133
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Efeito da própolis verde na inflamação e regeneração da córnea LUIZ FERNANDO TARANTA MARTIN Ribeirão Preto 2009

Efeito da própolis verde na inflamação e regeneração ...livros01.livrosgratis.com.br/cp091044.pdf · FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO Efeito da própolis verde na inflamação

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

Efeito da própolis verde na inflamação e regeneração da córnea

LUIZ FERNANDO TARANTA MARTIN

Ribeirão Preto

2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

LUIZ FERNANDO TARANTA MARTIN

Efeito da própolis verde na inflamação e regeneração da córnea

Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Ciências Médicas. Área de Concentração: Mecanismos Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e Audio-Vestibular.

Orientador: Prof. Dr. Jayter Silva de Paula

Coorientador: Prof. Dr. Sérgio Britto Garcia

Ribeirão Preto 2009

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Martin, Luiz Fernando Taranta Efeito da própolis verde na inflamação e regeneração da córnea. Ribeirão Preto, 2009. 105 p.: il.; 30cm Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Oftalmologia. Orientador: Paula, Jayter Silva de 1. Própolis verde; 2. Extrato vegetal; 3. Córnea; 4. Inflamação; 5. Regeneração.

Dedicatória

Aos meus pais, irmãos e esposa, pelo apoio e amor.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Sérgio Britto Garcia, pela amizade e ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Jayter Silva de Paula, pela atenção, amizade, paciência e

perseverança.

Ao Prof. Dr. Antonio Augusto Velasco e Cruz, pela oportunidade.

Ao Prof. Dr. André Márcio Vieira Messias, pelo exemplo.

A Maria Cecília Onofre, pela solicitude.

Às técnicas de laboratório Rosângela Orlandin Lopes e Ana Maria Anselmi

Dorigan, pelo auxílio na parte histológica do experimento.

Ao amigo Mateus Freire Leite, pela competência na veiculação e formulação

dos colírios.

Ao Dr. Fernando Chahud, pela ajuda com as preparações imunohistoquímicas.

A Patrícia Modiano, Sheila Andrade de Paula, Márcia Clivati Martins e Aline

Turatti, pelo auxílio imprescindível na parte experimental.

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

%- Porcentagem =- Igual >- Maior >- Menor ±- Mais ou menos ®- Marca registrada °C- Grau Celsius EP- Erro padrão da média EUA- Estados Unidos da América g- Grama h- Hora HE- Hematoxilina e Eosina M- Mega mg- Miligrama min- Minutos mL- Mililitro mm- Milímetro mm²- Milímetro quadrado P- Valor “p” pH- Pontencial hidogeniônico PV- Grupo Própolis Verde VH- Grupo Veículo x- Vezes µm- Micrômetro

RESUMO Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de um

extrato de própolis verde brasileira nos processos de regeneração e inflamação

corneana. Métodos: Em ratos Wistar machos, foi feita uma lesão corneana

central superficial, com diâmetro de 1mm, usando bastões contendo nitrato de

prata. Foram utilizados 32 animais e a área da lesão foi fotografada nos tempos

0,12, 24, 48 e 120 horas. Com auxílio de um programa de imagem, foi feita a

medida da área lesada nos tempos referidos. Os ratos foram divididos em dois

grupos de 16 animais. O grupo própolis verde (PV) recebeu quatro gotas

diárias de colírio contendo microemulsão de própolis verde a 1%, enquanto o

grupo veículo (VH) recebeu quatro gotas diárias do mesmo colírio, porém sem

a própolis. A lesão foi repetida em 83 animais e a resposta inflamatória foi

medida através da contagem dos neutrófilos presentes na córnea. Para a

análise do padrão de migração neutrofílica, dois outros parâmetros foram

utilizados: a relação entre a contagem de neutrófilos no centro da lesão em

relação à contagem total de neutrófilos (centro/total) e a contagem no centro

em relação às das bordas da lesão (centro/bordas), nos tempos 12, 24, 48 e

120 horas. A regeneração também foi medida, com contagem do número de

mitoses na camada epitelial basal, através de marcação imunohistoquímica

com KI-67. Resultados: Diferenças significativas (P<0,05) foram encontradas

nas medidas de áreas dos grupos nos tempos de 12, 24 e 48 horas, com

valores menores no grupo PV. Não houve diferenças significativas nos tempos

0 e 120 horas. A contagem neutrofílica total mostrou valores significativamente

menores no grupo PV nos tempos de 24 e 48 horas (P<0,05). Não houve

diferença significante nos tempos de 12 e 120 horas. Os parâmetros

centro/total e centro/bordas não apresentaram diferenças em nenhum dos

tempos estudados. A contagem das células marcadas pelo KI-67 mostrou

diferenças nos tempos 12 e 24 horas (P<0,05), mas não no tempo 48h.

Conclusões: O uso tópico da própolis verde mostrou ação cicatrizante e anti-

inflamatória após lesão corneana induzida por álcali, mantendo o padrão de

migração neutrofílica.

Palavras-chave: Própolis verde, lesão por álcali, regeneração corneana,

inflamação corneana, KI-67.

ABSTRACT

Purpose: The aim of this study was to investigate the effects of Brazilian green

propolis, a widely used folk medicine, in cornea wound healing and

inflammation. Methods: 32 Wistar male rats had the center of their right

corneas treated with a silver nitrate applicator stick to produce a superficial

lesion of 1mm in diameter. The area of injury was photographed and measured

in times 0, 12, 24, 48 and 120 hours. Rats were divided in two groups. Group

green propolis (PV), which received topic application of eye drops containing

microemulsion of green propolis 1% and group vehicle (VH), which received the

same eye drops without propolis. Inflammatory response was measured in 83

rats by neutrophil count in the lesion area. Besides counting the total number of

neutrophils, two other parameters were used. The ratio of neutrofils in the

center of lesion compared to the total count (center/total) and compared to the

number of neutrophils found in the borders of the lesion (center/borders) in

times 12, 24, 48 and 120 hours. Regeneration was also assessed by

determining the number of mitosis in corneal basal layer, by

immunohistochemistry with KI-67. Results: A significant statistical difference

between groups was found in wounded area measures in times 12, 24 and 48

hours (P<0,05), with values considerably lower in group PV. No differences

were found in time 0h and after 120 hours both groups had injured areas

completely re-epithelized. Total neutrophil count showed no significant

differences in time 12h. In times 24 and 48 hours the number of neutrophils was

significantly reduced in group PV (P<0,05) and in time 120h there was no

statistical difference between groups. Neither ratio center/total nor

center/borders showed significant differences in any of the times studied. Count

of Immunohistochemistry marked cells showed statistical differences (P<0,05)

between VH and PV in times 12 and 24 hours, but not in 48 hours.

Conclusions: Topically applied green propolis reduced wound healing time and

the inflammatory response after alkali burn. Neutrophil migration pattern was

not altered by the use of eye drops.

Key words: Green propolis, alkali burn, cornea regeneration, cornea

inflammation, KI-67.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................12 1.1. Anatomia ............................................................................................................13 1.2. Regeneração corneana......................................................................................17 1.3. Inflamação..........................................................................................................23 1.4. Modelos experimentais ......................................................................................24 1.5. Própolis ..............................................................................................................26 1.6. Uso oftalmológico...............................................................................................27 1.7. Própolis verde ....................................................................................................28 1.8. Justificativa.........................................................................................................30

2. OBJETIVOS......................................................................................................32 3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................34

3.1. Desenho do estudo ............................................................................................35 3.2. Lesão .................................................................................................................35 3.3. Colírios ...............................................................................................................38 3.4. Grupos ...............................................................................................................39 3.5. Fotografias .........................................................................................................41 3.6. Medida da área lesada.......................................................................................43 3.7. Preparação histológica.......................................................................................44 3.8. Imunohistoquímica .............................................................................................47 3.9. Análise estatística ..............................................................................................50

4. RESULTADOS .................................................................................................51

4.1. Demonstração do modelo ..................................................................................52 4.2. Análise da área da lesão....................................................................................53 4.3. Análise histológica da lesão...............................................................................56

4.3.1. Análise qualitativa da lesão.......................................................................56 4.3.2.Análise neutrofílica da lesão ......................................................................58

4.4. Migração neutrofílica..........................................................................................60 4.5. Imunohistoquímica .............................................................................................63 4.6. Compilação dos resultados................................................................................65

5- DISCUSSÃO.....................................................................................................66

5.1. Introdução ..........................................................................................................67 5.2. Modelo experimental ..........................................................................................71 5.3. Regeneração......................................................................................................74 5.4. Inflamação..........................................................................................................77 5.5. Perspectivas.......................................................................................................80

6- CONCLUSÕES.................................................................................................82 7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................84 8- ANEXO ...........................................................................................................104 ANEXO DE PUBLICAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

13

1.1. Anatomia

As lesões de córnea são frequentes e existe grande interesse em se

desenvolver novas medicações para seu tratamento. O uso da própolis, muito

difundido em medicina popular, mostrou ações promissoras em outros órgãos,

acelerando a regeneração dos tecidos e diminuindo sua reação inflamatória.

Neste estudo, uma variedade de própolis brasileira foi utilizada na forma de

colírio para o tratamento de lesões corneanas.

A córnea é a estrutura mais anterior do globo ocular e, por isso, a mais

susceptível a traumas e lesões. Sua integridade é fundamental para o

desempenho adequado das funções visuais e para a integridade do olho. Uma

breve introdução sobre a anatomia corneana é necessária para melhor

compreensão do presente trabalho.

A córnea é o tecido transparente e avascular que se assemelha a um

cristal de relógio e se localiza, na maior parte do tempo, em contato direto com

o meio externo. Horizontalmente, é algo elíptica, medindo cerca de 12mm. No

sentido vertical mede, em média, 11mm. Ela é composta de cinco camadas:

epitélio, cápsula de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio

(Reim, 1997), conforme representado na Figura 1.

Figura 1. Esquema mostrando uma córnea em corte transversal, com suas diversas camadas (fonte: Unite for Site Organization – www.uniteforsite.org).

14

O epitélio é formado por cinco camadas celulares, de três diferentes

tipos: colunares basais, aladas poligonais e superficiais planas. As células

colunares basais são arredondadas, com núcleos ovais e se dispõem em uma

ou duas camadas, situadas imediatamente sobre a membrana basal epitelial

(MBE). São constantemente produzidas e migram até a superfície, originando

as células aladas poligonais. Essas, por sua vez, têm núcleos paralelos à

superfície, se distribuem em três camadas e se tornam mais planas à medida

que se aproximam da superfície corneana (Reim, 1997).

As células superficiais são as mais próximas do meio externo. Estão

dispostas em duas fileiras, possuem microvilosidades e não apresentam

queratinização. Alguns dias após sua formação, elas se desprendem das

células vizinhas, dispersando-se pelo filme lacrimal. Todas as células

corneanas aderem-se firmemente umas às outras por desmossomos e

interdigitações (Suzuki et al., 2003).

A cápsula de Bowman, segunda camada corneana, é uma zona acelular

situada sob o epitélio. Sua margem anterior é delimitada pela membrana basal

epitelial e o limite posterior é definido por suas próprias fibras colágenas. É

uma estrutura resistente a traumatismos e funciona como barreira à invasão de

microorganismos e células tumorais.

A terceira camada é o estroma corneano, responsável por 90% de toda

a espessura da córnea. É composta basicamente de fibras colágenas,

substância fundamental e células estromais. As fibras colágenas representam

cerca de 80% do peso seco da córnea e são, assim como as células estromais,

envolvidas pela substância fundamental, rica em mucopolissacarídeos. Nas

15

córneas edemaciadas, a substância fundamental aumenta de volume,

enquanto as fibras colágenas mantêm seu peso e tamanho.

A membrana de Descemet, com espessura de 10µm, é a quarta camada

corneana e cobre a porção posterior do estroma, separando-o do endotélio. Ao

contrário da membrana de Bowman, ela se descola do estroma com facilidade

e regenera-se rapidamente.

O endotélio humano é a camada corneana mais interna. Tem cerca de

5µm de altura e 20µm de largura e é formado por uma única camada celular,

contendo de 400.000 a 500.000 células. Suas células têm forma cúbica e

mostram grande atividade metabólica, notada pela presença de numerosas

mitocôndrias dentro de seus citoplasmas. Elas não se dividem ou regeneram e

a maior parte de seu intenso metabolismo é gasto com a função de executar a

retirada de água do estroma, mantendo-o num permanente estado de

desidratação.

O limbo esclero-corneal é uma zona vascularizada e semitransparente

de transição entre conjuntiva e esclera, por um lado, e a córnea, pelo outro.

Diversas particularidades ocorrem nessa região. O epitélio corneano, que

normalmente se continua com o da conjuntiva, é composto por 10 a 12

camadas celulares. O estroma perde sua transparência e as fibras colágenas

passam a apresentar variações de diâmetro, assumindo as características da

esclera. A cápsula de Bowman termina de forma circular, na margem central do

limbo, dando lugar a um tecido conjuntivo fibroso (Reim, 1997).

A córnea de ratos é semelhante à humana, tornando esses animais um

bom modelo experimental. Ela é uma estrutura avascular, composta por um

epitélio com aproximadamente cinco camadas celulares. Em sua base, existem

16

células colunares arredondadas, situadas imediatamente sobre a membrana

basal epitelial (MBE).

À medida que se aproximam da superfície, as células vão se tornando

mais alongadas, até tornarem-se achatadas na superfície. São constantemente

produzidas e renovadas, com a dispersão das células mais superficiais pelo

filme lacrimal, que, nesses animais, tem menos água e mais mucina do que a

córnea humana (Junior et al., 2003).

A superfície inferior das células epiteliais basais encontra-se firmemente

conectada à MBE e tal adesão tem papel fundamental na proteção do estroma,

já que os ratos não possuem cápsula de Bowman. Essa ligação é também

importante no estabelecimento da permeabilidade e das relações entre epitélio

e estroma, regulando a passagem de diversos íons, solventes e outras

substâncias (Takagi et al., 1994).

O estroma é a parte mais espessa da córnea, composta principalmente

por água e fibras colágenso, com componentes se assemelham aos da córnea

humana. O endotélio, por sua vez, é composto de uma única camada de

células hexagonais, medindo cerca de 20µm de largura e com espessura de 2

a 3µm. Sua densa lâmina basal, com 4µm de espessura, corresponde à

membrana de Descemet. As células endoteliais possuem numerosas

mitocôndrias arredondadas e estão fortemente conectadas, com citoplasmas

que se projetam para dentro das células adjacentes e zona ocludens na sua

parte apical (Yamasaki et al., 2001).

17

1.2. Regeneração corneana

A manutenção da integridade da superfície da córnea é considerada o

fator mais importante para conservar sua transparência e qualidades ópticas

(Kurpakus-Wheater et al., 2001; Lu et al., 2001). O epitélio corneano é parte

integrante da superfície ocular e está em constante renovação. Nesse

processo, as células epiteliais da superfície são constantemente liberadas no

filme lacrimal, sendo substituídas por células que migram das camadas basais

do epitélio. Estas são repostas por outras células basais, que se movimentam

do limbo em direção ao centro (Evans et al., 2005).

Em 1983, Thoft e Friend sugeriram a hipótese “X, Y e Z”, na qual X

representa a proliferação das células epiteliais basais; Y a proliferação e

migração centrípeta das células epiteliais límbicas; e Z, a perda celular epitelial

da superfície. Para manter um estado de equilíbrio, é necessário que X + Y

resultem em Z (Kinoshita et al., 1983; Thoft, 1983).

Estima-se que o epitélio humano seja completamente renovado a cada

uma a duas semanas (Hanna, 1960). Na vigência de lesões, com perda de

células corneanas, as mesmas iniciam o processo de regeneração,

deslocando-se para a região lesada até cobrir a ferida. Esse fenômeno tem

sido foco de numerosos estudos (Dua, 1998; Park, 1999; Lu et al., 2001; Evans

et al., 2005; Netto et al., 2005; Serrao, 2005).

A regeneração é ativada por citocinas, liberadas após as lesões, e o

primeiro evento estromal observado no processo de regeneração é a apoptose

de ceratócitos, que pode ser detectada por microscopia eletrônica cerca de

30min após a lesão (Wilson et al., 1996) e continua por um período de pelo

menos uma semana (Gao et al., 1997; Mohan, 2001).

18

Dentre as várias citocinas que tomam parte no processo regenerativo,

merece destaque a interleucina 1 (IL-1). A IL-1, em suas variedades alfa e

beta, não é detectada por imunocitoquímica nos ceratócitos de córneas sem

lesão. Entretanto, a exposição dos mesmos à IL-1, induz os próprios

ceratócitos a produzirem mais IL-1, via um “loop” autócrino. Esse é o motivo

pelo qual ela é encontrada nos ceratócitos e miofibroblastos de células lesadas

(West-Mays et al., 1995; Strissel et al., 1997; Strissel et al., 1997).

Os miofibroblastos, células caracterizadas pela presença de alfa-actina,

são gerados a partir dos ceratócitos e têm importante papel no processo de

regeneração, atuando na produção de fatores de crescimento, como fator de

crescimento de hepatócito (HGF) e fator de crescimento de ceratinócito (KGF),

colágeno, glicosaminoglicanas, colagenases e metaloproteinases (Girard et al.,

1991; West-Mays et al., 1995; Weng et al., 1997; Kaji et al., 1998; Jester et al.,

1999; Ye et al., 2000).

A IL-1 possui importantes efeitos nas células relacionadas ao processo

de regeneração. Foi mostrado que ela modula a apoptose de ceratócitos e

fibroblastos corneanos, além de ter efeito negativo na apoptose dos ceratócitos

e miofibroblastos originados durante a resposta estromal de regeneração

(Wilson et al., 1996).

Além disso, funciona como principal reguladora da produção de HGF e

KGF, ambos produzidos pelos ceratócitos (Weng et al., 1997), e de fator de

crescimento derivado de plaquetas (PDGF), produzido pelos fibroblastos

corneanos. Tais mediadores atuam na interação entre epitélio e estroma,

regulando proliferação, motilidade e diferenciação de células epiteliais (Wilson

et al., 1994).

19

A IL-1 também modula a expressão de metaloproteinases, enzimas

envolvidas no processo de remodelamento de tecidos. Nos casos de lesão

corneana, a participação das metaloproteinases, enzimas do grupo das

colagenases, é importante para remodelar a matriz estromal corneana (Girard

et al., 1991; West-Mays et al., 1995; Strissel et al., 1997; Strissel et al., 1997).

A glândula lacrimal também atua no processo de reparação. Após a

lesão, vários fatores de crescimento que modulam a regeneração epitelial,

como HGF e fator de crescimento epidérmico (EGF), têm sua produção

aumentada pela glândula (Tervo et al., 1997; Wilson et al., 1999).

Com a apoptose dos ceratócitos presentes no estroma anterior, evento

que ocorre logo após a lesão, a glândula lacrimal passa a ser a principal fonte

de citocinas, que regulam a proliferação, migração e diferenciação das células

epiteliais. A ação da lágrima é essencial nas fases precoces da reparação, até

que miofibroblastos se multipliquem e repovoem o estroma anterior. Nas fases

seguintes, passa a atuar na modulação da reparação, regulando a

diferenciação e outras funções das células epiteliais (Wilson et al., 2001).

O processo de migração ocorre em três fases. Na primeira, iniciada

imediatamente após a lesão, as células epiteliais intactas na periferia da lesão

tornam-se achatadas e suas membranas emitem processos digitiformes

(filopodia) ou coraliformes (lamellipodia), que se estendem em direção à ferida

(Crosson et al., 1986). Nessas células, não há evidências de atividade mitótica.

Nas células epiteliais mais distantes das bordas lesadas, contudo, inicia-se

uma intensa atividade de mitose (Hanna, 1966; Cavanagh et al., 1979;

Cotsarelis et al., 1989; Lavker et al., 1991).

20

Na segunda fase, após o defeito epitelial ter sido recoberto por uma

única camada de células epiteliais, ocorre a proliferação das demais células

situadas na região lesada, resultando em um restabelecimento da espessura

epitelial normal. Contudo, nessa fase, as células epiteliais não completaram

seu estado de diferenciação e as adesões entre epitélio e MBE ainda não se

restabeleceram de forma definitiva.

Na última fase, algumas semanas após a lesão, as células epiteliais se

diferenciam e refazem a estrutura regular de camadas da fase pré-lesão,

tornando a superfície recoberta mais regular (Suzuki et al., 2003; Nishida,

2008).

A interação das células epiteliais com a MBE é fundamental no processo

de reparação, pois as células epiteliais migram sobre ela. É necessário, para

tanto, que as ligações das células com a MBE sejam diferentes daquelas

observadas em situação normal, em que existe forte adesão entre ambas as

estruturas. A presença da MBE facilita a migração e reduz o tempo de

cicatrização (Suzuki et al., 2003) e as adesões permanentes só serão formadas

quando não houver mais dano epitelial, processo que pode se prolongar por

meses após a lesão (Dua et al.,1994; Lu et al., 2002).

Nos casos de lesões corneanas profundas, com destruição da MBE, as

células epiteliais continuam capazes de migrar sobre a área lesada. Para tanto,

sintetizam fibronectina, uma glicoproteína de elevado peso molecular, que é

depositada sobre o estroma lesado, permitindo a adesão temporária das

células epiteliais no processo de migração (Fujikawa et al., 1981; Suda et al.,

1981).

21

Após o restabelecimento do epitélio, os ceratócitos gerados continuam

sofrendo apoptose, até o retorno a sua quantidade normal. As células

inflamatórias também sofrem apoptose e há indícios de que ambos os tipos

celulares passem por processo de necrose (Mohan, 2001). Os miofibroblastos,

por sua vez, retornam ao estado pré-lesão, sofrendo diferenciação em

ceratócitos e apoptose (Wilson et al., 2001).

A Figura 2 resume a seqüência de eventos que segue o trauma epitelial.

A adequada caracterização desses eventos, individualmente, permite uma

visão global da cascata da cicatrização corneana, facilitando seu entendimento

(Wilson et al., 2001).

22

Figura 2. Eventos da cascata da cicatrização corneana (Wilson et al., 2001).

23

1.3. Inflamação

Os mecanismos que envolvem a resposta inflamatória corneana são

processos complexos, que envolvem a superposição de diferentes tipos de

celulares e substâncias mediadoras (Dana, 2005; Li et al., 2006). Após a lesão

epitelial, ocorre a liberação de citocinas e quimiotaxinas pró-inflamatórias em

resposta à lesão, bem como a proliferação e migração de células inflamatórias

para o local lesado (O'Brien et al., 1998).

As células inflamatórias migram a partir dos vasos limbares e do filme

lacrimal (O'Brien et al., 1998; Wilson et al., 2001), progredindo até a área da

lesão. Os ceratócitos sob a área lesada rapidamente passam a sofrer apoptose

(Wilson, 1998) e, em poucas horas, os primeiros neutrófilos atingem a região

desepitelizada, migrando pela matriz extracelular do estroma corneano (Zhu,

1999; Lin et al., 2008).

Sua presença no local da lesão é importante, pois os neutrófilos são os

principais responsáveis pela limpeza (clearance) dos restos celulares dos

ceratócitos que sofreram apoptose e, junto com as demais células

inflamatórias, promovem a defesa da córnea contra patógenos que podem

invadir a área lesada (Wilson et al., 2001).

Além disso, atuam como moduladores da resposta imune, produzindo

diversas citocinas pró-angiogênicas, como fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF), fator de necrose tumoral (TNF), IL-1, IL-6 e IL-8 (Shaw et al.,

2003).

Em situações normais, a re-epitelização ocorre rapidamente (Zhao et al.,

2003), o número de neutrófilos retorna ao encontrado antes da lesão,

provavelmente através de apoptose (Savill, 1997), e os ceratócitos multiplicam-

24

se no estroma, sob a região reparada (West-Mays et al., 1997; Zieske et al.,

2001).

Os mediadores responsáveis pelo início e pela modulação do processo

inflamatório são diversos (Tran et al., 1996; Wilson et al. 2001; Li et al. 2006;

Biteman et al. 2007; McInnis et al. 2007; Saika, 2007; Pillai et al., 2008). Muitos

ainda estão em investigação e mesmo aqueles identificados e estudados há

mais tempo carecem da elucidação de suas ações.

1.4. Modelos experimentais

Ao longo dos anos, inúmeros modelos de lesão foram descritos e

utilizados para o estudo da regeneração e inflamação na córnea. Os modelos

animais utilizaram porcos, camundongos e outros animais, mas principalmente

ratos e coelhos.

As desepitelizações e as queimaduras com ácidos e álcalis são as

principais formas de se lesar a córnea, mas também podem ser usadas lesões

térmicas, radiação ultravioleta, infecção por vírus, toxinas bacterianas e fungos

e, mais recentemente, laser (Berjano et al., 2002; Choy et al., 2005; Flueckiger

et al., 2005; Kim et al., 2005; Cain al., 2006; Higaki et al., 2006; Sun et al.,

2007; McClellan et al., 2008; Suvas et al., 2008; Yavas et al., 2008).

Nos estudos envolvendo desepitelização corneana, a área a ter o

epitélio removido é previamente marcada e a desepitelização é feita

mecanicamente. Tais lesões são úteis principalmente nos estudos que

envolvem apenas regeneração, pois promovem uma inflamação da córnea

menor do que aquela observada nas infecções e nas lesões por álcalis (Green

et al., 1989; Viola et al., 1992; Reidy et al., 1994; Helena et al., 1997; Schwartz

25

et al., 1998; Stiebel-Kalish et al., 1998; Joussen et al., 2001; Song, 2004;

Margasiuk et al., 2005; Chang et al., 2008).

Nos estudos de inflamação corneana, pode ser feita injeção estromal de

substâncias conhecidas e sabidamente pró-inflamatórias, em dosagens

padronizadas. A inflamação gerada permite o estudo dos eventos relacionados

ao processo inflamatório, bem como o uso de novas substâncias para seu

tratamento (Pearlman et al., 1995; Pfister et al., 1998; Hall et al., 2001; Carlson

et al., 2007; Lin et al., 2007).

O principal modelo que permite o estudo associado de desepitelização e

inflamação é aquele no qual é feita uma lesão corneana cáustica, utilizando-se

álcalis na forma de cristais. Os cristais geralmente estão localizados na ponta

de bastões com diâmetros padronizados e a lesão é dada pelo contato dos

mesmos com a superfície corneana, gerando uma lesão epitelial e um estímulo

inflamatório (Hanif et al., 2003; Wenk, 2003; Wenk et al., 2003; Barros, 2007;

Aydin et al., 2008; Hurmeric et al., 2008).

Das substâncias presentes na ponta dos bastões, o nitrato de prata é a

mais comum e seu uso, combinado com nitrato de potássio, é amplamente

difundido nos trabalhos que têm como foco o estudo dos processos de

regeneração e inflamação da córnea (Mahoney, 1985; Sunderkotter et al.,

1991; Sonoda et al. 1998; Oshima et al., 2006; Erdurmus et al., 2007; Manzano

et al., 2007).

26

1.5. Própolis

A Própolis é uma resina complexa, produzida por abelhas. Sua

aparência física varia de acordo com numerosos fatores, sendo geralmente de

coloração amarelo-esverdeada e consistência elástica. Existem relatos de seu

uso desde a Idade Antiga, no Egito, onde era utilizada para embalsamar os

mortos (Pereira et al., 2002). A palavra tem origem grega, derivada de pro, “em

defesa”, e polis, “cidade”, fazendo alusão a seu uso na defesa das colméias.

As abelhas a utilizam para diversas finalidades, como selar aberturas

nas paredes das colméias e ninhos, evitar a entrada de intrusos e manter um

ambiente interno asséptico. Ela também é usada para a proteção de suas

pupas e ninfas (GhisalbertI, 1979).

Sua composição é variável, dependendo do clima, localização e

característica da fauna local. Os componentes principais são cera, resina e

substâncias voláteis. Os insetos secretam a cera, enquanto os outros dois

componentes são obtidos a partir de plantas, coletados através de secreções e

tecidos vegetais.

Na própolis podem estar presentes outros constituintes, como pólen e

aminoácidos (Gabrys et al., 1986; Marcucci, 1996). Até o momento, já foram

identificadas cerca de 500 substâncias na própolis de origem européia e 200 na

própolis brasileira (Marcucci, 1996; Bankova et al., 1999).

Há algumas décadas, o uso da própolis tornou-se comum,

especialmente na antiga União Soviética e nos países do Leste Europeu, para

o tratamento de afecções como otites externas e médias, faringite, rinite,

amidalite, asma e bronquite (Ivanov et al., 1973). Na Europa Ocidental, Japão e

América do Sul, a própolis só ganhou popularidade a partir da década de 80 e

27

atualmente o Japão é seu maior consumidor, importando preferencialmente a

própolis brasileira.

Na própolis européia típica, a chamada “própolis vermelha”, os principais

compostos ativos são os flavonóides. Já está bem estabelecido que tal perfil

químico deve-se ao fato de que abelhas européias coletam a resina de própolis

preferencialmente de uma espécie específica de pinheiro, a Populus nigra

(Maciejewicz, 2001). Nos trópicos, onde essa planta é raramente cultivada, as

abelhas buscam outros vegetais como fonte de matéria prima.

1.6. Uso oftalmológico

Apesar de ter seu uso popular difundido, pouos estudos descrevem o

uso da própolis vermelha nas diferentes estruturas oculares (Ivanov et al.,

1973; Mozherenkov, 1981; Popescu et al., 1986; Hepsen et al., 1999; Oksuz et

al., 2005; Nakajima et al., 2007; Onlen et al., 2007).

Seu efeito anestésico e reparador, já descrito em outros órgãos, foram

também observados na córnea (Paintz, 1979; Ozturk et al., 1999; Ozturk et al.,

2000).

Além disso, foram constatados efeitos relevantes na prevenção de

neovascularização corneana (Hepsen et al., 1999) e catarata senil (Orhan et

al., 1999), bem como no tratamento de uveítes (Ozturk et al., 1999) e infecções

estafilocócicas (Oksuz et al., 2005).

A própolis vermelha também mostrou efeitos na redução de danos

funcionais causados por lesões palpebrais e conjuntivais e efeito anti-

inflamatório em lesões corneanas induzidas por álcalis (Popescu et al., 1985;

Ozturk et al., 1999).

28

1.7. Própolis verde

Dentre os diversos tipos de própolis produzidas no Brasil, a verde é a

mais utilizada e comercializada. Em sua forma típica ela é dura, friável e pode

ser facilmente transformada em pó quando liofilizada. Tem odor agradável e

cor variando de verde-amarelado a verde-escuro, o que lhe confere o nome.

Ela pode ser produzida por diversas espécies diferentes de abelhas, das

quais merece atenção especial as do gênero Scaptotrigona. Comumente

conhecidas como “Tubí”, as abelhas da espécie Scaptotrigona bipunctata

(Figura 3) são nativas do país, distribuem-se por toda a região neotropical e

são produtoras de grandes quantidades de própolis.

Essas abelhas não têm como característica o comportamento social de

formar colméias, mas constroem seus ninhos em troncos de árvores junto com

outras abelhas de mesma espécie e são, acompanhadas das demais espécies

de abelhas nativas, as maiores responsáveis pela polinização no país. O fato

de não possuírem ferrão facilita sua criação em cativeiro, permitindo a

produção de uma própolis de ótima qualidade e em grandes quantidades.

Figura 3. À esquerda, ninho de abelhas Tubí em tronco de árvore. À direita, vista frontal de uma Scaptotrigona bipunctata (imagens disponíveis, respectivamente, em http://www.naturephoto-cz.eu/pic/sevcik/preview-scaptotrigona-sp.--hnizdo-vcel.jpg e http://www.ib.usp.br/vinces/weblabs/abelhas/imagens/scaptotrigona%20vista%20frontal.jpg).

29

A própolis das abelhas Tubí possui, como principais fontes vegetais, a

Byrsonima sp., Acacia sp., Spermacoce latifolia, Spermacoce verticilata e

Acacia sp. e outros estudos têm demonstrado que as principais fontes vegetais

envolvidas na produção da própolis brasileira são a Araucaria heterophylla,

Clusia major, Clusia minor e espécies de Baccharis (Banskota et al., 1998).

Outras fontes menos frequentes seriam a Araucaria angustifolia, Eucalyptus

citriodora, Vernonia, Declenia, Hyptis, Myrcia, Schinus e Weinmania (Lopes et

al., 2003; Santos et al., 2003).

Dentre essas, merece destaque a Baccharis dracunculifolia, conhecida

no Brasil pelo nome “alecrim”. Análises de polens e estruturas de plantas

encontradas em amostras de própolis provenientes do cerrado brasileiro de

todo o país sugerem que as abelhas visitam e coletam resina de espécies

dessa planta (Bankova, 2000; Park, 2004).

A própolis proveniente do alecrim tem cor verde-escura e as abelhas

preferem coletar galhos e folhas jovens, contendo muita clorofila. As folhas

contêm pelos secretores, com óleos voláteis e aromáticos, de onde provem seu

aroma típico (Ferracini, 1995; Loayza, 1995).

Resultados com própolis verde em testes farmacológicos vêm

demonstrando atividade antimicrobiana (Bankova et al., 1995; Santos et al.,

2003; Orsi et al., 2005; Vural et al., 2007; da Silva Filho et al., 2008) e uma

gama variada de novos efeitos, como citotoxicidade (Banskota et al., 1998),

ativação e modulação do sistema imunológico (Murad et al., 2002; Lopes et al.,

2003; Orsi et al., 2005; Fischer et al., 2007) e antitumoral (Frenkel et al., 1993;

Messerli et al., 2008).

30

Um grande entusiasmo caracteriza os dias atuais no que se refere ao

uso da própolis para as mais diversas finalidades. A indústria de alimentos vem

utilizando extrato de própolis verde em solução glicólica como complemento

alimentar e sua associação com mel gradualmente vem substituindo o uso do

mel tradicional.

Seu uso popular é tão amplo quanto o da própolis européia e pode ser

encontrada em vários produtos fitoterápicos, como antigripais e expectorantes,

bem como na indústria de cosméticos, na composição de cremes dentais,

pomadas, sabonetes e xampus.

O interesse em quantificar os componentes da própolis brasileira levou

ao desenvolvimento de métodos de cromatografia líquida de alto desempenho

(HPLC) para a análise dos componentes fenólicos de extratos de própolis

verde e Baccharis dracunculifolia, permitindo a quantificação de 10

componentes fenólicos, o que representa um grande passo para a

padronização e o controle de qualidade dos extratos (de Sousa et al., 2007; de

Sousa et al., 2009).

1.8. Justificativa

As lesões corneanas são frequentes e respondem por grande parte dos

atendimentos oftalmológicos de urgência. Dados da Organização Mundial de

Saúde (OMS) enquadram as opacidades corneanas no rol das principais

causas de cegueira em todo o mundo (http://www.who.int/

mediacentre/factsheets/fs282/en).

As queimaduras por álcalis representam uma das formas mais sérias de

lesão e podem causar graves danos à superfície ocular e todo o segmento

31

anterior do olho, culminando com perda visual irreversível (Matsuda, 1973;

Matsuda, 1973; Ormerod et al., 1989; Wagoner, 1997). Poucos casos são

resolvidos com transplantes, mas mesmo nesse tipo de tratamento extremo as

taxas de rejeição atingem cerca de 90% (Yamada et al., 2003).

Múltiplas facetas interferem com o processo de regeneração desse tipo

de lesão, resultando na formação de cicatrizes opacas e erosões recorrentes.

Até o momento, muitas abordagens vêm sendo estudadas, com variáveis

níveis de sucesso, mas os resultados finais permanecem insatisfatórios

(Cejkova et al., 1989; Paterson et al., 1994; Pfister et al., 1997; Chang et al.,

1998).

A própolis verde, conhecida por seu poder regenerativo e anti-

inflamatório, pode contribuir para o tratamento das lesões corneanas,

especialmente as causadas por álcalis. O estudo de seus efeitos na córnea,

além de promover uma melhor compreensão de suas ações, abre

possibilidades para a futura identificação de novos princípios ativos.

Recentemente, a indústria oftalmológica passou a utilizar derivados de

extratos vegetais na composição de alguns colírios, como Higilcer®, Dinill® e

Visionom®, que contêm hidrolato de hamamelis e hidrolato de camomila. A

própria própolis já se faz presente em colírios aprovados para uso veterinário

(Queraprop® e Oftamel®).

Tal fato chama atenção para a possibilidade do uso de medicações

fitoterápicas tendo como base os próprios extratos, sem a necessidade do

isolamento de todos os seus componentes.

2. OBJETIVOS

33

O presente estudo tem por objetivos:

Verificar a validade do modelo experimental utilizado para o estudo da

regeneração corneana;

Comparar a regeneração corneana, após lesão química, entre animais

controles e tratados com colírio de extrato de própolis verde;

Comparar o processo inflamatório corneano e o padrão de migração

neutrofílica, após lesão química, entre animais controles e tratados com

colírio de extrato de própolis verde;

Quantificar e comparar, nos mesmos animais, a proliferação celular da

camada corneana epitelial basal.

3. MATERIAL E MÉTODOS

35

3.1. Desenho do estudo

Estudo experimental, realizado no Departamento de Patologia da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

(FMRP-USP). Foram utilizados ratos Wistar machos, pesando entre 200g e

250g. Os animais foram mantidos no biotério do Departamento de Patologia,

em ambiente climatizado, num total de quatro animais por caixa, com livre

acesso a água e ração. A pesquisa foi previamente aprovada pela Comissão

de Ética em Experimentação Animal (CETEA), conforme certificado em anexo

(anexo A).

3.2. Lesão

Os animais foram anestesiados com Ketamina, na dosagem de

0,1mL/100g, e Xilazina, 0,07mL/100g (Parke-Davis, EUA) injetados por via

intramuscular, na coxa direita, em uma única aplicação.

Após 15 minutos da anestesia, foi feita a avaliação clínica da sedação,

testando-se estímulos táteis e dolorosos. Constatada ausência de respostas,

os animais foram submetidos a exame oftalmológico na lâmpada de fenda,

para diagnóstico de lesões pré-existentes. Os ratos que tiveram qualquer tipo

de alteração corneana diagnosticada foram retirados do experimento.

Nos animais sem lesões, foi instilada uma gota de colírio anestésico

(Proximetacaína 1%, Laboratórios Alcon, Brasil), sobre a córnea direita, com a

finalidade de reforçar a analgesia ocular e evitar o fechamento das pálpebras

no momento da lesão.

Para a determinação do centro corneano, foi utilizado um compasso

cirúrgico oftalmológico (Incol Produtos Oftalmológicos, Brasil). O diâmetro da

36

córnea foi medido, de limbo a limbo, e a altura da corneana foi medida

utilizando-se a distância do limbo à projeção do ápice corneano, conforme

representado na Figura 4. A distância do limbo ao ponto corneano central foi

calculada pelo Teorema de Pitágoras, dada pelo resultado da raiz quadrada da

soma dos quadrados das medidas do raio e da altura corneana.

Figura 4. Determinação do ápice corneano para a centralização da lesão, levando-se em consideração as medidas da altura corneana e a metade da medida do diâmetro.

Depois de calculada a distância do limbo ao centro da córnea, o

compasso cirúrgico foi ajustado com tal medida. A ponta de uma das hastes do

compasso foi corada com azul de metileno líquido (ADV Laboratórios Ltda.),

enquanto a outra extremidade foi posicionada sobre o limbo. Utilizando o azul

de metileno, foi feita uma pequena marca sobre o ponto central da córnea. A

confirmação pôde ser feita checando-se a distância do centro corneano ao

limbo nas regiões temporal, superior, nasal e inferior.

37

Em seguida, foi colocado sobre a córnea um instrumento especialmente

desenvolvido para o experimento, constituído de uma haste metálica com um

aro de teflon em uma das extremidades. O aro possuía abertura de 5mm de

diâmetro em sua parte central, mesma medida do diâmetro da ponta dos

bastões utilizados na lesão (Figura 5).

Com a marca de azul de metileno colocada no centro da circunferência

do aro, o instrumento, além de auxiliar na centralização e padronização da

lesão, também contribuiu para estabilizar os olhos dos animais no momento do

procedimento.

Para se realizar a queimadura química na córnea, foram utilizados

bastões constituídos de uma haste plástica e uma ponta contendo 75% de

nitrato de prata e 25% de nitrato de potássio (Graham-Field Inc, Hauppauge,

NY). Os bastões foram utilizados apenas uma vez e descartados em seguida.

A Figura 5 ilustra o descrito.

Figura 5. A. Fotografia mostrando um bastão utilizado para a lesão, com haste plástica amarelada e ponta acinzentada, dentro do aro de teflon, de coloração azul-clara, situado na ponta de uma haste metálica. B. Aro de teflon colocado sobre a córnea e bastão passando pelo orifício do aro, no momento da lesão.

A B

38

A ponta dos bastões foi mantida em contato com a região central da

córnea direita de cada animal por dois segundos, produzindo uma lesão de

1mm de diâmetro e atingindo, na profundidade, a camada epitelial e o estroma

corneano superficial.

Após 10 segundos, a região foi lavada com 10mL de solução salina. Em

seguida, foi instilada uma gota de colírio de fluoresceína e os animais, ainda

sob efeito da anestesia, foram fotografados, devolvidos às suas caixas e

levados ao biotério do Departamento de Patologia, onde permaneceram em

ambiente climatizado e com livre acesso a água e alimento.

3.3. Colírios

O colírio de própolis foi preparado na Faculdade de Ciências

Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, através da solubilização de extrato

seco de própolis verde a 1,0%, na forma de microemulsão, com partículas de

30nm em uma mistura composta por polietilenoglicol-6-caprilato/caprato,

poligliceril-6-dioleato, glicerídeos caprilato/caprato (10,0%) (Mackaderm

MicroExpress – McIntyre, EUA), cloreto de benzalcônio (0,01%) e água

destilada deionizada 100% por sistema MilliQ (Millipore, EUA).

A amostra de própolis verde utilizada foi obtida no Laboratório de

Biologia e Genética de Abelhas do Departamento de Genética da Faculdade de

Medicina da USP de Ribeirão Preto. Proveniente de uma região de cerrado em

Barra do Corda, no estado do Maranhão, a amostra foi obtida através da coleta

da própolis produzida pelas abelhas Tubí.

O colírio controle continha apenas o veículo utilizado no colírio de

própolis e foi obtido pela mistura de polietilenoglicol-6-caprilato/caprato,

39

poligliceril-6-dioleato, glicerídeos caprilato/ caprato (10,0%) (Mackaderm

MicroExpress – McIntyre, EUA), cloreto de benzalcônio (0,01%) e água

destilada deionizada 100%, por sistema MilliQ .

Após a preparação, ambos os colírios possuíam pH de 6,35 e eram

soluções hidrofílicas, dado o diâmetro das partículas emulsionadas. Eles foram

filtrados por membrana filtrante de 0,22µm (Millipore, EUA) e, posteriormente,

acondicionados em frascos de colírios de polietileno. A manipulação foi

realizada em ambiente estéril, em câmara de fluxo laminar, previamente

irradiado por luz ultravioleta (MiniFlow – Marconi, EUA) e todo o material

utilizado foi previamente autoclavado a 121ºC, por 15 minutos.

3.4. Grupos

Para a medida da regeneração da lesão, 32 animais foram divididos em

dois grupos: grupo controle, com 16 animais, tratado com colírio contendo

apenas veículo (VH); e grupo tratado, com o mesmo número de animais, no

qual foi usado colírio de própolis verde (PV). Houve morte de apenas um

animal, no grupo VH, entre os tempos de 24 e 48 horas (Tabela 1).

Tabela 1: Número de animais utilizados para a medida da área nos grupos VH (tratados com colírio de veículo) e PV (tratados com colírio de própolis verde), nos tempos estudados.

TEMPOS VH PV

0h 16 16

12h 16 16

24h 16 16

48h 15 16

120h 15 16

40

Para a análise da inflamação, 83 animais foram divididos em dois

grupos, VH e PV. Cada um dos grupos foi dividido em cinco subgrupos,

definidos segundo o tempo decorrido desde o momento da lesão. Os animais

foram mortos com 12 horas, 24 horas, 48 horas e 5 dias (120 horas). Houve

morte de quatro animais. Os números iniciais e finais de animais em cada

subgrupo são mostrados na Tabela 2.

Tabela 2: Número de animais utilizados para a contagem neutrofílica nos grupos VH (tratados com colírio de veículo) e PV (tratados com colírio de própolis verde) e seus subgrupos, nos tempos estudados. Entre parêntesis, número final de animais utilizados, nos subgrupos em que houve mortes.

Tanto nos animais utilizados para a análise da regeneração, quanto

naqueles usados para a realização da contagem neutrofílica, foram instiladas

gotas de colírio de 6/6 horas. Os grupos PV receberam colírio preparado com

extrato de própolis, administradas com auxílio dos frascos de colírios estéreis,

com volume total de 4mL e média de 43µL por gota.

O grupo controle recebeu gotas de colírio contendo o mesmo veículo, de

mesmas características físico-químicas dos colírios de extrato de própolis

verde, porém sem a presença do extrato.

Para a instilação dos colírios, os ratos foram individualmente retirados de

suas caixas e imobilizados. Nesse momento, uma gota foi pingada diretamente

TEMPOS VH PV

12h 10 (9) 10 (9)

24h 11 11

48h 11 10 (9)

120h 10 10 (9)

41

sobre a córnea direita de cada animal. Após permanecerem imobilizados por 5

segundos, para garantir o contato da medicação com a superfície corneana, os

ratos foram colocados, um a um, em uma nova caixa, a fim de se evitar a

instilação de mais de uma gota num mesmo animal.

3.5. Fotografias

Para a avaliação da regeneração corneana, os animais foram levados a

exame em lâmpada de fenda (Zeiss, modelo 2114), com máquina fotográfica

digital acoplada (Sony, Cybershot 5.1 Mpixels) por meio de um adaptador

óptico (D.F. Vasconcelos). No dia programado para a morte, os animais, após

anestesia, foram posicionados lateralmente em um suporte adaptado à

lâmpada de fenda.

O suporte, constituído de uma base acrílica e de um fixador auricular

bilateral não-traumático, foi especialmente desenhado e construído para a

fixação dos animais na lâmpada de fenda. Seu uso foi fundamental para a

padronização das fotografias, já que permitiu manter constante a distância e a

altura dos olhos lesados em relação à lâmpada de fenda (Figura 6).

Figura 6. A. Lâmpada de fenda, conectada a máquina fotográfica digital através de sistema óptico. B. Animal anestesiado, posicionado sobre o suporte acrílico (transparente), imobilizado através do fixador auricular (dourado).

A B

42

Para a demarcação da área de córnea lesada, foi instilada uma gota de

colírio de fluoresceína e, em sequência, uma gota de soro fisiológico para se

retirar o excesso. A fluoresceína, que funciona como um corante de áreas

desepitelizadas, permitiu a identificação dos limites da lesão, evidenciando a

perda epitelial. Seu uso também foi importante para diferenciar os limites das

regiões desepitelizadas daqueles demarcados por depósitos de nitrato de

prata, presente nos bastões utilizados na lesão.

Sob a pálpebra inferior, foi colado um papel adesivo milimetrado, de

10mm, indicando o número do animal, seu grupo e o tempo decorrido desde a

lesão. Em seguida, a córnea foi fotografada (Figura 7).

Figura 7. A. Fotografia em aumento de 10 vezes da lâmpada de fenda, mostrando uma córnea com 24 horas de lesão. A área desepitelizada encontra-se evidenciada pelo colírio de fluoresceína e o papel milimetrado identifica o grupo, o tempo e o número do animal. B. Mesma córnea, fotografada com aumento de 16 vezes.

Foram tiradas duas fotografias de cada animal, ambas utilizando luz azul

com filtro de cobalto, nos aumentos de 10 e 16 vezes, tomando-se o cuidado

de manter o alinhamento da luz da lâmpada de fenda com a região corneana

central. O alinhamento foi garantido com o auxílio de uma pinça oftalmológica,

A B

43

impedindo a rotação do olho. A marcação milimétrica dos adesivos foi utilizada

como parâmetro de referência na análise digital da medida das lesões.

3.6. Medida da área lesada

As fotografias foram armazenadas em um cartão de memória digital,

acoplado à máquina fotográfica, e levadas para análise em um computador,

com auxílio de um programa específico para execução de medidas digitais

(Image J - 1,33u, NIH, EUA). Foram utilizadas preferencialmente as fotografias

com maior aumento, que permitiram uma melhor delimitação da área lesada,

impregnada pelo corante.

Para se fazer as medidas, foi estabelecida, no programa, uma escala de

conversão, passando as informações das imagens digitais de pixels para

milímetros. Neste estudo, utilizamos fotografias de 3 Mpixels.

Para se ajustar a escala, foi definida uma distância conhecida no

adesivo milimetrado e, em seguida, feita sua medida em pixels. Uma vez feita a

conversão de pixels para milímetros, os mesmos passos foram repetidos em

cada uma das fotos analisadas.

O programa permitiu o ajuste dos contornos para a delimitação das

bordas lesadas. Finalizada essa tarefa, a área foi automaticamente calculada e

as informações, em milímetros quadrados, armazenadas em um banco de

dados para análise posterior.

44

Figura 8. A. Fotografia do mesmo animal da figura 6, com área lesada marcada pelo corante de fluoresceína e distância conhecida ajustada, através do adesivo milimetrado. B. Área lesada, no mesmo animal, com contornos delimitados (aumento de 16x em ambas as fotos).

3.7. Preparação histológica

No dia programado para a coleta das córneas, os animais foram

anestesiados e levados novamente ao exame na lâmpada de fenda. Após

serem fotografados, ainda sob efeito da anestesia, os animais foram mortos

utilizando-se uma câmara de gás carbônico, localizada no biotério do

Departamento de Patologia. Depois de constatada a morte, foi feita a retirada

dos globos oculares, no centro cirúrgico do mesmo biotério.

Toda a conjuntiva bulbar do globo ocular direito foi inicialmente

dissecada, garantindo acesso ao espaço periorbitário. A dissecção se estendeu

aos músculos oculares e ao espaço retro-orbitário, expondo a esclera até a

identificação do nervo óptico, seu isolamento e secção. Foram preservadas

uma parte da conjuntiva bulbar temporal e do músculo reto lateral, no intuito de

fornecer reparo anatômico para a identificação da região limbar, além de

suporte para a manipulação dos globos no momento da preparação histológica.

A B

45

Imediatamente após a retirada do globo, foi feita uma incisão

longitudinal, com lâmina de bisturi número 11, na região escleral posterior,

próxima ao nervo óptico, com a finalidade de permitir a passagem do fixador

(formalina tamponada 10%) para a região intraocular.

Os olhos foram então colocados em frascos identificados, contendo

fixador, onde permaneceram por um período de 48 horas. Passado esse

tempo, foram levados ao centro cirúrgico do laboratório para serem cortados e

processados.

Com auxílio de lâmina de bisturi número 11, a córnea foi dividida em

metades simétricas. A incisão corneana foi prolongada, com auxílio de tesoura

cirúrgica delicada, até a região escleral, dividindo todo o globo em duas partes

semelhantes. O cristalino foi então retirado e os dois fragmentos resultantes

foram imediatamente imersos em etanol 70%.

As amostras passaram então por desidratação progressiva, em banhos

com concentrações crescentes de etanol. Foi feita diafanização e preparação

de blocos de parafina, segundo técnica clássica. As metades dos globos foram

posicionadas nos blocos de parafina, com a face corneana previamente

cortada voltada para baixo.

A partir dos blocos foram feitos cortes seriados, utilizando-se um

micrótomo manual, com montagem de um a cada três cortes (American Optical

820). A espessura dos cortes foi de 5µm e os mesmos foram montados sobre

lâminas de histologia e corados com Hematoxilina e Eosina (HE), segundo

técnica clássica.

À microscopia óptica, a lesão pôde ser identificada com o aumento de

100 vezes, através da observação da região de perda epitelial e estromal. O

46

aumento de 400 vezes permitiu a identificação e contagem dos neutrófilos. Foi

realizada a contagem manual de 4 a 6 cortes por animal.

A área da lesão foi dividida em 5 campos microscópicos. Foram

contados os campos central e periféricos, estes últimos coincidentes com a

borda da lesão. Os campos intermediários foram descartados. Os dados de

contagem neutrofílica foram analisados levando-se em consideração a

contagem no campo central (�centro�), a média dos dois campos periféricos

(�bordas�) e a soma dos três campos (�neutrófilos totais�). Na comparação

entre os grupos de mesmo tempo de evolução, a análise foi feita utilizando-se

as médias dos grupos.

Para o estudo da migração neutrofílica, utilizou-se a análise da

proporção dos valores médios da região central em relação àqueles obtidos da

média das bordas (�centro/bordas�) e em relação à média do número total de

neutrófilos (�centro/total�).

Figura 9. Fotomicrografia de uma córnea com 12 horas de lesão, em um animal do grupo PV (tratado com colírio de própolis), mostrando a lesão central acastanhada, com perda do epitélio e de parte do estroma superficial adjacente. As circunferências representam, esquematicamente, os campos histológicos. Dos cinco campos representados, a contagem foi feita no central e nos das extremidades, mostrados em azul-escuro. Os campos intermediários, em azul-claro, foram desprezados. (HE 100x).

47

3.8. Imunohistoquímica

Para a quantificação histológica da regeneração tecidual, foi feita

preparação imunohistoquímica para a identificação da proteína KI-67. Tal

proteína está presente nas fases celulares relacionadas ao processo de

multiplicação celular e, principalmente, nas células em mitose. Sua ausência

nas células em estado de repouso, permite diferenciá-las daquelas que

encontram-se em processo de proliferação.

Utilizando-se os mesmos blocos de parafina, as lâminas foram cortadas,

conforme previamente descrito, e incubadas em uma estufa a 60°C, por 1 hora.

A seguir, passaram por um processo de hidratação e retirada da parafina,

permanecendo 10 minutos em xilol aquecido e 20 minutos em xilol a

temperatura ambiente. Seguiram-se dois banhos com álcool 100%, um com

álcool 95%, um com álcool 80% e um com álcool 70%. Foram, então, lavadas

com água corrente e, finalmente, com água destilada. A partir desse momento

foram mantidas úmidas.

A recuperação antigênica foi feita com desnaturação em calor úmido,

mediante incubação dos cortes em solução tampão (citrato, pH 6,0) e aquecida

(Taça de Coplin), adequada para o anticorpo usado. Foi feito banho sorológico

por 40 minutos, mantendo-se temperatura regular, entre 96 e 98 graus Celsius.

Após, a solução permaneceu 20 minutos em temperatura ambiente.

A fase de bloqueio da peroxidase endógena foi feita colocando-se as

lâminas em uma bandeja e lavando-as com PBS (Phosphate Buffered Salin)

por 3min. Os cortes foram então incubados com peróxido de hidrogênio a 3%,

por 10min e à temperatura ambiente, e lavados duas vezes com PBS por 3min

e duas vezes com TBST (Tris-Buffered Saline Tween-20), por 3min.

48

Para o bloqueio dos anticorpos inespecíficos foi preparada uma solução

de leite desnatado a 3% (Molico, Nestlé) com Tris-HCl (trometamina, pH 7,6) e

Tween 0,05% (Sigma, EUA). Foi feita uma diluição de 1:50 com soro normal

de cavalo. O período de incubação foi de 10min, em temperatura ambiente.

A ligação do anticorpo específico foi feita pingando-se o anticorpo

primário já diluído, na proporção de 1:200. Foi utilizado anticorpo KI-67 (clone

MM1, Novocastra, Newcastle Upon Tyne, Reino Unido). A incubação durou 2

horas e foi feita em temperatura ambiente. Após, as lâminas foram lavadas

com TBST, por 4min, três vezes consecutivas.

A ligação do anticorpo secundário (NovoLink, Novocastra, Newcastle

Upon Tyne, Reino Unido) foi realizada 30min após. O período de incubação foi

de 30min, em temperatura ambiente, e as lâminas foram lavadas com TBST

por 4min, três vezes consecutivas.

Secas, as lâminas foram contracoradas com HE e levadas a microscópio

óptico. No aumento de 400 vezes, foi feita a contagem manual do número total

de células na camada corneana epitelial basal, em cinco campos adjacentes.

Segui-se a contagem, nos mesmos campos, do número de núcleos marcados

pela coloração (Figura 10).

49

Figura 10. Fotomicrografia de lâmina de imunohistoquímica para identificação de KI-67, em animal do grupo VH 12h (tratado com colírio de veículo por 12 horas). As setas indicam as células marcadas.

A análise da expressão de KI-67 foi realizada no mesmo número de

animais utilizados para a contagem neutrofílica (Tabela 2), através da relação

entre o número de células marcadas e o número total de células presentes na

camada basal. Por fim, foi obtido o índice de positividade, através do cálculo do

número de células marcadas em relação ao total de 1000 células

aleatoriamente selecionadas, pela fórmula descrita abaixo:

IP = Número de células positivas x 100

1.000 células aleatórias

50

3.9. Análise estatística

Os dados foram organizados em tabelas e gráficos, utilizando-se

ferramentas convencionais de estatística descritiva, através de média ± erro

padrão. A análise comparativa dos resultados foi realizada com teste U Mann-

Whitney, através do programa GraphPad Prism 5.0 (GraphPad software Inc.,

2007), sendo considerada evidência de significância com P menor que 0,05.

4. RESULTADOS

52

4.1. Demonstração do modelo

As fotografias propiciaram uma análise precisa da área da lesão.

Nas córneas lesadas houve deposição de nitrato de prata, proveniente dos

bastões utilizados. Tais depósitos apresentavam coloração acinzentada e

brilho metálico, ficando mais evidentes nas primeiras 12 horas, quando

ocupavam toda a área de perda epitelial. Com o passar do tempo,

passaram a uma coloração mais fosca e enegrecida e, com 24 horas,

deixaram de ser coincidentes com os limites da área lesada, concentrando-

se em algumas regiões isoladas da lesão.

As fotografias abaixo exemplificam as lesões encontradas nos

diversos tempos estudados.

Figura 11. Fotografias de lesões corneanas nos diversos tempos estudados, em diferentes animais. A. Fotografia tirada imediatamente após a lesão. B. Lesão após 12 horas. C. Após 24 horas. D. Após 48 horas.

A B

C D

53

4.2. Análise da área de lesão

Observou-se que os animais tratados (grupo PV) apresentaram uma

diminuição mais acelerada da área desepitelizada, medida em mm², que

aqueles do grupo VH (Figura 12).

Figura 12. Fotografias das lesões corneanas nos diversos tempos do estudo, comparando o grupo controle, tratado com colírio de veículo (VH, fotos da coluna da esquerda) com o tratado com colírio de própolis verde (PV, coluna da direita). A e B. Fotos tiradas imediatamente após a lesão. C e D. 12 horas após a lesão. E e F. 24 horas após a lesão. G e H. 48 horas após a lesão.A média das medidas de área lesada foi semelhante entre os dois grupos no tempo zero, com fotos tiradas imediatamente após a realização da lesão (0,0389 ± 0,0017 e 0,0342 ± 0,0014, nos grupos VH e PV, respectivamente).

F E

C

A B

C D

FE

HG

54

Após 12 horas, houve diferença estatisticamente significativa entre os

grupos (0,0291 ± 0,0012 e 0,0160 ± 0,0030, para VH e PV, respectivamente).

No tempo de 24 horas, as diferenças observadas entre os grupos foram ainda

maiores (0,0163 ± 0,0021 no grupo VH e 0,0076 ± 0,0022 no grupo PV).

Depois de 48 horas de lesão, ainda foram observadas diferenças

significativas entre os dois grupos (0,0075 ± 0,0009 e 0,0031 ± 0,0007, para os

grupos VH e PV, respectivamente) e, no tempo de 120 horas, o epitélio se

apresentou refeito, com ausência de lesões em ambos os grupos. A Tabela 3

mostra as médias das medidas de área (em mm²), o erro padrão e a

significância estatística da comparação entre os grupos e o Gráfico 1 traz a

representação em barras de tais valores. Não são apresentados os resultados

após 120h de lesão, já que os animais de ambos os grupos apresentaram

cicatrização completa do epitélio.

Tabela 3. Distribuição das médias das medidas de área (em mm² ± erro padrão), nos diversos tempos, nos os dois grupos estudados.

TEMPOS VH PV P

0h 0,0389 ± 0,0017 0,0341 ± 0,0014 0,1978

12h 0,0291 ± 0,0012 0,0160 ± 0,0030 0,0032

24h 0,0163 ± 0,0021 0,0076 ± 0,0022 0,0007

48h 0,0075 ± 0,0009 0,0031 ± 0,0007 0,0019

120h 0,00 0,00 -------

55

VH 0h PV 0h VH 12h PV 12 h VH 24h PV 24h VH 48h PV 48h0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

Grupos

Áre

as (m

m2 )

0 12 24 48 1200

20

40

60

80

100

120VHPV

Tempo (h)

Áre

a (%

)

Gráfico 1. Distribuição da área média da lesão de córnea nos grupos VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), em todos os tempos estudados, com exceção de 120h.

O Gráfico 2 representa a redução, em porcentagem, da área lesada,

para ambos os grupos.

Gráfico 2. Redução da área lesada em relação à área inicial, expressa em porcentagem, para o grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde).

56

4.3. Análise histológica da lesão

4.3.1. Análise qualitativa da lesão

Na região lesada, observou-se perda do epitélio corneal e do estroma

superficial. O exame das lâminas em microscópio óptico permitiu a

identificação da área de lesão e de seus limites. A impregnação de parte do

nitrato de prata proveniente dos bastões tornou ainda mais evidente o local

lesado.

Nas adjacências da lesão, bem como no estroma sob a área lesada,

houve acúmulo de grande quantidade de células, percebidas no aumento de

100 vezes. A identificação das mesmas, feita com mais facilidade no aumento

de 400 vezes, permitiu constatar a presença predominantemente de neutrófilos,

mas também de outras células, como macrófagos e linfócitos. Contudo, foi

observado predomínio de neutrófilos.

No tempo de 12 horas pôde ser constatada a perda da camada epitelial

e de parte do estroma superficial, com necrose local e deposição de prata

originária dos bastões na região lesada. Foi notada desorganização do arranjo

das lamelas colágenas estromais, acúmulo de células inflamatórias,

especialmente nas bordas lesadas, e grande edema estromal.

Após 24 horas de lesão, foi notada redução do edema estromal e

diminuição do depósito de prata. As lamelas estromais apresentaram-se mais

organizadas e as células inflamatórias passaram a se acumular

preferencialmente no centro da lesão.

O tempo de 48 horas mostrou achados semelhantes ao de 24h, com

celularidade preferencialmente central. Contudo, houve grande redução da

57

área epitelial e do estroma superficial lesados, associados com diminuição do

edema e reorganização do padrão de lamelas do estroma.

No tempo de 120h, foi observada epitelização completa da lesão, com

ausência de edema e retomada do padrão estromal em praticamente todas as

lâminas. As células inflamatórias, em menor quantidade que nos outros

tempos, passaram a se distribuir igualmente nas regiões correspondentes ao

centro e bordas anteriormente lesados.

Figura 13. Microfotografia de um corte histológico da córnea de um animal do grupo VH (tratado com colírio de veículo), com 12h de lesão. Observar área de necrose superficial no centro da lesão, com ausência de epitélio, infiltrado inflamatório e material escurecido nas camadas mais superficiais, compatível com impregnação pela prata. HE – 100x.

Figura 14. Microfotografia do mesmo corte histológico, mostrando em detalhe a presença de edema, debris celulares, desorganização da distribuição das lamelas colágenas estromais e moderada quantidade de neutrófilos. HE- 400x.

58

4.3.2. Contagem neutrofílica

A contagem do número total de neutrófilos nas lâminas coradas com HE

não mostrou diferença significante entre os grupos VH e PV no tempo de 12

horas (150,44 ± 8,98 e 150,33 ± 10,82, para VH e PV, respectivamente).

No tempo de 24 horas, foi observada diferença estatisticamente

significativa na comparação do número de neutrófilos entre os grupos VH e PV

(448,55 ± 21,71 no grupo VH e 354,73 ± 9,66 no grupo PV). A significância

estatística também foi notada na comparação das contagens entre os grupos

no tempo de 48 horas (408,00 ± 16,47 e 326,70 ± 13,29, para VH e PV,

respectivamente). Deve-se ressaltar que as maiores diferenças entre as

contagens dos dois grupos foram observadas no tempo de 24 horas.

No tempo de 120 horas, as contagens neutrofílicas voltaram a não

apresentar diferenças significativas entre os grupos (82,18 ± 19,99 e 56,91 ±

9,95, para os grupos VH e PV, respectivamente). Os resultados são mostrados

na Tabela 4.

Tabela 4. Distribuição das médias da contagem do número total de neutrófilos (número de células por córnea) nos diversos tempos do estudo, no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde).

TEMPOS VH PV P

12h 150,44 ± 8,98

150,33 ± 10,82

1,0000

24h 448,55 ± 21,71 354,73 ± 9,66 0,0006

48h 408,00 ± 16,47 326,70 ± 13,29 0,0014

120h 82,18 ± 19,99 56,91 ± 9,95 0,3752

59

12h 12h 24h 24h 48h 48h 120h 120h0

100

200

300

400

500VH

PV

Tempo (h)

Núm

ero

de N

eutr

ófilo

s

O Gráfico 3 traz a representação em barras da contagem neutrofílica

dos grupos VH e PV, em cada um dos tempos estudados. O Gráfico 4 mostra a

representação linear desses valores.

Gráfico 3. Distribuição da média da contagem do número total de neutrófilos nos tempos estudados, em gráfico de barras, para o grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde).

Gráfico 4. Distribuição da média da contagem do número total de neutrófilos nos tempos estudados, em curva linear, para o grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde).

12 24 48 1200

200

400

600VHPV

Tempo (h)

Núm

ero

de N

eutr

ófilo

s

60

0 12 24 48 1200

20

40

60

80

100

0

100

200

300

400

500

Área VH (%)Área PV (%)

Neutr. totais VH

Neutr. totais PV

Tempo (h)

Porc

enta

gem

N° de neutrófilos

O Gráfico 5 correlaciona a área de regeneração, em porcentagem, com

o número total de neutrófilos, em valores absolutos, para ambos os grupos.

Gráfico 5. Correlação entre o percentual de área regenerada e o número total de neutrófilos, em valores absolutos, para o grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), nos tempos estudados.

4.4. Migração neutrofílica

A análise da migração dos neutrófilos foi feita através de dois

parâmetros. O primeiro foi o cálculo da proporção entre o número de neutrófilos

presentes no centro da lesão e o número total de neutrófilos nos três campos

analisados. Tal relação foi denominada “centro/total” e serviu como medida

indireta da inflamação no centro da lesão e da velocidade de migração dessas

células, já que é sabido que os neutrófilos migram da região do limbo corneano

até a área lesada.

Abaixo, a Tabela 5 apresenta a relação centro/total. Na comparação

entre os grupos VH e PV, não se observou diferença estatisticamente

61

12 24 48 1200.2

0.3

0.4

0.5

0.6VHPV

Tempo (h)

Con

tage

m C

entr

o/To

tal

significativa em nenhum dos tempos estudados. O Gráfico 6 traz a

representação da relação em ambos os grupos, com a comparação entre eles.

Tabela 5: Relação centro/total no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), em todos os tempos estudados.

Gráfico 6. Proporção centro/total das médias das contagens neutrofílicas, no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde).

O segundo parâmetro foi dado pela proporção entre a contagem

neutrofílica no centro da lesão e a média da contagem nas bordas lesadas. Ele

foi denominado “centro/bordas” e também serviu como medida indireta da

TEMPOS VH PV P

12h 0,23 ± 0,0120

0,26 ± 0,0078

0,0939

24h 0,36 ± 0,0043 0,39 ± 0,0163 0,1150

48h 0,36 ± 0,0045 0,41 ± 0,0219 0,1286

120h 0,48 ± 0,0247 0,47 ± 0,0352 0,3578

62

12 24 48 1200

50

100

150

200VH CentroVH Bordas

Tempo (h)

Núm

ero

de N

eutr

ófilo

s

12 24 48 1200

50

100

150

200PV CentroPV Bordas

Tempo (h)

Núm

ero

de N

eutr

ófilo

s

velocidade de migração dos neutrófilos envolvidos no processo inflamatório, já

que correlaciona a quantidade de células que atingiu o centro com aquela

presente na periferia da lesão.

Os Gráficos 7 e 8 apresentam as contagens neutrofílicas no centro e a

média das contagens nas bordas, nos grupos VH e PV, respectivamente.

Gráfico 7. Contagem do número de neutrófilos no centro e média das contagens nas bordas da lesão, em todos os tempos do experimento, para o grupo VH (tratado com colírio de veículo).

Gráfico 8. Contagem do número de neutrófilos no centro e média das contagens nas bordas da lesão, em todos os tempos do experimento, para o grupo PV (tratado com colírio de própolis).

63

12 24 48 1200

1

2

3VHPV

Tempo (h)

Prop

orçã

o C

entr

o/B

orda

s

Na comparação da proporção centro/bordas entre VH e PV, não se

observou diferença significativa em nenhum dos tempos estudados. A Tabela 6

e o Gráfico 9 mostram esses resultados.

Tabela 6. Proporção centro/bordas no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), em todos os tempos estudados.

TEMPOS VH PV P

12h 0,73 ± 0,0407 0,73 ± 0,0295 0,4363

24h 1,15 ± 0,0217 1,32 ± 0,1038 0,1150

48h 1,15 ± 0,0224 1,43 ± 0,1494 0,1286

120h 2,02 ± 0,224 2,03 ± 0,3596 0,3578

Gráfico 9. Curva linear da relação centro/bordas no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), em todos os tempos do estudo.

4.5. Imunohistoquímica (KI-67)

Os ensaios imunohistoquímicos evidenciaram uma adequada marcação

de células epiteliais, primordialmente nas duas primeiras fileiras da camada

64

basal. A intensidade de coloração variou pouco nos diversos cortes histológicos

e, para a realização da contagem, optou-se por considerar as células epiteliais

francamente marcadas, apenas na primeira fileira da camada basal.

Após a contagem, a determinação do índice de positividade (IP) de cada

grupo se deu pelo cálculo da média da contagem celular de todos os cortes

estudados, em todos os animais do respectivo grupo. No tempo de 12 horas foi

observada a maior diferença de todos os tempos estudados (P<0,0001), com

valores de IP consideravelmente maiores no grupo PV (46,66 ± 0,02 no grupo

VH e 63,72 ± 0,02 para o grupo PV). O tempo de 24 horas também mostrou

diferença significativa entre os dois grupos (64,24 ± 0,02 e 74,15 ± 0,02, para

os grupos VH e PV, respectivamente), porém menor que o tempo anterior. O

tempo de 48 horas apresentou valores semelhantes entre os grupos, sem

diferenças estatisticamente significantes (61,74 ± 0,01 e 58,05 ± 0,02, para os

grupos VH e PV, respectivamente) (Tabela 7 e Gráfico 10).

Tabela 7. IP de células marcadas na camada basal da córnea pela coloração com KI-67, no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), nos três tempos estudados.

TEMPOS VH PV P

12h 46,66 ± 0,0150 63,72 ± 0,0199 <0,0001

24h 64,24 ± 0,0186 74,15 ± 0,0195 0,0067

48h 61,74 ± 0,0130 58,05 ± 0,0209 0,1412

65

Gráfico 10. Índice de positividade da marcação com KI-67 no grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), nos tempos estudados.

VH 12h PV 12h VH 24h PV 24h VH 48h PV 48h0.2

0.4

0.6

0.8VHPV

Grupos

Cél

ulas

mar

cada

s/To

tal

4.6. Compilação dos resultados

A Tabela 8 traz, em conjunto, os resultados do experimento

apresentados acima.

Tabela 8. Compilação das medidas de área, contagem total de neutrófilos, relação centro/total, relação centro/bordas e IP para o grupo VH (tratado com colírio de veículo) e PV (tratado com colírio de própolis verde), nos tempos estudados (*: P<0,05).

Grupos Área Total de Neutófilos

Neutófilos Centro/Total

Neutrófilos Centro/Borda Imuno

VH 0h 0,03894 -------------- ------------------ ------------------- --------------

PV 0h 0,03419 -------------- ------------------ ------------------- --------------

VH 12h 0,02919* 150,44 0,2393 0,7325 46,66*

PV 12h 0,01606* 150,33 0,2693 0,7396 63,72*

VH 24h 0,01638* 448,55* 0,3651 1,152 64,24*

PV 24h 0,00762* 354,73* 0,3927 1,321 74,15*

VH 48h 0,00753* 408,00* 0,3659 1,1565 61,74

PV 48h 0,00318* 326,70* 0,4108 1,439 58,05

VH 120h 0,00 82,18 0,4896 2,026 --------------

PV 120h 0,00 56,91 0,4728 2,030 --------------

5. DISCUSSÃO

67

5.1. Introdução

As lesões de córnea são frequentes e, pela própria anatomia do órgão,

estão entre as afecções oftalmológicas mais corriqueiras. A compreensão e o

tratamento de tais lesões e dos mecanismos que as acompanham são

fundamentais para a manutenção de uma boa saúde ocular e muitos esforços

vêm sendo feitos para o desenvolvimento de novas opções terapêuticas.

Este é o primeiro estudo da ação corneana da própolis verde. Sabe-se

que ela possui mais de duzentas substâncias diferentes em sua composição,

incluindo ácidos benzóicos, flavonóides e derivados do ácido cinâmico

(Bankova et al., 1995; Marcucci, 1995; Velikova et al., 2000; Orsi et al., 2005;

Salatino et al., 2005; Shimazawa et al., 2005; Nakajima et al., 2007; Barros et

al., 2008; de Sousa et al., 2009).

Enquanto a própolis vermelha tem a maioria de suas substâncias na

forma lipofílica, a própolis verde é rica em substâncias hidrofílicas, o que nos

levou a optar pela formulação de um extrato utilizando água destilada como

diluente, ao invés de etanol (Matsui et al., 2004; Shimazawa et al., 2005;

Nakajima et al., 2007).

O etanol é tóxico para as células epiteliais da córnea e o uso de extratos

alcoólicos poderia alterar a regeneração da área corneana lesada pelos

bastões de nitrato de prata (Marshall et al., 1981; Bolkova, 1983; Grutters et al.,

2002; Kim et al., 2002).

Os extratos aquosos, obtidos a partir da própolis verde, possuem ações

antioxidativas e inibitórias sobre certas enzimas, superiores àquelas

conseguidas com etanol. Eles são ricos em terpenóides e derivados dos ácidos

cumárico, cafeoilquínico e cinâmico e é provável que seus constituintes

68

apresentem efeitos sinérgicos (Miyataka et al., 1997; Miyataka et al., 1998;

Matsui et al., 2004; Nakajima et al., 2007).

A titulação utilizada, de 1%, é a de uso mais frequente nos estudos

envolvendo extratos vegetais. É sabido que a própolis vermelha causa dano às

células epiteliais corneanas de ratos quando em concentrações a partir de

7,81mg/mL (Vural et al., 2007). Assim, apesar de não haver estudos

específicos sobre a toxicidade corneal da própolis verde, a concentração de

0,01mg/mL, equivalente à titulação de 1%, é dotada de uma ampla margem de

segurança em relação às concentrações tóxicas observadas para a própolis

vermelha.

Acredita-se que as características da própolis verde e suas diferenças

em relação à vermelha provêm da variedade da flora brasileira e de suas

particularidades em relação à européia. Não se sabe exatamente quais as

plantas utilizadas na produção da própolis, inclusive na utilizada no

experimento, mas é provável que as abelhas Tubí coletem amostras de

diversas plantas, já que têm a característica de passarem a maior parte da vida

envolvidas com as atividades de polinização e produção de mel e própolis.

Não existem dados comparando os diversos tipos de própolis verde

existentes no país, já que poucas amostras tiveram suas substâncias

identificadas. As mais pesquisadas, provenientes de regiões do cerrado do

sudeste do país, provavelmente têm muitos componentes em comum com a

amostra utilizada no experimento, também produzida em uma região de

cerrado, no estado do Maranhão, e com incidência de tipos semelhantes de

plantas.

69

Dentre as diversas ações biológicas relacionadas à própolis verde,

podemos citar: antibacteriana, anti-inflamatória, antioxidativa, analgésica,

antimutagênica, antitumoral, imunomoduladora e regenerativa. Além disso, ela

apresentou efeitos sobre as formas tripomastigotas de Trypanosoma cruzi,

formas promastigotas de Leishmania braziliensis e no tratamento de úlceras

gástricas (Bankova et al., 1995; Shimazawa et al., 2005; Paulino et al., 2006;

Bufalo et al., 2007; Fischer et al., 2007; Barros et al., 2008; da Silva Filho et al.,

2008; Missima, 2008; Munari et al., 2008; Paulino et al., 2008; Pontin et al.,

2008).

Vários autores reportaram efeitos colaterais com o uso da própolis

vermelha. Os principais foram os efeitos alérgicos e, dentre as mais de

quinhentas substâncias encontradas na própolis vermelha, os ésteres do ácido

cafeico e as agliconas de flavonóides foram as mais alergênicas (Young, 1987;

Hashimoto et al., 1988; Hausen, 1988; Burdock, 1998; Callejo et al., 2001).

Tais componentes inexistem nas variedades tropicais da própolis e, até

o momento, estudos realizados com essas amostras mostraram ausência de

reações alérgicas e de outros efeitos colaterais (Rubio et al., 1999; Ledon et al.,

2002).

Recentemente, os extratos aquosos de própolis verde vêm sendo

testados em estudos oftalmológicos e alguns trabalhos mostraram ação

neuroprotetora em células ganglionares da retina, tanto em modelos usando

estímulos neurotóxicos e dano isquêmico (Shimazawa et al., 2005) quanto em

outros utilizando dano oxidativo (Nakajima et al., 2007). Vale ressaltar que tais

estudos foram inicialmente desenvolvidos in vitro, com células ganglionares de

70

ratos e porcos, e que os resultados se mantiveram nas investigações in vivo,

em ratos.

Os mecanismos fisiopatológicos pelos quais a própolis verde manifesta

suas ações também têm sido foco de atenção. Foi observado, nos dois

trabalhos citados acima, que seu uso reduziu tanto a morte neuronal quanto a

apoptose das células ganglionares. Além disso, reduziu a quantidade de

radicais livres, gerando proteção contra o estresse oxidativo induzido por

peroxidação lipídica.

A proteção dada pela própolis e seus componentes contra o estresse

oxidativo também foi foco de estudos em outros órgãos e os resultados

encontrados foram semelhantes, mostrando proteção contra a morte celular

causada pelas formas tóxicas derivadas do oxigênio (Tsai et al., 2006; Ozyurt

et al., 2007; Altug et al., 2008).

Em estudos levando em consideração o sistema imunológico, foi

observado que a própolis verde, além de estimular a produção de anticorpos,

aumenta a dispersão de macrófagos pelos tecidos. Apesar de importante, o

presente trabalho teve como foco o processo inflamatório agudo, envolvendo

principalmente células neutrofílicas.

Tais achados, entretanto, contribuem para uma melhor compreensão

dos mecanismos fisiopatológicos que envolvem a ação da própolis verde, mas

sua elucidação necessita de mais investigações (Tatefuji et al., 1996; Sforcin

et al., 2005).

71

5.2. Modelo experimental

A córnea é um ótimo órgão para estudo. Dada sua posição anatômica,

existe uma grande facilidade de abordagem de suas estruturas. Ela pode ser

examinada através de microscópios, lupas, lâmpadas de fenda, microscopia

confocal ou mesmo a olho nu, permitindo a realização de lesões ou injeção de

substâncias.

Apesar de a maioria dos estudos de lesão corneana utilizar coelhos,

fizemos opção por realizar o estudo em ratos. Os modelos de lesão em coelhos

geralmente utilizam poucos animais, dado sua dificuldade de obtenção e

manutenção.

Dentre as várias maneiras de se fazer a lesão corneana, a debridação

mecânica, o uso de álcool em variadas concentrações e o uso do hidróxido de

sódio são, juntamente com as lesões por nitrato de prata, as mais comuns (Oh,

et al., 2009; Lee et al., 2008).

Tais lesões são, geralmente, são mais superficiais. No caso específico

das lesões com NaOH, um papel poroso de formato circular embebido em

NaOH é colocado sobre a córnea e aí deixado por 60 segundos. Após a

retirada do papel, a córnea é lavada com soro fisiológico, deixando uma lesão

regular e arredondada (Chung, 1989; Chung et al., 1989; Chung et al., 1996;

Chung et al., 1998; Li et al., 1999; Kim et al., 2001; Liu et al., 2005).

As variações descritas na literatura em relação à concentração de

NaOH, o diâmetro do papel e o tempo de contato com a superfície corneana

são muitas, o que naturalmente gera diferença entre a profundidade

encontrada nas lesões (Ormerod et al., 1989; Girard et al., 1991; Du et al.,

2008; Kawamura et al., 2008; Rihawi et al., 2008; Wang et al., 2008). Além

72

disso, a quantidade de líquido presente nos poros do papel faz com que as

bordas lesadas sejam menos precisas do que com os bastões de nitrato de

prata, fato também observado nas lesões por álcool, já que os líquidos podem

se espalhar pelas adjacências das bordas.

O uso de ratos traz as facilidades de obtenção e manuseio, permitindo

estudos com um maior número de animais, o que é vantajoso quando se testa

a ação de uma nova droga e o uso de bastões com pontas sólidas para a lesão

contribui para que a mesma tenha uma dimensão definida e regular.

Outro ponto positivo do modelo é o fato de que ele possibilita o estudo

concomitante da regeneração e inflamação da córnea, enquanto os modelos de

desepitelização mecânica, que geram apenas efeito de remoção tecidual,

promovem uma inflamação de menor magnitude.

Os modelos de lesão corneana central por bastões de nitrato de prata já

são utilizados há algum tempo (Sunderkotter et al., 1991) e seu uso vem

aumentando consideravelmente ao longo dos anos (Mahoney, 1985; Sonoda et

al., 1998; Ogawa et al., 1999; Totan et al., 2001; Hanif et al., 2003; Wenk, 2003;

Wenk et al., 2003; Oshima et al., 2006; Zhang et al., 2006; Barros, 2007;

Carneiro et al., 2007; Erdurmus et al., 2007; Lai et al., 2007; Manzano et al.,

2007; Aydin et al., 2008; Hurmeric et al., 2008; Oshima et al., 2008).

Neste estudo, muitas precauções foram tomadas no sentido de se

executar uma lesão uniforme, de dimensões semelhantes entre os animais e

no exato centro corneano. As medidas com compasso e o uso do aro de teflon

foram usadas com essa finalidade.

Apesar disso, ocorreram pequenas diferenças na dimensão da área

lesada entre os animais, o que pôde ser constatado nas medidas de área

73

lesada inicial. Tais diferenças, insignificantes do ponto de vista estatístico,

provavelmente ocorreram devido a pequenas movimentações dos bastões ou

do aro, já que os animais permaneceram imóveis, sob efeito da anestesia

sistêmica e ocular.

A profundidade da lesão foi variável entre os animais. Ela atingiu toda a

espessura do epitélio corneano, chegando inclusive a ultrapassá-lo na maioria

dos casos, lesando também as camadas mais superficiais do estroma.

Essa foi uma desvantagem do modelo utilizado, já que a lesão da

membrana basal do epitélio pode atrasar o processo de regeneração, pois

promove interações diretas de mediadores entre epitélio e estroma, tornando o

processo de reparação mais intrincado e lento.

O exame na lâmpada de fenda em um suporte que manteve constante a

distância de foco permitiu a obtenção de fotografias padronizadas e a

identificação das bordas lesadas, bem como a avaliação longitudinal da

regeneração epitelial.

Nos estudos-piloto, antes da construção do suporte, as fotografias foram

tiradas posicionando-se os ratos sobre a bancada do laboratório, sem auxílio

da lâmpada de fenda. A análise foi feita com o próprio aumento digital da

máquina, mas as medidas trouxeram grandes diferenças entre si, já que no

momento das fotos a visibilização a olho nu não permitia fazer o correto

alinhamento do eixo central do olho com a lente da máquina fotográfica.

Apesar da melhora do padrão das fotos com o exame na lâmpada de

fenda, ainda era necessário segurar os animais na altura da objetiva do

aparelho, o que também impossibilitava o alinhamento da lesão. Após a

construção do suporte, com os animais estabilizados em uma distância

74

padronizada e com o auxílio de uma pinça oftalmológica, foi possível se obter

fotos com um preciso alinhamento da lesão corneana em relação à objetiva da

lâmpada de fenda.

No estudo da evolução da área cicatrizada, foi observado que o epitélio

refeito era diferente do epitélio íntegro fora da área lesada. Após se instilar o

colírio de fluoresceína, a área desepitelizada corava intensamente, mas foi

observado que a área recém-epitelizada também permitia a passagem do

corante, em menor grau, provavelmente pelo restabelecimento incompleto das

ligações entre as células.

A gota de solução salina, pingada logo após a fluoresceína, foi

importante para se retirar o excesso de corante, permitindo a diferenciação

entre o epitélio refeito e a área desepitelizada. Após alguns minutos, a

fluoresceína passava ao estroma, corando frustramente uma área extensa,

inclusive extrapolando os limites da área de lesão inicial e impossibilitando a

identificação das áreas com ausência de epitélio. Assim, seu uso, nos primeiros

minutos após sua instilação, foi de grande valia para a análise da área

5.3. Regeneração

No presente experimento, observamos tempos de regeneração

superiores a 48 horas. Apesar de não ter sido determinado o tempo exato de

fechamento de cada lesão provocada, é possível inferir que tenha sido mais

próximo de 48h do que 120h, já que o grupo VH apresentava, no tempo de

48h, 81% da lesão regenerada, enquanto o grupo PV apresentava 92% da área

lesada re-epitelizada. Tais achados são condizentes com a literatura, pois a

75

natureza e a profundidade da lesão provavelmente contribuíram para o tempo

de regeneração prolongado, especialmente no grupo VH.

A cascata de regeneração corneana envolve mecanismos de interação

entre epitélio, estroma e sistema imunológico. A apoptose dos ceratócitos,

mitose e migração epitelial, necrose de células estromais, proliferação de

ceratócitos, criação de miofibroblastos, deposição de colágeno e a infiltração

de células inflamatórias são algumas das várias etapas de tal processo, que é

mediado por citocinas derivadas das próprias células corneanas, imunes e da

glândula lacrimal (Wilson et al., 2001; Li et al., 2006).

A regeneração corneana é essencial para a manutenção de uma boa

visão e, evolutivamente, funcionou como pressão seletiva para que

persistissem indivíduos com regeneração rápida e eficaz. Para se ter uma idéia

da velocidade do processo, estudos de microscopia eletrônica mostraram que

se um rato for morto, tiver seu olho retirado e em seguida for feita uma lesão na

córnea antes de fixá-la, os ceratócitos anteriores apresentam condensação de

cromatina e outras alterações morfológicas relacionadas ao processo de

apoptose, primeiro evento na cascata de regeneração (Wilson et al., 2001).

O tempo de regeneração, contudo, depende de vários aspectos, como a

extensão, profundidade e mecanismo causador da lesão, idade e estado

imunológico do paciente, entre outros. As lesões causadas por trauma, como

as desepitelizações mecânicas utilizadas em alguns experimentos, tendem a

regenerar mais rapidamente do que aquelas causadas por álcalis.

Em ratos, a variabilidade no tempo anotado para a regeneração é muito

grande, segundo o mecanismo de lesão. As desepitelizações mecânicas

regeneram-se mais rapidamente, com tempo ao redor de 24 horas (Li et al.,

76

2006), enquanto aquelas causadas por álcalis podem levar até dez dias

(Yamada et al., 2003).

Tais diferenças se devem às particularidades existentes nas

queimaduras químicas, que envolvem diferentes tipos de mediadores

(Matsuda, 1973; Matsuda, 1973; Ishizaki et al., 1993; Daniels et al., 2003; Zhao

et al., 2003; Parks et al., 2004; Li et al., 2006) e geram uma resposta

inflamatória maior do que aquelas observadas nas córneas lesadas por

desepitelizações mecânicas (Planck et al., 1997; Zhao et al., 2000).

Nas lesões por álcalis, os neutrófilos e as demais células inflamatórias

liberam enzimas proteolíticas e desencadeadoras de oxidação, causando

degradação da matriz estromal e dificultando sua reorganização (Slansky et al.,

1969; Berman et al., 1980; Berman et al., 1983; Kao et al., 1986; Berman,

1993; Geerling et al., 1999; Yamada et al., 2003).

Além disso, essas lesões são mais profundas, podendo acometer a

membrana basal epitelial. Já foi demonstrado que a perda de tal estrutura faz

com que haja interações diretas entre epitélio e estroma corneano, causando

alterações e atraso no processo de regeneração (Matsubara et al., 1991;

Daniels et al., 2003; Daniels et al., 2003; Daniels et al., 2003; Stramer et al.,

2003; Fini, 2005; Gabison et al., 2008)

Uma crítica a ser levada em consideração é o fato de que, no presente

estudo, não foi feito um terceiro grupo, com a mesma lesão e seguimento,

porém sem uso de qualquer medicação. Como o número de ratos utilizados

aumentaria sobremaneira, foi optado por definir como foco do trabalho a

descrição dos efeitos da própolis verde, comparando-os apenas com os do

grupo VH.

77

O menor tempo de regeneração observado no grupo PV, nos tempos de

12, 24 e 48 horas, provavelmente está relacionado a uma associação dos

efeitos de seus componentes. Seus efeitos anti-inflamatório, antioxidante e pró-

mitótico foram descritos em vários estudos. É provável que, com a menor

migração neutrofílica observada, haja menor liberação de mediadores

inflamatórios, citocinas e enzimas proteolíticas, facilitando a regeneração da

matriz estromal.

A reposição das células epiteliais é feita a partir das mitoses que

ocorrem na camada epitelial basal, única camada do epitélio corneano capaz

de se reproduzir, e pelas mitoses ocorridas no limbo, onde células

indiferenciadas (stem cells) iniciam um processo de reprodução acelerada após

a detecção de uma lesão corneana (Sun, 1977; Schermer et al., 1986;

Cotsarelis et al., 1989; Lavker et al., 1991; Tseng, 1996; Boulton, 2004).

No presente estudo, não foi possível concluir se a motilidade das células

epiteliais estaria ou não aumentada, pois o próprio aumento na produção de

novas células epiteliais, detectado na camada basal epitelial pela

imunohistoquímica, poderia favorecer o processo de regeneração, diminuindo o

tempo de reparação da lesão. Não foi feita a análise específica da reprodução

celular na região do limbo, mas a análise qualitativa das lâminas marcadas com

KI-67 aponta para uma provável taxa de mitose aumentada em relação às

demais regiões corneanas.

5.4. Inflamação

A inflamação corneana e os distúrbios visuais secundários aos

processos inflamatórios são eventos comuns, que ocorrem com as

78

queimaduras químicas, infecções bacterianas, ceratites herpéticas e rejeições

de transplantes. O infiltrado inflamatório, o edema e a neovascularização

decorrentes da inflamação podem levar à opacificação irreversível da córnea

afetada e os neutrófilos que migram para a região acometida têm participação

fundamental na manutenção da transparência corneana (Sonoda et al., 2005).

Neste estudo, a medida indireta da inflamação, feita através da

contagem do número total de neutrófilos na região lesada, mostrou aumento

dessas células no tempo de 12 horas. Como a quantidade de neutrófilos na

córnea de ratos é pequena em situação normal (Brissette-Storkus et al., 2002;

Hamrah et al., 2002; Hamrah et al., 2003), podemos concluir que uma

importante migração neutrofílica ocorre nas primeiras 12 horas após a lesão e

que o efeito do colírio de própolis não reduz tal migração, já que não houve

diferença significativa entre os grupos.

No tempo de 24 horas, a contagem praticamente triplica no grupo VH e

atinge valores quase duas vezes e meia maiores no grupo PV. Os valores

anotados nesse tempo são os maiores para os dois grupos e a diferença entre

ambos leva a crer que o colírio de própolis tem efeito significativo na redução

da inflamação entre 12 e 24 horas após a lesão.

A ação do colírio provavelmente se mantém entre 24 e 48 horas, pois a

diferença estatisticamente significativa continua existindo entre os grupos.

Contudo, foi observado que as contagens neutrofílicas nos grupos VH e PV

variaram pouco em relação às respectivas contagens no tempo de 24 horas.

O tempo de 120 horas mostra valores de contagem neutrofílica

semelhantes nos dois grupos. É importante observar que, tanto no grupo VH

quanto no PV, há redução de aproximadamente 80% do número de células em

79

relação ao tempo de 48 horas, o que aponta para uma diminuição proporcional

na contagem neutrofílica dos grupos.

Assim, o pico de infiltração neutrofílica se deu com 24 horas e a ação da

própolis pôde ser observada nos tempos do experimento superiores a 12

horas, com maior redução do número de neutrófilos no tempo de 24 horas e

manutenção da diferença entre os grupos nos tempos seguintes.

Tais resultados são condizentes com a maioria dos achados da

literatura, nos quais o pico de contagem neutrofílica foi observado entre 18 e 24

horas (Wenk et al., 2003; Lin et al., 2007; Lin et al., 2008), apesar de

contrastarem com alguns trabalhos, nos quais o pico observado se deu 12

horas após a lesão (Li et al., 2006).

Em relação ao padrão de migração neutrofílica, o uso da própolis não

trouxe alterações importantes. Na análise dos parâmetros centro/total e

centro/bordas, foi observado que a quantidade de neutrófilos presentes no

centro e nas bordas da lesão não variou entre os grupos.

Tais resultados sugerem que a ação anti-inflamatória da própolis na

córnea preserva a velocidade de migração das células neutrofílicas envolvidas

no processo inflamatório. Possivelmente, a ação de seus componentes se dá

nos mecanismos de liberação de mediadores, como citocinas e outros

quimiotáxicos. Resultados semelhantes foram observados no estudo da ação

corneana anti-inflamatória de outras substâncias (Li et al., 2006; Biteman et al.,

2007; McInnis et al., 2007; Lin et al., 2008; Patil et al., 2008; Pillai et al., 2008).

80

5.5. Perspectivas

Os processos de inflamação e regeneração corneana são

interdependentes e o equilíbrio entre eles é fundamental para garantir, nos

casos de lesões, a adequada reparação epitelial, a melhora da inflamação e o

restabelecimento da transparência corneana.

Na clínica oftalmológica atual, o tratamento das desepitelizações de

córnea é feito com colírios lubrificantes, antibióticos tópicos ou pomadas

contendo antibióticos e vitaminas. Contudo, para o tratamento das inflamações,

os corticóides são a primeira escolha.

Além de seus conhecidos efeitos colaterais, como catarata e glaucoma,

tais drogas atrasam a regeneração das lesões de córnea (Chung et al., 1998).

Por esse motivo, nas lesões corneanas graves, como queimaduras por álcalis,

síndrome de Stevens-Johnson e disfunções límbicas, seu uso aumenta o risco

de infecções secundárias, aprofundamento da lesão para o estroma e

perfuração.

Uma regeneração lenta é normalmente acompanhada de muitos

sintomas oculares, como sensação de corpo estranho, fotofobia e

lacrimejamento. Nesses casos, o especialista se vê forçado a regular a dose da

medicação segundo avaliações clínicas freqüentes. O atraso da regeneração

posterga a retomada das atividades habituais pelo paciente, gerando limitação

em suas atividades corriqueiras e, frequentemente, a perda de vários dias de

trabalho.

A proposta deste estudo foi descrever a ação corneana de uma nova

droga, à base de um extrato vegetal, para uso no tratamento concomitante das

inflamações e desepitelizações corneanas. O extrato de própolis verde em

81

questão, na forma de colírio com concentração de 1%, se mostrou capaz de

acelerar a regeneração e reduzir a inflamação na córnea de ratos.

O isolamento e teste dos componentes da própolis verde têm sido foco

de estudos recentes em oftalmolgia. Até o momento, o ácido cafeico e seus

derivados mostraram os efeitos mais promissores, com ação antivasogênica,

neuroprotetora e antioxidativa na córnea, além de efeito protetor contra a

radiação ultravioleta em células conjuntivais (Keshavarz et al., 2009; Nakagima

et al., 2006; Ozguner et al., 2006; Totan et al., 2001).

Novos estudos poderão se seguir a este, contribuindo para o isolamento

de novas substâncias e a elucidação dos mecanismos de ação da própolis

verde e fica a expectativa de que suas ações possam ser, futuramente,

viabilizadas para aplicações clínicas.

6. CONCLUSÕES

83

O modelo experimental desenvolvido permite a avaliação da

regeneração corneana.

O colírio da amostra de própolis verde utilizada, na concentração de 1%,

reduz o tempo de regeneração corneana após lesão causada por álcali.

O número total de neutrófilos na córnea é reduzido pelo uso do colírio

em questão.

A aplicação tópica do colírio não altera o padrão de migração das

células neutrofílicas, mantendo as relações entre os neutrófilos

encontrados no centro e nas bordas das áreas lesadas.

A proliferação celular observada na camada epitelial basal da córnea

aumenta com o uso do colírio de própolis verde a 1%.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

85

Altug, M. E., Y. Serarslan, et al. (2008). "Caffeic acid phenethyl ester protects rabbit brains against permanent focal ischemia by antioxidant action: a biochemical and planimetric study." Brain Res 1201: 135-42.

Aydin, E., M. Kivilcim, et al. (2008). "Inhibition of experimental angiogenesis of cornea by various doses of doxycycline and combination of triamcinolone acetonide with low-molecular-weight heparin and doxycycline." Cornea 27(4): 446-53.

Bankova, V., G. Boudourova-Krasteva, et al. (1999). "Phytochemical evidence for the plant origin of Brazilian propolis from Sao Paulo state." Z Naturforsch [C] 54(5-6): 401-5.

Bankova, V., R. Christov, et al. (1995). "Chemical composition and antibacterial activity of Brazilian propolis." Z Naturforsch [C] 50(3-4): 167-72.

Bankova, V. d. C., SL; Marucchi MC (2000). "Propolis: recent advances in chemistry and plant origin." Apidologie 31: 3-15.

Banskota, A. H., Y. Tezuka, et al. (1998). "Chemical constituents of Brazilian propolis and their cytotoxic activities." J Nat Prod 61(7): 896-900.

Barros, L. F. and R. Belfort, Jr. (2007). "The effects of the subconjunctival injection of bevacizumab (Avastin) on angiogenesis in the rat cornea." An Acad Bras Cienc 79(3): 389-94.

Barros, M. P., M. Lemos, et al. (2008). "Evaluation of antiulcer activity of the main phenolic acids found in Brazilian Green Propolis." J Ethnopharmacol 120(3): 372-7.

Berjano, E. J., J. Saiz, et al. (2002). "Radio-frequency heating of the cornea: theoretical model and in vitro experiments." IEEE Trans Biomed Eng 49(3): 196-205.

Berman, M., R. Leary, et al. (1980). "Evidence for a role of the plasminogen activator--plasmin system in corneal ulceration." Invest Ophthalmol Vis Sci 19(10): 1204-21.

86

Berman, M., E. Manseau, et al. (1983). "Ulceration is correlated with degradation of fibrin and fibronectin at the corneal surface." Invest Ophthalmol Vis Sci 24(10): 1358-66.

Berman, M. B. (1993). "Regulation of corneal fibroblast MMP-1 collagenase secretion by plasmin." Cornea 12(5): 420-32.

Biteman, B., I. R. Hassan, et al. (2007). "Interdependence of lipoxin A4 and heme-oxygenase in counter-regulating inflammation during corneal wound healing." Faseb J 21(9): 2257-66.

Bolkova, A. and J. Cejkova (1983). "Changes in alkaline and acid phosphatases of the rabbit cornea following experimental exposure to ethanol and acetone: a biochemical and histochemical study." Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 220(2): 96-9.

Boulton, M. and J. Albon (2004). "Stem cells in the eye." Int J Biochem Cell Biol 36(4): 643-57.

Brissette-Storkus, C. S., S. M. Reynolds, et al. (2002). "Identification of a novel macrophage population in the normal mouse corneal stroma." Invest Ophthalmol Vis Sci 43(7): 2264-71.

Bufalo, M. C., J. M. Candeias, et al. (2007). "In vitro Cytotoxic Effect of Brazilian Green Propolis on Human Laryngeal Epidermoid Carcinoma (HEp-2) Cells." Evid Based Complement Alternat Med.

Burdock, G. A. (1998). "Review of the biological properties and toxicity of bee propolis (propolis)." Food Chem Toxicol 36(4): 347-63.

Cain, C. P., K. J. Schuster, et al. (2006). "Visible lesion thresholds with pulse duration, spot size dependency, and model predictions for 1.54-microm, near-infrared laser pulses penetrating porcine skin." J Biomed Opt 11(2): 024001.

Callejo, A., A. Armentia, et al. (2001). "Propolis, a new bee-related allergen." Allergy 56(6): 579-83.

Carlson, E. C., M. Lin, et al. (2007). "Keratocan and lumican regulate neutrophil infiltration and corneal clarity in lipopolysaccharide-induced keratitis by direct interaction with CXCL1." J Biol Chem 282(49): 35502-9.

87

Carneiro, C. S., F. A. Costa-Pinto, et al. (2007). "Pfaffia paniculata (Brazilian ginseng) methanolic extract reduces angiogenesis in mice." Exp Toxicol Pathol 58(6): 427-31.

Cavanagh, H. D., A. Colley, et al. (1979). "Persistent corneal epithelial defects." Int Ophthalmol Clin 19(2): 197-206.

Cejkova, J., Z. Lojda, et al. (1989). "Histochemical study of alkali-burned rabbit anterior eye segment in which severe lesions were prevented by aprotinin treatment." Histochemistry 92(5): 441-8.

Chang, J. H., M. C. Kook, et al. (1998). "Effects of synthetic inhibitor of metalloproteinase and cyclosporin A on corneal haze after excimer laser photorefractive keratectomy in rabbits." Exp Eye Res 66(4): 389-96.

Chang, S. W., S. F. Chou, et al. (2008). "Mechanical corneal epithelium scraping and ethanol treatment up-regulate cytokine gene expression differently in rabbit cornea." J Refract Surg 24(2): 150-9.

Choy, C. K., I. F. Benzie, et al. (2005). "UV-mediated DNA strand breaks in corneal epithelial cells assessed using the comet assay procedure." Photochem Photobiol 81(3): 493-7.

Chung, J. H. and P. Fagerholm (1989). "Treatment of rabbit corneal alkali wounds with human epidermal growth factor." Cornea 8(2): 122-8.

Chung, J. H., P. Fagerholm, et al. (1989). "Hyaluronate in healing of corneal alkali wound in the rabbit." Exp Eye Res 48(4): 569-76.

Chung, J. H., Y. G. Kang, et al. (1998). "Effect of 0.1% dexamethasone on epithelial healing in experimental corneal alkali wounds: morphological changes during the repair process." Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 236(7): 537-45.

Chung, J. H., H. J. Kim, et al. (1996). "Effect of topically applied Na-hyaluronan on experimental corneal alkali wound healing." Korean J Ophthalmol 10(2): 68-75.

Cotsarelis, G., S. Z. Cheng, et al. (1989). "Existence of slow-cycling limbal epithelial basal cells that can be preferentially stimulated to proliferate: implications on epithelial stem cells." Cell 57(2): 201-9.

88

Crosson, C. E., S. D. Klyce, et al. (1986). "Epithelial wound closure in the rabbit cornea. A biphasic process." Invest Ophthalmol Vis Sci 27(4): 464-73.

da Silva Filho, A. A., J. P. de Sousa, et al. (2008). "Antimicrobial activity of the extract and isolated compounds from Baccharis dracunculifolia D. C. (Asteraceae)." Z Naturforsch [C] 63(1-2): 40-6.

Dana, R. (2005). "Corneal antigen presentation: molecular regulation and functional implications." Ocul Surf 3(4 Suppl): S169-72. Daniels, J. T., G. Geerling, et al. (2003). "Temporal and spatial expression of matrix metalloproteinases during wound healing of human corneal tissue." Exp Eye Res 77(6): 653-64.

Daniels, J. T., G. A. Limb, et al. (2003). "Human corneal epithelial cells require MMP-1 for HGF-mediated migration on collagen I." Invest Ophthalmol Vis Sci 44(3): 1048-55.

Daniels, J. T., G. S. Schultz, et al. (2003). "Mediation of transforming growth factor-beta(1)-stimulated matrix contraction by fibroblasts: a role for connective tissue growth factor in contractile scarring." Am J Pathol 163(5): 2043-52.

de Sousa, J. P., P. C. Bueno, et al. (2007). "A reliable quantitative method for the analysis of phenolic compounds in Brazilian propolis by reverse phase high performance liquid chromatography." J Sep Sci 30(16): 2656-65.

de Sousa, J. P., A. A. da Silva Filho, et al. (2009). "A validated reverse-phase HPLC analytical method for the quantification of phenolic compounds in Baccharis dracunculifolia." Phytochem Anal 20(1): 24-32.

Du, L. Q., X. Y. Wu, et al. (2008). "Effect of different biomedical membranes on alkali-burned cornea." Ophthalmic Res 40(6): 282-90.

Dua, H. S. (1998). "The conjunctiva in corneal epithelial wound healing." Br J Ophthalmol 82(12): 1407-11.

Erdurmus, M., R. Yagci, et al. (2007). "Inhibitory effects of topical thymoquinone on corneal neovascularization." Cornea 26(6): 715-9.

89

Evans, M. D., G. A. McFarland, et al. (2005). "The response of healing corneal epithelium to grooved polymer surfaces." Biomaterials 26(14): 1703-11. Ferracini VL, P. L. (1995). "Essencial oils of seven Brazilian species." J Essential Oil Res 7: 355-67.

Fini, M. E. and B. M. Stramer (2005). "How the cornea heals: cornea-specific repair mechanisms affecting surgical outcomes." Cornea 24(8 Suppl): S2-S11.

Fischer, G., F. R. Conceicao, et al. (2007). "Immunomodulation produced by a green propolis extract on humoral and cellular responses of mice immunized with SuHV-1." Vaccine 25(7): 1250-6.

Flueckiger, F., L. Kodjikian, et al. (2005). "An ex-vivo, whole-globe porcine model of corneoepithelial wound healing tested using immunomodulatory drugs." J Ocul Pharmacol Ther 21(5): 367-75.

Frenkel, K., H. Wei, et al. (1993). "Inhibition of tumor promoter-mediated processes in mouse skin and bovine lens by caffeic acid phenethyl ester." Cancer Res 53(6): 1255-61.

Fujikawa, L. S., C. S. Foster, et al. (1981). "Fibronectin in healing rabbit corneal wounds." Lab Invest 45(2): 120-9.

Gabison, E. E., E. Huet, et al. (2008). "Direct epithelial-stromal interaction in corneal wound healing: Role of EMMPRIN/CD147 in MMPs induction and beyond." Prog Retin Eye Res 28(1):19-33.

Gabrys, J., J. Konecki, et al. (1986). "Free amino acids in bee hive product (propolis) as identified and quantified by gas-liquid chromatography." Pharmacol Res Commun 18(6): 513-8.

Gao, J., T. A. Gelber-Schwalb, et al. (1997). "Apoptosis in the rabbit cornea after photorefractive keratectomy." Cornea 16(2): 200-8.

Geerling, G., A. M. Joussen, et al. (1999). "Matrix metalloproteinases in sterile corneal melts." Ann N Y Acad Sci 878: 571-4.

GhisalbertI, E. (1979). "Propolis - review." Bee World 60: 59-84.

90

Girard, M. T., M. Matsubara, et al. (1991). "Transforming growth factor-beta and interleukin-1 modulate metalloproteinase expression by corneal stromal cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 32(9): 2441-54.

Green, K., R. E. Johnson, et al. (1989). "Preservative effects on the healing rate of rabbit corneal epithelium." Lens Eye Toxic Res 6(1-2): 37-41.

Grutters, G., S. Ritz-Timme, et al. (2002). "[Alcohol-induced morphologic and biochemical corneal changes]." Ophthalmologe 99(4): 266-9.

Hall, L. R., E. Diaconu, et al. (2001). "A dominant role for Fc gamma receptors in antibody-dependent corneal inflammation." J Immunol 167(2): 919-25.

Hamrah, P., Y. Liu, et al. (2003). "The corneal stroma is endowed with a significant number of resident dendritic cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 44(2): 581-9.

Hamrah, P., Q. Zhang, et al. (2002). "Novel characterization of MHC class II-negative population of resident corneal Langerhans cell-type dendritic cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 43(3): 639-46.

Hanif, J., R. A. Tasca, et al. (2003). "Silver nitrate: histological effects of cautery on epithelial surfaces with varying contact times." Clin Otolaryngol Allied Sci 28(4): 368-70.

Hanna, C. (1966). "Proliferation and migration of epithelial cells during corneal wound repair in the rabbit and the rat." Am J Ophthalmol 61(1): 55-63.

Hanna, C. and J. E. O'Brien (1960). "Cell production and migration in the epithelial layer of the cornea." Arch Ophthalmol 64: 536-9.

Hashimoto, T., M. Tori, et al. (1988). "Synthesis of two allergenic constituents of propolis and poplar bud excretion." Z Naturforsch [C] 43(5-6): 470-2.

Hausen, B. M. and E. Wollenweber (1988). "Propolis allergy. (III). Sensitization studies with minor constituents." Contact Dermatitis 19(4): 296-303.

Helena, M. C., V. V. Filatov, et al. (1997). "Effects of 50% ethanol and mechanical epithelial debridement on corneal structure before and after excimer photorefractive keratectomy." Cornea 16(5): 571-9.

91

Hepsen, I. F., H. Er, et al. (1999). "Topically applied water extract of propolis to suppress corneal neovascularization in rabbits." Ophthalmic Res 31(6): 426-31.

Higaki, S., M. Itahashi, et al. (2006). "Effect of oral valaciclovir on herpetic keratitis." Cornea 25(10 Suppl 1): S64-7.

Hurmeric, V., T. Mumcuoglu, et al. (2008). "Effect of subconjunctival bevacizumab (Avastin) on experimental corneal neovascularization in guinea pigs." Cornea 27(3): 357-62.

Ishizaki, M., G. Zhu, et al. (1993). "Expression of collagen I, smooth muscle alpha-actin, and vimentin during the healing of alkali-burned and lacerated corneas." Invest Ophthalmol Vis Sci 34(12): 3320-8.

Ivanov, D. F., A. I. Tikhonov, et al. (1973). "[Propolis and its clinical use]." Oftalmol Zh 28(2): 104-7.

Jester, J. V., W. M. Petroll, et al. (1999). "Corneal stromal wound healing in refractive surgery: the role of myofibroblasts." Prog Retin Eye Res 18(3): 311-56.

Joussen, A. M., W. D. Beecken, et al. (2001). "Inhibition of inflammatory corneal angiogenesis by TNP-470." Invest Ophthalmol Vis Sci 42(11): 2510-6.

Kaji, Y., H. Obata, et al. (1998). "Three-dimensional organization of collagen fibrils during corneal stromal wound healing after excimer laser keratectomy." J Cataract Refract Surg 24(11): 1441-6.

Kao, W. W., J. Ebert, et al. (1986). "Development of monoclonal antibodies recognizing collagenase from rabbit PMN; the presence of this enzyme in ulcerating corneas." Curr Eye Res 5(11): 801-15.

Kawamura, A., A. Tatsuguchi, et al. (2008). "Expression of microsomal prostaglandin e synthase-1 in fibroblasts of rabbit alkali-burned corneas." Cornea 27(10): 1156-63.

Kim, B., S. Lee, et al. (2005). "Application of plasmid DNA encoding IL-18 diminishes development of herpetic stromal keratitis by antiangiogenic effects." J Immunol 175(1): 509-16.

92

Kim, M. J., R. M. Jun, et al. (2001). "Optimal concentration of human epidermal growth factor (hEGF) for epithelial healing in experimental corneal alkali wounds." Curr Eye Res 22(4): 272-9.

Kim, S. Y., W. J. Sah, et al. (2002). "Twenty percent alcohol toxicity on rabbit corneal epithelial cells: electron microscopic study." Cornea 21(4): 388-92.

Kinoshita, S., J. Friend, et al. (1983). "Biphasic cell proliferation in transdifferentiation of conjunctival to corneal epithelium in rabbits." Invest Ophthalmol Vis Sci 24(8): 1008-14.

Kurpakus-Wheater, M., K. A. Kernacki, et al. (2001). "Maintaining corneal integrity how the "window" stays clear." Prog Histochem Cytochem 36(3): 185-259.

Lai, L. J., X. Xiao, et al. (2007). "Inhibition of corneal neovascularization with endostatin delivered by adeno-associated viral (AAV) vector in a mouse corneal injury model." J Biomed Sci 14(3): 313-22.

Lavker, R. M., G. Dong, et al. (1991). "Relative proliferative rates of limbal and corneal epithelia. Implications of corneal epithelial migration, circadian rhythm, and suprabasally located DNA-synthesizing keratinocytes." Invest Ophthalmol Vis Sci 32(6): 1864-75.

Ledon, N., A. Casaco, et al. (2002). "Assessment of potential dermal and ocular toxicity and allergic properties of an extract of red propolis." Arch Dermatol Res 293(11): 594-6.

Li, Y., G. Feng, et al. (1999). "[The experimental investigation of epithelial healing in rabbit central corneal alkali wounds]." Yan Ke Xue Bao 15(2): 74-7.

Li, Z., A. R. Burns, et al. (2006). "Two waves of neutrophil emigration in response to corneal epithelial abrasion: distinct adhesion molecule requirements." Invest Ophthalmol Vis Sci 47(5): 1947-55.

Li, Z., R. E. Rumbaut, et al. (2006). "Platelet response to corneal abrasion is necessary for acute inflammation and efficient re-epithelialization." Invest Ophthalmol Vis Sci 47(11): 4794-802.

93

Lin, M., E. Carlson, et al. (2007). "CXCL1/KC and CXCL5/LIX are selectively produced by corneal fibroblasts and mediate neutrophil infiltration to the corneal stroma in LPS keratitis." J Leukoc Biol 81(3): 786-92.

Lin, M., P. Jackson, et al. (2008). "Matrix metalloproteinase-8 facilitates neutrophil migration through the corneal stromal matrix by collagen degradation and production of the chemotactic peptide Pro-Gly-Pro." Am J Pathol 173(1): 144-53.

Liu, L., Y. P. Li, et al. (2005). "[Mechanism of keratinocyte growth factor-2 accelerating corneal epithelial wound healing on rabbit alkali burned cornea]." Zhonghua Yan Ke Za Zhi 41(4): 364-8.

Loayza I, A. D., Aranda R et al. (1995). "Essencial oils of Baccharis salicifolia, B. latifolia and B. dracunculifolia." Phytochemistry 38: 381-9.

Lopes, F. C., V. Bankova, et al. (2003). "Effect of three vegetal sources of propolis on macrophages activation." Phytomedicine 10(4): 343-8.

Lu, L., P. S. Reinach, et al. (2001). "Corneal epithelial wound healing." Exp Biol Med (Maywood) 226(7): 653-64.

Maciejewicz W, D. M., Bal K, Markowski W (2001). "GC-MS identification of the flavonoid aglycones isolated from propolis." Chromatographia 53: 343-6.

Mahoney, J. M. and L. D. Waterbury (1985). "Drug effects on the neovascularization response to silver nitrate cauterization of the rat cornea." Curr Eye Res 4(5): 531-5.

Manzano, R. P., G. A. Peyman, et al. (2007). "Inhibition of experimental corneal neovascularisation by bevacizumab (Avastin)." Br J Ophthalmol 91(6): 804-7.

Marcucci, M. C. (1995). "Propolis - chemical-composition, biological properties and therapeutic activity." Apidologie 26: 83-99.

Marcucci, M. C. (1996). "Identification of amino acids in Brazilian propolis." Z Naturforsch [C] 51: 11-4.

Margasiuk, D. V., E. N. Grigorian, et al. (2005). "[Studies on the effect of the adhesion protein isolated from bovine eye on cell proliferation in the newt cornea]." Izv Akad Nauk Ser Biol(6): 738-43.

94

Marshall, T. C., F. F. Hahn, et al. (1981). "Ocular toxicity of 2,2,2-trifluoroethanol in rabbits." Fundam Appl Toxicol 1(4): 313-8.

Matsubara, M., J. D. Zieske, et al. (1991). "Mechanism of basement membrane dissolution preceding corneal ulceration." Invest Ophthalmol Vis Sci 32(13): 3221-37.

Matsuda, H. and G. K. Smelser (1973). "Electron microscopy of corneal wound healing." Exp Eye Res 16(6): 427-42.

Matsuda, H. and G. K. Smelser (1973). "Epithelium and stroma in alkali-burned corneas." Arch Ophthalmol 89(5): 396-401.

Matsui, T., S. Ebuchi, et al. (2004). "Strong antihyperglycemic effects of water-soluble fraction of Brazilian propolis and its bioactive constituent, 3,4,5-tri-O-caffeoylquinic acid." Biol Pharm Bull 27(11): 1797-803.

McClellan, S. A., Y. Zhang, et al. (2008). "Substance P promotes susceptibility to Pseudomonas aeruginosa keratitis in resistant mice: anti-inflammatory mediators downregulated." Invest Ophthalmol Vis Sci 49(4): 1502-11.

McInnis, K. A., A. Britain, et al. (2007). "Human corneal epithelial cells synthesize ELR(-)alpha-chemokines in response to proinflammatory mediators." Ocul Immunol Inflamm 15(4): 295-302.

Messerli, S. M., M. R. Ahn, et al. (2008). "Artepillin C (ARC) in Brazilian green propolis selectively blocks oncogenic PAK1 signaling and suppresses the growth of NF tumors in mice." Phytother Res 23(3):423-7.

Missima, F. and J. M. Sforcin (2008). "Green brazilian propolis action on macrophages and lymphoid organs of chronically stressed mice." Evid Based Complement Alternat Med 5(1): 71-5.

Miyataka, H., M. Nishiki, et al. (1998). "Evaluation of propolis (II): effects of Brazilian and Chinese propolis on histamine release from rat peritoneal mast cells induced by compound 48/80 and concanavalin A." Biol Pharm Bull 21(7): 723-9.

Miyataka, H., M. Nishiki, et al. (1997). "Evaluation of propolis. I. Evaluation of Brazilian and Chinese propolis by enzymatic and physico-chemical methods." Biol Pharm Bull 20(5): 496-501.

95

Mohan, R. R. and S. E. Wilson (2001). "Discoidin domain receptor (DDR) 1 and 2: collagen-activated tyrosine kinase receptors in the cornea." Exp Eye Res 72(1): 87-92.

Mozherenkov, V. P. (1981). "[Use of apiculture products in ophthalmology]." Vestn Oftalmol(5): 67-9.

Munari, C. C., F. A. Resende, et al. (2008). "Mutagenicity and antimutagenicity of Baccharis dracunculifolia extract in chromosomal aberration assays in Chinese hamster ovary cells." Planta Med 74(11): 1363-7.

Murad, J. M., S. A. Calvi, et al. (2002). "Effects of propolis from Brazil and Bulgaria on fungicidal activity of macrophages against Paracoccidioides brasiliensis." J Ethnopharmacol 79(3): 331-4.

Nakajima, Y., M. Shimazawa, et al. (2007). "Water extract of propolis and its main constituents, caffeoylquinic acid derivatives, exert neuroprotective effects via antioxidant actions." Life Sci 80(4): 370-7.

Netto, M. V., R. R. Mohan, et al. (2005). "Wound healing in the cornea: a review of refractive surgery complications and new prospects for therapy." Cornea 24(5): 509-22.

Nishida, T. (2008). "[The cornea: stasis and dynamics]." Nippon Ganka Gakkai Zasshi 112(3): 179-212; discussion 213.

O'Brien, T. P., Q. Li, et al. (1998). "Inflammatory response in the early stages of wound healing after excimer laser keratectomy." Arch Ophthalmol 116(11): 1470-4.

Ogawa, S., S. Yoshida, et al. (1999). "Induction of macrophage inflammatory protein-1alpha and vascular endothelial growth factor during inflammatory neovascularization in the mouse cornea." Angiogenesis 3(4): 327-34.

Oksuz, H., N. Duran, et al. (2005). "Effect of propolis in the treatment of experimental Staphylococcus aureus keratitis in rabbits." Ophthalmic Res 37(6): 328-34.

Onlen, Y., C. Tamer, et al. (2007). "Comparative trial of different anti-bacterial combinations with propolis and ciprofloxacin on Pseudomonas keratitis in rabbits." Microbiol Res 162(1): 62-8.

96

Orhan, H., S. Marol, et al. (1999). "Effects of some probable antioxidants on selenite-induced cataract formation and oxidative stress-related parameters in rats." Toxicology 139(3): 219-32.

Ormerod, L. D., M. B. Abelson, et al. (1989). "Standard models of corneal injury using alkali-immersed filter discs." Invest Ophthalmol Vis Sci 30(10): 2148-53.

Orsi, R. O., J. M. Sforcin, et al. (2005). "Effects of Brazilian and Bulgarian propolis on bactericidal activity of macrophages against Salmonella Typhimurium." Int Immunopharmacol 5(2): 359-68.

Oshima, T., K. H. Sonoda, et al. (2008). "Protective role for CD1d-reactive invariant natural killer T cells in cauterization-induced corneal inflammation." Invest Ophthalmol Vis Sci 49(1): 105-12.

Oshima, T., K. H. Sonoda, et al. (2006). "Analysis of corneal inflammation induced by cauterisation in CCR2 and MCP-1 knockout mice." Br J Ophthalmol 90(2): 218-22.

Ozturk, F., E. Kurt, et al. (2000). "The effect of propolis extract in experimental chemical corneal injury." Ophthalmic Res 32(1): 13-8.

Ozturk, F., E. Kurt, et al. (1999). "The effects of acetylcholine and propolis extract on corneal epithelial wound healing in rats." Cornea 18(4): 466-71.

Ozturk, F., E. Kurt, et al. (1999). "Effect of propolis on endotoxin-induced uveitis in rabbits." Jpn J Ophthalmol 43(4): 285-9.

Ozyurt, H., B. Ozyurt, et al. (2007). "Caffeic acid phenethyl ester (CAPE) protects rat skeletal muscle against ischemia-reperfusion-induced oxidative stress." Vascul Pharmacol 47(2-3): 108-12.

Paintz, M. and J. Metzner (1979). "On the local anaesthetic action of propolis and some of its constituents." Pharmazie 34(12): 839-41.

Park, C. K. and J. H. Kim (1999). "Comparison of wound healing after photorefractive keratectomy and laser in situ keratomileusis in rabbits." J Cataract Refract Surg 25(6): 842-50.

97

Park YK, P.-G. J., Aguiar CL, Alencar SM, Fujiwara FY (2004). "Chemical constituents in Baccharis dracunculifolia as the main botanical origin of southeastern Brazilian propolis." J Agric Food Chem 52: 1100-3.

Parks, W. C., C. L. Wilson, et al. (2004). "Matrix metalloproteinases as modulators of inflammation and innate immunity." Nat Rev Immunol 4(8): 617-29.

Paterson, C. A., J. G. Wells, et al. (1994). "Recombinant tissue inhibitor of metalloproteinases type 1 suppresses alkali-burn-induced corneal ulceration in rabbits." Invest Ophthalmol Vis Sci 35(2): 677-84.

Patil, K., L. Bellner, et al. (2008). "Heme oxygenase-1 induction attenuates corneal inflammation and accelerates wound healing after epithelial injury." Invest Ophthalmol Vis Sci 49(8): 3379-86.

Paulino, N., S. R. Abreu, et al. (2008). "Anti-inflammatory effects of a bioavailable compound, Artepillin C, in Brazilian propolis." Eur J Pharmacol 587(1-3): 296-301.

Paulino, N., C. Teixeira, et al. (2006). "Evaluation of the analgesic and anti-inflammatory effects of a Brazilian green propolis." Planta Med 72(10): 899-906.

Pearlman, E., J. H. Lass, et al. (1995). "Interleukin 4 and T helper type 2 cells are required for development of experimental onchocercal keratitis (river blindness)." J Exp Med 182(4): 931-40.

Pfister, R. R., J. L. Haddox, et al. (1997). "Effect of synthetic metalloproteinase inhibitor or citrate on neutrophil chemotaxis and the respiratory burst." Invest Ophthalmol Vis Sci 38(7): 1340-9.

Pfister, R. R., J. L. Haddox, et al. (1998). "Injection of chemoattractants into normal cornea: a model of inflammation after alkali injury." Invest Ophthalmol Vis Sci 39(9): 1744-50.

Pillai, R. G., S. C. Beutelspacher, et al. (2008). "Upregulation of chemokine expression in murine cornea due to mechanical trauma or endotoxin." Br J Ophthalmol 92(2): 259-64.

Planck, S. R., L. F. Rich, et al. (1997). "Trauma and alkali burns induce distinct patterns of cytokine gene expression in the rat cornea." Ocul Immunol Inflamm 5(2): 95-100.

98

Pontin, K., A. A. Da Silva Filho, et al. (2008). "In vitro and in vivo antileishmanial activities of a Brazilian green propolis extract." Parasitol Res 103(3): 487-92.

Popescu, M. P., E. Palos, et al. (1986). "[What is propolis and how can it be used in ophthalmological therapeutics]." Rev Chir Oncol Radiol O R L Oftalmol Stomatol Ser Oftalmol 30(2): 149-54.

Reidy, J. J., J. Zarzour, et al. (1994). "Effect of topical beta blockers on corneal epithelial wound healing in the rabbit." Br J Ophthalmol 78(5): 377-80.

Reim M, K. A., Schrage N (1997). "The cornea surface and wound healing." Progress in Retinal and Eye Research 16(2): 183-225.

Rihawi, S., M. Frentz, et al. (2008). "Rinsing with isotonic saline solution for eye burns should be avoided." Burns 34(7): 1027-32.

Rubio, O. C., A. Cuellar Cuellar, et al. (1999). "A polyisoprenylated benzophenone from Cuban propolis." J Nat Prod 62(7): 1013-5.

Saika, S. (2007). "Yin and yang in cytokine regulation of corneal wound healing: roles of TNF-alpha." Cornea 26(9 Suppl 1): S70-4.

Salatino, A., E. W. Teixeira, et al. (2005). "Origin and Chemical Variation of Brazilian Propolis." Evid Based Complement Alternat Med 2(1): 33-8.

Santos, F. A., E. M. Bastos, et al. (2003). "Brazilian propolis: physicochemical properties, plant origin and antibacterial activity on periodontopathogens." Phytother Res 17(3): 285-9.

Savill, J. (1997). "Apoptosis in resolution of inflammation." J Leukoc Biol 61(4): 375-80.

Schermer, A., S. Galvin, et al. (1986). "Differentiation-related expression of a major 64K corneal keratin in vivo and in culture suggests limbal location of corneal epithelial stem cells." J Cell Biol 103(1): 49-62.

Schwartz, D. M., K. G. Duncan, et al. (1998). "Tetrodotoxin: anesthetic activity in the de-epithelialized cornea." Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 236(10): 790-4.

99

Serrao, S. and M. Lombardo (2005). "Corneal epithelial healing after photorefractive keratectomy: analytical study." J Cataract Refract Surg 31(5): 930-7.

Sforcin, J. M., R. O. Orsi, et al. (2005). "Effect of propolis, some isolated compounds and its source plant on antibody production." J Ethnopharmacol 98(3): 301-5.

Shaw, J. P., N. Chuang, et al. (2003). "Polymorphonuclear neutrophils promote rFGF-2-induced angiogenesis in vivo." J Surg Res 109(1): 37-42.

Shimazawa, M., S. Chikamatsu, et al. (2005). "Neuroprotection by Brazilian Green Propolis against In vitro and In vivo Ischemic Neuronal Damage." Evid Based Complement Alternat Med 2(2): 201-7.

Slansky, H. H., M. C. Gnadinger, et al. (1969). "Coagenase in corneal ulcerations." Arch Ophthalmol 82(1): 108-11.

Song, I. K. and C. K. Joo (2004). "Morphological and functional changes in the rat cornea with an ethanol-mediated epithelial flap." Invest Ophthalmol Vis Sci 45(2): 423-8.

Sonoda, K., T. Sakamoto, et al. (1998). "Inhibition of corneal inflammation by the topical use of Ras farnesyltransferase inhibitors: selective inhibition of macrophage localization." Invest Ophthalmol Vis Sci 39(12): 2245-51.

Sonoda, K. H., S. Nakao, et al. (2005). "Cellular events in the normal and inflamed cornea." Cornea 24(8 Suppl): 550-4.

Stiebel-Kalish, H., D. D. Gaton, et al. (1998). "A comparison of the effect of hyaluronic acid versus gentamicin on corneal epithelial healing." Eye 12 ( Pt 5): 829-33.

Stramer, B. M., J. D. Zieske, et al. (2003). "Molecular mechanisms controlling the fibrotic repair phenotype in cornea: implications for surgical outcomes." Invest Ophthalmol Vis Sci 44(10): 4237-46.

Strissel, K. J., M. T. Girard, et al. (1997). "Role of serum amyloid A as an intermediate in the IL-1 and PMA-stimulated signaling pathways regulating expression of rabbit fibroblast collagenase." Exp Cell Res 237(2): 275-87.

100

Strissel, K. J., W. B. Rinehart, et al. (1997). "Regulation of paracrine cytokine balance controlling collagenase synthesis by corneal cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 38(2): 546-52.

Suda, T., T. Nishida, et al. (1981). "Fibronectin appears at the site of corneal stromal wound in rabbits." Curr Eye Res 1(9): 553-6.

Sun, S. T., L. Y. Wang, et al. (2007). "[The clinical and pathogenic characteristics of keratitis caused by Alternaria alternata]." Zhonghua Yan Ke Za Zhi 43(1): 32-5.

Sun, T. T. and H. Green (1977). "Cultured epithelial cells of cornea, conjunctiva and skin: absence of marked intrinsic divergence of their differentiated states." Nature 269(5628): 489-93.

Sunderkotter, C., W. Beil, et al. (1991). "Cellular events associated with inflammatory angiogenesis in the mouse cornea." Am J Pathol 138(4): 931-9.

Suvas, S., B. Kim, et al. (2008). "Homeostatic expansion of CD4(+) T cells upregulates VLA-4 and exacerbates HSV-induced corneal immunopathology." Microbes Infect 10(10-11): 1192-200.

Suzuki, K., J. Saito, et al. (2003). "Cell-matrix and cell-cell interactions during corneal epithelial wound healing." Prog Retin Eye Res 22(2): 113-33.

Tatefuji, T., N. Izumi, et al. (1996). "Isolation and identification of compounds from Brazilian propolis which enhance macrophage spreading and mobility." Biol Pharm Bull 19(7): 966-70.

Tervo, T., M. Vesaluoma, et al. (1997). "Tear hepatocyte growth factor (HGF) availability increases markedly after excimer laser surface ablation." Exp Eye Res 64(4): 501-4.

Thoft, R. A. and J. Friend (1983). "The X, Y, Z hypothesis of corneal epithelial maintenance." Invest Ophthalmol Vis Sci 24(10): 1442-3.

Totan, Y., E. Aydin, et al. (2001). "Effect of caffeic acid phenethyl ester on corneal neovascularization in rats." Curr Eye Res 23(4): 291-7.

Tran, M. T., M. Tellaetxe-Isusi, et al. (1996). "Proinflammatory cytokines induce RANTES and MCP-1 synthesis in human corneal keratocytes but not in corneal epithelial cells. Beta-chemokine synthesis in corneal cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 37(6): 987-96.

101

Tsai, S. K., M. J. Lin, et al. (2006). "Caffeic acid phenethyl ester ameliorates cerebral infarction in rats subjected to focal cerebral ischemia." Life Sci 78(23): 2758-62.

Tseng, S. C. (1996). "Regulation and clinical implications of corneal epithelial stem cells." Mol Biol Rep 23(1): 47-58.

Velikova, M., V. Bankova, et al. (2000). "Chemical composition and biological activity of propolis from Brazilian meliponinae." Z Naturforsch [C] 55(9-10): 785-9.

Viola, R. S., M. H. Kempski, et al. (1992). "A new model for evaluating corneal wound strength in the rabbit." Invest Ophthalmol Vis Sci 33(5): 1727-33.

Vural, A., Z. A. Polat, et al. (2007). "The effect of propolis in experimental Acanthamoeba keratitis." Clin Experiment Ophthalmol 35(8): 749-54.

Wagoner, M. D. (1997). "Chemical injuries of the eye: current concepts in pathophysiology and therapy." Surv Ophthalmol 41(4): 275-313.

Wang, F., Y. Sun, et al. (2008). "[Effect of TGF-beta1 on expression of integrin beta1 following corneal alkali burns in rabbits]." Yan Ke Xue Bao 24(1): 13-7.

Weng, J., R. R. Mohan, et al. (1997). "IL-1 upregulates keratinocyte growth factor and hepatocyte growth factor mRNA and protein production by cultured stromal fibroblast cells: interleukin-1 beta expression in the cornea." Cornea 16(4): 465-71.

Wenk, H. N. and C. N. Honda (2003). "Silver nitrate cauterization: characterization of a new model of corneal inflammation and hyperalgesia in rat." Pain 105(3): 393-401.

Wenk, H. N., M. N. Nannenga, et al. (2003). "Effect of morphine sulphate eye drops on hyperalgesia in the rat cornea." Pain 105(3): 455-65.

West-Mays, J. A., P. M. Sadow, et al. (1997). "Repair phenotype in corneal fibroblasts is controlled by an interleukin-1 alpha autocrine feedback loop." Invest Ophthalmol Vis Sci 38(7): 1367-79.

102

West-Mays, J. A., K. J. Strissel, et al. (1995). "Competence for collagenase gene expression by tissue fibroblasts requires activation of an interleukin 1 alpha autocrine loop." Proc Natl Acad Sci U S A 92(15): 6768-72.

Wilson, S. E., Y. G. He, et al. (1996). "Epithelial injury induces keratocyte apoptosis: hypothesized role for the interleukin-1 system in the modulation of corneal tissue organization and wound healing." Exp Eye Res 62(4): 325-7.

Wilson, S. E., Y. G. He, et al. (1994). "Effect of epidermal growth factor, hepatocyte growth factor, and keratinocyte growth factor, on proliferation, motility and differentiation of human corneal epithelial cells." Exp Eye Res 59(6): 665-78.

Wilson, S. E. and W. J. Kim (1998). "Keratocyte apoptosis: implications on corneal wound healing, tissue organization, and disease." Invest Ophthalmol Vis Sci 39(2): 220-6.

Wilson, S. E., Q. Liang, et al. (1999). "Lacrimal gland HGF, KGF, and EGF mRNA levels increase after corneal epithelial wounding." Invest Ophthalmol Vis Sci 40(10): 2185-90.

Wilson, S. E., R. R. Mohan, et al. (2001). "The corneal wound healing response: cytokine-mediated interaction of the epithelium, stroma, and inflammatory cells." Prog Retin Eye Res 20(5): 625-37.

Yamada, J., M. R. Dana, et al. (2003). "Local suppression of IL-1 by receptor antagonist in the rat model of corneal alkali injury." Exp Eye Res 76(2): 161-7.

Yavas, G. F., F. Ozturk, et al. (2008). "Antifungal efficacy of voriconazole, itraconazole and amphotericin b in experimental fusarium solani keratitis." Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 246(2): 275-9.

Ye, H. Q., M. Maeda, et al. (2000). "Differential expression of MT1-MMP (MMP-14) and collagenase III (MMP-13) genes in normal and wounded rat corneas." Invest Ophthalmol Vis Sci 41(10): 2894-9.

Young, E. (1987). "Sensitivity to propolis." Contact Dermatitis 16(1): 49-50.

Zhang, J., C. A. Carraway, et al. (2006). "Muc4 expression during blood vessel formation in damaged rat cornea." Curr Eye Res 31(12): 1011-4.

103

Zhao, G. Q., Y. Q. Ma, et al. (2003). "Animal study on expression of laminin and fibronectin in cornea during wound healing following alkali burn." Chin J Traumatol 6(1): 37-40.

Zhao, M., J. Chen, et al. (2000). "[Immunologic experimental studies on the alkali burn of cornea in rats]." Zhonghua Yan Ke Za Zhi 36(1): 40-2, 4.

Zhao, M., B. Song, et al. (2003). "Direct visualization of a stratified epithelium reveals that wounds heal by unified sliding of cell sheets." Faseb J 17(3): 397-406.

Zhu, S. N. and M. R. Dana (1999). "Expression of cell adhesion molecules on limbal and neovascular endothelium in corneal inflammatory neovascularization." Invest Ophthalmol Vis Sci 40(7): 1427-34.

Zieske, J. D., S. R. Guimaraes, et al. (2001). "Kinetics of keratocyte proliferation in response to epithelial debridement." Exp Eye Res 72(1): 33-9.

8. ANEXO

105

APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

ANEXO DE PUBLICAÇÃO

Effect of green propolis in the corneal inflammation and regeneration

Luiz Fernando Taranta Martin, Jayter Silva de Paula

Departament of Ophthalmology, Otorhinolaringology Head and Neck Surgery of Facult

of Medicine of Ribeirão Preto of Universit of São Paulo

2

ABSTRACT

Purpose: The aim of this study was to investigate the effects of Brazilian green

propolis, a widely used folk medicine, in cornea wound healing and inflammation.

Methods: 32 Wistar male rats had the center of their right corneas treated with a silver

nitrate applicator stick to produce a superficial lesion of 1mm in diameter. The area of

injury was photographed and measured in times 0, 12, 24, 48 and 120 hours. Rats were

divided in two groups. Group green propolis (PV), which received topic application of

eye drops containing microemulsion of green propolis 1% and group vehicle (VH),

which received the same eye drops without propolis. Inflammatory response was

measured in 83 rats by neutrophil count in the lesion area. Besides counting the total

number of neutrophils, two other parameters were used. The ratio of neutrofils in the

center of lesion compared to the total count (center/total) and compared to the number

of neutrophils found in the borders of the lesion (center/borders) in times 12, 24, 48 and

120 hours. Regeneration was also assessed by determining the number of mitosis in

corneal basal layer, by immunohistochemistry with KI-67. Results: A significant

statistical difference between groups was found in wounded area measures in times 12,

24 and 48 hours (P<0,05), with values considerably lower in group PV. No differences

were found in time 0h and after 120 hours both groups had injured areas completely re-

epithelized. Total neutrophil count showed no significant differences in time 12h. In

times 24 and 48 hours the number of neutrophils was significantly reduced in group PV

(P<0,05) and in time 120h there was no statistical difference between groups. Neither

ratio center/total nor center/borders showed significant differences in any of the times

studied. Count of Immunohistochemistry marked cells showed statistical differences

(P<0,05) between VH and PV in times 12 and 24 hours, but not in 48 hours.

Conclusions: Topically applied green propolis reduced wound healing time and the

3

inflammatory response after alkali burn. Neutrophil migration pattern was not altered by

the use of eye drops.

Key words: Green propolis, alkali burn, cornea regeneration, cornea inflammation, KI-

67.

4

Introduction

Corneal epithelium plays important roles in the maintenance of corneal function

and integrity. Prolonged corneal epithelial defects may cause corneal opacity,

neovascularization, bacterial infection, and visual loss. To prevent such complications,

corneal epithelial wounds must be re-epithelialized as quickly as possible.

Propolis (honeybee glue), a resinous product consisting of sap, bark and bee

excreta, accumulates in bee hives. It is currently used as a health food and for the

treatment of various ailments. Indeed, it has been shown to have a wide range of

biological activities, principally attributable to the presence of flavonoids (major

component; rutin, quercetin, galangin, etc.) (Isla, Nieva Moreno et al. 2001) and caffeic

acid phenethyl ester (CAPE) (Natarajan, Singh et al. 1996). Hence, the putative

therapeutic properties of propolis could be related to its antibacterial (Bankova,

Marcucci et al. 1996; Drago, Mombelli et al. 2000), anti-inflammatory (Mirzoeva and

Calder 1996), antioxidativa (Krol, Czuba et al. 1990; Scheller, Wilczok et al. 1990)

and/or tumoricidal (Matsuno, Jung et al. 1997; Chen, Weng et al. 2004) activities.

In total, at least 200 compounds have been identified in different samples of

propolis, with more than 100 being present in any given sample. These include: fatty

and phenolic acids and esters, substituted phenolic esters, flavonoids (flavones,

flavanones, flavonols, dihydroflavonols, chalcones), terpenes, ß-steroids, aromatic

aldehydes and alcohols, and derivatives of sesquiterpenes, naphthalene and stilbenes

(Bankova, Christov et al. 1995; Tatefuji, Izumi et al. 1996; Marcucci, Ferreres et al.

2000; Velikova, Bankova et al. 2000). Propolis has a variety of botanical origins, and its

chemical composition can also be variable. Baccharis dracunculifolia DC (Asteraceae),

a native plant from Brazil, is the most important botanical source of Brazilian propolis,

known as green propolis because of its color (Park, Alencar et al. 2002; Kumazawa,

5

Yoneda et al. 2003; Park, Paredes-Guzman et al. 2004; Salatino, Teixeira et al. 2005).

In recent years, green propolis has been widely studied because of its characteristic

chemical composition and biological activities (Marcucci, Ferreres et al. 2001). In many

countries Brazilian propolis is used extensively in foods and beverages with the aim of

maintaining or improving human health (Trusheva, Popova et al. 2006; Paulino, Abreu

et al. 2008; Pontin, Da Silva Filho et al. 2008). However, to our knowledge, this is the

first time its effect is studied in the cornea inflammation and wound healing.

Methods

Animals

All experimental procedures were approved by the Ethics and Animal

Experiments Committee at the University of Ribeirão Preto, São Paulo University and

conform to established guidelines.

Lesion

Wistar male rats 250–300 g were deeply anaesthetized with halothane (4%, in air), and

the centers of their right corneas cauterized with a silver nitrate applicator stick (75%

silver nitrate, 25% potassium nitrate; Graham-Field Inc, Hauppauge, NY). The

applicator was held in contact with the cornea for 2 s, producing a discrete grayish-

white lesion 1 mm in diameter. The cauterized eye was then rinsed several times with

room temperature saline. Rats recovered fully from anesthesia within a few minutes,

and exhibited no outward signs of distress.

6

Photographs

After lesion animals were taken to slit lamp examination. A drop of fluorescein

was used to the lesion. They were held in focus position by a fixation device commonly

used for stereotaxic surgical procedures and attached to a plastic basis for supporting the

animals (Fig 1). Photographs were taken in five time points: immediately after the

lesion was performed (time 0) and within 12, 24, 48 and 120 hours. Animals had a

paper sticked to the inferior eyelid, informing their group, number and time after lesion.

The paper also contained a rule of 1mm for posterior measurement of wounded areas

and conversion from pixels to millimeters.

In the slit lamp we used the cobalt blue light and the zoom of 16 times.

Photographs of 3 Mpixels were taken by a digital camera (Sony, Cybershot 5.1

Mpixels) connected to the slit lamp by an optic system (D.F. Vasconcelos, Brazil).

Images were taken from the digital camera to a computer and wound areas were

delimited and isolated by image software (Image J - 1,33u, NIH, USA).

Figure 1. Slit lamp with the fixation device, optic system and digital camera.

A B

7

Eye drops

In this experiment we used a green propolis obtained from the Northeast region of

Brazil, State of Maranhão. This kind of propolis is produced by a species of bee called

Scaptotrigona sp, which spends most of its life producing honey and propolis and is

specially known for local people because its healing properties. It was obtained in its

dry form to maintain its properties.

In the Pharmacy University of Ribeirão Preto propolis was diluted in a solution of

polyethylene-6-caprylate/caprate, polyglyceryl-6-dioleate, glycerides caprylate/caprate

(10.0%) (Mackaderm MicroExpress - McIntyre), benzalkonium chloride (0.01%) and

distilled deionized water by MilliQ system (Millipore™). A microemulsion of green

propolis was prepared in the concentration of 1%. Another eye drop without green

propolis was prepared in the same way for using in the control group.

After preparation both medication were filtered in filtering membrane of 0,22µm

(Milipore™) and stored in eye drops polyethylene bottles. Eye drops manipulation was

made in sterile conditions, in a laminar flux camera irradiated with ultraviolet light

(MiniFlow – Marconi™). All the material used was previously sterilized in a

temperature of 121ºC, for 15 minutes.

Groups

Animals were divided in two groups. The green propolis group (PV) received eye drops

with the medication while the vehicle group (VH) received eye drops contained the

vehicle without green propolis. Drops were applied four times daily and animals were

sacrificed after 12, 24, 48 and 120 hours after lesion time.

8

Histology and Immunohistochemistry

On the day scheduled for collection of corneas, the animals were anesthetized

and taken to examination in the slit lamp. After being photographed, still under

influence of anesthesia, they were sacrificed in a carbon dioxide chamber and slides of

corneas were prepared. Histological cuts of 5µm were performed and preparations were

made using Hematoxilyn and Eosin, according to classic technique.

Slides were taken to optic microscope and were analyzed in 400 times

magnification. Three fields were used for cell counting. The center of the lesion was

determined and counting of neutrophils was performed in this area. Right and left

adjacent fields were excluded and the next fields were also analyzed, both in the right

and in the left borders of the lesion. The same procedure was repeated in another slide

for each animal.

For histological quantification of regeneration immunohistochemistry was made

using the identification of the KI-67 protein, present in the cell phases related to the

multiplication process.

The same paraffin blocks previously described went through a process of

hydration and removal of the paraffin. Antigen retrieval was performed by incubation

of slides in heated buffer solution (citrate, pH 6.0) suitable for the antibody used.

Endogenous peroxidase blocking was performed washing slides with PBS (Phosphate

buffered Salin) for 3min. They were then incubated with hydrogen peroxide 3% for 10

minutes at ambient temperature, and washed twice with PBS for 3 minutes and twice

with TBST (Tris-buffered Saline Tween-20) for 3min.

For blocking the nonspecific antibody a solution of skim milk in the

concentration of 3% was prepared (Molico, Nestle) using also Tris-HCl (tromethamine,

pH 7.6) and 0.05% Tween (Sigma, USA). A dilution of 1:50 with normal horse serum

9

was made. Binding of specific antibody was done by dripping the primary antibody

diluted in the proportion of 1:200. Antibody KI-67 was used (clone MM1, Novocastra,

Newcastle Upon Tyne, UK). Binding of secondary antibody (NovoLink, Novocastra,

Newcastle Upon Tyne, UK) was performed after 30min. After dried, slides were then

taken to an optical microscope, and the magnification of 400 times was used for

counting the number of marked corneal epithelial cells in the basal layer in five adjacent

fields.

Results

Wounded area

Digital analysis of the photographs with the wounded areas stained by

fluorescein was used to calculate the wounded area (Figs. 2 and 3). There was a

significant statistical difference between the two groups in times 12, 24 and 48 hours

(P<0,01). No differences were found in time 0h, confirming that a similar lesion was

made in both groups. After 120 hours of lesion all animals presented complete re-

epithelialization (Table 1).

Table 1. Distribution of area measurement (mm² ± standard error) in the different times for both groups.

TIME VH PV P

0h 0,0389 ± 0,0017 0,0341 ± 0,0014 0,1978

12h 0,0291 ± 0,0012 0,0160 ± 0,0030 0,0032

24h 0,0163 ± 0,0021 0,0076 ± 0,0022 0,0007

48h 0,0075 ± 0,0009 0,0031 ± 0,0007 0,0019

120h 0,00 0,00 -------

10

Figure 2. Digital photographs of stained wounded areas of animals of both groups in all times studied.

A B

C D

FE

HG

11

0 12 24 48 1200

20

40

60

80

100

120VHPV

Time (h)

Are

a (%

)

Figure 3. Percentage of wounded area reduction in both groups.

Neutrophil count

In the vicinity of the lesion and in stromal region under the injured area there was

accumulation of a considerable quantity of cells, seen in the microscope magnification

of 100 times. The identification of cells, performed in 400 times magnification found

the presence of other cells in the region of injury, as macrophages and lymphocytes, but

with predominance of neutrophils (Fig. 4).

Figure 4. A. Cornea photomicrograph of an animal of group VH, 12 hours after lesion. It is possible to observe the accumulation of cells under the wounded area (HE - 100x). B. Neutrophils under the area of lesion in the same animal (HE – 400x).

12

Neutrophils were identified and counted in both groups. No statistically

significant difference was found between groups after 12 hours of lesion. After 24 and

48 hours a significant difference was found (P<0,05), with differences more marked in

time 24 hours. After 120 hours of lesion neutrophil count showed no statistical

difference between groups (Table 2 and Figure 5).

Table 2. Distribution of averages of neutrophil count in both groups in the various times studied.

TIME VH PV P

12h 150,44 ± 8,98

150,33 ± 10,82

1,0000

24h 448,55 ± 21,71 354,73 ± 9,66 0,0006

48h 408,00 ± 16,47 326,70 ± 13,29 0,0014

120h 82,18 ± 19,99 56,91 ± 9,95 0,3752

12h 24h 48h 120h0

100

200

300

400

500VHPV

Time (h)

Num

ber

of n

eutr

ophi

ls

Figure 5. Distribution of neutrophil count averages in linear curve.

13

0 12 24 48 1200

20

40

60

80

100

0

100

200

300

400

500

Area VH (%)Area PV (%)

Number of neutrophils VH

Number of neutrophils PV

Time (h)

Are

a (%

)

Num

ber of neutrophils

Figure 6. Correlation between healed area (in percentage) and neutrophil count in both groups.

The analysis of neutrophil migration was performed by two parameters. The first

was the ratio between the number of neutrophils in the center of the lesion, counted in

the central histological field, and the total number of neutrophils counted in the three

fields examined. This ratio was called "center / total" and served as an indirect measure

of inflammation in the center of the lesion and the rate of migration of these cells, as is

well known that neutrophils migrate from the corneal limbus to the injured area. No

statistical difference was found between groups in the times studied (Table 3).

Table 3: Center/total parameter in both groups in the different times studied

TIME VH PV P

12h 0,23 ± 0,0120

0,26 ± 0,0078

0,0939

24h 0,36 ± 0,0043 0,39 ± 0,0163 0,1150

48h 0,36 ± 0,0045 0,41 ± 0,0219 0,1286

120h 0,48 ± 0,0247 0,47 ± 0,0352 0,3578

14

The second parameter was the ratio between neutrophil count in the center and

in the borders injured. It was called "center/borders" and served as an indirect measure

of the migration speed of neutrophils involved in the inflammatory process, since it

correlates the number of cells that reached the center of the lesion with the number of

cells present in the periphery of the wounded area. No statistical difference was found in

the times studied (Table 4).

Table 4: Center/borders parameter in both groups in the different times studied

TIME VH PV P

12h 0,73 ± 0,0407 0,73 ± 0,0295 0,4363

24h 1,15 ± 0,0217 1,32 ± 0,1038 0,1150

48h 1,15 ± 0,0224 1,43 ± 0,1494 0,1286

120h 2,02 ± 0,224 2,03 ± 0,3596 0,3578

Immunohistochemistry (KI-67)

Immunohistochemical essays showed an adequate staining of epithelial cells,

primarily in the first two rows of the epithelial basal layer. The intensity of staining

varied little in different histological sections and for counting only cells marked frankly

in the first row were considered. After counting, the index of positivity (IP) was

calculated by the average of cell counts in all animals of each group.

A significant statistical difference was found between both groups in time 12

hours, with the index considerably higher in the group PV (P<0,0001). Time 24 hours

also showed a significant difference (P<0,01) and no difference was found in time 48

hours, as showed in Figure 7.

15

VH 12h PV 12h VH 24h PV 24h VH 48h PV 48h20

40

60

80

Groups

KI-6

7 Po

sitiv

ity in

dex

Figure 7. KI-67 positivity index in both groups.

Discussion

Cornea lesions are common. Because its external position, corneal surface

injuries are among the most frequent lesions of the eye. The understanding and

treatment of such injuries and the mechanisms that accompany them are critical to the

maintenance of good eye health and many efforts have been made to develop new

therapeutic options. To our knowledge, this is the first study to describe the effects of

green propolis in a cornea wound healing model.

Aqueous extracts obtained from green propolis have antioxidative properties and

inhibitory actions on certain enzymes, greater than those obtained with ethanolic

extracts. They are rich in terpenoids and derivatives of coumaric acid, caffeoylquinic

acid and cinnamic acid and its probable that its components have synergistic effects

(Miyataka, Nishiki et al. 1997; Miyataka, Nishiki et al. 1998; Matsui, Ebuchi et al.

2004; Nakajima, Shimazawa et al. 2007).

16

The concentration of 1% used is the most frequent in studies involving plant

extracts. It is known that red propolis cause damage to the corneal epithelial cells of rats

when in concentrations of 7.81 mg / mL (Vural, Polat et al. 2007). Thus, although there

are no specific studies on corneal toxicity of green propolis, the concentration of 1%

(0.01 mg / mL) is probably safe to corneal epithelium.

The pathophysiological mechanisms by which green propolis expresses its

effects have also been focus of attention. In the eye it was observed that its use reduced

both neuronal death and apoptosis of retinal ganglion cells (Shimazawa, Chikamatsu et

al. 2005; Nakajima, Shimazawa et al. 2007). Furthermore, it reduced the amount of free

radicals, generating protection against oxidative stress induced by lipid peroxidation.

Mechanical desepithelizations regenerate faster than those caused by alkali burn

(Yamada, Dana et al. 2003; Li, Burns et al. 2006). Such differences are due to

peculiarities of chemical burns, which involve different types of mediators (Ishizaki,

Zhu et al. 1993; Saika, Kobata et al. 1993; Daniels, Geerling et al. 2003; Zhao, Ma et al.

2003; Parks, Wilson et al. 2004), generate an inflammatory response greater than those

observed in mechanically injured corneas and triggers oxidation, causing degradation of

the stromal matrix (Berman, Manseau et al. 1983; Berman 1993; Planck, Rich et al.

1997; Geerling, Joussen et al. 1999; Zhao, Chen et al. 2000; Yamada, Dana et al. 2003).

In the present experiment, we observed that complete epithelization occurred

with more than 48 hours. Although the exact re-epithelization time was not determined,

it seems it was closer to 48 than to 120h, as the VH group had, in time of 48h, 81% of

lesions regenerated while the PV group had 92% of the injured area healed. These

findings are consistent with the literature findings cited above. The nature and depth of

the injury probably contributed to the prolonged time of regeneration, especially in the

VH group.

17

The replacement of epithelial cells is made from mitosis that occur in the basal

epithelial layer and the mitoses occurring in the limbus, where stem cells begin a

process of rapid reproduction after detection of a corneal lesion (Sun and Green 1977;

Schermer, Galvin et al. 1986; Cotsarelis, Cheng et al. 1989; Lavker, Dong et al. 1991;

Tseng 1996; Boulton and Albon 2004). In this study mitosis in the limbus were not

measured, but measurements in the corneal epithelial basal layer with KI-67 showed an

intense cell reproduction in the group PV, especially after 12 hours of lesion, suggesting

a mechanism of action that justifies the fact that wounds are more rapidly healed in the

group using propolis.

The indirect measure of inflammation by counting the total number of

neutrophils in the injured region showed an increase in the time of 12 hours. As the

number of neutrophils in the cornea of rats is small in normal situation (Brissette-

Storkus, Reynolds et al. 2002; Hamrah, Zhang et al. 2002; Hamrah, Liu et al. 2003), we

can conclude that a significant neutrophil migration occurs in the first 12 hours after

injury and that the effect of drops of propolis does not reduce this migration, since there

was no statistically significant differences between groups.

In the time of 24 hours, the counting almost tripled in the VH group and reached

values almost two and a half times higher in group PV. Values recorded at this time are

the highest for both groups and the difference between them suggests that the drops of

propolis have significant effect in reducing inflammation between 12 and 24 hours after

injury. In time of 48 hours differences still exist although they are not as marked as

times before. In time 120 hours there is a reduction of approximately 80% of cells

comparing to the time of 48 hours and no statistical differences are found between

groups.

18

These results are consistent with most findings in the literature, in which the

peak of neutrophil count was observed between 18 and 24 hours (Wenk and Honda

2003; Li, Rumbaut et al. 2006; Lin, Carlson et al. 2007; Lin, Jackson et al. 2008). The

use of propolis apparently did not change the pattern of neutrophil migration. When

analyzing the data of center/total and center/borders, it was observed that the quantity of

neutrophils present in the center and the borders of the lesion did not vary between

groups.

These results suggest that anti-inflammatory action of propolis preserves the

migration pattern of neutrophil cells involved in the inflammatory process. Possibly, the

action of its components is given in the mechanisms of mediators release such as

cytokines and chemotaxines. Similar results were observed in the study of corneal anti-

inflammatory action of other substances and further studies are needed to determine the

mechanisms by which green propolis exerts its effects (Li, Rumbaut et al. 2006;

Biteman, Hassan et al. 2007; McInnis, Britain et al. 2007; Lin, Jackson et al. 2008;

Patil, Bellner et al. 2008; Pillai, Beutelspacher et al. 2008).

References

Bankova, V., R. Christov, et al. (1995). "Chemical composition and antibacterial activity of Brazilian propolis." Z Naturforsch [C] 50(3-4): 167-72.

Bankova, V., M. C. Marcucci, et al. (1996). "Antibacterial diterpenic acids from Brazilian propolis." Z Naturforsch [C] 51(5-6): 277-80.

Berman, M., E. Manseau, et al. (1983). "Ulceration is correlated with degradation of fibrin and fibronectin at the corneal surface." Invest Ophthalmol Vis Sci 24(10): 1358-66.

Berman, M. B. (1993). "Regulation of corneal fibroblast MMP-1 collagenase secretion by plasmin." Cornea 12(5): 420-32.

19

Biteman, B., I. R. Hassan, et al. (2007). "Interdependence of lipoxin A4 and heme-oxygenase in counter-regulating inflammation during corneal wound healing." Faseb J 21(9): 2257-66.

Boulton, M. and J. Albon (2004). "Stem cells in the eye." Int J Biochem Cell Biol 36(4): 643-57.

Brissette-Storkus, C. S., S. M. Reynolds, et al. (2002). "Identification of a novel macrophage population in the normal mouse corneal stroma." Invest Ophthalmol Vis Sci 43(7): 2264-71.

Chen, C. N., M. S. Weng, et al. (2004). "Comparison of Radical Scavenging Activity, Cytotoxic Effects and Apoptosis Induction in Human Melanoma Cells by Taiwanese Propolis from Different Sources." Evid Based Complement Alternat Med 1(2): 175-185.

Cotsarelis, G., S. Z. Cheng, et al. (1989). "Existence of slow-cycling limbal epithelial basal cells that can be preferentially stimulated to proliferate: implications on epithelial stem cells." Cell 57(2): 201-9.

Daniels, J. T., G. Geerling, et al. (2003). "Temporal and spatial expression of matrix metalloproteinases during wound healing of human corneal tissue." Exp Eye Res 77(6): 653-64.

Drago, L., B. Mombelli, et al. (2000). "In vitro antimicrobial activity of propolis dry extract." J Chemother 12(5): 390-5.

Geerling, G., A. M. Joussen, et al. (1999). "Matrix metalloproteinases in sterile corneal melts." Ann N Y Acad Sci 878: 571-4.

Hamrah, P., Y. Liu, et al. (2003). "The corneal stroma is endowed with a significant number of resident dendritic cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 44(2): 581-9.

Hamrah, P., Q. Zhang, et al. (2002). "Novel characterization of MHC class II-negative population of resident corneal Langerhans cell-type dendritic cells." Invest Ophthalmol Vis Sci 43(3): 639-46.

Ishizaki, M., G. Zhu, et al. (1993). "Expression of collagen I, smooth muscle alpha-actin, and vimentin during the healing of alkali-burned and lacerated corneas." Invest Ophthalmol Vis Sci 34(12): 3320-8.

20

Isla, M. I., M. I. Nieva Moreno, et al. (2001). "Antioxidant activity of Argentine propolis extracts." J Ethnopharmacol 76(2): 165-70.

Krol, W., Z. Czuba, et al. (1990). "Anti-oxidant property of ethanolic extract of propolis (EEP) as evaluated by inhibiting the chemiluminescence oxidation of luminol." Biochem Int 21(4): 593-7.

Kumazawa, S., M. Yoneda, et al. (2003). "Direct evidence for the plant origin of Brazilian propolis by the observation of honeybee behavior and phytochemical analysis." Chem Pharm Bull (Tokyo) 51(6): 740-2.

Lavker, R. M., G. Dong, et al. (1991). "Relative proliferative rates of limbal and corneal epithelia. Implications of corneal epithelial migration, circadian rhythm, and suprabasally located DNA-synthesizing keratinocytes." Invest Ophthalmol Vis Sci 32(6): 1864-75.

Li, Z., A. R. Burns, et al. (2006). "Two waves of neutrophil emigration in response to corneal epithelial abrasion: distinct adhesion molecule requirements." Invest Ophthalmol Vis Sci 47(5): 1947-55.

Li, Z., R. E. Rumbaut, et al. (2006). "Platelet response to corneal abrasion is necessary for acute inflammation and efficient re-epithelialization." Invest Ophthalmol Vis Sci 47(11): 4794-802.

Lin, M., E. Carlson, et al. (2007). "CXCL1/KC and CXCL5/LIX are selectively produced by corneal fibroblasts and mediate neutrophil infiltration to the corneal stroma in LPS keratitis." J Leukoc Biol 81(3): 786-92.

Lin, M., P. Jackson, et al. (2008). "Matrix metalloproteinase-8 facilitates neutrophil migration through the corneal stromal matrix by collagen degradation and production of the chemotactic peptide Pro-Gly-Pro." Am J Pathol 173(1): 144-53.

Marcucci, M. C., F. Ferreres, et al. (2000). "Evaluation of phenolic compounds in Brazilian propolis from different geographic regions." Z Naturforsch [C] 55(1-2): 76-81.

Marcucci, M. C., F. Ferreres, et al. (2001). "Phenolic compounds from Brazilian propolis with pharmacological activities." J Ethnopharmacol 74(2): 105-12.

21

Matsui, T., S. Ebuchi, et al. (2004). "Strong antihyperglycemic effects of water-soluble fraction of Brazilian propolis and its bioactive constituent, 3,4,5-tri-O-caffeoylquinic acid." Biol Pharm Bull 27(11): 1797-803.

Matsuno, T., S. K. Jung, et al. (1997). "Preferential cytotoxicity to tumor cells of 3,5-diprenyl-4-hydroxycinnamic acid (artepillin C) isolated from propolis." Anticancer Res 17(5A): 3565-8.

McInnis, K. A., A. Britain, et al. (2007). "Human corneal epithelial cells synthesize ELR(-)alpha-chemokines in response to proinflammatory mediators." Ocul Immunol Inflamm 15(4): 295-302.

Mirzoeva, O. K. and P. C. Calder (1996). "The effect of propolis and its components on eicosanoid production during the inflammatory response." Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids 55(6): 441-9.

Miyataka, H., M. Nishiki, et al. (1998). "Evaluation of propolis (II): effects of Brazilian and Chinese propolis on histamine release from rat peritoneal mast cells induced by compound 48/80 and concanavalin A." Biol Pharm Bull 21(7): 723-9.

Miyataka, H., M. Nishiki, et al. (1997). "Evaluation of propolis. I. Evaluation of Brazilian and Chinese propolis by enzymatic and physico-chemical methods." Biol Pharm Bull 20(5): 496-501.

Nakajima, Y., M. Shimazawa, et al. (2007). "Water extract of propolis and its main constituents, caffeoylquinic acid derivatives, exert neuroprotective effects via antioxidant actions." Life Sci 80(4): 370-7.

Natarajan, K., S. Singh, et al. (1996). "Caffeic acid phenethyl ester is a potent and specific inhibitor of activation of nuclear transcription factor NF-kappa B." Proc Natl Acad Sci U S A 93(17): 9090-5.

Park, Y. K., S. M. Alencar, et al. (2002). "Botanical origin and chemical composition of Brazilian propolis." J Agric Food Chem 50(9): 2502-6.

Park, Y. K., J. F. Paredes-Guzman, et al. (2004). "Chemical constituents in Baccharis dracunculifolia as the main botanical origin of southeastern Brazilian propolis." J Agric Food Chem 52(5): 1100-3.

22

Parks, W. C., C. L. Wilson, et al. (2004). "Matrix metalloproteinases as modulators of inflammation and innate immunity." Nat Rev Immunol 4(8): 617-29.

Patil, K., L. Bellner, et al. (2008). "Heme oxygenase-1 induction attenuates corneal inflammation and accelerates wound healing after epithelial injury." Invest Ophthalmol Vis Sci 49(8): 3379-86.

Paulino, N., S. R. Abreu, et al. (2008). "Anti-inflammatory effects of a bioavailable compound, Artepillin C, in Brazilian propolis." Eur J Pharmacol 587(1-3): 296-301.

Pillai, R. G., S. C. Beutelspacher, et al. (2008). "Upregulation of chemokine expression in murine cornea due to mechanical trauma or endotoxin." Br J Ophthalmol 92(2): 259-64.

Planck, S. R., L. F. Rich, et al. (1997). "Trauma and alkali burns induce distinct patterns of cytokine gene expression in the rat cornea." Ocul Immunol Inflamm 5(2): 95-100.

Pontin, K., A. A. Da Silva Filho, et al. (2008). "In vitro and in vivo antileishmanial activities of a Brazilian green propolis extract." Parasitol Res 103(3): 487-92.

Saika, S., S. Kobata, et al. (1993). "Epithelial basement membrane in alkali-burned corneas in rats. Immunohistochemical study." Cornea 12(5): 383-90.

Salatino, A., E. W. Teixeira, et al. (2005). "Origin and Chemical Variation of Brazilian Propolis." Evid Based Complement Alternat Med 2(1): 33-38.

Scheller, S., T. Wilczok, et al. (1990). "Free radical scavenging by ethanol extract of propolis." Int J Radiat Biol 57(3): 461-5.

Schermer, A., S. Galvin, et al. (1986). "Differentiation-related expression of a major 64K corneal keratin in vivo and in culture suggests limbal location of corneal epithelial stem cells." J Cell Biol 103(1): 49-62.

Shimazawa, M., S. Chikamatsu, et al. (2005). "Neuroprotection by Brazilian Green Propolis against In vitro and In vivo Ischemic Neuronal Damage." Evid Based Complement Alternat Med 2(2): 201-207.

23

Sun, T. T. and H. Green (1977). "Cultured epithelial cells of cornea, conjunctiva and skin: absence of marked intrinsic divergence of their differentiated states." Nature 269(5628): 489-93.

Tatefuji, T., N. Izumi, et al. (1996). "Isolation and identification of compounds from Brazilian propolis which enhance macrophage spreading and mobility." Biol Pharm Bull 19(7): 966-70.

Trusheva, B., M. Popova, et al. (2006). "Bioactive constituents of brazilian red propolis." Evid Based Complement Alternat Med 3(2): 249-54.

Tseng, S. C. (1996). "Regulation and clinical implications of corneal epithelial stem cells." Mol Biol Rep 23(1): 47-58.

Velikova, M., V. Bankova, et al. (2000). "Chemical composition and biological activity of propolis from Brazilian meliponinae." Z Naturforsch [C] 55(9-10): 785-9.

Vural, A., Z. A. Polat, et al. (2007). "The effect of propolis in experimental Acanthamoeba keratitis." Clin Experiment Ophthalmol 35(8): 749-54.

Wenk, H. N. and C. N. Honda (2003). "Silver nitrate cauterization: characterization of a new model of corneal inflammation and hyperalgesia in rat." Pain 105(3): 393-401.

Yamada, J., M. R. Dana, et al. (2003). "Local suppression of IL-1 by receptor antagonist in the rat model of corneal alkali injury." Exp Eye Res 76(2): 161-7.

Zhao, G. Q., Y. Q. Ma, et al. (2003). "Animal study on expression of laminin and fibronectin in cornea during wound healing following alkali burn." Chin J Traumatol 6(1): 37-40.

Zhao, M., J. Chen, et al. (2000). "[Immunologic experimental studies on the alkali burn of cornea in rats]." Zhonghua Yan Ke Za Zhi 36(1): 40-2, 4.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo