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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM ROBERTA MARCHIORI DE SOUZA THAINA SILVA TEIXEIRA THAIS FERREIRA SALOMÃO EFEITOS DO ESPORTE NA FUNÇÃO PULMONAR DE INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR CRÔNICA VITÓRIA 2018

EFEITOS DO ESPORTE NA FUNÇÃO PULMONAR DE … · na força muscular respiratória e no pico de fluxo da tosse em indivíduos com lesão medular crônica”, cujo objetivo foi avaliar

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA – EMESCAM

ROBERTA MARCHIORI DE SOUZA

THAINA SILVA TEIXEIRA

THAIS FERREIRA SALOMÃO

EFEITOS DO ESPORTE NA FUNÇÃO PULMONAR DE INDIVÍDUOS COM LESÃO

MEDULAR CRÔNICA

VITÓRIA

2018

1

ROBERTA MARCHIORI DE SOUZA

THAINA SILVA TEIXEIRA

THAIS FERREIRA SALOMÃO

EFEITOS DO ESPORTE NA FUNÇÃO PULMONAR DE INDIVÍDUOS COM LESÃO

MEDULAR CRÔNICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

graduação em fisioterapia da Escola Superior de Ciências

da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Fisioterapia.

Orientadora: Profª. Me. Roberta Ribeiro Batista Barbosa.

VITÓRIA

2018

2

ROBERTA MARCHIORI DE SOUZA

THAINA SILVA TEIXEIRA

THAIS FERREIRA SALOMÃO

EFEITOS DO ESPORTE NA FUNÇÃO PULMONAR DE INDIVÍDUOS COM LESÃO

MEDULAR CRÔNICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em fisioterapia da Escola

Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia.

Aprovada em: ___/___/______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Mestre. Roberta Ribeiro Batista Barbosa

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

– EMESCAM

Orientadora.

________________________________________________________

Morghana Ferreira Ambrosim Mestranda em Educação Física – Universidade Federal do Espírito

Santo - UFES

________________________________________________________

Doutora. Christiane Lourenço Mota

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

– EMESCAM

3

DEDICATÓRIA

Dedico tudo a Deus, por até aqui ter me dado forças e me amparado e em especial,

a minha mãe e as minhas tias que sempre me apoiaram.

Roberta Marchiori de Souza

Dedico a minha família que sempre me apoiou nos meus objetivos e a Deus,

por me guiar durante essa jornada.

Thaina Silva Teixeira

Dedico este trabalho a todos que se fizeram presentes na minha vida durante

esses anos de dedicação.

Thais Ferreira Salomão

4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que iluminou nosso caminho, dando conhecimentos e

forças para concluirmos nossos objetivos e por sempre estar presente nos momentos de

angustia.

Em especial aos nossos Pais, pelo sacrifício de investir e acreditarem em nós, pelo exemplo que

são e pelo amor incondicional em todo momento. Aos familiares que sempre estiveram

presentes e ficaram na torcida para concluirmos essa etapa com muito sucesso.

A nossa querida orientadora Profa Ma Roberta Ribeiro Batista, por nos ajudar com seus

ensinamentos, por cada momento de paciência, por todos os conselhos, por ser a todo o

momento amorosas e atenciosas. Agradecemos a amizade pela qual criamos acima de tudo.

A EMESCAM, que nos proporcionou uma formação acadêmica excepcional oportunizando

realizarmos nosso sonho.

Aos professores por toda dedicação, enriquecendo todos os dias nossos conhecimentos durante

nossa vida acadêmica. Ao Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo que foi o campo

deste estudo e a todos aqueles que em algum momento fizeram parte dessa nossa caminhada,

um sincero muito obrigada!

Roberta, Thaina e Thais.

5

RESUMO

A lesão medular é um problema de saúde global que aflige jovens, adultos e idosos. No Brasil

a incidência de lesão medular é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes e destes 80% das

vítimas são homens, entre os 10 e 30 anos de idade, sendo o trauma a causa predominante. As

manifestações clínicas dependerão do nível e grau da lesão.

Este estudo teve o propósito de quantificar o efeito da prática de esporte na força muscular

respiratória e pico de fluxo da tosse dessa população. De acordo com as evidências,

identificamos que a lesão medular altera vários aspectos de vida, como a integridade física e

psicológica, gerando limitação nas atividades e participação desses indivíduos. A reabilitação

e a estabilização do estado neurológico do paciente tem como objetivo prevenir complicações

que podem ocorrer em longo prazo. A prática de atividade física após uma lesão da medula

espinhal é importante para otimizar a recuperação, levando a um melhor desempenho na

execução de atividades funcionais.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram realizadas buscas na literatura e um estudo de

campo. A pesquisa de campo se caracterizou por um estudo transverso com 30 participantes,

divididos em grupo atleta e não atleta, cadastrados no Centro de Reabilitação Física do Espírito

Santo – CREFES. Identificamos o perfil sociodemográfico através de um questionário

desenvolvido pelos pesquisadores. O nível de lesão medular foi avaliado pela escala ASIA; a

força muscular respiratória foi medida por um manovacuômetro e avaliação da eficiência da

tosse através de medidas do pico de fluxo da tosse. Os resultados sugerem que praticantes de

esporte possuem a força muscular expiratória maior do que os não atletas, não sendo

encontradas diferenças significativas para as medidas de pressão inspiratória máxima e pico de

fluxo da tosse entre os grupos estudados.

Além disso, correlacionando o tempo de prática de esporte com a força dos músculos

respiratórios, a força muscular inspiratória, embora não seja estatisticamente significativa (p =

0,058) está negativamente associada (r = -0,50) com os resultados da correlação, sugerindo que

quanto maior a prática de esporte, mais negativa será o PImáx, portanto maior a força da

musculatura inspiratória. Em conclusão, sugere-se que a prática de esportes tem algum impacto

sobre a força dos músculos respiratórios, portanto é essencial para minimizar possíveis

complicações.

Palavras-Chave: Lesão medular. Força muscular respiratória. Esporte para pessoas com

deficiência.

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ABSTRACT

Spinal cord injury is a global health problem afflicting young people, adults and the elderly. In

Brazil the incidence of spinal cord injury is 40 new cases / year / million inhabitants, and of

these 80% of the victims are men, between 10 and 30 years of age, with trauma being the

predominant cause. The clinical manifestations will depend on the level and grade of the lesion.

This study aimed to quantify the effect of sports practice on respiratory muscle strength and

peak cough flow in this population. According to the evidence, we identified that the spinal

cord injury changes several aspects of life, such as physical and psychological integrity,

generating limitation in the activities and participation of these individuals. The rehabilitation

and stabilization of the neurological state of the patient, aims to prevent complications that may

occur in the long term. The practice of physical activity after a spinal cord injury is important

to optimize recovery, leading to a better performance in performing functional activities.

For the development of this research were carried out searches in the literature and a field study.

The field research was characterized by a prospective study with 30 participants, divided into

athlete and sedentary group, enrolled in the Physical Rehabilitation Center of Espírito Santo -

CREFES. We identified the sociodemographic profile through a questionnaire developed by

the researchers. The level of spinal cord injury was assessed by the ASIA scale; respiratory

muscle strength was measured by a manovacuometer and evaluation of cough efficiency

through measures of peak cough flow. The results suggest that sportsmen have greater

expiratory muscle strength than sedentary ones, and no significant differences were found for

measures of maximal inspiratory pressure and peak cough flow between groups.

In addition, correlating sports practice time with respiratory muscle strength, inspiratory muscle

strength, although not statistically significant (p = 0.058) is negatively associated (r = -0.50)

with correlation results, suggesting that the greater the practice of sports, the more negative will

be the PImáx, therefore the strength of the inspiratory musculature increases. In conclusion, it

is suggested that the practice of sports has some impact on the strength of respiratory muscles,

so it is essential to minimize possible complications.

Keywords: Spinal cord injury. Respiratory muscle strength. Sports. Parathletics.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Descrição do perfil dos participantes do estudo.

Tabela 2 Comparação da força muscular respiratória e pico de fluxo da tosse entre os

indivíduos não atletas e atletas.

Tabela 3 Correlação do tempo de prática de esporte com a força muscular respiratória

e o pico de fluxo da tosse.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ASIA American Spinal Injury Association

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CPT Capacidade Pulmonar Total

CREFES Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

LM Lesão Medular

Peak Flow Pico de Fluxo da Tosse

PEmáx Pressões Expiratórias

PFT Pico de Fluxo da Tosse

PImáx Pressões Inspiratórias

TRM Trauma Raquimedular

VR Volume Residual

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 12

2.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E TERAPÊUTICOS DE

INDIVÍDUOS LESADOS MEDULARES ........................................................................... 12

3 ARTIGO ORIGINAL ......................................................................................................... 20

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 32

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 34

APÊNDICES ........................................................................................................................... 37

APÊNDICE A – Carta de anuência ...................................................................................... 37

APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido ............................................ 38

APÊNDICE C – Ficha de coleta de dados ............................................................................ 39

ANEXOS ................................................................................................................................. 40

ANEXO A – American Spinal Injury Association (ASIA) ................................................. 40

ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .................................................. 41

ANEXO C – Capa da revista Fisioterapia Brasil ................................................................ 45

ANEXO D - Normas de publicação da revista ..................................................................... 46

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Chamamos de lesão medular (LM) toda injúria às estruturas contidas no canal medular,

podendo levar a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. Estas alterações se

manifestarão principalmente como paralisia ou paresia dos membros, alteração de tônus

muscular, alteração dos reflexos superficiais e profundos, alteração ou perda das diferentes

sensibilidades, perda de controle esfincteriano, disfunção sexual e alterações autonômicas

(BRASIL, 2015).

Em países desenvolvidos e em desenvolvimento, a LM afeta principalmente homens com idade

entre 18 a 32 anos. No Brasil a incidência de trauma raquimedular (TRM) é de 40 casos

novos/ano/milhão de habitantes. De todas as lesões da medula espinhal, 40% resultaram de

colisões de trânsito, 30% de quedas de mais de 2 metros e 16% de quedas menores que 2 metros

(LEE et al. 2014; WINTER, 2014).

Em indivíduos normais, a respiração ocorre principalmente através do uso dos músculos

intercostais e do diafragma. No entanto, quando esta condição é interrompida por uma LM, o

controle de músculos respiratórios inervados abaixo do nível de lesão é comprometido, levando

a disfunção muscular respiratória. O enfraquecimento da força muscular inspiratória reduz a

ventilação, acarreta tosse ineficaz e dificuldade de remoção de secreções (ABREU;

BERLOWITZ, 2016; JUNG, 2014).

Esta pesquisa busca agregar conhecimento, contribuir para a comunidade científica e

possibilitar que esses indivíduos sejam melhores assistidos pelos profissionais de saúde. Para o

desenvolvimento deste estudo, foi realizado primeiramente um levantamento bibliográfico

sobre o assunto e posteriormente a pesquisa de campo com indivíduos lesados medulares

cadastrados no Centro de Reabilitação Física do Espírito Santo (CREFES) escritos nos

capítulos 2 e 3 dessa monografia.

O capítulo 2 é composto pelo referencial teórico onde foi abordado os aspectos

epidemiológicos, clínicos e terapêuticos, bem como o efeito do esporte na força pulmonar de

lesados medulares crônicos como forma de quantificar os possíveis benefícios

cardiopulmonares de sua prática, os problemas relacionados ao sedentarismo dessa população

e incentivar à prática de esportes para a população com deficiência física que desconhece ou

não tem acesso a qualquer modalidade esportiva adaptada.

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O capítulo 3 traz o artigo científico elaborado pelos autores, intitulado de “Efeitos do esporte

na força muscular respiratória e no pico de fluxo da tosse em indivíduos com lesão medular

crônica”, cujo objetivo foi avaliar a influência do esporte na força muscular respiratória em

indivíduos com lesão medular crônica cadastrados no CREFES.

Por fim, no último capítulo, serão descritas as considerações finais deste estudo, seguido das

referências bibliográficas, apêndices e anexos pertinentes ao trabalho.

12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS, CLÍNICOS E TERAPÊUTICOS DE INDIVÍDUOS

LESADOS MEDULARES

A lesão medular é toda injuria as estruturas existentes no canal medular, que ocasiona um grave

impacto na vida do indivíduo, levando a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e

psicoafetivas. Essa condição altera vários aspectos de vida, como a integridade física e

psicológica, a qualidade de vida, o bem-estar emocional, gerando limitação nas atividades e

participação (BRASIL, 2015; BRINKHOF; PETER, 2016).

As alterações após uma LM se manifestarão principalmente como paralisia ou paresia dos

membros, alteração de tônus muscular, alteração dos reflexos superficiais e profundos,

alteração ou perda de sensibilidade, perda de controle esfincteriano, disfunção sexual e

alterações autonômicas (BRASIL, 2015).

A incidência mundial anual de trauma raquimedular (TRM) é da ordem de 15 a 40 casos por

milhão de habitante. Nos EUA a incidência é de aproximadamente 12 mil novos casos por ano,

sendo que destes 4.000 vão a óbito antes de chegarem ao hospital e outros mil irão falecer

durante a hospitalização (BRASIL, 2015).

No Brasil a incidência de TRM é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes, ou seja, cerca de

6 a 8 mil casos novos por ano, sendo que destes 80% das vítimas são homens e 60% encontram-

se entre os 10 e 30 anos de idade. Estima-se que ocorram a cada ano no país, mais de 10 mil

novos casos de lesão medular, sendo o trauma a causa predominante (BRASIL, 2015).

A LM é um problema de saúde global que aflige jovens, adultos e idosos. A lesão traumática

da medula espinhal em países desenvolvidos e em desenvolvimento afetam principalmente

adultos jovens e de meia idade, sendo que os homens apresentam maior prevalência,

independentemente do grupo etário (proporção entre homens e mulheres de 4,4:1). A LM

traumática está concentrada em populações mais novas, enquanto a LM não traumática é

condensada em grupos etários mais velhos (MORENO, 2017).

Segundo Singh (2014), embora vários estudos tenham tentado quantificar a prevalência e as

incidências mundiais da LM, várias questões impediram uma estimativa precisa, pois não há

um método padronizado de avaliação em todas as regiões. Além disso, as estimativas para

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alguns países foram extrapoladas a partir de números obtidos em áreas urbanas ou rurais e,

portanto, podem não ser inteiramente representativas.

Outra questão é que ocorre uma grande proporção de dados de prevalência global em países

desenvolvidos, como a Espanha e os Estados Unidos da América, e informações limitadas dos

continentes em desenvolvimento, incluindo África, América do Sul e Ásia. E, finalmente, existe

uma alta taxa de mortalidade no local do acidente, no transporte do paciente e durante a

recuperação, sendo muitas vezes ignorados nas pesquisas (SINGH, 2014).

Nos estudos brasileiros que descrevem a ocorrência de casos em hospitais ou centros de

reabilitação é consensual que a maioria é de origem traumática, causadas pelo mecanismo de

flexão lateral, deslocamento, rotação, carga axial e hiperflexão ou hiperextensão da medula

(BRASIL, 2015).

O trauma pode ser agudo, através de acidentes automobilísticos, acidentes esportivos, quedas e

atos de violência; e trauma crônico, como a hérnia de disco e tumores, que também podem

comprometer gravemente a função da medula espinhal (SCHÜLTKE, 2017).

As reações patológicas da LM compreendem duas fases: a fase de lesão primária e a fase de

lesão secundária. A lesão primária é causada por compressão mecânica e contusão dos

fragmentos e discos de osso fraturados e deslocados ao redor da medula espinhal, resultando

em isquemia, inchaço da medula espinhal, danos neuronais, ruptura de axônio e ruptura de

membrana. A fase de lesão secundária é uma série de reações em cascata contendo isquemia,

desequilíbrio eletrolítico, inflamação, estresse oxidativo, necrose e apoptose (FAN et al., 2017).

A LM traumática ocorre de forma abrupta na coluna, levando a fraturas ou luxações de

vértebras. Os fragmentos de ossos deslocados e o material do disco causam ferimento imediato

levando a danos irreversíveis de axônios e membranas de células neurais atingidas. Os vasos

sanguíneos ao entorno podem causar hemorragias na medula espinhal, e assim aumentar o dano

durante as horas subsequentes (HAGEN, 2015).

A classificação após a lesão da medula espinhal é determinada pelo exame neurológico quanto

ao nível e extensão da lesão, de acordo com os critérios da American Spinal Injury Association

(ASIA). É possível determinar os segmentos afetados pela lesão medular, ao examinar os

dermátomos e os miótomos (DARCY et al., 2004).

14

A ASIA consiste em exame sensorial e motor que são utilizados para determinar os níveis

neurológicos, assim como a extensão da LM. Os indivíduos que apresentaram nível motor

variando entre C4 e C8 serão agrupados em tetraplégicos e de T1 a L3 serão agrupados em

paraplégicos (DARCY et al., 2004).

A avaliação da função motora é realizada através da força muscular e consiste em um sistema

de escore, que indica a função motora de cada indivíduo a partir dos músculos-chave pré-

determinados pela inervação dos miótomos da medula espinhal. A sensibilidade é realizada pela

avaliação tátil e dolorosa em 28 dermátomos (bilaterais), atribuindo-se uma avaliação numérica

de acordo com o achado clínico (KIRSHBLUM et al., 2011).

A pontuação da ASIA no início do trauma é relatada como o fator mais importante que prevê a

chance de recuperação motora. É uma das classificações mais aceitas e usadas para a extensão

dos déficits neurológicos após LM e classifica os pacientes de A (completa lesão sensorial e

motora) para E (estado neurológico normal) (MOTIEI-LANGROUDI, 2017).

As manifestações clínicas dependerão do nível e grau da lesão. Em relação ao grau, as lesões

podem ser classificadas como completas e não completas. Uma lesão completa significa perda

total de funções motoras e sensoriais ao nível distal da lesão. A lesão incompleta define a

preservação parcial das funções sensoriais e motoras abaixo do nível neurológico (NAS, 2015).

As lesões na medula espinhal também são distinguidas pelo nível de lesão da coluna vertebral,

podendo afetar as regiões cervical, torácica, lombar ou sacral. Assim, lesões cervicais ocorrem

nos níveis C1-C8, lesões torácicas nos níveis T1-T12, lesões lombares em L1-L5 e lesões

sacrais em S1-S5. As lesões cervicais normalmente resultam em tetraplegia. As lesões

torácicas, lombar e sacral podem resultar em paraplegia e causar disfunção da bexiga, intestino

e órgãos sexuais (SCHÜLTKE, 2017).

Essas deficiências podem resultar em limitações marcantes na capacidade de realizar tarefas

funcionais e restringir a independência e a qualidade de vida desses indivíduos. Em pessoas não

incapacitadas, o nível de excitabilidade do córtex motor é o principal determinante da geração

de força muscular (GOMES-OSMAN, 2016).

Após a lesão, os danos nos tratos descendentes, a quantidade e a taxa de transmissão de

informações do córtex à medula espinhal são limitadas. Esta transmissão prejudicada de sinais

15

através dos caminhos corticoespinhais, limita a capacidade de gerar força muscular (GOMES-

OSMAN, 2016).

Uma lesão acima da sexta vértebra torácica (T6) atinge as vias descendentes neuronais do

tronco simpático. As consequências são a perda do controle supraespinhal do sistema nervoso

simpático e a falta de inibição do sistema nervoso parassimpático, resultando em aumento da

atividade simpática abaixo do nível de lesão. Os déficits motores e sensoriais, as instabilidades

do sistema cardiovascular, termorregulatório e pulmonar são comuns após uma lesão da medula

(HAGEN, 2015).

Após uma LM traumática, o número de complicações durante a hospitalização em fase aguda,

depende do momento da cirurgia. Quando a cirurgia é realizada logo após a lesão, geralmente

evolui com menos complicações. Propõe-se que os pacientes sejam operados dentro de 24 h

após a lesão. Se for impossível operar dentro de 24 h, os esforços devem ser feitos para realizar

a cirurgia antes de 72 h após a lesão (HAGEN, 2015).

Algumas complicações agudas que podem ocorrer após a cirurgia são: complicações

respiratórias e disfagia, tromboembolismo, ossificação heterotópica, dor nociceptiva e/ou

neuropática, aumento do tônus e espasmos musculares, contraturas articulares e estresse

psicológico. Com base em alterações fisiopatológicas, a fase aguda precoce é definida de 2h á

48h após a lesão, a fase subaguda de 2 dias á 2 semanas, a fase intermediária de 2 semanas á 6

meses e após esse período, a fase crônica (HAGEN, 2015).

A LM pode causar disfunção duradoura em muitos sistemas de órgãos e, tem sérias

consequências na morbidade e mortalidade. A mudança permanente da função leva a uma maior

morbidade e menor qualidade de vida. A medula espinhal é afetada pelos efeitos físicos

imediatos do trauma e pelos processos patológicos secundários. A fraqueza e paralisia dos

músculos respiratórios, especialmente após a LM cervical, pode levar à insuficiência

respiratória e à necessidade de suporte ventilatório mecânico (TRUFLANDIER, 2016).

De acordo com a National Spinal Cord Injury Statistical Center (2012), cerca de 30% das

pessoas com LM são re-hospitalizadas uma ou mais vezes durante um ano após a lesão. Entre

estes, o período de permanência hospitalar é cerca de 20 dias. As doenças respiratórias,

digestivas, circulatórias e musculoesqueléticas e as doenças do sistema geniturinário são as

principais causas de recorrência hospitalar (HAGEN, 2015).

16

A disfunção cardiovascular em pacientes com LM cervical e torácica alta pode ser fatal e

agravar o comprometimento neurológico. Os pacientes têm maior morbidade e mortalidade

como resultado da disfunção autonômica. A lesão cervical tem efeitos importantes no sistema

pulmonar e as dificuldades respiratórias são uma das principais complicações e uma causa

frequente de óbito, tanto na fase aguda como crônica após lesão (HAGEN, 2015).

Estudos mostram que 67% dos pacientes com LM aguda tiveram complicações respiratórias

graves nos primeiros dias após a lesão. Tanto na fase aguda quanto na fase crônica da lesão

medular e a expectativa de vida desses indivíduos pode reduzir em até três vezes comparado à

população em geral (HAGEN, 2015; DE PALEVILLE, 2014).

O funcionamento fisiológico do sistema pulmonar requer a contração dos músculos

respiratórios coordenado pelo sistema de controle do sistema respiratório que, quando saudável,

integra o cérebro, tronco encefálico, medula espinhal e nervos periféricos. A interrupção

traumática deste circuito, como ocorre na lesão da medula espinhal, apresenta um problema

complexo em que a função respiratória é prejudicada para manter a vida e melhorar sua

qualidade (PALEVILLE, 2011).

Quanto mais alto for o nível de lesão, maior será o comprometimento respiratório. A gravidade

da lesão está relacionada à diminuição da capacidade residual funcional, capacidade pulmonar

total, volumes de reserva expiratória e aumento dos volumes residuais (PALEVILLE, 2011).

Indivíduos com LM completas ou incompletas muitas vezes sofrem complicações respiratórias

graves, tais como pneumonia e infecções respiratórias recorrentes devido à paralisia, fraqueza

muscular e/ou contrações espásticas dos músculos envolvidos na respiração (PALEVILLE,

2011).

Entre os indivíduos com LM crônica, os níveis aumentados de inflamação sistêmica estão

associados com diminuições no volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e

capacidade vital forçada (CVF), independentemente do nível e gravidade da lesão. Esses

pequenos declínios na função atribuível à inflamação sistêmica, são importantes em lesados

medulares, que possuem os músculos respiratórios e função pulmonar já prejudicados (HART,

2016).

O volume residual (VR) é determinado por uma interação entre vários fatores, incluindo a força

muscular expiratória, a complacência da parede pulmonar e torácica, ambas as quais são

17

reduzidas em lesados medulares, fechamento da via aérea, limitação do fluxo e duração da

expiração naqueles com obstrução das vias aéreas (HART, 2016).

A interação cardiopulmonar é comprometida após a LM. Outro aspecto clinicamente relevante

da respiração prejudicada em indivíduos com lesão da medula espinhal é a incapacidade de

tosse adequada, provavelmente causada pela fraqueza dos músculos abdominais (PALEVILLE,

2011).

Consequentemente, a maioria desses pacientes tem uma habilidade reduzida para limpar as

secreções das vias aéreas e dependem do suporte do cuidador para realizar a tosse assistida ou

outras técnicas para a higiene da via aérea (DIMARCO, 2014).

A rede de neurônios da medula espinhal e do sistema neuromuscular periférico abaixo do nível

da lesão permanece intacta na maioria dos pacientes com LM. Portanto, os músculos

respiratórios são passíveis de várias técnicas para gerar pressões positivas nas vias aéreas e alto

fluxo de ar, com o potencial de produzir um mecanismo de tosse eficaz (DIMARCO, 2014).

Os músculos respiratórios e posturais têm funções duplas. Em pacientes com LM, a postura

sentada é muitas vezes instável, pois exige o uso dos mesmos músculos para realizar as funções

respiratórias e manter a posição sentada. Os mecanismos de efeitos posturais podem incluir:

padrões específicos de recrutamento de músculos respiratórios, efeito da gravidade,

espasticidade, alterações na mecânica respiratória, entre outros (DE PALEVILLE, 2014).

A posição do corpo também pode afetar o tônus dos músculos do tronco e a espasticidade desses

músculos, repercute negativamente na função pulmonar em indivíduos com LM cervical. O

posicionamento mais funcional do diafragma melhora a função respiratória (DE PALEVILLE,

2014).

Aproximadamente 60% das pessoas com lesão medular crônica apresentam sintomas de

hipotensão ortostática, que está associada a uma incapacidade de realizar atividades de vida

diária e de reabilitação. A função respiratória afeta hemodinamicamente, apoiando o débito

cardíaco, e participando na regulação autonômica da frequência cardíaca (FC) e da pressão

arterial (PA) através de modulações barorreflexas (ASLAN, 2016).

O período de reabilitação começa com a admissão no hospital e a estabilização do estado

neurológico do paciente. O objetivo da reabilitação neste período é prevenir complicações que

podem ocorrer em longo prazo. Exercícios passivos devem ser realizados para prevenir

18

contraturas, atrofia muscular e dor. O posicionamento das articulações e a utilização de órteses

são importante para proteger a estrutura articular e manter o tônus muscular ideal (NAS, 2015).

Os exercícios isométricos, ativo-assistidos ou ativos devem ser feitos na cama do paciente,

dependendo do nível de lesão. A mobilização precoce desempenha um papel importante na

prevenção do declínio da função pulmonar e da força muscular. Os exercícios de respiração

devem ser realizados e ensinados e sua importância deve ser explicada para pacientes durante

a fase aguda, a fim de proteger a capacidade pulmonar (NAS, 2015).

Durante este período, o número de exercícios depende da tolerância do paciente. Se o

fisioterapeuta ou a equipe de saúde não estão presentes ou não são suficientes, a família do

paciente deve ser incluída na equipe de reabilitação desde os dias iniciais. A importância e

necessidade da reabilitação devem ser compartilhadas com o paciente e seus familiares (NAS,

2015).

No final da fase aguda, são necessários membros superiores fortalecidos para realizar as

transferências independentes. Para este fim, exercícios ativos e de resistência para fortalecer os

músculos de membros superiores devem ser iniciados no período mais rápido possível. A

estimulação elétrica pode ser uma alternativa útil se ocorrer fadiga extrema enquanto fortalece

os músculos (NAS, 2015).

A estabilidade da musculatura pélvica e da coluna lombar é muito importante para o equilíbrio

corporal e controle do tronco para realizar atividades de rotina, como a condução de uma cadeira

de rodas, vestir-se, tomar banho e nas transferências. Os objetivos funcionais deste período de

reabilitação devem preparar o paciente para movimentos como estar sentado na cama ou uma

cadeira de rodas, vestir e transferir (MAGNANI, 2017).

A inatividade física é um fator de risco importante para doença cardiovascular e mortalidade em

lesados medulares. Infelizmente, a inatividade física é altamente prevalente entre pessoas com

LM. Essa inatividade está associada a reduções excessivas na aptidão aeróbia (ZBOGAR,

2016).

A reabilitação é eficaz na aceleração e promoção da melhoria nas atividades da vida diária. De

fato, um atraso no início de atividades apropriadas e intensas pode influenciar negativamente a

capacidade funcional máxima do indivíduo, uma vez que o grau de descondicionamento após

a LM aumentará o atraso no início de um programa de exercícios (ZBOGAR, 2016).

19

A atividade física após uma lesão da medula espinhal é importante para otimizar a recuperação,

bem como a capacidade de melhorar complicações secundárias, como a perda de

condicionamento físico, doenças cardiovasculares e distúrbios autonômicos. Os indivíduos que

praticam esportes adaptados também podem ter um melhor controle do tronco e

consequentemente um melhor desempenho na execução de atividades funcionais (ZBOGAR,

2016; MAGNANI, 2017).

Há evidências de que a atividade física regular está associada à manutenção da mobilidade

articular, aumento da resistência aeróbia, força muscular e densidade mineral óssea. Além de

promover benefícios físicos, a atividade física promove benefícios psicossociais, como

aumento da autoestima, alívio do estresse, bem-estar, manutenção da autonomia e redução da

depressão (MAGNANI, 2017).

Isto, por sua vez, pode minimizar o desenvolvimento de deficiências tais como perda de

mobilidade, dependência física e integração social. A falta de aptidão física para tarefas

específicas pode ser obstáculo à autonomia após a LM (GOOSEY-TOLFREY et al. 2006).

A participação em esportes adaptados em cadeira de rodas, como tênis e rugby, permite que as

pessoas com tetraplegia pratiquem o esporte individualmente e em equipe no mais alto nível.

Nos últimos anos, oportunidades competitivas tanto para o rugby em cadeira de rodas quanto

para o tênis ganharam crescente aceitação e popularidade em nível paraolímpico. A potência

aeróbica está relacionada ao nível de lesão. Assim, quanto maior a lesão medular ou a

integridade da lesão, mais limitado o consumo máximo de oxigênio tende a ser (GOOSEY-

TOLFREY et al. 2006).

De acordo com as evidências, a prática de atividade física minimiza as complicações

secundárias decorrentes da lesão medular, promovendo a diminuição de morbidades

relacionadas à imobilidade física. Porém, ainda é necessário quantificar o efeito do esporte na

função pulmonar de indivíduos com lesão medular. Dessa forma, com objetivo de tentar

contribuir aos conhecimentos científicos a respeito desse assunto, foi realizado o estudo

intitulado “Efeitos do esporte na força muscular respiratória e no pico de fluxo da tosse em

indivíduos com lesão medular crônica”, avindo do projeto de pesquisa realizado pelas

pesquisadoras e que será descrito a seguir.

20

3 ARTIGO ORIGINAL

Efeitos do esporte na força muscular respiratória e no pico de fluxo da tosse em indivíduos

com lesão medular crônica

Effects of sports on respiratory muscle strength and peak cough flow in individuals with chronic

spinal cord injury

Roberta Marchiori de Souza*, Thaina Silva Teixeira*, Thais Ferreira Salomão*, **Morghana Ferreira Ambrosim,

***Taynara Ribeiro Batalha, ****Roberta Ribeiro Batista Barbosa.

....................................................................................................................................................

*Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia – Graduandas/EMESCAM/

Vitória/ES/Brasil, **Universidade Federal do Espírito Santo – Mestranda/ UFES/Vitória/

ES/Brasil, ***Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia – Graduada/

EMESCAM/Vitória/ES/Brasil, ****Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia

- Professora/EMESCAM/Vitória/ES/Brasil.

Autor de correspondência: Roberta Marchiori de Souza, Avenida Governador Eurico Resende,

Bairro Jardim Camburi, Vitória, Espírito Santo, [email protected], (28) 99977-

1796.

21

Resumo

Introdução: As complicações respiratórias

são as principais causas de morbidade e

mortalidade após uma lesão medular. A

prática de atividade física é importante para

otimizar a recuperação, pois está associada

à manutenção da mobilidade articular,

aumento da resistência aeróbia e força

muscular. O esporte, além de promover

benefícios físicos, também promove

benefícios psicossociais. Objetivos: avaliar

a força dos músculos respiratórios

(inspiratórios e expiratórios) e o pico de

fluxo da tosse de indivíduos cadeirantes

atletas e não atletas. Métodos: Trata-se de

uma pesquisa transversal e de caráter

quantitativo. Foram avaliados a pressão

inspiratória máxima, pressão expiratória

máxima e pico de fluxo da tosse de 40

indivíduos com lesão medular crônica,

cadastrados no Centro de Reabilitação

Física do Espírito Santo – CREFES. A

análise estatística foi realizada através dos

testes Chi-quadrado de Pearson, Exato de

Fischer, e Spearman. Resultados: A força

muscular expiratória foi maior no grupo

atleta do que no grupo controle (120 mmHg

vs 60 mmHg, respectivamente). Não foram

encontradas diferenças significativas para

as medidas de pressão inspiratória máxima

e pico de fluxo da tosse entre os grupos

estudados. Correlacionando o tempo de

prática de esporte com a força dos músculos

respiratórios, a pressão inspiratória máxima

apresenta uma correlação negativa.

Conclusão: A prática de esportes tem

influência sobre a força dos músculos

respiratórios, portanto é essencial para

minimizar possíveis complicações.

Palavras-chave: Lesão medular. Força

muscular respiratória. Esporte para pessoas

com deficiência.

Abstract

Introduction: Respiratory complications

are the main causes of morbidity and

mortality after spinal cord injury. The

practice of physical activity is important to

optimize recovery, since it is associated

with the maintenance of joint mobility,

increased aerobic resistance and muscular

strength. Sport, in addition to promoting

physical benefits, also promotes

psychosocial benefits. Objectives: To asess

the strength of the respiratory (inspiratory

and expiratory) muscles and the peak flow

of coughing of athletes and non-athletes.

Methods: This is a cross-sectional and

quantitative research. The maximal

inspiratory pressure, maximum expiratory

pressure and peak cough flow were

evaluated in 40 individuals with chronic

spinal cord injury, enrolled at the Physical

Rehabilitation Center of Espírito Santo -

CREFES. Statistical analysis was

performed using Pearson's Chi-square test,

Fischer's exact test, and Spearman's.

Results: Expiratory muscle strength was

higher in the athlete group than in the

control group (120 mmHg vs. 60 mmHg,

respectively). No significant differences

were found for the measures of maximal

inspiratory pressure and peak cough flow

between the groups studied. Correlating the

time of practice of sports with the strength

of the respiratory muscles, the maximum

inspiratory pressure presents a negative

correlation. Conclusion: The practice of

sports has influence on the strength of

respiratory muscles, so it is essential to

minimize possible complications.

Keywords: Spinal cord injury. Respiratory

muscle strength. Sports. Parathletics.

22

Introdução

Estima-se que ocorram a cada ano no país, mais de 10 mil novos casos de lesão medular, sendo

o trauma a causa predominante. A incidência de traumatismo raquimedular é cerca de 6 a 8 mil

novos casos por ano, sendo que destes 80% das vítimas são homens e 60% se encontram entre

os 10 e 30 anos de idade1,2.

As complicações respiratórias, tais como pneumonia e infecções respiratórias recorrentes, são

as principais causas de morbidade e mortalidade nas fases aguda e crônica da lesão medular3.

O confinamento a cadeira, influencia o tônus dos músculos do tronco, afetando negativamente

a função pulmonar, pois exige o uso dos mesmos músculos para realizar funções respiratórias

e para manter tal postura. Músculos respiratórios fracos prejudicam a capacidade do indivíduo

em respirar profundamente e também influencia na capacidade para tossir e eliminar as

secreções pulmonares de forma eficaz, que por sua vez predispõem à retenção de secreção,

atelectasias e infecções pulmonares, aumentando o risco de mortalidade precoce4,5.

Há evidências que a prática do exercício físico após uma lesão da medula espinhal é importante

para otimizar a recuperação, bem como a capacidade de melhorar complicações secundárias,

como a perda de condicionamento físico, doenças cardiovasculares e distúrbios autonômicos.

A atividade física regular está associada à manutenção da mobilidade articular, aumento da

resistência aeróbia e força muscular. Além de promover benefícios físicos, a atividade física

promove benefícios psicossociais, como aumento da autoestima, alívio do estresse, bem-estar,

manutenção da autonomia e redução da depressão6,7.

Sedlock8, demonstra que a atividade física regular minimiza perdas de funções motoras geradas

pela lesão, porém, ainda é necessário quantificar o efeito do esporte na força muscular de

indivíduos com lesão medular. Dessa forma, o objetivo desse presente estudo foi avaliar a força

dos músculos respiratórios (inspiratórios e expiratórios) e o pico de fluxo da tosse de indivíduos

cadeirantes atletas e não atletas.

23

Métodos

O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CEP) da Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM), sob o número do parecer

1.310.183. Trata-se de um estudo transversal.

Os critérios de inclusão foram indivíduos com diagnóstico confirmado de lesão medular

crônica, independente de causa e nível de lesão, com idade superior a 18 anos, que estavam

cadastrados entre o período de janeiro de 2012 a dezembro de 2017, no Centro de Reabilitação

Física do Espírito Santo – CREFES, situado no município de Vila Velha - ES.

Os participantes do estudo foram divididos em grupo praticante de esportes (tempo maior que

6 meses) e grupo controle, os indivíduos que não praticavam esportes ou atividades físicas

regulares, considerados como não atletas. Foram excluídos aqueles que tinham doença

cardiopulmonar, intervenção cirúrgica ou internação nos últimos três meses,

traqueostomizados, descompensação cardiorrespiratória nos últimos três meses, restrição ao lar

e ao leito e frequência de treino esportivo menor que duas vezes por semana.

Após levantamento dos pacientes cadastrados no período da pesquisa, os participantes do

estudo foram entrevistados para avaliação do perfil quanto à idade, sexo, raça, tabagismo,

ocorrência de complicações respiratórias nos últimos 12 meses, prática de esportes, modalidade

do esporte, tempo de prática de esporte e o tempo da lesão. Em seguida, foi realizado o

protocolo de avaliações, com a obtenção das variáveis respiratórias em relação à força muscular

respiratória (inspiratória e expiratória), avaliação da tosse e do nível de lesão medular.

Para obter os valores da força muscular respiratória, utilizou-se a análise das pressões

inspiratórias (PImáx) e expiratórias (PEmáx) através do manovacuômetro da marca Comercial

Médica, devidamente calibrado. Os valores foram obtidos a partir do Volume Residual (VR) e

da Capacidade Pulmonar Total (CPT), com três mensurações para cada fase do ciclo

respiratório e com oclusão nasal, tendo sido considerados para análise os maiores valores

obtidos. As pressões respiratórias máximas foram calculadas de acordo com o padrão

preexistente compatível com a faixa etária e sexo, conforme os valores de referência utilizado

na literatura de Barros e Medeiros9.

24

Para avaliação da eficiência da tosse foram realizadas medidas do pico de fluxo da tosse (PFT),

através do Peak Flow da marca Assess Respironics, durante a tosse espontânea sem ajuda e

com oclusão nasal. Foram realizadas três medidas consecutivas e considerado o melhor valor

obtido10. A classificação da lesão da medula espinhal, quanto ao nível e extensão da lesão, foi

determinada pelo exame neurológico, de acordo com os critérios da American Spinal Injury

Association (ASIA)11.

A análise estatística foi realizada no programa SPSS versão 22 sendo que as variáveis

quantitativas foram apresentadas por meio de medidas de resumo de dados como média,

mediana e desvio padrão. A comparação entre os grupos foi testada utilizando o teste de Mann-

Whitney e a correlação entre as variáveis numéricas foi realizada através do coeficiente de

correlação de Spearman, sendo considerados níveis de significância p<0,05.

25

Resultados

Foram selecionados para pesquisa 40 indivíduos, e após a coleta de dados, destes, 10 foram

excluídos devido a discrepância em relação ao nível medular, no intuito de deixar a amostra

mais homogênea entre os grupos, sendo incluídos no estudo 30 participantes, 15 classificados

como não atletas (grupo controle) e 15 como atletas. A tabela I expressa os dados do perfil de

cada grupo, a qual podemos observar que o tempo de cadeira de rodas foi maior no grupo atleta,

sendo para este grupo o tempo máximo de 367 meses e 264 meses para o grupo não atleta.

Quanto ao nível da lesão, 53,3% apresentaram nível de lesão alta e 46,7% lesão baixa em ambos

os grupos.

Tabela I. Descrição do perfil dos participantes do estudo.

A força muscular expiratória foi maior no grupo atleta do que no grupo controle (120 mmHg

vs 60 mmHg, respectivamente), assim como a diferença da PEmáx predita menos a obtida

(p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas para as medidas de pressão

inspiratória máxima e pico de fluxo da tosse entre os grupos estudados (tabela II).

Não atletas Atletas

n= 15 n= 15

Idade (média ± DP) 36 (10) 32 (10)

Sexo masculino N (%) 11 (73,3%) 11 (73,3%)

Sexo feminino N (%) 04 (26,7%) 04 (26,7%)

Raça N (%)

Branco 01 (6,7%) 03 (20%)

Pardo 11 (73,3%) 08 (53,3%)

Negro 03 (20%) 04 (26,7%)

Amarelo 0 (0%) 0 (0%)

Tabagismo N (%)

Nunca fumou 06 (40%) 09 (60%)

Ex fumante 08 (53,3%) 05 (33,3%)

Fumante 01 (6,7%) 01 (6,7%)

Tempo de cadeira de rodas – mediana (mín, máx)*em

meses 48 (3, 264) 192 (12, 367)

Tempo de esporte – mediana (mín, máx)*em meses - 48 (10, 348)

Nível da lesão N (%)

Alta

Baixa

08 (53,3%)

07 (46,7%)

08 (53,3%)

07 (46,7%)

26

Tabela II. Comparação da força muscular respiratória e pico de fluxo da tosse entre os

indivíduos não atletas e atletas.

Não atletas Atletas p

Peak Flow 385 (140, 395) 390 (160,395) 0,775

PImáx - mediana (mín, máx) -100 (-60, -150) -110 (-70, -150) 0,161

Diferença PImáx - mediana (mín, máx) -23,89 (-26,11, -72,05) -9,81 (-32,74, -50,32) 0,116

PEmáx - mediana (mín, máx) 60 (40, 110) 120 (60, 150) 0,000

Diferença PEmáx - mediana (mín, máx) 140,90 (107,38 , 176,65) 78,41 (46,78 , 142,96) 0,000

Peak Flow – pico de fluxo da tosse; PImáx - pressões inspiratórias; PEmáx - pressões expiratórias.

Fonte: Própria autora.

Ao correlacionarmos o tempo de prática de esportes com a força dos músculos respiratórios,

sugere-se uma correlação negativa e moderada (r= -0,5), para a força muscular inspiratória

(p=0,058), e nenhuma correlação para a força muscular expiratória e pico de fluxo da tosse

(p>0,05) (Tabela III).

Tabela III. Correlação do tempo de prática de esporte com a força muscular respiratória e o pico

de fluxo da tosse.

Tempo de prática de

esporte (meses)

Coeficiente de

Spearman p

PImáx -0,500 0,058

Diferença PImáx 0,409 0,130

PEmáx 0,350 0,201

Diferença PEmáx -0,057 0,839

Peak Flow -0,185 0,509

Peak Flow – pico de fluxo da tosse;

PImáx – pressões inspiratórias;

PEmáx - pressões expiratórias.

Fonte: Própria autora.

Ao separar a amostra estudada por nível de lesão medular baixa (paraplégicos) e alta

(tetraplégicos), desconsiderando a prática esportiva, e correlacionar com a força muscular

respiratória e tosse, não encontramos diferenças significativas (p>0,05).

27

Discussão

A incidência de lesões medulares são mais comuns entre os 10 e 30 anos de idade, sendo que

80% são homens1, assim como no presente estudo que, da amostra analisada, a maior parte era

composta por pacientes do sexo masculino (73,3%) com média de idade entre 32 e 36 anos.

A paralisia parcial dos músculos intercostais internos e externos, decorrentes da lesão medular,

leva à redução da força muscular respiratória, expansão torácica e consequentemente dos

volumes e capacidades, o que corrobora com este estudo, pois ambos os grupos apresentaram

redução de força muscular inspiratória e expiratória em relação ao que foi predito. Porém, no

grupo não atleta foi encontrada uma diminuição significativa da força dos músculos expiratórios

quando comparados aos atletas, além de diferenças significativas no valor previsto da PEmáx

e no que foi obtido12.

Os resultados obtidos por Zamunér13, referente à PImáx foram significativamente inferiores aos

preditos somente no grupo não atleta quando comparados aos atletas, já os valores obtidos da

PEmáx foram significativamente inferiores aos preditos em ambos os grupos. O presente estudo

corrobora em partes com esse achado, pois não foram encontradas diferenças significativas para

as medidas de PImáx e pico de fluxo da tosse entre os grupos estudados.

Os indivíduos com LM crônica, independentemente do nível e gravidade da lesão, apresentam

alterações na função pulmonar14. Além disso, Van15 evidenciou que o nível de lesão determina

seu tipo e gravidade, pois quanto mais alta for a lesão, maiores serão as consequências motoras

e respiratórias. Portanto, acredita-se que os indivíduos com lesão medular alta terão resultados

da força muscular respiratória frequentemente inferiores aos indivíduos com lesão medular

baixa, independente da prática de esportes. Todavia, essa relação não foi evidenciada no

presente estudo.

Entretanto, os achados de Ambrosim e Batalha16, sugerem que os tetraplégicos tendem a

apresentar uma pressão inspiratória máxima e um pico de fluxo da tosse menor do que os

pacientes paraplégicos e em relação a musculatura expiratória, todos os tetraplégicos e

paraplégicos apresentaram valores abaixo do esperado.

28

A capacidade de produzir uma tosse efetiva é severamente prejudicada em pacientes com lesão

medular cervical ou torácica alta17, porém nos achados do presente estudo, não houve dados

significantes para o pico de fluxo da tosse quando comparado entre os grupos atletas e não

atletas.

Inúmeros fatores influenciam a força dos músculos respiratórios, dentre eles a postura. O

treinamento físico promove aumento da capacidade inspiratória, resultante da adaptação dos

músculos inspiratórios e expiratórios, melhorando a mecânica diafragmática e,

consequentemente, repercutindo no aumento da força muscular respiratória5. Neste estudo,

observou-se que entre os indivíduos praticantes de exercício físico, o tempo de uso da cadeira

de rodas foi maior do que a do grupo de não atletas. Sendo assim, sugerimos que apesar da

mecânica respiratória ser influenciada pela postura adotada na cadeira de rodas, em relação a

força muscular respiratória, não foi encontrado maiores impactos negativos quando comparados

aos não atletas.

O estudo apresentou limitações quanto a sua população e amostra. Mesmo com o grande

número de lesados medulares, trata-se de uma população com acessibilidade reduzida,

restringindo a mobilidade e participação social. Outra dificuldade enfrentada refere-se ao

número de lesados medulares atletas recrutados no estudo, impossibilitando um número maior

de participantes.

Porém é necessário a realização de mais estudos, visto que, os indivíduos lesados medulares,

atingem principalmente jovens, sendo relevante conscientizar a equipe multidisciplinar

envolvida na reabilitação desses pacientes e, também da importância da prática da atividade

física para a melhora da independência funcional, condicionamento físico e qualidade de vida.

29

Conclusão

A partir dos resultados encontrados, é possível perceber a importância dos benefícios da prática

de esporte em indivíduos com lesão medular. Embora o número de indivíduos participantes da

pesquisa seja reduzido, sugere-se uma relação entre a prática de esporte e a força muscular

inspiratória máxima.

Os achados deste estudo supõem que a prática esportiva proporciona um melhor

condicionamento respiratório independente do nível de lesão medular, o que contribui para

qualidade de vida e funcionalidade de pessoas com deficiência física, promovendo a prevenção

de doenças e a manutenção da saúde.

30

Referências

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32

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste estudo, observou-se que a lesão medular é um problema de nível

mundial que aflige pessoas de diversas faixas etárias. Contudo, devido à ausência de um método

padronizado para avaliação desses indivíduos, não é possível quantificar com exatidão as

prevalências e incidências mundiais da lesão medular. Estima-se que no Brasil ocorram 6 a 8

mil novos casos por ano, sendo que 80% dos lesados medulares têm entre 10 e 30 anos de idade.

Em sua grande maioria, a lesão na medula ocorre de forma traumática, através de acidentes

automobilísticos, acidentes esportivos, quedas e atos de violência. Em países desenvolvidos e

em desenvolvimento, afetam principalmente adultos jovens e de meia idade, sendo que os

homens apresentam maior prevalência, independentemente do grupo etário.

O impacto da lesão na medula espinhal é devastador e afeta todas as esferas da vida do

indivíduo, levando a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. Podem

ocorrer disfunções duradouras, o que contribui para um maior surgimento de morbidades e

consequentemente uma menor qualidade de vida. As manifestações clínicas dependerão do

nível e extensão da lesão.

A classificação após a lesão é determinada pelo exame neurológico de acordo com os critérios

da American Spinal Injury Association (ASIA), uma das classificações mais aceitas e usadas

para mensurar a extensão dos déficits neurológicos após lesão medular, aspecto importante a

ser avaliado por ser um dos fatores que prevê a chance de recuperação motora.

As complicações após a lesão irão se manifestar principalmente como paresia ou paralisia dos

membros, alteração de tônus muscular, contraturas, alterações de sensibilidade, perda do

controle esfincteriano, disfunção sexual e principalmente complicações respiratórias. Estas

ocorrem com muita frequência, tanto na fase aguda e crônica da lesão, provavelmente por

fraqueza dos músculos abdominais que tornam a tosse ineficaz, o que favorece as infecções.

A somatória de infecções respiratórias e inatividade física, são cruciais para redução dos

volumes e capacidades pulmonares. Além disso, na LM ainda há redução da força muscular e

complacência da parede torácica que limita o fluxo e reduz a duração da expiração nos

indivíduos com obstrução das vias aéreas. Consequentemente a interação cardiopulmonar é

comprometida após a LM.

33

Infelizmente a inatividade física é comum entre os lesados medulares e está associada a redução

da aptidão física. A fisioterapia é muitas vezes a única forma de acesso a atividade física que o

lesado medular virá a ter, ela é capaz de otimizar a recuperação, evitar complicações, promover

força muscular e aumento da densidade mineral óssea. Ainda é capaz de promover aumento da

autoestima, através de ganhos funcionais que gerarão maior independência, autonomia e

participação.

O período de reabilitação começa com a admissão no hospital e a estabilização do estado

neurológico do paciente. As técnicas e condutas fisioterapêuticas têm como objetivo prevenir

complicações em longo prazo. As mais comuns citadas na literatura na fase aguda são o

posicionamento articular, mobilização precoce e exercícios respiratórios; e após essa fase, os

exercícios ativos e de resistência para fortalecer os músculos, todos realizados na tolerância do

paciente, que além de resultarem na melhora motora e respiratória, auxiliam na evolução do

paciente.

As formas de tratamentos são amplas para este tipo de paciente. A estimulação elétrica pode

ser uma alternativa útil se ocorrer fadiga muscular extrema. O equilíbrio corporal e controle do

tronco são essenciais para realizar as atividades funcionais. Visto que a inatividade física é

altamente prevalente entre pessoas com lesão medular e está sendo um fator de risco importante

para doença cardiovascular e mortalidade, é de extrema importância a reabilitação eficaz para

a aceleração e promoção da melhoria nas atividades da vida diária.

Devemos salientar aos profissionais e pacientes a importância e necessidade da continuidade

da reabilitação e que a prática da atividade física após uma lesão da medula espinhal é

importante para otimizar a recuperação, bem como a capacidade de minimizar complicações

secundárias, como a perda de condicionamento físico, doenças cardiovasculares e distúrbios

autonômicos, pois o resultado do tratamento depende do comprometimento de todos envolvidos

no processo.

34

REFERÊNCIAS

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paraplegics. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 22, n. 5, p. 386-392,

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America, v. 37, n. 4, p. 380-388, 2014.

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States of America, v. 173, n. 12, p. 1386-1389, 2006.

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99, 2016.

37

APÊNDICES

APÊNDICE A – Carta de anuência

38

APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido

O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “EFEITOS DO ESPORTE NA

FUNÇÃO PULMONAR DE INDIVÍDUOS COM LESÃO MEDULAR CRÔNICA”. Esse estudo tem como

objetivo central avaliar a função pulmonar de pacientes com lesão medular crônica do Centro de Reabilitação

Física do Espírito Santo - CREFES.

Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: você responderá uma ficha com sete itens. Os

procedimentos realizados não causam dor, incomodo, com risco mínimo, tendo em vista que os testes realizados

fazem parte da avaliação clínica rotineira dos atendimentos fisioterapêuticos e não envolvem procedimentos

invasivos. Será usado um aparelho para medir a força dos músculos respiratórios e o pico de fluxo da tosse. O

risco decorrente de sua participação na pesquisa é mínimo. Quando você aceitar participar, estará contribuindo

para a ampliação do conhecimento científico que poderá solucionar a doença de outros pacientes de forma

melhorada.

A Sr(a). não será identificada em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo e depois de consentir em

sua participação se a Sr(a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu

consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e

sem nenhum prejuízo a sua pessoa. A Sr(a). não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma

remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada,

sendo guardada em sigilo. Para qualquer outra informação, a Sra. poderá entrar em contato com o pesquisador

pelo email [email protected]: (27) 993163919 endereço: Rua: Dom Jorge de Menezes Nº: 50, Apt: 703,

Praia da Costa – Vila Velha - ES; email: [email protected]; (28) 999771796, email:

[email protected] (27) 999984197; email: [email protected] (27) 997823487 ou poderá entrar

em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa – EMESCAM no endereço Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luiza

- Vitória - ES - 29045-402 pelo telefone (27) 3334-3586.

Consentimento Pós–Informação:

Eu,_____________________________________________________,RG_______________, fui informado sobre

o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo

em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é

emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de

nós.

Vitória,____de_________________________de_______

_______________________________________

Assinatura do participante

Impressão do dedo polegar

caso não saiba assinar

_______________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

39

APÊNDICE C – Ficha de coleta de dados

1.Idade:____________

2.Sexo:____________

3. Raça (declarada):____________

4. Tabagismo: ( ) Nunca fumou (0); ( ) Ex-tabagista (1); ( ) Tabagista atual (2)

5.Tempo de cadeira de rodas:___________________________________________

6. Nível de lesão:______________________________________________________

7. Extensão de lesão: Completa( ) Incompleta: ( )

8. Pratica esportes: sim ( ) não ( )

9. Modalidade esportiva: ________________________

10. Tempo de pratica de esportes (meses): _________________________

11. Frequência de treinamento: __________ x por semana

12. Complicação respiratória nos últimos 12 meses: ( ) não ( ) sim.

Qual? ____________________________________

40

ANEXOS

ANEXO A – American Spinal Injury Association (ASIA)

41

ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

42

43

44

45

ANEXO C – Capa da revista Fisioterapia Brasil

46

ANEXO D - Normas de publicação da revista

Fisioterapia Brasil

Revista Indexada na LILACS - Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde,

CINAHL, LATINDEX

Abreviação para citação: Fisioter Bras

A revista Fisioterapia Brasil é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a

publicação e divulgação de artigos científicos das várias áreas relacionadas à Fisioterapia.

Os artigos publicados em Fisioterapia Brasil poderão também ser publicados na versão

eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros

que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam

com estas condições.

A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” preconizado pelo Comitê

Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a

seguir. Ver o texto completo em inglês das Recommendations for the Conduct, Reporting,

Editing, and Publication of Scholarly Work in Medical Journals no site do International

Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de

dezembro de 2013.

Submissões devem ser enviadas por e-mail para o editor executivo

([email protected]). A publicação dos artigos é uma decisão dos editores. Todas

as contribuições que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão por pares

anônimos.

Segundo o Conselho Nacional de Saúde, resolução 196/96, para estudos em seres humanos, é

obrigatório o envio da carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, independente do

desenho de estudo adotado (observacionais, experimentais ou relatos de caso). Deve-se incluir

o número do Parecer da aprovação da mesma pela Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital

ou Universidade, a qual seja devidamente registrada no Conselho Nacional de Saúde.

47

Editorial

O Editorial que abre cada número da Fisioterapia Brasil comenta acontecimentos recentes,

inovações tecnológicas, ou destaca artigos importantes publicados na própria revista. É

realizada a pedido dos Editores, que podem publicar uma ou várias Opiniões de especialistas

sobre temas de atualidade.

Artigos originais

São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais com relação a

aspectos experimentais ou observacionais, em estudos com animais ou humanos.

Formato: O texto dos Artigos originais é dividido em Resumo (inglês e português), Introdução,

Material e métodos, Resultados, Discussão, Conclusão, Agradecimentos (optativo) e

Referências.

Texto: A totalidade do texto, incluindo as referências e as legendas das figuras, não deve

ultrapassar 30.000 caracteres (espaços incluídos), e não deve ser superior a 12 páginas A4, em

espaço simples, fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais

como negrito, itálico, sobre-escrito, etc.

Tabelas: Recomenda-se usar no máximo seis tabelas, no formato Excel ou Word.

Figuras: Máximo de 8 figuras, em formato .tif ou .gif, com resolução de 300 dpi.

Literatura citada: Máximo de 50 referências.

Revisão

São trabalhos que expõem criticamente o estado atual do conhecimento em alguma das áreas

relacionadas à Fisioterapia. Revisões consistem necessariamente em análise, síntese, e

avaliação de artigos originais já publicados em revistas científicas. Será dada preferência a

revisões sistemáticas e, quando não realizadas, deve-se justificar o motivo pela escolha da

metodologia empregada.

Formato: Embora tenham cunho histórico, Revisões não expõem necessariamente toda a

história do seu tema, exceto quando a própria história da área for o objeto do artigo. O artigo

48

deve conter resumo, introdução, metodologia, resultados (que podem ser subdivididos em

tópicos), discussão, conclusão e referências.

Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as legendas das figuras, não deve

ultrapassar 30.000 caracteres, incluindo espaços.

Figuras e Tabelas: mesmas limitações dos Artigos originais.

Literatura citada: Máximo de 50 referências.

Relato de caso

São artigos que apresentam dados descritivos de um ou mais casos clínicos ou terapêuticos com

características semelhantes. Só serão aceitos relatos de casos não usuais, ou seja, doenças raras

ou evoluções não esperadas.

Formato: O texto deve ser subdividido em Introdução, Apresentação do caso, Discussão,

Conclusões e Referências.

Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as legendas das figuras, não deve

ultrapassar 10.000 caracteres, incluindo espaços.

Figuras e Tabelas: máximo de duas tabelas e duas figuras.

Literatura citada: Máximo de 20 referências.

Opinião

Esta seção publica artigos curtos, que expressam a opinião pessoal dos autores: avanços

recentes, política de saúde, novas ideias científicas e hipóteses, críticas à interpretação de

estudos originais e propostas de interpretações alternativas, por exemplo. A publicação está

condicionada a avaliação dos editores quanto à pertinência do tema abordado.

Formato: O texto de artigos de Opinião tem formato livre, e não traz um resumo destacado.

Texto: Não deve ultrapassar 5.000 caracteres, incluindo espaços.

Figuras e Tabelas: Máximo de uma tabela ou figura.

Literatura citada: Máximo de 20 referências.

49

Cartas

Esta seção publica correspondência recebida, necessariamente relacionada aos artigos

publicados na Fisioterapia Brasil ou à linha editorial da revista. Demais contribuições devem

ser endereçadas à seção Opinião. Os autores de artigos eventualmente citados em Cartas serão

informados e terão direito de resposta, que será publicada simultaneamente. Cartas devem ser

breves e, se forem publicadas, poderão ser editadas para atender a limites de espaço. A

publicação está condicionada a avaliação dos editores quanto à pertinência do tema abordado.

Preparação do original

Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word), em página A4,

formatados da seguinte maneira: fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as

formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.

Tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e Figuras com algarismos arábicos.

Legendas para Tabelas e Figuras devem constar à parte, isoladas das ilustrações e do corpo do

texto.

As imagens devem estar em preto e branco ou tons de cinza, e com resolução de qualidade

gráfica (300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.

Imagens coloridas serão aceitas excepcionalmente, quando forem indispensáveis à

compreensão dos resultados (histologia, neuroimagem, etc).

Página de apresentação

A primeira página do artigo traz as seguintes informações: - Título do trabalho em português e

inglês; - Nome completo dos autores e titulação principal; - Local de trabalho dos autores; -

Autor correspondente, com o respectivo endereço, telefone e E-mail; Resumo e palavras-

chave.

50

A segunda página de todas as contribuições, exceto Opiniões, deverá conter resumos do

trabalho em português e em inglês e cada versão não pode ultrapassar 200 palavras. Deve conter

introdução, objetivo, metodologia, resultados e conclusão.

Abaixo do resumo, os autores deverão indicar 3 a 5 palavras-chave em português e em inglês

para indexação do artigo. Recomenda-se empregar termos utilizados na lista dos DeCS

(Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra em

http://decs.bvs.br.

Agradecimentos

Agradecimentos a colaboradores, agências de fomento e técnicos devem ser inseridos no final

do artigo, antes das Referências, em uma seção à parte.

Referências

As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver. As referências bibliográficas

devem ser numeradas com algarismos arábicos, mencionadas no texto pelo número entre

colchetes [ ], e relacionadas nas Referências na ordem em que aparecem no texto, seguindo as

normas do ICMJE.

Os títulos das revistas são abreviados de acordo com a List of Journals Indexed in Index

Medicus ou com a lista das revistas nacionais e latinoamericanas, disponível no site da

Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores.

Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al.

Exemplos:

1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension:pathophysiology,

diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven Press;1995.p.465-78.

Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinasetype

plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.

Envio dos trabalhos

A avaliação dos trabalhos, incluindo o envio de cartas de aceite, de listas de correções, de

exemplares justificativos aos autores e de uma versão pdf do artigo publicado, exige o

51

pagamento de uma taxa de R$ 250,00 para a submissão do artigo, e R$ 250,00, para a publicação

do artigo, a ser depositada na conta da Atlântica Multimídia Comunicações Ltda., Caixa

Econômica Federal: Agência:0249 , C/C: 2667-0 , OPERAÇÃO – 003 ,titular: Atlântica

Multimídia Comunicações Ltda. Os assinantes da revista são dispensados do pagamento,

somente da taxa de publicação (Informar por e-mail com o envio do artigo).

Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para o editor executivo, Jean-Louis

Peytavin, através do e-mail [email protected], com cópia para:

[email protected]. O corpo do e-mail deve ser uma carta do autor correspondente à

Editora, e deve conter:

- Resumo de não mais que duas frases do conteúdo da contribuição; - Uma frase garantindo que

o conteúdo é original e não foi publicado em outros meios além de anais de congresso; - Uma

frase em que o autor correspondente assume a responsabilidade pelo conteúdo do artigo e

garante que todos os outros autores estão cientes e de acordo com o envio do trabalho; - Uma

frase garantindo, quando aplicável, que todos os procedimentos e experimentos com humanos

ou outros animais estão de acordo com as normas vigentes na Instituição e/ou Comitê de Ética

responsável; - Telefones de contato do autor correspondente.

- A área de conhecimento:

( ) Cardiovascular / pulmonar ( ) Saúde funcional do idoso ( ) Diagnóstico cinético-funcional

( ) Terapia manual ( ) Eletrotermofototerapia ( ) Orteses, próteses e equipamento

( ) Músculo-esquelético ( ) Neuromuscular ( ) Saúde funcional do trabalhador

( ) Controle da dor ( ) Pesquisa experimental /básica ( ) Saúde funcional da criança

( ) Metodologia da pesquisa ( ) Saúde funcional do homem ( ) Prática política, legislativa e

educacional

( ) Saúde funcional da mulher ( ) Saúde pública ( ) Outros

Observação: o artigo que não estiver de acordo com as normas de publicação da

Revista Fisioterapia Brasil será devolvido ao autor correspondente para sua adequada

formatação.

Atlantica Editora