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José Manuel Matias Vieira de Sousa EFEITOS QUÍMICOS NA SOLUBILIDADE DE GASES EM LÍQUIDOS Setembro de 2015 Tese de Doutoramento em Engenharia Química, orientada pela Professora Doutora Isabel Maria Almeida Fonseca e apresentada ao Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

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  • Jos Manuel Matias Vieira de Sousa

    EFEITOS QUMICOS NA SOLUBILIDADE DE GASES EMLQUIDOS

    Setembro de 2015

    Tese de Doutoramento em Engenharia Qumica, orientada pela Professora Doutora Isabel Maria Almeida Fonseca e apresentada ao Departamento de Engenharia Qumica da Faculdade de Cincias e Tecnologia da

    Universidade de Coimbra

  • i

    Jos Manuel Matias Vieira de Sousa

    Efeitos qumicos na

    solubilidade de gases em

    lquidos

    Tese de Doutoramento em Engenharia Qumica, apresentada ao Departamento

    de Engenharia Qumica da Faculdade de Cincias e Tecnologia da

    Universidade de Coimbra para obteno do grau de Doutor

    Orientadora:

    Professora Doutora Isabel Maria Almeida Fonseca

    Instituies:

    CIEPQPF Centro de Investigao em Engenharia dos Processos Qumicos e

    dos Produtos da Floresta, Departamento de Engenharia Qumica,

    Universidade de Coimbra

    Coimbra

    2015

  • iii

    A experincia nunca falha, apenas as nossas opinies falham, ao esperar da

    experincia aquilo que ela no capaz de oferecer.

    Leonardo da Vinci.

  • iv

  • v

    Ao meu pai, e irmos Srgio e Rui (in memorium), minha me e ao meu irmo Vtor.

  • vi

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    A realizao desta dissertao marca o final de uma importante etapa da minha vida

    acadmica. com muita satisfao que expresso aqui o mais profundo agradecimento a

    todos aqueles que tornaram a realizao deste trabalho possvel.

    Em primeiro lugar quero expressar o meu sincero agradecimento Professora Doutora Isabel

    Fonseca, pela orientao cientfica, pela reviso crtica desta dissertao, enfim, por todo o

    contributo prestado para o resultado final do trabalho.

    Ao Professor Doutor Abel Ferreira e ao Doutor Antnio Jos Queimada pela sua

    disponibilidade e sugestes no desenvolvimento deste trabalho.

    Ao Engenheiro Horcio Fachada, pelo trabalho realizado no desenvolvimento do aparelho

    de medio da solubilidade gs/lquido, ao implementar o sistema de controlo da presso e

    o sistema de medio do gs dissolvido.

    Ao Jos Pedro Almeida pelo seu contributo na parte experimental no incio deste trabalho e

    ao Jos Granjo pelos momentos de trabalho referentes aos lquidos inicos.

    Ao senhor Amaro Feliciano do Departamento de Qumica e ao senhor Jos Santos, das

    oficinas do Departamento de Engenharia Qumica da Faculdade de Cincias e Tecnologia

    da Universidade de Coimbra, pela sua prontido nas reparaes na linha de vcuo e no

    aparelho de medio da solubilidade.

    Ao Departamento de Engenharia Qumica da Faculdade de Cincias e Tecnologia da

    Universidade de Coimbra, pela disponibilizao das condies materiais necessrias e

    indispensveis ao desenvolvimento do trabalho experimental e ao Departamento de

    Engenharia Qumica e Biolgica do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, pelo

    incentivo e por na medida do possvel oferecer-me as condies temporais para a realizao

    deste trabalho de tese.

    Por ltimo, agradeo minha esposa Vera, por todo o seu amor e carinho que tem

    demonstrado por mim e que sempre me apoiou e incentivou nas horas mais difceis. Aos

    meus filhos, Catarina e Jos Miguel, pelos momentos vividos ao longo de todos estes anos.

  • viii

  • ix

    RESUMO

    Existem muito poucos estudos sobre o efeito das foras qumicas na solubilidade dos gases

    em lquidos, devido sobretudo inerente dificuldade em caracterizar quantitativamente essas

    foras, onde as ligaes por pontes de hidrognio representam o efeito qumico mais comum

    em solues termodinmicas. No entanto, os efeitos qumicos na solubilidade gs/lquido

    podem tambm resultar de outros tipos de foras de ligao, levando formao de

    complexos entre espcies dadoras de eletres e espcies aceitadoras de eletres. Neste

    trabalho, foi efetuado o estudo do efeito da associao entre as molculas do soluto e do

    solvente na solubilidade de gases em lquidos, em particular na solubilidade de

    halocarbonetos em solventes orgnicos. Dos gases estudados salientam-se os

    hidrofluorcarbonetos que so compostos organofluorados com propriedades peculiares que

    os tornam atrativos na indstria qumica.

    Os valores experimentais da solubilidade gs/lquido para os sistemas halocarbonetos /

    solventes orgnicos so escassos, ou mesmo inexistentes na literatura. Razo pela qual foi

    determinada experimentalmente a solubilidade de halocarbonetos gasosos em trs classes

    diferentes de solventes orgnicos: os lcoois, considerados lquidos associados atravs de

    ligaes de hidrognio, sendo o efeito qumico previsvel na solubilidade nestes sistemas

    (halocarbonetos/lcoois), a existncia de ligaes de hidrognio entre o oxignio do lcool

    e o hidrognio dos halocarbonetos; os solventes aromticos onde a natureza do grupo

    substituinte no anel benznico desempenha uma funo importante na solubilidade, devido

    existncia de grupos dadores de eletres que favorecem a formao de complexos, ou a

    existncia de grupos sacadores de eletres do anel que impedem a formao de complexos;

    e, por ltimo, os lquidos inicos, que devido sua complexidade ao apresentarem uma

    combinao multifacetada de interaes resultantes da sua carga eltrica, polaridade e

    estrutura molecular e eletrnica, dificulta o estudo dos efeitos qumicos na solubilidade de

    gases nestes solventes.

    As medies foram efetuadas presso atmosfrica e na gama de temperaturas

    [284; 313 K], numa instalao de vcuo que incorpora um mtodo volumtrico. Os valores

    experimentais da solubilidade obtidos permitiram o desenvolvimento de correlaes para a

    solubilidade do tetrafluormetano e dos hidrofluorcarbonetos nos lcoois, as quais so funo

    de alguns parmetros de natureza qumica caractersticos do solvente e/ou do soluto. As

    solubilidades dos halocarbonetos em solventes orgnicos foram descritas usando um modelo

    que inclui a equao de estado cbica de Soave-Redlich-Kwong com a adio de um termo

    associativo, modelo este designado por Cubic-Plus-Association. Alm deste modelo foi

    tambm utilizada a teoria das solues regulares para o desenvolvimento de um modelo

    capaz de descrever as solubilidades dos hidrofluorcarbonetos em lquidos inicos.

  • x

    ABSTRACT

    There are few systematic studies of the effect of the chemical forces on gas solubility,

    primarily because of the inherent difficulty to characterize these forces in a quantitative way,

    where the hydrogen-bonding is probably the most common chemical effect in

    thermodynamic solutions. However chemical effects may also result from other kinds of

    bonding forces, leading to the formation of complexes between electron donors/acceptors

    compounds. In this work, we have studied the effect of the association between the solute

    and the solvent molecules on the solubility of gases in liquids, particularly the solubility of

    halocarbons in organic solvents. From the gases studied we can stressed the

    hydrofluorocarbons that are fluoro-organic compounds with peculiar properties which make

    them attractive to the chemical industry.

    The experimental gas/liquid solubility values for the systems halocarbons/organic solvents

    are scarce or even non-existent in literature. Therefore the solubility of gaseous halocarbons

    was experimentally determined in three different types of organic solvents: the lower

    alcohols, considered associated liquids by means of hydrogen-bonding, where the

    predictable chemical effect on the solubility in these systems is the existence of the hydrogen

    bond between the oxygen of the alcohol and the hydrogen of the halocarbons; the aromatic

    solvents where the nature of the substitution group on the benzene ring plays an important

    role in the solubility, due to the existence of the electron-donating groups which promote the

    formation of complexes, or the existence of electron-withdraw groups which have the

    opposite effect to the complex formation; and, finally, the ionic liquids, where the study of

    the chemical effects on the solubility of gases in these solvents becomes a harder task,

    essentially due to the complexity of ionic liquids that present a multifaceted combination of

    interactions that result from its electric charge, polarity and the molecular and electronic

    strutures.

    The measurements were made at atmospheric pressure and a in the temperature range

    [284; 313 K], in a vacuum apparatus using a volumetric method. The obtained experimental

    solubility values allowed the development of correlations to the solubility of the

    tetrafluoromethane and the hydrofluorocarbons in alcohols, which are function of some

    chemical parameters characteristic of the solvent and/or the solute. The solubilities of

    halocarbons in organic solvents were described using a model that includes the Soave-

    Redlich-Kwong cubic equation of state with the addition of an associative term, known as

    Cubic-Plus-Association. Besides this model, the regular-solution theory was also used for

    the development of a model able to describe the solubilities of the hydrofluorocarbons in

    ionic liquids.

  • xi

    LISTA DE PUBLICAES

    Listam-se a seguir as publicaes que resultaram do trabalho de investigao desenvolvido

    nesta Tese.

    Publicaes em revistas internacionais com arbitragem

    J.M.M.V. Sousa, A.G.M. Ferreira, H.C.Fachada, I.M.A. Fonseca. Solubility of CF4 in lower

    alcohols. Fluid Phase Equilib. 296 (2010) 95 98.

    http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2010.02.007

    J.M.M.V. Sousa, J.P.B. Almeida, A.G.M. Ferreira, H C. Fachada, I.M.A. Fonseca. Solubility

    of HFCs in lower alcohols. Fluid Phase Equilib. 303 (2011) 115 119.

    http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2011.01.003

    J.M.M.V. Sousa, A.J. Queimada, E.A. Macedo, I.M.A. Fonseca. Solubility of

    hydrofluorocarbons in aromatic solvents and alcohols: Experimental data and modeling

    with CPA EoS. Fluid Phase Equilib. 337 (2013) 60 66.

    http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2012.09.013

    Jos M.M.V. Sousa, Jos F.O. Granjo, Antnio J. Queimada, Abel G.M. Ferreira, Nuno M.C.

    Oliveira, Isabel M.A. Fonseca. Solubilities of hydrofluorocarbons in ionic liquids:

    Experimental and modelling study. J. Chem. Thermodyn. 73 (2014) 36 43.

    http://dx.doi.org/10.1016/j.jct.2013.07.013

    Jos M.M.V. Sousa, Jos F.O. Granjo, Antnio J. Queimada, Abel G.M. Ferreira, Nuno M.C.

    Oliveira, Isabel M.A. Fonseca. Solubilities of hydrofluorocarbons in phosphonium-based

    ionic liquids: experimental and modelling study. J. Chem. Thermodyn. 79 (2014) 184 191.

    http://dx.doi.org/10.1016/j.jct.2014.08.001

    J.M.M.V. Sousa, I.M.A. Fonseca Solubility of hydrofluorocarbons in halobenzene solvents.

    J. Chem. Eng. Data 59 (2014) 3605 3609.

    http://dx.doi.org/10.1021/je500525q

    http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2010.02.007http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2011.01.003http://dx.doi.org/10.1016/j.fluid.2012.09.013http://dx.doi.org/10.1016/j.jct.2013.07.013http://dx.doi.org/10.1016/j.jct.2014.08.001http://dx.doi.org/10.1021/je500525q

  • xii

    Comunicaes em conferncias

    J.M.M.V. Sousa, A.G.M. Ferreira, H.C. Fachada, I.M.A. Fonseca. Solubility of CF4 in

    lower alcohols. VIII IberoAmerican Conference on Phase Equilibria and Fluid Properties

    for Process Design EQUIFASE 2009, Praia da Rocha, Portugal.

    J.M.M.V. Sousa, A.G.M. Ferreira, H.C. Fachada, I.M.A. Fonseca. Solubility of HFCs in

    aromatic solvents. Thermodynamics 2011 Conference, Atenas, Grcia.

    J.M.M.V. Sousa, A.G.M. Ferreira, H.C. Fachada, I.M.A. Fonseca. Solubility of CH3X

    (X=F, Cl, Br) in lower alcohols. Chempor 2011 Conference, Costa da Caparica, Portugal.

    J.M.M.V. Sousa, I.M.A. Fonseca. Solubility of hydrofluorocarbons in halobenzene

    solvents. Thermodynamics 2013 Conference, Manchester, Reino Unido.

    Jos M.M.V. Sousa, Isabel M.A. Fonseca. Solubility of methyl halides (CH3X with X=F,

    Cl, Br) in aromatic solventes .20th European Conference on Thermophysical Properties

    Thermodynamics (ECTP 2014), Porto, Portugal.

  • xiii

    NDICE DE CONTEDOS

    RESUMO ................................................................................................................ix

    ABSTRACT .............................................................................................................. x

    LISTA DE PUBLICAES .........................................................................................xi

    NDICE DE CONTEDOS ....................................................................................... xiii

    NDICE DE TABELAS ............................................................................................. xvi

    NDICE DE FIGURAS ............................................................................................. xxi

    CAPTULO 1. INTRODUO GERAL ................................................................................ 1

    1.1. IMPORTNCIA E MOTIVAO .............................................................................. 1

    1.2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 4

    CAPTULO 2. REVISO BIBLIOGRFICA ........................................................................ 7

    2.1. INTRODUO ..................................................................................................... 7

    2.1.1. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES ALIFTICOS ............... 8

    2.1.2. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES AROMTICOS ........... 11

    2.1.3. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM LQUIDOS INICOS ...................... 13

    2.2. MTODOS DE PREVISO DA SOLUBILIDADE GS/LQUIDO .................................. 16

    2.2.1. CORRELAES .......................................................................................... 16

    2.2.2. MODELOS PREDITIVOS ............................................................................... 17

    2.3. MTODOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE DE GASES EM LQUIDOS ............... 19

    2.3.1. INTRODUO ............................................................................................ 19

    2.3.2. MTODO GRAVIMTRICO ........................................................................... 20

    2.3.2.1. MICROBALANA GRAVIMTRICA...................................................... 20

    2.3.2.2. MICROBALANA DE CRISTAL DE QUARTZO ....................................... 21

    2.3.3. CROMATOGRAFIA GASOSA ......................................................................... 21

    2.3.4. MTODOS DE ESPECTROSCOPIA DE MASSA ................................................. 22

    2.3.5. MTODOS MANOMTRICOS / VOLUMTRICOS ............................................. 22

    CAPTULO 3. DETERMINAO EXPERIMENTAL DA SOLUBILIDADE G/L ...................... 29

    3.1. INTRODUO ................................................................................................... 29

  • xiv

    3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...................................................................... 30

    3.2.1. MATERIAIS ............................................................................................... 30

    3.2.2 APARELHO EXPERIMENTAL ....................................................................... 34

    3.2.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA A MEDIO DA SOLUBILIDADE G/L .. 35

    3.3. CLCULOS PARA A DETERMINAO DA SOLUBILIDADE G/L .............................. 37

    3.3.1. PRINCPIOS TERMODINMICOS ................................................................... 38

    3.3.2. FUNES TERMODINMICAS ..................................................................... 43

    3.3.3. ALGORITMO DE CLCULO DA SOLUBILIDADE G/L ...................................... 44

    CAPTULO 4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSO .......................................... 49

    4.1. INTRODUO .................................................................................................. 49

    4.2. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DE HALOCARBONETOS EM

    LCOOIS ......................................................................................................... 50

    4.2.1. SOLUBILIDADE DO CF4 E HIDROFLUORCARBONETOS EM LCOOIS ............... 50

    4.2.2. SOLUBILIDADE DE CH3X (X= F, Cl, Br) EM LCOOIS ................................. 57

    4.3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DE HALOCARBONETOS EM

    SOLVENTES AROMTICOS C6H(6-n)(CH3)n (n = 0, 1, 2, 3) ................................... 62

    4.3.1 RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DO CF4 E HFCS EM

    C6H(6-n)(CH3)n (n = 0, 1, 2, 3) ................................................................... 62

    4.3.2. SOLUBILIDADE DE CH3X (X= F, Cl, Br) EM C6H(6-n)(CH3)n (n = 0, 1, 2, 3).. 68

    4.4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DE HALOCARBONETOS EM

    HALOBENZENOS .............................................................................................. 72

    4.4.1. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DO CF4 E HFCS EM

    HALOBENZENOS [C6H5X COM X=F, Cl, Br] ............................................... 73

    4.4.2. SOLUBILIDADE DE CH3X EM HALOBENZENOS C6H5X COM X=F, Cl, Br] ..... 79

    4.5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DE HFCS EM LQUIDOS

    INICOS .......................................................................................................... 83

    4.6. RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE G/L DE HFCS EM LQUIDOS

    INICOS COM CATIES FOSFNIO ..................................................................... 87

    CAPTULO 5. CORRELAES ...................................................................................... 93

    5.1. INTRODUO .................................................................................................. 93

    5.2. CORRELAO PARA O CLCULO DA SOLUBILIDADE DO CF4 EM LCOOIS ........... 94

    5.3. CORRELAO PARA O CLCULO DA SOLUBILIDADE DE HFCS EM LCOOIS ........ 96

  • xv

    CAPTULO 6. MODELIZAO DA SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES

    ORGNICOS USANDO A EQUAO DE ESTADO CPA ................................ 99

    6.1. INTRODUO ................................................................................................... 99

    6.2. PRINCPIOS TERMODINMICOS DA EQUAO DE ESTADO CPA ......................... 100

    6.3. PARAMETRIZAO ........................................................................................ 104

    6.3.1. ESQUEMA DE ASSOCIAO ...................................................................... 104

    6.3.2. DETERMINAO DOS PARMETROS DOS COMPOSTOS PUROS USADOS NA

    CPA ....................................................................................................... 105

    6.4. RESULTADOS DA MODELIZAO E DISCUSSO ................................................ 110

    6.4.1. INTRODUO .......................................................................................... 110

    6.4.2. MODELIZAO DA SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM LCOOIS ...... 110

    6.4.3. MODELIZAO DA SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES

    AROMTICOS .......................................................................................... 113

    6.4.4. MODELIZAO DA SOLUBILIDADE DE HIDROFLUORCARBONETOS EM

    RTILS .................................................................................................... 118

    CAPTULO 7. MODELIZAO DA SOLUBILIDADE DE HFCS EM RTILS USANDO A

    TEORIA DAS SOLUES REGULARES ..................................................... 123

    7.1. INTRODUO ................................................................................................. 123

    7.2. RESULTADOS DA MODELIZAO COM A RST E DISCUSSO .............................. 126

    CAPTULO 8. CONCLUSES ....................................................................................... 135

    REFERNCIAS ........................................................................................................... 141

    APNDICE A. PROPRIEDADES DOS HALOCARBONETOS E SOLVENTES .................... 153

    APNDICE B. VALORES EXPERIMENTAIS PARA O CLCULO DA SOLUBILIDADE DOS

    HFCS EM TOLUENO ....................................................................... 159

    APNDICE C. CORRELAES PARA A DENSIDADE MSSICA DOS RTILS VERSUS

    TEMPERATURA. ............................................................................. 161

    APNDICE D. RESULTADOS NUMRICOS DA MODELIZAO COM A RST ............... 165

    APNDICE E. REFERNCIAS DOS APNDICES ....................................................... 171

  • xvi

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em solventes alifticos

    presso atmosfrica. .........................................................................................................10

    Tabela 2.2. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em solventes aromticos

    presso atmosfrica. .........................................................................................................13

    Tabela 2.3. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em lquidos inicos presso

    atmosfrica. .....................................................................................................................14

    Tabela 2.4. Principais caractersticas dos aparelhos de medio de solubilidades de gases

    em lquidos referidos neste trabalho. ................................................................................28

    Tabela 3.1. Halocarbonetos .............................................................................................31

    Tabela 3.2. lcoois .........................................................................................................31

    Tabela 3.3. Solventes aromticos. ....................................................................................32

    Tabela 3.4. Lquidos inicos. ...........................................................................................33

    Tabela 4.1. Resultados experimentais da solubilidade do CF4 em lcoois expressa em frao

    molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial P =101.325 kPa em funo da

    temperatura. .....................................................................................................................51

    Tabela 4.2. Resultados experimentais da solubilidade do CHF3 em lcoois expressa em

    frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial P =101.325 kPa em funo

    da temperatura. ................................................................................................................52

    Tabela 4.3. Resultados experimentais da solubilidade do CH2F2 em lcoois expressa em

    frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial P =101.325 kPa em funo

    da temperatura. ................................................................................................................53

    Tabela 4.4. Resultados experimentais da solubilidade do CH3F em lcoois expressa em

    frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial P =101.325 kPa em funo

    da temperatura. ................................................................................................................54

  • xvii

    Tabela 4.5. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T + C ln(T), para a solubilidade de

    CF4, CHF3, CH2F2 e CH3F em lcoois. ............................................................................ 55

    Tabela 4.6. Comparao de valores da solubilidade obtidos neste trabalho com os valores

    retirados da literatura. ...................................................................................................... 57

    Tabela 4.7. Resultados experimentais da solubilidade do CH3Cl e CH3Br em lcoois

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 58

    Tabela 4.8. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T + C ln(T), para a solubilidade do

    CH3Cl e CH3Br em lcoois. ............................................................................................. 59

    Tabela 4.9. Energia molar de Gibbs da soluo, 02G , entalpia molar da soluo, 0

    2H e

    entropia molar da soluo, 02S , a 298 K e presso de 1 atm, para os sistemas G/L (CF4,

    CHF3, CH2F2, CH3F, CH3Cl e CH3Br em lcoois). .......................................................... 61

    Tabela 4.10. Resultados experimentais da solubilidade do CF4 em solventes aromticos

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 63

    Tabela 4.11. Resultados experimentais da solubilidade do CHF3 em solventes aromticos

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1; presso parcial

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 64

    Tabela 4.12. Resultados experimentais da solubilidade do CH2F2 em solventes aromticos

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 65

    Tabela 4.13. Resultados experimentais da solubilidade do CH3F em solventes aromticos

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 66

    Tabela 4.14. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T para a solubilidade de CF4, CHF3,

    CH2F2 e CH3F em solventes aromticos [C6H(6-n)(CH3)n (n = 0, 1, 2, 3)]. ........................ 67

    Tabela 4.15. Resultados experimentais da solubilidade do CH3Cl e CH3Br em solventes

    aromticos expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial,

    P =101.325 kPa em funo da temperatura. ..................................................................... 69

  • xviii

    Tabela 4.16. Parmetros da Equao, R ln(x2) = A + B/T, para a solubilidade do CH3Cl e

    CH3Br em solventes aromticos [C6H(6-n)(CH3)n (n = 0, 1, 2, 3)]. .....................................70

    Tabela 4.17. Resultados experimentais da solubilidade do CF4 em halobenzenos expressa

    em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial, P =101.325 kPa em

    funo da temperatura, T. .................................................................................................73

    Tabela 4.18. Resultados experimentais da solubilidade do CHF3 em halobenzenos expressa

    em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial, P =101.325 kPa em

    funo da temperatura, T. .................................................................................................74

    Tabela 4.19. Resultados experimentais da solubilidade do CH2F2 em halobenzenos expressa

    em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial, P =101.325 kPa em

    funo da temperatura, T. .................................................................................................75

    Tabela 4.20. Resultados experimentais da solubilidade do CH3F em halobenzenos expressa

    em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial, P =101.325 kPa em

    funo da temperatura, T. .................................................................................................76

    Tabela 4.21. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T, para a solubilidade de CF4, CHF3,

    CH2F2 e CH3F em halobenzenos [C6H5X com X=F, Cl, Br]. ............................................77

    Tabela 4.22. Resultados experimentais da solubilidade do CH3Cl e CH3Br em halobenzenos

    expressa em frao molar, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, presso parcial, P =101.325

    kPa em funo da temperatura. .........................................................................................80

    Tabela 4.23. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T, para a solubilidade de CH3Cl e

    CH3Br em halobenzenos [C6H5X com (X = F, Cl, Br)]. ....................................................81

    Tabela 4.24. Solubilidades experimentais, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, para o CHF3,

    CH2F2 e CH3F em RTILs, a 1atm e em funo da temperatura. ........................................84

    Tabela 4.25. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T, para a solubilidade do CH3F, CH2F2

    e CHF3, em RTILs. ..........................................................................................................85

    Tabela 4.26. Solubilidades experimentais, x2, e coeficientes de Henry, H2,1, para CHF3,

    CH2F2 e CH3F em RTILs com caties fosfnio, a 1 atm e em funo da temperatura. ......88

    Tabela 4.27. Parmetros da equao, R ln(x2) = A + B/T, para a solubilidade do CH3F, CH2F2

    e CHF3 em RTILs com caties fosfnio. ..........................................................................88

  • xix

    Tabela 5.1. Nmero Aceitador de Gutmann, AN, dos lcoois.......................................... 95

    Tabela 5.2. Parmetros para as molculas CHF3, CH2F2 e CH3F, usados na equao (5.2).

    ........................................................................................................................................ 98

    Tabela 6.1. Esquemas de associao (Huang e Radosz, 1990) ....................................... 104

    Tabela 6.2. Parmetros (a0, c1, b, , ) dos compostos puros usados na CPA, quando os

    compostos so tratados com no-associados (NA) ou como associados com o esquema de

    dois-sites (2B) e desvio mdio absoluto percentual (AAD) da presso de vapor, P e da

    densidade molar, liq. . ................................................................................................... 107

    Tabela 6.3. Parmetros (a0, c1, b, , ) dos RTILs puros usados na CPA, quando os

    compostos so tratados com no-associados (NA) ou como associados com os esquemas de

    um-site (1A) e dois-sites (2B). Desvio mdio absoluto percentual (AAD) da presso de

    vapor, P e da densidade molar liq. . ............................................................................ 109

    Tabela 6.4. Parmetros kij e ij usados na CPA para a modelizao da solubilidade de

    halocarbonetos em lcoois e desvios mdios absolutos percentuais, AAD (%). .............. 112

    Tabela 6.5. Parmetro kij usado na equao de estado SRK para a modelizao da

    solubilidade de halocarbonetos em hidrocarbonetos aromticos e desvios mdios absolutos

    percentuais, AAD (%). .................................................................................................. 115

    Tabela 6.6. Parmetro kij usado na equao de estado SRK para a modelizao da

    solubilidade de halocarbonetos em halobenzenos e desvios mdios absolutos percentuais,

    AAD (%). ...................................................................................................................... 116

    Tabela 6.7. Desvios mdios absolutos da solubilidade, AAD (%), obtidos com o modelo

    preditivo da CPA para os sistemas HFCs / RTILs, quando os RTILs so tratados com no-

    associados (NA) ou como associados com os esquemas de associao (1A) e (2B). ....... 118

    Tabela 6.8. Desvios mdios absolutos da solubilidade usando a CPA com parmetros de

    interao kij ou ij, determinados por ajuste aos valores experimentais da solubilidade para

    cada sistema HFC/RTIL. Os RTILs so tratados como compostos no-associados (NA) ou

    como associados com os esquemas de associao de um-site (1A) e de dois-sites (2B). . 121

  • xx

    Tabela 7.1. Valores mdios dos parmetros de solubilidade 1 calculados para os RTILs.

    ...................................................................................................................................... 127

    Tabela 7.2. Parmetros de solubilidade 2 dos HFCs temperatura de vaporizao obtidos

    de Yaws, (1999). ............................................................................................................ 127

    Tabela 7.3. Valores dos parmetros D e E da equao (7.5) e os desvios mdios absolutos

    da solubilidade, AAD (%), para cada HFC. .................................................................... 130

    Tabela 7.4. Valores de (A/R) da equao (7.10) para os sistemas HFCs/RTILs e desvios

    mdios absolutos percentuais, AAD (%), do conjunto de solubilidades de cada HFC. .... 131

    Tabela 7.5. Massa molar (Mm), parmetros da e db para o clculo da densidade mssica (m),

    volume molar ( LmV 1, ) a 25C para o RTIL estudado. ........................................................ 132

  • xxi

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1. Aparelho de Ben-Naim e Baer, (1963). ......................................................... 25

    Figura 2.2. Aparelho de Tominaga et al. (1986). ............................................................. 26

    Figura 2.3. Aparelho de medio de solubilidade de gases em lquidos de Fonseca

    et al. (2007). .................................................................................................................... 27

    Figura 2.4. Parte da montagem do aparelho de Fonseca et al. (2007), inserida no tanque 27

    Figura 3.1. Representao esquemtica do aparelho de medio de solubilidade de gases em

    lquidos, Fonseca et al. (2007). ........................................................................................ 34

    Figura 3.2. Fluxograma para o clculo de x2. .................................................................. 47

    Figura 3.3. Diagrama para o clculo de x2 em lquidos inicos. ....................................... 48

    Figura 4.1. Solubilidade de CF4, CHF3, CH2F2 e CH3F em (a) metanol, (b) etanol, (c) 1-

    propanol e (d) 1-butanol em funo da temperatura; os smbolos representam os resultados

    experimentais, as curvas a funo RTCTBAx /)ln(/exp2 . ....................... 56

    Figura 4.2. Solubilidade do CH3F, CH3Cl e CH3Br em (a) metanol, (b) etanol, (c) 1-

    propanol e (d) 1-butanol em funo da temperatura; os smbolos representam resultados

    experimentais, as linhas representam a funo RTCTBAx /)ln(/exp2 . ..... 60

    Figura 4.3. Energia molar de Gibbs da soluo a 298 K em funo da solubilidade do CF4,

    CHF3, CH2F2, CH3F, CH3Cl e CH3Br em lcoois............................................................. 62

    Figura 4.4. Solubilidade de CF4 (=0 D), CHF3 (=1.65 D), CH2F2 (=1.98 D) e CH3F

    (=1.85 D) em (a) benzeno, (b) tolueno, (c) m-xileno e (d) mesitileno em funo da

    temperatura; os smbolos representam os resultados experimentais, as curvas representam a

    funo x2 = exp[(A + B / T) / R], sendo o momento dipolar, (Gray e Gubbins, 1980). .... 68

    Figura 4.5. Solubilidade do CH3F, CH3Cl e CH3Br em (a) benzeno, (b) tolueno, (c) m-xileno

    e (d) mesitileno em funo da temperatura; os smbolos representam resultados

    experimentais, as linhas representam a funo x2 = exp[(A + B / T) / R]. .......................... 71

    file:///F:/Nova%20pasta/teseVf21.docx%23_Toc430902462file:///F:/Nova%20pasta/teseVf21.docx%23_Toc430902464file:///F:/Nova%20pasta/teseVf21.docx%23_Toc430902464file:///F:/Nova%20pasta/teseVf21.docx%23_Toc430902465

  • xxii

    Figura 4.6. Energia molar de Gibbs da soluo a 298 K em funo da solubilidade do CF4,

    CHF3, CH2F2, CH3F, CH3Cl e CH3Br em solventes aromticos. .......................................72

    Figura 4.7. Solubilidade do CF4 (=0 D), CHF3 (=1.65 D), CH2F2 (=1.98 D) e CH3F

    (=1.85 D) em (a) fluorbenzeno, (b) clorobenzeno e (c) bromobenzeno em funo da

    temperatura; os smbolos representam os resultados experimentais, as curvas representam a

    funo x2 = exp[(A + B / T) / R], , momento dipolar expresso em Debye (Gray e Gubbins,

    1980). ..............................................................................................................................78

    Figura 4.8. Solubilidade do CH3F, CH3Cl e CH3Br em (a) fluorbenzeno, (b) clorobenzeno

    e (c) bromobenzeno em funo da temperatura; os smbolos representam resultados

    experimentais, as curvas representam a funo, x2 = exp[(A+B/T)/R]. ..............................81

    Figura 4.9. Energia molar de Gibbs da soluo a 298 K em funo da solubilidade do CF4,

    CHF3, CH2F2, CH3F, CH3Cl e CH3Br em halobenzenos. ..................................................83

    Figura 4.10. Solubilidade de HFCs em RTILs ([C2mim][NTf2], [P6,6,6,14][NTf2],

    [m-2-HEA][Pr] e [m-2-HEA][P]): (a) CHF3, (b) CH2F2 e (c) CH3F, em funo da

    temperatura e presso atmosfrica; os smbolos representam resultados experimentais, as

    curvas representam a funo, x2 = exp[(A+B/T)/R]. ..........................................................86

    Figura 4.11. Solubilidade de HFCs em RTILs com caties fosfnio ([P6,6,6,14] [NTf2],

    [P6,6,6,14] [Cl], [P4,4,4,1] [C1SO4] e [P4,4,4,2][(C2)2PO4]): (a) CHF3, (b) CH2F2 e (c) CH3F em

    funo da temperatura e presso atmosfrica; os smbolos representam resultados

    experimentais, as curvas representam a funo, x2 = exp[(A+B/T)/R]. ..............................89

    Figura 4.12. Rcios (RS) da solubilidade experimental, (a) CHF3, (b) CH2F2 e (c) CH3F em

    [P6,6,6,14][Cl] (), [P4,4,4,1][C1SO4] (),[P4,4,4,2][(C2)2PO4] (), [m-2-HEA][P] ( )

    [C2mim][NTf2] ( ) e [P6,6,6,14][NTf2] ( ). RS = x2 (no RTIL) / x2 (no [m-2-HEA][Pr]). ...91

    Figura 5.1. Solubilidade do CF4 a 298 K e presso parcial P2 = 101.325kPa em lcoois,

    em funo do nmero aceitador de Gutmann (AN). Os valores da solubilidade do 1-pentanol,

    1-hexanol, 1-octanol e 1-decanol foram retirados de Clever et al. (2005). Os valores de AN

    foram obtidos de Marcus, (1998). .....................................................................................95

    Figura 5.2. Energia livre molar de Gibbs da soluo, 0

    2G , a 298 K em funo da

    solubilidade do CF4 em lcoois e alcanos. ........................................................................96

  • xxiii

    Figura 5.3. Solubilidade, x2, do CH3F (*=1.504), CH2F2 (

    *=1.476) e CHF3 (*=1.139) em

    funo do nmero aceitador de Gutmann (AN) dos lcoois e do momento dipolar reduzido

    dos gases (*). Os smbolos representam os valores experimentais, as curvas representam os

    valores obtidos pela equao (5.3). .................................................................................. 97

    Figura 6.1. Modelizao da solubilidade dos halocarbonetos com a CPA [(a) CF4, (b) CHF3,

    (c) CH2F2, (d) CH3F, (e) CH3Cl e (f) CH3Br] em lcoois [metanol ( , , ), etanol (

    ,, ), 1-propanol ( ,,), 1-butanol (, , )] em funo da temperatura. Os

    smbolos a cheio representam as solubilidades experimentais; as curvas referem-se s

    solubilidades obtidas pela CPA com kij e ij; os smbolos abertos referem-se s solubilidades

    obtidas com o modelo da CPA preditivo. ....................................................................... 111

    Figura 6.2. Modelizao da solubilidade com a equao de estado SRK, do [CF4 (,),

    CHF3 ( ,), CH3F (,), CH2F2 ( , )] no m-xileno em funo da

    temperatura. Os smbolos representam as solubilidades experimentais; as curvas contnuas

    referem-se s solubilidades obtidas da SRK com kij e as curvas a tracejado referem-se s

    solubilidades obtidas com o modelo preditivo da SRK................................................... 114

    Figura 6.3. Modelizao da solubilidade com a equao de estado SRK, do CH3Cl e CH3Br

    em hidrocarbonetos aromticos [Benzeno ( , ), tolueno (, ), m-xileno ( ,),

    mesitileno (,)] em funo da temperatura. Os smbolos representam as solubilidades

    experimentais (cheios para o CH3Cl, abertos para o CH3Br); as curvas referem-se s

    solubilidades obtidas da equao de estado SRK com a utilizao de kij......................... 117

    Figura 6.4. Modelizao da solubilidade dos HFCs com a CPA [(a) CHF3, (b) CH2F2 e (c)

    CH3F] em RTILs ([m-2-HEA] [Pr] (, ), [m-2-HEA] [P] ( ,), [C2mim] [NTf2] (

    ,), [P6,6,6,14] [NTf2] (, )) em funo da temperatura. Os smbolos representam

    as solubilidades experimentais e as curvas referem-se s solubilidades obtidas com o modelo

    preditivo da CPA. .......................................................................................................... 119

    Figura 7.1. Variao de lnH2,1 em funo de T/)(2

    21 para o CHF3 em RTILs,

    temperatura de referncia Tref de 288.15 K. A reta representa a funo descrita pela equao

    (7.5) e os pontos dentro da elipse no so representados por esta equao. .................... 128

  • xxiv

    Figura 7.2. Variao de lnH2,1 em funo de T/)(2

    21 para o CH2F2 em RTILs,

    temperatura de referncia Tref de 288.15 K. A reta representa a funo descrita pela equao

    (7.5) e os pontos dentro da elipse no so representados por esta equao. ..................... 129

    Figura 7.3. Variao de lnH2,1 em funo de T/)(2

    21 para o CH3F em RTILs,

    temperatura de referncia Tref de 288.15 K. A reta representa a funo descrita pela equao

    (7.5) e os pontos dentro da elipse no so representados por esta equao. ..................... 129

    Figura 7.4. Constante de Henry do CHF3 versus volume molar lquido do RTIL potncia

    (-4/3) e temperatura de 25 C do [P6,6,6,14][Cl] (), [P4,4,4,1][C1SO4] (), [P4,4,4,2][(C2)2PO4]

    (), [m-2-HEA][P] (), [C2mim][NTf2] () e [P6,6,6,14][NTf2] (). A regio sombreada

    representa o intervalo de confiana de 95% no modelo RST (reta). ................................ 133

    Figura 7.5. Constante de Henry do CH2F2 versus volume molar lquido do RTIL potncia

    (-4/3) e temperatura de 25 C do [P6,6,6,14][Cl] (), [P4,4,4,1][C1SO4] (), [P4,4,4,2][(C2)2PO4]

    (), [m-2-HEA][P] (), [C2mim][NTf2] () e [P6,6,6,14][NTf2] (). A regio sombreada

    representa o intervalo de confiana de 95% no modelo RST (reta). ................................ 133

    Figura 7.6. Constante de Henry do CH3F versus volume molar lquido do RTIL potncia

    (-4/3) e temperatura de 25 C do [P6,6,6,14][Cl] (), [P4,4,4,1][C1SO4] (), [P4,4,4,2][(C2)2PO4]

    (), [m-2-HEA][P] (), [C2mim][NTf2] () e [P6,6,6,14][NTf2] (). A regio sombreada

    representa o intervalo de confiana de 95% no modelo RST (reta). ................................ 134

  • 1

    CAPTULO 1.

    INTRODUO GERAL

    INTRODUO GERAL

    1.1. IMPORTNCIA E MOTIVAO

    O conhecimento das propriedades termodinmicas, em especial a solubilidade de gases em

    lquidos tem-se revelado ser de grande importncia na biologia, medicina e engenharia

    qumica, alm de permitir alargar a base de estudo sobre as foras intermoleculares

    existentes numa mistura. No entanto, os conhecimentos fundamentais para a descrio do

    equilbrio gs/lquido est ainda longe de ser completo. Sabendo-se que nas misturas

    lquidas, os desvios ao comportamento ideal podem ser interpretados em termos de foras

    intermoleculares existentes no interior da mistura, onde o solvente nunca uma substncia

    inerte que apenas tem a funo de envolver o soluto, mas sim uma substncia que interage

    com o soluto. Pelo que conveniente distinguir essas foras intermoleculares entre foras

    (qumicas) atrativas fortes, principais responsveis pela formao das espcies qumicas e

    foras (fsicas) atrativas fracas, chamadas foras de van der Waals. Contudo essa distino

    no fcil de visualizar, uma vez que todas as molculas tm foras que atuam entre elas,

  • CAPTULO 1 INTRODUO GERAL

    2

    sendo o conjunto de todas estas foras o responsvel pela maior ou menor solubilidade do

    gs no lquido (Prausnitz et al., 1999).

    razovel considerar que as foras qumicas esto ausentes nas solues lquidas simples

    de molculas no polares, j no sendo razovel desprezar estas foras nas misturas lquidas

    onde as ligaes de hidrognio ou as foras de interao por transferncia de carga (i.e.

    interaes por deslocalizao eletrnica, entre as orbitais de uma molcula dadora de carga

    e as orbitais de uma molcula recetora) so apreciveis.

    As ligaes de hidrognio podem ocorrer em molculas que contm um hidrognio ligado a

    um tomo eletronegativo, como por exemplo, os lcoois, os quais tm tendncia a

    associarem-se e a solvatarem-se com outras molculas que possuem tomos eletronegativos.

    A energia das ligaes de hidrognio encontra-se na gama de 8 a 40 kJ mol-1, enquanto que

    a energia usual das ligaes covalentes varia de 200 a 400 kJ mol-1. Como resultado, a

    ligao de hidrognio quebrada com mais facilidade (Prausnitz et al., 1986).

    de prever a existncia de foras qumicas (ligaes de hidrognio ou a transferncia de

    carga) entre solventes lquidos (com um tomo de hidrognio ligado a um tomo

    eletronegativo, ou com capacidades dadoras/aceitadoras de eletres) e gases polares, mais

    especificamente os halocarbonetos. Destes gases salientam-se os hidrofluorcarbonetos que

    so compostos organofluorados com propriedades fsicas e qumicas especficas, o que faz

    com que estes compostos tenham larga aplicao na indstria qumica (produtos

    farmacuticos, agrotxicos, qumica fina, etc.) essencialmente devido ligao covalente

    C F. Esta ligao C F uma das mais fortes em qumica orgnica (uma energia de ligao

    de 480 kJ/mol), o que bastante mais forte do que as energias de ligao do carbono com

    outros halogneos (uma energia mdia de ligao, por exemplo do C Cl 320 kJ / mol), o

    que faz com que os compostos organofluorados tenham uma alta estabilidade trmica e

    qumica (Kirsch, 2004). Alm disso, o tomo de flor tem a mais alta eletronegatividade de

    todos os elementos (3.98 na escala de Pauling). Isto faz com que a elevada eletronegatividade

    do flor conduza a uma polarizao menos covalente e a um carcter mais eletrosttico para

    a ligao C F, causando um momento dipolar da ligao relativamente grande (1,41 D

    (Kirsch, 2004)). O dipolo interage com outros dipolos que se aproximem, de tal forma que,

    as conformaes preferidas dos compostos organofluorados podem ser frequentemente

    interpretadas por interaes eletrostticas (OHagan, 2008).

  • CAPTULO 1 INTRODUO GERAL

    3

    O estudo dos efeitos qumicos na solubilidade de gases em lquidos inicos uma tarefa

    difcil de efetuar, essencialmente porque os lquidos inicos so lquidos altamente

    complexos, apresentando uma combinao multifacetada de interaes especificas

    (Coulombicas, van der Waals, ligaes de hidrognio, e interaes ) resultado da sua

    carga eltrica, polaridade e estrutura molecular e eletrnica (Freire et al., 2010).

    Grande parte dos valores de solubilidade para halocarbornetos gasosos encontrados na

    literatura referem-se gua pura ou a gua dos oceanos, existindo um vazio de dados

    experimentais destes freons em solventes orgnicos, onde os efeitos qumicos entre soluto e

    solvente so dominantes. Alm disso, muitas das teorias para a previso da solubilidade

    gs/lquido no so aplicveis nestes casos em que as molculas so complexas.

    Pelas razes apontadas, aumenta a importncia da realizao de um estudo experimental da

    solubilidade destes gases em solventes orgnicos, assim como a modelizao da solubilidade

    destes sistemas e o desenvolvimento de correlaes desta propriedade com alguns

    parmetros de natureza qumica e fsica caractersticos do solvente e/ou do soluto.

    Neste trabalho foi utilizado um procedimento experimental descrito na referncia Fonseca

    et al. (2007) para a medio da solubilidade de gases em lquidos. Os sistemas G/L estudados

    so constitudos por gases organofluorados (tetrafluormetano e hidrofluorcarbonetos) dado

    o interesse destes gases em diversas reas de investigao, e por solventes orgnicos volteis

    (lcoois e compostos aromticos) e por solventes pouco volteis (lquidos inicos). Para

    alm destes gases organofluorados, tambm foram estudados dois outros gases, o

    clorometano e o bromometano. O trabalho terico foi dividido em trs partes: a primeira,

    que consiste no desenvolvimento de correlaes para a solubilidade em funo de

    parmetros de natureza fsicos e/ou qumicos caractersticos do soluto e do solvente; a

    segunda, no uso da equao de estado Cubic-Plus-Association (CPA) para a correlao e

    previso das solubilidades; e por ltimo na terceira parte efetuado o desenvolvimento de

    um modelo semi-emprico baseado na teoria das solues regulares para a modelizao das

    solubilidades dos HFCs em lquidos inicos.

  • CAPTULO 1 INTRODUO GERAL

    4

    1.2. OBJETIVOS

    Um dos principais objetivos desta tese o estudo dos efeitos qumicos na solubilidade de

    gases em lquidos atravs da determinao experimental da solubilidade de halocarbonetos

    em solventes orgnicos presso atmosfrica. Este estudo representa mais um passo na

    investigao do comportamento das solues, uma vez que os valores da solubilidade so

    uma excelente ferramenta para essa investigao.

    O captulo 2, comea por apresentar uma reviso bibliogrfica profunda sobre o estado atual

    do tema objeto deste estudo, focando-se na solubilidade de halocarbonetos em solventes

    orgnicos, onde apresentada uma recolha de valores experimentais existentes na literatura

    da solubilidade do CF4 e dos hidrofluorcarbonetos (CH3F, CH2F2 e CHF3) em solventes

    orgnicos e presso atmosfrica. Neste mesmo captulo so efetuadas referncias a

    correlaes e a modelos preditivos para o clculo da solubilidade G/L. Por ltimo, so

    abordados os diferentes mtodos experimentais para a medio da solubilidade de gases em

    lquidos.

    No captulo 3, descrito o procedimento experimental utilizado, o qual consiste num mtodo

    volumtrico para a medio da solubilidade de gases em lquidos. Neste mesmo captulo so

    descritos os halocarbonetos gasosos e os solventes usados nesta tese, assim como

    apresentado o algoritmo para o clculo da solubilidade experimental.

    No captulo 4 so apresentados e discutidos os resultados experimentais obtidos, da

    dissoluo de halocarbonetos gasosos (CF4, CHF3, CH2F2, CH3F, CH3Cl e CH3Br) em dois

    tipos diferentes de solventes, os lcoois de cadeia curta (metanol, etanol, 1-propanol e 1-

    butanol) e os solventes aromticos (benzeno, tolueno, m-xileno, mesitileno, fluorbenzeno,

    clorobenzeno e bromobenzeno), presso atmosfrica e na gama de temperaturas [284, 313

    K]. Neste mesmo captulo so tambm apresentadas e discutidas as solubilidades

    experimentais presso atmosfrica e na gama de temperaturas de 288 a 310 K, dos

    hidrofluorcarbonetos (CHF3, CH2F2, CH3F) nos seguintes lquidos inicos:

    (bis(trifluorometilsulfonil)imida de 1-etil-3-metilimidazlio ([C2mim][NTf2])), amnios

    (pentanoato de metil-2-hidroxi-etilamnio ([m-2-HEA][P]), propanoato de metil-2-hidroxi-

    etilamnio ([m-2-HEA][Pr])), e fosfnios (bis(trifluorometilsulfonil)imida de

    trihexiltetradecilfosfnio ([P6,6,6,14][NTf2]), cloreto de trihexiltetradecilfosfnio

  • CAPTULO 1 INTRODUO GERAL

    5

    ([P6,6,6,14][Cl]), metilsulfato de tributilmetilfosfnio ([P4,4,4,1][C1SO4]) e dietilfosfato de

    tributiletilfosfnio ([P4,4,4,2][(C2)2PO4])).

    A modelizao das solubilidades dos sistemas G/L estudados nesta tese apresentada nos

    captulos 5, 6 e 7. No captulo 5, so desenvolvidas correlaes entre a solubilidade do gs

    e alguns parmetros caractersticos do solvente e/ou do soluto. No captulo 6, usada a

    equao de estado Cubic-Plus-Association (CPA), para a modelizao das solubilidades

    usando o modelo preditivo e o modelo correlativo. Por ltimo no captulo 7, efetuada a

    modelizao da solubilidade dos hidrofluorcarbonetos em lquidos inicos, com um modelo

    semi-emprico baseado na teoria das solues regulares.

    As principais concluses deste trabalho so apresentadas no captulo 8.

  • 6

  • 7

    CAPTULO 2.

    REVISO BIBLIOGRFICA

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. INTRODUO

    Na literatura existem poucos estudos sobre o efeito das foras qumicas na solubilidade de

    gases em lquidos, principalmente por causa da dificuldade em caracterizar estas foras de

    forma quantitativa, em que a ligao de hidrognio provavelmente o efeito qumico mais

    comum em solues termodinmicas. Estes efeitos qumicos tambm podem existir a partir

    de outros tipos de foras de ligao conduzindo formao de complexos entre os dadores

    de eletres e aceitadores de eletres, que por vezes so chamados de "complexos de

    transferncia de carga" (Prausnitz et al., 1999).

    Atualmente existem na literatura alguns trabalhos importantes que estudam a importncia

    do efeito da associao em solues lquidas, no caso particular atravs do estudo da

    solubilidade experimental dos halocarbonetos em vrios solventes.

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    8

    2.1.1. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES ALIFTICOS

    Zelhoefer et al. (1938) determinaram a solubilidade do CHFCl2 (freon-21) numa variedade

    de solventes, distribudos de uma forma um pouco grosseira em trs grupos: um primeiro

    grupo (constitudo por glicis) em que a solubilidade menor do que a ideal (desvios

    positivos lei de Raoult), um segundo grupo formado essencialmente por solventes

    aromticos (descrito em 2.1.2) que apresentam baixos desvios lei de Raoult e por ltimo

    um terceiro grupo (constitudo por teres e amidas) em que a solubilidade maior que a ideal

    (desvios negativos lei de Raoult) (Prausnitz et al., 1999). Os valores da solubilidade obtidos

    foram interpretados qualitativamente atravs do conceito da ligao de hidrognio entre as

    molculas das espcies presentes na soluo lquida, uma vez que o freon-21 tem um tomo

    de hidrognio acdico e sempre que o solvente atua como um aceitador de protes

    proveniente do soluto pode considerar-se de certa forma um bom solvente. No caso dos

    glicis, que so lquidos associados essencialmente atravs de ligaes de hidrognio

    (O-HO), so considerados maus solventes para solutos, tais como o CHFCl2 (freon-21),

    conseguindo formar apenas ligaes de hidrognio fracas. Em relao aos solventes

    aromticos, as foras qumicas destes solventes (causam desvios negativos lei de Raoult)

    so suficientemente fortes para se sobreporem s foras fsicas (que usualmente provocam

    desvios positivos lei de Raoult), com o resultado de a solubilidade ser prxima da ideal

    (Prausnitz et al., 1999). No entanto, nestes solventes a introduo de grupos metilo no anel

    benznico aumenta a sua capacidade para atuarem como aceitadores de protes. Para o

    terceiro grupo relativo aos teres e amidas, verifica-se que o tomo de oxignio nos teres e

    o tomo de nitrognio nas amidas so bons aceitadores de protes provenientes das

    molculas do soluto, uma vez que os teres e amidas no se associam numa extenso

    aprecivel, como acontece com os glicis. Este mesmo autor e seus colaboradores indicaram

    que na srie de solutos, CH3X, CH2X2, CHX3 CX4, em que X um tomo de halognio, as

    solubilidades destes solutos em solventes que contm tomos dadores (oxignio ou

    nitrognio) aumentam na ordem CH3X < CH2X2 < CHX3, diminuindo acentuadamente na

    passagem para o CX4 (Zellhoefer et al., 1938). Isto deve-se ao facto de o processo de

    dissoluo do gs no solvente ser realizado atravs da formao de um complexo entre o

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    9

    halocarboneto (com hidrognios) e as molculas de solvente por meio de ligaes de

    hidrognio, C-HO, onde a presena de tomos de halogneo fortemente atratores de

    eletres ligados ao carbono da molcula de soluto torna o(s) hidrognio(s) disponveis para

    coordenao com o tomo dador da molcula de solvente. Este cenrio foi confirmado por

    clculos ab-initio (Urata et al., 2004) sobre interaes intermoleculares entre

    hidrofluorcarbonetos (HFCs) e teres fluorados, que mostraram, que os tomos de flor do

    HFC polarizam a ligao C-H, aumentando assim a interao C-HO. Os resultados destes

    clculos ab initio permitem concluir que a interao FnH(3-n)C-HO (n = 1, 2, 3) aumenta

    substancialmente com o aumento do nmero de tomos de flor. Outro estudo terico por

    clculos ab initio sobre a formao de interaes sob a forma de pontes de hidrognio (C-

    HO) nos sistemas H2O / CH3F, H2O / CH2F2 e H2O / CHF3 indicaram que a incluso de

    tomos de flor nos HFCs provoca um aumento da fora da ligao de hidrognio (Alkota e

    Maluendes, 1995).

    A Tabela 2.1 apresenta uma reviso bibliogrfica dos dados de solubilidade de

    halocarbonetos em solventes alifticos. Verificando-se uma escassez de valores

    experimentais da solubilidade dos HFCs neste tipo de solventes, com a exceo do CF4. No

    entanto, este gs no apresenta interaes intermoleculares do tipo das foras qumicas.

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    10

    Tabela 2.1. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em solventes alifticos

    presso atmosfrica.

    Soluto

    (Gs)

    Solvente Temperatura /K n

    ptos x

    2/10-4 Ref.

    Alcanos

    CF4 Heptano (C7H16) [277.95-307.08] 4 [22.57 21.12] Archer e Hildebrand, 1963

    Octano (C8H18) [297.48-308.51]

    [283.21-298.21]

    4

    2

    [19.65-19.57]

    [20.47-20.00]

    Wilhelm et al., 1971

    Wilcock et al., 1978

    2,2,4-Trimetilpentano

    (C8H18)

    298.15

    [277.80-297.65]

    1

    3

    26.25

    [31.61-29.23]

    Hesse et al., 1999

    Archer e Hildebrand, 1963

    Decano (C10H22) 298.12 1 18.73 Wilcock et al., 1978

    Tetraclorometano

    (CCl4)

    [279.51-307.54] 4 [11.91-11.99] Archer e Hildebrand, 1963

    Cicloalcanos

    Ciclohexano (C6H12)

    298.15

    [278.14-308.15]

    1

    4

    10.30

    [10.22-10.32]

    Dymond e Hildebrand,

    1967

    Archer e Hildebrand, 1963

    Metilciclohexano

    (C7H14)

    [284.40-313.25] 3 [12.97-13.26] Field et al., 1974

    cis-1,2-

    dimetilciclohexano

    (C8H16)

    [297.90-312.99]

    2 [12.54-12.38]

    Geller et al., 1976

    trans-1,2-

    dimetilciclohexano (C8H16)

    [298.07-313.03]

    2 [14.92-14.86]

    Geller et al., 1976

    trans-1,3-

    dimetilciclohexano

    (C8H16)

    [298.11-312.98]

    2 [15.19-14.99]

    Geller et al., 1976

    Bromociclohexano

    (C6H11Br)

    [263.15-303.15] 5 [3.88-4.33] Lopez et al., 1987

    Clorociclohexano

    (C6H11Cl)

    [263.15-303.15] 5 [5.88-6.13] Lopez et al., 1987

    ciclooctano (C8H16) [289.11-313.43] 3 [6.43-7.79] Wilcock et al., 1977

    1,4-dioxano (C4H8O) [285.15-303.15] 5 [3.22-3.46] Gallardo et al., 1983

    Oxano (C5H10O) [273.15-303.15] 5 [7.24-7.40] Gibanel et al., 1994

    Tetrahidro-2-metil-

    furano (C5H10O)

    [273.15-303.15] 5 [9.76-9.78] Gibanel et al., 1993a

    Tetrahidrofurano

    (C4H8O)

    [273.15-303.15] 5 [6.19-6.71] Gibanel et al., 1993b

    Cetonas

    CF4 Ciclohexanona

    (C6H10O)

    [273.15-303.15] 5 [3.77-3.97] Gallardo et al., 1987

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    11

    2,6-

    dimetilciclohexanona

    (C8H14O)

    [273.15-303.15] 5 [7.5-7.43] Gallardo et al., 1990

    lcoois

    1- Butanol (C4H10O) [263.15-303.15] 6 [6.318-5.711] Pardo et al., 1995

    2- Butanol (C4H10O) [263.15-303.15] 6 [7.693-6.693] Pardo et al., 1997

    2-metil-1-propanol

    (C4H10O)

    [263.15-303.15] 6 [8.173-6.652] Pardo et al., 1997

    1-octanol (C8H17O) [282.66-313.48] 3 [7.022-7.298] Wilcock et al., 1978

    1-decanol (C10H21O) [282.61-313.37] 3 [7.747-7.948] Wilcock et al., 1978

    2,2,2-Trifluoroetanol

    (C2H3F3O)

    [268.15-298.15] 3 [16.87-13.14] Mainar et al., 1996

    1,1,1,3,3,3-

    hexafluoropropan-2-

    ol (C3H2F6O)

    [268.15-298.15] 3 [38.76-32.15] Mainar et al., 1998

    teres

    Tri(etileno glicol) ter

    dimetlico (C8H18O4)

    298.15 1 5.696 Iglesia et al., 2003

    Tetra(etileno glicol)

    ter dimetlico

    (C10H22O5)

    298.15 1 5.215 Iglesia et al., 2003

    steres

    Carbonato de

    dimetilo (C3H6O3)

    298.15 1 6.871 Iglesia et al., 2003

    Carbonato dietilico (C5H16O3)

    298.15 1 10.72 Iglesias et al., 2003

    CH2F2 Metanol (CH3OH) [289.16-302.26] 4 [261-99] Takenouchi et al., 2001

    Etanol (C2H5OH) [283.17-312.95] 4 [278-134] Takenouchi et al., 2001

    2-propanol (C3H7OH) [283.16-313.18] 4 [210-116] Takenouchi et al., 2001

    CH3F Metanol (CH3OH) [288.82-300.21] 6 [15.35-1.16] Silva et al., 1996

    Etanol (C2H5OH) [283.90-301.51] 10 [20.76-11.24] Silva et al., 1996

    1-propanol (C3H7OH) [284.94-300.21] 9 [30.38-26.22] Silva et al., 1996

    1-butanol (C4H9OH) [281.07-300.47] 10 [31.36-29.03] Silva et al., 1996

    2.1.2. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM SOLVENTES AROMTICOS

    A solubilidade de halocarbonetos gasosos em solventes aromticos est muito pouco

    divulgada na literatura. Todavia, uma extensa quantidade de trabalho tem sido efetuada para

    simular a existncia de interaes do tipo de ligaes de hidrognio entre os compostos

    aromticos e os compostos inorgnicos dadores de hidrognios. Cheney et al. (1988)

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    12

    utilizaram clculos ab initio para calcular as energias de ligao entre o benzeno e o fluoreto

    de hidrognio, cloreto de hidrognio, gua, sulfureto de hidrognio e amnia. Bredas e Street

    (1988) confirmaram tambm a existncia de ligaes por pontes de hidrognio entre o

    fluoreto de hidrognio e o anel do composto aromtico, atravs de clculos ab initio

    realizados em vrias conformaes das duas molculas.

    Como referido em 2.1.1., Zelhoefer et al. (1938) determinaram a solubilidade do CHFCl2

    nos seguintes solventes aromticos: anilina, benzotrifluoreto, nitrobenzeno,

    benzociclohexano e dimetilanilina. Em relao aos quatro primeiros solventes aromticos,

    as foras qumicas destes solventes (causam desvios negativos lei de Raoult) so

    suficientemente fortes para se sobreporem s foras fsicas (que usualmente provocam

    desvios positivos lei de Raoult), com o resultado de a solubilidade ser prxima da ideal.

    No entanto, nestes solventes a introduo de grupos metilo no anel benznico (dimetilanilina

    vs. anilina) aumenta a capacidade destes solventes atuarem como aceitadores de protes.

    Em 1952, Brown e Brady determinaram a solubilidade experimental do cloreto de

    hidrognio gasoso em solues heptano com hidrocarbonetos aromticos (benzeno, tolueno,

    m-xileno, mesitileno, clorobenzeno e benzotrifluoreto), concluindo que o aumento da

    solubilidade do gs resultado das propriedades das molculas aromticas dadoras de

    eletres que, por causa dos seus eletres-, podem atuar como bases de Lewis (Prausnitz et

    al., 1999). Os grupos metilo como substituintes no anel benznico aumentam a densidade

    eletrnica na molcula aromtica enquanto os grupos com halogneos no anel benznico

    diminuem a sua densidade eletrnica. Por conseguinte, em relao ao benzeno, o tolueno

    uma base de Lewis mais forte, e o clorobenzeno uma base mais fraca.

    A Tabela 2.2 apresenta uma reviso bibliogrfica dos dados de solubilidade de

    halocarbonetos em solventes aromticos. Verificando-se mais uma vez, a escassez de valores

    experimentais da solubilidade dos HFCs neste tipo de solventes, com a exceo para o CF4.

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    13

    Tabela 2.2. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em solventes aromticos

    presso atmosfrica.

    Soluto

    (Gs)

    Solvente Temperatura /K n

    ptos x

    2/10-4 Ref.

    CF4 Benzeno (C6H6) [287.88-297.84]

    [280.82-305.66]

    5

    4

    [5.00-5.32]

    [5.41-5.96]

    Evans e Battino, 1971

    Archer e Hildebrand, 1963

    Tolueno (C7H8) [283.46-313.40] 3 [6.16-6.82] Field et al., 1974

    o-xileno (C8H10) [283.22-313.17] 5 [6.34-6.59] Byrne et al., 1975

    m-xileno (C8H10) [283.11-313.75] 4 [7.35-7.57] Byrne et al., 1975

    p-xileno (C8H10) [287.95-313.18] 5 [7.67-7.93] Byrne et al., 1975

    Hexafluorbenzeno

    (C6F6)

    [282.91-297.83] 4 [50.69-45.56] Evans e Battino, 1971

    2.1.3. SOLUBILIDADE DE HALOCARBONETOS EM LQUIDOS INICOS

    Os lquidos inicos temperatura ambiente (RTILs) aparecem como solventes, pertencentes

    a uma classe de substncias de sais fundidos com baixos pontos de fuso (

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    14

    ser ajustadas a partir de uma grande variedade de combinaes possveis, alterando os

    ies/grupos funcionais de acordo com as propriedades desejadas para o uso numa aplicao

    em particular (Holbrey e Seddon, 1999), como por exemplo, na substituio de solventes

    orgnicos volteis convencionais.

    O crescente uso destes solventes levou necessidade da determinao das suas propriedades

    termofsicas, incluindo-se neste estudo a solubilidade de gases em lquidos inicos.

    A solubilidade experimental de vrios compostos fluorados, tais como, clorofluorcarbonetos

    (CFCs), hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs), fluorcarbonetos

    (FCs) e hidroteres fluorados (HFECs), tem sido determinada em vrios RTILs (a maioria

    base de imidazlios), tendo como principal objetivo fornecer conhecimentos de base para o

    desenvolvimento de aplicaes, tais como colunas de arrefecimento e de absoro

    (Yokozeki, 2001; Yokozeki e Shiflett, 2006; Shiflett et al., 2006; Shiflett e Yokozeki, 2006a,

    2006b; Kumelan et al., 2008).

    A Tabela 2.3 apresenta uma reviso bibliogrfica dos dados de solubilidade de

    halocarbonetos em lquidos inicos. Dos solventes descritos nas Tabelas 2.1, 2.2 e 2.3,

    verifica-se um maior interesse pelo estudo da solubilidade dos HFCs em lquidos inicos,

    principalmente para o CH2F2 que um dos refrigerantes mais usados na indstria de

    refrigerao.

    Tabela 2.3. Solubilidade de halocarbonetos, x2 (frao molar), em lquidos inicos presso

    atmosfrica.

    Soluto

    (Gs)

    Solvente

    (RTIL)

    Temperatura /K n

    ptos x

    2/10-2 Ref.

    CF4 [P6,6,6,14] [NTf2] 303.43 1 0.0297 Pison et al., 2008

    CHF3 [Bmim] [PF6] [282.8-348.1] 4 [2.8-0.8] Yokozeki e Shiflett, 2006

    CH2F2 [Bmim] [Ac] 298.15 1 7.7 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [BF4] [283.1-348.1] 4 [7.1-2.4] Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [FS] 298.15 1 9.2 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [HFPS] 298.15 1 10.4 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [MeSO4] 298.15 1 6.8 Shiflett et al., 2006

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    15

    [Bmim] [PF6] [283.2-348.2] 4 [10.6-4.6] Shiflett e Yokozeki, 2006a

    [Bmim] [SCN] 298.15 1 4.1 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [TFES] 298.15 1 7.2 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [TfO] [273.21-348.12] 4 [14.0-3.3] Dong et al., 2011

    [Bmim] [TPES] 298.15 1 10.2 Shiflett et al., 2006

    [Bmim] [TTES] 298.15 1 9.6 Shiflett et al., 2006

    [BMPY] [NTf2] 298.15 1 10.0 Shiflett et al., 2006

    [Dmim] [TFES] 298.15 1 7.4 Shiflett et al., 2006

    [Dmpim] [BMeI] 298.15 1 9.0 Shiflett et al., 2006

    [Dmpim] [TMeM] [283.15-348.05] 4 [13.6-3.1] Shiflett et al., 2006

    [Emim] [TFES] 298.05 1 5.4 Shiflett et al., 2006

    [Emim] [TfO] [273.19-348.14] 4 [12.3-2.9] Dong et al., 2011

    [Hmim][TFES] 298.05 1 8.1 Shiflett et al., 2006

    [PMPY] [BMeI] [283.15-348.05] 4 [14.0-3.7] Shiflett et al., 2006

    CH3F [Bmim] [PF6] [283.18-348.16] 4 [4.4-1.4]

    Shiflett e Yokozeki, 2006b

    Abreviaturas:

    Caties:

    [P6,6,6,14], trihexiltetradecilfosfnio; [Bmim], 1-butil-3-metilimidazlio; [BMPY], 1-butil-3-metilpiridnio;

    [Dmim], 1-dodecil-3-metilimidazlio; [Dmpim], 1,3-dimetil-3-propilimidazlio; [Emim], 1-etil-3-

    metilimidazlio; [HMIM], 1- hexil-3-metilimidazlio; [PMPY], 1-propil-3-metilpiridnio.

    Anies:

    [NTf2], bis(trifluorometillsulfonil)imida; [PF6], hexafluorofosfato; [Ac], acetato; [BF4], tetrafluoroborato;

    [FS], 2-(1,2,2,2-tetrafluoroetoxi)-1,1,2,2-tetrafluoroetanosulfonato; [HFPS], 1,1,2,3,3,3-

    hexafluoropropanosulfonato; [MeSO4], metilsulfato; [SCN], tiocianato; [TFES], 1,1,2,2-

    tetrafluoroetanosulfonato; [TfO], trifluormetanosulfonato; [TPES], 1,1,2-trifluoro-2-

    (perfluoroetoxi)etanosulfonato; [TTES], 1,1,2-trifluoro-2-(trifluorometoxi)etanosulfonato; [BMeI],

    bis(trifluorometilsufonil)imida; [TMeM], tris(trifluorometilsulfonil)metano.

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    16

    2.2. MTODOS DE PREVISO DA SOLUBILIDADE GS/LQUIDO

    O conhecimento da solubilidade de gases em lquidos uma excelente ferramenta na

    investigao das foras intermoleculares soluto-solvente existentes nas solues lquidas,

    uma vez que as interaes soluto-soluto so praticamente inexistentes. No entanto, devido

    morosidade na obteno de resultados experimentais e grande diversidade de sistemas G/L,

    proporcionou o desenvolvimento de correlaes e modelos que possibilitam a previso da

    solubilidade para sistemas ainda no estudados, assim como para outras temperaturas

    diferentes de 25C, uma vez que a grande maioria dos resultados existentes na literatura

    referem-se a esta temperatura (Prausnitz et al., 1999). Por outro lado, atravs do

    conhecimento da solubilidade de gases em lquidos, possvel analisar a capacidade de

    resposta dos modelos de previso e correlaes existentes e obter informaes que podero

    contribuir para o desenvolvimento de novos modelos (Serra, 2002).

    2.2.1. CORRELAES

    Tm sido propostas diversas correlaes para a determinao da solubilidade de gases, na

    maioria dos casos, a solubilidade aparece em funo de um ou mais parmetros

    caractersticos do gs ou do solvente. Abraham et al. (1994) desenvolveram uma correlao

    para descrever a solubilidade (expressa pelo coeficiente de Ostwald) de 408 gases e vapores

    em gua temperatura de 298 K, atravs do uso de cinco parmetros relativos ao soluto: o

    excesso do ndice de refrao molar, a razo momento dipolar/polarizabilidade, a acidez

    efetiva da ligao de hidrognio, a basicidade efetiva da ligao de hidrognio e, por ltimo,

    o volume caracterstico de McGowan. Dos diversos dados de solubilidade existentes na

    literatura foram tambm determinadas correlaes para a solubilidade de gases no polares

    em solventes no polares temperatura de 298 K e presso de 1 atmosfera, sendo as mais

    usuais, a solubilidade em funo do parmetro de energia do potencial de Lennard-Jones do

    gs (/k), a solubilidade em funo da polarizabilidade do solvente (), a solubilidade em

    funo da entalpia de vaporizao normal do gs ( bG

    LH ) e a solubilidade em funo do

    parmetro de solubilidade de Hildebrand (1) (Wilhelm e Battino, 1973).

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    17

    Demyanovich e Lynn (1991) apresentaram uma correlao emprica temperatura de 298 K

    entre a constante de Henry em funo de um parmetro qumico, o nmero dador de

    Gutmann, DN, que traduz a capacidade de uma molcula ceder eletres para outra molcula

    aceitadora (Gutmann, 1978). Atravs do uso da referida correlao foi possvel estimar a

    constante de Henry para o SO2 em vrios solventes orgnicos para os quais o nmero dador

    de Gutmann se encontra tabelado.

    Campanell et al. (2010) apresentaram correlaes lineares do logaritmo da solubilidade vs.

    polarizabilidade (ln(x2) vs ), verificando-se que na maior parte dos casos, a solubilidade do

    gs aumenta com o aumento da polarizabilidade do gs. O estudo efetuado permitiu concluir

    que o uso da polarizabilidade do gs falha na determinao da solubilidade de gases em gua,

    mas descreve com sucesso a solubilidade de gases em outros solventes (benzeno, hexano,

    octanol e etanol).

    2.2.2. MODELOS PREDITIVOS

    Ao longo das ltimas dcadas, uma grande variedade de modelos tm sido propostos com o

    objetivo de obter correlaes vlidas dos resultados experimentais, assim como efetuar a

    previso de resultados satisfatrios para o estudo do equilbrio lquido-vapor, onde se insere

    neste caso a solubilidade de gases em lquidos. Dos modelos mais usados, salientam-se, os

    modelos da energia livre de Gibbs, as equaes de estado e as equaes de estado

    combinadas com os modelos da energia livre de Gibbs.

    Os modelos da energia livre de Gibbs incluem por exemplo, o modelo UNIQUAC

    (UNIversal QUAsiChemical) (Abrams e Prausnitz, 1975), o modelo NRTL (Non-Random

    Two Liquid) (Renon e Prausnitz, 1968), o modelo do coeficiente de atividade de Wilson

    (Wilson, 1964) ou o modelo UNIFAC (Fredenslund et al., 1975). Os trs primeiros modelos

    mencionados so usados essencialmente para a obteno de correlaes de solubilidades,

    enquanto o modelo UNIFAC um dos mais conhecidos e usados nos mtodos

    termodinmicos preditivos nos clculos de equilbrio de fases (neste caso a solubilidade

    G/L), uma vez que neste modelo as molculas dos componentes do sistema so divididas

    num conjunto de grupos estruturais caracterizados por parmetros prprios, podendo por

    isso ser aplicado a diversos sistemas que tenham esses grupos estruturais.

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    18

    As equaes de estado desempenham um papel importante em projetos na rea da

    engenharia, especialmente no estudo do equilbrio de fases de fluidos e suas misturas. A

    equao de estado de van der Waals proposta em 1873, foi a primeira a descrever com

    sucesso o equilbrio lquido-vapor (Rowlinson, 1988), sendo esta equao depois substituda

    por um vasto nmero de outras equaes de maior preciso. Podendo salientar-se as

    equaes de estado cbicas, de Peng Robinson (PR) (Peng e Robinson, 1976) e de Soave

    RedlichKwong (SRK) (Soave, 1972).

    As equaes de estado cbicas tradicionais demonstraram ter boas capacidades preditivas

    para fluidos no-associados, mas falham na descrio de sistemas que envolvem fluidos

    associados. Esta desvantagem foi superada com os avanos na mecnica estatstica e com o

    aumento do poder computacional, que permitiram o desenvolvimento de equaes de estado

    para fluidos associados que tm em considerao as interaes especificas entre molculas

    idnticas (auto-associao) e molculas diferentes (associao cruzada) (Villiers et al.,

    2011).

    As equaes de estado baseadas no modelo molecular, tal como a SAFT (Statistical

    Associating Fluid Theory) (Chapman et al., 1990; Huang e Radosz, 1990; Wertheim, 1986)

    e as equaes derivadas da SAFT, como a LJ-SAFT (Banaszak et al., 1994), a PC-SAFT

    (Tumakaka e Sadowski, 2004) e a VR-SAFT (Gil-Villegas et al., 1997) apenas para

    mencionar algumas, tm sido utilizadas com sucesso no estudo do equilbrio de fases de um

    vasto conjunto de sistemas, assim como permitiram a obteno de uma perceo mais clara

    sobre as interaes moleculares dos sistemas constitudos por fluidos associados. Os

    modelos mencionados tratam as molculas envolvidas no sistema em estudo, como uma

    cadeia molecular constituda por uma mistura de segmentos em que cada um tem uma fora

    de associao. Isto faz com que estes modelos sejam numericamente intensivos.

    Na comunidade da engenharia, as equaes de estado hbridas tm sido utilizadas com

    bastante frequncia. Essas equaes combinam termos de interao de energia provenientes

    de diferentes teorias. Como exemplo, pode mencionar-se os investigadores Carnahan e

    Starling (1972) que combinaram a sua prpria equao do termo repulsivo da esfera rgida

    com o termo atrativo da equao de estado de Soave-Redlich-Kwong (Hemptinne et al.,

    2006).

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    19

    Nesta linha, Kontogeorgis et al. (1996), desenvolveram um modelo diferente da equao de

    estado da SAFT, atravs do desenvolvimento de uma equao de estado cbica com a

    incluso de um termo associativo, a equao de estado Cubic-Plus-Association, a qual

    baseada na combinao da equao de estado SRK ou da PR (que representa o termo fsico),

    com o termo associativo proveniente da teoria de Wertheim. Sendo o termo fsico da CPA

    matematicamente menos complexo quando comparado ao termo fsico da equao de estado

    da SAFT, uma vez que a CPA modeliza a molcula com um todo, e no com uma cadeia de

    segmentos como no caso da equao de estado da SAFT (Gani et al., 2006).

    A CPA mostrou descrever razoavelmente os sistemas contendo compostos associados (gua,

    lcoois, glicis, cidos e aminas) e compostos inertes no-associados como por exemplo os

    hidrocarbonetos (Michelsen e Hendriks, 2001).

    A solubilidade de alguns compostos fluorados em lquidos inicos foi modelizada com

    sucesso atravs de uma equao de estado cbica do tipo Redlich-Kwong modificada

    (Shiflett et al., 2006; Shiflett e Yokozeki, 2006a, 2006b; Kumelan et al., 2008) com as

    propriedades crticas dos lquidos inicos estimadas pelo mtodo de Vetere (Vetere, 1992).

    Outros modelos preditivos que utilizam um reduzido nmero de parmetros, os quais

    possuem um significado fsico bem definido tm sido usados na descrio dos sistemas G/L;

    so exemplos os modelos baseados na teoria das solues regulares (Hildebrand e Scott,

    1962), a teoria das perturbaes (Gray e Gubbins, 1984) e a teoria das cavidades (Pierotti,

    1976).

    2.3. MTODOS EXPERIMENTAIS DA SOLUBILIDADE DE GASES EM LQUIDOS

    2.3.1. INTRODUO

    Existem muitos fatores que podem influenciar a exatido dos resultados na medio da

    solubilidade de gases em lquidos. A pureza do gs e do lquido sob investigao muito

    importante, porque as impurezas (por exemplo, vapor de gua e gases dissolvidos no

    solvente) podero afetar os resultados (Battino e Clever, 1966). Sendo portanto necessrio

    efetuar a desgaseificao total do solvente antes da experincia, para assegurar que a

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    20

    medio do gs absorvido corresponda verdadeira solubilidade do gs. A medio dos

    parmetros relevantes, tais como temperatura, presso, volume e/ou massa, bem como o

    controlo preciso de todos os parmetros fixados (por exemplo, temperatura e presso) so

    extremamente importantes. Um aspeto relevante para a medio da solubilidade do gs no

    lquido o conhecimento do ponto de equilbrio, isto , quando a fase gasosa e lquida esto

    saturadas. Por outro lado, necessrio um mtodo fivel para determinar a verdadeira

    quantidade de gs dissolvido para um sistema particular (Hefter e Tomkins, 2003). As

    tcnicas mais utilizadas baseiam-se nos mtodos fsicos, devido sobretudo elevada

    exatido que lhes est associada e pelo facto de os mtodos qumicos apresentarem uma

    maior especificidade (Battino e Clever, 1966).

    As seces seguintes iro abordar sucintamente vrios mtodos experimentais para a

    medio da solubilidade de gases em lquidos.

    2.3.2. MTODO GRAVIMTRICO

    No mtodo gravimtrico, a solubilidade do gs determinada atravs da medio da variao

    de peso da amostra (lquido + gs) depois da absoro. Esta tcnica normalmente usada

    para a adsoro de gases em suportes slidos, mas raramente usada para a absoro de gases

    em lquidos, porque qualquer perda de lquido por evaporao afeta a massa final da amostra.

    No entanto, para lquidos muito pouco volteis, que o caso dos lquidos inicos, esta tcnica

    gravimtrica funciona bem (Shiflett e Yokozeki, 2005).

    2.3.2.1. MICROBALANA GRAVIMTRICA

    A microbalana gravimtrica foi inicialmente usada na medio da solubilidade de gases em

    polmeros (Lei, et al., 2007; Sato, et al., 1999, 2001), sendo depois estendida medio da

    solubilidade e difusividade de gases em ILs. O mtodo gravimtrico que utiliza a

    microbalana permite ao utilizador visualizar a variao de massa medida que o tempo

    progride. Quando no houver mais variao de massa, pode-se garantir que se atingiu o

    equilbrio, sendo assim possvel determinar a quantidade de gs dissolvido atravs da

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    21

    variao de massa, m = mf - mi. Este mtodo usualmente aplicado com eficincia para

    baixos valores de solubilidade a baixas e mdias presses (< 20 bar) e a temperaturas acima

    da temperatura ambiente (Lei et al., 2014). Shiflett e Yokozeki (2006b) determinaram a

    solubilidade de HFCs em RTILs com uma exatido de 0.6% molar.

    2.3.2.2. MICROBALANA DE CRISTAL DE QUARTZO

    Quando o gs dissolvido no lquido (no voltil), detetado um desvio da frequncia f,

    pela microbalana de cristal de quartzo, o qual proporcional variao de massa de um

    filme de lquido no cristal de quartzo, f = -C1m, em que C1 uma constante de

    proporcionalidade que depende do aparelho. Deste modo, pode ser obtida uma exatido

    elevada (variaes em massa ao nvel do nanograma). No entanto, a frequncia pode sofrer

    perturbaes pelo ambiente. Assim, so necessrias condies rigorosas de funcionamento

    durante o procedimento experimental.

    2.3.3. CROMATOGRAFIA GASOSA

    A cromatografia gs/lquido usada como uma tcnica analtica para analisar as fases lquido

    e vapor que esto em contacto durante uma experincia para a determinao da solubilidade

    de um gs. Na anlise da fase lquida saturada com o gs, usado um gs para purificar o

    lquido, retirando o soluto gasoso dissolvido. O gs de purificao e o soluto gasoso, depois

    de secos so analisados diretamente por cromatografia gasosa. No entanto, a fase lquida

    saturada tambm pode ser analisada diretamente aps vaporizao completa do lquido

    saturado com o soluto gasoso (Hefter e Tomkins, 2003). A exatido desta tcnica de 1

    2%. A teoria da cromatografia G/L quando aplicada ao tratamento do volume especfico

    de reteno corrigido, pode ser utilizada para o clculo de propriedades termodinmicas,

    incluindo a constante da lei de Henry, o coeficiente de Ostwald e o coeficiente de atividade

    do soluto gasoso a diluio infinita no lquido do sistema G/L, onde o lquido representa a

    coluna de substrato (Hefter e Tomkins, 2003).

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    22

    2.3.4. MTODOS DE ESPECTROSCOPIA DE MASSA

    Este mtodo usado na determinao da solubilidade de gases em lquidos, consiste na

    saturao do solvente pelo gs, sendo depois o gs analisado por espetroscopia de massa.

    Uma das principais vantagens deste mtodo a facilidade na determinao da razo entre o

    gs dissolvido e os efeitos isotpicos no gs dissolvido. Benson e Parker (1961) usaram este

    mtodo para a medio das razes molares N2/Ar e N2/O2 em gua destilada e em gua do

    mar, apresentando uma exatido de 1% (Battino e Clever, 1966).

    2.3.5. MTODOS MANOMTRICOS / VOLUMTRICOS

    Estes so os mtodos mais comuns utilizados para medir a solubilidade de gases em lquidos,

    a uma temperatura constante. Na primeira tcnica (mtodo manomtrico), muitas vezes

    referido como o mtodo de queda de presso, o volume mantido constante e a queda de

    presso monitorizada enquanto o gs absorvido pelo lquido. No segundo caso,

    frequentemente chamado de mtodo volumtrico, a presso mantida constante e a variao

    do volume necessria para manter a presso medida que o gs absorvido pelo lquido,

    medida. Em ambos os casos, a presso, temperatura e volume antes e aps a absoro so

    conhecidos, sendo assim possvel calcular a quantidade de gs absorvido pelo lquido,

    usando uma equao de estado. Em geral, a maior parte das medies de solubilidades de

    gases em lquidos (lquidos volteis) relatados na literatura foram efetuadas utilizando os

    conceitos fundamentais envolvidos quer na tcnica volumtrica, quer na tcnica

    manomtrica.

    Ao longo dos anos muitas modificaes tm sido feitas nos aparelhos usados nestas tcnicas

    com a finalidade de melhorar os diferentes aspetos das medies, tais como, a diminuio

    do tempo necessrio para alcanar o equilbrio (alterando o mtodo de agitao ou da

    superfcie de interface gs / lquido), melhorar o mtodo de desgaseificao do solvente e

    melhorar a medio e controlo da temperatura, volume ou presso (Hefter e Tomkins, 2003).

  • CAPTULO 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    23

    Mtodos manomtricos:

    O aparelho experimental usado no mtodo manomtrico, constitudo por um vaso de

    absoro com um tubo a ele ligado que mergulha numa quantidade de solvente conhecida;

    o gs passa atravs deste tubo indo borbulhar no lquido. O conjunto formado pelo vaso e

    tubo encontram-se num banho termostatizado. Este processo de borbulhamento decorre at

    que o solvente no absorva mais gs, altura em que o solvente fica saturado e a presso total

    lida num manmetro acoplado ao aparelho no apresenta mais variaes. A soluo saturada

    depois analisada por anlises qumicas, como por exemplo, titulao cido-base, titulao

    de precipitao, espetrofotometria ou por gravimetria (Hefter e Tomkins, 2003).

    Mtodos volumtricos:

    Nos mtodos volumtricos, uma quantidade de gs, a uma dada presso, entra em contacto

    com uma quantidade conhecida de solvente. O solvente sofre uma agitao de forma a

    garantir que se atinja o equilbrio entre a fase lquida e a fase gasosa. A temperatura

    controlada atravs de um banho termostatizado no qual est colocado a clula de equilbrio.

    A quantidade de gs absorvida determinada pela diferena entre os volumes inicial e final

    do gs a uma presso fixa, geralmente a presso atmosfrica (Hefter e Tomkins, 2003).

    Quando se utiliza um aparelho do tipo volumtrico pode operar-se pelo mtodo hmido ou

    pelo mtodo seco. Saturando o gs com o vapor do solvente, ou seja, promovendo

    previamente o contacto entre o gs e o lquido obtm-se melhores resultados, porque evita

    que o solvente vaporize e favorece o equilbrio. Este mtodo designa-se por mtodo hmido

    (Fogg e Gerrard, 1991). Quando o gs puro entra em contacto com o solvente diretamente,

    est-se perante um mtodo seco.

    Em ambos os mtodos tanto manomtrico como volumtrico, a quantidade de gs dissolvida

    num solvente pode ser avaliada por uma tcnica de extrao ou de saturao.

    Tcnica de extrao

    A tcnica de extrao envolve a