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Eleições P D F Cebes Núcleo DF

Eleições 2018 Programa de saœde das candidaturas ao ...cebes.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/programa-de-saude-1.pdf · - PSDB, Peniel Pacheco - PDT e Rodrigo Rollemberg

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Eleições 2018

Programa de

saúde das

candidaturas

ao governo

do Distrito

Federal

Cebes Núcleo DF

AUTORIAAlane Andrelino RibeiroFelipe FerreGrazielle Custódio DavidKathiely Martins dos SantosLilian Silva GonçalvesLuciani Martins RicardiNorma Esther Negrete CalpineiroRodrigo Pucci de Sá e BenevidesRubens BiasSilvia ReisThais Coutinho de Oliveira

CEBES DF. Eleições 2018 -Programa de saúde das candidaturas aogoverno do Distrito Federal/Centro Brasileiro de Estudos de Saúde.Brasília : CEBES DF, 2018.107 p.

1. Saúde pública. 2. Eleições.3. Distrito Federal. I. Título.

Conteúdo

Conteúdo 3

I Análise por temas 14

1 Gestão, relação público x privado e descen-tralização da saúde 17

2 Financiamento 24

3 Participação social 29

4 Região Integrada de Desenvolvimento doDF - RIDE 32

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5 Infraestrutura 36

6 Gestão do trabalho 40

7 Saúde do(a) trabalhador(a) 43

8 Formação e Educação permanente 45

9 Atenção Básica 48

10 Média e Alta Complexidade 54

11 Rede de Atenção às Urgências 57

12 Rede de Atenção Psicossocial 59

13 Vigilância em Saúde 62

14 Saúde Bucal 64

15 Assistência Farmacêutica 66

16 Políticas especí�cas e de equidade 6916.1 Saúde da Mulher . . . . . . . . . . . . . 7016.2 Saúde da pessoa com de�ciência . . . . . 7116.3 Saúde da população em situação de rua . 73

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16.4 Saúde da população LGBTI . . . . . . . . 7416.5 Saúde da pessoa idosa . . . . . . . . . . . 75

17 Ciência e tecnologia 7717.1 Registro eletrônico . . . . . . . . . . . . 7717.2 Pesquisa e Inovação . . . . . . . . . . . . 78

II A saúde em cada programa de governo 79

18 Alberto Fraga (DEM) e Alexandre Bispo (PR) 80

19 Alexandre Guerra (NOVO) e Erickson Blun(NOVO) 84

20 Antonio Guillen (PSTU) e Eduardo Zanata(PSTU) 87

21 Eliana Pedrosa (PROS) e Alírio Neto (PTB) 90

22 Fátima Sousa (Psol) e Keka Bagno (Psol) 92

23 Ibaneis Rocha (MDB) e Paco Brito (Avante) 95

24 Júlio Miragaya (PT) e Cláudia Farinha (PT) 98

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25 Paulo Chagas (PRP) e Adalberto Monteiro(PRP) 101

26 Rodrigo Rollemberg (PSB) e Eduardo Bran-dão (PV) 104

27 Rogério Rosso (PSD) e Egmar Tavares (PRB) 107

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Apresentação

Este ano de 2018 é de grande importância para a política epara os rumos do Brasil. Vivemos os efeitos devastadoresde inúmeros golpes no país: o golpe parlamentar de 2016;a Emenda Constitucional 95/2016, do “teto dos gastos” e in-vestimentos sociais; a reforma que tirou diversos direitostrabalhistas; os atentados contra os direitos previdenciá-rios; a desestruturação de políticas sociais. Nas pesquisaseleitorais, a saúde é apontada pela população como umdos temas de maior preocupação, a�nal interfere direta-mente nas condições de vida dos sujeitos. Por essa razão,muitas vezes também é referida como uma das prioridadespor distintas(os) candidatas(os) aos cargos do Executivo eLegislativo. No entanto, no cotidiano do Distrito Federal,vemos que, por várias gestões, não se tem priorizado a

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estruturação e a organização do Sistema Único de Saúde(SUS) de forma a garantir uma saúde pública universal, in-tegral e de qualidade. A falta de integração dos serviços, aprivatização do sistema, o modelo de atenção centrado nadoença e a falta de uma real pactuação no âmbito da RegiãoIntegrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e En-torno (RIDE) são alguns problemas estruturais que preci-sam ser enfrentados para que a população tenha garantidoseu direito à saúde conforme conquistado na ConstituiçãoFederal de 1988, após longo processo de luta pela redemo-cratização e pela reforma sanitária brasileira. Não bastater promessas vazias de melhorar a saúde; é preciso apre-sentar propostas que realmente defendam, concretizem equali�quem o SUS. Por essa razão, o presente documentotem o intuito de apresentar uma análise dos programas degoverno das(os) dez candidatas(os) ao Governo do DistritoFederal, identi�cando quais propostas são apresentadasno âmbito da saúde. Essa análise acontece em continui-dade a um conjunto de atividades realizadas ao longo de2018, com o objetivo de buscar um compromisso das(os)candidatas(os) ao Governo do Distrito Federal (GDF) pelagarantia do direito à saúde e da melhoria do SUS. Ao longodo ano, o Cebes promoveu diálogos em distintos espaçose com variados sujeitos sociais, que incluíram a partici-pação em diversas reuniões dos conselhos regionais de

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saúde, conversas com usuárias e usuários, pro�ssionais desaúde, gestoras e gestores, pesquisadoras e pesquisadores.A partir de uma consolidação prévia de percepções e pro-postas, foi realizada, no dia 23 de junho de 2018, na EscolaFiocruz de Governo - Brasília, uma o�cina com distintosgrupos e sujeitos para debater a situação de saúde no DF.Os principais pontos e encaminhamentos debatidos foramsistematizados e organizados para a construção de umaanálise coletiva sobre a situação de saúde do DF e de pro-postas para o enfrentamento dos problemas identi�cados.Esse documento foi encaminhado às/aos participantes dao�cina para complementações e aprovação, resultandonuma Carta ao Novo Governo do Distrito Federal 2019-20221. Buscando subsidiar a elaboração dos programasdas(os) pré-candidatas(os) ao Governo distrital e ser um

1 A Carta ao novo Governo do Distrito Federal 2019-2022 e a Car-tilha “Austeridade: que história é essa? Como o arrocho podeafetar nossos direitos e como enfrentá-lo” podem ser acessadas nosite do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) nos linksabaixo: http://cebes.org.br/2018/07/carta-ao-novo-governo-do-distrito-federal-2019-2022/ e Cartilha: http://cebes.org.br/2018/07/austeridade-que-historia-e-essa/.

O vídeo da gravação do evento “Saúde no DF”, com a apresentaçãoda carta e os compromissos para a saúde com as(os) candidatas(os) aoGoverno do DF pode ser assistido na página do Cebes DF no Facebook:https://www.facebook.com/cebesdf/videos/1861747217455069/

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instrumento para a luta cotidiana pela concretização dodireito à saúde conquistado pela população, a carta foilançada no dia 20 de julho de 2018, juntamente com acartilha “Austeridade: que história é essa? Como o arro-cho pode afetar nossos direitos e como enfrentá-lo”, emevento aberto intitulado “Saúde no DF”, que foi realizadona Universidade de Brasília (UnB) com a presença de cincopré-candidatas(os) ao Governo do Distrito Federal (Ale-xandre Guerra - NOVO, Fátima Sousa - PSOL, Izalci Lucas- PSDB, Peniel Pacheco - PDT e Rodrigo Rollemberg - PSB),pré-candidatas(os) ao Legislativo, usuárias(os) e militantesdo SUS, pro�ssionais de saúde, gestoras(es), estudantes eoutras(os) interessadas(os)1. Como apresentado na Cartaàs/aos pré-candidatas(os), o nosso trabalho não para poraqui. Para além das eleições, as lutas continuarão se dandono cotidiano de vida e trabalho. Essa e outras discussõesprecisam ser permanentemente reforçadas, aprofundadase quali�cadas, não só no setor saúde, mas também de formaintersetorial. O compromisso que esperamos das(os) candi-datas(os) é que a participação popular e as demonstraçõesde interesse em ouvir a população nas suas diversas formasde participação na gestão da política de saúde não ocorramsomente no período eleitoral. Precisamos de comprome-timento com o direito à saúde, com o fortalecimento doSUS, com a democracia e com os processos participativos,

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nos quais a população do DF tenha espaço para discutir eapresentar suas reais necessidades, contribuindo para o di-recionamento das políticas públicas com vistas à garantiade direitos.

Sigamos pelo direito à saúde pública universal, integral,participativa e de qualidade!

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Candidaturas em 2018

Foram registrados junto ao Tribunal Eleitoral dez progra-mas de candidatas e candidatos ao Governo do DistritoFederal, abaixo apresentados em ordem alfabética:

• Alberto Fraga (DEM) e Alexandre Bispo (PR)

• Alexandre Guerra (NOVO) e Erickson Blun (NOVO)

• Antonio Guillen (PSTU) e Eduardo Zanata (PSTU)

• Eliana Pedrosa (PROS) e Alírio Neto (PTB)

• Fátima Sousa (PSOL) e Keka Bagno (PSOL)

• Ibaneis Rocha (MDB) e Paco Britto (Avante)

• Júlio Miragaya (PT) e Cláudia Farinha (PT)12 108

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• Paulo Chagas (PRP) e Adalberto Monteiro (PRP)

• Rodrigo Rollemberg (PSB) e Eduardo Brandão (PV)

• Rogério Rosso (PSD) e Egmar Tavares (PRB)

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Parte I

Análise por temas

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Com a eleição ao Governo do Distrito Federal inde�nida,o Núcleo DF do Cebes analisou comparativamente os pro-gramas das(os) candidatas(os) ao cargo de governador(a).A menção a um tema na proposta do governo não signi�canecessariamente um benefício para a saúde pública. Porexemplo, propostas sobre a relação público-privado po-dem ser prejudiciais ao fortalecimento do direito à saúdecomo preconizado na Constituição Federal: universal, in-tegral, público e de qualidade. Por essa razão, os eixos sãoanalisados em detalhe.

No Distrito Federal, o setor privado ainda está ocupandomais espaço que o público. O Cebes defende a gestão pú-blica e participativa, com garantia da oferta de serviçospela rede própria do SUS, porque um sistema de saúdepara ser e�ciente deve servir à população. Precisamos ra-dicalizar o projeto de saúde como prioridade política, comoutro trato com as necessidades e demandas da população.Propostas de “novos modelos de gestão”, supostamentemais e�cazes em função da “maior autonomia �nanceira”,em geral têm como referência um modelo neoliberal degestão que trata a saúde como uma mercadoria, o que podeimplicar em: atuação do governo privilegiando o capitale o empresariado, com arrocho sobre as políticas sociais;redução dos concursos públicos, com maior indicação polí-tica; diminuição da e�ciência; e desvio do recurso público

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para o lucro privado. Além disso, costumam apresentarproblemas relacionados à precarização do trabalho, ao su-cateamento dos vínculos pro�ssionais, à �exibilidade dascontratações �rmadas sem garantia de melhoria na gestãoe à disparidade salarial.

No âmbito do modelo de atenção à saúde, o CEBES pre-coniza o fortalecimento da rede do SUS com foco na rees-truturação da Atenção Básica mediante a implementaçãodo modelo de Estratégia Saúde da Família (ESF), garan-tindo a atenção integral e intersetorial, com prevenção deagravos e doenças, promoção da saúde e fortalecimento daorganização da comunidade, em contraposição ao modelode atenção médico-hospitalocêntrico e em substituição àsUnidades Básicas de Saúde (UBS) tradicionais, que nãocontam com equipes estruturadas e referenciadas em terri-tórios. O CEBES defende também o estabelecimento de umpacto envolvendo gestão, comunidade e trabalhadoras(es),de forma que seja propiciada a devida transparência e par-ticipação no processo de mudança do modelo de atençãoe delineamento de mecanismos de garantia de acesso comqualidade aos serviços de saúde para toda a população doDistrito Federal.

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Capítulo 1

Gestão, relação público xprivado e descentralizaçãoda saúde

O GDF possui um histórico de gestões que trazem pro-postas de mudança de modelos de gestão, e as tentativasde privatização do SUS estão sempre rondando esse de-bate. A atual gestão apresentou proposta de privatizaçãoda gestão na atenção básica por meio das OrganizaçõesSociais da Saúde (OSS), mas o Conselho de Saúde do DF(CSDF) barrou a iniciativa. As propostas de privatizaçãode serviços de saúde costumam apresentar problemas re-lacionados à precarização do trabalho, sucateamento dos

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vínculos pro�ssionais, �exibilidade das contratações �r-madas sem garantia de melhoria na gestão e disparidadesalarial entre os pro�ssionais. Outra di�culdade com re-lação aos contratos com OSS é a falta de transparência econsequente di�culdade de �scalização pelo controle so-cial e pela população em geral, uma vez que na maioria dasvezes nem o contrato nem as prestações de contas são en-caminhadas aos Conselhos de Saúde, dando margem parao uso inapropriado de recursos públicos, além de atendera interesses particulares e imediatistas em detrimento dasaúde pública.

Sobre a relação público x privado, quatro candidatospropõem, de diferentes formas, privatização de serviços:Alberto Fraga, Alexandre Guerra, Ibaneis Rocha e PauloChagas. Júlio Miragaya (PT) e Rogério Rosso prometemreavaliar o Instituto Hospital de Base, enquanto RodrigoRollemberg (PSB) propõe “rever o modelo de gestão doshospitais regionais”, sem especi�car o tipo de mudança.Por outra lado, Antonio Guilhen (PSTU) propõe um SUS100% público. Já Eliana Pedrosa (PROS) e Fátima Sousa(Psol) não tratam do tema relação público x privado. Parao aprimoramento da gestão, quase todos os candidatospropõem a informatização do sistema, com criação decanais de atendimento de usuárias(os) com marcação deconsultas pela internet ou aplicativo de celular.

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De forma geral, para a gestão, Alberto Fraga (DEM) citaa descentralização da gestão e recursos �nanceiros nasregionais de saúde e a criação de um aplicativo para mar-cação de consultas e exames e avaliação do atendimento.Propõe “parcerias complementares com o setor privado"econvênios com a rede privada para zerar a �la de examesnos primeiros 180 dias.

Alexandre Guerra (Novo) propõe a organização da aten-ção à saúde em níveis de atendimento, o que por si não éuma novidade no SUS, e cita como nova medida o atendi-mento por telefone e aplicativo. Propõe centralizar algu-mas funções, citando o Hemocentro como um exemplo decentralização e�ciente e o diagnóstico por imagem comouma possibilidade. Quanto à modernização do atendi-mento, cita a implementação do Prontuário Eletrônico doPaciente como uma necessidade para informatizar o �uxode atendimento e propõe também reduzir a carga buro-crática que pesa sobre os pro�ssionais de saúde. Criticaa falta de informações sobre os valores aplicados em uni-dades de saúde e sobre custos de procedimentos, mas nãopropõe nenhuma medida especí�ca sobre o tema. Guerrapropõe contratação de pessoal e expansão de uma série deserviços sem aumento de recursos, somente com aumentoda e�ciência. Propõe ainda parcerias com o setor privadoem algumas áreas, como na gestão do estoque de medi-

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camentos, de farmácias hospitalares e na realização deatividades burocráticas em geral, reservando o orçamentopúblico para a construção de novas unidades de saúde econtratação de pro�ssionais para atuar na área-�m.

Antonio Guilhen (PSTU) propõe um SUS 100% público,com auditoria popular de todos os contratos e estatizaçãosem indenização de todos os hospitais e empresas de saúde.

Eliana Pedrosa (PROS) propõe implantar um “sistemade marcação de consultas e exames via App e Callcenter”,fazer mutirões de cirurgias e ampliar a oferta de serviços deexames de laboratório e imagem “construindo uma Centralde Exames e Diagnóstico” para atender os hospitais darede.

Fátima Sousa (Psol) propõe aumentar a transparênciados processos relacionados à gestão do SUS, rever os con-tratos de serviços de apoio às unidades de saúde – limpeza,conservação, alimentação, lavanderia, vigilância predial,entre outros –, aprimorar os processos de controle e avali-ação dos contratos de serviços de apoio e locação predial epromover a escolha de gerentes e diretoras(es) das unida-des de saúde por meio de lista tríplice. Na área da gestão,propõe ainda criar salas de monitoramento e avaliação emtempo real da situação de saúde das regiões administrati-vas, fomentar a participação social por meio de espaços deco-gestão nas Regiões Administrativas (RAs) e criar um

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fórum de negociação permanente e cooperação com osmunicípios da RIDE-DF.

Ibaneis Rocha (MDB) propõe descentralizar a gestão erecursos �nanceiros a cada regional de saúde e vincular oindivíduo à unidade de saúde de seu domicílio por meiode cadastro dos habitantes da área e criação de cartõesde saúde diferenciados, determinando a qual unidade ocidadão pertence (sic). Para a gestão, propõe implantarum “Centro de informações e Decisões Estratégicas”. Pro-põe também criar canal de comunicação direto com asentidades representativas dos pro�ssionais e empresas dasaúde e faz propostas genéricas, como “melhorar a gestãoorçamentária, evitando desperdícios provocados por pro-cessos logísticos inadequados, descontroles de estoques eexcessiva judicialização”. Propõe também agendamentode consultas por telefone, internet e aplicativos de celu-lar e parcerias com o setor privado para preenchimentodas vagas ociosas, inclusive em horários diferenciados,para atendimento a curto prazo da demanda reprimidapor atendimentos.

Júlio Miragaya (PT) propõe a reformulação da estruturado SUS no DF, a �m de garantir a descentralização dapolítica de saúde e a autonomia das regiões de saúde, comeleições diretas para cargos de Direção das Regionais deSaúde, conforme critérios técnicos e políticos, com escuta

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da comunidade usuária e das(os) trabalhadoras(es). Alémdisso, Miragaya promete reavaliar o modelo de gestão doInstituto Hospital de Base, considerando o retorno à gestãopública se não corresponder aos anseios da população, bemcomo implementar de forma efetiva o sistema de regulaçãointegrando os níveis de atenção.

Paulo Chagas (PRP) propõe revisar os processos de tra-balho, �uxos e rotinas, estabelecendo o conceito de centrosde custo como um dos instrumentos auxiliares no processode gerenciamento e tomada de decisão. Propõe “reavaliar”o sistema implantado no Instituto Hospital de Base (IHB)e nas Organizações Sociais (OS), para aperfeiçoar o mo-delo de gestão para resultados, e, na prática, propõe aprivatização do sistema de saúde ao citar que pretendeestudar parcerias por áreas, nas quais as OrganizaçõesSociais assumem a gestão de todas as unidades de saúdede determinada região.

Rodrigo Rollemberg (PSB) propõe “rever o modelo degestão dos hospitais regionais de modo a garantir maioragilidade para abastecimento e contratações”, sem espe-ci�car que tipo de mudança está sendo proposta. Propõetambém consolidar a regulação de serviços, exames espe-cializados, cirurgias e internações, fortalecer a regionali-zação da gestão em saúde, ampliando a descentralizaçãoadministrativa com o aumento da autonomia das regiões

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de saúde, e ampliar o uso da Sala de Situação da Secretariade Estado de Saúde (SES-DF), lançada em julho de 2018.

Rogério Rosso (PSD) propõe descentralizar recursos �-nanceiros para hospitais, postos e unidades de saúde, paraque estes tenham mais autonomia para despesas com ma-nutenção e aquisição de insumos básicos. Cita também acriação de um aplicativo com informações sobre o atendi-mento mais próximo da residência, resultados de examesonline e o “prontuário inteligente”. Rosso propõe tam-bém reavaliar o Instituto Hospital de Base, para veri�cara necessidade de retornar à gestão pública.

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Capítulo 2

Financiamento

O GDF tem o maior orçamento entre as 27 Unidades daFederação, considerando os recursos das três esferas degoverno, alcançando mais de R$ 2.000 por habitante em2017. Contudo, esse valor tem se reduzido em termos reaisem todas as fontes signi�cativas, conforme tabela 2.1.

A receita da fonte GDF é decorrente da vinculação cons-titucional de recursos vigente desde 2000 (EC 29) das re-ceitas de impostos e transferências constitucionais e legais(para o GDF são 12% das receitas estaduais e 15% das muni-cipais). Essa receita foi de R$ 12,0 bilhões em 2013 e chegoua R$ 15,8 bilhões em 2017, mas seu valor real (descontandoa in�ação), aumentou apenas 0,9%, o que é insu�cientepara acompanhar o crescimento populacional de 8,9% no

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Tabela 2.1: Despesa com Ações e Serviços Públicos de Saúde do GDF porFonte, em milhões de reais, atualizada pelo IPCA médio anual 2018 em R$correntes

Fonte 2015 2016 2017 2018* Variação**GDF 3830 3120 3146 2474 -35%FCDF 2890 2441 2257 2525 -13%MS 715 696 873 667 -7%Convênio 3 3 3 125 3572%Emend. Parlam. 24Total 7438 6260 6280 5815 -22%

* Autorizado. ** Variação entre 2015 e 2018. Fonte: Sala de situação da SES-DF -complementando com informações sobre o FCDF fornecidas pelo Sistema Eletrônicodo Serviço de Informação ao Cidadão (e-sic), por meio do qual constatou-se que asinformações da sala de situação incluíam despesas com inativos nos anos de 2017 e2018, excluídas desta tabela. As informações das tabelas que constam na Carta aoNovo Governo do DF 2019-2022, publicada em julho/2018, estão, portanto, distorcidaspor incluir despesas com inativos em 2017 e 2018.

período. As receitas do Fundo Constitucional do DistritoFederal (FCDF) também foram reduzidas em termos reais,alcançando em 2017 o menor valor real dos últimos noveanos, e até mesmo as transferências do Fundo Nacionalde Saúde apresentaram redução do valor real em 2018 emcomparação com 2015.

Os programas dos candidatos em geral não propõemmedidas especí�cas sobre o �nanciamento da saúde, eum deles, o de Eliana Pedrosa, sequer tangencia o tema,apesar de propor a construção de hospitais e a ampliação

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de diversos serviços.Três candidatos propõem medidas para aumentar os

recursos disponíveis: Antonio Guilhen (PSTU), FátimaSousa (PSOL) e Júlio Miragaya (PT). Júlio Miragaya apre-senta proposta mais ampla, de aumentar os recursos paraa saúde por meio da priorização do setor na distribuição doorçamento do FCDF, recurso destinado ao pagamento dedespesas com pessoal ativo e inativo do GDF que é parti-lhado com as políticas de educação e segurança pública. OFCDF �nancia cerca de 40% das despesas com ações e ser-viços públicos em saúde do DF. Antonio Guilhen (PSTU)propõe suspender o pagamento da dívida pública do DFpara destinar toda a verba para a saúde. De forma mais es-pecí�ca, Fátima Sousa (Psol) propõe captar recursos parainvestimento na adequação física e tecnológica da rede deatenção especializada para atender os vazios assistenciais,bem como para modernizar a tecnologia da informaçãoem saúde.

Outros seis candidatos citam medidas que podem serconsideradas de alguma forma relacionadas ao �nanci-amento do SUS, e um deles, Alexandre Guerra (Novo),critica a ausência de informações como dados orçamen-tários e �nanceiros e sobre custos de procedimentos, epropõe medidas como o aumento da e�ciência e a dimi-nuição do desperdício de recursos para a ampliação do

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atendimento. Paulo Chagas (PRP) propõe expandir quasetodos os serviços de saúde, citando vários deles, mas re-duzir custos. Rogério Rosso (PSD) cita a descentralização�nanceira para hospitais, postos e unidades de saúde ese compromete a conceder a última parcela do reajustedas(os) servidoras(es). Rollemberg promete a recomposi-ção salarial das(os) servidoras(es) da saúde.

Alberto Fraga (DEM) e Ibaneis Rocha (MDB) fazem pro-postas que mostram bastante distanciamento da realidadedo tema do �nanciamento da saúde pública: enquantoFraga propõe a “captação de recursos externos”, sem for-necer pistas sobre a origem desses recursos, Ibaneis propõe“criar programas especí�cos de desenvolvimento econô-mico que incentivem a atração de investimentos nacionaise internacionais, na área de saúde, capazes de atender ademanda reprimida e futura da população do DF e adjacên-cias”, o que nos leva a crer que há intenção de privatizaros serviços de saúde.

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Figura 2.1: Despesa do GDF com ASPS em R$ por Habitante de 2017 (IPCA);2018 em R$ correntes

* 2018 - autorizado. Os valores de 2015 a 2017 foram empenhados. Fonte: Sala de situação daSES-DF - complementando com informações sobre o FCDF fornecidas pelo Sistema Eletrônico doServiço de Informação ao Cidadão (e-sic), por meio do qual constatou-se que as informações dasala de situação incluíam despesas com inativos nos anos de 2017 e 2018, excluídas da tabela 1. Asinformações das tabelas que constam na Carta ao Novo Governo do DF 2019-2022, publicada emjulho/2018, estão, portanto, distorcidas por incluir despesas com inativos em 2017 e 2018.

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Capítulo 3

Participação social

O Cebes historicamente defende que saúde é democraciae democracia é saúde. Só teremos um Sistema Único deSaúde universal, integral e de qualidade quando garan-tirmos uma participação ampla e efetiva da populaçãoem todos os serviços de saúde e junto à gestão. Assim,quando se apresentam propostas para a melhoria da saúde,é essencial que fortaleçam os espaços participativos noplanejamento, na tomada de decisão, na execução e naavaliação das ações e políticas de saúde.

Apesar de vários programas prometerem maior transpa-rência e participação social na gestão pública, poucos tra-zem propostas concretas, especialmente na área da saúde.Identi�camos propostas especí�cas no tema em três pro-

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gramas: Fátima Sousa (PSOL), Júlio Miragaya (PT) e PauloChagas (PRP).

Fátima Sousa promete fomentar a participação socialna gestão, criando espaços de cogestão em cada regiãoadministrativa. No âmbito dos hospitais, propõe adotarmecanismos de gestão participativa e democrática, alémde dispositivos de avaliação da gestão, como ouvidoria epesquisas de satisfação dos usuários.

Já Júlio Miragaya promete realizar eleições diretas paraa direção das Regionais de Saúde. Ademais, propõe a im-plementação da gestão participativa por meio de distintasinstâncias e mecanismos, quais sejam: mesa de negociação,conselhos locais de saúde, processos de educação perma-nente e educação popular e fortalecimento dos conselhosde saúde existentes. Especi�camente quanto ao Conselhode Saúde do Distrito Federal (CSDF), promete construirsua sede e garantir dotação orçamentária para o seu funci-onamento técnico e para as ações de educação permanentepara o controle social. Propõe ainda formular de formaparticipativa as Linhas de Cuidado como referência paraestruturação da rede de saúde.

Paulo Chagas promete implantar o Gabinete Itineranteda Saúde, com cronograma de atendimento previamentedivulgado à população, visando ouvir a comunidade e ospro�ssionais que atuam nas unidades da Secretaria de

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Saúde, com o propósito de solucionar e agilizar as deman-das dos serviços disponibilizados pelo SUS. Propõe aindaa ampliação e o aprimoramento do Serviço de Ouvidoriado SUS, por intermédio de ações que fortaleçam o canal decomunicação e con�ança entre a população e a SES-DF.

Os conselhos regionais de saúde no DF ainda não sãouma realidade concreta. Além de não estarem em plenofuncionamento em todas as regiões de saúde, apesar deprevisão na Lei Orgânica do DF, ainda há pouca infor-mação disponível e acessível sobre seu funcionamentopara a população. Existem também importantes barreiraseconômicas e organizativas para uma atuação efetiva docontrole social, bem como falta reconhecimento da gestão.

É preciso fortalecer os conselhos, conferências, ouvido-rias e outros canais de participação na saúde, bem comoproporcionar maior capilaridade para a gestão participa-tiva em cada serviço de saúde. Ademais, a transparênciae a disponibilização ampla de informações sobre o SUSe sua gestão precisam ser vistas como prioridade pelaspróximas gestões.

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Capítulo 4

Região Integrada deDesenvolvimento do DF -RIDE

A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Fede-ral e Entorno (RIDE) foi criada em 1998 com o objetivode elaborar e executar planos nacionais e regionais de or-denação do território e de desenvolvimento econômico esocial. Constituída pelo Distrito Federal, 29 municípiosdo Estado de Goiás e quatro municípios de Minas Gerais,possui atualmente uma população de cerca de 4,6 milhõesde habitantes, apresentando importante demanda para aspolíticas sociais do DF, especialmente para a de saúde,

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que atualmente apresenta desarticulação e sobrecarga deatendimento.

Há que se ter um olhar especial para a população doentorno e enfrentar de maneira de�nitiva as questões sur-gidas para a gestão do sistema de saúde do DF em razão doprocesso de conurbação em torno de Brasília, que apenasre�ete um processo de expulsão das camadas mais pobresda população para periferias cada vez mais distantes. Nãose trata de assumir a responsabilidade integral pela aten-ção à saúde da população do Entorno, mas da problemáticaem o GDF negar a sua responsabilidade pela saúde dessaspessoas. Assim, é essencial garantir processos de pactu-ação mais claros e efetivos entre o DF e os municípiosda RIDE, para a garantia do atendimento à população deacordo com suas necessidades.

Não há como pensar um projeto para a saúde no DF sempensar propostas para a RIDE. Apesar disso, apenas seiscandidatas/os apresentaram propostas especí�cas paraa saúde na Região: Alberto Fraga (DEM), Fátima Sousa(PSOL), Ibaneis Rocha (MDB), Júlio Miragaya (PT), PauloChagas (PRP) e Rogério Rosso (PSD).

Alberto Fraga (DEM) apresenta eixo especí�co sobre aRegião Metropolitana - RIDE, porém apenas uma propostarefere-se à saúde, na qual promete atualizar as informaçõesnecessárias para se implantar, em parceria com a União,

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Estado de Goiás e Estado de Minas Gerais, o Plano deSaúde para a RIDE, além de �rmar convênios, na área desaúde, com as Prefeituras da região.

Fátima Sousa (Psol) faz diversas propostas no âmbitoda integração dos municípios da RIDE. Na questão dasaúde, propõe criar o fórum de negociação permanenteentre o DF e os municípios da região, estabelecendo umacooperação interfederativa, assim como, na promoção daarticulação entre as Regiões de Saúde, observar tambémas demandas dos municípios da RIDE, no que se refere àatenção especializada e hospitalar.

Na mesma direção, Júlio Miragaya propõe dialogar earticular a atenção à saúde com os estados e municípiosmembros da RIDE, a �m de garantir atenção de qualidadeà população usuária do SUS no DF. Também Rogério Rosso(PSD) promete buscar soluções para o atendimento da po-pulação do Entorno, em conjunto com o Ministério daSaúde e SES-GO e MG, e Paulo Chagas (PRP) prometereavaliar a pactuação físico-�nanceira estabelecida com aRIDE, para o atendimento de serviços de Urgência e Emer-gência, Consultas Eletivas, Exames de Análises Clínicas eImagem e Procedimentos Cirúrgicos prestados pelo Dis-trito Federal aos pacientes dos estados de Goiás e MinasGerais.

Ibaneis Rocha (MDB), por outro lado, promete incenti-34 108

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var o sistema de parcerias com órgãos e entidades interna-cionais, do Governo Federal, dos Estados de Minas Geraise Goiás, dos Municípios da RIDE no âmbito da vigilânciaepidemiológica. Não �cam claras que parcerias com en-tidades internacionais, por exemplo, estão previstas. Deforma intersetorial, promete também resgatar o Programade Aceleração do Crescimento (PAC) da Região Metropo-litana de Brasília e investir em infraestrutura comum nasáreas de segurança, educação, saúde e mobilidade.

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Capítulo 5

Infraestrutura

Na proposta de infraestrutura, um tema frequentementeesquecido é o da necessidade de prever recursos �nancei-ros para a manutenção da capacidade instalada. Muitasvezes isso ocorre por disputa orçamentária entre diferen-tes programas dentro da própria saúde, mas especialmenteporque essa é uma despesa que quando executada não apa-rece facilmente. É sua inexecução que acaba por chamara atenção, quando percebe-se luzes queimadas, equipa-mentos estragados, falta de insumos, edi�cações com pro-blemas. Tradicionalmente na prática política, inauguraruma nova unidade sempre parece mais atrativo do quegarantir o pleno funcionamento das unidades já existentes.Entre os programas de governo dos candidatos ao governo,

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somente três candidaturas tratam de forma direta da des-tinação orçamentária para manutenção: Antonio Guillen,Fátima Sousa e Paulo Chagas.

Alberto Fraga (DEM) propõe estudo de ampliação darede hospitalar. O candidato também propõe criação denovo Hospital Regional da Ceilândia – HRC especialmentefocado no atendimento materno infantil; novo HospitalRegional do Gama – HRG; estudo de viabilidade técnicapara a implantação de unidade hospitalar para atender asregiões de Riacho Fundo I/II e Recanto das Emas além daampliação do Hospital Regional do Guará, havendo recur-sos, construir o hospital público do Câncer e o do Coração.Antonio Guillen (PSTU) promete parar de pagar a dívidapública do DF e usar todos os recursos para abertura denovos leitos, construção de novas unidades de saúde epara manutenção e compra de equipamentos, insumos emaquinário para os hospitais.

Eliana Pedrosa (PROS) promete construir o Hospitaldo Câncer; construir o Hospital da Mulher; Reformar eAmpliar o Hospital de Brazlândia; Construir hospitais nasRegiões administrativas do Recanto das Emas, São Sebas-tião, Ceilândia, Gama e Samambaia. Fátima Sousa (PSOL)promete assegurar a manutenção, reformas e adequaçõesestruturais e adquirir os equipamentos e insumos neces-sários ao funcionamento pleno das unidades hospitalares.

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Ibaneis Rocha (MDB) promete oferecer nas Unidades Bá-sicas de Atendimento - UBS infraestrutura adequada comequipamentos (des�brilador, ultrassom obstétrico e ele-trocardiógrafo) e pessoal; garantir condições de fomento,creditícias, �scais, instalação de infraestrutura adequadade água, esgoto, energia, comunicação e transporte para aimplantação de novos empreendimentos na área de saúde.

Paulo Chagas (PRP) promete recuperar as estruturasdeterioradas e/ou inadequadas, recompor e requali�caras equipes de trabalho, atualizar os equipamentos e ins-trumentais de saúde e reavaliar o sistema de manutençãopreventiva e corretiva. Reavaliar a localização das atuaisUBS, visando a facilitar o acesso da população aos serviços.Utilizar Unidades Móveis de Saúde para atendimento ondehá di�culdade de acesso às UBS. Empregar Unidades Mó-veis de Saúde para disseminar ações preventivas de saúdee ensinamentos básicos de primeiros socorros em escolas,empresas, comunidades carentes e órgãos públicos.

O candidato Rodrigo Rollemberg (PSB) promete cons-trução de Unidades Básicas de Saúde e Reformas e amplia-ção da infraestrutura de hospitais e Unidades Básicas deSaúde. Finalmente, Rogério Rosso (PSD) promete construiro segundo bloco do hospital de base. Os candidatos JúlioMiragaya (PT) e Alexandre Guerra (NOVO) não �zerampropostas especí�cas de infraestrutura.

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Entre todas as propostas, as que prometem maior cons-trução de hospitais são as de Alberto Fraga e Eliana Pe-drosa. Os custos �nanceiros para cumprir essas promessassão altos. Entretanto, na avaliação das propostas de �nan-ciamento dos mesmos candidatos, não existe programaçãono mesmo sentido. Eliana Pedrosa sequer tangencia otema de �nanciamento e o de Alberto Fraga trata apenasde buscar investimento externo, indicando modelos deprivatização na construção e gestão dessas unidades.

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Capítulo 6

Gestão do trabalho

Quanto à gestão do trabalho, a maioria das(os) candida-tas(os) apresentaram propostas.

Alberto Fraga (DEM) propõe o incentivo à meritocra-cia/produtividade, adotando programas de estímulo à cria-tividade, políticas de capacitação e estímulo à quali�cação.Além disso, promete reestruturar a carreira de agente devigilância ambiental do Distrito Federal.

Alexandre Guerra (NOVO) aponta necessidade de prio-rizar a contratação de médicos especializados em saúde dafamília, bem como a contratação de médicos assistentes egeneralistas, que, em conjunto com os primeiros, formarãoas equipes responsáveis pelo atendimento nas UnidadesBásicas de Saúde.

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Antonio Guillen (PSTU) promete nomeação imediatade todos os concursados e abertura de novos concursos.

Eliana Pedrosa (PROS) promete reestruturar os Planosde Carreira dos Pro�ssionais de Saúde bem como reduziros passivos existentes.

Fátima Sousa (Psol) é a candidata com propostas maisampliadas no campo da gestão do trabalho. Para a candi-data, é preciso entender os trabalhadores da saúde comoaliados de um projeto de governo popular. Para isso, pro-mete fortalecer e humanizar as práticas de gestão do tra-balho, inclusive valorizando os servidores de carreira nasindicações para cargos comissionados (radicalizar a redu-ção dos cargos comissionados). Propõe ainda a criação denovos cargos na carreira de especialista em saúde, comosanitarista e educador físico, além de desburocratizar osprocessos de trabalho e de gestão das Unidades de Saúdedo DF.

Rollemberg (PSB) promete a recomposição salarial dosservidores da saúde.

Paulo Chagas (PRP) promete reestruturar o Plano deCargos e Salários e rever o modelo de Avaliação e De-sempenho Funcional, com a implantação de remuneraçãoadicional variável e de outras compensações, vinculadasao atingimento de resultados estabelecidos no Plano deIndicadores e Metas, de�nidos para cada segmento da

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Saúde.

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Capítulo 7

Saúde do(a) trabalhador(a)

A saúde do trabalhador é uma das propostas de Fraga(DEM), no qual promete valorização do servidor com pro-teção física e psicológica do pro�ssional, além de melho-ria das condições de trabalho, implementando ainda pro-grama de combate ao absenteísmo.

De forma similar, Ibaneis Rocha (MDB) promete capaci-tação continuada e especializada para formação e atuali-zação pro�ssional dos servidores públicos da saúde, quepropiciem melhorias em sua produtividade, qualidade devida, autoestima, inteligência emocional e outros fatorespro�ssionais e humanos.

Eliana Pedrosa (PROS) e Fátima Sousa (PSOL) prometemimplantar o Programa Cuidando de Quem Cuida, de Saúde

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do Trabalhador.Rogério Rosso (PSD) se limita a prometer criação de

plano de saúde dos servidores civis e militares. É lamen-tável ainda haver propostas e demandas de subsídios aplanos privados, o que de�nitivamente não fortalece oSUS constitucional.

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Capítulo 8

Formação e Educaçãopermanente

A educação permanente é um eixo essencial para a aten-ção à saúde saúde e precisa ser horizontalizada, para quesejam desenvolvidas habilidades no ambiente de trabalho,em rede e baseadas nas linhas de cuidado, contando coma participação social na sua construção. A formação depro�ssionais de saúde no país, especialmente de médicase médicos, ainda é voltada para especialidades, o que di-�culta as mudanças necessárias do modelo de atenção,que ainda é fragmentado e centrado na doença, e por issoprecisa ser revista.

Alberto Fraga (DEM) promete transformar todos os hos-45 108

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pitais da rede em hospitais de ensino integrados com asinstituições de ensino superior privadas que utilizam ainfraestrutura da rede, bem como a cooperação entre aSES/DF e as escolas de ensino técnicos do DF. Além disso,promete o credenciamento de mais programas de Residên-cias Médicas pelo MEC. Esta última proposta poderia sermais progressiva se houvesse também credenciamento deResidências multipro�ssionais.

Eliana Pedrosa (PROS) promete investir na qualidadeda Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS e criarnovos cursos, bem como desenvolver projeto para am-pliar a humanização do atendimento da rede pública desaúde ampliando a capacidade técnica, administrativa ede pessoal.

A candidata Fátima Sousa (Psol) promete fortalecer aintegração ensino-serviço, por meio da quali�cação, espe-cialização e pesquisa em saúde, e quali�car os trabalhado-res da atenção especializada para desempenhar seu novopapel junto à atenção básica. Ademais, propõe rea�rmaro projeto político pedagógico da ESCS-FEPECS.

O atual governador Rollemberg (PSB) promete forta-lecer as Escolas de Saúde (Escola Superior de Ciênciasda Saúde - ESCS, Escola de Aperfeiçoamento do SUS -EAPSUS e Escola Técnica de Saúde de Brasília - ETESB);ampliar a capacidade de aperfeiçoamento técnico e cien-

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tí�co dos pro�ssionais das Equipes da Atenção Primáriaà Saúde; e promover o aperfeiçoamento dos pro�ssionaisdas Equipes da Atenção Primária à Saúde e da gestão dasUnidades Básica de Saúde.

Ibaneis Rocha (MDB) promete a capacitação continuadae especializada para formação e atualização; e a criaçãode mecanismos de incentivo para cursos de residência emsaúde da família, melhorando a qualidade dos atendimen-tos na atenção primária e consequentemente diminuindoa procura por atendimentos na Atenção Secundária e Ter-ciária.

Paulo Chagas (PRP) promete reavaliar a grade curriculardos Cursos de Residência Médica em Medicina de Família eComunidade oferecidos pela ESCS e pela Universidade deBrasília - UnB, com o objetivo de adequar às necessidadesdas Equipes de Estratégia de Saúde da Família do DistritoFederal.

Chagas também promete estabelecer parcerias com asentidades de ensino do Distrito Federal para viabilizarCurso de Especialização em Saúde da Família, visandocapacitar os pro�ssionais médicos, enfermeiros e demaisintegrantes da Rede de Saúde do Distrito Federal.

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Capítulo 9

Atenção Básica

A Atenção Básica ou Atenção Primária à Saúde é menci-onada em todos as propostas de programas de governo.Notam-se algumas semelhanças e muitas diferenças entreabordagens e prioridades apontadas entre os candidatos.O aumento de cobertura populacional pela AB parece seruma demanda a ser tratada por todos os candidatos, dadoque atualmente registra-se pelos dados do Ministério daSaúde uma cobertura 55% (Julho/2018)1.

Antonio Guilhen (PSTU) e Júlio Miragaya (PT) citamcomo única proposta no tema chegar a 100% de cobertura

1 fonte: https://egestorab.saude.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaAB.xhtml

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com ESF e Eliana Pedrosa (PROS) propõe “ampliar a redede oferta dos serviços de saúde pública, saúde da família eUBS” e “reativar os Postos de Saúde”. Rogério Rosso (PSD)apenas diz que vai “retomar universalização do ProgramaSaúde em Casa”. Os quatro candidatos não trazem maio-res detalhamentos sobre as propostas nem sobre demaisaspectos da Atenção Básica ou de sua articulação com aRede de Atenção à Saúde (RAS). Da mesma forma, Alexan-dre Guerra (NOVO) propõe “adotar a estratégia saúde dafamília”, justi�cando-a como “um atendimento de baixacomplexidade e densidade tecnológica, abarcando cercade 80% da demanda”. Prevê o aumento do número de UBS,seja pela construção ou aproveitamento de “espaços pú-blicos já existentes, que poderiam vir a ser convertidosem centros de saúde com investimentos reduzidos, dadaa baixa densidade tecnológica necessária para o seu fun-cionamento”. Desta forma, demonstra pouca apropriaçãosobre o tema e redução de investimentos para o setor.

Rodrigo Rollemberg (PSB) propõe três ações para oSaúde da Família: Consolidar a mudança de modelo assis-tencial do SUS/DF com eixo de organização a EstratégiaSaúde da Família e a APS; Manter a cobertura de EstratégiaSaúde da Família acima de 70% no Distrito Federal, consi-derando chegar a 100% apenas nas áreas mais vulneráveis(conforme enumeradas: Planaltina, Santa Maria, Ceilândia,

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Gama, São Sebastião, Recanto das Emas e Samambaia); eampliar o número de Agentes Comunitários de Saúde eControle de Endemias em mais 2000 Agentes de Saúde. Jáos demais candidatos abordam outros pontos importantespara além da ampliação de cobertura. Por exemplo, a ex-tensão do horário de funcionamento das Unidades Básicasde Saúde é citada por Paulo Chagas (PRP) e Ibaneis Rocha(MDB), com respectivos argumentos de contemplar a po-pulação trabalhadora e desafogar �las de emergências emhorário considerado de pico - de 17h às 20h.

Ibaneis Rocha (MDB) também é proponente de agendasintegradas entre AB e especialidades (ou “ambulatórios”,conforme escrito no seu programa) e de facilitar o acessodos usuários, por meio de agendamento de consultas viatelefone, internet ou aplicativos disponibilizados para ce-lular. Interessante notar que, para fundamentar ampliaçãode cobertura, Ibaneis adota como referência a Política Na-cional de AB da portaria nº 648 de 2006, já revogada pelaPNAB 2011 e atualizada em 2017. Neste sentido, o can-didato incorpora algumas ações voltadas mais à atençãoespecializada: criar Policlínicas de Especialidades com ên-fase em tratamento de reabilitação e criar três centrosespecializados (Pediátrico, Cardiológico e Radiológico) do-tados de pro�ssionais especialistas, equipamentos e infra-estrutura adequada; Propõe ainda estruturar laboratórios

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para análise de exames complementares básicos em todasRAs e planejar e monitorar ações para aquisição e ma-nutenção de equipamentos médico-hospitalares; AlbertoFraga (DEM), além da ampliação de cobertura da Saúde daFamília, demonstra preocupação em ampliar o acesso dousuário, ao propor a integração de agendas via sistemasutilizados nas unidades do DF (e-SUS AB e Trackcare) eintegração de equipes da AB (SF e NASF) e entre redes,proposta descrita como “referência e contrarreferência”à “policlínicas de especialidades” e “alta complexidade”.Promete ainda reforçar a atuação de equipes de saúde bu-cal itinerantes em escolas públicas, pretende retomar aestratégia de ”Carretas” para atenção à saúde da mulher eà cataratas. Considerar esta como estratégia de sucesso,por um lado revela preocupação com acesso do usuárioaos serviços porém por outro lado desconsidera a conti-nuidade do cuidado e formação de vínculo do usuário aoserviço, que são princípios norteadores da atenção básica.Em relação aos NASF (Núcleos Ampliados de Saúde daFamília), a ampliação de cobertura destas equipes é umaproposta presente nos programas de Fatima Sousa, IbaneisReis, Paulo Chagas e Rodrigo Rollemberg.

Fátima Sousa (PSOL) deseja “Aperfeiçoar e expandir aestratégia saúde da família para toda população do DF”,propondo ampliação de cobertura de equipes de “Saude

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em Casa” (calculando serem necessárias 1200 equipes) eimplantação de 200 equipes de NASF. Avança ainda namedida em que a composição das equipes e o cálculo decobertura necessária são descritas no seu programa degoverno. Já Ibaneis Reis (MDB) pretende garantir a pro-porção de 1 equipe NASF Tipo I a cada 5 equipes ESF ePaulo Chagas (PRP) deseja “fortalecer o Núcleo Ampliadode Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), refor-çando ações da gestão e “atividades físicas, reabilitação,nutrição e dietética, saúde mental, serviço social e demaismovimentos que proporcionam o bem-estar da população,alinhados à Política Nacional de Práticas Integrativas eComplementares”. Rodrigo Rollemberg propõe capacitare ampliar em 25 o número de equipes de NASF.

Em relação a demais propostas, Fátima Sousa (Psol)propõe implantar um Centro de Referência em PráticasIntegrativas em Saúde (Cerpis) em cada Região de Saúde(Centro, Centro-Sul, Leste, Oeste, Sudoeste e Sul) e asse-gurar a manutenção e funcionamento do Cerpis da RegiãoNorte, em Planaltina, ampliando seu escopo e a parceriacom a atenção básica e com “Escolas Promotoras da Saúde”.A candidata prevê também assegurar 100% de coberturade agentes comunitários de saúde em áreas com pessoasem situação de vulnerabilidade e ou áreas que possuamíndices baixos de desenvolvimento humano (IDH); Propõe

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ainda, fortalecimento das políticas públicas de saúde dire-cionadas à pessoa idosa), bem como de acesso à prevençãode câncer de mama e colo do útero (diagnóstico precoce),prevenção de violências e a implementação dos projetosEscola Promotora de Saúde e Escola Saudável.

Portanto, podemos veri�car que a atenção básica estásendo considerada por todos os candidatos, porém, emsua maioria, as propostas , para além de tratar da baixacobertura, ainda estão distantes tanto do que é preconi-zado pelas normativas recentes desta importante políticapública como das demandas da sociedade. Tais demandascomo falhas de comunicação e falta de diálogo entre gestão,pro�ssionais e população, inadequação de estrutura físicadas unidades, falta de pro�ssionais para o atendimento econsolidação do modelo de atenção, além das inúmerasdi�culdades na transição da organização dos serviços deAB para Estratégia de SF (o chamado “converte”), foramdescritas na carta ao novo governo do GDF - organizadapelo Cebes-DF e movimentos sociais - e devem ser objetode permanente atenção e diálogo junto à próxima gestãoda SES-DF.

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Capítulo 10

Média e Alta Complexidade

A fragilidade da rede do DF na atenção à saúde de médiae alta complexidade é um dos grandes gargalos apontadospelos trabalhadores da saúde e pela população. Não háuma estrutura adequada de ambulatórios e policlínicas,o que sobrecarrega a atenção básica e os hospitais; háfalta de insumos e recursos humanos, bloqueio de leitos edi�culdade de acesso.

Sabe-se que, em função das mudanças demográ�cas eepidemiológicas pelas quais passa o nosso país, uma redehospital-centrada não responde de forma satisfatória aosproblemas e necessidades de saúde da população, que écaracterizada, prioritariamente, pela presença de agravose condições crônicas que exigem cuidados longitudinais

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e integrados. Mas, talvez por este ser o modelo de cuida-dos mais tradicionalmente empreendido, quase todos oscandidatos incluíram diversas ações neste âmbito em seusplanos de governo, exceto o candidato Alexandre Guerra(NOVO).

Quase todos os candidatos, exceto Júlio Miragaya (PT) eAlexandre Guerra (Novo), incluíram propostas referentesà ampliação de leitos, seja hospitalares, seja de terapia in-tensiva. Vale destacar os candidatos Alberto Fraga (DEM),Fátima Sousa (Psol) e Ibaneis Rocha (MDB) mencionampropostas que fortalecem a desospitalização por meio dofortalecimento dos Serviços de Atenção Domiciliar. Noâmbito do apoio ao diagnóstico. Chamou atenção a pro-posta de Eliana Pedrosa (PROS) sobre criar um Centro deReferência de Doenças Raras, regulamentando a Lei nº5225/2013 de Doenças Raras. Tal proposta que necessida,avaliação prévia de per�l e número de pessoas com do-enças raras. A candidata Fátima Sousa (Psol) foi a únicacandidata com propostas orientadas a um modelo de aten-ção hospitalar regionalizado, que contemple dispositivosde cuidado que assegurem a integralidade, qualidade ehumanização da assistência e a segurança do paciente,garantindo intervenções seguras e resolutivas. Onde, acandidata do Psol, promete adotar dispositivos gerenci-ais e arranjos e con�gurações operacionais que tornem

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efetiva a cooperação mútua com novas formas de comuni-cação e diálogo entre os pontos de atenção básica, atençãoespecializada e atenção hospitalar, como teleconsultoria,telediagnóstico e apoio matricial serão incentivadas.

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Capítulo 11

Rede de Atenção àsUrgências

A Rede de Atenção às Urgências tem a �nalidade de arti-cular e integrar os diversos serviços de saúde (UnidadesBásicas de Saúde, SAMU, UPAs e outros) a �m de ampliar equali�car o acesso humanizado e integral aos usuários emsituação de urgência e emergência nos serviços de saúde,de forma ágil e oportuna.

Quatro candidatos mencionam propostas relacionadasa ações neste âmbito. Alberto Fraga foca na questão doServiço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU: recu-perar sua capacidade operacional, mudar �uxos, fortalecertreinamento e formar novas equipes. Paulo Chagas propõe

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criar Comitê de Urgência e Emergência visando padroni-zar e integrar as condutas de atendimento à população porintermédio de Protocolos Clínicos e atualizar e padronizaros princípios e fundamentos que norteiam o Modelo deClassi�cação de Risco de Urgência e Emergência (Proto-colo de Manchester), utilizado pela rede de atendimentoà saúde. Ibaneis Rocha propõe aproximar UPAS e Policlí-nicas de Especialidades, respeitando a rede de referênciae contra referência, bem como estabelecer parcerias coma iniciativa privada para atender a demanda reprimidaem horários diferenciados, como a noite. O programa dacandidata Fátima Sousa (PSOL) é o único que aborda aRede de Atenção às Urgências de modo mais ampliado,sem focar em apenas uma ação ou serviço de modo pon-tual. A candidata propõe quali�car a atenção às urgências(clínicas, cirúrgicas, gineco-obstétricas, traumáticas e psi-quiátricas) nos diferentes pontos da rede, dotando-os dosrecursos necessários para atender as demandas de urgên-cia e emergência, inclusive nas UBS, naquelas situaçõesclínicas de risco leve ou sem risco para saúde e a vida, noseu período de funcionamento.

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Capítulo 12

Rede de AtençãoPsicossocial

Propostas relacionadas à Atenção Psicossocial não forammuito mencionadas pelos candidatos e candidatas ao go-verno do DF. Isso é muito grave, pois as questões de saúdemental estão cada vez mais abrangentes, além disso, sóeste ano, já foram registrados mais de 800 tentativas desuicídio no Distrito Federal. O Cebes considera ser precisodiscutir e propor sobre medicalização no DF. No qual di-ferenças sociais e individuais são tornadas em problemasde ordem da biomedicina e da prescrição terapêutica, temgrande expressão no uso de psicofármacos, ocorrendo porexemplo, com a naturalização do uso de substâncias con-

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troladas é de grande preocupação epidemiológica. Apenasentre 2011 e 2015 triplicou o número de crianças na redepública de ensino com diagnósticos que levam a consumoexacerbado de ritalina (metilfenidato), o que pode geraruso indevido e problemas de saúde importantes.

Destaca-se, ainda, que apenas dois candidatos propõempriorizar a lógica de um cuidado antimanicomial: AntonioGuilhen (PSTU) e Miragaya (PT). Antonio Guilhen propõereestruturar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) eabrir novas unidades, �scalizar clínicas privadas, acabarcom os convênios com clínicas privadas e fornecer passelivre aos usuários em tratamento continuado, bem comoestabelecer política de redução de danos, sob supervisãodos CAPS. Eliana Pedroza propõe a ampliação dos CAPScom o intuito de implantar medidas de prevenção e con-trole de depressão. Fátima Sousa foca na implantação deprogramas de prevenção de suicídio, inclusive nas esco-las, na garantia de acesso dos pro�ssionais de segurançaao atendimento independente e especializado em saúdemental, e na realização de concurso público para a área desaúde mental visando ao fortalecimento dos Centros deAtenção Psicossocial Infantil (CAPS I) e do Adolescentro.Miragaya propõe fortalecer a rede, contratar equipes eimplementar serviços de base comunitária. Paulo Cha-gas fala em reestruturar e expandir a assistência à saúde

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mental por meio do fortalecimento dos CAPS.No campo das políticas para pessoas que usam drogas,

Fátima Sousa (Psol) promete a instituição de programasvoltados ao controle de fatores de risco, como uso abu-sivo de álcool e outras drogas. Já Eliana Pedrosa (PROS)propõe criar um programa distrital de atendimento aosdependentes químicos. Vale dizer que nenhum candidatomencionou propostas relacionadas à ampliação de Servi-ços Residenciais Terapêuticos, importante gargalo da redede atenção psicossocial apontado pelos trabalhadores emovimentos sociais. No que se refere ao cuidado às pes-soas que usam drogas, apenas o candidato Antonio Guillen(PSTU) menciona a questão da redução de danos, que tempapel de grande relevância junto a esta população.

Sobrecarregados, atualmente os CAPS no DF limitamo acesso aos serviços a usuários e usuárias com quadroclínico grave, deixando a urgência psiquiátrica a cargodo Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo (HSVP),com exclusividade. Afora essa carência, o DF também nãopossui cobertura de Serviços Residenciais Terapêuticos(SRTs), malgrado a determinação do Ministério Públicodo Distrito Federal de 2010 que impôs ao governo local aobrigação de construir dezenove CAPS e 25 SRTs.

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Capítulo 13

Vigilância em Saúde

O tema da vigilância em saúde, que contempla suas di-mensões de vigilância sanitária, epidemiológica e ambien-tal, foi abordado por cinco candidatas/os: Alberto Fraga(DEM), Fátima Sousa (PSOL), Ibaneis Rocha (MDB), PauloChagas (PRP) e Rogério Rosso (PSD). Veri�cou-se que apreocupação dos programas de governo está mais focadaem situações especí�cas e pontuais, carecendo uma análisemacro, intersetorial e articulada da vigilância em saúde,visando a melhoria das condições de saúde da populaçãodo Distrito Federal.

Ibaneis Rocha (MDB) apresenta um eixo especí�co sobrevigilância epidemiológica, com quatro propostas: de�nir apolítica de vigilância epidemiológica, contemplando ações

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e metas para curto, médio e longo prazos; fortalecer amão de obra de combate às endemias, proporcionandomelhores salários, sistema de grati�cações com base emmetas e controles, treinamentos e capacitações continua-das, inclusive que repercutem na qualidade de vida pessoaldo servidor; manter a frota de veículos e equipamentosnecessários e su�cientes para as campanhas e ações nasáreas da saúde, em especial os denominados “fumacês”;incentivar o sistema de parcerias com órgãos e entidadesinternacionais, do Governo Federal, dos Estados de MinasGerais e Goiás, dos Municípios da RIDE.

Alberto Fraga (DEM) promete reestruturar a carreirade agente de vigilância ambiental do Distrito Federal. Fá-tima Sousa (Psol) promete fomentar o desenvolvimento deredes locais de vigilância e cuidados primários à saúde, ar-ticulando recursos públicos e comunitários. Paulo Chagas(PRP) apresenta propostas referente à Vigilância Sanitária,prometendo fortalecer suas ações, identi�cando áreas pre-cárias em saneamento básico, especialmente em regiõesocupadas por populações com alta vulnerabilidade social.Rogério Rosso (PSD) promete implantar programa per-manente de conservação e vigilância sanitária em todasunidades, para reduzir mortalidade hospitalar.

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Capítulo 14

Saúde Bucal

Veri�ca-se que o tema especí�co da organização da aten-ção à saúde bucal é tratado em apenas 5 programas degoverno, de forma pontual e sem articulação com as de-mais políticas focais.

Alberto Fraga (DEM) propõe ampliar o acesso por meiode equipes itinerantes que atuem em escolas públicas. An-tonio Guilhen (PSTU) prevê a ampliação dos atendimentos;construção de novas unidades e revitalização das existen-tes. Ibaneis Rocha (MDB) prevê ampliar em 30% o númerode equipes de saúde bucal Tipo I e estruturar equipesTipo II. Júlio Miragaya promete “garantir acesso integralà Saúde Bucal em todas as regiões de saúde”. O programacom propostas mais abrangente é o de Paulo Chagas que

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prevê a expansão da SB nas Unidades Básicas de Saúde(UBS), nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO)e nos Unidades Odontológicas Móveis (UOM), além de Im-plementar serviços de urgência e emergência odontológicae procedimentos odontológicos para pacientes com neces-sidades especiais e em escolas e creches.

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Capítulo 15

Assistência Farmacêutica

Alberto Fraga (DEM) foi o único a mencionar o ciclo da As-sistência Farmacêutica, porém é apontada como problemaeminentemente logístico, com ênfase para distribuição eaquisição de insumos. Visando facilitar o processo de aqui-sição, propõe redução da carga tributária a medicamentos,sobretudo para população de baixa renda.

Alexandre Guerra (NOVO) contempla ações restritas agestão do fornecimento de medicamentos, será aprimo-rada com desoneração �scal, prontuário eletrônico e par-ceria privada para otimizar processos de atividade-meioquanto à estocagem. Haverá fomento ao setor produtivopor meio de redução do ICMS (imposto sobre operaçõesrelativas à circulação de mercadorias e sobre prestações

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de serviços de transporte interestadual, intermunicipal ede comunicação) com atenção especial a medicamentosde uso contínuo e de alta complexidade.

A Assistência Farmacêutica não é mencionada no breveprograma de Antonio Guilhen (PSTU). O programa de-nuncia a falta de medicamentos na gestão atual e propõemover processo político-judicial para garantir a comprade derivados da Cannabis (Canabidiol, entre outros) paragarantir tratamento a pacientes epiléticos, portadores deParkinson, entre outros.

Sem dizer como, Eliana Pedrosa (PROS) propõe apri-morar a logística de aquisição, sendo a única que lembraa questão do descarte adequado. O aprimoramento dadispensação de medicamentos inclui ampliação do horá-rio de atendimento das farmácias públicas até as 20:00horas e aos sábados. Fátima Sousa (PSOL), propõe des-centralizar Regiões de Saúde para favorecer a logísticade armazenamento, gestão de estoque e distribuição deinsumos e medicamentos, incluindo a implantação ou apri-moramento de uma Farmácia Viva em cada região comparcerias e ações integradas com setores do governo - jus-tiça e cidadania, agricultura e desenvolvimento social eeducação.

Ibaneis Rocha (MDB) observa a judicialização da saúdecomo evidência da carência no atendimento a qual será

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reduzida com melhorias na aquisição e manutenção demedicamentos, contemplando todo espectro de patologias.Considera implantar o Programa de Logística Reversa deMedicamentos como estabelecido pela Política Nacionalde Resíduos Sólidos (PNRS), Lei no 12.305/2010 e pelas leisDistritais de no 5.092/2013 e no 5.591/2015 e do recente-mente elaborado Plano Distrital De Gestão Integrada DeResíduos Sólidos.

Júlio Miragaya (PT) não apresenta proposta diretamentena área de medicamentos, mas propõe implementar polí-tica que favoreça o desenvolvimento logístico e industrial,no qual subentende-se contemplar a indústria de farmoquí-micos.

Paulo Chagas (PRP) propõe reestruturar a logística dasaúde como um todo, incluindo processos de aquisição,recebimento, armazenamento e distribuição de medica-mentos para as Unidades de Saúde segundo Regiões deSaúde do Distrito Federal.

Rodrigo Rollemberg (PSB) propõe melhorar a tecnologiade registro de informações clínicas, de gestão e de logísticade insumos e medicamentos.

Rogério Rosso (PSD) promete devolver os impostos re-colhidos pelo DF sobre medicamentos de uso contínuo.

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Capítulo 16

Políticas especí�cas e deequidade

Para garantir a universalidade e a equidade no acesso àsaúde, é importante considerar que alguns grupos preci-sam de políticas e ações especí�cas, para assim avançar-mos rumo à igualdade. Nesse sentido, destacam-se tantoas políticas de acordo com os ciclos da vida (com especialatenção à saúde da criança, do adolescente e da pessoaidosa), quanto às políticas que consideram as diferençasétnico-raciais, de gênero, de vulnerabilidades e de necessi-dades especiais.

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16.1 Saúde da Mulher

No programa de governo do candidato do PSTU (AntonioGuilhen), propõe-se garantir sala de parto humanizado emtodos os hospitais do DF e o �m da violência obstétrica.Fátima Sousa (Psol) aponta a necessidade de integração depolíticas de saúde e educação para identi�cação e enfren-tamento da violência contra mulher, crianças e populaçãoLGBTI. O programa de Júlio Miragaya (PT) cita que vaiimplementar a Rede de Saúde da Mulher, garantindo a uni-versalidade do acesso. O candidato Paulo Chagas (PRP),promete 1) realizar campanhas educativas e fornecimentode métodos anticoncepcionais compatíveis para cada paci-ente; 2) rastrear e mapear o câncer de mama e de colo deútero, promovendo ações de incentivo para vacinação doHPV — inclusive em escolas — cumprindo o CalendárioNacional de Vacinação e 3) Investir na Atenção à Saúde daMulher e da Criança, ampliando as ações que favoreçam oacompanhamento do pré-natal de qualidade nas UBS/ESF,com o propósito de prevenir a gravidez em grupos de vul-neráveis e reduzir as taxas de mortalidade materna, fetale infantil.

Rogério Rosso (PSD) promete criação de serviços especi-alizados; integração de secretarias para garantia da saúdedas mulheres. Alberto Fraga promete criar o Centro Inte-

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grado de Atendimento à Mulher - CIAM e trazer de voltaas Carretas da Saúde da Mulher, que tiveram bons resulta-dos na prevenção de doenças. Na verdade, o CIAM já foicriado no DF. A candidata Eliana Pedrosa (PROS) prometefazer o Distrito Federal ser referência em Parto Huma-nizado e implementar programas pré-natais e neonatais,objetivando alcançar a menor taxa de mortalidade infan-til do Brasil. Já o atual Governador, Rodrigo Rollemberg(PSB) promete criação de 4 centros de parto normal noshospitais que realizam maior número de partos, visandoaprimorar a assistência obstétrica em Brasília.

É fundamental que o próximo governo assegure o res-peito ao planejamento familiar, a esterilização voluntária,a assistência à concepção e à contracepção; o atendimentopré-natal; a assistência ao parto e ao puerpério; o con-trole das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e daprevenção do câncer cérvico-uterino e do câncer de mama.

16.2 Saúde da pessoa com deficiência

É fundamental que as políticas sociais estejam orientadasna autonomia, intersetorialidade, inserção social, acessibi-lidade, numa perspectiva de garantia de direitos das pes-soas com de�ciência. Segundo dados do último Censo De-mográ�co (2010), o Distrito Federal tinha 573.805 pessoas

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com alguma de�ciência, o que equivale a 22,23% da popu-lação total. O maior percentual de pessoas com de�ciênciaaparece na população de 65 anos ou mais (63,90%), contra2,67% entre as crianças de zero a quatro anos. Dentre as de-�ciências referenciadas, a que aparece em maior proporçãono Distrito Federal é a visual (63,71%), seguida da de�ciên-cia motora (18,02%), auditiva (14,41%) e mental/intelectual(3,85%). Neste tema, cinco candidatas(os) apresentarampropostas especí�cas: Antonio Guilhen (PSTU), ElianaPedrosa (PROS), Fátima Sousa (Psol), Júlio Miragaya (PT)e Paulo Chagas (PRP).

A candidata Fátima Sousa (Psol) promete incentivar apromoção da autonomia e recuperação da funcionalidadedas pessoas com de�ciência, por meio da reabilitação dequalidade e acesso a órteses, próteses e meios auxiliares delocomoção (OPM) pelo SUS. Ademais, propõe a ampliaçãodo acesso aos serviços de saúde que se fazem necessáriospara o auxílio das pessoas com de�ciências nos níveis daatenção básica e especializada, bem como quali�car a Redede Cuidados à Saúde da Pessoa com De�ciência (RCPD)no DF, promovendo maior integração entre os pontos deatenção da RCPD e dos demais dispositivos públicos, comoa educação, assistência social, emprego, entre outros.

O candidato Antonio Guilhem (PSTU) promete garan-tir a integração das equipes de saúde e pedagógica, ofe-

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recendo atendimento de saúde às pessoas com de�ciên-cias nos próprios centros de ensino especial, que deverãocontar com uma equipe multipro�ssional (incluindo neu-rologista, enfermeiro, fonoaudiólogo, psicólogo) e comestrutura adequada.

Já a candidata Eliana Pedrosa (PROS) promete ampliar oacesso a serviços especializados de saúde na rede públicapara pessoas com de�ciência e idosos.

O candidato Júlio Miragaya (PT) promete equipar osambulatórios das Unidades de Saúde com pro�ssionaiscapacitados para o atendimento da saúde das Pessoas comDe�ciência, incluindo equipamentos para exames que se-jam acessíveis às diversas singularidades da de�ciência.

Já o candidato Paulo Chagas (PRP) promete aprimorar odiagnóstico e o atendimento educacional aos portadores denecessidades especiais e implementar serviços de urgênciae emergência odontológica e procedimentos odontológicospara esses pacientes.

16.3 Saúde da população em situação de rua

Apenas Fátima Sousa (Psol) apresentou proposta especí-�ca de saúde para a população em situação de rua. Acandidata promete ampliar o número de consultórios narua, com estruturas adequadas que atendam às necessida-

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des dessa população, bem como a garantia de equipes deredução de danos e de abordagem de rua, com as organi-zações não governamentais. Ademais, propõe ampliar aintersetorialidade entre saúde, assistência social, trabalhoe segurança pública, de forma a promover a emancipaçãodas pessoas que se encontram em situação de rua.

De acordo com a Secretaria de Estado de Trabalho, De-senvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Di-reitos Humanos (Sedestmidh), o número de pessoas emsituação de rua tem aumentado e, em 2017, ultrapassouo número de 3 mil indivíduos. A população que vive emsituação de rua e em ocupações urbanas precisa de açõesintersetoriais para a garantia de acesso a seus direitos,entre eles o direito à saúde. A falta de comprovação deresidência, por exemplo, não deve ser impeditivo para oacesso aos serviços de saúde. É preciso também fortalecere quali�car as equipes de Consultório na Rua e dos demaisserviços da rede e integrá-los aos serviços de assistênciasocial, de modo a promover cuidado integral.

16.4 Saúde da população LGBTI

No programa de Fátima Sousa (Psol) veri�ca-se a pro-posta de integração com políticas de saúde e educaçãopara identi�cação e enfrentamento da violência contra

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a população LGBTI, bem como fortalecer o ambulatórioTrans e descentralizar o serviço para regiões de saúde. An-tonio Gillem (PSTU) propõe a criação de centro de saúdeespecializado para transexuais e travestis, garantir cirur-gia de redesignação de sexo e um sistema de saúde querespeite a diversidade.

Chama a atenção o fato de apenas 2 candidatos terempropostas no campo da saúde LGBTI, o que a�rma a ne-cessidade de avanço em propostas positivas para esta po-pulação.

16.5 Saúde da pessoa idosa

O Brasil passa por um rápido processo de mudança naestrutura demográ�ca, em decorrência do aumento da ex-pectativa de vida e da queda da taxa de natalidade. Essamudança na estrutura demográ�ca colocará maior pressãosobre o SUS, que já lida com os resultados do processo detransição epidemiológica, ou seja, de maior protagonismodas doenças crônicas não transmissíveis entre as causas deadoecimento da população. Alberto Fraga (DEM), ElianaPedrosa (PROS), Fátima Sousa (Psol), Paulo Chagas (PRP)e Rogério Rosso (PSD) mencionam, em seus planos, pro-postas especí�cas neste âmbito. A criação de centros paraatendimento a esta população foi proposta por Alberto

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Fraga (DEM), Fátima Sousa (Psol) e Rogério Rosso (PSD),sendo que os dois primeiros o fazem na perspectiva deCentro Dia. Eliana Pedrosa (PROS), propõe a ampliação doacesso a serviços especializados e incorporar o HospitalLar dos Velhinhos ao sistema público de saúde do DF etransformá-lo em Hospital Geriátrico. Paulo Chagas (PRP)menciona a realização de ações de apoio às pessoas idosasvulneráveis por intermédio de equipes já existentes, comoas Equipes de Saúde da Família e de Núcleo Ampliadode Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). FátimaSousa (Psol) é a candidata que mais traz detalhamentosde suas propostas e menciona questões como prevençãode doenças e violências e atuação intersetorial. Com oaumento do número de idosos, a demanda e os custos doSUS será ampliada em especial junto aos problemas econô-micos desse grupo, devido a crise econômica e iminentereforma da previdência.

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Capítulo 17

Ciência e tecnologia

17.1 Registro eletrônico

Alberto Fraga (DEM), Alexandre Guerra (NOVO), Eli-ana Pedrosa (PROS), Fátima Sousa (PSOL), Ibaneis Rocha(MDB), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Rogério Rosso (PSD)consideraram informatizar o agendamento e implantarprontuários eletrônicos para consultas, exames e avali-ação do atendimento. Alberto Fraga (DEM), AlexandreGuerra (NOVO) e Rogério Rosso (PSD) propõem o usode aplicativos para dispositivos móveis para integrar taisfuncionalidades. Fátima Sousa (PSOL) e Ibaneis Rocha(MDB) lembram a ainda carência de informatização nasunidades de saúde para agilizar e quali�car o atendimento

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em unidades de saúde.

17.2 Pesquisa e Inovação

Alberto Fraga (DEM) propõe a criação de núcleo de inova-ções tecnológicas. Júlio Miragaya (PT) pretende reduzira dependência do setor estatal a partir da diversi�caçãodos investimentos, mapear e acompanhar pesquisas, au-mentar gasto privado com pesquisa via Lei de inovação ereorientar as fundações de pesquisa. Paulo Chagas (PRP)irá buscar parcerias público-privadas para incrementar odesenvolvimento de pesquisas e reorientar as fundaçõesde pesquisa.

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Parte II

A saúde em cada

programa de governo

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Capítulo 18

Alberto Fraga (DEM) eAlexandre Bispo (PR)

Alberto Fraga é coronel da reserva da Polícia Militar epolítico, cumprindo o quarto mandato na câmara dos de-putados. É formado em direito, administração e educaçãofísica e possui mestrado em Segurança Pública. Passoupelo PMDB e pelo PTB antes de se �liar ao DEM. EnquantoDeputado Federal, votou a favor da EC 95, que reduziu oorçamento das políticas sociais, dentre elas a saúde. Não émembro da Comissão de Seguridade Social e Família e dasdez Proposições de Autoria do Deputado Transformadasem Norma Jurídica na sua atuação parlamentar, nenhumadelas se refere à saúde. Declarou ao Tribunal Regional

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Eleitoral (TRE) R$ 4,8 milhões em bens. Seu vice é o eco-nomista Alexandre Bispo, presidente em exercício do PRno DF, que declarou R$ 885 mil em bens. A chapa faz parteda Coligação de direita entre os partidos DEM, PR, PSDBe DC, chamada de “Coragem para Fazer”. O Programa deGoverno da chapa apresenta 59 páginas, divididas em 16eixos, de acordo com setores tradicionais: 1) Apresentação;2) Combatendo as desigualdades no DF; 3) Gestão públicae política �scal; 4) Administração Pública; 5) Educação;6) Saúde; 7) Segurança Pública; 8) Mobilidade e Infraes-trutura; 9) Ciência e Tecnologia; 10) O social; 11) MeioAmbiente e sustentabilidade; 12) Cultura; 13) Turismo; 14)Esporte e Lazer; 15) Agricultura; 16) Região Metropolitana(RIDE).

Na parte da saúde, apresenta propostas referentes aossub-eixos: 1) Atenção Primária em Saúde; 2) Atenção Hos-pitalar; 3) Alta Complexidade; 4) Servidor; 5) Educaçãoe Saúde; 6) Gestão de recursos �nanceiros; 7) Saúde noséculo 21; 8) SAMU. O programa não apresenta proble-matização sobre o modelo de atenção à saúde no DistritoFederal e é estruturado na perspectiva de acesso aos servi-ços de atendimento. Na Atenção Primária em Saúde (APS),apresenta propostas estruturantes, como a reestruturaçãoda atenção, com 100% de cobertura da Estratégia de Saúdeda Família (ESF), e das policlínicas, com informatização do

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sistema e integração da rede de referência e contrarreferên-cia; também propõe ações pontuais, como as carretas, quenão necessariamente garantem um cuidado continuado eintegral.

Na Atenção Hospitalar e Alta Complexidade, prometeampliar e desbloquear leitos, revisar contratos, informati-zar o sistema e reestruturar linhas de cuidado. Além disso,promete favorecer a rede própria, apesar de não especi-�car como pretende fazer isso. Entendemos que não hácomo ampliar o acesso aos serviços de saúde de média ealta complexidade sem enfrentar a lógica de privatizaçãoda saúde e da extrema dependência do setor privado, quenão prevê os mesmos princípios de universalidade, inte-gralidade, equidade e participação social na gestão, alémde ter um custo muito mais elevado.

No que tange às(aos) servidoras(es), promete maior valo-rização e melhoria das condições �nanceiras e de trabalho.Contudo, baseia-se na proposta de incentivo à meritocra-cia e à produtividade, o que, muitas vezes, pode geraruma carga maior de pressão e competitividade entre as(os)trabalhadoras(es) de saúde, o que não necessariamenteresulta num atendimento de melhor qualidade para a(o)usuária(o). Também é importante destacar que, enquantodeputado, o candidato votou a favor da reforma trabalhista,que retirou direitos das(os) trabalhadoras(es) e ampliou a

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terceirização, inclusive para os serviços públicos.Propõe ainda a revisão das portarias de escalas de tra-

balho e o estímulo à reversão de servidoras(es) aposenta-das(os). Na formação das(os) pro�ssionais, promete trans-formar todos os hospitais da rede em hospitais de ensinoe integrar instituições de ensino superior privadas. Por�m, propõe a criação de núcleo de inovações tecnológicas,porém não �cam evidentes quais seus direcionamentos.

No âmbito da gestão, apresenta propostas de ampliaçãode parcerias com o setor privado, o que é um dos fatores deenfraquecimento do SUS no DF e representa privatizaçãoainda maior do sistema. Isso parece destoar das propostasde fortalecimento da rede própria feitas no eixo de altacomplexidade. Promete completar a informatização darede para a gestão de recursos, porém não faz menção àsua utilização para dar maior transparência sobre as açõesda gestão, nem tampouco como integrará a regulação egarantirá critérios de equidade de acordo com as necessi-dades quando propõe a marcação de exames e consultaspor aplicativos.

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Capítulo 19

Alexandre Guerra (NOVO)e Erickson Blun (NOVO)

Alexandre Guerra é herdeiro e sócio da rede de fast-foodGira�as. Foi presidente do Instituto de FoodService Brasil(IFB) e vice-presidente da Associação Brasileira de Fran-chising e nunca disputou cargo em eleições. É formado emdireito, especialista em comércio internacional e mestreem administração. Declarou ao TRE R$ 1,2 milhão embens. Seu vice é o médico Erickson Blun, que atua nainiciativa privada e declarou R$ 2,7 milhões em bens.

A chapa liberal não possui coligação com outros par-tidos. O Programa de Governo da chapa apresenta 63páginas, organizada numa lógica mais empresarial, com

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os seguintes eixos: Contexto; Pilares de um governo novo;Guerra pelo DF; Coesão de propósitos; Bem-estar e cida-dania; Segurança pública e paz; Gestão, orçamento, efeti-vidade e transparência; Produtividade e competitividadedo mercado; Qualidade urbana e ambiental.

No Eixo de Bem-Estar e Cidadania, apresenta o sub-eixo de Excelência em saúde. O tópico inicia criticandoo modelo de atenção à saúde no DF, muito centrado noatendimento hospitalar. Apresenta como problemas cen-trais o orçamento de saúde no Brasil e no DF e o estilo degovernança em saúde. Como soluções, apresenta propostade organização do sistema em sete níveis de complexidade;de modernização do atendimento; de acompanhamentoe desburocratização de procedimentos; de parcerias coma iniciativa privada; de desoneração para medicamentos;e de contratação de pro�ssionais e construção de novasunidades de saúde. A melhor organização do sistema comcentralidade na Atenção Básica e incluindo diálogo coma população é fator necessário. Contudo, a melhora dagestão proposta no programa é voltada à terceirizaçãopara o setor privado de responsabilidades do Estado deprover saúde, sem fortalecer a rede própria do SUS, que�ca nas mãos do mercado e não se baseia no direito àsaúde e nos princípios da universalidade, integralidade eequidade. A ampliação mencionada dos serviços públicos

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restringe-se à Atenção Básica que, como se sabe, não étão lucrativa. As propostas referentes às(aos) pro�ssionaisde saúde são centradas nas(os) médicas(os), sem conside-rar a importância das equipes multipro�ssionais para umcuidado integral.

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Capítulo 20

Antonio Guillen (PSTU) eEduardo Zanata (PSTU)

Antonio Guillen é formado em História e Arquivologia,especialista em Culturas Negras no Atlântico, mestre emhistória e professor da rede pública do DF há quase 30anos. Faz parte do Sindicato dos Professores, é presidenteregional do PSTU e é a primeira vez que disputa o cargo deGovernador, embora já tenha sido candidato a deputadodistrital e federal. Declarou ao TRE R$ 380 mil em bens.Seu vice é o professor e auxiliar de escritório EduardoZanata, que não declarou bens.

A chapa socialista não possui coligação com outros par-tidos. Todo o Programa de Governo da chapa apresenta

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16 páginas, no qual foi abordado: saídas para a crise; con-selhos populares para governar o DF; orçamento públicopara assegurar serviços públicos de qualidade; con�scode bens dos corruptos e corruptores; plano de habitaçãopopular; saúde 100% estatal, humanizada e de qualidade;emprego e renda; valorização do serviço público; educa-ção pública, gratuita, laica, 100% estatal e de qualidade;valorização da produção artística e cultural do DF; forçapolicial desmilitarizada; políticas públicas de combate aomachismo, racismo e LGBTfobia; transporte público esta-tal; reforma agrária radical; proteção do cerrado e recursoshídricos no DF; e valorização do esporte amador com de-mocratização do acesso aos aparelhos esportivos.

Denuncia o sucateamento e a privatização da saúde pú-blica e apresenta propostas como: 1) SUS 100% público;auditoria popular de todos os contratos; estatização semindenização de todos os hospitais e empresas de saúde;2) mover processo político-judicial para garantir comprade derivados de cannabis para garantir tratamento a pa-cientes epiléticos, portadores de Parkinson e 3) garantiade política antimanicomial com �scalização rígida das clí-nicas privadas; �m dos convênios com clínicas privadas;passe livre aos pacientes em tratamento continuado; re-formular o projeto dos centros de ensino especial políticade redução de danos, sob supervisão dos CAPs. Apesar

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da relevância das propostas de fortalecimento do SUS, acandidatura do PSTU não abordou temas sensíveis para asaúde pública, tais como: gestão; regulação; alta e médiacomplexidade; rede de urgência e emergência e vigilância.Promete algumas ações mais radicais, como �m da terceiri-zação e a estatização dos serviços de saúde, porém não �caclaro como seria essa transição e readaptação de que formaque essas ações imediatas se dariam sem a interrupção deserviços. Ademais, o programa não menciona propostasconcretas para o planejamento e gestão do sistema, bemcomo para a transparência e participação social na gestão.

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Capítulo 21

Eliana Pedrosa (PROS) eAlírio Neto (PTB)

Eliana Pedrosa é suplente na Câmara dos Deputados. For-mada em química, foi deputada distrital por três mandatosconsecutivos entre 2002 e 2014. De 2006 a 2009, foi se-cretária de Desenvolvimento Social do governo de JoséRoberto Arruda (PR), de quem seria vice na chapa nas úl-timas eleições. É a primeira vez que a empresária disputao comando do Palácio do Buriti. Declarou ao TRE R$ 4,3milhões em bens. Seu vice, Alírio Neto (PTB), é advogado,foi deputado três vezes e declarou R$ 2,6 milhões em bens.

A chapa faz parte da Coligação entre os partidos PROS/ PTB / PHS / PATRIOTA / PMN / PTC / PMB, chamada

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de “Junto de Você”. O Programa de Governo da chapaapresenta 46 páginas, divididas em 6 eixos amplos: 1)Apresentação; 2) Vencer desa�os; 3) Gestão para o desen-volvimento; 4) Desenvolvimento econômico; 5) Desenvol-vimento social e humano; 6) Desenvolvimento Urbano. ASaúde com Qualidade de Vida é um tópico no eixo “Ven-cer desa�os”. Apesar de, na contextualização, enfatizar asações de promoção e prevenção, parte considerável daspropostas focam na média e alta complexidade, com ênfasena construção de hospitais, não apresentando propostasconcretas para o fortalecimento da Atenção Básica comocoordenadora de rede de cuidado e inversão do modelohospitalocêntrico.

O programa também não faz menção às questõespúblico-privadas, ao �nanciamento e a estratégias para aquali�cação da gestão do SUS. Também não há referênciaà participação social na saúde.

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Capítulo 22

Fátima Sousa (Psol) e KekaBagno (Psol)

Fátima Sousa é enfermeira e professora da Universidadede Brasília (UnB). Mestre em Ciências Sociais e Doutoraem Ciências da Saúde, foi Diretora da Faculdade de Saúdeda UnB. Declarou ao TRE R$ 3,3 milhões em bens. Sua viceé Keka Bagno, assistente social, conselheira tutelar e mes-tranda em Políticas Públicas pela UnB, que não declaroubens.

A chapa do Psol, com apoio do PCB, tem como eixocentral o “Bem viver”, no qual as políticas públicas serãoarticuladas de modo coordenado, permanente, intensivoe indispensável a serviço da redução das desigualdades

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sociais, com a integração das políticas de saúde, educaçãoe segurança pública. Assim, apresenta cinco eixos progra-máticos: 1) Bem viver; 2) Cuidar das pessoas; 3) Economiapara a sociedade; 4) Direito à cidade; e 5) O povo governa.

O programa de saúde está incorporado ao eixo do Bem-viver, e se divide em três grandes temas: 1) Atenção Básicacomo espaço de equidade e autodeterminação do ser; 2)Atenção especializada e hospitalar como instrumentos deapoio ao cuidado longitudinal, integral e resolutivo à saúdedas pessoas, nos diversos ciclos de vida e 3) Gestão e re-cursos humanos na saúde. Menciona ainda a necessidadede se adequar às reais necessidades de saúde individuais ecoletivas e incorporando efetivamente os paradigmas da vi-gilância e da promoção no cuidado com a saúde, bem comoda participação popular na elaboração, monitoramento eavaliação permanente das ações, projetos, programas epolíticas públicas de saúde.

Entre as propostas, destaca-se a criação de um fórumde negociação permanente entre o DF e os municípios daRIDE, para cooperação interfederativa; Integração compolíticas de saúde e educação para identi�cação e enfren-tamento da violência contra mulher, crianças e populaçãoLGBT; implantação de Farmácias vivas em cada região;modelo de atenção especializada regionalizado, integradoe coordenado pelas equipes da atenção básica, onde o

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papel das equipes de atenção especializada incorpora ati-vidades de apoio pedagógico, assistencial e de educaçãopermanente junto às equipes de atenção básica.

A saúde é um eixo importante do programa, que, noque se refere às categorias escolhidas para a análise, nãofaz menção apenas às questões de relação público x pri-vado, tema basilar do SUS, e sobre a saúde bucal. Não�ca explícito, contudo, como se concretizarão algumasdas propostas mais gerais, como, por exemplo, a de des-burocratização dos processos de trabalho e de gestão dasUnidades de Saúde do DF.

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Capítulo 23

Ibaneis Rocha (MDB) e PacoBrito (Avante)

Ibaneis Rocha é advogado, diretor do conselho federalda OAB e corregedor-geral da entidade. Possui pós-graduação em processo do trabalho e processo civil e émestrando em gestão e políticas públicas. Declarou aoTRE R$ 93,7 milhões em bens, sendo o candidato que de-clarou o maior valor em bens. Seu vice é o empresárioPaco Britto, do AVANTE, que declarou R$ 3 milhões embens.

A chapa faz parte da Coligação chamada “Pra fazer adiferença”, composta pelo MDB, PP, AVANTE, PSL e PPL.O programa de governo possui 69 páginas e é dividido

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em cinco eixos: 1) Sistema Cidadão; 2) Sistema Cidadespara Recuperar de Brasília; 3) Sistema Governo para oDesenvolvimento Integrado; 4) Sistema Empresas no De-senvolvimento Econômico; 5) Sistema Ciência, Tecnologiae Inovação do DF.

No Eixo 1 – Sistema Cidadão, está o Subsistema Saúde,que se divide em 10 temas: 1) Modernização da Gestão daSaúde; 2) Valorização dos servidores da rede de saúde doDF; 3) Gestão Integrada e Moderna na Saúde; 4) BrasíliaCapital da Saúde; 5) Atenção Primária em Saúde; 6) Vi-gilância Epidemiológica; 7) Atendimento Ambulatorial eRede de Laboratórios; 8) Unidades de Pronto Atendimento(UPAs); 9) Atenção hospitalar; 10) Alta complexidade.

Diferentemente de outros planos, aborda questões comovigilância epidemiológica e judicialização. Reconhece quea utilização de leitos da rede privada é mais onerosa doque leitos próprios do SUS e faz propostas de ampliação efortalecimento da rede própria do SUS. Contudo, ressalta-se que todos os partidos de sua coligação votaram a favorda EC 95, que reduz as despesas públicas com políticassociais, o que impacta diretamente nos recursos para asaúde.

Reforça a necessidade de integrar a saúde primária àsaúde ambulatorial de forma coordenada. Propõe adotaruma gestão inteligente, colegiada e compartilhada, atra-

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vés da implantação do Centro de Informações e DecisõesEstratégicas em Saúde - SUS, com base nas tecnologiasda informação e com transparência. Ademais, prometedescentralizar a gestão e os recursos �nanceiros a cadaregional de saúde.

Propõe ainda a criação de programas especí�cos dedesenvolvimento econômico que incentivem a atraçãode investimentos nacionais e internacionais, na área desaúde, capazes de atender a demanda reprimida e futurada população do DF e adjacências. Esse pode ser um temaperigoso, já que a abertura para o capital estrangeiro, emgeral, vem associada à privatização dos serviços. Nessesentido, propõe fazer parcerias com o setor privado parapreenchimento das vagas ociosas, inclusive em horáriosdiferenciados, para atendimento a curto prazo da demandareprimida por atendimentos. Promete promover concur-sos públicos, mas seu partido foi favorável à reforma traba-lhista. Não apresenta propostas referentes à participaçãoda comunidade na gestão do sistema e dos serviços desaúde.

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Capítulo 24

Júlio Miragaya (PT) eCláudia Farinha (PT)

Júlio Flávio Gameiro Miragaya é economista e doutor emdesenvolvimento econômico sustentável pela Universi-dade de Brasília (UnB). Atua como presidente da Associa-ção Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa eEstatística (Anipes), diretor técnico do Sebrae/DF e vice-presidente da Associação dos Economistas da AméricaLatina e Caribe (AEALC). Declarou ao TRE R$ 1,7 milhãoem bens. Sua vice, Cláudia Farinha, é bacharel em di-reito e agricultora familiar, com passagem pelos cargos dedirigente sindical dos trabalhadores rurais (Contag e FE-TADFE) e de gerente de área na Secretaria de Agricultura

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do DF (SEAGRI), não tendo declarado bens.O programa de governo do partido tem 32 páginas e está

organizado em oito compromissos: 1) desenvolvimentoeconômico, geração de emprego e renda, desenvolvimentotecnológico e inovação; 2) direitos humanos e com a cons-trução do bem comum; 3) direito à moradia digna e à umacidade sustentável; 4) mobilidade urbana; 5) qualidadedas políticas sociais; 6) segurança da cidadania; 7) demo-cratização do estado, transparência e participação; e 8)reorganização administrativa e reforço na ação das admi-nistrações regionais. O programa destaca que o combate àdesigualdade depende estruturalmente de uma projeto dedesenvolvimento econômico que alavanque a arrecadaçãotributária própria do DF e melhore a oferta de empregos,que depende de uma integração regional.

A saúde é um dos quatro temas do compromisso coma qualidade das políticas sociais, juntamente com educa-ção, assistência social e cultura. Junto com a mobilidadeurbana é mencionada como a política que mais afeta, demaneira grave, as condições de vida da população do DF e,portanto, devem ter status de prioridade nas ações de qual-quer governo. No âmbito intersetorial, propõe a criaçãodo Programa "Saúde e dignidade: alimento para o campoe para cidade"de Saúde Integral das Populações do Campo,Florestas e Água, na prevenção e tratamento de doenças

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causadas por agrotóxicos e demais problemas associadosao trabalho no campo.

Os compromissos com a saúde estão contidos em umespaço que ocupa somente uma página do documento,trazendo propostas referentes ao fortalecimento da Redede Saúde Mental; contratação de equipes e implementaçãode serviços de base comunitária; contraposição à culturamanicomial; acesso integral à Saúde Bucal em todas as re-giões de saúde; Gestão Participativa nas regiões de saúde;construção da sede permanente e dotação orçamentáriapara o Conselho de Saúde do Distrito Federal; e realiza-ção de Fórum Intersecretarias de governo inspirado noinstrumento para o monitoramento participativo do PlanoPlurianual (PPA), denominado de Fórum Interconselhos.Nota-se, assim, ênfase na gestão participativa do SUS.

Contudo, o documento não apresenta propostas referen-tes a vigilância, atenção básica, média e alta complexidade,relação público X privado, formação e educação perma-nente, recursos humanos e políticas de equidade, eixosesses que são estruturantes para a garantia do acesso uni-versal e integral à saúde.

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Capítulo 25

Paulo Chagas (PRP) eAdalberto Monteiro (PRP)

Paulo Chagas é general e está na reserva há 12 anos, após38 de serviço militar. Esta será a primeira vez que concorrea um cargo público. Declarou ao TRE R$ 129 mil em bens.O seu candidato a vice governador é Adalberto Monteiro,advogado e atual presidente do PRP-DF, que declarou R$6 mil em bens.

A candidatura do Partido Republicano Progressista emcoligação com o PRTB se chama “Coligação Brasília acimade tudo”. O programa de Governo tem ênfase na segu-rança e propostas liberais. A seção de saúde do programaestá estruturada nas seguintes propostas: 1) Fortalecer

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o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Bá-sica (NASF-AB), com o objetivo de ampliar e aperfeiçoara gestão da saúde na Atenção Básica / Saúde da Família,por intermédio de ações de atividades físicas, reabilitação,nutrição e dietética, saúde mental, serviço social e demaismovimentos que proporcionam o bem-estar da população,alinhados à Política Nacional de Práticas Integrativas eComplementares. 2) Reavaliar o horário estendido de aten-dimento nas UBS/ESF, visando contemplar a populaçãotrabalhadora que não tem acesso às Unidades de Saúde nohorário regular de funcionamento. 3) Realizar campanhaseducativas e fornecimento de métodos anticoncepcionaiscompatíveis para cada paciente. 4) Expandir a Saúde Bucalna atenção básica de saúde, serviços de urgência e emer-gência odontológica e procedimentos odontológicos parapacientes com necessidades especiais, bem como assistên-cia odontológica na rede escolar e nas creches. 5) Recupe-rar as estruturas deterioradas e/ou inadequadas, recompore requali�car as equipes de trabalho, atualizar os equi-pamentos e instrumentais de saúde e reavaliar o sistemade manutenção preventiva e corretiva. 6) Incrementar ouso da telemedicina como importante instrumento parao diagnóstico a distância de patologias e de orientaçãode procedimentos e tratamentos médicos. 7) Implantaro Gabinete Itinerante da Saúde e ampliar e aprimorar o

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Serviço de Ouvidoria do SUS, por intermédio de ações quefortaleçam o canal de comunicação e con�ança entre apopulação e a Secretaria de Saúde do GDF.

Veri�ca-se que apesar das propostas acima convergiremcom a ampliação da participação social na gestão da saúde,promoção da saúde e atenção básica como orientadora docuidado, este programa de governo é baseado no modeloeconômico liberal e conservador, o que não converge coma gestão de um sistema universal de saúde, como o SUS.

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Capítulo 26

Rodrigo Rollemberg (PSB) eEduardo Brandão (PV)

Rodrigo Rollemberg (PSB) é historiador e atual Gover-nador do Distrito Federal. Em 2006, foi eleito deputadofederal e em 2010 foi eleito Senador. Declarou ao TRE R$930 mil em bens. Seu vice, o engenheiro Eduardo Brandão(PV), não declarou bens.

O programa proposto pela coligação "Brasília de MãosLimpas"(PSB | PV | Rede | PDT | PCdoB) e intitulado “casaarrumada, hora da virada” , traz propostas de ações paraos seguintes pontos: Mobilidade; Saúde; Educação; Se-gurança; Desenvolvimento Econômico; Meio Ambiente;Assistência Social; Ciência, Tecnologia E Inovação; Cul-

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tura; Esporte e Lazer; Gestão e Governança; Infraestru-tura; Planejamento Metropolitano e Rural; Políticas paraSegmentos Sociais. Em geral, existem alguns pontos noprograma proposto que são repetições ou continuidadedo programa proposto em 2014. A implantação de ESF ecobertura de 100% na atenção básica, por exemplo, já cons-tavam no programa anterior e não foram concluídas. Ogoverno atual considera que apesar de ter alcançado avan-ços, o programa proposto para 2019 deve ser analisadocomo uma continuidade do anterior.

Dentre as principais propostas para a saúde estão: 1)Consolidar a mudança de modelo assistencial do SUS/DFque tem como eixo de organização a Estratégia Saúdeda Família, fortalecendo a Atenção Primária à Saúde. 2)Manter a cobertura de Estratégia Saúde da Família acimade 70% no Distrito Federal, considerando inclusive o au-mento populacional anual do DF, expandindo a coberturanas áreas mais vulneráveis, com o objetivo de chegar a100% em Planaltina, Santa Maria, Ceilândia, Gama, SãoSebastião, Recanto das Emas e Samambaia. 3) Ampliar onúmero de Agentes Comunitários de Saúde e Controle deEndemias, completando as Equipes de Saúde da Família ereforçando o vínculo entre os pro�ssionais de saúde e apopulação. Contratação de mais 2000 Agentes de Saúde.4) Consolidar os Núcleos Ampliados de Saúde da Família e

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Atenção Básica – NASF-AB, capacitando e fortalecendo osprocessos de trabalho dos existentes e ampliando a cober-tura por NASF-AB com a formação de 25 novas equipes. 5)Consolidar e ampliar o uso da Sala de Situação da Secreta-ria de Saúde do DF. 6) Ampliar o número de temas de saúdee dados em formato aberto disponibilizados no portal daSala; Expandir a transparência ativa sobre informaçõesde saúde através do portal da Sala; 7) Implementação denovas soluções tecnológicas nas unidades de saúde do DF,que permitam melhor registro de informações clínicas, degestão e de logística de insumos e medicamentos.

O programa não apresenta propostas referentes à saúdebucal, vigilância da saúde, políticas de equidade (saúde doidoso, saúde LGTBI, de população em situação de rua e dapessoa com de�ciência), RIDE, nem participação social.

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Capítulo 27

Rogério Rosso (PSD) eEgmar Tavares (PRB)

Rogério Rosso (PSD) é advogado, político e músico. Foisecretário de Desenvolvimento Econômico de JoaquimRoriz e administrador regional de Ceilândia. Durante ogoverno de José Roberto Arruda, foi presidente da Com-panhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).Rosso declarou ao Tribunal Eleitoral R$ 608 mil em bens.Egmar Tavares, do Partido Republicano Brasileiro (PRB),é pastor e empresário e concorreu a deputado distrital naseleições de 2014, mas não se elegeu. Tem R$ 2,7 milhõesem bens declarados no Tribunal Eleitoral.

O programa de Governo da coligação107 108

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PSD/PRB/PPS/PSC/Solidariedade/Podemos, chamadade "Unidos pelo DF", é bastante curto e, dentre todas ascandidaturas, é o que apresenta menos propostas para asaúde.

Dentre as poucas propostas, destacam-se: 1) descen-tralização administrativa e �nanceira, com apoio técnico;descentralização de recursos para hospitais, postos e uni-dades de saúde (Programa de Descentralização Progressivade Ações de Saúde); 2) reavaliação do instituto hospitalde base, para veri�car necessidade de retornar à gestãopública; e 3) criação de plano de saúde dos servidores civise militares, proposta que vai contra o fortalecimento doSUSno DF. Veri�ca-se que a pauta da saúde não é priori-dade do programa supracitado.

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