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I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. 1 EFEITO DO TEOR DE ARGILA NA DINÂMICA DE LIBERAÇÃO DE FÓSFORO EM FERTILIZANTE ORGANO-MINERAL ENRIQUECIDO COM ÁCIDOS ORGÂNICOS DE BAIXO PESO MOLECULAR SOUZA, Geovany Albino (Estudante IC) 1 ; BRAGHIROLI, Rodrigo (Orientador) 1 ; RODRIGUES, Lamonier Antonio Nery; (Colaborador) 1 , FERNANDES, Lúcio da Silva, (Colaborador) 1 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano Câmpus Rio Verde - GO. [email protected] RESUMO: Fertilizantes organominerais são uma alternativa ao industrializados, por utilizar resíduos orgânicos, socialmente incômodos. Porém, existem muitos resultados controversos e pouco claros na literatura, uma vez que uma série de fatores e as interações entre os mesmos influenciam seu desempenho, entre eles: mineralogia, granulometria, rocha fosfática, aditivos solubilizadores de fósforo, condições em que são empregados, pH, dose e tempo. Neste trabalho verificou-se a eficiência na liberação de fósforo de fertilizante composto por, cama de aviário, fosfato de Bayóvar e ácidos orgânicos. Avaliou-se a liberação de fósforo solúvel em função do teor de argila no solo, da compostagem, do tipo de ácido orgânico e do tempo. O teor de fósforo tendeu a diminuir com o aumento do teor de argila e do tempo. Os melhores resultados foram verificados para as blendas com cama decomposta e os controles, no solo com 15% de argila, após o 3° dia, com destaque para os tratamentos com ácido málico e oxálico. Palavras-chave adicionais: cama de aviário, fosfato natural e ácido orgânico INTRODUÇÃO A presença de depósitos de fosfatos naturais em alguns países representa uma alternativa ao uso dos fertilizantes industriais, especialmente para os países de terceiro mundo. Entretanto, a maioria das rochas fosfáticas são insolúveis, cujo fósforo não está prontamente disponível para a planta. Em relação às rochas mais reativas, a disponibilidade de fósforo solúvel pela aplicação de tais fosfatos naturais está sujeita à lenta solubilização do fosfato, o que limita sua aplicação em culturas de rápido crescimento. No entanto, estas rochas fosfáticas, quando misturadas a certos aditivos, como resíduos orgânicos, têm demonstrado uma maior eficiência, comparável e até superior aos fertilizantes convencionais, devido principalmente à ação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular exsudados da decomposição, que tornam o fósforo disponível Estes fertilizantes organo-minerais são uma alternativa interessante aos equivalentes industrializados, uma vez que são economicamente mais viáveis e utilizam-se de resíduos orgânicos, socialmente incômodos, obtidos sem nenhum custo. Apesar disso, este ainda é um campo ativo de pesquisa, pois há casos ainda pouco estudados e resultados controversos e pouco claros da literatura, uma vez que uma série de fatores e as interações entre os mesmos influenciam o desempenho destes fertilizantes orgânicos, como a mineralogia e granulometria do solo, tipo de rocha fosfática, a composição de aditivos solubilizadores de fósforo e as condições em que são empregados, variação de pH, a dose e o tempo. O Bayovar é um fosfato sedimentar e orgânico, formado pela deposição e posterior decomposição de restos de animais marinhos, proveniente da região de Bayóvar (Sechura), Peru. Seu fósforo é lábil, porém é liberado lentamente em solos de alta capacidade de adsorção de P, tornando-o ineficiente para culturas de curto prazo naqueles solos. Os solos com maior teor de argila possuem maior teor de Fe e Al e superfície específica, possuindo a maior capacidade adsortiva de P do que os demais, de acordo com a grande maioria dos trabalhos da

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I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012.

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EFEITO DO TEOR DE ARGILA NA DINÂMICA DE LIBERAÇÃO DE

FÓSFORO EM FERTILIZANTE ORGANO-MINERAL ENRIQUECIDO

COM ÁCIDOS ORGÂNICOS DE BAIXO PESO MOLECULAR

SOUZA, Geovany Albino (Estudante IC)

1; BRAGHIROLI, Rodrigo (Orientador)

1;

RODRIGUES, Lamonier Antonio Nery; (Colaborador)1

, FERNANDES, Lúcio da Silva,

(Colaborador)1

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO.

[email protected]

RESUMO: Fertilizantes organominerais são uma alternativa ao industrializados, por utilizar resíduos orgânicos, socialmente incômodos. Porém, existem muitos resultados controversos e pouco claros na literatura, uma vez que uma série de fatores e as interações entre os mesmos influenciam seu desempenho, entre eles: mineralogia, granulometria, rocha fosfática, aditivos solubilizadores de fósforo, condições em que são empregados, pH, dose e tempo. Neste trabalho verificou-se a eficiência na liberação de fósforo de fertilizante composto por, cama de aviário, fosfato de Bayóvar e ácidos orgânicos. Avaliou-se a liberação de fósforo solúvel em função do teor de argila no solo, da compostagem, do tipo de ácido orgânico e do tempo. O teor de fósforo tendeu a diminuir com o aumento do teor de argila e do tempo. Os melhores resultados foram verificados para as blendas com cama decomposta e os controles, no solo com 15% de argila, após o 3° dia, com destaque para os tratamentos com ácido málico e oxálico.

Palavras-chave adicionais: cama de aviário, fosfato natural e ácido orgânico

INTRODUÇÃO

A presença de depósitos de fosfatos

naturais em alguns países representa uma alternativa ao uso dos fertilizantes industriais, especialmente para os países de terceiro mundo. Entretanto, a maioria das rochas fosfáticas são insolúveis, cujo fósforo não está prontamente disponível para a planta. Em relação às rochas mais reativas, a disponibilidade de fósforo solúvel pela aplicação de tais fosfatos naturais está sujeita à lenta solubilização do fosfato, o que limita sua aplicação em culturas de rápido crescimento. No entanto, estas rochas fosfáticas, quando misturadas a certos aditivos, como resíduos orgânicos, têm demonstrado uma maior eficiência, comparável e até superior aos fertilizantes convencionais, devido principalmente à ação de ácidos orgânicos de baixo peso molecular exsudados da decomposição, que tornam o fósforo disponível Estes fertilizantes organo-minerais são uma alternativa interessante aos equivalentes industrializados, uma vez que são economicamente mais viáveis e utilizam-se de

resíduos orgânicos, socialmente incômodos, obtidos sem nenhum custo. Apesar disso, este ainda é um campo ativo de pesquisa, pois há casos ainda pouco estudados e resultados controversos e pouco claros da literatura, uma vez que uma série de fatores e as interações entre os mesmos influenciam o desempenho destes fertilizantes orgânicos, como a mineralogia e granulometria do solo, tipo de rocha fosfática, a composição de aditivos solubilizadores de fósforo e as condições em que são empregados, variação de pH, a dose e o tempo. O Bayovar é um fosfato sedimentar e orgânico, formado pela deposição e posterior decomposição de restos de animais marinhos, proveniente da região de Bayóvar (Sechura), Peru. Seu fósforo é lábil, porém é liberado lentamente em solos de alta capacidade de adsorção de P, tornando-o ineficiente para culturas de curto prazo naqueles solos. Os solos com maior teor de argila possuem maior teor de Fe e Al e superfície específica, possuindo a maior capacidade adsortiva de P do que os demais, de acordo com a grande maioria dos trabalhos da

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literatura. No entanto, conforme verificado no trabalho de EBERHARDT et al. (2008), o poder de adsorção do solo depende também da granulometria destas composições. De acordo com ERICH et al. (2002), o aumento da disponibilidade de P com a adição de resíduos é em grande parte atribuído ao aumento da mineralização de P do material orgânico, pois a liberação de Pi (fósforo inorgânico) oriundo da matéria orgânica ocupa parte dos sítios de adsorção do solo, resultando em um aumento da quantidade total de P presente. Entretanto, estudos mais recentes atribuem o efeito do aumento da disponibilidade de P por resíduos orgânicos principalmente aos ácidos orgânicos de baixo peso molecular (AOBPMs). A geração de ácidos orgânicos e substâncias húmicas produzidos pelos micro-organismos decompositores solubilizam o fósforo, formando complexos fosfo-húmicos, mais facilmente assimiláveis, e também transformam, lentamente, fósforo inorgânico (Pi) em fósforo orgânico (Po). Os AOs atingem seu nível mais alto no solo durante ativo processo de decomposição, no entanto, os AOs não são estáveis com o tempo: a quantidade presente no solo é um equilíbrio entre processos de síntese e degradação, controlados pelos micro-organismos. KPOMBLEKOU & TABATABAI (2003) estudaram o efeito da adição pronta e direta de nove AOBPMs, contendo grupos mono, di e tri carboxílicos, na liberação de P de 12 rochas fosfáticas (RF), sendo quatro de cada de baixa, média e alta reatividade, em três experimentos: liberação de P em solução e no solo, realizados em micro escala no laboratório, e em estufa, utilizando milho (Zea may L.) como planta teste. No teste da liberação de P em solução, os ácidos tri carboxílicos (cis-acotínico e cítrico) e di carboxílicos (oxálico, malônico, fumárico e tartárico) tiveram o melhor desempenho, devido à presença de mais de um grupo funcional nestes ácidos, quanto à eficiência liberar o fósforo, sugerindo que são os grupos funcionais carboxílicos que interagem com o P.

MATERIAL E MÉTODOS Amostras de solo (sem classificação),

coletadas na região de Rio Verde – GO (tabela 1) contendo 15, 43 e 72 % de argila foram secas em estufa por 72 horas, a 65 °C, com circulação de ar, moídas e peneiradas até se obter uma granulometria de 180 µm a 2 mm. Misturaram-se 3 g de cada tipo de solo (com 15, 43 e 72 % de argila) e 373 mg de cada blenda do

fertilizante, dando um teor aproximado de 16,7 g de P total por Kg de solo, em tubos de ensaio de 16x150 mm, em triplicata, gerando um total de 258 unidades experimentais. Adicionou-se, em cada amostra, volume de água destilada igual à capacidade de campo do solo na respectiva amostra e as mesmas foram tampadas com algodão. Tabela 1: Localização e teor de argila em solos utilizados nos experimentos

Solo (% de argila)

Latitude Longitude

15 17°31'18,00'' S 51°38'07,00'' O

43 17°43'02,00'' S 51°02'17,00'' O

72 17°30'52,00'' S 51°34'05,00'' O

Dividiram-se as 258 amostras em três grupos, em que um grupo ficou de repouso por 3 dias, o outro por 6 dias e o terceiro grupo, por 9 dias, todos à temperatura ambiente. As análises foram realizadas a cada três dias. Analisou-se o teor de fósforo solúvel pelo método espectrofotométrico do ácido.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Figura 1: Teor de fósforo disponível

utilizando-se de fertilizante produzido com

cama de aviário in natura, fosfato Bayóvar e

10 mmol de ácido málico por quilo de

fertilizante.

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Figura 2: Teor de fósforo disponível

utilizando-se de fertilizante produzido com

cama de aviário in natura, fosfato Bayóvar e

50 mmol de ácido málico por quilo de

fertilizante.

Figura 3: Teor de fósforo disponível

utilizando-se de fertilizante produzido com

cama de aviário decomposta, fosfato Bayóvar e

50 mmol de ácido málico por quilo de

fertilizante.

Após 3 dias, predominaram os

tratamentos com cama decomposta na liberação de maiores teores de P solúvel, nos solos de 15 %, com destaque para os tratamentos CDBM50. Os demais tratamentos seguem o mesmo padrão de liberação de fósforo, ou seja, solos com menores teores de argila apresentam maiores taxas de liberação de fósforo quando comparados com solos com teores de argila superiores (Figuras 1, 2 e 3).

Os solos com teores de argila médio (43% de argila apresentaram maior taxa de retenção de fósforo, onde os resultados positivos mostram-se positivos apenas na figura 1. No trabalho de Machado et al. (2011), também houve resultados semelhantes, em que o solo de médio teor de argila apresentou a maior adsorção,

provavelmente devido a uma maior concentração de goethita e dos óxidos de Fe e Al da forma livre e amorfa naquele solo, do que no de alto teor de argila. Tais óxidos possuem maior superfície específica, como verificado por Eberhardt et al. (2008) e, com isso, é mais eficiente para reter o fósforo solúvel.

CONCLUSÃO Conclui-se, portanto que solos com teores baixo de argila disponiblizam fósforo com maior facilidade e a disponibilização do fósforo em solos com teores significativos de argila dependerão de sua composição. Os ácidos orgânicos de baixo peso molecular mostraram efeitos significativos apenas para os experimentos realizados com 3 dias de incubação.

AGRADECIMENTOS À Capes/CNPq pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EBERHARDT, D. N; VENDRAME, P.R.S.; BECQUER, T.; GUIMARÃES, M.F. Influência da granulometria e da mineralogia sobre a retenção do fósforo em latossolos sob pastagens

no cerrado. Revista Brasileira de Ciência do

Solo, v. 32, p. 1009 – 1016, 2008. ERICH, M.S.; FITZGERALD, C.B.; PORTER, G.A. The effect of organic amendments on phosphorus chemistry in a potato cropping

system. Agriculture, Ecosystems &

Environment, v. 88, n. 1, p. 79 – 88, 2002. KPOMBLEKOU, K.; TABATABAI, M.A. Effect of low-molecular weight organic acids on phosphorus release and phytoavailability of phosphorus in phosphate rocks added to soils.

Agriculture Ecosystems & Environment, v. 100, p. 275 – 284, 2003. MACHADO, V.J.; SOUZA, C.H.E.; ANDRADE, B.B.; LANA, R.M.Q.; KORNDORFER, G.H. Curvas de disponibilidade de fósforo em solos com diferentes texturas após aplicação de doses

crescentes de fosfato monoamônico. Bioscience

Journal, v. 27, n. 1, p. 70 – 76, 2011.