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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS THATIANY JARDIM BATISTA EFEITOS DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA AO ORGANOFOSFORADO CLORPIRIFÓS SOBRE A FUNÇÃO CARDIORESPIRATÓRIA VITÓRIA 2018

EFEITOS DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA AO ORGANOFOSFORADO ...portais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_12554_Disserta%E7%E3o%20Fin… · ascending ramps, and of the baroreflex effectiveness index

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

THATIANY JARDIM BATISTA

EFEITOS DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA AO

ORGANOFOSFORADO CLORPIRIFÓS SOBRE A FUNÇÃO

CARDIORESPIRATÓRIA

VITÓRIA

2018

THATIANY JARDIM BATISTA

EFEITOS DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA AO

ORGANOFOSFORADO CLORPIRIFÓS SOBRE A FUNÇÃO

CARDIORESPIRATÓRIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Prof.a Dr.a Karla Nívea Sampaio

VITÓRIA

2018

THATIANY JARDIM BATISTA

EFEITOS DA EXPOSIÇÃO CRÔNICA AO ORGANOFOSFORADO

CLORPIRIFÓS SOBRE A FUNÇÃO CARDIORESPIRATÓRIA

Trabalho de Dissertação de Mestrado aprovado em 31/08/2018 para obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, área de concentração Ciências Farmacêuticas, da Universidade Federal do Espírito Santo

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva / UFTM

____________________________________

Prof. Dr. Leonardo dos Santos / UFES

____________________________________

Prof.a Dr.a Nazaré Souza Bissoli / UFES

____________________________________

Prof.a Dr.a Karla Nívea Sampaio (orientadora) / UFES

Dedico aos meus queridos pais e

ao meu amado esposo, por todo

apoio e incentivo.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, acima de tudo, ao meu grandioso Deus, a quem dedico todo o meu viver.

Se não fosse pela manifestação do Seu poder, certamente eu não estaria

apresentando este trabalho. Obrigada pelo dom da vida. Obrigada pela cura.

Aos meus pais, Adib e Cida, que apesar de não terem tido oportunidade de ter

ensino superior, me ensinaram dedicação, honestidade e responsabilidade em meus

propósitos, além de nunca terem deixado faltar o necessário para que eu me

dedicasse aos estudos. Mesmo depois de casada, a minha mãe ainda cuida de mim.

Me liga perguntando se eu estou na “escola” (risos) ou prepara alguma comida

maravilhosa.

Ao meu esposo, Ernane, por sempre me apoiar no que eu mais gosto de fazer, que

é estudar. Obrigada por cuidar de mim. Obrigada por estar comigo em todos os

momentos. Te amo muito!

À minha querida orientadora, Karla Sampaio. Sou meio suspeita de falar sobre ela

porque a admiro muito. Se estou recebendo o título de Mestre é porque ela não

desistiu de mim. Mesmo quando eu pensei que não dava mais para seguir adiante

(por motivos de saúde), ela ofereceu toda a ajuda e foi até para a bancada com

meus amigos do laboratório para me ajudar a concluir meus experimentos. Com ela

eu aprendi muito mais do que fazer uma apresentação em público, criticar um artigo,

canular um animal, um banner no padrão do laboratório, nunca ficar “à toa” (risos)...

Aprendi a ser humilde; reconhecer quando não sei fazer alguma coisa; aprendi que

eu não preciso fazer tudo sozinha; que não há vergonha em pedir e aceitar ajuda;

aprendi que eu tenho que ler, ler, ler (como ela sempre diz); e a celebrar cada vitória

com champanhe, no meu caso, sem álcool! (risos)

Aos meus amigos do INFARTOX (Laboratório de Investigação Fármaco-Toxicológica

da Função Cardiovascular). Vou arriscar citar cada nome sem esquecer (risos):

Andrew e Vítor, obrigada por me ajudar a cuidar dos animais e em todas as etapas

dos experimentos. Enfim, não tenho palavras para descrever, vocês são demais!!!

Bianca, você que chegou mais recente, mas já faz cirurgia melhor do que todos

(risos), obrigada por nos ajudar neste trabalho! Sara, obrigada pela amizade, por me

ajudar a perder o medo dos animais, a me ensinar a canular e a saborear bolos

(como o da panificadora Graça, risos). Àqueles que já passaram por este laboratório,

deixaram as anotações nos cadernos (muito importante!), lembranças engraçadas; e

seguiram o seu caminho - Akira, Aline, Kamila, Graziany, Luciana. Um tópico

separado para o Igor, porque ele representa nosso Lab no exterior: obrigada pelas

‘aulas’ de estatística, debates de política, pelos seus dois cadernos (só para constar,

mesmo deixando dois cadernos, ainda vamos te perturbar parar tirar dúvidas)... e

por me ajudar com os experimentos quando eu não tinha condições de fazer, muito

obrigada mesmo! Agradeço também àqueles que chegaram um pouco depois e que

também me ajudaram de alguma forma: Claudia e Bruno. E às minhas amigas da

graduação, do mestrado e da vida: Cristina, Fernanda e Josefa.

A professora Claudia Jamal. Ela nem sabe disso, mas às vezes eu chegava bem

cedo para fazer experimento e 8h da manhã já estava estressada, porque alguma

coisa não dava certo, mas aí chegava a professora Cláudia sempre alegre, com um

bom dia animado e com histórias engraçadas para compartilhar. Essas coisas

parecem simples, mas fazem a diferença.

Agradeço também aos amigos do Laboratório de Psicofarmacologia, vulgo Lab da

Vanessa, pela colaboração e amizade. Agradeço a professora Vanessa Beijamini,

por sempre nos ajudar nos dados estatísticos, por nos enviar artigos relacionados ao

nosso trabalho, nos incentivar a estudar, além de nos emprestar o micro-ondas e o

espaço do laboratório para nossas “reuniões”.

Ao professor Leonardo dos Santos, por nos ajudar a explorar ainda mais os nossos

dados, pela disposição em nos atender, paciência (para explicar sobre a

variabilidade, risos) e pelas excelentes contribuições para enriquecer este trabalho.

Não sei como agradecer por ter nos acompanhado nessa jornada, sei que a sua

rotina não é fácil, por isso agradeço de coração por todo tempo a nós dispensados!

Ao professor Tadeu Uggere, pela disponibilidade e contribuições para este trabalho.

Agradeço ao Rodolfo e aos funcionários do biotério, por nos ajudar com o

cuidado com os animais. Vocês são fundamentais, pois sem animais não teríamos

nem pesquisa.

Aos demais alunos do programa que me ajudaram a concluir os créditos. Aos

queridos e dedicados professores e funcionários do departamento de Ciências

Farmacêuticas.

A todos os meus amigos e familiares que sempre se preocuparam com meus

estudos, me incentivaram, oraram, ofereceram ajuda e compreenderam a minha

ausência.

Aos Professores da banca examinadora, professora Nazare Bissoli, professor

Valdo Silva e professor Leonardo dos Santos por aceitarem o nosso convite. Eu

me senti muito honrada em poder contar com as contribuições de vocês, e agora

nessa versão final posso afirmar que tudo que falaram, foi muuuito útil para tornar

este trabalho ainda melhor. Muito obrigada!

Por fim, mas não menos importante, à CAPES e FAPES pelo suporte financeiro.

“mas os que confiam no Senhor recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.” Isaías 40:31

RESUMO

Estudos prévios do nosso grupo mostraram que exposição aguda a altas doses do

composto organofosforado (OP), clorpirifós (CPF), prejudicaram os reflexos

cardiorespiratórios em ratos. Aliado a isso alguns estudos indicam que a exposição

prolongada a compostos OP prejudica a função cardiovascular, produzindo

hipertrofia cardíaca e alterando as propriedades mecânicas da aorta. Entretanto,

permanecia inexplorado se a exposição prolongada ao CPF também afeta a

regulação cardiorespiratória tônica e reflexa. Ratos Wistar foram intoxicados com

CPF, por via intraperitoneal (i.p.), por 4 semanas (3 vezes/semana) ou 12 semanas

(1 vez/semana), nas seguintes doses: 7 mg/kg (CPF 7; 4 semanas, n=14; 12

semanas, n=14) e 10 mg/kg (CPF 10; 4 semanas, n=9; 12 semanas, n=12). O grupo

controle recebeu solução salina (NaCl, 0,9%) para o mesmo período (SAL; 4

semanas, n=9; 12 semanas, n=13). No final do tratamento, a artéria e veia femoral

foram cateterizadas sob anestesia com tribromoetanol (250 mg/kg, i.p.), para permitir

registros de pressão arterial e administração de drogas, respectivamente. Após 24

horas de recuperação da cirurgia, foi registrada a pressão arterial pulsátil (PAP), da

qual foram derivadas a pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial sistólica

(PAS), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC). Neste mesmo

período foram feitos registros pletismográficos de frequência respiratória (fR), volume

corrente (VT) e volume minuto (VE). As respostas quimiorreflexas foram avaliadas

por injeções intravenosas de KCN (10, 20, 40 e 80 μg) enquanto o barorreflexo

espontâneo foi avaliado a partir de gravações da PAS e intervalo de pulso (IP)

através do método de sequência. Estas gravações também foram utilizadas para

avaliar a variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo e da

frequência (análise espectral). Por fim, a atividade da acetilcolinesterase (AChE)

cerebral e butirilcolinesterase (BuChE) plasmática foram quantificadas. Os

resultados mostraram que a atividade enzimática dos animais intoxicados com CPF

foi significativamente menor do que o controle. Além disso, os animais tratados por 4

semanas com CPF 10 apresentaram menor ganho de peso. Não foram observadas

diferenças nos valores basais de PAD, PAS, PAM, FC e fR, bem como nos índices

de VFC no domínio do tempo entre os grupos, tanto após 4 ou 12 semanas de

tratamento. Na análise espectral foi observado um aumento apenas para a banda de

muito baixa frequência (VLF). Animais tratados com CPF apresentaram um

comprometimento no ganho do barorreflexo para rampas ascendentes e no índice

de efetividade do barorreflexo (BEI). A resposta bradicárdica quimiorreflexa foi

significativamente reduzida nos ratos tratados com CPF em ambos períodos de

tratamento quando comparados com os grupos controle. Não houve diferença na

resposta pressora quimiorreflexa nem na resposta taquipneica entre os grupos nos

dois períodos de tratamento. Por outro lado, o grupo CPF 10 apresentou aumento de

VT em ambos períodos de tratamento e um aumento no VE, mas somente após 1

mês de tratamento. Semelhante ao que foi previamente demonstrado após

exposição aguda ao CPF, a exposição crônica a baixas doses também prejudica a

função cardiorespiratória em ratos. Esses resultados podem ter implicações clínicas

importantes para os trabalhadores, como os agricultores, frequentemente expostos a

esses compostos.

Palavras-chave: clorpirifós, quimiorreflexo, barorreflexo, VFC, butirilcolinesterase,

acetilcolinesterase.

ABSTRACT

Previous studies of our group showed that acute exposure to high doses of

organophosphorus compound (OP), chlorpyrifos (CPF), impaired cardiorespiratory

reflexes in rats. In addition, some studies indicate that prolonged exposure to OP

compounds impairs cardiovascular function, producing cardiac hypertrophy and

altering the mechanical properties of the aorta. If prolonged CPF exposure also

affects tonic and reflex cardiorespiratory function remained to be explored. Wistar

rats were injected with CPF intraperitoneally (i.p.) for 4 weeks (three times a week) or

12 weeks (once a week) at the following doses: 7 mg/kg (CPF 7; 4 weeks, n=14; 12

weeks, n=14) and 10 mg/kg (CPF 10; 4 weeks, n=9; 12 weeks, n=12). The control

group received saline (NaCl, 0.9%) for the same period (SAL, 4 weeks, n=9, 12

weeks, n=13). At the end of the treatment, the femoral artery and vein were

catheterized under anesthesia with tribromoethanol (250 mg/kg, i.p.), to allow

pressure recordings and drugs administration, respectively. After 24 hours of

recovery from surgery, pulsatile arterial pressure (PAP) was recorded, from which

diastolic blood pressure (DBP), systolic blood pressure (SBP), mean arterial pressure

(MAP) and heart rate (HR) were derived. Respiratory rate (fR), tidal volume (VT) and

minute volume (VE) were obtained by whole-body plethysmography. The

chemorreflex responses were evaluated by intravenous injections of KCN (10, 20, 40

and 80 μg) while the spontaneous baroreflex was evaluated from the PAS and pulse

interval (PI) recordings using the sequence method. These recordings were also

used to evaluate heart rate variability (HRV) in time and frequency domain (spectral

analysis). Finally, the activities of plasma acetylcholinesterase (AChE) and

butyrylcholinesterase (BuChE) were also quantified. The results showed that the

enzymatic activity of the CPF intoxicated animals was significantly lower than the

control. In addition, CPF 10 group treated for 4 weeks presented a lower weight gain.

No differences were observed in the baseline values of DBP, SBP, MAP, HR and fR,

as well as in the HRV time-domain indices, either after 4 or 12 weeks of treatment. In

the spectral analysis an increase was only observed for the very low frequency band

(VLF). Animals treated with CPF presented an impairment of the baroreflex gain, for

ascending ramps, and of the baroreflex effectiveness index (BEI). The chemoreflex

bradycardic response was significantly reduced in the CPF treated rats for both

treatment periods when compared to the control groups. No difference among groups

was observed for the chemoreflex pressor response nor the tachypneic response for

the two treatment periods. On the other hand, CPF 10 group had an increase in VT,

for both treatment periods, and an increase in the VE, only after 1 month treatment.

Similar to what was previously demonstrated after acute exposure to CPF, low doses

chronic exposure also impairs cardiorespiratory function in rats. These results may

have important clinical implications for workers, such as farmers, who are frequently

exposed to these compounds.

Key words: chlorpyrifos, chemoreflex, baroreflex, HRV, butyrylcholinesterase,

acetylcholinesterase.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Histórico de Comercialização de Agrotóxicos no Brasil entre 2000 e 2016.

.................................................................................................................................. 21

Figura 2: Comercialização de agrotóxicos e afins por área plantada (kg/ha) e

incidência de intoxicações por agrotóxicos – Espírito Santo, 2007 a 2013. .............. 22

Figura 3: Estrutura geral dos organofosforados. ...................................................... 25

Figura 4: Relatório de vendas de Ingredientes Ativos no Brasil. .............................. 25

Figura 5: Estrutura do organofosforado clorpirifós. .................................................. 26

Figura 6: Esquema mostrando as vias de conexão após ativação do barorreflexo,

frente a um aumento de pressão arterial. .................................................................. 28

Figura 7: Esquema mostrando as vias de conexão da resposta cardiovascular após

ativação do quimiorreflexo frente a uma situação de hipóxia. ................................... 31

Figura 8: Esquema de administração para o tratamento de 4 semanas (superior) e

12 semanas (inferior). ............................................................................................... 39

Figura 9: Fluxograma das etapas de tratamento e ensaios biológicos adotados. .... 41

Figura 10: Cirurgia de canulação da artéria e veia femoral. ..................................... 43

Figura 11: Interface do algoritmo (CardioSeries versão 2.3) para análise da

variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo. ........................... 44

Figura 12: Interface do algoritmo (CardioSeries versão 2.3) na análise da

variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio da frequência. .................... 46

Figura 13: Interface do programa CardioSeries versão 2.3. Método de sequência

para análise do barorreflexo. ..................................................................................... 48

Figura 14: Câmara pletismográfica que permite o registro de frequência cardíaca. 49

Figura 15: Registro típico da resposta do quimiorreflexo após sua ativação com

cianeto de potássio (KCN). ....................................................................................... 50

Figura 16: Esquema ilustrativo mostrando o local do corte na região mais anterior do

tronco encefálico. ...................................................................................................... 53

Figura 17: Atividade da colinesterase plasmática (BuChE) e acetilcolinesterase

cerebral (AChE) no período de 4 e 12 semanas. ...................................................... 59

Figura 18: Ganho de peso corporal dos animais tratados por 4 e 12 semanas. ...... 61

Figura 19: Efeitos da exposição repetida ao clorpirifós sobre a variabilidade da

frequência cardíaca no domínio da frequência em ratos. .......................................... 65

Figura 20: Efeitos da exposição repetida ao clorpirifós sobre o barorreflexo de ratos.

.................................................................................................................................. 67

Figura 21: Variação de pressão arterial média e de frequência cardíaca após

ativação do quimiorreflexo dos animais tratados por 4 e 12 semanas. ..................... 70

Figura 22: Volumes respiratórios corrente e minuto e frequências respiratórias

basais médias dos animais tratados por 4 e 12 semanas ......................................... 72

Figura 23: Frequências respiratórias antes e durante a estimulação do

quimiorreflexo nos animais tratados por 4 semanas. ................................................ 74

LISTA DE TABELAS E FÓRMULAS

Tabela 1. Grupos de tratamento, doses empregadas e número de animais (N) por

grupo e períodos de tratamento. ............................................................................... 40

Tabela 2. Dados hemodinâmicos basais, de variabilidade da pressão arterial

sistólica e de intervalo de pulso no domínio do tempo dos diferentes grupos

estudados. ................................................................................................................. 63

Fórmula 1 ................................................................................................................. 52

Fórmula 2 ................................................................................................................. 54

Fórmula 3 ................................................................................................................. 56

LISTA DE ABREVIATURAS E/ OU SIGLAS

ACh – Acetilcolina;

AChE – Acetilcolinesterase;

Amb – núcleo ambíguo;

ANOVA – Análise de variância;

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária;

AT I – Angiotensina I;

AT II – Angiotensina II;

CEUA-UFES – Comissão de Ética em Experimentação Animal da UFES;

BEI – Índice de efetividade barorreflexa (Baroreflex Effectiveness Index);

BuChE – Butirilcolinesterase plasmática;

CPF – Clorpirifós;

CPF 7 – Clorpirifós na dose de 7 mg/kg;

CPF 10 – Clorpirifós na dose de 10 mg/kg;

CPO – Clorpirifós-oxon;

cpm – ciclos por minuto;

CVLM – Bulbo ventrolateral caudal;

DL10 – Dose Letal capaz de matar 10% de uma população;

DL50 – Dose Letal capaz de matar 50% de uma população;

DP – Desvio padrão;

DTNB – Ácido ditiobisnitrobenzóico;

ECA – Enzima Conversora de Angiotensina;

FC – Frequência cardíaca;

FFT – Transformada rápida de Fourier (Fast Fourier Transform);

fR – Frequência respiratória;

GEE – Equações de estimativa generalizadas (Generalized Estimating Equations);

HF – Alta frequência (High Frequency);

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis;

IML – Coluna intermediolateral;

i.p. – Intraperitoneal;

IP – Intervalo de pulso;

KCN – Cianeto de potássio;

LF – Baixa frequência (Low Frequency);

MTF – Metamidofós;

NaCl – Cloreto de Sódio;

NTS – Núcleo do trato solitário;

OF – Organofosforado;

PA – Pressão arterial;

PAD – Pressão arterial diastólica;

PAM – Pressão arterial média;

PAP – Pressão arterial pulsátil;

PAS – Pressão arterial sistólica;

PE – Polietileno;

pH – Potencial de hidrogênio;

PO2 – Pressão parcial de oxigênio;

PCO2 – Pressão parcial de dióxido de carbono;

RVLM – Bulbo ventrolateral rostral;

RMSSD – Desvio padrão da raiz quadrada da média do quadrado das diferenças de

intervalos sucessivos (root mean square of the successive interval differences);

SAL – Salina;

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas;

SNA – Sistema Nervo autônomo;

SNC – Sistema Nervoso Central;

SRAA – Sistema Renina-Angiotensina Aldosterona;

VFC – Variabilidade de frequência cardíaca;

VHF – Muito alta frequência (Very High Frequency);

VLF – Muito baixa frequência (Very Low Frequency);

VE – Volume minuto;

VT – Volume corrente;

ΔA – Variação de absorbância.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 20

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 35

2.1 GERAL: ............................................................................................................................. 35

2.2 ESPECÍFICO: ..................................................................................................................... 35

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 37

3.1 ANIMAIS EXPERIMENTAIS ............................................................................................... 37

3.2. PREPARO DAS SOLUÇÕES .............................................................................................. 37

3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL .......................................................................................... 37

3.4 ENSAIOS FUNCIONAIS ..................................................................................................... 42

3.4.1 Canulação da artéria e veia femoral ........................................................................ 42

3.4.2 Registro da pressão arterial e da frequência cardíaca ............................................. 43

3.4.3.1 Domínio do tempo .............................................................................. 44

3.4.3.2 Domínio da frequência ........................................................................ 45

3.4.3.3 Barorreflexo espontâneo .................................................................... 46

3.4.5 Análise da frequência respiratória ........................................................................... 50

3.4.7 Dosagem enzimática ................................................................................................ 52

3.4.7.1 Determinação da atividade da colinesterase plasmática (BuChE) ..... 54

3.4.7.2 Determinação da atividade da colinesterase cerebral (AChE) ........... 55

3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................... 56

4. RESULTADOS ...................................................................................................... 58

4.1 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DA COLINESTERASE CEREBRAL (AChE) E PLASMÁTICA

(BuChE) .................................................................................................................................. 58

4.2 PESO MÉDIO E SOBREVIDA ............................................................................................. 60

4.3 DADOS HEMODINÂMICOS E VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA (VFC) NO

DOMÍNIO DO TEMPO ............................................................................................................ 62

4.4 ANÁLISE ESPECTRAL ........................................................................................................ 64

4.5 AVALIAÇÃO DO BARORREFLEXO ESPONTÂNEO ............................................................. 66

4.6 AVALIAÇÃO DO QUIMIORREFLEXO ................................................................................. 68

4.7 ANÁLISE DOS PARÂMETROS RESPIRATÓRIOS BASAIS .................................................... 71

4.8 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA TAQUIPNEICA DO QUIMIORREFLEXO .................................. 73

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 76

6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 89

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 91

ANEXO ................................................................................................................... 103

Introdução

20

1. INTRODUÇÃO

A partir da década de 50, novas tecnologias foram inseridas ao processo

tradicional de produção agrícola com o objetivo de controlar doenças e

aumentar a produtividade (BRASIL, 2016a).

Nesse contexto foram inseridos os agrotóxicos, que segundo a Lei Nº 7.802

de 11/07/1989, no seu artigo 2°, os define da seguinte forma:

Os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou

biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no

armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas

pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de

outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e

industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da

fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos

considerados nocivos; (BRASIL, 1989).

Nos últimos anos houve grande aumento no consumo de agrotóxicos no

mundo todo (PELAEZ, 2012). Esse aumento está associado não só ao cultivo

agrícola destinado a alimentação, mas principalmente ao cultivo para a

transformação de alimento em combustível (ex. cana, milho e soja) e em

commodities (ex. soja) (BOMBARDI, 2012).

O uso de agrotóxicos, particularmente no Brasil, é de extrema importância,

como pode ser observado na figura 1, onde nota-se um crescimento do

consumo entre os anos de 2000 a 2016. Neste período houve um salto de

pouco mais de 100 toneladas para mais de 500 toneladas de produtos tóxicos

consumidos pelo país (IBAMA, 2017). De fato, desde 2009 o país é

considerado o maior consumidor mundial de agrotóxicos (BOMBARDI, 2012).

21

Figura 1: Histórico de Comercialização de Agrotóxicos no Brasil entre 2000 e 2016.

Fonte: (IBAMA, 2017). Atualizado em 17/10/2017.

Entre os estados que mais comercializaram agrotóxicos no Brasil, o Espírito

Santo, cuja produção agrícola é baseada principalmente nas culturas de cana-

de-açúcar, café, tomate, banana e coco-da-baía, ocupou a posição 17ª em

2016. Na figura 2 podemos observar que, apesar de não haver grandes

variações na extensão da área plantada no período de 2007 à 2013, houve

um importante aumento de uso de agrotóxicos no Espírito Santo, seguido por

significativo aumento de incidência de intoxicação neste mesmo período

(BRASIL, 2016b). Ainda, em 2014, 5 municípios do Espírito Santo ficaram

entre os 50 municípios brasileiros com maior incidência de notificação de

intoxicações por agrotóxicos (BRASIL, 2018). Vale lembrar que o aumento da

incidência pode ser decorrente de processos de melhoria na detecção e

notificação de intoxicações por agrotóxico, mas fica claro que esses produtos

representam uma importante fonte de exposição a agentes tóxicos na

população, principalmente nos trabalhadores (BRASIL, 2016b, 2018).

22

Figura 2: Comercialização de agrotóxicos e afins por área plantada (kg/ha) e incidência de intoxicações por agrotóxicos – Espírito Santo, 2007 a 2013.

Fonte: Brasil (2016b)

Este maior consumo é preocupante, pois segue acompanhado de uma maior

exposição e risco de envenenamento, como observado em alguns estudos

(ARAÚJO et al., 2007; MACENTE, DOS SANTOS, & ZANDONADE, 2009;

MEW et al., 2017; RECENA, PIRES, & CALDAS, 2006). Dados do Sistema

Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) apontam que, em

2016, os agrotóxicos de uso agrícola ocuparam o segundo lugar dentre os

casos registrados de intoxicação humana por exposição ocupacional e,

também o segundo lugar entre os casos de intoxicação por tentativa de

suicídio, ficando atrás, somente, de animais peçonhentos e medicamentos,

respectivamente (SINITOX, 2016). Em 2013, entre os estados da região

sudeste brasileira, o Espírito Santo teve a maior incidência de intoxicação por

agrotóxicos, apresentando 15,18 notificações por 100 mil habitantes, seguido

por Minas Gerais e São Paulo (BRASIL, 2016b).

Infelizmente o número de registros não coincide com o número real de

intoxicações. Faria e colaboradores (2007), em uma avaliação dos sistemas

23

oficiais de informação do país, observou que estes não desempenham a

vigilância de forma adequada, uma vez que os casos são registrados de

acordo com a facilidade de acesso aos serviços de saúde (FARIA; FASSA;

FACCHINI, 2007). Bochner (2007) chega a citar que essa subnotificação é da

ordem de 1 para 50, ou seja, 1 notificação para 50 casos não notificados

(BOCHNER, 2007).

Os efeitos decorrentes da exposição aos agrotóxicos, ou outro xenobiótico,

podem ser tanto de curto quanto de longo prazo, podendo se manifestar de

forma leve, moderada ou grave, dependendo de fatores como:

Via de exposição (oral, inalatória, dérmica, parenteral);

Duração da exposição;

Frequência da exposição (EATON; KLAASSEN, 2001).

Baseado nisso, de forma geral, classificam-se os tipos de intoxicação em:

Aguda – conjunto de sinais e sintomas que se apresenta de forma

súbita (minutos ou horas) após exposição a alta dose de um ou mais

toxicantes em até 24h, sendo mais fácil a identificação da causa e

efeito;

Subcrônica – sinais apresentados devido a exposição repetida a

quantidade moderada de produtos tóxicos ao longo de várias semanas

ou meses. Os sinais podem aparecer em dias ou semanas;

Crônica – alterações do estado de saúde causadas por repetidas

exposições a baixas doses de um ou mais toxicantes, que ocorrem

normalmente durante longos períodos de tempo (meses ou anos). Os

quadros clínicos são inespecíficos, tornando o diagnóstico e associação

causa/efeito mais difíceis (EATON; KLAASSEN, 2001; ECETOC, 1998).

Com base nesses dois tipos de intoxicação, os dados obtidos pelo SINITOX

correspondem em grande parte somente a casos agudos (BOCHNER, 2007),

uma vez que os sintomas da intoxicação crônica são mais inespecíficos, como

já mencionado (EATON; KLASSEN, 2001).

24

Os agrotóxicos podem ser classificados quanto ao alvo de ação em

inseticidas, fungicidas, herbicidas, entre outros (MOSTAFALOU; ABDOLLAHI,

2013; OPAS; OMS, 1997). Dentre os inseticidas destacamos a classe química

dos compostos organofosforados (OF), cujas propriedades tóxicas e

inseticidas foram descobertas em 1937 por Schrader, na Alemanha (KAZEMI

et al., 2012). Em toda parte do mundo esses compostos estão relacionados

com casos de intoxicação e morte (ALINEJAD et al., 2017; BUCKLEY et al.,

2011; EDDLESTON, 2000; JOHN et al., 2018; MEW et al., 2017;

RAZWIEDANI & RAUTENBACH, 2017).

Os OF são inseticidas tóxicos para os vertebrados, como mamíferos e peixes,

porém, por serem quimicamente instáveis, ou seja, não persistirem no meio

ambiente, foram escolhidos em substituição aos organoclorados, sendo

amplamente utilizados na agricultura (KING & AARON, 2015; MARRS, 1993).

Os OF, contudo, estão relacionados com casos de intoxicações, óbitos e

tentativas de suicídios (ARAÚJO et al., 2007; DELGADO & PAUMGARTTEN,

2004; MEW et al., 2017; RECENA et al., 2006). Aliado a alta incidência do uso

dessa classe em tentativas de suicídios (FREIRE & KOIFMAN, 2013; LYU et

al., 2018; SINITOX, 2016; WHO, 2014), a exposição pode ocorrer também

pelo consumo de alimentos contaminados (KATZ & WINTER, 2009; MELNYK

et al., 2016; WU et al., 2001) ou pela exposição ocupacional (DELGADO;

PAUMGARTTEN, 2004, MACENTE; SANTOS; ZANDONADE, 2009,

SINITOX, 2016, BOMBARDI, 2017).

Quimicamente, os OF são compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico,

tiofosfórico ou ditiofosfórico. Exercem sua principal ação através do bloqueio

da hidrólise da acetilcolina (ACh) em ácido acético e colina, ao inibir a

atividade da enzima acetilcolinesterase (AChE) (ECOBICHON, 2001). A figura

abaixo apresenta a estrutura química geral dos OF:

25

Figura 3: Estrutura geral dos organofosforados.

.

Fonte: Marrs (1993).

Dentre os compostos representantes da classe dos OF, destaca-se o

clorpirifós (CPF), devido a sua alta incidência de utilização (IBAMA, 2017),

como pode ser verificado a seguir, onde o CPF figura entre os produtos mais

vendidos no Brasil em 2016:

Figura 4: Relatório de vendas de Ingredientes Ativos no Brasil.

Fonte: (IBAMA, 2017)

Entre as apresentações comerciais mais conhecidas do CPF (0,0-dietil-(3,5,6-

tricloro-2-piridinil)-fosforotioato) podemos citar: Lorsban 480BR®, Fersol 450

EC® e Vexter® (EMBRAPA, 2009). Seu principal metabólito é o clorpirifós-oxon

(CPO), obtido através da dessulfuração oxidativa do grupo P=S em P=O,

26

sendo esta reação catalisada por isoformas do citocromo P450 (RISHER;

NAVARRO, 1997). A figura abaixo apresenta a estrutura do CPF:

Figura 5: Estrutura do organofosforado clorpirifós.

Fonte: disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Clorpirif%C3%B3s

O CPF, assim como os demais OF, é um composto de ação

anticolinesterásica que interfere na transmissão do impulso nervoso nas

sinapses colinérgicas do sistema nervoso central (SNC), sistema nervoso

autônomo (SNA) e da junção neuromuscular. Sua ação anticolinesterásica é

exercida por meio de fosforilação da cadeia lateral (grupo hidroxil) do resíduo

de serina do sítio ativo da AChE. Essa ação resulta no acúmulo de ACh na

fenda sináptica causando uma hiperestimulação colinérgica, que, por sua vez,

pode causar paralisia respiratória de origem central ou periférica, levando a

morte (MARRS, 1993). Além da inibição da atividade da AChE, os compostos

OF, incluindo o CPF, inibem a atividade de outras esterases, incluindo a

colinesterase plasmática ou butirilcolinesterase (BuChE) (CUNHA et al., 2018;

DO NASCIMENTO et al., 2017; MARETTO et al., 2012), presente no plasma e

em outros tecidos como hepático, cardíaco e no sistema nervoso central

(BONO et al., 2015; CHOWDHARY; BHATTACHARYYA; BANERJEE, 2014).

De fato, a medida da atividade plasmática da BuChE frente à exposição a

compostos OF tem sido utilizada como um marcador da intoxicação por estes

compostos (CUNHA et al., 2018; DO NASCIMENTO et al., 2017; EATON et

al., 2008; EDDLESTON et al., 2008; MARETTO et al., 2012).

É bem sabido que o sistema colinérgico é o principal sistema de

neurotransmissão mediando a ativação ganglionar tanto do sistema simpático

quanto do sistema parassimpático (VERNINO et al., 2008).

27

Consequentemente, a resultante hiperestimulação colinérgica associada a

exposição a compostos OF promove marcantes alterações no sistema

autonômico, mudando várias funções fisiológicas, entre elas a função

cardiovascular (VERNINO et al., 2008). Dessa maneira, em quadros de

intoxicação por compostos OF pode-se observar hipertensão ou hipotensão,

taquicardia ou bradicardia, assim como alterações eletrocardiográficas

diversas (O’MALLEY, 1997).

A manutenção da pressão arterial (PA) em níveis adequados para garantir a

perfusão tecidual envolve mecanismos de regulação de curto e longo prazo. A

regulação autonômica tônica e reflexa é obtida por meio de vias neurais que

integram impulsos mecânicos e químicos de forma a modificar a atividade

simpática e parassimpática eferente para os órgãos alvo (SALMAN, 2016;

VASQUEZ et al., 1997). Dentre esses reflexos destaca-se o barorreflexo e o

quimiorreflexo.

O barorreflexo ajusta as alterações da PA momento a momento, por meio de

ajustes na atividade eferente simpática e parassimpática, produzindo

alterações reflexas na FC e resistência periférica total. As alterações da PA

são detectadas pelos barorreceptores - receptores mecânicos sensíveis à

elevação da pressão sanguínea, que estão localizados na camada adventícia

do arco aórtico e seio carotídeo. Eles enviam impulsos aferentes sensoriais

para o centro regulatório cardiovascular no tronco cerebral (GUYENET, 2006).

No tronco encefálico, os impulsos decorrentes dos barorreceptores carotídeos

e aórticos convergem no núcleo do trato solitário (NTS). De fato, Biaggioni e

colaboradores (1994) observaram que lesões do NTS extingue

completamente o barorreflexo em humanos, enquanto que Sato e

colaboradores (2001) constataram essa realidade em ratos (BIAGGIONI et al.,

1994; SATO et al., 2001). A estimulação do NTS envia sinal inibitório via

CVLM (bulbo ventrolateral caudal) para outras estruturas do tronco encefálico,

em particular o bulbo ventrolateral rostral (RVLM), resultando em redução na

atividade eferente simpática. O NTS envia, ainda, projeções estimulatórias

para o núcleo ambíguo (AMB). A partir do AMB os sinais são enviados através

de neurônios vagais para o coração (NOSAKA; YAMAMOTO; YASUNAGA,

28

1979). Desta forma, aumentos na PA estimulam a ativação aferente

barorreceptora, desencadeando a inibição da atividade simpática eferente

para o coração e vasculatura e ativação do fluxo parassimpático para o

coração. A pressão arterial, por sua vez, é restaurada para os níveis basais,

devido aos ajustes promovidos (SALMAN, 2016). Segue abaixo uma

ilustração esquemática das vias evocadas pelo barorreflexo.

Figura 6: Esquema mostrando as vias de conexão após ativação do

barorreflexo, frente a um aumento de pressão arterial.

NTS= núcleo do trato solitário, AMB= núcleo ambíguo, CVLM= bulbo ventrolateral caudal, RVLM= bulbo ventrolateral rostral, IML= coluna intermediolateral. Fonte: Dampney e colaboradores (2002), modificado por Salman (2016).

A avaliação da função barorreflexa tem sido feita tradicionalmente por meio da

administração de drogas vasoativas, que promovem mudanças abruptas na

PA e consequentemente evocam respostas reflexas mensuráveis na FC.

Alternativamente, tem sido utilizada avaliação de pequenas variações que

ocorrem naturalmente (LA ROVERE; PINNA; RACZAK, 2008), por meio de

técnicas computacionais que permitem aferir o barorreflexo em flutuações

espontâneas da PA e FC, detectadas em registros contínuos de pressão

arterial pulsátil (CAMPAGNOLE-SANTOS; HAIBARA, 2001). De fato, Di

29

Rienzo e colaboradores (2001) demonstraram a natureza barorreflexa dessas

flutuações espontâneas ao observar que o número de sequências

concordantes de mudanças na PA e FC caiu significativamente após

desnervação sinoaórtica por remoção cirúrgica em gatos (DI RIENZO et al.,

2001).

Sendo assim, podemos inferir que o controle do sistema cardiovascular é

realizado, em grande parte, pelo SNA, através da modulação da resistência

vascular periférica e da FC, que são ajustadas para as necessidades de cada

momento.

Por conseguinte, depreende-se que alterações na FC, ou em outras palavras,

certo grau de variabilidade da FC (VFC), são normais e indicam a habilidade

do coração em responder aos estímulos fisiológicos e ambientais tais como

alterações posturais, exercício físico, respiração e mudanças hemodinâmicas

(ACHARYA et al., 2006). Dessa forma, a avaliação da VFC tem a capacidade

de inferir, entre outros parâmetros, a respeito do controle autonômico sobre a

função cardiovascular.

Existem vários métodos para avaliar a VFC. Um deles é análise da

variabilidade no “domínio do tempo”, onde os intervalos entre os pulsos

pressóricos ou as ondas elétricas do coração normais e sucessivos, são

determinados ao longo de um período de registro, produzindo índices

tradutores de flutuação. Outro método importante é a variabilidade no

“domínio da frequência”. Nesta, faz-se uma análise espectral do sinal de

registro, decomposto com auxílio de algoritmos matemáticos em diferentes

bandas de frequências de oscilação. Essas diferentes bandas representam

diferentes eventos que influenciam nessas variações, dentre elas, as divisões

do sistema nervoso autônomo (OLIVEIRA et al., 2012; TASK FORCE, 1996;

VANDERLEI et al., 2009).

Uma boa vantagem é que a VFC é uma medida não invasiva, e pode ser

utilizada para identificar fenômenos relacionados ao SNA em indivíduos

saudáveis, atletas e portadores de doenças (VANDERLEI et al., 2009). De

fato, Menezes e colaboradores (2004) ratificaram estudos da literatura médica

30

ao demonstrar que a VFC encontra-se diminuída em pacientes com

hipertensão arterial moderada quando comparados a indivíduos normotensos

(MENEZES; MOREIRA; DAHER, 2004). Outros trabalhos da literatura

confirmam que a análise da VFC é muito utilizada para examinar a função

autonômica cardiovascular (GRASSI et al., 1995; LOMBARDI, 2002).

Outro mecanismo importante de regulação da função cardiovascular é

representado pelo quimiorreflexo. Este reflexo é iniciado pela estimulação de

quimiorreceptores, células especializadas que respondem a alterações

químicas do sangue ou outros fluidos corpóreos. Os quimiorreceptores são

divididos em centrais e periféricos, sendo os primeiros localizados no bulbo

ventrolateral rostral, intermediário e caudal; enquanto as células periféricas se

localizam no arco aórtico e na bifurcação das carótidas (KARA, NARKIEWICZ

& SOMERS, 2003).

Esses receptores periféricos estão em contato constante com o sangue, e

detectam momento a momento alterações no pH, na pressão parcial de

dióxido de carbono (PCO2) e na pressão parcial de oxigênio (PO2) sanguíneo.

Quando estes receptores são ativados, encaminham sinais ao bulbo, onde

induzem mudanças nas vias simpática e parassimpática, modulando o

coração e vasos sanguíneos, bem como o nervo frênico, controlando a

atividade pulmonar (THOMAS, 2011).

Quando ocorre redução na PO2 e pH ou aumento da PCO2, os

quimiorreceptores são estimulados e emitem descargas aferentes e, de forma

reflexa, promovem:

Modulação na descarga do nervo frênico;

Aumento da frequência e amplitude respiratória;

Aumento da atividade simpática, induzindo vasoconstrição, aumento da

resistência periférica e aumento da pressão arterial (PA);

Aumento da descarga parassimpática cardíaca, que pode induzir

bradicardia (FRANCHINI; KRIEGER, 1993; THOMAS, 2011).

31

Deste modo, a resposta respiratória do quimiorreflexo ocorre, basicamente,

pela ativação de neurônios respiratórios localizados no bulbo, aumentando a

frequência de disparos do nervo frênico, levando ao aumento da frequência e

da amplitude do padrão respiratório. Portanto, em situações de hipóxia, esses

receptores são ativados para promover ajustes cardiorespiratórios, mantendo

órgãos vitais adequadamente perfundidos (KARA; NARKIEWICZ & SOMERS,

2003). A figura a seguir apresenta um esquema das vias de ativação deste

reflexo:

Figura 7: Esquema mostrando as vias de conexão da resposta cardiovascular após ativação do quimiorreflexo frente a uma situação de hipóxia.

NTS= núcleo do trato solitário, AMB= núcleo ambíguo, RVLM= bulbo ventrolateral rostral, IML= coluna intermediolateral. Fonte: Dampney e colaboradores (2002), modificado por Salman (2016).

Já é bem conhecida a forte relação entre os ajustes mediados pelos

quimiorreceptores periféricos e a hipertensão (SOMERS, MARK, & ABBOUD,

1988; TRZEBSKI et al., 1982). Fletcher e colaboradores (1992) demonstraram

que ratos expostos cronicamente a curtos períodos de hipóxia apresentaram

aumento da PA, não sendo o mesmo efeito observado em ratos submetidos à

32

desnervação do nervo do seio carotídeo (FLETCHER et al., 1992). Também

foi demonstrado que pacientes com apneia do sono apresentaram aumento

na resposta do quimiorreflexo periférico induzida por hipóxia (NARKIEWICZ et

al., 1998).

Apesar de evidências do nosso laboratório mostrarem prejuízo significativo na

resposta tanto do barorreflexo quanto do quimiorreflexo após exposição aguda

a doses subletais com os agentes OF CPF (CUNHA et al., 2018) e

metamidofós (MTF) (MARETTO et al., 2012), não há estudos que apliquem a

análise da VFC após exposição a longo prazo pelo CPF.

Recente revisão sobre cardiotoxicidade e pesticidas, mostrou que inibidores

da colinesterase, como o CPF, são os principais envolvidos com

cardiotoxicidade em testes em animais e em relatos de intoxicação humana.

Em sua maioria, esse efeito foi observado após exposição subcrônica e

crônica (GEORGIADIS et al., 2018), o que ressalta a importância de estudos

de função cardíaca frente a exposição prolongada e esses compostos.

De fato, estudos de Calore e colaboradores (2007) mostraram que animais

expostos por 3 meses ao composto OF MTF apresentaram hipertrofia

cardíaca (CALORE; PEREZ; HERMAN, 2007). Outros autores mostraram que

exposição ao CPF por 3 meses causou prejuízo das propriedades mecânicas

de vasos em ratos (GUVENC TUNA et al., 2011). Ainda, Zafiropoulos e

colaboradores (2014) fizeram um estudo onde observaram toxicidade cardíaca

e aumento do estresse oxidativo em coelhos após exposição a baixas doses

de CPF e outros dois OF por períodos de 1 e 3 meses (ZAFIROPOULOS et

al., 2014). Aliado a isso, há evidências de que a exposição subcrônica e

crônica a OF induz estresse oxidativo, além de alterações histológicas de

fibras musculares cardíacas em ratas (ABDOU; EL MAZOUDY, 2010). Outros

estudos também mostraram alterações no metabolismo lipídico (ZAKI, 2012) e

danos na parede vascular em ratos intoxicados de forma repetida (YAVUZ et

al., 2005). Todavia, grande parte dos estudos experimentais que avaliam

exposições subcrônica e crônica (ABDOU; EL MAZOUDY, 2010; BAŞ;

KALENDER, 2011; GUVENC TUNA et al., 2011; KALENDER et al., 2012;

YAVUZ et al., 2005; ZAFIROPOULOS et al., 2014), usam modelos de

33

exposição contínua, o que difere do padrão de exposição humana. A

frequência de exposição de trabalhadores pode variar em função do tipo de

cultura, onde o pesticida é aplicado, e em função do intervalo de reentrada

nas lavouras que é preconizado pelas indústrias fornecedoras (ADAPAR,

2017; BAYER S.A., 2018). Portanto torna-se importante avaliar se diferentes

padrões de exposição intermitente, ou seja, exposição intervalada, podem

produzir alterações diferenciadas sobre a função cardiovascular.

Deste modo, visto que foi demonstrado por estudos anteriores do nosso

laboratório que os reflexos cardiorrespiratórios são prejudicados após

exposição a CPF, e que a literatura mostra evidências que apontam para um

dano cardiovascular frente a exposição subcrônica e crônica a compostos OF,

a hipótese do presente estudo é que uma exposição intermitente crônica ao

OF CPF também pode promover danos a estes reflexos.

34

Objetivo

35

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL:

Avaliar o efeito da exposição intermitente crônica ao inseticida clorpirifós

(CPF) sobre a modulação dos reflexos autonômicos em ratos.

2.2 ESPECÍFICO:

Avaliar o efeito do tratamento intermitente crônico com doses subletais

de CPF sobre:

o Os níveis basais de pressão arterial e frequência cardíaca de ratos

expostos;

o As respostas cardiorespiratórias do quimiorreflexo nos animais

experimentais;

o A sensibilidade barorreflexa espontânea;

o A variabilidade de frequência cardíaca no domínio do tempo;

o A variabilidade de frequência cardíaca no domínio da frequência;

o A atividade da enzima colinesterase plasmática (BuChE);

o A atividade da acetilcolinesterase (AChE) no tronco encefálico de

ratos frente a diferentes esquemas de exposição.

36

Métodos

37

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 ANIMAIS EXPERIMENTAIS

Foram utilizados ratos Wistar machos, com peso entre 200-300 gramas,

fornecidos pelo Biotério do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal do Espírito Santo (UFES). Esses animais foram acondicionados em

número máximo de 5 por gaiola de polipropileno, em um ambiente com

temperatura controlada de 25ºC, com acesso livre à água e comida e ciclo

claro/escuro de 12 horas.

Foram utilizados 71 animais divididos em dois períodos de tratamentos

conforme descrito no protocolo experimental (vide item 3.3). Todos os ensaios

biológicos obedeceram às normas de proteção aos animais e os protocolos

experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais

(CEUA) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito

Santo, estando registrados sob o número 36/2016.

3.2. PREPARO DAS SOLUÇÕES

As soluções foram obtidas por meio de diluição em solução fisiológica 0,9%,

da forma comercial do Clorpirifós (CPF) – Lorsban 480 BR®, 48% m/v, Dow

Agrosciences Industrial Ltda. As soluções utilizadas no tratamento foram

preparadas e utilizadas no mesmo dia e os animais do grupo controle foram

tratados apenas com solução fisiológica 0,9%.

3.3 PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Considerando que a exposição aos pesticidas em trabalhadores pode ocorrer

em diferentes ciclos dependendo da estação, número de aplicações e tipo de

lavoura (Dow-AgroSciences, 2016; Jørs et al., 2006; Muniz et al., 2008;

Roldán-Tapia et al., 2005; Surajudeen et al., 2014), nós propusemos um

38

desenho de exposição intermitente em dois intervalos de tempo, mas com o

mesmo número de doses no total. Os animais foram submetidos a injeções

intraperitoneais (i.p.) de salina (SAL; NaCl 0,9%) ou clorpirifós (CPF) nas

doses de 7 mg/kg (CPF 7) e dose de 10 mg/kg (CPF 10), por dois períodos

distintos de tratamento: 4 e 12 semanas. No grupo tratado por 4 semanas

(N=32), os animais receberam injeções três vezes por semana, em dias

alternados, sendo distribuídos aleatoriamente, em grupo controle (SAL; N=9) e

grupos intoxicados conforme as doses de CPF empregadas (CPF 7, N=14 e

CPF 10, N=9). No segundo período de tratamento (N=39), os animais

receberam injeções intraperitoneais de salina (SAL, N=13) ou CPF (CPF 7,

N=14 e CPF 10, N=12), uma vez por semana por um período de 12 semanas.

Pela adoção do mesmo número de injeções (12 no total), dentro de dois

intervalos diferentes, nós pudemos testar se intervalos mais curtos ou mais

longos entre as exposições diferencialmente impactam a função

cardiorrespiratória. A figura abaixo resume o esquema de administrações

adotado em cada tratamento.

39

Figura 8: Esquema de administração para o tratamento de 4 semanas (superior) e 12 semanas (inferior).

A dose de 10 m/kg de CPF adotada, corresponde a 1/3 da dose de 30 mg/kg

que induziu prejuízo cardiovascular em ratos tratados agudamente (CUNHA et

al., 2018). A dose de 7 mg/kg corresponde a 2/3 da dose de 10 mg/kg. Os

pesos dos animais foram verificados e anotados antes de cada tratamento,

para o correto cálculo da dose a ser administrada em cada animal e

acompanhamento do ganho de peso dos mesmos. Além disso, também foi

acompanhado a sobrevida frente ao tratamento tóxico aplicado. O N final de

cada grupo é apresentado na Tabela 1.

SAL

CPF 7 mg/kg

CPF 10 mg/kg

SAL

CPF 7 mg/kg

CPF 10 mg/kg

Semanas

Semanas

1 2 3 4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

40

Tabela 1. Grupos de tratamento, doses empregadas e número de animais (N) por grupo e períodos de tratamento.

Tratamento Dose N=32

4 semanas

N=39

12 semanas

CPF 7 7 mg/kg 14 14

CPF 10 10 mg/kg 9 12

SAL 0 mg/kg 9 13

Clorpirifós (CPF), salina (SAL)

Três dias após o último dia de tratamento de 4 ou 12 semanas, os animais

foram submetidos aos ensaios biológicos propostos neste estudo. A escolha

deste intervalo de avaliação pós tratamento teve o intuito de diferenciar

potenciais efeitos observados frente a este modelo de intoxicação

intermitente, de uma intoxicação aguda induzida pela última dose

administrada. Em estudos anteriores quantificamos, no sangue de animais

intoxicados, os valores de CPF num intervalo de 15 minutos até 24 horas após

a administração (MARQUES et al., 2018). Foi demonstrado que 24 horas após

o procedimento de intoxicação, a concentração de CPF no sangue estava

próxima de zero. Desta forma, com a escolha de um intervalo de três dias

para o início das avaliações, procuramos certificar que concentrações

sanguíneas do ingrediente ativo eram praticamente inexistentes, diferindo

assim de um modelo de intoxicação aguda. A figura 9 apresenta um

fluxograma das etapas de tratamento e dos ensaios biológicos seguidos.

41

Figura 9: Fluxograma das etapas de tratamento e ensaios biológicos adotados.

SAL (salina), CPF 7 (clorpirifós de 7 mg/kg), CPF 10 (clorpirifós de 10 mg/kg), PA (pressão arterial), FC (frequência cardíaca), fR (frequência respiratória), VT (volume corrente) e VE

(volume minuto).

Grupo Experimental

N total = 71 animais

4 semanas

N = 32

3x/semana

SAL

N = 9

CPF 7

N = 14

CPF 10

N = 9

12 semanas

N = 39

1x/semana

SAL

N = 13

CPF 7

N = 14

CPF 10

N = 12

Canulação

Registros Basais de

PA, FC, fR

Análise de

fR, VT e VE

Análise da variabilidade de

frequência cardíaca

Análise do barorreflexo espontâneo

Ativação Quimiorreflexa

Análise do quimiorreflexo

Coleta de amostras de

sangue e bulbo

Determinação da BChE

(plasmática)

Determinação da AChE (cerebral)

Após 72h

Após 24h

42

3.4 ENSAIOS FUNCIONAIS

Para realização dos ensaios fisiológicos cardiovasculares, os ratos foram

cateterizados para permitir os registros de pressão arterial pulsátil (PAP). Este

procedimento cirúrgico foi realizado nos animais previamente anestesiados

com tribromoetanol (250 mg/kg).

3.4.1 Canulação da artéria e veia femoral

A cirurgia para a inserção da cânula foi realizada 3 dias após o final do

tratamento de 4 semanas e 12 semanas. Foram canuladas a artéria e a veia

femoral: a cânula arterial permitiu o registro dos parâmetros cardiovasculares

citados, enquanto que a cânula introduzida na veia femoral permitiu a

administração intravenosa de drogas para a ativação do quimiorreflexo.

As cânulas utilizadas nesta etapa do estudo foram confeccionadas a partir de

frações de tubo de polietileno PE-10 (aproximadamente 5 cm) inseridas e

soldadas a frações de tubo de polietileno PE-50 (aproximadamente 18 cm). As

cânulas foram previamente preenchidas com solução fisiológica e obstruídas

em uma extremidade com pinos de metal. Os animais foram previamente

anestesiados com tribromoetanol (250 mg/kg) e transferidos para a mesa

cirúrgica. Após uma pequena incisão inguinal esquerda (cerca de 1 cm de

diâmetro), nos animais já anestesiados, foi visualizado o feixe vásculo nervoso

femoral e em seguida, foi feito o isolamento do nervo e vasos e as cânulas

inseridas na veia e na artéria femoral.

Por fim, as cânulas já inseridas e fixadas na região inguinal foram dirigidas

subcutaneamente com o auxílio de um trocáter para a região mediocervical

posterior, onde foram exteriorizadas e fixadas com uma linha de sutura. A

parte exteriorizada das cânulas teve o seu tamanho regulado, para que o

animal não conseguisse alcançar e danificar. Após a canulação, os animais

foram mantidos em gaiolas individuais, para recuperação, com acesso livre à

água e ração até o final dos experimentos.

43

Figura 10: Cirurgia de canulação da artéria e veia femoral.

3.4.2 Registro da pressão arterial e da frequência cardíaca

Após 24 horas do procedimento cirúrgico, foram realizados os registros dos

parâmetros cardiovasculares no animal acordado. Para os registros dos

parâmetros cardiovasculares, o cateter arterial foi conectado a um transdutor

de pressão acoplado a um amplificador e a um sistema de registro

computadorizado, capaz de registrar a pressão arterial pulsátil do animal

(PAP) (Powerlab®, AD Instruments, Nova Zelândia). A partir desta, os valores

de pressão diastólica (PAD), pressão sistólica (PAS) e pressão arterial média

(PAM) e frequência cardíaca (FC) foram derivados pelo software do sistema

(LabChart®, ADInstruments, Nova Zelândia).

3.4.3 Variabilidade da frequência cardíaca

Os métodos a seguir foram realizados conforme descrito anteriormente por

Oliveira e colaboradores (2012) e reproduzidos por Simões e colaboradores

(2017) (OLIVEIRA et al., 2012; SIMÕES et al., 2017).

44

3.4.3.1 Domínio do tempo

Gravações de 10 minutos foram realizadas para a análise da variabilidade da

pressão arterial sistólica (PAS) e intervalo de pulso (IP), usando o parâmetro

do domínio do tempo. O programa computacional CardioSeries (versão 2.3-

http: http://www.danielpenteado.com) foi utilizado para realizar os cálculos. As

sequências dos registros obtidos eram inspecionadas visualmente, por um

indivíduo cego ao tratamento, para detecção de artefatos que pudessem

interferir na análise dos resultados. Caso o registro obtido contivesse um

grande número de artefatos, o animal era excluído da análise dos parâmetros

de variabilidade. Como índices do domínio do tempo, foram calculados para

PAS e IP: a variância, desvio padrão e a raiz quadrada da média do quadrado

das diferenças de intervalos sucessivos (RMSSD). O RMSSD é uma

importante medida, uma vez que pode estimar a atividade regulatória vagal na

FC (OLIVEIRA et al., 2012). Abaixo segue uma figura ilustrando a interface

desse programa.

Figura 11: Interface do algoritmo (CardioSeries versão 2.3) para análise da variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo.

Fonte: Disponível em: http://www.danielpenteado.com/cardioseries. Figura com modificações.

45

3.4.3.2 Domínio da frequência

Para a análise do domínio da frequência, utilizou-se das mesmas gravações

citadas no item anterior e séries de batimentos momento a momento foram

convertidas em pontos de dados usando uma taxa de interpolação de 10 Hz e

meia sobreposição para conjuntos de dados sequenciais contendo 512 pontos

por sequência. Segmentos não estacionários ou aberrantes foram

identificados visualmente e foram excluídos do cálculo da análise espectral. O

espectro foi calculado usando um algoritmo de Transformada rápida de

Fourier (FFT) direto e foi integrado nos componentes de frequência muito

baixa 0–0,2 Hz (VLF, Very Low Frequency: representando a influência dos

sistemas vasomotor e renina-angiotensina periféricos); de baixa frequência

0,2–0,75 Hz (LF, Low Frequency: correspondente a simpático e

parassimpático); e de alta frequência 0,75 a 0,3 Hz (HF, High Frequency:

corresponde à entrada vagal) (SIMÕES et al., 2017; VANDERLEI et al., 2009).

Os resultados são apresentados em potências absolutas e normalizadas para

bandas de estudo. Quando a análise incluiu unidades normalizadas, o VLF foi

excluído e a razão LF/HF também foi calculada, caracterizando o equilíbrio

simpatovagal. A figura a seguir ilustra a interface do programa CardioSeries

para a análise do domínio da frequência.

46

Figura 12: Interface do algoritmo (CardioSeries versão 2.3) na análise da

variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio da frequência.

Fonte: Disponível em: http://www.danielpenteado.com/cardioseries. Figura com modificações.

3.4.3.3 Barorreflexo espontâneo

O barorreflexo espontâneo foi avaliado usando o método de sequência no

domínio do tempo. Essa técnica busca identificar sequências de batimentos

consecutivos nos quais aumentos progressivos da pressão sistólica são

seguidos, com até três batimentos de atraso, por aumentos progressivos do

intervalo de pulso (IP) ou vice-versa: ou diminuições progressivas de pressão

sistólica são seguidas por diminuições progressivas de IP (CAMPAGNOLE-

SANTOS; HAIBARA, 2001). A partir disso, é calculada a inclinação dessas

regressões lineares formadas pelas rampas, o que reflete o ganho

barorreflexo espontaneo.

O método de sequência fornece ainda o índice de efetividade barorreflexa

(BEI, de Baroreflex effectiveness index), que confirma se realmente foi

produzida uma resposta reflexa pelo barorreflexo. O cálculo é feito através da

razão entre o número de sequências baroreflexas divididas pelo número total

de rampas de PA (BERTINIERI et al., 1985; DI RIENZO et al., 2001). O BEI e

47

o ganho são índices complementares de função barorreflexa espontânea (DI

RIENZO et al., 2001).

Neste trabalho foi seguido o método descrito por Fazan e colaboradores

(2011) e reproduzida por Simões e colaboradores (2017). Desse modo foram

utilizados gravações hemodinâmicas e o software CardioSeries (versão 2.3-

http: //sites.google.com/site/cardioseries) para realizar os cálculos. As

sequências barorreflexas foram definidas como as rampas detectadas de pelo

menos quatro pulsos arteriais, quando as modificações da PAS foram

diretamente correlacionadas com mudanças de IP e apresentaram coeficiente

de correlação linear <0,8. Para a sensibilidade ou ganho de barorreflexo

espontâneo foi considerado a inclinação da regressão linear calculada para

rampas de subida e descida. Finalmente, para cada período selecionado para

análise foi calculado BEI – razão entre o número total de sequências

barorreflexas detectadas e o número total de rampas de PAS encontradas.

Quanto menor o BEI, menor o número de rampas de PAS que são seguidas

de alterações do IP, ou seja, menor eficácia do barorreflexo (FAZAN et al.,

2011; SIMÕES et al., 2017).

A figura a seguir apresenta a interface do programa computacional

CardioSeries versão 2.3 (http://www.danielpenteado.com) para a análise do

barorreflexo espontâneo.

48

Figura 13: Interface do programa CardioSeries versão 2.3. Método de sequência para análise do barorreflexo.

Fonte: Disponível em: http://www.danielpenteado.com/cardioseries. Figura com modificações.

3.4.4 Avaliação do quimiorreflexo

A avaliação do quimiorreflexo foi realizada a partir da administração

intravenosa de solução aquosa de cianeto de potássio (KCN), segundo o

método descrito por FRANCHINI & KRIEGER (1993). Nesse estudo foram

registradas as respostas hipertensoras, bradicárdicas e taquipnêica

promovidas por meio da ativação dos quimiorreceptores periféricos. Para

avaliação do componente respiratório foi utilizada uma câmara pletismográfica

através do método barométrico de medição (BARROS et al. 2002, MORTOLA;

FRAPPELL, 1998, 2013). Foram avaliados os dados de frequência

respiratória, volume corrente (VT) e volume minuto (VE). A câmara

pletismográfica foi acoplada a um espirômetro (ML141 Spirometer, PowerLab,

AD Instruments, Bella Vista, NSW, Australia), sendo o registro feito através do

software do sistema (LabChart®, AD Instruments, Bella Vista, NSW, Australia).

49

Figura 14: Câmara pletismográfica que permite o registro de frequência

cardíaca.

Foram administradas as doses de 10, 20, 40 e 80 µg em cada rato, de forma

aleatória, aguardando-se a estabilização dos parâmetros medidos em

intervalo mínimo de 10 minutos entre as doses. A ativação deste reflexo foi

avaliada a partir das respostas registradas após a administração do KCN:

diminuição da frequência cardíaca, aumento da pressão média arterial e

aumento da frequência respiratória.

50

Figura 15: Registro típico da resposta do quimiorreflexo após sua ativação com cianeto de potássio (KCN).

PAP – pressão arterial pulsátil; PAM – pressãoarterial média; FC – frequência cardíaca.

3.4.5 Análise da frequência respiratória

A frequência respiratória (fR – número de ciclos respiratórios em um minuto)

(CARVALHO, JUNIOR, & FRANCA, 2007; MORTOLA & FRAPPELL, 2013) foi

calculada manualmente. Após a administração de KCN ocorreu a resposta

comportamental de exploração devido a hipóxia-citotóxica, onde foi observado

a movimentação do animal. As oscilações de pressão produzidas pela

respiração do animal dentro da câmara foram registradas nos intervalos de 20

segundos antes e 20 segundos após a injeção intravenosa de KCN. A

quantificação da fR foi realizada a cada intervalo de 2 segundos, na qual o

número de ciclos obtidos foi multiplicado por 30 para expressar o número de

51

ciclos por minuto (cpm). Esses valores foram colocados em um gráfico da fR

(cpm) em função do tempo (segundos) (CRESTANI et al., 2009; RAISMAN,

COWAN, & POWELL, 1966).

3.4.6 Análise do volume corrente e do volume minuto nos animais

Os valores basais de volume corrente (VT – volume de ar inspirado em cada

movimento respiratório), e volume minuto (VE – volume de ar trocado por

minuto) (CARVALHO; JUNIOR; FRANCA, 2007; MORTOLA; FRAPPELL,

2013), foram calculados antes das microinjeções de drogas levando-se em

consideração os registros correspondentes ao intervalo de 20 segundos antes

da administração de KCN no período controle. Estes cálculos foram efetuados

a partir da fórmula (1). Somente a fR foi avaliada após a ativação do

quimiorreflexo, pois a resposta comportamental de exploração induzida pelo

KCN leva ao aumento da linha de base do sinal respiratório, prejudicando a

análise do VT e VE.

Para a obtenção de uma análise confiável dos parâmetros respiratórios, o

animal deve permanecer em estado de repouso. A movimentação do animal

interfere na captação e análise dos ciclos respiratórios, sendo esse um fator

limitante da técnica. Portanto, os animais foram previamente ambientados ao

sistema durante pelo menos 30 minutos antes do início dos experimentos e

somente aqueles que se apresentaram em repouso foram submetidos à

experimentação.

52

Fórmula 1:

VT = PT x Vk x Tc (PB - PA)

Pk

Tc (PB - PA) - TA (PB - PC)

VE = VT x fR

VT: Volume corrente VK Volume de ar injetado para calibração PT: Deflexão de pressão associada com cada volume de ar corrente PK: Deflexão de pressão associada com o volume injetado para

calibração TC: Temperatura corporal TA: Temperatura do ar dentro da câmara do animal PB: Pressão barométrica PC: Pressão de vapor de água à temperatura corporal PA: Pressão de vapor de água à temperatura da câmara do animal VE Volume minuto

3.4.7 Dosagem enzimática

Foram avaliadas neste estudo a atividade das enzimas butirilcolinesterase

(BuChE), no plasma e acetilcolinesterase (AChE), na região do tronco

encefálico. As amostras de sangue e tronco encefálico foram coletadas após

decapitação do animal. O procedimento de decapitação foi realizado sem o

uso de anestésicos, uma vez que evidências sugerem interferência destas

substâncias sobre a atividade da AChE (GOMEZ, GOMEZ, & PRADO, 2000;

PASTUSZKO, 1980; SILVA et al., 2005; VALADÃO et al., 2013; VAN RIJN et

al., 2011). A coleta de sangue foi feita em eppendorf heparinizado após o

tratamento. O plasma foi obtido por centrifugação das amostras de sangue a

7.200 G por 10 minutos a 4°C utilizando uma centrífuga (Universal 320R –

Hettich; Tuttlingen, Alemanha) e armazenado até o momento da dosagem, em

temperatura -80°C. O método utilizado seguiu as etapas indicadas no kit de

determinação da enzima (vide descrição no item 3.4.7.1).

Como dito anteriormente, o tronco encefálico foi obtido através da decapitação

dos animais utilizando guilhotina (EB-271® Insight - Insight Ltda., Ribeirão

Preto, SP). Num prazo entre 2-5 minutos o tronco encefálico foi isolado,

acondicionado em eppendorf (previamente pesado) e pesado em balança

53

analítica (Celtac modelo FA2104N - TDS Instrumental Tecnologia Ltda.

Tijucas Do Sul, PR). Após o isolamento, o tronco encefálico foi armazenado

em temperatura de -80°C até o momento da dosagem. Todo procedimento de

retirada e isolamento do tronco encefálico foi realizado em gelo e com

lavagens esporádicas de solução salina gelada.

Após a decapitação do animal o SNC foi removido da caixa craniana e

colocado sobre uma placa de petri com papel de filtro. O tronco encefálico foi

obtido através de um corte transversal na região da primeira cervical e outro

no final da ponte segundo o atlas de Paxinos e Watson (2009). O cerebelo foi

delicadamente removido com a pinça através da desconexão dos pedúnculos

cerebelares e deslocamento horizontal. Após esse procedimento foi permitido

à visualização do início do aqueduto de Sylvius e da matéria cinzenta

periaquedutal. Com a identificação dessas regiões anatômicas uma leve

elevação no sentindo frontal com a pinça foi feita no mesencéfalo permitindo

que um corte transversal pegasse estruturas de projeções mais anteriores da

ponte (figura 13), objetivando a inclusão dos núcleos parabraquial, Kölliker-

Fuse e locus coeruleus que apresentam funções sobre o sistema respiratório

(SPYER; GOURINE, 2009).

Figura 16: Esquema ilustrativo mostrando o local do corte na região mais anterior do tronco encefálico.

As setas indicam a direção em que ocorrerá a elevação no mesencéfalo para que seja feito o corte; Linha em preto indica o caminho feito pelo corte transversal. Fonte: Google (imagens: rat brain atlas).

54

3.4.7.1 Determinação da atividade da colinesterase plasmática (BuChE)

A atividade colinesterásica foi mensurada de acordo com o método

colorimétrico descrito por Dietz, Rubinstein & Lubrano (1973) com

modificações, utilizando o kit para determinação de colinesterase da marca

Bioclin (Colinesterase – K094® Quibasa química básica LTDA., Minas Gerais,

Brasil) no analisador bioquímico semi-automático (Bio Plus®, BIO-2000 IL,

Brasil). A inibição na atividade dessa enzima, juntamente com a quantificação

da atividade da AChE cerebral, permitiu a avaliação da eficácia do tratamento

com os inseticidas organofosforados.

O princípio de ação desta técnica consiste na ação catalítica da colinesterase

sobre a butiriltiocolina, a qual é hidrolisada em tiocolina e butirato. Em

seguida, a tiocolina reduz o hexacianoferrato (III), de cor amarela, em

hexacianoferrato (II), que é incolor. O decréscimo da absorbância foi medido a

405 nm. No teste, foram adicionados a um tubo de ensaio: 10 µL da amostra,

500 µL do reagente 1 (tampão reagente: pirofosfato pH 7,60 e

hexacianoferrato (III) de potássio), 250 µL do reagente 2 (substrato:

butiriltiocolina) e, imediatamente, foi realizada a leitura colorimétrica no

analisador bioquímico semi-automático termostatizado (37° C) em 405 nm.

Em outro tubo – reagente branco – foram adicionados 10 µL de água

destilada, 500 µL de reagente 1, 250 µL do reagente 2 e também realizado a

leitura. As dosagens foram feitas em duplicata e a atividade foi expressa em

U/L (um U de colinesterase corresponde à quantidade de enzima que hidrolisa

1 µmol de substrato/minuto/mL de soro, a 37°C) e calculada a partir da

fórmula (2), disponível nas descrições do kit utilizado:

Fórmula 2:

ΔA / min = [ ΔA / min da amostra ] – [ ΔA / min do branco ]

Atividade (U/L) = ΔA / min x 68500

55

3.4.7.2 Determinação da atividade da colinesterase cerebral (AChE)

A atividade da AChE foi mensurada de acordo com o método colorimétrico

descrito por Ellman e colaboradores (1961) e modificado por Lassiter e

colaboradores (2003). A amostra do tronco cerebral do animal, previamente

pesada, foi homogeneizada em tampão fosfato (pH= 8,0; 0,1M) e 1% de Triton

(Triton X-100) (v/v) na proporção de 20 mg de tecido para cada 1 mL de

tampão. A homogeinização foi feita em um macerador de tecido Potter-

Elvehjem e pistilo de teflon durante um tempo total de 6 minutos, sendo feita

em períodos de 30 segundos com intervalos de 10 segundos para o descanso

da amostra. Após a homogeinização a amostra foi transferida para um tubo

falcon 15 mL e centrifugado (Centrifuge 5804R – Eppendorf AG. Hamburgo,

Alemanha) com refrigeração 4°C durante 5 minutos a 7.800G e, por fim, o

sobrenadante transferido para um eppendorf. Todo o procedimento foi

executado e armazenado em gelo.

Uma alíquota de 135 µL desse homogenato foi adicionada em uma cubeta

contendo 820 µL de tampão (pH= 8,0) e 35 µL de DTNB. O reagente ácido

Ditiobisnitrobenzóico (DTNB) 0,01M foi preparado no dia do experimento; 1,9

mg do ácido foi dissolvido em 100 µL de NaOH 0,1 M qsp de água para 1 mL,

seguido de agitação em vórtex. A amostra com os reagentes na cubeta foram

incubados durante 10 minutos em temperatura ambiente na bancada e em

seguida adicionado o 10 µL do substrato. O iodato de acetiltiocolina 0,075 M

(21,67 mg/mL) foi o substrato. O princípio de ação desta técnica consistiu na

ação catalítica da AChE sobre a acetiltiocolina, a qual é hidrolisada em

tiocolina e acetato. A tiocolina reage com o DTNB em uma reação de

substituição nucleofílica liberando o ânion de cor amarelo ácido 5-tio-2-nitro-

benzóico. A análise foi feita pelo método cinético e lida no comprimento de

onda de 412 nm em espectrofotômetro (Epoch 2 Microplate

Spectrophotometer – BioTek, Winooski, VT, EUA). A atividade da enzima foi

calculada de acordo com a fórmula (3).

56

Fórmula 3:

U = [ ΔA / 13600 ] . [ 135 / 1000 ] . X

U = É igual ao número de mols da acetiltiocolina hidrolisado por hora por

miligrama de proteína.

ΔA = Mudança na absorbância por minuto.

13600 = É o coeficiente de extinção do ânion amarelo

135 = É o volume da amostra

1000 = É o volume total da reação

X = É a quantidade de tecido (mg)

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados foram analisados com o software GraphPad Prism versão 5.00

para Windows (GraphPad Software®, San Diego California USA). Os gráficos

foram construídos utilizando o software GraphPad Prism versão 5.00 para

Windows (GraphPad Software®, San Diego California USA). O nível de

significância foi fixado em p<0,05 e os dados apresentados como média ± erro

padrão da média (EPM). Os métodos de análise empregados são descritos

nos itens a seguir:

O teste estatístico ANOVA de duas vias para medidas repetidas com

ajustes de Bonferroni foi empregado nas análises de PAM, FC e

resposta taquipneica frente a ativação quimiorreflexa. Esse teste

também foi utilizado para a análise do peso médio;

A ANOVA de uma via foi utilizada para análise da atividade das

enzimas AChE e BuChE e para os Parâmetros Basais de PAD, PAS,

PAM, FC, fR média basal, VT, VE, VFC no domínio do tempo, VFC no

domínio da frequência e barorreflexo espontâneo, todos seguidos pelo

teste Post-Hoc de Bonferroni ou Tukey, quando apropriado.

57

Resultados

58

4. RESULTADOS

4.1 DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DA COLINESTERASE CEREBRAL (AChE) E PLASMÁTICA (BuChE)

A figura 17 ilustra a atividade da enzima butirilcolinesterase (BuChE) e

acetilcolinesterase (AChE) nos grupos avaliados.

A atividade da BuChE foi alterada pelo tratamento de 4 semanas (F(2,20) =

5,849; P = 0,01) e 12 semanas (F(2,24) = 7,583; P = 0,003).

Os animais intoxicados com CPF por 4 semanas (painel A), apresentaram

uma menor atividade da enzima tanto para a dose de CPF de 7 mg/kg (CPF 7,

P < 0,05), quanto de 10 mg/kg (CPF 10, P < 0,05) em relação ao grupo

controle (SAL). O mesmo foi observado com os animais intoxicados por 12

semanas (painel C), onde as doses de 7 mg/kg (CPF 7, P < 0,01) e 10 mg/kg

(CPF 10, P < 0,05) apresentaram uma menor atividade em relação ao grupo

controle.

Resultados semelhantes foram encontrados para a atividade da

acetilcolinesterase (AChE) no tronco encefálico, sendo observadas diferenças

entre os grupos, tanto para animais tratados por 4 semanas (F(2,15) = 8,935; P

= 0,003) quanto por 12 semanas (F(2,36) = 22,260; P < 0,01).

No painel B, podemos observar que os animais intoxicados por 4 semanas

com CPF nas doses de 7 mg/kg (CPF 7; P = 0,050) e 10 mg/kg (CPF 10; P <

0,01) apresentaram menores atividades da AChE em relação ao grupo

controle (SAL). Os animais intoxicados por 12 semanas (painel D) com as

mesmas doses de CPF, 7 mg/kg e 10 mg/kg (CPF 7, P < 0,01; CPF 10, P <

0,01), também apresentaram uma menor atividade em relação ao grupo

controle.

59

Figura 17: Atividade da colinesterase plasmática (BuChE) e acetilcolinesterase cerebral (AChE) no período de 4 e 12 semanas.

4 Semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

100

200

300

**

Ativ

idade B

uC

hE

(U

/L)

4 Semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

2

4

6

***

Ativ

idade A

ChE

(um

ol/h

/mg d

e p

rote

ina)

12 Semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

100

200

300

***

Ativ

idade B

uC

hE

(U

/L)

12 Semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

2

4

6

****

Ativ

idade A

ChE

(um

ol/h

/mg d

e p

rote

ina)

(A)

(C)

(B)

(D)

Colinesterase Plasmática Colinesterase Cerebral

28%32%

39% 34%

37%

57%

50%56%

Salina 0,9% (SAL, barra preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7, barra azul), clorpirifós de 10 mg/kg (CPF 10, barra vermelha). Painel A e C: Atividade da colinesterase plasmática após tratamento de 4 semanas (SAL, N=7; CPF 7, N=9; CPF 10, N=7) e 12 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=9; CPF 10, N=9), respectivamente. Painel B e D: Atividade da acetilcolinesterase cerebral após tratamento por 4 semanas (SAL, N=6; CPF 7, N=6; CPF 10, N=6) e 12 semanas (SAL, N=13; CPF 7, N=14; CPF 10, N=12), respectivamente. Atividade da colinesterase plasmática expressa como U/L e atividade da acetilcolinesterase cerebral expressa como umol/h/mg de proteína. ANOVA de uma via seguida de post-hoc de Bonferroni.*p<0,05, **p<0,01 indicam diferenças entre os grupos CPF e SAL.

60

4.2 PESO MÉDIO E SOBREVIDA

Os dados de ganho de peso corporal dos animais tratados por 4 e 12

semanas estão representados na figura 18.

Nos animais tratados por 4 semanas (painel A), um ganho significativo de

peso foi observado ao longo do tempo (F(3,29) = 44,976; P < 0,01). O

tratamento, porém, não afetou de forma significativa o ganho de peso (F(2,29) =

1,316; P = 0,284), mas houve interação entre o tempo e o tratamento (F(8,29) =

2,937; P = 0,048).

Os animais tratados por 12 semanas (painel B), também apresentaram um

ganho significativo de peso ao longo do tempo (F(11,36) = 438,624; P < 0,01).

Em contrapartida, o tratamento não afetou o ganho de peso (F(2,36) = 1,010; P

= 0,374), assim como não houve interação entre o tratamento e o tempo

(F(22,36) = 0,429; P = 0,767) para os grupos avaliados.

A despeito da ausência de alteração no peso induzido pelo tratamento, a

exposição ao CPF na dose de 10 mg/kg por 4 semanas, promoveu uma

mortalidade de 14,6% nos animais tratados.

61

Figura 18: Ganho de peso corporal dos animais tratados por 4 e 12 semanas.

1 2 3 4100

200

300

400

500

Semanas

SAL

CPF 7

CPF 10

Peso C

orp

ora

l (g

)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12100

200

300

400

500

Semanas

Peso C

orp

ora

l (g

)

(A) 4 Semanas

12 Semanas(B)

Salina 0,9% (SAL – linha preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7 – linha azul) e 10 mg/kg (CPF 10 – linha vermelha). Painel A: Animais tratados pelo período de 4 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=14; CPF 10, N=9). Painel B: Animais tratados pelo período de 12 semanas (SAL, N=13; CPF 7, N=14; CPF 10, N=12). ANOVA de duas vias para medidas repetidas seguida de Post-Hoc de Bonferroni.

62

4.3 DADOS HEMODINÂMICOS E VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA (VFC) NO DOMÍNIO DO TEMPO

Os resultados obtidos na análise dos valores basais de PAD, PAS, PAM e FC

de ratos tratados por 4 semanas com salina 0,9% (SAL) e CPF nas doses de

7 mg/kg (CPF 7) e 10 mg/kg (CPF 10), são mostrados na tabela 2. Não foram

observadas diferenças estatisticamente significantes entre os diferentes

grupos tratados para os valores basais de PAD (F(2,29) = 0,233; P = 0,793),

PAS (F(2,29) = 1,123; P = 0,339), PAM (F(2,29) = 1,913; P = 0,166) e FC (F(2,29) =

1,266; P = 0,297).

Para os animais tratados por 12 semanas (SAL; CPF 7 e CPF 10), também

não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os

diferentes grupos tratados para os valores basais de PAD (F(2,36) = 1,358; P =

0,270), (PAS) (F(2,36) = 0,112; P = 0,894), PAM (F(2,36) = 0,310; P = 0,736) e FC

(F(2,36) = 2,961; P = 0,065).

Os valores médios da variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio

do tempo dos animais tratados por 4 semanas com salina 0,9% (SAL) e CPF

nas doses de 7 mg/kg (CPF 7) e 10 mg/kg (CPF 10) estão representados na

tabela 2. Não foi observado diferença estatística nos índices desvio padrão

(DP) (F(2,27) = 1,325; P = 0,282) e variância (F(2,27) = 1,446; P = 0,253) de

pressão arterial sistólica. O mesmo resultado foi observado na análise de

variabilidade de intervalo de pulso (IP) para os índices: DP (F(2,27) = 2,087; P =

0,144), variância (F(2,27) = 2,281; P = 0,122) e RMSSD (raiz quadrada da média

do quadrado das diferenças de intervalos sucessivos) (F(2,27) = 1,013; P =

0,377).

De forma semelhante, entre os animais tratados por 12 semanas com salina

0,9% (SAL) e CPF nas doses de 7 mg/kg (CPF 7) e 10 mg/kg (CPF 10), não

foi observado diferença estatística na análise de variabilidade da pressão

sistólica, para os índices desvio padrão (DP) (F(2,32) = 0,080; P = 0,923) e

variância (F(2,32) = 0,159; P = 0,854); e para a análise de variabilidade de IP

para os índices: DP (F(2,32) = 2,293; P = 0,117), variância (F(2,32) = 2,803; P =

0,076) e RMSSD (F(2,32) = 1,23; P = 0,30).

63

Tabela 2. Dados hemodinâmicos basais, de variabilidade da pressão arterial sistólica e de intervalo de pulso no domínio do tempo dos diferentes grupos estudados.

4 Semanas 12 Semanas

SAL (N=9) CPF 7 (N=14) CPF 10 (N=9) P SAL (N=13) CPF 7 (N=14) CPF 10 (N=12) P

PAD (mmHg) 95,67 ± 2,55 92,55 ± 2,79 93,38 ± 4,53 0,793 93,39 ± 2,32 90,22 ± 2,60 96,20 ± 2,76 0,270

PAS (mmHg) 129,36 ± 3,12 127,18 ± 2,55 122,81 ± 3,19 0,339 128,41 ± 2,85 127,51 ± 3,60 126,02 ± 4,08 0,894

PAM basal (mmHg) 111,00 ± 2,43 108,28 ± 2,59 102,69 ± 3,41 0,166 109,09 ± 2,34 107,03 ± 2,86 109,98 ± 2,99 0,736

FC basal (bpm) 357,81 ± 9,93 371,61 ± 9,45 343,10 ± 19,78 0,297 390,85 ± 16,02 409,14 ± 17,45 352,10 ± 16,45 0,065

SAL (N=9) CPF 7 (N=13) CPF 10 (N=8) P SAL (N=12) CPF 7 (N=13) CPF 10 (N=10) P

Variabilidade da Pressão Sistólica

DP (mmHg) 2,77 ± 0,21 3,40 ± 0,29 3,01 ± 0,31 0,282 2,98 ± 0,29 3,15 ± 0,36 3,02 ± 0,27 0,923

Variância (mmHg2) 8,18 ± 1,14 12,84 ± 2,34 9,85 ± 1,85 0,253 9,83 ± 2,11 11,52 ± 3,13 9,81 ± 1,74 0,854

Variabilidade do Intervalo de Pulso

DP (ms) 3,20 ± 0,24 3,83 ± 0,33 4,18 ± 0,34 0,144 3,75 ± 0,25 3,88 ± 0,25 4,68 ± 0,47 0,117

Variância (ms2) 10,84 ± 1,64 16,72 ± 2,54 18,57 ± 3,04 0,122 14,80 ± 1,98 15,96 ± 1,96 24,06 ± 4,70 0,076

RMSSD (ms) 3,73 ± 0,30 4,21 ± 0,35 4,69 ± 0,67 0,377 3,84 ± 0,46 4,18 ± 0,30 4,71 ± 0,38 0,305

Salina (SAL), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7), clorpirifós de 10 mg/kg (CPF 10), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC), pressão arterial

sistólica (PAS), desvio padrão (DP), raiz quadrada da média do quadrado das diferenças de intervalos sucessivos (RMSSD). ANOVA de uma via.

64

4.4 ANÁLISE ESPECTRAL

A análise espectral absoluta dos animais tratados por 4 semanas (painel A) mostrou

que houve diferença entre as bandas de muito baixa frequência (VLF, Very Low

Frequency) do espectro de intervalo de pulso (PI) (F(2,24) = 9,871; P = 0,001), onde o

grupo tratado com CPF na dose 10 mg/kg apresentou uma maior potência em

relação ao grupo salina (P < 0,01) e ao grupo CPF 7 (P < 0,01). Em contrapartida,

análise das potências absolutas para as bandas de baixa frequência (LF, Low

Frequency) (F(2,24) = 2,252; P = 0,127) e de alta frequência (HF, High Frequency)

(F(2,24) = 0,654; P = 0,529) não mostrou diferença estatisticamente significante entre

os grupos tratados estudados.

A análise espectral em unidades normalizadas (painel C) não mostrou diferença

estatística significante para as bandas LF (F(2,24) = 1,479; P = 0,248) e HF (F(2,24) =

1,479; P = 0,248) entre os diferentes grupos tratados, ainda que uma tendência de

aumento da banda de LF e de redução da banda de HF possa ser observada nos

grupos intoxicados com CPF. Ainda, para a razão LF/HF (painel E), não foi

observado diferença estatística significante (F(2,24) = 1,385; P = 0,270) entre os

diferentes grupos estudados.

Em relação aos animais tratados por 12 semanas, a análise dos dados de potência

espectral absoluta (painel B) mostrou diferença entre os grupos para a banda de

muito baixa frequência (VLF) do espectro de PI (F(2,31) = 5,664; P = 0,008), onde o

grupo tratado com CPF na dose 10 mg/kg apresentou uma maior potência (CPF 10;

P < 0,01) em relação ao grupo salina (SAL). A análise das bandas de baixa

frequência (LF) (F(2,31) = 1,099; P = 0,346) e de alta frequência (HF) (F(2,31) = 1,572; P

= 0,224) não mostrou diferença estatística significante entre os grupos tratados

estudados.

De forma semelhante, a análise dos espectros em unidades normalizadas (painel D)

não mostrou diferença estatística significante para as bandas LF (F(2,31) = 0,81; P =

0,454) e HF (F(2,31) = 0,810; P = 0,454) entre os diferentes grupos tratados, assim

como não foram observadas diferenças para a razão LF/HF (painel F; F(2,31) = 0,733;

P = 0,488) entre os grupos para este período de tratamento.

65

Figura 19: Efeitos da exposição repetida ao clorpirifós sobre a variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência em ratos.

0

5

10

15

20

banda LF banda HFbanda VLF

&&

**

Potê

ncia

absolu

ta (

ms

2)

0

5

10

15

20

banda LF banda HFbanda VLF

**SAL

CPF 7

CPF 10

Potê

ncia

absolu

ta (

ms

2)

0

20

40

60

80

100

banda LF banda HF

Unid

ades n

orm

aliz

adas (

%)

0

20

40

60

80

100

banda LF banda HF

Unid

ades n

orm

aliz

adas (

%)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Ra

zão L

F /

HF

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Ra

zão L

F /

HF

4 Semanas 12 Semanas(A)

(C)

(E)

(B)

(D)

(F)

Salina 0,9% (SAL, barra preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7, barra azul) e 10 mg/kg (CPF 10; barra vermelha). Painel A e B: Análise espectral absoluta - tratamento por 4 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=11; CPF 10, N=7) e 12 semanas (SAL, N=11; CPF 7, N=13; CPF 10, N=10). Painel C e D: Análise em unidades. Painel E e F: Razão LF/HF. ANOVA de uma via seguida de post-hoc de Bonferroni. **p<0,01 indica diferença entre os grupos CPF 10 e SAL. &&

p<0,05 indica diferença entre os grupos CPF 7 e CPF 10.

66

4.5 AVALIAÇÃO DO BARORREFLEXO ESPONTÂNEO

A análise barorreflexa dos animais tratados por 4 semanas (painel A) mostrou uma

diferença estatística significante entre os grupos para o ganho barorreflexo das

rampas de subida (F(2,24) = 6,968; P = 0,004). O ganho dos animais intoxicados com

as doses de 7 mg/kg (CPF 7; P < 0,01) e 10 mg/kg (CPF 10; P < 0,05) foi menor em

relação ao grupo controle (SAL).

Podemos observar ainda, que as rampas de descida não apresentaram diferença

significativa entre os grupos tratados por 4 semanas (F(2,24) = 2,760; P = 0,083),

enquanto que as rampas totais, ou seja, rampas de subida somadas as rampas de

descida, também apresentaram diferença estatística (F(2,24) = 5,422; P = 0,011),

sendo observada uma redução estatisticamente significante apenas entre os animais

intoxicados com clorpirifós na dose de 7 mg/kg (CPF 7; P < 0,05) e o grupo controle

(SAL).

O método de sequência também fornece o índice de efetividade barorreflexa (BEI),

que através da razão do número de sequências divididas pelo número de rampas de

PA, interpretadas como a porcentagem de rampas de PA, confirma se realmente

produzem uma resposta reflexa pelo barorreflexo (BERTINIERI et al., 1985, DI

RIENZO et al., 2001). A análise estatística desta variável (painel C) mostrou uma

diferença estatisticamente significante entre os grupos tratados por 4 semanas

(F(2,24) = 6,758; P = 0,005), sendo observada uma redução significante para os

animais tratados com CPF na dose de 7 mg/kg (CPF 7; P < 0,01) em relação ao

grupo controle (SAL).

Entre os animais tratados durante 12 semanas, a análise não mostrou diferença

estatisticamente significante para o ganho barorreflexo (painel B) das rampas de

subida (F(2,31) = 0,123; P = 0,885), assim como para as rampas de descida (F(2,31) =

0,174; P = 0,841), e as rampas totais (F(2, 31) = 0,087; P = 0,917) entre os diferentes

grupos estudados. Da mesma forma, o BEI (painel D) não apresentou diferença

estatisticamente significante entre os grupos tratados por 12 semanas (F(2,31) =

1,611; P = 0,216).

67

Figura 20: Efeitos da exposição repetida ao clorpirifós sobre o barorreflexo de ratos.

0

1

2

3

SUBID

A

DESC

IDA

TODAS

**

SA

L

CP

F 7

CP

F 1

0**

Ganho (

ms/m

mH

g)

0

1

2

3

SUBID

A

DESC

IDA

TODAS

SA

L

CP

F 7

CP

F 1

0

Ga

nh

o (

ms/m

mH

g)

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

**

BE

I

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

BE

I

4 Semanas 12 Semanas

(A)

(C)

(B)

(D)

Salina 0,9% (SAL, barra preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7, barra azul) e 10 mg/kg (CPF 10; barra vermelha). Painel A e B: Valores de ganho barorreflexo calculado com o método de sequência e delay 3 pulsos, em animais tratados por 4 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=11; CPF 10, N=7) e 12 semanas (SAL, N=12; CPF 7, N=12; CPF 10, N=10), respectivamente. Painel C e D: Índice de efetividade barorreflexa (BEI) após tratamento por 4 semanas e 12 semanas, respectivamente. ANOVA de uma via seguida de Post-Hoc de Bonferroni. *p<0,05 e **p<0,01 indicam diferenças em relação ao grupo SAL..

68

4.6 AVALIAÇÃO DO QUIMIORREFLEXO

A figura 21 mostra as alterações observadas na PAM e FC frente a ativação do

quimiorreflexo com doses crescentes de cianeto de potássio (KCN) nos animais dos

diferentes grupos estudados.

Para o tratamento de 4 semanas podemos observar no painel A que as diferentes

doses de KCN induziram respostas de diferentes magnitudes na PAM (F(3,29) =

136,304; P < 0,01), porém não houve diferença estatisticamente significante entre os

grupos (F(2,29) = 0,866; P = 0,431), nem houve interação entre o tratamento e as

doses de KCN (F(6,29) = 0,504; P = 0,732).

As doses de KCN (painel B) também induziram diferentes respostas bradicárdicas

neste período de tratamento (F(3,29) = 126,846; P < 0,01), assim como as respostas

bradicárdicas apresentaram diferentes magnitudes entre os grupos estudados (F(2,29)

= 4,723; P = 0,017), mas não foi observada interação entre o tratamento e as

diferentes doses de KCN (F(6,29) = 1,063; P = 0,387).

A análise post-hoc desses dados permitiu observar uma redução estatisticamente

significante na resposta bradicárdica dos animais tratados com CPF para a dose de

40 µg de KCN (CPF 7, P < 0,01; CPF 10, P < 0,05) quando comparada ao grupo

controle (SAL).

De forma semelhante, nos animais tratados por 12 semanas (painel C), foram

observadas respostas pressoras de diferentes magnitudes frente as doses de KCN

(F(3,36) = 138,441; P < 0,01), sem diferença estatisticamente significante entre os

grupos (F(2,36) = 0,26; P = 0,772), mas com interação entre o tratamento e as doses

empregadas (F(6,36) = 2,63; P = 0,056).

Para este mesmo período de tratamento, observamos diferentes respostas

bradicárdicas após a administração das diferentes doses de KCN (F(3,36) = 185,879;

P < 0,01), assim como as respostas bradicárdicas apresentaram diferentes

magnitudes entre os grupos estudados (F(2,36) = 7,701; P = 0,002), mas sem

interação entre o tratamento e as diferentes doses de KCN (F(6,36) = 1,757; P =

0,145) (painel D).

69

A análise post-hoc desses dados permitiu observar uma redução estatisticamente

significante na resposta bradicárdica para a dose de 40 µg (CPF 7, P < 0,01; CPF

10, P < 0,01) e a dose de 80 µg (CPF 10, P < 0,01) quando comparadas ao grupo

controle (SAL).

70

Figura 21: Variação de pressão arterial média e de frequência cardíaca após ativação do quimiorreflexo dos animais tratados por 4 e 12 semanas.

10 µg 20 µg 40 µg 80 µg0

20

40

60

80

KCN

P

AM

(m

mH

g)

10 µg 20 µg 40 µg 80 µg0

20

40

60

80

SAL

CPF 7

CPF10

KCN

P

AM

(m

mH

g)

10 µg 20 µg 40 µg 80 µg

-250

-200

-150

-100

-50

0

*##

KCN

F

C (

bpm

)

10 µg 20 µg 40 µg 80 µg

-250

-200

-150

-100

-50

0

****## %

KCN

F

C (

bpm

)

(A) (C)

(B) (D)

4 Semanas 12 Semanas

Salina 0,9% (SAL, N=9, linha preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7, N=14, linha azul) e 10 mg/kg (CPF

10, N=9; linha vermelha). Painel A e C: Variação de pressão arterial média; e Painel B e D: Variação

de frequência cardíaca de animais tratados por 4 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=14; CPF 10, N=9) e

12 semanas (SAL, N=13; CPF 7, N=14; CPF 10, N=12). Quimiorreflexo ativado por meio da

administração de quantidades crescentes de KCN (10, 20, 40 e 80 µg/kg). ANOVA de duas vias

seguida de Post-Hoc de Bonferroni. ##

p<0,01 indica diferença do grupo CPF 7 em relação ao grupo

salina, e *p<0.05 e **p<0.01 e indica diferença do grupo CPF 10 em relação ao grupo salina. %

p<0.05

indica diferença entre os grupos CPF 7 e CPF 10.

71

4.7 ANÁLISE DOS PARÂMETROS RESPIRATÓRIOS BASAIS

Os dados do volume corrente (VT) e volume minuto são apresentados na figura 22.

Para o tratamento de 4 semanas, podemos observar no painel A que o VT,

apresentou uma diferença estatística significante entre os diferentes grupos de

tratamento (F(2,29) = 7,2; P = 0,003). Pode-se observar que os animais intoxicados

com CPF na dose de 10 mg/kg (CPF 10; P < 0,01), apresentaram um aumento do VT

em relação ao grupo controle (SAL). Também foi observada uma diferença

estatisticamente significante para o VE (painel C) entre os grupos para o mesmo

período de tratamento (F(2,29) = 4,465; P = 0,02). Os animais intoxicados com CPF na

dose de 10 mg/kg (CPF 10; P < 0,05), apresentaram um maior VE quando

comparado ao grupo controle (SAL).

O VT dos animais tratados por 12 semanas (painel B), assim como demonstrado

para o período de 4 semanas de tratamento, apresentou diferença estatística

significante entre os diferentes grupos de tratamento (F(2,36) = 7,038; P = 0,003). O

teste post-hoc mostrou que os animais intoxicados com CPF na dose de 10 mg/kg

(CPF 10; P < 0,01), apresentaram um aumento do VT em relação ao grupo controle

(SAL). Para o VE (painel D), entretanto, não foi observada diferença estatística (F(2,36)

= 3,043; P = 0,060).

A análise da frequência respiratória (fR) basal média (painel E e D) não indicou

diferença entre os diferentes grupos tratados tanto por 4 semanas (F(2,29) = 1,593; P

= 0,221), quanto por 12 semanas (F(2,36) = 0,341; P = 0,714).

72

Figura 22: Volumes respiratórios corrente e minuto e frequências respiratórias basais médias dos animais tratados por 4 e 12 semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

2

4

6

8

10

**

VT (

mL/K

g-1

)

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

2

4

6

8

10

**

VT

(mL/K

g-1

)

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

200

400

600

800

1000*

VE (

mL.K

g-1

.min

-1)

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

200

400

600

800

1000

VE (

mL.K

g-1

.min

-1)

(A) (B)

(C) (D)

12 Semanas4 Semanas

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

50

100

150

200

f R (

cp

m)

SAL

CPF 7

CPF 1

0

0

50

100

150

200

f R (

cp

m)

(E) (F)

Salina 0,9% (SAL, barra preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7, barra azul) e 10 mg/kg (CPF 10, barra vermelha). Painel A e B: Volumes respiratórios corrente (VT;); Painel C e D: Volumes respiratórios minuto (VE;); Painel E e F: Frequências respiratórias (fR;). de animais tratados por 4 semanas (SAL, N=9; CPF 7, N=14; CPF 10, N=9) e 12 semanas (SAL, N=13; CPF 7, N=14; CPF 10, N=12), respectivamente. ANOVA de uma via seguida de post-hoc de Bonferroni. *p<0,05, **p<0,01 indica diferença em relação ao grupo SAL.

73

4.8 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA TAQUIPNEICA DO QUIMIORREFLEXO

Para os animais tratados por 4 semanas (painel A), as respostas taquipneicas do

quimiorreflexo apresentaram uma relação dose dependente para as diferentes doses

de KCN (F(3,29) = 32,433; P < 0,01). O tratamento, porém, não mostrou alterações

significativas entre os diferentes grupos (F(2,29) = 0,672; P = 0,518), nem interação

entre o tratamento e as doses de KCN (F(6,29) = 0,596; P = 0,715).

Ainda, para os animais tratados durante 12 semanas (painel B), as respostas

taquipneicas do quimiorreflexo apresentaram uma relação dose dependente para as

diferentes doses de KCN (F(3,36) = 33,027; P < 0,01). Mas não houve diferença na

resposta taquipneica entre os diferentes grupos (F(2,36) = 0,304; P = 0,739), assim

como não houve interação entre o tratamento e as doses de KCN (F(6,36) = 0,681; P =

0,664).

74

Figura 23: Frequências respiratórias antes e durante a estimulação do quimiorreflexo nos animais tratados por 4 semanas.

10 µ

g

20 µ

g

40 µ

g

80 µ

g

0

200

400

600

800

1000

KCN

f R (

cp

m)

10 µ

g

20 µ

g

40 µ

g

80 µ

g

0

200

400

600

800

1000

SAL

CPF 7

CPF 10

KCN

f R (

cp

m)

(B)

(A) 4 Semanas

12 Semanas

Salina 0,9% (SAL – linha preta), clorpirifós de 7 mg/kg (CPF 7 – linha azul) e 10 mg/kg (CPF 10 – linha vermelha). Frequências taquipneicas (fR, cpm) após ativação do quimiorreflexo com administração de quantidades crescentes de KCN (10, 20, 40 e 80 µg/kg) em animais tratados pelo período de 4 semanas (Painel A: SAL, N=9; CPF 7, N=14; CPF 10, N=9), e por 12 semanas (Painel B: SAL, N=13; CPF 7, N=14; CPF 10, N=12). ANOVA de duas vias seguida de Post-Hoc de

Bonferroni.

75

Discussão

76

5. DISCUSSÃO

Neste estudo demonstramos que a exposição crônica a baixas doses de clorpirifós

(CPF) produziu marcantes alterações no controle autonômico do sistema

cardiorespiratório, caracterizadas por inibição da resposta bradicárdica do

quimiorreflexo, prejuízo na função barorreflexa, alterações significativas na função

respiratória basal, redução da potência das bandas de muito baixa frequência (VLF),

estando esses efeitos aliados a uma inibição significativa da atividade das enzimas

butirilcolinesterase (BuChE) plasmática e da acetilcolinesterase (AChE) no tronco

encefálico, sem, contudo serem observadas alterações dos valores de ganho de

peso e níveis basais de pressão arterial e frequência cardíaca.

Conforme anteriormente mencionado nos métodos, nossa referência para escolha

da dose partiu do estudo de Cunha e colaboradores (2018). Neste estudo foi testada

a letalidade frente à exposição a 6 doses de CPF, sendo adotada para exposição

aguda a dose de 30 mg/kg, considerada como dose máxima tolerada, pois não

induziu letalidade e produziu marcantes prejuízos sobre os reflexos

cardiovasculares. Todavia, como o foco do presente estudo era a avaliação dos

efeitos resultantes de uma exposição cumulativa ao CPF testamos uma dose

correspondente a 1/3 da dose adotada nos estudos agudos, a qual induziu letalidade

em 16,7% dos animais testados no período de 4 semanas de exposição. Desta

forma, testamos também a exposição repetida a uma menor dose (7 mg/kg) que não

causou letalidade no período de 4 e 12 semanas de tratamento. De forma

semelhante ao adotado em nosso estudo, alguns trabalhos envolvendo exposição

crônica a compostos OF também avaliaram e compararam os efeitos de exposição

repetidas a doses que induzem baixa letalidade com aqueles produzidos por doses

não letais (HOWARD et al., 2007; ZAFIROPOULOS et al., 2014; ZHENG et al.,

2000). Já a escolha da via de administração foi apoiada em estudos de nosso grupo

(CUNHA et al., 2018; DO NASCIMENTO et al., 2017; MARETTO et al., 2012) e de

outros autores que também investigaram efeitos da exposição a compostos OF

adotando essa via de administração (GUVENC TUNA et al., 2011; JUDGE et al.,

2016; SAVY et al., 2015), uma vez que apresenta menor variabilidade em relação a

dose recebida em comparação à administração oral.

77

A escolha do período de 12 semanas foi baseada no estudo de Calore e

colaboradores (2007) em que a administração de 12 doses de metamidofós (MTF),

um outro OF, durante 12 semanas, causou alterações na morfometria cardíaca de

ratos expostos (CALORE; PEREZ; HERMAN, 2007). Todavia, a exposição

ocupacional de trabalhadores pode ocorrer com diferentes frequências em função

das atividades exercidas (ALBERS et al., 2004; KAMEL et al., 2005; ROLDÁN-

TAPIA; PARRÓN; SÁNCHEZ-SANTED, 2005; STEPHENS et al., 1995).

Considerando que 1 dia de vida do rato adulto, corresponde em média a 30 dias de

idade no homem (SENGUPTA, 2013), e considerando que o intervalo médio de

reentrada nas lavouras, preconizados nos rótulos dos fabricantes, é de 21 dias

(ADAPAR, 2017; BAYER S.A., 2018) adotamos a administração intermitente

também com um menor intervalo de forma a avaliar se a administração do mesmo

número de doses (12 administrações) num menor intervalo de tempo (4 semanas),

poderia promover efeitos diferenciados sobre os parâmetros cardiorespiratórios

avaliados. A grande maioria dos estudos no campo experimental utiliza um modelo

de exposição crônica continua (ABDOU; EL MAZOUDY, 2010; BAŞ; KALENDER,

2011; GUVENC TUNA et al., 2011; KALENDER et al., 2012; YAVUZ et al., 2005;

ZAFIROPOULOS et al., 2014). Por outro lado, observamos que de modo geral os

trabalhadores aplicam o agrotóxico na lavoura numa frequência de 1 a 3 vezes por

semana ou a partir de 3 vezes por mês (JØRS et al., 2006; MUNIZ et al., 2008;

SURAJUDEEN et al., 2014). Em outras palavras, a realidade ocupacional frente a

exposição a agrotóxicos é mais próxima da forma de exposição intermitente.

Portanto, os resultados da comparação entre os períodos de 4 e 12 semanas de

exposição crônica intermitente pode talvez tornar claro se, por exemplo, os

trabalhadores que respeitam as determinações de segurança, podem, de fato, se

sentir seguros em condições similares de exposição.

Apesar de evidências mostrarem que a medida de inibição da BuChE plasmática

pode não se correlacionar diretamente com sinais clínicos de intoxicação (AURBEK

et al., 2009; EDDLESTON et al., 2008), esta enzima foi utilizada como biomarcador

para verificação da efetividade da intoxicação, uma vez que é bem estabelecida sua

inibição frente a exposição a compostos OF (ANTHON; CAMPAÑA-SALCIDO, 2011;

CUNHA et al., 2018; DO NASCIMENTO et al., 2017; LASSITER et al., 2003;

MARETTO et al., 2012; POHANKA, 2013). Adicionalmente, a facilidade de execução

78

e rapidez do método empregado para quantificação, reforçam a sua utilização na

prática clínica como um teste rápido para screening de exposição a compostos OF

(STEFANIDOU; ATHANASELIS; SPILIOPOULOU, 2009), sendo um biomarcador

aceitável na nossa legislação (BRASIL, 1978). Mirajkar & Pope (2008) incubaram

homogenatos de tecido cardíaco e córtex com inibidores específicos da BuChE e

AChE, onde observaram que a maioria das colinesterases no cérebro foram

definidas como AChE, enquanto que a BuChE foi a principal no coração. Eles

também observaram que a BuChE tem maior sensibilidade a ligação ao CPF-oxon

do que a AChE (MIRAJKAR; POPE, 2008). Além disso, a BuChE tem se mostrado

um importante marcador em estudos da função cardíaca, onde sua baixa atividade

parece estar relacionada com mortalidade em casos de doenças cardíacas

(GOLIASCH et al., 2012; SULZGRUBER et al., 2015; SUN et al., 2016).

A atividade da BuChE foi significativamente inibida após 4 semanas de tratamento

com CPF de 7 mg/kg (28%) e 10 mg/kg (32%), e após 12 semanas, pelas duas

doses de CPF testadas, 7 mg/kg (39%) e 10 mg/kg (34%). Em um estudo de

exposição aguda às doses de 10 mg/kg e 25 mg/kg de CPF por via oral, foram

observadas semelhantes magnitudes de inibição da colinesterase, produzindo a

menor dose 50,7% e a maior dose 41,7% de inibição da atividade da colinesterase

plasmática em relação aos respectivos controles (SMITH & GORDON, 2005).

Estudos de nosso grupo em que ratos foram expostos de forma aguda por via i.p.

com MTF, outro OF, evidenciou 80% de inibição da atividade da BuChE (DO

NASCIMENTO et al., 2017), enquanto a intoxicação repetida por 7 dias em

camundongos pelo mesmo composto, reduziu a atividade em 70% (MARETTO et al.,

2012). Resultado semelhante foi observado após intoxicação aguda de ratos com

CPF, a qual promoveu 77% de inibição da atividade desta enzima (CUNHA et al.,

2018).

Nossos resultados também mostraram inibição da atividade da BuChE frente a

exposição repetida ao CPF, ainda que um menor percentual de inibição tenha sido

observado para as doses testadas (cerca de 30% de inibição). É possível que as

diferenças sejam devidas à menor dose administrada durante o tratamento crônico.

Nostrandt, Padilla & Moser (1997), fizeram um estudo de intoxicação aguda frente a

diferentes doses de CPF, onde a atividade da colinesterase foi determinada em

vários tecidos, incluindo o plasma, em dois tempos diferentes: 3,5h e 24h após a

79

exposição. Neste estudo foi observado que após 24h da exposição ao CPF, a

atividade da colinesterase plasmática se mostrou parcialmente recuperada para as

menores doses testadas, diferente das doses maiores, em que a inibição persistia

após esse período (NOSTRANDT; PADILLA; MOSER, 1997). Em outro estudo,

camundongos foram expostos a 5 mg/kg de CPF via oral por um total de 8 semanas,

e a atividade da colinesterase plasmática foi determinada em três períodos

diferentes de tratamento: após uma semana de exposição ao CPF; no final das 8

semanas de tratamento; e 8 semanas após o final do tratamento. Foi observado que

o grupo exposto por 8 semanas teve atividade menor que o grupo exposto apenas

por uma semana, enquanto que a atividade enzimática do grupo analisado 8

semanas após o final do tratamento, foi recuperada (BASAURE et al., 2017). Dessa

forma, diferentes doses e tempo de exposição ao CPF, bem como diferentes

intervalos entre a exposição e a coleta de amostra para determinação enzimática,

podem influenciar no nível de inibição das enzimas avaliadas.

Além da BuChE, foi realizada a quantificação da acetilcolinesterase (AChE) no

tronco encefálico, uma vez que nessa região do cérebro estão localizados os

principais núcleos que modulam a função cardiorespiratória (SALMAN, 2016).

Assim como os resultados da BuChE, também encontramos inibição da AChE para

as duas doses de CPF utilizadas nos dois períodos distintos de tratamento. No

período de 4 semanas esta enzima apresentou um pouco mais de 30% de inibição

para o tratamento com 7 mg/kg de CPF, enquanto no tratamento por 12 semanas

com essa mesma dose e com a dose de 10 mg/kg em ambos períodos, foi

observado uma inibição entre 50-55% da atividade da AChE. Nostrandt, Padilla &

Moser (1997) analisaram a AChE no tronco encefálico frente a diferentes doses de

CPF e encontraram inibições dose dependente que variaram, aproximadamente,

entre 50% a 90% da atividade enzimática dos animais controle. Do Nascimento e

colaboradores (2017) também quantificaram a AChE em todo tecido cerebral de

camundongos, encontrando 25% de inibição da atividade após a exposição por 7

dias ao OF MTF (DO NASCIMENTO et al., 2017). Em contrapartida, Cunha e

colaboradores quantificaram, especificamente no tronco encefálico, a atividade da

AChE de ratos expostos agudamente ao CPF e encontraram uma inibição de 66%

da atividade desta enzima (CUNHA et al., 2018). De forma, semelhante ao

observado para a atividade da BuChE, uma grande variação de inibição da atividade

80

da AChE pode ser observada em função do tempo de exposição, do OF empregado

e do tecido avaliado, mas nossos dados mostram que a exposição ao CPF pelos

dois períodos de tratamento promoveu significativa inibição da atividade da AChE no

tronco encefálico, onde estão localizados os principais núcleos que modulam a

função cardiorespiratória.

Nossos dados também mostraram que, embora o tratamento isoladamente não

tenha afetado o ganho de peso corporal, uma tendência a menor ganho de peso é

observada em animais expostos por um menor período de tempo (4 semanas).

Howard e colaboradores (2007), mostraram que exposição única a diferentes doses

de CPF, subletal e DL10, em ratos de diferentes idades (recém-nascidos e adultos),

promoveu um menor ganho de peso em relação ao grupo controle (HOWARD et al.,

2007). Similarmente, ratos expostos cronicamente ao CPF desde a fase gestacional

até a fase adulta, também apresentaram menor ganho de peso em relação aos

animais controle (DARWICHE et al., 2018). Zheng e colaboradores (2000), avaliando

animais expostos de forma subcrônica (14 dias) a várias doses de CPF por via oral,

encontraram alterações de peso corporal apenas no grupo recebendo a dose mais

alta e a partir do 10º dia de tratamento (ZHENG et al., 2000). Outro estudo, com

exposição por 8 semanas com o OF diclorvós, também evidenciou redução no

ganho de peso não associada a alterações no padrão alimentar, sendo sugerido que

a redução do peso pode ser um efeito da intoxicação ao OF sobre o metabolismo

celular dos animais (RAHEJA; GILL, 2007). Por outro lado, alguns estudos

mostraram que ratos expostos a administração repetida de baixas doses de CPF

não apresentam alterações no ganho de peso corporal em relação aos controles

(TERRY et al., 2007; YAN et al., 2012). Portanto, em geral, o corpo de evidências

mostra que a mudança na peso corporal na exposição crônica a OPs pode diferir de

acordo com o tratamento períodos e doses utilizadas.

O tratamento crônico com CPF não alterou de maneira significativa os parâmetros

cardiovasculares basais de pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial

sistólica (PAS), pressão arterial média (PAM) e frequência cardíaca (FC) em relação

ao grupo controle.

Maretto e colaboradores (2012) não encontraram alteração nos níveis basais de

PAM e FC após exposição aguda ao MTF. Da mesma forma, Cunha e colaboradores

81

(2018), ao intoxicar ratos de forma aguda com o CPF também não observaram

alterações nos valores basais de PAM e FC (CUNHA et al., 2018; MARETTO et al.,

2012). Esses estudos corroboram nossos achados, onde também não encontramos

alterações em animais expostos a baixas doses de CPF. Por outro lado, SMITH &

GORDON (2005) encontraram um aumento da PAD, PAS e PAM, aliado a uma

taquicardia em duas linhagens de animais, ratos espontaneamente hipertensos e

ratos controle normotensos, após exposição aguda por via oral com uma dose de 25

mg/kg de CPF. Porém, ao testarem uma dose de CPF de 10 mg/kg, não observaram

alterações nesses parâmetros nas linhagens testadas, apesar da atividade da

enzima colinesterase plasmática ter sido significativamente inibida (SMITH;

GORDON, 2005). E em um estudo de Anthon & Campaña-Salcido (2011), ratos

Wistar foram expostos a três diferentes doses de CPF por via oral, de formas aguda

e subcrônica, por 3 e 14 dias, respectivamente. Neste estudo eles não encontraram

alterações na FC, entretanto, nas duas maiores doses testadas eles observaram

aumento da PAD, PAS e PAM nos diferentes esquemas de tratamentos (ANTHON;

CAMPAÑA-SALCIDO, 2011). Diante disso, é importante salientar que, além dos

estudos referidos adotarem diferentes doses de tratamento, o esquema de

tratamento também se constitui em uma variável importante que pode justificar as

diferenças nos resultados uma vez que nosso trabalho utilizou uma exposição

intermitente crônica, enquanto que os estudos referidos adotaram ou exposição

aguda ou uma exposição contínua subcrônica.

A análise espectral fornece informações sobre a modulação autonômica e tem sido

aplicada para estudos da função cardiovascular em humanos e animais

(AKSELROD et al., 1981; BASELLI et al., 1986; DIAS DA SILVA et al., 2002).

Nossos dados da análise espectral mostraram aumento significativo nos valores

absolutos da banda de muita baixa frequência (VLF) em ambos períodos de

tratamento, sem mudanças significativas nos demais componentes, exceto uma

tendência a aumento nos componentes de baixa frequência (LF) e de alta frequência

(HF) entre os valores absolutos e a razão LF/HF no tratamento de 4 semanas.

Dados clínicos mostraram que pacientes que morreram por falência respiratória

aguda devido ingestão suicida de OF, incluindo o CPF, apresentaram uma menor

potência do componente LF e VLF do espectro de variações da PA e FC (YEN et al.,

2000). Em contrapartida, pacientes que se recuperaram após a intoxicação, exibiram

82

uma proeminente elevação da potência dos componentes LF e VLF, sugerindo que

esses componentes espectrais poderiam ser importantes índices de previsão de

mortalidade no prognóstico pós-intoxicação (YEN et al., 2000). Em um recente

estudo com pacientes intoxicados com inibidores da colinesterase, OF e

carbamatos, apenas o componente de VLF e a relação LF/HF foram

significantemente menores (KIM; JEONG, 2017).

No campo experimental, animais anestesiados, quando intoxicados agudamente por

meio da administração intravenosa com o OF, mevinfos, apresentaram alterações

hemodinâmicas distintas, caracterizadas em duas fases. Na primeira fase, os

animais apresentaram hipertensão e taquicardia leve, com aumento na potência das

bandas de muito alta frequência (VHF), assim como HF, LF e VLF derivadas dos

sinais de PA. Na fase subsequente, os animais apresentaram significativa

hipotensão com redução das potências de VHF e VLF para níveis controle e

diminuição da potência dos componentes de HF e LF para níveis inferiores a linha

de base. A estimulação direta de neurônios simpatoexcitatórios bulbares com

mevinfos produziu o mesmo padrão de resposta nos componentes do espectro, e os

autores concluíram que essas mudanças podem ter ocorrido devido ao acúmulo

progressivo de ACh, sendo que a concentração inicial resultou em estimulação, e a

hiperestimulação por sua vez resultou em ação inibitória (YEN et al., 2001). Em outro

estudo experimental foi avaliado os efeitos da interação entre estresse psicossocial e

inibidores da colinesterase sobre os componentes espectrais em camundongos

(JOAQUIM et al., 2004). Neste estudo, o grupo de camundongos expostos por três

dias somente ao inibidor reversível da colinesterase, a piridostigmina, não

apresentou alterações nos componentes de LF e HF do espectro, assim como não

apresentaram diferenças nos índices avaliados no domínio do tempo (JOAQUIM et

al., 2004).

Dos registros basais também extraímos os dados da variabilidade no domínio do

tempo. Nossos dados mostraram que não foram observadas diferenças

estatisticamente significantes para os índices de variabilidade da PAS e do IP no

domínio do tempo entre os grupos estudados.

Em um estudo realizado em indivíduos normais, foi administrado de forma aguda um

inibidor reversível da colinesterase (piridostigmina), e foi demonstrado um aumento

83

na média de IP, porém sem diferença no índice RMSSD (raiz quadrada da média do

quadrado das diferenças de intervalos sucessivos), índice este sugestivo de

atividade vagal (NOBREGA et al., 2001). De forma semelhante aos nossos achados,

Kim & Jeong (2017) também não observaram mudanças significativas na análise da

VFC no domínio do tempo em pacientes internados decorrente de intoxicação com

OF e carbamatos (KIM; JEONG, 2017).

Apesar de não haver muitos estudos voltados para análise da VFC frente a

intoxicação por compostos OF, as evidências disponíveis no campo experimental e

clínico, incluindo inibidores reversíveis da colinesterase, apontam para uma

multiplicidade de efeitos observados tanto na análise espectral, quanto para análise

da variabilidade no domínio do tempo. Nossos achados não apontaram alterações

estatisticamente significantes no equilíbrio autonômico identificado pela análise

desses componentes para as doses e períodos de tratamento empregado. Todavia,

observa-se uma tendência de aumento, dose dependente, da banda LF e de

redução na banda HF do espectro de animais expostos por 4 semanas. É bem

aceito que o componente HF da análise espectral da VFC reflete a atividade

parassimpática cardíaca, enquanto o componente LF é o resultado da influência dos

tônus vagal e simpático, sendo assim a razão LF/HF um índice de tônus simpático

cardíaco (DEBOER, KAREMAKER, & STRACKEE, 1987; MADWED et al., 1989;

OOSTING, STRUIJKER-BOUDIER, & JANSSEN, 1997; PAGANI et al., 1986; WAKI

et al., 2003). Já evidências mostram que o componente VLF parece estar associado

a termorregulação, ao tônus vasomotor periférico e a modulação por agentes

hormonais, incluindo a participação do sistema renina-angiotensina aldosterona

(SRAA), (CERUTTI et al., 1991; FAZAN; SILVA, 2000; SÁ et al., 2013; VANDERLEI

et al., 2009). A angiotensina II (AT II), um hormônio peptídeo produzido pelo SRAA,

atua no sistema nervoso central para modular as vias neuro-humorais envolvidas na

excitação simpática, liberação de vasopressina, controle da sede e termorregulação

(DAMPNEY et al., 2007; DAVISSON, 2003; LARSEN; THORP; SCHLAICH, 2014).

Estudos experimentais apontam para uma influência de pesticidas sobre o SRAA

(MÜLLER-RIBEIRO et al., 2010). Num modelo de intoxicação aguda por outro OP,

mevinfos, foi demostrando um aumento da expressão de receptores de angiotensina

I (AT I) e AT II no RVLM, o que parece mediar um estresse oxidativo e nitrosativo

associado a intoxicação (LI et al., 2013). Aumento da atividade da enzima

84

conversora de angiotensina (ECA) também foi demonstrado em ratos expostos

subcronicamente a um composto OP (SARKAR; MOHANAKUMAR; CHOWDHURY,

2000). Em contrapartida, o uso de um inibidor da ECA, captopril, em ratos

intoxicados cronicamente com diazinon, reduziu o estresse oxidativo associado a

exposição crônica a esse composto (KARIMANI, 2018). Desta forma, diversas

evidências experimentais apontam para uma participação do SRAA na mediação

dos efeitos induzidos pela intoxicação por OP. É possível assim, que o incremento

na faixa de muito baixa frequência do espectro possa estar associado a um potencial

efeito da exposição intermitente sobre a regulação do SRAA. Apesar de não

podermos assegurar a existência de alteração autonômica, baseada somente em

nossos dados da análise espectral, a tendência de aumento da razão LF/HF e o

aumento observado no componente VLF sinalizam um risco associado a uma

exposição repetida por esses compostos.

Diferentes efeitos sobre a função quimio e barorreflexa foram observados para

animais expostos ao clorpirifós pelo período de 4 e 12 semanas. O tratamento com

CPF não promoveu alterações significativas sobre a resposta pressora do

quimiorreflexo, mas promoveu um prejuízo da resposta bradicárdica nos dois

períodos de tratamento. Já sobre a função barorreflexa, a exposição as diferentes

doses de CPF promoveram um prejuízo do ganho barorreflexo nos animais expostos

por 4 semanas nas duas doses testadas, sem alterar o ganho dos animais expostos

a este agente com um maior intervalo de tempo, sugerindo que neste regime de

exposição há menor dano ou mesmo maior possibilidade de recuperação da função

barorreflexa. Em contrapartida, quando avaliado o índice de efetividade barorreflexa

(BEI), constatou-se que somente os animais intoxicados com CPF na dose de 7

mg/kg por 4 semanas apresentaram um prejuízo em relação aos controles.

Estudos anteriores de nosso grupo mostraram prejuízo nas respostas quimiorreflexa

e/ou barorreflexa frente a exposição aguda aos OF MTF (MARETTO et al., 2012) e

CPF (CUNHA et al., 2018). Em relação a resposta bradicárdica do quimiorreflexo, o

presente resultado corrobora achados prévios do nosso grupo frente a exposição

aguda, onde foi observado um prejuízo bradicárdico após exposição a dois

diferentes OF. Contudo, os resultados encontrados para a resposta pressora diferem

dos relatos de Cunha e colaboradores (2018), que observaram prejuízo neste

componente da resposta reflexa ao intoxicar animais com uma dose subletal aguda

85

de CPF. Já Maretto e colaboradores (2012) não observaram alteração da resposta

pressora quimiorreflexa após a exposição aguda ao MTF. Além dos estudos

mencionados envolvendo exposição aguda a OF e avaliação dos reflexos neurais

envolvidos na regulação cardiovascular, não há estudos voltados a avaliação dos

efeitos exercidos pela exposição repetida a esses compostos sobre a modulação

reflexa cardiovascular, tornando difícil contrastar os resultados obtidos. Todavia, as

diferenças observadas sobre a resposta pressora quimiorreflexa poderiam ser

decorrentes de um efeito diferenciado sobre a vasculatura exercido por uma

exposição crônica. De fato, um estudo demonstrou que animais expostos de forma

subcrônica ao metidation, um outro OF, apresentaram danos na parede de vasos

aórticos (YAVUZ et al. 2005). Além disso, Guvenc Tuna e colaboradores (2011)

observaram que a exposição crônica de ratos a baixas doses de CPF promoveu uma

diminuição da rigidez e do tônus da aorta, o que os autores sugerem estar

relacionado com a capacidade de OF fragmentarem fibras colágenas e elastina na

parede aórtica de ratos (GUVENC TUNA et al., 2011). Nossos dados não indicaram

aumento ou redução na resposta pressora quimiorreflexa para as doses e

frequências de exposição adotadas, mas é possível que as diferenças observadas

sobre esse parâmetro numa exposição aguda e crônica, sejam devidas a efeitos

diferenciados sobre a vasculatura.

Como já mencionado, o quimiorreflexo promove mudanças tanto na via simpática

quanto parassimpática do sistema autônomo (THOMAS, 2011; SALMAN, 2016),

portanto um prejuízo bradicárdico após exposição ao CPF poderia estar relacionado

a um efeito destes agentes sobre o componente parassimpático. Isso é reforçado

pelo fato de que, além da inibição da colinesterase, com consequente acúmulo de

ACh nas sinapses colinérgicas, há evidências da ligação direta do CPF (oxon) em

receptor muscarínico do tipo M2 (BOMSER; CASIDA, 2001), o que poderia

representar um mecanismo adicional de toxicidade colinérgica exercida por este

composto, contribuindo assim para o prejuízo bradicárdico encontrado.

Alteração da modulação autonômica simpática também não pode ser descartada

uma vez que o prejuízo observado na função barorreflexa espontânea poderia

sinalizar o envolvimento de ambos componentes. Cunha e colaboradores (2018)

também observaram prejuízo na função barorreflexa frente a exposição aguda ao

CPF, de forma semelhante aos nossos achados. Esse reflexo é ativado a momento

86

a momento, em condições fisiológicas, para controlar a PA (LA ROVERE, PINNA &

RACZAK et al., 2008; SALMAN, 2016), portanto danos ao seu funcionamento podem

alterar de maneira importante o equilíbrio hemodinâmico. É importante ressaltar que

o prejuízo sobre a função barorreflexa só foi observado frente a exposição ao

mesmo número de doses, porém num menor intervalo de tempo (4 semanas). Isso

pode sinalizar um aspecto importante na preservação da função deste reflexo numa

exposição repetida a esses compostos. Mesmo que o devido cuidado deva ser

tomado ao se fazer extrapolação de dados do campo experimental para a clínica,

nossos dados sugerem que um intervalo maior entre as exposições parece produzir

um menor prejuízo sobre as funções avaliadas, o que pode sinalizar um aspecto

importante quando transposto para a exposição humana.

Em casos de intoxicação aguda por OF, a insuficiência respiratória é responsável

por uma parcela considerável de casos de mortes (CAREY; DUNN; GASPARI,

2013). Em nosso estudo, analisamos os efeitos da exposição crônica ao CPF tanto

sobre a resposta taquipneica do quimiorreflexo, quanto sobre os valores basais de

frequência respiratória (fR), volume corrente (VT) e volume minuto (VE).

A resposta taquipneica do quimiorreflexo não foi alterada pela exposição ao CPF

nos dois períodos de tratamento. De forma semelhante, os valores basais de fR dos

animais intoxicados não diferiram dos animais controle. A exposição ao CPF pelos

dois períodos de tratamento, no entanto, promoveu um aumento no VT nos animais

intoxicados, enquanto que sobre o VE, somente a exposição pelo período de 4

semanas produziu uma diferença estatisticamente significante.

Houzé e colaboradores (2010) avaliaram a intoxicação aguda de animais com o OF

dietilparaoxon sobre a função respiratória. Neste estudo, a exposição ao

dietilparaoxon promoveu um aumento no VT, no tempo de expiração, além de uma

redução da fR (HOUZÉ et al., 2010). Gaspari e Paydarfar (2011) mostraram num

modelo in vitro para avaliação da função cardiorespiratória que intoxicação aguda

com diclorvós, um OF, promoveu diminuição na fR , no VT, além de culminar com o

surgimento de apnéia (GASPARI; PAYDARFAR, 2011). Dados de nosso laboratório

envolvendo experimentos in vivo e in vitro em animais intoxicados agudamente com

CPF, mostraram resultado controversos em ambas análises para o parâmetro

respiratório. Enquanto que não foram observadas alterações nos valores basais de

87

VT e VE no modelo in vivo, o modelo in vitro, por outro lado, apresentou alterações

nos parâmetros da amplitude de disparo do nervo frênico, indicando um possível

prejuízo na capacidade inspiratória. Além disso, foi observado uma menor fR basal

para os animais intoxicados com CPF, contudo, a preparação in vitro não mostrou

alterações em relação a frequência de disparo do nervo frênico. Observou-se ainda

um prejuízo na resposta taquipneica após ativação do quimiorreflexo sem, contudo,

observar alterações no modelo in vitro (FELIPPE, 2017). Em outro estudo, Darwiche

e colaboradores (2018) mostraram em ratos jovens e adultos, que a intoxicação

crônica com CPF durante a gestação e durante a fase pós-nascimento, resultou em

aumento do número de episódios de apneias durante o sono, assim como do tempo

expiratório e do VT na fase adulta (DARWICHE et al., 2018).

Circuitos colinérgicos tem um papel chave no controle respiratório central (CAREY,

DUNN & GASPARI, 2013). Tem sido demonstrado que aumentos na concentração

de ACh pela exposição a inibidores reversíveis da AChE, em regiões do tronco

encefálico modulando a função respiratória, promovem um aumento na atividade

respiratória nos animais expostos (SHAO; FELDMAN, 2005). Contudo, numa

intoxicação por OF, é possível que os neurônios responsáveis pela manutenção da

função respiratória possam perder a capacidade de resposta (GASPARI;

PAYDARFAR, 2011). De fato, evidências sugerem que as alterações respiratórias

observadas em ratos intoxicados com paraoxon, um OF, parecem ser resultado de

alterações na sinalização muscarínica no SNC (HOUZE et al., 2008).

É possível que as mudanças respiratórias observadas em nosso estudo sejam

resultado de acúmulo de ACh tanto em nível central, quanto periférico. As evidências

da literatura, juntamente como os nossos dados mostram ainda que, a exposição

tanto aguda quanto crônica a compostos organofosforados promove alterações

importantes no plano respiratório, o que pode contribuir para a mortalidade numa

intoxicação aguda e para o desenvolvimento de doenças crônicas numa exposição

repetida. Todavia, de forma semelhante aos efeitos observados sobre os reflexos

cardiovasculares, maiores intervalos entre a exposição parecem promover um menor

prejuízo sobre a função respiratória.

88

Conclusão

89

6. CONCLUSÃO

A exposição crônica a baixas doses do inseticida clorpirifós (CPF) promoveu um

prejuízo caracterizado por inibição da resposta bradicárdica do quimiorreflexo,

alterações significativas na função respiratória basal e na função barorreflexa, além

de inibição significativa da atividade das enzimas butirilcolinesterase (BuChE) e da

acetilcolinesterase (AChE) no tronco encefálico. Tais prejuízos podem estar

relacionados a um acúmulo de acetilcolina a nível central e periférico. Além disso, a

manipulação do regime de exposição com diferentes doses e tempo de exposição

ao CPF influenciou os resultados obtidos. Constatamos que uma menor dose ou um

maior intervalo entre as exposições parecem contribuir para um menor prejuízo

frente a intoxicação com CPF, o que do ponto de vista clínico torna-se extremamente

importante, uma vez que em decorrência da sua grande utilização mundial, o

respeito aos limites e intervalos de exposição são fundamentais para segurança

frente a exposição a estes compostos.

90

Referências

91

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDOU, H. M.; EL MAZOUDY, R. H. Oxidative damage, hyperlipidemia and histological alterations of cardiac and skeletal muscles induced by different doses of diazinon in female rats. Journal of Hazardous Materials, v. 182, n. 1–3, p. 273–278, 2010.

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Anexo

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ANEXO