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EFEITO DO COMPATIBILIZANTE EM POLIPROPILENO RECICLADO REFORÇADO POR PÓ DE COCO NÃO-TRATADO Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Marysilvia Ferreira da Costa Rio de Janeiro Fevereiro de 2015

EFEITO DO COMPATIBILIZANTE EM POLIPROPILENO RECICLADO ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10013647.pdf · Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva February / 2015

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EFEITO DO COMPATIBILIZANTE EM POLIPROPILENO RECICLADO

REFORÇADO POR PÓ DE COCO NÃO-TRATADO

Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Marysilvia Ferreira da Costa

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2015

ii

EFEITO DO COMPATIBILIZANTE EM POLIPROPILENO RECICLADO

REFORÇADO POR PÓ DE COCO NÃO-TRATADO

Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA DE MATERIAIS DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO DE MATERIAIS.

Examinado por:

_____________________________________________

Prof. Marysilvia Ferreira da Costa, D. Sc.

_____________________________________________

Prof. Celio Albano da Costa Neto, Ph. D

_____________________________________________

Prof. Luiz Eduardo Azambuja Sauerbronn, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2015

iii

Silva, Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Efeito do compatibilizante em polipropileno reciclado reforçado por pó de coco não-tratado/Pedro Arlen F.A.T. da Silva. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015. XIV, 49 p.: il; 29,7 cm. Orientador: Marysilvia Ferreira da Costa Projeto de graduação – UFRJ/Escola Politécnica/ Engenharia de Materiais, 2015. Referências Bibliográficas: p. 44-48. 1. Compósitos com reforços naturais. 2. Módulo de Young 3. Polipropileno 4. Compatibilizante 5. Pó de coco 6.Caracterização I Costa, Marysilvia Ferreira da. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Materiais. III Efeito do compatibilizante em polipropileno reciclado reforçado por pó de coco não-tratado.

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais

Centro de Tecnologia, bloco F, sala F-214, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21941-972

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem

finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor.

v

Às inúmeras mentes incríveis ocultas em nosso país.

Non scholae, sed vitae disccimus!

vi

AGRADECIMENTO

Sempre haverá a quem ou a que agradecer. Principalmente, agradeço ao povo

brasileiro que contribuiu de forma significativa à minha formação na UFRJ e no

exterior. Este projeto é uma pequena forma de retribuir o investimento e confiança em

mim depositados por minha mãe Silvia, bons amigos e sábios exemplos, dentro e fora

da academia.

Muito obrigado à educada e solícita equipe de todos os laboratórios com os

quais trabalhei, mais especialmente à Geovanio Oliveira, Agmar Silva, Laura Pacheco,

Christine Nascimento e Roberto Silva. Muito obrigado aos meus avós por todo apoio

durante minha educação. Muito obrigado à minha tia Élina, por todo amor e atenção.

Muito obrigado aos meus tios por me mostrarem desde cedo que a vida não é simples

como imaginamos quando pequenos. Muito obrigado à Bárbara, por todos os momentos

e conversas. Muito obrigado à Deus que mesmo em seu infinito mistério sempre está

presente nas mais diversas formas.

Por fim, agradeço à professora Marysilvia da Costa por sua gentileza e conduta

durante o projeto.

A todos acima e aqueles que infelizmente a memória omite, mas meu coração abriga

com gratidão: Obrigado!

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Materiais.

EFEITO DO COMPATIBILIZANTE EM POLIPROPILENO RECICLADO

REFORÇADO POR PÓ DE COCO NÃO-TRATADO

Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva

Fevereiro / 2015

Orientadora: Marysilvia Ferreira da Costa

Curso: Engenharia de Materiais

O polipropileno é um dos três plásticos mais utilizados no mundo, porém seu

descarte ainda é pouco explorado. Além das questões ambientais associadas, o rejeito

desse material em aterros ou lixões pode ser algo economicamente desaconselhável, já

que muitos dos componentes em PP dos objetos descartados ainda estão com suas

propriedades e características conservadas.

Aos materiais fabricados, foram adicionados antioxidante, compatibilizante e/ou

pó de coco, com o objetivo de observar se a mistura com o polímero iria melhorar ou

não suas propriedades. O pó de coco por sua vez é de origem natural, biológica e suas

fibras servem de reforço à matriz de PP. Entretanto, o tempo de sua decomposição é

alarmante no que diz respeito ao ambiente (em média de 8 a 12 anos), por isso o

interesse em aproveitá-lo em associação ao polipropileno.

Portanto, esse projeto visa estudar essas possibilidades a fim de compreender

melhor o papel do compatibilizante e do pó de coco não tratado, supostamente capazes

de reduzir o impacto ambiental, o consumo desnecessário de fontes de matéria-prima

não renováveis, como os derivados de petróleo, e reforçar o polímero.

O estudo consistiu na coleta, processamento e caracterização térmica e mecânica

dos materiais. Também foi feita uma aproximação do comportamento da resistência à

tração do polímero em uma função matemática. A intenção é prever a tensão máxima

viii

suportada pelo material com uma composição fora do intervalo testado

experimentalmente.

Palavras-Chave: polipropileno, pó de coco, compatibilizante, reciclagem,

processamento, polímero, compósito, propriedades, simulação, viscosidade, estrutura

cristalina, temperatura de fusão, módulo de Young, resistência à tração, tensão máxima

ix

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Materials Engineer.

EFFECT OF COMPATIBILIZER IN RECYCLED POLYPROPYLENE

REINFORCED BY NON-TREATED COCONUT POWDER.

Pedro Arlen Fittipaldi Arêas Theodosio da Silva

February / 2015

Advisor: Marysilvia Ferreira da Costa

Course: Materials Engineering

Polypropylene is one of the three most widely used plastics in the world, but

their disposal is still poorly explored. In addition to the associated environmental issues,

reject this material in landfills or dumps can be something economically inadvisable,

since many of the PP components of discarded objects are still with their properties and

characteristics conserved.

To the manufactured materials were added an antioxidant, compatibilizer and /

or coir powder, in order to observe if the mixture with the polymer improves their

properties or not. The coconut is of biological natural origin and its fibers can reinforce

the PP matrix. However, its decomposition time is alarming with respect to the

environment, so it is interesting to take advantage of a combination with polypropylene.

Therefore, this project aims to study these possibilities in order to better

understand the role of the compatibilizer and the untreated coir powder, supposedly

capable of reducing environmental impacts, avoiding unnecessary use of raw materials

form non-renewable sources, such as petrol derivatives, and reinforce the polymer.

The study consists of the collection, processing and thermal and mechanical

characterization of materials. An approximation of the polymer tensile strength behavior

in a mathematical function was also made. The intention is to foreseen the maximum

tension of the material with a composition outside the range tested experimentally.

x

Key-words: polypropylene, coconut powder, compatibilizer, recycling, processing,

polymer composite properties, simulation, viscosity, crystal structure, melting

temperature, tensile strength, maximum stress.

xi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................... 3

2.1 POLIPROPILENO .................................................................................................................... 3 2.2 RECICLAGEM ......................................................................................................................... 4 2.3 PÓ DE COCO ............................................................................................................................ 5 2.4 ADITIVOS ................................................................................................................................ 6 2.5 TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO ...................................................................................... 7

2.5.1 EXTRUSÃO .......................................................................................................................... 7 2.5.2 MOLDAGEM POR COMPRESSÃO ................................................................................... 10

2.6 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO .................................................................................. 12 2.6.1 TRAÇÃO UNIAXIAL .......................................................................................................... 12 2.6.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) ....................................................................................... 12 2.6.3 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA) ....................................................................... 16 2.6.4 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI) ............................................................................................ 17

3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................................... 19

3.1 MATERIAIS ........................................................................................................................... 19 3.1.1 OBTENÇÃO DO POLIPROPILENO ................................................................................. 19 3.1.2 OBTENÇÃO DO PÓ DE COCO ........................................................................................ 19

3.2 OBTENÇÃO DOS COMPÓSITOS ........................................................................................ 20 3.2.1 EXTRUSÃO ........................................................................................................................ 20 3.2.2 MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA ......................................................................... 21

3.3 CARACTERIZAÇÃO ............................................................................................................. 22 3.3.1 TRAÇÃO UNIAXIAL .......................................................................................................... 22 3.3.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (XRD) ....................................................................................... 22 3.3.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................. 22 3.3.4 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA) ....................................................................... 22 3.3.5 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI) ............................................................................................ 22 3.3.6 WOLFRAM MATHEMATICA E MODELO........................................................................ 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 25

4.1 TRAÇÃO UNIAXIAL ............................................................................................................ 25 4.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) .......................................................................................... 26 4.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC) ............................................. 29 4.4 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA) ........................................................................ 31 4.5 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI) ................................................................................................. 37 4.6 WOLFRAM MATHEMATICA E MODELO ......................................................................... 38

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 42

6 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 44

7 ANEXO – CURVAS TENSÃOXDEFORMAÇÃO ................................................................................ 49

xii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação geométrica das ondas eletromagnéticas incidentes nos planos

cristalográficos................................................................................................................ 13

Figura 2 - Representação de difratograma com formas cristalinas para o polipropileno.

Adaptado de [29] ............................................................................................................ 14

Figura 3 - Curva teórica de DSC com possíveis interpretações. Adaptado de [19] ....... 15

Figura 4 - Representação das ondas tensão-deformação e a diferença de fase entre

elas.[23] .......................................................................................................................... 17

Figura 5 - Esquema do interior de equipamento medidor de fluidez. Adaptado de [25] 18

Figura 6 - Interdependência para a escolha correta do processamento de acordo com as

propriedades do material. Adaptado de [26] .................................................................. 18

Figura 7 - Análise granulométrica do pó de coco moído em moinho planetário de bolas

(30min a 208 RPM).[27] ................................................................................................ 20

Figura 8 - Plano cartesiano precursor do planejamento. ................................................ 23

Figura 9 - Alongamento máximo dos materiais processados. ........................................ 25

Figura 10 - Limite de resistência à tração para os materiais processados. ..................... 26

Figura 11 - Difratogramas em cascata. ........................................................................... 27

Figura 12 - Fluxo de calor pela temperatura................................................................... 29

Figura 13 - Temperaturas de fusão por DSC. ................................................................. 31

Figura 14 - Ensaio de DMA para o polipropileno puro. ................................................. 32

Figura 15 - Ensaio de DMA para polipropileno somente com 1% de antioxidante. ...... 33

Figura 16- Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante e 5% de

compatibilizante.............................................................................................................. 34

Figura 17 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante e 10% de pó de

coco. ................................................................................................................................ 35

Figura 18 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante, 2,5% de

compatibilizante e 5% de pó de coco. ............................................................................ 36

Figura 19 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante, 5% de

compatibilizante e 10% de pó de coco. .......................................................................... 36

Figura 20 - Índices de fluidez para todos os materiais processados. .............................. 38

Figura 21 - Superfície da resistência à tração para os intervalos experimentais: 0<x<5%,

0<y<10%. ....................................................................................................................... 39

xiii

Figura 22 - Superfície da resistência à tração para os intervalos simulados: 0<x<7.5%,

0<y<30%. ....................................................................................................................... 40

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Vista transversal dos tipos de matrizes mais comuns[18]. .............................. 9

Tabela 2 - Lista de materiais e suas composições. ......................................................... 20

Tabela 3 - Planos cristalográficos principais e seus respectivos ângulos (2θ). .............. 27

Tabela 4 - Áreas dos picos (I) da esquerda para a direita. .............................................. 28

Tabela 5 - Porcentagem cristalina por deconvolução de DRX. ...................................... 28

Tabela 6 - Porcentagem cristalina mássica por DSC. ..................................................... 30

Tabela 7 - Primeira simulação. ....................................................................................... 40

Tabela 8 - Segunda simulação. ....................................................................................... 41

1

1 INTRODUÇÃO

Os polímeros são importantes materiais para a indústria e estão presentes, hoje,

em praticamente todas as áreas. O polipropileno é um desses polímeros, correspondendo

sozinho a um quinto de todos os plásticos usados aproximadamente. Porém, como todo

polímero proveniente do petróleo, sua biodegradabilidade é baixíssima. Tendo em vista

esse quadro, a reciclagem do PP pode ser uma fonte de matéria-prima barata, uma

forma de minimizar os impactos ambientais e de economizar na exploração de recursos

finitos fósseis.

Por outro lado, há o coco com estimativa em 2009 da produção nacional ter sido

de 1.973 bilhões de unidades[42]. Um fruto que demora em média de 8 a 12 anos para

se decompor, cujas fibras são de boa resistência, abundante, de origem biológica e

bastante produzido no Brasil.

Todos esses pontos juntos mostraram que a junção dos dois é algo promissor e

condiz com as diretrizes do desenvolvimento sustentável. Entretanto, a adesão entre

ambos não é trivial, logo a presença de um compatibilizante é desejável para que os

resultados almejados sejam alcançados.

Nesse trabalho, foram propostas composições diferentes de pó de coco e

compatibilizante, a fim de estudar suas propriedades. O início foi a coleta e lavagem de

copos plásticos de PP, seguida pelo picotamento, mistura com os aditivos mencionados,

extrusão, peletização e moldagem por compressão. Dessa maneira, obtiveram-se os

corpos de prova que passaram por ensaios de tração, DRX, DSC, DMA e fluidez.

Também foi proposto um modelo de previsão da resistência à tração do material,

de acordo com a aproximação por uma função de duas variáveis. O modelo foi

inspirado no planejamento fatorial e contou com a ajuda do software Wolfram

Mathematica tanto para a interpolação polinomial, responsável por achar a função da

resistência à tração, quanto para as simulações, cujo intuito é fornecer os valores dos

teores que resultariam na maior tensão suportada pelo material.

2

Em suma, um dos objetivos desse projeto é otimizar o processo de reciclagem

por meio de simulação matemática. Dessa forma, economizamos tempo e recursos,

financeiros e naturais, na obtenção da melhor composição para a propriedade escolhida,

já que não serão mais necessários tantos corpos de prova. Também deseja-se confirmar

a eficácia do compatibilizante em questão e verificar se o pó de coco na matriz de PP é

realmente benéfico.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POLIPROPILENO

Polipropileno (PP) pode ser produzido a partir de material bruto da indústria

petroquímica, tornando-o uma opção barata de termoplástico em relação aos outros.

Suas principais vantagens são:

• Boas propriedades mecânicas à temperatura ambiente

• Custo (baixo)

• Razão custo/performance

• Relativa inércia química

• Hidrofóbico

• Baixa densidade

• Bom isolante elétrico (mesmo em ambientes úmidos)

• Resistência à fadiga e impacto (para certas classes e tensões)

• Classes especiais para aplicação em contato com alimentos

Suas desvantagens são:

• Sensibilidade ao UV

• Resistência à impacto limitada a algumas classes

• Comportamento ruim à baixas temperaturas

• Baixa resistência à fluência

• Baixa aderência (em relação a agentes adesivos)

Quanto ao custo, sabemos que uma mudança no preço do petróleo altera

diretamente os valores dos seus derivados poliméricos, tornando-o bastante variável.

Porém, seu custo virgem é aproximadamente entre € 0.9 e 2/Kg, enquanto o PP

reciclado (sem aditivos) é entre € 1.0 e 1.4/Kg, i.e, por volta de 70% do PP

virgem[1][2].

4

O PP é um polímero semicristalino onde os fatores mais influentes em suas

propriedades são o grau de cristalinidade e a estrutura cristalina. A habilidade dele se

cristalizar depende basicamente da estereosingularidade das cadeias poliméricas. Ele é

produzido usando catalisadores específicos (Zeigler_Natta e metallocene) que

direcionam os monômeros de propileno na adição à cadeia polimérica em

crescimento[3].

Essa adição de ”cabeça-calda” (head-to-tail) resulta em uma cadeia carbônica

com grupos metilas anexos à cada carbono mais externo. Se todos os grupamentos

metila tiverem a mesma orientação em relação aos carbonos mais externos, o PP é

chamado isotático. Se as metilas forem alternadas, então o PP é sindiotático. Caso as

metilas tenham configuração aleatória, o PP é atático. Como a cristalização necessita de

uma cadeia com alguma estereosingularidade, uma completamente atática seria

totalmente amorfa[3].

O PP possui boa processabilidade em moldagem por injeção ou extrusão,

entretanto possui difícil termoconformação, moldagem por sopro e conformação à

vácuo[4].

2.2 RECICLAGEM

Tecnicamente a reciclagem é uma prática aplicada em produtos poliméricos

descartados ou usados mudando a natureza química do polímero, abrangendo tanto a

reciclagem física (moagem, separação e secagem) quanto a química (despolimerização

durante fusão ou não, hidrólises e processos químicos mistos) a fim de obter uma

matéria prima[5].

Portanto, a reciclagem é uma atividade importantíssima para a diminuição da

poluição ambiental ligada aos lixões e aterros sanitários supersaturados, além da

economia de recursos naturais valiosos[5].

5

Entretanto, a reutilização não envolve a mudança da natureza química do

polímero, se tornando preferencial em relação à reciclagem por ser mais simples e

menos custosa[5].

Porém, caso o material seja relativamente puro (como é o caso dos copos

plásticos desse trabalho) podemos considerar a reciclagem aproximadamente igual à

reutilização, já que não há contaminantes expressivos que devam ser separados

fisicamente ou quimicamente. Assim, definiremos as principais opções de

reutilização[5]:

1. Recuperação direta do material descartado durante moldagem (Ex: pela

realimentação com material usado no mesmo processo);

2. Blenda do polímero usado com outros polímeros, normalmente com o uso de

compatibilizantes para fazer produtos novos;

3. Mistura com vários aditivos como antioxidantes e/ou agentes de reforço;

4. Modificação da estrutura polimérica (Ex: pela extrusão reativa) para reobter as

propriedades originais

A terceira opção será a abordada, onde os aditivos serão um compatibilizante e

dois antioxidantes, enquanto o agente de reforço é pó de coco não tratado.

2.3 PÓ DE COCO

O pó de coco tem a mesma composição química da fibra de coco, divergindo

apenas no ponto de que o primeiro é cominuído até 100% da distribuição do tamanho de

partícula estar inferior à 1 mm (Figura 6).

O uso de fibras lignocelulósicas como reforços para polímeros aumentou nos

últimos anos com o objetivo de substituir as fibras sintéticas em diversos setores

industriais, desde o de embalagens ao automotivo. Isso deve-se à importantes fatos

associados à elas, como abundância, relativa baixa biodegradabilidade, baixa densidade,

atoxicidade, menor poder de abrasão (o que diminui o desgaste dos equipamentos que

irão processá-las) e baixo custo (17% à 40% do valor das usuais fibras de vidro). Além

6

da alta produção brasileira que até 2006 teve média anual de 1.5 bilhões de cocos e

produtividade anual de 140 cocos por árvore contra 120 em outros países na Ásia e

África[6].

Quanto à bioestrutura, as fibras de coco são lignocelulósicas obtidas do

mesocarpo da fruta, que constitui por volta de 25% das mesmas. Logo, ao

reaproveitarmos essa parcela do coco pós-consumo evitamos danos ambientais

causados, não pela periculosidade ou capacidade de contaminação deste material, mas

sim pelo seu acúmulo no meio-ambiente e suas respectivas consequências[6].

Entretanto, a natureza polar e hidrofílica dos produtos lignicelulósicos junto às

características apolares das poliolefina resulta em dificuldades na adesão dos dois

materiais. Além das energias superficiais de ambos também serem bastante diferentes.

Assim, a eficiência no reforço da matriz, que depende da interface carga-matriz, acaba

não sendo alta pela menor transferência de tensão da matriz para a carga[7].

Portanto, há três formas mais comuns de melhorar o contato entre carga-matriz,

adição de compatiblizante, tratamento físico-químico ou os dois últimos.[8] O primeiro

caso será o abordado neste projeto.

2.4 ADITIVOS

Aditivos são tipicamente moléculas orgânicas que, ao serem adicionadas em

pequenas quantidades (0.1 à 5 % p/p) durante a manufatura ou processamento,

melhoram certas propriedades da resina polimérica. Existem 3 grandes segmentos[9]:

1. Modificantes

2. Amplificadores de performance

3. Ajudantes de processamento

Onde os principais representantes são:

7

1) Plastificantes, espumantes (foaming agents), compatibilizantes (coupling

agents), peróxidos orgânicos, modificadores de impacto e nucleantes

2) Antimicrobianos/Biocidas, antioxidantes, antiestáticos, retardantes de chama,

hidrocarbonetos bromados, hidrocarbonetos clorados, ésteres fosfatados, antimônio,

alumínio tri-hidratado, estabilizantes à altas temperaturas e estabilizantes de radiação

eletromagnética (light stabilizers).

3) Lubrificantes e agentes deslizantes ou “antibloqueio” (slip/antiblock agents)

Neste trabalho foram usados os dois aditivos sublinhados, um compatibilizante e

dois antioxidantes. O primeiro é responsável pela promoção da adesão pela formação de

ligações químicas estáveis entre o(s) polímero(s) e as cargas de preenchimento (fillers).

No caso, as cargas são partículas de pó de coco, mas poderiam ser qualquer outro tipo

de inclusão de geometria variável não miscível à resina da matriz a fim de formar um

compósito.

Os dois antioxidantes são agentes que diminuem ou impedem a oxidação do

polímero durante processamento. Essa tendência ocorre porque o processamento,

fabricação e uso induzem uma auto-oxidação ativada termicamente, criando-se radicais

livres que reagirão com o oxigênio, formando hidroperóxidos. Este último, por sua vez

é instável, resultando na decomposição do material pela quebra das cadeias, reticulação

(cross-linking) e aparecimento de cromóforos[9].

2.5 TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO

2.5.1 EXTRUSÃO

A extrusão consiste em fazer fluir um material através de um determinado

orifício criando uma forma extremamente alongada e de pequena seção transversal, logo

a extrusão fabrica materiais com alta razão de aspecto[10]. Seus passos são alimentação,

fusão*¹, condução em sentido à matriz, mistura e conformação[11]. Onde os sistemas

responsáveis por essas funções são chamados de:

8

1. Condução (drive)

2. Alimentação (feed)

3. Eixo helicoidal, cilindro e aquecedores (screw, barrel and heaters)

4. Cabeçote e matriz (head and die)

5. Controle (control)

1. Esse sistema gira o eixo helicoidal à uma velocidade constante dando torque

suficiente para o processamento do polímero. A unidade de medida é rotações por

minuto (rpm) e sua variação causa mudança nas dimensões do produto.

2. O sistema de alimentação não pode ter “pontos cegos” nos quais poderia haver

acumulação de material de extrusões anteriores contaminando as próximas.

Normalmente faz-se o arrefecimento da seção interna de alimentação (conectada logo

atrás do cilindro) com fluxo de água para prevenção da fusão prematura do polímero e

ocorrência de bloqueio nesta área, o que inviabilizaria todo processo.

3. O eixo helicoidal conduz o material em sentido à matriz, contribuindo para o

aquecimento e fusão, homogeneização e mistura do fundido* até a saída da extrusora

pela matriz onde, em combinação com o cilindro, aumenta a pressão. O cilindro e os

aquecedores distribuídos ao logo do primeiro mantém as temperaturas nas diferentes

zonas prevenindo o polímero de degradar pelo superaquecimento com o auxílio de

termopares.

4. Uma peça importante nesse sistema é o disco de frenagem (breakage plâte), ele:

a. Transforma o escoamento do fluido polimérico de helicoidal para linhas retas

b. Serve como vedação entre a extrusora e a matriz, onde pressão elevada é gerada.

c. Telas no disco de frenagem filtram contaminantes do polímero fundido*¹ e

criam pressão no cabeçote da extrusora. A combinação das telas e do disco de

frenagem ajudam na homogeneidade térmica, porém caso a composição do

polímero contenha cargas ou reforços macroscópicos, todas as telas devem ser

removidas. Telas preenchidas com contaminantes causam aumento de pressão e

reduzem a vazão de saída.

9

Após, há a matriz que dá forma ao produto extrudado com vários designs

disponíveis no mercado, vide tabela abaixo[12]:

Tabela 1 - Vista transversal dos tipos de matrizes mais comuns[18].

Formas típicas de produtos extrudados (vista transversal)

Filmes espessura <

0,25 mm

Folhas espessura >

0,25 mm

Perfis

Cordão (não-

oco)

Aberto

Oco

Tubulares diâmetro <

2,54 mm

Canos diâmetro >

2,54 mm

A compra de extrusoras é baseada no diâmetro D do cilindro ou do eixo

helicoidal e na razão L/D do cilindro. Essa razão descreve o comprimento relativo entre

eixo e cilindro. As vantagens de extrusoras com pequenos L/D são:

• Menos espaço requerido

• Menor investimento inicial

10

• Menor custo de substituição de eixos e cilindros

• Menor tempo de processamento quando usando materiais sensíveis à mudança

de temperatura

• Menores torque, potência e, consequentemente, motor requerido para

funcionamento

As vantagens de extrusoras com grandes L/D são:

• Maior vazão de saída

• Maior capacidade de mistura

• Pode funcionar com maior pressão na matriz

• Maior capacidade de fusão com menos cisalhamento por aquecimento

• Alta condutividade térmica a partir do cilindro

*¹No caso de polímeros amorfos não há fusão, o que ocorre é que ao passar da

temperatura de transição vítrea (T>Tg), acontece uma mudança do comportamento

vítreo para o borrachoso ou (à temperaturas T>>Tg) para o comportamento viscoso[13].

2.5.2 MOLDAGEM POR COMPRESSÃO

Moldagem por compressão é o método de processamento que transforma um

material polimérico em uma peça com forma pré-definida por meio da variação de

pressão e temperatura. Bastante empregado para termorrígidos, mas também em menor

escala para termoplásticos como PE e PTFE, esses últimos devem ter seus moldes

resfriados antes do desmolde[14].

O maquinário é composto por uma prensa hidráulica com dois pratos paralelos

aquecidos e um molde entre os pratos, trabalhando em ciclos. O tempo para enrijecer o

material normalmente se chama tempo de cura, depende da natureza do material a ser

moldado e da temperatura de pré-aquecimento. A temperatura do molde é uma das

variáveis mais críticas do processo com faixa usual de 150°C à 200°C[14].

Para termorrígidos, temperaturas mais elevadas agilizam a cura, porém se forem

muito altas, partes do polímero podem curar prematuramente dificultando o

11

preenchimento das áreas de menor dimensão do molde. Quanto aos termoplásticos,

como o molde deve ser resfriado durante o final do ciclo, o tempo de processamento é

maior. Uma segunda complicação é que a fusão do polímero em contato com as paredes

ocorre primeiro o que pode resultar em heterogeneidade no produto final. Além do

aparecimento de defeitos como bolhas internas e/ou superficiais, devido à liberação de

gases[14].

Suas vantagens são fácil controle do processo, baixa tensão interna dos produtos,

baixo custo e pouca perda de material. Seus inconvenientes são formação de rebarbas,

peças com geometria simples, processo demorado quando peça espessa[14].

12

2.6 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO

2.6.1 TRAÇÃO UNIAXIAL

A técnica permite obter o alongamento à ruptura, a tensão máxima antes da

ruptura, a tensão à ruptura e o Módulo de Young do material. O procedimento consiste

em encaixar a amostra entre duas garras e prendê-la de forma que a força e o

deslocamento aplicados às pinças sejam transmitidos à amostra, permitindo o controle

da tensão e taxa de deformação do corpo de prova. A deformação de engenharia (ϵ) é

definida por [15]:

ϵ = ∆L

L�=

L − L�

L�

Onde ∆ é a variação de comprimento, � é o comprimento inicial e o

comprimento final após deformação[15]. A seguinte equação mostra a relação em um

único eixo entre a força F e a tensão σ:

σ =F

Ao

Onde Ao é a área da seção transversal. Dessa forma plotamos uma curva (σ –

MPa) x (ε - %), onde podemos achar o módulo de Young por meio da inclinação da reta

que corresponde ao comportamento elástico usual[15]. Ou pelo cálculo abaixo:

� ≡����ã�

�������çã�=

�=

�/!�

∆/�

2.6.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

É uma técnica de caracterização onde se produz um feixe de raios-X de

comprimento de onda variável, i.e. corresponde a um intervalo entre o ultravioleta e os

raios gama. Neste projeto o comprimento de onda é fixo.

A interação do feixe eletromagnético com os planos cristalográficos do material

nos fornece um gráfico da intensidade das ondas difratadas em função do ângulo de

varredura (2θ).

13

Considerando as condições de Laue e a hipótese da geometria dos planos

cristalográficos, é possível deduzir a Lei de Bragg por trigonometria[16]:

AB + CB = 2.d.sinθ

Onde d é a distância interplanar dos planos de mesma família

AB + CB = n.λ

Onde λ é o comprimento de onda difratada. Igualando ambas achamos a Lei de Bragg:

2.d.sinθ = n.λ

Por outro lado, W. Ruland propôs uma relação matemática para se calcular a

cristalinidade a partir dos gráficos de espalhamento de raios X.[17]

%# =$%

$% + '. $�

Onde %C é a porcentagem cristalina, Ic é o resultado da integração dos picos de

difração da porção cristalina, Ia é o resultado da integração do halo amorfo e K é a

θ θ

θ θ

λ/

d

d A B

C

λ

Figura 1 - Representação geométrica das ondas eletromagnéticas incidentes nos planos cristalográficos.

14

constante de proporcionalidade, característica do polímero. No caso do polipropileno,

essa constante é igual a 0,98[17].

Porém há condições para o uso desse cálculo:

• Os defeitos cristalinos devem ser mínimos ou mesuráveis por outra técnica;

• Os cristais devem ter distribuição aleatória;

• A organização dos cristais deve ser tridimensional;

• É vital a separação dos picos cristalinos da porção amorfa

Figura 2 - Representação de difratograma com formas cristalinas para o polipropileno. Adaptado

de [29]

15

CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

Figura 2 - Curva teórica de DSC com possíveis interpretações. Adaptado de [19]

O princípio do DSC usado é essencialmente dois fornos onde se encaixam duas

cápsulas (uma em cada forno), dois anéis de aquecimento e dois termopares. Um forno

possui a amostra do material a ser analisado e o outro forno serve de referência (nada no

interior no caso do aparelho já calibrado). O anel de aquecimento principal eleva a

temperatura dos dois fornos de maneira idêntica (ordem de 10ºC/min), enquanto o anel

de aquecimento diferencial aquece um dos fornos para que ambos sempre estejam com

a mesma temperatura[20].

Portanto, como as capacidades caloríficas dos fornos são diferentes por

possuírem conteúdos diferentes, o equipamento mede o fluxo de calor necessário para

manter as temperaturas iguais, resultando em curvas (fluxo de calor X temperatura) das

quais traduzimos as transições térmicas dos materiais (transição vítrea, temperatura de

cristalização e grau de cristalinidade mássico, fusão, etc) [20].

Também é possível calcular a porcentagem cristalina pela divisão da entalpia de

fusão do material estudado pela entalpia de fusão do mesmo material 100% cristalino.

Por exemplo,∆H*� pode ser 138 J/g[30] ou 207 J/g [43] dependendo do peso molecular

e da microestrutura. Assim, a cristalinidade é calculada de acordo com a relação:

16

%C =∆H*

∆H*�

2.6.3 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA)

O DMA é uma técnica que aplica uma tensão oscilante sinusoidal a uma amostra

produzindo uma deformação igualmente em forma de seno, sempre no regime elástico.

Assim, as respostas mecânicas do material é analisada por meio das amplitudes dos

picos e as diferenças de fase (δ) entre as ondas de tensão e deformação. A relaxação de

cadeias poliméricas e mudanças no volume livre são duas maneiras de descrever as

observações[22].

� = ��sin(ω/ +δ)

� = ��sin(ω/)

Onde ω é a frequência de oscilação da tensão, / é o tempo e δ a diferança e fase

entre as ondas de tensão e a deformação.

O módulo de conservação (E’) mede a energia armazenada, que representa a

parte elástica e o módulo de perda (E”) mede a energia dissipada (em forma de calor,

por exemplo) que representa a parte viscosa. Os dois módulos e a diferença de fase

estão definidos abaixo[22]:

�0 =��

��cos(δ)

�00 =��

��sin(δ)

tan(δ) =�00

�0

17

Figura 3 - Representação das ondas tensão-deformação e a diferença de fase entre elas.[23]

2.6.4 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI)

MFI ou melt flow index é um método de determinação da taxa de extrusão de

uma resina termoplástica. Após um tempo de preaquecimento, a resina é extrudada

através de uma matriz. Há quatro procedimentos mais conhecidos A, B, C, D. Aqui será

usado o B, no qual um tempo de medida automatizado fornece o melt flow rate – MFR

(g/10min) e o melt volume rate – MVR (cm³/10min). Ele é baseado na determinação do

volume de um material extrudado em um dado período de tempo. O volume é então

convertido em medição mássica multiplicando o MVR pela densidade do material no

estado fundido (45) de acordo com a relação[24]:

45 =6�7

687

O procedimento B normalmente é usado para materiais na faixa entre 0,5 e 1500

g/10min e a norma usada foi a ISO 1133, onde um aparato usual na medição é o da Figura 4.

18

Figura 4 - Esquema do interior de equipamento medidor de fluidez. Adaptado de [25]

A importância de se conhecer a reologia do polímero é determinar as operações

de processamento como extrusão, moldagem ou qualquer outra forma de torná-lo um

produto utilizável.

Figura 5 - Interdependência para a escolha correta do processamento de acordo com as

propriedades do material. Adaptado de [26]

19

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Os materiais foram parte coletados, parte fornecidos pela empresa Clariant e

pela DILIMP. O polipropileno foi obtido pela coleta e processamento de copos

descartáveis brancos. O pó de coco foi fornecido por uma fábrica de processamento de

rejeitos de coco, DILIMP, localizada no Sergipe. Os aditivos: CESA NOX 210009

IRGAFOS 168FF e CESA NOX 112271 IRGANOX 1010FF (ambos antioxidantes) e

CESA MIX 244601 (compatibilizante) foram fornecidos pela Clariant.

3.1.1 OBTENÇÃO DO POLIPROPILENO

Depois de recolhidos em diversos departamentos da Universidade ou trazidos

por estudantes de outros lugares, foi feita a limpeza dos copos somente com água para

evitar a presença de detergentes e afins durante os processos, além de contribuir na

diminuição de rejeitos químicos no meio ambiente. Após secagem os copos foram

moídos em um moinho de facas tipo Wyllie com o objetivo de alimentar a extrusora

mais facilmente, melhorando a homogeneidade do produto extrudado (“macarrão”).

3.1.2 OBTENÇÃO DO PÓ DE COCO

Obtivemos o pó de coco pela sua secagem em estufa (105°C) e posterior

moagem em moinho planetário RETSCH PM-4 por 30 min e rotação de 208 RPM, onde

os corpos moedores foram esferas de aço inox de 3 mm de diâmetro. Em seguida, ele

foi peneirado usando uma malha de 0,212 mm concomitantemente à agitação contínua

por 10 min.

Antes da extrusão o pó de coco foi mais uma vez seco em estufa a mesma

temperatura anterior por aproximadamente 16 horas para minimizarmos quantidade de

água evitando má adesão entre reforço e matriz. Quanto à granulometria, podemos citar

a distribuição já calculada em Mello, C. C. [27] (Figura 6) por se tratar do mesmo pó de

coco.

20

Figura 6 - Análise granulométrica do pó de coco moído em moinho planetário de bolas (30min a

208 RPM).[27]

3.2 OBTENÇÃO DOS COMPÓSITOS

3.2.1 EXTRUSÃO

O equipamento foi uma extrusora de eixo único rosqueado de forma helicoidal

(empresa Cestari – Extrusão Brasil). Os parâmetros foram:

• As temperaturas, divididas em quatro zonas (+-5°C):

o Zona 1 ou Alimentação - 170°C

o Zona 2 ou Compressão - 180°C

o Zona 3 ou Dosagem - 180°C

o Zona 4 ou Matriz – 170°C

• Frequência – 25 RPM

Os materiais feitos estão na tabela abaixo:

Tabela 2 - Lista de materiais e suas composições.

Material Antioxidantes (fixos em 0,5% CADA) Compatibilizante Pó de

coco

PP puro sem 0 0

Somente

Antioxidante com 0 0

21

3.2.2 MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA

A fim de diminuir/eliminar a presença de água nas amostras foi feito um pré-

aquecimento em estufa a 120°C por 10 min[17]. Levando em consideração a

maximização do módulo de Young, o limite de escoamento e a minimização da

quantidade de bolhas, observou-se que a moldagem as melhores condições são 190°C e

5 ton [17] posterior ao processo de degasagem.

A degasagem consiste em elevar a pressão aplicada de uma em uma tonelada em

ciclos, a fim de diminuir o aprisionamento de gases produzidos pelo desaparecimento

dos espaços vazios entre os pellets durante o aquecimento e fusão dos mesmos. Na

primeira degasagem o máximo são 2 toneladas, na segunda são 3 ton, na terceira 4 ton e

na quarta 5 ton, cada uma repetida três vezes. Em seguida os corpos são levados à

prensa com circulação de água para o resfriamento a 60°C por 10 min[17].

10% PC com 0 10%

2,5% Compt. + 5%

PC com 2,5% 5%

5% Compt. com 5% 0

5% Compt. + 10%

PC com 5% 10%

22

3.3 CARACTERIZAÇÃO

3.3.1 TRAÇÃO UNIAXIAL

O corpo de prova (CP) usado foi do tipo 1 da norma ASTM D638, onde a

velocidade de deformação foi de 5mm/min com uma célula de carga máxima de 10 KN,

sendo a média feita a partir de 5 CPs. O equipamento foi uma Instron 5582.

3.3.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (XRD)

O difratômetro Shimadzu XRD 6000 usou alvo de cobre (CuKα) com

comprimento de onda aproximadamente 1,54 Å, velocidade foi de 2º/min e faixa de

varredura (valores de 2θ) foi entre 10° e 80°.

3.3.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

O equipamento utilizado foi um Perkin Elmer (DSC8500), resfriado à nitrogênio

líquido e a quantidade de cada amostra foi da ordem de 10 mg respeitando as dimensões

das capsulas onde foram inseridas. A temperatura do ensaio variou entre -20ºC e 200ºC,

a velocidade de aquecimento foi de 10ºC/min. Não houve pré-aquecimento do material.

3.3.4 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA)

A máquina utilizada foi a NETZSCH DMA 242 C (three point bend) resfriada à

nitrogênio líquido. As amostras tinham aproximadamente 9 mm X 3mm, a força

aplicada total foi de 8,8N, amplitude de 60µm e temperatura de ensaio entre -50°C e

150°C.

3.3.5 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI)

O equipamento usado foi o Zwick Roell trabalhando à temperatura constante de

230° e peso de 2.16 Kg, de acordo com a norma ISSO 1133 para medição da fluidez do

polipropileno pelo procedimento B.

23

3.3.6 WOLFRAM MATHEMATICA E MODELO

As amostras foram numeradas baseadas no modelo de planejamento fatorial.

Aqui elas representam pontos em um plano com coordenadas x e y onde 9 = {−1,1} e

> = {−1,1} (Figura 7 - Plano cartesiano precursor do planejamento.Figura 7)

Após formar o plano, alteram-se os números para os valores relacionados às

variáveis, x ≡ porcentagem de compatibilizante e y ≡ porcentagem de pó de coco. O

próximo passo é usar o Wolfram Mathematica 9 para plotar a superfície f(x,y).

O software foi usado para definir qual o próximo ciclo de processamento no qual

foi feita uma aproximação por função de 2 concentrações ou teores variáveis (x e y),

respectivamente, compatibilizante e pó de coco), onde f(x,y) é igual a propriedade que

pretende-se otimizar, no caso a tensão máxima suportada durante os ensaios de tração.

Assim, observamos seus gradientes de composição para encontrarmos os valores

ótimos das concentrações de compatibilizante e pó de coco que indicam o sentido de

maior crescimento da propriedade escolhida e permitem chegar ao máximo global da

função, caso existir.

1 -1

-1

1

(0,0)

(1,1) (-1,1)

(1,-1) (-1,-1)

Figura 7 - Plano cartesiano precursor do planejamento.

24

Dessa forma, economizamos recursos financeiros e naturais, além de tempo, na

obtenção da melhor composição para a maior tensão suportada pelo material, já que não

serão mais necessários tantos corpos de prova graças às simulações matemáticas. Os

resultados serão expostos na seção 4.1.

25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 TRAÇÃO UNIAXIAL

O alongamento e tensão médios estão nas Figura 8 e Figura 9 respectivamente.

Durante o ensaio de tração nenhuma das amostras apresentou estricção, mesmo com

materiais que chegaram à 5,2% de deformação. Mostrando comportamento próximo ao

(a) do Anexo.

O alongamento e tensão das amostras somente com antioxidante foram

superiores aos outros, mesmo com o grande desvio padrão no alongamento. Ao

adicionar somente compatibilizante (5%) a tensão e alongamento máximos diminuíram,

o mesmo ocorre ao adicionar somente pó de coco (10%), porém com efeito muito mais

acentuado.

Ao adicionar uma mistura de compatibilizante (2,5%) e de pó de coco (5%), a

deformação máxima foi superior à da mistura 5%Compt.+10%PC, porém a tensão

máxima foi inferior no primeiro caso.

Todos os compósitos apresentaram alongamento e resistência à tração inferiores

ao PP puro e ao somente com antioxidante. O módulo de Young não pôde ser avaliado

devido à dificuldades em encontrar a região linear-elástica em vários dos materiais

estudados, vide curva (b) do Anexo.

Figura 8 - Alongamento máximo dos materiais processados.

4.293

5.266

2.818

1.259

1.2200.858

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0PP puro

Somente

antioxidante

5% Compt.

10% PC

2.5% Compt. + 5%

PC

5% Compt. + 10% PC

Alo

ngam

ento

(%

)

26

Figura 9 - Limite de resistência à tração para os materiais processados.

4.2 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

O polipropileno apresenta polimorfismo, podendo cristalizar em três estruturas

cristalinas (α, β e ϒ). α é monoclínica e representa aproximadamente 95% dos cristais

resultantes da polimerização do homopolímero por Zeigler-Natta quando o material é

moldado por injeção ou extrudado. A forma β (hexagonal) é geralmente menos de 5%

dos cristais, enquanto a ϒ é rara de ser formada em condições usuais de processamento

[3]. Assim, é claro que a forma mais comum é a α, exatamente a que foi encontrada na

caracterização por DRX.

26.887

31.205

27.259

17.00416.945

18.601

0

5

10

15

20

25

30

35

PP puro

Somente

antioxidante

5% Compt.

10% PC

2.5% Compt. + 5%

PC

5% Compt. + 10%

PC

Ten

são

Máx

ima

(MPa

)

27

Figura 10 - Difratogramas em cascata.

Observamos 4 picos principais entre 10° e 25° correspondentes ao planos cristalinos

comuns ao PP que coincidiram com os isotáticos da literatura[21], sendo que para

valores de 2θ acima ou abaixo desse intervalo não há áreas ou picos significantes. Esses

resultados coincidem com a representação da Erro! Fonte de referência não

encontrada., que deixa evidente a predominância de cristais do tipo α.

Tabela 3 - Planos cristalográficos principais e seus respectivos ângulos (2θ).

10 15 20 25

Somente

antioxidante

5% Compt.

2,5% Compt. +

5% PC

10% PC

5% Compt. +

10% PC

PP puro

Materiais (110) (040) (130) (111)

Somente

Antioxidante 13.9° 16.7° 18.4° 21.5°

5% Compt. 13.9° 16.7° 18.4° 21.4°

2.5%

Compt. +

5% PC

13.9° 16.8° 18.5° 21.5°

10% PC 13.9° 16.8° 18.4° 21.5°

5% Compt.

+ 10% PC 13.8° 16.7° 18.1° 21.4°

PP puro 14.1° 16.9° 18.6° 21.6°

28

Não foi vista nenhuma diferença marcante entre os difratogramas, exceto as

áreas embaixo das curvas calculadas por deconvolução, aquelas influenciam no cálculo

da cristalinidade pela fórmula de Ruland [27]. São 5 curvas, onde cada uma delimita

uma área, totalizando quatro cristalinas e uma amorfa:

Tabela 4 - Áreas dos picos (I) da esquerda para a direita.

Materiais ?@ ?A ?B ?C ?DEFGHF

Somente

Antioxidante 678.0 393.5 229.7 743.7 1275.5

5% Compt. 566.2 349.4 223.8 680.4 1275.1

2.5%

Compt. +

5% PC

277.6 207.1 130.4 490.3 960.1

10% PC 457.9 342.8 173.2 558.4 1213.2

5% Compt.

+ 10% PC 426.5 278.2 164.1 598.6 1392.0

PP puro 528.2 318.8 178.6 632.6 1076.6

Tabela 5 - Porcentagem cristalina por deconvolução de DRX.

Materiais Cristalinidade

Somente Antioxidante 63.4%

5% Compt. 61.1%

2.5% Compt. + 5% PC 56.5%

10% PC 58.4%

5% Compt. + 10% PC 53.7%

PP puro 63.3%

Logo, a cristalinidade do PP diminuiu com a adição de pó de coco, de

compatibiliazante e também na soma de ambos, dificultando o alinhamento e

compactação das cadeias[29]. As amostras somente com antioxidante na matriz

apresentaram cristalinidade praticamente igual a do PP puro. Porém, outras técnicas

indicam que o agente antioxidante pode ter enrijecido as cadeias poliméricas e

29

aumentado a interação de forças secundárias. [29] O que foi comprovado na análise de

DMA onde o módulo de elasticidade do PP puro foi 444,3MPa inferior ao do PP

somente com antioxidante.

4.3 CALORIMETRIA DIFERENCIAL DE VARREDURA (DSC)

A Figura 11 mostra as curvas de DSC obtidas. Pode ser visto um pico em torno

de 165°C correspondente à fusão dos cristais α (monoclínica), sem outros picos

significantes como os dos cristais β que têm ponto de fusão por volta de 15°C inferior

ao do α[3].

Figura 11 - Fluxo de calor pela temperatura

A entalpia de fusão para o polipropileno isotático 100% cristalino foi

considerada 138 J/g[30]. A cristalinidade foi calculada pela seguinte relação:

%# =I5

IJ��%KLMNOPQMRS

-20 30 80 130 180

Somente antioxidante

5% Compt.

2,5% Compt. + 5% PC

10% PC

5% Compt. + 10% PC

PP puro

Temperatura (°C)

Se

nti

do

En

do

térm

ico

30

Onde I5 é a entalpia de fusão da amostra e IJ��%KLMNOPQMRS = 138V/W

Tabela 6 - Porcentagem cristalina mássica por DSC.

Materiais Cristalinidade

Somente

Antioxidante 59.2%

5% Compt. 58.0%

2.5% Compt.

+ 5% PC 57.4%

10% PC 53.9%

5% Compt. +

10% PC 47.1%

PP puro 62.5%

Portanto, a cristalinidade do PP segundo técnica DSC diminuiu com a adição de

pó de coco, de compatibilizante e também na soma de ambos. As amostras somente

com antioxidante apresentaram cristalinidade inferior (3.33% a menos) à do PP puro

segundo DSC. O que indica comportamento oposto ao do resultado por XRD. Isso

deve-se a alguns motivos, um deles é que o XRD analisa uma região maior do material

em comparação à pequena massa usada no DSC. Logo seria uma diferença de

amostragem ou, até mesmo, simplesmente um erro de medição do aparelho, já que

resultados por outras técnicas nos levam a acreditar na veracidade das medições por

difração.

31

Figura 12 - Temperaturas de fusão por DSC.

As temperaturas de fusão (Figura 12) seguiram tendência igual à da

cristalinidade por DRX, exceto para a amostra com 2,5% de compatibilizante mais 5%

de pó de coco. Para este último, a expectativa era de ponto de fusão menor do que o

mesurado, já que apresentou cristalinidade inferior ao 5% Compt. por XRD e por DSC.

Todos os valores registrados coincidiram com a faixa para os mesmos na literatura[31].

4.4 ANÁLISE MECÂNICA DINÂMICA (DMA)

Na Figura 13 observamos a temperatura de transição vítrea (Tg~5,6°C) mais

baixa de todas, o que está de acordo com o intervalo já reportado anteriormente para

esse material, -20°C<Tg<10°C[32][33].

Essa baixa Tg está associada ao baixo peso molecular e maior volume livre

devido à ausência de antioxidante. Lembrando que o PP forma produtos de baixo peso

molecular quando é degradado ou oxidado, diferentemente de outros polímeros como o

PE que tendem a reticular (crosslinks) [29].

Em materiais semicristalinos, como o PP, o módulo de armazenamento (E’)

diminui com o aumento de temperatura devido ao aumento da mobilidade da parte

amorfa, enquanto a região cristalina mantém-se sólida até a temperatura de fusão

165.25

166.84

165.44

166.22

165.45

164.41

163

164

165

166

167

168

Pontos de fusão por DSC (°C)

32

(Tm)[33]. Olhando a tanδ, o primeiro e menos intenso pico é a relaxação β (Tg), o

segundo (ou terceiro para os com agente compatibilizante) e mais intenso é a relaxação

α. Esta última ocorre por volta de 90°C no PP isotático e é causada pelo movimento da

fase amorfa na interfase dos cristalitos, sendo afetada pela orientação e comprimento

dos dobramentos de cadeias na interfase, o que também depende do peso molecular.[34]

À 25°C o PP puro apresenta módulo de elasticidade (E) igual a 1602MPa que, também

é o mais baixo de todos os materiais fabricados.

O PP somente com antioxidante (Figura 14) apresentou Tg superior ao PP puro,

por causa da menor perda de peso molecular durante o processamento de acordo com o

efeito esperado do antioxidante. Seu módulo de Young à temperatura ambiente foi o

maior de todos (2046 MPa).

Figura 13 - Ensaio de DMA para o polipropileno puro.

33

Figura 14 - Ensaio de DMA para polipropileno somente com 1% de antioxidante.

Porém, ao adicionar compatibilizante na matriz de PP (Figura 15) houve o

aparecimento de uma terceira relaxação em aproximadamente 45°C, que pode estar

associada à ativação do movimento de outras regiões amorfas que antes eram rígidas

demais para contribuir significativamente no módulo de perda (E”). A Tg aumentou

(7.7°C) e o módulo de elasticidade caiu para o terceiro menor valor (1743MPa).

34

Figura 15- Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante e 5% de compatibilizante.

Quanto à adição da porcentagem máxima de pó de coco em PP (Figura 16),

observa-se comportamento parecido ao da adição da quantidade máxima prevista do

compatibilizante (Figura 15), onde as intensidades dos picos α e β e a Tg de ambos são

bastante próximos. Entretanto o módulo de Young (1825MPa) é maior do que o do PP

com compatibilizante.

Assim, a expectativa ao misturar esses dois compostos é aumentar a Tg,

diminuir E e o aparecimento de uma relaxação “anormal”. Todos esses fenômenos

foram observados na Figura 18, onde a temperatura da relaxação β foi a maior de todas

(13.3°C), o módulo de elasticidade foi o segundo menor (1698MPa) e a relaxação

intermediária entre β e α manteve-se perto de 45°C, porém com a maior intensidade dos

três materiais com compatibilizante.

Logo, não é estranho observar na Figura 17 que, ao diminuir a porcentagem dos

compostos acima (compatibilizante e pó de coco), tanto o valor de E quanto o da Tg

ficaram entre o do PP somente com antioxidante e o do PP com 5% Compt. + 10% PC.

Enquanto a intensidade da relaxação intermediária ficou ligeiramente menor do que a

do PP com 5% Compt..

35

Um ponto interessante é que a intensidade de α pode diminuir com o aumento da

interação entre carga e matriz[35]. Dessa forma poderíamos dizer que um dos motivos

do E da Figura 18 ser inferior ao da Figura 17 e da Figura 16 é porque a adesão do pó de

coco no polipropileno foi menor, já que a intensidade do pico α foi menor do que os

outros dois.

Figura 16 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante e 10% de pó de coco.

36

Figura 17 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante, 2,5% de compatibilizante

e 5% de pó de coco.

Figura 18 - Ensaio de DMA para polipropileno com 1% de antioxidante, 5% de compatibilizante e

10% de pó de coco.

37

4.5 ÍNDICE DE FLUIDEZ (MFI)

Dentre os materiais estudados o polipropileno somente com antioxidante foi o

que mostrou maior viscosidade ou menores MFR e MVR, enquanto o polipropileno

com teores máximos de compatibilizante e pó de coco apresentou menor viscosidade ou

maiores MFR e MVR.

De maneira geral extrusões em série causam cisões das cadeias que diminuem a

peso molecular e a viscosidade.[36], o que explica os valores medidos superiores (tanto

mássico quanto volumétrico) ao do PP virgem fornecido pelo fabricante do

equipamento com MFR aproximadamente 3,9 g/10 min e MVR 5,27 cm³/10 min. A

menor fluidez das amostras somente com antioxidante em relação ao PP puro mostram a

eficiência dos aditivos IRGANOX e IRGAFOS em evitar quebra termomecânica

acentuada das cadeias. O aumento na viscosidade pode estar ligado à imiscibilidade de

aditivos e na formação de reticulados (crosslinks) [36].

Por outro lado há os agentes de preenchimento e reforço. Os primeiros são

adicionados a fim de diminuir o custo total, melhorando e controlando características do

processamento, controle de densidade, etc, o que afeta quase todas as suas propriedades

mecânicas (módulo elástico, alongamento, permeabilidade, etc), ópticas (coloração, etc)

e/ou elétricas (condutividade, etc) [36].

Como a fluidez depende fortemente da mobilidade das cadeias, da força de

ligação e dos nós (entanglements) que mantém as moléculas unidas, ao adicionarmos

um preenchedor espera-se diminuição do volume livre e, consequentemente, aumento

da viscosidade[37].

Porém o observado é de que o aumento da porcentagem de pó de coco eleva a

fluidez, isto é, diminui viscosidade. Efeito idêntico, mas em menor intensidade, ocorre

com a adição do compatibilizante. Isso ocorre porque mesmo com a diminuição do

volume libre, aumenta-se a facilidade de deslizamento das cadeias à alta temperatura na

presença do compatibilizante e pó de coco.

Como a fluidez (melt index) é mais usada do que o peso molecular na

caracterização de polímeros, ela pode ser empiricamente relacionada ao peso molecular

38

médio. Assim, baixos índices de fluidez indicam maiores valores de peso molecular e

vice-versa[29]. Dessa forma, comprovamos a eficácia da ação do antioxidante em evitar

perda de massa molecular do polímero durante processamento ao compararmos o menor

índice do PP somente com antioxidante em relação ao do PP puro.

Também há estudos que apontam para a capacidade de partículas esféricas bem

dispersas e que escoam não serem problemas como concentradoras de tensão, logo

contribuem para essa diminuição da viscosidade[36].

Figura 19 - Índices de fluidez para todos os materiais processados.

4.6 WOLFRAM MATHEMATICA E MODELO

Os resultados da tração foram introduzidos no programa, valendo-se do método

da parte 3.3.7, e traduzidos em uma função f�x, y� = 31.205 00 6.047009 &

1.051569a 1.42001> + 0.110869> , plotada na Figura 20nos intervalos 0<x<5%,

0<y<10%.

MFR [g/10min]

MVR [cm³/10min]

0

5

10

15

20

6.24 6.9310.4 9.03

10.76

6.73

8.14 8.94

13.61 14.32 15.55

8.66

Melt Flow Index (MFI)

39

Figura 20 - Superfície da resistência à tração para os intervalos experimentais: 0<x<5%, 0<y<10%.

Porém, sabendo-se que o objetivo é otimizar uma propriedade, no caso a tensão

máxima de ruptura, f�x, y� em MPa, os intervalos escolhidos para simulação foram

0<x<X, 0<y<Y. Já que o compatibilizante (X) costuma ser utilizado em porcentagem

próxima à 5%[38], o teor X foi extrapolado até 7.5% a fim de observar a resposta

teórica do material na otimização/simulação para esta composição 50% superior ao

limite máximo anterior. Enquanto o pó de coco (Y) não possui limite documentado,

entretanto há vários artigos que estudaram o efeito de até 30% em peso de pó de coco na

matriz de PP, dessa forma Y=30%[39][40].

O resultado dessa simulação foi o máximo local desse

intervalof�x, y�5ác.QSKPQJ = ��:9 → 7.5, > → 1.140.10ef=�. Para fins de ilustração,

abaixo está o gráfico com os novos limites com o último intervalo mencionado.

40

Figura 21 - Superfície da resistência à tração para os intervalos simulados: 0<x<7.5%, 0<y<30%.

Ele mostra que a tensão máxima prevista para um compósito com praticamente

zero de PC e 7.5% do compatibilizante seria de 45.0 MPa, um acréscimo de 65% em

relação ao compósito com 5% de Cesa Mix. Um valor bastante alto, sabendo-se que

para esses compósitos com pó de coco não-tratado as tensões máximas ficam em torno

de 30 MPa[40][41].

Ao mudar o limite de x na simulação, chegou-se à conclusões interessantes.

Aumentou-se até 10% o limite de x (X) com ∆x=0.5% a partir de 5% e deixou-se Y fixo

em 30%. O resultado foi a tabela 7. Ela mostra que a tensão máxima atingida pelo

material aumenta com a adição de compatibilizante, porém a porcentagem de pó de

coco se mantém baixa, praticamente zero.

Tabela 7 - Primeira simulação.

f(x,y)

[MPa] x [%] y [%]

29.756 5.50 0.00000119

32.779 6.00 0.00000258

36.328 6.50 0.0000000974

40.402 7.00 0.00000257

45.003 7.50 0.00000114

41

50.129 8.00 0.000000110

55.781 8.50 0.00000237

61.958 9.00 0.000000356

68.662 9.50 0.0000000697

75.891 10.00 0.000000791

Por outro lado se mantivermos X fixo em 10% e aumentarmos Y com ∆y=2% a

partir de 10% obtemos a tabela 8. Nela a porcentagem de compatibilizante x resultante

da simulação e a tensão f(x,y) foram máximos, enquanto os teores de y foram

novamente muito baixos.

Tabela 8 - Segunda simulação.

f(x,y)

[MPa] x [%] y [%]

75.891 10.00 0.00000171427

75.891 10.00 0.00000009389

75.891 10.00 0.00000023722

75.891 10.00 0.00000009712

75.891 10.00 0.00000541451

75.891 10.00 0.00000062515

75.891 10.00 0.00000246693

75.891 10.00 0.00000167756

75.891 10.00 0.00000114622

75.891 10.00 0.00000079093

Ou seja, ambas simulações indicam que o pó de coco deve se manter mínimo ou

quase inexistente a fim de obter a tensão máxima otimizada. Porém, o compatibilizante

é visto positivamente para a melhoria da resistência à tração, porque sua porcentagem

máxima é sempre escolhida a fim de encontrar o máximo de f(x,y).

42

5 CONCLUSÃO

Para as composições testadas tanto o compatibilizante quanto o pó de coco

demostraram não serem os aditivos aconselháveis para se melhorar nem a capacidade de

deformação nem a resistência máxima à tração. Porém a simulação indica possibilidade

de melhoria da tensão máxima pelo aumento do teor de compatibilizante, algo a ser

considerado no próximo ciclo de amostras.

Todos os materiais processados são majoritariamente da forma cristalina α ou

monoclínica e as cristalinidades diminuíram tanto com a adição de compatibilizante

quanto de pó de coco. Porém, a diminuição foi mais acentuada para a amostra com teor

máximo de PC do que a com o limite máximo de compatibilizante. Enquanto o

antioxidante mostrou ter mantido a cristalinidade, por DRX, aproximadamente igual em

relação ao CP sem aditivos.

Por DSC, foram encontrados picos à aproximadamente 165°C relativos ao ponto

de fusão do PP monoclínico, onde a adição tanto de compatibilizante quanto de PC

diminuíram a cristalinidade com tendência parecida à do DSC. Não foi possível

determinar a Tg por DSC. Nas próximas experiências, a fim de observá-la, a escala

usada deve ser diminuída para magnificar a região onde temperatura de transição vítrea

é visível, normalmente entre -20°C e +10°C.

Pelo ensaio de DMA, todos os materiais tiveram comportamento mecânico

inferior ao do PP somente com antioxidante, porém todos com módulo de elasticidade

superior ao do PP puro. A adição de compatibilizante criou uma relaxação anormal

próxima à 45°C, aumentou a Tg e diminuiu a rigidez. O acréscimo de PC aumentou a

Tg e diminuiu a rigidez, entretanto esta continuou maior do que quando se adicionou o

compatibilizante em matriz de PP com antioxidante.

Ao juntarmos o PC e compatibilizante, os efeitos de ambos foram

potencializados, i.e. a Tg aumentou e o E diminuiu mais acentuadamente do que quando

eles foram adicionados sozinhos. Além do aparecimento da relaxação à 45°C devido à

presença de compatibilizante. Esta última com intensidade variável dependente do teor

de compatibilizante, quanto mais deste aditivo, mais intensa foi essa relaxação.

43

O compatibilizante e o PC diminuíram a viscosidade do polímero, medida em

MVR e MFR, sendo o PC mais eficiente nesse abaixamento.

Uma observação interessante é que características obtidas pela adição de 5% de

compatibilizante são bastante parecidas ao se adicionar 10% de pó de coco, o que nos

leva a crer em alguma espécie de equivalência quando inseridos separadamente na

matriz do PP. Isso é mais evidente nos seguintes aspectos:

• Pontos de fusão (diferença de 0,01%),

• Módulos de Elasticidade (diferença de 4,75%)

• Temperaturas de transição vítrea (diferença de 1,30%)

Essa equivalência não foi válida quando se trata de propriedades mecânicas (vide 4.1 –

Tração uniaxial)

Por fim, conclui-se que o pó de coco não é bom reforço para a matriz de

polipropileno mesmo na presença do compatibilizante em questão. O compatibilizante

não se mostrou eficaz na melhoria da adesão entre carga e matriz, inclusive a simulação

aponta que é melhor adicionar somente compatibilizante ao polímero do que o pó de

coco com compatibilizante. Porém, também deve ser notado que o pó de coco é capaz

de mudar a coloração da matriz, o que pode torná-lo um futuro corante de baixo custo e

acessível.

44

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49

7 ANEXO – Curvas TensãoXDeformação

a)

7-1 Comportamento dos plásticos baseado na curva tensãoXdeformação. (a)Baixa tenacidade e

baixo escoamento, (b) Frágil e baixo escoamento, (c)Alta tenacidade e alto escoamento, (d)Rígido e

alto escoamento. Adaptado de [44]

b)

7-2 Curva tensãoXdeformação para CPs com 1% de antioxidante, 5% de compatibilizante e 10%

de pó de coco.