52
1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde Cardiologia e Ciências Cardiovasculares Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 sobre a Força Muscular Ventilatória, Função Pulmonar e Capacidade Funcional: Ensaio Clínico Randomizado Cristiano Pires Maia Orientador: Prof. Dr. Ricardo Stein Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares para a obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares Porto Alegre, Dezembro de 2006 Brasil - RS

Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

1

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde

Cardiologia e Ciências Cardiovasculares

Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 sobre a Força

Muscular Ventilatória, Função Pulmonar e Capacidade Funcional:

Ensaio Clínico Randomizado

Cristiano Pires Maia

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Stein

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares para a obtenção do título de Mestre em Ciências Cardiovasculares

Porto Alegre, Dezembro de 2006

Brasil - RS

Page 2: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

2

SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas..................................................................................................I

Lista de Figuras..........................................................................................................II

Lista de Tabelas.........................................................................................................III

Lista de Anexos.........................................................................................................IV

Resumo.......................................................................................................................V

Abstract.....................................................................................................................VI

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................01

2. HIPÓTESE............................................................................................................06

3. OBJETIVOS.........................................................................................................06

3.1 Objetivo Geral.........................................................................................06

3.2 Objetivos Específicos..............................................................................06

4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................07

4.1 Critérios de Inclusão................................................................................07

4.2 Critérios de Exclusão...............................................................................07

4.3 Delineamento...........................................................................................07

4.4 Fluxograma..............................................................................................08

4.5 Metodologia.............................................................................................08

4.6 Desfechos Avaliados...............................................................................10

4.6.1 Teste de Função Pulmonar........................................................10

4.6.2 Teste de Força Muscular Ventilatória ......................................10

4.6.3 Teste de Caminhada dos 6 minutos..........................................11

4.6.4 Teste Cardiopulmonar de Exercício.........................................12

Page 4: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

3

4.6.5 Raio X de tórax.........................................................................13

4.7 Análise Estatística....................................................................................13

5. RESULTADOS.....................................................................................................15

5.1 Medidas Ventilatórias..............................................................................17

5.2 Medidas de Capacidade Funcional..........................................................19

5.3 Raio X de Tórax......................................................................................21

6. DISCUSSÃO.........................................................................................................22

7. IMPLICAÇÕES CLÍNICAS.................................................................................27

8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO...............................................................................28

9. CONCLUSÕES.....................................................................................................29

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................30

Anexo A – Protocolo de Reabilitação Cardíaca Fase 1............................................34

Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......................................37

Page 5: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

4

I LISTA DE ABREVIATURAS

RCF1: Reabilitação Cardíaca Fase 1

RCP: Reabilitação Cardiopulmonar

DAC: Doença Arterial Coronariana

CRM: Cirurgia de Revascularização do Miocárdio

TMI: Treinamento Muscular Inspiratório

EPAP: Pressão Expiratória Positiva na Via Aérea

CVF: Capacidade Vital Forçada

VEF1: Volume Expiratório Forçado no 1º. Segundo

PImax: Pressão Inspiratória Máxima

PEmax: Pressão Expiratória Máxima

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

VO2pico: Consumo máximo de oxigênio no pico do esforço

TC6: Teste de Caminhada dos 6 minutos

TCPE: Teste Cardiopulmonar de Exercício

AVC: Acidente Vascular Cerebral

PCR: Parada Cardio-respiratória

HCPA: Hospital de Clínicas de Porto Alegre

FEVE: Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo

PaO2: Pressão Parcial de Oxigênio Arterial

Page 6: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

5

CEC: Circulação Extracorpórea

DMII: Diabetes Mellitus tipo II

II

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma dos Pacientes

Figura 2. Variação das Variáveis Ventilatórias

Figura 3. Distância percorrida no Teste de Caminhada dos Seis minutos no sétimo

pós-operatório

Figura 4. Valores do VO2pico obtido no Teste Cardiopulmonar de Exercício

máximo

Figura 5. Correlação entre Consumo de Oxigênio no Pico do Exercício e Força

Muscular Inspiratória

Page 7: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

6

III

LISTA DE TABELAS Tabela 1. Características basais dos pacientes distribuídos entre os grupos

Tabela 2. Resultados dos dados das variáveis ventilatórias entre os grupos e os

períodos

Tabela 3. Resultados obtidos do teste cardiopulmonar de exercício entre os grupos

Page 8: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

7

IV

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A. Protocolo de Reabilitação Cardíaca Fase 1

ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Page 9: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

8

V

RESUMO

Fundamento: A reabilitação cardíaca fase 1 (RCF1) é uma opção terapêutica de

prescrição recomendada após cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). Sua

indicação é baseada na premissa de que complicações pulmonares possam ser evitadas e

que os pacientes possam ter um retorno otimizado às atividades da vida diária. No entanto,

além do fato de programas de RCF1 pós-CRM não serem amplamente disponíveis, existe

carência de evidências robustas no que tange a melhora, tanto na capacidade funcional

quanto de outros parâmetros cardiopulmonares.

Objetivo: Testar a hipótese de que um programa de RCF1 pós-CRM melhora a

capacidade funcional, a força muscular inspiratória e a capacidade pulmonar.

Métodos: Neste ensaio clínico controlado foram arrolados 20 indivíduos. Os

sujeitos foram randomizados para RCF1 (n=10) ou para cuidados habituais pós-CRM

(n=10). O grupo intervenção foi submetido a sete dias de RCF1 com exercícios

respiratórios (máscara de EPAP e higiene brônquica). Treinamento cardiopulmonar e

circulatório, caminhadas progressivas e exercícios resistidos para membros inferiores

também foram realizados. Quando da internação para CRM, todos os pacientes realizavam

espirometria e manovacuometria. Na alta hospitalar (sétimo dia), os testes pulmonares

foram repetidos e era realizado um teste de caminhada de seis minutos (TC6). Trinta dias

após a alta os pacientes eram submetidos a um teste cardiopulmonar de exercício máximo

(TCPE), espirometria e manovacuometria.

Resultados: Sexo, idade, índice de massa corporal (IMC) e presença de co-

morbidades não apresentaram diferenças. A força muscular ventilatória, representada pela

PImax medida no dia 7 e dia 30, foi significativamente maior no grupo RCF1 (57 vs 36 e 61

vs 41 cmH2O, respectivamente; p<0,05). A capacidade vital forçada (CVF) e o volume

expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) também foram diferentes entre os grupos

no dia 7 e dia 30 pós-CRM (78 vs 68 e 90 vs 70% do previsto para CVF e 80 vs 71 e 89 vs

76% do previsto para VEF1; p<0,05). Da mesma forma, a distância percorrida no TC6 no

Page 10: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

9

sétimo dia foi significativamente maior no grupo RCF1 (416 vs 324 metros; p<0,01), assim

como o consumo de oxigênio de pico mensurado no TCPE no dia 30 pós alta hospitalar

(17,6 vs 14,3 mL.min-1.kg-1; p=0,01).

Conclusões: Neste ensaio clínico de eficácia, um programa de RCF1 foi capaz de

melhorar a capacidade funcional, a força muscular inspiratória e a função pulmonar em

indivíduos submetidos à CRM. Estes dados indicam que maior atenção deve ser dada à

reabilitação cardíaca fase I, pois sua instituição na prática clínica pode ter um impacto

muito positivo sobre o estado físico e a saúde destes pacientes.

Page 11: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

10

VI

ABSTRACT

Background: The phase 1 cardiac rehabilitation (P1CR) is a therapeutical choice

strongly recommended after a coronary artery bypass surgery (CABG). Its indication is

based in the belief that pulmonary complications could be avoided and that the patients

could have a better return to daily activities. However, besides the fact that P1CR programs

are not widely available, thre is a lack of strong evidences suggesting that functional

capacity and other cardiopulmonary parameters can be improved.

Objective: To test the hypotesis that a P1CR program can improve functional

capacity, inspiratory muscular strenght and pulmonary capacity in patients undergoing

CABG surgery.

Methods: Twenty patients were enrolled for this clinical trial. The subjects were

randomized for P1CR (n=10) or for usual hospital care post-CABG. The intervention group

have done a seven-day P1CR program with respiratory exercises (EPAP mask and

bronchial hygiene). Cardiopulmonary and circulatory training, with progressive short

distance walks and lower limbs exercises were also performed. Pulmonary function tests

were performed in all patients before the CABG. On the discharge (seventh day), the

pulmonary tests were repeated, and a six-minute walk test (6MWT) were performed. 30-

days after discharge the patients were submitted to a maximal cardiopulmonary test and

pulmonary function tests.

Results: Sex, age, body mass index (BMI) and comorbities do not differed between

the groups. Inspiratory muscular strenght, measured by the IPmax on day-7 and day-30, was

higher in the P1CR group (57 vs 36 e 61 vs 41 cmH2O, respectively; p<0.05). The forced

vital capacity (FVC) and the forced expiratory volume on the first second (FEV1) were also

diferent between the groups no day-7 and day-30 (78 vs 68 e 90 vs 70% of predicted ofr

FVC and 80 vs 71 e 89 vs 76% of predicted for FEV1; p<0.05). Distance walked in the

6MWT on day-7 was markedly higher in the P1CR group (416 vs 324 meters; p<0.01), as

the peak oxigen consumption measured with the cardiopulmonary test on day-30 (17.6 vs

14.3 mL.min-1.kg-1; p=0.01).

Conclusions: In this randomized clinical trial, a P1CR program had improved

functional capacity, inspiratory muscular strenght and pulmonary function in patients

Page 12: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

11

submitted to a CABG surgery. This data suggests that more attention should be given to

P1CR programs, because its use in the clinical practice can have a positive impact on the

patients health status.

1. INTRODUÇÃO

A doença arterial coronariana (DAC) é uma importante causa de morbi-mortalidade

no mundo ocidental, gerando altos custos econômicos e sociais1. Na busca por políticas

administrativas em saúde que reduzam o impacto negativo da DAC, a prevenção primária é

o primeiro passo no combate ao aparecimento desta doença. No que diz respeito à

prevenção secundária, encontra-se o uso de um amplo arsenal medicamentoso, estando este

embasado em grandes ensaios clínicos e sempre devendo ser prescrito em associação às

medidas higiênico-dietéticas. È nesse cenário que são vislumbrados os programas de

Reabilitação Cardiopulmonar (RCP).

Por sua vez, a revascularização miocárdica é uma opção terapêutica indicada com

freqüência, podendo ser realizada através de cirurgia ou por via percutânea. Pacientes

submetidos à revascularização miocárdica têm benefícios ao serem expostos à RCP2.

Dentro desse contexto e já como parte da história da cardiologia, os primeiros programas de

RCP foram desenvolvidos na década de 60, quando os benefícios da deambulação mais

precoce, durante hospitalizações prolongadas após eventos coronarianos, estavam sendo

reconhecidos2.

Na atualidade a RCP é indicada para pacientes com diagnóstico de angina pectoris

estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio em paciente

estratificado, pré e pós-revascularizações (percutânea ou cirúrgica) e após transplante

cardíaco3.

Page 13: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

12

Assim como em toda a ciência cardiológica, a RCP também é motivo de

experimentos melhor ou pior delineados. Na verdade, não contando com verbas

astronômicas oriundas de empresas farmacêuticas e de equipamentos, a RCP recebeu algum

apoio de órgãos governamentais de diferentes países, assim como de pesquisadores

abnegados, os quais buscaram nos estudos relacionados à reabilitação de cardiopatas, uma

forma de fazer uma medicina mais adequada para os enfermos portadores das diferentes

mazelas cardiovasculares.

Em estudo de eficácia que representou um verdadeiro marco na história sobre os

efeitos de um programa de RCP fase II e III para pacientes com insuficiência cardíaca e

disfunção ventricular (86% portadores de DAC estabelecida), noventa e nove indivíduos

foram homogeneamente randomizados. O grupo reabilitação realizou um programa de

exercício por 14 meses (60% VO2pico, três vezes por semana, durante dois meses, sendo

seguidos por doze meses com treino de mesma intensidade, duas vezes na semana).

Verificou-se, além da melhora na qualidade de vida e no consumo máximo de oxigênio,

uma redução significativa na mortalidade4. Desta forma, pela primeira vez um ensaio

clínico encontrou redução da mortalidade através do exercício como terapia em associação

ao arsenal medicamentoso. Além disso, após a publicação de duas meta-análises entre 2001

e 2004, a RCP passou a ser mais referenciada e alcançou um status de intervenção

importante a ser indicada pelos médicos e executada pelos pacientes, pelo menos em tese5,6.

Por outro lado e mostrando um espectro menos conhecido dos programas de RCP, a

fase de internação hospitalar é pouco contemplada na literatura. São muito poucos os

estudos disponíveis e existe uma real carência científica neste cenário.

Na fase de internação hospitalar se preconizam programas com objetivo de evitar

complicações respiratórias e otimizar o retorno do paciente as atividades de vida diária7,8.

Page 14: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

13

Entre as complicações mais freqüentes após a cirurgia de revascularização do miocárdio

(CRM) destacam-se as arritmias cardíacas9 e os distúrbios pulmonares10. Estas

complicações podem causar aumento no tempo de permanência na Unidade de Terapia

Intensiva (UTI), assim como na enfermaria. As complicações respiratórias mais freqüentes

são as atelectasias, os derrames pleurais e as pneumonias, sendo que esta última varia de

acordo com o tempo no qual o paciente permanece com o tubo endotraqueal11-13. A

incidência de algum grau de derrame pleural nos pacientes que realizam CRM com a

utilização da artéria mamária interna é de aproximadamente 65%. Esta incidência diminui

em torno de 10% quando o enxerto é apenas venoso14.

Em estudo não controlado sobre a realização de técnicas distintas de fisioterapia no

período pré e, especialmente, no pós-operatório de CRM, notou-se apenas uma pequena

melhora não significativa no grupo que realizava mobilização precoce associado ao uso da

técnica de sustentação máxima inspiratória sobre a incidência de complicações pulmonares,

especialmente pela redução nas atelectasias15.

Nessa mesma direção, o uso de multimodalidades de fisioterapia, como pressão

positiva, técnicas desobstrutivas e exercícios respiratórios não encontram evidência

científica consistente para dar suporte à idéia de que as mesmas promovem de fato uma

melhora na função pulmonar. Por outro lado, pelo menos duas publicações sugerem que o

uso da máscara de pressão positiva (EPAP) possa diminuir as atelectasias e facilitar a

higiene brônquica16,17. Finalmente, no ano de 2003, quando da publicação de uma revisão

sistemática de fisioterapia profilática após cirurgia cardíaca, dos 18 estudos incluídos

inicialmente apenas 4 ensaios clínicos randomizados foram selecionados para a análise

final, pois os demais 14 apresentavam problemas metodológicos que os excluíram da

revisão. Aqui também se pôde observar que os resultados não foram consistentes e, por

Page 15: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

14

mais surpreendente que possa parecer, os benefícios do uso de técnicas fisioterapêuticas

isoladas ou associadas não foram demonstrados18.

Outro aspecto a ser considerado relaciona-se a ansiedade para com a CRM per se.

Pacientes revascularizados por cirurgia que foram submetidos a um programa de

reabilitação fase I após CRM apresentaram diminuição do nível de ansiedade intra-

hospitalar quando comparados a pacientes em tratamento convencional11.

Em estudo realizado no exterior, a reabilitação cardíaca na fase pré-hospitalização

foi testada através de um ensaio clínico apelidado de prehabilitation. Neste experimento,

249 pacientes foram randomizados para receber um programa educativo associado a um

programa de exercício físico por até 20 semanas prévias à CRM (duas intervenções por

semana). Cabe salientar que ambos os grupos receberam atendimento tipo fase I durante a

internação hospitalar. Como resultado observou-se menor tempo de internação na UTI e

menor tempo de internação total, além da melhora da qualidade de vida, sugerindo que a

uma intervenção pré-operatória, quando associada à RCF1, tem a capacidade de impactar

positivamente sobre as complicações intra-hospitalares20.

Além desse estudo, a intervenção pré-operatória associada à intervenção pós-

operatória também foi testada por outro ensaio clínico controlado, este feito em nosso país.

Os pacientes foram randomizados para dois grupos. Os sujeitos arrolados para a

intervenção recebiam atendimento pré-operatório por no mínimo 5 dias e, pós-operatório,

até a alta hospitalar. Como resultado pôde-se observar uma expressiva redução nas

complicações pulmonares, uma significativa diferença na incidência de arritmias cardíacas

(especialmente fibrilação atrial), além de uma melhora significativa da capacidade

funcional medida no sétimo pós-operatório através do teste de caminhada dos 6 minutos21.

Page 16: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

15

O treinamento dos músculos inspiratórios (TMI) também foi testado no período pré-

CRM. Através de ensaio clínico randomizado publicado em outubro de 2006, os autores

demonstram que o TMI com o uso do threshold (30% PImax por 20 minutos, diariamente,

nas duas semanas que antecederam à CRM), associados a espirometria de incentivo,

técnicas de ciclo ativo da respiração e técnicas de expiração forçada, foi capaz de reduzir

em 60% o risco de pneumonia, entre outras complicações pulmonares22.

Outro estudo publicado recentemente evidenciou uma menor incidência de

atelectasias avaliada por tomografia computadorizada e melhora na função pulmonar

mensurada por espirometria no quarto pós-operatório de pacientes que realizaram CRM 23.

O protocolo utilizado consistiu de mobilização precoce, acrescida de deambulação em

pequena distância no segundo pós-operatório, além de maior distância no terceiro pós-

operatório. Nesse escopo, exercícios respiratórios de inspiração profunda, seguidos de

expiração em coluna d’água com 10cmH2O geravam uma pressão positiva e eram

administrados pelo menos uma vez ao dia, com os pacientes sendo instruídos a utilizar tal

sistema a cada hora, trinta vezes por sessão, na vigília.

Fora do ambiente da reabilitação, mas não menos importante, Opasich e

colaboradores avaliaram 2555 pacientes que realizaram o teste de caminhada dos seis

minutos (TC6) após CRM. A média de distância caminhada foi de 296 metros no quarto dia

de pós-operatório. De acordo com os dados provenientes desse estudo, o teste de

caminhada mostrou ser seguro e eficaz para uma avaliação precoce da capacidade funcional

nesses pacientes24.

Considerando a escassez de estudos que avaliem o papel da reabilitação cardíaca

fase I no paciente após CRM, decidimos aprofundar a investigação a respeito dos efeitos

Page 17: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

16

desta intervenção sobre a capacidade funcional, força muscular ventilatória e função

pulmonar de pacientes coronariopatas submetidos a essa intervenção de grande porte.

2. HIPÓTESE

A implementação de um programa de reabilitação cardíaca fase I pós-CRM

promove um incremento na força muscular ventilatória, função pulmonar e capacidade

funcional em relação aos pacientes que não são submetidos ao programa.

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Avaliar os efeitos de um programa de Reabilitação Cardíaca Fase I que seja

composto por pelo menos um (1) dia de fisioterapia pré-operatória e de seis (6) dias de

intervenções fisioterápicas no período pós-operatório em pacientes submetidos a CRM.

3.2 Objetivos Específicos

Avaliar o efeito da RCF1 sobre a função pulmonar;

Conhecer o efeito de um programa de RCF1 sobre a força muscular ventilatória;

Demonstrar o efeito da RCF1 sobre a capacidade funcional, através da realização de

um teste da caminhada dos seis minutos, no 7º pós-operatório;

Avaliar o efeito da RCF1 sobre a capacidade funcional, através do TCPE, 30 dias

após a alta hospitalar.

Page 18: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

17

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Critérios de Inclusão

Os pacientes foram incluídos no estudo segundo lista de espera para primeira

cirurgia de revascularização do miocárdio realizada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre

e que concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo B).

4.2 Critérios de Exclusão

Foram excluídos os pacientes com idade superior a 75 anos, insuficiência renal

crônica (diálise a mais de 3 meses), angina instável nas 48 horas antes da CRM, disfunção

valvar moderada e grave, arritmias graves, acidente vascular cerebral (AVC) prévio ou que

apresentavam incapacidade de se exercitar conforme o protocolo (descrito a posterióri).

Também foram excluídos, os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, tabagistas

ativos ou aqueles que apresentassem na espirometria pré-operatória diminuição maior que

80% da capacidade vital forçada ou do volume expiratório forçado no primeiro segundo.

Além disso, se excluiu do grupo controle os pacientes que necessitaram de atendimento

fisioterapêutico.

4.3 Delineamento

Ensaio clínico prospectivo, controlado, randomizado que comparou os benefícios de

um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase I em pacientes estáveis que se submeteram à

Page 19: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

18

cirurgia de revascularização do miocárdio no Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA).

Após a avaliação inicial, os pacientes foram randomizados através do programa GraphPad

StatMate (versão 1.01i, San Diego, CA, USA), em dois grupos: intervenção (RCF1) e

controle. Os pacientes do grupo RCF1 receberam a intervenção durante um dia no pré-

operatório e seis dias no pós-operatório, sempre duas vezes ao dia. O grupo controle não

recebeu atendimento de fisioterapia durante todo o período, sendo apenas visitado pelo

fisioterapeuta do estudo, mas não intervido.

4.4 Fluxograma

Figura 1. Fluxograma dos pacientes

4.5 Metodologia

A fase de coleta de dados transcorreu de agosto de 2004 a janeiro de 2006.

Inicialmente foram arrolados 25 coronariopatas e, destes, 20 concluíram o protocolo. Os

pacientes foram previamente identificados por lista de espera. Quando ocorria sua

25 Pacientes Elegíveis

25 Pacientes Randomizados

12 Alocados Grupo RCF1

13 Alocados Grupo Controle

1 Excluído por AVC 2 Excluídos por Mediastinite

1 Excluído por Óbito

10 Completaram o Estudo

1 Excluído por PCR

10 Completaram o Estudo

Page 20: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

19

internação era realizada avaliação do prontuário e entrevista para verificação dos critérios

de inclusão e exclusão. Tendo o paciente preenchido os critérios para participação, era

apresentado e lido o termo de consentimento livre e esclarecido. Após sua assinatura, se

providenciava as devidas avaliações pré-operatórias. Um aluno bolsista cego para os grupos

e previamente treinado realizou todas as Manovacuometrias. A seguir, os sujeitos eram

encaminhados para realização do ecocardiograma com doppler e espirometria sem prova

broncodilatadora, exames estes realizados sempre pelos mesmos profissionais e cegos para

os grupos. Como rotina do serviço de cirurgia cardíaca, alguns exames eram coletados na

internação dos pacientes no hospital: a) hemograma, b) eletrocardiograma para avaliação de

critérios de exclusão (arritmias), c) raio X de tórax, o qual serviu para análise comparativa

do pré-operatório com o pós-operatório no sétimo dia.

Os pacientes do grupo RCF1 realizaram as rotinas de enfermagem do hospital

associado ao programa de reabilitação (Anexo A), enquanto os do grupo controle seguiram

as rotinas relacionadas aos cuidados prestados para indivíduos submetidos à CRM (cabe

salientar, mesmo que podendo causar surpresa, os pacientes em pós-operatório de CRM no

HCPA não recebem um atendimento sistematizado de RCF1). A randomização foi

realizada de forma eletrônica e checada pelo fisioterapeuta após o todo processo inicial.

Após tais avaliações serem realizadas e a randomização ter sido estabelecida o

protocolo (anexo A) era iniciado. De acordo com o mesmo, os pacientes eram

acompanhados duas vezes ao dia pelo mesmo fisioterapeuta, sendo aqueles do grupo

controle visitados pelo fisioterapeuta uma vez ao dia para acompanhamento, porém, sem

quaisquer intervenções práticas. Assim como no período pré-operatório, ao final do

programa de reabilitação no sétimo pós-operatório eram realizadas as avaliações da força

muscular ventilatória (manovacuometria), função pulmonar (espirometria), capacidade

Page 21: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

20

funcional (teste de caminhada dos seis minutos) e raio X de tórax. No trigésimo dia de pós-

operatório, já com o status de um paciente ambulatorial, o mesmo voltava ao hospital e

realizava teste cardiopulmonar de exercício, e eram repetidos a manovacuometria e a

espirometria.

4.6 Desfechos Avaliados

4.6.1 Teste de Função Pulmonar

Os pacientes realizaram espirometria em repouso utilizando um sistema

computadorizado (Eric Jaeger GmbH, Wüerzburg, Germany) de acordo com as normas

internacionais aprovados pela European Respiratory Society25. Para análise dos valores da

capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado no 1° segundo (VEF1) e

capacidade vital (CV) foram utilizados valores de referência aprovados pelas normas

estabelecidas pelo Consenso Brasileiro de Espirometria26.

4.6.2 Teste de Força Muscular Ventilatória (Manovacuometria)

A mensuração da força muscular ventilatória foi baseada no protocolo da American

Thoracic Society (2002)12. A força muscular inspiratória e expiratória foram avaliados

através de um circuito para medida, composto por um transdutor de pressão MVD-500

V1.1 (Microhard System, Globalmed, Porto Alegre, Brasil), com capacidade de ± 300

cmH2O, conectado a um sistema com duas válvulas unidirecionais, uma inspiratória e outra

expiratória (DHD Inspiratory Muscle Trainer, Chicago, Estados Unidos da América),

acoplado a um bucal27. Um orifício de 2 mm de diâmetro foi utilizado no sistema para

manter a glote aberta e evitar a produção de pressões pelos músculos faciais28.

Page 22: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

21

Foram realizadas aproximadamente 5 mensurações iniciais com intervalo de um

minuto entre elas. Esse procedimento foi utilizado para o treino e adaptação do paciente a

peça bucal. Após, foram realizadas 3 mensurações finais. O maior valor foi considerado,

não havendo uma diferença maior do que 10% entre dois valores mais altos29. Após dois

ciclos respiratórios em volume de ar corrente (VC), o indivíduo expirava lentamente até um

volume pulmonar próximo ao volume residual (VR) e, em seguida, realizava uma inspiração

máxima contra o circuito ocluído. A PEmax foi mensurada através do mesmo circuito,

diferenciado pela utilização de uma válvula unidirecional inspiratória e, pela extremidade

expiratória fechada. Sentado, o indivíduo realizou dois ciclos respiratórios em VC, fora do

circuito, sendo a última expiração até o VR. A seguir, posicionando o bucal na boca, o

sujeito realizava uma inspiração máxima e lenta até atingir a capacidade pulmonar total

(CPT)30. Imediatamente, o paciente expirava vigorosamente contra o sistema ocluído. A

leitura do valor da PEmax foi observada no transdutor de pressão, assim como o valor da

PImáx. Para análise dos dados referentes à PImáx e PEmáx usamos valores absolutos e

previstos, estes obtidos pelas equações descritas por Neder e colaboradores31.

4.6.3 Teste de Caminhada dos 6 minutos

O teste de caminhada dos 6 minutos foi realizado em corredor de 30 metros com

marcação de 3 em 3 metros, com incentivo verbal. Os pacientes portavam um

freqüencímetro (Polar S810i, Finlândia) e um esfignomanômetro para medidas de

freqüência cardíaca e pressão arterial pré e pós-teste, respectivamente. Utilizou-se também

a escala de esforço percebido de Borg32. Com o transcorrer do teste, de 2 em 2 minutos, o

paciente era questionado quanto ao esforço percebido e sobre a sensação de dispnéia.

Foram respeitados critérios de interrupção do teste como: tontura, palpitação, dor

Page 23: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

22

incapacitante no membro inferior operado (safenectomia), parestesias e paresias, além de

quaisquer alterações significativas nos sinais vitais.

4.6.4 Teste Cardiopulmonar de Exercício (TCPE)

A capacidade funcional foi mensurada através de um teste cardiopulmonar de

exercício máximo com análise de gases expirados, em esteira Inbramed® (KT 10200 -Porto

Alegre, Brasil). O protocolo iniciou em uma velocidade de 2,4 Km/h e inclinação de 2%. O

aumento na velocidade ocorreu a cada 20 segundos (0,1 a 0,2 Km/h) e o da inclinação a

cada 30-60 segundos (0,1 a 0,2 %), com objetivo de alcançar a fadiga em um tempo médio

de 10 minutos. O avaliado teve seu monitoramento cardíaco obtido através do traçado

eletrocardiográfico a cada minuto (Nikon Kohden Corporation®, Tókio, Japão) ou sempre

que julgado necessário pelo cardiologista que realizava a prova. A mensuração da pressão

arterial foi realizada com esfigmomanômetro a cada 2 minutos de teste. O consumo de

oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (VCO2), ventilação minuto (VE), relação

de troca gasosa (R), equivalentes ventilatórios de oxigênio (VE/ VO2) e de dióxido de

carbono (VE/ VCO2) foram mensurados, por 20 segundos, através da análise efetuada pelo

Total Metabolic Analysis Sistem – TEEM 100® (Aero Sport®, Ann Arbor, EUA),

previamente validado36.

O VO2 pico foi considerado o máximo consumo alcançado nos últimos 20 segundos

do exercício. As medidas foram obtidas com o avaliado na posição ereta em repouso por

Page 24: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

23

cinco minutos, durante todo o período progressivo do exercício e sentado, ao longo dos

primeiros 3 minutos de recuperação.

4.6.5 Raio X de Tórax

O raio X de tórax foi analisado através da visualização do exame em negatoscópio e

através do laudo radiológico. Foram consideradas como alterações radiológicas as

atelectasias lobares em qualquer momento da internação, derrames pleurais moderados e

extensos no sexto ou sétimo pós-operatório e, infiltrado pulmonar em alguma região

específica, caracterizando juntamente com quadro clínico e exames de laboratório as

pneumonias em qualquer momento da internação. Não foram considerados os diagnósticos

de atelectasias segmentares, sub-segmentares e laminares, além de derrames pleurais

observados e descritos como pequenos.

4.7 Análise estatística

Baseado nos resultados do estudo de Weiner e colaboradores33 estimamos que, para

detectar uma diferença mínima de 10% entre o grupo que realizou o programa de

reabilitação cardíaca na fase 1 e o grupo controle, com uma probabilidade de erro tipo I de

5% (α = 0,05) e uma probabilidade de erro tipo II de 10% (β = 0,1), o número mínimo de

sujeitos por serem randomizados em cada grupo seria de 10 indivíduos/pacientes.

As variáveis foram inicialmente avaliadas através do teste de Kolmogorov-Smirnoff

para que a normalidade fosse estabelecida. Os dados foram plotados no Excel Spreadsheet

Page 25: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

24

(Microsoft, Corporation, Seattle WA, versão XP 2003) e convertidos para o pacote

Statistical Package for Social Sciences (SPSS, versão 14.0, Chicago, Illinois) e SigmaStat

Statistical (SigmaStat 3.1, Richmond, Califórnia), para análise estatística.

Os dados basais entre os grupos foram analisados através de teste t de Student para

amostras independentes. Os parâmetros entre os grupos e dentro dos grupos foram

comparados pelo teste de ANOVA para medidas repetidas, seguidos de teste Tukey-

Kramer’s para análises de comparações múltiplas. Foi utilizado teste qui-quadrado para

análise dos dados categóricos. As diferenças foram consideradas significativas para valores

de p≤0,05. Os dados são expressos em média ± desvio padrão.

Page 26: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

25

5. RESULTADOS

Foram avaliados 25 pacientes encaminhados ao Serviço de Cirurgia Cardíaca do

Hospital de Clínicas de Porto Alegre, entre o período de agosto de 2004 e janeiro de 2006.

Destes, foram excluídos 5 indivíduos durante a primeira semana de acompanhamento por

complicações pós-operatórias e incapacidade de realização das avaliações. Dos 5

indivíduos, 2 foram excluídos por mediastinite (ambos do grupo controle), 1 paciente por

acidente vascular encefálico peri-operatório (grupo intervenção), e 1 paciente por parada

cardio-respiratória ressuscitada no segundo pós-operatório (grupo controle), além de 1

paciente que veio a falecer no período intra-operatório (grupo intervenção). A amostra final

foi composta de 20 pacientes, sendo 10 para cada grupo, selecionados de forma

randomizada por computador.

Cinqüenta porcento dos pacientes randomizados para o grupo controle eram do sexo

masculino, enquanto no grupo RCF, 60% dos sujeitos eram homens. A média de idade do

grupo controle foi de 63,2 ± 6,4 anos e do grupo intervenção 64,3 ± 6,7 anos. O IMC foi

similar entre os grupos, apresentando média de 26,9 ± 2,2 no grupo controle e 28,1 ± 3,3 no

grupo RCF1. Quanto ao número de vasos revascularizados, a distribuição foi homogênea,

sendo predominante a revascularização de 3 vasos (60% dos indivíduos em ambos os

grupos). O tempo de perfusão através do uso de circulação extracorpórea (CEC) não diferiu

entre os grupos (104 ± 22 no grupo RCF1 e 108 ± 17 no grupo controle). Todos os

Page 27: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

26

pacientes incluídos na amostra foram extubados com menos de doze horas após o término

da cirurgia, seguindo uma rotina estabelecida na Unidade de Terapia Intensiva do HCPA.

As co-morbidades diagnosticadas previamente ao ato cirúrgico, como diabetes melllitus II

(DM II) e hipertensão arterial sistêmica (HAS), foram igualmente distribuídas entre os

grupos. Os dados iniciais da avaliação pré-operatória quanto à força muscular ventilatória

inspiratória e expiratória medida através da manovacuometria, a capacidade vital forçada e

o volume expirado no primeiro segundo medidos pela espirometria, a fração de ejeção do

ventrículo esquerdo (FEVE) medido pela ecocardiografia por doppler, a pressão parcial de

oxigênio mensurada através da gasometria arterial não apresentaram diferenças

significantivas. (Tabela 1).

Tabela 1. Características basais dos pacientes distribuídos entre os grupos

Controle Intervenção p N 10 10 Idade, anos 63 ± 6 64 ± 7 0,45

M 5 6 Sexo F 5 4

0,86 0,74

Peso, Kg 71 ± 7 74 ± 12 0,45 Altura, cm 160 ± 7,5 160 ± 8 0,54 IMC, kg/m2 27 ± 2 28 ± 3 0,43

2 1 1 3 6 6

Vasos, n

4 3 3

Uso da artéria mamária interna

7 7

HAS 7 7 0,84 Diabete Mellitus II 2 3 0,76 Tabagismo, +20 anos 2 2 0,67 VEF1, % prev 96 ± 12 99 ± 9 0,58 CVF, % prev 93 ± 10 96 ± 6 0,47 PImax, cmH2O 61 ± 18 68 ± 19 0,42 PImax, % prev 65 ± 16 72 ± 17 0,35 PEmax, cmH2O 83 ± 36 90 ± 33 0,66 PEmax, % prev 68 ± 36 72 ± 34 0.79 FEVE, % 61 ± 7 63 ± 8 0,80

Page 28: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

27

Dados apresentados em média ± DP. IMC, índice de massa corporal; HAS, hipertensão arterial sistêmica; VEF1, volume expiratório forçado no 1º segundo; CVF, capacidade vital forçada; PImax, pressão inspiratória máxima; PEmax, pressão expiratória máxima; FEVE, fração de ejeção do ventrículo esquerdo.

5.1 Medidas Ventilatórias

A força muscular inspiratória (PImax), expiratória (PEmax), capacidade vital forçada e

volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) medidos no 7º dia e 30 dias após a

alta hospitalar, foram significativamente maior no grupo RCF1 em comparação ao controle

(Tabela 2).

Tabela 2. Resultados das variáveis ventilatórias entre os grupos e os períodos.

Pré-operatório 7 dias 30 dias

Controle Intervenção Controle Intervenção Controle Intervenção

PImax 61 ± 18 68 ± 19 36 ± 8 58 ± 22 41 ± 10 61 ± 22 *†

PEmax 83 ± 36 90 ± 33 51 ± 22 73 ± 23 57 ± 20 82 ± 30*

CVF 93 ± 10 96 ± 6 67 ± 8 78 ± 13 70 ± 15 90 ± 5 *

VEF1 96 ± 12 99 ± 9 71 ± 9 80 ± 11 76 ± 8 89 ± 4 *†

Dados apresentados em média ± DP. ANOVA para medidas repetidas. * p < 0,001 para efeito da interação. † p < 0,01 para efeito do grupo. PImax, pressão inspiratória máxima; PEmax, pressão expiratória máxima; CVF, capacidade vital forçada; VEF1, volume expiratório forçado no 1º segundo.

Durante o período pós-operatório, o grupo RCF1 apresentou uma menor redução da

força muscular inspiratória em comparação ao grupo controle (-15 ± 14 vs -38 ± 12 % do

valor basal, p < 0,05). Trinta dias após a alta hospitalar, a redução da força muscular

inspiratória em relação ao basal continuou a ser significativamente menor no grupo RCF1

(-10 ± 14 vs -29 ± 11 % do valor basal, p < 0,05), (Figura 2, painel A). A força muscular

Page 29: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

28

expiratória (PEmax), apresentou diferença significativa quanto a sua variação entre o 7º e

após 30 dias de alta hospitalar (Tabela 2). No período pós-operatório, a PEmax apresentou

menor redução no grupo RCF1 do que no grupo controle (-16 ± 12 vs -37 ± 13 % do valor

basal, p < 0,05), enquanto, após 30 dias da alta hospitalar, continuou apresentar menor

redução em comparação ao controle (-7 ± 11 vs -26 ± 18 % do valor basal, p < 0,05),

(Figura 2, painel B).

A resposta do VEF1 e da CVF em relação ao percentual do basal somente foi

significativa no grupo RCF1 após os 30 dias da alta hospitalar em comparação ao controle

(Figura 2, painel C e D).

Page 30: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

29

PIm

ax (%

bas

al)

-80

-60

-40

-20

0

20

40

Pré-operatório 7 dias 30 dias

PEm

ax (%

bas

al)

-80

-60

-40

-20

0

20

40

VEF 1

(% b

asal

)

-80

-60

-40

-20

0

20

40

CVF

(% b

asal

)

-80

-60

-40

-20

0

20

40

RCF1Controle

Pré-operatório 7 dias 30 dias

* *** **

** **

A B

C D

Figura 2. Percentual da diferença nos dois momentos da avaliação (7º dia de pós-operatório e após 30 dias de alta hospitalar) nos grupos de reabilitação cardíaca na fase 1 e grupo controle. Painel A e B mostram o comportamento da força muscular inspiratória e expiratória respectivamente. Painel C e D, volume expiratório forçado no primeiro segundo e capacidade vital forçada. *ANOVA para medidas repetidas (7º dia em relação ao valor inicial: efeito da interação, p < 0,05; efeito do grupo, p < 0,05). ** ANOVA para medidas repetidas (30 dias após a alta hospitalar: efeito da interação, p < 0,05; efeito do grupo, p < 0,05).

5.2 Medidas de Capacidade Funcional

A distância caminhada no TC6 avaliada no sétimo dia de pós-operatório foi

significativamente maior no grupo RCF1 (416 ± 79 vs 324 ± 67 metros; p < 0,001) (Figura

Page 31: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

30

3). O Consumo de oxigênio avaliado no pico do exercício, expresso em mL.min-1.kg-1, foi

significativamente maior no grupo RCF1 (18 ± 3 vs 14 ± 0,8 mL.min-1.kg-1; p < 0,01)

(Tabela 3 ou Figura 4).

Tabela 3. Resultados obtidos no teste cardiopulmonar de exercício máximo entre os grupos.

Parâmetros

Controle (n=10)

Intervenção (n=10)

p

VO2pico (mL.min-1.kg-1)

14 ± 0,8

18 ± 3

<0,01*

FCmáx (bpm)

152 ± 60

149 ±10

0,47

VE (L/min)

40 ± 6

46 ± 13

0,22

VE/VCO2

32 ± 5

35 ± 6

0,37

VE/VO2

35 ± 5

38 ± 6

0,25

Dados apresentados em média ± DP. VO2pico, consumo de oxigênio no pico do exercício; FCmáx, freqüência cardíaca máxima atingida no teste; VE, ventilação minuto; VE/VCO2, equivalente ventilatório para produção de gás carbônico; VE/VO2, equivalente ventilatório para consumo de oxigênio. * Valor significativo p < 0,05.

Page 32: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

31

TC6m

in (m

)

100

200

300

400

500 *

Controle RCF1 Figura 3. Valores da distância percorrida (média ± DP) grupo controle e grupo intervenção. * Significativo (Teste t para amostras independentes, p < 0,001).

VO2 p

ico

(ml/k

g.m

in)

0

4

8

12

16

20

24

*

Controle RCF1

Figura 4. Valores do VO2pico (média ± DP) entre grupo controle e intervenção. * Significativo (Teste t para amostras independentes, p < 0,001).

Page 33: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

32

5.3 Raio X de Tórax

Nas análises comparativas das complicações pós-operatórias, apesar da maior

incidência de alterações no grupo controle, as diferenças não foram significativas. Foram

observadas nove alterações radiológicas importantes no grupo controle (6 derrames pleurais

moderados, 1 atelectasia lobar e 2 pneumonias) e cinco alterações radiológicas importantes

no grupo intervenção (5 derrames pleurais moderados).

Page 34: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

33

6. DISCUSSÃO

Esse é um ensaio clínico que, em conjunto com o estudo de Herdy e

colaboradores21, deve ser visto como um sinalizador importante, o qual acena na direção de

que os programas de reabilitação cardíaca fase I devam ser introduzidos de forma

sistemática e, quiçá obrigatória, nos hospitais em que se internam pacientes para serem

submetidos à CRM no Brasil.

Tradicionalmente em nosso país, os indivíduos portadores de DAC são

acompanhados por clínicos ou por cardiologistas, os quais cumprem o papel de indicar a

CRM para àqueles pacientes que irão se beneficiar desse procedimento. Após, cabe ao

cirurgião e equipe realizar o ato cirúrgico e dar suporte técnico-médico no período pós-

operatório. Nesse momento, os pacientes passam a ser acompanhados por um grupo de

profissionais da área da saúde no âmbito hospitalar, sendo o fisioterapeuta possuidor de

papel fundamental na reabilitação física destes.

O número pouco expressivo de estudos tendo como foco a RCF1 levou-nos a tentar

explicar a importância e o porquê de os pacientes deverem ser encaminhados para esse

programa. Através dos dados compilados nesse estudo, dados esses provenientes de

medidas objetivas quanto à função pulmonar, força muscular ventilatória e capacidade

funcional (e esses são alguns dos principais focos de atenção para este tipo de pacientes,

principalmente pelos riscos de complicações pulmonares em função da CRM), buscamos

aumentar o corpo de evidências que promovam a RCF1 a uma intervenção eficaz. Pelos

motivos supracitados e movidos pelo fascínio do novo, resolvemos tentar colaborar,

agregando informação que julgamos serem relevantes aos poucos conhecimentos

disponíveis sobre os reais efeitos da RCF1, aumentando um pouco o arsenal ainda pobre da

ciência fisioterapêutica baseada em evidências.

Page 35: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

34

Os dados relativos aos parâmetros ventilatórios avaliados em nossa amostra são

chamativos e instigantes. Observamos uma melhora numérica relevante na função

pulmonar de pacientes submetidos a CRM que foram randomizados para o grupo RCF1.

Quando nossos dados são comparados aos de um ensaio clínico similar23, porém com

apenas 4 dias de acompanhamento pós-operatório, percebe-se uma média maior no sétimo

pós-operatório de 8% para a CVF e de 9% para VEF1. Tal achado talvez possa dever-se a

um tempo de acompanhamento maior, ou até por diferença inter-protocolos. É possível que

a influência do uso da pressão expiratória positiva tenha sido a causadora de maior área

ventilada no pulmão destes doentes, melhorando a expansão alveolar e diminuindo o

tamanho do derrame pleural, com conseqüente melhora dos valores espirométricos. Em

estudo publicado por Borghi-Silva e colaboradores34, no qual os autores testaram um

protocolo de fisioterapia associado ao uso da máscara de EPAP e, em ensaio clínico com

utilização de pressão expiratória positiva através de coluna d’água várias vezes ao dia23,

porém em um outro cenário, o desfecho foi semelhante ao observados por nós. Além disso,

os exercícios respiratórios com a utilização ou não da pressão positiva podem ter

influenciado na diminuição da dor na região cirúrgica e melhora conseqüente da

expansibilidade do tórax, impactando positivamente sobre os dados ventilatórios nessa

amostra.

Quanto aos dados de força muscular ventilatória, vale salientar o ineditismo do

estudo, pois pouquíssimos são os experimentos que versam sobre a força muscular

ventilatória após a cirurgia de revascularização do miocárdio, principalmente quando se

fala de um programa RCP pós-cirúrgico. Aqui, é interessante mencionar que as variáveis

relativas à força muscular apresentaram uma forte correlação com a capacidade funcional

Page 36: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

35

(medida no sétimo pós-operatório através do teste de caminhada dos seis minutos, assim

como trinta dias após a alta hospitalar, através do TCPE).

O treinamento da musculatura inspiratória na fase pré-internação foi recentemente

testado através de um elegante ensaio clínico que evidenciou menores índices de

complicações respiratórias durante o período pós-operatório naqueles indivíduos

submetidos a tal estratégia22. Como já descrito em estudos de insuficiência cardíaca

congestiva, a força muscular inspiratória tem correlação direta com a capacidade

funcional35, porém ainda não existem evidências de que os pacientes que venham a treinar

após serem submetidos à CRM virão a ter tais benefícios.

Podemos aqui inclusive levantar a hipótese de que os músculos inspiratórios possam

ser estimulados por diferentes mecanismos: a) pelo treinamento constante durante o

programa que contou com várias sessões de exercícios respiratórios; b) por serem

recrutados durante o esforço físico, quando da realização de exercícios de corpo inteiro; c)

por serem estimulados quando da deambulação, fato esse que acaba por aumentar as

propriedades cinéticas do tórax, melhorando assim a força destes músculos. Desta forma e

através de diferentes ações eles acabam por agir diretamente sobre a mobilidade e

expansibilidade da caixa torácica, com conseqüente melhora da função pulmonar.

Este ensaio clínico apresentou alguns dados de capacidade funcional também

inéditos no cenário do paciente revascularizado por cirurgia cardíaca. Se os mesmos vierem

a ser confirmados em estudos maiores, eles podem ser de extrema relevância clínica para os

pacientes que apresentam dificuldades em relação a atividades de vida diária, especialmente

em virtude de diminuição na capacidade funcional após a CRM.

Aqui, cabe salientar que o grande estudo realizado por Opasich e colaboradores24,

que teve como objetivo verificar a segurança da utilização do teste de caminhada dos seis

Page 37: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

36

minutos para pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, obteve uma média de distância

percorrida de 296 metros no quarto pós-operatório. Quando comparamos os dados do TC6

com os do estudo de Herdy e colaboradores21, o qual realizou um programa de reabilitação

cardíaca pré e pós-operatória, observamos uma distância percorrida de 299 metros em seu

grupo intervenção. Em nossa amostra e após a realização da RCF1, a distância caminhada

chegou a uma média de 416 metros no sétimo pós-operatório, enquanto o grupo controle

obteve média de 324 metros caminhados, representando uma distância percorrida 29%

maior no grupo RCF1.

Nesse particular o grupo que foi submetido a RCF1 teve como parte da intervenção

um programa de deambulação precoce, onde o aumento progressivo na distância e na

intensidade do esforço foi a meta. Como as características basais dos dois grupos eram

semelhantes e ambos foram submetidos a uma CRM, nos parece que mobilizar fisicamente

esses indivíduos tem um impacto marcante na capacidade funcional no período pós-

operatório hospitalar, seja por redução da dor no membro safenectomizado na caminhada

ou por já ter sido exposto à deambulação orientada previamente.

Na mesma direção estão os dados obtidos através do TCPE no trigésimo dia após a

CRM. Podemos salientar a importância da melhora significativa no consumo de oxigênio

de pico medido de forma direta favorável ao grupo que foi submetido ao programa de

RCF1. Vale enfatizar que os pacientes não foram seguidos na fase 2, nem mesmo

orientados quanto à execução de atividade física após a alta hospitalar, fato esse que teve

como intuito a possibilidade de avaliá-los com o mínimo de viéses funcionais possíveis no

trigésimo dia após a alta hospitalar. Por fim, processos adaptativos em diferentes sistemas

orgânicos treinados na RCF1 podem servir como um mosaico facilitador no re-

Page 38: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

37

estabelecimento funcional após CRM (exemplo: melhora na PImax, na PEmax,, na CVF e no

VEF1).

Em nosso estudo, a única variável independente que melhor explica o incremento

na capacidade funcional é a força muscular inspiratória (r = 0,90; p < 0,001)(Figura 5).

Dall’Ago e colaboradores35, demonstraram que o consumo de oxigênio está diretamente

relacionado com a melhora da força muscular inspiratória em pacientes com insuficiência

cardíaca. Em nossa amostra não treinamos a força muscular inspiratória, no entanto,

realizamos um grande número de exercícios respiratórios com a utilização ou não da

pressão positiva, fato esse que provavelmente proporcionou uma menor redução da força

muscular inspiratória e expiratória após a alta hospitalar.

PImax (cm2HO)

0 20 40 60 80 100 120

VO2p

ico

(ml/k

g.m

in)

12

14

16

18

20

22

24

ControleRCF1

Figura 5. Correlação entre consumo de oxigênio no pico do exercício e força muscular inspiratória, (r = 0,90; p < 0,001).

Page 39: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

38

7. IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

Um programa de reabilitação cardíaca durante a fase de internação hospitalar pode

trazer benefícios para diferentes sistemas orgânicos em pacientes submetidos a uma

cirurgia de grande porte como é a revascularização miocárdica com extracorpórea. Os

dados divulgados nesse estudo merecem algumas considerações para a prática médica,

assim como de cunho ético. Se alguns parâmetros ventilatórios e circulatórios melhoram

significativamente em coronariopatas expostos à RCF1, como demonstrado por Herdy e

colaboradores, assim como pelo nosso grupo (menor diminuição na força muscular

ventilatória e menor prejuízo à função pulmonar, além de uma otimização na recuperação

da capacidade funcional), parece lógico que algo possa ser modificado no atendimento em

nosso meio. A partir desses dois estudos nacionais complementares, nos parece que a RCF1

passa a ser merecedora de mais atenção, sendo passível de implementação real na prática de

um centro de referência com o nível e o porte do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Por fim, não dispomos de dados objetivamente medidos no que diz respeito a custo-

efetividade, mas tudo leva a crer que a RCF1 também vá ao encontro do já comprovado que

reabilitação cardiopulmonar seja custo-efetiva como um todo37.

Page 40: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

39

8. LIMITAÇÕES

Nosso estudo apresentou limitações para achar diferenças quanto às complicações

pulmonares, pelo fato de não ter sido desenhado para este fim (amostra pequena).

Por outro lado e apesar das diferentes variáveis cardiopulmonares terem todas uma

direção significativa favorável a RCF1 e, o cálculo do tamanho da amostra ter fornecido

poder ao avaliar 10 sujeitos em cada grupo, pressupomos que estudos subseqüentes poderão

lançar mão de amostras de maior monta, podendo então transformar dados de eficácia em

achados de efetividade.

Page 41: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

40

9. CONCLUSÕES

Pacientes encaminhados para cirurgia de revascularização do miocárdio, quando

submetidos a programa de reabilitação cardíaca na fase 1, apresentam menor redução da

força muscular ventilatória e função pulmonar, além de demonstrarem uma melhora

significativa na capacidade funcional, seja ela avaliada pelo teste de caminhada dos seis

minutos no sétimo pós-operatório ou através do teste cardiopulmonar de exercício no

trigésimo dia após a alta hospitalar. Em suma, tais achados se traduzem em um retorno

facilitado às atividades da vida diária no período de convalescença pós-CRM, o que

possibilita uma melhor qualidade de vida em um período crítico na vida desses pacientes.

Page 42: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

41

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. GUS, I. FISCHMANN, A.; MEDINA, C. Prevalência dos Fatores de Risco da Doença

Arterial Coronariana no Estado do Rio Grande do Sul. Arq Bras Cardiol

2002;78(5):478-483.

2. ADES, P. Cardiac Rehabilitation and Secundary Prevention of Coronary Heart Disease.

New Eng J Med 2001;345(12): 892-902.

3. STEWART, K. et al. Cardiac Rehabilitation Following Percutaneous Revascularization,

Heart Transplant, Heart Valve Surgery, and for Chronic Heart Failure. Chest 2003;

123:2104–2111.

4. BELARDINELLI, R. et al. Randomized, Controlled Trial of Long-Term Moderate

Exercise Training in Chronic Heart Failure Effects on Functional Capacity, Quality of

Life, and Clinical Outcome. Circulation 1999; 99:1173-1182.

5. TAYLOR, R. Exercised-Based Rehabilitation for Patients with Coronary Heart

Disease: Meta-analysis of Randomized Controlled Trials. Am J Med. 2004;116:682–

692.

6. JOLLIFFE JA et al. Exercise-based rehabilitation for coronary heart disease (Cochrane

Review). The Cochrane Database of Systematic Reviews 2001, Issue 1.

7. REGENGA, M.M. Fisioterapia em cardiologia: da unidade de terapia intensiva à

reabilitação. São Paulo: Roca, 2000.

8. CASTRO, I. Reabilitação após Infarto Agudo do Miocárdio. Arq Bras Cardiol 1995;

64(3):289-296.

Page 43: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

42

9. MATTHEW J. et al. Atrial fibrillation following coronary artery bypass surgery.

JAMA. 1996; 276:300-306.

10. RADY M. et al Early onset of acute pulmonary dysfunction after cardiovascular

surgery: risk factors and clinical outcome. Crit Care Med. 1997; 25:1831-1839.

11. BEZANSON J. et al. Predictors and outcomes associated with early extubation in older

adults undergoing coronary artery bypass surgery. Am J Crit Care. 2001; 10 383-390.

12. SENRA F. et al. Pós-operatório em cirurgia cardíaca de adultos. Rev. Soc. Cardiol.

Estado de São Paulo 1998; 8: 275-86.

13. COX, C. et al. Effect of Cardiopulmonary Bypass on Pulmonary Gas Exchange: A

Prospective Randomized Study. Ann Thorac Surg 2000;69: 140-5.

14. LIGHT, R. et al. Prevalence and Clinical Course of Pleural Effusions at 30 days after

Coronary Artery and Cardiac Surgery. Am J Res Crit Care Med 2002; 166: 1567-1571.

15. JOHNSON, D. et al. Postoperative Physical Therapy after Coronary Artery Bypass

Surgery. Am J Res Crit Care Med 1995; 152:953-958.

16. HESS, D. The Evidence for Secretion Clearance Techniques. Res Care 2001; 46(11):

1276-1292.

17. STILLER, K. Physiotherapy in Intensive Care. Chest 2000; 118:1801-1813.

18. PASQUINA P. et al. Prophylactic respiratory physiotherapy after cardiac surgery:

systematic review. BMJ. 2003; 327:1379-1383.

19. KU S. et al. Effects of phase 1 cardiac rehabilitation on anxiety of patients hospitalized

for coronary artery bypass graft in Taiwan. Heart Lung 2002; 31:133-40.

20. ARTHUR H. et al. Effect of a preoperative intervention on preoperative and

postoperative outcomes in low-risk patients awaiting elective coronary artery bypass

graft surgery. Ann Intern Med. 2000; 133:253-262.

Page 44: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

43

21. HERDY, A. et al. European Heart Journal 2006,27; World Heart Congress Barcelona

2006.

22. HULZEBOS, E. et al. Preoperative Intensive Inspiratory Muscle Training to Prevent

Postoperative Pulmonary Complications in High-Risk Patients Undergoing CABG

Surgery. JAMA, 2006; 296: 1851-1857.

23. WESTERDAHL, E. Deep-Breathing Exercises Reduce Atelectasis and Improve

Pulmonary Function After Coronary Artery Bypass Surgery. Chest 2005; 128: 3482-

3488.

24. OPASICH, C. Distance walked in 6-minute walk test soon after cardiac surgery. Chest

2004; 126: 1791-1801.

25. QUANJER PhH, ed. Standardization of lung function tests – 1993 update. Report

working party for the European community for steel and coal. Eur Respir J 1993;6:

Suppl 16.

26. I Consenso Brasileiro de Espirometria. Publicação oficial da Sociedade de Brasileira e

de Pneumologia e Tisiologia. J Bras Pneumol. 1996;22 (3).

27. BARNES TA. Core Textbook of Respiratory Care Practice. 2ª ed St Louis, Missouri:

Mosby Inc, 1994.

28. TZELEPIS GE et al.Pressure-flow specificity of inspiratory muscle training. J Appl

Physiol. 1994;77:795-801

29. NAVA S et al. Recruitment of some respiratory muscle during three maximal

inspiratory maneuvers. Thorax. 1993;48:702-707

30. MCCONNELL TR, et al. Exercise training for heart failure patients improves

respiratory muscle endurance, exercise tolerance, breathlessness, and quality of life. J

Cardiopul Rehab. 2003;23:10-16

Page 45: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

44

31. NEDER JA et al. Reference values for lung function test. II. Maximal respiratory

pressures and voluntary ventilation. Braz J Med Biol Res. 1999;32:719-727.

32. WILSON RC, JONES PW. A comparison of the visual analogue scale and modified

Borg scale for the measurement of dyspnea during exercise. Clin Sci. 1989; 76:277-

282.

33. WEIMER, P. et al. Prophylatic Inspiratory Muscle Training in Patients Undergoing

Coronary Artery Bypass Graft. World J. Surg. 1998; 22: 427-431.

34. BORGHI-SILVA, A. et al. The Influences Of Positive End Expiratory Pressure (Peep)

Associated with Physiotherapy Intervention In Phase I Cardiac Rehabilitation. Clinics.

2005; 60(6): 465-472.

35. DALL’AGO et al. Inspiratory Muscle Training in Patients With Heart Failure and

Inspiratory Muscle Weakness. J Am Coll Cardiol 2006; 47: 757-763.

36. NOVITSKY, S. et al. Validity of a new portable indirect calorimeter: the AeroSport

TEEM 100. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1995;70(5):462-7.

37. LOWERSTEYN et al. The Cost-Effectiveness of Exercise Training for the Primary and

Secondary Prevention of Cardiovascular Disease. J Cardiopulm Rehabil 2000; 20: 147-

55.

Page 46: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

45

ANEXO A

PROTOCOLO DE REABILITAÇÃO CARDÍACA FASE I

Pré-operatório • Orientações Gerais

• Posturas adequadas antes e depois da cirurgia (levantar-se, deitar-se, banho, deambulação, entre outras)

• Pós-operatório imediato (o que ocorre) • Informações da Cirurgia • Importância dos exercícios respiratórios, exercícios de membros superiores

(MMSS) e inferiores (MMII) de maneira adequada • Padrões Ventilatórios (exercícios respiratórios)

• Propriocepção diafragmática (deep1 e 2) • Inspiração em tempos (2 e 3) com pequena pausa (<2s) • Lapena

• Como realizar tosse e Huffing com contenção torácica • Como utilizar o EPAP e tempo mínimo de utilização (5 min) • Ensinar Exercícios MMSS e MMII

1º Pós-operatório

• Sentar no leito cabeceira elevada • Padrões Ventilatórios (exercícios respiratórios)

• Propriocepção diafragmática (deep1 e 2) • Inspiração em tempos (2 e 3) com pequena pausa (<2s) • Lapena

• Higiene brônquica: • Estímulo ao aumento do tempo expiratório associado a manobra compressiva leve • Fluidificação; • Estímulo da tosse (ativa, ativa-assitida ou huffing); • Aspiração orotraqueal ou nasotraqueal (se necessário);

• EPAP (3-5 minutos / 5-8cmH2O) • Exercícios ativo-assistidos MMII (flexo-extensão de quadril e joelho associados) = 2xx

15 repetições • Exercícios ativo-assistidos MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) = 2xx 10

repetições • Exercícios metabólicos MMII e MMSS (realização de movimentação ativa do tornozelo

e punho) (3min) • Intervalo entre os exercícios de 1 a 2 min.

Page 47: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

46

2º Pós-operatório

• Sentar fora do leito (cadeira) (2x 1 hora) • Padrões Ventilatórios (2xx 5 rep/PV) • Higiene brônquica (conforme dia anterior) • EPAP (5-8 minutos / 5-8cmH2O) • Exercícios ativo-assistidos MMII (flexo-extensão de quadril e joelho associados)

3x15repetições • Exercícios ativo-assistidos MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) 2x15

repetições • Exercícios metabólicos MMII e MMSS (3min) • Marcha estacionária (3xx 1-3min) ou (Escala de Percepção de Esforço de Borg

11)(após retirada do dreno) • Intervalo entre os exercícios de 30 a 60 segundos.

3º Pós-operatório

• Padrões Ventilatórios (2xx 5 rep/PV) • Higiene brônquica (conforme dia anterior) • EPAP (8-10 minutos / 5-8cmH2O) • Exercícios ativos livres MMII (flexo-extensão de quadril e joelho associados) 3x10

repetições • Exercícios ativos livres MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) 2x10

repetições • Exercícios metabólicos MMII e MMSS (3min) • Deambulação de 100-200 metros (Escala de Percepção de Esforço de Borg 11) • Intervalo entre os exercícios de 30 a 60 segundos.

4º Pós-operatório

• Padrões Ventilatórios (10 repetições/PV) • Higiene brônquica (conforme dia anterior) • EPAP (10-12 minutos / 5-8cmH2O) • Exercícios ativos resistidos manuais MMII (flexo-extensão de quadril e joelho

associados) 3x12 repetições • Exercícios ativo resistidos manuais de extensão de joelho 2x10 repetições • Mini-agachamento 2x8 repetições • Exercícios ativos livres MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) 2x12

repetições • Exercícios metabólicos MMII e MMSS (5min) • Deambulação 200 a 300m (Escala de Percepção de Esforço de Borg 11) • Intervalo entre os exercícios de 30 a 60 segundos.

Page 48: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

47

5º Pós-operatório

• Padrões Ventilatórios (2xx 10 repetições/PV) • Higiene brônquica (conforme dia anterior) • EPAP (10-12 minutos / 8-12cmH2O) • Exercícios ativos resistidos manuais MMII (flexo-extensão de quadril e joelho

associados) 3x12 repetições • Exercícios ativo resistidos manuais de extensão de joelho 2x10 repetições • Mini-agachamento 2x10 repetições • Exercícios ativos livres MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) 2x12

repetições • Deambulação 300 a 400m (Escala de Percepção de Esforço de Borg 11) • Descida de escadas (1 lance, aproximadamente 15 degraus) • Intervalo entre os exercícios de 1 a 2 min.

6º Pós-operatório

• Sentar fora do leito (cadeira) (cf protocolo médico) (2x 1 hora) • Padrões Ventilatórios (2xx 10 repetições/PV) • Higiene brônquica (conforme dia anterior) • EPAP (10-12 minutos / 8-12cmH2O) • Exercícios ativos livres MMII (flexo-extensão de quadril e joelho associados) 3x12

repetições • Exercícios ativos livres MMSS (diagonais funcional e primitiva até 90º) 2x12

repetições • Exercícios metabólicos MMII e MMSS (5min) • Deambulação 500 a 600m (alterações de SV e Borg) • Subida e descida de escadas (1 lance, aproximadamente 15 degraus) • Intervalo entre os exercícios de 1 a 2 min.

Page 49: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

48

ANEXO B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título: Efeitos de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase I em Pacientes

Submetidos à Cirurgia de Revascularização do Miocárdio.

Gostaríamos de incluir o Sr.(a) em um estudo que busca avaliar os efeitos de exercícios

respiratórios e de corpo inteiro durante o atendimento de fisioterapia por um período de 1 dia

antes da cirurgia e 6 dias após a sua cirurgia. Nesse trabalho existirão dois grupos distintos, um

grupo realizará os cuidados de rotina do Hospital de Clínicas, sem qualquer interferência do

pesquisador, sendo realizadas apenas as avaliações, enquanto no outro grupo será adicionado o

programa de reabilitação cardíaca. Esses dois grupos serão sorteados aleatoriamente.

Para isso, realizaremos a medição da força dos seus músculos respiratórios, testaremos a

sua capacidade física com um teste na esteira, sua capacidade pulmonar, a quantidade de

oxigênio no sangue, além de raio X de tórax e ecocardiograma. Estes exames irão ser realizados

por profissionais capacitados, muito provavelmente não lhe trarão problemas de qualquer

espécie, pois todos são exames de muito baixo risco, além de fazerem parte de medidas

relacionadas aos seus cuidados.

O atendimento fisioterapêutico consistirá nas técnicas de limpeza do pulmão, exercícios

respiratórios para melhorar a capacidade respiratória e exercícios com os braços e pernas desde

o dia anterior ao da cirurgia prolongando-se até seis dias após a cirurgia. Dessa forma,

objetivamos facilitar o seu retorno as atividades diárias. Estes procedimentos são usualmente

utilizados em fisioterapia em pacientes que realizam cirurgia de revascularização miocárdica

(cirurgia com colocação de pontes).

A nossa intenção é identificar os efeitos deste programa de exercícios durante a fase de

internação hospitalar após a cirurgia do coração, visando o bem estar e melhora clínica do

senhor (a).

Você poderá sentir um cansaço momentâneo durante a realização dos exercícios, os quais

serão monitorados constantemente e interrompidos sempre que seja necessário.

Page 50: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

49

Será garantido o direito a qualquer pergunta relacionada à pesquisa, bem como o direito à

total confidencialidade. Além disso, você poderá abandonar o experimento sem que isso

acarrete qualquer prejuízo ao seu atendimento no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Eu,____________________________________________ fui informado que receberei

informações atualizadas sobre a pesquisa enquanto permanecer internado e terei o direito de

abandoná-la a qualquer momento, sem prejuízo no meu tratamento. Além disso, fui informado

sobre os objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada. Recebi informações a

respeito do tratamento recebido e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento

poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão se assim eu o desejar. O

responsável pela pesquisa é o Dr. Ricardo Stein (telefone – 98062423), tendo como orientando

o fisioterapeuta Cristiano Pires Maia (realizador da pesquisa) RG: 806618582 (telefone –

92214208).

__________________________________________________

Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento.

___________________________ ____________________________

Nome: Cristiano Pires Maia

Data:

Page 51: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 52: Efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Fase 1 ...livros01.livrosgratis.com.br/cp034041.pdf · estável, insuficiência cardíaca compensada, pós-infarto do miocárdio

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo