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EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 1

Ficha técnica

Titulo

Estratégia de eficiência energética em PME

Autores

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia

Carboneutral

ADENE – Agência para a Energia

Coordenação

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

AEP – Associação Empresarial de Portugal

Edição

IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

ISBN: 978-989-8644-00-8

novembro 2012

Apoio

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Índice

Índice de figuras ........................................................................................................................ 4

Índice de tabelas ....................................................................................................................... 5

Siglas .......................................................................................................................................... 6

Prefácio ......................................................................................................................................... 7

PARTE I - Introdução...................................................................................................................... 9

1. O projeto EFINERG .............................................................................................................. 10

2. Enquadramento................................................................................................................... 12

3. A eficiência energética no contexto do projeto EFINERG ................................................... 27

4. Posicionamento da eficiência energética nas empresas EFINERG - Análise SWOT ............ 36

PARTE II - Estratégia .................................................................................................................... 39

1. Introdução ........................................................................................................................... 40

2. Eficiência energética associada aos produtos ......................................................................... 41

2.1. Abordagem setorial .......................................................................................................... 41

2.1.1. Eficiência energética dos produtos agroalimentares ................................................ 41

2.1.1.1. O setor agroalimentar ........................................................................................ 41

2.1.1.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos agroalimentares ......... 44

2.1.1.3 Medidas estratégicas a desenvolver para o setor agroalimentar e formas de

implementação ............................................................................................................... 44

2.1.2. Eficiência energética dos produtos da cerâmica e do vidro ..................................... 45

2.1.2.1. O setor cerâmico ................................................................................................ 45

2.1.2.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos cerâmicos ................... 48

2.1.2.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor cerâmico e formas de

implementação ............................................................................................................... 49

2.1.3. Eficiência energética dos produtos do setor das madeiras, mobiliário e cortiça ..... 50

2.1.3.1. O setor das madeiras, mobiliário e cortiça ........................................................ 50

2.1.3.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos de madeira e cortiça ... 53

2.1.3.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor da madeira e mobiliário e

formas de implementação .............................................................................................. 55

2.1.4. Eficiência energética dos produtos da metalomecânica .......................................... 56

2.1.4.1. O setor metalomecânico .................................................................................... 56

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2.1.4.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos metalomecânicos ....... 58

2.1.4.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor metalúrgico e

metalomecânico e formas de implementação ............................................................... 59

2.1.5. Eficiência energética dos produtos do setor têxtil e do vestuário ............................ 60

2.1.5.1. O setor têxtil e vestuário .................................................................................... 60

2.1.5.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos têxteis e do vestuário . 62

2.1.5.3 Medidas estratégicas a desenvolver para o setor têxtil e vestuário e formas de

implementação ............................................................................................................... 63

2.2. Abordagem transversal .................................................................................................... 64

2.2.1. Criar incentivos à comercialização de produtos mais eficientes .............................. 64

2.2.2. Promoção de sistemas e ferramentas de marketing, disseminação e divulgação de

produtos eficientes ............................................................................................................. 65

2.2.3. Revisão de enquadramentos legais ........................................................................... 66

2.2.4. Sensibilização ............................................................................................................ 66

2.2.5. Formação ................................................................................................................... 67

2.2.6. Recomendações e resultados a esperar relativos ao produto .................................. 67

3. Eficiência energética nos processos produtivos ..................................................................... 68

3.1. Potencialidades de poupança de energia nos processos produtivos .............................. 68

3.1.1. Ao nível da gestão ..................................................................................................... 68

3.1.2. Ao nível dos sistemas, operações e equipamentos .................................................. 74

3.2. Proposta de medidas estratégicas orientadas para a poupança de energia nos processos

produtivos ............................................................................................................................... 99

3.2.1. Conceção/design de processos industriais para a eficiência energética .................. 99

3.2.2. Incentivos ao investimento ..................................................................................... 100

3.2.3. Incentivos fiscais e financeiros ................................................................................ 104

3.2.4. Programas de sensibilização/informação e ações de demonstração ..................... 105

3.2.5. Redes colaborativas ................................................................................................ 106

3.2.6. Aconselhamento empresarial ................................................................................. 106

4. Condições para a implementação da estratégia ................................................................... 107

4.1. Agentes a envolver ......................................................................................................... 107

4.2. Recomendações ............................................................................................................. 109

5. Fontes bibliográficas ......................................................................................................... 112

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Índice de figuras

Figura 1. Politicas Públicas para o Mercado Energético ............................................................. 13

Figura 2. Emissões mundiais de CO2 por consumo de energia e por cenário do WEO 2011 ...... 15

Figura 3. Metas da União Europeia para 2020 ............................................................................ 17

Figura 4. Objetivos da Estratégia Nacional para a Energia 2020 ................................................ 18

Figura 5. Eixos da Estratégia Nacional da Energia 2020 .............................................................. 19

Figura 6. Áreas Específicas abrangidas pelo PNAEE .................................................................... 21

Figura 7. Vetores de atuação do PNAEE ...................................................................................... 22

Figura 8. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade ........... 23

Figura 9. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade, em tep

..................................................................................................................................................... 23

Figura 10. Evolução do consumo total de energia. em tep ......................................................... 30

Figura 11. Evolução do consumo total de energia, por tipo de energia ..................................... 31

Figura 12. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2000) ..................... 32

Figura 13. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2010) ..................... 32

Figura 14 - Evolução do preço da energia elétrica ...................................................................... 35

Figura 15. Perspetiva de ciclo de vida ......................................................................................... 40

Figura 16. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas agroalimentares do

projeto EFINERG .......................................................................................................................... 42

Figura 17. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do

vidro. ........................................................................................................................................... 47

Figura 18. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da madeira,

mobiliário e cortiça ..................................................................................................................... 52

Figura 19. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do

vidro ............................................................................................................................................ 56

Figura 20. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG do setor têxtil e

vestuário ...................................................................................................................................... 61

Figura 21. Especificidades do transporte em frota própria ........................................................ 96

Figura 22. Conhecimento dos sistemas de incentivos .............................................................. 101

Figura 23. Ideia que as empresas têm dos sistemas de incentivo ............................................ 103

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Índice de tabelas

Tabela 1. Eixos da Estratégia Nacional da energia 2020 ............................................................. 20

Tabela 2. Medidas transversais selecionadas para o aumento da eficiência energética da

Indústria Portuguesa ................................................................................................................... 24

Tabela 3. Medidas Setoriais para o aumento da eficiência energética ...................................... 25

Tabela 4. Caraterização dos setores EFINERG e da Indústria Transformadora, 2009 ............ Erro!

Marcador não definido.

Tabela 5. Variação do peso dos diferentes tipos de energia no balanço energético total entre

2000 e 2010 ................................................................................................................................. 33

Tabela 6. Evolução do consumo dos tipos de energia por setor de atividade, entre 2000 e 2010

..................................................................................................................................................... 34

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Siglas

ADENE Agência para a Energia

AdI Agência de Inovação

AIE Agência Internacional de Energia

AIMMAP Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal

AVAC Aquecimento, ventilação e ar condicionado

BREF Documento de referência sobre as MTD

CAE Classificação das atividades económicas

CATIM Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica

DGEG Direção Geral de Energia e Geologia

ENE Estratégia Nacional de Energia

EU2020 Estratégia Europa 2020

EuP Energy Using Product

GEE Gases com efeito estufa

GPS Global Positioning System

I&DT Investigação e Desenvolvimento Tecnológico

IAPMEI Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação

ISO International Organization for Standardization

ISP imposto sobre os produtos petrolíferos

IVA Imposto sobre o valor acrescentado

LED Light emitting diode

LNEG Laboratório Nacional de Energia e Geologia

MTD Melhores técnicas disponíveis

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

ONG Organização não-governamental

PME Pequena e Média Empresa

PNAC Plano Nacional para as Alterações Climáticas

PNAEE Plano Nacional para a Eficiência Energética

PNAER Plano Nacional de Ação para as Energias Renováveis

PNALE Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão

PQ Programa quadro

PRODER Programa de desenvolvimento rural de apoio ao setor florestal e agro-florestal

QREN Quadro de Referência Estratégico Nacional

RECET Rede de Centros Tecnológicos de Portugal

SCTN Sistema Científico e Tecnológico Nacional

SGCIE Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities, and Threats

tep Tonelada equivalente de petróleo

UE União Europeia

VAB Valor Acrescentado líquido

VEV Variadores eletrónicos de velocidade

WEO World Energy Outlook

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Prefácio

As preocupações com o desenvolvimento sustentável fazem cada vez mais parte das grandes inquietações da população mundial, sendo objeto de grande cuidado ao nível político, contando com uma forte presença nas grandes decisões dos líderes em todo o mundo.

É um longo caminho, mas que deverá contar com a participação ativa dos agentes da sociedade civil e, sobretudo, do meio empresarial. A AEP – Associação Empresarial de Portugal, Câmara de Comércio e Indústria, desenvolveu ao longo dos últimos anos um conjunto assinalável de iniciativas que visam a dinamização do tecido empresarial nacional, cujos resultados contribuem de forma objetiva para a sustentabilidade empresarial, promovendo simultaneamente a sua competitividade. O presente projeto EFINERG dedicou-se à melhoria do desempenho energético das PME, sendo esta uma das áreas de grande preocupação ao nível da sustentabilidade, quer pela redução da utilização dos recursos do planeta, quer pela redução de emissões com efeitos muito nocivos na sustentabilidade ambiental, quer ainda pela redução dos custos para todo o ciclo de vida do produto. Este projeto é um exemplo das preocupações da AEP, sendo os seus resultados de grande utilidade para a melhoria da competitividade das empresas e, em particular, das PME.

Ao longo de cerca de dois anos de trabalho, que compreendeu a recolha de informação de boas práticas ao nível internacional e ao nível nacional, de recolha de informação junto das PME e das melhores práticas disponíveis foi possível verificar a presença de lacunas na implementação de medidas de eficiência energética, a que o presente documento pretende agora dar solução. Note-se que as lacunas estão presentes a diversos níveis, sejam estes no contexto das decisões políticas, sejam ao nível da sensibilização para a implementação prática de soluções nas empresas.

Num ambiente competitivo global mais exigente, as empresas necessitam de apoios e de ferramentas que promovam a sua competitividade e apostem em fatores dinâmicos de desenvolvimento. A evolução do preço da energia torna-se cada vez mais um fator crítico para as empresas. Uma atitude preventiva e atempada na área da eficiência energética é, sem dúvida, determinante para o sucesso das empresas face à sua presença no mercado global.

O presente documento reúne, assim, de forma integrada, informação especializada na temática da eficiência energética, bem como informação sobre as políticas de energia, resultando num conjunto de orientações com vista à redução da fatura de energia das empresas e do país.

Espera-se que possa constituir uma ferramenta útil e um estímulo à adoção de comportamentos amigáveis, com evidentes benefícios para as empresas, para a sociedade e para o planeta que habitamos.

José António Ferreira de Barros Presidente da AEP

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Prefácio

A visão para um crescimento sustentável da economia europeia como um todo, passa hoje, inequivocamente, por recentrar a importância da indústria e das suas empresas no contexto da atividade económica, como o atesta a recente Comunicação da Comissão Europeia COM (2012) 582 final “Reforçar a indústria europeia em prol do crescimento e da recuperação económica”. Esta perspetiva, partilhada no plano nacional pelo Ministério da Economia e do Emprego, tem vindo a ser operacionalizada no terreno através de iniciativas de natureza distinta mas convergentes e complementares.

Estamos perante uma nova abordagem à política industrial que assumidamente se cruza de forma incontornável com a política energética, fator de peso na competitividade das empresas industriais. De facto, não só para muitas empresas o custo da energia se está a tornar cada vez mais importante, como a subida de preços deste fator tem sido significativa e superior para a indústria europeia face ao verificado em países industrializados de outras regiões. É por isso natural que crescentemente se defenda a adoção de políticas energéticas orientadas, entre outros, para uma maior diversificação das fontes de energia e para uma eficiência energética acrescida.

Para o IAPMEI, sempre empenhado no desenvolvimento de novas iniciativas de apoio à competitividade e inovação empresariais e na garantia da sua oportunidade e eficácia, o reconhecimento atual da centralidade deste tema e da sua importância para as PME industriais vem validar o objetivo central do Projeto EFINERG, que foi alavancar o potencial de eficiência energética no tecido empresarial dos setores abordados, sensibilizando-o para toda a cadeia de valor. Esta aposta foi ganha através da dinamização e do extenso trabalho colaborativo com todos os parceiros envolvidos, empresas incluídas. Mas, mais importante do que este alinhamento estratégico, o IAPMEI regista com enorme apreço os resultados alcançados seja na sistematização do conhecimento e no reforço das redes de entidades que atuam junto das empresas, seja sobretudo nos benefícios para as próprias empresas.

Efetivamente o trabalho efetuado no terreno permitiu a identificação de medidas de melhoria de eficiência energética e a caraterização energética dos setores abordados, elementos fundamentais à definição da presente estratégia.

É convicção do IAPMEI que esses resultados, a par das iniciativas de sensibilização desenvolvidas no terreno, contribuem decisivamente para responder à necessidade sentida pelas PME em encontrar instrumentos que, no campo da eficiência energética, facilitem e assistam as suas estratégias de inovação, competitividade e crescimento internacional.

Finalmente é desejável que estes resultados mais do que um ponto de chegada constituam uma plataforma de partida para uma atuação mais proativa, consistente e coerente das entidades públicas e privadas rumo à sustentabilidade empresarial e da economia como um todo.

Luis Filipe Costa Presidente do IAPMEI

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 9

PARTE I - Introdução

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 10

1. O projeto EFINERG

Observando a fatura anual de energia da UE ou de Portugal percebe-se que a energia

representa hoje um valor significativo e relevante para um país ou para uma empresa.

Contudo, uma grande parte dessa energia continua a ser desperdiçada, por falta de eficiência

dos equipamentos ou de ausência de sensibilização dos utilizadores, traduzindo-se em custos

sem benefícios, tanto a nível da produção como da utilização. Este enorme capital

desperdiçado poderia ser utilizado para outros fins, como o desenvolvimento de novas

práticas, tecnologias e investimentos eficientes do ponto de vista energético.

Em mercados que se apresentam cada vez mais concorrenciais e com uma dimensão global, é

fundamental que todos os fatores de produção sejam otimizados para que se criem vantagens

competitivas perante os concorrentes.

O projeto EFINERG perseguiu estas preocupações, procurando recolher informação e criar

ferramentas facilitadoras da melhoria da eficiência energética tendo como suporte informação

que traduz a realidade das PME, as suas debilidades, as suas preocupações, mas também as

suas ambições em termos de melhoria da sua competitividade.

A informação produzida e os saberes recolhidos ao longo do projeto EFINERG encontram-se

reunidos e organizados nos documentos elaborados no decurso do mesmo, tendo servido de

base ao desenvolvimento da presente estratégia. Pretende-se que esta seja um incentivo às

empresas no que respeita à melhoria do desempenho energético e uma orientação para

políticas de incentivo para práticas de eficiência energética.

É também objetivo deste documento propor uma estratégia de abordagem à eficiência

energética dos setores e gama de consumos estudados, com uma clara orientação para a

implementação prática de medidas devidamente alinhadas com o PNAEE e dedicadas às PME.

Por outro lado, a consolidação da informação recolhida junto das PME e das entidades

públicas e privadas relevantes em matéria de energia em Portugal, na UE e na OCDE, permitiu

conhecer mais aprofundadamente as orientações e políticas em matéria de eficiência

energética e possibilitou estabelecer conclusões no que respeita à sua adequabilidade para

aplicação nas PME.

Considerando a importância atual que a eficiência energética assume em cada região, em cada

setor de atividade e em cada empresa, a estratégia aqui apresentada contribui para que

possam ser atingidos os objetivos do PNAEE, no que respeita à redução da intensidade

energética e carbónica das atividades empresariais, bem como à melhoria da sustentabilidade

e da competitividade do tecido empresarial das PME.

O projeto EFINERG foi implementado tendo por base uma lógica de bottom-up, procurando

auscultar as PME e perceber o seu grau de sensibilização e práticas em matéria de eficiência

energética, seguido de uma visão setorial, onde foi possível perceber o perfil de consumo de

energia em cinco setores e finalmente foram analisadas as políticas nacionais e europeias, bem

como as boas práticas internacionais de eficiência energética em PME. Esta abordagem

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 11

permitiu aprofundar o conhecimento sob diferentes perspetivas, enriquecendo as conclusões

presentes também neste documento. Das dimensões abordadas neste projeto destacam-se a

eficiência energética em PME, a eficiência energética a nível setorial e a nível internacional.

As cerca de 100 empresas alvo de diagnóstico (recolha e tratamento de informação), são PME

situadas nas Regiões Norte, Centro e Alentejo, de cinco setores de atividade - Têxtil e

Vestuário, Metalomecânica, Madeira, Mobiliário e Cortiça, Vidro e Cerâmica e Agroalimentar -,

com consumos energéticos significativos, sobretudo entre os 250 e os 500 tep, e com potencial

de melhoria de eficiência energética.

A realização do diagnóstico consistiu na recolha de dados de consumos de energia através da

resposta a um inquérito e na realização de algumas medições de consumo de energia. O

tratamento dos dados recolhidos permitiu consolidar a informação de consumos por empresa,

contribuindo para a caraterização de cada setor. No entanto, para alguns setores de atividade

(ou mesmo subsetores) os consumos previamente estabelecidos (entre 250 e 500 tep),

revelaram-se uma limitação tendo em consideração que tipicamente os consumos se situavam

muito acima ou muito abaixo. No entanto, de acordo com os objetivos, importava retratar a

realidade do consumo de energia, e desta forma, para alguns casos a gama de consumo

previamente estabelecida foi alargada, possibilitando também uma maior abrangência e uma

maior diversidade de empresas, enriquecendo desta forma o resultado final.

Como resultado da recolha de informação junto das empresas, foram elaborados 5 relatórios

setoriais que caraterizam cada um dos 5 setores em estudo, onde para além dos dados gerais

do setor, é possível constatar com detalhe o perfil de consumo de energia das empresas do

setor e de subsetores, podendo desta forma este documento constituir um suporte de

benchmarking setorial, sendo esta uma informação relevante para as PME.

Para além desta informação, estes documentos consolidam as medidas de eficiência

energética com potencial de economia por área e/ou por subsetor de atividade, constituindo

este suporte como um documento de trabalho para as empresas do setor.

Finalmente, como resultado da experiência acumulada neste projeto e em iniciativas similares,

são apresentados casos de sucesso com exemplos práticos de eficiência energética bem como

são identificadas boas práticas e tecnologias de eficiência energética com resultados

comprovados.

Foi também evidente que Portugal segue, tal como os restantes países europeus, orientações

e diretivas europeias em matéria de energia e em particular de eficiência energética, pelo que,

neste âmbito as empresas europeias deveriam andar a um ritmo semelhante. No entanto,

constatou-se no estudo realizado, que no caso da indústria, as iniciativas de eficiência

energética se encontram em fase de estudo e expansão de aplicação de medidas, não sendo

ainda possível uma análise comparativa dos resultados através de indicadores ao nível dos

consumos de energia da empresa e consequentemente ao nível do setor. No entanto, a

recolha de informação realizada permitiu concluir que ao nível internacional existe uma

preocupação na aplicação de práticas de eficiência energética, sendo estas de iniciativa

empresarial com vista à melhoria da competitividade pela redução de custos dos fatores

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 12

produtivos, ou pela pressão colocada quer pelo incentivo direto ao investimento nesta área,

quer pelo incentivo fiscal indexado à redução da intensidade energética e/ou da intensidade

carbónica.

Deste trabalho, para além dos relatórios de diagnóstico-flash em eficiência energética para as

PME alvo e da presente estratégia, resultaram, em síntese, ainda a produção dos seguintes

documentos:

Relatório de Estudo contendo uma análise setor a setor e uma síntese dos resultados

obtidos;

Planos setoriais de melhoria de eficiência energética incluindo a caraterização dos

setores abordados e casos de sucesso;

Benchmarking internacional;

Visão prospetiva.

2. Enquadramento

O mundo enfrenta claramente duas grandes ameaças num panorama energético global. Por

um lado, a obtenção da energia a preços competitivos e, por outro, os efeitos negativos no

ambiente como consequência da procura e consumos energéticos crescentes.

É cada vez mais urgente conter o crescimento da procura de energia fóssil, aumentar a

diversidade geográfica e de abastecimento de combustível e atenuar as emissões de CO2 para

a atmosfera. A criação de cenários energéticos alternativos e a definição de estratégias para

uma energia mais limpa e competitiva no futuro é uma necessidade

A implementação de políticas públicas neste sentido garantirá a redução da taxa de procura

dos combustíveis fósseis, de emissões para a atmosfera e de conservação dos recursos

naturais, para além de que o custo económico associado a estas políticas será absorvido e

ultrapassado pelos benefícios de utilização e produção de energia de forma mais eficiente.

Esta atual e crescente preocupação em termos ambientais e energéticos têm conduzido,

acompanhada da redução de emissões poluentes, a uma melhoria contínua na eficiência de

sistemas e equipamentos, visando a melhor utilização e aproveitamento da energia disponível.

A grande aposta do futuro em termos energéticos recairá, sem dúvida, sobre o aumento da

eficiência energética, sobre a diminuição da intensidade energética e sobre a diminuição da

intensidade carbónica.

Em todos os setores de atividade, enquadrados em mercados cada vez mais concorrenciais e

de dimensão global, existe uma necessidade premente de que todos os fatores produtivos

sejam otimizados pela implementação de boas práticas energeticamente eficientes, criando-se

assim vantagens competitivas minimizando o risco de perda de competitividade das empresas.

Todas as indústrias dos diferentes setores de atividade que Portugal possui terão que consumir

menos energia por cada unidade de riqueza que gerarem, sendo que, de nada vale uma

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 13

redução de consumo energético associada a uma diminuição de volume de produção ou de

riqueza criada.

Atualmente, as empresas desenvolvem um papel que pode ser considerado mais importante

do que o do governo central. As grandes indústrias já atuam sobre uma estratégia conducente

a um bom desempenho em termos energéticos, mantendo uma atenção constante e próativa

em questões de eficiência energética e de incentivos financeiros existentes, percebendo assim

a redução dos custos energéticos como um imperativo da competitividade, no mercado global

atual.

Nas PME há um caminho a percorrer atendendo a que num grande número de casos, o tema

da eficiência energética não constitui ainda uma prioridade, encontrando a lei vigente alguns

obstáculos à sua aplicação. Assim sendo, o interesse pela eficiência energética é assumido ao

mais alto nível, traduzindo-se já hoje em políticas públicas que procuram estimular

investimentos neste domínio

Políticas públicas

Na área da energia foram recentemente implementadas em Portugal políticas públicas

enquadradas no âmbito das desenvolvidas pela União Europeia (figura1) por entidades com

influência política no mercado energético.

Figura 1. Politicas Públicas para o Mercado Energético

World Energy Outlook

2011

Roadmap 2050

Estratégia Europa 2020

Estratégia Nacional

para Energia

2020

PNAEE

Medidas Eficiência Energética

para a Indústria

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 14

World Energy Outlook

A Agência Internacional de Energia (AIE), enquanto organismo autónomo criado no âmbito da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), desenvolve um

extenso programa de cooperação energética entre os seus 28 países membros. Anualmente

com a sua publicação de destaque o World Energy Outlook (WEO) oferece uma análise e uma

visão dos mercados mundiais de energia atuais e para os próximos 25 anos.

Na edição de 2011, o WEO disponibiliza as mais recentes projeções em termos da oferta e da

procura de energia para vários cenários futuros, detalhados por países, setores e tipos de

combustível, para além de desenvolver algumas questões mais específicas ligadas ao setor

energético, a referir:

As perspetivas energéticas da Rússia e as suas consequências para os mercados

mundiais.

O papel do carvão no desenvolvimento económico de um mundo com restrições de

emissões.

As implicações de um possível atraso de investimento nos setores do petróleo e do gás

no Médio Oriente e no Norte de África.

Em que medida a manutenção de uma infraestrutura altamente consumidora de

carbono está a dificultar o êxito da meta climática dos 2°C e a torná-la mais onerosa.

O nível de subsídios às energias fósseis e o apoio às energias renováveis, assim como o

seu impacte nas tendências da energia, da economia e do ambiente.

Um “Cenário Nuclear Baixo” para perceber as implicações no panorama mundial da

energia de uma redução rápida da utilização da energia nuclear.

A escala e o tipo de investimentos necessários para oferecer uma energia moderna aos

milhares de milhões de pobres no mundo que não dispõem desse acesso.

O World Energy Outlook 2011 inclui a análise de três cenários globais e de múltiplos estudos

de caso. O Cenário das Novas Políticas – cenário central do documento - assume a

implementação de novas políticas governamentais de forma cautelosa, ainda que não

assentem em medidas sólidas. Neste cenário a eficiência energética aumenta a um ritmo que

corresponde ao dobro dos últimos 25 anos, sendo estimulada pela aplicação de medidas em

todos os setores de atividade e também pela redução gradual de recurso aos combustíveis

fósseis.

Por sua vez, o Cenário das Políticas Atuais garante que às medidas assumidas até meados de

2011 não serão acrescentadas mais medidas. O cenário a utilizar em termos comparativos com

o das Novas Políticas, ilustra o valor dos novos compromissos e planos definidos.

Para cumprir o acordo de limitar a 2oC o aumento da temperatura global do planeta, o WEO

apresenta o Cenário 450, como sendo um compromisso assumido pelos governos a longo

prazo para o limite da concentração dos gases com efeito de estufa na atmosfera a 450 ppm

de CO2 equivalente. Neste cenário o ritmo de mudança é rápido e conta com melhorias de

eficiência que representam metade da redução adicional de emissões, sendo que a maior

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 15

contribuição para atingir a segurança energética e os objetivos definidos para o clima advém

da energia que não é consumida.

A AIE nas diversas apresentações públicas que fez do documento deixou o alerta de que sem

uma modificação radical das políticas públicas, o mundo encerrar-se-á num sistema energético

inseguro, ineficiente e com elevada intensidade de carbono, pelo que é premente efetuar as

reformas necessárias enquanto ainda há tempo para atuar.

"Se não for concretizada uma ação internacionalmente coordenada até 2017, estimamos que

todas as emissões de dióxido de carbono no terceiro cenário serão oriundas de infraestruturas

existentes nessa altura, pelo que todas as novas infraestruturas até 2035 teriam de ter

emissões zero. Teoricamente, isto seria possível a um custo muito elevado, mas provavelmente

não seria praticável em termos políticos.”

AIE – 11.Nov.2011

A figura 2 traduz graficamente as emissões mundiais de CO2 previstas nos três cenários

apresentados no WEO 2011.

Figura 2. Emissões mundiais de CO 2 por consumo de energia e por cenário do WEO 2011

Roadmap 2050

O Roadmap 2050 desenvolvido pela Comissão Europeia define a estratégia para alcançar um

setor energético seguro, competitivo e hipocarbónico.

Com uma meta a alcançar de redução de mais de 80% das emissões de carbono até 2050, este

documento indica o caminho a seguir sem que o aprovisionamento e a competitividade

possam sair prejudicados.

São vários os cenários analisados no Roadmap 2050, nos quais se exploram as consequências

de um sistema energético isento de carbono e paralelamente se define um quadro de políticas

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 16

necessário para o efeito. O Roadmap constitui um guia de orientação para os Estados

Membros em tomadas de decisão no setor energético, no sentido de se conseguir criar um

clima de estabilidade empresarial para o investimento privado num horizonte até 2030.

A descarbonização do sistema energético defendida pelo Roadmap 2050 é uma solução

técnica e economicamente viável, desempenhando a eficiência energética, as energias

renováveis e a abordagem europeia comum que integra um mercado comum de energia, um

papel crucial na sua concretização.

A prioridade de um cenário de descarbonização deve permanecer sobre a eficiência energética

em medidas ambiciosas não só ao nível da eficiência energética, mas também de políticas de

otimização de custos.

Estratégia Nacional para a Energia 2020

Na área da energia foram recentemente implementadas em Portugal políticas públicas que se

baseiam num documento principal, a Estratégia Nacional para a Energia1 (ENE2020) e num

documento acessório, mas igualmente representativo, o Plano Nacional para as Alterações

Climáticas (PNAC).

A agenda da ENE tem como horizonte o ano de 2020 e está enquadrada no âmbito da União

Europeia (UE), na vertente referente à energia e às alterações climáticas da Estratégia Europa

2020 (EU2020) que define as seguintes metas até 2020 (figura 3):

Emissões de gases com efeito de estufa (GEE) 20% inferiores ao nível atingido em

1990;

20% da energia proveniente de fontes renováveis no consumo global;

Redução de 20% de consumo energético, por aumento da eficiência energética.

1 Resolução do Conselho de Ministros Nº 29/2010, de 15 de abril

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 17

Figura 3. Metas da União Europeia para 2020

Pelo posicionamento que Portugal tem vindo a ocupar, entre os principais líderes no

desenvolvimento das energias renováveis e na promoção integrada da eficiência energética, a

ENE 2020 constitui mais um impulso para que o país continue na liderança da sustentabilidade

energética pelo cumprimento dos objetivos governamentais definidos e enquadrados nas

políticas energéticas europeias, garantindo também a segurança de abastecimento e a

desejada sustentabilidade económica e ambiental do modelo energético.

A Estratégia Nacional para a Energia prevê alcançar os resultados apontados na figura 4.

METAS UE

PARA 2020

20%

Peso das Renováveis no consumo de

energia final

20%

Aumento da eficiência energética

20%

Redução de gases de efeito de estufa

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 18

Figura 4. Objetivos da Estratégia Nacional para a Energia 2020

São cinco os eixos, que se complementam mutuamente, em que a ENE 2020 centra a sua

estratégia conforme apresentado na figura 5.

• Passar de 83%, em 2008, para 74% em 2020 – equivalente a poupança de 95M barris de petróleo.

1.

Reduzir a dependência energética de Portugal face ao exterior

• 31% de fontes de energia renovável no consumo de energia final.

• Redução de 20% do consumo de energia final.

2.

Cumprir os compromissos para 2020 assumidos por Portugal no contexto europeu

• Redução de 25% face a 2008 – equivalente a redução de importações de 2.000 M € anuais (2020).

3.

Reduzir o saldo importador energético com a energia produzida a partir de fontes endógenas

• Assegurar um Valor Acrescentado Bruto de 3.800 M € em 2020.

• Criar mais 100.000 novos postos de trabalho, a acrescer aos 35.000 já existentes.

4.

Consolidar o cluster das energias renováveis em Portugal

• Assegurar a criação de 21.000 novos postos de trabalho.

• Gerar um investimento previsível de 13.000 M € até 2020 e exportações adicionais de 400M €.

5.

Continuar a desenvolver os sectores associados à promoção da eficiência energética

• Criar condições para o cumprimento das metas de redução de emissões assumidas pelo País.

6.

Promover o desenvolvimento sustentável

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 19

Figura 5. Eixos da Estratégia Nacional da Energia 2020

Na tabela 1 apresenta-se uma breve descrição dos eixos e prioridades da Estratégia Nacional

de Energia.

ESTRATÉGIA NACIONAL DA ENERGIA 2020

Eixo1

Agenda para a competitividade, o crescimento e a independência

energética e financeira

Eixo 2

Aposta nas energias

renováveis

Eixo 3

Promoção da eficiência energética

Eixo 4

Garantia da segurança de abastecimento

Eixo 5

Sustentabilidadeda estratégia

energética

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 20

1 Agenda para a competitividade, o crescimento e a independência energética e financeira

A ENE 2020 constitui uma agenda para a competitividade, o crescimento e a independência energética e financeira do país.

2 Aposta nas energias renováveis

Uma aposta nas energias e nas fontes renováveis de forma a obter delas 31% de toda a energia e 60% da eletricidade consumida em Portugal em 2020.

3 Promoção da eficiência energética Promoção da Eficiência Energética consolidando o objetivo de redução de consumo da energia final em 10% até 2015 e 20% em 2020.

4 Garantia da segurança de abastecimento

Assegurar a garantia da segurança de abastecimento através da diversificação do “mix” energético, quer no que diz respeito às fontes quer às origens do abastecimento.

5 Sustentabilidade da estratégia energética

Sustentabilidade económica e ambiental, promovendo a redução de emissões e a gestão equilibrada dos custos e dos benefícios da sua implementação

PNAEE - Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética

O Eixo 3 da Estratégia Nacional para a Energia 2020 – Promoção da eficiência energética é

considerado com um dos principais objetivos globais da política energética nacional e está

consubstanciado no Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética (PNAEE)2 (documento

atualmente em revisão), também designado “Portugal Eficiência 2015”, que integra as políticas

e as medidas de eficiência energética a implementar.

O PNAEE estabelece como meta a alcançar até 2015 a implementação de medidas de

eficiência energética equivalentes a redução de 10% do consumo final de energia, nos termos

previstos na Diretiva Nº 2006/32/CE de 5 de abril, do Parlamento Europeu e do Conselho

relativa à eficiência na utilização final de energia e aos serviços energéticos. Este documento

engloba um conjunto alargado de programas e respetivas medidas consideradas como

fundamentais para que Portugal consiga alcançar os objetivos fixados na diretiva

anteriormente referida, estabelecendo também a obrigatoriedade de cada Estado Membro

publicar um plano de ação para a eficiência energética, estabelecendo nesse plano metas de

1% (como valor mínimo) de poupança de energia até ao ano de 2016.

2 Resolução do Conselho de Ministros Nº 80/2008

Tabela 1. Eixos da Estratégia Nacional da energia 2020

EIXOS PRIORIDADES

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 21

Transportes Residencial e Serviços

INDÚSTRIA Estado

A implementação da ENE e dos planos que intrinsecamente lhe estão associados, tem vindo a

ser feita em vários domínios.

No domínio da eficiência energética, a aposta do Plano Nacional para a Eficiência Energética

(PNAEE) abrange 4 áreas específicas: Transportes, Residencial e Serviços, Indústria e Estado

(figura 6).

Adicionalmente, define três vetores transversais de atuação que contribuirão de forma

determinante para o cumprimento dos objetivos definidos, a referir (figura7):

Utilização de tecnologias mais eficientes;

Melhoria de processos organizativos;

Alteração de comportamento dos agentes económicos.

Figura 6. Áreas Específicas abrangidas pelo PNAEE

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 22

Figura 7. Vetores de atuação do PNAEE

Com a alteração de comportamento dos agentes económicos o PNAEE pretende garantir uma

redução do consumo de energia final em 10%, cerca de 1 792 000 tep, até 2015 e 20% até

2020, sendo que se estima que a indústria contribuirá até 2015 com 30% (cerca de 563 000

tep) para o cumprimento do objetivo definido, que contará com a contribuição na redução de

consumo dos seguintes setores de atividade referidos nas figuras 8 e 9.

Utilização de tecnologias mais

eficientes

Melhoria de processos

organizativos

Alteração de comportame

nto dos agentes

económicos

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 23

Figura 8. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade

(Fonte: Ministério da Economia e do Emprego, Dez 2011)

Figura 9. Contribuição para a redução de consumos de energia por setor de atividade, em tep

(Fonte: Ministério da Economia e do Emprego Dez 2011)

O PNAEE define um conjunto de 12 programas abrangentes para atuar nas várias vertentes da

eficiência energética, sendo uma dessas vertentes a indústria, conforme já referido

anteriormente. Neste seguimento e para cumprir com os programas implementados propõe

Transportes 39%

Indústria 30%

Residencial 18%

Serviços 9%

Estado 3%

Outros Sectores 1%

Transportes Indústria Residencial Serviços EstadoOutros

Sectores

tep 706.000 563.000 318.000 166.000 49.000 16.000

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 24

essencialmente dois conjuntos de medidas: Medidas Transversais e Medidas Específicas de

cada setor da indústria. O objetivo de implementação destas medidas é a promoção do

aumento da eficiência energética, por melhoramento de processos, com a introdução de

novas tecnologias e mudança de comportamentos.

As Medidas Transversais propostas podem ser aplicadas à grande maioria das indústrias

existentes em Portugal. São medidas que proporcionam efeitos superiores no que se prende

com o aumento da eficiência energética na indústria.

A tabela 2 reúne o conjunto de medidas identificadas no PNAEE como Medidas Transversais

para aumentar a eficiência energética da Indústria Portuguesa. Com a implementação destas

medidas nos vários setores da indústria estima-se uma poupança total de 348 584 tep/ano.

Tabela 2. Medidas transversais selecionadas para o aumento da eficiência energética da Indústria

Portuguesa

ÂMBITO MEDIDA/TECNOLOGIA POUPANÇA TOTAL

TEP/ANO %

Sistemas acionados por motores elétricos

Otimização de motores Sistemas de bombagem Sistemas de ventilação Sistemas de compressão TOTAL

19.115 2.294

510 5.161

27.080

0,35 0,04 0,01 0,10 0,50

Produção de calor e frio

Cogeração Sistemas de combustão Recuperação de calor Frio industrial TOTAL

27.000 64.043 72.048

1.338 164.429

0,50 1,18 1,34 0,02 3,04

Iluminação TOTAL 1.911 0,04

Eficiência do processo industrial/Outros

Monitorização e controlo Tratamento de efluentes Integração de processos Manutenção de Equipamentos Isolamentos térmicos Transportes Formação e sensibilização de recursos humanos Redução de energia reativa TOTAL

10.554 2.402

94.986 24.871 18.012

48 3.166 1.125

155.164

0,20 0,40 1,76 0,46 0,33

0,001 0,06 0,02 2,87

TOTAL DAS MEDIDAS TRANSVERSAIS 348.584 6,45

Fonte: Medidas de Eficiência Energética aplicáveis à indústria: Um enquadramento tecnológico sucinto.

Para além das Medidas Transversais do setor industrial expostas acima, existem Medidas

específicas a aplicar a alguns dos mais importantes subsetores industriais.

Algumas destas medidas, considerando os setores de atividade estudados neste projeto, são

apresentadas na tabela 3.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 25

Tabela 3. Medidas Setoriais para o aumento da eficiência energética

Setor Medida/Tecnologia Poupança Total

TEP/ANO %

Têxtil

Otimização de banhos Pré-secagem mecânica/infravermelha (IV) Aquecimento de águas por painéis solares Otimização dos processos de produção têxtil

TOTAL

1.442 125 641

88 2.296

0,0267 0,0023 0,0119 0,0016 0,0425

Metalomecânica

Combustão submersa para aquecimento de banhos Reutilização de desperdícios Otimização de fornos

TOTAL

70

349 670

1.089

0,0013

0,0065 0,0124 0,0202

Madeira e Artigos de Madeira

Transportadores mecânicos em vez de pneumáticos Aproveitamento de subprodutos de biomassa Otimização de fornos de secagem contínua

TOTAL

11

469 47

527

0,0002

0,0087 0,0009 0,0097

Cerâmica

Otimização de fornos Melhoria de secadores Extrusão com secadores Extrusão dura Otimização de produção de pó para prensagem Utilização de combustíveis alternativos

TOTAL

5.125 591 860

1.155 997

- 8.728

0,095 0,01

0,016 0,021 0,018

- 0,161

Vidro

Otimização de fornos Utilização de vidro usado (reciclagem)

TOTAL

1.034 2.010 3.044

0,02 0,04 0,06

Alimentação e Bebida

Otimização da esterilização Processo de separação co membranas Mudança de moinhos horizontais para verticais Destilação sob vácuo

TOTAL

2.808 1.354 1.312

768 6.242

0,052 0,025 0,024 0,014 0,115

Políticas Internacionais

A importância de todas as questões relacionadas com a energia para a União Europeia está

expressa de forma inequívoca na sua estratégia Europa 2020. O desenvolvimento sustentável é

uma das prioridades, no âmbito de apoiar a transição para uma economia hipocarbónica com

uma utilização eficiente de todos os recursos.

As orientações disponíveis, em termos de eficiência energética são inúmeras e têm origem nos

organismos internacionais, na Comissão Europeia, nos países e em organizações públicas e

privadas que se dedicam a esta temática.

Ao nível da UE os objetivos das políticas energéticas, proporcionam boas oportunidades de

desenvolvimento às PME. Pode-se considerar que estas empresas se encontram em quatro

estados distintos em termos de política energética.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 26

1. As empresas utilizadoras de energia deparam-se com algumas dificuldades:

a. Desconhecimento das vantagens de uma utilização racional da energia;

b. Ausência de medição do impacte das medidas de poupança de energia na sua

atividade;

c. Quais as escolhas a fazer e a quem recorrer para as realizar;

d. Escassez de recursos financeiros para os planos de eficiência energética,

alguns dos quais com elevado prazo de retorno. Estas dificuldades

acompanham a carência de pessoal especializado para as questões energéticas

e ambientais.

2. As empresas com a problemática de retorno do investimento: os montantes de

investimento destinados a reduzir o consumo de energia podem atingir valores

elevados sendo que a média de retorno destes investimentos pode ir de 3 a 5 anos, o

que constitui um entrave às PME;

3. As empresas instaladoras de produtos e sistemas destinados a melhorar a utilização da

energia, e as prestadoras de serviços de manutenção com o mesmo objetivo.

4. As empresas ligadas ao serviço de instalação e manutenção de aparelhos de redução

de consumo de energia junto de empresas e particulares.

Em termos de políticas com influência nas ações de eficiência energética, as orientações da

Comissão Europeia são objetivas e operacionais, podendo os diversos países integrar nos seus

planos nacionais medidas de melhoria de eficiência energética. Há contudo, um conjunto de

práticas distintas que merecem ser destacadas e que já estão implementadas em alguns

países:

Políticas de Financiamento que atuem na promoção da implementação de medidas de

eficiência energética nas empresas com recursos ao financiamento, em que o retorno

é medido pelos resultados obtidos, podendo ser refletido na poupança ou na

componente fiscal (França, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Suécia);

Acordos específicos de eficiência energética para a indústria (Dinamarca, Espanha,

Finlândia, Irlanda, França);

Promoção da realização de auditorias energéticas para a caraterização dos consumos e

medidas a implementar (Espanha, Finlândia, Irlanda, Alemanha, França);

Descentralização das políticas de eficiência energética através das agências de energia

que englobem todos os setores de atividade económica e não apenas um setor (por

exemplo o setor público);

Políticas de benefício fiscal e/ou financeiro, avaliados pela redução da intensidade

carbónica, estando esta indexada à implementação de medidas de eficiência

energética (Reino Unido, Áustria, Finlândia, Irlanda, Alemanha, França).

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 27

3. A eficiência energética no contexto do projeto EFINERG

A dependência energética de Portugal

A sociedade contemporânea tem vindo a ser caraterizada por um consumo sempre crescente

de energia, sendo que esta realidade tenderá a manter-se nas próximas décadas, à medida

que os países em desenvolvimento e mesmo os mais desenvolvidos vão atingindo os seus

objetivos.

Acontece também que o nível e a qualidade de vida das populações e a atividade económica

desenvolvida pelas empresas estão totalmente dependentes da energia. Esta dependência que

ao longo dos anos se tem vindo a verificar, reflete claramente o papel estruturante, integrador

e fundamental que o setor energético ocupa ao nível da sociedade e da economia portuguesa.

A gestão dos recursos energéticos pode ser considerada como um dos principais desafios, a

nível mundial que as sociedades e as empresas enfrentam. Nas últimas décadas verificou-se

uma utilização muito intensa de energia produzida com recurso a combustíveis fósseis, sendo

que a natureza finita destes recursos naturais e o impacte que a sua produção e utilização têm

a nível ambiental, lançaram um alerta para esta problemática, de suporte ao desenvolvimento.

Portugal é um país com um nível escasso de recursos energéticos endógenos, particularmente

nos recursos que de forma mais clássica e tradicional asseguram as necessidades estratégicas

da grande maioria dos países desenvolvidos: o petróleo, o carvão e o gás natural.

No ano de 2011, o saldo importador de produtos energéticos aumentou 27,7%, face ao ano

anterior, cifrando-se em 7,1 mil milhões de euros, segundo dados de um relatório da Direção

Geral de Energia e Geologia. O mesmo relatório acrescenta que, em termos globais, o saldo

importador nacional reflete o elevado peso do valor de importação do petróleo bruto e

refinados, que cresceu 28,5%, bem como do gás natural, que aumentou 18,7% ou da energia

elétrica, que subiu 28,9%.

A redução da dependência energética externa tem constituído uma preocupação dos

sucessivos governos portugueses, focalizados no aumento da eficiência energética e na

redução das emissões de CO2, pelo estabelecimento de um conjunto de grandes linhas

estratégicas para o setor da energia.

Os números de fevereiro de 2012 da Direção Geral de Energia e Geologia apontam para uma

evolução favorável na dependência energética de Portugal face ao exterior de 76,8% no ano de

2010 e revelam um decréscimo real deste indicador de 12% face a 2005, ano em que se

registou o reforço das políticas de incentivo às energias renováveis.

Embora se trate de uma evolução energética positiva que implica uma menor compra de

energia ao exterior, esta dependência traduz-se ainda num risco elevado para as empresas

portuguesas não só em termos de segurança e garantia de abastecimento, mas também na

volatilidade de preços, sendo os custos associados agravados sempre que os preços da energia

sobem.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 28

Face ao atual cenário energético nacional instalado, a integração da dimensão energética na

atividade de gestão das empresas é um imperativo, contudo ainda são consideradas em

número pouco expressivo as empresas portuguesas que desenvolveram ou implementaram

um plano estratégico para a energia. Tal facto pode ser justificado pela qualidade e

credibilidade de informação referente a este tema disponível e ao valor elevado dos

investimentos a realizar.

O desafio para encontrar a solução de longo prazo está assim lançado. Embora ainda longe de

ser conhecido, no curto e médio prazo um conjunto de medidas vêm sendo desenvolvidas e

que passam obrigatoriamente por uma procura de fontes alternativas de energia,

nomeadamente as energias renováveis e pelo aumento da eficiência da utilização das energias

disponíveis. As fontes de energia renováveis que o nosso país reúne: hídrica, eólica, solar,

geotérmica e biomassa, pela sua disponibilidade e caráter endógeno, assumem um papel de

destaque na redução, em termos globais, da dependência energética de Portugal,

apresentando um grande desenvolvimento ao longo dos últimos 10 anos orientado para um

futuro energético sustentável,

A forma como o tecido empresarial português nos seus diferentes setores de atividade e a

sociedade em geral utilizam a energia disponível é uma questão determinante na mudança de

rumo do novo paradigma energético. O aumento da eficiência energética das operações e

processos das empresas é imprescindível para se atingir um conjunto de objetivos propostos

ao nível da diminuição da intensidade energética global e do consequente aumento dos

resultados económicos.

A eficiência energética acaba assim por se constituir como uma excelente oportunidade para

as empresas, criando valor real para o negócio complementado pela mais-valia criada à

sociedade e ao ambiente. Acresce ainda que o aumento da eficiência energética reduz a

exposição da economia portuguesa à evolução dos preços da energia nos mercados

internacionais, facilitando o cumprimento de outras metas relacionadas com a

sustentabilidade, induzindo, portanto, uma utilização ótima dos recursos energéticos, o que

permite continuar a assegurar a execução do PNAEE.

A Componente Energética da Indústria

A indústria transformadora carateriza-se por desenvolver um conjunto de atividades de

transformação por diferentes processos, de matérias-primas provenientes de outros setores

económicos, em novos produtos.

O desenvolvimento das atividades industriais associadas a estes processos traduz-se em

elevados consumos energéticos, recorrendo estas indústrias à utilização de diferentes tipos de

energia consoante as suas necessidades e preocupações, para otimização dos seus processos

produtivos.

Os dados que se apresentam na tabela 4 permitem posicionar em termos de dimensão,

importância, e energéticos, os cinco setores alvo de estudo do projeto EFINERG.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 29

Alimentação e Bebidas

13.991 2.873 10.461 109.037 519.356

Têxtil e Vestuário 5.316 1.741 13.670 147.647 342.631

Metalúrgica e Metalomecânica

1.762 169 392 8.830 264.446

Cerâmica e Vidro 1.971 717 1826 26.142 904.796

Madeira e Artigos de Madeira

2.675 611 6.679 35.031 114.398

Total Indústria Transformadora

70.629 16.714 74.234 718.507 4.705.002

Fonte: INE Instituto Nacional de Estatística e * DGEG - Estatísticas e preços – Balanços e Indicadores Energéticos – Balanços Energéticos

No que respeita ao total de volume de negócios da indústria transformadora (tabela 4), a contribuição dos setores de atividade representados no EFINERG, atingiu um valor de 36,4% no ano de 2009.

Atendendo a que, segundo dados da DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia, o balanço energético total da Indústria Transformadora, em tep, no ano de 2009 atingiu o valor de 4 705 002 tep, verificou-se que o peso dos cinco setores em análise correspondeu a 45,6%. Ainda segundo a mesma fonte, em 2010, em Portugal a indústria transformadora foi responsável por 29% do consumo total de energia, num total de 5.098.375 tep.

Estes dados são representativos da importância da informação recolhida dos setores em análise no projeto, sem deixar de lado a importância de outros setores, quer pela sua influência para a indústria transformadora quer pelo consumo de energia.

Observado com mais detalhe o consumo de energia nos setores em análise, no que respeita às fontes de energia, a figura 10 apresenta a evolução do consumo total de energia em tep.

Tabela 4. Caraterização dos setores EFINERG e da Indústria Transformadora, 2009

Volume de Negócios

(milhões de €)

VAB (milhões de €)

Nº Empresas

Nº trabalhadores

Consumo Energético,

tep *

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 30

Figura 10. Evolução do consumo total de energia

(Fonte: DGEG - Estatísticas e preços – Balanços e Indicadores Energéticos – Balanços Energéticos)

Na figura 10 é possível observar a regularidade de consumo ao longo dos anos, que permite

inferir da representatividade dos setores em análise face ao consumo de energia da indústria

transformadora.

Nos setores em análise, os consumos energéticos mantêm-se praticamente constantes no

período de 2000 a 2005, com pequenas variações de 1%. Em 2005 verifica-se uma redução

no balanço energético, que volta a estabilizar até 2008.

Em 2009, ano de crise generalizada com a contração da economia nacional e mundial, uma

redução de 13% no balanço energético dos setores em estudo é verificada e contribui para

quebras de consumo de energia na indústria transformadora de 12% refletidas por quebras de

produção de 16,7%. Entre 2009 e 2010 os consumos energéticos aumentam 5% nos setores

em avaliação e 8% no global da indústria transformadora (figura 11).

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

0

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

ano

Bala

nço

en

erg

éti

co

, te

p

(In

str

ia T

ran

sfo

rmad

ora

)

Bala

o e

ne

rgé

tic

o,

tep

Petróleo Gás Natural Electricidade

Calor Renováveis sem Hídrica Indústria Transformadora

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 31

Figura 11. Evolução do consumo total de energia, por tipo de energia

(Fonte: DGEG - Estatísticas e preços – Balanços e Indicadores Energéticos – Balanços Energéticos)

A Figura 11 espelha a evolução do balanço energético, em tep, por tipo de energia ao longo da

última década, dos cinco setores em estudo. Uma referência de destaque deverá ser dada ao

petróleo com uma diminuição de balanço energético de 64% e à utilização do gás natural e das

energias renováveis (sem considerar a hídrica), com aumentos no consumo de 12 e 14%,

respetivamente. O consumo de energia elétrica entre 2000 e 2010 baixou em 8%, pese embora

se tenha verificado um aumento deste valor entre 2009 e 2010 de 12 pontos percentuais.

Considerando a contribuição de cada um destes tipos de energia, ao estabelecer um

comparativo entre os anos 2000 e 2010, verifica-se uma evolução favorável enquadrada no

consumo global.

-

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Bal

anço

En

erg

éti

co, t

ep

Petróleo Gás Natural

Electricidade Calor

Renováveis (sem Hídrica)

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 32

Figura 12. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2000)

(Fonte: DGEG - Estatísticas e preços – Balanços e Indicadores Energéticos – Balanços Energéticos)

Figura 13. Percentagem de tipo de energia no consumo energético total (2010)

(Fonte: DGEG - Estatísticas e preços – Balanços e Indicadores Energéticos – Balanços Energéticos)

Da análise das figuras 12 e 13 é clara uma diminuição de mais de 50% da contribuição do

petróleo para o consumo energético total, passando este valor de 28% para 12%. Os aumentos

de consumo verificados em termos de gás natural e de energias renováveis (sem a energia

hídrica), quando avaliados em termos de contribuição no consumo global passam a

representar respetivamente 31% e 24%.

28%

25%

25%

3%

19% Petróleo

Gás Natural

Electricidade

Calor

Renováveis (semHídrica)

12%

31%

26%

7%

24% Petróleo

Gás Natural

Electricidade

Calor

Renováveis (sem Hídrica)

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 33

A tabela 5 sistematiza a evolução da contribuição dos diferentes tipos de energia consumida.

De entre as fontes de energia utilizadas para o exercício da atividade industrial nos setores em

estudo, entre o período 2000-2010, foi o petróleo a fonte de energia que sofreu uma evolução

mais marcada, com uma redução de 64% em termos da quantidade consumida e de 16 p.p. no

peso do consumo energético global. As restantes fontes de energia passaram a ter uma maior

representatividade, sendo o gás natural a que apresentou a variação positiva mais elevada em

6p.p.

Tabela 5. Variação do peso dos diferentes tipos de energia no balanço energético total entre 2000 e

2010

Fontes de Energia Variação, p.p.

Petróleo - 16

Gás Natural + 6

Eletricidade + 1

Calor + 4

Renováveis (sem hídrica) + 5

Como referido anteriormente o contributo das diferentes fontes de energia no consumo

energético global destas indústrias, tem vindo a apresentar um comportamento regular

apresentando uma tendência para a utilização de determinadas fontes de energia, como

resultado dos incentivos em termos de políticas para a gestão de energia e eficiência

energética, visando alcançar maiores benefícios decorrentes da implementação deste tipo de

políticas.

É já evidente a contribuição que os diferentes setores de atividade industrial têm dado ao

longo da última década ao setor energético, no que respeita à utilização das diferentes fontes

de energia.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 34

Petróleo

Gás Natural

=

Eletricidade

Calor

Renováveis

sem Hídrica

A tabela 6 expõe de forma simples a evolução do grau de utilização de diferentes fontes de

energia no consumo, entre 2000 e 2010 nos cinco setores de atividade referenciados. A sua

leitura servirá de reforço aos dados apresentados na tabela 5.

Assim verifica-se que todos os setores de atividade contribuíram para uma forte redução do

consumo do petróleo, recorrendo a fontes de energia alternativas como são o gás natural e as

energias renováveis.

Da análise da informação acima referida, constata-se uma redução do consumo de energia,

embora esta seja influenciada pela redução da atividade industrial que teve o seu início em

2009. Desta forma, para a indústria transformadora, com base na informação disponível não

se pode concluir quanto à influência das medidas de eficiência energética implementadas na

indústria.

De acordo com o relatório síntese do SGCIE de setembro de 2012, as empresas com plano de

racionalização aprovado apresentam uma redução de consumo de energia de 7,8% (entre o

ano de referência e o ano final do plano de racionalização). Este dado é representativo do

esforço de colocação em prática de medidas de eficiência energética, no entanto, esta

informação diz respeito a consumidores intensivos de energia, que não é o objeto do público

empresarial do projeto EFINERG. Note-se também que de acordo com o relatório de execução

do PNAEE relativo ao ano de 2010 (ADENE), a taxa de execução para a indústria em consumo

de energia (tep) representa 33% face ao objetivo de 2015, embora também nesta informação

os dados digam respeito sobretudo às empresas ao âmbito do SGCIE.

Tabela 6. Evolução do consumo dos tipos de energia por setor de atividade, entre 2000 e 2010

Alimentação

e Bebidas Têxtil

Metalúrgica e

Metalomecânica

Cerâmica e

Vidro

Madeira e

Artigos de

Madeira

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 35

A eficiência energética nas empresas EFINERG

No que respeita às empresas EFINERG, não abrangidas pelo SGCIE a informação é ainda

escassa.

Observando os dados recolhidos na fase de diagnóstico nas Empresas EFINERG, é possível

constatar, os seguintes factos:

A importância dos custos com a energia nos custos totais é de 3% no setor têxtil e

vestuário, 4% no setor da madeira, mobiliário e cortiça, 5% no setor da

metalomecânica, 7% no setor agroalimentar e 15% no setor cerâmico., o que pode

explicar a menor importância que estas empresas ainda colocam no consumo de

energia e o baixo esforço na implementação prática de medidas de eficiência

energética;

Não se encontra formalizada a figura de gestor de energia, sendo esta tarefa

normalmente atribuída em acumulação com funções administrativas, técnicas e de

gestão, neste ultimo caso, quando os consumos atingem valores mais significativos.

Por outro lado, a atuação destas funções centra-se essencialmente na análise das

faturas de energia e na negociação de contratos;

No que respeita às fontes de energia, na sua globalidade é na energia elétrica que se

concentra o consumo, com exceção do setor da cerâmica, onde o consumo de gás

natural se reveste de grande importância;

No que respeita aos maiores consumidores de energia, destaca-se a força motriz para

todos os setores em análise, seguido dos fornos a gás e estufas na cerâmica e da

iluminação no têxtil e cerâmica.

De acordo com o acima referido, a fonte de energia mais utilizada nos setores em análise é a

energia elétrica, que teve a evolução de preço nos últimos anos conforme expressa a figura 14.

Figura 14 - Evolução do preço da energia elétrica

0

5

10

15

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Cu

sto

s d

e El

etri

cid

ade

(Cê

nti

mo

s d

o €

/KW

h)

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 36

Observando a clara predominância de utilização de energia elétrica e a tendência que se

verificou nos últimos anos para o crescimento do respetivo preço, a manter-se este

crescimento, pode-se apontar para um incremento de preocupação sobre o consumo de

energia nos setores em análise. Desta preocupação deverá resultar uma necessidade de,

tendencialmente as empresas com consumos mais baixos (de 250 a 500 tep) implementarem

medidas de eficiência energética. Será também um fator preponderante a redução dos

períodos de retorno dos investimentos a realizar para a implementação de medidas de

eficiência energética.

Para a redução do retorno do investimento poderá contribuir o incremento do custo de

energia, mas também a aplicação de políticas de incentivo ao investimento nesta área ou de

aplicação de incentivo fiscal pela redução da intensidade energética ou pela redução da

intensidade carbónica.

A informação trabalhada e reproduzida nos pontos anteriores permitiu a identificação dos

principais pontos fortes e fracos bem como das ameaças e oportunidades que se perspetivam

para as empresas dos setores abordados com características idênticas às estudadas. Numa

ótica empresarial, esta análise contribuiu decisivamente para a definição da proposta de

estratégia, que se apresenta na parte II do presente documento, tendo igualmente sido

determinante para a definição das recomendações que concluem este trabalho, e que

permitem minimizar os pontos fracos e as ameaças e potenciar as oportunidades, reforçando

os pontos fortes.

De seguida apresenta-se o resultado da análise SWOT efetuada com vista a otimizar a

implementação de eficiência energética nas PME.

Pontos Fortes

Preocupação generalizada com o custo energia

Potencial de melhoria da eficiência energética

Tomada de decisão mais rápida do que em empresas de maior dimensão

Flexibilidade em adotar novos procedimentos

Maior margem de atuação na redução dos custos de energia, face aos outros custos da

empresa

Algumas das medidas de eficiência energética correspondem a boas práticas de gestão

e estão associadas a investimentos baixos ou marginais

Capacidade para valorizar experiências positivas de outras empresas

4. Posicionamento da eficiência energética nas empresas

EFINERG - Análise SWOT

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 37

Pontos Fracos

Níveis de envolvimento insuficientes por parte da gestão de topo

Conhecimento insuficiente das necessidades e potencialidades do mercado

Desconhecimento de legislação/regulamentos

Baixa perceção dos instrumentos de apoio disponíveis

Deficiente orientação dos instrumentos de apoio para PME

Desconhecimento das experiências de sucesso empresariais nacionais nesta área

Deficiente sensibilização e formação dos colaboradores na área de energia

Escassez de competências internas em recursos humanos e falta de tradição no acesso

a competências externas

Não existem atribuições de responsabilidades na área da energia (gestor de energia)

Deficiente preocupação com a eficiência energética uma vez que os custos de energia

são relativamente baixos face ao total

Baixo nível de informação sobre novas tecnologias para a eficiência energética e

benefícios potenciais

Dificuldade em integrar o risco associado à introdução de novas tecnologias

Custo inicial elevado de algumas tecnologias mais eficientes com períodos de retorno

relativamente altos

Equipamentos produtivos com idade elevada, com baixas eficiências energéticas

Deficiente monitorização dos consumos de energia parcelares

Insuficiência de indicadores de produtividade correlacionados com a energia

Escassez de recursos financeiros e dificuldade no acesso a crédito

Oportunidades

Liberalização dos mercados de energia

Aumento da sensibilização para as questões energéticas

Disponibilidade de novas tecnologias relativas à eficiência energética e à utilização de

novas fontes de energia

Existência de Planos de ação nacionais e comunitários para a eficiência energética

Políticas públicas favoráveis à eficiência energética

Gradual adaptação dos sistemas públicos de apoio às necessidades das PME

Existência de competências em eficiência energética na rede de Centros Tecnológicos

e noutras entidades do SCTN

Mercado com oferta de serviços de energia e de instrumentos para a melhoria da

eficiência energética

Ameaças

Gradual afastamento das cadeias de valor com maior nível tecnológico

Aumento do preço de energia

Dificuldade no financiamento na banca

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME 38

Perda gradual de posição competitiva

Incumprimento das disposições legais e diretivas comunitárias

Redução ao incentivo de investimentos produtivos

Desconfiança do consumidor final face

Inércia organizacional e cultural

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 39

PARTE II - Estratégia

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 40

1. Introdução

O reforço da competitividade das empresas, a redução da fatura e da dependência energéticas

para além da minimização da intensidade energética da sociedade e das emissões de

poluentes, incluindo os gases de efeito de estufa, são os principais impactes que se esperam

da eficiência energética. Outros benefícios são ainda a poupança em termos de materiais e

água, a redução de resíduos e de ruído, uma maior produtividade e controlo dos processos

produtivos e o aumento do emprego e da segurança.

A melhoria da eficiência energética pode ser encarada segundo diversas perspetivas,

parecendo importante a existência de uma ampla abrangência de domínios, de atores e de

formas de pensar.

O pensamento de ciclo de vida procura identificar possíveis melhorias nos bens e serviços

reduzindo os impactes associados e a utilização de recursos ao longo dos vários estágios do

ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas e conversão, o processamento e

distribuição até à utilização e consumo, terminando com a reutilização de materiais,

recuperação de energia e deposição final (figura 15). O objetivo central desta abordagem é

evitar o acumular de problemas (evitando por exemplo resolver um problema criando outro),

o que significa minimização de impactes de uma forma global. Por exemplo, poupando energia

durante a fase de uso de um produto sem necessitar de maior quantidade de material na fase

de processo para o conseguir.

(adaptada de http://lct.jrc.ec.europa.eu/)

A perspetiva de ciclo de vida implica ampla visão e cooperação ao longo da cadeia de valor, ao

mesmo tempo que constitui uma oportunidade para conseguir vantagens económicas. Esta

perspetiva pode ajudar a identificar oportunidades e à tomada de decisão que leva à melhoria

do desempenho, imagem e benefícios económicos, ao mesmo tempo que é demonstradora de

responsabilidade empresarial. As empresas nem sempre consideram as suas cadeias de valor

ou a utilização dos seus produtos pela sociedade e os processos de fim de vida associados,

enquanto que as ações governamentais por vezes focam-se em regiões específicas (países,

regiões) e não nos impactes que podem existir noutras devido aos seus próprios níveis de

consumo, resultando em desempenhos e reputação empobrecidos.

Design

Extração de recursos e

processamento

Produção e venda Distribuição Uso

Recolha

Reutilização. Reciclagem.

Recuperação de energia. Deposição

Figura 15. Perspetiva de ciclo de vida

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 41

A perspetiva de ciclo de vida leva à identificação de melhorias nos bens e serviços, gerando

menores impactes e menores utilizações de recursos ao longo dos ciclos de vida para os vários

atores: os consumidores querem fazer escolhas mais acertadas, os políticos querem promover

o consumo e produção sustentável como resposta aos desafios energéticos e ambientais e as

empresas precisam melhorar a eficiência dos seus processos e a competitividade, enquanto

contribuintes para a sustentabilidade da sociedade.

Neste sentido, a estratégia para a eficiência energética de pequenas e médias empresas, com

consumos abaixo de 500 tep, dos setores agroalimentar, da cerâmica e do vidro, da madeira,

mobiliário e cortiça, da metalomecânica e do têxtil e vestuário, agora proposta, abrange os

processos de produção e ainda os aspetos de eficiência energética associados aos produtos

das empresas. Assim, apresentam-se as potencialidades de eficiência energética identificadas

nos processos de produção e aquelas associadas aos produtos colocados no mercado e

utilizados pela sociedade em geral.

Para além das potencialidades de eficiência energética, apresentam-se alguns

desenvolvimentos de linhas estratégicas que podem estimular a concretização das

potencialidades identificadas, tanto a nível dos processos de produção como associadas ao

produto na sociedade.

2. Eficiência energética associada aos produtos

Os aspetos de eficiência energética associados aos produtos que as empresas colocam no

mercado são abordados no presente capítulo, em que se desenvolvem para cada um dos

setores abordados no projeto EFINERG (agroalimentar, da cerâmica e do vidro, da madeira,

mobiliário e cortiça, da metalomecânica e do têxtil e do vestuário), as considerações relativas

ao setor, potencialidades de eficiência energética, medidas estratégicas a desenvolver,

resultados esperados, as partes a envolver e as condições para a melhoria da eficiência

energética.

2.1. Abordagem setorial

2.1.1. Eficiência energética dos produtos agroalimentares

2.1.1.1. O setor agroalimentar

A indústria agroalimentar é considerada a maior indústria portuguesa, devido ao seu volume

de negócios (em 2010 foi aproximadamente 14.000 milhões de euros), representando 19% do

total da Indústria Transformadora. Em 2010, este setor possuía cerca de 10.500 empresas e

110 mil efetivos, considerando o CAE 10 (Indústria Alimentar) e CAE 11 (Indústria de Bebidas).

A Indústria Alimentar (CAE 10) é composta por 9 subsetores com o objetivo de transformar as

matérias-primas em bens alimentares em que o peso relativo dos diferentes subsetores é

bastante diferenciado. A representatividade da indústria alimentar (CAE 10) na indústria

agroalimentar (CAE 10 + CAE 11) é significativa em termos de volume de negócios (79%), de

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 42

número de empresas (90%), de número de empregados (87%) e do VAB (Valor Acrescentado

Bruto) (76%).

Na Indústria Alimentar (CAE 10) a maioria das empresas tem menos de 50 trabalhadores (cerca

de 97%), sendo que cerca de 80% tem menos de 10 trabalhadores. Estima-se que estas

empresas tenham consumos de energia inferior a 500 tep/ano. Na Indústria de Bebidas (CAE

11) verifica-se a mesma realidade da Indústria Alimentar, ou seja, em 2008 e 2009 as micro

empresas representavam, respetivamente, 74,7% e 77,2% do total das Indústrias de Bebidas.

De igual forma, estima-se que estas empresas apresentem consumos de energia inferiores a

500 tep/ano.

Em relação às exportações e importações verificou-se, em 2009, que as vendas para o

mercado externo representaram 15% face às vendas totais, enquanto as vendas para o

mercado interno representaram 85% face às vendas totais, na indústria alimentar. No mesmo

ano, as vendas para o mercado externo representaram 25,3%, face às vendas totais, e para o

mercado interno representaram 74,7%, na Indústria de bebidas.

Nas empresas EFINERG, isto é, naquelas que foram alvo do diagnóstico flash realizado no

âmbito do Projeto EFINERG, os custos com energia representam 7% relativamente aos custos

totais das empresas e representando os custos de transporte nos custos totais das empresas

cerca de 6%. O levantamento energético realizado às empresas EFINERG permitiu apurar que

nesta gama de empresas, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo das

empresas com 69%, seguindo-se o gasóleo com 13%, fuelóleo com 7%, o gás natural com 5% e

o propano e biomassa com 3% cada (figura 16).

Figura 16. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas agroalimentares do projeto

EFINERG

A indústria agroalimentar engloba uma grande variedade de produtos e de processos

produtivos que se dividem essencialmente em indústrias alimentares e indústrias de bebidas.

A sua classificação, em termos de indústrias alimentares, quanto ao tipo de produto final, pode

ser dividida nas seguintes áreas:

Abate de animais, preparação e conservação de carnes e de produtos à base de carne;

Preparação e conservação de peixes, crustáceos e moluscos;

Preparação e conservação de frutos e produtos hortícolas;

69%

13%

5%

3% 3%

7%

Electricidade

Gasóleo

Gas natural

Biomassa

Gasolina

Propano

Fueloleo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 43

Produção de óleos e gorduras animais e vegetais;

Indústria de laticínios;

Transformação de cereais e leguminosas, fabricação de amidos, de féculas e de

produtos afins;

Fabricação de produtos de padaria e outros produtos à base de farinha;

Fabricação de outros produtos alimentares;

Fabricação de alimentos para animais.

No que se refere ao conhecimento das diretivas relativas aos produtos, a partir do estudo

realizado no âmbito do projeto EFINERG, identifica-se um desconhecimento tanto da norma

mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na

fase de utilização) como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um

quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o

consumo de energia). Das 15 empresas EFINERG que representaram o setor agroalimentar,

apenas duas tinham conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se

referia ao conhecimento da diretiva de 2009, nenhuma das empresas conhecia e não as

aplicam na conceção e desenvolvimento dos seus produtos.

As empresas agroalimentares envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a

ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os

seguintes pesos:

Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da

armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios,

utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) – 21%

Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais,

antiguidade, proximidade e origem dos materiais) – 28%

Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados,

utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais

necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos,

evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia

necessária ao armazenamento e manuseamento) - 22%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção

(prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva,

disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de

reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e

manutenção via internet) – 18%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização

(disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético,

autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de

energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do

consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de

consumíveis) – 6%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida

(facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 44

materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou

encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de

materiais) – 5%

2.1.1.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos agroalimentares

As exigências energéticas, na indústria agroalimentar, encontram-se essencialmente

associadas à energia elétrica e ao gás natural consumidos na preparação e conservação dos

alimentos. No caso da indústria das bebidas o consumo é essencialmente de energia elétrica,

para refrigeração.

Uma das potencialidades de melhoria de eficiência energética no setor será a que se consiga

através da otimização da dimensão das embalagens dentro do que seja ajustado às

necessidades do utilizador. A grande maioria dos produtos do setor é embalada nas unidades

produtivas, sendo o produto agroalimentar com essa embalagem transportado através de

vários meios, comercializado e novamente transportado até ser consumido, justificando uma

atenção especial a dar às dimensões da embalagem, em termos de peso e de volume. De fato,

a energia necessária para transportar uma unidade de produto pode ser minimizada em

função da otimização da dimensão da embalagem, não só por poder corresponder a uma

menor massa a transportar como também em termos do espaço necessário para armazenar e

transportar o produto embalado.

Outra potencialidade do contributo do produto deste setor para a eficiência energética está

ligada ao desenvolvimento de produtos que reduzam o consumo energético na produção e em

todas as fases do seu ciclo de vida, especialmente no que se refere às indústrias alimentares.

A valorização de desperdícios e resíduos alimentares é também uma boa aposta uma vez que

promove a recuperação tanto de materiais como de energia associada aos respetivos produtos

não consumíveis (desperdícios e resíduos). Dentro das possibilidades de valorização

energética, pode-se referir a digestão anaeróbia, com produtos de valor energético

incorporado, como o metano, ou eventualmente a queima de alguns materiais que a

possibilitem, com a recuperação do calor libertado. A valorização material é outra possível

vantagem que pode levar à obtenção de subprodutos com valor acrescentado, como seja o

caso da recuperação de amido a partir das águas de lavagem de batata, entre outros

exemplos.

2.1.1.3 Medidas estratégicas a desenvolver para o setor agroalimentar e formas de

implementação

As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades

identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos agroalimentares são

desenvolvidas nos pontos seguintes.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 45

Promoção do empreendedorismo - novas oportunidades de negócio

Pese embora as dificuldades colocadas ao tecido empresarial, considera-se importante

desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou a

reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos produtos

mais eficientes, inovadores, com valor acrescentado.

Em termos do setor, parece importante apoiar a criação de empresas para a produção de

aquacultura oceânica, dadas as condições privilegiadas da costa portuguesa, que origine

produtos de qualidade e competitivos em termos nacionais.

Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas

É frequente as empresas terem escassez de recursos para desenvolver novos produtos, desde

recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know how. Uma forma de apoiar as

empresas nacionais é a criação de apoios específicos para projetos para o desenvolvimento de

novos produtos, sempre com uma preocupação em inovação, sustentabilidade e eficiência

energética no seu ciclo de vida. Devem ser apoiados projetos nas seguintes áreas de atuação:

Desenvolvimento de novas embalagens, mais eficientes numa perspetiva de ciclo

de vida

Otimização da armazenagem e conservação de alimentos e bebidas

Transporte mais eficiente de alimentos e bebidas

Minimização da geração de resíduos e subprodutos

Valorização e tratamento de resíduos e subprodutos

Valorização de embalagens

A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e

desenvolvimento de qualquer setor. Nos produtos do setor agroalimentar, uma das grandes

potencialidades de redução dos consumos de energia, está relacionada com as formas de

conservação mais eficientes, parecendo fundamental desenvolver projetos de investigação

para o desenvolvimento, identificação e validação de novas formas de conservação de

alimentos e bebidas.

A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a divulgação e

demonstração das suas potencialidades junto das empresas permite melhorar o grau de

informação existente. Também a criação de parcerias estratégicas e o apoio a cooperativas ou

associações de produtores parece ser de todo o interesse ao desenvolvimento do setor e à

procura de caminhos para a melhoria da eficiência energética associada aos produtos

agroalimentares.

2.1.2. Eficiência energética dos produtos da cerâmica e do vidro

2.1.2.1. O setor cerâmico

O setor cerâmico em Portugal, apesar da sua qualidade e versatilidade encara atualmente

graves problemas, resultado não só da forte concorrência de outros países, alguns dos quais

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 46

com formas de atuar no mercado não compatíveis com a resposta das empresas portuguesas,

mas também com a crise económica atual, com especial foco nos setores relacionados, direta

ou indiretamente com a habitação.

Grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos financeiros,

quer em termos de recursos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento e

promoção de novos produtos mais eficientes. Produtos estes que são um fator chave para a

evolução e sucesso das empresas nos exigentes mercados atuais.

Embora o setor enfrente uma crise severa, existe um bom potencial para o seu

desenvolvimento, o qual continua a ter uma importância fundamental no tecido empresarial

nacional. De modo a fazer face aos desafios atuais, as empresas têm de desenvolver produtos

inovadores, com mais-valias em relação à forte concorrência de que são alvo e que se

adequem às exigentes necessidades dos consumidores atuais. O apoio ao desenvolvimento de

produtos mais eficientes, em termos financeiros e de know how, é fundamental para o

desenvolvimento das empresas e do setor cerâmico em Portugal.

A indústria cerâmica engloba uma grande variedade de produtos e de processos produtivos.

Como consequência, os produtos dos subsetores apresentam diferenças, tanto a nível

tecnológico como de necessidades energéticas.

A sua classificação, quanto ao tipo de produto final, é tradicionalmente dividida em 3 grandes

áreas:

A cerâmica de construção, onde se engloba a cerâmica de construção estrutural, que

inclui os produtos utilizados na construção de edifícios, telha, o tijolo e as abobadilhas

e a cerâmica de acabamentos, onde se incluem os pavimentos, os revestimentos e os

sanitários).

A cerâmica utilitária e decorativa, normalmente distribuída pelos 3 grupos com

características distintas, a porcelana, faiança e grés.

A cerâmica técnica, muito específica e na sua maioria fornecedora de componentes

para outros setores industriais inclui os grupos dos refratários e eletrotécnicos.

A indústria dos pavimentos e revestimentos cerâmicos foi o subsetor que maior volume de

negócios faturou no ano de 2010, representando cerca de 42 % do valor global da indústria

cerâmica.

Nas empresas EFINERG do setor da cerâmica, os custos com energia representam 15%

relativamente aos custos totais das empresas e representando os custos de transporte nos

custos totais das empresas cerca de 1%. Nesta gama de empresas, o gás natural é o tipo de

energia (em tep) com mais peso no consumo das empresas com 70%, seguindo-se a

eletricidade com 20%, o gasóleo com 8%, o propano com 2% e a gasolina com valores muito

residuais (figura 17).

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 47

Figura 17. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da cerâmica e do vidro .

No que se refere ao conhecimento das diretivas relacionadas com os produtos, a partir do

estudo realizado no âmbito do projeto EFINERG, percebeu-se um desconhecimento de cerca

de 69% da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do

consumo de energia na fase de utilização) e de 92% da mais recente (Diretiva 2009/125/EC -

Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de conceção ecológica dos

produtos relacionados com o consumo de energia). Das 15 empresas EFINERG que

representaram o setor da cerâmica e do vidro, apenas quatro tinham conhecimento da

diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se referia ao conhecimento da diretiva de

2009, apenas uma das empresas referiu conhecê-la, não as aplicando na conceção e

desenvolvimento dos seus produtos.

As empresas cerâmicas envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a ter em

conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes

pesos:

Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da

armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios,

utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) – 29%

Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais,

antiguidade, proximidade e origem dos materiais) – 19%

Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados,

utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais

necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos,

evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia

necessária ao armazenamento e manuseamento) - 27%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção

(prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva,

disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de

reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e

manutenção via internet) – 15%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização

(disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético,

20%

8%

70%

0% 2% Electricidade

Gasóleo

Gas natural

Biomassa

Gasolina

Propano

Fueloleo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 48

autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de

energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do

consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de

consumíveis) – 5%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida

(facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de

materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou

encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de

materiais) – 5%.

2.1.2.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos cerâmicos

O setor cerâmico tem uma forte ligação à habitação, quer ao nível da construção e reabilitação

como também a nível de produtos domésticos. Deste modo é fundamental que o produto

cerâmico se adeque aos novos padrões de consumo, desenvolvendo produtos que pelas suas

caraterísticas permitam influenciar positivamente o desempenho energético dos edifícios,

quer de uma forma passiva, ao nível da sua estrutura, design e materiais, quer de uma forma

ativa, incorporando tecnologias e componentes que atuem por exemplo na produção ou

recuperação de energia, que contenham sistemas inovadores de autolimpeza, de aumento da

sua durabilidade, entre outros fatores que permitam aumentar a função e o ciclo de vida do

produto, reduzindo os seus impactes ambientais. É também importante referir que os modelos

de construção e de aplicação têm evoluído e que o produto cerâmico deve acompanhar essa

evolução oferecendo soluções inovadoras e competitivas.

A aplicação de novas tecnologias externas ao processo cerâmico aliando as ótimas

características da cerâmica com outros materiais ou mesmo outras tecnologias inovadoras,

como, por exemplo, a utilização da nanotecnologias pode permitir que este setor consiga

produzir para novos mercados gerando mais riqueza para as empresas nacionais.

A aposta no design do produto é outro fator fundamental para o desenvolvimento eficiente do

setor. Deve existir uma forte capacidade de desenvolvimento de produto, integrando critérios

de ecoeficiência e sustentabilidade, permitindo assim a redução de impactes em todo o seu

ciclo de vida. Uma sólida aposta de design, deve levar ao desenvolvimento de novos produtos

que para além de cumprir as suas funções básicas, devem, por exemplo, considerar a

otimização da produção, equacionando e otimizando os ciclos de cozedura, reduzindo

colagens e acabamentos, considerando o consumo direto e indireto do produto na sua fase de

utilização, otimizando as lavagens, entre muitos outros aspetos que podem ser melhorados na

fase de design. As empresas devem criar condições para que as equipas de design, internas ou

externas possam desenvolver novos produtos inovadores e eficientes para suprir as

necessidades dos mercados alvo nos vários subsetores da produção cerâmica.

Outro potencial para o desenvolvimento deste setor é a aposta em novos modelos de negócio.

Um exemplo são os sistemas produto/serviço, modelos de negócio que combinam o

fornecimento de produtos e serviços com o objetivo de acrescentar valor e atender às

necessidades dos clientes de uma forma mais sustentável.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 49

Trata-se um sistema competitivo de bens, serviços, redes de suporte e infraestruturas.

O sistema inclui a manutenção de produtos, reciclagem de peças e eventual substituição do

produto, de modo a satisfazerem as necessidades dos clientes de uma forma competitiva e

com menor impacte ambiental ao longo do ciclo de vida.

Este conceito base de sistema é que os consumidores não comprem o produto em si, mas a

utilidade que os produtos e serviços oferecem. Deste modo, mudando o foco do produto físico

para um serviço que possa satisfazer as necessidades dos utilizadores, mais necessidades

podem ser satisfeitas com menos recursos materiais e energia. Um exemplo de

produto/serviço que pode ser aplicado no setor cerâmico pode ser um serviço de aluguer de

louça. Por vezes devido a uma ocasião especial é necessário comprar mais louça ou mesmo

recorrer a louça descartável. Existindo a possibilidade de alugar louça recorrendo a um serviço

eficiente, poupam-se recursos, e satisfazem-se as necessidades do utilizador.

2.1.2.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor cerâmico e formas de

implementação

As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades

identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos cerâmicos são

desenvolvidas nos pontos seguintes.

Promoção do empreendedorismo qualificado – novas oportunidades

Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos

com o encerramento de inúmeras empresas deste e de outros setores, considera-se

importante desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou

a reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos

produtos eficientes, inovadores, com valor acrescentado e que se adaptem às reais

necessidades dos mercados atuais e futuros, muitos deles focados em novos conceitos de

negócio e com necessidades específicas e muito exigentes.

Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas

A maioria das empresas tem uma grande escassez de recursos para desenvolver novos

produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know how. Uma forma

de apoiar as empresas nacionais é a criação de apoios específicos para o desenvolvimento de

projetos para novos produtos, sempre com uma preocupação em inovação, sustentabilidade e

eficiência energética adequados às novas necessidades dos mercados.

Um exemplo de um novo produto mais eficiente que pode ser explorado pelas empresas

nacionais é o desenvolvimento de tijolos com termoargilas, um produto mais eficiente que os

produtos atuais.

A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e

desenvolvimento do setor cerâmico. É fundamental que o setor inove, e para isso esta

inovação tem de ser fundamentada por projetos de investigação aplicada às empresas.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 50

É também fundamental promover a criação de parcerias e redes de cooperação envolvendo,

se possível, toda a cadeia de valor.

É necessário também que a investigação seja orientada para a promoção da sustentabilidade

do setor, apostando por exemplo no desenvolvimento de novos produtos que influenciem o

consumo energético dos edifícios, que consumam menos energia na produção, que sejam mais

leves, otimizando os consumos de energia de transporte, que recorram a novos materiais ou

formas mais eficientes de utilização dos materiais tradicionais, que empreguem novas

tecnologias, entre muitos outros aspetos que permitam criar valor nos produtos reduzindo os

seus impactes ao longo do ciclo de vida.

A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das

suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A

demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e

com um potencial de sucesso elevado. Existem atualmente projetos, soluções, tecnologias e

produtos que têm sido desenvolvidos e que têm um bom potencial de aplicação no setor

cerâmico. É necessário que esse conhecimento chegue às empresas e que a sua aplicação seja

testada e validada em contextos empresariais. Devem ser desenvolvidos mecanismos que

apoiem ações de demonstração, quer pela disponibilização de recursos financeiros, quer pela

criação de plataformas, redes e parcerias que possibilitem uma disseminação eficaz das

melhores práticas disponíveis.

Devem ser também consideradas as informações incluídas no documento BREF (documento de

referência sobre as melhores técnicas disponíveis (MTD) intitulado “Fabrico de produtos

cerâmicos" o qual descreve as principais constatações e sintetiza as principais conclusões em

MTD).

Estas técnicas apresentadas devem ser demonstradas e adotadas pelas empresas de modo a

tornarem os seus produtos e os seus processos mais ecoeficientes, quer a nível de consumos

energéticos, quer ao nível da redução dos impactes ambientais do ciclo de vida dos produtos

cerâmicos.

2.1.3. Eficiência energética dos produtos do setor das madeiras, mobiliário e cortiça

2.1.3.1. O setor das madeiras, mobiliário e cortiça

Nesta secção agrupam-se numa mesma denominação dois setores diferentes e atividades que

abrangem, por vezes, um diferente enquadramento económico, ambiental e económico.

O setor da madeira e mobiliário apresenta-se como uma indústria extremamente fragmentada

e elevado nível de concentração geográfica. Em Portugal é um setor significativo em termos de

emprego, cerca de 34000 pessoas, representando 5% do emprego da indústria

transformadora, onde ainda predomina o recurso à mão-de obra intensiva. A fabricação de

mobiliário integra-se na CAE 361 (fabricação de mobiliário e colchões), que, de acordo com

dados de 2003, agregava 6925 empresas. Cada empresa emprega, em média, apenas 7

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 51

trabalhadores. Apresenta-se como um conjunto de atividades diversificadas, todas de algum

modo relacionadas com a utilização da madeira, desde atividades muito a montante (secagem

e primeira transformação: serração) até aplicações quase sempre de algum modo relacionadas

com a construção de edifícios (carpintaria) e com a utilização mais comum e mais universal

destes edifícios, a habitação (mobiliário). Tem sofrido recentemente um acentuado

decréscimo que se assume ainda mais grave depois do início da crise económica e financeira.

Dos dados disponíveis, as exportações rondarão entre os 30 e 50% da produção nacional. A

progressiva orientação para o mercado externo não reflete fidedignamente o caráter das PME

deste setor, também devido aos preços que estarão longe de assegurar a necessária

rentabilidade. No entanto é uma boa evolução, e esclarece a resiliência das empresas da

indústria portuguesa deste setor. Neste sentido, espera-se que internamente se desenvolvam

competências adequadas a uma maior e intensa competitividade em mercados externos, onde

a inovação será essencial. De considerar que o atraso que carateriza este setor provém em

grande medida duma mão-de-obra pouco qualificada e indiferenciada e duma produtividade

inferior aos valores médios de outros setores ou do mobiliário na União Europeia (UE).

Existem no entanto, e reforçando a ideia atrás descrita, novas oportunidades de crescimento e

diferenciação. Têm sido ultimamente revelados alguns exemplos neste setor no que se refere

às melhores práticas na área da inovação e sustentabilidade e à atribuição de alguns prémios.

A integração e desenvolvimento de metodologias, práticas e materiais inovadores só serão

possíveis se houver vontade das empresas aliada à existência de sistemas de incentivos. Há a

necessidade de pessoas mais qualificadas, de uma maior aposta no fator tecnológico, apontando

como áreas críticas a gestão, a tecnologia, o marketing e o design. Tal como em outros setores

descritos, grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos

financeiros, quer em temos de recursos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento

e promoção de novos produtos mais eficientes. No entanto, e referindo dados EFINERG só 2%

das empresas recorrem a Universidades e aos Centros Tecnológicos como fontes de inovação,

tendência que terá de ser fortemente combatida.

É assim desejável que estas empresas cooperem entre si a nível nacional, de modo a

fortalecerem o seu poder negocial e trabalhem com a grande indústria e universidades, em

parcerias, de modo a permitirem uma transferência de conhecimento e a contrariarem o

impacte de um cenário macroeconómico interno muito adverso: dos baixos níveis de

crescimento do PIB à crise do setor da construção civil. Por outro lado, para o real aumento da

competitividade empresarial, há que adequar a estrutura de financiamento do capital e

fortalecer a capacidade de inovação e exigência dos quadros técnicos e dirigentes e dos

produtos fabricados.

Por sua vez, o setor da cortiça, ao contrário da madeira e mobiliário, tem evoluído de forma

positiva, apostando na internacionalização da atividade. De uma forma geral, não regista

desemprego e o nível de formação tem sido regular. É de pensar, que a sua forte capacidade

de inovação tenha servido de alavanca aliada à nobreza do material, que se fortaleceu

tecnicamente, ao mesmo tempo que cresceu dentro de alguns grupos industriais, mais fortes

internacionalmente. Ao nível do design/conceção e engenharia do produto, tem-se vindo a

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 52

alcançar níveis técnicos de exigência global enquadrados com um conhecimento e produção

nacional especialmente favoráveis.

Como foi referido, as atividades industriais enquadradas neste setor são vastas e englobam

diferentes processos e produtos. O setor do mobiliário, pode então classificar-se quanto ao

produto fornecido como:

Fabricação de mobiliário de cozinha;

Mobiliário de escritório e outros;

Outros artigos de madeira;

Pavimentos e revestimentos em madeira;

Materiais para construção;

Extração e processamento de madeiras.

Com o surgimento de novos fatores de competitividade torna-se decisivo neste processo a

atuação das empresas líderes do setor, já detentoras de uma organização e posicionamento no

mercado, capaz de arrastar outras empresas para uma estratégia de diferenciação. As

empresas nacionais, para vencerem no mercado mundial, terão de procurar oferecer um

produto de maior componente tecnológica, conceção e design, e a um preço competitivo.

Nas empresas EFINERG do setor da madeira, mobiliário e cortiça, os custos com energia

representam 4% relativamente aos custos totais das empresas e os de transporte cerca de

3,5%. Nesta gama de empresas, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo

das empresas com 60%, seguindo-se o gás natural com 26% e o gasóleo com 11%. O propano e

a gasolina são muito pouco consumidos, com valores de 1,7% e 0,7%, respetivamente (figura

18).

Figura 18. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da madeira, mobiliário e

cortiça

No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do

projeto EFINERG, percebeu-se um desconhecimento da norma mais antiga (Diretiva 92/75/CEE

- Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização) e da mais

recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os requisitos de

conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das 14 empresas

EFINERG que representaram o setor das madeiras, mobiliário e cortiça, apenas duas tinham

60% 11%

26%

0% 2% 0% Electricidade

Gasóleo

Gas natural

Biomassa

Gasolina

Propano

Fueloleo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 53

conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto no que se referia ao

conhecimento da diretiva de 2009, nenhuma das empresas referiu conhecê-la, não as

aplicando na conceção e desenvolvimento dos seus produtos.

As empresas do setor das madeiras, mobiliário e cortiça envolvidas no projeto EFINERG,

confrontadas com os critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de

sustentabilidade, atribuíram-lhes os seguintes pesos:

Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da

armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios,

utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) – 31%

Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais,

antiguidade, proximidade e origem dos materiais) – 22%

Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados,

utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais

necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos,

evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia

necessária ao armazenamento e manuseamento) - 21%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção

(prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva,

disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de

reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e

manutenção via internet) – 19%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização

(disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético,

autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de

energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do

consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de

consumíveis) – 5%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida

(facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de

materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou

encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de

materiais) – 3%.

2.1.3.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos de madeira e cortiça

O setor tem uma forte ligação à habitação, quer ao nível da construção e reabilitação quer a

nível de produtos domésticos, à semelhança da cerâmica. Deste modo é fundamental que o

produto dê resposta aos novos padrões de consumo, desenvolvendo produtos que pelas suas

caraterísticas permitam influenciar positivamente o desempenho energético dos edifícios,

principalmente de uma forma passiva, ao nível da sua estrutura, design e materiais, entre

outros fatores que permitam aumentar o conforto térmico, e recuperação energética de

materiais no fim do ciclo de vida do produto, reduzindo os seus impactes ambientais. É

necessário assim, que se convertam e apliquem materiais de madeira com outros materiais,

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 54

que funcionem como compósitos “verdes” e que à semelhança da inovação de produtos de

cortiça, permitam novas funções e diminuição dos consumos energéticos ao longo da cadeia

de valor.

De uma forma geral, uma das maiores potencialidades é repensar a construção e reabilitação

do edificado (responsável por uma quota expressiva de energia primária) de modo a utilizar

materiais equivalentes. Podendo referir-se vários estudos, é um fato consistente, que um

aumento do uso de materiais lenhosos na construção terá um efeito positivo e diminuirá o uso

de energia ao longo da cadeia de valor. Por exemplo, o recurso a uma estrutura de madeira

versus uma estrutura em material metálico ou em cimento reduzirá em média 15% o consumo

energético. Em vários estudos produtos de madeira e mobiliário revelam-se mais favoráveis

energeticamente quando comparados com diferentes produtos, por exemplo: caixilhos,

portas, pisos, etc.

Deve existir uma forte capacidade de desenvolvimento de produto, integrando critérios de

ecoeficiência e sustentabilidade, permitindo assim a redução de impactes em todo o ciclo de

vida do produto. Uma sólida aposta no design levará ao desenvolvimento de novos produtos

mais competitivos.

As empresas devem criar condições para que as equipas de design, internas ou externas

possam desenvolver novos produtos inovadores e eficientes. Além de poderem fortalecer o

conforto, por exemplo térmico, também devem mais facilmente desenvolver produtos com

maior durabilidade. Em produtos de mobiliário de escritório e outros, é importante ter em

conta que a ergonomia, tons e outras funcionalidades podem influenciar positivamente o

consumo energético no interior do edificado e isto deverá ser tido em conta, e aproveitado no

seu marketing e na sua força de vendas. Este tipo de argumentação também se aplica a

produtos decorativos e ornamentais e que sirvam para influenciar os utilizadores assim como

em pavimentos, revestimentos de parede, coberturas e materiais para construção (lamelados,

prumos e vigas maciças, etc.). Nestes pavimentos e revestimentos de parede assim como nos

referidos materiais de construção, há uma enorme vantagem de otimização energética ao

privilegiar-se desde a conceção dos novos produtos, funcionalidades e caraterísticas, que

reduzam o consumo energético quer na produção quer em todas as fases do seu ciclo de vida.

Também é de ter em conta novos modelos de construção e aplicação, historicamente menos

enraizados, mas que podem ter uma boa evolução no mercado, como por exemplo a

construção modular. Também em produtos como embalagens, deverá ter-se em conta a

vantagem da construção de produtos modulares, que possam ser facilmente acrescentados,

de modo a aumentar a sua funcionalidade, a sua distinção competitiva e a sua reutilização.

As potencialidades descritas assentam num eixo de inovação ligada a uma melhor gestão de

recursos, quer energéticos quer humanos, e no seu enquadramento estratégico.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 55

2.1.3.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor da madeira e mobiliário e formas de

implementação

As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades

identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos deste setor são

apresentadas nos pontos seguintes.

Promoção do empreendedorismo qualificado – novas oportunidades

Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos

com o encerramento de inúmeras empresas deste e doutros setores, e principalmente

associado a uma vertiginosa queda na construção civil é importante neste momento, e

enquadrando a eficiência energética ao nível do produto e da sua cadeia de valor, que se

apoiem e criem empresas para produção de novos produtos inovadores eficientes e de valor

acrescentado.

Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas

A maioria das empresas tem uma grande escassez de recursos para desenvolver novos

produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know-how. Uma

forma de apoiar as empresas nacionais é revitalizar as empresas existentes para o

desenvolvimento de novos produtos, mais eficientes e adequados às novas necessidades do

mercado, e proporcionar a transferência de conhecimento técnico e de gestão do produto de

empresas mais experientes.

Como foi descrito anteriormente, a investigação e desenvolvimento é também um ponto-

chave para o sucesso e desenvolvimento do setor. Para isto, é necessário apoiar a ligação das

empresas a entidades de investigação. É fundamental que o setor inove, e para isso esta

inovação tem de ser fundamentada por projetos de investigação aplicada às empresas.

É também fundamental promover a criação de parcerias e redes de cooperação envolvendo,

se possível, toda a cadeia de valor. Desta forma, e alavancado por estratégias mais alargadas

(Diretivas Europeias) de diminuição dos consumos energéticos no edificado, é positivo

desenvolver novos produtos que influenciem o consumo energético dos edifícios, que

consumam menos energia na produção, mais leves, otimizando os consumos de energia de

transporte, entre outros aspetos.

A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das

suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. É

necessário que esse conhecimento chegue às empresas e que a sua aplicação seja testada e

validada em contextos empresariais. Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem ações

de demonstração, pela criação de plataformas, redes e parcerias que possibilitem uma

disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis, oferecendo exemplos vencedores.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 56

2.1.4. Eficiência energética dos produtos da metalomecânica

2.1.4.1. O setor metalomecânico

O peso do setor metalúrgico e metalomecânico na indústria transformadora em Portugal (com

base em dados do INE de 2009) é de 23% quanto ao número de empresas e de 26% quanto ao

volume de negócios. Dentro do setor metalúrgico e metalomecânico, em número de

empresas, a divisão com maior representatividade é a de produtos metálicos (CAE 25) com

79%, seguindo-se a de máquinas e equipamentos (CAE 28) com 10%, a de equipamento

elétrico (CAE 27) com 5%, a de veículos automóveis (CAE 29) com 3%, a de metalurgia de base

(CAE 24) com 3% e a de outros equipamentos de transporte (CAE 30) com 1%.

O setor metalúrgico e metalomecânico, composto por metalúrgicas, siderurgias e metalo-

eletromecânicas, consome 9 % do valor total atribuído à indústria transformadora. Em termos

nacionais as principais fontes da energia consumida no setor metalúrgico e metalomecânico

são a eletricidade (64%) e o gás natural (23 %). Com menor representatividade é consumido

petróleo (10%), energias renováveis (exceto hídrica) (2 %) e carvão (1 %). No entanto, no

universo EFINERG os valores levantados são diferentes (figura 19): 72% corresponde a

eletricidade, 11% a propano, 9% a gasóleo e 8% a gás natural, mostrando o maior recurso

energia elétrica em empresas de menor dimensão. Por outro lado, nesta gama de empresas

ainda não está tão generalizado o recurso a gás natural, fazendo-se ainda muito uso do

propano. Nesta gama de empresas os custos com energia representam 5% relativamente aos

custos totais das empresas e representando os custos de transporte nos custos totais das

empresas cerca de 3%.

Figura 19. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG da metalomecânica

A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP)

juntamente com o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM)

realizaram no final de 2010 um estudo para identificação de fabricantes cujos produtos

estivessem no âmbito de aplicação da diretiva 2009/125/CE e verificaram que as empresas

fabricantes de bens de equipamento, desconhecem a legislação em vigor e as obrigações a que

poderão vir a estar sujeitas, por força da entrada em vigor dos instrumentos legais de política

de eficiência energética da União Europeia.

72%

9%

8%

0% 11%

0% Electricidade

Gasóleo

Gas natural

Biomassa

Gasolina

Propano

Fueloleo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 57

No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do

projeto EFINERG, infere-se um desconhecimento tanto da norma mais antiga (Diretiva

92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização)

como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os

requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das

25 empresas EFINERG que representaram o setor metalomecânico, quatro tinham

conhecimento da diretiva de Rotulagem energética, enquanto sete das empresas conheciam a

diretiva de 2009.

No caso particular dos fabricantes de máquinas não há produtos fabricados pelas empresas do

setor representado pela AIMMAP aos quais seja, para já, aplicável a diretiva "EuP".

Os principais obstáculos à definição de medidas para satisfação dos requisitos de ecoeficiência

que venham a ser impostos residem na dificuldade de padronização de soluções aplicáveis à

grande diversidade de produtos (no caso concreto das máquinas-ferramentas identificaram-se

cerca de 2000 tipos de máquinas diferentes) representados no universo da AIMMAP, assim

como na mudança de mentalidade e atitude face aos problemas ecológicos e ambientais.

Grande parte das empresas nacionais têm recursos limitados, quer em termos financeiros,

quer em temos humanos, existindo lacunas sérias no desenvolvimento de novos projetos de

novos produtos.

As empresas metalomecânicas envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os critérios a

ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-lhes os

seguintes pesos:

Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da

armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios,

utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) – 28%

Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais,

antiguidade, proximidade e origem dos materiais) – 24%

Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados,

utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais

necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos,

evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia

necessária ao armazenamento e manuseamento) - 33%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção

(prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva,

disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de

reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e

manutenção via internet) – 11%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização

(disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético,

autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de

energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 58

consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de

consumíveis) – 4%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida

(facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de

materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou

encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de

materiais) – 1%.

2.1.4.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos metalomecânicos

A importância do consumo de energia na competitividade da economia das empresas é cada

vez mais um fator decisivo, sendo a energia um dos pilares do desenvolvimento sustentável e

um segmento cada vez mais estratégico para a indústria. O impulsionamento de medidas que

visam a conceção ecológica de produtos relacionados com o consumo de energia, permitem

reduzir significativamente os impactos ambientais e realizar poupanças de energia, através da

melhoria da sua conceção, o que leva em simultâneo a uma economia de custos para as

empresas e para os consumidores finais. A conceção ecológica dos produtos é considerada

pelos fabricantes e utilizadores uma abordagem preventiva, que visa otimizar o desempenho

ambiental, ao mesmo tempo garantindo as respetivas características funcionais, otimizando os

recursos energéticos existentes, integrando desde a fase de conceção medidas de utilização

sustentável.

É necessário que as empresas desenvolvam novos produtos, mais eficientes, que reduzam o

consumo energético na produção, nomeadamente através da aplicação de novas tecnologias

de eficiência no processo produtivo, e em todas as fases do seu ciclo de vida e que se adaptem

às necessidades dos mercados atuais, legislação e diretivas existentes. Neste desenvolvimento

há que introduzir critérios de eficiência energética e ecodesign nomeadamente os que

constam das diretivas. Um outro aspeto importante será o desenvolvimento de veículos

consumidores de energias alternativas.

A diretiva “Ecodesign” 2009/125/CE estabelece um quadro para a definição dos requisitos de

conceção ecológica dos produtos que consomem energia, sendo aplicável a todo o produto

que utilize energia para efetuar a função para a qual foi concebido, fabricado e colocado no

mercado, permitindo melhorar a sua eficiência energética e o desempenho e contribuindo

para uma redução global do seu impacte ambiental. Tem como um dos objetivos garantir a

livre circulação destes produtos no mercado interno, existindo a obrigatoriedade da marcação

CE. Em Portugal, esta legislação comunitária foi transposta pelo Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24

de Janeiro.

Um outro aspeto importante dentro desta temática prende-se com a utilização do rótulo

energético, que é obrigatório para os produtos abrangidos por medidas de aplicação adotadas

no âmbito da Diretiva Rotulagem Energética. O sistema de rotulagem energética fornece aos

consumidores informações úteis e comparáveis, que lhes permitem considerar a possibilidade

de investir em aparelhos dotados de um melhor desempenho a fim de realizar poupanças

tendo em conta os custos correntes (principalmente o consumo de energia durante a

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 59

utilização) e ajuda os fabricantes a posicionar os seus produtos no mercado e a receber uma

compensação pelo investimento feito na introdução de aparelhos melhores e mais inovadores.

Este sistema é, por isso, considerado um instrumento vantajoso a todos os níveis para os

consumidores, a indústria e o ambiente.

2.1.4.3. Medidas estratégicas a desenvolver para o setor metalúrgico e metalomecânico e

formas de implementação

As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades

identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos metalúrgicos e

metalomecânicos são apresentadas nos pontos seguintes.

Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas

Face às dificuldades de mercado e à concorrência existente uma das formas das empresas

sobreviverem passa pelo desenvolvimento de produtos mais eficientes que possam ser

competitivos. No entanto, à maioria das empresas faltam recursos financeiros, humanos e até

de know how para pôr em prática esse desenvolvimento. Uma das formas de colmatar esta

lacuna será através de apoios específicos a projetos de eficiência energética e ecodesign,

nomeadamente no que diz respeito a projetos para o cumprimento das diretivas nesta área.

A investigação e desenvolvimento são aspetos importantes para o sucesso e desenvolvimento

deste setor.

É fundamental apoiar e promover projetos de I&D nas empresas, criar parcerias com centros

de investigação e outros stakeholders de modo a desenvolver novos produtos que consumam

menos energia na produção, mais leves, otimizando os consumos de energia de transporte, ou

seja produtos mais eficientes e com maior valor.

A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das

suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A

demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e

com um potencial de sucesso elevado.

Uma outra medida, que poderá ajudar, será a promoção de ações de “brainstorming” com

ecodesigners e engenheiros de projeto para identificar oportunidades de melhoria em

processamento industrial e no produto final.

Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem a investigação com projetos de

demonstração, quer pela disponibilização de recursos financeiros, quer pela criação de

plataformas, redes e parcerias que juntem os vários stakeholders e que possibilitem uma

disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis.

Estas medidas apresentadas devem ser demonstradas e adotadas pelas empresas de modo a

tornarem os seus produtos e os seus processos mais ecoeficientes, quer a nível de consumos

energéticos, quer ao nível da redução dos impactes ambientais do ciclo de vida dos produtos.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 60

2.1.5. Eficiência energética dos produtos do setor têxtil e do vestuário

2.1.5.1. O setor têxtil e vestuário

O setor têxtil e vestuário em Portugal, tal como todos os outros, enfrenta graves problemas,

fruto não só da concorrência como da atual crise económica mundial, e tem vindo, ao longo

dos anos, a diminuir quer em termos de produção quer de volume de negócios, registando-se

no entanto um ligeiro aumento de 2009 para 2010.

Em relação às exportações e importações verifica-se uma estabilização ao longo dos anos

tendo as exportações sofrido uma pequena quebra entre 2008 e 2009, ligeiramente

recuperada em 2010.

Em Portugal, os setores da fabricação de têxteis (CAE 13) e indústria do vestuário (CAE 14), de

uma forma global, devido à produção intensiva que os caracteriza, são grandes consumidores

de energia, nomeadamente as empresas verticais com toda a fileira têxtil. É uma das mais

importantes indústrias na economia portuguesa, sendo na sua maioria constituída por PME

localizadas no norte de Portugal.

As empresas têxteis e do vestuário no âmbito do projeto EFINERG são pequenas empresas

com baixos consumos de energia, correspondendo essencialmente a empresas de confeção.

Nestas empresas a percentagem dos custos de energia nos custos totais das empresas é de

cerca de 3%, sendo a percentagem dos custos de transporte nos custos totais das empresas de

2%.

Entre 2008 e 2009, na Indústria Transformadora, verifica-se uma redução no número de

empresas que também foi sentida na Indústria Têxtil e do Vestuário: na fabricação de têxteis,

foi de - 7% e, na indústria do vestuário de - 11%. Apesar do decréscimo sentido nestes setores,

a sua percentagem continua a representar cerca de um quinto da indústria transformadora em

termos de número de empresas. Em termos do universo EFINERG, verificou-se uma descida

dos valores de faturação entre 2008 e 2009, mas uma recuperação em 2010.

Verifica-se que em termos nacionais, na fabricação de têxteis (CAE 13) a maioria das empresas

tem menos de 50 trabalhadores (cerca de 95%), sendo que cerca de 77% tem menos de 10

trabalhadores. Em 2009, na fabricação de têxteis, as PME com efetivos inferior a 10, tinham

uma representatividade de 78%, demonstrando que as micro empresas dominam o setor.

Na indústria do vestuário verifica-se a mesma realidade da fabricação de têxteis, ou seja, em

2008 e 2009 as micro empresas representavam, respetivamente, 77,4% e 77,6% do total das

Indústrias do Vestuário.

Nas empresas EFINERG, a eletricidade é o tipo de energia com mais peso no consumo das

empresas com 80%, seguindo-se o gasóleo com 7%, fuelóleo com 5%, o gás natural e o

propano com 4% (figura 20).

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 61

Figura 20. Repartição por tipo de energia consumida pelas empresas EFINERG do setor têxtil e

vestuário

As exigências energéticas, na utilização dos produtos lançados no mercado, pela indústria

têxtil e do vestuário, são essencialmente o consumo de energia elétrica na lavagem, secagem e

engomagem dos artigos têxteis (vestuário, roupa de cama, atoalhados, toalhas de mesa, etc.).

No que se refere ao conhecimento das diretivas, a partir do estudo realizado no âmbito do

projeto EFINERG, infere-se um desconhecimento tanto da norma mais antiga (Diretiva

92/75/CEE - Rotulagem energética: indicação do consumo de energia na fase de utilização)

como da mais recente (Diretiva 2009/125/EC - Ecodesign: criação de um quadro para definir os

requisitos de conceção ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia). Das

18 empresas EFINERG que representaram o setor do têxtil e do vestuário, nenhuma referiu

conhecer quer a diretiva de rotulagem energética quer a de 2009.

As empresas do têxtil e do vestuário envolvidas no projeto EFINERG, confrontadas com os

critérios a ter em conta na conceção de produtos numa lógica de sustentabilidade, atribuíram-

lhes os seguintes pesos:

Seleção de matérias-primas (utilização de recursos locais, otimização da

armazenagem, evitar uso de materiais perigosos, minimização de desperdícios,

utilização de materiais reciclados e recicláveis e energia consumida) – 31%

Seleção de fornecedores (fornecedores certificados, fornecedores nacionais,

antiguidade, proximidade e origem dos materiais) – 20%

Definição da embalagem (utilização de materiais, utilização de materiais reciclados,

utilização de materiais recicláveis, minimização da quantidade de materiais

necessários, minimização do espaço de armazenamento, evitar materiais perigosos,

evitar materiais escassos, evitar a diversidade de materiais, minimização da energia

necessária ao armazenamento e manuseamento) - 32%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativos à sua instalação e manutenção

(prevenção de resíduos e emissões, facilidade de manutenção preventiva,

disponibilização de instruções de utilização afixadas no produto, facilidade de

reparação, facilidade de limpeza, disponibilização de instruções de utilização e

manutenção via internet) – 12%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente à sua utilização

(disponibilização de informação ao utilizador sobre desempenho energético,

80%

7%

4% 0% 4% 5%

Electricidade

Gasóleo

Gas natural

Biomassa

Gasolina

Propano

Fueloleo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 62

autoalimentação do produto via energias renováveis, minimização da necessidade de

energia, integração de funções automáticas de poupança de energia, redução do

consumo de energia decorrente da utilização do produto, minimização de

consumíveis) – 3%

Cuidados atendidos na conceção do produto relativamente ao seu fim de vida

(facilidade de desmantelamento, informação relativa a tipo e percentagem de

materiais passíveis de recuperação, informação sobre como desmontar, reciclar ou

encaminhar corretamente, informação sobre energia consumida na reconversão de

materiais) – 2%.

2.1.5.2. Potencialidades de eficiência energética dos produtos têxteis e do vestuário

Apesar da situação atual do setor é necessário que as empresas desenvolvam novos produtos,

mais eficientes e que se adaptem às necessidades dos mercados atuais. O produto têxtil e do

vestuário, não é um tipo de produto que consuma diretamente energia na sua fase de

utilização, no entanto pode ter uma grande influência na eficiência energética do sistema em

que se insere. Os produtos deste setor devem ser desenvolvidos tendo em consideração todo

o seu ciclo de vida.

Se analisarmos o ciclo de vida de um produto têxtil e vestuário, vamos ver que grande parte do

impacte ambiental destes produtos se deve ao grande consumo de água, energia e

detergentes na sua lavagem e conservação (lavagem, secagem e passagem a ferro). O

desenvolvimento de produtos easy care com características especiais, com menores

necessidades de energia e consumo de materiais para a limpeza e conservação permite um

aumento da eficiência do produto ao longo do seu ciclo de vida. Esta é uma área que tem

vindo a ser desenvolvida existindo inúmeros projetos de investigação em novos materiais e

tecnologias, por exemplo as nanotecnologias, dos quais têm resultado soluções inovadoras, de

valor acrescentado e que podem, a prazo, constituir uma boa aposta no desenvolvimento

sustentável deste setor em Portugal.

Outra potencialidade do contributo do produto deste setor para a eficiência energética está

ligada ao desenvolvimento de produtos com maiores níveis de conforto térmico, melhorando

as características de uso. Esta medida tem influência na necessidade de sistemas alternativos

de climatização (aquecedores, ar condicionado e outros).

O desenvolvimento da produção de fibras nacionais é também uma boa aposta uma vez que

promove o produto nacional, com qualidade e valor acrescentado e reduz a dependência de

fornecedores externos. Ao adotar esta estratégia, o consumo de energia, principalmente ao

nível do transporte é minimizado.

Ainda a nível da matéria-prima, a adoção e desenvolvimento de produtos/cores naturais e

pigmentos de base natural pode ser uma estratégia interessante para alguns produtores

nacionais, conseguindo a produção de um produto de qualidade, mais sustentável, permitindo

assim penetrar em novos mercados mais exigentes e, atingindo deste modo uma diferenciação

da concorrência externa, nomeadamente dos países asiáticos que colocam no mercado

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 63

produtos com custos muito reduzidos e com os quais as empresas têm muita dificuldade em

concorrer.

2.1.5.3 Medidas estratégicas a desenvolver para o setor têxtil e vestuário e formas de

implementação

As medidas estratégicas que podem contribuir para a concretização das potencialidades

identificadas de melhoria de eficiência energética associada aos produtos têxteis e do

vestuário são apresentadas nos pontos seguintes.

Promoção do empreendedorismo qualificado – novas oportunidades

Embora o tecido empresarial nacional tenha sido reduzido substancialmente nos últimos anos

com o encerramento de inúmeras empresas deste e outros setores, considera-se importante

desenvolver mecanismos que apoiem a criação de novas empresas inovadoras ou a

reconversão das empresas atuais, dotando-as de capacidade para desenvolver novos produtos

mais eficientes, inovadores, com valor acrescentado e que se adaptem às reais necessidades

dos mercados atuais e futuros, muito deles focados em novos conceitos de negócio, com

necessidades específicas e muito exigentes. É importante também referir a necessidade e

importância de criar infraestruturas para o desenvolvimento de novas matérias-primas com

caraterísticas inovadoras e a adoção de sistemas de reciclagem e ou aproveitamento de fibras.

Considera-se importante o apoio à criação de novas empresas que apostem em produtos

ecoeficientes numa lógica de produção sustentável no que se refere ao vestuário e moda,

têxteis lar, vestuário técnico ou funcional, têxteis técnicos e fios, filamentos & corda e tecidos

& malhas. No que se refere aos têxteis técnicos salienta-se a necessidade de apostar em

produtos para o mercado da proteção ambiental. Relativamente ao grupo que se dedica à

produção de fios, filamentos & corda, tecidos & malhas, refere-se a utilização de matérias-

primas recicladas ou reaproveitadas como abordagem inovadora.

Promoção de projetos de I&D, inovação e demonstração de melhores práticas

Também neste setor as empresas têm uma grande escassez de recursos para desenvolver

novos produtos, desde recursos financeiros, a recursos humanos e mesmo em know-how. Uma

forma de apoiar as empresas nacionais é incentivar o desenvolvimento de novos produtos,

canalizando apoios para projetos, nomeadamente:

Destinados ao mercado da proteção e salvaguarda ambiental.

Que pela valorização de resíduos ou pela adaptação de processos (utilização mais

eficaz dos recursos) comprovem incorporar um menor conteúdo energético.

Que visem a adoção e implementação de novos processos tecnológicos de

acabamentos e tinturaria, que vão de encontro à lógica de “intensificação de

processos” – menos água e energia por unidade de produto transformado.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 64

No âmbito do desenvolvimento de novos projetos deve-se também desenvolver mecanismos

que favoreçam o estabelecimento de parcerias entre empresas de desenvolvimento/

produtoras de têxteis para aplicação técnica (proteção ambiental, produção e condução de

energia, têxteis condutores, fotovoltaicos flexíveis, etc.) e empresas integradoras dessas

soluções.

Outo aspeto a ser apoiado é o desenvolvimento de projetos de investigação com o objetivo de

identificação e validação de matérias-primas alternativas que contribuam para um menor

conteúdo energético dos produtos, que, por exemplo potenciem um melhor isolamento

térmico, diminuição das necessidades energéticas associadas ao aquecimento/arrefecimento

de edifícios, etc.

A investigação e desenvolvimento é também um ponto-chave para o sucesso e

desenvolvimento de qualquer setor. Apesar de este ser um setor no qual a inovação e o

desenvolvimento de novos produtos têm um ritmo muito elevado, em parte devido à

influência que a moda exerce, é fundamental que a inovação seja baseada em projetos de

investigação com objetivos mais ambiciosos que o caráter meramente estético destes

produtos.

No produto do setor têxtil, uma das grandes potencialidades de redução dos consumos de

energia, embora de uma forma indireta, está relacionada com os materiais. É deste modo

fundamental desenvolver projetos de investigação para o desenvolvimento, identificação e

validação de matérias-primas alternativas. Estes projetos devem ter como objetivo a procura

de soluções inovadoras que promovam a eficiência energética do produto têxtil e vestuário em

todo o seu ciclo de vida.

A análise de melhores práticas (processos, tecnologias, produtos, etc.) e a demonstração das

suas potencialidades junto das empresas permite colmatar a falta de informação existente. A

demonstração permite que as empresas adotem melhores práticas de uma forma consciente e

com um potencial de sucesso elevado.

Apoiar projetos de demonstração e validação de materiais e tecnologias inovadoras, por

exemplo na área da Intensificação de processos – Menos água, corantes, químicos e energia,

por unidade de produto transformado.

Devem ser desenvolvidos mecanismos que apoiem ações de demonstração, quer pela

disponibilização de recursos financeiros, quer pela criação de plataformas, redes e parcerias

que possibilitem uma disseminação eficaz das melhores práticas disponíveis e identificação de

oportunidades em novos mercados de aplicação para têxteis técnicos e funcionais destinados

ao mercado da “Green Economy”.

2.2. Abordagem transversal

2.2.1. Criar incentivos à comercialização de produtos mais eficientes

A criação de incentivos à comercialização de produtos mais eficientes, quer através de

benefícios fiscais ou outro tipo de incentivos atua como um catalisador para a melhoria da

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 65

eficiência dos produtos, das empresas e dos setores, uma vez que torna a eficiência energética

um objetivo e mais-valia para a diferenciação dos produtos.

Também é importante a criação de incentivos que promovam a utilização de produtos que

tenham benefícios na ecoeficiência dos sistemas em que são inseridos, nomeadamente na

utilização de têxteis no edificado que promovam a redução dos consumos energéticos dos

edifícios.

As compras públicas têm neste campo um papel importante na adoção de critérios de

sustentabilidade nos requisitos para aquisição de produtos.

Estes benefícios, a desenvolver pelas entidades competentes, potenciam assim o

desenvolvimento das empresas nacionais e da economia.

2.2.2. Promoção de sistemas e ferramentas de marketing, disseminação e divulgação de

produtos eficientes

Para o sucesso de qualquer produto é importante que seja efetuada uma boa promoção.

Existem atualmente disponíveis várias ferramentas, rótulos e outros instrumentos que

permitem uma divulgação credível das caraterísticas dos produtos em geral. São exemplo as

declarações ambientais de produto com especificações e formas de divulgação definidas e

fiáveis. É possível elaborar declarações ambientais de produto, rótulos ecológicos e com

indicação por exemplo do conteúdo energético dos materiais, percentagem de reciclados e

emissões, que serão elemento essencial na promoção assim como na exportação para

mercados mais desenvolvidos.

Aplicar estes instrumentos exige recursos de tempo, humanos e financeiros que nem sempre

as empresas dispõem, por isso é essencial a existência de apoios, naquelas áreas, de entidades

externas às empresas. É importante criar mecanismos de apoio às empresas para a adoção

destas medidas de promoção, quer a nível financeiro, quer na criação de parcerias com

entidades externas dotadas de capacidade de desenvolver estas ferramentas no setor

industrial nacional. É necessário também trabalhar com grandes distribuidores e fortalecendo

com campanhas de marketing que promovam as características de eficiência do produto.

Existem em Portugal entidades a desenvolver investigação nestas áreas, sendo importante

fomentar e apoiar a ligação das empresas a estas entidades. É necessário voltar a promover de

forma nobre um recurso endógeno e torná-lo distintivo.

Esta é uma área particularmente sensível no setor da metalomecânica porque existem já

diretivas comunitárias concretas para alguns dos produtos abrangidos pelo setor estando a

lista dos mesmos a ser continuamente atualizada. Se por um lado a aplicação das diretivas

poderá requerer das empresas um grande esforço, o fato de os produtos passarem a ser

rotulados é uma garantia das suas caraterísticas para os potenciais utilizadores e representa

por isso uma boa promoção dos mesmos.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 66

No caso dos produtos agroalimentares parece especialmente importante desenvolver um tipo

de rotulagem de “produtos de proximidade”, que se relacionem essencialmente com baixo

consumo de energia no transporte, e muitas vezes, associado ao transporte a baixo consumo

de energia associado à conservação/refrigeração dos produtos.

2.2.3. Revisão de enquadramentos legais

A revisão da legislação nacional, com medidas e ações referentes à utilização e comercialização

de produtos mais eficientes é uma forma de promover o desenvolvimento de produtos mais

eficientes.

Em termos das políticas de compras, principalmente nas compras públicas, devem ser

incluídos critérios que valorizem os produtos com padrões de qualidade mais elevados,

produtos com menores consumos de energia, quer diretamente, quer de forma indireta e que

tenham menos impactes ambientais em todo o seu ciclo de vida.

A criação de um tipo de rótulo relativo ao consumo de energia na produção e distribuição de

produtos agroalimentares pode ser uma via de incentivar a eficiência energética.

Em termos do setor têxtil e do vestuário, existem atualmente fibras que apesar das suas

ótimas características técnicas não são utilizadas devido a dificuldade de ordem legal. A

revisão das limitações existentes relativas ao plantio para fibras de cânhamo é um exemplo.

Estas medidas devem, a prazo, tornar as empresas nacionais mais competitivas, com melhores

padrões de qualidade e mais sustentáveis.

2.2.4. Sensibilização

A sensibilização das empresas e dos funcionários para a adoção de práticas de projeto com

critérios de ecoeficiência e adoção de metodologias mais eficientes em termos energéticos é

crucial para a melhoria da eficiência e consequentemente da competitividade das empresas. A

nível empresarial também é fundamental sensibilizar as empresas para a adoção de matérias-

primas locais ou optar por opções de logística ambientalmente mais favoráveis.

É importante informar o consumidor final sobre as caraterísticas dos produtos e a influência

das suas escolhas na utilização do produto. Um consumidor informado pode fazer uma escolha

fundamentada promovendo assim o desenvolvimento de produtos nacionais mais

competitivos, contribuindo também para uma gradual redução dos consumos de energia e

redução dos impactes dos produtos no seu ciclo de vida.

No contexto atual, um fator muito importante para a comercialização de produtos continua a

ser o preço de venda, não sendo no entanto contabilizado o custo do ciclo de vida dos

produtos.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 67

Atividades de sensibilização para os benefícios dos produtos desenvolvidos com melhorias

ambientais incluindo a sua eficiência energética, ao longo de todo o ciclo de vida, são

fundamentais.

No caso dos produtos agroalimentares, parece importante que se proceda à sensibilização

para a promoção e adoção de formas de cozinhar mais eficientes no que se refere aos

produtos resultantes da preparação e conservação de peixes, crustáceos e moluscos, frutos e

produtos hortícolas, carnes, produtos de padaria e outros. Esta sensibilização pode tomar

forma não só nas unidades empresariais de cozinhar alimentos como também nos cidadãos

comuns, contribuído para a criação de hábitos de processamento alimentar mais sustentáveis.

Os produtos locais e da época têm impactes ambientais muito reduzidos, pois a eles não estão

associados gastos muito elevados de combustíveis para o seu transporte e o consumo de

energia na sua armazenagem e preservação. A sensibilização dos consumidores para estes

aspetos pode ter um potencial de aumento da eficiência energética deste setor.

Quanto ao setor da cerâmica e do vidro, para os materiais para a construção, é fundamental

desenvolver ações de sensibilização junto dos arquitetos, construtores, promotores

imobiliários, entre outros agentes da cadeia de valor, para demonstrar a mais-valia da

utilização destes produtos.

No que se refere ao setor têxtil e do vestuário, é fundamental sensibilizar os utilizadores para a

utilização de têxteis mais eficientes evidenciando o ciclo de vida dos produtos e demonstrando

as suas caraterísticas. Deve ser também incentivada a reciclagem, a manutenção, a utilização

de produtos easy care com menores necessidades energéticas, e promover novos hábitos de

consumo mais sustentáveis orientados para uma compra consciente de produtos com maior

valor, com qualidade, eficientes e de preferência nacionais. É também necessário sensibilizar o

consumidor para um correto uso dos têxteis: estes devem ser usados, não só pelas suas

caraterísticas estéticas mas também de forma a potenciar as suas características técnicas.

2.2.5. Formação

A formação é um fator chave para o desenvolvimento. No âmbito do plano de formação das

empresas deve ser contemplada formação na área da eficiência energética para todos os

colaboradores, não só ao nível da produção mas também em todas as fases do ciclo de vida

dos produtos.

2.2.6. Recomendações e resultados a esperar relativos ao produto

Espera-se que as medidas propostas conduzam a produtos nacionais com pegada energética

inferior à atual com menores impactes ambientais e que se adaptem às necessidades dos

consumidores, para além de, naturalmente, contribuírem para a melhoria da competitividade

empresarial.

Uma outra medida a ter em consideração em vários setores será a otimização de ferramentas

para reaproveitamento de materiais no fim de vida dos produtos.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 68

O apoio ao desenvolvimento de novos projetos de produtos mais eficientes nas empresas será

um catalisador do seu desenvolvimento e a aposta em produtos mais eficientes contribuirá a

médio/ longo prazo para uma redução significativa do consumo energético ao longo de todo o

ciclo de vida dos produtos.

Outro resultado será o das empresas ficarem mais conhecedoras das diretivas existentes, de

como as pôr em prática e vantagens. Também aumentará a cooperação entre empresas e

entidades do sistema científico e tecnológico.

Dentro do conhecimento existente, recomenda-se que as empresas do setor agroalimentar

promovam ações que levem à minimização dos resíduos e subprodutos gerados no

processamentos dos produtos e de valorização dos mesmos cuja geração não possa ser

evitada, numa ótica de sustentabilidade. A redução de consumos de energia, que se estima

para este setor relaciona-se com as necessidades associadas à embalagem, armazenamento/

conservação e transporte dos produtos e ainda à energia necessária para o processamento

alimentar.

No setor do têxtil e do vestuário, recomenda-se a opção por novos produtos easy care com

menores necessidades energéticas para a limpeza e conservação (lavagem, secagem e

passagem a ferro) ao longo do ciclo de vida do produto, têxteis mais eficientes ao nível do

conforto térmico, melhorando as caraterísticas de uso.

3. Eficiência energética nos processos produtivos

Para além dos aspetos de eficiência energética associada ao ciclo de vida dos produtos dos

vários setores abrangidos no projeto EFINERG, importa ainda considerar os aspetos de

eficiência energética dos processos produtivos. A abordagem seguida no presente capítulo

recorreu à informação recolhida junto das empresas EFINERG, bem como à informação

constante no relatório de estudo realizado no âmbito deste projeto. Foi também utilizada

informação contida nos Planos Setoriais elaborados, para cada um dos setores envolvidos e o

relatório “Benchmarking internacional - eficiência energética”. Recorreu ainda a fontes de

informação bibliográfica externa ao projeto (por exemplo o relatório da ADENE “Medidas de

Eficiência Energética aplicáveis à indústria Portuguesa” e o coordenado pela RECET relativo ao

“Guia de boas práticas de medidas de utilização racional de energia e energias renováveis”.

3.1. Potencialidades de poupança de energia nos processos produtivos

3.1.1. Ao nível da gestão

A fim de se atingir uma gestão energética mais eficaz é essencial que se verifique toda uma

série de práticas em termos da forma de gestão, abordagem, definição de objetivos e metas

bem como implementação de processos de avaliação e monitorização com os correspondentes

indicadores energéticos, tal como é apontado de seguida.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 69

Gestão de eficiência energética

Implementar e operacionalizar um sistema de gestão de eficiência energética (por

exemplo, no âmbito da norma ISO 50001) que inclua os seguintes aspetos:

o Garantir o empenho dos quadros superiores (compromisso da gestão de topo);

o Definir uma política de eficiência energética para a instalação;

o Planear e definir objetivos e metas com base em indicadores e baselines definidos

para a instalação em causa;

o Desenvolver e aplicar procedimentos, com particular atenção para a estrutura e

responsabilidades do pessoal; a formação, sensibilização e competências; a

comunicação; a participação dos trabalhadores; a documentação; um controlo

eficaz dos processos; os programas de manutenção; a prevenção e capacidade de

resposta a emergências; a salvaguarda da conformidade com a legislação e com os

acordos no domínio da eficiência energética;

o Estabelecer parâmetros de referência e proceder a análise comparativa;

o Monitorizar os desempenhos e consumos de energia e implementar medidas

corretivas, com particular atenção para a adoção de planos de medição e

verificação da poupança energética; conservação de registos; auditorias internas,

quando possível independentes, que permitam determinar se o sistema de gestão

da eficiência energética se mantém em conformidade com os mecanismos

previstos;

o Garantir a revisão periódica, por parte dos quadros superiores e do pessoal técnico

especializado, do sistema de gestão e da respetiva sustentabilidade, adequação e

eficácia permanentes;

o Aquando da conceção de uma nova unidade, tomar em consideração o impacte

ambiental da futura fase de desmantelamento da mesma;

o Promover o desenvolvimento de tecnologias eficientes em termos energéticos e o acompanhamento da evolução das técnicas de eficiência energética;

o Otimizar a localização da instalação fabril aquando da construção inicial ou da reformulação da existente. Avaliar as vantagens de inserção num parque ou zona industrial existente.

Realizar auditorias energéticas e publicar periodicamente os relatórios respetivos;

Garantir a análise e validação externas do sistema de gestão e dos procedimentos de

auditoria;

Reforçar a participação em redes de cooperação empresariais de forma a maximizar os

resultados.

Alguns dos aspetos acima referidos merecem destaque:

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 70

Abordagem de sistema da gestão energética

Otimizar a eficiência energética tendo em consideração medidas específicas que serão

detalhadas mais adiante:

o Unidades de processo;

o Equipamentos térmicos;

o Sistemas AVAC;

o Sistemas frigoríficos / frio industrial;

o Força motriz;

o Iluminação;

o Sistemas de cogeração e microprodução (que no universo EFINERG observado são

inexistentes).

Garantir a aplicação e manutenção de metodologias destinadas a evitar e minimizar os

consumos de água e de energia e a produção de resíduos;

Definir procedimentos documentados, como sejam a manutenção do equipamento,

armazenamento, manuseamento, dosagem e utilização de produtos químicos;

Promover o bom conhecimento de todo o processo (balanços de massa e energia da

instalação):

o Entradas (matérias-primas, materiais auxiliares, energia e água);

o Saídas (produto, águas residuais, emissões para a atmosfera, lamas, resíduos

sólidos e subprodutos, ruído).

Alterar práticas de trabalho (por exemplo mudar para semana de sete dias, prolongar o

período entre clean ups).

Processos de avaliação e monitorização

Definir indicadores de eficiência energética adequados às especificidades da instalação; definir

metodologias de ajuste dos consumos de referência em função de variáveis independentes e

fatores estáticos com influência nos consumos de água e energia;

Medir e verificar o desempenho energético da instalação e, quando necessário, de

determinados processos, sistemas e/ou unidades. Monitorizar a sua evolução ao longo do

tempo ou após a aplicação de medidas de eficiência energética;

Identificar e registar os limites adequados associados aos indicadores;

Definir indicadores energéticos, como por exemplo:

o Potência instalada em cada sistema por unidade de superfície ou de produção;

o Consumo de cada um dos tipos de energia consumida por unidade de superfície ou

de produção;

o Consumo em cada ciclo de operação para cada atividade.

Identificar e registar os fatores que fazem variar a eficiência energética dos processos,

sistemas e/ou unidades correspondentes;

Avaliação comparativa - Proceder a comparações sistemáticas e regulares com valores de

referência setoriais, nacionais ou regionais, sempre que existam dados;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 71

Seguimento e medição - Estabelecer e manter procedimentos documentados para o

seguimento e medição regulares das principais caraterísticas das operações e atividades

que possam ter impacte significativo na eficiência energética;

Aquisição e reforço de competências em eficiência energética e em sistemas consumidores

de energia através de:

o Recrutamento de pessoal especializado e/ou formar pessoal. A formação poderá

ser prestada por pessoal interno ou por peritos externos, através de cursos ou de

autoformação e desenvolvimento pessoal;

o Partilha de recursos internos da instalação;

o Recurso a consultores com as competências necessárias e/ou à contratação

externa de sistemas, funções especializadas, etc.

Realização de auditorias que garantam a identificação de aspetos como:

o Consumos globais associados às diferentes formas de energia utilizadas na

instalação;

o Condições de fornecimento e de utilização;

o Balanços dos principais equipamentos e sistemas consumidores de energia;

o Desempenho energético dos principais equipamentos e sistemas consumidores de

energia;

o Desagregação dos consumos de energia por principais equipamentos e sistemas

consumidores de energia, identificando potenciais medidas de racionalização dos

consumos de energia.

A grande maioria das empresas EFINERG nunca realizou auditorias energéticas, e as

respostas afirmativas recolhidas dizem respeito a empresas que consomem mais de 500

tep

Melhoria contínua do ambiente

Implementar um sistema de gestão ambiental normalizado (ISO 14000 ou EMAS);

Minimizar de forma contínua o impacte ambiental de uma instalação;

Criar uma cadeia de responsabilidade ambiental.

Contratação, abastecimento e faturação energética

Algumas medidas que devem ser asseguradas na gestão da eficiência energética em função

das variáveis de contratação, abastecimento e faturação energética são apontadas de seguida:

Escolher o tipo de energia mais adequado para o processo produtivo, do ponto de vista

técnico, económico e ambiental;

Estudar a modalidade de contratação para cada uma das energias;

Foi verificado durante o estudo EFINERG que 82% das empresas procede a revisões

regulares dos seus contratos de fornecimento de energia

Ajustar de forma adequada a tarifa ao consumo diário de gás e de energia elétrica;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 72

Melhorar o fator de potência da empresa (redução da potência reativa consumida e

emitida);

17% das empresas EFINERG tem encargos significativos com a energia reativa

Instalar bancos de condensadores adicionais e melhorar a distribuição dos bancos de

condensadores já instalados;

Verificou-se que 81% das empresas EFINERG possui condensadores

Verificar o fornecimento de energia elétrica para eliminar ou reduzir eventuais harmónicas

e se necessário aplicar filtros;

No estudo EFINERG verificou-se que apenas 22% das empresas efetua análises da

qualidade da energia

Analisar a possibilidade de alterar os consumos de hora de ponta para horas de baixo

consumo e/ou de tarifa reduzida;

Apenas 10% das empresas EFINERG gere a produção em função da disponibilidade

Introduzir interfaces de potência para compensar os regimes de baixa eficiência motriz a

favor da rede elétrica;

Analisar periodicamente a faturação.

Verificou-se que 90% das empresas EFINERG procede a este tipo de análises

Integração de processos

É necessário conhecer o problema na sua globalidade para que da integração de processos

possam resultar benefícios que se traduzem em processos mais competitivos. No entanto há

alguns condicionantes a esta integração: o layout da empresa, questões de segurança e de

qualidade do produto. Como noutras alterações há que ser feito um estudo económico e

decidir sobre a viabilidade desta integração.

Monitorização e controlo

Para implementar um sistema de monitorização terão que ser adotadas algumas medidas

como as que se apresentam de seguida.

Realizar um diagnóstico energético às instalações para:

o Identificar e definir os principais equipamentos e sistemas consumidores de

energia;

o Avaliar a necessidade de colocação de aparelhos de medida nas instalações;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 73

o Estabelecer metas de redução do consumo energético;

o Implementar medidas para o aumento da eficiência energética.

Garantir um controlo efetivo dos processos através da aplicação de técnicas como:

o A implantação de sistemas que garantam que os procedimentos sejam conhecidos,

entendidos e cumpridos;

o A garantia da identificação, da otimização em termos de eficiência energética e do

seguimento dos principais parâmetros de desempenho dos processos;

o A documentação ou o registo desses parâmetros.

Monitorizar periodicamente os consumos de energia e a produção e proceder a uma

atualização das metas sempre que se justifique;

Estabelecer e manter procedimentos documentados para o seguimento e medição

regulares das principais caraterísticas das operações e atividades que possam ter impacte

significativo na eficiência energética.

Na abordagem efetuada no projeto EFINERG verificou-se que no conjunto apenas 12,5%

das empresas procede à monitorização dos consumos de energia por secção fabril, sendo

que esta percentagem é inferior em alguns dos setores abordados, como seja no caso do

setor cerâmico em que a percentagem de empresas que o faz é nula

Formação e sensibilização de recursos humanos

Para implementar as medidas de eficiência energética é necessária a colaboração de todos os

recursos humanos da empresa. É portanto essencial a sua sensibilização e formação nesta área

fazendo estas parte do sistema de gestão de energia da empresa.

Se bem que a maioria das empresas considera que os seus colaboradores se encontram

devidamente formados para as funções que exercem, há cerca de 14% de empresas do

universo EFINERG que afirma haver carências neste domínio. Em 38% das empresas não

existem programas de motivação dos colaboradores para a temática da eficiência

energética

Recomendações

Realizar ações de sensibilização e formação sobre os seguintes temas:

o Impactes ambientais da utilização da energia;

o Benefícios da economia de energia;

o Dependência energética da empresa e o que esta pode fazer para economizar

energia;

o Atitude cívica individual para economizar energia.

Informar e comunicar aos colaboradores as medidas de poupança de energia que a

empresa quer adotar;

Implementar a figura do gestor de energia (como agente responsável pelos programas de

gestão eficiente da energia e pelas auditorias energéticas);

Promover a participação dos colaboradores na gestão energética (caixas de sugestões).

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 74

3.1.2. Ao nível dos sistemas, operações e equipamentos

Os motores elétricos associam à facilidade de transporte, limpeza e simplicidade de comando,

a construção simples e grande versatilidade de adaptação às mais diversas cargas razões que

justifica o serem tão utilizados. Face à elevada utilização a sua operação e conservação

representam oportunidades para a poupança de energia que se traduz não só na redução dos

custos de produção mas também no aumento da competitividade.

Estes são os equipamentos mais disseminados em todos os setores e representam por isso

fontes de grande consumo elétrico na União Europeia - cerca de 70% da energia elétrica total

consumida na indústria. Também em Portugal são responsáveis por mais de 70% do consumo

da eletricidade da indústria, e por cerca de 30% do consumo elétrico global do país.

A poupança de energia acima referida começa logo com a seleção dos motores mais

adequados para cada aplicação. As maiores poupanças de energia elétrica obtêm-se quando o

motor funciona na sua máxima eficiência, havendo para cada situação soluções mais

apropriadas que terão em conta diversos fatores como sejam dimensão, potência, condições

de operação, arranque, regulação de velocidade, etc.

As condições de utilização e o dimensionamento dos motores não são muitas vezes as mais

adequadas, trabalhando em regime de carga parcial ou variável ao longo do tempo, sendo

muito frequente o sobredimensionamento dos motores elétricos que alimentam bombas,

ventiladores, compressores, transportadores mecânicos, etc.

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista a uma maior eficiência energética:

Substituir os motores elétricos convencionais avariados ou em fim de vida por motores de

alto rendimento quando o investimento assim o permitir;

No universo das empresas EFINERG verificou-se que, em cerca de 42%, na aquisição de

motores é tido em consideração o rendimento dos mesmos e em 35% apenas o

investimento inicial. Por outro lado, apenas 19% das empresas EFINERG refere utilizar

motores de alto rendimento

Otimizar todo o sistema em que o motor está integrado;

Otimizar o motor presente no sistema de acordo com os requisitos de carga, em função da

respetiva viabilidade;

Otimizar os restantes motores de acordo com critérios como sejam a substituição

prioritária dos motores que estejam em funcionamento mais de 2 000 h/ano; em relação

aos motores elétricos com carga variável que funcionem a menos de 50% da capacidade

motriz durante mais de 20% do seu tempo de funcionamento e que estejam em

funcionamento mais de 2 000 h/ano, ponderação da possibilidade de se utilizarem

variadores de velocidade;

Em 76% dos casos EFINERG os motores são desligados para não funcionarem em vazio

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 75

Avaliar todos os sistemas de bombagem e identificar aqueles que necessitam de ser

rapidamente melhorados;

Avaliar o potencial de utilização de variadores eletrónicos de velocidade (bombas,

ventiladores, compressores e outros equipamentos) para ajustar a velocidade do motor de

acordo com a carga – vários artigos apontam esta medida como a de maior potencial de

poupança em sistemas motorizados devido ao seu papel extremamente importante na

poupança direta de energia. No entanto para além de dever ser analisada a relação custo -

beneficio, há que fazer uma análise técnica mais profunda (regime de carga, potência,…) a

fim de evitar perturbações na qualidade de energia;

Instalar variadores eletrónicos de velocidade ou em situações em que aplique, usar

arranjos com múltiplas bombas para garantir uma variação do caudal;

Cerca 59% das empresas EFINERG já utilizam variadores de velocidade, existindo ainda

cerca de 40% deste universo em que este tipo de equipamento não foi adotado

Substituir correias de transmissão em V por correias de transmissão síncrona;

O levantamento efetuado no âmbito do projeto EFINERG mostrou que em 40% das

empresas são usadas preferencialmente transmissões mecânicas do tipo mais eficiente

Desligar os motores nos momentos de stand by;

Desligar bombas desnecessárias ou usar interruptores de pressão de modo a controlar o

número de bombas em funcionamento;

Substituir ou modificar as bombas sobredimensionadas;

Evitar o arranque e a operação simultânea de motores. Realizar o arranque de forma

sequencial e planificada;

O arranque de forma sequencial e planificada é efetuado em 44% das empresas EFINERG

Utilizar arrancadores estrela - triângulo ou arrancadores suaves para evitar picos de

corrente durante o arranque;

Verificou-se que apenas 33% das empresas EFINERG utiliza arrancadores suaves de

velocidade

Verificar o número de arranques do motor;

Verificar o desequilíbrio entre fases;

Verificar o dimensionamento e evitar o sobredimensionamento dos motores e desligar os

mesmos quando estes não estão a ser utilizados. Comprovar que operam com fator de

carga entre os 65% e os 100%;

Em 11% das empresas EFINERG existem casos de sobredimensionamento de motores

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 76

Verificar as horas de funcionamento anuais de cada motor, analisar a eficiência e

identificar aqueles que possam ser substituídos por outros com melhor desempenho

energético;

Verificar a existência de possíveis perdas por más ligações ou na distribuição de energia;

Retificar o correto alinhamento do motor com a carga da alimentação, evitando possíveis

perdas por atritos desnecessários;

Verificar a existência de variações de tensão e o correto dimensionamento dos cabos;

Instalar equipamentos de controlo de temperatura do óleo de lubrificação dos rolamentos

dos motores de grande capacidade a fim de minimizar as perdas por fricção e elevar a

eficiência;

Retificar a correta ventilação dos motores, pois um sobreaquecimento traduz-se em

maiores perdas, pode danificar isolamentos e originar uma diminuição de eficiência;

Proceder à inspeção periódica do motor incluindo leituras de corrente, potência,

velocidade, resistência de isolamento, etc. a fim de verificar as condições apropriadas de

funcionamento e eficiência e realizar ações corretivas quando necessário. Garantir a

manutenção adequada dos motores;

Reparar fugas e válvulas deficientes e eventualmente conservar ou modificar os

impulsores das bombas;

Repor as folgas internas da bomba de acordo com as especificações do fabricante;

Efetuar periodicamente a limpeza do motor para eliminar sujidade, pó e objetos estranhos

que impeçam o seu bom funcionamento;

Estabelecer um programa de manutenção específico e periódico.

Em 20% das empresas EFINERG é feita a inspeção periódica dos motores

Na substituição dos motores elétricos convencionais avariados ou em fim de vida por motores

mais eficientes é de esperar reduções significativas do consumo de energia. Apesar de serem

motores mais caros esta substituição é justificada pois o investimento é amortizado ao fim de

um tempo normalmente inferior a 3 anos.

Quanto aos VEV pode-se esperar uma poupança energética (até 50%, com um valor médio de

20-25%) como consequência de um consumo mais adequado à carga exigida, diminuição dos

picos de potência nos arranques e paragens do motor, aumento da duração do motor,

aumento do fator de potência e diminuição da parcela de energia reativa, melhorias no

controlo do processo, na qualidade do produto e na produtividade. O tempo de recuperação

deste investimento costuma ser muito curto, em muitos casos inferior a um ano.

Sistemas de ar comprimido

A maioria das instalações fabris utiliza ar comprimido devido à sua versatilidade, flexibilidade e

segurança na transmissão de energia, ajudando a melhorar a produtividade da empresa e

permitindo automatizar e acelerar trabalhos. O grande inconveniente são os custos envolvidos

devido ao baixo rendimento dos compressores, perdas no processo, utilizações incorretas, etc.

A energia elétrica consumida com ar comprimido representa uma fração importante da

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 77

utilizada na indústria, mas parte desta energia é perdida devido a fugas de ar, má utilização do

ar comprimido ou falta de manutenção.

O custo elevado deve-se também a situações de ineficiência:

Pressão de operação mais elevada do que a necessária;

Períodos desnecessários de operação em stand by;

Excessiva reserva de ar usado em momentos de pico de consumo;

Falta de verificação das fugas de ar existentes no circuito;

Utilização inadequada do ar comprimido.

A otimização energética dos sistemas de ar comprimido deverá passar por intervenções nas

seguintes áreas: produção e tratamento do ar comprimido; redes de distribuição de ar

comprimido; dispositivos de utilização final; projeto e operação do sistema global.

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência

energética:

Produção de ar comprimido

Otimizar a utilização do sistema: ajuste dos controlos e regulação da pressão, desligar

quando não utilizado;

Em 70% das empresas EFINERG o ar comprimido é desligado quando não utilizado

Reduzir a temperatura do ar de admissão, mantendo uma ótima filtragem na tomada de

ar. Aspirar ar frio reduz os custos de operação. O pré arrefecimento do ar de admissão do

compressor melhora em grande medida a sua eficiência;

Em 57% das empresas EFINERG a admissão de ar permite utilização de ar frio, seco e limpo

Filtrar e secar o ar até aos requisitos mínimos do sistema (possivelmente mediante

instalação de filtros/secadores pontuais para necessidades especificas);

Melhorar o sistema de controlo do compressor;

Garantir que os compressores não ficam ligados em stand by já que isso significa um custo

elevado. Iniciar o seu funcionamento só quando necessário;

Otimizar o nível de pressão do ar comprimido do sistema em função das necessidades dos

dispositivos de utilização final; deve fixar-se no valor mais baixo possível compatível com

os equipamentos consumidores uma vez que o consumo de energia é muito mais elevado

ao aumentar a pressão de funcionamento;

Evitar o sobredimensionamento do compressor, sendo preferível utilizar dois

equipamentos em caso de exigência total, e um quando da exigência parcial;

Estudar a possibilidade de instalação de um compressor local numa zona concreta, na qual

a exigência (horário, pressão, etc.) é diferente do resto da fábrica;

A utilização de compressor local é prática corrente em 10% das empresas EFINERG

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 78

Estudar a possibilidade de utilização de um sistema de múltiplas pressões, com a utilização

de sobrepressores para aumentar a pressão em determinados locais;

Aumentar a capacidade do reservatório principal de ar comprimido assegurando-se de que

os depósitos de armazenamento são do tamanho adequado para o tipo de atividade que

se desenvolve, permitindo que os compressores funcionem com um rendimento otimizado

e evitando arranques e paragens bruscas;

Substituir compressores exageradamente sobredimensionados por outros com menores

consumos específicos de energia e ajustados às necessidades do sistema;

Utilizar secadores de ar depois do compressor e antes da sua distribuição;

Recuperar e utilizar o calor desperdiçado através dos sistemas de arrefecimento dos

compressores e utilizá-lo para aquecer ar ou água, ou aquecimento de naves industriais;

Nas empresas EFINERG foi estudada a possibilidade de recuperar o calor do compressor

em cerca de 20% dos casos

Utilizar variadores eletrónicos de velocidade após análise de viabilidade;

Em 40% das empresas EFINERG são utilizados VEV

Otimizar as mudanças de filtros (em função da queda de pressão). Verificar o estado de

limpeza dos pré e pós filtros de ar pois são origem de elevadas perdas de carga e

consequente aumento do consumo energético e de ar;

Em 78% das empresas EFINERG é corrente efetuar-se manutenção periódica

Utilizar lubrificantes sintéticos.

Rede de distribuição de ar comprimido

Instituir um programa regular para a verificação de fugas de ar comprimido e sua

reparação. Ao reparar as fugas consegue-se otimizar o funcionamento do compressor e

evitar que opere continuamente com uma pressão de ar excessiva

Em 48% das empresas EFINERG existe um programa regular para a verificação de fugas de

ar comprimido

Reduzir fugas com a utilização de adaptadores de fugas reduzidas, uniões rápidas de

elevada qualidade, etc.;

Dividir o sistema em zonas, com reguladores de pressão apropriados ou válvulas de corte.

Fechar linhas que estão fora de serviço;

Utilizar purgas de condensados do tipo “sem perdas de ar”;

Instalar reservatórios suplementares de ar comprimido próximos de cargas variáveis;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 79

Dimensionar adequadamente as capacidades de armazenamento, permitindo que os

compressores funcionem com um rendimento otimizado e evitando arranques e paragens

bruscas;

O dimensionamento da rede de ar é adequado em 63% das empresas EFINERG

Diminuir a extensão da rede e criar rede em anel com possibilidade de setorização;

Eliminar tubagens de ar comprimido obsoletas pois normalmente estas linhas são fonte de

fugas;

As linhas redundantes encontram-se fechadas em 47% das empresas EFINERG

Otimizar o diâmetro da tubagem;

Limitar o número de cotovelos, de mudanças de direção e de mudanças de secção;

Sistemas de controlo sofisticados.

Utilização final

Promover a monitorização do consumo de ar comprimido;

A monitorização do consumo de ar comprimido é efetuada em cerca de 11% das empresas

EFINERG

Organizar a utilização de ar comprimido pela sua utilização por hora (horário pré

determinado, variável ou de forma aleatória);

Desligar o ar comprimido quando o dispositivo não está em operação;

Eliminar utilizações não apropriadas de ar comprimido, nomeadamente para tarefas de

limpeza. Para limpeza, usar preferencialmente aspiradores elétricos. Estes consomem

menos energia que os aparelhos insufladores de ar (bicos de sopro ou pistolas de ar);

Utilização não apropriada de ar comprimido é prática corrente em 55% das empresas

EFINERG

Reparar ou substituir equipamentos com fugas de ar comprimido;

Verificar e otimizar a necessidade de dispositivos específicos de regulação de pressão,

filtros e secadores;

Substituir ferramentas pneumáticas pelos seus equivalentes elétricos. Normalmente as

ferramentas elétricas equivalentes são mais seguras, mais fáceis de operar e consomem

menos energia, mas há que fazer um estudo técnico económico prévio;

A substituição de ferramentas pneumáticas pelos seus equivalentes elétricos é feita em 7%

das empresas EFINERG

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 80

Verificar que as ferramentas trabalham com a pressão mínima. Um aumento de 7 para 8

bar, se desnecessário, origina um aumento do consumo elétrico dos 9%.

As ferramentas trabalham com a pressão mínima de ar comprimido em 57% dos casos

EFINERG

Este tipo de medidas pode potenciar os seguintes resultados:

Com a reparação das fugas conseguem-se reduzir os custos sendo o período de

retorno de investimento habitualmente reduzido;

Poupanças importantes ao evitar utilização não adequada;

A recuperação do calor residual pode chegar a representar uma poupança anual de

energia;

A utilização de secadores de ar depois do compressor e antes da sua distribuição pode

poupar no consumo de ar comprimido;

Eliminação de fugas de ar comprimido – poupança de energia;

Com sistemas de controlo adequados na distribuição conseguem-se poupanças.

Climatização / ventilação

Os custos energéticos associados aos sistemas AVAC podem representar uma percentagem

significativa do consumo global de uma instalação, e portanto há que ter em consideração este

aspeto, embora com medidas muito simples, como um controlo adequado da regulação da

temperatura ambiente, o mesmo se possa reduzir de forma considerável.

Na maioria das empresas em que foram feitos, no âmbito do projeto EFINERG, os

diagnósticos flash, apenas os espaços de serviços de escritórios e eventualmente algum

laboratório tinham climatização, o que se verificou em 66% dos casos. Por outro lado,

verificou-se que em 50% das empresas existia isolamento térmico

Ao projetar um sistema de climatização vários fatores devem ser considerados: localização,

ocupação e utilização do espaço a climatizar (diferente se for uma nave industrial ou uma sala

de escritório).

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência

energética:

Implementar isolamento extra das coberturas dos edifícios;

Existe isolamento extra das coberturas dos edifícios em 32% das empresas EFINERG

Calafetar portas e janelas;

Em 34% das empresas EFINERG as portas e janelas são calafetadas. A existência de tetos

falsos é comum em 61% dessas empresas;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 81

Alertar para a conveniência de fechar portas e janelas nos períodos de climatização;

As portas e janelas são fechadas durante a climatização em 64% das empresas alvo do

estudo

Implementar um sistema de gestão de energia controlando os sistemas de climatização

instalados, nomeadamente com o recurso a termóstatos;

Instalar termóstatos para controlo eficaz das temperaturas;

Em 53% das empresas EFINERG existem termóstatos para controlo das temperaturas

Garantir que a temperatura de regulação dos termóstatos não ultrapassa a temperatura

de conforto (20oC para a estação de aquecimento e 25oC para a de arrefecimento);

A temperatura de regulação dos termóstatos não ultrapassa a temperatura de conforto

em 38% das empresas EFINERG. A regulação da temperatura em função das necessidades

é efetuada em 23% deste universo

Retificar e reduzir a temperatura de aquecimento durante os períodos em que não há

utilização dos espaços ou naquelas zonas onde não é preciso um nível elevado de

aquecimento;

Evitar o uso excessivo dos termóstatos e impedir que sirvam como interruptores;

Analisar a possibilidade de substituir os termóstatos bimetálicos por termóstatos

eletrónicos;

Retificar os ajustes de termóstatos anti-gelo;

Introduzir a medida de baixar o nível de aquecimento quando esteja calor em vez de abrir

as janelas;

Instalar unidades de climatização adequadas aos espaços. Evitar o sobredimensionamento

dos equipamentos;

Em 34% das empresas EFINERG existem aquecedores diferenciados para zonas pouco

utilizadas

Montar os equipamentos de ar condicionado em locais frescos, ventilados e à sombra;

Verificar que não se obstruem as superfícies de calor para não diminuir a sua eficiência;

Verificar se existem fontes de calor indesejadas, tais como tubagens mal isoladas que

originam um maior gasto de ar condicionado;

43% das empresas EFINERG considera que os tubos de fluidos térmicos se encontram

isolados

Garantir que as superfícies de permuta de calor e os filtros dos aparelhos de ventilação são

limpos periodicamente;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 82

Retificar o lugar de localização dos termóstatos e sensores de temperatura, assegurando-

se de que estejam numa zona representativa do espaço a climatizar;

Se não existe no sistema de climatização a possibilidade de programação temporal,

instalar crono-termostatos eletrónicos que permitam ajustes semanais, diários e horários;

Em 23% das empresas EFINERG existe sistema de climatização a possibilidade de

programação temporal

Verificar se a fatura elétrica está otimizada caso se utilize aquecimento elétrico. Analisar a

possibilidade de trocar o sistema de aquecimento por outro a gás ou gasóleo;

Assegurar-se que o ajuste dos equipamentos de ar condicionado e aquecimento não

permita o funcionamento em simultâneo;

Analisar a possibilidade de recuperar o calor resultante da extração de ar quente das zonas

de trabalho;

Comprovar o correto funcionamento das válvulas e dos ventiladores dos equipamentos de

aquecimento e ventilação;

Selecionar o ventilador mais adequado. Se o sistema de ventilação dispõe de ventiladores

monofásicos analisar a possibilidade de os substituir por ventiladores trifásicos, quando a

rede assim o permitir;

Determinar a velocidade do ar como parte do projeto de dimensionamento;

Verificar e otimizar o sistema de ventilação ajustando os variadores à velocidade adequada

e realizar inspeções e limpezas periódicas;

Selecionar o tipo adequado de motor para o ventilador. Considerar o uso de motores de

alta eficiência nos ventiladores;

Efetuar uma instalação correta;

Desligar os ventiladores de extração quando não são necessários;

Efetuar manutenção regular com limpeza periódica dos filtros, verificar o correto

funcionamento das válvulas e dos ventiladores;

A manutenção regular é prática corrente em 56% das empresas EFINERG

Efetuar uma revisão anual;

Analisar a possibilidade de modificar o sistema de ventilação para incorporar a

recirculação de ar caso esta não exista;

Ajustar o sistema de despoeiramento para a velocidade de arrastamento das poeiras a

aspirar;

Implementar um sistema de ajuste do fluxo de ar às necessidades;

Analisar a possibilidade de instalar bombas de calor;

Analisar se a chaminé está bem estruturada em relação ao ar extraído;

Ponderar a possibilidade utilizar cortinas de ar nas portas que permanecem de forma

habitual abertas e que pressupõem uma zona de separação entre uma zona climatizada e

outra não climatizada;

Colocar hipótese de refrigeração Free Cooling no sistema de climatização.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 83

Com a melhoria da eficiência da climatização conseguem-se reduções de custo e melhorando

os sistemas de despoeiramento conseguem-se reduções do consumo de energia.

Caldeiras, fornos e secadores

Nesta rubrica consideram-se a eficiência energética de caldeiras, fornos e secadores. Nalgumas

empresas são os equipamentos maiores consumidores de energia, razão porque devem

merecer especial atenção nesta problemática.

Se não houver especial cuidado com a manutenção das caldeiras e com a sua correta

operação as perdas podem atingir um valor máximo próximo dos 30% do total de energia

consumida (perdas por radiação e convecção e perdas através dos gases, por deficientes

condições de queima ou de permuta).

Algumas ações de melhoria da eficiência energética:

Diminuição das perdas térmicas num sistema de combustão

Algumas medidas para reduzir a temperatura de saída dos gases de combustão:

o Otimizar o processo de transferência de calor;

o Promover a integração energética de modo a alimentar processos que necessitem

de calor;

o Promover a limpeza e manutenção das superfícies de transferência de calor de

modo a evitar a deposição de resíduos sólidos e a manter elevadas taxas de

transferência;

Em termos das empresas EFINERG, são efetuadas periodicamente a inspeção e a limpeza

das superfícies de transferência de calor das caldeiras e a manutenção dos queimadores

em 20% das empresas. No caso dos fornos e estufas esse valor médio no conjunto dos

cinco setores é de 16% sendo de 33% e 28% na cerâmica e metalomecânica,

respetivamente

Otimizar o excesso de ar de combustão;

Em média, para o caso das caldeiras 14% das empresas alvo do EFINERG fazem o ajuste de

ar para o mínimo possível, sendo que no setor agroalimentar esse valor é de 27%. No caso

dos fornos, o valor médio de todos os setores é de 17%, sendo de 40% no caso do setor

metalomecânico

Utilizar isolamentos térmicos mais eficientes e substituição de isolamentos danificados.

Verificou-se que em média 13% das empresas EFINERG possuem o equipamento de

caldeiras/geradores de calor convenientemente isolado. No caso das tubagens e flanges,

apenas 8% das mesmas afirmam que o isolamento é o adequado

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 84

Aumento da eficiência energética das caldeiras

Analisar a utilização de combustíveis mais eficientes;

Observou-se que no projeto EFINERG, em média 14% das empresas tinha avaliado a opção

por outros combustíveis alternativos mais favoráveis sob ponto de vista ambiental e de

eficiência energética

Melhorar o armazenamento, a preparação e a distribuição do fuelóleo e de combustíveis

sólidos;

Proceder à modernização tecnológica das caldeiras mais antigas por modelos

energeticamente mais eficientes;

Substituir queimadores por unidades mais eficientes;

Inspecionar (luzes de alarme, possíveis fugas, ruídos anormais, bloqueio de condutas) e

proceder à manutenção da caldeira e dos queimadores;

Garantir que na sala das caldeiras as aberturas de ventilação estão desimpedidas, não

existindo restrições no abastecimento de ar e a ventilação é a adequada não havendo

acumulação de gases;

Atualizar o sistema de controlo de funcionamento da caldeira;

Adequar a produção da caldeira às necessidades do processo;

Proceder à manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos e fugas;

Se existirem várias caldeiras no processo, instalar controlos de sequência que desliguem as

caldeiras que previsivelmente não se usarão;

Efetuar remoção preventiva de depósitos nas superfícies de transferência de calor;

Limpar os tubos de fumos;

Analisar a possibilidade de instalar desgaseificadores;

Tratar as águas e efetuar purgas adequadas;

Minimizar purgas das caldeiras;

Recuperar calor nas correntes de purga;

Implementar programas de controlo, reparação e substituição de purgadores;

Utilizar água aquecida à temperatura adequada, em vez de injeção de vapor;

Utilizar economizadores para pré-aquecimento da água de alimentação da caldeira;

Assegurar que as mangueiras de água quente estão desligadas e que os procedimentos

para as operações de limpeza locais demoram o tempo correto;

Adequar os bicos das mangueiras à função, evitando o desperdício;

Instalar um pré-aquecedor de ar;

O ar de entrada do queimador é o mais quente em 11% em média das empresas EFINERG

Investigar o potencial de recuperação de calor dos gases de exaustão para pré aquecer o ar

de combustão;

A recuperação de calor dos gases de exaustão para pré aquecer o ar de combustão é

efetuada em 7% das empresas agroalimentares, como se observou na amostra EFINERG

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 85

Recuperar calor de efluentes líquidos através de permutadores;

Recolher condensados para reutilização na caldeira;

Tratar os derramamentos sólidos como resíduos sólidos, limpando em vez de lavar;

Desligar os equipamentos quando não usados.

Em 20% em média das empresas EFINERG os equipamentos são desligados quando não

usados

Aumento da eficiência energética dos fornos

Controlar a qualidade e dosagem de matérias-primas;

Inspecionar e proceder à manutenção dos fornos e queimadores realizando limpeza

periódica do forno, melhorando a transferência de calor e com isso o rendimento

energético;

São efetuadas periodicamente a inspeção e a limpeza das superfícies de transferência de

calor dos fornos e a manutenção dos queimadores em 16% das empresas do universo

EFINERG

Verificar a estanquicidade e isolamento dos fornos;

Controlar a combustão através da análise dos gases de combustão (regulação do excesso

de ar). Instalação de um controlador de teor de oxigénio nos gases de combustão (ajuste

em tempo real do excesso de ar);

A análise dos gases de combustão é prática em 13%, 28% e 7% das empresas EFINERG

cerâmicas, metalomecânicas e de processamento da madeira, respetivamente

Melhorar a eficiência das caldeiras através da instalação de controlo de entrada de ar;

Verificar os sistemas de controlo de combustão;

Otimizar o grau de utilização do forno e programar as cargas - evitar que os fornos estejam

a funcionar mais tempo que o necessário;

Os fornos funcionam apenas o tempo necessário em 27% em média das empresas

EFINERG

Nos tempos de espera entre as cargas, superiores a meia hora, desligar o equipamento;

Nos tempos de espera entre as cargas superiores a meia hora o equipamento é desligado

em 17% das empresas EFINERG

Aproveitar os calores residuais ou tempos de espera para a carga do forno com produtos

alternativos;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 86

Aproveitar o calor dos gases de exaustão dos fornos e o calor residual do ar dos processos

de secagem para o aquecimento de água para processos industriais, aquecimento de

águas sanitárias e o pré aquecimento do ar requerido no forno;

Em 33% das empresas cerâmicas e 8% das metalomecânicas existe sistema de recuperação

de calor dos gases, sendo nula esta resposta para os restantes setores

Substituir fornos elétricos por fornos que consumam gás natural a fim de reduzir o

consumo energético.

A utilização de gás natural foi considerada apenas por uma minoria de empresas (entre 4 e

7%) dos setores cerâmico, metalomecânico e de processamento da madeira.

Aumento da eficiência energética dos secadores

Controlar a humidade do produto a secar;

Pré aquecer o ar à entrada dos secadores;

Usar pré-secagem mecânica antes da secagem térmica;

Não secar os produtos mais do que o necessário;

Controlar as condições de humidade do ar de secagem;

Instalar um sistema de controlo do processo;

Efetuar a manutenção dos isolamentos, evitando fugas de ar quente e/ou entradas de ar

parasita;

Estudar a recuperação de calor residual;

Otimizar os regimes de carga;

Uniformizar temperatura no interior do secador;

Implementar ferramentas de monitorização do processo de secagem;

Substituir queimador a propano por um alimentado a resíduos de madeira (exemplo:

serrim);

Armazenar as matérias-primas em condições ambientais controladas;

Utilizar pré-aquecedores a infravermelhos antes da operação de prensagem;

Utilizar prensas mais precisas para evitar desperdício de energia em operações de

calibração;

Utilizar o tipo de secador com consumo energético mínimo;

Otimizar as condições de funcionamento do secador.

Tecnologia de combustão com ar a alta temperatura

Utilizar recuperadores ou permutadores de calor;

Utilizar regeneradores ou queimadores regenerativos.

Quanto à limpeza e manutenção das superfícies de transferência de calor – sabe-se que o

aumento de 1 mm na espessura dos depósitos nas superfícies de transferência significa um

aumento de 2% de consumo de combustível.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 87

Sistemas de geração e distribuição de vapor

Os sistemas de geração e distribuição de vapor são equipamentos importantes como forma de

transporte de entalpia nos processos.

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência

energética na geração e distribuição de vapor:

Reduzir a pressão de vapor à mínima necessária ao processo;

A pressão de vapor é mínima em 33% das empresas têxteis e 20% das agroalimentares

estudadas no âmbito do projeto EFINERG

Utilizar permutadores de calor (economizadores) para pré-aquecer a água de alimentação

à caldeira;

De notar que o ar de entrada do queimador é o mais quente em 28% das empresas têxteis

e 13% das agroalimentares do projeto EFINERG

Utilizar as perdas de calor para pré-aquecer a água de alimentação da caldeira;

Proceder ao tratamento da água;

Nas empresas EFINERG o tratamento da água é efetuado em 17% das empresas têxteis, 7%

das de madeira e 20% das agroalimentares

Remover depósitos de calcário e/ou de fuligens das superfícies de transferência de calor;

Em 28% das empresas têxteis e 20% das agroalimentares do projeto EFINERG é efetuada

regularmente a inspeção e a limpeza das superfícies

Maximizar o retorno dos condensados;

Nas empresas EFINERG este procedimento é corrente em 6% das empresas têxteis, 7% nas

de processamento de madeira e 20% nas agroalimentares

Programar controlo, manutenção e substituição dos purgadores;

Recuperar calor das purgas;

Cerca de 13% das empresas EFINERG agroalimentares possuem sistema de recuperação de

calor dos gases

Evitar perdas por vapor flash no retorno de condensados. Reutilização do vapor flash (por

exemplo vapor gerado por expansão de condensados);

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 88

Reutilização do vapor flash é prática em cerca de 6% das empresas têxteis, mas não foi

identificada nos restantes setores estudados

Proceder à recompressão mecânica do vapor;

Melhorar a captura de vapor;

Reparar fugas de vapor;

Nas empresas EFINERG alvo do estudo, foram registadas fugas visíveis de vapor em 22%

das empresas têxteis e 7% das agroalimentares

Isolar as tubagens, válvulas e flanges;

No universo EFINERG, 17% das empresas têxteis e 13% das empresas agroalimentares têm

esta medida implementada

Proceder à manutenção de tubagens de água quente e vapor livres de vazamentos;

Fechar tubagens não utilizadas;

Nas empresas EFINERG, existem 6% dentro do setor têxtil e vestuário e 7% no

agroalimentar em que se identificou a existência de tubagens que podem ser eliminadas

Melhorar o lay out da rede de distribuição;

Realizar manutenção eficaz.

Verificou-se que as respostas das empresas EFINERG acerca da realização de manutenção

e diagnóstico dos equipamentos apenas foram afirmativas em cerca de 8% dos casos

globais, sendo de 20% no setor agroalimentar e 11% no têxtil e vestuário

A fim de melhorar a transferência, evitar e remover os depósitos nas superfícies de

transferência. Um depósito com 1 mm de espessura representa uma diminuição de 89% na

transferência de calor através dessa superfície.

Ao recolher os condensados para reutilização no gerador reduz-se a quantidade de água a

tratar, o consumo de combustível diminui e há redução do caudal de purgas das caldeiras.

Ao pré aquecer o ar através dos gases de combustão há um aumento da eficiência da caldeira.

O ar aquecido pode ser utilizado para secar o combustível (carvão, matéria orgânica, por

exemplo) ou ser utilizado como ar de combustão.

Frio industrial

Muitos processos, com especial incidência no setor agroalimentar exigem baixas

temperaturas, perto dos 0oC. Estes processos são grandes consumidores de energia

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 89

(particularmente os que exigem congelação) e daí que seja importante ter em atenção a

otimização energética.

Existem muitas medidas que permitem aumentar a eficiência energética, com diferentes

investimentos necessários e respetivos períodos de retorno do investimento. Listam-se em

seguida algumas dessas medidas:

Implementar a termoacumulação (acumulação de energia latente) que consiste na

produção de gelo nos períodos em que a eletricidade é mais barata (períodos de vazio);

Utilizar novos fluidos frigorígenos;

Retificar a vedação das câmaras frigoríficas garantindo o isolamento e fecho corretos;

Agrupar os produtos segundo o seu grau de congelação ótimo e analisar a possibilidade de

dispor de câmaras mistas (conservação e congelação) ou de câmaras independentes,

trabalhando a diferentes temperaturas;

Agrupar os produtos segundo o seu grau de congelação ótimo é corrente em 60% das

empresas agroalimentares do EFINERG

Levar a cabo uma manutenção preventiva que inclua:

o Limpeza do evaporador e condensador;

o Revisão de pressões do evaporador e condensador;

o Avaliar a possível existência de vibrações no compressor;

o Avaliar a possível formação de gelo no compressor;

A manutenção preventiva é realizada em 80% das empresas EFINERG agroalimentares

Estabelecer normas de comportamento no interior das câmaras frigoríficas:

o Evitar manter portas abertas muito tempo;

o Evitar a abertura de portas frente a frente;

o Evitar introduzir produtos com temperaturas acima dos 35-40ºC;

Existem normas de comportamento no interior das câmaras frigoríficas definidas em 67%

das empresas agroalimentares do projeto EFINERG

Assegurar a correta localização do condensador e do evaporador;

Garantir que as tubagens e a rede de frio estão isoladas;

As tubagens e a rede de frio estão isoladas em 20% das empresas agroalimentares

Certificar-se da dimensão correta da câmara de congelação;

Cerca de 67% das empresas agroalimentares do projeto EFINERG considera correta a

dimensão da câmara de congelação

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 90

Analisar os valores de temperatura e humidade das salas próximas da câmara de

congelação.

Recuperação de calor

Alguns processos podem recuperar e reutilizar calor perdido de outros processos, a partir de

várias fontes, utilizando para isso tecnologias variadas.

Ao longo dos itens anteriores referentes a equipamentos e processos, este aspeto foi sendo

referido, no entanto face à sua importância, e correndo o risco de repetição, ele merece

destaque individualizado.

É possível distinguir as 3 principais fontes de recuperação de calor:

Gases de combustão: caldeira forno ou secagem;

Condensados;

Outras fontes de recuperação de energia térmica.

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência

energética:

Recuperação de calor em gases de combustão

o Analisar a possibilidade de produzir vapor a partir da utilização de caldeiras de

recuperação do calor dos gases de alta e média temperatura de fornos, secadores

ou outras caldeiras de vapor;

o Recuperar o calor do ar de exaustão para pré-aquecimento do ar de combustão;

o Pré aquecer a água de alimentação das caldeiras;

o Instalar condensadores de vapores residuais para aquecimento de água;

o Aquecer o ar comburente a partir do calor dos gases de combustão instalando

permutadores de ar comburente na conduta de saída dos gases de combustão de

fornos, secadores ou caldeiras;

o Instalar sopradores para as limpezas das superfícies de permuta.

Recuperação de calor em condensados

o Avaliar a possibilidade e rentabilidade de aproveitar de forma direta os

condensados injetando-os diretamente no circuito de alimentação às caldeiras;

o Estudar o aproveitamento indireto dos condensados através de permutadores;

o Avaliar a possibilidade de aproveitar o calor do circuito de refrigeração

Injetar diretamente na caldeira ou misturá-lo com a água de compensação

no depósito de alimentação (águas não contaminadas ou após o seu

tratamento adequado);

Promover o aproveitamento de águas contaminadas pelo recurso a

permutadores;

Recuperar o calor da água do circuito de refrigeração através de bombas

de calor.

o Analisar a possibilidade de instalar secadores recuperativos;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 91

o Avaliar a possibilidade de substituir as torres de refrigeração por circuitos fechados

e aproveitar a energia térmica dissipada, por exemplo, em sistemas de

aquecimento;

o Evitar perdas de calor garantindo que o isolamento das tubagens do fluido térmico

é o correto e que não existem fugas em tubagens, válvulas e acessórios;

Recuperar energia térmica a partir de:

o Efluentes quentes ou frios;

o Ar de exaustão;

o Produtos quentes ou frios ou restos de produção;

o Água de arrefecimento e óleo hidráulico;

o Fontes termais naturais;

o Solar térmica;

o Solar fotovoltaica;

o Solar passiva;

o Eólica;

o Biomassa;

o Calor de sobreaquecimento e calor de condensação rejeitado dos processos de

refrigeração;

o Outras fontes;

Recuperar calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental;

Recuperar calor gerado pelos geradores de eletricidade a diesel e usá-lo para o

aquecimento dos escritórios adjacentes;

Utilizar permutadores de calor para fazer uso direto do calor no mesmo estado em que se

encontra;

Manter a eficiência dos permutadores de calor através:

o Do seguimento periódico do mesmo;

o Da prevenção ou remoção dos resíduos acumulados;

Usar bombas de calor e recompressão de vapor, que transformam o calor de modo a gerar

trabalho mais útil do que se este se encontrasse à sua temperatura inicial;

Utilizar operações multiestágio, tais como evaporadores multiefeito, expansão de vapor e

combinações das técnicas acima mencionadas.

Os períodos de retorno do investimento, em equipamentos para este processo

(economizadores e recuperadores de calor), são muito pequenos.

A recuperação do calor do ar de exaustão do compressor para a climatização ambiental pode

representar poupanças interessantes.

Cogeração

Por cogeração entende-se a produção sequencial e simultânea de energia térmica e mecânica.

No tipo e dimensão das empresas EFINERG, não se verificou ser corrente a cogeração,

tendo-se apenas encontrado casos isolados de empresas que a possuem, nos setores

metalomecânico e cerâmico

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 92

A cogeração através do aproveitamento de uma parte importante da energia térmica que

normalmente é perdida nas unidades convencionais, aumenta a eficiência energética global do

processo, levando a uma diminuição de consumo de combustível e a uma redução das

emissões dos gases poluentes.

Quase todos os combustíveis podem ser utilizados em cogeração, mas o mais fácil de aplicar

do ponto de vista tecnológico e menos nocivo para o ambiente é o gás natural.

Algumas medidas que podem ser implementadas com vista ao aumento da eficiência

energética:

Procurar possibilidades de cogeração;

Aproveitar a energia térmica, normalmente perdida nas centrais termoelétricas

convencionais;

Analisar a possibilidade da utilização de outros tipos de combustível (biomassa, gás

natural, etc.);

Utilizar energia térmica para aquecimento ambiente do edifício entre outras aplicações;

Recuperar o calor dos circuitos de refrigeração da central de cogeração para produzir água

quente.

Da implementação deste tipo de medidas, podem-se esperar resultados como os apontados:

Redução da fatura energética;

Possibilidade da unidade industrial ser energeticamente autossuficiente;

Possibilidade de venda de eletricidade à rede de distribuição nacional caso a unidade

de cogeração produza energia elétrica;

Redução dos custos de produção;

Melhorias no fornecimento e distribuição da eletricidade aos processos industriais.

Tratamento de águas residuais

Qualquer processo industrial gera normalmente efluentes que necessitam, de uma forma mais

ou menos profunda, de acordo com a sua natureza, serem tratados.

Algumas medidas podem ser aplicadas para de uma forma mais eficiente tratar os efluentes,

como sejam o tratamento com tecnologia de membranas ou anaeróbio de águas residuais, que

podem conduzir ao cumprimento da legislação em vigor relativa ao tratamento de efluentes

de forma mais eficiente do ponto de vista energético.

Iluminação

Em média entre 5 e 7% do consumo global de energia elétrica de uma instalação industrial

deve-se aos sistemas de iluminação. Face a estes valores torna-se necessário ajustar as

caraterísticas de iluminação, instalando equipamentos que proporcionem os níveis iluminação

necessários e recomendados para o desempenho das atividades em cada posto de trabalho,

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 93

reduzindo o consumo de energia elétrica e também os custos de manutenção dos sistemas, de

forma a contribuir para a otimização da eficiência económica.

A utilização de equipamentos mais eficazes traduzir-se-á em reduções significativas de

consumos energéticos.

No geral os sistemas de iluminação apresentam boas oportunidades de implementar soluções

de eficiência energética. Estas são aplicadas localmente e normalmente não é necessário

intervir maioritariamente nas instalações.

Os investimentos associados aos sistemas de iluminação são recuperados geralmente num

prazo de três meses a dois anos através das economias de energia que proporcionam. O

período dependerá diretamente da quantidade de horas de uso e do tipo de tecnologia

sugerida para a mudança.

Para além de medidas mais específicas para a melhoria da eficiência da iluminação, e que

serão apresentadas a seguir, existem algumas boas práticas que devem ser promovidas junto

dos trabalhadores quer através de campanhas de sensibilização, quer de cartazes colocados

em locais estratégicos, e de que são exemplo a utilização correta dos sistemas, o desligar das

luzes sempre que não sejam necessárias ou quando se é a última pessoa a sair e ainda o evitar

iluminar locais vazios.

Para reduzir os consumos energéticos com a iluminação, mantendo ou melhorando as

condições globais de iluminação nos espaços considerados, há que ter em atenção alguns

aspetos, desde a conceção das instalações de iluminação:

Dar prioridade à iluminação natural, mantendo limpas as áreas de entrada de luz,

aproveitando ao máximo a luz natural e diminuindo assim a necessidade de iluminação

artificial;

A luz natural é convenientemente aproveitada em 65% das empresas EFINERG

Instalar claraboias para aproveitamento de luz natural;

Sempre que possível pintar paredes e tetos de cores claras para favorecer a reflexão

da luz e diminuir a necessidade de iluminar o espaço;

Em 89% das empresas EFINERG as paredes e tetos são pintados de cores claras

Dimensionar corretamente os níveis de iluminação necessários para os diferentes postos

de trabalho, reduzindo a iluminação naquelas zonas que não são realmente críticas e que

não precisam de iluminação relevante, como sejam os corredores;

As empresas EFINERG consideraram que o nível de luminosidade é adequado em 76% dos

casos, em 6% dos casos que excede o recomendado e que em 14% se encontra abaixo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 94

Substituir os sistemas de iluminação existentes por outros mais eficientes e de baixo

investimento inicial. Utilizar sempre equipamentos de rendimento elevado (lâmpadas,

luminárias e acessórios);

Nas empresas EFINERG são utilizadas lâmpadas de elevada eficiência em 30% dos casos

Instalar luminárias com refletores espelhados que permitem elevar o rendimento total

do sistema;

É prática corrente em 50% das empresas alvo do estudo a existência de luminárias com

refletores espelhados

Implementar a utilização de balastros eletrónicos em lâmpadas fluorescentes;

A utilização de balastros eletrónicos em lâmpadas fluorescentes é prática corrente em 32%

das empresas EFINERG

Substituir as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas economizadoras de energia;

Utilizar tecnologia LED sempre que possível;

Substituir lâmpadas de halogéneo por lâmpadas de sódio de alta pressão;

Utilizar, sempre que possível, luminárias que permitam uma integração com o ar

condicionado – na generalidade das instalações de iluminação, apenas uma parte da

energia radiada é luminosa (21%), sendo a maior parte emitida sob a forma de calor

(79%), contribuindo assim para o aquecimento dos edifícios;

Garantir que os interruptores são facilmente acessíveis e identificáveis e que indicam

corretamente o circuito sobre o qual operam;

Os interruptores são facilmente acessíveis e identificáveis em 87% das empresas EFINERG

Optar pelo tipo de iluminação mais adequada para cada local e para as tarefas a

executar. Efetuar a separação da iluminação por zonas de utilização;

Verificou-se que existe subdivisão adequada dos circuitos de iluminação em 82% dos

casos. A iluminação local é tida em conta em 21% das empresas EFINERG, sendo

importante considerá-la nas restantes

Utilizar temporizadores programáveis;

Existem temporizadores programáveis em 12% das empresas alvo do estudo

Reduzir a iluminação nas zonas de passagem;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 95

Utilizar sistemas de controlo e comando automático nas instalações de iluminação,

permitindo que o nível de iluminação seja apenas o necessário para a atividade

desenvolvida, reduzindo assim o consumo energético;

Existem meios automáticos para ligar/desligar/variar luzes em 35% das empresas EFINERG

Instalar sensores de luz e de movimento para controlar a iluminação em armazéns;

Verificou-se a existência de sensores de luminosidade em 17% e de sensores de presença

em 26% das empresas EFINERG

Reduzir ao mínimo a iluminação exterior;

Proceder a operações de limpeza regulares e manutenção das instalações, de acordo

com um plano estabelecido;

Em 40% das empresas observadas é feita manutenção dos sistemas de iluminação

Definir corretamente os períodos de substituição das lâmpadas e optar sempre pela

substituição em grupos;

Verificar as normas de iluminação com um luxímetro.

Verificou-se que 66% das empresas EFINERG já efetuaram medições ou algum estudo de

iluminância.

Com as medidas apontadas são de esperar os seguintes resultados:

Melhoria da eficiência de iluminação;

As lâmpadas fluorescentes compactas consomem menos 85% que as incandescentes

alem de terem uma maior duração (8 a 10 vezes mais que as convencionais);

A substituição de lâmpadas fluorescentes de 38mm por 26mm ou 16mm dão origem a

poupanças;

A substituição de balastros convencionais por eletrónicos faz prever uma poupança do

consumo energético um arranque mais suave, eliminação do ruído e incandescência e

uma maior duração.

Equipamentos informáticos

Face à sua utilização frequente, o mau uso dos equipamentos informáticos pode ser causa de

ineficiência energética, pelo que lhe deve ser dedicada alguma atenção.

Algumas medidas que têm a ver com boas práticas e que contribuem para a eficiência

energética:

Desligar os equipamentos se não se forem utilizar por um período superior a uma hora e

no final do dia de trabalho;

Apagar os monitores quando não estiverem a ser usados;

Utilizar o estado de stand-by nas impressoras.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 96

Transportes

Numa empresa existe todo um sistema de transportes – internos, de fora para dentro e de

dentro para fora – que se for mal gerido implicará grandes ineficiências.

Na figura 21 representa-se para todos os setores estudados no âmbito do projeto EFINERG a

percentagem de respostas afirmativas relativamente à existência de gestor de tráfego,

controlo do retorno do cliente em vazio, otimização de rotas por GPS, utilização de GPS pelos

motoristas, sistema de localização de frota e formação dos motoristas.

Figura 21. Especificidades do transporte em frota própria

Verifica-se que em todos os setores o item com mais respostas afirmativas refere-se à

existência de gestor de tráfego e do controlo do retorno das viaturas em vazio após deslocação

aos clientes. No que se refere à otimização das rotas com GPS, apenas nos setores da madeira,

mobiliário e cortiça e agroalimentar existe alguma expressão. As empresas em que os

motoristas usam GPS representam cerca de 20% no setor da madeira, mobiliário e cortiça e

nos restantes as percentagens são muito baixas. Os sistemas de localização são inexistentes no

setor têxtil e vestuário e nos restantes variam entre cerca de 5% e o máximo de 15% no setor

da madeira, mobiliário e cortiça. A formação específica e regular dos motoristas apresenta

percentagens muito baixas, exceto no setor da metalomecânica que atinge perto de 25% das

empresas.

Algumas medidas a ter em conta nos vários tipos de transporte considerados:

Analisar e otimizar as cargas e os motores elétricos no que respeita o transporte de

matérias-primas, combustíveis e produtos acabados;

Implementar um sistema de gestão de combustível;

Monitorizar a gestão do combustível através de:

o Implementar o registo regular dos consumos;

o Relacionar o consumo com o trabalho efetuado;

o Identificar padrões a atingir e informar os condutores do seu desempenho;

o Tomar ações para reduzir o consumo de combustível;

Promover a formação específica e regular dos condutores;

Promover uso de GPS pelos motoristas para otimização de rotas;

Promover sistemas de localização de frota.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Têxtil e vestuário Cerâmico Metalomecânico Madeira Agroalimentar

%

Setor

Gestor tráfego

Retorno em vazio

Otimização rotas GPS

Motoristas usam GPS

Sistema localização frota

Formação motoristas

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 97

Manutenção de equipamentos

Para que os equipamentos sejam eficientes é necessário haver um plano de manutenção

preventiva e corretiva dos mesmos.

Algumas das medidas aqui apresentadas já foram aparecendo ao longo dos vários itens a que

dizem respeito.

Para otimizar a eficiência energética, a manutenção deverá considerar as seguintes medidas

gerais:

Alocar de forma clara a responsabilidade pelo planeamento e execução da manutenção;

Estabelecer um programa estruturado de manutenção, com base na descrição técnica dos

equipamentos, normas, etc., bem como nas eventuais falhas dos equipamentos e nas

respetivas consequências. Poderá ser preferível programar determinadas atividades de

manutenção para os períodos de paragem da instalação;

Suportar o programa de manutenção pela adoção de sistemas de registo de dados

apropriados e por testes de diagnóstico;

Identificar, através das operações de manutenção de rotina, avarias e/ou anomalias de funcionamento, eventuais perdas de eficiência energética ou situações em que a mesma possa ser melhorada;

Identificar e retificar rapidamente qualquer fuga ou equipamento em falha, rolamentos

gastos, etc., que possam condicionar o consumo de energia e retificação tão rápida quanto

possível dessas situações;

Identificar de um modo mais específico por tipo de equipamento, a manutenção que deve

ser realizada de modo a otimizar o consumo energético, otimizando assim o processo;

Gerir e minimizar a utilização de água, energia e detergentes na limpeza de equipamentos

e de instalações.

Caldeiras

Medir a produção de vapor na caldeira, direta ou indiretamente, medindo-se o total da

água de alimentação e calculando as quantidades perdidas nas descargas de fundo da

caldeira. A relação vapor/combustível é a melhor medida de eficiência da caldeira e deve

ser mantida a um nível elevado;

Manter um registo permanente da eficiência da caldeira de modo que os sinais de mau

funcionamento possam ser detetados com antecedência;

Vistoriar com regularidade o sistema de tubagem;

Isolar as tubagens fora de uso ou retirá-las se redundantes;

Calcular o consumo o fornecimento de energia à casa das caldeiras de forma mais realista

possível;

Inspecionar periodicamente a caldeira permitindo detetar os problemas rapidamente:

o Luzes de alarme;

o Possíveis fugas;

o Ruídos anormais;

o Bloqueio de condutas.

Garantir a revisão da sala de caldeiras (aberturas de ventilação desimpedidas, sem

restrições de abastecimento de ar, ventilação adequada sem acumulação de gases);

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 98

Rever a manutenção da casa das caldeiras, principalmente no que diz respeito ao

equipamento de combustão, aos controlos e aos instrumentos. Adotar uma rotina de

verificação regular;

Garantir a limpeza periódica das superfícies de transferência de calor ou dos tubos de

fumo;

Reparar prontamente as fugas de vapor de modo a se evitar desperdícios de energia e

potenciais acidentes;

Fazer a revisão e limpeza periódica da caldeira e dos queimadores;

Testar a eficiência de combustão e ajustar a proporção da mistura ar/ combustível;

Controlar a redução de oxigénio;

Verificar a possibilidade de instalar desgaseificadores nos sistemas de vapor industriais;

Retificar o correto modo de operação das caldeiras;

Verificar se o tamanho da caldeira é o adequado;

Se existirem várias caldeiras no sistema, instalar controlos de sequência que desliguem as

caldeiras que previsivelmente não se usarão;

Ponderar a possibilidade de dispor de duas caldeiras diferentes uma para a água quente e

outra para o aquecimento;

Retificar o isolamento da caldeira e de todas as tubagens de distribuição, válvulas e

acoplamentos;

Analisar a correta escolha de combustível;

Analisar a antiguidade da caldeira, a eficiência associada à tecnologia e a possibilidade de

modernizá-la ou substituí-la;

Inspecionar as canalizações subterrâneas de exaustão, em instalações de caldeiras mais

antigas, com vista à deteção de possíveis infiltrações de água;

Rever a manutenção da casa das caldeiras, principalmente no que diz respeito ao

equipamento de combustão, aos controlos e aos instrumentos. Adotar uma rotina de

verificação regular;

Fazer a limpeza periódica das superfícies de transferência de calor ou dos tubos de fumo;

Verificar periodicamente o estado dos isolamentos térmicos e do sistema de exaustão das

caldeiras;

Reparar prontamente as fugas de vapor de modo a evitarem-se desperdícios de energia e

potenciais acidentes.

Permutadores de calor

Fazer limpeza (química ou mecânica) das superfícies de transferência de calor.

Sistemas de iluminação

Realizar operações de limpeza e de manutenção de acordo com um plano pré-

estabelecido.

Outros equipamentos

Efetuar manutenção aos equipamentos consumidores de energia de acordo com o

mencionado anteriormente em cada equipamento.

Isolamentos térmicos

Para evitar perdas deve-se isolar termicamente:

o Tubagens de vapor;

o Tubagens de água quente;

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 99

o Tubagens de termofluido;

o Tubagens de condensados.

Inspecionar periodicamente o isolamento térmico das tubagens e das válvulas;

Evitar o sobredimensionamento da espessura do isolamento.

3.2. Proposta de medidas estratégicas orientadas para a poupança de energia nos

processos produtivos

3.2.1. Conceção/design de processos industriais para a eficiência energética

A integração da eficiência energética nos processos produtivos deve ser encarada na fase de

projeto da empresa ou da instalação ou aquando de uma remodelação importante, tendo em

consideração os seguintes aspetos, conforme aconselhado pelos documentos de referência em

melhores técnicas disponíveis:

É importante que se encare a eficiência energética logo nas primeiras etapas dos

projetos das empresas. Mesmo que ainda não exista a certeza do tipo de

equipamentos a incluir nos processos produtivos estes aspetos devem ser

equacionados nos concursos a realizar;

O desenvolvimento ou seleção das tecnologias a adotar nos processos de fabrico

deverão ter presentes a eficiência energética;

Para a conceção/design de processos tendo em conta a eficiência energética pode ser

necessário contar com peritos em energia;

É importante estimar o consumo de energia da futura empresa e otimizar a instalação.

Na fase de projeto de uma nova empresa ou instalação (ou na sua reformulação) devem ser

calculados e tidos em conta os custos de energia do processo e equipamentos ao longo da

vida.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 100

O mapa seguinte traduz sinteticamente as fases na vida das empresas e as principais

atividades de design para a eficiência energética a elas associadas.

Design básico/ design conceptual

Recolha de informação sobre a utilização de energia

Estimativa das necessidades reais de energia

Estimativa dos custos de energia ao longo da vida

Revisão dos parâmetros básicos de design que influenciam o consumo de energia

Identificação das pessoas chave e das partes que influenciam a eficiência energética de novas instalações

Minimização dos serviços de energia

Introdução das melhores tecnologias disponíveis

Design detalhado Design de sistemas e instalações de processo ótimos

Estimativa de necessidades para controlo e instrumentação

Processo de sistemas de integração / recuperação de calor

Minimização de perdas de pressão, temperatura, etc.

Seleção de motores, bombas etc. eficientes

Especificações suplementares para propostas de material com vista à eficiência energética

Processo de adjudicação /propostas

Solicitar a fornecedores e fabricantes soluções mais eficientes energeticamente

Controlo de qualidade do design da empresa e das especificações no caderno de encargos

Construção e montagem

Controlo de qualidade das especificações do equipamento instalado comparado com o especificado no caderno de encargos

Encomenda Otimização do processo e instalações de acordo com as especificações

Fase operacional Auditorias energéticas

Gestão de energia

3.2.2. Incentivos ao investimento

Os incentivos ao investimento são referidos em larga escala pelos empresários dos vários

setores abordados no estudo como meio de melhorar a eficiência energética das empresas

que gerem.

As empresas alvo do estudo EFINERG foram questionadas acerca do conhecimento dos sistemas de incentivos existentes tendo como referência o conjunto de instrumentos de apoio ao investimento empresarial disponíveis no âmbito do QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, nomeadamente:

1.Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME (www.incentivos.qren.pt)

2.Sistema de Incentivos à Investigação & Desenvolvimento (www.incentivos.qren.pt) 3.Sistema de Incentivos à Inovação (www.incentivos.qren.pt) 4.Apoios à formação Profissional, no quadro do Programa Operacional Potencial

Humano/QREN (www.poph.qren.pt)

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 101

5.PRODER – Programa de desenvolvimento rural de apoio ao setor florestal e agro-florestal (se aplicável) (www.proder.pt)

No global das empresas que responderam a estas questões 79% afirmam ter conhecimento dos sistemas de incentivos previstos para a sua empresa/negócio, encontrando-se 21% dentro do grupo de empresas que não conhece ou não responde especificamente à questão. Dentro das empresas que conheciam os sistemas de incentivo, a maior parte conhece os sistemas de incentivos à qualificação e internacionalização de PME e à inovação (42% e 41%, respetivamente), seguindo-se as que conhecem os sistemas de incentivo à investigação e desenvolvimento (30%), os apoios à formação profissional (26%) e o PRODER (11%) (figura 22).

Figura 22. Conhecimento dos sistemas de incentivos

As fontes de informação acerca dos sistemas de incentivo são essencialmente as associações empresariais (57%), o IAPMEI (47%), consultores e Centros Tecnológicos ou outras entidades do Sistema Científico e Tecnológico (30%). Com menor importância na transmissão do conhecimento acerca dos sistemas de incentivo surgem os seminários e workshops com 22%, os sites dos programas de apoio com 20%, a imprensa com 17%, a televisão com 12% e outras empresas com 13%. Também as redes de contacto transmitem esta informação em 8% dos casos, havendo ainda cerca de 1% de empresas em que a informação lhes chega por outras vias, como sejam a internet. Quanto às candidaturas, 54% das empresas afirmou ter já passado por esse processo.

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Sistema de incentivo

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 102

Em relação à imagem que têm dos sistemas de incentivos, foi pedido às empresas que se

posicionassem numa escala de 1 a 4, em que 1=discorda totalmente, 2=discorda em parte,

3=concorda em parte e 4=concorda totalmente à seguinte lista de afirmações:

Vale a pena concorrer

É fácil aceder aos formulários

É fácil preencher os formulários

São para quem já conhece os procedimentos

São só para empresas de maior dimensão

Respondem às necessidades de melhoria do desempenho

Dão resposta às necessidades financeiras

Possível reforçar competências internas

O esforço é compensador

Oportunidade para renovar a empresa

Os critérios são transparentes

Dá demasiado trabalho concorrer

A apresentação dos resultados médios das várias empresas dos vários setores que

responderam à questão é feita na figura 23, separando-se as respostas em que as empresas já

tinham concorrido a algum dos sistemas de incentivo daquelas em que nunca tinham

concorrido. Pela análise da figura 23 pode verificar-se que a opinião das empresas que já

concorreram aos sistemas de incentivo não coincide com a das empresas que nunca

concorreram. As que nunca concorreram referem em maior grau relativamente às que já

concorreram que dá demasiado trabalho a concorrer, que os incentivos são só para as

empresas de maior dimensão e para quem já conhece os procedimentos. Por outro lado, quem

já concorreu considera de forma mais positiva que os critérios de atribuição dos incentivos são

transparentes, que constituem uma oportunidade para renovar a empresa, que o esforço é

compensador, que dão resposta às suas necessidades financeiras e respondem às

necessidades de melhoria do desempenho. Também as que já concorreram percecionam de

forma mais positiva a facilidade de acesso e de preenchimento dos formulários e que vale a

pena concorrer relativamente às que nunca o fizeram (figura 23).

As ideias com que um maior número de empresas concorda estão relacionadas com os

benefícios dos sistemas de incentivos, nomeadamente que estes constituem uma

oportunidade para renovar a empresa.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 103

Figura 23. Ideia que as empresas têm dos sistemas de incentivo

As empresas EFINERG foram ainda questionadas acerca do conhecimento de outros programas de apoio ao investimento, tendo nomeadamente como referência:

1. Linhas PME Investe 2. Financiamento de projetos I&D no âmbito do 7º PQ de I&DT 3. Benefícios fiscais ao investimento 4. Programas de cooperação transnacional e inter-regional Europeia 2007-2013 5. Outros

Pelas respostas obtidas, as linhas PME Investe são as mais conhecidas pelas empresas, sendo os benefícios fiscais ao investimento conhecidos por 22% enquanto que os financiamentos de projetos de I&D no âmbito do 7º programa quadro de IDT conhecidos por 11% das empresas. Apenas 1% das empresas tem conhecimento da existência dos Programas de cooperação transnacional e inter-regional Europeia 2007-2013. Algumas empresas EFINERG referiram faltar os seguintes incentivos de apoio:

À exportação;

À construção e reformulação de infraestruturas e aquisição de equipamento;

Específicos da área de energia, incluindo informação e apoio nas auditorias energéticas

e incentivos à utilização de energias alternativas;

Formação e qualificação de recursos humanos;

Bancários, fundo de maneio e incentivos ao investimento;

À gestão de produção e otimização;

As empresas consultoras para diagnóstico e estudo dos investimentos;

Vale I&DT sempre abertos com entrega de candidaturas quando oportuno.

Sobre o que mudariam nos sistemas atuais de incentivo, se bem que a maioria das empresas

não apresente sugestões, as indicações de algumas das empresas apontaram as seguintes

necessidades:

Maior transparência nos critérios de aprovação, e condições gerais de acesso;

Menor burocratização dos processos;

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Vale a pena concorrer

É fácil aceder aos formulários

É fácil preencher os formulários

São para quem já conhece os procedimentos

São só para empresas de maior dimensão

Respondem às necessidades de melhoria do desempenho

Dão resposta às necessidades financeiras

Possível reforçar competências internas

O esforço é compensador

Oportunidade para renovar a empresa

Os critérios são transparentes

Dá demasiado trabalho concorrernão concorreram

já concorreram

pontuação

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 104

Rapidez na análise e decisão e de pagamentos;

Simplificação dos procedimentos de candidatura e de comprovação;

Mais rigor e equidade;

Maior flexibilização nos acessos;

Melhor definição de setores prioritários;

Análise de risco dos Capitais de Risco;

Melhor acesso à informação;

Maior atenção às PME;

Incentivos à adaptação de empresas.

Ainda foram efetuados comentários por um número marginal de empresas:

Exiguidade de fundos impede projetos tecnicamente aprovados de acederem ao apoio

financeiro;

Necessário mais conhecimento da realidade das empresas na definição de incentivos;

Falta eficiência dos mercados para aproveitar programas de apoio;

Face à atual conjuntura internacional (e principalmente nacional) em que os mercados

são inconstantes, não faz sentido elaborar projetos a médio prazo, pois naturalmente

que terão de ser ajustados, com todos os inconvenientes de processo e ocupação de

recursos humanos de topo. Seria muito mais ágil e adequado projetos de curto prazo e

com apoios imediatos, não deteriorando os débeis fundos de maneio das empresas;

Incorporação de prémios às empresas, seja pela realização dos objetivos a que se

propõem seja ainda relativos à eficiência energética conseguida com os benefícios

envolvidos. Por exemplo, relacionado com este ultimo aspeto, pode-se referir a

proposta de atribuição de prémio mais eficiência, estimulando os progressos em

termos de eficiência energética.

3.2.3. Incentivos fiscais e financeiros

Os instrumentos financeiros, tais como as taxas, são mecanismos disponíveis que permitem

integrar as preocupações em termos ambientais e de energia nas economias e que podem

contribuir para a seleção de opções mais sustentáveis por parte da indústrias ou consumidores

em geral. Por outro lado, a sua implementação pode ser mais suave que a imposição de

regulamentações apertadas e pode conduzir a processos de inovação que vão ao encontro das

necessidades da sociedade. Numa sociedade que importa grande parte da energia que

consome, à medida que esse recurso se torna mais caro, pode-se ir promovendo uma

dissociação entre o seu consumo e o crescimento económico.

A oferta de incentivos fiscais é assim uma forma de encorajar o setor empresarial na melhoria

da eficiência energética e adicionalmente na sua competitividade e na criação de emprego.

Grande parte dos investimentos em eficiência energética encontra-se constrangida pelo

período de retorno que lhe está associado; a oferta de incentivos fiscais às empresas é uma

das formas de apoiá-las na redução desse período de retorno, baixando a relação entre o custo

de implementação e os benefícios que daí podem advir.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 105

Assim, os incentivos fiscais que incidam sobre os investimentos em equipamento de alta

eficiência Energética podem ser um catalisador da política energética e vantajosos para a

eficiência energética dos processos produtivos das empresas.

Devido ao estado atual da economia nacional neste momento os incentivos fiscais tem vindo a

diminuir. Os incentivos anteriores tinham a ver com os períodos de amortização de

equipamentos eficientes e essencialmente valores de taxas de IVA diferenciados para aqueles.

Atualmente praticamente só existe a isenção de ISP para determinados combustíveis desde

que uma empresa seja do PNALE ou esteja a cumprir o SGCIE.

Os incentivos fiscais bem como os financeiros são efetivamente uma forma de dinamizar a

eficiência energética que contribuem para incentivar tecnologias devendo por isso ser

promovidos.

3.2.4. Programas de sensibilização/informação e ações de demonstração

Os programas de sensibilização/informação das empresas e dos vários agentes são de grande

importância na área da eficiência energética, mudam a forma de encarar dificuldades e

estimulam a inovação dentro das empresas. A realidade tem mostrado que as empresas não

aderem às ações de sensibilização comuns, que se processam em sala e que levam à

deslocação de elementos das empresas que necessariamente deixam temporariamente o seu

posto de trabalho. Parece pois ser necessário enveredar por novas abordagens apelativas que

informem e sensibilizem as empresas para as questões da eficiência energética, procurar

novas formas de sensibilização, credíveis, em que as empresas se sintam impelidas a

participar. Uma hipótese será seguir a via das ações de demonstração conseguida a partir de

casos concretos de implementação de medidas de eficiência energética em empresas.

As ações de demonstração de práticas de eficiência energética podem ser motivantes e ter

efeitos mobilizadores das empresas, tendo assim forte impacte na sua sensibilização.

São correntes as listas de boas práticas de processos empresariais disponibilizadas às empresas

sem efeitos práticos em termos da sua aplicação. Por outro lado, o efeito de sensibilização que

se pretende obter com os seminários de divulgação às empresas não é veiculado por esta

forma, uma vez que as empresas abaixo dos 500 tep são pequenas e com pouca

disponibilidade de quadros para se deslocarem e assistirem aos eventos criados

especificamente para esses objetivos, sendo frequente a falta de adesão aos seminários que

lhes são dirigidos.

As ações de demonstração podem facilitar o processo de assimilação da bondade de medidas

de eficiência energética que são implementadas em concreto, disponibilizando-se às empresas

que se encontrem em situação semelhante toda a abertura e informação em termos de

investimentos efetuados, modos de implementação e exploração e resultados práticos que se

obtém, tanto em termos de poupança como em termos do funcionamento prático do dia-a-dia

das empresas.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 106

3.2.5. Redes colaborativas

As empresas com consumos abaixo dos 500tep são na sua maioria empresas de pequena ou

média dimensão, com recursos limitados e com a grande preocupação em funcionar

produzindo o essencial para a sua sobrevivência no mercado. Na generalidade dos casos

observados, foi difícil às empresas EFINERG a dispensa de colaboradores para acompanhar o

levantamento EFINERG relativo às condições de funcionamento que tinham a ver com as

questões de eficiência energética, apesar do seu interesse e vontade em colaborar neste

aspeto. Por outro lado, existe conhecimento importante e atualizado nas matérias da

eficiência energética nas instituições do sistema científico e tecnológico. Os Centros

Tecnológicos são disso um bom exemplo, no acompanhamento que prestam às empresas dos

setores que abarcam. São-no também os laboratórios do estado e universidades que apoiam a

investigação e desenvolvimento através de várias formas sendo as últimas formadoras de

jovens alunos nas várias áreas do saber. Parece pois importante criar redes de cooperação

entre estes tipos de instituições com benefícios múltiplos: as empresas beneficiando por

poderem contar com elementos estudantes com ligações aos centros de saber que em

situações concretas podem aplicar os conhecimentos adquiridos contribuindo para a melhoria

da eficiência energética das empresas em que se encontrarem inseridos; os alunos

beneficiando pela sua formação incluir a ligação prática à atividade empresarial e melhorando

assim o seu currículo e aproximação às empresas; as entidades do sistema científico e

tecnológico nacional por poderem contribuir para a transferência dos conhecimentos na

prática para as empresas e para os formandos, por poderem ajustar os seus investimentos em

investigação e desenvolvimento às necessidades concretas das empresas e por poder mais

facilmente proceder à difusão tecnológica. Neste ponto pode assumir particular relevância o

papel dos centros tecnológicos, na facilitação do estabelecimento das redes, seja pelo

conhecimento que detêm dos centros de saber seja ainda através da seleção de empresas e de

alunos, devido ao conhecimento que possuem acerca do interesse que os vários temas podem

ter para as empresas. Este tipo de abordagem poderá beneficiar de programas de

financiamento existentes como sejam os criados no âmbito do Impulso Jovem.

3.2.6. Aconselhamento empresarial

Complementando a cooperação entre empresas e entidades do sistema científico e

tecnológico, parece importante o impulso de estruturas de aconselhamento empresarial,

como forma de possibilitar o acesso à informação acerca da eficiência energética às empresas.

Sendo limitado o conhecimento das empresas em relação às questões de energia, a oferta de

aconselhamento nestas matérias parece ser de todo o interesse no sentido de lhes possibilitar

informação adequada sem a necessidade de recurso a consultorias demasiado pesadas em

termos monetários à qual dificilmente podem recorrer dada a situação financeira em que se

encontra a indústria portuguesa. Os sistemas de aconselhamento empresarial poderão resultar

da cooperação empresarial, eventualmente apoiadas por fundos públicos destinados a apoiar

o tecido empresarial português no âmbito da cooperação do Estado com as empresas.

Parece importante que os sistemas de aconselhamento incluam tópicos de gestão da energia, com abordagens integradas de todos os aspetos relacionados com a energia, incluindo não só a oferta, mas também a utilização, auditorias energéticas, medidas de eficiência energética,

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 107

manutenção de sistemas energéticos, leasing de equipamentos e possibilidades de financiamento.

4. Condições para a implementação da estratégia

4.1. Agentes a envolver

Sem prejuízo do maior detalhe que é retomado no ponto seguinte, apontam-se de seguida os principais agentes a mobilizar para a presente estratégia.

Governo e políticos – Na medida em que definem as estratégias e as políticas, indicando

claramente o rumo a seguir em matéria de energia e de política empresarial, tendo em vista a

sustentabilidade da economia e da sociedade em geral no domínio da eficiência energética em

termos nacionais e mesmo internacionais.

Entidades públicas ou afins (Institutos, Agências, Direções Gerais e Laboratórios do Estado) – Estas entidades devem criar condições propícias para que as empresas possam aplicar as políticas de eficiência energética. É importante evitar complexidades desnecessárias, duplicações e repetições de regras e procedimentos, que devem ser adequados à natureza das empresas. Identificam-se neste domínio as principais instituições:

Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) é o órgão da Administração Pública Portuguesa que tem por missão contribuir para a conceção, promoção e avaliação das políticas relativas à energia e aos recursos geológicos, numa ótica do desenvolvimento sustentável e de garantia da segurança do abastecimento. Na missão da DGEG inclui-se, naturalmente, a necessidade de sensibilizar os cidadãos para a importância daquelas políticas, no quadro do desenvolvimento económico e social que se deseja para o país, informando-os sobre os instrumentos disponíveis para a execução das decisões políticas e divulgando os resultados do seu acompanhamento e execução.

O LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia é um organismo de investigação, demonstração e

desenvolvimento tecnológico cuja missão é promover a inovação tecnológica orientando a ciência e

tecnologia para o desenvolvimento da economia contribuindo para o aumento da competitividade dos

agentes económicos no quadro de um progresso sustentável da economia Portuguesa. Enquanto

instituição do Ministério da Economia e do Emprego, o LNEG contribui ainda para a definição das

políticas públicas nas áreas da energia e geologia, ambiente, sustentabilidade, metrologia, normalização,

qualidade e certificação.

A ADENE realiza atividades de interesse público no domínio da política energética e dos serviços públicos concessionados ou licenciados no setor da energia e desenvolve a sua atividade junto dos diferentes setores económicos e dos consumidores, visando a racionalização dos comportamentos energéticos, a aplicação de novos métodos de gestão de energia e a utilização de novas tecnologias.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 108

O IAPMEI atua sob a tutela do Ministro da Economia e do Emprego e tem como missão facilitar e assistir as PME nas suas estratégias de crescimento inovador e internacional, de aumento da produtividade e da competitividade, de reforço de competências e da capacidade de gestão e de acesso aos mercados financeiros, a par da promoção do empreendedorismo.

A Agência de Inovação, AdI, tem como missão promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico facilitando o aprofundamento das relações entre o mundo da investigação e o tecido empresarial português.

Entidades financiadoras e entidades gestoras dos apoios públicos – Neste âmbito contam-se

a banca, as sociedades de capital de risco e outras entidades responsáveis pela concessão de

crédito ao investimento empresarial, bem como as entidades que atuam na esfera pública e

são responsáveis pela gestão e atribuição de apoios financeiros aos projetos de investimento

empresarial, enquadráveis nos programas comunitários e nacionais de que o QREN e os

Programas Regionais são exemplo.

Empresas – A participação das empresas é crucial nestes processos, envolvendo os próprios

acionistas e a gestão de topo onde as decisões e os rumos das empresas são definidos, bem

como os técnicos e os operários que no dia-a-dia lidam com os processos de produção e

manutenção, entre outros. Se parte da eficiência energética resulta de boas práticas de

“gestão caseira” é de todo fundamental que exista pessoal formado, sensibilizado e motivado

para levar em frente a melhoria da eficiência energética nas empresas de que fazem parte.

Associações empresariais e gestoras de clusters e polos de competitividade - Estas entidades

têm um papel determinante na criação de redes e no estímulo à constituição de parcerias

estratégicas, tendo em vista potenciar dinâmicas regionais e de agregação, bem como

promover o desenvolvimento de projetos estratégicos e estruturantes de interesse para

grupos de empresas e outros agentes da envolvente. São também interlocutores privilegiados

das entidades públicas na identificação das preocupações, oportunidades e desafios das

empresas que representam.

Entidades do Sistema Científico e Tecnológico – Pelo seu papel na construção da economia do

conhecimento e na produção de conhecimento novo e no desenvolvimento da capacidade de

o utilizar para produzir novos produtos e serviços e para inovar criando novos modelos de

negócio ou organizacionais. Destaca-se aqui o papel dos Centros Tecnológicos, na medida em

que, em cada setor, apoiam as empresas a aumentar a produtividade e a inovar em produtos,

serviços e processos. Por outro lado, cooperam com a administração pública na definição de

políticas para a indústria, na implementação dessas políticas e na difusão de boas práticas.

Consultores - Prestando serviços à comunidade e oferecendo soluções para as necessidades

das empresas, com capacidade de intervenção associada à competência e experiência na área

da energia.

Fornecedores de equipamento e de energia – Os fornecedores de energia possuem um

relacionamento estabelecido com os utilizadores, com sistemas de faturação e dados de

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 109

mercado, estão associados a uma marca conhecida, têm uma rede de atendimento de

fornecimento e são responsáveis por prever e atender ao eventual crescimento e picos do

consumo pelas empresas. Podem estar sujeitos a sobreposição de interesses comerciais e

influenciar a competitividade das empresas por alteração de preços ou quantidades de

produtos vendidos. Estes agentes estão bem posicionados para propor às empresas vários

tipos de medidas e equipamentos de melhoria de eficiência energética.

Média – Papel importante no envolvimento da sociedade e divulgação da urgência e

necessidade da eficiência energética.

Comunidades em geral – Na medida em que mostram aceitação e reconhecimentos pelas

empresas que enveredam e mostram claramente estar envolvidas na melhoria da eficiência

energética.

ONG – Papel importante na criação de uma consciência que valoriza a pegada energética das

empresas e da sociedade.

4.2. Recomendações

De uma forma global, podem ser identificados diferentes níveis de atuação tendo em vista

uma efetiva implementação desta estratégia de melhoria da eficiência energética em PME:

Governamental – políticas públicas

A nível governamental – políticas públicas, devem ser envolvidas as entidades responsáveis

pela operacionalização das políticas, entidades de financiamento, entidades responsáveis pela

legislação. Incluem-se também neste ponto as entidades promotoras e verificadoras dos

sistemas nacionais e internacionais de rotulagem e as envolvidas nos processos de contratação

pública, as de regulação, verificação e fiscalização.

Em síntese, a este nível, podem ser destacadas como principais recomendações:

Criação de instrumentos de apoio específicos para a área da energia;

Criação de linhas de financiamento para medidas de eficiência energética e para a

renovação do parque de equipamentos mais antigos;

Maior adequação dos instrumentos existentes às necessidades empresariais;

Simplificação do acesso aos apoios e redução do nível burocrático das candidaturas;

Criação de linhas de incentivo ao financiamento com base em benefícios fiscais, por

exemplo indexado à pegada ecológica ou à pegada de carbono;

Adequação da legislação às dinâmicas de evolução estrutural da economia;

Criação de regras para a formação na área da energia (semelhante às medidas na área

do ambiente, HST e da igualdade de oportunidades);

Criação de linhas de financiamento para a realização de auditorias energéticas.

Sistema Científico e Tecnológico Nacional

A este nível incluem-se as entidades com um papel determinante na produção e transferência

conhecimento para as empresas e no apoio à sua valorização económica como sejam os

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 110

Laboratórios do Estado, as Universidades, os Centros Tecnológicos e outros centros de

investigação e saber.

Em síntese, a este nível, podem ser destacadas como principais recomendações:

Participação em projetos de investigação e desenvolvimento tecnológico,

conjuntamente com empresas na área da energia, nomeadamente na eficiência

energética;

Participação na implementação de projetos de demonstração de boas práticas de

eficiência energética em colaboração com empresas;

Promoção de uma maior visibilidade dos resultados da investigação com potencial de

aplicação na área da eficiência energética junto das empresas;

Promoção de uma maior aproximação às empresas com vista à validação industrial e

económica dos resultados dos projetos de investigação e desenvolvimento;

Promoção de transferência de tecnologia para o setor empresarial através do

estabelecimento de contratos programa;

Prestação de apoio técnico e científico;

Apoio à deteção de necessidades de formação por parte das empresas;

Realização de ações de formação específicas no domínio energético;

Apoio às empresas na identificação de oportunidades de melhoria e na formulação de

projetos de investigação, desenvolvimento ou inovação conducentes a maiores níveis

de eficiência energética;

Maior articulação entre as empresas e as entidades públicas tendo em vista a adoção

de medidas que promovam maiores níveis de eficiência energética nas empresas em

domínios de natureza eminentemente técnico-científicos;

Promoção e participação em redes colaborativas e de partilha de conhecimento com

as empresas;

Reforço da integração destas entidades nas estratégias de eficiência coletiva.

Associativismo e eficiência coletiva

A este nível devem ser envolvidos as associações nacionais, regionais, setoriais e as

associações ligadas à gestão e dinamização de polos de competitividade e clusters, os

representantes dos mercados e dos consumidores, e também os media, pelo seu papel na

disseminação. Estes devem não só promover a inovação nas empresas como ser os

interlocutores privilegiados das oportunidades e desafios das empresas junto dos poderes

públicos, apoiando a disseminação dos instrumentos e mecanismos adequados. Estes atores

encontram-se também entre os principais responsáveis pela criação de redes, dinamização de

parcerias estratégicas e redes colaborativas facilitando a transferência e partilha de

conhecimento e criação de oportunidades de negócio e a colaboração em projetos

estratégicos de interesse coletivo. Realça-se neste âmbito o papel emergente da atuação dos

Polos de Competitividade e dos Clusters na definição de objetivos estratégicos, económicos e

de internacionalização conjuntos, podendo adquirir elevada relevância no domínio da

eficiência energética.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 111

Em síntese, a este nível, podem ser destacadas como principais recomendações:

Divulgação efetiva da legislação sobre energia;

Realização de projetos e ações de sensibilização para a eficiência energética dirigidos

aos empresários;

Promoção de programas de formação para a energia;

Divulgação da inovação tecnológica na área da energia;

Divulgação de casos de sucesso de redução do consumo de energia.

Empresarial

Ao nível empresarial, é importante que o envolvimento das empresas seja percecionado e

efetivado de uma forma global, devendo existir uma clara orientação dos empresários e dos

seus colaboradores para o interesse e adoção de medidas proactivas de eficiência energética e

de inovação em geral.

A motivação dos colaboradores da empresa aos diversos níveis, desde a gestão de topo a

todos os funcionários pode ser um estímulo para o progresso da eficiência energética a nível

empresarial. Por outro lado, a verificação dos benefícios económicos resultantes da eficiência

energética pode estimular o avanço deste tipo de atuação nas empresas, bem como a

verificação do interesse demonstrado pelos governantes a esse nível, com medidas concretas.

Pode considerar-se ainda como estímulos à eficiência energética a disponibilidade da

informação certa para as pessoas certas no tempo certo – que inclui a identificação de quem

precisa, de que tipo de informação e de quando é necessária.

Justificar-se-á ainda uma maior proatividade das próprias PME na definição de melhores níveis

de adequação dos programas de eficiência energética, na identificação de necessidades tendo

em vista uma maior adequação da oferta de serviços em eficiência energética, com

competências especializadas para subsetores, mais do que competências generalistas, e

explorando mais ativamente a promoção de parcerias técnicas com outras entidades,

nomeadamente outras empresas, entidades governamentais e instituições de investigação.

Neste contexto deverão ainda ser incluídos o desenvolvimento e a utilização de modelos e

ferramentas de custo-benefício que auxiliem as empresas no processo de tomada de decisão e

a informação suficiente sobre a utilização de energia na empresa que permita uma tomada de

decisão tecnicamente fundamentada.

São também consideradas neste nível as empresas de consultoria com envolvimento nas várias

áreas de atuação da empresa com ligação à eficiência energética, direta ou indiretamente, tais

como: auditorias energéticas, ecodesign, design, moda e tendências, marketing, arquitetura,

avaliação do ciclo de vida. De considerar ainda os distribuidores e fornecedores, incluindo os

fornecedores de matérias-primas e de tecnologia, entre outros intervenientes na atividade da

empresa.

EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 112

Em síntese, a este nível, podem ser destacadas como principais recomendações:

Realização de ações de formação e sensibilização para a área da energia;

Criação da função Gestor de Energia;

Implementação de boas práticas de monitorização dos consumos de energia;

Identificação sistemática de oportunidades de melhoria de eficiência energética;

Atualização do nível de conhecimentos acerca das soluções mais recentes no mercado

para a eficiência energética;

Implementação de medidas de eficiência energética em função de estudos de

viabilidade respetivos;

Utilização racional dos instrumentos de apoio à implementação de eficiência

energética disponíveis;

Integração em redes colaborativas e em projetos conjuntos visando objetivos comuns

de eficiência energética;

Reforço de competências no domínio da eficiência energética por recurso às entidades

do sistema científico e tecnológico;

Maior proatividade nas interações com as entidades que representam as empresas,

nomeadamente ao nível associativo.

5. Fontes bibliográficas

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EFINERG | Estratégia de eficiência energética em PME - parte I 114