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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÂO DE VITAMINA C NO DESEMPENHO DE MELANOTÊNIA MAÇÃ (Glossolepis incisus) IVE SANTOS MUZITANO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ MARÇO DE 2007

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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÂO DE VITAMINA C NO DESEMPENHO DE MELANOTÊNIA MAÇÃ ( Glossolepis incisus)

IVE SANTOS MUZITANO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ MARÇO DE 2007

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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA C NO DESEMPENHO DE MELANOTÊNIA MAÇÃ ( Glossolepis incisus)

IVE SANTOS MUZITANO

Dissertação apresentada no Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências

para obtenção do título de mestre em

Produção Animal

Orientador: Profo. Manuel Vazquez Vidal Jr.

CAMPOS DOS GOYTACAZES / RJ

MARÇO DE 2007

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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÂO DE VITAMINA C NO DESEMPENHO DE MELANOTÊNIA MAÇÃ ( Glossolepis incisus)

IVE SANTOS MUZITANO

Dissertação apresentada no Centro de Ciências e Tecnologia agropecuária da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de mestre em produção animal.

Aprovada em ____ de _______________ de 2007.

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. Clovis Andrade Neves (Doutor, Ciências Morfológicas) – UFV

Prof. Dalcio Ricardo de Andrade (Doutor, Morfologia) – UENF

Prof. Humberto Pena Couto (Doutor, Zootecnia) – UENF

Orientador: Prof. Manuel Vazquez Vidal Jr. (Doutor, Zootecnia) – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ MARÇO-2007

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ii

Abre a folha do livro Que eu lhe dou para guardar E desata o nó dos cinco sentidos Para se soltar Que nenhum som clareia o céu Nem é de manhã E anda debaixo do chão Mas avoa que nem asa de avião Pra rolar e viver levando o jeito De seguir rolando Que nem canção de amor no firmamento Que alguém pegou no ar E depois jogou no mar Pra viver do outro lado da vida E saber atravessar Prosseguir viagem numa garrafa Onde o mar levar Que é a luz que vai tecer o motor da lenda Cruzando o céu do sertão Não ter medo de nenhuma careta Que pretende assustar Encontrar o coração do planeta E mandar parar Pra dar um tempo e prestar atenção nas coisas Fazer um minuto de paz Um silêncio que ninguém esquece mais Que nem ronco do trovão Que eu lhe dou para guardar A paixão é que nem sobra de vidro Que também pode quebrar Faz o jogo e abre a folha do livro Apresenta o ás Pra renascer em cada pedaço que ficou E o grande amor vai juntar E é coisa que ninguém separa mais Que nem ronco do trovão Que eu lhe dou para guardar...

A página do relâmpago elétrico

(Beto Guedes e Ronaldo Bastos)

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iii

A

Deus e aos meus queridos pais,

Jeziel Guimarães Muzitano e Enilda

Santos Muzitano, por serem os

maiores e melhores professores da

minha vida

DEDICO

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iv

AGRADECIMENTOS

À FAPERJ, pela concessão da bolsa de estudos durante todo o mestrado.

À BASF Animal Nutrition, pela doação da vitamina C (LUTAVIT C Aquastab), para

que fosse desenvolvido o experimento.

Ao Gil Terra, produtor rural que doou as matrizes de melanotênia maçã para a

produção dos juvenis utilizados no experimento.

À indústria PARGO S.A., pela doação da farinha de peixe para a fabricação da ração

experimental.

Ao orientador, amigo e professor Dr. Manuel Vazquez Vidal Jr., pela colaboração e

paciência durante todo o mestrado.

Ao Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) e funcionários, por cederem

suas instalações e auxílio no desenvolvimento do experimento.

A toda equipe da piscicultura: Professor Dr. Dalcio Ricardo de Andrade e alunos,

Guilherme de Sousa; George Yasui; Denílson Bukert; André Velloso; Monique

Virães, Pedro Pierro e estagiários.

Ao Laboratório de Biologia Geral – UFV, professor Dr. Clóvis Andrade Neves e seus

alunos, pela grande ajuda nas análises.

Ao meu grande companheiro e melhor amigo de todas as horas, não importando a

distância física, Fabrício Alvim Carvalho.

À família Alvim Carvalho, que me acolheu como uma verdadeira filha, dando sempre

muito apoio e carinho.

A todos meus amigos pelas “farras” e momentos de descontração.

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v

BIOGRAFIA

IVE SANTOS MUZITANO, filha de Jeziel Guimarães Muzitano e Enilda

Santos Muzitano, nasceu em 13 de setembro de1978, na cidade do Rio de Janeiro-

RJ.

Formada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF). Admitida em março de 2004 no curso de pós-graduação em

Produção Animal, também na UENF, submetendo-se à defesa de dissertação de

mestrado no dia 8 de março de 2007.

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CONTEÚDO

LISTA DE TABELAS..................................................................................................viii

LISTA DE FIGURAS....................................................................................................ix

RESUMO.................................................................................................................... xi

ABSTRACT ............................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1

2. OBJETIVO...............................................................................................................4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................5

3.1. A espécie ..........................................................................................................5 3.1.1. Características gerais.................................................................................5 3.1.2. Necessidades físico-químicas do ambiente ...............................................7 3.1.3. Comportamento..........................................................................................8 3.1.4. Reprodução................................................................................................8 3.1.5. Hábito alimentar .......................................................................................10

3.2. Vitamina C (L-ácido ascórbico).......................................................................10 3.2.1. Histórico da Vitamina C............................................................................10 3.2.2. Metabolismo da Vitamina C .....................................................................11 3.2.3. Absorção da Vitamina C...........................................................................14 3.2.4. Funções metabólicas da Vitamina C........................................................15 3.2.5. Efeitos da Vitamina C sobre o Crescimento.............................................18 3.2.6. Efeitos da Vitamina C sobre o Desempenho reprodutivo.........................19 3.2.7. Efeitos da Vitamina C na Resposta ao estresse ......................................21 3.2.8. Efeitos da Vitamina C sobre o Sistema imunológico................................24 3.2.9. Sintomas da deficiência da Vitamina C....................................................25 3.2.10. Estabilidade da Vitamina C na Ração....................................................26

4. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................28

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................36

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vii

6. CONCLUSÃO........................................................................................................47

7. RECOMENDAÇÕES..............................................................................................48

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................49

APÊNDICE................................................................................................................60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ingredientes e composição da ração........................................................30

Tabela 2 - Variáveis ganho de peso (GP), crescimento comprimento total (CCT),

crescimento comprimento padrão (CCP), crescimento altura (CH), conversão

alimentar (CA), porcentagem de sobrevivência (S) de melanotênia maçã submetida a

diferentes níveis de vitamina C, e coeficiente de variação (CV) de cada variável....38

Tabela 3 - Correlação entre os parâmetros ganho de peso (GP); conversão alimentar

(CA); crescimento comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura (H); e tratamento.

Para nível de significância acima de 0,1....................................................................39

Tabela 4 - Correlação das variáveis tecido conectivo (TC) e fibra muscular (FM), com

as variáveis peso (P), comprimento total (CT) e padrão (CP), e altura (H). Para níveis

de significância acima de 0,1.....................................................................................43

Tabela 5 - Correlação entre as variáveis tratamento; ganho de peso (GP),

crescimentos comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura; tecido conectivo (TC)

e fibra muscular (FM) em fêmeas de melanotênia maçã. Para níveis de significância

acima de 0,1...............................................................................................................44

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Tabela 6 - Correlação entre as variáveis tratamento; ganho de peso (GP),

crescimentos comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura (CH); tecido conectivo

(TC) e fibra muscular (FM) em machos de melanotênia maçã. Para níveis de

significância acima de 0,1..........................................................................................45

Tabela 1A - Variáveis porcentagem de tecido conectivo (TC), porcentagem de fibra

muscular (FM), peso (P), comprimento total (CT), comprimento padrão (CP) e altura,

submetidas aos tratamentos com níveis crescentes de vitamina C e seus respectivos

coeficientes de variação (CV), e as médias das variáveis antes de ser submetida aos

tratamentos.................................................................................................................61

Tabela 2A – Variáveis ganho de peso (GP), crescimento comprimento total (CCT),

crescimento comprimento padrão (CCP), crescimento altura (CH), tecido conectivo

(TC) e fibra muscular (FM) submetidas aos diferentes níveis de vitamina C, bem

como a sua diferenciação entre fêmeas e machos, e o coeficiente de variação (CV)

de cada variável analisada.........................................................................................62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Melanotênia maçã macho...........................................................................6

Figura 2 – Dimorfismo sexual.......................................................................................7

Figura 3 – Biossíntese do ácido ascórbico.................................................................12

Figura 4 – Montagem do experimento........................................................................29

Figura 5 – Corte transversal na altura do pendúnculo caudal ...................................33

Figura 6 - Nível zero miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason..................40

Figura 7 - Nível 750 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason...................41

Figura 8 - Nível 150 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason...................41

Figura 9 – Nível 600 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason.................42

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RESUMO

MUZITANO, Ive Santos, Universidade Estadual do Norte Fluminense; março de 2007; Efeito da suplementação de vitamina C para melanotênia maçã (Glossolepis incisus); Professor Orientador: Manuel Vazquez Vidal Jr.

Neste estudo foi avaliado o efeito de diferentes níveis de vitamina C no desempenho

de juvenis de melanotênia maçã, Glossolepis incisus. Foram utilizados 216 juvenis

com peso inicial de 0,80 ± 0,19 g, comprimento total de 4,30 ± 0,40 cm, comprimento

padrão de 3,54 ± 0,41 cm e altura de 0,91 ± 0,06 cm, distribuídos em 18 aquários

experimentais (40L) na densidade de 12 peixes por unidade experimental (aquário),

em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos (0, 150, 300, 450,

600 e 750 mg de vitamina C por kilo de ração) de diferentes níveis de vitamina C e

três repetições. A duração do experimento foi de 42 dias. A alimentação foi ad

libidum. Os tratamentos não afetaram o ganho de peso, a conversão alimentar, o

comprimento total, o comprimento padrão, as proporções de tecido conectivo e fibra

muscular, bem como as diferenciações destes parâmetros entre fêmeas e machos.

Possivelmente, o período experimental tenha sido curto para provocar sintomas de

deficiência pelos níveis de vitamina C estudados em melanotênia maçã devido ao

crescimento dessa espécie ser relativamente lento. O “turnover” de colágeno

promovido pela vitamina C foi baixo para promover diferenças significativas de

ganho de peso e crescimento para a espécie no tempo experimental descrito.

Palavras-chave: fêmeas, machos, peso, crescimento, colágeno

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ABSTRACT

Muzitano, Ive Santos, Universidade Estadual do norte Fluminense (Northem Rio de Janeiro State University); March, 2007; Levels of vitamin C for juveniles of rainbow fish salmon red (Glossolepis incisus); Adviser: Manuel Vazquez Vidal Jr.

The aim of this is study was evaluated the effect of supplementation of vitamin C and

their result on the performances in juveniles rainbow fish salmon red. The fishes were

randomly distributed into 18 experimental aquariums with 12 fishes on unit. The

experimental was conducted for 42 days with 6 different treatments (0, 150, 300, 450,

600, 750 mg of vitamin C/kg of feed) and three-replicate groups. The feeding was “ad

libidum”. No difference in weight gain, feed conversion ratio, total length and

standard length, connective tissue rations and myofibrils rations were reported. No

differences of these parameters were also observed between male and female

groups. The turnover affect promoted by vitamin C was low and no statistical

difference were observed in weight gain and growth during the work.

Key Words: females, males, weight, growth, collagen

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1. INTRODUÇÃO

Peixes ornamentais são, em sua maioria, espécies de pequeno porte com

particularidades anatômicas e cromáticas interessantes, apreciadas por

aquarofilistas.

O cultivo de peixes ornamentais no Brasil iniciou-se com Sigeiti Takase,

imigrante japonês, que introduziu carpas ornamentais asiáticas no Rio de Janeiro-

RJ, em meados da década de 20, e também iniciou um estudo da ictiofauna

brasileira, descobrindo mais de 100 espécies de peixes ornamentais. Takase trouxe

cerca de 50 espécies de peixes ornamentais exóticos para o cultivo no Brasil.

(CAMARGO, 1971).

A partir da década de 80, foram desenvolvidos os principais pólos

atualmente conhecidos da aqüicultura ornamental, favorecidos pela expansão do

mercado aquarístico brasileiro, onde se destacam os pólos de Muriaé-MG, Mogi das

Cruzes-SP, Magé-RJ, Salvador-BA e Recife-PE.

Recentemente, a aquarofilia vem sendo muito apreciada e praticada, de

modo que vem se destacando comercialmente. Desde 1985, o comércio

internacional de organismos aquáticos cresce a uma taxa anual de 14% . Este índice

é expressivo quando comparado ao crescimento médio anual referente à piscicultura

de corte (9,2%) e à pesca extrativista (1,4%) (FAO, 2000). Segundo a FAO (2000), a

piscicultura ornamental mundial movimentou no ano de 1999 cerca de três bilhões

de dólares. No Brasil, o crescimento do cultivo de peixes ornamentais tem ocorrido

em uma média de 20%, e sua exploração já superou os 200 milhões de dólares

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anuais, sendo o maior importador a União Européia, com valores de importação em

torno de 71 milhões de dólares anuais em 1995, seguida pelo Japão e Estados

Unidos, o último com um crescimento nas importações na faixa de 10 a 12%.

Embora, a maioria das exportações brasileiras seja de peixes silvestres oriundos de

extrativismo, o cultivo de peixes ornamentais se torna a cada ano um negócio mais

lucrativo em nosso país.

Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos objetivando aumentar a taxa de

conversão alimentar e reduzir as taxas de mortalidade destes peixes, tendo como

objetivo o lucro para produtores rurais. Entretanto, os estudos sobre peixes

ornamentais ainda são poucos quando comparados com os sobre as espécies de

corte, necessitando-se assim de mais pesquisas a fim de se obter maiores sucessos

neste setor da aqüicultura.

A cadeia do agronegócio piscicultura ornamental ainda não está bem

alicerçada, por ser um setor relativamente novo, apresentando grandes falhas no

seu arranjo produtivo, principalmente na falta de rações comercias adequadas para

a produção de peixes de pequeno porte, conseqüência da escassez de estudos das

diferentes exigências nutricionais adequadas para as diferentes espécies cultivadas.

Durante o processo de despesca, seleção, depuração, transporte e

comercialização, os peixes passam por período de intenso estresse, quer seja do

manejo intensivo, quer em deficiência alimentar, podendo levar ao aparecimento de

possíveis patologias e aumento da mortalidade, gerando prejuízos tanto para os

produtores, quanto para os comerciantes.

Tal entrave, defrontado corriqueiramente pelos produtores, comerciantes e

consumidores de peixes ornamentais, representa um problema reincidente. Faz-se

necessário o desenvolvimento de rações e técnicas de manejo eficientes na redução

do estresse, que sirvam para melhorar a qualidade do peixe produzido no Brasil,

frente à demanda dos mercados (nacional e internacional) e da oferta competitiva,

representando, conseqüentemente, agregação de preços e melhoria da renda,

principalmente para os piscicultores familiares.

Neste aspecto, faz-se necessário o estudo das exigências de diversos

nutrientes, dentre os quais merece destaque o ácido ascórbico, conhecido como

vitamina C.

Devido à ausência da enzima L-gulonolactona oxidase, grande parte das

espécies de peixes teleósteos são incapazes de sintetizar o L-ácido ascórbico

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(C6H8O6) a partir da D-glucose (C6H12O6), ao contrário do que acontece com a

maioria dos vertebrados, justificando assim, ser indispensável a suplementação da

vitamina C na dieta de peixes, principalmente os de cultivo intensivo (DABROWSKI,

1990).

O ácido ascórbico é co-fator de reações de hidroxilação do aminoácido

prolina, necessária para a formação do colágeno presente nos tecidos conjuntivos,

na cicatrização, na regeneração de feridas e na matriz óssea, para a síntese de

corticosteróides e para facilitar a absorção de ferro. Participa, ainda, da biossíntese

da carnitina, envolvida no metabolismo de lipídios, relacionados ao sucesso na

reprodução, à resistência ao estresse, e à estabilidade do sistema imunológico. Além

disso, devido ao alto poder de redução, a vitamina C pode participar na prevenção

da oxidação de lipídios na dieta e nos tecidos, em ação sinérgica com a vitamina E

(HALVER, 2002).

Na literatura mundial já foram elucidadas as exigências de vitamina C para

algumas espécies de peixes. Os dados variam de 10 a 1.250 mg/Kg de ração

(TACON, 1991). Para o tambaqui (Colossoma macropomum), a exigência é de 100

mg/kg de ração (CHAGAS e VAL, 2003); 130 mg/Kg para o pacu (Piaractus

mesopotamicus) (MARTINS, 1995); 25 mg/Kg para o acará-açu (FRACALOSSI,

1998); e 500 mg/Kg de ração para o pintado (Pseudoplatistoma corruscans)

(FUGIMOTO ET AL., 2000). Entretanto, para peixes ornamentais, existem poucas

informações sobre a exigência do ácido ascórbico na dieta.

Umas das espécies que mais desperta a atenção dos produtores de peixes

ornamentais, atualmente, é a melanotênia maçã (Glossolepis incisus). Também

conhecida como peixe arco-íris, é oriunda da Austrália e Nova Guiné e possui

características morfológicas peculiares, tendo os machos uma coloração vermelho-

tomate bem acentuada. Seu valor comercial no varejo está próximo de R$ 30,00,

quando comercializado o casal adulto, e R$15,00 o macho juvenil. Vários aspectos

sobre sua reprodução já foram elucidados (VIDAL JR., 2005), porém não existem

estudos em relação às suas exigências nutricionais.

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2. OBJETIVO

Avaliar os efeitos da suplementação em rações com níveis crescentes de

vitamina C no desempenho de melenotênia maçã.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. A espécie

3.1.1. Características gerais

A espécie Glossolepis incisus pertence à ordem dos Atheriniformes, da família

Melanotaeniidae, do gênero Glossolepis, e se distribui nas bacias hidrográficas de

Papua Nova Guiné e Austrália (ALLEN, 1980; COATES, 1990).

A melanotênia maçã, como é popularmente conhecida, pertence a um grupo

restrito de espécies conhecidas como “rainbowfishes”, sendo considerada uma das

mais bonitas dentre as sete espécies do mesmo gênero atualmente conhecidas

(Glossolepis incisus, G. leggetti, G. maculosus, G. multisquamatus, G.

pseudoincisus, G. ramuensis e G. wanamensis) segundo ALLEN (1980) e COATES

(1990).

Em numerosas e extensivas expedições a Irian Jaya, em Papua Nova Guiné

(Indonésia), o explorador holandês Max Weber descobriu e coletou os primeiros

exemplares da espécie, entre 1890 e 1907. A dificuldade dessas expedições, em

lugares remotos das bacias hidrográficas de Nova Guiné, causou um grande

intervalo de tempo da descoberta à saída dos primeiros espécimes vivos de

melanotênia maçã do seu habitat (ALLEN, 1980; COATES, 1990).

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Em 1973, A. Werner e E. Frech iniciaram as exportações de exemplares

vivos, sendo primeiramente destinados às cidades de Munique e Memmingen, na

Alemanha (ALLEN, 1980; COATES, 1990).

Os peixes da espécie Glossolepis incisus são pouco evoluídos em

comparação à maioria das espécies de peixes continentais, sendo mais próximos de

seus antepassados marinhos, tanto que, por muito tempo, alguns autores os

enquadravam na família Atherinidae, composta por peixes marinhos de climas

tropicais e temperados (ALLEN, 1981).

Essa espécie possui corpo com formato oval, comprido lateralmente e coberto

por grandes escamas (Figura 1). A cabeça, muito pequena em comparação ao

corpo, tem uma boca terminal. As nadadeiras posteriores são pouco desenvolvidas,

mas bem perfiladas, o que indica que são excelentes e rápidos nadadores. A

nadadeira dorsal, que atravessa a parte posterior, é dupla (vestígio de uma antiga

origem marinha), possuindo de seis a sete raios rígidos, seguidos por nove a dez

flexíveis. A nadadeira anal se estende desde a região pélvica até a região caudal

(ponto de união do corpo com a nadadeira caudal) possuindo um raio rígido, seguido

de 18 a 20 flexíveis (ALLEN & NORBERT, 1982).

Figura 1 – Melanotênia maçã macho

Os machos adultos possuem coloração variando entre o vermelho salmão e

o vermelho tomate metalizado, com algumas escamas entremeadas na cor prata

geralmente no centro do flanco, podendo, na época reprodutiva, ter na região da

nuca uma coloração que vai do dourado ao laranja brilhante, levando a uma

impressão de “pisca-pisca” intermitente (HUNZIKER, 1992).

1,0 cm

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7

As fêmeas e os exemplares juvenis variam suas colorações desde o café até

o verde-oliva com reflexos prateados na cabeça e flancos. Os machos começam a

adquirir a coloração característica a partir de quatro a cinco centímetros de

comprimento total (ALLEN,1981).

Figura 2 – Dimorfismo sexual

Os machos são maiores, com o corpo mais alto e a frente mais abrupta, além

de possuírem diferenças de coloração (Figura 2). Os machos alcançam até 14

centímetros de comprimento, e as fêmeas no máximo 10 centímetros (HUNZIKER,

1992).

3.1.2. Necessidades físico-químicas do ambiente

Os peixes da espécie Glossolepis incisus necessitam de aquários bem

espaçosos e plantados, com espaço suficiente para uma rápida natação. Os

aquários não devem possuir comprimento inferior a um metro, nem volume menor

que 200 litros (HUNTER, 1997).

Necessitam de uma filtração eficiente (sendo o ideal um filtro que movimente

de três a cinco vezes o volume de água do aquário por hora), mantendo a água bem

oxigenada, com ligeira movimentação de superfície. É indicada a troca de cerca de

50% de toda a água do aquário, de 15 em 15 dias, tentando manter os níveis de pH

e dureza da água adequados (HUNZIKER, 1992).

1,0 cm

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8

Conforme inferências sobre parâmetros físico-químicos do habitat natural, a

faixa de temperatura da água ideal para cultivo de Glossolepis incisus está entre 29

e 32ºC (ALLEN e NORBERT, 1982), entretanto HUNZIKER (1992) sugere a faixa de

22 a 28ºC.

A dureza da água total em carbonatos deve estar entre um valor médio e alto

(GH de 8°d até 18°d) e o pH varia entre 6.8 e 7.8 ( em seu habitat natural o pH pode

variar entre 6.2 e 6.8), pois em cativeiro o peixe parece ter se adaptado melhor a um

pH em torno da neutralidade, podendo suportar, inclusive, um aumento da

alcalinidade sem maiores prejuízos, porém não possui boa tolerância a níveis mais

altos de nitrito ou nitrato (HUNZIKER, 1992).

3.1.3. Comportamento

Os Glossolepis incisus se adaptam bem a aquários comunitários, pois são

peixes que vivem em cardume e tendem a permanecer em grupo. Porém, em casos

em que há apenas um exemplar de melanotênia maçã no cultivo, nota-se em geral a

introdução deste individuo em cardumes de outras espécies. Também costumam

ignorar as outras espécies introduzidas posteriormente no aquário, quando estão em

cardumes de somente Glossolepis incisus, e sua natação rápida e nervosa pode

causar estresse em outras espécies mais calmas (HUNTER, 1997).

O convívio de machos da mesma espécie, particularmente nas situações

onde há números desproporcionais de machos em relação a fêmeas (mais machos

do que fêmeas), pode torná-los agressivos, mas raramente resultam em ferimentos

reais (HUNTER, 1997).

Os “rainbowfishes” costumam tomar banho de sol para se aquecerem,

quando há disponibilidade de luz solar (BLEHER, 1984).

Estes peixes vivem por cerca de cinco anos em cativeiro (HUNZIKER, 1992).

3.1.4. Reprodução

No período reprodutivo, a melanotênia maçã apresenta seu maior potencial

em intensidade de cor, agilidade na natação (principalmente sob as plantas

aquáticas), além de alongamento e extensão de suas nadadeiras. Em habitat

natural, a reprodução ocorre entre outubro e dezembro. Cada fêmea libera

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gradualmente, ao decorrer de vários dias, cerca de 100 a 150 ovos que são

expelidos entre as plantas submersas e em raízes de plantas flutuantes. Quanto à

reprodução em cativeiro, o Glossolepis incisus é uma das espécies de

“rainbowfishes” mais fáceis de serem obtidas, havendo oviposições diárias, quando

as condições ambientais e fisiológicas se encontram satisfatórias. Geralmente,

desovam sobre plantas de folhas finas (tipo Ceratopteris, cabombas, Myriophyllum,

Ambulias, musgo de Java,...) ou fibras sintéticas (KIRTLEY, 1986).

As matrizes devem ser instaladas em aquários plantados ou com substrato

flutuante (bruxinhas) para a procriação com no mínimo 100 litros. O casal deve ser

introduzido à noite, momentos antes do apagar das luzes, pois o início da

reprodução ocorre com os primeiros raios de sol da manhã. O macho persegue a

fêmea com insistência por toda a extensão do aquário, mostrando suas melhores e

mais intensas cores. O macho nada vigorosamente ao redor da fêmea,

estremecendo e ressaltando a região fluorescente da sua região cervical, que pode

dar a impressão de piscar intermitente. O macho arqueia sobre a fêmea e se unem

em um ”abraço” flanco com flanco entre a área das plantas, o que dura apenas

alguns segundos, mas durante este tempo a fêmea libera os ovos pequenos e

translúcidos e o macho libera o esperma sobre eles (KIRTLEY, 1986; TAYLOR,

1999; VIDAL JÚNIOR, 2005).

Os ovos, mesmo com baixa adesividade, ficam colados nas plantas e às vezes

nos vidros e substratos do aquário, por meio de curtos filamentos. A incubação é

bastante demorada, cerca de 7 a 10 dias, e os ovos são bastante resistentes a

fungos e bactérias se a qualidade e higiene da água forem mantidas

(JACKSON,1987).

Para obtenção dos alevinos, retiram-se as plantas ou a fibra sintética, nas

quais as fêmeas já depositaram seus ovos, podendo transferi-las ou para um aquário

sem peixes (neste ocorrerá eclosão e cria dos alevinos), ou transferir as matrizes

para outro aquário. Se os reprodutores, bem alimentados, permanecerem no aquário

de eclosão e larvicultura, não deverão comer nem os ovos nem os alevinos, mas,

mesmo assim, deve-se retirá-los para manter uma boa qualidade da água (VIDAL

JÚNIOR, 2005).

Os alevinos eclodem e logo em seguida, ao reabsorverem o saco vitelino, se

alimentam de infusórios e também de cistos de artêmia recém-eclodidos

(JACKSON,1987).

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3.1.5. Hábito alimentar

A espécie Glossolepis incisus é onívoro, com predominância de itens de

origem animal. Isso, aliado ao fato de serem animais vorazes e que abocanham

alimentos alóctones ao caírem na superfície da água, faz com que essa espécie

aceite bem qualquer alimento artificial, desde que não afunde rapidamente. Aceitam

bem qualquer alimento seco, sendo muito importante a variação da dieta, podendo

também ser oferecido a eles alimentos industrializados, assim como presas vivas e

congeladas (artemias, larvas, dafnias, etc...) (HUNTER, 1997).

3.2. Vitamina C (L-ácido ascórbico)

A vitamina C, também conhecida como L-ácido ascórbico, é um

micronutriente caracterizado como vitamina hidrossolúvel, encontrada naturalmente

em alimentos de origem vegetal, principalmente em frutos cítricos e algas

fitoplanctônicas, e sua suplementação é de vital importância para peixes teleósteos

de cultivo.

3.2.1. Histórico da vitamina C

O ácido hexurônico, descoberto por Albert Szent-György em 1928, mostrou

grandes propriedades por ser facilmente oxidado de forma reversível.

Posteriormente, foi identificado como idêntico ao componente antiescorbútico

presente nos limões e limas, sendo renomeado como ácido ascórbico

(DABROWSKI et al., 1994).

Na literatura sobre nutrição de peixes, os primeiros autores a tratarem desta

vitamina e dos danos causados pela sua deficiência foi MACLAREN et al. (1947)

em trutas, alimentadas com baixas doses de ácido ascórbico. Posteriormente,

KITAMURA et al. (1965) e muitos outros autores estudaram tanto a sua

importância, quanto a sua necessidade na alimentação de peixes (DABROWSKI et

al., 1994).

O ácido ascórbico, na forma reduzida e ativa, possui coloração branca, sem

odor, com característica física de cristais, sendo solúvel em água e insolúvel em

solventes lipídicos (HALVER, 2002).

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3.2.2. Metabolismo da vitamina C

Muitas espécies animais, como vacas, ovelhas e cabras, possuem um

organismo capaz de sintetizar o ácido ascórbico, mesmo que em pequenas frações,

pela conversão do ácido glicurônico derivado da glicose, através da rota do

glicuronato. Das três enzimas necessárias para realizar esta conversão, somente

uma está faltando nos peixes (HOLFORD, 1997). A vitamina C se torna essencial

na dieta de peixes que dependem de fontes exógenas, pela falta da enzima

gulonolactona oxidase (GLO), que catalisa o último passo da transformação do

ácido glicurônico em ácido ascórbico (LOVELL, 1989).

A rota do glicorunato (Figura 3) inicia-se com a D-glicose-1-fosfato, a qual é

ativada mediante a união de um nucleotídeo (uridina-difosfato-UDP) e é catalisada

pela enzima glicose-1-fosfato uridil transferase. A UDP sofre depois uma oxidação

do carbono seis (C6) para formar o ácido glicurônico (UDP-D-glicuronato), o qual é

catalisado pela enzima UDP-glicose desidrogenase (KANEKO et al., 1997).

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Figura 3 – Biossíntese do ácido ascórbico

Nesse momento, o ácido glicurônico pode entrar na síntese do ácido

ascórbico. O D-glicuronato, formado a partir da hidrólise do UDP-D-glicuronato, que

é o precursor do ácido L-ascórbico. Nesta rota, D-glicuronato é reduzido para o

açúcar ácido L-gulonato, o qual é convertido para lactona, a L-gulonolactona, que

então sofre uma desidrogenação pela flavoproteína L-gulonolactona oxidase para

produzir o ácido L-ascórbico (NELSON e COX, 2000).

Existem algumas controvérsias a respeito da afirmação de que todos os

Teleósteos são de fato incapazes de sintetizar o ácido ascórbico. Em outros grupos

taxonômicos dos Osteíctes, em particular os Condrósteos, estudos demonstraram

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alguma atividade da enzima L-gulonolactona oxidase. Estas descobertas sugerem

que os outros grupos taxonômicos entre os vertebrados inferiores (Peixes e

Ciclostomados) mantêm uma rota metabólica ativa de síntese de ácido ascórbico e

que os Teleósteos são os únicos que perderam esta habilidade (DABROWSKI et

al., 1994).

Segundo MOREAU e DABROWISK (2000), a carpa comum (Cyprinus

carpio) e o dourado (Carassius auratus) não possuem atividade da gulonolactona

oxidase, já o Polypterus senegalus, o Lepisosteus osseus e o bowfin (Amia calva)

possuem a gulonolactona oxidase no rim, podendo, assim, sintetizar a vitamina C.

Ácido ascórbico é o nome comum dado ao ácido 2,3-enediol-L-gulônico. É

o agente redutor mais potente disponível às células e sua maior importância é

devido à sua atuação como antioxidante, dado o seu alto poder de redução.

Contudo, em determinadas condições, o ácido ascórbico também pode atuar como

pró-oxidante (KANEKO et al., 1997). Ambos os átomos de hidrogênio do grupo

enediol (dois átomos de carbono duplamente ligados) podem dissociar nas

posições C-2 e C-3 (SMITH et al., 1983), facilitando o transporte de hidrogênio

dentro da célula animal (TACON, 1987), o que resulta na grande acidez desta

vitamina (pK1 = 4,2; KANEKO et al., 1997). Os enedióis são excelentes agentes

redutores, sendo que a reação de redução normalmente ocorre de forma gradativa,

com o ácido monodesidroascórbico como uma semiquinona (radical livre que

resulta da remoção de um átomo de hidrogênio com seu elétron durante o processo

de desidrogenação) (KANEKO et al., 1997).

O ácido desidroascórbico não é tão hidrofílico quanto o ácido ascórbico.

Como tal, esta forma do ácido ascórbico se move facilmente através das

membranas (KANEKO et al., 1997) e mantém o seu potencial vitamínico, pois pode

ser reconvertida para ácido ascórbico através de redutases e co-fatores

específicos, como a enzima glutationa e o NADP+ (O’KEEFE, 2001). A forma

desidrogenada, entretanto, é mais facilmente quebrada por um álcali, sofrendo

hidrólise do anel lactona, produzindo, irreversivelmente, o ácido 2,3-dicetogulônico

(O’KEEFE, 2001).

Quando ingerido em quantidades acima das necessidades metabólicas,

níveis teciduais de ácido ascórbico são mantidos homeostaticamente. A

homeostase (processo pelo qual é mantido o equilíbrio corporal com relação a

diversas funções e composições químicas de líquidos e tecidos, STEDMAN, 1996)

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ocorre através da indução da descarboxilase do ácido ascórbico e da atividade

enzimática de quebra, que resulta no aumento da degradação do ascorbato para

CO2 mais ribulose, ou ácido oxálico mais ácido treônico (KANEKO et al., 1997).

3.2.3. Absorção da vitamina C

Os animais que necessitam de fontes exógenas de vitamina C possuem

uma absorção intestinal mais eficiente mediada por um transportador que opera no

epitélio intestinal, sendo altamente dependente da concentração de Na+ na mucosa

(DABROWSKI et al., 1994).

A absorção celular de ácido ascórbico ocorre pelos processos de difusão

facilitada simples e ativa. Nos peixes, como nos mamíferos, a absorção ocorre na

membrana apical do enterócito, e é realizada através de transportadores

específicos dependentes de Na+.,.A absorção da vitamina e do sódio não gasta

energia diretamente, mas é dependente de um gradiente formado por um sistema

de transporte ativo, a bomba de Na+/K+. Esta bomba cria um gradiente de sódio

favorável à sua entrada no enterócito. Desse modo, o Na+ tende a entrar e, como o

transportador só funciona se houver uma vitamina conectada, acaba por carregar

ambas para dentro da célula. O ácido ascórbico, na sua forma reduzida, passa por

difusão do interior do enterócito para os capilares sangüíneos existentes nas

dobras intestinais (BALDISSEROTTO, 2002). Os transportadores específicos de

vitamina C na mucosa intestinal são substrato-dependentes, logo, quanto maior a

suplementação desta vitamina, mais eficiente será a sua absorção (DABROWSKI

et al., 1994).

Particularmente nos peixes, quantidades significativas de ácido ascórbico

também podem existir como derivados 2-sulfato (O’KEEFE e GRANT, 1991). A

habilidade de modificar o ácido ascórbico como derivados 2-sulfato ou 2-O-metil,

tanto quanto de oxidá-lo, tem um impacto considerável na habilidade das células

em compartimentalizar ou modular níveis funcionais desta vitamina (KANEKO et al.,

1997).

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TUCKER e HALVER (1984) afirmam que o ácido ascórbico-2-sulfato é o

metabólito utilizado no armazenamento da vitamina C nos tecidos dos peixes e

funciona, também, como um regulador da concentração desta vitamina nos

mesmos. A interconversão do ácido ascórbico para o derivado 2-sulfato é

catalisada pela enzima ácido ascórbico sulfatase, a qual é modulada pelos níveis

teciduais de ácido ascórbico através de “feedback” negativo.

3.2.4. Funções metabólicas da vitamina C

O principal papel biológico do ácido ascórbico é como agente redutor,

atuando em um grande número de funções importantes. Ele serve como co-fator

nas oxidações, com funções distintas, as quais promovem a incorporação de

oxigênio molecular em vários substratos (KANEKO et al., 1997).

Atua, também, em várias reações de hidroxilação como, por exemplo, nas

hidroxilações de lisina e prolina no pro-colágeno, necessárias para as ligações

cruzadas entre as fibrilas de colágeno (KANEKO et al., 1997). A proteína colágeno,

presente no tecido conectivo, contém altos níveis de hidroxiprolina, que é formada

pela ação da prolina-lisil hidroxilase sobre os aminoácidos prolina e lisina, e têm

como cofatores de hidroxilação o ferro, o α-cetoglutarato e a vitamina C. Por esta

razão, o ácido ascórbico é importante na manutenção do tecido conectivo normal e

na cicatrização, onde o tecido conectivo é o primeiro a proliferar. Atua, portanto, na

síntese protéica, sendo também indispensável na formação do osso, por participar

na síntese do colágeno na matriz óssea (KANEKO et al., 1997). WAHLI et al.

(2003) concluíram que o aumento de vitamina C na dieta de truta arco-íris influencia

no processo de cicatrização pelo aumento da síntese de colágeno que dá origem

ao tecido fibroso.

Segundo HALVER (1972), peixes alimentados com ácido ascórbico

radiativamente marcados com C14 mostraram que esta vitamina é rapidamente

absorvida pelas áreas onde o colágeno é formado, isto é, na pele, na nadadeira

caudal, nas cartilagens da cabeça e do maxilar, nas cartilagens que suportam as

brânquias e nos ossos. SHIAU e HSU (1995) alimentaram juvenis de híbridos de

tilápia com dieta isenta de vitamina C e não encontraram anormalidades na coluna

vertebral, porém observaram que a concentração de colágeno na coluna foi

proporcional à concentração dos diferentes níveis de ácido ascórbico na dieta.

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Numerosos autores como LIM e LOVELL (1978), CHAVEZ e MARTINEZ

(1991) e MARTINS (1995) comprovaram histologicamente que a hipovitaminose C

em peixes causa fragilidade dos tecidos epitelial, cartilaginoso, conjuntivo e ósseo,

levando a deformidades na estrutura do tegumento, parede capilar, coluna

vertebral, globo ocular e, principalmente, brânquias (principal órgão respiratório)

corroborando com HALVER et al. (1975).

As lesões que ocorrem nos tecidos conectivos são primeiramente um

resultado de colágeno sub-hidroxilado (nos resíduos específicos de prolina e lisina),

ficando suscetível à degradação de forma anormal (KANEKO et al., 1997). O

colágeno sub-hidroxilado possui baixo ponto de fusão em relação ao colágeno

normal, sendo que a temperatura da água parece afetar a incidência da

deformação óssea. Peixes que receberam dietas com baixos níveis de ácido

ascórbico apresentaram altas taxas de deformações ósseas em ambientes com alta

temperatura da água (SATO et al.,1983). A hidroxiprolina também tem sido

encontrada na pele e brânquias de truta arco-íris (SATO et al., 1984).

As dietas deficientes de vitamina C resultam em má formação óssea e

cartilaginosa, principalmente na região do opérculo, que fica curto e deformado,

podendo deixar parte das brânquias expostas. Pode ocorrer também deformidade

dos arcos branquiais, ocasionando perda da eficiência no bombeamento de água

através das brânquias (diminui a ventilação) e na extração do oxigênio da água

pelo peixe, ficando menos tolerante às condições de baixo oxigênio dissolvido

(KUBITZA, 1999). FRACALOSSI et al. (1998) fizeram estudos histológicos no

acará-açu e demonstraram que os peixes sem suplementação de vitamina C

apresentaram deformidades na cartilagem de suporte dos filamentos branquiais,

como também atrofia nas fibras musculares.

O ácido ascórbico possui, ainda, como função catalítica a hidroxilação na

biosíntese da carnitina e a hidroxilação da tirosina na formação das catecolaminas.

A maioria das enzimas envolvidas nestes processos contém metais, tendo

o ácido ascórbico função de manter o metal (geralmente Fe ou Cu) em seu estado

reduzido (NRC, 1993).

A vitamina C evita a formação de compostos insolúveis e auxilia, também,

na absorção do ferro prostético (co-fator) da enzima hidroxilase, reduzindo-o, no

estômago (Fe3+ → Fe2+), ao estado ferroso, tornando-o mais solúvel e absorvível.

Participa, ainda, na liberação do ferro da transferrina e ferrina juntamente com a

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adenosina trifosfato (ATP), a qual é subseqüentemente incorporada à hemoglobina

ou a outros compostos essenciais, favorecendo o seu transporte no organismo

(DEVLIN, 1998).

A abstenção de ferro e ácido ascórbico na dieta em peixes diminuiu o

ganho de peso, a taxa de sobrevivência e os valores de hematócrito e número de

eritrócitos no Bagre do Canal (Ictalurus puntactus) (LIM et al., 2000). MAAGE et al.

(1990) observaram a ocorrência de anemia em truta arco-íris com deficiência de

vitamina C, apesar da elevada concentração de ferro no fígado. A ausência de

vitamina C e ferro, nas dietas, propicia o aparecimento de anemia microcítica e

hipocrômica, e a vitamina C suplementada em dosagens elevadas estimula a

liberação de eritrócitos imaturos na corrente sangüínea, em alevinos de tilápia do

Nilo (Oreochromis niloticus) (BARROS et al., 2002).

CHAGAS e VAL (2003) observaram que a ausência do ácido L-ascórbico

na dieta de tambaquis causou redução do hematócrito e do número de eritrócitos,

porém com tendência à anemia normocrômica/normocítica. Além disso, o ácido

ascórbico também influencia o metabolismo da histamina em alguns animais,

havendo uma correlação inversa entre os seus níveis e os níveis de histamina

(KANEKO et al., 1997).

O ácido ascórbico, em contraste com a vitamina E (α-tocoferol), é

hidrofílico, atuando melhor em ambientes aquáticos e, como é um inativador de

radicais livres, pode reagir diretamente com o superóxidos e com os ânions

hidroxilas, como também, com vários lipídios hidroperoxidados dissolvidos no

citoplasma, mantendo a integridade da membrana celular. Entretanto, a sua

principal função como antioxidante se deve, possivelmente, à regeneração da

forma reduzida da vitamina E, prevenindo, assim, a peroxidação lipídica (MARKS et

al., 1996). SEATLEY e GATLIN III (2002) mostraram que ocorre interações entre a

vitamina C e E em juvenis de híbridos de robalos, provavelmente devido à

habilidade da vitamina C regenerar a vitamina E para a sua forma funcional, porém

também sugerem que a vitamina E possui capacidade de poupar o uso da vitamina

C. CAVICHIOLO et al. (2001) mostraram que a interação entre essas duas

vitaminas em tilápia nilótica influenciou na integridade branquial, embora nem

sempre de forma significativa.

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3.2.5. Efeitos da vitamina C sobre o crescimento

O ácido ascórbico influencia diretamente no crescimento dos peixes, pois

tem grande importância na síntese do colágeno, sendo necessário para o

desenvolvimento normal do organismo (HALVER, 2002).

Em um experimento com larvas de tilápia mossâmbica submetidas à dieta

sem vitamina C, foi observado redução no crescimento e piora na conversão

alimentar. Estes sinais foram mais pronunciados em larvas oriundas de

reprodutores que não receberam ácido ascórbico na dieta comparados àquelas que

receberam. Outra conseqüência da deficiência vitamínica foi a alta porcentagem de

larvas deformadas, cuja análise histológica revelou que a deformidade estava

relacionada com danos da curvatura vertebral (SOLIMAN et al., 1986b).

MATUSIEWICZ et al. (1995) concluíram que peixes menores possuem

maior exigência em ácido ascórbico que peixes maiores, demonstrando que as

necessidades dietéticas de vitamina C pelos peixes parecem decrescer com a

idade, possivelmente devido a uma menor necessidade para as funções

bioquímicas, uma reutilização endógena mais eficiente ou pelo aumento da

capacidade de armazenamento. Estes achados corroboram com LIM e LOVELL

(1985) que afirmam que a dose de 60 mg/Kg de ácido ascórbico na dieta foi

necessária para um crescimento normal e para o desenvolvimento ósseo de juvenis

(10g de peso) de bagre-de-canal, mas a dose de 30 mg/Kg foi suficiente para

peixes maiores (50g de peso). Utilizando doses maiores em alevinos de pintado

(entre 0, 500, 1000, 1500, 2000 e 2500 mg/Kg), FUJIMOTO et al. (2000)

observaram que ocorreram deformidades no sistema ósseo nos peixes sem

suplementação a partir do segundo mês de experimento, com maior ocorrência de

deformidade na boca e nas nadadeiras.

Ao contrário de vários estudos que relatam que o bagre-do-canal

alimentado com dieta deficiente em vitamina C possui crescimento retardado, piora

da conversão alimentar (LI et al., 1993) e desenvolve características de escorbuto,

LIM et al. (2000) não observaram nenhum sinal de hipovitaminose C em bagre-do-

canal com dieta deficiente em ácido ascórbico. O mesmo aconteceu com

HENRIQUE et al. (2002), quando avaliaram a suplementação de vitamina C (0, 10,

25, 50 mg/Kg) em sea bream, não havendo diferença significativa para os variáveis

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crescimento e ganho de peso. MELLO et al. (1999), também não verificaram

influência significativa no ganho de peso e taxa de sobrevivência de alevinos de

piauçu suplementados de 50 a 850 mg/Kg de ácido ascórbico.

3.2.6. Efeitos da vitamina C sobre o desempenho rep rodutivo

As funções cruciais do ácido ascórbico na reprodução parecem estar

relacionadas à vitelogênese e embriogênese, e entende-se que um bom estado

nutricional desta vitamina no organismo é essencial para um bom desempenho da

vitelogênese e embriogênese (MASUMOTO et al, 1991).

Sabe-se que o estado nutricional do embrião dos peixes, necessário para o

desenvolvimento adequado dos animais, depende da transferência dos nutrientes,

incluindo o ácido ascórbico, dos reprodutores para os gametas durante a

vitelogênese, influenciando a sua qualidade tanto nas fêmeas quanto nos machos

(DABROWSKI e BLOM, 1994). A função antioxidante do ascorbato na

gametogênese de peixes teleósteos é fundamental para a habilidade de fertilização

do esperma e óvulo, e mais especificamente da integridade genética dos gametas,

indicando que danos irreversíveis ocorrem durante a divisão mitótica da célula

germinativa quando as concentrações de ascorbato nas gônadas estão reduzidas

(DABROWSKI e CIERESZKO, 2001).

Vários trabalhos vêm sendo realizados a fim de verificar a influência da

suplementação com diferentes dosagens de vitamina C sobre o desempenho

reprodutivo de algumas espécies. A baixa motilidade e concentração do esperma e

a diminuição da fecundidade e sobrevivência do embrião causadas por deficiência

de ácido ascórbico levam à conclusão de que níveis de vitamina C insuficientes

podem debilitar significativamente a reprodução em peixes. A qualidade do sêmen

pode ser aperfeiçoada para produzir maiores taxas de fertilização e eclosão em

dietas com vitamina C mais efetivamente do que com vitamina E em perca amarela,

Perca flavescens (LEE e DABROWSKI, 2004). TOYAMA et al. (2000) inferiram que

não há efeito direto da suplementação da dieta com ácido ascórbico no índice de

sucesso na reversão sexual em machos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).

Tem sido demonstrado que o desempenho reprodutivo das fêmeas diminui

quando são submetidas a dietas sem ou com baixa suplementação de ácido

ascórbico, havendo uma diminuição da concentração de ácido ascórbico nos

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ovários, do número de ovos desovados, do peso úmido dos ovos, da eclodibilidade

e do aumento do número de larvas com deformidade e da mortalidade das mesmas

(MASUMOTO et al.,1991).

Em um estudo com truta arco-íris, fêmeas de dois anos de idade foram

mantidas por 10 meses com dietas com 360 mg/kg e sem ácido ascórbico. A

mortalidade cumulativa das larvas oriundas das fêmeas sem a suplementação e

alimentadas posteriormente com dietas contendo níveis altos (500 mg/Kg de ração)

e baixo (20 mg/Kg de ração) de ácido ascórbico foi avaliada. As proles obtidas das

fêmeas com deficiência de vitamina C e que receberam o nível baixo dessa

vitamina mostraram continuamente altas mortalidades, chegando a 100% após a

15a semana. As larvas oriundas das fêmeas com deficiência de ácido ascórbico,

mas que receberam dieta com alto nível desta vitamina, não apresentaram

diferenças significativas em termos de mortalidade a partir da sétima semana em

relação às proles alimentadas com a mesma dieta, porém oriundas de fêmeas

alimentadas com dietas com vitamina C (BLOM e DABROWSKY, 1996).

O efeito positivo dos altos níveis de ácido ascórbico nos embriões se

estende por longos períodos de nutrição endógena (vitelo). Acredita-se que não

haja um mecanismo de conservação durante as fases iniciais de vida, onde 37%

das reservas de ácido ascórbico são utilizadas durante o desenvolvimento

embrionário, o qual é independente da concentração inicial nos ovos no momento

da fertilização (DABROWSKI et al., 1994).

Outra influência que a vitamina C possui sobre a reprodução é o seu efeito

na esteroidogênese. O alto nível de ácido ascórbico nos ovários e na glândula

supra-renal é um reflexo da sua função endócrina, na qual o ácido ascórbico pode

atuar como um regulador ou co-fator na biossíntese de esteróides no folículo

ovariano ou nas células adrenais (TOLBERT et al., 1975). Em um estudo sobre

reprodução, WAAGBO et al (1989) mostraram um decréscimo nos níveis de 17-β-

estradiol e vitelogenina durante o rápido crescimento ovariano em truta arco-íris

alimentada com dieta isenta de vitamina C. A síntese de vitelogenina no fígado é

regulada pelos receptores do 17-β-estradiol e ambos são bons indicadores

bioquímicos do processo de vitelogênese. Portanto, parece haver uma relação

direta entre o ácido ascórbico e o desenvolvimento ovariano em peixes.

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3.2.7. Efeitos da vitamina C na resposta ao estress e

Os modernos sistemas de cultivo intensivo, hoje adotados, onde os peixes

são criados em altas densidades de estocagem com grandes quantidades de

ração, propiciam um aumento da concentração de amônia, oriunda dos

excrementos ou da excreção de nitrogênio e uma diminuição do oxigênio

dissolvido, devido à intensa utilização pelos peixes e à degradação da matéria

orgânica do viveiro. Ambas as situações levam a um ambiente com péssimas

condições para o crescimento e desenvolvimento dos peixes, levando-os a um

estado de estresse (MASUMOTO et al.,1991).

As deficiências de vitaminas e outros micronutrientes normalmente atuam

sinergicamente nas infecções. A vitamina C, em particular, é considerada,

geralmente, como detentora de efeitos benéficos no tratamento de doenças e na

resistência ao estresse, tanto em salmonídeos quanto em bagre-do-canal, quando

alimentados com níveis adequados às suas necessidades básicas, geralmente

entre 50 e 100 mg/kg de ração (WEDEMEYER, 1997).

Um crescimento substancial na atividade proteolítica plasmática não–

específica pode ser estimulado por bactérias patogênicas que produzam

endotoxinas ou por certos tipos de situações estressantes. Condições de estresse

crônico, como o que ocorre quando há baixo nível de oxigênio disponível (hipóxia),

tendem a diminuir a atividade dos lisossomos, enquanto que situações de estresse

agudo, como transporte e confinamento, levam ao aumento dos mesmos, tanto em

carpas chinesas quanto no salmão do Atlântico (THOMPSON et al.,1993). Portanto,

é possível que o estresse agudo possa agir sinergicamente com a deficiência de

ácido ascórbico para facilitar a dispersão dos patógenos invasores dos tecidos dos

peixes (WEDEMEYER, 1997).

Estudando o efeito da vitamina C em tambaqui, CHAGAS e VAL (2003)

demonstraram claramente a sua importância na redução do estresse causado por

manejo, o que resultou em menor perda de peso, melhor conversão alimentar e

menor mortalidade. DABROWSKI et al. (2001) concluíram que juvenis de truta

arco-íris em condições de hipóxia (50% de saturação de oxigênio) possuem

redução no crescimento, na concentração tecidual de ascorbato e na capacidade

antioxidante do plasma sangüíneo, quando não suplementadas com ácido

ascórbico (0 mg/Kg). Em estudos realizados com diferentes níveis de vitamina C

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(zero, 10, 25, 50 mg/kg) para sea bream, HENRIQUE et al. (2002) não encontraram

efeito significativo sobre as performances ganho de peso, crescimento

sobrevivência, glicose plasmática ou hidroxiprolina tegumentar.

HENRIQUE et al. (1996) também não observaram diferenças significativas

nos efeitos de diferentes fatores estressores (hiposalinidade, baixo volume de água

e manejo) sobre os parâmetros glicose, proteína e triglicerídeos plamáticos,

glicogênio hepático e muscular, em gilhead sea bream alimentados com dietas

isentas de vitamina C.

A atividade de ácido ascórbico é necessária para o fígado na detoxificação

do organismo, utilizando as hidroxilases (mono-oxigenases) e algumas hidroxilases

dependentes do citocromo P450 que promovem a hidroxilação dos esteróides e

outros xenobióticos e que também utilizam a vitamina C como um agente redutor

(IWAMA et al., 1997). Contaminantes dietéticos e do ambiente, como os metais

pesados e pesticidas organoclorados, aumentam a necessidade de vitamina C

pelos peixes (MAYER e MEHRLE, 1978). Segundo MURTY (1988), o aumento do

uso de vitamina C pelos peixes para a detoxificação de xenobióticos químicos

causa uma deficiência funcional desta vitamina. Portanto, a ocorrência de

deformidades na coluna vertebral em peixes pode ser um indicador precoce de

estresse devido a contaminantes na água.

Segundo MEHRLE et al. (1982), o contaminante induz uma competição por

vitamina C entre o metabolismo do colágeno ósseo e as oxidases envolvidas na

detoxificação de produtos químicos, que poderá causar danos vertebrais. Esta

competição diminuiria os conteúdos de vitamina C e de colágeno no osso, com o

aumento concomitante da relação entre os minerais ósseos e o colágeno,

resultando em aumento da fragilidade óssea. Além disso, a inabilidade de lidar com

o estresse metabólico, que requer um funcionamento normal da glândula adrenal, e

a reduzida habilidade de metabolizar ácidos graxos (síntese da carnitina)

contribuem para os sintomas de escorbuto em peixes com deficiência nutricional de

vitamina C (KANEKO et al., 1997).

A oxidação da hemoglobina, dando origem à metahemoglobina, é uma

forma incapaz de se ligar reversívelmente ao oxigênio, ocorre em animais expostos

a diversos agentes estressores que podem ser, por exemplo, poluentes do meio

ambiente aquático natural. Ambientes artificiais, como tanques de piscicultura,

tendem a acumular nitrito, que induz a formação da metahemoglobina. WISE et al.,

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(1988) observaram uma significante redução nas taxas de formação de

metahemoglobina em bagre-do-canal alimentado com dieta suplementada com

vitamina C em ambientes com concentrações impróprias de nitrito. Em exemplares

do gênero Mugil expostos cronicamente ao petróleo, THOMAS (1987) observou

uma mudança significativa na proporção de vitamina C nos diferentes tecidos,

sugerindo que há requerimento diferenciado da vitamina para desintoxicação dos

tecidos.

Vários fatores têm sido atribuídos à vitamina C quanto à melhora da

resposta ao estresse nos peixes. Os corticosteróides estão associados com o rim

anterior ou cefálico, onde funções adrenais são realizadas nos tecidos inter-renais,

que estão sob controle do hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) e que é rico em

ácido ascórbico, refletindo mudanças na sua concentração de acordo com o nível

de vitamina C na dieta (WHITE et al., 1991). Após duas horas de pequeno estresse,

o salmão prateado apresentou diminuição dos níveis de ácido ascórbico nos rins

durante os primeiros 20 minutos, seguidos de uma recuperação após duas horas a,

praticamente, o nível inicial. Como não houve aumento concomitante do nível

plasmático de ácido ascórbico, WEDEMEYER (1969) sugere que o ácido ascórbico

possa ser usado na biossíntese de esteróides, pois o cortisol sérico aumentou

enquanto a concentração de ácido ascórbico diminuiu. DABROWSKI et al. (1994)

também afirmaram que o ácido ascórbico é um co-fator na biossíntese dos

hormônios esteróides e neuro-hormônios.

Ainda é controversa a função do ácido ascórbico na biossíntese de cortisol.

O ácido ascórbico possui uma função específica na biossíntese de catecolamina,

que é outro hormônio relacionado ao estresse. A enzima dopamina-β-hidroxilase

necessita da forma reduzida do íon cobre como um co-fator, tendo o ácido

ascórbico uma ação efetiva na manutenção deste co-fator na sua forma reduzida

(MASUMOTO et al., 1991). Não parece haver qualquer estudo bioquímico que

confirme o envolvimento do ácido ascórbico na biossíntese dos corticosteróides ou

catecolaminas nos peixes (FLETCHER, 1997). SANDNES e WAAGBO (1991)

constataram que o nível de cortisol sérico aumentou no salmão do Atlântico após

estresse físico, porém não influenciou significamente os diferentes níveis de

vitamina C no tecido renal e hepático, mesmo que influenciados pela dieta.

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Mesmo que o ácido ascórbico não tenha sido provado como atenuante das

respostas ao estresse em peixes, parece haver pouca dúvida de que o aumento

dos níveis dietéticos contribuem para a resistência a doenças e para o aumento de

certas respostas imunológicas nos peixes (WAAGBO, 1994).

3.2.8. Efeito da vitamina C sobre o sistema imunoló gico

As barreiras naturais (muco, escamas, tegumento e epitélio das

membranas) são os primeiros meios de defesa contra patógenos em peixes

(MASUMOTO et al., 1991). As concentrações de vitamina C na dieta superiores às

recomendadas para um crescimento ótimo aumentam a resistência à infecção e

este aumento ocorre, principalmente, devido ao efeito benéfico da suplementação

de vitamina C, nos sistemas de defesa não-específicos, tais como fagocitose e

atividade do sistema complemento, do que nos sistemas específicos de defesa

humoral ou celular (BLAZER, 1992).

Em truta arco-íris foi demonstrado que o nível de ácido ascórbico afeta a

primeira proteção celular contra injúrias, pois a longa fase indutiva da proteção

humoral mostrou que os anticorpos não são o primeiro sistema de resposta

envolvidos na rápida proteção da célula, sendo que uma alta e persistente proteção

foi induzida por uma imunização combinada com o consumo de altas doses de

ácido ascórbico (NAVARRE e HALVER, 1989).

Os leucócitos são capazes de armazenar grandes quantidades de ácido

ascórbico no seu citosol e, conseqüentemente, requerem um grande período de

carência para ficarem com deficiência desta vitamina. Esta capacidade que os

leucócitos têm para armazenar e manter o ácido ascórbico no citosol pode estar

relacionada às exigências por substâncias antioxidantes com o intuito de manter a

integridade das membranas e o adequado funcionamento das células imunes

(VERLHAC et al., 1996), pois peróxidos e radicais livres são produzidos por estas

células com o objetivo de destruir os patógenos fagocitados pelos lisossomos, mas

uma superprodução destes pode ser letal para a sua própria célula (FRACALOSSI,

1998).

A dieta suplementada com ácido ascórbico influencia no processo cicatricial

de lesões em truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) (WAHLI et al., 2003). A

combinação de glucan (polissacarídeo insolúvel derivado da parede celular de

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leveduras) e altas doses de vitamina C, por um curto período de alimentação em

truta arco-íris, possui efeito estimulatório na resposta imune específica (resposta

dos anticorpos) e não-específica (atividade fagocítica) nos parâmetros imunológicos

com exceção dos níveis de lisoenzima plasmática (VERLHAC et al., 1996).

São necessários 3000 mg/kg de ácido ascórbico para estimular a

quimiotaxia de macrófagos de juvenis de bagre-do-canal (Ictalurus puntactus) na

infecção por Edwardsiella ictaluri (LIM et al., 2000).

Resistência ao vírus da necrose hematopoética infecciosa foi verificada em

trutas com seis semanas de vida, sendo diretamente proporcional ao nível de

ácido-L-ascórbico-2-polifosfato, entre os níveis de 20 a 320 mg/kg de atividade de

ácido ascórbico. Esta resposta foi observada tanto nos peixes vacinados como nos

não vacinados, indicando um efeito tanto na resposta imune nativa como na

resposta imune conferida pela vitamina C (SATYABUDHY et al., 1989).

Segundo MARTINS (1998), para o pacu, a suplementação de ácido

ascórbico promoveu um aumento na resistência a infestações de parasitas e

sugere que um nível adequado desta vitamina promove uma melhora nutricional

tanto pelo estímulo do apetite como pela melhora da resposta imunológica.

3.2.9. Sintomas da deficiência da vitamina C

Os principais sinais clínicos da deficiência de vitamina C são: redução da taxa

de crescimento, aumento da taxa de mortalidade, deformações ósseas (lordose e

escoliose), má formação do colágeno, exoftalmia, fragilização do sistema capilar,

hemorragias intramusculares e externas, edemas, anemias, perda de apetite e

redução da resposta imunológica (LEE et al., 1998). Outros sintomas como anorexia,

movimentos convulsivos e irritabilidade (MAHAJAN e AGRAWAL, 1980), perda de

partes da nadadeira caudal (LIM e LOVELL, 1978), letargia, empalidecimento das

brânquias (Navarre e Halver, 1989), deformidade no opérculo e brânquias

(GAPASIN et al., 1998), e escurecimento da pele (TESKEREDZIC et al., 1989)

também estão associados à deficiência de vitamina C.

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3.2.10. Estabilidade da vitamina C na ração

Para as espécies que não sintetizam essa enzima, a vitamina C deve ser

suplementada à dieta. Uma adequada formulação das dietas é essencial, pois

grande quantidade das vitaminas hidrossolúveis suplementadas na ração são

perdidas quando em contato com água, por lixiviação ou oxidação em condições

neutras ou alcalinas, ou mesmo em contato com o ar atmosférico (oxigênio,

umidade, luz, microelementos, lipídios oxidados, temperaturas elevadas) antes do

alimento ser ingerido pelos peixes (O’KEEFE, 2001).

Por estas razões, perdas de ácido ascórbico podem ocorrer durante a

industrialização e o prolongado armazenamento das rações (TACON, 1991). O

ácido ascórbico é particularmente sensível a estas condições e calcula-se que

cerca de 50% a 70% dessa vitamina presente na ração se perde depois de um

período de aproximadamente 10 segundos de imersão na água (PAVANELLI et al.,

2002). SOLIMAN et al. (1986a) demonstraram que a retenção de L-ácido ascórbico

após o processamento e armazenamento por oito semanas é de, no máximo,

33,5%.

Os métodos de processamento e armazenamento, que removem o oxigênio

evitam o contato com o ferro, cobre e outros metais e aumentam significamente a

retenção da atividade de vitamina C nas rações. Entretanto, a estabilidade efetiva

do ácido ascórbico só foi alcançada com a proteção física ou química dos agentes

oxidantes (O’KEEFE, 2001).

As diferentes características de estabilidade das várias formas de vitamina

C aumentam a dificuldade de se fornecer a quantidade adequada para o bom

desenvolvimento dos peixes (O`KEEFE, 2001).

Num estudo com truta arco-íris para determinar a estabilidade de quatro

diferentes formas de estabilidade de ácido ascórbico incorporado à ração, sendo

uma a forma pura e as outras três as formas protegidas (encapsuladas) com

glicerídeo, etilcelulose e polímero sintético, mostrou que o ácido ascórbico

protegido com o polímero sintético foi mais estável que a forma pura e as outras

protegidas. As perdas no processamento foram de 29% para a forma pura e 19%

para a forma protegida com polímero sintético, enquanto que a degradação durante

o armazenamento foi rápida para a forma pura, o que não ocorreu com a protegida

pelo polímero sintético. As formas protegidas por glicerídeo e etilcelulose parecem

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ter a mesma estabilidade que a forma pura (SHELBAEK et al., 1990). Segundo

O’KEEFE (2001), quando a vitamina C encapsulada é misturada com os outros

ingredientes da ração e submetida a todo o processo de industrialização

necessário, a sua proteção é restrita.

Como alternativa ao encapsulamento, vários métodos químicos de

estabilização do ácido ascórbico foram desenvolvidos com o objetivo de manter a

atividade da vitamina C nas rações formuladas para aqüicultura. Os derivados mais

efetivos são os ésteres 2-sulfato e 2-fosfato. Nestes componentes, a esterificação

protege o grupo 2,3-enediol do ácido ascórbico da oxidação pela substituição do

grupo 2-hidroxila pelo grupo eletrodenso sulfato ou fosfato (O’KEEFE, 2001).

Em um experimento que comparou a estabilidade das formas de L-ácido

ascórbico, L-ascorbil-2-sulfato e L-ascorbil-2-monofosfato em rações para tilápia

híbrida, encontraram-se, após a industrialização, níveis que variaram de 25,4% a

27%, 76,5% a 83,4% e 74,6% a 79% dos níveis iniciais, respectivamente SHIAU e

HSU (1995). SHIAU e HSU (1999) relataram que a forma estabilizada L-ascorbil-2-

monofosfato-Mg foi 85% mais efetiva que a forma, também estabilizada, L-ascorbil-

2-monofosfato-Na na dieta requerida de vitamina C para tilápia. Num experimento

com o objetivo de mostrar a atividade vitamínica do Na-L-ascorbil-2-monofosfato

como fonte de ácido ascórbico em rações para bagre-do-canal, comparando-a com

o Mg-L-ascorbil-2-monofosfato apresentaram uma retenção de 99% e 97%,

respectivamente, após o processo de extrusão (MUSTIN e LOVELL, 1992).

Segundo LIAO e SEIB (1990), as vantagens da forma trifosfato sobre a

monofosfato é sua síntese simplificada.

A utilização de formas protegidas, como o ácido ascórbico revestido com

polímero sintético, glicerídeo ou etilcelulose (SHELBAEK et al., 1990) e,

principalmente, de formas mais estáveis, como o ascorbil-2-monofosfato ou

ascorbil-2-polifosfato, são alternativas de conservação dos níveis de ácido

ascórbico mais próximos do desejável (ABDELGHANI, 1998).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados 216 juvenis, não sexados, de Glossolepis incisus. Estes

exemplares possuíam a mesma idade, com similaridade de peso e comprimento.

Os peixes foram provenientes do Setor de Aqüicultura da UENF, localizado

na Unidade de Apoio à Pesquisa em Zootecnia, em Campos dos Goytacazes – RJ.

O experimento foi realizado de dezembro de 2005 a fevereiro de 2006, com duração

de 42 dias. Os juvenis foram transferidos para o Laboratório de Aqüicultura da

UENF/LZNA, localizado nesta mesma Unidade, onde foi instalada a primeira fase do

experimento.

Antes de iniciar o experimento, os juvenis receberam banho profilático de

cloreto de sódio na proporção de 10 g/L de água por aproximadamente 24 horas.

Os juvenis foram distribuídos, aleatoriamente, em lotes de 12 peixes para

cada um dos 18 aquários experimentais de material plástico com volume útil de 40 L

e dimensões de 56,4 X 38,5 X 37,1 cm, anteriormente desinfetados com formalina

comercial na proporção de 1parte de formalina para 4000 partes de água por um

período de 30 minutos.

Os aquários experimentais (Figura 4) possuíam sistema de recirculação de

água com bombas de aspiração submersas dispostas, cada uma, em três aquários

de abastecimento semelhantes aos dos tratamentos.

A água efluente de cada aquário era homogeneizada em um sistema de

filtração composto por filtro biológico e mecânico, com o uso de biofiltros de material

plástico e filtro físico de acrilon, visando a manter elevado o teor de oxigênio,

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diminuir contaminação por microorganismos, eliminar fezes evitando formação de

plâncton e diminuir concentração de amônia, sendo estes distribuídos em três caixas

de 800 L de volume útil.

Após a filtração, a água era aquecida nos aquários de abastecimento e

retornava aos aquários com taxa de renovação de 5% ao dia e de recirculação de

um volume por hora. O nível da água foi monitorado diariamente e mantido,

aproximadamente, em 40 L. Os aquários foram cobertos com tela plástica de

abertura de 15 mm, para evitar eventual fuga de peixes.

O pH foi monitorado diariamente às 15 horas e, quando necessário, corrigido

com uso de calcário calcítico visando a mantê-lo próximo de sete. Para manter a

temperatura da água próxima a 28°C, foram utilizados aquecedores submersos de

300 watts acoplados a termostatos.

Figura 4 – Montagem do experimento

Cada aquário foi considerado uma unidade experimental. Foram utilizadas

seis dietas experimentais isoaminoacídicas (29,9% de PB) e isocalóricas (3.101 kcal

de ED/kg), formuladas com os mesmos ingredientes (Tabela 1) e diferenciadas pelos

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níveis crescentes de vitamina C estabilizada (Lutavit C Aquastab) com garantia de

42% de vitamina C ativa, corrigido em 100% de vitamina C ativa (0; 354,14; 714,29;

1071,43; 1428,57 e 1785,71 mg de Lutavit C Aquastab/kg de ração) equivalentes a

0, 150, 300, 450, 600, 750 mg de vitamina C estabilizada na forma de L-ácido

ascórbico-2-monofosfato de cálcio por quilo de ração, com três repetições cada, em

um delineamento inteiramente casualizado.

Tabela 1- Ingredientes e Composição da ração basal (3.101 kcal de ED/kg) Ingredientes Valores (%) Farelo de arroz 15,00 Milho em grão 15,02 Farelo de trigo 16,00 Gordura vegetal (óleo de soja) 3,00 Farinha de carne e ossos (40% PB) 14,00 Farinha de peixe (55% PB) 18,59 Farelo de soja (45% PB) 18,03 Celulose 0,15 BHT 0,01 Premix* 0,20 Total (%) 100,00 Composição da ração PB (%) 29,90 MS (%) 89,59 Gordura (%) 9,04 Fibra (%) 4,79 Matéria mineral (%) 12,72 Cálcio (Ca %) 3,23 Fósforo disponível (%) 1,71 Lisina (%) 1,70 Metionina/Cistina (%) 1,02 Triptofano (%) 0,29 Treonina (%) 1,13 Arginina (%) 2,09 Relação ED:PB 10,39 Relação Ca:P 1,89 * Premix (quantidades por kilo de produto comercial): vitaminas A (100.000UI); D3 (32.000UI); E (240mg); B1 (20mg); B2 (61,4mg); B6 (20mg); B12 (320mg); K3 (40mg); ácido fólico (7,2mg); ácido pantotênico (294mg); biotina (1mg); cloreto de colina (2000mg); niacina (396mg); aminoácido L-lisina (20g); minerais Ca (240mg); P (78mg); Na (60g); Co (3,6mg); Cu (4750mg); Fe (2228mg); I (7,32mg); Mn (27mg); Se (6,6mg); Zn (2603mg); Flúor (780mg); antioxidante (200mg).

A ração, de 8 kg de biomassa, foi produzida nas instalações do Laboratório

de Zootecnia e Nutrição Animal da UENF.

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Todos os ingredientes, exceto o Lutavit C Aquastab (42 % de vitamina C), o

premix e a celulose, foram pesados e homogeneizados no misturador tipo Y, por 15

minutos e, posteriormente, passaram pelo triturador para conferir melhor aglutinação

na formação do pélete, maior digestibilidade da ração e homogeneidade da pré-

mistura.

A mistura da ração foi dividida em proporções para os seis diferentes

tratamentos, aos quais foram adicionados o premix, o tratamento proposto de

vitamina C e o material inerte, passando novamente pelo misturador tipo Y.

Para o material inerte, foi escolhida a celulose, obtida através da mistura de

papel e água, e batidos em liquidificador de uso doméstico, nas proporções

adequadas a cada tratamento com vitamina C para promover a isometria da ração

(1785,71; 1428,57; 1071,43; 714,29; 357,14 e 0 mg de celulose).

A ração final foi peletizada, separadamente por tratamento, pela peletizadora

higienizada a cada preparo de nova ração com seu respectivo tratamento, do menor

nível (zero mg) ao maior nível (750 mg) de vitamina C por quilo de ração, com o

início do preparo de cada ração (cerca de 100 g) desprezado para evitar

contaminação dos demais tratamentos.

Os péletes tinham dois milímetros de diâmetro, e utilizou-se o resfriador para

realizar a secagem, evitar a deterioração e proporcionar maior durabilidade à ração.

O acondicionamento da ração foi feito em geladeira na temperatura de 4°C,

sendo armazenada em recipientes de material plástico, que foram tarados e

identificados pelo número do aquário e seu respectivo tratamento. Foram pesados

em balança digital com precisão de uma casa decimal, para determinação do peso

inicial e final da ração aparente consumida.

A ração foi triturada com auxílio de instrumento culinário de madeira para

esmagar alimentos e facilitar o arraçoamento, sendo administrada duas vezes ao dia

(nove e 17 horas), ad libidum, evitando-se sobras e acúmulo de matéria orgânica

nos aquários.

Para mensuração dos pesos dos juvenis foi utilizada a mesma balança

digital. Todos os animais de uma mesma unidade experimental foram pesados em

conjunto, minimizando o erro associado à amostragem, no dia 0 que antecedeu ao

experimento, e no dia 42 que finalizou o experimento, para posterior análise de

ganho de peso e conversão alimentar.

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Nas variáveis de comprimento mensuradas (comprimento total, comprimento

padrão e altura) foi utilizado paquímetro com precisão de 0,1mm.

Para mensuração das variáveis morfométricas, ao final do experimento,

foram capturados dois peixes sexados (um macho e uma fêmea) de cada tratamento

e suas respectivas repetições, totalizando 36 peixes analisados. Avaliou-se,

também, um lote extra de oito indivíduos, no dia 0, que representavam as médias de

medidas (comprimentos total, padrão e altura) dos peixes das unidades

experimentais.

Para realizar a avaliação de peso dos peixes, no início e final do

experimento, realizou-se a sedação com eugenol na proporção de 50 mg/L de água,

solubilizado como uma parte de óleo de eugenol para nove partes de etanol, visando

a reduzir o estresse do manejo.

Nas coletas de material para histologia, também foram utilizados os mesmos

indivíduos que foram catalogados, marcados e fixados, sendo transportados até o

laboratório de biologia geral da Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizado em

Viçosa no Estado de Minas Gerais, caracterizando a segunda fase do experimento.

Estes animais foram fixados inteiros, ou no fixador Stefanini ou na formalina

de Carson, durante 24 horas e, posteriormente, preservados em álcool etílico a 70%.

Foram utilizados dois tipos de fixadores em diferentes amostras, o fixador de

Stefanini (STEFANINI et al., 1967) e a formalina de Carson (CARSON et al., 1973),

de forma que a metade do total dos peixes amostrados fosse fixado em um, e a

outra metade em outro.

Formalina de Carson

Formol..........................................................................................................10 ml

Fosfato de sódio monobásico.................................................................18,16 ml

Hidróxido de sódio...........................................................................4,125 – 5,0 g

Água destilada (QSP)...............................................................................1000 ml

Q.S.P. 1000 ml de tampão fosfato

NaH2PO4.H2O..............................................................................................3.31 g

Na2HPO4.7H2O..........................................................................................33,77 g

Água destilada..................................................................................................1 L

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Fixador de Stefanini

Para-formaldeído............................................................................................20 g

Solução saturada de ácido pícrico bi-filtrado..............................................150 ml

A solução foi aquecida a 60°C e, posteriormente, adicionadas, gotas de

NaOH a 2,52%, até seu clareamento, que foi filtrada em papel absorvente e esfriada

à temperatura ambiente. Para o tamponamento da solução, utilizou-se o tampão

fosfato.

No Laboratório de Biologia Geral da UFV, os indivíduos, já preservados em

álcool etílico a 70%, foram desidratados em séries crescentes de solução de álcool

etílico (80%, 90%, 95% e 100%) em passagens de 30 em 30 minutos. Os peixes

desidratados foram cortados transversalmente, na altura da inserção da cauda com

o corpo (pendúnculo caudal), com o auxílio de uma lâmina de bisturi (Figura 5).

Figura 5 – Corte transversal na altura do pendúnculo caudal

O processo de pré-infiltração das amostras, colocadas em posição crânio-

caudal nas formas de inclusão já identificadas, iniciou-se com a substituição de parte

do álcool por resina usada de glicol metacrilato (2-hidroxi-etil metacrilato) da marca

Historesin-Leica, sem a substância catalisadora durante o período de uma noite

(aproximadamente 12 horas). Na infiltração, utilizou-se resina nova, onde foi

substituído todo o líquido da pré-infiltração por esta resina nova, passando por um

período de espera de, no mínimo, duas horas antes da inclusão.

Para a inclusão e polimeralização da amostra em resina, foi elaborada uma

solução contendo 15 ml de resina nova e 1 ml da substância catalisadora do Kit

Historesin-Leica, conservadas em temperatura abaixo de 0°C (freezer),

substituindo toda resina de infiltração pela nova solução, até completar o limite da

forma de inclusão.

1,0 cm

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34

Após este procedimento, as formas de inclusão ficaram em estufa a 45°C

até que o bloco de resina estivesse totalmente seco (aproximadamente 24 horas,

dependendo da umidade relativa do ar do ambiente), ou, se necessário,

posteriormente colocadas em câmara de dessecação com sílica.

Os blocos de resina foram aderidos em moldes feitos de madeira com

identificação da amostra, com cianocrilato (Super bonder ), para que fossem

fixados no micrótomo de marca Leica. Na confecção dos cortes histológicos

utilizou-se navalha de vidro, e o padrão de corte foi estabelecido em 5 µm.

Cada lâmina, identificada com lápis escrito em adesivo de papel, recebeu

aproximadamente nove cortes histológicos, com a finalidade de minimizar o erro da

leitura em cortes não-perfeitos (dobrados ou pouco corados).

As lâminas foram coradas com Tricromo de Cason (GRAY, 1954), que cora

tecido muscular, para visualizar as fibras musculares das imagens coradas em

vermelho, e o colágeno em azul, para o tecido conectivo.

Tricromo de Cason

Orange G.......................................................................................................1,0 g

Ácido fucsínico..............................................................................................1,5 g

Azul de anilina...............................................................................................0,5 g

Ácido fosfotunsgiseo..................................................................................…1,0 g

Água destilada..............................................................................................1,0 L

As lâminas foram colocadas na cubeta contendo a solução do corante por 30

minutos e lavadas com água destilada por três minutos. A secagem foi feita por

placa aquecedora a 70°C.

Para a fixação da lamínula na lâmina, utilizou-se Entellan, de forma que

todos os cortes histológicos ficassem cobertos por.

De cada amostra de peixe confeccionaram-se quatro lâminas e de cada uma

analisaram-se 10 imagens, totalizando-se 1440 imagens dos tratamentos mais as

amostras dos oito peixes do dia zero de experimento somando-se, ao final, 1760

imagens.

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35

As análises das imagens digitalizadas foram realizadas com auxílio do

programa Image – Pró Plus, versão 4.5.0.29 (µedia Cibertecnics), com o auxílio de

microscópio ótico, conectado a uma câmera de captura e um computador. A objetiva

utilizada para a captura de imagem foi de 40X, e para somente a visualização do

corte histológico, em objetiva de 10X.

Pelo programa Image – Pró Plus, foi criada uma máscara em forma de grade

padronizada, com circunferências simétricas de um pixel de diâmetro, sem margens,

e espaçamentos de 70 pixels na horizontal e vertical entre os círculos, somando-se

35 circunferências ortogonais sobrepostas às imagens capturadas.

As circunferências que estavam em sobreposição às fibras musculares em

cortes transversais eram contadas em números absolutos. Contou-se, também, o

total absoluto de circunferências existentes no campo sem tecido ósseo,

cartilaginoso, fibras musculares em corte longitudinais, capilares ou espaçamento do

corte.

Subtraiu-se o total absoluto de círculos do campo do número de círculos

encontrados nas fibras musculares, calculando-se o número de circunferências do

tecido conectivo. Tomando-se a relatividade, tendo como base o total de círculos

como 100%, encontraram-se as porcentagens de fibras musculares e de tecido

conectivo do campo, a partir dos seus respectivos números absolutos.

Os dados de porcentagem de tecido conectivo e fibras musculares foram

comparados com os tratamentos propostos, e as variáveis de peso e comprimento

dos peixes analisados, bem como a diferenciação desses valores entre machos e

fêmeas.

Para os resultados, foi utilizado o programa estatístico SAEG, realizando-se

a análise de variância (ANOVA), análise de regressão, ao nível de 5% de

probabilidade e correlações de Pearson.

As análises estatísticas das variáveis foram analisadas segundo o modelo

matemático a seguir:

Yik = µ + Ti + εik em que

Yik = variável estudada, referente ao tratamento i;

µ = média geral das características;

Ti = efeito dos diferentes níveis de vitamina C, sendo i =0, 150, 300,

450, 600, 750;

εik = erro aleatório associado a cada observação.

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36

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A qualidade da água foi monitorada durante o experimento, e os valores de

temperatura (29, 47 ± 1,23°C) mantiveram-se próximos aos padrões para o cultivo

desta espécie. ALLEN e NOBERT (1982) verificaram a faixa de conforto térmico de

29 a 32°C para cativeiro. O pH também apresentou-se próprio para o cultivo,

apresentando o valor de 7,9 ± 0,19 segundo HUNZIKER (1992), que estabeleceu os

valores entre 6,8 e 7,8, não havendo influência destes parâmetros sobre os

tratamentos.

Os resultados das análises estatísticas para ganho de peso (GP), conversão

alimentar (CA), crescimento comprimento total (CCT), comprimento padrão (CCP) e

altura (CH) não foram influenciados pelos diferentes tratamentos (P>0,05).

Segundo MELLO et al. (1999), a suplementação de vitamina C com doses

entre 50 e 850 mg/Kg de ração não apresentou influência significativa no ganho de

peso e na taxa de sobrevivência de alevinos de piauçu. BLOM et al. (2000) também

não encontraram diferenças significativas entre os diferentes níveis de vitamina C

nas variáveis crescimento e sobrevivência em acará-bandeira (Pterophilum scalare)

e nem sinais clínicos de deficiência desta vitamina. HENRIQUE et al. (2002), quando

avaliaram a suplementação de vitamina C (0, 10, 25, 50 mg/kg) para sea bream, não

observaram diferença significativa para as variáveis crescimento e ganho de peso.

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Durante o experimento, não foi observado sinal clínico de deficiência dessa

vitamina em melanotênia maçã. LIM et al. (2000) também não observaram nenhum

sinal de hipovitaminose C em bagre-do-canal com dieta deficiente em ácido

ascórbico.

Considerando-se que a composição básica das nadadeiras é colágeno, e a

vitamina C atua na sua síntese, seria esperado o crescimento do comprimento total

segundo HALVER (1972). Outros autores estudaram o efeito da vitamina C sobre o

crescimento do comprimento total e também não encontraram diferenças

estatisticamente significativas para alevinos de turbot e seabass (MERCHIE et al.,

1996) e em juvenis de yellowtail (SAKAKURA et al., 1998).

No presente experimento, a análise de variância, talvez, não tenha revelado

efeito significativo dos níveis de L-ácido ascórbico-2-monofosfato de cálcio sobre os

resultados de ganho de peso pela falta de homogeneidade no crescimento dessa

espécie, que provoca valores elevados para os coeficientes de variação (Tabela 2).

DURVE e LOVELL (1982) também não encontraram diferenças significativas em

relação ao ganho de peso do bagre-do-canal, durante um período de 14 semanas,

alimentados com vitamina C.

As variáveis estudadas podem não ter apresentado o resultado esperado

devido à falta de informações acerca das exigências nutricionais da espécie sobre os

fatores energia digestível, proteína bruta, digestibilidade, aminoácidos essenciais,

minerais e vitaminas. A maioria das informações sobre as exigências nutricionais

quantitativas e qualitativas para peixes ornamentais derivou, principalmente, de

estudos fora da aqüicultura industrial desde a década de 70, guardadas somente por

aquários públicos e domésticos. Estes resultados fazem limitações no cultivo de

peixes ornamentais, onde a nutrição se baseia num número reduzido de espécies de

corte (PANNEVIS, 1993; EARLE, 1995).

O National Research Council (1993) baseia-se nos exigências de proteína

para juvenis ornamentais de hábito onívoro (guppy, japonês, barbo) de acordo com

os requerimentos reportados para peixes de corte, sendo assim, a ração

experimental foi formulada com 29% de proteína bruta (PB) para melanotênia maçã,

que possui hábito alimentar onívoro (HUNTER, 1997).

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Tabela 2 – Variáveis ganho de peso (GP), crescimento comprimento total (CCT), crescimento comprimento padrão (CCP), crescimento altura (CH), conversão alimentar (CA), porcentagem de sobrevivência (S) de melanotênia maçã submetida a diferentes níveis de vitamina C, e coeficiente de variação (CV) de cada variável

Variáveis Níveis de Vitamina C (mg/Kg) CV (%)

0 150 300 450 600 750

Ganho de peso (g) 0,11 ± 0,10 0,04 ± 0,09 0,04 ± 0,03 0,14 ± 0,08 0,08 ± 0,05 0,00 ± 0,07 108,467

Crescimento (cm) Compr. Total 0,11 ± 0,40 0,11 ± 0,19 0,22 ± 0,58 0,18 ± 0,39 0,12 ± 0,41 0,32 ± 0,62 317,022

Compr. Padrão 0,09 ± 0,17 0,01 ± 0,18 0,13 ± 0,49 0,16 ± 0,48 -0,15 ± 0, 13 0,16 ± 0,58 573,553

Altura 0,08 ± 0,12 0,13 ± 0,13 0,02 ± 0,09 0,17 ± 0,06 0,14 ± 0,07 0,18 ± 0,08 87,541

Conversão Alimentar (g) 4,50 ± 4,64 5,95 ± 1,73 3,93 ± 0,63 4,41 ± 1,35 3,92 ± 4,58 3,79 ± 0,91 118,796

Sobrevivência (%) 88,89 ± 0,58 94,44 ± 1,54 80,56 ± 2,31 83,33 ± 1,29 91,67 ± 1,29 88,89 ± 1,29 -

38

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39

O tempo experimental de 42 dias pode ter sido curto para que os juvenis de

melanotênia maçã apresentassem diferenças estatísticas das variáveis estudadas

em relação aos diferentes níveis de vitamina C. TOYAMA et al. (2000) observaram

que não ocorreram diferenças estatísticas das variáveis peso e comprimento

submetidas a níveis crescentes de vitamina C em pós-larvas de tilápia do Nilo, no

período experimental de 30 dias. CAVICHIOLO et al. (2001) também não

encontraram efeito de diferentes níveis de vitamina C sobre o peso, comprimento

total, padrão, biomassa e sobrevivência em alevinos de tilápia com 57 dias de

experimento.

Houve uma correlação negativa entre os crescentes níveis de ácido ascórbico

e as médias de ganho de peso, conversão alimentar e crescimento do comprimento

padrão. Uma baixa correlação positiva entre os níveis de tratamento e o crescimento

do comprimento total e uma alta correlação positiva, destes níveis de vitamina C

com o crescimento em altura, também foram observados (Tabela 3).

O aumento do crescimento do comprimento total, relacionado com o aumento

dos níveis de vitamina C na ração, provavelmente está de acordo com o

comprimento da nadadeira caudal, que possui seu tamanho reduzido nos casos de

deficiência alimentar de ácido ascórbico devido à dificuldade na síntese de colágeno

promovida pelos níveis abaixo da exigência desta vitamina na dieta de peixes.

A alta correlação positiva do crescimento em altura com os tratamentos pode

ter ocorrido por esta espécie iniciar seu crescimento em altura na fase de transição

de juvenil para a adulta, que pode ter ocorrido durante o período de experimento,

podendo ser um efeito positivo dos maiores níveis de vitamina C sobre o

crescimento em altura dessa espécie, principalmente sobre os machos, por

possuírem altura maior quando comparados às fêmeas de mesma idade e também

maior valor de mercado.

Tabela 3 – Correlação entre os parâmetros ganho de peso (GP); conversão alimentar (CA); crescimento comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura (H); e tratamento. Para nível de significância acima de 0,1 Variáveis Correlação Significância

Tratamento X GP -0,21 0,21

Tratamento X CA -0,06 0,41

Tratamento X CCT 0,06 0,40

Tratamento X CCP -0,01 0,48

Tratamento X CH 0,31 0,11

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As porcentagens de tecido conectivo e de fibra muscular nos cortes

histológicos da musculatura da região da inserção da cauda da melanotênia maçã

não foram influenciadas estatisticamente pelos níveis eqüidistantes de ácido

ascórbico, não possuindo significância pelo teste t (P>0,05).

Figura 6 – Nível zero miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason

20 µm

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Figura 7 – Nível 750 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason

Figura 8 – Nível 150 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason

20 µm

20 µm

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Figura 9 – Nível 600 miligramas de vitamina C. 40X Tricromo de Cason

A Figura 6 demonstra a desorganização tecidual no corte histológico no nível

zero de vitamina C, quando comparada com a Figura 7, que apresenta o nível 750

mg/Kg de ácido ascórbico dos tratamentos. Segundo KANEKO et al. (1997), lesões

que ocorrem nos tecidos conectivos são primeiramente um resultado do colágeno

sub-hidroxilado (nos resíduos específicos de prolina e lisina), ficando suscetível à

degradação de forma anormal, sendo um sinal da hipovitaminose C em peixes.

Os níveis (Figuras 6 e 8) de zero e 150 mg/Kg apresentaram uma atrofia das

fibras musculares quando comparadas com as Figuras 7 e 9 dos juvenis

alimentados com 600 e 750 mg/Kg de ácido ascórbico ativo. FRACALOSSI et al.

(1998) fizeram estudos histológicos no acará-açu e demonstraram que os peixes

sem suplementação de vitamina C apresentaram deformidades na cartilagem de

suporte dos filamentos branquiais, como também atrofia nas fibras musculares.

Segundo HALVER (1972), peixes alimentados com ácido ascórbico marcado

com C14 mostraram que esta vitamina é rapidamente absorvida pelas áreas onde o

colágeno é formado, isto é, na pele, na nadadeira caudal, nas cartilagens da

cabeça e do maxilar, nas cartilagens que suportam as brânquias e nos ossos.

20 µm

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Apesar de quantitativamente as médias não terem se apresentado

estatisticamente diferentes, qualitativamente os níveis mais altos de 600 e 750 mg

de vitamina C por kilo de ração apresentaram melhor estrutura tecidual, nos

estudos histológicos de efeito, do que os menores níveis (zero e 150 mg de

vitamina C por kilo de ração), indicando que a desestruturação do tecido muscular

desses níveis mais baixos pode ser um sinal de deficiência alimentar de ácido

ascórbico.

Porém nos peixes tratados no presente experimento, houve, estatisticamente

(P>0,05), uma correlação negativa da variável tecido conectivo com a variável altura,

assim como uma correlação positiva das médias de porcentagem de fibra muscular

com a variável altura (Tabela 4). Estes resultados indicam que quanto maior a altura

da melanotênia maçã, menor é a porcentagem de tecido conectivo e maior a

porcentagem de fibra muscular. Assim, o crescimento em altura pode ser dado, em

nível tecidual, com o aumento da proporção de fibra muscular.

Tabela 4 – Correlação das variáveis tecido conectivo (TC) e fibra muscular (FM), com as variáveis peso (P), comprimento total (CT) e padrão (CP), e altura (H). Para níveis de significância acima de 0,1 Variáveis Correlação Significância

TC X P -0,54 0,01

TC X CT -0,35 0,08

TC X CP -0,46 0,03

TC X H -0,03 0,45

FM X P 0,54 0,01

FM x CT 0,35 0,08

FM X CP 0,46 0,03

FM X H 0,03 0,45

Uma outra análise de regressão foi realizada para verificar se houve

diferenças nas exigências de vitamina C entre fêmeas e machos nas performances

ganho de peso, crescimentos do comprimento total, padrão e altura, além das

porcentagens de tecido conectivo e de fibra muscular, e concluiu-se que não houve

diferenças ao nível de 5% de probabilidade.

O’ KEEFE (2001) concluiu que a exigência de ácido ascórbico pelos peixes,

como para qualquer outra vitamina, é expressa como a quantidade de atividade

vitamínica necessária por kilo de peso vivo por dia para atingir uma resposta

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fisiológica específica no organismo, Em qualquer nível de resposta, estas exigências

são afetadas pelo tamanho do peixe e pelo seu estado fisiológico, como também

pelas interações dos nutrientes e fatores ambientais.

Apesar dos níveis de ácido ascórbico não terem apresentado efeito sobre as

variáveis analisadas, fêmeas e machos, por apresentarem fisiologias diferenciadas,

podem possuir diferentes exigências de vitamina C.

TOUHATA et al. (2000) observaram diferenças, principalmente no período de

maturação gonadal e desova, no volume de colágeno nas trocas sazonais entre

fêmeas e machos de sea bream, baseado no conteúdo da forma proteica

hidroxiprolina, assim sugerindo que o metabolismo do colágeno também possa ser

regulado por fatores endocrinológicos, como hormônios esteróides sexuais.

Houve uma correlação negativa entre as variáveis tratamento com ganho de

peso, tratamento com crescimento do comprimento total e tratamento com proporção

de fibra muscular em fêmeas, já nas variáveis tratamento com crescimento do

comprimento padrão, tratamento com crescimento em altura e tratamento com

proporção de tecido conectivo houve uma correlação positiva (Tabela 5).

Tabela 5 – Correlação entre as variáveis tratamento; ganho de peso (GP), crescimentos comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura; tecido conectivo (TC) e fibra muscular (FM) em fêmeas de melanotênia maçã. Para níveis de significância acima de 0,1 Variáveis Correlação Significância

Tratamento X GP -0,05 0,42

Tratamento X CCT -0,01 0,48

Tratamento X CCP 0,07 0,40

Tratamento X CH 0,07 0,40

Tratamento X TC 0,27 0,13

Tratamento X FM -0,27 0,13

TC X GP -0,60 0,00

TC X CCT -0,55 0,00

TC X CCP -0,68 0,00

TC X CH -0,37 0,06

FM X GP 0,60 0,01

FM X CCT 0,55 0,01

FM X CCP 0,68 0,00

FM X CH 0,37 0,06

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Em machos houve uma correlação negativa entre as variáveis tratamento e

crescimento em altura, tratamento e tecido conectivo, fibra muscular e ganho de

peso, fibra muscular e crescimento do comprimento total, e fibra muscular e

crescimento do comprimento padrão.

Houve, também em machos, uma correlação positiva entre tratamento e

ganho de peso, tratamento e crescimento do comprimento total, tratamento e

crescimento do comprimento padrão, tratamento e fibra muscular, e tecido conectivo

com as variáveis: ganho de peso, crescimento do comprimento total, e crescimento

do comprimento (Tabela 6).

Tabela 6 – Correlação entre as variáveis tratamento; ganho de peso (GP), crescimentos comprimento total (CCT), padrão (CCP) e altura (CH); tecido conectivo (TC) e fibra muscular (FM) em machos de melanotênia maçã. Para níveis de significância acima de 0,1 Variáveis Correlação Significância

Tratamento X GP 0,07 0,40

Tratamento X CCT 0,12 0,31

Tratamento X CCP 0,01 0,35

Tratamento X CH -0,03 0,45

Tratamento X TC -0,14 0,29

Tratamento X FM 0,12 0,32

TC X GP 0,18 0,24

TC X CCT 0,09 0,36

TC X CCP 0,09 0,36

TC X CH 0,54 0,01

FM X GP -0,20 0,21

FM X CCT -0,10 0,35

FM X CCP -0,09 0,36

FM X CH -0,55 0,01

Apesar de não ter surtido efeito significativo pelo teste estatístico descrito

anteriormente, a correlação entre a variável tratamento com as variáveis ganho de

peso, crescimento dos comprimentos total e padrão foi positiva, demonstrando que

quanto maior o nível de suplementação de ácido ascórbico na ração, maior o ganho

de peso e crescimentos descritos.

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Ao contrário das fêmeas, os machos apresentaram, com o aumento dos

níveis de vitamina C, um aumento da proporção de fibra muscular e redução da

proporção de tecido conectivo, podendo ser um indicativo de diferenças no

metabolismo, em nível tecidual da musculatura, entre fêmeas e machos

suplementados com ácido ascórbico.

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6. CONCLUSÃO

A suplementação de vitamina C não influenciou o desempenho de

melanotênia maçã (Glossolepis incisus).

Níveis de vitamina C acima de 600 mg proporcionam melhor estruturação do

tecido muscular de melanotênia maçã.

As rações para melanotênia maçã devem ser suplementadas com 600 mg

de vitamina C por kg de ração.

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7. RECOMENDAÇÔES

Com base nos resultados obtidos sugere-se que futuros estudos sejam

realizados visando a: (1) determinar o nível adequado de ácido ascórbico para o

cultivo de melanotênia maçã, incluindo-se um tempo experimental maior do que o

aplicado; (2) verificar o efeito da vitamina C em machos e fêmeas no período

reprodutivo, quando ocorrem diferentes concentrações de hormônios esteróides; (3)

determinar a influência de outros nutrientes limitantes, além da vitamina C, ainda não

descritos para a espécie; (4) utilizar outras estruturas com grande concentração de

colágeno além do tecido muscular, como brânquias e globo ocular, para uma melhor

avaliação histológica do efeito da vitamina C sobre o colágeno.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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60

APÊNDICE

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61

APÊNDICE A Tabela 1A – Variáveis porcentagem de tecido conectivo (TC), porcentagem de fibra muscular (FM), peso (P), comprimento total

(CT), comprimento padrão (CP) e altura, submetidas aos tratamentos com níveis crescentes de vitamina C e seus respectivos

coeficientes de variação (CV), e as médias das variáveis antes de ser submetida aos tratamentos

Níveis de vitamina C (mg/Kg)

Variáveis Inicial 0 150 300 450 600 750 CV (%)

Tecido Conectivo (%) 22,18 ± 13,03 34,61 ± 11,21 39,70 ± 5,95 29,4 ± 12,27 35,97 ± 7,08 35,37 ± 6,96 39,55 ± 2,61 23,96

Fibra Muscular (%) 77,82 ± 13,03 65,89 ± 11,89 60,30 ± 5,95 70,6 ± 12,27 63,00 ± 7,02 64,63 ± 6,96 60,45 ± 2,61 13,20

Peso (g) 0,80 ± 0,19 0,87 ± 0,34 1,29 ± 0,55 1,65 ± 1,18 0,84 ± 0,16 0,82 ± 0,12 1,10 ± 0,38 52,80

Comprimentos (cm)

Total 4,30 ± 0,40 4,41 ± 0,40 4,41 ± 0,19 4,52 ± 0, 58 4,48 ± 0,39 4,24 ± 0,21 4,62 ± 0,76 10,49

Padrão 3,54 ± 0,31 3,63 ± 0,17 3,55 ± 0,18 3,67 ± 0 ,49 3,70 ± 0,48 3,39 ± 0,13 3,70 ± 0,58 10,60

Altura 0,91 ± 0,06 0,99 ± 0,12 1,04 ± 0,16 0,93 ± 0 ,11 1,08 ± 0,06 1,05 ± 0,07 1,03 ± 0,18 11,97

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Tabela 2A – Variáveis ganho de peso (GP), crescimento comprimento total (CCT), crescimento comprimento padrão (CCP), crescimento altura (CH), tecido conectivo (TC) e fibra muscular (FM) submetidas aos diferentes níveis de vitamina C, bem como a sua diferenciação entre fêmeas e machos, e o coeficiente de variação (CV) de cada variável analisada

Variáveis Níveis de Vitamina C (mg/Kg) 0 150 300 450 600 750 CV (%) Fêmeas Ganho de peso (g)

0,06 ± 0,17 -0,10 ± 0,16 1,22 ± 1,94 -0,13 ± 0,04 0,01 ± 0,23 0,1 ± 0,25 418,74

Crescimento (cm)

Compr. Total

0,02 ± 0,42 -0,17 ± 0,06 -0,09 ± 0,52 -0,11 ± 0,52 -0,28 ± 0,22 0,07 ± 0,75 -497,67

Crescimento (cm)

Compr. Padrão

0,15 ± 0,43 -0,24 ± 0,1 -0,05 ± 0,45 0,01 ± 0,71 -0 ,32 ± 0,13 0,03 ± 0,65 -659,80

Crescimento (cm)

Altura 0,01 ± 0,11 -0,01 ± 0,05 -0,09 ± 0,15 -0,01 ± 0,14 -0,01 ± 0,09 0,02 ± 0,11 -727,78

Tecido Conectivo (%)

37,21 ± 13,43 42,19 ± 0,22 30,21 ± 16,66 42,03 ± 11,3 41,78 ± 5,66 46,88 ± 11,17 27,79

Fibra Muscular (%)

62,79 ± 13,43 57,81 ± 0,27 69,79 ± 16,66 57,97 ± 11,33 58,22 ± 5,66 53,12 ± 11,17 18,57

Machos Ganho de peso (g)

0,08 ± 0,31 0,45 ± 0,49 0,46 ± 0,28 0,27 ± 0,13 0, 01 ± 0,24 0,46 ± 0,27

Crescimento (cm)

Compr. Total

0,20 ± 0,41 0,40 ± 0,45 0,52 ± 0,67 0,47 ± 0,30 0,16 ± 0,19 0,58 ± 0,88 134,34

Crescimento (cm)

Compr. Padrão

0,02 ± 0,24 0,27 ± 0,27 0,32 ± 0,55 0,31 ± 0,26 0,04 ± 0,14 0,30 ± 0,59 181,92

Crescimento (cm)

Altura 0,17 ± 0,15 0,52 ± 0,37 0,14 ± 0,08 0,35 ± 0 ,06 0,29 ± 0,05 0,23 ± 0,26 70,77

Tecido Conectivo (%)

32,02 ± 9,83 37,21 ± 11,90 28,61 ± 8,44 29,90 ± 2, 90 28,97 ± 8,76 32,23 ± 6,14 28,42

Fibra Muscular (%)

68,65 ± 11,14 62,79 ± 11,90 71,39 ± 11,44 70,09 ± 2,91 71,03 ± 8,76 61,77 ± 6,14 12,76