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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN 1808-8716 Lisbôa, Fonseca. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 1(gt30):1-21 Educação Alimentar e Nutricional: estratégia de conscientização sobre alimentos transgênicos no contexto CTS G30 - Avanços Tecnocientíficos e os Desafios no Campo da Alimentação Célia Maria Patriarca Lisbôa Alexandre Brasil Carvalho da Fonseca Resumo: A educação em saúde é compreendida para além da transmissão de conhecimentos científicos, que considera a democratização da ciência e tecnologia como requisito importante para o exercício da cidadania, favorecendo a autonomia do indivíduo. Para este trabalho foram adotados conceitos e visões do enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), a fim de discutir o tema alimentação na sociedade contemporânea. O desenvolvimento tecnológico na área de produção de transgênicos tem provocado significativas transformações nos modos de vida da sociedade contemporânea. Os hábitos alimentares e modos de consumo, especialmente no que diz respeito à biodiversidade, ao meio ambiente, às discussões em torno da rotulagem de alimentos e aos impactos sobre a saúde, são exemplos dessas transformações na sociedade. Considerando a relevância do tema para os nossos dias, buscamos construir elementos para uma educação alimentar e nutricional (EAN) como estratégia para a promoção da saúde, visando à emancipação dos sujeitos e do grupo social no qual se insere, contribuindo para a análise crítica da alimentação e melhoria da qualidade de vida. O debate sobre os alimentos transgênicos é bastante polêmico, complexo e envolve interesses econômicos, aspectos éticos, legais e científicos. A ausência ou à precariedade de informações adequadas, com a devida tradução e socialização de conceitos científicos, que esclareçam à população as principais dúvidas no que diz respeito aos riscos reais da inserção de transgênicos na alimentação cotidiana, causa incertezas e preocupações. A educação pode motivar o indivíduo/comunidade a problematizar sua realidade e capacitá-lo a decidir conscientemente sobre a sua alimentação, a partir do desenvolvimento de uma consciência cidadã responsável. O desafio que se impõe à educação, em saúde em relação aos transgênicos, é o de não reduzir suas ações com ênfase no risco e na responsabilização individual, mas compreendê-la como resultante da ação política de indivíduos e da coletividade, considerando suas múltiplas dimensões. Palavras chave: Educação alimentar e nutricional, transgênicos, Ciência, tecnologia e sociedade

Educação Alimentar e Nutricional: estratégia de conscientização sobre alimentos ... · 2020-03-05 · Os hábitos alimentares e modos de consumo, especialmente no que diz respeito

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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Lisbôa, Fonseca. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 1(gt30):1-21

Educação Alimentar e Nutricional: estratégia deconscientização sobre alimentos transgênicos nocontexto CTS

G30 - Avanços Tecnocientíficos e os Desafios no Campo daAlimentação

Célia Maria Patriarca LisbôaAlexandre Brasil Carvalho da Fonseca

Resumo: A educação em saúde é compreendida para além da transmissão de conhecimentoscientíficos, que considera a democratização da ciência e tecnologia como requisito importante para oexercício da cidadania, favorecendo a autonomia do indivíduo. Para este trabalho foram adotadosconceitos e visões do enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), a fim de discutir o temaalimentação na sociedade contemporânea. O desenvolvimento tecnológico na área de produção detransgênicos tem provocado significativas transformações nos modos de vida da sociedadecontemporânea. Os hábitos alimentares e modos de consumo, especialmente no que diz respeito àbiodiversidade, ao meio ambiente, às discussões em torno da rotulagem de alimentos e aos impactossobre a saúde, são exemplos dessas transformações na sociedade. Considerando a relevância dotema para os nossos dias, buscamos construir elementos para uma educação alimentar e nutricional(EAN) como estratégia para a promoção da saúde, visando à emancipação dos sujeitos e do gruposocial no qual se insere, contribuindo para a análise crítica da alimentação e melhoria da qualidade devida. O debate sobre os alimentos transgênicos é bastante polêmico, complexo e envolve interesseseconômicos, aspectos éticos, legais e científicos. A ausência ou à precariedade de informaçõesadequadas, com a devida tradução e socialização de conceitos científicos, que esclareçam à populaçãoas principais dúvidas no que diz respeito aos riscos reais da inserção de transgênicos na alimentaçãocotidiana, causa incertezas e preocupações. A educação pode motivar o indivíduo/comunidade aproblematizar sua realidade e capacitá-lo a decidir conscientemente sobre a sua alimentação, a partirdo desenvolvimento de uma consciência cidadã responsável. O desafio que se impõe à educação, emsaúde em relação aos transgênicos, é o de não reduzir suas ações com ênfase no risco e naresponsabilização individual, mas compreendê-la como resultante da ação política de indivíduos e dacoletividade, considerando suas múltiplas dimensões.

Palavras chave: Educação alimentar e nutricional, transgênicos, Ciência, tecnologia e sociedade

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Transgênicos e a globalização

Após a Segunda Guerra Mundial, com a disseminação da fome no mundo, os países

desenvolvidos investiram no uso de técnicas mais modernas de cultivo para aumentar o

rendimento da produção agrícola, como o uso de insumos, agrotóxicos e sementes de alto

rendimento que podem se adaptar a diferentes solos e condições climáticas. O objetivo

principal era combater a fome e a miséria dos países mais pobres. Este evento é chamado

Revolução Verde, que propiciou o incremento da produção industrial e o processo de

globalização dos alimentos (LEÃO, 2013, MACHADO, OLIVEIRA, MENDES, 2016).

Paradoxalmente, apesar da grande produção agrícola do século XX, considerada a maior de

toda a história da humanidade, a fome persiste como um grande problema econômico em

nossos dias.

Como consequência da Revolução Verde, surgem nos anos 1970 os alimentos

transgênicos (AGM). Desenvolvidos a partir da biotecnologia e resultantes da transferência de

genes entre duas espécies distintas, esses alimentos possuem grande interesse econômico, com

a expectativa do aumento da competitividade do produtor agrícola e a promessa de uma

agricultura menos dependente do uso de agrotóxicos, entre outros (SILVEIRA, BORGES,

BUAINAIM, 2005).

Inicialmente, esperava-se que os AGM fossem benéficos tanto aos agricultores,

produtores e distribuidores de alimentos, assim como aos consumidores. Argumentava-se que

as plantas transgênicas representariam um grande avanço do desenvolvimento sustentável,

devido à maior produtividade e a ausência de impactos para os organismos não alvo. Do

mesmo modo, defendia-se a promoção da diminuição da fome no mundo, tendo em vista o

aumento do rendimento por unidade de superfície, a redução dos custos de produção e do uso

de pesticidas.

Entretanto, constatou-se que a maior parte das aplicações biotecnológicas destina-se a

beneficiar especialmente determinados setores da indústria e grupos das sociedades

industrializadas (CONTRERAS, GRACIA, 2011). Isto se deve, em parte, porque a

concentração de terras está nas mãos de uma minoria e a agricultura é baseada na exportação.

As grandes multinacionais lucram com o controle da produção de alimentos, incluindo a

venda de sementes e agrotóxicos, ditando o que será produzido e onde será comercializado,

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enquanto inúmeras famílias são atingidas pela fome em áreas rurais. As reais causas da fome e

da pobreza se fundamentam na distribuição desigual de renda, na falta de acesso aos

alimentos e em problemas que dizem respeito à posse da terra.

Ademais, apesar do investimento massivo em biotecnologia, pouco se sabe sobre os

impactos que os transgênicos podem causar à saúde humana, ao meio ambiente e ao produtor.

Nos Estados Unidos, pesquisas evidenciaram que o uso das sementes transgênicas resultou no

surgimento e na propagação de ervas daninhas resistentes ao glifosato nas plantações de

milho, algodão e soja, induzindo ao aumento das aplicações do herbicida (MARIUZZO,

2014). Há também a ocorrência de casos de invasão de culturas transgênicas às culturas

vizinhas (MONQUERO, 2005), contaminando-as e causando sérios problemas ao produtor

(KAGEYAMA, TARAZI, 2011).

De acordo com o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações Biotecnológicas

Agrícolas (ISAAA, 2016), 26 países plantaram culturas transgênicas, apresentando um

aumento de área global cultivada de 3%, atingindo quase 185,1 milhões de hectares, em 2016

(ISAAA, 2016). Desses, a soja é o principal produto, seguido do milho, algodão e canola

(SILVEIRA, BORGES, BUAINAIM, 2005, ISAAA, 2016).

Atualmente, os dez principais produtores de alimentos transgênicos são: EUA, Brasil,

Argentina, Canadá, Índia, Paraguai, Paquistão, China, África do Sul e Uruguai.

No Brasil, a Revolução Verde se constituiu no período da ditadura militar, propiciando

que alguns territórios tivessem suas conformações geográficas modificadas com a chegada de

belts (cinturões agrícolas), que são grandes propriedades agrícolas organizadas em grandes

faixas, com características da agricultura moderna. Com o apoio do Estado brasileiro,

concretizou-se o enlace entre grandes indústrias e agricultura e consequentemente, a

monocultura com vistas à exportação, torna alimentos como a soja, milho, algodão, arroz e

cana-de açúcar os principais a serem plantados (ANDRADES, CANIMI, 2007).

Nesse contexto, o governo brasileiro instalou o Plano Nacional de Defensivos

Agrícolas, que tornou obrigatório o uso de agrotóxicos como requisito para que o agricultor

tivesse acesso ao crédito rural. Essa adesão fez com que produtores rurais passassem a

produzir usando agrotóxicos (ABRASCO, 2012).

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Em 1995, governo Fernando Henrique Cardoso, aprovou a Lei de Biossegurança1, que

permitia o cultivo de plantas geneticamente modificadas em caráter experimental. Em 12 de

junho de 1995, foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), por

meio do Decreto n° 1.520, que dispunha sobre a vinculação, competências e composição da

mesma, com o objetivo de estabelecer normas e regulamentos relativos às atividades e

projetos que diziam respeito aos organismos geneticamente modificados, entre outros

(BRASIL, 1995).

O Brasil já é hoje o segundo maior produtor de transgênicos, comprometendo metade

das terras brasileiras destinadas à atividade agrícola (ISAAA, 2014, FERMENT et al, 2015).

Esse modelo hegemônico de produção se baseia no monocultivo, que rompe com os ciclos de

equilíbrio ambiental. Do mesmo modo, são necessárias grandes extensões de terras para a

manutenção do agronegócio, devido à utilização de maquinário de grande porte para uma

produção em larga escala. Esta necessidade tem resultado em um processo de concentração e

centralização da terra, sob controle de empresas internacionais.

O mercado agrícola mundial hoje é cada vez mais controlado pelos principais

produtores, objetivando a obtenção de lucros excessivos por meio de grandes produções

(CARNEIRO, 2003). Poucas são as empresas transnacionais que controlam o mercado global

de transgênicos, monopolizando a venda de sementes e agrotóxicos, impondo preços e

ganhando a maior parte do lucro gerado na agricultura. Estas corporações influenciam

governos do mundo todo, criando leis, favorecendo investimentos e pesquisas em torno do

agronegócio.

De acordo com Santos (2001), uma das principais características da globalização é o

surgimento de uma classe capitalista transnacional, ligada a empresas que produzem cerca de

1/3 do produto industrial mundial. Essa elite empresarial é formada por diretores de empresas

e está intimamente ligada aos altos funcionários do Estado, líderes políticos e profissionais

influentes de diferentes nações. Consequentemente, a internacionalização do capital

comprometido com o agronegócio proporciona maior poder político e econômico às empresas

transnacionais.

1A Lei n. 8974, de 05 de janeiro de 1995 não contava com a criação da Comissão Nacional de Biossegurança. Cf.Castro, 2011.

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Na condição de mercadoria, o alimento é propriedade de alguém e por isso se

comporta de acordo com os interesses do dono, incorporando características inerentes à lógica

do mercado, que possui um modelo produtivo padronizado, com a intenção de gerar lucros.

Desse modo, os indivíduos são transformados em consumidores com pouca autonomia

decisória, visto que há pouca diversidade de alimentos ofertados, contrariando a promoção da

realização do direito humano à alimentação adequada – DHAA (BURITY et al, 2010,

MACHADO, OLIVEIRA, MENDES, 2016).

Ademais, o sistema de patenteamento nega aos povos o direito de controle sobre as

sementes destinadas ao cultivo e à sua subsistência, quando cria leis que torna obrigatório aos

agricultores o uso exclusivo das sementes comerciais adaptadas à agricultura industrial,

impedindo o compartilhamento de sementes entre os agricultores, como comumente acontece

nas comunidades campesinas ao redor do mundo. Nesse sentido, as leis da indústria sobre as

sementes buscam controlar a terra, a agricultura, a alimentação e o mercado (VIA

CAMPESINA, GRAIN, 2015).

O agricultor perde o poder de decisão sobre as características e o modo de produção

dos alimentos, tornando-se refém das empresas, dos bancos que financiam a compra de novas

sementes para cada plantio e, finalmente do petróleo, visto que os agrotóxicos e fertilizantes

fabricados pelas mesmas empresas que comercializam as sementes são elaborados com

petróleo, gás natural e amoníaco, entre outros2. Portanto, a produção de alimentos

transgênicos se insere no projeto político-econômico da globalização, com vistas a fortalecer

as estruturas da economia neoliberal global.

No Brasil, a empresa Monsanto domina cerca de 70% do mercado de transgênicos,

com concentração do mercado de sementes transgênicas, o que resulta na perda da autonomia

do agricultor no processo produtivo (ISAGUIRE et al, 2013). Este sistema de produção é

focado na exportação basicamente de grãos para ração animal, destinados à pecuária da

Europa e China, definindo o que será cultivado no país, com vistas ao lucro (MOVIMENTO

DOS PEQUENOS AGRICULTORES, 2014).

2 Inseticidas do grupo dos organoclorados, que são produtos derivados do petróleo, sendo pouco solúveis emágua e solúveis em solventes orgânicos, o que os torna mais tóxicos e de apreciável absorção cutânea. Valeenfatizar que o uso das sementes transgênicas no Brasil aumentou o consumo de agrotóxicos, tornando o país omaior consumidor de agrotóxicos do mundo, desde 2010. Cf. Carneiro, 2015.

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Acrescido a isso, a internacionalização do capital comprometido com o agronegócio

proporciona maior poder político e econômico às empresas transnacionais, evidenciado pelo

aumento do número de parlamentares da bancada ruralista, que defende, entre outros,

diminuir as proteções ambientais e a realização da reforma agrária, restringindo a

acessibilidade à terra pelos trabalhadores.

Contrariando os argumentos apresentados pelas empresas e sustentados por

determinados especialistas que exaltam as vantagens desse tipo de tecnologia, cresce o uso

indiscriminado de agrotóxicos, em decorrência da multiplicação de espécies espontâneas

tolerantes ao glifosato e o redirecionamento da tecnologia HT (tolerante a herbicida) para que

as plantas geneticamente modificadas tolerem herbicidas de alta toxicidade. Por consequência

o Brasil passou a ser o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, desde 2008

(MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES, 2014). Também há evidência de

plantas geneticamente modificadas que se tornaram invasoras, comprometendo o cultivo de

outras plantas e o surgimento de pragas resistentes, entre outros (MELGAREJO, FERRAZ,

FERNANDES, 2013).

Por outro lado, o Programa de Melhoramento de Soja da Universidade Federal de

Uberlândia (UFU) vem desenvolvendo pesquisas para a obtenção de sementes de soja

adaptadas ao Cerrado, com maior produtividade de grãos e de óleo, resistência à ferrugem

asiática e outras doenças. Essas sementes têm encontrado espaço no mercado europeu,

sobretudo em países com forte restrição ao cultivo e consumo dos transgênicos, como França,

Alemanha e Holanda (MARIUZZO, 2014).

O segmento de produtos orgânicos cresceu 35% no Brasil, em 2014, alcançando o

quarto maior mercado mundial de alimentos ‘saudáveis’, com o aumento gradativo da

exportação desses produtos, atingindo um faturamento de US$ 36 bilhões, em 2016. Este

fenômeno é justificado em parte, por uma demanda do mercado consumidor que busca

alimentos mais saudáveis, que contribuam para a sustentabilidade do planeta (ARRUDA,

BERBET, 2015, SCHERER, HERZOG, 2015, APEX, 2017).

Outro contraponto se encontra na agricultura familiar, que é responsável pela maior

parte da produção de alimentos no Brasil (cerca de 70%), promovendo a provisão do

abastecimento familiar dos pequenos agricultores e contribuindo para a redução da pobreza.

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Entretanto, a área destinada à agricultura familiar corresponde a uma pequena parcela das

propriedades rurais, que se concentram nas mãos dos grandes latinfundiários, revelando uma

distribuição desigual de terras no Brasil, demandando a implantação de políticas públicas que

fortaleçam o pequeno agricultor e garantam a sua permanência no campo.

Transgênicos e seus riscos

Não há um consenso mundial em relação à liberação da produção de transgênicos, em

parte pela insuficiência de conhecimentos sobre as implicações e os impactos dessa liberação.

E pela necessidade de uma abordagem inter e multidisciplinar, visto que há múltiplos

conflitos de interesse envolvendo a questão, exigindo um diálogo amplo com diferentes

setores da sociedade (COSTA, MARIN, 2011).

De modo geral, há duas vertentes em relação à liberação da produção dos

transgênicos. Os defensores argumentam que há um aumento de produtividade, diminuição do

uso de agrotóxicos, aumento na qualidade dos alimentos, desenvolvimento de novas

variedades de plantas resistentes a vírus, fungos e insetos, variedades resistentes à secas e a

solos áridos e salinos, entre outros (MONQUERO, 2005, COLI, 2011, BOREM, SANTOS,

2001).

A vertente contrária alega que o consumo de alimentos transgênicos pode, entre

outros, aumentar ou potencializar o efeito de substâncias tóxicas presentes nesses alimentos,

aumentar a incidência de alergias alimentares devido à ingestão de novas proteínas ou novos

compostos que se formam nos alimentos manipulados, aumentar a resistência bacteriana a

antibióticos, aumentar os resíduos de determinados agrotóxicos nos alimentos e na água de

abastecimento, devido ao uso de maior quantidade dessas substâncias em plantas resistentes.

Além desses, outros argumentos são postos, como: a perda da diversidade genética na

agricultura, impactos e riscos para a soberania, segurança alimentar e nutricional e o direito

humano à alimentação, a concentração de sementes nas mãos de poucas empresas

transnacionais e o desconhecimento dos impactos ambientais do cultivo extensivo destas

plantas (NODARI, GUERRA, 2003, SERALINI, CELLIER, VENDOMOIS, 2007, NODARI,

2011, SERALINI, 2011, SALAZAR, 2011, MELGAREJO, FERRAZ, FERNANDES, 2013).

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Igualmente, as discussões em torno da rotulagem de alimentos que contenham ou

sejam produzidos a partir de transgênicos estão acirradas em nossos dias, especialmente pela

recente aprovação do Projeto de Lei 4.148, de 20083, que propõe a retirada dos símbolos que

identificam a presença de transgênicos nos rótulos dos alimentos, negando ao consumidor o

direito à informação sobre os alimentos que consome.

Em relação à rotulagem, pesquisas indicam que há quase um consenso de que os

alimentos transgênicos devem possuir rótulos com informações claras e objetivas ao

consumidor, identificando os componentes passíveis de causar riscos à saúde (CAVALLI,

2001; NODARI, GUERRA, 2003; RIBEIRO, MARIN, 2012). Entretanto, há aqueles que

alegam que, o símbolo adotado no Brasil para rotulagem dos transgênicos veicula a “falsa

ideia de risco e não é didático para o consumidor” (Vercesi, Ravgnani e Di Ciero, 2009, p.

447).

A sociedade atual vive em estado de incerteza permanente, pois há certos riscos a que

todos os indivíduos estão sujeitos. A ausência ou à precariedade de informações adequadas,

com a devida tradução e socialização de conceitos científicos, que esclareçam à população as

principais dúvidas no que diz respeito aos riscos reais da inserção de transgênicos na

alimentação cotidiana, causa incertezas e preocupações. Acrescido a isto, a divulgação sobre o

agronegócio como um elemento impulsionador da exportação agrária, não levando em

consideração questões relacionadas ao meio ambiente e as agressões que isso acarreta na vida

do ser humano, torna-o com pouco poder de escolha por falta de esclarecimentos necessários.

Ciência e sociedade: uma relação necessária

Certamente as mudanças ocorridas no mundo do trabalho, marcadas pela

industrialização, ampliação do comércio e o desenvolvimento tecnológico, influenciaram as

relações do homem moderno com a alimentação. Mudanças no consumo alimentar estão

intimamente relacionadas a fatores histórico-culturais, gerados em grande proporção pela

indústria de alimentos e pela propaganda, que sugerem e estimulam a prática de novos gostos

e estéticas, conduzindo a uma necessidade de adaptação de pessoas e grupos às

transformações do mundo moderno (FREITAS, MINAYO, FONTES, 2011).

3 A Câmara dos deputados aprovou em 28 de abril de 2015 o Projeto de Lei que acaba com a exigência dosímbolo indicativo da presença de OGMs em produtos alimentícios, como o óleo de soja e o fubá.

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De acordo com Chauí (2006), a propaganda comercial difunde e divulga produtos

dirigidos aos consumidores, utilizando-se de elogios exagerados e explicações simplificadas,

apresentando a falsa ideia de que o consumidor será satisfeito, feliz e seguro a partir da

aquisição do produto, que é ressignificado com base nesses atributos. Nesse sentido, a

publicidade estabelece a comunicação com os consumidores para informá-los sobre o

produto, a fim de persuadi-los de que este é o mais adequado às suas necessidades e desejos.

É a propaganda a serviço do Capital, que estimula o consumo de massa valorizando a

satisfação imediata dos desejos.

O conteúdo midiático global, sobretudo da televisão, é impulsionado por interesses do

mercado internacional, dominado por um pequeno número de corporações poderosas e reflete

a ideologia de grupos dominantes da sociedade. Nesse sentido, a mídia exerce forte estímulo

simbólico e influencia as convicções e ações da sociedade delineando a sua organização e

dinâmica (GIDDENS, 2005).

A mídia divulga o conhecimento ao cidadão, que o incorpora no seu discurso

cotidiano. Nessa perspectiva, a televisão tem sido importante instrumento para a formação de

novos gostos, influenciando as escolhas da sociedade, que não é consciente dos processos que

envolvem o comer e tampouco dos modos como se configuram as escolhas cotidianas nos

diferentes espaços. Os gostos da sociedade são forjados por interesses econômicos, políticos,

científicos, tecnológicos e pelo mercado (PATEL, 2008). Desse modo, o consumidor não é

sujeito de suas escolhas, mas objeto da mídia hegemônica.

A informação não é suficiente para empoderar o indivíduo, no sentido de decidir sobre

suas práticas cotidianas e a ciência sozinha não pode fornecer respostas definitivas para as

questões que envolvem o risco. O conhecimento científico não é autossuficiente para a

tomada de decisões, principalmente por sua aparência de neutralidade e objetividade, que

oculta um processo de construção social, em que há muitos interesses em jogo.

Segundo Beck (1998a), esse fenômeno é uma característica da Modernidade, a

“individualização”, em que a sociedade perde a sua consciência coletiva e o indivíduo passa a

ser a unidade referencial das ações no mundo social, tornando-se responsável por suas

escolhas e decisões. A individualização caminha junto com o processo de globalização, pois a

perda das fronteiras em diferentes campos demanda novas formas de pensar, que são

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altamente influenciadas pela mídia, principalmente em âmbitos como consumo e legislação

(WESTPHAL, 2010).

Nesse sentido, a estratégia midiática de responsabilização individual, causa a ilusão de

que o consumidor deve ser capaz de vigiar-se e tomar decisões de acordo com as informações

disponíveis, e isenta o Estado de sua responsabilidade com o bem estar social dos cidadãos

que estão sob sua tutela, desconsiderando os condicionantes sociais, econômicos e culturais

(CASTIEL, GUILAM, FERREIRA, 2010).

Porém, para a maioria da população do mundo, adotar uma alimentação isenta de

transgênicos e contaminantes não é uma questão de escolha, visto que há fatores de natureza

física, econômica, política, cultural e social que interferem na autonomia do sujeito,

influenciando o seu padrão de alimentação, como a forma de organização da sociedade, suas

leis, os valores culturais, o acesso à educação e a serviços de saúde, custo dos alimentos, entre

outros (BRASIL, 2014).

Em relação aos transgênicos, Serralini (2011) chama a atenção para a propaganda

hegemônica repetida pelos economistas e cientistas, enaltecendo os aspectos de segurança à

saúde e meio ambiente, e de provisionamento para suprir a fome global, como as vinculadas

ao Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)4 . Para o autor, essas afirmações são

reducionistas e falsas, visto que não há conhecimento amplo sobre o comportamento dos

genes. Essas informações são controladas pelas agências de comunicação das empresas e a

ciência passa a servir mais à técnica, à economia e às agendas políticas do que à sociedade.

A esse respeito, Garcia (2001) argumenta que os produtos da biotecnologia compõem

hoje um dos ramos mais promissores do capitalismo, como um bem de consumo. Este fato

explica o modo a agressivo com que os alimentos transgênicos têm sido propagandeados pela

mídia.

Contreras e Gracia (2011) apontam que, diante das novas incertezas apresentadas pela

modernização, as populações dos países industrializados começaram a demonstrar sua

preocupação com os perigos que os alimentos processados podem causar à saúde, sobretudo

devido à ausência de informações e das avaliações científicas contraditórias sobre os

alimentos que chegam à mesa.

4 Cf. <cib.org.br/>. O CIB possui entre os associados, multinacionais que desenvolvem e comercializamsementes transgênicas.

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As discussões sobre transgênicos hoje, são acompanhadas pela população muito

timidamente, pois as informações são escassas. Espera-se que o consumidor seja capaz de

decidir sobre a utilização desses produtos, mas em virtude da ausência de esclarecimentos

emitidos por agências confiáveis, torna-se inviável à maioria da população uma escolha

consciente e responsável.

Ciência e sociedade: uma relação necessária

As biotecnologias são assunto de interesse do enfoque Ciência, Tecnologia e

Sociedade (CTS), que pressupõe a influência da ciência e da tecnologia no cotidiano de cada

cidadão, com a expectativa de que este seja capaz de analisar as implicações sociais do

desenvolvimento científico e tecnológico. Parte-se da premissa de que o cidadão tem o direito

de participar ativamente das decisões que dizem respeito a temas da ciência e tecnologia

relacionados à sociedade (SANTOS E MORTIMER, 2001, AULER, DELIZOICOV, 2006,

VAZ, FAGUNDES, PINHEIRO 2009).

O movimento CTS faz parte de uma reforma global no Ensino de Ciências e estuda as

inter-relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Esse movimento surge nos anos

1960/70, como contraponto ao pressuposto cientificista, que atribuía à ciência um status de

neutralidade, reivindicando a participação popular nas decisões públicas, que estavam sob o

controle de uma elite de cientistas. Assume que a ciência não é neutra, não se confina

exclusivamente aos grupos científicos e o seu desenvolvimento está intimamente relacionado

com os aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e ambientais (SANTOS,

MORTIMER, 2001, VAZ, FAGUNDES E PINHEIRO 2009).

Tanto a ciência quanto a tecnologia são parte integrante da cultura humana e da vida

cotidiana, exercendo forte influência no mundo contemporâneo. Os alimentos transgênicos se

constituem como um dos produtos tecnológicos mais debatidos em nossos dias, seja pelas

mudanças nos hábitos alimentares da população, pelos impactos sobre a saúde dos seres

humanos e meio ambiente ou por questões que dizem respeito à rotulagem de alimentos.

A alimentação saudável tem sido apontada como estratégia na promoção da saúde e na

busca de qualidade de vida. O acesso à alimentação adequada é um direito de cada pessoa,

garantido pela Constituição e relaciona-se aos aspectos de disponibilidade, adequação e

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acessibilidade ao alimento, considerando as tradições culturais, objetivando manter a vida em

suas diferentes dimensões. (BURITY et al, 2010).

A Educação Alimentar e Nutricional (EAN), como recurso de educação em saúde,

pode contribuir para conscientização acerca do cenário de mudanças no consumo alimentar,

visto que objetiva a promoção de práticas de alimentação saudável e por meio da

alfabetização científica, busca motivar o indivíduo a problematizar sua realidade e capacitá-lo

a decidir conscientemente sobre a sua alimentação (REZENDE et al., 2011; BOOG, 2004).

Freire (1996) defende que formar é muito mais do que treinar o educando para a vida,

mas requer uma ética que se comprometa acima de tudo, com o ser humano. Uma educação

que eleva o nível de consciência do educando sobre sua condição de vida, de modo que possa

atuar no coletivo, como sujeito social e histórico que conhece os seus direitos e deveres,

transformando a realidade na qual se insere.

Nesse sentido, as práticas educativas sob uma perspectiva problematizadora e

dialógica favorecem a reflexão sobre os comportamentos assumidos pelo educando e podem

promover a conscientização sobre os riscos e benefícios das escolhas que se assumem.

Portanto, a EAN pode promover a discussão sobre questões relacionadas ao DHAA, como: a

sua relação com a soberania alimentar, o fortalecimento da agricultura local e camponesa,

através de políticas públicas que garantam a liberdade de cultivo, o acesso à terra, à água, às

sementes; direito à informação; rotulagem de alimentos à base de transgênicos; entre outros.

A EAN, sob a perspectiva crítica, vem contribuir com a promoção da soberania e

segurança alimentar e nutricional (SSAN), pois orienta o indivíduo sobre as questões

relacionadas à produção em alta escala, com uso de sementes transgênicas e de agrotóxicos, e

as consequências que esses insumos poderão causar a longo prazo, tanto para a saúde

individual quanto para o meio ambiente. Desse modo, a EAN promove a participação da

sociedade, favorecendo a inclusão de diferentes atores nas discussões sobre o processo de

produção, acessibilidade e distribuição de alimentos e na elaboração das políticas públicas.

A educação em saúde não é vista aqui como simples transmissão de conhecimentos

científicos prontos e acabados, mas como compreensão de que a democratização da ciência e

tecnologia se constitui requisito importante para o exercício da cidadania, através da

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divulgação e a socialização do conhecimento científico (AULER, DELIZOICOV, 2001;

CHASSOT, 2003; SANTOS, 2007).

A promoção da saúde, que primordialmente focava na correção de comportamentos

individuais como os principais responsáveis pela saúde, a partir Carta de Ottawa (1986)

identifica a produção coletiva da saúde como elemento fundamental para a promoção da

saúde, preconizando o desenvolvimento de habilidades pessoais, através da divulgação,

informação e educação em saúde. Um processo que deve ocorrer em diferentes espaços

comunitários, na perspectiva do empoderamento e da participação dos diferentes atores

sociais, da promoção da cidadania e do exercício da democracia, da mobilização de recursos

institucionais e comunitários, públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução das

questões de saúde; além de focalizar a qualidade de vida e sustentabilidade nos níveis

ambiental, social e econômico. A promoção de saúde está vinculada às concepções

representadas na carta de Ottawa que garante que todos os indivíduos possam fazer escolhas

que sejam favoráveis a sua saúde e serem protagonistas na relação produção de saúde e

melhoria na qualidade de vida.

Para que o indivíduo se torne protagonista na produção de sua saúde, é necessário que

a educação em saúde aconteça de forma participativa e constante, não sendo limitada a

panfletos explicativos. As múltiplas facetas relacionadas à saúde devem ser consideradas,

como as questões culturais e o meio ambiente. Nesse sentido, a saúde é compreendida para

além da ausência de doença. Mas, como direito humano e recurso para a promoção da vida,

focalizando o bem-estar e a qualidade de vida.

A promoção em saúde pode ser contextualizada em apoios educacionais e ambientais

com o intuito de atingir ações e condições de vida que sejam compatíveis com a saúde

(CANDEIAS, 1997). Nesse contexto, a relação entre educação em saúde e promoção da saúde

é notória, permitindo a ampliação das mudanças ao nível organizacional, alcançando

diferentes segmentos sociais da população.

No Brasil, nos últimos anos, observa-se uma maior preocupação com as estratégias que

visam à promoção da saúde. Um dos itens considerados primordiais é a garantia de uma

alimentação adequada e saudável. Podemos exemplificar essa ação no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS) e no espaço escolar por meio das Escolas Promotoras de Saúde, que

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compreendem educação em saúde como enfoque integral, a criação de entornos saudáveis e a

provisão de serviços de saúde (BRASIL, 2006).

Nesse contexto, o enfoque CTS aponta a alfabetização ou letramento científico como

ferramenta para capacitar o indivíduo a ler, compreender e expressar opiniões sobre ciência e

tecnologia (KRASILCHIK, MARANDINO, 2004). Nesse sentido, a alfabetização científica

está relacionada à prática social e à formação para a cidadania (LORENZETTI,

DELIZOICOV, 2001), como uma possibilidade de promover o empoderamento das pessoas.

A alfabetização científica é geralmente compreendida como domínio da linguagem

científica, enquanto o letramento diz respeito à função social da educação científica,

implicando na participação ativa do indivíduo na sociedade (SANTOS, 2007; OPAS, 2009).

Nessa perspectiva, Krasilchik e Marandino (2004, p.18) argumentam que a “alfabetização

científica engloba a ideia de ‘letramento”.

Santos (2007) distingue letramento funcional e letramento como prática social. Para o

autor, o letramento funcional promove a compreensão de princípios fundamentais de eventos

cotidianos, como a compreensão das especificações da bula de um medicamento ou a adoção

de medidas profiláticas na prevenção de doenças. Já o letramento como prática social, é

aquele no qual o indivíduo é capaz de tomar decisões a partir do desenvolvimento de uma

consciência cidadã responsável, na sociedade em que vive, como por exemplo, considerar os

modos de produção e distribuição de um determinado alimento como critérios para o

consumo (SANTOS, 2007).

Essas categorias correspondem ao que Martins (2008) denomina alfabetização

científica funcional e alfabetização científica emancipatória. Na primeira, “os sujeitos se

ajustam à sociedade, reforçando ou consolidando relações já estabelecidas” (MARTINS,

2008, p. 11). No segundo caso, os sujeitos são capazes de participar ativamente visando à

transformação de sua própria condição e da sociedade em que vivem.

Segundo Freire, alfabetizar é mais do proporcionar a leitura de palavras, mas a “leitura

do mundo”, em que se busca integrar a realidade histórica e social do indivíduo, sua

compreensão de mundo, à leitura e escrita da palavra, de modo que o indivíduo possa obter

subsídios para transformar o mundo a sua volta através da prática consciente (FREIRE, 2001).

“Alfabetização é mais do que o simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de

ler. É o domínio dessas técnicas, em termos conscientes. É entender o que se lê e escrever o que se entende. É

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comunicar-se graficamente. É uma incorporação... Implica numa autoformação de que possa resultar uma

postura interferente do homem sobre seu contexto.” (Freire, 2011, p. 145).

Faz-se necessário, portanto, que as práticas educativas se realizem de forma contínua e

permanente, de modo transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, por meio de diálogos e

recursos problematizadores e ativos, considerando interações e significados do

comportamento alimentar (BRASIL, 2012).

Considerações Finais

O Direito Humano à Alimentação Adequada diz respeito ao acesso contínuo e irrestrito

a alimentos seguros e saudáveis. Para além das dimensões que dizem respeito ao direito de

estar livre da fome, focaliza o acesso a alimentos livres de riscos para a saúde, transitando por

questões relacionadas com o direito à terra, à agricultura familiar, políticas de abastecimento,

de incentivo a práticas agroecológicas, entre outros. A produção de alimentos transgênicos,

portanto, está intimamente relacionada aos aspectos de segurança física, química e biológica

da alimentação, ou seja, a inocuidade alimentar.

A conformação da sociedade atual é marcada pelo processo de industrialização,

desenvolvimento tecnológico e propaganda, influenciando fortemente o consumo alimentar e

estimulando novas práticas alimentares, pela sugestão de novos gostos e estéticas.

Estudos sobre alimentos transgênicos ainda são pouco conclusivos em relação aos

impactos que estes podem causar à saúde humana, ao meio ambiente e ao produtor agrícola.

As discussões em torno dos alimentos transgênicos envolvem interesses de grupos

econômicos, políticos e ideologias. Trata-se de um assunto complexo, seja por sua relação

com os modos de comer, nas práticas alimentares, ou por sua correlação com questões de

sustentabilidade e autonomia dos agricultores.

Nesse contexto, a educação em saúde se constitui como recurso importante para a

democratização da ciência e tecnologia, promovendo a discussão sobre questões relacionadas

à saúde e ao meio ambiente, e favorecendo a reflexão crítica e a conscientização em relação

ao consumo alimentar. Por meio da problematização e dialogicidade, questões relacionadas à

produção de alimentos em larga escala e suas implicações para a saúde e meio ambiente,

podem ser abordadas, com vistas a capacitar pessoas para decidir conscientemente sobre a sua

alimentação e intervir politicamente nesse processo.

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A abordagem CTS pode ser um importante recurso para a realização da educação em

saúde, visto que busca promover a divulgação e socialização do conhecimento científico, por

meio da alfabetização científica, se constituindo requisito importante para o exercício da

cidadania, que se realiza pela ação política de indivíduos e coletividade.

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