Efetividade da Execucao

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Cadernos da

ANO 2 N 4 2010

Efetividade da Execuo Trabalhista em perguntas e respostas

Ben-Hur Silveira Claus

HS Editora

Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio

EFETIVIDADE DA EXECUO TRABALHISTAEM PERGUNTAS E RESPOSTAS

Todos os direitos reservados. expressamente proibida a sua reproduo, mesmo que parcial, sem a expressa autorizao do autor. Editorao Eletrnica: HS Editora Ltda. Impresso no Brasil Printed in Brazil

C616e Claus,BemHurSilveira Efetividadedaexecuotrabalhista:emperguntaserespostas. BenHurSilveiraClaus.PortoAlegre:RS,2010. 15,5x22,5cm.;93p. ISSN2176400X CadernosdaEscolaJudicialdoTRTda4Regio;n4. 1. Direito. 2. Direito do Trabalho. 3. Execuo Trabalhista. I.Ttulo.II.Srie. CDU349.23

Catalogaonapublicao:LeandroAugustodosSantosLimaCRB10/1273

HS Editora LtdaRua Almirante Barroso, 735 conj. 302 90220-021 Porto Alegre RS Fone/Fax: (51) 3346.9222 e-mail: [email protected] www.hseditora.com.br

ESCOLA JUDICIALDO TRT DA 4 REGIOAv. Praia de Belas, 1432 Prdio III 90110-904 Porto Alegre RS Fone: (51) 3255.2683 3255.2684 e-mail: [email protected] www.trt4.jus.br

PREFCIO

O Juiz Ben-Hur Silveira Claus, Titular da Vara do Trabalho de Carazinho, participou, juntamente com o colega Rogrio Donizete Fernandes, do 1 Curso de Formao de Formadores em Execuo Trabalhista em Vara do Trabalho, promovido pela ENAMAT-Escola Nacional de Formao e Aperfeioamento de Magistrados do Trabalho, por indicao de nossa Escola Judicial, em face de sua constante preocupao com a efetividade da execuo. Relembra o Juiz Ben-Hur, em sua apresentao desta obra, que, nos debates realizados pelos magistrados, nos Grupos de Trabalho do III Encontro Institucional da Magistratura da 4 Regio, ocorrido em outubro de 2008, em Gramado, foi concebida a ideia da elaborao de um caderno de consulta rpida sobre a execuo, o qual sugeriu fosse atualizado periodicamente, por ocasio de cada novo Encontro Institucional, incorporando as boas prticas da execuo trabalhista adotadas na 4 Regio. A Efetividade da Execuo constitui um dos eixos temticos do Encontro Institucional deste ano de 2010, e o Juiz Ben-Hur concebeu, como ferramenta de apoio, este caderno, sob a forma de perguntas e respostas, as quais incluem fundamento legal, doutrina e jurisprudncia. Optou, em cada caso, pela jurisprudncia mais apta a conferir efetividade execuo trabalhista. Como bem salienta, algumas propostas so inovadoras; outras so prticas conhecidas, mas pouco utilizadas. E h, ainda, aquelas que objetivam construir uma nova orientao para a jurisprudncia. Assim, em respeito aos entendimentos diversos, o caderno est sendo disponibilizado aos Magistrados e s Varas do Trabalho, tanto em formato papel quanto em formato eletrnico, para permitir a consulta rpida e a elaborao de minutas, bem como possibilitar aos magistrados, em suas unidades judicirias, substituir respostas por outras que correspondam aos seus entendimentos. Trata-se, portanto, de uma obra aberta, a ser construda coletivamente pela 4 Regio. Por sua relevncia, decidiu o Conselho Consultivo da Escola Judicial do TRT da 4 Regio public-la como um de seus cadernos peridicos.

Juiz Carlos Alberto Zogbi LontraCoordenador Acadmico no exerccio da Direo da Escola Judicial do TRT da 4 Regio

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NDICE

Apresentao .......................................................................................................... Sumrio das perguntas

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1.) vivel o prosseguimento da execuo contra o devedor subsidirio (empresa tomadora dos servios) quando o devedor principal (empresa prestadora de servios) tem a falncia decretada?.................................................. 13 2.) necessrio aguardar pelo trmino da falncia do devedor principal para somente aps direcionar a execuo contra o devedor subsidirio?....................... 15 3.) vivel direcionar a execuo contra o scio no caso de falncia da executada? .............................................................................................................. 16 4.) possvel direcionar a execuo contra os condminos se os bens do condomnio so insuficientes?................................................................................ 18 5.) possvel direcionar a execuo contra os demais membros da famlia beneficiados pelo trabalho do empregado domstico? ........................................... 19 6.) vivel, no caso de franquia, reconhecer a responsabilidade subsidiria da empresa franqueadora?........................................................................................... 20 7.) vivel, no caso de representao comercial, reconhecer a responsabilidade subsidiria da empresa representada?..................................................................... 22 8.) vivel direcionar a execuo contra o(s) scio(s) minoritrio(s)? ................. 23 9.) possvel direcionar a execuo contra diretor de sociedade annima de capital fechado? ...................................................................................................... 25 10.) possvel desconsiderar a personalidade jurdica da executada de ofcio?.... 28 11.) Para desconsiderar a personalidade jurdica basta que a executada no tenha bens para responder pela execuo? ............................................................. 28 12.) A ausncia de interessados no leilo pelos bens penhorados pode ser equiparada inexistncia de bens para efeito de desconsiderao da personalidade jurdica da executada? ............................................................................................ 30 13.) Pode caracterizar-se fraude patrimonial antes mesmo da constituio do crdito trabalhista? ................................................................................................. 31 14.) vivel liberar o depsito recursal para o reclamante no caso de falncia superveniente da executada? .................................................................................. 33Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 5

15.) possvel deferir arresto sem prova de dvida lquida e certa? ...................... 34 16.) possvel redirecionar a execuo contra o tomador de servios que no participou da fase de conhecimento da reclamatria trabalhista?........................... 36 17.) possvel redirecionar a execuo contra o empreiteiro principal que no figurou na fase de conhecimento da reclamatria trabalhista? ............................... 37 18.) possvel alienar de forma antecipada bens sujeitos depreciao econmica (como computadores)? ......................................................................... 37 19.) possvel alienar de forma antecipada bens semoventes? ............................. 38 20.) possvel alienar de forma antecipada bens de guarda dispendiosa? ............ 38 21.) O crdito trabalhista tem preferncia sobre o crdito com garantia real (penhor, hipoteca, cdula rural hipotecria) mesmo quando a penhora do credor com garantia real anterior? ....................................................................... 39 22.) O credor trabalhista pode penhorar o produto de arrematao dinheiro mesmo quando no tenha penhorado o bem do executado arrematado? Como feita essa penhora?.................................................................................................. 40 23.) possvel declarar fraude contra credores nos embargos de terceiro opostos pelo adquirente do bem penhorado?.......................................................... 41 24.) possvel declarar a ocorrncia de fraude execuo quando h desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade e o scio aliena bem particular quando ainda no havia sido citado pessoalmente para a execuo? ..... 46 25.) Presume-se a propriedade do bem penhorado na posse do executado? .......... 46 26.) O princpio da execuo mais eficaz (CLT, art. 888, 1) sobrepe-se ao princpio da execuo menos gravosa (CPC, art. 620)? ......................................... 48 27.) A arrematao pelo maior lano autoriza afastar a alegao de preo vil? .... 48 28.) A impenhorabilidade dos bens necessrios ao exerccio de qualquer profisso (CPC, art. 649, V) abrange os bens necessrios atividade econmica do empregador executado?................................................................... 49 29.) O bem de famlia pode ser penhorado quando suntuoso? ............................... 51 30.) A impenhorabilidade do bem de famlia inclui o box respectivo (garagem)? .... 51 31.) Excesso de execuo (CPC, art. 743). Requisito de admissibilidade dos embargos e rejeio liminar dos embargos. Excesso de execuo e excesso de penhora. Distino. Acrdos que rejeitaram a alegao ..................................... 52 32.) Em se tratando de defesa da meao, incumbe ao cnjuge o nus da prova quanto alegao de que o trabalho prestado ao scio executado no reverteu em favor da famlia?................................................................................. 53 33.) possvel desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade annima de capital aberto e responsabilizar o(s) diretor(es) administrador(es)? .................. 546 Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

34.) O bem hipotecado pode ser penhorado? ......................................................... 56 35.) O bem dado em penhor pode ser penhorado? ................................................. 57 36.) O bem alienado fiduciariamente pode ser penhorado? O bem gravado com leasing pode ser penhorado? .......................................................................... 59 37.) A fraude execuo. Algumas hipteses....................................................... 61 38.) possvel relativizar a impenhorabilidade do salrio do executado?............. 62 39.) O art. 28, 5, do CDC pode ser aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho? ................................................................................................................. 64 40.) possvel realizar a execuo definitiva na pendncia de RE (ou de AI em RE)?.................................................................................................................. 66 41.) possvel realizar a execuo provisria de ofcio na pendncia de AI em RR, com prestao jurisdicional definitiva (pagamento integral ao credor)?......... 67 42.) possvel realizar a execuo provisria de ofcio na pendncia de Recurso de Revista, com prestao jurisdicional definitiva at 60 SM (pagamento ao credor de at 60 SM)? .................................................................... 68 43.) possvel realizar a execuo provisria de ofcio na pendncia de Recurso Ordinrio, com prestao jurisdicional definitiva at 60 SM (pagamento ao credor de at 60 SM)? .................................................................... 68 44.) possvel realizar a execuo provisria de ofcio na pendncia de Agravo de Petio, com prestao jurisdicional definitiva at 60 SM (pagamento ao credor de at 60 SM)? .................................................................... 69 45.) possvel determinar de ofcio o registro de hipoteca judiciria na matrcula de imvel da reclamada em razo da sentena trabalhista condenatria proferida? .......................................................................................... 70 46.) A penhora de bens do scio, realizada aps a desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade executada, configura nulidade se feita sem a prvia citao do scio?....................................................................................... 71 47.) O credor precisa executar antes os scios da devedora principal, se h condenao subsidiria da tomadora dos servios?................................................ 73 48.) possvel levar a sentena trabalhista condenatria a protesto extrajudicial no Cartrio de Ttulos e Documentos? .............................................. 74 49.) O credor hipotecrio pode adjudicar o bem penhorado pelo credor trabalhista? ............................................................................................................ 76 50.) possvel redirecionar a execuo contra outra(s) empresa(s) do grupo econmico quando a empresa empregadora no tem bens? Mesmo quando essa outra empresa do grupo no participou da fase de cognio? ........................ 77

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51.) A existncia de grupo econmico provada apenas por meio de prova documental?............................................................................................................ 78 52.) Quando se caracteriza a sucesso trabalhista? ............................................... 78 53.) A subsistncia de empresa sucedida descaracteriza a sucesso trabalhista? ... 79 54.) A sucesso trabalhistas caracteriza-se mesmo quando apenas um segmento produtivo transferido para o novo empreendedor?.............................. 79 55.) A sucesso trabalhista caracteriza-se mesmo quando os empregados da sucedida no tenham trabalhado para a sucessora? ................................................ 80 56.) possvel sustentar a existncia de responsabilidade solidria entre empresa sucessora e empresa sucedida?................................................................. 81 57.) possvel redirecionar a execuo contra o sucessor que no participou da fase de conhecimento do processo? ................................................................... 82 58.) possvel redirecionar a execuo contra o sucedido que no participou da fase de conhecimento do processo? ................................................................... 84 59.) O que fazer quando caracterizada a figura do depositrio infiel? .................. 85 60.) possvel facultar a adjudicao do bem ao exequente por 50% do valor da avaliao? .......................................................................................................... 86 Referncias Bibliogrficas...................................................................................... 87 ndice Alfabtico Remissivo .................................................................................. 89

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APRESENTAO

A Escola Nacional de Formao e Aperfeioamento de Magistrados do Trabalho ENAMAT realizou o 1 Curso de Formao de Formadores em Execuo Trabalhista em Vara do Trabalho no perodo de 02 a 05 de junho de 2008, em Braslia. O Curso foi encomendado pelo Tribunal Superior do Trabalho ENAMAT em razo do resduo de processos na fase de execuo na Justia do Trabalho: a) no ano de 2007: 2.470.348 (1.638.894 tramitando + 831.454 arquivados com dvida); b) no ano de 2008: 2.488.052 (1.679.863 tramitando + 808.189 arquivados com dvida); c) no ano de 2009: 2.586.890 (1.748.716 tramitando + 838.174 arquivados com dvida). No mbito do TRT da 4 Regio, os nmeros so os seguintes: a) no ano de 2007: 247.691 (137.511 tramitando + 110.180 arquivados com dvida); b) no ano de 2008: 268.292 (146.927 tramitando + 121.365 arquivados com dvida); c) no ano de 2009: 260.563 (132.706 tramitando + 127.857 arquivados com dvida). Participaram dois (2) juzes de cada Regio desse Curso, cuja finalidade foi a de oferecer aos juzes espaos para o aperfeioamento de sua atividade profissional na execuo. Na ocasio, a ENAMAT destacava que a legislao consolidada atribui papel da maior relevncia operatividade do Magistrado do Trabalho, combinando a exigncia de sua pr-atividade na soluo dos conflitos com o seu compromisso tico de atuao do Estado na tutela das relaes materiais estruturalmente desiguais formadas no mundo do trabalho, cujo resultado final a prestao de carter alimentar ao trabalhador. A Justia do Trabalho deve dedicar especial ateno fase de execuo do processo, de forma a garantir com celeridade a entrega do bem da vida como concretizao da Justia Social, porque, embora seja igualmente importante a fase de conhecimento do processo, na satisfao dos crditos reconhecidos que as partes identificam a efetividade do aparato judicirio. Juntamente com o Colega Rogrio Donizete Fernandes, tive a oportunidade de participar do referido curso, por indicao da Escola Judicial do Tribunal Regional da 4 Regio. Entre as causas do emperramento da execuo trabalhista, Wagner D. Giglio identifica as seguintes: a) a exploso demogrfica; b) a industrializao do pas; c) a extenso da legislao trabalhista aos empregados rurais e domsticos; d) a alta rotatividade da mo-de-obra; e) a proliferao de empregados sem registro; ____________________________________________________________________Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 9

f) a m-distribuio da riqueza nacional; g) a maior conscincia dos direitos de cidadania; h) a insuficincia da estrutura judiciria em face da demanda; i) as baixas taxas de juros e correo monetria. E prope as seguintes solues: a) adotar o princpio da execuo mais eficaz, em detrimento ao princpio da execuo menos onerosa; b) combater as protelaes com maior rigor; c) proferir sentenas lquidas, sempre que possvel; d) criar um cargo de contador em cada Vara; e) fixar o depsito recursal no valor integral da condenao (como ocorre no direito tributrio). Algumas das solues apontadas dependem de lei, o que tem encontrado resistncias no Parlamento. Porm, no necessria a edio de lei para aplicar-se o princpio da execuo mais eficaz com maior intensidade na execuo trabalhista. que esse princpio j integra nosso direito positivo. Sua presena no ordenamento jurdico trabalhista haurida do 1 do art. 888 da CLT, preceito que estabelece que a arrematao far-se- pelo maior lano. Trata-se de conferir a esse princpio maior eficcia normativa. E isso plenamente possvel diante do direito positivo atual, no exigindo alterao legislativa, sobretudo aps a insero da garantia fundamental durao razovel do processo na ordem constitucional (CF, art. 5, LXXVIII). Foi nesse contexto hermenutico que surgiu a ideia de um caderno para a efetividade da execuo. Nos debates realizados pelos Magistrados nos Grupos de Trabalho do III Encontro Institucional do TRT da 4. Regio, ocorrido em outubro de 2008, em Gramado, foi concebida a ideia da elaborao de um caderno de consulta rpida sobre a execuo, o qual sugeri fosse atualizado periodicamente por ocasio de cada novo Encontro Institucional, incorporando as boas prticas da execuo trabalhista adotadas na 4. Regio. Seria um caderno de consulta rpida para uso do Diretor de Secretaria, do Assistente da Execuo e dos demais servidores da Vara do Trabalho, orientado efetividade da execuo. Concebido como ferramenta simples de apoio execuo, o caderno apresenta-se sob a frmula didtica de perguntas e respostas. pergunta, segue-se a resposta. resposta, segue-se o fundamento legal. Ao fundamento legal, segue-se a doutrina de apoio. doutrina, segue-se a jurisprudncia de apoio. Instrumento de apoio execuo, o caderno objetiva, sob a orientao do juiz, subsidiar os servidores das Varas do Trabalho na elaborao de minutas de despachos, de minutas de decises interlocutrias e de minutas de sentenas na fase de execuo. O caderno foi concebido na perspectiva da maior efetividade da execuo. Optou-se pela doutrina e pela jurisprudncia mais aptas a conferir efetividade execuo trabalhista. Esse critrio foi adotado de forma deliberada: quando h vrias correntes de opinio acerca de determinado aspecto da execuo, optou-se pela corrente de opinio mais garantista da efetividade da execuo. Por conseguinte, no se faz um cotejo crtico entre as diversas correntes de pensamento sobre cada tema da execuo, pois uma discusso de tal amplitude no seria adequada em face do restrito objetivo do caderno, que se destina condio de simples ferramenta de consulta rpida. ____________________________________________________________________10 Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

Algumas propostas so inovadoras, como o registro da hipoteca judiciria constituda pela sentena trabalhista condenatria no Cartrio do Registro de Imveis, de ofcio (CPC, art. 466, caput); como o protesto extrajudicial da sentena trabalhista condenatria no Cartrio de Ttulos e Documentos, de ofcio (Lei n. 9.492/97, art. 1); como a execuo provisria de ofcio na pendncia de recurso (CPC, art. 475-O, 2, I e II). Outras prticas so conhecidas, mas ainda pouco utilizadas, como a alienao antecipada de bens sujeitos rpida depreciao econmica (tais como computadores e equipamentos eletrnicos); de bens de guarda dispendiosa e de bens semoventes (CPC, arts. 670, I e 1.113), medidas que exigem pr-atividade dos Oficiais de Justia e trabalho articulado com o Leiloeiro. Por fim, algumas propostas objetivam construir uma nova orientao para a jurisprudncia, como o caso da proposta de admitir-se declarar fraude contra credores em embargos de terceiro opostos pelo adquirente (Pontes de Miranda, Francisco Antonio de Oliveira, Maria Helena Diniz, Ari Pedro Lorenzetti e Alice Monteiro de Barros); como o caso da proposta de admitir-se a penhora do bem de famlia quando suntuoso (Ari Pedro Lorenzetti, Marcos da Silva Porto e Joo Pedro Silvestrin); como o caso da proposta de admitir-se a relativizao da regra da impenhorabilidade absoluta, quando a penhora de uma pequena parcela do salrio permitir o atendimento do crdito trabalhista em execuo, sem prejuzo subsistncia do executado e sua dignidade de pessoa humana (Francisco Meton de Lima, Manoel Antonio Teixeira Filho, Ari Pedro Lorenzetti, Joo Pedro Silvestrin, Rejane Souza Pedra e Cludio Antnio Cassou Barbosa). Para que cumpra sua funo de ferramenta de apoio execuo, o caderno deve ser disponibilizado aos Magistrados e s Varas do Trabalho tanto em formato papel (pequeno livro) quanto em formato eletrnico, para permitir, respectivamente, a consulta rpida e, depois, a elaborao da minuta correspondente. As crticas e sugestes de todos os Magistrados e Servidores so bem-vindas e so indispensveis. O caderno est concebido como obra aberta, a ser construda coletivamente pela 4 Regio e enriquecida pelos aportes das novas boas prticas na execuo realizadas na Justia do Trabalho do Estado do Rio Grande do Sul, sob a coordenao da Escola Judicial. Nessa fase inicial de sua elaborao, o caderno apresenta-se sob a forma de um esboo. Seus contornos vo se tornar mais precisos a partir dos aportes de cada Magistrado e de cada Servidor, tanto no que respeita ao contedo quanto no que respeita forma de sua apresentao. Para tanto, coloco disposio dos Magistrados e dos Servidores meu endereo eletrnico funcional ([email protected]) e desejo a todos uma boa leitura. Ben-Hur Silveira ClausJuiz do Trabalho Titular da VT de Carazinho.

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EFETIVIDADE DA EXECUO TRABALHISTAEM PERGUNTAS E RESPOSTAS

Ben-Hur Silveira ClausJuiz Titular da Vara do Trabalho de Carazinho

1.) vivel o prosseguimento da execuo contra o devedor subsidirio (empresa tomadora dos servios) quando o devedor principal (empresa prestadora de servios) tem a falncia decretada? Sim. Fundamento legal: CC, art. 828, III, 1 por analogia; Lei n 6.019/74, art. 16, 2 por analogia. Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 3 A restrio do art. 828, III, do Cdigo Civil aplica-se, analogicamente, a todas as situaes nas quais, em tese, seja cabvel o benefcio de ordem. No mesmo sentido aponta o art. 16 da Lei n 6.019/74. Embora este dispositivo se tenha referido a responsabilidade solidria, autorizou o trabalhador temporrio a exigir seus crditos da empresa cliente pelo simples fato da falncia da empresa prestadora de mo-de-obra, no indagando se o patrimnio desta comportaria a satisfao dos crditos trabalhistas, considerando que estes gozam de preferncia em relao aos demais. Assim, por aplicao analgica do art. 828, III, do Cdigo Civil, assim como do art. 16 da Lei n 6.019/74, a falncia ou insolvncia do devedor ou responsvel principal oCC: Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dvida tem direito a exigir, at a contestao da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Pargrafo nico. O fiador que alegar o benefcio de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo municpio, livres e desembargados, quantos bastem para solver o dbito. Art. 828. No aproveita este benefcio ao fiador: ... III se o devedor for insolvente, ou falido. 2 Lei n 6.019/74: Art. 16. No caso de falncia da empresa de trabalho temporrio, a empresa tomadora ou cliente solidariamente responsvel pelo recolhimento das contribuies previdencirias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referncia ao mesmo perodo, pela remunerao e indenizao prevista nesta lei. 3 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 24/25. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 131

quanto basta para que se possa direcionar a execuo contra o responsvel subsidirio. Nada impede, entretanto, que o trabalhador continue insistindo em receber seus direitos junto ao devedor ou responsvel principal, perseguindo os bens deste alm do foro da execuo, ou habilitando o crdito perante o juzo da falncia ou insolvncia. Jurisprudncia: EMENTA: RECURSO DE REVISTA AGRAVO DE PETIO CONDENAO SUBSIDIRIA FALNCIA DO DEVEDOR PRINCIPAL EXECUO IMEDIATA DO DEVEDOR ACESSRIO INOCORRNCIA DE VIOLAO DA COISA JULGADA Prevendo o ttulo judicial transitado em julgado condenao subsidiria do beneficirio direto do trabalho, sobrevindo falncia do prestador de servios, no fere a coisa julgada a execuo direta e imediata do devedor acessrio. A quebra o reconhecimento judicial da insolvncia do devedor, ou seja, muito mais que inadimplncia ou inidoneidade financeira, que justificaram a condenao subsidiria. A promoo da execuo contra o responsvel subsidirio no significa violao da coisa julgada, mas seu exato cumprimento. (TST, RR 580.012/1999, Rel. Jos Pedro de Camargo Rodrigues de Souza, publicado em 16.02.2001). EMENTA: FALNCIA EXECUO RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA Condenada a agravante como responsvel subsidiria e tendo sido declarada a falncia da devedora principal, prossegue a execuo contra o devedor subsidirio, em respeito coisa julgada. Agravo provido. (TRT 1a Regio, AP 2.169/2001, Ac. 4a T, Rel. Juiz Luiz Alfredo Mafra Lino, DOE 12.09.2001) EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUO CONTRA A DEVEDORA SUBSIDIRIA FALNCIA DA DEVEDORA PRINCIPAL A no-comprovao da capacidade da massa falida de satisfazer o dbito trabalhista acarreta o redirecionamento da execuo contra a devedora subsidiria, a qual se desonera do respectivo nus, apenas, quando, e se comprovada, a capacidade da massa falida na satisfao do dbito. (TRT 4 Regio, AP 01870-2005-201-04-00-0, Ac. 6 T, Rel. Juza Maria Cristina Schaan Ferreira) EMENTA: AGRAVO DE PETIO DA UNIO 2 EXECUTADA REDIRECIONAMENTO DA EXECUO CONTRA A RESPONSVEL SUBSIDIRIA, ORA AGRAVANTE O insucesso da execuo em face da empresa prestadora, com a condenao subsidiria da tomadora, faculta o redirecionamento da execuo contra esta, sem a necessidade de primeiro ser promovida a execuo contra os scios daquela, notadamente quando a agravante, principal interessada, no aponta bens livres da prestadora, hbeis a garantir a execuo. Havendo devedora subsidiria, no h razo para se proceder desconsiderao da pessoa jurdica do devedor principal, at por questo de celeridade processual. Agravo de petio no-provido. (TRT 4 Regio, AP 01009-1996-018-04-00-5, Ac. 2 T, Rel. Juza Denise Pacheco) ____________________________________________________________________14 Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

2.) necessrio aguardar pelo trmino da falncia do devedor principal para somente aps direcionar a execuo contra o devedor subsidirio? No. Fundamento legal: CC, art. 828, III, 4 por analogia; Lei n 6.019/74, art. 16, 5 por analogia. Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 6 Situao idntica ocorre em caso de falncia ou insolvncia. Consoante o art. 828, III, do Cdigo Civil, o benefcio de ordem no aproveita ao fiador quando o devedor for insolvente ou falido. No indaga a lei, em tais casos, se o patrimnio do devedor comportaria a satisfao da dvida garantida pela fiana, sendo suficiente o reconhecimento de sua falncia ou insolvncia. Note-se, portanto, que a responsabilidade subsidiria no visa apenas a garantir que a dvida seja satisfeita, mas tambm que o seja sem percalos. por isso que, para valer-se do benefcio de ordem, exige-se do responsvel subsidirio que indique bens livres e desembaraados, alm de situados no foro da execuo. Destarte, se os bens do devedor ou principal responsvel foram arrecadados pelo juzo falimentar, o quanto basta para que possa ser redirecionada a execuo contra os responsveis subsidirios. De nada adianta ao responsvel subsidirio, pois, alegar que o patrimnio do falido suficiente para satisfazer o crdito por ele garantido. Jurisprudncia: EMENTA: RECURSO DE REVISTA AGRAVO DE PETIO CONDENAO SUBSIDIRIA FALNCIA DO DEVEDOR PRINCPAL EXECUO IMEDIATA DO DEVEDOR ACESSRIO INOCORRNCIA DE VIOLAO DA COISA JULGADA Prevendo o ttulo judicial, transitado em julgado, condenao subsidiria do beneficirio direto do trabalho, sobrevindo falncia do tomador dos servios, no fere a coisa julgada a execuo direta e imediata do devedor acessrio. A quebra o reconhecimento judicial da insolvncia do devedor, ou seja, muito mais que inadimplncia ou inidoneidade financeira, que justificaram a condenao subsidiria. A promoo da execuo contra o responsvel subsidirio

CC: Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dvida tem direito a exigir, at a contestao da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Pargrafo nico. O fiador que alegar o benefcio de ordem, a que se refere este atigo, deve nomear bens o devedor, sitos no mesmo municpio, livres e desembargados, quantos bastem para solver o dbito. Art. 828. No aproveita este benefcio ao fiador: ... III se o devedor for insolvente, ou falido. 5 Lei n 6.019/74: Art. 16. No caso de falncia da empresa de trabalho temporrio, a empresa tomadora ou cliente solidariamente responsvel pelo recolhimento das contribuies previdencirias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referncia ao mesmo perodo, pela remunerao e indenizao prevista nesta lei. 6 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 24. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 15

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mo significa violao da coisa julgada, mas seu exato cumprimento. Recurso de Revista no conhecido. (TST, RR 580.012/99, Ac. 2a T, 13.12.2000, Rel. Juiz Conv. Jos Pedro de Camargo. DJU 16.2.2001, p. 701) EMENTA: AGRAVO DE PETIO RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA REDIRECIONAMENTO DA EXECUO Na hiptese dos autos, a execuo deve ser promovida contra a agravante, consoante o item IV da Smula n 331/TST. imperioso que a execuo se transfira para devedora subsidiria, a menos que esta comprove que a devedora principal pode arcar seguramente com a satisfao do dbito, o que no se presume. Recurso desprovido. (TRT 4 Regio, AP 00177-2004-221-04-00-3, Ac. 1 T, Rel. Desembargadora Eurdice Josefina Bazo Trres) EMENTA: DIRECIONAMENTO DA EXECUO CONTRA A DEVEDORA SUBSIDIRIA Diante do evidente prejuzo e da existncia de devedora subsidiria, desnecessrio que o exeqente aguarde o trmino do processo falimentar para somente ento ver satisfeitos os seus crditos. Aplicao por analogia do inciso III do artigo 828 do Cdigo Civil. Agravo de petio desprovido. (TRT 4 Regio, AP 00651-2004-003-04-00-9, Ac. 9 T, Rel. Desembargadora Eurdice Josefina Bazo Trres) EMENTA: EXECUO FALNCIA DA DEVEDORA PRINCIPAL RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA DO TOMADOR DE SERVIOS Na execuo contra dois devedores em se tratando de falncia, mesmo que um figure no plo passivo da execuo na condio de devedor secundrio com responsabilidade subsidiria pelo cumprimento da obrigao, aquela deve se processar contra este ltimo, no havendo necessidade de habilitao do crdito no juzo universal da falncia. Isto porque se a responsabilidade subsidiria tem por escopo garantir o cumprimento das obrigaes trabalhistas, considerando-se a hipossuficincia do empregado, com maior razo referida responsabilidade dever recair de forma imediata sobre o responsvel subsidirio na hiptese de falncia. (TRT 3a Regio, AP 00065-1997-004-03-00-6, Rel. Des. Maria Lucia Cardoso Magalhes, julgado em 31.01.2007). 3.) vivel direcionar a execuo contra o scio no caso de falncia da executada? Sim. Mediante a desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade executada, a ser adotada com fundamento no art. 28, 5o, do CDC, aplicvel por analogia. Fundamento legal: CDC, art. 28, 5o, 7 por analogia; CC, art. 828, III, 8 por analogia; Lei n 6.019/74, art. 16, 9 por analogia.7 CDC: Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. ... 5o. Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. 8 CC: Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dvida tem direito a exigir, at a contestao da

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Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 10 Por outro lado, conforme observa Arion Mazurkevic, nada impede que o credor trabalhista, mesmo aps ter-se habilitado perante a massa falimentar, promova, perante a Justia do Trabalho, a execuo dos responsveis subsidirios. E justifica: A habilitao no corresponde garantia do juzo, nem assegura a satisfao do crdito. To-somente permite que o credor passe a figurar no quadro geral de credores e posteriormente participe, com a realizao do ativo (expropriao dos bens arrecadados), do rateio para o seu pagamento. Esse pagamento, por sinal, pode no ser integral, bastando que o ativo seja insuficiente para a satisfao de todos os crditos trabalhistas habilitados. Habilitado o crdito trabalhista perante o juzo da falncia e prosseguindo-se a execuo em face do scio ou administrador na Justia do Trabalho, havendo a satisfao integral ou parcial em um destes juzos, bastar seja comunicado ao outro para a adequao ou extino da execuo, no gerando qualquer prejuzo s partes ou massa falida. Do contrrio, compelindo o credor a optar por uma dessas formas de execuo, fatalmente se estar relegando-o a sorte do meio escolhido, em detrimento ou em favorecimento dos demais credores que escolheram o outro meio. Para que a execuo se processe contra o responsvel subsidirio, no necessrio que o credor demonstre haver esgotado todas as possibilidades de recebimento perante o devedor ou responsvel principal. Assim, se o devedor, uma vez citado para efetuar o pagamento, ficar inerte, no solvendo a dvida nem indicando bens penhora, o quanto basta para que a execuo possa voltar-se contra os responsveis subsidirios. Jurisprudncia: EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUO PENHORA DE BENS DOS SCIOS ILEGITIMIDADE ATIVA Na execuo que se volta contra os bens dos scios, por inexistncia ou insuficincia dos bens sociais, falece legitimidade sociedade executada, em embargos penhora ou em qualquer outra arguio, para a defesa dos bens dos scios, constritos garantia da dvida, circunstncia que no se modifica ante a decretao de falncia da sociedade, quando ocorrente em momento posterior ao redirecionamento da execuo contra os scios. (TRT 4 Regio, AP 01071-2005-292-04-00-5, Ac. 1 T, Rel. Desembargador Milton Varela Dutra)

lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Pargrafo nico. O fiador que alegar o benefcio de ordem, a que se refere este atigo, deve nomear bens o devedor, sitos no mesmo municpio, livres e desembargados, quantos bastem para solver o dbito. Art. 828. No aproveita este benefcio ao fiador: ... III se o devedor for insolvente, ou falido. 9 Lei n 6.019/74: Art. 16. No caso de falncia da empresa de trabalho temporrio, a empresa tomadora ou cliente solidariamente responsvel pelo recolhimento das contribuies previdencirias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referncia ao mesmo perodo, pela remunerao e indenizao prevista nesta lei. 10 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 25. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 17

EMENTA: AGRAVO DE PETIO REDIRECIONAMENTO DA EXECUO EM FACE DO SCIO DA RECLAMADA FALIDA Hiptese em que entende-se correto o redirecionamento da execuo em relao ao patrimnio do scio. Na constncia da falncia, s a demora da satisfao do crdito alimentar mostra que no o ordinrio aguardar o encerramento da mesma, que na maioria das vezes frustra os credores, devendo ser destacada, ainda a natureza alimentar do crdito executado, aos quais so asseguradas maiores garantias. A falncia da executada indcio suficiente da impossibilidade, ou, pelo menos da grande dificuldade do exeqente em obter junto a ela a satisfao de seu crdito. Dado provimento. (TRT 4 Regio, AP00050-1998-801-04-00-0, Ac. 1 T, Rel. Desembargadora Eurdice Josefina Bazo Trres) 4.) possvel direcionar a execuo contra os condminos se os bens do condomnio so insuficientes? Sim. Fundamento legal: Lei n 2.757/56, art. 3o. 11 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 12 No tocante aos condomnios horizontais, embora a respectiva administrao tenha legitimidade para contratar empregados, quando o faz age como representante dos condminos. Trata-se (...) de representao meramente formal: os empregadores so os condminos, como ressalta o art. 2o da Lei n 2.757, condminos que respondem, proporcionalmente, pelas obrigaes trabalhistas (art. 3o). Todavia, os direitos dos que trabalham no prdio respectivo devem ser exercidos contra a administrao do edifcio, e no contra cada condmino em particular. Entretanto, no havendo bens suficientes no patrimnio do condomnio, a dvida poder ser cobrada de qualquer condmino. Conforme salienta Francisco Antonio de Oliveira, a dvida trabalhista indivisvel. Assim, no sendo paga pelo condomnio, nem tendo este bens para garantir a execuo, podero ser penhorados bens de qualquer condmino, pelo valor total da dvida. Jurisprudncia: EMENTA: RESPONSABILIDADE DO CONDMINO Mesmo que legtimo o prosseguimento imediato da execuo contra o condmino, esta deve ser efetuada com a observncia da proporo de sua quota parte. Agravo de petio parcialmente provido. (TRT 4 Regio, AP 00290-2005-461-04-00-5, Ac. 7 T, Rel. Desembargadora Flvia Lorena Pacheco)

11 Lei n 2.757/56: Art. 3o. Os condminos respondero proporcionalmente, pelas obrigaes previstas nas leis trabalhistas, inclusive as judiciais e extrajudiciais. 12 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 44.

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EMENTA: PENHORA DE BEM IMVEL PROMESSA DE COMPRA E VENDA CONDOMNIO DE FATO MANUTENO DO GRAVAME Estando o imvel situado em condomnio de fato, contra quem movida a ao que d origem penhora, os promitentes compradores condio das agravantes so devedores solidrios do dbito trabalhista, por fora do art. 1.334, 2, do Cdigo Civil. Incidncia da Lei 2.757/56 c/c arts. 10 e 448 da CLT. Agravo no provido. (TRT 4 Regio, AP 01639-2007-104-04-00-9, Ac. 8 T, Rel. Desembargador Denis Marcelo de Lima Molarinho) 5.) possvel direcionar a execuo contra os demais membros da famlia beneficiados pelo trabalho do empregado domstico? Sim. Fundamento legal: Lei n 5.859/72, art. 1o; 13 Lei n 8.009/90, art. 3o, I, por analogia. 14 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 15 A famlia tambm pode ser includa entre os grupos no personificados. Para Edilton Meireles, conquanto o CPC no lhe d expressa capacidade processual, pode-se deduzi-la a partir do texto constitucional, que lhe reservou o status de ente sujeito de direitos e obrigaes (arts. 226, 227 e 230). Segundo o mesmo autor, desde h muito o Direito do Trabalho assim a considera, ao inclu-la como destinatria do trabalho domstico (Lei n 5.859/72). Como, porm, no titular de patrimnio algum, todos os membros da famlia beneficiados pela prestao do labor domstico respondem solidariamente pelos crditos do empregado. Tanto assim que, para o pagamento de tais crditos, pode ser penhorado inclusive o imvel residencial (Lei n 8.009/90, art. 3o, I). Jurisprudncia: EMENTA: AGRAVO DE PETIO DO TERCEIRO-EMBARGANTE EXCESSO DE PENHORA MEAO Agravante que no faz qualquer prova a respeito do alegado excesso de penhora, considerando-se razovel a constrio de imvel avaliado em R$ 36.000,00, para uma dvida de R$ 23.401,76. Resguardo da meao do esposo da devedora do qual no se cogita, porquanto, tratando-se a exeqente de empregada domstica, presume-se que os crditos trabalhistas decorrem de labor prestado em prol de toda a famlia. Agravo no provido. (TRT 4 Regio, AP 02445-2007-721-04-00-5, Ac. 7 T, Rel. Desembargadora Dionia Amaral Silveira)13 Lei n 5.859/72: Art. 1o. Ao empregado domstico, assim considerado aquele que presta servio de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia no mbito residencial destas, aplicase o disposto nesta Lei (grifei). 14 Lei n 8.009/90: Art. 3o. A impenhorabilidade oponvel em qualquer processo de execuo civil, fiscal, previdenciria, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I em razo dos crditos de trabalhadores da prpria residncia e das respectivas contribuies previdencirias (grifei). 15 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 46/47.

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6.) vivel, no caso de franquia, reconhecer a responsabilidade subsidiria da empresa franqueadora? Sim. Fundamento legal: CLT, art. 2o, 2o; 16 CLT, art. 455, por analogia; 17 Smula 331, IV, do TST. 18 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 19 No diferente o que ocorre, na esfera do Direito do Trabalho, com relao franquia. Uma anlise mais detida das condies contratuais, no entanto, evidencia que o vnculo jurdico decorrente da franquia subsume-se perfeitamente previso do art. 2o, 2o, da CLT, embora com algumas particularidades. Com efeito, pelo contrato em questo, unem-se dois empresrios em torno de um objetivo comum, sob o inegvel controle da empresa concedente ou franqueadora. Em muitos casos, o franqueado sujeita-se a uma situao de fato equiparvel condio de simples filial do franqueador, tal a ingerncia deste nas atividades daquele, definindo e fiscalizando desde o modelo arquitetnico do estabelecimento at a forma de comercializao dos produtos, com fixao de preos e horrios de funcionamento, escolha dos uniformes e fornecedores aprovados pelo franqueador, o que denota um completo controle desta sobre a atividade do franqueado. No raro, o franqueador interfere inclusive na seleo de empregados pelo franqueado. Segundo Edilton Meireles, em alguns casos, o franqueador chega at a sufocar a atividade do franqueado, levando-o falncia, dado o nmero de amarras e restries sua liberdade de dirigir o prprio negcio. Vale lembrar, por outro lado, que o franqueador costuma estabelecer uma srie de requisitos a serem preenchidos pelos candidatos franquia. Os contratos de franquia, alis, so o retrato mais perfeito do grupo econmico, no se podendo validar que o franqueador se beneficie simplesmente dos lucros, sem partilhar os riscos dessa modalidade contratual. Destarte, dada a existncia de um controle das atividades do franqueado por parte do franqueador, beneficiando-se este, ademais, dos resultados obtidos pelo franqueado, no se poderia simplesmente afastar a responsabilidade daquele pelo adimplemento dos crditos dos empregados contratados por este, o que, no raro, conseqncia das polticas adotadas pelo controlador.16 CLT: Art. 2o. ... 2 Sempre que uma ou mais empresa, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para os efeitos da relao de emprego, solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. 17 CLT: Art. 455. Nos contratos de subempreitada, responder o subempreiteiro pelas obrigaes derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamao contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigaes por parte do primeiro. 18 Smula 331 do TST, item IV: O inadimplemento das obrigaes trabalhistas por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiria do tomador dos servios quanto quelas obrigaes, inclusive quantos aos rgos da administrao direta, das autarquias, das fundaes pblicas, das empresas pblicas e das sociedades de economia mista, desde que este tenha participado da relao processual e conste tambm do ttulo executivo judicial. 19 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 70/71.

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Jurisprudncia: EMENTA: RELAO COMERCIAL ENTRE EMPRESAS INTERESSE ECONMICO RESPONSABILIDADE No se pode olvidar que a figura da franquia traz grandes questionamentos acerca da responsabilidade do franqueador perante os trabalhadores do franqueado, posto que, indiretamente, usufrui da fora de trabalho, recebendo o produto do seu empreendimento, ficando responsvel subsidiariamente, como se fosse uma cesso de direitos de explorao da marca, ou uma subempreitada, o que no passa de atividade exercida em benefcio dela prpria, independentemente do contrato civil entre a cedente e a cedida, franqueadora e franqueada, caindo na aplicao analgica do art. 455 da CLT (TRT 3a Regio, RO 10.322/98, Ac. 3a T, Rel. Juiz Bolvar Vigas Peixoto, DJE 2.02.1999) EMENTA: FRANCHISING GRUPO ECONMICO CARACTERIZAO, PARA FINS DO ART. 2, 2, DA CLT A hierarquia entre empresas, embora ainda exista em alguns campos da atividade capitalista, cede lugar a uma nova estrutura empresarial de cunho horizontal, sem liderana e organizao da empresa-me, mas exercendo, entre si, com a devida reciprocidade, controle e fiscalizao, participando de um mesmo empreendimento (Juiz Denlson Bandeira Coelho, http://www.amatra10.com.br/grupo.html). Note-se que tal entendimento no conflita com o esprito legal, eis que este estabelecia solidariedade entre as empresas principal e cada uma das subordinadas. Assim, no se teria como solidrias apenas a empregadora e suas superioras, mas tambm as laterais. O franqueado, na explorao da marca cedida pelo franqueador, desenvolve atividade de interesse comum, sem embargo de que submetido a regra rgidas e previamente estipuladas por este (Juiz Joo Luiz Rocha Sampaio). Neste diapaso, para fins legais, o franchising caracteriza grupo econmico e, portanto, gera as conseqncias previstas no art. 2o, 2o, da CLT. (TRT 10a Regio, RO 1.766/2001, 2 T, 16.04.2002, Red. Desig. Juiz Andr R. P. V. Damasceno. Revista LTr, v. 66. n 10, out. 2002, pp 1253-4) EMENTA: CONTRATO DE FRANQUIA RESPONSABILIDADE DA FRANQUEADORA Os contratos de franquia constituem-se numa forma de terceirizao de servios, tendo em vista que o franqueador, por meio de uma terceira pessoa em que deposita a fidcia necessria reproduo da atividade essencial ao negcio , nada mais objetiva que distribuir produtos ou servios, visando ampliar vendas e expandir seus negcios, sem ter que arcar com maior amplitude empresarial. O franqueador figura, assim, como tomador de servios, e o franqueado, como prestador de servios, de modo que deve ser reconhecida a responsabilidade subsidiria do primeiro por possveis dbitos trabalhistas do segundo. Aplica-se, pois, o entendimento cristalizado no inciso IV do Enunciado 331 do Col TST. (TRT 3a Regio, RO 19.068/2000, Ac. 4 T, Rel. Juiz Otvio Linhares Renault. DJE 16.12.2000). EMENTA: RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA Hiptese em que a segunda e terceira reclamadas caracterizam-se como beneficirias da mo-de-obra do reclamante, sendo responsveis subsidiariamente pelos crditos reconhecidos.Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 21

Recurso parcialmente provido. (TRT 4 Regio, RO 00670-2006-731-04-00-3, Ac. 1 T, Rel. Desembargadora Eurdice Josefina Bazo Trres) EMENTA: CONTRATO DE FRANQUIA RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA DA SEGUNDA RECLAMADA Caso em que a empresa franqueadora, tomadora dos servios, responsvel subsidiria pela condenao, na forma da Smula 331 do TST. (TRT 4 Regio, RO 03426-2005-232-04-00-7, Ac. 3 T, Rel. Desembargador Ricardo Carvalho Fraga) 7.) vivel, no caso de representao comercial, reconhecer a responsabilidade subsidiria da empresa representada? Sim. Observadas certas particularidades. Fundamento legal: CLT, art. 2o, 2o; 20 CLT, art. 455, por analogia; 21 Smula 331, IV, do TST. 22 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 23 As empresas representadas tambm respondem pelos crditos trabalhistas dos empregados das representantes nos casos em que for exigida destas exclusividade, ainda que em relao a determinados empregados apenas. No caso, embora, administrativamente, a empresa representante tenha autonomia, sob o ponto de vista de sua atuao comercial, est sujeita s diretrizes ditadas pela representada, o que implica um controle sobre sua atividade econmica. A mesma concluso impe-se se analisada a questo sob a tica da terceirizao de servios. O estado de subordinao do representante, no caso, evidente, consoante destaca Arnaldo Sssekind, ao ponderar que a existncia de certa dose de subordinao, ainda que se trate de indiscutvel exerccio de atividade comercial, ressalta da simples leitura da Lei n 4.886, de 9.11.1965, que regula as atividades dos representantes comerciais autnomos. A exclusividade a favor do representado est, por igual, prevista lei (art. 27, alnea i). E nem sequer o controle da produo incompatvel com o contato tpico de20

CLT: Art. 2o ...

... 2 Sempre que uma ou mais empresa, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para os efeitos da relao de emprego, solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. 21 CLT: Art. 455. Nos contratos de subempreitada, responder o subempreiteiro pelas obrigaes derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos empregados, o direito de reclamao contra o empreiteiro principal pelo inadimplemento daquelas obrigaes por parte do primeiro. 22 Smula 331 do TST, item IV: O inadimplemento das obrigaes trabalhistas por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiria do tomador dos servios quanto quelas obrigaes, inclusive quantos aos rgos da administrao direta, das autarquias, das fundaes pblicas, das empresas pblicas e das sociedades de economia mista, desde que este tenha participado da relao processual e conste tambm do ttulo executivo judicial. 23 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 72/73.

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representao comercial autnomo. Assim, assumindo a representada o controle das principais aes da empresa representante, definindo, inclusive, o direcionamento de suas atividades e, principalmente, colhendo os lucros decorrentes da atividade desta, deve, igualmente, assumir as correspondentes responsabilidades, a fim de que os trabalhadores no tenham de suportar eventuais prejuzos. Afinal, conforme Jean-Claude Javillier, no regime capitalista o empregador assume todo o risco econmico. O empregado nenhum. A subordinao , portanto, o reflexo dessa relao de produo. Assim, se o empregador no tem condies de responder pelo passivo trabalhista, a ele deve associar-se quem exercia a relao subordinante sobre aquele, no caso, a empresa representada. 8.) vivel direcionar a execuo contra o(s) scio(s) minoritrio(s)? Sim. Fundamento legal: CC, art. 50; 24 CDC, art. 28, 5o, 25 por analogia. Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 26 Nas sociedades limitadas, h um controle da sociedade sobre a pessoa dos scios e destes entre si. A identificao dos scios no contrato social possibilita aos que tratam com a sociedade conhecer os indivduos que a compem e, a partir da idoneidade e reputao destes, medir os riscos envolvidos no negcio. Por outro lado, tal fato implica uma relao de confiana entre os membros da sociedade, exercendo, por isso mesmo, um controle sobre as alteraes sociais, s admitidas, em regra, se houver concordncia dos demais scios. O que inspira as sociedades do tipo personalista justamente a confiana recproca entre os scios. Isso possibilita que a responsabilidade seja estendida inclusive aos scios que no participaram da administrao societria, pois os que a exercem no o fazem em nome prprio, seno por fora da confiana que desfrutam perante os demais companheiros. Assim, mesmo os scios que no ocupam cargo gerencial no se podem dizer estranhos administrao, uma vez que o dirigente, no exerccio desta funo, no passa de representante dos demais scios. Essa a razo pela qual determinou o Cdigo CivilCC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica. 25 CDC: Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. ... 5o. Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. 26 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 214/215. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 2324

fossem aplicadas subsidiariamente aos administradores as regras relativas ao mandato (art. 1.011, 2o). Se o gerente se desvia de sua obrigaes, a responsabilidade tambm recai sobre os que o escolheram, conferindo-lhe os poderes de direo. No se pode admitir que o bom xito aproveite aos demais scios e, em caso de fracasso, as conseqncias sejam transferidas aos trabalhadores, eis que estes no tm nenhuma participao na gesto empresarial. Destarte, nas sociedades limitadas todos os scios assumem as conseqncias da m administrao, pois, ainda quando no participaram diretamente, anuram com a permanncia, no comando dos negcios, da pessoa por eles escolhida. Referindo-se especificamente ao Cdigo de Defesa do Consumidor, observou Tupinamb Miguel Castro do Nascimento que a legitimao passiva decorrente da desconsiderao pode alcanar qualquer dos integrantes da pessoa jurdica, quer como scios-gerentes, scios majoritrios, scios minoritrios, enfim scios em geral. A desconsiderao da pessoa jurdica, como prevista na lei, no tem limitao qualquer no art. 20 do Cdigo Civil, quanto persecutio. Na mesma linha, a Lei n 8.620/93 estendeu a todos os scios, sem distino, a responsabilidade pelos crditos previdencirios (art. 13). 27 Ora, se o que acessrio mereceu tal ateno de legislador, outra no poderia ser a soluo quanto aos crditos trabalhistas. Assim, no fosse, poderia ocorrer de a Justia do Trabalho executar os scios pelas contribuies previdencirias sem que pudesse fazer o mesmo em relao s verbas trabalhistas, que constituem o crdito principal. Jurisprudncia: EMENTA: MANDADO DE SEGURANA PREVENTIVO PENHORA BEM PARTICULAR SCIO QUOTISTA MINORITRIO TEORIA DA DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA 1. Mandado de segurana visando a evitar a consumao da penhora sobre bens particulares de scio minoritrio em execuo de sentena proferida em desfavor de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, cuja dissoluo se deu sem encaminhamento do distrato Junta Comercial. 2. Em casos de abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito e violao aos estatutos sociais ou contrato social, o art. 28 da Lei n 8.078/90 faculta ao Juiz responsabilizar ilimitadamente qualquer dos scios pelo cumprimento da dvida, ante a insuficincia do patrimnio societrio. Aplicao da teoria da desconsiderao da personalidade jurdica. 3. Recurso ordinrio no provido. (TST, ROMS 478.099/98, Ac SBDI-II, 4.4.2000, Red. Desig. Min. Joo Oreste Dalazen. DJU 23.06.2000). EMENTA: EXECUO RESPONSABILIDADE DO SCIO, AINDA QUE NO GERENTE RECONHECIMENTO Na execuo trabalhista, o scio, ainda que no seja gerente e tenha participao minoritria na sociedade, responsvel subsidiariamente pelas dvidas da sociedade (TRT 18a Regio, AP 135/2000, Rel. Juza Dora Maria da Costa. DJE 09.06.2000, p. 106).

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O art. 13 da Lei no 8.620/93 foi revogado pela Medida Provisria no 449/2008. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

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EMENTA: PENHORA DE BENS DE SCIO MINORITRIO CABIMENTO Frustrada a execuo contra a empresa, o scio minoritrio (ou no) responde pelos dbitos da pessoa jurdica inadimplente. (TRT 3a Regio, AP 4.882/2000, Ac. 2 T., Rel. Juiz Jos Maria Caldeira. DJE 8.11.2000). EMENTA: NULIDADE DA PENHORA SCIO-QUOTISTA RESPONSABILIDADE A responsabilidade do scio, restrita ao valor de suas cotas de capital, condicionada integralizao do capital social, o que, inocorrente, implica responsabilidade solidria de todos os scios, notadamente quando inexistentes bens da empresa passveis de garantir o adimplemento do crdito judicialmente reconhecido. vista disso, irrelevante se o agravante era scio minoritrio, com quotas de capital em percentual nfimo com relao aos demais. Constrio judicial que se mantm. Provimento negado. (TRT 4 Regio, AP 00757-2003-023-04-00-6, Ac. 3 T, Rel. Desembargadora Maria Helena Mallmann). EMENTA: AGRAVO DE PETIO REDIRECIONAMENTO DA EXECUO Sendo infrutferos os atos executrios contra a empresa reclamada, bem como o scio majoritrio, cabvel o redirecionamento da execuo para scio minoritrio, detentor de 10% das cotas sociais, mormente por se tratar de esposa do primeiro, que presume-se ter se beneficiado do trabalho do exeqente. Agravo provido. (TRT 4 Regio, AP 01126-2001-402-04-00-4, Ac. 4 T, Rel. Desembargadora Denise Maria de Barros) 9.) possvel direcionar a execuo contra diretor de sociedade annima de capital fechado 28 ? Sim. Fundamento legal: CC, art. 50; 29 CDC, art. 28, 5o, por analogia. 30 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 31 Conforme a lio de Rubens Requio, hoje no se tem mais constrangimento em afirmar que a sociedade annima fechada constituda nitidamente cum intuituPara o caso de sociedade annima de capital aberto, ver a questo de nmero 33. CC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica. 30 CDC: Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. ... 5o. Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. 31 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 220/222.29 28

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personae. Sua concepo no se prende exclusivamente formao do capital desconsiderando a qualidade pessoal dos scios. Mais adiante, explica o festejado jurista que a faculdade de restringir a negociabilidade das aes da companhia fechada d-lhe o ntido sabor de sociedade constituda cum intuitu personae, na qual os scios escolhem os seus companheiros, impedindo o ingresso ao grupo formado, tendo em vista a confiana mtua ou os laos familiares que os prendem. A affectio societatis surge nessas sociedades com toda nitidez, como em qualquer outra das sociedades do tipo personalista. Seus interesses esto, pois, regulados pelo contrato, o que explica a pouca ingerncia da fiscalizao de rgos pblicos em seus negcios. Ao contrrio, dando enfoque de instituio companhia aberta, que recorre subscrio pblica, sente-se o Estado na obrigao de mant-la sob severo sistema fiscalizao e e publicidade.... Assim, tal como nas sociedades de pessoas, nas companhias fechadas, a individualidade dos scios elemento essencial, sendo que eventuais alteraes, de alguma forma, dependem do consentimento dos demais. Em tais circunstncias, o fato de os scios serem denominados acionistas, em vez de quotistas, no passa de diferena de nomenclatura, mero jogo de palavras. A razo que os mantm unidos sociedade a mesma affectio societatis que leva algum a associar-se a outras pessoas numa sociedade do tipo personalista. Segundo Amador Paes de Almeida, alis, nem mesmo as sociedades limitadas constituem tipo societrio personalista puro, uma vez que carregam traos das sociedades capitalistas, ao limitar a responsabilidade dos scios ao total do capital social. De notar-se, a propsito, que o prprio Decreto n 3.708/1919 determinava fosse aplicada a tais sociedades, subsidiariamente, a lei das sociedades annimas (art. 18), o que hoje continua possvel, desde que haja previso no contrato social (CC, art. 1.053, pargrafo nico). A nica forma de sociedade verdadeiramente capitalista a companhia de capital aberto, qual irrelevante pessoa do acionista, interessando sociedade apenas que algum, no importa quem, contribua para a formao do capital social. Nas companhias fechadas, o trao personalista assume maior destaque do que o capital, no havendo razo, portanto, para eximir seus scios da responsabilidade pelos crditos trabalhistas. Assim, na esfera trabalhista, os scios das companhias fechadas devem receber o mesmo tratamento deferido aos participantes da sociedades limitadas. (...) Assim, perante o Direito do Trabalho, da mesma forma que o scio quotista responde pelos atos da sociedade, ainda que no tenha ocupado a posio de gerente, nas sociedades annimas fechadas, os demais scios tambm respondem pela conduo dos destinos da empresa, ainda que no tenham atuado como diretores. Em qualquer caso, deve-se repartir o risco do empreendimento entre todos os scios, independentemente de sua posio no contrato ou estatuto social. Se isso o que ocorre hoje nas sociedades limitadas, o mesmo deve valer em relao s companhia fechadas. A diferena entre as duas formas societrias apenas aparente (formal), sendo idntica a realidade subjacente. Assim, a conferir-se tratamento privilegiado aos acionistas da companhia fechada, os mais espertos no hesitaro em adotar essa forma societria para eximir-se de qualquer responsabilidade. Com isso continuaro desfrutando das mesmas vantagens, sem correr qualquer risco. ____________________________________________________________________26 Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

Jurisprudncia: EMENTA: TEORIA DA DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA EMPRESA CONSTITUDA COMO SOCIEDADE ANNIMA Aplica-se a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica em empresa constituda com sociedade annima, devendo os bens dos scios responder pelos dbitos da sociedade, principalmente tratando-se de scio majoritrio e sendo uma companhia de capital fechado. (TRT 18a Regio, AP 1.425/2002, Rel. Juza Kathia Maria Bomtempo de Albuquerque. DJE 29.10.2002, p. 108). EMENTA: SOCIEDADE ANNIMA DE CAPITAL FECHADO APLICAO DA DOUTRINA DA DESCONSIDERAO DA PESSOA JURDICA Entender que os bens scio da sociedade annima de capital fechado no esto sujeitos execuo por crdito trabalhista implicaria admitir-se, sem maiores questionamentos, a fraude por meio da personalidade jurdica, haja vista que a concepo dessa espcie de sociedade, diversamente do que ocorre com a compnhia aberta, no se prende exclusivamente formao de capital e sim leva em conta a qualidade pessoal dos scios. Portanto, estando presentes os requisitos para a aplicao da teoria do superamento da personalidade societria, h de se reconhecer como vlida a penhora de bem de scio de sociedade annima de capital fechado, na forma dos artigos 9o, da CLT, e 28, 5o, da Lei n 8.078/90. (TRT 18a Regio, AP 1.698/2002, Rel. Juiz Marcelo Nogueira Pedra. DJE 8.11.2002, p. 78). EMENTA: DA DESCONSIDERAO DE PESSOA JURDICA CONSTITUDA COMO SOCIEDADE ANNIMA Hiptese que autoriza a aplicao da teoria da desconsiderao da pessoa jurdica, mesmo em se tratando de sociedade annima, porquanto evidenciado o desvio de finalidade social e a fraude lei, alm do mais os gestores detm o controle total do capital social, no se distinguindo, portanto, para fins de responsabilizao pelos crditos trabalhistas, dos scios das demais formas societrias. Agravo de petio provido para autorizar a execuo contra os aludidos scios. (TRT 4 Regio, AP 00028-1994-020-04-00-9, Ac. 6 T, Rel. Desembargadora Carmen Gonzalez) EMENTA: SOCIEDADE ANNIMA DE CAPITAL FECHADO POSSIBILIDADE DE REDIRECIONAMENTO DA EXECUO CONTRA SEUS ADMINISTRADORES Tendo a empresa executada encerrado irregularmente suas atividades, e sendo ela uma sociedade annima de capital fechado, seus administradores respondem civilmente pelos prejuzos causados por procederem em violao lei, conforme expressamente determina o art. 158, inciso II, da Lei n 6.404/76. (TRT 4 Regio, AP 02106-1993-102-04-00-5, Ac. 2 T, Rel. Desembargadora Denise Pacheco) EMENTA: DIRECIONAMENTO DA EXECUO RESPONSABILIDADE DO DIRETOR DE SOCIEDADE ANNIMA A responsabilidade do diretor de Sociedade Annima no decorre da condio de acionista, mas do fato de haver sido administrador da empresa. Ao administrador da empresa, ainda que seja S.A.,Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 27

aplicvel o disposto no art. 10 do Decreto 3.708/19, havendo presuno legal relativa ao excesso de mandato e abuso de direito. Inaplicvel a limitao imposta no art. 1.088 do CCB. Agravo provido. (TRT 4 Regio, AP 01069-1995-021-04-00-0, Ac. 6 T, Rel. Desembargadora Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo) 10.) possvel desconsiderar a personalidade jurdica da executada de ofcio? Sim. Fundamento legal: CLT, art. 878, caput. 32 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 33 Havendo condenao da pessoa jurdica, o redirecionamento da execuo contra a pessoa do scio independe de provocao, expressa ou implcita, do credor trabalhista. Se o juiz do trabalho pode, inclusive, promover a execuo ex officio, no h razo para restringir sua atuao quando se trata de impulsionar o procedimento iniciado. Assim, citada pessoa jurdica para pagar a dvida ou indicar bens penhora, passado o prazo legal sem nenhuma providncia de sua parte, o oficial de justia retornar para realizar a penhora. No encontrando bens no estabelecimento da executada, nem indicando esta onde possam ser encontrados, nada impede que o juiz, de imediato, faa incluir os scios no plo passivo da execuo, citando-os para que efetuem o pagamento, sob pena de prosseguimento da execuo em face deles. Jurisprudncia: EMENTA: AGRAVO DE PETIO EXECUO RESPONSABILIDADE SUBSIDIRIA Hiptese em que mantida a deciso de origem, no sentido de que a execuo se processe contra a segunda demandada, responsvel subsidiariamente, porquanto evidenciado, nos autos, que a primeira executada no satisfar o crdito do exeqente. (TRT 4 Regio, AP 00820-1998-018-04-00-0, Ac. 2 T, Rel. Desembargadora Maria Beatriz Condessa Ferreira) 11.) Para desconsiderar a personalidade jurdica basta que a executada no tenha bens para responder pela execuo? Sim. Fundamento legal: CC, art. 50, 34 interpretado sob inspirao da natureza indisponvel dos direitos trabalhistas.

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CLT: Art. 878. A execuo poder ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo prprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior. 33 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, pp. 244. 34 CC: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidas aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica.

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Doutrina: FRANCISCO ANTONIO DE OLIVEIRA: 35 Os bens do scio podero responder pelo crdito trabalhista, bastando para tanto que a pessoa jurdica tenha desaparecido com o fundo de comrcio ou que o fundo existente seja insuficiente. ARI PEDRO LORENZETTI: 36 Nota-se que, em geral, os estudiosos do direito comercial tm dificuldades em aceitar hipteses de desconsiderao em razo da natureza indisponvel de certos direitos. Alm de Fbio Ulhoa Coelho, j referido, Joo Casillo tambm no se conforma que seja possvel a desconsiderao fora dos casos em que a pessoa jurdica se desvie de seus fins, isso a despeito de reconhecer que a hiptese prevista no art. 2o, 2o, da CLT consagra a aplicao da disregard doctrine. Ora, neste caso, no h qualquer referncia prtica abusiva ou fraude. No vemos, portanto, como fugir s concluses de Justen Filho, segundo o qual sempre que a distino patrimonial entre a pessoa jurdica e seus scios implicar a frustrao de direitos indisponveis o abuso encontra-se in re ipsa. MAURO SCHIAVI: 37 Atualmente, a moderna doutrina e jurisprudncia trabalhista encamparam a chamada teoria objetiva da desconsiderao da personalidade jurdica que disciplina a possibilidade de execuo dos bens do scio, independentemente se os atos violaram ou no o contrato, ou houve abuso de poder. Basta a pessoa jurdica no possuir bens, para ter incio a execuo dos bens do scio. No Processo do Trabalho, o presente entendimento se justifica em razo da hipossuficincia do trabalhador, da dificuldade que apresenta o reclamante em demonstrar a m-f do administrador e do carter alimentar do crdito trabalhista. ARI PEDRO LORENZETTI: 38 A despeito de no se poderem confundir as hipteses de responsabilizao dos scios e dirigentes pela prtica de ato ilcito dos casos em que o scio responde pela aplicao da doutrina da desconsiderao, na esfera trabalhista, tal distino no tem despertado interesse. Compreende-se que assim seja, uma vez que, perante o Direito do Trabalho, os scios e dirigentes respondem pelo simples fato de o patrimnio social no comportar a satisfao dos crditos do trabalhadores. Destarte, no h interesse prtico em verificar se houve, ou no, conduta ilcita, uma vez que, independentemente dela, os scios e administradores sempre respondero.35 Francisco Antonio de Oliveira, Consolidao das leis do trabalho comentada, Editora RT, So Paulo, 1996, p. 66. 36 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 197/198. 37 Mauro Schiavi, Manual de direito processual do trabalho, Editora LTr, So Paulo, 2008, pp. 709/710. 38 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 210.

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Jurisprudncia: EMENTA: EXECUO SOBRE OS BENS DO SCIO POSSIBILIDADE A execuo pode ser processa contra os scios, uma vez que respondem com os bens particulares, mesmo que no tenham participado do processo na fase cognitiva. Na Justia do Trabalho, basta que a empresa no possua bens para a penhora para que incida a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade. O crdito trabalhista privilegiado, tendo como legal, de forma subsidiria, o art. 18 da Lei n 8.884/94 e CTN, art. 135, caput e inciso III c/c o art. 889 da CLT. (TRT 3a R, 2a T, AP n 433/2004.098.03.00-7, Rel. Joo Bosco P. Lara, DJMG 9.9.04, p. 11) EMENTA: EXECUO REPONSABILIDADE DO SCIO Em face da ausncia de bens da sociedade para responder pela dvida trabalhista, respondem os scios com o patrimnio pessoal, conforme preconizam os arts. 592 e 586 do CPC c/c o inciso V do art. 4o. da Lei n 6.830/80 e inciso III do art. 135 do Cdigo Tributrio Nacional, todos de aplicao subsidiria no processo do trabalho. (TRT 15a R, 1a T, AP n 26632/2003, Rel. Eduardo B. De Zanella, DJSP 12.9.03, p. 19) EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUO CONTRA OS SCIOS O princpio da desconsiderao da personalidade jurdica leva comunicao dos patrimnios dos scios e da sociedade por quotas de responsabilidade limitada, ficando o scio responsvel pelos dbitos trabalhistas, independentemente de ter participado da fase processual de conhecimento. Aplicao do art. 50 do Cdigo Civil. Agravo de petio da scia executada desprovido. (TRT 4 Regio, AP 00694-2000-029-04-00-3, Ac. 2 T, Rel. Desembargador Hugo Carlos Scheuermann) EMENTA: DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA DA EMPRESA A aplicao da teoria da despersonalizao da pessoa jurdica e redirecionamento da execuo aos bens dos scios que compunham o quadro societrio da sociedade executada visa garantir a efetiva prestao jurisdicional, porquanto no se pode deixar a descoberto do manto do direito o empregado em detrimento do scio da sociedade executada, o qual deve suportar os riscos do empreendimento econmico. Agravo de petio parcialmente provido. (TRT 4 Regio, AP 00074-2000-021-04-00-3, Ac. 7 T, Rel. Desembargadora Flvia Lorena Pacheco) 12.) A ausncia de interessados no leilo pelos bens penhorados pode ser equiparada inexistncia de bens para efeito de desconsiderao da personalidade jurdica da executada? Sim. Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 39

39 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 237/238.

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Para a incluso do scios no polo passivo da execuo, e a conseqente expedio de mandado de citao, basta uma deciso incidente que reconhea a sua responsabilidade, em face da insuficincia do cabedal social para atender aos direitos do credor trabalhista. O dficit patrimonial da sociedade o nico requisito de fato para vincular os scios ao passivo trabalhista da sociedade. inexistncia de bens, j o dissemos, equipara-se a ausncia de interessados em arrematar os bens existentes. Jurisprudncia: EMENTA: EXECUO BENS DE DIFCIL COMERCIALIZAO PROSSEGUIMENTO EXECUTRIO A existncia de difcil comercializao, aps infrutferas tentativas de venda judicial e ausente a indicao de outros bens livres e desembaraados da executada implica o prosseguimento da execuo sobre os bens dos scios da empresa. (TRT 12a Regio, AP 2.057/2001, Red. Desig. Juiz Convocado Godoy Ilha. DJE 3.08.2001) EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUO PARA OS SCIOS DA EMPRESA RECLAMADA A execuo contra a empresa reclamada foi tentada exaustivamente de forma infrutfera, razo pela qual a presente execuo tramita h mais de nove anos sem que o reclamante tenha percebido seus crditos trabalhistas, o que justifica o redirecionamento para as pessoas dos scios. Havendo a desconsiderao da pessoa jurdica, os scios tornam-se devedores solidrios entre si, todos obrigados pela satisfao do dbito, no havendo ordem de preferncia pelo tempo de permanncia na sociedade ou pelas cotas sociais, conforme pretendido pelo agravante. (TRT 4 Regio, AP 00069-1994-023-04-00-4, Ac. 3 T, Rel. Juiz Convocado Francisco Rossal de Arajo) 13.) Pode caracterizar-se fraude patrimonial antes mesmo da constituio do crdito trabalhista? Sim. Fundamento legal: CLT, art. 9o, 40 compreendido em profundidade. Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 41 A fraude contra credores, entretanto, a despeito de caracterizar um desvio funcional, tratada pela lei como vcio estrutural. H, porm, outras formas de fraude, alm da fraude contra credores. Os atos fraudulentos praticados antes da constituio do dbito, por exemplo, no caracterizam fraude contra credores, mas constituem abuso de direito, passvel de ser atacado mediante a incidncia da teoria da penetrao. Assim, quando afirmamos que o pressuposto da desconsiderao o abuso de direito, implicitamente, nele tambm inclumos a fraude.CLT: Art. 9o. Sero nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos preceitos contidos na presente Consolidao. 41 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 205. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 3140

WAGNER D. GIGLIO: 42 Na prtica atual, comprovada a fraude na administrao da empresa transferncia de bens e valores para os scios, seus parentes ou terceiros (laranjas), mesmo antes da ao -, em qualquer tipo de sociedade, os administradores so responsabilizados pelo total da dvida, aplicando-se a doutrina da desconsiderao da personalidade jurdica. FRANCISCO ANTONIO DE OLIVEIRA: 43 Todavia, suponha-se que um empresrio que durante alguns anos vai enxugando a pessoa jurdica, dilapidando o seu patrimnio e enriquecendo o patrimnio particular seu. Depois efetua a venda da empresa e alguns meses depois esta tem a sua falncia decretada. evidente a fraude, e nesse caso o cedente ser responsabilizado. A mesma hiptese pode ocorrer no caso de grupo econmico, em que o crdito do empregado est garantido pelo patrimnio do grupo (art. 2, 2, CLT). Determinada empresa do grupo tem o seu patrimnio dilapidado e em seguida vendida, tendo sido a falncia decretada meses depois. Os crditos dos empregados cedidos continuaro garantidos pelo patrimnio do grupo, em face da fraude. Jurisprudncia: EMENTA: EMBARGOS DE TERCEIRO CISO DE EMPRESA RESPONSABILIDADE PELOS DBITOS TRABALHISTAS O conjunto probatrio aponta para a hiptese de transformao da estrutura jurdica e transferncia de patrimnio entre empresas, situao enquadrada pelas normas dos arts. 10 e 448 da CLT. Ainda que a Executada tenha continuado a existir, a situao de penria patrimonial em que se encontra revela que a ciso, com transferncia de bens para a nova empresa, se no teve por intuito a fraude execuo, j que a reclamao s foi ajuizada posteriormente, resultou em fraude aos direitos trabalhistas do Exeqente (art. 9o/CLT). Agravo provido para declarar-se subsistente a penhora. (TRT 18a Regio, AP 1.448/99, Ac. 1.342/2000, Rel. Juiz Marcelo Nogueira Pedra. DJE 11.04.2000, p. 88) EMENTA: AGRAVO DE PETIO DO TERCEIRO-EMBARGANTE Prova colhida que demonstra terem, o agravante e o ex-scio da reclamada, seu pai, em conluio, promovido transferncia patrimonial do segundo para o primeiro, no demonstrada sequer a onerosidade da transao, com o intuito nico de, premeditadamente, inviabilizar o redirecionamento de execues trabalhistas contra o patrimnio dos scios, ante a manifesta insolvncia da empresa. Incidncia das disposies legais contidas nos arts. 158-59 do CPC e 9 da CLT. Nulidade da alienao que se confirma, mantendo-se a deciso agravada. Provimento negado. (TRT 4 Regio, AP 00356-2007-102-04-00-7, Ac. 3 T, Rel. Desembargadora Maria Helena Mallmann)

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Wagner D. Giglio, Direito processual do trabalho, 16 edio, Editora Saraiva, So Paulo, 2007, p. 545. Francisco Antonio de Oliveira, Execuo na Justia do Trabalho, 6 edio, Editora RT, So Paulo, 2007, p. 176. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010

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EMENTA: AGRAVO DE PETIO DA TERCEIRA EMBARGANTE CISO DE EMPRESAS RESPONSABILIDADE DA EMPRESA ORIGINADA DA CISO Ciso parcial da empresa responsvel pelos crditos trabalhistas do reclamante, SEG SERVIOS ESPECIAIS DE SEGURANA E TRANSPORTE DE VALORES S. A. (MASSA FALIDA), ocorrida aps a contratao do empregado. PROFORTE S. A. TRANSPORTE DE VALORES: empresa ora agravante, que tem origem na ciso, mediante incorporao de parte do patrimnio da empresa cindida. Responsabilidade solidria da empresa que se originou da ciso, declarada em primeiro grau de jurisdio, que se mantm, pelo fato de a agravante ter sido constituda mediante incorporao de substancial cota patrimonial da empresa cindida. Artigos 10 e 448 da CLT. Agravo de petio ao qual se nega provimento. (TRT 4 Regio, AP 00151-2004-122-04-00-3, Ac. 1 T, Rel. Desembargadora Maria Helena Mallmann) 14.) vivel liberar o depsito recursal para o reclamante no caso de falncia superveniente da executada? Sim. Fundamento legal: CLT, art. 899, 1o44 ; Instruo Normativa n 3 do TST (DJ 12-03-1993); 45 Consolidao dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justia do Trabalho - CPCGJT, art. 77. 46 Doutrina: ARI PEDRO LORENZETTI: 47 Havendo nos autos da ao trabalhista depsitos recursais, naturalmente efetivados antes da decretao da falncia (En. 86), tais valores devem ser utilizados,44

CLT: Art. 899. ... 1o. Sendo a condenao de valor at 10 vezes o valor-de-referncia regional, nos dissdios individuais, s ser admitido o recurso, inclusive o extraordinrio, mediante prvio depsito da respectiva importncia. Transitada em julgado a deciso recorrida, ordenar-se- o levantamento imediato da importncia do depsito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz. 45 Instruo Normativa n 3 do TST/1993: O Tribunal Superior do Trabalho, em sua composio Plena, sob a Presidncia do Excelentssimo Senhor Ministro Orlando Teixeira da Costa, considerando o advento da Lei n.o 8.542/1992, que em seu art. 8o. deu nova redao ao art. 40 da Lei n 8.177/1991, que altera o contido nos pargrafos dos art. 899 da CLT, baixa esta Instruo para definir a sua interpretao quanto ao depsito recursal a ser feito nos recursos interpostos perante a Justia do Trabalho. I - Os depsitos de que trata o art. 40, e seus pargrafos, da Lei no 8.177/1991, com a redao dada pelo art. 8o da Lei no 8.542/92, no tem natureza jurdica de taxa de recurso, mas de garantia do juzo recursal, que pressupe deciso condenatria ou executria de obrigao de pagamento em pecnia, com valor lquido ou arbitrado. ... II - ... f) com o trnsito em julgado da deciso condenatria, os valores que tenham sido depositados e seus acrscimos sero considerados na execuo. 46 CPCGJT, Art. 77. Cabe ao Juiz na fase de execuo: I - ordenar a pronta liberao do depsito recursal, em favor do reclamante, de ofcio ou a requerimento do interessado, aps o trnsito em julgado da sentena condenatria, desde que o valor do crdito trabalhista seja inequivocamente superior ao do depsito recursal, prosseguindo a execuo depois pela diferena. 47 Ari Pedro Lorenzetti, A responsabilidade pelos crditos trabalhistas, Editora LTr, So Paulo, 2003, p. 410. Cadernos da Escola Judicial do TRT da 4 Regio n 04-2010 33

primeiro, para pagamento do credor trabalhista, s devendo ser transferido massa eventual saldo. Jurisprudncia: EMENTA: AGRAVO DE PETIO FALNCIA LIBERAO DO DEPSITO RECURSAL AO AUTOR Com o trnsito em julgado da deciso exeqenda, o valor depositado para garantia do juzo passa a integrar o crdito do exeqente, podendo ser liberado em seu favor. A posterior falncia do executado no autoriza a remessa dessa quantia ao juzo universal falimentar. Agravo no provido. (TRT 4a Regio, AP. 01575.006/94, Ac. 5 T, 04.05.2000, Rel. Juiz Juraci Galvo Jnior. DOE 24.01.2000) EMENTA: MASSA FALIDA LIBERAO DO DEPSITO RECURSAL Hiptese em que invivel a liberao do depsito recursal em favor da agravante, porquanto no mais integrava seu patrimnio quando da decretao da falncia. Liberao em benefcio dos credores, por aplicao do artigo 899, pargrafo 1, da CLT. Provimento negado. (TRT 4 Regio, AP 00232-2003-008-04-00-8, Ac. 1 T, Rel. Desembargador Pedro Luiz Serafini) EMENTA: MASSA FALIDA LIBERAO DO DEPSITO RECURSAL O depsito recursal efetuado antes da decretao da falncia no integra o patrimnio da massa falida razo pela qual no subsiste a deciso que determina sua arrecadao ao juzo universal da falncia. Os valores recolhidos sob tal ttulo devem ser liberados ao exeqente, a teor do artigo 899, 1, da CLT. Agravo provido. (TRT 4 Regio, AP 00132-2002-025-04-00-6, Ac. 8 T, Rel. Desembargadora Maria Cristina Schaan Ferreira) EMENTA: DECRETAO DA FALNCIA LIBERAO DO DEPSITO RECURSAL Mostra-se vivel a liberao do depsito recursal ao exeqente quando este for efetuado antes da decretao da falncia da reclamada, porquanto no mais integrava seu patrimnio quando da quebra da empresa. (TRT 4 Regio, AP 01428-1999-005-04-00-3, Ac. 1 T, Rel. Desembargador Jos Felipe Ledur) 15.) possvel deferir arresto sem prova de dvida lquida e certa? Sim. Quando o executado comete de atos fraudulentos. Ou quando o dbito trabalhista incontroverso. Doutrina: OVDIO A. BAPTISTA DA SILVA: 48 Nenhuma nao moderna, nem mesmo Portugal, de onde copiamos este injustificvel pressuposto para o arresto, contm preceito semelhante, restringindo a48 Ovdio A. Baptista da Silva, Curso de processo civil, vol. 2, 4 edio, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2008, p. 195.

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concesso da medida cautelar apenas aos crditos representados documentalmente e, alm disso, lquidos e certos. Em verdade, alm da limitao imposta pelo art. 814, contm esse dispositivo um disparate lgico, dado que, no domnio da tutela de simples segurana, liquidez e certeza so categorias inimaginveis. O juiz do processo cautelar nunca poderia exigir e muito menos declarar que tal ou qual dvida seria ou no lquida e certa. Os juzos de certeza opem-se ao conceito de verossimilhana com que o julgador haver necessariamente de operar, quando esteja a tratar de tutela cautelar. CARLOS ALBERTO ALVARO DE OLIVEIRA e GALENO LACERDA: 49 O arresto reclama exegese sistemtica e integradora com o poder cautelar geral do juiz, poder que a tudo supera, na discrio de tutela emanada dos imperativos do caso concreto e da misso instrumental do processo para a realizao da justia. Nestas condies, ou se interpretam os dispositivos sobre o arresto com elasticidade, ou aplicar-se-o hiptese sub judice as regras relativas ao poder cautelar geral e ao procedimento, constante, estas dos arts. 801 e seguintes do Cdigo. Fica assim a critrio do juiz dispensar, at, a cauo do art. 804, se as circunstncias do caso o convencerem da necessidade de conceder o arresto liminar, sem preocupar-se com a discriminao casustica dos arts. 813 e 814, pois poderia faz-lo, de qualquer modo, no uso do poder genrico de proteo e segurana, endossado expressamente pelo disposto no art. 812. Quanto ao nome que, neste caso, se der medida, o que menos importa. Jurisprudncia: EMENTA: EXECUO ARRESTO Tem lugar o arresto de bens, ainda que inexistente prova literal da dvida lquida e certa, quando devidamente justificado o cometimento de artifcios considerados fraudulentos, a fim de lesar credores. (TRT 2a Regio, RO 63.560/99, Ac. 3a T, 10.02.2001, Rel. Juiz Dcio Sebastio Daidone. Revista Trimestral de Jurisprudncia do TRT de So Paulo, n 25, jun.2001, p. 147) EMENTA: MANDADO DE SEGURANA AO CAUTELAR DE ARRESTO RECEBIDA COMO CAUTELAR INOMINADA. DEFERIMENTO DE PEDIDO LIMINAR PARA CONSTRIO DE AUTOMVEIS A alegao de que a requerente da ao cautelar no produziu prova literal de dvida lquida e certa, da insolvncia da empresa ou, ainda, da tentativa de alienao de bens no autoriza a concesso da segurana. Cabia impetrante a juntada com a petio inicial de prova definitiva de que sua situao econmica no aquela descrita na ao cautelar, nus do qual no se desincumbiu. Segurana parcialmente concedida para confirmar deciso liminar que determinou liberao de veculo no objeto do pedido de arresto. (TRT 4 Regio, MS 00271-2006-000-04-00-7, Ac. 1 T, Rel. Desembargador Jos Felipe Ledur)

49 Carlos Alberto Alvaro de Oliveira e Galeno Lacerda, Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, vol. 8, tomo 2, 8 edio, Editora Forense, Rio de Janeiro, 2007, p. 40-41.

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EMENTA: ARRESTO A demandada reconhece no ter pago as verbas rescisrias e o atraso no pagamento dos salrios dos seus empregados, os quais sero objeto de execuo no processo em que efetuado acordo para o seu adimplemento. Reconhece, ainda, estar passando por uma situao delicada que lhe trouxe prejuzos. O sindicato dos empregados ajustou acordo coletivo com a cooperativa em face da atual conjuntura econmica autorizando a reduo da jornada de trabalho ou o nmero de dias trabalhados. Ainda assim, a demandada est em dbito com os salrios dos seus empregados. H necessidade da providncia acautelatria, pois presente a probabilidade de que a dem