Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Edvaldo José Erlacher – Psicanalista Clínico
▪ O próprio Freud apontou a psicanálise como a terceira grande ferida narcísicasofrida pelo saber ocidental ao produzir o descentramento da razão e daconsciência (as outras duas feridas foram produzidas por Copérnico e porDarwin).
▪ Sem dúvida alguma a psicanálise produziu uma derrubada da razão e daconsciência do lugar sagrado em que se encontravam ao fazer da consciência ummero efeito de superfície do inconsciente, Freud operou uma inversão docartesianismo que dificilmente pode ser negada.
ONDE SITUAR A PSICANÁLISE?
▪ A psicanálise ofende a razão e os bonscostumes,
▪ Aponta que a consciência não como lugar daverdade, mas da mentira, do ocultamento, dadistorção e da ilusão;
▪ Ela coloca a consciência e a razão sobsuspeita por considerá-la farsante.
A TEORIAPSICANALÍTICA
▪ A Teoria Psicanalítica foi um das poucasteorias que gozaram de popularidade
▪ A fenomenologia, as filosofias da existência,a antropologia, o culturalismo norte-americano, a biologia, a linguística e apsicologia foram alguns desses saberesoficiais que exigiram o direito de “adoção”da psicanálise, alguns chegaram a sedeclarar pais legítimos
Em nenhum lugar pré-existente
A psicanálise operou um ruptura com o saber existente e produziu o seu
próprio lugar.
Epistemologicamente, não se encontra em continuidade com saber
algum.
Apesar de arqueologicamente estar ligada a todo um conjunto de
saberes sobre o homem que se formou a partir do século XIX
▪ Foi a produção do conceito de Inconscienteque resultou numa clivagem dasubjetividade.
▪ A subjetividade deixa de ser entendida comoum todo unitário, identificado com aconsciência e sob o domínio da razão, para seruma realidade dividida em 2 grandessistemas e dominada por um luta interna emrelação à qual a razão é apenas efeito desuperfície.
Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA
▪Diante do saber dos séculos XVII eXVIII, a psicanálise se apresenta comouma teoria e uma prática que sepretendem falar do homem enquantoser singular, mesmo que afirme aclivagem [divisão] inevitável a queesse indivíduo é submetido.
▪ O único lugar institucional onde o discurso individual tinha acolhidaeram os confessionários religiosos.
▪No século XX, a Psicanálise vem ocupar este lugar de escuta.
▪ O que não ocorreu de forma independente das condições quetornaram urgente o aparecimento das ciências do homem: anecessidade de controle e de distribuição das forças de trabalho.
▪ O surgimento da psicanálise é contemporâneo ao surgimento dohomem, e o homem só surgiu com o desenvolvimento da economiacapitalista e sua exigência de controle dos corpos e dos desejos.
Desde Descartes, o sujeito ocupava um lugar privilegiado –um lugar de conhecimento e da verdade.
A subjetividade identificada a consciência deveria ser clara e o desejo era visto como uma perturbação da ordem
▪ Contra a unidade do sujeito defendida pelo racionalismo, apsicanálise vai nos apontar um sujeito fendido:
▪ aquele que faz uso da palavra e diz “eu penso”, “eu sou”, e que éidentificado por Lacan como sujeito do enunciado (ou sujeito dosignificado), e aquele outro, sujeito da enunciação (ou sujeito dosignificante) que se coloca excêntrico em relação ao sujeito doenunciado.
A FENDA
▪ Em paralelo à clivagem da subjetividade emConsciente e Inconsciente, dá-se uma ruptura entre oenunciado e a enunciação, o que implica admitir-seuma duplicidade de sujeito na mesma pessoa.
▪ Inversão lacaniana da máxima de Descartes:“Penso onde não sou, portanto sou onde não mepenso”
▪ O sujeito do enunciado não é aquele que revela osujeito da enunciação, mas que produz odesconhecimento deste último.
▪O inconsciente permanece sendo irredutível.
▪Não porque o inconsciente seja irracional ou o “lugar dastrevas”por uma oposição à racionalidade da consciência.
▪A concepção freudiana propõe sim duas ordemdistintas.
ESPECIFICIDADE DA PSICANÁLISE
▪ A psicanálise é um método de pesquisa deverdade individual para além dosacontecimentos cuja a realidade não temoutro sentido para o sujeito salvo a maneirapela qual foi associado e por ela se sentiumodificado.
▪O que faz a sua especificidade é a suareceptividade, a sua“escuta”.
COMO É O FAZER DO ANALISTA?
▪ É a descoberta crucial de Freud, talvez a principal;
▪ Indica um lugar no aparelho psíquico, sobretudo um lugar de umsistema dinâmico.
▪ Instância que regula os pensamentos e desejos recalcados quebuscam acesso, uma via de acesso ao consciente.
▪ Aparece e se faz presente.
▪ Temos acesso através das formações do Ics: Sonhos, Atos Falhos,Chistes, Lapsos de memória, Sintomas.
PSICANÁLISE
▪ Vem preencher o vazio, a falta, a angústia, ainquietude, o amor e dúvida.
▪ O ser humano nasce absolutamente frágil.
▪ A nossa essência vai sendo construída narelação com o outro.
▪ Essa constituição, é que cria as angústiasque precisarão serem tratadas.
▪ Sujeito desejante
▪ Sujeito de incertezas
▪ Sujeito líquido
▪ Sujeito criativo
▪ Em resumo o sujeito da falta da incompletude.
▪ Somos plenos em quê?
▪Medicina e, demais Psicoterapias convencionais –Educam o desejo.
▪Psicanálise – entende que o analisando faz parte do sintoma, respeita as narrativas do sujeito.
▪Respeito investigativo.
São os Psiquiatras, Psicólogos e Médicos.
São os Advogados, Engenheiros e Professores.
São os diversos profisionais com formação superior.
TRIPÉ DA FORMAÇÃO:
Conhecimento teórico
Supervisão
Análise Pessoal
▪Clínica é inclinar-se sobre si mesmo e, sobre ooutro.
▪Quem procura essa área deve observar, perceber,compreender e, consequentemente analisar emque pode ajudar o outro.
▪Inclinar-se sobre a singularidade do outro....ESCUTA!
PSICANÁLISE PARA QUEM?
Faz análise quem decide encarar a realidade sem medo.
Faz análise quem se põe decidido por umaoutra questão.
Faz análise quem sabe que a sua forma singular pode ser ouvida por outra pessoa.
Faz análise quem deseja encontrar, em si mesmo, respostas criativas e, responsáveis.
Faz análise quem deseja buscar a autorresponsabilidade sobre os seus vazios.