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Jorge Manuel Lamego de Sá Nº 1501173 Turma 2 CURSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO EM SERVIÇO Mediação e Gestão de Conflitos na Escola – 11058 2015/2016 Data: 10 de abril de 2016

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Mediação e Gestão de Conflitos na Educação

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Jorge Manuel Lamego de Sá

Nº 1501173

Turma 2

CURSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO EM SERVIÇO

Mediação e Gestão de Conflitos na Escola – 11058

2015/2016

Data: 10 de abril de 2016

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Questão 1:

Os principais conceitos associados ao fenómeno da violência escolar e cuja distinção é primordial

para delinear estratégias de intervenção eficazes são os seguintes:

Conduta antissocial ou agressiva – conduta que provoca dano físico ou psicológico ao outro,

perda ou dano de propriedade, podendo ou não constituir uma infração às leis em vigor.

Violência - ..” traduz no facto de alguém, de forma esporádica ou persistente, entrar no espaço

íntimo de outrem, a fim de, pela força, nele exercer controlo e domínio.” (Amado, 2000). Inclui

formas de abuso de poder (físico, sexual, psicológico, verbal…).

Indisciplina – A violência e a conduta antissocial não se confundem com o conceito de

indisciplina. A indisciplina pode-se dividir em níveis ou categorias: desvios às regras, assumindo

um caráter disruptivo, em virtude da perturbar o bom funcionamento da sala de aula; conflitos

interpares que abrange os incidentes que traduzem essencialmente um disfuncionamento das

relações formais e informais entre os alunos; conflitos na relação professor-aluno que inclui os

comportamentos que, de alguma forma, põem em causa a autoridade e o estatuto do professor.

Delinquência juvenil – geralmente com conotação jurídica, designa os atos cometidos por um

indivíduo abaixo da idade de responsabilidade criminal. Os atos delinquentes podem ser graves

(contra pessoas ou bens), constituir pequenos delitos (vandalismo, atuação desordeira) ou respeitar

apenas ao estatuto dos jovens por serem menores (exemplo, fugir de casa).

Distúrbio de conduta ou perturbação/problemas de comportamento – aplicado aos indivíduos

mais do que aos seus atos e é considerado como reflexo do diagnóstico de um síndroma (conjunto

de sintomas) que se aplica a crianças e a adolescentes. É diagnosticado a partir de ocorrência e

frequência dos problemas de comportamento exibidos por uma criança ou adolescente num dado

período de tempo. Grupos de comportamentos: agressão contra pessoas e animais; destruição de

propriedade; mentira e roubo e transgressões graves de regras.

Distúrbio desafiante de oposição – síndroma que inclui a desobediência e desrespeito pelos

adultos, acompanhado de irritabilidade e que pode ser preditivo dos distúrbios de comportamento.

Bullying – refere-se às condutas agressivas entre pares, nas quais um grupo de alunos ou um aluno

de força superior (”bullies” ou “bully”) vitimiza um outro aluno indefeso; vitimação e/ou

intimidação entre pares ou maus tratos entre iguais. O bullying é uma subcategoria do

comportamento agressivo, dirigido de uma forma repetida, a uma vítima que se encontra incapaz de

se defender a si própria eficazmente. O bullying pode ser dividido nos seguintes tipos: direto e

físico – inclui bater ou ameaçar fazê-lo, dar pontapés, roubar, extorquir dinheiro, entre outros; direto

e verbal – inclui insultar, chamar nomes, gozar, entre outros; indireto – excluir alguém do grupo,

ameaçar frequentemente a perca de amizade, espalhar boatos, etc.

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Questão 2:

Podemos classificar a violência ou agressão em dois tipos: a agressão física e a agressão

psicossocial e que se relacionam com uma intencionalidade que pode ser reativa/expressiva ou

proativa/instrumental (Martins, 2005, p. 95).

Na agressão física pode existir uma intenção reativa, em que a principal razão é magoar o outro,

reação emocional baseada na fúria, que ocorre normalmente como resposta a uma provocação. Pode

igualmente existir uma intenção proativa, que acontece na falta de uma provocação propositada, em

que a agressão física é despoletada para obter algo em troca (conseguir um determinado resultado).

O agressor, neste caso, espera que a agressão física acarrete consequências positivas de carácter

instrumental (Sebastião, Campos, Merlini & Chambino, 2013, p.15).

Na agressão psicossocial não existe uma diferenciação entre as intencionalidades reativa e proativa,

como acima. Este tipo de agressão baseia-se num comportamento que procura ferir os outros ao

prejudicar o seu estatuto social ou relações de amizade (agressão indireta ou relacional).

Pode-se ainda subdividir a agressão proativa em dois subtipos: a agressão proativa relacionada com

o poder e a agressão proativa relacionada com a afiliação.

Questão 3:

Podemos assinalar duas grandes dimensões no debate social e científico sobre a violência na escola.

Uma primeira associada à modificação das funções sociais desempenhadas pelos sistemas

educativos e uma segunda relativa à transformação das conceções sociais dominantes sobre a

infância (Sebastião, Alves & Campos, 2010, p. 16).

No que toca à primeira dimensão, há a referir que grande parte do valor social da escola residia na

capacidade de proporcionar mudanças ascendentes de classes sociais ou de manutenção de estatutos

e privilégios sociais elevados. No entanto, com o passar dos anos esse estatuto foi-se diluindo, quer

pela massificação do ensino, com os seus problemas a nível de gestão dos comportamentos, quer

pela “incerteza fabricada” (Sebastião et al., 2010, p. 16), expressão típica nos nossos dias devido ao

atual mercado de trabalho e às elevadas taxas de desemprego. Por outro lado, a crescente

diversidade sociocultural do meio escolar, é vista por uma grande parte da classe média, como algo

perigoso para o sucesso dos percursos escolares dos seus filhos e para a manutenção dos elementos

culturais que o sustentam. À incerteza dos benefícios a obter através da escolarização junta-se um

certo receio relativamente a riscos reais, associados à frequência da escola, em que esta é vista

como um espaço conflitual, desprotegido e/ou perigoso. Muitas famílias receiam que os seus filhos

façam parte de turmas que incluam crianças de várias etnias, crianças de faixas etárias díspares,

crianças de ensino especial ou crianças que pertençam a famílias destruturadas.

No que concerne à segunda dimensão, transformação das conceções sociais dominantes sobre a

infância e as próprias condições materiais em que essa se desenvolve, associada ao crescimento da

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importância socialmente atribuída aos fenómenos de violência na escola (Sebastião et al., 2010, p.

17), há a referir algumas consequências. A saber: mudanças nos modos e estilos de vida das

crianças, que resultam das modificações nas condições culturais de existência e nas representações

sociais sobre a infância, na perceção social do risco na infância, com impacto nas práticas de

socialização familiares e nas decisões relativas aos percursos escolares; no contexto de normas,

regras e práticas institucionais associadas à infância.

Há crianças que abandonem a escola precocemente para ir trabalhar ou, no caso de raparigas, que se

casam. Determinadas religiões não aceitam a prática de exercício físico, disciplinas/atividades

musicais, prática de jogos, vestuário e alimentação diferentes... O aumento da violência no seio

familiar, reflete-se no meio educativo, em que as crianças se tornam agressivas, violentas, mal-

educadas e indisciplinadas.

A infância é uma fase da vida em que as crianças se encontram mais expostas ao risco. Verifica-se

uma redução efetiva nas experiências que são disponibilizadas às crianças – a “infância está a ser

destruída por aversão ao risco” (Sebastião et al., 2010, p. 18). As crianças são submetidas a

espaços vigiados e controlados por adultos. Muitos pais receiam que os seus filhos participem em

visitas de estudo, viagens/excursões que são pagas, que utilizem transportes para o efeito

(autocarros, comboios, aviões), que passem a noite fora, que convivam com crianças de diferente

sexo, etnias, credos ou religiões. Este processo social acabou por resultar numa excessiva proteção,

privando as crianças de um largo conjunto de experiências que as levariam a conhecer o risco,

aprendendo assim a lidar com ele e a reconhecer as fronteiras protetoras face ao mesmo.

Os valores da escola podem portanto chocar com os valores da família. Urge estabelecer pontes de

entendimento e negociação entre as partes, de modo a ultrapassar esta situação.

O debate sobre a violência na escola possui assim duas vertentes que convergem para a estruturação

de uma visão das escolas como locais inseguros, em que a indisciplina, a violência… se destacam.

Bibliografia:

Amado, J. S. (2000). A construção da disciplina na Escola. Suportes teórico-práticos. Porto: Editora Asa.

Martins, M. J. (2005). O problema da violência escolar: uma clarificação e diferenciação de vários

conceitos relacionados. In Revista Portuguesa de Educação, Ano/Vol. 18, número 001. Braga:

Universidade do Minho, pp. 93-115. Sebastião, J., Alves, M.G. & Campos, J. (2010). Violência na Escola e Sociedade de Risco: uma

aproximação ao caso português. In Violência na Escola, Tendências, Contextos, Olhares. Chamusca:

Edições Cosmos.

Sebastião, J., Campos, J., Merlini, S. & Chambino, M. (2013). Estratégias de Intervenção socioeducativa em

contextos sociais complexos. Estudo Prospetivo e de Avaliação. Relatório de Investigação. Lisboa: CIES-

IUL.