [email protected]                                                          

Resumo: Nos últimos anos tem ocorrido diversas mudanças no padrão alimentar. Os novos hábitos de maneira geral  não são saudáveis e  tem contribuído para o aparecimento  de  doenças  crônicas.  Nas  escolas  estaduais  e  municipais  não  há presença de profissionais especializados a orientarem as crianças e adolescentes. Percebe­se também que o conteúdo nutrição não é trabalhado de forma satisfatória no ensino fundamental. Assuntos como alimentação equilibrada e hábitos saudáveis, recebem pouca atenção ou não são explorados pelos educadores. Este projeto teve por objetivo investigar e repensar novas metodologias associadas a conteúdos que realmente  apresentam significância para a vida  dos educandos e auxiliem estes adolescentes e familiares sobre a importância de adotar hábitos saudáveis ao longo da vida a fim de evitarem doenças.  

Palavras­chave:   Educação   nutricional.   Ensino   de   Ciências.     Nutrição.     Hábitos saudáveis.  Saúde.

Abstract:   In   the   last   years   have   occurred   several   changes   in   the   nourishing  standard. The  new habits of generally way aren’t healthy and they have contributed to the appearing of chronic diseases. In the  public schools there aren’t presence of  specialized  professionals to the orient the children and adolescents.It observes also that   the  nutrition  subject   isn’t  worked of  satisfactory   form  in   the  basic   teaching. Themes like well­ balanced alimentation and healthy habits receive little attention or aren’t explored by educators. This Project had by aim to  investigate and to think  associated new metodologies with subjects   that   really  present  significance  to   the students’life   and   help   these   adolescents   and   families   about   the   importance   of  accept ing healthy habits to the life long with the finality of avoid  ing diseases.

Key­words: Nutritional Education.  Teaching of Science.  Nutrition.  Healthy habits. Health.

____________

1­ Professora de Ciências Biológicas da Secretaria Estadual de Educação – Paraná – Brasil. Habilitação em 

Ciências/ Matemática pela UNICS. Pós­graduada em Biologia. Participante do projeto PDE.

2­ Professor   do   Departamento   de   Ciências   Biológicas   da   Universidade   Estadual   do   Centro   –   Oeste   – 

UNICENTRO – Paraná – Brasil. Coordenador do Projeto IDEC. Orientador do Projeto PDE.

INTRODUÇÃO

O significativo aumento da obesidade nos adolescentes em idade escolar e, 

a ausência de conteúdos escolares que, de alguma forma contemplem conceitos 

sobre Educação Alimentar, foi o que motivou pesquisar e desenvolver este projeto.

Há   muito   tempo   vem   ocorrendo   um   crescente   interesse   científico   pela 

evolução das necessidades nutricionais,  pois  conforme estudos  já  desenvolvidos 

nesta   área   (MONTEIRO   1995,   FELIPPE   2001,   ABRAHÃO   2002)   “sabe­se   que 

somos o que comemos”.

“A  obesidade talvez seja o maior problema que estamos enfrentando hoje em todo o mundo. A globalização trouxe muitos benefícios,  mas também   trouxe   malefícios.   Os   fast­foods,   comida   barata,   de   pouca qualidade nutricional e repleta de gorduras, vêm seduzindo as crianças e os adolescentes com apelos bem elaborados.  Horas em frente a TV, redução dos espaços de lazer, insegurança e a proliferação dos botões, tiveram um papel importante na mudança do estilo de vida”. BARBOSA, (2004, p.13)

Decorrente destes hábitos alimentares tem surgido uma grande incidência 

de   doenças   crônicas   como   obesidade,   diabetes,   hipertensão   e   distúrbios 

cardiovasculares.   E,   sobremaneira,   as   crianças  e   os  adolescentes   são   os  mais 

suscetíveis a todo esse processo, pois desde pequenos são “deseducados” dentro 

de  uma cultura  de  excesso  de  alimentos  e  pouca  atividade  física.  Diante  desta 

realidade, nota­se um crescente aumento de sobrepeso/obesidade na população em 

geral. 

É necessário orientar os educandos e seus familiares sobre a importância 

de adotar hábitos saudáveis na alimentação e no estilo de vida, pois está mais do 

que na hora da escola sair do anonimato; parar de fingir que nada está acontecendo, 

e   adotar   metodologias   inovadoras   associadas   a   conteúdos   que   realmente 

apresentem   significância   para   nossos   educandos,   pois,   parece   que   este   é   um 

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problema que está  atingindo toda a população e assim sendo, deixa de ser uma 

preocupação   somente   dos   profissionais   da   saúde.   É   imprescindível   que   os 

educadores engajem­se em trabalhos como este objetivando promover a educação 

nutricional.

Acredita­se que este trabalho de pesquisa e  intervenção, pode contribuir 

para a educação científica do aluno, pois apresenta os conteúdos sobre nutrição de 

forma instigante e procura promover um repensar nos hábitos alimentares, visando 

mudanças   de   atitudes   na   sua   pessoa,   na   família   e   seu   entorno.   Teve­se   a 

preocupação em explorar e fazer a ponte entre os conhecimentos prévios do aluno 

(subsunçor)   e   os   conhecimentos   científicos   das   obras   que   fundamentaram   e 

nortearam este trabalho.

JUSTIFICATIVA

A   proposta   de   inserir   a   educação   nutricional   nas   escolas,   através   da 

disciplina   de   ciências,   para  o   Ensino   Fundamental   (5a  a   8a),   surgiu   a   partir   da 

constatação, de que a cada dia cresce o número de adolescentes com sobrepeso 

ou,  ainda pior,  obesos.  Este   fato  vem ocorrendo no país de modo geral.  Dados 

estatísticos do IBGE comprovam ter ocorrido na faixa etária entre 10 a 19 anos um 

aumento preocupante. No biênio 1974­1975 a taxa era de 3,9% para meninos e 

7,5%   para   meninas,   já   no   período   de   2002­2003   passou   para   18%   entre   os 

adolescentes do sexo masculino e 15,4% entre as meninas (MARIA, 2006, p.6)

Cientes   de   que,   aspectos   específicos   de   educação   nutricional   são   de 

responsabilidade de nutricionistas e profissionais da saúde pública, observa­se que 

nas escolas estaduais não existe a presença destes profissionais especializados, 

ficando as crianças e adolescentes sujeitos a receberem muitas informações erradas 

sobre nutrição,  através de propagandas, rótulos,  artigos em revistas e  livros que 

podem levar a mudanças dietéticas indesejáveis. 

A   escola,  instituição   social   por   natureza,   sofre   influências   e,   também, 

interfere na comunidade. Portanto a escola não é neutra, mas resulta da totalidade 

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de atos, ações, valores e princípios da realidade histórica. Pode­se afirmar então, 

que a escola é um espaço educativo, necessário, que complementa a atuação do 

homem enquanto ser histórico­cultural  e consciente em sua evolução individual e 

social (FREIRE, 2004, p. 58).

O   ensino   de   ciências   deve   visar   à   capacitação   do   indivíduo   para   agir 

conscientemente diante de situações novas da vida,  levando­os a inspirar­se nas 

possibilidades   do   homem   como   ser   vivo   ater­se   às   condições   fundamentais   da 

sobrevivência biológica, bem como atuar para que essa sobrevivência se efetive nas 

melhores condições possíveis.

Objetivos

Orientar, por meio de conteúdos na disciplina de ciências, em específico na 

7ª   série,   os   jovens   sobre   as   possíveis   consequências   que   os   maus   hábitos 

alimentares estabelecidos na infância e na adolescência, podem trazer para a sua 

saúde   no   presente   e   no   futuro,   explorando   também   a   sua   independência   e 

capacidade de decidir e escolher.

Revisão da Literatura e Fundamentos teóricos

De   acordo   com   o   Ministério   da   Saúde   para   que   a   alimentação   seja 

considerada saudável, deve conter todos os grupos de alimentos.

A   alimentação   saudável   deve   fornecer   água,   carboidratos   proteínas, lipídios,   vitaminas,   fibras   e   minerais,   os   quais   são   insubstituíveis   e indispensáveis   ao   bom   funcionamento   do   organismo.   A   diversidade dietética que fundamenta o conceito de alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento  específico  –  ou grupo  deles  isoladamente  –,  é suficiente   para   fornecer   todos   os   nutrientes   necessários   a   uma   boa nutrição e conseqüente manutenção da saúde”.A ciência comprova aquilo que ao longo do tempo a sabedoria popular e alguns estudiosos, há séculos, apregoavam: a alimentação saudável é a base para a saúde. A natureza e a qualidade daquilo que se come e se bebe   é   de   importância   fundamental   para   a   saúde   e   para   as 

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possibilidades de se desfrutar todas as fases da vida de forma produtiva e ativa, longa e saudável. (MINISTËRIO DA SAÚDE,2005, p.24)

Pode­se dizer que entre os fatores que influenciam a alimentação humana, 

os hábitos alimentares são os de maior importância (TURANO & ALMEIDA, 1999 p. 

68).

Dentre   as   influências   que   determinam   o   estabelecimento   dos   hábitos 

alimentares, destaca­se: os fatores culturais, fatores econômicos, fatores sociais e 

fatores psicológicos.

Nos   últimos   tempos   estão   ocorrendo   diversas   mudanças   na   sociedade, 

principalmente em função do fenômeno da globalização. Estas mudanças refletem 

na   necessidade   de   novas   políticas   públicas   e   principalmente   na   criação   e 

adequação de produtos para atender as novas formas de consumo.

No ramo alimentício, estas mudanças parecem ter um impacto maior, pois 

alterações   no   estilo   de   vida   da   população   refletem   automaticamente   em   seus 

hábitos alimentares.

Santos aponta outro aspecto;

Ao consumo imposto e desleal de produtos, basicamente porque não há necessidade   de   consumi­los   e   porque   a   lei   da   oferta   é   extensa.   A indústria   dos   alimentos   é   poderosa   e   possui   de   certa   forma,   um monopólio,   uma  vez  que   todos  necessitam alimentar­se.  O modo  de ação utilizado configura­se através da mídia, porque esta trabalha com questões   atuais   e   interessantes,   tendo   o   poder   de   produzir, coletivamente, um pré­julgamento, que irá suscitar emoções e produzir uma   representação   social   sobre   aquilo   que   está   sendo   anunciado. Ademais,   é   a   mídia   que   define   a   duração   e   a   intensidade   de   um determinado   conteúdo,   de   acordo   com   os   interesses   comerciais (FELLIPE apud SANTOS, 2003, p.3).

De acordo com Vygotsky, “o indivíduo é construído ao longo de sua vida a 

partir de sua intervenção no meio e da relação com os outros homens”. O homem 

constrói sua existência a partir de uma ação sobre a realidade, que tem, por objetivo, 

satisfazer suas necessidades. As necessidades básicas do homem não são apenas 

biológicas;   elas,   ao   surgirem,   são   imediatamente   socializadas.   Por   exemplo,   os 

hábitos alimentares e o comportamento sexual do homem são formas sociais e não 

naturais de satisfazer necessidades biológicas. (BOCK e colaboradores,1999, p.89)

Talvez seja por isso que a publicidade, baseada em marketing, tem exercido 

tanta influência na nutrição das pessoas, maior que as afirmações de profissionais 

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especializados, pois elas estão por aí o tempo todo. Podemos nos perguntar, “por 

que o homem é o único animal que necessita de um especialista que lhe ensine o 

que deve comer? Se os alimentos estão disponíveis,   todos os animais em seus 

habitats escolhem os alimentos certos, desprezam os que não servem e só ingerem 

o que precisam. O homem muitas vezes ingere os alimentos errados, despreza os 

certos e muitas vezes come significativamente mais do que precisa. (TURANO & 

ALMEIDA, apud GOUVEIA, 1999, p.66).

De acordo com este mesmo autor, acredita­se que o homem pré­neolítico, 

em   sua   fase   de   caça   e   colheita,   deve   ter   escolhido   alimentos   que   melhor   se 

adaptassem às suas necessidades nutricionais. Entretanto, a partir do momento que 

foi capaz de produzir seus alimentos, descobriu que havia aumentado também a sua 

disponibilidade. Desenvolveu a produção de cereais e raízes e, sendo onívoro, teve 

pouca dificuldade em aceitar esses alimentos. Muitos dos alimentos que o homem 

usa atualmente são fabricados a partir de matérias­primas disponíveis misturadas, 

associadas  ao  aspecto  da  atratividade,  o  que  nem sempre  garante  a  qualidade 

nutricional. Os alimentos inadequados estão disponíveis e são até mais atraentes, 

motivo pelo qual são escolhidos preferencialmente. 

Persuadir   as  pessoas  a  mudar  seu  comportamento  para  melhor  é  o objetivo   fundamental   da   educação   nutricional.   Temos   dificuldade   em tentar   persuadir   as   pessoas   a   não   comer   os   alimentos   que   são nutricionalmente inadequados que tentar conduzi­las a comer os que são nutricionalmente   adequados,   já   que   as   pessoas   ingerem,   com frequência,   alimentos   que   sabem   ser   prejudiciais   por   achá­los   muito atraentes (TURANO & ALMEIDA apud GOUVEIA, 1999 p.66).

O comportamento alimentar dos indivíduos corresponde não só aos hábitos 

alimentares,   como   às   práticas   de   seleção,   aquisição,   conservação   e   preparo 

relativos à alimentação e tem suas bases fixadas na infância, transmitido pela família 

e   sustentado   pelas   tradições,   crenças   e   tabus   que   passam   de   geração   para 

geração. (Idem, Ibidem).

Para  estes  mesmos autores  “o  comportamento  alimentar  pode alterar­se 

espontaneamente devido às mudanças do ambiente, tais como disponibilidade do 

alimento, aumento ou diminuição do poder aquisitivo, modificação na  importância 

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social do alimento, exposição do alimento aos meios de comunicação de massa, 

mudanças no nível  de escolaridades do  indivíduo, ou mudanças relacionadas às 

necessidades   psicológicas   dos   indivíduos   (autoestima,   aprovação   social, 

segurança)”. (Idem, Ibidem).

“Um   hábito   não   pode   ser   jogado   pela   janela,   ele   deve   ser   conduzido, 

cuidadosamente, escada abaixo, degrau por degrau” (TWAIN apud GOUVEIA, 1999 

p.69).

Para   Marcondes   muitos   são   os   envolvidos   na   formação   dos   hábitos 

alimentares:

Os   educadores   em   Nutrição   e   Saúde,   a   escola,   professores   e principalmente   os   pais   são   os   grandes   responsáveis   pelos conhecimentos  básicos  sobre  nutrição  e  pela  construção  dos  hábitos alimentares  das  crianças.  Desde  bebê,  na  fase  do  desmame,  com a introdução de outros alimentos,  além do  leite materno,  as crianças  já devem   ser   estimuladas   a   estarem   ingerindo   alimentos   saudáveis.   A família,  principalmente as cuidadoras,  devem ser  orientadas sobre as diferentes   fases   do   comportamento   alimentar   da   criança   bem   como observar as mudanças no apetite.O intuito dos cuidados alimentares são necessários   para   evitar   transtornos   comuns   como   a   obesidade   e   a desnutrição (MARCONDES apud SILVA e colaboradores, 2008 p.1)

“Educar  é  um processo de mudança que ocorre,  no mínimo, entre duas 

pessoas: educando e educador. Ser um educador significa mudar conhecimentos, 

atitudes e ações em todas as situações que se fizerem necessárias” (TURANO & 

ALMEIDA, apud GOUVEIA1999, p.62)

E   para   que   “o   aprendizado   seja   significativo   é   necessário   que   a   nova 

informação seja adquirida mediante um esforço deliberado por parte do aprendiz em 

ligar a informação nova com conceitos ou proposições relevantes preexistentes em 

sua estrutura cognitiva” (AUSEBEL e colaboradores 1978). O principal no processo 

de   ensino   é   que   a   aprendizagem   seja   significativa,   ou   seja,   o   material   a   ser 

aprendido precisa fazer algum sentido para o aluno. Isto acontece quando a nova 

informação “ancora­se” nos conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva 

do aprendiz.É preciso valorizar os conhecimentos prévios dos alunos, para que eles 

possam incorporar os novos conhecimentos. 

Nesta linha de pensamento, o ensino de ciências deve visar à capacitação 

do indivíduo para agir conscientemente diante de situações novas na vida, levando­

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os a inspirar­se nas possibilidades do homem como ser vivo, a ater­se às condições 

fundamentais   da   sobrevivência   biológica,   bem   como   atuar   para   que   essa 

sobrevivência se efetive nas melhores condições possíveis.

A   discussão   proposta   neste   trabalho,   ponderando   os   fundamentos 

educacionais   a   partir   de   Ausubel   e   Vygotsky   referem­se   à   necessidade   de 

enfocarmos a educação nutricional como conteúdo nas escolas, para que os alunos, 

de modo significativo conheçam o valor nutricional dos diversos tipos de alimentos e, 

juntamente com seus familiares transcendam a escola, inserindo hábitos sadios em 

seu cotidiano.

Metodologia

A aprendizagem significativa no ensino de Ciências implica no entendimento 

evolutivo a partir de conhecimentos prévios como conceitos subsunçores, atribuindo 

sentidos e construindo significados. O estudante constrói significados cada vez que 

estabelece   relações   “substantivas   e   não­arbitrárias”   entre   o   que   conhece   de 

aprendizagens   anteriores   (nível   de   desenvolvimento   real   ­   conhecimentos 

alternativos) e o que aprende de novo ( AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, apud 

DCEs  2008, p.26).

Pesquisou­se o nível de conhecimento dos alunos da 7ª série do Ensino 

Fundamental   II,   sobre   os   nutrientes   indispensáveis   ao   bom   funcionamento   do 

organismo, a importância dos hábitos saudáveis ao longo da vida. Investigou­se os 

hábitos  alimentares  do  educando  e   também da   família,   atitudes   favoráveis  para 

prevenção de doenças decorrentes dos maus hábitos alimentares. Contou­se com a 

participação   da   comunidade,   através   dos   pais,   já   que   segundo   os   autores 

consultados,   são   eles   que   colaboram   diretamente   na   formação   dos   hábitos 

alimentares dos educandos e podem auxiliar os infanto­juvenis a modificarem seus 

hábitos alimentares a fim de prevenir doenças.

Fez­se análise  em vários  livros didáticos utilizados nas séries do Ensino 

Fundamental fase I e fase II, a fim de averiguar a profundidade dos conteúdos sobre 

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nutrição   e   alimentação   equilibrada.   Sentiu­se   a   necessidade   de   consultar   os 

educadores que atuam na fase II do Ensino Fundamental, sobre a maneira que este 

tema é abordado e qual a importância que é atribuída a educação nutricional.

Este   trabalho   foi   desenvolvido   no   Colégio   Estadual   Dois   Vizinhos,   nos 

meses de fevereiro a maio de 2009, através de um diário de bordo, foram anotadas 

todas as atividades desenvolvidas.

Organizou­se   instrumentos   facilitadores   com   fins   didático­pedagógicos; 

diagrama ADI,  mapas  conceituais  e    V  epistemológico,    os  quais   tiveram como 

finalidade  orientar o planejamento, a abordagem  dos conteúdos e a avaliação da 

aprendizagem.

O diagrama ADI   (fig.01)   foi   elaborado  como um organizador  prévio    da 

intervenção,  serviu  como um grande  exercício  de  planejamento  e    proporcionou 

maior clareza sobre os objetivos a serem alcançados com  o trabalho.

O quadro abaixo contém as predições dos alunos, é  parte  integrante do 

diagrama ADI. .

Questões Respostas esperadas Respostas dos alunos01 Maior ingestão de doces, lanches e 

refrigerantes ao invés de frutas, verduras e alimentos mais saudáveis.

02 Proteínas, carboidratos, lipídios, vitaminas e sais minerais.

03 Proteínas tem função construtora; Lipídios e carboidratos são energéticos; já  as vitaminas e os sais minerais são reguladores.

04 Alta ingestão de açúcares e gorduras na forma de lanches rápidos. Pouca ou nenhuma atividade física.Poderia substituir gradativamente os alimentos não saudáveis por refeições nutritivas e saudáveis, praticar atividades físicas como uma caminhada.  

05 Nutrição saudável e prática de atividades físicas.

9

06 Depende de cada um, talvez digam que precisam ingerir mais verduras, frutas, diminuir os doces e salgadinhos.

O roteiro que segue abaixo compõe os elementos interativos do diagrama 

ADI.

Roteiro de procedimento do vídeo.

01­O vídeo aborda que tem ocorrido mudanças no padrão alimentar. Você 

poderia citar algumas dessas mudanças?

02­Que nutrientes devem estar presentes nas nossas refeições diariamente 

para considerarmos como uma alimentação equilibrada?

03­Vimos   que   há   cinco   grupos   de   nutrientes   indispensáveis   ao   bom 

funcionamento   do   organismo.   Cada   um   deles   exerce   uma   função   geral   no 

organismo. Procure identificar esses 5 grupos de nutrientes e suas funções.

04­Há muitos hábitos que podem ser prejudiciais à saúde. Comente sobre 

alguns desses hábitos. O que pode ser sugerido para melhorar.

05­Para   quem   busca   uma   vida   saudável   que   atitudes   devem   ter 

diariamente?

06­Você   já   possui   uma  alimentação  equilibrada?  Há   algo  que  pode   ser 

melhorado?

1

Fig.01

FENÔMENO DE INTERESSEHábitos Nutricionais

QUESTÃO­FOCOComo  devemos proceder a  partirda Nutrição    a  fimde    contribuir  com a obtenção de  uma vida saudável?

TEMAS/CONTEÚDO: Nutrição.

CONCEITOS:Construtores,Energéticos, Reguladores,  Hábitos  saudáveis,  Sedentarismo, Stress,    Alimentação  Equilibrada,  Doenças crônicas e metabolismo.

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS: Vídeo e  Público motivado

RESULTADOS CONHECIDOS:a)Teórico  (literatura):  A  alimentação  saudável  deve  fornecer 

carboidratos,  proteínas,  lipídios,  vitaminas e  sais minerais, pois estes nutrientes contribuem para o bom funcionamento  do  organismo e  para a  obtenção de uma vida saudável.

b)Sobre a atividade: Por meio do vídeo pode­se compreenderque ingerindo todos os tipos de nutrientes e praticando atividades  físicas  estaremos    contribuindo  para  uma vida saudável.

I.PREDIÇÕES DO ALUNO:( pré­teste e pós­teste).1­Por que precisamos nos alimentar?2.Você sabe  o que é saudável comer diariamente?3.Que grupos de nutrientes precisamos ingerir no dia a dia?4.Você conhece  alimentos que em excesso podem ser prejudiciais?5. O que pode ser melhorado em seus hábitos para a promoção de umavida saudável?6.Quais as vantagens de ter uma alimentação equilibrada?

POSSÍVEIS EXPANSÕES DO FENÔMENO DE INTERESSE:Hormônios, Enzimas, Anticorpos, Energia, isolantes térmicos,

Sistema  Cardiovascular,  Colesterol,  Radicais Livres, Neurotransmissores,  Hemorragias,  Mal  de  Parkinson,  Regeneração Celular, Sistema Imunológico.

ASSERÇOES:a) De conhecimento: Entender que nosso corpo necessita de todos  os  

nutrientes, para o crescimento e a renovação celular  bem como a necessidade da prática de atividades físicas como aliadas àmanutenção da saúde.

b) De valor: Reconhecer que a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas é fundamental para ampliar as possibilidades de se desfrutar uma vida produtiva, ativa, longa e saudável. 

VALIDAÇÃO DO MODELO: construção de um mapa conceitual e as asserções dos conceitos usados no mapa.

CATEGORIZAÇÃO:a)Quanto ao modo: interativo.b)Quanto ao tipo: qualitativo.

VARIÁVEIS:  Anexo

REGISTROS E REPRESENTAÇÕES:  Respostas das perguntas do roteiro.

ROTEIRO DE PROCEDIMENTOS:  Anexo

ELEMENTOS INTERATIVOS; Vídeo

MATERIAIS: Vídeo, televisão, bloco de anotações.

SITUAÇÃO­PROBLEMA/EVENTOUso de um vídeo sobre    Educação Nutricional  que  aborda a necessidades  de  termos  uma  alimentação equilibrada e hábitos saudáveis.

II.PREDIÇÕES DO ALUNO:a)Sobre as respostas dos alunos:1.Para nos manter vivos.2.Frutas, verduras, feijão, arroz, carne.3.Talvez citem alguns como as vitaminas e Minerais.4.Sim, frituras, refrigerantes, salgadinhos, doces.5.Diminuir os doces e frituras ,comer frutas, verduras e feijão; praticar mais atividade física.6.Ajuda a prevenir doenças.b)Sobre o procedimento:Os alunos  poderão ter dificuldades de  concentrarem sua atenção durante todo  o vídeo, pois isto depende do grau de interesse de cada um.

DIAGRAMA ADI(Atividades Demonstrativo–Interativas) PLANEJAMENTO DA PROFESSORA CLAUDETEDOMÍNIO CONCEITUAL/TEÓRICO(pensando) DOMÍNIO METODOLÓGICO

(fazendo)

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FENÔMENO DE INTERESSEHábitos Nutricionais

QUESTÃO­FOCOComo  devemos proceder a  partirda Nutrição    a  fimde    contribuir  com a obtenção de  uma vida saudável?

TEMAS/CONTEÚDO: Nutrição.

CONCEITOS:Construtores,Energéticos, Reguladores,  Hábitos  saudáveis,  Sedentarismo, Stress,    Alimentação  Equilibrada,  Doenças crônicas e metabolismo.

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS: Vídeo e  Público motivado

RESULTADOS CONHECIDOS:a)Teórico  (literatura):  A  alimentação  saudável  deve  fornecer 

carboidratos,  proteínas,  lipídios,  vitaminas e  sais minerais, pois estes nutrientes contribuem para o bom funcionamento  do  organismo e  para a  obtenção de uma vida saudável.

b)Sobre a atividade: Por meio do vídeo pode­se compreenderque ingerindo todos os tipos de nutrientes e praticando atividades  físicas  estaremos    contribuindo  para  uma vida saudável.

I.PREDIÇÕES DO ALUNO:( pré­teste e pós­teste).1­Por que precisamos nos alimentar?2.Você sabe  o que é saudável comer diariamente?3.Que grupos de nutrientes precisamos ingerir no dia a dia?4.Você conhece  alimentos que em excesso podem ser prejudiciais?5. O que pode ser melhorado em seus hábitos para a promoção de umavida saudável?6.Quais as vantagens de ter uma alimentação equilibrada?

POSSÍVEIS EXPANSÕES DO FENÔMENO DE INTERESSE:Hormônios, Enzimas, Anticorpos, Energia, isolantes térmicos,

Sistema  Cardiovascular,  Colesterol,  Radicais Livres, Neurotransmissores,  Hemorragias,  Mal  de  Parkinson,  Regeneração Celular, Sistema Imunológico.

ASSERÇOES:a) De conhecimento: Entender que nosso corpo necessita de todos  os  

nutrientes, para o crescimento e a renovação celular  bem como a necessidade da prática de atividades físicas como aliadas àmanutenção da saúde.

b) De valor: Reconhecer que a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas é fundamental para ampliar as possibilidades de se desfrutar uma vida produtiva, ativa, longa e saudável. 

VALIDAÇÃO DO MODELO: construção de um mapa conceitual e as asserções dos conceitos usados no mapa.

CATEGORIZAÇÃO:a)Quanto ao modo: interativo.b)Quanto ao tipo: qualitativo.

VARIÁVEIS:  Anexo

REGISTROS E REPRESENTAÇÕES:  Respostas das perguntas do roteiro.

ROTEIRO DE PROCEDIMENTOS:  Anexo

ELEMENTOS INTERATIVOS; Vídeo

MATERIAIS: Vídeo, televisão, bloco de anotações.

SITUAÇÃO­PROBLEMA/EVENTOUso de um vídeo sobre    Educação Nutricional  que  aborda a necessidades  de  termos  uma  alimentação equilibrada e hábitos saudáveis.

II.PREDIÇÕES DO ALUNO:a)Sobre as respostas dos alunos:1.Para nos manter vivos.2.Frutas, verduras, feijão, arroz, carne.3.Talvez citem alguns como as vitaminas e Minerais.4.Sim, frituras, refrigerantes, salgadinhos, doces.5.Diminuir os doces e frituras ,comer frutas, verduras e feijão; praticar mais atividade física.6.Ajuda a prevenir doenças.b)Sobre o procedimento:Os alunos  poderão ter dificuldades de  concentrarem sua atenção durante todo  o vídeo, pois isto depende do grau de interesse de cada um.

DIAGRAMA ADI(Atividades Demonstrativo–Interativas) PLANEJAMENTO DA PROFESSORA CLAUDETEDOMÍNIO CONCEITUAL/TEÓRICO(pensando) DOMÍNIO METODOLÓGICO

(fazendo)

Outro instrumento facilitador que possibilitou uma visão mais integradora do 

projeto   foi   à   organização   do   V   de   GOWIN   (fig.02)   conforme  pode­se   visualizar 

abaixo.

1

Fig.02

Filosofias/Visão de Mundo: Os hábitos alimentares tem suas bases fixadas na infância, transmitidas pela família e sustentado pelas tradições, crenças, tabus e mídia.A partir de políticas públicas eficientes haveria educação nutricional.

Evento/Objeto: Projeto PDE a ser desenvolvido no Colégio Estadual Dois Vizinhos, com os alunos da 7a série do Ensino Fundamental fase II. Uso de textos, vídeos e palestras.

Asserções de valor:Saber que a alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas é fundamental para ampliar as possibilidades de se desfrutar uma vida produtiva, ativa, longa e saudável. 

Asserções de conhecimento:Entender  que nosso corpo necessita de todos  os  nutrientes, para o crescimento e a renovação celular  bem como a necessidade da prática de atividades físicas como aliadas àmanutenção da saúde.

Questão Básica:Como  devemos proceder a partir da nutrição a fim 

de contribuir com a obtenção de uma vida 

saudável?

interações

““VV”” EpistemolEpistemolóógico para o Ensino de Ciênciasgico para o Ensino de Ciências

Teorias:  Educação  nutricional, alimentação, metabolismo.

Princípios:  Uma  boa  nutrição  propicia uma boa saúde.Comer  corretamente  desde  a  infância  propicia uma adolescência saudável

Conceitos:  Nutrientes,  alimentação  equilibrada, sedentarismo,  construtores,  energéticos, reguladores, hábitos saudáveis.

Registros:  diários

Transformações:  Conscientizar  o  aluno sobre a importância de uma dieta preventiva, instigando­o  a  refletir  sobre  seus  hábitos  e tomar  iniciativas  que  venham  a  contribuir com a melhoria da  saúde  e na prevenção de doenças presentes e futuras. 

Domínio conceitual Domínio metodológico

o o

O mapa conceitual   (fig.03)   integra  os  conceitos  que  abrangeram  todo o 

projeto  implementado.

1

Induzem aos

Proteínas

Hábitos nutricionais

Hábitos saudáveis

Lipídios

Carboidratos

Sais minerais

Vitaminas

Hábitos inadequados

Pais

ProfessoresProfissionais da saúde

Fatores culturais

Urbanização

Marketing e publicidade

Fatores sociais

Fatoreseconômicos

Fatores psicológicos

Disponibilidade de alimento

Nível de escolaridadeCaracterísticasindividuais

Podem ser

Podem orientar para

Alimentação variada

Deve contemplar

saúde

Promovem a Impedem a

Atividades Físicas

Sobrepesoobesidade

Também são

Momentos de Lazer

Energética

Construtores

Reguladores

AlimentaçãodesequilibradaSedentarismo

Stress

Dislipidemias

são

Possuemfunção

Podem provocar

Desnutrição

Importantespara a

                        Texto de leitura do Mapa: Mudanças no padrão alimentar.

Inúmeros fatores podem influenciar nos hábitos nutricionais, dentre os quais  

podemos   citar:   características   individuais,   fatores   psicológicos,   econômicos,  

culturais, sociais, urbanização, disponibilidade de alimento, nível de escolaridade,  

marketing e publicidade entre outros. Todos estes induzem aos hábitos nutricionais.

Os hábitos nutricionais podem ser saudáveis ou inadequados. O stress, o 

sedentarismo   e   uma   alimentação   desequilibrada,   são   hábitos   inadequados.   Ao  

longo do  tempo, a prática destes hábitos pode provocar  inúmeros problemas de  

saúde,   tais   como:   dislipidemias,  desnutrição,   sobrepeso  ou  ainda  mais   grave  a  

obesidade.  Nos últimos  tempos  tem­se divulgado sobre o perigo que os hábitos 

inadequados proporcionam ao impedirem a saúde. 

Pais, professores e profissionais da saúde podem orientar para a obtenção 

de hábitos saudáveis. Dentre estes podemos citar os momentos de lazer, a prática 

de atividades físicas e uma alimentação equilibrada.

1

Podemos considerar alimentação equilibrada, quando ela contemplar todos 

os   nutrientes;   lipídios,   carboidratos,   proteínas,   sais   minerais   e   vitaminas.   Estes  

nutrientes exercem determinadas funções específicas nas células. Os lipídios e os  

carboidratos   possuem   função   energética,   as   proteínas   são   construtoras,   as  

vitaminas e sais minerais são reguladores. A ingestão de todos os nutrientes e a  

adoção de hábitos saudáveis é importante para promover a saúde.

Este   segundo   mapa   conceitual   (fig.04),   aborda   os   conceitos   do   vídeo, 

material didático produzido e utilizado na implementação. 

Maus hábitos alimentares Cultura de excesso de alimentos

Sedentarismo

Podem impedir uma

Vida Saudável

Se faz necessário

Alimentação equilibrada Atividades físicas

fffff

jogos

Brincadeiras

treinamento

Exercícios Físicos

Manutenção do peso

Deve contemplar quantidades adequadas

Proteínas Vitaminas Sais Minerais Carboidratos Lipídios

Podem ser

Com função 

Construtora Reguladora Energética

Se diferenciam em

Gordurassaturadas

Gordurasinsaturadas

Contribuem com o aparecimentode

Doenças crônicas

Podem fazer parte de uma

Favorecem a

Diminuindo a incidência de

                               Texto do Mapa Conceitual

Os maus hábitos alimentares, o sedentarismo e a cultura de excesso de  

alimentos podem impedir uma vida saudável. Para se obter uma vida saudável, se  

faz necessário manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas. A 

alimentação   equilibrada   deve   contemplar   quantidades   adequadas   de   proteínas,  

vitaminas, sais minerais, carboidratos e lipídios. Estes nutrientes exercem diversas  

funções  no   corpo.  As   proteínas   são   construtores,   as   vitaminas   e   sais  minerais 

1

possuem função reguladora, já os lipídios e carboidratos têm função energética. Os 

lipídios se diferenciam em gorduras saturadas e gorduras insaturadas. As gorduras  

insaturadas consumidas com moderação podem fazer parte de uma alimentação 

equilibrada, o mesmo não acontece com as gorduras saturadas, estas por serem 

menos   densas   tendem   a   depositar­se   nas   paredes   dos   vasos   sanguíneos,  

contribuindo com o aparecimento de doenças crônicas.

Além  de  cuidar   da  alimentação  é   necessário   praticar  atividades   físicas,  

estas   favorecem   a   manutenção   do   peso   diminuindo   a   incidência   de   doenças  

crônicas.   As   atividades   físicas   podem   ser   treinamentos,   jogos,   brincadeiras   ou  

exercícios físicos 

Para investigar o nível de conhecimento dos alunos a cerca dos conteúdos 

de   nutrição,   aplicou­se   o   pré­teste   e   para   conhecer   os   principais   alimentos 

consumidos pelos educandos, fez­se um recordatório alimentar.

Ao   pesquisar   uma   determinada   população,   é   importante   conhecer   a 

realidade sócio­econômica e cultural, para isso enviou­se uma enquete investigativa 

aos pais dos alunos.

Realizaram­se medidas de IMC ­ Índice de Massa Corpórea. Esta atividade 

aconteceu em parceria com a professora de educação física.

Foram discutidos vários textos com os alunos, sobre os grupos de nutrientes 

e suas funções.

Para este projeto, foi desenvolvido um vídeo intitulado Educação Nutricional, 

com duração de nove minutos. 

Muitos   alunos   não   tinham   conhecimento   sobre   pirâmide   alimentar. 

Organizou­se uma pesquisa sobre a mesma. 

É importante que os educandos desenvolvam o hábito da exposição oral, 

para   tanto proporcionou­se  um momento de   trabalho em grupo,  onde os alunos 

confeccionaram cartazes  sobre os nutrientes contidos nos alimentos e em seguida 

expuseram seus trabalhos para a turma.

No laboratório de ciências, observou­se a presença de amido nos alimentos.

Para   que   possam   escolher   alimentos   mais   saudáveis,   é   necessário 

conhecer  os  nutrientes  contidos  nos  alimentos  e  as  quantidades.  Apresentou­se 

1

então cinco tipos de cardápios aos alunos, eles   analisaram procurando identificar 

quais nutrientes estavam presentes em cada um dos cardápios e quais estariam 

faltando. 

Convidou­se  uma profissional  no  assunto  de  nutrição para  palestrar  aos 

educandos, reafirmando a importância de se ter hábitos saudáveis ao longo da vida. 

Esperava­se   com   esta   atividade   dar   maior   confiabilidade   ao   trabalho   pois, 

independente da idade que se tenha,  valorizar hábitos e atitudes que contribuam 

para a saúde individual e coletiva devem sempre ser buscadas, mesmo quando já se 

tem hábitos extremamente prejudiciais há longo tempo. 

Na adolescência, ocorrem muitas mudanças, caracterizando­se como um 

dos períodos mais críticos do ciclo vital.  Nesta fase, muitos padrões adultos são 

adquiridos. Conhecedores de que os hábitos familiares influenciam todos os seus 

integrantes, convidou­se os pais ou cuidadores a participarem de uma palestra com 

um   profissional   de   nutrição,   a   fim   de   sensibilizá­los   sobre   a   importância   de 

desenvolver hábitos saudáveis na família, educando os filhos dentro desta cultura, 

desde a mais tenra idade.

Para avaliar a aprendizagem dos alunos, orientou­se para a construção de 

mapas conceituais, onde os alunos representaram os principais conceitos sobre o 

tema educação nutricional.

Ao término das atividades propostas fez­se o pós­teste, observando o que 

acresceu nos conhecimentos dos alunos.

Procurando   receber   um   feedeback   da   família   sobre   o   projeto   aplicado, 

enviou­se uma ficha de avaliação aos pais e outra aos alunos.

No decorrer da aplicação do projeto houve alguns percalços, os quais foram 

solucionados e em nada prejudicaram o sucesso da intervenção.

A implementação deste projeto iniciou em fevereiro de 2009, porém no ano 

anterior  houve a elaboração do pré­projeto,  a  produção do material  didático e o 

projeto de pesquisa, acompanhados pela orientação do professor Carlos Eduardo 

Bittencourt  Stange.  Buscou­se a  fundamentação  teórica em  livros de nutrição do 

ensino superior, em diversos artigos sobre educação nutricional e grandes autores 

teórico metodológicos como Marco Antonio Moreira, Ausebel e Vigotsky. No ano de 

1

2009  foi  efetivada a  intervenção na escola,  no decorrer  dos  meses de março a 

junho, os quais são relatados neste artigo. 

O   material   impresso   como   panfletos   educativos,   cartazes,   textos,   foram 

custeados pelo estabelecimento de ensino onde o projeto foi aplicado. Alguns vídeos 

sobre obesidade, anorexia, bulimia foram extraídos da internet. Para a produção e 

edição  do  vídeo  produzido  como material   didático  e  utilizado  na   implementação 

houve a necessidade de recursos extras.

Resultados

A   coleta   dos   dados   efetivou­se   através   de   questionários   sistemáticos 

aplicados aos alunos e aos pais. Utilizou­se como sondagem questões de pré­teste, 

recordatório e pós­teste, pois de acordo com Moreira é necessário saber quais os 

conhecimentos prévios dos alunos, para que se possa promover a incorporação do 

conhecimento novo com aquele que o aluno  já  possui.    Procurou­se registrar   o 

interesse,  a participação  e a aprendizagem dos educandos.

Inicialmente,   aplicou­se   uma   enquete   aos   professores   de   ciências 

biológicas, que fizeram parte do projeto PDE­2008, os quais trabalham a mais de 

dez anos como educadores na rede pública.  Segundo eles, o tema nutrição não é 

abordado de maneira satisfatória, no Ensino Fundamental. Quanto a profundidade e 

extensão   no   livro   didático   adotado,   acham   que   são   satisfatórios   e   de   fácil 

compreensão para o aluno, mas poderiam ser enriquecidas.Todos os professores 

afirmam não confiar somente nestas informações aumentando assim a necessidade 

de pesquisar em livros de terceiro grau, mas o acervo existente nas bibliotecas de 

Ensino Fundamental e Médio é muito pequeno.Os professores comentam ainda a 

importância  dos  alunos   terem acesso  a  palestras   com profissionais   da   área  de 

nutrição,     vêem   a   necessidade   de   promover   leituras   e   discussões   de   artigos 

científicos sobre doenças decorrentes dos maus hábitos alimentares e   indicam a 

1

exibição de   filmes sobre a incidência da obesidade e outras doenças decorrentes 

dos maus hábitos alimentares.

É preocupante a constatação de que os próprios educadores das escolas 

públicas de maneira geral comentam que os conteúdos de Educação nutricional, são 

trabalhados de maneira superficial no Ensino Fundamental II. 

No inicio de 2009, houve a apresentação da proposta de implementação e 

do material didático, aos colegas professores e funcionários. Após a explanação foi 

solicitado aos presentes sugestões,  análise  crítica e a colaboração dos mesmos 

durante a implementação. 

Na avaliação os colegas professores afirmaram que as imagens do vídeo 

são coerentes com o texto e apropriadas a idade. Comentaram ser importante, nesta 

fase em que ocorrem mudanças  importantes no corpo do adolescente promover 

essa   conscientização.   Ressaltaram   que   as   imagens   e   o   texto   não   denotam 

discriminação   ou   exclusão.   Em   relação   ao   conteúdo   abordado,   dizem   estar   de 

acordo com o que um aluno do Ensino Fundamental II deve saber. Acrescentam ser 

interessante  aprofundar   o   conteúdo  através  de  uma  explanação  do  professor  e 

sugerem que haja complementação com pesquisas e fatos da realidade. Sobre o 

nível   do   diálogo   pretendido   no   texto   e   na   narrativa   do   vídeo,   comentaram   ser 

adequado   ao   nível   cognitivo   dos   alunos   do   Ensino   básico   e   que   o   tema   é 

fundamental para a formação do aluno no que se refere a sua saúde e qualidade de 

vida,   pois   beneficia   sua   formação   e   pode   contribuir   para   conscientizar   seus 

familiares.   Sobre   o   vídeo   produzido   como   material   didático   comentaram   que 

apresenta perspectiva integradora, pois estabelece relação entre   vários conceitos, 

envolve outras disciplinas como educação física, história e geografia, possibilitando 

ao   aluno   fazer   contextualizações,   pois   mostra     situações   cotidianas,   é   prático, 

interessante e ajuda na reflexão  de como estão seus hábitos.

A fim de diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos, realizou­se  o 

pré­teste.   Teve­se   a   preocupação   de   mobilizá­los   para   que   respondessem   as 

questões com seriedade.

Aplicou­se um recordatório, solicitando aos alunos que anotassem todas as 

refeições   inclusive   os   lanches,   durante   uma   semana.   Esperava­se   que   eles 

1

registrassem tudo.  Já era de se esperar que alguns alunos pudessem omitir, dados 

com  receio de que seus hábitos fossem criticados.

O   recordatório   alimentar   é   um   estudo   qualitativo   que   serviu   como   um 

organizador   prévio   para   investigar   os   principais   alimentos   consumidos   pelos 

educandos. Por serem adolescentes e estarem em fase de crescimento, há  uma 

preocupação com a promoção da saúde destes. Os relatos de consumo alimentares 

foram analisados e serviram de subsídio na discussão dos conteúdos em sala de 

aula. Este recordatório constou de 168 horas ou 7 dias. Os relatos foram analisados 

e transcritos percebendo o que havia de comunalidades no consumo diário. 

Visando conhecer a realidade dos pais dos alunos a serem investigados, 

encaminhou­se para as famílias algumas questões. Com esta atividade constatou­se 

que a população investigada é oriunda na grande maioria da zona rural 55% e 45% 

deles moram na cidade, portanto da zona urbana. Um fator relevante para se ter 

uma dieta variada é a renda, sabe­se que produtos de melhor qualidade, geralmente 

são os mais caros, por isso achou­se importante conhecer a situação econômica 

destes alunos. Assim   averiguou­se   que 74% das famílias   dos alunos   tem uma 

renda mensal de 0,5 a 1 salário, considerados de baixa renda, 7% possuem renda 

entre 2 a 3 salários, 7% com 3 a 4 salários e   11% disseram ter renda maior de 5 

salários. 

Com relação ao grau de escolaridade dos pais, 18% deles são analfabetos, 

40%   possuem   o   Ensino   Fundamental   I,   12%   o   Ensino   Fundamental   II,   26% 

cursaram o Ensino Médio e somente 4% possuem curso superior. Esse foi um dado 

interessante, pois sabe­se que grau de instrução pode ser relevante na educação 

dos hábitos nutricionais dos filhos, já que pais instruídos podem ter maior chance de 

conhecer  o   valor   nutricional   dos  alimentos  e  a   importância  de   ingerir   alimentos 

saudáveis. 

Nos dias de hoje, é comum a família não estar reunida junto a mesa para 

fazer todas as refeições. Foi o que constatou­se nesta enquete, já que 60% dizem 

fazer somente uma refeição  juntos. Este é  outro  fator  importante,  já  que os pais 

devem ser os primeiros orientadores na formação dos hábitos nutricionais dos filhos 

e o fato de não estarem presentes durante as principais refeições, abre espaço para 

2

que as crianças e adolescentes ingiram alimentos  que consideram mais apetitosos 

e não o que seria mais saudável para quem está na fase de crescimento e necessita 

de todos grupos de nutrientes.

Algo  que preocupa,  é  o  sumiço do prato   típico  do  brasileiro,   feijão com 

arroz. Na população investigada, percebeu­se que para a maioria este prato ainda 

se faz presente, talvez por serem a maioria da zona rural e outros cujos pais advêm 

deste ambiente. Este é um hábito saudável que deve ser mantido e estimulado nos 

demais.  

Outro grupo de alimentos que deve estar presente todos os dias, são as 

verduras, frutas e legumes. Da turma investigada 55% deles dizem consumir todos 

os dias e 45% raramente ou uma a duas vezes na semana. Constata­se que os 

adolescentes não gostam de saladas, legumes ou frutas, talvez por que o paladar 

não foi habituado desde pequenos, mas sempre é tempo de experimentar sabores 

diferentes,   principalmente   quando   se   está   ciente   de   que   o   consumo   de   um 

determinado tipo de alimento é importante para a saúde.

As diversas literaturas consultadas, afirmam que a ingestão de líquidos junto 

com as refeições pode ser prejudicial,  tende a dilatar a parede estomacal,  liberar 

mais ácidos favorecendo o aparecimento de doenças como gastrite e refluxo, sem 

contar que os líquidos geralmente são gelados e resfriam o alimento, fator que pode 

retardar o processo digestivo. Na consulta efetuada aos alunos, percebeu­se que 

74% deles  afirmaram  ingerir   líquidos,  como sucos  e   refrigerantes   todos  os  dias 

durante as refeições os outros 26% somente no final de semana.

Observou­se que 92% das refeições são preparadas pelas mães, 4% pelo 

pai e 4% pela avó. E que o tipo de gordura mais utilizada é a animal. Percebeu­se 

que a maioria dos entrevistados preferem alimentos fritos. O maior problema está no 

momento  do  preparo,  quando  um alimento  poderia   ser  assado  e,  no  entanto   é 

preparado   através   da   fritura.   Existem   alimentos   que   naturalmente   já   contem 

gorduras, e estas por  sua vez são necessárias ao organismo,  já  que as células 

utilizam para sua reprodução, dentre outras funções. O que preocupa é o excesso 

no  consumo deste   tipo  de  nutriente,   já  que  as  gorduras  em grande  quantidade 

2

podem   trazer   inúmeros   problemas   de   saúde,   como   excesso   de   peso 

sobrecarregando as articulações, doenças cardiovasculares.

Em parceria com a professora de educação física, a fim de calcular o IMC, 

foram coletados os dados antropométricos dos alunos.

O   IMC  é   um método  seguro  e  bastante  utilizado  para  avaliar  o  estado 

nutricional,   sendo   que  este   é   a   proporção   do  peso   do   corpo  para   a   altura   ao 

quadrado  (Kg/  m2).  Para  calcular  o   IMC,  o  peso do corpo deve ser  medido em 

quilogramas  e  a  altura   convertida  de   centímetros  para  metros   (cm/100).  Ele   foi 

considerado o parâmetro mais adequado para avaliação do estado nutricional de 

excesso de peso ( Oliveira, 2002)

Foram coletados dados de peso e altura dos alunos, na quadra da escola, 

de maneira individualizada, dispondo de instrumentos simples, como uso de balança 

de plataforma, da marca Filizola, capacidade para 150 kg para a medida de peso, 

sendo que os adolescentes estavam com roupas leves e descalços.

Para a medida de estatura, utilizou­se fita métrica inelástica, com escala de 

medidas até 150 cm e capacidade de uma exatidão de até 0,1cm, fixada em posição 

vertical na parede. Eles estavam descalços, em pé sobre uma superfície plana.

O objetivo deste estudo foi diagnosticar alguma disparidade entre a relação 

peso x estatura em adolescentes de ambos os sexos na faixa etária de 12 a 17 

anos.

Tabela 01­ Demonstrativa/ Diagnóstica

Aluno Gênero Idade Altura Peso IMC1 Feminino 12 1,49 44 19.22 Feminino 13 1,44 37 17,83 Masculino 13 1,61 54 20,84 Feminino 12 1,60 55 21,45 Feminino 12 1,68 57 20,16 Feminino 12 1,54 45 18,97 Feminino 14 1,62 55 20.9

2

8 Masculino 13 1,59 39 15,49 Feminino 12 1,44 30 14,510 Masculino 17 1,67 68 24,411 Masculino 15 1,78 58 18,312 Feminino 12 1,59 46 19,413 Masculino 14 1,78 67 21,414 Feminino 12 1,62 58 2215 Feminino 12 1,65 50 1816 Feminino 12 1,45 55 26,217 Masculino 12 1,53 35 14,918 Masculino 12 1,57 43 17,419 Masculino 13 1,55 55 22,920 Masculino 12 1,55 60 2521 Feminino 12 1,51 34 14,922 Feminino 12 1,65 59 21,723 Masculino 13 1,70 46 15,924 Masculino 13 1,71 54 18,525 Masculino 13 1,71 52 17,826 Feminino 13 1,58 51 20,4

 Ao analisar o  IMC dos alunos da 7ª série,  procurou­se averiguar como se 

enquadravam   esses   resultados   dentro   dos   critérios   adotados   pela   NHANES   II, 

survey   (National   Health   and   Nutrition  Examination   Survey).  De  acordo   com   um 

estudo realizado pelos Estados Unidos, foram adotados os seguintes critérios para 

adolescentes:   abaixo   do   peso   para   as   mulheres   <   19,1;   para   homens   <   20,7, 

considerado no peso normal mulheres entre 19,1 e 25,8 e para os homens de 20,7 a 

26,4, marginalmente acima do peso estão as mulheres entre 25,8 e 27,3 e homens 

entre 26,4 e 27,8, acima do peso ideal estão as mulheres com 27,3 a 32,3 e os 

homens entre 27,8 e 31,1, considerados obesos os que apresentam IMC para as 

mulheres > 32,3 e homens > 31,1. 

Para obter­se um diagnóstico da turma agrupou­se numa faixa etária entre 12 

a 14 anos, pois nesta fase pode ocorrer para a maioria dos adolescentes o estirão, 

cujas necessidades nutricionais aumentam possuindo maior relação com a  idade 

fisiológica do que com a cronológica, proporcionais à velocidade de crescimento e 

outro   grupo   de   15   a   17   anos,   fase   esta,   em   que   há   uma   desaceleração   no 

crescimento.

Tabela­02Idade Abaixo do peso Peso normal Marginalmente Acima  Obeso

2

Acima do peso do peso

Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.

12   a 14

6 5 4 8 1

15   a 17

1 1

Observou­se que 46% dos adolescentes estavam abaixo do peso, 50% no 

peso normal e 4% marginalmente acima do peso.

Embora   a   utilização   do     IMC   é   validada   devido   a   boa   correlação   que 

apresenta   com   a   gordura   corporal,   para   avaliar   o   estado   nutricional   dos 

adolescentes,   de   acordo   com  os   profissionais   da   saúde,   deve­se   utilizar   outras 

medições  cuidadosas, levando em consideração também a avaliação da maturidade 

sexual e a idade óssea.

Hoje, a mídia dita os padrões de beleza e os adolescentes são fortemente 

influenciados   por   estes   meios,   assim   muitos   jovens,   principalmente   as   meninas 

adotam regimes excessivos, buscando uma perda de peso inapropriada, que pode 

interferir   no   crescimento   normal.   Tais   regimes   deficientes   podem   ser   fatores 

desencadeantes para o surgimento de distúrbios alimentares mais sérios. A nutrição 

adequada para o crescimento e desenvolvimento correto, pode tornar­se difícil para 

adolescentes que se preocupam com a aparência física, quando possuem alguma 

insatisfação com seu peso.

Para conhecer ou mesmo identificar os grupos de nutrientes e suas funções, 

discutiu­se e explanou­se sobre os cinco grupos de nutrientes. Utilizou­se recursos, 

como multimídia, textos, pesquisa e vídeo. Percebeu­se que os alunos ficaram bem 

mais atentos quando se fez uso de recursos áudio­visuais.

Trabalhou­se com o vídeo Educação Nutricional,  com duração total  de 9 

minutos e 45 segundos,  em dois momentos,   já  que nos primeiros cinco minutos 

aborda sobre os nutrientes e no tempo restante sobre a importância das atividades 

físicas. Antes de passar o vídeo, foram entregues três questões que deveriam ser 

respondidas após assistirem.  

Nos questionamentos respondidos, pode­se observar que eles notam sim 

uma  mudança  no  padrão  alimentar   de  hoje,   citaram o   fato  da  população  estar 

2

deixando de comer o prato típico feijão com arroz e consumindo comidas rápidas 

como   lanches,   frituras,   refrigerantes   e   doces.   Demonstraram   saber   que   muitos 

alimentos   são   ricos  em  gorduras   e   açucares,   disseram   também  que   seus   pais 

comentam que não comiam tanta bobeira como hoje, que antigamente as refeições 

eram feitas em família, onde todo mundo sentava­se a mesa e faziam a refeição. 

Hoje, as pessoas estão sempre correndo e muitas nem tem tempo de fazer uma 

refeição tranqüila como deveriam e que por isso optam por refeições rápidas

Observou­se que os alunos entenderam que uma alimentação equilibrada, é 

composta por todos os grupos de nutrientes, pois todos citaram a necessidade de ter 

presente nas refeições os cinco grupos de nutrientes.

Outra atividade proposta foi a confecção de cartazes sobre os nutrientes. 

Durante a elaboração dos cartazes, os alunos demonstraram interesse e motivação 

para fazê­los. Observou­se muitas dificuldades na elaboração dos cartazes;   erros 

ortográficos, falta noção do tamanho da letra e dificuldade de sintetizar as idéias. 

Houve acompanhamento o tempo todo nos grupos orientando na elaboração. Cada 

grupo fez a exposição oral na sala de aula para os demais colegas, notou­se grande 

dificuldade   dos   alunos   em   expressarem   suas   idéias.   Observa­se   que   esta 

metodologia é pouco aplicada.

No laboratório de ciências, observou­se a presença de amido nos alimentos. 

Os alunos acharam interessante e surpreenderam­se com a quantidade de amido 

encontrada principalmente nos alimentos que eles mais gostam.

Apresentou­se cinco tipos de cardápios aos alunos e eles deveriam analisar, 

procurando   identificar   quais   nutrientes   estavam   presentes   em   cada   um   dos 

cardápios e quais estariam faltando. A maioria dos alunos percebeu quais nutrientes 

havia em excesso e quais estavam faltando, inclusive identificaram qual cardápio era 

o mais equilibrado.

A palestra com a nutricionista   reafirmou a  importância de adotar  hábitos 

saudáveis  ao  longo da vida.  Ao  terminar  a  explanação,  os alunos mostraram­se 

sensibilizados   sobre   a   importância   de   adotar   uma   alimentação   equilibrada 

prevenindo   doenças  que  podem  surgir   decorrentes   dos  maus  hábitos.    Após   a 

palestra, foram entregues panfletos educativos com dicas de hábitos saudáveis.

2

Procurando   valorizar   hábitos   e   atitudes   que   contribuem   para   a   saúde 

individual   e   coletiva,   fez­se   a   leitura   e   discussão   de   textos   sobre   alimentação 

equilibrada,  procurou­se enfatizar as causas e consequências da obesidade, bem 

como   importância  de   fazer   a   reeducação  alimentar,   a   fim  de   manter   o   peso   e 

também prevenir problemas com o seu excesso.

Objetivando   reconhecer   alimentos   não   saudáveis,   e   a   necessidade   de 

praticar  atividades   físicas  para  o   controle   do  peso  em  todas  as   fases  da   vida, 

trabalhou­se com a segunda parte do vídeo: Educação Nutricional. Esperava­se que 

eles   prestassem   atenção   ao   vídeo   e   conseguissem   relacioná­lo   com   o   texto 

discutido  para posteriormente analisar e responder ao questionamento proposto.

Distribuiu­se   antecipadamente   para   cada   aluno   3   questões   a   serem 

observadas. Em uma das questões, comentou­se que há muitos hábitos que podem 

ser prejudiciais à saúde. Solicitou­se que eles falassem sobre alguns desses hábitos 

e o que   poderia   ser sugerido para melhorar. Os alunos de maneira geral citaram 

como hábitos prejudiciais o consumo exagerado de alimentos gordurosos, doces, 

salgadinhos, refrigerantes, não praticar atividades físicas, comer fast food ao invés 

de   alimentos   saudáveis   e   também   o   fato   de   não   mastigar   adequadamente   os 

alimentos. Eles sugeriram que se reduza o consumo de alimentos não­saudáveis 

como:  doces,   frituras,  salgadinhos e   refrigerantes,  ao  mesmo  tempo em que se 

aumente   o   consumo   de   frutas   e   verduras,   mastigar   bem   os   alimentos,   comer 

devagar, que o prato seja colorido e haja variedade de alimentos. Houve alunos que 

sugeriram fazer as seis refeições de acordo com a pirâmide alimentar. Alguns alunos 

sugeriram fazer atividades físicas como caminhadas, jogar bola, pular corda e andar 

de bicicleta.

Para avaliar os conhecimentos adquiridos na implementação do projeto e 

perceber se os alunos seriam capazes de selecionar os termos mais relevantes do 

tema trabalhado, propôs­se aos alunos, a construção do mapa conceitual, os quais 

são diagramas que indicam relações entre conceitos e procura refletir a estrutura 

conceitual  de certo  conhecimento.  Mais especificamente,  podem ser  vistos como 

diagramas   conceituais   hierárquicos.   Construí­los,   “negociá­los”,   apresentá­los, 

2

refazê­los são processos altamente facilitadores de uma aprendizagem significativa. 

(Moreira, 2005, p 16). 

Notou­se   um   pouco   de   dificuldade   ao   construírem   o   mapa   conceitual. 

Comentaram que nunca tinham feito este tipo de atividade. Orientou­se de perto os 

grupos e assim  percebeu­se  que uma das dificuldades era  fazer a interligação dos 

conceitos. 

Procurando   sensibilizar   os   pais   sobre   a   importância   de   desenvolverem 

hábitos   saudáveis   na   família,   a   fim   de   educar   os   filhos   dentro   desta   cultura, 

promoveu­se palestra com uma nutricionista para as mães.

A palestrante falou às mães sobre a necessidade de orientarem os filhos 

sobre os hábitos alimentares em casa e quando estão fora, como na escola ou na 

rua. Comentou que, hoje as crianças e adolescentes consomem muito salgadinhos, 

refrigerantes, wafer, bolachas recheadas, balas, chicletes, doces em geral ao invés 

de consumirem frutas ou outro alimento mais saudável. A maioria dos adolescentes 

vem para a escola sem tomar café da manhã. Outro hábito errado, é o fato deles 

comerem   em   frente   a   televisão   ou   do   computador.   Estes   novos   hábitos   estão 

contribuindo com o aparecimento de doenças  crônicas e também com o sobrepeso 

e a obesidade, que cresce dia a dia no mundo, tornando­se um problema de saúde 

pública. As mães foram alertadas sobre os cuidados ao preparar os alimentos, usar 

pouca   gordura,   dando   preferência   ao   uso   do   óleo   vegetal   quando   necessário, 

procurar   fazer  pratos  grelhados  ou  assados e  bem coloridos.  De  acordo com a 

nutricionista, a criança precisa experimentar várias vezes um alimento para que seu 

paladar habitue­se ao gosto do mesmo. Muitas mães relataram que oferecem um 

novo alimento uma vez e logo desistem, é claro que para as crianças tudo o que é 

doce é inicialmente mais agradável, mas elas precisam aprender a comer saladas, 

legumes e frutas, alimentos esses que poucas crianças tem o hábito de ingeri­las. 

Ao solicitar se havia alguma dúvida ou comentário, uma mãe se manifestou 

dizendo que gostou muito  do  projeto  desenvolvido,  por  que até  então não  tinha 

conseguido convencer seu filho sobre a importância dos bons hábitos alimentares e 

da  prática  de   atividades   físicas   e  agora  ele   está   interessado  em  comer   coisas 

saudáveis, cuidar nas porções e inclusive está fazendo caminhadas com ela. Este 

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aluno   é   um   caso   de   adolescente   que   está   acima   do   peso.     Um   mês   após   a 

implementação do projeto, ouviu­se o relato de outro aluno que procurou o centro de 

saúde e iniciou um acompanhamento com a nutricionista, este educando encontra­

se muito acima do peso. Nota­se que problemas como a obesidade podem interferir 

na aprendizagem do aluno ao promover a baixa auto­estima, desvio de atenção, já 

que o preconceito e a rejeição, são fatores que incomodam e muito o adolescente, 

principalmente nesta fase em que busca ser aceito pelo grupo. 

Os   pais   também   receberam­se     uma   ficha   para   avaliarem   o   projeto 

desenvolvido como um todo. Foram unânimes em afirmar que este projeto trouxe 

contribuições para a iniciativa de mudanças nos hábitos alimentares de seus filhos. 

Comentaram que é muito importante a escola trabalhar o tema Educação nutricional, 

alguns  disseram que  às  vezes  eles  conversam com os   filhos  em casa  sobre  a 

necessidade de ingerirem alimentos mais saudáveis, mas nem sempre são ouvidos 

e quando alguém de fora do ambiente familiar traz esta discussão parece que eles 

se   conscientizam   mais.   Os   pais   deram   depoimento   que   os   filhos   em   casa 

comentaram a respeito dos assuntos que foram sendo abordados nas aulas. Para 

eles,   terem   participado   da   palestra   foi   muito   bom,   pois   além   de   trazer   vários 

esclarecimentos, contribuiu para que admitissem que não se preocupavam com a 

alimentação de seus filhos, muitas vezes até oferecem alimentos mais saudáveis, 

mas eles são resistentes, então   acabam cedendo e deixando que   comam o que 

gostam e não o que é saudável para quem está em fase de crescimento, sem contar 

nas quantidades excessivas de calorias que eles ingerem principalmente em frente a 

televisão.  

Ao  final  da aplicação do projeto,  distribuiu­se para  todos os alunos uma 

ficha avaliativa onde deveriam preencher, não sendo necessário sua identificação. 

De acordo com as anotações dos alunos pode­se  notar  que houve clareza nas 

explicações,   o   uso   de   vocabulário   foi   de   fácil   entendimento,   dizem   ter   havido 

coerência   na   apresentação   dos   conteúdos   abordados,   que   uso   dos   textos 

favoreceram a compreensão do tema e as  imagens utilizadas possibilitaram uma 

melhor compreensão do assunto. O vídeo sobre Educação Nutricional dentre outros, 

segundo eles possibilitou fazer relações com as atitudes de cidadão e também com 

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conteúdos de outras disciplinas. Quanto a narrativa do texto do vídeo disseram ter 

sido clara e objetiva na abordagem dos conceitos estudados.   No que se referiu a 

palestra proferida pela nutricionista, comentaram que foi instigante e mobilizadora. 

Segundo   eles   este   estudo   trouxe   contribuições   para   as   suas   vidas   e   de   seus 

familiares que também foram envolvidos no projeto.

Como já citado anteriormente para que a aprendizagem seja significativa, é 

necessário que o conhecimento científico a ser aprendido tenha algum sentido para 

o aluno,  por   isso aplicou­se no  inicio  da  implementação o  pré­teste,  procurando 

investigar   os   conceitos   já   existentes   na   estrutura   cognitiva   do   aprendiz,   pois   é 

preciso   valorizar   os   conhecimentos   prévios   dos   alunos,   para   que   ele   possa 

incorporar os novos conhecimentos. Ao término do projeto, realizou­se o pós­teste, a 

fim de perceber se a aprendizagem foi significativa. Esperávamos que após ter feito 

as discussões os alunos pudessem responder as questões com maior compreensão.

Na   primeira   questão:   Por   que   precisamos   nos   alimentar?   Todos 

responderam que a alimentação é necessária para se viver, para ter energia, manter 

o corpo forte e saudável. Comparando com o pré­teste foi praticamente a mesma 

resposta.   Você   sabe   o   que   é   saudável   comer   diariamente?Desta   vez   todos 

responderam de acordo com a resposta esperada no pré  – teste, dizendo que é 

saudável ingerir diariamente frutas, verduras, feijão, arroz, carnes, cereais, legumes, 

enfim um pouco de tudo, mas em pequenas porções, um fato novo foi o comentário 

das porções, o que não havia aparecido no pré – teste.   Que grupos de nutrientes 

precisa­se ingerir no dia a dia? Foi relevante a mudança de respostas nesta questão 

comparado ao pré – teste, quando a maioria só citou vitaminas, já no pós­teste todos 

citaram   a   necessidade   de   ingerir   os   cinco   grupos   de   nutrientes:   carboidratos, 

proteínas, lipídios, vitaminas e sais minerais. Este termo nutriente era desconhecido 

anteriormente   pela   maioria   dos   educandos.   Quanto   a   questão   você   conhece 

alimentos  que em excesso  podem ser  prejudiciais?Todos  citaram as   frituras,  os 

doces   e o sal como alimentos que em excesso podem ser prejudiciais. O sal não 

havia aparecido no pré – teste e na verdade os males do sal foram abordados pela 

nutricionista,   quando   chamou   a   atenção   para   o   grande   consumo   de   alimentos 

industrializados, os quais são carregados de sal disfarçadamente. Já os doces, as 

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frituras e outros alimentos gordurosos tinham aparecido no pré – teste. Na questão; 

O   que   pode   ser   melhorado   em   seus   hábitos   para   a   promoção   de   uma   vida 

saudável?Todos citaram a necessidade de ingerir frutas e verduras. Talvez um fator 

que tenha contribuído foi por que ao fazerem o recordatório alimentar percebeu­se 

que eles não tinham o hábito de ingerir esses alimentos, então durante a aplicação 

do   projeto   enfatizou­se   a   importância   de   consumi­los.   Citaram   também   a 

necessidade de diminuir os doces, as frituras e praticar atividades físicas. Na sexta 

questão:   Quais   as   vantagens   de   ter   uma   alimentação   equilibrada?Todos 

consideraram uma alimentação equilibrada fator  importantíssimo para se  ter uma 

vida longa e saudável, sem doenças como diabete e obesidade.

Procurou­se   enfocar   o   significado   dos   conceitos   relacionados   com   o 

conteúdo  nutrição  através  das  diversas  metodologias  utilizadas.  Através  do  pré­

teste, partiu­se do que eles já conheciam, assim passo a passo trabalhou­se cada 

conceito  dentro  do   tema educação  nutricional,   favorecendo o  enriquecimento  do 

vocabulário   que   por   vezes   se   mostra   tão   precário.   Assim   sendo   este   novo 

conhecimento   adquire   significados   para   o   aprendiz   enriquecendo   o   seu 

conhecimento prévio e possibilitando maior capacidade de expressão,  tornando­o 

mais questionador a cerca do que deseja conhecer. 

A partir dos resultados obtidos nesta investigação, pretende­se disponibilizar 

algumas informações consideradas relevantes. O ensino dos conteúdos de Nutrição 

e saúde merecem destaque e importância dentro do planejamento de Ciências, para 

tornar possível  uma aprendizagem significativa e não mecânica e memorizadora. 

Faz­se   necessário   que   os   educadores   deixem   o   comodismo   e   busquem 

metodologias, que ousem aplicar dinâmicas pouco utilizadas. 

O conhecimento é  algo próprio de cada um, e pode acontecer quando o 

sujeito faz parte do processo, que é possível ensinar sem o uso de livro didático. 

Constatou­se que o uso de recursos audiovisuais foi o que mais prendeu a atenção 

dos educandos. Eles se cansam facilmente com o uso de textos extensos e acabam 

dispersando­se. 

O   grau   de   escolaridade   e   o   poder   aquisitivo   dos   pais   é   inversamente 

proporcional à adoção de hábitos nutricionais saudáveis na família. Quanto maior o 

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grau   de   escolaridade   dos   pais,   maior   o   poder   aquisitivo,   isso   torna   possível   a 

aquisição de alimentos mais variados e saudáveis.  Alunos provenientes da zona 

rural   valorizam   muito   mais   os   alimentos   industrializados   do   que   os   alimentos 

produzidos na sua propriedade. Acredita­se que haja um desconhecimento a cerca 

dos aditivos que em grande parte são prejudiciais a saúde, já que pais com pouca 

instrução podem ter menor chance de conhecer o valor nutricional dos alimentos e a 

importância de ingerir alimentos saudáveis.     

As atividades planejadas e desenvolvidas durante a aplicação do projeto na 

sala   de   aula   mostraram   que   houve   um   crescimento   e   um   maior   domínio   da 

linguagem   adequada   para   os   alunos   expressarem   seus   pensamentos,   quando 

comparados   com   os   resultados   do   pré­teste.   As   atividades   desenvolvidas 

forneceram   maior   embasamento   de   conhecimentos   dos   conteúdos   propostos. 

Possibilitaram uma capacidade de  interligar  e  contextualizar  de   forma clara,  não 

memorizadora, que o aumento de muitas doenças que tem surgido nas populações, 

não ocorrem somente por fatores genéticos, mas principalmente por maus hábitos 

alimentares ao longo da vida. 

Cientes  dos dados a cerca  dos problemas de saúde ocasionados pelos 

maus hábitos nutricionais,  os alunos e também os pais que foram envolvidos no 

projeto,   mostraram­se   sensibilizados   e   com   uma   mentalidade   mais   crítica   e 

consciente, sobre a necessidade de cuidar da alimentação da família. 

Acredita­se que os resultados desta  investigação, possam contribuir para 

que   os   conteúdos   de   Nutrição   e   saúde   tomem   um   lugar   de   destaque   no 

planejamento de todas as turmas em todos os níveis de ensino, no início do ano 

letivo, visto que muitos pais relatam que após a aplicação deste projeto sentiram 

maior facilidade de orientar os filhos na necessidade de ingerir frutas e verduras, 

alimentos   pouco   consumidos   pelos   adolescentes.   Muitos   colegas   que 

acompanharam   o   desenvolvimento   do   projeto   acharam   interessante.   Uma 

profissional de saúde de outro município solicitou amostras dos panfletos que foram 

distribuídos para os alunos para utilizar no posto de saúde onde trabalha.

Percebe­se como é necessário que pais e educadores, trabalhem desde a 

mais tenra infância na adoção de hábitos saudáveis, visto que a mídia, praticamente 

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não está sendo utilizada para prevenir doenças decorrentes dos maus hábitos de 

nutrição, pois, seria necessário políticas públicas que servissem a esta necessidade 

e o que se vê é que ela  serve a um interesse econômico, que por vezes visa o lucro 

de empresas, sem preocupar­se com a saúde das pessoas. Nota­se que não há 

presença de profissionais  de saúde especializados em nutrição nas escolas    do 

Ensino Fundamental fase II e Ensino Médio a fim de orientar  sobre a importância da 

dieta equilibrada. 

Precisa­se   desenvolver   mais   trabalhos   com   dinâmicas   que   permitam 

contextualizar os ensinamentos científicos e não simplesmente repassá­los de forma 

fragmentada, sem consistência,  tornando­os significativos.

Discussões

De   acordo   com   os   comentários   dos   alunos,   este   projeto   trouxe   sim 

contribuições para suas vidas, pois a partir  das discussões que foram realizadas 

neste período, sentiram­se provocados a tomarem iniciativas de mudanças em seus 

hábitos alimentares, 

Constatou­se   que   através  de   uma   metodologia   diversificada,   é   possível 

contribuir  para a educação científica  do aluno apresentando os conteúdos sobre 

nutrição   de   forma   instigante   e   também   promover   um   repensar   nos   hábitos 

alimentares, com fins de provocar mudanças de atitudes na sua pessoa e na família.

A conscientização pode tornar­se possível quando envolve­se a família ou 

seus cuidadores, pois é junto  deles  que os adolescentes tem os exemplos diários e 

a maneira como seus pais ou irmãos  se alimentam favorece  ou  não a aceitação 

por novos alimentos, sem contar o fato de que quem prepara os alimentos a serem 

consumidos no  lar  pode estar   interferindo diretamente no  tipo de alimento a ser 

consumido por toda a família, por isso, a necessidade de envolver os pais neste tipo 

de projeto.

Ao analisar o pré­teste, o pós­teste e os mapas conceituais percebe­se que 

houve um acréscimo no conhecimento dos alunos.

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Percebe­se uma significativa preocupação dos alunos quanto a seus hábitos 

errados, os quais  relacionam a prática destes com o desenvolvimento de muitas 

doenças no futuro. Verificou­se a substituição de termos impróprios por conceitos 

adequados   dentro   da   nutrição.   Houve   uma   maior   fluência   nas   expressões 

específicas  do  conteúdo  de  nutrição.  Uma  nova  postura  mental,   que   resulta  na 

demonstração de um novo grau de conhecimento em função do conteúdo aprendido. 

Percebem­se   avanços   que   conduzem   o   educando   para   um   novo   grau   de 

compreensão do assunto estudado – Educação nutricional. 

Os   fundamentos   educacionais   a   partir   de   Ausubel,   Vygotsky,   Novak   e 

Moreira,   nortearam   os   encaminhamentos   metodológicos,   e   a   abordagem   dos 

conteúdos, de forma integradora, possibilitando tornarem­se significativos.

Turano, Almeida, Gouveia, Marcondes, Gatti, Fellipe, Santos, o Ministério da 

Saúde, dentre outros forneceram subsídios sobre os conteúdos a cerca da educação 

nutricional,   para  que   juntamente   com seus   familiares   transcendessem  a  escola, 

inserindo hábitos sadios em seu cotidiano.

Considerações Finais.

A   Educação   Nutricional   se   faz   necessária   nas   escolas,   visando 

modificações e melhorias nos hábitos alimentares. Os professores, nutricionistas e 

outros profissionais da saúde possuem um papel relevante na orientação junto aos 

alunos e familiares

A   coleta   de   informações   desta   implementação,   mostrou   que   os 

adolescentes   em  geral   não   ingerem   legumes,   frutas   e   verduras.  Este   indicador 

perpassa todas as classes sociais. Nota­se um grande consumo de carboidratos  e 

gorduras. Embora no estado do Paraná as cantinas das escolas sejam proibidas de 

venderem frituras, doces e refrigerantes, os alunos trazem esses tipos de lanches de 

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casa ou compram no caminho da escola e assim vai se perpetuando os vícios de 

uma alimentação não saudável.

Nota­se   que   a   adolescência,   é   um   período   marcado   por   profundas 

mudanças, principalmente no que se refere aos aspectos biopsicossociais, pois o 

adolescente inicia a definição de sua identidade, estabelecendo valores pessoais, 

ficando vulnerável aos agravos enfrentados pela maioria das sociedades atuais.

Constatou­se   junto   aos   educandos   e   familiares   que   estão   ocorrendo 

mudanças no estilo de vida, fato já apontado pelos autores consultados. O cotidiano 

de   certa   forma   é  muito   confortável   e   pratico,   promovendo  uma   vida  por   vezes 

sedentária. Para alterar este quadro que se instala é necessário; conhecimento dos 

malefícios deste cotidiano, dedicação e vontade.

Acredita­se que para alcançar esse objetivo se faz necessário juntar forças, 

na qual escola, família, e comunidade busquem políticas publicas que trabalhem na 

prevenção de doenças advindas dos maus hábitos de vida, pois quanto mais tardar 

a  conscientização  sobre  os  erros  alimentares,  mais  difícil   torna­se  mudar  esses 

hábitos.

“Há pessoas que comem mal por falta de recursos, outras por ignorância, e 

ainda outras por desviarem seu orçamento alimentar para a aquisição de alimentos 

“moderninhos”, cheios de aditivos químicos, de alto custo, induzidos pelos meios de 

comunicação em massa. È preciso ensinar a comer, dentro do poder aquisitivo e do 

estado de saúde de cada um. TURANO & ALMEIDA (apud Gouveia, 1999 p.60) “

Pensando   assim,   acredita­se   que   é   possível   ajudar   outras   pessoas 

divulgando   informações   obtidas   na   fundamentação   teórica   que   norteou   esta 

pesquisa. Interagir com professores de Ciências biológicas do Ensino Fundamental 

e Médio, solicitando sugestões  para enriquecer a forma de trabalhar as atividades 

de   Educação   Nutricional   e   assim,   dar   maior   consistência   ao   plano   de   ação. 

Repassar aos demais profissionais da educação, os procedimentos que deram certo 

durante a  implementação na escola e repensar metodologias para o que  ficou a 

desejar e precisa ser melhorado.       

Dialogar com os profissionais da área de saúde (secretaria de saúde) sobre 

a necessidade de haver registros no município sobre o índice de pessoas que estão 

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acima do peso ou obesas e principalmente o número de doentes relacionados com a 

má nutrição e a falta de atividades físicas. Constata­se que hoje não há dados na 

secretária de saúde. Ter no município esses registros   sobre que tipo de doenças 

mais   tem   afetado   a   população,   pode   favorecer     maior     sucesso   na   medicina 

preventiva,   já   que  esses  dados     regionais  podem   ser  úteis  para  direcionar  ou 

replanejar ações das autoridades de saúde pública.  

O   material   didático   produzido   no   PDE,   já   foi   disponibilizado  na   web,   e 

também   teve   divulgação   num   programa   de   televisão   regional,   onde   obteve   a 

aprovação. Foi organizado de forma didática, justamente para abranger um número 

maior de pessoas, não excluindo portadores de deficiência auditiva. Os problemas 

relacionados com os maus hábitos alimentares, tem crescido dia a dia e muito pouco 

está  se  fazendo para alertar a população sobre o perigo de nos  tornarmos uma 

nação de obesos e doentes. 

É visível a possibilidade de se continuar agindo e melhorando as práticas de 

ensino do conteúdo de educação nutricional a cada ano letivo. Tornando possível 

atingir um maior número de gerações, que certamente, multiplicarão a importância 

da  adoção de hábitos  nutricionais  saudáveis  e  a   reeducação alimentar  a   fim de 

usufruir de uma vida ativa e saudável, explorando sua própria independência e sua 

capacidade de decidir e escolher corretamente.

Se   nada   for   feito   teremos   provavelmente   cada   dia   mais   enfermidades 

relacionadas a vida sedentária e o excesso de alimentos 

O meio escolar, é propício para que os educandos recebam, repassem ou 

multipliquem as  informações para  as  pessoas da sua comunidade ou entorno.   . 

Nota­se  que  o  aluno  demonstra  maior   interesse  pela   aprendizagem,  quando  os 

assuntos estudados  fazem parte  do seu cotidiano,  permitindo questionar  e  inter­

relacionar   conceitos   intra   e   interdisciplinares   resultando   em   aprendizagem 

significativa. Faz­se necessário, que os educadores contextualizem os conteúdos a 

serem abordados, de maneira que se tornem mais significativos para o educando. 

Este trabalho de pesquisa e intervenção pode contribuir para a educação 

científica do aluno,  pois procura promover  um repensar  nos hábitos alimentares, 

visando mudanças de atitudes na sua pessoa e na família do educando. Enfatiza­se 

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a   importância   da   alimentação   equilibrada   e   hábitos     de   vida   adequados   para 

promover a saúde ao longo da vida.  Observa­se a preocupação em explorar e fazer 

a ponte entre os conhecimentos prévios do aluno (subsunçor) e os conhecimentos 

científicos das obras que fundamentaram e nortearam este trabalho.

Nota­se que os jovens não oferecem resistência às informações científicas 

mostram interesse, atenção e participam com questionamentos. Deixam de serem 

meros   expectadores   passivos   e   passam   a   interagir,   discutir   e   criticar   trazendo 

possíveis contribuições para que certos conteúdos se tornem significativos. Portanto, 

atividades   sobre   educação   nutricional   quando     bem   direcionadas,   despertam   o 

interesse do aluno, revestindo­se assim, de enorme importância para que o mesmo 

se aproprie  desse conhecimento para a vida e  tenha uma postura mais correta, 

colabora dessa forma, na conquista de uma alimentação mais saudável para toda a 

sua família

O   ensino   de   ciências   deve   visar   à   capacitação   do   indivíduo,   para   agir 

conscientemente diante de situações novas da vida,  levando­os a inspirar­se nas 

possibilidades do homem como ser vivo a ater­se às condições fundamentais da 

sobrevivência biológica, bem como atuar para que essa sobrevivência se efetive nas 

melhores condições possíveis.

         Bibliografia

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