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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO
ELVIS MIRANDA SILVEIRA
ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA DE ATITUDES EM
RELAÇÃO À ESTATÍSTICA PARA O ENSINO MÉDIO
São Paulo 2011
ELVIS MIRANDA SILVEIRA
ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA DE ATITUDES EM
RELAÇÃO À ESTATÍSTICA PARA O ENSINO MÉDIO
Projeto de Defesa apresentado à Banca
Examinadora da Universidade Bandeirante de
São Paulo, como exigência parcial para a
obtenção do título de MESTRE EM EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA, sob a orientação da professora
doutora Verônica Yumi Kataoka.
São Paulo
2011
Silveira, Elvis Miranda Elaboração e validação de uma escala de atitudes em relação à Estatística para o ensino médio/Elvis Miranda Silveira. São Paulo: [s.n],2011.
152f ; Il. ; 30cm.
Dissertação (Mestrado Acadêmico) – Universidade Bandeirante de São Paulo, Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática.
Orientadora: Profa.Dra.Verônica Yumi Kataoka.
1. Escala de atitudes em relação à Estatística 2. Letramento Estatístico 3. Ensino Médio I. Título.
ELVIS MIRANDA SILVEIRA
ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSCA PARA O ENSINO MÉDIO
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE BANDEIRANTE
DE SÃO PAULO COMO EXIGENCIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Presidente e Orientadora
Nome: Profª Drª Verônica Yumi Kataoka
Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN
Assinatura: ________________________________________________
2ª Examinador
Nome: Profª Drª Irene Mauricio Cazorla
Instituição: Universidade Estadual Santa Cruz - UESC
Assinatura: ________________________________________________
3ª Examinador
Nome: Profª Drª Siobhan Victoria Healy
Instituição: Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN
Assinatura: ________________________________________________
Biblioteca
Bibliotecário: _______________________________________________
Assinatura:____________________________Data____/_____/_______
São Paulo, 19 de agosto de 2011
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, pela vida, por estar sempre no meu caminho,
iluminando e guiando às escolhas certas.
À minha família que me ensinou: “Para ser grande é preciso ser perseverante e
forte”. Obrigada pela confiança e pelo amor em mim depositados, vocês são os
responsáveis por essa conquista, eu os amo muito.
À minha namorada, agradeço pela ajuda, companhia, carinho e momentos de
descontração vividos a cada dia, essenciais para superar as dificuldades.
À minha orientadora Verônica Yumi Kataoka, pelos incansáveis momentos
dedicados à nossa pesquisa, por estar presente em distintos e importantes
momentos da minha trajetória e se tornar uma grande amiga.
À todos os professores que passaram por minha vida, quero agradecer
especialmente as professoras Lulu, Rosana, Vera, Irene, Claudete e Claudia,
obrigado pelos momentos de discussões que tanto enriqueceram a minha pesquisa.
Agradeço também a todos os colegas de turma, especialmente ao Jeferson,
Vanderlei, Robson e as colegas Erliete, Cátia e Paula. Foi muito bom conviver e
aprender com vocês, muito obrigado.
Enfim, à todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para o sucesso deste
trabalho. Muito obrigado.
RESUMO
Silveira, E. M. Elaboração e validação de uma escala de atitudes em relação à
Estatística para o ensino médio. 2011.152f.- Dissertação de Mestrado em
Educação Matemática, Universidade Bandeirante de São Paulo, São Paulo, 20111.
O objetivo geral deste trabalho foi propor, avaliar e validar, uma escala de atitudes
em relação à Estatística para o ensino médio, aplicada a 175 alunos do terceiro ano
do ensino médio de sete escolas públicas da grande São Paulo. Essa escala foi
elaborada com 30 itens, retirados de quatro escalas de atitudes desenvolvidas para
o ensino superior dos seguintes autores: Wise; Auzmendi; Cazorla, Silva,
Vendramini e Brito e Schau, Stevens, Dauphine e Del Vecchio. Foi proposto também
um teste estatístico para avaliar o nível de letramento estatístico (na perspectiva de
Gal, Walman, Watson e Callinghan) desses alunos, abordando os tópicos de
Estatística propostos no caderno 4 do Currículo Oficial de São Paulo de 2010. As
aplicações tanto da escala como do teste ocorreram em dois momentos: antes e
depois dos alunos vivenciarem os conceitos estatísticos trabalhados no caderno 4, o
intuito era avaliar possíveis mudanças tanto nas atitudes como no nível de
letramento estatístico dos mesmos. Foram aplicados também no primeiro momento:
uma escala de atitudes em relação à Matemática de Brito e um questionário de
perfil. Para analisar esses instrumentos foram utilizadas análises qualitativas e várias
técnicas estatísticas, como por exemplo, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). Os
resultados do teste de correlação entre as pontuações das escalas de Matemática e
de Estatística, revelaram que não necessariamente os alunos que possuem atitudes
mais negativas ou positivas em Matemática também a terão em relação à
Estatística, e vice e versa. Os resultados da TRI revelaram que o nível de dificuldade
dos dois testes estatísticos foi maior que o nível de habilidade dos alunos, tal
dificuldade apresentada pelos alunos pode estar ligada ao fato de que o teste foi
construído apresentado situações problema, em que o aluno é levado a pensar de
forma intuitiva, exigindo maior interpretação, do que apenas a aplicação de
algoritmos, sendo assim esses resultados parecem indicar um baixo nível de
letramento estatístico dos mesmos. Os resultados globais da TRI, indicaram que a
1 Orientadora: Professora Doutora Verônica Yumi Kataoka
escala de atitudes em relação à Estatística era unidimensional, e apresentou
evidências de validade, e, por conseguinte, que os seus itens estão medindo o
construto atitude. Entretanto, como o valor da variância explicada ficou abaixo de
60% (indicando não ser um bom ajuste dos dados ao modelo de Rasch), novos
estudos devem ser realizados visando uma revisão dos itens, a busca por outras
evidências de validade, que possibilitem um aperfeiçoamento desse instrumento
psicométrico; que poderá auxiliar a diagnosticar as atitudes em relação à Estatística
dos alunos do 3º ano do ensino médio e nortear os professores na elaboração de
estratégias diversificadas que permitam uma possível alteração das atitudes, e, por
conseguinte, contribuam para o letramento estatístico dos mesmos.
Palavras chave: Escala de atitudes em relação à Estatística, letramento Estatístico,
Ensino Médio.
ABSTRACT
Silveira, E. M. Propose, evaluate ad validate a scale of attitudes towards
Statistics for high school. 2011. 152 f. – Dissertation – Master’s in Mathematics
Education, Bandeirante University of São Paulo, São Paulo, 2011.2
The aim of this work was to propose, evaluate and validate a scale of attitudes
towards Statistics involving 175 students in the third year of high school from seven
state schools in greater Sao Paulo. This scale was developed with 30 items taken
from four scales of attitudes developed for higher education by the following authors:
Wise; Auzmendi; Cazorla, Silva, Brito and Vendramini; Schau, Stevens, Dauphine
and Del Vecchio. A test was also proposed to assess the level of statistical literacy
(according to the perspective of Gal, Walman, Watson and Callinghan) of these
students, covering the Statistics topics proposed in book 4 of the “Curriculo Oficial de
São Paulo” 2010. Both the scale and the test were administered in two periods,
before and after the students had experienced the statistical concepts seen in book
4, and the purpose was to assess possible changes in both their attitudes and their
level of statistical literacy. Firstly, a scale of attitudes towards Mathematics by Brito
and a profile questionnaire were administered. Qualitative analysis and various
statistical techniques, for example, the Item Response Theory (IRT), were used to
analyse these instruments. The correlation test results between the scores of
Mathematics scales and Statistics revealed that students who have a more negative
or positive attitude towards Mathematics will not necessarily have the same attitude
towards Statistics, and vice versa. The IRT results showed that the difficulty level of
the two statistical tests was greater than the ability level of the students. The difficulty
for the students can be linked to the fact that the test presents problem situations in
which the student is required to think intuitively, requiring more interpretation than
just the application of algorithms; therefore, these results seem to indicate a low level
of statistical literacy. The overall results of the IRT indicated that the scale of attitudes
towards Statistics was unidimensional and presented evidence of validity, and
therefore that its items are measuring the construct attitude. However, as the value of
2 Advisor: Professora Doutora Verônica Yumi Kataoka
variance explained stayed below 60 per cent (indicating poor adjustment of the data
to the Rasch model), further studies should be conducted targeting the revision of
items and the search for other evidence of validity, which will allow an improvement
of this psychometric instrument that may help to diagnose the attitudes towards
Statistics of the students in the third year of high school and guide teachers in
developing diverse strategies that will allow a possible change of attitudes and
therefore contribute to the students’ statistical literacy.
Keywords: Scale of attitudes towards Statistics, Statistical literacy, High school
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Modelo de letramento estatístico proposto por Gal................................. 41
Figura 2 – Síntese das técnicas estatísticas utilizadas de acordo com os
instrumentos.............................................................................................................. 60
Figura 3 - Percentual de alunos de acordo com os conceitos já vivenciados.......... 64
Figura 4 – Resultados de pesquisa eleitoral referente à segunda questão do teste
estatístico.................................................................................................................. 70
Figura 5 – Gráfico de setores apresentado na terceira questão............................... 73
Figura 6 – Dotplot da envergadura dos braços de alunos das escolas A e B
apresentados na quarta questão.............................................................................. 75
Figura 7 – Histograma apresentado na sexta questão do teste estatístico.............. 82
Figura 8 – Gráfico de barras apresentado na sétima questão do teste
estatístico.................................................................................................................. 85
Figura 9 – Gráfico de dispersão para pontuação da escala de atitudes em relação
à Estatística aplicada antes da vivência dos conceitos estatísticos em função da
pontuação da escala de atitudes em relação à estatística aplicada
depois........................................................................................................................ 105
Figura 10 – Gráfico de dispersão para pontuação da escala de atitudes em
relação à Estatística aplicada antes da vivência dos conceitos estatísticos em
função da pontuação da escala de atitudes em relação à
Matemática................................................................................................................ 111
Figura 11 – Gráfico de dispersão para pontuação da escala de atitudes em
relação à Estatística aplicada depois da vivência dos conceitos estatísticos em
função da pontuação da escala de atitudes em relação à Matemática.................... 112
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o Contexto...................... 44
Quadro 2 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico
Amostragem............................................................................................................. 45
Quadro 3 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Representação
de dados................................................................................................................... 46
Quadro 4 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Medidas de
Tendência Central.................................................................................................... 47
Quadro 5 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico
Probabilidade............................................................................................................ 48
Quadro 6 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Inferência
Informal..................................................................................................................... 48
Quadro 7 – Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico
Variação.................................................................................................................... 49
Quadro 8 – Estágios de desenvolvimento de acordo com a Habilidade
matemática/estatística.............................................................................................. 50
Quadro 9 – Descrição das categorias e exemplos de resposta dos alunos para a
primeira questão....................................................................................................... 67
Quadro 10 – Descrição das categorias e exemplos de resposta dos alunos para
a segunda questão................................................................................................... 71
Quadro 11 – Descrição das categorias da terceira questão questão....................... 73
Quadro 12 – Descrição das categorias da questão 4.1........................................... 76
Quadro 13 – Descrição das categorias e exemplos de resposta dos alunos, tanto
dos artigos de Watson e Callingham (2004) como desse estudo para a questão
4.2............................................................................................................................. 77
Quadro 14 – Descrição das categorias e exemplos de resposta dos alunos, tanto
dos artigos de Watson e Callingham (2004) como desse estudo para a questão a
quinta questão.......................................................................................................... 80
Quadro 15 – Descrição das categorias e exemplos de resposta dos alunos, para
a sexta questão........................................................................................................ 83
Quadro 16 – Descrição das categorias para a sétima questão................................ 85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Escalas de atitudes em relação á Estatística mais utilizadas e suas
categorias................................................................................................................. 29
Tabela 2 – Dimensão valor da escala ATS, relação entre questão original e
questão adaptada..................................................................................................... 36
Tabela 3 – Dimensão valor da escala SATS e EAEa, relação entre questão
original e questão adaptada..................................................................................... 37
Tabela 4 – Dimensão seguridade da escala EAEa, relação entre questão original
e questão adaptada.................................................................................................. 37
Tabela 5 – Dimensão afetividade da escala EAEc, relação entre questão original
e questão adaptada.................................................................................................. 38
Tabela 6 – Dimensão afetividade da escala SATS, relação entre questão original
e questão adaptada.................................................................................................. 38
Tabela 7 – Dimensão cognitiva da escala SATS, relação entre questão original e
questão adaptada..................................................................................................... 39
Tabela 8 – Dimensão dificuldade da escala SATS, relação entre questão original
e questão adaptada.................................................................................................. 39
Tabela 9 – Exemplo de pontuação para cada categoria.......................................... 55
Tabela 10 – Pontuação de resposta ficticia para alguns itens da escala de
atitudes em relação à Estatística............................................................................. 58
Tabela 11 – Percentual de respostas sobre o sentimento dos alunos ao ouvirem
o termo Estatística.................................................................................................... 65
Tabela 12 – Percentual de respostas sobre a primeira idéia dos alunos ao
ouvirem o termo Estatística...................................................................................... 65
Tabela 13 – Número de respostas da primeira questão dos pré e pós-testes
estatístico de acordo com as categorias estabelecidas.......................................... 68
Tabela 14 – Número de respostas da segunda questão dos pré e pós-testes
estatísticos de acordo com as categorias estabelecidas......................................... 71
Tabela 15 - Número de respostas da terceira questão dos pré e pós-testes
estatístico de acordo com as categorias estabelecidas........................................... 74
Tabela 16 – Número de respostas da questão 4.1 dos pré e pós-testes
estatísticos de acordo com as categorias estabelecidas......................................... 76
Tabela 17 – Número de respostas da questão 4.2 dos pré e pós-testes
estatísticos de acordo com as categorias estabelecidas......................................... 78
Tabela 18 – Número de respostas da questão 5 dos pré e pós-testes estatísticos
de acordo com as categorias estabelecidas............................................................ 81
Tabela 19 – Número de respostas da questão 6 dos pré e pós-testes estatísticos
de acordo com as categorias estabelecidas............................................................ 83
Tabela 20 – Número de respostas da questão 7 dos pré e pós-testes estatísticos
de acordo com as categorias estabelecidas.................................. 85
Tabela 21 – Propriedades psicométricas das questões do pré-teste estatístico
por ordem decrescente de índice de dificuldade...................................................... 88
Tabela 22 – Índice de confiabilidade e medidas de ajustes dos oito itens do pré
teste.................................................................................................................. 89
Tabela 23 – Ordem de dificuldade por categoria das questões (item do pré-teste
de acordo com o logito)............................................................................... 90
Tabela 24 – Propriedades psicométricas das questões do pós-teste estatistico
por ordem decrescente de índice de dificuldade...................................................... 91
Tabela 25 – Índice de confiabilidade e medidas de ajustes dos oito ítens do pós-
teste.......................................................................................................................... 91
Tabela 26 – Ordem de dificuldade por categoria das questões do pós teste de
acordo com o logito.................................................................................................. 92
Tabela 27 – Percentual de respostas para os ítens da dimensão afetiva positiva
da escala de atitudes em relação a matemática..................................................... 94
Tabela 28 - Percentual de respostas para os ítens da dimensão afetiva negativa
da escala de atitudes em relação a matemática..................................................... 95
Tabela 29 – Dimensão da escala determinada pela análise fatorial na aplicação
antes da vivência nos conceitos estatísticos........................................................... 97
Tabela 30 – Dimensões da escala determinada pela análise fatorial depois da
vivência dos conveitos estatísticos.......................................................................... 99
Tabela 31 – Percentual das respostas para as questões da escala de atitude em
relação à Estatística retirada na segunda aplicação (2A) e mantidas na primeira
(1A)........................................................................................................................... 100
Tabela 32 – Percentual das respostas para as questões da escala de atitude em
relação à Estatística retirada na primeira aplicação (1A) e mantidas na segunda
(2A).......................................................................................................................... 101
Tabela 33 – Percentual das respostas para os ítens comuns da escala de
atitudes em relação à Estatística da dimensão afetiva positiva, para as duas
aplicações.................................................................................................................
102
Tabela 34 – Percentual das respostas para os ítens comuns da escala de
atitudes em relação à Estatística da dimensão afetiva negativa, para as duas
aplicações................................................................................................................. 102
Tabela 35 – Percentual das respostas para os ítens comuns da escala de
atitudes em relação à Estatística da dimensão dificuldade, para as duas
aplicações............................................................................................................... 103
Tabela 36 – Propriedades psicométricas dos itens da escala de atitudes da
segunda aplicação por ordem decrescente de índice de aderência....................... 106
Tabela 37 – Índices de confiabilidade e medidas de ajuste dos ítens da escala de
atitudes............................................................................................................... 106
Tabela 38 – Descrição das categorias das sete variáveis do questionário de perfil
e os resultados dos testes F ou t de Student.................................................. 108
Tabela 39 – Testes t e F para comparação entre médias da escala de atitudes
em relação à estatística com os testes Estatísticos aplicados antes e depois da
vivência do conteúdo............................................................................................... 110
Tabela 40- Itens retirados da primeira aplicação da escala de Atitudes em
relação à Estatistica a cada rodada da análise fatorial e suas respectivas
justificativas e valores de de KMO e Alfa de Cronbach........................................... 135
Tabela 41. Itens retirados da segunda aplicação da escala de Atitudes em
relação à Estatistica a cada rodada da análise fatorial e suas respectivas
justificativas e valores de de KMO e Alfa de Cronbach........................................... 136
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 17
2 ATITUDES............................................................................................................. 22
2.1 DEFINIÇÕES...................................................................................................... 22
2.2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE ATITUDES................................................ 26
2.3 ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA...................................................... 27
2.4 ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA...................................................... 31
3 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA PARA O ENSINO
MÉDIO...................................................................................................................... 35
4 ENSINO DE ESTATÍSTICA.................................................................................. 40
4.1 LETRAMENTO................................................................................................... 40
4.2 LETRAMENTO ESTATÍSTICO.......................................................................... 41
4.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS................................................ 51
4.3.1 Currículo do Estado de São Paulo.................................................................. 52
5 MÉTODO............................................................................................................... 54
5.1 SUJEITOS ......................................................................................................... 54
5.2 INSTRUMENTOS............................................................................................... 54
5.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS..................................................... 55
5.4 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS.......................................................................... 57
5.5 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE........................................................................ 58
5.6 EVIDÊNCIA DE VALIDADE DOS CONSTRUTOS “ATITUDES” e
“LETRAMENTO ESTATÍSTICO” – TEORIA DE RESPOSTA AO ÍTEM.................. 60
6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS......................................................................... 63
6.1 ANÁLISE DESCRITIVA DO QUESTIONÁRIO DE PERFIL............................... 63
6.2 TESTE ESTATÍSTICO....................................................................................... 66
6.2.1 Análise descritiva............................................................................................ 66
6.2.2 Teoria de Resposta ao Ítem............................................................................ 88
6.3 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA................................ 92
6.4 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA................................ 96
6.4.1 Análise Fatorial................................................................................................ 96
6.4.2 Comparações entre as escalas da primeira e segunda aplicações................ 101
6.4.3 Teoria de Resposta ao Ítem: escala da segunda aplicação............................. 105
6.4.4 Relação entre o questionário de perfil e a escala da segunda aplicação....... 107
6.4.5 Relação entre o teste estatístico e a escala da segunda aplicação................. 109
6.4.6 Relação entre a escala de Matemática e a escala de Estatística.................... 111
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 113
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 117
APÊNDICES.............................................................................................................. 124
ANEXOS.................................................................................................................... 137
17
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, com o avanço tecnológico e o acesso cada vez mais rápido a
diversos tipos de informações, é inegável que as pessoas tenham contato com
vários conceitos estatísticos, uma vez que a maioria dessas informações é
apresentada, nos diversos meios de comunicação, em forma de gráficos, tabelas
e/ou medidas estatísticas. Esse contato cada vez mais frequente com a Estatística,
não significa necessariamente que os leitores tenham conhecimento dos conceitos
envolvidos, bem como sejam capazes de interpretar tais informações.
Neste contexto, o ensino de Estatística tem grande participação na formação
do cidadão, no que se refere ao desenvolvimento de habilidades para ler e
interpretar criticamente informações com tratamento estatístico, expressar suas
opiniões ou suas considerações acerca da aceitação das conclusões fornecidas,
bem como, tomar decisões baseadas nas mesmas. O desenvolvimento de tais
habilidades constitui o que Gal (2002) denomina de letramento estatístico.
Um indivíduo letrado estatisticamente poderá compreender melhor a sua
realidade, de forma que consiga constatar a veracidade das informações, tendo mais
chances de conseguir avaliá-las com segurança e tomar decisões conscientes, sem
a preocupação de estar sendo induzido pela maneira com que as mesmas possam
ser apresentadas.
Outra indicação que reforça a importância do ensino de Estatística é a
recomendação dos conteúdos estatísticos nos Parâmetros Curriculares Nacionais de
Matemática (PCN). Neste documento são indicados temas como Análise
Combinatória, Probabilidade e Estatística, no bloco de conteúdo “Tratamento da
Informação” para o Ensino Fundamental e no eixo temático “Análise de Dados” para
o Ensino Médio (BRASIL, 1997, 1998, 2002, 2006).
Além dos PCN, alguns estados brasileiros elaboraram currículos que
recomendam o ensino de Estatística. Um exemplo é o estado de São Paulo, que
estabelece no seu currículo oficial (SÃO PAULO, 2010a), a abordagem de tópicos
de Probabilidade e de Estatística, tanto para o Ensino Fundamental quanto para o
Ensino Médio. No ensino Fundamental II o currículo é dividido em quatro cadernos
para cada série, e os conteúdos de Estatística são apresentados entre um tema ou
18
outro da Matemática. Já no ensino médio além de ser trabalhada a Probabilidade no
segundo ano, é apresentado também, no 4º bimestre do 3º ano do ensino médio, um
caderno com o conteúdo específico de Estatística, sendo abordados os seguintes
temas: gráficos estatísticos (cálculo e interpretações), medidas de tendência central,
medidas de dispersão e elementos de amostragem (SÃO PAULO, 2010b).
A justificativa para o desenvolvimento de um estudo sobre o processo de
ensino e aprendizagem de Estatística, vem do fato de eu reconhecer a importância
desse tema na formação do cidadão, mas também por conta da minha experiência
profissional como professor.
Durante sete anos lecionando Matemática na rede estadual, sempre tive a
preocupação com o ensino de Estatística, procurando trabalhar com tópicos
estatísticos em todas as minhas classes, independente da série escolar, isto é,
mesmo nas séries escolares iniciais, sempre achei que seria possível trabalhar
algum conceito estatístico, como por exemplo, o agrupamento de dados em tabelas,
medidas de tendência central, análise e interpretação de gráficos, entre outros.
Embora o ensino de Estatística fosse recomendado pelos PCN desde 1997,
com já citado, era comum entrar em uma sala do terceiro ano do ensino médio, falar
sobre Estatística e escutar algumas frases do tipo “o que é isso” ou “nunca ouvi falar
nisso” ou mesmo “pra que serve essa tal Estatística”. Isso me causava bastante
preocupação, pois além dos alunos não saberem utilizar a Estatística, o que poderia
ter acontecido nas outras séries escolares para que os mesmos não soubessem tal
conteúdo.
Com esse quadro, o desafio maior era ensinar a Estatística durante o ano
letivo começando sempre dos conceitos básicos, mas não deixando de cumprir os
conteúdos Matemáticos previstos para aquela série. Foi então que comecei a
desenvolver projetos paralelos nas aulas de Matemática para ensinar Estatística.
Os projetos aconteciam bimestralmente, sendo que em pelo menos duas
aulas por mês parávamos para discutir sobre o tema daquele bimestre, e a forma
como seriam realizadas as coletas de dados. Os temas eram escolhidos dentre
algumas opções oferecidas pelos próprios alunos, que variavam entre: drogas,
gravidez na adolescência, ou mesmo profissões que pretendiam e grau de interesse
em cursar o nível superior, entre outros. Os resultados das coletas de dados eram
tabulados e analisados estatisticamente em sala, com minha ajuda.
19
O mais surpreendente é que ao final de três bimestres os alunos já eram
capazes de coletar, tabular, construir gráficos, analisar e interpretar os dados, e até
mesmo discutir a aleatoriedade dos mesmos perante os resultados obtidos, de forma
mais autônoma.
Logo pude perceber que seria possível não só recuperar os conceitos
perdidos durante as séries anteriores, mas também que fizesse com que os alunos
pudessem apreciar a Matemática do talvez, pois como cita Damasceno (1995): “o
professor que ensina Matemática, ao trabalhar com Probabilidade e Estatística,
estimula o aluno a apreciar não apenas a Matemática do certo e do errado, mas
também, a Matemática do talvez”.
No entanto, o processo de ensino e aprendizagem de Estatística necessita de
reflexões em diferentes campos, como a didática, o estudo de atitudes, entre outros.
Sendo assim é possível perceber a complexidade do estudo do ensino deste tema.
Outro fato importante que temos que considerar é que muitas vezes a
Estatística carrega muitos pré-conceitos relacionados à disciplina de Matemática,
principalmente na escola, por estar inserida apenas como um conteúdo da mesma.
Essa situação, segundo Gal, Ginsburg e Schau (1997), pode fazer com que o aluno
transfira para a Estatística suas atitudes negativas em relação à Matemática. Brito e
Vendramini (2001), ressaltam ainda que essa relação muito próxima entre
Matemática e Estatística pode desenvolver nos alunos, ansiedade, medos e
inseguranças; que além de prejudicar sua aprendizagem, podem se solidificar,
convertendo-se em atitudes negativas frente à Estatística.
Para alguns autores como, por exemplo, Auzmendi (1992), as atitudes são
compostas tanto por crenças como por sentimentos e predisposições
comportamentais em relação a determinado objeto, para outros, como por exemplo,
Brito (1996) a atitude é uma disposição pessoal, presente em todos os indivíduos,
dirigida a objetos, assumindo diferente direção e intensidade de acordo com as
experiências do mesmo. Dessa forma é possível considerar que além das atitudes
estarem presentes em todos os indivíduos, podem ser compostas por diferentes
fatores e apresentar-se com intensidades e sentidos diferentes.
Segundo Novaes (2007), as atitudes em relação à uma determinada disciplina
podem ser medidas por meio de escalas do tipo Likert. Em geral estas escalas são
compostas de itens que podem contemplar uma ou mais dimensões, podendo estas
serem afetiva, cognitiva, valor frente a disciplina, utilidade, entre outras. O objetivo é
20
que a partir destas dimensões se indentifique as atitudes tanto positivas como
negativas, conhecendo assim o comportamento dos alunos frente à uma disciplina.
As escalas para medir as atitudes em relação à Estatística, propostas até o
momento na literatura, foram elaboradas para alunos do ensino superior, não
existindo ainda uma escala específica para a educação básica, e, como dito, pelas
recomendações dos PCN o aluno deve vivenciar tópicos estatísticos ainda na
escola.
Diante desse panorama, o objetivo geral deste trabalho é propor, avaliar e
validar, uma escala de atitudes em relação à Estatística para o ensino médio-
EAEEM, aplicada a 175 alunos do 3º ano do ensino médio de sete escolas públicas
da Grande São Paulo.
Os objetivos específicos desse trabalho são:
investigar se existe relação entre as atitudes dos alunos frente à Matemática
e à Estatística;
avaliar se existe mudança de atitudes dos alunos em relação à Estatística
antes e depois de vivenciar os conteúdos de Estatística do caderno 4 (São
Paulo, 2010b);
analisar as atitudes dos alunos em relação à Estatística e o desempenho no
teste Estatístico, a fim de averiguar se existe alguma relação positiva entre
atitude e desempenho, como já apresentado em outras literaturas, como a de
Silva, Cazorla e Brito, (1999);
identificar os níveis de habilidade e os índices de dificuldade das questões do
teste estatístico, por meio da TRI;
relacionar a pontuação obtida na escala de atitudes e algumas variáveis
levantadas no questionário de perfil do aluno.
Ressalta-se que a escala EAEEM foi elaborada para contemplar quatro
dimensões: valor, dificuldade, cognitiva e afetiva e foi construída com base nos itens
de quatro escalas: Atittudes Toward Statistics (ATS) de Wise (1985); Escala de
Actitud hacia la Estadistica (EAEa) de Auzmendi (1992); Survey of Attitudes Toward
Statistics, (SATS) de Schau, Stevens, Dauphine e Del Vecchio (1995); Escala de
atitudes em relação à estatística (EAEc) de Cazorla, Silva, Vendramini e Brito
(1999).
21
Esse trabalho está estruturado em sete capítulos, sendo que o primeiro
capítulo é a presente introdução, que descreve a justificativa para a escolha do
tema, bem como o objetivo e as questões de pesquisa.
O segundo capítulo intitulado “Atitudes” traz definições sobre o termo atitudes,
bem como a importancia do estudo deste construto em relação à Estatistica e à
Matemática. No terceiro capítulo é descrita a construção da escala de atitudes em
relação à Estatística para o ensino médio (EAEEM) e as adaptações necessárias ao
contexto do ensino médio.
O quarto capítulo se refere ao ensino de Estatística, dando ênfase aos
conceitos de letramento estatítico segundo alguns teóricos, enfatizando
principalmente os modelos de letramento estatístico proposto por Gal(2002) e
Watson (2006), bem como as indicações dos PCN(2002, 2006), e do Currículo de
Matemática do estado de São Paulo(SÃO PAULO, 2010), relacionados ao ensino
médio.
No quinto capítulo explicita-se a metodologia proposta para o
desenvolvimento desta pesquisa, bem como os sujeitos, os instrumentos aplicados,
os procedimentos de coletas e análise, e organização dos dados.
O sexto capítulo é direcionado à discussão dos resultados, e o sétimo
capítulo apresenta as considerações finais.
22
2 ATITUDES
Neste capítulo é feita uma revisão de literatura sobre a evolução da definição do
conceito de atitudes, a importância do estudo desse construto, a definição das
atitudes em relação à Estatística, a apresentação das escalas mais utilizadas e
alguns estudos relacionados ao tema; bem como a definição das atitudes em
relação à Matemática, principais escalas e alguns estudos.
2.1 DEFINIÇÕES
A atitude é um construto largamente estudado na Psicologia, destacando-se
principalmente as áreas da Psicologia Social e da Psicologia Educacional. Embora a
área da Psicologia seja uma ciência que vem se desenvolvendo há bastante tempo,
o estudo sobre atitudes é relativamente recente, pois de acordo com Koballa (1988),
os primeiros pesquisadores que usaram o termo atitude como um conceito
psicológico foram Thomas e Znaniecki em 1918.
De acordo com Brito (1996) esse estudo de Thomas e Znaniecki, foi
determinante para que o termo atitude passasse a ter um caráter cognitivo, e
deixasse de ser entendido apenas como ação do corpo.
Mesmo com esse entendimento dos pesquisadores quanto à diferenciação
entre atitude e comportamento do corpo, a conceituação mais apropriada para esse
termo tem sido objeto de muitas controvérsias ao longo do tempo. Segundo Estrada
(2004), nos trabalhos de McLeod (1988, 1989, 1992,1994) as atitudes aparecem
como um fenômeno de difícil definição, por não se constituírem aspectos
diretamente observáveis.
Dentre as diversas definições de atitudes, podemos destacar as apresentadas
por: Asch (1952), Guilford (1954), Rokeach (1972), Vinacke (1974), Koballa (1988),
Shrigley et al. (1988), Sjodal (1990), McLeod (1992) , Brito(1996), Auzmendi (1992)
e Gómez (2000).
De acordo com Asch (1952, apud SILVA, 2000), as atitudes são respostas
aprendidas ou reações emocionais condicionais e são reflexos de experiências
23
passadas, sendo que um dos efeitos seria formar predisposições que levam o sujeito
a definir qual direção tomar diante de possíveis escolhas. Deste modo as atitudes
têm relações com experiências passadas, sendo então importante estudá-las ao
tentar identificar tal construto.
Outra definição bastante utilizada é a apresentada por Guilford (1954), que
pode ser encontrada no trabalho de Vendramini e Brito (2001):
A atitude é considerada uma disposição pessoal, presente em todos os indivíduos e podendo apresentar variados graus, sendo que segundo esse autor, o ser humano pode reagir de maneira favorável ou desfavorável (positiva ou negativa, em outros termos) a objetos, situações, fatos, indivíduos ou proposições (2001).
Com estas duas definições (Asch, 1952; Guilfor, 1954) é possível considerar
que além das atitudes estarem presentes em todos os indivíduos podendo ser por
experiências passadas ou de vivência atual, podem também apresentar-se com
intensidades e sentidos diferentes, desta forma é importante conseguir identificá-las,
a fim de tentar direcioná-las de forma favorável a determinada situação, como por
exemplo, no aprendizado de uma disciplina escolar, ao qual sabendo as atitudes dos
alunos é possível desenvolver estratégias que estimulem predisposições positivas.
A partir da década de 70, as definições para o termo atitude passaram a ser
baseadas nos aspectos cognitivo, afetivo e comportamental, como percebe-se na
definição apresentada por Rokeach (1972, apud SILVA, 2000), que a atitude é uma
organização relativamente duradoura de crenças interelacionadas que descrevem,
avaliam e determinam ações a respeito de um objeto ou situação, sendo que cada
crença apresenta componentes cognitivos, afetivos, comportamentais e de valor.
Segundo Silva (2000) “as crenças podem ser mantidas pelas pessoas em
diferentes níveis de intensidade, pois um indivíduo pode estar absolutamente certo
sobre um atributo de um objeto, enquanto outro indivíduo pode estar parcialmente
certo sobre o mesmo atributo (p. 30)”. Dessa forma pode-se admitir que uma pessoa
tenha sua crença com certo grau de confiabilidade, podendo assim mudá-la,
mostrando outros aspectos diante a uma determinada situação.
De acordo com Vinacke (1974, apud BRITO, 1996) o termo atitude é um
processo mediacional que deve ser diferenciado de conceito, pois os conceitos têm
função de selecionar e organizar os efeitos de estímulos extrínsecos, já as atitudes
tem função de selecionar e regular as respostas, desta forma os conceitos referem-
se aos significados dos objetos e as atitudes referem-se às escolhas e decisões.
24
Este mesmo autor considera as atitudes como um construto multidimensional em
que se pode relacionar com outros fatores, como a afetividade, o valor e também a
componentes cognitivos.
No estudo de Brito (1996), a autora relata a evolução do termo atitude na
década de 80, relacionando alguns trabalhos que tratam deste assunto como por
exemplo, Koballa (1988), Shrigley et al. (1988) e Sjodal (1990), ressaltando para a
forma com que gradativamente o emprego das atitudes passou de uma concepção
ligada ao somático para uma concepção mais ligada aos aspectos cognitivos e
afetivos.
Segundo Caetano e Vasconcelos (2005), ainda na década de 80, alguns
autores como Munné (1980), Ajzen (1988) e Rajecki (1990) consideravam que as
atitudes eram compostas de três dimensões fundamentais da personalidade: a
emoção, a percepção e a motivação. Caetano e Vasconcelos (2005) afirmam ainda
que segundo Munné (1980), Ajzen (1988) e Rajecki (1990), as atitudes são
constituídas por três componentes principais, sendo o componente cognitivo, um
afetivo e outro comportamental. A partir dessas definições pode-se perceber que, ao
identificar as atitudes é necessário relacioná-las com outros fatores, que podem ser,
além dos já supracitados, a ansiedade, a utilidade do objeto, a relação com a vida
profissional, entre outros.
Na década de 90, McLeod (1992) ao estudar as atitudes em relação à
Estatística distinguiu atitudes de emoções. Para esse autor as emoções são
respostas imediatas positivas ou negativas produzidas quando se estuda
Matemática ou Estatística, já as atitudes são sentimentos mais intensos e estáveis,
que se formam por repetição de respostas emocionais e se automatizam com o
tempo.
Outra definição apresentada neste mesmo ano foi de Auzmendi (1992), que
considera que as atitudes são compostas tanto por crenças como por sentimentos e
predisposições comportamentais em relação a determinado objeto, são aspectos
que podem ser inferidos, e não diretamente observados. Para essa autora as
crenças possuem características que podem ser: fixação (caráter de ser estável) e
singularidade (trata-se de um único objeto).
Ainda nessa década, Brito (1996) define a atitude como "uma disposição
pessoal, idiossincrática, presente em todos os indivíduos, dirigida a objetos, eventos
ou pessoas, que assume diferente direção e intensidade de acordo com as
25
experiências do indivíduo”, o que está em consonância com as definições
apresentadas por Asch (1952) e Guilford (1954).
Brito (1996) considera na sua definição de atitudes dois componentes: o
afetivo que refere-se as emoções que um indivíduo tem em relação ao objeto da
atitude, ou seja, o objeto é percebido como agradável ou desagradável; o cognitivo
que representa o conhecimento da pessoa com vários graus de certeza, sobre o que
é verdadeiro ou falso, bom ou ruim, desejável ou indesejável.
Em um trabalho de Gal e Garfield (1997), estes autores definem atitudes
como um conjunto de sentimentos e emoções que se vivenciam durante
determinado período de aprendizagem de um objeto de estudo.
Gómez (2000) define as atitudes, como uma predisposição positiva ou
negativa, que determinam as intenções pessoais e influenciam no comportamento,
podendo se relacionar com três componentes básicos, sendo: componente cognitivo
(referindo-se a expressões do pensamento); componente afetivo (relacionado aos
sentimentos referidos ao objeto) e o componente conduta (relacionado as ações em
relação ao objeto)
Nas definições apresentadas podemos destacar o fato das atitudes se
relacionarem com outros aspectos, como por exemplo, as crenças, as emoções, o
comportamental, entre outros, sendo possível pensar que estudando esses
diferentes fatores pode ser uma forma indireta de identificar tais atitudes.
Gal e Ginsburg (1994) afirmam que o estudo de aspectos não cognitivos,
como sentimentos, atitudes, opiniões, interesse, expectativa e motivação dos
estudantes, entre outros, devem ser levados em consideração, tanto quanto os
aspectos cognitivos, como habilidades e conhecimento.
Neste trabalho utilizamos inicialmente a definição de atitudes como sendo
uma disposição pessoal presente em todos os indivíduos que pode apresentar-se
com intensidade e sentidos diferentes, podendo ser tendenciosamente positiva ou
negativa, composta pelas dimensões cognitiva, afetiva, valor e dificuldade, que se
correlacionam entre si compondo uma disposição pessoal frente à uma disciplina.
26
2.2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE ATITUDES
Como já citado, não são apenas os aspectos cognitivos que devem ser
considerados quando se analisa a aprendizagem e o desempenho dos alunos frente
a uma disciplina ou a um conteúdo escolar. Além deste aspecto é necessário
considerar a dimensão afetiva na construção do conhecimento, pois segundo Loss,
Falcão & Alcioly-Régnier (2001; apud. VIANA, 2004) a emoção e a cognição fazem
parte do pensamento de um mesmo indivíduo e interferem ativamente em seu
processo mental, e no seu comportamento.
A importância de se estudar componentes afetivos é reforçada no Brasil pelos
Paramentos Curriculares Nacionais (PCN), que trazem indicações para o ensino das
disciplinas escolares, neste documento é citado o seguinte trecho:
Os aspectos emocionais e afetivos são tão relevantes quanto os cognitivos principalmente para os alunos prejudicados por fracassos escolares ou que não estejam interessados no que a escola pode oferecer. A afetividade, o grau de aceitação ou rejeição, a competitividade e o ritmo de produção estabelecidos em um grupo interferem diretamente na produção do trabalho, PCN (Brasil, 1997; p. 98).
Os PCN sugerem também despertar a curiosidade pela disciplina e o gosto de
aprender, desenvolvendo atitudes positivas, como pode ser observado no seguinte
trecho:
Essencial é a atenção que devemos dar ao desenvolvimento de habilidades e atitudes desses alunos em relação ao conhecimento e às relações entre colegas e professores (...) são habilidades e atitudes que facilitam ou impossibilitam a aprendizagem independentemente dos conteúdos e das metodologias de trabalho. (Brasil, 1997, p. 81).
Segundo Troncon et al.(2003), a atitude de uma pessoa em relação a um
objeto permite predizer os comportamentos que ela terá e as ações que poderão
ser realizadas em situações que envolvam o referido objeto.
Considerando que segundo Brito (1996), as atitudes são aprendidas e não
inatas, uma das funções da escola deveria ser o desenvolvimento de atitudes
positivas, visto que existindo uma estreita relação das atitudes com o
comportamento, e que tais atitudes são passíveis de serem desenvolvidas mediante
27
a estratégia que valorizem o desenvolvimento de atitudes positivas, já que segundo
Norival (2002), as atitudes não são estáveis e podem ser mudadas diante de
experiências vividas.
Dessa forma o comportamento de resistência frente a uma atitude
desfavorável em face de uma disciplina pode ser reduzido ou mesmo transformado
em uma experiência agradável para o aluno. Neste contexto, estudar e compreender
como se relacionam as atitudes com outras variáveis associadas ao ensino e
aprendizagem dos estudantes é importante, pois podem auxiliar os docentes no
planejamento e avaliação do ensino e aprendizagem de uma disciplina, como por
exemplo, a Estatística.
2.3 ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA
Segundo Gal et al (1997) as atitudes em relação a Estatística são uma soma
de emoções e sentimentos desenvolvidos durante um período de aprendizagem
desta disciplina, neste estudo esses autores focalizaram-se no estudo dos
sentimentos e atitudes, e sugerem que alguns pensamentos e crenças internas
podem ser a origem do desenvolvimento das atitudes. Logo, terá uma predisposição
a favor da Estatística, o aluno que apresentar sentimentos favoráveis e tiver
experimentado situações agradáveis envolvendo-a, da mesma maneira que haverá
predisposição contra a Estatística se o aluno apresentar sentimentos desfavoráveis
e tiver experimentado situações geradoras de estresse e ansiedade envolvendo esta
disciplina, tanto no âmbito educacional quanto no cotidiano.
Wise (1985), Silva, Cazorla e Brito (1999), Vanhoof, Castro, Onghena,
Verschaffel e Van Dooren. (2006), Evans (2007) mostram a relação entre atitudes e
o desempenho acadêmico de alunos da disciplina de Estatística e apontam que
existe uma relação positiva entre ambos, ou seja, quanto mais positivas forem as
atitudes do aluno frente à disciplina, maior é sua nota nesta mesma disciplina.
Suapang, Petocz e Kalceff (2003; apud. MANTOVANI & VIANA, 2008),
afirmam também que as atitudes contribuem para o tipo de comportamento do aluno
na disciplina de Estatística e afetam tanto o desenvolvimento do pensamento
28
estatístico, quanto a sua capacidade de aplicar os conceitos aprendidos fora do
ambiente escolar, exercendo assim uma grande influencia no processo de ensino e
aprendizagem desta disciplina.
Além disso, o conhecimento do perfil de atitudes é importante para que os
educadores possam delinear estratégias de ensino mais consistentes com o perfil de
seu público alvo, como afirma Cazorla et al. (1999). Desta forma podem ser criadas
atividades que auxiliem no desenvolvimento de atitudes positivas ou na modificação
de atitudes negativas com relação à Estatística (SILVA et al, 2002).
O desenvolvimento de pesquisas relacionadas à medições de atitudes se
desenvolveu principalmente após a conclusão de Thurstone (1928; apud NOVAES,
2007) de que as atitudes podiam ser medidas, possibilitando assim um amplo campo
de pesquisa nessa área.
Nesse sentido, Carmona (2004) ao fazer uma ampla revisão internacional em
teses, dissertações, artigos em revistas científicas ou em congressos sobre o estudo
de atitudes e ansiedades em relação à Estatística encontrou 112 trabalhos que
utilizavam alguma medida desses construtos, com 17 instrumentos, a maioria do tipo
escala Likert.
Dos 17 intrumentos encontrados, 10 são direcionados as atitudes em relação
à Estatística: Survey of Attitudes Toward Statistics, (SATS) de Schau et al.(1995),
Atittudes Toward Statistics (ATS) de Wise (1985), Actitud hacia la Estadistica (EAEa)
de Auzmendi (1992), Escala de atitudes em relação à estatística (EAEc), Cazorla,
Silva, Vendramini e Brito (1999), Statistics Attitude Survey (SAS) de Roberts e
Bilderback (1980), Students’ Attitudes Toward Statistics de Sutarso (1992), Statistics
Attitude Scale de McCall, Belli e Madjidi (1991), Attitude Toward Statistics de Miller,
Behrens, Green e Newman (1993), Quantitative Attitudes Questionnaire de Chang
(1996) e a Escala de Actitudes em relação à Estatística de Velandrino e Parodi
(1999).
Em geral estas escalas são compostas de itens que podem contemplar uma
ou mais dimensões, podendo estas serem afetiva, cognitiva, valor frente a disciplina,
utilidade, entre outras, que se relacionam entre si afim de indentificar as atitudes
tanto positivas como negativas, conhecendo assim o comportamento dos alunos
diante da Estatística.
29
Na tabela 1, apresenta-se as escalas mais utilizadas para medir a atitude em
relação à Estatística, bem como, a quantidade de itens que as compõem, língua de
origem, dimensões e possíveis adaptaçoões advindas de outras escalas.
Tabela 1 – Escalas de atitudes em relação à Estatística mais utilizadas e suas
caracteristicas.
Escala Autores Composição Lingua Dimensões Adaptaçoes
Statistics
Attitude
Survey
(SAS)
Roberts e
Bilderback
(1980)
34 itens do
tipo likert Inglêsa Afetiva
Adapdada da
escala de Dutton
(1951), composta
por 50 itens
Atittudes
Toward
Statistics
(ATS)
Wise
(1985)
29 itens do
tipo likert Inglêsa
Afetiva
Cognitiva -
Escala de
Actitud
hacia la
Estadistica
(EAEa)
Auzmendi
(1992)
25 itens do
tipo likert Espanhola
Cognitiva
Afetiva -
Survey of
Attitudes
Toward
Statistics
(SATS)
Schau et
al. (1995)
28 itens do
tipo likert Inglesa
Afetiva,
Cognitiva
Valor
Dificuldade
-
Escala de
atitudes
em relação
à
Estatística
(EAEc)
Cazorla,
Vendramini
e Brito
(1999)
20 itens do
tipo likert Portuguêsa Afetiva
Adaptada de uma
escala de Atitudes
em relação a
Matemática de
Aiken e Dreger
(1961)
Escala de
atitudes
em relação
à
Estatística
Estrada et
al. (2003)
25 itens do
tipo likert Espanhola -
Adaptadas das
escalas SAS ATS
e EAEa, para
professores de
Matemática
Além do desenvolvimento de escalas de atitudes, alguns autores vêm
apresentando trabalhos sobre a aplicação e resultados destas escalas. Abaixo
30
segue uma relação de autores e trabalhos publicados recentemente que utilizaram a
Escala de Atitudes em relação à Estatística (EAEc) elaborado por Cazorla et. al
(1999), bem como o tamanho da amostra e os principais resultados encontrados
nessas aplicações.
Na validação de uma escala de atitudes em relação à Estatística (EAEc),
desenvolvida por Cazorla et al (1999) foram pesquisados 1154 alunos de 15
cursos de graduação distribuídos em 711 alunos de universidades da capital
e 423 alunos de universidades do interior. Essa escala possibilitou avaliar de
forma adequada as atitudes em relação à Estatística dos alunos, sendo
encontrado como conclusão que quanto mais positivas as atitudes em relação
à essa disciplina, melhor é o seu desempenho.
Concepções e atitudes em relação à Estatística elaborada por Cazorla et al
(1999) aplicada a 62 alunos da iniciação científica, neste trabalho pode-se
concluir independente da atitude, todos os alunos consideram a Estatística
uma ferramenta importante e confiável, sendo que os alunos que já utilizaram
a estatística apresentaram atitudes mais positivas do que aqueles que nunca
utilizaram.
Atitudes em relação à Estatística: um estudo com alunos de graduação
elaborados por Silva (2000) e aplicado a 643 alunos em cursos de humanas,
exatas e biológicas. A conclusão deste trabalho indica que os alunos que
apresentaram atitudes negativas são em sua maioria da área de humanas.
Da mesma forma alunos que consideraram a Estatística importante e
confiável e que já haviam utilizado-a, apresentaram atitudes mais positivas.
Implicações de atitudes e das habilidades matemáticas na aprendizagem de
Estatística apresentado por Vendramini (2000), aplicada a 319 alunos, pode
tirar como conclusão que quanto mais positivas são as atitudes, maior é o
desempenho dos alunos na disciplina.
Análise Estatística das atitudes dos alunos de iniciação científica da estadual
Maringá, em relação a disciplina de Estatística, desenvolvido por Quintino,
Guedes e Martins (2000). Neste trabalho foi possível observar que quanto
maior o contato com a Estatística, mais positiva será sua atitude.
Atitude em relação à Estatística e Matemática, estudo desenvolvido por Silva
(2002), aplicada a 330 alunos de cursos de graduação em exatas e humanas.
31
Com o resultado encontrado foi percebido que alunos de exatas possuem
atitudes mais positivas em relação à Estatística.
Atitudes dos alunos dos alunos de pedagogia com relação à disciplina de
Estatística no laboratório de informática, desenvolvido por Mendes (2003)
com 1096 alunos do curso de pedagogia. Foi possível perceber com este
estudo que pelo menos 50% dos alunos apresentaram atitudes favoráveis em
Estatística.
Com isso é possível perceber uma crescente preocupação em identificar as
atitudes em relação à Estatística, entretanto, todas às escalas citadas acima, bem
como os trabalhos relacionados focam a investigação de atitudes em alunos do
ensino superior, faltando assim uma escala que possa medir as atitudes dos alunos
em relação à Estatística no ensino médio, visto que nesse momento os alunos
começam a ter contanto frequente com a Estatística na disciplina de Matemática, o
que pode ocasionar, como já dito, uma transferência de atitudes em relação à
Matemática para a Estatística. Nessa fase escolar os alunos acabam por não
diferenciar as disciplinas, ou por não conhecer a Estatística, ou por associar tudo
que é ensinado na disciplina de Matemática como apenas Matemática.
Dessa forma, embora a finalidade desse trabalho seja desenvolver uma escala
de atitudes em relação à Estatística, é importante fazer um breve levantamento
bibliográfico sobre as atitudes em relação à Matemática. Além disso, nesse estudo
foi aplicado também uma escala de atitudes em relação a essa disciplina.
2.4 ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA
Silva (2000) reforça a necessidade de investigar as atitudes em relação à
Matemática para que possa ser comparada com as atitudes em relação à
Estatística, pois é possível que os medos e ansiedades causados no ensino da
Matemática se cristalizem em atitudes que reflitam também para a aprendizagem da
Estatística. Essa mesma autora ressalta ainda que:
[...] um desempenho fraco na disciplina seguido de uma nota baixa pode gerar consequências que perduram por longo tempo, influindo nas atitudes, no desempenho futura na disciplina e na escolha
32
profissional, levando o aluno a escolher carreiras que não exijam Matemática (p.22).
Segundo Brito (1998) uma das justificativas para a utilização da escala de
atitudes em relação à Matemática é que ela permite ao professor verificar as atitudes
de seus alunos no início do período letivo e, reaplicando o instrumento após a
intervenção, é possível verificar se ocorreu mudança nas atitudes, a fim de
estabelecer estratégias apropriadas de ensino, quando são detectados atitudes
negativas e verificar se foi possível a mudança dessa atitude.
A escala aplicada neste trabalho foi a escala de atitudes em relação à
Matemática desenvolvida por Brito (1996) a partir de uma escala desenvolvida por
Aiken e Dreger (1961). Esta escala é composta por 20 itens, distribuídos em 10 em
relação as atitudes positiva e 10 em relação as atitudes negativas, com resposta do
tipo Likert que variam entre discordo fortemente, discordo, concordo e concordo
fortemente.
Brito (1996) constatou que as afirmações dos alunos a respeito dos
sentimentos negativos gerados pelas disciplinas “matemáticas” eram constantes, e
que algumas dessas disciplinas eram difíceis e aversivas. Segundo a autora, este
fato parece mostrar que as pessoas, de um modo geral, e os alunos de segundo
grau, em particular, não gostam da Matemática e das atividades que envolvem a
Matemática, sentimento que, aparentemente, se cristalizaria na universidade.
Com isso é possível perceber que a escola não deve limitar seu trabalho
apenas ao domínio cognitivo com a aplicação de atividades que privilegiem apenas
o desenvolvimento do conhecimento matemático, mas também que privilegiem aos
diversos aspectos do domínio afetivo.
No sentido de conseguir identificar as atitudes dos alunos em relação à
Matemática e estabelecer relações entre a aprendizagem e as atitudes, existem
algumas escalas de atitudes em relação à essa disciplina.. Dentre estas, podemos
citar as seguintes:
Segundo Silva (2000) o primeiro estudo sobre as atitudes em relação à
Matemática foi desenvolvido por Aiken e Dreger (1961), sendo aplicada uma
escala de atitudes em relação à Matemática unidimensional do tipo Likert e
composta por 20 itens em 127 alunos matriculados na disciplina de
33
Matemática no primeiro ano de graduação. Com o resultado foi possível notar
uma relação positiva entre as atitudes e a nota na disciplina.
Outro estudo foi o desenvolvido por Watson (1983), pesquisando 287 alunos
do curso de graduação em Matemática da universidade da Tasmânia,
aplicando uma escala em relação à Matemática bidimensional composta de
21 itens. As duas dimensões aferidas foram o valor atribuído a Matemática e
o gosto pela mesma, podendo encontrar como resultado por meio da
comparação de um teste matemático aplicado simultaneamente, que quanto
mais positivas são as atitudes em relação à Matemática, maiores são as
notas na disciplina.
Um importante estudo nessa área foi o de Brito (1996) onde foram
pesquisados 2007 alunos do ensino médio e fundamental com a intenção de
identificar as atitudes destes alunos em relação à Matemática. Neste estudo
foi aplicada uma escala de atitude em relação à Matemática composta por 20
itens, sendo 10 em relação as atitudes positivas e 10 em relação as atitudes
negativas. Esta escala foi adaptada pela própria pesquisadora a partir da
escala de Aiken e Dreger (1961). Neste estudo foi possível perceber que
23,5% dos alunos pesquisados escolheram a Matemática como a disciplina
que mais gostavam, a média da pontuação na escala de atitudes foi de 52,51
com desvio padrão de 13,23, sendo que as atitudes mais positivas foram
apresentadas por alunos da terceira e quarta séries e as mais negativas por
alunos da sétima e oitava séries. Vale ressaltar também que os meninos
apresentaram atitudes mais positivas que as meninas.
Alguns estudos procuram também identificar as atitudes dos professores que
ensinam matemática, pois segundo Brito (1996) a Matemática em si não é a
disciplina que provoca atitudes negativas nos alunos, mas pode ser a forma com que
se fala de Matemática, podendo causar medo e ansiedade em relação à disciplina e
até mesmo atitudes negativas.
Neste sentido foram realizados alguns estudos com relação às atitudes frente
à Matemática, com professores que ensinam a disciplina, a fim de investigar se os
professores acabam por propiciar o desenvolvimento de atitudes negativas, por
possuírem tais atitudes em relação à Matemática. Dentre os estudos realizados
neste sentido podemos citar os seguintes:
34
Moron (1998) pesquisou 402 professoras de educação infantil, utilizando um
questionário e a escala de atitudes em relação à matemática desenvolvida
por Brito (1996). Como resultado foi possível perceber que 55,5% das
professoras eram formadas em Pedagogia, e quando perguntadas qual
disciplina gostavam mais, apenas 11% responderam a Matemática. As
professoras que responderam que gostavam de Matemática tiveram atitudes
mais positivas que as que não gostam da disciplina. O estudo conclui que a
Matemática não produz atitudes negativas, mas que os métodos utilizados
pelos professores ao ensinar Matemática e suas expectativas quanto ao
desempenho dos alunos podem influenciar no desenvolvimento de atitudes
positivas ou negativas. Gonçalez (1995), pesquisou 205 alunos do magistério
e 203 professores da educação infantil e fundamental da rede pública de São
Paulo, sendo utilizado um questionário e uma escala de atitudes em relação à
matemática do tipo likert desenvolvida por Dutton (1956). Com o resultado foi
possível observar que os alunos do magistério tinham atitudes mais negativas
que os professores que atuavam há mais tempo, sendo que os professores
que tinham menos de cinco anos de profissão apresentavam atitudes mais
negativas que os que tinham mais tempo de profissão.
Com a análise destes trabalhos foi possível percerber a importância do estudo
das atitudes no ensino de Estatística, bem como a ausência de uma escala de
atitudes em relação à Estatistica direcionada ao ensino médio, que possibilite ao
professor identificá-las com seus alunos, e, por conseguinte, possa desenvolver
estratégias que estimulem atitudes positivas dos mesmos.
35
3 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA PARA O
ENSINO MÉDIO
Com o fato de que os alunos do ensino médio vêm tendo contato com
conteúdos de Estatística, por meio de recomendações dos PCN (BRASIL, 1997,
1998, 2002, 2006) e dos currículos estaduais, podendo assim existir uma possível
transferência de atitudes da Matemática para Estatística, percebe-se a importância
de desenvolver uma escala que identifique as atitudes de alunos do ensino médio
frente à Estatística, para que assim possam ser elaboradas estratégias diversificas
que permitam uma possível alteração das atitudes em relação à Estatística dos
mesmos, visando uma aprendizagem mais significativa.
Nessa pesquisa para elaborar a escala de atitudes em relação à Estatística
para o ensino médio (EAEEM), definimos atitude como uma disposição pessoal com
sentido positivo ou negativo, podendo apresentar diferentes intensidades e ser
relacionada à experiências passadas, composta pelas dimensões: valor, afetividade,
cognitividade e dificuldade.
A escala EAEEM foi construída com base em quatro escalas diferentes: Survey
of Attitudes Toward Statistics, (SATS) de Schau et al.(1995), Atittudes Toward
Statistics (ATS) de Wise (1985), Actitud hacia la Estadistica (EAEa) de Auzmendi
(1992) e Escala de atitudes em relação à estatística (EAEc) elaborada em 1999,
sendo esta a única desenvolvida em língua portuguesa pelas pesquisadoras
Cazorla, Silva,Vendramini e Brito.
Dessas quatro escalas foram adaptados 30 itens sendo 5 itens da Atittudes
Toward Statistics (ATS), 4 da Actitud hacia la Estadistica (EAEa), 7 da Escala de
atitudes em relação à estatística (EAEc) e 15 da Survey of Attitudes Toward
Statistics (SATS). A escala construída é do tipo Likert e cada item possui quatro
respostas divididas em “discordo fortemente”, “discordo”, “concordo” e “concordo
fortemente”, e contempla 4 dimensões: valor, afetiva, cognitiva e dificuldade, .
Vale ressaltar que as questões retiradas das escalas Atittudes Toward
Statistics (ATS), e Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS) estavam
originalmente na língua inglesa e as questões da escala Actitud hacia la Estadistica
(EAE), na língua espanhola e foram traduzidas para o português pelas
36
pesquisadoras Kataoka, Cazorla, Vendramini e Silva em 20103. Devido à linguagem
das escalas utilizadas para a elaboração serem mais apropriadas para o ensino
superior, para alguns itens foram necessárias algumas adaptações.
A escolha dos itens nas quatro escalas foi determinada por dois critérios: itens
que eram similares em pelo menos duas escalas; o segundo critério, itens que
contemplassem as quatro dimensões consideradas na definição inicial de atitudes
desse estudo: afetiva, cognitiva, dificuldade e valor.
Dimensão valor
Para Schau et al.(1995), a dimensão valor refere-se a apreciação da
relevância, utilidade e valor da Estatística para a vida pessoal e profissional. Já
Auzmendi (1992) define valor4 como sendo a importância que o aluno atribui à
Estatística durante a vivência em sala de aula.
Os itens dessa dimensão, bem como as adaptações necessárias podem ser
observados nas tabelas 2 e 3.
Tabela 2. Dimensão valor da escala ATS, relação entre questão original e questão adaptada.
Escala original Questão original Questão adaptada
ATS
*A Estatística é complicada demais para eu utilizá-la efetivamente.
Não houve adaptação
*A formação estatística não é realmente útil para a maioria dos profissionais
Não houve adaptação
As pessoas se tornam “consumidores” mais efetivos de resultados de pesquisas se tiverem alguma formação em Estatística
Não houve adaptação
Eu sinto que a Estatística será útil para a minha profissão
Eu sinto que a Estatística será útil para a minha vida
O pensamento estatístico pode ter um papel bem útil no dia-a-dia
Não houve adaptação
* Afirmativas negativas.
3 A tradução das escalas citadas, faz parte de um projeto de pesquisa denominado “ Desenvolvimento
e validação de uma escala de atitudes em relação à Estatística” finaciado pelo CNPQ, edital universal – MCT/CNPQ 03/2008 da área de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. 4 Ressalta-se que neste trabalho estamos entendendo a dimensão importância definida por Auzmendi
(1992) como sendo a dimensão valor.
37
Tabela 3. Dimensão valor da escala SATS e EAEa, relação entre questão original e questão adaptada.
Escala original Questão original Questão adaptada
SATS
*As conclusões de Estatística raramente aparecem no dia-a-dia
Não houve adaptação
*A Estatística é irrelevante na minha vida Não houve adaptação
Eu utilizo a Estatística no meu dia-a-dia Não houve adaptação
EAEa Eu gostaria de ter um emprego no qual tivesse que usar Estatística
Não houve adaptação
* Afirmativas negativas.
Dimensão afetividade
A dimensão afetiva utilizada neste trabalho é definida por Schau et al (1995),
como sendo o sentimento positivo ou negativo relativo à Estatística. Na concepção
de Cazorla, Vendramini e Brito (1999) a dimensão afetiva refere-se a sentimentos
relacionados à Estatística, quando este é percebido como agradável ou
desagradável (positivo ou negativo). Para Auzmendi (1992) a dimensão afetividade5
está relacionada com aspectos de ansiedade com relação a capacidade de resolver
problemas de Estatística. Os itens dessa dimensão, bem como as adaptações
necessárias podem ser observados na tabela 4, 5 e 6.
Tabela 4. Dimensão seguridade da escala EAEa, relação entre questão original e questão
adaptada. Escala original Questão original Questão adaptada
EAEa
A Estatística é agradável e estimulante para mim
Não houve adaptação
Utilizar a Estatística é um entretenimento para mim
Não houve adaptação
Eu acho divertido falar sobre Estatística com outras pessoas
Não houve adaptação
5 Ressalta-se que neste trabalho estamos entendendo a dimensão seguridade definida por Auzmendi
(1992) como sendo a dimensão afetividade.
38
Tabela 5. Dimensão afetividade da escala EAEc, relação entre questão original e questão adaptada.
Escala original Questão original Questão adaptada
EAEc
* "Dá um branco" na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando estudo Estatística
Não houve adaptação
*Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que fazer essa matéria
Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que estudar essa matéria
A Estatística é uma das matérias que eu realmente gosto de estudar na faculdade.
A Estatística é uma das partes da matemática que eu realmente gosto de estudar
Eu fico mais feliz na aula de Estatística que na aula de qualquer outra matéria
Eu fico mais feliz na aula de Estatística que na aula de qualquer outro conteúdo da matemática
Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Estatística. Eu gosto e aprecio essa matéria
Não houve adaptação
A Estatística me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, estimulante
Não houve adaptação
* Afirmativas negativas.
Tabela 6. Dimensão afetividade da escala SATS, relação entre questão original e questão adaptada.
Escala original Questão original Questão adaptada
SATS
*Eu me sinto inseguro(a) quando tenho que resolver problemas de Estatística
Não houve adaptação
*Eu fico estressado(a) na aula de Estatística
Eu fico estressado(a) na aula de que é ensinado estatística Estatística
*Eu me sinto frustrado(a) quando eu estou fazendo provas de Estatística em sala de aula
Não houve adaptação
* Afirmativas negativas.
Dimensão cognitiva
A dimensão cognitiva utilizada neste trabalho é definida por Schau et al
(1995), como sendo a percepção da competência do auto-conhecimento e das
habilidades intelectuais, quando vivenciados tópicos de Estatística.
Os itens dessa dimensão, bem como as adaptações necessárias, podem ser
observados na tabela 7.
39
Tabela 7. Dimensão cognitiva da escala SATS, relação entre questão original e questão
adaptada. Escala original Questão original Questão adaptada
SATS
Eu consigo aprender Estatística Não houve adaptação
Eu entendo as fórmulas de Estatística Não houve adaptação
*Eu não tenho nenhuma idéia do que é Estatística
Não houve adaptação
*Eu cometo muitos erros de Matemática em Estatística
Eu cometo muitos erros de cálculos em Estatística
*Eu sinto dificuldades de entender os conceitos da Estatística
Não houve adaptação
* Afirmativas negativas
Dimensão dificuldade
A dimensão dificuldade utilizada neste trabalho é definida por Schau et al
(1995), como sendo a percepção da dificuldade da Estatística como um conteúdo,
como um tópico.
Os itens dessa dimensão, bem como as adaptações necessárias podem ser
observados na tabela 8.
Tabela 8. Dimensão dificuldade da escala SATS, relação entre questão original e questão adaptada.
Escala original
Questão original Questão adaptada
SATS
*A Estatística envolve cálculos enormes Não houve adaptação
*A Estatística é uma matéria complicada Não houve adaptação
A Estatística é uma matéria que a maioria das pessoas aprende rapidamente
Não houve adaptação
As fórmulas de Estatística são fáceis de entender Não houve adaptação * Afirmativas negativas.
Com a validação desta escala acredita-se que é possível identificar as
atitudes em relação à Estatística dos alunos do ensino médio, para que assim
possam ser identificadas possíveis atitudes negativas, a fim de desenvolver
estratégias de ensino que levem o aluno à possivelmente mudar sua atitude frente à
Estatística, contribuindo também para um melhor desenvolvimento cognitivo.
40
4. Ensino de Estatística
Neste capítulo abordaremos a definição do termo letramento e letramento
estatístico, bem como a proposta dos modelos de letramento estatístico de Gal
(2002) e de Watson (2006), o ensino de Estatística na escola, e as orientações dos
Parâmetros Curriculares Nacionais e o Currículo do estado de São Paulo.
4.1. LETRAMENTO
Há pouco mais de duas décadas o termo letramento vem fazendo parte dos
discursos de especialistas da área de Educação. Embora esse termo seja
apresentado muitas vezes como sinônimo de alfabetização, podemos destacar que
nos últimos tempos a maneira de se pensar em relação à habilidades de leitura e
escrita do indivíduo vem se transformando no que se refere ao uso social dessas
habilidades.
Segundo Kleimam (1995) o termo letramento surgiu como tentativa de
separar os estudos sobre o impacto social da escrita, dos estudos sobre a
alfabetização com conotações escolares, e considera o termo letramento como um
conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e
enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos.
Soares (1998) diferencia em sua definição o letramento de alfabetização,
colocando que a alfabetização é aquisição do código da leitura e da escrita pelo
sujeito, sendo um pré requisito para o letramento, definido como a apropriação e o
uso social da leitura e da escrita pelo sujeito.
Nesse contexto, a apropriação da leitura e da escrita e seu uso em diversos
contextos sociais, torna o indivíduo capaz de enfrentar de maneira eficaz situações
que envolvam a compreensão, a resolução de problemas e a tomada de decisões.
Gal (2002), afirma que o letramento é um dos conhecimentos necessários
para que o indivíduo adulto, que vive em sociedade em um mundo globalizado,
possa ser considerado letrado em Estatística.
41
4.2. LETRAMENTO ESTATÍSTICO
No que se refere à Estatística, para Wallman (1993) uma pessoa que possui
habilidade para entender e avaliar criticamente resultados cotidianos, bem como
apreciar contribuições que o pensamento estatístico pode trazer nas decisões
públicas e na vida profissional e pessoal, pode ser considerada letrada em
Estatística.
Neste mesmo sentido Gal (2002) entende o letramento estatístico como um
pré- requisito para que um adulto possa viver em uma sociedade industrializada,
onde tenha que enfrentar demandas sociais e de trabalho. Este autor define o
letramento estatístico como:
a) competência da pessoa para interpretar e avaliar criticamente a informação estatística, os argumentos relacionados aos dados ou aos fenômenos estocásticos, que podem se apresentar em qualquer contexto e quando relevante; b) competência da pessoa para discutir ou comunicar suas reações para tais informações estatísticas, tais como seus entendimentos do significado da informação, suas opiniões sobre as implicações desta informação ou suas considerações acerca da aceitação das conclusões fornecidas. (GAL, 2002, p. 2-3)
Gal (2002) propõe um modelo de letramento estatístico a fim de desenvolver
tal habilidade no indivíduo que é composto de componentes cognitivos, e elementos
de disposição (Figura 1).
Figura 1: Modelo de letramento estatístico proposto por Gal (2002)
42
De acordo com Gal (2002), os componentes cognitivos abordam os seguintes
elementos:
Habilidade de letramento: Sendo a capacidade do indivíduo ler ou escrever
informações textuais, bem como interpretar informações de gráficos e tabelas;
O conhecimento estatístico: pré-requisito para compreender e interpretar
informações estatísticas;
O conhecimento matemático: habilidades numéricas usadas na Estatística;
O conhecimento do contexto: compreensão do contexto em que a informação
estatística está contida e o entendimento de suas implicações encontradas
nos números;
As questões críticas: informações estatísticas divulgadas, como em um
estudo onde foi usada uma amostra, ou o número de participantes, ou qual a
representatividade da população.
A importância de um modelo de letramento estatístico é destacada também
por Watson (2006), ressaltando que o letramento estatístico tem o papel de
promover uma ampliação no currículo de Matemática, para que o aluno possa ter
uma base para o entendimento formal de Estatística em cursos secundários ou
superiores.
Watson (2006) propõe um modelo de letramento estatístico, baseado no
modelo de Gal (2002), que é composto por seis componentes, sendo o conteúdo
estatístico, o entendimento do contexto, as habilidades de letramento, as habilidades
matemáticas e estatísticas, as tarefas (atividades) e a motivação para realização das
tarefas. Esses componentes podem ser caracterizados da seguinte forma:
Conteúdos estatísticos: são conteúdos inseridos no currículo de matemática,
como por exemplo, média, probabilidade, medidas de dispersão, gráficos e
tabelas, entre outros.
Habilidades matemáticas: as habilidades estatísticas são baseadas no
entendimento e cálculo relacionados ao conteúdo estatístico.
Contexto: considerando um componente importante para o letramento
estatístico, refere-se à compreensão, interpretação e aplicação do conceitos
estatísticos em situações cotidianas.
As tarefas são representadas por três tipos de contexto: no primeiro, as
tarefas associadas com organização de dados e leitura de tabela; no
43
segundo, algumas tarefas são apresentadas em contextos familiares para os
alunos; o terceiro são tópicos baseados em informações veiculadas pela
mídia.
Habilidades de letramento: baseado no letramento, que associa as práticas de
leitura e escrita e as práticas sociais.
Motivação das tarefas: componentes de disposição, que usa a mesma
definição do modelo de letramento estatístico para adultos, proposto por Gal
(2002).
Formato de tarefas: o formato de tarefas deve ser apropriado de acordo com
cada série escolar
Segundo Watson (2006) a performance individual do aluno na realização de
uma tarefa de acordo com os conteúdos estatísticos, o contexto envolvido (dentro ou
fora da escola) e as habilidades Matemáticas/Estatísticas pode ser classificada em
seis estágios de desenvolvimento do letramento estatístico: Idiossincrático, Informal,
Inconsistente, Consistente e não Crítico, Crítico e Matematicamente Crítico.
As características destes estágios de acordo com o contexto, os conceitos
estatísticos (amostragem, representação de dados - leitura e interpretação de
tabelas e gráficos, medidas de tendência central, probabilidade, inferência informal e
variação) e as habilidades Matemática/Estatística apresentadas por Watson (2006)
constam nos Quadros 1 a 8:
44
Estágio Contexto
Idiossincrático
O desempenho do aluno nas tarefas propostas é baixo, sugerindo pouco envolvimento com o contexto de tarefas. Neste estágio, respostas dos alunos estão relacionadas com as experiências pessoais, intuitiva e não sobre o conteúdo de estatística.
Informal
A resposta do aluno ainda é suscetível de representação intuitiva, crenças, conteúdos não estatísticos ou foca em aspectos irrelevantes, provavelmente pelo entendimento ainda coloquial ou informal do contexto.
Inconsistente o aluno ainda é dependente e seletivo sobre o formato das tarefas, as idéias estatísticas do contexto são apresentadas qualitativamente e não quantitativamente.
Consistente e não Crítico
o aluno apresenta respostas adequadas em alguns contextos de tarefas e possui expectativa de questionamento crítico.
Crítico neste estágio o aluno possui um pensamento crítico associado ao uso sofisticado da matemática, mas em alguns contextos particularmente familiarizados.
Matematicamente Crítico
o aluno pode apresentar habilidades matemáticas sofisticadas associadas com sucesso em muitas das tarefas particularmente em diferentes contextos, sensibilidade de identificar as incertezas na tomada de previsões.
Quadro 1 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o Contexto
45
Estágio Amostragem
Idiossincrático Provavelmente o aluno não consiga fazer uma definição formal sobre
este tema, com base em experiências pessoais, refletindo dificuldade de
interpretação no contexto social mais amplo, devido a falta de
envolvimento em tarefas relacionadas com contextos diversificados.
Informal o aluno pode apresentar uma única idéia ou dar um exemplo, porém
sem considerar a necessidade de representar a população.
Inconsistente o aluno provavelmente não consiga detectar características mais
salientes sobre como a amostragem ocorreu, julgar viés no contexto,
podendo expressar idéias inadequadas e a maioria dos comentários é
inapropriada para os métodos de tomada de decisões.
Consistente e
não Crítico
o aluno é capaz de fornecer múltiplos elementos para descrever o
conceito, reconhece características periféricas, em vez de falar de
pontos críticos, a justificativa parece ser adequada, mas não o bastante
para um questionamento crítico.
Crítico o aluno provavelmente consegue relacionar vários elementos
juntamente com a amostra descrevendo a sua finalidade, apresenta
respostas adequadas incidindo sobre as questões centrais em contexto
familiares.
Matematicamente
Crítico
o aluno é suscetível a detectar duas falhas no método proposto, sugerir
dois métodos aleatório diferentes de amostragem, pode identificar a
representatividade ou não representatividade da amostra.
Quadro 2 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Amostragem
46
Estágio Representação de dados
Idiossincrático
o aluno pode obter sucesso em tarefas de leitura de tabela simples e
gráfico sem interpretação do contexto empregado., consegue ler
valores específicos em tabela de dupla entrada, de maneira a escolher
o valor mais elevado a partir de uma linha ou coluna das entradas da
tabela.
Informal
o aluno pode ter sucesso nas tarefas com base em comparações e
cálculos das tabelas, sendo capaz de identificar o menor e o maior
valor de dados, mas tem dificuldade de interpretar um contexto
apresentado na mídia, a interpretação gráfica com base em dados
observados.
Inconsistente
o aluno pode se basear em um resumo de informações, que inclui o
contexto, pode construir gráficos básicos ou demonstrar uma tentativa
de associação com os dados, porém com a leitura parcial do gráfico.
Consistente e não
Crítico
o aluno pode ser capaz de identificar o valor mais alto de dados em
um conjunto de dados, constrói gráficos que mostram uma associação
parcial dos dados e pode fazer descrição da forma do gráfico
adequadamente.
Crítico
o aluno pode demonstrar a capacidade de lidar com duas variáveis, ao
mesmo tempo, esboçar um gráfico, fazer comparações com os
percentis, aponta as incoerências sobre as formas dos segmentos do
gráfico, comentar características gráficas pouco usuais.
Matematicamente
Crítico
o aluno pode ser capaz de fazer resumo de informações e leitura de
gráficos em diferentes contextos.
Quadro 3 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Representação de dados
47
Estágio Medidas de Tendência Central
Idiossincrático não há nenhum envolvimento do aluno em tarefas relacionadas com
medidas de tendência central (média, mediana e moda),
provavelmente reflete a falta de exposição destes conceitos aos
alunos.
Informal o aluno pode vir a responder apenas com ideias coloquiais.
Inconsistente o aluno ainda demonstra problemas com as expressões coloquiais
utilizadas para descrever "a média", pode apresentar dificuldade no
cálculo do algoritmo da média e sua interpretação como por exemplo,
“média de 2,2 filhos”.
Consistente e não
Crítico
o aluno provavelmente consiga fazer o algoritmo da média ou
encontrar o meio de um conjunto de dados de forma adequada,
consegue calcular corretamente a média de um pequeno conjunto de
dados, embora, sem o reconhecimento do efeito de outliers (valores
discrepantes).
Crítico o aluno provavelmente demonstra a capacidade de encontrar a média,
mediana e a moda de um conjunto pequeno de dados.
Matematicamente
Crítico
o aluno pode reconhecer e levar em consideração um outlier no cálculo
da média, mediana e sugerir a medida adequada.
Quadro 4 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Medidas de Tendência Central
48
Estágio Probabilidade
Idiossincrático o aluno demonstra resposta inadequada para este tema e a falta de
interpretação sobre probabilidade, chance e aleatoriedade.
Informal
existência de melhoria em comparação com o estágio anterior, o aluno
consegue responder uma pergunta simples com argumentação
relacionada com a expressão "tudo pode acontecer", especialmente
quando é apresentado frequências em vez de probabilidades.
Inconsistente o aluno pode apresentar adequadamente frequências relativas
estimando as probabilidades, mas sem interpretação do contexto.
Consistente e não
Crítico
o aluno provavelmente responde com sucesso a tarefa que envolve o
raciocínio proporcional, no contexto da mídia (manchetes de jornais,
revistas) que envolvem linguagem, em vez de cálculos numéricos, há
um questionamento não crítico, mas com uma interpretação parcial
dos resultados.
Crítico
o aluno provavelmente consolida os resultados de estimativas de
probabilidade, e pode ser capaz de usar a razão para determinação de
chances de um evento.
Matematicamente
Crítico
o aluno pode sugerir números em vez de descrições qualitativas, utiliza
o raciocínio proporcional para encontrar a direção correta para
interpretar o resultado, pode apresentar descrições integradas para o
termo aleatório.
Quadro 5 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Probabilidade
Estágio Inferência informal
Idiossincrático o aluno pode não ter o envolvimento com os termos de inferências,
previsão ou reconhecimento de incertezas.
Informal
a resposta do aluno em tarefas que solicita inferências e tomada de
decisões pode ser inadequada ou tende a se concentrar em aspectos
não estatístico.
Inconsistente O aluno pode fazer escolhas adequadas, mas dependendo do
contexto.
Consistente e não
Crítico
provavelmente demonstre incoerência em reconhecer questões
centrais na formação de predições e juízos, pode incidir
questionamentos sobre os dados, mais do que a relação de causa-
efeito.
Crítico neste estágio há uma leve mudança em relação ao estágio anterior.
Matematicamente
Crítico
o aluno pode demonstrar resultado de estimativas, provavelmente
porque contêm expressões de incertezas, talvez para indicar diferentes
possibilidades e são discutidos em termos de questionamento crítico
com perguntas sobre a relação causa-efeito.
Quadro 6 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Inferência Informal
49
Estágio Variação
Idiossincrático o aluno pode não demonstrar o conhecimento básico sobre variação e
ter apenas um reconhecimento parcial das tarefas sobre a variação.
Informal
as questões que envolvem o entendimento de variação estão
relacionadas ao “acaso”, o aluno pode saber em muitos casos o motivo
que a variação ocorre em contextos de probabilidade, mas tem
dificuldade em encontrar limites adequados para variação.
Inconsistente
o aluno pode apresentar respostas das tarefas em contextos de
probabilidade, o significado do termo variação é dado como “algo que
varia”, tentativa vaga de definição e incide sobre experiências
individuais.
Consistente e não
Crítico
o aluno pode demonstrar o entendimento sobre variação realizando
previsão de resultados, em relação ao “acaso”, fornecer justificativas
para as suas escolhas, pode mencionar vários elementos relevantes
para explicação do significado de variação, como por exemplo, "O
tempo vai variar ao longo dos próximos anos”, porém ainda apresenta
dificuldades nos contextos de gráficos.
Crítico o aluno pode perceber mudanças nos dados ao longo do tempo ou
reconhecer explicitamente a variação do aspecto visual do gráfico.
Matematicamente
Crítico
neste estágio o aluno apresenta uma leve mudança em relação ao
estágio anterior, observando, por exemplo, outras características no
gráfico além da variação.
Quadro 7 - Estágios de desenvolvimento de acordo com o tópico Variação
50
Estágio Habilidade matemática/ estatística
Idiossincrático estão associadas com a leitura e contagem (um a um) de valores em
uma tabela e ainda não consegue usar uma terminologia simples.
Informal
o aluno realiza tarefas a respeito de tabela e gráfico, fazendo cálculo
simples passo-passo, demonstra entendimento de alguns termos
estatísticos, porém a interpretação do contexto ainda muito limitada.
Inconsistente
o aluno consegue usar algumas idéias estatísticas em tarefas que
envolve outros contextos, mas a justificativa apresentada acaba sendo
insuficiente para as suas interpretações.
Consistente e não
Crítico
o aluno mostra as ideias consolidadas associadas com a média,
probabilidade simples, variação e interpretação gráfica, mas não de
forma crítica em diversos contextos.
Crítico
o aluno desenvolve uma postura crítica, faz questionamentos apenas
no contexto familiar, usa a terminologia apropriada e interpreta
quantitativamente os conceitos estatísticos (probabilidade,
aleatoriedade, amostragem, variação, etc).
Matematicamente
Crítico
o aluno possui habilidades matemáticas e estatísticas sofisticadas, faz
interpretações e questionamentos em diversos contextos, postura
crítica com uma capacidade de entender às sutilezas da linguagem e
de contexto para produzir o mais alto nível de desempenho.
Quadro 8 - Estágios de desenvolvimento de acordo com a Habilidade matemática/estatística
51
4.3 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
Segundo Ponte e Fonseca (2001) a Estatística em todos os países tem se
constituído em uma área recente no currículo de Matemática. No Brasil, a
importância da análise de dados em problemas sociais e econômicos, bem como
nas estatísticas relacionadas a diversas situações cada vez mais frequentes no
cotidiano, fez com que fossem inseridas orientações sobre o ensino de Estatística
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), bem como em currículos estaduais,
como é o caso do estado de São Paulo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) indicam
que o ensino de Matemática, tem o papel também de aproximar o aluno da realidade
fazendo-o vivenciar situações que lhe permitam reconhecer a diversidade em torno
de si e ser capaz de atuar nesta realidade (BRASIL, 2002). Neste documento consta
um terceiro eixo temático ou tema estruturador do ensino, denominando “Análise de
Dados” direcionados ao ensino médio, e que tem três unidades temáticas:
Estatística, Análise Combinatória e Probabilidade, cujo objetivo é estudar os
conjuntos finitos de dados, que podem ser numéricos ou informações qualitativas,
dando origem a procedimentos distintos, por meio de processos de contagem
combinatória, medidas estatísticas e probabilidade (BRASIL, 2002).
No caso específico da Estatística, os PCNEM estabelecem que o ensino
desse tema tenha como objetivos:
● Identificar formas adequadas para representar dados numéricos e
informações de natureza social, econômica, política, científico-tecnológica ou
abstrata.
● Ler e interpretar dados e informações de caráter estatístico apresentado em
diferentes linguagens e representações, na mídia ou em outros textos e
meios de comunicação.
● Obter médias e avaliar desvios de conjuntos de dados ou informações de
diferentes naturezas.
● Compreender e emitir juízos sobre informações estatísticas de natureza
social, econômica, política ou científica apresentadas nos diversos meios de
comunicação (BRASIL, 2002).
52
4.3.1 CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Em 2008, a Secretaria de Educação do Estado (SEE) do estado de São Paulo
elaborou uma Proposta Curricular que tem como objetivo principal mapear o vasto
território do conhecimento, contemplando-o por meio de disciplinas, de maneira que
sejam organizados de modo a possibilitar o tratamento dos dados que sirvam de
base para a construção dos conhecimentos (SÃO PAULO, 2010a).
Em 2010, essa Proposta Curricular passou a ser considerada como Currículo
Oficial do estado, com a expectativa que para a disciplina de Matemática a
conjugação das orientações curriculares com o material didático possam contemplar
as necessidades e demandas que permeiam o ensino, reduzindo assim as
deficiências que ainda dificultam a formação adequada do aluno durante o ensino
fundamental e médio.
Com relação à Matemática, as competências básicas almejadas pelo currículo
estão divididas em três eixos:
Capacidade de expressão e compreensão das diversas linguagens, como por
exemplo: leitura de um texto tabela ou gráfico, assim como a compreensão de
fenômenos históricos, sociais econômicos, naturais, entre outros. Neste eixo
ao lado da Língua Materna, a Matemática compõe um par complementar
como meio de expressão e de compreensão da realidade, apresentadas em
formas de objetos matemáticos por meio de números e relações;
Capacidade de argumentação, análise e articulação das informações, tendo
em vista a viabilização da comunicação, a tomada das decisões, propondo a
realização de ações efetivas. Neste eixo a Matemática apresenta-se como
instrumento para o desenvolvimento do raciocínio lógico e da análise racional,
com o objetivo da obtenção de conclusões. Destacamos neste eixo, dois
pontos cruciais: a) a construção do pensamento lógico sendo ele indutivo ou
dedutivo; b) capacidade de sintetizar e tomar decisões a partir dos elementos
disponíveis, ou seja, resolver problemas primariamente na Matemática e
secundariamente nas outras disciplinas;
53
Capacidade de contextualizar e abstrair os conteúdos, fixando na atualidade e
também no universo de significados, destacando principalmente o mundo do
trabalho, considerando as novas perspectivas de virtualidades e
potencialidades dentro de um universo de imaginação. Neste eixo é
privilegiada a oportunidade de lidar com os elementos do par concreto e
abstrato. (SÃO PAULO 2010a, p. 31-32).
Segundo este currículo, no ensino médio, a forma de abordagem dos
conteúdos desenvolvidos na disciplina de Matemática devem possibilitar a formação
dos alunos como cidadãos críticos, sendo que as competências de argumentações
e decisões é um espaço privilegiado para o que se denomina nos PCN como
“Tratamento da Informação” (SÃO PAULO, 2010a).
O caderno 4 do terceiro ano do ensino médio, aborda exclusivamente a
Estatística em quatro situações de aprendizagens, sendo que na situação de
aprendizagem 1, os conteúdos desenvolvidos compõem “um conjunto de elementos
de estatística descritiva que, de certa forma, têm sido abordados desde as séries
inicias do Ensino Fundamental” (SÃO PAULO, 2010b, p. 53).
No desenvolvimento deste trabalho foram analisadas as duas primeiras
situações de aprendizagem, que tratam os seguintes conteúdos: gráficos de
frequência e histograma, gráficos compostos por mais de uma representação,
pictograma, medidas de tendência central (média aritmética, mediana e moda),
dispersão (amplitude e desvio médio) e noções de amostra simples.
Na busca do desenvolvimento de competências básicas supracitadas, as
atividades propostas nessas situações de aprendizagem têm por objetivo levar o
aluno a interpretar informações de diferentes naturezas representadas em gráficos
estatistícos; relacionar informações veiculadas em diferentes fontes e com diferentes
linguaguens, utilizar o instrumental matemático para realizar análise de dados
registrados em gráficos estatísticos (SÃO PAULO, 2010a). Dentre as situações
propostas destacam-se o enfoque no cálculo de média aritimética de dados e no
contexto de um gráfico e o desvio médio.
54
5 MÉTODO
Neste capítulo são apresentados os sujeitos da pesquisa, bem como os
instrumentos, os procedimentos de coleta e de análise de dados.
Ressalta-se que este estudo foi aplicado em conjunto com a pesquisa
“Validação de uma escala de autoregulação de estratégias de aprendizagem
Estatística de estudantes da terceira série do ensino médio do estado de São
Paulo”6; tendo alguns instrumentos em comum.
5.1 SUJEITOS
O estudo foi realizado com 175 alunos do terceiro ano do ensino médio de
sete escolas públicas das cidades do estado de São Paulo, sendo quatro escolas de
Santo André (totalizando 105 alunos), uma de São Paulo e duas de Guarulhos, vale
salientar que as escolas participantes tiveram suas identidades preservadas. Os
alunos tinham faixa etária de 16 a 20 anos, com idade média de 17,50 anos (desvio
padrão igual a 0,74), sendo que 51,4 % são mulheres. Dos 74,3% que estudam no
período noturno, 62,7% trabalham, totalizando 56,1% da amostra.
As escolas e as classes foram selecionadas de forma intencional, conforme a
disponibilidade dos professores no momento da pesquisa, constituindo assim uma
amostra não probabilística.
5.2 INSTRUMENTOS
Nesta pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos:
Um questionário de perfil do aluno (Apêndice A), composto de 11 questões,
envolvendo a identificação socioeducacional, como idade, sexo, se trabalha ou
não, entre outros; e questões do conhecimento estatístico, como a utilidade da
6 Dissertação defendida em 2011 por Erliete Barizonno Programa de Pós Graduação em Educação
Matemática, da Universidade Bandeirante de São Paulo.
55
Estatística no cotidiano do aluno, e os conceitos estatísticos que os alunos já
vivenciaram ou se lembram (média, moda, mediana, entre outros);
Uma Escala de Atitudes em Relação à Estatística para o ensino médio (EAEEM)
(Apêndice B), constituída de 30 itens, sendo 16 positivas e 14 negativas. Para
cada afirmativa, as possibilidades de resposta eram: “discordo fortemente”
(DF), “discordo” (D), “concordo” (C) e “concordo fortemente” (CF), em que
foram atribuídas pontuações de 1 até 4 para as afirmativas positivas e de 4 até
1 para as afirmativas negativas, como pode ser observado no exemplo da
tabela 9. Essa escala com 4 dimensões, sendo: afetiva (12 questões), cognitiva
(5 questões), valor (9 questões) e dificuldade (4 questões).
Uma escala de atitudes em relação a Matemática (EAM) (Anexo A) constituída
de 20 itens, sendo 10 positivas e 10 negativas, contemplando apenas a
dimensão afetiva. Para cada afirmativa, as possibilidades de resposta eram:
“discordo fortemente” (DF), “discordo” (D), “concordo” (C) e “concordo
fortemente” (CF), em que foram atribuídas pontuações de 1 até 4 para as
afirmativas positivas e de 4 até 1 para as afirmativas negativas. Um teste
estatístico contendo oito questões (Apêndice C), relacionadas aos seguintes
conteúdos: leitura e interpretação de gráficos e tabelas, medidas de tendência
central e de dispersão, noções de amostragem e intervalo de confiança.
Tabela 9: Exemplo de pontuação para cada categoria
Afirmação Pontuação
DF D C CF
Eu consigo aprender Estatística. 1 2 3 4
*Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que estudar essa matéria. 4 3 2 1
*Afirmativa negativa
5.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Antes da realização do estudo foi feito contato com os diretores das escolas,
apresentando o objetivo e a importância da pesquisa. Com o consentimento dos
mesmos, por meio da assinatura do termo de responsabilidade da instituição
56
(Apêndice D), os professores foram consultados, verificando-se a disponibilidade
das classes e a participação dos mesmos.
Para a aplicação desta pesquisa foi solicitado aos professores participantes
que fosse trabalhado pelo menos as duas primeiras situações de aprendizagem do
4º caderno da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo SEE-SP (SÃO
PAULO, 2010b) antecipadamente (Anexo B), já que estes eram os tópicos
abordados no teste estatístico. Essa antecipação do conteúdo estatístico se fez
necessária por conta dos feriados e das provas do SARESP e ENEM.
A primeira fase da aplicação dos instrumentos aconteceu no início no 4º
bimestre antes dos alunos vivenciarem os conceitos estatísticos, sendo necessários,
para cada turma, dois encontros de duas horas-aula cada. No primeiro encontro, os
alunos receberam a visita de um dos dois pesquisadores (Elvis Miranda e Erliete
Barizon) que explicou aos estudantes os objetivos dos dois trabalhos e informou que
a participação na pesquisa era voluntária. Neste mesmo encontro foi entregue o
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) em duas vias, sendo que uma
das vias foi recolhida no segundo encontro após assinatura pelos responsáveis
quando menores de idade (Apêndice E) e pelos próprios alunos quando maiores de
idade (Apêndice F). Ainda no primeiro encontro os pesquisadores esclareceram aos
alunos a relevância das duas pesquisas, no que diz respeito à importância de avaliar
tanto a autorregulação da aprendizagem como as atitudes dos alunos numa
determinada disciplina, assim como o domínio da Estatística para o seu cotidiano.
No segundo encontro os alunos responderam a escala EAEEM, a escala EAM,
o questionário de perfil e o teste estatístico. Na maioria das classes esses
instrumentos foram aplicados por um dos dois pesquisadores, nas demais foi
solicitado o apoio dos professores de Matemática para aplicação, sendo
encaminhando uma carta de orientação (Apêndice G) para a padronização da
coleta. Vale salientar que os alunos responderam os instrumentos de forma
individual, e no caso do teste estatístico sem o uso da calculadora.
A segunda fase desta pesquisa ocorreu no final do 4° bimestre, deste mesmo
ano, após os alunos terem vivenciados, pelo menos os conteúdos estatísticos
previstos nas duas primeiras situações de aprendizagem do caderno 4 (SÃO
PAULO, 2010b), sendo aplicados novamente o teste estatístico e a escala EAEEM,
com duração de duas horas aula, cerca de 100 minutos.
57
5.4 ORGANIZAÇÃO DOS DADOS
Para a análise dos resultados, primeiramente foram digitados em uma planilha
de dados as respostas de cada item das duas escalas de atitudes em relação à
Estatística (um aplicado no segundo e outro no terceiro encontro) e da escala de
Matemática. Foram digitadas também neste mesmo banco de dados as respostas
obtidas no questionário de perfil, criando algumas categorias de respostas para as
questões dissertativas.
As respostas para cada questão dos dois testes estatísticos (um aplicado no
segundo e outro no terceiro encontro) foram classificadas, na sua maioria, de acordo
com as categorizações determinadas pelas pesquisadoras Watson & Callingham
(2003, 2004), e outras pelas categorias construídas pelos dois pesquisadores (Elvis
Miranda e Erliete Barizon), sendo que nos dois casos a construção das categorias
tomou como base os níveis de resposta da taxonomia SOLO (BIGGS & COLLIS,
1991) e os Estágios de Conhecimento do Contexto (WATSON, 1997). Essas
categorias variaram de 0 a 3 dependendo da questão.
Para essa fase de classificação das respostas dos alunos nas categorias,
foram convocados dois juízes; além do autor deste trabalho. Uma juíza foi a
mestranda Erliete Barizon e o outro juiz tinha Doutorado em Estatística e possuia
experiência em classificação de respostas dos alunos no contexto do letramento
estatístico. As respostas foram classificadas de maneira independente,
prevalecendo a decisão da maioria. Nos casos de discordância das 3
categorizações, as respostas foram discutidas até se obter um consenso para
categoria final.
Afim de justificar melhor os critérios para a classificação das respostas de
cada questão do teste estatístico podemos usar um exemplo da terceira questão,
que abordava aspectos de leitura e interpretação de gráfico de setor e apresentava
visivelmente dois problemas em sua representação, a marcação de 61% menor que
a metade do gráfico, e a soma total maior que 100%, questionando aos alunos se
existia algum problema na representação desse gráfico. Para esta questão as
respostas poderiam ser classificadas em três categorias, sendo: 0 para que não
acertou ou não respondeu; 1 para quem observou apenas um erro e 2 para quem
observou dois erros. Em uma situação fictícia de resposta categorizada em 1, 1 e 1
58
pelos três juízes prevaleceriam 1, em outra situação em que a resposta fosse
categorizada em 1, 1 e 2, seria feita uma discussão afim de se obter um concenso
entre os juizes, assim como uma resposta categorizada em 0, 1 e 2.
5.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Foram realizadas análises descritivas dos resultados das questões do perfil do
aluno, das escalas e do teste estatístico.
Para comparar a pontuação média na escala EAEEM antes (préX ) e depois
(pósX ) de vivenciado os conteúdos estatísticos, foram calculadas as diferenças entre
cada par de valores, e em seguida foi aplicado o teste t de Student unilateral para
amostras emparelhadas, com nível de significância de 5%. No caso deste estudo, se
a hipótese nula não for rejeitada, significa não haver evidências para afirmar que
houve uma mudança de atitudes dos estudantes quando comparadas às médias dos
instrumentos aplicados antes e depois dos mesmos vivenciarem os conteúdos
estatísticos.
Vale ressaltar que para a obtenção da pontuação média da escala,
considerou-se a média das somas das pontuações de cada aluno. Essa soma da
pontuação foi obtida conforme o exemplo de respostas de um determinado aluno
apresentado na tabela 10.
Tabela 10: Pontuação de respostas fictícia para alguns itens da escala de atitudes em relação à Estatística.
Afirmação Pontuação DF D C CF
Eu consigo aprender Estatística. 4 x
*Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que estudar essa matéria.
3 x
Eu entendo as fórmulas de Estatística. 3 x
*Eu me sinto inseguro(a) quando tenho que resolver problemas de Estatística.
4 x
*A Estatística é irrelevante na minha vida. 3 x
A Estatística é agradável e estimulante para mim. 4 x
Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Estatística.
3 x
*Afirmativas negativas
59
Analisando os dados apresentados na tabela 10, podemos perceber que a
pontuação geral desse aluno para este exemplo de resposta fictícia foi de 24 pontos.
Para descrever a estrutura de dependência dos itens de cada uma das escalas
de atitudes (em relação à Estatística e à Matemática), ou seja, identificar as
dimensões das mesmas, foi utilizada a técnica multivariada de análise fatorial7. A
consistência interna da escala foi avaliada pela utilização do coeficiente Alfa de
Cronbrach (1951). Para o estudo da viabilidade foi utilizado o teste de Kaiser-
Meyer-Olkin - KMO (KAISER, 1970), além do measure adequacy of sampling – MSA
(KAISER, 1970).
Para buscar evidências de validade do construto “atitudes” na escala EAEEM e
do construto “letramento estatístico”, no teste estatístico foi utilizada a Teoria de
Resposta ao Item, mais especificamente utilizando o modelo de Créditos Parciais de
Rasch (RASCH,1980, MASTER, 1982).
Além disso, foi analisada a pontuação na escala geral de acordo com as
variáveis levantadas no questionário de perfil, por meio dos testes F (ANOVA), com
exceção das variáveis: gênero, período (manhã ou noturno) e se já estudou
Estatística (respostas do tipo sim ou não), em que foi adotado o teste t para
diferença entre duas médias. Quando o efeito da variável estudada foi considerado
significativo, pelo teste F, as médias das suas categorias foram comparadas pelo
teste Tukey, com nível de significância de 5%. Esse mesmo procedimento foi
utilizado para analisar a pontuação na escala geral de acordo com as categorias de
cada uma das questões do teste estatístico.
Foi utilizada a análise de correlação e regressão simples, com o objetivo de
modelar a relação entre as atitudes em relação à Estatística e à Matemática.
A síntese das técnicas estatísticas que foram utilizadas para analisar cada
instrumento, bem como a relação da escala EAEEM com os demais instrumentos,
pode ser observada na Figura 2.
Para todas as análises da TRI foi utilizado o software Winsteps Rasch
Measurement (LINACRE, 2009), e para as demais análises estatísticas foi utilizado o
softtware SPSS (Statistical Package for Social Science), versão 15.0.
7 O método para a estimação dos fatores basear-se-á na análise de componentes principais com
rotação promax.
60
Figura 2. Síntese das técnicas estatísticas utilizadas de acordo com os instrumentos
5.6 EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DOS CONSTRUTOS “ATITUDES” E
“LETRAMENTO ESTATÍSTICO” – TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM
A validade pode ser compreendida como uma verificação direta da
possibilidade do instrumento satisfazer o seu objetivo (PASQUALI, 2009). São
diversas as técnicas empregadas para a determinação do índice de validade de um
instrumento, porém, este estudo terá como base a evidência de validade de
construto. Segundo Dias e Vendramini (2008), a validade de construto de um
instrumento é a extensão em que se pode dizer que o instrumento mede um
construto teórico ou um traço latente8.
8 Construto ou traço latente é a característica de um indivíduo que não pode ser observada
diretamente: habilidade, atitude, autorregulação da aprendizagem, que deve ser inferida a partir de observações de variáveis secundárias que estejam relacionadas a ela (ANDRADE; TAVARES; VALE, 2000).
61
Para verificar se existem evidências de validade de um instrumento, uma das
técnicas de estatística multivariada que pode ser utilizada é a Teoria de Resposta ao
Item (TRI), que se baseia em modelos matemáticos nos quais as estimativas dos
traços dependem das respostas dos sujeitos e das propriedades dos itens avaliados
em uma mesma escala métrica (EMBRETSON; REISE, 2000). Um dos modelos da
TRI é o de créditos parciais de Rasch (RASCH, 1980; MASTERS, 1982), que
considera o escalonamento hierárquico das categorias de resposta dos itens e a
interação entre pessoas e itens para estimar a probabilidade de cada pessoa
responder a cada item.
Para este estudo a TRI foi utilizada tanto para analisar as propriedades
psicométricas9 das questões do teste estatístico como dos itens da escala, o que
permitiu investigar as propriedades de cada uma das questões e dos itens da
escala, o nível do traço latente (no caso do teste, o letramento estatístico e para a
escala, a atitudes em relação à Estatística) que foi medido pelos itens (parâmetro de
locação da questão do teste e do item na escala de atitudes) e quanto cada item
está relacionado ao construto subjacente medido pelo instrumento.
Para avaliar a consistência do teste, analisou-se, inicialmente, a qualidade
das questões que compõem o teste para saber se todas devem fazer parte do teste
ou se algumas devem ser excluídas por ter propriedades psicométricas ruins, que
não se ajustem ao modelo de Rasch. Para essa análise, foram utilizados os índices
de dificuldade, medidas de ajuste ao modelo: Infit e Outfit10 e a correlação entre a
questão e a medida de Rasch11.
9 As propriedades psicométricas podem ser definas como sendo um conjunto de atributos que
comproem a estrutura psicológica, que podem ser do tipo processos cognitivos, processos emotivos, processos motores, etc. A inteligência, como subsistema, pode apresentar atributos de tipo raciocínio verbal, raciocínio numérico, etc. O sistema se constitui como objeto hipotético que é abordado (conhecido) através da pesquisa de seus atributos.” (PASQUALI, 2009, p.62-63) 10
O índice infit informa sobre discrepâncias do dado teórico esperado e empírico em regiões centrais da Curva Característica do Item (CCI), indica padrões de respostas inesperados para pessoas com níveis de habilidades próximos à dificuldade do item. O índice outfit informa sobre esse tipo de diferença nas extremidades da CCI, acusa a presença de padrões inesperados de respostas de pessoas com níveis de habilidade muito diferentes da dificuldade do item. Isto é, os valores de infit e outfit indicam se a relação entre a habilidade do indivíduo e a dificuldade do item (no caso de uma prova) atendem aos pressupostos do modelo, um valor muito alto indica que os escores nesse item foram muito variado, sendo assim pessoas com pior desempenho na prova recebe escores altos nos itens difícies e vice- e versa. Segundo Linacre (2009), os valores desejáveis de outfit e infit devem variar entre 0,5 a 1,5; abaixo ou acima dessa faixa, recomenda-se que o item seja eliminado. 11
De acordo com Linacre (2009) a correlação esperada são valores maiores do que 0,2, abaixo desse índice é recomendável a exclusão do item, por indicar a ineficácia do mesmo para obtenção de informação sobre o construto que está sendo medido.
62
Para testar a validade do construto letramento estatístico foram investigados,
também, os resultados da análise dos componentes principais, baseada no resíduo
do modelo de Rasch da prova. Para um bom ajuste do modelo de Rasch, espera-se
encontrar uma variância explicada pelo modelo acima de 60% e variâncias, não
explicadas pelos contrastes, inferiores a 5%. Nessa análise de resíduos, o que se
deseja é encontrar o número mínimo de contrastes que expliquem o máximo de
variância possível, o que é um pressuposto para considerar que o instruento é
unidimensional (mede apenas um construto).
Os mesmos procedimentos foram realizados com a escala, avaliando os itens
e a validade do construto atitudes.
63
6 DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos com base nas respostas
dos 175 alunos, estudantes da 3ª série do Ensino Médio de São Paulo, aos
seguintes instrumentos: um questionário de perfil, uma escala de atitudes em
relação á Matemática, bem como um teste estatístico, uma escala de atitudes em
relação à Estatística para o ensino médio aplicados em dois momentos.
6.1 ANÁLISE DESCRITIVA DO QUETIONÁRIO DE PERFIL
Analisando as respostas do questionário de perfil dos 175 alunos, pôde-se
observar que 51,4% eram do gênero feminino, 74,3% estudavam no período
noturno, 56,8% trabalhavam, 24,8% não trabalhavam e 18,4% estavam procurando
emprego.
Quando questionados se existia alguma disciplina que eles gostavam, 76,4 %
disseram que sim, desses 33,1% escolheram a Matemática pelas seguintes
justificativas: 52,3% e 18,2% por ser o conteúdo da disciplina muito
importante/atrativo para, respectivamente, sua formação geral e sua vida, 22,7% e
6,8% por considerar que, respectivamente, o professor e a metodologia/materiais
didáticos, é que tornam a disciplina atrativa.
Quando questionados se já haviam estudado em outras séries escolares
algum conceito estatístico, apenas 50,6% dos alunos responderam que sim,
resultado este muito similar ao encontrado no estudo de Almeida (2010), que ao
fazer essa mesma pergunta à 376 alunos do ensino fundamental, apenas 52,4%
responderam que já haviam estudado algum conceito estatístico. Fato que pode
estar relacionado a possibilidade de que os alunos que participaram da pesquisa
não tenham visto os conceitos de Estatística previstos para o ensino fundamental e
médio, o que se contrapõe as indicações dos PCN, ou mesmo, se viram tais
conceitos não conseguiram absorve-los a ponto de não lembrar que já haviam
estudado.
Além disso, ao se investigar, quais termos utilizados na Estatística, os alunos
conheciam e julgavam serem capazes de interpretar, observou-se que boa parte
64
respondeu que já vivenciaram os conceitos: Porcentagem (65,6%), Probabilidade
(44,8%) e População (40,3%), como se pode observar na (Figura 3). Destaca-se que
dos termos próprios da Estatística desenvolvidos no ensino fundamental e médio, a
média foi citada por apenas 26,8% dos alunos, a moda por 14,9%, e a mediana por
apenas 3% dos alunos.
Figura 3. Percentual de alunos de acordo com os conceitos estatísticos já
vivenciados
Uma possível explicação para a forte incidência de alunos que conheciam os
termos porcentagem, probabilidade e população é a sua abordagem também em
tópicos de Matemática e outras disciplinas desde o ensino fundamental, ou mesmo
por estarem presentes no seu cotidiano, em situações reais, como por exemplo, a
porcentagem de desconto para o pagamento a vista de um produto; a probabilidade
de chuvas na previsão do tempo, entre outros.
As respostas categorizadas sobre qual era o primeiro sentimento que eles
tinham quando ouviam a palavra Estatística (foi solicitado usarem no máximo 3
palavras), podem ser observadas na tabela 11.
3 3 3 3 4,56 6
8,9
13,4 14,917,9 17,9
26,8 26,9
40,3
44,8
65,6
0
10
20
30
40
50
60
70
Am
ostr
ag
em
Co
rre
laçã
o
Cu
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No
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l
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Sig
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ge
mConceitos estatísticos
perc
en
tual
de a
lun
os
65
Tabela 11: Percentual das repostas sobre o sentimento dos alunos ao ouvirem o termo Estatística.
Categorias do primeiro sentimento %
Sentimento positivo: curiosidade, interesse, conhecimento 28,00
Sentimento negativo: angústia, dúvida, confusão, nervosismo 25,14
Sentimento de Indiferença: nenhum, nada em especial 13,71
Aspectos não relacionados com sentimento: cálculos, gráficos, pesquisa, números. 19,44
Não responderam 13,71
Na tabela 11, podemos observar que existe um equilíbrio entre os alunos que
possuem um sentimento positivo (28,00%) e negativo (25,14%) em relação à
Estatística.
As respostas categorizadas sobre qual era a primeira ideia que eles tinham
quando ouviam a palavra Estatística (foi solicitado usarem no máximo 3 palavras),
podem ser observadas na tabela 12.
Tabela 12: Percentual das repostas sobre a primeira ideia dos alunos ao ouvirem o
termo Estatística.
Categorias da primeira ideia %
Ideia de conteúdo: probabilidade, gráfico, média 59,43
Ideia afetiva: melhoria, atenção, debate, informação. 15,43
Ideia de cálculo: gráficos, contas, matemática 14,29
Não responderam 10,86
Quanto à importância atribuída à Estatística para seu cotidiano, 19,5% a
consideram muito importante, 63,9% importante, 16,6% pouco importante ou nada
importante. Vale ressaltar que 7,4% alunos que reconhecem a importância da
Estatística também consideram a Matemática importante para a sua vida e formação
pessoal.
66
6.2 TESTE ESTATÍSTICO12
Nesta seção apresentamos a descrição das categorias e a classificação das
respostas dos alunos para cada questão do teste estatístico (Apêndice C) aplicado
antes (pré-teste) e depois (pós-teste) da vivência do conteúdo de Estatística
previsto, bem como a discussão dos resultados. Além dessas análises, essa sessão
abrange os resultados da Teoria de Resposta ao Item, para os dois testes.
6.2.1 Análise descritiva
Primeira questão
A primeira questão foi adaptada do estudo de Watson e Callingham (2003)
aplicada a 189 alunos do 7º ano e 197 alunos do 9º ano, e aborda o cálculo de
medidas de tendência central com a presença de um valor discrepante. O
contexto apresentado traz pesos (em gramas) de um mesmo objeto medido por 9
alunos com uma mesma balança. Desses 9 alunos, 8 encontram peso variando
entre 6 e 6,3 e apenas 1 aluno determina um peso de 15,3.
Os 175 alunos que responderam ao teste estatístico tinham que decidir sobre
a melhor maneira de resumir esses dados escolhendo entre as seguintes opções:
alternativa (A) usar o número mais comum, que é 6,3; alternativa (B) usar 6,15,
posto que é o peso mais preciso; alternativa (C) somar os 9 números e dividir a
soma por 9, alternativa (D) usar 6,2, pois quatro medidas ficam abaixo e quatro
acima; ou alternativa (E) outro método, sendo que para esta última alternativa tinha
que ser descrito qual seria o método escolhido. Além disso, para qualquer alternativa
assinalada o aluno deveria justificar a sua escolha.
Para esta questão a resposta esperada, que demonstraria o maior nível de
letramento estatístico, era a alternativa E, juntamente com a indicação que deveria
ser calculada a média aritmética, moda ou mediana descartando o valor de 15,3.
Nessa questão é importante ressaltar a discussão de que o outlier de 15,3 não é um
valor plausível na amostra, uma vez que era sempre o mesmo objeto a ser pesado
na mesma balança por 9 pessoas diferentes; dessa forma a orientação de que a
12
Essa seção é apresentada também na dissertação da Mestranda Erliete Barizon, uma vez que os sujeitos dos dois estudos era o mesmo, e, por conseguinte, os mesmos resultados para os testes estatísticos, não justificando assim uma descrição e discussão diferentes.
67
mediana ou moda são medidas indicadas quando na presença de outliers não pode
ser considerada como a categoria mais alta de resposta.
As respostas obtidas nesta questão foram classificadas em quatro categorias
0, 1, 2 e 3, de acordo com a alternativa assinalada e a justificativa apresentada. A
descrição das categorias, bem como os exemplos de respostas dos alunos podem
ser observados no Quadro 9.
Categoria Descrição Exemplo de respostas
0 Alternativa B ou as demais alternativas com justificativa inconsistente ou sem justificativa ou não responderam
- Alternativa C, com a seguinte justificativa inconsistente: eu creio que até segue o modo correto. - Alternativa B, com a seguinte justificativa: porque são números pares e inteiros
1 Alternativa C, justificando com o uso do termo média aritmética dos 9 pesos
Somando os 9 números e dividindo por 9 obtém-se a média
2
Alternativa A ou D, justificando, respectivamente, com o uso do termo moda e mediana, mesmo que de maneira implícita.
Altenativa A, com a seguinte justificativa: Porque entre 9 resultados, 3 deu o mesmo valor. Alternativa D, com a seguinte justificativa: A mediana é a melhor maneira de se encontrar o resumo desses valores.
3
Alternativa E, justificando com o cálculo da média aritmética, moda ou mediana, mas com a retirada do outlier.(valor discrepante).
Não houve resposta nesta categoria
Quadro 9: Descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos para a primeira questão
O número de respostas dessa questão por categoria, obtidas na primeira e
segunda aplicação (pré) e (pós), podem ser observadas na tabela 13. Vale salientar
que não existiu nenhuma resposta classificada na categoria 3, tanto no pré quanto
no pós-teste, fato este que pode ter ocorrido provavelmente pela não abordagem do
cálculo da média com a presença de valores discrepantes, como pode ser
observado nas situações de aprendizagem 1 e 2, apresentadas no Caderno 4 do 3º
ano do Ensino Médio do Estado de São Paulo (São Paulo, 2010b).
68
Tabela 13 Número de respostas da primeira questão dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2
0 89 16 9 114
1 20 19 2 41
2 13 5 2 20
Total 122 40 13 175
A tabela 13 refere-se ao número de respostas classificadas em cada
categoria, tanto do pré como do pós teste. Os resultados apresentados na linha
referem-se ao pré teste, e os resultados apresentados na coluna ao pós teste, por
exemplo, os valores 89, 16 e 9 da primeira linha referem-se ao número de alunos
que foram classificados na categoria 0 no pré-teste, e nas categorias 0, 1 e 2,
respectivamente, no pós-teste.
Observando os resultados desta tabela, verifica-se que a maioria (36,5%) dos
entrevistados manteve-se na mesma categoria; apenas 15,4% demonstram
evolução depois de terem desenvolvido as situações de aprendizagem propostas
pelo Caderno 4, além disso, a maioria dos alunos teve suas respostas classificadas
na categoria 0.
Vale salientar que dos 114 alunos que tiveram suas respostas classificadas
na categoria 0 no pré-teste, de fato 53,5% não respondeu ou não justificou sua
alternativa, e dos 122 alunos do pós-teste esse índice foi de 76,2%. Esses
resultados revelam que os mesmos não conseguiram identificar uma maneira de
resumir os dados apresentados utilizando pelo menos uma das medidas de
tendência central (moda, mediana, média), sendo que este tópico é recomendado
tanto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, como pelo currículo oficial de São
Paulo para ser trabalhado desde o ensino fundamental II.
Na pesquisa de Kataoka, Silva, Vendramini e Cazorla (2011) com 1343
universitários de 5 universidades de 3 estados brasileiros (Pernambuco, São Paulo e
Rio Grande do Sul), que cursavam a disciplina de Estatística, sendo 49,7% da área
de Humanas; 35,4% de Exatas e 14,5% de Biológicas (0,4% não responderam), ao
responderem a essa mesma questão apenas 4% tiveram suas respostas
classificadas na categoria 3. Esses resultados revelam que a maioria dos alunos não
sabiam como trabalhar esse conceito de medidas de tendência central com a
presença de outliers. Vale destacar que o teste estatístico nesse estudo foi aplicado
69
no início do semestre, isto significa dizer, que os alunos responderam o teste com os
conhecimentos adquiridos na Educação Básica, podendo até serem considerados
como resultados de alunos do 3° ano do ensino médio.
Retomando então os resultados da tabela 13 observa-se que 17,7%13 e 8,8%
das respostas dos alunos no pré ou pós-teste classificadas nas categorias 1 e 2,
podem ser associadas, respectivamente, aos níveis de letramento estatístico,
consistente não-crítico e crítico, segundo a descrição dos estágios de
desenvolvimento propostos por Watson (2006) para o tópico de medidas de
tendência central (Quadro 4, p.47).. Para essa autora a resposta de uma questão
que aborda medidas de tendência central pode ser considerada, por exemplo, no
nível crítico quando o aluno demonstra a capacidade de encontrar a média, mediana
ou moda de um conjunto pequeno de dados sem considerar a presença de valores
discrepantes (outliers).
Segunda questão
A segunda questão aborda os conceitos de leitura e interpretação de gráficos,
margem de erro e intervalo de confiança. É apresentado um gráfico de linhas
representando os resultados de pesquisas eleitorais, realizadas em 6 períodos
diferentes, de quatro candidatos ao cargo de prefeito da cidade de Salvador.
Questiona-se em quantos períodos é possível definir os dois candidatos que
disputariam o 2º turno, com as seguintes opções: alternativa (A) em dois períodos;
alternativa (B) em três períodos; alternativa (C) em quatro períodos; alternativa (D)
todos os períodos e alternativa (E) em nenhum período (Figura 4). Para qualquer
alternativa escolhida os alunos tinham que justificar a sua resposta.
13
Esse percentual foi calculado considerando 62 (40 + 41 – 19) respostas classificada na categoria 1 do total de 350 respostas válidas (175 do pré e 175 do pós-teste)
70
Figura 4 Resultados da pesquisa eleitoral referente à segunda questão do teste estatístico
Neste contexto o aluno deveria analisar as porcentagens de intenção de votos
de cada candidato considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais e
identificar que somente em dois períodos era possível definir os candidatos que
seguiriam para o segundo turno. Apesar de não ter sido solicitado aos professores
que trabalhassem a situação de aprendizagem 4 do Caderno 4, que abordaria esse
conteúdo, (Amostras estatísticas: tipos, confiabilidade e margem de segurança dos
resultados) essa questão foi inserida no teste estatístico por ser um conteúdo
frequentemente abordado na mídia durante o período eleitoral.
As respostas obtidas nesta questão foram classificadas em três categorias 0,
1 e 2, de acordo com a alternativa assinalada e a justificativa apresentada. A
descrição das categorias, bem como os exemplos de respostas dos alunos podem
ser observados no Quadro 10.
71
Categoria Descrição Exemplo
0 Não respondeu, ou qualquer alternativa sem justificativa ou com justificativa inconsistente
Alternativa A, com a seguinte justificativa: são os números mais próximos um do outro
1
Alternativa A, mas com justificativa informal
Porque dois dos candidatos atingiram a pontuação maior.
Resposta incorreta (alternativas B, C, D ou E), mas com aspectos de leitura de gráficos
Alternativa B, com a seguinte justificativa: pois há 3 períodos em que os valores ficam próximos, entre 23 e 24.
Resposta incorreta, mas com leitura ao contrário - períodos em que há empate técnico
Alternativa C, com a seguinte justificativa: só em quatro períodos eles ficam aproximados. Alternativa B com a seguinte justificativa: De acordo com a margem de erro há empate entre três candidatos.
2 Alternativa A, com justificativa consistente
Nos dois primeiros períodos tem mais probabilidade de 2º turno, pois está bem disputado. Porque a vantagem dos dois candidatos é maior que a margem de erro
Quadro 10: Descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos para a segunda questão.
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 14.
Tabela 14 Número de respostas da segunda questão dos pré e pós-testes estatístico
de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2
0 141 5 5 151
1 17 3 0 20
2 3 0 1 4
Total 161 8 6 175
Analisando os resultados da tabela 14, observa-se que a maioria dos alunos
teve suas respostas classificadas na categoria 0, havendo pouca diferença entre a
aplicação do pré e o pós-teste, vale ressaltar que dos 150 alunos com respostas
nessa categoria, no pré-teste 49,6% de fato não responderam ou não justificaram a
alternativa escolhida e dos 160 alunos do pós-teste esse índice foi de 60,9%.
Kataoka, Silva, Vendramini e Cazorla (2011) aplicaram questão similar a 1343
universitários de diversos cursos, já identificados na questão anterior, sendo
72
solicitado ao aluno analisar o resultado de uma pesquisa eleitoral sobre o Governo
de um determinado Estado, e responder a seguinte pergunta: “Considerando uma
margem de erro de dois pontos percentuais (2%), para mais ou para menos, pode-
se afirmar quem disputará o 2º turno com o Candidato A?” Para esta questão era
esperado que o aluno verificasse que a margem de erro estabelecida não permitia
escolher entre os candidatos B e C. (As respostas foram classificadas em três
categorias: 0 e 1 - escolher o candidato B ou C; 2 – não era possível definir quem
iria para o segundo turno com o candidato A), 61% dos alunos tiveram suas
respostas classificadas na categoria 2.
Apesar dos contextos das duas questões serem similares, esses resultados
parecem indicar que a forma de apresentação das informações em tabela e o não
envolvimento do aspecto temporal podem ter sido os fatores determinantes para o
melhor desempenho dos alunos no estudo de Kataoka, Silva, Vendramini e Cazorla
(2011), em detrimento do nosso estudo.
Retomando então os resultados da tabela 14 observa-se que 7,1% e 2,5%
das respostas dos alunos no pré ou pós-teste classificadas nas categorias 1 e 2,
podem ser associadas, respectivamente, aos níveis de letramento estatístico,
informal (dificuldade de interpretar um contexto apresentado na mídia, a
interpretação gráfica com base em dados observados) e crítico (por demonstrar a
capacidade de lidar com duas variáveis, ao mesmo tempo), segundo a descrição
dos estágios de desenvolvimento propostos por Watson (2006) (quadro 3, p.46)
Terceira questão
A terceira questão aborda aspectos de leitura e interpretação de gráfico de
setor e apresenta visivelmente dois problemas em sua representação, a marcação
de 61% menor que a metade do gráfico, e a soma total maior que 100% (Figura 5).
A pergunta feita aos alunos é se existe algum problema na representação desse
gráfico.
73
Outros
61%
Marca C
27%
Marca B
10%
Marca A
8%
Figura 5. Gráfico de setores apresentado na terceira questão
As respostas obtidas nesta questão foram classificadas em quatro categorias
0, 1, 2 e 3. A classificação e descrição de suas categorias tiveram como base o
trabalho de Watson e Callingham (2004), aplicado com 673 alunos do 5º ao 9º ano e
1º ano do ensino médio (Quadro 11). Em 2003, essas mesmas pesquisadoras
realizaram um estudo com 695 alunos do 6º ano, 185 alunos do 8° ano e 746 alunos
do 9º ano. As pesquisadoras, consideraram como categoria 1 as respostas que
envolviam aspectos que não fossem o foco central dos erros, isto é, apenas a leitura
do gráfico, e como categoria 2, se o aluno percebia pelo menos um dos erros.
Categoria Descrição
0 Nenhum acerto ou não respondeu
1
Respostas que envolvem aspectos que não são o foco central dos erros, por exemplo, a falta de título ou fonte da figura. Acertou apenas um dos erros (soma era superior a 100% ou o setor de 61% corresponde visualmente a menos que 50%)
2 Acertou apenas um dos erros (soma era superior a 100% ou o setor de 61% corresponde visualmente a menos que 50%).
3 Acertou os dois erros
Quadro 11 Descrição das categorias da terceira questão
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 15.
74
Tabela 15 Número de respostas da terceira questão dos pré e pós-testes estatístico de
acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2 3
0 68 7 20 2 97 1 3 3 1 0 7
2 30 5 31 2 68
3 1 0 2 0 3
Total 102 15 54 4 175
Analisando os resultados da tabela 15 verifica-se que a maioria dos alunos
não conseguiu identificar nenhum erro no gráfico apresentado e que
aproximadamente 28% dos alunos foram capazes de identificar pelo menos um erro.
Uma provável justificativa para a dificuldade na interpretação desta questão,
por parte dos alunos, pode ser a exploração maior de exercícios que envolva leitura
e interpretação de gráfico de setores em detrimento da sua construção. Outra
possível explicação para estes resultados é que muitas vezes os alunos não estão
habituados a pensar na leitura como contraexemplo, uma vez que os exercícios
apresentam situações em que a relação entre o ângulo e a porcentagem está
correta.
Verificando novamente os resultados da tabela 15, observa-se que 5,4%,
26,0% e 2,0% das respostas dos alunos no pré ou pós-teste classificadas nas
categorias 1, 2 e 3, podem ser associadas, respectivamente, aos níveis de
letramento estatístico informal, inconsistente e crítico, segundo a descrição dos
estágios de desenvolvimento propostos por Watson (2006) (quadro 3, p.46),. Para
Watson (2006), o aluno no nível de letramento estatístico denominado inconsistente,
para questões envolvendo representação de dados consegue apenas fazer uma
leitura parcial do gráfico, e no nível crítico, comenta características gráficas pouco
usuais, que é o caso dessa questão.
75
Quarta questão
A quarta questão foi apresentada no estudo de Watson e Callingham (2004)14,
realizado com 673 alunos do 5º ao 9º ano e 1º ano do ensino médio, sendo
subdivida em duas partes: questões 4.1 e 4.2. O contexto envolvido eram dois
dotplot representando a envergadura dos braços de alunos de duas escolas,
denominadas A e B. Essas questões exigiam do aluno a leitura dos gráficos -
questão 4.1 e o conhecimento do conceito de variabilidade - questão 4.2 (Figura 6).
Esta mesma questão foi aplicada por Almeida (2010), com 376 alunos do 6º
ao 9º anos do estado de São Paulo.
Envergadura dos braços (cm)- Escola B
145 147 149 151 153 155 157 159 161 163 165
Envergadura dos braços (cm) - Escola A
145 147 149 151 153 155 157 159 161 163 165
Figura 6. Dotplot da envergadura dos braços de alunos das escolas A e B apresentados na
quarta questão
Na questão 4.1 o aluno devia determinar a quantidade de alunos com
envergadura dos braços em 156 cm em cada escola. Na questão 4.2, a pergunta era
qual o gráfico (escola A ou escola B) apresentava maior variabilidade da
envergadura dos braços dos alunos, sendo solicitado também uma justificativa para
sua escolha.
Para a questão 4.1 as respostas foram classificadas em três categorias 0, 1 e
2 (Quadro 12). Vale salientar que foi feita uma adaptação da proposta de Watson e
Callingham (2004), com a inserção de uma nova categoria para separar os alunos
14
No estudo de Watson e Callingham (2004) foram utilizados gráficos de barras e a variável em estudo era altura dos alunos das duas escolas.
76
que indicaram apenas uma resposta correta dos que informaram os dois valores
corretos.
Categoria Descrição
0 Resposta em branco, não soube responder ou os dois valores incorretos.
1 Um dos valores corretos: A = 9 ou B = 10.
2 Os dois valores corretos, A = 9 e B = 10.
Quadro 12 Descrição das categorias da questão 4.1
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 16
Tabela 16 Número de respostas da questão 4.1 dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2
0 20 1 24 4
1 3 2 3 8
2 37 6 79 122
Total 60 9 106 175
Analisando os resultados apresentados na tabela 16 verifica-se que a maioria
dos alunos conseguiu mencionar as duas respostas certas, tanto no pré como no
pós-teste, o que era um resultado esperado uma vez que a questão envolvia apenas
a leitura simples dos gráficos. Ressalta-se que no caso do dotplot a determinação do
número de alunos para cada valor de envergadura fica ainda mais evidente, pois
existe uma equivalência direta com o número de pontos.
Destaca-se, que dentre as respostas na categoria 0 ou 1, algumas consideram
que para a escola A o número de estudantes com envergadura de 156 cm era de
8,5, o que demonstra que esses alunos fizeram uma leitura completamente
equivocada do gráfico, pois não pode existir um número de alunos não inteiro no
contexto de um dotplot.
Para a questão 4.2 as respostas foram classificadas em cinco categorias 0, 1,
2, 3 e 4, de acordo com categorização de Watson e Callingham (2004), para essa
mesma questão. A descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos
tanto do artigo de Watson e Callingham (2004) como deste estudo, podem ser
observados no Quadro 13.
77
Categoria Descrição Exemplos de pesquisas Exemplos deste estudo
0 Sem justificativa
Erro na leitura dos dados ou do enunciado, argumentos sem justificativa
“Há mais pessoas na escola A”
“Escola B, porque tem mais alunos”
Aparência do gráfico e preferência pessoal
“Escola A, mais fácil para ver qual é mais alto”
“Escola A, porque o gráfico é maior”; “Escola B, por que vai de 5 em 5”
Escola B, porque contém o maior número de bolinhas.
Foco no conteúdo dos dados
“Escola A, mais pessoas são maiores”
Porque tem mais alunos em vários tamanhos
1 Aplicação errada de variabilidade e foco na altura média
“Escola A, muitas pessoas estão em torno da mesma altura naquela escola”
“Escola A, porque tem mais alunos com envergadura de 156 cm”
2 Foco no número das barras individuais, sem levar em consideração o que elas representam
“Escola A, porque o gráfico na escola A mostra mais barras”
“Escola A, porque tem muito mais volume do que B”,
Foco no tamanho das barras individuais, sem levar em consideração o que elas representam
“Escola B, porque os estudantes são todos de alturas diferentes”
Escola B, porque podemos ver pelo gráfico que ele não segue uma reta padrão, há momentos onde é baixo e outros que é alto.
3 Menciona implicitamente o valor da amplitude/diferença das alturas
“Escola A, porque eles têm pelo menos uma pessoa em várias alturas, exceto em 147 cm”
“Escola A, porque as envergaduras dos braços são variadas, tem até 165 cm”
4 Menciona explicitamente o valor da amplitude/dispersão e/ou a variedade das alturas (espalhamento)
“Escola A, tem mais de cada altura. Escola B, tem muitos de uma”
Escola A, porque em todos os resultados de envergadura existe um tanto de aluno, permitindo uma maior variedade de alunos.
Quadro 13: Descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos, tanto das pesquisas de Watson e Callingham (2004) como desse estudo para a questão 4.2
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 17.
78
Tabela 17 Número de respostas da questão 4.2 dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2 3 4
0 84 2 5 3 9 103 1 1 0 0 0 1 2
2 35 1 1 1 6 44
3 10 0 1 0 4 15
4 9 1 1 0 0 11
Total 139 4 8 4 20 175
Analisando os resultados apresentados na tabela 17 é possível perceber a
predominância de respostas na categoria 0, o que pode ser reflexo da falta de
conhecimento e/ou entendimento dos alunos do termo variabilidade, como
apresentado nos resultados do questionário de perfil (Figura 3, p.64), em que
apenas 6% dos alunos responderam que conheciam ou seriam capaz de interpretar
os termos “variância” e “desvio padrão”. Vale ressaltar que se fosse solicitada
somente a escolha da escola; no pré-teste 50% dos alunos teriam acertado (escola
A), enquanto que no pós-teste estes acertos seriam de 51,7%.
Para este estudo observa-se que 14,5%; 5,4% e 8,8% das respostas dos
alunos no pré ou pós-teste classificadas nas categorias 2, 3 e 4, podem ser
associadas, respectivamente, aos níveis de letramento estatístico, informal,
consistente não-crítico e crítico, segundo a descrição dos estágios de
desenvolvimento propostos por Watson (2006) para o tópico de variação, como pode
ser observado no quadro 7, (p.49). De acordo com Watson (2006), por exemplo, no
nível crítico o aluno pôde perceber mudanças nos dados ao longo do tempo ou
reconhecer explicitamente a variação do aspecto visual do gráfico.
Estes resultados reforçam a necessidade de que seja trabalhado, mesmo que
de forma intuitiva (informal) o conceito de variabilidade considerando que Wild e
Pfannkuch (1999) consideram variação como um dos componentes do pensamento
estatístico. Para Garfield e Ben-zvi (2005) a variabilidade deve ser enfatizada em
todo ensino de Estatística, desde as primeiras séries, por meio de atividades que
vise: desafiar os estudantes a discutir sobre os conjuntos de dados; o que exigirá
que os estudantes descubram o conceito de variabilidade e levando-os assim a fazer
e testar conjecturas.
79
Quinta questão
A quinta questão foi apresentada no estudo de Watson e Callingham (2003),
aplicado a 745 alunos do 3º, 5º, 7º e 9º ano, e aborda os conceitos de aleatoriedade,
amostra e métodos representativos do processo de amostragem; sendo modificado
apenas o contexto. A situação apresentada é uma classe que queria arrecadar
dinheiro para um passeio ao Playcenter, por meio da venda de rifas, mas antes
disso os alunos desta classe deveriam estimar quantos alunos da escola inteira
comprariam um bilhete da rifa e decidiram fazer uma pesquisa para obter uma
primeira estimativa, neste problema a escola tinha 600 estudantes da 1ª a 6ª série,
sendo 100 alunos em cada série. As questões apresentadas no teste eram: com
quantos alunos você faria a pesquisa? Como você os escolheria?
Em 2004, essas mesmas pesquisadoras Watson e Callingham publicaram o
resultado de um estudo realizado com 673 alunos do 5º ao 9º ano e 1º ano do
ensino médio. Almeida (2010) aplicou também essa mesma questão com 376 alunos
do 6º ao 9º anos do estado de São Paulo.
Neste estudo, para a análise desta questão, as respostas foram classificadas
em quatro categorias 0, 1, 2, e 3 adaptadas das categorias propostas por Watson e
Callingham (2003, 2004). A descrição das categorias e os exemplos de respostas
dos alunos tanto dos artigos supracitados como desse estudo, podem ser
observados no Quadro 14.
80
Categoria Descrição Exemplos de artigos Exemplos deste estudo
0 Resposta em branco ou não soube responder
Não sei
*Resposta incoerente “700, eu escolheria os melhores da sala”; 700 eu escolheria 85”
Erro de interpretação (venda dos bilhetes)
“Eu devo vender o bilhete da rifa para todos na classe”
“100, porque daí venderia menos rifas”
1 População inteira “Todos os alunos”; “Tomar 100 de cada sala”
“600, de 1ª a 6ª série, em cada série tinha 100 alunos”
Somente a amostra, nenhum método
“Eu devo pesquisar 30 pessoas”; “Eu devo pesquisar 300 alunos, porque é metade de 600”
“10 alunos de cada série”
“Escolheria os alunos da 5º a 6º série”
Método somente, nenhuma amostra
“Colocar o nome dos alunos num chapéu”; “Você deve escolher os bons alunos”
“Fazendo uma prova os melhores participariam.”
Métodos não representativos
“Eu devo pesquisar 10 alunos de cada sala. Eu devo escolher os alunos mais ricos da sala”; “20 pessoas de cada classe da 4ª a 6ª série, selecionados aleatoriamente no computador”
“250 alunos, 100 alunos da 1ª série, 50 alunos da 4ª série e 100 alunos da 6ª série”.
2 Métodos representativos (nenhum mecanismo aleatório)
“Eu devo pesquisar 60 estudantes, 10 de cada sala, tomando 5 meninos e 5 meninas”; “Eu devo escolher 50 meninos e 50 meninas”
“300, 50 alunos de cada série”
3 Métodos aleatórios “Colocar o nome de todos os 600 alunos ao mesmo tempo dentro de um chapéu e retirar 65 nomes”
fazendo um sorteio entre os alunos de cada sala
Métodos e representatividade aleatória
“Provavelmente 10 de cada sala, eu devo escolher sorteando os nomes usando um chapéu”; “300 estudantes, 50 alunos de cada sala escolhidos aleatoriamente”
“300 alunos escolhidos aleatoriamente” (9º ano)
Eu escolheria 33 alunos de cada sala e mais 2 aleatoriamente.
*A descrição das categorias de respostas foi adaptada dos trabalhos de Watson e Callingham (2003, 2004).
Quadro 14: Descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos tanto dos artigos de Watson e Callingham (2003, 2004) como desse estudo para a quinta questão
81
Os métodos não representativos apresentados nas respostas para a escolha
dos alunos foi o mais diversificado possível, como por exemplo, os mais inteligentes,
os menos bagunceiros, os que gostam de vídeo game, os mais espertos, pelo
comportamento, entre outros.
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 18.
Tabela 18 Número de respostas da questão 5 dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2 3
0 44 30 8 2 84
1 29 22 10 0 61
2 15 3 7 0 25
3 2 1 2 0 5
Total 90 56 27 2 175
Analisando os resultados da tabela 18 verifica-se que a maioria dos alunos
não souberam responder. Uma possível explicação para o baixo desempenho nesta
questão pode ser encontrada nas respostas dadas à questão sobre quais termos
estatísticos os alunos conheciam e seriam capazes de interpretar, 17,9%
assinalaram o termo amostra e apenas 3% o termo amostragem.
Neste estudo observa-se que 27,1%; 12,8% e 2,0% das respostas dos alunos
no pré ou pós-teste foram classificadas respectivamente nas categorias 1, 2 e 3,
podendo ser associadas, aos níveis de letramento estatístico, informal, inconsistente
e matematicamente crítico, segundo a descrição dos estágios de desenvolvimento
propostos por Watson (2006) para o tópico de amostragem, como pode ser
observado no quadro 2, (p.45).
De acordo com Watson (2006), para questões que envolvem o tópico de
amostragem, o aluno no nível de letramento estatístico matematicamente crítico
consegue detectar duas falhas no método proposto, sugerir dois métodos aleatórios
diferentes de amostragem, identificar a representatividade ou não representatividade
de uma amostra.
Estes resultados revelam a necessidade premente dos professores
trabalharem o tópico de amostragem desde o Ensino Fundamental II, já que de
acordo com Ben-zvi, Makar, Bakker, Aridor (2011) a Estatística nos permite tirar
82
conclusões a partir de amostras, mesmo que sejam com inferências informais.
Makar e Rubin (2009) caracterizam inferência estatística informal, como uma
conclusão generalizada expressa com um grau de incerteza e comprovadas apenas
com os dados disponíveis.
Reforçando a inserção do tópico de amostragem ainda na escola básica, Ben-
zvi, Makar, Bakker, Aridor (2011) desenvolveram um trabalho com alunos do 5º ano
sobre amostragem utilizando o Tinkerplots para estudar um banco de dados com 33
variáveis e 270 sujeitos. Neste estudo, os alunos elaboraram hipóteses e as
testaram com diferentes tamanhos de amostras, iniciando a investigação com 8
sujeitos, depois 30, 90 e finalmente os 270. Inicialmente as conclusões dos alunos
oscilaram entre determinísticas e relativistas, mas no final do estudo as respostas já
eram bem mais consistentes.
Sexta questão
A sexta questão aborda os conceitos de média e desvio padrão no contexto
de uma representação gráfica, para tanto, são apresentados dois gráficos de barras
com as notas de Língua Portuguesa das turmas A e B, com o objetivo de comparar o
desempenho das duas turmas. Salienta-se que os dois gráficos de barras tinham
formato idêntico, sendo espelhados, isto é, o gráfico da turma B está mais deslocado
para à direita no eixo horizontal, representando então que essa turma tem nota
média maior que a turma A, mas com o mesmo desvio padrão (Figura 7). Del Mas e
Liu (2005) utilizaram, em seus estudos sobre a concepção de 12 estudantes
universitários acerca do conceito de desvio padrão, diferentes atividades envolvendo
esse tipo de gráfico espelhado.
Figura 7. Histogramas apresentados na sexta questão do teste estatístico
83
A partir da análise do gráfico, o aluno tinha que analisar a(s) afirmativa(s) que
estavam corretas dentre as seguintes opções: (I) As notas médias das duas turmas
são iguais; (II) O desvio padrão da turma B é maior que o da turma A; (III) A nota
média da turma B é maior que a da turma A, e (IV) O desvio padrão das notas é
igual para as duas turmas; e em seguida escolher entre as 5 alternativas qual delas
continha as afirmativas corretas, além disso a escolha tinha que ser justificada.
As respostas obtidas nessa questão foram classificadas em quatro categorias
0, 1, 2, e 3. A descrição das categorias, bem como os exemplos de respostas dos
alunos podem ser observados no Quadro 15.
Categoria Descrição Exemplo
0
- Alternativas B e D com qualquer justificativa - Alternativas A, C ou E com justificativa inconsistente ou sem justificativa - Não responderam
Alternativa B, com a seguinte justificativa: porque eles já são iguais. Alternativa C, com a seguinte justificativa: possuem a maior nota.
1 Alternativa E, com justificativa considerando a afirmativa III (as médias são iguais) como verdadeira
As notas da turma B são maiores. A turma B tem maior nota que a turma A, o desvio é igualado.
2 Alternativa A, com justificativa considerando a resposta IV (os desvios padrões são iguais)
A mesma quantidade de alunos para os valores de notas são de médias diferentes, porém de mesmo desvio padrão.
3 Alternativas C com justificativa consistente
O desvio padrão é igual, pois o mesmo número de alunos acertaram determinadas notas, o que muda são os valores.
Quadro 15: Descrição das categorias e os exemplos de respostas dos alunos para a sexta questão
O número de respostas por categoria desta questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 19.
Tabela 19 Número de respostas da questão 6 dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1 2 3
0 117 9 1 2 129
1 23 3 2 0 28
2 0 0 1 1 2
3 14 2 0 0 16
Total 154 14 4 3 175
84
Analisando as respostas apresentadas na tabela 19, observa-se que a
maioria dos alunos não conseguiu avaliar corretamente o gráfico, tanto no pré como
no pós-teste, ressaltando que houve um aumento significativo do número de alunos
na categoria 0 no teste aplicado pós-teste, fato que pode ser observado em outras
questões. Outro aspecto importante é que no pré-teste 16 alunos conseguiram
responder corretamente, relacionando o desvio padrão e a média das duas turmas,
já na aplicação do pós-teste apenas três alunos foram capazes de fazer tal relação.
Analisando a tabela 19, observa-se que 11,1% ; 1,4% e 5,4% das respostas
dos alunos no pré ou pós-teste foram classificadas respectivamente nas categorias
1, 2 e 3, podendo ser associadas, aos níveis de letramento estatístico,
idiossincrático, crítico e matematicamente crítico, segundo a descrição dos estágios
de desenvolvimento propostos por Watson (2006) para o tópico de variação, como
pode ser observado no quadro 7, (p. 49).
Questão similar foi aplicada no estudo de Kataoka, Silva, Vendramini e
Cazorla,(2011), em que foi apresentado, a 1343 universitários de diversos cursos, (já
apresentados na primeira questão), um gráfico de barras emparelhadas para o aluno
comparar a variabilidade entre o número de livros lidos por meninas e meninos de
uma escola X durante um semestre. A resposta esperada era escolher a alternativa
que informava que a variação era praticamente a mesma nos dois grupos. As
respostas foram classificadas em 3 categorias (0, 1 e 2), sendo que 49% dos alunos
não responderam ou observaram apenas alguma medida de tendência central
(categoria 0).
Sétima questão
A sétima questão foi retirada do estudo de Mayén, Cobo, Batanero e Balderas
(2007) e aborda os conceitos de média e mediana no contexto de uma
representação gráfica. É apresentado um gráfico de barras relacionando os meses
do ano com o número de sanduíches vendidos por uma empresa durante 6 meses
(Figura 8). A partir da análise deste gráfico, são feitas duas perguntas: qual é o valor
aproximado do número médio de sanduíches vendidos por mês? e qual é o valor
aproximado da mediana do número de sanduíches vendidos no mês?
85
Figura 8 Gáficos de barras apresentado na sétima questão do teste estatístico
As respostas obtidas nessa questão foram classificadas em três categorias 0, 1 e
2 de acordo com leitura realizada pelo aluno e se foram interpretadas apenas uma
medida, ou as duas (Quadro 16).
Categoria Descrição
0 Resposta incoerente ou não respondeu.
1 Apenas 1 resposta correta – Média 26.500 ou Mediana 18.500
2 Duas respostas correta - – Média 26.500 e Mediana 18.500
Quadro 16: Descrição das categorias para a sétima questão
Ressalta-se que foram consideradas também como respostas corretas
valores de mediana de 18.000 a 20.000 e de média de 26.000 a 28.000, uma vez
que a escala do eixo y (número de sanduíches) variava de 10.000 em 10.000
unidades, deixando uma margem de dúvida do valor exato de sanduíches vendidos
num determinado mês.
O número de respostas por categoria dessa questão, obtidas no pré e pós-
testes podem ser observadas na tabela 20.
Tabela 20 Número de respostas da questão 7 dos pré e pós-testes estatístico de acordo com as categorias estabelecidas
Categorias pré Categorias pós
Total 0 1
0 143 9 152
1 17 4 21
2 2 0 2
Total 162 13 175
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Nú
mero
de s
an
du
ích
es
Meses
86
Analisando as respostas apresentadas na tabela 20 é possível perceber que a
maioria dos alunos não calculou nenhuma das medidas. Houve também uma
redução do número de alunos que conseguiram determinar pelo menos uma das
medidas, passando de 23 no pré-teste, para 13 no pós-teste.
As respostas classificadas na categoria 1 (8,5%) no pré ou pós-teste podem
ser associadas ao níveis de letramento estatístico consistente e não-crítico, segundo
a descrição dos estágios de desenvolvimento propostos por Watson (2006) para o
tópico de medida de tendência central, por relacionar apenas uma das medidas de
tendência central (Quadro 4, p.47).
Esta mesma questão foi objeto de estudo de Mayén et al. (2007) com 125
alunos mexicanos do curso de bacharelado com idades entre 17 e 18 anos e 144
alunos espanhóis do nível secundário com idades entre 15 e 16 anos.
Para o cálculo da média, o percentual de acertos foi de 35% dos alunos
mexicanos e 67% dos alunos espanhóis, já para a mediana, os percentuais foram
respectivamente 17% e 26%. Segundo estes pesquisadores a dificuldade
apresentada pelos alunos, principalmente para a mediana, pode estar relacionada
com a leitura de um gráfico envolvendo uma série temporal, e que a variável
números de sanduíches está definida no eixo y, e não no eixo x que é o mais usual,
ou ainda pelo fato dos dados não estarem agrupados.
No presente estudo, entende-se que o aluno da 3ª série do Ensino Médio
deve ter conhecimento que os valores da mediana e da média podem não coincidir
com os dados e que o cálculo da média e da mediana são operações internas, e que
seus valores podem não coincidir com os dados.
Estes resultados indicam que este tipo de gráfico deve ser mais explorado,
pelos professores, por meio da leitura e interpretação de contas de água e de luz,
que geralmente apresentam um histórico de consumo mensal, remetendo assim o
aluno a situações mais próximas do seu cotidiano.
Análise global
Comparando de forma global os resultados dos pré e pós-testes, observamos
que para a maioria das questões, as respostas dos alunos ou se mantiveram na
mesma categoria ou tiveram suas respostas classificadas em categorias inferiores.
Esses resultados foram totalmente inesperados, uma vez que por hipótese
87
esperava-se que após a vivência do conteúdo estatístico indicado pelo Currículo
Oficial do Estado de São Paulo (2010a), por meio da resolução das situações de
aprendizagem 1 e 2 do Caderno 4os alunos teriam maior embasamento teórico e
argumentos para responder as questões e justificar suas respostas.
Levantamos algumas hipóteses que podem auxiliar na explicação destes
resultados:
Antes de trabalhar com Estatística os alunos estariam utilizando um raciocínio
mais informal para responder as questões, que de fato é uma das
características deste teste estatístico.
Depois de terem vivenciado as situações de aprendizagem 1 e 2 do Caderno
4, conforme combinado com os professores, os estudantes podem ter tentado
utilizar os algoritmos e conceitos supostamente aprendidos, usando então
recursos mais formais para responder as questões. Vale relembrar que alguns
destes conceitos foram apontados como já estudados anteriormente no
período da Educação básica, como mostra o gráfico na figura 3 (p.64).
O número previsto (8 horas aula) para as aulas para trabalhar com as
situações 1 e 2 do Caderno de atividades pode não ter sido suficiente para a
atender a necessidade e possíveis dificuldades do aluno.
A alteração da metodologia de ensino durante o percurso da Educação
Básica, com a implantação dos Cadernos de atividades a partir de 2010 em
detrimento do uso dos livros didáticos; leva a pensar sobre o aluno não ter
ainda se habituado ao tipo de abordagem desse material.
Se estas hipóteses estiverem corretas, pode ter havido uma falha na
aprendizagem dos conceitos matemáticos envolvidos nas questões, como por
exemplo: o cálculo de medidas de tendência central com a presença de outliers;
comparação de ângulos e graus como na questão três; leitura dos dados presentes
no dotplot quando informaram o número inteiro de pessoas com valores decimais
(quarta questão); leitura e interpretação de gráficos de linhas e colunas (cálculo da
média e mediana).
Quanto à apuração destas hipóteses, apontamos como uma falha desse
estudo, não termos selecionados alguns alunos e entrevistá-los para tentar atender
melhor o que ocorreu para as diferenças ocorridas entre os resultados do pré e do
pós-teste.
88
6.2.2 Teoria de resposta ao item
Pré-teste
Com as respostas categorizadas do pré-teste, foi utilizado o modelo de
créditos parciais de Rasch para a avaliação dos dados. Os resultados indicaram que
os índices de dificuldade das 8 questões variaram de -2,31 a 1,38 (Média (M) = 0,00;
Desvio Padrão (DP = 1,02) e os índices de desajuste ao modelo de Rasch Infit e
Outfit ficaram dentro dos limites aceitáveis (0,5 a 1,5), bem como a correlação que
para todas as questões foi superior a 0,2 (Tabela 21). A questão com maior índice
de dificuldade foi a sétima questão que se referia ao cálculo da média e da mediana
no contexto de um gráfico de barras com eixo temporal, e a questão com menor
índice de dificuldade foi a questão 4.1 que exigia apenas a leitura simples de valores
de envergadura nos dotplot.
Tabela 21 Propriedades psicométricas das questões do pré-teste estatístico por ordem decrescente de índice de dificuldade
Questão Índice de dificuldade Infit Outfit Correlação
7 1,38 0,93 0,84 0,31 2 1,02 1,07 1,06 0,25 3 0,18 1,15 1,16 0,52 5 0,02 0,96 1,01 0,54 6 -0,08 0,81 0,79 0,47
4.2 -0,10 1,08 1,22 0,50 1 -0,12 1,03 1,04 0,45
4.1 -2,31 0,94 0,83 0,76
O nível de habilidade dos 175 sujeitos desta pesquisa variou de -2,84 a 0,55
(M = -1,04; DP = 0.70) indicando que o nível de dificuldade do pré-teste (M = 0.00;
DP = 1,02) estava acima do nível de habilidade das pessoas. Para o cálculo dos
índices de dificuldade e habilidade foram desconsideradas 26 pessoas com valores
extremos de habilidade.
Os índices de confiabilidade de separação das questões e das pessoas foram
considerados respectivamente bom e mediano, indicando que as repostas dadas
pelos alunos às questões descrevem parcialmente o construto letramento estatístico;
além disso, que as questões do pré-teste são relativamente apropriadas à amostra
de estudantes que participaram da pesquisa (Tabela 22).
89
Tabela 22 Índices de confiabilidade e medidas de ajuste dos 8 itens do pré-teste
Índice Valores
Confiabilidade dos pontos de separação das questões 0,98 Confiabilidade dos pontos de separação das pessoas 0,54 Média quadrática do INFIT das questões 1,00 (DP=0,10) Média quadrática do INFIT das pessoas 1,02 (DP=0,65) Alfa de Cronbach 0,59
Ainda, tomando como base os resultados da Tabela 21, observa-se que a
média quadrática do Infit, tanto das pessoas como das questões, ficaram próximos
de 1, o que, de acordo com Linacre (2009), indica que não existe dependência dos
dados e tampouco presença de outliers. Já o Alfa de Cronbach é mediano, o que
segundo esse mesmo autor, mostra que existe uma probabilidade mediana de que
pessoas (ou itens) estimadas com altas medidas, de fato têm mais altas medidas do
que pessoas (ou itens) estimadas com baixas medidas.
A variância explicada pelo modelo foi de 71,3%, podendo ser considerada
boa, por ser um valor acima do ideal que é 60%. Todos os cinco contrastes tiveram
autovalor abaixo de 2,0. Esses resultados, associados aos já apresentados,
reforçam a constatação de que a escala é predominante unidimensional, e, por
conseguinte, que as questões do pré-teste estão medindo o construto letramento
estatístico no que se refere aos conteúdos abordados nesse estudo. Esses
resultados sugerem que as questões do teste formam uma escala unidimensional
hierárquica, e que o instrumento apresenta uma consistência interna mediana.
Foi possível analisar, também, os índices de dificuldade de cada categoria
das questões e que está sendo representada pelo número da questão seguida do
valor da categoria e denominado de item. Por exemplo, 1.2, que corresponde a
questão 1 e resposta classificada como categoria 2, (Tabela 23).
90
Tabela 23 Ordem de dificuldade por categoria das questões (item) do pré-teste de acordo com o logito
Au
me
nto
dific
uld
ad
e
Item* Logito
Au
me
nto
da d
ific
uld
ad
e
Item Logito
4.0 -2,99 8.2 0,29
6.0 -2,10 7.3 -0,15
3.0 -2,01 7.2 -0,27
1.0 -1,90 6.3 -0,37
5.0 -1,85 5.4 -0,41
7.0 -1,78 2.2 -0,41
8.0 -1,59 3.3 -0,43
2.0 -1,57 6.2 -0,45
4.1 -1,35 5.3 -0.50
6.1 -1,05 1.1 -0,51
4.2 -0,91 8.1 -0,62
1.2 -0,84 5.2 -0,63
3.1 -,083 7.1 -0,74
2.1 -0,80 3.2 -0,77 * Nessa tabela lê-se questão 4 como questão 4.1, questão 5 como 4.2, questão 6 como 5, questão 7 como 6 e questão 8 como 7.
Os maiores índicies de dificuldade foram encontrados para a categoria 2 da
sétima questão (8.2), categorias 2 e 3 da sexta questão (7.3 e 7.2) e a categoria 3
da quinta questão (6.3).
Pós-teste
Com as respostas categorizadas do pós-teste, foi utilizado o modelo de
créditos parciais de Rasch para a avaliação dos dados. Os resultados indicaram que
os índices de dificuldade das 8 questões variaram de -2,59 a 1,21 (M = 0,00; DP=
1,07) e os índices de desajuste ao modelo de Rasch Infit e Outfit ficaram dentro dos
limites aceitáveis (0,5 a 1,5), bem como a correlação que para todas as questões foi
superior a 0,2 (Tabela 24).
Da mesma forma que no pré-teste a questão com maior índice de dificuldade
foi a sétima questão e a de menor índice a questão 4.1, mudando apenas os valores
que passaram de 1,38 para 1,21 e de -2,31 para -2,59, respectivamente.
91
Tabela 24 Propriedades psicométricas das questões do pós-teste estatístico por ordem decrescente de índice de dificuldade
Questão Índice de dificuldade Infit Outfit Correlação
7 1,21 1,07 1,13 0,20 2 0,71 0,96 0,61 0,31 6 0,56 1,01 1,41 0,31
4.2 0,20 0,86 0,69 0,52 5 0,10 1,20 1,25 0,57 1 -0,07 1,00 0,96 0,52 3 0,13 0,89 0,90 0,68
4.1 -2,59 0,95 0,81 0,83
O nível de habilidade dos 175 sujeitos desta pesquisa variou de -3,11 a 0,47
(M = -1,26; DP = 0,85) indicando que o nível de dificuldade do pós-teste (M = 0.00;
DP = 1,07) estava acima do nível de habilidade das pessoas. Para o cálculo dos
índices de dificuldade e habilidade foram desconsideradas 43 pessoas com valores
extremos de habilidade.
Os índices de confiabilidade de separação das questões e das pessoas foram
considerados medianos, indicando que as repostas dadas pelos alunos às questões
descrevem parcialmente o construto letramento estatístico; além disso, que as
questões do pós-teste são relativamente apropriadas à amostra de estudantes que
participaram da pesquisa (Tabela 25).
Tabela 25 Índices de confiabilidade e medidas de ajuste dos 8 itens do pós-teste
Índice Valores
Confiabilidade dos pontos de separação das questões 0,97 Confiabilidade dos pontos de separação das pessoas 0,53 Média quadrática do INFIT das questões 0,99 (DP=0,10) Média quadrática do INFIT das pessoas 0,99 (DP=0,74) Alfa de Cronbach 0,65
Ainda, tomando como base os resultados da Tabela 24, observa-se que a
média quadrática do Infit, tanto das pessoas como das questões, ficaram próximos
de 1 e o Alfa de Cronbach é mediano.
A variância explicada pelo modelo foi de 80,4%, podendo ser considerada
boa. Todos os cinco contrastes tiveram autovalor abaixo de 2,0. Esses resultados,
associados aos já apresentados, reforçam a constatação de que o pós-teste é
predominante unidimensional, e, por conseguinte, que suas questões estão medindo
o construto letramento estatístico no que se refere aos conteúdos abordados nesse
estudo. Esses resultados sugerem que as questões do pós-teste formam uma
92
escala unidimensional hierárquica, e que o instrumento apresenta uma consistência
interna mediana.
Foi possível analisar, também, os índices de dificuldade de cada categoria
das questões (Tabela 26).
Tabela 26 Ordem de dificuldade por categoria das questões do pós-teste de acordo com o logito
Au
me
nto
dific
uld
ad
e
Item Logit
Au
me
nto
da d
ific
uld
ad
e
Item Logit
4.0 -3,59 5.4 0,01
3.0 -2,79 3.3 -0,19
6.0 -2,79 7.3 -0,20
1.0 -2,50 2.2 -0,31
5.0 -2,33 2.1 -0,40
7.0 -2,14 5.3 -0,44
2.0 -2,10 5.2 -0,50
8.0 -2,04 1.1 -0,67
5.1 -1,66 7.1 -0,71
6.2 -1,26 6.1 -0,77
6.1 -1,22 3.2 -0,78
3.1 -1,02 1.2 -0,80
4.2 -1,00 7.2 -0,82
8.1 -0,96 5.1 -0,86 * Nessa tabela lê-se questão 4 como questão 4.1, questão 5 como 4.2, questão 6 como 5, questão 7 como 6 e questão 8 como 7.
Os maiores indicies de dificuldade foram encontrados para a categoria 4 da
questão 4.2 (5.4), categoria 3 da terceira questão e a categoria 3 da sexta questão
(7.3).
6.3 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA Análise Fatorial
A escala de atitudes em relação à Matemática utilizada neste estudo foi
proposta por Brito (1996) e composta de 20 proposições, sendo 10 positivas e 10
negativas com quatro possibilidades de respostas: discordo fortemente, discordo,
concordo e concordo fortemente, sendo atribuída pontuação de 1 a 4 para as
afirmativas positivas e de 4 a 1 para as afirmativas negativas. Assim, a pontuação
desta escala poderia variar de 20 a 80, sendo que 20 seria um indivíduo com atitude
muito negativa em relação a matemática e 80 um indivíduo com atitude muito
93
positiva. Nesta aplicação a pontuação variou de 22 a 76, com média de 52,56 e
desvio padrão de 11,22. A escolha da utilização desta escala neste estudo se deu
pelo fato de que, a mesma já foi validada para alunos do ensino fundamental e
médio e aplicada em diversos estudos anteriores apresentando altos níveis de
confiabilidade, demonstrando uma ótima consistência interna.
Para descrever a estrutura de dependência dos itens da escala foi realizada a
análise fatorial, que indicou a formação de duas dimensões. A primeira dimensão
ficou composta por 10 itens: 3, 4, 5, 9, 11, 14, 15, 18, 19 e 20, todos relacionados
com aspectos afetivos de atitudes positivas, sendo então denominada de afetiva
positiva, e a segunda também com 10 itens 1, 2, 6, 7, 8, 10, 12, 13, 16 e 17 sendo
todos negativos, nomeada de afetiva negativa. Esses resultados estão em
consonância com as dimensões definidas por Brito (1998). Essas duas dimensões
responderam por 57,34% da variância total, sendo a primeira dimensão responsável
por 46,43%, indicando também a dominância desse fator nessa escala.
O valor do coeficiente de confiabilidade alfa Cronbach foi igual a 0,9380, o
que indica uma alta consistência interna da escala. Valores similares foram
encontrados também por Brito (1998) e por Silva (2000), 0,9494 e 0,9537,
respectivamente.
Análise Descritiva
Os percentuais de respostas para cada uma das dimensões de acordo com
as possibilidades de respostas podem ser observados nas tabelas 27 e 28.
94
Tabela 27. Percentual de respostas para os itens da dimensão afetiva positiva da escala atitudes em relação à Matemática
Questão DF D C CF
3 - Eu acho a Matemática muito interessante e gosto das aulas de Matemática.
8,0 27,4 50,9 13,7
4 – A Matemática é fascinante e divertida. 18,9 44,0 29,7 7,4
5 - A Matemática me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, estimulante.
13,7 40,6 38,3 7,4
9 – O sentimento que tenho com relação à Matemática é bom. 8,0 24,6 57,1 10,3
11 - A Matemática é algo que eu aprecio grandemente. 10,9 34,3 40,0 14,9
14 – Eu gosto realmente da Matemática. 18,3 36,6 36,0 9,1
15 - A Matemática é uma das matérias que eu realmente gosto de estudar na faculdade
22,9 49,7 21,1 6,3
18 – Eu fico mais feliz na aula de Matemática que na aula de qualquer outra matéria.
21,1 50,3 24,0 4,6
19 – Eu me sinto tranqüilo(a) em Matemática e gosto muito dessa matéria.
12,6 41,7 37,7 8,0
20 – Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Matemática. Eu gosto e aprecio essa matéria.
13,1 36,0 41,1 9,7
95
Tabela 28. Percentual de respostas para os itens da dimensão afetiva negativa da escala atitudes em relação à Matemática
Questão DF D C CF
1- Eu fico sempre sob uma terrível tensão na aula de Matemática.
24,6 46,9 22,3 6,3
2 - Eu não gosto de Matemática e me assusta ter que fazer essa matéria.
30,9 50,3 14,9 4,0
6 - "Dá um branco" na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando estudo Matemática.
13,7 42,9 30,3 13,1
7 – Eu tenho sensação de insegurança quando me esforço em Matemática.
18,9 47,4 27,4 6,3
8 - A Matemática me deixa inquieto(a), descontente, irritado(a) e impaciente.
24,0 46,9 22,3 6,9
10 - A Matemática me faz sentir como se estivesse perdido(a) em uma selva de números e sem encontrar a saída. 29,7 41,7 19,4 9,1
12 - Quando eu ouço a palavra Matemática, eu tenho um sentimento de aversão.
13,1 60,0 24,0 2,9
13 - Eu encaro a Matemática com um sentimento de indecisão, que é resultado do medo de não ser capaz em Matemática.
20,6 48,0 27,4 4,0
16 - Pensar sobre a obrigação de resolver um problema estatístico me deixa nervoso(a).
13,1 45,7 32,0 9,1
17 - Eu nunca gostei de Matemática e é a matéria que me dá mais medo.
28,0 50,3 15,4 6,3
Analisando os resultados apresentados nas tabelas 27 e 28, verifica-se que a
maioria dos alunos gostam da matemática considerando-a muito interessante e
apreciam essa matéria grandemente, uma vez que, respectivamente, 64,6% e
54,95% dos respondentes concordam ou concordam fortemente com estas
afirmações, fato que pode ser observado também analisando os resultados
apresentados na tabela 28, em que 81,2% e 78,3% discordam fortemente ou
discordam, respectivamente das afirmações “eu não gosto de Matemática e me
assusta ter que fazer essa matéria”; e “eu nunca gostei de Matemática e é a matéria
que me dá mais medo”.
Embora, a maioria dos alunos afirme gostar da Matemática, os mesmos não
encaram esta disciplina como uma matéria fascinante e divertida, ou mesmo se
sentem felizes ou tranquilos nas aulas, uma vez que, respectivamente, 66,9%,
96
64,3% e 54,3% dos alunos responderam que discordam fortemente ou discordam
destas afirmações.
Em contrapartida, mesmo que os alunos não se sintam confortáveis nas
aulas, tal fato não é predominante para que os mesmos fiquem sob uma terrível
tensão, descontentes, perdidos, com sentimentos de aversão ou mesmo com
sentimento de indecisão, uma vez que, respectivamente, 70,5%, 70,9%, 71,4%,
73,1% e 68,6% responderam que discordam fortemente ou discordam dessas
afirmativas.
Em síntese, esses resultados parecem indicar que as atitudes desses alunos
em relação à Matemática tendem a ser mais positivas do que negativas, uma vez
que a pontuação média da escala foi igual a 52,56 (pontuação maior que o ponto
médio), e apesar dos alunos não se sentirem felizes ou tranquilos, eles gostam da
matemática e não se sentem perdidos, descontentes, sob forte tensão ou com
aversão à disciplina
6.4 ESCALA DE ATITUDES EM RELAÇÃO À ESTATÍSTICA
Essa seção direciona-se as análises da primeira e segunda aplicação da
escala de atitudes em relação à Estatística para o ensino médio (EAEEM), separadas
em: análise fatorial, comparações entre as duas aplicações, relações com o
questionário de perfil, relações entre o teste estatístico e as relações com a escala
de atitudes em relação à Matemática.
6.4.1 Análise fatorial Primeira aplicação
Para definir a composição final da escala e suas dimensões na primeira
aplicação - antes dos alunos vivenciarem os conceitos estatísticos- foram
necessárias 6 rodadas da análise fatorial. A retirada de alguns itens, a cada rodada,
foi baseada nos valores baixos de MSA e/ou pela fraca correlação entre as
dimensões, conforme justificativas apresentados na tabela 40 no Apêndice H.
Após serem retirados os itens 2, 3, 13, 14, 19, 21, 23, 26, 30, foi obtido um
valor de KMO igual a 0,872, o que, de acordo com Kaiser e Rice (1974), pode ser
97
considerado ótimo. Outra medida utilizada para avaliar a viabilidade da análise
fatorial foi o MSA, que variou de 0,707 a 0,948, sendo valores considerados de
mediano para alto, o que, de acordo com Barroso e Artes (2003), indicam que uma
dada variável pode ser explicada pelas demais, e, por conseguinte, que nenhuma
variável deve ser retirada da análise. O coeficiente alfa de Cronbach geral foi de
0,876, o que mostra uma consistência interna mediana da escala.
De acordo com a análise fatorial dos 21 itens restantes, foram determinadas
quatro dimensões para a escala (tabela 29).
Tabela 29 – Dimensões da escala determinadas pela Análise Fatorial na aplicação antes da vivência dos conceitos estatísticos
Dimensão Item positivo Item Negativo Porcentagem de variância explicada
1 01,06,09,10,11,22,28 - 30,41
2 - 04,05,08,12,20,25,29 43,92
3 - 15,17,27 50,48
4 07,16,18,24 - 56,44
O agrupamento formado pelas questões 01, 06, 09, 10, 11, 22 e 28, na
dimensão 1 correspondem a uma dimensão afetiva positiva. A dimensão afetiva foi
definida por Auzmendi (1992) e por Cazorla, Vendramini e Brito (1999) como sendo
sentimentos positivos ou negativos (agradável ou desagradável) relacionados à
Estatística, e aspectos de ansiedade com relação a capacidade de resolver
problemas. Ressalta-se que o item 1 é considerado na escala “Actitud hacia la
Estatística (EAEa)” de Auzmendi (1992) como sendo um item da dimensão valor, e
uma possível explicação para que o mesmo tenha se agrupado na dimensão afetiva,
advém do fato de ser uma afirmativa que relaciona aspectos pessoais e de
sentimento agradável em relação à Estatística, como pode ser observado na
descrição do item “eu gostaria de ter um emprego no qual tivesse que usar a
Estatística”.
A dimensão 2 também é composta de itens que correspondem a uma
dimensão afetiva, porém negativa, com exceção dos itens 8 e 12 classificados como
cognitivos na escala “Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS)” de Schau et
al.(1995), mas que possivelmente se agruparam com a dimensão afetiva por
estarem relacionadas a sentimentos pessoais desagradáveis: “eu não tenho
98
nenhuma ideia do que é Estatística” e “ eu sinto dificuldade de entender os conceitos
de Estatística”
A dimensão 3 foi composta pelos itens 15, 17 e 27, sendo que 17 e 27 são
oriundos da escala “Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS)” de Schau et
al.(1995), classificados na dimensão dificuldade, definida como sendo a percepção
da dificuldade da Estatística como um assunto (conteúdo), e o item 15 é classificada
como cognitiva na concepção deste mesmo autor. Uma possível explicação para
que esse item 15 tenha se agrupado com os outros dois itens na dimensão valor, é
que a questão está relacionada com uma dificuldade pessoal, que levam a erros de
cálculos em Estatística: “eu cometo muitos erros de cálculo em Estatística”
A dimensão 4 é composto pelos itens 7, 16, 18 e 24, denominada como
dimensão valor, pelo fato de que todos os itens que a compõem foram classificados
nessa dimensão pelos autores Wise (1985) e Schau et al.(1995) referindo-se a
apreciação da relevância, utilidade e valor da Estatística para a vida pessoal e
profissional.
Segunda aplicação
Para definir a composição final da escala e suas dimensões na segunda
aplicação - antes dos alunos vivenciarem os conceitos estatísticos- foram
necessárias 8 rodadas da análise fatorial. A retirada de alguns itens, a cada rodada,
foi baseada nos valores baixos de MSA e/ou pela fraca correlação entre as
dimensões, conforme justificativas apresentados na tabela 41 no Apêndice I.
O valor de KMO encontrado após a eliminação dos itens 2, 3, 7, 13, 14, 16,
18, 21, 24, 30 foi de 0,813, o que, de acordo com Kaiser e Rice (1974), pode ser
considerado ótimo. Outra medida utilizada para avaliar a viabilidade da análise
fatorial foi o MSA, que variou de 0,754 a 0,893, valores que podem ser considerados
de mediano para alto. O coeficiente alfa de Cronbach geral foi de 0,844, o que
mostra uma consistência interna mediana da escala.
De acordo com a análise fatorial dos 20 itens restantes, foram determinadas
quatro dimensões para a escala (tabela 30).
99
Tabela 30 – Dimensões da escala determinadas pela Análise Fatorial na aplicação depois da vivência do conceitos estatísticos
Dimensão Item positivo Item Negativo Porcentagem de variância explicada 1 - 04,05,08,12,15,20,29 25,77
2 01,06,09,10,11,22,28 - 42,92
3 - 17,23,25,27 50,03
4 19,26 - 55,30
Analisando os dados apresentados na tabela 30 pode-se perceber o
agrupamento muito similar das dimensões 1 e 2, quando comparada a primeira e
segunda aplicação da escala, havendo diferença apenas nas dimensões 3 e 4.
A dimensão 3 composta pelos itens 17, 23, 25, 27 foi classificada como
dificuldade negativa, apesar dos itens 23 e 25 serem classificados respectivamente
como valor na escala “Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS)” de Schau et
al.(1995) e afetiva na escala de atitudes em relação à estatística (EAEc) de Cazorla,
Vendramini e Brito (1999). Uma possível justificativa para que esses dois itens
tenham se agrupado com os outros dois de dificuldade é que são afirmativas
relacionadas a percepção da dificuldade em relação a Estatística.
A dimensão 4 ficou composta pelos itens 19 e 26 adaptados da escala
“Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS)” de Schau et al.(1995), ambos
classificados na dimensão dificuldade positiva .
Embora as dimensões das escalas aplicadas antes e depois sejam bastante
similares, podemos destacar a existência de alguns itens não comuns: 7, 16, 18, 24
retirados na segunda aplicação, mas mantidos na primeira, e 19, 23 e 26 retiradas
na primeira aplicação, mas mantidos na segunda.
Os itens mantidos apenas na primeira aplicação estavam relacionadas com o
valor e a importância da Estatística, já os itens que ficaram somente na segunda
aplicação referem-se a dificuldade em relação a Estatística. Essa inversão de
dimensões pode ter ocorrido pelo fato de que os alunos antes de trabalharem os
conceitos estatísticos no caderno 4 provavelmente relacionavam este conteúdo
apenas com o seu cotidiano, no que tange as informações divulgadas nos meios de
comunicação, como por exemplo, pesquisas eleitorais, previsões do tempo, entre
outros, mostrando realmente o valor da Estatística, fazendo com que a escala na
primeira aplicação ficasse mais correlacionada com questões dessa dimensão. Além
disso, é possível que a abordagem desse conteúdo nas séries anteriores tenha sido
100
feito apenas no contexto de construção de gráficos, tabelas, ou mesmo cálculos de
média simples.
Na segunda aplicação, após a vivência da Estatística, os alunos podem tê-la
relacionada predominantemente à dificuldade, talvez pelo fato de que para trabalhar
este conteúdo os mesmos tiveram que entender os conceitos e algoritmos mais
complexos como, por exemplo, o calculo da média ponderada e desvio padrão,
fazendo com que a escala ficasse mais correlacionada com aspectos de dificuldade
em relação à Estatística.
Contudo, deve se ressaltar que esta predominância de uma dimensão em
detrimento da outra nas duas aplicações não significa que os alunos deixaram tanto
de considerar o valor da Estatística, e nem tampouco deixarem de avaliar as
dificuldades relacionadas a esse conteúdo, como podemos observar nos percentuais
de respostas para cada um desses itens de acordo com as possibilidades de
respostas apresentadas nas tabelas 31 e 32.
Tabela 31. Percentual das respostas para as questões da escala de atitudes em relação à
Estatística retiradas na segunda aplicação (2A) e mantidas na primeira (1A)
Item e descrição da questão DF D C CF
1A 2A 1A 2A 1A 2ª 1A 2A
7 – As pessoas se tornam “consumidores” mais efetivos de resultados de pesquisas se tiverem alguma formação em Estatística
3,4 5,7 34,9 36,6 53,7 51,4 8,0 6,3
16 – O pensamento estatístico pode ter um papel bem útil no dia a dia.
3,4 5,1 18,3 20,0 61,7 59,4 16,6 15,4
18 – Eu utilizo a Estatística no meu dia-a-dia 16,0 10,9 45,1 36,0 36,6 49,7 2,3 3,4
24 – Eu sinto que a Estatística será útil para a minha vida 4,0 8,0 25,7 27,4 60,6 51,4 9,7 13,1
101
Tabela 32. Percentual das respostas para as questões da escala de atitudes em relação à
Estatística retiradas na primeira aplicação (1A) e mantidas na segunda (2A)
Item e descrição da questão DF D C CF
1A 2A 1A 2A 1A 2ª 1A 2A
19 - A Estatística é uma matéria que a maioria das pessoas aprende rapidamente
13,7 14,3 54,3 37,1 29,7 44,6 2,3 4,0
23 - *As conclusões de Estatística raramente aparecem no dia-a-dia 12,0 16,0 48,0 44,6 36,6 33,7 3,4 5,7
26 – As fórmulas de Estatística são fáceis de entender 9,7 12,0 62,3 40,0 26,3 41,1 1,7 6,9
* Afirmativas negativas
6.4.2 Comparações entre as escalas da primeira e segunda aplicações
Nessa seção será apresentada uma análise descritiva comparativa entre a
escala da primeira aplicação e a escala da segunda aplicação, bem como os
resultados do teste t pareado e o teste de correlação entre as duas escalas.
Ressalta-se que para a obtenção desses resultados estão sendo considerados
apenas os itens comuns as duas escalas após a análise fatorial, o que
correspondem a um total de 17 itens.
Análise Descritiva
Os percentuais das respostas para cada um dos itens das duas escalas
(primeira aplicação – 1A e segunda aplicação – 2A) de acordo com as possibilidades
de respostas podem ser observados nas tabelas 33, 34 e 35, respectivamente para
as dimensões afetiva positiva, afetiva negativa e dificuldade.
102
Tabela 33. Percentual das respostas para os itens comuns da escala atitudes em relação à
Estatística da dimensão afetiva positiva, para as duas aplicações
Questão DF D C CF
1A 2A 1A 2A 1A 2ª 1A 2A
1 – Eu gostaria de ter um emprego no qual tivesse que usar Estatística 25,7 25,1 52,6 34,9 18,3 36,0 3,4 4,0
6 - A Estatística é uma das partes da matemática que eu realmente gosto de estudar
9,7 16,6 60,0 40,0 27,4 39,4 2,9 4,0
9 - A Estatística me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, estimulante
14,9 10,9 59,4 48,6 24,6 37,1 1,1 3,4
10 - Utilizar a Estatística é um entretenimento para mim
14,3 16,0 60,6 44,0 24,6 38,3 0,6 1,7
11 - Eu acho divertido falar sobre Estatística com outras pessoas
20,0 17,1 50,3 44,0 27,4 33,1 2,3 5,7
22 - A Estatística é agradável e estimulante para mim
12,0 13,7 54,9 47,4 32,6 34,9 0,6 4,0
28 - Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Estatística.
10,3 10,3 50,3 42,9 38,3 42,3 1,1 4,6
Tabela 34. Percentual das respostas para os itens comuns da escala atitudes em relação à
Estatística da dimensão afetiva negativa, para as duas aplicações
Questão DF D C CF
1ª 2A 1A 2A 1A 2ª 1A 2A
4 - Eu me sinto frustrado(a) quando eu estou fazendo provas de Estatística em sala de aula
8,6 6,9 53,7 24,0 33,1 53,7 4,6 15,4
5 - Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que estudar essa matéria
12,0 18,9 56,6 52,0 26,9 22,3 4,6 6,9
8 - Eu não tenho nenhuma idéia do que é Estatística 19,4 26,3 57,1 52,6 15,4 14,9 8,0 6,3
12 - Eu sinto dificuldades de entender os conceitos da Estatística
6,9 16,0 48,6 42,3 38,9 31,4 5,71 10,3
20 - Eu me sinto inseguro(a) quando tenho que resolver problemas de Estatística
5,7 14,9 53,1 45,7 34,3 32,0 6,9 7,4
29 - Eu fico estressado(a) na aula que é ensinado Estatística
9,1 13,1 57,7 48,6 26,9 28,6 6,3 9,7
103
Tabela 35. Percentual das respostas para os itens comuns da escala atitudes em relação à
Estatística da dimensão dificuldade, para as duas aplicações
Questão DF D C CF
1A 2A 1A 2A 1A 2ª 1A 2ª
17 - *A Estatística envolve cálculos enormes
5,1 10,3 42,9 35,4 42,9 45,7 9,1 8,6
27 - *A Estatística é uma matéria complicada
6,9 11,4 40,6 39,4 40,6 42,9 12 6,3
* Afirmativas negativas.
Analisando os resultados apresentados na tabela 33, verifica-se uma queda
de 18,3%, 13,1%, 14,8% e 14,9% entre os alunos que discordam ou discordam
fortemente, respectivamente, de que gostaria de ter um emprego que usasse a
Estatística (item 1), que a Estatística é uma das partes da matemática que mais
gosta (item 6); que o faz sentir seguro (item 9) ou mesmo que é um entretenimento
(item 10). Contudo, apesar dessa redução nos percentuais entre a primeira e
segunda aplicações, observa-se que ainda a maioria dos alunos se concentra entre
essas duas possibilidades de respostas: discordo ou discordo fortemente, indicando
uma tendência a atitudes mais negativas em relação aos aspectos envolvidos
nesses itens. Esta redução ocorreu também para os itens 11, 22 e 28, mas com
menor intensidade.
Por outro lado, analisando os resultados da tabela 34, e 35 percebe-se que a
maioria dos alunos discordam ou discordam fortemente que não gostam de
Estatística (item 5); de que não têm idéia do que ela seja (item 8), que sentem
dificuldade (item 12), que se sentem inseguros (item 20), que ficam estressados
(item 29) e que é uma matéria complicada (item 27), indicando uma tendência a
atitudes mais positivas em relação aos aspectos envolvidos nesses itens .
Outro detalhe a ser ressaltado, é a mudança de atitudes em relação a se
sentir frustrado ao fazer provas de Estatística, havendo um aumento de 31,4% dos
alunos que concordam ou concordam fortemente com esta afirmação, revelando um
fato que pode ser explicado devido o fato dos mesmos não estarem acostumados
e/ou mesmo lembrados de fazerem avaliações de Estatística nas séries escolares
anteriores. Este aumento foi observado também no item 17, que a Estatística
envolve cálculos enormes, mas com menor intensidade, apenas 2,3%.
104
Teste t pareado
A pontuação desta escala com 17 itens poderia variar de 17 a 68 com ponto
médio de 42,5, sendo que 17 seria um indivíduo com atitude muito negativa em
relação à Estatística e 68 um indivíduo com atitude muito positiva, na primeira
aplicação a pontuação variou de 19 a 60, com média de 41,11 e desvio padrão de
7,09, já na segunda aplicação a pontuação variou de 20 a 59 com pontuação média
de 42,85 de desvio padrão de 7,05.
Aplicando o teste t pareado para verificar se existia diferença significativa
entre as duas médias, foi encontrado um valor de t(174)= 3,006 e p= 0,003, podendo
assim afirmar que a pontuação média é maior após a vivência dos conceitos
estatísticos, indicando que houve uma mudança de atitude com tendência positiva.
Outro fato a destacar, é que a média da pontuação da escala na segunda aplicação
foi um pouco maior que o ponto médio entre a pontuação mínima e máxima,
evidenciando que as atitudes destes alunos são levemente mais positivas do que
negativas.
Teste de Correlação
De acordo com o resultado do teste de correlação de Pearson (t(173) = 6,418,
p < 0,001) é possível afirmar que existe uma mediana correlação linear positiva
(r = 0,4385) entre a pontuação geral da escala de atitudes em relação à Estatística
aplicada e depois da vivência dos conceitos estatísticos (Figura 9), indicando que
nem todos os alunos mantiveram suas respostas, quer seja uma mudança na
intensidade das respostas (por exemplo, passado apenas de discordo fortemente
para discordo) ou da tendência (por exemplo, passado de discordo para concordo).
105
Figura 9 : Gráfico de dispersão para a pontuação da escala de atitudes em relação à Estatística da aplicada antes da vivência dos conceitos estatísticos em função da pontuação da escala de atitudes em relação à Estatística aplicada depois
6.4.3 Teoria de resposta ao item: escala da segunda aplicação
Foi utilizado o modelo de créditos parciais de Rasch para a avaliação dos 20
itens da escala de atitudes da segunda aplicação. Os resultados indicaram que os
índices de aderência ao construto atitudes variaram de -0,81 a 0,81 (M = 0,00; DP=
0,47) e os índices de desajuste ao modelo de Rasch Infit e Outfit ficaram dentro dos
limites aceitáveis (0,5 a 1,5), bem como a correlação que para todas as questões foi
superior a 0,2 (Tabela 36).
Os itens da escala com maiores graus de aderência são de afirmativas
positivas, associadas às dimensões de afetividade e dificuldade determinadas pela
análise fatorial. Esses resultados revelam que há uma tendência maior dos alunos
para atitudes positivas do que negativas.
106
Tabela 36 Propriedades psicométricas dos itens da escala de atitudes da segunda aplicação por ordem decrescente de índice de aderência
Dimensão na análise fatorial
Questão Índice de aderência
Infit Outfit Correlação
Afetiva positiva 10 0,81 1,07 1,07 0,42 Afetiva positiva 01 0,71 0,93 0,92 0,55 Afetiva positiva 06 0,51 0,94 0,91 0,53 Afetiva positiva 22 0,45 0,89 0,87 0,57
Dificuldade positiva 19 0,42 1,12 1,10 0,42 Afetiva positiva 11 0,42 1,10 1,08 0,42 Afetiva positiva 09 0,40 1,07 1,07 0,41 Afetiva positiva 28 0,25 0,99 0,98 0,49|
Dificuldade positiva 26 0,16 0,96 -0,95 0,53 Afetiva negativa 15 0,10 0,89 0,88 0,57
Dificuldade negativa 17 -0,13 1,08 1,08 0,43 Afetiva negativa 29 -.0,24 1,01 1,01 0,51 Afetiva negativa 12 -.0,28 0,85 0,83 0,63
Dificuldade negativa 27 -.0,33 0,95 1,00 0,53 Afetiva negativa 20 -.0,38 0,97 0,99 0,53 Afetiva negativa 04 -.0,45 1,03 1,02 0,50
Dificuldade negativa 25 -.0,49 0,83 0,82 0,64 Dificuldade negativa 23 -.0,55 1,13 1,16 0,41
Afetiva negativa 05 -.0,58 1,06 1,05 0,49 Afetiva negativa 08 -.0,81 1,22 1,24 0,42
Os índices de confiabilidade de separação dos itens e das pessoas foram
considerados bons, indicando que as repostas dadas pelos alunos aos itens
descrevem satisfatoriamente o construto atitude; além disso, que os itens são
apropriadas à amostra de estudantes que participaram da pesquisa (Tabela 37).
Tabela 37 Índices de confiabilidade e medidas de ajuste dos itens da escala de atitudes
Índice Valores
Confiabilidade dos pontos de separação das questões 0,94 Confiabilidade dos pontos de separação das pessoas 0,85 Média quadrática do INFIT das questões 1,00 (0,10) Média quadrática do INFIT das pessoas 1,00 (0,70) Alfa de Cronbach 0,84
Ainda, tomando como base os resultados da Tabela 36, observa-se que a
média quadrática do Infit, tanto das pessoas como dos itens, são iguais a 1,0 e o
Alfa de Cronbach pode ser considerado bom. Esses resultados sugerem que os
itens formam uma escala unidimensional hierárquica, e que o instrumento apresenta
uma boa consistência interna.
107
A variância explicada pelo modelo foi de 37,2%, podendo ser considerada
razoável, já que o valor é inferior ao desejável que é de 60%. Com exceção do
primeiro contraste, todos os demais tiveram autovalor abaixo de 2,0.
Pelos resultados globais das medidas de confiabilidade há uma indicação que
essa escala seja unidimensional, e apresenta evidências de validade (consistência
interna satisfatória e valores de infit e outfit adequados), e, por conseguinte, que os
seus itens estão medindo o construto atitude. Entretanto, como a variância explicada
ficou abaixo de 60% (indicando não ser um bom ajuste dos dados ao modelo de
Rasch), novos estudos devem ser realizados visando uma revisão dos itens, a busca
por outras evidências de validade, e, por conseguinte, o aperfeiçoamento desse
instrumento psicométrico; que poderá auxiliar a diagnosticar as atitudes em relação
à Estatística dos alunos do 3º ano do ensino médio.
6.4.4 Relação entre o questionário de perfil e a escala da segunda aplicação
Para avaliar a relação entre a pontuação geral da escala de atitudes em
relação à Estatística da segunda aplicação e sete variáveis levantadas no
questionário foram utilizados testes t ou F (ANOVA), sendo que os resultados podem
ser observados na Tabela 38.
108
Tabela 38: Descrição das categorias das sete variáveis do questionário de perfil e os resultados dos testes F ou t de Student
Variável Categorias Resultado do teste Médias¹
Sentimento Sentimento positivo em relação à Estatística (1), sentimento de indiferença (2), sentimento negativo (3) e aspectos não relacionados a sentimentos (4)
F(3,147) = 1,348 p = 0,261
M1 = 52,43 M2 = 49,25 M3 = 49,61 M4 = 50,76
Idéia Ideia de conteúdo matemático ou estatístico (1), idéia afetiva (2), processo mental (3), ideia de estudos (4) e outros (5)
F(2,153) = 3,558 p = 0,031
M1 = 51,16 ab M2 = 46,78 b M3,4,5 = 51,48 a
Trabalho Trabalha (1), não trabalha (2), estou procurando emprego (3).
F(2,179) = 0,020 p=0,363
M1 = 50,60 M2 = 49,23 M3 = 51,78
Importância Nada importante (1), pouco importante (2), importante (3), muito importante (4).
F(2,166) = 4,203 p=0,017
M1,2 = 46,91 b M3 = 51,37 a M4 = 50,14 ab
Período Manhã (1), Noite (2). t(173) = -1,266 p = 0,207
M1 = 49,07 M2 = 50,82
Gênero Masculino (1), Feminino (2) t(173) = 2,974 p = 0,003
M1 = 52,18 a M2 = 48,66 b
Estudou Sim (1), Não (2). t(162) = 0,869 p = 0,386
M1 = 51,14 M2 = 50,09
¹ Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de
significância de 5%
Analisando os resultados apresentados na tabela 38, verifica-se que existem
diferenças significativas entre as pontuações médias, apenas quanto à ideia em
relação à Estatística, importância atribuída a Estatística e ao gênero. Quanto à ideia,
as atitudes daqueles que associaram a Estatística a processo mental, a ideia de
estudo e outros são mais positivas do que aqueles que pensavam na Estatística com
uma ideia afetiva.
Em relação à importância, as atitudes dos alunos que consideram a
Estatística importante são mais positivas do que aqueles que a consideram pouco
ou nada importante. No que se refere ao gênero, as atitudes dos homens são mais
positivas do que as das mulheres, resultados antagônicos foram encontrados por
Silva, Cazorla e Brito (1999).
109
6.4.5 Relação entre o teste estatístico e a escala da segunda aplicação
Para avaliar a relação entre a pontuação geral da escala de atitudes em
relação à Estatística da segunda aplicação e as categorias dos testes estatísticos
aplicados antes e depois da vivência dos conceitos estatísticos foram utilizados
testes t ou F (ANOVA), sendo que os resultados podem ser observados na Tabela
39.
Vale salientar que não foram feitas análises para a segunda e sexta questões
do teste estatístico depois da vivência dos conceitos estatísticos, porque o
percentual de respostas na categoria 0 foi muito alto, respectivamente, 91,43% e
86,29%, não fazendo sentido comparar a pontuação média dessa categoria com as
demais. Além disso, para a maioria das questões algumas categorias de respostas
foram eliminadas antes das análises por apresentarem um baixo número de
respondentes, como por exemplo, na questão 4.1 do teste 1 em que o teste t foi
realizado considerando apenas as categorias 0 e 2.
110
Tabela 39. Teste t e F para comparação entre média da escala de atitudes em relação à Estatística com os testes Estatístico aplicados antes e depois da vivência do conteúdo
Questão Resultado do teste Médias¹
T1 – Antes t(153) = 3,238
p = 0,001
M0 = 49,16 b
M1 = 53,61 a
T1 – Depois t(160) = 1,520
p=0,131
M0 = 49,94
M1 = 52,18
T2 – Antes t(169) = 0,487
p=0,627
M0 = 50,17
M1 = 51,10
T3 – Antes t(169) = 0,381
p = 0,704
M0 = 50,14
M1 = 50,63
T3 – Depois t(168) = 1,973
p = 0,050
M0 = 49,26
M1 = 51,76
T4.1 – Antes t(165) = 0,706
p = 0,481
M0 = 49,57
M2 = 50,58
T4.1 – Depois t(163) = 2,471
p = 0,015
M0 = 48,17 b
M2 = 51,38 a
T4.2 – Antes t(147) = 0,097
p = 0,923
M0 = 50,33
M2 = 50,49
T4.2 – Depois t(159) = 1,893
p=0,06
M0 = 49,73
M2 = 52,96
T5 – Antes
F(2,167) = 2,198
p = 0,114
M0 = 49,43
M1 = 50,56
M2 = 53,24
T5 – Depois
F(2,170) = 2,584
p = 0,078
M0 = 49,43 b
M1 = 50,32 ab
M2 = 53,40 a
T6 – Antes
F(2,170) = 5,337
p = 0,006
M0 = 49,26 b
M1 = 52,79 ab
M3 = 54,94 a
T7 – Antes t(171) = 0,700
p = 0,485
M0 = 50,16
M1 = 51,48
T7 – Depois t(173) = 3,149
p = 0,002
M0 = 49,84 b
M1 = 56,92 a
¹ Médias seguidas de mesma letra minúsculas diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de
significância de 5%
111
Analisando os resultados da tabela 39, percebe-se que existem diferenças
significativas nas pontuações médias da escala de acordo com as categorias das
questões T1 e T6 do teste estatístico aplicado antes da vivência dos conteúdos
previstos, e das questões T4.1, T5 e T7 para o teste estatístico aplicado depois da
vivência dos conteúdos previstos, apresentando uma tendência a atitudes mais
positivas para os alunos com respostas classificadas nas categorias maiores.
Embora não tenhamos encontrado diferenças significativas das atitudes em
todas as questões do teste estatístico, verifica-se que em todas as questões, quanto
maior era a categoria em que a resposta do aluno foi classificada, maior foi a
pontuação média na escala, parecendo indicar que quanto melhor for o
entendimento da questão por parte do aluno, mais positivas são suas atitudes em
relação à Estatística, fato este que pode ser observado em várias outros estudos
como, por exemplo, no estudo de Silva, Cazorla e Brito (1999).
6.4.6 Relação entre a escala de Matemática e a escala de Estatística De acordo com o resultado do teste de correlação de Pearson (t(173) = 6,495,
p < 0,001) pode se afirmar que existe uma mediana correlação linear positiva (r =
0,4427) entre a pontuação geral da primeira aplicação da escala de atitudes em
relação à Estatística e a pontuação geral da escala de atitudes em relação à
Matemática, como pode ser observado na figura 10
Figura 10 : Gráfico de dispersão para a pontuação da escala de atitudes em relação à Estatística aplicada antes da vivência dos conceitos estatísticos em função da pontuação da escala de atitudes em relação à Matemática
112
Essa correlação linear positiva é ainda mais baixa ( r = 0,28, t(173) = 3,903 e p
< 0,001) quando comparada a pontuação geral da segunda aplicação da escala de
atitudes em relação à Estatística e a pontuação geral da escala de atitudes em
relação à Matemática (Figura 11)
Figura 11 : Gráfico de dispersão para a pontuação da escala de atitudes em relação à Estatística aplicada depois da vivência dos conceitos estatísticos em função da pontuação da escala de atitudes em relação à Matemática.
Esses resultados indicam que não necessariamente os alunos que tem
atitudes mais negativas ou mais positivas em Matemática também o terão em
relação à Estatística, contrapondo aos resultados obtidos em outros estudos, como
por exemplo, o de Silva (2000), que ao comparar as atitudes em relação à
Matemática e à Estatística de alunos universitários do estado de São Paulo,
encontrou forte correlação positiva, implicando que quanto maior eram as atitudes
em relação à Matemática, maior eram também em relação à Estatística.
113
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na atualidade o grande avanço tecnológico e a crescente divulgação de
informações com tratamento estatístico nos diversos meios de comunicação
demandam do cidadão um maior conhecimento de vários conceitos estatísticos, e
que de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), já devem ser
trabalhados na escola desde as séries iniciais e retomados a cada ciclo.
Nesse processo de ensino e aprendizagem de Estatística no âmbito escolar, o
professor deve estar atento não apenas com os aspectos cognitivos envolvidos, mas
também com os aspectos afetivos, conforme indicam o próprio documento do PCN.
Como esses aspectos afetivos: sentimentos, atitudes, emoções, são construtos ou
traços latentes, uma das formas de avaliá-los são por meio de escalas, na sua
maioria do tipo likert. No caso específico para avaliar as atitudes dos alunos em
relação à Estatística, todas as escalas propostas até o presente momento, estão
direcionados ao ensino superior.
Diante desse panorama, as minhas motivações para o desenvolvimento
desse estudo estão pautadas: no reconhecimento a importância da Estatística para
o cotidiano, na demanda da sua abordagem ainda na escola, e na falta de uma
escala que possa avaliar as atitudes dos alunos do terceiro ano do ensino médio em
relação a esse conteúdo, e que culminaram com o seguinte objetivo geral: propor,
avaliar e validar, uma escala de atitudes em relação à Estatística para o ensino
médio (EAEEM).
A proposta inicial da EAEEM, era composta de 30 itens de quatro escalas de
atitudes, sendo 5 itens da escala Atittudes Toward Statistics (ATS), 4 da Actitud
hacia la Estadistica (EAEa), 7 da Escala de atitudes em relação à estatística (EAEc)
e 15 da Survey of Attitudes Toward Statistics (SATS), contemplando 4 dimensões:
valor, afetiva, cognitiva e dificuldade. Durante o estudo esta escala foi aplicada a 175
alunos do terceiro do ensino médio em dois momentos, tanto para verificar possíveis
mudanças de atitudes dos mesmos antes e depois da vivência dos conceitos
estatísticos, como para comparar se as dimensões que seriam definidas pela
Análise Fatorial se manteriam as mesmas, e por conseguinte, se haveria alguma(s)
114
dimensão(ões) que explicasse(m) predominantemente as atitudes de alunos de
terceiro ano do ensino médio.
Tanto na primeira, quanto na segunda aplicação a análise fatorial
confirmatória realizada com todos os itens apontou baixa correlação entre as
dimensões e baixos níveis de confiabilidade, sendo então necessário a eliminação
de alguns itens. Na primeira e segunda aplicação foram eliminados respectivamente
9 e 10 itens, sendo que após a eliminação destes itens, restaram 17 itens comuns
entre as duas escalas, formando então uma composição final, contemplando três
dimensões: afetiva positiva: afetiva negativa e dificuldade negativa.
Com a composição de 17 itens foi possível realizar a comparação da
pontuação média das duas aplicações, verificando-se que a pontuação média maior
na segunda aplicação foi estatisticamente maior do que a média da primeira, nos
levando a concluir que houve uma mudança positiva de atitudes em relação à
Estatística após a vivência dos conceitos estatísticos, apresentando também uma
tendência mais positiva na segunda aplicação, visto que a média ficou maior que o
ponto médio entre a pontuação mínima e máxima.
Após essa comparação entre as duas escalas, para todas as demais análises
foram mantidas apenas a escala da segunda aplicação, que como dito, ficou
composta por 20 itens e divididos em 4 dimensões, duas associadas aos aspectos
afetivos (uma positiva e outra negativa) duas relacionadas a dificuldade uma positiva
e uma negativa).
Na comparação entre a pontuação das escalas de atitudes em relação à
Estatística e de Matemática, não foi possivel estabelecer relações diretas entre as
duas, o que significa dizer que, não necessariamente os alunos que possuem
atitudes mais negativas ou positivas em Matemática também a terão em relação à
Estatística e vice e versa.
Quanto aos resultados encontrados no questionário de perfil, ressaltamos o
resultado em que foi identificado uma diferença significativa entre a pontuação
média da escala dos que consideram a Estatística nada importante e os que a
consideram importante, sendo maior para o segundo grupo.
A análise do teste estatístico mostrou que os alunos apresentaram dificuldades
para responder questões que abordavam medidas de tendência central;
interpretação de gráficos, margem de erro e intervalo de confiança, bem como a
interpretação de ângulos num gráfico de setores. Os resultados da TRI revelaram
115
que o nível de dificuldade dos dois testes estatísticos foi maior que o nível de
habilidade dos alunos, e que as duas questões com maiores índices de dificuldade
abordavam a determinação da média e da mediana no contexto de um gráfico com
eixo temporal (sétima questão), e a interpretação da margem de erro para tomada
de decisões no contexto de resultados de seis pesquisas eleitorais, envolvendo
quatro candidatos, com resultados apresentados por gráfico de linhas (segunda
questão).
Comparando os resultados dos pré e pós-testes, observamos que para a
maioria das questões, as respostas dos alunos ou foram classificadas na mesma
categoria ou em categorias inferiores. Esses resultados podem estar associados ao
fato que antes de trabalhar com Estatística os alunos poderiam estar utilizando um
raciocínio mais informal para responder as questões, que de fato é uma das
características desse teste estatístico, e já na segunda aplicação, após a vivência
dos conceitos estatísticos, os mesmos poderiam ter feito uso de algoritmos na
resolução do teste, provocando alguns equívocos.
.Outro aspecto, dos resultados do teste estatístico, a ser mencionado é que na
maioria das questões as respostas (tanto no pré como no pós-teste) foram
classificadas nas categorias 0 ou 1, indicando que os alunos não demonstraram
possuir o nível de letramento estatístico esperado para esta fase de estudos, apesar
das atividades desenvolvidas no caderno 4 do Currículo Oficial de São Paulo (2010).
Quanto à comparação dos resultados do teste estatístico com a escala, os
resultados reveleram que apesar de, não terem sido encontradas diferenças
significativas entre as pontuações médias das escalas de acordo com as categorias
de respostas para todas as questões do teste estatístico, observou-se que quanto
maior era a categoria em que a resposta do aluno foi classificada, maior foi a
pontuação média na escala, parecendo indicar que quanto melhor for o
entendimento da questão por parte do aluno, mais positivas são suas atitudes em
relação à Estatística, fato este que pode ser observado em várias outros estudos
como, por exemplo, no estudo de Silva, Cazorla e Brito (1999).
Devemos ressaltar ainda que uma dificuldade encontrada neste estudo, foi o
baixo índice de devolução do TCLE assinado, fazendo com que reduzíssemos o
número da amostra de 383 pra 175. Além dessa dificuldade, reconhecemos uma
falha nesta pesquisa, de não ter realizado entrevistas com alguns alunos, afim de
116
investigar a causa da diferença entre os resultados no teste estatístico antes e
depois da vivência dos conceitos, mas que podem ser indicações para trabalhos
futuros.
Embora a prosposta deste trabalho seja uma escala composta por 20 itens
(composição da segunda aplicação), fazemos indicações para futuros trabalhos de
aplicações desta escala com os 17 itens comuns entre as duas aplicações, ou
mesmo com 25 itens, excluindo apenas aqueles retirados simultaneamente nas duas
escalas (2,3,13,14,30).
Essas nossas indicações para que no futuro sejam testadas escalas com
números diferentes de itens, advém dos resultados encontrados pela TRI, que
indicaram que essa escala com 20 itens era unidimensional, e que apresentou
evidências de validade (consistência interna satisfatória e valores de infit e outfit
adequados), e, por conseguinte, que os seus itens estão medindo o construto
atitude. Entretanto, como a variância explicada ficou abaixo de 60% (indicando não
ser um bom ajuste dos dados ao modelo de Rasch), novos estudos devem ser
realizados visando uma revisão dos itens, a busca por outras evidências de
validade, que possibilitem um aperfeiçoamento desse instrumento psicométrico; que
poderá auxiliar a diagnosticar as atitudes em relação à Estatística dos alunos do 3º
ano do ensino médio e nortear os professores na elaboração de estratégias
diversificadas que permitam uma possível alteração das atitudes, e, por conseguinte,
contribuam para o letramento estatístico dos mesmos.
117
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124
APÊNDICES
APÊNDICE A Questionário de Perfil Você está participando de uma pesquisa sobre a aprendizagem de Estatística no 3º ano do
ensino médio e sua contribuição é muito importante para o sucesso desse trabalho. Você vai responder neste 1º momento os seguintes instrumentos: uma escala de atitudes em
relação à Matemática ,uma escala de atitudes em relação à Estatística, um questionário de um perfil e um teste de Estatística, em que as questões são sobre diferentes tipos de conceitos estatísticos.
Esses conceitos podem ser (ou não) familiares para você. Isto não é um problema. Pedimos apenas para você responder todas as questões de forma detalhada e fazer o melhor que puder.
Os resultados não valerão nota, será somente para uma pesquisa. O seu nome e os resultados não serão passados para ninguém.
QUESTIONÁRIO DE PERFIL
1) Sexo: Masculino Feminino 2) Idade:_______(anos completos) 3) Sobre trabalho: Trabalho Não trabalho Estou procurando emprego 4) Período que estuda: Manhã Tarde Noite 5) Existe (m) disciplina (s) no curso que você gosta mais? ( ) sim ( ) não Quais:
_______________________________________________________________________________ 6) Se você respondeu sim na questão anterior, você gosta mais de alguma (s) disciplina (s)
principalmente porque (marque apenas uma alternativa): a) o conteúdo da disciplina é muito importante/atrativo para a minha formação geral b) o conteúdo da disciplina é muito importante/atrativo para a minha vida c) a metodologia e os materiais didáticos tornam a (s) disciplina (s) atrativa (s) d) o (s) professor (es) é que torna (tornam) a (s) disciplina (s) atrativa (s) 7) Durante as outras séries escolares, você já tinha estudado algum conceito estatístico? sim não
8) Dos termos abaixo, utilizados em Estatística, quais você conhece e julga-se capaz de interpretar (marque com X) ( ) Amostra ( ) Freqüência ( ) Porcentagem ( ) Amostragem ( ) Média ( ) Probabilidade ( ) Amplitude ( ) Mediana ( ) Proporção ( ) Correlação ( ) Mensuração ( ) Variância ( ) Curva Normal ( ) Moda ( ) Variáveis ( ) Desvio padrão ( ) Percentil ( ) Significância ( ) Escore bruto ( ) População ( ) Outros_______________________________________________________
9) Como você classifica a Estatística para seu cotidiano? nada importante pouco importante importante muito importante 10) Responda sucintamente os itens abaixo (use no máximo 3 palavras): a) Qual o primeiro sentimento que você tem, quando ouve a palavra estatística?________________________________________________________________________ b) Qual a primeira idéia que passa pela sua "mente", quando você ouve a palavra estatística?________________________________________________________________________
125
APÊNDICE B – Escala de atitudes em relação à Estatística
Série 3ª Médio ______________ nº _____________ Instruções: Cada uma das frases a seguir expressa o sentimento que cada pessoa apresenta
com relação à Estatística. Você deve comparar o seu sentimento pessoal com aquele expresso em cada frase, assinalando um dentre os quatro pontos colocados abaixo de cada uma delas, de modo a indicar com a maior exatidão possível, o sentimento que você experimenta com relação à Estatística. Não deixe nenhuma resposta em branco.
Discordo Fortemente Discordo Concordo Concordo Fortemente
DF D C CF
Afirmação DF D C CF
1 Eu gostaria de ter um emprego no qual tivesse que usar Estatística.
2 Eu consigo aprender Estatística.
3 A formação estatística não é realmente útil para a maioria dos profissionais.
4 Eu me sinto frustrado(a) quando eu estou fazendo provas de Estatística em sala de aula.
5 Eu não gosto de Estatística e me assusta ter que estudar essa matéria.
6 A Estatística é uma das partes da Matemática que eu realmente gosto de
estudar.
7 As pessoas se tornam “consumidores” mais efetivos de resultados de pesquisas se tiverem alguma formação em Estatística.
8 Eu não tenho nenhuma idéia do que é Estatística
9 A Estatística me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, estimulante.
10 Utilizar a Estatística é um entretenimento para mim.
11 Eu acho divertido falar sobre Estatística com outras pessoas.
12 Eu sinto dificuldades de entender os conceitos de Estatística.
13 Eu entendo as fórmulas de Estatística.
14 A maioria das pessoas tem que aprender uma nova maneira de pensar para utilizar a Estatística.
15 Eu cometo muitos erros de cálculos em Estatística.
16 O pensamento estatístico pode ter um papel bem útil no dia-a-dia.
17 A Estatística envolve cálculos enormes.
18 Eu utilizo a Estatística no meu dia-a-dia.
19 A Estatística é uma matéria que a maioria das pessoas aprende rapidamente
20 Eu me sinto inseguro(a) quando tenho que resolver problemas de Estatística.
21 A Estatística é irrelevante na minha vida.
22 A Estatística é agradável e estimulante para mim.
23 As conclusões de Estatística raramente aparecem no dia-a-dia.
24 Eu sinto que a Estatística será útil para a minha vida
25 "Dá um branco" na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando estudo Estatística.
26 As fórmulas de Estatística são fáceis de entender.
27 A Estatística é uma matéria complicada.
28 Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Estatística.
29 Eu fico estressado(a) na aula em que é ensinado Estatística.
30 Eu acho mais legal a aula de Estatística do que a aula de qualquer outro conteúdo da Matemática.
126
APÊNDICE C – Teste Estatístico 1) Em uma aula de Ciências, cada um dos nove alunos pesou um pequeno objeto com a mesma
balança. Cada aluno anotou a massa (em gramas) do objeto, como segue abaixo: 6,3 6,0 6,0 15,3 6,1 6,3 6,2 6,15 6,3
Os alunos tiveram que decidir sobre a melhor maneira para resumir estes valores. Qual dos seguintes métodos é recomendado que utilizem?
Usar o número mais comum, que é 6,3.
Usar 6,15, posto que é o peso mais preciso.
Somar os 9 números e dividir a soma por 9.
Usar 6,2, pois quatro medidas ficam abaixo e quatro acima
Outro método.Qual?___________________________________________________________________
Justifique sua escolha: ______________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
2) A agência Datafolha publicou os resultados da pesquisa eleitoral para prefeito da cidade de Salvador, realizada em 29 e 30 de setembro de 2008, com 992 entrevistas com margem de erro máximo de 3 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95% (disponível no site http://datafolha.folha.uol.com.br/po/ver_po.php?session=747) Em quantos períodos é possível definir quais são os dois candidatos que disputariam o 2º turno?
(a) Em 2 períodos
(b) Em 3 períodos
(c) Em 4 períodos
(d) Em todos os períodos
(e) Nenhum período
Justifique sua escolha: ______________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
3) Existe(m) algum(ns) problema(s) não representação do gráfico de setores (gráfico pizza) da Figura 3? Caso sim, indique qual(is): __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Outros
61%
Marca C
27%
Marca B
10%
Marca A
8%
Figura 3 - Distribuição percentual das vendas de carro no mercado interno por empresa
127
4) Os seguintes gráficos descrevem alguns dados coletados sobre a envergadura dos braços de alunos da 7ª série de duas escolas diferentes.
Envergadura dos braços (cm)- Escola B
145 147 149 151 153 155 157 159 161 163 165
Envergadura dos braços (cm) - Escola A
145 147 149 151 153 155 157 159 161 163 165
4.1 Quantos alunos com uma envergadura dos braços de 156 cm têm em cada escola? Escola A _________________________________________________________________________
Escola B ________________________________________________________________________
4.2 Qual gráfico mostra a maior variabilidade da envergadura dos braços dos alunos? Assinale com um "X" a alternativa que representa sua escolha.
( ) Escola A ( ) Escola B
Explique porque você escolheu esta alternativa:___________________________________________
_________________________________________________________________________________ 5) Uma classe queria arrecadar o dinheiro da escola para sua viagem ao Playcenter. Eles podiam arrecadar o dinheiro vendendo bilhetes de rifas do jogo de XBOX. Antes que eles decidissem confeccionar a rifa, quiseram estimar quantos alunos na escola inteira comprariam um bilhete. Eles decidiram fazer uma pesquisa para descobrir uma primeira estimativa. A escola tem 600 estudantes da 1ª a 6ª série, sendo 100 alunos em cada série. 5.1 Com quantos alunos você faria a pesquisa? ______alunos 5.2 Como você os escolheria? ________________________________________________________
_________________________________________________________________________________ 6) Um professor aplicou uma mesma prova de língua portuguesa em duas turmas de estudantes (A e B). Com o objetivo de comparar o desempenho dos estudantes das duas turmas ele elaborou os dois gráficos a seguir.
Envergadura
dos braços
128
Figura 2 – Número de estudantes de duas turmas A e B segundo as notas em Língua Portuguesa. A partir dos dados da Figura 2 pode-se afirmar que:
I - As notas médias das duas turmas são iguais.
II - O desvio padrão da turma B é maior que o da turma A.
III- A nota média da turma B é maior que a da turma A.
IV- O desvio padrão das notas é igual para as duas turmas.
Está(ão) correta(s) somente a(s) afirmativa(s).
a) Somente a IV. (b) Somente a I. (c) III e IV. (d)I e II. (e) Nenhuma das anteriores. Justifique sua escolha: ______________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
7) Observa o seguinte gráfico de barras que mostra a venda de sanduíches da empresa Bocatta durante os últimos 6 meses do ano passado:
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Meses
Nú
mero
de s
an
du
ích
es
a) Determine um valor aproximado do número médio de sanduíches que se vende por mês _______ b) Determine um valor aproximado da mediana do número de sanduíches que se vende por mês. __
129
APÊNDICE D – Termo de responsabilidade da instituição
TERMO DE RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO
Eu, Prof.(a) ______________________________________________________, diretor da
Escola _________________________________________________________, declaro ter
conhecimento da pesquisa: Processos de autorregulação da aprendizagem de estatística e os níveis
de letramento estatístico de estudantes de ensino médio e de ensino superior, sob a coordenação
das professoras Dra. Maria Helena Palma de Oliveira e Dra Verônica Yumi Kataoka da Universidade
Bandeirante de São Paulo – Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, e autorizo sua
realização com alunos do 3º ano do ensino médio, no ano de 2010.
Assinando esta autorização, estou ciente de que os alunos estarão respondendo os seguintes
instrumentos: uma escala de atitudes em relação à Matemática, uma escala de atitudes em relação à
Estatística, uma escala de estratégias de atenção e interação, um questionário de perfil e um teste
Estatístico.
Fui informado que esta pesquisa está sendo desenvolvida por Elvis Miranda e Erliete Barizon,
alunos do mestrado acadêmico em Educação Matemática da Universidade Bandeirante de São
Paulo, sob a orientação da Profa Dra Verônica Yumi Kataoka
_____________________________________________
Assinatura do Diretor
130
APÊNDICE E – TCLE Menor
Carta de esclarecimento sobre o Projeto e a Pesquisa
Pesquisa: Processos de autorregulação da aprendizagem de estatística e os níveis de
letramento estatístico de estudantes de ensino médio e de ensino superior
Pesquisador responsável: Maria Helena Palma de Oliveira, RG 8.532060
Pesquisador colaborador (co-responsável) Verônica Yumi Kataoka RG 4.209.917
Informações sobre a pesquisa:
Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática, e tem como objetivo principal estabelecer relações entre a autorregulação de estratégias
de aprendizagem de estatística e os níveis de letramento estatístico de alunos do 3º ano do ensino
médio de escolas públicas do Estado de São Paulo.
A pesquisa será realizada em um dois momentos, em que o aluno responderá os seguintes
instrumentos: Questionário de perfil do aluno, Escala de estratégias de Atenção e de Interação;
Escala de Atitudes Relação à Estatística, Escala de Atitudes Relação à Matemática e Teste
Estatístico
Para o bom desempenho desta pesquisa, contamos com sua colaboração no sentido de
responder todas as questões apresentadas, individualmente, com a máxima clareza, evitando deixar
questões "em branco". Ao preencher estes instrumentos de pesquisa, você estará consentindo que
estes dados sejam utilizados apenas para os fins desta pesquisa. Ressaltamos que não há interesse
de identificá-lo.
Desde já agradecemos sua contribuição, porque ela será de extrema importância para que
os objetivos deste trabalho sejam atingidos.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ___________________________________________________, portador (a) do RG
___________________, responsável pelo aluno __________________________________________,
residente na _________________________________________________________, com número de
telefone ____________________ e e-mail _____________________________, abaixo assinado, dou
meu consentimento livre e esclarecido para a participação do aluno acima referenciado como
voluntário(a) da pesquisa supra citada, sob a responsabilidade da pesquisador _________.
Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:
1) O objetivo principal da pesquisa é estabelecer relações entre a autorregulação de estratégias de aprendizagem de estatística e os níveis de letramento estatístico de alunos do 3º ano do ensino médio de escolas públicas do Estado de São Paulo.
2) Durante o estudo, o aluno sob minha responsabilidade estará preenchendo os seguintes instrumentos: Questionário de perfil do aluno, Escala de estratégias de Atenção e de
131
Interação; Escala de Atitudes Relação à Estatística, Escala de Atitudes Relação à Matemática e Teste Estatístico
3) Assim que for terminada a pesquisa, o aluno sob minha responsabilidade terá acesso aos resultados globais do estudo;
4) O aluno sob minha responsabilidade está livre para interromper, a qualquer momento, sua participação nesta pesquisa;
5) A participação nesta pesquisa é voluntária, sendo que estou ciente que o aluno sob minha responsabilidade não receberá qualquer forma de remuneração;
6) O risco desta pesquisa é mínimo e restringe-se ao constrangimento de não saber responder os problemas propostos ou a lembrança de algum evento desagradável durante sua experiência escolar com a própria Estatística ou disciplinas afins como a Matemática.
7) Os dados pessoais do aluno sob minha responsabilidade serão mantidos em sigilo e os resultados obtidos com a pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, incluindo a publicação na literatura científica especializada;
8) Sempre que julgar necessário poderei entrar em contato com a pesquisadora Maria Helena Palma de Oliveira, no telefone 2972-9008 ou pelo email [email protected] ou com a pesquisadora Verônica Yumi Kataoka, no telefone 2972-9008 ou pelo e-mail: [email protected] .
9) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a participação do aluno sob minha responsabilidade na referida pesquisa;
10) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, de maneira que uma permanecerá em meu poder e a outra com os pesquisadores responsáveis.
_____________________, ______de ____________________ de 20____.
Assinatura do Responsável pelo aluno: ._______________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável pelo estudo: p/
132
APÊNDICE F – TCLE Maior
Carta de esclarecimento sobre o Projeto e a Pesquisa
Pesquisa: Processos de autorregulação da aprendizagem de estatística e os níveis de
letramento estatístico de estudantes de ensino médio e de ensino superior
Pesquisador responsável: Maria Helena Palma de Oliveira, RG 8.532060
Pesquisador colaborador (co-responsável) Verônica Yumi Kataoka RG 4.209.917
Informações sobre a pesquisa:
Esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação
Matemática, e tem como objetivo principal estabelecer relações entre a autorregulação de estratégias
de aprendizagem de estatística e os níveis de letramento estatístico de alunos universitários do
Estado de São Paulo.
A pesquisa será realizada em um dois momentos, em que o aluno responderá os seguintes
instrumentos: Questionário de perfil do aluno, Escala de estratégias de Atenção e de Interação;
Escala de estratégias de Memória e Teste Estatístico.
Para o bom desempenho desta pesquisa, contamos com sua colaboração no sentido de
responder todas as questões apresentadas, individualmente, com a máxima clareza, evitando deixar
questões "em branco". Ao preencher este instrumento de pesquisa, você estará consentindo que
estes dados sejam utilizados apenas para os fins desta pesquisa. Ressaltamos que não há interesse
de identificá-lo.
Desde já agradecemos sua contribuição, porque ela será de extrema importância para que os
objetivos deste trabalho sejam atingidos.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ____________________________________________________, RG _______________, de _______ anos de idade, abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para a participar como voluntário (a) da pesquisa supra citada, sob a responsabilidade da pesquisador _________.
Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:
1) O objetivo principal da pesquisa é estabelecer relações entre a autorregulação de estratégias de aprendizagem de estatística e os níveis de letramento estatístico de alunos universitários do Estado de São Paulo.
2) Durante o estudo, estarei preenchendo os seguintes instrumentos: Questionário de perfil do aluno, Escala de estratégias de Atenção e de Interação; Escala de estratégias de Memória e Teste Estatístico.
3) Assim que for terminada a pesquisa terei acesso aos resultados globais do estudo;
4) Estou ciente que estarei livre para interromper, a qualquer momento, a minha participação nesta pesquisa;
5) A participação nesta pesquisa é voluntária, sendo que estou ciente que não receberei qualquer forma de remuneração;
133
6) O risco desta pesquisa é mínimo e restringe-se ao constrangimento de não saber responder os problemas propostos ou a lembrança de algum evento desagradável durante minha experiência escolar com a própria Estatística ou disciplinas afins como a Matemática.
7) Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados obtidos com a pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, incluindo a publicação na literatura científica especializada;
8) Sempre que julgar necessário poderei entrar em contato com a pesquisadora Maria Helena Palma de Oliveira, no telefone 2972-9008 ou pelo email [email protected] ou com a pesquisadora Verônica Yumi Kataoka, no telefone 2972-9008 ou pelo e-mail: [email protected]
9) Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa;
10) Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, de maneira que uma permanecerá em meu poder e a outra com o pesquisador responsável.
_____________________, ______de ____________________ de 20____.
Assinatura do Responsável pelo aluno: ._______________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável pelo estudo: p/
134
APÊNDICE G – Orientação geral
Orientação geral para aplicação do instrumento – 1º momento Caro (a) Professor (a),
Primeiramente, gostaria de agradecer o seu apoio a essa pesquisa. Aproveito, para encaminhar algumas orientações, com intuito de uniformizar a aplicação do instrumento, já que o mesmo está sendo trabalhado em diversas escolas do estado de SP. Assim, solicito encarecidamente: 1) Ler inicialmente com os alunos o seguinte trecho:
Você está participando de uma pesquisa sobre a aprendizagem de Estatística no 3º ano do
ensino médio e sua contribuição é muito importante para o sucesso desse trabalho. Você vai responder neste 1º momento os seguintes instrumentos: uma escala de atitudes em
relação à Matemática, uma escala de atitudes em relação à Estatística, um questionário de perfil e um teste de Estatística, em que as questões são sobre diferentes tipos de conceitos estatísticos.
Esses conceitos podem ser (ou não) familiares para você. Isto não é um problema. Pedimos apenas para você responder todas as questões de forma detalhada e fazer o melhor que puder.
Os resultados não valerão nota, será somente para uma pesquisa. O seu nome e os resultados não serão passados para ninguém.
2) Não auxiliar os alunos na resolução dos exercícios, nem mesmo tirando uma simples dúvida teórica . Um dos objetivos da pesquisa é verificar o “estado natural” do aluno no que diz respeito ao aprendizado de Estatística, bem como aos aspectos relacionados às atitudes em relação à matemática e à Estatística.
3) Caso necessário, esclarecer o significado gramatical de algumas palavras.
4) Não permitir o uso da calculadora. 5) Não permitir a troca de informações entre os alunos no momento da aplicação dos instrumentos. Mais uma vez agradeço a sua participação, Atenciosamente,
Profa Dra Verônica Yumi Kataoka
Universidade Bandeirante de São Paulo
135
APÊNDICE H – Tabela 40: Itens retirados na análise fatorial a cada rodada da
primeira aplicação da escala de atitudes em relação à Estatística
Tabela 40. Itens retirados da primeira aplicação da escala de Atitudes em relação à Estatistica a cada rodada da análise fatorial e suas respectivas justificativas e valores de de KMO e Alfa de Cronbach
Rodada Item
retirado
Justificativa KMO Alfa de
Cronbach
1° -
Na primeira rodada com todos os itens foram
formados 7 fatores.
0,851 0,866
2° 14
Foi retirada por ser a única questão do fator
6.
0,854 0,867
3°
19,23
Retiradas por estarem isoladas em um único
fator, fator este que estava com baixa
correlação com os demais fatores, variando
de -0,085 a 0,176. Além disso, possuem
correlação também com os fatores 3 e 4, não
ficando definidas no fator 5.
0,863 0,865
4°
02,30
Agrupadas no fator 6, e retiradas devido a
baixa correlação deste fator com os demais,
variando de -0,087 a 0,174.
0,871 0,857
5°
13,26
Retiradas estavam no fator 5, mas altamente
relacionadas com os outros quatro fatores.
No casso da questão 26 as correlações com
os fatores de 1 a 5 são respectivamente:
0,491; 0,484; 0,384; 0,492; e 0,591. Já a
questão 13 os valores são respectivamente: -
,472; - 0,527; - 0,517; - 0,509 e 0,554.
0,866 0,875
6°
03,21
Retiradas por estarem no fator 5, pouco
correlacionado com os demais fatores,
variando de 0,029 a 0.199.
0,872 0,879
136
APÊNDICE I – Tabela 41: Itens retirados na análise fatorial a cada rodada da
segunda aplicação da escala de atitudes em relação à Estatística
Tabela 41. Itens retirados da segunda aplicação da escala de Atitudes em relação à Estatistica a cada rodada da análise fatorial e suas respectivas justificativas e valores de de KMO e Alfa de Cronbach
Rodada Item
retirado
Justificativa KMO Alfa de
Cronbach
1° -
Na primeira rodada com todos os itens foram
formados 9 fatores.
0,768 0,832
2°
14
Retirada por ser a única questão do fator, e
apresentar o valor mais baixo de MAS igual a
0,498.
0,785 0,836
3°
21
Retirada por ser a única questão do fator, e
apresentar baixa correlação com os demais fatores
variando de – 0,012 a 0,122.
0,786 0,832
4°
07
Retirada por ser a única questão do fator, e
apresentar baixa correlação com os demais fatores
variando de – 0,296 a 0,140, além de apresentar o
mais baixo valor de MAS igual a 0,550.
0,798 0,834
5°
16,24
Retiradas por estarem isoladas no fator 06 e
apresentar baixa correlação com os demais fatores
variando de -0,091 a 0,152.
0,801 0,832
6°
03
Retirada por ser a única questão do fator 5,
apresentando baixa correlação com os fatores 3, 4,
6, e 7, variando de – 0,099 a 0,0035 e MAS mais
baixo de todos igual a 0,666.
0,807 0,832
7° 18,30
Retiradas por apresentar baixa correlação com os
demais fatores, variando de – 0,161 a 0,237.
0,808 0,828
8° 02,13
Retiradas por apresentar baixa correlação com os
demais fatores, variando de – 0,042 a 0,197.
0,813 0,844
137
ANEXOS
ANEXO A – Escala de atitudes em relação à Matemática
Márcia Brito (1996) Série 3ª Médio ______________ nº _____________ Instruções: Cada uma das frases a seguir expressa o sentimento que cada pessoa apresenta com
relação à Matemática. Você deve comparar o seu sentimento pessoal com aquele expresso em cada frase, assinalando um dentre os quatro pontos colocados abaixo de cada uma delas, de modo a indicar com a maior exatidão possível, o sentimento que você experimenta com relação à Matemática. Não deixe nenhuma resposta em branco.
Discordo Fortemente Discordo Concordo Concordo Fortemente
DF D C CF
Item Afirmação DF D C CF
1 Eu fico sempre sob uma terrível tensão na aula de Matemática.
2 Eu não gosto de Matemática e me assusta ter que fazer essa matéria.
3 Eu acho a Matemática muito interessante e gosto das aulas de Matemática.
4 A Matemática é fascinante e divertida.
5 A Matemática me faz sentir seguro(a) e é, ao mesmo tempo, estimulante.
6 "Dá um branco" na minha cabeça e não consigo pensar claramente quando estudo Matemática.
7 Eu tenho sensação de insegurança quando me esforço em Matemática.
8 A Matemática me deixa inquieto(a), descontente, irritado(a) e impaciente.
9 O sentimento que tenho com relação à Matemática é bom.
10 A Matemática me faz sentir como se estivesse perdido(a) em uma selva de números e sem encontrar a saída.
11 A Matemática é algo que eu aprecio grandemente.
12 Quando eu ouço a palavra Matemática, eu tenho um sentimento de aversão.
13 Eu encaro a Matemática com um sentimento de indecisão, que é resultado do medo de não ser capaz em Matemática.
14 Eu gosto realmente da Matemática.
15 A Matemática é uma das matérias que eu realmente gosto de estudar na faculdade.
16 Pensar sobre a obrigação de resolver um problema estatístico me deixa nervoso(a).
17 Eu nunca gostei de Matemática e é a matéria que me dá mais medo.
18 Eu fico mais feliz na aula de Matemática que na aula de qualquer outra matéria.
19 Eu me sinto tranqüilo(a) em Matemática e gosto muito dessa matéria.
20 Eu tenho uma reação definitivamente positiva com relação à Matemática. Eu gosto e aprecio essa matéria.
138
ANEXO B – Situações de aprendizagem 1 e 2 do 4º caderno da Secretaria de
Estado da Educação de São Paulo