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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA EFEITO DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PECUÁRIA- FLORESTA NA RECUPERAÇÃO DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATOIDES TRICOSTRONGILÍDEOS DE OVINOS Eduardo Ferreira Faria Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Área de concentração: Zootecnia. Sinop, Mato Grosso Novembro de 2014

EFEITO DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PECUÁRIA- … · Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por ... do ano (Outono, Inverno e ... 2.5- Coleta do material

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

EFEITO DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PECUÁRIA-

FLORESTA NA RECUPERAÇÃO DE LARVAS

INFECTANTES DE NEMATOIDES TRICOSTRONGILÍDEOS

DE OVINOS

Eduardo Ferreira Faria

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Sinop, Mato Grosso

Novembro de 2014

ii

EDUARDO FERREIRA FARIA

EFEITO DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO PECUÁRIA-

FLORESTA NA RECUPERAÇÃO DE LARVAS

INFECTANTES DE NEMATOIDES TRICOSTRONGILÍDEOS

DE OVINOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação

em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia.

Área de concentração: Zootecnia.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes

Sinop, Mato Grosso

Novembro de 2014

iii

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

iv

v

Dedico este trabalho a minha amada esposa Paula Rodrigues Pinto Faria e ao meu filho Jorge

Rodrigues Faria.

vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as dádivas recebidas.

À Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop, pela oportunidade de

realização do curso de mestrado.

Ao Dr. Luciano Bastos Lopes, por ter me orientado mesmo estando ciente das minhas

limitações de tempo e por ter viabilizado a realização deste estudo nas dependências da

Embrapa Agrossilvipastoril. Obrigado pela confiança e por suas considerações sempre

pertinentes a respeito deste trabalho.

Ao meu coorientador, Dr. Artur Kanadani Campos, por toda a sua dedicação a este

estudo desde a elaboração do projeto até a concessão de seu laboratório e de sua equipe para a

realização das análises. Não poderia deixar de agradecer por compartilhar muito de seu

conhecimento comigo.

Ao Dr. Douglas dos Santos Pina pela generosa contribuição para a realização deste

trabalho.

A médica veterinária Daniela dos Reis Krambeck e a toda equipe do Laboratório de

Parasitologia Veterinária do HOVET-Sinop, por sua dedicação inquestionável para que este

estudo fosse realizado.

Aos amigos Dr. Bruno Gomes de Castro e Dr. Ian Philippo Tancredi, os quais

considero grandes exemplos e também pelo estímulo ao ingresso no meio científico.

Aos meus colegas de centro cirúrgico, Prof. Dr. Domingos de Faria Júnior e Profa.

Dra. Elaine Dione Venêga da Conceição, por compreenderem minhas ausências durante os

dias de coleta. Obrigado pelo incentivo!

vii

“ Eu andarei vestido e armado com as armas de São

Jorge, para que meus inimigos tendo pés não me

alcancem, tendo mãos não me toquem, tendo olhos

não me vejam e nem mesmo em pensamento possam

me fazer mal.”

Trecho da Oração de São Jorge

viii

BIOGRAFIA

Eduardo Ferreira Faria, filho de Carlos Magnus Faria e Marcia Ferreira Nunes Faria,

nascido em 07 de agosto de 1982 no Rio de Janeiro-RJ.

No ano de 2000 ingressou no curso de Bacharelado em Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Mato grosso, no município de Cuiabá-MT. Obteve a graduação em

outubro de 2005. Deste período a setembro de 2008, atuou como médico veterinário na

iniciativa privada.

Em outubro de 2008 ingressou, por meio de concurso público, no corpo de técnicos

administrativos em educação da Universidade Federal de Mato Grosso- Campus Sinop,

atuando no Hospital Veterinário desta instituição.

Ingressou no curso de especialização Lato Sensu em Gestão Hospitalar na UNINTER

em agosto de 2011 e conclui o mesmo em setembro de 2012 obtendo assim o título de

especialista.

Em março de 2013 ingressou no curso de Pós-Graduação Strictu Sensu, nível de

mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato

Grosso-Campus Sinop.

ix

RESUMO

FARIA, Eduardo Ferreira. Dissertação de Mestrado (Zootecnia), Universidade Federal de

Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, Novembro de 2014, 48 f. Efeito do sistema de

integração pecuária-floresta na recuperação de larvas infectantes de nematoides

tricostrongilídeos de ovinos Orientador: Prof. Dr. Luciano Bastos Lopes. Coorientador: Prof.

Dr. Artur Kanadani Campos.

Os nematoides tricostrongilídeos são vermes capiliformes que parasitam o trato

gastrointestinal de ruminantes causando graves injúrias, como gastroenterites severas e

quadros agudos de anemia. A espécie ovina apresenta grande susceptibilidade a estes

parasitas, inclusive em animais adultos. O controle desta doença parasitária no rebanho ovino

é tradicionalmente feito com o uso de antihelmínticos. Entretanto, diversos métodos

alternativos de controle vem surgindo como opções e entre eles encontra-se a utilização do

sistema de integração pecuária-floresta. O objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente

a recuperação de larvas de nematoides tricostrongilídeos (L3) de ovinos em sistema

integração Pecuária-Floresta (Tratamento A) e monocultivo de pastagem (Tratamento B),

avaliando a influência das quatro estações do ano. O estudo foi implantado no campo

experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, município de Sinop/MT, sendo realizado entre

os meses de dezembro de 2013 e setembro de 2014. A cada estação do ano, cada tratamento

recebeu trinta amostras de fezes com aproximadamente 20 gramas e 60.000 ovos de

nematoides tricostrongilídeos. Ao final de quatorze dias, foram recolhidas as fezes

remanescentes no campo, o solo abaixo da área de deposição e a forragem adjacente as fezes.

Este material foi encaminhado ao laboratório para a determinação do número de larvas

infectantes por quilograma de matéria seca (L3/Kg MS) nos três materiais coletados. A

recuperação de larvas infectantes foi possível em todas as estações de coleta em todos os

materiais. Houve interação entre os tratamentos e as estações do ano (P<0,05). O tratamento

A apresentou maiores contagens de L3/Kg MS em forragem nas coletas de primavera, verão e

inverno. As fezes coletadas no inverno foram o material que apresentou as maiores contagens

de L3/Kg MS no estudo, com 30.199 para o Tratamento A e 22.020 para o Tratamento B,

havendo diferença significativa entre estas (P<0,05). O solo também apresentou este

comportamento com 6.112,74 L3/Kg MS no Tratamento A e 4.847,56 no tratamento B com

diferença significativa entre estas (P<0,05).

x

ABSTRACT

FARIA, Eduardo Ferreira. Master Thesis (Animal Science), Federal University of Mato

Grosso, Campus of Sinop, November 2014, 48 f. Effect of livestock-forest integration system

in the recovery of infective larvae of nematodes of sheep trichostrongylids Advisor: Prof. Dr.

Luciano Bastos Lopes. Co advisor: Prof. Dr. Arthur Kanadani Campos.

The trichostrongylids nematodes are capiliformes worms infecting the gastrointestinal tract of

ruminants causing serious injuries, such as severe gastroenteritis and acute cases of anemia.

The ovine species has great susceptibility to these parasites, including adult animals. The

control of this parasitic disease in herd sheep is traditionally made with the use of

anthelmintics. However, several alternative methods of control is emerging as options and

among them is the utilization of livestock-forest integration system. The objective of this

study was to comparatively evaluate the recovery of larvae of nematodes trichostrongylids

(L3) of sheep integration Livestock-Forest system (Treatment A) and pasture monoculture

(Treatment B), evaluating the influence of the four seasons. The study was implemented in

the experimental field of Embrapa agrosilvopastoral, Sinop / MT, being held between the

months of December 2013 and September 2014. Each season, each treatment received thirty

fecal samples with approximately 20 grams and 60,000 trichostrongylids nematode eggs. At

the end of fourteen days, the remaining faeces were collected from the field, the soil below

the deposition area and the adjacent fodder feces. This material was sent to the laboratory for

determining the number of infective larvae per kilogram of dry matter (L3 / kg MS) in the

three collected materials. The recovery of infective larvae was achieved at all sampling

stations in all materials. There was an interaction between treatments and seasons (P <0.05).

The treatment A had higher counts of L3 / kg MS in forage in the spring collection, summer

and winter. Feces collected in winter were the material that had the highest scores of L3 / kg

MS in the study, with 30 199 to 22 020 for Treatment A and Treatment B, with significant

difference between them (P <0.05). Soil also showed this behavior 6112.74 L3 / kg MS in

Treatment A and Treatment B 4847.56 in a significant difference between these (P <0.05).

xi

ANEXOS

Tabela 1. Temperatura (ºC) e umidade (%) relativa do ar em seus valores médios,

máximos e mínimos, nos períodos em que as fezes contaminadas com ovos de

nematoides tricostrongilídeos permaneceram no campo em meio à pastagem durante

três estações do ano (Outono, Inverno e Primavera) no ambiente com pastagem

monocultivada.

27

Tabela 2. Temperatura e umidade relativa do ar em seus valores médios, máximos e

mínimos, nos períodos em que as fezes contaminadas com ovos de nematoides

tricostrongilídeos permaneceram no campo em meio à pastagem durante três estações

do ano (Outono, Inverno e Primavera) no sistema integração pecuária-floresta.

28

Figura 1. Sistema de integração pecuária-floresta com renques triplos de

eucalipto e espaçamento entre renques de quinze metros.

29

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por

quilograma de matéria seca recuperadas de forragem em coletas realizadas nas

quatro estações do ano, quatorze dias após a deposição de amostras fecais de ovinos

com ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

21

Tabela 2. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por

quilograma de matéria seca recuperadas de solo em coletas realizadas nas quatro

estações do ano, quatorze dias após a deposição de amostras fecais de ovinos com

ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

22

Tabela 3. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por

quilograma de matéria seca recuperadas de fezes em coletas realizadas nas quatro

estações do ano, quatorze dias após a deposição de amostras fecais de ovinos com

ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

22

xiii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

L1 Larvas de primeiro estágio

L2 Larvas de segundo estágio

L3 Larvas de terceiro estágio ou infectantes

L4 Larvas de quarto estágio

L5 Larvas de quinto estágio/ adultos

Trat. Tratamento

MT Mato Grosso

et al. E outros

L3/Kg MS Larvas infectantes por quilograma de matéria seca

ml Mililitros

OPG Ovos por grama de fezes

mm Milímetros

iLP Integração lavoura-pecuária

iPF Integração pecuária-floresta

iLF Integração lavoura-floresta

iLPF Integração lavoura-pecuária-floresta

VG% Volume globular

cm Centímetros

ºC Graus Celsius

xiv

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01

1- NEMATOIDES TRICOSTRONGILÍDEOS 02

1.1-Nematoides tricostrongilídeos 02

1.2- Principais gêneros de nematoides tricostrongilídeos 04

1.3- Fontes de variação para a recuperação de larvas na pastagem 05

1.4- Utilização de bolo fecal como reservatório de larvas no campo 07

2- SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO 09

2.1- Caracterização 09

2.2- Influências dos sistemas integrados sobre a população de nematoides 11

3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 13

CAPÍTULO 1 16

Resumo 17

Abstract 18

1. Introdução 19

2. Material e métodos 19

2.1- Campo experimental 19

2.2- Obtenção de fezes com ovos de nematoides tricoostrongilídeos 19

2.3- Módulos experimentais 20

2.4- Deposição das fezes 20

2.5- Coleta do material e Exames laboratoriais 20

2.6- Análise estatística 20

3. Resultados e Discussão 21

4. Considerações finais 24

5. Referências 24

1

INTRODUÇÃO GERAL

A cadeia da ovinocultura apresenta números expressivos. IBGE (2010) contabilizou o

rebanho ovino nacional em aproximadamente 17.380.581 cabeças, sendo o estado do Mato

Grosso responsável por cerca de 3,2% do rebanho nacional, com cerca de 549.484 cabeças.

Os números referentes a esta atividade demonstram seu potencial para a geração de alimento,

emprego, renda e faturamento.

A sanidade do rebanho é um dos maiores gargalos da cadeia da ovinocultura. Entre

todos os problemas sanitários que possam acometer animais da espécie ovina, podemos

destacar as parasitoses gastrointestinais, com especial atenção as infestações causadas por

nematoides tricostrongilídeos. Estas nematodioses podem causar prejuízos diretos com a

morte dos animais ou a diminuição em seu desempenho, mas também causam prejuízos

indiretos a cadeia produtiva, com os gastos referentes à aquisição e dosificação de fármacos

antihelmínticos.

A utilização de métodos alternativos de controle de nematoides pode ser uma opção

para a redução nos custos com utilização de antihelmínticos. Entre os diversos métodos

alternativos, podemos destacar a utilização de sistema de integração pecuária-floresta. O

potencial deste sistema para a redução da carga ambiental de nematoides parasitas de bovinos

está sendo apontado por alguns autores (SOCA et al. 2002; SOCA et al. 2003; SOCA et al.

2007).

Diante deste cenário, o objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente a

recuperação ambiental de larvas de nematoides tricostrongilídeos parasitas de ovinos entre os

sistemas integração pecuária-floresta e concencional com monocultivo de pastagem.

O produto final deste estudo será apresentado no Capítulo 1 sob forma de artigo

científico, ainda não traduzido, de acordo com as normas do periódico Agroforestry Systems

ISSN: 1572-9680.

2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1 - NEMATOIDES TRICOSTRONGILÍDEOS

1.1 Nematoides tricostrongilídeos

Os tricostrongilídeos são nematoides parasitas pertencentes a Superfamília

Trichostrongyloidea e Família Trichostrongylidae. Os tricostrongilídeos são vermes pequenos

e quase sempre filiformes no grupo com presença de bolsa copuladora, que com exceção ao

verme pulmonar Dictyocaulus, parasitam o trato alimentar de mamíferos e aves. Estes

nematoides possuem bolsa copuladora bem desenvolvida e espículos, cuja configuração é

utilizada para a diferenciação entre espécies. A distribuição geográfica destes parasitas é

mundial, apresentando grande importância nas regiões tropicais e subtropicais (Taylor et

al.,2011)

De acordo com Bowman et al. (2010) os tricostrongilídeos são comuns e patogênicos

especialmente para ruminantes a pasto. Porém, os suínos, equinos, felinos e pássaros também

são espécies de hospedeiros importantes. Os autores afirmaram que o abomaso e o intestino

delgado são os principais locais de parasitismo nos ruminantes e o período pré-patente destes

nematoides pode variar entre três a cinco semanas, dependendo da espécie envolvida.

O ciclo biológico dos nematoides tricostrongilídeos se inicia com a eliminação de ovos

nas fezes do hospedeito definitivo. Em condições favoráveis de temperatura e umidade, as

larvas de primeiro estágio se desenvolvem. Esta fase larvar é liberada no conteúdo fecal se

alimentando de organismos em decomposição passando pelos estágios segundo e terceiro em

cerca de sete dias após a eliminação das fezes com ovos no ambiente. Os hospedeiros

definitivos se contaminam ao ingerir as L3 que são o estágio infectante. No rúmem do animal,

as larvas perdem a cutícula remanescente de L2 que as impedia de se alimentar e se dirigem

3

ao local de parasitismo que varia conforme a espécie de nematoide envolvida, podendo ser no

abomaso ou intestino delgado onde passam aos estágios quarto e quinto e se tornam adultos.

Fixam-se no local, copulam e então ocorre a postura pela fêmea (Monteiro et al., 2011).

Com relação a importância em Medicina Veterinária, Monteiro et al. (2011)

afirmaram que os tricostrongilídeos causam enfermidade grave, com considerável mortalidade

e alta morbidade, principalmente em ruminantes. Estes autores atribuíram alta

susceptibilidade aos bovinos jovens e um certo grau de imunidade aos adultos. Na espécie

ovina, os autores afirmaram que mesmo em adultos podem ocorrer infecções graves, com a

presença de diversos agentes em uma mesma infestação. Dentre os gêneros mais importantes,

estão Trichostrongylus spp., causador de severa gastroenterite com diarreia negra e fétida,

causando grave impacto econômico a produção; e o Haemonchus spp., que possui hábito

hematófago e pode ingerir até 0,05 mL de sangue por dia. Em altas infestações por este

parasita animais adultos podem perder até 250 mL de sangue por dia, podendo levar a quadros

de anemia extremamente agudos; Cooperia, que promove irritação das vilosidades intestinais

com consequente aumento do peristaltismo causando diarreia e grandes prejuízos.

Em relação a identificação de alguns nematoides tricostrongilídeos, Bowman et al.

(2010) afirmaram que Trichostrongylus são capiliformes com menos de sete milímetros de

comprimento, sem aumentos cefálicos e virtualmente sem cápula bucal. Os espículos são

curtos, torcidos e normalmente pontudos. Ostertagia e Teladorsagia medem menos de

quatorze milímetros, apresentam coloração marrom, cavidade bucal curta e larga e dois ou

três espículos curtos e pontudos, sendo praticamente indistinguíveis entre si. Haemonchus

apresentam até trinta milímetros de comprimento e cavidade bucal munida de lanceta. Os

machos possuem um raio dorsal assimétrico em sua bolsa e espículos curtos em forma de

cunha. As fêmeas possuem o útero branco, preenchido com ovos, que em espiral em torno do

intestino repleto de sangue, dá a aparência conhecida por “bastão de barbeiro”. A vulva fica

4

localizada a cerca de um quarto do comprimento do parasito e pode ou não ser guarnecida por

um apêndice vulvar. Cooperia possui menos de nove milímetros, sua cutícula é

transversalmente estriada e levemente inflada na região do esôfago, a cavidade bucal é

pequena e os espículos são curtos e tem sulcos em suas extremidades.

Amarante et. al. (1997) avaliaram a especificidade em relação aos hospedeiros de

nematoides tricostrongilídeos de bovinos e ovinos. No estudo, ocorreu infecção cruzada por

nematoides entre as espécies bovina e ovina, e com o passar do tempo os animais eliminavam

os gêneros de nematoides que não eram adaptados a sua espécie.

A respeito de tratamento e profilaxia de infecções por nematoides tricostrongilídeos,

Taylor et al. (2011) afirmaram que medidas como o monitoramento constante do número de

ovos por grama de fezes (OPG) dos ovinos e a utilização eficaz de anti-helmínticos com

verificação constante da regulagem dos dosadores, evitando subdosagens, bem como o

monitoramento constante do perfil de sensibilidade aos anti-helmínticos e a escolha adequada

as espécies envolvidas na infecção do rebanho são estratégias eficientes para o controle destes

nematoides. Os autores também afirmaram que práticas de manejo também são importantes

neste controle. A utilização de pastejo consorciado entre bovinos e ovinos e a vermifugação

de ovelhas próximas ao parto também podem ser incluídas em programas de prevenção e

controle da infecção por nematoides tricostrongilídeos.

1.2 - Principais gêneros de nematoides tricostrongilideos

Torres et al. (2009) comprovaram a importância dos gêneros Haemonchus spp. e

Trichostrongylus spp. em um experimento com diferentes estratégias de pastejo rotacionado

com bovinos e ovinos, onde foi encontrado um número decrescente de larvas L3 em pastagem

de capim Tanzânia de Haemonchus spp; Trichonstrongylus spp; Oesophagostomum spp;

5

Strongyloides spp. e Cooperia spp. Demonstrando assim, que a prevalência destas espécies é

superior às demais.

Em um estudo comparando grupos de ovinos sob sistema de pastejo rotacionado com

e sem bovinos, Fernandes et al. (2004) demonstraram que houve predominância do gênero

Haemonchus spp. nas coproculturas, inclusive nas realizadas após a administração de anti-

helmínticos, comprovando a resistência desta espécie aos fármacos. O percentual médio de

Haemonchus spp. foi de 97% e 95% nas ovelhas manejadas com e sem bovinos,

respectivamente.

Amarante et al. (1996) avaliaram a contaminação por L3 em pastagens utilizadas por

bovinos e ovinos no período de um ano e realizaram exames coproparasitológicos periódicos

nos animais durante este período. Os autores relataram que as contagens mais elevadas de

OPG dos bezerros nos primeiros meses de seu experimento foram de Haemonchus, Cooperia

e Oesophagostomum. Nas ovelhas verificou-se em ordem decrescente de contagem de OPG,

os seguintes gêneros: Haemonchus, Trichostrongylus, Cooperia e Oesophagostomum.

1.3 – Fontes de variação para a recuperação de larvas na pastagem

O estudo da relação entre a variação de condições ambientais e a migração de larvas

infectantes (L3) em pastagens foi tema de inúmeras pesquisas. Rocha et al. (2007) relataram

que o microclima criado nos diversos tipos de pastagens tem alta correlação com a quantidade

de larvas infectantes recuperadas nas mesmas. Os mesmos autores relataram um

comportamento sazonal na recuperação de L3 em virtude das variações climáticas entre as

estações do ano.

Krecek et al. (1991) apud Silva (2007) estudaram os efeitos da hora do dia e das

estações do ano nos números de larvas no terceiro estágio de H. contortus e H. placei, em

6

pastagem irrigada na África do Sul. Além disso, avaliaram a distribuição das larvas nos

diferentes estratos do capim. De acordo com os resultados obtidos, os autores recuperaram

número maior de larvas de H. contortus do que de larvas de H. placei. As maiores

recuperações de larvas de H. contortus ocorreram no verão e outono, enquanto as de H. placei

ocorreram em maior número na primavera e verão. As larvas das duas espécies foram

recuperadas em maior número na forragem localizada acima do solo do que da matéria

vegetal morta localizada sobre o solo ou do próprio solo. Estes autores também relataram não

haver variação no número de larvas recuperadas ao longo do dia.

Com relação à importância do clima no ciclo de vida dos nematoides, diversos estudos

já demonstraram que o aumento nos índices pluviométricos encontrado nos meses de verão é

um fator responsável pela maior recuperação de larvas infectantes nas pastagens (Lima et al.,

1997; Niezem et al., 1998; Rocha et al., 2007)

O clima brasileiro apresenta as estações seca e chuvosa bem demarcadas. Analisando

dados históricos de pluviosidade no estado de Mato Grosso, Marcuzzo et al. (2010) afirmaram

que os maiores índices pluviométricos neste estado foram registrados nas estações primavera

e verão entre os meses de outubro e março. Os mesmos autores também afirmaram que entre

os meses de julho e agosto são registrados os menores índices pluviométricos. Estes também

caracterizaram os meses de abril e setembro como meses de transição e mudança de

comportamento hídrico em Mato Grosso.

A pluviosidade está frequentemente relacionada com a oscilação da população de

helmintos em ruminantes. A interação entre pluviosidade e ambiente fecal associada à

contaminação das pastagens por larvas de nematoides já havia sido caracterizada como

aspecto de grande relevância na epidemiologia das helmintoses por Roberts et al. (1952)

apud Amarante et al. (1996). Estes autores afirmaram que as chuvas não seriam necessárias

para o desenvolvimento de ovos e larvas até o estágio infectante em ambiente fecal bovino,

7

uma vez que a umidade existente nas fezes seria suficiente para propiciar este

desenvolvimento. Entretanto, as chuvas seriam necessárias para a ocorrência da migração das

larvas para as pastagens.

1.4 - Utilização de bolo fecal como reservatório de larvas no campo

A dinâmica populacional dos helmintos gastrintestinais sofre grande influência de

fatores climáticos e ambientais, principalmente nos estágios de vida livre. Quinelato (2010)

afirmou que o conhecimento das interações entre estes componentes é fundamental para o

desenvolvimento de programas de controle de helmintos eficientes, visto que possibilitam a

avaliação do risco de infecção para os animais.

Um dos pontos chave no ciclo de vida de alguns parasitas é o bolo fecal. As fezes do

hospedeiro são fundamentais para a dispersão e maturação dos ovos, desenvolvimento das

larvas até seu estágio infectante e manutenção de condições microclimáticas necessárias para

a sobrevivência de ovos e larvas no ambiente durante a época seca do ano. Catto (1982) apud

Amarante et al. (1996) afirmaram que o bolo fecal de bovinos oferece condições a evolução e

sobrevivência de larvas infectantes durante toda a estação seca do ano. Niezem et al. (1998)

identificaram uma correlação inversa entre a velocidade de degradação das fezes com a

disponibilidade de larvas contaminantes nas pastagens.

Em relação à influência da umidade sobre a atividade parasitária relacionada ao bolo

fecal, Stromberg (1997) afirmou que seria necessário um nível adequado deste fator para a

realização da migração das larvas das fezes para a pastagem. De acordo com o autor, em

casos de muita chuva o bolo fecal sofre uma maior desintegração promovida pelo impacto das

gotas de água, sendo esse fator o responsável por uma degradação mais rápida das fezes. Este

possível benefício pode ser compensado negativamente pela dispersão que a chuva promove

8

às larvas por uma maior área. O autor também citou que em casos de ressecamento do bolo

fecal, parte das larvas pode migrar para o solo abaixo da placa fecal em decorrência de uma

maior umidade retida por este material.

Starke et al. (1992) em seu estudo de sobrevivência de larvas de nematoides de

bubalinos, afirmaram que as massas fecais avaliadas, nos períodos secos, permaneceram por

mais tempo como reservatórios de larvas infectantes (10 a 18 semanas) do que nos períodos

chuvosos e todas elas forneceram larvas para o capim. No período chuvoso, as massas fecais

permaneceram com larvas de 4 a 7 semanas e apenas 69% delas foram responsáveis pela

contaminação do capim.

Lima et al. (1997) avaliaram a dinâmica anual das helmintoses em bovinos de leite em

pastagens formadas por gramínea do gênero Brachiaria. Com base nos resultados do estudo,

os autores afirmaram que os animais utilizados no estudo foram infectados durante todo o

ano. O autor atribuiu este fato às condições de umidade oferecidas pelo bolo fecal para a

manutenção e desenvolvimento dos estágios de vida livre dos nematódeos. O mesmo autor

afirmou que um baixo índice de precipitação foi suficiente para a migração das larvas das

fezes para as pastagens.

Amarante et al. (1996) encontraram número expressivo de larvas infectantes em

pastagens formadas por gramínea da espécie Cynodon dactylon mesmo durante um severo

período de seca com precipitações mensais inferiores a 23 mm entre os meses de junho a

agosto. Os autores creditaram parte deste efeito à sobrevivência de ovos e larvas em

condições microclimáticas favoráveis no ambiente fecal.

Quanto à variabilidade de espécies que utilizam o ambiente fecal como meio de

proteção das intempéries ambientais, Boom e Sheat (2008) analisaram a dinâmica parasitária

em diferentes distâncias do bolo fecal através de colheita de capim, em diferentes estações do

ano e em diferentes topografias. No estudo, a distância do bolo fecal e o componente

9

topográfico não afetaram a proporcionalidade das espécies que haviam na amostra inicial. Por

outro lado, houve uma interferência na proporcionalidade de espécies de acordo com as

estações do ano, sugerindo que as condições climáticas também exercem pressão de seleção

nestes parasitas.

2 SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO

2.1 Caracterização

Os sistemas silvipastoris ou agrossilvipastoris trazem grandes possibilidades de

aproveitamento das áreas de pastagens já abertas. Após anos de derrubada de árvores para

abertura dessas áreas, o plantio de árvores ou permissão da regeneração de espécies nativas

por meio de roçadas seletivas proporciona novas formas de exploração.

Os sistemas integrados de produção podem se enquadrar em quatro modalidades de

sistemas integrados, sendo elas: iLP ou agropastoril descrito com um sistema que integra os

componentes agrícola e pecuária em regime de sucessão, rotação ou consórcio em uma

mesma área durante apenas uma safra agrícola ou então em safras múltiplas; iPF ou

silvipastoril, caracterizada como uma modalidade em que o sistema florestal está consorciado

ao componente pecuário; iLF ou silviagrícola, sendo este um sistema em que são integrados

os componentes florestal e agrícola por meio de consórcio; por fim o sistema iLPF ou

agrossilvipastoril, sendo caracterizado com um sistema de produção em que existe a

integração de componentes florestais, agrícolas e pecuários em regimes de rotação, consórcio

ou sucessão na mesma área. Neste, o componente agrícola pode ser utilizado apenas na fase

inicial de implantação dos componentes pecuária e/ou floresta, pode ser utilizado

10

periodicamente a cada safra ou também pode ser utilizado para a recuperação de solo das

áreas que já receberam muitos ciclos de pecuária (Balbino et al., 2011).

Diversos autores apontam uma série de benefícios que a introdução de sistemas

integrados podem contribuir para a cadeia pecuária. Destacam-se entre eles o aumento no

conforto térmico proporcionado aos animais pela presença de sombreamento nas áreas de

pastagens; incremento no ciclo orgânico nestas áreas principalmente quando se utilizam

espécies fixadoras de nitrogênio para arborização; fornecimento de insumos como lenha,

postes, mourões e madeira para a propriedade rural e para comércio ou consumo próprio;

controle de erosão em áreas degradadas; oferta de pastagem de melhor qualidade no período

da seca em razão da maior retenção de água em solos submetidos a este tipo de sistema

(GARCIA E ANDRADE, 2001; BALBINO et al. 2011).

Hernández et al. (2008) concluíram que solos de áreas submetidas a sistema

silvipastoril foram mais férteis do que solos monocultivados. Os autores atribuíram este fato a

uma maior incorporação de matéria orgânica e outros indicadores químicos ao solo. Este fato

corrobora as informações sobre a melhor qualidade das pastagens destes sistemas.

Franchini et al. (2011) avaliaram economicamente um sistema integrado envolvendo

pecuária leiteira, lavoura e floresta de Eucalipto urograndis. Estes autores afirmaram que a

margem bruta obtida neste tipo de sistema foi alta e a renda bruta foi superior às obtidas com

soja e Eucalipto maculata. De acordo com os resultados de seu estudo, estes concuíram que

Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta constituem adequada oportunidade para

aumentar a produtividade da terra, proporcionando múltiplos produtos, além de contribuir na

conservação de recursos ambientais.

Os sistemas integrados de produção são sistemas dinâmicos e seu estudo está

intimamente ligado ao sucesso na implantação dos mesmos. A sanidade animal é um fator

importante a ser considerado devido aos grandes prejuízos que podem ser causados pela ação

11

de microorganismos e parasitas quando se deseja fazer qualquer modificação em um sistema

pecuário.

Bianchin (1991) afirmou que no Brasil, devido ao clima tropical com presença de

calor e umidade durante boa parte do ano, as parasitoses gastrointestinais se destacam como

um dos problemas sanitários que causam maior prejuízo ao pecuarista. Este fator se deve não

somente aos efeitos patogênicos destes parasitas, mas também ao aporte financeiro consumido

para o tratamento dos rebanhos parasitados, pois cerca de 80% das aplicações de anti-

helmínticos realizadas por criadores são ineficazes devido à aplicação realizada em época

errada, tratamento de categoria animal inapropriada e até mesmo por problemas com

resistência aos princípios ativos utilizados. Bianchin (1996) estimou que no Brasil se gasta

cerca de 130 milhões de dólares por ano com fármacos antihelmínticos, demonstrando assim

o impacto financeiro que os helmintos causam a atividade pecuária.

2.2 - Influências dos sistemas integrados sobre a população de nematoides

A compreensão da tríade parasita-hospedeiro-ambiente é de importância fundamental

quando se tem por objetivo o controle das parasitoses. A fase de vida livre dos nematoides

parasitas de ruminantes apresenta grande susceptibilidade às condições climáticas e também a

outros fatores como predadores e competidores presentes no ecossistema.

Alguns estudos demonstrararm que pastagens integradas a componentes florestais

podem reduzir a carga parasitária dos rebanhos submetidos a este tipo de sistema. Destacam-

se entre os fatores responsáveis por promover este fenômeno a melhor condição corporal dos

animais que pastejam nestas áreas pela maior qualidade das forragens destes locais e o

enriquecimento da biodiversidade destas áreas com a atração de coleópteros e outros

predadores de larvas de nematódeos, além de besouros coprófagos que competiriam por

12

substrato com as larvas de helmintos parasitas (Soca et al., 2003; Soca et al., 2007). Estes

coleópteros promovem um enterramento e consumo das fezes no campo diminuindo a

disponibilidade de material para o desenvolvimento de larvas infectantes de nematoides (Soca

et al., 2002).

Silva e Vidal (2007) observaram que besouros da família Scarabaiedae são

extremamente benéficos em áreas de criação de bovinos pelo enterramento de massas fecais

com diminuição da disponibilidade das mesmas a diversos parasitas que se utilizam deste

material.

Da mesma forma, a implantação de sistemas silvipastoris no Brasil também

demonstrou a atração de uma maior fauna edáfica para estes ambientes corroborando as

afirmações dos autores supracitados (Campiglia, 2002).

Em outro estudo também realizado no Brasil, Auad e Carvalho (2011) demonstraram

que o sistema silvipastoril apresentou abundância de indivíduos benéficos a áreas de criação

de gado bovino, assim como predominância de famílias com representantes de hábito

alimentar compatível com o controle de pragas.

Por outro lado, outros autores demonstraram que em boas condições de temperatura e

umidade a presença de besouros coprófagos pode, ao contrário do que já foi relatado,

aumentar a disponibilidade de larvas infectantes. Supõe-se que isso ocorra devido a uma

maior oxigenação dos ovos de helmintos promovida pela formação de galerias nas massas

fecais (Chirico et al., 2003).

Mendonça (2009) em um estudo conduzido na região leste do estado de Minas Gerais,

observou que novilhas Girolanda submetidas a sistema silvipastoril com arborização nativa da

pastagem com predominância da espécie Pterodon pubescens, não obtiveram ganho de peso

superior nem tampouco reduziram as contagens de OPG em relação às novilhas submetidas a

sistema convencional de pastagem.

13

Diante do exposto, com a demonstração de antagonismo entre as informações

referentes ao comportamento dos nematoides parasitas de animais submetidos a sistemas

integrados, o presente estudo objetivou avaliar comparativamente a recuperação de larvas de

nematoides tricostrongilídeos entre um arranjo de sistema integrado pecuária-floresta e

pastagem monocultivada. Avaliou-se também a influência das estações do ano sobre a

recuperação das referidas larvas.

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16

CAPÍTULO 1

Efeito do sistema de integração pecuária-floresta na recuperação

de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos de ovinos

17

Efeito do sistema de integração pecuária-floresta na recuperação de larvas infectantes de nematoides

tricostrongilídeos de ovinos

Eduardo Ferreira Faria1, Daniela dos Reis Krambeck1, Douglas dos Santos Pina2, Artur Kanadani Campos3 e

Luciano Bastos Lopes4

Resumo

Os nematoides tricostrongilídeos são vermes capiliformes que parasitam o trato gastrointestinal de ruminantes

causando graves injúrias, como gastroenterites severas e quadros agudos de anemia. A espécie ovina apresenta

grande susceptibilidade a estes parasitas, inclusive em animais adultos. O controle desta doença parasitária no

rebanho ovino é tradicionalmente feito com o uso de antihelmínticos. Entretanto, diversos métodos alternativos

de controle vem surgindo como opções e entre eles encontra-se a utilização do sistema de integração pecuária-

floresta. O objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente a recuperação de larvas de nematoides

tricostrongilídeos (L3) de ovinos em sistema integração Pecuária-Floresta (Tratamento A) e monocultivo de

pastagem (Tratamento B), avaliando a influência das quatro estações do ano. O estudo foi implantado no campo

experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, município de Sinop/MT, sendo realizado entre os meses de

dezembro de 2013 e setembro de 2014. A cada estação do ano, cada tratamento recebeu trinta amostras de fezes

com aproximadamente 20 gramas e 60.000 ovos de nematoides tricostrongilídeos. Ao final de quatorze dias,

foram recolhidas as fezes remanescentes no campo, o solo abaixo da área de deposição e a forragem adjacente as

fezes. Este material foi encaminhado ao laboratório para a determinação do número de larvas infectantes por

quilograma de matéria seca (L3/Kg MS) nos três materiais coletados. A recuperação de larvas infectantes foi

possível em todas as estações de coleta em todos os materiais. Houve interação entre os tratamentos e as

estações do ano (P<0,05). O tratamento A apresentou maiores contagens de L3/Kg MS em forragem nas coletas

de primavera, verão e inverno. As fezes coletadas no inverno foram o material que apresentou as maiores

contagens de L3/Kg MS no estudo, com 30.199 para o Tratamento A e 22.020 para o Tratamento B, havendo

diferença significativa entre estas (P<0,05). O solo também apresentou este comportamento com 6.112,74 L3/Kg

MS no Tratamento A e 4.847,56 no tratamento B com diferença significativa entre estas (P<0,05).

Palavras chave: Sistema iPF; Ovinocultura; Infecção parasitária

1 Mestrandos do Programa de Pós Graduação em Zootecnia-ICAA- UFMT; Avenida Alexandre Ferronato nº

1200 Setor Industrial, Sinop-MT; (66) 3531-1663; [email protected], [email protected].

2 Professor Adjunto, Curso de Zootecnia, ICAA- UFMT. Avenida Alexandre Ferronato, nº 1200 Setor

Industrial, Sinop-MT; (66) 3531-1663; [email protected].

3 Professor Adjunto, Departamento de Veterinária, UFV; Avenida Peter Henry Rolfs, s/n - Campus Universitário,

Viçosa – MG; (31) 3899-2200; [email protected].

4 Pesquisador A em Sanidade Animal, Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop-MT; Rodovia MT, nº 222, Km 2,5,

Zona Rural, Sinop-MT; (66) 3211-4241; [email protected].

18

Effect of integration livestock-forest system in the recovery of infective larvae of nematodes

trichostrongylids of sheep

Abstract

The trichostrongylids nematodes are capiliformes worms infecting the gastrointestinal tract of ruminants causing

serious injuries, such as severe gastroenteritis and acute cases of anemia. The ovine species has great

susceptibility to these parasites, including adult animals. The control of this parasitic disease in herd sheep is

traditionally made with the use of anthelmintics. However, several alternative methods of control is emerging as

options and among them is the utilization of livestock-forest integration system. The objective of this study was

to comparatively evaluate the recovery of larvae of nematodes trichostrongylids (L3) of sheep integration

Livestock-Forest system (Treatment A) and pasture monoculture (Treatment B), evaluating the influence of the

four seasons. The study was implemented in the experimental field of Embrapa agrosilvopastoral, Sinop / MT,

being held between the months of December 2013 and September 2014. Each season, each treatment received

thirty fecal samples with approximately 20 grams and 60,000 trichostrongylids nematode eggs. At the end of

fourteen days, the remaining faeces were collected from the field, the soil below the deposition area and the

adjacent fodder feces. This material was sent to the laboratory for determining the number of infective larvae per

kilogram of dry matter (L3 / kg MS) in the three collected materials. The recovery of infective larvae was

achieved at all sampling stations in all materials. There was an interaction between treatments and seasons (P

<0.05). The treatment A had higher counts of L3 / kg MS in forage in the spring collection, summer and winter.

Feces collected in winter were the material that had the highest scores of L3 / kg MS in the study, with 30 199 to

22 020 for Treatment A and Treatment B, with significant difference between them (P <0.05). Soil also showed

this behavior 6112.74 L3 / kg MS in Treatment A and Treatment B 4847.56 in a significant difference between

these (P <0.05).

Keywords: IPF system; Sheep; parasitic infection

19

1- INTRODUÇÃO

Os nematoides tricostrongilídeos são vermes capiliformes que em geral parasitam o trato

gastrointestinal de ruminantes causando injúrias graves com consideráveis taxas de morbidade e mortalidade,

sendo responsáveis por causar grandes prejuízos econômicos à atividade pecuária. A espécie ovina apresenta

grande susceptibilidade a estes parasitas, inclusive em animais adultos. Os ovinos podem sofrer infecções graves

com o envolvimento de múltiplos gêneros de nematoides tricostrongilídeos e os animais infectados por estes

parasitas podem desenvolver diversos quadros clínicos. Dentre eles, destacam-se a anemia aguda causada por

vermes do gênero Haemonchus e a severa gastroenterite causada pelos vermes do gênero Trichostrongylus

(Monteiro et al., 2011)

Taylor et al. (2011) afirmaram que o monitoramento constante do número de ovos por grama de fezes

(OPG) dos ovinos para avaliar a carga parasitária e a realização de vermifugações criteriosas podem promover o

controle das infestações por nematoides tricostrongilídeos. Estes autores também afirmaram que diferentes

estratégias de manejo também podem ser utilizadas de maneira eficiente para a obtenção da prevenção e/ou

controle de infecções por estes parasitas.

O sistema de integração pecuária-floresta está sendo apontado como um possível método alternativo no

controle destas parasitoses devido a capacidade que este tipo de sistema tem de atrair uma maior fauna edáfica

que incluiria predadores de helmintos e competidores por substrato, diminuindo assim a carga parasitária

disponível no ambiente (Soca et al., 2002; Auad e Carvalho, 2011).

Esudos demonstraram que este tipo de sistema produtivo pode causar benefícios aos animais

principalmente com relação ao conforto térmico, com menor incidência de radiação solar, temperaturas mais

amenas e maior retenção de umidade (Garcia e Andrade, 2001; Balbino et al. 2011). Entretanto, as temperaturas

amenas e a manutenção da umidade também podem favorecer o desenvolvimento e a manutenção de larvas de

nematoides no ambiente.

Diante deste cenário, este estudo teve por objetivo avaliar de modo comparativo a recuperação de larvas

infectantes de nematoides tricostrongilídeos oriundos de hospedeiros da espécie ovina entre os sistemas

integração pecuária-floresta e pastagem convencional com monocultivo de forrageira.

2- MATERIAL E MÉTODOS

2.1- Campo experimental

O projeto foi implantado no campo experimental da Embrapa Agrossilvipastoril, localizados no

município de Sinop–MT, latitude 11 51’ 43’’ Sul, longitude 55 35’ 27’’ Oeste e 384 m de altitude em relação

ao nível do mar. De acordo com a classificação de Koppen, o clima da região é Aw (clima tropical com

concentração de chuvas no verão e inverno seco). A área do estudo é composta por piquetes formados com

Brachiaria brizantha cv Piatã, no qual foram avaliados o tratamento A: Pastagem monocultivada a pleno Sol e

tratamento B: Integração pecuária-floresta com renques triplos de eucalipto (Eucalyptus urograndis - clone H13)

e espaçamento entre renques de 15 metros. As áreas avaliadas no estudo não foram utilizados anteriormente por

nenhuma outra categoria ou espécie animal, sendo assim livres de contaminação por nematoides

tricostrongilídeos. Da mesma forma, durante a condução do trabalho, nenhum animal teve acesso aos piquetes

em avaliação.

2.2- Obtenção de fezes com ovos de nematoides tricostrongilídeos.

20

As amostras de fezes com ovos de nematoides tricostrongilídeos foram obtidas de 10 ovinos mestiços

naturalmente infectados, pertencentes ao Setor de Parasitologia Veterinária do Hospital Veterinário vinculado ao

Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Mato Grosso Campus Sinop. Foram realizadas

coproculturas periódicas destes animais de acordo com a técnica descrita por Ueno & Gonçalves (1998) para a

verificação da manutenção das populações de nematoides tricostrongilídeos.

A coleta de fezes tinha início três dias antes das deposições para que se obtivesse um volume fecal

adequado. Os animais receberam bolsas coletoras que foram recolhidas 2 vezes ao dia sendo então identificadas

e armazenadas sob refrigeração e protegidas contra a desidratação. O produto destas coletas gerou as amostras

que foram inoculadas no campo, sendo que estas possuíam vinte gramas e aproximadamente 60.000 (sessenta

mil) ovos de nematoides tricostrongilídeos.

2.3- Módulos experimentais

Com a finalidade de uniformizar a altura da pastagem, em momento prévio a cada deposição de fezes, a

área de deposição em ambos os tratamentos foi roçada para que a pastagem apresentasse uma altura padrão de 30

cm. Nestas áreas, de maneira aleatória, foram demarcados por meio de bandeiras numeradas, 30 módulos por

tratamento. Sendo estes os locais de deposição das fezes em meio a pastagem.

2.4- Deposição das fezes

Durante o período do estudo, com intervalos regulares de noventa dias, foram realizadas as deposições

de fezes. Deste modo, garantiu-se que cada tratamento recebesse deposição em cada uma das quatro estações do

ano. As fezes foram depositadas sobre o solo em meio a gramínea em cada um dos módulos previamente

marcados, sendo a deposição realizada sempre no mesmo horário (8:00 h).

2.5- Coleta do material e Exames laboratoriais

Quatorze dias após a deposição das fezes, em três horários distintos (às 06:00, 12:00 e 18:00 horas)

foram coletadas as amostras do campo, sendo estas compostas por fezes remanescentes, 2 cm de solo abaixo das

mesmas e pastagem adjacente às fezes em um raio de 10 cm delimitado por um aro de metal. O diâmetro do aro

foi determinado com base no relato de que aproximadamente 90% das larvas não migram lateralmente além de

10 cm de distância das fezes como o descrito por Skinner e Todd (1980) apud Rocha et al. (2008). As larvas

foram extraídas destas amostras pela técnica de Baerman modificada de Ueno (Ueno & Gonçalves, 1998). Após

24 h nos aparelhos de Baerman, as amostras (forragem, solo e fezes) foram colocadas em sacos de papel com o

peso previamente conhecido e depois foram transferidas para uma estufa a 100 ºC por 24 horas, para a

determinação de matéria seca de acordo com Silva e Queiroz (2002). As larvas recuperadas foram contadas sob

microscopia óptica e então obteve-se o quantitativo de larvas infectantes por quilograma de matéria seca (L3/ Kg

MS). As larvas recuperadas das amostras foram identificadas de acordo com Ueno & Gonçalves (1998), o que

permitiu o monitoramento da contaminação por outros nematoides.

2.6- Análise estatística

O estudo foi delineado de maneira inteiramente casualizada obedecendo um arranjo fatorial 2 X 4 com

dois tratamentos e quatro estações de coleta. A interação entre os tratamentos e as estações do ano foi analisada

nos três tipos de materiais avaliados, sendo eles forragem, solo e fezes. Os dados passaram por transformação

logarítmica (Log X) depois foram analisados através do Proc Mixed do SAS System®. Para melhorar a

compreensão, serão apresentadas nas tabelas as médias aritméticas.

21

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os resultados obtidos, foi possível verificar que a interação entre os tratamentos e as

estações do ano foi significativa (P<0,05) em relação ao número de larvas recuperadas para todos os materiais

avaliados. Verificou-se também a possibilidade de recuperação de larvas infectantes em todos os materiais nos

quatro períodos de coleta.

Foram obtidas expressivas contagens de L3/Kg MS em forragem nas coletas de primavera e verão, que

correspondem a estação chuvosa na Região Norte de Mato Grosso. Tal resultado é condizente com o

demonstrado por outros autores (Lima et al., 1997; Niezem et al., 1998; Rocha et al., 2007).

A maior contagem de L3/Kg MS em pastagem foi obtida na coleta do outono na gramínea proveniente

do sistema convencional com 5.870,20 L3/Kg MS (P<0,05). Entretanto, o sistema integração pecuária-floresta

apresentou superioridade nas contagens (P<0,05) das demais estações de acordo com os resultados descritos na

Tabela 1. Este resultado demonstrou que o sistema pecuária-floresta pode ser apontado como um fator de risco

para a ingestão de maior quantidade de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos oriundos de

hospedeiros ovinos.

A coleta do inverno, que corresponde ao ápice da estação seca no Norte de Mato Grosso, apresentou

recuperação de larvas infectantes em forragem significativamente inferior as demais estações (P<0,05). Este

resultado corrobora o demonstrado por Ndamukong e Ngone (1996) que em estudo realizado em Camarões,

também observaram maior recuperação de larvas durante a estação chuvosa daquela região. Os referidos autores

consideram a chuva como o fator climático de maior importância para o desenvolvimento e sobrevivência de

larvas no campo. Rocha et al. (2007) observaram ausência de recuperação de larvas infectantes em forragem nos

meses em que não ocorreram fenômenos pluviométricos. Boom e Sheat (2008) chegaram a afirmar que as

condições climáticas diferenciadas a cada estação do ano podem promover pressão de seleção, interferindo

assim, com a variabilidade entre as espécies de nematoides tricostrongilídeos recuperados no ambiente.

Dijk e Morgan (2011) afirmaram ser provável que a correlação positiva entre o surgimento de

contaminação nas pastagens e a chuva seja decorrente da liberação destas larvas de um meio reservatório.

Tabela 1. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por quilograma de matéria seca

recuperadas de forragem em coletas realizadas nas quatro estações do ano, quatorze dias após a deposição de

amostras fecais de ovinos com ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si (p<0,05). Letras minúsculas comparam valores nas linhas

e maiúsculas comparam valores nas colunas.

Khadijah et al. (2013) atribuíram grande importância à capacidade de retenção de umidade pelo solo

para a manutenção da vida de larvas infectantes. O presente estudo também verificou este fenômeno, com a

Sistema Estação do ano Erro Padrão da

Média

Primavera Verão Outono Inverno

iPF 4.889,68Ab 5.667,87Aa 4.607,28Bb 749,09Ac 292,59

Pleno Sol 3.887,76Bb 2.924,45Bc 5.870,20Aa 385,85Bd

22

observação de larvas nas camadas superficiais do solo durante todos os meses de coleta. No mês correspondente

ao ápice da seca na região de realização do estudo, foram recuperadas as maiores quantidades de L3/Kg MS em

solo(P<0,05). Estes resultados podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por quilograma de matéria seca

recuperadas de solo em coletas realizadas nas quatro estações do ano, quatorze dias após a deposição de

amostras fecais de ovinos com ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si (p<0,05). Letras minúsculas comparam valores nas linhas

e maiúsculas comparam valores nas colunas.

O material fecal apresentou as maiores recuperações de L3/ Kg MS na coleta do inverno para ambos os

tratamentos(P<0,05), sendo estas médias da ordem de 30.199 para o sistema integrado e 22.020 para o sistema

convencional, havendo diferença significativa entre as mesmas (P<0,05). Os resultados são descritos na Tabela

3.

Tabela 3. Médias de larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por quilograma de matéria seca

recuperadas de fezes em coletas realizadas nas quatro estações do ano, quatorze dias após a deposição de

amostras fecais de ovinos com ovos de nematoides tricostrongilídeos, em meio à pastagem em sistema de

integração pecuária-floresta e pastagem a pleno sol.

Médias seguidas por mesma letra, não diferem entre si (p<0,05). Letras minúsculas comparam valores nas linhas

e maiúsculas comparam valores nas colunas.

A observação de maior concentração (P<0,05) de L3/Kg MS na matéria fecal remanescente no mês de

junho (coleta de inverno) demonstra que este material também pode servir como reservatório para a permanência

destas larvas no campo até que o índice de umidade seja favorável a manutenção das mesmas na pastagem. Este

resultado foi condizente com o obtido por Silva (2007), que também verificou a presença de larvas em fezes de

ovino no mês de junho em estudo semelhante a este. O bolo fecal contaminado pode promover ambiente ideal

para estas larvas de helmintos, assegurando-lhe umidade e temperatura adequadas a manutenção da vida até que

esta condição seja restabelecida no ambiente (Starke et al., 1992; Lima et al., 1997; Stromberg ,1997; Almeida et

al., 2005). Por outro lado, Amarante et al. (1996) encontraram número expressivo de larvas infectantes nas

pastagens mesmo durante um severo período de seca com precipitações mensais inferiores a 23 mm entre os

Sistema Estação do ano Erro Padrão da

Média

Primavera Verão Outono Inverno

iPF 2.259,64Ac 2.731,61Bb 1.131,47Bd 6.112,74Aa 130,28

Pleno Sol 2.421,28Ac 3.336,56Ab 2.301,59Ac 4.847,56Ba

Sistema Estação do ano Erro Padrão da

Média

Primavera Verão Outono Inverno

iPF 3.839,85Ac 1.638,84Bd 5.316,97Bb 30.199,00Aa 922,06

Pleno Sol 4.025,79Ac 2.578,18Ad 6.140,71Ab 22.020,00Ba

23

meses de junho a agosto. Os autores creditaram parte deste efeito à sobrevivência de ovos e larvas em condições

microclimáticas favoráveis no ambiente fecal.

A manutenção da viabilidade de ovos e larvas de nematoides tricostrongilídeos em fezes de ovinos, a

eliminação das cíbalas fecais de maneira dispersa (cobrindo uma grande área durante a defecação) e o tempo de

permanência das fezes no campo, que de acordo com Yeates et al. (2007), pôde ser observado durante um

período de pelo menos cinquenta dias, são características que demosntram o potencial que este material possui

para a contaminação ambiental.

A coleta de verão foi a única a demonstrar um padrão de comportamento em relação as contagens de

larvas infectantes. Nesta, as contagens de L3/ Kg MS em forragem foram de 5.667,87 no sistema de integração

pecuária-floresta e de 2.924,45 no sistema com monocultivo de pastagem. Observou-se assim, o comportamento

esperado quando estes dados são confrontados aos dos meios reservatórios com as médias de 2.731,61 e

3.336,56 para solo e 1.638,84 e 2.578,18 para fezes em sistema integrado e convencional respectivamente,

verificando assim uma proporcionalidade inversa. O pareamento destes dados permitiu a verificação do

deslocamento da concentração de larvas infectantes dos meios reservatórios para a forragem na época em que o

ambiente propicia melhores índices de umidade para a manutenção das mesmas.

Quando componentes florestais são associados a áreas de pecuária, a interação entre rebanhos

domésticos e animais silvestres torna-se um fator de importância para o controle da sanidade destes. Chintoan-

Uta et al. (2014) avaliaram o potencial que os cervídeos silvestres possuem em se contaminar por nematoides

abomasais oriundos de bovinos e ovinos. Os autores concluíram que os referidos animais podem apresentar risco

potencial por se contaminarem com este tipo de nematoide. Aliados aos dados do presente estudo, sugere-se o

monitoramento da presença de tais cervídeos em ambientes de integração pecuária-floresta. O enriquecimento

ambiental obtido neste tipo de sistema pode propiciar o aparecimento de diversas espécies de animais silvestres,

dentre eles os cervídeos, que poderiam aumentar a contaminação deste ambiente por larvas de nematoides

tricostrongilídeos e também servir como reservatório para populações de nematoides promovendo uma

contaminação constante do ambiente. Neste caso, mesmo que o rebanho tenha recebido dosificações de

antihelmíntico de maneira adequada, logo estaria recontaminado por estas larvas de origem silvestre.

De posse das supracitadas informações, novas estratégias de manejo podem ser desenvolvidas para uma

melhor utilização de sistemas com integração entre pecuária e floresta. Dentre estas, podemos destacar a

realização de monitoramento constante do número de ovos por grama de fezes e as verfifugações estratégicas das

categorias mais susceptíveis como sugerido por Taylor et al. (2011) e a adoção de manejos com diferentes

espécies de animais, com o objetivo de promover a descontaminação do campo com base no princípio da

especificidade parasitária, que na espécie Haemonchus foi considerada alta em um estudo realizado por Silva et

al. (2014). Neste, os autores identificaram alta especificidade de H. placei e H. similis aos bovinos e de H.

contortus aos ovinos.

A diminuição na contaminação das pastagens por larvas de nematoides tricostrongilídeos através da

utilização de manejos com diferentes espécies já foi descrita pela literatura, sendo os estudos realizados em

diferentes forrageiras e com diferentes arranjos podendo ser em regime de sucessão entre bovinos e ovinos ou até

24

mesmo com as duas espécies pastejando juntas na mesma área com bons resultados de descontaminação

(Fernandes et al., 2004; Torres et al., 2008; Torres et al., 2009).

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sistema integração pecuária-floresta demonstrou ser um fator de risco para a recontaminação de

ovinos com larvas infectantes de nematoides tricostrongilídeos por apresentar contagens superiores de L3/ Kg

MS em forragem, em comparação ao sistema de pastagem monocultivada nas coletas de primavera, verão e

outono. Estratégias de manejo voltadas para o controle das nematodioses de ovinos submetidos a este tipo de

sistema devem ser elaboradas para uma utilização mais eficiente dos mesmos. A verificação da dinâmica

parasitária de nematoides parasitas de bovinos em sistema de integração pecuária-floresta é sugerida, para que de

posse destas informações, estratégias de manejo entre as espécies bovina e ovina sejam elaboradas.

A avaliação de outros arranjos de sistemas de integração pecuária-floresta com diferentes espaçamentos

entre renques e utilização de outras espécies arbóreas torna-se importante para a verificação dos resultados. Os

sistemas integrados são dinâmicos, podendo obedecer diversos arranjos, oferecendo assim condições

microclimáticas e ambientais variadas que possivelmente seriam suficientes para a obtenção de resultados

diferentes aos do presente estudo.

5- REFERÊNCIAS

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27

Anexos

Tabela 1. Temperatura (ºC) e umidade (%) relativa do ar em seus valores médios, máximos e mínimos, nos períodos

em que as fezes contaminadas com ovos de nematoides tricostrongilídeos permaneceram no campo em meio à

pastagem durante três estações do ano (Verão, Outono e Inverno) no ambiente com pastagem monocultivada.

TEMP. UMIDADE

Ver

ão

Data Média Máxima Mínima Média Máxima Mínima

26/02/14 25,84 29,44 23,40 80,26 90,58 65,91

27/02/14 27,88 37,70 22,44 76,94 95,44 43,68

28/02/14 27,83 39,63 21,44 76,25 97,35 40,53

01/03/14 26,48 37,78 19,82 78,19 97,31 44,79

02/03/14 25,48 35,99 22,03 86,43 98,42 53,06

03/03/14 26,88 40,14 19,39 80,52 98,35 41,20

04/03/14 26,83 38,39 21,03 78,78 98,53 44,96

05/03/14 28,95 41,44 21,65 75,59 97,72 38,83

06/03/14 28,32 41,09 22,37 77,97 98,11 41,95

07/03/14 27,45 40,83 22,30 81,03 98,55 40,31

08/03/14 26,24 33,52 22,66 83,74 97,74 57,68

09/03/14 28,69 41,97 21,96 76,50 98,15 38,75

10/03/14 29,40 37,78 22,08 70,84 98,31 45,26

Ou

ton

o

29/05/14

25,57

39,32

18,63

70,65

93,30

32,89

30/05/14 26,71 41,77 16,44 66,80 96,82 27,25

31/05/14 27,94 43,74 16,32 66,90 97,31 26,86

01/06/14 28,59 47,22 17,34 68,69 97,17 26,28

02/06/14 23,09 25,67 20,72 93,51 98,90 84,18

03/06/14 28,02 44,26 19,15 74,29 99,53 29,14

04/06/14 28,77 44,17 19,48 71,27 98,96 29,36

05/06/14 28,41 44,14 18,91 70,07 98,68 27,03

06/06/14 29,15 45,12 18,18 68,97 97,79 25,27

07/06/14 27,96 43,10 18,41 68,32 98,08 26,09

08/06/14 27,66 44,38 16,56 66,81 98,63 25,29

09/06/14 27,14 42,09 16,77 64,77 97,00 25,54

10/06/14 26,24 42,15 14,70 63,66 97,12 20,32

11/06/14 26,88 42,51 15,10 65,47 96,25 26,35

Inv

ern

o

29/08/14

25,62

29,54

19,87

66,50

97,06

43,00

30/08/14 28,48 44,69 19,03 66,84 99,20 23,08

31/08/14 28,43 45,15 19,60 63,75 94,23 24,77

01/09/14 28,35 44,04 19,29 68,04 95,88 27,92

02/09/14 29,86 43,13 19,72 62,25 98,77 26,49

03/09/14 29,83 44,91 18,79 62,59 97,32 26,11

04/09/14 29,06 44,44 20,58 65,17 93,07 23,64

05/09/14 27,17 42,95 19,44 76,63 98,56 28,94

06/09/14 26,94 36,53 19,41 71,11 99,41 35,84

07/09/14 28,09 40,26 19,96 67,53 98,09 30,10

08/09/14 28,90 41,65 18,25 51,83 97,17 18,08

09/09/14 27,18 42,24 15,18 50,41 88,05 17,28

10/09/14 29,72 44,23 15,84 47,85 90,21 16,68

28

Tabela 2. Temperatura e umidade relativa do ar em seus valores médios, máximos e mínimos, nos períodos em

que as fezes contaminadas com ovos de nematoides tricostrongilídeos permaneceram no campo em meio à

pastagem durante três estações do ano (Verão, Outono e Inverno) no sistema integração pecuária-floresta.

TEMP.

UMIDADE

Ver

ão

Data Média Máxima Mínima Média Máxima Mínima

26/02/14 26,40 28,39 24,82 76,99 81,50 70,31

27/02/14 26,56 32,33 23,09 78,53 87,95 58,48

28/02/14 25,78 32,00 21,34 78,36 88,23 59,26

01/03/14 25,67 35,34 21,32 78,77 88,17 57,66

02/03/14 24,41 29,59 22,44 84,75 88,15 70,26

03/03/14 25,42 34,23 20,46 80,47 88,33 55,54

04/03/14 25,63 32,98 21,68 79,35 87,99 59,63

05/03/14 27,22 35,77 22,51 76,48 87,72 55,44

06/03/14 26,42 34,65 22,78 77,42 85,00 55,57

07/03/14 25,78 32,56 22,63 78,75 85,00 59,12

08/03/14 25,15 29,07 22,80 80,44 85,14 70,52

09/03/14 26,97 33,84 22,20 75,73 85,17 55,64

10/03/14 27,72 34,31 22,94 70,44 84,76 43,08

Ou

ton

o

29/05/14 25,45 32,61 20,56 70,48 88,50 47,57

30/05/14 25,11 34,60 18,44 69,82 94,49 38,68

31/05/14 25,70 35,08 18,39 70,64 93,68 39,35

01/06/14 26,53 35,90 19,34 73,65 96,23 42,62

02/06/14 22,78 24,39 21,51 95,97 99,43 85,29

03/06/14 25,19 34,10 20,56 82,77 100,00 49,22

04/06/14 26,53 35,80 20,53 77,53 97,76 44,10

05/06/14 26,43 36,50 20,01 75,84 97,65 40,24

06/06/14 26,59 36,25 19,77 75,26 97,47 40,65

07/06/14 26,16 35,64 19,29 73,04 97,07 36,71

08/06/14 25,87 35,69 18,70 71,68 96,75 37,71

09/06/14 25,44 35,21 18,11 67,42 94,35 31,84

10/06/14 24,13 35,85 17,03 68,98 95,40 27,86

11/06/14 25,07 35,26 16,94 69,81 95,00 35,21

Inv

ern

o

29/08/14 24,94 31,69 21,41 80,61 92,93 43,59

30/08/14 28,79 44,91 19,87 66,04 97,04 24,82

31/08/14 28,67 43,47 20,67 62,73 89,73 28,87

01/09/14 28,92 44,81 20,98 66,09 90,51 28,47

02/09/14 30,55 45,56 20,70 60,05 94,99 26,02

03/09/14 30,02 44,29 20,75 60,33 91,23 26,61

04/09/14 29,20 42,12 21,87 64,03 86,73 31,51

05/09/14 26,28 37,23 20,48 77,67 95,17 40,65

06/09/14 26,69 37,10 20,41 72,21 97,60 41,59

07/09/14 28,97 41,85 20,27 65,10 95,80 32,06

08/09/14 30,62 45,69 20,96 48,94 89,05 17,11

09/09/14 29,13 44,57 17,34 46,60 80,08 15,86

10/09/14 30,77 45,44 18,27 45,42 82,18 17,62

29

Figura 1. Sistema de integração pecuária-floresta com renques triplos de eucalipto e espaçamento entre

renques de quinze metros.