54
SANDRA HELENA FERNANDES MENDES EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A DENSIDADE MAMÁRIA AVALIADA PELA MAMOGRAFIA Rio de Janeiro 2004

EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

  • Upload
    letu

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

SANDRA HELENA FERNANDES MENDES

EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL

SOBRE A DENSIDADE MAMÁRIA

AVALIADA PELA MAMOGRAFIA

Rio de Janeiro 2004

Page 2: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA

EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A DENSIDADE MAMÁRIA AVALIADA PELA MAMOGRAFIA Sandra Helena Fernandes Mendes

Dissertação submetida ao Corpo Docente da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal do

Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários

à obtenção do Grau de Mestre em Medicina e Áreas

Afins. Área de concentração: Radiologia e Áreas

Afins. Linha de pesquisa: Bases para um programa de

detecção precoce do câncer de mama.

Orientadora: Prof. Maria Célia Djahjah

Rio de Janeiro 2004

Page 3: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA

EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL

SOBRE A DENSIDADE MAMÁRIA AVALIADA PELA MAMOGRAFIA. Sandra Helena Fernandes Mendes

Banca examinadora: Prof. Hilton Augusto Koch Prof. Alkindar Soares Pereira Filho Prof. Carlos Ricardo Chagas Prof. Berdj A. Meguerian

Rio de Janeiro 2004

Page 4: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

i

FICHA CATALOGRÁFICA

Mendes, Sandra Helena Fernandes

Efeito da terapia de reposição hormonal sobre a densidade mamária avaliada pela mamografia / Sandra Helena Fernandes Mendes. – Rio de janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2004.

vi, 42 f. :il. ; 31 cm Orientadora: Maria Célia Djahjah

Dissertação (mestrado) –UFRJ / Faculdade de Medicina / Radiologia, 2004

Referências bibliográficas: f. 36-42 1. Mama - efeito de drogas. 2. Terapia de reposição de estrogênio. 3. Terapia de reposição hormonal. 4. Mamografia. 5. Pós-menopausa. 6. Radiologia - Tese. I. Djahjah, Maria Célia. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Radiologia. III. Título.

Page 5: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

ii

À minha mãe, Shirley, cuja coragem, luta e firmeza

sempre foi o melhor exemplo diante da vida.

Aos meus filhos Marina e Alexandre, meus tesouros, razão de tudo.

Ao Renato,

companheiro que tão cedo partiu... Saudade e tristeza por não partilhar esta conquista.

Page 6: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

iii

AGRADECIMENTOS

À Deus...

Às minhas pacientes, sem as quais nada poderia ser realizado.

Ao professor Alkindar Soares, meu mestre, pelas oportunidades

recebidas e por poder contar com o privilégio de sua sabedoria, profissional e

de vida.

Ao professor Hilton Koch a quem aprendi a respeitar e admirar. Obrigada

pelo ensinamento de que sempre se pode fazer melhor.

À professora Maria Célia Djahjah pela seriedade da orientação.

À Dra Andréa Petrelli que muito contribuiu para a realização deste

estudo, avaliando as radiografias e me permitindo maior conhecimento

em radiologia.

À Dra Mônica Pires Ribeiro por várias orientações precisas e oportunas.

Ao Dr Márcio Huthmacher pela amizade e contribuição.

À secretária Conceição Faulhaber pela sua dedicação e paciência,

quando o computador parecia ser obstáculo intransponível.

Às secretárias Dalila , Regina e Maria pela presteza e carinho.

Ao meu irmão Ivan, o entusiasmo.

À minha filha Marina, a paciência e o apoio.

Ao meu filho Alexandre, o bom humor.

Aos amigos, o incentivo.

Ao Departamento de Radiologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, a acolhida.

E a tantos aqui não mencionados, porém, não menos importantes...

Obrigada.

Page 7: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

iv

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS Ac

Acetato de ciproterona

ACS

American Cancer Society

AMP

Acetato de Medroxiprogesterona

BCDDP

Breast Cancer Detection Demonstration Project

BI-RADS

Breast Imaging Reporting and Data System

CBR

Colégio Brasileiro de Radiologia

CNM

Comissão Nacional em Mamografia

CNEN

Comissão Nacional de Energia Nuclear

E2

Estradiol

EEC

Estrogênios Eqüinos conjugados

FSH

Hormônio Folículo Estimulante

HIP

Health Insurance Plan

INCA

Instituto Nacional do Câncer

IRD

Instituto de Radioproteção e Dosimetria

NETA

Acetato de noretisterona

PCQM

Programa de Certificação da Qualidade em Mamografia

TRH

Terapia de Reposição Hormonal

WHI Women’s Health Initiative

Page 8: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

v

RESUMO

O objetivo deste estudo foi observar, através da mamografia, alterações

precoces na densidade mamária em mulheres utilizando diferentes esquemas

de terapia de reposição hormonal, procurando identificar fatores limitantes ao

rastreio do câncer de mama. Foram observadas cento e oito mulheres usuárias

de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

cíclico e um estrogênio isolado) que tiveram mamografias realizadas antes e

após seis semanas de uso para avaliação da densidade mamária. Esta

observação foi realizada utilizando-se a descrição da composição do

parênquima mamário em quatro padrões, segundo o laudo mamográfico no

Sistema BI-RADS. Para a análise das modificações da densidade do

parênquima mamário após o uso da terapia de reposição hormonal, foi

empregado o teste não-paramétrico do X 2 (qui-quadrado). Os resultados

mostraram que a densidade das mamas à mamografia, relacionada à terapia

de reposição hormonal, variou com o esquema utilizado e que o combinado

contínuo foi o que mostrou aumento maior.

Page 9: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

vi

ABSTRACT

The aim of this study was to observe, through mammographic examination,

early signs of alterations in breast density in patients using different types of

hormonal replacement therapy in order to identify limiting factors to breast

cancer screening. A hundred and eight women using hormonal replacement

therapy (continuous combined, cyclical combined and single estrogen) were

examinated before starting the therapy and after six weeks and had their breast

density evaluated. This observation was done using the description of breast

parenchyma density in four patterns, according scale BI-RADS. To analyse the

modifications of the breast density after use of hormonal replacement theraphy,

the non-parametric X 2 test was performed. The results showed that the breast

density of patients using the hormonal replacement therapy varied according to

the type of hormonal therapy used and that the continuous combined therapy

was the one which showed the greatest increase.

Page 10: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

vii

SUMÁRIO Ficha catalográfica...................................................................................................

i

Dedicatória...............................................................................................................

ii

Agradecimentos.......................................................................................................

iii

Lista de siglas e abreviaturas...................................................................................

iv

Resumo.....................................................................................................................

v

Abstract....................................................................................................................

vi

Sumário....................................................................................................................

vii

1. Introdução e Objetivo.........................................................................................

1

2. Revisão da Literatura.........................................................................................

3

Climatério...............................................................................................

3

TRH: Risco-Benefício............................................................................

4

Mamografia............................................................................................

8

TRH e Densidade Mamária...................................................................

11

3. Material e Método..............................................................................................

15

4. Resultados..........................................................................................................

18

Idade das pacientes.................................................................................

18

Tempo de menopausa.............................................................................

20

Comportamento das densidades mamárias............................................

21

Análise estatística...................................................................................

23

5. Discussão...........................................................................................................

27

6. Conclusão...........................................................................................................

31

7. Recomendação...................................................................................................

32

8. Referências Bibliográficas.................................................................................

33

9. Anexo.................................................................................................................

39

Page 11: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

1

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

A terapia de reposição hormonal (TRH) é o tratamento padrão para os

sintomas do período climatérico, que se caracteriza fundamentalmente pela

queda progressiva dos níveis estrogênicos. A reposição hormonal melhora

sintomas como fogachos, alterações emocionais, atrofia urogenital34,46,54,68,

colabora na prevenção do desenvolvimento da osteoporose34,46,51,68,79, e

apresenta dados conflitantes quanto a proteção cardiovascular26,31,33,79,80, e o mal

de Alzheimer 46,51,68,79.

Com essa importante ação preventiva contra doenças potencialmente

graves, parece haver redução da taxa de mortalidade global entre as mulheres

na menopausa usuárias de terapia de reposição hormonal. Existem, entretanto,

fatores e condições que limitam o seu uso, os quais constituem uma barreira

para a prescrição e aderência ao tratamento. O entusiasmo decorrente dos

efeitos benéficos é comprometido por questões ainda não esclarecidas quanto

ao fato de a terapia de reposição hormonal poder ocultar ou retardar o

diagnóstico precoce do câncer de mama45..

O aumento da densidade radiológica do parênquima mamário na vigência

da terapia de reposição hormonal, que ocorre em uma parte significativa das

pacientes, pode de fato levar ao obscurecimento de alguns tipos de lesões

mamárias suspeitas e ao aparecimento de assimetria focal à mamografia, que

pode ser um sinal indireto de neoplasia mamária19,45.

Vários trabalhos5,11,14,39,40,49,74 demonstraram elevação na densidade

mamária em usuárias de terapia de reposição hormonal e, conseqüentemente,

diminuição da sensibilidade e especificidade na detecção do câncer. Baixa

especificidade pode aumentar os custos no controle do câncer de mama, e

baixa sensibilidade diminui sua efetividade40.

Este estudo faz parte da linha de pesquisa “Bases para um programa de

detecção precoce do câncer de mama por meio da mamografia”, do

Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade

Page 12: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

2

Federal do Rio de Janeiro. Tem por objetivo observar os efeitos da terapia de

reposição hormonal no contexto das alterações na densidade mamográfica a ela

relacionada. Foram estudados três preparados hormonais no período de seis

semanas.

Page 13: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CLIMATÉRIO

Climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo e o não

reprodutivo da vida da mulher, sendo caracterizado pela diminuição dos

hormônios sexuais femininos decorrente da redução da população folicular do

ovário. Este hipoestrogenismo leva a alterações no organismo e psiquismo da

mulher. Aproximadamente 75% das mulheres climatéricas apresentam sintomas

em algum grau de intensidade53. As ondas de calor, ou fogachos, são os

sintomas mais freqüentes, acompanhadas de palpitações, sudorese e rubor

facial. Observam-se também transtornos produzidos por atrofia do epitélio

geniturinário, alteração de pele, aceleração da osteoporose e um crescimento

na incidência de doenças cardiovasculares34,46,54,68.

Nesta fase de transição hormonal ocorre a menopausa, ou seja, a última

menstruação fisiológica. A perimenopausa é o período de cerca de 4 anos,

imediatamente antes e após a menopausa, para a maioria das mulheres67.

Pesquisa realizada na 28a Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de

Janeiro mostrou que a menopausa ocorre ao redor dos 49 anos1.

Em 1850, a expectativa média de vida da mulher na Grã-Bretanha era de

40 anos. Hoje é de aproximadamente 80 anos. O Japão mantém a maior média

de expectativa de vida, com 82,5 anos. Nos Estados Unidos quase 60% vivem

até os 75 anos. Segundo o IBGE, a expectativa de vida da mulher brasileira é

de 72,6 anos35. Dado o aumento da expectativa de vida, um número cada vez

maior de mulheres viverá aproximadamente um terço de sua existência na pós-

menopausa. Esta crescente longevidade de que as mulheres desfrutam exige

cuidados para uma melhor qualidade de vida e o controle dos riscos

aumentados de doenças crônicas degenerativas.

A mama, na pós-menopausa, sofre uma involução progressiva, lenta e

não uniforme, modificação esta que varia de acordo com o tipo constitucional,

Page 14: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

4

idade e paridade da mulher, entre outros fatores. A consistência do parênquima

diminui, as mamas perdem o turgor e tornam-se mais flácidas e pendulares,

verificando-se a substituição do tecido glandular pelo tecido adiposo. As

unidades morfofuncionais sofrem modificações quantitativas e qualitativas. As

quantitativas, ligadas à diminuição das estruturas glandulares por degeneração,

e as qualitativas em conseqüência das alterações tróficas do epitélio. Apesar

dessas modificações, o tecido glandular remanescente mantém a capacidade

responsiva ao estímulo estrogênico60,64.

2.2 TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL: RISCO - BENEFÍCIO

A TRH, também conhecida como terapêutica hormonal da pós-

menopausa, pode proporcionar diversos benefícios para a mulher no climatério.

Os estrogênios são utilizados em doses capazes de manter níveis plasmáticos

semelhantes aos observados na fase folicular inicial de mulheres no

menacme17,53. Dentre os tipos de estrogênios, os que podem ser utilizados para

TRH são: 17-beta-estradiol, estrogênios conjugados, estriol, promestriene,

benzoato de estradiol, valerato de estradiol e estradiol. A eficácia da atuação de

cada um estaria relacionada à estrutura molecular a ser reconhecida pelo

receptor, à sua afinidade de ligação e ao tempo de permanência do complexo

estrogênio-receptor dentro do núcleo da célula. Também foram descritos

eventos nucleares adicionais, como a especificidade de ligação à cromatina e a

reposição de receptores após a depleção inicial 17.

Os diferentes efeitos dos progestagênios dependem de sua natureza, da

dose de administração e do tempo de uso. A adição desses hormônios é

indicada para a redução da incidência de hiperplasia e do carcinoma de

endométrio 21,34,46,53,68.

A variedade de esquemas terapêuticos produz respostas variáveis e

podem diferir de paciente para paciente. Assim, a terapêutica deve ser

individualizada, com adequada abordagem propedêutica prévia e vigilância

durante o tratamento. A relação risco-benefício da TRH deve ser avaliada.

Sempre que os benefícios forem maiores que os riscos, está indicada a TRH,

Page 15: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

5

sendo obrigatória a realização de controle. Pode-se empregar esquemas com

estrogênio isolado, estrogênio associado ao progestagênio (cíclico ou contínuo),

ou outros hormônios. Entre os outros hormônios usados para reposição

hormonal, podemos empregar a tibolona, derivado sintético do noretinodrel, com

atividade estrogênica, progestagênica e androgênica. Quanto aos androgênios,

podem trazer benefício no tratamento da osteoporose, da depressão e para

aumento da libido46,54.

Os sintomas vasomotores são, em geral, as primeiras alterações que

surgem e também são os que mais conturbam o bem-estar da mulher. Observa-

se melhora total ou parcial logo nas primeiras semanas de terapia54. Já as

alterações neuropsíquicas como a depressão, nervosismo e insônia, podem

iniciar-se no climatério ou acentuar-se quando existe alguma alteração de base,

havendo em geral, regressão destes sintomas com a terapia estrogênica42,54.

As alterações urogenitais no climatério incluem a atrofia do epitélio e do

intróito vaginal e vulvar. Estas alterações conduzem freqüentemente ao prurido,

estenose, dispareunia e vaginite. Devido a esta atrofia, também podem ocorrer

sintomas como perda de urina durante os esforços, disúria, nictúria, urgência

miccional, polaciúria, sensação de esvaziamento vesical incompleto e quadros

de infecção urinária de repetição22,54. A estrogenioterapia tópica ou sistêmica

pode reverter estes sintomas, sendo a resposta dependente da dose, potência,

via de administração e responsividade das estruturas mencionadas.

Reconhecidamente, a perda da função ovariana representa um risco para

o desenvolvimento da osteoporose34,46,68. Para a grande maioria das mulheres,

a massa óssea atinge seu pico ao redor da segunda década de vida, passando

por um período de estabilidade, seguido por perda lenta e progressiva, que se

agrava com a menopausa51. Nos primeiros anos após o fim do fluxo menstrual,

perde-se a cada ano cerca de 1% a 3% de osso cortical e acima de 5% de osso

trabecular54. Trata-se de doença grave e freqüentemente incapacitante,

caracterizada pela redução de massa óssea e comprometimento de sua

microarquitetura. Esta redução acarreta diminuição da resistência física do

esqueleto até alcançar níveis abaixo dos quais as fraturas se tornam mais

freqüentes29. Os diversos fatores de risco se confundem com os aspectos

Page 16: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

6

epidemiológicos. Assim, cor branca, baixo peso, hereditariedade, tabagismo,

álcool e uso de drogas (corticóide e anticonvulsivante) são fatores de risco

clássico29.

O achado paradoxal do aumento do risco cardiovascular com a TRH em

estudos recentes,26,31,33,79 deixou a comunidade científica perplexa por

contradizer a extensa literatura que, baseada nos estudos observacionais,

mostrava, até então, proteção cardiovascular15,25,28,30,70.

Alguns estudos procuram demonstrar a associação entre a deficiência

estrogênica da pós-menopausa e a influência da hormonioterapia de reposição

sobre o risco do desenvolvimento e o curso da doença de Alzheimer, a causa

mais comum de demência no idoso. Na literatura encontramos referências à

diminuição de sua incidência em usuárias de TRH46,51,68, particularmente quando

o início do tratamento faz-se no período adequado, que se convencionou

denominar de “janela de oportunidade”, ou seja, tão logo tenha início o período

de hipoestrogenismo. Ao que parece, os estrogênios teriam um papel de

neuroproteção estrutural e funcional, e não de neurorregeneração18. Não tem

sido constatada melhora do quadro demencial com a TRH, quando este já se

encontra plenamente estabelecido 66,67. Recentemente, porém, este benefício

vem sendo contestado por novos estudos78, fazendo-se necessário um maior

tempo de observação para se comprovar em definitivo se existe benefício da

TRH na doença de Alzheimer.

Entre as principais causas de abandono da TRH encontram-se os

sangramentos genitais, mastalgia e medo de câncer.

Estudos epidemiológicos sugerem uma diminuição do risco de

desenvolvimento de neoplasia colorretal em mulheres na pós-menopausa que

realizam TRH18,51,79. Esta patologia constitui-se a terceira causa de óbito por

câncer entre mulheres no Brasil 56. Os ácidos biliares parecem estar implicados

na etiopatogenia da doença promovendo alterações malignas no epitélio

colônico. O efeito dos estrogênios sobre os metabólitos dos ácidos biliares,

diminuindo sua produção, seria uma possível explicação para o efeito benéfico

da terapia hormonal18,51.

Page 17: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

7

Sempre houve a preocupação quanto aos eventuais riscos de as

mulheres estarem sujeitas a desenvolver com a estrogenioterapia neoplasias

hormônio-dependentes, entre as quais assinalam-se as de mama e do

endométrio. A adição de progestagênio, por 10 a 12 dias por mês, reduz o risco

de câncer se endométrio em níveis iguais ou até inferiores ao das mulheres não

tratadas 21,34,46,79.

Há ainda muita controvérsia com respeito à possibilidade da prescrição

da TRH aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de mama4,34,46,79. De

modo geral, existe grande preocupação com relação ao seu uso a longo

prazo19,34,46. Por outro lado, tem-se observado que no câncer de mama que

surge concomitante à TRH, o tumor é bem diferenciado e a resposta ao

tratamento é melhor, em comparação àqueles que surgem sem a TRH18,32,46. O

estudo de Stallard 69 não encontrou diferença de tipo, tamanho ou grau de tumor

nas usuárias de TRH comparadas às não usuárias, porém, também não foram

demonstrados tumores de pior prognóstico.

O câncer mamário é uma das doenças de maior impacto da nossa época.

Observou-se um aumento considerável da taxa de mortalidade por câncer de

mama no Brasil de 1979 a 1999, passando de 5,77/ 100.000 para 9,74/100.000,

correspondendo a uma variação percentual relativa de 80,3%. Os números de

óbitos e de casos novos que foram previstos em 2003, na população feminina,

foram, respectivamente, 9.335 e 41.610. Estes números esperados

correspondem a taxas brutas de mortalidade e incidência de 10,40/100.000 e

46,35/100.000, respectivamente56.

Analogamente ao observado na população mundial, o câncer de mama

continua a ser a primeira causa de mortalidade por câncer entre as mulheres

brasileiras56. Fatores de risco que podem explicar o aumento ocorrido nas taxas

de mortalidade por câncer de mama no Brasil incluem os associados à

crescente urbanização da população ocorrida no intervalo de tempo durante o

qual a tendência temporal descrita acima foi avaliada. Estes fatores incluem, por

exemplo, idade mais tardia à primeira gravidez, uso de hormônio como terapia

de substituição após a menopausa, e outros fatores de risco ligados à

reprodução. Infelizmente, a prevenção primária deste tumor maligno não é

Page 18: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

8

factível, já que muitos dos seus fatores de risco não são passíveis de

modificação ou são de difícil modificação (como, por exemplo, história familiar,

menopausa tardia e doença proliferativa benigna da mama). Outros fatores de

risco, como obesidade em mulheres após a menopausa, álcool e fumo,

pertencem à categoria de riscos universais, cuja prevenção deve ser estimulada

em programas globais de promoção da saúde. Por outro lado, apesar de alguma

controvérsia, o diagnóstico precoce (prevenção secundária), mediante

mamografia ou exame clínico da mama (auto-exame e avaliação médica

anual), parece ser efetivo na prevenção de mortes por câncer de mama56.

2.3 MAMOGRAFIA

A mamografia é reconhecida como importante instrumento de rastreio do

câncer mamário. A detecção precoce constitui a forma mais eficaz disponível

atualmente para detecção do câncer de mama em sua fase pré-clínica, podendo

produzir redução de mortalidade e intervenções terapêuticas menos

agressivas2,12,23,62,72. O diagnóstico na fase inicial pode influenciar na sobrevida

das pacientes e no intervalo livre de doenças3. Entre os métodos de rastreio, a

mamografia é considerada padrão ouro para diagnóstico de lesões mínimas3,73,

aumentando, com isso, as chances de cura. É recomendada sua utilização

entre 35 a 40 anos (basal) e repetida a cada um ou dois anos entre 40 a 49

anos, sendo que a partir de 50 anos a mamografia deve ser realizada

anualmente. A freqüência do exame deve ser baseada nos fatores de risco

individuais.

A utilidade da mamografia é estabelecida para dois grupos de mulheres

bastante definidos: aquelas assintomáticas, funcionando como teste de

rastreamento; e aquelas sintomáticas, em que os achados clínicos induzem a

suspeita clínica de câncer38.

Apesar de seu inestimável valor, a mamografia apresenta limitações,

sendo, talvez, a mais significativa a sua baixa especificidade, resultante da

sobreposição dos aspectos macroscópicos encontrados nas lesões mamárias

benignas e malignas55. A mamografia, então, é método que ainda apresenta

Page 19: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

9

resultados falso-negativos e falso-positivos. Com os recentes avanços no

campo do exame mamográfico, a técnica é hoje reconhecida como tendo

sensibilidade de 91% a 96%, possuindo uma taxa de falso-negativos de 4% a

9% 43. Estas taxas variam em função da idade, do tipo de mama e do tamanho

da lesão. Fatores que podem diminuir a sensibilidade da mamografia incluem

erros de técnica, interpretação e alta densidade mamária 48.

A mamografia de baixa qualidade reduz a sensibilidade e a especificidade

do rastreio. A qualidade ruim gera efeitos adversos como diagnóstico falso-

negativo, falsa sensação de segurança, biópsias dispensáveis, com sofrimento

e ansiedade daí decorrentes e exposição desnecessária à radiação59. O bom

exame depende de inúmeros fatores: mamógrafo, processadora, filme-écran,

chassi, posicionamento adequado da paciente, boa compressão das mamas,

incidências de rotina e especiais, compressão seletiva e ampliação. A

observação cuidadosa destas variáveis permite a otimização dos resultados6,10.

A utilização da radiação, cuja dose foi drasticamente reduzida em virtude do

avanço tecnológico, não apresenta valores preocupantes que limitem seu uso,

embora apresente um risco teórico, de um caso adicional de câncer por ano em

dois milhões de mulheres examinadas55.

No Brasil, o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) iniciou o

Cadastramento dos Serviços de Mamografia, em 1990, com o intuito de

conhecer a infra-estrutura para mamografia no país e a capacidade dos serviços

existentes para realizar mamografias de alta qualidade. Posteriormente, o CBR

firmou convênio com o Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) da

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), recebendo, posteriormente, o

apoio do Instituto Nacional do Câncer (INCa/MS) para a realização do Programa

de Certificação da Qualidade em Mamografia (PCQM)59. O PCQM tem como

objetivo a melhora da qualidade da imagem mamográfica em todo o país. Para

alcançar este objetivo, o PCQM estruturou um programa para qualificar os

serviços mamográficos brasileiros, mediante avaliação dos equipamentos

radiológicos, da qualidade da imagem mamográfica e da dose de radiação.

Esta avaliação é feita pela Comissão Nacional em Mamografia (CNM),

composta por radiologistas brasileiros com notório saber em mamografia e por

um físico do IRD59.

Page 20: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

10

As preocupações formais quanto às diretrizes para a detecção precoce

do câncer mamário iniciaram-se em 1977. Foram influenciadas pelos dois

maiores programas conduzidos nos Estados Unidos, o Health Insurance Plan

(HIP) e o Breast Câncer Detection Demonstration Project (BCDDP). O HIP

demonstrou decréscimo constante de mortalidade nas mulheres acima de 50

anos, que ficou aparente cinco anos após o seu término. Note-se que, nesta

ocasião, não foram demonstradas alterações no grupo de mulheres entre 40 a

49 anos, porém, dez anos após a conclusão do HIP, ocorreu decréscimo de

mortalidade neste grupo, atingindo 23,5%. O BCDDP demonstrou o índice de

sobrevida no percentil 80 para mulheres entre 40 a 49 anos, após seguimento

de 14 anos. Em 1995, observou-se pela primeira vez, nos Estados Unidos,

queda do índice de mortalidade por câncer mamário55.

As recomendações definidas pela American Cancer Society (ACS), para

mulheres assintomáticas, são descritas a seguir. Lembramos que essas

recomendações são periodicamente revisadas e alteradas conforme o

desenvolvimento tecnológico alcançado, os efeitos da legislação, custo-

benefício e barreiras para implementação, entre outras. A ACS propõe o

seguinte esquema: auto-exame mamário mensal por todas as mulheres a partir

dos 20 anos; exame clínico das mamas trienalmente entre os 20 a 29 anos de

idade, e anualmente a partir dos 30; mamografia anual iniciando aos 40 anos38.

É oportuno recordar que, desde 1980, tem-se recomendado que pacientes com

história pessoal ou familiar devem consultar seus médicos sobre o valor de

exames mais freqüentes.

A mamografia é o método mais sensível de que se dispõe atualmente

para detecção precoce do câncer de mama, sendo que os índices de cura

podem atingir até 95% quando a neoplasia é descoberta em sua fase pré-

invasiva37. Porém, para que a mamografia possa reduzir a mortalidade por

câncer de mama na população, o procedimento deve ter sensibilidade

adequada para detectar a doença precocemente, assim como o rastreio deve

ser realizado em intervalos regulares, abrangendo grande parte da população-

alvo59.

Page 21: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

11

2.4 TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL E DENSIDADE MAMÁRIA

O parênquima mamário é composto de tecidos adiposo, fibroconjuntivo e

glandular. A densidade mamária ao exame mamográfico é representada pelo

tecido fibroglandular. Vários fatores podem modificar o padrão mamário visto na

mamografia, como idade, paridade, dieta e TRH7,20. Estas modificações

dependem da variação da quantidade dos tecidos anteriormente mencionados.

Há proeminência de tecido fibroglandular nas pacientes jovens e nulíparas.

Evidências apontam que nulíparas ou mulheres com menos de duas gestações

apresentam mamas radiologicamente mais densas74. A variação brusca do peso

corpóreo é também fator associado a mudanças na densidade radiológica das

mamas, visto estar relacionada com aumento ou diminuição do tecido adiposo20.

Foi sugerido que a sensibilidade da mamografia pode ser mais baixa em

exames obtidos durante a fase lútea do ciclo menstrual. Ursin e cols 75

estudaram a mudança da densidade mamográfica da fase folicular para a lútea

em onze mulheres. Embora a média de aumento fosse baixa, seis mulheres

tinham aumento clinicamente significante, sugerindo que mulheres na pré-

menopausa deveriam realizar exames na primeira fase do ciclo. O

comportamento proliferativo da mama parece ser o oposto daquele verificado no

endométrio, em que a atividade proliferativa máxima se dá na primeira fase do

ciclo. Mediante estudos especializados, tem-se demonstrado que além de

promover a diferenciação ducto-alveolar, a progesterona apresenta efeito

proliferativo, embora este mecanismo de ação ainda não esteja claro60.

Os tecidos conjuntivo e epitelial regridem com a idade, sendo substituídos

gradativamente por gordura, o que facilita a avaliação.

Wolfe JN78, em 1976, em clássico estudo retrospectivo, analisou 7.214

mulheres acima dos 30 anos de idade, submetidas a mamografia com

seguimento médio de 3 anos. Associou o risco de câncer de mama baseado na

aparência do parênquima. Propôs uma classificação, em que as imagens são

divididas em quatro grupos, denominados N1, P1, P2 e DY, de acordo com a

quantidade de tecidos fibroglandular e gorduroso. No padrão N1, a mama seria

composta basicamente de gordura; em P1, há proeminência do tecido

Page 22: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

12

fibroglandular em até um quarto do volume mamário; em P2, em mais de um

quarto e, em DY, o parênquima mamário aparece totalmente denso. Em seu

estudo, demonstrou elevação significativa do risco de câncer de acordo com sua

classificação. Observou risco de 0,14% em N1, de 0,52% em P1, de 1,96% em

N2 e de 5,22% em DY78.

Muitos autores consideram a densidade mamária fator de risco para

câncer de mama 8,9,48,50,75.

Uma boa imagem mamográfica é fundamental para se detectar

precocemente o câncer de mama e, portanto, a atual preocupação quanto ao

uso crescente da TRH. Na menopausa, o tecido fibroglandular regride e é

substituído por gordura radiolucente na mamografia, resultando na melhora no

teste de sensibilidade para câncer de mama. A TRH previne ou reverte este

processo involutivo, resultando em aumento da densidade mamográfica em

muitas mulheres. Este aumento na densidade mamográfica pode ser difuso,

focal ou multifocal em 17% a 73% das mulheres, e, essas alterações são

limitadas a paciente em uso da terapia 5. A alteração do parênquima mamário

em resposta à TRH é transitória40,64.

Muitos relatos diferem em seus resultados quando avaliam sensibilidade

e especificidade da mamografia em usuárias de TRH. Essa discordância pode

decorrer do uso de diferentes esquemas de dose e de via de administração,

assim como do tipo de estrogênio utilizado, se associado ou não à

progesterona, combinado ou cíclico40,74.

Segundo Evans A16, a redução da sensibilidade do rastreio mamográfico

está entre 7% e 21%, e a especificidade entre 12% e aproximadamente 50% em

usuárias de TRH.

Peck DR e Lowman RM58, em 1978, foram pioneiros na descrição de

alterações mamográficas em usuárias de estrogênios conjugados na dose de

0,625 mg diárias. Em seqüência, vários autores demonstraram elevação na

densidade mamária em pacientes submetidas à TRH.

Page 23: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

13

Stomper PC e cols71 relataram alterações mamográficas em 12 (24%)

das 50 pacientes submetidas à TRH, tais como aumento difuso de densidade,

densidade assimétrica focal ou multifocal e formação de cistos. Não houve

diferença significativa entre o uso de estrogênios eqüinos conjugados (EEC)

associados ou não a acetato de medroxi-progesterona (AMP).

Berkowitz JE e cols5 observaram aumento de tecido fibroglandular em

17% das 30 mulheres na pós-menopausa, ocorrendo somente em usuárias do

tratamento combinado de EEC e AMP.

McNicholas MMJ e cols52 observaram aumento da densidade em 9

(27%) das 33 pacientes submetidas à TRH, entretanto, em nenhuma das 31

pertencentes ao grupo-controle a mamografia alterou-se.

Utilizando a classificação de Wolfe, Laya MB e cols39 encontraram

aumento de densidade em 24% das 92 pacientes tratadas com 0,625 mg de

EEC associados a 2,5 e 5,0 mg de AMP.

Comparativamente a esse estudo, Erel CT e cols13, avaliando 108

mulheres na pós-menopausa, encontraram elevação da densidade do

parênquima em 11% dos casos, com uso médio de 24 meses de TRH.

Em 1997, Marugg RC e cols49 analisaram dois estudos retrospectivos,

baseados nas mudanças do parênquima mamário, segundo Wolfe. Em

usuárias de estrogênio e progestagênio, a elevação da densidade variou de

14% a 31%, comparada a 8% naquelas com estrogênio isolado e ausência de

aumento da densidade no grupo controle.

Leung W e cols41 analisaram 148 usuárias de TRH e 158 não usuárias.

As usuárias eram significativamente mais jovens e apresentaram maior

densidade mamográfica quando comparadas ao grupo controle.

Greendale GA e cols27 encontraram um ganho médio de densidade

mamária em 15,4% em trabalho multicêntrico, duplo-cego e randomizado em

307 mulheres usando TRH (EEC associado ou não ao AMP). Não observaram

modificações no grupo controle.

Page 24: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

14

Nahás JN e cols57 em trabalho com 96 mulheres sugerem que a

reposição hormonal não altera significativamente a densidade mamária;

pequena percentagem mostra aumento do tecido fibroglandular detectado pela

mamografia, e essa alteração foi mais freqüente nas pacientes tomando TRH

convencional, quando comparadas às pacientes sob tibolona.

Sendag F e cols65 estudaram 216 mulheres usuárias de diferentes tipos

de TRH e concluíram que as mudanças dependem do regime hormonal

selecionado. A contínua administração do progestagênio da TRH combinada

mostrou efeitos de maior densidade.

Colacurci N e cols11 acompanharam 121 mulheres na pós-menopausa em

uso de diferentes esquemas que, após avaliação de 12 meses, mostraram

aumento da densidade mamográfica mais evidente nos combinados contínuos.

Erel CT e cols14 investigaram também os efeitos de diferentes regimes de

TRH na densidade mamária de 95 mulheres durante 4 anos. Concluíram que

combinados contínuos podem estar mais comumente associados com um

aumento na densidade.

Valdival I e Ortega D76 observaram aumento da densidade em 56,7% das

usuárias de EEC isolado e em 30% das usuárias de EEC associado à AMP. Em

contrapartida, só em 3,3% das usuárias de tibolona e no grupo controle

encontraram essa alteração.

Laya MB e cols40 descreveram diminuição da sensibilidade em 25% e da

especificidade em 4% nas mulheres sob TRH, enquanto Thurfjell EL e cols74

citam diminuição de apenas 1% na especificidade, enquanto a sensibilidade não

se alterou. Nestes dois estudos foram utilizados diferentes tipos de estrogênios

e vias de administração.

Page 25: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

15

3. MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi realizado no período de setembro de 2002 a dezembro de

2003, no Ambulatório de Climatério da 28a Enfermaria da Santa Casa de

Misericórdia do Rio de Janeiro, Serviço de Ginecologia do Prof. Alkindar Soares,

e as pacientes encaminhadas ao Serviço de Radiologia do Prof. Hilton Koch, na

Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, para realização dos exames de

mamografia.

Foram incluídas 119 mulheres na menopausa que iniciaram a TRH com

no mínimo 12 meses de amenorréia, independentes de idade, raça, massa

corporal ou paridade. Apenas duas mulheres já haviam feito TRH anteriormente

e interrompido a medicação seis meses antes do início deste estudo. Eram

pacientes clinicamente sem contra-indicações absolutas para a terapia

hormonal e com mamografia de avaliação dentro dos critérios estabelecidos.

Foram excluídas previamente as mulheres portadoras de densidades

assimétricas, mamoplastias, nódulos e microcalcificações agrupadas suspeitas.

A TRH foi ministrada sob a forma de estrogênio isolado ou estrogênio

associado a progestagênio (contínuo ou cíclico).

As pacientes foram distribuídas em 3 (três) grupos:

Grupo 1 – Estrogênio associado a progestagênio contínuo.

(Estradiol 2 mg + Acetato de noretisterona 1 mg)

Grupo 2 – Estrogênio associado a progestagênio cíclico.

(Estradiol 2 mg + Acetato de ciproterona 1 mg)

Grupo 3 – Estrogênio isolado

(Estradiol 1 mg)

As usuárias do grupo 3 (estrogênio isolado) eram histerectomizadas,

avaliadas pela sintomatologia climatérica e aumento do hormônio folículo

Page 26: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

16

estimulante (FSH) ou laudos histopatológicos de ooforectomia bilateral

associada (menopausa cirúrgica).

A densidade mamária foi avaliada em dois momentos distintos da

pesquisa por meio de mamografias. Uma avaliação inicial foi feita nas

incidências médio lateral oblíqua e crânio caudal, quando as pacientes foram

admitidas no serviço sem uso prévio de TRH. A outra avaliação com seis

semanas de uso apenas na incidência médio lateral oblíqua.

Esta observação foi feita utilizando-se a descrição da composição do

parênquima mamário em quatro padrões, segundo o laudo mamográfico no

Sistema BI-RADS, que são similares àqueles descritos por Wolfe:

1 - A mama é quase inteiramente constituída de gordura.

2 - O tecido adiposo é predominante, porém com escassas áreas

fibroglandulares.

3 - O tecido mamário é heterogeneamente denso.

4 - O tecido mamário é extremamente denso.

Todas as avaliações foram realizadas pelo mesmo radiologista sem

conhecimento da TRH utilizada. Como algumas mamografias, após 6 semanas

de terapia, mostrassem aumento, embora se mantivessem dentro da mesmo

padrão de densidade, foi proposta subdivisão de cada categoria em 1a,1b, 2a,

2b, 3a, 3b, 4a, 4b, para que pequenas modificações na densidade mamográfica

pudessem ser registradas.

Para a análise das modificações da densidade do parênquima mamário,

após o uso da TRH neste estudo, foi empregado o teste não-paramétrico do X 2

(qui-quadrado). Adotou-se o nível de significância de 5% de probabilidade

(P<0.05) segundo Rodrigues PC63.

O aparelho utilizado foi o mamógrafo Senographe DMR, da General

Electric com processadora Kodak. O filme foi o Min R2000 Kodak.

Page 27: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

17

O presente trabalho foi submetido à apreciação e aprovação do Comitê

de Ética em Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia do RJ antes do início da

coleta de dados.

Page 28: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

18

4. RESULTADOS

Das 119 mulheres que iniciaram o estudo, apenas 108 o concluíram. A

perda de 11 pacientes foi devido ao não comparecimento para a segunda

avaliação mamográfica. No grupo 1, participaram 42 mulheres, no grupo 2,

foram 36 e, no grupo 3, 30 mulheres usuárias de diferentes esquemas de TRH

(gráfico 1).

Estrogênio +ProgestagêniocontínuoEstrogênio +ProgestogêniocíclicoEstrogênio

Gráfico 1 - Distribuição das pacientes conforme o esquema de TRH

Total: 108 pacientes

30

36

42

4.1 IDADE DAS PACIENTES

A idade de início da TRH nas pacientes variou entre 35 e 75 anos, sendo

52.5 anos a média de idade e, também, a mediana. No grupo 1, a idade variou

entre 44 e 75 anos, tendo como média 55.5 anos e a mediana 56. No grupo 2, a

idade variou entre 35 e 60 anos, média de 50 anos e mediana de 51. E, no

grupo 3, a idade variou entre 37 e 62 anos com média de 51anos e mediana de

52.5.

A maioria das mulheres encontrava-se na faixa de 51 a 60 anos nos três

grupos (gráficos 2,3,4). A paciente com 35 anos apresentou menopausa

precoce aos 22 anos e foi usuária do preparado combinado cíclico. As três

Page 29: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

19

pacientes, com 37, 38 e 40 anos, usuárias do estrogênio isolado, deveram-se à

menopausa cirúrgica.

0

5

10

15

20

25

31-40 41-50 51-60 61-70 71-80

Total= 42 mulheres

Faixa Etária

Gráfico 2 - Distribuição da TRH por faixa etária Estrogênio + Progestagênio Contínuo (E2 2 mg + NETA 1 mg)

n.º d

e m

ulhe

res

0

5

10

15

20

31-40 41 - 50 51 - 60

Total- 36 mulheres

Faixa etária

Gráfico 3 - Distribuição da TRH por faixa etária Estrogênio + Progestagênio Cíclico (E2 2 mg + Ac 1 mg)

n.º d

e m

ulhe

res

Page 30: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

20

0

24

6

810

1214

16

31-40 41 - 50 51 - 60 61 - 70

Total- 30 mulheres

Gráfico 4 - Distribuição da TRH por faixa etária Estrogênio Isolado (E2 1 mg)

Faixa etária

n.º d

e m

ulhe

res

4.2 TEMPO DE MENOPAUSA

Quanto ao tempo de menopausa para início da TRH, este intervalo foi

maior no grupo 1 (combinado contínuo) em que as mulheres com mais de 2

anos da última menstruação usaram este esquema (gráfico 5). Observa-se

alguma resistência ao retorno do sangramento em mulheres na menopausa de

longa data. Apenas uma paciente com menopausa cirúrgica, devido à

endometriose, também utilizou esta terapêutica.

012345678

1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 11-12 13-14 15-16 17-18 19-20

Gráfico 5 - Tempo de menopausa para início da TRH Estrogênio + Progestagênio contínuo (E2 2 mg + NETA 1 mg)

Anos

n.º d

e m

ulhe

res

Tota

l de

41

Page 31: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

21

A maioria das mulheres do grupo 2, usuárias do combinado cíclico,

encontrava-se no intervalo de 1 a 2 anos da última menstruação (gráfico 6).

02468

101214161820

1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 11-12 13-14

Gráfico 6 - Tempo de menopausa para início da TRH Estrogênio + Progestagênio cíclico (E2 2 mg + Ac 1 mg)

n.º d

e m

ulhe

res

Tota

l de

36

Anos

4.3 COMPORTAMENTO DAS DENSIDADES MAMÁRIAS

Das 108 pacientes estudadas houve aumento da densidade mamária em 50

mulheres submetidas à TRH no período de seis semanas (46,29%). A densidade

encontrada foi maior no grupo 1, em que das 42 usuárias, 33 apresentaram aumento

(78,57%) (gráfico 7). No esquema cíclico, a densidade aumentou em 11 das 36

usuárias (30,55%) (gráfico 8), e nas 30 pacientes do grupo 3 foi encontrado aumento

em 6 (20%). (gráfico 9).

Page 32: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

22

Gráfico 7 - Densidade mamária encontrada em relação ao esquema hormonal Estrogênio + Progestagênio contínuo

(E2 2 mg + NETA 1 mg)

AumentadaSem alteração

Total – 42 mulheres

33 (78,57%)

11 (21,43%)

AumentadaSem alteração

11 (30,55%)

25 (69,45%)

Total – 36 mulheres

Gráfico 8 - Densidade mamária encontrada em relação ao esquema hormonal Estrogênio + Progestagênio cíclico

(E2 2 mg + Ac 1 mg)

Page 33: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

23

AumentadaSem alteração

Gráfico 9 - Densidade mamária encontrada em relação ao esquema hormonal Estrogênio isolado (E2 1 mg)

Total – 30 mulheres

24 (80%)

6 (20%)

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DAS VARIAÇÕES DA DENSIDADE MAMOGRÁFICA

Do total de 50 mulheres que apresentaram aumento da densidade

mamográfica com o uso da TRH, avaliamos as modificações antes e após 6

semanas (quadro 1).

Page 34: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

24

Quadro 1- Distribuição de freqüências quanto aos padrões de densidade mamográfica, antes e após 6 semanas nas 50 mulheres usuárias de TRH.

Padrão densidade

Antes Após

1 a 13 - 1 b - 6 2 a 24 6 2 b - 12 3 a 13 13 3 b - 8 4 a - 5 4 b - - TOTAL 50 50

X 2 = 54.82 (P=0.000) Significativo ao nível de 1%

Aplicado o teste não-paramétrico de X 2 (qui-quadrado) apresentou valor

igual a 54.82 (P=0.000), considerado significativo ao nível de 1%.

Após este resultado, adotou-se o critério de considerar baixa densidade

mamográfica os níveis 1 e 2, e alta os níveis 3 e 4. Face a isto, resultou os

dados constantes do quadro 2, para que se procedesse ao emprego do teste

não paramétrico de X 2 (qui-quadrado).

Quadro 2 - Frequências antes e após, segundo padrão de densidade mamográfica.

Padrão Antes Após Total Baixa 1-2 37 24 61 Alta 3-4 13 26 39 TOTAL 50 50 100

X 2 = 7.10 (P=0.007) Significativo ao nível de 1%

O teste de X 2 = 7,10 (P=0.007), indica que houve uma modificação

significativa entre os valores antes e após.

No grupo 1, em que 42 mulheres usaram preparado combinado contínuo

(E2 2mg+ NETA 1mg), 33 mulheres tiveram aumento das densidades

mamográficas, resultando os valores do quadro 3.

Page 35: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

25

Quadro 3- Distribuição de freqüências quanto aos padrões de densidade mamográfica, antes e após 6 semanas, em usuárias de E2 2mg+NETA 1mg (grupo 1).

Padrão densidade

Antes Após

1 a 10 - 1 b - 4 2 a 15 5 2 b - 7 3 a 8 9 3 b - 5 4 a - 3 4 b - - TOTAL 33 33

X 2= 34.06 (P=0.000) Significativo ao nível de 1%

Aplicado o teste não-paramétrico de X 2, apresentou valor igual a 34.06,

indicando valor significativo (P=0.000).

O mesmo procedimento de considerar baixa densidade mamográfica os

padrões 1 e 2, e alta densidade mamográfica os padrões 3 e 4, revelaram

valores do quadro 4.

Quadro 4 – Freqüências antes e após 6 semanas,segundo padrões de densidade mamográfica em usuárias de E2 2mg+ NETA 1mg (grupo 1).

Padrão Antes Após Total Baixa 1-2 25 16 41 Alta 3-4 8 17 25 TOTAL 33 33 66

X 2 = 5.22 (P=0.022) Significativo ao nível de 5%

O teste de X 2 = 5.22 (P=0.022), indica que houve uma modificação

significativa entre os valores antes e após.

Os grupos 2 e 3 , com pequenas amostras, estão apresentadas nos

quadros 5 e 6, respectivamente, com as freqüências observadas.

Page 36: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

26

Quadro 5 – Distribuição de freqüências quanto aos padrões de densidade mamográfica, antes e após 6 semanas em usuária de E2 2mg + Ac 1mg (grupo 2).

Padrão densidade

Antes Após

1 a 2 - 1 b - 1 2 a 6 1 2 b - 3 3 a 3 3 3 b - 2 4 a - 1 4 b - - TOTAL 11 11

Quadro 6 – Distribuição de freqüências quanto aos padrões de densidade mamográfica, antes e após 6 semanas em usuárias deE2 1mg (grupo 3).

Padrão densidade

Antes Após

1 a 1 - 1 b - 1 2 a 3 - 2 b - 2 3 a 2 1 3 b - 1 4 a - 1 4 b - - TOTAL 6 6

Nota-se que as freqüências antes, observadas nos grupos 2 e 3, tiveram

uma tendência de se modificarem para os padrões de maior densidade

mamográfica após o uso da TRH.

Page 37: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

27

5. DISCUSSÃO

Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico

se diagnosticado e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer

de mama continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença

seja diagnosticada em estádios avançados. Com base nos dados disponíveis de

registros hospitalares, 60% dos tumores de mama, em média, são

diagnosticados em estádio III ou IV56. Investimentos tecnológicos e em recursos

humanos no âmbito de um programa estruturado para detecção precoce desta

neoplasia e a implementação de um sistema nacional de informações

constituem estratégias importantes no sentido de reverter este cenário.

O câncer de mama é uma das doenças mais temidas pelas mulheres,

provavelmente por envolver órgão tão importante para a imagem corporal

feminina e pelo estigma dos tratamentos radicais realizados no passado não

muito distante.

A identificação dos fatores de risco para o câncer de mama constitui

elemento fundamental para o adequado atendimento, aconselhamento e

seguimento das mulheres, propiciando melhor planejamento da época do início

do rastreamento e o intervalo a ser adotado entre os exames23.

Apesar das controvérsias, existem evidências de haver aumento do risco

de desenvolvimento de câncer de mama nas mulheres usuárias de TRH4,79. O

“Collaborative Group on Hormonal Factor in Breast Cancer” comparou

resultados de 51 estudos epidemiológicos, envolvendo 52.705 mulheres com

câncer de mama, e constatou uma elevação de 14% no risco associado ao uso

da reposição hormonal. Segundo esta análise, o risco cresce 2% a 3% para

cada ano de uso, especialmente após o segundo ano23..

No Million Women Study4, realizado com o objetivo de avaliar os efeitos

de diferentes tipos de TRH sobre a incidência do câncer de mama, as

diferenças entre estrogênios conjugados e estradiol e entre os diferentes

progestagênios avaliados foram pequenas. Concluiu-se que a terapêutica

Page 38: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

28

estrogênica isolada por dez anos acarretaria cinco casos extras de câncer de

mama em mil mulheres, e a estroprogestativa, dezenove casos extras. No

entanto, as ex-usuárias não apresentaram aumento do risco relativo.

No Women´s Health Initiative (WHI)79 houve um excesso de oito casos

de câncer em dez mil mulheres usuárias de TRH combinada contínua por um

ano. O WHI, um estudo clínico randomizado, duplo-cego, gerou conclusões

inesperadas no meio científico e vem promovendo várias discussões. O braço

interrompido do trabalho em 2002 era formado por usuárias do combinado

contínuo (estrogênio conjugado 0,625 mg + medroxiprogesterona 2,5 mg).

Machado LV47 comentando o WHI, acredita na preexistência dos tumores antes

do início do tratamento hormonal e no seu crescimento acelerado pelo

estrogênio, pois a maioria eram receptores estrogênio positivo. No estudo WHI79

foi detectado um aumento na incidência do câncer invasivo sem ser

acompanhado por lesões pré-cancerosas ou in situ, o que, segundo Machado

LV47, só se explicaria pela atuação hormonal no tumor já estabelecido. Porém a

controvérsia continua. Nas usuárias do estrogênio conjugado isolado, no braço

do WHI interrompido em fevereiro de 2004, a conclusão foi de não haver

aumento no risco mamário, podendo ocorrer até redução80. Estudos que, a

princípio, demonstram que o progestagênio tem efeito proliferativo na mama e

que o regime combinado aumenta o risco de câncer necessitam ser

confirmados, para que a orientação da TRH possa ser revista. É provável que,

com base em novos conhecimentos através dos marcadores genéticos,

possamos avançar nos próximos anos e ter uma melhor compreensão do papel

específico de cada um dos progestagênios com respeito às suas influências na

carcinogênese e na carcinocinese18 .

É fundamental orientar a mulher em TRH para redobrar os cuidados no

exame das mamas, tornando-se assim a maior aliada do médico nesta vigilância

e desfrutando, ao mesmo tempo, de todos os benefícios que a TRH pode

proporcionar.

Poli HC e cols61 sugerem que para as pacientes em uso de TRH, mesmo

com mamografia prévia negativa, o exame das mamas deve ser feito de

Page 39: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

29

maneira rotineira em intervalos de tempo que podem variar de três a seis

meses.

Gondin G e cols24 recomendam a realização de uma mamografia antes

do início da TRH, e a repetição do exame seis meses após.

Alterações da densidade das mamas à mamografia relacionadas à TRH

variam de acordo com o esquema, causando o regime contínuo os maiores

aumentos5,11,14,39,49,65. Weiss LK e cols77 fizeram um estudo que fortalece as

suspeitas de que a exposição ao progestagênio, e não ao estrogênio, poderia

ser responsável pelo risco discretamente aumentado de câncer de mama. A

TRH realizada somente com estrogênio não aumenta o risco de câncer de

mama da mesma forma, embora eleve o risco de neoplasia endometrial19.

Segundo Boyd NF e cols7, extensas áreas mamograficamente densas de

tecido mamário estão fortemente associadas com um aumento do risco de

câncer. Este aumento da densidade mamária pode reduzir a sensibilidade

mamográfica e impedir o diagnóstico de cânceres clinicamente ocultos. Este

atraso na detecção do tumor pioraria o prognóstico da doença.

Mandelson MT e cols48 relatam que a densidade mamária parece ser o

maior fator de risco para câncer de intervalo, aquele diagnosticado após

mamografia negativa. Em seus resultados, a sensibilidade mamográfica foi de

80% entre mulheres com mamas predominantemente gordurosas e 30% em

mulheres com mamas extremamente densas.

Em nosso estudo sobre a observação do comportamento da densidade

mamária em usuárias de três preparados hormonais freqüentemente prescritos

na 28a Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia neste período, encontrou-se

um aumento de 46,29%. O combinado contínuo foi o que mais apresentou

elevação. Os achados na literatura, embora conflitantes devido a prováveis

esquemas e doses diferentes, também demonstram maior freqüência de

aumento na densidade mamária nos preparados hormonais combinados

contínuos. O estrogênio isolado na dose de 1 mg, considerada baixa dose, foi o

grupo que apresentou a menor freqüência de alteração na densidade. A baixa

Page 40: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

30

dose parece ser atualmente uma alternativa para a TRH. Novas avaliações com

baixas dosagens, incluindo regimes combinados, aguardam análises.

Em nossa casuística, a maioria das pacientes iniciou a TRH na faixa

etária de 51 a 60 anos nos três grupos. O grupo do combinado contínuo, que

apresentou maior elevação na densidade mamária, era o mais idoso e possuía

o maior tempo de menopausa. Mulheres idosas preferem o combinado contínuo

devido à maior resistência ao retorno da menstruação. Provavelmente, as

mamas mais lipossubstituídas da mulher idosa, poderiam ter um impacto maior

na resposta à TRH. Segundo Kavanagh AM e cols36, o uso da TRH reduz a

sensibilidade do rastreio mamográfico para câncer de mama especialmente em

mulheres entre 50 e 69 anos de idade.

A avaliação de mamas densas requer mais tempo e tem diagnóstico

dificultado, estando associadas com elevadas taxas de falso-positivo. O

aumento significativo na proporção de tecido fibroglandular em relação ao tecido

adiposo tem relação direta com os resultados da mamografia. Lundström E e

cols44 demonstram em seu estudo que o aumento da densidade já é notado na

primeira visita após o início da TRH, e durante o seguimento, pouca mudança

ocorre no status mamográfico.

Neste estudo as alterações na densidade já se encontravam presente,

precocemente, com apenas seis semanas de uso em algumas mulheres.

Há uma necessidade urgente em esclarecer a natureza biológica e o

significado das mudanças na densidade mamográfica durante a TRH e sua

relação com o risco de câncer mamário44.

Os questionamentos quanto ao uso da TRH estão longe de ter uma

resposta definitiva, porém muito se vem estudando a este respeito. Diante de

situações clínicas específicas, considerar as diferentes formas da terapia,

incluindo a natureza dos hormônios, suas doses e vias de administração, em

que o juízo clínico baseado em evidências científicas consistentes e na

experiência profissional torna-se elemento fundamental.

Page 41: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

31

6. CONCLUSÃO

Neste estudo, que teve por objetivo observar o efeito da TRH sobre a

densidade mamária avaliada pela mamografia,conclui-se que:

- A TRH aumentou a densidade mamográfica em 46,29%.

- Diferentes esquemas de TRH tem efeitos diferentes no parênquima

mamário avaliados pela mamografia.

- A TRH combinada contínua foi a que apresentou aumento mais

significativo.

- Os aumentos na densidade mamária demonstraram ser precoces, tendo

sido observados tão logo a partir de seis semanas de medicação em algumas

mulheres.

Page 42: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

32

7. RECOMENDAÇÃO

As densidades mamárias encontradas com os hormônios utilizados em

cada grupo neste estudo não devem ser extrapoladas para todos os outros tipos

de regime terapêutico.

Page 43: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

33

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Abreu MAL. Compreensão holística da síndrome climatérica. Tese de

doutorado. Psicologia. UFRJ. 1992. 2. Almeida OJ, Zeferino JC, Teixeira LC. Mamografia de rastreamento em

mulheres idosas. Femina 1999; 27 (8): 627-629. 3. Baségio DL. Métodos de diagnóstico do câncer de mama. Uma contribuição

às bases para um programa de detecção precoce do câncer de mama. Tese de doutorado. Radiologia. UFRJ. 1999.

4. Beral V, Banks E, Reeves G, et al. Breast cancer and hormone-replacement

therapy in the Million Women Study. The Lancet 2003; 362:419-27. 5. Berkowitz JE, Gatewood OMB, Goldblum LE, Gayler BW. Hormonal

replacement therapy: mamographic manifestations. Radiology 1990; 174: 199-201.

6. Binda FF. Otimização de um serviço de mamografia por meio da

implantação de um programa de controle de qualidade. Tese de mestrado. Radiologia.UFRJ. 2004.

7. Boyd NF, Lockwood GA, Martin LJ, et al. Mammographic densities and risk

of breast cancer among subjects with a family history of this disease. J Natl Cancer Inst 1999; 91: 1404 – 8.

8. Boyd NF, Lockwood GA, Martin LJ, et al. Mammographic density as a

marker of susceptibility to breast cancer: a hypothesis. IARC Sci Publ 2001; 154: 163 – 61

9. Byrne C, Schairer C, Briton LA, et al. Effects of mammographic density and

benign breast disease on breast cancer risk ( United State ). Cancer Causes Control 2001 Feb; 12 (2): 103 - 10.

10. Climaco FMS, Reis AFF, Fabrício MIM, Maia MFR, Tourinho EK. A

mamografia como método de rastreio do câncer de mama. GO atual, Nov/Dez, Ano 7, 1998; 39-42.

11. Colacurci N, Formaro F, De Franciscis P et al. Effects of different types of hormone replacement therapy on mammographic density. Maturitas 2001;

40 (2): 159- 64.

12. Crespo TM, Galbán AT. Valor de la mamografia em el diagnóstico del câncer de mama. Acta Cancerol 1995; 25: 126-128.

13. Erel CT, Seyisoglu H, Sentürk ML, et al. Mammographic changes in women

on hormonal replacement therapy. Maturitas 1996; 25: 51-7.

Page 44: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

34

14. Erel CT, Esen G, Seyisoglu H, et al. Mammographic density increase in

women receiving different hormone replacement regimens. Maturitas 2001; 40 (2): 151-7.

15. Ettinger B, Friedman GD, Bush T, et al. Reduced mortality associated with

long-term postmenopausal estrogen therapy. Obstet Gynecol 1996; 87: 6 –12.

16. Evans A. Hormone replacement therapy and mammographic screening.

Clin Radiol 2002 Jul; 57(7): 563-4.

17. Fernandes CF, Munhoz DCRS. A mulher madura: A reposição hormonal e os fitormônios na abordagem terapêutica do climatério. Editora Segmento. São Paulo.

18. Fernandes CF, Ferreira JAS, Melo NR. Perspectivas da terapêutica

hormonal no climatério. Para onde vamos? Terapêutica Hormonal no climatério feminino. Editora Segmento. São Paulo 2004; 127-140.

19. Ferreira JA, Grinbaum ML, Fernandes CE. O que se pode e o que não se

pode dizer sobre o Million Women Study. Terapêutica Hormonal no climatério feminino. Editora Segmento. São Paulo 2004; 35-46.

20. Figueira RNM. Avaliação do padrão de densidade radiológica das mamas e

correlação com os achados mamográficos categorizados pela classificação BI-RADS. Tese de doutorado. Radiologia.UFRJ. 2002.

21. Gambrell RD. Prevention of endometrial cancer with progestogens.

Maturitas 1986; 8: 159-68.

22. Girão MJBC, Sartori MGF. Alterações do trato urinário inferior. In: Ginecologia Endócrina. Editora Atheneu . São Paulo 1995; 271-2.

23. Godinho ER. Rastreamento do câncer de mama: Aspectos relacionados ao

médico.Tese de doutorado. Radiologia.UFRJ. 2003.

24. Gondin G. Terapia de reposição hormonal e mamografia. Rev Bras Mastol 2001; 11: 30-33.

25. Grady D, Rubin SM, Petitti DB, et al. Hormone therapy to prevent disease

and prolong life in postmenopausal women. Ann Intern Med 1992; 117: 1016-37.

26. Grady D, Herrington D, Bittner V, et al. Cardiovascular disease outcomes

during 6,8 years of hormone therapy. Heart and Estrogen/ progestin Replacement Study follow-up (HERS ll). JAMA 2002; 288(1): 49-57.

27. Greendale GA, Reboussin BA, Sie A, et al. Effects of Estrogen and

Estrogen-Progestin Interventions (PEPI) Investigators. Ann Intern Med 1999; 130: 260-9.

Page 45: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

35

28. Grodstein F, Stampfer MJ, Colditz GA, et al. Postmenopausal hormone therapy and mortality. N Engl J Med 1997; 336: 1769-75.

29. Hegg R. Aspectos práticos na prevenção e tratamento da osteoporose pós-

menopausa. RBM jun 2001; 58 (6): 385-393.

30. Henderson BE, Paganini-Hill A, Ross RK. Decreased mortality in user of estrogen replacement therapy. Arch Intern Med 1991, 151: 75-8.

31. Herrington DM, Reboussin DM, Brosnihan KB, et al. Effects of estrogen

replacement on progression of coronary artery atherosclerosis. N Engl J Med 2000; 343: 522-9.

32. Holli K, Isola J, Cuzick J. Low biologic agressiviness in breast cancer in

women using hormone replacement therapy. J Clin Oncol 1998; 16: 3115-20.

33. Hulley S, Grady D, Busch T, et al. Randomized trial of estrogen plus

progestin for secundary prevention of coronary heart disease in postmenopausal women. (HERS). JAMA 1998; 280: 605-18.

34. Hurd W. Menopausa. In: Novak.Tratado de Ginecologia. Editora Guanabara

Koogan. Rio de Janeiro 1996; 696-716.

35. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2001. Disponível em http://www.ibge.gov.br (consultado em 30/08/04).

36. Kavanagh AM, Mitchell H, Giles GG, et al. Hormone replacement therapy

and accuracy of mammographic screening. Lancet 2000; 355: 270-274.

37. Koch HA, Peixoto JE. Bases para um programa de detecção precoce do câncer de mama por meio da mamografia. Radiol bras 1998; 31: 329-337.

38. Koch HA. Comunicação pessoal.

39. Laya MB, Gallalher JC, Scheriman JS, Larson EB, Watson P, Weinstein L.

Effects of postmenopausal hormonal replacement therapy on mammographic density and parenchymal pattern. Radiology 1995; 196: 433-7.

40. Laya MB, Larson EB, Taplin SH, White E. Effect of estrogen replacement

theraph on the especificity and sensitivity of screening mammography. J Nath Cancer Inst 1996; 88: 643-9.

41. Leung W, Goldberg F, Zee B, Sterns E. Mammographic density in women

on postmenopausal hormone replacement therapy. Surgery 1997; 122: 669-74.

42. Lima GR, Baracat EC. Síndrome do Climatério. In: Ginecologia Endócrina.

Editora Atheneu. São Paulo 1995; 253-7.

Page 46: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

36

43. Luna M, Oliveira C, Stefenon C, et al. Câncer de mama para ginecologista. Editora Revinter. Rio de Janeiro 1994; 65-91.

44. Lundström E; Wilczek B. Mammographic breast density during hormone

replacement therapy: effects of continuous combination, unopposed transdermal and low-potency estrogen regimens. Climateric 2001; 4(1): 42-8.

45. Macchetti AH, Marana HRC, Andrade JM, et al. Alterações mamográficas

relacionadas à terapia de reposição hormonal. Femina 2001; 29(6): 365-9.

46. Machado LV. Climatério. In: Endocrinologia Ginecológica. MEDSI Editora Médica e Científica. Rio de janeiro 2000; 97-120.

47. Machado LV. Medicina baseada em evidência X Medicina baseada em

inteligência. Femina, maio 2004; 32 (4): 337-9.

48. Mandelson MT, Oestreicher N, Porter PL et al. Breast density as a predictor of mammographic detection: Comparison of interval and screen-detect cancers. J Natl Cancer Inst 2000; 92: 1081-7.

49. Marugg RC, Mooren MY, Hendriks JHCL, Rolland R, Ruijs SHJ.

Mammographic changes in postmenopausal women on hormone replacement therapy. Eur Radiol 1997; 7: 749-55.

50. Maskarinec G, Meng L. A case control study of mammographic densities in

Hawaii. Breast Cancer Res Treat 2000 sep; 63 (2): 153-61.

51. Massad AM. Terapia de reposição hormonal. Onde estamos? Para onde iremos? Femina 2000; 28(6): 299-310.

52. McNicholas MMJ, Heneghan JP, Milner MH, Tunney T, Hourihane

JB,Macerlaine DP. Plain and increased mammographic density in women receiving hormone replacement therapy: a prospective study. ARJ 1994; 163: 311-5.

53. Melo NR, Pompei LM, Machado RB. Quais são os hormônios que se

empregam hoje em terapêutica hormonal no climatério? Terapêutica hormonal no climatério feminino. Editora Segmento. São Paulo 2004; 73-78.

54. Melo NR, Pompei LM, Fernandes CE. Quais são as reais indicações da

terapia hormonal no climatério? Terapêutica hormonal no climatério feminino. Editora Segmento. São Paulo 2004; 93-101.

55. Mendonça MHS. Análise crítica dos métodos de imagem na detecção e

diagnóstico do câncer mamário. Radiol Bras 1999; 32: 289-300.

56. Ministério da Saúde – INCA. Estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil 2003. Disponível em http://www.inca.gov.br (consultado em 30/08/04).

Page 47: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

37

57. Nahás JN, De Luca LA, Nahás EA, et al. Avaliação da densidade mamográfica em mulheres na menopausa sob terapia de reposição hormonal convencional e tibolona. Revista Brasileira de Mastologia 2001; 11: 21-29.

58. Peck DR, Lowman RM. Estrogen and the postmenopausal breast. JAMA

1978; 240: 1733-5.

59. Peixoto JE, Koch HA, Neves ALE. Avaliação do Impacto do Programa de Certificação de Qualidade em Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia. Radiol Bras 1999;32: 301-308.

60. Pereira PMS. Fisiologia da glândula mamária. In: Franco JM. Mastologia

Formação do especialista. Editora Atheneu. São Paulo 1997: 01-19.

61. Poli HC, Ruiz C, Torres JCC, et al. Carcinoma de mama intervalar em usuárias de TRH. Relato de quatro casos. GO atual maio, ano XI, 2002; 29-33.

62. Ringash J. Preventive health care, 2001 update: screening mammography

among women aged 40-49 years at average risk of breast cancer. CMAJ. Feb, 20, 2001;164 (4): 469-476.

63. Rodrigues PC – Bioestatística. EDUFF, UFF. Niterói. 2002: 119-123.

64. Rutter CM, Mandelson MT, Laya MB, et al. Changes in breast density

associated with initiation, discontinuation, and continuing use of hormone replacement therapy. JAMA 2001; 285: 171-6.

65. Sendag F, Cosan TM, et al. Mammographic density changes during

differents postmenopausal hormone replacement therapies. Fertil Steril 2001; 76 (3): 445-50.

66. Silva I, Melo LE, Freymuller E, et al. Estrogen, progestogen and tamoxifen

increase synaptic density of the hipocampus of ovariectomized rats. Neurosci Lett 2000; 291 (3) : 183.

67. Silva I, Mor G, Naftolin F. Estrogen and the aging brain. Maturitas 2001; 38

(1) : 95-100.

68. Speroff L, Glass RH, Kase NG. Menopausa e terapia hormonal pós-menopausa. In: Endocrinologia Ginecológica clínica e infertilidade. Editora Manole. São Paulo 1995: 611- 680.

69. Stallard S, Litherland JC, Cordiner CM, et al. Effect of hormone replacement

therapy on the pathological stage of breast cancer: population based, cross section study. BMJ 2000; 320: 348-9.

70. Stampfer MJ, Colditz GA. Estrogen replacement therapy and coronary heart

disease. A quantitative assessment of the epidemiologic evidence. Prev Med 1991; 20 : 47-63.

Page 48: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

38

71. Stomper PC, Van Voorhis BJ, Ravnikar VA, Meyer JE. Mammographic changes associated with postmenopausal hormone replacement therapy: a longitudinal study. Radiology 1990; 174: 487-90.

72. Tabár L, Duffy SW, Vitak B, et al. The natural history of breast carcinoma:

what have we learned from screening? Cancer 1999; 86 (3): 449-462.

73. Taubes G. NCI reverses one expert panel, sides with another. Science 1997; 276: 27-28.

74. Thurfjell EL, Holmberg LH. Screening mammographic: sensitivity and

specificity in relation to hormone replacement theraphy. Radiology 1997; 203: 339-41.

75. Ursin G, Parisky YR, Pike MC, et al. Mammographic density changes during

the menstrual cycle. Cancer epidemiol biomarkers prev. 2001; 10 (2): 141-2.

76. Valdival I, Ortega D. A one year evaluation of mammary radiographic density changes with different HRTs regimens in climateric women. Ver Chil Obstet Ginecol 1997; 62: 336-42.

77. Weiss LK, Burkman RT,Cushing-Haugen KL, et al. Hormone replacement

therapy regimens and breast cancer risk. Obstet Gynecol 2002; 100:1148-58.

78. Wolfe JN. Breast patterns as an index of risk for developing breast cancer.

Am J Roentgenol 1976; 126:1130-9. 79. Writing group for the women’s health initiative investigators. Risks and

benefits of estrogen plus progestin in healthy postmenopausal women: Principal results from the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2002; 288 (3): 321- 33.

80. Writing group for de women´s health initiative. Effects of conjugated equine

estrogen in postmenopausal women with hysterectomy. The Women´s Health Initiative randomized controlled trial. JAMA 2004; 291: 1701-12.

Page 49: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

39

Caso 1 JRV, 49 anos, há 2 anos da menopausa, usou Estradiol 2 mg + Acetato

de Noretisterona 1 mg. Observa-se aumento da densidade em ambos

os corpos mamários. Incidência MLO.

Page 50: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

40

Caso 2

DMS, 45 anos, há 2 anos da menopausa, usou Estradiol 2 mg + Acetato

de Noretisterona 1 mg. Densidade aumentada em ambos os corpos

mamários. Incidência MLO.

Page 51: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

41

Caso 3

SHM, 52 anos, há 1 ano da menopausa, usou Estradiol 2 mg + Acetato

de ciproterona 1 mg. Aumento da densidade mamária. Incidência MLO.

Page 52: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

42

Caso 4

NCJ, 52 anos, há 1 ano da menopausa, usou Estradiol 2 mg + Acetato

de ciproterona 1 mg. Aumento da densidade mamária. Incidência MLO.

Page 53: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

43

Caso 5

LAC, 54 anos, paciente submetida a histerectomia total abdominal. Usou

Estradiol 1 mg . Densidade aumentada em ambos os corpos mamários.

Incidência MLO.

Page 54: EFEITO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE A …enfermaria28.com.br/arquivos/teses/Tese_Dra_Sandra.pdf · de terapia de reposição hormonal (um combinado contínuo, um combinado

44

Caso 6

MESO, 58 anos, paciente submetida a histerectomia total abdominal.

Usou Estradiol 1 mg. Aumento da densidade mamária. Incidência MLO.