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EFEITO DA INTERAÇÃO RHIZOBIUM SP., FUNGOS MVA E FOSFATO NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE SABIÁ, MIMOSA CAESALPINIAEFOLIA BENTH. * PAULO FURTADO M. FILHO ** ROG~RIO TAVARES DE ALMEIDA ** ILO VASCONCELOS ** RESUMO bação com a solução nutritiva de Hewitt, isenta de ni- trogênio e fósforo. Os experimentos tiveram uma dura- ção de 90 dias, ao final dos quais cada parcela foi ana- lisada quanto ao peso seco, altura e conteúdos de ni- trogênio e fósforo da parte aérea das mudas de sabiá. Também foram observadas a presença de infecção mi- corrízica e as características das plantas em relação à nodulação. Os resultados mostraram que, devido ao baixo teor de fósforo no solo, uma maior disponibili- dade de fósforo para a planta influenciou diretamente a nodulação. A espécie endomicorrízica Glomus mosseaenão se mostrou eficiente, enquanto que a es- pécie Glomus macrocarpum foi eficiente, tendo seu efeito, em plantas inoculadas com Rhizobium, sido equivalente ao de uma adubação fosfatada. A quanti- dade de fosfato de rocha a ser aplicada às mudas de sabiá deve ainda ser investigada,a fim de que sejam es- tabelecidos o nível e a época de adubação que maximi- ze a eficiência da associação sabiá-Rhizobium-Glomus macrocarpum. Com o objetivo de se estudar o efeito da intera- cão Rhizobium, fungos MV A e fosfatos no desenvol- vimento de mudas de sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.) foram montados dois experimentos em casa- de-vegetação, localizada no Campus do Pici da Univer- sidade Federal do Ceará. Adotou-se um delineamento estatístico inteiramente casualizado para ambos os ex- perimentos, cada um com 9 tratamentos e 4 repeti- ções. Empregou-se sacos de polietileno de cor preta com 3kg de um solo Podzólico Vermelho-Amarelo, au- toclavado, procedente de Pacajús-Ceará, com 11ppm de fósforo e pH 6,0. Uma mistura das estirpes UFC. 904.35, UFC-903.35, UFC-841.35 e UFC-838.35 foi utilizada nos tratamentos inoculados com Rhizobium sp. As espéciesde fungos micorrízicos, Glomus mos- seae, para o Experimento I, e Glomus macrocarpum, para o Experimento 11, assim como as es~rpes rizobia- nas, foram incorporadas ao solo dos sacos por ocasião da semadura do sabiá e aplicação de fosfatos. Como fonte de fósforo de alta solubilidade foi empregado o superfosfato triplo e como fonte de baixa solubilidade o fosfato de rocha PHOSNAT X, ambos na dosagem equivalente a 300kg de P205 por hectare. Adicionou- se aos tratamentos não inoculados com fungos MV A, um filtrado do solo do inóculo contendo a microflora que se associava aos fungos e, semanal..,ente,uma adu- SUMMARY EFFECT OF INTERACTION .- AMONG RHIZOBIUM SP., MYCOR- RHIZAL VA FUNGI ANO PHOSPHA- TES ON GROWTH OF SABIA, MIMO- SA CAESALPINAEFOLIA BENTH. . Trabalho extraído da Tese de Mestrado do pri- meiro autor, desenvolvido no Departamento de Ciências do Solo do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará,financiado par- cialmente pelo Projeto BI D/CNPq/UFC-PDCT/ NE/CE 17 - Manejo e Conservaçãodo Solo e apresentado na XVII Reunião Brasileira de Ferti- lidade do Solo, Londrina, Paraná, Julho de 1986. .. Professores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Cearáe Pesquisadores do CNPq. Two experimentswere conduct under greenhouse conditions, on the Campus of the Universidade Federal do Ceará, Brazil, to study the interaction among Rhizobium, MV A fungi and phosphates in sabiá (Mimosa caesa/piniaefo/ia Ben- th".). A completely randomized experi- Ciên. Agron., Fortaleza, 17 (2): pág. 49-56 - Dezembro, 1986 49

EFEITO DA INTERAÇÃO RHIZOBIUM SP., FUNGOS MVA E … efeito da interaÇÃo rhizobium sp., fungos mva e fosfato no desenvolvimento de mudas de sabiÁ, mimosa caesalpiniaefolia benth

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EFEITO DA INTERAÇÃO RHIZOBIUM SP., FUNGOS MVA E FOSFATO NODESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE SABIÁ, MIMOSA CAESALPINIAEFOLIA

BENTH. *

PAULO FURTADO M. FILHO **ROG~RIO TAVARES DE ALMEIDA **ILO VASCONCELOS **

RESUMO bação com a solução nutritiva de Hewitt, isenta de ni-trogênio e fósforo. Os experimentos tiveram uma dura-ção de 90 dias, ao final dos quais cada parcela foi ana-lisada quanto ao peso seco, altura e conteúdos de ni-trogênio e fósforo da parte aérea das mudas de sabiá.Também foram observadas a presença de infecção mi-corrízica e as características das plantas em relação ànodulação. Os resultados mostraram que, devido aobaixo teor de fósforo no solo, uma maior disponibili-dade de fósforo para a planta influenciou diretamentea nodulação. A espécie endomicorrízica Glomusmosseae não se mostrou eficiente, enquanto que a es-pécie Glomus macrocarpum foi eficiente, tendo seuefeito, em plantas inoculadas com Rhizobium, sidoequivalente ao de uma adubação fosfatada. A quanti-dade de fosfato de rocha a ser aplicada às mudas desabiá deve ainda ser investigada, a fim de que sejam es-tabelecidos o nível e a época de adubação que maximi-ze a eficiência da associação sabiá-Rhizobium-Glomusmacrocarpum.

Com o objetivo de se estudar o efeito da intera-cão Rhizobium, fungos MV A e fosfatos no desenvol-vimento de mudas de sabiá (Mimosa caesalpiniaefoliaBenth.) foram montados dois experimentos em casa-de-vegetação, localizada no Campus do Pici da Univer-sidade Federal do Ceará. Adotou-se um delineamentoestatístico inteiramente casualizado para ambos os ex-perimentos, cada um com 9 tratamentos e 4 repeti-ções. Empregou-se sacos de polietileno de cor pretacom 3kg de um solo Podzólico Vermelho-Amarelo, au-toclavado, procedente de Pacajús-Ceará, com 11 ppmde fósforo e pH 6,0. Uma mistura das estirpes UFC.904.35, UFC-903.35, UFC-841.35 e UFC-838.35 foiutilizada nos tratamentos inoculados com Rhizobiumsp. As espécies de fungos micorrízicos, Glomus mos-seae, para o Experimento I, e Glomus macrocarpum,para o Experimento 11, assim como as es~rpes rizobia-nas, foram incorporadas ao solo dos sacos por ocasião

da semadura do sabiá e aplicação de fosfatos. Comofonte de fósforo de alta solubilidade foi empregado osuperfosfato triplo e como fonte de baixa solubilidadeo fosfato de rocha PHOSNAT X, ambos na dosagemequivalente a 300kg de P205 por hectare. Adicionou-se aos tratamentos não inoculados com fungos MV A,um filtrado do solo do inóculo contendo a microfloraque se associava aos fungos e, semanal..,ente, uma adu-

SUMMARY

EFFECT OF INTERACTION.-

AMONG RHIZOBIUM SP., MYCOR-RHIZAL VA FUNGI ANO PHOSPHA-TES ON GROWTH OF SABIA, MIMO-SA CAESALPINAEFOLIA BENTH.. Trabalho extraído da Tese de Mestrado do pri-

meiro autor, desenvolvido no Departamento deCiências do Solo do Centro de Ciências Agráriasda Universidade Federal do Ceará, financiado par-cialmente pelo Projeto BI D/CNPq/UFC-PDCT/NE/CE 17 - Manejo e Conservação do Solo eapresentado na XVII Reunião Brasileira de Ferti-lidade do Solo, Londrina, Paraná, Julho de 1986.

.. Professores do Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal do Ceará e Pesquisadores doCNPq.

Two experiments were conduct undergreenhouse conditions, on the Campusof the Universidade Federal do Ceará,Brazil, to study the interaction amongRhizobium, MV A fungi and phosphatesin sabiá (Mimosa caesa/piniaefo/ia Ben-th".). A completely randomized experi-

Ciên. Agron., Fortaleza, 17 (2): pág. 49-56 - Dezembro, 1986 49

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ment was set up with 9 treatments and 4replicates. Each parcel consisted of oneplant cultivated in a plastic bag wit~3kg of a Podzolic sail collected in Paca-jus County, State of Ceará, with pH 6,0and i 1 ppm phosphorus. A mixture offour promising Rhizobium strains isola-ted from sabiá and two species of my-corrhizal fungi. Glomus mosseae wasused in Experiment I, while Glomus ma-crocarpum was utilized in Experiment 11.Superphosphate and rock phosphatewere employed as a high and low sol~bi-lity phosphorus sources, respectively.The plants were weekly irrigated withHewitt's nutritive solution and harvers~ted, in both experiments, 90 days afterseeding. Shoot dry weight, height, nitro-gen and phosphorus contents were de-termined. The nodulating characteristicsand mycorrhizal infection were alsoobserved. The results showed that a highavailability of soil phosphorus stimula-ted nodulation and nitrogen fixation insabiá plants. Glomus mosseae was ineffi-cient, while Glomus macrocarpum wasefficient in the symbiotic associationwith sabiá and its effect was equivalent,in the plants inoculated with Rhizobium,to a mineral phosphate fertilization. Theamount of rockphosphate to be appliedshould be investigated to establish theadequate levei and time of application tothe sabiá seedlings in arder to optimizethe efficiency of the association sabiá-Rhizobium-Glomus macrocarpum.PALAVRAS-CHAVE: Interação, Rhizo-Óium, Fungos MV A, Fosfatos, Sabiá.

INTRODUÇÃO

As leguminosas desempenham papelmuito importante na agricultura da Amé-rica tropical. Na ausência de rizóbio es-pecífico, as leguminosas tropicais apre-sentam baixo poder de competição comoutras espécies, havendo necessidade,portanto, de inoculação em áreas ondetais plantas ou seus rizóbios não ocorramnaturalmente (JONESl O),

o sabiá (Mimosa caesa/pinaefo/iaBenth.) é descrito por BRAGA4 comoleguminosa da subfamília Mimosoideae~de porte arbóreo, comum em todo o Es-tado do Ceará. É recomendada para pro-gramas de reflorestamento do Nordesteseco, fornecendo madeira pesada e resis-tente, excelente para estacas, lenha e car-vão. Suas folhas secas ou maduras servemcomo forragem.

VASCONCELOS et alii20 constata-ram que as mudas de sabiá bem estabele-cidas eram portadoras simultaneamentede rizóbio e fungos micorrízicos vesícu-lo-arbusculares (fungos MV A). Plantascolonizadas por fungos MV A apresentammelhor crescimento e maior absorção denutrientes em relação às não colonizadas(MOSSE14).

Os fungos MV A ocorrem em, pratica-mente, quatro quintos das plantas vascu-lares, não havendo, portanto, especifici-dade do endófito (TRAPPE18). Contu-do, LOPES et aliil1 sugerem que a efi-ciência do fungo deve ainda ser pesquisa-da para cada hospedeiro em particular.

Os fungos micorrízicos V A são im-portantes para o processo de nodulaçãode várias espécies de leguminosas (GE R-DEMANN8) e, de acordo com dados de"tanto a própria nodulação como tambéma eficiência dos nódulos, mesmo antesque a resposta em crescimento das plan-tas venha a ocorrer.

De acordo com F RANC07 e FaX &KANG6, depois do nitrogênio, a defi-ciência de fósforo é o fator limitantemais generalizado, acontecendo este fatoem, aproximadamente, 80% dos solostropicais. Em solos com problemas defertilidade, as endomicorrizas estimulamfortemente a nodulação devido a umamelhor absorção de fósforo (WAI DY A-NATHA et alii22). Recomenda-se, por-tanto, o plantio de árvores fixadoras doN2 e micorrizadas para contribuir comalta produção de proteína, uso eficienteda água e nutrientes, além da proteçãocontra a erosão dos solos.

UEHARA 19 afirma que, ao combi-narmos os benefícios dos fertilizantesfosfatados mais baratos, efetivos em so-

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Ias ácidos e neutros, com plantas infecta-das com endomicorrizas, estamos fazen-do um manejo econômico e mais racio-nal dos solos de baixa fertilidade e subu-tilizados dos trópicos. Minimizando-se adeficiência de P destes solos teremos, emtroca, uma fixação biológica mais efi-ciente do N2.

MATERIAL E METODOS

Dois experimentos foram conduzidossob condições de casa-de-vegetação, noCentro de Ciências Agrárias da Universi-dade Federal do Ceará, Campus do Pici,Fortaleza, Ceará.

O delineamento estatístico adotadofoi o inteiramente casualizado com 9 tra-tamentos a saber, para cada experimen-to, em 4 repetições:

- Não inoculado = Testemunha- Não inoculado + fosfato de rocha- Não inoculado + superfosfato tri-

plo- Inoculado com Rhizobium sp.- Inoculado com Rhizobium sp. +

superfosfato triplo- Inoculado com Rhizobium sp. +

fosfato de rocha- Inoculado com Rhizobium sp. +

fungos MV A- Inoculado com Rhizobium sp. +

fungos MV A + fosfato de rocha- Inoculado com Rhizobium sp. +

fungos MV A + superfosfato triplo

No Experimento I usou-se o fungoMV A G/omus mosseae e no Experimen-to II empregou-se o Glomus macrocar-pum.

Utilizou-se sacos de polietileno com3kg de um solo PV A, proveniente de Pa-cajus, Ceará, autoclavado, com 11 ppmde fósforo e pH 6,0. Uma mistura das es-tirpes UFC-904.35, UFC-903.35,UFC-841.35 e UFC-838.35, da Rizobio-teca do Centro de Ciências Agrárias daUniversidade Federal do Ceará, foi utili-zada nos tratamentos inoculados comRhizobium sp. e desenvolvidas em meiode cultura "79" líquido (ALLEN') com

azul de bromotimol sob agitação, duran-te 48 horas, à temperatura ambiente(média de 28°C). As espécies de fungosmicorrízicos V A (in6culos constituídosde porções de 15g de solo contendofragmentos infectados de raízes de Sty!o-santhes humi!is H8K. e esporas), assimcomo as estirpes rizobianas (na razão de1 ml da mistura de estirpes por semente),foram aplicadas ao solo por ocasião doplantio, juntamente com os fosfatos.Como fontes de fósforo foram emprega-dos o superfosfato triplo (45% de P205solúvel) e o fosfato de rocha PHOSNAT

-X (25% de P205 total, solubilidade em,"ácido cítrico 4% e finura 0,063mm), am-bos na dosagem equivalente a 300kg deP205/ha. -

As sementes foram escarificadas pelaação do ácido sulfúrico comercial a65°Bé, por um período de 10 minutos edesinfetadas por imersão numa soluçãode hipoclorito de sódio a 0,5%, duranteo referido tempo.

Aos tratamentos não inoculados comfungos MV A foi adicionado um filtradodo solo do inóculo, contendo a microflo-ra que se associava aos fungos. Semanal-mente, aplicou-se às plantas dos experi-mentos a solução nutritiva de Hewitt(HEWITT9) isenta de N e P, na propor-ção de 3ml por quilograma de solo, asquais foram regadas com água corrente,mantendo-se a umidade do solo próximaà capacidade de campo. Foram tomadasas temperaturas máxima e mínima e opH inicial e final dos solos dos experi-mentos.

Ao final de 90 dias, cada parcela foianalisada quanto ao peso seco, altura econteúdos de N e P da parte aérea(LOTT et alii12, CHAPMAN &PRATT5) das mudas. Também foramobservadas a percentagem de infecçãoMVA (PHILLIPS & HAYMAN15), com-plementada pelos critérios de ASIMI2, eas características das plantas em relaçãoà nodulação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

OS valores da temperatura e do pHdo solo estão indicados na Tabela I. A

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TABELA

Médias de pH, Temperaturas Mínima e Máxima do Solo, nos Experimentos I e 11, Fortaleza, Ceará, Brasil, 1984

26,026,0

6.06,0

6.6

6.0II

*) o pH final representa a média relativa a todos os tratamentos uma vez que não houve sensíveis variaçõesentre os tratamentos.

faixa de temperatura observada, compre-endida entre 26°C, para a mínima, e33°C, para a máxima, é adequada ao de-senvolvimento dos fungos testadosSCHENCK & SCHRODER16) e aoRhizobium (MINCHIN et alii13). Os va-lores de pH 6,0 e 6,6, encontrados para osolo no in ício e término dos experimen-tos, são favoráveis tanto para os fungos(BOWEN3), como para as bactérias(WAGNER et alii21).

Experimento IIConstatou-se média e alta infecção

das raízes pelo G/omus macrocarpum(Tabela 4). Na Tabela 5 são apresentadosos dados relativos ao peso seco, altura econteúdo de N e P das plantas. Verifi-cou-se resposta altamente favorável dainoculação conjunta Rhizobium-G. ma-crocarpum, equivalente à de uma aduba-ção com P solúvel. Muito promissora,também, foi a influência do fosfato derocha, associado ao Rhizobium ou à du-pla inoculação Rhizobium-G. macrocar-pum. Faz-se mister, outrossim, determi-nar, através de novos experimentos, amelhor dose desse nutriente, capaz desubstituir o P solúvel e maximizar a efi-ciência da associação tríplice Rhizobium-G. macrocarpum-sabiá.

Experimento IOs resultados das observações reali-

zadas nas plantas do Experimento I,apresentados na Tabela 2, revelam quenão foi detectada a presença de nódulosnas raízes das plantas não inoculadascom rizóbio, enquanto nas noduladasobservou-se a ocorrência de nódulos co-ralóides típicos de sabiá, forma tambémencontrada anteriormente por V ASCON-CELaS et alii20. Nos tratamentos inocu-lados com Glomus mosseae, as raízes dasmudas examinadas não mostraram qual-quer indício de infecção vesículo-arbus-cular característica do fungo, indicandoque tal espécie micorrízica possivelmentenão se associa com o sabiá. Quanto aosparâmetros peso seco, altura e conteúdode N e p das plantas (Tabela 3) houve,em geral, resposta positiva para os trata-mentos envolvendo fósforo solúvel, ates-tando a importância deste nutriente. Ainfluência do fosfato de rocha foi menosefetiva em virtude da não infecção dasraízes pelo G. mosseae.

CONCLUSOES

Os resultados experimentais, permi-tem as seguintes conclusões:

- Devido ao baixo teor de fósforono solo, uma maior disponibilidade desteelemento para a planta, em virtude deuma adubação fosfatada, influenciou di-retamente a associação Rhizobium-sabiá,estimulando a nodulação e a fixação doN2;

- G/omus mosseae não se mostroueficiente, inclusive não sendo detectadainfecção nas raízes das plantas inocula-das;

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- Glomus macrocarpum foi eficientena associação simbiótica com sabiá, ten-do seu efeito, em plantas inoculadas comRhizobium sp., sido equivalente ao deuma adubação qu(mica fosfatada;

- A inoculação conjunta de Rhizo-bium e Glomus macrocarpum apresen-tou-se promissora para a produção demudas de sabiá mais vigorosas, sendo,portanto, recomenda, e

- A quantidade de fosfato de rochaa ser aplicada deve ainda ser investigadaem trabalhos subseqüentes, a fim de. quesejam estabelecidos o n(vel ideal ea épo-ca de adubação das mudas que maximizea eficiência da associação sabiá-Rhizo-bium-Glomus macrocarpum.

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Ciên. Agron., Fortaleza, 17 (2): pág. 49-56 - Dezembro, 1986 53

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TABELA 3

Médias de Quatro Repetições dos Dados de Peso Seco, Altura e Conteúdo de Fósforo e Nitrogénlo da ParteAérea das Plantas do Experimento I, Fortaleza, Ceará. Brasil, 1924.

Tratamento Peso secog/parcela

Alturacm/parcela

Conteúdo de fósforomg/parcela

Conteúdo de nitrogêniomg/parcela

1,95c3,15c4,O7ab2,12c5,47a4,OOab2,45bc3,77abc5,10a

23,25b28,OOab31,50a22,75b34,25a28,25ab22,75b27,50ab32,25a

4,88d

17,9800

45,26ab

3,9Od

57,45a

18,4100

8,4100

27,98bc

62,90a

4O,37bc26,35c45,20bc38,60bc77,12a44,40c34,77c46,67bc65,32ab

NINI + FRNI + STRhRh + STRh+ FRRh+ MRh + M + FRRh + M + ST

DMSCV%

1.8421,00

-7,81

11,0022,9535,00

27,5224,00

( *) Tratamentos seguidos de uma mesma letra não diferem entre si ao n(vel de 5% de probabilidade pelo Testede Tukey.

NI = Não Inoculado

NI + FR = Não Inoculado + fosfato de rocha

NI + ST = Não Inoculado + superfosfato triplo

Rh = Inoculado com Rhizobium sp.

Rh + ST = Inoculado com Rhizobium sp. + superfosfato triplo

Rh + FR = Inoculado com Rhizobium sp. + fosfato de rocha

Rh + M = Inoculado com Rhizobium sp. + Glomus mosseae

Rh + M + FR = Inoculado com Rhizobium sp. + Glomus

mosseae + fosfato de rochaRh + M + ST = Inoculado com Rhizobium sp. + Glomus

mosseae + superfostato triplo.

54 Ciên. Agron., Fortaleza, 17 (2): pág. 49-56 - Dezembro, 1986

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Page 8: EFEITO DA INTERAÇÃO RHIZOBIUM SP., FUNGOS MVA E … efeito da interaÇÃo rhizobium sp., fungos mva e fosfato no desenvolvimento de mudas de sabiÁ, mimosa caesalpiniaefolia benth

TABELA 5

Médias de Quatro Repetições dos Dados de Peso Seco, Altura e Conteúdo de Fósforo e Nitrogénio da ParteAérea das Plantas do Experimento 11, Fortaleza, Ceará. Brasil, 1&84.

Conteúdo de fósforomg/parcela

Conteúdo de nitrog~niomg!parcela

Peso secog/parcela

Alturacm/parcela

Tratamento

21,12d23,750029,62ab24,75b0028,12abc31,12a31,62a3O,25ab28,87abc

5,24c13,31bc17,59ab6,30c

21,52a16,97ab11,44bc19,11a20,6Oa

21,88c32,14bc48,07abc41,84abc56,03ab59,9586O,03a58,34ab54,39ab

1,46 *

1,70c2,53abc2,35bc2,61abc3,O7ab3,58a3,10ab2,59abc

NINI + FRNI + STRhRh + STRh+ FRRh+ MRh + M + FRRh + M + STtItttttttttt

27,3223,00

-DMSCV%

1,2220,00

5,578,00

7,6522,00

( *) Tratamentos seguidos de uma mesma letra não diferem entre si ao n(vel de 5% de probabilidade pelo Testede Tukey.

NI = Ná"o Inoculado

NI + FR = Não Inoculado + fosfato de rocha

NI + ST = Não Inoculado + superfosfato triplo

Rh = Inoculado com Rhizobium sp.Rh + ST = Inoculado com Rhizobium sp. + superfosfato triplo

Rh + FR = Inoculado com Rhizobium sp. + fosfato de rocha

Rh + M = Inoculado com Rhizobium sp. + Glomus macro-

carpum.Rh + M + FR = Inoculado com Rhizobium sp. + Glomus

macrocarpum + superfosfato triplo

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