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Linha Direta LD EDIÇÃO 214 . ANO 19 . JANEIRO 2016 EDUCAÇÃO POR ESCRITO FORMAÇÃO Integração escola-família Antônio Eugênio Cunha GESTÃO PÚBLICA Ensino significativo Edilma Ferreira da Costa EDUCAÇÃO Os desafios do Brasil Janguiê Diniz TECNOLOGIAS Os professores estão preparados para utilizá-las? NOVO ANO Esperança de dias melhores para a educação TRABALHO PIONEIRO Parceria entre MetLife Foundation, Vila Sésamo e DSOP Combate ao BULLYING O que muda com a Lei Federal n. 13.185/2015?

EDUCAÇÃO POR ESCRITO Combate ao BULLYING · materia de tapa de esta edición. Para entender las implicaciones de la nueva Ley, ... ao tratar do bullying de forma clara e específica,

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Linha DiretaLD

EDIÇÃO 214 . ANO 19 . JANEIRO 2016

EDUCAÇÃO POR ESCRITO

FORMAÇÃO Integração escola-famíliaAntônio Eugênio Cunha

GESTÃO PÚBLICAEnsino significativoEdilma Ferreira da Costa

EDUCAÇÃOOs desafios do BrasilJanguiê Diniz

TECNOLOGIAS Os professores estão preparados para utilizá-las?

NOVO ANOEsperança de dias melhores para a educação

TRABALHO PIONEIRO Parceria entre MetLife Foundation, Vila Sésamo e DSOP

Combate ao BULLYING

O que muda com a Lei Federal n. 13.185/2015?

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Conselho ConsultivoAdriana Rigon Weska, Airton de Almeida Oliveira, Amábile Pacios, Anna Lydia Collares dos Reis Favieri Ferreira, Antônio Eugênio Cunha, Antônio Lúcio dos Santos, Átila Rodrigues, Benjamin Ribeiro da Silva, Bruno Eizerik, Dalton Luís de Moraes Leal, Emiro Barbini, Fátima de Mello Franco, Fátima Turano, Gabriel Mario Rodrigues, Gelson Menegatti Filho, Hermes Ferreira Figueiredo, Ivo Calado, Jacir J. Venturi, Jorge de Jesus Bernardo, José Carlos Barbieri, José Carlos Rassier, José Janguiê Bezerra Diniz, Krishnaaor Ávila Stréglio, Manoel Alves, Marco Antônio de Souza, Marcos Antônio Simi, Maria Augusta Oliveira Senna, Maria da Gloria Paim Barcellos, Maria Nilene Badeca da Costa, Miguel Luiz Detsi Neto, Odésio de Souza Medeiros, Paulo Antonio Gomes Cardim, Paulo Sérgio Machado Ribeiro, Suely Melo de Castro Menezes, Victor Maurício Nótrica

Presidente

Marcelo Chucre da Costa

Diretora-Executiva

Laila Aninger

Gerente Administrativo-Financeiro

Flávia Alves Passos

Consultor Editorial

Ryon Braga

Consultor em Gestão Estratégica

e Responsabilidade Social

Marcelo Freitas

Consultora em Inovação

Educacional

Maria Carmen T. Christóvão

Consultor de Novos Negócios

Marcelo Abdala Bittencourt

Editor de Arte

Rafael Rosa

Analista de Comunicação

Ana Karolina Machado

Estagiária de Design Gráfico

Michelle Pereira

Revisoras/Preparadoras de Texto

Cibele Silva

Liza Ayub

Tradutor/Revisor de Espanhol

Gustavo Costa Fuentes

As ideias expressas nos artigos ou

matérias assinados são de responsa-

bilidade dos autores e não represen-

tam, necessariamente, a opinião da

Revista. Os artigos são colaborativos

e podem ser reproduzidos, desde que

a fonte seja citada.

Tiragem: 15.000 exemplares

A Revista Linha Direta (ISSN 2176-4417) é uma publicação mensal da Linha Direta Ltda.

Rua Felipe dos Santos, 825 - Conj. 305/306 - Lourdes - Belo Horizonte - MG - CEP: 30180-160Tel.: (31) 3281-1537 – [email protected] - www.linhadireta.com.br

EDIÇÃO 214 | ANO 19 | JANEIRO | 2016

Pré-Impressão e Impressão

Tel.: (31) 3303-9999

Linha DiretaEDUCAÇÃO POR ESCRITO

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Marcelo Chucre, presidente da

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NOVA LEI DE COMBATE AO BULLYINGProblemas recorrentes, o bullying e o cyberbullying (o bullying cometido em ambiente virtual) podem ocasio-nar graves e irreversíveis danos físi-cos e psicológicos em suas vítimas. Devido a sua seriedade, o combate a essas práticas, que tem sido tema de diversos debates e campanhas, é tão importante que alguns municípios e estados brasileiros adotaram leis próprias com essa finalidade. Agora, uma nova lei de combate ao bullying foi estabelecida em todo o Brasil. Tra-ta-se da Lei Federal n. 13.185/2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). A medida entra em vigor em fevereiro de 2016. Qual a importância disso para instituições de ensino, educa-dores, pais e alunos? É o que aborda a matéria de capa desta edição. Para entender as implicações da nova Lei, conversamos com a advogada e dire-tora-executiva da Nethics — Educação Digital, Alessandra Borelli, e com a também advogada Emelyn Zamperlin , do Opice Blum Advogados Associa-dos. Não deixe de conferir!

NUEVA LEY DE COMBATE CONTRA EL BULLYINGProblemas recurrentes, el bullying y el cyberbullying (el bullying cometido en ambiente virtual) pueden ocasionar graves e irreversibles daños físicos y psicológicos en sus víctimas. Debido a su seriedad, el combate a esas prác-ticas, que han sido tema de diversos debates y campañas, es tan importante que algunos municipios y estados bra-sileños adoptaron leyes propias con esa finalidad. Ahora, una nueva ley de combate al bullying fue establecida en todo el Brasil. Se trata de la Ley Federal n. 13.185/2015, que instituye el Pro-grama de Combate à Intimidação Sis-temática (Bullying). La medida entrará en vigor en febrero de 2016. ¿Cuál es la importancia de esto para institu-ciones de enseñanza, educadores, padres y alumnos? Es lo que aborda la materia de tapa de esta edición. Para entender las implicaciones de la nueva Ley, conversamos con la abogada y directora ejecutiva de Nethics — Educação Digital, Alessandra Borelli, y con la también abogada Emelyn Zamperlin, de Opice Blum Advogados Associados. ¡No deje de ver!

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Combate ao BULLYINGO que muda com a Lei Federaln. 13.185/2015?

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uito mais que uma recomenda-ção, um dever legal! Instituições de ensino podem ser responsa-bilizadas civilmente por omissão

ou negligência em casos de bullying e cyber-bullying. A Lei n. 13.185/2015, que entra em vi-gor em fevereiro de 2016, reforça o dever de di-ligência das escolas, clubes e agremiações.

No dia 9 de novembro de 2015, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Lei Federal n. 13.185/2015, que insti-tui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, o bullying. A nova Lei tem no diálogo, na prevenção e na conscientização as medidas prioritárias para o com-bate ao bullying, seja presencial, seja virtual. Mas qual a importância dessa Lei para pais, alunos e escolas?

De acordo com a nova Lei, é considerado como intimi-dação sistemática (bullying) “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimi-dá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.

A advogada Emelyn Zamperlin, do Opice Blum, Bruno, Abrusio e Vainzof Advogados Associados, explica que, embora condutas como humilhar, ameaçar e perseguir alguém, conforme o ordenamento jurídico brasileiro, já fossem passíveis de represálias, e as escolas e pais já fos-sem responsáveis por seus educandos e filhos, a nova Lei, ao tratar do bullying de forma clara e específica, repre-senta importante instrumento para que escola, governo, família e sociedade possam, com base em casos con-cretos, prevenir e combater uma situação muitas vezes interpretada como mera “brincadeira de mau gosto”, o que dificultava seu controle, estudos e contenção.

Já a advogada e diretora-executiva da Nethics – Edu-cação Digital, Alessandra Borelli, destaca que “a Lei n. 13.185/2015 estabelece em definitivo o dever de insti-tuições de ensino, clubes e agremiações se posicionarem, seriamente, acerca da adoção de estratégias de preven-ção e combate a tais intimidações e agressões, sobretudo nesses lugares, em razão de serem espaços onde a socia-lização de crianças e adolescentes é mais intensa, e os feitos e efeitos da prática, mais presentes”.

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Para que pais, educadores e alunos possam compreender melhor as previsões legais da nova Lei, Alessandra e Emelyn escreveram o artigo Lei 13.185/2015: Diálogo e prevenção como principais instrumentos de combate ao bullying e cyberbullying. Nele, as advoga-das destacam esse problema recorrente, que afeta crianças, adolescentes e até mesmo adultos em inúmeros ambientes. Ainda de acordo com as advogadas, a Lei poderá tra-zer benefícios à própria educação do País. “Estudos apontam que o bullying afeta dire-tamente o ambiente escolar, inclusive o ren-dimento de crianças e adolescentes”, afirma Emelyn. Ela também explica que essa Lei, “além de propiciar o desenvolvimento sau-dável de crianças e adolescentes, pode tra-zer benefícios sociais, aprimorando valores como fraternidade e respeito”.

BULLYING NO AMBIENTE VIRTUAL

O cyberbullying se caracteriza pelo bullying cometido em ambiente virtual. Como des-tacam Alessandra e Emelyn em seu artigo, o cyberbullying vem ganhando proporções ainda mais preocupantes do que no passado porque, atualmente, qualquer pessoa pode facilmente publicar conteúdos na internet e, em segundos, atingir milhões de internau-tas em blogs, sites e redes sociais. De acordo com a Lei, o cyberbullying é o bullying pra-ticado na rede mundial de computadores, com a utilização de instrumentos que lhes são próprios, para depreciar, incitar a vio-lência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial.

Nesse sentido, Alessandra explica que a ideia de anonimato tem encorajado algu-mas pessoas a publicar na internet aquilo que não teriam coragem de dizer presen-cialmente. No entanto, ela ressalta que esse é um pseudoanonimato, pois, de acordo com o artigo 15 do Marco Civil da Internet (Lei n. 12.965/2014), é possível identificar os responsáveis pelas agressões proferidas a outrem no mundo virtual. “A mesma lei (Constituição Federal) que prevê o direito à liberdade de expressão veda, expressa-mente, o anonimato e dá o direito de res-posta ao ofendido, cabendo, inclusive, o direito de indenização por eventual dano moral sofrido”, conta a advogada, que ainda acrescenta: “Assim, mesmo que revestido

Alessandra Borelli, advogada e diretora-executiva da Nethics — Educação Digital

Emelyn Zamperlin, advogada do Opice Blum Advogados Associados

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por um perfil falso, é absolutamente possível chegar ao real autor de crimes praticados por meio da internet. Vale ressaltar que, segundo determina o Marco Civil da Internet, provedores de acesso e conteúdo devem contribuir com as investigações, sob pena de responderem subsidiária ou solidariamente pelo ilícito praticado pelo usuário”.

Alessandra e Emelyn complementam que o cyberbullying acar-reta prejuízos potencialmente maiores, dado o poder de disse-minação e perpetuidade. Elas recomendam que uma criança ou adolescente, ao ser vítima de cyberbullying, não responda ao agressor e que comunique o ocorrido imediatamente a um adulto de sua confiança, preferencialmente seus responsáveis, a fim de que eles possam preservar o conteúdo em ata notarial e buscar os meios necessários para identificar o agressor, cessar e inibir a conduta. Para isso, os pais da vítima podem contar com o auxílio de um advogado especializado em Direito Digi-tal, por exemplo. Segundo as advogadas, a melhor maneira de prevenir e combater o bullying e o cyberbullying é quebrando o silêncio.

PRIORIZAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

Alessandra explica que o fato de a nova Lei não prever puni-ções aos que praticam bullying não significa que não haverá consequências jurídicas para eles. Isso porque, independente-mente da referida Lei, já há no ordenamento jurídico brasileiro previsões coercitivas aos agressores e/ou seus responsáveis. Alessandra e Emelyn explicam que o bullying pode se carac-terizar como ato ilícito, passível de indenização e de direito de resposta, por exemplo, bem como, dependendo da conduta, caracterizar crime tipificado na lei penal brasileira, ou, no caso de o agressor ser menor de idade, ato infracional. “Quando o agressor é menor de idade, civilmente, seus pais ou educadores serão os responsáveis por eventuais danos”, esclarece Emelyn.

Ainda assim, para Alessandra, a prevenção e o diálogo podem ser uma forma de evitar tantas ocorrências de bullying e cyber-bullying. “Tenho visto o quão poderosa é a informação, o alcance de uma conversa aberta, sem rodeios, com linguagem e abordagem adaptada à capacidade de compreensão de cada público. Dos encontros com pais, educadores, crianças e ado-lescentes tiramos a certeza, e nos convencemos cada dia mais, de que muitos ilícitos, sobretudo os cibernéticos, poderiam ser evitados com o mínimo de orientação”, diz.

A advogada também chama a atenção para o fato de que muitos pais não imaginam que o filho está sendo vítima de bullying ou cyberbullying, tampouco de que ele ocupa a posição do agres-sor. “A maioria das crianças e dos adolescentes não imaginam o grande mal que podem causar com suas atitudes e sequer sonham com a possibilidade de sofrer medidas socioeducati-vas e levar seus pais ao poder judiciário”, diz Alessandra, que completa: “Quanto às escolas, muitas insistem em acreditar que não podem ser responsabilizadas judicialmente por tais ‘brincadeiras’, quando praticadas entre seus alunos”.

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COMBATE AO BULLYING NAS ESCOLAS

No que diz respeito às instituições de ensino, a nova Lei prevê a adoção, por parte desses estabelecimentos, de estratégias e ações para efetiva prevenção e combate ao bullying. “Isso inclui capacitação do corpo docente e apoio psicológico e jurídico tempestivo às vítimas e suas famílias. Em outras palavras, a criação de um comitê interno e preparado para a mediação e resolução de conflitos da espécie seria um importante passo e uma boa forma de enquadrar-se à nova Lei, com regulamento específico e informações cla-ras sobre o papel de cada um, associada a ações pedagógicas de prevenção, palestras e campanhas de conscientização”, afirma Alessandra.

Nesse contexto, Emelyn enfatiza que, ape-sar de a nova Lei não trazer sanções dire-tas às escolas que deixarem de promover o combate ao bullying, espera-se que ela seja capaz de ensejar nessas instituições mobili-zações em prol da implantação do Programa de Combate à Intimidação Sistemática, em atenção ao melhor desenvolvimento de seus educandos. “As escolas que estiverem aten-tas a essa realidade deverão ser privilegiadas pelos pais, que buscam um ambiente sadio e equilibrado para seus filhos; por outro lado, aquelas que adotarem uma postura inerte frente ao bullying poderão ter sua imagem comprometida”, alerta Emelyn.

Para as advogadas, embora o bullying e o cyberbullying não ocorram somente no ambiente escolar, as escolas ocupam um importante papel no combate a essas práticas. Alessandra frisa que é na escola que ocorre o primeiro e o mais intenso processo de socia-lização das crianças. Ela diz também que, de acordo com a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretri-zes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e o próprio Marco Civil da Internet, espera-se da educação a contribuição para o desenvol-vimento da pessoa humana, o exercício da cidadania e o preparo para o mercado de tra-balho. “Tão importante quanto ensinar a ler, escrever e contribuir para o ingresso do aluno em uma boa universidade é fazer a diferença no direcionamento de seu potencial para o próprio bem e de toda a sociedade”, afirma.

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LIDANDO COM CASOS DE BULLYING

Segundo Alessandra, para lidar com casos de bullying e cyberbullying, as instituições de ensino devem se inte-ressar por conhecer os fatos e as pessoas envolvidas por meio de um diálogo imparcial. “Além disso, é preciso adotar tempestivamente todas as medidas necessárias para a imediata cessação das ofensas, acolher a vítima e tornar cientes as famílias tanto das vítimas quanto dos agressores e, a depender do caso, também dos especta-dores”, completa. A advogada ainda diz que, de acordo com a Lei, devem ser adotados medidas e instrumentos alternativos para responsabilização e mudança do com-portamento do agressor. “Isso pode se dar, por exem-plo, por meio de uma ‘aula de boas práticas’ realizada pelo próprio agressor aos colegas da sala, do ano ou da escola”, acrescenta.

Emelyn esclarece também que privilegiar mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva res-ponsabilização e a mudança de comportamento hostil, evitando, tanto quanto possível, a punição dos agres-sores, não significa corroborar suas atitudes, mas sim buscar o diálogo e a educação.

INICIATIVAS ANTERIORES DE COMBATE AO BULLYING

Anteriormente à criação da nova Lei, a necessidade de promover ações de combate ao bullying e ao cyber-bullying fez com que alguns estados e municípios brasi-leiros adotassem leis próprias com esse fim. Em muitos casos, os resultados da iniciativa foram positivos.

Dentre algumas dessas ações, destaca-se a criação do Blog de Prevenção ao Bullying e Cyberbullying, do Ministério da Educação. Além disso, em Santa Catarina, a Lei n. 14.651/2009 instituiu o Programa de Combate ao Bullying e, desde 2010, o município desenvolve a ini-ciativa Bullying, Isso Não É Brincadeira. Em São Paulo, a Lei n. 14.957/2009 dispôs sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar na proposta pedagógica de escolas públicas da Educação Básica. A ação conta com o apoio do canal Cartoon Network, com a iniciativa Chega de Bullying: Não Fique Calado, desenvolvida pela Secretaria da Edu-cação do Estado de São Paulo.

Para as advogadas Alessandra e Emelyn, a Lei n. 13.185/2015, se colocada em prática, promoverá refle-xões transformadoras e resultados surpreendentes. “Se a sociedade assumir o compromisso de suscitar tais questionamentos entre os jovens e orientá-los acerca das consequên cias morais e legais de seus atos, toda a coletividade será beneficiada”, encerra Alessandra.

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Andréa PavelCoordenadora de Produção da Rádio Trans Mundial — São Paulo, revisora pedagógica e assessora de Treinamentos do Sistema Mackenzie de Ensino — São Paulo

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PROFESSORES ESTÃO

PREPARADOS?

Vivemos em um País não só caracterizado pelo seu grande tamanho físico, mas pelas di-versidades culturais. Podemos

incluir aí a educação e, mais recente-mente, as áreas tecnológicas envolvi-das no processo educacional.

É relevante avaliarmos até que ponto os professores estão preparados para utilizar essas novas tecnologias. São resistentes ou resilientes? Muitos ainda se atêm apenas ao quadro-negro, giz e ao conteúdo invariável e sedimentado, fruto de longos anos de magistério.

Alguns investimentos realizados pelos governos – federal, estaduais ou munici-pais – para equipar as escolas podem se tornar inúteis se não houver essa prepa-ração dos professores para a mudança. Isso também acontece nas escolas parti-culares de nosso País.

O computador é uma realidade na casa do aluno, seja em forma de tablet, seja de notebook ou até mesmo smartphone . Ele deve ser assim também na escola, para tornar o conteúdo vibrante, intera-tivo e com amplas possibilidades para uma aprendizagem significativa. Se o professor não o utilizar como instru-mento didático, é ínfimo o potencial que poderá ser retirado da capacidade de seus alunos. A tecnologia está aí e veio para ficar.

A falta de preparo talvez venha da base: dos cursos de graduação, que ainda são muito teóricos e não proporcionam aos futuros educadores a preparação necessária para o contato com a tec-nologia. O computador acaba virando, então, um mero retroprojetor. Um portal de educação interativo deixa de prestar serviço e não interage porque não sabe ser utilizado.

A conversa sobre inclusão tecnológica e preparo dos professores nessa área é longa e renderia uma discussão interes-sante, mas é só a ponta do iceberg. Por exemplo, muitas escolas se deparam com diferentes velocidades da inter-net que nem sempre possibilitam o uso total dos recursos para um download ou para uma interação maior. O que fazer com nossos alunos que não que-rem ler sequer uma homepage?

É um desafio para os profissionais da área educacional entender a rapidez das gerações que se sucedem – X, Y e, agora, a Z, composta por jovens que nasceram após 1995 e que não conheceram o mundo sem internet. Como conciliar o livro e o computador? Como construir uma identidade, manusear uma infor-mação, se apropriar desse universo de blogs, podcasts, redes sociais?

Até que ponto, como professores, esta-mos preparados para isso tudo?

É uma pergunta inquietante, que requer uma resposta cada vez mais urgente.

www.educarbrasil.org.br

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Ensino significativo

Valorização de docentes e açõesque incentivam o aprendizadodos educandos são prioridadesda Secretaria de Educação de João Pessoa/PB

Para a secretária de Educação de João Pessoa/PB, Edilma Ferreira da Costa, a educação deve ser desenvolvida com responsabilidade e precisa rece-ber investimentos que favoreçam sua qualidade. No

entanto, para se tornar ainda mais significativa, ela deve vir acompanhada de um espírito humanitário e de um olhar atento às necessidades de cada elemento que compõe a comunidade escolar, envolvendo, assim, tanto os trabalha-dores da educação quanto os alunos e suas famílias.

À frente da Secretaria de Educação e Cultura de João Pes-soa, Edilma, que é pedagoga e especialista em Psicopeda-gogia, tem mais de quinze anos de experiência em Edu-cação Infantil, tendo atuado como professora e diretora de creche. Em 2013, ela foi nomeada secretária adjunta da Secretaria de Educação de João Pessoa, assumindo a pasta integralmente em dezembro de 2014.

A secretária de Educação conta que, hoje, o grande desa-fio da atual gestão é “garantir uma educação de qualidade, transformando o ambiente escolar em um espaço mais

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atrativo, em que os profissionais envolvidos sintam-se estimulados em seu papel de educador e em que o ensino e o aprendizado tenham mais significado para os discentes”. Para isso, segundo Edilma, é preciso fomentar iniciativas que valorizem o docente, bem como ações capazes de estimular o aprendizado dos educan-dos e o envolvimento da comunidade escolar, no intuito de valorizar o pro-tagonismo juvenil.

INICIATIVAS

No que diz respeito à valorização do magistério, a Secretaria de Educação de João Pessoa oferece formação con-tinuada a todos os docentes de sua Rede Municipal. A secretária explica que “a formação para os professores de matemática acontece por meio de parceria desenvolvida com a empresa Mind Lab. Já a formação continuada dos professores de inglês é realizada através de convênio com o consulado americano. Para os demais docentes, a formação é oferecida por meio de empresa especializada para esse fim”.

Ainda com a constante preocupação de investir cada vez mais na qualidade do ensino e reconhecer seus profissionais, a atual gestão já investiu mais de 10 milhões em bonificações aos profissio-nais que trabalham em suas unidades escolares e, em 2015, convocou 1.300 profissionais concursados para fazer parte da Rede Municipal de Educação. Nesse contexto, João Pessoa ainda se destaca por oferecer a seus professores o quarto maior salário do País.

Outro ponto prioritário para a Secre-taria de Educação é a política de Edu-cação Infantil. Por isso, a atual gestão tem investido na ampliação do acesso de alunos a esse nível de ensino e na educação em tempo integral. “Bus-camos garantir à criança o ingresso logo cedo à sala de aula, incentivando

e aguçando, dessa forma, suas habili-dades e competências para o sucesso em sua vida escolar e como cidadão”, afirma Edilma.

A Secretaria de Educação também vem inserindo a robótica pedagógica em todas as escolas de sua Rede. A secretária de Educação explica que “a iniciativa se deu a partir do entendi-mento de que a robótica pedagógica é uma ferramenta importante para o aprendizado dos discentes”.

Hoje, o município de João Pessoa vem realizando grandes investimentos na educação. Isso pode ser percebido através da construção de novos espa-ços de ensino-aprendizagem, bem co- mo das melhorias das estruturas nas unidades de ensino já existentes. A acessibilidade de alunos com defi-ciência também é uma das preocu-pações da Secretaria. Além disso, as salas de aula estão sendo climatizadas, e câmeras de monitoramento estão sendo colocadas em áreas de maior circulação. “A educação é realmente uma prioridade em nosso governo”, garante a secretária.

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Edilma Ferreira da Costa, secretária de Educação de João Pessoa/PB

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Os desafios da educação no Brasil

Já dizia Paulo Freire: “A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Sempre citamos a educação como principal pilar do desenvolvimento de qualquer país, e com o Bra-

sil não é diferente. Nos últimos anos, muito se falou sobre um possível aumento de investimento do Produto Interno Bruto (PIB) na educação – passaríamos de 5,5% para 10%. Sabemos que a porcentagem do PIB brasileiro direcionado para o setor está abaixo da média preconizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que recomenda 6,23%. Mesmo estando abaixo da média, a grande questão está na forma como esse valor é investido.

Os desafios da educação brasileira envolvem aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. Em estudo elaborado pelo Banco Mundial, entre os desafios mais importantes para a próxima década estão a qualidade do ensino secundário, a eficiência do gasto público, a qualidade dos professores e a Educação Infantil. Sem dúvida, esses são pontos essenciais; entretanto, além de ampliar os investimentos, é preciso dire-cioná-los e acompanhar sua utilização.

A atenção do Brasil com a educação é muito recente. Quando falamos da educação brasileira, alguns números precisam ser lembrados: o Brasil tem, atualmente, mais de 8 milhões de alunos matriculados no Ensino Médio e 7 milhões no Ensino Superior. Um crescimento expressivo, se comparado aos dados de 2001, quando a educação universitária conta-bilizava apenas 3 milhões de alunos. Porém, esses números

Janguiê DinizMestre e doutor em Direito, fundador do grupo Ser Educacional e presidente do Conselho de Administração

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ainda não expressam uma realidade favorável ao País. Em 2013, durante a última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil ficou em 58º lugar em matemática, 55º em leitura e 59º em ciências. Esse resultado equivale a comparar os alunos daqui aos alunos de lugares como o Cazaquistão.

Quando analisamos o quadro da Educação Infantil, obser-vamos que o Brasil está aumentando rapidamente o Ensino Pré-Escolar e a cobertura das creches, mas é preciso cada vez mais foco na qualidade desses serviços. Entenda-se como foco a qualidade dos currículos e a formação e supervisão de monitores e educadores, além de acompanhamento e avalia-ção de programas oferecidos por essas instituições.

É notório que tivemos importantes melhorias: a ampliação do acesso ao Ensino Fundamental, a inclusão de programas de Educação Integral nas escolas públicas e a utilização de avaliações que ajudam a analisar resultados de aprendizado e estabelecer metas, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Esses foram pontos essenciais para o desenvolvi-mento de políticas públicas na educação.

É igualmente essencial que as escolas sejam mais seletivas e cuidadosas ao contratar professores. Muitos dos que estão em sala de aula não gostam de ensinar ou não têm preparo para a profissão. É importante avaliar a competência dos professores e investir também na educação contínua deles.

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Também é fundamental que as escolas sejam equipadas com computadores, laboratórios e bibliotecas. Esses recursos são imprescindíveis para incentivar o estudo e despertar o inte-resse intelectual dos alunos.

Infelizmente, a realidade é que mesmo o aumento do inves-timento no setor não será capaz de mudar drasticamente a educação atual do Brasil. Tal mudança é um projeto que deve ser executado continuamente e em longo prazo. Seria neces-sário um investimento de 10% do PIB, durante anos, para que se fizesse uma transformação positiva na educação.

Mesmo com o aumento dos investimentos, o Brasil ainda tem mais de 4,1 milhões de crianças fora da escola; no Ensino Superior, apenas 17% da população de idade universitária – de 18 a 25 anos – está estudando, e 86% da população não tem acesso a esse nível do ensino. A grande maioria que compõe essas estatísticas está concentrada nas regiões Norte e Nordeste, e a desigualdade social reflete esses números. Enquanto, no estado de Santa Catarina, 99% das crianças e adolescentes têm acesso à educação, no Acre, norte do País, esse percentual cai para 91,3%.

É preciso investir em todas as áreas da educação, desde a Educação Infantil aos cursos de mestrado, doutorado e pós--doutorado. A Finlândia, por exemplo, pode e deve ser tomada como exemplo pelo Brasil. O país chamou a atenção não ape-nas pelo resultado, mas por apresentar um modelo diferente dos líderes do ranking – China e Coreia do Sul. A transfor-mação do sistema educacional finlandês começou na década de 1970, quando foi criado o sistema de ensino obrigatório de nove anos e um currículo nacional visando a igualar as oportunidades de acesso e a qualidade da educação.

O Brasil fez progressos expressivos na educação nos últimos dez anos, mas ainda temos um longo caminho para atin-gir o nível dos países desenvolvidos. Não existe nenhuma fórmula mágica, nem um milagre para ter educação de qualidade e acessível para todos. As crianças, assim como os adultos, são indivíduos com necessidades diferentes, e é preciso conhecê-las e transformá-las no objetivo da edu-cação. É preciso, acima de tudo, investir e utilizar correta-mente esse investimento.

www.sereducacional.com

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Antônio Eugênio Cunha Presidente do Sinepe/ES e presidente da Fenep

IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA NA CONSTRUÇÃO DO CIDADÃO

A sociedade atual vive uma crise de valores éticos, morais e comportamentais sem prece-dentes. É na escola que essa

crise acaba ficando mais evidente. Nunca se discutiu tanto sobre falta de limites, desrespeito, falta de perspec-tivas e desmotivação dos alunos. As escolas procuram compreender esse quadro complexo e buscam formas de superar conflitos e dificuldades.

A questão é: a escola vai assumir isola-damente a responsabilidade de educar?

A resposta, objetiva: não é possível desconsiderar a importância fun-damental da família na formação e educação de crianças e adolescentes. Família e escola, de mãos dadas, é que irão superar todas essas dificuldades. Nesse sentido, é importante que escola e família definam limites e valores, mas também acreditem no potencial das crianças e dos jovens, pois a con-fiança e a motivação são os motores do sucesso. A busca contínua para formar cidadãos que saibam aprender a aprender, aprender a fazer, aprender

a conhecer, aprender a ser e aprender a conviver permitirá que a escola seja um espaço de gente pensante, faze-dora, crítica, que ouve, fala, compreen- de e, principalmente, de gente que se entenda capaz, em formação e pro-cesso de crescimento.

Não há como desconsiderar que os acontecimentos atuais estão relaciona-dos com a velocidade da mudança no contexto social. A educação brasileira, mergulhada numa avalanche de exi-gências e novas inserções obrigatórias em seus currículos escolares, ainda caminha de forma incipiente para atender às novas demandas sociais, que não são poucas e não dependem apenas da instituição escola, mas tam-bém de outras instituições responsá-veis pela formação integral das novas gerações. As discussões e reflexões no ambiente escolar sempre existi-rão, para compreender esse cenário complexo que afeta a educação, pois é o local onde os alunos passam um grande tempo de sua vida. A escola não deve e não pode assumir sozinha toda a responsabilidade de situações

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de conflitos; é preciso envolver a famí-lia nas ações que contribuam para for-talecer os padrões de conduta necessá-rios à convivência social.

Além da função socializadora da escola, ela busca novas metodologias de traba-lho para tornar o espaço educativo um ambiente de excelência em ensino e aprendizagem, proporcionando acesso ao conhecimento sem cair na arma-dilha de só entretenimento. Também vale destacar que, quando o assunto é educação, não existem fórmulas ou receitas prontas, nem soluções defi-nitivas. É preciso compreender que mudanças significativas nos diferentes contextos sociais, econômicos e cul-turais estão ocorrendo de forma ace-lerada, com grandes transformações. Essas mudanças promovem imposi-ções muitas vezes difíceis de aceitar.

É nesse cenário que se encontram a família e a escola, e esse contexto aponta para a necessidade de se bus-carem novos caminhos para acompa-nhar e interagir nessa nova dinâmica, exigindo uma revisão de conceitos

sobre a formação dos alunos, sem per-der os objetivos da formação, tornan-do-os seres humanos com projeto de vida fundamentado em valores como autonomia, respeito, flexibilidade, coo-peração, tolerância, consciência de seus direitos e deveres. Assim, é pre-ciso compreender que a escola e a família devem estabelecer laços de afinidade para que atitudes semelhan-tes sejam tomadas quanto à forma de educar, para que a presença dos pais na escola seja uma ação construtiva, para que sua participação fortaleça os vínculos afetivos e para que seu envol-vimento contribua para que crianças e jovens se sintam amparados e acolhi-dos, convivendo em completa sintonia em suas atitudes. Não há como negar que a família e a escola são as institui-ções fundamentais da sociedade, com papéis diferenciados, porém não con-traditórios, e sim complementares.

A família e a escola formam uma equipe. Deve-se escolher uma instituição séria, estruturada, com boas instalações físi-cas e bom projeto pedagógico, endereço fixo e não itinerante, segura e com pro-fessores reconhecidos pela sociedade. É fundamental que família e escola sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir, e com cada um fazendo sua parte para que o aluno trilhe o caminho do sucesso, com metas definidas, propiciando a ele segurança na aprendizagem e na cons-trução de um futuro melhor.

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Benjamin Ribeiro da SilvaPresidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp)

Novo ano, nova esperança

Iniciamos o ano na esperança de melhores dias para a educação brasileira. Apesar das crises política, econômica e institucional que vivemos, acreditamos que é na educação que

teremos que pensar seriamente para levar adiante o projeto Brasil de desenvolvimento. O setor já sofreu muito com a falta de planejamento e de uma política de Estado, imune às ingerências políticas que vem sofrendo nos últimos anos. Educação é um projeto de gerações e não pode ser alterado de tempos em tempos, de acordo com as mudanças de ministros ou mesmo de governantes. É neces-sário que o Plano Nacional de Educação (PNE), que demorou para ser aprovado, entre em vigor para valer e que o ensino público comece a ser gerido com responsabilidade e coerência.

Tivemos acesso a documento do Comitê sobre os Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), mostrando preocupação com os cortes de verbas na área da educação no Brasil, recomendando aumento de investimentos no setor. O relatório, finalizado em outubro de 2015, destaca a preocupação com as estratégias desti-nadas a eliminar a discriminação com base em orientação sexual e raça, removidas dos planos de educação de vários estados brasileiros. O acesso educacional igualitário a crianças em situação de vulnerabilidade, negros e moradores de zonas rurais e de áreas remotas também teve destaque especial no documento.R

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Desde o final de 2014, o governo federal tem cor-tado o orçamento para a educação. Programas como Dinheiro Direto na Escola (PDDE), bolsas para iniciação à docência e do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa tiveram atrasos. Governos estaduais, como o de São Paulo, também fizeram cortes em 2015. Entre as recomendações, o documento cita a necessidade de investimento em infraestrutura escolar, incluindo acesso a água e saneamento básico, particularmente nas áreas rurais e remotas. Além disso, a necessidade de destinar adequados recursos humanos, técnicos e financeiros e também formação de qualidade para os professores, a fim de garantir educação de bom nível para crianças indígenas e que moram no campo ou em áreas remotas. Como se pode notar, os ajustes empreendidos na economia do País têm influenciado negativamente a implantação do Plano Nacional de Educação e, consequentemente, a melhoria da qualidade do ensino público.

Ao contrário, o setor privado de ensino tem mere-cido a atenção e investimentos dos seus respon-sáveis, como o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), entidade que presido e que, no último ano, realizou uma série de seminários por todo o estado de São Paulo em busca de qualificação dos seus docentes e pes-soal administrativo das escolas. Além disso, pro-move viagens de estudo pelo exterior, à procura de novas tecnologias e novos métodos para aplicar nas escolas associadas. Como é o caso da viagem deste ano: visitaremos a Polônia, uma oportuni-dade única para conhecer o “milagre” da estratégia que revolucionou a educação daquele país, reco-nhecido internacionalmente como um excepcio-nal case de sucesso. Em 2002, o Sieeesp organizou viagem de estudos ao Reino Unido. Desde então, amplas reformas objetivando introduzir uma estrutura de ensino das mais atualizadas naquele país produziram resultados relevantes que podem comprovar um sistema mais eficaz, voltado para a gestão de instituições de ensino preparadas para os desafios do século XXI.

Por fim, ampliamos a parceria com a Bett Brasil Educar, que realiza, de 18 a 21 de maio, o seu con-gresso nacional, trazendo milhares de educadores de todo o País para assistir a palestras de mais de duzentos mestres dos vários setores da educação. Tema deste ano: Melhor educação, melhor socie-dade. Vale a pena conferir.

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FORTALECIMENTO FINANCEIRO EM ESCOLAS PÚBLICAS MUDA REALIDADE DE 3.500 CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS

É possível preparar crianças das periferias de grandes centros para o consumo e ensiná-las a lidar com o dinheiro? Desenvolvido em 34 escolas públicas de São Paulo, Belo Horizonte e Recife, o projeto Sonhar, Pla-

nejar, Alcançar: Fortalecimento Financeiro para Famílias é uma iniciativa multimídia global que tem a intenção de pro-mover mudanças positivas no comportamento financeiro de crianças de 3 a 6 anos e de suas famílias, principalmente os gestores do lar. O trabalho, pioneiro no Brasil, é uma realiza-ção da Vila Sésamo (Sesame Workshop), com patrocínio da MetLife Foundation e apoio da DSOP Educação Financeira e da TV Cultura para implementação.

Estima-se que 2,5 bilhões de pessoas estejam em situação de vulnerabilidade devido à baixa renda e à falta de condições, que limitam o acesso a serviços e produtos financeiros que auxiliem famílias a gerenciar despesas diárias e situações emergenciais, com espaço para poupar. O fortalecimento financeiro não pro-move apenas melhorias financeiras imediatas, mas também ajuda famílias e crianças a se preparar para o futuro e a lidar com potenciais contratempos de forma flexível e criativa.

A iniciativa Sonhar, Planejar, Alcançar oferece um conteú- do engajador, apresentado pelos Muppets da Vila Sésamo, com linguagem lúdica, a fim de incentivar o diálogo familiar sobre estratégias eficazes para controlar despesas, poupar, compartilhar e realizar doações.

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Para os idealizadores do programa, o fortalecimento financeiro familiar é uma noção vinculada a três elemen-tos centrais:

• Nós podemos! Ter uma atitude po- sitiva, incluindo a confiança e iden- tificando as aspirações. • Como podemos fazer? Conhecer comportamentos que possam aju-dar a definir, planejar e atingir metas. • De que informações precisamos? Ter os conhecimentos e as infor-mações necessárias para alcançar o fortalecimento financeiro e seus objetivos.

Em três anos, o projeto Sonhar, Plane-jar, Alcançar planeja capacitar 17 mil famílias em nove capitais brasileiras, além de impactar mais de 12 milhões de pessoas por meio de uma campa-nha nacional em diferentes platafor-mas. O projeto será realizado no Bra-sil, Índia, China, México e em outros seis países nos próximos anos.

NO BRASIL: 1ª FASE – 2015

Em sua primeira fase, o projeto está pro-porcionando para 3.500 crianças entre 3 e 6 anos e suas famílias mudanças positivas no comportamento financeiro, buscando mostrar a importância de visualizar o futuro, identificar sonhos, saber priorizar e poupar para realizar os objetivos (individuais e coletivos). Em menos de seis meses, os primeiros resul-tados positivos já surgiram, com as esco-las realizando uma série de eventos nos quais os alunos apresentaram um pouco do que aprenderam.

“Essa é uma iniciativa global da Vila Sésamo para diversos países, porém as estratégias são adaptadas de acordo com a realidade de cada país. No Brasil, esta-mos desenvolvendo conteúdos educa-cionais centrados na primeira infância e que contribuem para que educadores e familiares incorporem reflexões e ati-vidades relacionadas ao fortalecimento financeiro no cotidiano das crianças. Todos os materiais criados são distribuí-

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dos gratuitamente por meio de mídia digital e transmitidos na televisão. Também promovemos atividades de engajamento comunitário nas escolas públicas participantes do projeto”, explica Julia Tomchinsky, representante da Vila Sésamo e ges-tora da iniciativa no Brasil.

“É essencial que as crianças aprendam desde cedo a importân-cia de lidar com o dinheiro de forma consciente, aumentando assim suas chances de tomar decisões acertadas na vida adulta. Com o apoio dos educadores, as famílias atendidas pelo projeto passaram também a refletir mais sobre suas decisões e priorida-des, melhorando sua situação financeira e planejando o futuro”, diz Raphael de Carvalho, presidente da MetLife no Brasil.

“A dinâmica busca mesclar ensinamentos para os pais e capa-citação dos educadores para que todos saibam falar sobre o tema com as crianças e o utilizem também em suas vidas. Em conversa com os pais, temos observado que a ação em con-junto com eles e as escolas está facilitando o planejamento das famílias e a aceitação dos pequenos quanto a essa necessidade. Isso ocorre porque eles aprendem a priorizar os sonhos”, conta Ana Rosa Vilches, diretora pedagógica da DSOP e consultora no Brasil da iniciativa Sonhar, Planejar e Alcançar - Empodera-mento Financeiro.

Segundo Socorro Nascimento, gestora da CMEI Mércia Maria Bezerra Costa, do Recife, o programa teve efeitos não só nos alunos, mas em todos os participantes. “Minha equipe par-ticipou do projeto de fortalecimento financeiro e achou tudo muito interessante. A iniciativa fez com que a gente refletisse sobre a importância de saber o quanto temos de dinheiro para poder planejar e sobre o tempo que leva para realizar cada sonho. Aprendemos, ainda, que temos que estabelecer priori-dades em nossas vidas para comprarmos aquilo de que real-mente necessitamos”.

MUDANDO A REALIDADE

Atualmente, crianças e jovens estão cada vez mais expostos ao consumismo sem nenhum preparo. Por isso, é imprescindível que eles aprendam a lidar adequadamente com o dinheiro, rea-lizando sonhos e combatendo vários problemas que atraves-sam – até mesmo a criminalidade.

Robson Rebello, pai de aluna matriculada na E. E. Dr. Luiz Lázaro Zamenhof, de São Paulo, já sente os efeitos positivos do projeto. “Ao utilizar com a minha família os conceitos do forta-lecimento financeiro, passamos por uma mudança no nosso comportamento. Antes, gastávamos de forma compulsiva, de tal modo que não fazíamos planejamentos e nem sonhávamos com nada. Um dos desafios é manter a disciplina para não gas-tar com promoções ou sorteios feitos pelos comerciais e lojis-tas. Minha filha fez um porquinho de garrafa PET para poupar dinheiro e realizar um sonho que era realmente importante para ela”.

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Segundo Raquel de Paula Ferreira Ramos, mãe de aluna da Creche Comunitária Aurélio Pires, de Belo Horizonte, o apren-dizado está sendo valioso. “Antes do pro-jeto, nós nos planejávamos, porém não da forma como ele apresenta. Agora, estamos nos organizando para adminis-trar melhor nossos recursos financeiros. A iniciativa nos fez mudar a mentalidade sobre nossos gastos”.

Na Escola Municipal Edite Braga, em Recife, as professoras Lucenira Barbosa, Luciana Britto, Ana Carla Silva, Sueli Pereira, Jaildete Souza e Glauciane Oli-veira desenvolveram as seguintes ativi-dades: apresentação do projeto por meio de teatrinho de fantoches chamado O sonho de ter uma pipa; construção da árvore dos sonhos em sala de aula, com conversa sobre os tipos de sonhos; tra-balho com o almanaque da criança em sala de aula; no pilar Planejar, foi reali-zada a dinâmica da mochila, indicada no caderno do educador; atividade com o dinheirinho do almanaque da criança e elaboração de um mercadinho, com pro-dutos para serem vendidos.

Nessa mesma escola, o evento comuni-tário aconteceu no dia da comemoração do Dia da Criança, quando ocorreram diversas atividades, como filminho so bre sonhos, brincadeiras populares (pião, bola de gude, bambolê etc.), árvore dos sonhos e pintura do muro da escola com a participação dos familiares e das crianças. A análise dos cuidadores e educadores é de que toda a reflexão proporcionada pela iniciativa é válida. Durante o andamento das oficinas, eles compreenderam a importância de tra-balhar as temáticas do fortalecimento financeiro com as crianças para que elas cresçam com a consciência de que é preciso sonhar e planejar para conseguir alcançar qualquer objetivo.

MAIS SOBRE O PROGRAMA

O programa, que nasceu por conta do atual contexto socioeconômico mundial, está sendo colocado em prática por meio de palestras, atividades, eventos comu-nitários e oficinas, que já tiveram início. Essa é uma iniciativa da Vila Sésamo, que conta com suporte financeiro da

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MetLife Foundation e parceria da DSOP Educação Financeira e TV Cultura para implementação, que está levando educação financeira a crianças, educadores e famílias brasileiras por meio de escolas públicas formais e espaços de educação.

Em 2016, as atividades serão ampliadas para noventa escolas em seis capitais brasileiras. Também será lançada uma série de animações para divertir e ensinar as crianças sobre dife-rentes conteúdos relacionados à educação financeira. Com a participação dos personagens da Vila Sésamo, o projeto visa a promover uma mudança positiva de comportamento de longa duração em crianças e seus familiares em relação ao fortaleci-mento financeiro.

Para conhecer mais sobre a iniciativa Sonhar, Planejar, Alcan-çar: Fortalecimento Financeiro para Famílias e ter acesso gra-tuito a todos os recursos desenvolvidos, como jogos digitais, clipes, animações, artigos, gibis e outra atividades, acesse o site fortalecimentofinanceiro.vilasesamo.org.

SOBRE A FUNDAÇÃO METLIFE

A Fundação MetLife foi criada em 1976 para dar continuidade à longa tradição de contribuição e envolvimento comunitário da MetLife. Desde seu estabelecimento até o final de 2014, a Funda-ção já fez doações de mais de US$ 650 milhões e investimentos de US$ 70 milhões em programas de organizações que tenham atividades com impacto positivo nas comunidades. Atualmente, a Fundação se dedica ao avanço da inclusão financeira, inves-tindo US$ 200 milhões para ajudar a criar um futuro seguro para pessoas e comunidades de todo o mundo. Para saber mais sobre a Fundação MetLife, visite www.metlife.org.

SOBRE A SESAME WORKSHOP

A Sesame Workshop (Vila Sésamo) é uma organização edu-cacional sem fins lucrativos da Vila Sésamo, que atende 156 milhões de crianças em mais de 150 países. A missão é ajudar crianças a crescer mais espertas, fortes e amáveis. Atuando sobre diversas plataformas, incluindo programas de televisão, experiências digitais, livros e engajamento comunitário, seus programas com base em estudos são moldados para atender às necessidades das comunidades e países onde estão inseridos. Para mais informações, visite www.sesameworkshop.org.

SOBRE A METLIFE

A MetLife, Inc. (NYSE: MET), por meio de suas subsidiárias e afiliadas, é uma das maiores seguradoras de vida do mundo. Fundada em 1868, é provedora global de seguros de vida, pla-nos de pensão, benefícios para funcionários e gestão de ativos. Atendendo cerca de 100 milhões de clientes, a MetLife opera em cinquenta países, aproximadamente, e é líder de mercado no Japão, Oriente Médio, América Latina e Ásia. Para mais informações, visite www.metlife.com.br.

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